CORAL APRESENTA
UM CORPO
PARA
A POSSE
UM CORPO
PARA
A POSSE
Carlos Aquino
Cedibra
Copyright @ MCMLXXVII CEDIBRA -
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O texto deste livro n��o pode ser, no todo
parte, nem reproduzido, nem registrado, nem retransmi-mitido, por qualquer meio mec��nico, sem a expressa
autoriza����o do detentor do copyright.
cap��tulo 1
Numa casa de sub��rbio
Rog��rio segurou firme na m��o de De-
nise, mas ela nem parecia ter notado. Con-
tinuava embevecida olhando para a televi-
s��o. Diante da pequena tela, quando Al-
berto Brando, o gal�� da novela, aparecia, a
jovem n��o percebia mais nada �� sua volta.
Tinha verdadeira loucura pelo ator, um fa-
natismo desesperado, que a transportava
para muito longe dali. O noivo permanecia
segurando-lhe a m��o, carinhosamente, e de
vez em quando olhava-a, sem prestar muita
aten����o ao que se passava no v��deo.
���5
A sala em que estavam era t��pica de
uma casa pobre de um sub��rbio carioca
qualquer. O sof�� forrado com um tecido es-
tampado, j�� meio sujo e desbotado pela
idade. Duas poltronas e uma mesinha de
centro, onde algumas flores artificiais esta-
vam dentro de um jarro. A televis��o em
frente e toda a fam��lia olhando. A fam��lia
constitu��a-se apenas de Dona Eul��lia, Seu
Cardoso e Denise, filha ��nica de ambos.
Rog��rio, o noivo, tamb��m assistia ��s nove-
las nas noites de s��bado, porque Denise por
nada deste mundo renunciaria a isso.
A m��o de Rog��rio apertou mais, como
que querendo chamar a aten����o da noiva
para a sua exist��ncia. N��o gostava de v��-la
assim t��o distante, como se n��o estivesse
ao seu lado e sentia ci��mes de Alberto
Brando. Sabia da extrema admira����o de
Denise pelo gal��. N��o tinha motivos para
se sentir amea��ado pelo ator, pois sabia
que era quase imposs��vei que a noiva viesse
a conhec��-lo um dia. Mas mesmo assim, n��o
gostava daquele fanatismo exagerado.
Sentindo a m��o que apertava a sua com
mais for��a, a jovem olhou para Rog��rio e
6���
sorriu condescendente, mas por poucos ins-
tantes. Voltou a se concentrar no v��deo e
pensou em como seria bom que a m��o de
Alberto Brando estivesse acariciando a sua,
exatamente como fazia com a hero��na da
novela.
��� "Nada vai impedir que voc�� seja mi-
nha. Absolutamente nada."
��� "Ora, Maur��cio, a vida n��o �� como a
gente deseja".
��� "Voc�� entrega os pontos com facili-
dade. N��o vou desistir nunca do meu amor
por voc��."
Dona Eul��lia n��o resistiu e falou:
_ Deixe de ser bobo. Essa mulher n��o
te ama. �� tudo fingimento.
Era sempre assim. Dona Eul��lia partici-
pava ativamente da a����o da novela e intro-
metia-se nos di��logos dos personagens, con-
versando com eles, dando palpites, etc. No
v��deo, "Helena" come��a a chorar. "Maur��-
cio�� aproxima seu rosto do dela, procuran-
do beij��-la. "Helena" resiste um pouco e
termina deixando que ele a beije na boca P 7
Denise suspirou. Como gostaria de ser
beijada por Alberto Brando... Olhou em
voltade si e com* desgosto viu o noivo ao
seu lado. Um cara feio, sem gra��a e sem
dinheiro. A m��e e o pai sentados nas duas
poltronas. A sala pobre, as paredes descas-
cadas. Como era horr��vel a vida que leva-
va. .
Imaginou-se nos bra��os de Alberto Bran-
do num apartamento luxuoso da Zona Sul.
As paredes cobertas de espelhos e quadros
de pintores famosos. Depois de beij��-la, Al-
berto a encaminhou para a mesa e os dois
juntos come��aram a jantar �� luz de velas.
Depois, o espocar da garrafa de champa-
nha. ..
Tudo acontecia depressa no seu sonho.
Alberto levando-a para o quarto, onde uma
maravilhosa cama redonda ocupava quase
todo o espa��o. Ele a puxou para si, abra-
��ando-a e beijando-a com ardor. Depois...
Os dois deitados na cama. Alberto se-
gurando suas coxas, levantando seu vesti-
do, procurando am��-la.
��� Denise. ..
8���
Ela n��o acordou do seu sonho de olhos
abertos. Rog��rio tornou a falar:
��� Denise, a novela acabou. Vamos dar
uma volta?
Finalmente, a mo��a voltou �� realidade.
A voz estridente de Dona Eul��lia fez-se ou-
vir:
��� A gente devia ter uma televis��o co-
lorida.
��� Eu tamb��m acho, mam��e.
��� O marido da Margarida comprou
uma para ela. S�� a gente que n��o tem tele-
vis��o colorida!
��� Voc�� sabe quanto custa uma? ��� per-
guntou Seu Cardoso ao notar que a mulher
olhava-o como se o culpasse pelo fato de
n��o ter dinheiro.
��� Voc�� bem que podia comprar a pres-
ta����o.
��� E ia pagar com qu��?
��� N��o sei. Isso �� problema seu. Afinal
de contas, �� a ��nica distra����o que a gente
tem.
���9
Denise comentou:
��� O Alberto Brando em cores deve ser
o maior barato. Com aqueles olhos azuis...
��� Voc�� at�� parece que �� apaixonada
por ele ��� falou Rog��rio meio aborrecido.
��� Que �� que h��? Est�� com ci��mes? ���
perguntou Denise rindo.
��� Claro. Voc�� fala a respeito desse cara
com um entusiasmo que n��o �� normal.
��� O que �� que tem, Rog��rio? N��o �� na-
da demais.
��� Vamos sair um pouco?
��� Quer ir pra onde?
��� Qualquer lugar.
Sa��ram. Foram at�� a pracinha perto
da casa onde Denise morava. Sentaram-se
num banco:
��� Sei n��o, Denise, mas acho que voc��
est�� indo longe demais com essa paix��o
plat��nica por esse sujeito da televis��o.
��� Deixe de bobagem, Rog��rio. Todo
10���
mundo tem seus ��dolos. Isso n��o quer di-
zer que eu esteja apaixonada por ele. E
depois, que �� que adiantava eu�� ficar ga-
mada por um ator de TV? Eu n��o vou ter
nunca oportunidade de conhece-lo. E mes-
mo que tenha, voc�� acha que ele vai olhar
pra mim?
Rog��rio compreendeu que afinal, o que
a noiva estava lhe dizendo n��o deixava de
ser verdade.
Ele estava com ci��mes de uma sombra,
de uma imagem. N��o era uma pessoa de
carne e osso. N��o havia motivos para preo-
cupa����es maiores.
Todas as mocinhas t��m essas fantasias e
isso n��o singnificava necessariamente que
tivessem vontade de trair seus namorados
com as pessoas que idolatravam.
��� �� que eu gosto muito de voc��. Fico
com um ci��me danado quando te vejo em-
polgada por esse sujeito...
��� Deixe de ser tolo. Eu nunca vou co-
nhecer Alberto Brando pessoalmente.
���11
Beijaram-se na boca. Ela procurou cor-
responder ao m��ximo. Naquele momento,
n��o era Rog��rio, o comerciarlo, que ela bei-
java. Era Alberto Brando, o gal��.
��� Voc�� me beijou de uma maneira co-
mo nunca havia feito antes.
��� O que est�� querendo dizer com isso?
��� Foi um beijo t��o apaixonado. ..
��� Ent��o? Ainda duvida que eu goste de
voc��?
��� Vamos l�� pro meu apartamento?
��� Hoje n��o, Rog��rio.
��� Por que n��o quer?
��� N��o estou me sentindo bem.
��� O que �� que voc�� tem?
��� Estou com dor de cabe��a.
��� Tome um comprimido.
��� J�� tomei. N��o adiantou nada.
��� Quer dizer que n��o quer ir? Por isso
12���
que penso que n��o gosta de mim. Voc�� ��
t��o fria...
��� N��o �� isso, Rog��rio. Estou meio
adoentada. S�� isso. N��o acredita em mim?
Ele acreditou. Conversaram ainda du-
rante algum tempo. Depois, Rog��rio levou-a
de volta para casa.
Denise entrou na sala que estava escura.
Acendeu a luz. Era uma casa de vila a que
morava com os pais. Uma sala e dois peque-
nos quartos. Seus pais j�� se preparavam pa-
ra dormir.
A jovem foi ao banheiro, depois diri-
giu-se para o seu quarto. Trocou de roupa
Antes de deitar-se, por��m, pegou uma ca-
neta e a folha de um bloco. Come��ou a es-
crever.
"Querido Alberto,
Esta �� a d��cima carta que estou lhe
escrevendo e at�� o momento nunca recebi
uma resposta. �� assim que voc��s, ��dolos,
tratam suas f��s? Nas minhas noites de so-
lid��o s�� tenho voc�� em meu pensamento.
Gostaria de te conhecer pessoalmente, mas
sei que �� imposs��vel.
���13
Quantas cartas voc�� deve receber de
mocinhas assim como eu? Milhares, sem
d��vida. Mas eu n��o perco as esperan��as
Sei que um dia, mais cedo ou mais tarde,
vou receber uma resposta. Sonho com esse
dia em que o correio vai deixar aqui em
casa a sua carta.
Mas, se tiver que me escrever, n��o man-
de sua secret��ria. Quero uma carta de seu
pr��prio punho, se poss��vel, envie tamb��m
uma foto autografada. Juro que depois dis-
so n��o voltarei nunca mais a te incomodar.
Nas outras cartas lhe falei na paix��o
que me consome. Mas agora n��o tenho mais
coragem de te falar nisso, devido �� sua indi-
feren��a. Al��m disso, sei que �� casado e feliz
com sua esposa. Mesmo que n��o fosse, voc��
nunca olharia para mim. Afinal, sou uma
mo��a pobre, que n��o pode alimentar ilu-
s��es ..
De qualquer maneira, mesmo �� dist��n-
cia, fique sabendo que eu sou
PERDIDAMENTE TUA,
Denise."
14���
Leu e releu muitas vezes a carta. Corri-giu os erros de portugu��s e passou a limpo
��� Voc�� ainda est�� acordada, menina?
Era a m��e que do outro quarto pergun-
tava meio irritada.
Dona Eul��lia continuou:
��� Est�� lembrada de que amanh�� tem
que acordar cedo pra ir trabalhar? O que
�� que est�� fazendo com esta luz acesa este
tempo todo? No fim do m��s a conta vai ser
muito alta e tudo por sua culpa.
��� J�� vou apagar, mam��e.
Denise dobrou a carta, colocou no enve-
lope e escreveu o endere��o da esta����o de te-
levis��o onde Alberto trabalhava. Em segui-
da, apagou a luz e foi se deitar. No escuro,
ainda ficou de olhos abertos durante algum
tempo. Sentiu-se infeliz, muito infeliz...
Alberto Brando, um sonho que n��o ia
se realizar nunca. Se ao menos tivesse a
oportunidade de v��-lo de perto... Afinal,
n��o era uma coisa t��o dif��cil assim. Qual-
quer dia tomaria coragem e iria at�� o est��-
- 1 5
dio procur��-lo. Ficaria l�� na porta espe-
rando a hora dele entrar ou sair. Nem que
tivesse que esperar um dia inteiro. Termi-
naria vendo-o. Mas ser�� que teria coragem
de se aproximar? E�� como ser�� que ele lhe
atenderia?
��� Eu sou Denise, a mo��a que j�� lhe fez
dez cartas no espa��o de tr��s meses. N��o est��
lembrado?
Se ele n��o se recordasse (era capaz de
nunca ter lido nenhuma das cartas), ela
acrescentaria:
��� Em todas as minhas cartas, termino
sempre com as palavras "PERDIDAMEN-
TE TUA". Se voc�� l�� a correspond��ncia das
f��s, deve estar lembrado. ..
E se ele a tratasse mal? N��o, n��o podia
acreditar que pudesse fazer isso. Um outro
pensamento lhe atravessou o c��rebro:
��� E se Alberto Brando n��o for t��o bo-
nito em pessoa, quanto �� na televis��o e nas
fotografias?
Sabia que os atores usavam maquila-
16���
gem e que .havia muitos recursos para trans-
form��-los em pessoas lind��ssimas. Era ca-
paz de Alberto ser feio. Mas n��o. podia
acreditar e um argumento definitivo lhe
surgiu: pelo menos os olhos s��o maravi-
lhosos.
A diferen��a entre Rog��rio e Alberto
Brando era incr��vel. Seu noivo n��o tinha
nada de bonito. Magro, com a pele estra-
gada, os dentes meio amarelados, sujos de
fumo. O nariz meio torto. ..
Suspirou fundo e procurou dormir. Tal-
vez sonhasse novamente com Alberto Bran-
do. Sorriu diante do pensamento e o sono
chegou sem demora.
cap��tulo 2
o ��dolo
Sentado no camarim, Alberto Brando es-
perava a hora de ser chamado para gra- P��G 17
var. Como j�� sabia o texto do dia, que n��o
era muito pois n��o tinha muitas cenas, co-
me��ou a abrir a correspond��ncia. Sorriu ao
deparar com a carta de Denise.
Mais adiante, Renato decorava seu pa-
pel. Alberto n��o resistiu e interrompeu o
colega:
Tem uma garota que vive escreven-
do pra mim toda semana. Veja esta carta.
Entregou-a ao amigo e esperou que aca-
basse de ler.
��� Voc�� ainda n��o respondeu?
��� Acha que tenho tempo pra isso?
��� Coitada! Uma resposta sua deve sig-
nificar muito pra ela.
��� Quando tenho tempo, ��s vezes res-
pondo algumas cartas. Minha mulher cos-
tuma me ajudar. Mas, sabe como ��, com
esta novela, a correspond��ncia aumentou
muito. N��o d�� para responder pra todo
mundo. De qualquer jeito, vou ver se escre-
vo pra esta tal Denise.
18���
��� O ator tem obriga����o de tratar bem
seu p��blico. Lembre-se que �� por causa des-
tas menininhas malucas que andam por a��,
que voc�� chegou �� posi����o em que est��.
Nos seus vinte e seis anos de idade, Al-
berto Brando tinha conseguido tudo com
muita facilidade. Muito bonito, mais- ou
menos inescrupuloso, n��o se importava
nunca com os meios, contanto que alcan-
��asse os fins. Sem muito talento, nem
cultura, tinha no entanto uma personali-
dade agrad��vel e muita facilidade para fa-
zer amigos.
Sua bela estampa abria-lhe praticamen-
te todas as portas. E como tinha um bom
papo e era bastante simp��tico, conseguia
mant��-las sempre abertas para ele. Numa
profiss��o em que geralmente as pessoas le-
vam muitos anos lutando sem grandes re-
sultados, Alberto conseguira uma posi����o
invej��vel em pouqu��ssimo tempo.
Resolvera trocar seu nome logo no in��-
cio da carreira. Em vez de Alberto dos San-
tos, que achava muito comum, adotou o so-
brenome Brando, pelo simples fato de que P��G 19
era admirador incondicional de Marlon
Brando desde que era garoto e sonhavam
um dia vir a se tornar um ��dolo das multi-
d��es. O que afinal de contas estava acon-
tecendo.
��� Uma vez que a grava����o de minhas
cenas ainda n��o come��aram e estou com
tempo, vou responder a carta de Denise.
N��o custa nada dar um pouco de alegria
aos outros.
Apesar de falar em tom de deboche. Al-
berto realmente pegou um peda��o de papel
e rabiscou algumas palavras. Quando aca-
bou de escrever, dirigiu-se novamente a Re-
nato:
��� Voc�� me faz um favor?
��� Qual?
��� Quer colocar a carta no correio pra
mim?
��� N��o me custa nada.
O assistente do diretor bateu �� porta do
camarim e avisou que estava na hora de Al-
berto ir para o est��dio.
20
Clarice abriu a porta do apartamento:
��� Oi, querida, como vai ?
��� Mais ou menos. E voc��?
Anita entrou no apartamento da
amiga.
��� E as coisas com o Alberto, como ��
que v��o?
��� Cada vez pior.
��� Por qu��?
��� Alberto �� o cara mais vaidoso que
existe no mundo. Est�� cada vez mais ego��s-
ta. N��o pensa em nada na vida a n��o ser
em sua carreira. E agora ent��o, que o su-
cesso est�� aumentando, est�� insuport��-
vel . . .
��� Voc�� devia saber antes de casar com
ele, que ser mulher de ��dolo de televis��o ��
uma barra meio pesada. Voc�� est�� casada
com ele h�� mais de dois anos e ainda n��o
acostumou? P��G 21
��� Voc�� precisa ver a quantidade de
mulher que d�� em cima do Alberto.
__Eu imagino...
��� Algumas descobriram nosso telefone
e de uns tempos pra c�� ningu��m tem sos-
sego. Ligam a qualquer hora, at�� de madru-
gada. E o pior �� que existem algumas agres-
sivas que. telefonam pra me dizer desa-
foros.
��� Isso j�� �� um pouso demais. Por que
voc��s n��o mudam o n��mero do telefone?
��� Vamos providenciar esta semana.
Mas n��o pense que o Alberto se incomoda?
Pelo contr��rio. Fica at�� muito satisfeito.
Ele fez sucesso muito r��pido, sabe? Est��
muito deslumbrado. S�� agora estou perce-
bendo como �� imaturo.
��� Voc�� j�� devia estar preparada, Cla-
rice. Passe por cima dessas bobagens. O
principal �� que Alberto te ama.
��� N��o tenho tanta certeza assim. Al-
berto n��o ama outra pessoa a n��o ser ele
mesmo. Eu quase n��o o vejo. Passa os dias
22
gravando e quando chega em casa est�� sem-
pre cansado. Depois, tem que estudar o tex-
to do dia seguinte, al��m de mil outros com
promissos que assume. Ele n��o tem mais
tempo pra mim.
��� Isso �� uma fase. Depois que passar
o deslumbramento, as coisas voltam para
seus devidos lugares.
��� Espero que seja assim. Mas at�� l��,
vou ter que sofrer um bocado.
Clarice estava casada com Alberto h��
dois anos e quatro meses. Na ��poca em que
casaram, Alberto era apenas mais um atoi
entre outros, com um grande futuro �� fren-
te. Mas no ��ltimo ano, sua popularidade
havia subido repentinamente e tornara-se
um verdadeiro ��dolo.
Ele pr��prio assuntara-se com o fato e,
na verdade, n��o estava mesmo preparado
para isso. Todo o seu ego��smo e vaidade vie
ram �� tona. Evidentemente, que isso estava
atrapalhando o relacionamento com Cla-
rice, ma ele n��o se incomodava muito. O
importante, ou melhor, a ��nica coisa im-
23
portante da sua vida era a carreira, e agora
que estava conseguindo o que sempre am-
bicionara, perdera a no����o da realidade.
��� O casamento j�� �� uma coisa bastan-
te dif��cil "para se manter com um homem
comum, imagine com um cara famoso! Pra
te falar francamente, Clarice, eu n��o gos-
taria de estar em seu lugar.
��� Realmente n��o �� f��cil... Voc�� pre-
cisara ver as cartas que recebe. Todas
ou quase todas, fazem propostas amorosas.
Algumas disfar��aram um pouco mais ou-
tras dizem tudo abertamente.
��� �� a liberdade feminina Clarice. Ho-
je em dia s��o as mulheres que d��o em
cima dos homens. Afinal, n��o deixa de ser
uma conquista nossa.
��� Essa tal liberdade �� uma faca de dois
gumes, podes crer. Outro dia, uma milion��-
ria muito conhecida nas colunas sociais, s��
faltou avan��ar nele uma festa. E comigo
presente..
��� E qual foi a rea����o de Alberto?
��� Ficou lisonjead��ssimo Ele adora ser
cortejado e nem ao menos consegue disfar-
��ar para me agradar. Eu gostaria de n��o
sentir ci��mes. Mas o que posso fazer?
24
��� Realmente �� uma situa����o dif��cil.
��� Desse jeito n��o sei se nosso casamen-
to pode durar muito ainda. Eu tamb��m n��o
sou uma pessoa amadurecida. Sou muito
insegura, Tenho receio de que Alberto co-
nhe��a alguma melhor do que eu e resolva
me deixar...
Capitulo 3
a resposta
Denise chegou em casa chateada. Mais
um dia de trabalho. Mais um dia exata-
mente igual a todos os outros. Mais um
dia, mais um dia, mais um dia... At�� quan-
do ia continuar com aquela vidinha? Nada
de novo lhe acontecia. Ia para o trabalho,
voltava pra casa, assistia televis��o e encon-
trava-se com Rog��rio...
���25
Rog��rio, que cara chato!. . . Por que
noivara com ele? Tamb��m, o que ela podia
querer mais?
Apesar de saber que era muito bonita,
Denise tinha plena consci��ncia que a maio-
ria dos rapazes s�� queria se aproveitar. Com
dezenove anos de idade, j�� transara com
alguns, mas depois compreendera que o ne-
g��cio n��o tinha futuro nenhum. Ia ficar
passando de m��o em m��o e no fim, como
�� que ia ser? At�� que aparecera Rog��rio.
Pelo menos, ele tinha boa inten����es
Apesar de ser um simples comerci��rio, es-
tudava �� noite na Faculdade e tinha um
certo futuro.
N��o se encontravam todos os dias, por
causa do curso, dele, o que de alguma forma
era uma coisa boa para Denise que n��o era
obrigada a suport��-lo todas as noites. En-
contravam-se nos intervalos do almo��o, por-
que trabalhavam perto um do outro.
A noite, s�� estavam juntos nos fins de
semana. Aos s��bados, ele ia para sua casa,
26
viam televis��o e depois ela ia at�� o aparta-
mento onde ele morava.
Aos domingos pegavam uma praia, iam
ao cinema. Pretendiam casar quando Rog��-
rio terminasse a Faculdade e arranjasse um
emprego melhor.
Mas uma agrad��vel surpresa estava re-
servada para Denise naquela semana, que-
brando a monotonia de sua vida. Ao che-
gar em casa no fim de uma tarde, sua m��e
anunciou:
��� Tem uma carta a�� pra voc��.
O cora����o da mo��a saltou:
��� Pra mim? Tem certeza?
��� Claro. S�� mora uma Denise aqui,
n��o ��?
Ela n��o podia acreditar. A carta s�� po-
dia ser de Alberto Brando. Quem mais iria
lhe escrever? Absolutamente ningu��m. N��o
se correspondia com nenhuma outra pes-
soa:
��� A que horas a carta chegou?
���27
��� Logo de manh��, pouco depois que
voc�� saiu.
��� Por que n��o telefonou l�� pro trabalho
pra me avisar?
��� Ora, Denise, era s�� o que faltava...
��� Onde �� que est�� esta carta, mam��e?
Denise correu at�� o quarto. Viu o enve-
lope em cima da mesinha de cabeceira. Fi-
cou olhando-o sem coragem de peg��-lo.
Dona Eul��lia apareceu no limiar da
porta:
��� Com quem voc�� est�� se correspon-
dendo?
A filha estava t��o distante que n��o
ouviu sua voz.
Pegou finalmente no envelope com as
m��os tr��mulas. Abriu-o cuidadosamente. E
se a carta n��o fosse de Alberto Brando? Mas
s�� poderia ser. Quem mais iria escrever-lhe?
Desdobrou o papel e olhou avidamente
a assinatura. Era realmente dele. Ali esta-
28���
va escrito numa letra que achou maravi-
lhosa: Alberto Brando.
Come��ou a ler e sua felicidade era in-
descrit��vel. Quando acabou, virou-se para
a m��e que continuava na porta do quarto:
��� Sabe de quem �� esta carta?
��� Como posso saber se voc�� ainda n��o
me disse?
��� �� do Alberto Brando.
A surpresa de Dona Eul��lia foi aut��n-
tica:
��� De quem?
��� Do Alberto Brando, mam��e.
��� Que Alberto Brando? O da televis��o?
��� Quem mais pode ser? S�� existe um
Alberto Brando no mundo.
��� Voc�� est�� brincando...
��� N��o estou n��o. Olhe aqui a assina-
tura. Veja com seus pr��prios olhos
Denise entregou a carta �� m��e, que veri-
���29
ficou tratar-se mesmo do famoso gal�� da
televis��o:
��� Mas por que ele lhe escreveu?
��� Por que eu lhe fiz uma carta.
��� E n��o me disse nada?
��� Queria lhe fazer uma surpresa...
Mas n��o conte a ningu��m. Rog��rio n��o po-
de saber. Ele morre de ci��mes de mim por
qualquer coisa.
Dona Eul��lia leu a carta e tamb��m sen-
tiu-se orgulhosa. Afinal, sua filha estava se
correspondendo com uma pessoa famosa.
Pouco depois, caiu na realidade:
��� Ele deve responder a todas as f��s.
N��o �� s�� voc�� que recebe carta dele.
��� De qualquer maneira Alberto me res-
pondeu. E n��o foi a secret��ria n��o. Est�� se
vendo que foi ele mesmo. Veja a assina-
tura.
As duas ficaram ainda a comentar o
acontecimento durante muito tempo. Mais
30���
tarde, muito excitada ainda com a surpre-
sa, Denise foi at�� a casa de Berenice, uma
amiga que morava numa rua pr��xima.
��� Berenice, recebi uma carta do Alber-
to Brando. At�� que enfim ele me respon-
deu!
��� Que legal!
Curtiram a carta at�� a exaust��o e na-
quela noite Denise dormiu feliz.
* * *
A novidade seguinte foi ainda mais gra-
tificante para Denise. O bairro inteiro s��
comentava a not��cia de que alguns dias
depois, iria haver nas imedia����es a grava-
����o de umas cenas da novela em que Al-
berto Brando trabalhava.
��� N��o posso acreditar ��� dizia Denise
muito nervosa.
��� �� verdade, sim ��� falou Berenice.
��� Voc�� sabe onde vai ser?
31
��� Ainda n��o. S�� sei que vai ser aqui
perto.
��� Nesse dia n��o vou trabalhar. Preciso
conhecer Alberto Brando de perto.
��� Garanto que quando estiver ao lado
dele, vai ficar muda.
Realmente, numa quarta-feira da sema-
na seguinte, logo de manh�� cedo, os mora-
dores do bairro viram os caminh��es das ex-
ternas da televis��o chegarem. Come��ou a
juntar gente. Denise foi das primeiras a
chegar ao local. Na noite anterior n��o dor-
mira pensando no fato. Pouco depois, Be-
renice tamb��m apareceu:
��� Ele n��o veio ainda?
��� Por enquanto s�� est��o os t��cnicos
Aquele ali �� o diretor ��� respondeu Denise
apontando um homem de ��culos que esta-
va mais adiante.
��� Ser�� que Alberto �� t��o bonito quan-
to aparece na televis��o?
��� Penso at�� que �� mais. . .
32���
��� Voc�� n��o vai mesmo trabalhar hoje?
��� Nem que perca o emprego, n��o apa-
re��o l�� de jeito nenhum.
Aos poucos os curiosos aumentavam, ��
medida que os preparativos para a grava����o
ficavam mais intensos. Mas Alberto Bran-
do ainda n��o chegara. Algumas atrizes e
atores secund��rios j�� estavam recebendo
instru����es do diretor:
��� Ser�� que ele vem mesmo? ��� pergun-
tou Denise, j�� meio desconfiada.
��� Deve vir. Mas eu n��o posso esperar
mais. J�� s��o sete e meia. Tenho que ir em-
bora pro trabalho, se n��o, vou chegar atra-
sada.
Berenice foi embora. Denise continuou
firme em seu posto. Conseguira um ��timo
lugar logo atr��s do cord��o de isolamento
que haviam colocado, sem ningu��m �� sua
frente. Dali podia ver tudo que se passava
N��o queria perder nem um detalhe.
S��bito, ouviu a voz de uma mulher mais
adiante:
���33
��� Olha ele ali!
Denise olhou na dire����o indicada e viu,
com efeito, Alberto Brando em carne e
osso. A emo����o que sentiu foi extraordin��-
ria. As pernas pareciam fraquejar. Ele des-
ceu de um carro e aproximou-se do local
da cena. Passou bem perto de Denise, a pou-
cos passos e dist��ncia. Ela teve vontade de
passar por baixo do cord��o de isolamento, e
toc��-lo, falar com ele e dizer simplesmente:
��� Eu sou Denise, a que te escreve sem-
pre. Adorei a carta que voc�� me fez.
Mas ficou parada no mesmo lugar. N��o
se atrevia a tanto. Observou todos os deta-
lhes. Ele estava vestido com uma camisa
cor de vinho e cal��a de veludo azul. Corado,
com os olhos muito azuis brilhando �� luz
do sol. s cabelos revoltos o nariz bem fei-
to. O porte atl��tico, o andar m��sculo.
"O homem perfeito", pensou Denise
N��o tinha d��vidas: Alberto Brando era
mais bonito em pessoa do que na TV. Pro-
curou acompanhar todos os trabalhos. Viu
34���
Alberto repetir com o diretor e uma das
atrizes, pacientemente, a mesma cena in��-
meras vezes. Denise nem piscava os olhos...
Ao meio-dia, o calor estava insuport��vel.
A maquiladora ia de vez em quando at�� Al-
berto e enxugava-lhe o rosto, dando-lhe al-
guns retoques.
Todos pareciam j�� estar meio cansados.
Mas Denise continuava firme. N��o sentia
a dor nas pernas nem se lembrava que
tinha tomado apenas um cafezinho de ma-
nh�� bem cedo. N��o quisera mais nada, com
medo de chegar atrasada e n��o conseguir
um bom lugar onde ficar. Muitos dos curio-
sos j�� haviam ido embora, outros haviam
chegado. Ela devia ser das poucas que esta-
vam ali desde cedo.
Pensou que sem d��vida deveria haver
um intervalo para o almo��o. A�� ia aprovei-
tar e ver se conseguia se aproximar de seu
��dolo. Ser�� que iria ter coragem? Tinha que
ter. N��o podia desperdi��ar uma oportuni-
dade destas. Quando teria chance de ver
novamente Alberto Brando? Talvez nunca.
35
A hora do almo��o chegou. Alguns dos
componentes da equipe foram at�� um bar
pr��ximo. Mas Alberto entrou num carro e
l�� ficou. Denise viu quando algu��m lhe le-
vou sandu��ches e refrigerantes, que ele co-
meu dentro do carro. Lastimou sua falta de
sorte. Se Alberto tivesse ao menos ido at��
o bar...
Mas lembrou-se de que ele n��o podia
fazer isso. N��o poderia comer sossegado.
Como Denise, existiam muitas outras pes-
soas ali que estavam loucas para falar com
ele.
As grava����es recome��aram e a tarde j��
estava no fim, quando Denise lastimou o
dia ter acabado. Vira Alberto Brando de
perto, era verdade, mas n��o conseguira fa-
lar com ele. Notou quando o ator entrou
de volta no carro e partiu.
Os curiosos j�� tinham se dispersado em
sua maioria, apenas alguns continuavam
ali como ela. Tamb��m compreendeu que era
hora de ir embora, mas ainda teve tempo
de ouvir algu��m da equipe falar para outro:
36
��� N��o deu pra gravar tudo. Amanh�� a
gente ainda vai ter que voltar aqui.
O rosto de Denise iluminou-se. O sorriso
ou a esperan��a? Os dois, sem d��vida. O sor-
riso aberto deu uma express��o de felici-
dade ao seu rosto. A esperan��a renascia. No
dia seguinte, Alberto estaria de novo ali,
perto dela. ..
Mas logo em seguida ficou preocupada.
Franziu a testa. De que adiantava isso?
N��o podia faltar dois dias seguidos ao tra-
balho. Era capaz de ser despedida. Estava
trabalhando h�� muito pouco tempo. N��o
dava pra faltar e ficar de novo vendo as
grava����es da novela.
Entrou em casa de mau humor. Sua
m��e notou seu estado de esp��rito:
��� Por que n��o veio almo��ar em casa?
Ficou o dia inteiro sem comer nada?
��� Comi um cachorro quente.
��� Acha que isso d�� pra alimentar?
��� O pior �� que n��o consegui falar com
ele.
37
��� Quer dizer que faltou um dia de
trabalho �� toa?
��� Mas amanh�� eles v��o voltar.
��� Voc�� n��o quer dizer que vai faltar
amanh�� novamente, n��o ��? Voc�� n��o pode
se arriscar tanto, minha filha. A gente �� po-
bre. Foi um custo conseguir este empre-
go.
��� T�� bem, mam��e. N��o precisa ficar
a�� dizendo o que devo ou n��o fazer. Amanh��
vou trabalhar.
S�� ent��o sentiu que o est��mago do��a e
as pernas tamb��m. Comeu qualquer coisa,
sem apetite, apenas por obriga����o porque
sabia que precisava se alimentar. Depois as-
sistiu a mais um cap��tulo da novela. Alber-
to Brando saltava do v��deo, com sua voz
quente, dizendo:
��� "Eu te amo".
Apenas ele estivera pronunciando estas
palavras para a hero��na da novela e n��o
para ela. Sentiu a m��e lhe cutucar:
38
��� Ele �� bonito assim pessoalmente?
��� Mais, mam��e, muito mais.
��� N��o pode ser.
��� S�� vendo pra acreditar. A senhora
n��o foi ver porque n��o quis.
��� Acha que eu podia deixar de traba-
lhar, Denise? Bem que eu tive vontade de
ir, mas preciso terminar o vestido que estou
fazendo para Dona Creusa amanh��.
A novela acabou. Vieram os an��ncios
Pouco depois ia come��ar outra. Denise
achou melhor ir dormir. Estava literalmen-
te cansada. E aborrecida. Tivera ao lado de
Alberto Brando e ele nem notara sua pre-
sen��a.
Bateram na porta.
��� Quem ser�� a esta hora? ��� pergun-
tou Seu Cardoso.
Denise foi abrir:
��� Rog��rio? O que est�� fazendo aqui?
N��o foi pra Faculdade?
���39
��� S�� assisti a primeira aula. Depois
vim at�� aqui pra saber o que houve con-
tigo. N��o foi trabalhar hoje?
��� N��o.
��� Por qu��?
��� Estava doente.
��� Te procurei na hora do almo��o e me
disseram que voc�� n��o aparecera nem avi-
sara nada.
��� N��o deu pra telefonar. Os telefones
aqui por perto estavam todos engui��ados
��� Fiquei preocupado. O que �� que voc��
tem, Denise? Ultimamente anda sempre
doente. Precisa procurar um m��dico.
��� Detesto m��dico.
��� Mas tem que procurar. N��o pode
continuar assim.
Denise quase n��o podia esconder sua
impaci��ncia:
��� Est�� bem, Rog��rio, se n��o melhorar
eu vou ao m��dico, t�� legal?
40���
Cap��tulo 4
O come��o
>
Denise acordou ��s seis horas. Levan-
tou-se, foi ao banheiro. Vestiu-se, tomou
caf��. Pegou a bolsa e saiu mal-humorada
para o trabalho. Passou perto do local das
grava����es. Viu o corre-corre dos preparati-
vos. Mas resistiu �� sua vontade de ficar ali
mais um dia. Seguiu seu caminho em dire-
����o ao ponto do ��nibus, a fim de ir tra-
balhar.
No ve��culo sentiu uma revolta s��bita.
Por que a vida era t��o dif��cil para ela? Por
que n��o tinha nascido rica? Uma l��grima
de raiva saltou-lhe dos olhos. Tinha raiva
de tudo. Do pai, da m��e, do Rog��rio. Dela
mesma.
���41
O rosto abatido impressionou bem no
trabalho e todo mundo acreditou que real-
mente tinha estado doente. Ao meio-dia j��
havia elaborado um plano. Dirigiu-se ao
chefe e pediu para ir embora, dizendo que
pensava ter melhorado, mas n��o estava se
sentindo bem.
Encontrou-se com Rog��rio, como fazia
habitualmente, e almo��aram juntos. De-
pois, tomou o ��nibus e foi direto para o
local das grava����es. Eram mais ou menos
duas e meia da tarde quando chegou. Al-
berto Brando n��o participava da cena que
estava sendo feita. Procurou-o com os olhos,
mas n��o o viu.
Ser�� que ele n��o viera? Ou tinha aca-
bado suas cenas e havia ido embora? Las-
timou sua sorte. Tanto sacrif��cio a troco
de nada. Esperou mais alguns minutos, de-
pois resolveu ir at�� um bar tomar um refri-
gerante.
Para grande surpresa sua, Alberto
Brando estava l��. Numa mesa dos fundos,
de costas. Aproximou-se para se certificar
42���
se era ele mesmo. Em poucos segundos viu-
se diante de seu ��dolo. Alberto levantou a
vista e fixou-a.
"De onde teria surgido esta mo��a t��o bo-
nita?" ��� pensou. Os cabelos longos muito
escuros, os olhos grandes e pretos, o nariz
levemente arrebitado. Os seios, perfeitos,
pareciam querer saltar do decote.
Denise permanecia completamente pa-
ralisada diante dele. N��o sabia o que dizer.
Sentiu o olhar de Alberto, mas n��o notou
a admira����o que lhe causava. N��o tinha
consci��ncia de sua pr��pria beleza.
��� Eu. .
Calou-se, embara��ada. Alberto sorriu:
��� O que houve? Perdeu a fala?
Ela gaguejou:
��� Eu.. . eu sou Denise.
O nome n��o segnificava nada para ele:
��� Denise?
- 4 3
��� Eu lhe escrevi v��rias cartas, n��o es-
t�� lembrado? A semana passada voc�� me
respondeu...
S�� ent��o Alberto lembrou-se que tinha
rabiscado qualquer coisa num papel e man-
dara colocar no correio pelo Renato:
��� N��o quer sentar um pouco?
Denise sentou-se. Tinha a impress��o de
que estava sonhando. Ele a analisava deta-
lhadamente. A mo��a era realmente linda.
Valia a pena ter uma aventura com ela.
��� Fiquei muito satisfeita quando re-
cebi sua resposta.
Alberto procurou animar a conversa.
Sentia-se envaidecido com a extrema ini-
bi����o da mo��a por estar diante dele. Claro
que n��o costumava dar tanta aten����o a
todas as garotas que se aproximavam. Mas
Denise era fora de s��rie, um caso especial
Aquele corpo magnifico �� sua frente esta-
va �� sua disposi����o...
Quinze minutos depois vieram cham��-
lo para mais uma cena. Antes de despe-
44���
dir-se de Denise disse para a mo��a pro-
cur��-lo qualquer dia no est��dio. Pensou
melhor e marcou um dia exato:
��� Na pr��xima segunda-feira eu n��o
gravo. Mas vou at�� o est��dio apanhar o ro-
teiro da semana. Voc�� pode me encontrar
l��?
��� A que horas?
��� No fim da tarde est�� bem?
��� Eu trabalho at�� as cinco horas. Posso
chegar meia-hora depois.
��� Combinado.
O contentamento de Denise n��o tinha
limites. Passou o resto da tarde assistindo
��s ��ltimas cenas que foram feitas. Depois
foi direto para a casa de Berenice. Preci-
sava procur��-la com urg��ncia e contar-lhe
tudo que acontecera.
Segunda-feira.
Passavam trinta e cinco minutos das
���45
dezessete horas quando Denise chegou ��
porta do est��dio da TV. Alberto Brando
estava dentro do seu carro, estacionado um
pouco mais adiante. Buzinou, chamando a
aten����o da garota. Denise aproximou-se:
��� Oi, como vai? ��� perguntou Alberto
sorridente.
��� Tudo bem.
��� N��o quer dar uma volta?
Denise entrou no autom��vel. Tudo lhe
parecia inacredit��vel. Ela, que h�� menos de
uma semana nem sequer conhecia Alberto
pessoalmente, estava em seu carro como se
fosse uma velha conhecida. Os olhos dele,
de perto, pareciam mais azuis ainda e ela
estava como que hipnotizada.
��� Infelizmente estou com pouco tem-
po ��� disse Alberto ��� tenho um compro-
misso logo mais. Mas a gente podia ir at��
um bar qualquer e bater um papo.
A meia hora seguinte que Denise pas-
sou ao lado de Alberto foram os minutos
46���
mais felizes de sua vida. Viveu-os com toda
a intensidade poss��vel, saboreando cada se-
gundo como se fosse o ��ltimo de sua exis-
t��ncia. Se morresse naquele dia n��o tinha
import��ncia. Pelo menos podia dizer que
tinha sido feliz pelo menos durante alguns
momentos.
E a felicidade, afinal, o que era? Mo-
mentos, nada mais. Todo mundo sabia dis
so. Ningu��m conseguia ser feliz continua-
mente por toda a eternidade. Existiam ape
nas instantes maravilhosos que a pessoa
devia aproveitar o mais que pudesse. E era
justamente isso o que estava lhe aconte-
cendo.
��� Voc�� assistiu a quantas novelas mi-
nhas?
��� Todas.
��� N��o acredito.
��� Acha que estou mentindo?
��� Quando fiz meu primeiro trabalho
na TV, h�� seis anos, voc�� devia ser uma
menina. P 47
Denise j�� tinha perdido parte da timi-
dez inicial:
��� Pois desde aquela ��poca que sou vi-
drada em voc��.
Alguns fregueses do bar onde estavam
olhavam para Alberto. J�� acostumado em
ser o centro das aten����es onde quer que
fosse, ele n��o se importava mais com o fato.
Mas Denise sentia-se embara��ada e or-
gulhosa ao mesmo tempo. Como prova de
que realmente acompanhava a carreira de
Alberto desde o in��cio, enumerou todos os
personagens que ele fizera.
��� E qual o que voc�� gostou mais?
��� Rodolfo, da novela "O ��ltimo Cas-
tigo".
��� Por qu��?
��� Voc�� estava t��o rom��ntico nela! So-
freu tanto...
��� Quer dizer que gosta de me ver so-
frer?
48
��� S�� no v��deo.
Ele olhou o rel��gio e viu que estava na
hora de ir embora:
��� Infelizmente, vou ter que te deixar
Essa vida de artista n��o �� mole n��o, pode
crer. Mas espero te encontrar outro dia. Vo-
c�� tem telefone?
��� S�� o do trabalho ��� respondeu a ga-
rota, dando-lhe o n��mero.
Alberto n��o p��de deix��-la em casa, evi-
dentemente, pois estava com pressa. Dei-
xou-a no ponto de ��nibus mais pr��ximo e
seguiu seu caminho.
Denise, durante algum tempo, ainda pa-
recia estar ouvindo a voz dele ressoando em
seus ouvidos. Uma voz bonita, sonora, meio
empostada. Exatamente como na televis��o.
Apesar de nem ousar pensar que aquilo
significava o come��o de um romance, ela
sentia que era isso mesmo que estava acon-
tecendo.
Sabia que Alberto era casado, mas esse
49
detalhe era o de menos. S��o tantos os ca-
samentos que acabam... Ela nunca pode-
ria imaginar que para Alberto era apenas
um corpo que ele queria possuir. Nada mais
do que isso. Apenas um corpo para posse.
E se Rog��rio descobrisse tudo? E da��? Se
o noivo acabasse com ela, n��o iria ficar t��o
chateada assim .Muito pelo contr��rio. N��o
o amava e n��o sentiria nenhuma falta dele.
Al��m disso, Alberto merecia qualquer risco,
fosse qual fosse.
Enquanto isso, no volante de seu auto-
m��vel, Alberto estava chateado por n��o ter
tido tempo suficiente para levar Denise ��
sua "gar��oni��re". Mas n��o havia de ser
nada. Era apenas um pequeno adiamento.
Na primeira noite livre que tivesse ligaria
para ela.
Ele ficou com meu telefone, Bere-
nice.
��� Sabe o que estive pensando, Denise?
50-
O que foi?
Que voc�� n��o devia se empolgar tan-
to.
Por que n��o?
��� Alberto pertence a outro meio. O
mundo dele �� outro, completamente dife-
rente.
Denise ficou irritada com o coment��rio
da amiga. Mas depois lembrou-se que a ou-
tra provavelmente estava com inveja. Qual-
quer mo��a normal daria tudo para estar
em seu lugar. Quem n��o queria ter um ro-
mance com Alberto Brando? N��o havia mu-
lher no mundo que n��o quisesse.
��� O amor n��o tem nada a ver com isso
que voc�� est�� falando.
��� Voc�� est�� levando a coisa mesmo a
s��rio? Um cara como Alberto tem milhares
de mulheres a seus p��s. Ele, no m��ximo,
vai querer se aproveitar de voc��.
E da��?
-51
��� Depois voc�� vai sofrer. Ele s�� quer
te usar.
��� N��o me importo absolutamente de
ser usada por ele.
��� Est�� esquecida que Alberto �� ca-
sado?
��� J�� pensei em tudo, Berenice. Se ele
me quiser, mesmo que seja por uma ��nica
vez, eu vou ser a mulher mais feliz do
mundo.
Cap��tulo 5
Ocasi��es muito especiais
Mais uma vez Clarice come��ou a recla-
mar. Alberto continuava a estudar suas ce-
nas para o dia seguinte e fingia n��o ouvi-la.
��� Voc�� me deixa muito s��, Alberto. P 52
Ele finalmente levantou os olhos do ro-
teiro e respondeu �� esposa:
��� O que �� que voc�� quer mais, Clarice?
N��o est�� satisfeita comigo?
��� N��o, Alberto, n��o estou satisfeita.
Nem posso estar. Eu quero que voc�� me d��
mais aten����o.
��� O que quer que fa��a? Que largue mi-
nha carreira? Sabe que isso �� totalmente
imposs��vel. N��o �� agora que vou desistir.
��� N��o estou falando nisso. Voc�� �� oito
ou oitenta. N��o pretendo que voc�� abando-
ne sua profiss��o. Longe de mim desejar tal
coisa. O ideal �� conseguir um equil��brio,
um meio-termo.
��� Voc�� sabe que a carreira de um ator
�� muito absorvente.
��� Mas existem coisas t��o importantes
quanto isso. A vida pessoal tamb��m conta.
��� Bem, Clarice, j�� s��o quase onze horas
da noite. Ainda n��o consegui decorar nem
a metade do texto. E amanh�� tenho que P 53
acordar ��s seis. Deixe esta discuss��o para o
fim de semana, t��?
Alberto voltou a estudar suas cenas
Clarice calou-se resignada. Sentia-se sufo-
car. N��o ia ag��entar aquela situa����o por
muito tempo mais. Sempre fora muito ca-
rente de amor e a indiferen��a do marido
fazia-a sofrer muito.
Estava cansada de ser sempre a sacrifi-
cada. Afinal, era uma mulher jovem, boni-
ta, com dinheiro. Sentia orgulho da car-
reira do marido, queria v��-lo realizado, evi-
dentemente, mas tamb��m desejava que ele
tomasse conhecimento de sua exist��ncia.
��� E se a gente tivesse um filho?
Ele, sem nem ao menos tirar a vista do
roteiro que estava estudando, disse com voz
pausada, como que se dominando para n��o
explodir num acesso de raiva:
��� Voc�� quer me deixar em paz?
54
Na primeira noite livre que teve, Alber-
to marcou com Denise.
Combinaram encontrar-se ��s seis horas
da tarde em Copacabana. Ela chegou pon-
tualmente.
Logo depois, o carro dele parava. Alber-
to desceu e aproximou-se:
��� Vamos at�� meu apartamento?
Denise estranhou. Ele n��o era casado?
Como ia lev��-la para sua casa?
Perguntou:
��� E sua mulher n��o se importa?
��� O que tem minha mulher a ver com
isso?
Denise percebeu que tinha dado o maior
fora e que acabara de passar um atestado
de burrice. Era claro como ��gua que Alber-
to estava querendo lev��-la n��o ao aparta-
mento em que morava com a esposa, mas a
um outro.
Entraram no elevador. Como n��o tinha
55
mais ningu��m, ele encostou-se em Denise e
beijou-a na boca. Assim, de repente, sem
nenhuma prepara����o.
A garota sentiu fugir-lhe o ch��o dos
p��s...
Sa��ram do elevador e se encaminharam
para o apartamenhto que Alberto possu��a
para levar suas muitos aventuras amoro-
sas. Durante o resto de sua vida, Denise iria
lembrar-se em todos os seus detalhes dos
primeiros momentos que passou ali.
��� Pode ficar �� vontade. O que quer
beber?
��� Voc�� �� quem escolhe.
��� Vou tomar um u��sque.
��� Eu tamb��m.
Ele preparou as bebidas. Colocou um
disco na vitrola.
Denise sentiu o l��quido descendo por
sua garganta. Mas nem precisava da bebi-
da. J�� estava suficientemente embriagada
por estar sozinha com Alberto.
56���
O rapaz abra��ou-a e beijou-a mais uma
vez.
Alberto come��ou a tirar-lhe o vestido
com delicadeza. Viu os seios maravilhosos
completamente nus. Aproximou sua boca
Denise arquejava. As m��os do rapaz apal-
pavam-lhe as partes ��ntimas num desejo
incontrol��vel.
Um corpo para posse.
E que corpo! pensou Alberto.
Denise era uma das garotas mais bem
feitas que j�� vira. As pernas bem tor-
neadas, a cintura fina. S�� os quadris eram
um pouco largos. Mas era exatamente isso
uma das coisas que mais o excitavam.
Para Denise, al��m do corpo, ela tam-
b��m come��ou a desejar, naquele instante,
possuir a alma de Alberto. Compreendeu
que ele estava mesmo gamado por ela e
inconscientemente come��ou a elaborar um
plano para conquist��-lo de maneira defi-
nitiva e n��o apenas por uma noite. P57
Desdobrou-se em carinhos, excitando-o
mais ainda.
Depois de gozarem, Alberto levantou-se
e preparou outro drinque:
��� Voc�� est�� com pressa?
��� N��o. Nenhuma.
��� Tamb��m tenho bastante tempo. Po-
demos ficar aqui at�� as dez horas.
Eram apenas oito da noite. Denise sa-
bia que os pais iam ficar preocupados. N��o
avisara que chegaria tarde.
Mas n��o se demorou muito pensando
nisso. Queria curtir o m��ximo que pudesse
aquelas horas com Alberto:
��� Eu li numa revista que voc�� e sua
mulher formam um dos casais mais feli-
zes da televis��o.
��� Voc�� n��o esqueceu ainda a minha
mulher? Qual ��, Denise. Quer estragar
nosso encontro?
Ela insistiu:
58
��� Ent��o n��o �� verdade que voc��s s��o
felizes?
��� Voc�� parece ser uma menina muito
ing��nua mesmo. Desde quando as revistas
escrevem a verdade?
A t��nue esperan��a de Denise aumentou.
Alberto n��o devia gostar muito da esposa.
Tudo n��o passava mesmo de publicidade.
Ele voltou a acarici��-la e perguntou:
��� Voc�� deixa eu beber champanha em
seu corpo?
Denise n��o entendeu:
��� Como?
Alberto levantou-se e foi apanhar uma
garrafa de champanha. Abriu-a e jogou par-
te do l��quido por cima dela, que ria ��s gar-
galhadas ao compreender a brincadeira.
Depois, ele come��ou a passar os l��bios
por todo o seu corpo.
��� Voc�� sempre toma champanha as-
sim?
���59
��� N��o. S�� em ocasi��es muito especiais.
Ela sentia c��cegas, ao mesmo tempo que
o desejo por aquele homem voltava a incen-
diar sua carne. Pediu:
��� Agora deixa eu fazer o mesmo com
voc��?
Foi a vez de Denise jogar champanha
sobre o corpo de Alberto. Repetiram o ri-
tual, agora os dois beijando-se mutuamen-
te pelo corpo todo. Excitad��ssimos, entre-
garam-se um ao outro mais uma vez.
A felicidade de Denise era tanta que ela
voltou a duvidar que aquilo tudo fosse ver-
dade.
Mas constatou que Alberto estava ao
seu lado amando-a.
Era uma realidade. Sua boca, suas per-
nas, seu sexo, estavam ali, �� sua disposi-
����o, proporcionando-lhe um prazer nunca
antes experimentado. P 60
Capitulo 6
por um fio
A diferen��a entre os momentos em que
se encontrava com Alberto e o resto do tem-
po em que continuava levando sua vidinha
normal era brutal.
Denise suportava cada vez menos a casa
onde morava, suas colegas de trabalho e
principalmente Rog��rio. S�� com Berenice
ainda tinha algum di��logo, mesmo porque
ela era a ��nica que tinha conhecimento da
sua louca aventura com Alberto Brando.
��� Acho que vou acabar de vez com Ro-
g��rio.
��� Voc�� est�� louca?
61
��� Como posso suportar ser beijada por
ele, depois de fazer amor com Alberto?
Mas Alberto �� uma coisa que vai pas-
sar.
��� Talvez n��o.
��� Voc�� est�� num terreno perigoso, De-
nise. Tome cuidado.
��� Cuidado com qu��? Alberto est�� cada
vez mais gamado. Encontra-se comigo pelo
menos duas vezes por semana.
��� Enquanto voc�� for uma novidade.
Quando aparecer alguma outra carinha bo-
nita se oferecendo, ele te deixa de lado.
��� Acho que a mulher pode muito bem
prender um homem. Tudo depende da gen-
te. Voc�� vai ver se o Alberto n��o vai termi-
minar ficando s�� comigo.
��� N��o alimente ilus��es absurdas, De-
nise. Veja o que estou falando.
��� Se conselho fosse coisa boa, n��o se
daria de gra��a.
62
��� Est�� bem, n��o precisa ficar com rai-
va. Nunca mais vou dar palpite neste seu
romance.
* * *
A paix��o de Denise por Alberto torna-
va-se cada vez mais avassaladora. Rog��rio
passara a ser uma pessoa absolutamente in-
suport��vel.
No s��bado seguinte, resolveu romper
com ele:
��� N��o vejo futuro nenhum no nosso
noivado...
��� Eu tenho notado que nos ��ltimos
tempos voc�� anda muito estranha. Sei que
alguma coisa est�� acontecendo.
��� Voc�� s�� vai poder casar comigo quan-
do terminar a Faculdade, Rog��rio. E eu n��o
estou disposta a esperar tanto. Acho que
estou perdendo o meu tempo contigo. ��
dif��cil te dizer isso, mas tenho que ser sin-
cera.
- 6 3
��� Voc�� n��o est�� sendo sincera.
��� N��o?
��� N��o, Denise. Voc�� simplesmente ar
ranjou outro.
Por um instante pensou que Berenice
tivesse dado o servi��o:
��� Ent��o voc�� sabe? Quem te contou?
��� Ningu��m me contou nada. Era pre-
ciso ser muito idiota pra n��o entender. Sua
frieza aumentou. Digo mais: tenho a im-
press��o ��s vezes que a minha presen��a te
enoja. Seus beijos s��o for��ados, suas car��-
cias, quando consente em ir ao meu apar-
tamento, s��o autom��ticas. Alguma coisa
tinha que estar acontecendo. N��o queria te
perguntar. Estava esperando que voc�� mes-
mo decidisse abrir o jogo. Mas voc�� me
disse apenas uma meia-verdade. Eu quero
saber realmente o que h��.
��� Quer saber mesmo? Eu estou apai-
xonada por outro. Queria lhe poupar isso.
Mas j�� que insistiu tanto. .. Quer que te
diga de quem se trata?
64���
��� Eu conhe��o?
��� N��o pessoalmente.
��� Quem ��?
Denise fez suspense. Disse com uma voz
que prentendia fazer efeito:
��� Alberto Brando.
Rog��rio encarou-a. N��o notou nenhum
sinal de que a mo��a n��o estivesse falando
s��rio. Era rid��culo. Completamente rid��culo
aquilo que Denise estava lhe dizendo. S��
podia ser piada. Caiu na gargalhada:
��� Voc�� ficou lel�� da cuca?
��� N��o, Rog��rio, estou falando s��rio.
��� Quer me convencer de que est�� mes-
mo com um caso com esse gal�� de tele-
vis��o?
��� �� a pura verdade, por mais dif��ci
que seja pra voc�� acreditar.
Ele continuou rindo:
-65
��� N��o, Denise, voc�� n��o est�� falando
a s��rio.
��� Eu o conheci quando vieram fazer
aquelas cenas aqui no bairro. Lembra-se que
faltei ao emprego naquele dia e lhe disse
que estava doente?
Agora era uma quest��o de honra con-
tar para Rog��rio tudo que acontecera. Re-
latou os fatos com riqueza de detalhes. Nem
por um segundo pensou na crueldade do
que estava fazendo. Acima de tudo tinha
que convencer o noivo de que estava sendo
amada por Alberto Brando.
Quando acabou sua explana����o, Rog��-
rio estava completamente aturdido. Ou De-
nise enlouquecera completamente ou era
verdade mesmo. As duas hip��teses eram
igualmente terr��veis. N��o sabia por qual
optar.
Durante alguns minutos ficaram em si-
l��ncio. Denise despediu-se:
��� Bem, vou embora! N��o me procure
mais.
66���
Deixou-o no meio da cal��ada e diri-
giu-se para casa. Rog��rio ficou olhando-a
afastar-se. A silhueta t��o conhecida e ama-
da foi diminuindo at�� desaparecer no hori-
zonte.
Lentamente, ele come��ou a andar pela
pra��a. Viu com inveja alguns casais de na-
morados que se beijavam. Sentia mais pena
de Denise do que de si mesmo por t��-la
perdido.
Perambulou ainda por algum tempo pe-
las ruas, curtindo sua dor de cotovelo. An-
tes de voltar para seu apartamento resol-
veu que precisava apurar a verdade dos fa-
tos com seus pr��prios olhos. Iria seguir os
passos de Denise e ver se realmente ela esta-
va mantendo encontros com o tal gal�� de
TV. . .
* * *
Denise abriu a revista. Era uma destas
publica����es cujo assunto principal s��o as
fofocas dos artistas. Alberto estava na ca-
- 6 7
pa e dentro havia vima ampla reportagem
cujo t��tulo era:
"CASAMENTO POR UM FIO"
Como um sorriso come��ou a ler a ma-
t��ria. Falava nas dificuldades porque esta-
va passando o casamento entre Alberto e
Clarice.
Seu rosto adquiriu um ar orgulhoso. Ti-
nha quase certeza de que fora ela a causa
principal do abalo entre os dois, at�� ent��o
considerados um casal perfeito.
��� Voc�� j�� leu esta reportagem, Bere-
nice?
A amiga pegou a revista:
��� Ser�� verdade?
��� Claro que ��. Eu sabia que estava aba-
lando os alicerces desse casamento. Ali��s,
pra mim, n��o �� novidade. Logo no primeiro
dia em que tive um contato mais ��ntimo
com Alberto, ele deu a entender que a sua
t��o propalada felicidade com a mulher era
pura inven����o.
68���
Berenice desta vez passou a acreditar
que realmente Denise n��o era apenas uma
garota sonhadora e ing��nua. Talvez tivesse
algum fundamento sua ambi����o de se tor-
nar o grande amor de Alberto Brando. . .
* * *
Clarice atirou a revista no colo de Al-
berto que, como sempre fazia quando esta-
va em casa, estudava seu papel na novela:
��� Voc�� viu isso?
��� O qu��?
��� Esta reportagem.
��� Ora, Clarice, voc�� me interrompe por
causa destas bobagens que escrevem a meu
respeito? Sabe melhor do que ningu��m que
�� tudo mentira, sensacionalismo.
��� Pode ser sensacionalismo, mas men-
tira n��o ��, Alberto. Nosso casamento est��
mesmo por um fio. E todo mundo j�� notou
isso. P69
A voz dela tremeu. Esperou uma res-
posta de Alberto, que n��o veio.
Continuou:
��� N��o �� segredo pra ningu��m as suas
muitas conquistas amorosas. Todas as garo-
tas que se oferecem, voc�� aceita com a
maior tranq��ilidade. At�� eu, que devo ser a
��ltima a saber, j�� estou sabendo disso h��
muito tempo. Nunca falei a respeito, por-
que acho rid��culo fazer cenas de ci��mes.
��� E por que est�� fazendo agora?
��� Porque n��o suporto mais.
��� Clarice, eu n��o quero brigar.
��� Mas eu quero. Desta vez voc�� vai me
ouvir at�� o fim, mesmo que n��o queira.
Ela perdeu todo o controle. Alberto ca-
lou-se e deixou-a falar �� vontade.
O sil��ncio dele alterou-a mais ainda. N��o
ag��entava aquela indiferen��a. Preferia que
ele gritasse com ela, lhe batesse at��. Mas
nunca aquela indiferen��a insuport��vel.
70���
Clarice fez acusa����es, desabafou, botou
tudo que estava guardado h�� meses para
fora. Sua irrita����o foi se transformando
num desespera incontrol��vel. No fim, cho-
rava convulsivamente.
Alberto resolveu mudar de atitude. Ati-
rou o roteiro para um lado e aproximou-se
da mulher, abra��ando-a e procurando bei-
j��-la. A princ��pio ela quis afast��-lo, mas ter-
minou aceitando as car��cias do marido. H��
tanto tempo que ele n��o a abra��ava. ..
��� Eu n��o aueria te amar tanto, Alber-
to.
��� N��o diga mais nada...
��� Se eu soubesse que podia esquec��-lo,
iria embora e voc�� nunca mais teria not��-
cias de mim.
��� Voc�� n��o vai fazer isso, porque eu
n��o deixo.
Alberto beijou-a de novo na boca. Cla-
rice mais do que nunca sentia como o a:
va. Talvez nem tudo que diziam fosse ver-
71
dade. Claro que Alberto n��o era nenhum
santo, mas isso necessariamente n��o que-
ria dizer que andasse com todas as mulhe-
res que o procuravam. Havia muito exage-
ro naquilo tudo.
��� �� completamente imposs��vel eu ter
todas as amantes que me atribuem, Clarice.
Voc�� sabe disso.
Alberto a levou para a cama. Clarice o
perdoou e prometeu a si mesma ser mais to-
lerante, n��o dando ouvido aos boatos nem a
desconfian��a que seu ci��me lhe provocava
��� Alberto. ..
��� Clarice...
O cl��max n��o demorou muito. Os dois
corpos eram como se fossem um s��. Ela
agarrava-se ao marido com sofreguid��o, ju-
rando a si pr��pria aue nunca iria perd��-
lo. .. P 72
Capitulo 7
a mentira
Denise e Alberto passaram a se encon
trar cada vez com mais assiduidade.
Mas, aos poucos, ela foi comprendido
que n��o significava nada mais para ele do
que apenas um programa agrad��vel.
Isso, que no in��cio lhe bastava, agora n��o
lhe satisfazia de maneira nenhuma. Os boa-
tos de que o casamento dele estava para se
desfeito continuavam. Mas Alberto nunca
lhe falava a respeito.
Ela resolveu tomar a iniciativa.
��� Voc�� nunca me falou numa coisa e
que eu sou uma das maiores interessadas. P 73
Alberto olhou-a desconfiado:
��� Falam muito que voc�� vai se separai
de sua mulher. �� verdade?
��� O que voc�� tem a ver com isso?
Ela n��o gostou da resposta.
��� Ent��o eu n��o tenho?
Al��m de Clarice, agora era Denise quem
estava come��ando a lhe chatear:
��� Est�� tudo bem entre n��s, Denise, se
voc�� entender que n��o tem que se meter
em meu casamento.
Denise viu que n��o devia insistir. Dis-
far��ou a raiva que sentia. Era assim que
ele a tratava? Julgava-se t��o superior que
n��o lhe dava o direito nem de falar sobre
sua esposa? Pois ele ainda ia ver do que ela
seria capaz.
Mudou de assunto, ou melhor, n��o fa-
lou mais. Deitou-se por cima dele e come-
��ou a beij��-lo. Sabia que o sexo, e n��o as
palavras, era a melhor arma de que dispu-
74���
nha. Fora com ele que o conquistara. Ago-
ra utilizaria a mesma arma para prend��-lo
definitivamente.
Em pouco tempo Alberto estava excita-
do e nem lembrava mais da pequena dis-
cuss��o que haviam acabado de ter.
Denise era realmente uma mulher fora
de s��rie. Sensual e muito louca. Satisfazia
a todos os seus caprichos, submetendo-se a
qualquer esp��cie de jogo sexual que lhe
propusesse Adorava aquela carne macia e
voluptuosa que se deixava possuir de todas
as maneiras poss��veis. ..
O plano estava armado. Sabia que era
uma jogada perigosa, mas estava disposta
a tudo. Acreditava que, quando a pessoa
queria realmente uma coisa, conseguia. Pa-
ra Denise, os meios tamb��m n��o importa-
vam nada, desde que conseguisse os fins.
Nisso, era muito parecida com Alberto.
Discou o telefone e falou com voz firme,
quando atenderam do outro lado da linha:
���75
��� Eu desejava falar com Clarice.
��� �� ela mesma. Quem est�� falando?
��� Eu me chamo Denise. Voc�� n��o me
conhece. Mas preciso falar contigo pessoal-
mente. �� um neg��cio muito s��rio. N��o pode
ser por telefone.
Clarice julgou tratar-se de mais uma ga-
rota apaixonada por Alberto, quando Deni-
se mencionou o nome dele. Por isso n��o
ligou muita import��ncia, pois estava deci-
dida a n��o tomar mais conhecimento das
paix��es que Alberto vivia despertando por
a��.
Mesmo diante da insist��ncia de Denise,
disse que n��o tinha tempo a perder e des-
ligou o telefone.
O neg��cio era mais dif��cil do que Denise
esperava. Mas n��o se deu por vencida, Ar-
ranjou um jeito de sair do trabalho durante
algum tempo e dirigiu-se para o aparta-
mento onde Alberto vivia com a esposa. Sa-
bia que naquela hora ele n��o estava em
casa, uma vez que estava gravando.
76
Tocou a campainha e esperou. Clarice
veio abrir a porta. Denise logo a reconhe-
ceu, pois j�� havia visto uma fotografia dela
ao lado de Alberto.
��� Eu lhe telefonei h�� pouco. ..
��� J�� disse que n��o tenho tempo, minha
filha. Voc�� tem que compreender que n��o
posso atender a todas as mo��as que vivem
atr��s do meu marido.
��� Mas eu n��o estou atr��s dele. O que
aconteceu foi justamente o contr��rio. ..
Clarice quis interromper, mas Denise
n��o lhe deu tempo. Vomitou tudo que tinha
a dizer:
��� Eu estou gr��vida dele, s�� isso.
��� Voc��..
��� Isso mesmo. Estou gr��vida. Posso
provar isso. H�� muitos meses que Alberto e
eu somos amantes. O ��nico empecilho para
ele viver comigo �� voc��. Alberto quer lhe
deixar, mas parece que tem .uma persona-
���77
lidade muito fraca. Ent��o, eu. resolvi vir at��
aqui para revelar a verdade. Por que insis-
te em continuar esta farsa que �� o seu
casamento com Alberto? Ele n��o te ama.
Adianta alguma coisa viver sob o mesmo
teto com ele, se tudo n��o passa de apa-
r��ncia?
Clarice bateu a porta na cara de Deni-
se, que foi embora plenamente satisfeita
com a cena que havia representado. Causa-
ra o efeito desejado. Clarice acreditara. A
prova �� que se descontrolara completamen-
te. . .
Depois que fechara a porta, Clarice se
apoiou num m��vel para n��o cair. A emo����o
que sentia era forte demais. Claro que aque-
la garota poderia estar mentindo quanto a
estar esperando um filho de Alberto.
Mas quando ao resto, s�� dissera a verda-
de. Seu casamento n��o passava mesmo de
uma farsa. Alberto quase n��o a procurava
na cama e era preciso muito insist��ncia pa-
ra que tivesse disposi����o para am��-la. Se
a garota sabia disso, era porque tinha muita
intimidade com Alberto.
78���
Pensou em levar as coisas at�� as ultimas,
conseq����ncias. Falar com Alberto (que sem'
d��vida iria negar) e brigar a mo��a a, pro-
var que estava mesmo gr��vida ou n��o era
o mais importante. A grande verdade era
que seu casamento com Alberto estava com-
pletamente destru��do. Denise era apenas a
gota d'��gua, a pessoa que lhe abrira os
olhos de uma vez por todas.
Enquanto isso, Denise pensava nas con-
seq����ncias do seu ato. Mas precisava arris
car de qualquer maneira. Tivera ��dio de Al-
berto quando este lhe dissera que n��o se
metesse em seu casamento. Queria provar o
contr��rio. Mesmo que ela n��o ficasse com
ela no fim, iria separ��-lo da esposa, custasse
o que custasse.
. * * *
��� Esta mo��a pode ser apenas mais uma
vigarista, Clarice.
Anita falou para a amiga, mas no ��nti-
mo n��o tinha muita certeza do que estava
-79
dizendo. Conhecia Alberto muito bem e do
que ele era capaz de fazer.
��� Mas no fundo, Anita, voc�� sabe que
na realidade eu sou muito infeliz com Al-
berto. Que adianta querer ficar ao seu lado
�� for��a? �� um sofrimento sem fim, a longo
prazo. O melhor mesmo �� deix��-lo, ir embora
pra minha terra. Vou sofrer muito durante
um m��s, talvez dois. Depois esque��o. O tem-
po �� um rem��dio infal��vel para todos as pes-
soas. At�� hoje n��o se encontrou algu��m que
o tempo n��o tenha curado de um grande
amor.
��� Nisso voc�� tem toda raz��o.
��� Posso at�� ser agradecida a esta ga-
rota que apareceu. Ela me abriu os olhos.
Vou viajar para S��o Paulo amanh�� mesmo.
N �� o vou dizer nada a Alberto. N��o posso
suportar- mais uma discuss��o intermin��vel
e que n��o vai resolver nada. Quando ele
voltar das grava����es amanh��, n��o vai me
encontrar mais.
�� noite, Clarice n��o falou nada com o
marido. Apesar da tristeza estampada em
80���
seu rosto, Alberto n��o notou, o que mais
uma vez provava que ela lhe era completa-
mente indiferente. Era como um objeto
qualquer do apartamento. Talvez at�� me-
nos do que isso. Quando um objeto estava
sujo, ele sempre notava. No entanto, nem
de longe desconfiou do desespero que ia no
��ntimo de sua mulher.
Ela olhou-o em sil��ncio longamente, en-
quanto ele estudava o roteiro. Parecia que-
rer fixar a imagem dele em sua retina. Foi
se deitar em sil��ncio. No dia seguinte, de-
pois que Alberto saiu, arrumou suas coi-
sas. Pensou em n��o deixar nenhuma expli-
ca����o. Mas viu que era mais objetivo fazer
um lac��nico bilhete.
Se Alberto n��o soubesse de nada a res-
peito do seu desaparecimento, poderia pen-
sar que havia acontecido algum desastre,
qualquer coisa. Iria procur��-la. Termina-
ria localizando-a na casa dos pais.
O melhor era dizer em poucas palavras
o que tinha resolvido fazer. Escreveu num
peda��o de papel qualquer: P81
Alberto,
Decidi ir embora definitivamente para
S��o Paulo. Nosso casamento j�� acabou h��
multo tempo. Voc�� sabe disso. N��o adianta
me procurar, se por acaso tiver vontade de
faz��-lo. Pensei muito antes de tomar esta
atitude. N��o suporto mais v��-lo na minha
frente.
Clarice."
Saiu de casa junto com Anita que foi
lev��-la no aeroporto.
��� N��o deixe de me escrever de vez em
quando, Clarice.
��� T�� legal. Mas vamos fazer um pacto.
Nunca devemos mencionar o nome de Al-
berto. Vou come��ar vida nova. Quero limpar
meu passado de tudo que diz respeito a
ele.
��� N��o se preocupe. Se depender de
mim, voc�� nunca mais vai ouvir falar de
Alberto.
* * *
82-
As grava����es acabaram mais tarde do
que o previsto. J�� eram mais de nove horas
da noite, quando Alberto abriu a porta do
apartamento e entrou. Estranhou Clarice
n��o estar em casa. Talvez tivesse sa��do e*
estivesse se demorando um pouco. Mas ao
entrar no quarto viu o bilhete em cima da
mesinha de cabeceira
O que significava aquilo? Pegou o bi
lhete para ler. Ent��o Clarice resolvera aban-
don��-lo? Rememorou todas as suas brigas,
culpou-se um pouco, mas achou melhor n��o
pensar no assunto. Estranhou a partida s��-
bita e definitiva da mulher. N��o esperava
que ela fosse capaz de decis��es t��o dr��sti
cas.
A sua maneira, gostava de Clarice. Mas
se ela n��o suportava mais viver com ele, o
que podia fazer? Sentiu-se um pouco triste,
mas terminou concluindo que talvez fosse
melhor assim. N��o lhe passou pela cabe��a
que talvez fosse sentir mais falta da espo-
sa do que podia i m a g i n a r . . .
Sorriu, ao lembrar-se que ela talvez n��o
-83
ag��entasse a separa����o e voltasse corren-
do, Tinha certeza que Clarice o amava aci-
ma de todas as coisas. Ela era sua pr��pria
vida. Tinha sido apenas um gesto desespe-
rado, para se fazer notar. A qualquer mo-
mento, estaria de volta e os dois fariam as
pazes.
Cap��tulo 8
Conseq����ncia
A aus��ncia cont��nua de Clarice, no en-
tanto, perturbou Alberto muito mais do
que ele julgava. Sentia um certo vazio. Ela
lhe dava seguran��a. Gostava de saber que
a esposa o esperava diariamente, aconte-
cesse o que acontecesse, sempre podia con-
tar com sua presen��a.
84���
Pensou em ligar para os pais em S��o
Paulo. Procur��-la. Mas depois desistiu da
id��ia. Clarice o amava demais. Ela n��o su-
portaria ficar longe dele muito tempo e vol-
taria espontaneamente.
Denise notava a tristeza de Alberto. Os
encontros dos dois continuaram do mesmo
jeito. Ele n��o mencionara o motivo porque
a esposa o tinha deixado, o que tranq��ilizou
a mo��a. Arrependera-se em parte do seu
gesto ousado e impensado. Ficara com re-
ceio de perder Alberto definitivamente. Mas
ele permanecia encontrando-se com ela nor-
malmente, o que provava que Clarice fora
embora sem contar nada. O golpe tinha da-
do bons resultados...
A ��nica coisa que lhe grilava era a cres-
cente tristeza de Alberto. Ser�� que ele ama-
va mesmo a esposa?
��� Voc�� tem andado t��o diferente ulti-
mamente . . .
��� Diferente, como?
���85
��� Triste, meio a��reo, como se n��o esti-
vesse ao meu lado.
��� Impress��o sua.
��� Ser�� que �� por causa da sua mulher?
��� J�� lhe disse muitas vezes que meu re-
lacionamento com voc�� n��o tem nada a ver
com minha esposa.
Perguntou agressiva:
��� Quer dizer que n��o posso falar nela?
Ele respondeu no mesmo tom:
��� N��o.
��� Por qu��? Ela �� melhor do que eu em
alguma coisa?
��� Muito melhor.
��� Em qu��?
86���
��� N��o me obrigue a dizer coisas desa-
grad��veis, Denise.
��� Fa��o quest��o que voc�� diga, se tem
coragem.
��� Pois bem ��� disse Alberto com cinis
mo. ��� Clarice n��o �� uma piranha, para
princ��pio de conversa.
Denise levantou o bra��o e deu uma bo-
fetada em Alberto:
��� Est�� querendo dizer que eu sou?
Ele passou a m��o na face que ardia:
��� Voc�� est�� se arriscando muito, sua
vagabunda. Eu posso muito bem n��o quere
te encontrar mais. Antes de mais nada um
aviso: N��o suporto cenas dram��ticas na
vida real. Estas coisas ficam bem nas no
velas de televis��o. Eu vivo representando
muitas horas por dia. O resto do tempo que -
ro tranq��ilidade. P 87
Denise compreendeu o perigo que estava
correndo. Talvez seu golpe n��o tivesse dado
t��o certo quanto pensava. Depois do que Al-
berto lhe dissera, n��o lhe restava mais na-
da, a n��o ser vestir-se e ir embora. Vendo-a
pegar a roupa, ele perguntou:
��� Pra onde vai?
��� Acha que vou ficar aqui contigo, de
pois de ouvir tanto insulto?
��� Voc�� n��o vai embora agora n��o.
��� Quem me obriga a ficar?
��� Eu. Quero voc�� na cama, agora.
Alberto puxou-a com viol��ncia. Tirou-
lhe as calcinhas e derrubou-a na cama,
caindo por cima de Denise. Numa fra����o de
segundo, ela compreendeu que ainda podia
ter Alberto nas m��os: a atra����o que exer-
cia sobre ele era enorme. N��o era com pa-
lavras que iria conquist��-lo definitivamen-
te. . .
88
Agarrou-o com for��a tamb��m, deu-lhe
uma mordida no queixo e deixou-se possuir
Denise saiu do apartamento de Alberto
sozinha. Ele dissera que estava muito can-
sado e iria dormir ali mesmo, dando-lhe di-
nheiro para tomar um t��xi.
Quanto estava na rua, ela avistou Rog��-
rio um pouco mais adiante. Passou pelo ex-
noivo como se n��o o visse. O que estaria
fazendo por ali?
*
Rog��rio acompanhou-a. Ouviu sua voz:
��� N��o me cumprimenta mais?
Depois da briga que havia tido com Al-
berto era-lhe completamente insuport��vel
ainda ter a m�� sorte de encontrar-se com
Rog��rio. Mas n��o quis demonstrar seu abor
recimento. Virou-se para ele, fingindo sur-
presa :
���89
��� Oi, Rog��rio, como vai? N��o tinha te
visto.
��� Quer dizer que �� verdade mesmo. .
��� O qu��?
��� Que voc�� est�� de caso com este ga-
l��zinho de TV.
��� Ora, Rog��rio, j�� faz tanto tempo que
a gente acabou. N��o p e n s e i que ainda ali-
mentasse alguma esperan��a.
��� Eu vi quando voc��s entraram no edi-
f��cio. Fiquei esperando pra ver a que horas
ia sair.
Depois que Rog��rio terminara o noiva
do com Denise, passara a segui-la. A prin-
c��pio n��o acreditava que ela fosse amante
do ator, mas depois viu comprovado o que
ela lhe dissera. Sua paix��o por Denise vi-
rara uma obsess��o maior ainda. Sentia-se
diminu��do e sofria muito. Sua tend��ncia
para o masoquismo aumentara. p 90
��� Pra mim �� uma surpresa muito gran-
de, e por que n��o dizer desagrad��vel, saber
que voc�� vive me vigiando. Com que direito?
O que �� que voc�� tem a ver com a minha
vida?
��� Eu ainda gosto de voc��, Denise.
��� O melhor que tem a fazer �� me es-
quecer, Rog��rio. Tem tanta garota por a��.
Escolha uma delas e me deixe em paz.
Denise deu sinal para um t��xi que ia
passando. Antes de tom��-lo, Rog��rio ainda
teve tempo de dizer:
��� Voc�� ainda vai voltar pra mim, De-
nise. Ainda vai voltar. ..
��� Nunca!
Entrou no t��xi. Decididamente naquele-
dia tinha acordado com o p�� esquerdo. Pri-
meiro, fora aquela discuss��o horr��vel com
Alberto. Depois, o encontro com Rog��rio,
-91
quando nem ao menos se lembrava mais
dele.
Ser�� que tudo aquilo tinha alguma sig-
nifica����o? Encontrar-se com Rog��rio jus-
tamente quando brigara com Alberto? Ser��
que a possibilidade de Rog��rio voltar para
ela n��o era t��o remota assim?
��� A senhora n��o disse para onde vai
��� falou o motorista do t��xi.
Denise deu o endere��o.
Pensou em Alberto, nu, deitado em seu
apartamento, bonito como um Deus, ado-
rado por milhares de garotas, e em Rog��rio,
feio e mal-vestido, perdido numa rua de
Copacabana. Enquanto fazia amor l�� em ci-
ma com o somem dos seus sonhos, o ex-
noivo ficava em baixo, curtindo uma dor-de-
cotovelo que parecia n��o ter mais fim.
Sentiu-se deprimida e cansada. Muito
cansada. Ansiava por chegar em casa, jan-
92���
tar e deitar-se. Precisava dormir, esquecer.
Talvez o dia seguinte fosse melhor.
De qualquer maneira o encontro casual
com Rog��rio lhe parecia um mau press��-
gio. As coisas n��o estavam realmente an-
dando como queria.
Cap��tulo 9
O come��o da fim
3
Depois que Denise saiu, Alberto sen-
tiu-se aliviado. S�� gostava mesmo dela na
hora de fazer amor. Passado o del��rio, n��o
podia mais suportar a sua presen��a. Prin-
cipalmente nos ��ltimos dias.
Sentia que j�� estava se cansando da
mo��a. Precisava diminuir os encontros. De-
93
nise estava querendo monopoliz��-lo e se ele
se descuidasse, era capaz de conseguir o
seu intento.
Naquela semana preferiu n��o encontr��-
la mais. A garota n��o se conformou e lhe
telefonou repetidas vezes:
��� N��o adianta insistir, Denise. N��o te-
nho tempo mesmo. Estou com muitos com-
promissos. Tenho que acertar um contrato
para um filme e come��o a ensaiar uma pe��a
de teatro, antes mesmo de acabarem as gra-
va����es.
Desligou o telefone, prometendo que a
procuraria na semana seguinte. Denise sen-
tiu que ele estava escapando de suas m��os
como ��gua. As coisas, em vez de melhora-
rem, estavam piorando.
O pior �� que n��o tinha com quem desa
bafar. Berenice, sua ��nica confidente, havia
previsto que aquele caso de amor n��o ia dar
certo. N��o queria dar o gosto de contar o
que estava acontecendo.
94���
Para se tranq��ilizar um pouco, pensou
que talvez estivesse tirando conclus��es pre
cipitadas, movida pelo sentimento de culpa
de ter destru��do o casamento de Alberto.
Era at�� poss��vel que ele estivesse assober-
bado de trabalho, que o motivo fosse esse
mesmo.
Mas no fim da tarde, ao sair do traba-
lho, n��o resistiu ao impulso de ir at�� o apar-
tamento onde costumava encontr��-lo. To-
cou a campainha e ningu��m atendeu. Des-
ceu o elevador e saiu do edif��cio. Depois de
dar alguns passos, resolveu parar.
E se Alberto estivesse l�� dentro com
outra? Mal tinha pensado nisso, viu o carro
dele estacionando perto. Alberto desceu
acompanhado de uma garota e n��o a viu
Denise sentiu o sangue subir-lhe �� cabe-
��a. Ent��o, era verdade mesmo que ele n��o
estava t��o ocupado assim.
Quis aproximar-se dos dois e tomar sa-
tisfa����es.Mas achou que seria rebaixar-se
- 9 5
demais. Alberto e a garota entraram no edi-
f��cio. Notou que ela era loura e bonita e
devia ter mais ou menos dezoito anos.
Denise ainda ficou algum tempo na rua,
pensando que resolu����o tomar. Lembrou-se
que estava acontecendo com ela o mesmo
que acontecera com Rog��rio dias antes. S��
que agora era ela quem estava curtindo
uma dor-de-cotovelo, enquanto Alberto fa-
zia amor l�� em cima com outra.
As l��grimas saltaram-lhe dos olhos. Au-
tomaticamente dirigiu-se para o ponto do
��nibus que a levaria para casa. Alguns mi-
nutos depois, o ��nibus passou mas estava
muito cheio. Achou melhor n��o tomar. En-
quanto esperava que viesse outro, sentiu
vontade de ir novamente at�� o apartamento
de Alberto.
Quanto tocou a campainha sua m��o es-
tava tr��mula. Ningu��m atendeu. Tornou a
tocar. Insistiu v��rias vezes. Alberto final-
mente abriu a porta seminu, apenas com
uma toalha na cintura:
96���
��� O que veio fazer aqui?
��� Vim te ver.
��� Agora estou muito ocupado. Eu lhe
disse por telefone que n��o tinha tempo.
��� Voc�� est�� com outra a��.
��� Ora, Denise, n��o estou com muita
paci��ncia hoje. N��o tem ningu��m no apar-
tamento.
��� E por que n��o quer me deixar en-
trar?
��� Porque a gente vai terminar na ca-
ma e eu tenho muito o que fazer.
��� �� mentira, Alberto, eu vi quando
voc�� chegou h�� pouco acompanhado de uma
garota.
��� Ent��o, se voc�� viu, por que veio me
chatear?
���97
A mo��a perguntou l�� de dentro:
��� Quem est�� a��, Alberto?
��� N��o �� ningu��m. Foi engano.
Depois falou baixo para que a outra n��o
ouvisse:
��� Tchau, Denise!
Ele fechou a porta. Denise teve vontade
de come��ar a gritar e fazer um esc��ndalo,
mas conteve-se. Seu caso com Alberto esta-
va mesmo chegando ao fim.
Alguns dias depois, por��m, quando n��o
tinha mais esperan��as de v��-lo outra vez,
Alberto lhe telefonou convidando para ir ao
seu apartamento.
Sentiu-se vitoriosa. Ent��o, ele n��o a es-
quecera? Lembrou-se que sexualmente, Al-
berto estava muito preso a ela. Depois que
a conhecera, provavelmente nenhuma outra
garota poderia satisfaz��-lo.
98
Concordou com o encontro e n��o quis
lhe dar o prazer de falar na outra. Mesmo
porque sabia que de uma maneira ou de
outra, j�� estava significando alguma coisa
na vida de Alberto. Precisava apenas ter
um pouco de calma.
Mais uma vez via confirmada a sua teo-
ria de que tudo depende da mulher para
conseguir prender irremediavelmente um
homem. Se continuasse agindo com a ca-
be��a, certamente no final a vit��ria seria
sua.
Precisava demonstrar que n��o se inco-
modava muito quando ele n��o a procurava.
Os homens, quando t��m certeza de que uma
mulher est�� perdidamente apaixonada, per-
dem logo o interesse.
Amaram-se como se n��o tivesse havido
havido nenhuma rusga entre os dois. . '
* * *
A festa era na casa de um velho amigo.
99
Alberto tornara-se a grande atra����o, assim
que chegara. Todos rodopiavam �� sua volta
Uma mulher perguntou:
��� Com quem voc�� fica no final da no-
vela?
��� N��o posso dizer.
��� Ah, diz s�� pra mim!
��� Pra falar a verdade, nem mesmo eu
sei. Ainda n��o recebi os ��ltimos cap��tulos
��� Voc�� sabe, sim. Est�� apenas queren-
do fazer suspense.
Outra mulher aproximou-se. Todas que-
riam saber o desfecho da novela em que
estava trabalhando.
Desde que chegara, Alberto avistara Ani-
ta entre os convidados e quando conseguiu
livrar-se durante alguns minutos das admi-
radoras, procurou aproximar-se da amiga
de Clarice:
100-
��� Oi, quanto tempo, hen?
��� �� v e r d a d e . . .
��� Estava me evitando?
Anita falou com naturalidade:
��� Por que motivo iria lhe evitar?
��� Por causa da minha separa����o de
Clarice. Ela �� sua amiga e voc�� podia estar
com raiva de mim.
��� Isso n��o seria uma raz��o para ficar
sua inimiga.
Permaneceram juntos durante grande
parte da festa. Procuraram um lugar afas-
tado dos outros convidados para poderem
conversar em paz.
Anita, num determinado momento, re-
solveu ser sarc��stica e perguntou:
��� Ent��o, quando nasce o garoto?
101
��� N��o estou entendendo.
A express��o de Alberto era de inoc��n-
cia. Mas Anita atribuiu isso ao fato dele
ser ator:
��� Parece que voc�� representa melhor
na vida real do que na televis��o.
��� Continuo sem entender. A que ga-
roto est�� se referindo?
��� Ao seu filho.
O espanto de Alberto foi enorme.
��� Meu filho?!! Que tipo de brincadeira
�� esta, Anita?
Ela come��ou a acreditar que Alberto n��o
estava representando e contou o que sa-
bia:
��� Antes de ir embora, Clarice me disse
o motivo principal porque ia te deixar, ou P102
melhor, a gota d'��gua que fez transbordar-
o copo.
Alberto olhou-a mais curioso ainda:
��� Quer me contar o que foi?
��� Uma garota a procurou, dizendo que
estava esperando um filho seu.
��� O qu��?!!!
��� Isso mesmo. A mo��a garantiu que
estava gr��vida. Como voc�� deve compreen-
der foi demais para Clarice. H�� muito tem-
po que voc�� n��o dava a menor aten����o a
ela.
��� Mas como Clarice foi embora sem
apurar a verdade?
��� Ela j�� estava muito cansada de tudo,
Alberto. N��o suportava mais o que j�� vinha
fazendo h�� v��rios meses...
A garota s�� podia ser uma, pensou Al-
berto. Mesmo assim quis a confirma����o:
- 103
��� Voc�� sabe o nome desta mo��a que
disse estar gr��vida?
��� Creio que �� Denise.
Exatamente o que ele pensara. Denise
era capaz de tudo:
��� De qualquer modo eu te agrade��o por
ter me contado, Anita.
��� Voc�� conhece esta tal Denise?
��� Conhe��o.
��� E �� verdade o que ela disse?
��� N��o.
Se Denise aparecesse naquele momento
em frente de Alberto, ele n��o se responsa-
bilizaria pelos seus atos. Sentiu um ��dio
terr��vel da mo��a. N��o suportava ser ludi-
briado e n��o sabia perdoar as pessoas. Co-
mo Denise tivera coragem de fazer uma
coisa daquelas?
104���
Ele devia ter compreendido que alguma
coisa tinha acontecido. Como pudera ser
t��o ing��nuo? Era um perigo enorme dei-
xar-se envolver por qualquer uma que apa-
recia. Sempre tivera como lema divertir-se
e ir para a cama com as garotas sem nunca
repetir a mesma mais de duas ou tr��s ve-
zes. Mas Denise sabia excit��-lo como nin-
gu��m e fraquejara. A ponto dela se sentir
com direito a querer modificar sua vida.
��� O que pretende fazer, agora que sou-
be disso?
��� N��o sei, Anita. Mas provavelmente
vou a S��o Paulo atr��s de Clarice.
��� Talvez ela n��o queira mesmo saber
mais de voc��.
��� Mas n��o custa tentar.
Anita afastou-se para falar com um
outro conhecido. Alberto voltou a ser asse-
diado pelas mulheres da festa. Podia esco-
lher qualquer uma e levar para a cama.
Todas aceitariam de bom grado.
��� 105
Como tinha sido t��o idiota em deixar-se
envolver por Denise daquela maneira? Um
homem como ele, com tantas mulheres ofe-
recendo-se, tornar-se v��tima de uma garota
qualquer de sub��rbio. .
Mentalmente preparou uma vingan��a
Denise ia pagar caro pelo que tinha feito.
Capitulo 10
A vingan��a
Marcou encontro com Denise.
Quando ela chegou ao apartamento, en-
carou-a e disse:
��� Eu sei o que voc�� fez.
106���
��� O que foi que eu fiz, Alberto? ��� per-
guntou a mo��a cinicamente.
��� S�� ontem fiquei sabendo que voc�� foi
�� minha casa e contou uma s��rie de men-
tiras �� minha mulher.
��� Nem tudo era mentira.
��� Voc�� n��o est�� esperando nenhum
filho meu.
��� Mas somos amantes. Ou voc�� tam-
b��m quer negar isso? O filho foi apenas um
pequeno detalhe que eu adicionei para im-
pressionar mais a sua querida esposa. E
pelo visto a coisa deu certo.
��� Nem tanto. Talvez voc�� esteja com-
pletamente enganada.
O jeito acintoso de Denise come��ou a
irritar o rapaz cada vez mais. Ela parecia
muito segura de si. Mais do que nunca sen-
tia que Alberto n��o iria terminar com ela.
-107
Se estivesse realmente disposto a n��o v��-la,
n��o a teria procurado. Se o fizera, era por-
que continuava desejando-a. ..
Ele a agarrou pelo bra��o e com a outra
m��o, rasgou-lhe o vestido, deixando-a semi-
nua.
��� E agora, como �� que vou voltar pra
casa?
��� Este problema n��o �� meu.
Alberto arrancou-lhe a roupa e depois
tamb��m ficou inteiramente nu.
��� Voc�� �� mesmo tarado por mim, n��o
��?
Ele n��o respondeu. Limitou-se a ati-
r��-la na cama. Pareciam dois animais. N��o
se sabia se estavam lutando ou fazendo
amor. Enquanto gozava, Alberto desprendeu
toda a sua viol��ncia contida, esbofeteando
Denise, que gritava de dor e prazer .
108���
Assim que acabou, o rapaz come��ou a
se vestir. Denise, exausta e com o rosto
machucado, continuou estirada na cama.
Ele perguntou:
��� N��o vai se arrumar?
��� Est�� com pressa?
��� Estou. Quanto mais cedo voc�� sair
deste apartamento, melhor.
A garota levantou-se e foi at�� o banhei-
ro. Seu ��dio por Alberto aumentou quando
se viu no espelho.
Lavou-se e procurou, na medida do pos-
s��vel, disfar��ar o estado em que se encon-
trava. Penteou os cabelos, passou um pouco
de pintura no rosto. O pior era o vestido
rasgado.
Nunca sentira tanta humilha����o em sua
vida. Mas depois pensou que aquela explo-
s��o de c��lera de Alberto podia ter sido ape-
-109
nas uma coisa passageira. Ele a amava, a
prova era que n��o podia passar sem fazer
sexo com ela. Ficara possesso ao saber o
que fizera, mas depois ia esquecer e tudo
mais tarde continuaria como antes.
Quando voltou ao quarto, ele j�� estava
pronto.
��� Vai me levar at�� em casa?
��� N��o.
��� Como posso tomar a condu����o com
esta roupa rasgada?
��� N��o tenho nada com isso, Denise.
Suma. Desapare��a. N��o quero ter ver mais
Est�� ouvindo? Tenho nojo de voc��. Nojo,
ouviu?
Alberto gritava. Sua express��o estava
completamente alterada.
Denise amedrontou-se e dirigiu-se �� por
ta. Abriu-a e saiu.
110
Na rua, teve vergonha do seu estado
deplor��vel. As pessoas voltavam-se para
olh��-la. Alberto n��o lhe dera nem o dinhei-
ro para tomar um t��xi. Teria que ir de ��ni-
bus e fazer aquela longa viagem com todo
mundo olhando para ela.
Come��ou a chorar. Como ia entrar em
casa? O que diria para sua m��e? E se Ro-
g��rio a visse naquele estado? N��o. Isso nun-
ca. N��o podia admitir que o ex-noixo a visse
assim. Preferia a morte.
Tomou o ��nibus que a levaria para lon-
ge de Alberto. Sentou-se no banco de tr��s
e ficou l�� encolhida, procurando n��o cha-
mar a aten����o dos outros passageiros para
a sua apar��ncia.
Cada vez que o ve��culo parava em u m :
ponto, temia que algum conhecido entras-
se e a visse.
Ao chegar em casa, sua m��e perguntou
horrorizada:
��� O que aconteceu? Foi atropelada?
���111
Sem querer, a m��e acertara em cheio
Ela realmente fora atropelada. N��o por um
autom��vel, nem por um ��nibus ou cami-
nh��o ou qualquer outro ve��culo. Fora atro-
pelada pela vida. E ficara seriamente feri-
da. Para o resto da exist��ncia. Nunca mais
voltaria ser o que era, aquela garota ing��-
nua que sonhava com os gal��s de cinema
e televis��o.
Dona Eul��lia queria saber detalhes do
acidente que a filha sofrera:
��� Voc�� tem que me contar como foi.
��� N��o foi nada, mam��e. Um carro pas-
sou de rasp��o por mim. Eu desequilibrei e
ca��.
��� E o vestido rasgado?
��� Foi um rapaz que viu o autom��vel
vindo em minha dire����o e me puxou r��pi-
do. Rasgou meu vestido, mas salvou minha
vida.
1 1 2 -
��� Esses loucos do volante n��o t��m mes-
mo jeito. Eu quero ver onde �� que a gente
vai parar. Parece at�� que est�� se aproxi-
mando o fim do mundo. Por isso que fico
t��o preocupada quando voc�� e seu pai saem
de casa.
A explica����o, apesar de tudo, havia con-
vencido a m��e de Denise que ficou quase
meia hora falando nos horrores do tr��nsito.
O que Dona Eul��lia n��o conseguiu en-
tender direito foi quando mais tarde, na
hora da novela, a filha levantou-se e desli-
gou a televis��o com raiva.
��� O que deu em voc��?
��� Nada.
��� Por que desligou a televis��o?
��� Estou cheia desta novela.
��� Voc�� gostava tanto...
-113
��� Mas agora n��o gosto mais. Tamb��m
tenho o direito de mudar de opini��o.
Dona Eul��lia voltou a ligar o aparelho
��� Se n��o quer assistir, v�� para o quar-
to.
O rosto de Alberto Brando, antes t��o
idolatrado, era completamente insuport��-
vel para Denise. Saiu da sala e foi para seu
quarto.
No v��deo, Alberto dizia para a sua ama-
da:
��� "Voc�� �� tudo para mim. Por sua cau-
sa sou capaz de qualquer sacrif��cio. Eu te
amo. . . "
Agora Denise observava pela primeira
vez que Alberto nunca dissera que a amava.
Em momento algum. Nem mesmo quando
estava na cama com ela.
Continuava a ouvir a voz melodiosa do
gal��:
114���
��� "Depois que tudo isso passar, vamos
viver juntos e voc�� vai ent��o conhecer a
verdadeira felicidade."
Era uma voz sonora, talvez um pouco
a��ucarada demais, mas irresist��vel para os
ouvidos das mocinhas sonhadoras, o que
n��o era mais o caso de Denise. ..
Cap��tulo 11
A tentativa
Alberto conseguiu uma folga nas grava-
����es e viajou para S��o Paulo no dia seguin-
te, a fim de tentar uma reconcilia����o com
Clarice.
Ela ficou surpresa ao v��-lo, mas n��o per-
deu nem por um momento sua tranq��ili-
- 1 1 5
dade, que n��o era apenas aparente, mas
uma coisa profunda e s��lida.
��� Por que voc�� n��o me disse o que
houve, Clarice? S�� h�� poucos dias eu soube
de tudo por interm��dio de Anita.
��� Ela n��o devia ter te contado.
��� Voc�� vai estragar a nossa vida, por
causa de uma louca qualquer que apare-
ceu para contar uma mentira?
��� N��o foi por causa dela, Alberto.
��� Eu posso provar que Denise n��o est��
esperando nenhum filho meu e n��o tenho
mais nada com ela, Clarice.
��� Isso, para mim, no momento, n��o
importa mais.
��� Importa sim, porque voc�� me ama.
��� Mas n��o vou voltar a viver contigo.
Tive bastante calma para pensar nestes ��l-
116���
timos meses e s�� lamento n��o ter tomado
esta decis��o h�� mais tempo.
��� Quer dizer que n��o quer voltar?
Ela respondeu com seguran��a absoluta:
��� N��o.
Apenas isso. Alberto insistiu, mas Cla-
rice estava mais firme do que uma rocha:
��� Durante todo o tempo em que te co-
nheci, eu s�� soube dizer sempre sim. Agora
aprendi a dizer n��o, Alberto. Nada vai fazer
com que eu volte a viver contigo. N��o �� por
causa desta pobre mo��a. �� por tudo que
voc�� me fez. Ela quase n��o pesou na balan-
��a, a n��o ser pelo fato de ter me feito com-
preender a realidade. N��o h�� mais condi-
����o da gente voltar a ter uma vida em co-
mum.
��� Voc�� est�� cometendo um grande erro.
��� De acordo com o meu ponto de vista,
acho que estou certa. E nada vai fazer com
que mude minha decis��o.
���117
A viagem de Alberto para S��o Paulo foi
completamente in��til. Voltou naquele mes-
mo dia e sua raiva de Denise aumentou.
Nunca mais queria v��-la em sua frente,
nunca mais.
* * *
Denise ainda tentou comunicar-se com
-ele. Telefonou-lhe algumas vezes, mas Al-
berto nunca atendia. Depois de algum tem-
po, resignou-se. Tinha-o perdido mesmo. Tu-
do acabara e n��o passara de uma ilus��o.
�� falta de outra pessoa com quem tro-
car confid��ncias, desabafou todas as suas
m��goas com Berenice. A amiga n��o lhe pas-
sou em rosto os conselhos que lhe dera.
Sentia pena de Denise e procurou sincera-
mente ajud��-la naqueles momentos dif��ceis,
dando-lhe apoio moral:
��� �� a vida! Nada �� eterno. A gente
precisa aprender isso.
��� Nunca mais vou gostar de ningu��m.
118���
Mas Rog��rio, o ex-noivo, tomou a pro-
cur��-la:
��� Voc�� n��o tem se encontrado mais
com o tal gal��, n��o ��?
��� Como voc�� soube?
��� Sempre acompanhei seus passos. Vo-
c�� sabe que te amei muito e continuo aman-
do. N��o quer voltar pra mim?
��� Voc�� ainda me quer, depois de tudo?
Ele a abra��ou com infinita ternura:
��� Quero, Denise. Eu te amo. Eu disse
que voc�� ia voltar um d i a . . .
Ela o olhou. Rog��rio n��o lhe pareceu
t��o feio assim. Apenas seu rosto transmitia
uma enorme tristeza. Devia t��-lo feito so-
frer muito. Come pudera ser t��o louca?
Compreendeu que nunca iria encontrar ou-
tra pessoa que gostasse dela daquela ma-
neira.
119
A vida estava lhe dando outra oportu-
nidade. Agora sabia como aproveit��-la e n��o
iria jog��-la pela janela. Um amor verda-
deiro n��o se troca por nada deste mundo
Recome��aram o namoro. Denise havia
retornado mesmo �� sua realidade. O epis��-
dio com Alberto Brando, o gal�� famoso, fora
apenas uma experi��ncia amarga, que final-
mente acabara.
Para poder esquec��-lo mais depressa,
n��o assistiu aos ��ltimos cap��tulos da no-
vela em que ele trabalhava. Nunca mais o
viu no v��deo, jogou fora todas as suas fotos
e tudo que ele alguma maneira pudesse
lembr��-lo.
Denise, que estava completando vinte
anos, j�� tinha conhecido a dura realidade
da vida. Mas a li����o que recebera talvez a
ajudasse a encontrar a felicidade junto a
Rog��rio. Compreendeu que o amadureci-
mento s�� chega com o sofrimento e que
nada na vida acontece gratuitamente. Tu-
do tem sua utilidade.P 120
Sua vida voltou ao ritmo antigo. O tra-
balho, os encontros com Rog��rio, os s��ba-
dos em seu apartamento. Praia e cinema
aos domingos. Uma vida simples, mas com
amplas possibilidades de ser feliz.
Finalmente aprendera a gostar das coi-
sas que estavam ao seu alcance e Alberto
foi desaparecendo de sua lembran��a lenta
mente, sem que se desse conta disso.
Capitulo 12
A fotografia
Algum tempo depois, numa igrejinha
do sub��rbio, Denise casava-se com Rog��rio,
que acabara o curso na Faculdade. Bereni-
ce era uma das madrinhas. Depois, a fes-
ta se estendeu at�� quase meia-noite.
���121
A alegria simples dos convidados e dos
parentes, contagiou Denise. Compreendeu
mais uma vez que a felicidade n��o estava
nos sonhos imposs��veis.
O seu caso com Alberto Brando n��o pas-
sava agora de uma sombra do passado.
Uma sombra que estava quase apagada.
Berenice aproximou-se com um copo de
bebida na m��o:
��� Vou te contar um segredo, Denise.
��� Qual ��?
��� Tenho a impress��o de que n��o vou
e casar nunca.
��� Por que tanto pessimismo?
��� Todas as minhas amigas j�� casaram,
menos eu.
��� Deixe de bobagem. A sua vez vai che-
gar. Assim como voc�� ajudou muito para
que meu casamento com Rog��rio se reali-
122-
zasse, vou te ajudar tamb��m arranjando-
lhe um pretendente.
As duas riram. Rog��rio aproximou-se e
q u i s saber porque estavam t��o alegres .
Os convidados foram embora. Denise fi-
cou s�� com Rog��rio. Amou-o como se fosse
a primeira vez. O sentimento �� mais im-
portante do que tudo, pensou. O prazer
pelo prazer, o ato carnal em si, n��o signi-
ficava nada.
��� Qual o nome que voc�� quer dar ao
nosso primeiro filho, Denise?
��� Rog��rio.
��� Se for menina, vai se chamar De-
nise.
Ela sorriu feliz e pouco depois adorme-
ceu confiante nos bra��os de Rog��rio, que
durante muito tempo ainda ficou olhando-a
com ternura.
* * *
- 1 2 3
Alberto come��ou a gravar uma outra
novela. Seu sucesso continuava ascendente.
Filmes, pe��as, excurs��es, uma infinidade de
convites lhe chegavam de todos os lados.
Entrevistas, capas de revistas, festas, muita
badala����o. Possu��a mulheres de todos os
tipos, trocando-as com mais freq����ncia do
que mudava de camisa.
N��o teve mais not��cias de Denise, mas a
garota havia marcado sua presen��a em sua
vida. Quanto a Clarice, tinha pedido des-
quite e pensava em casar no exterior. A
vida n��o era uma coisa est��tica. As coisas
mudavam. O presente tornava-se passado
num abrir e fechar de olhos, e o futuro
transformava-se em presente. Principal-
mente para ele, vida era extremamente di-
n��mica. Vivia numa agita����o permanente,
sempre �� procura de novos e maiores pra-
zeres.
Entrou no camarim e come��ou a ves-
tir-se para a cena que ia gravar dentro de
alguns minutos, com um pilha de cartas na
m��o.
��� Oi, Renato, como vai? ��� perguntou
o colega que estava no camarim.
124���
��� J�� soube que as grava����es est��o mui-
to atrasadas hoje?
��� N��o.
��� Creio que suas cenas s�� v��o come-
��ar dentro de umas tr��s horas.
��� Que amola����o! Deviam ter me avisa-
do. Assim eu tinha ficado em casa, dor-
mindo mais um pouco.
Como tinha tempo suficiente, Alberto
come��ou a abrir as cartas. Todas mais ou
menos iguais. Garotas apaixonadas que so-
nhavam com ele. Lembrou-se mais uma
vez de Denise. Apesar de tudo, n��o a esque-
cera. Fora uma das mulheres que mais ti-
nham lhe dado prazer na cama.
Uma das cartas lhe chamou a aten-
����o: vinha acompanhada de uma fotogra-
fia. Tratava-se de uma garota muito boni-
ta. Mostrou-a a Renato:
��� Veja.
���125
��� Como �� boa!
��� Estas garotas n��o t��m mesmo jeito.
��� Voc�� n��o vai responder a ela?
Talvez.
��� Vai desprezar um monumento des-
tes?
��� Estou escaldado com estas f��s hist��-
ricas. Lembra-se da minha experi��ncia com
Denise?
Apesar de n��o estar disposto a iniciar
novo romance com nenhuma das garotas
que lhe escreviam, Alberto n��o esqueceu a
mo��a da foto. Era realmente sensacional
Afinal, era um homem jovem, bonito e fa-
moso. Por que n��o aproveitar todas as opor-
tunidades que apareciam? Jogou as outras
cartas fora, mas guardou no bolso a que
tinha a fotografia. ���
No fim da tarde, ao acabar o trabalho,
126���
voltou a olhar a foto que tanto o impressio-
nara. Mais um corpo para posse. E ele seria
um bobo se recusasse. Quantos homens n��o
gostariam de estar em seu lugar?
* * *
A garota andava de um lado para outro
De vez em quando olhava o rel��gio. Quem
passava, virava-se para v��-la melhor. Era
realmente uma mulher sensacional. Destas
de parar o tr��nsito.
Estava na porta do est��dio. Chamava-se
Alba. Devia ter vinte anos. Morena de olhos
claros. O decote deixava ver os seios quase
completamente.
Alberto apareceu na porta do est��dio.
Ia dirigindo-se para o seu autom��vel, quan-
do avistou a garota. Reconheceu-a imedia-
tamente. Era a mesma da foto. Ela foi ao
seu encontro:
��� Eu eu me chamo Alba. J�� fiz v��-
���127
rias cartas pra voc��. Na ��ltima mandei
uma fotografia minha .
Alberto olhou-a demoradamente. Segu-
rou-a por um bra��o e levou-a at�� seu auto-
m��vel.
Era mais um corpo para posse.
E que corpo!
FIM
128
ESTE LIVRO FOI DIGITALIZADO EM 2019 POR
LEANDRO MEDEIROS PARA ATENDER AOS
DEFICIENTES VISUAIS.
O AJUDARA
A ENCONTRAR
OS CAMINHOS
DO ��XITO EM 1977
---------- Forwarded message ---------
De: Bons Amigos lançamentos <
De: Bons Amigos lançamentos <
O GRUPO BONS AMIGOS TEM O PRAZER DE LANÇAR HOJE MAIS UMA OBRA DIGITAL NOS FORMATOS : PDF,TXT,EPUB, MOBI E DOC PARA ATENDER AOS DEFICIENTES VISUAIS
LIVRO DOADO E DIGITALIZADO POR LEANDRO MEDEIROS
SINOPSE:
DENISE É UMA MOÇA DE DEZOITO ANOS. MORA NUM SUBÚRBIO CARIOCA. ELA TEM PAIXÃO PELO ÍDOLO DA TELEVISÃO ALBERTO BRANDO.
SOBRE O AUTOR:
Escritor, jornalista e ator, Carlos Aquino nasceu em Sergipe, mas foi para o Rio de Janeiro ainda adolescente.Trabalhou em filmes e peças de teatro, mas finalmente descobriu que sua verdadeira vocação era escrever, passando a dedicar-se à literatura. Sua estréia foi com o romance: Verão no Rio" em 1973. Com seu.estilo vigoroso e moderno, colocando sempre uma dose de verdade em seus personagens, ele foi no século passado na década de 70 e 80 um dos escritores de mais prestigio junto ao público. Detalhes sobre sua morte leia em : https://www.terra.com.br/istoegente/79/tributo/index.htm
Lançamento Grupo Bons Amigos:
https://groups.google.com/forum/#!forum/bons_amigos
Grupo Parceiro:
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Blog:
Este e-book representa uma contribuição do grupo Bons Amigos para aqueles que necessitam de obras digitais como é o caso dos deficientes visuais
e como forma de acesso e divulgação para todos.
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Lembre-se de valorizar e reconhecer o trabalho do autor adquirindo suas obras.
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