a t e n d e r a o s deficientes visuais.
COLE����O CORAL S��RIE VERDE
Pr��ximo l a n �� a m e n t o :
O AMANTE DE V��NUS
Carlos Aquino
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AQUELA MULHER
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parte, n e m registrado, n e m reproduzido, n e m
retransmitido, por qualquer meio mec��nico, sem
a expressa autoriza����o do d e t e n t o r do c o p y r i g h t
Capitulo 1
o fot��grafo
Clic!
T a t i a n a ouviu m a i s u m a vez o b a r u l h i n h o
t��pico da m �� q u i n a fotogr��fica. E s c u t a r a aquele
ru��do m i l h a r e s de vezes depois que come��ara
a n a m o r a r Reginaldo.
Fot��grafo profissional, dos m a i s conceitua-
dos, ali��s, Reginaldo a d o r a v a explorar o- rosto
e o rosto de T a t i a n a em todos os ��ngulos
poss��veis e imagin��veis, com s u a s lentes.
���5
Agora estavam no Aterro do F l a m e n g o . O
vento b a t i a nos cabelos da jovem.
��� S o r r i a . . .
T a t i a n a obedeceu ao pedido do noivo.
Clic!
Mais u m a foto.
��� Voc�� n��o a c h a que por hoje chega?
��� Vamos t e r m i n a r este filme.
��� T�� legal.
��� F a �� a u m a c a r a triste, agora.
Mas n �� o estou triste.
��� Finja.
��� N��o sou atriz.
��� Lembre-se de um g r a n d e desgosto de s u a
vida.
��� N u n c a tive um g r a n d e desgosto em m i n h a
vida.
��� E n t �� o pense n u m filme que t e n h a feito
voc�� chorar.
A jovem esfor��ou-se. Conseguiu um olhar
triste e n o v a m e n t e o ru��do da m �� q u i n a .
Clic! P��GINA 6
Quando t e r m i n a r a m o filme, foram a t �� o
carro de Reginaldo.
��� E agora, p r a o n d e quer Ir?
��� Vamos l�� p r a casa.
��� Mas n �� o t i r a r m a i s fotografias.
��� Claro que n �� o .
Muito bonita, T a t i a n a resolvera, por b r i n c a -
deira, c a n d i d a t a r - s e a posar como modelo p a r a
uma r e v s t a . N��o que quisesse ser modelo p r o -
fissional. Apenas por curti����o.
Fora assim que c o n h e c e r a Reginaldo.
Ficaram amigos, come��aram a n a m o r a r .
Dai p a r a a c a m a foi a p e n a s um passo.
T a t i a n a j�� tivera outros casos com v��rios
rapazes. Mas t u d o simples passatempo, n a d a de
s��rio.
Com Reginaldo, no e n t a n t o , a coisa foi se
transformando. Gostavam da c o m p a n h i a um do
outro, s e n t i a m verdadeiro prazer em estarem
sempre j u n t o s .
Todas as h o r a s de folga p a s s a v a m ao lado
um do outro.
Chegaram a I p a n e m a , e pouco depois ao a p a r -
t a m e n t o de Reginaldo, que t a m b �� m servia de
est��dio.
���7
��� N��o me diga que agora val revelar os fil-
mes.
��� Vou.
��� E e n q u a n t o isso, o que eu fa��o?
��� Bote u n s discos, ou��a a m��sica.
Ela sorriu:
��� Seu t r a b a l h o est�� em primeiro lugar,
n �� o ��?
��� N��o, em segundo. Voc�� e s t �� em primeiro,
e sabe disso. Mas deixe-me revelar logo estes
filmes. Estou doido p r a s a b e r o resultado.
T a t i a n a colocou um disco na eletrola e R e -
ginaldo foi revelar os filmes.
��� Quer que prepare u n s s a n d u �� c h e s ? ��� p e r -
g u n t o u a mo��a.
��� �� u m a boa. Q u a n d o a c a b a r aqui a gente
faz um lanche.
Assim que Reginaldo t e r m i n o u seu trabalho,
comeram j u n t o s e ficaram m a i s a l g u m tempo
ouvindo m��sica.
Ele a abra��ou a beijou.
Foi r e t i r a n d o a r o u p a de T a t i a n a .
��� N��o a c h a melhor irmos p a r a o q u a r -
to?
8���
��� pra qu��?
Deitaram-se no sof�� mesmo.
O rapaz acariciava o colo e os selos de T a -
tiana,
J �� h a v i a possu��do t a n t a s mulheres, m a s n e J
n h u m a como T a t i a n a !
Possuia-a e m o r d e u - l h e a orelha de leve.
O cl��max velo alguns minutos depois.
* * *
��� Quero c a s a r com voc��.
��� O qu��?! ��� perguntou T a t i a n a , e s p a n -
tada.
��� Casar com voc��.
��� Como?
Ele disse r i n d o :
��� Voc�� ficou s u r d a ?
��� N��o.
��� P a r e c e . . .
��� Ser�� que ouvi m e s m o voc�� dizer que
queria casar comigo?
��� Foi isso e x a t a m e n t e o que eu disse. P��G 9
-
_Por qu��?
��� Porque gosto m u i t o de voc��.
��� Eu t a m b �� m .
��� E n t �� o , n a d a impede que a gente se case.
N��o e n t e n d i s u a surpresa.
��� �� que n �� o estava p r e p a r a d a .
��� T e n h o a certeza absoluta de que a a m o
e n��o quero perder voc��. P o r isso acho m e l h o r
a gente casar.
��� J�� que i n s i s t e . . .
E os dois ca��ram na g a r g a l h a d a .
��� Voc�� n e m conhece m i n h a fam��lia ainda
falou a jovem. Ou melhor, m i n h a m �� e . Mi-
n h a fam��lia resume-se nela. Meu pai, eu n �� o
vejo h�� muitos anos. S��o separados. Ele m o r a
em Recife. Foi p r a l�� h�� m u i t o t e m p o e n �� o
voltou mais.
- N��o vou me casar com s u a fam��lia e sim
com voc��.
O que n �� o quer dizer que n �� o deve co-
nhecer m i n h a m �� e .
��� Claro que d e v o . . .
- Afinal, ela t e m que saber que a filha
vai casar; e com quem.
��� A m a n h �� eu vou em sua casa.
10���
��� Combinado.
T a t i a n a ficou com Reginaldo a t �� t a r d e da
noite. Depois ele foi lev��-la a t �� o edif��cio onde
m o r a v a
Despediram-se e ela e n t r o u no pr��dio.
Estava feliz.
O c a s a m e n t o com Reginaldo n �� o e s t a v a em
seus planos m a i s imediatos. Nem p e n s a r a nisso
antes. Mas u m a vez que ele queria, t u d o bem.
Ficara r e a l m e n t e satisfeita.
Queria d a r a boa not��cia �� sua m �� e assim
que chegasse.
Mas abriu a p o r t a do a p a r t a m e n t o e e s t a -
va tudo escuro. Val��ria a i n d a n �� o h a v i a voltado
p a r a casa. T a t i a n a compreendeu que teria que
esperar a t �� o dia seguinte p a r a d a r a boa n o -
t��cia.
N��o esperou a c o r d a d a que s u a m �� e chegasse,
pois talvez ela s�� retornasse m u i t o t a r d e .
Assim, trocou de roupa e deitou-se.
���11
capitulo 2
A futura sogra
Q u a n d o T a t i a n a acordou n o d i a seguinte, e n -
controu a m �� e dormindo. E r a s e m p r e assim nos
fins-de-semana. Val��ria s�� s a �� a da cama depois
do meio-dia, e ficava possessa se a l g u �� m a des-
pertasse a n t e s .
Quando finalmente ela s e n t o u - s e �� mesa ��
u m a t a r d e , p a r a t o m a r o caf�� d a m a n h �� , T a -
tiana veio falar-lhe, s o r r i n d o :
��� T e n h o u m a surpresa p r a voc��.
12
��� Que tipo de s u r p r e s a ?
��� Uma surpresa.
��� Boa ou r u i m ?
��� Acho que voc�� vai a c h a r boa
��� O que ��?
��� Eu vou me casar.
Val��ria quase se engasgou com a t o r r a d a :
��� Vai o qu��!
��� Casar.
��� Assim? De r e p e n t e ?
��� Por qu��? Alguma obje����o?
��� N��o, n e n h u m a . �� que a not��cia me pegou
desprevenida. E q u e m �� o c a r a ?
��� Reginaldo.
��� E q u e m �� Reginaldo?
��� O c a r a com quem vou casar.
��� S i m . m a s o que ele faz, quem ele ��.
��� �� fot��grafo.
��� Ah, o t a l fot��grafo com quem voc�� es-
t �� . . .
��� J u s t a m e n t e . P13
��� Voc�� n �� o me disse que t i n h a planos de
casar com ele.
��� Eu n �� o t i n h a n e n h u m p l a n o . Rol R e g i n a l -
do q u e m me falou nisso o n t e m . T a m b �� m me
pegou de surpresa. Ele vem aqui hoje, no fim
da t a r d e . Quero que o conhe��a.
Val��ria terminou de fazer seu desjejum.
A not��cia n �� o lhe afetou m u i t o . Afinal, n �� o
ligava muito p a r a a filha. Cada u m a t i n h a s u a
vida e pronto.
Talvez fosse a t �� bom que T a t i a n a casasse,
logo. Assim teria mais liberdade, n �� o precisaria
ter t a n t o cuidado com s e u s casos amorosos e
poderia receber quem quisesse no a p a r t a m e n -
t o .
* * #
Eram quase seis h o r a s , q u a n d o Reginaldo
chegou. T a t i a n a abriu a p o r t a , s o r r i d e n t e .
Pouco depois, o r a p a z viu e n t r a r na s a l a u m a
m u l h e r a i n d a jovem, pouco m a i s d e q u a r e n t a
anos, bem conservada e m u i t o bonita.
R e a l m e n t e ele n��o esperava por isso.
Ent��o, aquela e r a a m �� e de T a t i a n a ? Sua fu-
t u r a sogra?
P e n s a r a e n c o n t r a r u m a s e n h o r a Idosa, a u s -
tera. Mas Val��ria n �� o t i n h a n a d a disso. Lem-
14���
brou-se de que T a t i a n a n u n c a lhe descrevera
a m��e, e seu espanto foi g r a n d e ao ver-se d i a n -
te daquela m u l h e r c h a r m o s a , alegre e comuni-
cativa.
T a t i a n a apresentou u m a o outro.
A p e r t a r a m - s e a s m �� o s .
Val��ria t a m b �� m e s t a v a e s p a n t a d a . J u l g a r a
que ia e n c o n t r a r m a i s um r a p a z insignificante.
Mas Reginaldo n �� o t i n h a n a d a d e insignificante.
Era incrivelmente a t r a e n t e .
Sua filha t i n h a tido bom-gosto.
O papo e n t r e os t r �� s foi cordial, d e s c o n t r a �� -
do.
Mais t a r d e , Reginaldo e T a t i a n a s a �� r a m p a r a
dar u m a volta.
Ele c o m e n t o u :
��� Voc�� n u n c a me t i n h a d i t o como e r a sua
m��e.
��� Voc�� n u n c a perguntou.
��� P e n s a v a que fosse b e m m a i s velha e por
que n��o dizer, bem m e n o s bonita.
T a t i a n a sorriu:
��� Pensava que e r a u m a velha r a n z i n z a e
teia? P15
���15
��� T a m b �� m n��o vamos exagerar. I m a g i n a -
va u m a m u l h e r comum, de meia idade.
* * *
Depois que a filha sa��ra com o noivo, Val��ria
n��o conseguia t i r a r o r a p a z do p e n s a m e n t o .
E logo e n t e n d e u d que estava se p a s s a n -
do.
Nunca fora m u l h e r de e n g a n a r - s e a si m e s -
mo. Estava interessada em Reginaldo, n �� o h a v i a
d��vidas.
E interessada de u m a m a n e i r a que n �� o con-
vinha a u m a f u t u r a sogra.
S e n t ra-se a t r a �� d a pelo r a p a z logo que o
vira, s�� que a princ��pio n �� o t i n h a m u i t a certeza
do tipo de a t r a �� �� o .
Mas agora, sozinha, c h e g a r a �� conclus��o de
que seu interesse pelo r a p a z e r a f��sico. Um tipo
de s e n t i m e n t o que n �� o ficava n a d a bem p a r a
com o futuro m a r i d o de sua filha.
* * *
Reginaldo convidou e Val��ria aceitou de bom
grado.
Nunca iria r e c u s a r aquele convite, e agora
estava ali no est��dio, p o s a n d o p a r a o r a p a z .
16���
Ele mudava as luzes, fazia efeitos, ligava
um ventilador p e r t o dos seus cabelos.
Havia mais de u m a h o r a que Reginaldo a
fotografava.
��� Cansada?
��� N��o n e m um pouco.
��� Quer d e s c a n s a r u n s minutos
��� N��o precisa.
E Val��ria c o n t i n u o u posando, e Reginaldo
fotografando.
��� Voc�� �� um excelente modelo. N��o fica
cansada n u n c a .
��� R e s t a s a b e r se sou fotog��nica. Sabe que
nunca me liguei m u l t o nessa de fotografia?
��� T e n h o certeza que �� fotog��nica.
Alguns m i n u t o s depois, T a t i a n a apareceu e
ficou a p r e c i a n d o .
Comentou:
��� Agora j�� sei que vou ter algum descanso.
J�� t e m um novo modelo que pode dispor ��
vontade.
Os tr��s s o r r i r a m . P 17
���17
C a p �� t u l o 3
Quando T a t i a n a e Reginaldo lhe e n t r e g a r a m
as fotos, depois de e x a m i n �� - l a s c u i d a d o s a m e n -
t e . Val��ria exclamou, e n t u s i a s m a d a :
��� S��o sensacionais!
��� Gostou? ��� p e r g u n t o u o rapaz.
��� Adorei. Voc�� r e a l m e n t e �� um excelent
i t e
e
fot��grafo. Se for t �� o bom m a r i d o i,amb��m, Ta^
t i a n a pode se considerar u m a m o c a de sor-
te.
18���
��� A c h o que o m �� r i t o n �� o �� s�� meu. O modelo
ajudou m u i t o . . .
��� B o n d a d e sua, disse Val��ria sorrindo.
��� V a m o s m a r c a r o u t r o dia p a r a t i r a r n o -
vas fotos.
��� B e m , j�� sei que n �� o sou m a i s seu modelo
preferido ��� falou T a t i a n a em t o m de b r i n c a d e i -
r a .
De novo no est��dio, Val��ria deixava-se foto-
grafar. D e s t a vez estava com um vestido m a i s
audacioso, que permitia ver s u a s p e r n a s .
Um p e n s a m e n t o n �� o s a i a da cabe��a de R e -
ginaldo, e recriminava-se p o r isso. De r e p e n t e ,
notava que estava a t r a �� d o pela f u t u r a sogra.
Seria a t r a �� �� o m e s m o ? Ou a p e n a s for��a do
h��bito? Em geral s e n t i a - s e a t r a �� d o por seus
modelos, e q u a n d o eles queriam, sempre as le-
vava p a r a a c a m a .
F o r a m assim com T a t i a n a e m u i t a s outras.
Ele temia que t a m b �� m fosse assim com Val��-
ria.
A p e r g u n t a saiu da boca do r a p a z sem ele
querer:
��� Voc�� se i m p o r t a r i a de posar n u a ? P19
-19
- Em absoluto
Val��ria tirou a roupa sem nenhum pudor.
(Nunca fora u m a m u l h e r a c a n h a d a . A desibinfc-
����o e r a u m a de s u a s c a r a c t e r �� s t i c a s m a i s for-
tes) .
Diante das luzes, s e n t i n d o o ventilador d e -
salinhando seus cabelos. Val��ria c o n s c i e n t e m e n -
te procurava excitar o r a p a z .
Ele come��ou a c o m p r e e n d e r que dificilmente
os dois deixariam de ir p a r a a c a m a naquele
dia.
No entanto, T a t i a n a podia c h e g a r a qualquer
momento. A u t o m a t i c a m e n t e , Reginaldo olhou o
rel��gio. (O gesto n �� o passou despercebido a Va-
l��ria) . A n o v a deveria c h e g a r d e n t r o cie uns
q u a r e n t a minutos.
O rapaz aproximou-se de Val��ria p a r a ajei-
t a r sua posi����o e segurou-lhe os ombros. E s -
tavam muito pr��ximos. O c o n t a t o da pele, aque-
la pele m a c i a . . .
O l h a r a m - s e .
Aproximaram os l��bios.
E beijaram-se.
Depois, t u d o aconteceu como n u m turbilh��o.
D e i t a r a m - s e no c h �� o ali mesmo, debaixo de
todas aquelas luzes. P20
Ele beijava-lhe os selos, a p e r t a v a - l h e o corpo,
e n q u a n t o Val��ria enfiava a m �� o por d e n t r o de
sua cal��a.
Alguns m i n u t o s depois ela o s e n t i a possuin-
d o - a . . .
Uma loucura, u m a verdadeira loucura.
Estava sendo possu��da pelo futuro genro, o
mesmo h o m e m que t r a n s a v a t a m b �� m com sua
filha e que ia c a s a r - s e com ela.
Agarrava Reginaldo com for��a, como se qui-
zesse s e g u r �� - l o p a r a sempre.
F i n a l m e n t e , o cl��max.
Deixaram-se ficar u m i n s t a n t e n a m e s m a p o -
si����o, e depois ele afastou-se do corpo de Va-
l��ria.
Ela come��ou a vestir-se, e n q u a n t o o r a p a z
se recomp��s. Em seguida olhou as h o r a s .
Foi Val��ria quem primeiro falou:
��� D e n t r o de a l g u n s m i n u t o s T a t i a n a deve
chegar.
��� �� . . .
N��o disseram m a i s n a d a .
Reginaldo n �� o voltou a t i r a r fotografias, p a -
recia um t a n t o nervoso. M u r m u r o u :
��� Que loucura! P 21
Val��ria n��o e n t e n d e u direito:
��� O qu��?
��� Que loucura!
��� A vida �� u m a loucura.
A c a m p a i n h a tocou.
Era T a t i a n a .
Entrou no est��dio.
��� Oi! J�� t e r m i n a r a m as fotos?
��� J �� .
��� �� t i m o .
Reginaldo sorriu.
* * *
Depois do sucedido, Val��ria n �� o esquentou
muito a cabe��a. Era b a s t a n t e a m o r a l p a r a isso.
T i n h a sido a p e n a s m a i s u m h o m e m .
�� primeira vista era u m a loucura.
Mas p e n s a n d o melhor, n �� o viu r a z �� o p a r a
dar um valor muito g r a n d e ao fato.
Apenas mais u m homem, m a i s u m a a v e n t u r a
em sua vida. O fato de ir c a s a r - s e com s u a filha
22���
dentro de algum tempo, n �� o fazia de Reginaldo
u m a coisa especial.
Claro que gostara de t r a n s a r com ele, e h��
muito tempo que a p r e n d e r a que s��- devia a r r e -
pender-se d a s coisas que n �� o t i n h a feito.
T a t i a n a n �� o sabia de n a d a , n e m ia saber.
Talvez a t �� ela n u n c a mais t r a n s a s s e com
Reginaldo. Ou talvez, u m a vez que t i n h a m feito
a p r i m e i r a vez, acontecesse o u t r a s vezes e p r o n -
to.
N��o iria ficar a p a i x o n a d a pelo rapaz, n e m
Reginaldo por ela. E com o tempo tudo cairia
no esquecimento.
N��o via motivos p a r a p r e o c u p a r - s e . E n��o
ficou m u i t o t e m p o p e n s a n d o no a s s u n t o .
* * *
Quem n �� o e n c a r a v a as coisas com t a n t a s i m -
plicidade e r a Reginaldo.
Ficou meio desconcertado e com receio de que
T a t i a n a descobrisse.
T i n h a medo de e n c a r �� - l a , de t r a i r - s e .
Ao m e s m o t e m p o desejava t e r outros encon-
tros daquele tipo com Val��ria, a p e s a r de consi-
derar a b s o l u t a m e n t e insensato.
Q u a n d o seu viu na cama, sozinho, a n t e s de P 23
dormir, as coisas come��aram e n t �� o a assumir
propor����es assustadoras.
Aquilo n u n c a deveria t e r acontecido. P o r que
n��o se dominara?
E Val��ria?
Ela o t i n h a provocado, t i n h a certeza. Des-
de o in��cio que as inten����es da m u l h e r deviam
ser aquelas.
Que tipo de m u l h e r seria ela p a r a querer
t r a n s a r com o noivo da pr��pria filha?
Depois de m u i t o pensar, achou que de modo
algum o fato poderia repetir-se.
P a r a evitar novas tenta����es, n �� o convidaria
mais Val��ria p a r a posar. Assim, sem ficarem
a s��s, n �� o haveria perigo.
Alguns dias depois, m a n d o u as fotos de Va-
l��ria por T a t i a n a (claro que n �� o as que ela
estava sem roupa) .
Val��ria achou divertido. Compreendeu que o
rapaz estava fugindo dela.
Ligou p a r a ele dois dias depois:
��� Al��, como vai?
��� Quem est�� falando?
Val��ria. N��o conhece m i n h a voz?
- Oi, como vai?
24���
��� Recebi as fotos.
��� Gostou?
��� Muito. Mas fiquei decepcionada. Quero ver
as o u t r a s . . .
��� As o u t r a s ?
��� Sim. As que estou sem roupa..
E combinou q u e p a s s a r i a no est��dio p a r a
a p a n h �� - l a s . Reginaldo alegou e s t a r muito ocupa-
do, m a s Val��ria insistiu.
Ele a i n d a p e r g u n t o u :
��� E se T a t i a n a e n c o n t r a r as fotos?
��� G a r a n t o que n �� o vou deixar que isso
aconte��a.
No e n t a n t o , q u a n d o Val��ria foi ao est��dio na
hora m a r c a d a , n �� o e n c o n t r o u ningu��m. Ficou
c h a t e a d a e ao mesmo t e m p o divertida: R e g i n a l -
do estava m e s m o fugindo.
Mas ele n �� o a conhecia. N��o e r a m u l h e r
para desistir t �� o facilmente.
T o m o u a l h e telefonar:
��� Estive em seu est��dio. Por que n �� o e s -
tava me esperando?
��� �� que fui c h a m a d o p a r a um servi��o u r -
gente e n �� o deu p r a lhe avisar. P 25
��� Q u a n d o posso ir de novo p a r a a p a n h a r a��
tot��s?
��� Eu joguei o filme fora. N��o t e m mais
foto n e n h u m a .
��� Mentira.
��� N��o, Val��ria, �� verdade.
---- E por que fez isso?
��� P a r a e v i t a r problemas.
��� Que tipo de problemas?
��� Voc�� s a b e . . .
��� Ora, Reginaldo, que bobagem! Voc�� est��
agindo como crian��a.
��� E voc�� como u m a pessoa insensata.
��� Desculpe.
��� N��o precisa ser grosseiro.
��� Quer dizer que n �� o existe mais n e n h u m a
foto, que voc�� jogou o filme f o r a . . .
��� Isso mesmo.
��� E n t �� o eu vou a t �� a�� p a r a t i r a r outra.
��� Voc�� n �� o vai fazer isso.
��� T a t i a n a vai c h e g a r daqui a pouco.
26���
��� Vou. Agora. D e n t r o de quinze minutos
estou a��.
��� Por que t a n t a s m e n t i r a s ? T a t i a n a foi p a r a
a aula de ingl��s.
* * *
Quase vinte m i n u t o s depois, Val��ria c h e g a v a
ao est��dio de Reginaldo. Ele n �� o s a �� r a , a c h a r a
melhor conversar pessoalmente, conseguir con-
venc��-la a n �� o levar a d i a n t e aquele caso.
��� Oi!
��� Oi!
��� Por que e s t �� t �� o s��rio?
��� P o r q u e . . .
��� Voc�� precisa ser menos encucado, Regi-
naldo. S�� porque aconteceu aquilo e n t r e a gente,
naquele dia, n �� o �� preciso fazer u m a trag��dia.
Por que fugir de m i m ? Que bobagem!
��� Val��ria, a gente foi longe d e m a i s . . .
��� N��o acho.
��� Quer saber de u m a coisa?
��� Ainda �� t e m p o de recuar.
��� O qu��? P 27
���27
A g e n t e j �� avan��ou o suficiente p a r a n a o
poder r e c u a r mais, Reginaldo. Leve a coisa na
esportiva, como eu. Se a g e n t e t r a n s o u u m a vez,
pode ir p a r a a c a m a m a i s d u a s ou cinco vezes,
d �� n o m e s m o . . .
N��o sou da m e s m a opini��o.
- Deixe eu c o m p l e t a r o que estava dizendo.
Voc�� levou a coisa p a r a o lado negativa. E no
e n t a n t o pode ser e n c a r a d a como u m a coisa
positiva. N��s nos s e n t i m o s a t r a �� d o s um pelo
outro, n �� o �� verdade? Fizemos o que t e r �� a m o s
que fazer. U m a conseq����ncia n a t u r a l . Pior seria
ficarmos sempre com o desejo l a t e n t e e n u n c a
realizar. Nossas rela����es e n t �� o seriam s e m p r e
tensas, os dois sempre com m e d o e ao mesmo
tempo e s p e r a n d o que o inevit��vel acontecesse.
Assim, n �� o . J�� aconteceu. Pode ou n �� o acon-
tecer outras vezes. E depois a c a b a . . . N��o v��
pensar que vou ficar a t r �� s de voc��. N a d a disso.
Afinal n �� o t e n h o dificuldade e m a r r a n j a r a d -
miradores.
��� Tire a l g u m a s fotos m i n h a s . Assim voc�� se
distrai. N��o fique com receio que n �� o vou lhe
atacar
El�� riu n a t u r a l m e n t e .
Reginaldo t a m b �� m sorriu.
E come��ou a p r e p a r a r as luzes.
Tirou diversas fotos, m a s desta vez Val��ria
n��o quis se despir. Apenas p u x a v a um pouco
o decote, l e v a n t a v a um pouco a saia.
28
Num d e t e r m i n a d o m o m e n t o , ao cruzar as
p e r n a s com um m o v i m e n t o largo, fez com que
Reginaldo lhe visse a c a l c i n h a .
O rapaz n �� o se iludiu, e s t a v a com v o n t a d e
de t r a n s a r com Val��ria de novo e s a b i a que a
sess��o de fotografias t e r m i n a r i a na c a m a ,
N��o deu o u t r a coisa.
De repente, ele largou a m �� q u i n a fotogr��-
f i a e aproximou-se de Val��ria. P u x o u - a p o r um
bra��o e levou-a p a r a o q u a r t o .
Despiram-se.
Ela quase esbo��ava um sorriso vitorioso. R e -
ginaldo estava c o m p l e t a m e n t e submisso aos seus
encantos.
A f��ria do r a p a z agora e r a r e d o b r a d a , como
se, ao mesmo tempo que o desejo, sentisse t a m -
b��m raiva de Val��ria por a t r a �� - l o t a n t o . P 2 9
cap��tulo 4
projetos
Apesar do desejo que s e n t i a por Val��ria,
Reginaldo c o n t i n u a v a a m a n d o T a t i a n a .
P e r m a n e c i a e n c o n t r a n d o - s e com a m �� e no
est��dio, onde dava vaz��o a t o d a a sua lux��ria,
e n q u a n t o com a filha t r a �� a v a os planos do p r �� -
ximo c a s a m e n t o .
��� Eu quero u m a c e r i m �� n i a simples, s e m m u i -
ta badala����o. E voc��? ��� p e r g u n t o u T a t i a n a .
30���
��� T a m b �� m .
Combinaram que se casariam d e n t r o de seis
meses.
Ao c h e g a r em casa, T a t i a n a deu a not��cia a
Val��ria:
��� Eu e o Reginaldo m a r c a m o s nosso c a s a -
mento.
A m��e franziu a testa, quase imperceptivel-
m e n t e :
��� P a r a q u a n d o ?
��� Setembro.
��� J �� ?
Foi naquele m o m e n t o que Val��ria compreen-
deu que s u a liga����o com Reginaldo era mais
forte do que pensava.
Ali��s, j�� poderia ter chegado a e s t a conclus��o
h�� m a i s t e m p o , u m a vez que, depois que fizera
sexo com o rapaz, se desinteressara por comple-
to dos outros homens.
E s t a r i a a p a i x o n a d a ?
Achou a id��ia rid��cula, m a s rid��cula ou n��o,
esta e r a a verdade.
Pela primeira vez e n t e n d e u que estava t e n -
do u m a rela����o perigosa. O que come��ara como
uma brincadeira t i n h a assumido propor����es
mais s��rias.
���31
mas da m a n e i r a mais objetiva poss��vel, pensou
que a m e l h o r solu����o seria p r o c u r a r i n t e r e s s a r -
se por outro homem.
Mais u m a vez, Reginaldo e Val��ria estavam
na c a m a . Q u a n d o ele a possuiu, a m u l h e r r e -
solveu fazer sua .chantagem. A m e l h o r h o r a
p a r a conseguir o que se queria de um homem,
era e x a t a m e n t e q u a n d o ele e s t a v a prestes a
atingir o cl��max, pensava Val��ria.
��� T a t i a n a me falou que voc��s m a r c a r a m
a d a t a do casamento.
��� Isso n �� o �� m o m e n t o p r a falar nisso.
Por que n��o?
��� Deixe pra d e p o i s . . .
��� N��o a c h a m e l h o r desistir?
��� De qu��?
��� De c a s a r com T a t i a n a ?
Ele continuava fazendo movimentos.
��� Depois a gente discute isso, deixe p r a de
p o s , V a l �� r i a . . .
E acelerou os movimentos, a fim de a l c a n �� a r
o cl��max o mais depressa poss��vel.
32���
Ela calou-se e concentrou-se no que estava
f a z e n d o . . .
* * *
��� Ent��o, podemos discutir a g o r a ?
��� A respeito de qu��?
��� Do seu c a s a m e n t o com T a t i a n a .
��� M a r c a m o s p a r a setembro.
��� Isso eu sei.
��� E n t �� o ?
Ela olhou-o d e m o r a d a m e n t e :
��� Acho m e l h o r d e s m a n c h a r esse noivado.
��� N��o vou fazer isso.
��� Voc�� n �� o a m a T a t i a n a .
��� Amo, sim.
��� Se gostasse dela n �� o ia pra c a m a c o m i -
go.
��� Por favor, Val��ria, vamos m u d a r de a s -
sunto.
Mas ela n �� o queria m u d a r o r u m o da con-
versa. Permaneceu b a t e n d o n a m e s m a tecla, m a s
n��o houve jeito de conseguir a promessa de R e -
ginaldo de que t e r m i n a r i a o noivado com T a -
tiana.
- 3 3
��� Este c a s a m e n t o n �� o vai d a r certo.
��� Nunca se s a b e . . .
��� T e n h o certeza.
��� Eu falei que n��s n �� o dev��amos c o n t i n u a r .
Quis fugir de voc��, m a s foi voc�� q u e m insis-
t i u . . .
��� E voc�� aceitou, estava doido p r a c o n t i n u a r
indo p r a c a m a comigo. Por isso que eu digo que
n��o .gosta de T a t i a n a .
A conversa girou em t o r n o do m e s m o t e m a
at�� a h o r a de Val��ria ir embora.
Os dois e s t a v a m exaustos e n �� o t i n h a m che-
gado a lugar algum.
Reginaldo p e r m a n e c i a firme em seu prop��-
sito, e Val��ria, a p e s a r da resist��ncia do rapaz,
ou talvez mesmo por causa disso, estava mais
disposta do que n u n c a a conseguir seu obje-
tivo.
Depois que ela saiu, Reginaldo c o m p r e e n -
deu que estava a b s o l u t a m e n t e certo de que aque-
le caso iria lhe d a r m u i t a s dores de cabe��a.
Por isso t e n t a r a evitar que chegasse ��quele
ponto.
Por que se deixara envolver daquela m a n e i -
ra? Por que n �� o t i n h a sido mais forte. Por
que concordara em c o n t i n u a r com aquela lou-
cura?
34���
Na rua, indo a p�� p a r a casa, Val��ria obser-
vava os h o m e n s que p a s s a v a m .
N��o, n e n h u m lhe a t r a �� a .
N��o queria abrir m �� o de Reginaldo, e a r r a n -
j a r outro a m a n t e n �� o s e r i a u m a solu����o.
Haveria de conseguir que ele desistisse de
casar com T a t i a n a .
* * *
No e n t a n t o , Val��ria estava c o m p l e t a m e n t e
e n g a n a d a a respeito da influ��ncia que pudesse
ter sobre Reginaldo.
O m��s de setembro chegou.
O dia do c a s a m e n t o se aproximava.
Apesar de viver s e m p r e t e n s a , Val��ria n �� o
deixava que sua filha percebesse seu estado.
Na v��spera da cerim��nia, Val��ria chegou ao
a p a r t a m e n t o , que t a m b �� m servia de est��dio de
Reginaldo, de m a d r u g a d a .
Sa��ra de casa e x a t a m e n t e q u a n d o a filha
chegara. Esta n �� o se s u r p r e e n d e r a muito ao
ver a m �� e sair, pois j�� se acostumara com seus
programas t a r d e da noite.
Mesmo assim falou:
��� Vai sair a esta h o r a ?
���35
��� Q u a n t a s vezes j�� me viu saindo de m a d r u -
g a d a ?
��� Muitas.
��� E n t �� o ?
��� Vai e s t a r c a n s a d a a m a n h �� p a r a a cerim��
nia.
��� Se n �� o estou e n g a n a d a , �� ��s q u a t r o h o r a s
da t a r d e , n �� o ��?
��� ��, sim.
��� D�� m u i t o t e m p o . . . posso d o r m i r a t �� mais
de meio-dia.
A filha n��o disse mais n a d a , e Val��ria foi
ao e n c o n t r o de Reginaldo.
Ao chegar ao edificio onde ele morava, fa-
lou com o porteiro, que n �� o teve d��vidas em
deix��-la entrar, u m a vez que sabia que o r a p a z
costumava receber m u l h e r e s a qualquer hora
da noite.
Ela tocou a c a m p a i n h a u m a , duas, t r �� s ve-
zes. ;
Reginaldo veio a t e n d e r meio sonolento (j��
t i n h a ido p a r a a c a m a ) :
��� O que est�� fazendo aqui?
��� Vim ver voc�� ��� respondeu a m u l h e r ,
e n t r a n d o . P 3 6
��� Eu estou cansado, Val��ria.
��� Eu sei. T a t i a n a esteve aqui a t �� h�� pouco.
Gastou t o d a s as energias com ela e n �� o guardou
n a d a p r a m i m ?
��� Voc�� �� m u i t o c��nica.
��� T a n t o q u a n t o voc��, m e u querido. Somos
da m e s m a esp��cie.
��� T u d o bem. Mas por que esta visita ines-
perada?
��� I n e s p e r a d a ? ! N��o acredito que voc�� n �� o
soubesse que eu viria aqui hoje. N��o podia dei-
xar de vir c o m e m o r a r s u a despedida de soltei-
ro.
��� Comigo voc�� n �� o vai c o m e m o r a r coisa
n e n h u m a .
��� Por que t a n t o m a u - h u m o r ? �� por que vai
casar a m a n h �� ? Eu �� que deveria e s t a r m a l -
h u m o r a d a . . .
��� �� imposs��vel conversar com voc��.
��� N��o sei por qu��.
Val��ria pegou u m a g a r r a f a de u��sque e se
serviu:
��� N��o quer beber t a m b �� m ?
��� N��o.
��� Voc�� �� quem est�� imposs��vel hoje.
-37
Dizendo isso, a m u l h e r abra��ou Reginaldo,
que procurou esquivar-se. Mas ela n �� o deixou.
Ent��o ele ficou p a r a d o como u m a e s t �� t u a , sem
reagir ��s suas car��cias.
��� J�� que o c a s a m e n t o �� irremedi��vel, isso
n��o quer dizer que n �� o podemos c o n t i n u a r s e n -
do a m a n t e s disse Val��ria.
Ele procurou m a n t e r - s e calmo e l��cido:
��� Bote a cabe��a no lugar, Val��ria. N��o s a -
be que n��o pode ser?
��� Por que n �� o ?
��� Porque n��o pode. A m a n h �� caso com sua
filha, e por esta simples r a z �� o n �� o devo con-
t i n u a r t r a n s a n d o com voc��.
��� Foi voc�� quem quis assim.
��� Eu?!
��� Voc��, sim. Fiz t u d o p a r a que este c a s a -
m e n t o n �� o se realizasse.
E come��ou a c a r i c i a r Reginaldo, que p e r m a
necla frio, inalter��vel.
��� Q u a n t a s vezes foi p r a c a m a com T a t i a -
na?
��� Quer p a r a r com isso?
38���
��� N �� o . E n �� o vou lhe d a r sossego, e n q u a n -
t o n �� o f o r p r a c a m a comigo hoje.
��� Pela �� l t i m a vez, t�� legal?
��� N��o posso g a r a n t i r A gente n u n c a
sabe o que vai a c o n t e c e r no f u t u r o . . . . '
E se dirigiram p a r a o q u a r t o . P 39
C a p i t u l o 5
Lua de mel
Logo depois da cerim��nia do c a s a m e n t o , T a -
t i a n a e Reginaldo v i a j a r a m p a r a A r a r u a m a , em
lua-de-mel. Foram p a r a u m a casa que o r a p a z
possu��a l��.
D u r a n t e a festa, Val��ria comportou-se m a -
ravilhosamente, como de deve comportar a m �� e
da noiva.
Apesar de c h a t e a d a , n u n c a d e m o n s t r a r i a o
fato aos outros. At�� Reginaldo, o ��nico que sabia
40���
o que se passava no �� n t i m o da m u l h e r , s u r p r e -
endeu-se com a perfei����o com que Val��ria r e -
presentava sua com��dia.
Terminado tudo, e depois que o casal viajou,
Val��ria sentiu-se deprimida.
Iria ficar s o z i n h a d u r a n t e quinze d i a s .
Sem ver Reginaldo, sem t r a n s a r com ele.
O bom-senso lhe recomendava a r r u m a r ou-
tro homem, o m a i s urgente poss��vel, p a r a que
quando o genro voltasse se surpreendesse por
n��o procur��-lo m a i s .
Assim, j�� um t a n t o b��beda, pegou seu c a r r o
e saiu pelas r u a s .
Rodou por C o p a c a b a n a , I p a n e m a e Leblon d i -
versas vezes. Ia d e v a g a r com o carro, observan-
do os rapazes n a s cal��adas.
Um c h a m o u - l h e a a t e n �� �� o . Estava, de cal��a
b r a n c a bem j u s t a , s u a masculidade d e s t a c a n d o -
se quase e s c a n d a l o s a m e n t e .
O r a p a z e s t a v a j u n t o ao me��o-fio, p e r n a s
abertas, bra��os cruzados.
Ela n �� o teve d��vidas. P a r o u o c a r r o um
pouco mais a d i a n t e e esperou.
O desconhecido veio falar-lhe.
��� Oi! ��� disse, sorrindo.
���41
Val��ria respondeu-lhe t a m b �� m s o r r i n d o :
��� Oi! ��� (Ela n �� o estava a fim de p e r d e r
tempo) ��� N��o quer u m a volta?
Ele abriu a porta do autom��vel e e n t r o u :
��� Tudo bem.
Val��ria e x a m i n o u - o melhor. N��o e r a m u i t o
bonito de rosto, t i n h a a c a r a um pouco m a r c a d a
demais p a r a s u a idade. Notava-se que e r a j o -
vem, m a s j�� possu��a vincos em t o r n o da bo-
ca.
��� Meu n o m e �� Moacir.
��� T e m certeza?
��� Claro. Ou p e n s a que estou m e n t i n d o ?
Quer ver m i n h a identidade?
��� N��o, n �� o �� preciso.
��� E o seu?
��� Meu nome?
��� Sim.
Val��ria.
Ele come��ou a r i r :
��� Nome de guerra.
��� N��o, �� o meu mesmo.
��� T a m b �� m n �� o precisa m o s t r a r sua i d e n t i -
dade. Eu acredito. P 42
O que voc�� faz?
- T r a n s o . . .
��� S�� Isso?
��� Acha pouco?
��� N��o.
��� E n t �� o ?
��� E o que estava fazendo na beira da cal-
��ada a esta h o r a da noite?
��� Aquilo m e s m o que voc�� pensou.
��� Voc�� fica esperando que passe um carro...
algu��m que o c h a m e . . .
��� Isso m e s m o .
��� Faz isso t o d a s as noites?
��� N��o descanso u m a
��� Por qu��?
��� Preciso g a n h a r dinheiro.
Ela n �� o ficou m u i t o surpresa, j��. esperava
por isso:
��� Q u a n t o voc�� cobra?
��� D e p e n d e . . . N��o sou muito exigente.
Q u i n h e n t a s p r a t a s t �� legal.
E riu.
_ 4 3
O sorriso e r a meigo, quase infantil, em c o n -
traste com seu f��sico musculoso, os vincos em
torno da boca, o o l h a r d u r o , quase cruel. O s o r r i -
so lhe amenizava a express��o do rosto.
Val��ria s e n t i u - s e m a i s segura de si:
��� Quer ir pro m e u a p a r t a m e n t o ?
��� Voc�� �� quem m a n d a .
Foram.
Era a primeira vez que p a g a v a a um h o m e m
p a r a ir p a r a a c a m a com ela. Mas isso n��o a
deprimia. Pelo contr��rio, d e i x a v a - a excitada.
Um a m a n t e comum n �� o lhe serviria naquela
noite. Precisava fazer a l g u m a coisa diferente,
que n �� o tivesse feito a i n d a . S�� assim poderia
deixar de p e n s a r em Reginaldo.
No a p a r t a m e n t o , n o v a m e n t e m u i t o s��rio, fa-
zendo cara de mau, sem esbo��ar seu sorriSQ
cativante, Moacir deixou-a um pouco a m e d r o n -
tada.
�� se se t r a t a s s e de um l a d r �� o ? Se Moacir
se t o r n a - s e de r e p e n t e violento e t e n t a s s e r o u -
b��-la? Ou mesmo m a t �� - l a ?
A sensa����o de perigo excitou-a m a i s a i n d a .
R a p i d a m e n t e , Moacir tirou a roupa. Parecia
querer m o s t r a r logo o " m a t e r i a l " pelo qual Va-
l��ria estava p a g a n d o .
44���
Ela olhou p a r a as coxas musculosas, o r a p a z
come��ando a excitar-se.
��� Voc�� n��o vai se a r r e p e n d e r . Sou b o m de
cama.
E r e a l m e n t e , Val��ria n �� o teve do que se quei-
xar.
Levou Moaclr p a r a o quarto, t a m b �� m se' d e s -
piu e ele foi logo c u m p r i n d o sua obriga����o;. Afi-
nal estava sendo pago.
Passou a l��ngua ��vida pelo corpo da mulher.
Parecia r e a l m e n t e e s t a r s e n t i n d o prazer.
Era um profissional muito competente, c o n -
cluiu Val��ria.
E fez com que ele lhe a possu��sse.
Poucos I n s t a n t e s depois a t i n g i a m o cl��max.
* * *
Ele pegou os q u i n h e n t o s cruzeiros-e guardou
no bolso, com n a t u r a l i d a d e :
��� Quer me e n c o n t r a r de novo?
��� Quero.
��� Vamos m a r c a r ? Ou prefere me e n c o n t r a r
por acaso qualquer noites destas?
��� �� m e l h o r d e i x a r ao acaso.
���45
��� Eu sempre fa��o p o n t o ali, n a q u e l e lugar
onde me viu. N��o �� dif��cil me a c h a r .
Moacir acabou de vestir-se e foi embora.
Foram o s q u i n h e n t o s cruzeiros m a i s b e m e m -
pregados de m i n h a vida, pensou Val��ria.
Estava saciada, c o n t e n t e .
Sorriu, ao lembrar-se de Reginaldo.
Talvez a t �� nem quisesse m a i s ir p a r a a
cama com e l e . . .
* * *
T a t i a n a e Reginaldo gozavam as del��cias da
casa em A r a r u a m a .
Passavam os dias na p r a i a , c o m e n d o a fa-
zendo sexo.
U m a l u a - d e - m e l t r a n q �� i l a e maravilhosa, era
o que pensava T a t i a n a .
Q u a n t o a Reginaldo, n �� o e s t a v a t �� o t r a n -
q��ilo. Sabia que aqueles quinze dias iam t e r -
m i n a r e que Val��ria o esperava no R J.
E q u a n t o m a i s p e n s a v a n o r o m a n c e que m a n -
t i n h a com a sogra, m a i s se r e c r i m i n a v a em
t��-lo come��ado.
Procurava a r r a n j a r u m meio d e v e r - s e livre
dela, m a s n �� o e n c o n t r a v a s a �� d a . Val��ria e r a
46���
caprichosa e insistente. Uma pessoa dif��cil e
perigosa.
��� Em que e s t �� p e n s a n d o ? ��� p e r g u n t o u T a -
tiana, de r e p e n t e .
Ele disfar��ou: -
��� Estou o l h a n d o o m a r e i m a g i n a n d o o que
existe al��m dele.
Os dois e s t a v a m d e i t a d o s na p r a i a . As o n d a s
quase c h e g a v a m a seus p��s.
N��o h a v i a n i n g u �� m n a s imedia����es.
Reginaldo cobriu o corpo de T a t i a n a com a
seu e come��ou a beij��-la. Depois puxou-lhe a
min��scula t a n g a .
��� Por que aqui na p r a i a ? ��� perguntou
a jovem.
��� E por que n �� o ?
��� Se aparecer algu��m?
��� N��o t e m i m p o r t �� n c i a n e n h u m a . Afinal,
somos m a r i d o e m u l h e r . Legalmente. N��o e s t a -
mos fazendo n a d a de mais. Pelo contr��rio. E s -
tamos fazendo j u s t a m e n t e o que um casal deve
fazer.
N��o apareceu n i n g u �� m .
E eles p u d e r a m a m a r t r a n q �� i l a m e n t e , sem
serem interrompidos. P 47
E m seguida, d e i t a r a m - s e d e costas n a areia
e ficaram o l h a n d o o c��u claro e luminoso.
��� Nunca vou esquecer nossa l u a - d e - m e l ���
comentou T a t i a n a .
��� N��o pensei que fosse t �� o r o m �� n t i c a !
��� Voc�� n��o ��?
��� N��o.
��� Pensei que fosse.
Ele r i u :
��� E n g a n o u - s e .
Ela o beijou.
* * *
Val��ria estava d e t e r m i n a d a a t e r t a m b �� m a
sua lua-de-mel.
Com Moacir, o r a p a z que e n c o n t r a r a n a s
cal��adas de C o p a c a b a n a .
Uma l u a - d e - m e l paga, m a s n e m por isso m e -
nos v��lida, pensou.
Arrependeu-se de t e r deixado o r a p a z ir e m -
bora sem combinar outro encontro, deixando a
coisa meio vaga, ao acaso.
Era verdade que sabia onde ele fazia p o n -
to.
48���
Mas se desse a z a r e n �� o o achasse mais?
Se q u a n d o passasse pelo local, Moacir esti-
vesse ocupado com o u t r a cliente ?
Naquela mesma noite iria procur��-lo.
E assim fez.
N��o t i n h a p e r g u n t a d o a Moacir a que h o r a s
ele ia p a r a o seu local de " t r a b a l h o " .
Assim, decidiu sair maia ou m e n o s cedo, ��s
dez da noite.
Se ele a i n d a n �� o estivesse, passaria v��rias
vezes pelo local, a t �� encontr��-lo.
Passou pelo l u g a r onde vira Moacir na v��s-
pera. Ele n �� o estava l��.
Decepcionada, deu u m a volta no q u a r t e i -
r��o, r e t o r n o u ao m e s m o p o n t o e n o v a m e n t e n �� o
o viu.
Talvez fosse um pouco cedo demais, dedu-
ziu.
E resolveu dar u m a volta maior.
E n t r o u na Avenida Atl��ntica e seguiu a t �� o
Leme. Depois fez o mesmo percurso de volta.
O u t r a vez na Avenida C o p a c a b a n a , a i n d a
desta vez n �� o avistou Moacir.
Estaria m e s m o m u i t o cedo ou ele j�� estava
���49
com o u t r a freguesa? Talvez t a m b �� m lhe tivesse
mentido e n��o " t r a b a l h a s s e " t o d a s as noites.
Seguiu e n t �� o p a r a I p a n e m a , p a r a v a r i a r u m
pouco de cen��rio. Pegou a Avenida Vieira Sou-
to, atravessou o J a r d i m de Alan e continuou
pela Avenida Delfim Moreira. Fez o contorno,
desceu o Leblon e I p a n e m a e estava de novo
em Copacabana.
Onde estava Moacir?
O r a p a z parecia r e a l m e n t e t e r sumido.
E de repente, Val��ria s e n t i u - s e deprimida. Se
n��o o visse mais?
J �� p a s s a v a m d a s onze h o r a s , n �� o era t �� o
cedo assim. Outros rapazes, c o m p a n h e i r o s de
"profiss��o" de Moacir, p a s s e a v a m pelas cal��adas,
paravam, e s p e r a v a m s u a s poss��veis "clientes".
Val��ria, olhou a t e n t a m e n t e c a d a um deles,
mas n e n h u m a interessou.
Esta u m a das causas porque ficara t �� o a p e -
gada a Reginaldo.
Isso e r a m u l t o caracter��sticos de sua perso-
nalidade. Q u a n d o desejava u m a coisa, s�� aquela
coisa servia; n �� o gostava de paliativos n e m de
substitutos.
Esta u m a d a s causas porque ficara t �� o a p e -
g a d a a Reginaldo.
50���
S u b i t a m e n t e , Val��ria sorriu.
Pareceu-lhe ver ao longe a figura de Moacir.
Acelerou o carro, e �� m e d i d a que se aproximava,
certificava-se de que se t r a t a v a m e s m o do j o -
vem a quem procurava.
Encostou o autom��vel no meio-fio, b e m p r �� -
ximo do rapaz, colocou a cabe��a p a r a fora da
Janelinha e sorriu.
Ele a viu e veio ao seu e n c o n t r o .
��� Oi, tudo b e m ?
��� Tudo bem.
��� N��o quer e n t r a r no carro?
��� Claro.
M o a c i r deu a volta, e n t r o u no autom��vel e
sentou ao lado de Val��ria. E s t a p��s o c a r r o
em movimento.
��� N��o esperava ver voc�� hoje de novo
__ N��o est�� satisfeito com isso?
��� �� l e g a l . . .
��� D e u - m e v o n t a d e de v��-lo o u t r a vez.
A coroa gostou de mim, pensou o rapaz)
��� Vamos n o v a m e n t e p r a s u a casa?
��� Voc�� �� quem m a n d a .
-51
��� Eu, n��o, voc��. Afinal �� voc�� q u e m e s -
t�� p a g a n d o . E quem p a g a t e m direito a escolher.
��� Antes, vamos s e n t a r n u m destes bares
da Avenida A t l �� n t i c a e beber a l g u m a coisa?
Claro que pod��amos beber l�� em casa, m a s estou
com vontade de ver g e n t e .
��� Tudo.
Val��ria sorriu. P a r a Moacir estava sempre
tudo bem. Pelo menos a p a r e n t e m e n t e .
S e n t a r a m - s e �� m e s a de um b a r qualquer.
Come��aram a beber, e Val��ria distra��a-se,
ora olhando p a r a a s o u t r a s pessoas que s e e n -
contravam no bar, ora o l h a n d o p a r a o rosto s��-
rio do rapaz.
��� Voc�� n��o faz o u t r a coisa, al��m deste seu
"trabalho"?
��� Acha pouco? ��s vezes a g e n t e passa a
noite i n t e i r i n h a a n d a n d o d e u m l a d o p r a outro,
esperando que algu��m c h a m e a gente, e n �� o
acontece n a d a . . .
��� E d u r a n t e o dia?
��� D u r m o . E, q u a n d o d��, vou �� p r a i a .
Ela quis fazer o u t r a s p e r g u n t a s , o que Moa-
cir esperava da vida, e t c . etc. m a s achou melhor
calar-se. P 52
O jovem podia n �� o gostar daquele t i p o de
conversa, podia n �� o querer se abrir, al��m do
fato dela a c h a r que n �� o devia d e m o n s t r a r i n -
teresse excessivo.
Quase u m a h o r a m a i s t a r d e , r u m a r a m p a r a
o a p a r t a m e n t o de Val��ria.
Repetiu-se o m e s m o da vez anterior.
D e s p i r a m - s e e foram p a r a a c a m a .
Moacir, como s e m p r e , d e s e m p e n h a n d o seu p a -
pel com perfei����o.
Beijou-a em t o d a s as p a r t e s de seu corpo,
e possuindo-a com c e r t a viol��ncia. .
Um a n i m a l selvagem, pensou Val��ria. Um a n i -
mal selvagem c r i a d o no asfalto, que faz sexo
com qualquer pessoa, desde que l h e paguem,
que se excita com q u e m quer que seja, que n �� o
deve conhecer n e n h u m outro s e n t i m e n t o al��m
da vontade de q u e r e r g a n h a r o seu dinheiro.
Talvez m a i s sincero do que m u i t o s h o m e n s
que conhecera. Que fingiam a m o r e que no fundo
eram m a i s ou m e n o s iguais a Moacir. S�� que
n �� o r e c e b a m o p a g a m e n t o em esp��cie, na hora.
Mas depois sabiam explorar. E como s a b i a m . . . !
Depois de t e r e m vivido o ��xtase final, ele
perguntou:
��� Quer que passe a noite aqui?
���53
-��� Se voc�� q u i s e r . . .
��� Tudo bem.
��� Isso vai me c u s t a r m a i s caro?
Ele sorriu, e n t r e c��nico e meigo:
��� P r a ,voc��, n �� o .
��� P o r que -pra m i m n �� o ? Sou u m a pessoa
especial p r a voc��?
��� �� . . .
��� Em que sentido?
��� Tudo indica que vai se t o r n a r u m a fregue-
sa constante. Isso �� bom p a r a m i m . . .
Val��ria riu. E prop��s:
��� Gostaria que e s t a s e m a n a e a pr��xima,
a gente se encontrasse todos os dias.
��� T�� legal.
��� N��o tem n e n h u m o u t r o compromisso que
possa i m p e d i r . . . ?
��� N��o.
��� At�� o final da s e m a n a que, vem. D e p o i s . . .
depois a g e n t e v�� como ficam as coisas.
Ele pensou que talvez o m a r i d o de Val��ria
estivesse viajando d u r a n t e aqueles dias. Por isso
ela lhe fizera a proposta. Q u a n d o o m a r i d o vol-
54���
tasse, e n t �� o n �� o poderia c o n t i n u a r vendo-o s e m -
pre, n e m levando-o ao a p a r t a m e n t o . .
De qualquer jeito estava c o n t e n t e . Poda fa-
t u r a r um dinheiro certo. E depois, sempre h a -
via a possibilidade de e n c o n t r a r Val��ria de vez
em quando, q u a n d o o m a r i d o desse u m a fol-
ga.
O que t i n h a que fazer, por e n q u a n t o , e r a
procurar a g r a d �� - l a .
* * *
De fato, Val��ria n �� o passou u m a s�� noite
sem Moacir, a t �� a volta de T a t i a n a e R e g i n a l -
do. Podia g a r a n t i r que tivera t a m b �� m u m a l u a - .
de-mel t �� o ou m a i s i n t e r e s a n t e do qu�� a dos
dois.
E d u r a n t e aqueles quase quinze dias, Val��ria
come��ou a gostar de seu a m a n t e de beira de cal-
��ada.
Afinal, pensava ela, o que e r a gostar? O que
fazia com que u m a m u l h e r passasse a gostar
de um h o m e m ?
Sentia prazer com Moacir na c a m a , a d o r a v a m .
fazer p r o g r a m a s , ficar j u n t o s , conversar. Havia
apenas o detalhe de que Moacir estava s e n d o
pago.
Mas se ele recebia aquele dinheiro, era pelo
simples fato de que vivia disso. Se n��o, o dis-
���55
pensaria de bom grado. Tamb��m, passara a gos-
t a r de Val��ria, a p e s a r de s u a idade b e m m a i s
a v a n �� a d a do que a dele.
Assim, o que come��ou a p e n a s como um co-
m��rcio, transformou-se n u m s e n t i m e n t o r e a l e
a t �� honesto, de a m b a s as p a r t e s .
No final da s e m a n a seguinte, Moacir j�� s a b i a
porque Val��ria o p r o c u r a r a , tomou c o n h e c i m e n -
to de sua dor-de-cotovelo e t a m b �� m do fato de
que n��o vivia com o m a r i d o , Q que o s u r p r e e n -
deu muito. Ficou t a m b �� m d i v e r t i d a m e n t e s u r -
preso com o f a t o de seu a m a n t e ser o pr��prio
genro. Val��ria n �� o l h e escondeu n a d a .
Moacir viu-se, por seu lado, c��mo que na
obriga����o de t a m b �� m n �� o esconder a verdade a
Val��ria, no que lhe dizia respeito.
N��o e r a p r o p r i a m e n t e u m m a r g i n a l . Pertencia
a u m a fam��lia de classe m��dia que m o r a v a no
sub��rbio. Como n �� o gostava de estudar, a b a n -
d o n a r a o curso no primeiro ano do segundo
g r a u .
Come��ara a t r a b a l h a r e n u n c a d e r a certo
em n e n h u m emprego. N��o t i n h a voca����o defini-
da, e p a r a ser a b s o l u t a m e n t e sincero, n �� o gos-
tava mesmo de t r a b a l h a r .
Foi quando descobriu aquele m��todo onside-
rado n �� o m u i t o honesto, de g a n h a r a vida. Uma
m a n e i r a de j u n t a r o ��til ao agrad��vel.
56���
Estava com vinte e nove anos, p o r t a n t o n �� o
t��o jovem assim p a r a c o n t i n u a r com aquela
vida. N��o e r a m a i s p r o p r i a m e n t e um garot��o. (O
que explicava aqueles vincos em t o r n o da b o -
ca) .
Mas as coisa que Moacir m a i s gostava m e s -
mo na vida e r a de dormir, comer e- dormir,
um verdadeiro a n i m a l selvagem, como p e n s a r a
Val��ria logo no in��cio.
N��o t i n h a ambi����es, n �� o esquentava a cabe��a
com o futuro, n e m mesmo com o dia seguin-
te.
As coisas i a m acontecendo, ele g a n h a n d o o
minimo necess��rio, p a r a se m a n t e r , e tudo bem.
Foi a�� que Val��ria compreendeu que, com
Moacir, poderia t e r u m a uni��o ideal. Por que
n��o convid��-lo p a r a m o r a r com ela? Podia viver
t r a n q �� i l a m e n t e s u s t e n t �� - l o , u m a vez que dinheiro
n��o era problema m a i o r p a r a ela. Po. s u �� a o a p a r -
t a m e n t o em que morava, m a i s dois im��veis a l u -
gados, u m a boa q u a n t i a e m p r e g a d a em Cader-
n e t a de P o u p a n �� a e L e t r a s de C��mbio, al��m de
um s��tio no E s t a d o do Rio e u m a casa de v e r a -
neio que alugava p o r t e m p o r a d a .
Moacir n �� o era dispendioso, n e m ambicioso..
Satisfazia-a s e x u a l m e n t e de modo b a s t a n t e efi-
caz. Al��m do fato de s e r fiel. Sim, a p e s a r de
ser um "profissional", d u r a n t e t o d o . aqueles dias
n �� o t r a n s o u com n e n h u m a o u t r a m u l h e r , u m a
vez que n �� o precisava a r r u m a r m a i s dinheiro.
���57
Passando a viver com Val��ria, a t �� o p a g a m e n -
to ele dispensaria, pois t e n d o casa, comida, roupa
e algum dinheiro no bolso, n �� o l h e interessava
mais n a d a .
Foi por tudo isso, que ela prop��s:
��� Estive p e n s a n d o n u m a coisa. Moacir.
��� Em qu��?
��� N��o quer viver comigo?
Ele e s p a n t o u - s e :
��� Hein?!
��� Viver comigo.
��� E o outro?
��� Que outro?
��� O seu genro?
��� �� evidente. que n �� o posso m a i s ter n a d a
com ele. Afinal, agora e s t �� casado mesmo com
m i n h a filha. E, al��m de n �� o poder, n �� o quero
m a i s . . .
��� N��o quer?!
��� N��o. Prefiro voc��.
��� Est�� zombando de m i m ?
��� N��o, verdade. �� v e r d a d e t u d o que estou
dizendo.
58���
��� Ent��o, t�� legal.
��� Quer viver comigo?
��� Quero. E n �� o vai m a i s t e r que me p a g a r
a s q u i n h e n t a s p r a t a s todos o s d i a s . . . B a s t a m e
d a r comida, e r o u p a de vez em q u a n d o .
Eles r i r a m .
Estava t u d o combinado, d a m a n e i r a m a i s s i m -
ples poss��vel.
59
cap��tulo 6
A Surpresa
Reginaldo e T a t i a n a v o l t a r a m finalmente de
sua id��lica l u a - d e - m e l .
Ele chegou temeroso, e deu um jeito de n �� o
visitar a sogra logo que r e t o r n o u .
T a t i a n a foi ver a m �� e e depois d e u - l h e a
not��cia:
��� Mam��e e s t �� m o r a n d o com um c a r a .
O susto de Reginaldo foi g r a n d e . E n t �� o Va-
l��ria t i n h a a r r u m a d o o u t r o ? Ele estava livre?
60-
N��o havia m a i s motivo p a r a preocupa����es, a
sogra n �� o iria m a i s insistir no r o m a n c e e n t r e
os dois? Ficou curioso e quis saber q u e m e r a
o novo a m a n t e de Val��ria, p r o c u r a n d o no e n t a n -
to n �� o d e m o n s t r a r um interesse excessivo,
��� Quem �� ele?
��� Um c a r a que ela conheceu d u r a n t e a nossa.
aus��ncia.
��� Assim, de r e p e n t e ?
��� E . . . Diz ela que, e n q u a n t o n��s e s t �� v a -
mos em l u a - d e - m e l , ela t a m b �� m teve a sua.
��� E . . . como �� o t a l cara?
��� Um tipo c o m u m . Jovem, tem v i n t e e nove
anos, e a t �� certo p o n t o bonito. N��o digo que seja
uma g r a n d e beleza, m a s possui m u i t o c h a r m e .
��� Val��ria c o n t o u como o conheceu?
��� N��o. E n e m me lembrei de p e r g u n t a r . O
i m p o r t a n t e �� que ela est�� feliz. Espero que d u -
re. Pelo jeito p a r e c e que vai d u r a r .
Reginaldo n �� o estendeu o assunto. Afinal n �� o
podia l e v a n t a r suspeitas em T a t i a n a .
Mas s e n t i a - s e v e r d a d e i r a m e n t e surpreso.
E aliviado.
O al��vio, por��m, durou menos t e m p o do que
esperava. P��G 61
Alguns dias depois, conheceu Moacir.
Tendo i d o com T a t i a n a a t �� a casa da sogra,
foi-lhe apresentado.
E teve um leve s e n t i m e n t o de despeito. S e n -
timento que foi a u m e n t a n d o progressivamente.
Val��ria mostrou-se despreocupada e feliz. Aqui-
lo o deixou irritado. E n t �� o , o g r a n d e a m o r que
dizia sentir por ele, h�� a l g u m a s s e m a n a s , t i n h a
desaparecido? O t a l r a p a z e r a t �� o m e l h o r do
que ele, que a fizera esquec��-lo t �� o depressa?
A m e d i d a que os dias p a s s a v a m , Reginaldo
come��ou a compreender u m a coisa que o irritou
b a s t a n t e . Val��ria parecia r e a l m e n t e t �� - l o esque-
cido e o deixara em paz.
No e n t a n t o , o m e s m o n �� o acontecia com ele.
Estava m a i s ligado a e x - a m a n t e do que i m a g i -
nava.
Raciocinou que tudo n �� o passava de despei-
to por t e r sido preterido por outro. Mas mesmo
assim, n �� o conseguia t i r a r Val��ria do p e n s a -
mento.
A c a d a novo dia, via o desejo a u m e n t a r .
Por esta ele r e a l m e n t e n �� o esperava. Em
vez de ser Val��ria quem o estava procurando,
era ele quem t i n h a v o n t a d e de a b o r d �� - l a , con-
vid��-la p a r a irem de novo p a r a a c a m a .
Neste meio tempo, veio morar no Rio do Ja-
P62
neiro um a n t i g o colega de Reginaldo, que ele
conhecera q u a n d o vivera algum tempo n a Bahia.
Otac��lio v i n h a t e n t a r a sorte no Rio.
Procurou logo o amigo e ficou c o n h e c e n d o
T a t i a n a .
��� Quer dizer que voc�� casou h�� pouco' m a i s
de um m��s, hein, c a r a ?
��� E voc�� c o n t i n u a s o l t e i r o . . .
��� Solteir��ssimo. E a c h o que n u n c a vou ��me
a m a r r a r .
��� Antes de conhecer T a t i a n a eu dizia o m e s -
mo.
No f i m - d e - s e m a n a , Reginaldo e T a t i a n a g a s -
t a r a m todo o s �� b a d o e o domingo m o s t r a n d o ao
rec��m-chegado o Rio de J a n e i r o .
F o r a m ao P��o de A����car, ao Corcovado, ��
Quinta da Boa Vista, �� B a r r a da Tijuca.
Otac��lio m o s t r a v a - s e d e s l u m b r a d o .
��� Sei que vou me d a r bem no Rio. �� o lugar
mais lindo do m u n d o .
Como t i n h a trazido recomenda����es da B a h i a
p a r a pessoas influentes, logo na s e m a n a seguin-
te j�� t i n h a a r r a n j a d o um emprego. As visitas
ao amigo t o r n a r a m - s e menos freq��entes. Afinal,
Otac��lio estava c r i a n d o s u a nova vida, p r o -
���63
c u r a n d o a p a r t a m e n t o , estabilizando-se, e o t e m -
po e r a curto,
* * *
A chegada do amigo de Salvador colocou
u m h i a t o n a s preocupa����es d e Reginaldo. D u r a n -
te alguns dias teve com que se distrair e a f a s t a r
seu desejo de voltar a t e r rela����es com Val��ria.
Agora, no e n t a n t o , o desejo voltava a a u m e n -
tar. E Reginaldo t i n h a certeza de que n �� o iria
resistir por m u i t o tempo.
Quase n �� o a via. Val��ria, multo empolgada
com o. .novo a m a n t e , n �� o os procurava n u n c a .
S�� T a t i a n a visitava a m �� e de vez em quando e
ligava p a r a ela.
Quanto a Reginaldo, s�� a t i n h a visto u m a
vez, desde que v o l t a r a da l u a - d e - m e l .
Quando o desejo de t e r Val��ria na c a m a ou-
tra vez tornou-se insuport��vel, Reginaldo come-
��ou a e n g e n d r a r um modo de t o r n a r a aproxi-
m a r - s e .
F i n a l m e n t e , u m a t a r d e e m que T a t i a n a n �� o
estava em casa ( t i n h a ido �� a u l a de ingl��s), p e -
gou o telefone, decidido:
��� Al��! Val��ria?
��� S:m?
��� Aqui �� o Reginaldo.
��� Oi, como vai? Tudo bem?
64���
��� T u d o bem.
��� Voc�� a n d a s u m i d a ?
��� Eu?! N��o, em absoluto.
��� Depois que voltei de A r a r u a m a , n �� o a p a -
receu aqui.
��� Voc�� t a m b �� m quase n �� o vem em m i n h a
casa. -
��� �� v e r d a d e . . .
Ela subitamente' compreendeu o motivo por
que Reginaldo estava lhe telefonando. N��o t i -
n h a n e n h u m neg��cio. Falava com retic��ncias. S��
podia ser por u m a �� n i c a raz��o. E sorriu, vito-
riosa, a p e s a r de n �� o e s t a r m a i s esperando voltar
a ter rela����es sexual com ele.
Resolveu p e r g u n t a r :
��� Por que me telefonou?
Reginaldo n �� o soube responder p r o n t a m e n t e . .
Finalmente disse:
��� �� proibido um genro ligar p a r a s u a s o -
gra?
��� Claro que n �� o .
N��o a d i a n t a v a querer esconder, e r a preciso
ir direito ao a s s u n t o :
��� Quero falar com voc��.
Val��ria fez-se de desentendida, a fim de se
divertir ��s custas do r a p a z :
��� Voc�� n �� o est�� falando? P 65
��� N��o por telefone. Quero m a r c a r um e n -
contro.
��� P r a qu��, Reginaldo?
Ele perdeu a paci��ncia:
��� Voc�� sabe p r a qu��. N��o fique a�� me gozan-
do. Vai ou n �� o m a r c a r um e n c o n t r o comigo?
��� N��o h�� necessidade de t a n t o m a u - h u m o r .
Nem t a n t o desespera. Est�� bem. Q u a n d o quer
me e n c o n t r a r ?
��� A m a n h �� �� tarde.
��� Onde?
E c o m b i n a r a m e n t �� o o local onde Reginaldo
a p a n h a r i a Val��ria n a t a r d e seguinte.
Ela desligou o telefone, t r i u n f a n t e .
Havia vencido u m a b a t a l h a da qual j�� se
retirara. Q u a n d o se tornara amante de Moacir,
fora apenas p a r a esquecer Reginaldo, e n �� o p a r a
t��-la de volta.
No e n t a n t o , com um s�� tiro, m a t a r a dois coe-
lhos. N��o estava m a i s a p a i x o n a d a pelo genro, e
agora ele pedia p a r a v o l t a r . . .
* �� * ���
No local e h o r a combinados, Reginaldo p a s -
sou de autom��vel e pegou Val��ria.
Esta tomou o carro sorridente. Reginaldo
achou-a mais bonita do que n u n c a . E disse:
66
��� Voc�� est�� m u i t o bem disposta.
��� Dizem que o a m o r faz milagres, n �� o ��?
��� respondeu a m u l h e r com ironia.
��� N��o me diga que e s t �� a m a n d o este p i l a n -
t r a que vive com voc��?
��� Por que n �� o ?
Ele olhou-a, p r o c u r a n d o impression��-la:
��� Porque h�� pouco m a i s de um m��s era por
mim que voc�� e s t a v a p e r d i d a m e n t e a p a i x o n a -
da.
��� N��o me diga que �� t �� o ing��nuo p r a n �� o
saber que o a m o r a c a b a .
��� N��o t �� o r e p e n t i n a m e n t e .
��� Por que n �� o ? N u n c a fui de gostar de um
mesmo h o m e m d u r a n t e m u i t o tempo.
��� Voc�� est�� q u e r e n d o me ferir, s�� isso.
��� Por que iria lhe ferir? Apenas usei o
bom-senso, conforme voc�� me repetiu i n �� m e r a s
vezes. Como n �� o podia d a r certo ser a m a n t e ,
do marido de m i n h a filha, voltei m i n h a s aten����es
para outro homem.
Ele seguia a toda velocidade pela Avenida
Vieira Souto.
Val��ria p e r g u n t o u :
��� Por que t a n t a pressa?
Reginaldo n �� o respondeu. Parecia aborreci-
do consigo mesmo, com Val��ria, com o m u n d o ,
���67
com o fato de n �� o t e r resistido �� t e n t a �� �� o de ir
com aquela m u l h e r p a r a a c a m a o u t r a vez.
Agora e s t a v a m na Avenida Delfim Moreira,
e logo a seguir t o m a v a m o c a m i n h o da B a r -
ra.
��� P r a onde e s t �� me levando?
��� Voc�� s a b e . . .
Ela sorriu com ar malicioso e ao m e s m o t e m -
po fingindo i n g e n u i d a d e :
��� J u r o que n �� o .
��� Ora, Val��ria, voc�� e s t �� sabendo desde o
in��cio. Porque lhe telefonei, porque m a r q u e i o
encontro. Sabe m u i t o bem que estamos Indo p a r a
um motel.
A m u l h e r estava excitada.
Apesar de satisfeita com Moacir, e r a muito
bom p a r a seu a m o r - p r �� p r i o saber que Reginaldo
a desejava t a n t o .
Desceram em frente a um motel.
E n t r a r a m .
F i n a l m e n t e , a s��s, no quarto, ele come��ou a
se despir, e n q u a n t o Val��ria fazia o mesmo..
Nus, a b r a �� a r a m - s e .
Reginaldo estava m u i t o excitado.
C a �� r a m n a c a m a , a g a r r a d o s .
Ele a possuiu i m e d i a t a m e n t e , como se n �� o p u -
desse m a i s esperar um s e g u n d o sequer.
68���
��� Ele �� m e l h o r do que eu?
��� Ele, quem? ��� respondeu Val��ria, com ou-
t r a p e r g u n t a .
��� Voc�� sabe p e r f e i t a m e n t e a q u e m . estou
me referindo.
��� O Moacir?
��� Sim, ele mesmo.
��� Quer mesmo que responda?
��� Claro. Se estou p e r g u n t a n d o . .
��� N��o vou responder.
��� Por qu��?
��� Porque voc�� vai se ofender.
��� E n t �� o quer dizer q u e . . .
��� Sim, Reginaldo, Moacir �� melhor do que
voc�� na cama.
Foi demais p a r a o rapaz. Furioso, deu u m a
bofetada no rosto de Val��ria, e n q u a n t o quase
gritava:
��� S u a v a g a b u n d a !
Ela simplesmente riu, a p e s a r de n �� o ter e s -
perado por aquele gesto. Mas n �� o era m u l h e r
de se a m e d r o n t a r por qualquer coisa:
��� Calma, querido. N��o v�� fazer esc��ndalo
aqui no motel.
Reginaldo come��ou a se vestir:
��� Desculpe. P 69
��� N��o t e m i m p o r t �� n c i a .
��� N��o devia t e r - m e dito aquilo.
��� Voc�� n �� o p e r g u n t o u ?
��� V a l �� r i a . . .
��� O que ��?
��� Quero c o n t i n u a r me e n c o n t r a n d o com vo-
c��.
Ela t a m b �� m q u e r i a :
��� �� s�� me telefonar.
Come��ou t a m b �� m a se vestir.
Apesar de ter Moacir, desejava m a n t e r ca
e n c o n t r o s com o genro. Talvez porque sempre se
s e n t i r a bem metendo-se em situa����es complica-
das.
S a �� r a m do motel e ele deixou-a em Copaca-
bana, mais ou menos no local onde a a p a n h a r a
algumas horas a n t e s . P 70
cap��tulo 7
A Cantada
V a l �� r i a e R e g i n a l d o p a s s a r a m a ter u m a v i -
d a d u p l a . A p e s a r d e satisfeitos c o m .os respec-
tivos p a r c e i r o s com os quais m o r a v a m , c o n t i -
n u a v a m a m a n t e r s u a liga����o.
T a l v e z pelo f a t o d e ser p r o i b i d o , d e f a z e r e m
as coisas escondido, de e s t a r e m t r a i n d o .
N a v e r d a d e , V a l �� r i a , n �� o t r a �� a M o a c i r , p o r q u e
este pouco e s t a v a i i g a n d o p a r a q u a l q u e r rela����o
que ela tivesse c o m q u a l q u e r o u t r o h o m e m . O
���71
que l h e interessava, a c i m a de tudo, e r a per-
manecer levando a vida na base da s o m b r a
e ��gua fresca. Talvez ficasse a p e n a s um pou-
co temeroso de que a m u l h e r o largasse, e fosse
obrigado a voltar a a p a n h a r freguesas na beira
da cal��ada, em Copacabana. S�� isso.
Mas Val��ria s e n t i a - s e fascinada pelo fato de
estar t r a i n d o a pr��pria filha. Isso e r a o que
mais a excitava. Desde o in��cio de seu relacio-
namento com Reginaldo.
Otac��lio, o amigo de Reginaldo que viera m o -
rar r e c e n t e m e n t e no Rio, era freq��entador ass��-
duo da casa dele. C a d a vez m a i s elogiava a ci-
dade, e c a d a vez mais se sentia a t r a �� d o por
T a t i a n a .
Como a b o r d �� - l a a i n d a n �� o sabia.
Mas a l i m e n t a v a esperan��as.
Apesar de ter conhecimento de que os dois
estavam casados h�� pouco tempo, n �� o via nisso
um empecilho. P a r t i a do princ��pio de que todo
m u n d o t r a �� a e T a t i a n a n �� o devia ser u m a ex-
ce����o.
Apenas t i n h a que agir com ato, sem pressa.
E n q u a n t o isso, j�� se h a b i t u a r a com a vida do
Rio de J a n e i r o . Estava bem colocado ( inclusive
era de fam��lia rica) e usufru��a t u d o que a ci-
dade podia oferecer.
Desinibido, com facilidade de fazer amiza-
des, freq��entava os lugares da moda. B o a - p i n t a ,
72���
n �� o lhe e r a dif��cil t a m b �� m a r r u m a r g a r o t a s
Mas sempre �� espera de u m a o p o r t u n i d a d e de
ir p a r a a c a m a com T a t i a n a , que sabia que acon-
teceria mais cedo ou m a i s t a r d e . O neg��cio e r a
n �� o se precipitar.
E j u s t a m e n t e por ser mais dif��cil, - T a t i a n a o
a t r a �� a m u i t o mais d o que a s o u t r a s mulheres
c o m quem t r a n s a v a .
Por sua vez, T a t i a n a , j�� desconfiara d a s ver-
dadeiras inten����es de Otac��lio. Mas fazia de con-
ta que n �� o e n t e n d i a , e p r o c u r a v a m a n t �� - l o a f a s -
tado. Com o t e m p o c e r t a m e n t e ele desistiria.
Q u a n t o a ela, n �� o s e n t i a a m e n o r a t r a �� �� o
pelo amigo de Reginaldo, al��m do fato de c o n -
t i n u a r g o s t a n d o r e a l m e n t e do marido.
Em solteira tivera m u i t a s experi��ncias. Ca-
sara, s a b e n d o o que e s t a v a fazendo. Amava real-
mente Reginaldo e n �� o via n e n h u m a raz��o p a r a
tra��-lo. E j u l g a r a f i r m e m e n t e que este t a m b �� m
lhe e r a fiel.
Otac��lio dirigia seu c a r r o t r a n q �� i l a m e n t e . Ao
seu lado, Marilda retocava a m a q u i l a g e m .
J�� havia t r a n s a d o com a g a r o t a a l g u m a s ve-
zes, e de t o d a s as s u a s conquistas no Rio, ela
era a preferida.
R u m a r a m p a r a a B a r r a . P 73
E r a u m f i m d e t a r d e e O t a c i l i o a e n c o n t r a m
logo que s a �� r a do t r a b a l h o .
Q u a n d o se a p r o x i m a v a m do m o t e l , ao q u a l se
d i r i g i a m , O t a c i l i o a v i s t o u u m casal s a i n d o ( d o
mesmo!
Ele p e n s o u r e c o n h e c e r R e g i n a l d o .
P a r o u -o c a r r o .
M a r i l d a p e r g u n t o u :
��� P o r que p a r o u ?
��� �� que eu a c h o que aquele �� R e g i n a l d o .
��� Q u e m �� esse t a l R e g i n a l d o ?
��� U m a m i g o m e u .
��� E da��?
��� N �� o q u e r o q u e me v e j a .
��� P o r qu��?
t
��� Ele casou r e c e n t e m e n t e c o m T a t i a n a . V a i
ficar a m o l a d o se s o u b e r que o vi s a i n d o de um
motel c o m o u t r a m u l h e r .
S a t i s f e i t a c o m a explica����o, M a r i l d a n �� o p e r -
g u n t o u m a i s n a d a , e n q u a n t o O t a c i l i o p r o c u r a v a
se c e r t i f i c a r se o r a p a z e r a r e a l m e n t e o seu
amigo.
V i u R e g i n a l d o a p r o x i m a r - s e d e u m c a r r o e
e n t r a r , a c o m p a n h a d o d a t a l m u l h e r . A �� n �� o teve
m a i s d �� v i d a . E r a r e a l m e n t e o a m i g o .
S o r r i u .
74���
P��s n o v a m e n t e seu pr��prio autom��vel em
movimento, pasrou pela frente do motel sem se
deter e certificou-se m a i s u m a vez que se t r a t a -
va mesmo de Reginaldo. Q u a n t o �� m u l h e r que o
a c o m p a n h a v a n �� o era um hip��tese n e n h u m a a
T a t i a n a .
��� S e m - v e r g o n h a ! ��� m u r m u r o u .
��� Quem? ��� perguntou M a r i l d a , . que quase
nem se l e m b r a v a mais da explica����o do Otac��-
l i a
��� Este meu amigo.
Otac��lio seguiu em frente, p a r a deixar que
Reginaldo fosse embora, e s�� e n t �� o r e t o r n a r i a
ao motel, u m a vez que n �� o queria que o amigo
o visse.
��� Ora, Otac��lio, me desculpe, m a s voc�� est��
b a n c a n d o o m a t u t o . Desde q u a n d o h o m e m casado
n��o vai a motel com o u t r a m u l h e r ?
* * *
Otac��lio tocou a c a m p a i n h a do a p a r t a m e n t o .
T a t i a n a veio a t e n d e r . Convidou-o a e n t r a r .
��� R e g n a l d o n �� o est��?
��� N��o. Mas n �� o deve demorar.
O r a p a z n �� o quis perder aquela o p o r t u n i d a -
de. Afinal, t i n h a alguns m i n u t o s a s��s com T a -
tiana. Por que esperar m a i s tempo? P75
Quer t o m a r alguma coisa? ��� perguntou
a jovem..
��� Aceito.
Ela preparou um drinque e ofereceu-lhe.
��� Voc�� n �� o vai beber n a d a ?
��� N��o ��� respondeu T a t i a n a .
O rapaz tomou um gole da bebida.
Olhou T a t i a n a f i x a m e n t e :
��� Eu a a c h o m u i t o b o n i t a .
Ela riu com n a t u r a l i d a d e , e n q u a n t o p e n s a v a
que t i n h a chegado o m o m e n t o de Otac��lio p a s s a r -
lhe a c a n t a d a , como p r e v i r a :
��� Muita gente me a c h a bonita.
��� Por isso voc�� j�� se acostumou com os elo-
gios.
��� Acertou.
��� E foi por isso t a m b �� m que Reginaldo c a -
sou com voc��.
��� N��o foi s�� por isso. A g e n t e casou porque
se ama.
Ele riu com certo cinismo:
��� E se eu disser que a c h o voc�� m u i t o mais
bonita do que os outros a c h a m ?
��� Eu lhe respondo que voc�� talvez n �� o t e n h a
muita no����o de est��tica.
��� Est�� m e n t i n d o .
76���
��� Por que iria m e n t i r ?
��� Sei l �� . . . talvez p r a ver se me afasta.
-J�� deve ter n o t a d o . . .
��� N u n c a notei n a d a . . .
��� Notou, sim. T e n h o certeza. E p r o c u r a fingir
indiferen��a. E q u a n t o mais indiferente fica, m a i s
eu me e n t u s i a s m o . Talvez seja a t �� um jogo seu.
Sabe que isso excita m a i s a i n d a a g e n t e .
��� N��o a d i a n t a querer me c a n t a r , o t a c �� l l o .
N��o pense que vou b a n c a r a ofendida, n e m que
vou c o n t a r p r o Reginaldo. Nada disso. N��o sou
n e n h u m a g a r o t a i n g �� n u a . At�� compreendo o seu
entusiasmo. C o m p r e e n d o a t �� que esteja t e n t a n -
do i s s o . . . Mas n �� o d��, t�� legal?
��� Por que n �� o d��?
��� Porque n �� o . Sou casada com Reginaldo,
gosto dele e ele de mim.
��� O que n �� o i m p e d e . . .
��� Impede, sim.
��� N��o me diga que voc�� �� incondicionalmente'
a favor da fidelidade.
��� Sou.
��� Isso �� u m a coisa antiga.
��� Neste p o n t o sou antiga. Talvez n e m s e m p r e
t e n h a sido. Mas depois que conheci Reginaldo
passei a ter este p o n t o de vista. No dia que
n��o gostar m a i s dele ou que sentir desejo por
-77
o u t r o h o m e m , �� s i m p l e s . A gente se s e p a r a . E da
p a r t e dele acontece a m e s m a c o i s a . . .
��� T e m certeza?
_ A b s o l u t a .
_ C o n f i a e m R e g i n a l d o . . .
_ C o m p l e t a m e n t e .
_ Q u e ele n �� o a n d a c o m o u t r a s .
_ T e n h o certeza que n �� o .
_ E u n �� o t e r i a t a n t a c e r t e z a assim .
��� E u o c o n h e �� o m e l h o r d o que v o c �� . M e u
r e l a c i o n a m e n t o c o m R e g i n a l d o t e m c o m o p o n t o
b �� s i c o a s i n c e r i d a d e . N �� o que a gente t e n h a f e i -
to um p a c t o . M a s �� isso a��. S e i q u e se ele s e n t i r
atra����o p o r o u t r a , o u n �� o m e a m a r m a i s , m e
diz t u d o f r a n c a m e n t e .
��� T a l v e z voc�� esteja e n g a n a d a .
��� N �� o v a i m e c o n v e n c e r . . .
O t a c �� l i o t o m o u o resto da b e b i d a :
��� Pois b e m , R e g i n a l d o t e m o u t r a .
��� Este golpe �� que �� a n t i g o .
��� N �� o �� golpe, �� a v e r d a d e .
��� Q u e voc�� t e n h a s e n t i d o a t r a �� �� o p o r m i m ,
tudo b e m . Q u e t e n h a c h e g a d o a m e c a n t a r ,
t a m b �� m t u d o b e m . M a s , p o r f a v o r , n �� o m e
v e n h a c o m golpes baixos, n e m m e n t i r a s . D e -
testo desonestidade.
78-
��� Eu vi Reginaldo com o u t r a m u l h e r , saindo
de um motel. N��o vai ser dif��cil e n c o n t r �� - l o ou-
t r a s vezes. Se quiser, eu a levo a t �� l �� . . .
��� N��o p r e c i s a . . . Est�� n o v a m e n t e t e n t a n d o
um golpe velho. L e v a - m e a t �� �� p o r t a do motel,
Ele deve ir l�� s e m p r e de t a r d e , q u a n d o voc�� n �� o
est�� em casa. Eu o encontrei s a i n d o com a
outra por volta d a s cinco e meia ou seis h o r a s .
Vou lhe d a r o n o m e do motel. Voc�� verifica p o r
conta p r �� p r i a . . .
Neste m o m e n t o , ouviram algu��m colocando
a chave na porta. Logo depois, Reginaldo e n -
trou.
Obviamente, Otac��lio e T a t i a n a m u d a r a m de
assunto, e os t r �� s p a s s a r a m a conversar alegre
m e n t e sobre o u t r a s coisas.
���79
Capitulo 8
hora da verdade
N �� o foi n a q u e l e m e s m o d i a que T a t i a n a r e s o l -
veu f a l a r com R e g i n a l d o a respeito de s u a poss��-
v e l a m a n t e .
P r e c i s a v a p e n s a r m e l h o r e m t u d o que l h e
dissera O t a c i l i o . S a b i a que o r a p a z e s t a v a m o -
v i d o pelo desejo de p o s s u �� - l a , e isso f a z i a c o m
que usasse q u a l q u e r e x p e d i e n t e p a r a c o n q u i s -
t �� - l a .
M a s l o g i c a m e n t e ele a d e i x a r a na d �� v i d a .
A f i n a l , t i n h a - l h e d a d a o n o m e e o e n d e r e �� o do
80���
tal motel. N��o seria c a p a z d e i n v e n t a r u m a m e n -
t i r a t �� o completa,
T a t i a n a pensou m u i t o sobre o caso. A m a -
dureceu a id��ia, e na n o i t e seguinte a c h o u que o
melhor seria u m a conversa f r a n c a com ele.
Utilizou u m a linguagem de impacto, a fim de
perceber n a s e n t r e l i n h a s e n a s rea����es de Regi-
naldo a verdade.
Perguntou �� q u e i m a - r o u p a e n q u a n t o j a n t a -
vam:
��� Voc�� t e m o u t r a , Reginaldo?
Ele engasgou (o que fez com que T a t i a n a
logo come��asse a p e n s a r que Otacilio t i n h a , r a -
z��o) :
��� O u t r a ? O que quer dizer? N��o estou e n t e n -
dendo.
��� O u t r a m u l h e r .
O r a p a z t i n h a recobrado p a r t e do s a n g u e -
frio:
��� Que coisa m a i s est��pida, T a t i a n a ! Como
isso foi e n t r a r em s u a cabe��a?
��� B e m . . . de r e p e n t e tive v o n t a d e de p e r g u n -
tar.
��� Voc�� sabe que eu a amo.
��� Sei, sim.
��� Ent��o?
��� A gente s e m p r e foi m u i t o sincero um com
outro, n �� o ?
��� Sempre. P 81
��� A verdade acima de tudo.
��� E x a t a m e n t e .
��� Q u a n d o n �� o der mais, um diz p a r a o o u t r o
que acabou. Tudo bem, afinal somos suficiente-
m e n t e civilizados e l��cidos p r a sabermos que o
final de um relacionamento n �� o �� n e c e s s a r i a m e n -
te u m a trag��dia.
��� Concordo com t u d o que e s t �� dizendo.
��� Mas eu soube de fonte limpa que voc�� t e m
outra m u l h e r . . .
��� Posso saber quem lhe disse?
��� N��o. �� melhor, n �� o .
Reginaldo, a p e s a r de p r o c u r a r a p a r e n t a r cal-
ma, estava p r o f u n d a m e n t e p e r t u r b a d o . E os olhos
de T a t i a n a descobriram isso com facilidade.
E n t �� o , era v e r d a d e o que Otac��lio lhe infor-
m a r a . Reginaldo, t r a n s a v a com o u t r a . Quem se-
ria?
��� Gostaria de saber quem �� a t a l m u l h e r . . .
Ao ouvir dizer isso, R e g i n a l d o ficou um pouco
perturbado. Pelo menos, a esposa n �� o sabia que
se t r a t a v a de Val��ria. Pela m e n o s isso.
N��o f a l a r a m mais no a s s u n t o .
De ambas as p a r t e s , fizeram de c o n t a que n �� o
t i n h a m conversado n a d a daquilo.
Reginaldo compreendeu m a i s u m a vez que
precisava colocar um ponto final no seu caso com
V a l �� r i a . O pior de t u d o e r a que fora ele m e s m o
quem a p r o c u r a r a . E na t a r d e seguinte, d i a de
aula de ingl��s de T a t i a n a , i r i a m se e n c o n t r a r no
motel. P 82
D e s m a r c a r i a o encontro? Telefonaria p a r a Va-
l��ria, dizendo que T a t i a n a estava desconfiada e
que e r a m e l h o r n �� o voltarem a se ver?
Achou que era u m a boa solu����o �� t r a n q �� i l i -
zou-se.
Q u a n d o a T a t i a n a estava resolvida, no dia
seguinte, ir a t �� o motel e e s p e r a r a s a �� d a dos dois.
N��o gostava m u i t o do papel que ia fazer: espionar
o marido. Mas n �� o t i n h a o u t r o jeito, u m a vez que
ele m e n t a .
T i n h a certeza agora que Otac��lio c o n t a r a a
verdade. Mas necessitava ver com os pr��prios
olhos. E m e s m o gostaria de saber quem era
aquela m u l h e r . . . aquela m u l h e r que estava t e n -
do rela����es com seu m a r i d o . . .
E r a m oito h o r a s da m a n h �� , q u a n d o Val��ria
come��ou a sacudir Moacir, t e n t a n d o acord��-lo.
��� Ei, pregui��oso, l e v a n t e . . .
Ele espregui��ou-se, olhou-a, tornou a fechar
os olhos, virou p a r a o outro lado e tornou a
dormir. Na verdade, n �� o t i n h a n e m acordado.
B e m - h u m o r a d a , Val��ria riu:
��� Voc�� tem que sair da c a m a por bem ou
por mal.
Deitou-se por cima do rapaz e come��ou a
beij��-lo:
��� Vamos, acorde, meu amor. P 83
Ele m u r m u r o u , sonolento:
��� Por qu��?
��� P r a irmos �� p r a i a .
��� Que h o r a s s��o?
��� Oito.
��� Est�� muito cedo.
��� N��o gosto de p r a i a t a r d e .
��� Quer mesmo ir?
��� Quero.
��� Por que n��o vai s o z i n h a ?
��� Porque quero ir com voc��.
��� Faz quest��o mesmo?
��� Fa��o.
Ela o beijou de novo.
Moacir sorriu.
E levantou-se.
Vestiu o cal����o e os dois f o r a m p a r a a praia.
��� Hoje vamos ficar a t �� as duas da t a r d e .
Estou muito b r a n c a .
Val��ria t i n h a m a r c a d o e n c o n t r o com Regi-
naldo n a p o r t a d o motel �� s tr��s. F i c a r i a n a
p r a i a a t �� a s duas, voltaria p a r a casa, t o m a r i a
b a n h o r a p i d a m e n t e e comeria qualquer coisa na
rua mesmo, u m a vez que e s t a v a m sem e m p r e g a -
da e n �� o estava disposta a fazer almo��o. Moacir
comeria um s a n d u �� c h e em casa mesmo e voltaria
a dormir d u r a n t e o resto da t a r d e .
* * *
84���
C o m o T a t i a n a e s t a v a e m casa, Reginaldo n �� o
p o d i a t e l e f o n a r do a p a r t a m e n t o . A s s i m , antes de
come��ar a revelar a l g u m a s fotos q u e t i r a r a na
v��spera, desceu, dizendo que ia comprar cigar-
ros.
A p r o v e i t o u p a r a t e l e f o n a r d e u m o r e l h �� o .
E r a m quase n o v e h o r a s d a m a n h �� .
N o a p a r t a m e n t o d e V a l �� r i a n i n g u �� m a t e n d e u
o telefone. Ele g u a r d o u a l g u n s m i n u t o s e t o r n o u
a ligar.
N a d a !
A m o l a d o , foi at�� o b o t e q u i m c o m p r a r os c i -
garras.
F e z u m a n o v a t e n t a t i v a d e t e l e f o n a r p a r a a
a m a n t e , m a s n i n g u �� m a t e n d i a .
R e s m u n g a n d o , v o l t o u p a r a casa.
E r a o c �� m u l o d o a z a r . O n d e e s t a r i a V a l �� r i a
��quela h o r a d a m a n h �� ? E o c a r a que m o r a v a
com ela?
V o l t o u p r a casa e come��ou a t r a b a l h a r . R e v e -
lou os f i l m e s .
B e m m a i s t a r d e , l �� pelas o n z e h o r a s , avisou
a T a t i a n a que t i n h a que s a i r , p a r a r e s o l v e r u m
neg��cio.
E s t a v a disposto a f i c a r de p l a n t �� o j u n t o de
u m o r e l h �� o , t e n t a n d o f a l a r c o m V a l �� r i a p a r a
d e s m a r c a r o e n c o n t r o .
D a s onze at�� u m a d a t a r d e , R e g i n a l d o discou
seguidamente p a r a a a m a n t e e n �� o conseguiu
f a l a r c o m ela. P 8 5
I r r i t a d o , nervoso, n �� o viu o u t r a sa��da, a n �� o
ser ir e n c o n t r �� - l a no motel.
-N��o podia ficar o dia inteiro na r u a ligando,
ligando, sem conseguir n a d a . O n d e Val��ria t e r i a
se metido? Que diabo e s t a r i a fazendo na r u a o
tempo todo?
O pior era que m a r c a r a o e n c o n t r o na p o r t a
do motel. Haviam feito isso por precau����o, u m a
vez que a c h a v a m q u e h a v i a m a i s possibilidade
de serem vistos se a m u l h e r tomasse o c a r r o
dele em Copacabana.
Mas se tivessem m a r c a d o em Copacabana, t e -
ria sido melhor. Talvez T a t i a n a soubesse o motel
que costumavam ir. E r a perigoso.
Mas a g o r a n �� o t i n h a jeito p a r a dar.
O melhor e r a a c a l m a r - s e , e n c o n t r a r Val��ria,
explicar a situa����o, e n u n c a m a i s e n c o n t r �� - l a .
Com este racioc��nio, acalmou-se um pouco e
retornou ao seu a p a r t a m e n t o .
T a t i a n a j�� p r e p a r a r a o almo��o.
Ele chegou, tomou um b a n h o e s e n t o u - s e p a r a
comer.
Mais t a r d e , ela saiu p a r a a a u l a de ingl��s,
j�� um pouco a t r a s a d a .
Passavam d a s duas e meia.
Reginaldo a i n d a t e n t o u se c o m u n i c a r com V a -
l��ria. Discou seu n �� m e r o .
Uma voz de h o m e m a t e n d e u . E r a Moacir.
��� Val��ria e s t �� ?
86���
N �� o , s a i u
respondeu o rapaz
O b r i g a d o .
D e n a d a .
M o a c i r v o l t o u p a r a a c a m a , a f i m de d o r m i r ,
e R e g i n a l d o s a i u d e casa, a o e n c o n t r o d e V a l �� -
ria.
C o m o n �� o s a b i a a h o r a e x a t a e m que o m a r i -
d o c o s t u m a v a e n c o n t r a r - s e c o m a a m a n t e , T a -
t i a n a d e c i d i u i r at�� o m o t e l p o r v o l t a das cinco
e m e i a , a h o r a em q u e s a �� a m , c o n f o r m e a i n f o r -
ma����o d e O t a c �� l i o .
N �� o t : n h a c e r t e z a a b s o l u t a d e que ele i r i a
n a q u e l a t a r d e , m a s d e d u z i u que o s e n c o n t r o s
c e r t a m e n t e se r e a l i z a v a m n o s dias em que ela
t i n h a a u l a d e ingl��s.
A n �� o s e r que R e g i n a l d o tivesse d e s m a r c a d o ,
u m a vez que s a b i a que e l a d e s c o n f i a v a d e a l g u m a
coisa. A r r e p e n d e u - s e de t e r i n t e r r o g a d o o m a r i d o
na v �� s p e r a . Se n �� o o tivesse feito, seria m a i s
f��cil p e g �� - l o e m f l a g r a n t e .
Q u a n d o R e g i n a l d o c h e g o u a o m o t e l , V a l �� r i a
j�� o e s p e r a v a . E l e e s t a c i o n o u o a u t o m �� v e l e a
m u l h e r veio a o seu e n c o n t r o , c o m u m s o r r i s o :
��� O i , t u d o b e m ?
���87
N �� o . T u d o m a l .
��� O que h o u v e ?
��� T a t i a n a . . .
��� T a t i a n a ? O que a c o n t e c e u c o m ela?
��� D e s c o n f i a que eu t e n h o o u t r a .
��� P o r isso voc�� e s t �� c o m esta c a r a .
��� E n �� o e r a p a r a estar? T e n t e i f a l a r c o m
voc�� h o j e v �� r i a s v e i e s , m a s n i n g u �� m a t e n d i a
o telefone.
��� Passei a m a n h �� i n t e i r a n a p r a i a .
��� Q u e r i a d e s m a r c a r o e n c o n t r o . C o m o n �� o
consegui, o jeito f o i v i r at�� a q u i . A c h o q u e n �� s
n��o devemos c o n t i n u a r c o m i s s o . . ,
��� F o i voc�� q u e m q u i s .
��� C e r t o , c e r t o . . . E n f i m , s �� v i m p r a dizer
que est�� t u d o t e r m i n a d o .
��� E n �� o v a m o s e n t r a r no m o t e l ?
��� N �� o .
��� U m a vez que estamos n a p o r t a , n �� o v e j o
p o r que n �� o e n t r a r . . .
V a l �� r i a detestava p r o g r a m a r a l g u m a coisa e
de r e p e n t e t e r que desistir.
��� B e m . . .
E l a s e g u r o u - l h e o b r a �� o :
��� V a m o s , h o m e m , a n i m e - s e . A f i n a l a c h o que
merecemos n o s d e s p e d i r e m g r a n d e estilo. P 8 8
Haviam pedido u m a g a r r a f a de c h a m p a n h a ,
que j�� estava quase no fim.
Nus, no q u a r t o do motel, p r a t i c a r a m todos ,
os tipos de jogos er��ticos.
Aquele seria o ��ltimo encontro, por isso p r e -
cisavam aproveitar ao m �� x i m o .
Val��ria aproveitou a o p o r t u n i d a d e p a r a dizer:
��� Hoje voc�� vai s a i r d a q u i c a m b a l e a n d o . . .
Reginaldo riu.
J �� t i n h a feito sexo d u a s vezes, desde que c h e -
garam, e pela t e r c e i r a vez, Reginaldo a possuiu.
Desta vez, custou um pouco a a t i n g i r o climax,
e n q u a n t o a m u l h e r gemia e desejava que ele d e -
morasse o b a s t a n t e , a fim de prolongar o p r a
* * *
E r a m cinco e v i n t e da t a r d e , q u a n d o resol-
veram a p r o n t a r - s e p a r a sair.
��� Valeu esta �� l t i m a vez. Ou n �� o ? ��� pergun-
tou Val��ria.
��� Se v a l e u . . . N��o sei n e m se vou conseguir
dirigir a t �� Copacabana. Voc�� esgotou t o d a s as
m i n h a s for��as.
T e r m i n a r a m de se a r r u m a r .
Val��ria disse:
��� Pela p r i m e i r a vez vejo um caso de a m o r
t e r m i n a r sem choros n e m d r a m a s . Foi bom. Va- P 89
leu mesmo. E foi b o m que tiv��sssemos t i d o um
caso. N��o ficamos com p desejo irrealizado na
cabe��a. Agora, eu c o n t i n u o com o Moacir, com
quem ali��s me dou m u i t o bem, e voc�� com T a -
tiana, com q u e m t a m b �� m se d�� m u i t o bem.
B e i j a r a m - s e pela �� l t i m a vez.
E s a �� r a m do q u a r t o .
* * *
Impaciente, d e n t r o do seu carro, em frente
ao motel, T a t i a n a esperava. E se estivesse fazen-
do papel de boba? Se Otac��lio tivesse simples-
mente m e n t i n d o ?
P a s s a v a m dez m i n u t o s das cinco e meia, q u a n -
do de r e p e n t e um casal que s a �� a do motel lhe
chamou a a t e n �� �� o .
E r a Reginaldo e a m u l h e r . . .
T a t i a n a n �� o podia a c r e d i t a r n o que estava
vendo, m a s ��quela dist��ncia, a m u l h e r que o
a c o m p a n h a v a parecia s u a m �� e .
L e n t a m e n t e , como que hipnotizada, a jovem
desceu de seu autom��vel e come��ou a a n d a r
em dire����o aos dois. Estes n �� o a v i r a m logo.
E n t �� o aquela m u l h e r e r a Val��ria, s u a m �� e .
Era ela a a m a n t e de Reginaldo, p e n s a v a T a t i a -
na, a p r o x i m a n d o - s �� c a d a vez m a i s do casal.
Foi quando Val��ria a viu.
E logo em seguida, Reginaldo t a m b �� m avis-
tou a esposa.
90���
Ele e x c l a m o u :
��� T a t i a n a . . .
E l a a p r o x i m o u - s e m a i s , e n c a r o u - o s e d i r i g l n - ,
do-se a R e g i n a l d o , disse:
��� E n t �� o e r a v e r d a d e . . .
��� D e i x e e x p l i c a r , T a t i a n a . . .
��� E x p l i c a r o qu��? N �� o s e j a r i d �� c u l o .
V a l �� r i a n �� o t e v e c o r a g e m d e f a l a r . A f a s t o u - s e
e foi t o m a r seu a u t o m �� v e l .
R e g i n a l d o e T a t i a n a f i c a r a m a l g u m t e m p o . '
e n c a r a n d o - s e , e m sil��ncio.
S e m o l h a r p a r a o s dois, V a l �� r i a d e u p a r t i d a
n o c a r r o e f o i e m b o r a . Q u e r i a f u g i r d a l i o m a i s
depressa p o s s �� v e l . N �� o , a q u e l e caso q u e t i v e r a
c o m R e g i n a l d o n �� o t e r m i n a r a s e m d r a m a s , c o n -
f o r m e g a r a n t i r a poucos m i n u t o s a n t e s . . . P r o -
v a v e l m e n t e o c a s a m e n t o d a f i l h a t i n h a s i d o d e s -
t r u �� d o . E t u d o p o r s u a c u l p a . P e n s a n d o m e l h o r ,
c o m p r e e n d e u que R e g i n a l d o t a m b �� m e r a c u l p a -
do. E o m e l h o r q u e t i n h a a f a z e r e r a ir p a r a
casa, p a r a o l a d o de M o a c i r e esquecer aquele
desagrad��vel i n c i d e n t e . . .
S e m d i z e r n a d a , T a t i a n a a f a s t o u - s e d e R e -
ginaldo e t a m b �� m t o m o u seu c a r r o . T a m b �� m q u e -
r i a f u g i r , i r e m b o r a d a l i . S �� . q u e n �� o s a b i a que
dire����o t o m a r . C e r t a m e n t e n �� o . v o l t a r i a p a r a
casa. E come��ou a p e n s a r o n d e p a s s a r i a a q u e i a
noite. E r a o p r o b l e m a m a i s u r g e n t e a s e r re--'
solvido. - 9 1
Reginaldo n �� o t e n t o u deter a esposa. Naquela
m o m e n t o qualquer explica����o s e r i a rid��cula, como
dissera T a t i a n a , e a b s o l u t a m e n t e In��til.
T a m b �� m tompu seu autom��vel.
Na e s t r a d a , ligou o r��dio.
Tocava u m a can����o d e amor.
E Reginaldo s e n t i u - s e e s t r a n h a m e n t e depri-
mido. S u a vida t i n h a m u d a d o , n a q u e l a t a r d e .
Provavelmente T a t i a n a n �� o voltaria a viver com
ele.
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De bonsamigos.lançamentos
O Grupo Bons Amigos em parceria com o grupo Solivros com sinopses tem a satisfação de lançar hoje mais um livro digital para atender aos deficientes visuais.
Aquela Mulher - Carlos Aquino
Livro doado e digitalizado por Leandro Medeiros
Sinopse:
Tatiana é filha de pais separados. Ela vive com a mãe, uma mulher ainda jovem. Moça liberada, Tatiana conhece o fotografo profissional Reginaldo.
Sobre o autor:
Escritor, jornalista e ator, Carlos Aquino nasceu em Sergipe, mas foi para o Rio de Janeiro ainda adolescente.Trabalhou em filmes e peças de teatro, mas finalmente descobriu que sua verdadeira vocação era escrever, passando a dedicar-se à literatura. Sua estréia foi com o romance: Verão no Rio" em 1973. Com seu.estilo vigoroso e moderno, colocando sempre uma dose de verdade em seus personagens, ele foi no século passado na década de 70 e 80 um dos escritores de mais prestigio junto ao público. Detalhes sobre sua morte leia em : https://www.terra.com.br/istoegente/79/tributo/index.htm
Lançamento :
a)https://groups.google.com/forum/?hl=pt-BR#!forum/solivroscomsinopses
b)http://groups.google.com.br/group/bons_amigos?hl=pt-br
Este e-book representa uma contribuição do grupo Bons Amigos para aqueles que necessitam de obras digitais como é o caso dos deficientes visuais e como forma de acesso e divulgação para todos.
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Lembre-se de valorizar e reconhecer o trabalho do autor adquirindo suas obras .
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