DOS DESEJOS
Ricardo Veronese
Cedibra
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retransmitido por qualquer meio mec��nico, sem
a expressa autoriza����o do detentor do copyright.
Imerso em seus pensamentos, Gregory
Holmes deixou a rodovia principal e inter-
nou-se por uma secund��ria. Come��ou a di-
rigir somente com a m��o direita. Com a
outra, acendeu um cigarro.
Voltou a mergulhar em seus pensamen-
tos. Pensamentos que iam e voltavam a to-
do momento. E de maneira alguma conse-
guia livrar-se deles.
Seu casamento. Hum! At�� parecia uma
anedota, feita pelo destino. Durante um
ano inteiro, tinha sido maravilhoso. Um
verdadeiro para��so, compartilhado cem
uma mulher inteligente, culta, amiga e
cheia de sensualidade.
Levemente, sentiu-se excitado, lembran-
do-se de como Naomi fora no come��o de P��g 5
seu matrim��nio. Como gostava de ir para a cama com ele, de aceitar-lhe sugest��es
para o amor, de propor outras. Uma mu-
lher intensamente ei ��tica, impaciente por
amor.
E a todo momento, quando a s��s com
ele, vivia repetindo que ele era o homem
de sua vida. Os seu macho, o ��nico com
quem tinha prazer realmente. E tudo indi-
cava que dizia a verdade.
Ao menos, a maneira de entregar-se, de
prccur��-lo, de responder ��s suas car��cias,
comprovava isso.
Contudo, ap��s um ano de amor famin-
to, intercalado por momentos de profundo
rcmantimo, Naomi modificou-se. Tornou-
se uma mulher ciumenta, cheia de vonta-
des, querendo coisas que, antes, -no tempo
de namoro, noivado e no in��cio de sua vi-
da conjugai, considerava f��te��s.
De certa forma, continuava a ser a
amante de sempre, ardorosa. Mas, no res-
to, mudara como da ��gua para o vinho.
E Gregory n��o conseguia atinar com o
motivo para tal. Como algu��m poderia mu-
dar t��o rapidamente, t��o bruscamente? Ele
sempre fora um bem marido, pelo me-
nos achava, e tentava dar-lhe tudo que era
poss��vel. Ent��o, por que Naomi fe modifi-
cara tanto? E de maneira t��o r��pida?
6���
Agora, j�� estavam com tr��s anos de ca-
sados, enfrentando mais uma crise. H�� dois
dias, tivera uma discuss��o com ela a res-
peito das despesas que fazia, do dinheiro
que gostava com roupas e outras bobagens.
No final, n��o ag��entando mais, recolheu
algumas coisas suas e foi para um hotel.
Era o certo a fazer antes que as coisas pio-
rassem.
Estava tentando, mais uma vez, dar
uma chance a seu casamento. Ver se as
coisas se indireitavam.
No hotel, pensou multo, s�� que n��o
chegou �� conclus��o alguma. Achou, ent��o,
que deveria desaparecer de Nova Iorque
por algum tempo. E podia faz��-lo. Ernest
Bennett, seu maior amigo e tamb��m s��cio
na firma de advocacia que haviam fun-
dado, cuidaria de todo o servi��o enquan-
to estivesse fora. Iria para longe, pensar
bastante antes de propor o div��rcio a Noe-
mi.
Lembrou-se de uma corretora de im��veis
de um amigo seu. Alugava cabanas �� beira-
mar, numa localidade pr��xima a Franville,
uma cidadezinha pacata e simp��tica.
Pois a�� estava uma boa id��ia. Alugara
uma cabana e ficaria l�� por uns cinco dias,
no m��nimo. Teria tempo e tranq��ilidade
para pensar e decidir-se se deveria divor-
ciar-se ou n��o. P��g 7
Tivera a id��ia e a pusera em pr��tica.
Agora, estava dirigindo no rumo da ca-
bana. E j�� come��ava a sentir-se um pouco
melhor. A paisagem maravilhosa contribu��a
em muito para essa melhora de seu estado
de esp��rito.
O c��u era de um azul puro, enfeitado
por uma nuvem branca aqui e acol��. A di-
reita, uma montanha erguia-se ao longe,
como um vigilante daquele mundo sereno
e silencioso. �� sua frente, no final da estra-
da, via a linha do oceano. Um oceano cal-
mo, como que convidando ao descanso e at��
mesmo �� ociosidade.
E era justamente de um pouco de des-
canso que Gregory necessitava naquele mo-
mento.
Com esses pensamentos, avistou a caba-
na.
Era deliciosa, com uma varanda �� fren-
te. Havia uma escadinha de tr��s ou quatro
degraus, que acabava direto na areia bran-
ca e macia da praia. Como cen��rio, o azul
do c��u e do mar, e o murmurinho embalan-
te das ondas.
Estacionou diante dela e saltou. O chei-
ro do mar, da areia molhada, encheu-lhe
os pulm��es. Que vontade de nunca mais
sair dali. De tornar-se um eremita, de bar- P��g 8
ba e cabelos crescidos e pele curtida pelo sol.
Um Robinson Cruso�� dos tempos moder-
nos, da Era At��mica.
P��s de lado essas divaga����es e procurou
nos bolsos a chave da casa. Pouco depois,
entrava na sala quadrada, bem asseada e
com m��veis funcionais.
Intimamente, parabenizou a corretora
que lhe alugara a cabana. Mike, seu pro-
priet��rio, havia cumprido a promessa de
arrumar e limpar tudo para sua chegada.
Deu uma olhada no banheiro pequeno,
na cozinha tamb��m pequena e no quarto,
equipado com uma ampla cama de casal.
A seguir, foi para fora, passando a tirar
do porta-malas do autom��vel tudo que
trouxera.
Comida enlatada, latas e latas de cer-
veja, uma valise de roupas e outros objetos
que considerara importantes para seu ref��-
gio de cinco dias. Entregou-se ao trabalho
de guardar tudo Em pouco tempo, o que
tinha que ficar dentro da pequena geladei-
ra, estava dentro da geladeira; o que tinha
que ficar fora, estava fora.
Agora, faltava o gravador e as duas
garrafas de u��sque que trouxera ao seu la-
do, no banco fronteiro. Iria precisar da P��g 9
companhia de m��sica e de u��sque para pensar direito.
Ou ent��o, embriagar-se, para esquecer
definitivamente um ano de felicidade ao
lado de Naomi...
��� Ol��.
Voltou-se, meio espantado. Sorriu, ent��o,
diante da garota de longos cabelos louros e
olhes claros.
��� Ol�� ��� imitou-a tentando ser polido,
embora n��o tivesse o m��nimo animo para
gentilezas e semelhantes. ��� Quem �� vo-
c��?
��� Meu nome �� Linda Hight ��� apre-
senteu-se ela, exibindo um sorriso fasci-
nante.
Ali��s, toda ela era fascinante.
Usava um short de jeans azul, nem cur-
to nem comprido, o bastante apenas para
deixar �� mestra as pernas compridas e es-
guias. Usava tamb��m uma camisa branca,
de tipo masculino. As pontas haviam sido
amarradas sob o busto, o qual tudo indica-
va estar livre e rijo por tr��s do tecido fino.
��� E o meu, Gregory. Gregor�� Holmes ���
e ele apertou cem delicadeza a m��o que ela
lhe oferecia.
Sentiu-a quente e macia. Assim como
deveriam ser quentes e macios os l��bios de P��g 10
Linda, que serviam de moldura a seu sorriso branco e perfeito.
��� Estou naquela cabana ali ��� apontou
para uma casa igual �� que Gr��gory aluga-
ra ��� e quando o vi chegar, resolvi apresen-
tar-me. Parece que somos as ��nicas viva
almas por aqui.
��� N��o lhe disseram, quando alugou a
cabana, que esta regi��o �� deserta e prati-
camente esquecida do mundo?
Ela riu mais uma vez e meneou a cabe-
��a, fazendo seus cabe��os dan��arem.
��� Claro .��� replicou. ��� E foi por isso
que a aluguei. Para escrever.
��� Oh! �� uma escritora?
��� Hum, hum ��� havia uma nota de mo-
d��stia no modo como concordara. ��� N��o
sou multo conhecida, mas meus editores
vivem exigindo meus livres.
��� Compreendo. Dessa forma, acho que
estamos na mesma situa����o.
��� Como assim? ��� Linda enrugou as
sobrancelhas, o que lhe deu um ar gracioso
e quase infantil.
��� Vim para c�� descansar ��� mentiu ele
��� longe de tudo e todos. E voc�� veio para
trabalhar. N��o deixa de ser uma situa����o
parecida, embora inversa. P��g 11
- Sim. Tem raz��o. Mas deixe-me vol-
tar para a m��quina de escrever. ��� Esten-
deu de novo a m��o para ele. ���Foi um pra-
zer. Gregory.
��� Digo o mesmo. E o que precisar, es-
tou a seu dispor.
Ela agradeceu e enfiou as m��os nos bol-
sos do short, dando meia volta e retornan-
do a sua cabana. Gregory ficou acompa-
nhando-a com o olhar.
Aquele bamboleio dos quadris, o andar
firme e os cabelos mexendo-se ao vento
fascinaram-no. Viera para ali com o intui-
to de ficar sozinho e meditar sobre a bela
confus��o que era seu casamento, e, no fi-
nal, aparecia-lhe uma loura graciosa e en-
volta por um qu�� de sensualidade espon-
t��nea.
Uma escritora, que alugara tamb��m
uma das v��rias cabanas que a corretora
possu��a junto �� praia. Seria interessante a
situa����o se ele n��o tivesse o c��rebro t��o
cheio de pensamentos e preocupa����es. Se
ainda fosse solteiro e ansioso por aventu-
ras, aquilo seria o para��so.
Tentaria conquistar Linda e passariam
cinco dias se amando, vivendo intensamen-
te um amor passageiro �� beira-mar.
S�� que n��o era mais solteiro. Por��m,
12���
-
quando acabassem aqueles cinco dias, tal
vez estivesse decidido a voltar a s��-lo.
Para espairecer, Gregory resolveu-dar
uns mergulhos. Nadou um pouco e retor-
nou �� cabana, onde tomou um banho demo-
rado e vestiu cal��a e camisa esportes. Cal-
��ou um chinelo de couro e foi at�� a varan-
da, acendendo um cigarro.
Ficou ali parado, olhando o mar, o c��u,
e recordando-se de Naomi. Por que fora mu-
dar daquela forma? O casamento de ambos
ia t��o bem, era t��o maravilhoso. Tudo po-
deria ter continuado como sempre, sem d's-
cuss��es, brigas, agress��es veladas, indire-
tas.
Mas n��o. Acontecera alguma coisa e
Naomi se transformara, destruindo a felici-
dade que tinham lado a lado.
S��bito, descobriu-se fitando com inte-
resse a cabana de Linda. At�� que seria di-
vertido ir at�� l��, somente para travar uma
maior amizade. Afinal de contas, iam ser
vizinhos pelo espa��o de cinco dias, ou mais,
visto que era o m��nimo de tempo que a cor-
retora alugava aquelas casas.
Decidiu-se a visit��-la. E esse era justa-
mente um bom pretexto: troca de visitas.
���13
Com lentid��o, foi caminhando pela
praia, as ondas vindo bater na areia e se
estendendo, como serpentes di��fanas, at��
quase seus p��s. Olhou o rel��gio: ainda
eram onze da manh��. Tamb��m, sa��ra de
Nova Iorque de madrugada, disposto a che-
gar bem cedo �� cabana.
Enfim, alcan��ou a de Linda. Galgou a
escadinha e bateu na porta de leve. Uma
voz feminina veio l�� de dentro:
��� Entre. Est�� aberta.
Gregory obedeceu, entrando na sala.
Linda estava sentada a uma mesa, marte-
lando velozmente uma m��quina de escre-
ver, em meio a v��rias laudas j�� datilografa-
das.
��� Oi, Gregory! ��� contemplou-o com
um sorriso perfeito. ��� Fique �� vontade.
Ele mostrou-se meio constrangido:
��� Se eu estiver incomodando...
Ela n��o o deixou prosseguir, apanhando
um cigarro que queimava no cinzeiro e le-
vantando-se:
��� Foi bom ter vindo. Falar com voc�� se-
r�� uma ��tima desculpa para mim mes-
ma. ..
��� Desculpa? ��� Gregory intrigou-se,
tentando n��o olhar para as pernas da jo-
vem.P��g 14
��� Sim. Minha desculpa para descansar
um pouco. N��o gosto de maratonas em ci-
ma de m��quinas de escrever.
Ambos sorriam. Gregory encantou-se
mais uma vez com o sorriso de Linda. Era
branco, perfeito. Havia bastante simpatia
nele.
Ela era uma jovem que inspirava con-
fian��a nas pessoas. E fazia-as sentirem-se
bem em sua presen��a.
Ela pareceu n��o perceber que ele a
observava com discri����o e ofereceu:
��� Que tal um caf��, Gregory?
��� N��o se incomode comigo, por favor.
��� N��o �� incomodo, tenha certeza ��� de-
clarou ela, andando na dire����o da cozinha.
��� E depois, �� a ��nica bebida que tenho
aqui. Nem cerveja nem u��sque. N��o gosto
de ��lcool.
��� Fico grato com o caf�� mas n��o se
preocupe. Vim apenas devolver-lhe a visita.
Logo em seguida, calou-se, arrependido
por ter dito isso.
Por um instante muito l��pido, os olhos
de Linda cintilaram, como que declarando
que n��o era a primeira vez que um homem
a cortejava. O que era mais que ��bvio. E
que aquela desculpa j�� era bem velha.
���15
No entanto, se pensara ou deixara de
pensar isso, soube disfar��ar, dando uma ��l-
tima tragada no cigarro e esmagando-o no
cinzeiro.
Esqueceu do caf��, enfiando as pontas
dos dedos nos bolsos do short e observando
Gregory com aten����o.
Ele tentou brincar com a observa����o de-
la:
��� O que foi? H�� algo errado comigo?
��� N��o, n��o.
��� Ainda bem ��� sorriu, no que foi imi-
tado por Linda.
��� Tamb��m �� de Nova Iorque, Gregory?
��� inquiriu.
��� Sim. �� de l��?
���Sou. Nascida e criada na maior me-
tr��pole do mundo ��� e abriu os bra��os, co-
mo para dar ��nfase ��s suas palavras.
Isso fez com que os seios dentro da blu-
sa trepidassem. Houve um relance em que
Gregory p��de perceb��-los alfinetando a fa-
zenda. Deveriam ser pontudos e,rijos.
Com discri����o, analisou Linda. Sua pele
era aveludada, cremosa. Tinha uma cor
meio dourada, convidativa a afagos e bei-
jos.
Tentou esquecer esses pensamentos er��-
ticos e perguntou: P��g 16
��� Pretende passar o fim-de-semana to-
do aqui dentro? N��o vai dar um mergulho,
um passeio na praia?
��� Talvez logo mais ou amanh��, Grego-
ry. Quero acabar logo esse cap��tulo e ficar
livre dele.
��� E falta muito?
���Algumas laudas. Depois, terei que l��-
lo e talvez mudar uma palavra ou outra.
��� O.K. ��� ele fez men����o de virar-se pa-ra a porta e sair. ,��� N��o quero incomod��-
la.
��� N��o est�� me incomodando. E depois,
como lhe disse, voc�� �� a minha desculpa
para m:m mesmo.
Ele sorriu, divertido com o modo de
Linda encarar seu trabalho. Prop��s:
��� Ent��o, j�� que est�� t��o ansiosa em
desculpar-se consigo mesma por n��o traba-
lhar, que tal darmos uma volta at�� mi-
nha cabana e comermos qualquer coisa? Es-
tou com fome.
��� Quem prepara o almo��o?
��� Posso preparar. Gosto de cozinhar.
��� Eu tamb��m. Podemos fazer juntos.
Que tal?
��� Excelente id��ia. Vamos l��. P��g 17
Ligeira como uma menina, Linda fechou a cabana e acompanhou-o. Com seus bo-t��es, Gregory achava que seu ��nimo ia
melhorando cada vez mais. A presen��a de
Linda, com seu ar gracioso, seu modo ju-
venil de ser, o relaxavam, muito embora
pudesse perceber que por baixo de tudo isso.
havia uma mulher bela e cobi����vel.
Uma mulher bela e cobi����vel que o exci-
tava apenas um pouco: havia muita coisa
e na sua mente para sobrar espa��o para pai-
x��es e desejos er��ticos Pag 18
Cap��tulo 2
��� Puxa vida! ��� Gregory exclamou, re-
costando-se na cadeira. ��� Estava uma
del��cia!
��� Gostou realmente? ��� Linda fitou-o
dentro dos olhos, aparentando preocupar-se
de fato com a opini��o dele.
��� Palavra de escoteiro ��� assegurou
Gregory, erguendo a m��o direita no cl��s-
sico gesto dos escoteiros. ��� N��s dois pode-
mos fundar um restaurante.
��� Sim. E por falar em restaurantes,
posso saber em que voc�� trabalha?
��� Claro. Sou advogado. Tenho uma fir-
ma de sociedade com um amigo.
��� Pois est�� a�� uma coisa de que gosto.
Direito. E tamb��m gosto de assistir a um
���19
advogado defendendo ou acusando algu��m rio tribunal. Mas um advogado que saiba
falar.
��� N��o posso afirmar nada quanto a
mim. Sou suspeito.
��� Ent��o, n��o afirme nada. Talvez um
dia, o veja no tribunal. S�� espero que n��o
seja eu a pessoa sentada no banco dos r��us.
Gregory riu e apanhou um cigarro no
ma��o sobre a mesa. Acendeu-o com a m��o
esquerda, o que fez Linda inquirir:
��� Voc�� �� casado?
Ele sentiu-se embara��ado, lan��ando os
olhos para a alian��a no anular esquerdo e
depois para a jovem.
��� S i m . . . ��� Fez uma pausa, olhando
Linda com uma certa aten����o. Viu-se na
obriga����o de dizer: ��� Por favor. N��o pense
bobagens, sim? Sou casado e n��o estou com
a m��nima inten����o de arrumar aventuras
aqui na praia.
Por um momento, n��o obteve resposta
dela. Somente um olhar s��rio.
��� Voc�� �� um sujeito legal, Gregory ���
disse ela, enfim.
��� Eu? Por qu��?
��� Por sua franqueza. Se tivesse mes-
mo m��s inten����es no que se refere a mim,
20
teria inventado mil e uma desculpas. Gesto de gente cemo voc��.
��� Obrigado. Voc�� tamb��m �� uma garo-
ta legal.
Ela sorriu, agradecida, e interrogou:
��� H�� algum problema com seu casa-
mento?
Gregory surpreendeu-se com a pergunta.
Como Linda podia imaginar que havia algo
de errado em seu casamento?
��� Por que pergunta?
��� Palpite apenas. Voc�� est�� sozinho
aqui e usa a alian��a. E depois, n��o �� preci-
so ser muito observador para se noVar que
algo n��o vai bem com voc��. Liguei uma coi-
sa �� outra e resolvi perguntar.
��� Pois acertou no a l v o . . . S�� que pre-
feriria n��o tocar nesse assunto.
Ela balan��ou a cabe��a, exibindo um sor-
riso:
��� Como quiser. ��� E levantou-se, come-
��ando a recolher os pratos do almo��o.
��� Vou ajud��-la ��� Gregory disse, apres-
sando-se a erguer-se.
��� N��o, n��o. Deixe que trato disso.
��� Ora. N��o quero que tenha trabalho
por minha causa.
���21
- N��o �� trabalho. Para n��s, escritores, tarefas que exijam apenas as m��os, e n��o
o c��rebro, n��o s��o trabalho e sim descanso.
��� Ent��o, se pensa assim, m��es �� obra.
Linda riu e come��ou a trabalhar. En-
quanto isso, conversavam, sobre o trabalho
dele, o trabalho dela, sobre o que gostavam
e o que n��o gostavam.
Gregory, de certa forma, estava ausen-
te dali. Depois de tr��s anos casado com
Naomi, era a primeira vez que compartilha-
va t��o intimamente da companhia de uma
mulher. Ele e Linda, os dois sozinhos, ele*
na sala, fumando, e ela na cozinha, lavan-
do os pratos do a mo��o.
Como uma vida dom��stica, assim como
fora a sua com Naomi. Ela estava sempre
pronta a fazer tudo para ele. E, em oca-
si��es como aquela, ele ia at�� a cozinha e
a abra��ava pelas costas, apertando-a contra
si.
Naomi arrepiava-se toda, virando o ros-
to para tr��s e oferecendo-lhe os l��bios. ��Jle
a beijava, ao mesmo tempo que suas m��os
corriam-lhe o corpo todo. Em especial, os
seios maduros, rijos, que ele apertava e
sentia os biquinhos se entusmecerem.
Teve ��mpetos de fazer o mesmo com Lin-
da. Seria maravilhoso abra����-la pelas costas P��g 22
e abrir-lhe a camisa branca, libertando os seios. Ficaria com eles nas m��os e a im-prensaria contra a pia, sentindo aquelas
n��degas filmes e redondas das coladas a seus
quadris.
Conteve-se, tentando expulsar esses pen-
samentos do c��rebro. Ficar imaginando
essas cosas era bobagem. E s�� servira para
destruir uma amizade t��o agrad��vel que
ainda estava florescendo.
Quando acabou de lavar tudo, Linda
veio sentar-se �� mesa e acendeu um ci-
garro, continuando a conversa. Ignorava os
pensamentos de Gregory. E parecia n��o
estar pensando em nada al��m dos assuntos
que a conversa de ambos abordava.
Minutos depois, levantou-se e avisou:
��� Bem, Gregory. Tenho que traba-
lhar.
��� N��o vou impedi-la. V�� e acabe logo
seu capitulo.
��� Tentarei. Depois, voltarei e conver-
saremos um pouco mais, O . K . ?
��� O . K . ��� ele sorriu, vendo-a partir.
Permaneceu sentado �� mesa, fumando
e olhando o vazio. N��o sabia bem porque,
mas desejava que Linda terminasse logo o
cap��tulo de seu livro e eles pudessem con-
versar, ficar mais tempo juntos. P��g 23
v e r a
Pelo que tinham conversado, possu��am
alguns pontos em comum.
E seria interessante continuar a desco-
brir que mais tinham em comum.
At�� umas cinco da tarde, Gregory ficou
deitado no ch��o da sala da cabana, ouvin-
do m��sica, fumando e tomando u��sque. Em
seguida, resolveu dar outro mergulho e li-
vrar-se, ao menos por alguns instantes, de
todas as suas preocupa��oes. E daquela mal-
dita decis��o que deveria tomar de um jeito
ou outro.
N��o que houvesse algu��m o pressionan-
do para tal. Muito menos Naomi. Era ele
quem desejava resolver logo sua vida. Ter-
minar de uma vez por todas com um casa-
mento que n��o tinha mais como indireitar-
se. N��o existiam mais esperan��as.
Ent��o, o certo era desfaz��-lo e esquec��-
lo.
S�� que era dif��cil esquecer Naomi, um
ano inteiro de felicidade, tudo. Mesmo que
do outro lado da balan��a pesassem os ��lti-
mos dois anos e a brusca transforma����o de
sua esposa.
Depois do mergulho, enxugou-se e foi
instalar-se �� varanda, para ler.
24���
H�� muito que desejava terminar aquele romance policial que comprara meses antes. E essa era a oportunidade ideal para
faz��-lo.
Entregou-se �� leitura, os p��s na balaus-
trada da varanda e o cigarro e o isqueiro
do lado. E ali ficou, at�� que ouviu algu��m
chama-lo.
Virou o rosto e avistou Linda correndo.
Trazia algumas folhas nas m��os.
��� Gregory. Acabei!
��� O capitulo?
��� Sim. Trouxe-o para mostrar-lhe. Ler,
n��o adiantar�� muito, pois precisaria da his-
t��ria toda para comprender.
��� Concordo. Mas mesmo assim, deixe-
me v��-lo.
P��s de lado o livro que lia e recebeu as
folhas das m��os de Linda. N��o hesitou,
sentindo curiosidade por conhecer o estilo
dela, que assunto abordava.
No final, olhou-a e viu-lhe no olhar um
brilho de ansiedade, expectativa
��� Voc�� escreve muito bem ��� declarou.
��� Acha mesmo? ��� ela inquiriu, um
sorriso enfeitando-lhe os l��bios. P��g 25
_Estou sendo sincero. N��o me espan-
taria se o livro se tornasse um best-seller.
Ela meneou a m��o, brincalhona, e fez-
lhe uma falsa censura:
��� Deixe de ser bajulador.
��� N��o estou bajulando. Pelo pouqu��ssi-
mo que entendo de Literatura, voc�� tem
um estilo r��pido, preciso. N��o fica perden-
do tempo, entende?
��� Entendo. E fico contente que tenha
gostado. Assim como espero que meus edito-
res tamb��m gostem.
��� V��o gostar. Garanto-lhe.
��� Rezemos para isso.
Levantou-se da amurada da varanda e
apanhou as folhas das m��os de Gregory,
Em seguida, suspirou, aliviada:
��� Agora, estou livre por algum tempo,
at�� ter inspira����o para come��ar o pr��ximo
cap��tulo. ��� Olhou o mar e respirou fun-
do. ��� Vou p��r um biqu��ni e dar um mer-
gulho. Chega de trabalho por hoje.
Gregory fitou o rel��gio, olhando-a de-
pois, intrigado:
��� N��o acha um pouco tarde para um
mergulho? S��o mais de cinco da tarde.
��� E o que tem isso? N��o me incomodo
com a hora.
26���
��� Est�� certo.
��� Me acompanha?
Ele hesitou, olhando, meio amedronta-
do, o mar, ��quela hora, a ��gua deveria es-
tar um gelo. Mas o sorriso que Linda deu
por causa dessa sua olhada convenceu-o a
aceitar o convite:
��� O.K. Vamos l��.
��� Espere at�� eu botar o biqu��ni. N��o
demorarei nem cinco minutos.
E partiu correndo para sua cabana, le-
vando o conto que escrevera. Enquanto isso,
Gregory recolhia seus cigarros, o isqueiro e
o livro, levando-os para dentro e deixando-
os em cima da mesa.
Depois, continuaria a leitura. Agora,
tinha que arriscar-se a morrer congelado no
oceano.
Sorriu, olhando o mar pela janela. J��
come��ava a anoitecer, mas muito de leve.
O azul do c��u mostrava-se esmaecido, t��-
mido, e uma brisa suave dan��ava por to-
dos os cantos, como um prenuncio para a
tranq��ilidade e o aconchego da noite...
��� Vamos embora?
Esqueceu o anoitecer e deu meia volta.
Estacou, surpreso. Linda estava na porta da
cabana, envergando um sum��rio biqu��ni
negro.
���27
Estava maravilhosa. Os seios fartos, con-tidos no suti��, achavam-se apertados, o que
lhes aumentava o volume. O ventre era
Uso e belo. E as pernas, que a pequena cal-
cinha n��o podia esconder em nada, exi-
biam-se como colunas firmes e tentadoras.
��� O que foi? ��� ela inquiriu, um r��pi-
do toque de mal��cia cunhando-lhe a voz.
��� Nada, nada. Apenas que voc�� �� mui-
to bonita.
��� Obrigada. Mas n��o vim aqui para
falarmos se sou bonita ou n��o. Vim para
nadar.
��� Pois nadaremos.
Ele retirou-se da cabana, acompanhan-
do-a pela praia at�� a linha d'��gua. Linda
ia um pouco �� sua frente, o que lhe deixa-
va admirar suas costas desafiadoras, as n��-
degas meio em pinadas dentro da calcinha
muito justa e a parte detr��s das pernas.
Deveria ser maravilhoso t��-la completa-
mente nua em cima de uma cama, espe-
rando, desejando, provocando. Acarici��-la
toda, mordiscar-lne os seios, o ventre, as
pernas, e depois possu��-la com vagar, tortu-
rando-a com a demora da invas��o.
Um arrepio de desejo vergastou o corpo
de Gregory. N��o pensava mais na tempe-
28���
ratura do oceano ou em suas f��rias. A ��ni-ca coisa que podia pensar era em Linda,
Uma Linda sem aquele biqu��ni negro
a s��s com ele, num leito macio, rendendo-
se a seus beijes e car��cias.
Uma Linda amante e louca por prazer.
O barulho de algo furando a ��gua trou-
xe-o de volta �� realidade. Viu a garota
emergir a alguns metros da praia, come-
��ando logo a nadar.
E nadava muito bem, afastando-se, ru-
mo ao mar aberto.
De repente, mergulhou, desaparecendo
por completo. Retornou mementos depois,
agora nadando na sua dire����o.
��� Vamos, Gregory ��� ela incentivou-o,
alcan��ando a parte rasa e pondo-se de p��.
��� Est�� gostoso.
Ele correu os olhos por aquele corpo a
pouco passos de si. O biqu��ni molhado gru-
dava-se todo �� pele rija e jovem.
A parte inferior, triangular e muito ca-
vada, real��ava o desenho em relevo do se-
gredo de Linda. Escondia-se sob o tecido
negro e parecia pronto a arranhar os l��bios
ou os dedos de quem pudesse t��-lo por com-
pleto.
A superior mostrava os contornos do
busto empinado, deixando que parte dele P��g 29
escapasse de seus dom��nios e pudesse ser admirado na sua rig.dez jovem, perturba-dora. Denunciava os biquinhos dos seios,
entusmecidos pelo frio.
Al��m disso, mal a leve brisa vespertina
tocava Linda, ela arrepiava-se, sua pele
tornando-se mais er��tica, mais cobi����vel, e
acentuando as pontas irm��s do busto.
Gregory fez um esfor��o muito grande
para n��o aproximar-se e tom��-la nos bra-
��os, buscando com af�� e desejo aquela bo-
ca brilhante, que desafiava com seu forma-
to aveludado. E tamb��m para controlar as
m��os, que desejavam apertar, acariciar, des-
bravar, todos os pontos daquele corpo es-
guio e tr��mulo de frio.
Queria roubar-lhe o reduzido biqu��ni e
t��-la nua, completamente, pronta a conce-
der-lhe tudo que desejasse.
Um formigamento ccme��ou a alastrar-
se por seu corpo, indo direto para a base de
seu ventre.
Para disfar��ar o que sentia, correu at��
a ��gua e mergulhou, esquecendo-se da tem-
peratura do l��quido. Tinha que mergulhar.
Se continuasse o.hando L:nda e em espe-
cial pensando em tudo aquilo, acabaria ex-
citado.
Nadou alguns metros e retornou, emer-
gindo e pondo-se de p�� a pouca dist��ncia
30���
dela. Ela lhe sorria e ele teve d��vidas de que aquele sorriso fosse um convite ao
inv��s de apenas uma maneira de demons-
trar bom humor, de que estava se diver-
tindo.
Contudo, o sorriso persistia, chamando-
o, atraindo-o. Buscou conter-se, para n��o
parecer indelicado ou simplesmente um Don
Juan barato e aproveitador.
No entanto, todo aquele apelo intensa-
mente belo e desafiador estava al��m de
suas for��as. Era magn��tico, quase hipn��ti-
co.
Deu o primeiro passo na dire����o dela e
Linda n��o afastou-se, mantendo-se ali, co-
mo que �� espera. Apenas desmanchou um
pouco o sorriso, cravando os olhos nos de
Gregory e entreabrindo de leve a boca.
Tinha que ser um convite. E um convite
que ele jamais recusaria.
Acercou-se mais e, quando deu por si,
achava-se cem as m��os pousadas na cintura
fina de Linda, o corpo dela t��o pr��ximo, o
rosto dela voltado para o seu, os l��bios dela
bem junto aos seus.
N��o resistiu nem mais um momento e
esmagou aquela boca, percebendo, com es-
panto e gratid��o, que ela lhe retribu��a o
beijo, a l��ngua atrevida vindo �� procura da
sua e duelando com ela. P��g 31
Suas m��os, ent��o, foram para a base
das costas dela, subindo logo, at�� apertar-
lhe as esp��dulas. Queria-a colada a si, pre-
sa a seu corpo, para captar todo o calor
��mido que se desprendia daquelas formas
plenas de sensualidade.
O contato da pele de Linda contra a sua
acelerou-lhe furiosamente a respira����o, ar-
repiou-o, excitou-o mais. Se ela o detivesse
agora, n��o sabia o que faria. Seria capaz
de uma loucura, s�� pelo prazer de possu��-
la, de desfrutar de toda a beleza daquela
loura tentadora.
Dos l��bios dela, buscou-lhe o pesco��o.
Ela aceitou-lhe o atrevimento, meneando o
rosto para oferecer-se melhor. Tinha as
m��os no peito dele e, de um momento para
o outro, crispou-as, respondendo aos bei-
jos ardentes que ele depositava em sua gar-
ganta.
Come��ou a arquejar, aprisionada pelo
desejo, pela impaci��ncia do prazer. Abriu
a boca e a respira����o desabalada es-
capou por ela. Vez por outra, tremia nos
bra��os do homem.
Era mais uma comprova����o de que fo-
ra realmente um convite. Um convite que
talvez permitisse a Gregory maiores aud��-
cias, como correr uma das m��os at�� o la��o P��g 32
do suti�� em suas costas e solt��-lo com rapidez.
As duas pontas do cord��o negro ca��-
ram, indo ladear as costas de Linda e des-
nudando-as completamente. E essas costas
voltaram a receber as m��os do homem, que
agora afagavam com ��nsia, pressionavam,
procuravam calor e maciez.
O la��o inferior fora desfeito. Agora, era
a vez do superior, na nuca. Com movimen-
tos ��geis dos dedos, Gregory abriu-o num
piscar de olhos, afastando Linda apenas
um pouco de si, para roubar-lhe totalmente
o suti��.
Ela n��o tentou det��-lo. Deixou que ��
pe��a do biqu��ni fosse cair na areia, bem
longe do mar, e que seus seios conneces-
sem a liberdade. Mas uma liberdade ef��-
mera, po.s em breve se v.am cativos das
m��os em concha de Gregory.
Eram duros, redondos, petulantes. Os
mamilos, castanhos, achavam-se tensos, en-
rijecidos. Ele curvou-se e aprisionou uma
das pontas na boca.
Sugou-a e Linda fremeu. Sugoa-a de novo
e Linda vibrou ferozmente, emitindo um
grunhido profundo, ao passo que suas m��os
agarravam a cabe��a do homem e prendiam-
na de encontro ao busto P��g 33
Governavam-na, de um seio a outro,
passando-a pelo vale entre eles, pela curva-
tura inferior, pelos bicos afiados
��� Vamos entrar? ��� suplicou Gregory,
endireitando-se e apertando-a contra si.
��� Sim, amor...
Foi s�� o que ela respondeu, vendo-se lo-
go nos bra��os fortes do homem e carregada
para a cabana dele. Entraram, esquecendo-
se, na areia da praia, do suti�� do biqu��ni.P��g 34
Capitulo 3
Com Linda nos bra��os, Gregory ignorou
a sala da cabana e foi direito para o quar-
to. L��, depositou-a no ch��o, devagar.
No mesmo momento, beijaram-se com
sofreguid��o, entregando-se loucamente ao
beijo demorado e tempestuoso. Ao mesmo
tempo, Linda for��ou o centro das ancas
contra as do homem, percebendo-o ansio-
so, ��vido.
Mexeu de leve os quadris, ro��ando-se a
ele. Gregory arquejou, descendo as m��os de
suas costas at�� as n��degas e apertando-as.
Rapidamente, come��aram a se despir,
embora s�� tivessem como roupas a calci-
nha de Linda e o cal����o de Gregory. Mas
���35
mesmo assim, atrapalharam-se, visto que a ansiedade de se verem nus e se amarem
os confundia, os alucinava.
As duas pe��as de vestu��rio desaparece-
ram como por encanto, lan��adas a esmo
para o ch��o do quarto. Em seguida, os dois
corpos despidos e sedentos encontraram
abrigo no len��ol da cama.
Tornaram a se beijar, num bailado er��-
tico, embriagador, de l��nguas e l��bios. Ago-
ra, eram beijos ferozes, famintos. Suas m��os
n��o cessavam de tocar, correr, acariciar, lo-
cais secretos, mundos mornos e palpitan-
tes. Sobretudo as de Gregory, que ora assa-
vam o busto atrevido, ora o ventre achatado,
ora as pernas macias.
E, afinal, a m��o dele foi tocar Linda
de forma audaciosa, roubando dela um ge-
mido rouco de intenso prazer. Ela devolveu-
lhe o contato, atr��indo-o para si, querendo
que ele subisse para seu corpo e a satis-
fizesse.
Ele fez-lhe a vontade. Separou-lhe as
pernas com delicadeza e girou o corpo,
colocando-se entre elas. Vagaroso, aproxi-
mou-se, apenas encostando-se e fazendo
uma leve press��o.
Linda tomou-o nas m��os e guiou-o, su-
gando-o para suas entranhas ��midas e
36���
quentes. Gregory estremeceu com a en-
trada ao passo que Linda agarrava-se a el��
e soltava palavras sem sentido.
Respiravam com dificuldade, dopados
pela implac��vel sensa����o que lhes inflama-
va o ser e os impelia um para o outro.
Linda praticamente afastava as n��degas
do len��ol, ca��ando o homem, querendo tra-
z��-lo at�� o mais fundo de seu ��ntimo. Ao
mesmo tempo, ele avan��ava, at�� que se
completassem totalmente e pudessem ini-
ciar os movimentos que tanto desejavam.
Come��aram, ent��o. Apertavam-se, beija-
vam-se, arranhavam costas, peito, palpita-
vam em conjunto. Tinham se isolado da
realidade. Seja a daquele quarto silencioso
ou a da praia l�� fora, que a noite lenta-
mente ia dominando.
N��o tinham mais contato com o mundo.
Apenas cem a loucura vertiginosa e impla-
c��vel do prazer.
* * *
Linda retornou do banheiro e deitou-se
se de novo no leito. Veio aninhar-se, de
bru��os, ao peito de Gregory.
���37
��� Desculpe, Linda ��� ele disse, deva-
gar.
��� Desculpe? Por qu��?
��� Deve estar me achando um canalha
ou um tipo qualquer, depois de que eu dis-
se no almo��o e o que aconteceu agora...
Ela depositou as pontas dos dedos em
seus l��bios e interrompeu-o:
��� Se eu n��o quisesse tamb��m, nada
teria havido. A culpa pertence acs dois.
��� Isso me deixa mais tranq��ilo.
��� N��o deve se preocupar ��� ela calou-
se por uns segundos e perguntou: ��� Gos-
tou?
��� Sim. Maravilhoso. E voc��?
��� Muito ��� ela aninhou-se mais, fican-
do ali, quieta e de olhos fechados. ��� H��
muito tempo que n��o amava assim.
��� Pois j�� tem alguns meses que n��o
vou para a cama com uma mulher.
��� Por qu��? ��� ela surpreendeu-se.
��� Problemas com o meu casamento.
Mesmo tendo que enfrent��-los, nunca tra��
minha mulher. Essa �� a primeira vez.
��� Est�� com remorsos? P��g 38
��� Acho que n��o. E depois, entre eu e
Naomi, minha esposa, fidelidade j�� n��o tem
nada a ver .Estamos praticamente separa-
dos.
��� Vamos esquecer seus problemas, Gre-
gory. Voc�� disse que n��o queria falar so-
bre eles.
��� E �� verdade. Prefiro ficar aqui, com
voc�� ��� e apertou-a contra si.
Ela suspendeu o rosto, beijando-o com
leveza. Sorriu-lhe, depois:
��� Gostei muito de fazer amor com vo-
c��, Gregory.
��� Verdade?
��� Sim. �� um ��timo amante. Preocupa-
se tanto com sua parceira quanto com vo-
c�� mesmo.
��� Ora. E n��o �� assim que se ama?
Uma sombra estranha passou pelo ros-
to e pelos olhos de Linda. Como se Grego-
ry tivesse dito algo que lhe tivesse tra-
zido alguma lembran��a �� mente.
E uma lembran��a nada agrad��vel.
��� Sim, sim ��� ela apressou-se a respon-
der, como que disfar��ando o que sentira.
���39
Deixou o leito e foi buscar o ma��o de cigarros na sala. Acendeu dois, passando
um deles ao amante. O outro, come��ou a fu-
m��-lo, sentada na borda da cama e olhan-
do o mar pela janela.
Parecia distante, bem distante, Grego-
ry pensou consigo, admirando-a. Via-a um
pouco de perfil. Estava sentada com os
p��s para fora do len��ol, os bra��os ca��dos
sobre as coxas e as costas meio curva-
das.
Por��m, apesar do des��nimo da postura,
continuava atraente, provocante. Ele po-
dia contemplar-lhe as pontas dos seios, que
os bra��os deixavam �� mostra.
-Uma f��mea bela, ardente e que gosta-
va de amar e ser amada.
��� Houve alguma coisa, Linda? ��� ele
inquiriu, prestando aten����o ao seu rosto
bonito.
��� Nada, Gregory. Nada. Por que per-
gunta?
��� Deu-me a impress��o, e ainda est��
dando, de ter lembrado de algo n��o mui-
to simp��tico.
Ela voltou o rosto de imediato, olhan-
do-o. Foi taxativa em sua resposta:
40���
��� N��o �� nada. Pode ficar descansado.
Gregory desistiu de novas perguntas.
Contudo, n��o podia deixar de intrigar-se,
visto que Linda mantinha a express��o pen-
sativa e triste dos olhos e das faces.
E continuava olhando o mar l�� fora,
que agora, envolto pela noite, nada mais
era que um tapete escuro, tranq��ilo.
Ele deu mais algumas tragadas no ci-
garro e amassou-o em um cinzeiro pr��xi-
mo. Depois, acercou-se da amante, beijan-
do-a na orelha.
Linda estremeceu, voltando o rosto. Es-
queceu o que pensava, entreabrindo os l��-
bios e aguardando que o homem os bei-
jasse.
Pois Gregory a beijou, correndo uma
das m��os por sob o bra��o dela e indo se-
gurar-lhe um dos seios. Apertou-o. Linda
soltou um d��bil protesto, come��ando a res-
pirar mais r��pido.
��� Vamos repetir, amor? ��� ele interro-
gou, deixando de beij��-la e mordiscando-a
no ombro.
��� Sim. Estou precisando... P��g 41
E lan��ou o cigarro pela janela, deitan-do-se no leito e depositando a cabe��a dou-
rada no travesseiro. O homem correu os
olhos por seu corpo. Foi det��-los. com
maior insist��ncia, nos seios altivos e redon-
dos.
Abaixou o corpo, passando a beij��-los
com ternura e lentid��o. Por momentos, Lin-
da pareceu n��o ter vontade de reagir. Toda-
via, logo uma de suas m��os vinha repousar
sobre os cabelos do amante, alisando-os.
Estes foram os afagos iniciais. Em bre-
ve, ela esquecia o que fosse que estivera
pensando e se entregava ao prazer que Gre-
gory lhe oferecia.
E amou-o completamente, at�� onde a
energia de ambos p��de suportar.
* * *
Gregory virou-se no leito e resmungou
qualquer coisa, quando o sol, entrando pela
janela, atingiu-lhe em cheio os olhos. Mo-
veu a cabe��a para o outro, lado, afundan-
do-a no travesseiro e procurando recaptu-
rar o sono.
42���
S�� que n��o adiantaria. Poderia ficar
na cama, pregui��osamente. Quanto ao so-
no, ele n��o voltaria t��o cedo.
Ent��o, um cheiro gostoso de caf�� inva-
diu-lhe as narinas. Respirou com for��a
v��rias vezes e sua boca inundou-se de
��gua.
Estava com fome e aquele cheiro o
atra��a, irresistivelmente, for��ando-o a sen-
tar-se �� borda do leito e espregui��ar-se. Er-
gueu-se, reparando que estava nu. Por um
segundo, estranhou o fato, mas logo recor-
dou-se do que acontecera durante a noite
naquele leito.
Linda era uma amante maravilhosa.
Maravilhosa mesmo. O seu jeito de amar,
de render-se por inteiro, havia esvaziado o
c��rebro de Gregory de todas as tens��es.
Era a primeira vez, nos ��ltimos tempos,
que se sentia bem melhor.
Parecia at�� que n��o havia mais proble-
mas em sua vida.
Vestindo um robe, que tirou de sua ma-
la de roupas, saiu do quarto. Na sala, depa-
rou-se com a mesa arrumada, pronta para
o caf�� da manh��.
Sorriu, indo at�� a cozinha.
��� 4 3
��� Ol��, dorminhoco! ��� Linda cumpri-
mentou-o, voltando-se da pia e enviando-lhe
um sorriso estimulante. ��� Pensei que n��o
la mais acordar.
Ele enfiou as m��os nos bolses do robe,
encostou-se �� moldura da porta e bocejou.
��� Que horas s��o? ��� inquiriu.
��� Quase meio-dia. Tamb��m acordei tar-
de. Mas tive tempo de fazer um pouco de
caf�� e preparar algumas torradas.
��� Fazer caf�� e preparar torradas? Co-
mo? Eu s�� trouxe comida enlatada e bebi-
da.
��� Fui buscar na minha cabana. Voc��s,
homens, n��o sabem realmente o que devem
e o que n��o devem comer. Essas comidas
enlatadas s��o ��timas para uma vez ou ou-
tra, n��o para o tempo todo.
��� O.K. J�� que voc�� diz, eu acato.
Ser�� que d�� tempo de eu tomar um banho
r��pido antes do caf��?
��� Claro que sim. Se se apressar.
Ele nem ao menos respondeu, rumando
ao banheiro e jogando-se debaixo do chu-
veiro frio. Uns dez minutos depois, voltou, P��g 44
com uma toalha passada em torno da cintura.
Sentou-se �� mesa e Linda fez quest��o de
servi-lo. Comeram, ent��o, no princ��pio em
sil��ncio, mas depois, Gregory comentou:
��� O dia est�� lindo, n��o? ��timo para
um mergulho.
��� Concordo. Depois que comermos,
descansaremos um pouco e iremos nadar.
��� Est�� certo.
E voltaram a ficar mudos, cada um
imerso em seus pensamentos. At�� que, pela
segunda vez, Linda quebrou esse sil��ncio:
��� Gregory. Posso fazer-lhe uma per-
gunta?
��� Todas que quiser.
��� Sei que n��o tenho direito algum de
meter-se na sua vida, mas por que veio pa-
ra c��? Por que alugou esta cabana?
Ele parou de comer no mesmo instante
e teve ��mpeto de recusar-se a responder.
Por��m, ao voltar o rosto para a garota, n��o
teve coragem. Havia um brilho de interes-
se sincero e compreensivo nos olhos dela.
Uma preocupa����o verdadeira quanto aos
problemas dele.
45
��� Estou tentando me decidir ��� repli-
cou, afinal.
��� Sobre?
��� Se me divorcio ou n��o. Eu e Naomi
n��o podemos mais viver juntos.
��� N��o �� preciso explicar, Gregory...
��� lentamente, ela pousou sua m��o sobre a
dele.
Estava macia como sempre. Contudo,
trazia um calor humano que sensibilizou
Gregory. Era como se ela lhe dissesse que
era solid��ria a seu sofrimento, a suas d��-
vidas.
��� N��o, Linda. Acho que �� melhor fa-
lar tudo de uma vez.
��� Se n��o quiser, n��o me importo...
��� Eu �� quem lhe pergunto se se im-
portaria de ouvir. De ser meu po��o de con-
fidencias.
Ela sorriu de maneira agrad��vel, con-
fortante. Dava a impress��o de n��o estar
mais ali a mulher ardente e perita que
fizera amor com ele durante a noite. Ape-,
sar de toda a sensualidade do fino baby-
doll branco, que deixava ver todo o er��ti-
co desenho de seus seios, Linda era agora
uma jovem simp��tica, at�� mesmo ing��nua. P��g 46
Uma crian��a, que se inquietava com o
sofrimento alheio. Que desejava servir pa-
ra alguma coisa, al��m de simplesmente
uma f��mea para um macho ansioso.
��� Pode falar, Gregory. Estou ouvindo.
Estimulado por essas palavras, ele dei-
xou a refei����o pela metade, acendeu um
cigarro e come��ou a falar. Falar tudo. Os
tr��s anos de casamento, o amor que sen-
tia por Naomi, a modifica����o que ela tive-
ra. Tudo enfim.
E Linda o ouvia, atenta, tentando com-
partilhar a dor daquele homem t��o inde-
ciso e inseguro quanto ao futuro.
Se �� que ela n��o estava tamb��m inde-
cisa e insegura quanto ao futuro. P��g 47
���47
Capitulo 4
Depois de quase uma hora conversando,
arrumaram tudo e vestiram suas roupas de
banho, indo para a praia. Como duas crian-
��as despreocupadas e travessas, brincaram,
mergulharam, nadaram. Enfim, divertiram-
se ao m��ximo, esquecendo-se completamen-
te da vida que habitava o mundo al��m da-
quela praia e daquela cabana.
Gregory estava ��timo. O fato de ter-se
aberto com Linda tinha produzido um efei-
to ben��fico e renovador em si. Sentia-se
leve. Leve e disposto a encarar com maior
confian��a o futuro que o esperava em No-
va Iorque. P��g 48
Depois, cansados, voltaram para casa e nem ao menos se preocuparam em banhar-se. Foram para o leito do quarto e se ama
ram.
Tinham por todo o corpo o cheiro salga-
do do mar, o cheiro forte do sol quente
que lhes queimara a pele. Excitavam-se
com isso, preocupando-se em beijar e aca-
riciar com maior insist��ncia as partes bran-
cas de seus corpos. As partes que o sol n��o
pudera atingir cem seu ardor.
Eram duas formas sensuais e provocan-
tes sobre o leito, se tocando, fazendo e re-
cebendo afagos por demais atrevidos e ex-
citantes. Seus beijos eram trocados ora com
ternura ora com implac��vel desejo.
N��o se preocupavam com coisa alguma.
Queriam apenas amar, amar e amar, sem
limites, sem fronteiras. Mesmo cansados e
encharcados de suor, ainda se procuravam,
encostando-se, ro��ando-se, com a pele de
duas cores e ardendo de sensual ansiedade.
Enfim, relaxaram-se e adormeceram.
Achavam-se fatigados demais para fazerem
o que fosse. P��g 49
u
Acordaram com a noite j�� fechada. Lin-da preparou qualquer coisa ligeira para co-
merem e, depois de lavarem os pratos, fo-
ram sentar-se na varanda da cabana.
Naquela noite, preferiram n��o se amar.
entre as nuvens suaves uma lua cheia
e bela.
Naquela noite, preferiram n��o se amar.
Encantados com a beleza da noite e da
lua, apenas se beijaram com excessivo ca-
rinho e foram deitar-se.
Adormeceram, Linda aconchegada ao
peito de Gregory e Gregory com o bra��o
pousado sobre suas costas.
Dormiram logo, sentindo-se maravilho-
samente bem.
�� ��� *
No dia seguinte, segunda-feira, Gregory
levantou cedo. Sentia-se excelente, bem dis-
posto. Dormira como uma pedra e agora le-
vantava-se descansado e pronto a enfrentar
seus problemas.
De p��, olhou o leito e viu que Linda
ainda dormia, como uma crian��a. Pois a
50���
deixaria dormindo. Enquanto isso, tomaria um bom banho, poria uma roupa confort��-
vel e iria at�� a cozinha, para comer qual-
quer coisa. Em seguida, iria at�� Franville.
Esquecera-se de trazer cigarros o bas-
tante para o seu ex��lio tempor��rio. Com-
prara tudo que precisaria, mas n��o se lem-
brara de seu principal v��cio: fumar.
Tomou banho, trocou de roupa e deteve-
se diante do leito. Interrogava-se se deve-
ria acordar Linda ou n��o. Ela estava dor-
mindo t��o bem.
Enquanto se decidia, deixou-se ficar ali,
ohservando-a.
Estava nua, deitada de bru��os, os bra��os
sob um dos travesseiros. Como coberta, s��
havia um fino len��ol branco, que escondia
seu corpo at�� a metade das costas. Dali em
diante, os cabelos cor-de-ouro encerraga-
vam-se de ocultar, aqui e ali, partes da pe-
le sedosa e jovem.
Meio excitado, desceu os olhos pelo len-
��ol branco. Ele modelava com perfei����o as
formas de Linda. As n��degas um tanto em-
���51
pinadas, os quadris estreitos, as pernas lon-gas.
Desejou acord��-la. Mas n��o para avisar-
lhe que iria at�� Franv��le e estaria de vol-
ta dentro de uma ou duas horas. Queria
acord��-la para se amarem novamente, co-
mo o haviam feito durante grande pane da
noite.
Desistiu. N��o a incomodaria nem para
uma coisa nem para a outra escrever um
bilhete e o deixaria em cima da mesa da
sala.
Desistiu novamente. Achou que seria ar-
riscado deix��-la a s��s, ainda mais dormin-
do. Para ir �� cidade, seria obrigado a tran-
car a cabana. E se Linda desejasse ir at�� a
sua pr��pria? Como faria para sair?
Assim, aproximou-se e acariciou-lhe um
dos ombros. Ela resmungou qualquer coisa
e enfiou mais a cabe��a no travesseiro. Gre-
gory repetiu a car��cia.
��� Hum... O que foi? ��� ela indagou,
com voz pastosa.
��� Acorde. J�� �� um pouco tarde.
��� Deixe-me dormir... P��g 52
_ �� o que gostaria de fazer. Deix��-ia dormir. Mas tenho que ir a Pranville buscar cigarros.
Linda n��o respondeu e passaram-se, al-
guns momentos. Ela, ent��o, girou no leito,
ficando de costas. O movimento fez o len-
��ol correr, descobrindo-lhe completamente
os seios.
Bocejou e espregui��ou-se. Saltou da ca-
ma, esquecendo-se do len��ol.
��� Vou me vestir e voltarei para minha
cabana, Gregory.
��� N��o quer ir comigo at�� Franville?
Por um segundo, ela hesitou, mas repli-
cou com rapidez:
��� N��o, n��o, amor. Enquanto voc�� vai,
verei se h�� mais alguma coisa para corrigir
no meu conto. Assim, poderei fech��-lo de
uma vez.
��� Est�� certo. Em uma ou duas horas,
estarei de volta.
E ele rumou �� porta da cabana, espe-
rando ali que Linda se vestisse rapidamen-
te e passasse para a varanda. Ent��o, cha- P��g 53
veou a cabana, ambos descendo a escadinha at�� a areia.
��� N��o desapare��a, viu? ��� ele avisou,
sorridente, enquanto se instalava no vo-
lante de seu carro.
��� N��o se preocupe ��� e esticou-se para
ele, atrav��s da janela do autom��vel, dan-
do-lhe um beijo nos l��bios.
Com per��cia, Gregory manobrou e pou-
co depois tomava a estrada,que o conduzi-
ria a Franville. Linda ficou para tr��s, ace-
nando-lhe.
E, sem querer, enquanto a olhava pelo
retrovisor, Gregory sentiu algo estranho
naquele acenar.
Como se fosse um adeus realmente.
De fato, em pouco mais de uma hora,
Gregory retornou �� cabana. E retornou an-
sioso por rever Linda, por beij��-la, por estar
em sua companhia. Naquele pouco espa��o
de tempo em que fora at�� Franville, sentira
saudades dela.
54���
Achou engra��ado isso. Sentir saudades de algu��m que se conhecera h�� dois dias e
s�� por causa de uma ou duas horas de se-
para����o.
Penetrou com o carro a praia e foi frei��-
lo em frente �� varanda da casa. Desligou
o motor, apanhou os dois pacotes de cigarro
que comprara no banco a seu lado e saltou.
Olhou a cabana de Linda. Se ela estava
l��, trabalhando em seu livro, j�� deveria ter
percebido que ele chegara. S�� o barulho do
carro j�� a teria avisado.
Rumou para sua pr��pria cabana, abrin-
do a porta e pensando em guardar os ci-
garros logo e correr at�� a casa de Linda.
Iria propor um bom mergulho, depois um
gostoso almo��o feito a dois e, em seguida,
dando um tempo para a digest��o, volta-
rem a fazer amor.
Seria um ��timo programa para uma se-
gunda-feira calma e solit��ria...
Parou de pensar, olhando o ch��o da
cabana. Havia um envelope ali, a seus
p��s.
Abaixou-se e apanhou-o. Ora. Pelo que
lhe constava, n��o havia servi��o postal para P��g 55
aquelas casas de aluguel. Assim, o que estaria fazendo aquele envelope ali? Quem o
teria colocado?
Realmente intrigado, virou-o de um la-
do e de outro, ficando mais curioso ainda.
N��o havia nem destinat��rio nem reme-
tente.
Intrigado, depositou os pacotes de ci-
garros na mesa da sala e abriu o envelope.
Dentro, havia uma folha de papel, dobrada
com todo o cuidado. Desdobrou-a e come��ou
a l��-la:
"Querido Gregory:
N��o fique zangado comigo, sim? Quan-
do estiver lendo estas linhas, j�� estarei um
pouco longe. �� o melhor para voc�� e para
mim.
"N��o se pergunte quanto aos meus mo-
tivos. Nem mesmo um livro inteiro, e muito
menos esta cartay daria para explic��-los.
"S�� quero que me perdoe e n��o fique
zangado. Sei que �� a melhor coisa mesmo.
Tenha certeza.
"Desde ontem, quando fizemos amor pe-
la primeira vez, me sinto feliz. Muito feliz.
56���
Fui feliz cada momento que passei a seu lado. E n��o quero estragar essa felicidade.
Assim, irei embora, guardando para sem-
pre uma imagem boa de voc�� e de tudo
que fizemos.
"Foi tudo maravilhoso. Maravilhoso co-
mo nunca pensei que alguma coisa pudesse
ser em minha vida. Mas tenho medo de ser
feliz, Gregory. Muito medo. Deixe-me sair
de sua vida antes que algo venha estragar
essa felicidade.
"Por favor. N��o me procure. �� a ��nica
coisa que lhe pe��o.
Linda."
Sem rea����o, ele releu a mensagem e vol-
tou a l��-la mais uma ou duas vezes. Ent��o,
aqueles acenos que ela fizera quando ele
fora a Franville tinham sido realmente de
adeus
Ela estava simplesmente se despedindo.
Raios!, praguejou consigo, sentando-��e
numa cadeira. Ela se fora da mesma for-
ma que aparecera: brusca, inesperada. Mas
por que, diachos? Por qu��?!
.���57
Tinha medo de ser feliz. Por��m, quem
pode ter medo de ser feliz? Por que temer
a felicidade, quando �� a melhor coisa do
mundo?
Mas Linda tinha medo. Ao menos, fora
o que dissera na carta. Deixara-o porque fo-
ra feliz em sua companhia, na mesma cama
que a sua, e por ter medo disso tudo.
Por um momento, pensou que ela hou-
vesse partido por ele ser casado. Mas isso
n��o era motivo. Ele estava se decidindo se
deveria divorciar-se ou n��o. Ela poderia es-
perar pela decis��o dele.
Divorciando-se, seria um homem soltei-
ro, pronto a dar-lhe uma situa����o honra-
da, um nome, um lar.
Revoltado, nem ao menos preocupou-se
em ir at�� a cabana dela e procur��-la. N��o
adiantaria. Se havia deixado aquele bilhete
fora porque partira mesmo. Seria apenas
desperd��cio de trabalho.
Desanimado, dobrou a carta e guardou-a
no envelope. Agora, n��o tinha mais ��nimo
58���
de ficar naquela cabana. Iria embora. Voltaria a Nova Iorque. Para que ficar ali?
Sem Linda, aqueles dias tinham perdi-
do todo o seu encanto para ele.
Nova Iorque seria bem melhor que aque-
la praia deserta, que o leito do quarto soli-
t��rio, sem o corpo jovem e sensual de uma
garota chamada Linda Hight.
* * *
��� Gregory! ��� ao abrir a porta de seu
apartamento, Ernest Bennett espantou-se.
��� O que faz aqui? Ainda n��o s��o nem uma
da tarde de segunda-eifra.
Gregory fitou o amigo e interrogou,
num fio de voz:
��� Posso entrar? Gostaria de conversar
com voc��.
��� Claro que sim. Minha casa estar��
sempre aberta para voc��.
Ele ignorou a declara����o de amizade e
entrou no pequeno e confort��vel aparta-
mento de solteiro. Acabara de chegar da
cabana e ainda usava as mesmas roupas
com que fora a Franville. P��g 59
Sentou-se no sof�� e ouviu Ernest oferecer:
��� Que tal um u��sque? Ou uma cerveja?
��� Uma cerveja estaria bem. Est�� um
calor dos diabos.
Ernest riu e saiu da sala, rumando ��
cozinha. Gregory ficou a s��s, recostando-se
no sof�� e procurando um cigarro no bolso
da camisa. Acendeu-o pensando nos seus
motivos para ter ido ao apartamento do
amigo.
Chegara h�� pouco a Nova Iorque e n��o
tivera o m��nimo ��nimo de ir para casa.
Sua cabe��a estava girando de tantos pen-
samentos. De tantas perguntas referentes
�� atitude que Linda tomara.
E depois, em casa, se encontraria com
Naomi. N��o desejava v��-la t��o cedo.
S�� pensara em conversar com algu��m.
Algu��m em quem pudesse confiar e abrir-
se. E Ernest era esse tipo de algu��m. Ouvi-
ria tudo em sil��ncio e depois daria, sua opi-
ni��o. Com toda a franqueza.
Ernest regressou da cozinha, trazendo
duas latas de cerveja. Entregou uma a Gre- P��g 60
gory e com a outra para si foi sentar-se numa poltrona.
��� O que houve, rapaz? ��� interrogou.
��� Est�� com uma cara horr��vel. �� algo refe-
rente a Naomi?
��� N��o, Ernest. N��o tem nada a ver
com Naomi. Ou melhor. Talvez ela seja a
culpada de tudo...
��� N��o estou entendendo, Gregory ���
confessou Ernest. ��� O que deseja dizer com
isso?
Ele custou a responder. Ali��s, nem ao
menos sabia o que responder. Sua mente
estava trabalhando ativamente com tantos
pensamentos entrando e saindo, indo e
vindo.
Declarou, ent��o:
��� Se eu e Naomi n��o estiv��ssemos nes-
sa maldita situa����o em que estamos, eu
n��o teria ido ��quela cabana na praia e . . .
Calou-se, praticamente tomando todo o
conte��do da lata de cerveja. Estalou os
l��bios e mudou de assunto, tentando n��o
pensar mais no interior:
��� Estou precisando conversar um pouco
com algu��m, Ernest. P��g 61
��� Pois veio ao lugar certo. Pode falar o quanto desejar. N��o vou ao escrit��rio ho-je. De que se trata?
Gregory sentou-se e enterrou os olhos
no tapete, come��ando a falar.-
Falou tudo que acontecera nos ��ltimos
dias. Sua viagem para a cabana, o encon-
tro com Linda, as duas noites maravilho-
sas que haviam passado juntos e, final-
mente o bilhete dela, pedindo desculpas por
partir sem falar-lhe pessoalmente.
P��s de lado detalhes que n��o tinham in-
teresse �� conversa, como a maneira intensa-
mente bela e er��tica de Linda render-se ao
amor, como se fosse a coisa mais importan-
te para sua vida. Seu total e completo des-
controle quando alcan��ava o ��xtase.
N��o falou sobre a maravilhosa amante
que era Linda.
No final, retirou os olhos do ch��o e vol-
tou-se para o amigo, mirando-o com aten-
����o e inquirindo:
��� Se estivesse no meu lugar, o que fa-
ria?
��� Sobre o qu��? Para encontrar essa ga-
rota? P��g 62
��� N��o. Encontr��-la �� t��o f��cil quanto somar dois mais dois. �� s�� procurar a corretora das cabanas e tentar obter-lhe o en-
dere��o.
��� Ent��o, o que deseja de mim?
��� Acha que devo procur��-la? Que de-
vo pedir o endere��o dela �� corretora e ir
a seu encontro?
Ernest custou a responder, tomando
mais um gole de sua cerveja. Ap��s mais
alguns mementos, resolveu-se:
��� Por mim, iria procur��-la sem mais
demora. Nenhuma garota ia me deixar plan-
tado numa praia deserta sem mais nem
menos. No m��nimo, para que me explicas-
se direito o que est�� havendo. Agora, no
seu caso, voc�� �� quem tem que decidir. A
decis��o s�� pertence a voc��.
Gregory levantou-se, com ar desanima-
do:
��� Pois foi o que pensei durante a via-
gem da praia at�� Nova Iorque. Sou eu quem
tem que decidir.
��� Assim sendo, fa��a o que sua cons-
ci��ncia achar certo.
��� Mas e o bilhete que ela me escre-
veu? Pede que eu n��o me aborre��a e que P��g 63
a perdoe. E que tamb��m a esque��a, de um vez por todas.
Ernest ficou calado, deixando que o ami-
go resolvesse o problema sozinho. N��o po-
dia dar opini��o alguma, embora j�� tivesse
dito o que faria em seu lugar. A decis��o
dependia ��nica e exclusivamente de Gre-
gory.
��� Ent��o? ��� perguntou, devagar.
Gregory depositou a lata de cerveja na
mesinha de centro e respondeu:
��� N��o sei. Acho que vou para um ho-
tel, tomarei um banho e pensarei um pouco.
N��o quero encontrar-me com Naomi.
Ernest levantou-se e deu um tapinha de
leve no ombro de Gregory:
��� Fa��a como quiser, rapaz. O que de-
pender de mim, sabe que estou ��s ordens.
Sensibilizado, Gregory estendeu a m��o
ao amigo. Ernest era seu melhor amigo
realmente. Podia confiar nele como confia-
ria em seu pr��prio pai. E ele desmonstra-
ra isso sendo sincero agora, e n��o tentan-
do arvorar-se conselheiro sentimental. Ou
mesmo um falso puritano, chocado por Gre-
gory ser casado e ter ido para a cama com
outra mulher.
64-
���
Foi at�� a porta e voltou a apertar-lhe a
m��o, retirando-se do apartamento. Desceu
no elevador com as m��os enterradas nos
bolsos da cal��a, pensativo.
Sinceramente, n��o sabia o que fazer. Es-
tava certo de desejar rever Linda, conver-
sar com ela, descobrir seus motivos para
temer tanto a felicidade. Por��m, tinha re-
ceio de imiscuir-se em sua vida. Ela possu��a
o direito de afastar-se quando bem enten-
desse. E de conservar para si mesma as ra-
z��es desse afastamento, desde que fossem
bastante ��ntimos para tal. Se fosse procur��-
la, correria o risco de invadir sua intimi-
dade.
Alcan��ou a rua e come��ou a andar at��
seu carro. Conseguir-lhe o endere��o era fa-
c��limo. Mesmo que a corretora, por ��tica
profissional ou o que fosse, n��o se dispu-
sesse a fornecer-lhe a informa����o, sempre
haveria um funcion��rio dela disposto a
aceitar alguns d��lares em troca de uma
simples olhada nos arquivos da firma.
Com o endere��o e o telefone, ligaria para
ela antes de ir visit��-la. Talvez assim sua-
visse as coisas para Linda, do que aparecer
na sua porta de uma hora para a outra. P��g 65
Pensou em procurar no cat��logo. Afinal, tinha o prenome e o sobrenome dela. Mas
n��o adiantaria nada.
Deveriam existir centenas de Linda
Hight em Nova Iorque. Seria pura perda
de tempo. E de dinheiro, telefonando para
uma por uma, at�� achar a que desejava.
Assim, s�� lhe restava a corretora como
alternativa. Iria at�� l�� e falaria com eles,
Agora, procuraria um hotel e tomaria um
banho.
E tentaria tirar do c��rebro Linda Hight.
66���
Capitulo 5
Gregory conseguiu arrumar um hotel,
conseguiu tomar seu banho, mas n��o con-
seguiu tirar Linda do pensamento. O tem-
po todo, ela estava em sua mente, a sua
frente, falando-lhe, mergulhando no ocea-
no, correndo com o cap��tulo que acabara
de escrever.
Podia ouvir nitidamente sua voz rouca,
cheia de afli����o, durante o amor. Seu modo
de entregar-se. Seus gemidos, seu jeito ar-
fante de delirar de prazer.
E sentia tamb��m, com incr��vel nitidez,
seu corpo quente e sensual sob o seu, de-
vorando-o, clamando por ele.
���67
Raios! Queria esquec��-la e s�� fazia era recordar-se dela. De tudo que acontecera
naquela cabana �� beira-mar.
Com todos esses pensamentos rodopian-
do em seu c��rebro, banhou-se e telefonou
para Ernest, dizendo-lhe em que hotel esta-
va hospedado, para o caso dele precisar en-
contr��-lo.
Depois, deixou o quarto, rumando �� cor-
retora daquelas cabanas. Mike iria ajud��-
lo com a maior boa-vontade.
Na empresa, falando com Mike, teve o
que buscava: o endere��o da Srta. Linda
Hight, que alugara por cinco dias a cabana
n��mero quatro daquela praia pr��xima a
Franville. Satisfeito, deixou a corretora e to-
mou o rumo de seu carro.
Instalou-se ao volante e conversou con-
sigo mesmo.
Tinha o endere��o e o telefone. O melhor
mesmo seria telefonar antes. Sim. Muito
melhor.
S�� que havia um por��m E se ela n��o
quisesse receb��-lo? E se, ao reconhecer-lhe a
68���
voz, batesse o fone e n��o mais o atendesse?
Ou at�� mesmo poderia falar-lhe, pedindo-
lhe por favor que a deixasse em paz.
Ent��o, teria realmente que deix��-la em
paz. Esquec��-la completamente. N��o iria,
em hip��tese alguma, impingir sua presen��a
a ningu��m.
Diante de tudo isso, resolveu telefonar.
Era o mais certo a fazer.
Voltou para o hotel e, logo que entrou
no quarto, precipitou-se para o telefone.
Discou o n��mero que Mike lhe dera na cor-
retora, esperando, com impaci��ncia, que o
primeiro sinal de chamada viesse pela li-
nha.
Primeiro sinal, segundo, terceiro. Raios!
Aquela espera estava mexendo com seus
nervos. Deveria ter algu��m em casa. Linda
tinha que estar em casa!
Mas talvez tivesse ido a algum lugar.
�� editora? Sim! Mostrar a seu editor o
cap��tulo que escrevera. Por isso, o telefone
n��o era atendido...
��� Al�� ��� uma voz feminina surgiu do
aparelho e quase o espantou.
���69
��� Al�� ��� apressou-se a responder lo-
go. ��� Linda?
��� N��o, cavalheiro. O senhor deseja fa-
lar com que n��mero?
A voz era macia e um tanto quente, co-
mo um afago t��mido, reservado. S�� que ele
n��o estava interessado de maneira alguma
em vozes macias ou quentes. Estava inte-
ressado em ouvir a de Linda. S�� a dela.
Ditou o n��mero do telefone que discara,
acrescentando:
��� �� esse o n��mero que tenho.
��� Pois �� daqui mesmo, cavalheiro ���
respondeu-lhe a voz. ��� O senhor deseja fa-
lar com Linda?
��� Sim. Ela est��?
��� Infelizmente, n��o Foi �� editora. Se
quiser deixar recado, assim que ela chegue,
direi que ligou.
Recados? Para que deixaria recados?
Para landa, ao saber que fora ele quem li-
gara, n��o atender mais ao telefone? Ou sim-
plesmente mudar-se para a casa de uma
amiga, ficando l�� durante alguns dias, at��
que ele se cansasse de chamar? P��g 70
Recados de nada valeriam naquela si-
tua����o.
��� N��o, n��o �� preciso ��� recusou. ���
Acho que ligarei mais tarde.
��� N��o quer ao menos deixar seu nome?
Assim, ela saber�� que ligou quando chegar.
��� Muito agradecido, mas n��o �� neces-
s��rio. Ligarei mais tarde.
��� Est�� certo. Como quiser.
Gregory agradeceu e desligou. Com uma
sensa����o de vazio, ou mesmo frustra����o,
deixou-se ficar sentado ao lado do aparelho,
olhando-o.
S�� que n��o o via. Seus pensamentos es-
tavam longe, muito longe, presos a uma ca-
bana junto ao mar, a uma garota de cabe-
los dourados usando um biqu��ni negro e a
uma carta escrita numa caligrafia segura e
bem desenhada.
Estava pensando em Linda. Talvez ela
estivesse em casa e, desconfiando que ele
seria bastante inteligente para procurar
seu endere��o em Nova Iorque, na corretora,
pedira �� pessoa que atendera para dizer que
sa��ra. Que fora �� editora. P��g 71
Claro que poderia ter sido isso. Afinal de contas, era uma escritora. Era inteligente, imaginativa, como todos os artistas. Se-
ria f��cil para ela imaginar qual a manei-
ra mais r��pida de Gregory conseguir-lhe o
endere��o e o telefone.
Bastaria inverter a situa����o: o que ela
faria se tivesse de encontr��-lo? Procurar a
corretora das cabanas.
Aborrecido, levantou-se e acendeu um
cigarro. Come��ou a andar pela sala, refle-
tindo sobre o que faria a seguir. Ir �� casa
dela e tirar a d��vida quanto a ela estar
ou n��o l��, talvez fosse aconselh��vel. Ou
talvez n��o. Ou seria melhor esperar um
pouco e voltar a ligar? Sim. Era esse o
procedimetno correto.
Se na segunda vez n��o conseguisse fa-
lar-lhe, iria a seu encontro. Seria indelica-
deza, seria de certa forma um atrevimento,
mas n��o tinha import��ncia. Tentaria falar-
lhe de qualquer forma.
Agora, a quest��o era esperar. P��g 72
Gregory arrepiou-se de prazer, fitando o rosto de Linda, a cabe��a dela repousada
no travesseiro do leito. Seus l��bios brilha-
vam, separados, e, al��m deles, a ponta ��mi-
da de sua lingua convidava a um beijo fu-
rioso e ardente.
Ele desceu o rosto com vagar, saborean-
do a aproxima����o lenta. Beijou-a, ent��o. Ao
mesmo tempo, sua m��o esquerda alisava-
Ihe o ventre macio, indo a seguir desposi-
tar-se sobre um dos seios t��o s��lidos.
Pressionou-o de leve. Linda contorceu-
se no leito da cabana, ofegando e rogando
por ele. Em meio ao sil��ncio do quarto,
trouxe a m��o direita para a frente e colo-
cou-se em cima da do homem, prenden-
do-a de encontro ao seio.
Gregory deixou-se aprisionar, repetindo
as pres��es naquele morro que tanto amor
suplicava. E foi descendo na cama, at��
que p��de inclinar a cabe��a e beijar um dos
mamilos duros de ansiedade.
Estavam inchados, tensos. Sugou-os de-
moradamente, algumas vezes mordiscando-
o, outras, passeando a ponta da l��ngua ne-
le e a seu redor. P��g 73
A pontinha castanha afiou-se mais, aparentando ser um marco de beleza e desafio
no c.mo dos morros seguros e belos.
E Gregory n��o quis se satisfazer somen-
te com os seios da amante, muito embora
quisesse ficar ali ,desfrutando deles a vida
inteira, se poss��vel.
Desceu mais no len��ol e deslizou a l��n-
gue pelo ventre elegante, captando a pele
aveludada arrepiar-se de prazer. Tocou com
os l��bios o umbigo pequenino e mimoso.
Linda concedeu-lhe todas essas gra��as,
as m��os segurando-lhe a cabe��a: uma pou-
sada em sua nuca e a outra, acofiando-lhe
os cabelos.
Beijou-lhe novamente o busto e veio
olh��-la nos olhos. Ela ofertou-lhe os l��bios
semicerrados.
Devagar, Gregory pousou os seus sobre
os dela, cem ternura, carinho. Ainda deva-
gar, for��ou passagem por eles com a ponta
da l��ngua, separando-os e partindo rumo ��
da jovem. Encontrou-a e ambas passaram a
lutar, contorcendo-se, ro��ando-se, toe ando-
se com paix��o. P��g 74
Linda rendeu-se toda. Puxou-lhe mais a cabe��a para si e tentou virar-se para ele,
com o intuito de colar seu corpo quente e
aconchegante ao dele.
Abra��aram-se, mantendo o beijo que
lhes incendiava o ��ntimo.
��� Venha, querido... ��� ela pediu lou-
camente, os olhes fechados e a voz escapan-
do com dificuldade.
Ele demorou a realizar-lhe o pedido, o
que a fez crispar as m��os em seus cabelos
e repetir, num queixume suplicante:
��� Por favor Gregory...
Dessa vez, o homem concordou, voltan-
do a beij��-la e levando a m��o direita at��
suas pernas. Acariciou as coxas douradas
V ,
separando-as lentamente.
Linda obedeceu-o, esperando que ele se
apressasse e a amasse como desejava, e
precisava, ser amada. Deitou-se melhor na
cama, mantendo os joelhos afastados.
Gregory, ent��o, movimentou se, pondo-
se de c��coras diante dela. Foi a seu encon-
tro, mergulhando, mas sempre com infinita
calma. P��g 75
Linda delirou, gemendo, rogando, so
tando frases planas de impaci��ncia. Clama-
va para que ele se apiedasse e a amasse
completamente, e n��o ficasse retardando
a invas��o total, com o fito de tortur��-la.
Contudo, Gregory n��o teve clem��ncia algu-
ma.
Segurando-lhe os quadris, para cont��-
los, divertiu-se em martiriz��-la, vendo-a re-
clam��-lo como uma alucinada.
Por momentos, realizou sua inten����o, s��
que Linda, num gesto r��pido, livrou os qua-
dris das m��os dele e crispou as suas nos
dele. Num acesso de furioso apetite, avan-
��ou com ligeireza.
Tragou-o de imediato, enlouquecendo
ainda mais de prazer. Come��ou logo a on-
dular as ancas, para tentar apagar o fogo
vertiginoso que lhe residia as entranhas.
E para excitar ainda mais o amante.
Gregory viu-se arrastado para dentro
dela. Por��m, n��o protestou, vergando-se
todo para a frente e deitando-se sobre aque-
le corpo escaldante e que j�� come��ava a
brilhar de suor.
Nesse momento, deu o primeiro golpe,
tal uma vingan��a pela pressa da jovem. Ela
76���
reclamou, tonta de prazer, e ele repetiu o golpe, v��rias vezes, possuindo-a com uma
certa dose de viol��ncia.
Linda descontrolou-se sob ele, enla��an-
do-lhe o pesco��o com os bra��os e a cintura
com as pernas, prendendo-o a si, sem dar-
lhe o direito de escapar. E retribuiu-lhe as
investidas, levando e trazendo as ancas,
contorcendo-se, movendo-se, num frenesi
sem ritmo, apenas guiado pelo desvairo do
desejo.
E nessa dan��a er��tica e impreganada de
loucura, os dois renderam-se �� f��ria da ba-
talha, vivendo intensamente cada momento
de todo aquele encontro febril e alucinan-
t e . . . P��g 77
Cap��tulo 6
Gregory despertou bruscamente, olhan-
do para um lado e outro. Espantou-se por
reconhecer o quarto de hotel. Ora diachos!
Estivera at�� ent��o nos bra��os de Linda, en-
volto pela solid��o daquela cabana �� beira-
mar, amando-a, possuindo-a, e agora via-se
num quarto de hotel, vestido e deitado no
sof�� ainda por cima.
Conscientizou-se da realidade e de que,
certamente, cochilara no diva, enquanto es-
perava o tempo passar e poder ligar nova-
mente para Linda.
Evidente que seus pensamentos tinham
tomado conta de seu sono, transportando-o
78���
para aquela praia, para o que mais desejava: estar com Linda, somente ele e ela,
livres de quaisquer roupas e desfrutando
do prazer que podiam dar um ao outro.
Ainda um tanto aturdido pelo s��bito
despertar, sentou-se na beira do sof�� e con-
sultou o rel��gio: seis e meia da noite. Fi-
cara dormindo desde quase a hora do al-
mo��o.
Sentiu vontade de telefonar outra vez,
para saber se Linda j�� voltara da editora.
Se �� que era verdade que fora �� editora.
Talvez estivesse o tempo todo em casa, n��o
querendo atender a telefonema algum.
Desistiu. Era prefer��vel dar um pouco
mais de tempo. Para que ficar insistindo?
S�� se tornaria aborrecido para a pessoa que
o atendera da primeira vez.
Agora, lavaria o rosto, para acordar me-
lhor, e desceria at�� o restaurante italiano
na esquina da sua rua. Comeria alguma
coisa a t��tulo de almo��o e, quando retor-
nasse, ligaria.
Contudo, ao encaminhar-se ao banhei-
���79
ro, o telefone tocou. Deu meia volta e atendeu-o:
��� Al��.
��� Sr. Holmes? �� da portaria.
��� Sim?
��� Sua senhora est�� aqui e deseja falar-
lhe. Pergunta se pode subir.
Naomi? O que estaria fazendo no hotel,
raios?! Por que n��o estava em casa e o dei-
xava descansado?
Quis dar uma desculpa qualquer, para
livrar-se da visita da esposa, mas refletiu
melhor. Ainda mais tendo percebido na voz
do recepcionista um certo qu�� de espanto.
E n��o era para menos. Naomi era sua espo-
sa e estava pedindo licen��a para subir. De-
de o momento que era sua esposa, n��o fa-
ria isso. Subiria direto.
��� Pode mand��-la subir, rapaz. E obri-
gado.
��� De nada, senhor.
Desligou o telefone e ficou olhando a
porta do quarto. Se Naomi vinha v��-lo com
80���
inten����es de arrumar encrencas, estava per-dendo seu tempo. Ele n��o tinha a m��nima
vontade de discutir.
Momentos depois, a campainha tocou e
ele atendeu. Naomi estava no corredor, ves-
tida com roupas esportes e com os cabelos
negros soltos sobre os ombros. Cumprimen-
tou-o num tom glacial:
��� Ol��, Gregory. Posso entrar?
��� Entre. E fique �� vontade.
Ela entrou e ele fechou a porta, ruman-
do direto para seu ma��o de cigarros. Acen-
deu um, olhando a esposa:
��� Posso saber como me encontrou
aqui?
��� Telefonei para Ernest com o intuito
de saber aonde voc�� tem estado todos esses
dias. O ��ltimo hotel em que esteve n��o sa-
bia de seu paradeiro. Ernest deu-me o ende-
re��o deste.
��� Inteligente de sua parte. Mas o que
deseja?
��� Precisamos conversar, Gregory...
���81
Ele atalhou-a, deixando-se cair numa
poltrona e concordando:
��� Tem toda a raz��o. Precisamos con-
versar seriamente. Se �� que pretende con-
versar sobre a mesma coisa que eu.
Era uma agress��o. Contudo, Naomi pre-
feriu ignor��-la e retrucou:
��� Temos que conversar sobre nosso ca-
samento. Voc�� n��o pode ficar pulando de
um hotel para o outro quando tem sua pr��-
pria casa. Ou desaparecer de uma hora
para a outra.
��� N��o desapareci, Naomi. Simplesmen-
te, aluguei uma cabana numa praia deser-
ta e fui para l��, tentar espairecer. Tentar
encontrar uma solu����o para n��s dois.
��� E encontrou-a?
��� Acho que sim.
��� Qual �� ela?
��� Creio que a melhor coisa a fazermos
�� nos divorciarmos.
Ao acabar de dizer isso, Gregory olhou
a esposa com expectativa. N��o saberia di- P��g 82
zer porque, mas desejava que ela recusasse o div��rcio, que alegasse mil e uma coisas,
que dissesse que eles ainda poderiam dar
uma chance ao pr��prio casamento.
Por��m, Naomi foi calma e controlada:
��� Creio que est�� certo, Gregory. Se n��o
temos jeito de continuar, o correto �� parar-
mos e nos separarmos.
��� Tem certeza do que est�� falando?
__ Sim. Tenho. Se quiser, podemos co-
me��ar a tratar de tudo o mais cedo pos-
s��vel.
Gregory estava surpreso. Naomi n��o pa-
recia a mulher com quem vivera nos ��lti-
mos dois anos. Parecia a do primeiro ano
de casados, compreensiva, calma, preocu-
pada mais com ele do que consigo mesma.
O que estaria acontecendo, afinal de
contas?!
��� Naomi ��� chamou-a, devagar.
��� Sim?
��� Pode explicar-me uma coisa? Se pu-
der. P��g 83
��� O que houve? Quero dizer... Bem.
N��s dois, no primeiro ano de casamento,
��ramos t��o felizes... Agora, nesses dois ��l-
timos, vivemos como gato e rato, nos agre-
dindo, discutindo pelas m��nimas coisas.
Ela levantou-se, dando uma volta pelo
quarto. Parecia n��o ter interesse em res-
ponder. Ou que lhe fosse custoso faz��-lo.
Enfim, virou-se e disse:
��� Acho que a ��nica culpada sou eu,
n��o? E n��o tenho direito a pedir-lhe des-
culpas. Eu apenas estava cansada de nos-
so casamento, de tudo. Durante um ano, foi
maravilhoso realmente. Felicidade comple-
ta. Depois, comecei a detestar nossa vida
em comum, meu trabalho dom��stico, at��
mesmo nossas rela����es ��ntimas. Alguma
coisa dentro de mim dizia que n��o era aqui-
lo que eu desejava.
��� N��o consigo entend��-la, Naomi.
��� Acho que eu tamb��m n��o.
��� Se estava cansada de nosso casamen-
to, por que n��o pediu o div��rcio? Por que P��g 84
n��o resolveu acabar logo com tudo, ao in-v��s de passarmos dois anos como esses que
passamos?
��� Apesar do que sentia, tinha esperan-
��a de que tudo pudesse voltar ao que era
antes. Assim, o tempo foi passando. E eu,
vendo que nada dava certo, tornei-me a
mulher irasc��vel que viveu com voc�� nos
��ltimos tempos.
��� E por que est�� me contando tudo
isso agora?
Ela encarou-o, dentro dos olhos, sem
medo e cem absoluta seguran��a:
��� H�� uma semana, conheci um homem.
Frank Kinney. E me apaixonei por ele.
Gregory estreitou os olhos, sentindo-se
ultrajado com aquela revela����o. Contudo,
n��o havia nem um pouco de ci��mes em
seu esp��rito, n��o havia nada. Apenas a sen-
sa����o de ter sido tra��do.
��� Outro homem? ��� inquiriu, com len-
tid��o.
��� Sim. Amo Frank, Gregory. Amo-o co-
mo nunca amei ningu��m. Tenho certeza to- P��g 85
tal, completa, de que a seu lado, jamais me cansarei do que f o r . . .
Calou-se olhando o marido. Ele estava
mudo, parado, olhando o c��u l�� fora, pela
janela. Naomi, ent��o, rumou para a porta
do quarto, abrindo-a e voltando-se:
��� Pe��o que me perdoe, Gregory. N��o
tive a m��nima inten����o de ofend��-lo ou ma-
go��-lo. ..
E n��o disse mais nada, retirando-se e
deixando o homem sozinho.
Gregory continuou sentado na poltrona,
como que assistindo ao desmoronamento de
seu casamento. E, engra��ado, n��o sentia
muito. Dias antes, seria um choque, uma
punhalada em seu cora����o. Agora, por��m,
estavatalmo, resignado.
Estava aceitando completamente que
Naomi, a mulher a quem tanto amara, o es-
tava trocando por outro homem.
��� Al��. De onde falam? P��g 86
A mesma voz feminina que o atendera
na liga����o anterior ditou o n��mero do te-
lefone. Gregory inquiriu logo:
��� Linda est��?
��� Infelizmente, ainda n��o chegou. Foi
o senhor quem telefonou de manh��, n��o?
Sentiu-se tentado a negar, mas n��o te-
e animo:
��� Eu mesmo. Linda ainda n��o chegou?
��� N��o. Sempre que vai �� editora, de-
mora muito. Fica conversando com o edi-
tor e, em muitas vezes, at�� almo��a ou janta
com ele.
Sem querer, e tamb��m sem saber por
que cargas d'��gua, Gregory percebeu uma
pontada de ci��mes estocar-lhe o cora����o.
Linda e o editor dela. Como seria esse tal
editor? Seria um velho ou um simp��tico
homem de uns trinta anos, bem vestido
e elegante? E Linda sentiria alguma coisa
por ele?
Raios! N��o deveria estar pensando nis-
so. Ainda fora apenas uma aventura de fi-
nal-de-semana. Apenas uma garota que fo- P��g 87
ra para a cama com ele e depois desaparecera, deixando uma carta de despedida.
No entanto, se ela era apenas isso, por
que ent��o se preocupava tanto em reencon-
tr��-la? Por que lhe era t��o importante des-
cobrir-lhe os motivos para ter tamanho
medo da felicidade? O que nutria, afinal de
contas, por uma simples aventura de final-
de-semana?
��� Volto a perguntar: por que n��o dei-
xa seu nome que eu avisarei Linda assim
que ela chegue? ��� a voz feminina tornou
a surgir do fio.
��� Pode deixar. Obrigado. Tentarei cha-
mar logo mais.
��� O.K.
��� Muito agradecido.
E desfez a chamada, zangado. Era a se-
gunda vez que ligava e, conforme decidira
depois da primeira, se esta ��ltima n��o desse
resultado, iria ao apartamento de Linda.
Acontecesse o que acontecesse, iria at�� l��.
Se ela n��o estivesse, esperaria at�� que che-
gasse.
88���
Tinha que falar-lhe naquele dia, o mais r��pido poss��vel.
Decidido, ergueu-se do diva e tomou o
sentido do banheiro. Antes de sair, toma-
ria um banho e faria a barba. Estava pre-
cisando reanimar-se e cervejas e cigarros
pouco lhe haviam ajudado nesse sentido.
Depois, iria ao apartamento de Linda.
Estava louco para v��-la.P��g 89
Cap��tulo 7
Enquanto guiava para a casa de Linda,
Gregory tentou fazer um balan��o de sua
vida. H�� pouco. Naomi lhe fizera aquela re-
vela����o, sobre um tal Frank Kinney. Ela
aceitaria o div��rcio e, certamente, iria se ca-
sar com Kinney. ��timo. Que fosse feliz ao
lado dele, j�� que n��o pudera ser do seu.
N��o estava zangado, nem triste, nem
magoado. Simplesmente, para espanto seu,
aceitara tudo com calma, sem revoltar-se
ou passar o resto da vida se torturando
por ter perdido Naomi. P��g 90
Engra��ado isso. Antes, estava fazendo tu-do para conservar seu casamento. Par�� es-
quecer aqueles dois anos ruins e ele e
Naomi voltarem a ser felizes como antes.
No entanto, agora, sentia-se aliviado, pron-
to a aceitar tranq��ilamente o div��rcio e o
retorno a uma vida de solteiro, pacata e
com uma aventura ou outra de vez em
quando.
Teria essa rea����o inesperada alguma
coisa a ver com Linda? Estaria apaixonado
por ela a ponto de receber t��o calmamente
seu div��rcio com Naomi? E de que ela iria
casar-se com outro homem t��o logo se vis-
se livre novamente?
N��o saberia dizer ao certo. Sentia sau-
dades de Linda, curiosidade em entender
seus motivos para afastar-se, mas certeza
de que a amasse, n��o tinha.
Finalmente, descobriu o pr��dio em que
ela morava e procurou uma vaga para es-
tacionar. Momentos depois, entrava no pr��-
dio. Subiu no elevador at�� o andar que
desejava.
- 9 1
Ap��s bater duas ou tr��s vezes na porta do apartamento, viu-a ser aberta e surgir
em seu lugar uma jovem morena, de olhos
simp��ticos.
��� Ol�� ��� cumprimentou-o, sorridente.
��� O que deseja?
Estou procurando por Linda Hight.
Ela mora aqui n��o?
��� Sim. Mas n��o est��.
��� N��o est��?
��� Mas j�� deve estar chegando.
Gregory sentiu-se meio embara��ado, per-
guntando:
��� Se ela n��o vai demorar, se incomo-
daria que eu a esperasse?
A garota hesitou por um momento, mas,
no final, abriu mais a porta e permitiu:
��� Claro. Entre.
E deu-lhe passagem. Gregory entrou e
correu os olhos rapidamente pela sala agra-
d��vel e tipicamente feminina. Voltou-se, en-
t��o, vendo a jovem trancar a porta. P��g 92
��� Sente-se ��� disse-lhe ela. ��� E fique �� vontade.
Ele acomodou-se num sof��.
��� Foi voc�� quem telefonou duas vezes
para c�� hoje, n��o?
Por um instante, vacilou, n��o sabendo
direito o que responder. Preferiu dizer a
verdade:
��� Sim.
��� E veio agora para tirar a d��vida se
Linda estava em casa ou n��o esse tempo
todo. Estou certa?
Gregory n��o soube mentir:
��� Tem raz��o... ��� Fez uma pausa, co-
mentando, num tom meio brincalh��o, como
para desanuviar um pouco a atmosfera rei-
nante devido �� sua resposta: ��� Al��m de
franca, �� muito observadora. Uma verdadei-
ra detetive.
Ela enviou-lhe um sorriso sincero, que
parecia demonstrar n��o ter-se zangado com
a desconfian��a dele:
���93
��� Obrigada ��� sentou-se numa poltrona
e acrescentou: ��� Meu nome �� Monica. E
o seu?
��� Gregory Holmes. Est�� zangada comi-
go?
��� E por que eu deveria estar?
��� Ora, B e m . . . Por eu ter desconfiado
da sua palavra. Espero que me perdoe.
��� N��o se preocupe com isso. De certa
forma, j�� o estava esperando.
Gregory enrugou as grossas sobrance-
lhas, cravando o olhar inquisitivo no da ga-
rota:
��� J�� me esperava? N��o entendo.
��� Eu e Linda somos grandes amigas.
Amigas realmente. Moramos neste aparta-
mento h�� quase cinco anos e, sempre fize-
mos confidencias uma �� outra. Ela contou-
me tudo que houve entre voc��s nesse final-
de-semana.
��� Contou? ��� ele voltou a contrair as
sobrancelhas.
��� Sim. Ontem, quando chegou da
praia, disse tudo que acontecera. Avisei-a P��g 94
de que voc�� poderia tentar encontr��-la. E
que uma maneira muito f��cil para tal se-
ria ir �� corretora e descobria este endere��o
e o telefone. Linda disse que n��o. Afirmou
que voc�� a esqueceria, devido ao bilhete que
lhe deixara.
��� S�� que voc�� n��o concordou com ela
e, quando telefonei pela primeira vez, des-
confiou que fosse eu?
��� Exato. Telefonou a segunda e Linda
n��o estava, como n��o est�� realmente. Por
desconfian��a, certamente viria aqui, oara
tirar a d��vida.
Gregory estava realmente surpreso com
Monica, com a maneira dela encarar as coi-
sas, objetiva e r��pida. Deu mais uma t:
gada no cigarro e indagou:
��� Linda contou-lhe tudo mesmo, a
respeito de n��s doisa?
��� Sim. Queria se desabafar ��� sem que-
rer, ele lembrou-se de que sentira o mesmo,
.quando fora procurar Ernest ��� e viu em
mim a pessoa indicada.
��� E, sinceramente, acha que ela to- P��g 95
mou a atitude certa? Ora. Quem pode ter medo de ser feliz, Monica?
Ele engoliu em seco, observando com
Interesse os olhos da garota.
Havia passado uma sombra, ou um bri-
lho, por eles quando ele falara a respeito��
do medo de Linda quanto a ser feliz
Monica custou a falar, parecendo estar
retomando de algum pensamento muito
distante:
��� Linda tem medo de ser feliz, Gre-
gory...
��� Mas por qu��?
��� N��o posso dizer-lhe. �� um segredo
muito nosso.
��� Mas voc�� me disse que ela contou-
lhe quanto a nosso fim-de-semana. De cer-
ta forma, est�� traindo a confian��a dela.
��� Concordo. Por��m, isso �� assunto que
diz respeito a voc��. O outro, talvez n��o
diga. Desculpe, mas n��o posso falar nada.
��� Ser�� que ela me diria?
96���
��� N��o garanto nada. E se contar, ten-
te compreend��-la, sim? E ajud��-la, se pos-
s��vel. .
Mais e mais intrigado com tudo aquilo,
Gregory amassou o cigarro no cinzeiro e
tentou descobrir que mist��rio Linda guar-
dava em seu cora����o.
Que motivo teria para recusar a felici-
dade, para n��o confiar na felicidade? Tal-
vez uma desilus��o, um amor ingrato, ou
algo semelhante.
Praguejou consigo mesmo. N��o desco-
briria nada perguntando a si pr��prio. So-
mente Linda poderia esclarec��-lo.
De repente, esqueceu seus pensamentos,
ouvindo o ru��do de chave girando na porta.
Voltou o rosto para a entrada do aparta-
mento, assim como Monica, e esperou, o
cora����o pulando ferozmente dentro do peito.
A porta foi aberta e Linda apareceu. No
mesmo instante, ao v��-lo, seu rosto crispou-
se. E Gregory teve d��vidas de que ele tives-
se se crispado de raiva o u . . . alegria. P��g 97
��� Que faz aqui? ��� ela conseguiu inter-rogar, ainda com a porta aberta e mos-
trando-se hesitante.
Ele levantou-se e tamb��m ficou hesitan-
te, enfiando as m��os nos bolsos.
��� Vim fazer-lhe uma visita... ��� bal-
buciou. ��� Espero n��o estar incomodando.
Linda logrou deixar de olh��-lo e fitou
Monica, que permanecia a um canto, ex-
pectante. Monica declarou:
��� Preciso acabar um servi��o no quar-
t o . . . Fique �� vontade, Gregory.
Por um momento, Linda pareceu que *a
deter a amiga, forjando-a a ficar ali, na
sala. S�� que a jovem retirou-se rapidamen-
te, entrando no quarto cont��guo e fechando
a porta.
Linda, ent��o, voltou a aten����o para
Gregory.
��� Como me encontrou? ��� perguntou:
��� Fui �� corretora e consegui seu ende-
re��o e telefone.
Linda moveu-se, desanimada, at�� a me-
sa principal da sala, declarando: P��g 98
��� Compreendo.
E manteve-se em sil��ncio, abrindo a bol-
sa e dela tirando seu ma��o de cigarros.
Colocou um nos l��bios e, quando ia acend��-
lo, percebeu Gregory a seu lado, segurando
um isqueiro aceso.
Acendeu o cigarro e deu a primeira tra-
gada com ar de cansa��o.
��� Podemos conversar, Linda? ��� ele in-
quiriu, vacilante.
��� Sobre?
��� B e m . . . N��s dois.
��� Acho que n��o temos mais nada a
conversar, Gregory. E eu lhe pedi que n��o
me procurasse. Errou descobrindo m��u en-
dere��o e vindo aqui.
��� Sim, sim! ��� a voz dele elevou-se um
pouco. ��� Tem toda a raz��o. Mas, raios! O
que posso fazer? Tivemos momentos mara-
vilhosos e, quando menos espero, voc�� desa-
parece, deixando apenas um bilhete que at��
agora n��o consegui entender.
Ela voltou-se, cravando os olhos dentro
dos dele e atalhando-lhe a frase:
���99
��� O que n��o conseguiu entender
��� Tudo. Tudo realmente. E acho que
me deve uma explica����o mais clara al��m
de uma simples carta de despedida.
��� N��o tenho nada a explicar-lhe, Gre-
gory. Aquele bilhete diz tudo que desejei
dzer. Se n��o o compreendeu, n��o posso fa-
zer nada.
Ele estava se controlando de todas as
formas poss��veis para n��o segurar-lhe os
ombros e sacudi-la, for��ando-a a explicar-
lhe direito o que acontecia. Conteve-se,
achando que n��o seria o procedimetno cor-
reto.
Deveriam conversar, como bons amigos,
como pessoas adultas e civilizadas.
Por isso, pediu:
��� Por favor, Linda. N��o quero obrig��-
la a nada e tamb��m n��o estou aqui para
faz��-la voltar para mim. N��o �� isso. Res-
peito que queira separar-se, que queira afas-
tar-se. A ��nica coisa que desejo �� que me
diga por qu��. N��o pode deixar tudo no ar,
sem explica����o, sem sentido.
100
��� E melhor assim, Gregory. Voc�� nun-
ca ia entender.
��� Por que n��o tenta ver se eu entende-
ria ou n��o? Ou ser�� que o seu medo da
felicidade �� t��o grande assim?
As palavras dele tiveram um acento bem
n��tido de agress��o. E Linda percebeu isso,
pois encarou-o com um brilho de ira nos
olhos claros.
��� N��o precisa ser ir��nico ou agressivo
��� retrucou, com rispidez.
��� Desculpe. N��o pretendo ser grosseiro.
��� Abanou as m��os e deu-se por vencido: ���
Ali��s, estou sendo um idiota estando aqui.
Deveria ver tudo como o homem de trinta
e sete anos que sou. Simplesmente um ho-
mem e uma mulher, livres, sem compro-
missos, se encontram numa praia deserta &
se divertem. Depois, cada um vai para o seu
lado e ponto final.
Ela o interrompeu bruscamente:
��� Eu n��o estava pensando em me di-
vertir, Gregory! E muito menos us��-lo co-
mo divers��o.
- 1 0 1
��� Pois �� o que parece ��� ele retrucou, um tanto r��spido. ��� Nada mais que divers��o. O que conversamos na cabana, tudo
que fizemos, suas palavras maravilhosas
na carta, tudo n��o passou de divers��o.
Estava zangado realmente. Zangado com
Linda, com o modo de proceder dela.
Por isso, deu meia volta e encaminhou-
se no rumo da porta. J�� quase a abria quan-
do ouviu a voz da jovem:
��� Espere, Gregory.
Volveu-se, olhando-a e perguntando com
um certo sarcasmo:
��� O que foi? N��o �� isso que deseja,
Linda? Que eu v�� embora e esque��a tudo?
Que a deixe em paz?
��� S i m . . . ��� ela concordou num fio
de voz.
��� Pois muito bem. Farei o que deseja.
N��o vou incomod��-la nunca mais. Tenha
certeza disso.
E abriu a porta do apartamento, pas-
sando ao corredor. Afastou-se a passos lar-
gos na dire����o dos elevadores. Em nenhum
memento, olhou para tr��s.
102
Linda tinha raz��o. A melhor coisa seria ir embora e esquec��-la. Fora um tolo, um
completo idiota, vindo procur��-la. O certo
teria sido fazer-lhe a vontade desde o come-
��o: n��o tentar encontr��-la. N��o ir a sua
procura.
Isso seria o certo.
* # *
Cansado, Gregory guiou at�� o hotel, re-
colheu suas coisas e pagou a conta. Volta-
ria para casa. Agora, n��o precisava mais
recear um encontro com Naomi. J�� estava
tudo decido. Iam se divorciar e ela iria cor-
rendo para os bra��os de ��m sujeito cha-
mado Frank Kinney.
Maravilhoso, ironizou a respeito de sua
pr��pria vida. S�� mesmo sendo ir��nico, sar-
c��stico. Sua vida estava maravilhosa. Em
pouco menos de dois dias, perdera duas mu-
lheres importantes para si.,
Naomi e Linda.
A primeira, estava chegando �� certeza
de n��o sentir nada mais por ela. A segunda,
- 1 0 3
estava em d��vida. E essa d��vida o fazia sofrer.
Em casa, n��o pensou duas vezes, toman-
do o rumo do barzinho da sala. Serviu-se de
uma boa dose de u��sque e encaminhou-se ao
sof��.
Deixou-se cair numa das almofadas, dis-
posto a esquecer seus problemas da manei-
ra mais f��cil: embebedando-se. O ��lcool
seria um companheiro ideal, pronto a ou-
vir-lhe as lam��rias, o desabafo. Enfim, um
companheiro silencioso, calmo, que lenta-
mente iria dopando-lhe a tristeza e fazen-
do-o esquecer-se dela.
Naquele momento, seu melhor amigo
n��o era Ernest Bennett, e sim um l��quido
incolor chamado ��lcool. P��g 104
Capitulo 8
Anestesiado por quase m e i a garrafa de
u��sque, Gregory adormeceu no sof��. Seu so-
no n��o foi dos melhores mas serviu para
relaxar-lhe o corpo e faz��-lo fugir da reali-
dade que tanto queria apagar.
Foi acordado, l�� pelas nove da manh��
do dia seguinte, por uma voz feminina,
vagarosa e um tanto sensual.
��� Vamos, Gregory. Acorde.
Resmungou palavras inintelig��veis e
abriu os olhos aos poucos. Uma figura es-
guia come��ou a delinear-se �� frente deles,
enevoada pela recorda����o da embriaguez. P��g 105
Naomi sacudiu-lhe de novo o ombro e ele despertou, reclamando da profunda dor de
cabe��a que parecia desejar arrebentar-lhe o
c��rebro.
��� O que foi ��� interrogou com a voz
tr��pega dos bebedos.
��� Andou bebendo, Gregory ��� Naomi
repreendeu-o. ��� Ser�� poss��vel!
Ele tentou erguer-se mas perdeu o
equil��brio, voltando a cair no div��. Ficou
sentado ali, retrucando:
��� Desculpe... Estava precisando de
um trago.
��� Est�� certo. Agora v�� tomar um ba-
nho e arrumar-se.
��� Para qu��?
��� Temos hora marcada com o advoga-
do. J�� telefonei para ele ontem, quando
cheguei em casa, e expliquei-lhe que vamos
nos divorciar.
Ele olhou-a, com um sorriso meio c��ni-
co nos l��bios:
��� Tem tanta pressa assim de livrar-se
de mim, Naomi? ��� Tudo indicava que o seu P��g 106
companheiro ��lcool ainda n��o se fora por completo.
��� J�� conversamos sobre isso ontem.
Quanto mais r��pido resolvermos tudo, me-
lhor.
��� O . K . E voc�� �� uma mulher eficien-
te. Foi logo tratar de telefonar ao advoga-
do e marcar hora para conversarmos, ��ti-
mo. Assim �� que se trabalha.
E esqueceu a mulher, dirigindo-se ao
banheiro. Pouco depois, estava sob a ducha
fria, deixando-a jorrar com for��a sobre sua
cabe��a. Dentro em pouco, o ��lcool iria em-
bora de vez e ele estaria s��brio.
S��brio. O que significaria ter que en-
carar novamente a realidade de sua vida.
A realidade de estar se divorciando de Nao-
mi e de que nunca mais veria Linda Hight.
Maldita realidade!
* * *
Dois dias depois, Gregory resolveu ir at��
o escrit��rio, saber como as coisas iam por
l��. Logo que entrou, deparou-se com Glady,
a secret��ria-recepcionista.
���107
��� Ol��, Dr. Holmes ��� ela cumprimen-
tou-o, com sinceridade. ��� H�� v��rios dias
que n��o aparece.
��� Sim. H�� v��rios dias ��� retrucou ele,
maquinalmente, passando direto pela saleta
da jovem e alcan��ando a sala que dividia
com Ernest.
Glady ficou para tr��s, pensativa. O
advogado estava horr��vel. A barba crescida,
as roupas um tanto desalinhadas e a em-
press��o de cansa��o, t��dio, no rosto, credita-
vam-lhe um aspecto que em nada lembra-
va o do hcmem alto e forte chamado Gre-
gory Holmes.
Glady procurou esquecer esses pensa-
mentos e concentrou-se em seu trabalho, ao
passo que Gregory entrava no escrit��rio.
Ao v��-lo, Ernest levantou-se da sua me-
sa e foi em sua dire����o:
��� Gregory. Que bom v��-lo por aqui!
��� Como est��, Ernest? Alguma novida-
de aqui na firma?
��� Nada. Tudo na mesma. Mas sente-
se. Vamos conversar um pouco.
1 0 8 -
Gregory deixou-se desabar numa cadei-ra e pediu ao amigo:
��� Poderia arrumar-me uma dose de
u��sque, por favor. N��o tenho ��nimo de le-
vantar-me depois que sentei.
Ernest hesitou:
��� N��o acha que �� melhor deixar o u��s-
que para outra hora? Naomi me disse que
voc�� tem bebido muito...
��� Naomi que v�� para o inferno! ��� ele
replicou, cravando um olhar r��spido no seu
s��cio. ��� Ela que se meta com a vida dela!
Ernest passou por cima do grito. Consi-
derava muito Gregory e compreendia-lhe os
problemas que estava atravessando para in-
comodar-se com gritos.
��� N��o deve falar assim, rapaz ��� acon-
selhou, apenas. ��� As coisas v��o melhorar.
Vai ver.
��� O que pode melhorar?
Indo de encontro ao que dissera, ele le-
vantou-se e foi at�� o barzinho do escrit��-
rio. Colocou um boa dose de u��sque num
copo, dispensando o gelo, e come��ou a an-
dar pelo aposento.
109
��� Minha vida est�� toda desfeita. Pelo menos a sentimental. O advogado da fam��-
lia de Naomi est�� resolvendo tudo. Ela pre-
fere entregar-lhe o processo que �� nossa
firma.
��� �� um direito dela.
��� Bem. Ela fa��a o que bem entender.
Quanto a mim, ��cmo ia dizendo, logo esta-
rei divorciado. Serei um homem livre nova-
mente, para m.nhas aventuras, minhas
amantes. E Landa Hight foi-se para sem-
pre.
��� Afinal de contas, o que sente por
essa tal Linda, meu caro? O que ela signifi-
ca para voc��
��� N��o sei. Sendo sincero, n��o sei. Mas
foi maravilhoso encontr��-la naquela caba-
na, quando eu tencionava ficar sozinho e
resolver minha vida cem Naomi. Algo como
um amparo, entende? Ela estava ali, pron-
ta a ouvir-me, a compreender-me, a dizer
uma palavra de ��nimo. E tudo sem segun-
das inten����es, sem nenhum interesse al��m
do de servir a um ser humano.
��� E, n�� final, foram para a cama tam-
b��m? P��g 110
Gregory virou-se rapidamente, encaran-do o amigo e alertando:
��� N��o trate o assunto assim, Ernest,
de forma t��o vaga. Fomos para a cama,
sim, mas houve algo bonito, puro, nisso.
N��o foi simplesmente uma aventurazinha
de fim-de-semana, para passar o tempo.
Ernest veio at�� ele e pousou a m��o em
seu ombro, apertando-o.
��� N��o �� preciso avisar-me, rapaz. Sei o
que sente e o que significou a presen��a des-
sa garota naquela cabana. ��� Houve um in-
tervalo e Ernest sugeriu: ��� Por que n��o
volta a procur��-la? Agora, est�� quase di-
vorciado. Pode pedi-la em casamento.
��� N��o adianta. Ela me pediu que sa��s-
se de sua vida de uma vez por todas. E ��
o que estou tentando fazer. N��o posso pro-
cur��-la uma segunda vez. O jeito �� esque-
c��-la.
��� Diante disso, n��o posso lazer nada.
Gostaria de ajudar e muito mais de v��-lo
alegre, bem disposto. S�� que n��o h�� como.
��� Eu sei. N��o se preocupe comigo. P��g 111
Gregory tomou o restante do seu u��sque e levou o copo de volta ao barzinho. Declarou, ent��o:
��� Bem. Se n��o h�� novidades por aqui,
vou para casa ou darei uma volta por a��.
Qualquer coisa, avise-me...
Sua frase foi interrompida por uma leve
batida na porta. Ernest avisou:
��� Entre.
Glady apareceu e informou:
��� Dr. Holmes. Telefone.
��� Para mim? Ningu��m sabe que estou
aqui.
��� A pessoa que ligou tamb��m n��o.
Mas j�� que o encontrou, pede-lhe que a
atenda.
��� Disse o nome?
��� Linda Hight.
Os dois amigos espantaram-se. entre-
olhando-se. Sobretudo, Gregory, ap��s mo-
mentos de perplexidade, correu at�� o tele-
fone do escrit��rio. Atendeu-o com ansieda-
de:P��g 112
��� Linda?!
��� Gregory? �� voc��?
��� Sim, sim! Sou eu! O que deseja?
��� Eu, bem... Gostaria de falar um
momento com voc��, Gregory. Se for poss��-
vel.
��� Claro que �� poss��vel! Deseja que eu
v�� �� sua casa?
��� Desde que n��o v�� atrapalhar nenhum
programa seu para hoje...
Ele sorriu, tentado a dizer-lhe que can-
celaria qualquer tipo de programa s�� para
ouvir-lhe a voz pelo telefone. Disse apenas:
��� Estarei a�� dentro de alguns minutos.
Pode esperar-me.
E desligou, saindo rapidamente do es-
crit��rio, sem sequer despedir-se de Ernest ou
de Glady.
* * *
Logo ap��s o primeiro toque na campai-
nha do apartamento, a porta foi aberta.
Gregory sentiu um arrepio pelo corpo todo:
��� 1 1 3
estava vendo Linda de novo. Estava diante dela de novo.
Seus cabelos dourados, seus olhos cla-
ros, seu rosto aveludado, seus l��bios bri-
lhantes. E seu corpo esguio e desej��vel, na-
quele instante coberto por uma cal��a jenns
e uma camisa de malha.
��� Ol��, Gregory ��� ela enviou-lhe um
sorriso t��mido.
��� Ol��, Linda ��� ele respondeu, pro-
curando controlar-se.
Tinha vontade de abra����-la e buscar-
lhe os l��bios, revelando-lhe que sentira sua
falta. Que logo estaria divorciado e que a
desejava a seu lado, casados ou n��o.
��� Entre ��� ela convidou-o.
Ele entrou e esperou que ela fechasse
porta. Ent��o, dirigiu-se ao sof�� da sala, sen-
tando-se. Linda foi sentar-se numa poltro-
na, cruzando as pernas e fitando-o.
Por momentos, n��o souberam o que di-
zer. Apenas se olhavam, esperando que o
outro come��asse a falar.
E coube a Gregory essa incumb��ncia:
114���
��� Como me descobriu?
��� Do mesmo jeiio que voc�� me desco-
briu. Telefonei para a corretora e inventei
uma Ivst��ria qualquer. Deram-me o ende-
re��o e o telefone da sua casa. Liguei para
l�� e disseram me que n��o estava e que tal-
vez pudesse ser encontrado no escrit��rio.
Perguntei o telefone de l�� e chamei-o.
��� Inteligente.
��� Obrigada ��� houve um intervalo e
Linda inquiriu: ��� Como vai seu casamen-
to?
Ele sorriu e retrucou:
��� Eu e Naomi j�� demos entrada nos
pap��is para o div��rcio...
Calou-se abruptamente, mal podendo
acreditar em seus olhos. Seria poss��vel que
tivesse visto um brilho especial no olhar de
Linda? Como se aquela not��cia referente a
seu div��rcio fosse excelente para ela?
N��o! N��o era poss��vel! Seria uma felici-
dade muito grande para ele.
��� V��o se divorciar? ��� ela interrogou,
vagarosa.P��g 115
��� Sim. Conversamos e chegamos �� con-
clus��o de que n��o adiantaria mais conti-
nuarmos vivendo juntos. O certo seria cor-
tar o mal pela raiz.
��� Fico contente que tenha resolvido o
problema. Assim, n��o ficar�� mais preocu-
pado. ..
��� Acha que meu div��rcio vai tirar-me
as preocupa����es?
Ela ficou indecisa, evitando olh��-lo:
��� Acho que sim... Do jeito que esta-
va na cabana, tenso, inquieto, procurando
se dicidir.
��� Sim. Um problema foi resolvido...
Mas n��o quer dizer que tudo em minha
vida esteja maravilhoso...
Era uma indireta, ou direta. E Linda
pareceu t��-la entendido, esfor��ando-se ain-
da mais para n��o olh��-lo. Deixou a p o l -
trona e andou at�� perto da janela, aper-
tando as m��os.
��� �� melhor falarmos logo claro, Gre-
gory ��� disse, como um desabafo. ��� Por
culpa minha, estamos conversando sobre
116--
um assunto que n��o �� o que desejo falar com voc��.
��� E o que ��?
��� B e m . . . A ��ltima vez em que esteve
aqui, disse que eu lhe devia uma explica����o.
Pois pensei muito esses dias todos e achei
que voc�� tinha raz��o.
��� N��o �� preciso, Linda. N��o desejo for-
����-la a nada.
��� Eu sei. Estou fazendo isso por livre
e espont��nea vontade. Se quiser ouvir-me.
��� Voc�� me ouviu na cabana, quando me
decidi a falar sobre meus problemas, n��o?
Pois chegou o momento de devolver-lhe
isso.
Ela virou-se e sorriu, aparentando estar
mais �� vontade. O coment��rio de Gregory
servira para acalm��-la, para desanuviar um
pouco a atmosfera densa que havia entre
ambos.
E ela come��ou a contar sua hist��ria.. .
���117
Ep��logo
Nua e bela, Linda correu at�� o banhei-
ro e pouco depois, Gregory, estendido no
leito, ouvia o barulho do chuveiro caindo
no piso do box. Ela estava tomando banho,
ap��s terem se amado avidamente, quase
com viol��ncia, desejando vencer todo o in-
c��ndio que crescera durante aqueles dias
de separa����o.
Satisfetio e relaxado, Gregory movimen-
tou-se no leito e apanhou um cigarro no
ma��o na mesinha de cabeceira. Acendeu-o
e voltou a deitar de costas, fitando o teto. P��g 118
Linda lhe contara tudo. Todos os seus motivos para t��-lo abandonado na cabana
�� beira-mar. Tinha medo da felicidade.
Por qu��?
Porque fora imensamente feliz aos vinte
anos de idade, ao lado de um homem tr��s
anos mais velho chamado Larry Huch. Ho-
je, com vinte e nove, lembrava-se dele como
uma recorda����o confusa, ao mesmo tempo
feliz e amarga.
Amara-o muito. Larry fora seu primeiro
homem. Conquistara-a numa festa de ami-
gos, namoraram por tr��s meses e, afinal,
levou-a a seu apartamento, onde se amaram
at�� madrugada.
Naquela noite, Linda fora feliz. Entre-
gara-se a Larry sem a m��nima reserva. Que-
ria apenas ser sua mulher, sua f��mea, t��-lo
dentro de si, golpeando-a. E quando acon-
teceu o primeiro ��xtase, praticamente gri-
tou que o amava.
Foi uma noite inesquec��vel, maravilhosa.
E ap��s aquela, outras vieram, muitas ou-
tras. E sempre com a mesma intensidade.
���119
Ele era seu macho; ela era sua f��mea.
Ent��o, descobriu-se gr��vida. Ia dar a
luz um filho de Larry. Tinha dentro de si
a semente dele, que logo se transformaria
numa feita �� sua imagem, seu sangue e
sua carne.
Correu para casa e contou aos pais. Eles,
pessoas evolu��das, compreenderam tudo. De-
pois, foi contar a Larry. Nus e deitados na
cama do apartamento dele, ela contou-lhe
que estava gr��vida. Preparou-se para rece-
ber um abra��o forte e um beijo salgado de
l��grimas. Esperou que Larry gritasse de ale-
gria, ao saber que dali a nove meses seria
pai.
S�� que... s�� que ele n��o teve nenhuma
dessas rea����es. A ��nica que teve foi empa-
lidecer e exclamar que aquilo n��o poderia
ser verdade. Que ele n��o queria filhos, por-
que n��o pretendia casar-se ou mesmo unir-
se a algu��m por muito tempo.
No princ��pio, Linda pensara que fosse
uma brincadeira. Uma brincadeira de muito
mau-gosto, diga-se de passagem, mas uma
brincadeira.
120���
Mas n��o. Era verdade. Enquanto ela o havia amado intensamente, totalmente,
loucamente, ele se divertira. Ela n��o passa-
ra de uma aventura.
Desnorteada, vestiu-se rapidamente e
voltou para casa. Seus pais receberam-na
surpresos e deixaram-na chorar a noite to-
da. N��o sabiam o que acontecia e ela n��o
queria dizer-lhes. S�� foram entender algu-
ma coisa quando sua m��e encontrou um
vidro de sonor��feros completamente vazio.
Linda tentara se suicidar.
Levaram-na para o hospital e durante
v��rias horas esteve entre a vida e a morte.
Quando despertou, soube que sua tentativa
de suic��dio surtira um efeito positivo. N��o
matara a si pr��pria, mas a seu filho.
��� Foi melhor assim, Gregory ��� ele
moveu-se na cama e lembrou-se das pala-
vras dela. ��� Aquela crian��a n��o deveria
nascer. Seria sempre o testemunho da
maior desilus��o de minha vida.
��� E o que houve depois?
��� Fiz o m��ximo para esquecer Larry e
acho que o consegui. Quanto a outros ho-
���121
mens em minha vida, tive diversos, mas na-da sentia por eles. Era como uma vingan-
��a contra Larry. Eu praticamente me pros-
titucionalizei para agredi-lo, embora nunca
mais o tenha visto.
��� E seus pais?
��� Papai quis dar uma li����o nele, mas
eu e mam��e o demovemos da id��ia. Um- pa-
tife como Larry n��o merecia meu pai ar-
riscar-se a ser preso ou perder a vida numa
briga fatal. No que se refere a mim, tempos
depois, resolvi morar por conta pr��pria e
fui viver com Monica. Dividimos todas as
despesas.
Gregory lembrou-se que nesse momento
ela ficara calada, olhando o vazio por v��-
rios segundos. Depois, retomou o fio da
hist��ria:
��� Ent��o, outro dia, conheci voc��. De-
pois de Larry, foi o primeiro que me fez
vibrar, que me fez sentir mulher novamen-
te. Eu tive prazer depois de tantos e tan-
tos anos em cima de uma cama com um
homem. E pensei nisso quando voc�� per-
guntou-me se n��o era assim que se faz amor.
122���
Pensei que s�� havia feito sexo at�� ent��o, n��o amor.
��� Diante disso, fugiu, com medo de ser
feliz novamente como fora com Larry? E
que alguma coisa aparecesse para estragar
essa felicidade, n��o?
��� Exato. N��o queria me iludir nova-
mente.
Gregory sorriu, fechando os olhos e ven-
do-se levantar-se do sof�� e aproximar-se de
Linda. Segurou-lhe as m��os e f��-la erguer-
se tamb��m.
Beijara-a, ent��o, e dissera-lhe:
��� N��o se preocupe com isso, meu amor.
Se deseja ser feliz novamente, d��-me uma
chance de ajud��-la nisso. N��o fuja. Por fa-
vor.
L��grimas brilharam em seus olhos e a
voz dela turvou-se de emo����o:
��� Foi por isso que o chamei aqui, Gre-
gory. Para que voc�� entendes meus mo-
tivos e tentasse me ajudar.
��� E se eu n��o tivesse resolvido me di-
vorciar? O que aconteceria
���123
��� N��o sei. Nem tinha pensado nisso. E
depois, voc�� estava quase decidido a sepa-
rar-se de Naomi, n��o?
��� Tem raz��o.
Ele a beijou de novo e momentos de-
pois estavam juntos naquela cama, no
quarto. Amavam-se realmente, e n��o fa-
ziam apenas sexo.
E agora, Gregory esperava que ela vol-
tasse do banheiro, para dizer-lhe, de todo o
cora����o, que amava.
Porque, afinal, chegara �� conclus��o de
que se apaixonara numa simples aventura
de final de semana.
FIM
124-
ESTE LIVRO FOI DIGITALIZADO POR LEANDRO MEDEIROS EM JANEIRO DE 2020 PARA ATENDER
AOS DEFICIENTES VISUAIS.
O Grupo só Livros com sinopses e o Grupo Bons Amigos têm o prazer de lançar hoje mais uma obra digital para atender aos deficientes visuais.
A Cabana dos Desejos - Ricardo Veronese
Livro doado e digitalizado por Leandro Medeiros
Sinopse
A temática deste livro é casal fracassado.
Lançamento :
a)https://groups.google.com/forum/?hl=pt-BR#!forum/solivroscomsinopses
b)http://groups.google.com.br/group/bons_amigos?hl=pt-br
Este e-book representa uma contribuição do grupo Bons Amigos para aqueles que necessitam de obras digitais como é o caso dos deficientes visuais e como forma de acesso e divulgação para todos.
É vedado o uso deste arquivo para auferir direta ou indiretamente benefícios financeiros.
Lembre-se de valorizar e reconhecer o trabalho do autor adquirindo suas obras
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Sobre o autor:
Ricardo Veronese foi um escritor best seller na década de 70 do século passado. Com excelentes estórias do cotidiano.
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