sábado, 14 de novembro de 2020 By: Fred

{clube-do-e-livro} LANÇAMENTO A SEDUÇÃO DE JANIS - RICARDO VERONESE -FORMATOS: PDF, EPUB E TXT

Grupo S�� Livro





Com Sinopse


Livro digitalizado pela


Equipe S�� Livros Com Sinopse

tendo como grupo parceiro o grupo

Bons Amigos para atender aos deficientes VISUAIS



COLE����O OLHO M��GICO S��RIE AMARELA

Pr��ximo lan��amento:

QUANDO O SEXO DOMINA





Ricardo Veronese


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CEDIBRA ��� EDITORA BRASILEIRA LTDA

Rua Filomena Nunes, 162

21.021 ��� RIO DE JANEIRO ��� RJ

A SEDU����O

DE JANIS

Ricardo Veronese





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CEDIBRA ��� EDITORA BRASILEIRA LTDA.





Direitos exclusivos


Rua Filomena Nunes, 162

21.021 ��� R I O DE JANEIRO ��� RJ

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Composto e impresso pela:

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O texto deste livro n��o pode ser, no todo ou em

parte, nem registrado, nem reproduzido, nem

retransmitido, por qualquer meio mec��nico, sem

a expressa autoriza����o do detentor do copyright.

Capitulo 1

O Oldsmobile negro parou no estacio-

namento privativo, sob uma ��rvore. Ao

lado, o enorme pr��dio de m��rmore e vidro

brilhava intensamente sob o sol da ma-

nh��.

��� O calor j�� est�� come��ando ��� disse

o motorista, desligando o motor e come-

��ando a desdobrar lentamente as mangas

da camisa.

��� Agora n��o �� nada ��� retrucou seu

companheiro, dando uma dentada gulosa

no sandu��che que tinha nas m��os. ��� No

fim do m��s estar�� pior.

��� Acabe logo de comer essa droga

- resmungou o homem ao volante, impa-

ciente com o calor. ��� N��o vai querer en-

trar no hospital comendo, n��o ��?

��� O que tem isso? ��� perguntou o ou-

tro, rindo. ��� Por acaso estou fazendo al-

guma coisa demais, Joe?

- 5

��� N��o enche, Mark ��� esbravejou Joe,

vestindo o palet�� e maldizendo o calor.

��� Vamos logo com isso. N��o esque��a de

pegar a fotografia.

Abriu a porta do carro, arrumando a

gravata e esticando o palet�� amassado. Es-

tendeu a m��o, pegando a fotografia que

Joe lhe estendeu.

"O idiota manchou de gordura a cara

do procurado" ��� repreendeu-o, mental-

mente.

Tamb��m, n��o era grande coisa aquela

foto de dez anos atr��s, meio fora de foco

e com a express��o aparvalhada de quem

se assusta com o flash da m��quina.

Deu de "ombros, pensando que o proble-

ma n��o era dele. Acabariam pegando o

assassino, com ou sem a ajuda da foto-

grafia. O tal de John Martin estava fe-

rido e, pela quantidade de sangue que

perdera, fatalmente iria parar num dos

hospitais da cidade.

Bateu com for��a no teto do carro, ar-

rependendo-se ao sentir o calor do me-

tal.

��� Vamos logo, Mark ��� insistiu, mal-

humorado. ��� Deixe esse sandu��che para

depois.

��� J�� vou, j�� vou ��� falou o outro,

de boca cheia, saindo rapidamente do car-

ro e vestindo o palet��.

6���

Mark tentou abotoar o palet��, mas logo

desistiu, sorrindo e dando um tapinha afa-

vel em sua pr��pria barriga, pensando que

na pr��xima semana come��aria um regi-

me.

Atravessaram o caminho do estaciona-

mento at�� a entrada principal do pr��dio,

cortando dist��ncia pelo jardim. O movi-

mento constante de pessoas entrando e

saindo dava a impress��o de um shopping

center o mesmo de uma feira ao Cen-

tral Clinic. O hall amplo, com paredes

de m��rmore at�� o teto, unia a sensa����o

de amplid��o de uma sala de concertos com

o cheiro ass��ptico que sempre lembrava a

Joe momentos desagrad��veis.

��� Detesto hospitais ��� resmungou o

policial, dirigindo-se �� recep����o.

��� Desde que n��o seja eu o d o e n t e . . .

��� gracejou Mark, dando de ombros e se-

guindo o companheiro.

Pararam no balc��o, e Joe procurou

mostrar-se melhor humorado ao falar com

a recepcionista. Tirou o distintivo do bol-

so, mostrando-o rapidamente e tornando

a guard��-lo.

��� Gostaria de falar com a enfermeira-

chefe ��� disse o policial, examinando com

olho cl��nico a jovem vestida de branco.

��� Sobre que assunto?

���7

��� Assunto oficial ��� limitou-se a dizer,

esperando para ver a rea����o da garota.

Depois de breve hesita����o, a garota vi-

rou-se para o grande painel preso �� pa-

rede, onde uma sucess��o de nomes e car-

gos misturavam-se a luzinhas acesas em

v��rias cores.

Apertou um bot��o ao lado do nome

de Janis Hopkins, aguardando alguns se-

gundos, at�� que um n��mero e algumas

letras apareceram no painel, ao lado do

nome.

��� A Srta. Hopkins est�� no oitavo an-

dar ��� disse, traduzindo as informa����es do

painel. ��� N��o sei se ela poder�� receb��-los

agora, pois est�� controlando a rotina do

centro cir��rgico.

��� Ela receber�� ��� falou Joe, s��rio, fa-

zendo um pequeno aceno com a m��o e

dando as costas para a recepcionista.

Tocou no bra��o de Mark, caminhan-

do em passos r��pidos para os elevadores.

N��o sabia exatamente o que o irritava ali,

mas nunca conseguira se sentir �� von-

tade entre tanta gente de branco, macas

rolando silenciosamente e aquele cheiro.

Os chamados constantes atrav��s dos al-

to-falantes espalhados por todos os corre-

dores davam-lhe uma sensa����o de urg��n-

cia e calamidade, que n��o produzia o me-

8���

nor efeito nos rosto impass��veis dos fre-

q��entadores habituais daquele universo.

M��dicos e enfermeiros passavam con-

versando, alguns rindo animadamente, e

ao policial tudo aquilo parecia chocante

e detest��vel.

Comentou com o companheiro, enquan-

to o elevador subia ao oitavo andar, a

estranha e desagrad��vel impress��o que

sentia ao freq��entar aquele ambiente.

��� �� a idade ��� disse Mark, com um

sorriso ir��nico. ��� Quando a gente fica

velho, vive com medo da morte. E o hos-

pital �� . . .

��� N��o enche ��� cortou Joe, soltando

um palavr��o, enquanto Mark dava uma

gargalhada.

Desceram do elevador no oitavo andar,

onde, ap��s um pequeno sagu��o com pol-

tronas espalhadas, uma porta de vidro im-

pedia o acesso.

��� Vamos entrar ��� ordenou Joe, olhan-

do mal-humorado para as placas que proi-

biam a entrada.

��� �� melhor n��o faz��-lo ��� lembrou

Mark ��� N��o est�� vendo os avisos?

��� E da��? Vamos ficar aqui parados,

esperando que apare��a algu��m?

Empurrou a porta de vidro da ante- P��g 9

sala com for��a e j�� ia entrando quando

uma voz o deteve.

��� Pare a��! ��� gritou uma mulher vin-

do da sala anexa, em dire����o �� porta. ���

N��o entre aqui!

Joe, meio indeciso, recuou um passo,

sem deixar de segurar a porta. A mu-

lher estava vestida de branco, com os ca-

belos cobertos por uma touca, uma m��s-

cara de tecido cobrindo-lhe parte do ros-

to e sapatilhas de pano envolvendo os sa-

patos.

��� N��o lhe avisei para n��o entrar? ���

disse Mark, entre os dentes, ir��nico. ��� O

neg��cio a�� dentro �� esterilizado, n��o pode

entrar todo sujo e suado como voc�� est��.

Joe nada disse, olhando fixamente para

a mulher que caminhava em dire����o ��

porta de vidro, com um brilho de ��dio e

censura nos olhos.

Quando ela chegou junto �� porta, en-

carou o policial com olhar duro e disse,

sem tirar a m��scara que lhe protegia o

rosto:

��� N��o sabe ler? ��� perguntou, irritada.

��� N��o est�� vendo que isto �� um centro

cir��rgico, e n��o a cantina do hospital?

Joe, ainda mais irritado pela repreen-

s��o, tirou do bolso e distintivo e mostrou-

o �� mulher.

1 0 ���

��� Policia ��� anunciou, com voz rude.

��� Mais um motivo para o senhor obe-

decer aos regulamentos do hospital ��� dis-

se a mulher, r��spida.

��� Precisamos falar com a Srta. Hop-





kins.


��� Sou eu ��� declarou a mulher, com

um olhar interrogativo. ��� O que dese-

jam?

��� �� sobre uma pessoa procurada pela

pol��cia, que pode vir a procurar o hospital.

Temos uma foto e . . .

��� Espere um pouco ��� disse ela, re-

cuando e puxando a porta de vidro. ���

Vou tirar essa roupa, e num minuto es-





tarei de volta.


Fechou a porta, quase batendo com o

vidro no nariz de Joe, que recuou, furio-





so.


��� �� o que se ganha por n��o obedecer

aos regulamentos... ��� ironizou Mark,

rindo da express��o de f��ria do colega.

��� O r a . . . ��� resmungou Joe, olhando

irritado para a mulher que se afastava

pelo corredor, do outro lado da porta de

vidro. ��� Quem ela pensa que ��?

Alguns minutos depois, por uma porta

lateral, a enfermeira apareceu no sagu��o.

Os dois policiais viraram-se rapidamente,

���-11

surpreendendo-se ao verem a mulher sem

a m��scara, e s e m a touca branca, olhando

fixamente em sua dire����o.

��� Pronto ��� disse ela, com voz melo-

diosa, �� qual tentava dar um tom irrita-

do. ��� Agora o senhor pode dizer o que

deseja comigo.

Joe, meio sem a����o, continuou olhando

para a mulher, sem acreditar que era a

mesma que o repreendera minutos antes.

��� Srta. Hopkins?

��� Sim, Janis Hopkins ��� confirmou a

jovem, s��ria, e acrescentou: ��� Enfermeira-

chefe do centro cir��rgico.

O policial ficou ainda mais irritado ao

sentir a pr��pria hesita����o. N��o sabia exa-

tamente por qu��, mas a surpreendente be-

leza e juventude da enfermeira, haviam-

no deixado meio sem jeito. Esperava en-

contrar uma velhota ranzinza, ciente de

sua import��ncia e cheia de autoridade. E

no entanto, tinha diante de si uma mulher

bonita, com uma express��o de juventude

no rosto e um brilho intenso no olhar.

Os cabelos louros, despenteados, emol-

duravam o tom p��lido do seu rosto, onde

os olhos azuis sobressa��am como brilhantes.

Os l��bios carnudos, cheios, davam �� boca

semi-aberta um som sensual e ligeiramen-

te provocante.

12���

Joe disfar��ou um olhar mais prolonga-

do, tentando ver, atrav��s das roupas lar-

gas, as formas do corpo que adivinhava

bem feito.

��� Bem, s e n h o r i t a . . . ���. come��ou o po-

licial, pigarreando fortemente ��� o que nos

traz aqui �� um problema de r o t i n a . . .

��� Pode falar, s e n h o r . . .

��� Joe McCoy ��� disse o policial, com

um leve balan��o de cabe��a, antes de con-

tinuar: ��� Como estava dizendo, o que me

traz aqui �� um problema de rotina, Estamos

atr��s de um homem procurado como sus-

peito de roubo e assassinato.

��� Sim, e em que posso ajud��-los?

��� Esse homem est�� ferido ��� continuou

o policial, visivelmente embara��ado pelo

olhar fixo e penetrante da bela mulher

��� e temos certeza de que ele acabar�� pro-

curando um hospital nas pr��ximas ho-

ras.

��� E querem que eu os avise, caso ele

apare��a aqui, n��o? ��� perguntou Janis,

com a voz cansada de quem conhecia a

rotina.

��� Exatamente ��� concordou Joe, me-

tendo a m��o no bolso e pegando a foto-

grafia.

Reparou na mancha de gordura que ha-

via na foto e olhou com raiva para o com-

���13

panheiro, lembrando-se do sandu��che.

Mark fez um gesto gaiato, como se pedisse

desculpas, e Joe continuou a explica����o:

��� Aqui est�� a fotografia do sujeito ���

disse, estendendo a foto para a mulher.

��� �� uma fotografia velha, dez anos ou

mais. Mas, pelas descri����es que temos, o

sujeito n��o mudou muito de l�� para c��.

Mary pegou a fotografia sem olhar,

agradecendo ao policial e pensando em vol-

tar o quanto antes para o seu servi��o.

��� Est�� bem, Sr. McCoy, vou mostrar

a foto aos meus superiores e . . .

Parou de falar, olhando para o homem

que acabava de sair do elevador. Fez uma li-

geira careta de contrariedade ao reconhecer

Brian Hart, maldizendo os policiais que a

fizeram perder tempo ali.

Brian era diretor administrativo e supe-

rior de servi��os gerais naquela ��rea do

hospital. Tinha fama de ser enjoado e

chato, n��o perdendo ocasi��o em perseguir

os subordinados. E parecia ter um sexto

sentido para descobrir pequenos erros no

servi��o, procurando os culpados e punin-

do-os com um prazer asqueroso.

Janis Hopkins viu o brilho de curiosi-

dade no olhar de Brian e xingou-o men-

talmente, quando o viu aproximar-se do

grupo.

14���

��� Bom-dia, senhores ��� cumprimentou,

com seu tom de voz frio e profissional, en-

quando parava ao lado dos dois policiais.

��� O que est�� havendo aqui?

Joe olhou para o m��dico, medindo-o

de alto a baixo. N��o simpatizou com o re-

c��m-chegado, e respondeu-lhe num tom

de desd��m:

��� Estamos falando com a Srta. Hop-

kins, e n��o precisamos de ajuda.

��� Acontece que sou o diretor adminis-

trativo ��� disse Brian, sem esconder sua

irrita����o pelo corte do policial. ��� E tudo

o que acontece por aqui �� de meu intes-

se.

��� Esses senhores s��o da pol��cia ��� disse

Janis, estendendo a fotografia para o m��-

dico. ��� Vieram avisar sobre um homem

procurado que est�� ferido, e que pode vir

a dar entrada no hospital.

��� H u m . . . ��� fez Brian, examinando

detidamente a foto, com ar de entendi-

do.

��� Exatamente ��� continuou Joe, olhan-

do o m��dico. ��� O nome dele �� John Mar-

tin, e �� suspeito de assassinato e roubo.

��� Por que acham que ele vir�� pro-

curar o hospital? ��� perguntou Brian Hart,

olhando de cima para o policial.

Porque os feridos n��o costumam pro-

���15

curar os supermercados ��� disse Joe, com

express��o s��ria mas com um brilho de iro-

nia nos olhos.

O diretor administrativo encarou o po-

licial com ��dio, enquanto Mark esfor��ava-

se para conter o riso. Sem dizer nada, Brian

devolveu a foto a Mary, pisando forte no

ch��o ao sair do sagu��o pela porta lateral.

Depois que ele saiu, Joe deu um leve

sorriso e voltou-se para a enfermeira.

��� Espero que a senhorita nos comuni-

que qualquer coisa. ��� Disse, despedindo-

se.

��� Sim, claro ��� respondeu Janis, com

voz fraca.





. .


Viu os dois policiais entrarem no ele-

vador, e continuou parada. Sentia-se li-

geiramente tonta e com u m a desagrad��vel

impress��o tomando forma em seu c��re-

bro. Desde que ouvira o nome de John Mar-

tin, um terr��vel pressentimento a assalta-

ra.

Agora, estava im��vel, com a foto na

m��o, sem coragem de olhar para as fei����es

do homem procurado. N��o era poss��vel que

fosse o que estava pensando. Apesar da

coincid��ncia, John Martin era um nome

razoavelmente comum, e devia haver al-

gumas centenas de pessoas com o mesmo

nome, espalhadas pelo pa��s.

16���

��� N��o pode s e r . . . ��� disse para si

mesma, como se quisesse reunir for��as an-

tes de olhar para a foto.

De repente, percebeu que n��o fazia ab-

solutamente nenhum sentido, estar ali pa-

rada, suando frio e com uma terr��vel sen-

sa����o desagrad��vel, pensando mal de John,

sem coragem de ver a foto.

Com um gesto brusco, levantou a foto

junto do rosto, olhando fixamente para

o homem s��rio que a olhava do retrato,

onde o rosto conhecido estava ligeiramen-

te embara��ado por uma mancha de gordu-

ra.

��� J o h n . . . ��� murmurou em voz bai-

xa, recusando-se a acreditar no que estava

vendo.

N��o havia d��vida. Era realmente John

Martin. O mesmo John Martin de dez anos

atr��s. Lembrou-se de Tucson, Arizona, en-

quando sentia as pernas fraquejarem. P��g 17

Capitulo 2

A mente confusa, uma avalanche de

sentimentos contradit��rios e lembran��as h��

muito guardadas no por��o da mem��ria as-

saltando sua cabe��a de repente, um gosto

estranho na boca como se estivesse sain-

do de uma ressaca, tudo em seu corpo

indicava uma rea����o f��sica ao choque que

levara ao ver o retrato.

Abandonado rapidamente o trabalho,

ap��s dizer �� substituta que iria descansar

um pouco, Janis Hopkins refugiou-se no

pequena quarto atr��s da sala de enferma-

gem, onde havia uma cama para dormir

nos plant��es.

Deixou-se cair pesadamente, fechando os

olhos em seguida. Apalpou o bolso largo do

uniforme, pegando a fotografia que guar-

dara ali, levantando-a na altura dos olhos.

John Martin, o mesmo rosto de dez

anos atr��s, olhava-a com aquela cara sem

express��o, de quem olha para tr��s do fo-

18-

t��grafo. Embora pensasse em John sempre

que fazia um balan��o de sua vida, lembra-

va-se agora que h�� pelo menos um ano

ou dois n��o recordava John.

A ��ltima vez que o vira fora segura-

mente h�� quatro ou cinco a n o s . . . isso,

cinco anos. Estava em Chicago, ent��o, ter-

minando o curso de especializa����o.

Fechou os olhos com for��a, balan��an-

do a cabe��a para afastar aquela sensa����o

de desagrad��vel excita����o que sentia ao

lembrar-se das palavras do policial.

" ��� . . . suspeito de assassinato e roubo,

est�� ferido e certamente vai procurar um

hospital."

Dessa vez n��o era uma simples rotina,

como acontecia sempre. N��o era mais um

caso an��nimo, onde sua participa����o redu-

zia-se a cumprir os regulamentos, provi-

denciando todo o atendimento do ferido e

comunicando �� pol��cia o aparecimento do

suspeito.

Pensou no que faria, caso John che-

gasse ao hospital, ferido, precisando de

ajuda e com a pol��cia em seu encal��o. Afas-

tou rapidamente o pensamento da imagem

ensang��entada que se formara em. sua men-

te, torturando-se inutilmente.

O cansa��o da noite de plant��o, seguida

de uma manh�� especialmente fatigante, so-

���19

mou-se �� emo����o da not��cia inesperada,

dando-lhe uma esp��cie de moleza sem sono.

Um agrad��vel torpor invadiu-lhe o ser, fa-

zendo com que seu corpo se relaxasse pe-

sadamente sobre a cama.

Fechou os olhos, pousou o retrato sobre

o peito e sorriu levemente, enquanto seus

pensamentos voavam no espa��o e retroce-

diam dez anos, �� procura de uma jovem de

vinte anos, inexperiente e cheia de espe-

ran��a na vida e nas p e s s o a s . . .

Janis Hopkins, o vestido branco justo

moldando o corpo bem feito, estava senta-

da na ante-sala do diretor. No colo, os li-

vros e as anota����es das aulas do dia, so-

bre os quais m��os nervosas n��o paravam

de tamborilar. Estava sentada h�� uma hora

na sala de espera, e de vez em quando

trocava um olhar interrogativo com a se-

cret��ria.

��� Calma, Janis ��� disse a secret��ria,

piscando-lhe o olho, compreensiva. ��� O

Dr. Clark vai atend��-la antes do final do

expediente. Ele �� muito ocupado, voc�� sa-

be.

��� Sim, eu sei ��� conformou-se Janis,

apertando os dedos nervosamente. ��� N��o

se preocupe comigo, eu espero.

20-

Voltou a concentrar a aten����o no livro

que abrira, onde aproveitava para estudar

a mat��ria das ��ltimas provas. Mal podia

acreditar que aquelas seriam as ��ltimas

provas que faria na universidade. Dentro

de algumas semanas, aprovada nas finais,

estaria apta a receber seu diploma, e em

vez de passar os dias na faculdade, em au-

las, sairia �� procura de um emprego co-

mo enfermeira.

Um sonho longamente acalentado, esta-

va em vias de se tornar realidade. Passa-

ra sempre com ��timas notas nos exames,

gostava das mat��rias, e a profiss��o lhe pa-

recia a mais agrad��vel do mundo. Tudo

seria maravilhoso, se n��o fosse o pequeno

problema que a atormentava, exatamen-

te o problema que a trouxera; ali, ao ga-

binete do diretor da faculdade.

As cartas que vinha recebendo da se-

cretaria sempre a preocupavam. Nos ��lti-

mos meses, pensara seriamente em arran-

jar um meio de aumentar o or��amento e

conseguir acertar de uma vez por todas

aqueles atrasos nas mensalidades.

Mas n��o conseguia juntar o dinheiro

necess��rio. Nunca pensara em escrever ao

pai, pois sabia que sua situa����o n��o me-

lhorara nada desde que sa��ra da pequena

cidade, para vir fazer o curso superior

em Tucson. No come��o do ano, do seu ��l-

���21



timo ano de curso, a not��cia da morte do

pai piorara as coisas.

Agora, nem mais aquela ajuda even-

tual, que ele mandava com sacrif��cio, Ja-

nis poder�� esperar. E o magro sal��rio que

conseguia no seu emprego de meio expe-

diente definitivamente n��o lhe bastava pa-

ra o sustento, e ainda para manter as

mensalidades do curso em dia.

A ��ltima carta da secret��ria fora bas-

tante clara. T��o clara quanto dura. Se n��o

pagasse os mil d��lares em atraso at�� a

pr��xima semana, simplesmente n��o pode-

ria, fazer os exames finais. Isso significa-

va desistir do diploma, abandonar o curso

depois de anos de sacrif��cio e dedica����o.

Pior de tudo, significava perder as esperan-

��as de um aperfei��oamento dentro de al-

guns anos.

Somente o Dr. Gerald Clark poderia

ajud��-la. E era exatamente por isso que

estava ali agora, sentada na sala de es-

pera, armada de coragem e paci��ncia, pron-

ta para pedir ao diretor uma chance de

prestar exames sem pagar seu d��bito.

J�� ouvira falar de casos semelhantes,

quando o diretor ajudara alunas em di-

ficuldade, arranjando uma bolsa de emer-

g��ncia que cobria seu d��bitos. Principal-

mente quando o mau pagador estava no ��l-

timo ano do curso, faltando poucas se-

manas para a formatura, e tendo um pas-

sado escolar dos mais brilhantes.

��� Ele vai dar um jeito na sua situa-

����o, Janis ��� dissera uma colega, encora-

jando-a. ��� Al��m do mais, voc�� n��o tem

mesmo alternativas.

Sim, era verdade. N��o havia outra al-

ternativa para resolver o problema. Ou o

Dr. Gerald Clark lhe arranjava a bolsa

de estudos para cobrir seu d��bito, ou po-

dia dar um solene e definitivo adeus as

pretens��es de ser uma enfermeira forma"

da.

��� Janis! ��� chamou a secret��ria, fa-

zendo-lhe um sinal para que se aproximas-

se. ��� O Dr. Clark vai atend��-la agora.

��� Obrigada.

Levantou-se, caminhando para a porta

solene de madeira lavrada, atr��s da qual

se instalava o gabinete do diretor.

Entrou, depois de ser anunciada, pa-

rando diante da imponente mesa de ma-

deira, onde um homem de meia idade, li-

geiramente calvo, escrevia em alguns do-

cumentos, de cabe��a baixa. Minutos depois,

quando ele terminou o que estava fazendo

e levantou os olhos para a jovem, ela pode

ver a barriga pronunciada do diretor, que

���23

se projetava para a frente, como se quises-

se empurrar a mesa de trabalho.

O homem abriu ligeiramente os l��bios,

aparecendo alguns dentes meio amarele-

cidos, n u m esbo��o de sorriso. Olhou de-

tidamente para a garota de p�� �� sua fren-

te, admirando o rosto suave e delicado, onde

a apreens��o dava-lhe uma express��o tensa.

Desceu os olhos, apreciando as formas bem

delineadas do corpo, sob o uniforme bran-

co, onde os seios delicados faziam um agra-

d��vel volume contra o tecido alvo, que des-

cia em dire����o �� cintura delicada. Logo,

a mesa impedia a continua����o do exa-

me, e o diretor lamentou mentalmente o

fato de a garota estar t��o pr��xima �� me-

sa.

��� Sente-se ��� disse, tranq��ilo, ap��s

o exame inicial. ��� Esteja �� vontade.

��� Obrigada ��� murmurou Janis, ten-

sa, sentando-se, em sil��ncio, e sem cora-

gem de encarar aquele homem que parecia

querer com��-la com o olhar.

��� Ent��o, a senhorita... Hopkins ���

disse, depois de um in��til esfor��o de mem��-

ria e de um breve olhar �� ficha que tinha

�� sua frente ��� deseja falar comigo. Muito

bem. Em que posso ajud��-la?

Janis passou rapidamente a l��ngua pelos

l��bios secos, apertando as m��os com uma

24���

for��a quase do��da. Depois de breve hesita-

����o, come��ou a falar.

��� B e m . . . o problema �� que estou em

dificuldades financeiras. Recebi algumas

cartas da secretaria, sobre as mensalidades

atrasadas, e n��o vejo muitas possibilidades

de saldar o d��bito at�� a data dos exames

finais.

Armando-se pouco a pouco de coragem,

foi desfiando o ros��rio de dificuldades por

que estava passando, a falta de recursos,

a dedica����o "aos estudos. Gerald Clark ou-

via tudo em sil��ncio, passeando os olhos

do rosto da jovem para os seios atraentes,

tentando adivinhar-lhe as formas reais por

sob o uniforme.

��� Ent��o ��� continuou Janis, depois

de expor francamente a situa����o ��� dis-

seram-me que o ��nico jeito que eu podia

dar a essa situa����o era falar com o se-

nhor pedir uma bolsa de estudos. Disse-

ram-me que existe uma bolsa de emerg��n-

cia, e que o senhor poderia...

��� Realmente, isto �� verdade ��� cortou

o homem, de repente. ��� Existe essa bolsa

de emerg��ncia, para atender alunas do ��l-

timo ano, em situa����es prec��rias.

Janis sentiu-se aliviada, pensando que

suas palavras haviam conseguido tocar o

diretor.

���25

��� Mas, essa bolsa �� para situa����es ex-

tremas, e depende de um estudo apurado

de minha parte ��� continuou ele, brincan-

do distraidamente com uma caneta doura-

da sobre o tampo da mesa. ��� Embora

pare��a que a concess��o da bolsa dependa

��nica e exclusivamente da minha vontade,

n��o �� bem a s s i m . . .

��� Eu sei, claro ��� disse Janis, angus-

tiada. ��� Mas, minha situa����o �� . . .

��� Sim, voc�� est�� vivendo uma situa����o

dif��cil, n��o resta a menor d��vida. Faltan-

do poucas semanas para se formar, n��o ��

agrad��vel a possibilidade de ser exclu��da

do curso.

A simples men����o da palavra exclu��da

produziu um calafrio na jovem. Ouvia as

palavras do diretor sem saber direito qual

era a sua inten����o; se desejava fornecer

a bolsa e realmente se via em dificuldades

t��cnicas, ou se tudo aquilo era um pr��logo

para uma desculpa que terminaria com um

redondo o sonoro "n��o".

Depois de mais alguns minutos de des-

culpas e rodeios, Gerald Clark disse algo

que renovou as esperan��as da estudante:

��� Vamos fazer o seguinte, senhorita.

Deixe me ver o que posso arranjar para

voc�� ��� consultou o rel��gio, enquanto um

brilho diferente passava-lhe pelos olhos. ���





26


At�� o fim da tarde, creio que terei algo

a lhe propor. Volte ��s sete horas da noite.

��� Muito obrigada, senhor ��� disse Ja-

nis, levantando-se, com um amplo sorriso

no rosto, enquanto estendi a m��o para o

diretor.

��� �� noite conversaremos ��� disse o ho-

mem, apertando-lhe a m��o e mantendo-a

entre seus dedos, enquanto dava um pro-

longado olhar em sua dire����o.

Janis Hopkins saiu do gabinete com o

cora����o leve. Sentia uma f�� na solu����o de

seu problema, principalmente pelas pala-

vras finais do diretor. Se ele quisesse real-

mente negar o pedido, bastaria-lhe dizer

n��o, e pronto. N��o fazia sentido pedir tem-

po para arranjar uma solu����o, e logo de-

pois vir confessar-se impotente.

Foi com alegria que percorreu" o cami-

nho que separava a faculdade da pens��o

onde morava. Entrou, cumprimentando a

velha S r a . Tatcher, com um sorriso f��cil

e contagiante. Subiu direto para o seu quar-

to, pensando em aproveitar o tempo at�� o

fim da tarde para estudar as mat��rias do

exame final.

��� Finalmente a vejo alegre ��� disse

uma voz ao seu lado, quando ela chegou

ao alto da escada. ��� Tenho visto voc�� t��o

preocupada nos ��ltimos dias que cheguei

���27



a ficar preocupado. Ainda bem que voc�� n��o

se esqueceu de como se sorri.

Janis virou-se, t��o logo ouviu aquela voz.

John Martin, o vizinho do quarto ao lado,

sorria-lhe amavelmente. Ele tamb��m pa-

recia particularmente feliz naquele dia, e

olhava-a de uma maneira t��o simp��tica,

que Janis n��o conseguiu evitar uma r��pida

conversa.

Apesar dos dois anos que morava ali,

sendo que nos ��ltimos seis meses com-

partilhara v��rias vezes da mesa de refei-

����es com Martin, raramente trocavam mais

do que poucas palavras sobre o tempo ou

not��cia de jornal.

��� Realmente estou muito alegre hoje,

S r . Martin. ��� Disse Janis, sorrindo para

o rapaz. ��� Acho que ainda hoje vou solu-

cionar um problema que me preocupa muito-

Fico contente cora isso

disse ele.

��� S�� n��o gosto que me chame S r . Mar-

tin, faz-me sentir bem mais velho do que

sou.

A garota sorriu, pensando que ele real-

mente tinha raz��o no que dizia. Afinal,

John Martin podia ter no m��ximo quatro

ou cinco anos a mais do que ela pr��pria,

e um homem de vinte e cinco anos n��o era

exatamente um senhor.

��� Est�� bem, John ��� disse a garota,

sorrindo. ��� Mas, voc�� tamb��m me parece

especialmente feliz, hoje.

��� Acertou ��� disse ele. ��� E tenho mo-

tivos de sobra para isso. Terminei um ne-

g��cio hoje que me rendeu muito mais do

que podia esperar.

Bateu de leve no pr��prio peito, como

que se cumprimentado pelo sucesso. Em

seguida, com indisfar��ado orgulho, comple-

tou:

��� Ali��s, deixe-me aproveitar o momen-

to para despedir-me de voc�� ��� ap��s pe-

quena pausa de suspense, completou: ���

Parto amanh�� para Chicago.

��� Vai viajar?

��� �� mais do que uma viagem, vou de

mudan��a. Com esse neg��cio que consegui

fazer aqui, tenho o capital necess��rio pa-

ra come��ar um pequeno neg��cio em Chi-

cago. Recebi h�� muito um bom convite,

mas faltava-me condi����o financeira. Ago-

ra, creio que vou conseguir um bom co-

me��o.

Mary olhou-o longamente, admirando a

felicidade estampada no rosto do jovem.

Estendeu a m��o, que ele apertou forte-

mente, enquanto dizia:

��� Desejo-lhe sucesso, Sr. M a r . . . di-

go, John.

���29

��� O mesmo para voc��, Janis. ��� Disse

ele, sorrindo simpaticamente. ��� E que o tal

problema termine de uma vez, e voc�� n��o

deixe de sorrir como agora.

Ela abaixou os olhos sorrindo, conti-

nuando o caminho para o seu quarto. Mi-

nutos depois, com os livros abertos na sua

frente, pensou em como era estranho o re-

lacionamento entre as pessoas. Vivia ao la-

do daquele rapaz, com uma fina parede de

alvenaria como ��nica barreira f��sica entre

eles. E no entanto, todas as palavras que

haviam trocado at�� ent��o n��o seriam su-

ficiente para encher duas folhas de papel.

Agora, num encontro casual, descobria que

seu vizinho era um sujeito am��vel e simp��-

tico, -capaz de ser um verdadeiro amigo.

��� Muito tarde para descobrir isso ���

disse, sorrindo sozinha, enquanto tentava

voltar a se concentrar nos livros.

Realmente, de nada adiantava saber que

John Martin era uma boa pessoa. No dia

seguinte ele se mudaria para Chicago, e

dentro de algumas semanas ela tamb��m

abandonaria a pens��o deixando de ser uma

estudante, para trabalhar como enfermei-

ra.

Talvez os dois nunca mais se encon-

trassem em toda a vida. e este pensamento

fez com oue pensasse na casualidade das

coisas e no mist��rio do destino.

30���

Deixou as id��ias de lado, desta vez con-

seguindo concentrar-se realmente no estu-

do. Ficou por v��rias horas com o olhar fixo

nas letras mi��das e negras, n��o percebendo

como o tempo passava, e as v��rias nuan-

ces de cor que o c��u adquiria, ao perder

o brilho intenso do sol, at�� que a noite

se fechasse sobre a cidade.

��� Meus Deus, como �� tarde! ���. sur-

prendeu-se a jovem, quando por acaso olhou

o rel��gio de pulso e verificou que j�� eram

quase sete horas da noite.

Largou os livros de qualquer jeito so-

bre a escrivaninha, passou a m��o na bolsa

e saiu correndo do quarto. O Dr. Gerard

devia estar esperando a em seu gabinete.

Seria muito desagrad��vel chegar atrasada

�� hora marcada. Ele podia tomar aquilo

como falta de interesse da parte dela-.

Apertou o passo, atravessando o campus

pelo meio do gramado que circundava o

pr��dio principal, sem perder tempo em tri-

lhar os caminhos que rodeavam o j a r d i m .

O pr��dio apagado, quase apagado, todo

��s escuras, deu-lhe a terr��vel sensa����o de

que seu atraso podia ter-lhe tirado a ��nica

chance de resolver seu problema. Aquela

hora da noite, uma r��pida olhada ao rel��-

gio mostrou-lhe que passava um pouco das

sete e meia. O diretor j�� devia ter ido em-

bora para casa. P��g 31

Aflita, empurrou a porta e atravessou

o extenso corredor, quase correndo. Ba-

teu na porta da ante-sala, e como ningu��m

respondesse, abriu-a. A secret��ria j�� devia

ter ido embora, pois al��m de vazia, sua sala

estava arrumada e limpa.

Foi com al��vio que reparou na fresta

de luz que passava sob a porta do diretor.

Tocou de leve na madeira lavrada, e ao

ouvir a voz de Gerald Clark ordenar-lhe

que entrasse, sentiu-se tranq��ila.

��� Desculpe-me pelo atraso, senhor ���

disse, ela entrando e fechando a porta ��s

suas costas. ��� Eu estava estudando e n��o

v i . . .

��� N �� o se importe com isso ��� cortou

ele, sorridente, enquanto se levantava. ���

Vamos sente-se.

Janis n��o estranhou quando o homem

saiu de t r �� s de sua mesa e rodeou-a, apro-

ximando-se do amplo sof�� de couro negro

no fundo da sala. Em vez de lhe indicar

uma das cadeiras de espaldar alto diante

de sua mesa, ele insistiu:

��� Sente-se, por favor.

��� Obrigada ��� a garota murmurou,

sentando-se no sof�� e sentindo que seu cor-

po afundava no estofamento macio.

Gerald olhou-a demoradamente, com p��g 32

ele pr��prio se sentou no sof��.

��� Janis ��� come��ou ele, fazendo a jo-

vem sentir um ligeiro constrangimento por

aquela intimidade de tratamento e apro-

xima����o f��sica ��� estive pensando n�� seu

caso.

��� S i m . . . ?

��� Realmente, h�� uma possibilidade de

eu lhe conceder uma bolsa de emerg��ncia ���

continuou, num tom impessoal, ao mesmo

tempo em que se lhe notava uma certa he-

sita����o ao escolher as palavras. ��� N��o ��

que seja f��cil, uma coisa simples e auto-

m��tica. At�� pelo contr��rio, eu terei de ig-

norar certas exig��ncias burocr��ticas* para

lhe conceder a bolsa.

Janis Hopkins sentiu que mal conseguia

dominar a felicidade que sentia, dando-lhe

uma vontade de dar um grito ou um pulo

no sof��. Manteve-se firme, encarando o ho-

mem com os olhos brilhantes, num sorriso

contido.

��� Ou seja, �� poss��vel lhe conseguir o

que voc�� precisa, mas n��o �� t��o f��cil como

parece.

Enquanto falava, o diretor aproximava

imperccptivelmente o seu corpo do local

onde a garota estava sentada. Falava sem





33


parar, e quando Janis percebeu que ele es-

tava sentado a menos de um palmo do

local onde, estava, ela pr��pria n��o soube

dizer se ele estava ali desde o in��cio ou se

fora se aproximando no meio da conver-

sa.

Janis s�� notou que algo de estranho

estava acontecendo, quando sentiu a m��o

tr��mula e ligeiramente fria pousar sobre

a sua.

��� Quer dizer, posso ajud��-la, mas n��o

sei se realmente devo passar por cima das

regras ��� continuou ele, aumentando a

press��o de seus dedos e impedindo que a

garota retirasse a m��o de sob a sua. ���

Sabe como �� . . . tudo tem um pre��o, e essa

bolsa �� muito importante para voc��.

Janis Hopkins sentiu a desagrad��vel

sensa����o que lhe invadia o corpo, sem per-

ceber exatamente o que era. A voz de Ge-

rald mudara, j�� n��o tinha o tom pro-

fessoral e distante daquela manh��, mas

um som pegajoso e tr��mulo, como se o ho-

mem n��o pudesse se controlar totalmente

enquanto falava.

Olhando-o, fixamente, enquanto em seu

pr��prio rosto a express��o de felicidade mu-

dava para um medo desconhecido, Janis

viu que rapidamente o rosto de Gerald se

aproximava. Podia ver-lhe o olhar opaco,

34���

os l��bios tr��mulos que se aproximavam pe-

rigosamente do seu, sentia a press��o em

sua m��o, o corpo p r �� x i m o . . .

��� Ent��o, o que me diz, querida? ��� per-

guntou o homem, com um sorriso insegu-

ro.

A jovem n��o ouvia direito o que ele

dizia. Percebia vagamente uma proposta

em sua voz, ao mesmo tempo em que tudo

ia ficando mais claro em sua mente, con-

cluindo que a conversa tomava um rumo

insuspeito e perigoso.

��� S r . Gerald, por f a v o r . . . ��� disse

ela, com voz fraca, tentando tirar sua m��o..

O homem apertou-a com mais for��a, en-

quanto que com a outra m��o acariciava

levemente os ombros da garota. Logo, seus

dedos desceram-lhe pelo peito, at�� que sua

m��o fechou-se com for��a e avidez sobre seus

seios.

��� N��o! ��� gritou a jovem, apavorada,

sem saber como sair daquela situa����o.

Gerald perdeu totalmente o controle, en-

costando o rosto no da garota e procuran-

do avidamente seus l��bios com a boca. Ja-

nis sentiu o contato frio daqueles l��bios

nos seus, virando o rosto com medo e nojo.

Logo, enquanto tentava empurrar o corpo

do homem para tr��s, viu que a m��o que lhe

-35



apertava os seios desceu pelos ventre, indo

parar em sua coxa.

Levantou-se de um pulo, livrando-se das

m��os nervosas e afastando-se alguns pas-

sos para tr��s.

��� Sr. Gerald! ��� gritou, com voz cho-

rosa. ��� Por favor!

Cap��tulo 3

Recuou assustada, enquanto uma con-

fus��o de pensamentos e sentimentos to-

mava conta de sua mente. Afastou-se do

sof��, assustada e em p��nico.

��� O que �� isso, menina? ��� perguntou

o homem, com voz calma e persuasiva, en-

quanto se levantava e andava em sua di-

re����o. ��� N��o precisava se assustar, esta-

mos s�� conversando.

Janis continuava encarando o diretor,

com p��nico no olhar. Sentia vontade de

fugir correndo dali, atravessar os jardins

do campus, s�� parando em seu quarto na

pens��o. Mas, os p��s pareciam-lhe pesados

como chumbo, e por mais que pensasse em

correr, continuava parada, olhando fixa-

mente para o homem.

��� Venha c��, vamos continuar nossa

conversa ��� disse ele, puxando-a pela m��o.

Janis ficou r��gida, reagindo ao convite,

mas o diretor puxou-a com for��a., obrigan-

do-�� a sentar-se.

-37

��� Ou��a, Janis, tenha calma ��� disse o

homem, com um sorriso hesitante, enquan-

to segurava-lhe a m��o. ��� N��o fique assus-

tada, n��o vou lhe fazer nada de mal. S��

q u e . . . bem, voc�� sabe. Voc�� est�� precisan-

do dessa bolsa, e se for boazinha comigo,

quem s a b e . . .

A jovem continuava r��gida, tensa, sen-

tindo os m��sculos doloridos de t��o tensos.

Sentia a m��o do homem sobre a sua como

um peso insuport��vel. Em sua cabe��a, os

pensamentos se sucediam numa velocidade

vertiginosa, alternando-se a raiva e o des-

prezo que sentia pela atitude vil do dire-

tor, com o medo de perder de uma vez

por todas as possibilidades de terminar o

curso.

��� Assim, assim est�� melhor ��� disse o

homem, sorrindo, enquanto verificava que

a jovem n��o fazia mais for��a para se le-

vantar. ��� Afinal, n��o estamos fazendo na-

da demais. Voc�� precisa de um favor e eu

q u e r o . . . bem, eu quero um favor seu.

Enquanto falava, suas m��os voltavam

a passear sofregamente pelo corpo da garo-

ta. Janis sentia o desejo incontido atrav��s

dos dedos tensos que lhe percorriam leve-

mente os ombros, at�� pararem sobre seus

seios, massageando-os. A outra m��o, parada

sobre sua coxa, movia-se disfar��adamente, P38

tentando afastar o tecido do vestido, pro-

curando o contato direto com sua pele.

��� Senhor, por f a v o r . . . ��� murmurou

ela, sentindo que mais um pouco e n��o

conseguiria se controlar, desabando em

prantos. ��� N��o fa��a i s s o . . .

��� Deixe de ser boba, menina ��� conti-

nuou o diretor, com uma voz que o desejo

transformava. ��� O que h�� demais? Esta-

mos s�� trocando car��cias e . . .

Enquanto falava, ele aproximava len-

tamente o rosto, sempre encarando a ga-

rota de maneira fixa e transtornada. Ja-

nis, com pavor no olhar, viu como aquele

rosto aproximava-se do seu. aqueles l �� b o s

tr��mulos que procuravam os seus, as nari-

nas dilatadas numa respira����o ofegante, os

olhos semicerrados expressando o desejo

animal.

Apertou os l��bios, trincando os dentes,

ao sentir o contato quente e desagrad��vel

da boca ��vida na sua. Tentou virar o rosto,

impedindo o beijo, mas o homem j�� segu-

rava-a com ambas as m��os, enquanto pro-

curava beij��-la �� for��a.

��� N��o! ��� gritou a garota, n��o conse-

guindo mais conter o pranto, enquanto

empurrava o diretor para tr��s e se levan-

tava de um salto.

��� E s p e r e . . . ��� ainda disse ele, perce-

bendo que a jovem corria para a porta.

-39

Janis n��o lhe deu ouvidos, correndo em

dire����o �� porta, abrindo-a e saindo para

o corredor.

Antes de desaparecer, correndo, com o

corpo tr��mulo e a cabe��a em confus��o ain-

da p��de ouvir a voz desagrad��vel do dire-

tor, que lhe dava um ��ltimo aviso.

��� Lembre-se de que eu ainda posso lhe

sonceder a bolsa, Janis! ��� gritou o homem,

apoiando-se na porta e olhando a jovem

me corria. ��� Espero uma resposta sua

at�� amanh�� de manh�� ��� viu que ela su-

mia, mas ainda gritou: ��� Se n��o quiser,

passe na secretaria e pague!

Deitada em seu quarto, com os olhos

fixos nas pequenas manchas de umidade

no teto de madeira, Janis recordava a

cena desagrad��vel e surpreendente de ho-

ras atr��s, sem entender ainda o que se

passara.

��� Como n��o podia imaginar q u e . . . ���

come��ou, falando sozinha, e logo desistindo

num movimento brusco de cabe��a.

Gerald Clark, o diretor. N��o era poss��-

vel que fosse capaz de uma coisa daquelas.

Ou seria ela a culpada? Sim, como n��o

pensara naquela possibilidade antes? Devia

40���

ter imaginado logo de in��cio, quando ele

transferira a conversa para o fim da tar-

de.

��� Mas, se eu for desconfiar de todo

m u n d o . . . ��� disse novamente em voz al-

ta, como que tentando se convencer de que

estava certa; que n��o podia mesmo prever

o comportamento do homem antes de ele ter

tentado lhe agarrar.

Mas, no fundo nada daquilo importava,

mais. O que contava era que o diretor lhe

fizera uma proposta clara, mais clara im-

poss��vel, e a decis��o estava agora em suas

m��os.

S�� de pensar em entregar-se ��quele ho-

mem, numa situa����o dessas, sentia um ca-

lafrio percorrer-lhe o corpo, um enj��o cres-

cer em seu est��mago, como se todos os

��rg��os juntos repelissem a id��ia absurda.

Mas, ao mesmo tempo, a simples id��ia de

ter de abandonar" o curso agora, quase no

final, era-lhe realmente insuport��vel.

��� Tantos anos perdidos... ��� disse em

voz alta, contemplando os livros enfileira-

dos na estante. ��� Tanto sacrif��cio, horas

perdidas em e s t u d o s . . .

Fez um r��pido balan��o mental dos ��lti-

mos anos, pensando que realmente n��o te-

ria o menor sentido abandonar tudo agora.

Mas, o pre��o? Sim, era um pre��o muito al- P41

to, alto demais para uma pessoa como ela.

Mas, quanto mais pensava mais verificava

que n��o tinha muitas op����es. Mais concre-

tamente n��o tinha absolutamente nenhuma

op����o, caso quisesse fazer valer todos os

anos de estudo e se formar dentro de pou-

cas semanas.

Deitada em sua cama, com os olhos

sempre fixos nas manchas do teto, Janis

sentiu que as l��grimas rolavam mansa-

mente por seu rosto. N��o se esfor��ou por

cont��-las nem levou a m��o ao rosto para

enxug��-las. Simplesmente, deixou-se ficar

ali, tentando afastar todos aqueles pensa-

mentos sombrios da cabe��a, enquanto o

cloro ia aumentando da intensidade.

Chegou a esbo��ar um triste sorriso ao

pensar que n��o tinha mesmo mais nada

a fazer, al��m de chorar. Estava sozinha, e

sozinha teria de encarar e resolver o pro-

blema. A op����o era entre se violentar, fa-

zendo o que lhe parecia detest��vel, ou sim-

plesmente abandonar o curso incompleto

e dar adeus a todos os planos para o fu-

turo.

Teria permanecido deitada por mais

tempo, n��o sabia at�� quando, se uma leve

batida na porta do quarto n��o a trouxesse

de volta �� realidade.

��� Sim? ��� indagou com voz forte, ten-

tando disfar��ar a rouquid��o do choro. P��g 42

Janis! ��� soou uma voz de homem,





voltando a bater na porta.


Rapidamente, ela passou as costas das

m��os pelo rosto, enxugando as l��grimas.

Pigarreou duas vezes e olhou-se rapidamen-

te no espelho, antes de abrir a porta.

John Martins de p�� no corredor, olha-

va-a com curiosidade. Deu um sorriso ao

deparar-se com o rosto de Janis, e disse

num tom alegre:

��� Esperei-a para o jantar ��� sorriu,

amavelmente. ��� Pensei em t��-la ao meu

lado na minha ��ltima noite aqui na pen-

s��o.

Janis esbo��ou um sorriso, disfar��ando

seu estado. Mas, por mais que se esfor-

��asse, n��o conseguiu grandes coisas. T��o

logo olhou-a com mais aten����o John Mar-

tin parou de sorrir, encarando-a seriamen-





te.


��� O que houve? ��� perguntou, surpre-

so. ��� Voc�� estava c h o r a n d o . . . houve al-

guma coisa?

Janis pensou em dizer que n��o, que

n��o havia nada. N��o queria falar nada

com ningu��m, principalmente com um ho-

mem que mal conhecia, e sobre um proble-

ma t��o pessoal.

��� N��o, n��o houve n a d a . . . ��� disse, sen-

- - 4 3

tindo que a cada momento ficava mais di-

f��cil se controlar.

��� Mas, voc�� estava c h o r a n d o . . . houve

alguma coisa?

��� N��o, n��o e s t a v a . . . Por favor, deixe-

me em paz.

As ��ltimas palavras j�� lhe sa��am meio

embargadas pelas l��grimas. Sem que pu-

desse se controlar, come��ou a chorar n u m

movimento convulsivo, enquanto cobria o

rosto com as m��os e se afastava da por-

ta.

��� Ei, o que �� isso? ��� perguntou o ra-

paz, num tom de voz agrad��vel, procuran-

do tranq��iliz��-la.

Janis deu-lhe as costas, correndo para

o interior do quarto e jogando se na cama.

Sua cabe��a era uma confus��o de pensa-

mentos, sem que ela conseguisse entender

o que se passava com ela mesma. Tinha

vontade de mandar aquele homem para

fora do quarto, ao mesmo tempo queria

contar-lhe tudo, chegando a sentir como

se as palavras lhe arranhassem a gargan-

ta. Mas, a ��nica coisa concreta que con-

seguia fazer era chorar copiosamente, agar-

rada ao travesseiro.

Com o corpo tremendo ao compasso da

respira����o acelerada, Janis sequer ouviu o

44���



ru��do da porta sendo trancada ou os pas-

sos de John aproximando-se da c a m a . S��

reparou em sua presen��a, sentada ao seu

lado, quando sentiu que m��os suaves aca-

riciavam seus cabelos.

Levantou o corpo, tentando sentar-se

rapidamente, numa atitude defensiva e in-

consciente.

��� Calma, relaxe -��� tranq��ilizou-a o

rapaz, com voz calma. ��� Continui choran-

do, se isso lhe faz b e m . . .

Janis tornou a enxugar os olhos, ago-

ra envergonhada de toda aquela cena. Afi-

nal, o que estava fazendo ali, deitada na

cama, sendo consolada por um homem que

mal conhecia, e que at�� ontem n��o sabia

nada mais do que seu pr��prio nome?

��� Desculpe, Sr. Martin ��� disse, com

voz chorosa, enquanto tentava recompor-

se. ��� Eu perdi o controle e . . .

��� N��o h�� o que se desculpar ��� re-

trucou ele, com uma tranq��ilidade que

acalmou um pouco a garota. ��� Pelo vis-

to, voc�� n��o conseguiu resolver o tal pro-

blema que a aborrecia, n��o �� mesmo?

Janis abriu a boca para falar, mas um

gesto de John a deteve. Ele levantou a m��o

levemente, colocando um dedo em seus l��-

bios, enquanto lhe sorria.

��� N��o precisa falar, se n��o quiser ���

disse ele, enquanto a encarava, com um

sorriso amigo. ��� Se quiser companhia, es-

tou aqui. Mas, n��o �� obrigada a comparti-





lhar seus problemas comigo.


Confusa com a s��bita solidariedade, ne-

cessitando de apoio como nunca precisara

at�� ent��o, Janis come��ou a falar, sem que

ela mesma soubesse por que se abria da-

quela maneira. Talvez fosse o modo sim-

p��tico e amigo de John, talvez o fato de

ter chegado num momento cr��tico para ela,

o que importava era que se sentia absolu-

tamente tranq��ila enquanto compartilha-

va seus problemas com o rapaz.

Durante muito tempo Janis falou sem

parar. Olhava de vez em quando para John,

enquanto andava de um lado para o outro

do quarto. Finalmente, sentou-se na cama,

continuando a falar sobre sua vida, os

estudos e a proposta de Gerald Clark, exa-

minando todos os seus problemas como se





falasse sozinha.


John limitava-se a ouvir, dando uma ou

outra vez algumas palavras de apoio. Per-

cebeu que o que ela precisava era de falar,

de ter algu��m que a escutasse no meio

de toda aquela solid��o.

Quase uma hora depois quando a voz

de Janis foi se tornando mais lenta e pau-

sada, o rapaz percebeu que ela estava com

46���





sono. Toda a agita����o e a indigna����o que

havia sentido naquela tarde, agora, depois

de passada a revolta inicial, vinha-lhe a

cabe��a na forma de um intenso cansa-

��o.

Janis, ainda falando sobre sua vida, mal

percebeu a hora em que a conversa com

o vizinho de quarto transformou-se em so-

nho. Adormeceu deitada na cama, sem re-

parar se John Martin ainda estava ou n��o





no quarto.


��� J o h n . . . ��� disse em voz alta, acor-





dando do sono de repente.


Olhou para os lados, sem compreender

direito o que estava se passando. A janela

aberta deixava passar toda a claridade do

sol, que inundava o quarto. Sem entender,

Janis olhou v��rias vezes para o lado, reco-

nhecendo o seu quarto, at�� que olhou para





o


o rel��gio.

��� Dez horas! ��� exclamou, em voz al-

A,

ta, ao mesmo tempo em que pulava da

cama, num reflexo. ��� Como pude dormir

tanto assim?

N��o entendia direito o que estava acon-

tecendo. Lembrava-se da conversa da v��s-

pera, mas n��o conseguia recordar o mo-

mento em que John sa��ra do quarto e ela

dormira. Ser�� que adormecera no meio da

conversa?

Confusa, esfor��ou-se ainda por se lem-

brar, at�� que um pequeno papel sobre a sua

mesa de estudos chamou-lhe a aten����o.

Pegou-o rapidamente, sem reconhecer o au-

tor das letras, at�� que viu o nome de John

Martin assinado em seguida ao pequeno

o que estava ali. John Martin se despedia,

Seu rosto franzido de curiosidade foi se

abrindo numa express��o de alegre surpre-

sa, enquanto seus olhos devoraram as li-

nhas.

��� N��o �� poss��vel... ��� murmurou, mal

contendo a felicidade que a dominava.

Releu novamente o pequeno bilhete,

compreendendo que era realmente verdade

o que estava ali. John Martin se despedia,

dizendo-lhe v��rias palavras de encoraja-

mento. Terminava falando num empr��sti-

mo de mil d��lares, para que pagasse o d��-

bito na faculdade.

Com as m��os tr��mulas, Janis abriu o

envelope ao lado do bilhete, vendo as notas

verdes amontoadas. Parecia imposs��vel, mas

era verdade. John falava que tinha condi-

����es de ajud��-la e que n��o precisava daque-

le dinheiro no momento, por isso, que ela

o usasse para resolver seus p r o b l e m a s . . .

Uma voz grave e met��lica, saindo do P 48



pequeno alto-falante embutido na parede,

tirou Janis Hopkins de suas divaga����es e

lembran��as.

��� Enfermeira Hopkins, por favor com-

pare��a ao setor de emerg��ncia!

Mary levantou-se de um pulo, passando

a m��o nos cabelos, n u m gesto instintivo.

Abandonou as lembran��as de dez anos

atr��s, saindo do quarto ��s pressas para

atender ao chamado.

No elevador, enquanto pensava se teria

se demorado muito no descanso, a imagem

de John Martin de suas mem��rias confun-

dia-se com a do homem procurado pela

pol��cia e que vira num velho retrato meio

manchado.



No tr��nsito congestionado, os motoris-

tas impacientes apertavam a todo momento

as buzinas de seus carros, tentando de-

sabafar, com o estridente ru��do, a raiva

que sentiam por se verem presos no en-





garrafamento.


Na zona leste, no in��cio da tarde, a

avenida principal parecia um enorme es-

tacionamento, com centenas de carros

enfileirados, esperando inutilmente por um

espa��o para se movimentarem.

O calor excessivamente forte para o in��-

cio do ver��o, esperando inutilmente por um

de algumas semanas. De repente, aos ru��-

dos de motores e buzinas, veio juntar-se

o grito estr��dulo de uma sirene.

��� Diabo de tr��nsito ��� resmungou o

motorista, enquanto apertava o bot��o da

sirene, travando-o para que permanecesse





permanentemente ligado.


��� Ser�� que o sujeito ag��enta? P��g 50

O motorista deu de ombros, como se n��o

ligasse muito para as possibilidades de so-

breviv��ncia do ferido que transportavam.

Na verdade, estava irritado com o tr��nsito

e ansioso por encontrar uma rua livre, onde

a ambul��ncia p��llman pudesse desenvolver

maior velocidade.

O enfermeiro que fez a pergunta virou-

se para tr��s, olhando para o comparti-

mento da ambul��ncia, onde um jovem in-

terno do Central Clinic esfor��ava-se por

manter o ferido respirando.

Virou-se novamente, com uma express��o

resignada de quem n��o se choca mais com

a morte. �� sua frente, a traseira de um

enorme Chevelle continuava impedindo o

caminho da ambul��ncia, que uivava sem

parar.

��� Saiam da f r e n t e . . . ��� resmungou

o motorista entre-dentes, apertando a buzi-

na e aumentando ainda mais a desagra-

d��vel sensa����o que o dominava, no meio da

barulheira e do calor insuport��vel.

Lentamente, tomando cuidado para n��o

arranhar a carro��aria l u z i a de seu car-

ro, o motorista do Chevette conseguiu ga-

nhar alguns metros �� direita. Logo, colo-

cou duas rodas sobre a cal��ada e abriu um

espa��o estreito para dar passagem �� ambu-

l��ncia.

���51

- Pegue a cal��ada ��� aconselhou o en-

fermeiro.

Olhando para os lados, o motorista co-

locou o ve��culo na brecha aberta pelo Che-

velle, subiu a cal��ada e conseguiu chegar

at�� a esquina. Mais uma manobra e ga-

nhou a rua lateral.

��� Pronto, agora �� s�� dar a volta pelo

parque e sair deste inferno ��� resmungou

o motorista, acelerando fundo e ganhan-

do velocidade.

O enfermeiro, com uma curiosidade en-

tre-solit��ria e m��rbida,, olhou novamente

pela ianela de comunica����o. O interno ago-

ra olhava o rel��gio de pulso, enquanto se-

gurava a cabe��a do ferido.

Pela express��o de seu rosto, preocupa-

do, percebia-se que o homem n��o estava

em muito bom estado.

��� Veja se consegue acelerar esta droga

��� disse o m��dico, enquanto preparava ra-

pidamente uma inje����o. ��� Se demorar

mais dez minutos, o nosso amigo aqui n��o

ter�� mais chances.

O motorista deu de ombros, como se

n��o pudesse fazer nada al��m do que j��

estava fazendo. Por via das d��vidas, entrou

na pr��xima curva com os pneus cantan-

do, aumentando perigosamente a veloci-

dade, enquanto tomava rumo do hospital.

52���

Deitado na maca que se tingia cada vez

mais de vermelho, o ferido gemia em voz

quase inaud��vel. Dos ferimentos abertos o

sangue escorria rapidamente, apesar das

compressas colocadas pelo m��dico.

John Martin mantinha os olhos aber-

tos, mas o brilho morti��o que se espelhava

neles dava a impress��o de que ele n��o

enxergava mais nada �� sua frente. Os l��-

bios arroxeados e tr��mulos moviam-se le-

vemente, ao som dos gemidos.

Mas, John via nitidamente, com riqueza

de detalhes, v��rias cenas. N��o enxergava

o teto branco da ambul��ncia nem o- su-

porte que amparava o vidro de soro que

descia at�� seus bra��os. Com os olhos- aber-

tos, enxergava nitidamente o grande hall

do Hotel Plaza, com os tapetes que cobriam

o ch��o de m��rmore, e o rosto do recepcio-

nista atr��s do balc��o.

Mas, quando fora isto? H�� um ano, um

m��s, ou apenas alguns dias atr��s? N��o

conseguia precisar, tudo era confuso, em

sua mente. E por que aquele ru��do insu-

port��vel de ambul��ncia no meio do hotel?

N��o, o teto n��o era branco como agora,

nem t��o baixo e pr��ximo do seu rosto.

Fechou os olhos lentamente, e as ima-

gens ficaram mais claras. Agora sim., podia

reconhecer os lustres do hall do hotel, n��o

ouvia mais o ru��do de sirene, mas sim o

���53

som da m��sica ambiente que parecia sair

das colunas do hotel, sem que se visse de

onde v i n h a . . .

* * *

��� Quarto 512 ��� disse, estendendo a

m��o para pegar a chave que o rapaz pegava

no painel.

��� Aqui est��, Sr. Martin.

��� Obrigado.

Estava particularmente feliz naquela

tarde, e tudo lhe parecia motivo para sor-

rir. Tamb��m n��o era para menos, pensou.

Enquanto entrava no elevador, recordou a

conversa que acabara de ter no escrit��rio

de Sheldon, e sorriu.

��� Neg��cio fechado, S r . Martin ��� dis-

se o pr��prio Sheldon. dono do escrit��rio e

respons��vel pelo pagamento do contrato.

��� Pode passar aqui amanh�� �� tarde que

lhe entregaremos o dinheiro.

Dentro do elevador, tornou a sorrir. Ne-

g��cio fechado. Nem imaginava qual seria a

rea����o de Brooks, seu s��cio em Chicago,

quando lhe telefonasse, dizendo que j�� re-

solvera o neg��cio, e nas melhores condi-

����es.

Esperava realmente resolver o neg��cio,

mas francamente n��o imaginara que seria

54���

t��o f��cil e t��o r��pido como fora. Agora,

era passar l�� no dia seguinte para receber

o dinheiro e assinar o contrato.

��� Obrigado ��� disse, descendo no quin-

1

to andar.

O corredor atapetado dava uma impres-

s��o de conforto acolhedor, onde o sil��ncio

embalado pela suave m��sica de fundo con-

trastava com o ru��do enervante e ensur-

decedor da rua.

Parou na porta do quarto e j�� ia enfiar

a chave, quando algo lhe chamou a aten-

����o. Parado diante da porta, deteve-se al-

guns momentos, olhando a mulher que se

esfor��ava inutilmente por abrir a porta de

um quarto pouco afastado do seu. Com um

sorriso admirou as formas de seu corpo bem

feito, divertindo se com a luta da mulher

contra a fechadura.

Pensou que n��o estava fazendo realmen-

te nada de importante e adiantou-se al-

guns passos.

��� Posso ajudar?

A mulher, ligeiramente encurvada, le-

vantou-se, parecendo assustada.

��� Oh, o b r i g a d a . . . ��� murmurou, sor-

rindo, ao ver o homem parado ao seu

lado.

John Martin sorriu amavelmente, pen-

sando que se de longe ela parecia bonita,

���55

de perto era ainda mais atraente. Loura,

com os cabelos armados num penteado ele-

gante, tinha um ar entre alegre e assusta-

do, onde os olhos gandes e brilhantes se

destacavam, dando-lhe uma express��o ca-

tivante.

��� N��o sei o que houve com esta chave

��� disse ela, com uma voz que soou muito

agrad��vel aos ouvidos de John. ��� Ten-

tei abrir a porta, mas. ela parece presa...

��� Deixe-me ajud��-la.

Delicadamente, afastou a mulher, aga-

chando-se junto �� fechadura. Com um mo-

vimento de m��o, conseguiu destravar a

chave. Logo, rodou-a no fecho, abrindo a

porta.

��� Pronto! ��� disse, com um sorriso,

enquanto retirava a chave da fechadura e

empurrava levemente a porta. ��� Voc�� deve

ter feito for��a demais, e por isso prendeu

a chave.

��� Oh, muito obrigada ��� agradeceu ela,

com um tom de voz que a John, mais do

que agrad��vel, j�� pareceu cativante. ���

Acho que sem a sua ajuda ficaria aqui at��

amanh��, sem conseguir entrar no quarto.

��� N��o foi nada ��� disse John, sorrin-

do, enquanto estendia a m��o. ��� Sou John

Martin e estou no 512. Se precisar de qual-

quer coisa...P 56

��� Muito obrigada ��� retrucou a mu-

lher, apertando a m��o dele, com um sor-

riso. ��� Sheila Snell.

��� Muito prazer ��� disse John, come-

��ando a pensar que seria interessante co-

roar o sucesso de sua estada em Nova Jer-

sey com uma companhia feminina t��o agra-

d��vel como aquela.

Mas, logo teve de desistir. Quando co-

me��ava a pensar em dar prosseguimento

�� conversa, a mulher deu-lhe um sorriso

e entrou no quarto, fechando a porta.

Sozinho novamente no corredor, deu de

ombros, voltando para sua porta. Tamb��m,

nem tudo podia correr como a gente quer,

pensou, sorrindo. Devia se contentar com as

��timas not��cias que tivera �� tarde, com a

conclus��o em excelentes condi����es do ne-

g��cio que viera fechar ali. Claro que n��o

recusaria uma conversa mais prolongada

com uma mulher como Sheila Snell. Mas,

n��o tinha do que reclamar.

Depois do banho e de um bom descan-

so no quarto, onde contou ao s��cio pelo

telefone o bom encaminhamento dos ne-

g��cios, John desceu para jantar.

N��o pensara mais na atraente compa-

nheira de andar desde que a vira entrando

no quarto Agora, entrando no sal��o do

restaurante do hotel, sorriu ao v��-la sen-

tada sozinha numa mesa de canto.

���57

Antes de se aproximar, confirmou com

um r��pido olhar que estava sozinha, e com

um ��nico prato sobre sua mesa. Este de-

talhe indicava que certamente n��o esperava

ningu��m. John pensou rapidamente se va-

leria ou n��o �� pena se aproximar, e acabou

decidindo que n��o tinha mesmo nada a

perder. E se g a n h a s s e . . . Bem, se ganhas-

se, a bela e atraente Sheila seria o seu pr��-

mio . . .

��� Como vai? ��� perguntou, parando

ao lado da mulher. ��� N��o teve mais pro-

blemas com a porta?

Ela levantou a cabe��a, encarando-o com

olhar s��rio. Logo. pareceu reconhec��-lo e

um sorriso estampou-se em seu rosto.

��� Oh, meu vizinho de quarto! ��� disse,

com um tom de voz que a John pareceu

pura musica. ��� N��o, a porta n��o me deu

mais problemas.

��� �� uma pena.

��� Uma pena?!

��� Sim, porque assim n��o tive mais

motivos para ajud��-la. ���, Disse ele, en-

carando-a, com um sorriso.

N��o seja por isso ��� disse ela, enca-

rando-o com seus olhos brilhantes. ��� Se

quer me aiudar em alguma coisa, ajude-

me a escolher o prato para o jantar.

John sorriu levemente, enquanto em sua

mente um pensamento malicioso se forma-





58


va, antevendo as possibilidades de uma

aproxima����o. Sentou-se em frente de Shei-

la, contemplando o card��pio que ela lhe





passou.


��� Foi uma sorte encontr��-la ��� disse

John, com os olhos passeando pelo card��-

pio. ��� Se h�� uma coisa que n��o gosto

em viagens de neg��cios, �� ter de comer so-





zinho.


��� Eu tamb��m n��o ��� disse ela, sorrin-

do, c��mplice. ��� Se pudesse, recusaria to-

dos os convites de viagem, s�� para n��o ter

de ficar em hot��is, sozinha.

��� Voc�� viaja muito? ��� perguntou

John, sem desviar o olhar dos nomes dos

pratos, enquanto em sua mente se digla-

diava numa d��vida entre um carneiro as-

sado e um peixe que o maitre recomendava

mas n��o explicava.

��� Sim, no meu trabalho tenho constan-

temente de ir de um lugar para outro ���

respondeu a mulher, pegando um cigarro

que John apressou-se em acender.!

Ela tragou lentamente, agradeceu com

um r��pido movimento de cabe��a e conti-

nuou:

��� ��s vezes vou a um lugar para passar

um ou dois dias, ou mesmo s�� algumas





horas.


��� Voc�� trabalha com o qu��? Desculpe





perguntar..


���59

��� Sou modelo fotogr��fico ��� disse ela,

encarando-o por tr��s da t��nue nuvem de

fuma��a do seu cigarro. ��� Vim aqui para

fazer fotos de uma campanha de produ-

tos de beleza.

��� Modelo ��� repetiu John, encarando-a

com mais aten����o. ��� Eu j�� imaginava...

��� Por qu��? ��� perguntou ela, com uma

curiosidade divertida.

��� Bonita como ��, seria um desperd��cio

n��o aproveitar este rosto ��� disse ele.

A mulher sorriu, abaixando os olhos

numa express��o em que se misturava um

constrangimento de falsa mod��stia e a vai-

dade' de quem se sabe atraente e n��o se

cansa de ouvir elogios.

��� E voc��? ��� perguntou ela, encaran-

do-a ��� o que faz em Nova Jersey?

��� Vim aqui para fechar um neg��cio ���

disse John, decidindo-se pelo carneiro e

afastando o card��pio. __ Pensei em ter que

ficar uma semana ou mais, mas tudo cor-

reu t��o bem que talvez eu possa voltar

para Chicago amanh�� mesmo.

��� Que pena. .. ��� disse ela em voz

baixa.

��� Pena? ��� repetiu John, com um bri-

lho de interesse nos olhos e sentindo-se

elogiado.

60���

��� Bem. quer d i z e r . . . n��o vai poder

aproveitar a cidade ��� disse ela, rapida-

mente, como se procurasse corrigir a im-

press��o de interesse.

Mas, a flecha j�� acertara o alvo, e John

Martin agora se sentia agradavelmente fe-

liz . N��o havia d��vidas de que causara certa

impress��o naquela bela mulher, e confor-

me encaminhasse a conversa, poderia ter

uma noite mais agrad��vel do que imagi-

nara.

Pouco depois o maitre trouxe o vinho

branco que Martin escolheu corpo aperiti-

vo. Quando o jantar foi servido, "os dois

j�� conversavam como velhos amigos, tro-

cando sorrisos e abrindo caminho para um

conhecimento mais profundo.

��� Para quem pensava em comer sozi-

nha alguma coisa e voltar para o quar-

to ��� disse Sheila, com a ta��a de vinho na

m��o ��� tenho de reconhecer que sua com-

panhia foi uma agrad��vel surpresa,

John sorriu, levando a m��o um pouco

�� frente sobre a mesa e pousando a sobre

a m��o da mulher. Ela, que tinha a tara

nos l��bios, parou por um momento o mo-

vimento de virar o vinho, mas n��o retirou

a m��o.

Quando tornou a pousar a ta��a na me-

sa colocou sua m��o sobre a do homem.

John a encarou, com um sorriso silen-

���61

cioso, e no olhar da mulher brilhou um

mundo de promessas que valiam muito





mais do que qualquer palavra.


Pouco depois do jantar, no meio da pe-

numbra luxuosa do bar, John ainda man-

tinha a m��o da mulher entre as suas. N��o

precisou insistir mais que duas vezes para

que ela mudasse seus planos de se recolher

ao quarto logo ap��s o jantar, e em vez

disso, o acompanhasse ao pequeno e dicreto





bar do hotel.


Agora, sentados numa mesa pr��xima

�� pequena pista de dan��as, os dois ouviam

o som agrad��vel que o pequeno conjunto

tocava. Havia v��rias mesas ocupadas, mas

a pista de dan��a tinha somente tr��s casais

dan��ando. A m��sica calma envolvia-os deli-

ciosamente naquela a t m o s f e r a de luxo e

discri����o, onde gar��ons silenciosos desliza-

vam como sombras por entre as mesas.

��� Quer dan��ar? ��� perguntou Martin,

inebriando-se com a proximidade do rosto

de Sheila, enquanto lhe falava.

��� Mais tarde ��� disse ela

Para responder em voz baixa, ela enca-

rou o homem ao seu lado. A proximidade

de seu rosto deu a John a impress��o que,

com um leve movimento, seus l��bios ro��a-

riam a convidativa boca de Sheila. Mas,

conteve-se. perguntando-se se ag��entaria

aquela tenta����o por muito tempo.

62���

No jantar, uma garrafa de vinho tin-

to acompanhara o carneiro, depois do bran-

co que tomara como aperitivo. Agora, en-

quanto se deixava embalar pela suave m��-

sica que dominava o ambiente, John sorvia

lentamente alguns goles do u��sque que o

gar��om lhe trouxera.

Pensou em dosar a bebida, mas n��o via

motivos para se privar de mais aquele pe-

queno prazer, num dia que s�� lhe trouxera





alegrias e boas surpresas.


De repente, quando estavam sentados

h�� algum tempo, a mulher afastou-se um

pouco de John, encarando o.

��� Vamos dan��ar ��� disse, com os olhos

brilhando num convite irrecus��vel.

A m��sica agrad��vel pareceu a John ain-

da mais envolvente, quando puxou o corpo

de Sheila para junto do seu, movendo-se

ao lento compasso do blue que o conjunto

executava. O contato da m��o feminina pre-

sa �� sua era uma car��cia; a proximidade

da pele fresca e perfumada de seu rosto,

encostado ao seu, deixava-o sem saber se

aquela sensa����o de enlevamento e sonho

era fruto do ��lcool que ingerira ou se es-

tava ��brio de desejo pelo corpo perfeito que

movia-se agora colado ao seu, atrav��s da

pequena pista de dan��a.

Sua m��o sentia a curvatura perfeita da

cintura da mulher, apoiando-se levemente

���63

em seus quadris largos, enquanto sentia em

seu corpo o contato enlouquecedor daquele

ventre liso e rijo.

��� Tenho de agradecer ��quela fechadu-

ra ��� disse John, colando os l��bios na

orelha de Sheila. ��� Se n��o fosse por ela,

n��o teria conhecido voc��.

A mulher afastou o rosto para poder

encar��-lo. Sorriu, e a John aquele sorriso

pareceu uma tenta����o mais forte do que

podia ou queria resistir. Rapidamente, ven-

ceu os poucos cent��metros que separavam

seu rosto do dela, deixando que sua boca

seguisse o caminho natural que o instinto

indicava e que seu corpo exigia.

Ela permaneceu impass��vel, enquanto os

l��bios do homem colavam-se aos seus. Logo,

quando John apertou mais o seu corpo e

beijou-a com for��a, as m��os de Sheila cris-

param-se em seu pesco��o, acariciando-o e

respondendo ao beijo com sofreguid��o.

��� Sheila... ��� murmurou John, quan-

do seus l��bios se separaram por segundos.

Mas, n��o pode dizer nada, pois logo

a l��ngua ardente da mulher molhava-lhe

os l��bios numa car��cia alucinante, que fez

com que todo o seu corpo se crispasse num

desejo violento e arrebatador.

64���

��� J o h n . . . ��� murmurou ela, desvian-

do o rosto ao final de um beijo, e fazendo

com que ele afundasse o rosto em seu pes-

co��o.

��� S i m . . . ? ��� perguntou, num murm��-

rio, sem saber direito o que estava falan-

do, j�� que todo o seu pensamento estava

concentrado naquele corpo junto ao seu.

��� John, aqui n��o ��� disse ela.

Foi como um jato de ��guia fria em sua

cabe��a. John afastou imediatamente o cor-

po, percebendo de repente o rid��culo da si-

tua����o. Portava-se como um colegial. Afi-

nal, era um homem de trinta e cinco anos,

experiente. N��o sabia como se deixara levar

��quele ponto pela paix��o e o desejo. De um

ou outro modo, estava na pista de dan-

��a.

��� Vamos sentar ��� disse ele, embara-

��ado.

Viu o sorriso am��vel e compreens��vel

da mulher, e ele mesmo sorriu, mais des-

contra��do. Gostou ainda mais de Sheila

pela sua tranq��ila naturalidade.

��� Sei que estamos no bar, dan��ando...

��� disse ele, sentando-se, depois que ela

se sentou. ��� Mas, n��o sei o que h��. ��

voc��, sim �� voc�� que me deixa completa-





mente louco.


���65

��� Obrigada ��� disse ela, com um sorri-

so am��vel, enquanto passava os dedos em

seu rosto, numa car��cia que reacendeu o

desejo, brevemente apagado pela surpresa,

em John.

��� N��o sei o que h�� comigo ��� disse

John, com o rosto muito pr��ximo ao dela,

encarando aqueles olhos brilhantes e con-

vidativos, que o atra��am como o olhar de

um hipnotizador, ��� Estou me comportan-

do como uma c r i a n �� a . . .

��� Gosto de crian��as ��� disse ela, sor-

rindo e fazendo-o calar-se com um beijo

na boca.

Agora. John tinha a definitiva certeza

de que n��o era a bebida que o deixara na-

quele estado de semi-embriaguez. N��o, fo-

ra Sheila, seu corpo maravilhoso, seus bei-

jos que eram um convite irresist��vel, o con-

tato de seu corpo quente e voluptuoso en-

quanto dan��avam; tudo aquilo o embriaga-

va, e agora ele tinha certeza de que iria at��

o fim, de qualquer maneira.

��� Vamos sair daqui? ��� perguntou ele,

sem deixar de encar��-la.

Ela sorriu levemente, concordando com

a cabe��a. Depois de chamar o gar��om e

deixar uma nota sobre a mesa, John saiu

de m��os dadas coro Sheila. A luz do hall

6 6 -

do hotel contrastava com a penumbra do

bar, e eles demoraram um pouco a se acos-





tumarem.


Sem trocar uma palavra, os dois cami-

nharam at�� os elevadores. Havia uma acor-

do t��cito, sem necessidade de palavras ou

convites. Cada um sabia qual seria o f m

natural daquele encontro, sem que pre-

cisassem entrar em detalhes. Assim, quan-

do desceram no quinto andar e Sheila di-

rigiu-se diretamente �� porta de seu quarto,





John a acompanhou.


��� Deixe-me abrir a porta ��� disse John,

se adiantando e pegando a chave que a mu-

lher tinha na m��o. ��� Voc�� pode precisar





de ajuda.


Sorrindo levemente, Sheila recuou um

pouco. Assim que abriu a porta foi a vez

de John se afastar para deix��-la entrar.

Permaneceu parado, sob o umbral, enquan-

to a mulher entrava. Sheila caminhou al-

guns passos no interior do quarto, deixou

a bolsa sobre a pequena mesa de cabeceira





e se virou.


John Martin continuava parado, olhan-

do fixo em sua dire����o. Em seus olhos o

desejo aparecia como um cartaz luminoso,





brilhando firme e intensamente.


Lentamente, sem dizer nada, ela deu

���67



dois passos na dire����o dele e abriu os bra-

��os. John, rapidamente, entrou e abra��ou-

a com for��a. Seus l��bios se colaram num

longo e apaixonado beijo, enquanto seus

corpos aproximaram-se, procurando o con-





tato que ambos desejavam.


��� A p o r t a . . . ��� murmurou a mulher,

sem separar inteiramente os l��bios.

Com um movimento com o p��, John

chutou com. for��a a porta, que foi bater

contra o batente, se fechando. Toda a sua

aten����o- estava concentrada naquele cor-

po junto ao seu, nos l��bios que sentia

em sua boca, nas descobertas que o ma-

ravilhavam a cada instante em que sua

l��ngua se movia; na receptividade que o





encorajava.


Suas m��os, que apertavam �� cintura

sinuosa da mulher, come��aram lentamen-

te a descer, tateando as formas arredon-

dadas das n��degas salientes e fortes, onde

a press��o de seus dedos provocavam uma

sensa����o de prazer.

Suas m��os continuaram a descer, ex-

plorando as coxas torneadas com perfei-

����o, adivinhando-lhe a quentura da carne

por baixo do tecido do vestido de malha,

logo, a f��mbria do vestido apareceu em seus

dedos, que fizeram o caminho de volta len-

tamente, levantando-o enquanto acaricia-



va com sofreguid��o a pele lisa e macia das





pernas de Sheila.


��� J o h n . . . ��� murmurou ela, mordendo

os l��bios e fechando os olhos, enquanto ele

beijava-lhe o pesco��o e passeava a l��ngua

pr��ximo �� sua nuca, provocando-lhe um

arrepio sensual, que a fazia se crispar.

Mas, John n��o ouvia absolutamente na-

da al��m do pulsar acelerado de sua pr��pria

respira����o. O bater ritmado de seu cora����o

aumentava rapidamente de intensidade, en-

quanto o desejo espalhava-se do centro de

seu corpo, tomando conta de todos os seus

membros, de sua vontade e de seu pensa-





mento.


Suas m��os haviam atingido novamente

as n��degas da mulher, agora por sob a

malha de vestido. A diminuta calcinha de

n��ilon n��o ofereceu resist��ncia aos dedos

experientes que exploravam o caminho do





prazer.


��� E s p e r e . . . ��� disse Sheila, com a res-

pira����o ofegante, enquanto segurava os pu-

nhos de John, tentando afastar a m��o que

encontrara o centro de seu corpo.

John largou-a, voltando em seguida a

abra��ar-lhe a cintura. Com as m��os livres,

Sheila desabotoou o fecho do vestido, des-

O movimento de levar as m��os ��s costas

fazia com que seus seios se projetassem

mais para a frente, aumentando a press��o

agrad��vel contra o peito de John, e fazen-

do-o levar as duas m��os a eles, num gesto

instintivo.

Sorrindo da angustia que o dominava,

Sheila fez. com que as al��as do vestido des-

lizassem pelos ombros, deixando os nus.

John afastou se levemente, deixando que o

vestido deslizasse pelo corpo feminino, e

ajudando-a a livrar-se da roupa.

Afastou-se ligeiramente, inebriado pelo

espet��culo que aquele corpo oferecia a seus

olhos. A pele branca e lisa de seus seios

continuava num desenho maravilhoso, es-

treitando-se em dire����o �� cintura nua, on-

de a pequena pe��a de n��ilon, negra se

apoiava, formando um tri��ngulo que era

o ��nico obst��culo a separar aquele corpo

da nudez total.

Tonto de desejo, com os olhos injeta-

dos e sentindo como que uma n��voa a

encobri los, John tentou livr��-la da calci-

nha, num movimento brusco.

��� Calma, John ��� pediu ela, enquanto

se livrava das m��os deles, com um sorriso,

e afastava o corpo em dire����o �� cama.

Meio confuso pela s��bita perda do pra-

zer em suas m��os, John demorou a enten-

70���



der o que acontecia. Sorrindo, Sheila atra-

vessou o quarto em dire����o ao banheiro,

deixando-o ali parado sobre o tapete, com o

olhar transtornado e as m��os vazias ainda

apalpando os seios imagin��rios no ar.

��� Eu volto j�� disse ela, antes de fechar

a porta do banheiro. ��� Fique �� vontade.

O ru��do da porta se fechando pareceu

tirar John de seu devaneio. Mas, nada era

bastante para tirar aquele desejo desen-

freado de seu corpo, agora.

��� S h e i l a . . . ��� murmurou sozinho, en-

quanto livrava-se do palet�� e da camisa,

com gestos bruscos, jogando as roupas ho

ch��o de qualquer maneira, e olhando para

a porta fechada como se enxergasse atrav��s





da madeira.


Tirou os sapatos sem se sentar, chutan-

do um p�� para cada lado. Em poucos se-

gundos, estava inteiramente nu, no meio do

quarto. O desejo martelava lhe as t��mpo-

ras num bater compassado e forte. Ouviu

o ru��do do chuveiro do outro lado da porta

e um sorriso amplo apareceu em seu ros-





to.


Cruzou rapidamente o quarto, empu-

nhando a ma��aneta.. Virou-a devagar, sor-

rindo ao ver que n��o estava trancada. Em-

purrou a porta, sentindo aumentar o ru��do

do chuveiro. Por tr��s da porta envidra��ada

do box, via o corpo maravilhoso e desejado

sob um forte jato de ��gua. Os bra��os da

mulher se movimentavam, fazendo com que

a sombra de seus seios se movesse de forma

irresist��vel.

Tudo se passou r��pido sem que John

pensasse em mais nada, al��m do corpo de-

sejado e que estava ao seu alcance.

John! ��� exclamou Sheila, entre sur-

presa e divertida. ��� Espere um p o u c o . . .

Assustou-se com a repentina entrada de

John no box, levando os bra��os diante dos

seios, num gesto instintivo de defesa e pu-

dor. Logo, abriu os bra��os num sorriso di-

vertido, apreciando o desejo incontrolado





do homem.


Sentiu como o corpo nu se colava ao

seu, como as m��os de John percorriam

seu corpo, seus l��bios se uniam aos seus,

por sob a ��gua que continuava a correr,

dando um gosto ainda mais excitante ��s

car��cias.

John sentia o contato das coxas nuas

em seus corpo, a dor f��sica que o prazer

lhe proporcionava, a total embriaguez a

que se entregava. Lentamente, os corpos

unidos foram descendo at�� o ch��o molhado.

No meio da ��gua, com o ru��do constante

7 2 -



do chuveiro batendo em seus corpos, John

mergulhou num mundo de prazer aluci-

nante, quando finalmente seus corpos uni-

ram-se at�� viraram um s��.

N u m determinado momento, a respira-

����o ofegante e os gemidos de prazer chega-

ram a abafar o ru��do da ��gua, diminuin-

do de intensidade at�� que somente a ��gua

quebrasse o sil��ncio sobre os corpos cansa-





dos e satisfeitos.


Capitulo 5


O sil��ncio tenso s�� era quebrado de vez

em quando pelo ru��do de ferros caindo

sobre o bandeja de instrumentos usados,

quando o cirurgi��o os trocava.

N��o se ouvia nenhuma voz, mas as

respira����es entrecortadas pelo nervosismo

pareciam abafar o ritmado resfolegar do

respirador artificial.

Sobre a mesa de cirurgia, o ferido man-

tinha se im��vel, enquanto dois m��dicos tra-

balhavam rapidamente em seu corpo. As

m��scaras brancas, as luzes fortes, o am-

biente ass��ptico e repleto de aparei os e

instrumentos davam �� sala a estranha, im-

press��o de uma nave planet��ria.

A um canto da sala, coberta com ma

m��scara e um gorro que lhe protegia os

cabelos, Janis Hopkins apertava nervosa-

mente as m��os. Olhava para o rosto semi-

coberto pelo local do respirador, tentando

74���

enxergar a express��o do paciente e imagi-

nando-o em outra situa����o, s��o e salvo, fora

daquele ambiente.

Janis sentira um estranho pressenti-

mento ao ouvir seu nome no alto-falante de

emerg��ncia. Sa��ra do quarto correndo pen-

sando que a lembran��a de John n��o ter-

minaria naquele quarto e que logo torna-

ria a v��-lo.

Realmente, isto acontecera. T��o logo vi-

ra a maca que era empurrada p��ra a sala

de emerg��ncia, percebeu que o ferido era

John. Sentiu isto antes mesmo de v��-lo,

e agora que comprovara o fato, n��o sabia

explicar como isto acontecera.

O que importava, e o que a atemorizava,

era que John estava sobre a mesa de cirur-

gia, enquanto os m��dicos faziam esfor��os

desesperados para salvar-lhe a vida.

Por mais que se esfor��asse. Janis Hop-

kins n��o conseguia pensar direito nem aju-

dar em nada. Sentia uma vontade louca

de fazer alguma coisa qualquer coisa que

pudesse ajud��-lo, mas tudo o que conseguia

era ficar enrolada a um canto da sala,

torcendo as m��os e olhando fixamente pa-

ra o homem entre a vida e morte.

Quando a cirurgia terminou, olhou es-

peran��osa para o rosto do m��dico que ti-





75




rava a m��scara. O olhar de d��vida que viu

em seu rosto indicou que nem mesmo o

cirurgi��o sabia se a opera����o fora ou n��o

um sucesso.

Quando John foi transferido para a ca-

ma, ela fez quest��o de acompanh��-lo em

sil��ncio atrav��s dos corredores. Ajudou a

coloc��-lo na cama e permaneceu no quarto

ap��s a sa��da da maca. .

��� Pode deixar, enfermeira ��� disse ela,

ao perceber a interroga����o no rosto da au-

xiliar. ��� Eu ainda vou permanecer um

pouco aqui no quarto com a paciente. Qual-

quer coisa que for preciso, eu mesmo fa-

��O.

��� Sim, Janis ��� concordou a outra, sem

entender o s��bito interesse. ��� Se voc�� qui-

ser descansar, eu estarei na sala do plan-

t��o.

��� Pode deixar ��� disse ela, esfor��ando-

se por falar em tom normal e disfar��ando

a ang��stia que dominava.

Quando a outra saiu, Janis fechou len-

tamente a porta. Sentou-se ao lado da ca-

beceira do homem, contemplando demora-

damente seu rosto.

Era estranho, realmente inusitado e sem



explica����es, o modo como as coisas aconte-

ciam. Dava realmente o que pensar. Depois

de v��rios anos sem ver John, embora pen-

sasse nele de vez em quando, principalmen-

te quando tinha algum problema, ou quan-

do se sentia s�� e vazia, depois de tanto

tempo, encontr��-lo ali, em seu local de tra-

balho, e naquele estado, era-lhe por demais

ingrato.

Lembrou-se do policial que a procura-

ra naquela manh��, e seu medo transfor-

mou-se em pavor. E se a pol��cia descobris-

se que John estava ali? N��o poderiam re-

mov��-lo naquele estado, claro que n��o. Mas,

de qualquer maneira, Janis queria poder

falar com John, ouvir de sua boca uma ex-

plica����o para tudo aquilo, antes que a pol��-

cia o pegasse.

Ele poderia precisar de ainda. devia ha-

ver alguma coisa que ela pudesse fazer. Mas,

s�� quando ele se recuperasse o suficiente

para falar, ela poderia saber. Isso se ele

se recuperasse.

E pensando naquele "se", Janis sentiu

um calafrio percorrer-lhe o corpo. S�� ago-

ra, naquele exato momento, vendo o corpo

im��vel de John, onde a vida amea��ava fugir

de um momento para outro, ela compre-

endeu o sentimento que a dominava desde

aquela manh��..

���77





U m


Uma estranha e inexplicada ang��stia

a dominara desde o momento em que ou-

vira o nome de John Martin na boca daque-





le policial.


Agora sentia como se tudo aquilo que

acontecera a John, e ela n��o sabia o que

fora, fosse um pouco de culpa sua. Sim,

por mais absurdo que parecesse, n��o dei-

xava de ser culpada sobre qualquer coisa er-





rada que acontecesse com ele.


Afinal, pela vontade dele, hoje estaria

ao lado dela, vivendo como seu marido h��

pelo menos cinco anos. Pelo menos fora isso

o que ele lhe propusera claramente, em

Chicago, da ��ltima vez que se encontra-





ram.


Pensando em tudo isso, Janis sentia um

aperto no peito, um n�� na garganta que

tornava ainda mais dif��cil suportar a vis��o

de John moribundo ao seu lado.

E ela poderia ter aceitado a proposta.

Sabia que j�� naquela ��poca o amava, isto

n��o havia d��vida. Ent��o por que n��o acei-

tara? Por que fugira daquela maneira, dei-

xando um simples bilhete?

Agora, n��o sabia explicar. Ou melhor,

sabia perfeitamente, conhecia os motivos

que a levaram a agir daquela maneira. S��

que o que parecia muito importante h��

78���

cinco anos, hoje a pr��pria realidade j�� se

encarregara de provar n��o s��-lo.

Sentada na cadeira ao lado da cama,

com o olhar fixo no rosto exang��e, Janis

fechou lentamente os olhos, deixando que

aquele rosto p��lido se transformasse no

belo e amado rosto de John Martin de

cinco anos a t r �� s . . .

* * *

O encontro dos dois fora casual. Na

ocasi��o, falaram em destino e divertiram-

se com isso. Depois de cinco anos sem se

encontrarem, desde aquela noite na pens��o

em Tucson, esbarravam-se por acaso no cen-





tro de Chicago.


Para ela foi uma alegria reencontrar

o homem que a ajudara desinteressadamen-

te num momento dif��cil. E ficou contente

ao ver que o encontro dava prazer a





John.


Jantaram juntos e conversaram muito,

divertindo se ao saber que os dois moravam

na mesma cidade h�� dois anos e nunca ha-

viam se cruzado at�� ent��o.

��� Vim para c�� h�� dois anos __ disse

Janis. constrangida pelo olhar fixo que

John lhe dirigia, mas ao mesmo tempo,

- 7 9

o interesse que tinha por ela.

��� Trabalho num grande hospital e fiz um

curso de p��s-gradua����o na universidade.

��� Fico contendo em ver que voc�� con-

seguiu passar por cima de todos os seus

problemas e vencer.

��� Gra��as �� sua ajuda ��� disse ela.

N��o, gra��as a voc��, ao seu esfor��o.

��quele encontro seguiram-se v��rios ou-

tros, e a cada nova conversa os dois mais

se conheciam e mais se gostavam. John

estava claramente apaixonado e n��o fazia

quest��o de esconder isso. Janis, por outro

lado, esfor��ava-se por esconder de si mesmo

os sentimentos que a dominavam mais e

mais a cada novo encontro.

Tinha todo um futuro organizado, v��-

rios planos que tra��ara para sua vida, e

um casamento n��o estava nesses projetos.

Terminara o curso em Chicago e j�� tinha

um excelente convite para um hospital de

Nova Jersey. Com seus diplomas e a ex-

peri��ncia que adquirira, dentro de poucos

anos seria enfermeira-chefe do hospital,

com um sal��rio que representaria sua in-

depend��ncia e sua realiza����o profissional.

Casar-se com John significaria recusar

o convite j�� aceito para o Hospital de Nova

80���



Jersey, continuar em Chicago e dar adeus

para ps seus planos de v��os mais altos den-

tro da profiss��o.

Por outro lado, havia John. N��o havia

d��vidas de que o amava, por mais que qui-

sesse relegar isto como um detalhe, sabia

que o amava e que seria dif��cil viver longe

dele. Mas, a necessidade compulsiva que

sentia de realizar a pr��pria independ��ncia,

de afirmar-se profissional e financeiramen-

te, lutava em seu ��ntimo com esse senti-





mento.


* * *

Um ru��do na porta fez com que Janis

abrisse os olhos, assustada, abandonando

as amargas lembran��as do passado e vol-

tando rapidamente para a realidade do

quarto frio do hospital, onde John con-

tinuava entre a vida e a morte.

Levantou-se, olhando sem prestar aten-

����o para os indicadores presos na cabeceira

da cama e disfar��ando seu estado emocio-





nal.


��� Ah, voc�� est�� a q u i . . . !

Assim que ouviu a voz, Janis virou-se,

sentindo uma desagrad��vel sensa����o de pe-

rigo.Brian Hart era mestre em chegar nos

lugares onde n��o era desejado, e sempre





nos piores momentos.


Fechou a porta ��s suas costas, cami-

nhado para a beira da cama. Consultou a

papeleta que tinha nas m��os, olhando em

seguida longamente para o rosto do pacien-





te.


��� Este �� o tal sujeito que chegou na

ambul��ncia h�� pouco? ��� perguntou, olhan-

do para o rosto de Martin.

��� Sim ��� disse ela, apertando os de-

dos com for��a e sentindo a ang��stia au-





mentar.


��� N��o h�� nenhum nome aqui ��� obser-

vou o m��dico, voltando a consultar a pape-

leta. ��� Ele n��o trouxe qualquer identifica-

����o?

��� N��o ��� ela respondeu rapidamente.

��� Pelo que os enfermeiros da ambul��ncia

informaram, recolheram-no na rua, ap��s





um chamado.


��� Mas, n��o h�� nada que o identifique?

Nenhum documento, nenhum parente?

��� N��o ��� disse Janis, nervosa ��� Es-

tamos esperando que ele melhore e possa





nos dizer qualquer coisa.


��� se ele m e l h o r a r . . . ��� comentou, dan-

do alguns riscos no papel �� sua frente.

82���

��� Ele vai melhorar ��� disse ela com

convic����o, sem pensar no que dizia. ��� Ele





vai ficar bom.


Lentamente, o homem levantou o olhar

da papeleta, encarando a com curiosidade.

Depois de alguns segundos, perguntou, com

ar intrigado:

��� Ainda que mal p e r g u n t e . . . ��� disse,

com voz sutil. ��� Como voc�� pode ter tanta

certeza disso?

��� Bem, quer d i z e r . . . ��� come��ou Ja-

nis, confusa por ser pega de surpresa ���

eu quero dizer que espero que ele melho-





re.


��� Voc�� o conhece? ��� perguntou o m��-

dico, de repente.

��� N �� o . . . n �� o . ��� Disse Janis, tentan-

do dar o maior tom de convic����o �� voz,

mas insegura quanto ao sucesso de sua in-

ten����o.

��� Por que o interesse?

��� Ora, eu me interesso por todos os

pacientes ��� disse, j�� irritada com a insis-

t��ncia. ��� Ou voc�� queria que eu desejasse





o pior para ele.


Brian n��o respondeu. Limitou-se a olhar

detidamente para a enfermeira, at�� que es-

���83

ta, nervosa, abaixou o olhar e procurou

disfar��ar. Logo, ele olhou para o paciente

e terminou por dar de ombros, como se de

repente descobrisse que nada daquilo lhe

interessava, e que estava perdendo tempo

�� toa.

Rabiscou mais algumas informa����es na

papeleta e finalmente a colocou na pran-

cheta, aos p��s da cama. Em seguida, depois

de pousar longamente os olhos em Janis,

virou-se para a porta.

��� Bem, tenho de continuar meu servi��o

��� disse, abrindo a porta. ��� At�� logo, Ja-





nis.


Janis murmurou uma despedida, sen-

tindo-se aliviada pela sa��da de Brian Hart.

O diretor-administrativo era o tipo do sujei-

to capaz de se lembrar do retrato que vira

por alguns segundos, e identificar John

Martin, apesar do seu rosto bastante dife-





rente no momento.


Ja ia novamente se sentar �� cabeceira

do ferido, quando a porta foi aberta.

Brian Hart, ainda no corredor, enfiou

o rosto para dentro do quarto e pergun-

tou;

��� Este sujeito n��o pode ser o tal ferido

�� bala que a pol��cia est�� procurando?

84���



Janis ficou muda, com o terror estam-

pado nos olhos, e sentindo-se paralisada.

��� O que voc�� acha? ��� perguntou o

m��dico, encarando a enfermeira.

��� B e m . . . n��o sei ��� disse Janis, an-

gustiada. ��� Eu n��o prestei aten����o na





foto.


Mas, voc�� a guardou, n��o?

��� Claro, est�� em meu quarto ��� disse,

rapidamente, enquanto tateava a foto den-

tro do pr��prio bolso. ��� Logo mais eu vou

peg��-la para conferir.

��� Isso mesmo ��� disse Brian, parecen-

do j�� desinteressado pelo assunto. ��� Se

for o tal sujeito, avise-me, para que eu

possa chamar a pol��cia.

��� Claro, c l a r o . . . ��� disse ela, sentindo

que mais um pouco e sua voz se recusaria





a sair.


A porta tornou a se fechar e Janis des-

pencou na cadeira, sentindo as pernas fra-

cas e incapazes de ag��ent��-la.

Era s�� o que faltava. Ser obrigada a

denunciar John Martin por causa do idiota

do Brian. Como detestava aquele sujeito.

Tinha-lhe um ��dio mal disfar��ado, �� ele

parecia sentir prazer em ati��ar este senti-





mento.


De uma maneira geral, Brian Hart era

detestado" por quase todos no hospital. Em

particular pelas mulheres, que ele nunca

deixava de perseguir com propostas entre-

meadas de amea��as.

Com Janis seu relacionamento tornara-

se tenso desde o dia em que, aproveitan-

do-se de um plant��o noturno,, tentara agar-

r��-la �� for��a. A rea����o en��rgica n��o s��

o desencorajara para novas investidas, co-

mo deixara-lhe uma marca bastante vis��vel





no rosto.


A partir deste dia, Brian n��o mais a im-

portunara. Mas, Janis sabia que assim que

ele tivesse uma oportunidade, n��o hesitaria

em prejudic��-la.

��� E agora esta oportunidade pode se

concretizar... ��� disse em voz alta, pen-

sando em John, que continuava im��vel ao





seu lado.


Tornou-se a sentar-se, sentindo que os

olhos estavam ��midos, enquanto o contem-

plava. Esqueceu-se rapidamente de Brian

Hart e da amea��a que ele representava

para John Martin. Voltou a recordar sua

estada em Chicago, cinco anos antes.

Seus dedos percorreram leve e suave-

mente os cabelos desalinhados de John. to-

mando cuidado para n��o incomod��-lo. Uma

8 6 -

imagem semelhante voltou �� sua mente e

Janis entregou-se por completo ��s lembran-

��as

Em Chicago, sua d��vida era cada vez

maior. Amava John Martin e j�� n��o podia

esconder isso de si pr��pria. Mas, a decis��o

de continuar seu caminho era firme e ina-

bal��vel. Por mais que desejasse viver ao

lado do homem que amava, sentia que n��o

conseguiria abrir m��o de seus planos.

E essa divis��o a torturava. Cada mo-

mento junto de John era uma altern��ncia

de prazer e ang��stia. Um momento feliz

era uma dor a mais, ao pensar na separa-

����o inevit��vel. E como n��o tinha coragem

de contar-lhe o que pensava, como n��o

conseguia imaginar a possibilidade de em-

ba��ar a felicidade que via todos os dias

estampada no rosto de John simplesmen-

te guardava para si o problema.

��� John, preciso conversar seriamente

com voc�� ��� disse, finalmente, quando n��o

foi mais poss��vel prolongar o problema.

��� ��timo ��� falou ele, alegre, ao telefo-

ne. ��� Vamos nos encontrar �� noite.

��� Eu passo em sua casa ��� disse Ja-

nis. ��� ��s nove horas da noite est�� bom?

���87

��� Est�� ��timo ��� respondeu John, ra-

diante. ��� Eu tamb��m preciso conversar

com voc�� longamente.

Quando desligou o telefone, Janis sabia

que ia ser um momento dif��cil. Amava

John e n��o queria mago��-lo. Mas, adiara

at�� onde fora poss��vel o momento de dis-

cutir aquele assunto, e agora n��o podia

mais engan��-lo quanto a seus planos. Na

manh�� seguinte devia voar para Nova Jer-

sey, onde assumiria o posto no novo em-





prego.


Seria um choque para ele, que por mais

de uma vez j�� falara em casamento, e cer-





tamente esperava que ela aceitasse.


A falta de coragem de Janis p a r a contar

a John todos os seus planos n��o vinha s��

do medo de mago��-lo ou faz��-lo infeliz.

Ela sabia que tamb��m n��o seria f��cil aban-

don��-lo, e caso ele insistisse, era prov��vel

que ela pr��pria acabasse por perder a cora-

gem e a determina����o que reunira com

tanto sacrif��cio, e terminasse cedendo a

seus argumentos e aos seus pr��prios sen-





timentos.


Mas o que tinha de ser feito, tinha de

ser feito, e ��s nove horas da noite uma

Janis Hopkins tensa e abatida bateu na





porta de John Martin.


Pensou que a melhor maneira era falar-





88


lhe de um vez, dizer tudo junto, num atro-

pelo, evitando o medo e a angustia de sen-

tir-se dona de um segredo que tinha de ser





compartilhado.


Mas, n��o houve nada disso. Foi s�� ver

a express��o de alegria no rosto dele, a eu-

foria com que John a abra��ou, levantan-

do-a no ar antes de beij��-la longamente,

para que toda a determina����o que ela reu-

nira com dificuldade se esva��sse e se dissi-

passe como uma nuvem de fuma��a ao ven-





to.


��� Janis ��� disse ele, sorrindo, enquan-

to a abra��ava. ��� Voc�� n��o sabe como

estou contente em v��-la!

��� Eu tamb��m, J o h n . . .

��� Mas estou muito, muito feliz ��� con-

tinuou ele, sempre expansivo.

Pouco depois, sentados no sof�� da sala,

John explicou o motivo de sua alegria.

Os neg��cios haviam dado um grande salto

em sua firma, sua situa����o financeira se

solidificara, o futuro parecia cada vez ser

mais promissor. E o resumo de tudo isso,

e o principal motivo de sua alegria, era

que ele pretendia que se casassem o quan-





to antes.


Quando ouviu falar em casamento, Ja-

nis arrependeu-se de n��o ter falado tudo

���89

o que tinha para dizer, t��o logo entrara.

Se j�� seria normalmente dif��cil, agora,

depois daquela declara����o, ficava simples-

mente imposs��vel.

��� M a s . . . o que h�� com voc��? ��� per-

guntou John, saindo de repente da euforia

em que estava, com uma ruga de preocupa-

����o na testa.

��� Nada, n��o �� n a d a . . . ��� disse Janis,





confusa.


��� Mas, voc�� parece preocupada. Houve

algum problema?

��� N��o, estou emocionada, s�� isso...

��� disse, tentando disfar��ar a ang��stia que





a afligia e dominava.


John continuava preocupado, olhando-

a com apreens��o.

��� Beije-me ��� disse ela, de repente.

��� Mas, v o c �� . . .

��� N��o diga mais nada ��� cortou Janis,

aproximando-se dele. no sof�� e enla��ando-

o com for��a. ��� Beije-me, John.

Meio surpreso com a rea����o dela, John

aproximou o rosto. Ainda estava indeciso

ao colar, os l��bios na boca ��mida de Janis.

Mas. ao sentir a press��o de seus l��bios,

ao perceber o movimento da l��ngua em sua

90���

boca, esqueceu-se cie tudo o mais, entre-

gando-se �� car��cia com paix��o.

Janis devia estar emocionada como dis-

sera, era s�� isso e nada mais. E o beijo

o excitava, o transformava. Amava Janis,

e t��-la daquele jeito era o que mais gostava.

O beijo prolongou-se por muito tempo,

enquanto l��grimas rolavam pelos olhos da





mulher.


��� Eu a amo, J a n i s . . . ��� murmurou





ele.


N��o p��de dizer mais nada, pois a jovem

voltou a beij��-lo com f��ria, quase violen-

tamente, enquanto acariciava seu corpo

com as m��os nervosas, fazendo com que





John se calasse.


O desejo de estarem unidos por um bei-

jo aumentou a excita����o, e logo as car��cias

cresceram de intensidade. As m��os de John

que passeavam pelas pernas femininas, leve

e suavemente, aumentaram o ritmo da ca-

r��cia. Janis beijava-o com uma f��ria como

nunca fizera antes, surpreendendo-o e ex-

citando-o ao m��ximo.

John ficou ainda mais surpreso ao ver

que. sem que falasse ou fizesse nada a

mais. Janis se levantava, sem dizer uma

palavra, pegava lhe a m��o e puxava-o sua-

vemente para o quarto. P 91

N��o refeito da surpresa, John perma-

neceu boquiaberto ao ver o comportamen-

to da jovem. Assim que chegou no quar-

to, ela parou ao lado da cama e encarou-

o longamente. Em seus olhos duas l��grimas

equilibravam-se, brilhando sob o reflexo da





luz.


��� Janis, o u �� a . . . ��� come��ou ele, sem

entender direito se o comportamento da

jovem era por causa da emo����o ou se ha-





via outro motivo.


Mas, n��o pode dizer mais nada. Em si-

l��ncio, Janis come��ou a desabotoar a blusa

que vestia, sempre com os olhos fixos no

rosto dele. Quando abriu inteiramente a

blusa, tirou-a rapidamente, jogando-a ao

p�� da cama.

A vis��o da jovem �� sua frente, com os

seios �� mostra, firmes e redondos, convi-

dando-o em sil��ncio, fez com que a mente

de John se confudisse ainda mais. Queria

conversar saber dos motivos reais daquela

atitude, mas ao mesmo tempo o desejo la-

tente que come��ava a ficar mais intenso

o levava a se entregar ao prazer que Janis-

oferecia, e seu pr��prio corpo come��ava a





exigir.


Quando, sempre sem dizer nada, ela

tirou a saia e deixou que ca��sse lentamen-

te aos seus p��s, John n��o ag��entou mais.

9 2 -

Abra��ou-a com for��a, sentindo a press��o

dos seios eretos contra seu pr��prio peito e

beijou-a com ardor e paix��o.

A s��bita mudan��a no comportamento

da jovem dera-lhe um mau pressentimen-

to. Mas, as car��cias ardentes, o contato

quente da boca contra a sua, o calor do

corpo nu colado ao seu, tudo isso foi mais

forte do que a preocupa����o.

Sem pensar mais em nada, tirou rapi-

damente suas roupas, deitando ao lado da

mulher que o esperava na cama. P 93

Cap��tulo 6

��� N��o! N��o fa��a isso!

Janis Hopkins levantou-se assustada,

olhando atentamente para o rosto tenso

do paciente, que acabara de gritar. Com

gestos r��pidos e treinados, mediu sua pres-

s��o arterial e verificou se a febre tinha





subido.


O quadro estava normal e nada indica-

va perigo. Respirou aliviada, perguntando-

se se o fato de John ter conseguido falar

pela primeira vez, desde que entrara ali,

teria um significado positivo ou negativo.

Talvez come��asse a reagir, e de qualquer

maneira o fato de gritar no meio da cons-

ci��ncia mostrava que havia condi����es de re-

cupera����o.

Aplicou-lhe rapidamente uma inje����o de

calmante e permaneceu de p�� ao lado do

doente, observando como sua express��o ten-

94���

sa ia se relaxando pouco a pouco, at�� que

o tranq��ilizante fizesse o efeito total, dando

ao rosto p��lido de John uma apar��ncia de





paz infantil.


��� Descanse, q u e r i d o . . . ��� murmurou

em voz baixa, enquanto acariciava-lhe o

rosto levemente, sentindo nos dedos a aspe-

reza da pele onde a barba come��ava a





crescer.


Estava com o pensamento longe, admi-

rando as fei����es de John, e imaginando

o momento em que ele acordaria e a encon-

traria ao seu lado. Teriam muitas coisas

a dizer, muito tempo a recuperar.

Um pigarro forte, quase nos seus om-

bros, assustou-a. Virou-se rapidamente, com

o olhar em p��nico.

��� O q u e . . . ? ��� come��ou, logo emude-

cendo ao ver a express��o ir��nica do homem





de branco que a encarava.


Brian Hart olhava, sorrindo, para a en-

fermeira, balan��ando levemente a cabe��a

como se brincasse com a situa����o.

��� Querido? ��� repetiu o homem, dan-

do um tom ir��nico e curioso �� voz. ��� Que

est��ria �� essa de chamar os pacientes de

querido?

��� Bem, e u . . . ��� come��ou Janis, logo

parando, ao verificar que n��o sabia o que

dizer. P��g 95

Ent��o, quer dizer que n��o conhece

esse sujeito, n��o �� mesmo? ��� insistiu o

m��dico. ��� N��o sabe quem �� ele, n��o sabe

que ele se chama John Martin e que �� o

sujeito procurado pela pol��cia... No mo-





mento o trata por querido.


Janis abaixou a cabe��a, amparando a

testa com a m��o e sem coragem de encarar

o m��dico.

Rapidamente, Brian caminhou at�� junto

da cama, contemplou o rosto de John e

logo o retrato que tinha nas m��os. Com

um ar de triunfo, tornou a encarar a jo-





vem.


��� Fiz bem em pedir outra foto �� pol��-

cia ��� disse ele, mostrando uma c��pia do

retrato. ��� Disse que t��nhamos perdido a

outra e eles mandaram-me prontamente

uma nova fotografia do assassino procura-





do.


Caminhou at�� a porta, fechando-a com

a chave. Quando voltou para junto de Ja-

nis, j�� n��o havia ironia em seu olhar.

��� Janis ��� disse, parando �� sua fren-

te ��� eu sei que voc�� conhece o sujeito,

e por isso o est�� protegendo. N �� o sei se

voc�� sabe o que isso representa em termos





de responsabilidade... Quero lhe avisar


que �� motivo bastante para ter problemas

com a pol��cia, al��m �� claro de ser despedida

do hospital. P��g 96

A jovem continuava im��vel, com o rosto

coberto e sem dizer uma palavra. Depois

de algum tempo em sil��ncio, o homem con-

tinuou, agora com voz mais am��vel:

��� Voc�� deve ter um motivo muito forte

para fazer isso. Mas, seja o que for, vai lhe

trazer muitas complica����es. Este homem

�� um assassino procurado, matou uma pes-





soa e fugiu.


��� N��o �� verdade! ��� afirmou a enfer-

meira, com voz firme.

��� Como voc�� pode saber?

��� Eu o conhe��o ��� disse, afastando

as m��os do rosto e encarando o m��dico.

��� Eu o conhe��o melhor do que qualquer

outra pessoa. Por isso, queria poder falar

com ele, ouvir de seus l��bios as explica-

����es para tudo isso. N��o acredito que ele





seja culpado de crime algum.


��� A pol��cia existe para isso ��� disse

o m��dico, aproximando-se mais. ��� N��o ca-

be a voc�� descobrir se ele realmente �� ou

n��o um assassino. E esconder este tipo de

informa����o da pol��cia �� crime, tamb��m.

��� M a s . . . ��� come��ou a jovem, con-

fusa. N��o sabia onde o diretor-administra-

tivo queria chegar. Normalmente ele j�� te-

ria-acabado a conversa, chamando a pol��-

cia e entregando-a �� dire����o. ��� Ningu��m

precisa saber disso. Ningu��m sabe que eu

-97

conhe��o John Martin. Se houver qualquer

problema, basta dizer que n��o o reconheci

como o homem do retrato e pronto.

��� Mas, agora eu tamb��m conhe-

��o esse segredo ��� disse ele, medindo





cartada.


��� B e m . . . ��� sentia-se constrangida a

pedir um favor ao homem que detestava.

No entanto, agora s�� Brian Hart podia aju-

dar John Martin. ��� Voc�� n��o precisa dizer

isso a ningu��m. Pe��o que espere somente

alguns dias, at�� que ele se recupere e possa





falar.


Brian olhou-a demoradamente. Deu de

ombros, fez alguns movimentos com a bo-

ca, e quando finalmente falou, foi com um

tom d��bio:

��� E . . . o que eu ganho com isso?

��� B e m . . .

��� N��o ��� cortou ele, s��rio, enquanto

pousava as m��os na cintura de Janis. ���

Pergunto o que ganho com isso, o que eu

vou receber para me arriscar por uma pes-

soa que eu n��o conhe��o.

��� N��o sei ��� disse Janis, angustiada.

��� Eu lhe ficaria muito agradecida. Voc��





poderia...


��� Agradecimento n��o me basta ��� cor-

tou Brian, com voz velada e puxando len-

tamente o corpo de Janis para junto do





seu.


98���

Ela sentiu que todos os seus m��sculos

se retesaram, que seu corpo de repente

ficava r��gido e frio como um l��mina de a��o.

��� E o que eu quero em t r o c a . . . bem

voc�� sabe perfeitamente ��� disse ele, aca-

riciando as costas de Janis com as m��os,

enquanto um sorriso c��nico aparecia em

seu rosto.





Mil pensamentos e imagens antigas


cruzaram o c��rebro de Janis numa fra����o

de segundos. Veio-lhe �� mente uma cena

antiga, de dez anos atr��s, onde havia uma

situ����o muito parecida.





Para conseguir algo muito importante


para sua vida e seu futuro, pediam-lhe

que desse favores de seu corpo em troca

do que almejava. Na ��poca, John Martin

aparecera de repente em sua vida como a

salva����o para o seu problema, e tudo se





resolvera da melhor forma.


Agora, dez anos depois, uma situa����o

parecida tornava a lhe acontecer, s�� que

desta vez John Martin n��o poderia lhe aju-

dar. Pelo contr��rio, o que lhe pediam era

justamente em troca de um favor a John.

Sentiu ��dio, asco e nojo de Brian Hart

e seu sorriso c��nico. Percebeu as car��cias

sensuais que o homem lhe fazia, subindo

e descendo as m��os por suas costas, ten-

tanto ro��ar com os dedos em seus seios, e P 99

teve vontade de agredi-lo, de unh��-lo com

f��ria no rosto, de cuspir-lhe na cara e gri-

tar-lhe tudo o que pensava de sua atitu-





de.


Mas, n��o fez nada do que pensou. Logo,

a imagem de John. Deitado e ferido, sen-

do levado pelos policiais para o hospital

penitenci��rio, ocupou o lugar de todos os





pensamentos em sua mente.


Com voz fraca, num tom que n��o ex-

pressava a firme decis��o que tomou em

segundo, disse:

��� Est�� bem, Brian ��� engoliu em seco.

��� Seja o que voc�� quiser.

��� ��timo! ��� exclamou o m��dico, sor-

ridente, enquanto a puxava contra seu pei-

to. ��� Assim �� que se fala. Parece que fi-

nalmente consegui dobrar este seu orgu-

lho, n��o?

Janis permaneceu em sil��ncio, tensa e

fria como uma est��tua de m��rmore. Sen-

tiu o contato desagrad��vel dos l��bios mor-

nos e pegajosos em sua testa, e esfor��ou-se

por conter o enj��o que aquilo lhe produzia.

Sentia como se fosse lambida por uma co-

bra, mas conteve sua repulsa.

��� Ou��a ��� disse o homem, afastando-

se um pouco, mas continuando a segurar

seus bra��os ��� esta �� minha noite de plan-

100���

t��o. Estarei no meu quarto ��s dez horas

da noite. N��o deixe de aparecer.

Fez uma pausa, afastando-se com um

sorriso em dire����o �� porta.

��� Voc�� n��o vai se arrepender ��� com-

pletou com um sorriso, antes de desapa-

recer em dire����o ao corredor.

Novamente a s��s com o paciente, no

quarto, Janis procurou a cadeira para se

apoiar. Deixou-se cair pesadamente, sen-

tindo como se o teto houvesse ca��do sobre

seus ombros, fazendo com que seu corpo

pesasse como chumbo e sentindo cada ba-

tida do cora����o ecoando em sua cabe��a.

Olhou longamente para John Martin,

que agora tinha um olhar calmo e tran-

q��ilo no rosto, e logo deu de ombros, como

se n��o houvesse nada mais a fazer.

* * *

No meio da treva do sono artificial, pro-

vocado pelo tranq��ilizante que lhe haviam

injetado, John Martin tentava adivinhar

as imagens que se formavam lenta e di-





fusamente.


Ap��s um momento agitado, quando ti-

vera a impress��o de passar para uma Ou-

tra dimens��o que n��o compreendia exa-

tamente, voltara a sentir-se mole e descan-

sado. P��g 101

A imagem de um quarto voltou �� sua

mente. Primeiro enevoado e irreconhec��vel.

Logo, aos poucos, foi descobrindo os contor-

nos do quarto do hotel, a cama larga, os

m��veis. At�� que a lembran��a do corpo

atraente de Sheila ao seu lado f��-lo voltar

a alguns dias atr��s.

Acordara na cama da mulher, quando

esta ainda dormia. Um r��pido olhar no re-

l��gio mostrou-lhe que dormira demasiado.

Levantou-se apressado, entrando no ba-

nheiro para uma ducha enquanto sorria

ao lembrar da noite anterior. Sheila era

um colosso de mulher, e ele pr��prio tentava

se sentir agora, perguntando-se se n��o se

excedera de noite, com as seguintes explo-

s��es de amor e prazer.

��� Querido, j�� levantou?

A voz de Sheila, meio rouca pela sono,

soou lhe agradavelmente aos ouvidos. Des-

ligou a ��gua, saindo do banheiro enrolado





na toalha.


��� Ol��! ��� disse, sorrindo, ao ver o belo

rosto da mulher com a pele meio amassada

pelo travesseiro, que o encarava. ��� Dormiu

bem?

��� Como um anjo ��� disse a mulher,

com voz l��nguida.

Levantou:se, enrolou o len��ol no corpo

e passou ao" seu lado rumo ao banheiro. P 102

Ouvindo o som do chuveiro, John acendeu

um cigarro. Pensou que j�� estava um pouco

atrasado para o encontro com Sheldon

mas logo iria ao seu quarto mudar de rou-

pa e poderia seguir para o centro.

��� Est�� atrasado? ��� perguntou Sheila

saindo do banho com uma toalha enrola-





da no corpo.


��� Um pouco, mas n��o h�� problema ���

garantiu John, amassando o cigarro no cin-

zeiro e levantando-se. ��� Tenho de pegar

roupas limpas em meu quarto, e depois

vou ao centro resolver um neg��cio.

��� Espere um pouco ��� pediu Sheila

levando um cigarro aos l��bios e aproxi-

mando-se dele, para que o acendesse. ���

Tamb��m tenho de sair para trabalhar. J��

pedi caf�� para n��s dois aqui no quarto

Telefonei para a copa enquanto voc�� estava





no banho.


��� Ent��o vou esperar ��� disse John, pen-

sando que seria mais agrad��vel tomar caf��

ali, mas com o olho preso nos seios re-

dondos e brilhantes de ��gua, que aparece-

ram diante dos seus olhos, quando Sheila





se abaixou.


O empregado chegou nesse instante, e

deixou as bandejas com o caf�� sobre a

pequena mesa, e os dois comeram entre

risos e conversas. John gostar�� da noite

anterior e gostou mais ainda at�� ver que

- 1 0 3

Sheila tamb��m guardara uma ��tima re-

corda����o do amor.

��� Voc�� vai embora de Nova Jersey

hoje? ��� perguntou Sheila, levantando-se

depois do caf�� para ir se vestir. "

��� Sim ��� respondeu John, come��ando

a pensar que n��o seria m�� id��ia ficar

mais um dia ao lado dela. ��� Vou ao

centro terminar um neg��cio e em seguida

pretendo partir. J�� n��o tenho mais nada





a fazer aqui.


��� �� uma pena ��� disse ela, virando-se





para ele e sorrindo.


Lentamente, John se levantou, cami-

nhando at�� a penteadeira, onde Sheila se

arrumava. Abra��ou-a pelas costas e o con-

tato da pele fresca contra seu corpo fez

com que se reacendesse a chama do de-





sejo.


��� Se bem que eu ainda poderia ficar

mais um dia aqui, antes de voltar para

Chicago ��� disse, com uma voz onde havia

um convite impl��cito.

A mulher recostou as costas em seu pei-

to, deixando-se acariciar. Logo, antes que

eles mesmos percebessem que acontecia,

estavam de p��, os corpos unidos num abra-

��o, as bocas se procurando num desejo cres-





cente.


104���

Um leve movimento e as toalhas ca��ram.

Sem se separar, caminharam at�� a cama

desarrumada, onde o abra��o aumentou de

intensidade e o beijo reacendeu a chama

do prazer que dormia escondida na foguei-

ra ��ntima de seus corpos.

��� Agora, estamos ainda mais atrasados

��� disse Sheila sorrindo, com a cabe��a no

peito de John, que subia e descia num mo-

vimento compassado.

Ap��s o prazer, a vontade era permanecer

deitado na cama. sem se importar com tra-

balho ou hor��rio. Sem pensar em mais

nada que n��o fosse o corpo ao lado, que

lhe havia proporcionado aquele instante

de prazer supremo.

��� Temos de ir ��� lembrou John, levan-

tando-se de repente, contrariando tudo o

que seu corpo desejava e sua sensualidade

pedia.

Quando, momentos depois, se encontra-

ram no corredor, John Martin j�� havia pas-

sado em seu quarto e trocado a roupa. Le-

vava na m��o a sua pasta de trabalho e

arrependia-se levemente de ter de chegar

ao encontro com Sheldon depois da hora

marcada.

��� Vou fazer algumas fotos ��� disse

Sheila enquanto desciam no elevador ���

mas ��s doze j�� terei terminado.

���105

Olhou longamente para o homem ao seu

lado, e continuou num tom mais baixo:

��� Poder��amos nos encontrar para almo-

��ar juntos.

��� Claro ��� concordou John, sorrindo.

��� As doze horas eu tamb��m j�� estarei livre,

e n��o tenho outro compromisso hoje.

Despediram-se na porta do hotel, depois

de combinarem que Sheila passaria na fren-

te do escrit��rio de Sheldon, ��s doze em

ponto. -

* * *

Na cama do hospital, John Martin mo-

veu-se inquieto. Continuava em seus sonhos

e lembran��as, mas agora j�� n��o se mostrava

tranq��ilo. A partir daquele ponto, as cenas

se confundiam e o prazer terminava, trans-

formando-se em medo e pavor, em viol��ncia





e desespero.


De olhos fechados, n��o viu como Janis

Hopkins levantava-se da cadeira e vinha

medir-se a press��o e p��r a m��o na sua

testa, com olhar preocupado.

No seu mundo de sonhos e inconsci��ncia,

John agora via uma cena n��tida. Ele e

Sheila atravessavam a cidade num carro

esporte que a jovem dirigia. P��g 106

��� Emprestaram-me o carro ���- disse

ela, assim que o pegou no local combina-





do.


��� E onde vamos?

��� A um lugar que conhe��o e que quero





lhe mostrar.


Em sil��ncio, John pensava que seria me-

lhor passar primeiro no banco para poder

remeter o dinheiro a Chicago. N��o se sen-

tia seguro carregando aquela quantia na

pasta. Deu de ombros, pensando que n��o

haveria mal em primeiro almo��ar e s��

ent��o passar no banco.

��� Que lugar �� esse? ��� perguntou ele,

vendo que Sheila entrava com o carro num

pr��dio meio destru��do, franqueado por um

velho port��o de ferro aberto.

��� Espere ��� disse ela, com seu sorriso

cativante. ��� �� uma surpresa.

Um mau press��gio atravessou a mente

de John, mas o carro j�� parar�� dentro do

pr��dio, que parecia um armaz��m abando-

nado ou um velho dep��sito. Quando perce-

beu que realmente n��o estava gostando

daquilo, verificou que era tarde demais.

��� Por favor, S r . Martin ��� disse a

voz de homem ao seu lado. ��� Saia do

carro devagar, e nada de movimentos re-

pentinos.





107


Olhou pela janela aberta, vendo um ho-

mem, cuja fisionomia lhe pareceu vagamen-

te familiar, empunhando uma arma pesada

e mantendo a apontada para sua cabe��a.

Virou-se para o lado, vendo que Sheila

sa��a, rapidamente do carro, atravessava o

dep��sito e entrava numa pequena porta do

outro lado do pr��dio.

��� Vamos com calma ��� disse o homem,

abrindo a porta para John e afastando-

se, sempre com a arma engatilhada.

��� O que significa isso? ��� perguntou

John, achando que sua pergunta n��o eluci-

daria nada, mas tamb��m sem saber o que

falar no lugar.

��� Logo voc�� comprender�� tudo ��� dis-

se o homem, com um sorriso. ��� Agora,

ande para l��.

Com o cano negro da arma ele indicava

o caminho para a porta por onde Sheila

sumira. Caminharam at�� l��. sempre com

o desconhecido mantendo uma dist��ncia

segura das costas de John.

Parado no meio da pequena sala, John

Martin encarava Sheila que lhe sorria tran-

q��ilamente. Pensava rapidamente, tentan-

do recordar-se de onde conhecia aquele ho-

mem, cujo rosto lhe parecia familiar.

Quando ele entrou, colocando-se a um

canto da sala. John o encarou mais uma

vez e pensou encontrar a resposta.

108��� ___

��� V o c �� . . . ��� disse John, apontando

para o homem armado e encarando o. ���

Voc�� trabalha no escrit��rio de Sheldon!

��� Adivinhou ��� zombou o homem, sor-

rindo, sarc��stico. ��� Tem boa mem��ria, Sr.

Martin. Vimo-nos de relance, durante al-

guns segundos, hoje de manh��.

��� Mas, e n t �� o . . .

��� N��o pense que Sheldon tem algo a

ver com o que est�� acontecendo aqui ���

disse o sujeito, tranq��ilo. ��� Ele faz os

seus neg��cios l�� no escrit��rio, onde eu sou

seu empregado. Mas, aqui na rua sou eu

quem dirijo os meus neg��cios.

��� N��o entendo... ��� disse John, que

continuava olhando de vez em quando para

Sheila, enquanto se perguntava qual seria

o papel de mulher em tudo aquilo.

��� �� simples, muito simples ���- disse

o sujeito, enquanto pegava a pasta de John

e a levava para o canto da sala. ��� Tra-

balhando no escrit��rio, fiquei sabendo do

neg��cio que Sheldon ia fechar com a sua

firma. Conhe��o o h��bito do velho de fazer

pagamentos em dinheiro, e pensei aqui co-

migo que duzentos mil d��lares n��o �� uma





quantia para se jogar fora.


John olhava-o, com o rosto crispado. Ao

mesmo tempo em que o ouvia, entendendo

todo o plano, perguntava-se qual eram as

���109

suas pr��prias chances de escapar com vida





daquela armadilha.


��� Sheila �� muito competente e sabe

levar um homem para onde ela quer ���

continuou o sujeito, sorrindo ao contem-

plar os ma��os de d��lares que se en��ileira-

vam na pasta. Fechou a novamente, sorrin-

do para John. ��� Voc�� caiu como um pato,

e voc�� mesmo trouxe-nos o dinheiro at��





aqui.


��� E agora? ��� perguntou John, te-





mendo pelo que ia ouvir.


O homem sorriu, balan��ando a arma

na m��o. Trocou um olhar com Sheila, que

tamb��m sorriu.

��� E n t �� o . . . ��� continuou John, olhando

para a mulher ��� quer dizer que era tudo

uma farsa, desde o in��cio?

��� Sim ��� disse ela, tranq��ila ��� mas

n��o pense que eu fingi enquanto estava

na cama. Adorei que fosse voc�� a v��tima.

��� Obrigado pelo elogio ��� disse John,

tentando manter o sangue-frio. ��� Mas, n��o

creio que isso vai bastar para salvar mi-

nha pele, n��o?

��� Para uns ganharem, alguns t��m de

perder, querido ��� disse a mulher, tranq��i-





la.


��� Mas, como voc��s pensam em escapar?

��� argumentou John, tentando ganhar tem-

110���

po para ter alguma id��ia, para pensar em

qualquer coisa que pudesse tir��-lo dali. ���

Voc��s acham que a pol��cia n��o vai investi-

gar? Que n��o v��o se informar no hotel?

Que os gar��ons n��o nos viram juntos na

boate, no seu quarto hoje de manh��?

Sheila olhou para o companheiro, es-

perando que ele explicasse.

��� �� simples ��� disse o homem, sorrin-

do. ��� Enquanto voc��s se amavam e se

divertiam �� noite, uma pequena c��mara

fotogr��fica tirava fotos bastante compro-

metedoras dos dois.

John, curioso por saber onde o outro

ia chegar, olhou rapidamente para as fo-

tografias que o sujeito tinha na m��o e que

colocou sobre a mesa.

A m��quina devia estar instalada em al-

gum lugar alto, pois a c��mara pegava toda

a cama dentro do foco, mostrando e ele e

Sheila nas mais variadas posi����es durante

a noite enquanto se amavam:

��� M a s . . . e da��? ��� perguntou John,

querendo que o outro continuasse a falar.

��� Quando acharem seu corpo, sem o

dinheiro que recebeu, e com as fotos ao la-

do, a pol��cia vai logo pensar em chanta-

gem.

��� Mas, como v��o escapar?

���111

��� N i n g u �� m tem motivos para descon-

fiar de mim ��� continuou o homem, tran-

q��ilo. ��� Ficarei com o dinheiro e n��o h��

nada que possa me l i g a r a voc�� ou ��

chantagem hipot��tica que estariam lhe fa-

zendo.

John contemplou o homem, perguntan-

do-se como era poss��vel que ele falasse tudo

aquilo com a tranq��ilidade de quem conta

uma hist��ria impessoal.

��� Mas, e Sheila? ��� perguntou John,

olhando do homem para a mulher, ��� V��o

reconhec��-la no hotel, nas f o t o s . . .

Sheila Snell mostrou-se preocupada pela

primeira vez desde que chegara ali. Olhou

interrogativamente para o companheiro, e

como esse continuasse calado e sorrindo,

ela perguntou:

��� N �� o foi isso o que combinamos, Mor-

ris ��� disse a mulher, confusa pela mudan��a

de planos. ��� Como eu vou escapar dessa,

se v��o ver os meus retratos?

��� Voc�� n��o vai escapar, querida ���

disse Morris, sorrindo.

��� N �� o estou entendendo ��� falou a mu-

lher levantando-se e tentando caminhar

na dire����o do homem.

Um s��bito e violento empurr��o jogou-

a novamente na cadeira, ao mesmo tempo





112


em que uma express��o de ang��stia apare-





cia em seu rosto.


��� Voc�� realmente n��o vai escapar, que-

rida ��� repetiu o homem ��� mas eu lhe

garanto que tamb��m n��o ser�� presa.

John olhou para um e logo para outro,

angustiado em tentar encontrar uma sa��da

para a situa����o.

��� Realmente, pensei em outro fim para

este problema querida Sheila ��� disse Mor-

ris, mantendo-a sob a mira da arma. ���

Mas, tinha muitos riscos. Voc�� foi vista

com ele no hotel, poderiam apert��-la e voc��





deixaria escapar alguma pista.


Sorriu, colocando a pasta com o dinhei-

ro ao seu lado, enquanto espalhava as fo-

tos no ch��o.

��� Agora, n��o haver�� problema ��� con-

tinuou, sorrindo. ��� A pol��cia pensar�� que

voc�� tentou chantagear o pobre Sr. Mar-

tin, e que este a matou.

��� M a s . . .

��� Sim ��� continuou ��� John Martin

a matou e logo se suicidou, arrependido.

Sheila, com o pavor estampado nos

olhos encarava c companheiro que lhe sor-

ria tranq��ilamente.

��� Enquanto isso ��� disse Morris ��� eu

Morris Clint estarei no escrit��rio de Shel- P113

don, continuando com o meu insignifican-

te trabalho, �� espera do melhor momento

para come��ar a gastar esta bolada.

A mulher, que permanecera sentada,

desde que fora violentamente empurrada,

levantou-se de repente, movida pelo medo

e o desespero. Atirou-se sobre Morris, na

esperan��a de derrub��-lo e impedi-lo de pros-

seguir em seus planos homicidas.

Um estrondo detonou na pequena sala

e Sheila voltou para junto da cadeira, des-

ta vez empurrada por uma viol��ncia ainda

maior. O impacto da bala em seu peito

fez com que fosse cair contra a parede, a

mais de dois metros de Morris.

��� Meu Deus... ��� balbuciou John, sur-

preso ante a viol��ncia e o inesperado da

cena.

Mas, antes que pudesse fazer qualquer

coisa, percebeu que Morris, com a arma ain-

da fumegante, apontou-a na dire����o do seu

peito. Logo, nova explos��o e tudo se fez

negro e silencioso. P��g 114

Cap��tulo 7

Janis Hopkins continuava de p��, parada

na cabeceira da cama de Martin. O pa-

ciente ainda n��o despertara, e dormia pro-

fundamente desde que sa��ra da cirurgia.

Com o rosto triste, tenso, Janis con-

templava John, enquanto mil pensamentos

cruzavam sua mente. Depois de algum tem-

po, consultou o rel��gio e a posi����o dos pon-

teiros fez com que seu cora����o batesse

mais r��pido.

Dez horas da noite. Marcara com Brian

de ir v��-lo em seu quarto, mas permanecera

ali, parada ao lado da cama, sem coragem

de abandonar o quarto de Martin, para ir

ceder �� chantagem suja de Brian Hart.

Por mais que pensasse que n��o tinha

alternativa, n��o conseguia reunir as for��as

necess��rias para sair do quarto e ir at�� o ou-

tro andar. Sabia que terminaria por ceder

�� vontade do m��dico, mas adiava ao m��xi-

mo aquele momento. Cada vez que contem-

-115

plava o rosto p��lido do ferido, sentia ��dio

do que estava a ponto de fazer. Mas por

outro lado, percebia que faria aquilo por

John, era por ele que cederia �� chantagem





de Brian.


Um ru��do na porta chamou sua aten����o,

e ela virou-se assustada, pensando se o m��-

dico chegara ao ponto de vir at�� ali busc��-

la. Pensou na imagem de um condenado

buscado para a execu����o e encarou sur-

presa o homem desconhecido que abriu a





porta.


O sujeito pareceu igualmente surpreso e

ficou alguns segundos em sil��ncio, con-

templando-a indeciso.

��� S o u . . . sou m��dico ��� disse Morris,





pensando que encontrar uma enfermeira


no quarto n��o estava em seus planos.

��� Mas, n��o est�� na hora da visita de

rotina ��� disse Janis, intrigada. ��� O D r .

Spencer j�� examinou o paciente h�� pouco





mais de uma hora.


��� B e m . . . mandaram-me aqui para fi-

car com o doente e e u . . .

Uma id��ia passou pela cabe��a de Janis,

e ela se perguntou s�� Brian Hart teria

tido coragem de chegar ��quele ponto. En-

carando o homem, perguntou de s��bito:

��� Foi Brian quem o mandou aqui me

substituir? P��g 116

��� S i m . . . ��� disse Morris, temendo que

a mulher fizesse novas perguntas. ��� Brian

pediu-me que ficasse com o paciente. Disse

que voc�� pode ir embora.

Janis sentiu um calor subir-lhe pelo cor-

po, esquentando suas orelhas numa onda

de indigna����o. Ent��o, o descarado tinha

coragem de mandar outro m��dico para

ficar com John, insistindo para que ela fos-

se ao seu quarto.

Pensou que quem era capaz daquilo, era

bem capaz de denunciar John M a r t i n ��

pol��cia. Resolveu ir ao encontro do m��dico,

mas deteve-se por um m o m e n t o na cabe-

ceia do John, como se lhe explicasse mem-

talmente o porqu�� de tudo aquilo, que era

por ele que fazia a q u i l o . . .

Quando se dirigiu para a porta, o m��-

dico desconhecido pareceu mais tranq��ilo,

aliviado. Janis pousou a m �� o na ma��aneta

e j�� ia abri-la, quando algu��m empurrou

a porta do outro lado.

A figura de Brian Hart. c o m o olhar

duro e s��rio, apareceu diante da enfermei-

ra. Janis encarou-o com ��dio. sentindo

vontade de lhe perguntar se j�� n��o bastava

mandar um substituto, se ainda era preci-

so vir at�� ali busc��-la.

O m��dico encaro a enfermeira e disse

em tom r��spido e amea��ador:

���117

��� Pelo visto, voc�� n��o quer mesmo sal-

var seu amigo, n��o ��? ��� disse, encarando-

a. ��� Prefere qualquer coisa a concorda





e m . . .


Percebeu a presen��a de outra pessoa no

quarto e calou-se imediatamente, constran-

gido. Viu que n��o o conhecia o perguntou-

lhe irritado:

��� Quem �� voc��? O que faz aqui?

Morris, voltando a se preocupar com

o sucesso de seu plano, apressou-se em dar

a mesma explica����o que dera �� enfermei-

ra:

��� Vim aqui por ordem do D r . Brian

��� disse ele, pensando que fora mesmo uma

sorte a enfermeira ter dito o nome do m��-

dico, antes que ele tivesse de inventar um

nome qualquer. ��� Foi ele quem me man-





dou aqui.


Brian, surpreso, encarou Janis que tam-

b��m n��o entendia nada do que se passa-





va.


Vendo a indecis��o dos dois, Morris achou

melhor dar um tom mais veross��mil a suas

palavras, para ver-se livre daqueles intru-

sos de uma vez e poder realizar o trabalho





que o trouxera ali.


��� Se quiserem saber de mais alguma

coisa ��� disse em tom s��rio ��� podem per-

guntar ao D r . Brian. P��g 118

��� Ao D r . Brian Hart? ��� perguntou o

pr��prio, ainda sem entender se aquilo era

uma brincadeira de mau gosto ou se o su-





jeito era mesmo maluco.


��� Sim, ao pr��prio.

Janis, desconfiada, aproximou-se do pa-

ciente, na cama, num gesto instintivo de

defesa ao homem que amava. Ao mesmo

tempo, Brian Hart continuava encarando





o desconhecido.


Depois de algum tempo, o m��dico dis-

se:

��� Acho bom o senhor se explicar de

forma convincente, meu amigo ��� disse, s��-

rio. ��� Pois o ��nico D r . Brian Hart que

existe neste hospital sou eu!

Morris sentiu que cometera ume erro

imperdo��vel. Olhou para Martin na cama,

inconsciente, e logo para os dois que o

encaravam como se esperassem uma expli-

ca����o.

��� Cuidado! ��� gritou Janis, percebendo

a inten����o do homem e jogando-se com for-

��a contra seu corpo.

Brian, vendo que o sujeito ca��a com a

arma na m��o, jogou-se contra ele, tentan-

do imobiliz��-lo e entrando em luta corporal





no meio do quarto.


Quando Janis, ainda sem entender na-

da, tocou a campainha do alarma, a con-

���119

fus��o se instalou por completo no oitavo

andar do hospital.



* * *

��� Quando eu consegui abrir os olhos,

vi que estava com a arma na m��o, ferido

gravemente e sem a pasta ��� continuou

John Martin, falando com dificuldade. ���

Consegui sair do velho dep��sito abandona-

do, e q u a n d o . . .

Parou de falar, com uma careta de dor.

��� Chega ��� disse Janis, aproximando-

se da cama, preocupada. ��� Voc�� n��o est��

em condi����es de falar.

John fechou os olhos por um momento,

tentando recuperar for��as para continuar

o depoimento. No quarto, pr��ximo �� cama,

dois policiais ouviam-no atentamente, ao

lado de Brian Hart e de outro m��dico.

��� Mas, por que o senhor fugiu do lo-

cal, Sr. Martin? ��� perguntou o policial

gordo que tomava notas num bloco de pa-

pel.

Com vis��vel esfor��o, John entreabriu os

l��bios e continuou a falar com voa fraca:

��� N �� o pretendia fugir ��� disse, ofegan-

te. ��� Simplesmente, n��o podia continuar

parado ali, �� espera de ajuda. Tentei ca-

minhar para algum lugar, encontrar socor- P 120

ro. Temia morrer ali, com todas as provas

me incriminando, sem conseguir acusar e

tal Morris.

Preocupada, Janis olhava aflita a ex-

press��o de dor no rosto do ferido, que-

rendo que toda aquela agita����o terminas-

se logo, para que John pudesse descansar.

Estavam h�� mais. de uma hora no quarto,

ouvindo a longa hist��ria de John Martin.

Morris Clint fora preso pela seguran��a do

hospital e a pol��cia n��o tivera muita difi-

culdade para obter sua confiss��o.

��� Consegui andar alguns quarteir��es,

mas acabei caindo na rua ��� disse John.

��� N��o me lembro direito, mas acho que

algu��m me colocou numa ambul��ncia e me

trouxe para c �� . . .

��� Foi isso mesmo que aconteceu ��� con-

firmou o policial, guardando seu bloco de

anota����es e virando-se para Janis: ��� N��o

sei como a senhorita n��o o reconheceu, pelo

retrato que lhe entregamos...

Janis abaixou o olhar, dando de ombros.

N��o tinha vontade de explicar a longa his-

t��ria. De qualquer modo, o policial n��o a

compreenderia.

Pouco depois, um a um os homens fo-

ram saindo do quarto. O ��ltimo a sair,

Brian Hart, olhou rapidamente o ferido e

-121

saiu sem encarar Janis Hopkins, visivelmen-

te embara��ado.

Janis fechou a porta lentamente e vol-

tou para o lado de John. Segurou sua m��o

e ficou contemplando-o longamente, en-

quanto acariciava seu rosto p��lido.

��� J a n i s . . . ��� come��ou ele.

��� N��o diga nada ��� pediu ela, com

voz suave. ��� Voc�� falou demais. Agora,

precisa descansar para ficar bom o quan-





to antes.


John, em sil��ncio, contemplou-a, en-

quanto um sorriso d��bil aparecia em seu





rosto.


��� N��o sei se quero ficar bom logo ���

dise ele, encarando-a.

��� N��o diga isso ��� cortou Janis. ���

O quanto antes voc�� se recuperar, melhor

para voc��.

��� N��o a c h o . . . ��� disse, esfor��ando se

por dar um tom aud��vel �� voz fraca. ���

Se ficar bom, tenho de sair daqui, e se

sair do hospital, n��o poderei ficar ao seu

l a d o . . .

��� Quem lhe disse isso? ��� perguntou

Janis, fingindo aborrecimento, mas com

uma express��o alegre nos olhos. ��� Desta

vez, n��o pretendo deixar que voc�� me es-





cape . . .


122���

��� Eu escapar? ��� perguntou John, con-





fuso.


��� Sim, John. ��� Continuou ela, parada

ao seu lado e acariciando-lhe os cabelos.

��� Por muito tempo eu pensei que a coisa

mais importante em minha vida era a mi-

nha profiss��o, o sucesso profissional... Pa-

ra conseguir isso, abandonei tudo. Agora,

depois de passar esses dois dias ao seu

lado, temendo que voc�� n��o sobrevivesse,

percebi que nada disso �� significativo, com-

parado com o que sinto por voc��.

��� Janis. ..

��� N��o diga nada ��� cortou ela. ��� Voc��

precisa descantar, para se recuperar logo.

Quanto antes estiver em condi����es de sair

deste quarto para voltar a Chicago, me-





lhor.


Fez uma pausa, depositando um leve

beijo na testa dele, e completou:

��� Porque eu pretendo seguir com voc��,





John.


Um brilho de intensa alegria apareceu-

lhe nos olhos. Lentamente, John Martin

levantou a m��o, acariciando o rosto de

Janis e puxando-o para mais perto.

��� Porque eu pretendo seguir com vo-

c��, John.

Um brilho de intensa alegria apareceu-

lhe nos olhos. Lentamente, John Martin P 123



levantou a m��o, acariciando o rosto de Ja-

nis e puxando-a para mais perto.

Seus l��bios se encostaram num beijo r��-

pido, e a express��o de fadiga do paciente

transformou-se numa intensa felicidade.

Quando fechou os olhos, sentindo que a

fraqueza trazia o sono, pensou que n��o pre-

cisaria mais sonhar. O sonho viria quando

acordasse novamente, encontrando Janis ao

seu lado, para sempre.

124-

ESTE LIVRO FOI D I G I T A L I Z A D O E M J U N H O DE 2020 POR

L E A N D R O M E D E I R O S PARA A T E N D E R A O S DEFICIENTES

V I S U A I S . �� P O C A D A P A N D E M I A D O C O R O N A V �� R U S .







---------- Forwarded message ---------
De: Bons Amigos lançamentos 



O Grupo Bons Amigos e o Grupo Só Livros com Sinopses têm o prazer de lançar hoje mais uma obra digital  no formato txt , pdf e epub para atender aos deficientes visuais.    

 A  Sedução de Janis - Ricardo Veronese

Livro doado e digitalizado  por Leandro Medeiros e revisado pela equipe Só Livros Com Sinopse
Sinopse:
Janis Hopkins é enfermeira chefe do centro cirúrgico dum hospital. Ela está no seu local de trabalho quando chega dois investigadores à procura dum assassino que teria sido internado  neste hospital.

Lançamento    Só Livros com sinopses e Grupo Bons Amigos:

)https://groups.google.com/forum/#!forum/solivroscomsinopses  


2)https://groups.google.com/forum/#!forum/bons_amigos  


Blog:



Este e-book representa uma contribuição do grupo Bons Amigos e Só livros com sinopses  para aqueles que necessitam de obras digitais como é o caso dos deficientes visuais 

e como forma de acesso e divulgação para todos. 
É vedado o uso deste arquivo para auferir direta ou indiretamente benefícios financeiros. 
 Lembre-se de valorizar e reconhecer o trabalho do autor adquirindo suas obras.



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