sábado, 8 de fevereiro de 2020 By: Fred

{clube-do-e-livro} Relançamento: AMORES CLANDESTINOS -RICARDO VERONESE - FORMATOS : EPUB, PDF, MOBI E TXT

Este livro foi digitalizado e pr��-revisado pela Cia do Livro especialmente para o Grupo Bons Amigos, que tem como objetivo atender aos deficientes visuais.

A Cia do Livro desenvolve um trabalho volunt��rio sem fins lucrativos.

Nas nossas digitaliza����es, fazemos apenas a pr��-revis��o, pois acreditamos que o trabalho de escanear �� um trabalho de equipe: 1 ��. Algu��m compra/consegue o livro e escaneia. 2 . Faz o mesmo chegar a quem n��o tem o livro e gostaria de ler. 3 . Estes por sua o

o

vez l��em o livro e, neste processo de leitura, fazem a revis��o.

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Pedimos que as pessoas que n��o sejam deficientes visuais e tenha acesso a este livro virtual comprem o original e doem a uma biblioteca p��blica.

AMORES CLANDESTINOS





RICARDO VERONESE


Copyright, �� M C M L X X I X

C E D I B R A ��� E D I T O R A B R A S I L E I R A L T D A ,





Direitos exclusivos.


R u a F i l o m e n a N u n e s , 162

21.021 ��� R I O D E J A N E I R O ��� R J

D i s t r i b u �� d o p o r :

F E R N A N D O C H I N A G L I A D I S T R I B U I D O R A S A R u a T e o d o r o da Silva, 907 ��� R i o de Janeiro, RJ

C o m p o s t o e impresso p e l a :

Soe. G r �� f i c a V i d a D o m �� s t i c a Lida.

R u a D i a s da Silva, 14 ��� R i o de Janeiro, RJ

O texto deste livro n �� o p o d e ser, no todo ou em

p a r t e , n e m r e g i s t r a d o , n e m reproduzido, nem

r e t r a n s m i t i d o , por q u a l q u e r meio mec��nico, sem

a e x p r e s s a a u t o r i z a �� �� o do detentor do copyright.

capitulo 1

E l a parou �� entrada da boate e olhou

em volta. O ambiente penumbroso, cheio de

fuma��a de cigarro, era invadido pela me-

lodia suave que o conjunto moderno tocava

ao fundo.

Sentado a uma das mesas, T o m Byrnes

observou-a.

E r a bonita. T i n h a cabelos m u i t o louros,

repartidos ao meio e caindo em l i n h a reta

at�� os ombros. Os olhos eram claros, o n a r i z ,

pequenino, gracioso, e a boca, bem feita,

provocante.

E, apesar da semi-escurid��o da boate,

Tom Byrnes p��de observar-lhe o corpo es-

guio, coberto por um vestido de m a l h a co-

lante.

���5

Passou por entre as mesas, indo ocupar

u m a de canto. Em seguida, fez um sinal

discreto ao gar��om. Este acercou-se e ela

fez seu pedido.

Depois que o atendente se retirou apa-

n h o u um cigarro na bolsa, acendeu-o e sol-

tou a fuma��a para o alto. Seus olhos boni-

tos foram passear, distra��dos, pelos quatro

rapazes cabeludos e de roupas coloridas que

compunham o conjunto musical.

N��o parecia ter interesse a l g u m em ne-

n h u m deles. Pelo contr��rio. Q u e r i a apenas

observ��-los, sem motivo, sem raz��o especial.

Mas T o m Byrnes t i n h a motivo e raz��o

para ficar examinando a rec��m-chegada.

Aquela boate, no centro da cidade, era

um local p a r a solit��rios. Pessoas sozinhas,

sem n i n g u �� m com' quem pudessem conver-

sar, trocar id��ias, ou apenas sentir a pre-

sen��a de um outro ser humano, iam ali.

T i n h a m sempre a esperan��a de encontrar

o que lhes faltava na v i d a : companhia.

E era esse o caso de T o m .

Divorciado h�� quatro meses, esquecera-

se do m u n d o ao seu redor. Concentrara-se

numa enfadonha r o t i n a : casa-trabalho-ca-

sa. O que o estava deixando com os nervos

�� flor da pele.

Por esse motivo, seguira o conselho de

Jim H a r l o n , um de seus colegas no banco

onde trabalhava como chefe do departa-

mento de cobran��a:

"O Greco �� u m a simples boate para so-

lit��rios, T e m . V�� at�� l�� e, certamente, en-

contrar�� companhia."

J i m dera-lhe esse conselho, ap��s conver-

sarem sobre o modo de v i v e r do amigo. E

dera-lhe tamb��m o endere��o da boate.

A princ��pio, T o m hesitara. N u n c a gos-

tara de boates. Lugares escuros, fechados,

que parecem ser procurados somente por

aqueles que desejam esconder-se, envoltos

pela penumbra c��mplice e a m��sica dolen-

te.

Mas, no final, resolvera-se. E agora, es-

tava ali, no Greco, examinando a mulher

que acabara de chegar.

Ela parecia estar com o mesmo proble-

ma que ele. F a l t a de companhia. E recorre-

ra ao Greco para solucion��-lo.

Tom engoliu mais um pouco de seu u��s-

que com gelo e atentou para a jovem. Bem

que ela poderia olhar em sua dire����o e de-

monstrar algum interesse.

Ele, ent��o, iria a seu encontro.

E, como que adivinhando os pensamen-

tos dele, ela desviou os olhos do conjunto

que tocava e fitou-o. Tom arriscou um sor-

riso.

Ela retribuiu-lhe o sorriso, talvez pelo

fato de v��-lo sozinho tamb��m e por estar

precisando de companhia.

Devagar, Tom levantou-se. Com o copo

de u��sque na m��o, adiantou-se.

��� Posso sentar-me? ��� indagou, junto

�� mesa dela.

��� Se quiser.

Ele sentou-se e observou-lhe o rosto por

um momento. Era um rosto muito bonito.

Contudo, havia algo de triste e amadurecido

nele.

Se Tom n��o estava se precipitando nas

suas dedu����es, aquela mulher estava so-

frendo por algum motivo.

��� Meu nome �� Tom. Tom Byrnes.

��� Betty R u g e r .

��� Est�� esperando algu��m?

��� N��o, n��o.

T o m foi objetivo:

��� Ent��o, deve estar procurando compa-

nhia, como eu.

Ela deu um sorriso, concordando:

��� Sim. O Greco �� justamente p a r a isso,

n��o?

��� ��. T e m raz��o. Um amigo meu falou-

me deste l u g a r e resolvi conhec��-lo.

��� O mesmo acontece comigo. S�� que

n��o foi um amigo quem indicou, e sim uma

amiga. E l a gostou daqui.

��� E voc��? T a m b �� m est�� gotando?

��� N��o sei ainda. N u n c a me senti bem

em boates. D��o-me a impress��o de que es-

tou presa.

��� I g u a l a mim. A escurid��o, a m��sica

baixa, o murm��rio das outras pessoas con-

versando. .. N��o �� o tipo de local que me

agrade. 1

Tom fez uma pausa e tomou mais um

gole de seu u��sque. O gar��om j�� h a v i a tra-





9


zido um m a r t i n i p a r a B e t t y e ela o beberi-

cava com lentid��o.

��� Posso convid��-la para dan��ar? -

T o m interrompeu o sil��ncio entre ambos.

��� Aceito.

Levantaram-se e, j u n t o �� mesa, Bettj

pousou as m��os no peito do homem. Ele se-

gurou-lhe a c i n t u r a . P��de perceb��-la delga-

da, um tanto c��lida.

O vestido de m a l h a colante ainda dei-

x a v a que percebesse a rigidez do corpo de

Betty.

F o r �� o u u m a maior aproxima����o. Betty

n��o se op��s, e isso fez correr um arrepio de

desejo pela espinha de T o m .

Deixaram-se envolver pela m��sica mui-

to lenta, rom��ntica mesmo. Quase n��o se

moviam, T o m aspirando o perfume distante

e ao mesmo tempo delicioso dos cabelos de

Betty, do seu corpo c��lido e esbelto.

Sentiu que come��ava a excitar-se. E n��o

procurou esconder isso. P o r qu��? Se n��o es-

tava enganado, a respira����o de Betty tam-

b��m- se achava meio apressada, denotando

que ela sentia prazer em estar j u n t o a ele.

Puxou-a mais p a r a si e, pela segunda

vez, Betty n��o ofereceu resist��ncia. C o m

isso, seus corpos grudaram-se. T o m adorou

o contato do corpo dela c o n t r a o seu.

E ela deveria ter notado, claramente, a

excita����o que o dominava naquele momen-

to. Agora, n��o h a v i a como conter o seu

instinto de macho. Desejava aquela m u l h e r

de quem s�� sabia o nome, n a d a mais.

Queria t��-la nua, em outro local, para

beij��-la toda, da cabe��a aos p��s.

Vagaroso, correu as m��os pelas esp��-

duas dela. T o c o u os cabelos sedosos, acari-

ciando-lhe as costas, percebendo que o de

sejo aumentava mais e mais dentro de si.

Como que deliciada com as car��cias dele,

Betty aconchegou-se ao peito masculino.

Tom sentiu-a tr��mula e percebeu sua respi-

ra����o descompassada.

Sem se conter, f��-la levantar o rosto.

Em seguida, pousou os l��bios, mansamen-

te, sobre os dela, beijando-os com vagar.

Talvez at�� mesmo timidez.

Betty aceitou o beijo. E n t r e a b r i u com

suavidade os l��bios, dando passagem �� l �� n -

gua do homem, que lhe ultrapassou os den-

tes e buscou a sua.

O beijo tornou-se mais ardente. E isso

acendeu por completo o desejo de T o m .

��vido, sugou a boca macia e quente de

Betty. O b r i g o u a l �� n g u a �� m i d a da mulher a

duelar com a sua, n u m a troca sincera de

prazer e excita����o.

I g n o r a v a m as pessoas em volta. A l �� m da

penumbra, n i n g u �� m ali iria se incomodar

com algo t��o comum como um beijo. E

muitos dos presentes tamb��m se beijavam.,

com maior ou menor ansiedade que eles

dois.

E n f i m , suas bocas se descolaram. T a n t o

um quanto o outro estavam arfantes. O

beijo s�� servira para excit��-los mais.

��� Vamos sair daqui, Betty? ��� T o m

perguntou, espalhando pequenos beijos pe-

los cabelos dela.

��� S i m ��� ela respondeu, quase sem voz.

Afastaram-se e r e t o r n a r a m �� mesa. Ap��s

T o m pagar a conta, retiraram-se do Greco,

o homem conduzindo a m u l h e r at�� seu

carro.

1 2 ���

Acomodaram-se nele. T o m voltou-se, en-

t��o, passando o bra��o direito pelas costas

��e Betty. E l a recebeu com agrado a inves-

tida, separando os l��bios.

Beijaram-se novamente. E, desta vez, por

estarem sozinhos, T o m n��o conteve seus

impulsos.

Apertou-a, sem que B e t t y o repelisse. E l a

entregava-se ao beijo atrevido que troca-

vam.

Por isso, T o m avan��ou mais. Introme-

teu a m��o por sob o vestido e deslizou-a

pela coxa de pele cremosa, el��stica.

Betty estremeceu no banco. Reteve a

m��o de T o m e empurrou-a com delicadeza.

Explicou os motivos de sua atitude:

��� Aqui, n��o, por favor. Estamos na r u a .

��� Entendo. Que tal irmos p a r a meu

apartamento?

Ela pareceu hesitar. Mas s�� por momen-

tos:

��� Sim. �� bem melhor.

Ansioso demais, Tom. deu a partida ao

carro. Distanciou-se rapidamente do Greco.

���13

Como J i m H a r l o n dissera, ele, certamen-

te, encontraria companhia naquela boate

p a r a solit��rios.

Minutos depois, entravam no aparta-

mento de quarto-e-sala de T o m . Desde que

se separara de S h a r o n , sua esposa, com-

p r a r a aquele apartamento e passara a mo-

r a r ali, solteiro novamente.

O apartamento em> que, por sete anos,

vivera em companhia de S h a r o n , deixara

p a r a ela e p a r a T o m B y r n e s J r . , filho de

ambos, agora com cinco anos.

Ap��s fechar a porta, T o m n��o se inco-

modou em acender a luz. Ou com qualquer

o u t r a coisa, acercou-se logo de Betty e

abra��ou-a.

E l a , jogando a bolsa para u m a poltro-

n a , entregou-se aos bra��os do homem. Es-

ticou-se para ele e ofertou-lhe os l��bios.

T o m beijou-os longamente, ao mesmo

tempo que suas m��os, sequiosas, apertavam

as costas da mulher. E l a retribuiu-lhe tal

coisa, colando o corpo ao dele e crispando

as m��os em sua nuca.

O beijo manteve-se por v��rios momen-

tos, at�� que T o m afastou a boca da de B e t t y

e afundou-a nos cabelos dela, �� p r o c u r a de

seu pesco��o.

Mordiscou-o e B e t t y arfou em seus bra-

��os. Voltou a mordisc��-lo e ela contorceu-se,

ro��ando, com desejo, os quadris nos dele.

Tom recuou um pouco e come��ou a des-

pir-se. �� sua frente, B e t t y levou as m��os

�� barra do vestido e puxou-o para cima.

Anesar da penumbra em que o aparta-

mento estava mergulhado, T o m p��de admi-

rar-lhe as pernas roli��as, bem modeladas.

Depois, a d:minuta calcinha clara, colada

ao segredo maior de Betty.

O vestido abandonou o corpo de B e t t y ,

deixando-o seminu. Apenas a calcinha, t��o

pequena e justa, ainda cobria alguma coisa

dele.

E esses dom��nios secretos a t r a �� r a m a

maior parte da aten����o de T o m . I n t e i r a -

mente n u , acercou-se de B e t t y e enfiou 03

polegares no el��stico superior da pe��a �� n t i -

ma.

Ao mesmo tempo, buscou a t o c a de Bet-

ty, possuindo-a com paix��o e ��nsia.

���15

E n q u a n t o o beijo estendia-se, foi em-

purrando para baixo a calcinha clara. Bet-

ty meneou devagar os quadris, auxiliando-o

na t��o deliciosa tarefa de despi-la por com-

pleto.

T o m arrepiou-se de prazer e desejo.

Agitaram-se ali e B e t t y revolveu-se, an-

gustiada, alucinada.

Agarrou-se aos ombros do homem e sus-

pendeu o rosto. F e c h o u os olhos, ao passo

que escancarava a boca e libertava a respi-

ra����o furiosa que v i b r a v a em seu ��ntimo.

Resmungos de prazer misturaram-se a

essa respira����o. N a d a mais eram que provas

incontest��veis do inc��ndio que passara a

arder mais violentamente em suas entra-

nhas.

O mesmo se dava com T o m . O que havia

dentro de si era selvagem, fren��tico, avassa-

lador. E brindava-a com car��cias sutis.

B e t t y p r o c u r o u manter-se calma. Mas

admitiu que n��o conseguiria. T u d o dentro

dela come��ava a enlouquecer. O primeiro

cl��max logo v i r i a e a transtornaria por mo-

mentos t��o r��pidos quanto um rel��mpago.

1 6 ���

Movimentou as ancas, desejando fugir

do ass��dio do homem. F u g i r porque ele a

enlouquecia, tocando-a daquela forma.

Se n��o se afastasse, capitularia em se-

gundos.

E n��o teve chance alguma para se afas-

tar.

O ��xtase assomou-lhe ��s entranhas, ex-

plodindo dentro delas e tonteando-lhe o c��-

rebro.

Percebeu que i r i a perder o equil��brio e

por isso crispou as m��os nos ombros de

Tom. Soltou-se toda, arquejando, vibrando,

sentindo-se totalmente ausente da realida-

de.

Por instantes, ficaram abra��ados. Em

seguida, T o m distanciou-se e disse, n u m

sussurro:

��� Vamos para o q u a r t o . . .

Betty nada respondeu. Apenas acom-

panhou-o na dire����o do aposento cont��guo.

Entraram, ela deitando-se de costas na ca-

ma de solteiro e esperando a v i n d a do ho-

mem.

Ele estendeu-se a seu lado. Apesar do

��� 1 7

leito estreito, puderam alojar-se com um

certo conforto nele.

V o l t a r a m a se beijar, com sofreguid��o.

Logo, j�� n��o podendo se dominar.

B e t t y recebeu-o, ent��o, sobre seu corpo,

abra��ando-se a ele e resmungando de pra-

zer.

T o m buscou-lhe os l��bios. Esmagou-os

loucamente. Sua l �� n g u a provocou a dela e

ambas ro��aram-se, ferozes, cheias de dese-

jo.

Transtornados pelo prazer, abra��aram-

se fortemente, na p r o c u r a selvagem, incan-

s��vel, do cl��max.

1 8 ���

cap��tulo 2

Enrolada n u m a toalha e com os cabelos

pingando ��gua sobre os ombros, B e t t y saiu

do banheiro. E n c o n t r o u T o m deitado, de

costas, na cama.

Fumava, completamente nu e retexado.

Ao v��-la, sorriu-lhe e i n d a g o u :

��� Aceita um cigarro?

��� Sim ��� ela concordou, sentando-se na

borda do leito e, com u m a outra toalha,

menor, passou a secar os cabelos.

Tom acendeu outro cigarro e entregou-o

a ela. B e t t y t r a g o u a fuma��a com avidez.

��� Posso saber alguma coisa a mais a

seu respeito, al��m de um simples nome

perguntou ele.

��� 1 9

B e t t y voltou o rosto em sua dire����o e

e x i b i u um meio sorriso:

��� O que deseja saber?

��� Bem. Q u e m �� voc��, na verdade?

Q u e m �� realmente B e t t y Ruger?

1

U m a r��pida sombra de receio s u r g i u no

rosto da mulher.

��� Por que deseja saber? ��� retrucou,

com uma pergunta. N��s nos encontramos

no Greco, apreciamos a companhia um- do

outro e depois fizemos amor. N��o era s�� isso

que desej��vamos encontrar quando fomos

�� boate?

��� Sim. Concordo com voc��, em parte

��� declarou T o m , sentando-se direito no

leito. ��� Mas isso t o r n a tudo t��o sup��rfluo,

t��o vazio. N��o fui ao Greco s�� em busca de

algu��m que fosse p a r a a cama comigo. Se

fosse esse o motivo, existem locais nesta

cidade onde poderia encontrar isso com

maior facilidade.

B e t t y i n c l i n o u a cabe��a, aparentando

embara��o. F a l o u , em voz b a i x a :

��� Desculpe, T o m . N��o queria ser indeli-

cada.

2 0 ���

��� N��o foi indelicada ��� afirmou ele em

tom brando. ��� Agora, se n��o quer me dizer

nada a seu respeito, tudo bem. N��o v o u

obrig��-la.

��� N��o, n��o. D i r e i algo sobre mim. M e u

nome �� Betty, como j�� falei; tenho t r i n t a

e dois anos, moro no lado Oeste da cidade

e trabalho numa boutique.

��� Isso j�� �� alguma coisa.

Ela parou de secar os cabelos e olhou

o homem. Assinalou:

��� Agora, �� a sua vez.

Tom riu e aceitou o que ela dissera:

��� Meu nome �� T o m B y r n e s , tenho t r i n -

ta e cinco anos, moro neste apartamento e

trabalho num banco.

��� S�� isso?

��� Bem. Sou divorciado h�� quatro me-

ses e tenho um filho de cinco anos, que

mora com minha ex-esposa.

Um certo brilho de espanto correu os

olhos claros de B e t t y :

��� Divorciado?

��� Sim. Eu e S h a r o n , m i n h a ex-mulher,

tivemos uma discuss��o e descobrimos que

-21

n��o adiantava mais vivermos juntos. Re-

solvemos nos divorciar amigavelmente, ca

da um passando a ter sua vida como me-

l h o r lhe aprouver.

��� Sinto muito, T o m .

��� N��o sinta. F o i o melhor mesmo. Os

sete anos que eu e S h a r o n vivemos como

marido e mulher foram praticamente uma

encena����o. No fundo, bem l�� no fundo, sa-

b��amos que n��o daria certo, mesmo antes

de nos casarmos.

��� Ent��o, por que se casaram?

��� E s t �� a�� uma coisa que n��o sei, sin-

ceramente. Mas nos casamos e, quase dez

anos depois, nos separamos. U m a bela his-

t��ria, n��o?

O tom de voz dele era ir��nico. Por isso

B e t t y preferiu ficar s��ria, evitando qual-

quer coment��rio.

Levantou-se da cama e apagou o cigar-

ro no cinzeiro da mesinha de cabeceira. Sen-

t i u a m��o do homem em sua perna, por

baixo da toalha.

Fitou-o, pedindo, quase suplicante:

��� Por favor, T o m . Vou-me embora ago-

ra.

22���

��� J��? ��� ele espantou-se. ��� Mas ainda

�� cedo.

��� Sim. Eu sei. Por��m, tenho que le-

vantar cedo amanh��, para trabalhar. E

voc�� deve ter tamb��m a mesma obriga����o.

Ele mostrou-se desanimado:

��� Sim. O maldito trabalho. Gostaria

de livrar-me dele para sempre.

��� S�� que n��o podemos. Precisamos de-

le.

E Betty deu meia-volta, rumando �� sala,

para recolher suas roupas e vesti-las. U n s

dez minutos depois, regressava, j�� pronta.

Ao ver T o m terminando de vestir-se, ex-

clamou :

��� N��o se incomode por m i n h a causa,

por favor!

��� Ora. V o u lev��-la em casa.

��� N��o �� preciso. T o m a r e i um t �� x i a��

embaixo, em frente ao edif��cio, e estarei em

casa em poucos minutos. Pique e descanse.

��� Mas, B e t t y . . .

Uma s��plica sincera e quase aflita sur-

giu nos olhos dela:

��� 2 3

��� P o r favor.

Ele n��o teve como recusar-lhe o pedido:

��� E s t �� bem. Se prefere assim. Mas pos-

so ao menos descer com voc�� e coloc��-la

n u m t��xi?

��� J�� que i n s i s t e . . .

T o m sorriu e acabou de vestir-se. Em

breve, deixavam o apartamento, parando

no corredor, �� espera do elevador.

��� Eu poderia v��-la novamente? ��� in-

terrrogou, estranhando o temor que sentia

da perspectiva de B e t t y dizer n��o.

��� T a l v e z , T o m . Gostei de sua compa-

nhia, de tudo enfim. A g o r a , quanto a ver-

nos de novo, n��o posso garantir.

��� Por qu��? H�� algo que a impe��a?

E l a apressou-se a responder:

��� N��o, n��o! N��o h�� nada que me im-

pe��a. Fa��amos uma coisa. Sei seu endere-

��o. Eu o procurarei, sim?

��� O . K . ! �� voc�� quem d�� as ordens.

E l a sorriu sem muito ��nimo, ambos ven-

do o elevador chegar ao andar. E n t r a r a m ,

rumo ao t��rreo.

Depois de colocar B e t t y n u m t �� x i e des-

pedir-se dela com um beijo r��pido nos l��-

bios, Tom retornou ao apartamento. E n -

trou na sala e acendeu a luz, fechando a

porta ��s suas costas.

Em seguida, come��ou a despir-se, dis-

posto a tomar um bano e dormir.

E foi o que fez, o c��rebro concentrado

em Betty Ruger.

Era uma mulher um tanto estranha, di-

gamos assim, Parecia temerosa, preocupa-

da. Como se estivesse escondendo algum

segredo.

Mas qual seria? N��o poderia h a v e r ne-

nhum. Ent��o, por que se esfor��ara tanto

para ir-se embora t��o cedo e interromper

tamb��m o relacionamento de ambos? N��o

estava precisando de companhia como ele?

N��o fora ao Greco com essa finalidade?

Dessa forma, o certo seria m a n t e r o

contato, incentivar um novo encontro, uma

intimidade maior do que se conhecerem

numa boate e irem depois p a r a a cama.

Curioso, continuou a pensar. Acabou

: seu banho e, sem sono, resolveu d a r uma

olhada na programa����o da T V . Sincera-

mente, n��o queria ficar se remoendo com

perguntas a respeito de uma mulher cha-

mada B e t t y Ruger.

* * *

No dia seguinte, logo que chegou ao

banco, a primeira pessoa que encontrou

foi J i m H a r l o n . O rapaz alto, de rosto sim-

p��tico e cabelos ondulados s o r r i u ao v��-lo:

��� E n t �� o , meu caro? Seguiu meu con

selho?

T o m , sem querer, abaixou a voz, como

se tivesse vergonha por revelar que fora a

um local do tipo do G r e c o :

��� Sim.

��� Excelente. E n c o n t r o u algu��m que lhe

fizesse companhia?

Hesitou, pensando duas vezes antes de

dizer algo sobre Betty. Mas n��o achou nada

de errado em comentar o assunto com o

amigo. J i m H a r l o n sempre fora um sujeito

educado, discreto. N��o i r i a sair por a��, es-

palhando aos quatro ventos o que algu��m

lhe contara quase como uma confid��ncia

26���

Ao fim da n a r r a t i v a , J i m acendeu um

cigarro e mostrou-se pensativo:

��� Bem estranha essa tal B e t t y R u g e r ,

meu caro. D�� realmente a n �� t i d a impress��o

de que est�� fugindo de alguma coisa.

��� Foi o que pensei ��� concordou T o m ,

tamb��m acendendo um cigarro. ��� A l g u m a

coisa ela esconde, pois, do contr��rio, n��o

teria tanta pressa em ir-se embora.

��� Quem sabe se o motivo n��o �� um

homem, meu caro? ���. sugeriu J i m .

��� Um homem?

��� ��. E l a pode ser casada. Quantas e

quantas mulheres existem p o r a�� que apro-

veitam a aus��ncia do marido p a r a se diver-

tirem? Essa tal B e t t y pode ter um marido

que viaja e, n u m a dessas viagens, ela foi

ao Greco, em busca de divers��o. De um o u -

tro sujeito para fazer amor.

��� Mas n��o usava alian��a.

��� Cra, T o m . N��o seja ing��nuo. A l i a n -

��as podem ser tiradas facilmente.

Tom ficou pensativo. J i m t i n h a raz��o.

Sugerira-lhe um novo ��ngulo de vis��o para

o problema. E um ��ngulo que ele ainda n��o

reparara.

���27

B e t t y sendo casada, o mist��rio estaria

esclarecido.

Sim. J i m bem que poderia ter acertado

no centro do alvo, com aquele pensamento.

��� Acho que est�� com a raz��o ��� assen-

t i u T o m . ��� S�� que n��o temos mais como

t i r a r a d��vida. A n��o ser que B e t t y me

procure e eu t e n h a chance de conhec��-!a

melhor. Do contr��rio, creio que n u n c a mais

a verei.

��� Se realmente �� esse o segredo dela,

v�� se preparando. V a i s u m i r de sua vida

n u m piscar de olhos.

��� Ou melhor: j�� sumiu ��� T o m corri-

g i u o amigo, n u m a voz meio frustrada. Fez

u m a pausa e a n u n c i o u : ��� Bem. Vamos dei-

x a r isso de lado. T e n h o que trabalhar. N��o

vou arriscar meu emprego por causa de

u m a ilustre desconhecida chamada Betty

Ruger.

J i m r i u e concordou:

��� Sim. B o m servi��o.

��� Igualmente.

E J i m afastou-se. T o m , por sua vez, es-

queceu seus pensamentos e r u m o u para os

28���

elevadores do enorme edif��cio, onde f u n -

cionava a entidade banc��ria.

Saltou no terceiro andar, onde ficava o

departamento de cobran��a.

Em minutos, entrava em sua sala, de-

parando-se com o sorriso agrad��vel e since-

ro de Rose, sua secret��ria.

��� Ol��, Rose ��� cumprimentou-a, tam-

b��m sorridente. ��� Chegou cedo.

Ela prestou aten����o ao rosto atraente

do homem:

��� ��. O tr��nsito, para variar, estava

bom hoje. Ent��o, est�� disposto a trabalhar?

Tom hesitou uns momentos, como se

pensasse. Ao mesmo tempo, observava o ros-

to meigo da jovem, decorado pelos cabelos

muito finos e castanhos.

Respondeu, dando de ombros:

��� Mais ou menos. P o r m i m , ficaria na

cama at�� o meio-dia.

��� S�� voc��? ��� Rose r i u , exibindo seus

dentes pequenos e alvos. ��� Tamb��m estou

morta de sono.

E ampliou o sorriso, os olhos fixos nos

de Tom. E um sorriso que parecia conter

���29

uma certa mal��cia; algo como uma insinua-

����o.

T o m viu-se um pouco sem jeito diante

disso.

Se n��o estava vendo fantasmas, descon-

fiava que Rose o cortejava, embora de ma-

neira sutil, com seus sorrisos e olhares es-

peciais.

Por seu entender, bastaria um simples

gesto seu e a levaria para a cama, para fa-

zerem tudo que bem desejassem.

Por��m, evitava isso. N��o queria envol-

ver-se com suas colegas de trabalho. No

final, sempre sobrava alguma encrenca em

tal tipo de relacionamento. Encrencas que

poderiam significar demiss��o tanto para ele

quanto para ela.

S�� que manter essa atitude era bem dif��-

cil.

Rose era uma garota bonita at�� demais.

Alta, de linhas elegantes, ancas um pouco

salientes e a n d a r felino, despertava aten-

����es masculinas aonde quer que fosse.

A l �� m disso, usava roupas que pouco dis-

far��avam seu corpo provocante. Como o

3 0 ���

vestido azulado que t r a j a v a naquele dia.

Justo e de fazenda macia, colava-se ��s suas

formas de manequim, e revelava que, no

m��ximo, Rose usava apenas uma calcinha

sob ele.

Meio excitado, visto que observava agora

Rose de p��, pois ela se levantara e fora at��

um dos arquivos do c��modo, engoliu em se-

co. Passou a seu escrit��rio, decidido a ven-

cer a tenta����o de aceitar a corte que aque-

la jovem lhe fazia.

Despindo o palet��, p��s-se logo a traba-

lhar. At�� que Rose apareceu �� p o r t a do ga-

binete.

��� Ei, T o m ��� ela chamou-o. ��� Esque-

ci de dar-lhe um recado.

��� Qual? ��� ele v i r o u o rosto para ela.

��� Sua Mulher telefonou assim que che-

guei...

��� Minha ex-mulher, voc�� quer dizer.

Rose ficou embara��ada, tentando corri-

gir logo seu engano:

��� Perd��o. Sua ex-esposa telefonou. Pe-

que voc�� a chame. Precisa falar-lhe.

��� O.K! Pode deixar.

- 3 1

O u v i n d o isso, Rose deu meia volta e

retornou a sua saleta. Sozinho, T o m acen-

deu um cigarro e pensou duas vezes antes

de ligar para Sharon.

Est�� certo que h a v i a m se separado ami-

gavelmente, como ele dissera a Betty, na

v��spera. Contudo, toda vez que se falavam,

ele t i n h a u m a sensa����o de receio. Como se

temesse que S h a r o n o influenciasse com sua

voz doce, quente, o u , quando pessoalmente,

com sua beleza sensual.

Decidiu-se. A p a n h o u o fone e discou o

n��mero de seu antigo apartamento. Foi

S h a r o n quem atendeu, T o m interrompen-

do-a antes que ela desse o n��mero do apa-

relho :

��� Sou eu, S h a r o n . T o m . Como vai? Re-

cebi seu recado.

��� O h , T o m ��� a voz dela dava a enten-

der que estava contente por ele ter ligado.

��� E s t o u bem, gra��as a Deus. E voc��?

��� V o u indo. Seu telefonema tem algu-

ma coisa a v e r com o J �� n i o r ? Ele est�� pas-

sando bem, n��o?

��� Sim. �� t i m o . Deixei-o no quarto, brin-

cando, enquanto vimi atender o telefone.

��� Fico mais tranq��ilo. O que deseja

comigo?

��� B e m . . . ��� ela deu mostras de estar

sem jeito. ��� Liguei s�� p a r a saber se est��

tudo em paz. Hoje �� quinta-feira e a �� l t i -

ma vez em que nos falamos foi no domin-

go, quando voc�� veio visitar o J �� n i o r .

��� Pode ficar sossegada. E s t o u me sen-

tindo otimamente bem. E obrigado pela

preocupa����o.

��� Qual nada. Apesar de estarmos se-

parados, voc�� continua sendo o pai de meu

filho. Tenho que me preocupar.

��� Voc�� �� uma ��tima garota, Sharon ���

brincou ele. ��� Mas fique tranq��ila. Estou

bem. Qualnuer coisa, avisarei, garanto-lhe.

��� Certo. E quando aparece? ��� parecia

haver algum interesse especial na voz deia.

��� Se n��o for atrapalh��-la, posso ir ho-

je dar uma olhada no J �� n i o r ?

��� Claro. V e n h a depois do trabalho. F a -

rei um jantar gostoso e comeremos os tr��s

juntos.

Interrompeu-se bruscamente. E T o m

percebeu o motivo dessa interrup����o, pois

- 3 3

pensara o mesmo que a ex-esposa: como

nos velhos tempos.

H u m ! Velhos tempos que n��o poderiam

voltar. N��o t i n h a m chance alguma de vol-

tar.

��� Ent��o, l�� pelas sete, oito horas, apa-

recerei por a��.

��� ��timo. Eu o espero.

Depois disso, despediram-se e desliga-

ram. T o m apanhou logo outro cigarro no

ma��o jogado sobre a mesa. Pensou em Sha-

r o n , em J �� n i o r , naqueles dez anos de ca-

samento.

No come��o, at�� que foram bons. Ele e

S h a r o n amavam-se, ou f i n g i a m amar-se, e

gostavam de ir para a cama, desfrutarem

da companhia um do outro.

Sharon gostava de sexo. E muito. Ape-

sar de casar-se virgem, n u n c a ficara cho-

cada com isso ou aquilo. E s t a v a sempre

pronta a inova����es, a novos tipos de amor,

a forma de dar e receber prazer.

S�� que um casamento jamais poderia

ser baseado em sexo apenas, pensava T o m .

E no de ambos, pouco ou nada restava

al��m de sexo.

3 4 ���

Portanto, s�� houve um caminho, que

os dois souberam encarar com maturidade

e seguran��a: o div��rcio.

Balan��ou a cabe��a e esqueceu esses pen-

samentos.

Por um momento, lembrou-se de B e t t y

e do prov��vel mist��rio que parecia existir

em torno dela. Depois, colocou tudo de lado,

em proveito de seu trabalho.

* * *

O dia transcorreu calmo, sem novidades.

Ao final do expediente, Tom. ajeitou-se o

melhor poss��vel, para causar u m a boa im-

press��o quando se avistasse com seu filho.

Pronto, passou �� saleta de Rose, avisan-

do:

��� Bem. Vou-me embora. J�� chega de

servi��o por hoje.

A secret��ria levantou-se de sua mesa,

dando uns retoques r��pidos nos cabelos

compridos.

��� O mesmo digo eu ��� declarou. ���

Vou para casa, dormir at�� amanh��.

O homem sorriu, admirando a jovem,

E l a se afastara e encaminhara-se ao ba-

nheiro privativo do conjunto de duas sa-

las. O vestido um tanto c u r t o revelava

parte de suas pernas longas, acetinadas.

Antes de entrar no banheiro, voltou-se,

indagando:

��� V a i direto p a r a casa, T o m ?

��� N��o. Jantarei' com S h a r o n e J��nior

hoje. Por qu��?

��� Nada. Esque��a. Pensei que pudesse

me d a r uma carona. Aquele maldito ��ni-

bus enche a paci��ncia de qualquer u m .

T o m consultou seu rel��gio de pulso e fez

uns r��pidos c��lculos mentais. E n t �� o disse:

��� Se a n d a r r��pido, posso lev��-la em

casa. A i n d a terei tempo de chegar ao apar-

tamento de S h a r o n .

��� N��o, n��o. De forma a l g u m a quero

atrapalhar seu programa.

��� O r a , vamos. N��o v a i me custar na-

da.

E l a aparentou indecis��o, resolvendo-se

logo:

��� Voc�� insistiu, hem? Depois, n��o me

culpe se chegar atrasado ao seu jantar.

36���

��� Pode deixar.

Com um sorriso, Rose pediu alguns mi-

nutos, s�� para se ajeitar melhor, e entrou

no banheiro. Quando voltou, T o m obser-

vou-a.

Ela havia retocado a maquilagem e es-

tava linda. O batom que passara nos l��bios

era brilhante, o que dava a impress��o de

estarem sempre ��midos.

Teve vontade de aceitar a poss��vel cor-

te que Rose lhe fazia. Ao menos, beijaria

aquela boca pequena, quase infantil, mas

que possu��a muito de er��tico, desafiador.

Controlou-se, esperando Rose apanhar a

bolsa e acompanh��-lo ao corredor do andar.

Reuniram-se a diversos outros empregados

do banco, que trabalhavam no mesmo pa-

vimento.

Cumprimentaram v��rios, rindo, b r i n -

cando.

Desceram no elevador at�� o subterr��neo

do pr��dio, alcan��ando o Volks fora de moda

de Tom.

Deixavam para tr��s mais um dia de tra-

balho.

- 3 7

cap��tulo 3

T o m freou o autom��vel em frente ao

edif��cio de apartamentos em que Rose mo-

rava e virou-se p a r a ela. Espantou-se ao

encontrar-lhe os olhos fixos nele.

��� O que houve? ��� interrogou.

��� N a d a ��� a jovem respondeu. ��� E s -

tava apenas observando voc��.

��� E por qu��? A l g u m motivo especial?

E l a s o r r i u :

��� N��o, n��o. Apenas reparando que ��

um sujeito bem atraente, T o m .

Ele sentiu uma pontada de excita����o.

Receber um elogio daqueles de uma ga-

rota deliciosa como Rose era algo franca-

mente maravilhoso.

38���

��� Obrigado ��� respondeu, meio sem

jeito. ��� �� bom saber que algu��m acha

isso da gente.

��� Pois acredito no que digo. �� um ho-

mem atraente, simp��tico. E um homem co-

mo voc�� n��o deveria viver t��o sozinho como

vive.

Tom estremeceu de forma incontrol��vel. v

Das duas uma: ou Rose fazia apenas um

coment��rio inocente, entre amigos, ou ha-

via algo mais em suas palavras.

E o motivo de seu estremecimento pren-

dia-se �� segunda op����o.

��� Por que diz isso, Rose? ��� n��o en-

controu outra coisa para dizer.

��� Tenho observado voc��. Desde que se

separou de Sharon, parece triste, cansado,

desanimado. E tudo leva a crer que ainda

n��o colocou ningu��m no lugar dela em

seu cora����o.

Ele sorriu, desconcertado, e assentiu:

��� Tem raz��o. N��o tenho muito ��nimo

para novos relacionamentos amorosos.

��� Mas �� jovem ainda, Tom. Deveria

pensar em encontrar algu��m. N��o pode vi-

ver sozinho o resto da vida.

39

Ele olhou-a dentro dos olhos e Rose n��o

desviou os seus. Fitava-o com um brilho di-

ferente no olhar, tal qual uma promessa.

Realmente desconcertado, pois a con-

versa o pegara completamente distra��do,

procurou desvencilhar-se da situa����o o mais

r��pido poss��vel:

��� Voc�� �� u m a ��tima detetive, pois de-

d u z i u certo a meu respeito. Mas �� melhor

ir logo para casa. Do contr��rio, n��o chega-

rei a tempo para o meu jantar.

Um certo ar de decep����o encheu o ros-

to da jovem. E l a abriu a porta do seu lado

e saltou, batendo-a. Antes de ir-se, enfiou

o rosto pela janela:

��� Posso ser sincera com voc��, Tom?

��� Diga.

��� Procure divertir-se. Atraente como ��,

n��o ter�� dificuldades em encontrar com-

panhias femininas.

E retirou-se, caminhando no rumo do

pr��dio em que morava.

Dentro do carro, T o m ficou aturdido.

Agora, n��o restavam mais d��vidas. Rose o

4 0 ���

estava cortejando. E, como ele mostrava-se

indiferente a isso, ela s�� tivera uma alter-

nativa: enviar-lhe uma indireta que de i n -

direta n��o t i n h a nada.

Engoliu em seco e refletiu consigo. Aque-

le seu pensamento de que empregados da

mesma firma n��o devem se envolver, al��m

do relacionamento profissional ou de ami-

gos, era uma completa idiotice.

Com uma garota maravilhosa como Ro-

se dando bola, por que era t��o tolo?

Partiu com o carro, disposto a resolver

o problema assim que tivesse oportunidade.

* * *

Com um suspiro de cansa��o, T o m sen-

tou-se no sof��, na sala de seu antigo apar-

tamento. Acendeu um cigarro, record��ndo-

se do j a n t a r em companhia de S h a r o n e

J��nior. Sharon esmerara-se. A comida es-

tava simplesmente deliciosa.

E ainda conseguira banhar e vestir J �� -

nior do jeito que Tom gostava: imaculada-

mente limpo e com roupas infantis. N��o

tolerava essa moda que transformava crian-

��as em prot��tipos de adultos.

G o s t a v a de ver seu filho sendo o que

era realmente: uma crian��a de cinco anos

de idade. Depois que crescesse, teria muito

tempo para ser adulto. E para sentir sau-

dades dos tempos de inf��ncia.

Esqueceu seus pensamentos quando viu

S h a r o n r e t o r n a r �� sala. F o r a colocar J �� n i o r

na cama.

��� Ele dormiu?

��� Sim. E s t �� acostumado a dormir ce-

do. Assim sendo, n��o demora p a r a pegar

no sono.

��� O que �� ��timo. Mas sente-se. Vamos

conversar um pouco antes de eu ir embo-

ra.

S h a r o n sentou-se no sof��, um pouco

perto de T o m . E n q u a n t o acendia um cigar-

ro, i n d a g o u :

��� P o r que n��o dorme aqui, Tom? As-

sim, n��o precisaria d i r i g i r at�� seu aparta-

mento.

Ele deu um meio sorriso, recusando o

oferecimento:

42���

��� N��o, n��o, Sharon. N��o acho direito.

Somos separados agora.

��� E da��? N��o compartilhamos da mes-

ma cama por dez anos seguidos?

��� Sim. Mas o div��rcio nos t o r n o u sol-

teiros, com vidas inteiramente diferentes.

Ela aproximou-se dele, olhando-o fixa-

mente :

��� Por favor, T o m . Gostaria muito q��e

ficasse...

Ele encarou-a, indagando:

��� Por qu��?

Sharon desviou os olhos, um certo r u -

bor invadindo-lhe as fei����es bonitas. G a -

guejou quando respondeu:

��� Sinto-me muito s�� quando a noite

chega. Fico sozinha no quarto, p e n s a n d o . . .

T o m entendia claramente o sentido das

palavras dela.

Sharon, por ser u m a m u l h e r ��ntegra,

de fortes princ��pios morais, n��o sa��ra cor-

rendo atr��s de um novo companheiro de

leito t��o logo se v i r a livre do casamento.

Embora n��o houvesse mais motivos,

mantinha-se fiel ao ex-marido, permanecen-

���43

do em casa, para cuidar de J �� n i o r e dos

seus afazeres dom��sticos.

E, com quatro meses passados, deveria

estar precisando de amor, de algu��m a seu

lado. De um homem que lhe preenchesse a

solid��o n o t u r n a , o vazio de seu leito de

casal.

Por isso, pensara na �� n i c a pessoa que

poderia preencher essa l a c u n a em sua vida,

Seu ex-marido. Ir para a cama com ele, a

despeito do div��rcio, n��o lhe chocava tan-

to o modo de ser quanto um estranho. Um

amante qualquer, que ela poderia arrumar

n u m piscar de olhos, com sua beleza e seu

corpo bem-feito.

S�� que T o m n��o queria isso. Estavam

separados, divorciados. N��o era justo fa-

zerem amor depois de tomarem aquela de-

cis��o.

Levantou-se do sof�� e deu uma volta

pela sala, fumando. T e n t a v a manter-se

longe de Sharon.

Pondo-se tudo de lado, ela era uma mu-

lher desej��vel e ele, um homem normal.

T e r i a de resistir.

44���

��� Acho melhor ir-me agora, S h a r o n -

anunciou, olhando o rel��gio. ��� T e n h o que

acordar muito cedo amanh��.

Ela ergueu-se tamb��m, indo em sua di-

re����o. Parou bem a frente dele, prendendo

o olhar ao seu:

��� Fique, T o m . S�� esta noite.

O homem fitou-a. O desejo come��ou a

latejar em suas entranhas. N��o seria m u i -

to dif��cil para Sharon dobrar-lhe as resis-

t��ncias, seduzi-lo comi seu charme de mu-

lher bonita e intensamente cobi����vel.

��� N��o me pe��a o imposs��vel, por favor,

Sharon. Sabe muito bem que isso n��o ��

justo.

��� E por qu��? N i n g u �� m pode condenar-

nos ��� e aproximou-se mais dele, pousando

as m��os em seu peito alto, amplo.

Tom estremeceu e segurou-lhe as m��os.

Seu primeiro impulso foi o de afast��-la,

mas, ao olhar dentro dos olhos da ex-espo-

sa, sentiu-se fraco demais para tal.

E, �� parte a presen��a e abeleza dela, ha-

via o apartamento silencioso. Apenas J �� -

nior, dormia tranq��ilamente n u m dos quar-

tos.

��� 4 5

��� S h a r o n , por favor ��� implorou, sen-

tindo o seu perfume invadir-lhe as narinas

e embriagar-lhe o esp��rito.

E l a ignorou-o, subindo as m��os pelo tor-

so dele e alcan��ando-lhe os ombros. D a l i ,

atingiu-lhe o rosto e o acariciou. A seguir,

separou os l��bios com vagar, e fechou os olhos.

Acercou a boca convidativa da do ho-

mem e ele arrepiou-se de desejo.

Esqueceu tudo a sua volta e abra��ou a

ex-esposa, seus l��bios sedentos perseguindo

os dela. Esmagou-os n u m beijo que parecia

n��o ter mais fim.

A rea����o de S h a r o n confirmou as sus-

peitas dele, quanto a ela estar precisando

de amor, de um homem.

Agarrou-se a ele e ofereceu-lhe a boca

completamente, a l �� n g u a atrevida contor-

cendo-se e saboreando a dele com incr��vel

avidez.

��� T o m . . . ��� m u r m u r o u , afinal, en-

costando o rosto em seu peito. ��� N��o pode

imaginar como venho me sentindo esses

meses todos. . .

46���

Ele afagou-lhe os cabelos macios e bei-

jou-lhe a testa.

��� Sharon. .. por favor. Estamos divor-

ciados . . .

��� Eu sei. Mas, querido, �� demais para

mim... N��o quero tornar-me uma leviana...

��� suspendeu o rosto, olhando-o com firme-

: ��� Quero fazer amor com voc��, com

mais ningu��m.

��� M a s . . .

Ela rogou, num fio de voz:

��� Por favor. Somente esta n o i t e . . .

unca mais lhe pedirei isso.

Tom hesitou, mas, por fim, deu um meio

rriso, beijando de leve os l��bios da ex-

ulher:

��� O.K! Dormirei aqui hoje. Mas s�� ho-

Os olhos dela cintilaram de felicidade,

bra��ou-o com for��a e depois desvencilhou-

de seus bra��os. Encaminhou-se ao quar-

, pedindo:

��� Feche tudo e desligue as luzes, sim?

Estarei esperando no quarto.

Ele assentiu com a cabe��a e viu-a dei-

x a r a sala. T r a t o u de fechar todo o aparta-

mento e apagar as luzes.

E n q u a n t o o fazia, mais u m a vez concor-

dava consigo: seu casamento fora baseado

unicamente em sexo.

* * ���

Com o apartamento ��s escuras, T o m foi

at�� o quarto de J �� n i o r . Da porta, viu-o dor-

mindo, uma express��o de serenidade co-

brindo-lhe o rostinho macio.

F e c h o u , ent��o, com delicadeza a porta

e foi para o quarto de S h a r o n . Ao entrar,

sentiu um perfume excitante. E l a deveria

ter-se arrumado para ele.

E n t r o u e fechou a porta. Na penumbra

do aposento, o��de distinguir o leito de ca-

sal. E Sharon deitada nele, um len��ol pu-

xado at�� o queixo.

Perguntou-lhe:

��� Incomoda-se que eu tome um banho

r��pido?

��� N��o, T o m . Fique �� vontade.

48���

Ele seguiu para o banheiro, repetindo

consigo a ��ltima frase da esposa: " F i q u e ��

vontade." N u m apartamento, n u m quarto,

num banheiro, que haviam sido seus d u -

rante dez anos.

Como a vida podia ser t��o engra��ada!

Tomou um banho ligeiro e, completa-

mente despido, voltou ao quarto. Caminhou,

at�� o leito, levantando o len��ol e deitando-

se ao lado de S h a r o n .

Encontrou-lhe logo os l��bios �� sua espera

, loucos pelos seus. Beijou-os longamente,

m��o intrometendo-se por sob o len��ol e

explorando o corpo nu de Sharon.

Sharon vibrava com suas car��cias. V i -

rou-se mais p a r a ele e aoertou-lhe o peito,

arquejando.

Cada movimento dos dedos do homem

fazia-lhe o corpo agitar-se, possu��do pela

ansiedade, por aquela sensa����o indescrit��-

vel que alastrava por suas entranhas.

Com delicadeza, T o m come��ou a excit��-

la. Sharon soltou murm��rios roucos, pala-

vras sem sentido, arquejos profundos e for-

tes...

- 4 9

Estava delirando nos bra��os do homem.

Seu corpo todo clamava pela posse.

Beijaram-se, cheios de frenesi e impa-

ci��ncia. E ainda unidos pelo beijo, m o v i -

mentaram-se na cama.

A posse fez S h a r o n libertar os l��bios e

arfar, louca de t a n t a satisfa����o e tanto

desejo.

T o m voltou a procurar-lhe a boca. Ao

mesmo tempo, deixava-se devorar pelas en-

tranhas de Sharon. Desaparecia por com-

pleto na intimidade t��pida, que se ajustava

a ele e o aprisionava.

S h a r o n gemeu, contorcendo-se no leito e

crispando as m��os nos cabelos do homem.

Mordeu os l��bios e ofegou, endoidecida por

aquele invasor que a dominava.

S�� tranq��ilizou-se quando o primeiro au-

ge sacudiu-lhe o interior.

Mas teve de voltar logo ao combate, vis-

to que T o m exigia su�� volta, mantendo o

ritmo febril e ansioso da posse.

* * *

Do apartamento de S h a r o n , T o m foi d i -

reto para o seu. Desejava trocar de roupa

50���

antes de ir trabalhar. E tamb��m fazer a

barba e tomar um bom banho quente.

Estava atrasado para o servi��o no ban-

co. Tamb��m, n��o resistira ao prazer de to-

mar caf�� em companhia de seu filho. S��

depois da refei����o �� que fora p a r a casa.

Por volta de nove e meia, j�� tomara ba-

nho e se barbeara. Resolveu n��o ir t r a -

balhar n a parte d a manh��. O u melhor: era

sexta-feira e n��o adiantaria n a d a traba-

lhar apenas metade do dia.

Decidindo isso, telefonou para Rose e

deu-lhe u m a desculpa qualquer, para ex-

plicar sua aus��ncia no servi��o durante

aquele dia. Depois, acendeu um cigarro e

achou melhor aproveitar o dia para dar

uma arruma����o no apartamento e p��r em

ordem suas contas do m��s.

Ficaria o dia inteiro em casa, sozinho

ele mesmo.

���51

capitulo 4

U m a semana depois, exatamente sexta-

feira, T o m , quando voltava p a r a casa, d i r i -

gindo seu carro, decidiu fazer um balan��o

de sua vida.

Come��ou pela parte mais agrad��vel:

Rose. Agrad��vel por que era uma esp��cie

de promessa que h a v i a naquela mulher.

A promessa de momentos deliciosos a serem

vividos em sua companhia.

D u r a n t e aquela semana toda n��o tivera

oportunidade de conquist��-la. H a v i a traba-

lho demais, reuni��es aqui e ali dentro do

banco, assuntos particulares a r e s o l v e r . . .

E n f i m , praticamente, n��o p a r a r a em sua

sala.

E quando o fazia, n��o sobrava tempo

p a r a se dedicar a cortejar Rose.

Depois, pensou em Sharon. Desde aque-

la noite de quinta para sexta-feira, uma se-

mana antes, evitara voltar a v��-la. Telefo-

nava apenas para saber como J �� n i o r ia pas-

sando. Agora, ir a seu antigo apartamento,

n��o. De forma alguma desejava que se re-

petisse o que acontecera entre ambos.

Ora bolas! Estavam separados. O div��r-

cio os transformara n u m homem e n u m a

mulher solteiros, livres. Deveriam cuidar de

suas pr��prias vidas e esquecerem que um

dia tiveram um ao outro.

��� Por��m, em contrapartida, desejava

loucamente S h a r o n . E tal coisa s�� serviria

para deix��-lo fraco demais diante dela. As-

sim sendo, quanto mais evitasse t��-la, me-

lhor. S�� i r i a �� casa da ex-esposa dali a al-

guns dias, p a r a visitar o filho.

Mais nada.

Depois disso, recordou-se de B e t t y Rugger.

De fato, ele e Jim. H a r l o n estavam abso-

tamente certos: ela desaparecera de sua

vida. N u n c a mais voltaria. U m a semana

inteira era tempo bastante p a r a dar sinais de

vida.

E n��o os dera, o que significava que

n��o apareceria.

D e u de ombros, parando n u m sinal e

acendendo um cigarro. Dane-se! Se ela pos-

su��a algum segredo, que o guardasse para

si mesma. E se n��o queria mais v��-lo, era

um problema ��nico e exclusivamente dela

Nesse ponto de sua reflex��es, expulsou-a

do pensamento e come��ou a interrogar-se

sobre o que faria d u r a n t e o f i m de semana

todo.

O r a . P o r que n��o telefonava p a r a Rose!

E r a uma boa id��ia. Poderia convid��-la para

dar u m a volta, se d i v e r t i r i a m juntos e de

pois, conforme a situa����o permitisse, iriam

para a cama.

Resolveria dois problemas de uma vez

s��: o que fazer no fim de semana e conquis-

t a r a secret��ria.

S o r r i u , antevendo o telefonema que da-

r i a �� jovem. I n v e n t a r i a um pretexto qual

quer para sa��rem e t u d o seria solucionado

S�� que n��o telefonaria aquela noite. No

dia seguinte, s��bado, a chamaria. Hoje, ela

deveria estar morta de cansa��o e louca para

dormir.

5 4 ���

E, pensando em tantos assuntos, n��o

viu o tempo passar. L o g o , chegava a seu

edif��cio, guardando o carro na garagem

e subindo at�� seu a n d a r pelo elevador de

servi��o.

Abriu a p o r t a e entrou. No mesmo ins-

tante, o telefone tocou. Adiantou-se logo

ao aparelho, atendendo-o. O u v i u u m a voz

feminina indagar de onde falavam. D e u o

n��mero de seu aparelho e a voz feminina

fez uma n o v a p e r g u n t a :

��� Tom? �� voc��?

��� Eu mesmo. Quem est�� falando?

��� E u . Betty. B e t t y Ruger.

Completamente surpreso, ele deixou-se

cair numa cadeira j u n t o ao telefone. B e t t y

resolvera procur��-lo, ap��s uma semana sem

dar not��cias. N��o sumira de sua vida como

ele e J i m haviam imaginado.

��� O l �� , B e t t y ��� respondeu. ��� Q u e sur-

presa agrad��vel o u v i r sua voz.

��� N��o esperava que eu ligasse, n��o ��

mesmo, T o m ? ��� ela foi bem objetiva,

��� Sim. Para ser sincero, n��o esperava

mesmo. Mas tenha certeza que estou mais

do que contente em ouvi-la novamente.

��� Obrigada. Olhe. N��o posso falar mui-

to agora, pois estou no telefone do meu

trabalho e aqui a disciplina �� r �� g i d a demais.

��� Entendo.

��� Assim sendo ��� ela pareceu hesitan-

t e ��� posso fazer-lhe uma visita hoje ou vou

incomod��-lo?

��� De maneira alguma! ��� ele exultou.

��� Estarei �� sua espera. N��o v o u sair esta

noite.

��� ��timo. S��o umas sete horas agora.

L�� pelas oito e meia, aparecerei.

��� Perfeito. Esperarei ansioso.

��� T c h a u , T o m .

Ele repetiu a despedida dela e desliga-

ram.

Sem a����o, pousou o fone no gancho e

ficou olhando-o durante algum tempo. Bet-

ty iria aparecer, ali, naquele apartamento,

dentro de umas duas horas. E ele imagi-

nando que ela n u n c a mais o procuraria.

Que iria sumir no ar como fuma��a.

Excitado com o fato de rev��-la, levan-

tou-se rapidamente e olhou em volta. San-

to Deus! O apartamento estava uma ver-

dadeira bagun��a. Tamb��m, morando sozi-

56���

nho, pouco se incomodava em manter tudo

em ordem.

Mas teria que a r r u m a r a bagun��a. N��o

iria receber Betty em meio ��quela desor-

dem toda.

E sem pestanejar, entregou-se �� tarefa,



* * *

��s oito e quinze, olhou seu rel��gio. Sus-

pirou de al��vio. Milagrosamente, consegui-

ra a r r u m a r tudo e ainda tomar um banho,

depois de fazer a barba o melhor poss��vel.

Agora, estava limpo, perfumado e vestido

com uma cal��a e uma camisa esportes.

Acendeu, ent��o, um cigarro e sentou-se

no sof��, pondo-se a esperar pela chegada

de Betty. Espantava-se por estar t��o an-

sioso.

Quando, enfim, a campainha da porta

tocou, praticamente saltou do sof��. Adian-

tou-se rapidamente �� entrada do aparta-

mento.

A b r i u a porta e v i u B e t t y no corredor.

Um arrepio de desejo encheu-lhe as en-

tranhas.

E l a estava maravilhosa; com os cabelos

soltos, uma blusa de malha jogada sobre a





57


pele, que denunciava claramente o contor-

no rijo dos seios pontudos, e uma cal��a

jeans, elegante.

��� O l �� , T o m ��� ela s o r r i u , olhando-o

num misto de apreens��o e alegria.

��� O l �� . �� um prazer rev��-la ��� ele a b r i u

mais a porta, convidando: ��� Mas entre.

A casa �� sua.

A visitante passou p o r ele, entrando na

sala do apartamento. Sem jeito, esperou

que o homem fechasse a p o r t a e lhe apon-

tasse uma das poltronas.

��� Sente-se. Esteja �� vontade. Q u e r be-

ber alguma coisa?

!

��� N��o, obrigada, T o m .

Recusando o oferecimento, B e t t y abriu

a bolsa e dela retirou um ma��o de cigarros.

Quando p��s um deles nos l��bios, a chama

do isqueiro de T o m j�� brilhava �� sua f r e n -

te.

Acendeu o cigarro e tragou a fuma��a

com prazer. E r g u e u , ent��o, os olhos para o

homem. P r o c u r o u brincar, para aliviar a

atmosfera um tanto tensa que reinava en-

tre ambos:

58���

��� Com que ent��o, pensava que n u n c a

mais ia me ver? Que eu iria desaparecer?

Ele sentou-se n u m a poltrona em frente

e tamb��m acendeu um cigarro. E x p l i c o u :

��� Sim. O fato de ter-me dito, �� �� l t i m a

vez em que nos vimos, que me procuraria,

me soou como uma desculpa apenas.

��� Mas n��o sumi. E s t o u aqui.

��� Sim, est��.

��� F i c o u contente em ver-me?

Ele encarou-a, s o r r i n d o :

��� Sim, Betty. N��o sei porque estou sen-

do sincero, mas estou contente por n��o ter

sumido de m i n h a vida.

B e t t y r i u , sentindo-se mais �� vontade.

S�� p a r o u de faz��-lo quando encontrou os

olhos de T o m pousados nela. Sustentou-os,

n��o recuando quando o homem acercou-se

e sentou-se a seu lado.

E n t �� o , sem saberem por qu�� e sem te-

rem meios de impedir, beijaram-se, abra-

��ando-se com for��a e entregando-se total-

mente ao duelo er��tico, fren��tico, que suas

bocas e l��nguas travavam.

F i z e r a m o beijo perdurar por v��rios mo-

mentos, o que deu a ambos a certeza de

desejarem u m a s�� coisa: prazer.

��� 5 9

E isso explicou a primeira investida de

T o m . Levou a m��o at�� a barra da blusa

e intrometeu-se por baixo dela.

B e t t y n��o o repeliu em momento al-

gum. Pelo contr��rio, esfor��ou-se por t o r n a r

o beijo que trocavam em algo mais em-

polgante, que transtornava tanto os seus

pr��prios sentidos quanto os do homem.

Quando, finalmente, seus l��bios se se-

pararam dos dele, ofereceu-lhe o pesco��o.

T o m n��o recusou o convite tentador. E s -

corregou o rosto pelos cabelos perfumados

dela e procurou, por entre eles, a pele ma-

cia da garganta feminina.

Cobriu-a de beijos, B e t t y gemia rouca-

mente, ao passo que movia o rosto, para

melhor receber os l��bios em brasa do aman-

te.

E as car��cias dele prosseguiram. T o r n a -

vam-se a cada momento mais ansiosas,

mais exigentes, roubando pequenos res-

mungos de dor e prazer de Betty.

E n f i m , afastou o rosto do pesco��o dela.

Com delicadeza, f��-la recostar-se no sof�� e

suspendeu-lhe a blusa justa, Em breve, o

60���

busto gracioso exibiu-se. E em seus olhos,

uma f a g u l h a de desejo intenso surgiu.

Voltou, ent��o, a endireitar o rosto. Co-

lou a boca sequiosa �� feminina. Seus l��-

bios ro��aram-se com sofreguid��o, Betty

mordendo-lhe a l �� n g u a atrevida e sugan-

do-a com prazer.

O desejo tornou-se imperioso dentro de

ambos. H a v i a um inc��ndio ardendo em suas

entranhas.

N��o tiveram o u t r a alternativa diante

disso. Como se houvessem feito um acordo

m��tuo, separaram-se e come��aram a se

despir.

Tom' livrou-se totalmente das roupas,

seu coroo forte e v i r i l demonstrando o

quanto ansiava por amor, pelo corpo de

Betty. Esta, por��m, n��o retirou a min��s-

cula calcinha esverdeada.

Apenas com ela, acercou-se do homem

e beijou-o com impaci��ncia, m u r m u r a n d o ,

arfante e sensual:

��� Voc�� t i r a a calcinha, T o m .

Ele arrepiou-se de desejo. E n g a n c h o u

logo os dedos na pe��a �� n t i m a e arrastou-a

pelas coxas bem-feitas da amante, soltan-

do-a dos p��s dela e lan��ando-a para o lado.

���61

N u a , B e t t y distanciou-se um pouco, sen-

tando-se no sof�� e estendendo as m��os ao

amante. Ele foi a seu encontro e beijou-a,

ao passo que a obrigava a colocar os p��s

na borda do div��.

B e t t y aceitou o que ele pretendia. Re-

costada no sof��, ofereceu-se totalmente ao

homem.

Seus l��bios escaldantes, sua l �� n g u a tra-

vessa, encontraram-na e fizeram-na delirar.

A loucura instalou-se dentro dela. J o g o u 3

cabe��a para tr��s, para o espaldar do sof��,

e escancarou a boca.

Come��ou a gemer, enquanto T o m a

amava de uma forma enlouquecedora, vo-

luptuosamente experiente.

E ele estendeu os beijos fazendo-a re-

volver-se, transtornada p o r todos aqueles

atrevimentos. Encerrou-os, ent��o, levan-

tando-se e esticando as m��os para a aman-

te. E l a pousou as suas nas dele e p��s-se de

p��. Suas pernas estavam bambas. T i n h a a

n �� t i d a sensa����o de que i r i a desfalecer a

qualquer momento.

T o m abra��ou-a fortemente e esmagou

lhe os l��bios, n u m beijo feroz, pleno de ex-

6 2 ���

cita����o. Ao t��rmino do qual, n u m movi-

mento r��pido, tomou-a no colo, carregan-

do-se para o quarto.

Logo, B e t t y viu-se deitada na cama de

solteiro do homem, completamente n u a e

sentindo todo o corpo tremer de expectati-

va.

Estremeceu de prazer quando T o m acer-

cou-se, forte, valoroso, unindo-se a ela.

Por momentos, ele a excitou no mais

��ntimo de seu ser, provocando-a. Mas isso

n��o era mais necess��rio. E l a se encontrava

louca de ansiedade. Precisava esmagar,

aprisionar, acolher totalmente, aquela pro-

va m��scula, que tanto implorava por suas

entranhas.

Contorceu-se rapidamente quando teve

seu desejo realizado.

T o m desaparecera por inteiro, inician-

do agora o bailado atordoante, embriaga-

dor, da posse suprema.

Arrebatada por esse bailado, Betty

abra��ou as costas do homem e envolveu-lhe

a cintura com as pernas bem-feitas. P r e n -

deu-o a si, deixando o prazer tomar conta

de seus corpos.

capitulo 5

Quando tudo terminou, ambos ficaram

juntos, unidos, por mais algum tempo. Ofe-

gavam, o desejo em suas entranhas insis-

tindo em n��o morrer.

E n f i m , separaram-se, T o m caindo de

costas no leito e fechando os olhos. Uma

onda de torpor encheu-lhe o corpo. Deseja-

va ficar ali o restante da vida.

E r a t��o deliciosa aquela s e n s a �� �� o ! . . .

Sentiu o leito trepidar e entreabriu os

olhos. Betty deixara a cama, indo para o

banheiro. S�� regressou ns minutos depois,

sentando-se, �� borda do leito e acendendo

um cigarro, que apanhara n u m ma��o na

mesinha de cabeceira.

64���

��� T o m ��� ela chamou-o devagar.

Pregui��oso, ele moveu-se no len��ol,

olhando-a.

��� Sim? ��� indagou.

��� Q u e r um cigarro?

Negou com a cabe��a, embora tivesse es-

ticado a m��o at�� a dela, pegando o cigarro

que ela fumava. D e u uma tragada pro-

funda e voltou a fit��-la.

��� F o i maravilhoso ��� declarou.

��� P a r a m i m tamb��m. Acho q��e estava

precisando muito de tudo isso. A ��ltima

vez que fiz amor foi com voc��, h�� uma se-

mana.

Ele n��o disse nada. N��o podia fazer

suas as palavras dela. F o r a para a cama

com S h a r o n , no dia seguinte ao que encon-

trara B e t t y no Greco.

S o r r i u e prometeu:

��� D a q u i a pouco, vamos repetir tudo. E

ser�� muito mais maravilhoso que da p r i -

meira vez.

Notou claramente a express��o de triste��

za que passou pelo rosto dela. I n d a g o u

logo:

-65

��� Que houve, Betty?

��� Nada, nada. �� que n��o poderei ficar

muito tempo, T o m . T e n h o que v o l t a r para

casa.

O r a . Por qu��?

��� Desculpe. ��, �� q u e . . . m i n h a m��e

fica preocupada comigo. N��o quero inquie-

t��-la com m i n h a demora.

E ergueu-se do leito, afastando-se. T o m

teve ��mpetos de saltar da cama e alcan��ar

a amante, obrigando-a a dizer a verdade.

Verdade, porque n��o acreditava na descul-

pa dada por ela.

Contudo, dominou sua vontade e obser-

vou-a. E l a estava de costas, e ele p��de ad-

mirar-lhe as costas macias e as n��degas

rijas, um tanto empinadas.

Devagar, sentou-se �� borda da cama e

p e r g u n t o u :

��� P o r oue n��o me conta logo a verda-

de, Betty? N��o pare��o merecedor de con-

fian��a?

E l a voltou-se rapidamente, o rosto cris-

pado de espanto:

��� Verdade? O que est�� dizendo?

66���

��� Para ser franco, n��o acreditei no

que falou h�� pouco, quanto �� sua m��e. H��

alguma coisa a mais. E essa alguma coisa

a mais �� a respons��vel por sua pressa em

deixar-me. Tanto agora como na primeira

vez.

��� Engana-se, Tom. N��o existe verdade

alguma que eu tenha que lhe contar.

E, com rapidez, apanhou suas roupas e

correu ao banheiro. Trancou a porta ��s

suas costas.

No quarto, Tom ficou sozinho, pensati-

vo.

N��o era preciso mais nada para ele ti-

rar suas d��vidas. A rea����o de Betty quan-

to ��s suas palavras fora uma prova incon-

test��vel de que ela escondia algum segre-

do. De que havia realmente algum mist��rio

em torno dela.

Mas, bolas! Qual poderia ser?

Curioso, deu um sorriso consigo mesmo.

Havia uma maneira de descobrir, se fosse

r��pido o bastante e quisesse se arricar um

pouco.

Com esse pensamento, pulou do leito

e encaminhou-se com ligeireza �� sala. L��,

���67

encontrou a bolsa de Betty, jogada a um

canto do sof��.

Olhou a porta fechada do banheiro. Bet-

ty estava l��, certamente tomando banho.

Ele poderia tentar o que estava pensando.

Abriu a bolsa e vasculhou-a. Encontrou

um porta-documentos e olhou-o rapida-

mente. Em dado momento, um sorriso de

genuino triunfo iluminou-lhe os l��bios: sua

sorte estava sendo maravilhosa.

Acabara de encontrar um cart��o de vi-

sitas, feito em nome de La Belle Boutique.

Embaixo, havia o endere��o.

Perfeito! Agora, j�� sabia onde Betty

trabalhava, se �� que a La Belle Boutique

era a tal boutique onde ela dissera traba-

lhar.

Copiou o endere��o no primeiro papel

que encontrou e escondeu-o. Depois, guar-

dou o cart��o no porta-documentos, devol-

vendo-o �� bolsa.

Pronto. Sabia que o que fizera fora er-

rado, uma invas��o de intimidade. Por��m,

n��o tivera outra escolha. Estava disposto a

tudo para decifrar o enigma que envolvia

Betty Ruger.

E aquela fora a ��nica forma que en-(

contrara para resolver o problema.

* * *

Cerca de vinte minutos depois, Betty

deixou o banheiro e alcan��ou o quarto. Es-

tava completamente vestida e seus cabelos

ainda ��midos.

Parou a poucos passos da cama e, com

uma toalha pequena, tentou secar de todo

os cabelos.

Tom j�� se achava no aoosento, nu e dei-

tado no leito. Fumava calmamente, como

se nada tivesse acontecido.

E tinha que fazer crer �� mulher que

nada acontecera realmente. Se ela desco-

brisse o nue ele fizera, se aborreceria bas-

tante. E com raz��o.

Olhou-a com interesse e indagou:

��� J�� vai?

Parecendo embara��ada, ela parou de se-

car os cabelos e levantou os olhos para o

homem. Balan��ou a cabe��a afirmativamen-

te:

��� Sim, Tom. Preciso ir.

��� Fique. Hoje �� sexta-feira.

��� Sei disso. Mas tenho trabalho ama-

nh��. Preciso acordar cedo.

Calou-se, saindo do quarto para devol-

ver a toalha ao banheiro. Quando voltou,

pediu:

��� E desculpe qualquer coisa, por fa-

vor.

E fez men����o de dar meia-volta, no sen-

tido da sala. S�� que o homem foi bem mais

r��pido. Acercou-se dela e segurou-lhe o

bra��o, for��ando-a a virar-se de frente para

ele. J�� tinha meios de tentar descobrir

o mist��rio daquela mulher. Entretanto, de-

sejava dar-lhe uma ��ltima chance. Dar-lhe

a chance de revelar esse segredo naquele

momento.

��� Betty. N��o tenho nada a ver com

sua vida. Por��m, acho que n��o est�� sendo

justa comigo. Se tem alguma coisa a es-

conder, fale. Sei que se tem dado descul-

pas para ir embora com tanta pressa.

Ela levantou os olhos para ele. Havia

um brilho de esperan��a neles. Por��m de-

clarou, sem muita ��nfase:

70���

��� N��o h�� nada, Tom. Acredite-me...

Ele interrompeu-a, pousando o dedo in-

dicador em seus l��bios e avisando:

��� Dizer mentiras �� feio, sabia?

Betty deu um come��o de sorriso. Toda-

via, esse sorriso morreu logo em seguida, e

ela afundou o rosto no peito forte do aman-

te, abra��ando-se a ele.

Espantado, Tom ouviu-a solu��ar, como

uma crian��a, como uma menininha com

medo de tudo e de todos.

Afagou-lhe os cabelos com delicadeza,

pensando em dizer-lhe algo que a consolas-

se. Por��m, n��o teve oportunidade.

Betty safou-se de seus bra��os rapida-

mente e abandonou o quarto. Na sala, apa-

nhou sua bolsa e logo deixava o aparta-

mento, batendo a porta atr��s de si com

for��a.

Tom deixou-a ir-se. N��o adiantaria na-

da impedi-la. Certamente, ela continuaria

persistindo na mentira e n��o lhe explica-

ria nada quanto ��quele pranto repentino.

Mas ele descobriria tudo. Ou ao menos

tentaria. Agora, tinha meios para faz��-lo.

J�� passava de nove da m a n h �� quando

T o m acordou no dia seguinte. Ao olhar a

hora no rel��gio, saltou rapidamente da ca-

ma e foi para a sala.

Apanhando o papel onde escrevera o en-

dere��o da La Belle Boutique, telefonou pa-

ra l��. U m a voz feminina muito agrad��vel

atendeu do outro lado do fio:

��� La Belle Boutique, ��s suas ordens.

Antes de responder, analisou com cui-

dado a voz que ouvira. N��o queria arriscar-

se a ser descoberto. Sendo funcion��ria da

casa, B e t t y poderia ter atendido ao telefo-

ne. Se o tivesse feito, talvez reconhecesse

a voz dele.

Parecia n��o ser a voz da mulher. Mas,

mesmo assim, disfar��ou a sua, dizendo:

��� Bom-dia. Gostaria de saber at�� que

horas voc��s ficam abertos hoje.

��� At�� o meio-dia, cavalheiro.

��� A h , perfeito. Preciso comprar um

presente de anivers��rio para m i n h a espo-

sa.

��� Teremos muito prazer em ajud��-lo a

escolher.

72���

Ele agradeceu e desligou, antes que a

mo��a come��asse a dar-lhe sugest��es quanto

a presentes femininos.

Estava satisfeito. O expediente aos s��-

bados da La Belle Boutique encerrava ao

meio-dia. Pois bem. Ele ainda tinha tempo

para se vestir e comer alguma coisa.

Depois, iria at�� l�� e esperaria Betty

sair. N��o sabia ao certo o que faria ao

v��-la. Certamente, ela o repreenderia por

estar seguindo-a. Por��m, valeria a pena.

Descobriria onde ela trabalhava e, talvez

com um pouco mais de sorte, o seu segre-

do.

Satisfeito com seus "talentos detetives-

cos", afastou-se do telefone e foi para o

banheiro. Tomou um banho e fez a barba.

Em seguida, preparou uma refei����o r��pida

para si e, l�� pelas onze horas, saiu do apar-

tamento.

Seguiu para La Belle Bouttique, dispos-

to a desvendar o mist��rio de Betty.

* * *

Do outro lado da rua, em frente �� loja

de roupas femininas, Tom estacionou seu

- 7 3

carro. Olhou a boutique, tentando desco-

brir Betty no interior dela, atrav��s da enor-

me vitrina colorida, �� direita da porta prin-

cipal.

N��o conseguiu nada. Ent��o, acendeu um

cigarro e consultou o rel��gio: 11:35. Falta-

vam apenas vinte e cinco minutos para o

expediente encerrar.

P��s-se a esperar, afundando-se no ban-

co do carro e n��o despregando os olhos da

loja. N��o iria aguardar tanto tempo as-

sim. Afinal de contas, vinte e cinco minutos

passam depressa.

E passaram. Logo, seu rel��gio marcava

meio-dia em ponto. Da loja, saiu um rapa-

zinho, oue come��ou a colocar as chapas

de metal ondulado na vitrina, para prote-

g��-la. Antes de concluir o servi��o, duas jo-

vens sa��ram.

Nenhuma delas era Betty.

Surgiu mais uma, outra e, finalmente,

Betty apareceu.

Tom estremeceu no banco. Sua estrat��-

gia dera certo! Ela trabalhava realmente

naquela loja!

74���

Admirou-a, pensando no que faria em

seguida. Como sempre, ela estava atraen-

te, embora as roupas fossem simples: ape-

nas cal��as jeans e uma camisa de malha

colorida.

No entanto, os cabelos soltos, o rosto

sem muita maquilagem e o corpo esguio,

que a roupa modelava um pouco, torna-

vam-na desej��vel demais.

Parou de olh��-la e esfor��ou-se por re-

solver logo o seu problema: o que fazer

agora?

Decidiu-se, enfim, vendo Betty afastar-

se das colegas de trabalho e dobrar uma es-

quina. Iria abord��-la. Era o ��nico procedi-

mento correto. Permanecer naquela situa-

����o de segui-la, investigar-lhe a vida, n��o

lhe parecia nada compat��vel com um ho-

mem de trinta e cinco anos, divorciado de

um casamento de dez e pai de um garoto

de cinco.

Afinal de contas, n��o era mais um jo-

venzinho para ficar vigiando ou seguindo

a namoradinha, muito embora estivesse ali

gra��as a esse tipo de comportamento, quan-

do examinara a bolsa de Betty , ��s escondi-

das.

Deu a partida no carro, alcan��ando a

esquina na qual a mulher virara. Envere-

dou por ela e, alguns metros adiante, viu-a

andando devagar.

Diminuiu a marcha, quase parando ao

meio-f io:

��� Ol��. Quer uma carona?

Betty pareceu despertar de um sonho

e voltou o rosto rapidamente. Ao reconhe-

cer o homem, seus olhos arregalaram-se de

espanto:

��� Tom?!

��� Eu mesmo. Se quiser uma carona,

estou �� sua inteira disposi����o.

Ela olhou-o e ficou parada na cal��ada,

sem qualquer outra rea����o. Parecia parali-

sada pela surpresa de ver Tom' novamente.

Diante disso, ele freou o carro e saltou.

Acercou-se dela.

��� O que houve, Betty? ��� perguntou,

intrigado. ��� Parece que viu um fantasma.

��� O . . . o que est�� fazendo aqui? ���

ela ignorou a pergunta dele. ��� N��o enten-

d o . . .

7 6 ���

��� �� uma longa hist��ria. Olhe. Por que

n��o entra no carro, vamos a qualquer lu-

gar, tomar um sorvete ou um drinque, e

conversarmos, hem? Acho que o melhor ��

um sorvete. O dia est�� quente d e m a i s . . .

��� N��o quero nada, Tom. Muito obri-

gada. ..

E fez men����o de passar por ele. Tom

segurou-a pelo bra��o, delicadamente. Betty

voltou o rosto, olhando-o nos olhos. Havia

como que um pedido mudo em seu olhar.

Uma s��plica para que o homem' a deixasse

ir.

Diante disso, Tom soltou-a. Disse:

��� Por favor, Betty. Pode explicar-me o

porqu�� de todo esse mistt��rio?

��� Voc�� n��o entenderia ��� ela abaixou

o rosto.

��� Por que eu n��o entenderia? Pare��o

algum ignorante, algum bo��al?

A jovem ergueu os olhos de imediato:

��� De forma alguma! �� um sujeito gen-

til, bom ��� um brilho de carinho e ternura

nasceu nos olhos dela. ��� Mas esque��a, por

favor. �� melhor assim.

Tom sentiu-se irritar com as negativas

da mo��a. Resolveu dizer o que pensava:

��� Voc�� tem algu��m, n��o? Um marido.

O brilho de carinho e ternura desapa-

receu do olhar dela, sendo substitu��do por

um de espanto:

��� N��o, Tom. N��o sou casada.

��� Ora, vamos, Betty. N��o sou mais

uma crian��a. Pode confiar em mim.

��� Adeus, Tom ��� ela atalhou-o.

E afastou-se rapidamente, quase cor-

rendo. Tom teve o impulso de segui-la e

abord��-la novamente. Por��m desistiu.

Estava se portando como um tolo, um

curioso idiota e imbecil. N��o tinha nada a

ver com Betty Ruger. N��o possu��a o direi-

to de pedir-lhe satisfa����es do que fazia ou

deixava de fazer.

Nem mesmo de tentar descobrir-lhe os

motivos para todo aquele receio.

Soltou um palavr��o e retornou ao seu

carro. Antes de dar a partida, acendeu um

cigarro.

Com toda a franqueza, Betty que fosse

para o inferno!

78���

capitulo 6

Chegou em casa pouco depois, tirando

a roupa e ficando apenas de sunga. Estava

disposto a tirar Betty Ruger do pensamen-

to a qualquer pre��o.

Para que ficar se preocupando com ela?

Betty n��o queria essa preocupa����o. Ent��o,

estava apenas perdendo tempo.

Decidiu-se a ver um pouco de televis��o.

Seria uma boa maneira de encher sua tar-

de de s��bado e distra��-lo das reflex��es re-

ferentes a Betty.

Ligou o aparelho e girou v��rias vezes o

seletor. Enfim, deixou a TV num filme de

bangue-bangue. ��. Em vista de n��o haver

nada melhor para assistir, ficaria com a

fita sobre o Velho Oeste.

��� 7 9

Sentou-se no sof�� e acendeu um cigarro.

Dali a momentos, levantou-se e foi at�� o

barzinho da sala, preparando uma dose de

u��sque com bastante gelo.

Retornou ao sof��. Prendeu os olhos dis-

tra��dos ao filme que passava na TV e es-

for��ou-se por prestar aten����o, ao mesmo

tempo que fumava e bebericava o u��sque.

Mas seus pensamentos mostravam-se re-

beldes.

Lembrou-se de Rose. Planejara, na v��s-

pera, quando voltava d�� trabalho para ca-

sa, que ligaria para Rose, inventando um

pretexto qualquer, e a convidaria para sair.

S�� que isso fora no dia anterior. Agora,

depois do ocorrido com Betty, perdera a

vontade.

Sugeriu a si mesmo fazer uma visita a

J��nior. Estava a�� alguma coisa de interes-

sante para fazer na noite daquele s��bado.

Iria brincar com seu filho, v��-lo, desfrutar

da sua companhia, at�� o momento em que

teria de retornar ��quele apartamento va-

zio, sem vida.

Voltou a levantar-se e alcan��ou o tele-

80���

fone. Ligou para Sharon, reconhecendo-lhe

a voz assim que ela atendeu.

��� Ol��, Sharon ��� saudou-a. ��� �� Tom.

��� Ol��! N��o morre t��o cedo.

��� Por qu��?

��� J��nior acabou de perguntar se voc��

apareceria hoje. Est�� com saudades.

��� Pois diga-lhe que irei v��-lo. Tam-

b��m estou morto de saudades. Bem. Se

voc�� permitir, �� claro.

��� Mas �� claro que sim, Tom. A hora

que bem desejar.

��� Oito, est�� bom? N��o vou atrapalhar

voc��?

Ela pareceu rir do outro lado da linha:

��� Ora, Tom. Que bobagem!. N��o sei em

que ir�� atrapalhar-me.

��� O.K., Sharon. ��s oito estarei por a��.

Tchau.

Ouviu a resposta dela �� sua despedida

e devolveu o fone ao gancho. Voltou a olhar

a televis��o. Aquele filme j�� estava enchen-

do a paci��ncia. Ser�� que n��o existe outra

coisa em filmes de bangue-bangue al��m de

��ndios barulhentos e cavalarias velozes,

raios?!

���81

Desligou o aparelho no justo momento

que um ��ndio era alvejado e ca��a de seu

cavalo. Soltou um palavr��o para ambos,

tanto ao cavaleiro como �� montaria, ��� e

foi para a cozinha.

Fez um sandu��che de queijo, presunto e

maionese, e apanhou uma lata de cerveja

no refrigerador. Devolveu-a logo ao local

de onde a pegara.

Lembrara-se que havia tomado u��sque

e que a cerveja s�� serviria para misturar

tudo no est��mago. Est�� certo que era bem

resistente a bebidas alco��licas. Por��m, ��

bem melhor n��o arricar-se a ficar meio

tonto.

Optou por um refrigerante, para acom-

p a n h a r o sandu��che. Devorou-o n u m pis-

car de olhos e, em seguida, ficou vagando

pelo apartamento, �� procura de alguma coi-

sa que lhe preenchesse o tempo, at�� a hora

de ir ao apartamento de Sharon.

S�� que deconfiava que n��o encontraria

nada de interessante.

* * *

82���

�� noite, visitou Sharon e J��nior, ficou

com eles at�� umas onze horas e voltou pa-

ra casa. Cansado, por n��o ter feito pratica-

mente nada durante o dia, caiu na cama e

adormeceu direto. Foi acordar na manh��

seguinte, por volta de dez horas. E porque

a campainha da porta estava tocando.

Virou-se no leito, abrindo os olhos e res-

mungando qualquer coisa. Aos poucos, foi

deixando o mundo dos sonhos e regressan-

do ao da realidade.

Foi quando a campainha soou novamen-

te.

Com uma impreca����o obscena, deixou o

leito e pegou, indolente, um roup��o no es-

paldar de uma cadeira. Encaminhou-se ��

sala e, de l��, �� porta.

Abriu-a e . . .

��� Betty?! ��� completamente at��nito,

foi a ��nica palavra que conseguiu pronun-

ciar.

Diante dele, sem jeito, ela murmurou:

��� Ol��, Tom. Gostaria de lhe falar um

instante.

Ele conseguiu cair em si, esquecendo-se

da sonol��ncia que sentia. Respondeu:

���83

��� Claro. Entre.

Ela penetrou no apartamento. N��o es-

perou que o homem a mandasse sentar-se.

Acomodou-se no sof�� e acendeu um cigar-

ro.

Soltava a primeira baforada quando

Tom instalou-se numa poltrona em frente,

ap��s trancar a porta de entrada.

��� Quer falar comigo? ��� indagou ele.

��� Sobre?

Betty al��ou os olhos para ele, s e m i jei-

to:

��� Quero lhe pedir desculpas. Afinal de

contas, acho que fui bastante indelicada

ontem.

As sobrancelhas dele se contra��ram.

Realmente, n��o estava conseguindo enten-

der nada. Betty fora ali apenas para lhe

pedir desculpas? Ora. Por qu��? Pratica-

mente, n��o o mandara "rodar" na v��spe-

ra, com aquele adeus definitivo?

Confessou sua confus��o:

��� N��o estou entendendo, Betty.

Ela arriscou um sorriso, concordando:

��� Tem raz��o. Tom. No seu lugar, eu

tamb��m n��o entenderia.

84���

��� Ent��o, por que n��o me explica tudo,

hem? Ficar�� mais f��cil assim.

��� Est�� certo. Eu, eu tenho um namo-

rado. . .Ele �� muito violento e de vez em

quando vai buscar-me no trabalho. Al��m

disso, �� ciumento. Se nos visse conversan-

do, seria capaz de fazer uma cena horr��vel

e voc�� poderia sair machucado.

��� S�� por que ele �� muito violento?

��� N��o conhece meu namorado, Tom.

Tem quase dois metros de altura e �� muito

forte. Talvez voc�� tivesse sorte. Por��m, ��

quase certo que se daria mal.

Tom enrugou o rosto todo. Com sinceri-

ide, n��o estava acreditando em nenhuma

as palavras da jovem. Indagou:

��� Se ele �� t��o violento e ciumento,

r que voc�� foi ao Greco naquela noite?

por que me procurou anteontem e . . .

gora est�� aqui?

Ela pareceu estremecer, hesitando ao

esponder:

��� Bem. Joe. meu namorado, viaja mui-

e quando ele viaja, sinto-me livre. Sa��

aquela noite para passear, e no final fui

- 8 5

at�� o Greco. Estava me sentindo sozinha e

uma amiga falou-me que ali, certamente,

eu encontraria companhia. Anteontem, Joe

tamb��m viajou e resolvi procurar voc��. E

agora, s�� vim lhe pedir desculpas.

A descreen��a de Tom persistia. N��o en-

contrava muita l��gica no que Betty dizia.

��� Est�� dizendo a verdade, Betty?

��� Claro! ��� ela apressou-se a replicar,

com muita ��nfase. ��� Por que eu mentiria?

��� N��o sei. Pode ter seus m o t i v o s . . .

��� N��o tenho nenhum, Tom! ���. ela o

interrompeu. ��� Estou dizendo a verdade.

��� Est�� certo. Acredito ��� mentiu Tom,

erguendo-se e perguntando: ��� Quer to-

mar alguma coisa? Uma cerveja, um refri-

gerante?

��� Prefiro um refrigerante, por favor.

Tom foi at�� a cozinha e apanhou uma

coca na geladeira. Para si, pegou uma lata

de cerveja. Entregou a coca a Betty e vol-

tou a sentar-se na poltrona que ocupara

antes.

Ela olhou-o, indecisa, e perguntou:

��� Est�� me achando uma leviana, n��o.

Por eu trair t��o facilmente meu namorado

86

��� Para ser sincero, acho que n��o. Po-

r��m, se ele s�� lhe arruma problemas com

seus ci��mes, por que n��o se separa dele?

��� N��o, n �� o . . . Joe me perseguiria o

resto da vida. �� melhor deixar as coisas

como est��o. .. ��� fez uma pausa, pedindo:

��� Vamos parar de falar nesse assunto,

Tom?

Ele deu de ombros:

��� O.K.! Se n��o quer falar, n��o falare-

mos.

��� Obrigada ��� Betty sorriu, embora

houvesse um certo pren��ncio de l��grimas

em seus olhos.

Diante disso, Tom levantou-se e tomou-

lhe as m��os nas suas. Beijou-as com sua-

vidade :

��� Por que n��o me d;z a verdade, hem?

��� Mas estou dizendo a verdade!

��� N��o acredito, Betty. Essa hist��ria de

Joe, ci��mes e encrencas est�� me cheirando

a mentira.

Ela f��-lo calar-se, pousando os dedos

sobre seus l��bios. Praticamente implorou,

os olhos brilhando demais:

��� Por favor, Tom. Acredite. �� o me-

lhor para mim e para voc��.

��� N��o entendi. O que est�� querendo di-

zer com isso?

��� Nada, nada. ��� Betty ficou calada

por v��rios momentos, fitando os olhos do

homem. De repente, indagou: ��� Quer ir

para a cama comigo?

Tom surpreendeu-se com o pedido. Po-

r��m, n��o perguntou os motivos para Betty

faz��-lo: desejava aquela mulher e queria

am��-la.

P��s-se de p�� e soltou-lhe as m��os. F��-la

erguer-se tamb��m, segurando-lhe a cintura

e puxando-a para si.

Percebeu-lhe a respira����o acelerar-se. E

tamb��m os olhos se fecharem, os l��bios ten-

tadores se abrindo como um bot��o de rosa.

Beijou-a sofregamente. Os l��bios de am-

bos devoraram-se com loucura. As l��nguas

ro��aram-se, audaciosas, cheias de desejo.

Angustiada, Betty colou todo o corpo ao

do homem. Suas m��os subiram para a nu-

ca dele, apertando-a. Ao mesmo tempo,

meneava os quadris, percebendo a excita-

����o do amante.

8 8 ���

Com um pouco de esfor��o, Tom obri-

gou-a a afastar-se, para se despirem. Bet-

ty parecia alucinada, ansiosa demais.

Ela recuou alguns passos e livrou-se das

roupas. Nu, olhou o homem, que abrira o

robe, a ��nica vestimenta que usava sobre

o corpo.

Adiantou-se at�� ele. Antes mesmo de

render-se aos bra��os t��o fortes e s��lidos,

afagou-o com car��cias sutis, notando que

Tom perdia o controle sobre a respira����o

e a abra��ava, ��vido, impaciente.

Permitiu que os l��bios dele esmagassem

os seus. Ofereceu-lhe a l��ngua arisca. Dei-

xou que ele lhe sugasse a boca, cobrindo-a

com um beijo pleno de paix��o.

E nem por um momento o libertou. Con-

tinuou mantendo-o cativo pelos seus de-

dos, que o acariciavam, que o estimula-

vam, movendo-se numa cad��ncia vagaro-

sa.

��� B e t t y . . . ��� ele murmurou, escorre-

gando os l��bios t��o quentes pelo pesco��o

dela.

E foi agachando-se, o que fez Betty sol-

t��-lo, indo colocar as m��os em seus om-

���89

bros. Agora, estava de joelhos diante dela,

afundando a ponta da l��ngua atrevida no

umbigo gracioso.

Betty segurou-lhe o rosto, respirando

com pressa e adorando os arrepios que cor-

riam por seu corpo.

Entregou-se ao homem, os l��bios dele

indo �� sua procura, eletrizando-a, enlou-

quecendo-a de prazer.

N��o p��de manter-se de p�� por muito

tempo. Aflita, afastou-se um pouco e ajoe-

lhou-se, agarrando-se a Tom. Ele n��o se

espantou por ela ter-se esquivado da car��-

cia insolente que ele realizava. Abra��ou-a

e beijou-a ansiosamente.

Depois, deitou-a de costas no tapete e

foi de encontro a ela. O desejo que sentiam

exigia pressa.

Tom relaxou-se todo, j�� no leito, e deu

uma tragada no cigarro. P��s-se a pensar

no que Betty lhe havia dito.

Continuava achando tudo uma menti-

ra. Ela, por algum motivo, o estava enga-

9 0 ���

nando. Mas por qu��? O que a impedia de

dizer-lhe a verdade, fosse essa a verdade o

que fosse?

Sufocou suas reflex��es, vendo a mulher

sair do banheiro. Moveu-se no leito, per-

guntando :

��� Ent��o? Vai seguir meu conselho?

Ela olhou-o, o rosto bonito e ��mido pelo

banho denotando curiosidade:

��� Que conselho?

��� O de separar-se de Joe. �� o melhor

a fazer, j�� que ele s�� lhe arranja preocupa-

����es.

��� N��o falemos disso, sim?

��� Est�� bem.

Observou a amante acercar-se da cama

e sentar-se na beirada. Sentiu a car��cia que

ela lhe fez no rosto.

��� Voc�� �� uma boa pessoa, Tom ��� Bet-

ty declarou.

��� Ora. Por qu��?

Havia carinho e afeto nos olhos dela:

��� Por que ��. Um sujeito bom, simp��-

tico, agrad��vel.

��� 9 1

��� Obrigado pelos elogios.

Vagarosa, ela deu-lhe um beijo nos l��-

bios. Apanhou um cigarro do ma��o em ci-

ma da mesinha de cabeceira e, depois de

acend��-lo, indagou:

��� Diga-me uma coisa. O que estava

fazendo naquela rua, ontem?

Tom riu e explicou-lhe tudo o que fize-

ra. Betty ouviu-o com o semblante con-

tra��do, certamente reprovando a atitude

dele. No final, ele pediu:

��� Pode desculpar-me? Eu estava curio-

so demais.

��� N��o se preocupe. Posso compreend��-

lo porque tamb��m sou curiosa demais.

Tom sorriu e afagou-lhe o rosto t��o

macio:

��� Vai embora agora?

��� S i m . . . Tenho medo que Joe volte e

n��o me encontre.

��� Est�� certo. N��o vou ret��-la, embora

quisesse muito que ficasse aqui.

Os olhos dela encheram-se de expectati-

va:

9 2 ���

��� Por qu��?

��� N��o sei. Sinceramente, n��o sei. Mas

gosto de voc��, Betty acredite ou n��o.

Ela n��o respondeu, deixando o leito e

come��ando a se vestir. Tom ficou obser-

vando-a, pensativo.

Engra��ado. Apesar de quase certo da

mentira dela, estava come��ando a sentir

alguma coisa por aquela mulher misteriosa.

Aquela mulher que trazia sofrimento no

olhar, conforme ele notara naquela noite,

no Greco.

Sentiu vontade de dizer-lhe isso, mas

conteve-se. Betty talvez n��o compreendes-

se. Talvez fosse apenas uma mulher que

sofria realmente por causa do namorado

violento e sempre cheio de ci��mes, e se

divertia na aus��ncia dele.

Era at�� melhor que ela se fosse.

Pronta, ela sorriu-lhe:

��� Eu j �� vou, Tom.

Ele de xou o leito e aproximou-se. Aca-

riciou-lhe os cabelos e indagou:

��� Quando a verei novamente?

Betty abaixou o rosto:

��� Nunca mais, Tom.

��� Por qu��?

��� �� melhor assim. N��o vou procur��-lo

mais e voc�� me far�� o grande favor de n��o

me procurar tamb��m. Pode fazer isso por

mim?

Surpreso, ele sentiu um aperto no cora-

����o quando respondeu:

��� Se quer a s s i m . . . N��o posso obrig��-

la a nada.

Percebeu claramente um brilho de de-

cep����o no olhar dela. Como se estivesse de-

sapontada por ele ter aceito t��o facilmente

a sua decis��o.

��� Ent��o, Tom, deixe-me ir ��� esticou-

se para ele e beijou-o nos l��bios com suavi-

dade. ��� Adeus, Tom.

Girou nos calcanhares, retirando-se do

quarto. Tom ficou parado onde estava.

Como dissera, n��o iria impedi-la.

94-

Cap��tulo 7

Tom passou o resto do domingo enfiado

em casa. O que acontecera entre ele e Bet-

ty e o mist��rio que envolvia aquela mulher

que tanto o fascinava, lhe havia tirado to-

do e qualquer ��nimo.

E, para tir��-la do pensamento, procurou

distrair-se. Ligou a TV, mas n��o encontrou

nada que lhe atra��sse a aten����o. Diante

disso, tentou achar um livro para ler na

estante de seu quarto. Fracasso de novo.

Nem televis��o nem livros. Restava, en-

t��o, dar u m a arruma����o no apartamento.

O trabalho f��sico teria a propriedade de

concentrar suas energias em uma s�� dire-

����o, embora seu c��rebro continuasse tra-

balhando.

���95

Realizou as tarefas e, l�� pelas seis da

tarde, tomou um longo banho frio. Em se-

guida, preparou um lanche r��pido e devo-

rou-o acompanhado de uma lata de cerveja

gelada.

Depois, fumando, estendeu-se no sof��

e deixou que seus pensamentos tivessem to-

tal liberdade.

N��o adiantava mais ficar segurando-os.

Eles queriam viver, queriam ser livres.

E eles partiram, rumo a uma ��nica coi-

sa: Betty Ruger.

Bolas! Ela n��o era casada, pelo menos

dissera que n��o, n��o era mais nenhuma

adolescente que precisa dar satisfa����es de

seus atos aos pais intransigentes. Era uma

mulher de trinta e dois anos, com seu tra-

balho, sua independ��ncia. Ent��o, por que

estava fugindo?

Por que tinha que correr logo para ca-

sa, esquivando-se de ficar ali, no aparta-

mento, para se amarem e se conhecerem

o melhor poss��vel?

Tinha que haver uma resposta para to-

do esse enigma. E uma resposta que nem

96���

de longe referia-se a um namorado ciu-

mento chamado Joe.

A resposta era outra. E ele, Tom, que-

ria descobri-la. Talvez por simples curiosi-

dade ou apenas por desejar rever Betty, fa-

lar-lhe, ir para a cama com ela novamen-

te.

Tinha de saber qual era a raz��o. De

qualquer maneira.

Com esse pensamento, saltou do sof��.

Prometera a Betty que nunca mais a pro-

curaria. No entanto, iria quebrar sua pa-

lavra. O dia seguinte seria segunda-feira,

ou seja: ela iria trabalhar na boutique.

Pois muito bem. Iria esper��-la ao t��r-

mino do expediente e a segu ria. Sim. Fa-

ria isso mesmo. Seria incorreto, desleal,

n��o estaria respeitando a promessa que lhe

fizera, mas n��o importava.

Descobriria onde Betty morava e inves-

tigaria com cuidado quem ela era realmen-

te. Se de fato existia um namorado de no-

me Joe, se arriscara a levar um soco no

queixo. Agora, se n��o existia, Betty men-

tira deliberadamente, com o intuito de ter-





97


minar de uma vez por todas com o relacio-

namento de ambos.

Essa decis��o deixou-o ansioso. Ansioso

para o tempo passar r��pido e ele poder es-

perar Betty diante da La Belle Boutique.

* * *

��� Ora. Vai sair m a : s cedo, Tom? ��� da

porta do escrit��rio, Rose observava o ho-

mem arrumar uns documentos numa ma-

leta.

Ele ergueu os olhos para ela e sorriu:

��� Sim. Tenho de resolver um assunto.

Rose retribuiu-lhe o sorriso, mas de for-

ma um tanto maliciosa:

��� Um assunto, ��? E �� um assunto bo-

nito?

Tom entendeu claramente o sentido das

palavras dela. E tamb��m teve a n��tida im-

press��o de soar nelas um timbr? especial,

algo que muito lembrava ci��mes.

Ora. Rose estar.a com ci��mes dele? Se-

r��?

Talvez estivesse mesmo. Agora, estava

mais do que provado que ela o cortejava,

que ela se oferecia para consolar-lhe o re-

torno �� vida de solteiro. Portanto, se ele

queria sair mais cedo para resolver um

"assunto", ela certamente teria de sentir

ci��mes.

Ele a estava ignorando e procurando

consolo com outra.

Pensando assim, resolveu tirar-lhe aque-

la id��ia da cabe��a. Explicou:

��� N��o �� nenhum "assunto" bonito, Ro-

se. �� um problema com um amigo meu.

Est�� atravessando umas certas dificuldades

e pediu-me que fosse visit��-lo. Quer con-

versar comigo.

��� Espero que possa ajud��-lo.

��� Eu tamb��m. Somos amigos h�� mui-

tos anos e lhe devo v��rios favores. Ir con-

versar com ele �� o m��nimo que posso fa-

zer.

E, dizendo isso, recolheu sua maleta e

tomou o rumo da porta. Parou diante de

Rose, mergulhando os olhos nos dela.

��� Se houver algum problema depois

que eu sair, avise-me amanh��, sim? ��� pe-

diu.

���99

Ela aceitou-lhe o olhar, seus l��bios bem-

feitos, deliciosamente jovens, entreabrindo-

se de leve. Concordou:

��� Pode deixar, Tom. Tomarei conta de

tudo,

Ele sorriu e passou por ela. Sentia-se

excitado, o cora����o batendo forte dentro

do peito. Se uma jovem t��o bonita e dese-

j��vel como Rose estava com ci��mes dele,

isso s�� poderia ser encarado como a maior

das lisonjas.

Procurou conter-se, lutando contra o

suave perfume dela que lhe invadia as na-

rinas e come��ava a dominar-lhe o esp��rito.

Prometeu a si mesmo que aceitaria a

corte de Rose, conforme j�� decidira alguns

dias antes. Por��m, agora, o principal era

descobrir o segredo de Betty. Depois que

conseguisse isso, trataria de conquistar Ro-

se e lev��-la para a cama.

* * *

��s seis e dez da tarde, mais ou menos,

estacionou seu carro a uns dez metros da

100���

La Belle Boutique. Desligou o motor, acen-

deu um cigarro e relaxou-se no banco. Para

ajud��-lo a passar o tempo durante a es-

pera, ligou o r��d.o, deixando-o numa es-

ta����o com m��sicas populares.

Deu uma tragada profunda no cigarro.

Por seus c��lculos, uma boutique fecha nor-

malmente seis e meia, sete horas. Se esses

c��lculos estavam corretos, dentro em pou-

co Betty apareceria e ele poderia segui-la

tranq��ilamente, descobrindo seu endere��o.

Pensando assim, concentrou sua aten-

����o na entrada da boutique. E deixou o

tempo passar.

L�� pelas vinte para as sete, um rapaz

deixou a loja. Tom reconheceu-o. Era o

mesmo do outro s��bado. Vinha colocar as

chapas protetoras das vitrinas.

��timo. A apari����o do rapaz com as cha-

pas protetoras s�� podia significar que o ex-

pediente da boutique estava terminado. Em

outras palavras: Betty sairia dentro em

pouco.

Tom sentiu-se ansioso demais. N��o s��

pela perspectiva de descobrir qual o gran-

���101

de segredo da jovem como tamb��m de reve-

la.

Ali��s, n��o iria descobrir segredo algum.

No m��ximo, saberia o endere��o dela. Quan-

to ao mist��rio que parecia envolv��-la, a so-

lu����o dele viria depois.

Sufocou seus pensamentos: uma jovem

acabara de sair da boutique. Parecia ser

uma das atendentes. Depois dela, aparece-

ram outras duas e mais duas. Enfim, Bet-

ty surgiu.

O cora����o de Tom disparou. Ela estava

deliciosamente linda como sempre. Cal��as

compridas, uma camisa azulada, de corte

masculino, e os cabelos soltos. Um amor.

Admirado, ficou observando-a. Ela pa-

rara diante da -vitrina da boutique e olha-

ra para os lados. Parecia esperar algu��m.

Seria o tal Joe? Se fosse o tal Joe, o gigan-

te de quase dois metros e violento como o

diabo, tudo que ela dissera fora verdade.

Tom percebeu o cora����o bater ainda

mais r��pido. N��o conseguia despregar os

olhos de Betty, e tamb��m se livrar da n��-

tida sensa����o de medo que havia dentro

de si.

1 0 2 ���

Sim. Medo. Por mais estranho que fos-

se, estava sentindo medo de que o tal Joe

existisse. N��o que temesse uma luta com

ele. O motivo era outro. Se Betty dissera

a verdade, o que acontecera entre ambos

nada mais fora que divers��o. Para ela, na-

da mais fora que brincadeira, passatempo.

Simplesmente, aproveitara-se das duas

aus��ncias de Joe para ir divertir-se com

outro sujeito em cima de uma cama.

Sentiu raiva dela, mas procurou conter-

se. Talvez suas dedu����es estivessem erra-

das. Na certa, ela esperava uma amiga,

uma conhecida qualquer. N��o podia acus��-

la assim, sem mais nem m e n o s . . .

De repente, sentiu um arrepio pelo cor-

po. Um carro esporte, com a capota arria-

da, acabara de estacionar diante de bouti-

que.

Betty exibiu um sorriso sincero e afas-

tou-se da loja, caminhando at�� o carro.

Um carro dirigido por um homem!

Quase sem a����o, Tom viu o sujeito sal-

tar do autom��vel, rode��-lo pela frente e ir

abrir a porta para ela. Betty sorriu-lhe,

���103

deu-lhe um beijo no rosto e entrou no

carro.

O homem retornou ao volante, disse

qualquer coisa a Betty e deu a partida, mis-

turando-se logo aos outros ve��culos.

Tom ficou para tr��s, dentro de seu car-

ro, os olhos presos ao convers��vel que se

afastava cada vez mais.

"Cadela!" vociferou para si mesmo ao

cabo de instantes. Aquele sujeito tinha um

metro e oitenta, no m��ximo. Se Joe tinha

quase dois metros, ent��o aquele n��o era

Joe. Claro que n��o! Aquele era outro dos

namorados de Betty!

Era isso mesmo. O tal Joe na certa de-

veria existir mesmo, e Betty sa��a com ou-

tros homens nas costas dele. Ele, Tom, era

apenas mais um desses homens, mais um

desses amantes dela.

Rameira miser��vel, cadela, prostituta

dos infernos! Viera com aquela hist��ria de

lhe pedir desculpas, de mostrar-se arrepen-

dida Dor colocar chifres no namorado ciu-

mentos, e agora estava saindo com outro

homem. Estava saindo com um desses

amantes.

104���

Quantos seriam ao todo? Dois apenas,

ele e o sujeito do convers��vel? Ou seriam

tr��s, quatro, cinco? Quantos, bolas?! Quan-

tos amantes aquela rameira sem-vergonha

teria na verdade? Quantos ela enganaria

com suas hist��rias idiotas e cheias de ar-

rependimento?

Furioso, esmurrou o volante do carro e

teve vontade de seguir o convers��vel. Iria

obrig��-lo a parar e diria toda a verdade ao

sujeito que o dirigia. Abriria os olhos dele

quanto ��quela mulher trai��oeira, vil, bai-

x a . . .

Mas n��o adiantava mais nada agora. O

carro j�� deveria estar longe a essa hora.

O melhor era ir para casa e bolar alguma

maneira de esquecer Betty.

Sim! Esquec��-la. De nada valia procur��-

la e ofend��-la, dizer-lhe que a vira com ou-

tro homem quando ela dera toda a impres-

s��o de s�� ter tra��do o tal Joe uma vez: com

ele. Tom.

O certo era esquec��-la mesmo. O mais

r��pido poss��vel.

R o s e . . .

-105

O nome de sua secret��ria atravessou-

lhe a mente com incr��vel rapidez. Exata-

mente. Rose. Poderia procur��-la e aceitar,

naquela mesma noite, a corte que ela lhe

fazia.

Certo. Sabia seu endere��o. Iria at�� l��,

inventaria uma desculpa qualquer para ex-

plicar sua repentina visita e, com jeito, su-

tileza, acabaria fazendo amor com ela.

No dia seguinte, depois de uma noite

inteira com uma jovem t��o desej��vel quan-

to Rose, Betty desapareceria de seu pensa-

mento num piscar de olhos.

* * *

��� Bolas! ��� resmungou para si mesmo,

momentos depois, ap��s tocar v��rias vezes

a campainha do apartamento de Rose. ���

Ser�� que n��o est�� em casa?

Apertou a campainha de novo, com in-

sist��ncia. Ouviu-a claramente, atrav��s da

porta fechada, soar dentro do apartamen-

to.

Rose deveria ter sa��do. Tivera bastante

tempo para vir do escrit��rio, pois j�� passa-

1 0 6 ���

va das sete e quinze e o expediente no

banco encerrava ��s seis e meia.

Aonde teria ido? Na certa, fora encon-

trar-se com algum namorado. Claro que

sim. N��o teria motivo algum para ficar

em casa esperando por Tom.

Aborrecido, desistiu, dando meia-volta e

acendendo um cigarro. Saiu do edif��cio da

jovem e encaminhou-se para seu carro, sen-

tando-se ao volante com um longo suspi-

ro.

Rose n��o estava em casa. Isso lan��ava

por ��gua abaixo os seus planos de passar

uma noite com ela, de us��-la para esque-

cer-se de Betty.

Bolas! Teria sido uma noite t��o maravi-

lhosa! Rose era provocante, jovem e acess��-

vel. Seria fac��limo conquist��-la e lev��-la

para a cama.

S�� que ela sa��ra. Dessa forma, a ��nica

coisa que ele poderia fazer era ir para

casa. Agora, perdera completamente o ��ni-

mo de fazer o que fosse. O certo mesmo

era voltar para o seu pequeno apartamen-

to e ficar l��, longe de tudo e todos.

���107

Respirou fundo e jogou -fora o cigarro.

Depois, deu a partida ao carro, rumando

para casa.

Chegou l�� uma meia hora ap��s. Entrou,

fechou a porta e jogou a maleta sobre uma

poltrona. Em seguida, dirigiu-se ao barzi-

nho no aposento, para preparar uma boa

dose de u��sque puro.

Naquele momento, nada melhor que

uma bebida. Uma bebida quente, que lhe

arranhasse a garganta por dentro e en-

trasse em choque com seu est��mago vazio.

Est��mago vazio. Engra��ado como at��

agora nem se preocupara em sentir fome.

A tens��o da espera por Betty, a decep����o

que sofrera ao v��-la entrando no carro da-

quele sujeito, a raiva que sent ra e a nova

decep����o por n��o encontrar Rose em casa

o tinham distra��do de tudo o mais.

Mas agora, estava sentindo fome. E mui-

ta.

Tomou o seu u��sque todo e foi para o

quarto. Despiu-se completamente, vestindo

em seguida um robe e dirigindo-se �� co-

zinha.

1 0 8 -

Come��ou a preparar seu jantar. Em

pouco tempo, tinha diante de si, na mesa

da sala, uma pequena refei����o, trivial, co-

mum, mas completamente do seu agrado.

Para completar, duas latas de cerveja.

Era realmente uma fuga. Comer era

uma fuga de seus problemas, da raiva que

sentia por Betty.

Sabia disso e entregou-se a essa fuga

de corpo e alma.

Devorou a comida e as duas latas de

cerveja. No final, sentindo-se plenamente

satisfeito, estendeu-se no sof��, acendeu um

cigarro e relaxou.

Uma sonol��ncia gostosa, quase emba-

lante, tomou conta de seu corpo. De est��-

mago cheio, dormiria como uma pedra.

E foi o que aconteceu. Momentos depois,

estava bem distante da realidade, num

mundo feito apenas de sonhos e tranq��ili-

dade.

���109

Cap��tulo 8

A campainha do telefone parecia vir de

muito longe. Parecia vir de um outro mun-

do at�� esfor��ando-se por penetrar o c��re-

bro adormecido de Tom e libert��-lo do so-

no.

Aos poucos, o som estridente foi ven-

cendo as resist��ncias de T o m e ele abriu os

olhos. Assustou-se, como se n��o conheces-

se o pr��prio apartamento. Por��m, no mo-

mento seguinte, punha-se logo de p��.

Olhou o telefone que continuava to-

cando. Soltou uma impreca����o para o apa-

relho e olhou o rel��gio de pulso: dez e meia

da noite.

Santo Deus! Deitara-se no sof�� para

relaxar um pouco, descansar da refei����o

110

que fizera, e adormecera? Ou melhor: dor-

mira aquele tempo todo?

A campainha do aparelho voltou a to-

car. Era melhor atender e livrar-se de quem

quer que o procurasse ��quela hora da noi-

te. Poderia at�� mesmo dizer uma meia d��-

zia de palavr��es para a pessoa que ligava.

Alcan��ou o aparelho e suspendeu o fo-

ne do gancho. Com a voz pastosa dos que

acabam de acordar, falou:

��� Al��! v

��� Tom? Gra��as a Deus que atendeu!

��� Gra��as a Deus? ��� despertou com-

pletamente, surpreso diante daquela excla-

ma����o.

De imediato, um arrepio de medo pas-

sou-lhe pelo corpo. A voz ao telefone era

feminina e bem poderia ser a de Sharon,

avisando que acontecera alguma coisa com

J��nior. Ou com ela pr��pria.

��� Sharon? ��� interrogou logo. ��� �� vo-

c��?

��� N��o, Tom. �� Betty. Betty Ruger.

Ainda bem que n��o era Sharon com al-

guma m�� not��cia. No entanto, os problemas

���111

n��o terminavam a��. Era Betty ao telefone,

agora? Continuar a engan��-lo?

Teria fracassado seu encontro com o tal

sujeito do convers��vel e, sem programa pa-

ra uma noite de segunda-feira, vinha pro-

curar companhia junto a ele?

Enfurecido por esse pensamento, res-

pondeu :

��� O que deseja, Betty?

Ela deu mostras de haver notado o tim-

bre da voz dele:

��� Est�� zangado comigo, Tom?

��� Nao, n a o . . . ��� ele conseguiu con-

trolar-se a nao mand��-la para o inferno.

���N��o estou zangado com voc��. S�� que es-

tava dormindo quando o telefone tocou.

��� Perdoe-me t��-lo incomodado...

��� Esque��a.

��� Mesmo assim, desculpe. �� que pre-

ciso muito falar com voc�� e n��o queria es-

perar at�� amanh��.

Tom intrigou-se. Betty queria falar-lhe?

E com uma urg��ncia que n��o poderia espe-

rar at�� o dia seguinte? Ora, bolas! O que

seria, c��us?!

��� Pode falar. Estou ouvindo.

112���

��� Por telefone, n��o, T o m . . . �� algo

um pouco comprido. Seria poss��vel que eu

fosse at�� sua casa? Sei que j�� �� tarde, mas...

Ela n��o prosseguiu, interrompendo-se

como �� espera que o homem a convidasse

a ir visit��-lo, mesmo ��quela hora da noite.

E foi o que Tom fez, por curiosidade,

por vontade de rever aquela mulher a

quem tanto desejava, ou por impulso de

dizer-lhe algumas verdades. Fosse qual fos-

se a raz��o, declarou:

��� Pode vir, Betty. N��o vai me incomo-

dar.

��� Puxa, Tom! Muito obrigada. Etarei

a�� dentro de alguns minutos.

��� Est�� c e r t o . . .

Ela desligou antes que ele completasse

a frase. Com o fone mudo na m��o, Tom

nada fez durante alguns instantes. Depois,

desligou o aparelho e levantou-se.

Estava curioso demais por causa do te-

lefonema de Betty. Que assunto importante

ele teria a tratar com ele que a fizesse

mostrar-se t��o impaciente, t��o nervosa?

O que seria, bolas?!

Preferiu acalmar-se e esperar pela vin-

113

da dela. Para passar o tempo mais r��pido,

ajeitou a sala, esfor��ando-se por melhorar

a apar��ncia do apartamento.

Uns dez minutos ap��s, conseguira arru-

mar tudo, inclusive a lou��a que usara du-

rante o jantar. Com as tarefas feitas, pre-

parou uma dose de u��sque, acendeu um

cigarro e sentou-se no sof��.

P��s-se a esperar.

* * *

��� Ol��, Tom ��� Betty falou quando o

homem abriu a porta do apartamento.

��� Ol��, Betty ��� respondeu ele, olhan-

do-a dentro dos olhos.

Sem jeito, convidou-a a entrar. A mu-

lher penetrou na sala e ficou parada junto

ao div��. S�� se sentou quando Tom disse-lhe

que o fizesse.

��� Quer beber alguma coisa? ��� inda-

gou ele.

��� N��o, n��o, Tom. N��o quero incomo-

dar mais do que j�� estou incomodando.

��� Bobagem ��� replicou o homem, en-

caminhando-se no barzinho da sala e pre-

parando a bebida para a visitante.

114���

Tentava manter-se calmo, com o intui-

to de saber o que ela desejava consigo, o

que Betty Ruger viera fazer naquele apar-

tamento, quase ��s onze horas da noite.

Preparada a bebida, entregou o copo ��

mulher e sentou-se numa poltrona. Acen-

deu um cigarro, levantando os olhos para

Betty.

��� Estou �� sua inteira disposi����o ��� fa-

lou. ��� O que deseja falar comigo?

Ela abaixou os olhos, tomando um gole

do u��sque. Com lentid��o, disse:

��� Eu, eu menti para voc��, Tom, quan-

to a ter um namorado chamada Joe.

��� Sei disso. Inclusive, foi o que lhe

falei na dcasi��o em que me contou essa

hist��ria.

��� Voc�� estava certo. Ou melhor: est��

erto. Menti para v o c �� . . .

��� Posso saber por que o fez?

Betty levantou os olhos para ele. Eles

brilhavam, mas de uma maneira triste.

��� Eu, eu ��� gaguejou. ��� Eu n��o que-

ria que tudo se repetisse. . .

Tom enrugou a testa:

��� Tudo se repetisse? Tudo o qu��, Bet-

ty?

��� B e m . . . O que aconteceu entre mim

e W a l t h e r . . .

��� Espere um instante. N��o estou en-

tendendo nada. Quem �� Walther e o que

aconteceu com ele que voc�� n��o deseja que

se repita comigo?

Betty engoliu em seco, falando pausa-

damente :

��� Walther era meu marido, at�� oito

meses atr��s.

���- Seu marido? Mas me disse que n��o

era casada!

Ela interrompeu-o logo:

��� Pare de fazer tantas perguntas,

Tom! Sei que n��o est�� entendendo nada,

mas se ficar me cortando a todo momento,

n��o poderei dizer-lhe nada.

��� Est�� certo. Desculpe-me.

Betty passou por cima do que o homem

disse. Acalmou-se e iniciou sua narrativa:

��� Casei-me com Walther h�� dez anos.

Eu o amava e tinha absoluta certeza de que

ele me amava. E dava provas disso, esfor-

��ando-se por me dar tudo, por me fazer a

116���

mais feliz das mulheres. Walther conse-

guiu seu objetivo: fui feliz, Tom, como pou-

cas pessoas lograram s��-lo. Fui feliz com

meu lar, com minha vida, com o homem a.

quem amava de corpo e alma. E essa felici-

dade durou dez anos. Dez anos inteiros,

sem brigas, sem discuss��es, sem problemas.

Os ��nicos que haviam eram os comuns a

uma vida a dois, nada al��m disso.

��� E o que houve?

Betty engoliu em seco novamente. Tom

notou com clareza que os olhos dela en-

chiam-se de l��grimas e que ela estava dan-

do tudo de si para continuar a falar.

��� O que houve? ��� ela inquiriu, qua-

se ir��nica. ��� O que houve foi que esta feli-

cidade toda acabou. H�� pouco menos de

um ano, Walther confessou-me que estava

apaixonado por outra mulher. Uma outra

mulher com quem ia para cama havia

quase dois anos.

Tom estremeceu. Betty parecia sincera

demais em sofrimento para estar mentindo

novamente. E por isso ele podia imaginar

o,quanto tudo aquilo a torturara e ainda

a torturava agora, mesmo depois de um

ano transcorrido.

���117

Ignorando os pensamentos dele, ela

prosseguiu:

��� Walther confessou-me isso e disse

que queria o div��rcio. Queria ir viver com

a amante. O que houvera entre n��s dois

fora maravilhoso, espetacular, mas j�� ti-

nha acabado. Ao menos para ele. Estava

cansado de fingir para m m , de ser obriga-

do a viver duas vidas praticamente. A ver-

dadeira, que significava o amor que nutria

pela outra mulher, e a mentirosa, junto a

mim, fazendo-me feliz, dando-me tudo.

��� Na hora, n��o tive nenhuma rea����o.

Apenas chorei, chorei muito. Hav��amos aca-

bado de fazer amor e toda a gratificante

sensa����o que eu t nha por t��-lo amado,

por ter sido sua mais uma vez, foi destru��-

da por sua confiss��o. Desnorteado, Walther

vestiu-se e saiu de casa. Fiquei sozinha,

tudo aquilo era um pesadelo. Era apenas

uma brincadeira ou qualquer outra coisa.

Ela parou de falar, virando de uma s��

vez o restante de seu u��sque.

��� S�� que era tudo verdade ��� conti-

nuou. ��� Tudo verdade. Alguns meses de-

pois, eu era uma mulher divorciada, sem

118���

filhos, vivendo num. apartamento grande,

confort��vel. Uma mulher sozinha, cujo ma-

rido trocou-a por outra. Quando penso na-

queles tempos, n��o sei como resisti a eles.

Como n��o acabei com tudo de uma vez.

Talvez a resposta seja meu irm��o, John.

Se John n��o tivesse me dado seu apoio,

suas palavras de incentivo, consolo, eu te-

ria me matado.

��� John levou-me para seu apartamen-

to e passamos a morar juntos. Aconselhou-

me a procurar um emprego, para preen-

cher meu tempo, distrair-me. Segui seu con-

selho e empreguei-me na La Belle Boutique.

Ela deu um sorriso meio sarc��stico:

��� O que a vida faz, hem? Eu, com

trinta e dois anos, trabalhando como uma

simples balconista, emprego que est�� mais

compat��vel com jovens de vinte e poucos

anos. Mas deixe para l��. O emprego na

boutique ajudou-me muito e, acima de tu-

do, John fez-me seguir um novo rumo na

vida. Hoje, estou bem mais refeita do que

houve entre mim e Walther. Tenho um

emprego agrad��vel, moro com meu irm��o,

que apesar dos trinta e seis anos �� um ver-

���119

dadeiro garoto grande, e n��o tenho preo-

cupa����es. Ou antes: n��o tinha preocupa-

����es. Quando comecei a esquecer Walter,

comecei tamb��m a sentir falta de amor, de

algu��m para me amar, para me dar pra-

zer. Esse problema poderia ser facilmente

resolvido, pois tenho muitos amigos e John

tamb��m. S�� que eu me sentiria muito mal

se fosse para a cama com um desses su-

jeitos. Estaria me sentindo como uma qual-

quer. E o que eles poderiam pensar, apavo-

rava-me.

Tom resolveu falar, talvez para poup��-

de uma narrativa mais longa:

��� Por isso, foi ao Greco.. L��, poderia

arrumar companhia masculina. Algu��m

completamente estranho, que desapareceria

de sua vida t��o r��pido quanto entrou. Es-

tou certo?

��� Sim.

��� E esse algu��m fui eu?

��� Acertou de novo. Conheci voc��, vie-

mos para c��, nos amamos, senti prazer de-

mais com voc�� e depois nos separamos. E

eu estava decidida a nunca mais rev��-lo.

N��o queria me prender a mais ningu��m de-

120���

pois de Walther. N��o queria sofrer nova-

mente o que sofri com ele. S�� que foi im-

poss��vel. Algum tempo depois, senti neces-

sidade de ser amada de novo, de ir outra

vez para a cama com um homem.

��� Resolveu procurar-me, ent��o?

_Exato, Tom. Encontramo-nos a se-

gunda vez e eu me senti mais que realiza-

da com voc��. Senti-me mulher realmente.

Senti-me feliz e satisfeita. Acho que come-

cei a am��-lo, embora pouco ou nada conhe-

c��ssemos um do outro. Fui embora e, no

d:a seguinte, l�� estava voc�� me esperando

na boutique. Tentei livrar-me de voc�� e con-

segui. Por��m, achei que deveria dar-lhe

uma explica����o sobre o que a c o n t e c i a . . .

Mesmo que essa explica����o fosse uma men-

tira. Pensei que lhe dizendo ter um na-

morado forte e violento o impedisse de

procurar-me novamente.

��� Entendo.

��� Mas o que aconteceu foi o contr��rio.

Eu acabei vindo procur��-lo agora, para lhe

dizer toda a verdade.

Tom deu um meio sorriso, tentando rea-

nim��-la :

���121

��� Est�� enganada, Betty. Eu a procurei

primeiro.

��� Procurou-me primeiro? N��o entendi.

��� Estive hoje esperando por voc�� em

frente �� boutique.

��� Hoje?

��� Sim. N��o a abordei, pois a vi en-

trando no carro de um sujeito.

��� Ora, Tom. Aquele era John, meu ir-

m��o.

��� Seu irm��o?

��� Sim. Ele foi buscar-me no trabalho

e fomos para casa. Conversamos muito so-

bre voc��.

Tom intrigou-se:

��� Sobre mim? Seu irm��o sabe o que

houve entre n��s?

��� Sabe de tudo, pois tornei-o meu ��ni-

co confidente desde o div��rcio com Walther.

Foi John quem me aconselhou a vir pro-

curar voc��. Disse que eu estava sendo uma

tola em ter medo do amor. S�� porque a pri-

meira vez, com Walther, n��o deu certo n��o

significa que a segunda, com voc��, tam-

b��m fracasse. Eu devia tentar, tentar e ten-

tar.

122���

Tom sorriu, agradecendo de cora����o

��quele sujeito alto e dono de um carro

convers��vel. John fizera Betty voltar. Vol-

tar talvez para sempre.

Levantou-se e aproximou-se dela. Segu-

rou-lhe as m��os, fazendo-a levantar-se tam-

b��m.

��� N��o posso afirmar nada, Betty ���

disse-lhe, olhando-a nos olhos. ��� No en-

tanto, acho que a amo tamb��m. Assim co-

mo voc��, sou um homem desiludido com

o amor, com o casamento. Por isso, acho

que devemos seguir o conselho de John:

tentar. Tentar, tentar e tentar. �� o ��nico

jeito de sabermos se a segunda vez dar��

certo.

Uma l��grima escorreu pelo rosto da mu-

lher. Com delicadeza, Tom secou-a com os

l��bios e depois apertou Betty de encontro

a si.

Buscou-lhe a boca ��mida, quente, en-

treaberta, beijando-a longamente.

Ao final do beijo, ambos respirando com

dificuldade, indagou, num fio de voz:

��� Vamos para a cama, Betty? Estou

louco de s a u d a d e s . . .

123

Ela sorriu, dando-lhe um beijo r��pido

nos l��bios e afastando-se. Com ligeireza,

despiu-se toda, oferecendo-se nua e bela aos

olhos ansiosos do homem.

Tom imitou-a: desnudou-se logo e acer-

cou-se dela. Nus, envolveram-se num abra��o

apertado, forte, e entregaram-se a um bei-

jo s��frego.

Um beijo que os fez esquecer de tudo:

Betty, de seu querido irm��o John. Tom, de

uma jovem bonita e provocante chamada

Rose.

A ��nica coisa que conseguiam lembrar-

se naquele momento era que estavam nus

e que queriam se amar totalmente.

Estavam dando uma segunda chance a

eles mesmos. FIM







---------- Forwarded message ---------
De: Bons Amigos lançamentos 





O Grupo só Livros com sinopses e o Grupo Bons Amigos  têm o prazer de lançar hoje mais uma obra digital para atender aos deficientes visuais.   
 
Amores Clandestinos
de
RICARDO VERONESE
 Formato: pdf (anexo)epub,txt,rtf,mobi
Livro digitalizado por Leandro  e revisado pela equipe Só livros com sinopse
 Sinopse
     
Tom Byrnes é um homem divorciado que vai a uma boate curtir sua nova
                                                vida de separado.

          

.

 
 

Lançamento  :

a)https://groups.google.com/forum/?hl=pt-BR#!forum/solivroscomsinopses

b)http://groups.google.com.br/group/bons_amigos?hl=pt-br

Este e-book representa uma contribuição do grupo Bons Amigos  para aqueles que necessitam de obras digitais como é o caso dos deficientes visuais e como forma de acesso e divulgação para todos. 

É vedado o uso deste arquivo para auferir direta ou indiretamente benefícios financeiros. 
 Lembre-se de valorizar e reconhecer o trabalho do autor adquirindo suas obras





 


 



 

 







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