BATISMO DE FOGO
Conhe�a a for�a da supera��o divina
Planeta
2� edi��o
Padre Marcelo relata desde os tempos do garoto que sonhava em ser professor de Educa��o F�sica, aos namoros da adolesc�ncia quando, inseguro, chegou a tomar anabolizante para ficar mais musculoso. Ele tamb�m conta detalhes de sua luta contra a depress�o e traz um apelo para que todos estejam atentos aos perigos dessa doen�a. O livro trata de temas dif�ceis como o suic�dio e outros que tanto mal nos fazem: inveja, egocentrismo, consumismo. Mas tamb�m fala - e muito sobre prop�sito, f� e sobre a li��o que ele considera fundamental: �Ser o melhor que voc� pode ser para servir aos outros�. Ele nos ensina como: "Tudo o que Ele espera de voc�, amado, � que cumpra seu prop�sito de vida. Talvez neste ponto voc� me pergunte como descobrir o que Deus espera de voc�. Novamente recorro �s Escrituras. Toda miss�o est� depositada na Palavra do Senhor. Nela, voc� entende a teoria de seu prop�sito, que ser� colocada em pr�tica � medida que a pergunta �O que Jesus faria se estivesse no meu lugar?" torna-se uma constante em sua vida. B�blia e ora��o, B�blia e ora��o. O resultado voc� enxerga rapidamente na pr�tica�.
Todos os cap�tulos terminam com uma ora��o para inspirar o leitor na sua busca por Deus e pela ajuda de Maria. �O inimigo odeia Maria, porque em sua simplicidade, em seu jeito divino de ser. ela acaba com a for�a do mal. � simples, mas n�o � exatamente f�cil, at� porque o inimigo est� sempre a postos para tentar nos desviar de nosso caminho.�
Padre Marcelo Rossi
BATISMO DE FOGO
Conhe�a a for�a da supera��o divina
Planeta
Copyright � Marcelo Rossi, 2020 Copyright � Editora Planeta do Brasil, 2020 Todos os direitos reservados.
"Todas as cita��es b�blicas foram retiradas da B�blia Sagrada Ave-Maria da Editora Ave-Maria. Todos os direitos reservados."
Organiza��o de conte�do: Luiz Cesar Pimentel Prepara��o: Thiago Fraga
Revis�o: Renata Mello, Nine Editorial e Departamento editorial da Editora Planeta do Brasil Projeto gr�fico e diagrama��o: Maria Beatriz Rosa Capa: Departamento de cria��o da Editora Planeta do Brasil Foto de capa: Martin Gurfein
Dados Internacionais de Cataloga��o na Publica��o (CIP) Ang�lica Iiacqua CRB-8/7057
Rossi, Marcelo
Batismo de fogo: conhe�a a for�a da supera��o divina / Padre Marcelo Rossi. - S�o Paulo: Planeta, 2020.
144 p.
ISBN 978-�5-5535-D5-4
1. Rossi, Marcelo, 1967 � Narrativas pessoais 2. Esp�rito Santo 3. F� 4. Supera��o I. T�tulo
20-2652 CDD 242
�ndices para cat�logo sistem�tico: I. Literatura devocional
Acreditamos nos livros
Este livro foi composto em Adobe Garamond Pro e Fira Sans e impresso pela Gr�fica Santa Marta para a Editora Planeta do Brasil em setembro de 2020.
2020
Todos os direitos desta edi��o reservados � EDITORA PLANETA DO BRASIL LTDA. Rua Bela Cintra, 986, 4� andar - Consola��o S�o Paulo - SP CEP 01415-002 www.planetadelivros.com.br faleconosco@editoraplaneta.com.br
Carta ao leitor - 7
1. O mal tentou me derrubar - 9
2. Esteja aberto para o encontro com o Esp�rito Santo - 21
3. O mal est� � espreita - 36
4. O bem que recebemos ao proteger nossa mente - 48
5. Combata a inveja com gratid�o - 55
6. Seja como Jesus - 67
7. Volte ao primeiro amor - 77
8. Trip� da f� - 91
9. Maria passa � frente e pisa na cabe�a da serpente - 103
10. Suic�dio - 113
11. Relatos de quem presenciou - 123
12. O fim � sempre um come�o - 134
Bibliografia - 144
Carta ao leitor
Amado,
Muitas das coisas que voc� vai ler neste livro tratam de supera��o. Nele, conto um pouco de minha hist�ria, desde que nasci at� o empurr�o, quando ca� de uma altura de mais de dois metros em ataque que d� nome a este livro. Voc� ver� a m�o de Deus sobre mim, dando for�a para superar todos os desafios que tive na minha vida e na minha hist�ria. E como aprendi, ainda crian�a, pela Renova��o Carism�tica Cat�lica, a vivenciar minha vida crist�.
Voc� vai conhecer mais a fundo o Trip� da minha f� - que me sustenta a cada dia: a Sagrada Eucaristia, as Sagradas Escrituras e o Santo Ros�rio, tr�s armas poderos�ssimas para superar qualquer mal e vencer o inimigo.
Deus permite que passemos por momentos dif�ceis em nossa vida para moldar o nosso car�ter, e, assim, enxergarmos como somos pessoas fr�geis e dependentes Dele. E percebermos, tamb�m, que, cheios do Esp�rito Santo, temos for�a para ir em frente e superarmos os maus momentos. Como, por exemplo, a pandemia provocada pelo coronav�rus que aconteceu durante a reda��o de Batismo de fogo.
Pe�o a Deus que este livro seja para voc� a for�a da supera��o divina.
F� � o caminho da supera��o: hoje estou melhor do que ontem, buscando melhorar o amanh�.
E oro agora a Santa Terezinha do menino Jesus esta pequena ora��o que aprendi com a minha diretora espiritual, Patti.
Little flower, in this hour, show your power. Amen.
Pequena Flor, nesta hora, mostra o teu poder. Am�m.
Com certeza voc� ter� uma leitura aben�oad�ssima e de profunda supera��o.
Em nome de Jesus,
Padre Marcelo Rossi.
1
O mal tentou me derrubar
A dor que sentia naquele momento era a mais forte que j� havia tido em toda a minha vida. T�o forte que n�o conseguia pensar racionalmente em mais nada.
Segundos antes, eu estava no palco celebrando a missa para mais de cem mil jovens e agora, no ch�o, tudo o que ocupava a minha mente era a dor. Terr�vel a ponto de eu n�o conseguir sequer determinar de onde ela partia em meu corpo.
J� tinha passado por sensa��o de morte iminente, mas esse n�o era o caso. Durante o del�rio de dor, tive flashes de quando, em meu oitavo dia como padre, em 1994, estava dirigindo e recebi uma fechada de outro carro, que, no susto, me fez acelerar e bater, de frente, em um poste. Tamanho foi o impacto, que arranquei parte do volante do carro com as m�os. Quando isso aconteceu, como � comum as pessoas relatarem, a vida inteira passou como um filme pela minha cabe�a e perdi completamente a no��o do tempo, mesmo sem perder a consci�ncia. Somente horas depois notei que estava em estado de choque, em uma esp�cie de aus�ncia.
Mas n�o era isso o que sentia desta vez.
No ch�o, ap�s uma queda de mais de dois metros de altura, n�o tive pressentimento de morte, n�o entrei em estado alterado de consci�ncia, nada. Tudo o que me consumia era a dor. E um sentimento de carinho, como a ternura de m�e.
Aos poucos fui montando as pe�as do quebra-cabe�a do que havia acontecido, mas isso era menos importante do que a pergunta que come�ou a se desenhar: o que o Senhor queria com aquilo?
Ali e nos dias que se seguiram comecei a enxergar todas as pe�as que levaram �quela situa��o.
Tenho a vis�o perif�rica muito boa. Al�m do meu foco frontal, sempre visualizo bem as coisas que est�o dos meus dois lados no campo visual. Apenas quando entro na parte da consagra��o na missa, meu foco centraliza e perco a vis�o lateral. Era justamente sobre isso que eu estava falando com os jovens quando tudo aconteceu. Contava-lhes que, desde a ordena��o sacerdotal, minhas m�os n�o eram mais minhas, mas as de Jesus. Por meio delas, � Ele quem realiza os sacramentos e torna o p�o e o vinho em Seu corpo e sangue. Ao presidir as celebra��es, o sacerdote age in persona Christi (�na pessoa de Cristo�, em latim).
Eu estava na pessoa de Cristo, mostrando minhas m�os para os jovens, vulner�vel por completo.
Como a missa era na Can��o Nova, em Cachoeira Paulista, comunidade que � minha casa tamb�m, fiquei totalmente confort�vel para ir at� a beirada do palco, que � particularmente alto para que todos tenham boa vis�o dele.
O evento era enorme, e, al�m dos cinco seguran�as do local, a pessoa respons�vel pela minha queda driblou outros cinco seguran�as que acompanhavam o vice-governador do Rio de Janeiro, Cl�udio Castro, presente no local.
Se um dos padres me alertasse do perigo que vinha por tr�s, certamente, por instinto, eu teria me virado e abra�ado a tal pessoa. S� que tudo o que era improv�vel aconteceu como em efeito domin�. Pois tinha que acontecer. Nenhum seguran�a a notou, n�o fui avisado pelos padres nem pelas outras pessoas presentes no altar.
Eu estava no ch�o, e minha preocupa��o come�ou a crescer e ficar dividida entre duas possibilidades de maior gravidade. A dor poderia estar vindo da minha cabe�a por eu t�-la batido no ch�o, e a consequ�ncia futura disso seria bastante delicada. Ou ela poderia estar partindo da minha coluna, o que igualmente resultaria em estado delicado. Tenho discopatia degenerativa, que � quando os discos da coluna v�o perdendo a propriedade de absor��o de impacto e que, al�m de causar fragilidade � estrutura que me sustenta, pode acarretar um problema s�rio de locomo��o.
Ou seja, um tombo de quase dois metros e meio, sem estar minimamente preparado para o impacto, era tudo de pior que poderia me acontecer. Mas aconteceu, e eu continuava tentando decifrar onde do�a. S� que nada me apontava essa resposta. Assim, o melhor que me parecia ser feito era continuar no ch�o.
Nem os olhos eu abria, pois, nessa batalha mental de tentar absorver tudo o que acontecia, se eu olhasse e desse aten��o para o que me falavam ou me recomendavam, dispersaria a avalia��o da conjuntura.
Depois de passado o susto, soube que levei cinco minutos para responder � brigadista que foi me socorrer e pedi, por favor, para ela n�o me tocar quando tentou me movimentar.
Dois minutos depois, outra brigadista chegou perto e pediu em voz alta para buscarem uma maca para me removerem.
Nesse momento, o Senhor falou comigo, e tive a no��o de que se eu sa�sse dali o inimigo ganharia.
Foi quando abri os olhos e me levantei.
Meu primeiro movimento, j� em p�, foi o de me alongar, para buscar a sensa��o f�sica de �rg�os e membros com os quais eu poderia contar, pelo menos.
Percebi que a raiz da sensa��o angustiante n�o era na coluna nem na cabe�a, mas provavelmente nas pernas. Essa cadeia de racioc�nios foi t�o r�pida que a pr�xima a��o que bolei mentalmente foi a de subir de volta ao palco.
Ent�o firmei as duas m�os na beirada do tablado e fiz como uma subida de exerc�cio de barra para voltar ao lugar de onde tinha ca�do.
Novamente em p� e com microfone na m�o, apoiei-me no mission�rio Dunga e comecei a sentir espasmos musculares da dor. Ouvi uma voz interna que me recomendou sorrir como nunca; afinal, os jovens estavam obviamente assustados e precisavam de uma demonstra��o de que o mal n�o tinha vencido aquela batalha.
N�o quis nem saber quem tinha me empurrado para o ch�o.
O instante em que parecia ter entrado em um t�nel de vento e despencado era passado. Aquela sensa��o de uma lufada de ar no rosto ficaria na minha mem�ria, parecida com a experi�ncia que tive ao saltar de asa-delta e o momento em que tirei os p�s do ch�o e me atirei da pedra.
�Maria passa � frente e pisa na cabe�a da serpente� foi a frase que disse em voz ainda mais alta e que representava aquele momento.
� uma frase que eu uso h� bastante tempo, mas que naquela semana em especial tinha ganhado novo significado para mim, a ponto de eu ter anunciado em meu programa na r�dio que os pr�ximos dias seriam dedicados � Nossa Senhora, sob aquele lema.
Era fim da tarde na cidade do Vale do Para�ba, que fica a cerca de duzentos quil�metros de S�o Paulo.
Ainda naquela manh�, durante a missa das 9 horas, realizada no Santu�rio M�e de Deus, na capital, pela primeira vez pedi a interven��o dos presentes e me ajoelhei para rezarmos juntos uma Ave--Maria. Logo depois, chorei de emo��o.
Isso nunca tinha acontecido antes.
Entendi que o Senhor me usaria de maneira diferente naquele dia, na comunidade Can��o Nova. S� n�o sabia qual seria essa mudan�a.
Precisou que eu fosse jogado do palco e - soube por testemunhas - batesse com o ombro esquerdo em um tablado no ch�o, rodopiasse o corpo sobre a estrutura e aterrissasse com a cabe�a em um canto do piso, as pernas sobre uma estrutura de ferro, para que percebesse.
Quando voc� assiste ao v�deo desse momento, nota que caio l� de cima, sumo do campo de registro da c�mera e minha perna estranhamente sobe de volta. Foi justamente a batida dela na estrutura de ferro que causou aquela dor fort�ssima.
Na sequ�ncia do v�deo, a mulher que me empurrou ainda desce um patamar e profere: �Vou terminar�. D� para ler os l�bios dela, referindo-se � conclus�o do que seria a miss�o maligna.
Ela foi contida, finalmente, e parte do epis�dio foi encerrada.
Ainda n�o era o fim daquele dia t�o surpreendente e revelador, que come�ou da maneira habitual.
Aos domingos, celebro a missa, com transmiss�o pela Rede Globo, pouco antes das 6 horas. Por causa do compromisso cedo, pouco durmo nas noites de s�bado e fa�o vig�lia. Aproveito para fazer minha ora��o pessoal di�ria, que � um momento de intimidade com Jesus, essencial para o meu viver e para minha voca��o.
Celebrei com muito amor a missa que abriu aquele domingo de 14 de julho de 2019.
Na missa seguinte, comentei que mais tarde estaria em Cachoeira Paulista, onde encerraria o evento que a comunidade cat�lica realizava especialmente para os jovens.
A sede da Can��o Nova estava linda, com mais de cem mil jovens que participavam do fim de semana com o tema da �armadura do crist�o�, s�mbolo de que todos podem e devem ser guerreiros na luta contra o pecado e pela pr�tica do bem.
A missa era a de encerramento do PHN (Por Hoje N�o vou mais pecar), que � o movimento de combate ao pecado entre os jovens.
Tudo aconteceu no maior espa�o da comunidade, o Centro de Evangeliza��o Dom Jo�o Hip�lito de Moraes, que tem capacidade para receber setenta mil pessoas.
O local � enorme, mede 120 metros de comprimento (� dez vezes maior do que um campo de futebol, para se ter ideia da dimens�o) e estava completamente tomado por jovens.
Segundo a Pol�cia Militar, havia mais de cem mil, j� que ocupavam todos os lugares e sobravam para fora do espa�o coberto.
Fiquei muito tocado em ver Deus mobilizar essa gera��o, que tanto precisa Dele, em uma �poca que parece que todos os meios s�o usados para afastar os nossos jovens da f�. Eles s�o o futuro da Igreja, e eventos como esse mostram que estamos no caminho certo para aproxim�-los de Deus.
Conduzi a missa com essa alegria e, retornando ao momento da homilia, que � quando explico um texto sagrado ou abordo um tema espec�fico, comecei a contar a hist�ria do vaso reconstru�do com fios de ouro.
Ela traz uma mensagem muito bonita e de esperan�a, justamente a verdade que os jovens precisam escutar sempre que poss�vel, para lembr�-los de que quem permanece na f� nunca � desamparado.
Trata da import�ncia de reconstruirmos a cada falha, a cada erro, o nosso caminho. Quando voc� escolhe um caminho que quebra ou causa dano ao seu vaso (� sua vida), n�o significa que tudo est� perdido. Se voc� optar por refazer o seu vaso com fios de ouro, ele n�o manter� apenas seu prop�sito e sua miss�o, mas tamb�m ter� ainda mais for�a e valor.
Assim � a vida.
A cada trope�o, a cada queda, temos que olhar para esse vaso que Deus nos deu e reconstru�-lo com fios de ouro, para que fique ainda mais forte e mostre que nada pode nos trazer a ideia de que um erro tem o poder de acabar conosco.
Uma vez remodelado esse vaso, as marcas que ficaram n�o s�o motivos de vergonha. Pelo contr�rio, s�o sinais de que o erro trouxe consequ�ncia, trouxe uma cicatriz, e de que somos inteiros nas m�os de Deus - nossa vida � uma pe�a completa dada por Deus, e as marcas s�o apenas o s�mbolo da Sua for�a que nos cura nessa trajet�ria.
Tudo isso que eu estava falando tornou-se, de repente, uma realidade em mim mesmo. Naquela mesma prega��o, enquanto eu falava sobre a consagra��o e sobre Jesus que utiliza as m�os do sacerdote, formou-se uma cicatriz na minha hist�ria: o empurr�o, a dor, a avalia��o de tudo que estava acontecendo enquanto permanecia no ch�o. Mas o arremate foi feito com fio de ouro: o chamado de Deus para retornar ao palco e mostrar que o mal n�o tem o poder de acabar conosco enquanto estivermos vivendo pela f� e sob a prote��o de Deus.
A for�a inexplic�vel que senti vinha da percep��o de que tudo se encaixava.
Todos n�s estamos suscet�veis a ataques mal-intencionados (como o que tinha acabado de me acontecer), mas Deus nos protege e nos d� for�as sempre.
Na sequ�ncia da homilia, eu falaria justamente da dor que as situa��es da vida podem causar, mas que temos a for�a divina ao nosso lado para suportar e mostrar que em Deus somos imbat�veis, assim como na hist�ria dos vasos reconstru�dos com fios de ouro.
N�s temos o poder de tudo superar, e as adversidades tornam mais fortes aqueles que se amparam em Deus e no exemplo de Jesus Cristo.
Foi quando peguei o microfone de volta e o Esp�rito Santo falou por mim. Ao subir ao palco, uma das recomenda��es que ouvi foi de que eu deveria ir a uma delegacia fazer um B.O. (Boletim de Ocorr�ncia).
O Esp�rito Santo me falou e eu disse o seguinte no microfone: �Amados, eu n�o sei quem me empurrou nem quero saber. S� pe�o que, por favor, n�o fa�am nada com essa pessoa. Eu perdoo quem me fez isso. Disseram que eu deveria fazer um B.O. contra ela e eu vou fazer esse B.O. Meu B.O. � B�blia e Ora��o, que � o que sempre fa�o quando vou a uma capela. Pe�o que voc�s fa�am o mesmo quando algu�m lhes caluniar, falar mal de voc�s ou fizer qualquer coisa contra voc�s. V�o � capela mais pr�xima e fa�am um B.O. para aquela pessoa: B�blia e Ora��o�.
Foi o momento em que percebi que muitos jovens foram tocados e ficaram emocionados. A sensa��o de que Deus me usaria de maneira diferente para a comunica��o com eles foi essa. O mission�rio Dunga me abra�ou, e, muito emocionado ainda, falei: �Se o inimigo achou que eu n�o iria falar, ele perdeu. E isso o deixa furioso. Maria passa � frente e pisa na cabe�a da serpente!�.
Eu sabia que mais uma vez n�o era eu falando, mas o Esp�rito Santo falando em mim. Por isso terminei a missa normalmente. Sabia que n�o tinha quebrado nenhum osso, apesar de ainda sentir bastante dor. E, se havia algum osso quebrado em mim, fui curado no instante em que perdoei a autora daquela agress�o.
Quando voltei para casa e falei com minha m�e, Vilma, e com o meu bispo, Dom Jos� Negri, ambos pediram para que eu fosse fazer exames. Resolvi ir, mais para aliviar a preocupa��o deles, pois sabia que nada mais grave tinha me acontecido.
Esperei at� ter�a-feira para ter margem de seguran�a, j� que, se por acaso houvesse alguma les�o na cabe�a, o tempo recomendado para observa��o e teste definitivo era de quarenta e oito horas.
No dia 16, realizei os exames, e os m�dicos simplesmente n�o acreditavam que eu tinha ca�do daquela altura e daquela maneira -empurrado pelas costas, totalmente despreparado - e n�o tinha quebrado nada.
Com base nos exames prim�rios, suspeitaram que tivesse acontecido algo em minha esc�pula (a parte de tr�s e superior do t�rax). Se ainda suspeitassem do ombro, j� que tinha batido com ele no tablado ao cair, faria sentido, mas, de todo modo, realizei os exames, que n�o apontaram nada.
O m�dico que me atendeu co�ou a cabe�a e, por fim, disse que n�o tinha nada a ser consertado e me receitou arnica para a dor.
Estranhei, pois eu j� tinha passado por momentos de bastante dor quando quebrei a perna ou quando tive crise ci�tica e usei muitos analg�sicos.
Gra�as a Deus havia me livrado dos rem�dios. Mas me parecia pouco receitar um fitoter�pico para a dor, algo feito de planta medicinal. Apesar disso, segui a recomenda��o m�dica e posso dizer que estou mais forte do que nunca.
Diante de tudo isso, n�o tenho d�vidas de que as palavras que falei no palco tinham sido provadas literalmente: Nossa Senhora passou � frente e pisou na cabe�a da serpente.
O mal queria a minha morte naquele momento, mas Nossa Senhora n�o permitiu, e eu renasci. Diferentemente da hist�ria do vaso, desta vez eu n�o tive uma marca, uma �rachadura� sequer para consertar com fios de ouro. Nada que mostrasse imperfei��o no que havia acontecido.
A marca que o empurr�o trouxe foi a abertura de uma nova fase em minha voca��o. Ganhei uma nova intrepidez para orar em l�nguas, para proclamar curas, para trazer o povo de Deus para a intimidade com Jesus.
Passados v�rios meses do ocorrido, a consequ�ncia foi que muitas pessoas voltaram � igreja. Gente que por um problema ou outro tinha se afastado da f� e que retornou porque testemunhou o poder de Deus.
Passei pelo batismo de fogo e meu minist�rio triplicou de tamanho. O que me deixa ainda mais feliz � que muitos voltaram ao amor � Nossa M�e Maria. A frase �Maria passa � frente e pisa na cabe�a da serpente� virou ora��o de in�meros fi�is, todos os dias, al�m de diversas lindas can��es.
Como foi predito no C�ntico de Maria do Evangelho de S�o Lucas:
�E Maria disse: �Minha alma glorifica ao Senhor, meu esp�rito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isso, desde agora, me proclamar�o bem-aventurada todas as gera��es, porque realizou em mim maravilhas aquele que � poderoso e cujo nome � Santo�� (Lc 1,46-49).
A nossa gera��o est� fazendo exatamente isso: proclamando Bendita Nossa Senhora.
O inimigo odeia Maria, porque em sua simplicidade, em seu jeito humilde de ser, ela acaba com a for�a do mal.
Era uma mensagem tamb�m para mim, pois por duas vezes em minha vida, anteriormente, havia me afastado da f�. Mas Deus � infal�vel e por duas vezes falou comigo e promoveu meu reencontro com o Esp�rito Santo. At� que, no dia 14 de julho de 2019, Ele falou comigo e atrav�s de mim de uma maneira nova.
Assim como agora sei que tenho a miss�o de contar mais sobre essas passagens, mais da minha hist�ria e de todas as provas que tive da onipresen�a divina e de seu poder absoluto, que me fizeram superar todos os obst�culos.
Vivemos, durante a elabora��o deste livro, um momento de prova coletiva com a pandemia do coronav�rus. O mal quis derrubar a todos, com amea�a de contamina��o e preju�zos de todos os tipos -f�sico, propriamente dito, com os danos � sa�de e amea�a de morte; emocional; financeiro, em trabalhos e emprego; na confian�a nos outros. � mais um motivo para estarmos unidos espiritualmente e em atitudes, pois fortalecendo aos outros estaremos igualmente nos beneficiando, at� que fisicamente possamos estar juntos de novo para celebrarmos a vida em todas as suas possibilidades.
A li��o maior � de que tudo passa. E se voc� aceitar e buscar a companhia de Deus durante esses momentos de afli��o, n�o apenas superar� com maior tranquilidade como tamb�m sair� mais forte.
Falo com propriedade, pois minha hist�ria toda � uma prova disso. Como voc� vai constatar neste e nos cap�tulos a seguir.
Ora��o
Jesus, primeiramente eu quero Te agradecer. Agradecer pelos livramentos que n�s recebemos do Senhor todos os dias. Agradecer por nos livrar de tudo aquilo que o mal usa para atentar contra n�s. Agradecer quando Nossa Senhora e os anjos da guarda nos socorrem.
Quero blindar cada um que est� lendo este livro com o Sangue poderoso de Jesus.
O Senhor tem um plano para cada um de n�s. S� que o mal n�o quer que cumpramos o nosso chamado, a nossa voca��o.
Mas todo prop�sito de Deus � nos conduzir e a quem convive conosco para a intimidade com Deus, para fazer o bem.
O mal n�o quer o bem.
S� que n�s, hoje, com a gra�a de Deus, assumimos nossa voca��o como pessoas batizadas. N�s nascemos para sermos luz. N�s nascemos para semear o bem. N�s nascemos para uma vida rumo ao c�u.
D�-nos a gra�a de perseverar na f�, de querermos ser pessoas melhores para os outros a cada novo dia.
Que Nossa Senhora passe � frente de tudo em nossa vida e pise na cabe�a da serpente � da serpente do ego�smo, da serpente das fofocas, da serpente da inveja, da serpente da doen�a, da serpente de tudo o que nos afasta de Deus. Que Nossa Senhora possa pisar em todo o mal e sejamos pessoas libertas para viver um caminho de santidade, porque nascemos para sermos santos.
Santidade n�o � perfei��o, santidade � comprometimento com Deus. � se deixar esvaziar de tudo o que vem de n�s para ser preenchido com o Esp�rito Santo. � viver uma vida que quer agradar somente a Deus e n�o �s pessoas.
Santidade � levar uma vida com a consci�ncia de que tudo neste mundo � passageiro.
Temos que investir em nossa f�, nas virtudes, em semear o bem, em pacificar os ambientes e deixar marcas do Eterno no outro.
Jesus, batiza-nos no Teu Esp�rito Santo, para que possamos, pela For�a do Alto, viver uma vida nova, uma vida em que a f� seja o mais importante entre tudo que nos � importante.
Que possamos viver uma exist�ncia conforme a Tua Santa Palavra.
Obrigado, meu Deus.
E pelo poder a mim concedido pela Igreja como sacerdote, eu te aben�oo no nome da Trindade Santa, para que sejas repleto dos dons do Esp�rito Santo e tudo em ti seja renascido para Deus.
Em nome do Pai, do Filho e do Esp�rito Santo.
Am�m.
2
Esteja aberto para o encontro com o Esp�rito Santo
Sei a data exata do meu segundo e definitivo reencontro com o Esp�rito Santo, pois aconteceu justamente quando acompanhava a corrida de F�rmula i em que o nosso saudoso Ayrton Senna venceu seu primeiro t�tulo, no Jap�o: 30 de outubro de 1988.
Era madrugada no Brasil quando fui assistir � prova sozinho, pois minha fam�lia tinha viajado para o balne�rio de �guas de Lindoia (160 quil�metros de dist�ncia de S�o Paulo) para passear.
Na v�spera da viagem, a Irm� Josefina Ribas, que era muito pr�xima da minha fam�lia, alertou minha m�e para que ela rezasse muito naquele fim de semana, pois havia tido um pressentimento de morte em rela��o a mim.
Era uma �poca em que eu tinha me afastado da f�.
Cursava faculdade de Educa��o F�sica na Fefisa (Faculdades Integradas de Santo Andr�, na Grande S�o Paulo), havia servido no Ex�rcito no Batalh�o de Guardas e passava a s� me preocupar com o f�sico.
Queria ficar cada vez mais forte, cada vez mais musculoso. As prioridades da minha vida passaram a ser os exerc�cios na academia.
Quando comecei a treinar em uma academia grande no bairro de Santana, zona norte da capital paulistana, encontrei um dia por l� o Ayrton Senna. Sua fam�lia tamb�m era da zona norte e trein�vamos no mesmo espa�o.
O Ayrton ainda n�o era o her�i esportivo que se tornaria nos anos seguintes, mas era um ser humano humilde e completamente da paz, sendo percept�vel sua dedica��o a Deus.
Na mesma academia, conheci o mundo dos esteroides anabolizantes - coquetel de medicamentos e horm�nios que provocam artificialmente o crescimento dos m�sculos.
Como minha principal inten��o naquele momento de vida era ficar o mais musculoso poss�vel, resolvi experimentar esse atalho nocivo.
No �ltimo fim de semana de outubro de 1988, os dois componentes se encontraram: a corrida de Ayrton Senna no Jap�o, que poderia selar seu primeiro t�tulo na F�rmula 1, e uma aplica��o de anabolizante.
As palavras da Irm� Josefina se mostraram prof�ticas e comecei a me sentir muito mal. Resolvi assistir � corrida para tentar afastar um pouco do mal-estar. E a situa��o que a tela da TV mostrava se refletia em minha vida.
Lembro que o Ayrton n�o iniciou muito bem a prova. Foi parar entre os �ltimos. S� que com plena determina��o e garra come�ou a ultrapassar um a um os outros pilotos at� terminar com uma vit�ria linda e o t�tulo de campe�o daquele ano.
Quando, na �ltima volta, ele levantou as m�os, como em agradecimento a Deus, fiquei especialmente emocionado. Naquela hora, Deus voltou a falar comigo.
J� com a corrida encerrada, ele deu uma entrevista que confirmou tudo o que havia sentido: �Agora posso dizer sem receio e sem medo: foi Deus quem me deu este campeonato. Foi Ele quem me deu toda a for�a, toda a pot�ncia para vencer. Gra�as a Deus eu consegui�, ele disse, atribuindo pela primeira vez suas vit�rias a Deus.
Chorei muito. Pedi perd�o a Deus e, poucas horas depois, na manh� de domingo ainda, peguei meu Passat verde, e fui at� a Par�quia de Santa Teresinha e fiz uma confiss�o emocionada.
Aquele momento ainda me marcaria com uma convic��o definitiva quando, no ano seguinte, Ayrton falou que durante a �ltima volta da corrida ele teve uma vis�o de Deus.
Em sua l�pide, h� a inscri��o de devo��o eterna: �Nada pode me separar do amor de Deus�.
Deus falou comigo por meio de Ayrton naquele dia. Mesmo dia em que conversei com meus pais, Vilma e Ant�nio, e contei que havia retornado � vida de dedica��o � f�.
Vida que eles haviam me propiciado vinte e um anos antes, no s�bado de 20 de maio de 1967.
Eram 14 horas quando cheguei ao mundo. Nasci roxo e quase n�o sobrevivi, pois tinha o cord�o umbilical enrolado em tr�s voltas no meu pesco�o.
Para completar, minha m�e n�o teve a dilata��o do colo do �tero necess�ria para que fosse realizado parto normal.
Depois de tr�s dias internada no Hospital Benefic�ncia Portuguesa, um primo do meu pai, o obstetra Wanderley Frederic, fez o parto por cesariana.
Era para eu ter nascido no come�o de junho, mas aos oito meses e meio de gravidez minha m�e foi fazer um exame de rotina e o m�dico ordenou que fosse internada imediatamente.
Muitos hospitais estavam em greve e foi uma dificuldade para encontrar um que a atendesse. Conseguiram no Benefic�ncia Portuguesa, mas sem dilata��o eu n�o nasceria por parto normal. Meus pais tamb�m n�o tinham condi��o financeira para pagar pela churda cesariana, ent�o meu av�, Alfredo Rossi, pai do meu pai, sempre generoso, ligou para seu sobrinho e acertou a conta com ele.
Nem assim fiquei fora de risco, e no dia seguinte foi marcado o meu batismo de emerg�ncia na capela do hospital.
Meus padrinhos, Ede Mendon�a Senger e Wilson Senger, conversaram com o padre capel�o do Benefic�ncia e conseguiram que no domingo eu fosse batizado.
N�o sei se voc� sabe, mas o batismo de emerg�ncia pode ser feito por qualquer cat�lico, desde que exista uma situa��o de vida ou morte. O batismo � feito em nome da Trindade, mas, caso o batizado sobreviva, precisa ir depois a uma igreja, complementar os demais ritos e document�-lo.
Como o capel�o do hospital realizou a celebra��o e deixou a documenta��o pronta, tudo foi feito imediatamente.
O detalhe � que minha m�e n�o p�de participar, pois estava em recupera��o da cirurgia. Mas no dia seguinte ao meu nascimento na Terra, nasci para o c�u - tive meu passaporte carimbado e aben�oado por Deus.
Ainda durante a gravidez, minha m�e conta que um dia ela estava sozinha em casa e o c�u come�ou a ficar muito, muito escuro. Em minutos, o dia virou noite e ela ficou com muito medo. Meu pai estava trabalhando e n�o existia celular ou um contato t�o f�cil quanto hoje em dia.
O medo s� cresceu, e ela come�ou a rezar como nunca, at� que consagrou o futuro beb� nas m�os de Nossa Senhora.
Se voc� � cat�lico deve saber que s�bado � o dia de Nossa Senhora. Eu nasci justamente em um s�bado, ent�o era um caminho j� tra�ado que me levou � M�e de Deus.
Tanto que, para eu dormir, ela percebeu que me embalar com a m�sica �M�ezinha do c�u� era o �nico jeito de fazer com que me acalmasse. A letra diz o seguinte:
Azul � seu manto
Branco � seu v�u
M�ezinha, eu quero te ver
L� no c�u.
M�ezinha do c�u
M�e do puro amor
Jesus � seu filho
Eu tamb�m sou.
Se voc� tem um beb� em casa ou na fam�lia, recomendo a can��o. Mas, se mesmo assim ele se recusar a dormir, voc� pode fazer como meus pais, que me levavam para dar uma volta no quarteir�o no Fusquinha da fam�lia.
Na verdade, toda a proximidade e as situa��es em torno de Maria s�o algumas das raz�es de eu ser mariano. Nossa Senhora sempre esteve presente em toda a minha vida. Com seu cuidado materno, seu jeito carinhoso, ela sempre guardou meus passos.
Quando eu tinha 1 ano e meio, nasceu minha irm� do meio, M�nica. Perto de completar 4 anos, veio a ca�ula, Marta. Ambas Mendon�a, sobrenome da fam�lia da minha m�e, e Rossi, da parte do meu pai.
Nascemos os tr�s em um lar cat�lico. Viv�amos o catolicismo de modo sincero; contudo, sem - o que chamamos na Renova��o Carism�tica Cat�lica - um encontro pessoal com Jesus.
Esse encontro nasce em um momento de contri��o, quando o cat�lico tem a experi�ncia de se arrepender verdadeiramente de seus pecados e v� nascer um desejo urgente de mudan�a em sua vida, que s� pode acontecer pelo poder do Esp�rito Santo.
Todos os domingos n�s �amos � missa, at� que um primo do meu pai o convidou para o encontro Decolores (Movimento de Cursilhos de Cristandade). O Cursilho � uma iniciativa cat�lica que promove encontros regulares para que as pessoas tenham consci�ncia da import�ncia de viverem � luz do Evangelho tanto em sua vida particular como em comunidade.
Isso mudou a vida dos meus pais. Logo eles se engajaram totalmente nas pr�ticas da igreja de Santana, que fica no bairro de mesmo nome e � �poca pertencia aos padres saletinos (mission�rios de Nossa Senhora de Salette).
Nossa vida passou a ficar dividida entre a igreja, a fam�lia e a recrea��o no Clube Esperia, que, para quem conhece S�o Paulo, fica ao lado do Parque do Anhembi e da r�plica do avi�o 14-bis, na pra�a que leva o nome do pai da avia��o, Santos Dumont.
A forma��o religiosa de meus pais teve ainda outra mudan�a quando um amigo da igreja, chamado Oswaldo Cesena, convidou-os para participarem de um movimento cat�lico novo trazido ao Brasil pelo padre norte-americano Haroldo Rahm.
O padre havia chegado ao Brasil cerca de sete anos antes. Aqui ficou conhecido apenas Padre Haroldo. Junto � miss�o, trouxe a base da Renova��o Carism�tica Cat�lica (RCC), que nasceu praticamente ao mesmo tempo nos Estados Unidos.
Meus pais vivenciaram pela Renova��o Carism�tica a experi�ncia pessoal com o amor de Deus, a for�a do Esp�rito Santo e de seus dons e a maravilha que � viver a santidade como disc�pulos de Jesus Cristo.
Eles foram batizados no Esp�rito Santo e se apaixonaram por Jesus de um jeito que levou a fam�lia inteira a experimentar o mesmo sentimento.
Come�aram a frequentar grupos de ora��o, retiros, a dar palestras em encontros e a ir diariamente � missa. Papai ia cedo, antes de ir trabalhar, e minha m�e ia geralmente no come�o da tarde. Quando nossas aulas na escola passaram a ser pela manh�, ela come�ou a ir bem cedinho � missa.
Nossa fam�lia foi aben�oada na Renova��o Carism�tica Cat�lica pelo Padre Haroldo, um de seus iniciadores no Brasil. Ele faleceu em 2019, aos 100 anos, em S�o Paulo. Deixou o instituto que leva seu nome e a obra linda como heran�a aqui no pa�s que ele adotou como seu.
Foi a viv�ncia da f� de meus pais que me levou ao meu primeiro encontro com o Esp�rito Santo.
Uma amiga da fam�lia, a amada Maria Gabriela de Oliveira Alves, foi um dia em casa rezar para todos n�s. Mor�vamos em uma das casas do meu av�, na rua Anibal Ben�volo, 71, na ocasi�o.
Lembro que era pequeno. Devia ter 7 ou 8 anos, aquela idade em que as lembran�as j� come�am a ficar mais v�vidas. Durante a ora��o, minha m�e e eu ca�mos em repouso no Esp�rito Santo e daquele dia em diante Deus se tornou algu�m muito real na minha vida.
Frequent�vamos as missas com minha m�e, mas depois do batismo no Esp�rito, a pr�tica religiosa ganhou novo sentido para mim. Outra amiga da fam�lia, Delizete, nos levava a grupos de ora��o, e passamos a ter mais contato com minha amada tia Laura.
�ramos uma fam�lia comum, com as atividades infantis de tr�s crian�as, idas ao clube, brincadeiras, s� que em primeiro lugar em nossa casa vinha Deus. Meus pais sempre deixaram esse exemplo, mostrando como Deus tinha mudado a vida deles para melhor em todas as conversas e nas coisas pr�ticas. Viviam o que professavam, sempre ajudando os outros.
Os exemplos deles foram fundamentais para nos tornar o que somos. Minha m�e levava, uma vez por semana, a Eucaristia para os doentes. Um de n�s sempre a acompanhava e os outros dois ficavam em casa com a nossa colaboradora.
N�o era s� pela assist�ncia aos outros que o Esp�rito Santo se mostrava definitivamente presente na nossa fam�lia. Se voc� vir uma corografia minha aos 11 ou 12 anos, eu estarei usando �culos com lentes muito grossas, pois tinha graus altos de miopia e astigmatismo. Durante um grupo de ora��o no Santu�rio de Nossa Senhora de Salette, houve uma ministra��o de cura, e minha vis�o, que era totalmente distorcida sem os �culos, ficou perfeita. E assim ela se mant�m quarenta anos depois dessa manifesta��o do Esp�rito Santo.
Como j� passei dos 50 anos, �s vezes a idade pede uma lente para leitura, para enxergar de perto. Tirando isso, continuo enxergando muito bem.
Nessa �poca, nossas f�rias eram divididas entre �guas de Lindoia e Santos, uma das cidades litor�neas mais pr�ximas de S�o Paulo. Pensando a partir do crescimento de S�o Paulo nesses anos todos desde a minha inf�ncia, sendo Santos a cerca de sessenta quil�metros de estrada de S�o Paulo, a cidade mais parece um bairro da capital. Em menos de uma hora voc� desce a serra e chega � praia.
Mas para um garoto, que tinha a vida concentrada basicamente na zona norte da cidade, era uma viagem aguardada com ansiedade o ano inteiro.
Sempre em janeiro, meu pai tirava f�rias do banco em que trabalhava. Meu av� Alfredo tinha um apartamento pertinho da praia Jos� Menino, no posto z, em Santos, e divid�amos o m�s com minha tia - os primeiros quinze dias eram da fam�lia dela no apartamento, e n�s fic�vamos com o restante de janeiro.
Logo depois da virada do ano, minha fam�lia ia para �guas de Lindoia, hospedar-se no Hotel Fredy. Fomos tantas vezes que t�nhamos quase a sensa��o de ser um hotel familiar.
De l�, rum�vamos para Santos, e era �poca de reunir outra parte da fam�lia, j� que alguns parentes do meu av� tamb�m tinham apartamentos l�. Ent�o nem precisava marcar encontro para juntar a garotada toda na praia.
Outra reuni�o que n�o precisava ser marcada era na igreja. Pod�amos estar em f�rias do trabalho e da escola, mas nunca de Deus.
Todos os dias �amos � missa na igreja Nossa Senhora do Ros�rio, que ficava a duas quadras de dist�ncia do apartamento do meu av�. Ela acontecia geralmente �s 19:30.
Preciso contar certa traquinagem que faz�amos. L� em Santos, l�amos o jornal local, A Tribuna. Nele, junto ao obitu�rio, vinham anunciadas as missas de s�timo dia.
Quando havia uma marcada, n�s fic�vamos at� mais tarde na praia. Por volta das 18 horas volt�vamos para casa para tomar um banho e segu�amos em turma para a missa.
Quando cheg�vamos, dava para ver um monte de gente olhando para n�s com aquelas caras de �quem s�o esses?�.
Ningu�m nos conhecia, claro. Mas tudo bem, �amos para ter encontro com Jesus. Tudo o que nos importava era n�o ficar sem comungar com Ele.
Nas f�rias de 1984, quando tinha 16 anos, conheci minha primeira namorada. Por acaso ela era de Santos, mas nos encontramos no Hotel Fredy, em Lindoia. Quer dizer, n�o era tanto ao acaso, j� que muitos moradores de Santos iam para o hotel nas f�rias de ver�o, pois achavam que a cidade ficava muito cheia com a chegada de turistas de S�o Paulo.
O namoro n�o durou muito, afinal na �poca n�o era muito f�cil manter um relacionamento a dist�ncia. N�o havia internet nem celular, liga��o interurbana era bastante cara e o jeito era se corresponder por cartas.
No mesmo ano, por�m, conheci a Simone, filha de uma amiga do grupo de ora��o da minha m�e, e comecei meu segundo namoro. Durou alguns anos, at� eu ser convocado para servir no Ex�rcito.
Nessa fase final da adolesc�ncia, minha casa era frequentada por pessoas muito queridas e pelas quais mantenho enorme carinho. Al�m da Irm� Josefina, tia Laura, Gabriela, Delizete e Padre No � lembro com muita saudade dele, padre saletino que celebrava missa semanalmente em casa at� o dia em que morreu.
Entre tantas pessoas queridas, quem sabiamente n�o acreditava em meus namoros eram a tia Laura e a Gabriela. Certa vez, a tia comentou com minha madrinha que sabia que eu seria padre e que levaria uma multid�o para as missas.
A Gabriela, por sua vez, falou diretamente para a Simone que nosso namoro n�o daria em nada. �Ele vai ser padre�, ela justificou para minha namorada.
Quando a Simone me contou, eu apenas ri: �N�o vou {ser padre), n�o. Vou ser professor de Educa��o F�sica e vou casar�.
Mas Deus tinha seus planos.
Eu estudava no Col�gio Salesiano Santa Teresinha. Escolhi fazer curso profissionalizante de Eletrot�cnica, mas vi que n�o levava jeito para aquilo e, no terceiro colegial, fui estudar com os padres beneditinos.
Nessa �poca, n�s cham�vamos a sequ�ncia de forma��o de curso prim�rio 1� a 4� s�rie), gin�sio (5� a 8�) e colegial (1� ao 3� ano). Atualmente, anteciparam um ano da forma��o, o pr�-prim�rio virou 1� s�rie e as divis�es viraram ensinos b�sico, fundamental e m�dio.
Portanto, o �ltimo ano do que � o ensino m�dio foi justamente a fase em que enveredei para o mundo da gin�stica e comecei a querer ficar musculoso - da� meu objetivo de me tornar professor de Educa��o F�sica.
Como contei no in�cio deste cap�tulo, foi quando comecei a usar anabolizantes. Tudo ficou meio confuso na minha vida e foi um per�odo de certa revolta.
Minha m�e percebia que algo n�o estava certo e, quando eu chegava em casa, constantemente a pegava ajoelhada rezando diante de uma imagem de Nossa Senhora de F�tima, que ganhamos de presente de uma vizinha portuguesa, a dona Candidinha.
A verdade � que de certo modo eu tinha me afastado de Deus. Para quem era pr�ximo e me conhecia, isso era percept�vel. Eu servia no Ex�rcito no Batalh�o de Guardas at� que fui dispensado para completar o estudo universit�rio.
Na mesma �poca, tive o segundo encontro com o Esp�rito Santo e minha vida retornou de vez ao Seu prop�sito. Voltei aos grupos de ora��o, fui completar o curso de Educa��o F�sica, mas sabia que a gradua��o era mera formalidade � eu seria padre, j� estava decidido.
Fui at� o fim e peguei o diploma, pois queria concluir o estudo como agradecimento ao esfor�o dos meus pais e oferecer como um presente a eles: o primeiro filho formado em uma faculdade.
Eu sabia o quanto era importante para eles e quanto sacrif�cio fizeram para me dar aquela forma��o.
Junto ao estudo, formei meu primeiro grupo de jovens, no sal�o da creche da Irm� Josefina. Minha irm�, Marta, tocava viol�o, convidei alguns amigos e iniciei as reuni�es semanais, �s quartas-feiras.
Deus come�ou a me usar e em tr�s meses o espa�o cedido pela Irm� ficou pequeno para tantos jovens que passaram a frequentar o grupo.
Por meio de padres salesianos, filhos espirituais de S�o Jo�o bosco, viajei para participar do primeiro Rebanh�o de Jovens em Cruzeiro, cidade do Vale do Para�ba, em S�o Paulo.
O Rebanh�o acontece durante o Carnaval e marca principalmente um tempo de renova��o da espiritualidade.
Durante o encontro daquele ano, o fundador da Comunidade �Cat�lica Shalom, Moys�s Louro de Azevedo Filho, falou na prega��o: �H� um jovem presente aqui que est� indeciso. S� que Deus est� te chamando para ser padre, est� te chamando para o celibato. Voc� sabe que Ele est� falando com voc�. Levante a m�o�.
Eu sabia que era comigo, mas olhei para os lados e ningu�m se manifestou. Fiquei envergonhado e quieto. Quando ele insistiu, levantei a m�o.
Ao fim de seu discurso, fui falar com ele, que rezou comigo e disse: �Vai, meu filho, essa � a sua voca��o�.
Eu sabia que era mesmo. E fui.
No come�o de 1990, fui ter minha primeira experi�ncia com os padres salesianos, que possuem a Institui��o Nossa Senhora Auxiliadora de ensino, em Cruzeiro.
Em mar�o daquele ano, eu e todos os brasileiros recebemos um balde de �gua gelada em nossa cabe�a. O presidente rec�m-eleito, Fernando Collor de Mello, tomou medidas dr�sticas na economia para tentar conter a alta infla��o e praticamente tirou o dinheiro je circula��o ao reter tudo nos bancos.
A l�gica era que quanto menos dinheiro nas ruas, menor seria o consumo e os pre�os n�o subiriam. S� que isso afetou todo o mercado, e muitas empresas come�aram a ter dificuldades e a demitir funcion�rios em massa.
Meu pai foi um dos atingidos pelas demiss�es. Sendo o primog�nito e �nico filho homem, eu sabia que teria que ajudar no sustento da fam�lia. S� que escutava a voz de Deus dentro de mim, que dizia: �Eu cuidarei deles�.
Realmente cuidou e foi um ano maravilhoso. Pude participar do grupo que tia Laura tinha na cidade de Lorena, tamb�m no Vale do Para�ba e pertinho de Cruzeiro (cerca de trinta quil�metros de dist�ncia). Com a ajuda de Gabriela, comecei a entender que Deus me queria servindo em par�quias, e n�o no apostolado em escolas.
Por isso agradeci aos padres salesianos, por quem nutro muita amizade e respeito, pela experi�ncia maravilhosa que me proporcionaram e fui terminar meus estudos no Semin�rio de Santo Amaro e me tornar padre.
Assim, no dia 1� de dezembro de 1994, eu me tornei sacerdote de Jesus. Sou plenamente convicto da minha voca��o e agrade�o a Deus por ter me escolhido e salvado em muitos momentos de minha vida.
Ora��o
Jesus, pelo poder conferido a mim, como sacerdote de Deus, Teu sacerdote, pe�o neste momento que a Trindade Santa esteja conosco nesta ora��o.
Em qualquer lugar em que esta pessoa esteja lendo, que receba a cura interior, pelo poder do Esp�rito Santo Criador e pelo poder da Palavra de Deus.
N�s, cat�licos, cremos que desde o momento da fecunda��o, no encontro do espermatoz�ide do pai com o �vulo da m�e, uma nova criatura se forma � um ser amado por Deus, dando in�cio � vida desta pessoa.
Batiza-a agora no Teu Santo Esp�rito.
Jesus, se esta crian�a foi desejada pelos pais, n�s te agradecemos. Mas se por acaso esta crian�a veio ao mundo por abuso sexual, pela influ�ncia do uso de drogas, por divers�o ou por qualquer raz�o n�o foi querida pelos pais, que pelo poder do Esp�rito Santo esta pessoa se sinta querida por Deus.
O Senhor quis que esta pessoa existisse.
O Senhor tem um plano de b�n��o na vida desta pessoa, mesmo que os seus n�o a quisessem.
Cura, Senhor, todo o trauma e todo o sentimento de pouca valia, de inferioridade, todo o sentimento de n�o ser amada. Preencha esta pessoa neste momento com o Teu amor que � eterno.
Obrigado, Jesus, pelos meses de gesta��o desta m�e.
Caso ela tenha passado por medo, por traumas, tristezas, trai��es, qualquer coisa negativa, retira tudo o que possa ter sofrido esta crian�a no ventre materno, toda a negatividade, medo, frustra��o e tantas outras coisas.
Quebra pelo poder do Teu sangue, Jesus, e no lugar coloca o Teu amor, que cura tudo.
No nascimento desta crian�a, que Tua m�e, Maria, seja a �enfermeira� que recebe este novo beb� na Terra, nesta morada tempor�ria, e que pelo dom do Esp�rito Santo, esta pessoa que est� lendo esta ora��o seja totalmente consagrada a Jesus e � Virgem Maria.
Todo o mal caia por terra, tudo o que for pecado, tudo o que for contr�rio � Palavra de Deus, que saia da vida desta pessoa. Que esta pessoa se sinta amada e que veja que Deus tem um plano para ela.
Que caia toda a pobreza que esta pessoa possa ter passado nos primeiros anos de vida, seja pela car�ncia da m�e de dar de mamar, pelas brigas em casa ou pela falta de amor e respeito. Que caia tudo de ruim que possa ter ficado gravado na mem�ria desta pessoa - quebra, Jesus, lava com o Teu sangue toda a mem�ria desta pessoa, e no lugar coloca a Tua paz, que excede todo o entendimento.
Da inf�ncia at� a adolesc�ncia, toda a dificuldade de adapta��o na escola. todobullying sofrido, todo desamor em casa, falta de comida, de abra�os, todas as brigas entre pai, m�e e familiares, que possa ter havido � quebra, Jesus, quebra todas as m�s lembran�as, os medos, os traumas dos maus professores, da falta de habilidade em alguma disciplina, o sentimento de incapacidade de aprender desta pessoa, de praticar algum esporte, pela falta de amigos, pela timidez ou pelo excesso de falar.
Cada pessoa que est� lendo teve experi�ncias diferentes, problemas diferentes, traumas diferentes, car�ncias diferentes, mas todos n�s temos um mesmo Deus, capaz de sanar toda a car�ncia, capaz de curar todas as feridas, capaz de fazer novas todas as coisas.
A adolesc�ncia, a fase da escolha de nossa voca��o ou profiss�o, Jesus, � um tempo t�o complicado - queremos muito e podemos pouco, temos sonhos e muitos deles n�o se realizam, quantas coisas acontecem em todas as �reas de nossa vida que podem ter causado tristeza, medos, dificuldades, quantas pessoas que escolheram errado a voca��o ou profiss�o e se arrependeram. Sejam quais forem as m�goas, tristezas, frustra��es, decep��es, traumas dessa pessoa, pelo poder das chagas de Jesus, ela est� sendo curada, porque Deus faz novas todas as coisas e traz novos sonhos para seus filhos e filhas.
E agora, na autoridade que eu tenho como sacerdote - feche seus olhos ap�s a leitura da ora��o - pelo poder da f�, eu coloco as minhas m�os sobre a sua cabe�a e tra�o o sinal mais poderoso que temos: o sinal da Trindade nos aben�oando, o sinal que quebra maldi��es, rompe maldades, pragas, invejas, que quebra todo e qualquer tipo de mal, este sinal da cruz.
Eu te aben�oo pelo poder da f�: em nome do Pai e do Filho e do Esp�rito Santo.
Am�m.
Deus me deu um novo nascimento, o nascimento de fogo. Para voc�, Ele est� dando um novo nascimento: o Nascimento pela Palavra. Sim, a Palavra gerada no cora��o de Deus tem poder; e as palavras que voc� est� lendo neste livro nasceram num momento de adora��o ao Sant�ssimo Sacramento.
Creia.
S�o palavras ungidas que far�o uma reviravolta em sua vida, assim como o empurr�o fez em mim.
Os momentos da pandemia e os posteriores s�o mais que prop�cios para essas reviravoltas positivas. Para direcionarmos o volante de nossa vida rumo ao Senhor e ao que Ele falou e nos deixou.
Bem-vindo, meu filho. Bem-vinda, minha filha, para uma nova etapa em sua vida.
3
O mal est� � espreita
O inimigo � real e pode nos atingir fisicamente, como no caso da Covid-19. Mas, na maioria das vezes, o inimigo � s�rdido, covarde e age em nosso psicol�gico para nos atingir - chega pela sua mente, sorrateiro, para prejudic�-lo espiritualmente e convenc�-lo de que a vida n�o vale a pena.
Antes daquele empurr�o no altar, foi dessa maneira que aconteceu comigo, quando enfrentei uma depress�o e Deus me fez enxergar a doen�a - �mal do s�culo 21�, nome dado pelas autoridades no assunto.
N�o � dif�cil constatar por que esse transtorno cresce tanto e hoje chega a atingir mais de 10% da popula��o mundial. Certamente esse n�mero � maior, uma vez que o percentual refere-se somente aos casos diagnosticados por m�dicos.
Como se trata de uma doen�a �silenciosa� e que para ser diagnosticada corretamente � necess�rio procurar um psiquiatra - recurso ao qual a maior parte de nossa popula��o, por exemplo, n�o tem f�cil acesso -, sei que o n�mero de casos � bem maior e mais alarmante - at� mesmo pelo aumento de relatos que ou�o, sobretudo de familiares.
Durante a pandemia de Covid-19, esse n�mero cresceu ainda mais. O v�rus acometeu grande parcela das pessoas fisicamente e um n�mero ainda maior emocionalmente, j� que, por causa do recolhimento for�ado, aumentaram o medo e as d�vidas, alavancando surtos de depress�o. Os mesmos componentes ampliaram a preocupa��o com o futuro, e o resultado foi um aumento assustador nas curvas de diagn�sticos de ansiedade.
Ou seja, n�o � por acaso que foi atribu�da � depress�o a denomina��o �doen�a do s�culo 21�.
Como costumava dizer o saudoso Padre Leo (Tarc�sio Gon�alves Pereira), fundador da Comunidade Beth�nia e que nos deixou em 2007, a turma de jovens do s�culo 21 � a gera��o micro-ondas: quer rudo imediatamente, pois pensa que tudo na vida � instant�neo. Veja: n�o podemos deixar que isso se torne uma verdade absoluta; afinal, se determinada coisa n�o se realizar ou demorar para acontecer, n�o significa necessariamente que n�o valeu a pena.
Padre Leo fez, tamb�m, uma compara��o muito boa entre o forno micro-ondas e o antigo forno � lenha. O primeiro esquenta o alimento em segundos. O segundo o coze por horas. S� que temos de lembrar que para extrair todo o sabor do alimento temos que respeitar o tempo de cozimento. Algumas vezes, o alimento pode ser preparado rapidamente com tecnologia moderna. No entanto, isso n�o pode virar regra, pois, com a pressa, perdemos um dos momentos mais saud�veis do ato de cozinhar, que � a pr�tica do ritual.
A ritual�stica da cozinha, ali�s, � o que ensina a cozinhar de verdade.
Se a compara��o for levada para o campo espiritual, seria algo como: �Vou rezar e instantaneamente meus pedidos v�o se materializar na minha frente�.
A� eu pergunto: onde est� a parte mais impactante e saborosa dessa pr�tica, que � a intimidade com o Senhor?
Entendem a profundidade desse racioc�nio e como deve ser aplicado � nossa vida di�ria?
Devo dizer que, no meu caso, a pr�tica di�ria da intimidade com Jesus jamais foi afetada. Mas a doen�a � s�rdida e procura in�meros caminhos para se instalar. Contudo, uma vez instalada, isso n�o significa o fim da jornada, e sim a possibilidade do in�cio de uma nova rota.
Foi assim que aconteceu comigo.
Passados v�rios anos, ainda n�o sei dizer com precis�o o que motivou a minha depress�o. Ent�o, posso dizer que v�rias situa��es aconteceram na mesma �poca e contribu�ram para me fazer cair em um estado de perda de sabor da vida.
At� as situa��es aparentemente rotineiras e banais entram na conta do que pode fazer com que nos consideremos menores e indignos de continuar vivendo.
Se voc� est� tendo que lidar com pensamentos desse tipo, meu amado, quero falar em voz alta e por experi�ncia pr�pria que somos todos importantes aos olhos de Deus.
N�o se deixe levar por essa armadilha espiritual do inimigo. � exatamente isso que ele quer que voc� pense para desistir da luta. Combata o bom combate e saiba que Deus n�o espera que ningu�m seja o melhor em nada. Ele s� espera que sejamos a melhor vers�o de n�s mesmos para poder servir ao outro e � obra Dele.
Eu senti isso na pele.
Uma das situa��es que aconteceu comigo tem a ver com meu amor pelos animais.
Minha fam�lia, por sinal, ama os animais. Minha m�e era louca para ter um cachorro, mas meu pai n�o gostava da ideia.
Durante um dos per�odos de f�rias em Santos, no ano em que decidi me tornar padre, encontramos um filhote de cachorro na rua e resolvemos adot�-lo. Meu pai s� ficou olhando e concordou silenciosamente.
Subimos a serra com o filhote, e ele cresceu no nosso apartamento na avenida Br�s Leme, em Santana.
S� que o meu condom�nio tinha um regulamento interno que proibia c�es de m�dio e grande porte - justamente no que nosso cachorro se transformou em alguns meses - nos apartamentos e nas depend�ncias. Ent�o, com dor no cora��o, tivemos de do�-lo. Mas a ado��o n�o foi � toa.
No fim daquele ano, meu pai deu de presente para a minha m�e um c�o da ra�a pinscher, mostrando que ele tinha se rendido ao amor canino. Mais tarde, quando ele ficou desempregado durante a crise do governo Collor, o c�ozinho tornou-se seu companheiro insepar�vel. Olhem s� a volta que a vida d� - digo isso com alegria.
No meu caso, um dos gatilhos da minha depress�o teve a ver com o amor pelos animais.
J� padre, alguns anos depois, ganhei de amigos queridos dois c�es das ra�as fila brasileiro e dogue alem�o. S�o duas ra�as de c�es enormes, que traduzem bem o tamanho de meu amor pelos bichos.
S� que aos 5 e 3 anos, respectivamente, os dois adoeceram e morreram, sem explica��o m�dica alguma - o veterin�rio simplesmente n�o soube dizer o que os levou � morte.
Quem tem bichos de estima��o sabe o enorme baque que a perda de um cachorro querido provoca. Imagine perder dois quase ao mesmo tempo.
Essa tamb�m foi uma �poca em que eu estava tentando me recuperar de um problema na coluna, me medicava muito, e os rem�dios me fizeram engordar e ficar muito inchado.
Comecei um regime maluco para voltar � minha forma f�sica, s� que exagerei e fiquei muito magro, parecendo um doente. Cheguei a pesar pouco mais de sessenta quilos, o que para meu 1,95 metro de altura � desproporcionalmente baixo.
Somado a isso, foi uma �poca em que eu estava me recuperando do tombo que levei na esteira e que me obrigou a abandonar as atividades f�sicas. � plenamente sabido que atividade f�sica � ben�fica � sa�de do corpo, mas tamb�m � sa�de mental, pois, em movimento o corpo libera subst�ncias como endorfina, que promove sensa��o de bem-estar.
E veja s� certa ironia a respeito de tudo o que falamos sobre o s�culo XXI, j� que um dos respons�veis pela minha doen�a foi justamente o fato de ter recebido o t�tulo de �Evangelizador do Novo Mil�nio�, o Pr�mio Van Thu�n, concedido pelo Vaticano e entregue pelo Papa Bento XVI.
Claro que receber o pr�mio me deixou muito feliz, com sentimento de satisfa��o. S� que, em contrapartida, em minha cabe�a certas manobras aconteceram e me deixaram com a sensa��o de que aquela realiza��o significava que meu trabalho estava completo-o que, dependendo da sensibilidade moment�nea, pode ser entendido como encerrado.
Veja s� como a mente nos prega pe�as. Perceba que o inimigo usa qualquer deslize para se instalar e usar planos que racionalmente n�o conseguimos compreender.
Assim como aconteceu no caso do meu empurr�o em Cachoeira Paulista, quando aquela pessoa saiu de uma arquibancada, pulou imensas caixas de som que rodeavam o palco, chegou ao altar sorrateiramente por tr�s, como se fosse invis�vel para todos os padres e seguran�as presentes, e fez o que fez.
Isso � a vida sempre nos dando li��es. E isso � Deus sempre nos mostrando o poder dos milagres a quem Nele deposita a confian�a. Imagine, por exemplo, se fosse um sacerdote mais fr�gil que tivesse sido empurrado de mais de dois metros de altura. Ou se eu estivesse em estado mais delicado de sa�de.
A� est� a verdadeira obra de Deus.
Aconteceu porque tinha que acontecer. E aconteceu comigo porque tinha que ser comigo. Foi um ataque a um sacerdote. E eu estava preparado para o ataque. Nas duas situa��es.
Como falei anteriormente, nada me afastou da minha pr�tica de adora��o � Sant�ssima Eucaristia, da leitura da Palavra de Deus, da celebra��o di�ria das missas e da ora��o ao Ros�rio.
Minha for�a interna n�o foi constru�da por Deus somente naquele momento. Ela vinha se desenvolvendo havia muitos anos, principalmente desde que aceitei minha miss�o e meu prop�sito de vida.
Sempre gostei de Hist�ria e de ler as hist�rias das pessoas. Por meio de biografias, entendi que nada ou quase nada se alcan�a sem esfor�o e dedica��o.
Na popula��o mundial, apenas 4% das pessoas possuem alguma habilidade especial, seja para pegar um instrumento musical pela primeira vez e toc�-lo como se tivesse estudado por anos, ou mesmo praticar esporte com um talento natural.
A grande fatia dos seres humanos, 96$, � formada pelos �ordin�rios�, pessoas que, como voc� e eu, dependem de abnega��o, esfor�o, estudo e dedica��o para alcan�ar seus objetivos.
As palavras do Padre Leo s�o muito s�bias nesse sentido. Uma das melhores partes da jornada est� justamente nesse processo, na estrada que conduz ao seu objetivo. Na maioria das vezes, esse caminhar causa mais satisfa��o do que o destino final.
Sabe a l�mpada que ilumina sua leitura? Voc� acha que ela aconteceu por acaso?
Basta ler a hist�ria de seu inventor, Thomas Edison.
Muita gente o chama de �g�nio da l�mpada�, mas n�o poderiam estar mais errados em dar-lhe esse apelido elogioso.
Thomas Edison enxergou seu objetivo, que era construir uma l�mpada de fios incandescentes, e iniciou a jornada em busca de alcan��-lo.
No meio do processo, quando um de seus assistentes contabilizou mais de setecentas tentativas sem que �tivessem avan�ado um passo sequer, ele ficou muito bravo com a perspectiva do colaborador.
�Como assim n�o avan�amos um s� passo? Avan�amos setecentos passos rumo ao �xito final'. Sabemos de setecentas coisas que n�o deram certo! Estamos para al�m de setecentas ilus�es que mant�nhamos anos atr�s e que hoje n�o nos iludem mais. E a isso voc� chama perda de tempo?�, ele disse para o auxiliar e seguiu rumo ao que sabia ser a verdade.
Thomas Edison precisou de cerca de 1.200 tentativas at� conseguir criar a l�mpada e mudar o mundo para sempre.
Olhando hoje, quem ousa dizer que n�o valeu a pena?
Outro exemplo � a hist�ria dos Beatles. Eles se tornaram um dos grupos musicais mais importantes de nossa hist�ria.
Se pensarmos com a cabe�a atual, provavelmente chegaremos � conclus�o de que os quatro ingleses se encontraram por acaso, resolveram compor algumas m�sicas e bum... sucesso imediato!
S� que eles montaram o grupo, mudaram a forma��o original algumas vezes, foram morar na Alemanha, onde tocavam diariamente e quase pela madrugada inteira em casas noturnas pequenas at� que o esfor�o resultou na habilidade de, juntos, criarem can��es que entraram para a hist�ria da arte.
No esporte n�o � diferente.
Ao vermos v�deos de Michael Jordan, considerado o maior jogador de basquete de todos os tempos, podemos at� pensar que ele nasceu com o talento natural para o esporte. Mas n�o � verdade.
Michael Jordan n�o fazia parte dos 4% da popula��o mundial que nasce dotada de genialidade. Ele amava basquete, mas era como n�s, os 96% que precisam se esfor�ar para serem bons em algo.
Em seus relatos, � percept�vel que Jordan entendia a mensagem: n�o tinha pretens�o de ser o melhor de todos, mas o melhor que pudesse ser naquilo que amava.
Para que isso se tornasse realidade, esfor�ou-se at� o limite. Chegou a praticar cinco horas di�rias de arremessos � cesta. Al�m de outra hora de aprimoramento f�sico e tamb�m da t�tica mental, em que simulava jogadas.
Assim, ele se tornou o maior no esporte que amava.
Seu exemplo nos mostra que todos n�s podemos ser melhores a cada dia.
A li��o � justamente esta: ser o melhor que voc� pode ser para servir aos outros.
Quando o objetivo � ego�sta ou movido pela vaidade de ser simplesmente melhor do que os outros, isso leva � mis�ria emocional e � tristeza profunda - ponto que veremos tamb�m nos pr�ximos cap�tulos.
Voc� acha que a escritora J.K. Rowling come�ou a escrever hist�rias com a pretens�o de se tornar a autora mais poplar do mundo? Ela pr�pria afirma que n�o. Muito pelo contr�rio, come�ou a escrever quando havia acabado de perder a m�e e de se divorciar, sendo obrigada a cuidar sozinha de uma crian�a pequena e, para completar, estava desempregada.
Rowling sempre diz que um dos per�odos mais felizes de sua vida profissional foi quando trabalhou na Anistia Internacional e tinha a tarefa de ler as cartas de pessoas espalhadas pelo mundo, vivendo em situa��o de risco - ela era feliz porque sabia que podia fazer a diferen�a na vida dessas pessoas. Exercitou isso at� se tornar a escritora que o mundo conhece. E deixa a li��o sobre a conta que muitas vezes pode ser enganadora entre sucesso e satisfa��o.
Nesse ponto � bom enxergarmos o campo espiritual, no qual atuaram os santos.
Poucos deles tiveram vis�es e experimentaram momentos de grande consola��o espiritual. A imensa maioria foi como n�s, pessoas comuns, que conquistaram feitos por meio de esfor�o e pr�tica.
A diferen�a � que, mesmo sem um talento natural, n�o se desviaram da doutrina da Igreja, mas se deixaram conduzir pela confian�a em Deus - optaram por viver de acordo com a F� Cat�lica. Com isso, enfrentaram muitas lutas e exercitaram diariamente a paci�ncia, alegria, mansid�o e bondade.
Os santos nos mostram que tudo isso requer exerc�cio, meus filhos, minhas filhas.
N�s optamos por Jesus para sermos pessoas melhores para os outros, e n�o melhores do que os outros. Isso faz com que deixemos rastros de Deus por onde passamos.
Todos os dias pe�o a Deus para me esvaziar de mim mesmo, para ser preenchido pelo Esp�rito Santo, poder acolher o outro, ser bondoso, compreensivo, para eu ser um padre melhor.
Da� a li��o de que temos que estar alertas, porque o inimigo espiritual � real. Ele n�o quer que saibamos que a vida � um campo de batalha.
Sim, a vida n�o � um eterno playground, onde voc� somente se diverte.
N�s teremos momentos felizes, mas por muitos dias o seu trabalho, o seu casamento, a sua fam�lia, o seu estudo, a sua vida de ora��o v�o entrar em marasmo, em algo rotineiro, por vezes cansativo.
As coisas podem perder o brilho que possu�am no come�o, ficarem insossas, mon�tonas. Problemas inesperados come�am a acontecer, passamos por prova��es. Esse � o momento de fragilidade em que o inimigo ataca, quando ele usa a possibilidade de, na fraqueza, perdermos o foco em Jesus.
Comigo n�o foi diferente.
Tudo o que antes era imensamente prazeroso foi perdendo seu toque especial. Coisas e situa��es que me causavam extrema felicidade passaram a ficar sem sal, sem sabor.
Foram sete meses nessa situa��o at� que Deus me concedeu uma grande gra�a. Pois Deus sempre concede uma gra�a. E a maior li��o � a de que temos que estar preparados para receb�-la.
Uma amiga moradora de Campinas, Estelinha, convidou-me para conhecer a Patti Mansfield, precursora da Renova��o Carism�tica Cat�lica.
Patti fez parte do grupo de jovens que, em 1967, na Universidade de Duquesne, em Pittsburgo (Estados Unidos), recebeu o batismo no Esp�rito santo e trouxe para a Igreja Cat�lica a corrente chamada Renova��o Carism�tica, da qual sou integrante. Patti Mansfield continua, mais de cinquenta anos depois, pregando a mensagem do Senhor e conduzindo mais e mais pessoas ao caminho da f�.
No dia em que nos encontramos, fomos at� uma pequena capela no Aeroporto de Cumbica (em Guarulhos, S�o Paulo) e ela falou diversas palavras em ingl�s, por�m o que mais me atingiu foi sua afirma��o de que ela estava ali in persona Mariae (na pessoa de Maria, em latim) e eu, in persona Christi (na pessoa de Cristo).
N�s nos abra�amos e rezamos durante uma hora.
Era Deus manifesto me colocando de volta ao rumo, depois de ter experimentado a depress�o na carne e na mente.
Nossa Senhora, na pessoa de Patti Mansfield, estava me abra�ando. curando-me, devolvendo-me tudo o que a depress�o tinha tirado de mim. Depois disso n�o fui mais o mesmo.
Voltei a rezar as missas di�rias com o prazer que tinha em minhas primeiras celebra��es. Voltei a fazer com fervor e amor minhas ora��es pessoais. Voltei a sentir sabor na minha rotina. Voltei a ter prazer em coisas simples. Voltei a viver plenamente.
� esse o prop�sito de Deus, de que todos vivam uma vida plena. Isso n�o significa ser o melhor em nada, mas extrair prazer na trajet�ria que nos leva a ser os melhores que podemos ser.
Deus permitiu que passasse por essa fase para poder ajudar outras pessoas.
Mostrar que na depress�o somos invadidos por maus pensamentos, e que a maioria dessas ideias ruins n�o s�o nossas, mas do inimigo, que as deposita em nossa mente.
O inimigo quer tirar nossa paz. Quer que enxerguemos tudo em preto e branco. Que sejamos atormentados por ideias que nos tiram o �nimo e a esperan�a. At� chegarmos ao est�gio final, que � pensar em suic�dio, come�ar a acreditar que a vida n�o vale a pena.
Perceba que � o caminho exatamente contr�rio ao de Deus. Oposto ao caminho da plenitude, que vem com a soma das pequenas coisas e do desfrutar de cada passo positivo dado em dire��o ao Senhor.
Por isso necessitamos vigiar os nossos pensamentos todos os dias e n�o permitir que o maligno sugira coisas para n�s.
Por isso a import�ncia de se ler diariamente a Palavra de Deus. A verdade contida na B�blia desmascara a inverdade do inimigo.
Filhos, filhas, a vida � um eterno exercitar, uma eterna luta. Se queremos o c�u, temos que deixar Deus nos moldar.
Para sermos esculpidos, desafios, dificuldades e decep��es surgir�o em nossa vida.
Mas n�o podemos desistir. � nesse momento que temos que rezar mais e entender que a ora��o n�o � algo m�gico. Do tipo �rezei e instantaneamente algo acontece�. Muitas vezes rezamos anos at� recebermos a gra�a.
Ela sempre vem, pois Deus n�o perdeu o controle das coisas. Na hora certa, no kair�s de Deus, tudo se resolve.
Voc� passa por v�rios desertos e �s vezes se depara com um o�sis. S� que nem sempre � assim. Cabe a voc� entender que a vida tem um valor maravilhoso. Somos pessoas amadas por Jesus, Ele morreu por mim e por voc�, e nossa vida tem que focar o essencial.
Hoje eu digo que a depress�o me despertou para uma vida de gratid�o. Agora sou grato pelas coisas rotineiras, comer um chocolate, tomar um caf� e, principalmente, por poder celebrar a missa a cada dia.
N�o quero e n�o vou perder meu foco em Jesus, pois a intimidade com Deus est� em se fazer cada coisa diariamente. O amanh� acontecer� amanh� e eu tenho que viver o hoje com gratid�o.
Independentemente das lutas, das decep��es, existe uma for�a maior que vem deste Trip� di�rio em minhas ora��es: Eucaristia, B�blia e Ros�rio. Uma for�a em que a cada novo dia Deus se revela para mim e me faz querer ter mais intimidade com Ele.
O mal viu que eu mudei. Por isso, ele me empurrou.
Ora��o
Senhor Jesus, eu quero te entregar a pessoa que est� lendo esta ora��o por todos os sofrimentos que j� aconteceram na vida dela, por todos os traumas, decep��es, descren�as e tristezas.
Que esta pessoa possa ser batizada no Teu Esp�rito Santo, para que, cheia de Ti, ela possa sair desse processo de tristeza, depress�o, melancolia.
D� novamente o prazer de viver, do fazer as coisas rotineiras com amor, e a alegria das coisas simples do nosso dia a dia feitas com vitalidade.
D� nova esperan�a para esta pessoa, que ela possa crer em Ti.
ali�s, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que s�o os eleitos, segundo os seus des�gnios�
Que ela creia que em tudo, Jesus, Tu tens a �ltima palavra em nossa vida. Vem, Esp�rito Santo, esvaziar o que esta pessoa possa estar carregando de m�goas, ang�stias, medos, decep��es e no lugar coloca o Teu amor, que supera tudo, que cura tudo de quem cr� em Ti.
Eu a aben�oo, em nome do Pai e do Filho e do Esp�rito Santo. Am�m.
4
O bem que recebemos ao proteger nossa mente
Entre todas as formas que o mal pode usar para tentar chegar a n�s, � importante aprofundarmos o racioc�nio sobre a import�ncia de prote��o de nossa mente. Com o bombardeio de mensagens que recebemos atualmente, � muito comum que voc� seja impactado por ideias que fogem � f� crist� e, ao se dar conta, pode ter sido influenciado a ponto de achar que aquilo que pensa teve origem em sua verdade �ntima.
Mas n�o.
Uma palestra de um te�logo americano me fez pensar muito sobre isso. Ele dizia que muitos pensamentos que surgem em nossa mente como nossos s�o na verdade sugest�es do inimigo.
Eu sei que � verdade, pois j� passei por isso. Em meu per�odo de depress�o, tive maus pensamentos muitas vezes.
Olhando para o mundo de hoje, � f�cil perceber como isso se instala.
J� vi pesquisas que dizem que todos os dias consumimos pelo menos doze horas de informa��o. E que lemos ou ouvimos o equivalente a cem mil palavras. S� para que voc� tenha ideia do que significam cem mil palavras, em uma semana daria o mesmo n�mero de termos que os 73 livros da B�blia.
� isso mesmo, se troc�ssemos tudo o que lemos ou escutam casualmente durante uma semana pela leitura da Palavra do Senhor, em uma semana ter�amos lido a B�blia inteira.
Claro que isso nos mostra que a quantidade de informa��o que consumimos atualmente � sobre-humana. Nenhum ser humano foi pensado para ter essa rotina. Mas basta ver dentro de seus pr�prios h�bitos o quanto de tempo voc� gasta com trocas de mensagens pelo celular ou olhando redes sociais e comparando sua vida com a dos outros e perceber� que provavelmente faz parte da m�dia de que falamos.
N�o estou dizendo para largarmos tudo e trocarmos por mensagens, leituras e conversas somente positivas. Mas mas que percebamos mais claramente para onde o mundo tenta nos levar e tomemos os devidos cuidados, para n�o nos deixarmos influenciar por alimentos mentais prejudiciais.
Sabe aquele programa de not�cias sensacionalistas para o qual voc� d� audi�ncia? Pare para analisar se o que voc� consome, pela TV, r�dio ou internet, est� alinhado com sua f� crist�. Se n�o estiver, simplesmente recuse.
A� sim eu digo para trocar por alimento saud�vel para sua mente. Pois voc� pode pensar que s�o apenas alguns minutos de curiosidade, que voc� nunca faria e sequer aprovaria qualquer viol�ncia cometida em rela��o �quilo que assiste ou l�. S� que � agua em pedra dura. De tanto pingar essas informa��es em sua mente, acaba atingindo seu �ntimo e voc� passa a naturalizar situa��es que n�o s�o normais.
Agora pense no oposto disso. Considere dedicar quinze minutos di�rios � leitura da Palavra do Senhor. Veja que estou falando quinze minutos dentro de uma m�dia de doze horas por dia de a��o.
Estamos falando de um alimento para a mente e para a alma poderoso que, ao fim de dois meses, esses quinze minutos : o transformar�o a ponto de voc� se perceber outra pessoa, mais forte e �ntegra, quando for colocar seus princ�pios em a��o.
Tamb�m vai notar a transforma��o de seus pensamentos, j� que quem consome besteira tende a digerir besteira mentalmente.
N�s, crist�os, n�o podemos manter a mente em ponto morto.
Temos que ser cr�ticos. Quando virmos algo que cause estranheza, temos que raciocinar: �Isso fere minha F� Cat�lica? Isso vai contra os meus princ�pios crist�os?�. Se a resposta for sim, afaste-se.
� fundamental peneirar o que entra em sua mente, os livros que l�, os filmes que assiste e quem voc� escuta.
No meu cotidiano e no programa na r�dio escuto exemplos diariamente. Vou contar alguns.
Tenho uma amiga que trabalha em um hospital. � uma funcion�ria exemplar. Realiza seu trabalho com disposi��o, esfor�a-se para ser melhor a cada dia e realizar a miss�o que lhe foi proposta, a de aliviar o sofrimento dos doentes que ajuda a tratar.
Ela nunca foi de entrar em fofocas nem de tratar de modo diferente os colegas, independentemente da hierarquia no trabalho.
At� que algumas colegas come�aram a lhe dizer que tal chefe n�o gostava dela. Foram investindo na fofoca at� que a mensagem come�ou a encontrar terreno f�rtil.
Essa minha amiga trabalha na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), destinada aos casos mais cr�ticos. A patologia com quej trabalha tamb�m � grave. Assim, muitas vezes ela testemunha a] perda de pacientes.
Aos poucos sua for�a foi minando ao presenciar tantas mortes. Sua mente igualmente n�o estava protegida pela f�, o que a deixou ainda mais suscet�vel �s palavras nada saud�veis das colegas.
Quando ela percebeu, estava tratando de maneira diferente esse chefe, s� porque tinham lhe dito que n�o gostava dela.
Ela tinha quatro chefes e uma supervisora. Apenas essa chefe n�o recebia o tratamento profissional exemplar que ela dedicava tudo o que fazia no hospital. At� o dia em que, confrontada pela chefe, minha amiga explodiu: �Vai pedir para outro, pois n�o vou com a sua cara�.
Essa atitude n�o condizia em nada com toda a hist�ria dela. Gra�as a Deus, a supervisora tinha conhecimento disso e, em vez de demiti-la, chamou-a para uma conversa honesta. Foi quando percebeu que se deixara influenciar gratuitamente pelo que escutava de pessoas que n�o lhe eram importantes.
Esse � o poder da sugest�o. � a arma do inimigo.
Outro exemplo � a quantidade de casos de pessoas que nunca tomaram uma atitude agressiva, violenta, e que um dia, sem motivo aparente, cometem um crime hediondo e matam algu�m.
S�o feitos testes psicol�gicos e nada � constatado. A psicopatia, que poderia explicar o caso, n�o � diagnosticada. Essas pessoas parecem que simplesmente tiveram um acesso de f�ria e mataram. S� que n�o se trata disso.
A explos�o foi depositada a conta-gotas em sua mente. Cada semente maligna que elas, sem querer, consumiam foi silenciosamente desenvolvendo e quando elas perceberam, j� tinham cometido um ato insano, que lhes marcaria a exist�ncia.
Mesma coisa acontece em in�meros casos de suic�dio. A mente torna-se vulner�vel aos maus pensamentos, estes v�o se infiltrando feito ervas daninhas e, quando a pessoa se d� conta, tomaram todo seu territ�rio mental depressivo.
Ela come�a a pensar que � uma fracassada, que a vida n�o vale a pena e passa a enxergar a situa��o pelo �ngulo de que tudo o que faz que d� errado.
Amados, garanto para voc�s que, em todos os exemplos citados anteriormente, se o inimigo tentasse se infiltrar dessa forma em uma mente protegida pela f� e pelos princ�pios crist�os, cairia nos primeiros instantes.
Todos n�s somos fracos, vez ou outra. Acertamos e erramos. Mas nos referimos aos casos extremos, em que o erro, por menor que pare�a, � repetido tantas vezes que se torna uma bola de neve e provoca essas avalanches.
Pense em quantos casos como esses voc� j� se deparou.
� por isso que refor�o a recomenda��o de manter a mente sempre em estado de vig�lia. Seus princ�pios s�o como seu cora��o, um �rg�o vital. Voc� n�o o trata bem sabendo disso? Ou voc� se disp�e a fazer qualquer coisa que coloque seu cora��o em risco?
Pois � assim que voc� deve tratar dos seus princ�pios baseados no Senhor.
A mensagem subliminar � outra maneira de nos mostrar isso na pr�tica.
Voc� est� assistindo ao seu programa favorito e uma marca come�a a bombardear comerciais em todas as oportunidades.
Racionalmente, se voc� n�o precisar daquele produto, acha que est� ignorando-o.
S� que se a mensagem for realmente apelativa, como em uma arma maligna, depois de um tempo, mesmo que voc� n�o precise daquele produto, acaba considerando a ideia de adquiri-lo.
O inimigo faz isso da mesma forma com os pensamentos, vai fazendo investidas em sua mente e no primeiro momento de desaten��o voc� incorpora a mensagem e passa a achar que se trata de um pensamento seu. Ou seja, se voc� estiver fragilizado, estar� mais suscet�vel.
� triste perceber essas artimanhas, perceber que muitos crist�os que viviam o que Deus pedia, hoje vivem uma vida totalmente longe do Senhor porque se deixaram influenciar por um lado anticrist�o da sociedade.
Somos produtos de nossos investimentos. Se investirmos em coisas do c�u, nossa vida ser� mais semelhante � de Jesus, se investirmos em coisas mundanas, seremos mais semelhantes a coisas que desagradam a Deus.
Ap�s a morte do Padre Robert DeGrandis, que por muitos anos foi meu diretor espiritual, tive a gra�a de conhecer Patti Mansfield, a americana que ocupou seu lugar.
Por conta disso, eu estudo ingl�s somente para poder conversar com ela sem a necessidade de tradu��o.
E foi em ingl�s uma frase que me enviaram, dos princ�pios da a��o Carism�tica Cat�lica, da qual ela � uma das precursoras. Recomendo que voc� copie e cole em seus espelhos, para fazer uso da sabedoria diariamente: �Listen less to your thoughts and more to God�s thoughts�. A tradu��o �: �Escute menos seus pensamentos e mais os pensamentos de Deus�. Simplesmente isso. Resume praticamente tudo o que foi abordado neste cap�tulo.
Para isso, basta saber onde est�o os pensamentos de Deus. Ou seja, nas Escrituras.
A� est� a chave para conservar uma mente sadia, amados. Temos que come�ar pequenos, retirar quinze singelos minutos do nosso dia para lermos a Palavra de Deus, substituir os nossos pensamentos influenciados pelo mundo pelos pensamentos de Deus. Quando isso acontecer, saberemos imediatamente se o que vem � nossa mente � verdadeiro ou falso.
Ao colocar a m�o em uma nota de dinheiro, uma pessoa que trabalha em banco saber� se ela � falsa ou verdadeira. Ou seja, com a pr�tica, come�a a desenvolver a percep��o sobre o objeto com que trabalha.
Assim tamb�m acontece conosco.
Quanto mais trabalharmos e investirmos na leitura da Palavra de Deus, mais saberemos se um pensamento cont�m a verdade ou se � falso.
Pois a verdade est� na Palavra do Senhor. Ao conhec�-la, nos afastamos das mentiras do mundo e nos protejemos do inimigo.
� justamente por isso que o inimigo, ao longo dos anos, fez de tudo para silenciar a Palavra de Deus.
Hoje, n�s, padres, lutamos muito para que nossos paroquianos andem com a B�blia, leiam a B�blia, pratiquem a B�blia. Porque a palavra de Deus nos mostra o que Jesus veio nos ensinar.
Creia que quando voc� investir em bons pensamentos, em boas hist�rias, na palavra de Deus, n�o haver� espa�o para os pensamentos de morte, de opress�o, de suic�dio.
Fa�a a experi�ncia.
Eu acredito na compara��o de nossa mente como um campo de batalha. Pois, sim, estamos em uma guerra espiritual em nossos pensamentos.
Por isso temos que usar as armas certas para n�o permitir que o inimigo ganhe � e a arma certeira � a palavra de Deus.
Ora��o
Senhor Jesus, eu Te pe�o que neste momento esvazie toda a mente desta pessoa, afaste todos os maus pensamentos, elimine todo o croch� q o inimigo fez em sua mente ao semear d�vidas, medos, �dios, tristeza e pessimismo.
Retira pela raiz todo o mal, e no lugar, Senhor Jesus, preencha com o poder do Esp�rito Santo. E que assim, batizada no Esp�rito Santo, essa pessoa se torne �ntima da Palavra de Deus.
Batiza, Senhor, tamb�m esta pessoa na Palavra de Deus, porque � nessa fonte Santa e pura que todo o mau pensamento acabar�. Assim, ela ser� preenchida por bons e frut�feros pensamentos, que prov�m da Verdade.
Muito obrigado, Jesus.
Eu, como sacerdote, aben�oo esta pessoa, em nome do Pai e do Filho e do Esp�rito Santo.
Am�m.
5
Combata a inveja com gratid�o
Quando eu era crian�a, em minha casa t�nhamos um aqu�rio grande, e muitos passarinhos. Uma de nossas maiores alegrias era poder cuidar dos animais e compartilhar afeto com eles. S� que fomos percebendo que uma situa��o era recorrente. Toda vez que acontecia algo de bom em casa, quando meu pai era promovido ou quando a fam�lia tinha alguma outra conquista, sem explica��o nossos bichinhos ficavam doentes ou morriam.
foram poucas as vezes que diversos peixinhos morreram sem motivo aparente na mesma �poca em que algum neg�cio dava certo ou �ramos vitoriosos em circunst�ncias em que outras pessoas ficavam sabendo.
Minha m�e conversou com a tia Laura e ela explicou que quando isso acontecia, era por causa da inveja que as pessoas sentiam do nosso suposto sucesso.
Como falei, a tia Laura era muito presente em nossa vida familiar e espiritual. Tia era um apelido carinhoso, pois ela n�o era de sangue nem de nosso pai nem de nossa m�e. Era irm�, sim, espiritual, o que � t�o importante quanto.
Retomando a tem�tica principal deste cap�tulo, a inveja, fui ao dicion�rio para verificar o significado exato da palavra:
1. Desgosto provocado pela felicidade ou prosperidade alheia;
2. Desejo irrefre�vel de possuir ou gozar o que � de outrem.
Durante minha vida, mesmo antes de ser padre, pude comprovar que as palavras da tia Laura foram muito s�bias.
N�o adianta voc� ter sua ideia de sucesso ou do valor de uma conquista.
As outras pessoas possuem as pr�prias regras para medir o que acontece na vida daqueles que as cercam e v�o dar o devido peso de acordo com essa avalia��o.
Assim, pode ser que para voc� n�o seja t�o importante conquistar uma posi��o melhor no trabalho, mas para os outros pode ser uma meta que mais almejam alcan�ar, ent�o por essa raz�o a sua vit�ria pode desencadear sentimentos ruins neles.
No caso dos meus peixes e p�ssaros, esses sentimentos ruins os atingiam porque os animais s�o puros e acabam sofrendo as consequ�ncias dos malef�cios provocados por essas emo��es negativas. Lembra-se do que contei no Cap�tulo 3 sobre as mortes repentinas de dois cachorros meus? Pois �, o inimigo tenta usar todas armas poss�veis para nos atingir. Por isso � t�o importante sermos fortes na gratid�o ao Senhor.
� imposs�vel uma pessoa grata a Deus ser invejosa. Naquela �poca, tia Laura disse, com muita sabedoria, que o que temos de fazer � rezar por essas pessoas que se sentem infelizes por nossa prosperidade
N�o me refiro apenas � prosperidade material, mas principalmente � abund�ncia espiritual e humana.
Quando voc� escolhe o caminho de Deus e segue a estrada certeira do Senhor, tamb�m passa a correr o risco de inveja, pois nem a Igreja est� imune a isso.
Vale eu contar uma passagem que compartilho sempre para ilustrar que a inveja pode se instalar por qualquer motivo, basta encontrar uma fraqueza na pessoa.
� a hist�ria da serpente e do vagalume.
A serpente come�ou a perseguir implacavelmente o inseto que tem como caracter�stica emitir raios luminosos.
Ele se p�s a voar o mais r�pido que podia, pois a serpente era muito �gil. Voou, voou, mas uma coisa n�o conseguia entender: o que a serpente poderia ter contra um simples inseto, que n�o fazia mal a ningu�m e que nem serviria como alimento dela?
A persegui��o continuou at� que o vagalume, exausto, desistiu. Ainda teve for�as para o seguinte di�logo:
�Serpente, agora que n�o tenho mais escapat�ria, permita-me fazer tr�s perguntas antes de voc� me matar?�, questionou o vagalume.
A serpente concordou.
"A primeira pergunta � se fiz algo contra voc� para que quisesse acabar comigo�, disse o inseto.
�N�o, voc� n�o fez nada contra mim nem nada de errado, pelo que eu saiba�, respondeu a serpente.
"A segunda pergunta � se por acaso eu perten�o � sua cadeia alimentar e n�o sei. Para entender se meu fim servir� para saciar a sua fome.�
�N�o. vagalume, eu n�o quero te matar para devor�-lo. Voc� n�o serve como alimento.�
"Ent�o a terceira pergunta vale por todas: se eu n�o fiz nada para voc� nem lhe sirvo como alimento, por que voc� quer me matar?�, perguntou o vagalume.
�Simplesmente porque seu brilho me incomoda�, respondeu a serpente.
Veja como essa hist�ria representa o que estamos falando neste cap�tulo. N�o havia motivo algum para o vagalume ser penalizado, j� que estava cumprindo sua fun��o de iluminar um pouco as escuras. S� que a serpente � a marionete na m�o do inimigo. Fazer o mal n�o lhe trar� nenhum benef�cio, mas o inimigo a convence de que ela n�o pode evitar isso.
O inimigo tenta convencer quem est� mais fraco espiritualmente que o brilho dos outros � o que os impede de brilhar. Isso � a inveja. Ela cega as pessoas a ponto de n�o conseguirem reconhecer os talentos recebidos de Deus.
Eu trabalho muito isso em minha vida e nas minhas ora��es.
Um dos di�logos constantes que tenho com Deus �: �Senhor me ensina a sempre valorizar o que o Senhor me deu�.
Essa valoriza��o tem muito a ver com a depress�o, da qual falei anteriormente.
Um psiquiatra amigo meu vai al�m sobre os motivos da doen�a. Para ele, o mal do s�culo 21 � a inveja, pois muitas pessoas cae em depress�o ou por terem sido alvos do sentimento ruim ou por elas mesmas alimentarem emo��es do tipo.
Veja s�, um cientista atribui muitos casos de doen�a ao est�mulo da inveja.
Temos que entender tamb�m que muitas vezes esse sentimento � involunt�rio. Acredito que na maioria dos casos o surgimento da inveja n�o partiu da pr�pria pessoa, mas encontrou terreno f�rtil para brotar e crescer, como a erva daninha que �.
Quando digo isso, muitos imediatamente associam as redes sociais a esse terreno f�rtil para a inveja. Quero deixar claro que n�o tenho nada contra elas nem contra a tecnologia. Pelo contr�rio: s�o ferramentas que uso bastante para me conectar com fi�is e que auxiliam muito o meu minist�rio.
S� que essa mesma tecnologia, quando mal usada, transforma-se em uma poderosa arma para a prolifera��o da inveja.
Neste novo mil�nio, milh�es de estudos j� foram feitos sobre perigos do uso t�xico das m�dias sociais e digitais. Foi comprovado que muitos jovens tornam-se viciados nas redes porque, quanndo recebem alguma curtida ou like, isso dispara uma rea��o qu�mica no c�rebro comparada � de uma droga de satisfa��o moment�nea.
Ent�o, nessa busca incessante de satisfa��o imediata, o que muitos fazem? V�o produzir conte�dos que os aproximem dos lik que s�o uma suposta admira��o. Eu coloquei �suposta admira��o, pois o que na verdade recebem em troca �, na maioria das vezes, justamente o contr�rio: o ressentimento disfar�ado de �curtida�.
Nessa conta, a inveja prolifera. Um acaba enganando o outro, a pessoa posta uma foto ou uma mensagem ou uma frase para aparentar ser aquilo que deseja. S� que o pr�prio termo ��aparentar� vem de apar�ncia. Ou seja, uma ilus�o da verdade.
Junto a esse fingimento, o ego estimula as publica��es nas redes sociais em busca de ostenta��o. A soma de apar�ncia com ostenta��o n�o pode ter um resultado positivo.
Por isso digo que usar meios digitais ou qualquer forma de comunica��o com esse objetivo � uma receita para o desastre.
Isso reflete na sociedade. Repare no n�mero de academias de gin�stica que abrem em sua cidade. E � cada vez mais comum esses espa�os funcionarem vinte e quatro horas por dia e sete dias por semana. Os empres�rios perceberam que todo mundo quer ficar "fitness�, para postar seus treinos ou expor a imagem de seus corpos �sarados�. Isso quando essas pessoas n�o v�o al�m da apar�ncia f�sica e sentem a necessidade de compartilhar o que vestem, seus aparelhos tecnol�gicos, as grifes que as representam, os carros que dirigem e os lugares que frequentam.
Chegamos ao ponto em que at� a intimidade, como o amor entre casais, tem a obriga��o de ser exposta nas redes, isto �, declara��es de amor, fotos, presentes.
No fim das contas, o que acontece � que se essa ostenta��o toda � simplesmente de fachada, a pessoa seguir� triste do mesmo jeito e de nada ter�o valido esses esfor�os. E mesmo que a exposi��o seja genu�na, com certeza vai provocar inveja em �amigos� de suas redes sociais.
No ambiente de trabalho tamb�m � muito comum surgirem situa��es desse tipo. Lembram-se do caso da minha amiga que trabalha em UTI e que � uma funcion�ria exemplar? Ent�o, por que voc� acha que come�aram aquelas fofocas para coloc�-la contra uma de suas chefes? E o inimigo aproveitou justamente o momento de fraqueza dela, do cansa�o que acomete quem batalha muito.
Em nossa sociedade, a competi��o no meio corporativo � bastante agressiva. As empresas sempre querem resultados mais r�pidos e melhores, amparadas pelo desenvolvimento tecnol�gico e pela agilidade que este propicia. Os funcion�rios mais habilidosos e �geis costumam se sobressair. Ou, ent�o, os que trabalham com afinco alcan�am mais conquistas.
Nesse ambiente, muitas pessoas n�o reconhecem ou n�o se importam com os m�ritos dos outros. N�o admitem que qualquer outra pessoa suba por m�rito de seu dom ou habilidade, ent�o procuram identificar poss�veis fraquezas, defeitos, e usam a fofoca, falam mal pelas costas, puxam o tapete, justamente por invejar a vit�ria alheia.
� muita energia desperdi�ada em negatividade.
O pior � que a inveja � uma emo��o t�o prejudicial que traz coisas ruins tanto para quem a sente como para quem � objeto dela. Nada de bom pode ser tirado desse sentimento, por isso � t�o importante combat�-lo.
Pense que ao combater a inveja voc� tamb�m estar� fazendo um bem para aquele que a manifesta, j� que ao perder a for�a ela para de consumir quem a sente.
Sem contar que � uma emo��o que pode vir disfar�ada de v�rias maneiras e enganar at� o pr�prio invejoso.
O sentimento pode ser disfar�ado em ironia, que acontece quando a pessoa expressa a inveja fazendo piadas ir�nicas que s� servem para rebaixar o respons�vel pela sensa��o.
Ou, ent�o, pode ser uma esp�cie de defesa para aqueles que nem percebem que a possuem e acham que s�o simplesmente pessimistas. Acontece tamb�m com as pessoas que sempre te colocam para baixo, que sempre enxergam o lado possivelmente ruim quando ficam sabendo de uma decis�o sua que empolga outras pessoas.
Quando voc� percebe que uma pessoa faz de tudo para competir com voc�, repare se isso tamb�m n�o � sinal de inveja. Sabe quando voc� comenta algo, por exemplo, uma viagem que far� ou pretende fazer, e seu conhecido fala de uma viagem ainda mais incr�vel que supostamente est� planejando? Ou quando voc� muda o penteado, come�a a usar um rel�gio novo e essa pessoa, �coincidentemente�, faz o mesmo. Provavelmente � um invejoso e nem sabe disso. Ou at� sabe e � dissimulado a ponto de calcular tudo com frieza.
Independentemente de como se manifestar, precisamos interromper esse c�rculo vicioso em todos os ambientes.
O maior impulso para a vit�ria sobre a emo��o da inveja e para nos afastarmos desse sentimento � a lembran�a do modo maravilhoso como Deus nos criou.
O Senhor nos fez � Sua imagem e semelhan�a n�o para nos tornar famosos ou populares. Ele nos fez assim justamente pelo contr�rio, para que, independentemente do lugar ou posi��o que ocupemos, n�s sirvamos aos outros e, de modo principal a Deus, pois � isso que nos aproxima da santidade.
Voc� acha que faz alguma diferen�a aos olhos de Deus o que voc� veste, o modelo de celular que usa ou quantos seguidores voc� tem nas redes sociais e em qu�o popular isso tudo lhe transforma?
Esses s�o todos caminhos concebidos pelos seres humanos para esconder suas m�goas, para esconder o sentimento de incapacidade de realizar alguma coisa. E por isso passam a invejar quem realiza.
O recado do Senhor, mais uma vez, � de que n�o importa se voc� realizou algo que � objeto de desejo humano, pois lembre-se de que Ele n�o lhe fez para voc� ser o melhor em alguma coisa, e sim um melhor ser humano para servir aos outros diante da obra divina.
Pense no conceito de profiss�o. A escolha de seu caminho significa que voc� se disp�s a se tornar instrumento de Deus para os outros, seja como m�dico, professor, empregado dom�stico, m�sico ou qualquer servi�o que lhe couber.
O professor que ensina com amor, muitas vezes com poucos recursos, n�o sendo devidamente valorizado e mesmo assim insistindo em dar o seu melhor, est� se santificando. O mesmo acontece com o mec�nico que vai consertar um carro ou com o engenheiro que constr�i um pr�dio. Dessa forma, esses profissionais deixam Deus atuar nos desafios que lhes s�o apresentados.
Isso acontece comigo tamb�m, no minist�rio sacerdotal: eu me santifico em meu trabalho di�rio, quando muitas vezes encontro prova��es e dificuldades. O que me leva em frente sempre � encarar tudo como via de santifica��o.
S� que, na igreja, acontecem situa��es como as que j� relatei. Tamb�m nela a inveja � comum, afinal somos todos humanos em busca de santifica��o da mesma maneira. Como seres humanos, temos nossas fraquezas.
No caso da igreja, � muito comum as pessoas quererem (invejarem) o dom do outro. S� que, como diz a B�blia, ningu�m � mais importante aos olhos de Deus.
A m�o n�o pode reivindicar maior import�ncia do que o p�, nem o nariz do que o olho. Somos todos parte de um mesmo organismo e � fundamental nos darmos conta disso para vivermos em um ambiente saud�vel. � importante que o olho, o nariz, os p�s e as m�os estejam igualmente saud�veis para que todo o organismo esteja bem.
Assim, at� na igreja � importante refor�ar a mensagem de que todos t�m sua fun��o, de que todos servem. Ao percebermos que servimos para um objetivo maior, imediatamente entendem que a felicidade vem de sermos servos e servas de Deus.
Alcan�ando esse entendimento, constatamos que nossas diferen�as n�o nos afastam nem nos tornam mais fracos, e sim serve" para nos unir. L� em casa sempre vivemos isso.
Quando pequeno, meu hobby era astronomia. Passava horas construindo lunetas caseiras, inventando maneiras de enxergar melhor as estrelas e constela��es. At� que meu pai teve condi��o de comprar um telesc�pio. A� sim eu passava ainda mais tempo observando as estrelas e tentando enxergar fen�menos no c�u. J� a minha irm� do meio, M�nica, gostava de trabalhos manuais. Ela fazia tric�, montava abajures. At� hoje ela mant�m essas habilidades, com base nesses hobbies, produzindo scrapbooks.
A nossa irm� mais nova, a Marta, sempre foi do universo dos livros. Tanto que suas opini�es s�o as que mais ou�o quando escrevo livros como este.
Crescemos juntos, mas desde pequenos nossos pais nos fizeram entender que �ramos, sim, diferentes e que justamente isso �os tornava ainda mais fortes quando nos un�amos. Ent�o, desde sempre respeitamos os gostos um do outro e torcemos pelo sucesso um do outro como se fosse nosso pr�prio. E no fundo realmente �, j� que somos uma mesma fam�lia e fortificados quando temos prop�sitos positivos.
O que acontece muito atualmente � que, no outro espectro, formamos uma gera��o insatisfeita. Sobretudo com nossas pr�prias conquistas, sempre que as enxergamos com as lentes da compara��o.
Uma pessoa compra um celular novo e fica feliz. N�o � errado uma pessoa sentir-se feliz ao adquirir algo que queria. Pelo contr�rio, � saud�vel, pois a vida tamb�m � feita de pequenas coisas, como realizar desejos que envolvam bens materiais. O errado � voc� deixar de ser feliz ao ver que um colega, conhecido ou amigo adquiriu um modelo de celular tecnologicamente mais avan�ado do que o seu. Voc� deixa de valorizar o que tem e passa a viver em fun��o da compara��o. N�o importa nem se o que o torna �melhor� � in�til para voc�. O que importa � ter status. Dos status vem a ostenta��o e, quando voc� v�, o c�rculo negativo formou-se novamente.
E mais: sua filosofia de vida come�a a basear-se na ideia de que sucesso � possuir coisas. Eu garanto que n�o �. Por isso, n�o perca a ess�ncia do que realmente importa.
Amados, sucesso de verdade � voc� ter pessoas que ama e pelas quais � amado, pessoas que lhe querem bem, que torcem por voc�, que rezam por voc�, pessoas que te levantam.
Sucesso � voc� ter car�ter, � falar a verdade, � viver na honestidade, � ser simples e ter prazer nas pequenas coisas, como dormir com a consci�ncia limpa.
Sucesso � ter Deus no cora��o, � viver uma vida de intimidade com Jesus, que sabe que tudo o que vivemos aqui � passageiro. Por isso temos que plantar o bem.
Se vivermos com esse entendimento, conseguiremos nos afastar da inveja. Tanto a inveja que poder�amos sentir como a que poder�amos despertar.
� por isso que falo com seguran�a que o ant�doto contra a inveja � a gratid�o. Pense em algu�m que voc� conhece e que � realmente grato. Ver� que n�o � uma pessoa invejosa, pois os dois sentimentos n�o se manifestam juntos de maneira alguma.
Uma pessoa grata n�o � a que possui tudo o que quer. A gratid�o est� em, na consci�ncia de n�o possuir tudo o que gostaria, ter o entendimento de que se alguns sonhos n�o se realizar; � porque n�o faziam parte do plano de Deus. Cremos que, no kair�s do Senhor, no tempo divino, tudo acontece para o nosso melhor.
Gratid�o � ter consci�ncia de que felicidade n�o se compra, mas se conquista.
Gratid�o � ter consci�ncia de que temos tudo para nos fazer felizes e que n�o somos desamparados em momento algum, na certeza de que Deus � por n�s.
Quando algu�m vem falar mal de outra ou fazer fofoca para alguma pessoa que � grata, esta logo o corta, pois n�o se deixa envenenar pela inveja dos outros.
A gratid�o � um dom divino que precisa ser regado em nosso cora��o diariamente. Dessa forma, a inveja nunca nos picar�. E se por acaso sofrermos inveja de outros, o Sangue de Jesus, pela nossa vida de ora��o e intimidade com Deus, nos proteger�.
Uma imensa prote��o ensinada pela tia Laura era a de rezar muito para as pessoas contaminadas pela inveja. Estamos tratando de um sentimento real, por isso n�o temos que ter medo. Temos, sim, que rezar muito e aben�oar essas pessoas, para que se tornem gratas pelo que receberam de Deus.
Diversos amigos que passavam por per�odos de conquista em suas vidas profissionais relataram que seus cachorrinhos ou gatinhos ca�ram doentes. Por isso recomendo que reze ou aben�oe quem tem sentimentos ruins por voc�.
Agindo assim, voc� perceber� que possui v�rios dons, que podem estar encobertos por sensa��es n�o saud�veis. Quando come�ar a cultiv�-los, notar� que o outro nunca � a sua medida, que nunca devemos nos comparar aos que nos cercam.
Os �nicos em que temos que nos espelhar s�o Jesus e a Virgem Maria.
Durante esses vinte e cinco anos como padre at� agora, convivi na Renova��o Carism�tica Cat�lica com muitos padres que admiro muito e que s�o refer�ncias para mim. Mas nunca quis imit�-los, porque sabia que Deus me deu dons diferentes.
Eu olhava e olho para esses meus irm�os e desfruto de seus dons para meu crescimento, mas n�o deixo a inveja ou o querer de ser igual me picar. Entendo que eles possuem os pr�prios dons, porque sei que Deus me fez com um prop�sito. E s� eu posso realizar o prop�sito para o qual Deus me fez.
Assim � com voc�, amado.
Voc� tem um prop�sito, ningu�m mais pode fazer o que s� voc� foi feito para realizar, porque voc� � �nico.
Nem mesmo se tiver um irm�o g�meo os prop�sitos ser�o iguais. Cada um ter� seus dons e sua maneira de ser.
Ent�o, n�o perca tempo querendo ser o que n�o �.
Enxergue seus dons, aprenda com a Palavra de Deus, que � a verdade e nos ensina quem somos de fato. Permita que se realize o prop�sito que Deus sonhou para voc�.
Como vimos e percebemos no nosso cotidiano, o mundo tenta transformar cada vez mais as pessoas em seres diferentes do que realmente s�o. S� que esse novo eu n�o � verdadeiro.
Somente na leitura da Palavra de Deus e na intimidade com Jesus conhecemos nosso verdadeiro eu. N�o existe outro caminho para se descobrir o prop�sito com que o Senhor o fez � somente Ele sabe. Assim, � na intimidade com Ele que descobriremos.
A inveja s� causa estragos, � um mal terr�vel. N�o permita que ela tenha lugar em sua vida.
E se voc� est� sendo invejado, reze, aben�oe, e saiba que Deus nos protege sempre.
Ora��o
Levanta-Se,
Deus, intercedendo a bem-aventurada Virgem Maria.
Que caiam todos os Seus inimigos e todo o tipo de inveja em nossa vida.
Que possamos estar protegidos pelo Sangue de Jesus, guardados nas santas chagas de Cristo e que nada de mal possa vir contra n�s, nossos animais e fam�lia.
Que o manto de Nossa Senhora nos proteja de todas as setas envenenadas de nossos inimigos espirituais e carnais.
E que um dia estejamos contigo no c�u, Jesus.
Am�m.
6
Seja como Jesus
O t�tulo deste cap�tulo � proposital, para que voc� questione: �Padre, como uma pessoa como eu pode almejar ser como Jesus?�, Saiba que eu entendi isso desde cedo, coloquei em pr�tica e foi uma das melhores li��es que poderia ter aprendido na �poca, j� que tudo o que resultou dessa decis�o s� fez bem a todos que se encontram ao meu redor.
No fim deste cap�tulo, voc� entender� que � poss�vel ser como Jesus. E mais: que a simples disposi��o j� � capaz de operar maravilhas ao seu redor, assim como aconteceu comigo.
Aprendi essa li��o ainda adolescente.
Minha m�e, minha irm� Marta e eu visit�vamos semanalmente uma livraria religiosa ao lado da esta��o Santana do metr�, em S�o Paulo. A livraria era protestante, enquanto minha fam�lia � formada na Renova��o Carism�tica Cat�lica, mas isso nunca foi problema para n�s. Pelo contr�rio, como vou explicar mais adiante.
Digo que era uma livraria de vertente crist� diferente para ilustrar que quando eu era mais novo n�o existia a extensa literatura cat�lica que encontramos atualmente. Ent�o encontr�vamos ensinamentos sobre a intimidade com Jesus e com o Esp�rito Santo muitas vezes nas obras de nossos irm�os protestantes.
Em uma dessas visitas, um livro me chamou muito aten��o logo pelo t�tulo: Em seus passos o que faria Jesus?.
O t�tulo � provocativo e j� diz muito sobre essa proposta que lhe fa�o, pois �ser como Jesus� nada mais � do que fazer �o que ele faria se estivesse no seu lugar�.
No livro, o autor resumia que o princ�pio de ser crist�o � ser Outro Cristo no mundo. � ser uma pessoa em sintonia com o que o Senhor nos ensinou e agir de acordo com a Sua consci�ncia.
Dali em diante aprendi da maneira mais simples, por meio de uma pergunta, como deveria me comportar em qualquer situa��o. Bastava considerar como Jesus reagiria a determinada circunst�ncia se estivesse em meu lugar. Ou o que Ele escreveria se tivesse a caneta para redigir este livro, por exemplo.
� t�o simples. Significa quase sempre viver de acordo com a simplicidade, que � a base da Palavra do Senhor.
E isso inclui tamb�m o di�logo, por isso a import�ncia de escutarmos sempre nossos irm�os, independentemente da f� que professam.
Ter adquirido esse conhecimento em uma livraria de literatura predominantemente protestante n�o nos afastou de nossas cren�as. Seguimos da mesma forma firmes em nossa identidade cat�lica, porque sempre soubemos a import�ncia da Eucaristia e do lugar de Nossa Senhora em nossa vida.
� por isso que, sempre que tenho a oportunidade, fa�o quest�o de refor�ar que as duas coisas mais perigosas em rela��o � religi�o s�o ideologia e fanatismo.
Ambas s�o muralhas que impedem ou tentam ao m�ximo impedir o que nos torna irm�os: o di�logo.
N�s sempre precisamos criar pontes e n�o construir muralhas. Atualmente ainda mais, j� que a prolifera��o de informa��o parece estar servindo muito mais para separar do que para unir os seres humanos.
Hoje, o mais comum � as pessoas buscarem abrigo em grupos que pensam exatamente como elas e abandonarem uma das pr�ticas mais saud�veis que existem, que � a de escutar as diferen�as.
S� que ao agir assim estamos oferecendo combust�vel para o preconceito em atribuir determinada cren�a a um grupo de pessoas. Sabe o que � e isso? A ideologia que, na religi�o, constr�i as muralhas �s quais me referi. Isso me impede de agir como o pr�prio Cristo, pois cada vez que consigo enxergar o Senhor no meu irm�o, pelo olhar da miseric�rdia, estarei fazendo o que Ele faria no meu lugar.
S�o as bolhas de pensamento que t�m separado as pessoas pelas diversas raz�es. Se voc� n�o votou no mesmo pol�tico que o outro, ent�o voc� n�o serve para dialogar. Ou se torcem para times de futebol diferentes, , a mesma coisa.
Perdemos muito tempo com situa��es que n�o valem a pena.
O que Jesus quis dizer ao ensinar que devemos amar os nossos inimigos � justamente que devemos ter di�logo.
Quando Ele nos diz para oferecer a outra face ao tapa, o significado � o mesmo.
S� que muitas vezes, em vez de tornarmos esse caminho racional, nos desviamos ainda mais da Palavra do Senhor e refor�amos nossa posi��o ideol�gica, aumentamos o suposto muro que nunca existiu no plano do Senhor e passamos a lidar com o fanatismo.
Esse muro que criamos em nossa mente, que eu estou chamando de ideologia, parece intranspon�vel. Todos aqueles que est�o do lado de l� do muro s�o, para n�s, indignos aos olhos de Deus.
Por isso eu repito: amai a todos sem discrimina��o.
Essa � a mensagem que Jesus nos ensinou e � a maneira que Ele agiria se estivesse em nosso lugar.
Faz pouco tempo, estava viajando de carro de S�o Paulo para Londrina, no Paran�. Nosso carro foi parado pela Pol�cia Rodovi�ria e duas oficiais me abordaram. Ao me reconhecer, uma delas falou o seguinte, antes de fazer qualquer pergunta:
�Eu sou da igreja tal (realmente n�o recordo a denomina��o).�
"Que bom. Que Deus aben�oe voc��, respondi com sinceridade.
�Est� vendo? Tamb�m sou filha de Deus�, disse olhando para a colega.
Esse � um exemplo de di�logo. Mas tamb�m � uma amostra de que, mesmo tendo a f� compartilhada em Jesus Cristo, nos colocamos em posi��o defensiva diante de nossos irm�os em situa��o cada vez mais comum de nos afastarmos em vez de nos aproximarmos.
Digo isso n�o me referindo apenas ao nosso relacionamento com os demais crist�os, mas tamb�m com os que professam outra cren�a religiosa. Vale para nossos amigos isl�micos ou judeus, assim como prega o Papa Francisco.
Esse di�logo n�o existir� se n�o houver amor. O que nos leva mais uma vez ao t�tulo deste cap�tulo: seja como Jesus e tenha sempre amor a oferecer.
V� como � simples?
� o modo mais saud�vel de lutarmos para que a sociedade n�o entre de vez nesse modo fren�tico de competi��o, de exig�ncia de resultados, de mais ganhos financeiros e mais e mais e mais.
Se concordarmos com essa din�mica, nosso destino sempre ser� brigar pelo destaque, sendo que a matem�tica de Deus � exatamente a oposta a isso.
O Senhor falou: �Os �ltimos ser�o os primeiros�. E essa frase basta para mostrar que diante dos olhos do Senhor n�o faz diferen�a alguma se voc� for O cara, se voc� for A pessoa que mais se destaca em uma atividade. Diante dos olhos do Senhor, a satisfa��o est� em voc� ser melhor a cada dia, e n�o melhor do que seus irm�os.
� mais uma simples li��o de vida a sugerir que n�o existe import�ncia em se destacar dentro de um grupo, pois a cada ser humano Deus entregou uma miss�o �nica e especial.
Tudo o que Ele espera de voc�, amado, � que cumpra seu prop�sito de vida. Talvez nesse ponto voc� me pergunte como descobrir o que Deus espera de voc�.
Novamente recorro �s Escrituras. Toda miss�o est� depositada na Palavra do Senhor. Nela, voc� entende a teoria de seu prop�sito, que ser� colocada em pr�tica � medida que a pergunta �O que Jesus faria se estivesse no meu lugar?� torna-se uma constante em sua vida.
B�blia e ora��o, B�blia e ora��o. O resultado voc� enxerga rapidamente na pr�tica.
� simples, mas n�o � exatamente f�cil, at� porque o inimigo est� sempre a postos para tentar nos desviar de nosso caminho.
No meu caso, cheguei a sofrer a ilus�o de que meu caminho estava de certo modo completo � falei sobre isso no cap�tulo em que narro minha depress�o.
Depois de gravar CDs, usar a r�dio, fazer filmes, escrever livros, celebrar missas pelo Brasil inteiro e em outros pa�ses, minha mente come�ou a tentar me convencer de que j� havia realizado tudo e que isso significava o fim do meu trabalho como sacerdote.
Foi quando as pe�as n�o se encaixaram mais. Eu havia acabado de ganhar o t�tulo de �Evangelizador do Novo Mil�nio�, do Papa Bento XVI, olhava para o pr�mio e uma voz tentava me dizer l� no fundo que havia chegado ao cume e ao fim de minha miss�o ao mesmo tempo.
S� que n�o era de maneira consciente. Era uma mensagem dissimulada, que confundia aquilo que deveria me levar adiante, e n�o me sugerir a parada. O resultado foi a depress�o, que no meu caso significou a perda de foco.
Quando a fuma�a se dissipou diante de meus olhos, Deus me relembrou que � Ele quem realiza tudo, pelas palavras de S�o Paulo, em sua Carta aos Filipenses:
'N�o pretendo dizer que j� alcancei (esta meta) e que cheguei � perfei��o. N�o. Mas eu me empenho em conquist�-la, uma vez que tamb�m eu fui conquistado por Jesus Cristo. Consciente de n�o t�-la ainda conquistado, s� procuro isto: prescindindo do passado e atirando-me ao que resta para a frente, persigo o alvo, rumo ao pr�mio celeste, ao qual Deus nos chama, em Jesus Cristo. N�s, mais aperfei�oados que somos, ponhamos nisso o nosso afeto; e se tendes outro sentir, sobre isto Deus vos h� de esclarecer. Contudo, seja qual for o grau a que chegamos, o que importa � prosseguir decididamente� (Fp 3,12-16).
No meu caso, a mensagem do Senhor em Sua Palavra n�o poderia estar mais clara. Deus praticamente falava em voz alta em minhas orelhas que s� Ele conhece nosso caminho, prop�sito, miss�o e o que espera de n�s.
Pe�o que leia com aten��o o trecho acima escrito por S�o Paulo e que releia por tr�s vezes para que guarde a mensagem no cora��o e utilize-a toda vez que desanimar e achar que sua miss�o est� completa no mundo.
Amado, espero que entenda que quanto mais aprendemos mais percebemos que somos ignorantes diante da infinidade de conhecimentos do mundo. Assim como percebi que quanto mais perto chego de Deus, mais Ele me mostra que preciso Dele.
Pois eu n�o sei nada sobre o Senhor e preciso aprender todos os dias de minha vida mais de Sua infinitude.
O mundo insiste em nos ensinar coisas erradas. Quer nos mostrar que, por conta de a pessoa ser expert em determinado assunto, ela est� pronta ou mais preparada do que o restante da humanidade.
S� que n�s nunca estaremos prontos nesta Terra. Nossa jornada s� se encerrar� quando chegarmos ao c�u. Por isso, at� l�, temos sempre que agir como Cristo faria em nosso lugar.
Enquanto o mundo insiste em nos dizer que sabemos tudo, Deus nos prova que somos eternos aprendizes.
Sabe quantas vezes j� li a Palavra de Deus? Voc� se surpreenderia se soubesse. Mas surpresa maior � saber que a cada leitura eu aprendo algo novo que n�o tinha percebido ou assimilado.
At� nas situa��es mais rotineiras.
Convivo com meus pais h� mais de cinquenta anos e, a cada vez que penso conhec�-los muito bem, eles me ensinam algo novo e mostram que temos que nos espelhar nas criancinhas que um dia fomos.
As crian�as n�o t�m medo de aprender. Elas nunca est�o fechadas a aprender algo novo. Justamente por isso, Jesus disse que s� entrar� no c�u quem for como as criancinhas, com pureza de alma e sem prepot�ncia.
Assim como foi Ele mesmo!
Seja como Ele!
Seja como Paulo, que esquece o pr�prio passado, os mart�rios que passou e encara todos os novos dias com olhar de crian�a, �vido para aprender com o outro e realizar seu prop�sito na Terra at� o encontro com o Senhor.
Deus faz novas todas as coisas.
Esque�a que voc� j� leu a B�blia e leia-a novamente. Ver� quanta coisa nova e boa ter� aprendido com o olhar desprovido de orgulho.
Continue assim at� a sua morte.
N�o encare a vida como um profissional que acha que sabe tudo. Aborde-a como um simples estudante que quer aprender mais, que sente a necessidade de fazer melhor do que ontem, que precisa se encantar com o que est� aprendendo.
Deus quer que hoje sejamos pessoas melhores do que ontem. S� que isso s� � poss�vel a quem se esvaziar de si mesmo e permitir se preencher por Deus.
Seja como Jesus e dispa-se de todo orgulho que possa haver dentro de voc�. Dispa-se de toda autossufici�ncia e esteja aberto a aprender algo que o tornar� melhor para o outro.
Repito: voc� n�o foi colocado nesta Terra para ter um cargo em alguma empresa, para ter uma conta banc�ria gigante, para acumular toda riqueza que conseguir.
Voc� foi colocado nesta Terra para fazer a diferen�a na vida de algu�m, nem que seja do seu marido, dos seus filhos, dos seus pais, dos seus alunos, dos seus pacientes. Voc� foi feito para ser instrumento de Deus, para fazer o bem para o outro.
O mundo at� pode tentar iludi-lo, afirmando que o segredo da felicidade � estar na moda, aparecer na revista X ou Y, ganhar notoriedade, mas isso n�o tem nada a acrescentar ao sucesso verdadeiro.
Sucesso verdadeiro � deixar para seus filhos um exemplo de honestidade, de trabalho limpo, de ensinamentos simples, que permita que eles enxerguem em voc� algo diferente. Que fa�a com que eles vejam que voc� seguiu o que Deus nos ensinou e, quando foi preciso, nos momentos que realmente importavam, foi como Cristo.
Sucesso � plantar a f� no cora��o dos seus para que eles sejam pessoas melhores para eles mesmos e para os outros. Para que sejam pessoas que deixam rastros de bem.
N�o importa se voc� � an�nimo para o mundo. O que importa � fazer a diferen�a na vida dos que o cercam.
No julgamento final conheceremos a vida de todos e voc�s v�o se surpreender ao ver quantos an�nimos povoam o c�u. Na simplicidade do dia a dia, essas pessoas deixaram rastros de paz, amor, bondade e altru�smo. E � tudo o que Deus espera dos Seus.
Por isso, amado, � preciso acordar. J� chegou a hora. N�s n�o sabemos qual ser� o dia do nosso primeiro julgamento diante de Deus.
Se voc� for capaz de tocar o cora��o de uma �nica pessoa que seja, amado, valeu a pena voc� ter vivido. Por isso, ningu�m pode fazer o que voc� nasceu para fazer.
Mire-se no exemplo de Jesus mais uma vez, que sofreu para voc� poder fazer a diferen�a onde quer que esteja.
Pe�o mais uma vez para voc� pensar, refletir e ver o que voc� pode fazer para ser como Jesus, por uma sociedade melhor, por uma comunidade melhor, por uma fam�lia melhor.
Abra as portas ao novo como eu abri.
Houve um tempo em que achei que j� tinha feito todo o poss�vel para Deus. S� que depois da depress�o, e mais especificamente ap�s o empurr�o, percebi que n�o havia chegado nem a 1% do que Jesus espera de mim.
Eu simplesmente tinha perdido o foco. Mas, gra�as a Deus, ele voltou.
Com essa nova vis�o, percebo o quanto tenho a fazer e aprender. E digo: �Vem, Esp�rito Santo, fazer este novo em mim. Eu quero ser um padre melhor do que ontem. Eu quero ser usado por Ti, para fazer a diferen�a na vida das pessoas que cruzarem o meu caminho. Usa-me�.
Ora��o
Senhor Jesus, perd�o por ter perdido o foco, por achar, na minha altivez, que j� tinha feito tudo por Ti.
Perd�o, Jesus, por isso.
Perd�o, Jesus, por ter perdido o foco, deixando-me ser contaminado pela mentalidade do mundo.
Gra�as a Deus, pelo poder do Esp�rito Santo, o Senhor est� me acordando para que eu viva como um eterno aprendiz, algu�m que tem muito a aprender, e o Senhor vai me ensinar.
Obrigado por fazer de cada missa uma nova missa, de cada comunh�o, uma nova comunh�o de amor contigo.
Agrade�o por cada novo estudo, por cada nova leitura das Escrituras -s�o coisas novas a serem aprendidas e lidas.
Agrade�o por fazer de cada Ros�rio um novo Ros�rio a ser rezado e um novo encontro contigo.
N�o permita que eu caia no marasmo, n�o permita que eu caia na mesmice, porque quem tem Jesus vive a rotina di�ria com um olhar sempre novo.
Podemos fazer sempre as mesmas atividades, mas aprendemos sempre algo novo com elas.
Que eu possa ser melhor do que ontem, que eu possa servir mais, amar mais, perdoar mais, deixar o Senhor ser em mim.
Mais de Ti, Jesus, e menos de mim.
Esvazia-me de mim e preenche-Me do Teu Santo Esp�rito.
Obrigado, meu Deus.
Eu te amo, Jesus.
Fique comigo, Senhor.
Em nome do Pai, do Filho e do Esp�rito Santo.
Am�m.
7
Volte ao primeiro amor
At� agora, amado, usei muitos exemplos pessoais das li��es que o empurr�o me trouxe para mostrar que uma vez que sua mente est� desperta e direcionada para o bem, o inimigo n�o poder� lhe causar mal nem enfraquec�-lo. Com o t�tulo deste cap�tulo, �Volte ao primeiro amor�, quero compartilhar uma li��o importante que Deus me ensinou e que o ataque naquele palco apenas refor�ou.
Recordo uma passagem das Escrituras, do livro do Apocalipse de S�o Jo�o, com a qual o Senhor me falou:
"Ao anjo da igreja de �feso, escreve: Eis o que diz aquele que segura as sete estrelas na sua m�o direita, aquele que anda pelo meio dos sete candelabros de ouro. Conhe�o tuas obras, teu trabalho e tua paci�ncia: n�o podes suportar os maus, puseste � prova os que se dizem ap�stolos
"n�o o s�o e os achaste mentirosos. Tens perseveran�a, sofreste pelo meu nome e n�o desanimaste. Mas tenho contra ti que arrefeceste o teu primeiro amor� (Ap 2,1-4).
Releia a �ltima frase, com outras palavras: �Mas tenho contra ti que arrefeceste o teu primeiro amor�.
Na Palavra do Senhor est� a explica��o do que quero dizer quando pe�o a sua volta ao primeiro amor, ao momento em que voc� se apaixonou por Deus, por Cristo, e percebeu que todo o restante era sup�rfluo.
Deus est� sempre de bra�os abertos para acolh�-lo e fortalec�-lo como na primeira vez, quando a voc� foi revelado o amor por Ele.
A coloca��o sobre tudo ser sup�rfluo n�o � uma frase de efeito. � real.
H� tr�s simples pr�ticas que o colocam na rota de Deus, no caminho que o leva sempre � verdade que o primeiro amor lhe trouxe.
Digo isso porque o inimigo � real e tenta nos desviar do foco principal como crist�os.
Hoje em dia, nem precisava lhe dizer, mas a quantidade de situa��es e passatempos a nos desviar a aten��o � enorme. No fim, s�o isso mesmo, passatempos.
Perdemos tempo demais com coisas que n�o valem a pena, que n�o levar�o ao encontro com Deus e que s� nos far�o desperdi�ar energia com quest�es sup�rfluas.
No dia a dia, buscamos inspira��o em outras pessoas. Os m�dicos admiram outros m�dicos e come�am a buscar conhecimento nestes, por exemplo. Isso � v�lido, desde que se busque o conhecimento para que se possa corresponder melhor ao chamado divino, que � o de fazer a diferen�a na vida das outras pessoas.
Fazer a diferen�a na vida de outras pessoas n�o � ser o melhor profissional na sua �rea, com muitos t�tulos ou pr�mios ou seguidores nas redes sociais ou qualquer crit�rio de valor que apare�a e que s� diz respeito ao ego.
Fazer a diferen�a na vida das pessoas � usar a sua miss�o para que a exist�ncia do outro, ou dos outros, seja melhor. Essa � a maior satisfa��o que se pode ter.
N�s s� alcan�amos essa realiza��o plena quando seguimos a b�ssola de Deus.
S� que o mundo est� com milh�es de placas para nos confundir. Voc� dobra uma esquina e l� est� uma sinaliza��o dizendo que voc� ser� feliz se usar o produto X. Liga a TV e v� outra placa afirmando que sua felicidade depende de voc� assistir �quele programa no celular Y. A� voc� pega o celular e ele recomenda que voc� siga o perfil de fulano em uma rede social...
Passatempos, passatempos.
E digo mais: eles s�o muito perigosos, pois bombardeiam as pessoas at� que elas se conven�am realmente de que a felicidade est� nesses sup�rfluos, como se Deus se escondesse atr�s de uma grife ou de uma postagem de rede social.
Por isso, repito o t�tulo deste cap�tulo: volte ao primeiro amor. Volte ao momento em que se apaixonou por Deus e sinta o que � realmente a verdade.
Naquele momento, todos n�s, crist�os, sentimos o que � realmente essencial. N�s apagamos todas as distra��es, entretenimentos, afazeres, t�tulos, posses, e enxergamos, sem filtro, o que Deus nos ensinou em sua simplicidade, em tr�s b�sicas li��es.
A primeira li��o � de que a verdade est� na Palavra de Deus e apenas l�.
O Evangelho de S�o Jo�o resume isso em duas frases: *Santifica-os pela verdade. A tua palavra � a verdade� (Jo 17,17).
Logo, a verdade n�o est� em lugar algum a n�o ser na Palavra do Senhor.
Jo�o vai al�m e diz que a verdade nos libertar�.
Assim como Jesus afirmou.
� preciso dizer mais do que isso para que saiba onde est� o que � inteiramente importante na vida?
S�culos podem passar, modismos v�m e acabam, mas a verdade � imut�vel. Ela est� al�m das amarras do tempo e muit�ssimo al�m das futilidades do mundo. O que Deus disse ser pecado, sempre ser� pecado. O que Deus disse que � para ser feito, sempre dever� ser feito. O que Deus afirma que n�o � para ser feito, � proibido.
Lembrem-se de quando propus que colocassem Jesus em seu pr�prio lugar para considerar o que Ele faria em determinada situa��o. Pois Ele seguiria a verdade.
Independentemente do estilo de vida, das filosofias aplicadas, os valores de Deus s�o eternos, s�o baseados naquilo que salva os seres humanos e n�o em satisfa��es tempor�rias ou, pior, no ego.
Ele falou a verdade, deixou registrada a verdade justamente para que n�s a sigamos e encontremos nela o princ�pio que nos torna diferentes - que nossas a��es sirvam para fazer a diferen�a, para melhor, na vida daqueles que nos cercam.
A Palavra de Deus n�o � fic��o. A Palavra de Deus � fonte de salva��o. Se um dia voc� quiser viver eternamente com o Senhor, no para�so, tem que conhec�-la, porque s� vivemos aquilo que conhecemos.
Neste ponto, chegamos � segunda li��o de Deus para que sempre retornemos a Ele e n�o nos desviemos do caminho: o Senhor enviou Jesus para servir, e n�o para ser servido.
Assim est� escrito na Palavra do Senhor:
�Aproximaram-se de Jesus Tiago e Jo�o, filhos de Zebedeu, e disseram-lhe: �Mestre, queremos que nos concedas tudo o que te pedirmos�. �Que quereis que vos fa�a?� �Concede-nos que nos sentemos na tua gl�ria, um � tua direita e outro � tua esquerda.� �N�o sabeis o que pedis�, retorquiu Jesus. �Podeis v�s beber o c�lice que eu vou beber, ou ser batizados no batismo em que eu vou ser batizado?� �Podemos�, asseguraram eles. Jesus prosseguiu: �V�s bebereis o c�lice que eu devo beber e sereis batizados no batismo em que eu devo ser batizado. Mas, quanto a assentardes � minha direita ou � minha esquerda, isto n�o depende de mim: o lugar compete �queles a quem est� destinado�. Ouvindo isso, os outros dez come�aram a indignar-se contra Tiago e Jo�o. Jesus chamou-os e deu-lhes esta li��o:
'Sabeis que os que s�o considerados chefes das na��es dominam sobre elas e os seus intendentes exercem poder sobre elas. Entre v�s, por�m, n�o ser� assim: todo o que quiser tornar-se grande entre v�s, seja o vosso servo; e todo o que entre v�s quiser ser o primeiro, seja escravo de todos. Porque o Filho do Homem n�o veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em reden��o por muitos�� (Mc 10,35-45).
� importante, mais uma vez, repetirmos o trecho do �ltimo vers�culo: �Porque o Filho do Homem n�o veio para ser servido, mas para servir�.
S�o Mateus narra a mesma situa��o em seu Evangelho.
E lembremos o que S�o Jo�o nos conta nos preparativos para a Santa Ceia, quando Jesus lavou os p�s dos disc�pulos dando a li��o pr�tica de que estamos na Terra para servirmos antes de sermos servidos.
Mas o que o mundo insiste em nos dizer em rela��o a isso? Que sucesso � justamente ser servido.
Pode reparar nas opera��es daqueles que s�o considerados os melhores hot�is e restaurantes. Os empregados est�o sempre prontos para te servir. Voc� deixa cair um guardanapo e logo est� ao seu lado um gar�om com um limpo para trocar. Voc� termina o copo d �gua, nem pisca e outro gar�om j� est� enchendo seu copo novamente. Por isso tudo, fica a mensagem errada de que a melhor situa��o na vida � a de ser servido.
Voc� pensa que isso n�o acontece tamb�m nas igrejas? Pois est� enganado.
A primeira coisa que fa�o quest�o de deixar claro � que quem se disp�s a servir n�o o est� fazendo para o padre, bispo, mission�rio ou papa, mas o faz a Deus. Quem serve na igreja serve ao Senhor.
Muitas vezes as coisas se confundem e as pessoas come�am a achar que podem ganhar �import�ncia� ou algum status na igreja para passar a ser servidas. O que quero dizer e fa�o quest�o a cada oportunidade � que todos n�s que servimos temos a mesma import�ncia aos olhos do Senhor.
Pode ser a pessoa que distribui folhetos para ajudar no acolhimento, o m�sico que toca viol�o, a pessoa que deixa os banheiros limpos para os fi�is ou quem proclama a Palavra de Deus - estamos todos em comunh�o para servir.
Essa � uma das principais li��es que a igreja pode dar.
Dentro da igreja n�o existem crach�s hier�rquicos como no mundo corporativo.
O Esp�rito Santo fala atrav�s de mim para todos os fi�is sem se importar com o status desses na sociedade, pois esta � a verdade do Senhor: somos �nicos e todos temos import�ncia especial aos olhos de Deus.
Os afazeres v�o de acordo com a habilidade de cada pessoa.
Um pode ser melhor como m�sico, outro pode ser mais h�bil no servi�o social, mais simp�tico distribuindo folhetos... Tanto faz, o importante � que o resultado � �nico e o servi�o de todos na igreja tem sua fonte na ora��o.
No caminho que nos leva ao encontro do Senhor est� o sorriso sincero � pessoa nova que chega � igreja, o acolhimento na porta, o ministrar a Eucaristia, a leitura da Palavra. Perceba que s�o tantos servi�os...
Existe uma condi��o, no entanto: o servo ou serva tem que possuir intimidade com Deus, pois n�o somos funcion�rios do Senhor, mas Seus amigos. Somos �ntimos Daquele que nos amou, que nos ama e transforma nosso dia a dia.
Claro que quem serve tamb�m � servido. E aqui vai outra li��o divina: ao estarmos no lugar daquele que recebe os frutos do servi�o de outros, � nosso dever demonstrar gratid�o, um muito obrigado, um sorriso.
Amado, temos que imitar Jesus. Pense em toda a trajet�ria Dele e ver� que as situa��es que lembrar s�o de Jesus servindo. At� os �ltimos momentos, quando serviu o p�o e o vinho na �ltima Ceia.
Ou voc� pensa que para Jesus o sucesso seria alcan�ar a posi��o ; de ser servido?
Lembre-se da passagem do Evangelho de S�o Lucas, quando Cristo aceitou jantar na casa de Sim�o, um fariseu que desconfiava Dele.
Havia no povoado de Sim�o uma mulher conhecida como pecadora. Esta, ao saber da presen�a de Jesus, quis lavar-Lhe os p�s. Ela os banhou com l�grimas, secou com os pr�prios cabelos e os ungiu com o perfume que possu�a.
Jesus foi questionado pelo fariseu sobre deixar-Se lavar por uma pecadora. E qual foi sua resposta? A de gratid�o � mulher.
�Ent�o, Jesus lhe disse: �Sim�o, tenho uma coisa a dizer-te�. �Fala, Mestre�, disse ele. �Um credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos den�rios e o outro, cinquenta. N�o tendo eles com que pagar, perdoou a ambos a sua d�vida. Qual deles o amar� mais?� Sim�o respondeu: �A meu ver, aquele a quem ele mais perdoou�. Jesus replicou-lhe: �Julgaste bem�. E voltando-se para a mulher, disse a Sim�o: �V�s esta mulher? Entrei em tua casa e n�o me deste �gua para lavar os p�s; mas esta, com as suas l�grimas, regou-me os p�s e enxugou-os com os seus cabelos. N�o me deste o �sculo; mas esta, desde que entrou, n�o cessou de beijar-me os p�s. N�o me ungiste a cabe�a com �leo; mas esta, com perfume, ungiu-me os p�s. Por isso, te digo: seus numerosos pecados lhe foram perdoados, porque ela tem demonstrado muito amor. Mas ao que pouco se perdoa, pouco ama�. E disse a ela: �Perdoados te s�o os pecados�� (Lc 7,40-48).
Essa passagem da Palavra do Senhor mostra em toda a simplicidade de Jesus muitos dos pontos de que tratamos at� aqui.
Jesus n�o julgou, n�o se posicionou com superioridade ou inferioridade, apenas aceitou e foi grato a quem demonstrava na pr�tica o desejo de servir.
N�o sei sobre voc�, mas uma das maiores felicidades que tenho � saber que fui instrumento de Deus ao servir algu�m para o bem.
Posso estar cansado da correria cotidiana, de celebrar missas aqui ou acol�, mas quando vejo Deus me usando para tocar vidas, n�o existe alegria maior que possa sentir.
Isso s� refor�a o que sempre digo, que a alegria real n�o est� em possuir milhares de bens, carros novos, t�tulos. A alegria em fazer o bem para o outro � incompar�vel, afinal � verdadeira.
Quando crian�a, li um livro que me marcou muito. Infelizmente n�o me recordo do t�tulo, mas a mensagem que guardei � important�ssima. Era sobre um menino que queria ser feliz e saiu em busca desse objetivo.
A ca�a � felicidade o levou ao mundo inteiro. Ele passou por todos os tipos de situa��o que acreditamos trazer felicidade constante.
O menino cresceu e adquiriu bens, foi servido, foi tratado como nobre, participou de experi�ncias consideradas inesquec�veis, s� que eram satisfa��es moment�neas e depois ele sempre sentia um vazio interior.
Ao fim de uma longa jornada de busca, ele decidiu voltar para casa, j� que tinha passado por todos os lugares poss�veis em sua aventura. E foi na simplicidade de sua casa, junto � fam�lia, que ele descobriu que residia a verdadeira felicidade.
O que a hist�ria me ensinou � que a felicidade encontra-se no estar junto aos seus, na busca em fazer bem ao outro. Que nunca encontraremos a felicidade que nos completa se trabalharmos mais para termos mais, viajarmos mais, possuirmos mais coisas, termos mais roupas do que seria preciso para uma vida inteira.
Por isso, Jesus nos mostra em seu exemplo a terceira li��o que quero compartilhar neste cap�tulo: a felicidade est� em viver uma vida na simplicidade.
Ele pr�prio escolheu nascer em uma fam�lia simples, em um local igualmente simples, mas onde todos tinham uma caracter�stica em comum: eram tementes a Deus.
Pense no Senhor e em seu comportamento durante a exist�ncia terrena. Jesus nunca pensou em acumular mais do que precisava para viver, nunca transmitiu a mensagem confusa de que temos que possuir sempre mais para sermos mais felizes.
Isso serve para propaganda. �Voc� ser� feliz se comprar tal coisa.� �A felicidade est� em morar em tal lugar.�
N�o se deixe enganar.
O inimigo sempre vai tentar convenc�-lo a ser consumista, criando um c�rculo negativo de relacionamento com os outros. Para ser consumista, voc� ter� que ganhar mais. Para ganhar mais, voc� se convencer� de que existem dois caminhos: assumir responsabilidades que n�o lhe cabem ou agir de modo a tirar proveito dos outros. Est� dado o sinal para fugir da simplicidade.
Mais uma vez: mire-se no exemplo de Jesus.
Durante o Seu minist�rio, algu�m j� ouviu falar que ele exigiu ser transportado de algum modo que n�o fosse caminhando para atender necessitados em uma localidade diferente? Ou que ele possu�a mais do que a pr�pria roupa do corpo?
Veja bem, amado, n�o estou falando que temos que viver na simplicidade absoluta de Jesus, pois aqueles eram outros tempos e outra situa��o.
Mas � nossa miss�o, sim, viver uma vida de simplicidade e evitar as ilus�rias tenta��es com que somos bombardeados diariamente sobre a receita da felicidade.
Existe um movimento minimalista, que surgiu no Jap�o, de volta � simplicidade e que considero bastante oportuno.
A sociedade japonesa prosperou economicamente na segunda metade do s�culo passado, depois das guerras.
Com a maior fartura econ�mica, iniciou-se a ideia equivocada de que posse traz mais felicidade. Ou seja, estava lan�ada a receita para o consumismo desenfreado.
Lembro-me de que tempos atr�s eu ouvia relatos de pessoas que iam para o Jap�o e que encontravam objetos, principalmente os tecnol�gicos e mais caros, em perfeitas condi��es, descartados nas latas de lixo.
O consumismo era tanto que as pessoas sequer pensavam em aproveitar os objetos comprados, pois se adquirissem um novo, a� sim ficariam mais satisfeitas.
Compravam, por exemplo, uma TV de plasma da �poca, que era uma inova��o. Mas quando a ind�stria lan�ava um aparelho com funcionalidade ou nome diferente, havia uma corrida desenfreada para descartarem a novidade da semana anterior a fim de substitu�rem pela novidade mais recente.
Claro que com o passar do tempo perceberam que nada daquilo lhes traria satisfa��o, e o movimento minimalista surgiu para refor�ar exatamente o oposto.
Quem aderiu ao movimento livrou-se da maior parte dos bens e ficou somente com o b�sico e necess�rio. Houve pessoas que mantiveram seus arm�rios com apenas duas cal�as, duas camisas, um casaco e pouqu�ssimos outros itens de vestu�rio. Essas pessoas, agora, estavam muito mais felizes em rela��o � �poca de consumo exacerbado.
O que essa hist�ria nos ensina � o que Jesus nos mostrou h� dois mil�nios: a felicidade n�o est� em possuir, e tamb�m n�o est� em n�o possuir.
A felicidade est� em viver de maneira que as coisas sup�rfluas n�o desviem sua aten��o em rela��o ao que � verdadeiro. Ou seja, se sua rotina de trabalho tem como objetivo adquirir mais e mais dinheiro para conquistar poder aquisitivo a fim de comprar mais bens de consumo � pois algo lhe diz que com essa renda mais alta voc� ser� mais feliz -, eu garanto que voc� deve parar e reconsiderar sua rota.
Alcan�ar esse tipo de objetivo pode proporcionar satisfa��o moment�nea, por�m n�o mais que isso. E pense que entrar nessa corrida vai desviar tempo e aten��o precios�ssimos que deveriam ser dedicados a quem voc� ama e merece.
Pergunte a si mesmo se a rota que tra�ou vale a pena. Pergun-te-se o que Jesus faria em seu lugar. A resposta est� a�. O caminho para a verdadeira felicidade � esse.
N�o digo isso tentando convencer as pessoas a trabalharem menos ou realizarem menos, e sim para que tenham consci�ncia de darem prioridade �s coisas e �s situa��es que realmente merecem.
Jesus nos mostra que menos � mais.
Contudo, o que s�o esse menos e esse mais?
Trabalhar menos horas significa menos dinheiro, mas, se o resultado for mais tempo para desfrutar da fam�lia, de conversas, de passeios no parque, de idas � igreja, considere nessa conta o valor de menos e o valor de mais.
O mundo continuar� lhe propondo que mesmo para essas situa��es voc� ter� que possuir mais. Ter� que ter mais dinheiro para assistir a todos os filmes, comprar pipoca e refrigerante no cinema, depois passear no shopping e poder comprar tudo o que lhe chamar aten��o. E assim vamos entrando em uma verdadeira bola de neve.
Amados, Deus quer nos alertar de que precisamos voltar ao primeiro amor, sim. Voltar ao estado de compreens�o de que o �nico fundamental � o Senhor.
Ele nos mostrou que o importante � servir, levar uma vida de simplicidade e n�o sermos levados pela correnteza deste mundo que vive completamente fora da Palavra de Deus.
C�u e inferno s�o realidades eternas. Eles existem, n�o s�o pe�as de fic��o. O que voc� est� fazendo com a sua vida vai te levar para o c�u ou para o inferno. O que determinar� seu destino eterno s�o as suas escolhas.
O mal existe e quer levar com ele almas para longe de Deus, porque, desde o momento em que o Senhor disse que criaria o ser humano, o diabo passou a odiar a humanidade. Por isso ele quer tirar o foco do que realmente � importante nesta vida.
No julgamento final, o que vai pesar n�o � a sua conta banc�ria, seus t�tulos, suas teses, a sua fama. Nada disso, meu irm�o e minha irm�.
S� v�o contar os rastros de amor e bondade que voc� deixou nas pessoas que encontrou pelo caminho.
Por isso, sobrevivi ao empurr�o. O mal queria me destruir, no entanto, agora mais do que nunca, vou evangelizar. Quero levar almas para Deus, quero acordar pessoas para viverem para o essencial, para o que realmente importa nesta vida.
N�o sabemos quanto tempo temos de vida, se dias, anos, d�cadas. Por isso, temos que estar preparados para nosso encontro com Deus.
Amado, n�o se deixe enganar. Volte para o b�-a-b� do Evangelho, volte para o que Jesus nos ensinou sobre servir e viver na simplicidade, sobre levar uma vida de intimidade com Deus, possuir menos coisas, por�m permitir-se desfrutar de mais felicidade.
Possuir menos n�o � uma decis�o de viver em escassez. Possuir menos � saber dar o espa�o devido para o que tem valor real. A pandemia nos escancarou isso. De que vale e valia possuir tantas coisas se n�o pod�amos ter o mais importante, que � compartilhar os momentos com quem amamos?
Estarmos afastados dos abra�os e do afeto de quem mais amamos na Terra foi um sinal claro de como Deus espera que hierarquizemos nossos valores, para entendermos o que � a felicidade em vida.
Felicidade � igualmente quest�o de gratid�o. � enxergar tudo com olhos agradecidos, ver tudo com a �tica de Deus.
Necessitamos de convers�o, precisamos viver para as coisas do Alto, precisamos viver para o que nunca acabar�, porque nossa ess�ncia � eterna.
Somos filhos e filhas de Deus. Um dia iremos, querendo ou n�o, para um lugar definitivo e n�o haver� mais volta.
N�o estou dizendo isso para assustar. Pelo contr�rio, � para ensinar voc� a escolher o que realmente importa.
O c�u est� esperando por voc�. Opte por tudo o que Jesus nos diz em Sua Palavra, tudo aquilo que nos levar� ao c�u. Ele nos deixou o Seu manual.
E se voc� ler diariamente para viver o que Ele ensina, a� sim voc� estar� construindo uma casa eterna no c�u.
Garanto que no fim ter� valido a pena tantos sofrimentos e prova��es.
Creia: Jesus te ama, Jesus est� de bra�os abertos para te acolher.
� hora de mudarmos o rumo de nossa vida, de voltarmos ao essencial, � simplicidade, � servid�o, ao servi�o na verdade da Palavra de Deus.
E tudo isso � fundamentado no amor. No amor que voc� sentiu no princ�pio por Deus, no amor crist�o que S�o Paulo t�o bem definiu em seu hino, na Carta aos Cor�ntios:
�Ainda que eu falasse as l�nguas dos homens e dos anjos, se n�o tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o c�mbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mist�rios e toda a ci�ncia; mesmo que tivesse toda a f�, a ponto de transportar montanhas, se n�o tiver caridade, n�o sou nada. Ainda que distribu�sse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se n�o tiver caridade, de nada valeria! A caridade � paciente, a caridade � bondosa. N�o tem inveja. A caridade n�o � orgulhosa. N�o � arrogante. Nem escandalosa. N�o busca os seus pr�prios interesses, n�o se irrita, n�o guarda rancor. N�o se alegra com a mjusti�a, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo cr�, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabar�. As profecias desaparecer�o, o dom das l�nguas cessar�, o dom da ci�ncia findar�� (iCo 13,1-8).
Ora��o
Senhor Jesus, esvazia-nos de tudo.
Pedimos perd�o pelas vezes em que deixamos o mundo ditar os rumos da nossa vida e nos perdemos.
Queremos nos converter para viver na simplicidade, na verdade da Palavra de Deus, viver uma vida de servi�o a Ti.
Queremos ser pessoas que constroem o pr�prio lugar no c�u.
Jesus, n�o permita que sejamos enganados pelo inimigo.
Que nunca percamos o foco em Ti, Jesus.
Que possamos seguir com perseveran�a a viv�ncia do Evangelho, para que possamos viver uma vida no essencial, uma vida de eternidade com Deus.
Tudo isso n�s pedimos em nome da Trindade Santa.
Em nome do Pai e do Filho e do Esp�rito Santo.
Am�m.
8
Trip� da f�
O amor de que trata o cap�tulo anterior est� intimamente relacionado ao t�tulo deste livro - Batismo de fogo - e �s �armas� que recomendo que sejam utilizadas nessa jornada. Juntas, elas formam o Trip� da F�.
Coloquei armas entre aspas porque n�o sou afeito a elas em seu sentido literal e quero contar uma hist�ria pessoal relacionada ao tema, que mostra como extra�mos li��es valiosas de todas as situa��es.
E depois contarei como o amor est� relacionado ao meu batismo de fogo.
Quando completei 18 anos, servi no Ex�rcito. N�o queria, pois nunca fui amigo das armas e dos padr�es militares.
Ent�o, quando fui fazer exame f�sico para o CPOR (Centro de Prepara��o de Oficiais da Reserva) simulei falta de aptid�o para ser rejeitado no servi�o militar.
O CPOR � destinado a quem estiver cursando ensino superior ao completar 18 anos, pois permite o estudo simult�neo � prepara��o para forma��o como oficial.
Tenho 1,95 metro de altura e lembre-se de que era minha �poca de academia. Ent�o perceberam que fiz corpo mole e em vez de me encaminharem para a Pol�cia do Ex�rcito, que seria o destino natural, me mandaram ao Batalh�o de Guardas.
Comecei a servir l� e eu era o mais alto do batalh�o. Isso me colocou em posi��o de base, que � a refer�ncia para as atividades. Na hora de marchar, por exemplo, todos seguem quem � base. Quando viram que eu n�o tinha talento para ser base, me transferiram para ser ar-meiro, para auxiliar o cabo que cuidava da manuten��o das armas.
Logo eu que nunca gostei de armas.
Por isso usei a palavra entre aspas.
S� que o posto me trouxe uma li��o que levo para a vida.
Se n�o houver cuidado, manuten��o constante, a arma perde o foco. O resultado � que voc� n�o atinge o alvo.
Pode ser por falta de uso, por uso em excesso, por utiliza��o indevida... Tanto faz, o importante � a manuten��o e a recalibragem constantes.
Guardei isso comigo: a pr�tica da manuten��o � determinante para o sucesso do Trip� da F�. Assim como as armas precisam de cuidado constante, assim como preciso de tr�s refei��es diariamente para me manter fortalecido, igualmente meu foco em Deus � mantido pela pr�tica e recalibragem di�ria do Trip� da F�.
Isso me leva ao outro ponto que abordei no come�o deste cap�tulo, que � a rela��o do amor com as �armas� do Trip� e o t�tulo do livro.
N�o sei se voc� sabe, mas a palavra �batismo� vem do grego e significa, na l�ngua original, �mergulhar�. Repare que o batismo pede imers�o.
Quanto mais pratico o Trip� da F�, quanto mais amor crist�o manifesto, mais mergulho em dire��o ao Senhor. E quanto mais me aprofundo nesse mergulho, mais foco possuo para me aproximar de Deus.
Simples assim.
Outra experi�ncia de mergulho que mudou a minha vida e vi transformar a de muitas outras pessoas � o Batismo no Esp�rito Santo.
� um momento de transforma��o completa, que fornece uma base interior para se viver plenamente o Trip� da F�.
Dentro da Renova��o Carism�tica Cat�lica, da qual participo com minha fam�lia desde que chegou a S�o Paulo, o Batismo no
Esp�rito Santo � pedido especialmente durante os Semin�rios de Vida no Esp�rito Santo, que s�o semanas de aprofundamento no Evangelho e na ora��o.
Trata-se exatamente do que est� no Livro de Atos, na Sagrada Escritura:
�[...porque Jo�o batizou na �gua, mas v�s sereis batizados no Esp�rito Santo daqui a poucos dias� (At 1,5).
N�o significa que iremos possu�-Lo, pois internamente j� O temos. Significa que nos deixaremos possuir pelo Esp�rito Santo. Ao fazermos isso, o amor de Deus nos fortalece.
Mais uma vez voltamos ao �gape, ao amor incondicional.
Como S�o Jo�o escreveu:
�Car�ssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama � nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que n�o ama n�o conhece a Deus, porque Deus � amor� (1Jo 4,7-8).
Sim, Deus � amor.
Ao experimentar o batismo no Esp�rito Santo, as pessoas passam a ter uma rela��o renovada de intimidade com o Senhor: come�am a frequentar diariamente (ou regularmente) a missa para comungar, ter a Eucaristia mais e mais presente em sua vida, e a leitura da Palavra do Senhor ganha um novo significado.
Isso acontece pois quem � batizado no Esp�rito passa a viver um relacionamento com o Esp�rito Santo, e n�o mais t�-Lo somente de forma te�rica ou intelectual. O Esp�rito Santo, que vive dentro da pessoa, passa a conduzi-la no dia a dia. Existe uma nova alegria, uma transfigura��o interior; a ora��o di�ria ganha novo significado e a mente � aberta para a plena compreens�o das Escrituras.
Isso � o que representa o Batismo no Esp�rito Santo.
Como eu j� disse, isso aconteceu comigo tamb�m. Foi durante a �poca em que terminava a faculdade de Educa��o F�sica e vivia no mundo das academias.
Voltei ao primeiro amor, Deus me trouxe novamente � paix�o pela F� Cat�lica. O Senhor retornou ao primeiro lugar em minha vida e com o batismo no Esp�rito tive imers�o total no Trip� que me acompanha por todos esses anos como sacerdote.
Nessa nova rela��o com o Senhor, � preciso entender que a intimidade com Deus n�o significa que voc� n�o enfrentar� mais turbul�ncias na vida. Significa, sim, que a for�a para superar todas as prova��es, os desertos, quaisquer dificuldades, sempre esteve ao nosso alcance e, daquele momento em diante, � potencializada internamente e torna-se indestrut�vel.
Nada mais � capaz de derrub�-lo definitivamente quando voc� tem as reais experi�ncias da Eucaristia, Escrituras e Ros�rio, que formam o Trip�.
Vou falar sobre cada um deles.
Eucaristia
Come�o contando aqui a convers�o de Scott Hahn, te�logo crist�o que era pastor e se tornou cat�lico pela for�a da Eucaristia.
Lendo as Escrituras em S�o Jo�o, Lucas e Mateus, ele compreendeu que Jesus n�o fazia uma analogia, mas sim uma afirma��o ao dizer que o p�o era seu corpo, e o vinho, seu sangue.
Reproduzo a seguir os textos das Escrituras para que se confirme tudo com a Palavra do Senhor:
�[...]Tomou em seguida o p�o e depois de ter dado gra�as, partiu-o e deu-lho, dizendo: �Isto � o meu corpo, que � dado por v�s; fazei isto em mem�ria de mim��(Lc 22,19).
� ...]Tomou depois o c�lice, rendeu gra�as e deu-lho, dizendo: �Bebei dele todos, porque isto � meu sangue, o sangue da Nova Alian�a, derramado por muitos homens em remiss�o dos pecados�� (Mt 26,27-28).
Scott Hahn compreendeu definitivamente o significado das palavras do Salvador no evangelho de S�o Jo�o:
"Ent�o, Jesus lhes disse: �Em verdade, em verdade vos digo: se n�o comerdes a carne do Filho do Homem, e n�o beberdes o seu sangue, n�o tereis a vida em v�s mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no �ltimo dia. Pois a minha carne � verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim tamb�m aquele que comer a minha carne viver� por mim�� (Jo 6,53-57).
Esse � o verdadeiro sentido da Eucaristia.
A Eucaristia � o pr�prio Jesus que se faz pequeno para que possamos comung�-Lo.
Amado, eu sou apaixonado por Jesus Eucar�stico.
Nas cartas de S�o Paulo compreendemos a import�ncia da comunh�o. Ele fala que muitas doen�as, na verdade, prov�m da falta de comunh�o com Jesus, apontando que temos que viver de acordo com nossa f�, com aquilo que ensina a nossa doutrina cat�lica.
Leio muitos livros espirituais e uma literatura que amo � a patr�stica, que trata das doutrinas centrais da f� crist� pelos primeiros padres da Igreja.
Nelas, muitos padres falam da import�ncia da Eucaristia como rem�dio para nossa alma doente. E que se soub�ssemos o valor dela, muitas coisas seriam diferentes em nossa vida.
Precisamos entender mais e mais que a cada comunh�o o pr�prio Cristo se faz pequeno para entrar em nossa vida, fazer morada e nos transformar.
Passamos, mais uma vez citando S�o Paulo na carta aos G�latas, a experimentar literalmente que:
�Eu vivo, mas j� n�o sou eu; � Cristo que vive em mim[...]� (Gl 2,20).
Para isso, � preciso que nos preparemos por meio da confiss�o, por meio de uma vida levada de acordo com os mandamentos.
Na Eucaristia, n�s passamos a ser sacr�rios e recebemos n�o um peda�o de p�o qualquer, mas o Rei dos Reis, que entra em nossa casa e faz morada.
Participar da Eucaristia n�o pode ser apenas receber mais uma comunh�o; �, a cada vez, A comunh�o, � Cristo que renova Sua vida em mim. Por ela, j� n�o posso ser a mesma pessoa, pois algo novo, algo melhor acontece.
Como sacerdote, uma das minhas maiores alegrias � poder, na pessoa de Cristo, traz�-lo para o meio de n�s, na consagra��o.
Todo sacerdote atua na pessoa de Cristo (in persona Christi) para que as pessoas possam ter a gra�a de comungar Jesus.
A cada comunh�o, somos esvaziados de algo que n�o nos serve e preenchidos por Jesus. Nessa pr�tica di�ria, recebemos a for�a do Alto para superar qualquer dificuldade.
Precisamos retomar o nosso zelo e amor ao comungarmos Jesus. � Nele que encontramos a for�a para enfrentar os desafios cada vez maiores que temos nesta Terra.
Foi durante uma das minhas adora��es a Jesus Eucar�stico que senti Deus falando para que eu usasse as redes sociais para dar a maior b�n��o do universo, que � a b�n��o do Sant�ssimo.
Fa�o isso atualmente �s 7 horas da manh� pelo YouTube e assim podemos come�ar um dia plenos da b�n��o e da prote��o de Deus.
Tem sido uma experi�ncia maravilhosa, e eu sei que muitas pessoas est�o entendendo e se rendendo a Deus.
Escrituras
Quando eu era pequeno n�o sabia por onde come�ar a leitura integral dos 73 livros da B�blia. Ent�o, lia as partes que o pregador pedia. At� que, por meio de um livro do Monsenhor Jonas Abib, fundador da comunidade cat�lica Can��o Nova, entendi o verdadeiro significado da Palavra do Senhor.
O livro est� indispon�vel, mas se chama A B�blia foi escrita para voc�. Mexeu muito comigo n�o s� por me propiciar o entendimento da leitura integral das Escrituras, mas por dar a devida import�ncia � Palavra de Deus.
Transcrevo uma das p�ginas do livro:
�A B�blia foi escrita para voc�!�
�Para mim?�, perguntou assustado o meu amigo, na primeira vez em que usei sem rodeios a afirma��o �A B�blia foi escrita para voc��.
�Sim, a B�blia foi escrita para voc�!�, lhe respondi.
Tal como aquele meu amigo, a maior parte dos crist�os n�o acredita nisso, nem imagina que isso possa ser verdade.
�N�o�, dizem eles, �a B�blia � um livro dif�cil. S� os padres e algumas pessoas que estudaram muitos anos s�o capazes de entend�-la. Portanto, � at� perigoso ler a B�blia; a gente corre o risco de entender mal as coisas... Devemos ser humildes e contentar-nos em receber as explica��es que pessoas estudadas nos d�o�.
Infeliz humildade! Que terr�vel mal-entendido! N�o podemos continuar nos apoiando na sabedoria dos homens. Por mais boa vontade que as pessoas tenham, a sabedoria delas nunca ter� a for�a e a efic�cia da Palavra de Deus. N�s, filhos de Deus, somos convidados a ter livre acesso a Sua Palavra; a busc�-La, n�s mesmos, diretamente na B�blia. Os homens que estudam, filhos de Deus como n�s, poder�o nos ajudar a entend�-la melhor. Assim como um irm�o mais velho e experiente ensina o mais novo. Mas nada e ningu�m substitui a Palavra de Deus, colhida por n�s, diretamente da B�blia. Ela precisa estar em nossas m�os.
Sim, a B�blia foi escrita para voc�.
Ela � a Palavra do Pai para n�s, Seus filhos. Talvez voc� n�o entenda tudo de in�cio, como uma crian�a n�o entende tudo o que o pai fala. Mas a crian�a, ouvindo seu pai dia ap�s dia, ir� compreend�-lo cada vez mais. A regra � a mesma: aplicar-se a ouvir, dia ap�s dia, a palavra do Pai.
A B�blia foi escrita para os filhos de Deus; portanto, para mim e para voc�, para o seu colega e para seu colaborador. Basta acolher todos os dias a Palavra viva, como ela est� escrita na B�blia.
A Palavra de Deus ir� se esclarecendo por si mesma.
Esta � uma verdade que muitos precisam entender: a Palavra explica a Palavra. Portanto, quanto mais a conhecemos, mais entendemos. A Palavra de Deus vai se autoexplicando.
A salva��o nos � dada mediante a f� em Jesus Cristo, e a f� � um dom gratuito de Deus: n�o � preciso pag�-la. Mas para que a nossa vida crist� seja cheia de frutos, precisamos nos alimentar regularmente com a Palavra de Deus.
�Se compreenderdes essas coisas, sereis felizes, sob condi��o de as praticardes� (Jo 13,17).
O segredo da felicidade, diz Jesus nesta Palavra, envolve duas condi��es:
1. Conhecer a vontade de Deus manifestada na B�blia.
2. Coloc�-la em pr�tica.
A realidade infeliz � que n�s, crist�os, por n�o nos dedicarmos como dever�amos � leitura da B�blia, n�o conhecemos a vontade de Deus e, portanto, n�o temos como coloc�-la em pr�tica. N�o � de se estranhar que nos falte alegria, felicidade.
Conven�a-se, portanto: a B�blia foi escrita para voc�.
Foi como uma mensagem de permiss�o para a leitura da B�blia, pois, como o monsenhor escreve, os livros parecem quase intranspon�veis. S� que n�o s�o. Todos devem experiment�-los.
Depois de ler esse livreto, algo novo aconteceu comigo. Naquele ano, li a B�blia inteira, marcando com cores diferentes e fazendo anota��es.
No ano de semin�rio, comprei outra e fiz a mesma coisa. Fui marcando, lendo, destacando, escrevendo, e essas duas B�blias hoje est�o guardadas na casa da minha m�e.
A partir disso, nunca mais deixei de ler diariamente a Palavra de Deus, e tenho convic��o de que essa rotina � essencial para minha vida de crist�o e de sacerdote.
Em 2019, iniciamos um desafio para que as pessoas lessem a B�blia inteira, renovado em 2020 (ano em que escrevo este livro). Nesse per�odo j� d� para perceber como a leitura das Escrituras opera maravilhas na vida de quem recorre � Palavra de Deus.
� extremamente importante no mundo atual, pois somente a palavra sagrada tem o poder de acabar com as inverdades que proliferam no mundo.
Como estou em constante movimento, minha leitura da B�blia atualmente � mais frequente em aplicativos. E n�o importa o m�todo que voc� escolha, a B�blia � companheira di�ria de todo cat�lico, de todo crist�o.
Durante palestra do Frei Elias Vella, ele disse que, como exorcista, conhecia profundamente o poder da Palavra do Senhor.
Segundo o frei, o inimigo tem �dio da Palavra de Deus e faz de tudo para que as pessoas n�o a leiam, pois � uma arma certeira contra as mentiras do inimigo.
Quer prova maior do que a narrativa de S�o Lucas sobre as tr�s vezes em que o dem�nio tentou Jesus no deserto? O maligno foi derrotado com a Palavra do Senhor.
�Cheio do Esp�rito Santo, voltou Jesus do Jord�o e foi levado pelo Esp�rito ao deserto, onde foi tentado pelo dem�nio durante quarenta dias. Durante esse tempo ele nada comeu e, terminados esses dias, teve fome. Disse-lhe ent�o o dem�nio: �Se �s o Filho de Deus, ordena a esta pedra que se torne p�o�. Jesus respondeu: �Est� escrito: N�o s� de p�o vive o homem, mas de toda a Palavra de Deus (Dt 8,3)�. O dem�nio levou-o em seguida a um alto monte e mostrou-lhe em um s� momento todos os reinos da terra, e disse-lhe: �Eu te darei todo este poder e a gl�ria desses reinos, porque me foram dados, e dou-os a quem quero. Portanto, se te prostrares diante de mim, tudo ser� teu�. Jesus disse-lhe: �Est� escrito: Adorar�s o Senhor, teu Deus, e a ele s� servir�s� (Dt 6,13). O dem�nio levou-o ainda a Jerusal�m, ao ponto mais alto do templo, e disse-lhe: �Se �s o Filho de Deus, lan�a-te daqui abaixo; porque est� escrito: Ordenou aos seus anjos a teu respeito que te guardassem. E que te sustivessem em suas m�os, para n�o ferires o teu p� nalguma pedra� (SI 90,ns). Jesus disse: �Foi dito: N�o tentar�s o Senhor, teu Deus� (Dt 6,16). Depois de t�-lo assim tentado de todos os modos, o dem�nio apartou-se dele at� outra ocasi�o� (Lc 4,1-13).
Portanto, mais uma vez, seja como Jesus.
N�s n�o podemos agir de maneira diferente. Precisamos ter no cora��o e na mente a Palavra de Deus para derrotar o maligno, o mau pensamento e todos os artif�cios que o inimigo prop�e para tentar nos derrotar.
Lembra-se de quando ele tentou me derrubar? Minha resposta foi B.O.: B�blia e Ora��o.
Precisamos ser uma gera��o de homens e de mulheres da Palavra de Deus, cat�licos que amam e conhe�am profundamente as Escrituras.
Ros�rio
Sobre o Ros�rio, bastaria dizer que no momento em que o anjo fez a sauda��o a Nossa Senhora e esta pisou na cabe�a da serpente, a humildade de Maria derrotou o orgulho do maligno. Por isso que cada vez que rezamos o Ros�rio (Ter�o), o mal � derrotado na nossa vida e na de nossa fam�lia.
A hist�ria do Ros�rio � muito interessante e representa bem o motivo que leva Nossa Senhora a pedir a ora��o do Ter�o em todas as suas apari��es.
Na Idade M�dia, praticamente ningu�m sabia ler. Nem mesmo os reis sabiam ler e escrever. Os padres sabiam, para praticarem e ensinarem a Palavra do Senhor. Dentro dos mosteiros, os padres recitavam diariamente 150 salmos como ora��o.
S� que o povo n�o podia fazer o mesmo, j� que sem saber ler teriam que decorar todos os salmos para recit�-los. Assim, trocaram os salmos por Pai-nossos.
Com o tempo, a ora��o passou para 150 Ave-Marias.
Come�ou assim a hist�ria do Ter�o.
At� que por volta de 1200, o espanhol S�o Domingos de Gusm�o recebeu a miss�o de levar a Palavra de Deus para uma comunidade na Fran�a.
Durante uma de suas vig�lias, Nossa Senhora apareceu para o santo e falou que o Ros�rio era o caminho para a salva��o dos fi�is e a convers�o dos hereges.
Eu rezo o Ros�rio com os quatro Mist�rios (Gozosos, Luminosos, Dolorosos e Gloriosos) diariamente, ent�o sei da import�ncia dessa ora��o, que tem realmente o poder de abalar o inferno e derrotar o mal.
Um livro que me ajudou a ter plena no��o do valor do Ter�o � O Ros�rio meditado, de S�o Lu�s Maria Grignion de Montfort.
Portanto, este � o Trip� da F�: Eucaristia, Escrituras e Ros�rio. Comece a praticar diariamente e tenha a certeza de que sua vida nunca mais ser� a mesma.
Ora��o
Jesus, eu Te pe�o a gra�a de um renovado batismo no Esp�rito Santo para esta pessoa, para que ela venha a se render a este Trip� da nossa F�.
Que esta pessoa entenda a import�ncia da Eucaristia em sua vida e se prepare devidamente para receb�-la.
Que esta pessoa passe a ler as Escrituras diariamente, nem que seja por quinze minutos do dia, e reze o Ter�o, o Ros�rio, para se fortalecer e, assim equipados para a luta do dia a dia, possamos estar na gra�a de Deus.
Tudo isso eu Te pe�o, em nome do Pai e do Filho e do Esp�rito Santo.
Am�m.
9
Maria passa � frente e pisa na cabe�a da serpente
Em quatro dos cinco livros que lancei anteriormente, um dos cap�tulos foi dedicado sempre a Nossa Senhora. Ruah, que tratava de alimenta��o e sa�de, foi exce��o, j� que a tem�tica era diferente. Em �gape, Kair�s, Philia e Metanoia dediquei uma parte especialmente � Virgem Maria. Fico feliz que o resultado sempre foi um sucesso.
Nos programas de r�dio, a maioria dos testemunhos dos fi�is citava o cap�tulo mariano. E nesta obra, que tem a interven��o direta da M�e de Deus, fico feliz em poder dar o devido valor � minha hist�ria com ela e compartilhar com voc�.
Desde pequeno eu vivia em fam�lia um tipo de relacionamento que, depois, passei a ter tamb�m com Nossa Senhora.
Em casa, quando queria alguma coisa, sabia que o melhor caminho era pedir para a minha m�e, Vilma, para que interviesse com papai. N�o que um me amasse mais ou menos do que o outro, mas porque sabia de modo quase instintivo que ela saberia o momento certo, a hora certa de falar com meu pai.
Pois Maria tem justamente esse papel.
Desde que entreguei minha vida a Nossa Senhora, confiei que ela sempre saberia o momento certo de interceder junto a Deus. Em 100% das ocasi�es fui bem-sucedido na interven��o mariana.
Maria � o exemplo que todos na Igreja e em qualquer posi��o no mundo devem seguir. Ela nunca reivindicou a aten��o ou import�ncia para si.
A partir do instante em que ela disse sim para o Senhor e aceitou a miss�o de ser a m�e do Filho de Deus, a hist�ria do mundo mudou e ela sempre soube disso. Mas jamais perdeu a humildade.
Basta pensar em todas as apari��es marianas durante os s�culos.
Maria por acaso buscou chamar aten��o para si pr�pria?
Nunca.
Ela sempre se colocou na posi��o de m�e do Cristo, nascido em Jesus. Ela � a m�e do Filho de Deus e nunca abdicou da miss�o que Deus lhe confiou: a miss�o de servir.
Aqui neste livro contei para voc� a hist�ria da gravidez da minha m�e, quando em momento de afli��o ela consagrou o seu primeiro filho a Nossa Senhora.
Quando estudei na Escola Salesiana, minha devo��o � Virgem Maria s� cresceu. E durante os anos de estudo no Col�gio Dom Bosco, cresci na devo��o a Nossa Senhora Auxiliadora, tendo-a como m�e e protetora.
A hist�ria da devo��o a Nossa Senhora Auxiliadora � linda, ali�s.
Em 1571, um ex�rcito crist�o conseguiu afastar o perigo de um ataque � Europa com a interven��o da Virgem Maria. Da� veio a denomina��o Nossa Senhora Auxiliadora, que est� sempre pronta a ajudar todos n�s, seus filhos, a vencer o inimigo.
O Papa Pio V adicionou o t�tulo de Auxiliadora dos Crist�os � Ladainha de Nossa Senhora, que � rezada em conjunto pelos fi�is.
O termo ladainha vem do grego e significa �s�plica�. Os seguintes trechos da Ladainha de Nossa Senhora se referem � M�e de Deus com t�tulos especialmente significativos:
Santa Maria, rogai por n�s.
Santa M�e de Deus, rogai por n�s.
Santa Virgem das Virgens, rogai por n�s.
M�e de Jesus Cristo, rogai por n�s.
M�e da divina gra�a, rogai por n�s.
M�e pur�ssima, rogai por n�s.
M�e cast�ssima, rogai por n�s.
M�e Imaculada, rogai por n�s.
M�e intacta, rogai por n�s.
M�e am�vel, rogai por n�s.
M�e admir�vel, rogai por n�s.
M�e do bom conselho, rogai por n�s. M�e do Criador, rogai por n�s.
M�e do Salvador, rogai por n�s.
M�e da Igreja, rogai por n�s.
Virgem prudent�ssima, rogai por n�s. Virgem vener�vel, rogai por n�s.
Virgem louv�vel, rogai por n�s.
Virgem poderosa, rogai por n�s.
Virgem clemente, rogai por n�s.
Virgem fiel, rogai por n�s.
Espelho de justi�a, rogai por n�s.
Sede da sabedoria, rogai por n�s.
Causa da nossa alegria, rogai por n�s. Vaso espiritual, rogai por n�s.
Vaso honor�fico, rogai por n�s.
Vaso insigne de devo��o, rogai por n�s. Rosa m�stica, rogai por n�s.
Torre de Davi, rogai por n�s.
Torre de marfim, rogai por n�s.
Casa de ouro, rogai por n�s.
Arca da alian�a, rogai por n�s.
Porta do c�u, rogai por n�s.
Estrela da manh�, rogai por n�s.
Sa�de dos enfermos, rogai por n�s.
Ref�gio dos pecadores, rogai por n�s.
Consoladora dos aflitos, rogai por n�s.
Aux�lio dos crist�os, rogai por n�s.
Rainha dos anjos, rogai por n�s.
Rainha dos patriarcas, rogai por n�s.
Rainha dos profetas, rogai por n�s.
Rainha dos ap�stolos, rogai por n�s.
Rainha dos m�rtires, rogai por n�s.
Rainha dos confessores, rogai por n�s.
Rainha das virgens, rogai por n�s.
Rainha de todos os santos, rogai por n�s.
Rainha concebida sem pecado original, rogai por n�s.
Rainha elevada ao c�u em corpo e alma, rogai por n�s.
Rainha do sacrat�ssimo Ros�rio, rogai por n�s.
Rainha da paz, rogai por n�s.
Sim, ela � Santa, M�e, Virgem, Consoladora, Auxiliadora, Rainha e sempre viveu como serva de Deus.
Por isso � o exemplo que todos temos a seguir.
Meus pais eram muito marianos e at� contei tamb�m que eu adormecia ao som da m�sica �M�ezinha do c�u�. Eu tive a experi�ncia do Batismo no Esp�rito Santo com a pessoa de Jesus e Ele se tornou meu Deus e meu melhor amigo.
Nossa Senhora era minha m�e, mas n�o tinha tido a experi�ncia pessoal com ela de modo mais profundo at� minha diretora espiritual, Patti Mansfield, rezar comigo na capela no Aeroporto de Cumbica, quando fui curado da depress�o.
Naquele instante, nasceu em mim um novo amor por Nossa Senhora.
Patti pediu para que eu lesse o Tratado da verdadeira devo��o � Sant�ssima Virgem, livro de S�o Lu�s Maria de Montfort, e que fizesse essa consagra��o, pois a M�e de Deus tinha um plano em minha vida.
Por este livro, Batismo de fogo, voc� sabe qual foi esse plano.
Separei um trechinho do livro de Lu�s Maria Grignion de Montfort para colocar a vis�o dele sobre Maria.
�Deus Filho consentiu que ela n�o falasse, se bem que lhe houvesse comunicado a sabedoria divina.
Deus Esp�rito Santo consentiu que os ap�stolos e evangelistas a ela mal se referissem, e apenas no que fosse necess�rio para manifestar Jesus Cristo. E, no entanto, ela era a Esposa do Esp�rito Santo.
Maria � a obra-prima por excel�ncia do Alt�ssimo, cujo conhecimento e dom�nio Ele reservou para si.
Maria � a M�e admir�vel do Filho, a quem aprouve humilh�-la e ocult�-la durante a vida para lhe favorecer a humildade, tratando-a de mulher - mulier (Jo�o 2,4; 19,26), como a uma estrangeira, conquanto em seu Cora��o a estimasse e amasse mais que todos os anjos e homens.
Maria � a fonte selada (Cor�ntios 4,12) e a esposa fiel do Esp�rito Santo, onde s� Ele pode penetrar.
Maria � o santu�rio, o repouso da Sant�ssima Trindade, em que Deus est� mais magn�fico e divinamente que em qualquer outro lugar do universo, sem excetuar seu trono sobre os querubins e serafins; e criatura alguma, pura que seja, pode a� penetrar sem um grande privil�gio.
Digo com os santos: Maria Sant�ssima � o para�so terrestre do novo Ad�o, no qual este se encarnou por obra do Esp�rito Santo, para a� operar maravilhas incompreens�veis. � o grande, o divino mundo de Deus, onde h� belezas e tesouros inef�veis.
� a magnific�ncia de Deus, em que Ele escondeu, como em seu seio, seu Filho �nico, e nele tudo que h� de mais excelente e mais precioso.
Oh! que grandes coisas e escondidas Deus todo-poderoso realizou nesta criatura admir�vel, di-lo ela mesma, como obrigada, apesar de sua humildade profunda: Fecit mihi magna qui potens est {porque o Deus Poderoso fez grandes coisas por mini] {Lc 1,49)
Veja que no s�culo 17, S�o Lu�s Maria Grignion de Montfort j� anunciava a humildade de Maria, que se colocou na posi��o de serva para que a obra do Senhor se manifestasse em todo o esplendor no Filho de Deus.
Daquele dia em que Patti rezou comigo em diante, iniciei uma amizade ainda mais profunda com Maria. Eu j� a amava, ela sempre intercedeu por mim, mas surgiu algo novo, a necessidade de mostrar isso para voc�, amado, assim como o entendimento de que Nossa Senhora nunca rouba o lugar de Jesus.
Esse � um equ�voco no entendimento de nossos irm�os evang�licos sobre a rela��o cat�lica com Nossa Senhora. J� falei diversas vezes do amor que tenho pelos nossos irm�os, mas preciso explicar que n�s n�o a adoramos, o que faria com que ela ocupasse o lugar de Deus.
Nossa adora��o � voltada para Deus.
A rela��o com a Virgem Maria � refor�ada pela minha viv�ncia como confessor e orientador espiritual.
J� escutei muitas pessoas no Brasil inteiro e at� fora de nosso pa�s. Sei que, em 95% das situa��es, a mulher � o pilar que sustenta a fam�lia e a torna unida. � a mulher que ajuda o marido e os filhos em seus problemas, dando sugest�es, buscando entendimento em Deus, rezando.
Se hoje � assim, imagine ent�o com a m�e de Jesus. Ainda mais considerando o papel important�ssimo que as m�es t�m na educa��o dos filhos entre os judeus.
S�o poucas as passagens sobre ela nas Escrituras. Ela guardava tudo no cora��o e meditava sobre os ensinamentos do Filho.
Nossa Senhora trabalhava nos bastidores, pois n�o queria m�rito algum. Tudo o que ela queria era que Jesus fosse ouvido. A vida inteira ela se rebaixou para servir, levantar Jesus como o �nico caminho, a verdade e a vida.
Se voc� come�ar a ser devoto a Nossa Senhora, ouvir� dela sempre a seguinte frase: �Fazei tudo o que Ele disser�. Sim, fazei tudo o que Jesus disser.
Em suas apari��es, a Virgem nunca apresentou doutrina nova. Ela sempre se apoiou nas doutrinas dos primeiros ap�stolos. Isso n�o � por acaso.
As recomenda��es de Maria s�o para que leiamos a Palavra do Senhor, para que rezemos o Ros�rio, que � um resumo do Evangelho.
Nossa Senhora n�o pede a palavra nem posi��o de destaque -ela passa � frente e pisa na cabe�a da serpente por seus filhos, todos n�s que a temos no cora��o.
Por isso, amado, n�o tenha medo de ser �ntimo de Nossa Senhora. Quanto mais �ntimo voc� for de Maria, mais ser� de Jesus. As duas coisas est�o ligadas, pois quanto mais mariano eu for, mais de Cristo sou, porque ela leva direto a Jesus.
Dentro de nossas igrejas, precisamos ter Maria como modelo de vida. Precisamos de pessoas desprovidas de ego para trabalhar nos bastidores.
Sim, Deus coloca alguns no foco, mas esses precisam de milhares nos bastidores rezando por eles, para que deem bom testemunho.
S� que hoje ningu�m quer ser quem trabalha nos bastidores. A sociedade exalta somente os que est�o sob os holofotes, como se isso fosse uma regra para todo mundo e para todas as situa��es. Cria uma impress�o enganosa de que o que importa em todas as situa��es � aparecer, pois supostamente com isso voc� levar� todos os louros.
Mas, amado, n�o � essa a situa��o. Falo com propriedade por estar em foco. Como padre, preciso de pessoas atr�s de mim, que rezem e intercedam por mim para que eu consiga viver uma vida de santidade. Isso tudo para que Deus se revele em mim, para que Jesus cres�a e eu desapare�a.
Quanto mais Jesus crescer em mim, em n�s, e desaparecermos, melhor. Esse � o valor da vida. Essa � a li��o de Nossa Senhora.
Ela s� se torna protagonista em situa��es como, por exemplo, a do meu atentado, para nos carregar em seu colo de m�e e afastar o inimigo.
Maria nunca ficou amargurada, triste, chateada, com inveja, por ter de se rebaixar para Jesus brilhar.
Ela n�o � Deus, mas foi m�e Dele.
Assim como ela disse sim e mudou a hist�ria da humanidade, voc� tamb�m pode dizer sim e mudar a vida de algu�m para melhor.
Quem sabe a vida de seu marido, de seu funcion�rio, de seu filho?
Necessitamos, como Maria, ter consci�ncia de que somos servos, pequenos servos, humildes servos. Deus � Quem opera, e n�o n�s. N�s apenas permitimos que Deus fa�a a Sua obra por meio de n�s, ao darmos livre acesso a Jesus em toda a nossa vida.
Neste mundo em que vivemos, precisamos de pequenas miniaturas de Nossa Senhora. Precisamos de pessoas que queiram ser servas, permanecer no anonimato, que sejam desprovidas da ambi��o de estar no centro das aten��es, porque essas sabem que o �nico foco tem que ser Deus, tem que ser Jesus, como Nossa Senhora fez.
Voc� sabe, como est� na Palavra de Deus, que Jesus deixou ao disc�pulo mais amado sua m�e. Voc� que recebe a Virgem Maria como modelo de vida e como m�e � o disc�pulo mais amado de Cristo.
Acredite que sua vida nunca mais ser� a mesma, porque Maria nos leva a uma exist�ncia de cont�nua intimidade com seu filho, Jesus.
Ora��o
� minha Senhora e minha M�e, eu me ofere�o todo a v�s e, em prova de minha devo��o para convosco, vos consagro, neste dia, meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu cora��o e todo o meu ser.
E j� que sou vosso, � incompar�vel M�e, guardai-me e defendei-me como propriedade vossa. Am�m.
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Suic�dio
Deixei para o fim um tema que � muito delicado, mas que precisa ser tratado abertamente: o suic�dio. Todos os t�picos neste Batismo de fogo t�m rela��o com o atentado que sofri e as li��es que extra� dele. O ato de tirar a pr�pria vida � um atentado contra algo que Deus e s� Ele pode nos dar, que � a exist�ncia na Terra entre nossos irm�os. Por eu ser um sacerdote, esse � um tema que devo tratar com transpar�ncia, j� que s�o incont�veis os pedidos de ora��es que recebo de fam�lias que t�m algum ente que tentou ou que cometeu suic�dio.
Ainda mais durante a pandemia da Covid-19, quando tantas pessoas perderam entes queridos ou tantos sofreram com a preocupa��o sobre o futuro e a sa�de dos seus. O per�odo acendeu um alerta extra sobre como devemos encarar as decis�es e propens�es de quem cogita tirar a pr�pria vida.
Os n�meros sobre suic�dio fornecidos pela Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) s�o alarmantes, mas, ao mesmo tempo, n�o se esvai a esperan�a de que n�s, seres tementes e obedientes ao Senhor, possamos fazer a nossa parte para evitar que mais irm�os sejam levados � conclus�o errada de que n�o vale mais a pena viver e tomem atitude extrema.
Em minha posi��o de minist�rio quero dizer que � poss�vel, sim, pouparmos as fam�lias dessa dor causadora de cicatrizes muitas vezes irrepar�veis para quem fica.
Conto isso, infelizmente, com propriedade, pois meu av�, pai da minha m�e, tirou a pr�pria vida, e ela n�o consegue at� hoje, passadas d�cadas do ocorrido, contar a hist�ria sem chorar.
Tamb�m digo isso com base na Palavra de Deus e na doutrina Cat�lica, das quais compartilho e que deixam claro que n�s, crist�os, defendemos a vida em todas as suas fases, desde a concep��o at� a morte natural.
Como parte da Igreja, defendo a vida da crian�a no ventre materno, defendo a vida do idoso e do doente e sempre a defenderei, independentemente da faixa et�ria ou da circunst�ncia.
S� Deus tem o poder de colocar fim � vida do ser humano, na hora Dele e n�o na nossa. A Igreja ser� sempre contr�ria ao aborto, � eutan�sia e ao suic�dio, j� que promovem a morte. Lembremo-nos de que Jesus morreu por n�s, para que tenhamos vida em plenitude.
Ao mesmo tempo tenho que olhar o n�mero crescente de casos e fazer a minha parte, que � buscar a preven��o e lan�ar a luz da verdade da Palavra do Senhor em quem chega ao limite.
Lembre-se de que eu tamb�m passei por um caso de depress�o e que 90% dos suic�dios t�m a ver com situa��es de transtorno mental, como a doen�a que tive.
Em contrapartida, a OMS aponta em seus levantamentos que nove entre dez casos de atentado contra a pr�pria vida poderiam ser evitados com atitudes preventivas. Entre estas, coloco a que me curou, que foi a luz espiritual sobre a treva causada pela depress�o.
Mesmo nos momentos mais dif�ceis que passei, nunca cheguei a pensar em suic�dio. Deus sempre esteve ao meu lado, e a doen�a me trouxe empatia para aconselhar meus irm�os que a enfrentam. N�o posso dizer, por�m, que senti desesperan�a total. E credito isso, claro, � vida que levo em intimidade com o Senhor.
Mesmo nas horas mais dif�ceis, Jesus esteve sempre ao meu lado, como um melhor amigo faz. Jesus � meu melhor amigo. � o seu tamb�m. Garanto que nunca o abandonar�.
Infelizmente, milh�es de pessoas anualmente se sentem abandonadas. Milh�es mesmo.
Os dados oficiais mostram que cerca de um milh�o de seres humanos morrem todos os anos ao tirarem a pr�pria vida. Sabe o que � t�o ou mais impactante? Para cada caso de suic�dio concretizado, existem estimadas vinte tentativas (felizmente) malsucedidas.
A maioria dos casos tanto de tentativa quanto de efetiva��o acontece entre pessoas de 15 a 44 anos de idade, em uma taxa que nas �ltimas quatro d�cadas aumentou 60%.
O suic�dio � a segunda maior causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos, atr�s somente de acidentes automobil�sticos.
Veja voc�, amado, a gravidade da situa��o.
� importante salientar que esses n�meros refletem apenas tentativas e suic�dios de fato. Pense na quantidade de pessoas que cogitam acabar com a pr�pria vida e que felizmente n�o v�o adiante.
Sei bem disso por conta dos trabalhos em r�dio, com variados testemunhos, mensagens via redes sociais e relatos diversos durante outras atividades de meu minist�rio como sacerdote.
A garantia que posso dar, com 100% de efic�cia, � que o Senhor n�o abandona ningu�m. Isso � o que todos n�s, que nos defrontamos �s vezes com um parente, em outras vezes com um amigo, colega de trabalho, nessa condi��o de desamparo, devemos crer e afirmar.
Deus � seu melhor amigo. Jesus � seu melhor amigo. Ele nunca o abandonar�.
Todos n�s passamos por crises. O pa�s pode passar por crise econ�mica, o que afeta todos os seus cidad�os. N�s podemos passar por crises familiares ou pessoais. Mas nada pode ser motivo para se desistir da pr�pria vida.
A doen�a nos persegue e as epidemias de depress�o e ansiedade s�o reais, afinal o inimigo � real.
O mal age sutilmente, como � do feitio demon�aco.
Conheci um jovem que tinha f� genu�na e era muito piedoso.
Ele estudou com determina��o e entrou em uma faculdade conceituada, para concluir o ensino superior. Ele merecia aquilo, pois se esfor�ou bastante e nunca se afastou do caminho do Senhor.
No per�odo de faculdade, come�ou a ter aulas com muitos professores ateus. N�o bastava n�o acreditarem em Deus, eles pregavam isso, usando a posi��o de educadores da pior forma, ou seja, for�avam o ate�smo e a descren�a.
Um professor nunca deve mexer com nossas cren�as profundas. Muito menos com a mais valiosa, que � a f� e a convic��o Naquele que nos deu a vida.
Deus nos fez seres pensantes e questionadores. Questionar � saud�vel. Mas o plantio deliberado de ervas daninhas em nosso jardim por aqueles a quem damos acesso � trai�oeiro.
S� que, como disse, o inimigo age de maneira perversa.
Passados alguns anos, encontrei esse jovem e ele tinha perdido a f� no Senhor. Come�ou parando de rezar. Ao ser bombardeado por coment�rios ate�stas, deixou de tomar a �vacina� contra o mal.
Ele deixou de se alimentar da Palavra de Deus, parou com a ora��o, a Eucaristia e se tornou plenamente suscet�vel ao inimigo.
Mas n�o, essa hist�ria n�o tem um final tr�gico. Uma vez que sua rocha de f� deixou de ser atingida diariamente por aquelas gotas, seus valores voltaram a ser fortalecidos em ambiente sadio e ele retornou a uma vida direcionada a Deus.
S� que quantos passam por situa��es como essa e n�o percebem que ca�ram totalmente na armadilha diab�lica?
Essa hist�ria � importante porque nos casos que levam ao suic�dio acontece a mesma coisa.
A pessoa enfrenta um momento dif�cil, a situa��o avan�a para depress�o ou outra doen�a ps�quica, h� uma abertura para pensamentos escurecidos, como falta de vontade de viver, falta de vis�o de luz no fim do t�nel. De repente, a pessoa que nunca pensou em tirar a pr�pria vida cai no trabalho orquestrado do inimigo das almas e ele faz com que isso aconte�a, plantando a desesperan�a.
Quando percebe, essa pessoa passa a ter certeza de que o pensamento � dela, quando, na verdade, � uma sugest�o do inimigo para acabar com sua vida.
A armadilha � muitas vezes constru�da durante anos. Se bem que no mundo atual, de pressa e imediatismo, nossa mente est� mais do que nunca vulner�vel a se transformar em um campo de batalha.
A �nica maneira eficiente de blindar nossa mente � por interm�dio da Palavra do Senhor, que promove bons pensamentos.
Isso n�o sou s� eu que digo, mas todos os psiquiatras crist�os e profissionais da ci�ncia em geral dizem que a sa�de mental vem de bons pensamentos e tem como aliados as boas hist�rias, os bons filmes, os bons livros, hobbies que nos deixam felizes.
Por isso, � fundamental blindarmos nossa mente e as de nossos amados.
Quando deixamos o pessimismo, a monotonia e as m�s not�cias fazerem parte do nosso dia a dia, paramos de rezar. Ent�o � iniciado um c�rculo negativo no qual passamos a ter uma vis�o deturpada sobre qual realmente � a obra de Deus e enveredamos para o caminho do suic�dio. A� � um caminho sem volta, e � t�o triste que deixa cicatrizes em todos os que amam aquele ou aquela que se deixou levar, al�m de um sentimento de culpa e arrependimento, como se n�o tivessem se esfor�ado o suficiente para impedir que o pior acontecesse.
Conversando com uma amiga que gosta muito de ler, ela me disse que leu a hist�ria de um garoto de 12 anos que tinha tirado a pr�pria vida.
Nesse livro, a m�e e a irm� do menino tentavam entender o que o tinha levado �quilo, pois ele n�o dava sinais aparentes de suic�dio em potencial.
Como n�o encontraram respostas, come�aram a se culpar, sentimento fortalecido pela fragilidade da perda de algu�m muito amado.
No fim, a conclus�o que fica � de que o suic�dio pode n�o acabar somente com a vida do suicida, mas com a de muitos que o rodeavam; no caso desse livro, a da m�e e a da irm�.
Cabe a n�s sermos um povo de esperan�a e cabe a mim contar essas hist�rias e reafirmar que, independentemente do problema pelo qual passamos, ele tamb�m ter� solu��o.
No per�odo em que escrevo este livro, o mundo enfrenta um momento de crise mundial muito penoso causado pela Covid-19 -talvez, durante sua leitura, j� possamos t�-lo superado.
Assim s�o os problemas e as tempestades na vida. Enquanto estamos enfrentando-os, parecem insuper�veis. Depois de super�-los � que percebemos sua verdadeira dimens�o.
A B�blia diz, no Evangelho de S�o Mateus:
�Compreendei isso pela compara��o da figueira: quando seus ramos est�o tenros e crescem as folhas, pressentis que o ver�o est� pr�ximo. Do mesmo modo, quando virdes tudo isso, sabei que o Filho do Homem est� pr�ximo, � porta. Em verdade vos declaro: n�o passar� esta gera��o antes que tudo isso aconte�a. O c�u e a terra passar�o, mas as minhas palavras n�o passar�o� (Mt 24,32-35).
S� a Palavra de Deus permanecer�, portanto n�o podemos deixar o inimigo roubar o que nos � essencial, a nossa f�, nossa esperan�a de dias melhores e de que nossos sonhos se realizarem.
Confie. Fa�a com que quem estiver ao seu lado, passando por um momento dif�cil, confie tamb�m.
Lembre-se, e a quem estiver pr�ximo de voc�, das Palavras do Senhor para Filipe, no Evangelho de S�o Jo�o:
�N�o credes que estou no Pai, e que o Pai est� em mim? As palavras que vos digo n�o as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, � que realiza as suas pr�prias obras. Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa dessas obras. Em verdade, em verdade vos digo: aquele que cr� em mim far� tamb�m as obras que eu fa�o, e far� ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai. E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Qualquer coisa que me pedirdes, em meu nome, vo-lo farei� (Jo 14,10-14).
Sabemos que Deus nos concedeu a gra�a de dons para fazermos a diferen�a no mundo, ajudar o outro e deixar nossos rastros do bem. Fa�amos, ent�o, a diferen�a na fam�lia, no trabalho, na igreja.
Dessa forma, entenderemos que n�o podemos perder a vontade de viver. Pelo contr�rio, teremos plena consci�ncia de que a vida � uma d�diva maravilhosa de Deus e temos que bem viv�-la na Terra, escolhendo o que lhe agrada, para podermos viver plenos na eternidade com o Senhor.
Nossos jovens e nossas crian�as est�o sendo alimentados com informa��es acima das capacidades humanas e, principalmente, al�m da maturidade do entendimento de suas respectivas idades.
Recebemos, sem filtro algum, muitas fake news em meio a informa��es verdadeiras, dificultando a possibilidade de diferenci�-las.
Uma grande parcela da sociedade se beneficia com essas mentiras. Portanto, quanto mais nos confundirem e arrancarem a f� dos cora��es de nossos pequenos e jovens, melhor para eles.
Por isso precisamos fazer a nossa parte, isto �, evangelizar com base em nossa pr�pria vida.
Sim, o modo como vivemos e os exemplos que damos evangelizam mais do que palavras.
Nesse ponto, a verdade est� na Palavra de Deus. Somente Ele tem o poder de preencher os vazios que, naturalmente, as gera��es mais novas sentem em determinados momentos. � muito comum, por exemplo, nossos jovens preencherem esses vazios consumindo drogas, �lcool e muitos outros recursos de uma vida desregrada.
Diante desse cen�rio, todos n�s, assim como nossos jovens, precisamos ser batizados no Esp�rito Santo, para ter uma experi�ncia viva e real com a pessoa de Jesus.
Os nossos jovens buscam fazer a diferen�a neste mundo. Os nossos jovens t�m grandes sonhos. Os nossos jovens querem experimentar a felicidade. Quando esse jovem entende que somente Jesus pode proporcionar tudo isso, ele ser� realmente feliz, pleno e n�o seguir� a estrada rumo ao suic�dio.
Amados, meu filho, minha filha, nossa luta espiritual � di�ria com o Trip� da F� que apresentei em outros cap�tulos: Ros�rio, Escritura e Eucaristia. Essas s�o necessidades essenciais para que o mal n�o nos contamine com pensamentos suicidas, como a falta de f� e de esperan�a.
Temos que ensinar a essa nova gera��o - em um mundo que vive s� de apar�ncia mas sem ess�ncia � que � a intimidade com Deus que proporciona a verdadeira felicidade.
Precisamos ensinar nossos jovens a serem pessoas profundas, e que seu interior � muito mais importante do que o exterior. �rvores com ra�zes profundas d�o mais frutos, vivem mais e s�o mais fortes. Quem vive de apar�ncia n�o tem for�as para resistir �s tempestades apresentadas pela vida.
Por tudo isso e muito mais, o suic�dio � um mal que cresce em uma sociedade superficial, que vive s� do mostrar.
Vamos enveredar os jovens pela viv�ncia interior, t�o bem sentida na ora��o e nos momentos de intimidade com o Senhor.
Assim, eles v�o querer ser melhores, ter ra�zes mais profundas e, consequentemente, afastar�o os maus pensamentos, inclusive os de suic�dio.
Eu, como sacerdote, escuto muitos desabafos, pedidos de ora��o e s�plicas de pessoas com esses pensamentos, al�m daquelas que perderam algu�m por causa do suic�dio, por isso sei que na parte espiritual � fundamental a ora��o, o amor, o acolhimento e a paci�ncia de sempre mostrar que nesta vida passaremos por dificuldades, mas que tudo � passageiro.
Jesus nos alertou disso. Temos que crer que a for�a n�o � nossa, mas de Deus, que vive em n�s. � Ele em n�s que tudo faz. � Ele em n�s que derrota os desafios, os medos e as situa��es dif�ceis.
Quando entendemos isso, os maus pensamentos cessam, porque percebemos que a vida � dom gratuito de Deus.
Ele nos criou e Ele � o autor da vida. Portanto, o ponto-final cabe a Ele.
Ora��o
Jesus, como padre eu repreendo todo o mau pensamento que este meu filho ou filha possa estar tendo.
Repreendo todo o querer tirar a sua pr�pria vida. Retira esses maus pensamentos dele.
Que o Batismo do Esp�rito Santo, que � real, aconte�a na mente dele.
Que ele possa ser envolvido com a gra�a de Deus, que tudo cura, que tudo liberta, que tudo refaz.
Toda a m� influ�ncia que ele teve de filmes, de pessoas que o levaram a querer tirar a vida, quebra agora no Teu sangue, Jesus.
Toda a decep��o, todo o desequil�brio, todo e qualquer tipo de mal que possa ter levado ele para esses pensamentos, quebra agora, em Teu nome, Jesus.
E, Jesus, para as pessoas que j� perderam algu�m por este motivo, liberta-as da culpa, liberta-as do peso que carregam em seus cora��es.
D�-lhes novamente a liberdade para serem leves mais uma vez, sem carregarem um fardo que n�o lhes pertence.
Obrigado, meu Deus.
Eu o aben�oo e quebro todo o mal espiritual e toda a culpa que possa existir em voc�.
Em nome do Pai e do Filho e do Esp�rito Santo.
Am�m.
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Relatos de quem presenciou
Na trajet�ria deste livro at� aqui, partimos do dia do meu atentado e de como esse epis�dio trouxe um ensinamento sobre situa��es e condi��es para que possamos viver melhor em Deus. Mas uma das principais li��es do empurr�o � que aquilo aconteceu diante de uma multid�o, e foi registrado e transmitido, para que todos levantassem do ch�o melhores, renovados em Cristo.
N�o s�o frases de efeito. N�o tento transformar uma situa��o ruim em boa vestindo-a com uma roupagem chique. � a pura verdade.
Desde o dia 14 de julho de 2019, o meu minist�rio como sacerdote triplicou, quadruplicou. O meu entusiasmo como padre ganhou dimens�o sem precedentes. E gosto de lembrar que entusiasmo � uma palavra que vem do grego in + theos, que significa literalmente �em Deus�.
S� que a mudan�a n�o aconteceu apenas comigo. Ela alcan�ou a todos que acompanharam a agress�o que sofri e que viram o que o Esp�rito Santo mostrou naqueles minutos do ataque e posteriores.
Esse epis�dio parece ter mudado a vida de muitos de meus fi�is; perdi a conta dos relatos que recebi e acompanhei pelas redes sociais, no meu programa de r�dio e pessoalmente. Ouso dizer que foram centenas de milhares de renova��es em Cristo que nasceram daquele atentado.
Por essa raz�o, pedi para que quatro amigos que estavam no altar comigo relatassem o que presenciaram naquele momento. Os quatro tiveram experi�ncia em comum antes da missa, quando, ao orarem por mim, receberam uma palavra do Esp�rito Santo e me viram nos bra�os de Maria.
� para voc� ver como Deus escreve todas as hist�rias com perfei��o, um dia antes de eu come�ar a escrever este cap�tulo recebi no meu programa de r�dio o relato de uma irm�, que ilustra perfeitamente o que eu disse logo acima, e que transcrevo com minhas pr�prias palavras, por respeito � privacidade dela.
Mesmo que ela tenha relatado publicamente na r�dio, identificando-se pelo nome, prefiro preserv�-la desse tipo de exposi��o, pois, nesse caso, a hist�ria � mais importante que seus protagonistas. Assim como o que o atentado propiciou � mais importante que a dor sofrida por mim.
M. (vamos cham�-la assim) come�ou me contando sobre o in�cio de nossa hist�ria h� dezessete anos, quando ela passava por um momento de grave crise em seu casamento e estava prestes a se separar do marido.
Ela mora no Rio de Janeiro, em um munic�pio na regi�o metropolitana da capital.
Durante noites, M. rezou para que Deus Lhe falasse o que deveria fazer. Como ela me acompanhava pela r�dio e pela televis�o, pediu para que eu fosse o mensageiro.
Ent�o, certo dia, M. estava orando ajoelhada e eu, por um dom de palavra de sabedoria, falei a ela pelo Esp�rito Santo: �Voc� que pediu tanto para que Deus falasse com voc�, saiba que Ele est� falando agora. Procure um padre. Sua vida se resolver��.
M. escutou isso e se perguntou se era para ela mesmo esse recado divino. Ent�o o Esp�rito Santo repetiu por interm�dio da minha voz: �Voc� est� achando que n�o � com voc�? � com voc�, sim. Voc� que est� de joelhos, mesmo sem que eu tivesse pedido isso. � com voc��.
Foi quando M. se convenceu de que escutava a voz do Senhor.
Ela foi � lista telef�nica, que era comum ainda na �poca, e chegou ao n�mero da Igreja de S�o Vicente de Paulo, em um bairro na zona norte do Rio, bastante distante de onde ela morava.
Foi at� l� e conheceu o Padre T�lio, que por coincid�ncia � meu amigo e com quem eu havia estudado.
�Por intercess�o do Padre T�lio e do senhor, tive a confirma��o do meu casamento e voltei a comungar. Isso aconteceu no fim do ano. No come�o do ano seguinte, eu, que tinha problema s�rio de sa�de para conseguir engravidar, fiquei gr�vida�, contou ela.
M. teve uma gravidez de risco. Com algumas semanas, ela teve deslocamento da placenta e, ap�s alguns meses, contraiu toxoplasmose. O deslocamento de placenta aumenta, e muito, o risco da gravidez, e a doen�a pode desencadear consequ�ncias danosas para o beb�.
Felizmente, M. teve o beb� no dia 4 de outubro, data em que � comemorado o dia de S�o Francisco de Assis.
M. conta que, aos 3 anos de idade, o garoto aprendeu a ora��o de S�o Bento em meu primeiro livro, �gape. A ora��o pede a intercess�o do santo contra for�as ocultas que nos prejudicam.
O menino seguiu uma vida em Cristo, tornou-se coroinha, at� que no princ�pio da adolesc�ncia come�ou a questionar a m�e e ao Senhor, comentando se o inimigo era mesmo t�o ruim como ela falava.
M. percebeu que ele j� n�o rezava com tanto fervor e que sua f� estava perdendo for�a.
Mais uma vez, ela pediu para Deus intervir, realizando o milagre da volta do seu filho. E em julho ela decidiu participar do acampamento PHN (Por Hoje N�o vou mais pecar) com o filho, na comunidade Can��o Nova. O prop�sito era que Deus tocasse o jovem e que ele voltasse diferente.
No dia 14, ela, o marido e o filho foram para o Centro de Evangeliza��o, onde eu celebraria a missa de encerramento.
J� contei que havia uma multid�o presente, e M. confirma. Mesmo assim ela fez quest�o de que o filho ficasse de frente para o altar, voltado para a imagem de Nossa Senhora que fica � esquerda de quem olha para o palco.
M. relata que quando levantei as m�os, dizendo que n�o eram minhas, mas da pessoa de Cristo, viu a mulher se aproximar por tr�s, parar para adquirir impulso e me empurrar com for�a total.
Da arquibancada onde ela estava, ouviu-se um barulho forte, como de um estalo, e as pessoas pr�ximas achavam que tinha sido da minha cabe�a batendo no ch�o. Era, na verdade, o meu microfone batendo no solo.
Nesse instante, o Padre Bruno Costa tentou tranquilizar os presentes, que achavam que eu tinha sofrido s�rias les�es, e pediu para todos rezarem a Ave-Maria.
O filho de M. contou para ela que no momento do empurr�o ele olhava fixamente para mim e que, em sua cabe�a, veio a minha imagem com a cabe�a sangrando. Por isso, ele n�o conseguiu rezar a Ave-Maria, pois seu cora��o pedia a Ora��o de S�o Bento, que aprendera aos 3 anos no livro �gape.
Ele levantou as m�os e orou em minha dire��o, como o milagre que ele � na vida de M., pois representa a salva��o de seu casamento e a vit�ria da vida � afinal, ela tinha extrema dificuldade em engravidar e ap�s o parto do garoto n�o poderia mais ter filhos.
Aquele momento do atentado representava tudo isso.
�Padre, me desculpe, mas aquilo foi necess�rio. Aquele empurr�o que o senhor sofreu foi necess�rio. Pois, como aconteceu h� vinte e cinco anos, quando em sua ordena��o o senhor deitou um simples homem e levantou sacerdote de Cristo, na Can��o Nova o senhor foi ao ch�o e levantou outro. Ao voltar para o altar e falar movido pelo Esp�rito Santo - �Maria passa � frente e pisa na cabe�a da serpente� -, o senhor caiu como Padre Marcelo e se levantou outro padre, todos gritaram, pois ali se levantava uma nova gera��o de jovens com amor renovado a Cristo e a Nossa Senhora�, conta M.
Foi justamente o que aconteceu.
Assim como o filho dela voltou ao primeiro amor naquele instante, certamente muitos outros jovens que estavam inseguros renovaram o amor ao Senhor.
N�o preciso desculp�-la por falar que o atentado foi necess�rio. Tenho convic��o disso. Sou instrumento de Deus para fazer chegar �s pessoas a luz, conhecimento e conforto divinos.
Por isso, quero tamb�m apresentar relatos de pessoas amadas que estavam no altar quando tudo aconteceu e como isso as mudou igualmente. Para que cheguemos � inten��o deste livro, que � mostrar para voc�, amado, que o batismo de fogo n�o foi apenas meu, mas tamb�m seu e de todos que quiserem. Basta querer. Basta confiar em Deus.
Padre Adriano Zandon� Comunidade Can��o Nova
Aquele era um domingo aparentemente comum. Est�vamos muito contentes e vibrantes, em virtude da multid�o de jovens presentes no acampamento PHN na Can��o Nova. O Padre Marcelo estava muito feliz e entusiasmado, como sempre.
Quando faltavam aproximadamente quinze minutos para come�armos a missa, que seria presidida pelo Padre Marcelo, a Irm� Z�lia (uma querida irm� religiosa) nos deu a seguinte sugest�o: �Vamos fazer juntos uma ora��o pelo Padre Marcelo?�. Ao que, de pronto, todos respondemos: �Claro, isso ser� uma b�n��o!�.
Come�amos a orar e, em determinado momento, a irm� trouxe uma revela��o do Esp�rito Santo, a qual eu tamb�m estava nitidamente recebendo de maneira simult�nea: tanto eu como ela (e tamb�m um sacerdote, exorcista, que nos acompanhava na ora��o) v�amos a bel�ssima imagem do Padre Marcelo no colo da Virgem Maria, sendo profundamente abra�ado e protegido por ela.
Foi um momento muito forte, no qual sentimos poderosamente a presen�a de Jesus e de Nossa Senhora.
Quando dissemos e revelamos isso ao padre, durante aquela ora��o, ele se emocionou muito e chegou a chorar. Foi tudo muito lindo e forte.
Enfim, ap�s esse momento, fomos para a missa e, infelizmente, tudo aconteceu da forma como sabemos.
Eu estava bem atr�s do padre naquele instante, pude ver tudo com nitidez e, de onde estava, tive a plena sensa��o de que o padre poderia ter de fato morrido ali, devido � altura do palco e � forma como ele foi inesperadamente empurrado.
Naquela queda, ele podia ter batido fortemente a cabe�a ou at� quebrado o pesco�o, o que lhe seria irrevers�vel.
Fiquei inicialmente muito chocado e sem rea��o e, ap�s alguns minutos, pulei do palco para onde ele estava para verificar sua condi��o e tentar ajud�-lo.
Foi quando percebi que ele estava bem e que logo iria se levantar.
Naquele momento, fui tomado por profunda emo��o e senti Jesus dizer em meu cora��o: �Veja, meu filho, revelei a voc�s que o padre estaria no colo de minha m�e e que ela o iria proteger. O inimigo at� tentou destru�-lo, mas ele estava no colo de minha m�e e quem est� no colo de minha m�e nunca perece. Ela sempre guarda seus filhos debaixo de seu manto protetor, e ali o inimigo n�o tem poder�.
Logo o padre levantou-se, com uma for�a e energia que s� poderiam vir do Esp�rito Santo de Deus. Ele subiu novamente no palco e voltou a celebrar a missa como se nada tivesse acontecido.
� claro que ele estava ainda um pouco abalado, mas, logo que retornou ao altar, disse: O inimigo at� tentou me derrubar, mas Maria me segurou... Eu estava no colo de Maria!�.
Naquele momento, comecei a chorar copiosamente e percebi por que Deus nos tinha dado aquela linda imagem na ora��o antes da missa. Ali Ele j� estava nos revelando que o padre estaria guardado no colo de Maria, protegido sob seu manto, e que nenhum mal iria prevalecer sobre ele.
N�o sei se o padre hoje tem a exata no��o de tudo o que lhe aconteceu, mas testemunhei aquele momento e percebo que ali aconteceu um verdadeiro milagre na vida dele, que Jesus realizou pelo interm�dio das m�os de Maria.
Como dizia S�o Bernardo, �Um servo de Maria jamais perecer��.
Ela segurou o Padre Marcelo em seu colo naquele dia, e n�o deixou que aquela investida do inimigo o destru�sse. Ela passou � frente e pisou na cabe�a da serpente.
Viva � M�e de Deus e nossa, a Virgem Maria!
Irm� Z�lia
Congrega��o Pia Uni�o das Irm�s da Copiosa Reden��o
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Deus por tudo o que o Padre Marcelo Rossi � em minha vida. Rendo gratid�o ao c�u, todos os dias ele est� presente em minhas ora��es.
Na semana de sua queda, tive a gra�a de estar no Santu�rio M�e de Deus e partilhei com o Jonas (Pimentel) que o ter�o que o padre havia me dado no PHN de 2018 tinha sido roubado com outros pertences. Ent�o, Deus me presenteou novamente com o encontro com o Padre Marcelo e pude entender que Ele estava me dando uma nova miss�o de cuidado com a vida do padre.
Intensifiquei as minhas ora��es por ele naquela semana e escutei a voz de Deus, que dizia que deveria orar por ele antes da Santa Missa no PHN de 2019.
Obediente � voz, partilhei com o Padre Thiago Bartoli, da diocese do Rio de Janeiro, e pedi que ele rezasse comigo.
Falei com o Jonas e combinamos que antes de ele presidir a Santa Missa far�amos a ora��o por ele. Para honra e gl�ria de Deus, o Senhor proveu mais um sacerdote, Padre Adriano Zandon�, e n�s tr�s oramos por ele.
Foi uma experi�ncia profunda do amor de Deus, a come�ar pela humildade do padre, e tamb�m pela abertura do seu cora��o.
No t�rmino da ora��o, Deus me revelou a intercess�o de Nossa Senhora por ele e esta foi confirmada.
Ao t�rmino desse momento, o Padre Thiago me chamou e pediu para que eu ficasse com a rel�quia da luva de Padre Pio e passasse a missa toda em ora��o pelo Padre Marcelo.
Para minha surpresa, eu estava t�o concentrada na ora��o que nem vi o ocorrido, apenas escutei a repercuss�o do susto das pessoas. S� que, ao mesmo tempo, ao ver o Padre Marcelo se levantar e dar continuidade � celebra��o, acabei me emocionando por ter obedecido � voz de Deus.
O restante da Santa Missa foi de gratid�o pelo grande milagre que Deus realizou na frente de todos que ali estavam.
Padre Thiago Bartoli
Arquidiocese do Rio de Janeiro
Eu me chamo Padre Thiago Bartoli, sou natural do Rio de Janeiro e atualmente p�roco da Igreja de Santa In�s, no bairro Jabour, em Senador Camar�, tamb�m no Rio de Janeiro.
Conheci o Padre Marcelo Rossi recentemente e nos tornamos muito amigos, ap�s concelebrar com ele na missa de encerramento do acampamento PHN (Por Hoje N�o vou mais pecar) na Can��o Nova, no dia 14 de julho de 2019.
Esse dia permanecer� para sempre marcado em minha mem�ria, pois tive a b�n��o de presenciar e, assim, poder dar meu testemunho de um milagre.
Antes do in�cio da Santa Missa, eu estava em ora��o com Irm� Z�lia e Padre Adriano Zandon�. E durante a ora��o fomos tocados fortemente pela presen�a do Esp�rito Santo e sua mensagem: �Padre Marcelo Rossi est� coberto pelo manto da Virgem Maria e, mesmo diante de qualquer ataque do maligno que possa vir a acontecer, Nossa Senhora estar� presente para proteg�-lo�.
Por conta dessa revela��o e da nossa devo��o, rogamos pela intercess�o de Santa Teresinha, para que ele n�o fosse atingido por mal algum.
Durante a celebra��o da Santa Missa, tudo se tornou muito claro e a mensagem do Esp�rito Santo se tornou o milagre.
Repentinamente, sem que algu�m pudesse imaginar ou interferir, o Padre Marcelo Rossi foi empurrado e jogado de cima do altar montado em uma altura de mais de dois metros. Para um homem do tamanho dele, a altura, a for�a da queda e o impacto no ch�o poderiam ter sido fatais.
Mas, ao contr�rio da gravidade do acidente e das suas poss�veis consequ�ncias, nada de grave aconteceu a ele. Pois ele caiu no colo da Virgem Maria.
Foi o Esp�rito Santo! Foi Maria! Foi um milagre!
Jonas Pimentel
Amigo e coordenador do Grupo de Ora��o Retaguarda do Santu�rio M�e de Deus
Era domingo, 14 de julho de 2019. Participamos da missa �s 6h20, depois nos preparamos para a Santa Missa de Cura e Liberta��o �s 9 horas, no Santu�rio M�e de Deus, em Santo Amaro. Ao fim dessa missa, algo forte e profundo me chamou aten��o, quando o Padre Marcelo informou aos fi�is que acabando ali ele iria para a missa de encerramento do PHN, em Cachoeira Paulista, na Can��o Nova.
Pediu ora��es a todos; que impusessem as m�os sobre ele e que rezassem uma Ave-Maria. Neste momento, o padre ficou emocionado com a presen�a de Nossa Senhora naquela ora��o.
Viajamos ao local da missa de encerramento e durante sua participa��o, no momento da homilia, pude presenciar o empurr�o que o Padre Marcelo recebeu de cima do altar.
Lembro ainda aquela cena forte, quando o vi ao ch�o, durante aqueles minutos eternos. Confesso que entrei em desespero, pois, diante daquela queda de grande altura, s� consegui imaginar o pior. Quando olhei para ele no ch�o, imaginei que estava machucado gravemente.
Mas Deus n�o faz a obra pela metade. Assim que a socorrista disse �Vamos remov�-lo�, o Padre Marcelo abriu os olhos e conseguiu identificar que a dor era na sua perna e que n�o havia acontecido nada na cabe�a, coluna cervical ou quebrado alguma parte do corpo. Ent�o ele se levantou, conseguiu alongar as pernas e percebeu que os machucados foram m�nimos diante da propor��o do empurr�o, de tudo o que aconteceu, e voltou para a Santa Missa.
Ele quis subir pelo mesmo local de onde caiu. Colocou a m�o no palco, deu impulso e subiu. Naquele momento percebi a a��o poderosa do Esp�rito Santo de Deus pela intercess�o de Nossa Senhora.
Vendo aquela cena, lembrei-me da passagem b�blica da ressurrei��o de L�zaro, em que Jesus pediu que retirassem a pedra e que ele �subisse e sa�sse�. E no momento da subida do padre, de volta para o altar, eu pensei: O inimigo quis derrub�-lo, ele caiu, mas se levantou mais forte, porque caiu nos bra�os da M�e de Deus.
Ali, eu creio que se levantou um novo homem, um novo padre, com um minist�rio sacerdotal renovado para um novo tempo de evangeliza��o, com uma nova for�a que o far� ainda mais ungido.
Durante esses vinte e cinco anos, tivemos a oportunidade de testemunhar as b�n��os, as gra�as e os milagres que Jesus realiza diariamente na vida de tantos irm�os, e no dia 14 de julho de 2019 eu pude presenciar um fato que fortaleceu a minha f�: o milagre do Padre Marcelo ter sofrido apenas algumas escoria��es ap�s ter sido empurrado, pois foi uma a��o extraordin�ria do poder do Esp�rito Santo, um milagre pela intercess�o de Nossa Senhora.
A li��o que ficou para mim � que ao longo do caminho teremos quedas, dificuldades, trope�os, alegrias, derrotas e que n�o existe vencedor sem batalha, mas n�o estamos s�s. Nossa Senhora nos carrega no colo diariamente, nos levando sempre para o caminho do seu filho Jesus.
Eu asseguro: o que ficou no meu cora��o � que o Padre Marcelo foi empurrado, caiu no colo de Nossa Senhora e se levantou com um novo ardor pela evangeliza��o!
Sejamos como Maria, gerando Cristo para o mundo pelo poder do Esp�rito Santo!
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Ofim � sempre um come�o
Chego ao cap�tulo final deste livro justamente quando o mundo passa por uma de suas piores crises, uma pandemia sem precedentes nesta gera��o e que remete � gripe espanhola, que aconteceu no come�o do s�culo passado. Crise em economia significa momento de mar dif�cil e negativo. Em medicina, � o momento em que a doen�a evolui. Para melhor ou pior. Estando o mundo afetado em todos os sentidos pela pandemia de Covid-19, a vida espiritual � rem�dio eficiente para que as crises sejam encaradas da forma como s�o e nos conduzam sempre a uma situa��o melhor.
Veja voc�, amado, como Deus � perfeito.
Em vinte e cinco anos como sacerdote, quando me disponho a escrever um livro baseado em experi�ncia de quase morte, de renascimento no batismo de fogo, o Senhor me coloca em um cen�rio em que essa mensagem � mais importante do que jamais foi durante toda a minha trajet�ria como padre.
Nada � � toa.
Em meus momentos de intimidade com o Senhor, tenho perguntado qual � a li��o a ser extra�da de todo o cen�rio de pandemia, no qual muitos est�o desesperados, por se enxergarem muito pr�ximos da morte, seja deles pr�prios ou de quem amam.
E, na perfei��o de Jesus, a resposta esteve no transcorrer de todo este livro.
A primeira resposta � quest�o que mais acomete as pessoas em uma hora dessas � que a morte n�o � o fim.
Sim, creiamos nisso em nosso cora��o. Levemos conosco essa verdade que o Senhor nos ensinou nas Escrituras.
Eu j� passei por duas situa��es de quase morte. Al�m do atentado que sofri durante a missa, lembre-se de que no in�cio deste livro conto sobre o acidente de carro poucos dias depois de iniciar a vida sacerdotal.
Foi uma experi�ncia realmente espiritual o que aconteceu naqueles poucos segundos, quando a tens�o do momento me fez quebrar, pela for�a do impacto, o volante com as m�os, e ainda assim n�o sofri um arranh�o sequer.
Eu encarava pela primeira vez uma situa��o de risco de morte f�sica.
Choque foi minha rea��o imediata, mas n�o temi. Desde ent�o, tinha como verdade no cora��o que para quem vive uma exist�ncia amparado em Deus existe uma verdade incontest�vel: a morte n�o � o fim.
Quantas vezes durante as passagens deste livro, durante a minha exposi��o sobre o batismo de fogo, ressaltei a import�ncia de se ler as Escrituras? Sim, pois todas as respostas est�o depositadas na Santa Palavra.
Veja o trecho da carta que S�o Paulo escreveu aos Cor�ntios sobre o momento em que vivemos:
�Eis que vos revelo um mist�rio: nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da �ltima trombeta (porque a trombeta soar�). Os mortos ressuscitar�o incorrupt�veis, e n�s seremos transformados. � necess�rio que este corpo corrupt�vel se revista da incorruptibilidade, e que este corpo mortal se revista da imortalidade. Quando este corpo corrupt�vel estiver revestido da incorruptibilidade, e quando este corpo mortal estiver revestido da imortalidade, ent�o se cumprir� a palavra da Escritura: A morte foi tragada pela vit�ria (Is 25,8). Onde est�, � morte, a tua vit�ria? Onde est�, � morte, o teu aguilh�o (Os 13,14)? Ora, o aguilh�o da morte � o pecado, e a for�a do pecado � a Lei. Gra�as, por�m, sejam dadas a Deus, que nos d� a vit�ria por nosso Senhor Jesus Cristo!� (1C0 15, 51-55).
Qu�o perfeita � a obra de Deus, meu irm�o! Qu�o perfeita!
Junto � pandemia, lembre-se de um assunto de sa�de muito, muito importante que foi tratado neste livro e que configura outra epidemia. Bem mais longeva que essa e que precisamos combater igualmente com as armas do senhor: a depress�o e o ritmo de vida que tem levado muitos irm�os a transtornos mentais.
Contei para voc� sobre a minha experi�ncia com a depress�o, sobre os meses que passei doente e sobre a redescoberta da sa�de por meio de interven��o divina.
A depress�o � uma doen�a muito trai�oeira e nos ensina muito sobre o inimigo.
Ela n�o chega de uma vez. A depress�o se instala aos poucos. Vai buscando brechas de fragilidade na nossa mente e, quando percebemos, j� se instalou e est� em batalha para tomar o controle de nossos pensamentos e atitudes.
O �ltimo est�gio da depress�o s�o os pensamentos suicidas, quando a doen�a quer nos convencer de que nossa exist�ncia n�o tem mais sentido e de que nossa vida n�o possui valor.
Qu�o triste � atingir esse est�gio! Por isso ainda � uma doen�a que � encarada com certo preconceito.
Pensando friamente, n�o deveria ser encarada com preconceito, mas como oportunidade de evolu��o. Mesmo no fundo do po�o, em seu pior est�gio, a corda divina estendida nos puxa de volta para a vida e nos faz vencer o medo e a morte.
Jesus passou por situa��o semelhante ap�s a �ltima Ceia, quando no Gets�mani orou ao Pai, como nos conta S�o Mateus em seu Evangelho:
�Adiantou-se um pouco e, prostrando-se com a face por terra, assim rezou: �Meu Pai, se � poss�vel, afasta de mim este c�lice! Todavia, n�o se fa�a o que eu quero, mas sim o que tu queres�� (Mt 26,39).
O Senhor nos dava o recado de que o caminho que tra�a para a nossa vida � perfeito. Assim como o encerramento da nossa passagem pela Terra. Jesus pediu por livramento da condena��o, se poss�vel, e automaticamente teve a resposta de que a morte f�sica n�o significava o fim. E que, no caso Dele, significava a reden��o dos pecados da humanidade.
Mais uma vez recorro a uma carta de S�o Paulo, desta vez aos Romanos, que revela o prop�sito de Deus sobre nossa vida e nossa morte:
�Ent�o, que diremos? Permaneceremos no pecado, para que haja abund�ncia da gra�a? De modo algum. N�s, que j� morremos ao pecado, como poder�amos ainda viver nele? Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela gl�ria do Pai, assim n�s tamb�m vivamos uma vida nova. Se fomos feitos o mesmo ser com ele por uma morte semelhante � sua, o seremos igualmente por uma comum ressurrei��o. Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que seja reduzido � impot�ncia o corpo (outrora) subjugado ao pecado, e j� n�o sejamos escravos do pecado. (Pois quem morreu, libertado est� do pecado.) Ora, se morremos com Cristo, cremos que viveremos tamb�m com ele, pois sabemos que Cristo, tendo ressurgido dos mortos, j� n�o morre, nem a morte ter� mais dom�nio sobre ele. Morto, ele o foi uma vez por todas pelo pecado; por�m, est� vivo, continua vivo para Deus! Portanto, v�s tamb�m considerai-vos mortos ao pecado, por�m vivos para Deus, em Cristo Jesus� (Rm 6,1-11).
Deus enviou o Filho para que soub�ssemos que nossa vida na Terra � um passo rumo � eternidade. Nisso, o falecimento f�sico � um passo na caminhada eterna.
Portanto n�o devemos temer a morte.
Esta � a segunda resposta que Deus d� sobre o momento que vivemos e, principalmente, sobre nossa vida inteira.
Como o Esp�rito Santo me inspirou a escrever neste livro, sejamos como Jesus.
Em todas as situa��es de vida, pergunte-se como Jesus agiria se estivesse em seu lugar.
Uma vez feito isso, voc� nunca mais errar�, pois a resposta vir� do seu cora��o e carregar� a verdade.
Sempre que estiver em d�vida espiritual, volte ao primeiro amor. Traga de volta o momento em que sua paix�o pelo Senhor aconteceu e a recoloque em sua vida de forma que nunca mais se apague nem tremule com o vento.
Os ventos sempre v�o soprar. Por vezes, s�o amedrontadores, como na tempestade no Mar da Galileia em que os disc�pulos estranharam a calma de Jesus e este questionou a f� deles, amansou a mar� e voltou a dormir.
Vivemos, enquanto escrevo este livro, uma tempestade mundial, que deve ser encarada como um teste de nossa f� no Senhor.
Dediquei boa parte desta obra e um cap�tulo inteiro especialmente �s armas que Deus nos oferece para mantermos fortalecida nossa f�, em qualquer circunst�ncia: o Trip� da F�.
Nas Escrituras est�o todas as respostas, na Eucaristia est� o alimento de sua alma e na pr�tica do Ros�rio o exerc�cio que mant�m fortalecida a F�.
Tr�s armas simples, tr�s medicamentos sem contraindica��es e saborosos, que trazem significado para nossa vida.
At� que tenhamos o encontro final com Deus, no qual tudo o que fomos e fizemos receber� o devido valor.
� por meio do Trip� da F� que recebemos a gra�a a que se referiu S�o Jo�o, segundo a Palavra do Senhor:
�E eu rogarei ao Pai, e ele vos dar� outro Par�clito, para que fique eternamente convosco. � o Esp�rito da Verdade, que o mundo n�o pode receber, porque n�o o v� nem o conhece, mas v�s o conhecereis, porque permanecer� convosco e estar� em v�s. N�o vos deixarei �rf�os. Voltarei a v�s. Ainda um pouco de tempo e o mundo j� n�o me ver�. V�s, por�m, me tornareis a ver, porque eu vivo e v�s vivereis� (Jo 14,16-19).
Foi um dos �ltimos recados que Jesus deixou antes de descer � mans�o dos mortos e ressuscitar ao terceiro dia.
Jesus superou a morte, assim n�s tamb�m a superaremos.
Venha ela na forma que for, pois Deus nos concede o dom de tudo superar. Ele � o Pai amoroso que s� quer o melhor para n�s, seus filhos.
Sejamos gratos ao Senhor. Tenhamos isso em mente sempre, como falei no cap�tulo em que afirmo que a gratid�o verdadeira � a grande arma para combater a inveja e os maus pensamentos que o inimigo tenta utilizar para nos prejudicar.
Ao proteger a mente, n�o s� combatemos as armas perniciosas do maligno como ficamos sempre preparados para o inevit�vel encontro com o Senhor.
Narrei neste livro meus dois encontros. O primeiro quando era crian�a e tive a primeira experi�ncia. E o segundo durante um momento hist�rico do esporte brasileiro, quando assistia � corrida que deu o primeiro t�tulo a Ayrton Senna, na F�rmula 1.
Deus n�o poderia ser mais claro ao mostrar a Sua obra naquele momento. E eu estava preparado para receb�-Lo, tendo vivido uma vida em fam�lia voltada para Ele. Mesmo que no per�odo imediatamente anterior tenha me afastado um pouco do caminho.
O Senhor me recolocou na rota em seu kair�s na hora certa. � o que ele faz com todos os seus filhos.
O Pai n�o abandona ningu�m. Mas espera que nos preparemos para o encontro com o Esp�rito Santo.
Afastar maus pensamentos, comungar, orar, praticar o bem sempre, afastar o inimigo com o que nos ensinou Cristo e sua m�e, Maria. Tudo o que significa vida. Lembrando que vida possui alguns significados importantes.
No grego b�blico, vida tanto se refere � vida mental, racional e emocional como � exist�ncia, no sentido biol�gico ou natural. Al�m de tudo isso, existe uma vida de comunh�o com Deus, a vida no Esp�rito - � essa a vida eterna de que tratamos. Como contou S�o Jo�o em seu Evangelho, Jesus veio �para que tenham vida, e a tenham com abund�ncia�.
Mais uma vez na palavra de S�o Jo�o:
�Disse-lhe Jesus: �Eu sou a ressurrei��o e a vida. Aquele que cr� em mim, ainda que esteja morto, viver�. E todo aquele que vive e cr� em mim, jamais morrer�. Cr�s nisso?�� Jo 11,25-26).
E em S�o Mateus:
�E ele responder�: �Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer�. �E estes ir�o para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna�� (Mt 25,45-46).
Essa � a vida que nos liga ao Senhor.
Pois a morte de verdade � a separa��o de Deus.
Aquele que encontra o Esp�rito Santo renova constantemente a f� e volta ao primeiro amor, utiliza o Trip� da F� para estar sempre pronto para agir e, assim como Jesus, sempre triunfar�.
Mesmo quando sofrer um ataque, como sofri, cair� no colo de Nossa Senhora. Ter� testemunhas de milagre e andar� ao lado do Senhor. � sua frente, Maria passar� e pisar� na cabe�a do inimigo.
Aquele que se disp�e a viver assim tudo ter�. Como o Senhor promete no livro final das Escrituras:
�[.. .]�Est� pronto! Eu sou o Alfa e o Omega, o Come�o e o Fim. A quem tem sede eu darei gratuitamente de beber da fonte da �gua viva. O vencedor herdar� tudo isso; e eu serei seu Deus, e ele ser� meu filho. Os t�bios, os infi�is, os depravados, os homicidas, os impuros, os mal�ficos, os id�latras e todos os mentirosos ter�o como quinh�o o tanque ardente de fogo e enxofre, a segunda morte�� (Ap 21,6-8).
Maria passa � frente e pisa na cabe�a da serpente.
O bem vence e sempre vencer�.
Quero deixar a frase acima como um resumo do livro e do que trago do meu batismo de fogo. Encerro com a s�ntese de todos os ensinamentos que o Senhor refor�ou em mim desde o atentado, pe�o que unam cada ponto que marca a narrativa deste cap�tulo e que coloquei em destaque:
A Morte n�o � o fim.
Portanto, n�o devemos temer a morte.
Jesus superou a morte, assim n�s tamb�m a superaremos.
Pois a morte de verdade � a separa��o de Deus.
O bem vence e sempre vencer�.
E que Deus o aben�oe.
Bibliografia
�lbum: Maria: M�e do Filho de Deus. M�sica: �M�ezinha do c�u�, 2003. Gravadora: Sony Music Entertainment (Brasil) I.C.L.
ABIB, JONAS. A B�blia foi escrita para voc�. S�o Paulo: Editora Can��o Nova, 2005.
SHELDON, CHARLES M. Em seus passos 0 que faria Jesus? S�o Paulo: Mundo Crist�o, 2008.
MONTFORT, S. LU�S MARIA GRIGNION DE. Tratado da Verdadeira Devo��o � Sant�ssima Virgem. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2015.
Ladainha de Nossa Senhora. Dispon�vel em: http://www.Vatican, va/special/rosary/documents/litanie-lauretane_po.html. Acesso em ago de 2020.
FILHO DE SEU ANT�NIO E DONA VILMA, Padre Marcelo Rossi nasceu na cidade de S�o Paulo, em 1967. Formou-se em Educa��o F�sica, mas, um ano depois, seguiu a voca��o que tinha desde crian�a: ser padre. Ingressou no Semin�rio da Diocese de Santo Amaro, onde foi ordenado sacerdote em 1994. Desde ent�o dedica-se fervorosamente ao trabalho de evangeliza��o em todo o pa�s, o que fez com que viesse a receber, do Papa Bento XVI, o t�tulo de �Evangelizador do Novo Mil�nio�. Atualmente, possui um programa di�rio de r�dio na Rede Capital da F� intitulado No Colo de Jesus e de Maria. Apresenta ainda na TV Globo a Santa Missa. E, na Rede Vida, os programas Missa do Santu�rio da M�e de Deus,
O Ter�o Bizantino e Quem Ama Canta. Toda semana, celebra missas no Santu�rio M�e de Deus, que construiu em S�o Paulo, onde vive.
(Batismo de Fogo � o seu primeiro livro pela Editora Planeta.
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H� momentos em que somos colocados � prova e nada parece fazer sentido. � para nos ajudar a enfrentar essas dificuldades da vida que Padre Marcelo Rossi se dedica neste livro. Tomando como partida um epis�dio marcante de sua biografia, quando foi empurrado do alto de um palco de mais de dois metros, ao celebrar missa para cem mil pessoas, ele relata como superar os maiores desafios do dia a dia e da vida crist�. Em seu livro mais pessoal. Padre Marcelo abre o cora��o para relembrar um acidente de carro quase fatal em sua juventude, relata sua dura batalha contra a depress�o e reflete sobre como superar os tempos de pandemia e distanciamento social. (Batismo d� Fogo � uma mensagem inspiradora de transforma��o e de supera��o pela f�.
�Deus permite que passemos por momentos dif�ceis em nossa vida para moldar o nosso car�ter, e assim enxergarmos como somos pessoas fr�geis e dependentes Dele.�
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De: Sérgio Galdino
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Sérgio Galdino
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Há momentos em que somos colocados à prova e nada parece fazer
sentido. É para nos ajudar a enfrentar essas dificuldades da vida que
Padre Marcelo Rossi se dedica neste livro. Tomando como partida um
episódio marcante de sua biografia, quando foi empurrado do alto de um
palco de mais de dois metros, ao celebrar missa para cem mil pessoas,
ele relata como superar os maiores desafios do dia a dia e da vida
cristã. Em seu livro mais pessoal. Padre Marcelo abre o coração para
relembrar um acidente de carro quase fatal em sua juventude, relata
sua dura batalha contra a depressão e reflete sobre como superar os
tempos de pandemia e distanciamento social. (Batismo dê Fogo é uma
mensagem inspiradora de transformação e de superação pela fé.
"Deus permite que passemos por momentos difíceis em nossa vida para
moldar o nosso caráter, e assim enxergarmos como somos pessoas frágeis
e dependentes Dele."
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