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PAIX�ES HUMANAS
Carlos Aquino
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Capitulo 1
A miss�o
Hor�cio desceu do trem e reconheceu a velha
esta��o t�o familiar nos seus tempos de inf�ncia.
Costumava brincar ali, h� duas dezenas de
anos, com outros garotos. O F�bio, o Lauro,
o Roberto, o filho do Dr. Rodrigo (como era
mesmo o nome dele?) e alguns outros amigos.
Como estariam eles? Morariam ainda ali? Ser�
que o reconheceriam? Hor�cio preferia que n�o.
Ou melhor, era absolutamente necess�rio que
n�o os encontrasse nesta sua volta. E, caso isso PAG 5
acontecesse, o melhor seria que n�o o reconhecessem.
Tinha uma grande esperan�a de que realmente
ningu�m, ao v�-lo agora, mesmo tendo
o conhecido em crian�a, n�o o reconhecesse.
Isso era fundamental para sua miss�o.
E haveria de cumpri-la, custasse o que custasse
Por que este temor agora de que os velhos
conhecidos ainda se lembrassem dele? Ou mesmo
que lembrassem, era muito dif�cil saber quem
ele realmente era.
Fora um menino raqu�tico e p�lido. Agora, aos
vinte e oito anos, tinha quase um metro e oitenta
de altura, era muito forte e possu�a uma
apar�ncia saud�vel.
Para acentuar mais ainda a diferen�a dos
seus tempos de garoto, deixara crescer um bigode.
Depois de vinte anos de aus�ncia, com aquela
nova apar�ncia, era quase imposs�vel que algu�m
o reconhecesse.
Colocou logo os temores de lado, por julg�-
los absurdos. Nem mesmo o nome, pensava
em mudar. No hotel em que se hospedasse colocaria
na ficha: Hor�cio, mesmo. Em crian�a,
ningu�m o conhecia por este nome, e sim pelo
apelido, Maneco. P�G 6
Na verdade, Hor�cio n�o sabia porque o chamavam
de Maneco, naquela �poca. N�o tinha
nada a ver, e n�o se lembrava quando nem de
onde surgira o apelido. S� sabia que desde bem
pequeno todos o chamavam de Maneco.
Isso, agora que queria passar com sua identidade
despercebida na cidade, tornava-se uma
grande vantagem.
Ningu�m ia ligar a figura da crian�a magra
e p�lida que se chamava Maneco, ao rapaz
alto, forte e bonito que atendia pelo nome de
Hor�cio.
Talvez a professora da escola onde estudara,
pensou. L�, como n�o podia deixar de ser, se
matriculara com seu verdadeiro nome. E apesar
deste constar das listas de chamada, a pr�pria
professora tamb�m o chamava de Maneco.
N�o, n�o havia motivos para maiores preocupa��o
quanto ao fato de descobrirem quem
ele era na verdade.
E poderia cumprir sua miss�o sem muitas
dificuldades.
Andou pelas ruas, reconhecendo-as.
Mas a cidade mudara muito naqueles �ltimos
vinte anos. Tinha at� arranha-c�u, ruas asfaltadas,
um com�rcio multo maior. A chamada civiliza��o
finalmente chegara l�.
A medida que andava, Hor�cio tinha uma
nova surpresa. Realmente, parecia at� outra
�7
cidade. A velha esta��o de trem onde desembarcara
continuava praticamente a mesma. Mas
era um dos poucos lugares que n�o se modificara.
Esse desenvolvimento s� seria favor�vel �
sua miss�o. O fato da cidade ter crescido tanto
fazia com que se tornasse bem mais dif�cil encontrar
algum dos velhos conhecidos.
Passar completamente despercebido entre os
outros habitantes do lugar, mesmo porque havia
muita gente de fora morando l�.
Hor�cio surpreendeu-se tamb�m com a grande
quantidade de carros. No seu tempo de inf�ncia,
podia-se at� atravessar as ruas de olhos
fechado Um ou outro autom�vel passava...
Tudo indicava que sua miss�o seria coroada
de �xito. As circunst�ncias, � primeira vista,
lhe pareciam bastante favor�veis.
Al�m de sua pr�pria determina��o. Mesmo
que t.udo lhe fosse contra, sabia que teria �xito,
pois suas vontade era de ferro, nada o demoveria
de fazer o que se tinha proposto.
Chegou ao centro da cidade, procurou um
hotel para se instalar, e assim que entrou no
quarto resolveu descansar um pouco.
Quando tinha apenas oito anos, seu pai tinha
sido assassinado e ele fora com sua m�e
morar em outro lugar.
Durante todo o per�odo de crescimento, enquanto
se transformava de menino em adoles- P�G 8
cente e depois num adulto, dia ap�s dia sua
m�e lhe incutira o desejo de vingan�a.
Praticamente o criara com este �nico objetivo.
O Dr. Conrado, na �poca um dos homens
mais poderosos do lugar, resolvera tomar o s�tio
onde seus pais moravam. Ilegalmente, claro.
E como seu pai fora pessoalmente tomar sa-.
tisfa��es, o Dr. Conrado n�o teve d�vidas. Puxou
um rev�lver e o matou. Depois, mandou um
dos capangas atir�-lo num local deserto.
N�o houve como provar sua culpa, mas a
m�e de Hor�cio sabia o que tinha acontecido.
O marido sa�ra de casa direto para o escrit�rio
do Dr. Conrado e n�o voltara. Aparecera depois
morto. Ele n�o tinha Inimigos. O assassino
n�o podia ser outro.
Mas como n�o tinha provas concretas, nada
aconteceu com o Dr. Conrado, que, diante, da
mulher Indefesa, se apossou definitivamente do
s�tio. E para ela n�o houve outra solu��o a n�o
ser sair daquela cidade que odiava, em companhia
do filho.
Sem recursos, trabalhou para educ�-lo, enquanto
lhe colocava na cabe�a a obsess�o da
vingan�a.
E agora, ali estava Hor�cio, disposto � fazer
com Conrado o mesmo que este fizera a seu pai.
Iria p�r em pr�tica seu plano friamente, calculadamente.
Segundo sua m�e, o Dr. ConradoP�G 9
tinha uma filha que atualmente deveria estar
com pouco mais de vinte anos.
Era atrav�s dela que Hor�cio pretendia chegar
� consuma��o de sua vingan�a.
* * *
No dia seguinte pela manh�, bem disposto de
pois de uma noite tranquila (Hor�cio n�o sentia
culpa antecipada pelo que pretendia fazer, pelo
contr�rio, sentir-se-ia culpado se n�o realizasse
sua miss�o, ele saiu do hotel.
. Dirigiu-se para a rua onde morava o assassino
de seu pai. Reconheceu logo a casa, ou melhor,
. a mans�o.
Apesar do progresso, dos novos edif�cios, a
velha e magn�fica mans�o continuava ali, intata.
- Ou melhor, reformada.
Ele ficou do outro lado da rua, cirando-a.
durante muito tempo. Depois, para n�o dar na
vista, resolveu ir embora.
Teria que ter paci�ncia...
E muito cuidado.
Nada poderia falhar em seu plano.
Mas a sua seguran�a e determina��o j� lhe
asseguravam o �xito de sua miss�o.P�G 10
Capitulo 2
uma jovem bonita
Assim como quem n�o queria nada, dia ap�s
dia, Hor�cio passava pela rua onde o Dr. Con
rado morava. N�o se detinha diante da mans�o
para n�o chamar a aten��o de ningu�m. Apenas
andava mais devagar, olhando-a com naturalidade.
Sua finalidade era conhecer a jovem filha
do homem que pretendia matar. E esperava que,
mima das vezes em que passasse diante da resid�ncia,
a avistasse.
N�o sabia como era seu rosto. Mas n�o seria
dif�cil reconhec�-la. O Dr. Conrado s� tinha uma P11
filha. Quando visse alguma jovem bem vestida
saindo da casa, certamente seria ela.
Haveria a possibilidade de ser uma amiga
ou parenta, mas isso seria f�cil de descobrir.
Finalmente, numa das vezes em que Hor�cio
passava em frente � mans�o, do outro lado
da rua, viu uma jovem abrindo o port�o e
saindo.
Seu cora��o pulou.
Devia ser ela.
Deixou que a mo�a andasse um pouco. Compreendeu
que ela n�o o vira. Mais adiante,
ent�o, abordou-a. Como motivo para abord�la
mencionou o fato de que n�o era daquela
cidade e que estava melo perdido, sem saber
como voltar para o hotel onde estava hospeda
do.
do.
r
Sueli explicou-lhe o melhor que p�de, sol�cita,
a maneira como encontraria o caminho do
seu hotel. Chegou mesmo a acrescentar que
ia na mesma dire��o.
Seguiram andando juntos.
A jovem mostrava-se descontra�da e conversava
naturalmente, como se fossem conhecidos.
Ele perguntou-lhe onde morava, e falou que
gostaria de v�-la de novo.
A mo�a disse que era melhor deixar tudo
por conta do acaso.
12�
Finalmente, ela chegou ao seu destino, despediu-
se, sorridente, e Hor�cio voltou para seu
hotel.
Havia dado o primeiro passo.
Sentia-se satisfeito com sua pr�pria habilidade
e simpatia. Havia em pouco minutos ad-.
quirido uma certa confian�a da mo�a. Para
um primeiro encontro n�o poderia ser melhor.
O segundo encontro tamb�m foi for�ado por
Hor�cio. S� que desta vez ele n�o, precisava disfar�ar
muito.
Postou-se certa tarde diante .da resid�ncia
de Sueli e esperou pacientemente que ela sa�sse
de casa.
Em vez disso, viu-a chegando.
Sueli o avistou, sorriu e cumprimentou-o.
Ele aproximou-se tamb�m, sorridente.
� Estava me esperando?
Hor�cio n�o mentiu:
� Sim.
� H� muito tempo?
� Mais de uma hora.
� Voc� tem multa paci�ncia.
� � uma de minhas qualidades.
-13
� Tinha tanta vontade de me ver assim?
� Confesso que tinha.
� N�o quis deixar ao acaso, como eu propus
naquele dia.
� N�o. O acaso quem faz � a gente. N�o
acredito que as coisas cheguem as nossas m�os
sem que se fa�a for�a para que Isso aconte�a.
� N�o acredita em destino, ent�o.
� Claro que n�o. Meu destino sou eu. Eu
sou respons�vel por ele.
� Voc� parace muito seguro de si.
� � outra
de minhas qualidades.
Ela disse em tom de brincadeira:
� Mas tem um defeito que est� na cara.
� Qual �?
� O convencimento.
� Acha que isso � um defeito?
� Claro que �.
� Eu n�o concordo. Sou convencido apenas
das qualidades que sei que tenho. Isso n�o �
defeito e n�o adianta querer provar o contr�rio
� ele falou, com um leve tom ir�nico
na voz e acrescentou: � E quanto a voc�, quais
suas principais qualidades?
� N�o tenho muitas.
� N�o acredito. Pelo menos uma voc� n�o
pode esconder. P�G 14
� Qual?
� A beleza.
� Vamos mudar de assunto e falar de outras
coisas? O que est� achando da cidade?
� Estou gostando.
� Val passar muito tempo aqui?
� Um m�s.
� S�?
� Gostaria que eu ficasse mais tempo?
Sueli n�o respondeu. O rapaz continuou:
� Estou de f�rias. F�rias acumulada. Na
verdade, posso ficar aqui at� dois meses Tudo
depende...
� De qu�?
� De que aconte�a alguma coisa que me
prenda mais tempo na cidade.
* * *
A partir deste dia passaram a se encontrar
assiduamente. Hor�cio procurava envolver cada
vez mais a mo�a. Esta, por sua vez, sentia-se
cada vez mais atra�da por ele.
� � dif�cil acreditar qu� uma jovem bonita
como voc� n�o tenha namorado.
� Pra voc� ver como s�o as coisas. .
� Talvez seja muito exigente... P�G 15
� Nem tanto. Apenas ainda n�o tinha aparecido
ningu�m por que eu me sentisse... at�
que...
� Por que tantas retic�ncias?
Ela olhou-o nos olhos.
N�o precisava mais falar.
Hor�cio beijou-a nos l�bios.
� � uma pena que voc� s� fique aqui t�o
pouco tempo.
� J� estou decidido a passar os dois meses
com voc�.
Ainda assim, � muito pouco.
Estavam numa pra�a e era noite.
Hor�cio resolveu ser ousado:
Se eu lhe fizesse uma proposta, voc� aceitaria?
� Quem sabe?
Ele, em vez de falar, segurou a m�o da
jovem. Beijou-a mais uma vez na boca. E en�
caminhou-se para o hotel onde estava hospe�
dado, Sueli o seguiu.
Ainda era cedo. Oito horas mais ou menos
Portanto, a entrada de Sueli no hotel n�o
chamou muito aten��o'. Tiveram o cuidado a.
16�
ao entrarem na portaria, fazerem de conta que
n�o estavam juntos.
Tomaram o elevador, como se n�o se conhecessem.
Mas desceram no mesmo andar.
O corredor estava deserto. N�o havia, portanto,
nenhum risco de Sueli ser vista entrando
no quarto do rapaz.
Assim que ficaram a s�s, ela atirou-se em.
seus bra�os. Parecia profundamente comovida.
Entre um beijo e outro, murmurava:
� Eu o amo... eu o amo...
Hor�cio afagou-lhe a cabe�a, como se consolasse
uma crian�a. Sueli gostou do gesto. Tudo
em Hor�cio lhe agradava. T�o diferente de Est�v�o.
Como pudera am�-la durante tanto tem
po? E como pudera ter-se deixado possuir por
ele? Tinha sido uma loucura. Desde o in�cio
fora uma loucura. Est�v�o era casado. E ela sa
bia. Cometera o erro consciente do que estava
fazendo...
Agora Sueli sentia que encontrara finalmente
o grande amor de sua vida. Tinha certeza de
que Hor�cio n�o iria decepcion�-la. Mesmo assim
perguntou:
� Voc� � casado?
� Eu?! � perguntou Hor�cio, surpreso. �
Por que pensou nisso?
� N�o est� me enganando?
�17
� Claro que n�o. Sou absolutamente livre.
Quer ver meus documentos? Posso provar que
sou solteiro.
� N�o precisa. Acredito em voc�.
Ele come�ou a acariciar-lhe os seios.
Delicadamente levou-a para a cama. Teve o
suidado antes de apagar a luz. No quarto entrava
apenas a claridade da rua.
Despiram-se na semi-escurid�o.
Deitaram-se e abra�aram-se.
Hor�cio procurou ser o mais carinhoso pos
s�vel enquanto possu�a a jovem...
18-
cap�tulo 3
O Convite
� Gostaria de apresent�-lo a meus pais.
� Quando?
� Hoje, se quiser � respondeu Sueli.
E Hor�cio dirigiu-se para a mans�o onde Sue-
li vivia com a fam�lia. Sentia-se particularmente
alegre, apesar de saber que teria "que se controlar,
para n�o demonstrar seus verdadeiros
sentimentos.
Teve um certo remorso por estar alegre por
conhecer o assassino de seu pai. Mas sua alegria
era decorrente do fato de que as coisas
�19
estavam caminhando de acordo com seus planos,
E muito mais facilmente do que poderia supor.
Ao apertar a m�o do Dr. Conrado, sentiu
uma esp�cie de n�usea. Mas soube dissimular
muito bem.
Conversou sobre os mais variados assuntos,
procurando mostrar-se o mais agrad�vel poss�vel.
D. Evangelina, a m�e de Sueli, mostrava-se
encantada com o rapaz e convidou-o a aparecer
quantos vezes quisesse.
* * *
� Voc� n�o gostaria de viver definitivamente
aqui?
� perguntou Sueli, de repente.
Os dois estavam no quarto do hotel:
� Quer saber a verdade?
� Claro.
� Gostaria, sim. Mas...
� Mas, o qu�?
�
Tenho que voltar para a minha cidade,
o
meu emprego...
� Papai poderia lhe arranjar um emprego
aqui.
Hor�cio olhou-a fixamente:
� Eu a amo, Sueli. E acho que sou correspondido.
Q�e tal se a gente se casasse?
� Est� falando s�rio?
20�
� Sei que � um tanto repentino... Mas estas
coisas acontecem.
� Quer mesmo casar comigo? � perguntou
Sueli, no auge da fecilidade.
* * *
Durante todo este tempo em que seu projeto
avan�ava, Hor�cio n�o deixava de escrever
� m�e, contando as novidades.
E ela sempre respondia, encoraj ando-o, dando-
lhe est�mulo e dizendo que confiava cegamente
no �xito do rapaz em sua miss�o.
Com Sueli, Hor�cio mostravam-se cada vez mais
amoroso. E mentiu a respeito de sua vida. Disse
que vivia com os pais, que nascera na cidade
onde morava, mas que nada o prendia l�. Na
verdade, disse, nem mesmo vivia com os pais,
que tinham outros filhas. N�o havia, portanto,
maiores motivos para que ele n�o se estabelecesse
em outra cidade.
Sueli parecia viver um sonho.
Tudo se encaixava de maneira perfeita.
Apenas seu pai advertiu-o:
� Voc� n�o acha precipitado casar com
este rapaz? Afinal s� o conhece h� pouco mais
de um m�s.
� Bem... podemos casar mais tarde... mas
gostaria que o senhor lhe arranjasse um emprego,
�21
para. que ele ficasse morando na cidade. O casamento
pode ficar para daqui a alguns meses.
O Dr. Conrado ficou satisfeito com o bom
senso da filha. Afinal, n�o lhe custava usar
suas influ�ncias para conseguir uma coloca��o
para o rapaz. Se depois de algum tempo ficasse
provado que o interesse de Horacio por
Sueli n�o era apenas por causa de sua fortu
na, ent�o consentiria no casamento.
Na realidade, havia mesmo interesse financeira
da parte de Hor�cio. Ele pretendia casar
com Sueli, matar o velho e ficar com parte da
fortuna dele, uma vez que esta tamb�m lhe
pertencia, de certo modo, pois o Dr. Conrado
apoderara-se dos bens de seu pai, vinte anos
antes.
Horacio passou a exercer uma importante
fun��o na firma de um amigo do Dr. Conrado,
noivou oficialmente com Sueli e tudo indicava
que seu plano sinistro seria coroado de �xito.
No entanto, o rapaz sentia-se cada vez mais
inquieto. Sabia que s� sossegaria depois que fizesse
justi�a com as pr�prias m�os.
Para ele, o sacrificio de fingir amizade pelo
Dr. Conrado, a quem odiava, era quase superior
�s suas for�as.
Assim, esperava que chegasse logo a oportunidade
de eliminar o velho sem se comprometer.
22�
Cap�tulo 4
O dia ideal
� Sexta-feira vai ter uma grande festa no
clube. Vamos?
Sueli acabou de fazer a pergunta e beijou
o noivo. Na mente deste, r�pido como um raio,
veio a id�ia de que seria o dia ideal de fazer
o que tanto esperava.
Teria o �libi perfeito.
Combinou ent�o com Sueli de irem ao baile
juntos. P�G 23
* * �
No dia da festa, �s oito horas da noite, vestido
a rigor, Hor�cio saiu do hotel.
Mas n�o se dirigiu diretamente � mans�o da
noiva.
Em vez disso, foi at� o escrit�rio do Dr.
Conrado. Sabendo dos h�bitos deste, tinha certeza
de que iria encontr�-lo l�, uma vez que
o Dr. Conrado sempre permanecia at� tarde
em seu escrit�rio, no �ltimo dia �til da semana,
depois que os empregados iam embora.
Entrou no edif�cio aparentando uma calma
absoluta. Na verdade, Hor�cio n�o estava nervoso.
H� duas dezenas de anos que havia sido
preparado para aquele momento.
Tomou o elevador e apertou o bot�o que indicava
o andar do escrit�rio do Dr. Conrado.
Diante da porta tocou a campainha.
O Dr. Conrado veio atender e mostrou-se surpreso
com a visita do futuro genro.
Convidou-o a entrar:
� O que aconteceu?
� Gostaria de conversar com o senhor.
� Sobre?
O velho dirigiu-se a uma poltrona, sentou-se
e apontou uma outra para que Hor�cio se sentasse
tamb�m. Mas o rapaz continuou de p�.
E n�o respondeu � pergunta do Dr. Conrado.
Este insistiu:
24�
� � a respeito de Sueli?
� N�o.
A resposta veio seca, numa voz firme e impessoal.
O Dr. Conrado olhou o jovem com
curiosidade.
E quase n�o podia acreditar no que viu a
seguir. Hor�cio puxou um rev�lver e aponto para
o velho:
� Sabe quem eu sou?
O Dr. Conrado esperava por tudo, menos por
isso. Que Hor�cio fosse ca�ador .de dotes, que
estivesse querendo dar o golpe do ba�, casando
com sua filha, tudo isso passara por sua cabe�a,
Mas nunca que fosse um criminoso.
Hor�cio sorriu maquiavelicamente:
� Vou refrescar sua mem�ria, seu velho nojento.
Lembra que h� vinte anos o senhor matou
um homem?
O Dr. Conrado olhava o rapaz cada vez mais
apavorado. Claro que lembrava. Mas julgara
que ningu�m mais recordava aquele fato. Como
Hor�cio sabia daquilo? Naquela �poca devia ser
uma crian�a.
O velho conseguiu for�as para balbuciar:
� N�o ficou nada provado.
� Claro. Nem poderia ser de outra forma.
Seu trabalho foi perfeito. Assim como o meu...
� O que voc� tem com um fato que aconteceu
h� tantos anos?
� Eu sou o filho do homem que o senhor
matou. Eu voltei a esta cidade apenas para
me vingar...
� E por que iludiu minha filha? Ela n�o
tem nada com isso.
� Era a maneira mais pr�tica de fazer o
servi�o bem feito. Vou mat�-lo, e ningu�m vai
saber que fui eu. Daqui vou direto para uma
festa, com sua filha. Ela mesmo vai ser testemunha
de que eu estava a seu lado na hora em
que o senhor foi assassinado. Nunca v�o descobrir
que fui eu.
Mal acabou de falar. Hor�cio puxou o gatilho
e acertou no peito do Dr. Conrado. �quela
hora, todos os outros escrit�rios do edif�cio estavam
fechados, e ningu�m ouviria os tiros. Ati~
rou de novo e foi verificar se o homem estava
realmente morto.
Depois guardou a arma calmamente e come�ou
a desarrumar a sala, de modo a parecer
que havia sido um assalto.
Logo em seguida saiu do escrit�rio.
Na porta do edif�cio cruzou com uma mulher
desconhecida, mas n�o lhe prestou maior aten��o.
Assim, n�o notou que ela o observara com
curiosidade. P�G 26
Na rua, Hor�cio apressou os passos. Teria que
passar ainda no hotel pra deixar a arma e as
luvas que colocara para n�o deixar impress�es
digitais.
Depois dirigiu-se para a resid�ncia de Sueli,
calmo e alegre, como se n�o tivesse, acabado
de matar uma pessoa, como se nada de anormal
tivesse acontecido.
A jovem j� estava pronta, � sua espera, e
recebeu-o com um sorriso.
Seguiram para o baile, no carro de Sueli.
Se esta tivesse reparado bem, teria notado
que o rapaz talvez estivesse mais alegre do que
o
costume. Mas, mesmo que notasse isso, atribuir
� bebida e � anima��o da festa.
Nem de longe Sueli poderia Imaginar a tempestade
que estava prestes a lhe cair sobre a
rabeca.
Dan�ava animadamente com Hor�cio, quando
algu�m lhe tocou no ombro. Virou-se e viu
um homem desconhecido, que falou com polidez:
� Desculpe interromper, mas o diretor do
clube precisa falar com a senhorita.
� Comigo?
� Sim.
� Tem certeza de que n�o est� enganado?
� Absoluta.
�27
Junto com Hor�cio, Sueli acompanhou o desconhecido
at� o escrit�rio do diretor do clube.
Este os recebeu com um ar muito contrito, que
prenunciava trag�dia.
No �ntimo, Hor�cio divertia-se com a situar�o,
uma vez que sabia do que se tratava. Mas
Sueli n�o conseguia entender nada:
� O senhor est� querendo falar comigo? �
perguntou ao homem sentado diante de uma
mesa.
� Infelizmente... Tenho uma not�cia para
dar � senhorita... uma not�cia ruim... N�o sei
como come�ar...
� O que houve?
- Acabei de receber um telefonema...
� E...
O homem n�o sabia como dizer. Vacilava, n�o
encontrava as palavras apropriadas. Sueli esperava
j� um pouco angustiada. Finalmente, o diretor
do clube concluiu:
� Acabou de acontecer uma trag�dia.
� Uma trag�dia?! � perguntou a jovem.
cada vez mais confusa.
� Sim... o seu pai...
� O que houve com ele?
� Foi assassinado.
De repente, Sueli come�ou a rir. Um riso
hist�rico. E falou, com impaci�ncia:
28�
� N�o � verdade.
� Pois o que acabaram de me comunicar.
� O senhor deve estar enganado.
� N�o estou n�o.
� Meu pai est� no escrit�rio... ainda deve
estar trabalhando. �s sextas-feiras fica l� at�
tarde...
� Justamente. Ele foi assaltado no escrit�rio.
Apesar de n�o querer, Sueli teve que acreditar
na verdade. E ent�o come�ou a chorar.
Os solu�os aumentavam, e ela procurou consolo
no ombro de Hor�cio, justamente no ombro do
respons�vel por todo aquele drama.
O rapaz procurou consol�-la como p�de.
Pouco depois sa�am do clube, a jovem ampara
da por Hor�cio. Tomaram o autom�vel e seguiram
para a casa dela. Desta vez era Hor�cio
quem ia ao volante, pois a mo�a n�o estava
em condi��es de dirigir.
No caminho, ela virou o rosto para Hor�cio
e perguntou:
� Deve ter sido engano, voc� n�o. acha?;
� N�o sei, Sueli. Acalme-se...
Ele n�o falou mais.
Alguns minutos depois desceram em frente
� resid�ncia.
Abriram o port�o que dava para o jardim,
e alguns passos depois entravam na casa.
�29
Depararam ent�o com D. Evangelina, em
prantos, acompanhada de uma mulher, que Hor�cio
n�o conhecia.
M�e e filha abra�aram-se, solu�ando.
� Que trag�dia, minha filha! Que trag�dia!
At� ent�o Hor�cio estava apenas prestando
aten��o �s duas. Mas sentiu que algu�m o
olhava fixamente. Olhou para a mulher desconhecida.
Aquele rosto n�o lhe era estranho. Onde
o tinha visto antes? Por mais que se esfor�asse
n�o conseguia descobrir. N�o conhecia ningu�m
naquela cidade.
A mulher mantinha o olhar fixo nele, acusadora.
Quem seria? � perguntou Hor�cio a si mesmo.
Aquele rosto...
De repente, sentiu um calafrio.
Aquele rosto era de algu�m que tinha visto
poucas horas antes. E subitamente tudo se tornou
claro: era a mulher que cruzara com ele,
quando descera do elevador, logo depois de ter
matado o Dr. Conrado. Vira-a apenas de relance,
mas tinha certeza que era ele. Seu olhar
incomodava-o. E sentiu-se perdido...
Mas quem seria aquela mulher?
30�
E o que estaria fazendo ali?
Ela como que adivinhava-lhe os pensamentos.
Por isso, aproximou-se e falou:
� Permita-me que eu me apresente. D. Evangelina
e Sueli n�o est�o em condi��es de se
preocuparem com isso agora. Eu me chamo Liza.
Era a secret�ria do Dr. Conrado � e estendeu
a m�o para Hor�cio, que n�o teve outra
sa�da, sen�o estender tamb�m a sua, enquanto
dizia:
� Muito prazer, Hor�cio.
� J� o conhe�o de nome. O Dr. Conrado
falava multo em voc�. Sei que est� noivo de
Sueli...
O rapaz procurou manter o sangue-frio. Liza
procurou esclarecer:
� Fui eu quem descobriu o corpo do Dr.
Conrado. Como tinha esquecido meu tal�o de
cheques no escrit�rio, voltei para apanh�-lo. E
encontrei o Dr. Conrado morto. O escrit�rio
estava completamente revirado. Telefonei imediatamente
para a pol�cia. Mas uma coisa me
deixou profundamente intrigada...
� O que foi? � conseguiu perguntar Hor�cio,
temendo pela resposta.
� Meu tal�o de cheques, que eu deixara
bem � vista, em cima da mesa, junto com algum
dinheiro, estava intato. Ningu�m mexeu
nele. Se foi algum assaltante como julga a PAG 31
pol�cia, teria evidentemente levado o dinheiro...
Mas este detalhe eu n�o contei a pol�cia...
� Por qu�?
� Fiquei em d�vida. Tamb�m estava muito
abalada ao ver meu patr�o morto. S� pensava
em como contar o fato � D. Evangelina, a maneira
de lhe revelar o acontecido. Realmente
n�o sabia o que fazer. E terminei me esquecendo
de falar � pol�cia sobre o meu dinheiro.
Mas tem tempo. Amanh�, mais calma, eu falo
a respeito disso.
E olhou significativamente para Hor�cio. Este
disfar�ou, afastando-se de Liza e aproximando-
se de Sueli e sua m�e, procurando consol�las.
Durante toda a noite, Hor�cio deu assist�ncia
� noiva e � futura sogra. Liza. No entanto,
ele procurava evit�-la, sem no entanto demonstrar
o fato.
* * *
Depois do enterro, literalmente exausto, voltou
para o quarto do hotel, a fim de descansar.
Estava dormindo, quando o telefone tocou insistente.
A princ�pio, pensou em n�o atender. Mas poderia
ser Sueli. Ali�s, s� poderia ser ela, racio
32~
sinou, enquanto pegava o fone, ainda tonto de
sono:
� Al�!
� Quer falar com quem?
� Com Hor�cio.
� � ele mesmo. Quem est� falando?
� Liza...
� Liza?!
� Sim. A secret�ria do Dr. Conrado...
� Ah, sim, como vai? Aconteceu alguma coisa?
� Preciso falar com voc�, com urg�ncia.
� Comigo?!
� Sim. Gostaria que fosse at� minha casa
togo mais.
� Talvez n�o possa. Fiquei de passar na
casa de Sueli �s oito da noite.
� Depois que sair de l�...
� Pode ser muito tarde.
� N�o tem import�ncia. Eu fico esperando.
Por favor, tome nota do meu endere�o...
E Hor�cio n�o teve outra sa�da a n�o ser
anotar o endere�o de Liza e garantir que pas
saria na casa dela, assim que pudesse, naquela
mesma noite.
Depois do telefonema, apesar do cansa�o, n�o
conseguiu mais dormir.
Aquela mulher n�o estava nos seus planos.
Sabia que ia ser dif�cil se livrar de Liza. Tudo
indicava que ela iria fazer chantagem, e que
tinha certeza de que ele era o criminoso.
Talvez devido ao fato de quase n�o ter dormido
e de todas as emo��es por que tinha passado,
al�m daquela situa��o inesperada de haver
uma quase testemunha do crime, Hor�cio
sentia que perdia cada vez mais a seguran�a
anterior.
N�o conseguia encontrar um meio de afastar
o perigo que Liza representava.
Acendeu um cigarro.
E outro.
E mais outro.
A dor de cabe�a aumentava e tinha a impress�o
de que ia enlouquecer.
E se fugisse? Se fosse embora daquela terra
maldita?
Bem, isso seria quase como confessar o crime.
N�o, n�o podia fazer uma coisas destas.
34�
Tinha que enfrentar Liza. E venc�-la. Acabaria
arranjando um meio de faz�-lo.
Vendo que de jeito nenhum conseguiria adormecer
de novo, levantou-se tomou um banho
vestiu-se e saiu.
Ainda n�o estava na hora que combinara para
ir � casa de Sueli. Passeou um pouco pelas
ruas. Entrou em um bar.
Pediu um u�sque.
Come�ou a beber. Talvez aquilo fizesse com
que se sentisse melhor.
Pouco depois saiu do bar e encaminhou-se para
a resid�ncia da noiva.
Chegando mais cedo sairia tamb�m mais cedo.
E iria � casa de Liza. Estava ansioso para
saber o que ela queria. A bebida fizera com
que se sentisse mais corajoso.
N�o havia achado ainda a maneira como
se livrar da mulher mas j� n�o temia tanto
ter que enfrent�-la.
* * *
Hor�cio tocou a campanhia do apartamento
de Liza �s onze da noite.
Ela veio atender.
�35
Ao contr�rio da outra vez em que a vira, n�o
estava t�o s�ria nem amea�adora. Pelo contr�rio,
tinha at� um sorriso nos l�bios:
� Oi, como vai? Fa�a o favor de entrar.
Quando estavam na sala Liza perguntou:
� Quer beber alguma coisa?
� Aceito.
� O qu�?
� U�sque.
Ela preparou duas doses. Uma para Hor�cio
e outra para si pr�pria.
� Bem, acho que devo ir direto ao assunto.
� Que assunto? � perguntou Hor�cio, como
se n�o soubesse.
� Voc� sabe do que se trata. A morte do
Dr. Conrado.
� Foi um golpe terr�vel.
Liza encarou-o:
� Eu passei por voc�, quando sa�a do elevador
do edif�cio onde meu patr�o tinha o escrit�rio.
E o encontrei morto. Tinham acabado de
assassin�-lo...
36�
� Como todo mundo sabe, foi um assalto.
� Voc� sabe t�o bem quando eu, que n�o
foi.
� N�o?!
� Claro que n�o. J� lhe falei a respeito. Se
tosse um assaltante comum, tendo revirado toda
sala, n�o deixaria meu dinheiro que estava em
minha mesa, bem � vista. E voc� estava saindo
do edif�cio justamente naquele momento. O que
foi fazer l�?
Hor�cio fez men��o de falar, mas Liza n�o
deixou:
� N�o precisa mentir. N�o vai me convencer.
Voc� est� aqui na cidade h� pouco tempo.
Tenho certeza de que n�o conhece ningu�m
naquele pr�dio. A n�o ser o Dr. Conrado. Voc�
tinha ido^o seu escrit�rio. E foi voc� quem o
matou.
� Est� me acusando?
� Estou, sim.
� Isso � grave.
� Eu sei. Mas se voc� fosse inocente...
� Eu sou inocente.
� N�o �, Hor�cio. Prove?
Ele tomou mais um gole de u�sque. Acendeu
um cigarro.
�37
Liza continuou:
� Eu n�o falei nada � pol�cia a respeito
do detalhe do meu dinheiro que ficou intato
na mesinha. Nem que o vi saindo do elevador.
Ainda est� em tempo de fazermos um acordo.
O rapaz viu que n�o havia sa�da alguma, a
a�o ser entrar num acordo com a mulher:
� O que voc� est� querendo? Quanto?
� N�o quero dinheiro.
� N�o?
� N�o.
� Quer me dizer ent�o o que deseja?
Foi a vez de Lisa beber mais um gole de
u�sque e acender outro cigarro:
� Eu j� o conhe�o de vista h� bastante tempo.
� Desde quando?
� Desde que come�ou a namorar Sueli
- N�o sabia que estava sendo observado.
� Eu o via acompanhando Sueli na rua, na
pra�a, se beijando. Sei at� que ela freq�entava
seu quarto no hotel.
38�
� Pelo visto, voc� se preocupa demais com
a vida dos outrcs
� N�o seja Insolente. Voc� n�o est� em posi��o
de fazer isso. Eu n�o me preocupo com
a vida dos outros, mas sim daqueles por quem
tenho interesse.
� Estou deduzindo que o seu interesse era
por mim...
� Claro.
� E em troca do seu sil�ncio,,voc� quer...
� Acho que est� mais do que evidente.
Isso mesmo. Quero -oc�.
A mulher aproximou-se de Hor�cio, que continuava
sentado na poltrona. Ele levantou-se e
ficaram bem juntos, frente a frente.
Liza arquejava.
O rapaz agarrou-a e beijou-a na boca.
Depois, falou com certo cinismo:
� � isso que voc� est� querendo? Pois muito
bem, sua vontade ser� satisfeita.
Ele tornou a abra��-la e abriu o fecho do
vestido de Liza. Come�ou a pux�-lo e viu os
seis nus. Aproximou os l�bios e come�ou a beij�-
los.
A mulher levou-o para a cama.
�39
Liza sabia que n�o era espont�neo. Hor�cio
n�o a amava, e talvez tamb�m n�o a desejasse,
nem mesmo porque ela o tinha nas m�os. Mas
Liza n�o se importava com isso. N�o tinha
muitas ilus�es a respeito da vida, principalmente
da sua ida.
J� passara dos trinta anos. N�o era bonita
nem rica. Tamb�m possu�a poucos parentes.
Apenas uma irm�o casada e dois sobrinhos.
Tinha plena consci�ncia de que era apenas
uma tia solteirona que caminhava inexoravelmente
para uma velhice solit�ria e infeliz.
Sempre invejara Sueli, e de um modo geral
todas as pessoas bem mais aquinhoadas pela
sorte.
Sueli principalmente, pois tinha tudo.
Era jovem, bonita e rica.
Poderia conquistar qualquer homem que quisesse.
Ela n�o. Mas Liza n�o se conformava com
sua pr�pria sorte. E desde que vira Sueli com
Hor�cio, come�ou a desej�-lo. Achara-o incrivelmente
atraente, mas sabia que nunca o teria.
No entanto, desta vez, o acaso lhe fora favor�vel.
No dia do crime, ficara multo aborrecida
ao chegar em casa e verificar que deixara
40�
o tal�o de cheques e o dinheiro no escrit�rio.
Contrariada, voltara para apanh�-lo.
E fora justamente este o seu golpe de sorte.
Vira Hor�cio saindo do pr�dio e encontrara
o Dr. Conrado morto.
Apesar do choque (na verdade Liza n�o morria
de amores pelo patr�o), descobriu que ali
estava sua oportunidade. Uma oportunidade �nica
de ter Hor�cio.
O meio que utilizou para t�-lo em suas
m�os n�o era nada louv�vel. Mas n�o lhe importava
o meio e sim o fim.
Contando que Hor�cio fosse dela, o resto n�o
tinha nenhuma import�ncia.
Amarga, h� muito tempo aprendera que o
amor era uma quest�o de conveni�ncia. Quem
lhe garantia que Hor�cio gostava de Sueli, apesar
desta ser bonita? Pelo contr�rio, os fatos
provavam que ele estava apenas interessado no
dinheiro dela. Se a amasse, jamais mataria o
pai da jovem.
E agora, Liza estava, despida, na cama com
o rapaz. Procurou esquecer tudo e se concentrar
apenas naquele momento.
N�o foi dif�cil para Hor�cio fazer sexo com
Liza. Se o pre�o a pagar era apenas este, tudo
bem. Ele tinha vigor suficiente para satisfaz�
�41
-la na cama tantas vezes quantas a mulher
quisesse. Poderia satisfazer plenamente tanto ela
quanto Sueli...
Possuiu finalmente o corpo de Liza...
* * *
Hor�cio saiu da casa de Liza � uma hora
da madrugada, prometendo-lhe voltar na noite
seguinte, assim que sa�sse da casa da noiva.
Para ele, aquilo n�o constitu�a propriamente
um sacrif�cio. Liza n�o era uma mulher bonita,
mas tamb�m n�o era de se jogar fora.
Procuraria satisfaz�-la da melhor maneira
poss�vel, para ganhar tempo. Depois ent�o, encontraria
uma solu��o para livrar-se dela.
Por isso, seguiu para seu hotel, mais calmo,
certo de que no fim tudo se arranjaria.
* * *
Mas os planos de Liza eram mais altos do
ele pensava. A mulher desejava-o s� para si.
N�o queria que continuasse com Sueli. Por
que dividir uma coisa que poderia ser somente
sua?
No entanto n�o falou logo na sua ambi��o.
Tamb�m resolveu dar tempo ao tempo.
42�
Uma noite tinham acabado de se amar, guando
Liza voltou ao assunto do crime:
� Por que voc� matou o Dr. Conrado?
Hor�cio n�o gostou da pergunta:
� N�o acha melhor mudar o rumo da conversa?
� N�o.
� N�o est� satisfeita comigo?
� Mais ou menos.
� Mais ou menos?
� Sim.
� O que est� querendo mais?
� Depois eu lhe digo. Vamos voltar � pergunta
anterior. Por que matou o Dr. Conrado?
� Ficou provado que foi algum aasaltante
que o matou para roubar.
� Mas eu sei t�o bem quando voc� que n�o
loi nenhum assaltante. Voc� matou o Dr. Conrado.
E deve ter tido seus motivos.
� N�o matei...
Matou sim, sim. N�o vamos discutir isso,
Hor�cio. Tenho provas. Inclusive o fato de voc�
ter-se tornado meu amante. Por que se sujei
�43
taria a mim? Se tosse inocente, por que me temeria
� Voc� hoje est� particularmente desagrad�vel.
� Vamos, fale... por que o matou?
O rapaz deduziu que n�o tinha nada a perder,
revelando a verdade a Liza. Contou ent�o
o que o Dr. Conrado havia feito com seu pai,
e que voltara � cidade para liquid�-lo.
� Ent�o, voc� n�o ama Sueli...
� Claro que n�o. Eu a usei.
Liza sorriu.
� Mas continua com ela.
Hor�cio achou melhor n�o falar de seu plano
de casar com a jovem.
� Daria na vista se eu acabasse com ela
de repente e fosse embora da cidade. Todos
pensariam que eu estava fugindo. Era quase como
editar a confiss�o de minha culpa.
Liza resolveu dar o assunto por encerrado
naquele dia. J� avan�ara o suficiente...
* * *
Era mais ou menos sete horas da noite,
quando Sueli entrou no quarto do hotel onde
Hor�cio estava hospedado.
44�
� Oi!
� Tudo bem?
Tudo legal.
A jovem parecia estar um pouco triste.
Hor�cio perguntou:
� Por que est� assim?
� Assim, como?
� Triste.
� N�o � nada... Tem dias que fico assim
Deve ser por causa da morte de meu pai.
� Ele gostaria de v�-la alegre. Lembre.
se disso.
E Hor�cio beijou a noiva com ternura.
* * *
Ele tornou a possu�-la com for�a, e Sueli gemeu.
Hor�cio n�o podia negar a si mesmo que
era muito melhor transar com a noiva do que
eom Liza. As coxas, os selos, a carne jovem de
Sueli o levavam a um prazer quase infinito.
Continuou movimentando-se sobre o corpo
da jovem, at� que finalmente atingiram o cl�max.
-45
Minutos depois Sueli levantou-se e foi at�
o banheiro. Hor�cio permaneceu na cama, sentindo-
se mais tranq�ilo do que nunca.
A jovem voltou do banheiro, e seu rosto tinha
adquirido de novo a tristeza inicial, de
quando chegara ao quarto do hotel.
Hor�cio falou:
� J� lhe disse que n�o a quero ver triste
Parece at� que n�o me ama...
� Talvez esteja assim por amar voc� demais.
Ele n�o entendeu:
� Por qu�? Eu fiz alguma coisa que a magoasse?
� Eu soube...
O rapaz p�s-se de guarda. O que Sueli teria
sabido? Ser� que Liza o tra�ra e contara alguma
coisa, levantando suspeitas sobre ele?
Adquiriu coragem e perguntou:
� O que voc� soube?
� Falaram-me que voc� tem outra...
Hor�cio respirou aliviado:
� Eu?! Outra?! Voc� est� maluca, Sueli
� Bem... essa gente fala demais...
� Concordo com voc�. Eu posso saber o
que foi que lhe disseram?
46�
� Que voc� � amante de Liza,
E Hor�cio assumiu o ar mais inocente do .
mundo, como se realmente n�o soubesse de quem
se tratava.
� A ex-secret�ria de meu pai.
� Aquela mulher que estava em sua casa,
no dia em que ele morreu?
� Ela mesmo.
O rapaz segurou a noiva pelos ombros, carinhosamente,
e disse, com voz suave:
� Apele para o bom-senso, Sueli. Por que
eu haveria de ser amante dela? Qual o motivo?
Liza n�o � jovem, nem bonita. Por que teria
um caso com ela, se tenho voc�?
Sueli n�o podia duvidar do argumento. Realmente
n�o havia raz�o alguma para o noivo ser
amante de Liza.
� Eu n�o acreditei quando me contaram.
Mas � que, quando a gente ama, e ouve um coment�rio
destes, sempre fica um pouco desconfiada...
� Promete que de hoje em diante confia
em mim acima de tudo?
� Prometo.
Ele segurou-lhe o rosto e beijou-a docemente.
�47
capitulo 5
Feitos um para o outro
Apesar de acreditar ter convencido Sueli de
sua fidelidade, Hor�cio achou que J� era tempo
de terminar aquele jogo periguoO em que
estava envolvido.
Precistava dar um jeito naquela situa��o,
mas por mais que se esfor�asse n�o conseguia
encontr�-lo.
Liza tornara-se uma pedra irremov�vel em seu
sapato. J� fazia tr�s meses que mantinha o
relacionamento com aquela mulher a quem detestava
cada vez mais.
48�
Resolveu ent�o precipitar os acontecimentos.
No encontro seguinte que teve com Sueli, perguntou:
� Voc� n�o acha que dev�amos marcar nosso
casamento logo? Afinal, o que estamos esperando?
� Voc� est� certo... Mas faz t�o pouco tempo
que meu pai morreu...
� Mas n�o existe nada demais, Sueli. A
gente n�o precisa festejar. Podemos fazer uma
cerim�nia intima e depois viajamos. Talvez seja
at� bom para voc� se distrair um pouco e esquecer
toda esta trag�dia.
A jovem encostou o rosto em seu ombro:
� N�o sei o que seria de mim sem voc�,
Hor�cio.
* * *
Sueli falou com a m�e a respeito da conversa
que tinha tido com o noivo, e, Evangelina
ficou de pleno acordo. S� fez uma obje��o: iria
sentir-se muito solit�ria, durante o tempo em
que a filha estivesse fora, em lua-de-mel.
Contando o fato a Hor�cio, este logo resolveu
o problema:
� E por que ela n�o viaja conosco? Seria
tamb�m uma maneira de se distrair.
-49
� Voc� � genial, Hor�cio. N�o sei como
pude viver antes de conhec�-lo�.
A jovem sentia-se t�o feliz, que chegou a
ter um mau pressentimento. E se tudo de repente
desmoronasse? E se um dia Hor�cio pa
rasse de am�-la?
� Voc� me promete uma coisa, Hor�cio?
� O que?
� Nunca me deixar?
� Ora, Sueli, como pode pensar que eu v�
fazer uma destas algum dia?
� Sei l�... eu o amo tanto! Talvez seja
por isso que tenho tanto medo de perd�-io.
� E vou ser sempre seu.
Ela sorriu e o olhou.
Beijaram-se.
Liza deixou-se possuir por Hor�cio.
Este agia maquinalmente.
Um certo enfado transpareceu em seu rosto.
Era como se estivesse possuindo um objeto
inanimado, e n�o um ser humano.
50�
Seus movimentos eram mon�tonos, sem o mais
leve tra�o de paix�o.
Era como se, em vez de estar tendo rela��es
sexuais, estivesse fazendo um trabalho mec�nico,
como se datilografasse.
Liza era perspicaz o suficiente para entender.
No in�cio, oompletamente absorvida pela sua paix�o
pelo rapaz, e tamb�m pelo fato de t�-lo conseguido
para si, n�o tivera essa Impress�o que
estava tendo agora.
Talvez, mesmo porque, nos pimeiros dias, Hor�cio
n�o praticasse o ato sexual com tanta
frieza.
A mulher observou que o rapaz n�o escondia
o t�dio, e mesmo a m�-vontade de estar transando
com ela.
Por isso demorou a atingir o cl�max.
Ele tamb�m.
Exaustos, suados, finalmente entregaram-se
ao prazer.
Ele logo levantou-se para acender o indefect�vel
cigarro.
� O que est� havendo com voc�?
Hor�cio fez que n�o ouviu, e dirigiu-se para
a janela entreaberta, de onde podia ver uma P�G 51
nesga da rua. Procurou prestar aten��o nas poucas
pessoas que passavam, na casa em frente,
totalmente �s escuras (�quela hora a maioria
das pessoas j� dormiam, s� ele tinha que executar
seu penoso "trabalho"), o poste de luz
um pouco mais adiante...
� N�o me escutou falar?
Hor�cio continuou absorto na rua e em seus
pensamentos.
Liza insistiu:
� O que est� havendo com voc�?
Mais uma vez teve � sil�ncio como resposta.
Ela n�o se conteve, e quase gritou:
� Estou falando com voc�, Hor�cio. Quer
me responder? Quer prestar aten��o ao que estou
dizendo?
O rapaz virou-se, com o ar mais tranq�ilo
do mundo!
� O que foi que voc� disse?
Aquela calma aparente de Hor�cio era capaz
de fazer com que Liza ficasse hist�rica. E
ela j� estava quase ficando.
� Eu perguntei o que est� havendo com
voc�.
Ele soltou uma baforada do cigarro:
52�
� Nada.
� Est�, sim. Voc� n�o me engana. Pensa
que
sou t�o burra quanto Sueli? Posso n�o ser
bonita como ela, mas sou mais inteligente.
� Bem, voc� teria que ter alguma qualidade.
Como se a tivessem espetado, Liza deu um
pulo da cama e aproximou-se:
� Veja como fala. N�o estou a fim de ouvir
desaforos.
Hor�cio procurou acalmar os �nimos:
� Mas por que esta briga tola, Liza?
� Voc� est� mudado.
� Continua o mesmo.
� N�o. Pensa que n�o noto sua maneira de
transar comigo. Voc� faz tudo como se n�o passasse
de uma obriga��o.
� Voc� est� tendo o que quer. N�o era sexo
o que queria?
� Isso que voc� faz comigo n�o chega a
ser propriamente sexo. � apenas ura trabalho
mal executado.
� Est� querendo que haja amor entre n�s
dois?
-53
� E por que n�o? Fomos feitos um para o
outro. Temos em comum dois defeitos, ou melhor
duas qualidades essenciais: o cinismo e a
maldade.
� Talvez por isso que o nosso relacionamento
n�o pode durar.
� Vai durar enquanto eu quiser. Voc� sabe
que est� em minhas m�os.
Hor�cio apagou a ponta do cigarro no isqueiro:
� E at� quando pretende me prender?
� Ainda n�o sei... Mas at� l�, fa�a o favor
de cumprir sua obriga��o como deve.
De repente, Liza teve vontade de chorar.
Mas n�o podia faz�-lo na vista de Hor�rio.
Ent�o, num rompante, pediu:
� V� embora. Deixe-me sozinha.
Ele ficou um pouco assustado. Ser� que Liza
sabia que estava com casamento marcado com
Sueli? Ser� que havia descoberto tudo,
� Quer mesmo que eu v� embora agora?
� Quero.
� Ele procurou agrad�-la:
� Desculpe se fui grosseiro. � que ando
muito cansado.
54�
� Claro... tem que transar com duas mulheres
todos os dias... Aposto que Sueli esteve
em seu quarto hoje.
Realmente, a noiva de Hor�cio estivera l�,
e ele tivera rela��es sexuais com ela antes de
vir encontrar Liza. Mas mentiu:
� N�o Sueli n�o esteve no meu quarto hoje.
� Seja como f�r, pode ir embora. Amanh�
a gente se v�.
Ele vestiu-se e saiu.
�55
capitulo 6
Liza
Assim que compreendeu que o rapaz tinha
tomado o elevador, Liza prorrompeu em prantos.
Correu at� a porta para fech�-la � chave,
com receio que ele retornasse e a visse naquele
estado.
Depois atirou-se na cama e abafou os solu�os
no travesseiro.
Liza comprendeu que n�o era t�o forte emocionalmente
como julgara. Durante anos, de
pois de sua primeira desilus�o amorosa, jurara
jamais se apaixonar. E quando fizera aquele
"arranjo" com Hor�cio estava segura de si, pen
56�
sando que poderia us�-lo apenas como uma m�quina
de prazer.
Tinha-se educado a n�o ter mais ilus�es.
Na verdade, gostaria de ser uma esp�cie de rob�,
uma pessoa sem sentimentos...
E na verdade, sua vida era quase a de um
rob�. Organizad�ssima e eficient�ssima, cumpria
todas as suas obriga��es e mantinha-se sempre >.
ocupada para n�o pensar em coisas nas quais
h� muito deixara de acreditar como o amor, por
exemplo.
J� tinha esquecido praticamente o que era um
homem, at� o dia em que vira Hor�cio pela
primeira vez. Desejara-o logo, mas abafara o
sentimentos, uma vez que sabia que ele estava
fora do seu alcance.
At� que surgira aquela oportunidade de t�lo
nas m�os. E resolvera aproveitar.
No in�cio julgara que se contentaria apenas
com o prazer f�sico que ele lhe pudesse proporcionar.
Mas agora via que desejava alguma coisa maia
do que um corpo.
Compreendia mais do que nunca que tamb�m
era um ser humano.
Precisava de amor, como todo mundo.
J� n�o lhe bastava mais o sexo pelo sexo.
Recome�ou a chorar.
* * *
�57
Edmundo.
A figura de Edmundo, o primeiro e talvez
�nico homem que amara antes de Hor�cio, apareceu-
lhe n�tida.
Ainda podia sentir cheiro de sua. barba (Edmundo
usava uma barba bem cuidada).
Parecia estar vendo seus olhos azuis que tinham
uma pureza de crian�a (aparentemente, viria
a saber depois).
Ela j� estava com vinte e cinco anos quando
o
conhecera mais intimamente.
J� o conhecia de vista. A aproxima��o come�ou
quando Edmundo fora trabalhar para o
Dr. Conrado.
Fizeram amizade.
A princ�pio apenas uma camaradagem entre
colegas.
Pelo menos da parte de Edmundo.
Acostumada a ser rejeitada desde os tempos
de adolesc�ncia, por n�o ser bonita, Liza n�o
ousava pensar que um rapaz com a beleza de
Edmundo pudesse se interessar por ele.
Na verdade, pensava que nenhum homem
pudesse desej�-la. Por esta raz�o continuava
virgem aos vinte e cinco anos de idade.
O que era motivo de coment�rios entre as
pessoas de sua fam�lia.
58�
� Voc� precisa casar � dizia-lhe a irm�,
que j� tinha dois filhos naquela ocasi�o, e era
mais jovem do que elaL
Idza procurava mundar de assunto. E a irm�,
para n�o mago�-la, n�o insistia.
Mas, de vez em quando, algu�m falava que
ela deveria casar.
E Liza tinha quase certeza de que ficaria solteirona.
E o pior de tudo, virgem.
At� que apareceu Edmundo.
Uma noite ficaram no escrit�rio at� mais
tarde, por obriga��o de servi�o. Todos os outros
empregados j� tinham ido embora, inclusive o
Dr. Conrado, que tamb�m costumava permanecer
at� tarde no escrit�rio.
� Que trabalho chato! � comentou Edmundo.
� Daqui a pouco a gente termina.
� Espero que o Dr. Conrado n�o esque�a de
pagar as horas extras.
Finalmente, perto das nove e meia da noite,
terminaram suas tarefas, Edmundo um pouco
antes de Liza.
Apesar de j� estar livre, ele disse:
� Vou esperar voc� terminar.
� N�o precisa. Antes de voc� vir trabalhar
aqui, fiquei muitas vezes sozinha no escrit�rio.
-59
� E n�o tem medo?
� De qu�?
Edmundo sorriu misteriosamente.
� De um ladr�o.
� Eu n�o deixava a porta aberta.
� Mas na hora de sair, poderia ser assaltado
no corredor. Al�m de assaltada, poderia
ser tamb�m...
� Tamb�m o qu�?
� Violentada � disse Edmundo, com voz c�nica.
Ela baixou o rosto, encabulada.
E se concentrou no trabalho.
A presen�a do rapaz no escrit�rio, em vez de
fazer com que se sentisse segura, tinha exatamente
o efeito contr�rio.
Edmundo, que andava de um lado para o outro,
fumando, comentou:
� J� pensou se, numa destas vezes em que
ficou sozinha, fosse abordada por um tarado?
Ela n�o respondeu, e finalmente concluiu
seu servi�o.
Estava absorta, arrumando os pap�is, quando
sentiu a respira��o de Edmundo atr�s de si, bem
junto ao seu posco�o.
Liza ficou aterrorizada. Seria o que estava
pensando. Ao mesmo tempo teve vontade que
60�
fosse. Desejou ardentemente que Edmundo a
agarrasse, a beijasse, a dilacerasse
Ele a abra�ou pelas costas.
Liza sentiu o corpo excitado do rapaz de
encontro �s suas n�degas.
� Que brincadeira � esta, Edmundo?
� N�o est� gostando?
� N�o.
Ela tentou, d�bilmente, desvencilhar-se de
seus bra�os.
� Est� gostando, sim. Por que n�o confessa?
Liza virou-se de frente para ele, repentinamente,
e o beijou na boca.
Depois, horrorizada consigo mesma, com vergonha
do que fizera afastou-se e disse:
� Vamos embora.
� Logo agora?
� Principalmente agora?
� Voc� n�o quer ir.
� Quem lhe disse isso
� V�-se na sua cara. Est� louca pra ficar
comigo
� N�o.
Edmundo deu um passo em sua dire��o:
� Por que tem tanto medo?
Em seguida, chegou para bem junto de Liza
e a abra�ou, beljando-a na boca e segurandolhe
os seios.
� Temos que parar com Isso...
� Deixe de tolice.
E Edmundo meteu a m�o por dentro do seu
decote.
� Estamos no escrit�rio.
� Quer lugar melhor? Tem um sol� logo
ali.
E puxou-a para o sof�.
Levantou-lhe a saia e come�ou a allsar-lhe
as coxas.
� N�o, Edmundo, n�o...
Mas Liza queria que ele fosse at� o fim.
Sentia-se feliz por saber que era desejada. E
tamb�m pensou que talvez n�o tivesse outra
oportunidade. Quem sabe Edmundo n�o a amava?
Agora estava disposta a tudo. N�o tinha mais
for�as para recuar.
Ele fez com que ela se acomodasse no sof�.
Finalmente conseguiu possu�-la.
Liza alcan�ou a plenitude.
Agora podia dizer que era uma mulher de
verdade, n�o apenas um ser in�til que vestia
saias e que n�o fazia outra coisa a n�o ser
ir e voltar para o trabalho.
62�
� Como voc� � gostosa...
� Eu o amo...
Depois de atingirem o cl�max, Edmundo se
recomp�s e Liza fez o mesmo.
Ele comentou.:
� Nunca podia imaginar que voc� ainda
fosse virgem.
Sa�ram do escrit�rio sem dizer mais nada um
ao outro.
E, em sua casa, Liza n�o conseguiu dormir.
Atormentava-se, pensando se devia ou n�o ter
sedido.
Fora uma louca ou agira certo?
Edmundo gostaria dela? Ou tudo n�o passara
de um momento de desejo?
Preferiu, para se acalmar, optar pela primeira
hip�tese.
* * *
No outro dia, no escrit�rio, Edmundo tratoua
como se nada tivesse acontecido entre os
dois.
Liza ansiava por uma oportunidade de conseguir
falar-lhe a s�s, mas n�o conseguiu.
Pensou que na hora do almo�o isso fosse
poss�vel. Mas Edmundo saiu junto com um colega.
�63
Liza n�o sabia se aquilo era apenas para n�o
compromet�-la, ou se era porque Edmundo n�o
queria mesmo mais nada com ela.
Novamente, para sua pr�pria tranq�ilidade,
resolveu optar pela primeira hip�tese.
Na parte na tarde, Edmundo manteve a mesma
atitude, ou seja, era como se ela n�o existisse,
como se fosse um dos m�veis do escrit�rio.
E na hora da sa�da, procurou ir embora mais
aedo.
A ang�stia se apossou de Liza, e aquela noite
foi pior do que a anterior.
Por que ele n�o tivera nenhum gesto que
demonstrasse que gostava dela? Aquela atitude
seria mesmo para n�o compromet�-la?
Liza teve um sono cheio de pesadelos.
Acordou no meio da noite v�rias vezes, agitada.
E no dia seguinte estava em p�ssimo estado,
n�o conseguindo disfar�ar seu nervosismo. At�
sua efici�ncia no trabalho foi prejudicada, a
, ponto do Dr. Conrado chegar a perguntar:
� Voc� est� doente, Liza?
� Na verdade, n�o estou me sentindo multo
bem.
� Se quiser ir para casa, pode ir.
� N�o � preciso. Deve ser uma ligeira lndisposi��o.
64�
O Dr. Conrado n�o fez mais nenhum coment�rio,
al�m de reafirmar que, se quisesse ir
embora, n�o haveria nenhum problema.
Enquanto isso, Edmundo mantinha-se como
se nunca a tivesse visto antes. Sua atitude era
bem mais fria do que antes de t�-la possu�do.
N�o resistindo mais, Liza bateu � m�quina
um bilhete, dizendo que o esperaria depois do
expediente, num determinado local.
E, terminado o expediente, dirigiu-se para
o lugar onde marcara o encontro.
Ansiosa, esperou Edmundo, em v�o.
Meia, hora depois, desistiu.
Ele realmente n�o aparecera.
Suas d�vidas n�o era mais d�vidas.
Edmundo n�o estava fingindo ser-lhe indiferente,
para que ningu�m desconfiasse do que
havia acontecido entre os dois.
A indiferen�a total era a pura realidade. Ele
simplesmente n�o queria mais nada com ela.
Esta terceira noite foi ainda mais terr�vel
para Liza.
Todas as suas esperan�as haviam ca�do por
terra.
Estava pagando muito caro por um momento
de prazer.
-65
Jurou que tamb�m seria completamente indiferente
a Edmundo, e que n�o se humilharia
mais.
Na manh� seguinte, no entanto, ao olh�-lo,
e ver seus belos olhos azuis, Liza chegou � con
clus�o de que n�o poderia mais trabalhar ali, ao
lado do rapaz, se ele permanecesse naquela ati
tude de indeferen�a total.
Uma vez que ele n�o lhe atendera ao bilhete,
resolveu ir esper�-lo perto de sua casa, depois de
terminado o expediente.
Saiu do escrit�rio apressada e postou-se na
esquina perto da casa onde Edmundo morava.
Alguns minutos depois avistou-o. Dirigiu-se ao
rapaz. Este mostrou-se surpreso:
� O que est� fazendo aqui?
� Esperando voc�.
� Pra qu�?
� Precisava falar com voc� de qualquer maneira.
Por que n�o foi ao encontro de ontem?
N�o leu o bilhete?
� Li.
� E por que n�o foi?
� Porque achei melhor n�o ir.
� Mas por qu�, Edmundo? J� esqueceu o
que houve entre n�s dois l� no escrit�rio, naquela
noite?
66�
� Esquece Isso, Liza.
� Como vou esquecer? Voc� bem sabe que
foi o meu primeiro homem.
� Como podia adivinhar que na sua idade
ainda fosse virgem.
� N�o quer mais nada comigo?
� Naquela noite tive vontade de ter rela��es
com voc�. S� isso. H� muitos dias que n�o
/***
tinha nada com nenhuma mulher. Precisava descarregar.
..
� S� isso?
� S�.
� E nunca mais n�s vemos...
� N�o posso adivinhar o futuro. Se pudesse
adivinhar, acertava na loteria, e n�o estava
trabalhando oito horas por dia. Pode ser que
surja outra oportunidade, n�o posso jurar que
n�o vou pra cama com voc� outra vez. Mas
Isso � uma possibilidade mais ou menos remota.
� N�o gostou de mim?
� Eu n�o gosto de ningu�m. Andei com voc�,
como teria andado com outra mulher qualquer.
Liza estava prestes a chorar:
� E eu que pensei...
� Deve ter pensado tudo errado. Por favor,
Liza, n�o venha com choro pra cima de mim.
-67
Detesto ver mulher chorando. N�o alimente romance
comigo. Nunca vai ter. Estou sen�o sincero.
Se o seu caso � homem, tem muitos por
a�...
E Edmundo deixou Liza no meio da cal�ada,
dirigindo-se para sua casa, sem ao menos se
virar para olh�-la.
Completamente desiludida, Liza voltou para
seu apartamento.
E teve uma noite pior do que as outras.
Fora rejeitada de uma maneira abomin�vel.
Nem por um minuto conseguiu dormir.
E pela primeira vez, em v�rios anos de trabalho,
deixou de ir trabalhar no dia seguinte,
alegando estar doente.
E de fato estava.
Passou o dia inteiro dentro de casa, trancada,
sem ver ningu�m, e quase sem se alimentar.
No final do dia, tinha tomado uma resolu��o:
nunca mais iria se interessar por homem
algum.
Viveria sua vida sem precisar deles.
Haveria de se controlar, de dominar seus
desejos...
68�
cap�tulo 7
dolorosa aventura
Durante muito meses, Liza teve que suportar
o inferno de ter que trabalhar ao lado de Edmundo.
Mas nem por um momento deixou transparecer
que ainda o queria. E tamb�m que sofria.
Para sua sorte, um belo dia Edmundo pediu
demiss�o e foi embora da cidade.
Ent�o, seu sofrimento tornou-se menor.
Mas, lembrava-se agora, deitada na cama,
chorando por causa de Hor�cio, que aquela n�o
tinha sido a �nica experi�ncia amarga que tivera
com um homem.
�69
Amar, s� amara Edmundo, e agora Hor�
cio.
Mas acontecera outro homem em sua vida.
S� que n�o o amara.
Mas a experi�ncia tinha sido ainda mais
traumatizante...
Tudo acontecera numa noite de s�bado.
Como era uma pessoa pouco soci�vel, Liza,
al�m de n�o ter namorados, tamb�m n�o possu�a
amigas.
Sua vida social limitava-se a visitas � irm�
� a um ou outro parente.
Tinha como �nica distra��o ia ao cinema nos
fins de semana. Sempre sozinha. Apesar de n�o
ser costume na cidade, uma mo�a ir ao cinema
s�, � noite.
Mas Liza n�o se importava multo com isso.
Uma vez que n�o tinha com quem ir, ia sozinha.
As vezes ia � tarde, mas tamb�m costumava ir
� noite. N�o via nenhum mal nisso. O que poderia
lhe acontecer pior do que j� acontecera?
Na sala escura do cinema, deixava-se envolver
pelo mundo colorido da tela, e durante duas
horas esquecia da pr�pria vida.
Tinha seus �dolos.
Marlon Brando, Elizabeth Taylor, Paul New-
man...
70
Pelo menos tr�s vezes por semana freq�entava
as salas de proje��o.
Mergulhava naquele mundo de fic��o para
fugir de sua dura realidade.
Durante duas horas sentia-se feliz e relaxava.
Era um dia de semana.
Uma quarta-feira.
Depois de ter voltado do escrit�rio, preparou
seu jantar, comeu e depois saiu para ver
um filme.
Ao sair do cinema, como era dia de semana,'
as ruas estavam meio desertas.
Mas j� estava acostumada. N�o era uma mulher
medrosa. S� temia a si mesma, voltar a ter
sentimentos, apaixonar-se por algu�m e se decepcionar.
..
Os medos comuns, de assalto, de andar sozinha
� noite, essas coisas, ela n�o os tinha.
J� se afastara bastante do cinema, dobrou
uma rua, e estava mais ou menos perto de casa,
quando escutou uns passos que a acompanhavam
.
N�o olhou para tr�s.
Devia ser um transeunte qualquer que, como
ela, tamb�m devia estar voltando pra casa.
Os passos se aproximaram.
�71
Ela sentiu um forte cheiro de bebida no ar.
Inesperadamente, o homem encostou-se nela.
Olhou e viu que se tratava de um sujeito sujo,
mais parecendo um mendigo do que um marginal.
Quis recuar, mas ele segurou-a por um bra�o.
Liza estava diposta a gritar por socorro, quando
viu que ele tinha um canivete na outra
m�o:
� Se gritar, eu enfio isso em voc�.
Ela entregou-lhe a bolsa:
� � isso que voc� quer? Tome.
O desconhecido recusou a bolsa:
� Fa�a o que eu mandar. Sen�o, eu enfio a
faca, j� disse.
N�o havia outro rem�dio sen�o obedecer.
E o homem a levou para uma rua escura.
N�o havia outra solu��o: ou obedecia ou morria.
Dobraram numa esquina mais escura ainda.
Havia uma velha casa que estava sendo demolida.
O homem obrigou-a a entrar.
� -Por que est� fazendo isso?
� Voc� J� sabe...
Claro que Liza j� tinha compreendido, mas
n�o podia acreditar.
72�
O cheiro de cacha�a que se desprendia do
h�lito do sujeito era insuport�vel.
No meio dos escombros da velha casa, ele
empurrou-a contra uma pedra.
Liza viu, horrorizada, o homem tirar a roupa
a aproximar-se.
� N�o. Voc� n�o pode fazer isso comigo.
Ele riu. Havia v�rias falhas de dentes.
E o h�lito de cacha�a mais forte do que nun-
Liza fechou os olhos.
Sabia que n�o tinha sa�da.
Sentiu o corpo imundo de encontro ao seu.
Permaneceu de olhos fechados.
O homem rasgou-lhe o vestido e puxou-lhe
a calcinha. Liza n�o esbo�ou o menor gesto.
Sentiu uma dor forte quando ele a possuiu.
Depois, com n�useas, sentiu os l�bios fedo
rentos de encontro aos seus.
Pensou que ia vomitar.
E o homem soltou alguns gemidos, enquanto
atingia o climax.
Liza s� sentia dor. Nada mais. .
Ele se levantou e saiu da casa demolida.
Liza permaneceu ainda muito tempo de olhos
fechados. P�GINA 73
Quando os abriu n�o o viu mais.
Tr�mula, levantou-se.
Sacudiu a sujeira do vestido, recolocou a calcinha.
Tr�pega, conseguiu sair das ru�nas.
E andou, quase como uma son�mbula, em
dire��o ao edif�cio onde morava.
. * * *
Apesar de tudo, esta experi�ncia n�o foi para
Liza t�o terr�vel quanto a que tivera com Edmundo,
O sofrimento fora mais f�sico.
O desconhecido era um pobre coitado, um
mendigo ou um marginal. N�o sabia nem seu
nome. Na verdade, n�o vira direito nem sua
cara. Se o visse outra vez, talvez n�o o reconhecesse.
Estas haviam sido as suas experi�ncias sexuais
antes de conhecer Hor�cio.
Seu �dio pelos homens, sua amargura, sua
desilus�o pela vida, tinham uma raz�o de ser.
Por isso n�o esperava amor de ningu�m,
muito menos felicidade. E por isso tamb�m n�o
hesitaria em comprar Hor�cio com o seu sil�n
cio, em fazer chantagem com ele.
Mas julgava-se mais forte. Julgava tamb�m
que n�o restava mais em seu �ntimo o desejo
de um amor verdadeiro.
74�
Enganara-se redondamente.
Agora, chorando, abra�ada com o travesseiro,
sentia que a coisa que mais queria no mundo
era que Hor�cio a amasse.
N�o queria apenas seu corpo, repetiu para
si mesma.
E se tivesse que ter apenas seu corpo, queria
ent�o que fosse s� seu, n�o desejava mais ter
que dividi-lo com Sueli.
Enxugou as l�grimas.
Decidiu que n�o poderia ser fraca.
No pr�ximo encontro encostaria Hor�cio na
parede. Ele teria que terminar logo aquele maldito
noivado com Sueli... P�GINA 75
Cap�tulo 8
i
A decis�o
Hor�cio chegou e falou, sorridente:
� Oi, como vai?
Liza respondeu tamb�m com um sorriso!
� Tudo bem.
Ele foi logo tirando a camisa.
� Est� com pressa?
� Por que pergunta?
� Mal entrou e j� est� tirando a roupa...
� � que est� fazendo calor.
� Eu estive pensando muito em n�s dois,
Hor�cio.
76�
� Pensando em n�s dois?
� Sim.
� O que quer dizer com isso?
Isso mesmo. Acho que chegou a hora de
voc� deixar de ver Sueli.
Ele respirou fundo. Sabia que vinha tempestade.
E estava disposto a enfrentar. Era o c�mulo
permitir que aquela mulher quisesse manobr�-
lo completamente:
� Eu n�o penso do mesmo modo.
� Na sua situa��o, meu caro voce n�o tem
escolha.
Ele procurou ainda manter-e calmo:
� Por favor, Liza, n�o vamos brigar.
� N�o estou querendo brigar. Quero apenas
que acabe este noivado idiota. Voc� n�o vai
mesmo casar com ela...
O rapaz riu:
- N�o vou o qu�?
� N�o vai casar com aquela idiota!
Liza queria briga, n�o era? � pensou Hor�cio.
Ent�o ia ter o que queria. Talvez fosse melhor
resolver logo aquela situa��o. Por que tem�la
tanto? Afinal j� passara v�rios meses desde a
morte do Dr. Conrado. Se Liza tinha silenciado
at� agora, ningu�m iria lhe dar cr�dito .E depois
era a palavra dela contra a dele. Que provas
concretas ela tinha ? Se tivesse falado logo no
�77
inicio teria sido perigoso. Mas agora, decorrido
tanto tempo que matara o Dr. Conrado, n�o
havia mais tanto risco. Ele poderia dizer muito
bem que Liza estava agindo assim, inventando"
a hist�ria do cheque e do dinheiro que
ficara sobre a mesa, procurando incrimin�-lo,
porque estava apaixonada por ele. Quanto a
Sueli, esta confiava cegamente nele e jamais
acreditaria que fosse o assassino de seu pai.
� Quem disse que n�o vou casar com Sueli?
__ Eu.
Hor�cio deu uma gargalhada:
� Voc� deve estar maluca.
� E voc� mais ainda, para me falar deste
jeito.
O rapaz, ent�o, resolveu p�r um fim � discuss�o:
� Pois bem, Liza, de vez por todas � bom
esclarecer: eu n�o tenho mais medo de voc�.
J� marquei a data do casamento com Sueli.
� Eu j� desconfiava que voc� estava pretendendo
me enganar.
� Dentro de um m�s, eu caso com ela. E
logo em seguida viajamos.
� Sem essa, Hor�cio! Voc� n�o acha que n�o
� hora de piada?
� Acho que, no caso, o palha�o n�o sou
eu. Voc� � quem est� fazendo papel rid�culo,
78�
Liza. Eu n�o gosto de voc�. Fui pra cama com
voc� todos estes meses, apenas para ganhar
tempo. Se voc� n�o contou logo � pol�cia, agora
ningu�m mais vai acreditar. E quer saber de
mais um detalhe: eu odiava ter que ir pra cama
com voc�...
Liza gritou:
� N�o fale mais nada, Hor�cio! V� embora.
Saia da minha casa, j�, agora, neste momento!
Ele pegou a camisa. Ela arrebatou-a,de sua
m�o e come�ou a rasg�-la.
Hor�cio sorriu, cinicamente e saiu calmamentete,
dizendo:
� Fique com seu histerismo, sua loucura...
Liza murmurou baixinho:
� Voc� n�o sabe do que � capaz uma mulher
rejeitada...
Continuou falando para as paredes:
� Voc� assinou a sua senten�a, Hor�cio. Desta
vez eu perdi a batalha, mas n�o perdi a
guerra. Desta vez n�o. Desta vez eu posso me
vingar. Voc� vai ter uma grande surpresa...
Andando pela rua, sem camisa, Hor�cio sentia
uma brisa leve acariciando-lhe o t�rax.
Sentia-se leve e livre como um p�ssaro. P�G 79
Estava livre de Liza.
Finalmente se libertara daquela mulher louca.
E se julgou um homem completamente realizado.
Cumprira sua miss�o, vingando a morte do
pai.
Dentro de um m�s casaria com Sueli e ficaria
de posse -de uma imensa fortuna.
Viajaria para a Europa,, em lua-de-mel.
O mundo era seu.
Estava at� agradecido a Liza por ter tomado
decis�o de encosta-lo na parede naquela noi
* * *
Sentados diante da piscina, tomando banho
de sol, Hor�cio e Sueli faziam planos.
� Quantos filhos voc� quer?
� Quantos voc� desejar, meu bem.
� Acho que um casal � o ideal: um menino
e uma menina. A prop�sito, sua m�e n�o vem
para o nosso casamento?
� N�o sei. acho que n�o. Ela est� muito
velhinha e detesta viajar.
� Que pena! Gostaria tanto de conhec�-la.
� Quando a gente voltar da Europa, vai at�
minha cidade.
80�
� Ela bem que poderia vir morar aqui-...
� A gente discute isso mais tarde, minha
querida.
Hor�cio sabia que a m�e jamais viria morar
na mesma resid�ncia onde vivera o assassino de
seu pai. E tamb�m sabia que seu casamento
com Sueli s� duraria o tempo suficiente para
poder apoderar-se da fortuna do Dr. Conrado
e passar grande maioria dos bens para o seu
nome... .
A jovem o beijou:
� Tenho at� remorso por me .sentir t�o feliz
� Remorso por qu�?
� Porque n�o tenho este direito. Afinal, n�o
faz uma ano que meu pai morreu.
� Mas voc� n�o tem culpa disso, Sueli.
Tem que continuar vivendo. J� lhe disse mais
de mil vezes que ele ficaria feliz em saber que
voc� est� feliz.
Eles estavam sozinhos, D. Evangelina havia
sa�do, e n�o havia nenhum criado por perto.
Hor�cio alisou a pele da coxa de Sueli, dourada
pelo sol.
Ela acariciou-lhe o t�rax.
Pouco depois, via-se atrav�s do cal��o do
rapaz que este estava excitado. '
Hor�cio falou, rindo:
81
� Acho melhor a gente dar um mergulho
na piscina, para esfriar um pouco.
E pularam na �gua.
Estavam brincando como duas crian�as na piscina,
quando Laura, uma das empregadas da
casa apareceu, correndo:
� D. Sueli, D. Sueli...
� O que houve, Laura? Parece at� que viu
fantasma
� D. Liza est� ai, acompanhada de um homem,
um advogado. Eles est�o atr�s do Sr.
Hor�cio.
Neste momento, o rapaz quase perdeu o controle.
Ficou p�lido, mas Sueli n�o notou, porque
estava olhando a criada:
� Diga que Hor�cio n�o est� aqui.
� Sim, senhora � falou a empregada.
E saiu para cumprir a ordem.
Sueli comentou:
� Era s� o que faltava. O que � que Liza
veio fazer aqui, com um advogado? N�o admito
que perturbem a gente...
E saiu da piscina, no que foi acompanhada
por Hor�cio. Na beira da piscina, se beijaram
.
Foram Interrompidos pela voz de Liza, que
sem dar aten��o � criada, dirigira-se at� a piscina:
82�
Os dois interromperam o beijo e olharam
para a mulher. Liza parecia uma est�tua. Seu
rosto n�o transparecia nenhuma emo��o, apesar
de n�o ter gostado de ver os dois se beijando.
� Boa-tarde � respondeu Sueli, mau-humorada.
Um homem acompanhava Liza, e permaneceu
um pouco atr�s dela.
� Como vai, Horacio? H� quanto tempo que
n�o o vejo...
Ele n�o respondeu. Sueli sentiu que havia
alguma coisa no ar: '
� Por que esta visita repentina?
� Desculpe ter praticamente invadido sua
casa, Sueli. Mas acho que tenho intimidade suficiente
para isso. Fui secret�ria de seu pai durante
muitos anos. O motivo da minha visita
n�o � dos mais agrad�veis.
Hor�cio n�o podia acreditar na ousadia da
mulher.
� E que motivo � este? � quis saber Sueli.
� E que acabamos de descobrir o assassino
de seu pai.
Para disfar�ar, Hor�cio dirigiu-se a uma mesinha,
onde havia u�sque e gelo. Preparou um
Liza aproximou-se dele:
� N�o me oferece? P�G 83
O rapaz entregou-lhe o copo. Na verdade
gostaria de jog�-lo na cara de Liza. Mas n�o
podia fazer isso. Tinha que se dominar.
Enquanto Liza levava o copo aos l�bios, Hor�cio
preparou outro drinque para ele.
Sueli perguntou, curiosa:
� Descobriram o assassino de meu pai?
- Isso mesmo,
� E quem � ele?
� Hor�cio.
Sueli franziu a testa, enquanto o noivo quase
deixou sair o copo que tinha nas m�os. A ousadia
de Liza n�o tinha limites.
� Que Hor�cio? N�o estou entendendo nada
- disse Sueli.
� O seu noivo.
� Voc�, por acaso, enlouqueceu, Liza?
� N�o. Desculpe lhe dar este golpe, Sueli,
mas a verdade tinha que aparecer algum dia.
Hor�cio se manifestou:
� Esta mulher � louca.
- Bem, vim aqui com o Dr. Reynaldo, um
advogado: Ele tem as provas...
� Que provas? � perguntou Hor�cio.
Por�m, antes que Liza pudesse responder, o
rapaz virou-se para a noiva e falou:
84�
� Eu n�o lhe tinha contado, Sueli, para evitar
aborrecimentos. Voc� j� tinha motivos suficientes
para sofrer com a morte de seu pai
Mas a verdade � que Liza apaixonou-se por mim,
e durante todo este tempo tem me perseguido...
O rapaz fez uma pausa, tomou outro gole
de u�sque. Estava tr�mulo. Pensou que Liza fosse
dizer alguma coisa. Mas esta permanecia
calada. Deixou que ele terminasse sua explica��o:
� Perseguiu-me de todas as maneiras poss�veis
e imagin�veis. Mandava bilhetes l�- pro hotel,
fez tudo. Terminou amea�ando de me acusar,
caso eu n�o a quisesse.
Calmamente, depois que viu que Hor�cio acabara
sua vers�o dos fatos, Liza falou:
� Eu s� vim avisar. As provas est�o na
pol�cia e o processo vai ser reaberto. Dificilmente
Hor�cio vai conseguir provar sua inoc�ncia,
mesmo porque ele � culpado.
Sueli avan�ou para Liza, com �dio:
� Ningu�m vai acreditar nesta novela. Voc�
me d� pena, Liza. N�o sabia que a falta de homem
levaria uma mulher a este extremo.
� E que provas s�o essas? � perguntou Hor�cio.
� Voc� vai saber quando for intimado a depor.
�85
Dizendo Isso, Liza saiu em companhia do advogado.
Sozinhos, Hor�cio e Sueli ficaram alguns segundos
em sil�ncio.
Hor�cio argumentou:
� Ningu�m pode ver a felicidade dos outros.
Esta mulher � capaz de tudo.
� Eu acredito em voc�, Hor�cio. Vou estar
do seu lado, haja o que houver.
* * *
Assim que saiu da casa de Sueli, Hor�cio
pensou em ir at� o apartamento de Liza, mas
desistiu. Achou melhor telefonar do hotel.
Estava visivelmente preocupado. Aquilo pode
ria colocar por terra todos os seus planos.
Uma coisa n�o lhe sa�a da cabe�a:
Quais as provas que Liza dizia ter?
Discou o telefone.
Liza atendeu:
�Al�!
� Aqui quem est� falando � Hor�cio.
� Eu sabia que voc� ia me procurar. Mas
agora � muito tarde.
� Quais s�o as tais provas de que voc� falou?
� Tudo est� contra voc�, Hor�cio.
� Por que n�o me diz quais s�o as provas?
86�
� Espere e ver�.
E Liza desligou o telefone.
Hor�cio ficou sem saber o que fazer.
E se fugisse da cidade? Talvez fosse a melhor
solu��o.
Mas pensou melhor e viu que n�o podia fazer
isso. Seria a confiss�o de sua culpa. E n�o
era agora, que estava na �ltima etapa para
conseguir realizar seus objetivos, que desistiria.
Chegou a aproximar-se de novo do telefone,
pensando em discar outra vez para Liza. Mas
n�o o fez. Seria uma demonstra��o de que
estava apavorado. E mais do que nunca n�o poderia
mostrar-se fraco.
Sueli veio v�-lo depois do jantar.
Ele procurou ser o mais carinhoso poss�vel
com a noiva.
Despiram-se e foram para a cama.
E ent�o aconteceu um fato inesperado para
Sueli. Por mais que se esfor�asse, n�o conseguia
excitar o rapaz.
� O que h� com voc�?
� Devo estar muito chateado. Aquela mulher,
inventar uma cal�nia destas...
Sueli mostrou-se compreensiva. Realmente
Hor�cio tinha motivos suficientes para se aborrecer.
Nada pior do que, sendo inocente, ser
acusado de um crime t�o terr�vel.
�87
Beijou-o por todo o corpo. Esfor�ou-se ao
m�ximo para fazer com que Hor�cio tivesse alguma
rea��o. Mas seus esfor�os foram v�os.
Ela resignou-se:
� N�o faz mal
* * *
Assim que Sueli foi embora, Hor�cio vestiu
se, deu um tempo e tamb�m saiu do quarto.
Dirigiu-se ao apartamento de Liza.
Tocou a campainha e esperou.
Ela abriu a porta:
� O que vejo fazer aqui?
� N�o posso entrar?
� Claro.
E Liza deixou que o rapaz entrasse em seu
apartamento. Falou com ironia:
� Pelo visto, voc� est� multo abalado.
� Voc� tem que me dizer que provas s�o
estas.
__Nunca!
Voc� n�o tem prova nenhuma. A n�o ser
a tal hist�ria do cheque e do dinheiro, e que
me viu saindo do elevador do edif�cio do escrit�rio.
Mas � minha palavra contra a sua. J�
lhe disse isso.
� Ent�o, por que est� t�o nervoso?
Ele n�o respondeu.
88�
Liza ficou observando-o, divertida.
Hor�cio voltou a falar:
� N�o ficou satisfeita em me ter durante
tantos meses?
� N�o. Nunca mais vou ficar satisfeita com
sobras. Eu queria voc� s� pra mim. Quis fazer
um acordo. Voc� que n�o aceitou...
� Voc� n�o tem prova nenhuma. Duvido que
consiga provar que sou culpado.
E saiu intempestivamente do apartamento.
Depois que ele foi embora, Liza comentou
para si mesma:
� Tudo poderia ter sido t�o diferente
E foi at� a janela.
Avistou Hor�cio andando pela rua.
Ele olhou para cima e Liza afastou-se da
janela.
Depois, enxugou uma l�grima.
* * *
Hor�cio passou por uma prostituta, que lhe
sorriu: ,
� Oi, amor! N�o est� a fim de transar?
Ele seguiu seu caminho sem lhe dar aten��o.
Mas, alguns passos adiante, virou-se. A mulher
estava parada, como se o esperasse. Ent�o,
o rapaz resolveu lev�-la para uma hotel
de segunda classe. Talvez com ela conseguisse
�89
fazer o que n�o conseguira com Sueli naquela
noite.
Pelo menos, aliviaria a tens�o em que se
encontrava.
Carmem (era este o nome da prostituta),
era bonita. Quase mulata, o corpo perfeito.
Hor�cio viu com uma certa surpresa que estava
excitado.
Jogou a mulher na cama e descarregou nela
toda a sua f�ria, espancando-a, enquanto procurava
possu�-la. 1
Para seu espanto, Carmem n�o gritou nem
reagiu. Talvez estivesse acostumada com estas
coisas.
Depois de alcan�ar o cl�max, vestiu-se rapidamente,
tirou a carteira do bolso e pagou �
mulher com generosidade.
Ao ver a quantia que ele lhe oferecera, muito
acima do que costumava receber, Carmem
sorriu e agradeceu.
* * *
O fato de ter transado com' Carmem n�o melhorou
o estado de esp�rito de Hor�cio. O desespero
cedera lugar � depress�o. P�G 90
Liza havia gravado todas as conversas comprometedoras
que tivera com Hor�cio. Em v�rias
das conversas ele confessava o crime e contara
o
motivo que o levara a comet�-lo.
As fitas haviam sido entregues � policia.
Foi verificado ent�o que, realmente, vinte anos
antes, o Dr. Conrado se apossara das terras
de um homem que havia morrido misteriosamente.
E que este homem tinha um filho chamado
Hor�cio.
A culpa deste ficou provada.
E ele foi condenado.
O amor de Sueli transformou-se em �dio
e n�o se cansava de perguntar a si mesma
como conseguira amar aquele homem.
* * *
Liza foi visit�-lo na pris�o algum tempo depois.
Hor�cio perguntou:
� Por que fez isso comigo?
� Porque voc� n�o me quis. Mas foi melhor
assim.
� E por que veio me ver aqui na pris�o?
Pra se divertir mais ainda?
� N�o. Porque eu o amo, Hor�cio.
* * *
�91
Depois, ela n�o o visitou mais.
E continuou sua vida de sempre.
Trabalhando, visitando a irm� e um ou outro
parente. E indo ao cinema pelo menos tr�s
vezes por semana.
Numa destas vezes, na sala escura, enquanto
assistia a um filme, um homem sentou-se ao
seu lado.
Pouco depois, encostou a perna na dela.
Liza deixou.
No meio do filme, j� estavam abra�ados.
Apesar de querer transformar-se num rob�,
Liza sabia que isso era imposs�vel. Ela era um
ser humano, uma mulher de carne e osso. Que
precisava de um homem. Continuaria fazendo
tentativas, apesar de tudo.
Talvez um dia n�o fosse mais rejeitada. P�G 92
Fim
No mundo complicado de hoje, ser
DETETIVE
seguramente "� uma boa"...
Sob a dire��o competente de BECHAR A JALKH voc� pode apren-..
der tudo quanto h� de mais moderno na.fascinante carreira de
DETETIVE, desde a metodiza��o do racioc�nio, cias observa��es,
das pesquisas, das provas colhidas, at� o uso e a interpreta��o da
mais sofisticada t�cnica eletr�nica. � �
Ser DETETIVE CRIMINAL, DETETIVE PROFISS.iqjj�At ou pen.ro
em SEGURAN�A F�SICA DE EMPRESAS e assegurar uma pio*
fiss�o onde o prazer da realiza��o pessoal ejdo sucesso financei
ro caminham juntos. >
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acordo com a Lei 3.099,-de 24.02.195.7, e do.Decreto Federal
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O LIVRO MULHER REJEITADA DE CARLOS AQUINO
FOI DIGITALIZADO POR LEANDRO MEDEIROS PARA
ATENDER AOS DEFICIENTES VISUAIS.
DOMINGO, 14 DE JANEIRO DE 2018
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Horácio é um rapaz de vinte e oito anos. Ele saiu de sua cidade do interior aos oito anos, quando foi expulso juntamente com sua mãe após o assassinato de seu pai.
Vinte anos depois ele volta a cidade onde nasceu.Quais seriam as intenções de Horácio com este ato ?
SOBRE O AUTOR:
Escritor, jornalista e ator, Carlos Aquino nasceu em Sergipe, mas foi para o Rio de Janeiro ainda adolescente.Trabalhou em filmes e peças de teatro, mas finalmente descobriu que sua verdadeira vocação era escrever, passando a dedicar-se à literatura. Sua estréia foi com o romance: Verão no Rio" em 1973. Com seu.estilo vigoroso e moderno, colocando sempre uma dose de verdade em seus personagens, ele foi no século passado na década de 70 e 80 um dos escritores de mais prestigio junto ao público. Detalhes sobre sua morte leia em : https://www.terra.com.br/istoegente/79/tributo/index.htm
Este e-book representa uma contribuição do grupo Bons Amigos para aqueles que necessitam de obras digitais como é o caso dos Deficientes Visuais
É vedado o uso deste arquivo para auferir direta ou indiretamente benefícios financeiros.
Lembre-se de valorizar e reconhecer o trabalho do autor adquirindo suas obras .
'TUDO QUE É BOM E ENGRADECE O HOMEM DEVE SER DIVULGADO!
PENSE NISSO! ASSIM CONSTRUIREMOS UM MUNDO MELHOR."
JOSÉ IDEAL
' A MAIOR CARIDADE QUE SE PODE FAZER É A DIVULGAÇÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA" EMMANUEL
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