{clube-do-e-livro} Chaparral - Não Atire Meu Velho - Tom Argo, Chaparral -28 - A mina misteriosa - Kenneth Luger, Chaparral 28 - A mina misteriosa - Kenneth Luger

A Mina Misteriosa
K. Luger


Terence Hillman foi assassinado com varias facadas e seu rel�gio de bolso foi roubado. O jovem advogado Douglas Maccay acusado como assassino, embora tivesse um �libi para a hora do crime foi sentenciado a morte na forca, pois essa � a justi�a no Texas.
Na ultima hora, por�m, Christine, a dama com quem passara a noite� e� cuja reputa��o, ele� n�o quisera comprometer, aparece no Tribunal e diante do pr�prio pai,o Juiz do caso,� conta toda a verdade, inocentando-o.
Disposta� a descobrir o verdadeiro assassino, Walpola, filha do morto contrata o detetive Matt Griffin�� para investigar,� e como n�o tem dinheiro para arcar com seus caros honor�rios, oferece a si mesma como moeda de troca.


Disponibiliza��o: Marisa/ Digitaliza��o: Marina/ Revis�o: Paulo
















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PR�LOGO


O Sentenciado


O Juiz, Sidney Cord, olhou penalizado para o rapaz que estava de p�, junto ao banco dos r�us.
Conhecia Douglas McKay havia muito tempo, desde que ele ainda era um moleque com pouco mais de sete anos de idade.
Cord gostava dele, sempre o achara muito inteligente e, no curto per�odo em que substitu�ra a professora, na escola local, pudera perceber que n�o se enganara a respeito de Douglas: ele possu�a uma intelig�ncia muito acima da m�dia.
Quando come�ara a crescer e, consequentemente a se interessar mais abertamente pelos livros, Douglas McKay era conhecido na cidade toda como um verdadeiro bicho-de-biblioteca e como a biblioteca do Juiz Cord era a melhor e a mais bem sortida de todo o condado, se algu�m quisesse encontrar o pequeno Douglas era s� ir procur�-lo na casa do Juiz.
Fatalmente o iria encontrar, a cara metida em algum livro que tanto podia ser um romance mais moderno, quanto um cl�ssico da literatura mundial ou at� mesmo complicados tratados de filosofia pura.
Douglas lia, devorava tudo o que encontrava pela frente, dizendo sempre que o grande prazer de sua vida era ler.
Dizia-se, � boca pequena, que tinha sido dessa �poca, de quando o menino praticamente morava na casa do Juiz para melhor poder ler e estudar, que nascera o romance entre Chris, a filha �nica de Cord e ele, Douglas McKay.
Na realidade, por�m, nada havia entre os dois, mesmo porque entre um menino de quinze anos e uma crian�a de treze, dificilmente acontece qualquer coisa demais.
No entanto, as m�s l�nguas da cidade tanto falaram, tanto mentiram que o Juiz achou, para o bem da reputa��o de sua filha, que o melhor que tinha a fazer era envi�-la para um col�gio do Leste mais para afast�-la do ambiente de maledic�ncias de Daugherty, no Texas.
A prova de que nada havia entre McKay e Chris, surgiu exatamente por ocasi�o da partida da menina.
� claro que Douglas sentiu a sua falta mas, nem por causa disso, ficou chorando pelos cantos, nem parou de comer e muito menos, parou de ler.
Continuou, muito pelo contr�rio, a frequentar a casa do Juiz da mesma maneira que antes, at� um pouco mais, talvez, lendo sempre, estudando todos os dias e n�o se acanhando de perguntar a Cord alguma coisa que n�o tivesse entendido...
Foi o pr�prio Cord que tomou as provid�ncias necess�rias para que Douglas McKay pudesse ir estudar em San Francisco, em uma faculdade de Direito, j� que o estudo das Leis era o que mais o empolgava.
Douglas, �rf�o de pai e m�e desde muito pequeno, tinha que ter a oportunidade de estudar e Cord, sabia quem era aquele menino e como tinha plena e total confian�a em seu futuro, achou que era sua obriga��o, como homem bem sucedido e bem situado na vida, ajud�-lo a ser algu�m.
Assim, Douglas partiu para San Francisco, com uma renda mensal decorrente de um dep�sito que Cord tinha feito em sua conta, com a finalidade de se formar um bom advogado.
� Sei que voc� ter� sucesso, Douglas � dissera-lhe o Juiz, no momento em que Douglas subiu para o vag�o em que iria viajar � E baste que voc� continue como � para que jamais venha a ter problemas na vida.
Douglas partiu; Chris j� estava longe havia tr�s anos.
Cord percebeu de repente como era triste a vida sem o esp�rito de um jovem por perto, sempre querendo saber as coisas, sempre ansioso por novos aprendizados.
Douglas tinha ido para longe e, depois de cinco anos de aus�ncia, tinha voltado...
Segundo o que dissera em sua carta, voltara para o anivers�rio de Chris que, ainda em Boston, deveria chegar naqueles dias.

* * *

Cord olhou para Douglas McKay, meneou a cabe�a com tristeza e perguntou:
� O r�u tem alguma declara��o a fazer? N�o, merit�ssimo � disse McKay � Tenho apenas a dizer que eu sou inocente.
Cord suspirou e, mostrando o corpo de jurados, falou:
� Caber� ao corpo de jurados decidir sobre a sua culpa ou sobre a sua inoc�ncia.
Bateu com o martelinho na mesa e disse, a voz sumida, como se estivesse presa em sua garganta:
� A corte entrar� em recesso at� que os jurados cheguem a uma decis�o!
Os doze jurados se levantaram e se dirigiram para a sala atr�s do local onde o Juiz estava sentado, na realidade, o fundo do palco do saloon de Dougherty.
Sim. Quando havia um julgamento importante, aberto ao p�blico para servir de exemplo, o Juiz Cord requisitava o saloon da cidade pois era justamente ali que se podia acomodar o maior n�mero de pessoas.
� O r�u pode permanecer sentado � disse o Juiz fazendo um sinal para que Douglas sentasse.
Douglas obedeceu. Olhou para o Juiz. Sabia que Cord n�o podia fazer grande coisa para ajud�-lo, uma vez que nem ele mesmo pudera fazer mais do que ao menos tentar reverter todas as provas que a acusa��o tinha contra ele.
N�o conseguira uma s� testemunha que falasse alguma coisa a seu favor.
N�o conseguira um s� �libi.
E, no entanto, ele tinha um �libi que certamente derrubaria todas as acusa��es.
E ele n�o podia usar esse �libi, n�o poderia de maneira nenhuma dizer o que estivera fazendo naquela noite, exatamente havia um m�s.
A noite seguinte � festa de anivers�rio de Chris; as poucas horas que antecederam a sua partida de volta para Boston.

* * *

Enquanto os jurados decidiam sobre a sua sorte, Douglas fechou os olhos, sentado ali naquele terrivelmente desconfort�vel banco dos r�us, e deixou que seu pensamento voasse para aqueles momentos.
Christine tinha voltado para Daugherty, ele a tinha ido buscar na esta��o.
� Como voc� est� linda, Chris! � disse ele, beijando-a nas faces.
� Como voc� est� simp�tico! � exclamou a mo�a, retribuindo os beijos.
De bra�os dados, os dois rumaram para a casa do Juiz, onde Douglas tamb�m estava hospedado e, de bra�os dados, os dois jovens permaneceram durante o tempo todo em que estiveram perto um do outro.
Sim... Desde pequenos eles sabiam que havia algo muito mais forte do que simplesmente uma amizade de inf�ncia que os unia. Que os atra�a um para o outro.
Agora, j� mais vividos, j� mais escovados, eles reconheciam que essa for�a que os unia n�o era outra sen�o o Amor.
� Vamos nos casar, Chris � disse Douglas � Creio que o que "eu� estou conseguindo ganhar com o meu escrit�rio de advocacia, l� em Frisco, n�s dois podemos viver muito bem!
Christine n�o esperava outra coisa.
Beijando apaixonadamente Douglas, ela respondeu:
� Sim... Vamos nos casar assim que eu regressar em definitivo de Boston. Tenho ainda mais alguns meses de curso. Afinal de contas n�o posso abandonar os meus estudos de belas artes j� t�o perto do final.
Douglas concordou com um sinal de cabe�a e a mo�a prosseguiu:
� N�o fale nada a papai... Vamos fazer-lhe uma surpresa, est� bem assim?
Para Douglas, tudo era v�lido desde que, no final do t�nel, Christine estivesse esperando por ele.
E, naquela noite, naquela �ltima noite de Christine em Daugherty, tudo se tinha precipitado.
Os dois jovens tinham j� se despedido, Christine tinha se recolhido at� um pouco mais cedo pois deveria viajar ao raiar do dia.
Douglas ainda tinha ficado alguns minutos perambulando pela sala em companhia do Juiz e, depois, dizendo que iria andar um pouco pela cidade, deixara a casa.
Fora o pr�prio Juiz Cord quem lhe entregara a chave da porta, recomendando-lhe que n�o se metesse em encrencas.
Douglas j� estava no meio do jardim quando escutou a voz de Christine que o chamava, do bonito caramanch�o exatamente ao lado do pequeno lago onde, de dia, dois casais de cisnes passavam o tempo todo a nadar de um lado para o outro em evolu��es que pareciam um verdadeiro ensaio de bal�.
� Christine! � exclamou Douglas � Mas voc� n�o tinha ido dormir?
� N�o consegui conciliar o sono � falou a mo�a � Fiquei pensando em nossa vida como um casal, fiquei sonhando com a fam�lia que n�s vamos constituir.
Douglas sorriu.
Sentou-se ao lado da mo�a e abra�ou-a.
Sentiu, ao apert�-la junto a si, que a mo�a estava usando apenas uma roupa de dormir, o corpo todo livre por baixo.
Afastou-se, recatado, receoso mesmo, de n�o conseguir controlar o violento desejo que come�ava a se apossar de si.
Christine sorriu, percebendo o que acontecia com Douglas e, puxando-o para si, falou:
� Venha, querido... Quero ir para Boston levando comigo a lembran�a de um momento sublime com voc�!
Os dois se amaram.
Ali, sob o caramanch�o, � luz da lua, os dois jovens se entregaram ao amor desvairado daqueles que n�o t�m a paci�ncia de esperar.
O dia j� come�ava a raiar quando eles pararam, quando eles se conscientizaram de que tinham passado a noite em verdadeiras loucuras de amor.
Pouco depois de sete horas da manh�, Christine partiu.
Seu pai, que n�o tinha passado muito bem durante a noite, mal-estar fruto de alguma coisa tomada em excesso na noite anterior, durante a festa de anivers�rio de Chris, n�o foi acompanh�-la � esta��o.
Douglas esteve ao seu lado e s� parou de acenar com o len�o quando j� n�o mais podia ver o trem l� longe, quase naquele ponto onde os dois trilhos se encontram.
Triste, cansado, os olhos vermelhos e as olheiras no meio da cara, Douglas come�ou a voltar para casa.
J� estava junto ao port�o quando escutou a voz autorit�ria do xerife, dizendo:
� Pare, Douglas! N�o d� um passo e n�o tente reagir!
Imaginando que fosse alguma brincadeira do representante da Lei, Douglas resolveu colaborar com a piada e ergueu os bra�os, dizendo:
� N�o atire, xerife! Eu me entrego!
Percebeu, at�nito, que n�o se tratava de nenhuma brincadeira quando viu os outros tr�s auxiliares se adiantando, passando-lhe algemas nos pulsos e empurrando-o brutalmente em dire��o � delegacia.
� Ei! � protestou Douglas � Mas o que diabo est�o fazendo? Uma brincadeira dessas n�o � poss�vel! Isto n�o est� certo!
Ao seu lado, o xerife falou:
� Voc� est� sendo preso, Douglas Mc-Kay! Acusado do assassinato do senhor Terence Hillman!

* * *

O Juiz Cord voltou a ocupar o seu lugar e, uma vez, olhou para Douglas Mc-Kay.
Havia uma profunda tristeza em seu olhar e, ao mesmo tempo, havia �dio.
�dio decorrente de ele se julgar tra�do por Douglas, �dio por n�o ter percebido que aquele rapaz, em quem ele depositara tanta esperan�a, tanta confian�a, na realidade, n�o passava de um ladr�o vulgar, de um assassino frio que tinha matado uma pessoa para roubar pouco mais de mil d�lares e um rel�gio.
Um a um os jurados voltaram aos seus lugares e permaneceram de p�, junto �s cadeiras.
Cord pigarreou e, voltando-se para o presidente dos jurados, perguntou:
� Os senhores jurados j� chegaram a alguma conclus�o?
� Sim, merit�ssimo � respondeu o presidente � A nossa conclus�o � a de que o r�u � culpado!
Houve um burburinho percorrendo o sal�o.
Por cerca de cinco vezes, o Juiz pediu sil�ncio batendo freneticamente com o martelinho de madeira sobre a mesa.
Finalmente, quando conseguiu novamente se fazer ouvir, ele disse:
� Douglas McKay. Levante-se para ouvir a senten�a!
Douglas n�o pode deixar de sentir um frio no est�mago.
Sabia de antem�o, como advogado que era, qual seria a senten�a.
Afinal, ele era acusado de um delito grave: roubo, seguido de morte!
No Texas, esse tipo de crime era punido com a forca. E ele estava no Texas! Era um texano e um advogado, o que fazia com que tanto jurados quanto ju�zes, proferissem senten�as mais pesadas exatamente por que os advogados t�m a obriga��o de defender a lei e n�o t�m o menor direito de transgredi-la.
Cord pigarreou, mais uma vez.
Podia-se perceber perfeitamente que ele n�o estava nem um pouco � vontade para dizer o que tinha que ser dito naquele momento.
Pigarreou mais uma vez e, erguendo os olhos para o teto, como se buscasse aux�lio Divino, ele disse:
� Douglas McKay.
Baixou os olhos para o r�u e prosseguiu:
� Voc� foi acusado de ter assassinado o senhor Terence Hillman para se apossar de mil d�lares que ele tinha nos bolsos e de um rel�gio.
Fez uma pausa enf�tico-ret�rica e, depois de olhar intensamente para o r�u, continuou:
� N�o se contentou em roubar. Teve que matar! E assassinou o pobre velho a golpes de faca. Faca que esqueceu no local do crime, t�o embriagado estava. Depois, levou para o seu quarto o rel�gio do morto e o dinheiro, ainda manchado de sangue.
Balan�ou a cabe�a de um lado para o outro e falou:
� Um homem que mata o seu semelhante para roubar, n�o merece o conv�vio da sociedade humana. Um homem que age como voc� agiu, n�o merece a continuidade na face deste planeta.
Douglas come�ou a sentir um n� que lhe subia � garganta, antecipando-se ao n� que lhe seria posto no pesco�o dentro de pouqu�ssimo tempo.
Ouviu o Juiz dizer:
� Baseado na Constitui��o e lastreado pelo veredicto dos senhores jurados, eu, Sidney Cord, Juiz de Direito, o condeno a morrer na forca!
Houve, mais uma vez um princ�pio de desordem no tribunal e Cord teve que bater muito sobre a mesa, com o martelinho de madeira, para fazer todo aquele povo ficar em sil�ncio.
Quando conseguiu, quando todos estavam outra vez calados, o Juiz perguntou ao r�u:
� Tem alguma coisa a declarar?
A resposta veio pronta, imediata, embora a voz de Douglas n�o conseguisse estar muito firme:
� Sim, merit�ssimo. Tenho a declarar que eu sou inocente!
O sil�ncio permaneceu denso no sal�o.
Ouviu-se a porta de vaiv�m se abrir, ouviram-se passos apressados avan�ando pelo corredor entre as cadeiras e, de repente, uma voz feminina bradou:
� E � verdade! Douglas McKay � inocente desse crime!
Imediatamente, todos olharam aparvalhados para a filha do Juiz, Christine Cord, que se aproximava da mesa do pai e dizia:
� Parem com esta palha�ada! Douglas � t�o culpado da morte de Terry Hillman quanto eu ou voc�, papai!
O julgamento estava irremediavelmente perdido.
Furioso, o juiz perguntou:
� Mas como � que voc�, que esteve desde sempre na Costa Leste, pode dizer que Douglas � inocente?! Baseada em que voc� afirma uma coisa destas?
A mo�a esperou que se fizesse sil�ncio outra vez e respondeu com um sorriso:
� Fiquei sabendo do que estava acontecendo aqui em Daugherty no instante em que cheguei a Boston. Imediatamente, voltei, procurando abreviar o mais poss�vel os caminhos, para poder chegar a esta cidade antes do julgamento de Douglas.
Respirou, sorriu para o pai e disse:
� Infelizmente, n�o consegui. Cheguei um pouquinho depois de j� ter sido proferida a senten�a mas, acredito eu, isso n�o ter� nenhuma import�ncia pois esta senten�a estar� perfeita para o homem que matou Terry Hillman, mas jamais para Douglas McKay, um inocente!
O sil�ncio no sal�o era t�o grande que se poderia escutar perfeitamente, uma mosca voando.
Ouviu-se um solu�o.
Todos olharam para o r�u que, em prantos, levantou-se para dizer:
� Cale-se, Christine! N�o fale nada!
Christine olhou desafiadoramente para o corpo de jurados, olhou para o promotor e falou:
� Douglas McKay n�o poderia jamais ter matado Terry Hillman. E isso porque ainda n�o � dado ao homem o dom da ubiquidade.
Sorriu e explicou:
� N�o � dado ao homem estar em dois lugares ao mesmo tempo.
O Juiz franziu as sobrancelhas e, abismado, ouviu a filha dizer:
� Douglas n�o poderia estar matando Terry e me amando ao mesmo tempo! N�s est�vamos juntos. Est�vamos nos amando e assim ficamos a noite inteira! Portanto, Douglas n�o poderia ter assassinado ningu�m!
Mais uma vez, a desordem tomou conta do sal�o e, desta vez, Cord n�o se preocupou em bater com o martelinho na mesa.
Deixando que todos falassem o que bem quisessem, olhou para Douglas e sorriu.
� Porque n�o disse isso antes? � perguntou Cord.
� N�o sabia se Christine iria voltar para se casar comigo ou n�o � respondeu Douglas, prontamente � N�o se pode saber o que � que iria acontecer com ela, l� em Boston, depois de dois ou tr�s meses longe de mim! Podia ser at� que ela viesse a conhecer um outro homem e desistisse de mim!
Olhou para a mo�a e encerrou, j� deixando novamente as l�grimas escorrerem por suas faces:
� N�o seria justo de minha parte, destruir a vida de uma mulher por causa de um erro de sentimentos, n�o � verdade? Chris poderia ter se entusiasmado por mim, poderia ter at� se deixado possuir por mim... enganada! Eu jamais teria o direito de estragar a sua reputa��o para salvar o meu couro! Todos ouviram.
Um sil�ncio terr�vel pesou sobre o sal�o.
De repente, o promotor e os dois assistentes da acusa��o, come�aram a aplaudir.
O julgamento estava encerrado.
O r�u, de um momento para o outro, tinha deixado de ser r�u!





















CAP�TULO PRIMEIRO

Os Atentados

� O que eu estou dizendo, senhor Griffin, � que este � mais um desses casos em que a maldita Justi�a dos homens n�o vai funcionar! Esse homem, esse assassino, ficar� impune a menos que se fa�a valer, de uma vez por todas, a mais antiga e mais eficiente forma de justi�a, ou seja a Justi�a de Tali�o!
Os olhos de Wapolla Hillman brilharam, tornando-a ainda mais bonita, quando ela disse isso.
Sorri.
Procurando afastar de meus pensamentos toda e qualquer imagem que representasse uma tenta��o em rela��o �quela beldade que se encontrava � minha frente, eu falei:
� Mas � preciso levar em considera��o que, efetivamente, n�o temos nenhum suspeito. O �nico que havia e que chegou at� a ser julgado e condenado, acabou absolvido e isento de toda e qualquer culpa, depois que a pr�pria filha do Juiz lhe forneceu o �libi perfeito!
Wapolla sacudiu energicamente a cabe�a, fazendo com que seus cabelos lisos e muito negros balan�assem produzindo uma onda de efeito visual muito bonito.
� N�o estou querendo dizer que McKay seja o culpado e que Christine Cord tenha mentido no tribunal � falou ela � o que eu estou querendo � que se descubra o verdadeiro assassino de meu pai!
Ficou em sil�ncio por alguns instantes e, abrindo um sorriso encantador, falou:
� � por isso que eu vim de t�o longe para contrat�-lo, senhor Griffin. Segundo o que me foi dito por v�rias pessoas, o senhor � o �nico capaz de descobrir a verdade a respeito desse assassinato e, al�m de tudo, fazer com que o culpado seja justi�ado!
E, olhando fixamente para mim, acrescentou:
� Nem que isso me custe at� o meu �ltimo centavo.
Mais uma vez, sorri.
Sacudi negativamente a cabe�a e falei, baixando dois tons a minha voz:
� N�o creio que a senhorita venha pagar o meu pre�o... Creio, ali�s, que as pessoas que lhe indicaram o meu nome, esqueceram-se de lhe dizer que eu cobro caro... Muito caro!
Wapolla Hillman ficou muito s�ria e retrucou:
� Sim, todos me disseram que seria uma verdadeira loucura eu contrat�-lo. Houve um conhecido que me disse at� que eu poderia come�ar a me habituar a trabalhar como escrava durante o resto de meus dias para poder pagar os seus honor�rios.
Confesso que senti uma ponta de raiva dessa tal pessoa.
Isso n�o � maneira de se fazer propaganda de um profissional!
Est� certo que o meu pre�o, naquela ocasi�o, era o mais alto do mercado... Tamb�m era mais do que certo que eu n�o aceitava qualquer caso, e muito menos trabalhava para quem eu n�o simpatizasse de imediato.
Por�m, da� a dizer que eu haveria de cobrar um pre�o que significasse um trabalho escravo para poder pagar meus honor�rios, tamb�m n�o era de justi�a para comigo!
Sacudi negativamente a cabe�a e falei.
� H� certos casos em que n�o h� uma compensa��o do investimento. O seu caso, por exemplo, est� muito complicado e muito sem qualquer base, sem qualquer pista!
Wapolla sorriu, cheia de tristeza.
Pareceu-me perceber que as suas �ltimas esperan�as de justi�a, estavam desmoronando.
Mas para n�o deixar de dizer alguma coisa, eu perguntei:
� De quanto a senhorita disp�e para cuidar desse assunto?
A mo�a ficou em sil�ncio por quase trinta segundos e, depois, baixando os olhos disse, em um fio de voz:
� N�o disponho de coisa alguma. Pensei que, talvez, o senhor aceitasse... servi�os.
Com os olhos marejados de l�grimas, a voz saindo espremida de sua garganta, ela falou:
� Tenho vinte e tr�s anos de idade, senhor Griffin. Sei que h� muitos homens que me pagariam muito bem para estarem comigo durante uma noite! No entanto, eu jamais me entreguei a nenhum deles! Sempre tive uma s�rie de fantasias e de sonhos, compreende? Por isso, apesar de eu ser uma bailarina, jamais fui para a cama com ningu�m!
Seus olhos brilharam um pouco mais, as l�grimas escorreram e ela, levantando-se, falou:
� Eu estava disposta a qualquer esp�cie de sacrif�cio para que se fizesse justi�a com respeito ao assassinato de meu pai. Por�m, pensando melhor, creio que estava enganada. Estava enganada especialmente com rela��o ao senhor! Esperava encontrar um homem que de fato se dedicasse a fazer justi�a e n�o apenas um mercen�rio que deixa de lado qualquer esp�cie de sentimentos para pensar somente nos d�lares!
J� estava se afastando em dire��o � porta do meu escrit�rio, quando eu lhe disse:
� Mas espere um pouco, Wapolla. Afinal de contas, eu n�o falei se aceito ou n�o o seu caso.
Wapolla Hillman estancou, olhou para mim e disse, em tom de esc�rnio:
� Compreendo. A princ�pio, est�vamos falando em d�lares, coisa que eu n�o tenho. Agora, no instante em que eu disse que estava at� disposta ao pior dos sacrif�cios, a meu ver, para que o senhor aceitasse esse caso, agora, o senhor Griffin se interessa!
E, com profundo desprezo, ela acrescentou:
� O que prova que todos os homens s�o iguais!
Bem, eu n�o poderia, jamais, deixar passar aquela ofensa sem a devida resposta.
Levantei-me, segurei Wapolla pelos ombros, obriguei-a at� mesmo com uma certa brutalidade, a sentar.
� Escute aqui, mocinha � falei, com severidade, h� algumas coisas a meu respeito que voc� precisa saber.
Wapolla arregalou os olhos, mostrou em sua express�o, que estava com medo. Medo de mim.
� Em primeiro lugar n�o sou o mercen�rio que voc� est� dizendo. � evidente que eu trabalho por dinheiro pois a minha atividade profissional, por menos ortodoxa que seja, � uma atividade como qualquer outra, compreende? E � preciso dinheiro para se poder comer!
Fiz uma pausa e acrescentei:
� Tenho a impress�o de que a senhorita, como toda e qualquer pessoa que trabalha para viver, sabe compreender perfeitamente o que estou dizendo.
Wapolla fez um gesto afirmativo com a cabe�a e amea�ou levantar da poltrona em que eu a tinha feito sentar.
Segurei-a novamente e continuei:
� Em segundo lugar, � preciso que entenda uma outra coisa muito importante: n�o sou do tipo aproveitador!
� N�o � isso que eu... � come�ou a falar a mo�a.
Interrompi-a com um gesto e prossegui:
� Eu jamais aceitaria esse pre�o que a senhora diz que estava disposta a pagar. Especialmente porque seria pago, segundo suas pr�prias palavras, "com sacrif�cio". Ora, eu ainda sou do tempo em que n�o pode haver sacrif�cio de nenhuma das partes para certo tipo de coisa! H� que haver, isso sim, doa��o. Doa��o e entrega rec�proca, compreende?
Larguei-a voltei para tr�s de minha escrivaninha.
Wapolla olhou para mim e, de repente, come�ou a chorar.
Deixei-a que desabafasse por alguns minutos e, depois, fui sentar ao seu lado, segurei suas m�os e falei:
� N�o h� necessidade de chorar dessa maneira. V� para casa, descanse, pense bem no que quer fazer e volte a me procurar amanh� de manh�.
Wapolla enxugou as l�grimas, abriu a bolsa e, entregando-me um ingresso para o teatro, falou:
� Estarei hoje no Saint Paul Theater. Se puder, venha assistir.
Levantando-se, recompondo o rosto, falou:
� Eu me sentirei honrada com a sua presen�a l�. E talvez acredite que n�o se sentiu demasiado ofendido com o meu comportamento.

* * *

Sentei-me bem junto ao balc�o e, quando Wapolla se apresentou, fazendo a primeira bailarina em uma maravilhosa interpreta��o de "Natacha", de Korsakov, pareceu-me que ela estava dan�ando unicamente para mim.
Todas as vezes que olhava para o p�blico, fixava mais demoradamente e mais intensamente os seus belos olhos de um azul profundo e l�quido, em mim.
Terminada a apresenta��o, corri aos camarins e, depois de deixar escorregar para as m�os de dois seguran�as do teatro, duas notas de cinquenta d�lares, consegui chegar � sua porta.
Uma velhota com cara de coruja doente abriu �s minhas batidas e rosnou:
� A senhorita Hillman n�o recebe nenhum admirador em seu camarim!
J� ia fechando a porta, mas eu, muito delicadamente, meti a ponta da bota no v�o da porta, impedindo-a de fech�-la.
� Diga � senhorita Hillman que � Matt Griffin quem quer v�-la. Sou capaz de apostar que ela vai me receber e ainda por cima, vai mand�-la ver se h� passarinhos soltos embaixo do palco!
A velha n�o parecia com a menor disposi��o de seguir a minha recomenda��o e, com cara amea�adora, come�ou a erguer o p� para pisar, com o salto quadrado de seu sapato, em cima de meus dedos.
Nesse instante, a senhorita Hillman apareceu e, ao me reconhecer, falou:
� Abra a porta, Molly, eu quero receber o senhor Griffin.
E, para espanto e consterna��o da velha, acrescentou:
� Estou com muita fome. N�o quer ir buscar alguma coisa para mim, Molly?
A velha com cara de coruja olhou para mim com �dio e, bufando, passou pela porta, em dire��o ao fundo do corredor.
Wapolla sorriu, jogou sobre os ombros nus e sedutores uma estola de peles e falou:
� Que tal convidar-me para comer alguma coisa? Estou realmente com fome e tenho muita coisa para lhe dizer.
� E a coruja? � perguntei � Vai ficar furiosa quando aparecer aqui com a comida que pediu.
Wapolla sorriu e respondeu:
� Molly at� vai gostar. Ela tamb�m n�o deve ter comido coisa alguma desde a manh�!

* * *

O San Francisco Bay Restaurant era considerado, naquela �poca, como o ponto mais sofisticado da cidade e o lugar de elei��o para os casais que queriam encontrar um pouco de paz e de requinte para passarem algumas horas agrad�veis depois de um espet�culo teatral.
Sentados na varanda do restaurante, admirando a incansavelmente bela paisagem da cidade mais bonita dos Estados Unidos, Wapolla e eu guard�vamos sil�ncio enquanto o gar�om servia os nossos drinques.
� � sua brilhante apresenta��o � falei, erguendo o meu copo assim que o funcion�rio do restaurante se afastou.
� Ao seu perd�o � disse a mo�a, olhando sorridente para mim.
� Perd�o? � indaguei � Mas perd�o de qu�?
� Perd�o pelo meu comportamento hoje � tarde. Por eu ter confundido um pouco as coisas. � disse ela.
Sorri, segurei sua m�o esquerda sobre a mesa e murmurei:
� N�o pense nisso. Voc� n�o me ofendeu, de maneira nenhuma. Acredito, isso sim, que estivesse muito mal informada a meu respeito!
Voltamos a ficar em sil�ncio por alguns momentos e, depois de tomar mais um gole de sua bebida, uma farm�cia adocicada que se eu pusesse na boca ficaria doente por v�rias semanas, Wapolla abriu a sua bolsa, tirou l� de dentro um recorte de jornal e, entregando-o para mim, falou:
� Acho que tudo come�ou com a publica��o desta not�cia, h� tr�s meses atr�s.
Cheio de curiosidade desdobrei a folha de papel e li:
WAPOLLA HILLMAN DECLARA QUE FAR� TUDO PARA ELUCIDAR A MORTE DE SEU PAI!
Algumas linhas abaixo, a not�cia dizia:
A FAMOSA BAILARINA CL�SSICA ASSEGURA QUE SEU PAI FOI ASSASSINADO POR QUE TINHA DESCOBERTO UMA RIQU�SSIMA MINA DE OURO NA REGI�O DE DAUGHERTY.
Olhei para Wapolla e, antes que perguntasse qualquer coisa, ela disse:
� Essa not�cia � mentirosa.
E, com um sorriso, corrigiu-se:
� Bem, pelo menos, parcialmente.
Tomou mais um gole de sua bebida e explicou:
� Eu n�o disse as coisas exatamente como foram escritas no jornal. Falei apenas que eu queria, a todo custo, que o assassino de meu pai fosse encontrado e punido. E disse que n�o achava uma explica��o l�gica para a sua morte, uma vez que ele sempre foi um homem de recursos muito reduzidos e que n�o acreditava que, de repente, tivesse descoberto uma mina de ouro de maneira a justificar o seu assassinato.
Assenti com um sinal de cabe�a.
Conhecia de sobra os rep�rteres, especialmente aqueles que gostavam de not�cias sensacionalistas.
Sabia que eles eram pessoas capazes de distorcer � sua vontade as declara��es de
terceiros de maneira a darem maior vendagem �s edi��es, explorando o gosto m�rbido da popula��o pela desgra�a alheia.
Wapolla olhou para o prato que o gar�om lhe trazia, um apetitoso peixe ao molho de camar�es e mariscos curtidos em vinho branco, sorriu e disse:
� H� muito tempo que n�o como algo t�o sofisticado!
Como eu a olhasse, incr�dulo, ela explicou:
� N�s, artistas, somos muito mal pagos, na realidade. Temos algumas pequenas regalias como, por exemplo, a possibilidade de usarmos roupas car�ssimas, como esta estola de petit-gris, por exemplo. Por�m, as roupas n�o s�o nossas, mas sim da companhia a que pertencemos.
Era algo que eu n�o sabia e arregalei os olhos, surpreso.
Rindo de minha express�o, Wapolla prosseguiu:
� � claro que recebemos muitos convites para jantares assim, � luz de velas perfumadas e com pratos requintados, por�m, n�s pagamos um pre�o muito alto por esses luxos. Normalmente, quem convida quer algo em troca e, como eu j�
lhe disse, esse pagamento n�o figura, pelo menos por enquanto, de meus planos. Sorrindo, eu lhe disse:
� Bem, eu n�o estou cobrando coisa nenhuma por esta noite, Wapolla. De minha parte, pode ficar tranquila!
Como se essa minha frase a estivesse deixando mais sossegada, Wapolla meteu na boca uma valente garfada de seu peixe e, depois de engolir com del�cia o bocado, falou:
� Voltando ao assunto, depois que essa not�cia saiu em v�rios jornais, comecei a sofrer atentados.
� Alentados? � indaguei, cheio de surpresa � Mas que esp�cie de atentados?
Pousando os talheres na beirada do prato, ela me contou:
� Primeiro, tentaram me sequestrar. Recebi um convite para uma apresenta��o especial na resid�ncia de um certo senhor Wilkinson, em Boston. Quando l� cheguei, percebi que n�o haveria apresenta��o nenhuma, mas sim um sequestro e, ent�o, fugi. Tive muita sorte: encontrei urna patrulha policial e consegui uma escolta at� minha casa. No dia seguinte, o comiss�rio de pol�cia veio confirmar as minhas suspeitas dizendo que o tal senhor Wilkinson jamais existiu naquele endere�o e que a casa em que eu tinha estado n�o passava de um casar�o abandonado e que era objeto de uma terr�vel complica��o judicial entre os herdeiros. Uma investiga��o feita junto a estes, provou que n�o tinham absolutamente nada a ver com o que me tinha acontecido.
A mo�a respirou fundo e continuou:
� Depois, tentaram me assustar, entrando em meu quarto enquanto eu estava fora. Roubaram-me algumas pequenas joias e diminutas quantidades de dinheiro.
Sorriu e acrescentou:
� Mesmo porque eu jamais tive grandes quantidades de d�lares ou grandes e valiosas joias.
Olhei para ela com interesse e perguntei:
� Mas a troco de qu� algu�m sentiria a necessidade de assust�-la?
Um sorriso iluminou o rosto de Wapolla e ela falou:
� Desde o dia seguinte � publica��o dessa malfadada reportagem, tenho recebido telegramas dizendo que eu preciso tomar cuidado, que eu preciso me proteger e que devo contratar uma equipe de seguran�as. Ora, ser� que esses atentados n�o s�o exatamente para me convencer disso? Para mostrar que eu realmente preciso de uma equipe de homens para me proteger?
Meneei a cabe�a em sinal de d�vida.
Seria uma atitude muito infantil da parte de quem estivesse querendo alguma coisa nesse sentido, provocar o p�nico na futura cliente.
� Sabe qual � a companhia que deseja ser contratada? � perguntei.
Wapolla fez um sinal afirmativo com a cabe�a e, depois de engolir o que tinha na boca, disse:
� Sei. Os telegramas come�aram a chegar depois que eu vim para San Francisco com a Companhia de Bal� e todos eles trazem o meu endere�o de remetente.
Fez uma pausa, respirou fundo e disse:
� O remetente � um advogado. Um advogado que eu n�o conhe�o pessoalmente mais que de nome.
Olhou intensamente para mim e arrematou :
� Chama-se McKay. Douglas McKay e � exatamente o homem que foi acusado de ter matado meu pai!



CAPITULO SEGUNDO

Uma Hist�ria Mal Explicada

Refleti por alguns instantes.
Era muito engra�ado o que ela estava me dizendo.
Pelo que eu tinha escutado dizer de McKay, ele era um homem brilhante, capaz de se destacar com facilidade entre os seus colegas de profiss�o exatamente por sua intelig�ncia.
Al�m disso, desde que tinha acontecido aquela hist�ria de ser acusado da morte de Hillman, McKay tinha dado provas mais do que suficientes de uma idoneidade sem limites, de uma honestidade a toda prova.
Assim, levando-se em considera��o apenas esses dois fatores, seria muito dif�cil que ele fosse o verdadeiro autor desses telegramas.
Afinal de contas, um homem conhecido e reconhecidamente honesto e id�neo, dotado de uma intelig�ncia superior, jamais e em tempo algum cometeria uma estupidez dessas.
Jamais poria em risco a sua reputa��o com um golpe t�o pueril!
� N�o acho que ele seja o respons�vel por esses atentados, Wapolla � falei. Ali�s, acho muito pouco prov�vel que ele tenha alguma coisa a ver com empresas de seguran�a pessoal ou coisas do g�nero!
A mo�a nada disse.
Limitou-se a olhar interessada para mim e eu continuei:
� Por outro lado, n�o h� uma explica��o muito l�gica para atentados, n�o � verdade? Ainda mais, atentados que servem apenas para assust�-la, sem nenhuma inten��o de lhe trazer grandes preju�zos f�sicos ou materiais.
Abri um sorriso e, com um gesto de quem afasta alguma coisa incomodativa, falei:
� Mas n�o vamos pensar nessas coisas agora. Aproveite o seu jantar, j� que me contou que n�o � sempre que pode usufruir de algo assim sem ter que estar com medo de que lhe cobrem excessivamente caro pela refei��o.
Wapolla riu, tomou um bom gole de vinho e disse:
� Voc� tem raz�o. De mais a mais, nem sei por que � que estou lhe contando essas coisas. A possibilidade de voc� se decidir a trabalhar para mim � t�o pequena que eu posso mesmo considerar como inexistente.
Olhei para ela. Seus olhos estavam cravados em mim, s�plices.
Compreendi perfeitamente o que � que ela estava querendo com aquela frase:
� N�o diga coisas que n�o pode provar � disse eu � Pode ser que voc� se engane redondamente e, ent�o, vai ficar sem jeito e sem coragem de olhar para mim.
Wapolla arregalou os olhos e perguntou:
� O que � que est� querendo dizer com isso? Ser� que eu posso, ent�o, ter esperan�as?
Mais uma vez, segurei a sua m�o sobre a mesa e falei:
� Vamos conversar outra vez amanh�. N�o foi isso que n�s combinamos? Neg�cios s� s�o tratados no escrit�rio!
Beijei a sua m�o e acrescentei:
� Neste momento, quero apenas aproveitar os momentos deliciosos de uma bela noite em companhia de uma bela mulher. O que �, em resumo, o sonho dourado de qualquer homem!
A tarde j� ia pelo meio, as horas se arrastando com peso de s�culos, com sacrif�cio de mil�nios.
At� aquele momento o dia me parecera ser o mais longo de minha vida, o mais penoso e mais angustiante.
Wapolla j� deveria ter aparecido antes do meio-dia e, no entanto, n�o tinha dado sinal de vida.
� Creio que ela desistiu � falei para mim mesmo, olhando pela mil�sima vez para a porta aberta de meu escrit�rio, coisa que eu n�o costumava fazer mas que, naquele dia cheio de expectativas e de ansiedade, n�o hesitara em quebrar a minha rotina de seguran�a.
Percebendo que estava efetivamente perturbado pela lembran�a de Wapolla, recriminei-me, dizendo para mim mesmo:
� Mas que diabo, Matt! Voc� n�o � mais um colegial para se comportar dessa maneira!
De fato eu j� tinha deixado de ser um colegial havia muitos anos!
E aquele tipo de comportamento n�o condizia, de maneira nenhuma com um homem de trinta e cinco anos de idade e com a profiss�o de justiceiro!
Sim, eu tinha trinta e cinco anos de idade e era um justiceiro, um mercen�rio que trabalhava ao lado da Justi�a e que ganhava o p�o de cada dia, fazendo com que pessoas inating�veis para os bra�os da Justi�a Comum, pagassem por seus crimes.
Fazia j� quinze anos que eu me dedicava a esse tipo de coisa e, desde o in�cio, jamais me tinha sentido envolvido sentimentalmente com nenhuma de minhas clientes.
� bem verdade que mais de umas cem vezes houve um certo tipo de envolvimento, uma certa intimidade at� mesmo excessiva. Mas da� a dizer que tivesse acontecido alguma esp�cie de sentimento, alguma esp�cie de amor... N�o.
Isso jamais tinha ocorrido em minha vida profissional e o fato de eu n�o conseguir tirar Wapolla de minha mente era mais do que significativo.
Inquieto, olhei o rel�gio de bolso que eu trazia preso por uma corrente de ouro ao meu colete e constatei que j� passava longe de quatro horas da tarde.
� N�o fiz nada o dia inteiro, a n�o ser esperar por Wapolla! � exclamei, surpreso comigo mesmo. Isso n�o pode continuar dessa maneira.
J� estava me levantando para ir ao pub, ao lado de meu escrit�rio para tomar um grande copo de u�sque, quando escutei passos no corredor.
� � ela! � pensei, entusiasmado, � Wapolla, chegando!
Por�m, antes mesmo de os passos se aproximarem de minha porta, percebi que n�o podia ser a mo�a.
Era um ru�do pesado demais, nada tinha a ver com o toc-toc leve de um sapato feminino.
J� desanimado, ia pensando no que eu iria dizer para afastar aquele cliente inesperado e inconveniente, quando os dois homens entraram em minha sala.
Quando digo dois homens, estou sendo excessivamente magn�nimo pois o que estava diante de mim naquele momento, era, na realidade, uma dupla de gorilas.
E gorilas muito perigosos pois ambos estavam empunhando rev�lveres, amea�adores armas Smith & Wesson calibre trinta e oito, cujos canos apontavam para mim...
� N�o tente reagir, Griffin, falou um deles, o que estava � minha direita e que pelo tamanho um pouquinho maior de sua testa, parecia ser mais inteligente, mais pr�ximo do ser humano � N�o vacilaremos em feri-lo, compreende?
Mostrou, tirando do bolso, os brincos que Wapolla estava usando na noite anterior e acrescentou:
� A bailarina est� em nosso poder. Se voc� n�o quiser que alguma coisa de ruim aconte�a a ela na pr�xima hora, trate de nos acompanhar docemente.
Sorriu.
Era um sorriso simiesco, que mais parecia um esgar de dor ou de simples desagrado do que um sorriso propriamente dito.
� interessante notar como as pessoas de alma negra, como deveria ser a daqueles dois indiv�duos, n�o tenham a capacidade e sorrir normalmente.
Nos l�bios de uma pessoa normal, ou seja, normalmente boa e normalmente m�, como bem tem que ser o Homo sapiens, uma mistura bem equilibrada de bondade e de maldade, um sorriso sempre tem a tend�ncia de tornar a sua fisionomia mais agrad�vel, at� mesmo mais bonita.
J� em gente como aqueles dois macacos, o sorriso s� fazia era enfeia-los.
� O que querem que eu fa�a? � perguntei, em uma tentativa de ganhar tempo.
O gorila da direita disse, em voz rascante:
� Temos um t�lburi esperando l� na frente. Voc� dever� nos acompanhar sem oferecer resist�ncia, compreende?
E, com olhar amea�ador, repetiu:
� Isso se n�o quiser que alguma coisa de ruim aconte�a � sua noiva.
Franzi as sobrancelhas, intrigado.
Como assim, minha noiva? Desde quando havia alguma coisa que pudesse fazer algu�m desconfiar que existisse alguma esp�cie de liga��o afetiva entre Wapolla e eu?
Por um breve momento, pensei em dizer para aqueles dois que eu n�o tinha noiva nenhuma mas, achei melhor calar.
Havia a imensa possibilidade de Wapolla ter dito que era minha noiva para se afastar de alguma situa��o delicada e embara�osa.
N�o era meu direito desmenti-la, pelo menos naquele instante.
Erguendo os ombros, levantei-me e disse:
� Muito bem. Podemos ir. E, for�ando um sorriso, falei:
� Estou desarmado. Podem me revistar, se assim o quiserem!



CAP�TULO TERCEIRO

Por Conta do Desespero

O t�lburi nos levou, dirigido por um dos gorilas, para o lado leste da cidade, exatamente para a estrada para Sacramento.
N�o achei muito interessante aqueles bandidos n�o estarem se preocupando com o fato de eu estar vendo para onde estava sendo levado.
Para mim, esse fato era muito negativo: mostrava apenas que eles n�o tinham a menor inten��o de me deixar voltar para casa.
Sem a menor possibilidade de escutar uma resposta confi�vel, perguntei, mais para descarregar um pouco o nervosismo:
� Para onde � que est�o me levando? O que fizeram com Wapolla?
O gorila que estava ao meu lado, rosnou qualquer coisa e, depois de alguns momentos, disse:
� N�o interessa o que � que vamos fazer com voc�, para onde � que est� sendo levado. Creio que para voc�, apenas tem que interessar que sua noivinha est� bem e inteira... ainda!
Pronto!
L� vinha ele outra vez com aquela hist�ria de noiva!
Forcei um sorriso e disse:
� Se voc�s est�o querendo dinheiro, at� posso lhes dar. Mas deixem-nos em paz!
O gorila riu alto e falou:
� N�o nos interessa pouca porcaria! Estamos atr�s � de coisa realmente grande e valiosa!
Mais uma vez, fiquei preocupado.
Sabia muito bem o que � que aquele bando estava se referindo, ou seja, ele estava achando que a tal mina de ouro descoberta pelo pai de Wapolla existia.
� N�o sei de coisa grande nenhuma � resmunguei � E j� estou come�ando a me fartar desta brincadeira!
O gorila olhou amea�adoramente para mim e disse:
� Pois acho bom que n�o se farte t�o cedo. Qualquer coisa que tente fazer contra n�s, repercutir� diretamente sobre sua noiva e imagino que n�o esteja querendo isso para ela, n�o � verdade? Bem... Wapolla Hillman n�o era minha noiva e essa era uma possibilidade quase inexistente, para n�o ser radical e dizer que era uma probabilidade imposs�vel.
Por�m, nem por causa disso eu haveria de querer que alguma coisa de ruim acontecesse para ela! Muito pelo contr�rio!
Se pudesse fazer qualquer coisa para lhe evitar aborrecimentos, era mais do que evidente que o faria.
Ali�s, naquele exato momento, eu poderia agir contra os dois bandidos.
Eu estava sem meus Colts, � claro. Por�m, na parte de tr�s de minha cintura, um pequeno Smith & Wesson calibre trinta e dois estava bem encaixado e, no instante em que eu quisesse, poderia sac�-lo e fuzilar os dois bandidos sem qualquer dificuldade.
J� tinha podido perceber que eles eram bandidos de verdade, homens que, acima de tudo, n�o tinham a menor rapidez na lide com os rev�lveres.
Poderiam, sem d�vida, ser bons atiradores mas, da� a poderem competir comigo, o passo era grande demais.
Afinal de contas, um justiceiro mercen�rio e um pistoleiro t�m, entre si, apenas diferen�as filos�ficas.
Na pr�tica, na hora das armas, os dois funcionam da mesma e id�ntica maneira!
Vi que o bandido que estava fazendo o papel de cocheiro, enveredava por uma estrada mais estreita, rumo a alguma granja j� h� mais de cinco milhas da cidade.
� Voc�s poderiam ter escolhido um lugar mais perto para se esconderem � comentei � Assim, terei muito trabalho para voltar para casa!
O bandido ao meu lado soltou uma risada e disse:
� Acho que � perfeitamente desnecess�rio voc� se preocupar com esse detalhe, Griffin!
Olhou divertido para mim e, confesso, cheguei a sentir um frio no est�mago.
Sabia muito bem porque raz�o ele estava dizendo que eu n�o precisava me preocupar com a volta para casa.
Mais uma vez, avaliei a possibilidade de reagir, de fazer com que os bandidos sentissem o sabor do chumbo de meu pequeno, mas eficiente Smith & Wesson.
E, novamente, cheguei � conclus�o de que n�o poderia de maneira nenhuma fazer isso.
Afinal, eu n�o poderia saber quantos bandidos estavam com Wapolla, n�o poderia adivinhar como � que ela estava.
N�o. Eu n�o poderia, de maneira nenhuma reagir, ainda.
N�o poderia correr o risco de fazer aqueles bandidos ou os que estavam mantendo Wapolla como prisioneira, por conta do desespero, tomarem alguma iniciativa que representasse mais riscos para a mo�a,
N�o pude deixar de sorrir ao me lembrar que, at� cerca de vinte e quatro horas antes, eu n�o tinha a menor ideia de que estaria envolvido daquela maneira em um caso t�o complicado, t�o mal explicado.
Mas...era assim mesmo, em minha vida!
Quando menos esperava, estava metido at� o pesco�o em alguma esp�cie de encrenca que, normalmente, homem nenhum haveria de querer para si!
Chegamos, nesse momento, em um pequeno rancho, um dos muitos ranchos que foram abandonados por seus propriet�rios quando da entrada em vigor das novas leis trabalhistas.
A manuten��o de pequenas propriedades rurais, depois de l9 de maio de 1890, passara a ser praticamente imposs�vel dado o custo alt�ssimo dos sal�rios e dado as exig�ncias exorbitantes dos trabalhadores rurais que, pretendiam ganhar o mesmo que os trabalhadores urbanos e com regalias e garantias ainda maiores.
Assim, os pequenos propriet�rios n�o podiam, em hip�tese alguma, manterem os seus ranchos em funcionamento. Sem a inten��o de vend�-los, acabaram por abandon�-los completamente, deixando que o mato tomasse conta deles at� que um dia, com leis trabalhistas um pouco mais favor�veis, pudessem voltar a "explor�-los�.
O rancho em que est�vamos chegando, deveria ter sido muito bonito, situado �s margens de um regato e com uma casa pequena mas pitoresca, constru�da com troncos roli�os, � moda das constru��es canadenses.
N�o pude deixar de pensar que um lugar como aquele deveria ser extremamente rom�ntico
desde que n�o houvesse bandidos tomando conta da situa��o.
� Des�a, Griffin! � falou o homem que estava ao meu lado, no banco de tr�s do t�lburi.

Obedeci, mantendo as m�os bem � mostra, para que n�o houvesse a menor d�vida quanto �s minhas inten��es.
J� com todos os sentidos em alerta, observei que havia mais dois cavalos amarrados a um palanque na frente da casa e, assim, conclu� que no interior da vivenda, deveriam estar mais dois bandidos junto com Wapolla.
A porta se abriu e eu fui empurrado para dentro da sala onde Wapolla se encontrava sentada em uma cadeira de madeira, sob a mira do rev�lver de um bandido.
Seu companheiro, com um sorriso, disse:
� Bem... Aqui est� o homem que sabe de tudo! Vamos ver se ele tamb�m vai guardar segredo.
Olhei para Wapolla e sorri, tentando infundir-lhe um pouco de confian�a e de esperan�a.
� N�o se preocupe querida � falei. Tudo vai se resolver. Tenho certeza de que estes senhores logo v�o compreender que foi um erro muito grande terem tentado nos arrancar algum tipo de informa��o!
Wapolla ia abrindo a boca para falar alguma coisa, quando o Destino, esse meu grande aliado, apesar de eternamente um grande brincalh�o, deu-me a oportunidade que eu estava esperando para a minha rea��o.
Um dos cavalos relinchou, outro respondeu.
Coisa perfeitamente natural e que n�o significava, obrigatoriamente, que houvesse algum estranho se aproximando.
Por�m, os nervos daqueles homens estavam tensos, estavam j� no limite.
Os quatro bandidos olharam para fora, atrav�s da janela da sala.
Foi um momento muito breve, um infinit�simo de instante mas que eu n�o poderia de maneira nenhuma deixar passar.
Baixando as m�os, levando a m�o direita para a parte traseira de minha cal�a, saquei o rev�lver e disparei.
Disparei inicialmente contra o bandido que estava mais perto de Wapolla, pois talvez fosse o que maior risco estivesse representando para a mo�a, naquele momento.
Em seguida, girando sobre mim mesmo, j� deitado no ch�o, procurei o abrigo de uma pilha de lenha que estava jogada a um canto da sala e, enquanto fazia esse movimento disparei mais duas vezes, atingindo na cabe�a dois outros bandidos.
O �ltimo, exatamente aquele que falara comigo durante a viagem e que tinha me parecido ser o mais perigoso, mostrou que, na realidade, n�o valia grande coisa.
Sim, um homem que se prop�e a ganhar a vida usando armas, n�o pode cometer asneiras em momentos importantes como aquele, deixando-se levar a atitudes imbecis, meramente por conta do desespero.
Um homem como aquele n�o poderia, jamais, entrar em p�nico, n�o poderia jamais se desesperar.
No entanto, foi o que aconteceu.
Apavorado, percebendo que n�o teria a menor chance contra mim, o bandido achou que poderia se utilizar de Wapolla como escudo.
Dessa maneira, ele saltou para a mo�a, tentando agarr�-la, tentando faz�-la de ref�m.
N�o lhe dei tempo nem mesmo de chegar a tocar em Wapolla.
Meu Smith & Wesson latiu mais uma vez.
O homem recebeu a bala na fronte, no momento exato em que tocava o solo, j�
a menos de meio metro de dist�ncia de onde Wapolla estava.
A pequena, mas eficiente bala calibre trinta e dois com a ponta cortada em forma de cruz, empurrou-o de encontro � parede em uma pirueta, fazendo-o cair, j� morto, no ch�o.
Wapolla olhou para mim. Percebi que ela j� n�o aguentava mais...
A mo�a tentou se por de p� mas seus joelhos n�o a sustentaram, suas pernas se dobraram e ela teria ca�do ao ch�o se eu n�o tivesse corrido a ampar�-la, segurando-a em meus bra�os.
Um pouco mais tarde, j� no t�lburi, a caminho da cidade, ela me disse:
� Eles tentaram me fazer dizer onde � que fica a mina de meu pai; o que � imposs�vel, uma vez que eu n�o tenho a menor ideia de onde � que ela possa se localizar!
Sacudindo negativamente a cabe�a, ela acrescentou:
� Ali�s, n�o existe mina de esp�cie alguma! Tenho a mais absoluta certeza disso!
Sorri para ela e falei:
� Acho que voc� jamais vai conseguir fazer gente como esses bandidos que acabamos de liquidar, entender isso que acaba de me dizer. Para eles, essa mina existe e voc� sabe a sua localiza��o!
Wapolla se encostou a mim e falou:
� Eu me vi desesperada! Estava vendo a hora em que eles iriam come�ar a me violentar!
Estremeceu, com horror apenas com a lembran�a do medo por que tinha passado e continuou:
� N�o tinha a quem ou a que recorrer e, por isso, inventei a hist�ria de que voc� era meu noivo e de que voc� era a �nica pessoa a saber onde � que ficava a mina.
Ergueu os olhos para mim, sorriu sem jeito e disse:
� Espero que n�o tenha ficado muito aborrecido com isso. Com o fato de eu o ter atra�do para uma armadilha, para um perigo incomensur�vel. Mas, acredite, eu estava completamente desesperada e a �nica esperan�a que poderia ter era voc�!
Afaguei seus cabelos e murmurei:
� N�o se preocupe com isso, Wapolla, para mim, ser seu noivo, mesmo que apenas ficticiamente, j� � uma recompensa das maiores.
E, tomando � direita na estrada para Sacramento, acrescentei:
� Foi uma pena n�o ter conseguido deixar pelo menos um deles vivo para nos prestar alguns esclarecimentos!
Fustiguei os cavalos, fazendo-os trotar mais depressa.
Wapolla, notando que n�o est�vamos voltando para San Francisco, perguntou:
� Mas para onde � que estamos indo? Porque n�o estamos voltando para Frisco?
N�o respondi de imediato.
Senti um prazer um tanto quanto m�rbido em deix�-la preocupada e assustada, imaginando, talvez, que ela tivesse conseguido escapar da frigideira para o fogo.
Por�m, Wapolla n�o se deixou apanhar.
Encostando-se mais a mim, ela disse:
� Acho que vou gostar de viver uma aventura assim. Na realidade, minha vida estava ficando ins�pida demais, limitada apenas �s apresenta��es do teatro e � rotina de ter que escapar de admiradores mais insistentes que se acham com o direito de me levar para a cama.
Sorri, tornei a afagar os seus cabelos e disse:
� Hoje, voc� n�o vai dan�ar, Wapolla. N�s iremos para Sacramento pois acho que ser� mais seguro para voc� ficar longe de San Francisco por algumas semanas.
A mo�a arregalou os olhos, espantada e eu prossegui:
� Amanh� pela manh�, pelo primeiro trem, iremos para Daugherty. Creio que as explica��es para muita coisa est�o nessa cidade e o advogado Douglas McKay poder� nos ajudar a esclarecer uma por��o de pontos que ainda est�o muito obscuros nesse seu caso.
O indolente recepcionista do hotel, em Sacramento, n�o fez muitas perguntas a respeito de coisa nenhuma, limitando-se apenas a verificar o registro de nossos nomes e a nos entregar a chave do quarto de n�mero dezesseis, o �nico, segundo ele, com um banheiro completo e privativo.
Escorreguei vinte d�lares para a sua m�o, para que mandasse subir o mais depressa poss�vel v�rios baldes de �gua quente para Wapolla poder tomar um banho e ele, j� se mostrando mais interessado depois de embolsar o dinheiro, disse:
� N�o se preocupe, o senhor e sua esposa ter�o a �gua quente dentro de poucos minutos! E mandarei subir, tamb�m, uma garrafa de champanha.
Com um olhar carregado de mal�cia, ele falou, em tom mais baixo, para mim:
� Sempre � bom tomar uma ta�a de champanha antes, n�o � verdade?
N�o falei nada.
N�o lhe disse que era da mesma teoria, ou seja, que o amor � melhor quando bem regado com um champanha.
Wapolla olhou satisfeita para o amplo e confort�vel aposento e disse, enquanto eu verificava as janelas para ver se estavam bem trancadas:
� Muito bonito. Bem melhor do que o meu quarto l� no hotel de San Francisco!
Menos de dez minutos depois, uma criada trazia dois grandes baldes de �gua quente para o banho e logo em seguida, outras duas criadas faziam o mesmo, acabando por encher a banheira italiana, um aut�ntico e verdadeiro luxo para um hotel em uma cidade como Sacramento.
� Tome seu banho � falei � Enquanto isso, eu vou tratar de arrumar algumas roupas para voc�. N�o pode continuar a usar esses trajes que servir�o apenas para chamar demasiadamente a aten��o para a sua pessoa.
J� estava saindo, a minha m�o sobre a ma�aneta da porta, quando Wapolla me segurou pelo bra�o, dizendo:
� N�o, Matt! Pelo amor de Deus! N�o me deixe sozinha aqui!
Sorriu e murmurei:
� Mas n�o h� perigo, Wapolla, n�o acredito que os bandidos desconfiem que estamos em Sacramento. Pelo menos, n�o v�o descobrir isso antes de um dois dias. Pode ficar sossegada.
Por�m, Wapolla n�o soltou meu bra�o e, puxando-me para mais perto, abra�ando-me, ela falou:
� N�o saia, agora! Sua presen�a me traz uma impress�o de seguran�a que eu nunca senti antes.
Beijou-me sobre os l�bios, um beijo quente, voluptuoso, ardente.
Afastando-se um pouco, ela olhou fixamente para mim, sorriu e disse:
� De mais a mais, eu preciso de algu�m para me ajudar a esfregar as costas.
Era demais para mim.
Ali�s, tenho certeza de que seria demais para qualquer homem normal.
Voltei a trancar a porta e, por medida de seguran�a, empurrei a pesada c�moda que havia no quarto contra a ma�aneta, barricando de maneira segura a �nica entrada naquele quarto, naquele peda�o de mundo que estava prometendo se transformar, dentro de alguns instantes, em um aut�ntico e id�lico para�so.
Fato que se confirmou cerca de uma hora mais tarde, quando senti Wapolla entre meus bra�os, dizendo-me com a voz rouca e quente das mulheres que n�o conseguem mais controlar os seus desejos, que tinha sonhado com aquele momento desde o instante em que me conhecera.



CAP�TULO QUARTO


Nunca se est� Livre do Perigo.

J� passava muito de dez horas da manh� quando finalmente consegui acordar.
Por alguns momentos fiquei espichado sobre a cama, sentindo com indiz�vel prazer o contato do corpo de Wapolla e as dores musculares a que me tinham levado os abusos da noite. Sim,
Wapolla era uma mulher sensacional!
Exatamente aquele tipo de mulher com quem um homem sonha a vida inteira e que, quando encontra, n�o mede esfor�os e nem sacrif�cios para prend�-la a si pelo resto da vida.
Acariciei as costas nuas de Wapolla e, beijando-a, procurei despert�-la o mais docemente poss�vel.
� Ainda � muito cedo � protestou ela � Vamos ficar aqui mais um pouquinho.
De fato era uma tenta��o muito grande, por�m eu sabia que isso n�o poderia ser.
T�nhamos que partir, t�nhamos que encontrar o mais depressa poss�vel uma resposta para as muitas perguntas que, desde que Wapolla aparecera era minha vida, estavam me martelando o c�rebro e impedindo-me de pensar em qualquer outra coisa.
Perguntas que, se n�o tivessem sua resposta no mais breve espa�o de tempo poss�vel, acabariam por atormentar de tal maneira a minha exist�ncia que me deixariam louco.
E isso, sem contar com o fato de que n�o estar�amos livres do perigo enquanto n�o descobr�ssemos por que, por exemplo, Terence Hillman, o pai de Wapolla tinha sido assassinado.
De acordo com o que me contara a mo�a, seu pai jamais tivera uma vida destacada, jamais conseguira reunir bens e dinheiro que justificassem um assalto seguido de morte. Da mesma maneira, n�o se poderia pensar que ele tivesse inimigos uma vez que, exatamente pelo fato de sempre ter sido algu�m apagado e inexpressivo, n�o haveria quem se interessasse em prejudic�-lo.
Quando Wapolla me falou sobre esse assunto, n�o pude deixar de refletir.
Sim, � uma triste verdade.
Pode-se at� mesmo medir a import�ncia de uma pessoa, de um homem, pela quantidade de inimigos que consegue fazer durante a sua vida.
O que � muito claro pois, � medida que algu�m sobe na vida e nas realiza��es, algu�m ter� que descer. Na luta di�ria por um lugar ao sol, aquele que consegue, consegue porque algu�m caiu, porque algu�m n�o conseguiu.
E, da�, acontece a inveja, da� acontece a inimizade, a persegui��o.
Um homem med�ocre, simplesmente de boa alma, como era o caso de Terry Hillman, n�o costuma ter inimigos.
O med�ocre � indiferente para a imensa maioria das pessoas e, por esta raz�o, n�o h� quem queira ver a sua desgra�a.
J� aquele que se destaca...
Bem, nesse caso, no caso dos que por esta ou aquela raz�o se mostram melhores do que os outros, a� sim, os inimigos aparecem, frutos da inveja e do despeito.
Levando-se em considera��o todas essas pondera��es, era f�cil de chegar � conclus�o de que deveria haver um motivo muito forte para que Terry Hillman tivesse sido assassinado.
Enquanto tom�vamos o desjejum, perguntei para Wapolla:
� Afinal de contas, o que � que fazia seu pai?
� N�o sei � respondeu a mo�a com o semblante carregado de tristeza � Papai tentou tudo em sua vida. Desde ser lavrador, at� mesmo vendedor de produtos farmac�uticos.
Tomou um gole de ch�, passou geleia de ma�� em uma torrada e falou:
� Nunca teve sorte. Viveu o tempo todo com grandes dificuldades e, quando eu me tornei um pouquinho mais velha, ele fez quest�o de me enviar para um col�gio de freiras onde, segundo o que dizia, eu poderia ter uma educa��o melhor e mais refinada e, assim, ter a oportunidade de vir a conhecer um homem bom e rico o bastante para suprir as minhas necessidades.
Olhou intensamente para mim e disse, erguendo os ombros de maneira sedutora:
� Creio que esse desejo de papai eu consegui realizar esta noite, com voc�.
Sorri para ela e perguntei:
� Seu pai jamais falou para voc� de alguma coisa referente a minas ou a ganhos extraordinariamente grandes?
Wapolla refletiu em sil�ncio por alguns instantes e disse:
� N�o. Papai jamais conseguiu ganhar ou mesmo juntar muito dinheiro. Tinha um pequeno capital a que ele se agarrava com unhas e dentes, sem deixar jamais que a fome ou a necessidade avan�asse nesse dinheiro. Preferia passar fome a ter que usar dez d�lares desse seu pequeno patrim�nio.
Balancei negativamente a cabe�a, completamente desanimado.
As respostas de Wapolla n�o estavam me levando a nada.
Um homem como Terry Hillman, dificilmente correria o risco de ser assassinado.
Por�m, para servir de prova de que jamais se est� livre do perigo, Hillman tinha sido morto.
� Seu pai deixava o dinheiro desse capital em casa? � perguntei.
� De maneira nenhuma! � exclamou a mo�a � Ele sempre deixou esse dinheiro investido, no Banco. Achava que n�o tinha o menor cabimento guardar dinheiro em casa.
Sorri.
Pela primeira vez, ali estava uma coisa s�lida e palp�vel.
Havia uma imensa probabilidade de Hillman n�o ter sido, afinal, assassinado por um motivo de inimizade.
Ele poderia, realmente, ter sido morto porque se recusara a facilitar as coisas para os bandidos.
Por exemplo, contando onde � que tinha o dinheiro escondido.
Relembrando os acontecimentos e o que Wapolla me tinha contado, afastei por completo a possibilidade de seu pai ter tido, quando ainda vivo, uma mina. A hist�ria da mina tinha sido inventada por Wapolla, em uma simples suposi��o que, por mero azar dela, tinha ca�do no conhecimento de bandidos que imaginaram ser uma hist�ria ver�dica.
Por�m, Terence Hillman tinha sido morto.
E, pelo menos de acordo com a l�gica, ningu�m mata outra pessoa unicamente pelo prazer de matar.
A menos que seja um indiv�duo mentalmente perturbado, o que ent�o, sairia fora da l�gica.
Sacudi a cabe�a tentando por em ordem os meus pensamentos, tentando encontrar uma explica��o para tudo aquilo.
Wapolla sorriu para mim e disse, como se estivesse lendo, o que me ia pela mente:
� Um bocado confuso, n�o � mesmo, querido?
N�o havia como negar.
A �nica coisa que poder�amos fazer era, realmente, partirmos o mais depressa poss�vel para Daugherty, para, no local que tinha sido o palco dos acontecimentos, tentar descobrir alguma coisa.
Olhando para o vazio, � minha frente, eu falei:
� N�o h� como tentar adivinhar. Se ao menos pud�ssemos ter mantido vivo um dos bandidos para que dissesse alguma coisa. Mas n�o! Tive que matar todos eles!
Wapolla franziu as sobrancelhas e perguntou:
� Voc� acha que esses bandidos est�o metidos com a morte de papai?
� Pode ser � respondi � Nada nos impede de pensar assim. Na realidade, devemos antes imaginar que todo o caso esteja imbricado e que haja apenas uma causa para que seu pai tenha sido morto e para que voc� esteja sofrendo essa persegui��o toda!
Wapolla ficou em sil�ncio por alguns instantes e ponderou:
� Nesse caso, somos obrigados a imaginar que havia mesmo uma raz�o para que ele fosse morto. Quero dizer, pode ser que ele estivesse escondendo alguma coisa!
Olhei para a mo�a, como se n�o a estivesse vendo.
Na realidade, ela tinha acabado de tocar o ponto nevr�lgico de tudo aquilo.
� Sim, � bem poss�vel � falei � E acho que a resposta a muitas das perguntas que estamos nos fazendo esteja exatamente nesse pequeno capital de que voc� me falou. Essa pequena import�ncia que seu pai possu�a e que n�o mexia de maneira nenhuma.
Alguns minutos depois, est�vamos na ag�ncia de tel�grafos, esperando a resposta a um telegrama urgente que eu tinha remetido para o xerife de Daugherty.
N�o tivemos que esperar mais do que duas horas.
Com um sorriso, o funcion�rio do Tel�grafo me entregou a folha com a resposta, dizendo:
� Aqui est� senhor, e se precisar de mais alguma mensagem urgente, estou � sua disposi��o.
N�o pude deixar de sorrir.
Aquele funcion�rio n�o era nem um pouquinho diferente da imensa maioria dos outros que eu j� tinha visto e conhecido. Jamais estavam � disposi��o para enviar mensagens urgentes a menos que se estivesse disposto a lhe fazer escorregar alguns d�lares para dentro do bolso.
Juntamente com Wapolla, olhei para o papel e li:
CONFIRMO O FATO DE QUE TERENCE HILLMAN MANTINHA UMA CONTA BANC�RIA COM CERCA DE CINQUENTA MIL D�LARES, ESSA CONTA FOI ESGOTADA CERCA DE UM M�S ANTES DE HILLMAN SER ASSASSINADO.
Imediatamente, enviei outro telegrama, desta vez para o agente do Registro de Minas e Propriedades, em Austin, uma vez que seria l� e n�o em Daugherty que Hillman teria registrado alguma aquisi��o imobili�ria que, por ventura tivesse feito.
J� come�ava a escurecer quando o estafeta do tel�grafo veio me procurar, em nosso quarto de hotel, com a resposta ao meu telegrama.
�quela altura dos acontecimentos, n�o foi surpresa nenhuma para mim, ler o que estava escrito na mensagem:
TERENCE HILLMAN N�O POSSUI NENHUMA TERRA NO CONDADO DE DAUGHERTY E NEM EM NENHUM OUTRO LUGAR DO TEXAS. SOB ESSE MESMO SOBRENOME, HILLMAN, FIGURA O REGISTRO DE UMA PROPRIEDADE DE TR�S MIL ACRES EM DAUGHERTY, EM NOME DE WAPOLLA HILLMAN.
Olhei para a mo�a e sorri.
� Com que ent�o, minha querida, voc� � uma propriet�ria rural! Tr�s mil acres j� � um rancho bastante bom, mesmo que para os padr�es texanos!





CAP�TULO QUINTO


Um Encontro com um Advogado Honesto

Christine McKay, ajudada por Wapolla, serviu os pratos do jantar e disse:
� Eu jamais poderia imaginar que Terry tivesse uma filha famosa! Uma bailarina cl�ssica t�o conhecida!
Wapolla sorriu, encabulada, e protestou dizendo que n�o era famosa coisa nenhuma e que o fato de ser bailarina e relativamente bem conhecida no meio art�stico, n�o apenas n�o lhe trazia confortos materiais, como tamb�m s� lhe trazia dores de cabe�a.
Mudando o assunto, eu indaguei de Douglas McKay:
� Voc� nunca procurou descobrir o verdadeiro assassino de Terry Hillman?
O advogado deu de ombros e respondeu:
� No in�cio, sim. Andei tentando fazer algumas investiga��es, andei � cata de ind�cios que me levassem ao homem ou aos homens que tinham liquidado Terence Hillman. Por�m, o meu tempo ficou muito escasso. Tive muitos trabalhos, muitos processos e, por isso, acabei deixando essas investiga��es para depois e, finalmente, acabei por desistir.
Deu um sorriso sem gra�a e continuou.
� Certas coisas t�m que ser feitas na hora. Se as deixarmos para mais tarde, esse mais tarde jamais chegar�!
O advogado estava coberto de raz�o. E era perfeitamente justific�vel o fato de ele, n�o mais se ter preocupado em encontrar o assassino de um homem que t�o pouco parecia significar para a sociedade de Daugherty!
� Sabia que Hillman tinha adquirido tr�s mil acres de terras aqui em Daugherty? � perguntei.
O advogado franziu as sobrancelhas.
� N�o � poss�vel! � exclamou ele � Todos os neg�cios de terras feitos aqui passam peles m�os de meu sogro. Acho que Cord teria dito alguma coisa para mim.
Nesse momento, Chris, olhando para mim, falou:
� Papai n�o tem o h�bito de comentar em casa as coisas e os problemas de seu trabalho. Al�m disso, ele � muito distra�do e pode nem mesmo ter levado em considera��o esse fato.
Sorri para a mo�a e disse:
� Bem, de qualquer maneira, ele n�o comprou as terras em seu nome, mas sim em nome de Wapolla.
Voltando-me para o advogado, eu pedi:
� N�o quer cuidar desse caso para n�s? Gostaria de regularizar a situa��o dessa propriedade e, se houver alguma coisa que seja necess�rio fazer...
McKay sorriu e disse:
� Voc� nem mesmo precisaria ter pedido. Com a chegada de voc�s dois � cidade, e tendo em vista a s�rie de problemas por que Wapolla est� passando, era minha inten��o desenterrar o caso do assassinato de seu pai. E � evidente que, de posse dessa informa��o a respeito da compra de terras, vou pedir uma certid�o de propriedade para que Wapolla possa legalmente, tomar posse de seu rancho.
Com um olhar maroto, McKay falou:
� Ali�s, acho que ser�o dois a tomarem posse do rancho, n�o � mesmo?
Deixando a casa de McKay j� bem tarde, rumamos, � p�, para o hotel.
Wapolla seguiu � minha esquerda e eu, com o palet� desabotoado de maneira a n�o haver o que me atrapalhasse na eventualidade de uma necessidade de rea��o com os rev�lveres, olhava constantemente para todos os lados, temeroso de que algu�m pudesse aparecer, com m�s inten��es.
Aquela altura, os bandidos que estavam querendo alguma coisa de Wapolla, j� deveriam estar sabendo que n�s nos encontr�vamos em Daugherty e isso, se por um lado era ruim pois n�o poder�amos jamais adivinhar de onde � que partiria o ataque, por outro era bastante bom, pois possibilitava-me desentocar os bandidos.
Mais ou menos como nos fazermos de iscas-vivas.
Entre a casa de McKay e o hotel em que est�vamos � o �nico da cidade � havia uma dist�ncia de aproximadamente duzentas jardas.
Ora, duzentas jardas � uma dist�ncia imensa, quase que transcontinental, quando se est� com medo de alguma coisa.
Era exatamente essa a sensa��o que eu tinha naquele instante, enquanto atravessava uma esp�cie de ruela mais estreita, para chegar � rua principal.
� Este lugar me d� arrepios � disse "Wapolla, apertando-se a mim. � t�o escuro!�
O medo de Wapolla � bem como o meu, tamb�m � mostrou-se totalmente justific�vel nos instantes seguintes.
Dois homens surgiram � nossa frente, ambos j� empunhando seus rev�lveres, ambos mostrando um sorriso maldoso de quem t�m a certeza de que vai conseguir o seu objetivo...
� N�o tentem reagir � falou o homem que estava � direita, mais perto da parede de uma casa. � N�o queremos mat�-los, queremos apenas uma palavrinha de voc�s em um lugar bem tranquilo e sossegado.
Ora, mesmo que eu fosse o mais ing�nuo de todos os habitantes do planeta.
A situa��o era extremamente delicada pois n�o havia a menor possibilidade de tentar resistir.
Aqueles homens, ao contr�rio daqueles que eu tinha enfrentado em San Francisco, n�o eram "bandidos de cidade grande", homens pouco habituados � lide r�pida das armas de fogo.
Eram, muito pelo contr�rio, homens do oeste, homens com capacidade de tiro bastante respeit�veis, at� mesmo para mim que me considerava um bom pistoleiro.
Ali�s, esta � uma das caracter�sticas dos verdadeiros ases com os Colts. Eles jamais subestimam os advers�rios pois t�m plena consci�ncia de que bastar� uma falha ou uma dose um pouco maior de sorte para que tudo esteja terminado.
Dessa maneira, considerei as possibilidades mais uma vez e cheguei � conclus�o de que n�o deveria tentar reagir.
Se sacasse meus rev�lveres, tinha uma chance em um milh�o de conseguir atirar antes dos bandidos e, na eventualidade de eu tombar, Wapolla estaria em p�ssimos len��is.
Vivo, apesar de em situa��o dif�cil, ainda existiria a chance de sair vivo da encrenca.
Por isso, procurei abrir um sorriso e disse:
� N�o fiquem nervosos, amigos. N�o vamos oferecer resist�ncia.
Foi precisamente nesse instante que uma sombra se projetou para o interior da viela, tapando a fraca ilumina��o do lampi�o a carbureto da rua principal.
Como eu, os bandidos perceberam e, imediatamente, pressentiram o perigo.
Em um movimento instintivo, de tratarem de se defender do inimigo mais evidente, os dois se voltaram para tr�s, as armas j� engatilhadas, prontas para atirar.
Era exatamente o que eu estava esperando.



CAP�TULO SEXTO


Uma Limpeza Necess�ria

Agindo com a maior velocidade poss�vel, saquei o rev�lver da direita, e atirei contra o bandido que estava � esquerda e, portanto, mais pr�ximo de Wapolla.
N�o estava nem um pouco disposto a correr o risco de ver aqueles miser�veis tentarem se apoderar da mo�a para se servirem dela como se fosse um escudo.
N�o me incomodei com o fato de o fac�nora estar de costas para mim, ou seja, n�o liguei para o que se diz habitualmente que jamais se deve atirar em um homem pelas costas.
Para come�ar, eu n�o estava considerando aqueles dois como homens, como pessoas normais que merecessem a minha considera��o.
Ouvi, com satisfa��o a voz de McKay, gritando:
� Ao ch�o, Wapolla!
Ouvi o baque do corpo de Wapolla que, sumariamente se jogava ao ch�o e escutei o estampido de um rev�lver calibre quarenta e cinco.
O bandido que eu tinha poupado foi simplesmente arremessado de encontro � parede da casa.
Olhei para McKay que sorria para mim e, antes que eu pudesse dizer alguma coisa, o advogado falou:
� Sinto muito. Pensei somente depois de j� ter dado ao gatilho. Devia t�-lo poupado, n�o � mesmo?
Sacudi os ombros com indiferen�a.
� N�o faz mal � disse eu � Haver� outros.
McKay se aproximou dos dois cad�veres e murmurou:
� Mas eu os conhe�o! Dois bandidos de primeira linha, daqueles que nunca deixam uma prova de sua culpa para que possamos fazer alguma coisa contra eles!
Obrigando-nos a acompanh�-lo de volta � sua casa, ele explicou:
Vi, assim que voc�s dois sa�ram, de casa, estes dois homens que os seguiram. Imediatamente, apanhei meus rev�lveres e me decidi a acompanh�-los pois tinha certeza de que voc�s iriam precisar de ajuda, cedo ou tarde.
Sorriu, mostrou os dois corpos j� a cerca de cinquenta passos de dist�ncia, e disse:
� Como v�, eu n�o estava enganado!
J� em sua casa, enquanto Chris e Wapolla arrumavam o quarto de h�spedes para n�s dois, McKay contou:
� Esses dois homens fazem parte de um bando de malfeitores que, de uma certa forma, chegam a controlar a cidade.
Franzi as sobrancelhas e McKay explicou:
� Eles agem muito bem. � mais do que sabido que nenhum deles presta mas, sempre que matam algu�m, fazem-no de uma maneira tal que n�o se pode deixar de admitir que eles agiram em defesa pr�pria.
Fez uma careta de desagrado e encerrou:
� Com isso, eles conseguem impor uma esp�cie de lei do terror e n�o se pode fazer nada contra esses bandidos. De mais a mais, eles s�o quase trinta e n�o h� quem seja t�o corajoso ou louco, aqui na cidade, que tenha condi��es de enfrentar tantos bandidos de uma s� vez!
Balancei afirmativamente a cabe�a e falei:
� Tem raz�o. � uma empreitada bastante arriscada mas, ainda assim, � uma limpeza que deve e precisa ser efetuada. E � exatamente o que pretendo fazer.
Levantei-me, aproveitando um momento em que Wapolla n�o estava na sala e falei para McKay:
� Fique aqui e cuide das duas mulheres. Pode ser que alguns bandidos ainda queiram vir atacar-nos aqui.
� Mas onde � que pretende ir? � perguntou, alarmado, o advogado � � uma loucura tentar alguma coisa sozinho!
Fiz um sinal para que ele n�o falasse alto pois n�o tinha nenhum interesse em que Wapolla escutasse e, consequentemente, inventasse de n�o me deixar sair.
� � preciso limpar a cidade � falei � E isso n�o poder� ser feito de uma outra maneira a n�o ser com sangue!
� Voc� nem sequer conhece os bandidos! � exclamou McKay em um sussurro.
Sorri.
� Voc� tem raz�o � falei � Mas n�o se preocupe muito com isso pois os bandidos me conhecem e muito bem! Eles mesmos se encarregar�o de aparecer!
McKay ergueu os ombros, tentando parecer resignado, e disse:
� Procure deixar alguns com vida, Matt, assim, poderei interrog�-los!
O lugar mais l�gico de se encontrar maus elementos, em qualquer cidade do Oeste dos Estados Unidos, � o saloon.
Isso n�o � nenhuma novidade para ningu�m e, � claro, foi para o saloon que eu me dirigi assim que deixei a casa de McKay, fugindo, literalmente, de Wapolla.
Empurrei a portinhola de vaiv�m do saloon e entrei, notando imediatamente que um sil�ncio pesado se fazia, mostra mais do que evidente que a minha presen�a ali causava inc�modo para alguns e curiosidade para a maioria.
N�o tive tempo nem mesmo de chegar ao balc�o e j� o xerife, que ali se encontrava exatamente por prever que haveria barulho ainda naquela noite, veio ao meu encontro.
Segurando-me pelo bra�o, ele falou:
� Venha comigo, Griffin, temos muito o que conversar.
Eu podia muito bem imaginar o que � que ele estava querendo comigo.
N�o h� um xerife que aprecie a presen�a de um justiceiro em seu condado e isso, primeiro porque um justiceiro � sempre sin�nimo de encrencas e, segundo, porque dep�e contra a imagem do pr�prio xerife como defensor da Lei. Uma cidade que precisa de um justiceiro mercen�rio como eu � porque, certamente, o xerife local n�o tem capacidade para lutar e defender os seus eleitores.
Enganei-me, por�m.
O Xerife de Daugherty n�o fazia parte do grupo de homens despeitados e preconceituosos que, pelo fato de estarem com uma estrela no peito, acham que s�o verdadeiros her�is, semideuses absolutamente isentos da possibilidade de qualquer erro ou de qualquer falha.
� H� pelo menos dez homens aqui no saloon que est�o apenas esperando uma oportunidade para mat�-lo, Griffin � falou ele � E pelo que sei, eles n�o ter�o muita paci�ncia. Se a oportunidade n�o surgir, pode acreditar que eles haver�o de cri�-la!
Fiz um sinal de assentimento com a cabe�a e perguntei!
� Quais s�o esses homens, xerife? Creio que vou proporcionar-lhes essa oportunidade muito antes do que est�o esperando.
O xerife mostrou, com o olhar, os dois homens que se encontravam no mezanino do andar dos quartos e, depois, outros quatro que estavam ao lado do pequeno palco onde uma corista de idade indefinida e de pl�stica j� um bocado fenecida, se esfor�ava para chamar a aten��o com a sua voz, j� que estava perfeitamente c�nscia de que por outra raz�o ela jamais apareceria para o p�blico.
� H� ainda pelo menos outros dois do lado de fora, Griffin � acrescentou o xerife �eu n�o sei como � que voc� vai fazer para se safar desta situa��o.
Olhei fixamente para ele e perguntei:
� Poderei contar com a sua ajuda? O xerife sorriu.
Mostrou a espingarda de canos serrados que estava segurando e disse:
� Esta limpeza � necess�ria, meu amigo! J� estou cansado dos desmandos desse grupo. Por isso, eu � que pergunto: depois que tivermos liquidado estes dez, poderei contar com a sua ajuda para acabar com o restante do bando?
Fiz um sinal afirmativo com a cabe�a e disse:
� � claro que sim, mas o mais importante � deixarmos alguns deles vivos. McKay quer interrog�-los e eu estou muit�ssimo interessado, tamb�m em algumas das respostas que eles certamente ter�o para nos dar!



CAP�TULO S�TIMO


Tem que Haver uma Raz�o

Sa� do reservado onde tinha estado conversando com o xerife e pude perceber que os quatro homens que estavam junto ao palco, olhavam de maneira interrogativa para os dois que estavam no mezanino.
N�o tive nenhuma dificuldade em perceber que o sinal havia sido trocado.
Em s�ntese: os quatro bandidos tinham recebido a ordem para atacar!
Ao meu lado, o xerife fez uma careta.
N�o estava gostando da coisa e come�ava a considerar se ter�amos ou n�o alguma chance contra aqueles homens, o que era perfeitamente justific�vel.
Enquanto os quatro estariam nos provocando, os dois do mezanino poderiam
calmamente apontar suas armas para nossas costas e fuzilar-nos sem a menor contempla��o.
� Vamos para debaixo do mezanino � sussurrei � L�, n�o teremos que nos preocuparmos com as nossas costas.
Rapidamente, enquanto os quatro bandidos que estavam diante de n�s posicionavam seus bra�os para um saque r�pido, o xerife e eu come�amos a nos dirigir para debaixo do mezanino, em uma posi��o que tornaria imposs�vel aos dois pistoleiros que estavam em cima, enxergarem-nos.
Os bandidos perceberam a manobra e decidiram precipitar as coisas.
� N�o os deixem escapar! � gritou o que estava mais � frente, j� levando a m�o � coronha de seu rev�lver.
Foi nesse momento que o xerife e eu agimos, com um sincronismo perfeito de movimentos, como se tiv�ssemos j� treinado aquela mesma situa��o por muitas e muitas vezes.
O xerife atirou com a sua espingarda, levando-a a altura da cintura e provando, com o seu disparo perfeito, puxando os dois gatilhos da arma de uma s� vez, que ele bem merecia ser o representante da lei naquela cidade.
Ao mesmo tempo, eu dei um salto para frente, pondo-me completamente a descoberto em rela��o aos dois bandidos que estavam no mezanino...
Minhas m�os, como se independessem completamente de comando cerebral, em um movimento r�pido e quase que instintivo, sacaram meus dois Colts, j� disparando para cima, para os dois fac�noras que l� estavam para nos apanharem pelas costas.
Nossos tiros foram perfeitos.
Os quatro bandidos atingidos pelo verdadeiro canh�o de m�o que o xerife usava, foram literalmente destro�ados pelas quase cem gramas de chumbo grosso que ele enviara em sua dire��o.
Os dois que estavam em cima, nem sequer tiveram tempo de disparar.
Ainda com as armas nas m�os, a testa perfurada por meus proj�teis, eles despencaram, quebrando a balaustrada do mezanino e vindo se estatelar sobre as mesas do sal�o de jogos. Restam os dois l� de fora! � gritou o xerife.
N�o perdi tempo.
Praticamente mergulhei pela portinhola de vaiv�m, aterrisando na poeira da rua
e logo virando uma esp�cie de cambalhota indo buscar abrigo atr�s do bebedouro dos cavalos.
Apanhados completamente de surpresa pois eles jamais poderiam esperar que seus companheiros fossem batidos l� dentro, os fac�noras perderam um tempo precioso em compreender que tudo estava terminado para eles.
Assim, gra�as aos poucos segundos que os dois deixaram passar por causa do espanto, pude atirar visando os seus ombros e, assim, inutiliz�-los, deixando-os incapazes de qualquer rea��o.
J� os estava prendendo quando um cavaleiro saiu, o animal a pleno galope, de uma das vielas que desembocavam na rua principal, atirando desesperadamente contra mim e � tive certeza � contra os dois presos.
Um deles caiu, o outro ainda conseguiu se esquivar das balas.
� Maldito! � exclamou este � Maldito seja esse O'Nurse! Tentou nos matar! A n�s! Que somos seus companheiros!
O xerife sorriu.
Tinha escutado o que o bandido dissera e aquilo era mais do que suficiente para mostrar que ele e McKay n�o teriam a menor dificuldade em arrancar uma boa confiss�o daquele bandido!
De minha parte, a �nica coisa que poderia fazer, era tratar de perseguir o bandoleiro que tinha atirado em mim e nos dois prisioneiros...
Montando no primeiro cavalo que encontrei, meti-lhe as esporas sem d� e nem piedade e sa� atr�s dele.
N�o consegui alcan��-lo.
O cavalo que eu havia "tomado emprestado" n�o tinha a menor condi��o de perseguir e alcan�ar um animal como o que aquele tal de O�Nurse estava montando.
Assim, depois de menos de um quarto de hora de persegui��o, fui obrigado a desistir e, mantendo um trote apressado, regressei a Daugherty.
Havia, ainda, os outros vinte homens que o xerife e eu ir�amos enfrentar, com toda a certeza, dentro de algumas horas.
Era totalmente imposs�vel imaginar-se que os bandidos n�o viriam atacar a cidade, j� que toda a popula��o tinha se mostrado d�cil quanto aos caprichos de suas vontades.
Ao chegar a Daugherty, por�m, uma surpresa me aguardava.
Os homens da cidade estavam todos armados, uns com rifles, outros com espingardas, e a maioria com rev�lveres.
� Voc� mexeu com os brios desses homens � explicou o xerife � Eles v�o nos ajudar quando os bandidos chegarem!
Sorri, satisfeito.
Ali havia mais de cem homens e todos pareciam decididos a cobrar com sangue todas as ofensas que tinham sido obrigados a engolir.
� N�o tem o menor cabimento deixarmos que voc� enfrente esses bandidos sozinho � disse Moses Bricker, o propriet�rio da farm�cia da cidade � Vamos ajudar e acho que quando os bandidos perceberem que est�o completamente cercados, se entregar�o!
N�o precisamos esperar por muito tempo.
Cerca de duas horas mais tarde, depois que eu e o xerife, j� t�nhamos colocado os homens em posi��es estrat�gicas que permitissem uma boa defesa, os bandidos apontaram contra o c�u j� come�ando a avermelhar com a aurora.
� Ser� que eles v�o perceber alguma coisa. Griffin? � perguntou o xerife, de p�, no meio da rua principal, ao lado de McKay que fizera quest�o fechada de participar do final de toda aquela hist�ria.
� N�o acredito � falei � Os homens est�o muito bem escondidos.
McKay sorriu e disse:
� O mais engra�ado de tudo � que os bandidos que foram presos disseram que h� uma mina no terreno de Hillman, mas eles n�o a encontraram por mais que tivessem revirado tudo por l�! Por isso � que acabaram matando o velho e queriam fazer Wapolla contar, imaginando que o pai, por carta, lhe tivesse dito alguma coisa.
Sorri para McKay e falei:
� Creio que eu tenho uma leve ideia do que � que seja essa mina. E, assim que tivermos acabado de limpar a cidade, cuidarei para que tudo fique esclarecido.
O xerife olhou surpreso, para mim e perguntou:
� Ser� poss�vel que voc� tamb�m est� acreditando nessa bobagem, Griffin?
N�o tive tempo de responder.
Os bandidos, mantendo seus cavalos em pleno galope, avan�avam j� contra a cidade, atirando sem cessar.
N�o me deixaram dar a ordem de atacar, de abrir fogo contra os fac�noras.
Do alto dos telhados e das janelas dos segundos pavimentos das casas, a popula��o abriu fogo.
Uma fuzilaria cerrada teve lugar e os bandidos, apanhados completamente de surpresa, n�o tiveram a menor chance de se defender.
Ca�ram todos, varados de balas, pesados de chumbo das espingardas de ca�a que a maioria dos chefes de fam�lia de Daugherty estava usando.
A batalha n�o chegou a durar dez minutos.
Quando o �ltimo tiro foi disparado, n�o havia nenhum deles com vida.
Daugherty estava limpa, livre daqueles bandidos.
E, para mim, restava apenas saber por que tinham dito que havia uma mina nas terras do pai de Wapolla.
Tinha que haver uma raz�o para esse boato. E eu haveria de encontr�-la!



EP�LOGO


Uma Surpresa para Todos

Durante os sessenta dias que se seguiram, Wapolla e eu fomos para o rancho que seu pai tinha comprado e enfurnamo-nos l�, cuidando apenas de nos amarmos ao m�ximo, j� na condi��o de um casal legalmente constitu�do, segundo o que nos dissera o Juiz Cord.
Durante esses dois meses, alguns homens que eu tinha mandado vir de Denver e de Saint Louis, tomaram conta, delicada, mas firmemente, de nossas divisas, impedindo toda e qualquer pessoa de l� entrar.
Eu j� estava come�ando a ser malvisto na cidade, acusado de estar formando uma nova quadrilha de bandidos, quando um dos homens que tinham vindo para as nossas terras para estudar a tal "mina" de Hillman, surgiu na sala de nossa casa com um calhama�o de pap�is e um sorriso de orelha a orelha.
� J� terminam os, chefe! � disse ele � E o resultado est� aqui!
Entregou-me o ma�o de documentos e acrescentou:
� Leia, chefe... Ser� uma surpresa para todos!
Sorri para o engenheiro Tony Kalamazoo e falei:
� Para mim, n�o � surpresa... Folheei o calhama�o e disse:
� O resultado � exatamente o que eu esperava...
Kalamazoo sorriu e, com um aceno de cabe�a, confirmou:
� Isso mesmo, chefe. Podemos come�ar a furar os po�os assim que o equipamento chegar!
Abracei Wapolla, beijei-a e disse:
� Vamos abrir aquelas garrafas de champanha, querida, Kalamazoo bem que merece se embebedar.

Enquanto Wapolla ia buscar as ta�as e as garrafas, o engenheiro me disse:
� H� petr�leo que n�o acaba mais, chefe. Voc�s j� podem se considerar milion�rios!
Bati nas costas de Kalamazoo e corrigi:
� Errado, meu amigo. Todos n�s podemos nos considerar milion�rios! Voc� sabe disso! Esse petr�leo n�o � apenas meu! Ele �, na realidade, de todos n�s!!!

FIM
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Chaparral - Não Atire Meu Velho - Tom Argo
Chaparral -28 -  A mina misteriosa - Kenneth Luger
Chaparral 28 - A mina misteriosa - Kenneth Luger

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'TUDO QUE É BOM E ENGRANDECE O HOMEM DEVE SER DIVULGADO!

PENSE NISSO! ASSIM CONSTRUIREMOS UM MUNDO MELHOR."

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