A LUZ DA
BIBLIA SAGRADA
OBRA SEM FINS LUCRATIVOS
Direitos autorais cedidos pelo Autor � Institui��es de Caridade.
MELC�ADES JOS� DE BRITO
O ESPIRITISMO
� Luz DA
BIBLIA SAGRADA
O ESPIRITISMO � LUZ DA B�BLIA SAGRADA
COPYRIGHT � 2000 BY MELC�ADES JOS� DE BRITO
Dire��o Editorial
Jos� Carlos de Carvalho
Coordena��o Editorial
Jos� Renato de Carvalho
Capa
Depto. de Arte DPL
Revis�o Geral
Jos� de Sousa e Almeida
Editora��o Eletr�nica
Depto. editorial DPL
ISBN: 85-7501-015-8
ANO DE EDI��O: 2000
Todos os direitos reservados pela:
DPL - EDITORA E DISTRIBUIDORA DE LIVROS LTDA
Rua Cinco de Julho, 59 - S�o Paulo - SP
Cep. 04281-000 Fone/Fax: (11) 5061-8955
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao colega auditor do Banco do Brasil
Boaventura Jos� de Souza Neto, que fez a revis�o deste livro e
nos auxiliou com pondera��es valiosas.
DEDICAT�RIA
Dedicamos este trabalho � jovem Dulcil�ia Alves de Oliveira
PREF�CIO
Fomos agraciados com a honrosa incumb�ncia de prefaciarmos
" O Espiritismo a Luz da B�blia Sagrada', do preclaro confrade Melc�ades
Jos� de Brito. E o fazemos com muita alegria e boa vontade, pois se
trata de um livro muito bom.
E desde j� manifestamos nossa gratid�o a esse abnegado seareiro,
o Autor, que leva a valiosa e necess�ria orienta��o kardequiana aos
que est�o em busca da verdade. N�s o saudamos como um desses
abnegados semeadores da palavra de orienta��o, de f� e de esperan�a.
Nossa gratid�o vem da certeza que este livro contribu�ra de
forma decisiva para o despertamento de mentes e de cora��es,
tornando-os receptivos � Doutrina tal qual verdadeiramente a ensinou
Jesus, Nosso Mestre e Senhor, e n�o tal como a divulgam os que
pretensiosamente se intitulam os continuadores de Jesus.
Em momento oportuno surge, assim, um livro que e valioso
reposit�rio dos ben�ficos ensinamentos da Doutrina Esp�rita, sem
d�vida o Cristianismo Redivivo, o Cristianismo tal como o praticavam
os Ap�stolos e seus seguidores, os her�icos primeiros crist�os.
Os leitores ver�o que n�o e um livro qualquer; que n�o e
simplesmente o rebate a um op�sculo (de mesmo nome do livro) de
falsas acusa��es, desleal caluniador do Espiritismo; mas um verdadeiro
Curso de Doutrina Esp�rita, e da melhor qualidade, clareza, profundo
em sua simplicidade.
Nele est�o expostos com isen��o de �nimo, sem fanatismo e
teimosia, assuntos atual�ssimos e importantes, tais como: a) Afinal, o
que � Lei de Deus e o que � Lei de Mois�s no Antigo Testamento? b)
A quem devemos seguir: � orienta��o de Jesus ou �s censuras,
condena��es e puni��es do Antigo Testamento? c) Algu�m j� viu Deus?
d)Deus j� veio l� do Alto para conversar de viva voz com os homens?
e)Como entender a afirma��o do Ap�stolo Paulo "a letra mata, o
esp�rito vivifica"? f) Qual o caminho verdadeiro para ir a Deus? g)
Que concep��o sobre Deus nos passou Jesus? h) Qual a opini�o de
Jesus sobre consultar os "mortos"? i) Afinal, obtemos a salva��o pelas
obras ou pela f�? j) Ou pela pr�tica de rituais? I) A B�blia apresenta
casos de mediunidade? Os Ap�stolos e os primitivos crist�os praticavam
a mediunidade? m) � verdade que Deus se irrita e se zanga com os
homens, Seus filhos, e manda-os para o inferno? n) E o pecador que
est� no inferno sofrer� eternamente? Estar� perdido definitivam
E assim tantos outros temas
Em linguagem clara, amena, agrad�vel e correta, o Autor vai
conversando conosco e nos esclarecendo sobre os grandes temas
existenciais que preocupam o Homem, referentes ao "Donde vim,
Por que vim, Para onde vou.
E ele e corajoso, destemido, porque enfrenta a c�lera, a
deslealdade e o fanatismo anti-crist�o dos perseguidores do Espiritism.
Aqui no Brasil, o Espiritismo, em seus come�os, foi muito
perseguido pelos que se sentiam prejudicados em suas mordomias e
ganhos f�ceis, pela mensagem libertadora que ele .
O meio religioso dominante tentava por meios il�citos e cru�is
amorda�ar os ap�stolos da Doutrina que desfanatizava, que
desmistificava e outorgava ao homem o status de cidad�o livre, amigo
e fraterno, e que finalmente podia encarar, com a luz da raz�o, a f�
obscurecida. Os esp�ritas eram amea�ados, excomungados, agredidos
fisicamente e tamb�m por palavras, discriminados, exclu�dos do
conv�vio social e prejudicados em seu ganha-p�o. Filhos de esp�ritas
eram proibidos de freq�entar escolas junto com crian�as que
professavam a Religi�o oficial.
Os seareiros de primeira hora enfrentaram com f� robusta,
ren�ncia e sacrif�cios sem conta, a situa��o adversa. Eram crist�os
verdadeiramente. Com a ajuda de Jesus e dos abnegados Mentores
conseguiram aplainar muitas arestas, transformar muitos espinhos em
flores.
Mas, n�o pensem que a persegui��o anti-crist� terminou.
Apenas mudou de m�os...
O Autor, intemerato e intimorato, n�o se omite em
corajosamente declarar sua condi��o de esp�rita, nesses dias em que
muitos ainda se escondem atr�s da qualifica��o gen�rica de "crist�o"
(quando n�o de "cat�lico") para ficarem a salvos da discrimina��o
que p�e obst�culos ao bem-estar e subsist�ncia de sua fam�lia.
A presente obra proporcionar� a todos o esclarecimento correto
e seguro do que � a libertadora Doutrina Esp�rita e em que e por que
ela se distingue das demais Doutrinas religiosas.
Parab�ns, pois, ao culto e denodado Autor, e tamb�m � esfor�ada
"Editora DPL", pelo lan�amento de t�o necess�rio livro.
Jos� de Sousa e Almeida *
* Autor de: "As Par�bolas", "0 Apocalipse", "Apontamentos Sobre a Biblia
EXPLICA��ES INICIAIS
Preparamos este trabalho em considera��o � senhorita Dulcil�ia,
que recebeu o op�sculo aqui abordado, em meados de junho de 1997,
e nos repassou pedindo nosso pronunciamento acerca do que ali se
continha.
N�o tivemos, no princ�pio, nenhum prop�sito de escrever um
livro. Nossa inten��o era examinar as coloca��es feitas pelo autor
daqueles escritos, para avaliarmos a sua pertin�ncia e validade e
expormos para aquela jovem a nossa opini�o.
Fizemos isso no m�s seguinte, julho/97, aproveitando as noites
e os dias de domingo, de um per�odo de 28 dias que passamos em S�o
Paulo (SP), a servi�o do Banco onde trabalhamos. Optamos pela forma
escrita por dois motivos: primeiro, para guardar a mem�ria das nossas
perquiri��es e entregar para a jovem um trabalho que pudesse ser lido
e relido, se do seu interesse; e segundo, porque foi uma forma de
preencher os momentos vagos que aquele per�odo de trabalho banc�rio
nos trouxe, longe do lar.
Fomos escrevendo aquilo que nos vinha � mente, buscando
aqui e ali remiss�es b�blicas e, em determinado momento, decidimos
dividir os assuntos em cap�tulos distintos, para facilitar sua leitura.
Seguimos nesse rumo, e ao final daquele per�odo est�vamos com o
trabalho conclu�do.
Passamos c�pia do mesmo para a jovem que nos concitara ao
exame e, posteriormente, para outros irm�os, que examinaram nossos
escritos e, ao final, nos incentivaram a dar publicidade aos mesmos,
sob a forma final de livro. Revisamos todo o trabalho, adequando-o a
esse objetivo.
Assim, o amigo leitor tem em m�os um trabalho simples, escrito
em linguagem at� certo ponto coloquial, visto ter sido destinado,
inicialmente, a uma jovem simpatizante da Doutrina Esp�rita e que,
em seu ambiente de trabalho, vinha sendo fortemente assediada por
irm�os protestantes. Estes, no af� de cativ�-la, passaram a condenar o
Espiritismo, fornecendo-lhe farto material contr�rio a nossa Doutrina,
entre eles, o op�sculo que me foi repassado.
Esperamos que o trabalho possa contribuir, de alguma maneira,
para o melhor entendimento de algumas passagens da B�blia, tanto
do Antigo como do Novo Testamento, e pedimos, desde j�, que sejam
vistos como resultantes de nossas limita��es particulares quaisquer
apontamentos ou coloca��es mais fortes de que as usualmente
empregadas no trato desse assunto. Aqui est� expresso nosso
entendimento, suscet�vel de enganos, os quais, se existirem, n�o podem
ser lan�ados � Doutrina Esp�rita, da qual sou um simples aprendiz e
servidor.
O Autor
SUM�RIO
O ESPIRITISMO � LUZ DA B�BLIA SAGRADA
15
CONSIDERA��ES PRELIMINARES
19
I. A PALAVRA DE DEUS
21
II . CONSULTAR os MORTOS
35
III . ANTIGOS RITUAIS
56
IV. NOVA ORDEM DE COISAS
76
V. A PESSOA DE CRISTO
94
VI . AINDA A PESSOA DE CRISTO
114
VII. A MORTE DE CRISTO
126
VIII . O MEIO DA SALVA��O
143
IX . AINDA O MEIO DA SALVA��O
163
X. O INFERNO
187
XI . EP�LOGO
200
O ESPIRITISMO � LUZ DA B�BLIA SAGRADA
Op�sculo divulgado por WORLD WIDE CHRISTIAN
LITERATURE, INC. JOHN FERGUSON MEMORIAL � P. O.
Box 584 CANOGA PARK, CA 91305 � Printed in U.S.A*'
Os Esp�ritas dizem que cr�em em Deus e no livro de Deus
� a B�blia Sagrada. Mas se a doutrina e a pr�tica do espiritismo
s�o contr�rias ao ensino da B�blia, � claro que o espiritismo n�o
pode ser a verdadeira luz de Deus nem agrad�vel a Ele; o facto
fica que os esp�ritas desobedecem e contradizem os
mandamentos e ensino da B�blia Sagrada, � o livro que eles
mesmos dizem aceitar como a palavra de Deus. Vou dar-vos
alguns exemplos.
(1). CONSULTAR OS MORTOS. Donde recebem os
esp�ritas a sua doutrina? Eles dizem que nas suas "sess�es"
consultam os mortos, cujos esp�ritos d�o mensagens acerca do
mundo do al�m-t�mulo; e a doutrina do espiritismo � edificada
sobre estas mensagens. Mas na B�blia, Deus diz: "N�o se ache
entre v�s quem consulte adivinhos, nem que seja feiticeiro, ou
encantador, nem quem consulte os mortos; porque a todas estas
coisas abomina o Senhor, e por semelhantes maldades
exterminar� Ele estes povos". (Deuteron�mio, cap. 18). Tamb�m
Deus diz: "O homem ou mulher em que houver esp�rito pit�nico
ou de adivinho, morram de morte; apedrej�-los-�o; o seu sangue
caia sobre eles" (Lev�tico, cap. 20). E na profecia de Isa�as temos:
"Quando vos disserem, Consultai os pit�es e os adivinhos, que
murmuram em segredo nos seus encantamentos; � acaso n�o
NOTA DO AUTOR DESTE LIVRO: Os erros gramaticais, de reda��o e/ou
impress�o, presentes no op�sculo a seguir transcrito, constam do documento
original.
consultar� o povo ao seu Deus? h� de ir falar com os mortos
acerca dos vivos? antes � lei e ao testemunho � que se deve
recorrer." (Isa�as cap. 8:19-20.)
Neste trecho e em muitos outros da B�blia � evidente que a
invoca��o aos mortos � claramente proibida por Deus. Deus diz
que � "abomina��o" a Ele, � ent�o, como pode ser um meio de
acharmos a luz? A desobedi�ncia nunca pode trazer-nos a b�n��o
de Deus, mas sim o seu castigo; e o esp�rito ao consultar os
mortos est� inegavelmente desobedecendo ao mandamento de
Deus. Nos dias antigos o rei Saul perdeu o seu reino e a sua vida
por causa deste mesmo pecado, e os esp�ritas de hoje v�o perder
as suas almas, se n�o deixarem esta pr�tica abomin�vel.
(2). A PESSOA DE CRISTO. A B�blia diz que em Cristo
"Deus se manifestou em carne" (I Tim�teo, cap. 3); que Cristo "foi
ferido pelas nossas transgress�es e quebrantado pelas nossas
iniquidades"; e que Ele, depois da sua resurrei��o, disse aos Seus
disc�pulos: "Olhai para as minhas m�os e p�s, porque sou Eu
mesmo; apalpai e vede, que um esp�rito n�o tem carne nem ossos
COMO V�S VEDES QUE EU TENHO." (luc. Cap. 24). Os esp�ritas
contudo, dizem que Cristo n�o veio em carne, nem ressuscitou
em carne, mas s� em esp�rito, ou em "esp�rito materializado".
Ent�o a quem devo crer? O ap�stolo Jo�o na sua primeira carta
diz: "N�o creais a todo o esp�rito, mas provai se os esp�ritos s�o
de Deus, porque muitos falsos profetas se levantaram no mundo;
nisto conhecereis o Esp�rito de Deus:Todo o esp�rito que confessa
que Jesus Cristo veio em carne � de Deus, mas todo o esp�rito
que n�o confessa que Jesus Cristo veio em carne n�o � de Deus,
mas sim o do Anticristo, que agora j� est� no mundo". Baseando-
me na autoridade desta palavra da B�blia, eu creio que o
espiritismo n�o � de Deus, mas do Anticristo.
(3). A MORTE DE CRISTO. Por que morreu Ele? A resposta
que a B�blia d� � que Cristo morreu para que pud�ssemos ter o
perd�o dos nossos pecados. Pedro diz: "Cristo padeceu uma vez
pelos pecados, o justo pelos injustos para levar-nos a Deus". Jo�o
diz: "O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado".
Paulo diz: "Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores." Que
dizem os esp�ritas quanto � morte de Cristo? Dizem: "Cristo
morreu para dar-nos um exemplo de sofrimento, pois � por meio
dos nossos sofrimentos neste mundo, e nos outros mundos depois
deste, que podemos ser purificados." Que erro fundamental se
acha em tal declara��o! Que pervers�o do verdade anunciada
pelos Ap�stolos, homens inspirados por Deus!
(4). O MEIO DA SALVA��O. Muita gente, achando pouca
satisfa��o para a alma nas doutrinas da Igreja Romana, (entre
as quais h� muitas doutrinas que n�o est�o de acordo com os
ensinamentos dos Ap�stolos) passaram para o espiritismo,
esperando achar ali o meio de salva��o. O espiritismo ensina
que "fora da caridade n�o h� salva��o" e que chegaremos �
perfei��o e � perfeita comunh�o com Deus por meio dos nossos
sofrimentos aqui, por praticarmos a caridade, e por meio de muitas
"reencarna��es" em outros mundos, ou outras exist�ncias depois
desta.
Mas a B�blia nos ensina de modo bem diferente. Naquele
livro de Deus eu leio: "Os �mpios ser�o lan�ados no inferno"...
"sem derramamento de sangue n�o h� remiss�o de pecados"...
"pela gra�a sois salvos por meio da f�, e isto n�o vem de v�s,
nem das obras, mas � dom de Deus"... "pelas obras ningu�m
ser� justificado diante de Deus"... "aquele que cr� no Filho de
Deus tem a vida eterna, mas aquele que n�o cr� no Filho de
Deus n�o ver� a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus".
Eu vejo que a B�blia n�o ensina a reencarna��o, mas sim a
ressurrei��o para a vida eterna no Para�so, ou para o castigo
eterno no lago de fogo, depois do homem ser julgado diante do
tribunal de Deus. A nossa salva��o depende, n�o das nossas
obras religiosas nem da nossa caridade, mas sim das nossa
sincera f� em Cristo como o nosso �nico salvador. A morte d'Ele
sobre a cruz foi o sacrif�cio perfeito e completo que pagou o pre�o
do nosso pecado, e agora nestes dias Deus perdoa e salva
eternamente cada pecador que, crendo que Cristo � o Filho de
Deus que se manifestou em carne, O recebe como o seu �nico
Salvador e Senhor. E este � o verdadeiro "novo nascimento" de
que Jesus Cristo fala, e sem o qual ningu�m pode salvar-se.
(5). O INFERNO. Dizem os esp�ritas que tal lugar n�o existe,
pois Deus n�o podia ser justo se castigasse uma pessoa no inferno
para todo o sempre. Ao dizerem isso, os esp�ritas claramente
mostram qu�o desviados est�o das verdades da B�blia Sagrada
� a �nica fonte de informa��es quanto a este assunto. Negando
o que Deus tem revelado na B�blia, os esp�ritas tornam Deus
mentiroso, pois a B�blia fala do INFERNO e fala duma maneira
certa. Cristo mesmo falava deste lugar. Em S�o Lucas, cap. 12,
Cristo disse aos seus ouvintes: "N�o temais os que matam o corpo,
e depois n�o t�m mais que fazer; mas eu vos mostrarei a quem
deveis temer: temei a Deus � aquele que depois de matar TEM
PODER PARA LAN�AR NO INFERNO; � sim a Esse temei." Se
n�o houvesse o inferno ent�o at� Cristo seria enganador, mas
n�o o �, pois o inferno existe e foi preparado para o Diabo e os
seus anjos, e nele ficar�o eternamente os pecadores e os �mpios,
n�o porque Deus assim o queira, mas porque eles t�m rejeitado,
COMO OS ESP�RITAS EST�O FAZENDO, o �NICO SALVADOR
e a �NICA SALVAC�O e meio de escapar ao INFERNO, �nico
meio que lhes � oferecido por Deus, por meio da morte e sacrif�cio
expiat�rio do Senhor Jesus Cristo. Por assim terem feito, ser�
justo que Deus os mande para esse lugar.
Tudo o que eu acabei de dizer, se reduz a isto: o espiritismo,
embora pretenda aceitar a B�blia como a palavra de Deus, contudo
desobedece aos mandamentos e nega o ensino de Deus, de
Jesus cristo e dos santos ap�stolos: a pr�pria base do espiritismo
� o consultar os mortos � � uma plena desobedi�ncia a Deus;
o ensino esp�rita acerca de Cristo � o verdadeiro anti-cristianismo;
e oferece ao povo um meio de salva��o absolutamente falso. Por
estas raz�es os esp�ritas n�o querem que o povo leia a B�blia,
mas p�em nas m�os da gente um outro livro, � "O Evangelho
segundo o Espiritismo"- livro que cont�m alguns trechos copiados
da B�blia, �s vezes erradamente, mas n�o inclui os mandamentos
e ensinos da B�blia que CONDENAM A PR�TICA E AS
DOUTRINAS DO ESPIRITISMO.
A verdade � esta: aquele que quer seguir a B�blia n�o pode
seguir o espiritismo; � e por isso eu n�o sou esp�rita.
FIM
CONSIDERA��ES PRELIMINARES
O articulista que elaborou o op�sculo que serviu de base a este
nosso trabalho fez � como � comum acontecer com os protestantes
que combatem o Espiritismo � um pin�amento na B�blia de cita��es
isoladas, para fundamentar o seu ponto de vista. Neste livro, iremos
analisar, uma a uma, as 16 cita��es por ele utilizadas e, para sua melhor
compreens�o, reunimo-las abaixo. Destacamos, por oportuno, que
boa parte das cita��es foi transcrita sem refer�ncia � fonte.
1. "N�o se ache entre v�s quem consulte adivinhos, nem que
seja feiticeiro, ou encantador, nem quem consulte os mortos; porque
a todas estas coisas abomina o Senhor, e por semelhantes maldades
exterminar� Ele estes povos". (Deuteron�mio, cap. 18).
2."0 homem ou mulher em que houver esp�rito pit�nico ou
de adivinho, morram de morte; apedrej�-los-�o; o seu sangue caia
sobre eles" (Lev�tico, cap. 20).
3."Quando vos disserem, Consultai os pit�es e os adivinhos,
que murmuram em segredo nos seus encantamentos; � acaso n�o
consultar� o povo ao seu Deus? h� de ir falar com os mortos acerca
dos vivos? antes � lei e ao testemunho � que se deve recorrer." (Isa�as
cap. 8:19-20.)
4. "Deus se manifestou em carne" (I Tim�teo, cap. 3);
5. "foi ferido pelas nossas transgress�es e quebrantado pelas
nossas iniquidades"
6."01hai para as minhas m�os e p�s, porque sou Eu mesmo;
apalpai e vede, que um esp�rito n�o tem carne nem ossos COM O
V�S VEDES QUE EU TENHO." (Lucas Cap. 24).
7."N�o creais a todo o esp�rito, mas provai se os esp�ritos s�o
de Deus, porque muitos falsos profetas se levantaram no mundo; nisto
conhecereis o Esp�rito de Deus: Todo o esp�rito que confessa que Jesus
Cristo veio em carne � de Deus, mas todo o esp�rito que n�o confessa
que Jesus Cristo veio em carne n�o � de Deus, mas sim o do Anticristo,
que agora j� est� no mundo" (Jo�o l�. carta).
8. "Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos
para levar-nos a Deus" (Pedro)
9. "O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado"
(Jo�o)
10. "Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores." (Paulo)
1 l."Os �mpios ser�o lan�ados no inferno"
12. "sem derramamento de sangue n�o h� remiss�o de pecados"
13."pela gra�a sois salvos por meio da f�, e isto n�o vem de v�s,
nem das obras, mas � dom de Deus"...
I4."pelas obras ningu�m ser� justificado diante de Deus"
15."aquele que cr� no Filho de Deus tem a vida eterna, mas
aquele que n�o cr� no Filho de Deus n�o ver� a vida, mas sobre ele
permanece a ira de Deus".
16. "N�o temais os que matam o corpo, e depois n�o t�m mais
que fazer; mas eu vos mostrarei a quem deveis temer: temei a Deus �
aquele que depois de matar TEM PODER PARA LAN�AR NO
INFERNO; � sim a Esse temei." (Lucas, cap. 12).
I. A PALAVRA DE DEUS
A B�blia �, para n�s, um Livro hist�rico, prof�tico e revelador
por excel�ncia. Nela est�o os mais belos ensinos e revela��es acerca da
vida e do destino espiritual do Homem.
Mois�s com os Dez Mandamentos, e Jesus com o Evangelho,
trouxeram para o nosso mundo verdades que, por serem aplic�veis a
todos os povos e por toda a eternidade, t�m o car�ter de revela��es
divinas. Em suma, aqueles ensinos traduzem as Leis Morais de Deus.
A fim de atender interesses diversos, quase sempre de car�ter
pessoal, muitos religiosos tiram proveito do pouco conhecimento que
as pessoas t�m da B�blia e disseminam o falso ensino de que tudo que
ali est� escrito prov�m diretamente de Deus. Outros, por ingenuidade
ou falta de reflex�o, fazem o mesmo, e espalham a id�ia de que a
B�blia n�o pode ser questionada, por ser a Palavra de Deus.
A B�blia � dividida em duas partes: Antigo e Novo Testamento.
No Antigo est�o registrados os ensinamentos provenientes da Lei de
Mois�s. No Novo est�o os ensinos oriundos do Cristo.
Os livros que comp�em a B�blia foram escritos por homens,
sob inspira��o do Plano Maior. S� o fato de terem sido escritos por
homens j� � suficiente para se perceber a possibilidade de introdu��o,
nos escritos, de erros e opini�es pr�prias de quem os escreveu. Como
o homem � imperfeito, essa caracter�stica naturalmente migrou para
os livros.
Admite-se, apesar de algumas discord�ncias, que Mois�s tenha
escrito os cinco primeiros livros da B�blia (G�NESIS, �XODO,
LEV�TICO, N�MEROS e DEUTERON�MIO) cerca de 1400 anos
antes de Cristo. Para escrever o G�nesis, que em grego significa "origem,
fonte, cria��o", � poss�vel que Mois�s tenha-se utilizado de registros
hist�ricos, orais e escritos, que faziam parte da cultura do povo hebreu,
a� inclu�da a vers�o do primeiro casal humano, simbolizado em Ad�o
e Eva.
Excetuada a revela��o divina simbolizada nos DEZ
MANDAMENTOS, os livros de Mois�s limitam-se a narrar a hist�ria
do povo hebreu (posteriormente chamado de judeu), com seus h�bitos
e costumes. Destacam-se claramente em referidos livros:
a) a lei de Deus, contida nos Dez Mandamentos (�xodo cap.20,
Deuteron�mio 5);
b) as leis civis estabelecidas pelo pr�prio Mois�s para disciplinar
0 povo hebreu ap�s a sa�da do Egito (Exemplos: �xodo cap. 21 a 23;
Lev�tico cap. 17, 18, 20; Deuteron�mio cap. 19 a 26);
c) o cerimonial de adora��o, tamb�m definido por Mois�s,
que prevaleceu para aquela �poca, incluindo rituais de purifica��o e
at� os festejos religiosos. (Exemplos: �xodo cap. 25 a 31; Lev�tico cap.
1 a 7; 11 a 15; 19 a 27; 23 a 25).
O estudo da B�blia tem que ser feito de forma criteriosa. Bom
senso e reflex�o n�o se constituem em transgress�o �s leis de Deus.
Assim � que, relativamente ao Antigo Testamento, o estudioso da B�blia
precisa ter discernimento suficiente para distinguir o que � Lei de
Deus, e o que �Lei civil e cerimonial religioso institu�dos por Mois�s.
Para que as Leis civis e o cerimonial estabelecidos lograssem
aceita��o, respeito e cumprimento, Mois�s alegou procederem de
Deus. A atitude daquele legislador � inteiramente compreens�vel, pois
lidava com um povo bastante rude e indisciplinado, que em diversas
ocasi�es se rebelou contra seu l�der, no curso dos 40 anos que durou a
travessia do deserto (sa�da do Egito at� a chegada na terra prometida
� Cana�).
Desde j�, um racioc�nio se imp�e: tudo que � produto do
homem � mut�vel, � imperfeito, e tem aplica��o restrita a determinada
�poca e povo. Tudo que � de Deus � eterno, ou seja, se aplica a todos
os povos e em todas �pocas, no passado, no presente e no futuro.
Um exemplo not�rio de que Mois�s se valeu do nome de Deus,
est� em �xodo cap. 32, vers. 27 e 28. Vejam voc�s que preciosidade
ele atribuiu ao Criador:
"E disse-lhes: Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: Cada
um ponha a sua espada sobre a sua coxa; e passe pelo arraial de porta
em porta, c mate cada um a seu irm�o, e cada um a seu amigo, e
cada um a seu pr�ximo. E os filhos de Levi fizeram conforme a palavra
de Mois�s: e ca�ram do povo, naquele dia, uns tr�s mil homens".
Isto se deu logo ap�s a descida do Monte Sinai, onde ele havia
recebido as T�buas da Lei. Voltando para o arraial encontrou a adora��o
um bezerro de ouro feito pelo seu povo, e tomado de furor mandou
matar os id�latras. Temos a�, duas situa��es nitidamente distintas: A
Lei de Deus, rec�m-recebida, que dizia N�O MATAR�S, e a rea��o
de Mois�s, como homem, ferido em seus sentimentos, determinando
aquela extravagante senten�a de morte e conseguinte matan�a.
E voc� o que acha? De quem teria sido a autoria da senten�a
ordenando a morte daquelas pessoas apanhadas em fraqueza? De Deus
ou de Mois�s?
Seria admiss�vel que Deus, o Criador de todas as coisas, o Pai
de todos os homens, que acabara de entregar as T�buas da Lei a Mois�s
ordenando N�O MATARAS (sexto Mandamento), tivesse mudado
de pensamento t�o rapidamente, diante de um simples ato de fraqueza
de seus filhos? Para que ent�o os Mandamentos, se seu pr�prio autor
autorizava sua desobedi�ncia?
A B�blia relata, com bem poucas palavras, que 3.000 homens
ali tombaram. Espere a�, vamos pensar direitinho! Foram 3.000 vidas
humanas sacrificadas. Ali existiam pais de fam�lia, filhos, irm�os etc.
E que foram friamente assassinados, deixando �rf�os e vi�vas. N�o
pense voc� que num ato de m�gica eles ca�ram mortos ao ch�o. N�o,
nada disso. Houve uma verdadeira carnificina humana. Os homens
liderados por Mois�s mataram a golpe de espada aquela singela
multid�o de supostos pecadores. O texto b�blico diz que:
"E aconteceu que, chegando ele ao arraial e vendo o bezerro e
as dan�as, acendeu-se o furor de Mois�s, e arremessou as T�buas das
suas m�os, e quebrou-as ao p� do monte." (�xodo 20:19).
N�s perguntamos a voc�: Quem se enfureceu com a situa��o,
foi Deus ou Mois�s? N�o preciso responder, o texto fala por si mesmo.
Seria Deus acometido de furor? Claro que n�o. Esses sentimentos
negativos est�o presentes apenas nos homens, porque ainda s�o
imperfeitos. Deus � infinitamente perfeito, do contr�rio n�o seria Deus.
No entanto, para efetivar aquela tr�gica medida, Mois�s se valeu
do nome divino para conferir credibilidade e lograr o seu cumprimento.
Disse que aquela determina��o provinha de Deus. Fez o mesmo ao
estabelecer a Lei Civil e o cerimonial de adora��o. Declarou que tudo
era recomenda��o de Deus. Ponderada a conjuntura da �poca, �
compreens�vel que tivesse que agir assim para ser obedecido.
Existem, nos livros do legislador hebreu, diversas recomenda��es
que guardam inteira coer�ncia com o c�digo moral contido nos DEZ
MANDAMENTOS e, obviamente, com os ensinos de Jesus. S�o
lances que refor�am nossa afirma��o de que a matan�a das 3.000
pessoas desobedientes foi decis�o de Mois�s, jamais de Deus. Veja
esse exemplo:
"N�o te vingar�s, nem guardar�s ira contra os filhos do teu
povo; mas amar�s o teu pr�ximo como a ti mesmo. Eu sou o
SENHOR" (Lev�tico 19-18);
Voc� h� de concordar conosco que Deus, fonte inspiradora do
ensino acima, n�o iria agir de forma contr�ria, mandando matar. Seria
exigir do homem aquilo que nem Ele pr�prio seria capaz de fazer.
A menos que voc� admita que Deus, tal qual os homens, atue
de conformidade com o momento. Ora quer uma coisa, ora outra. A
imutabilidade � um dos atributos divinos e sem ela toda a Cria��o
estaria comprometida.
O verdadeiro sentido do amor ao pr�ximo, constante da cita��o
acima, n�o foi assimilado pelo povo hebreu, nem mesmo por Mois�s.
Coube a Jesus, muito posteriormente, aprofundar esse ensino,
exemplificando-o. Cabe, agora, ao Espiritismo, recordar esse mesmo
ensino, ampliando-o.
Fa�o aqui uma ressalva: n�o estamos julgando ou censurando
Mois�s. Estamos abordando um fato ver�dico, para embasar nossa
conclus�o de que Mois�s se utilizava do nome de Deus, para atingir
seus prop�sitos.
Ali�s, � bom que se diga, n�o foi apenas Mois�s que fez uso do
nome do Senhor Deus, para alicer�ar seus ensinamentos e sua
legisla��o, mesmo aquela que era de natureza puramente civil. V�rios
outros profetas do Antigo Testamento tamb�m assim agiram.
Isa�as, Jeremias, Ezequiel, por exemplo, ao interpretar e repassar
ensinamentos freq�entemente diziam "Assim diz o SENHOR...". E
isso fez com que a B�blia, como um todo (Antigo e Novo Testamento),
passasse a ser rotulada como A PALAVRA DE DEUS.
S� como exemplo, vamos citar alguns desses momentos,
destacando que at� para trato de assuntos triviais, o nome do Senhor
foi utilizado:
"Assim diz o Senhor Jeov� dos Ex�rcitos: Anda, vai ter com
este tesoureiro, com Sebna, o mordomo e dize-lhe: que � que tens
aqui? Ou a quem tens tu aqui, para que cavasses aqui uma sepultura..."
(Isa�as 22:15);
"Assim diz o Senhor Jeov�, que ajunta os dispersos de Israel:
Ainda ajuntarei outros aos que j� se ajuntaram. V�s todos os animais
do campo, todas as feras dos bosques, vinde comer" (Isa�as 56, vers. 8
e 9);
"Diz ainda mais o Senhor: Porquanto as filhas de Si�o se
exaltam, e andam de pesco�o erguido, e t�m olhares impudentes, e,
quando andam, como que v�o dan�ando, e cascavelando com os p�s"
(Isa�as 3:16);
"Assim diz o Senhor: Que injusti�a acharam vossos pais em
mim, para se afastarem de mim, indo ap�s a vaidade e tornando-se
levianos? (Jeremias 2:5);
"Assim diz o Senhor: Do mesmo modo farei apodrecer a soberba
de Jud� e a soberba de Jerusal�m. Este povo maligno, que se recusa a
ouvir as minhas palavras, que caminha segundo o prop�sito do seu
cora��o e anda ap�s deuses alheios, para servi-los e inclinar-se diante
deles, ser� tal como este cinto, que para nada presta (Jeremias 13,
vers. 9 e 10);
"Assim diz o Senhor: Eis que levantarei um vento destruidor
contra a Babil�nia e contra os que habitam no cora��o dos que se
levantam contra mim" (Jeremias 51:1)
"Assim diz o Senhor Jeov�: n�o ser� mais retardada nenhuma
das minhas palavras, e a palavra que falei se cumprir�" (Ezequiel 12:28);
"Assim diz o Senhor Jeov�: Eis a� vou eu contra as vossas
almofadas, com que v�s ali ca�ais as almas como aves, e as arrancarei
de vossos bra�os; e soltarei as almas que v�s ca�ais como aves" (Ezequiel
13:20);
"Assim diz o Senhor Jeov�: Como a videira entre as �rvores do
bosque, que tenho entregado ao fogo para que seja consumida, assim
entregarei os habitantes de Jerusal�m" (Ezequiel 15:6).
Todos os grifos, negritos e palavras sublinhadas, que aparecem
neste livro, s�o de nossa autoria e se destinam a focar sua aten��o
naquilo que est� real�ado.
Fal�vamos de que, no Antigo Testamento, muitos se valeram
do nome do Senhor para alicer�ar seus ensinamentos. � importante
que tenhamos isso em mente porque, como veremos adiante, a
condena��o ao Espiritismo, por parte de Deus, N�O EXISTE NA
B�BLIA.
O articulista para apontar o Espiritismo como pr�tica
abomin�vel ao Senhor, evoca cita��es isoladas de Mois�s, ou derivadas
de seus ensinos, desvirtuando-as propositadamente de seu verdadeiro
sentido.
Ao tecer considera��es iniciadas com a frase "Na B�blia, Deus
diz... isso e aquilo", est� visivelmente tentando impressionar as pessoas
ing�nuas e desconhecedoras do assunto, utilizando-se
improcedentemente do nome sagrado de Deus.
J� de in�cio ele usa essa apela��o escrevendo: "Mas na B�blia,
Deus diz: "n�o se ache entre v�s quem consulte adivinhos...". Logo
depois: Tamb�m Deus diz: "O hombem ou mulher em que houver
esp�rito pit�nico ou de adivinho...". E adiante: "Deus diz que �
abomina��o a Ele...".
A verdade � esta: Deus n�o disse nada disso. Quem disse foram
os profetas que escreveram ditas recomenda��es e, ao faz�-lo, n�o
objetivaram condenar o Espiritismo. Por sinal, disseram muitas outras
coisas que os irm�os "evang�licos" sequer imaginam obedecer, como
teremos oportunidade de abordar no corpo deste livro.
O atento estudioso da B�blia ver� que o Antigo Testamento �
que muitos n�o l�em porque � volumoso demais � cont�m repeti��es
que tornam sua leitura cansativa. Por exemplo, o Deuteron�mio, o
�ltimo livro de Mois�s, � praticamente uma repeti��o de todos os
ensinos j� constantes dos quatro livros anteriores (Os Dez
Mandamentos, a Lei civil, os rituais e cerimoniais religiosos).
O Antigo Testamento cont�m coisas totalmente dispens�veis e
outras impr�prias para os tempos atuais, repetidamente mencionadas.
Grande parte dos registros ali existentes se destinou a preservar a
hist�ria do povo hebreu: seus costumes, suas guerras e conquistas,
seus descendentes e seus conflitos internos.
Entre esses costumes, cito um bem exc�ntrico para os dias de
hoje e que tamb�m teria sido recomendado por Deus: a matan�a de
bodes e carneiros, entre outros animais, cujo sangue era ofertado ao
Senhor como meio de repara��o de pecados.
Cada �poca tem sua hist�ria. Cada coisa tem sua raz�o de ser.
Dentre aquele povo, Mois�s era o Esp�rito encarnado que detinha
melhores condi��es de cumprir aquela miss�o. E fez o que estava ao
seu alcance: combateu a idolatria; instituiu o culto ao Deus �nico;
estabeleceu leis civis para reger as rela��es sociais e legou-nos a Primeira
Revela��o de Deus, simbolizada nos DEZ MANDAMENTOS,
contribuindo para o melhoramento espiritual dos homens.
O grande destaque da vida de Mois�s foi sua dedica��o a Deus.
Embora assim, a revela��o que lhe foi confiada ficou limitada aos Dez
Mandamentos, em virtude da pequena capacidade de assimila��o que
o povo hebreu demonstrava a �poca, acerca de Deus e da Sua cria��o.
Com o advento do Cristianismo, os ensinos de Mois�s e de
outros profetas que o sucederam, passaram a constituir o Antigo
Testamento. Uma nova e mais ampla revela��o foi oferecida ao homem
por Jesus, contrapondo-se, em muitos pontos, aos rituais, cerimoniais
e costumes daquele povo. Nessa nova revela��o, intitulada de Novo
Testamento, seu inspirador, o Mestre e Senhor Jesus, em nenhum
momento condenou a consulta aos mortos.
Entre o Antigo Testamento e o Novo h� uma diferen�a
consider�vel de linguagem e de ensinamentos. Naquele, a enfadonha
hist�ria do povo judeu, pr�ticas e preocupa��es que n�o fazem mais
sentido agora. Neste a ess�ncia da Lei Moral de Deus. Os evangelistas,
Mateus, Marcos, Lucas e Jo�o, tiveram a miss�o de escrever para a
posteridade o ensinamento espiritual do Cristo, que cont�m tudo o
que necessitamos saber e praticar para nos tornarmos limpos de
cora��o.
Com o advento do Novo Testamento encerrou-se o ciclo da
Revela��o mosaica. Os ensinos de Jesus cont�m tudo aquilo que, de
divino, existia no Antigo Testamento. Por esta raz�o, aquelas antigas
recomenda��es e preocupa��es se tornaram fr�geis e inadequadas
diante da nova sabedoria ensinada pelo Cristo.
Costumamos, quando vemos algu�m recorrer ao Antigo
Testamento, perguntar: E Jesus, o que disse a respeito? � isto que
interessa. A opini�o de Jesus � a que vale. Pouco nos importa a opini�o
dos antigos profetas, se Jesus sobre o assunto ensinou de forma
contr�ria.
No Novo Testamento temos li��es que educam para a Vida
Superior; testemunhos do Cristo; exemplos de f�. A Revela��o leg�tima
e verdadeira de Deus, imut�vel e perfeita, aplic�vel ontem, hoje e
sempre.
Vamos imaginar que se perdessem todos os registros do Antigo
Testamento. Que aconteceria com a Palavra de Deus? Como ficariam
os homens? Faria alguma falta? O Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo, seria ou n�o suficiente para conduzir o homem a Deus? Quem
representa A PALAVRA DE DEUS melhor de que Jesus? Ser� que os
ensinos de Jesus ficariam inv�lidos se fossem perdidos os Antigos
Testamentos?
Pense nisso!
N�o estamos condenando ao esquecimento os Antigos
Testamentos. Estamos comparando a revela��o antiga com aquela
trazida por Jesus, para mostrar que NO CRISTIANISMO SE
ENCONTRAM TODAS AS VERDADES, como nos afirmam os
Esp�ritos.
O Espiritismo � o Cristianismo de volta.
Ampara-se basicamente nos ensinos de Jesus. Renova
firmemente as suas li��es e seus exemplos, voltados para a caridade e
o amor ao pr�ximo. Traz de volta os esquecidos ensinos do Mestre,
inclusive aqueles que se contrap�em aos rituais e conceitos do Antigo
Testamento. D�-lhes amplitude e desdobramento, porque o pr�prio
Jesus estabeleceu que assim seria. Damos apenas alguns exemplos,
porque seria imposs�vel retratar aqui todas as oposi��es de Jesus a
muitos dos conceitos do AT (Antigo Testamento):
"Ouviste o que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu,
por�m, vos digo que n�o resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na
face direita, oferece-lhe tamb�m a outra" (Mateus 5:38); op�e-se a
Deuteron�mio 19:21.
"Ouviste o que foi dito: "Amar�s o teu pr�ximo e aborrecer�s o
teu inimigo. Eu, por�m, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei
os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que
vos maltratam e vos perseguem" (Mateus 5:43); op�e-se a
Deuteron�mio 23:6.
"Tamb�m foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, que lhe d�
carta de desquite. Eu, por�m, vos digo que qualquer que repudiar sua
mulher, a n�o ser por causa de prostitui��o, faz que ela cometa
adult�rio; e, qualquer que casar com a repudiada comete adult�rio"
(Mateus 5:31); op�e-se a Deuteron�mio 24:1.
"Mestre, esta mulher foi apanhada, no pr�prio ato, adulterando,
e, na Lei, nos mandou Mois�s que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois,
que dizes?... E como insistissem perguntando-lhe, endireitou-se e disse-
lhes: Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecados" (Jo�o 8:1
a 7); op�e-se a Deuteron�mio 22:22-24
"E era s�bado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos"
(Jo�o 9:14). "Ent�o, alguns dos fariseus diziam: Este homem n�o � de
Deus, pois n�o guarda o s�bado" (�xodo 16:29; Jo�o 9:16) (�xodo
35:2; Lev�tico 16:31).
"Mas se v�s soub�sseis o que significa: miseric�rdia quero e
n�o sacrif�cio, n�o condenar�eis os inocentes" (Os�ias 6:6; Mateus 12:7)
"E eis que est� aqui quem � maior do que Salom�o" (Mateus
12:42); no Antigo Testamento Salom�o � considerado o maior de
todos os reis da Terra.
"Outrossim, ouviste que foi dito aos antigos: N�o perjurar�s,
mas cumprir�s teus juramentos ao Senhor. Eu, por�m, vos digo que,
de maneira nenhuma jureis..." (Lev�tico 19:12; Mateus 5:33)
Entre Mois�s e Jesus decorreram 1.400 anos (ou 1.250 anos,
segundo outros estudiosos). Coube ao Cristo revelar ao Homem a
verdadeira imagem e o mais puro conceito de Deus, traduzido numa
s� palavra: Pai. Coube ao Cristo revelar-nos a Vida Espiritual, e o
caminho a seguir para alcan��-la. Coube ao Mestre desfazer antigos
conceitos e contradi��es, sem, contudo, desmerecer o trabalho dos
antigos profetas, que teve, a seu tempo, sua raz�o de ser.
� lament�vel que ap�s 2.000 anos de Evangelho ainda existam
irm�os que abandonem o Cristo com suas li��es e exemplos �
inclusive exemplos de contatos com os mortos, conforme veremos -, e
recorram a conceitos e ila��es deturpadas do Antigo Testamento, para
combater uma Doutrina que, prometida por Jesus, vem sob sua
dire��o, promover a reforma moral dos homens. S�o de Jesus os
seguintes ensinamentos:
"Muita coisa tinha para vos dizer, mas v�s n�o o podeis suportar
ainda" (Jo�o 16:12).
"Conhece-se a �rvore pelo fruto. Assim toda �rvore boa produz
bons frutos, e toda �rvore m� produz frutos maus" (Mateus 7:16).
"Porque quem n�o � contra n�s � por n�s (Marcos 9:40).
"Mas aquele Consolador, o Esp�rito Santo, que o Pai enviar�
em meu nome, vos ensinar� todas as coisas e vos far� lembrar de tudo
quanto vos tenho dito" (Jo�o 14:26).
Ao dizer que o Consolador viria para "lembrar" tudo o que nos
havia dito, Jesus previa que seus ensinos seriam esquecidos ou
preteridos por outros. Claro, s� se lembra alguma coisa quando ela
est� esquecida. Infelizmente, � for�oso admitir isto, muitos dos que se
dizem seguidores do Senhor Jesus trocam os conceitos e exemplos do
Mestre pelos do Antigo Testamento. Esquecem, lamentavelmente, de
Jesus.
Atualmente, 2.000 anos ap�s a vinda do Messias � e ainda
desconhecendo todos os atributos divinos, devido � nossa ignor�ncia
espiritual �, j� temos condi��es de entender que Deus, o Criador de
todas as coisas, foi ontem, � hoje, e ser� amanh�, o Mesmo. Dentre
seus infinitos atributos est�o a onisci�ncia, a onipresen�a, a
imutabilidade, o amor, a perfei��o, a justi�a, a bondade etc, qualidades
estas transmitidas a tudo que � obra Sua, de natureza f�sica, moral e
espiritual.
Alguns dos atributos divinos nos foram revelados por Jesus:
A onipot�ncia: "Aos homens isso � imposs�vel, mas a Deus tudo
� poss�vel" (Mateus 19:26);
A bondade: "Se v�s, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos
vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que est� nos c�us" (Mateus 7:11);
"N�o h� bom sen�o um s� que � Deus" (Mateus 19:17);
A perfei��o: "Sede perfeitos, como perfeito � o Pai que est� nos
c�us" (Mateus 5:48).
Note que o mundo mudou. De Mois�s at� os nossos dias s�o
passados 3.400 anos. O homem progrediu extraordinariamente, nas
artes, na ci�ncia, na filosofia, no seu aprendizado rumo � perfei��o.
Agora, proponho a voc� uma reflex�o: o conceito que hoje temos
acerca de Deus, ser� o mesmo da �poca dos antigos profetas? Ter�
havido algum progresso nesse entendimento?
Mois�s pregou a imagem de um Deus dos Ex�rcitos, que tinha
advers�rios e patrocinava a defesa de uns contra os outros, enquanto
Jesus revelou ser Deus um Pai misericordioso, justo e bom. Qual dos
dois conceitos est� mais coerente com a grandiosidade e beleza da
Cria��o? O de Mois�s ou o de Jesus?
O que voc� acha, Deus mudou? Deixou de ser Deus dos
Ex�rcitos para ser o Pai Misericordioso? N�o, jamais. Ele continua o
mesmo. Mudaram, no entanto, nossa condi��o de compreend�-Lo e
nosso modo de am�-Lo.
O Deus dos Ex�rcitos teve seu momento hist�rico e sua raz�o
de ser. O Deus irado e abominado n�o existe, foi fruto da nossa
concep��o passada, quando desconhec�amos sua sabedoria, seu poder
e seu amor. Julg�vamo-Lo igual aos homens, capaz de abrigar
sentimentos inferiores de vingan�a e ira.
De Jesus at� nossos dias s�o 20 s�culos de avan�o. Entendemos
melhor as li��es do Mestre, transmitidas, em grande parte, por meio
de par�bolas e alegorias. Ele n�o nos ensinou tudo, posto que, conforme
nos disse, "n�o pod�amos suportar ainda" Jo�o cap. 16, vers. 12).
Mas deixou-nos esclarecido o suficiente para que, nos dias atuais,
tiv�ssemos uma vis�o mais ampla de Deus, liberando-0 de ser aquele
perseguidor implac�vel.
Que s�o os erros do homem diante do poder de Deus? Nada,
absolutamente nada. Deus est� muito acima disso, mas muito acima
mesmo. N�o seriam nossas infra��es, fruto de nossa ainda
inferioridade, que iriam tirar-Lhe a beatitude e infinita felicidade.
Deus nos criou para a vida, e para que a tenhamos em
abund�ncia Jo�o 10:10). Ou seja, vida para sempre. Eterna, como
tudo que � obra Sua. Para reger nossos destinos, corrigir nossas
imperfei��es e premiar nossos m�ritos, criou Leis. Erros e acertos,
virtudes e defeitos, a��es e rea��es dos homens, acionam Leis perfeitas
e justas, que cobram do infrator a devida repara��o, ou premiam-lhe
de conformidade com seus m�ritos.
A magnanimidade da sabedoria divina e sua excelsa grandeza
est�o expressas nas suas obras perfeitas e justas. Dentre estas obras
est�o suas Leis, imut�veis e eternas. Tudo o que o homem inventa ou
faz, decorre pura e simplesmente da descoberta de leis que j� existem
e que foram criadas por Deus. O homem, por si s�, nada cria. Ele
descobre recursos que Deus p�s ao seu alcance atrav�s da ci�ncia, do
trabalho e do progresso. O homem descobre cada vez mais que ele �
apenas uma pequenina parte neste grandioso concerto que � a Vida.
Vamos pensar grande, gente! Deus � extraordinariamente s�bio
e infinitamente poderoso. Essas questi�nculas pequenas acerca do que
Lhe agrada ou desagrada vem consumindo s�culos e mais s�culos, em
v�o. N�o leva a absolutamente nada. � fruto do nosso atraso espiritual.
Deixemos de lado esse apego � letra, � tradu��o literal do que
est� escrito na B�blia, at� porque ningu�m garante a autenticidade do
que chegou at� nossos dias, por raz�es v�rias, entre elas as sucessivas
tradu��es do original, e os erros de origem humana que foram
sorrateiramente enraizados.
Vamos pensar grande, sim. Deus existe, e � infinitamente justo,
s�bio e bom. A concep��o de "dem�nios" e "inferno", j� n�o guarda
mais rela��o com o est�gio atual de evolu��o em que nos encontramos.
Deus � Pai, somos seus filhos. Fazemos parte da fam�lia divina, e dia
vir� em que nos reuniremos com Deus, puros e perfeitos.
Ningu�m se perder�. Todos redimir�o seus erros e se
aperfei�oar�o.
Certa feita Jesus abordou uma mulher samaritana. Ap�s algumas
instru��es que ouviu, a mulher percebeu que tinha diante de si um
profeta. Naquela �poca se discutia qual o melhor lugar para se adorar
Deus. Os judeus, orgulhosos, consideravam-se superiores aos
samaritanos, a ponto de n�o lhes dirigir a palavra. Faziam suas
adora��es no Templo, em Jerusal�m. Os samaritanos, mais humildes,
sem acesso ao Templo, faziam suas adora��es nos montes. A grande
quest�o do momento era saber qual o melhor local para adorar Deus:
no Templo ou no Monte? Quem procedia melhor, os judeus ou os
samaritanos? A mulher aproveitou o ensejo para perguntar ao Mestre,
sobre o assunto. Sabe qual foi a resposta do Cristo:
"Mulher, cr�-me que vem a hora em que nem neste monte nem
em Jerusal�m adorareis o Pai". "Deus � esp�rito e importa que os que o
adoram o adorem em esp�rito e em verdade" (Jo�o cap. 4, vers.l a 30).
A preocupa��o da samaritana hoje n�o se justifica. Mas naquele
tempo tinha sua raz�o de ser. Parece uma tolice: onde adorar Deus,
no monte ou no Templo? Mas era uma preocupa��o procedente para
aquela humilde mulher.
Sabe o que isso nos lembra? Essa coisa tola de hoje em que
muitos fi�is ficam disputando qual a melhor igreja, qual o caminho
verdadeiro para Deus. Todas as igrejas s�o boas e todas encaminham o
homem para Deus. Cada uma exerce um papel relevante, atendendo
�s necessidades evolutivas de cada ser. Cada um de n�s se ajusta �
corrente religiosa compat�vel com sua percep��o espiritual. E essa
percep��o espiritual decorre do grau evolutivo em que nos situamos
na vida.
O cuidado que se deve ter � que, infiltrados em alguns
movimentos religiosos, existem os lobos, vestidos de cordeiro. S�o os
que exploram a ingenuidade e a boa f� alheia. Para reconhec�-los,
basta que ou�amos Jesus: "Conhece-se a �rvore pelo fruto".
"Porque n�o h� boa �rvore que d� mau fruto, nem m� �rvore
que d� bom fruto. Porque cada �rvore se conhece pelo seu pr�prio
fruto; pois n�o se colhem figos dos espinheiros, nem se vindimam
uvas dos abrolhos" (Lucas 6, vers. 43 e 44).
A verdade � uma s�: somos todos, sem exce��o, Esp�ritos
caminhando para Deus. Kardec diz que "quem estiver satisfeito na
sua religi�o, permane�a. O Espiritismo � para os que querem saber
mais".
Parodiando o Cristo, poderemos dizer: o dia vem em que n�o
precisaremos sequer recorrer � B�BLIA para ador�-Lo. Seremos
Esp�ritos puros, e todos os seus ensinos estar�o eternamente gravados
em nosso cora��o e automatizados em nossos pensamentos e atos.
Nos dias atuais, � absolutamente ing�nua ou maldosa a prega��o
b�blica que compara Deus aos homens, atribuindo-Lhe sentimentos
inferiores, tal qual a "ira".
Depois do Cristo, e do que Ele nos revelou acerca do Pai, �
inaceit�vel que ainda se fa�a tal imagem de Deus.
II. CONSULTAR OS MORTOS
Diz o articulista que criticou e condenou o Espiritismo:
"N�o se ache entre v�s quem consulte adivinhos, nem que
seja feiticeiro, ou encantador, nem quem consulte os mortos;
porque a todas estas coisas abomina o Senhor, e por semelhantes
maldades exterminar� Ele estes povos."
(Deuteron�mio, cap. 18).
Esse trecho, como se v�, foi pin�ado l� do Antigo Testamento.
Deuteron�mio foi o quinto livro escrito por Mois�s e consiste nas
mensagens de despedidas, nas quais ele renovou tudo o que havia
recomendado anteriormente, ao longo dos 40 anos em que
peregrinaram no deserto. Estavam prontos para entrar em Cana�, a
terra prometida. A maior parte do seu povo era constitu�da por gente
nova, nascida no deserto. Segundo estudiosos b�blicos, o cap�tulo final
do livro, de n�mero 34, foi provavelmente escrito por Josu�, o
substituto de Mois�s, visto que nele est� narrada a morte do seu l�der.
Deuteron�mio � um dos livros mais importantes do Pentateuco.
Nele s�o recapitulados: a hist�ria do povo hebreu a partir do Monte
Sinai; a Revela��o divina simbolizada nos Dez Mandamentos; a lei
civil compreendendo os direito de heran�a, de propriedade, dos
primog�nitos, do div�rcio, a administra��o; as leis da guerra; os
cerimoniais religiosos: as festas sagradas anuais (p�scoa, pentecostes e
tabern�culos), a observ�ncia do s�bado, o culto etc., e por fim b�n��os
e maldi��es que recairiam sobre o povo caso obedecesse ou
desobedecesse � Lei.
Temos informa��es de que, atualmente, o percurso realizado
por Mois�s durante quatro d�cadas � poss�vel ser efetuado em, no
m�ximo, 12 horas, de autom�vel ou �nibus. S� este dado demonstra
quanta coisa mudou de l� para c�. E voc� pode at� perguntar: Por que
Mois�s levou 40 anos para efetuar esta transi��o? Por v�rias raz�es,
n�s diremos. E uma delas seria o prop�sito do l�der de fazer com que
a gera��o antiga fosse substitu�da pela nova, antes da entrada em Cana�,
de forma que, chegando no local previsto, n�o introduzissem as pr�ticas
e os costumes antigos, aprendidos no Egito e no contato com outros
povos.
A gera��o nova n�o havia presenciado os fen�menos que
antecederam � sa�da do Egito, nem vivido as dificuldades iniciais da
travessia no deserto. Mostrava-se menos rebelde e menos desobediente.
Havia sido instru�da � luz da Revela��o mosaica e estava, portanto,
em melhor condi��o de garantir fidelidade aos preceitos religiosos
institu�dos por seu l�der.
Embora o Deuteron�mio tenha sido escrito j� no final da miss�o
terrena de Mois�s, o legislador hebreu revelou grande interesse pela
sua perpetua��o. Passou a ser seu livro preferido. Houve tamanha
preocupa��o do legislador para com a conserva��o, o conhecimento e
o cumprimento daqueles escritos que ele determinou sua leitura
p�blica e integral, a cada sete anos:
"E deu-lhes ordem Mois�s, dizendo: Ao fim de cada sete anos,
no tempo determinado do ano da remi��o, na Festa dos Tabern�culos,
quando todo o Israel vier a comparecer perante o SENHOR, teu Deus,
no lugar que ele escolher, ler�s esta Lei diante de todo o Israel aos seus
ouvidos" (Deuteron�mio 31:10 e 11).
Por for�a disto, o Deuteron�mio passou a ser o livro mosaico
mais difundido, a ponto de ter trechos seus citados inclusive por Jesus.
Veja esse momento:
"E um doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo:
Mestre, qual � o grande mandamento da Lei? E Jesus disse-lhe: Amar�s
o Senhor, teu Deus, de todo o teu cora��o, e de toda a tua alma, e de
todo o teu pensamento. Este � o primeiro e grande mandamento"
(Mateus 22:35 a 38).
A resposta dada por Jesus foi em cima do que se cont�m em
Deuteron�mio 6:5, com um detalhe extraordinariamente interessante:
Jesus fez ver ao doutor da lei que era conhecedor da Lei Antiga,
respondendo literalmente o assunto, mas n�o se limitou ao que estava
escrito no Antigo Testamento.
Numa demonstra��o clara de que estava ali para reformular
conceitos e dar a eles amplitude, Jesus complementou a resposta,
dizendo: "E o segundo, semelhante a este, �: Amar�s o teu pr�ximo
como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os
profetas." (Mateus 22:39 a 40).
O amor ao pr�ximo j� era mencionado em partes do Antigo
Testamento. Mas n�o era o Segundo Maior Mandamento. Jesus foi
quem o disse e calou a boca dos doutores da Lei. Dentre os Dez
Mandamentos, o segundo � o que pro�be imagens de escultura, a
adora��o a outros deuses, o polite�smo.
Diz o articulista que "...a doutrina e a pr�tica do espiritismo
s�o contr�rias ao ensino da B�blia" e cita de in�cio o que se cont�m em
Deuteron�mio 18. "N�o se ache entre v�s quem consulte adivinhos,
nem que seja feiticeiro, ou encantador..". Opomo-nos ao seu racioc�nio,
pelas seguintes raz�es:
l. Como vimos, Mois�s teve como miss�o maior combater o
Polite�smo. Revelar a exist�ncia do DEUS �NICO. Cumpria-lhe,
evidentemente, combater todo e qualquer ritual e costume que pudesse
ressuscitar, no seio do seu povo, as pr�ticas polite�stas aprendidas no
Egito. E entre estas pr�ticas estavam a adivinha��o, a feiti�aria, o
encantamento, a interpreta��o de sonhos, amparados em rituais de
adora��o a v�rios deuses.
Os eg�pcios eram pr�digos nisso. O povo judeu, que havia sa�do
do Egito, tamb�m. Estavam t�o afei�oados a essas pr�ticas que bastou
Mois�s desaparecer da presen�a deles por alguns dias, para receber as
T�buas da Lei, que eles produziram o famoso Bezerro de Ouro, e
passaram a ador�-lo.
Fica muito evidente que esse era o objetivo de Mois�s ao tra�ar
aquela recomenda��o: combater o Polite�smo. Tamanha era a
determina��o de Mois�s de implantar o culto do DEUS �NICO,
que em nome desse ideal ele determinou a matan�a de 3.000 irm�os.
Lembra?
O cap�tulo 13 de Deuteron�mio inicia com esta recomenda��o:
"Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti e te
der um sinal ou prod�gio, e suceder o tal sinal ou prod�gio de que te
houver falado, dizendo: Vamos ap�s outros deuses, que n�o
conheceste, e sirvamo-los, n�o ouvir�s as palavras daquele profeta ou
sonhador de sonhos, porquanto o SENHOR, vosso Deus, vos prova,
para saber se amais o SENHOR, com todo o vosso cora��o e com
toda a vossa alma".
Grifamos "outros deuses" e "n�o ouvir�s", para chamar bem a
sua aten��o. Analisando detidamente a recomenda��o � f�cil perceber
que a preocupa��o de Mois�s, ao proibir que se buscassem profetas,
sonhadores, quem fa�a prod�gios etc, era evitar o retorno �s pr�ticas
que induzissem ao polite�smo.
Hoje essa preocupa��o j� n�o faz o menor sentido. N�o se cogita
mais de pr�ticas polite�stas.
Outro dado importante � que o povo judeu era, �quela �poca,
constitu�do por Esp�ritos de pequeno grau de evolu��o moral. Na
situa��o, a mediunidade � que sempre esteve presente entre as
criaturas desde os mais remotos tempos � era utilizada para satisfa��o
de curiosidades, para adivinha��es, e outros fins n�o recomend�veis.
A Doutrina Esp�rita tamb�m n�o recomenda, n�o endossa, nem
� respons�vel, pelo mau emprego que eventuais portadores do dom
medi�nico fa�am de sua faculdade. No movimento esp�rita, a
mediunidade � tratada como o canal de comunica��o entre os dois
mundos, com o fim prec�puo de contribuir para a evangeliza��o dos
homens. De forma secund�ria, tem seu emprego no tratamento de
males cuja causa decorra da a��o de Esp�ritos inferiores, como a
obsess�o.
2. O Espiritismo n�o tem nada a ver com adivinha��o, feiti�aria
ou encantamento. Quem prega essas coisas, atribuindo-as ao
Espiritismo, o faz por ingenuidade, ignor�ncia ou por absoluta m�-
f�. A Doutrina Esp�rita tem por base a moral crist� e, como tal, est�
voltada para a reforma moral dos homens.
Quando falo em moral crist�, estou afirmando que o Espiritismo
acolhe tudo aquilo que guarda harmonia com o c�digo moral de vida
recomendado por JESUS: amor a Deus, amor ao pr�ximo, caridade,
f�, perd�o etc. Tudo aquilo que consta do Antigo Testamento e que
foi referendado pelo Cristo, n�s aceitamos e observamos. Temos Jesus
por Mestre e Senhor, por Guia de toda a humanidade, e vemo-Lo
realmente, como Caminho, Verdade e Vida para Deus.
O Espiritismo trata do estudo das Leis de Deus, como a do
"Livre-Arb�trio", atrav�s da qual o Pai consentiu que os homens
tivessem liberdade para agir, conforme lhes aprouvesse, e a "de Causa
e Efeito", em que aprendemos acerca das "conseq��ncias" dos atos
que praticamos. N�s somos senhores de nossa felicidade ou de nossa
desgra�a, na Terra ou no mundo espiritual, conforme nossos atos.
Essas leis foram evidenciadas pelo Cristo. Alguns exemplos:
Depois de curar um paral�tico em Betesda, disse-lhe Jesus: "Eis
que j� est�s curado, n�o peques mais, para que n�o te suceda coisa
pior" (Jo�o 5:14). Essa senten�a declarada por Jesus nos permite tirar
v�rias conclus�es. Vejamos:
a) o homem foi curado;
b) a doen�a era consequ�ncia de uma infra��o �s Leis de Deus;
c)cada um paga por si; o erro alcan�a unicamente o infrator;
d)pecados podem ser reparados atrav�s da doen�a, da dor;
e)a reincid�ncia no erro, torna-o de repara��o mais dolorosa.
a) O homem foi curado. Ao dizer "eis que j� est�s curado", a
conclus�o que se tem � de que o homem se libertou da enfermidade,
naquele instante. Houve o fen�meno de cura, promovido por Jesus.
Esta cura, por sinal, foi marcada por um momento bem especial: n�o
foi o doente que pediu para ser curado. Jesus, ao v�-lo, foi quem tomou
a iniciativa e disse-lhe: Queres ser curado? (Jo�o 5:6).
b)A doen�a era conseq��ncia de uma infra��o �s Leis de Deus:
ao afirmar "N�o peques mais", fica impl�cito que aquela enfermidade
era decorrente de um pecado. Inclusive a express�o "mais", refor�a
isto. Tem, significado de dizer n�o peques "de novo". Se n�o fosse
assim, se a paralisia n�o tivesse rela��o com o passado do enfermo,
qual o sentido de Jesus dizer "n�o peques mais"?
c)Cada um paga por si; o erro alcan�a unicamente o infrator:
Atente agora para a palavra "te". Jesus diz claramente "para que n�o te
suceda". A teoria do pecado que se transfere para as gera��es seguintes,
tal como o de Ad�o e Eva, cai por terra. Jesus destruiu este mito. Esse
"te" � muito forte e bastante conclusivo. Se Jesus dissesse: "para que
n�o suceda aos teus descendentes coisa pior", estaria consagrando o
entendimento do Antigo Testamento da extens�o dos erros �s gera��es
seguintes. N�o o fez. O Espiritismo ratifica isto. Cada um de n�s �
autor de sua pr�pria desgra�a ou de sua felicidade. A consequ�ncia de
meus erros se reflete unicamente na minha pessoa. Ao criar leis assim,
Deus expressa a mais pura justi�a.
d) Pecados podem ser reparados atrav�s da doen�a, da dor:
chamo sua aten��o agora para a palavra "suceda". Suceder � vir depois.
Em seu enunciado Jesus diz: "para que n�o te suceda coisa pior". O
que seria pior de que aquela paralisia? Uma doen�a de maior gravidade
ainda. Tendo dito: "n�o peques mais para que n�o te suceda..." fica
impl�cito que a conseq��ncia de um pecado pode ser uma enfermidade.
Era o caso daquela paralisia.
Se a enfermidade n�o tivesse o fim de redimir o infrator do
pecado, qual a sua utilidade? Atribuiria Deus ao homem um sofrimento
em v�o? Apenas para v�-lo ali sofrendo? Como vimos, a doen�a n�o
era fruto do acaso. Ela decorria de um pecado cometido pelo paral�tico
outrora. Pouco importa, se o pecado tenha sido praticado no curso
daquela exist�ncia ou em exist�ncia anterior.
Vamos mais longe: segundo os irm�os evang�licos, todos os
homens comparecer�o ao Tribunal Divino, no dia do Ju�zo Final, para
serem julgados. Ao atribuir uma paralisia daquele porte, condenando
o pecador a um longo sofrimento, estaria Deus julgando-o
antecipadamente? Se a enfermidade n�o servisse para um fim �til,
como o da remi��o do pecado, estar�amos diante de um caso de dupla
puni��o. Aquele pecador teria sido condenado uma primeira vez �
paralisia; e seria uma segunda vez, se lan�ado ao inferno, no dia do
Ju�zo. Sendo isto verdadeiro, a lei do homem, que � um ser imperfeito,
� melhor que a de Deus. Entre n�s, ningu�m pode ser punido duas
vezes pelo mesmo erro.
e) A reincid�ncia no erro, torna-o de repara��o mais dolorosa:
concentre sua aten��o nas duas palavras "coisa pior". Ao declarar "para
que n�o te suceda coisa pior", fica evidenciado que aquele pecado
havia sido resgatado atrav�s de uma coisa ruim: a paralisia, que durou
38 anos. Se ele voltasse a incidir no erro, o novo resgate viria com um
sofrimento ainda maior. � a lei da vida. O sofrimento objetiva �
reabilita��o do Esp�rito. Se a li��o n�o � assimilada no primeiro
instante, ser� no seguinte, mediante uma expia��o mais dolorosa.
Outro caso: no Gets�mani, no instante em que Jesus foi preso,
um de seus disc�pulos puxou da espada e feriu o servo do sumo
sacerdote, cortando-lhe uma orelha. Ent�o Jesus disse: "Mete no seu
lugar a tua espada, porque quem pela espada fere, pela espada ser�
ferido" (Mateus 26:52). Conclus�es:
a)revela��o da Lei de causa e efeito;
b)cada um paga na exata propor��o do que deve;
c)todo delito desencadeia a necessidade de uma repara��o;
d) o sofrimento � uma das formas de resgate;
e) a dor representa um ato de justi�a de Deus;
f)explica��o para os sofrimentos trazidos do ber�o, sem causa
nesta exist�ncia.
a)Revela��o da Lei de causa e efeito: todo padecimento que
causamos a outrem, traz, como conseq��ncia, para n�s, uma dor
semelhante �quela que levamos ao pr�ximo. N�o h� exce��o. Ao dizer
"quem" pela espada fere, Jesus est� claramente revelando que todos
n�s estamos sujeitos a essa lei.
V�-se, assim, que todo sofredor de hoje, cuja causa do
sofrimento (pecado) n�o se encontra nesta vida, tem sua dor causada
por erros cometidos em vidas anteriores. Em outras palavras: s� perece
pela espada, quem pela espada feriu. O pecado � a causa e o sofrimento
o efeito.
b)Cada um paga na exata propor��o do que deve: agora vamos
nos deter na palavra "espada". Jesus a utilizou porque foi atrav�s deste
instrumento que houve a a��o do seu disc�pulo, cortando a orelha do
soldado. No entanto, ao relacionar o mal praticado pela espada, com
a repara��o advinda tamb�m pela espada, Jesus deixou claro o
entendimento de que cada um paga na exata propor��o do que deve.
Cada um � punido naquilo que pecou. N�o � o instrumento
material em si que proporciona o resgate. A espada simboliza o tipo
de dor causada ao pr�ximo. Por exemplo: o pai que abandona seus
fdhos, numa outra exist�ncia poder� nascer num lar onde se veja
privado da presen�a do seu genitor.
Queremos dizer outra coisa para voc�: � com rela��o � extens�o
da dor, o tamanho do sofrimento. Segundo a conceitua��o evang�lica,
os homens que n�o forem salvos ir�o para o inferno. L� todos sofrer�o
"igualmente" as mesmas dores, pouco importando que tipo de dor
tenham causado ao pr�ximo. Medite sobre isso. O ensino de Jesus,
aqui evidenciado na figura da "espada", � contr�rio a essa interpreta��o
evang�lica.
c)Todo delito desencadeia a necessidade de uma repara��o:
agora � a vez de irmos buscar a palavra "ser�". Quem pela espada fere,
pela espada ser� ferido. Jesus empregou o verbo no futuro, numa
confirma��o de que erro algum passa em v�o. A dor advinda do erro
praticado agora, somente surgir� amanh�. O infrator, cedo ou tarde,
ser� chamado ao resgate. Dizemos resgate porque, conforme
explicamos atr�s, o sofrimento n�o pode ser em v�o.
d)O sofrimento � uma das formas de resgate: conforme j� vimos,
o sofrimento tem um fim �til. O enfermo est� reparando, atrav�s da
dor, os erros cometidos no passado. Estar ferido hoje, significa que
ferimos algu�m outrora.
e)A dor representa um ato de justi�a de Deus: se eu feri pela
espada, � justo que eu repare meu erro, sendo por ela ferido. Injusto,
ingl�rio, desmerecido e inaceit�vel, seria eu ferir pela espada e ter
meus pecados esquecidos, sem resgate, como pregam os irm�os
evang�licos.
Segundo a Doutrina que professam, nossos pecados s�o
resgatados ao aceitarmos Jesus como Salvador. Quanta ilus�o!
Perceberiam o engano em que se encontram. Se refletissem naquilo
que nos diz a B�blia, nas palavras de Jesus: "Quem pela espada fere,
pela espada perecer�". Ou seja, errou... paga!
f)Explica��o para os sofrimentos trazidos do ber�o, sem causa
nesta exist�ncia: ao ditar o ensinamento, Jesus est� expondo, tamb�m,
a raz�o dos sofrimentos trazidos do ber�o. Se algu�m j� nasce com o
estigma do sofrimento � que, necessariamente, feriu outrem. Como
este erro n�o pode ter sido praticado estando o Esp�rito no ventre da
m�e, fica claro que errou antes do nascimento. Logo, numa exist�ncia
anterior. Da� dizermos que s� perece pela espada, quem pela espada
feriu.
Mais um caso: em Cesar�ia de Filipe, ap�s interrogar seus
disc�pulos acerca do que diziam os homens a seu respeito, Jesus declara:
"Porque o Filho do Homem vir� na gl�ria de seu Pai, com os seus
anjos; e, ent�o, dar� a cada um segundo as suas obras" (Mateus
16:27). Conclus�es:
a)Jesus � o Guia Espiritual de todos os homens;
b)Aplica��o da Lei de Causa e Efeito;
c)Revela��o da Lei de Merecimento;
d) O que define a sorte futura s�o as obras e n�o a f�;
e)Mais importante do que pensar e crer, � o fazer.
a)Jesus � o Guia Espiritual de todos os homens: ao se referir a
si mesmo Jesus se autodenominava "Filho do Homem". Ao fazer aquela
cita��o, Ele declarou, mais uma vez, sua miss�o junto aos homens,
outorgada por Deus: ser o Guia Espiritual de todos n�s, contando
com a colabora��o dos Esp�ritos Superiores ("com os seus anjos"),
para aplica��o da Lei de Deus.
b)Aplica��o da Lei de Causa e Efeito: a cada um ser� dado
segundo as suas obras, ou seja, segundo o seu merecimento. A felicidade
ou a desgra�a que acompanha o Esp�rito, nesta vida ou no Plano
Espiritual, decorre unicamente de suas obras, daquilo que ele fez. Se
agiu para o bem, ser� agraciado; se agiu para o mal, sofrer� as
conseq��ncias infelizes de seus atos.
c)Revela��o da Lei de Merecimento: ao dizer "...segundo as
suas obras", fica evidenciado que existe uma lei aplic�vel a todos n�s,
que � a Lei do Merecimento. � o princ�pio b�blico de que "tudo o que
o homem semear, isso tamb�m ceifar�" (G�latas 6-7);
d)O que define a sorte futura s�o as obras e n�o a f�: Jesus disse
"segundo as suas obras". Ele n�o disse "segundo a sua f�". Se as obras
n�o tivessem influ�ncia sobre a sorte futura do Esp�rito, jamais o Cristo
teria deixado aquela li��o. Tanto aqui, como em muitos outros
momentos, Jesus n�o colocou a f�, sem as obras, como balizadora da
salva��o, como pregam os irm�os protestantes;
e)Mais importante do que crer, � o fazer: se a cada um � dado
segundo as suas obras, conclui-se que � naquilo que voc� faz que est�
o seu m�rito. Jesus enalteceu o poder da f� para mostrar a capacidade
que n�s temos de fazer o bem. E faz�-lo em proveito dos outros. A f�
que nada faz, n�o possui m�rito algum. O louvor que nada produz,
em favor do pr�ximo, n�o traz benef�cio para ningu�m.
A prop�sito da f�, cabe recordar cita��es feitas por Jesus, que
t�m gerado entendimento ao p� da letra. Vejamos o que relataram os
ap�stolos Marcos e Jo�o:
"E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda
criatura. Quem crer e for batizado ser� salvo; mas quem n�o crer ser�
condenado" (Marcos 16:15 e 16).
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unig�nito, para que todo aquele que nele crer n�o pere�a, mas
tenha a vida eterna" (Jo�o 3:16).
Aparentemente, numa an�lise superficial, ao p� da letra, parece
que Jesus condicionou a salva��o ao simples ato de crer. � nisso que se
agarram os diletos irm�os protestantes.
O Evangelho tem que ser apreciado em seu conjunto. Apegar-
se a cita��es isoladas, sem atentar para o todo, � procedimento que
tem levado a conclus�es err�neas, distanciadas da ess�ncia daquilo
que o Cristo nos legou.
A ess�ncia dos ensinamentos de Jesus � "fazer aos outros aquilo
que queremos seja feito a n�s", v�rias vezes enaltecida pelo Mestre no
curso de sua miss�o terrena: "Portanto, tudo o que v�s quereis que os
homens vos fa�am, fazei-lho tamb�m v�s, porque esta � a Lei e os
profetas" (Mateus 7:12; Lucas 6:31)
"Fazer aos outros" � fazer mesmo. S�o as obras! Delas decorrem
todo merecimento. Esta � a Lei, disse Jesus.
Imagine voc� a seguinte situa��o: algu�m cr� em Jesus como
seu salvador, freq�enta as reuni�es de louvores com absoluta
assiduidade, mas no mundo dos neg�cios � um explorador dos outros.
N�o cumpre leis trabalhistas, menospreza seus humildes empregados
e busca ganhos f�ceis em preju�zo de outrem. Merece a salva��o?
Segundo a cren�a protestante sim, porque ele cr�. Segundo Jesus n�o,
porque seus atos s�o lesivos ao pr�ximo.
No final do serm�o do monte, ensinou o Mestre:
"Vinde, benditos de meu Pai, possu� por heran�a o Reino que
vos est� preparado desde a funda��o do mundo;
"porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me
de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me;
adoeci, e visitastes-me; estive na pris�o, e fostes ver-me.
"Ent�o os justos lhe responder�o, dizendo: Senhor, quando te
vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de
beber?
"E, quando te vimos estrangeiro e te hospedamos? Ou nu e te
vestimos?
"E, quando te vimos enfermo ou na pris�o e fomos ver-te?
"E, respondendo o Rei, lhes dir�: Em verdade vos digo que,
quando o fizestes a um destes meus pequeninos irm�os, a mim o
fizestes" (Mateus 25:34 a 40).
A ess�ncia do Evangelho � essa a�. A caridade, o amor ao
pr�ximo, o fazer aos outros aquilo que queremos seja feito a n�s. A
cren�a em Jesus como o salvador, sem atos que testifiquem esta cren�a,
nenhum proveito trar�.
Porfiam na ilus�o nossos irm�os protestantes, ao acreditarem
que "aquele que cr� ser� salvo", esquecendo a pr�tica da caridade e da
reforma moral.
Retornando ao exame das afirma��es do articulista, acerca da
consulta aos mortos, gostar�amos de concluir dizendo que: se ainda
existe quem pratique ou recorra � adivinha��o, feiti�aria ou
encantamento, uma coisa � certa: est� fazendo uso de seu livre-arb�trio,
e isto n�o tem nenhuma vincula��o com o Espiritismo. O livre-arb�trio
� permitido por Deus. Quem somos n�s para conden�-lo? Temos
outras imperfei��es, talvez mais abomin�veis. O articulista ser�
porventura perfeito, imaculado?
Faz parte do aprendizado evolutivo o erro, o engano, o trope�o.
� caindo e se levantando, v�rias vezes, que a crian�a aprende a andar.
� errando e reparando que o Esp�rito, criado simples e ignorante, vai
acumulando experi�ncias, m�ritos e virtudes, que o al�am � perfei��o.
Veja bem: n�o estamos defendendo a adivinha��o, a feiti�aria
ou o encantamento. De forma alguma. Se h� quem pratique esses
rituais, temos que entender que s�o Esp�ritos inferiores e, junto a estes,
nosso dever � orientar e esclarecer o erro em que se encontram.
Aprendemos com a Doutrina Esp�rita que ao homem n�o � dado o
poder de saber o futuro. Logo os esp�ritas n�o t�m motivo algum para
recorrer a tais pr�ticas.
Dizem-nos os Esp�ritos que "se o homem conhecesse o futuro,
negligenciaria do presente e n�o obraria com a liberdade com que o
faz, porque o dominaria a id�ia de que, se uma coisa tem que acontecer,
in�til ser� ocupar-se com ela, ou ent�o procuraria obstar a que
acontecesse. N�o quis Deus que assim fosse, a fim de que cada um
concorra para a realiza��o das coisas, at� daquelas a que desejaria opor-
se. Assim � que tu mesmo preparas muitas vezes os acontecimentos
que h�o de sobrevir no curso da tua exist�ncia" {O Livro dos Esp�ritos,
pergunta 869).
Dissemos que o Esp�rito foi criado simples e ignorante e nos
apressamos em explicar, posto que � conhecido o dito de que "fomos
criados � imagem e semelhan�a de Deus".
Isso significa que trazemos, cm potencial, qualidades que
desabrochar�o � medida que formos evoluindo, de tal modo que
chegaremos uma dia � perfei��o espiritual. Para fins de entendimento,
podemos lembrar a semente, que traz em si toda a beleza da �rvore,
mas que, para externar esse esplendor, necessita ser lan�ada ao solo,
germinar e crescer. Fases que ela alcan�a ao longo do tempo.
3.Al�m de advertir que n�o se consultem os adivinhos, feiticeiros
ou encantadores, o trecho citado complementa: "...nem quem consulte
os mortos". De in�cio dizemos que na Doutrina e na pr�tica esp�rita
n�o existe a consulta aos mortos, com a conota��o que Mois�s deu:
adivinha��o, conhecimento do futuro, sortilegios. Era com esses fins
que o povo eg�pcio e hebreu recorria aos adivinhos, pit�es e profetisas.
� bom que se tenha em mente que Mois�s n�o estava proibindo
o Espiritismo, at� por uma raz�o bem simples: N�o existia o
Espiritismo! Voc� n�o pro�be ou condena o que n�o existe. A Doutrina
Esp�rita � recent�ssima, foi codificada em meados do s�culo XIX. O
que Mois�s tinha em mente era evitar o ressurgimento das pr�ticas
polite�stas. Como Esp�rito superior �quele povo que dirigia, sabia
Mois�s que o culto das adivinha��es � nocivo, induz ao erro e serve de
proveito aos espertalh�es. Isso ele coibiu, acertadamente.
De qualquer forma, o fato serve para comprovar que a
mediunidade vem desde as �pocas mais remotas. Est� presente em
todas as etapas evolutivas do homem. Faz parte da hist�ria de todos
os povos. Se � assim, n�o ser� merecedora de um exame mais profundo?
Basta conden�-la? Tirar dois ou tr�s trechinhos perdidos l� no Antigo
Testamento e detonar o fen�meno, como coisa abomin�vel a Deus?
Se a mediunidade existe, Deus a criou. Ele �, na defini��o
esp�rita, a Intelig�ncia Suprema, causa prim�ria de todas as coisas. Do
contr�rio n�o seria Deus. Se uma s� coisa tivesse sido criada por um
outro, a obra divina n�o estaria completa.
Dizem, pregadores das doutrinas protestantes, que a
mediunidade � obra do satan�s. Simples, n�o �? Tudo que eles n�o
aceitam, dizem que � obra de satan�s. E acabou! Com isso, logram
confundir os simples, os humildes, os de boa-f�. E Deus, onde estaria
a ponto de permitir que, dentro do mundo que Ele criou, um outro
ser criasse coisa diferente? Onde ficaria sua onipot�ncia? E seu amor
de Pai?
O Ap�stolo Jo�o diz que: "Todas as coisas foram feitas por
Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez" (Jo�o 1:3).
D� um tempinho. Releia a cita��o de Jo�o, acima transcrita.
Sinta a for�a da verdade que est� ali expressa. �s vezes, n�o parando
para refletir deixamos escapar coisas important�ssimas.
A mediunidade existe desde que o homem surgiu no mundo.
Quem a criou? Se todas as coisas foram feitas por Deus, n�o h� como
negar que a mediunidade � tamb�m obra divina. O Espiritismo n�o �
respons�vel pela m� aplica��o desse dom no passado, nem no presente,
nem o ser� no futuro, se ocorrerem desvios.
Ao longo da hist�ria, v�-se que muitos dos portadores da
mediunidade a empregaram em seu benef�cio ou com desvios de suas
reais finalidades. Como a cada um � dado segundo as suas obras, os
que fazem mau uso do dom recebem a recompensa que merecem.
Espiritismo e mediunidade s�o duas coisas inteiramente
distintas. Nem todo m�dium � esp�rita. Nem todo esp�rita � m�dium.
O Espiritismo � o conjunto de ensinamentos e revela��es acerca
das leis que regem a vida material e espiritual e as rela��es entre ambas.
� uma doutrina ditada por Esp�ritos Superiores, em cumprimento a
uma promessa do Cristo:
"Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei
ao Pai, e ele vos dar� outro Consolador, para que fique convosco para
sempre" (Jo�o 14, vers. 15 e 16).
O an�ncio da vinda do Consolador � muito parecido com a
profecia da vinda de um Messias, que os profetas antigos anunciaram
e que se concretizou com o nascimento de Jesus. Por for�a dos ensinos
da Lei mosaica � onde Deus era visto como o Deus dos Ex�rcitos �
os judeus acreditavam que o Messias seria um bravo guerreiro, capaz
de lev�-los a vit�rias em guerras e conquistas. Veio Jesus, pregando o
perd�o, a caridade e o amor ao pr�ximo e, com isto, frustrou o povo
judeu. Eles queriam um her�i de guerra.
O an�ncio da vinda de outro Consolador pode tamb�m dar a
id�ia de que este seria algum novo profeta, que nasceria entre os
homens. O Consolador, no entanto, est� corporificado numa
Doutrina, de car�ter evolutivo. Ou seja: acompanhar� o progresso
dos homens, trazendo-nos novas revela��es, de conformidade com
nosso crescimento espiritual, da� porque estar� conosco para sempre.
Seu nome: Espiritismo. Pouco importa! Poderia at� ter outro nome.
O importante � que consola, orienta, renova a f� e conduz a Deus.
A Mediunidade � a faculdade trazida por algumas pessoas que
lhes permite a comunica��o com os Esp�ritos desencarnados. Referido
interc�mbio se opera atrav�s de diversos meios, como a fala, a vis�o, a
escrita, o desdobramento etc. � um dom. Ser m�dium faz parte do
programa de vida de muitos irm�os, estabelecido no Plano Espiritual,
antes de suas reencarna��es.
O Espiritismo surgiu a partir do estudo de fen�menos
medi�nicos. A pr�tica medi�nica despertou, a partir da metade do
s�culo XIX, a curiosidade sadia de homens de ci�ncia, entre eles
Hyppolite Leon Denizard Rivail (Allan Karcec) que, como mission�rio,
estudou o fen�meno, alcan�ando-lhe as causas e fins. Tudo veio na
�poca certa. Era necess�rio que a humanidade avan�asse um pouco
para que pudesse, ent�o, suportar aquelas "muitas coisas" que o Cristo
tinha para nos dizer:
"Mas aquele Consolador, o Esp�rito Santo, que o Pai enviar�
em meu nome, vos ensinar� todas as coisas e vos far� lembrar de
tudo quanto vos tenho dito" (Jo�o 14:26).
"Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos
hei de enviar, aquele Esp�rito da verdade, que procede do Pai, testificar�
de mim" (Jo�o 15:26).
"Todavia, digo-vos a verdade: que vos conv�m que eu v�, porque
se eu n�o for, o Consolador n�o vir� a v�s, mas se eu for, enviar-vo-loei.
E quando ele vier, convencer� o mundo do pecado, e da justi�a,
e do ju�zo" (Jo�o 16, vers. 7 e 8).
"Ainda tenho muito que vos dizer, mas v�s n�o o podeis suportar
agora. Mas, quando vier aquele Esp�rito da verdade, ele vos guiar� em
todas as verdades, porque n�o falar� de si mesmo, mas dir� tudo o que
tiver ouvido e vos anunciar� o que h� de vir" (Jo�o 16, vers. 12 e 13).
Jesus, como Esp�rito puro, � conhecedor da Verdade. Da� por
que afirmava que muito tinha para nos dizer. Mas n�o disse porque
respeitou a nossa pequena capacidade de assimila��o � �poca. Se o
Consolador viria nos ensinar todas as coisas, era porque,
evidentemente, Ele n�o pudera nos ensinar tudo. E lembrar tudo
quanto nos disse, porque, de antem�o, Jesus previa que o homem
esqueceria seus ensinos, ou os deturparia, como aconteceu.
A B�blia est� repleta de fen�menos medi�nicos (de comunica��o
com os mortos). Poder�amos citar mais de uma centena. Para ilustrar
este nosso trabalho vamos buscar apenas dois deles, um do Antigo
Testamento, pelo inusitado da situa��o, e outro do Novo Testamento,
porque foi promovido pelo pr�prio Jesus.
No livro N�meros, escrito por Mois�s, � narrada a forma de
intercess�o de um Esp�rito, que se valeu de uma jumenta, para
modificar o intento de Bala�o (servo do Senhor) que se dirigia ao
encontro de Balaque (filho de Zipor, rei dos moabitas). Vendo o
Esp�rito, a jumenta recuava e n�o atendia aos desejos de continuar a
viagem, de Bala�o. Este passou a a�oit�-la, at� que na terceira vez,
surge o inesperado. Est� escrito na B�blia, assim:
"Ent�o, o SENHOR abriu a boca da jumenta, a qual disse a
Bala�o: Que te fiz eu, que me espancaste estas tr�s vezes? E Bala�o
disse � jumenta: Porque zombaste de mim; tomara que tivera eu uma
espada na m�o, porque agora te mataria. E a jumenta disse a Bala�o:
Porventura, n�o sou tua jumenta, em que cavalgaste desde o tempo
que eu j� fui tua at� hoje? Costumei eu alguma vez fazer assim contigo?
E ele respondeu: N�o. Ent�o, o SENHOR abriu os olhos a Bala�o e
ele viu o Anjo do SENHOR que estava no caminho" (N�meros
cap.22, vers. 28 a 31).
Lendo o trecho a gente at� sente pena da jumenta. A humildade
com que ela fala, mesmo ap�s a afirma��o de Bala�o de que, se tivesse
uma espada, a mataria.
O ap�stolo Pedro se reportou a este epis�dio, afirmando que
"...o mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura
do profeta" (2 Pedro, cap. 2, vers. 16). E voc�, o que acha?
Uma jumenta, falando com voz humana! Seria poss�vel? Isso
n�s conceituamos como fen�meno medi�nico. Comunica��o dos
Esp�ritos com os homens. Bala�o recebeu uma mensagem espiritual,
impedindo-o de prosseguir na caminhada. A bem da verdade, que
fique claro que a jumenta n�o falou. O fen�meno foi de audi�ncia:
Bala�o ouviu a voz direta do Esp�rito, e julgou que provinha da
jumenta, em face da argumenta��o expendida. Em seguida, veio o
fen�meno de vid�ncia e Bala�o viu o Esp�rito comunicante.
O texto se refere a um "anjo do Senhor". Se os "anjos"
confabulavam com os homens na antiguidade, o que os impede de
fazer o mesmo hoje? Chamar de anjo ou de Esp�rito � s� uma quest�o
de palavras. O fen�meno n�o se altera por conta disso. Nada impede
que os "Esp�ritos" que se comunicam agora sejam chamados de "anjos",
se isso atende � necessidade dos nossos opositores.
Jesus realiza uma sess�o medi�nica e possibilita que seus
disc�pulos se comuniquem com os mortos.
Tr�s evangelistas, Mateus, Marcos e Lucas, narram o epis�dio
de que nos ocuparemos, conhecido como A Transfigura��o. Eis o relato
b�blico de Mateus:
"Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a
Jo�o, seu irm�o, e os conduziu em particular a um alto monte. E
transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e
as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram
Mois�s e Elias, falando com ele. E Pedro, tomando a palavra, disse a
Jesus: Senhor, bom � estarmos aqui; se queres, fa�amos aqui tr�s
tabern�culos, um para ti, um para Mois�s e um para Elias. E, estando
ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem
saiu uma voz que dizia: Este � o meu Filho amado, em quem me
comprazo; escutai-o.
E os disc�pulos, ouvindo isso, ca�ram sobre seu rosto e tiveram
grande medo. E Jesus, aproximando-se, tocou-lhes e disse: Levantai-
vos e n�o tenhais medo. E, erguendo eles os olhos, ningu�m viram,
sen�o a Jesus" (Mateus cap. 17, vers. 1 a 8).
O texto, bastante claro, permite-nos as seguintes conclus�es:
a)apenas tr�s disc�pulos foram escolhidos para presenciar este
momento: os que demonstravam preparo espiritual para o mister;
b) a reuni�o seu deu em particular, como � comum acontecer
com as reuni�es medi�nicas esp�ritas;
c)Esp�rito puro, Jesus possu�a luz espiritual pr�pria, que se
tornou ostensiva, no momento pr�prio;
d) Mois�s e Elias, dois mortos, se comunicaram com Jesus e
seus disc�pulos;
e)Jesus estava envolto em grande luz, mas nem por isso seus
disc�pulos perderam o contato com Ele, tanto assim que Pedro dirigiu-
lhe a palavra, logo que viu e ouviu Mois�s e Elias;
f) Pedro, falando pelos demais, expressou sua satisfa��o em
participar daquele momento, dizendo: "bom � estarmos aqui";
g) Ao sugerir a edifica��o dos tabern�culos (tendas), Pedro
demonstrava sua emo��o e prop�sito de perpetuar a lembran�a daquele
encontro entre vivos e mortos;
h)Esp�ritos Superiores que, sob as ordens de Jesus ali se achavam,
manifestaram-se sob a forma de nuvem luminosa;
i)A confirma��o de ser Jesus o Filho amado de Deus, destinava-
se a refor�ar a f� que aqueles disc�pulos necessitavam cultivar, para
enfrentar as dores e dificuldades futuras, para a dissemina��o do
Evangelho;
j) prostrar-se, foi atitude de rever�ncia e respeito, que os tr�s
disc�pulos adotaram, diante da magnitude do fen�meno espiritual de
que participavam;
k) o grande medo que experimentaram traduz a extraordin�ria
emo��o que os envolveu, fruto das vibra��es espirituais transmitidas
pelos comunicantes;
1)finda a sess�o medi�nica, Jesus, retornou a seu estado normal.
E voc�, o que acha? Estamos ou n�o diante de uma aut�ntica
sess�o medi�nica, de comunica��o com os mortos? Mois�s e Elias
eram dois mortos. Mois�s h� 1.400 anos e Elias h� mais de 500 anos.
Teria Jesus cometido abomina��o?
A recomenda��o do Antigo Testamento, dizendo entre outras
coisas "N�o se ache entre v�s... quem consulte os mortos" seria
desconhecida do Cristo? Se era desconhecida, Ele n�o merecia o
galard�o de Messias; se era conhecida, Ele desobedeceu.
A verdade � que Jesus dispensou, para esta recomenda��o do
Antigo Testamento, o mesmo tratamento que deu para o s�bado
sagrado dos hebreus; para a ordem de apedrejamento da ad�ltera;
para a observ�ncia do olho por olho, dente por dente; para a extens�o
de pecados �s gera��es futuras. Ou seja: reformulou todos aqueles
antigos conceitos, sem desmerecer sua validade para a �poca em que
foram institu�dos.
Este ato praticado por Jesus � denominado de "sess�o
medi�nica". O articulista prefere tratar como "consulta aos mortos".
Pouco importa a denomina��o utilizada. O que interessa � o fato em
si. Houve comunica��o entre vivos e mortos.
No livro de Lucas, o ap�stolo relata que o assunto conversado
entre Jesus, Mois�s e Elias, naquele momento, foi a respeito da morte
de Cristo, a qual havia de se cumprir em Jerusal�m:
"E eis que estavam falando com ele dois var�es, que eram Mois�s
e Elias, os quais apareceram com gl�ria e falavam da sua morte, a
qual havia de cumprir-se em Jerusal�m" (Lucas cap. 9, vers. 30 e 31).
Cumpriu-se o que eles conversaram: Jesus foi morto em
Jerusal�m.
� esta uma das raz�es que nos levam a continuar com Jesus. E
a entender que no Espiritismo n�o h� nenhuma abomina��o ao Senhor.
Se estivermos errados, teremos a gra�a e o atenuante de estarmos
errando com o Cristo, seguindo suas palavras e exemplos:
"Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, fa�ais
v�s tamb�m" (Jo�o 13:15);
"Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este � o
que me ama; e aquele que me ama ser� amado de meu Pai, e eu o
amarei e me manifestarei a ele" (Jo�o 14:21).
O articulista diz que: "...a pr�pria base do espiritismo � o
consultar os mortos � � uma plena desobedi�ncia a Deus". Chegou
nossa vez de dizer que: se existe desobedi�ncia, n�o � apenas nossa. �
tamb�m de Jesus! O mesmo Jesus de quem eles dizem seguir os
mandamentos, mas que, na pr�tica, esquecem, t�o afei�oados ainda
est�o a conceitos isolados do Antigo Testamento, que j� n�o fazem
nenhum sentido para os novos tempos.
No Espiritismo, as sess�es medi�nicas se d�o com fim elevado,
em ambiente de prece e devo��o a Deus. As mensagens recebidas t�m
por objetivos aprendizado e esclarecimento, em sintonia, como sempre,
com as orienta��es de Jesus: "Conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertar�" (Jo�o 8:32).
No mesmo passo, nas sess�es medi�nicas esp�ritas s�o buscados,
tamb�m, o amparo, a prote��o e a liberta��o para milhares de irm�os
assediados por esp�ritos obsessores, num trabalho id�ntico ao
promovido por Jesus diante da multid�o de endemoninhados que O
procuravam.
Um esclarecimento aqui se imp�e. Desencarnados, nos
apresentamos no mundo espiritual com o perisp�rito. Este corpo
espiritual conserva normalmente a apar�ncia da �ltima encarna��o.
Aos Esp�ritos superiores, no entanto, � facultado adotar a forma
espiritual de qualquer exist�ncia precedente, desde que assim queiram.
Elias havia reencarnado como Jo�o Batista. Em seu retorno ao Plano
Maior, reassumiu a vestimenta espiritual da exist�ncia em que fora
Elias e assim compareceu ao encontro com Jesus, Pedro, Tiago e Jo�o.
4. O trecho do Antigo Testamento que o articulista usou e que
estamos comentando neste cap�tulo, diz em seu final que "por
semelhantes maldades exterminar� Ele estes povos". Se voc� pensar
direitinho, ao p� da letra como fazem os nossos detratores, j� se
passaram 3.400 anos daquela profecia. N�o vimos a extermina��o
dos povos que cultivam essas ditas "maldades". Gera��es e mais
gera��es se sucederam e essas pr�ticas, ao que se comenta, ainda
ocorrem. Digamos que houvesse uma extermina��o agora. Sabe o que
resultaria? apenas a gera��o atingida pagaria pelo erro. E as gera��es
passadas, que usaram e abusaram?
Uma coisa n�o se pode negar: prega��es desse tipo acabam
conquistando atrav�s do temor e do medo. Grande contingente de
pessoas simples e humildes, ouvindo senten�as dessa natureza, tremem
nas bases, como se diz. E se mant�m submissas ao atraso, impedidas
de raciocinar por si mesmas.
Pontos a Recordar:
1. O prop�sito de Mois�s ao tra�ar a recomenda��o era evitar o
ressurgimento de pr�ticas que induzissem ao polite�smo e � idolatria;
2. O Espiritismo n�o tem nada a ver com adivinha��o, feiti�aria
ou encantamento. Quem prega essas coisas, atribuindo-as ao
Espiritismo, age por ingenuidade, ignor�ncia ou por absoluta m�-f�;
3. No Espiritismo n�o existe a evoca��o aos mortos, com fins
de se obter adivinha��o, feiti�aria ou encantamento. Pode ser que o
fa�am outras doutrinas que tamb�m praticam a mediunidade, mas
n�o o Espiritismo;
4. A proibi��o de consulta aos mortos foi atitude prudente e
correta de Mois�s, tendo em vista o grau de inferioridade moral do
povo que conduzia, que se valia do recurso para fins ign�beis;
5. A mediunidade � um fen�meno que acompanha o homem
desde a antig�idade e o Espiritismo n�o � respons�vel pelos eventuais
desvios de seus portadores;
6. O Espiritismo desaconselha o recurso � mediunidade para
uso fora das finalidades evang�licas;
7. Jesus desconsiderou a recomenda��o do Deuteron�mio,
consultando os mortos no Monte Tabor, na presen�a de tr�s ap�stolos,
para nos servir de exemplo. S� isto j� bastaria para mostrar a
desqualifica��o e inoportunidade da ultrapassada recomenda��o do
Antigo Testamento;
8. 0 articulista diz que: "...a pr�pria base do espiritismo � o
consultar os mortos � � uma plena desobedi�ncia a Deus". Chegou
nossa vez de dizer que: se existe desobedi�ncia, n�o � apenas nossa. �
tamb�m de Jesus! Ele consultou os mortos.
III. ANTIGOS RITUAIS
Diz o articulista:
"O homem ou mulher em que houver esp�rito pit�nico ou
de adivinho, morram de morte; apedrej�-los-�o; o seu sangue
caia sobre eles" (Lev�tico, cap. 20).
O trecho acima consta do livro LEV�TICO. Foi o terceiro livro
escrito por Mois�s e a sua parte mais significativa compreende os
cap�tulos 1 a 7, que trata dos "sacrif�cios" � ou seja, dos meios de
repara��o das faltas cometidas pelo homem, mediante o sangue
expiador de animais sacrificiais.
Esses sacrif�cios eram representados por dois tipos de d�divas
que o fiel trazia a Deus. A "oferta" e o "holocausto". Os adoradores
traziam as ofertas com a finalidade de manifestarem gratid�o, f� e
dedica��o ao Senhor. Consistiam em manjares (cereais, gr�o, flor de
farinha, azeite de oliveira) e at� animais sem defeito, entregues para
imola��o.
Os holocaustos, que tinham por finalidade alcan�ar o perd�o
dos pecados, redundavam em morte de animais (bode, carneiro, cabra,
boi, pombinhos), espargimento de seu sangue pelo Altar e a queima��o
total das partes do corpo imolado.
Os holocaustos s�o descritos em v�rias partes do livro, inclusive
com todos os detalhes que deveriam ser observados. Vejamos um
pequeno trecho: "...Depois, degolar� o bezerro perante o SENHOR;
e os sacerdotes oferecer�o o sangue e espargir�o o sangue � roda sobre
o altar que est� diante da porta da tenda da congrega��o. Ent�o esfolar�
o holocausto e o partir� nos seus peda�os" (Lev�tico cap. 1, vers. 5 e 6).
Acreditava-se que tirar a vida do animal era o pre�o
correspondente aos pecados. Num dos trechos do Lev�tico est� escrito
que o SENHOR falou mais a Mois�s, dizendo:
"Por que a alma da carne est� no sangue, pelo que vo-lo tenho
dado sobre o altar, para fazer expia��o pela vossa alma, porquanto � o
sangue que far� expia��o pela alma" (Levitico cap. 17, vers. 11).
Essa simbologia do sangue perdurou por muitos s�culos. O
homem sempre esteve muito fascinado pelo sangue e a hist�ria registra
o seu uso em muitos rituais religiosos, de diversos povos. Essa �, por
sinal, uma das raz�es para que muitos apregoem que o m�rito maior
da vida do Cristo foi derramar seu sangue na cruz e que este
derramamento foi para expia��o dos nossos pecados. D�o ao ato
sacrificial de Jesus uma import�ncia muito maior da que deveriam
dar aos seus ensinamentos morais.
Na Santa Ceia, Jesus recorreu � simbologia do sangue e,
tomando um c�lice, disse para os seus disc�pulos: "Tomai e bebei,
porque isto � o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que �
derramado por muitos, para remiss�o dos pecados" (Mateus cap. 26,
vers. 27 e 28). Fez o mesmo com o p�o, que partiu e deu ao disc�pulos
dizendo "isto � o meu corpo". Ainda hoje muitos n�o alcan�am o
sentido figurado deste ato.
Muitas das li��es de Jesus nos foram transmitidas por meio de
par�bolas e alegorias. O Cristo se valia de imagens materiais para
divulgar seus ensinamentos, por dois motivos. Primeiro, por serem
facilmente impression�veis, facilitando a sua memoriza��o e
conseq�ente divulga��o. Segundo porque sabia, de antem�o, que com
o passar dos tempos o homem alcan�aria maior progresso espiritual e
tudo aquilo que Ele ensinou, de forma figurada, seria entendido em
sua acep��o espiritual.
Ao citar o sangue do Novo Testamento, que � derramado para
remi��o dos pecados, Jesus estava anunciando sua pr�pria crucifica��o
e profetizando os fatos que se sucederiam ap�s o encerramento de sua
miss�o terrena, como a persegui��o e morte dos primeiros crist�os e
de muitos outros mission�rios que vieram ao mundo para dar
continuidade � obra redentora de evangeliza��o dos homens.
O sangue derramado, em nome do Evangelho de Jesus, est�
patente, ao longo desses vinte s�culos, nos atos de persegui��o e morte
de muitos abnegados crist�os, que com seus sacrif�cios pessoais
possibilitaram que o Evangelho chegasse at� os nossos dias. Est�
patente, tamb�m, nos crimes que se praticaram em nome de Deus,
no per�odo nefasto da Inquisi��o Religiosa.
Quando os princ�pios morais deste C�digo Divino de Amor
ao Pr�ximo forem inteiramente assimilados e praticados pelo homem,
dar-se-�, como previu Jesus, a remi��o de todos os nossos pecados.
Por esse tempo viveremos a ess�ncia de seus ensinamentos que se
traduzem no "fazer aos outros aquilo que queremos seja feito a n�s".
O livro Levitico, de Mois�s, � um relic�rio de formas de expia��o
atrav�s do sangue. Foram pr�ticas utilizadas largamente por seus
seguidores, que acreditavam ressarcir seus delitos por estes meios. E
acreditavam porque essas recomenda��es traziam o cunho de ser a
PALAVRA DE DEUS.
Hoje, quase ningu�m fala mais em ofertas e holocaustos de
animais. E n�s novamente perguntamos: Deus mudou? N�o lhe
agradam mais os holocaustos? Que Deus � esse que muda de palavra
e de gosto?
Claro que essas perguntas n�o fazem sentido. Deus � imut�vel.
Mas servem para registrar que aqueles rituais religiosos, ensinados na
B�blia (Antigo Testamento), n�o eram express�o da palavra e da vontade
de Deus.
A explica��o mais sensata � a que nos traz o Espiritismo. Deus
n�o mudou. Mudaram os conceitos do homem e a sua maneira de
compreende-Lo e am�-Lo. E vai mudar mais ainda, para melhor, pois
caminhamos para a perfei��o. � o resultado da Lei de Evolu��o, que
traz em seu conjunto uma outra Lei, a da Reencarna��o, da qual
ningu�m escapa. � atrav�s dos renascimentos sucessivos na carne, que
o Esp�rito retoma sua marcha para Deus, reparando erros do passado
e adquirindo novos conhecimentos.
Com o advento do Cristianismo, os conceitos antigos acerca
dos "sacrif�cios de animais" passaram a ser frontalmente combatidos.
Na Esp�stola HEBREUS, de autoria atribu�da a Paulo, escrita setenta
anos depois de Cristo, encontramos forte contesta��o a esses rituais.
Reportando-se ao assunto, seu autor diz: "porque � imposs�vel que o
sangue dos touros e dos bodes tire pecados" (Hebreus 10:4). Claro,
isso nunca existiu. Foram em v�o todos os sacrif�cios de animais
praticados com esse fim.
A rebuscada que demos no livro Lev�tico, tem o prop�sito de
comentar o trecho utilizado pelo articulista para contestar o
Espiritismo. Aquele que diz "O homem ou mulher em que houver
esp�rito pit�nico ou de adivinho, morram de morte; apedrej�-los�o;
o seu sangue caia sobre eles".
Como j� vimos, � preciso muita desinforma��o ou maldade
para querer misturar Espiritismo com adivinha��o, com magia ou
algo semelhante. Logo, o recado do Lev�tico, apresentado pelo
articulista para censurar a Doutrina Esp�rita, ca� no vazio da
impropriedade. Piton significa adivinho, mago, nigromante, figuras
que n�o se encontram no Espiritismo.
A Doutrina Esp�rita n�o guarda nenhum v�nculo com cren�as
ou rituais que se valham do contato com os mortos, para a realiza��o
de intentos que ferem os princ�pios morais do Evangelho.
A desinforma��o e a maldade t�m levado muitos a propagar,
como pr�ticas esp�ritas, quaisquer atos que envolvam o contato com
os mortos, com o fim primordial de confundir as pessoas de boa-f�.
Em meio a distor��es propositadamente lan�adas em torno da
Doutrina Esp�rita, h� muito interesse oculto e escuso, daqueles que
temem o crescimento do movimento esp�rita.
Dizer-se algu�m "esp�rita" n�o significa que tenha conhecimento
da Doutrina ou que atue segundo a sua orienta��o.
No Espiritismo n�o se encontram leitura de cartas, bolas de
cristal, jogo de b�zios, incenso, velas, batuques, imagens, ou outros
apetrechos semelhantes; e os que se valem desses meios e se declaram
"'esp�ritas" agem por conta pr�pria, com interesses pessoais, facilmente
percebidos.
Como vimos, o fim colimado por Mois�s ao decretar aquela
senten�a do Lev�tico, e outras semelhantes, era evitar que seu povo
retomasse o culto da idolatria e do polite�smo. Para a �poca era uma
preocupa��o procedente, tanto assim que, ao longo do tempo, esse
receio se confirmou e, volta e meia, ressurgia a infidelidade do povo
judeu ao culto do DEUS �NICO.
Essa situa��o se repetiu durante v�rios s�culos. Um exemplo:
oitocentos anos ap�s Mois�s, portanto 600 anos antes de Cristo, o
Profeta Ezequiel narra o flagrante de 70 anci�os da Casa de Israel que
adoravam pinturas e utilizavam incenso; e de outros 25 que com o
rosto para o oriente adoravam o sol, de costas para o Templo do Senhor
(Ezequiel cap. 8, vers. l1e 16).
Mais adiante, Ezequiel se manifesta dizendo: "Assim diz o
Senhor Jeov�: Convertei-vos, e deixai os vossos �dolos, e desviai o
vosso rosto de todas as vossas abomina��es" (Ezequiel 14:6). Que
abomina��o seria essa? A idolatria.
Muitas outras proibi��es est�o no livro Lev�tico. Leiam estes
exemplos: "N�o comereis coisa alguma com sangue; n�o agourareis,
nem adivinhareis. N�o cortareis o cabelo arredondando nos cantos
da vossa cabe�a, nem danificar�s a ponta da tua barba" (Lev�tico 19:26).
"Tamb�m o porco n�o comereis, porque tem unhas fendidas, e a fenda
das unhas se divide em duas, mas n�o rumina, este vos ser� imundo"
(Lev�tico 11:7).
Recordados esses pontos, perguntamos que lan�am contra os
esp�ritas as prega��es do LEV�TICO: Se � para cumprir recomenda��es
do Lev�tico, por que voc�s n�o cumprem todas elas? Por que s� escolher
umas e outras n�o? Se tudo que est� ali � PALAVRA DE DEUS, por
que voc�s n�o retomam as "oferendas" e os "holocaustos"? Por que
n�o observam o corte de cabelo, a manuten��o da ponta da barba e
outras orienta��es daquele livro? Uma coisa � boa, ou n�o �. Ou serve,
ou n�o serve.
Eu j� conhe�o a resposta que me dariam. Nos meus tempos de
juventude freq�entei igrejas protestantes e me familiarizei com o estudo
da B�blia. A justificativa para n�o se praticar os rituais antigos � que o
crente agora est� desobrigado dessas pr�ticas, porque houve um NOVO
CONCERT O com Cristo. O sangue dEle, derramado
voluntariamente, teria sido mais agrad�vel a Deus que o sangue
derramado pelo sacrif�cio involunt�rio de um animal.
O pacto de Deus com Abra�o, traduzido por Mois�s, atrav�s
do qual a salva��o era obtida mediante a obedi�ncia � Lei e ao seu
sistema de sacrif�cios, teria sido substitu�do pelo pacto da f�.
Admitindo isso como uma verdade, seria o caso de
perguntarmos: E s� mudou isso? E a censura de consultar os mortos,
n�o teria porventura sido revogada nesse novo pacto? Se houve
mudan�a na forma de "salva��o", por que n�o mudaria a forma de
"aprendizagem" das Leis divinas?
Jesus consultou os mortos no Monte Tabor. Esse seu ato n�o
teria sido uma consagra��o dessa mudan�a? Se n�o foi, ficou ruim a
coisa para o lado de Jesus. Ele deixou para n�s um exemplo que n�o
pode ser seguido. Mas, ele mesmo nos disse que tamb�m fiz�ssemos o
que Ele fazia (Jo�o 13:15).
Esta prega��o de novo concerto em Cristo �, na verdade, um
recheio de palavras bonitas, arranjado para tentar justificar o
injustific�vel. Deus n�o precisa fazer pacto algum, para conseguir a
salva��o do homem. Ele � onipotente, ou n�o � Deus. Pacto se faz
quando dois interesses se chocam. � um recurso conciliador. A mais
med�ocre raz�o nos diz que esse n�o � o caso de Deus.
Vamos falar um pouquinho a respeito desses CONCERTOS,
segundo a cren�a dos irm�os protestantes. O primeiro, j� abolido,
teria sido iniciado entre Deus e Abra�o e estaria codificado na Lei de
Mois�s. O segundo teria sido promulgado por Jesus.
No primeiro, constam coisas absurdas como a "circuncis�o"
(obriga��o de retirada da carne que envolve o prep�cio do p�nis).
Jesus, por sinal, foi circuncidado, pois seus genitores seguiam a Lei
mosaica. Est� no livro G�nesis o seguinte:
"Disse mais Deus a Abra�o: Tu, por�m, guardar�s o meu
concerto, tu e a tua semente depois de ti, nas suas gera��es. Este � o
meu concerto, que guardareis entre mim e v�s e a tua semente depois
de ti: Que todo macho ser� circundado. E circundareis a carne do
vosso prep�cio; e isto ser� por sinal do concerto entre mim e v�s"
(G�nesis cap. 17, vers. 9 e 10).
Para os crentes, o ritual mosaico est� obsoleto e eles n�o o
observam. Por isto n�o praticam a circuncis�o, as oferendas, os
holocaustos etc. No entanto, na hora de buscar enxertos b�blicos para
censurar o Espiritismo, correm ao Antigo Testamento, como fez o
articulista ao citar Deuteron�mio, Lev�tico e Isa�as. Sabe por qu�?
Porque nos ensinos de Jesus n�o encontram respaldo para esse
prop�sito. O jeito � se valer daquilo que eles mesmos consideram
obsoleto.
O segundo concerto teria sido consumado no G�lgota, no
instante em que Jesus teria expiado nossos pecados atrav�s de sua
crucifica��o. Esse ato teria levado Deus a mudar a ordem das coisas e,
a partir da�, a salva��o das almas estaria condicionada "� f�".
O sangue de Jesus Cristo � o ponto principal e o seu
derramamento na cruz teria propiciado o perd�o dos pecados de todos
aqueles que viessem a se arrepender e crer. Apegam-se ao que est�
escrito em Mateus 26:28 "Porque isto � o meu sangue, o sangue do
Novo Testamento, que � derramado por muitos, para remi��o dos
pecados", j� por n�s comentado acima.
Segundo alguns evang�licos (crentes; protestantes) os mortos
est�o "dormindo", aguardando o dia de Ju�zo, quando todos
recuperaremos os corpos materiais que tivemos e iremos para o tribunal
divino para julgamento.
Segundo outros, no momento da morte o crente seria conduzido
� presen�a de Cristo, permanecendo em plena consci�ncia e
desfrutando da alegria diante da bondade e do amor de Deus, num
lugar de repouso e seguran�a chamado c�u. Viver no c�u inclui a
adora��o e o louvor. Com a ressurrei��o, a alma deixaria o c�u e
retornaria ao corpo carnal. Seria at� de se perguntar: se a vida no c�u
j� � t�o completa, para que a ressurrei��o?
Na Lei de Mois�s, a remi��o dos pecados decorria da observ�ncia
� Lei e do sacrif�cio de animais. No concerto com Jesus, referida
remi��o seria obtida mediante a f�, ou seja, a aceita��o de Cristo como
o Filho de Deus. Estar�o imediatamente livre da culpa e da condena��o
todos, que declararem acreditar em Jesus.
Pensando assim, ficou at� mais f�cil com Jesus de que com
Mois�s. Com o Cristo basta a f�. Com Mois�s o pretendente � remi��o
de pecados estava sujeito a doar um bode ou um bezerro, para ser
morto, o que acabava representando um custo.
Crimes hediondos, mortes, trag�dias, estupros, destrui��es,
assassinatos, roubos, prostitui��es, cal�nias, toda sorte de torpeza e
iniq�idade praticada pelo homem, seria remido por um simples ato
de aceita��o de Jesus como o Salvador. F�cil, n�o?
S� que esqueceram de um pequeno detalhe: a v�tima. Ou,
melhor, as v�timas. Como ficaria a multid�o de almas esbulhadas,
ofendidas, maltratadas, destru�das, vilipendiadas pelos ofensores?
Muitas at� assassinadas, sem que tivessem tido tempo de tamb�m
aceitar Jesus? Onde ficariam os clamores dos que esperam pela Justi�a
Divina? O algoz, ao aceitar Jesus, � "perdoado" gratuitamente de seus
pecados. Onde ficaria a justi�a?
Rejeitamos esta cren�a do "perd�o" pela f�, por uma raz�o
elementar: ela � contr�ria aos princ�pios de Justi�a aclamados por Jesus.
Em nenhum momento Jesus pregou o perd�o gracioso das d�vidas.
Muito pelo contr�rio, Ele deu �nfase � necessidade do pagamento das
d�vidas, chegando a dizer que daqui n�o sairemos enquanto n�o
tivermos pagos o �ltimo centavo (Mt 5:26). S�o muitas as cita��es a
respeito da Justi�a, e do v�nculo entre pecador e pecado. Cito alguns
exemplos que s�o bastante claros:
"Bem-aventurados os que t�m sede e fome de justi�a, porque
ser�o saciados" (Mateus 5:6).
"Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete
pecado � escravo do pecado" (Jo�o 8:34).
"Se a vossa justi�a n�o exceder a dos escribas e fariseus, de modo
nenhum entrareis no Reino de Deus. Ouviste o que foi dito aos antigos:
N�o matar�s; mas qualquer que matar ser� r�u de Ju�zo" (Mateus
5:20 e 21).
"Em verdade te digo, que de maneira nenhuma, sair�s dali,
enquanto n�o pagares o �ltimo ceitil" (Mateus 5:26).
"Porque o Filho do Homem vir� na gl�ria de seu Pai, com os
seus anjos; e, ent�o, dar� a cada um segundo as suas obras" (Mateus
16:27).
"Quem pela espada fere, pela espada ser� ferido" (Mateus
26:52).
N�o precisa ser estudioso do Evangelho para saber que a moral
crist� est� amparada na Justi�a Divina. O homem que perdoa confia
na Justi�a de Deus. Os que n�o acreditam nessa justi�a recorrem �
vingan�a. Seria justo isentar de pecados irm�os cujo �nico m�rito seja
aceitar Jesus como Salvador? E que nada fizeram em prol de suas
v�timas?
Imagine que voc� esteja naquela situa��o de ter sede e fome de
Justi�a, diante de sofrimentos que lhe foram impostos por algum mal.
Imagine voc� ter sua esposa ou filha estuprada e morta. Voc� perdoa,
n�o se vinga, por acreditar que a Justi�a de Deus saber� punir o
criminoso. A sua dor s� Deus conhece. Sua vida, seus sonhos, seus
ideais, seus esfor�os, tudo destru�do por um ato criminoso.
O autor da desgra�a da sua vida, confessa aceitar Jesus como
seu salvador e por conta desta convers�o est� livre daquele pecado.
Nada deve �s v�timas, muito menos a voc�. Est� salvo e quando morrer
ser� recebido por Jesus, no Reino do c�u. O mesmo Jesus que afirmou
que "quem matar � r�u de Ju�zo", vir� receber aquele criminoso e
cobri-lo de gl�rias celestes, unicamente porque ele confessou crer. E
voc�, que esperou em Deus, estar� "saciado" com essa justi�a divina?
Duvido muito.
Uma outra situa��o: roubam-lhe todos os seus bens, deixando
voc�, sua esposa e filhos pequenos na pen�ria. O ladr�o, declara aceitar
Jesus como seu Salvador e aquele roubo � perdoado. Voc� e seu lar
continuam ali, na pior. E o bandido "salvo", usufruindo daquilo que
era seu. Esse tipo de perd�o tem cabimento? Isso � justi�a? S� na
cabe�a de quem n�o pensa.
O ap�stolo Paulo, numa de suas cartas, deixa extravasar esse
sentimento de cren�a na justi�a divina. Dirigindo-se a Tim�teo, diz:
"Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague
segundo as suas obras" (2 Tim�teo 4:14).
Merece reflex�o esse fato. Nada mais, nada menos de que o
ap�stolo Paulo, manifestando sentimentos seus. Releia, com mais
carinho, o que est� por tr�s daquele depoimento. Duas coisas est�o ali
patentes: primeiro, que Paulo foi ofendido por Alexandre, que lhe
causou muitos males. Segundo, qual a expectativa do ap�stolo
ofendido, com rela��o ao agressor. Ao dizer "o Senhor lhe pague
segundo as suas obras" ficam evidentes quatro coisas:
� Paulo quer a repara��o dos males que sofreu;
� quer que Alexandre sofra para pagar o que fez;
� ele aguarda ser esta cobran�a divina proporcional � falta
cometida;
� ele n�o revidou a ofensa por confiar na justi�a de Deus.
Outro detalhe que chama bem nossa aten��o � a respeito do
entendimento de Paulo acerca das obras, ou seja dos atos praticados.
Se n�s raciocinarmos com base nas alega��es do articulista de que o
perd�o das ofensas (e a conseq�ente salva��o) se obt�m pela f�, somos
for�ados a admitir que a puni��o tamb�m se d� em fun��o dela.
Logo, n�o teria sentido Paulo manifestar sua esperan�a de que
Deus puna o agressor "segundo as suas obras". Se fosse a f� o par�metro
para a repara��o dos delitos, Paulo teria dito assim: "o Senhor lhe
pague segundo a sua f�".
De outra feita, o sumo sacerdote Ananias mandou aos que
estavam junto dele que ferissem Paulo na boca. E isso foi feito. Ent�o,
Paulo disse: "Deus te ferir�, parede branqueada! Tu est�s aqui assentado
para julgar-me conforme a lei e, contra a lei, me mandas ferir?" (Atos
23:3).
Outra vez Paulo demonstra querer que o infrator repare o mal
causado, sofrendo dor semelhante a que lhe foi imposta. "Deus te
ferir�". E se Ananias aceitasse Jesus como o Salvador? Estaria perdoado
daquele mal e de muitos outros que vinha causando?
Por outro lado, se admitirmos, tamb�m, que Jesus Cristo remiu
nossos pecados ao derramar seu sangue na cruz, n�o faz sentido o
"perd�o". Todo erro j� est� pago com anteced�ncia! Ali�s, isto at�
seria um pretexto para se errar, afinal o erro j� estaria remido por
antecipa��o. O perd�o n�o teria significa��o alguma. A Salva��o seria
obtida, voc� tenha pecado ou n�o, posto que ela depende da "aceita��o
de Jesus como seu salvador". Como voc� v�, � um argumento apenas
de f�, n�o tem l�gica, n�o guarda coer�ncia com o princ�pio de justi�a.
Estes exemplos de Paulo s�o muito bons, porque revelam que a
ess�ncia do ensino de Jesus n�o � aquela difundida pelos irm�os
protestantes. Est� a� o ap�stolo Paulo apelando para que a Justi�a de
Deus fira Ananias, e puna Alexandre, indiferentemente deles serem
ou n�o portadores da f�.
A verdade � que a f� n�o isenta ningu�m de reparar seus erros.
Aceitar Jesus como seu salvador � um ato merit�rio, que deve levar o
transgressor a refletir acerca da necessidade de se reposicionar na vida,
substituindo erros por virtudes. E isto s� se obt�m com a pr�tica das
boas obras.
Se voc� est� inclinado a crer nessa salva��o f�cil, desista. Ela
n�o existe. Nem poderia ser dessa maneira, porque entre agressor e
v�tima se estabelece um la�o espiritual, que somente ser� rompido
com a devida repara��o. Da� porque Jesus dizia que daqui (do planeta
Terra) n�o sairemos, enquanto n�o pagarmos o �ltimo ceitil.
E se morrermos antes de pagar, como e quando se cumprir� a
afirma��o do Mestre? Voc� s� encontra resposta na Lei da
Reencarna��o. � no retorno � carne que se cumpre o pagamento,
quando n�o � poss�vel ressarcir a d�vida na exist�ncia em que se a
comete.
Jesus pregou a f�, � verdade. Ele fez afirma��es diversas
conclamando a crermos em Deus, em sua pessoa e em seus
ensinamentos. E tudo que Ele disse � verdadeiro. O sentido de suas
palavras, no entanto, � desvirtuado por interpreta��es equivocadas.
Cristo disse, por exemplo "...importa que o Filho do Homem
seja levantado, para que todo aquele que Nele crer n�o pere�a, mas
tenha a vida eterna" (Jo�o 3:15). � absolutamente certo isso a�.
Resta saber o que ele pretendeu dizer com a express�o "nele
crer". Leg�timo crente em Cristo � aquele que adota o padr�o de vida
por Ele exemplificado, que se resume na pr�tica da caridade e do amor
ao pr�ximo. Quem assim vive acumula m�ritos espirituais, e como a
Lei � "a cada um segundo as suas obras", o leg�timo crente em Cristo
est� habilitado para a felicidade futura (a vida eterna).
O mero ato de crer n�o isenta o devedor da obriga��o de
"reparar" seus erros.
Para muitos, crer � voc� chegar em pra�a p�blica e fazer confiss�o
oral dessa f�. Erram por se apegarem � letra, sem buscar entender o
sentido espiritual do ensinamento dado. Eu gostaria de ver os que
alardeiam "crer" em Jesus, dar as demonstra��es dessa cren�a,
praticando, ao p� da letra, em pra�a p�blica, os seguintes atos
anunciados no Evangelho:
"E estes sinais seguir�o aos que crerem: pegar�o em serpentes, e
se beberem alguma coisa mort�fera n�o lhes far� dano algum" (Marcos
16:18).
O homem � conclamado a perdoar, para que o mal n�o se
perpetue e para que ele desenvolva virtudes. Deus, por�m, n�o perdoa,
no sentido literal da palavra. Perdoa, sim, no sentido de n�o fechar as
portas ao devedor, concedendo-lhe oportunidades para repara��o dos
erros, atrav�s do retorno � carne.
Nascer de novo, voltar ao mundo da carne, sofrer na pele os
males que haja impingido a outrem, a� sim, o saciamento da Justi�a
de Deus se patenteia, e o enunciado evang�lico do "a� n�o saireis
enquanto n�o pagares o �ltimo ceitil" se confirma. E o devedor, por
sua vez, ao resgatar sua d�vida, retornar� � p�tria espiritual aliviado
dos seus erros e feliz por ter sido merecedor da gl�ria que o espera.
Est� a� a causa l�gica, justa, merecida, �til e redentora, dos
grandes sofrimentos que afligem o Homem. Expia��o e repara��o dos
erros do passado. Resgate. Reajustamento do infrator com as Leis de
Deus. Muitos j� trazem do ber�o a marca da dor, o estigma do
sofrimento. Qual a causa, perguntamos? Se tiv�ssemos uma s�
exist�ncia corporal, onde estaria a Justi�a e o amor de Deus, ao permitir
o nascimento de um em ber�o de ouro, e o nascimento do outro em
ber�o de barro?
Aos que n�o admitem que os grandes sofrimentos sejam resgate
de d�vidas, desta ou de outras exist�ncias, pedimos que nos d�em
explica��o mais racional, coerentemente com a bondade e a justi�a de
Deus.
A Lei da Reencarna��o veio nos mostrar a verdadeira justi�a de
Deus. � in�til o desejo do infrator querer se libertar dos seus erros,
sem o resgate. A Lei de Deus n�o permite exce��o.
Fa�amos um exerc�cio de aprendizagem. Imagine dois grandes
inimigos, um deles tirando a vida do outro atrav�s do homic�dio,
jamais descoberto. A lembran�a do crime n�o se apaga da consci�ncia
do infrator que, ap�s a morte, no mundo espiritual, pede a Deus a
oportunidade de reparar seu erro. Volta ao mundo da carne e, mais
adiante, recebe em seus bra�os, como filho, aquele a quem tirou a
vida na exist�ncia anterior.
Imagine voc� vendo-os agora. Pai e filho, juntos, unidos, um
devolvendo ao outro aquilo que lhe roubara na exist�ncia anterior: a
vida. O devedor dando, ao seu desafeto do passado, carinho, prote��o,
meios para sobreviver e crescer. Aquela inimizade de outrora, sendo
trabalhada pela Lei da Reencarna��o para transformar em amor o que
antes era �dio. � assim que se d� a repara��o dos erros. Mudam os
corpos, mas os Esp�ritos envolvidos na trama s�o os mesmos.
Aproveitemos o exemplo acima para destacar uma coisa
important�ssima, que acompanha o Homem em seu retorno � mat�ria.
Imagine que ambos os Esp�ritos reencarnados lembrassem da vida
anterior, do �dio, do assassinato. Que lhes sucederia? Ambos estariam
atormentados pelos estigmas do passado e suas vidas seriam um supl�cio
insuport�vel.
Quis Deus, em sua bondade infinita, poupar-nos de mais esse
sofrimento e, para tanto, estabeleceu a Lei do Esquecimento. Percebeu,
agora, por que n�o lembramos do nosso passado? � isto mesmo, somos
todos infratores. � prefer�vel que somente recordemos nossos delitos
quando retornarmos ao Mundo Espiritual, redimidos dos mesmos. E
� assim que acontece.
Entendemos que a aceita��o do Evangelho � o primeiro passo
para a remi��o dos pecados, porque seu conhecimento faz com que o
pecador se arrependa dos erros e re�na, na pr�tica da caridade e do
amor ao pr�ximo, a for�a espiritual de que carece para a repara��o
dos erros cometidos. Quer esta repara��o se d� nesta encarna��o, quer
nas vindouras.
Est� aqui uma das diferen�as de entendimento entre n�s esp�ritas
e os irm�os protestantes: a forma da salva��o. Para eles, a salva��o dos
homens ser� parcial, porque nem todos merecer�o o Reino de Deus.
Grande leva de nossos irm�os padecer�o eternamente no Inferno,
inclusive os esp�ritas. Multiplicam as casas de ora��o e louvor,
prometendo aos fi�is a salva��o pela "f�". Para assim ensinar, se apegam
a trechos isolados da B�blia, interpretando-os ao p� da letra, ou dando-
lhe uma conota��o diferente do seu verdadeiro sentido.
A f�, sozinha, n�o salva ningu�m. Jesus n�o ensinou isto! N�s
empregamos a palavra "salva��o" porque ela j� ficou consagrada pelo
uso, mas � bom que se tenha em mente que, a rigor, o Esp�rito n�o se
salva. Ele evolui, ele progride, ele atinge a "perfei��o". Vou buscar um
exemplo no Evangelho, para refor�ar este ponto. Por favor, leia com
bem aten��o este acontecimento narrado no livro de Mateus (cap�tulo
19, vers. 16 a 24). Intitula-se "O Jovem Rico":
"E eis que aproximando-se dele um jovem, disse-lhe:
� Bom Mestre, que farei para conseguir a vida eterna?
E Ele disse-lhe: Por que me chamas de bom? N�o h� bom,
sen�o um s� que � Deus. Se queres, por�m, entrar na vida, guarda os
Mandamentos.
� Quais? perguntou o jovem.
Disse-lhe Jesus: N�o matar�s, n�o cometer�s adult�rio, n�o
furtar�s, n�o dir�s falso testemunho; honra teu pai e tua m�e, e amar�s
o teu pr�ximo como a ti mesmo.
Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha
mocidade; que me falta ainda?
Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que
tens, d� aos pobres e ter�s um tesouro no c�u. Depois vem e segue-
me.
E o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste, porque possu�a
muitas propriedades.
Disse, ent�o, Jesus aos seus disc�pulos: Em verdade vos digo
que � mais f�cil passar um camelo no fundo de uma agulha do que
um rico entrar no Reino do C�u".
� muito conhecida esta passagem b�blica, por conta da
compara��o final do rico com o camelo.
Voc� h� de concordar comigo que Jesus estava diante de um
jovem correto, cumpridor da Lei. Este mo�o procurou Jesus certo de
que ouviria elogios do Mestre, j� que tinha consci�ncia de sua retid�o,
pois em toda sua vida agira com fiel obedi�ncia aos estatutos de Mois�s.
Ao dizer a Jesus que guardava aqueles Mandamentos desde a
sua mocidade, ele estava falando a verdade. Tanto assim, que Jesus
n�o fez coment�rios a respeito disso. Aceitou a confiss�o do mo�o
pacificamente. Se o jovem, em toda aquela sua exist�ncia, tivesse
descumprido um s� dos Mandamentos da Lei, pode ter a certeza que
Jesus o desmascararia naquele instante. Como fez em outras ocasi�es
com outros pecadores.
Se Jesus n�o retrucou acerca do cumprimento da Lei pelo jovem,
� que estava diante de um crente fiel, obediente, virtuoso. Concorda?
Vamos adiante. Veja que a pergunta do mo�o foi: Que farei
para conseguir a vida eterna?
Observe que ap�s o di�logo acerca do cumprimento da Lei,
Jesus respondeu � pergunta que foi feita. S� que Jesus, no momento
da resposta, deu � pergunta a sua verdadeira conota��o. A resposta
foi: "se queres ser perfeito, vai, vende....". O mo�o n�o perguntou o
que fazer para ser perfeito. Ele perguntou o que fazer para conseguir a
vida eterna. Percebeu?
A resposta do Mestre deixa claro que para Ele a express�o "vida
eterna", � sin�nimo de "perfei��o". Da� porque respondeu daquela
maneira. O Cristo poderia ter respondido assim: Se queres a vida
eterna, vai, vende
Mas n�o fez isso. Respondeu dizendo: Se queres
ser perfeito, vai, vende...
Em outras palavras, Jesus estava dizendo que s� alcan�a a vida
eterna aqueles que atingem a perfei��o. Logo, pregou a Lei de Evolu��o
dos Esp�ritos, cujo estudo somente agora � aprofundado pela Revela��o
esp�rita.
Vamos adiante. Quando Jesus disse ao jovem, "vai, vende o
que tens, d� aos pobres...", ele estava recomendando o desprendimento
dos bens terrenos, atrav�s da caridade. O mo�o, apesar de possuir
muitas virtudes, tinha apego aos bens terrenos, por conseguinte n�o
era caridoso. Jesus notou esta fraqueza.
Antes, por�m, de Jesus anunciar a recomenda��o final, o mo�o
fez sua confiss�o de f� e renovou a pergunta inicial. Disse assim: "tudo
isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?
Lembremo-nos que estamos diante de um jovem correto,
cumpridor da Lei de Mois�s. Atente para a express�o "ainda". Que
me falta ainda?
Na descri��o feita por Marcos (cap. 10, vers. 17 a 25), Jesus
teria dito: "falta-te uma coisa: vai, vende o que tens...". Preste aten��o
no termo "uma coisa". Jesus n�o disse que faltavam duas, tr�s, ou
quatro coisas. Disse que faltava apenas uma, e essa uma coisa era
exatamente a caridade. Viu agora a import�ncia que Jesus atribuiu �
caridade?
O sujeito pode ter todas as virtudes, mas se n�o tiver a caridade
ter� que exercit�-la. Se n�o o fez nesta exist�ncia, far� na pr�xima.
Ainda bem que existe a reencarna��o. J� pensou se n�o existisse? O
que seria dos que desenvolvem a f� e a capacidade de louvar a Deus e
esquecem da caridade? N�o teriam a vida eterna, conforme disse Jesus.
Ao mostrar ao mo�o o que lhe faltava para a perfei��o, Jesus
n�o lhe recomenda a f�. Recomenda a caridade, como fazem agora os
Esp�ritos Superiores, atrav�s da Revela��o esp�rita. A f� ele j� tinha,
tanto assim que era fiel cumpridor dos Mandamentos.
Disse Jesus com toda a franqueza "...d� aos pobres". Se o
prop�sito fosse apenas o desprendimento dos bens materiais, bastaria
apenas que o mo�o doasse seus bens, a quem quer que fosse. E sendo
para receber, de gra�a, nunca faltou pretendente. Ao designar a quem
a doa��o deveria ser dada � "aos pobres" �, est� identificado o fim
caritativo da a��o.
Ao mo�o faltava ainda "uma coisa", que era a caridade. Em
outras palavras, Jesus estava ensinando o que hoje os Esp�ritos nos
dizem: "Fora da caridade n�o h� salva��o". A caridade � universal, � a
mais pura express�o de amor ao pr�ximo, da� seu valor. Quando todos
os homens praticarem a caridade, independentemente da religi�o que
sigam, o mundo ter� atingido um grau maior de evolu��o, e estar�
entre os mundos superiores.
Fosse a f� a condi��o exclusiva para a salva��o, Jesus n�o deixaria
de mencion�-la naquele instante. Sabe por que n�o o fez? Porque entre
a f� e a caridade, a caridade � a maior virtude.
O ap�stolo Paulo definiu muito claramente esta posi��o do
Evangelho de Jesus ao dizer: "ainda que eu falasse as l�nguas dos homens
e dos anjos e n�o tivesse caridade, seria como o metal que soa ou
como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e
conhecesse todos os mist�rios e toda a ci�ncia, e ainda que tivesse
toda a f�, de maneira tal que transportasse os montes, e n�o tivesse
caridade, nada seria" (I Cor�ntios 13:1).
Mais adiante afirma que, dentre in�meras qualidades da
caridade, ela "tudo sofre, tudo cr�, tudo espera, tudo suporta" (I
Cor�ntios 13:7). N�o preciso dizer mais nada.
No fecho final da resposta ao mo�o rico, Jesus disse: "depois
vem e segue-me". O "depois" � o n� da quest�o. Jesus colocou a
ren�ncia aos bens materiais como condi��o para aquele jovem O seguir.
Pretendeu dizer que os seus seguidores teriam que abrir m�o dos bens
que possuem? N�o, absolutamente. A resposta, muito firme e em cima
da maior car�ncia espiritual do mo�o, teve o prop�sito de impression�-
lo fortemente, para que refletisse acerca do apego que devotava �s
posses materiais.
Conhecemos irm�os assim. Devotam-se � f� de todo o cora��o
e re�nem outras virtudes como a devo��o a Deus, a prece, a fuga dos
v�cios, o cuidado para viver de forma moralizada etc. Agora... tirar do
que � seu para doar aos outros, nem pensar! D�i-lhes a id�ia de
caridade. Por raz�es �bvias, de foro �ntimo, se sentem muito mais �
vontade seguindo uma religi�o que exige apenas a f�.
Jesus � o exemplo de perfei��o, no qual devemos nos inspirar.
Segui-Lo, significa viver segundo as regras de seu Evangelho, resumidas
no "fazer aos outros aquilo que queremos seja feito a n�s". E, para
tanto, n�o se exige voto de pobreza. Apenas voto de desprendimento.
Ser crist�o � viver simplesmente, ter amor no que faz, no que
diz. � viver tamb�m fraternalmente, com o bom, o errado e o infeliz.
Ser crist�o � ser bom camarada, n�o mentir, n�o matar, n�o ferir. E se
no seu merecer vier a dor, suportar sem temor, que a prova tem fim.
Um detalhe que carece coment�rio � o fato de Jesus ter, de
in�cio, recomendado ao mo�o que cumprisse os Mandamentos, ao
inv�s de dizer logo: vai, vende o que tens.... Algu�m poder� indagar se
Jesus n�o percebera ser o mo�o cumpridor da Lei. � claro que Jesus
sabia.
Ao recomendar que guardasse os Mandamentos, deu,
propositadamente, ensejo para que o mo�o declinasse suas virtudes,
para ent�o mostrar-lhe que elas n�o bastavam. Que faltava uma: a
caridade. Se o di�logo tivesse sido: Bom Mestre, que farei para
conseguir a vida eterna? E a resposta imediata: "vai, vende tudo o que
tens, d� aos pobres...", o mo�o ficaria na d�vida. Sairia dali pensando
qualquer coisa como: "Ele disse isso porque n�o sabe que sou fiel
cumpridor da Lei".
A prop�sito da Lei de Evolu��o dos Esp�ritos, lembro que em
outras ocasi�es, Jesus pregou a respeito da "perfei��o". Disse-nos, por
exemplo: "Sede perfeitos, como perfeito � o Pai que est� nos c�us"
(Mateus 5:48). "Eu neles e tu em mim, para que eles sejam perfeitos
em unidade e para que o mundo conhe�a que tu me enviaste a mim e
que tens amado a eles como me tens amado a mim" (Jo�o 17:23).
A respeito da afirma��o de que "� mais f�cil passar um camelo
no fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino do C�u",
cabe uma explica��o: Jerusal�m, como outras cidades existentes na
�poca do Cristo, eram protegidas por muralhas. Estas muralhas
possu�am port�es, para entrada na cidade, e que, ao final do dia, eram
fechados, para proteger seus habitantes. Afora os port�es, existiam
outras entradas, bem pequenas, chamadas de "agulhas", destinadas �
entrada de pessoas quando o port�o principal j� estivesse trancado.
O camelo era um dos animais muito utilizado para o transporte
de pessoas e mercadorias. Seus condutores, ao chegarem fora de hora,
se quisessem entrar na cidade, tinham que passar pelas "agulhas".
Alguns conseguiam, com esfor�o e habilidade, fazer com que seus
camelos se arrastassem pelo solo e atravessassem por aquelas pequenas
entradas. Outros n�o, e estes eram a maioria. Pernoitavam do lado de
fora, junto com seus animais e pertences. Esta situa��o levou a que se
popularizasse, entre aquele povo, o ditado: "� mais f�cil um camelo
passar no fundo de uma agulha de que... isto ou aquilo".
Ao fazer aquela compara��o, Jesus, estava empregando um
ditado da �poca, para se tornar compreendido pelo povo. � bom
destacar que Ele n�o estava, com aquelas palavras, condenando o rico
ao inferno, como muitos pensam. Suas palavras foram: "� mais facil...".
E isto n�o significa que seja imposs�vel. Apenas, � mais f�cil. Por
exemplo: diante de um edif�cio de 50 andares, posso dizer que � mais
f�cil chegar ao �ltimo andar pelo elevador do que pela escada. Mas se
eu for pela escada tamb�m chego.
Pontos a Recordar:
1. O prop�sito de Mois�s ao tra�ar a recomenda��o era evitar o
ressurgimento de pr�ticas que induzissem ao polite�smo e � idolatria;
2. O homem sempre esteve muito fascinado pelo sangue e a
hist�ria registra o seu uso em muitos rituais religiosos, de diversos
povos.
3. O sangue derramado, em nome do Evangelho, est� patente,
ao longo desses 20 s�culos, nos atos de persegui��o e morte de muitos
abnegados crist�os, que com seus sacrif�cios pessoais possibilitaram
que o Evangelho chegasse at� os nossos dias.
4. � preciso muita desinforma��o ou maldade para misturar
Espiritismo com adivinha��o, com magia ou algo semelhante. O
recado do Lev�tico, condenando � morte os adivinhos, ca� no vazio da
impropriedade, quando dirigido � Doutrina Espirita. Piton significa
adivinho, mago, nigromante, figuras que n�o se encontram no
Espiritismo.
5. Se tudo que est� no Lev�tico � PALAVRA DE DEUS, porque
os irm�os protestantes n�o voltam a praticar "circuncis�o", as
"oferendas" e os "holocaustos"? Por que n�o observam o corte de cabelo,
a manuten��o da ponta da barba e outras orienta��es daquele livro?
6. A f� n�o isenta ningu�m de reparar seus erros. Aceitar Jesus
como seu salvador s� � um ato merit�rio se levar o transgressor a
refletir acerca da necessidade de se reposicionar na vida, substituindo
erros por virtudes. E isto s� se obt�m com a pr�tica das boas obras.
7. Em Doutrina Esp�rita n�o utilizamos a palavra "salva��o",
porque o Esp�rito n�o se salva. Ele evolui, ele progride, ele atinge a
"perfei��o".
8. Diante de um mo�o rico, que tinha a virtude de cumprir os
Mandamentos, Jesus recomendou a pr�tica da caridade para que o
mesmo atingisse a perfei��o.
IV. NOVA ORDEM DE COISAS
Diz o articulista no op�sculo que estamos comentando:
"Quando vos disserem, Consultai os pit�es e os adivinhos, que
murmuram em segredo nos seus encantamentos; � acaso n�o
consultar� o povo ao seu Deus? h� de ir falar com os mortos acerca
dos vivos? antes � lei e ao testemunho � que se deve recorrer." (Isa�as
cap. 8:19-20.)
Segundo a tradi��o crist�, Isa�as, o autor da senten�a acima,
teria escrito o livro b�blico que leva seu nome cerca de 700 anos antes
de Cristo. Era um homem de cultura e provinha de uma fam�lia
importante de Jerusal�m. Era casado com uma profetisa e tinha dois
filhos.
Por seus dons prof�ticos, era consultado por reis e se destacou
pelas in�meras profecias que fez, muitas delas relacionadas com
problemas pol�ticos da �poca (predi��o da queda da Babil�nia, ru�na
da Ass�ria, ru�na de ex�rcitos etc). Fazia exorta��es a reis e pessoas
influentes a confiarem somente no Senhor. Consta que sua morte foi
muito tr�gica, tendo sido serrado ao meio.
Entre suas profecias de car�ter evang�lico inclui-se a da vinda
de Jo�o Batista: "Voz do que clama no deserto: preparai o caminho
do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus" (Isa�as 40-3) e a
da vinda de Jesus: "Portanto o mesmo Senhor vos dar� um sinal: eis
que uma virgem conceber� e dar� a luz um filho e ser� o seu nome
Emanuel" (Isa�as 7:14). O livro escrito por Isa�as � cheio de profecias
a respeito de Jesus, incluindo seus sofrimentos, humilha��o e morte.
Suas mensagens eram fruto de vis�es, da� ser chamado de Profeta
(termo que vem de uma palavra hebraica, traduzida no portugu�s
como "vidente" � dom medi�nico, atrav�s do qual o m�dium v� na
dimens�o espiritual. Outros religiosos admitem que profeta seja aquele
que fala em nome de outrem).
Os sacerdotes do Antigo Testamento n�o gostavam de todos os
profetas, porque alguns os repreendiam e desmascaravam, obtendo a
admira��o popular.
O foco da prega��o de Isa�as era manter a imagem do Deus
�nico, do qual o povo judeu n�o devia se distanciar. Sendo assim,
repetia as mesmas exorta��es dos livros de Mois�s, com �nfase para o
combate � idolatria e ao polite�smo. S� como exemplo, veja esta
passagem:
"Gastam o ouro da bolsa e pesam a prata nas balan�as; assalariam
ourives, e ele faz um deus, e diante dele se prostram e se inclinam.
Sobre os ombros o tomam, o levam e o p�em no seu lugar; ali est�, do
seu lugar n�o se move; e, se recorrem a ele, resposta nenhuma d�, nem
livra ningu�m da sua tribula��o. Lembrai-vos disso e tende �nimo;
reconduzi-o ao cora��o, � prevaricadores. Lembrai-vos das coisas
passadas desde a antiguidade: que eu sou Deus, e n�o h� outro deus,
n�o h� outro semelhante a mim"(Isa�as 46:6 a 9).
Notou a preocupa��o com a adora��o a "outros deuses"? Os
que gastavam dinheiro assalariando ourives para fazer imagens eram
tidos por prevaricadores.
Em seus escritos, Isa�as, tra�a um paralelo entre pr�ticas
consagradas por Mois�s, rejeitando algumas delas, e anuncia os
procedimentos de fraternidade que seriam, mais tarde, ensinados e
exemplificados pelo Cristo. A respeito das pr�ticas vigentes � �poca,
relata:
"Diz o Senhor: De que me serve a multid�o de vossos sacrif�cios?
J� estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais
n�dios; e n�o folgo com o sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem
de bodes" (Isa�as 1:11). Adiante, acrescenta:
"N�o tragais mais ofertas debalde; o incenso � para mim
abomina��o, e tamb�m as festas da Lua Nova, e os s�bados, e a
convoca��o das Congrega��es; n�o posso suportar iniquidades, nem
mesmo o ajuntamento solene" (Isa�as 1:13).
E prenunciando ensinos que foram desenvolvidos pelo Cristo,
em torno da fraternidade e da caridade, afirma:
"Aprendei a fazer o bem; praticai o que � reto; ajudai o oprimido;
fazei justi�a ao �rf�o; tratai da causa das vi�vas. Vinde, ent�o, e arg�ime,
diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata,
eles se tornar�o brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos
como o carmesim, se tornar�o branco como a branca l�" (Isa�as 1:17
e 18).
� bom destacar que segundo os protestantes, o crente de agora
est� dispensado dos rituais do Antigo Testamento por conta do novo
concerto feito com Jesus. No entanto, voc� v� que 700 anos antes da
vinda de Jesus, aqueles rituais de sangue (oferendas e holocaustos,
para remi��o de pecados) j� eram censurados. O Senhor j� os
abominava.
E a�? Como � que ficou a salva��o neste per�odo de tempo entre
Isa�as e Jesus? Como se dava a remi��o dos pecados? Mois�s imp�s
para a remi��o dos pecados o "sacrif�cio dos animais". Se o Senhor se
enfadou dos holocaustos, 700 anos antes do novo concerto, o povo
teria ficado um longo per�odo sem ter meios para a salva��o. Pense
nisto!
Hoje � f�cil dizer: Ah, n�o precisamos dos holocaustos, da
circuncis�o e de observar regras do Antigo Testamento, porque o
sangue de Jesus nos livrou disso. Mas h� de considerar a hist�ria como
um todo. Teria o Senhor deixado seu rebanho um longo per�odo sem
meios para a salva��o? Ele que recomendou os holocaustos, vir dizer
que j� se aborreceu, que est� farto, e isso e aquilo.
Das duas uma: ou n�o foi Ele quem recomendou aqueles rituais
antigos; ou ent�o Ele mudou de gosto (e a� j� n�o seria Deus, porque
teria demonstrado n�o possuir o atributo da imutabilidade). Isto p�e
em cheque a B�blia, como sendo, EM SUA TOTALIDADE, a palavra
de Deus. Ali est�, tamb�m, muita palavra do homem, e, como tal,
suscet�vel de mudan�a, de erro, de engano. N�o h� como negar. E �
preciso separar o joio do trigo, como advertiu Jesus.
A pr�tica dos holocaustos e dos sacrif�cios dos animais foi
inven��o pura e unicamente dos homens. E ponto final!
� a� onde os diletos irm�os protestantes se perdem. Falta-lhes,
com todo respeito, bom-senso para separar uma coisa da outra, ou
t�m interesses outros para deixarem as coisas como est�o, confundindo
as gera��es.
Sabem que todos n�s, por forma��o religiosa, temos receio de
p�r resist�ncia �s coisas ditas SAGRADAS e usam exatamente este
r�tulo para definir a b�blia: "BIBLIA SAGRADA". Ai de quem se
intrometer a dizer que uma s� v�rgula do que est� ali n�o seja sagrado.
Quem se op�e ou mostra suas contradi��es tem parte com o dem�nio
e ser� condenado ao inferno! Ou seja, obt�m a ades�o de fi�is
espalhando o MEDO e a CONDENA��O. Ser� esse o bom
caminho?
A B�blia est� a� ao alcance de todos. Eles dizem: leia a B�blia.
N�s retrucamos: estudem a B�blia. Sabe qual a diferen�a? N�o basta
ler, � preciso raciocinar, refletir. E quem estuda raciocina. Deus n�o
tem medo da intelig�ncia do homem. Essa intelig�ncia � um dom
que Ele nos concedeu, para ser usado. � infantilidade esse neg�cio de
dizer que o homem quer ser mais inteligente de que Deus. Mesmo
que o homem quisesse, n�o o conseguiria, posto que Deus � a
Intelig�ncia "Suprema".
Algumas pessoas cultas e com bom n�vel de conhecimento
conservam ainda, em mat�ria de religi�o, conceitos que n�o resistem
ao uso da raz�o, da l�gica e do bom senso. Neste particular, n�o se
deram ao trabalho de raciocinar. Mant�m-se na cren�a em decorr�ncia
de la�os afetivos, ou por tradi��o familiar. � comum se dizer sou de
tal ou tal religi�o, porque fui educado nela, meus pais eram seus
seguidores etc. etc.
S�o pessoas que n�o tiveram contato com o Espiritismo, nem
o desejam, porque foram educadas pelo medo. Tenho condi��o para
dizer isso, porque freq�entei igrejas protestantes. Isso � coisa muito
s�ria. O medo � uma coisa terr�vel. Depois daquilo estar na sua cabe�a
� muito dif�cil remover. E em mat�ria religiosa o medo toma propor��es
assombrosas. O protestante faz uma id�ia preconcebida do Espiritismo,
como sendo coisa do diabo. Seus pastores transmitem isso aos fi�is �
sempre amparados em trechos isolados do Antigo Testamento �, de
forma constante e amea�adora.
O op�sculo que estamos analisando � um exemplo disto. Veja
que ap�s citar o trecho de Isa�as, o articulista diz: "Nos dias antigos o
rei Saul perdeu o seu reino e a sua vida por causa deste mesmo pecado,
e os esp�ritas de hoje v�o perder as suas almas, se n�o deixarem esta
pr�tica abomin�vel". O crente que ouve isso treme nas bases!
A desinforma��o acerca do que seja Doutrina Esp�rita tem
chegado bem antes da informa��o. Da�, muitos fazem id�ia err�nea
do que seja Espiritismo, com base no "ouvi dizer"; num segundo
momento j� repassam aquele falso conceito como "l� � assim", e resulta
na confus�o que a� est�, com os detratores da Doutrina tirando proveito
da situa��o.
O ap�stolo Paulo diz: "Examinai tudo. Retende o bem"
(I Tessalonicenses 5:21). Com rela��o � Doutrina Esp�rita, esta
orienta��o eles, os irm�os evang�licos, n�o aplicam. Seria prudente
examinar, conhecer o Espiritismo, antes de combat�-lo.
Eu fa�o at� uma reflex�o: vamos imaginar que a Doutrina
Esp�rita ainda n�o tivesse sido revelada ao homem. Qual seria a melhor
corrente religiosa para n�s seguirmos? Qual nos ensinaria mais? �
poss�vel que a cren�a fosse nossa melhor op��o. Os fi�is protestantes
est�o nesta condi��o. N�o sabem que existe uma Doutrina que amplia
os ensinamentos do Evangelho, que aprofunda os conceitos morais
transmitidos pelo Cristo e que confirma todas as predi��es de Jesus
acerca do Consolador.
O Espiritismo � para aqueles que querem saber mais, nos diz
Kardec.
Mas, voltemos ao livro do profeta Isa�as. Os ensinos ali expostos
seguem nesse rumo, ora profetizando uma nova ordem de coisas, com
a vinda do Messias, ora combatendo pr�ticas antigas, tanto as ensinadas
por Mois�s, como as aprendidas no Egito. E mantendo o mesmo foco
de adora��o ao Deus �nico, o Deus dos Ex�rcitos.
A exorta��o de Isa�as para que n�o se busquem os adivinhos, �
a mesma feita por Mois�s, e tinha o mesmo objetivo: combater as
pr�ticas de idolatria e polite�smo, que haviam retornado, apesar de
toda a prega��o de Mois�s.
O articulista recorre a ela como recurso para impressionar ainda
mais o seu leitor. A censura que est� em Isa�as � a mesma que est� em
Lev�tico e em Deuteron�mio. O Antigo Testamento � muito repetitivo.
As mesmas coisas s�o ditas v�rias vezes, com uma ou outra palavra
diferente, e isso concorre para tornar o livro extraordinariamente
volumoso, cansando o leitor.
No Antigo Testamento, eram aceitos dois tipos de profetas: os
sinceros e os falsos. Os sinceros eram os que obedeciam � Lei de Mois�s;
suas profecias n�o contrariavam as escrituras; pregavam a mensagem
do Deus �nico, e exortavam o povo a fugir do pecado e da iniq�idade.
Isa�as era um deles.
Os falsos eram os que n�o observavam aquela Lei; suas profecias
contrariavam as escrituras, e se dedicavam � adivinha��o, astrologia,
feiti�aria, bruxaria e coisas parecidas. Note que tanto os profetas sinceros
como os falsos faziam uso do contato com a espiritualidade. Tinham
vis�es e praticavam o recolhimento. A distin��o se dava em fun��o da
cren�a que possu�am e da finalidade com que aquele contato era feito.
O termo profeta era muito difundido entre os judeus. � aquele
neg�cio de corporativismo. O dom da profecia era reconhecido, s�
que, quem fosse do lado deles, seguidor de Mois�s, era profeta sincero.
Os demais eram falsos!
Parece com a situa��o de hoje, na vis�o dos irm�os protestantes.
Eles admitem que quem � do lado deles, tem a salva��o. Quem n�o
�... paci�ncia!... ter� o inferno como pr�mio. S�o coisas pr�prias do
est�gio evolutivo em que nos encontramos, ainda de atraso espiritual.
Mas vai melhorar e mudar, porque estamos todos progredindo,
inclusive os nossos irm�os protestantes.
O fim a que se destinava a orienta��o de Isa�as, que o articulista
evocou para censurar as pr�ticas e a Doutrina Esp�rita, n�o era
combater o Espiritismo, pelas mesmas raz�es que j� expusemos nos
cap�tulos anteriores (veja PONTOS A RECORDAR, dos cap�tulos II
e III).
Como vimos, Isa�as tinha, neste particular, a mesma linha de
racioc�nio de Mois�s, opondo-se �s pr�ticas id�latras e polite�stas, que
eram comuns nos adivinhos. Opunha-se, tamb�m, ao uso indevido
do dom de profetizar. Se existiam os profetas de Deus (os sinceros),
para que recorrer aos outros?
Os profetas de Deus profetizavam de conformidade com a Lei
religiosa vigente. Os que faziam uso indevido desse dom profetizavam
para atender aos interesses mundanos das pessoas que os procuravam.
Profecia, nos dias atuais, � o que chamamos de Mediunidade.
O que antes se chamava profeta, hoje chamamos de m�diuns.
Conquanto esse dom configure a possibilidade que t�m algumas
pessoas de se comunicarem com o Mundo Espiritual, no passado era
visco unicamente como a capacidade de prever ocorr�ncias futuras.
Os povos pag�os acreditavam que a adora��o a v�rios deuses
era superior a de um Deus �nico. Prevalecia o entendimento de que
"quanto mais deuses melhor". O povo judeu sofria essa influ�ncia e se
deixava contaminar, eclodindo, entres eles, esta pr�tica. Esta a raz�o
para os profetas fi�is ao Deus �nico, combat�-la com rigor.
O culto � idolatria envolvia, tamb�m, pr�ticas sexuais, existindo
para isto prostitutas escolhidas para os atos. Este ritual atra�a os judeus
e, a despeito de todas as advert�ncias dos seus profetas e dos seus
sacerdotes, esta pr�tica perdurou at� mesmo depois da vinda de Jesus.
A sexualidade ali presente e os fins a que se destinavam os cultos, de
n�tida inferioridade, atemorizavam os fi�is seguidores de Deus, que
exortavam, acertadamente, seu povo a n�o lhes dar ouvido.
A pr�tica da idolatria entre os judeus se dava "�s ocultas" e
abrangia rituais de evoca��o de for�as espirituais. Esse "ocultismo" �
maldosamente relacionado por detratores do Espiritismo, que se valem
do fato de as sess�es medi�nicas serem realizado em ambiente privado,
para for�ar uma correla��o entre a Doutrina Esp�rita e os cultos antigos,
aqueles sim, nitidamente abomin�veis, pelo interesse mundano que
os envolvia, e alvo das admoesta��es de Isa�as.
Repetimos que s� a maldade, a ingenuidade ou a desinforma��o
podem servir de pretexto para que se vincule o Espiritismo ao
ocultismo, presente nas pr�ticas id�latras do passado.
Era comum, no tempo do Cristianismo primitivo, encontrar
pessoas que se davam � pr�tica da adivinha��o, por meio da influ�ncia de
Esp�ritos. Mas isso n�o � Espiritismo. No Espiritismo n�o existe pr�tica
adivinhat�ria. Os Esp�ritos que se prestavam �quele fim eram de ordem
inferior, ou seja, moralmente atrasados. � poss�vel que entre eles existissem
Esp�ritos galhofeiros e brincalh�es, muito mais ing�nuos de que
propriamente maus. Ocupavam-se com essas coisas as pessoas que tinham
afinidade com eles, tanto para receb�-los como para ouvi-los.
Ent�o, indiferentemente de usar a mediunidade para fazer
adivinha��es ou n�o, a comunica��o dos Esp�ritos era fato trivial.
Em ATOS, livro b�blico escrito provavelmente por Lucas, 60 anos
depois de Cristo, � relatado o encontro, na rua, do grupo de disc�pulos,
liderados por Paulo, com uma jovem m�dium, que fazia adivinha��es.
Essa jovem n�o era esp�rita, de vez que o Espiritismo n�o existia �quela
�poca. Era apenas m�dium. Vamos examinar o que ali se passou e que
est� narrado na B�blia:
"E aconteceu que, indo n�s � ora��o, nos saiu ao encontro uma
jovem que tinha esp�rito de adivinha��o, a qual, adivinhando, dava
grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a n�s, clamava,
dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salva��o, s�o
servos do Deus Alt�ssimo. E isto ela fez por muitos dias. Mas Paulo,
perturbado, voltou-se e disse ao esp�rito: Em nome de Jesus Cristo te
mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu" (Atos 16:16 a 18).
Chamo a aten��o para a express�o "por muitos dias". E
pergunto: Por que Paulo n�o afastou aquele Esp�rito logo no primeiro
dia? Por uma raz�o: o an�ncio que o Esp�rito fazia, quanto aos servos
do Alt�ssimo, era verdadeiro. Ela n�o estava fazendo adivinha��o, estava
prestando uma informa��o. Est� evidente que Paulo e os outros
disc�pulos aceitaram aquela prega��o por muitos dias. S� se
aborreceram em face da persist�ncia da coisa. Tornou-se abusiva.
Foi um fen�meno de comunica��o medi�nica. � muito
estranho que Paulo e os demais ap�stolos n�o tenham expulsado o
esp�rito logo no primeiro instante. Quando uma coisa n�o presta, o
certo � cort�-la no nascedouro. Para evitar que se propague. Deixaram.
S� ap�s "muitos" dias � que decidiram suspender a comunica��o. Voc�
sabe quantos dias foram? Eu n�o sei.
Tem outra coisa interessante na narrativa que vale comentar.
Est� escrito que: "Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao Esp�rito:
Em nome de Jesus Cristo...". O fen�meno de comunica��o com os
mortos, patenteado naquele ato, foi recebido com naturalidade pelos
crist�os. Fixe sua aten��o nas palavras que sublinhamos: "ao Esp�rito".
O sentido seria outro se escrito assim: "Mas Paulo, perturbado, voltou-
se e disse ao dem�nio". Notou a diferen�a?
Querem os irm�os protestantes que as comunica��es espirituais
sejam produzidas pelos dem�nios. No entanto, est� a� um momento
em que Lucas descreve naturalmente uma comunica��o com um
Esp�rito e n�o o trata como "dem�nio".
Outro detalhe: Paulo n�o condenou o Esp�rito comunicante;
n�o censurou a m�dium; n�o detratou ningu�m. T�o somente pediu
ao Esp�rito que ele sa�sse, que deixasse aquela m�dium. E foi atendido.
Com seu ato protegeu, inclusive, a m�dium, que certamente estava
extenuada face � presen�a daquele Esp�rito por muitos dias seguidos.
O Espiritismo surgiu para o mundo em 1857, no dia 18 de
abril, na cidade de Lion, na Fran�a, com a publica��o de O Livro dos
Esp�ritos. At� a�, n�o existia. Ningu�m pro�be hoje o que ainda n�o
existe. N�o se sabe o que est� por vir. Na �poca dos antigos profetas
eles n�o podiam ser contra o Espiritismo, porque esta Doutrina n�o
existia.
Conquanto a mediunidade esteja presente no movimento
esp�rita, n�o se pode, tamb�m, confundir a Doutrina revelada por
meio desse canal de comunica��o com o Mundo Espiritual, com os
eventuais desatinos praticados por portadores da referida faculdade,
em qualquer �poca da humanidade.
Ontem e hoje, os que se valeram ou se valem da mediunidade
para pr�ticas esp�rias, fizeram-no ou fazem-no por conta pr�pria. Os
que agiram ou agem desta forma, jamais foram, nem s�o, esp�ritas.
Agora, vamos � hist�ria do Rei Saul. Disse o articulista que
"Nos dias antigos o Rei Saul perdeu o seu reino e a sua vida por
causa deste mesmo pecado" (contato com os mortos). Este epis�dio
foi tirado do livro b�blico de SAMUEL, escrito 1.000 anos antes de
Cristo. O povo de Israel era ent�o governado por um Juiz, sendo
Samuel o �ltimo deles. Houve uma mudan�a e o povo conclamou
Saul seu primeiro rei.
Havia muita expectativa do povo quanto ao reinado de um
soberano, j� que todas as demais na��es possu�am essa forma de
governo. No entanto, Saul decepcionou os israelitas, porque n�o era
fiel � lei de Mois�s.
Saul teve uma morte tr�gica, durante uma batalha que travou
contra os filisteus. Primeiramente assistiu � morte de tr�s filhos e,
posteriormente, temendo ser alcan�ado pelos flecheiros filisteus, pediu
a seu pajem que o matasse. N�o sendo obedecido, suicidou-se,
lan�ando-se sobre uma espada (I Samuel, cap. 31). O mesmo ato foi
praticado, em seguida, pelo pajem. Todos os componentes do ex�rcito
comandado por Saul morreram naquele dia. O povo de Israel
abandonou sua cidade, fugindo para os campos, e os filisteus dela se
apossaram.
A guerra entre israelitas e filisteus j� vinha de longo tempo e o
povo israelita vinha sempre levando a pior. Numa das batalhas, ocorrida
quando Samuel ainda era jovem, foram mortos quatro mil israelitas.
Noutra ocasi�o, os filisteus mataram trinta mil israelitas e se
apoderaram da Arca de Deus, um legado que remontava � �poca de
Mois�s.
Essa Arca depois foi devolvida pelos filisteus aos israelitas, em
face de um fen�meno misterioso que aconteceu. Foi o seguinte: ap�s
trazerem a Arca, o povo filisteu passou a ser v�tima de uma doen�a
incur�vel � �poca (hemorr�idas) e muitos morreram. Acreditando que
a doen�a provinha do fato de estarem de posse da arca, decidiram
devolv�-la aos seus donos, ap�s sete meses. Tempos depois, eclodiu
novo conflito entre filisteus e israelitas, por�m, desta vez, os judeus
foram vencedores, sob o comando de Samuel.
A partir desta vit�ria de Samuel, o povo teve um per�odo de
sossego, at� que, a pedido do povo, Samuel conclamou Saul como rei.
A guerra contra os filisteus continuou durante o reinado de Saul,
culminando com sua morte.
As desobedi�ncias de Saul foram v�rias, por�m de gravidade
duvidosa. Numa delas � absurdamente a mais relevante � Samuel,
que era uma esp�cie de porta-voz espiritual de Saul, transmitiu a
seguinte ordem para ele:
"Assim diz o SENHOR dos Ex�rcitos: Eu me recordei do que
fez Amaleque a Israel; como se lhe op�s no caminho, quando subia
do Egito. Vai, pois, agora, e fere a Amaleque, e destr�i totalmente
tudo o que tiver, e n�o lhe perdoe; por�m matar�s desde o homem
at� � mulher, desde os meninos at� aos de peito, desde os bois at� as
ovelhas e desde os camelos at� os jumentos" (1 Samuel 15:3).
Saul foi l�, combateu o povo, destruiu o que p�de, por�m,
poupou a vida de Agague, rei de Amaleque. Por este ato de perd�o,
foi tido por desobediente. Na seq��ncia, Samuel repreendeu Saul e
matou Agague friamente. A B�blia relata assim:
"Ent�o veio a palavra de Deus a Samuel, dizendo: "Arrependome
de haver posto a Saul como rei; porquanto deixou de me seguir e
n�o executou as minhas palavras" (1 Samuel 15:10 e 11).
E disse Samuel a Saul: "Por que, pois, n�o deste ouvidos � voz
do Senhor...? Ent�o, disse Saul a Samuel: antes dei ouvidos � voz do
Senhor e caminhei no caminho pelo qual o Senhor me enviou; e trouxe
a Agague, rei de Amaleque, e os amalequitas destru� totalmente" (1
Samuel 15:19);
"Por�m Samuel disse a Saul: N�o tornarei contigo; porquanto
rejeitaste a palavra do Senhor. J� te rejeitou o Senhor, para que n�o
sejas rei sobre Israel" (1 Samuel 15:26).
Ap�s a repreens�o a Saul, Samuel mandou que trouxessem �
sua presen�a o prisioneiro, o rei Agague, e praticou o homic�dio,
dizendo:
"Assim como a tua espada desfilhou as mulheres, assim ficar�
desfilhada a tua m�e entre as mulheres. Ent�o, Samuel despeda�ou
Agague perante o SENHOR, em Gilgal" (1 Samuel, 15-33).
"E o Esp�rito do Senhor se retirou de Saul e o assombrava um
Esp�rito mau, da parte do Senhor. Ent�o, os criados de Saul disseram:
eis que agora um esp�rito mau, da parte do Senhor, te assombra" (1
Samuel 16-14 e 15).
"E sucedia que, quando o esp�rito mau, da parte de Deus,
vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa e a tocava; ent�o Saul sentia
al�vio e se achava melhor e o esp�rito mau se retirava dele" (1 Samuel
16-23).
Primeiro chamo sua aten��o para o "arrependimento" de Deus.
D� para acreditar numa coisa dessa? Deus se arrependendo de uma
escolha dEle, mal feita? Onde fica sua onisci�ncia? Sua infalibilidade?
Quem erra e se arrepende do que faz, n�o pode ser Deus. Da� voc� j�
deduz que a palavra que veio a Samuel n�o foi de Deus. Logo, tudo
que est� relacionado com esse deus de Samuel �, no m�nimo, discut�vel.
Segundo, pe�o que voc� veja que Samuel alertou Saul de que,
diante da sua desobedi�ncia, o Senhor j� o havia rejeitado como Rei
de Israel. Ou seja, Deus n�o o queria mais como Rei. Logo, foi com
aquele ato (o perd�o a Agague) que Saul perdeu o Reino.
Voc� prestou aten��o nos dois �ltimos par�grafos acima. S�o
transcri��es da B�blia, onde est� patente o fen�meno da obsess�o.
Com um detalhe: o "Esp�rito mau" foi enviado da parte do Senhor.
Ao p� da letra, isto significa que Deus, o Senhor, tem l� sua legi�o de
Esp�ritos maus. Seria isso? Se Deus possui legi�o de Esp�ritos maus,
ent�o, ele n�o � t�o diferente do suposto Satan�s.
Est� vendo como os ensinos do Antigo Testamento s�o
conflitantes com os ensinos de Jesus, a respeito de Deus? Neste pequeno
exemplo voc� v� que Deus:
*recordou de um rev�s sofrido pelo povo de Israel e quis vingar-se;
* mandou destruir os amalequitas;
* n�o se conformou com o perd�o de Saul para com Agague;
*arrependeu-se de haver posto a Saul como rei;
* rejeitou Saul como Rei de Israel, porque n�o cumpriu
totalmente a ordem de vingan�a que determinara;
* mandou um Esp�rito mau atormentar Saul.
Respeito os que pensam de forma contr�ria, mas, para mim,
esse n�o � Deus. � mais f�cil ser o capeta. Deus, a infinita miseric�rdia,
jamais abrigaria sentimentos t�o mesquinhos e inferiores. No
Evangelho, Jesus revela outra imagem de Deus, a quem Ele chama de
Pai, amoroso, justo e bom.
Antes de detalharmos a qual desobedi�ncia de Saul o articulista
se refere, j� podemos perguntar: Quem teria condenado Saul por
desobedi�ncia? O deus de Samuel ou o Deus de Jesus?
N�o quero, tamb�m, deixar despercebido um detalhe muito
importante e que, �s vezes, numa leitura r�pida, n�o nos damos conta.
Voc� viu o que Samuel fez com Agague? Recorde: "Assim como a tua
espada desfilhou as mulheres, assim ficar� desfilhada a tua m�e entre
as mulheres. Ent�o, Samuel despeda�ou Agague perante o SENHOR,
em Gilgal" (1 Samuel, 15-33).
Temos a� Samuel, um homem que dizia receber a Palavra de
Deus, cometendo friamente um homic�dio, com requintes de ironia e
crueldade.
� verdade que, em favor de Samuel, devemos trazer os
atenuantes daquele tr�gico ato, que consistem na sua lealdade �s suas
cren�as e na sua pouca condi��o espiritual de compreender Deus.
Samuel, como m�dium, se comunicava com um Esp�rito a quem
ele atribu�a ser o pr�prio Deus. � um fen�meno obsessivo chamado
fascina��o.
Basta esta realidade, para colocar por terra toda a argumenta��o
do articulista acerca da condena��o de Saul. J� que Deus n�o se
comunicou com Samuel, nada do que ali se cont�m, relativamente �
morte do Rei Saul, partiu de Deus. Basta avaliar as qualidades morais
do Esp�rito que se comunicou com Samuel, para se concluir que n�o
era Deus. Poder�amos at� parar por aqui nossa aprecia��o sobre o caso.
De qualquer forma, continuemos, tendo em vista que o exemplo
que Samuel deixou n�o merece ser seguido, apesar de estar escrito na
B�blia Sagrada. � prefer�vel que fiquemos com os exemplos deixados
por Jesus. Num destes exemplos, o Rabi da Galileia curou a orelha de
um soldado, que havia sido decepada por um de seus seguidores no
instante de sua pris�o, exortando aquele disc�pulo a n�o cometer
viol�ncia contra os ofensores.
Ap�s a morte de Samuel, viu-se Saul destitu�do do seu porta-
voz espiritual. E sucedeu, naqueles dias, que os filisteus, em grande
n�mero, marcharam contra Saul. O relato b�blico diz o seguinte:
"E vendo Saul o arraial dos filisteus, temeu, e estremeceu muito
o seu cora��o. E perguntou Saul ao Senhor, por�m o Senhor n�o
respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas. Ent�o
disse Saul aos seus criados: Buscai-me uma mulher que tenha o esp�rito
de feiticeira, para que v� a ela e a consulte. E os seus criados lhe
disseram: Eis que em En-Dor h� uma mulher que tem o esp�rito de
adivinhar. E Saul se disfar�ou e vestiu outras vestes e foi ele, e com ele
dois homens, e de noite vieram � mulher" (1 Samuel 28:5 a 8).
Na seq��ncia, Saul consulta a mulher e obt�m por meio dela
uma comunica��o do esp�rito Samuel (que j� havia morrido), que
transcrevo da B�blia:
"Como tu n�o deste ouvidos � voz do Senhor e n�o executaste
o fervor da sua ira contra Amaleque, por isso o SENHOR te fez
hoje isso. E o SENHOR entregar� tamb�m a Israel contigo na m�o
dos filisteus, e amanh� tu e teus filhos estareis comigo; e o arraial de
Israel o SENHOR entregar� na m�o dos filisteus" (1 Samuel 28:18 e
19).
Tal como previsto pelo esp�rito Samuel, aconteceu. E Saul
encerrou seus dias e suas "desobedi�ncias".
O articulista diz que "...e o esp�rita ao consultar os mortos est�
inegavelmente desobedecendo o mandamento de Deus. Nos dias
antigos o Rei Saul perdeu o seu reino e a sua vida por causa deste
mesmo pecado, e os esp�ritas de hoje v�o perder as suas almas, se n�o
deixarem esta pr�tica abomin�vel".
Est� a� a hist�ria de Saul, para sua aprecia��o. Transcrevemos o
que de essencial est� escrito na B�blia sobre o assunto. Teria sido mesmo
por causa deste pecado � consultar os mortos � que Saul perdeu o
reino e a vida?
Em nenhum momento da B�blia existe a conclus�o passada
pelo articulista. Saul j� procurou a mulher de En-Dor porque n�o era
ouvido por Deus ("por�m o Senhor n�o respondeu, nem por sonhos,
nem por Urim, nem por profetas"). Foi o desespero de quem j� est�
condenado.
Tem sentido, dizer que Saul perdeu o seu reino e a sua vida
porque ele consultou os mortos? De onde o irm�o articulista tirou
isso? Lamentavelmente, sua informa��o � absolutamente equivocada.
O reino, Saul havia perdido logo ap�s o incidente com Agague, rei de
Amaleque, e isto lhe foi comunicado por Samuel:
"Por�m Samuel disse a Saul: n�o tornarei contigo; porquanto
rejeitaste a palavra do Senhor. J� te rejeitou o Senhor, para que n�o
sejas rei sobre Israel" (1 Samuel 15:26).
Se � flagrantemente err�nea a informa��o do articulista de que
o reino foi perdido por causa da consulta aos mortos, igualmente o �
no tocante a perder a vida.
Bem antes deste incidente da mulher, Saul j� fora apontado
como desobediente e deserdado. Lembra que Deus, de t�o revoltado
com Saul, mandou um Esp�rito mau para atorment�-lo? Recorda que
a ira de Deus foi porque Saul perdoou Agague? Recorda que Saul j�
havia ca�do em desgra�a, muito antes da consulta � mulher de En-
Dor?
Com rela��o � consulta feita aos mortos, n�o existe, no livro de
Samuel, nenhuma refer�ncia de que, por haver praticado aquele ato,
Saul teria sido condenado a perder a vida.
Pelo contr�rio, no instante da consulta foi que ele ouviu, do
Esp�rito Samuel, que iria padecer, no dia seguinte, em campo de
batalha. E ainda assim, o Esp�rito lhe disse que o abandono de Deus
era por causa do incidente com Agague e n�o por causa daquela
consulta.
"Como tu n�o deste ouvidos � voz do Senhor e n�o executaste
o fervor da sua ira contra Amaleque, por isso o SENHOR te fez hoje
isso" (1 Samuel 28:18).
Est� claro isso a�: a morre de Saul, naquelas circunst�ncias �
segundo o entendimento do Esp�rito Samuel �, decorria do fato de
ele n�o haver executado o fervor da ira de Deus contra Amaleque.
N�o tem nada a ver com a consulta aos mortos.
Outra coisa: diz a escritura que vendo o arraial dos Filisteus,
Saul temeu e estremeceu muito o seu cora��o. Ou seja, ele viu que o
advers�rio estava bem mais preparado para o embate. Ele temeu por
sua pr�pria vida. Tanto assim que procurou o socorro divino, n�o
sendo atendido. Depois dessa recusa divina � que ele decidiu recorrer
� pitonisa de En-Dor.
Pergunto: Se Saul n�o tivesse procurado a pitonisa de En-Dor,
teria mudado a seq��ncia das coisas? Duvido muito. Seu temor diante
do ex�rcito filisteu j� diz tudo.
Diante do ex�rcito advers�rio, Saul temeu e estremeceu muito
o seu cora��o. Isto chama-se pressentimento negativo, a sensa��o de
que algo grave est� para acontecer. Saul percebeu que estava derrotado,
que n�o teria como enfrentar o inimigo. Pressentiu que seria o seu
fim. Um dia depois ele foi morto. Com pitonisa ou sem pitonisa esse
desfecho ocorreria.
O articulista partiu de um fato verdadeiro (a consulta feita aos
mortos), para uma conclus�o falsa (a perda do reino e a morte em
decorr�ncia desta consulta).
"Apela��o"? Desinforma��o? Desconhecimento? Ingenuidade?
Prop�sito de confundir? Maldade? N�o sei. Nosso pedido � para que
voc�, raciocinando, julgue.
Agora, uma coisa eu consigo enxergar: a pitonisa acertou na
mosca! Revelou detalhes que s� Saul sabia, como a inconforma��o de
deus (?) porque ele perdoou o rei de Amaleque; previu a sua morte
para o dia seguinte e a tomada do arraial de Israel pelos filisteus.
Considerando a fidedignidade das informa��es transmitidas
pelo Esp�rito Samuel, atrav�s da pitonisa (m�dium), concluo que
aquela comunica��o espiritual foi de boa qualidade e, portanto,
procedente.
Pontos a Recordar:
1. O foco da prega��o de Isa�as era manter a imagem do Deus
�nico, do qual o povo judeu n�o devia se distanciar e, sendo assim,
repetia as mesmas exorta��es dos livros de Mois�s, com �nfase para o
combate � idolatria e ao polite�smo.
2. O sacrif�cio de animais, para remi��o dos pecados, tornou-
se abomin�vel a Deus, segundo Isa�as. O novo concerto, firmado com
Jesus, estabeleceu nova regra para aquela finalidade. Considerando
que entre Isa�as e Jesus decorreram 700 anos, o povo teria ficado longo
tempo sem ter meios para a salva��o.
3. A B�blia n�o cont�m, em sua totalidade, a palavra de Deus.
Ali est�, tamb�m, muita palavra do homem, e, como tal, suscet�vel
de mudan�a, de erro, de engano. E � preciso separar o joio do trigo,
como advertiu Jesus.
4. N�o basta ler a B�blia, � preciso estudar. E quem a estuda,
raciocina.
5. Muitas pessoas que n�o conhecem o Espiritismo, nem o
desejam, s�o induzidas a isto pelo medo, fruto de id�ias preconcebidas
e/ou maldosas.
6. Entre os antigos a profecia (mediunidade) era um dom
reconhecido. Os que seguiam � Lei eram aceitos como profetas sinceros.
Os demais eram falsos profetas.
7. Os adivinhos recorriam �s pr�ticas id�latras e polite�stas, raz�o
da censura de Isa�as, que recomendava apenas a consulta a Deus atrav�s
dos profetas que obedeciam � Lei.
8. S� a maldade ou a desinforma��o podem servir de pretexto
para que se vincule o Espiritismo �s pr�ticas de adivinha��o e de
feiti�arias do passado.
9. N�o procede a afirma��o de que o Rei Saul perdeu seu reino
e sua vida porque consultou os mortos. A perda do reino e sua morte
decorreram do fato de haver perdoado o rei Agague, contrariando o
desejo de deus (?), que queria vingan�a.
10. O Deus que teria condenado Saul, desejou vingan�a,
mandou destruir os amalequitas; n�o se conformou com o perd�o de
Saul para com Agague; mandou um esp�rito mau atormentar Saul.
Esse n�o � o Deus de Jesus.
11. Samuel, como m�dium, se comunicava com um Esp�rito a
quem ele atribu�a ser o pr�prio Deus. Basta esta realidade, para colocar
por terra toda a argumenta��o do articulista acerca da condena��o de
Saul, como se tivesse partido de Deus.
12. Sendo falsa a informa��o a respeito do Rei Saul, todas as
conclus�es nela baseadas s�o infundadas.
V. A PESSOA DE CRISTO
O op�sculo protestante que estamos comentando, diz:
"Deus se manifestou em carne" (I Tim�teo, cap. 3);
"Ferido pelas nossas transgress�es e quebrantado pelas
nossas iniquidades" (fonte n�o citada);
"Olhai para as minhas m�os e p�s, porque sou Eu mesmo;
apalpai e vede que um esp�rito n�o tem carne nem ossos como
vedes que eu tenho"
(Lucas, cap. 24).
A primeira das cita��es acima consta de uma ep�stola que Paulo
dirigiu a Tim�teo, 65 anos depois de Cristo; A �poca, Paulo j� estava
em idade avan�ada e Tim�teo era ainda jovem. Na carta, o ap�stolo
faz coment�rios acerca da doutrina nascente, das qualidades morais
do verdadeiro mission�rio, e outros assuntos assemelhados, buscando
estimular o mo�o a manter-se fiel ao Cristo, combatendo os falsos
conceitos que j� estavam sendo misturados aos ensinos de Jesus. O
articulista retirou uma frase do meio do vers�culo e ainda, por cima,
distorceu o que est� escrito. Para entendimento, veja o vers�culo
completo como est� na B�blia:
"E, sem d�vida alguma, grande � o mist�rio da piedade: Aquele
que se manifestou em carne foi justificado em esp�rito, visto dos anjos,
pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na gl�ria" (1
Tim�teo, 3:16).
Segundo o relato b�blico acima transcrito, quem se manifestou
em carne: Deus ou Jesus? Foi Jesus. Quem � que foi recebido acima,
na gl�ria? Tamb�m Jesus. E quem recebeu? Deus.
O articulista, no entanto, escreveu da seguinte maneira: A B�blia
diz que em Cristo "Deus se manifestou em carne". Veja que,
engenhosamente, ele trocou Jesus por Deus. Essa confus�o � proposital.
Eles fazem isso com freq��ncia, para conferir um car�ter de maior
santidade a Jesus, quando o Cristo n�o precisa disso, pois Ele j� �
grande e santo por Si mesmo.
Jesus n�o � Deus. Logo, Deus n�o veio em carne. Jesus � filho
de Deus, como n�s tamb�m o somos. A diferen�a entre n�s e Ele est�
no grau de evolu��o. Jesus � um esp�rito perfeito! N�s somos Esp�ritos
caminhando em busca da perfei��o.
Deus � Deus. Jesus � Jesus. Uma coisa � uma coisa, outra coisa
� outra coisa, como se diz no jarg�o popular. E o Mestre, prevendo
essa confus�o, fez quest�o de dizer, mostrar, ensinar e repetir que Ele
n�o era Deus. Vejam alguns depoimentos do Cristo. As partes em
negrito ou grifadas s�o para voc� raciocinar em cima delas:
"Nem todo o que me diz Senhor, Senhor, entrar� no Reino dos
C�us, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que est� nos c�us"
(Mateus 7:21);
"Vou para o Pai, porque o Pai � maior do que eu" (Jo�o 14:28);
"Pai, perdoa-lhes, porque n�o sabem o que fazem (Lucas 23:34);
"Pai, nas tuas m�os entrego o meu esp�rito" (Lucas 23:46);
"Pai nosso que est�s nos c�us...venha a n�s o vosso reino"
(Mateus 6: 9 e 10).
Jesus, a maior ess�ncia espiritual ap�s Deus, por suas palavras e
atos, revelou-nos toda a express�o da bondade, da justi�a e do amor
de Deus.
Mas Jesus sempre foi e � Jesus, com individualidade pr�pria,
criado por Deus e detentor da sublime miss�o de ser o Guia Espiritual
da humanidade terrena. Esta miss�o do Cristo foi por ele revelada em
sua passagem terrena, em v�rias ocasi�es, com clara men��o ao fato
de ter sido a mesma atribu�da a Ele por Deus.
Como condutor das almas, assumiu o corpo de homem,
nascendo no mundo f�sico, numa �poca de maior barb�rie que a atual,
com o fim essencial de deixar junto a n�s o Evangelho, que � o c�digo
moral da vida, de valor universal, que haver� de nos conduzir a Deus.
O sofrimento da cruz decorreu da fraqueza dos homens da
�poca, cuja evolu��o espiritual ainda era pequena para compreender
o alcance de conceitos como perd�o, paz, bem, uni�o, fraternidade,
ren�ncia, abnega��o, adora��o a Deus e tudo aquilo que decorre do
amor.
N�o foi o ato de sua morte na cruz que gerou como
conseq��ncia o perd�o de nossos pecados. O Evangelho que Ele deixou,
este sim, � que gerar�, como conseq��ncia de sua aplicabilidade na
nossa vida, a supera��o de todas as imperfei��es que ainda conduzimos.
Ap�s a crucifica��o do Cristo, seus ap�stolos tiveram um papel
extremamente relevante, qual seja o de perpetuar o Evangelho. E, para
isto, precisavam, antes de tudo, fazer com que o nome de Jesus fosse
considerado, respeitado e venerado. Sem essa exalta��o do nome do
Cristo, teria sido muito dif�cil divulgar seus ensinos. A obra era
importante, mas o seu autor ainda mais. Ou seja, Jesus tinha que ser
exaltado mais de que o Evangelho.
Da� porque os ap�stolos pregavam dizendo: "Cr� no Senhor
Jesus Cristo e ser�s salvo, tu e a tua casa" (Atos 16:31). Imagine se eles
dissessem: "Cr� no Evangelho...". O povo n�o sabia o que era o
"Evangelho". Sabiam quem tinha sido Jesus. O nome Jesus trazia �
lembran�a do povo as curas e todos os atos extraordinariamente
milagrosos que o Cristo praticara. O nome "Evangelho" n�o trazia
nada � lembran�a.
Imagine, agora, se eles pregassem dizendo: "Cumpra o que est�
no Evangelho e ser�s salvo, tu e a tua casa". Algu�m aceitaria esta
prega��o? Hoje j� se pode falar assim, porque o Evangelho est� a�, j�
sabemos o que significa. Na �poca do Cristianismo primitivo n�o era
desse jeito.
O povo para crer na Boa Nova precisava de uma refer�ncia.
Um ponto de apoio concreto, tang�vel. O nome Jesus era o �nico
referencial pass�vel de ser evocado, para amparar a prega��o inicial.
Para mostrar que a Boa Nova era redentora, impunha-se o nome de
Jesus, porque este nome despertava a lembran�a do seu poder,
externado nos seus atos e na sua morte na cruz.
Os Evangelhos somente foram escritos a partir do ano 60 depois
de Cristo. As mensagens do Mestre eram transmitidas boca a boca.
Somente os convertidos usavam, entre si, a express�o "Evangelho",
porque compreendiam seu alcance.
Hoje � f�cil falar no nome de Jesus com respeito e venera��o.
Nos tempos do Cristianismo primitivo a coisa era diferente. Ele n�o
tinha credibilidade, tanto assim que o condenaram � cruz. A multid�o
que muitas vezes o seguia e se beneficiava, n�o captava a mensagem
espiritual que estava por tr�s daqueles atos. Suas curas eram tidas por
muitos como prod�gio, e mais nada. Era uma �poca de muito
misticismo, e de muita ignor�ncia espiritual.
E j� que hoje os tempos s�o outros, n�o se pode tomar "ao p�
da letra" o que os ap�stolos diziam. H� que se entender o sentido do
ensinamento. Aquilo tinha sua raz�o de ser para aquela �poca. N�o
existia outra maneira de pregar o Cristianismo, a n�o ser atrav�s da
exalta��o do nome de Jesus. Hoje, sabemos que "crer no Senhor Jesus
como nosso salvador" � fazer aquilo que ele exemplificou e que pode
ser resumido numa palavra: a caridade.
Todos os fatos produzidos por Jesus, que ganharam maior
notoriedade ap�s sua morte; a lembran�a da sua pessoa humilde, por�m
en�rgica e s�bia; as curas que realizou e os fen�menos espirituais que
marcaram a sua morte na cruz, deixaram para as pessoas o
entendimento de que Jesus era um Deus, e os ap�stolos ao evocar o
nome do Mestre, vinculavam-No necessariamente a Deus. Por�m,
com isto, n�o pretenderam dizer que Jesus fosse o pr�prio Deus. Assim,
� f�cil entender que quem veio ao mundo foi Jesus e n�o Deus.
Podemos concluir afirmando que � falsa a alega��o do articulista
de que: A B�blia diz que em Cristo "Deus se manifestou em carne",
considerando que:
� A B�blia n�o diz isso;
� ele adulterou o ensino b�blico mencionado (1 Tim�teo,
3:16), retirando um fragmento do que cont�m o vers�culo e d�ndote
outro sentido;
� quem se manifestou em carne, ou seja, quem veio ao
mundo, foi Jesus;
� Deus se manifesta aos homens atrav�s de toda a sua obra.
N�o precisa vestir uma forma humana para isto. Basta olhar o c�u
estrelado! Ou a semente que brota. Ou o fruto saboroso. Ou o encanto
de uma linda flor.
O segundo ensino b�blico mencionado no in�cio deste cap�tulo,
a respeito da PESSOA DE CRISTO, foi retirado do Antigo
Testamento. O articulista, em seu trabalho, n�o citou a fonte e,
novamente, citou apenas um trecho do vers�culo. Fazer cita��o b�blica
e n�o citar a fonte � perdo�vel, por�m, deix�-la pela metade, n�o faz
parte da boa pr�tica evang�lica. Para seu exame, informo que � Isa�as
cap�tulo 53, vers�culo 5 e est� assim redigido:
"Mas ele foi ferido pelas nossas transgress�es e mo�do pelas
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e,
pelas suas pisaduras, fomos sarados" (Isa�as 53:5).
No in�cio do cap�tulo IV j� tivemos oportunidade de falar a
respeito do livro de Isa�as, escrito h� 700 anos do nascimento de Cristo.
Isa�as foi quem mais profetizou a respeito de Jesus.
O trecho utilizado pelo articulista diz respeito � previs�o b�blica
do sofrimento e morte de Jesus na Cruz. Foi uma profecia, feita sete
s�culos antes e que se confirmou. O fato em si d� validade ao fen�meno
medi�nico. A vis�o de Isa�as decorreu de seu contato com o Plano
Espiritual. Foram seus superiores espirituais que lhe proporcionaram
a vis�o, com a finalidade de preparar o povo judeu para a vinda de
Jesus.
� importante observar que Isa�as n�o determinou a data em
que o Messias viria. A Espiritualidade Superior, ao anunciar fatos
premonit�rios, raramente estabelece a data em que ocorrer�o. E esse
ponto serve at� como recurso para diferenciar se uma comunica��o �
de boa qualidade ou n�o, visto que os Esp�ritos inferiores fixam datas
e se divertem com a confian�a que atribu�mos �s suas leviandades.
Raciocinando em cima do tempo decorrido de Isa�as at� Jesus,
podemos concluir que muitas gera��es se sucederam, sem que a vis�o
prof�tica se confirmasse. E havia grande expectativa em torno da vinda
desse Salvador. Vem a� o Messias.... e nada! Setecentos anos n�o s�o
brincadeira.
A grande antecipa��o com que a vinda de Cristo foi anunciada
demonstra para n�s que a miss�o de Jesus foi precedida de um extenso
e demorado planejamento. Aguardou-se, na Espiritualidade, o
momento prop�cio para a efetiva��o do evento, que dependia de
avan�os morais daquele povo.
Se Jesus tivesse sido contempor�neo de Isa�as, por exemplo, o
seu fim teria sido mais perverso que a cruz, e a perpetua��o do
Evangelho estaria comprometida. Faltava ao povo amadurecimento
espiritual que possibilitasse, ao menos, a preserva��o dos ensinos.
A tradu��o da B�blia apresenta algumas varia��es, dependendo
do tradutor e dos editores. Na que estou examinando nesse instante
(B�blia de Estudo Pentecostal) n�o existe a palavra quebrantado, mas
sim mo�do. N�o h� mudan�a de sentido, porque s�o palavras
sin�nimas. Quebrantado significa debilitado, abatido, extenuado.
O articulista deixou de citar o final do vers�culo, porque l�,
como veremos, existe um ensinamento espiritual de grande valor,
somente entendido � luz da Doutrina Esp�rita. Ele trouxe � luz apenas
a frase inicial do vers�culo e deu-lhe um arranjo verbal que a deixou
bonita de ser pronunciada. Veja como ficou pomposa a frase:
"Ferido pelas nossas transgress�es e quebrantado pelas nossas
iniquidades". Ficou chique, n�o ficou?
Imagine voc� dizendo isso num palco de audit�rio, com
imposta��o de voz, como fazem os "pregadores profissionais". O termo
"quebrantado" d� uma for�a e beleza ao texto, que � de arrepiar. Mas,
sabe o que � isso? frase de efeito! O arranjo verbal � s� para maquiar,
embelezar, seduzir.
Na verdade, na verdade, se voc� trocar em mi�dos, ver� que
"ferido pelas nossas transgress�es" � o mesmo que "quebrantado pelas
nossas iniquidades". � a mesma coisa dita duas vezes, numa mesma
frase, s� para impressionar.
Mas isso n�o tem valia para o que estamos estudando aqui.
Importa ver a validade do texto. A pretens�o do articulista � de, por
meio dessas frases de efeito, levar o incauto leitor a concluir junto
com ele que o Espiritismo n�o � de Deus, mas do Anticristo.
O Espiritismo n�o tem nada contra aquela profecia de Isa�as.
Afirmamos que ela se referia aos fatos que haveriam de vir, setecentos
anos depois, e que desencadeariam a morte de Jesus. Tudo se
confirmou. Corroboramos o entendimento de que Jesus foi ferido
por nossas transgress�es.
V�-se claramente que faltou ao irm�o articulista algo mais l�gico
e racional para embasar seu ponto de vista e, na falta desse instrumento,
ele se valeu de uma frase de efeito que, como o pr�prio nome diz, se
destina apenas a produzir "efeito" psicol�gico, notadamente quando
dirigida a mentes despreparadas e preconceituosas.
Como refor�o, assumimos como "nossas transgress�es", porque
sabemos, gra�as � Revela��o Esp�rita, que muitos de n�s � hoje
reencarnados e j� exibindo maior bagagem moral -, estivemos ali, juntos
com a multid�o que gritou Barrab�s, e condenamos o Mestre � cruz.
N�o tem novidade esse texto.
Agora, valer-se dessa declara��o de Isa�as, para concluir que o
Espiritismo seja do Anticristo �, no m�nimo, subestimar nossa
capacidade de racioc�nio.
Dizer que Jesus foi ferido por nossas transgress�es �, no fundo,
pregar a reencarna��o. Sen�o, vejamos: quando eu me refiro a nossas
transgress�es, estou incluindo a minha transgress�o, a sua, a de nossos
amigos, a de todas as pessoas que comp�em a humanidade.
Se Jesus foi ferido pela minha transgress�o, das duas uma: ou
eu havia transgredido antes dEle nascer, ou j� estava determinado na
Lei que quando um dia eu nascesse fatalmente transgrediria.
No primeiro caso, Jesus pagou por uma transgress�o j�
acontecida. A�, se transgredi no passado e hoje estou aqui � porque
nasci de novo (reencarnei). No segundo, pagou por uma transgress�o
ainda por acontecer.
� inaceit�vel que Jesus tenha pago antecipadamente. Se isto
tivesse acontecido, ao nascer eu estaria obrigado a transgredir, at�
para justificar o sofrimento j� suportado por Ele. J� pensou se eu
nascesse e n�o cometesse nenhuma transgress�o? O pedacinho de dor
que ele suportou em meu benef�cio teria sido em v�o.
H� a possibilidade de eu vir e n�o transgredir? N�o, porque
sou um Esp�rito imperfeito. Numa nova exist�ncia posso vir melhor,
errar menos, mas o erro s� ser� banido de meu ser quando eu me
tornar Esp�rito puro. Agora, o fato de eu errar, n�o tem correla��o
com o sofrimento dEle na cruz, porque meu erro decorre da minha
inferioridade espiritual.
Olha, vou dizer aqui uma verdade, revelada pelos Esp�ritos:
antes de Jesus vir ao mundo, n�s, hoje reencarnados, j� t�nhamos
vivido na Terra, noutros corpos e em condi��es de muito maior
inferioridade do que hoje, cometendo toda sorte de erros e maldades.
Antes da vinda de Jesus, j� acumul�vamos transgress�es �s leis de Deus.
Foi para nos libertar do ciclo do erro e da maldade que Jesus
esteve aqui e nos legou o seu Evangelho redentor. � nesse sentido que
devemos entender o "ferido por nossas transgress�es e mo�do por nossas
iniquidades", citado pelo profeta.
O vers�culo de Isa�as tem duas partes bem distintas. A primeira
foi essa que se transformou em bomb�stica frase de efeito. A segunda
parte � diferente, ela tem um alcance espiritual muito profundo. Veja:
...o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras,
fomos sarados". Essa foi a frase que o articulista omitiu. O vers�culo
se completa com ela.
E a�? o que pretendeu revelar Isa�as ao dizer que o castigo que
nos traz a paz estava sobre ele? As palavras salientes da frase s�o "castigo"
e "paz". O castigo trazendo a paz. Que castigo seria esse que traria a
paz?
Jesus, num de seus serm�es disse: "N�o cuideis que vim trazer
a paz. � terra; n�o vim trazer a paz, mas a espada" (Mateus 10:34).
Interpretando ao p� da letra, parece um contra-senso. Ele, o mensageiro
da paz, dizendo que n�o veio traz�-la. Essa declara��o de Jesus guarda
inteira harmonia com a profecia de Isa�as e ambas t�m o mesmo
sentido, sen�o vejamos:
Aquele ensino do Mestre expressa a Justi�a de Deus. Todos que
aqui nos encontramos somos Esp�ritos endividados perante a Lei de
Deus, em decorr�ncia de delitos praticados em exist�ncias anteriores,
ou Esp�ritos necessitados de novas experi�ncias na carne, para conquista
de novas virtudes e saber.
Ao nascer, recebemos um corpo material, que � apropriado �s
nossas necessidades evolutivas. Somos trazidos para o ambiente s�cio-
familiar com o qual temos v�nculos do passado, com uma miss�o predefinida,
tal como: resgate de d�vida do passado; aux�lio aos seres que
amamos; realiza��o de um ideal nobre; aquisi��o de determinada
virtude, por meio de prova��o voluntariamente solicitada; etc.
Para a forma��o do corpo carnal impulsionamos,
psiquicamente, o gameta masculino que haver� de fecundar o �vulo
materno, escolhendo, entre milh�es deles, aquele que cont�m as
informa��es gen�ticas condizentes com nossas car�ncias evolutivas.
Desse modo, ao final da gesta��o materna, resulta formado o corpo
do qual precisamos para aquela nova etapa, produzido de conformidade
com nosso merecimento e nossa necessidade evolutiva (sadio ou
doente, forte ou fraco, de homem ou de mulher, feio ou bonito, perfeito
ou defeituoso etc).
De modo mais simplificado, costumamos dizer que nascemos
para: expia��o, prova��o ou miss�o, sendo:
� expia��o: resgate, por meio da dor, de erros cometidos
noutras exist�ncias (grandes sofrimentos, enfermidades cong�nitas n�o
desejadas pelo Esp�rito, trag�dias que nos afligem, desencarnes
dolorosos, perdas de bens ou de pessoas muito amadas, desafetos no
lar etc).
� prova��o: provas voluntariamente solicitadas pelo
Esp�rito que, se bem suportadas, resultar�o em seu progresso espiritual.
Sofrimentos, dificuldades, transtornos, contrariedades, problemas,
afli��es, enfermidades (inclusive cong�nitas), ofensas, etc, que nos
trazem a conquista de virtudes tais como a paci�ncia, a resigna��o, a
perseveran�a, a f�, a humildade, o perd�o etc.
� miss�o: realiza��o de qualquer tarefa, de pequena ou
grande relev�ncia, inserida no nosso programa de aprendizado e
capacita��o espiritual. Trabalho profissional, fam�lia, filhos, estudo,
lideran�as etc, que objetivam o bem pessoal, familiar e/ou da
coletividade.
A Terra, no dizer dos Esp�ritos, � um mundo de provas e
expia��es. O que caracteriza um planeta desta categoria � a
predominancia do mal. Os Esp�ritos que o habitam s�o, em sua
maioria, dotados de inferioridade espiritual, situa��o que os conduz �
pr�tica de crimes, v�cios, furtos, roubos, sexo indisciplinado, apego
aos bens materiais, e tudo aquilo que for contr�rio � lei de amor ao
pr�ximo, tal como inj�ria, abandono, vingan�a, gan�ncia, trai��o etc.
Viver num mundo de expia��es e provas implica conviver com
toda sorte de maldade e de vicissitudes, exposto a agress�es e ofensas
de toda parte. Em meio a todo esse quadro, � nosso dever exercitar as
virtudes, dentre elas o perd�o, a caridade, a toler�ncia, a compreens�o,
o bem como revide ao mal etc. Dizem os Esp�ritos que, somente agindo
assim, estaremos ressarcindo nossos erros do passado e habilit�ndonos
� conquista do Reino de Deus.
A salva��o se obt�m por meio da repara��o das d�vidas e da
conquista de novos conhecimentos e virtudes. Nessa ordem: resgatar,
aprender e amar.
� f�cil perdoar? Revidar o mal com o bem? Tolerar? Resignarse
com a dor e o sofrimento? Aguardar pela justi�a divina, n�o
exercendo a justi�a pelas pr�prias m�os? N�o, � a resposta para todas
as quest�es acima.
No entanto, todo o Evangelho de Jesus est� baseado nisso a�.
Seus ensinamentos s�o no sentido de que perdoemos o pr�ximo; demos
as m�os uns aos outros; e suportemos com f� as provas e expia��es de
nossas vidas, adquirindo virtudes, sem as quais n�o nos libertaremos
dessa faixa de inferioridade em que vivemos.
Ser crist�o, crer em Jesus, aceit�-lo como Salvador, implica
assimilarmos esses conhecimentos e traz�-los para a nossa vida. Mesmo
sofrendo diante da maldade do mundo, cumpre-nos perseverar em
Cristo, fazendo todo o bem que esteja ao nosso alcance, posto que as
provas e expia��es superadas com resigna��o, constituem o castigo
que nos trar� apaz.
Vou repetir, para sua reflex�o: as provas e expia��es superadas
com resigna��o, constituem o castigo que nos trar� a paz.
"Pelas suas pisaduras fomos sarados", tem o mesmo sentido de
"o castigo que nos traz a paz estava sobre ele". Pisadura � a mesma
coisa que castigo; e sarados tem o mesmo sentido de paz. � a mesma
coisa, dita duas vezes, numa mesma frase.
Jesus, como Esp�rito Puro que �, foi escolhido por Deus para
ser o Guia Espiritual de toda a humanidade. Da� a raz�o dEle afirmar
que � o Caminho, Verdade e Vida para Deus. A Ele compete zelar
pelos nossos destinos e pela aplica��o da Lei de Deus, concedendo-
nos, aqui e no Mundo Espiritual, de conformidade com os nossos
merecimentos, as nossas obras.
Todo o planejamento espiritual relacionado com o Planeta Terra,
e tudo o que aqui acontece, seja de ordem material ou espiritual, passa
necessariamente pelo julgamento do Cristo. � nesse sentido que somos
ovelhas de seu rebanho. Sendo esta a miss�o de Jesus, sendo Sua a
responsabilidade pelo crescimento espiritual do homem, � f�cil
entender porque Isa�as, em sua profecia, declarou: "o castigo que nos
traz a paz estava sobre ele".
A f� e a aceita��o de Jesus como Salvador �, na vis�o dos irm�os
protestantes, o suficiente para voc� quitar seus pecados e ganhar o
Reino de Deus. Para n�s, isso n�o basta. � parte do processo, mas n�o
basta.
H� que existir, na seq��ncia, a repara��o dos males que
impusemos aos outros. H� que se aplicar a Justi�a Divina. Eu n�o
posso ser salvo, se carrego em minha bagagem espiritual pecados que
n�o resgatei. Em outras palavras, eu n�o posso ser salvo, cheio de
pecados. A salva��o pressup�e que eu esteja quite com a Lei.
Quem pensa na vida, pergunta: Deus, qual a sa�da para os
pecados que levamos ao morrer? A resposta: Nascer de novo. A
reencarna��o � lei de Deus, � caminho que eu, voc�, todos n�s
partilhamos, porque somos Esp�ritos em evolu��o para Deus, e s�
chegaremos l� quando estivermos isentos de pecados e perfeitos nas
virtudes.
Examinemos, agora, o terceiro dos trechos b�blicos utilizado
pelo articulista, ao comentar sobre A PESSOA DE CRISTO. Ei-lo:
"Olhai para as minhas m�os e p�s, porque sou Eu mesmo;
apalpai e vede, que um esp�rito n�o tem carne nem ossos como v�s
vedes que eu tenho" (Lucas 24-39).
Isto se passou ap�s a crucifica��o. Foi numa das apari��es de
Jesus aos seus ap�stolos, em Jerusal�m. Vou transcrever todo o texto
para que possamos examin�-lo em sua integridade:
"E falando eles dessas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no
meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco.
E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum
esp�rito.
E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem
tais pensamentos ao vosso cora��o?
Olhai para as minhas m�os e os meus p�s, porque sou eu
mesmo; tocai-me e vede, pois um esp�rito n�o tem carne nem ossos,
como vedes que eu tenho.
E, dizendo isso, mostrou-lhes as m�os e os p�s.
E, n�o o crendo eles ainda por causa da alegria e estando
maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer?
Ent�o, eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado e um
favo de mel, o que ele tomou e comeu diante deles.
E disse-lhes: S�o estas as palavras que vos disse estando ainda
convosco: convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito
na Lei de Mois�s, e nos Profetas e nos Salmos.
Ent�o, abriu-lhes o entendimento para compreenderem as
Escrituras.
E disse-lhes: Assim est� escrito, e assim convinha que o Cristo
padecesse e, ao terceiro dia, ressuscitasse dos mortos;
E, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remi��o dos
pecados, em todas as na��es, come�ando por Jerusal�m.
E dessas coisas sois v�s testemunhas.
E eis que sobre v�s envio a promessa de meu Pai; ficai, por�m,
na cidade de Jerusal�m, at� que do alto sejais revestidos de poder".
(Lucas cap. 24, vers�culos 36 a 49).
O trecho que foi transcrito pelo articulista aparece a� no meio
da narrativa. Serviu de pretexto para que ele afirmasse que "Os esp�ritas
contudo, dizem que Cristo n�o veio em carne, nem ressuscitou em
carne, mas s� em esp�rito, ou em "esp�rito materializado".
Estranho que o articulista tenha utilizado o argumento contra
n�s, quando, na verdade, eles mesmos pregam que Jesus n�o veio em
carne.
A prega��o b�blica dos irm�os protestantes est� apegada � letra
e n�o ao esp�rito (ess�ncia) das coisas. Assim sendo, eles defendem
que a concep��o do corpo de Jesus decorreu de meios sobrenaturais
(fecunda��o por obra do Esp�rito Santo), o que, se verdadeiro, resultaria
num corpo de qualquer coisa, menos de carne e osso. Para que Jesus
tivesse um corpo legitimamente de carne, teria que ser concebido
como resultado da uni�o de Jos� com Maria. Isso eles n�o admitem.
Absurdo � admitir que o Esp�rito Santo possua espermatoz�ide,
capaz de fecundar um �vulo e gerar um corpo de carne e osso. Com
um detalhe nada recomend�vel para um Esp�rito Santo: Maria j� era
casada. O erro de nossos irm�os �, tamb�m neste ponto, interpretarem
tudo ao p� da letra, sem se aperceberem do elevado sentido espiritual
que levou os ap�stolos a recorrerem �quela simbologia, que teve o fim
�nico de expressar o grau de santidade e pureza do Cristo.
Se o escrito contido no vers�culo de Lucas, acima citado �
"Olhai para as minhas m�os e p�s..." � tivesse que ser aplicado contra
alguma Doutrina, seria a dos protestantes a primeira a ser atingida.
S�o eles que conferem para o Cristo um corpo de "outra natureza"
que n�o a humana. Para ser de carne e osso, repito, teria que ser
formado pelos processos naturais de fecunda��o (espermatoz�ide +
�vulo).
Disse que a prega��o protestante est� apegada � letra e n�o ao
esp�rito (ess�ncia) e explico: eles relutam em ver, por exemplo, que o
nascimento de Cristo, na forma em que descrita pelos evangelistas
(concebido por obra do Esp�rito Santo), tem um sentido aleg�rico,
que simboliza todo o planejamento que foi feito no Mundo Espiritual
para o nascimento do Mestre entre os homens, e que envolveu a
participa��o da pl�iade de Esp�ritos Superiores (Espirito Santo),
diretamente subordinada ao Cristo.
Deixam de aplicar, para o entendimento daquela simbologia, a
advertencia do ap�stolo Paulo, que assim se expressou:
"N�o que sejamos capazes, por n�s, de pensar alguma coisa,
como de n�s mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual
nos fez tamb�m capazes de ser ministros dum Novo Testamento, n�o
da letra, mas do Espirito; porque a letra mata, e o Espirito vivifica" (2
Corintios cap.3, vers. 5 e 6).
Os esp�ritas est�o robustamente amparados na B�blia ao dizer
que: "...Cristo n�o ressuscitou em carne, mas s� em Esp�rito". � naquele
Livro de Deus que lemos o escrito abaixo, de autoria de Paulo, na
ep�stola que escreveu � Igreja de Corinto (1 Cor�ntios, cap. 15 vers.
35, 36, 40, 44 e 50).
"Mas algu�m dir�: Como ressuscitar�o os mortos? E com que
corpo vir�o?"
"Insensato! O que tu semeias n�o � vivificado, se primeiro n�o
morrer."
"E h� corpos celestes e corpos terrestres, mas uma � a gl�ria dos
celestes, e outra, a dos terrestres."
"Semeia-se corpo animal, ressuscitar� corpo espiritual. Se h�
corpo animal, h� tamb�m corpo espiritual."
"E, agora, digo isto, irm�os: que carne e sangue n�o podem
herdar o Reino de Deus, nem a corrup��o herda a incorrup��o."
� t�o clara a afirma��o do ap�stolo sobre a ressurrei��o em
Esp�rito, que corpo de carne n�o pode entrar no Reino de Deus, que
n�o faremos coment�rios sobre o assunto.
� oportuno relembrar que 700 anos antes do nascimento do
Cristo, Isa�as profetizou a vinda desse Messias; outros profetas fizeram
o mesmo. As profecias acerca do Mestre aconteceram na �poca em
que o Plano Maior j� "concebia" este evento. Foi l�, no Mundo
Espiritual, que se deu a a��o do Esp�rito Santo (conjunto de Esp�ritos
Superiores), sob a dire��o do pr�prio Cristo, na elabora��o desse plano.
Conceber � planejar, idealizar, programar. Uma encarna��o
como a de Jesus n�o poderia acontecer sem que antes se estabelecesse
um amplo e completo Plano de A��o, onde tudo estivesse previsto e
determinado.
A exist�ncia desse planejamento est� provada pelas profecias,
que nada mais foram de que a anuncia��o antecipada aos homens de
parte do programa que seria cumprido pelo Cristo, inclusive a sua
morte na cruz. Tudo estava devidamente acertado e planejado, e esse
plano n�o foi elaborado da noite para o dia.
Hoje sabemos, por exemplo, que uma multid�o de Esp�ritos se
candidatou para auxiliar o Cristo em sua estadia terrena, assumindo
pap�is diferenciados, muitos deles se oferecendo para sacrif�cios que
fatalmente ocorreriam.
Dentre os escolhidos para serem contempor�neos do Mestre,
estavam aqueles que, n�o tendo d�vidas para resgatar (expia��o),
pediram para ser experimentados pelas enfermidades, a t�tulo de
prova��o, sabedores de que, no momento certo, ao contato com Jesus,
suas doen�as cessariam. E estes eram a extraordin�ria maioria. Seus
m�ritos consistiriam na conquista de virtudes como a humildade e a
resigna��o, que se converteriam em gl�rias espirituais ao final de suas
exist�ncias terrenas.
Alguns Esp�ritos, em minoria, sujeitos � expia��o de faltas menos
grave, tamb�m foram acolhidos para aqui nascerem enfermos e serem
curados por Jesus. A cura destes sofredores se daria quando o tempo
de sofrimento justificasse o final da repara��o.
No Plano de A��o que foi montado para permitir a semeadura
do Evangelho entre os homens, constava a necess�ria realiza��o das
curas e dos milagres, sem os quais os encarnados da �poca n�o
valorizariam as palavras do Mestre. Teria sido em v�o toda a prega��o
evang�lica, se ela n�o viesse precedida por "fatos" materialmente
comprovados, que atestassem, para os judeus, o poder dAquele que
os produzia.
As curas e os milagres de Jesus foram t�o necess�rios para
despertar o povo e mostrar-lhes que Ele era o Condutor dos Homens
para Deus, que, em certa ocasi�o, o Mestre apelou para suas obras,
para que n'Ele acredit�ssemos: Disse Jesus:
"Se n�o fa�o as obras de meu Pai n�o me acreditais. Mas, se as
fa�o, e n�o credes em mim, crede nas obras, para que conhe�ais e
acrediteis que o Pai est� em mim, e eu, nEle" (Jo�o 10:37 e 38).
Perceba que Jesus chegou a lan�ar m�o desse argumento. Crede
nas obras...! Ou seja, Ele antes de vir sabia que apenas sua "palavra"
n�o seria bastante. Houve necessidade de se programarem as curas,
para que houvesse um m�nimo de aten��o ao que Ele fazia e pregava.
Para que as obras ocorressem, o Plano Espiritual escolheu, dentre
a multid�o de candidatos, aqueles que melhor se prestavam para
contribuir com o Mestre no cumprimento de sua miss�o. Foi assim
que muitos aqui nasceram portando enfermidades diversas ou as
adquiriram em certo per�odo da vida, para serem curados pelo Cristo.
Muitos em prova��o, outros em expia��o. Tudo devidamente planejado
e acertado, sem nenhuma possibilidade de erro.
As curas que Jesus realizou traziam, portanto, o carimbo do
"merecimento" dos esp�ritos beneficiados. Merecimento porque eram
enfermidades decorrentes de prova��es volunt�rias ou fim de repara��o
de erros.
O Mestre n�o curou a todos que O procuraram, mas somente
aqueles que reencarnaram com esse objetivo, e que n�o foram poucos.
Eis a� a raz�o pela qual ao realizar grande parte de suas curas, Jesus
declarava "Tua f� te salvou" (Lucas 8:48, por exemplo).
Atendeu-se, assim, � necessidade da �poca de "ver para crer" e
n�o houve derroga��o das Leis de Deus. Nenhum devedor, n�o remido
do erro, p�de ser curado, posto que, no pr�prio dizer de Jesus: "todo
aquele que comete pecado, � escravo do pecado" (Jo�o 8:34).
Da narrativa de Lucas, inteiramente transcrita acima, voc�
percebe uma coisa: ningu�m tocou Jesus, apesar dEle ter dito que
"...tocai-me e vede, pois um esp�rito n�o tem carne nem ossos, como
vedes que eu tenho". O respeito tributado ao Mestre era t�o grande,
como Ele de fato merecia, que bastaram suas palavras para que os
disc�pulos se envergonhassem de estar desacreditando do seu
"ressurgimento".
N�o tocaram. Ningu�m foi l� afagar-lhe o corpo, testar se aquele
aparecimento ali era no corpo de antes. Ao convid�-los para tocar em
seu corpo Jesus sabia, de antem�o, que nenhum deles se atreveria a
fazer isto. Era necess�rio que eles tivessem a impress�o de que o retorno
se dava no mesmo corpo.
Notem que Jesus diz: "... um esp�rito n�o tem carne e ossos,
como vedes que eu tenho". "Vedes" � do verbo ver. Ficou nisso: os
ap�stolos apenas viram.
Que fique bem claro uma coisa: o prop�sito de Jesus, com a
reapari��o, era dar testemunho de que "estava vivo", que o Esp�rito
sobrevive � morte do corpo.
Antes de Jesus n�o se falava em vida espiritual, em vida ap�s a
morte. Apenas alguns iniciados (eg�pcios e gregos) sabiam disso, por�m
tratavam o assunto de forma muito reservada. Fez parte da miss�o de
Jesus revelar esta verdade a todos os homens. Ele ensinou e
exemplificou. Para dar provas disso, � que reapareceu, ressurgiu, com
sua indument�ria espiritual que, naquele instante e por ato de sua
vontade, conservava a apar�ncia da sua encarna��o entre os homens.
O aparecimento de Jesus comporta duas possibilidades: a
simples apari��o ou a materializa��o moment�nea.
Na apari��o, o Esp�rito sensibiliza os �rg�os visuais da pessoa,
que o v� nitidamente, tal qual era quando aqui vivia, por�m n�o �
tang�vel. Ou seja, se tocar vai encontrar o vazio.
Na materializa��o existe a tangibilidade. Embora rar�ssimo,
trata-se de "fen�meno" que pode ser obtido por pessoas que possuam
esse tipo de medi unidade. A materializa��o se d� em ambiente pr�prio,
sob condi��es especial�ssimas, com a presen�a de m�dium dotado dessa
faculdade.
Admitindo-se que Jesus apareceu materializado, se os ap�stolos
O tivessem tocado, teriam a "sensa��o" de estarem tocando num corpo
material. De qualquer forma, que fique bem claro que o prop�sito
maior de Jesus era dar o testemunho da "sobreviv�ncia" da alma ap�s
a morte.
Lembre que antes de Jesus n�o se cogitava disso. A Lei antiga
ensinava a prote��o de Deus aqui na terra. N�o se falava em "vida
futura". Jesus foi o primeiro a pregar a vida e a felicidade em outro
mundo, que n�o a Terra. Dizia: "O meu Reino n�o � deste mundo"
(Jo�o 18:36). Era isso que Ele queria testemunhar. Provar que
continuava "vivo", apesar da morte de seu corpo.
Outra prova suficiente a se entender que os ap�stolos apenas
"viram" o Cristo � que, na seq��ncia da narrativa, � dito:
"E, dizendo isso, mostrou-lhes as m�os e os p�s.
E, n�o o crendo eles ainda por causa da alegria e estando
maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer?"
Se eles tivessem tocado, para conferir se era "carne e osso", teriam
acreditado. Jesus lhes mostra m�os e p�s e eles continuaram sem crer.
Foi a tal ponto que para convenc�-los de que estava "vivo", Jesus pediu
o que comer. Novamente um fen�meno medi�nico aqui se apresenta:
a desmaterializa��o do peixe assado e do favo de mel. Jesus n�o comeu
coisa alguma.
Hoje, com o conhecimento que j� se tem acerca de mat�ria e
energia � est�gios diferentes de um mesmo elemento universal � �
f�cil entender que, por a��o da poderosa vontade de Jesus, aquela
massa material foi devolvida ao espa�o em forma de energia.
Voc� pode estar-se lembrando do caso de Tom�. Este ap�stolo
chegou a dizer que s� acreditaria no retorno de Jesus se pudesse tocar-
lhe as feridas. E Jesus, em outra apari��o, convidou-o a realizar seu
intento. Tom�, por�m, n�o teve coragem. Tamb�m n�o tocou em Jesus.
Apenas "viu e acreditou". E o Mestre, valendo-se do ensejo, deixou o
conhecido ensinamento: Porque me viste, creste; bem-aventurados
os que n�o viram e creram" (Jo�o 20:29). Seria diferente se Jesus
dissesse: Por que me tocaste creste...
Diante de Maria Madalena, o retorno do Cristo, atrav�s da
apari��o, � muito mais convincente. Jesus n�o permite que ela se
aproxime. Diz-lhe assim: "N�o me toques, porque ainda n�o subi
para meu Pai, mas vai para meus irm�os e dize-lhes que eu subo para
meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus" (Jo�o 20:17).
Pela forma como o articulista tratou a materializa��o dos
Esp�ritos � recurso que poderia ter sido utilizado pelo Cristo para
mostrar-se tang�vel aos seus disc�pulos � � f�cil perceber que ele
desconhece o assunto, fato que tira dele a capacidade para falar sobre
o mesmo. N�o se pode condenar uma coisa que n�o se conhece bem.
Quando Galileu disse que a Terra girava ao redor do sol, esse
ato foi tido como "abomina��o" a Deus e ele foi preso e amea�ado de
morte. Teve que se retratar para escapar da condena��o. A ci�ncia
comprovou, adiante, que o abominado tinha raz�o. Os que o
condenaram agiram assim porque n�o tinham conhecimento do
assunto, e se arvoravam em defensores de Deus.
Joanna D'Arc, ouvindo "vozes" dos Esp�ritos, levou o povo
franc�s � liberta��o. Por negar-se a desmentir que "ouvia vozes" foi
"abominada" e condenada � fogueira. Seus algozes agiram sem conhecer
o fen�meno espiritual que estava por tr�s daquelas vozes, e, como
sempre, justificaram-se como agindo em defesa dos interesses de Deus.
A Doutrina Esp�rita mostrou que ela tinha raz�o.
Pontos a Recordar:
1. Ao dizer que "Deus se manifestou em carne", o articulista
retirou uma frase do meio de um vers�culo b�blico e distorceu o que
est� escrito, trocando Jesus por Deus.
2. Jesus nos revelou, por palavras e atos, toda a express�o da
bondade, da justi�a e do amor de Deus. Isto � diferente de dizer que
Jesus seja Deus.
3. "Crer no Senhor Jesus como nosso salvador" � fazer aquilo
que Ele exemplificou e que pode ser resumido numa palavra: a caridade.
4. O articulista citou um vers�culo b�blico de Isa�as, omitindo
o nome do autor e parte do seu conte�do, procedimento que n�o faz
parte da boa pr�tica evang�lica.
5. A frase "ferido pelas nossas transgress�es e quebrantado pelas
nossas iniquidades" � frase de efeito e, como o pr�prio nome diz produz
"efeito", notadamente junto a mentes preconceituosas e despreparadas.
6. Jesus foi "ferido pelas nossas transgress�es e quebrantado
pelas nossas iniquidades", conforme previu Isa�as. Valer-se dessa
profecia para concluir que o Espiritismo seja do Anticristo �, no
m�nimo, subestimar nossa capacidade de racioc�nio.
7. A salva��o se obt�m por meio da repara��o das d�vidas e da
conquista de novos conhecimentos e virtudes. Resgatar, aprender e
amar.
8. O nascimento de Cristo, como concebido pelo Esp�rito Santo,
tem um sentido aleg�rico, simbolizando todo o planejamento que foi
feito no Mundo Espiritual para o nascimento do Mestre entre os
homens.
9. No Plano de A��o, que foi montado para permitir a
semeadura do Evangelho entre os homens, constava a necess�ria
realiza��o das curas e dos milagres, sem os quais os encarnados da
�poca n�o valorizariam as palavras do Mestre.
10. As curas que Jesus realizou decorriam do "merecimento"
dos Esp�ritos beneficiados, escolhidos para auxiliarem o Mestre em
sua miss�o terrena. Em sua maior parte, as enfermidades eram resultado
de prova��es volunt�rias.
11. Ao convidar os ap�stolos para tocarem em seu corpo Jesus
sabia, de antem�o, que nenhum deles se atreveria a fazer isto. Era
necess�rio que eles tivessem a impress�o de que o retorno se dava no
mesmo corpo carnal. O prop�sito de Jesus, no entanto, era dar
testemunho de que "estava vivo", que o Esp�rito sobrevive � morte do
corpo.
VI. AINDA A PESSOA DE CRISTO
Diz o articulista protestante autor do op�sculo:
"N�o creais a todo o esp�rito, mas provai se os esp�ritos
s�o de Deus, porque muitos falsos profetas se levantaram no
mundo; nisto conhecereis o Esp�rito de Deus: Todo o esp�rito que
confessa que Jesus Cristo veio em carne � de Deus, mas todo o
esp�rito que n�o confessa que Jesus Cristo veio em carne n�o �
de Deus, mas sim o do Anticristo, que agora j� est� no mundo"
(Jo�o 1�. carta).
Disse o articulista primeiramente que � Os esp�ritas contudo,
dizem que Cristo n�o veio em carne, nem ressuscitou em carne, mas
s� cm esp�rito, ou em "esp�rito materializado".
Trocando em mi�dos, ele afirmou que n�s aceitamos que o
Cristo tenha vindo ao mundo, s� que n�o teria nascido em corpo de
"carne" (os grifos, negritos e palavras sublinhadas, s�o sempre de nossa
iniciativa e t�m o prop�sito de focar sua aten��o naquilo que grifamos).
Em seguida, cita o vers�culo acima, com o prop�sito de
convencer seu leitor de que pregamos contra a B�blia, porque Jo�o
teria afirmado que o Cristo veio "em carne".
De in�cio, perceba que a discuss�o que ele coloca � com rela��o
� natureza do corpo de Jesus. Se de carne, ou se "esp�rito materializado".
J� que ele trouxe o vers�culo � luz, vamos saber qual � o
verdadeiro sentido das palavras de Jo�o. Estaria mesmo o ap�stolo
falando a respeito da natureza do corpo de Jesus?
Jo�o era o disc�pulo que Jesus mais amava. Como ap�stolo,
escreveu o livro b�blico que leva seu nome (O Evangelho de Jo�o);
escreveu 3 cartas (chamadas 1 Jo�o 2 Jo�o e 3 Jo�o) e o �ltimo livro da
B�blia, intitulado Apocalipse. Ao escrever a primeira carta, entre os
anos 85/95 depois do Cristo, Jo�o teve por objetivo refor�ar que Jesus
era o Messias de que falavam as escrituras. N�o se sabe a quem a carta
foi dirigida, mas, pelo seu conte�do, ali�s pequeno, percebe-se que se
destinava a todos os que j� se confessavam crist�os.
Uma carta � diferente de um livro. Ao escrever o livro, o ap�stolo
procurou legar � posteridade todos os ensinos que aprendeu do Mestre.
Ou seja, aquele material se destinava a produzir efeito junto a todas as
novas gera��es que surgissem no mundo. Nas cartas, a finalidade era
produzir um efeito imediato, circunscrito �quele momento hist�rico.
Para examinar o conte�do da l�. carta � de onde foi tirada a
declara��o que estamos comentando � e entender sua finalidade,
necess�rio se torna reconstituir o cen�rio da �poca, fixando toda nossa
aten��o naquele momento. O que vinha acontecendo com o
Evangelho? quais as dificuldades que as igrejas enfrentavam? como os
judeus vinha reagindo ao crescimento da Nova Doutrina? s�o assuntos
que importa considerar, para alcan�armos o fim visado pelo missivista.
� sabido que Jesus e sua doutrina foram rejeitados pelo povo
judeu. Ap�s a morte do Messias a coisa n�o mudou da noite para o
dia, como alguns podem pensar. Pelo contr�rio, os ap�stolos do Mestre
enfrentaram as mais adversas situa��es para manter o trabalho
evang�lico, e s� conseguiram porque fizeram da pr�tica da "caridade"
o seu ponto de apoio e sustenta��o.
A primeira "igreja" de que se tem not�cia, sob o comando de
Pedro, apresentava-se para o povo judeu e romano como sendo apenas
uma casa de caridade, chamada "Casa do Caminho". Ali eram
acolhidos os pobres e os enfermos, junto aos quais se punha em pr�tica
o "fazer aos outros" t�o recomendado pelo Mestre.
Durante o dia, a Casa era um aben�oado lugar de aux�lio e
prote��o aos doentes, abandonados, esfomeados e obsedados (v�timas
da influ�ncia de Esp�ritos inferiores). E, � noite, se fazia o culto do
Evangelho, espalhando-se a b�n��o do conhecimento dessa nova
Doutrina.
A exist�ncia daquela casa somente era tolerada pelo povo judeu
e romano por causa da caridade que ali se praticava. Os ensinamentos
do crucificado eram repudiados com veem�ncia pelos judeus, em suas
sinagogas. Basta recordar que quem mandou prender Jesus foram os
sacerdotes judeus, os defensores da Lei de Mois�s. Foram eles que
corromperam Judas com o pagamento das trinta moedas.
Com a morte de Jesus, pretendiam acabar com a prega��o
evang�lica e manter a doutrina tradicional. Entre estes sacerdotes
achava-se Saulo, que liderou feroz movimento de persegui��o aos
crist�os, sendo, por fim, al�ado por Jesus na estrada de Damasco,
convertendo-se, ap�s aquele encontro, no ap�stolo Paulo. E, a partir
da�, perseguido, por sua vez, por seus compatriotas.
Nas sinagogas o que se ensinava era que o carpinteiro crucificado
era um impostor. Que o Messias anunciado nas profecias n�o era aquele
Homem que tinha por seguidores pobres, doentes, obsedados e
prostitutas, e que tinha por disc�pulos simples e humildes pescadores.
Os defensores da Lei do Antigo Testamento exclu�am do rol de judeus
todos os que se convertiam ao cristianismo, retirando-lhes todos os
direitos de cidad�o que aquela casta usufru�a.
Os primeiros crist�os, reunidos em torno da Casa do Caminho,
e de outras "igrejas" que foram surgindo sob a lideran�a dos ap�stolos,
se viam constantemente amea�ados pelos judeus, e essas amea�as n�o
se limitavam � persegui��o f�sica. Incomodava muito mais a difama��o,
a prega��o contr�ria, o combate ao nome de Jesus, o pouco caso que
se fazia de seus ensinamentos, a atribui��o de for�a diab�lica �s curas
e milagres que realizou. Era esse o cen�rio da �poca. Eram essas as
afirma��es que se faziam a respeito do Cristo. Era esta a preocupa��o
que tomava conta de Jo�o no instante de escrever a carta.
Lembremo-nos que a la. carta foi escrita 85 a 95 anos ap�s a
morte do Cristo e, devido ao tempo j� decorrido desde a crucifica��o,
era f�cil incutir a confus�o e a mentira na mente da gera��o que havia
nascido ap�s o Cristo, negando-se suas curas e sua presen�a entre n�s.
De tudo tentaram os perseguidores de Jesus, para desvalorizar seus
ensinamentos e impedir o crescimento da Doutrina Crist�. Nada
conseguiram, porque os tempos eram chegados.
Qualquer semelhan�a com o que ocorre com a Doutrina Esp�rita
n�o � mera coincid�ncia.
A simples leitura da carta permite claramente perceber que Jo�o
a escreveu para aquela �poca, deixando bem evidente sua preocupa��o
de combater os que diziam que Jesus, o crucificado, n�o era o Messias
de que falavam as escrituras antigas. Em outras palavras: ele queria
afirmar que o Messias esperado j� tinha nascido no mundo, na pessoa
de Jesus. Da� porque Jo�o disse enfaticamente: "Todo o Esp�rito que
confessa que Jesus Cristo veio em carne � de Deus...". Essa preocupa��o
de Jo�o destaca-se em algumas passagens da carta. Vejamos:
"Quem � o mentiroso, sen�o aquele que nega que Jesus � o
Cristo? � o Anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho" (1 Jo�o
2:22);
"Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam" (1 Jo�o
2:26).
O prop�sito de Jo�o era afirmar que Jesus j� havia nascido no
mundo. O ap�stolo combatia os que "negavam" esse nascimento,
anunciado nas escrituras. E o ap�stolo tinha motivos para trazer esse
assunto � baila, naquele instante, porque a nega��o da vinda do
Salvador, na pessoa de Jesus, era o alvo dos coment�rios dos judeus.
Para combater o Cristianismo nascente, se espalhava a mentira
e o engano. Para se combater o Cristianismo redivivo (a Doutrina
Esp�rita), tamb�m.
Ao se valer da express�o "veio em carne" Jo�o n�o estava se
referindo � natureza do corpo de Jesus. O articulista d� esse �ltimo
sentido, num claro desvirtuamento do objetivo da frase contida na
carta.
A discuss�o que ele colocou com rela��o � natureza do corpo
de Jesus � vazia. A preocupa��o de Jo�o, como vimos, n�o era com
que tipo de corpo Jesus tinha vindo.
Logo, ao dizer "Baseando-me na autoridade desta palavra da
B�blia, eu creio que o espiritismo n�o � de Deus, mas do Anticristo" o
articulista fez mau uso da autoridade da B�blia, usando-a irrefletida e
erroneamente:
* ele falseou o sentido da express�o "veio em carne" utilizada
por Jo�o;
* quis deixar o entendimento de que Jo�o estava se referindo �
natureza do corpo de Jesus.
"Os esp�ritas contudo, dizem que Cristo n�o veio em carne,
nem ressuscitou em carne, mas s� em esp�rito, ou em "esp�rito
materializado." A prop�sito dessa afirma��o do articulista, tecemos as
seguintes considera��es:
* Com rela��o � vinda de Jesus, os esp�ritas n�o dizem isso. A
materializa��o � um fen�meno passageiro, de tangibilidade dos
Esp�ritos. Jesus viveu 33 anos. Seria inadmiss�vel que ao longo de
toda sua exist�ncia Ele estivesse materializado.
* Com rela��o ao seu aparecimento moment�neo, ap�s a sua
morte, � poss�vel que o Cristo tenha se mostrado materializado. Como
tamb�m � poss�vel que Ele tenha se apresentado atrav�s de outros
recursos espirituais, como a simples "apari��o" ou "vid�ncia".
*Entre os esp�ritas, existem aqueles que erroneamente admitem
que Jesus veio num corpo flu�dico. � uma tese parecida com a
defendida pelos protestantes, atrav�s da qual a concep��o do corpo
de Jesus teria sido efetivada por meios espirituais. A gravidez de Maria
teria sido apenas aparente. Talvez seja isso que o articulista queira
dizer.
* Sendo assim, ele errou porque generalizou o entendimento,
ao dizer que "os esp�ritas contudo dizem...". N�o s�o os esp�ritas que
dizem isso. Alguns pensam assim e essa tese do "corpo flu�dico" vem
perdendo espa�o. N�s respeitamos os que pensam desse modo. Em
Doutrina Esp�rita n�o existe o dogma. E uma Doutrina cient�fica,
progressista, de livre exame.
* A natureza do corpo de Jesus � um assunto muito delicado e
n�o cabe, neste trabalho, ila��es a respeito. Diz-nos o Esp�rito
Emmanuel que, no momento evolutivo em que nos encontramos,
bem mais importante � que nos preocupemos com o corpo de Sua
Doutrina.
Uma coisa, ainda, importa ser observada no vers�culo trazido �
luz pelo articulista. � o fato de que aquela recomenda��o se refere a
confiss�es de "Esp�ritos" e n�o de homens. Sen�o veja: "N�o creais a
todo Esp�rito, mas provai se os esp�ritos s�o de Deus..." e, no final,
arremata "...mas todo Esp�rito que n�o confessa que Jesus Cristo veio
em carne n�o � de Deus, mas do Anticristo...".
Est� mais do que claro que Jo�o se referia ao teor de
comunica��es dos Esp�ritos. A mediunidade, a comunica��o com os
mortos, era pr�tica comum entre os crist�os primitivos. E sabe por
qu�? Porque Jesus consagrou esta pr�tica no Monte Tabor, em presen�a
de tr�s disc�pulos, dos quais Jo�o era um, lembra?
Jo�o conhecia a mediunidade e sabia da prud�ncia com que se
devia receber as comunica��es dos Esp�ritos, para que as pessoas n�o
viessem a ser enganadas. Ensina-nos hoje o Espiritismo que a morte
n�o modifica ningu�m e cada um de n�s chega ao Mundo Espiritual
do jeito que era quando estava aqui na Terra. Ou seja, o mentiroso, o
enganador, o descrente, o crist�o, todos chegam � Espiritualidade com
os mesmos defeitos e virtudes, carregando os mesmos sentimentos e
as mesmas no��es que tinha enquanto estava encarnado.
O processo de aprendizado l�, tamb�m acontece. Por�m, nada
se d� �s pressas, e muitos dos que aportam ao Mundo Maior levam
dezenas e at� centenas de anos para refazerem suas id�ias,
conhecimentos e gostos.
Ent�o, era preciso saber se os Esp�ritos eram de Deus, realmente,
ou seja: se as comunica��es guardavam sintonia com os ensinos da
Doutrina de Jesus, posto que, muitos judeus desencarnados que em
vida terrena combatiam o Cristianismo, do outro lado da vida
continuavam agindo do mesmo modo, pregando que o Cristo, n�o
teria vindo em carne, (ou seja, ainda n�o havia vindo ao mundo).
Comunicando-se, precisavam ser testados, a fim de que se pudesse
avaliar se eram merecedores de aten��o ou n�o.
A recomenda��o do ap�stolo, neste sentido, tinha inteira
proced�ncia e � nisto que consiste a sua autoridade. Faz sentido tamb�m
quando ele diz "...mas provai se os esp�ritos s�o de Deus, porque muitos
falsos profetas se levantaram no mundo; nisto conhecereis o esp�rito
de Deus: Todo esp�rito que confessa...".
Atente para o fato de que a carta foi escrita 85 a 95 anos depois
de Jesus. Note que esses muitos "profetas" quese levantaram no mundo
eram os que, j� desencarnados, poderiam estar por tr�s das
comunica��es; e como a morte n�o modifica ningu�m, eles, como
Esp�ritos, tamb�m agiriam na mesma linha de atua��o que tinham
quando encarnados, negando o Cristo. Essa � a preocupa��o n�tida
de Jo�o ao ditar aquela carta.
Grifei as duas palavras "se levantaram" acima, para focar bem o
assunto. Jo�o empregou o verbo no passado, referindo-se aos falsos
profetas que j� tinham morrido. Porque se esses profetas ainda
estivessem l�, o verbo seria empregado no tempo presente � se
levantam �, n�o � mesmo?
Essa � mais uma prova de que Jo�o n�o estava se referindo aos
"homens", mas sim aos "esp�ritos" mesmo. Se o prop�sito do ap�stolo
fosse se referir aos homens ele teria dito assim: "N�o cre�is a todos os
homens, mas provai se os homens s�o de Deus... e etc".
E se ele estava se referindo aos Esp�ritos, � porque a comunica��o
destes, com os homens, era fato de conhecimento dos ap�stolos.
Dizer que o Espiritismo � do Anticristo faz parte do verbo dos
irm�os protestantes. Nenhum outro recurso tem dado mais resultado,
para eles, de que se valer dessa frase, forte e atemorizadora, para manter
seus adeptos fi�is ao que eles pregam. Eles temem que a Doutrina
Esp�rita seja conhecida por seus seguidores. Neste particular, atropelam
uma das recomenda��es do ap�stolo Paulo que assim se expressou:
"Examinai de tudo. Retende o bem" (1 Tessalonicenses 5:21).
Por que o medo de que os livros esp�ritas sejam estudados? Como
posso conhecer de tudo, se me � vedado alguma coisa? As doutrinas
da proibi��o ou mudam, ou caminhar�o para o seu pr�prio exterm�nio,
considerando-se que estamos vivendo num per�odo de grandes
transforma��es, onde o conhecimento e a informa��o est�o chegando
mais r�pidos e por meios dantes inimagin�veis.
H� bem pouco tempo, se voc� quisesse ler um livro de uma
biblioteca, ia l�, retirava o livro, levava para casa, alguns dias ap�s o
devolvia e, no intervalo de tempo em que o livro permanecia em suas
m�os, nenhuma outra pessoa tinha acesso � informa��o ali existente.
Hoje, com as vias de comunica��o que a inform�tica nos possibilita,
aquele mesmo livro, via Internet, pode ser acessado por milh�es de
leitores no mesmo instante, sem que o espa�o por ele ocupado seja
esvaziado. Essa � a grande mudan�a da virada do s�culo.
E note uma coisa: essa nova gera��o que est� surgindo adora a
inform�tica; as crian�as de hoje est�o trocando os brinquedos
tradicionais pela m�quina de v�deo game, pelos jogos de computador.
No futuro, j� nem t�o distante, teremos novos adultos buscando
informa��es pelos meios modernos de comunica��o. � a ci�ncia a
servi�o do homem. E o Espiritismo, por ser a �nica religi�o de base
cient�fica, com certeza estar� na ponta das aten��es e nas pesquisas
das novas gera��es.
A proibi��o tem dias contados. O Espiritismo est� a� e conhec�-
lo � quest�o at� mesmo de cultura. Mais dias, menos dias, seus conceitos
ganhar�o plenitude, porque n�o h� como ocultar que as revela��es
esp�ritas vieram na �poca certa, para promover a reforma moral dos
homens, provando-lhes que a vida continua ap�s a morte e que, do
outro lado da vida, seremos felizes ou desgra�ados, conforme tenhamos
semeado neste mundo a felicidade ou a desgra�a do pr�ximo.
Anote o que vou lhe dizer agora: uma outra grande mudan�a
est� para acontecer. A Reencarna��o, que � a base do ensino dos
Esp�ritos, est� em vias de consagra��o pelo mundo cient�fico
contempor�neo. Em todas as partes do mundo, m�dicos, psiquiatras,
psicoterapeutas, psic�logos e outros profissionais do ramo da mente,
est�o pesquisando e comprovando a verdade da reencarna��o, atrav�s
do moderno e eficaz processo de Terapia de Vidas Passadas � TVP.
As pessoas, atrav�s de sensibiliza��o de regi�es da mem�ria,
est�o recordando de suas vidas anteriores e nelas identificando as causas
de muitas das doen�as e fobias que as atormentam hoje.
Os livros sobre o assunto est�o surgindo aos mont�es, chocando
(no bom sentido) as pessoas com as revela��es ali transmitidas. � a
ci�ncia acompanhando o Espiritismo, comprovando por processos
cient�ficos aquilo que os Esp�ritos vieram nos ensinar.
Que futuro espera as doutrinas n�o-reencarnacionistas?
Desaparecer�o? N�o, de forma alguma. A hist�ria tem mostrado que
os conceitos das religi�es tradicionais mudam com o tempo. J� foi
assim no passado, ser� assim no futuro. Quando a Reencarna��o for
aceita como verdade universal, as demais simplesmente v�o adot�-la
como regra, numa boa.
Sabe como? Num primeiro momento um pastor vai l� no
p�lpito e declara que o assunto est� sendo pesquisado pelos
mission�rios de Deus; o tema passa a ser objeto de debate entre eles
pelo tempo necess�rio � familiariza��o dos fi�is com o assunto e, por
fim, eles se nomeiam como os autores da revela��o, utilizando
argumentos b�blicos e apocal�pticos. Novas gera��es v�o surgindo e
nem se preocupam que, no passado, eles tenham pregado outra coisa.
Isto ser� nocivo ao Espiritismo? N�o, de forma alguma. A
Doutrina Esp�rita n�o pretende substituir nenhuma outra. O bom �
que n�s homens aprendamos a verdade, porque somente ela nos
libertar�, como disse Jesus. Quanto mais avan�armos no conhecimento
das coisas que dizem respeito � vida espiritual, mais nos aproximaremos
de Deus. N�o importa a n�s qual a religi�o que estamos seguindo,
mas sim que tipo de ensinamento estamos recebendo.
Nem mesmo quando a reencarna��o estiver universalmente aceita,
oEspiritismo estar� livre dos ataques de seus detratores. Noutros pontos
eles assentar�o a base de suas dissid�ncias e manter�o consigo os seus
fi�is seguidores. Entre estudar reencarna��o num Centro Esp�rita ou
faz�-lo na igreja, o crente tender� a permanecer onde j� est�.
Dizer que o Espiritismo � do Anticristo � a mesma coisa de
dizer que ele pertence ao dem�nio. Esse ditado � ofensivo, mas at�
nos conforta, se levarmos em considera��o que s�o ofensas id�nticas
as que eram lan�adas contra Jesus e sua Doutrina. Vou citar s� um
exemplo tirado da B�blia:
123
"Responderam-lhe, pois, os judeus e disseram-lhe: N�o dizemos
n�s bem que �s samaritano e que tens dem�nio?
Jesus respondeu: Eu n�o tenho dem�nio; antes, honro a meu
Pai, e v�s me desonrais" (Jo�o cap. 8, vers. 48 e 49).
Se at� o Mestre levou seguidas vezes a pecha de ter dem�nio,
porque seus ensinamentos iam de encontro aos conceitos antigos, �
compreens�vel que com a Doutrina Esp�rita ocorra o mesmo. Ela vem
separar o joio do trigo, tirar o erro que est� misturado � verdade e,
sendo assim, fere conceitos ultrapassados, mas que ainda � defendido
por muitos, por v�rios motivos.
Agora, quem dizia que Jesus tinha dem�nio? Eram exatamente
os ignorantes da verdade espiritual. Alguns agiam at� de boa-f�,
defendendo os conceitos que haviam aprendido em vida, certos de
que suas atitudes correspondiam aos anseios de Deus. Nesta situa��o
mantinham-se em cegueira espiritual que os impedia de ver a luz.
Saulo � um bom exemplo disto. Era sincero, perseverante,
valoroso, e defendia com todo o cora��o e brio a Lei do Antigo
Testamento. Era inocente em rela��o � verdade espiritual. Jesus viu as
virtudes que ele possu�a e trouxe-o para seu rebanho, e Saulo,
assumindo o nome de Paulo, defendeu o Cristianismo com a mesma
sinceridade, perseveran�a, valor, cora��o e brio que empregava na defesa
da Lei Antiga.
Foi por mostrar coisas que os outros se negavam a ver, que
Jesus foi crucificado, que Galileu foi amea�ado de morte; que Joanna
D'Arc foi queimada; e que muitos outros her�is foram condenados.
Os Esp�ritos v�m para nos ensinar as rela��es existentes entre os
mundos material e espiritual. Por mostrar coisas que alguns se negam
a ver, s�o por estes detratados e abominados.
A ressurrei��o da carne � tamb�m lembrada pelo articulista.
Na tradi��o protestante, no dia do "Ju�zo Final" a terra e o mar
devolver�o os corpos de todos os que aqui viveram e morreram. Os
salvos ser�o apartados, e os condenados ser�o lan�ados ao inferno.
Trata-se de quest�o de f�, que n�o guarda nenhuma base l�gica ou
racional.
Ora, a decomposi��o e transforma��o dos corpos, ap�s a morte,
� uma das leis de Deus, e todos os corpos animados est�o sujeitos a
esta lei. Part�culas, �tomos, mol�culas que fazem parte hoje de um
corpo, ap�s decompostos, ressurgem noutros corpos, num processo
cont�nuo de renova��o. A vida est� a�, comprovando isto.
A ressurrei��o ocorre, entretanto, no sentido pr�prio da palavra,
que significa: ressurgimento. Ressurrei��o � o ato de ressurgir, voltar �
vida. O que importa � o corpo ou a vida? � a vida, n�o � mesmo? �
atrav�s da reencarna��o que o Esp�rito ressurge para a vida material.
A volta do Esp�rito num corpo de carne �, tamb�m, um ato de
ressurrei��o, de ressurgimento. Isto � l�gico, racional e guarda inteira
compatibilidade com as imut�veis e irrevog�veis Leis de Deus.
Mas Jesus ressuscitou, dizem os irm�os evang�licos. A prop�sito
desse assunto, lembro, de passagem, que o ap�stolo Pedro esclarece
bem como teria sido o retorno de Jesus � vida. Num dos vers�culos
utilizados pelo articulista, que ser� objeto de detalhada considera��o
no pr�ximo cap�tulo, houve a omiss�o de um trecho, que, por si s�,
nos revela o que o ap�stolo ensinou a respeito. Veja:
"Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos,
para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas
vivificado pelo esp�rito" (1 Pedro 3:18),
Vivificado como? Pelo esp�rito? Ent�o o Cristo n�o ressuscitou
em carne? O ensino de Pedro est� a nos dizer que n�o. Vivificar �
voltar � vida, ressurgir, reviver, ressuscitar. E ainda querem condenar
o Espiritismo por admitir esta verdade. Parodiando o articulista, eu
posso dizer que: baseando-me na autoridade desta palavra da B�blia,
eu vejo que o Espiritismo � de Deus.
Pontos a Recordar
1. Ao se valer da express�o "veio em carne" Jo�o estava afirmando
que Jesus havia nascido entre n�s. Ele n�o estava se referindo � natureza
do corpo de Jesus. O articulista d� esse �ltimo sentido, num claro
desvirtuamento do objetivo da frase contida na carta.
2. Ao dizer "Baseando-me na autoridadedesta palavra da B�blia,
eu creio que o espiritismo n�o � de Deus, mas do Anticristo" o
articulista fez mau uso da autoridade da B�blia, usando-a irrefletida e
erroneamente.
3. A recomenda��o de Jo�o "N�o creais a todo esp�rito..." se
refere a confiss�es de "esp�ritos" mesmo e n�o de homens.
4. Se o prop�sito do ap�stolo fosse se referir aos homens, ele
teria dito assim: "N�o creais a todos os homens, mas provai se os
homens s�o de Deus... etc".
5- Os falsos profetas quese levantaram no mundo eram os que,
j� desencarnados, estavam por tr�s das comunica��es medi�nicas que
j� ocorriam desde aquela �poca, e como a morte n�o modifica ningu�m,
eles, como Esp�ritos, continuavam negando que o Cristo veio em carne.
6. Se at� Jesus levou, seguidas vezes, a pecha de ter dem�nio,
porque seus ensinamentos iam de encontro aos conceitos antigos, �
compreens�vel que com a Doutrina Esp�rita ocorra o mesmo.
7. A Reencarna��o, que � a base do ensino dos Esp�ritos, est�
em vias de consagra��o pelo mundo cient�fico contempor�neo.
8. Ressurrei��o � o ato de ressurgir, voltar � vida. � atrav�s da
reencarna��o que o Esp�rito ressurge para a vida.
9. Consoante o ensino de Pedro: Jesus foi morto na carne, por�m
vivificado pelo Esp�rito.
VII. A MORTE DE CRISTO
Diz o articulista no op�sculo que estamos comentando:
"Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos
injustos para levar-nos a Deus" (Pedro)
"O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado"
(Jo�o)
"Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores" (Paulo)
Por que morreu Jesus? Segundo nosso irm�o articulista, "a
resposta que a B�blia d� � que Cristo morreu para que pud�ssemos ter
o perd�o dos nossos pecados" (o grifo � sempre nosso, para centralizar
sua aten��o no foco da quest�o).
Ele est� se referindo � morte na cruz. Porque quanto a morrer,
fatalmente Ele morreria, posto que a vida aqui na Terra tem seu ciclo
determinado por uma Lei de Deus, da qual ningu�m escapa, que
compreende o nascer, o viver, e o morrer.
A conclus�o do articulista, se bem examinada, retira a
import�ncia dos ensinos deixados pelo Mestre, visto que apenas a
morte dEle � que foi �til. Se Jesus n�o tivesse revelado nada aos homens,
o meio da salva��o teria se cumprido com sua morte na cruz. � uma
conclus�o lament�vel.
E se Ele tivesse morrido de outro modo? Se n�o tivesse ocorrido
o padecimento da cruz? Se Ele tivesse levado uma vida normal e
morrido naturalmente? Se a sua morte tivesse ocorrido sem o
derramamento de sangue, seu Evangelho seria destitu�do de valor?
De outro modo: o que foi mais importante, a morte do Cristo
ou a sua vida, com seus exemplos, suas curas e sua Doutrina?
�, parece-nos que para muita gente a morte de Jesus foi bem
mais importante de que toda a sua vida. Para estes, todo o valor de
sua miss�o ficou resumido no sangue derramado na cruz, sem o que
tudo o mais que Ele fez e ensinou n�o teria valor algum.
O padecimento de Jesus na cruz � apontado como o ato maior
de sua vida, a ponto de que, ainda hoje, a figura do Cristo crucificado
� bem mais difundida de que a imagem do Jesus vitorioso, daquele
que venceu a morte, o mundo e os homens.
N�o � que n�s queiramos diminuir a dor daquele momento
extremo e o exemplo de f� e perd�o que Ele testemunhou naquele
instante. Confirmando tudo que havia pregado, Jesus se despediu de
n�s orando a Deus, como um aut�ntico vencedor:
"Pai, perdoai-lhes, porque n�o sabem o que fazem" (Lucas
23:34);
"Pai, tudo est� cumprido, nas tuas m�os entrego o meu esp�rito"
(jun��o do que est� em Lucas 23:46 e Jo�o 19:30).
� o Jesus vencedor que n�s reverenciamos. Vencedor em vida,
quando soube enfrentar todas as inj�rias, difama��es, persegui��es e
atraso espiritual dos homens, para lan�ar em bases eternas a semente
do seu Evangelho.
A miss�o de Jesus foi coroada de �xito por ter Ele deixado entre
n�s esse legado divino, chamado de Evangelho, que � a tradu��o mais
leg�tima do Amor de Deus para com toda a humanidade. O que � o
sangue derramado na cruz, diante da excelsa luz emanada dos ensinos
morais de Jesus?
Quantos outros profetas e m�rtires tamb�m n�o derramaram
seus sangues, para que o Evangelho chegasse at� nossos dias?
A prega��o do Evangelho se deu, no in�cio, �s caladas da noite,
nas catacumbas, para n�o despertar a aten��o dos perseguidores.
Muitos dos primeiros crist�os foram presos, humilhados e lan�ados �
arena romana para serem devorados por le�es famintos. Para o Cristo,
o valor desses companheiros est� no trabalho que fizeram em prol do
Evangelho, e n�o na por��o de sangue retirada de seus corpos.
N�o, o valor de Jesus n�o est� no sangue derramado. Est� no
ensino que ele deixou. Inclusive no ensino deixado no instante da
morte. Seus ap�stolos ao fazerem refer�ncia ao sangue derramado no
madeiro, jamais pretenderam substituir o valor dos ensinamentos pelo
do sangue. A dor do calv�rio � bendita, porque foi suportada com
resigna��o e f�. Mas o sangue que ali se derramou foi consumido pela
terra, e materialmente dele nada restou.
Jesus, em muitas ocasi�es, nos falou por par�bolas e alegorias.
Parte consider�vel de seus ensinos foram transmitidos numa linguagem
simb�lica, e o estudante do Evangelho precisa ter o cuidado de buscar
a ess�ncia de cada li��o. Por conta desta linguagem figurada, erram os
que interpretam tudo "ao p� da letra".
Por vezes os pr�prios ap�stolos n�o penetravam na ess�ncia da
coisa e, a s�s com o Mestre, Este lhes explicava o sentido dos
ensinamentos. Ocorreu assim com a par�bola do semeador, que Jesus
interpretou para eles, ap�s o seguinte di�logo:
"Por que lhes falas por par�bolas?
Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a v�s � dado conhecer os
mist�rios do Reino dos c�us, mas a eles n�o lhes � dado; porque �quele
que tem se dar� e ter� em abund�ncia; mas �quele que n�o tem, at�
aquilo que tem lhe ser� tirado. Por isso lhes falo por par�bolas, para
que eles, vendo, n�o vejam e ouvindo, n�o ou�am, nem compreendam"
(Mateus 13:10 a 13).
Deduz-se da� que a linguagem empregada por Jesus era de
conformidade com o m�rito dos ouvintes, ou seja, segundo o que
estes podiam entender. Um exemplo disto temos no di�logo que
manteve com Nicodemos, pr�ncipe dos judeus, que detinha vastos
conhecimentos e para quem Jesus falou diretamente acerca da
reencarna��o, mencionando que "Ningu�m pode ver o reino de Deus
se n�o nascer de novo" (Jo�o 3:3), e at� cobrando do seu ouvinte os
conhecimentos adquiridos: �s Mestre em Israel e n�o sabes disto?
(Jo�o 3:10).
Em outras ocasi�es, a met�fora, ou o sentido figurado, se
destinava a produzir um entendimento futuro. Um exemplo: durante
a Santa Ceia, quando Ele se valeu do vinho e do p�o, ali presentes,
para anunciar sua morte:
"Enquanto comiam, Jesus tomou o p�o e aben�oando-o, o
partiu, e o deu aos disc�pulos e disse: Tomai, comei, isto � o meu
corpo;
E, tomando o c�lice e dando gra�as, deu-lho dizendo: Bebei
dele, todos. Porque isto � o meu sangue, o sangue do Novo
Testamento, que � derramado por muitos, para remiss�o dos pecados"
(Mateus cap. 26, vers. 26 a 28).
Est� a� um momento que exige bastante reflex�o, para que se
alcance aquilo que pretendeu Jesus transmitir. Com certeza, Ele n�o
estava se referindo ao seu corpo de carne, como pretendem alguns.
Mas, sim, ao corpo de sua Doutrina. Comparou-o ao p�o, porque
assim como o p�o nutre a vida f�sica, o Evangelho � o alimento que
sustenta a alma.
O "sangue do Novo Testamento, derramado por muitos",
prenunciava suor e l�grimas que seriam vertidos por muitos de seus
mission�rios para a divulga��o do Evangelho, o qual aponta o caminho
para a remi��o dos pecados. Note que Jesus se utilizou das figuras de
"p�o" e "sangue". Muitos confundem o sangue, aqui empregado em
sentido figurado, com o sangue material derramado pelo Mestre na
cruz.
Ao p� da letra, o sangue do Novo Testamento n�o teria sentido.
Este, sendo o conjunto de ensinos que constituem o Evangelho, n�o
possui veias nem sangue. Hoje est� conservado nos escritos de papel,
mais propriamente a B�blia. Qual seria o sangue a�? Materialmente
falando, nenhum. Ao se referir ao sangue, quis Jesus falar de
movimento, de a��o, de trabalho. Daquele ato da Santa Ceia, portanto,
emergem duas coisas: a Doutrina (o p�o) e o movimento operado
pelos mission�rios para divulg�-la (o sangue).
"Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos
para levar-nos a Deus"
Os tr�s vers�culos utilizados pelo articulista ao falar da MORTE
DE CRISTO tamb�m n�o trazem a cita��o completa da fonte. Ele
apenas menciona o nome de seus autores. No primeiro deles, Pedro
diz que "Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos
para levar-nos a Deus". A cita��o est� incompleta, por isto vamos
reproduzi-la, abaixo, na �ntegra, e complementar com os vers�culos
que se seguem, de tamanha import�ncia que n�o devem ser esquecidos:
"Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos,
para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas
vivificado pelo esp�rito", no qual tamb�m foi e pregou aos esp�ritos
em pris�o, os quais em outro tempo foram rebeldes, quando a
longanimidade de Deus esperava nos dias de No�, enquanto se
preparava a arca; na qual poucas (isto �, oito) almas se salvaram pela
�gua" (1 Pedro, cap. 3:18 a 20).
"porque, por isto, foi pregado o evangelho tamb�m aos mortos,
para que, na verdade, fossem julgados segundos os homens, na carne,
mas vivessem segundo Deus, em esp�rito" (1 Pedro 4:6).
N�o h� d�vida de que o padecimento de Cristo teve o fim de
nos levar � Deus. Como? Resgatou nossos erros por aquele ato? N�o,
porque como Ele mesmo disse: "Em verdade, em verdade vos digo
que todo aquele que comete pecado � escravo do pecado" Jo�o 8:34);
"digo-te que dali n�o saireis enquanto n�o pagardes o �ltimo ceitil"
(Lucas 12:59); "...a cada um ser� dado segundo as suas obras" (Mateus
16:27). Individualmente cada um � respons�vel pelo erros que pratica.
Se a morte dEle tivesse esta finalidade, sua prega��o teria sido outra e
Ele jamais teria dito algo semelhante ao que acima lembramos.
"Cristo padeceu uma vez pelos pecados..." Pelo seu
padecimento, entenda-se o seguinte: sem que Ele tivesse vindo ao
mundo e enfrentado a dureza de nossos cora��es, o Evangelho n�o
teria sido pregado. Sem aquele ato de ren�ncia, abnega��o e amor,
n�o ter�amos recebido, naquele oportuno momento, a revela��o que
nos trouxe o entendimento correto acerca de Deus e do que devemos
fazer para chegar ao Pai.
Dizer que "Cristo morreu para que pud�ssemos ter o perd�o
dos nossos pecados", como fez o articulista, � dar � morte um valor
maior do que � vida.
Prefiro dizer que "Cristo viveu para que pud�ssemos conhecer
o Evangelho, que � o caminho a ser seguido para a remi��o dos nossos
pecados". Isto guarda inteira conson�ncia com o ensino de Paulo,
tamb�m lembrado pelo articulista: "Cristo veio ao mundo para salvar
os pecadores" (1 Tim�teo 1:15).
Com efeito, Jesus se sacrificou para vir at� n�s e sua morte na
cruz, prevista desde o Plano Espiritual, objetivou um fim �til, qual
seja o de causar forte impacto e mexer com a consci�ncia dos homens,
posto que todos os atos de bondade por Ele praticados em vida estavam
a anunciar ali a presen�a de um Esp�rito Puro, condenado
imerecidamente. Cedo ou tarde, seus algozes refletiriam acerca do mal
causado.
Do mesmo modo, as gera��es futuras, ao lembrarem o infeliz
epis�dio, poderiam melhor avaliar o n�vel de inferioridade do povo
da �poca e o grau de ren�ncia, de abnega��o e de amor, que a miss�o
exigiu.
E que dizer do restante do vers�culo? O importante trecho que
oarticulista omitiu: "mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado
pelo esp�rito". Como j� dissemos, est� a� o entendimento de Pedro
acerca da forma como teria ocorrido o retorno de Jesus � vida: pelo
Esp�rito, diz Pedro. A ressurrei��o anunciada por Jesus foi comprovada
mediante seu reaparecimento, vivificado em Esp�rito.
Na seq��ncia daquele trecho, Pedro diz que Jesus, foi vivificado
pelo Esp�rito, "no qual tamb�m foi e pregou aos esp�ritos em pris�o,
os quais em outro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de
Deus esperava nos dias de No�...." e logo adiante refor�a dizendo:
"porque, por isto, foi pregado o evangelho tamb�m aos mortos..."
Jesus pregou aos esp�ritos em pris�o e tamb�m aos mortos.
Todos s�o na verdade "mortos", contudo, h� uma particularidade que
merece ser explicada. Os Esp�ritos em pris�o constitu�am um grupo �
parte, formado por Esp�ritos inferiores e obstinados no erro, rebeldes
� �poca de No�. Na Espiritualidade os Esp�ritos se agrupam por
afinidade. Os semelhantes se atraem.
Assim, existem regi�es diferenciadas, que s�o caracterizadas pelo
grau de evolu��o dos Esp�ritos que ali habitam. Em fun��o do teor
vibrat�rio de suas mentes, eles atraem para o seu meio o elemento
espiritual que lhes � pr�prio: treva, sombra, luz, amargura, dor.
sofrimento, paz, alegria, bem-aventuran�a etc. Os Esp�ritos
endurecidos no erro, refrat�rios, apresentam o corpo espiritual
impregnado de vibra��es materiais, situa��o que os mant�m presos �
regi�o de sombra para a qual s�o atra�dos.
Aquele grupo mantinha-se junto j� fazia muitos anos.
partilhando das mesmas desventuras. Na condi��o de inferioridade
em que se achavam, era-lhes interditado o acesso a outras regi�es, da�
serem tidos como "em pris�o".
O relato de Pedro, em sua inteireza, � aqui trazido para sua
reflex�o. Diz-nos o ap�stolo que Jesus pregou seu Evangelho aos
Esp�ritos. Vamos tirar algumas conclus�es acerca do que est� descrito
pelo ap�stolo. Voc�, com certeza, em suas reflex�es, observar� outros
aspectos que n�o alcan�amos:
� Pedro, de alguma forma, tomou conhecimento de
atividades desempenhadas por Jesus Cristo no Mundo Espiritual.
Estamos aqui diante de uma informa��o e n�o de um ponto de vista
do ap�stolo.
� Quando Jesus pregou? n�o est� claro se a prega��o aos
Esp�ritos ocorreu ap�s a crucifica��o. No entanto, quando isto se deu
pouco importa. O que est� bem definido � a forma como a prega��o
se deu: em Esp�rito. Jesus, ele pessoalmente, em Esp�rito, fez prega��es
para os Esp�ritos em pris�o.
� Onde foi a prega��o? No Mundo Espiritual. Tanto assim
que a prega��o foi feita em esp�rito e dirigida aos mortos. Na terra, na
carne, � que n�o foi. Para o grupo de Esp�ritos rebeldes, a prega��o
ocorreu no ambiente de trevas (pris�o) onde eles se achavam.
� Em vida, Jesus procurou os sofredores e oprimidos para
consol�-los e ampar�-los. � compreens�vel que no Mundo Espiritual
tenha feito o mesmo e continue a faz�-lo. "Vinde a mim todos v�s
que estais aflitos e agoniados, e Eu vos aliviarei" (Mateus 11:28); "Os
s�o n�o necessitam de m�dico, mas sim os doentes" (Mateus 9:12).
� Supondo, como dizem alguns protestantes, que Pedro
ao falar de mortos, estivesse se referindo aos homens que morreram,
no curso da miss�o terrena de Jesus e que em vida tiveram contato
com as palavras do Mestre, n�o faria sentido ent�o a prega��o ter sido
feita por Jesus, em esp�rito. Aos homens Cristo pregou estando na
carne.
� A prega��o teve um fim �til, do contr�rio o Cristo teria
pregado em v�o. Qual este fim? Se os tais Esp�ritos em pris�o,
estivessem com seus destinos sacramentados � digamos, condenados
ao inferno �, que prop�sitos teve Jesus de pregar-lhes o Evangelho?
� Ele que disse: "N�o deis aos c�es as coisas santas, nem
deiteis aos porcos as vossas p�rolas..." (Mateus 7:6), agiria desfazendo
os seus ensinos? N�o, sem d�vidas. Ent�o, se houve a prega��o, �
porque aqueles Esp�ritos, mesmo em pris�o, poderiam se beneficiar
ao contato com aquela Revela��o.
� Se Deus s� perdoasse os culpados que se arrependem
dos seus erros no curso da vida terrena, Jesus seria sabedor disto. Para
que, ent�o, evangelizar Esp�ritos irremediavelmente perdidos?
� Se Jesus pregou o Evangelho aos Esp�ritos, � que aos
mortos tamb�m � poss�vel o arrependimento. Se h� chance para o
arrependimento, haver� tamb�m para a repara��o, o que desfaz o
dogma da condena��o eterna.
Dizer que os Esp�ritos em pris�o "foram" rebeldes nos tempos
de No�, pode significar que esta imperfei��o eles n�o a teriam mais
no momento da prega��o. No entanto, por se acharem ainda em regi�o
inferior, detinham outras inferioridades que, mesmo sendo a causa
do estado de "pris�o" em que se achavam, n�o os impedia de ouvir o
Mestre.
"O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todos os pecados"
(Jo�o)
Antes de entrarmos no m�rito do que foi dito por Jo�o, importa
destacar um aspecto at� certo ponto delicado. No Novo Testamento,
destacam-se os quatro livros evang�licos: de Mateus, Marcos, Lucas e
Jo�o. Neles est�o registrados os ensinos de Jesus, sua vida, seus
exemplos, seu padecimento na cruz, e sua reapari��o. A base
doutrin�ria do Cristianismo est� nesses Quatro Evangelhos.
Depois destes livros, excetuando-se o Apocalipse, todos os
demais t�m uma conota��o diferente e retratam fatos ocorridos no
curso dos trabalhos apost�licos de prega��o do Evangelho. ATOS,
por exemplo, provavelmente escrito por Lucas, � um relato dos 30
primeiros anos do Cristianismo. Seguem-se as cartas escritas pelos
ap�stolos Paulo, Tiago, Pedro, Jo�o e Judas (irm�o de Tiago).
Tais cartas cont�m muitos ensinos valiosos como
desdobramento dos ensinos de Jesus. Por�m, � preciso frisar que foram
escritas por homens que, apesar da elevada miss�o que lhes foi confiada,
expressaram sobre alguns assuntos seus pr�prios pontos de vista,
compreens�veis para o momento, por�m, nem todos perfeitamente
ajustados � fidelidade do ensino de Jesus, alguns at� j� destitu�dos de
interesse para os tempos atuais.
Os ap�stolos, como homens, tinham suas limita��es. Querer
que tudo que eles escreveram, de moto pr�prio, seja "a express�o da
verdade", � consider�-los infal�veis. E, sensatamente, infal�veis eles n�o
foram. N�o fica aqui nenhum dem�rito a eles, por�m o registro de
uma situa��o verdadeira. � importante que tenhamos isto em mente,
para n�o tomarmos opini�es pessoais, por ensinos doutrin�rios. Os
ensinos de Jesus est�o resumidos nos Quatro Evangelhos, escritos sob
inspira��o, algumas dezenas de anos ap�s a morte do Cristo.
Vamos analisar, ent�o, a afirma��o de Jo�o, que o articulista
nos traz. Voc� n�o vai se surpreender se eu lhe lembrar que ele citou
apenas o nome do autor da frase, sem fazer a necess�ria refer�ncia
b�blica. Do mesmo modo, n�o vai estranhar se eu lhe disser que ele,
novamente, retirou do meio de um vers�culo apenas a frase que atendia
aos seus interesses e, com isso, adulterou todo o ensinamento. Veja,
abaixo, o que Jo�o realmente disse.
"Mas, se andarmos na luz, como ele na luz est�, temos
comunh�o uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho,
nos purifica de todo pecado" (1 Jo�o 1:7).
Jo�o come�a o vers�culo com uma condicionante: "mas, se
andarmos na luz...". E se n�o andarmos na luz? Ser� que o sangue de
Cristo � suficiente para nos purificar de todo pecado? � bastante clara
essa refer�ncia: o Cristo nos purifica de todo o pecado, desde que
andemos na luz.
E o que ser� "andar na luz"? Como identificar os que andam na
luz? Se analisarmos detidamente a afirma��o de Jo�o veremos que,
nela mesmo, est� a resposta para o que seja andar na luz. Ele diz que:
"...se andarmos na luz, como ele na luz est�, temos comunh�o uns
com os outros". Para melhor entendimento: os que vivem em
comunh�o com os outros s�o os que andam na luz.
"Viver em comunh�o com os outros" � praticar a Lei de Amor
e Caridade que Jesus nos ensinou, fazendo aos outros tudo aquilo que
queremos seja feito a n�s. Pronto, voltamos ao mesmo ponto de
sempre. A repara��o de nossos pecados n�o depende do sangue de
Jesus. Mas sim, de praticarmos, junto aos homens, a Lei de Amor. S�
isso.
Como voc� v�, no vers�culo de que se valeu o articulista, de
autoria de Jo�o, n�o existe o princ�pio, simpl�rio, de que: "o sangue
de Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado". O nosso irm�o deixou
de observar o texto como um todo e, lamentavelmente, mais uma
vez, caiu em falta, atribuindo ao ap�stolo um ensino que Jo�o,
efetivamente, n�o deixou.
S� conseguiremos viver em comunh�o uns com os outros
quando estivermos assimilado toda a ess�ncia do Evangelho. Por esse
tempo, j� estaremos livre da teia do pecado. O Cristo ter� nos
purificado, porque, ser� seguindo seus ensinamentos e seus exemplos
que nos livraremos do mal.
Na dita carta, Jo�o destaca a import�ncia de se seguir os
exemplos de Jesus. N�o basta ter f�, ou acreditar que o sangue de
Jesus salva. Diz o ap�stolo: "Aquele que diz que est� nele tamb�m
deve andar como ele andou" (1 Jo�o 2:6).
Ser� necess�rio mais clareza de que esta: andar como Ele andou?
Jesus � o modelo de perfei��o a que devemos seguir, dizem os Esp�ritos.
A refer�ncia ao "sangue de Jesus Cristo" tem explica��o. Quem
mais deu azo a que se introduzisse no Cristianismo essa no��o de que
o sangue de Jesus, faz isso e aquilo, foi o ap�stolo Paulo. Isso n�o
consta da Doutrina ensinada por Jesus. Logo, era ponto de vista dele
ou at� mesmo um recurso utilizado para convencimento de novos
fi�is. �til para aquela �poca, por�m, sem sustenta��o doutrin�ria.
Alguns exemplos da prega��o de Paulo, acerca do sangue de
Cristo:
"Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue,
seremos por ele salvos da ira" (Romanos 5:19);
"Em quem temos a reden��o pelo sangue, a remi��o das ofensas,
segundo as riquezas da sua gra�a" (Ef�sios 1:7);
"Mas, agora, em Cristo Jesus, v�s, que antes est�veis longe, j�
pelo sangue de Cristo chegastes perto" (Ef�sios 2:13).
� preciso ver, primeiramente, quem era Paulo, para podermos
entender o porqu� de determinadas posi��es que Ele adotou. Homem
rigoroso no cumprimento de Leis, extremista em suas convic��es,
fortemente determinado a defender as causas que abra�ava, trazia ainda
dentro de si o resultado da educa��o recebida no farisa�smo, e algumas
das id�ias ali aprendidas acabaram refletindo-se no Cristianismo
nascente.
Dentre estas id�ias estava a da remi��o do pecado pelo sangue.
A Lei Antiga recomendava o derramamento de sangue de animais
para se alcan�ar a purifica��o. Essa id�ia estava incutida na mente de
Paulo. Trocar sangue de animais pelo sangue de Jesus foi um recurso
que se lhe pareceu extremamente v�lido, para fortalecer suas prega��es
evang�licas, porque:
� a id�ia de salva��o pelo sangue estava sacramentada entre
os judeus e era conhecida pelos gentios;
� seria mais f�cil as pessoas aceitarem o Evangelho,
associando a salva��o crist� tamb�m ao sangue. N�o mais o sangue de
animais, mas sim o sangue de Jesus;
� Jesus havia feito refer�ncia ao sangue, no ato da Santa
Ceia, citando o Sangue do Novo Testamento;
A crucifica��o do Mestre foi um fato de grande impacto, e ao
citar o seu sangue, estar-se-ia trazendo � lembran�a aquele padecimento
suportado com resigna��o e f�.
137
Noutras ocasi�es, Paulo assumiu uma posi��o de autoritarismo
muito forte. Vejam como ele via, por exemplo, a atua��o da mulher.
Reflita palavra por palavra do que ele recomendava acerca das nossas
irm�s e diga-me se isto serve para os dias de hoje:
"A mulher aprenda em sil�ncio, com toda a sujei��o. N�o
permito, por�m, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o
marido, mas que esteja em sil�ncio" (1 Tim�teo, cap 2, vers. 11 e 12).
Como voc� pode ver, era ponto de vista dele. N�o se pode
admitir que esta seja uma das li��es de Jesus. O Mestre, muito pelo
contr�rio, deu muito valor ao trabalho, ao papel e � participa��o das
mulheres. Em sua miss�o, a mulher esteve presente em v�rias
oportunidades.
Por outro lado, Paulo foi, em alguns momentos, o mais firme
defensor da pr�tica da caridade, como condi��o para se atingir a
perfei��o. S�o conhecidas as posi��es que adotou com rela��o �
caridade, chegando a defini-la como superior � f�:
"Agora, pois, permanecem a f�, a esperan�a e a caridade, estas
tr�s; mas a maior destas � a caridade" (1 Cor�ntios 13:13);
"E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que � o v�nculo da
perfei��o" (Colossenses 3:14).
As alus�es � caridade t�m sustenta��o doutrin�ria, considerando
que ela foi ensinada e exaustivamente exemplificada pelo Cristo. �
poss�vel, assim, diferenciar o que era ponto de vista dele, de Paulo,
daquilo que era fruto das li��es do Mestre.
Temos ouvido, com freq��ncia, pregadores evang�licos
alardearem que "o sangue de Cristo tem poder". N�s respeitamos os
que fazem isto de boa f�, entendendo o alcance limitado de seus
conhecimentos e de suas interpreta��es. Apesar de passados dois mil
anos, a id�ia do sangue ainda continua fazendo pros�litos. Seria o
caso at� de perguntarmos: afinal, quem tem poder, o sangue de Jesus,
ou o pr�prio Jesus?
Da forma como � dita a frase, d�-se tamanha �nfase ao "sangue",
que o fiel at� esquece que o Mestre � que deve ser lembrado. Falta
uma pausa para reflex�o. Isso eles n�o fazem por uma raz�o muito
simples: o protestante � doutrinado para n�o raciocinar. Basta-lhe a
certeza da salva��o, que prov�m, conforme seus pastores dizem, da f�.
O dogma religioso impede-lhes de interpretar as escrituras com o uso
da raz�o. Limitam-se a decorar vers�culos, sem sequer ter o cuidado
de refletir em cima do que est�o dizendo.
No caso em quest�o, vimos como o autor se agarrou a uma
frase dentro de um vers�culo e a que conclus�es equivocadas chegou.
Do mesmo modo s�o os que apregoam esse poder do sangue de Jesus,
sem pensar nas distor��es que a frase cont�m.
Sem receios de estar cometendo sacril�gios, digo que o sangue
de Jesus n�o tem poder nenhum. O poder est� n'Ele, no Cristo e, para
vermos este poder se refletindo em n�s e dentro de n�s, basta que
sigamos os seus ensinamentos, amando, perdoando e fazendo todo o
bem que esteja ao nosso alcance.
"Se perdoardes aos homens as suas ofensas, tamb�m o vosso
Pai Celestial perdoar� as vossas" (Mateus 6:14);
"Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justi�a e todas essas
coisas vos ser�o acrescentadas" (Mateus 6:33).
Que dizem os esp�ritas quanto � morte de Cristo? Responde o
articulista: Dizem: "Cristo morreu para dar-nos um exemplo de
sofrimento, pois � por meio dos nossos sofrimentos neste mundo, e
nos outros mundos depois deste, que poderemos ser purificados".
Diz Allan Kardec que "as obje��es nascem, quase sempre, das
id�ias feitas a priori daquilo que n�o se conhece bem". � o caso do
nosso irm�o evang�lico que se atirou a falar pelo Espiritismo, sem
dele ter pleno conhecimento. Em nenhum livro esp�rita existe a
resposta que ele apresentou acima. Logo, aquele racioc�nio � de autoria
�nica e exclusivamente dele e n�o condiz com o ensino esp�rita.
A forma como Jesus encarou a morte n�o deixa de ser um
exemplo de f�, resigna��o, ren�ncia e coragem. N�o � verdade, por�m,
que Cristo tenha morrido com esta finalidade: dar um exemplo de
sofrimento.
Jesus foi crucificado por for�a do atraso moral dos homens e
porque, naquela �poca e local, era a cruz o meio utilizado para punir
os considerados infratores.
E quero dizer mais uma coisa: Jesus morreu, aos 33 anos de
idade, por uma raz�o bem mais l�gica e sensata: Estava conclu�da
aquela sua miss�o!
Jesus se deixou ser preso. N�o foi a contragosto seu que os
soldados puseram a m�o nEle e O levaram para julgamento. Se Ele
quisesse, teria se libertado da f�ria dos homens, como fez outras vezes,
conforme nos atestam os evangelistas. Naquele momento, Ele n�o
p�s resist�ncia. Era porque sua miss�o havia-se encerrado. A semente
do Evangelho estava plantada. As pr�prias palavras de Jesus, no
madeiro, nos permitem entender isso:
"Pai, tudo est� cumprido. Nas tuas m�os entrego o meu
Esp�rito" (jun��o do que est� em Lucas 23:46 e Jo�o 19:30).
Ele veio para nos dar outros exemplos de bem maior significa��o
de que o exemplo do sofrimento suportado no instante da morte.
Exemplos inesquec�veis e belos Ele nos deu durante a vida. S�o eles os
atos de bondade, de amor, de toler�ncia, de perd�o, de caridade, de
amparo, de disciplina, de solidariedade, de f�, de poder etc. S�o estes
os exemplos que os Esp�ritos nos pedem para que observemos, para
que possamos construir um mundo melhor.
A forma como os Esp�ritos nos instruem para encarar o
sofrimento � outra quest�o. Todo efeito tem uma causa. Os sofrimentos
dos homens tamb�m t�m sua raz�o de ser, e devem estar plenamente
enquadrados dentro da Lei de Justi�a e de Amor de Deus. O sofrimento
� sem causa nesta vida � pode ser uma expia��o, em decorr�ncia de
atos praticados em outras exist�ncias, ou uma prova��o, por n�s
solicitada antes da reencarna��o. Esse entendimento faz com que nos
resignemos diante das dores, reconhecendo, em todos os tormentos
que nos atingem, a correta aplica��o das Leis de Deus.
O sofrimento pode ser de natureza expiat�ria ou provat�ria.
Somente quando � expiat�rio � que objetiva a repara��o de erros
praticados, nesta ou em outras exist�ncias. No rol das prova��es est�o
os padecimentos pedidos pelo Esp�rito, antes de reencarnar, e que se
destinam � conquista ou aperfei�oamento de virtudes; e os
padecimentos ocasionais, resultantes do fato de estarmos num mundo
ainda inferior, onde o mal prevalece sobre o bem.
A evolu��o do Esp�rito, at� sua purifica��o, n�o est� a depender
do sofrimento. Muito pelo contr�rio, est� a depender das alegrias que
proporcione ao pr�ximo. Superada a faixa de dor e de sofrimento,
decorrente do erro e da ignorancia, o Espirito continua a progredir
at� � perfei��o.
O progresso se d� em duas vertentes: Intelectual e Moral. A
evolu��o intelectual decorre do trabalho e dos esfor�os de
aprendizagem, que o Esp�rito desenvolve aqui e no Mundo Espiritual.
A evolu��o moral decorre da mudan�a de atitude comportamental,
substituindo v�cios e imperfei��es por virtudes e m�ritos.
Como se v�, o sofrimento � transit�rio. Acompanha o Esp�rito
durante uma fase de sua exist�ncia, sendo pr�prio do seu est�gio de
atraso moral e intelectual. A purifica��o da alma se efetiva com sua
evolu��o, e tem no bin�mio Trabalho e Amor o seu verdadeiro
caminho.
"Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores" (Paulo)
N�o tem novidade essa cita��o de Paulo. Cristo veio ao mundo
para "salvar" sim, os pecadores. Ele nos legou o Evangelho que cont�m
o que devemos fazer para alcan�ar o Reino de Deus. A rigor, n�o
existe salva��o. Os Esp�ritos n�o se "salvam", como pregam os
protestantes. Eles progridem. E progridem por seus pr�prios esfor�os
e m�ritos. A salva��o � moda protestante seria uma beatitude imerecida,
posto que decorreria dos esfor�os e m�ritos do Cristo.
Pontos a Recordar:
1. O articulista omitiu a forma como teria ocorrida a ressurrei��o
de Jesus, na vers�o de Pedro: "mortificado, na verdade, na carne, mas
vivificado pelo esp�rito". Ou seja, n�o houve a ressurrei��o na carne,
mas sim, em Esp�rito.
2. N�o � verdadeira a vers�o de que: "o sangue de Jesus Cristo
nos purifica de todo o pecado". O articulista deixou de observar o
texto como um todo; utilizou-se apenas do peda�o acima e,
lamentavelmente, caiu em falta, atribuindo ao ap�stolo Jo�o um
conceito que ele n�o deixou.
3. Ao p� da letra, o sangue do Novo Testamento n�o teria
sentido. O Evangelho n�o possui veias nem sangue. Do ato da Santa
Ceia emergem duas coisas: a Doutrina (o p�o) e o movimento operado
pelos mission�rios para divulg�-la (o sangue).
4. Cristo viveu para que pud�ssemos conhecer o Evangelho,
que � o caminho a ser seguido para a remi��o dos nossos pecados".
Isto guarda inteira conson�ncia com o ensino de Paulo: "Cristo veio
ao mundo para salvar os pecadores" (1 Tim�teo 1:15).
5. Segundo Pedro, Jesus pregou aos Esp�ritos em pris�o e
tamb�m aos mortos. Se Ele pregou o Evangelho aos mortos � que a
estes tamb�m � poss�vel o arrependimento. Se h� chance para o
arrependimento, haver� tamb�m para a repara��o, o que desfaz o
dogma da condena��o eterna;
6. Quem mais deu azo a que se introduzisse no Cristianismo a
no��o de que o sangue de Jesus faz isso e aquilo, foi o ap�stolo Paulo.
Era seu ponto de vista, ou at� mesmo um recurso utilizado para
convencimento de novos fi�is;
7. O protestante � doutrinado para n�o raciocinar. Basta-lhe a
certeza da salva��o, que prov�m, conforme seus pastores dizem, da f�.
O dogma religioso impede-lhes de interpretar as escrituras com o uso
da raz�o.
8. O sangue de Jesus n�o tem poder nenhum. O poder est�
n'Ele, no Cristo e, para vermos este poder se refletindo em n�s e dentro
de n�s, basta que sigamos os seus ensinamentos, amando, perdoando
e fazendo todo o bem que esteja ao nosso alcance.
9. N�o � verdadeira a afirma��o do articulista de que, para os
Esp�ritas, Jesus morreu para dar um exemplo de sofrimento. Exemplos
inesquec�veis e belos Ele nos deu durante a vida. S�o seus atos de
amor, perd�o, caridade, f�, toler�ncia etc.
10. Jesus morreu aos 33 anos por uma raz�o muito sensata:
estava conclu�da aquela sua miss�o! N�o foi a contragosto seu que os
soldados romanos O prenderam. O estilo de morte, crucificado,
decorreu do fato de ser a cruz, naquela �poca e local, o meio utilizado
para punir os considerados infratores.
11. 0 sofrimento � transit�rio. A purifica��o da alma se efetiva
com sua evolu��o, e tem no bin�mio Trabalho e Amor seu verdadeiro
caminho.
12. Os Esp�ritos n�o se "salvam", eles progridem. E progridem
por seus pr�prios esfor�os e m�ritos. A salva��o � moda protestante
seria uma beatitude imerecida, posto que decorreria dos esfor�os e
m�ritos do Cristo.
VIII . O MEIO DA SALVA��O
Diz o articulista que em seu op�sculo escrevia inverdades a
respeito do Espiritismo:
"Os �mpios ser�o lan�ados no inferno"
"Sem derramamento de sangue n�o h� remiss�o de
pecados"
Os dois trechos acima s�o cita��es b�blicas utilizadas pelo
articulista, que n�o fez, como recomenda a boa praxe evang�lica, a
cita��o dos livros/vers�culos, onde os mesmos se encontram. E tal
como passagens anteriores, os vers�culos n�o foram copiados
corretamente. Essa falta de fidelidade ao texto dep�e contra a
honestidade de prop�sitos de quem assim age, e tem o fim de
possibilitar distor��es, confundindo o leitor. Uma frase tirada do meio
de um texto, nem sempre traduz a fidelidade do texto. Para seu melhor
entendimento, vamos buscar da B�blia os textos integrais, para poder
analis�-los:
"Os �mpios ser�o lan�ados no inferno e todas as na��es que se
esquecem de Deus" (Salmos 9:17);
"E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue;
e sem derramamento de sangue n�o h� remi��o de pecados" (Hebreus
9:22).
A primeira das cita��es acima consta do livro dos Salmos, escrito
entre 500 a 1.000 anos antes de Cristo. � o maior livro da B�blia (em
termos de volume de p�ginas) e cont�m 150 salmos, a maioria deles
escritos por Davi. Salmos significa "louvores". Eram os hinos do povo
de Israel, que faziam parte do culto antigo.
J� entre aquele povo a m�sica desempenhava importante papel
e Jesus e seus disc�pulos tamb�m a adotaram. Um exemplo disto: ap�s
a narrativa da Santa Ceia l�-se em Mateus 26:30: "E tendo cantado
um hino, sa�ram para o Monte das Oliveiras".
O pensamento dos Salmos est� baseado na Lei Antiga, de
Mois�s. H� uma particularidade do povo hebreu que conv�m ser
considerada: tratava-se de um povo orgulhoso, conservador, que
valorizava em excesso os la�os familiares, a tal ponto de preservarem a
genealogia das pessoas at� um n�mero elevado de gera��es. Com esta
cultura, consideravam-se eleitos do Senhor. Os demais povos, de outras
origens, eram por eles tratados com desd�m, porque entendiam que a
prote��o de Deus estava circunscrita aos seus pares.
Esse sentimento que j� existia desde os tempos que antecederam
a Mois�s, teve maior expans�o com a fuga do Egito, sob o patroc�nio
do Senhor dos Ex�rcitos, chamado Jeov�, e com os profetas que vieram
ap�s aquele legislador hebreu, que anunciavam a vinda do Messias,
nascido dentre os descendentes de Davi. V�-se por a� que todo o resto
da humanidade estaria entregue � sorte, porque filhos de Deus somente
eram considerados os judeus.
Isso at� justifica as guerras que foram travadas por aquele povo,
em nome de Deus. Matar povos de outras ra�as, vencer batalhas,
dominar pela for�a, usurpar-lhes seus bens, era para eles uma
demonstra��o da prote��o de Deus, e aumentava-lhes a cren�a em ser
um povo aben�oado. A pr�pria Cana�, a terra prometida por Mois�s,
foi conquistada com muito derramamento de sangue, em batalhas
sangrentas que duraram anos, pois ela era de outros povos que
antecederam os israelitas
� not�rio, no entanto, que tudo isto est� na B�blia e os que
admitem, sem reflex�o, esta exclusividade da prote��o de Deus,
esquecem de um pequeno detalhe: quem escreveu a B�blia foram os
descendentes daquele povo. E puxaram a brasa para a sua sardinha,
como se diz no popular. Esta vis�o limitada de Deus, decorria do
orgulho, da inferioridade moral do povo daquela �poca, que via nos
filhos de outras ra�as seres estranhos � Cria��o, logo proscritos dos
c�us.
Foi com base nesse err�neo pensamento que se firmou a
Doutrina Antiga, que Jesus veio corrigir, reformulando todos aqueles
conceitos que n�o guardavam conformidade com a verdadeira pessoa
de Deus, a quem Ele definiu como sendo "Pai", misericordioso, justo
e bom.
Verdade se diga, a �ndole b�rbara daquele povo levou-os a rejeitar
a imagem de Deus pregada por Jesus e, a despeito de todas as profecias
que anunciavam a vinda do Salvador, optaram por manter seus rituais
de sangue, condenando o Cristo � morte. Ainda hoje, no seio daquele
povo, existe a divis�o, e muitos s�o os que mant�m em suas sinagogas
as mesmas cren�as e obedi�ncias aos postulados antigos, de Mois�s.
� mister se reconhe�a, no entanto, que Jeov�, tomado por um
Deus, era um Esp�rito que tinha a incumb�ncia de proteger o povo
hebreu. Era seu guia espiritual. Isto justifica os contatos diretos que
Mois�s manteve com esse Esp�rito, que se tomou como sendo o pr�prio
Deus.
Seria de se perguntar por que Deus escolheu aquele povo para
ser portador de sua primeira grande Revela��o aos homens, se eles
eram t�o b�rbaros? � bom lembrar que todos os povos da �poca eram
b�rbaros e praticavam o culto da idolatria e do polite�smo. E, com
efeito, o povo hebreu, apesar da inferioridade que ostentava, se
apresentava como o de melhor condi��o para abrigar a revela��o do
Deus �nico. Aquela Revela��o, no entanto, se destinava a todos os
homens.
Inaceit�vel � admitir-se que Deus, o Criador de todas as coisas,
tenha privilegiado unicamente um povo, em preju�zo de toda a
humanidade.
Aquele ran�o de cultura do povo judeu, que defendia para si o
exclusivismo e o privil�gio divino, foi t�o forte que ainda hoje produz
adeptos. Vemos resqu�cios desse sentimento nos que se autoproclamam
"salvos", e que abominam todos os que n�o comungam
de seus estilos de adora��o. S� entre eles existe a sabedoria de interpretar
as escrituras e cultivar a f� � e o que pensam.
Eles, que tendenciosamente nos acusam de n�o querermos que
o povo leia a B�blia, parecem desconhecer uma das advert�ncias de
Jesus: "E o que a si mesmo se exaltar ser� humilhado; e o que a si
mesmo se humilhar ser� exaltado" (Mateus 23:12).
V�-se assim o porqu� da cita��o dos Salmos que diz: "os �mpios
ser�o lan�ados no inferno e todas as na��es que se esquecem de Deus".
Ao citar todas as na��es, fica not�rio o desejo que tomou conta do
salmista de ver no inferno o povo de todas as outras ra�as, que n�o
compartilhavam do pensamento do povo hebreu.
Na condi��o de esp�rita convicto, n�o vemos nada de t�o
extraordin�rio em se dizer: "os �mpios ser�o lan�ados ao inferno....",
por quatro raz�es:
� Primeiro, porque �mpios s�o os incr�dulos, os ateus, os
perversos, o que n�o � o caso dos esp�ritas. Estes pautam suas vidas no
Evangelho de Jesus, buscando a pr�tica do bem e da caridade, num
esfor�o cont�nuo de reforma �ntima. Ali�s, pregam o Evangelho por
amor a Jesus e n�o s�o assalariados para isso.
� Segundo, porque o inferno da concep��o protestante n�o
existe, por uma raz�o que o mais infantil racioc�nio imp�e: se ele
existisse teria sido obra de Deus � j� que tudo que existe foi por Ele
criado. Sendo Deus onisciente e a mais pura express�o do Amor, n�o
criaria almas, que previamente sabia que seriam condenadas a esse
eterno supl�cio. A menos que voc� admita ser Deus um s�dico.
� Terceiro, porque a palavra inferno tem concep��es
variadas. � t�o comum vermos pessoas afirmando "minha vida � um
inferno", o que caracteriza ser o inferno um "est�gio" de sofrimento
transit�rio. Aqui ou no Mundo Espiritual. Onde quer que se encontre
uma mente culpada, a� est� algu�m mergulhado num inferno.
� Quarto, porque Inferno e C�u distinguem t�o somente
estado de infelicidade ou de felicidade. Desfazendo todo esse mito
que se fez em torno de inferno e c�u, como lugar circunscrito no
espa�o, o pr�prio Cristo nos disse, acerca do c�u que: "O Reino de
Deus n�o vem com apar�ncia exterior. Nem dir�o Ei-lo aqui! Ou Ei-
lo ali! Porque eis que o Reino de Deus est� dentro de v�s" (Lucas
cap. 17, vers. 20 e 21). Por analogia, podemos afirmar que: o inferno
tamb�m est� dentro de n�s.
Quero lhe mostrar, tamb�m, um tremendo contra-senso, com
essa est�ria de que "os �mpios ser�o lan�ados no inferno". Compare
essa cita��o b�blica evocada pelo articulista com uma outra que ele
mesmo fez: "A nossa salva��o depende... da nossa sincera f� em Cristo
como o nosso �nico Salvador...".
Voc� tem, na primeira cita��o, aquilo que seria o motivo da
condena��o: o fato de ser �mpio. Foi �mpio, tchau, vai pro inferno!
Na segunda, voc� tem o motivo da salva��o: a sincera f� em Cristo
como o nosso �nico Salvador. Teve f�, parab�ns, seja bem-vindo ao
c�u.
A� eu pergunto: E se o sujeito deixar de ser �mpio? Serve para
alguma coisa? � a� que est� o contra-senso. Se a salva��o depende da
f�, ser �mpio ou deixar de s�-lo n�o faz diferen�a alguma. Deixar de
ser �mpio n�o implica, necessariamente, aceitar Jesus. Significa
regenerar-se moralmente.
E se o sujeito for �mpio e tiver f�? Como � que fica? � lan�ado
ao inferno, ou encontra a salva��o?
� de se comentar, ainda, que para censurar o Espiritismo o
articulista voltou a usar frases soltas do Antigo Testamento. � not�rio
o af� com que eles buscam na Lei Antiga um meio de contestar o
Espiritismo. Nisto tamb�m h� uma diferen�a entre n�s: eles preferem
os antigos profetas, n�s preferimos Jesus.
E o Mestre nos disse: "Nem todo que diz Senhor, Senhor, entrar�
no Reino dos c�us, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que est�
nos c�us" (Mateus 7:21).
Ao dizer tal coisa, Jesus deixou claro uma diferen�a entre falar
e fazer. Para isto n�s chamamos muito a sua aten��o. Falar, pregar,
cantar, louvar ao Senhor, tem sua import�ncia, no entanto, � preciso
fazer. O que define o verdadeiro crist�o s�o os atos que ele pratica. A
prop�sito da salva��o, veja o que dizem Paulo, Lucas e Jo�o:
"Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao
conhecimento da verdade" (Paulo � 1 Tim�teo 2:4).
"Porque a gra�a de Deus se h� manifestado, trazendo a salva��o
a todos os homens" (Paulo � Tito 2:11).
"e toda carne ver� a salva��o de Deus" (Lucas 3:6).
"E a vontade do Pai, que me enviou, � esta: que nenhum de
todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no �ltimo
dia" (Jo�o 6:39).
J� que os irm�os protestantes dizem seguir a B�blia, por que
n�o observam essas declara��es dos ap�stolos de Jesus? Por que insistem
com prega��es do Antigo Testamento? Por que desejam tanto que a
maior parte dos homens v� para o inferno, quando o pr�prio Deus
quer que toda carne veja a salva��o?
A vontade de Deus est� a� expressa. Ser� que a vontade de Deus
n�o � soberana? Se Ele quer, conseq�entemente Ele conseguir�. Deus
fez o mundo e todo o universo por ato de sua vontade. Bastou Ele
querer e tudo se fez. Ent�o, se Ele quer que todos os homens se salvem,
n�o � uma frase solta do Antigo Testamento que vai mudar essa
soberana vontade.
Como voc� pode notar, na B�blia voc� encontra coisas que s�o
ditas ali de uma maneira, e mais al�m, de outra forma. � at� bobagem
ficarmos trocando figurinhas, do tipo Ezequias disse isso, Malaquias
disse aquilo. Estamos fazendo isso aqui unicamente para mostrar aos
irm�os que n�o t�m proced�ncia os enunciados do articulista contra
o Espiritismo, pois para toda afirma��o que ele fez n�s poderemos
levantar, dentro da B�blia, outras inteiramente contr�rias.
No pr�prio livro de SALMOS, de onde o articulista tirou a
frase "os �mpios ser�o lan�ados no inferno", n�s encontramos
ensinamentos que se op�em frontalmente � id�ia de que algu�m v�
para o inferno. Veja esse exemplo:
"Toda a terra se converter� ao Senhor e todas as na��es adorar�o
a sua face" (Salmos 22:27).
Pense nisso! N�o abdique de sua capacidade de raciocinar. A
intelig�ncia nos foi dada por Deus para ser usada. Observe que o
verbo est� no futuro "se converter�", "adorar�o". Coisas somente
alcan��veis mediante a evolu��o do Esp�rito. E para que o Esp�rito
evolua, a ponto de todas as na��es virem a adorar a Deus, s� por meio
da reencarna��o isto � poss�vel. Ao dizer todas as na��es est� claro que
s�o todos os homens que as comp�em.
Responda, sensatamente: entre as duas afirma��es dos Salmos,
qual a que voc� considera mais coerente com o Amor de Deus: a que
manda os �mpios para o inferno, ou a outra, que revela que toda a
terra se converter� ao Senhor? Como voc� acabou de ver, os pastores
protestantes fazem op��o pela primeira. N�o seria um pouquinho de
ego�smo? O c�u s� para eles?
O que prevalece, para n�s esp�ritas, s�o os ensinos de Jesus. E
Jesus n�o proibiu a evoca��o aos mortos; Jesus n�o negou a
reencarna��o e n�o excluiu ningu�m do seu Reino de Amor. No
entanto, se op�s a pr�ticas do Antigo Testamento; exemplificou a
caridade e prometeu que mandaria o Consolador.
Diante do apego que os pastores protestantes demonstram �s
prega��es antigas seria o caso de perguntar: Por que n�o cumprem todas
as recomenda��es do Antigo Testamento? Se a Lei Antiga deve ser
observada num ponto, for�oso � que seja observada em todos os demais.
Por que os irm�os evang�licos n�o observam recomenda��es como:
"o incircunciso, que n�o for circuncidado, ser� eliminado"
(G�nesis 17:14);
"quem fizer alguma coisa no s�bado, morrer�" (�xodo 31:15);
"gordura nem sangue, jamais comereis" (Lev�tico 3:17);
"quem se chegar a uma mulher no per�odo, ambos ser�o mortos"
(Lev�tico 20:18);
"um filho desobediente deve ser apedrejado at� que morra"
(Deut. 21:18 a 21);
"a proibi��o de mulher vestir traje masculino ou vice-versa
(Deut. 22:5);
"a obriga��o do cunhado casar com a vi�va de seu irm�o" (Deut.
25:5);
"a proibi��o de comer carne de porco" (Lev�tico 11);
"a proibi��o de cobran�a de juros nos empr�stimos aos pobres"
(�xodo 22:25);
"o cancelamento das d�vidas dos pobres a cada sete anos" (Deut.
15:1-6).
Vejam quantos absurdos aparecem l� em cima. Um deles, diz
que um filho desobediente deve ser apedrejado at� que morra. Nem
os antigos cumpriram isso. Eles apedrejavam os filhos dos outros. Mas
os seus pr�prios... duvido muito.
Por a� voc� v� a qualidade dos ensinos que faziam parte do
Antigo Testamento. Jesus reformulou tudo isso. Quem quiser ficar
com os profetas antigos, que fique. Agora, por um quest�o de honra,
deviam ser fi�is a eles. No nosso entendimento, tem tanta coisa boa
para se ler, que n�o devemos perder tempo lendo coisas j� ultrapassadas.
A Doutrina dos Esp�ritos � o Consolador prometido. Com ela,
desaparece a figura do Inferno Eterno. A Lei da Reencarna��o
possibilita a todos os Esp�ritos o resgate das d�vidas e a caminhada
para a perfei��o. Com isto, n�o sobra ningu�m para o inferno, como
desejam os evang�licos. Em compensa��o, se cumpre a vontade de
Deus, que quer que todos os homens se salvem!
A esse respeito, lembremos Jesus: "Ainda tenho muitas coisas
para vos dizer, mas v�s n�o podeis suportar ainda" (Jo�o 16:12). Atente
para a express�o muitas coisas. N�o � uma coisa, ou duas, ou tr�s. S�o
muitas. Muitas coisas! Logo, a revela��o que Ele nos trouxe ficou
incompleta. Ele n�o p�de dizer tudo porque os homens n�o podiam
suportar (compreender). Por isto Ele prometeu o Consolador, que
viria nos conduzir a toda a verdade (Jo�o 16:13).
Jesus n�o fez prega��es ostensivas da reencarna��o. Esta � uma
daquelas muitas coisas que Ele n�o aprofundou, porque os homens
n�o podiam suportar ainda. No entanto, em v�rias ocasi�es Ele deixou
a reencarna��o bem evidenciada. Vamos lembrar algumas:
*na entrevista reservada que manteve com Nicodemos Ele disse
categoricamente que "Na verdade, na verdade te digo que ningu�m
pode ver o Reino de Deus se n�o nascer de novo" (Jo�o 3:3). Sendo
Nicodemos Mestre de Israel, p�de Jesus falar abertamente da
reencarna��o. E olhe a �nfase com que Ele iniciou: na verdade, na
verdade...
* Na cura de um cego de nascen�a os disc�pulos perguntaram:
"Quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus
respondeu: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se
manifestem nele as obras de Deus" (Jo�o 9:2 e 3). Atente para a palavra
"este". Ficou �bvio que ao perguntar daquele modo os ap�stolos
admitiam a possibilidade de o pecador voltar a nascer. Jesus n�o os
corrigiu. Se a reencarna��o fosse imposs�vel, Jesus n�o perderia a
oportunidade de admoest�-los a respeito de suas cren�as.
A resposta de Jesus � nem ele nem seus pais pecaram � permite
entender que a cegueira decorria de prova��o (sofrimento volunt�rio).
O cego era um daqueles que se candidataram para auxiliar o Cristo
em sua miss�o terrena, sendo por Ele curado. Foi por esta raz�o que
Jesus concluiu dizendo que "...foi assim para que se manifestem nele
as obras de Deus".
* Ao se referir a Jo�o Batista Jesus declara: "e se quereis dar
cr�dito, � este o Elias que h� de vir" (Mateus 11:14). "Mas digo-vos
que Elias j� veio, e n�o o conheceram..." (Mateus 17:12). Numa clara
confiss�o de que Jo�o Batista era a reencarna��o de Elias.
* Ao consultar os disc�pulos acerca do que o povo dizia a seu
respeito, Jesus ouviu: "uns dizem que �s Jo�o Batista; outros Elias, e
outros Jeremias ou um dos profetas" (Mateus 16:14). Outra vez os
disc�pulos manifestando a cren�a na possibilidade de um morto nascer
de novo. E outra vez Jesus n�o retrucou. Como se constata, Jesus n�o
se op�s, em momento algum, � reencarna��o.
* Em alguns dos seus enunciados, Ele deixou impl�cita a Lei de
Causa e Efeito, que � observada durante a reencarna��o. "Quem pela
espada fere, pela espada ser� ferido" (Mateus 26:52); "Quem comete
pecado � escravo do pecado" (Jo�o 8:34); "dali n�o saireis enquanto
n�o pagares o �ltimo ceitil" (Mateus 5:26). O ciclo reencarnat�rio
est� bem expresso nestes ensinamentos. O "�ltimo ceitil" significa a
�ltima d�vida espiritual. Estamos pagando, atrav�s dos renascimentos
sucessivos. Ruim era se n�o pud�ssemos pagar.
* Na presen�a do mo�o rico, que consultou o Mestre acerca do
que devia fazer para alcan�ar a vida eterna, Jesus respondeu, ao final,
dizendo: "Se queres ser perfeito..." (Mateus cap. 19, vers. 16 a 24).
Numa s� exist�ncia ningu�m atinge a perfei��o. Entre n�s, ningu�m
� perfeito.
* Ao curar um paral�tico em Betesda, disse Jesus: "Eis que j�
est�s curado, n�o peques mais, para que n�o te suceda coisa pior"
(Jo�o 5:14). Se para aquele paral�tico a doen�a era conseq��ncia dos
pecados, porque n�o ser� para os que j� nascem doentes? E os que
nascem doentes, quando pecaram? Resposta: Noutra exist�ncia.
Veja que falta aos detratores do Espiritismo argumentos
racionais e verdadeiros. Na aus�ncia destes, eles apelam para frases de
efeito do tipo "os �mpios ser�o lan�ados no inferno..." "o sangue de
Jesus nos purifica dos pecados....", "ferido por nossas transgress�es..."
"os esp�ritas tamb�m ser�o condenados" ou coisas parecidas. Tais
express�es recheiam o discurso de palavras bonitas, com uma apar�ncia
de seriedade. Adornam seus autores de um ar de entendimento e
preocupa��o que, em verdade, n�o possuem.
S�o palavras bonitas e vazias, mais nada.
Falta-lhes l�gica e coer�ncia com a sabedoria, a bondade e a
justi�a de Deus. Nada explicam.
Fa�a uma retrospectiva do que dissemos at� aqui. Sublinhe
aquilo que mais lhe chamou a aten��o ou que, ao menos, tenha
despertado d�vidas em voc�. Risque e rabisque. Este trabalho foi feito
para isto mesmo.
Re�na suas observa��es pessoais e veja quanta coisa, que aqui
comentamos, voc� j� ouviu em prega��es evang�licas, que at� aceitou,
sem se dar ao cuidado de refletir. Existem pregadores profissionais,
n�o esque�a disso. S�o treinados na arte de falar e convencer. Sobem
nas tribunas, pregam em pra�as p�blicas, falam emocionados e
aparentam conhecer a B�blia. Ensinam-lhe coisas (�s vezes vendem)
como "boas", mas que se voc� parar para pensar vai ver que n�o t�m
sustenta��o racional.
Existe coisa mais insensata de que pregar o Amor de Deus, o
amor que o Pai tem por todos os seus filhos, e ao mesmo tempo ensinar
que marchamos para o inferno eterno?
A mola da prega��o protestante � o Satan�s. Tudo que eles
ensinam gira em fun��o desse ser diab�lico. H� quem acredite nisso
sinceramente. Tamb�m h� quem acredite em Papai Noel, em cegonha,
que o homem n�o foi � Lua, e coisa parecida. S�o cren�as semelhantes,
marcadas pela ingenuidade, ou irreflex�o, ou m� f�.
D� uma pausa. Pense por voc� mesmo. Decida sozinho no que
acreditar. N�o deixe se levar por mim, nem por ningu�m. Voc� � capaz
de fazer seu pr�prio exame. Diz-se que quem anda na cabe�a dos
outros � piolho. E voc� certamente n�o est� nesta condi��o, at� porque,
se chegou at� aqui, � porque age com liberdade de escolha.
Essa sopa de frases bonitas e decoradas j� � nossa velha
conhecida. � assim que h� v�rios anos eles atuam, sem nada esclarecer
ou justificar. � o caldo da f�. Aos que dele fazem uso, s�o prometidas
as gl�rias celestiais gratuitas, isto �, sem repara��o dos erros.
Ao contestar tudo quanto o articulista escreveu sobre o
Espiritismo, n�o nos move o prop�sito de condenar os que se abrigam
debaixo da f� protestante. Longe disso. Entendemos que existem
pessoas cujo grau de assimila��o s� vai at� ali, e para estas aquela
cren�a ainda � necess�ria e ben�fica. Est�o na condi��o apontada por
Jesus h� 2.000 anos, "de n�o poder suportar ainda" " as muitas coisas
que Ele tinha para nos dizer. Isso, no entanto, n�o significa que
devamos ficar de bra�os cruzados, esperando acontecer.
A fam�lia terrena � uma s� e a evolu��o tamb�m ocorre no
sentido coletivo. Todos somos respons�veis por todos. Existem coisas
que precisam ser ditas, mesmo aos que as rejeitam agora. A verdade �
uma luz, mostra onde o erro se esconde.
A toler�ncia excessiva � desinforma��o, tamb�m contribui para
que permane�amos no atraso moral em que o planeta se situa. Jesus,
cujos exemplos buscamos seguir, n�o teve receios em despojar da
m�scara os hip�critas, nem em afrontar os que faziam do templo um
local de ganhos financeiros:
"Mas ai de v�s, escribas e fariseus, hip�critas! Pois que fechais
aos homens o Reino dos c�us; nem entrais, nem deixais entrar aos que
est�o entrando" (Mateus 23:13);
"Hip�crita, tira primeiro a trave do teu olho e, ent�o, cuidar�s
em tirar o argueiro do olho do teu irm�o" (Mateus 7:5);
"E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que
vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas
e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Est� escrito: A
minha casa ser� chamada casa de ora��o, mas v�s a tendes convertido
em covil de ladr�es" (Mateus 21, vers. 12. e 13).
O articulista n�o teve o menor ressentimento em dizer, quase
no final do op�sculo, que "...o ensino esp�rita acerca de Cristo � o
verdadeiro anti-cristianismo...". Tratou o esp�rita como sendo um
anti-cristo.
Ele tamb�m afirmou que "Por assim terem feito, ser� justo que
Deus os mande para esse lugar" (o inferno). Perante equ�vocos como
esses, ficar calado, significa, em meu modo de ver, contribuir com a
desinforma��o. Devemos pedir que parem com isso! O Espiritismo �
coisa s�ria.
Repito que o crente � doutrinado para n�o raciocinar e seu
engano est� em considerar tudo ao p� da letra. Tudo, bem entendido,
aquilo que lhes agrada. Tomadas ao p� da letra, existem coisas ditas
at� por Jesus que n�o se confirmaram. Quer ver:
"Em verdade vos digo que alguns h�, dos que aqui est�o, que
n�o provar�o a morte at� que vejam vir o Filho do Homem no seu
Reino" (Mateus 16:28).
Todos morreram e, ao p� da letra, isto n�o se confirmou. Jesus
errou? Absolutamente n�o. Ele n�o estava falando de morte f�sica.
Est� a� um dos enunciados acerca da eternidade da alma (n�o provar�o
a morte) e o seu progresso espiritual, que � alcan�ado por uns mais
rapidamente de que por outros (estar com Jesus no seu Reino).
"Sem derramamento de sangue n�o h� remiss�o de pecados"
Passemos, agora, ao argumento acima. Por gentileza, d�-se ao
trabalho de pensar friamente no que est� escrito, "sem derramamento
de sangue...". Voc� deve estar lembrado que esta n�o � a primeira vez
que a palavra "sangue" aparece neste trabalho, por for�a do que foi
mencionado pelo articulista.
Temos de novo, uma cita��o oriunda do Antigo Testamento.
Aquele onde s�o recomendados princ�pios como a circuncis�o, o
apedrejamento aos filhos desobedientes, o apedrejamento � mulher
ad�ltera, a proibi��o para trabalhos em dias de s�bado, o dente por
dente olho por olho, e uma s�rie de outros absurdos para os dias de
hoje, que os pr�prios crentes, t�o fi�is �quele livro, n�o cumprem.
O articulista, novamente, omitiu do vers�culo a frase anterior e
apresentou aos seus fi�is apenas a parte que lhe interessava, sem citar
a fonte. O vers�culo completo, � assim:
"E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue;
e sem derramamento de sangue n�o h� remi��o" (Hebreus 9:22).
O livro Hebreus (ep�stola) consta do Novo Testamento. Seu
autor � desconhecido, embora alguns estudiosos admitam que tenha
sido escrito por Paulo.
Ao mencionar "segundo a lei", o escritor do livro Hebreus deixa
claro que est� se referindo � Lei Antiga. Ele estava se referindo a Mois�s
e ao sangue de bodes e bezerros, quando fez a cita��o do vers�culo
utilizado pelo articulista. Vou transcrever os dois vers�culos que
antecedem aquele usado pelo articulista, para voc� tamb�m perceber
que a refer�ncia era � lei do Antigo Testamento:
"Porque havendo Mois�s anunciado a todo o povo todos os
mandamentos segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes,
com �gua, l� purp�rea e hissopo, e aspergiu tanto o mesmo livro como
todo o povo, dizendo: Este � o sangue do testamento que Deus vos
tem mandado.
E semelhantemente aspergiu com sangue o tabern�culo e todos
os vasos do Minist�rio.
E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue;
e sem derramamento de sangue n�o h� remi��o" (Hebreus 9:19a 22).
O irm�o articulista, com seu apre�o ao sangue, foi buscar na
B�blia uma frase que contivesse esta palavra e deu nisso a�. Sequer
refletiu que aquilo l� n�o � ensino de Jesus.
Para n�s esp�ritas, que seguimos o Mestre, a remi��o de pecados
pelo sangue n�o tem raz�o de ser. � lament�vel que os irm�os
protestantes continuem insistindo com recomenda��es provindas da
Lei de Mois�s, em detrimento dos sublimes ensinos de Jesus.
Ser� que eles ainda n�o se aperceberam de que o Cristo
substituiu a err�nea prega��o acerca do derramamento de sangue,
dos antigos, pela pr�tica do Amor?
Que coisa horr�vel, veja voc�, pregar que "sem derramamento
de sangue n�o h� remi��o de pecados". E lembre que nosso opositor
utilizou esta senten�a para condenar a Doutrina Esp�rita. Imagine se
f�ssemos n�s, pregando o derramamento de sangue, o que ele n�o
diria.
Mesmo que o articulista tenha pretendido se referir ao sangue
de Jesus, foi infeliz em apoiar seu pensamento em uma senten�a
oriunda do Antigo Testamento, onde o sangue citado � sangue mesmo,
de animais e de pessoas (os antigos holocaustos dos hebreus). J�
comentamos que o povo hebreu acreditava que a remi��o dos pecados
era alcan�ada mediante a obedi�ncia � Lei e ao derramamento de
sangue.
A morte e o sangue de Jesus foram encarados, no princ�pio,
pelos seus seguidores, como um fato de poder redentor. Isto se deve
ao fato de que em suas mentes estava arraigada aquela id�ia do resgate
das faltas pelo derramamento de sangue de bode, bezerro e carneiro,
que era pr�tica consagrada h� 14 s�culos entre os judeus.
A prop�sito disto, e numa prova de que a id�ia de sangue de
bode e carneiro era uma coisa forte, incrustada na mente do povo,
vale lembrar que o pr�prio Jesus foi intitulado, posteriormente, de "o
cordeiro" de Deus. Sabe o que � um cordeiro? Filhote do carneiro e da
ovelha.
A Lei do Senhor � toda ela baseada no Amor. Pretender que o
sangue de Cristo nos purifique do pecado � apelar para a lei do
comodismo. O f�cil perd�o das ofensas, em face de um sofrimento
ocorrido h� 2.000 anos. Cristo teria pago, por antecipa��o, nossos
erros de hoje. Os protestantes acreditam nisso. Veja que o articulista
diz em seus coment�rios que "A morte d'Ele sobre a cruz foi o sacrif�cio
perfeito e completo que pagou o pre�o do nosso pecado...".
� querer moleza, N�o acha? Voc� pode errar � vontade, porque
Jesus j� pagou o pre�o. Visto por outros olhos,j� que tudo est� quitado,
vamos pecar? Um absurdo isto.
Ent�o algu�m dir�: n�o, porque ningu�m sabe quando a morte
vem. � uma contradi��o muito grande. Cristo pagou ou n�o por nossos
pecados? Se ele pagou, eu nada mais devo! Pouco importa quando a
morte venha. Todos os meus pecados, os que eu cometi at� hoje e os
que ainda vou cometer, Ele pagou antecipadamente. � isso o que se
deduz da afirma��o do articulista. "A morte d'Ele foi o sacrif�cio
perfeito e completo, que pagou o pre�o do nosso pecado...".
Uma pessoa sensata jamais poder� aceitar uma coisa desta. Os
antigos tamb�m acreditavam que "A morte de bodes e bezerros era o
sacrif�cio perfeito e completo que pagava o pre�o dos pecados deles...".
Era ingenuidade.
� hora de voltarmos a nos concentrar em Jesus e no seu
Evangelho. E seus exemplos, n�o servem? Serve somente a morte d'Ele
na cruz? Ele n�o ficou apenas orando ao Pai, louvando a Deus, e
esperando a hora de retornar � gl�ria celestial. Ele foi � luta. Procurou
os sofredores, os oprimidos, os desesperados, as v�timas do infort�nio.
Ele levou alegria onde havia tristeza; sa�de onde havia doen�a; luz
onde havia trevas; amor onde havia �dio. Ensinou o que fazer (Jo�o
15,vers. 12 a 14):
"O meu mandamento � este: Que vos ameis uns aos outros,
assim como eu vos amei";
"Ningu�m tem maior amor do que este: de dar algu�m a sua
vida pelos seus irm�os";
"V�s sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando".
O verdadeiro caminho que Jesus apontou para a ilumina��o da
alma � o amor ao pr�ximo. Os Esp�ritos nos dizem que "toda a verdade
se encontra no Cristianismo. S�o de origem humana os erros que nele
se enraizaram". Muitos desses erros nascem de interpreta��es
equivocadas, como essa de que "A morte d'Ele foi o sacrif�cio perfeito
e completo, que pagou o pre�o do nosso pecado...".
H� um fato hist�rico que � importante rever. A Doutrina
original de Jesus sofreu, logo nos seus primeiros anos de divulga��o,
forte influ�ncia do culto antigo dos hebreus. Os ap�stolos tiveram
que ceder e adotar costumes, rituais e pr�ticas exteriores, da Lei
mosaica, sob pena de serem simplesmente banidos pelos sacerdotes
hebreus. Somente com essas "concess�es" foi poss�vel ganhar espa�o
para a manuten��o da Casa do Caminho e das primeiras "igrejas"
crist�s.
A prop�sito, voc� sabe por que est�o reunidos, na B�blia, o
Antigo e o Novo Testamento? Por imposi��o dos poderosos sacerdotes
da Lei antiga. O Cristianismo foi tolerado sob condi��es. Uma delas
foi manter o v�nculo com a Doutrina Antiga.
Com a vincula��o da Igreja ao Poder a partir da c�lebre
convers�o de Constantino (300 anos d.C), e depois com Justiniano,
o Cristianismo sofreu s�rias mudan�as, desfigurando-se ao longo do
tempo.
A Doutrina original, que se baseava na simplicidade, na pr�tica
da caridade, na fraternidade e na comunica��o com o Plano Espiritual
� consagrada no Pentecostes, quando os Esp�ritos comunicantes
falaram diversas l�nguas e profetizaram, conforme ATOS cap. 2,
vers�culos 1 a 13 �, pois bem, a Doutrina original o per�odo infeliz
da Idade M�dia, o longo per�odo da Inquisi��o, tudo concorrendo
para desnaturar o Cristianismo Primitivo.
Havia necessidade de restaura��o da Doutrina Original e de
ser revelada aos homens parte daquelas muitas coisas que Jesus tinha
para nos dizer, mas n�o disse. Esta miss�o foi confiada aos Esp�ritos
Superiores, que desde meados do s�culo XIX v�m trabalhando junto
aos homens de boa vontade e sem preconceitos, para implantar em
definitivo neste mundo a Lei do Amor, que Jesus e outros mission�rios
seus ensinaram.
O Cristianismo � f�cil de ser compreendido e praticado. Tudo
se resume na Lei do Amor ao Pr�ximo. Fazer aos outros tudo aquilo
que queremos seja feito a n�s. N�o h� necessidade de derramar sangue
de ningu�m, nem muito menos apelar para o sangue de Cristo. Para a
salva��o n�o h� necessidade de atos exteriores, nem convers�es de f�.
� muito mais uma quest�o de reforma �ntima.
O Espiritismo, como Cristianismo redivivo, pauta-se pela
simplicidade. N�o temos sacerd�cio, n�o impomos obriga��es e
deveres, n�o cobramos d�zimos, n�o remuneramos palestrantes, nem
dirigentes de Centros. N�o nos mantemos �s custas da Doutrina.
Quando muito, mantemos um quadro de associados e contribuintes,
necessariamente de ades�o espont�nea, cuja arrecada��o se destina
unicamente a custear as despesas de manuten��o da Casa e do trabalho
caritativo agregado.
A doutrina��o esp�rita consiste em despertar consci�ncias, com
o foco de promover a reforma moral dos homens, �nico caminho que
conduz a Deus. Material e espiritualmente, doamos um pouco do
que temos para aliviar o sofrimento de quem tem menos de que n�s,
numa corrente de amor, que espalha o bem por todos os cantos, onde
haja um Centro Esp�rita.
Diz o irm�o articulista que "O espiritismo ensina que "fora da
caridade n�o h� salva��o" e que chegaremos � perfei��o e � perfeita
comunh�o com Deus por meio dos nossos sofrimentos...". � verdade
a primeira parte do que ele diz, acima sublinhado, e engano a segunda.
Buscamos pautar nossas vidas dentro do lema "Fora da caridade
n�o h� salva��o", mas n�o dizemos que � por meio dos sofrimentos
que chegaremos � perfei��o. Para chegar l� o caminho � o Trabalho e
o Amor (evolu��o intelectual e moral). O sofrimento � est�gio
transit�rio, j� o dissemos.
Contrariamente a n�s, eles apregoam que "Fora da Igreja (deles)
n�o h� salva��o". E Jesus, o que pensar�? Quem estar� agindo de
conformidade com seus ensinos? Os que adotam a caridade e enxugam
as l�grimas do sofredor, ou os que se entregam aos louvores em pra�a
p�blica para serem vistos e ouvidos � �s vezes em grandes brados �
, mas se mant�m indiferentes � dor alheia? Ou�amo-Lo (Lucas cap.
10,vers. 25 a 37):
"E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e
dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
E Ele lhe disse: Que est� escrito na lei? Como l�s?
E, respondendo, ele disse: Amar�s ao Senhor teu Deus, de todo
o teu cora��o e de toda a tua alma, e de todas as tuas for�as, e de todo
o teu entendimento e ao teu pr�ximo como a ti mesmo.
Disse-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso e viver�s.
Ele, por�m, querendo justificar-se disse: E quem � o meu
pr�ximo?
E respondendo Jesus disse:
Descia um homem de Jerusal�m para Jeric�, e caiu nas m�os
dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o se retiraram,
deixando-o meio morto. E, ocasionalmente, descia pelo mesmo
caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E, de igual modo,
tamb�m um levita, chegando �quele lugar e vendo-o passou de largo.
Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao p� dele e,
vendo-o, moveu-se de �ntima compaix�o. E, aproximando-se, atou-
lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua
cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. E, partindo
ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe:
Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar.
Qual, pois, destes tr�s te parece que foi o pr�ximo daquele que caiu
nas m�os dos salteadores?
E ele disse: O que usou de miseric�rdia para com ele.
Disse pois Jesus: Vai e faze da mesma maneira".
Resumindo tudo isso acima, teremos: Mestre que farei para
herdar a vida eterna? E Jesus, exemplificando com um caso, exp�e
clara e inquestionavelmente que: Fora da caridade n�o h� salva��o!
Na B�blia que estudamos � isto o que lemos. Se a B�blia do
articulista ensina de modo diferente, � de se perguntar: Como l�s? Na
nossa, estudamos os ensinos de Jesus. Ele, como continua a aprender
com a B�blia dos antigos profetas, tem raz�o em dizer que: "os �mpios
ser�o lan�ados no inferno"... "sem derramamento de sangue n�o h�
remi��o de pecados". � uma pena, mas ele est� 2.000 anos atrasado!
Pontos a Recordar:
1. A falta de fidelidade ao texto b�blico dep�e contra a
honestidade de prop�sitos de quem assim age, e tem o fim de
possibilitar distor��es, confundindo o leitor.
2. A vis�o limitada a respeito de Deus, decorria do orgulho e da
inferioridade moral do povo hebreu, daquela �poca, que via nos filhos
de outras ra�as seres estranhos � Cria��o.
3. Foi com base nesse err�neo pensamento que se firmou a
Doutrina Antiga, que Jesus corrigiu, reformulando conceitos que n�o
guardavam conformidade com a verdadeira pessoa de Deus, a quem
Ele definiu como sendo "Pai".
4. Aquele ran�o de cultura do povo judeu, que defendia para si
o exclusivismo e o privil�gio divino, foi t�o forte que ainda hoje produz
adeptos. Vemos resqu�cios desse sentimento nos que se autoproclamam
"salvos".
5. N�o vemos nada de t�o extraordin�rio em se dizer: "os �mpios
ser�o lan�ados ao inferno....". �mpios s�o os incr�dulos, os ateus, os
perversos, o que n�o � o caso dos esp�ritas.
6. "Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao
conhecimento da verdade". A vontade de Deus � soberana. Se Ele
quer que todos os homens se salvem, n�o ser� uma frase solta do
Antigo Testamento que vai mudar essa sua soberana vontade.
7. Jesus n�o fez prega��es ostensivas sobre a reencarna��o. Esta
� uma daquelas muitas coisas que Ele n�o aprofundou, porque os
homens n�o podiam suportar ainda. No entanto, em v�rias ocasi�es
Ele a deixou bem evidenciada.
8. Os que pregam que "sem derramamento de sangue n�o h�
remi��o" ainda n�o se aperceberam de que o Cristo substituiu o
derramamento de sangue, dos antigos, pela pr�tica do Amor.
9. O Espiritismo pauta-se pela simplicidade. N�o temos
sacerd�cio, n�o impomos obriga��es e deveres, n�o cobramos d�zimos,
n�o remuneramos pregadores, nem dirigentes, nem trabalhadores da
Causa Esp�rita.
10. O irm�o articulista continua a falar a linguagem dos antigos
profetas, da� dizer que: "os �mpios ser�o lan�ados no inferno"... "sem
derramamento de sangue n�o h� remi��o de pecados". Ele est� 2.000
anos atrasado!
IX. AINDA O MEIO DA SALVA��O
Diz o op�sculo que estamos comentando:
"Pela gra�a sois salvos por meio da f�, e isto n�o vem de
v�s, nem das obras, mas � dom de Deus"
"Pelas obras ningu�m ser� justificado diante de Deus"
"Aquele que cr� no filho de Deus tem a vida eterna, mas
aquele que n�o cr� no Filho de Deus n�o ver� a vida, mas sobre
ele permanece a ira de Deus"
Os trechos acima s�o cita��es b�blicas utilizadas pelo articulista,
que n�o fez, como recomenda a boa praxe evang�lica, a cita��o dos
livros/vers�culos, onde os mesmos se encontram. Para seu melhor
entendimento, vamos buscar da B�blia os textos integrais, para poder
analis�-los:
"Porque pela gra�a sois salvos, por meio da f�; e isso n�o vem
de v�s; � dom de Deus" (Ef�sios 2:8);
"Sabendo que o homem n�o � justificado pelas obras da lei,
mas pela f� em Jesus Cristo, temos tamb�m crido em Jesus Cristo,
para sermos justificados pela f� de Cristo e n�o pelas obras da lei,
porquanto pelas obras da lei nenhuma carne ser� justificada" (G�latas
2:16);
"Aquele que cr� no Filho de Deus tem a vida eterna, mas aquele
que n�o cr� no Filho de Deus n�o ver� a vida, mas sobre ele permanece
a ira de Deus" (Jo�o 3:36).
Vamos comentar, de in�cio, somente os dois primeiros vers�culos.
Quem os escreveu foi o ap�stolo Paulo, em cartas que dirigiu �s igrejas
de �feso e da Gal�cia. Na verdade, Paulo fez prega��es em torno da
f�, apontando-a como meio de salva��o. Fez o mesmo em rela��o �
caridade, conforme j� comentamos em cap�tulo anterior. Era seu
ponto-de-vista.
O brioso ap�stolo, a quem muito se deve pela divulga��o do
Cristianismo entre os gentios, era pessoa rigorosa e destemida. Como
homem, estava pass�vel de se enganar em alguns pontos. H� de se ver,
tamb�m, que como ex-doutor da lei, � natural que tenha se deixado
influenciar por alguns dos conceitos antigos.
Nos vers�culos apontados pelo articulista, fica evidenciada a
id�ia de que a f� � bastante � salva��o. Esse era o pensamento de Paulo,
mas n�o era o de Jesus. Lembre que, em dois momentos, j�
mencionados neste livro, ficou claro que o Cristo apontou "a caridade"
como caminho da salva��o. Foi no encontro com o Mo�o Rico (S� te
falta uma coisa: vai, vende tudo que tens e d� aos pobres....) e na
par�bola do Bom Samaritano (vai e faze da mesma maneira).
Entre Paulo e Jesus h� uma consider�vel dist�ncia. Paulo disse,
a respeito de si mesmo, o seguinte: "Esta � uma palavra fiel e digna de
toda aceita��o: que Jesus Cristo veio ao mundo, para salvar os
pecadores, dos quais eu sou o principal" (1 Tim�teo 1:15). E Jesus, a
respeito dos seus disc�pulos disse: "N�o � o disc�pulo mais do que o
Mestre, nem � o servo mais do que o Senhor" (Mateus 10:24).
Jesus dava � f� uma outra fun��o: a capacidade alcan�ar ou
fazer o bem.
"...Se tiverdes f� como um gr�o de mostarda, direis a este monte
passa-te daqui para acol� e h� de passar; e nada vos ser� imposs�vel"
(Mateus 17:20).
"Se tu podes crer, tudo � poss�vel ao que cr�" (Marcos 9:23);
"E tudo que pedirdes na ora��o, crendo, recebereis" (Mateus
21:22).
Diante das curas que realizou, costumava dizer "tua f� te salvou"
(Lucas 17:19). Note que salva��o era empregado comoliberta��o de
um mal.
Jesus fez cita��es quanto aos que n'Ele cressem. "Eu sou a
ressurrei��o e a vida; quem cr� em mim, ainda que esteja morto, viver�;
e todo aquele que vive e cr� em mim nunca morrer�. Cr�s tu nisto?
(Jo�o 11:25 e 26).
Crer, envolve o componente f�. No entanto, tem outro
significado muito mais transcendental do que imaginam nossos irm�os
protestantes. O que � crer em Jesus? Ser� simplesmente aceitar que
Ele � o Salvador? Bastar� isso? � neste ponto onde n�s divergimos e
muito dos crentes.
Crer em Jesus � seguir os seus preceitos morais.
Chamo voc� mais uma vez � reflex�o. Neste mundo, dois ter�os
da humanidade n�o conhece o Evangelho de Jesus. Irm�os nossos de
outros continentes t�m vida religiosa pautada em ensinamentos de
outros mission�rios, que vieram ao mundo para gui�-los para Deus.
Temos a felicidade de estar com Jesus, que foi o Esp�rito mais puro
que j� veio ao mundo e que � o Guia Espiritual do planeta. Os outros,
foram todos enviados seus, com miss�o espec�fica junto �queles povos,
num atestado de que ningu�m est� desamparado.
O que eu questiono � o seguinte: e esses outros povos, como
ficam? Se, como diz Paulo, o homem s� � justificado "pela f� em Jesus
Cristo", como ficam os que n�o admitem Jesus? Estar�o mesmo todos
fatalmente condenados?
� a� que quero chamar sua aten��o para o que � crer em Jesus.
Eu disse, logo acima, que era seguir os seus preceitos morais. Trocando
em mi�dos, � viver dentro da Lei: amar a Deus, e ao pr�ximo como a
si mesmo; fazer aos outros tudo aquilo que queremos seja feito a n�s.
N�o importa o nome JESUS, MAOM�, BUDA, ou quem quer
que seja. Importa a conduta moral. � isso o que eu aprendo no
Evangelho. No Serm�o do Monte, que � considerado como o
coroamento da prega��o evang�lica de Jesus, o Senhor deixou muito
clara essa condi��o, ao dizer: "Bem aventurados os limpos de cora��o,
porque eles ver�o a Deus" (Mateus 5:8).
Jesus n�o fez acep��o de povos, nem de ra�as, nem de religi�o.
Os limpos de cora��o, n�o importa em que continente estejam, nem
a qual profeta adorem. Estes, onde quer que estejam, ver�o a Deus.
Limitar a salva��o aos que declaram aceitar Jesus como seu Salvador,
� ignorar a grandiosidade da obra de Deus e a magnanimidade de seu
amor e sabedoria. Mais uma vez, � demonstra��o de desconhecimento.
Disse Jesus: "Tenho ainda outras ovelhas que n�o s�o deste
aprisco; tamb�m me conv�m agregar estas, e elas ouvir�o a minha
voz, e haver� um rebanho e um Pastor" (Jo�o 10:16). N�o seria uma
alus�o aos povos de outros continentes?
Entre os ap�stolos de Jesus havia diverg�ncia. Entre n�s, seus
seguidores, tamb�m h�. Seguimos o mesmo Evangelho, e o
interpretamos, em alguns pontos, de forma diferente. Estamos aqui
num bate-bola com o irm�o articulista, porque divergimos da maneira
de pensar dele, embora respeitemos seu livre-arb�trio para continuar
pensando da forma que quer.
Exemplo dessa diverg�ncia est� no tocante � f�. Paulo ora
pregava a salva��o pela f�, ora pela caridade. Tiago, se opunha a Paulo,
neste particular, e ensinava a salva��o unicamente pelas obras. Um e
outro tiveram papel importante na divulga��o do Evangelho e foram
escolhidos por Jesus, embora o Cristo de antem�o soubesse que iriam
divergir. Ou�amos Tiago:
"Meus irm�os, que aproveita se algu�m disser que tem f� e n�o
tiver as obras? Porventura, a f� pode salv�-lo?" (Tiago 2:14);
"Assim tamb�m a f�, se n�o tiver obras, � morta em si mesma"
(Tiago 2:17);
"Vedes, ent�o, que o homem � justificado pelas obras e n�o
somente pela f�" (Tiago 2:24).
Agora relembremos algumas cita��es de Paulo, a respeito da f�
e da caridade. Perceba a dubiedade de pensamento do ap�stolo:
"Pela gra�a sois salvos por meio da f�, e isso n�o vem de v�s; �
dom de Deus" (Ef�sios 2:8);
"Conclu�mos, pois, que o homem � justificado pela f�, sem as
obras da lei" (Romanos 3:28);
"Agora, pois, permanecem a f�, a esperan�a e a caridade, estas
tr�s; mas a maior destas � a caridade" (1 Cor�ntios 13:13);
"E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os
mist�rios e toda a ci�ncia, e ainda que tivesse toda a f�. de maneira tal
que transportasse os montes, e n�o tivesse caridade, nada seria" (1
Cor�ntios 13:2).
Est�o a�, bem evidenciados dois pontos de vista divergentes.
Paulo e Tiago se expressando de forma oposta com rela��o a f� e as
obras. Paulo estava certo? Tiago estava errado? O assunto foi trazido
para sua reflex�o.
Apesar de ter dito que entre Paulo e Tiago houve diverg�ncia
com rela��o �quele ponto, eu gostaria de apontar um detalhe, no
m�nimo question�vel. Teria Paulo defendido mesmo que as obras n�o
justificam? Tenho l� minhas d�vidas.
Observe com bastante carinho o que Paulo disse: "Sabendo
que o homem n�o � justificado pelas obras da lei, mas pela f� em Jesus
Cristo..." e "Conclu�mos, pois, que o homem � justificado pela f�,
sem as obras da lei".
Volte l�, no in�cio do cap�tulo e releia todo o vers�culo. Voc�
ver� que Paulo fez v�rias vezes a cita��o de "obras da lei". Ele especificou
a que tipo de obras estava se referindo. Quem n�o justifica o homem
perante Deus, s�o as obras da lei.
A essa altura voc� j� percebeu o que seriam as "obras da lei".
Trata-se de uma alus�o � lei antiga, de Mois�s. As obras da lei a que
Paulo se refere s�o: a circuncis�o, os holocaustos, os rituais do povo
hebreu, as festas sagradas, os apedrejamentos. Realmente, Paulo est�
com a raz�o. Estas obras da lei n�o justificam, nem salvam ningu�m.
O irm�o articulista omitiu (intencionalmente?), do seu texto o
vers�culo completo, e, ao dizer somente: "Pelas obras ningu�m ser�
justificado diante de Deus" cometeu o pecado da meia-verdade. Em
G�LATAS 2:16 est� escrito "obras da lei". Em ROMANOS est�
escrito tamb�m "obras da lei". Ele que diz seguir a Palavra de Deus,
que � a B�blia, devia, ao menos, ser fiel ao que l� se cont�m.
H� quem diga que voc� pode enganar poucos por muito tempo;
enganar muitos por algum tempo; jamais conseguir� enganar a todos,
todo o tempo.
Para desempatar, como se costuma dizer, vamos ouvir a opini�o
de outro ap�stolo. Vamos ouvir o que Pedro disse a respeito:
"E, se invocais por Pai aquele que, sem acep��o de pessoas,
julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo
da vossa peregrina��o" (1 Pedro 1:17).
N�o precisamos dizer mais nada, basta voc� prestar aten��o ao
que sublinhamos.
Chama nossa aten��o, ainda, a afirma��o de Paulo de que a f�
� dom de Deus. "Porque pela gra�a sois salvos, por meio da f�; e isso
n�o vem de v�s; � dom de Deus...".
O problema � o seguinte: se a f� � obra de Deus, n�o h� m�ritos
naquele que a tem. Se a f� n�o vem de n�s, � um dom, s� os que
possuem esse dom ter�o f�. Existiria, ent�o, a fatalidade. Somente os
"predestinados" por Deus possuem a f�. O que se coloca aqui � a
quest�o dos privil�gios. Por que uns teriam esse privil�gio e outros
n�o? Qual o crit�rio de Deus para dar a uns esse dom e a outros n�o?
E voc�? Possui ou n�o o dom da f�? Se possui, acha justo? Se
n�o possui, sente-se confort�vel ao saber que a uns Deus outorgou
esse dom?
Conforme comentamos, Paulo se deixou contagiar por alguns
dos princ�pios que ele aprendeu no farisa�smo de onde veio. O povo
judeu se considerava privilegiado. Era o povo eleito por Deus. Essa
id�ia de privil�gio pode ter influenciado Paulo no momento em que
ele expressou aquele ponto de vista.
Eu prefiro ir mais dentro e analisar a quest�o por outro �ngulo.
Pelo prisma da evolu��o do Esp�rito. Nada impede de a f� ser vista
como um dom de Deus. Neste caso, n�o s� a f�, como todas as virtudes.
O Esp�rito, criado simples e ignorante, traz em potencial todas as
qualidades que o habilitar�o � perfei��o. Depender� de seus esfor�os,
odesabrochar dessas qualidades. As virtudes s�o aquisi��es do Esp�rito,
adquiridas ao longo de suas experi�ncias na carne. A f� leg�tima nada
mais � do que o atingimento de determinado grau de compreens�o
das coisas de Deus, na escalada evolutiva do Esp�rito.
O problema � de interpreta��o. Os crentes, por falta de reflex�o,
julgam que somente eles t�m o poder da f�. Eles seriam os predestinados
� f�. Somente a eles Deus teria dado esse dom. Est�o interpretando
errado o que Paulo quis dizer a respeito da f�. Agindo assim, nem
percebem que se apresentam como exclusivistas, e imp�em: ou a f�
agora, ou o inferno para sempre.
Em respaldo aos ensinamentos dos Esp�ritos, de que as obras, e
n�o a f�, � que definem a sorte futura dos homens, credenciando-os �
felicidade eterna, leio no Livro de Deus, o seguinte:
"Porque o Filho do Homem vir� na gl�ria de seu Pai, com os
seus anjos: e, ent�o, dar� a cada um segundo as suas obras" (Mateus
16:27);
"E eis que cedo venho e o meu galard�o est� comigo, para dar
a cada um segundo a sua obra" (Apocalipse 22:12);
"O qual recompensar� cada um segundo as suas obras"
(Romanos 2:6);
"E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas
nos livros, segundo as suas obras" (Apocalipse 20:12).
At� aqui temos feito uso, tal qual o articulista, de vers�culos tirados
daqui e dali da B�blia, para justificar nosso entendimento. Apesar disto,
gostar�amos de fazer voc� entender que essas cita��es isoladas, conquanto
valiosas, n�o devem servir para uma tomada de posi��o.
O Evangelho tem que ser apreciado em sua Vis�o Global. Qual
a ess�ncia do ensinamento de Jesus? � isso que n�s devemos assimilar.
Qual a mensagem que Ele trouxe aos homens?
Qual a import�ncia de Jesus para nossa sociedade?
Qual a utilidade desses ensinos para a nossa vida particular?
Em que seus ensinos podem contribuir para que edifiquemos
um mundo mais fraterno e bom?
J� � hora de deixarmos de lado as querelas e obje��es e olharmos
todos numa s� dire��o. O que se imp�e, para forma��o de uma
sociedade mais justa e fraterna, � a reforma moral dos homens. O
Evangelho de Jesus encerra tudo aquilo que precisamos fazer para
atingir esse fim. Essa reforma moral dos homens n�o pode excluir
ningu�m. N�o h� privil�gios, n�o h� vencidos. Somos parte de um
mundo que � um singelo gr�o de areia diante da imensid�o do Cosmo.
Temos um Senhor a nos guiar: Jesus.
� O caminho que Ele aponta: O amor ao pr�ximo.
� A Senha que Ele indica: Fazer aos outros aquilo que
queremos seja feito a n�s.
� O meio que Ele exemplifica: A caridade.
� A dire��o que Ele apresenta: A paz.
� O consolo que Ele tra�a: A prece
� O gesto que Ele dignifica: A humildade.
� O alimento que Ele traz: A f�.
� O tempo que Ele nos concede: O dia de hoje.
� O fim que Ele mostra: A felicidade futura.
� essa a proposta do Espiritismo: promover a reforma moral
dos homens. � nisto que consiste o trabalho que os Esp�ritos, os
enviados de Jesus, est�o promovendo. Se n�o agrada aos irm�os
protestantes o que fazemos, ao menos, ou�am o Senhor a dizer: Deixai-
os, "quem n�o � contra n�s, � por n�s" (Marcos 9:40).
"Aquele que cr� no Filho de Deus tem a vida eterna, mas
aquele que n�o cr� no Filho de Deus n�o ver� a vida, mas sobre ele
permanecea ira de Deus" (Jo�o 3:36).
Passemos ao exame do enunciado acima, tamb�m utilizado pelo
articulista para contrapor-se aos ensinamentos esp�ritas. Devo dizer,
desde j�, que, embora aquela afirma��o seja extra�da do livro de Jo�o
Evangelista, a mesma n�o � de autoria daquele ap�stolo. N�o foi Jo�o,
o ap�stolo de Jesus, quem disse isso.
Foi o outro Jo�o. JO�O BATISTA, o precursor de Jesus. E
quem era Jo�o Batista? Jesus o disse: Elias reencarnado. Ao anunciar
aquelas coisas, Jo�o Batista estava t�o somente cumprindo sua miss�o
terrena de preparar o caminho para o Senhor.
Era, como se v�, um chamamento, um convite, para que seus
seguidores acreditassem na mensagem evang�lica que, logo em breve,
Jesus come�aria a lan�ar. Antecipava-se ao Mestre. Em tom en�rgico e
prof�tico, buscava comover seus ouvintes, mostrando-lhe que estava
pr�xima a anuncia��o do Reino de Deus.
Considerando-se a ignor�ncia do povo da �poca, soube Jo�o
Batista empregar as palavras corretas, para lograr o impacto que o
momento exigia. Como entre o povo judeu era comum se falar da ira
de Deus, soube o profeta valer-se do linguajar corrente, para dar
credibilidade �s suas palavras e chamar a aten��o para aquilo que
anunciava.
Como voc� pode concluir, o enunciado de Jo�o Batista teve
um fim circunscrito. Teve uma finalidade tempor�ria. Serviu
principalmente para aquele momento e para aquele objetivo. Visou a
preparar o caminho, predispor as pessoas. Jo�o n�o veio ensinar. Veio
preparar. O Ensino ficou por conta de Jesus. E, dos ensinos do Cristo,
n�o consta que Deus cultive esse sentimento inferior chamado ira.
Diz o articulista em seus arrazoados: "Eu vejo que a B�blia n�o
ensina a reencarna��o, mas sim a ressurrei��o para a vida eterna no
Para�so, ou para o castigo eterno no lago de fogo, depois do homem
ser julgado diante do tribunal de Deus", (os grifos s�o meus).
Sobressai disso a� que o irm�o articulista deseja que a ira de
Deus caia sobre os esp�ritas. Ele n�o consegue esconder esse desejo. �
um desejo compreens�vel, porque � fruto daquilo em que ele acredita,
e Deus, em sua infinita bondade, o ama mesmo assim. Reconhece o
seu valor, tanto quanto o meu, apesar de nossas imperfei��es. Paulo,
no passado, combateu a Jesus por fidelidade ao que aprendera at� ali.
Ao contato com a Verdade, reposicionou-se. A hora do irm�o articulista
tamb�m chegar�, n�o importando se esteja aqui ou no Al�m.
O nosso opositor faz um jogo de palavras arrumadas para
confundir e seduzir. Pois bem, contrariando o que ele diz, eu afirmo o
seguinte: "Eu vejo que a B�blia n�o ensina a ressurrei��o, mas sim a
reencarna��o, para possibilitar � alma a conquista do Para�so, ou da
felicidade eterna, depois que o homem reparar seus erros e se mostrar
perfeito diante de Deus". E justifico:
Conforme veremos, ressurrei��o � a mesma coisa de
reencarna��o. Os antigos, aqueles que ainda n�o podiam suportar
muitas das verdades que Jesus tinha para nos dizer, traduziram
erroneamente o que seria a ressurrei��o anunciada por Jesus.
No mesmo erro de interpreta��o perseveram os protestantes
que idealizam a ressurrei��o como sendo a devolu��o pela terra dos
corpos de todos os homens que aqui j� viveram. Os mortos retomariam
seus antigos corpos e se apresentariam ao Tribunal de Deus, para o
julgamento individual, num determinado dia, chamado Dia do Ju�zo
Final. Entre outras impropriedades, a ressurrei��o por aquele laborioso
processo, �:
� cientificamente imposs�vel: em face da decomposi��o dos
corpos;
� contr�ria � lei de Deus: a decomposi��o � um dos
princ�pios da natureza, a que todos os corpos org�nicos est�o sujeitos;
� esteticamente horrorosa: corpos mutilados e deformados,
sendo restitu�dos aos seus donos; ra�as primitivas, j� extintas,
misturadas �s novas;
� humanamente injusta: feios e deformados, condenados
a ingressar na eternidade do c�u ou do inferno, com corpos que
prefeririam n�o ter, ao lado de outros fisicamente belos;
� filosoficamente inaceit�vel: crian�as, idiotas, loucos, que
nada fizeram, que n�o tiveram oportunidade de expressar sua f� ou
aceita��o de Jesus como seu Salvador, sendo julgados por crit�rio
diferente do utilizado para os demais mortais;
� socialmente perigosa: v�timas e algozes se reencontrando,
antes de propalada a senten�a divina, com previsibilidade de ocorrerem
acertos de contas. Inclusive os pastores crentes "salvos", mas cujos
pecados n�o foram perdoados por aqueles a quem ofenderam, expostos
� f�ria vingativa de suas v�timas;
� divinamente injusta: muitos dos erros cometidos
decorrem do meio social onde nascem as pessoas; da educa��o que
recebem; das agruras da vida; dos sofrimentos trazidos desde o ber�o;
da pouca intelig�ncia; da falta de contato com o Evangelho de Jesus
etc.
Pense nisso! N�o renuncie ao direito que voc� possui de
raciocinar. Se Deus temesse o uso da intelig�ncia pelo homem, n�o
nos teria dotado desta faculdade. A ressurrei��o, tal qual pretendem
os pastores crentes, n�o existe. � contr�ria � Lei natural, � sabedoria e
� justi�a de Deus. Eles, apesar de se dedicarem � leitura da B�blia, n�o
s�o donos da verdade.
Desafio qualquer protestante a me mostrar que na B�blia Jesus
definiu a ressurrei��o como sendo a devolu��o pela terra dos corpos
dos mortos e a retomada destes pelos seus ex-donos. Jesus empregou
o termo ressurrei��o, mas n�o explicou como esta se daria. O erro, a
respeito deste assunto, � de origem humana. � bom lembrar a evolu��o
ling��stica e as dificuldades de tradu��o. Se Jesus empregou o termo
ressurrei��o, importa saber qual o verdadeiro sentido dessa palavra.
Como a ess�ncia � o que vale, � admiss�vel entender que Ele se referia
� reencarna��o (palavra que usamos na nossa l�ngua para definir o
retorno � carne).
Estudo a B�blia e nela o ap�stolo Pedro me diz que o
ressurgimento de Jesus, ap�s a crucifica��o, n�o foi na carne, mas em
esp�rito.
"Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos,
para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas
vivificado pelo esp�rito" (1 Pedro 3:18),
Vivificar � ressurgir, ressuscitar, reviver.
Veja bem: "mortificado, na verdade, na carne". Ou seja, o
sofrimento foi f�sico, na mat�ria. Por�m "vivificado no esp�rito", ou
seja, retornou n�o mais com o corpo material, mas como Esp�rito.
O retorno � carne nada mais � do que a Reencarna��o. Esta
sim, inteiramente coerente com a sabedoria e a bondade de Deus.
Vejamos o que a Reencarna��o proporciona e �:
� cientificamente poss�vel: a gera��o de um novo corpo se d�
no ventre materno, ao qual o Esp�rito reencarnante se liga, para dotar
de intelig�ncia e vida aquela massa f�sica em forma��o;
� coerente com a Lei de Deus: a forma��o dos corpos materiais
no �tero materno obedece �s leis naturais de fecunda��o e reprodu��o;
� filosoficamente aceit�vel: as dores, os sofrimentos
cong�nitos, as prova��es dolorosas, tudo tem uma "causa" justa e em
perfeita harmonia com a grandeza, a justi�a e a bondade de Deus;
� racionalmente l�gica: aptid�es, intelig�ncia, moralidade,
dons que trazemos desde o ber�o, definem o estado de evolu��o do
Esp�rito; s�o conquistas da alma que acompanham o ser em nova
exist�ncia;
� socialmente ben�fica: a Lei do esquecimento que acompanha
o processo reencarnat�rio, possibilita que v�timas e verdugos, em
processo de repara��o e ajuste, retornem ao palco da vida, sem o
tormento das lembran�as de um passado infeliz;
� o processo evolutivo da alma: criada simples e ignorante, a
cada exist�ncia ela d� um passo adiante na senda do progresso;
� a imparcialidade de Deus: todos est�o sujeitos �s mesmas
leis e para ningu�m h� privil�gios;
� a justi�a divina: toda viola��o �s leis de amor, aciona a
necessidade da repara��o pelo mal cometido. Erro algum passa em
v�o; cada um � punido naquilo em que pecou e na exata propor��o da
dor que levou ao pr�ximo;
� igualdade de destino: para crian�as, adolescentes, jovens,
loucos, idiotas, suicidas, que, em nova exist�ncia, encontram os meios
de que necessitam para dar prosseguimento � marcha evolutiva,
adquirindo m�ritos e virtudes que lhes proporcione a conquista da
felicidade eterna;
� repara��o dos erros: o bom Pai sempre deixa aberta uma
porta aos filhos. Deus n�o perdoa, no sentido literal da palavra.
Tamb�m n�o condena. D� a todos a oportunidade necess�ria para a
repara��o dos pecados;
� a salva��o para todos: todos somos Esp�ritos caminhando
para Deus, uns mais atrasados, outros mais adiantados, mas todos,
sem exce��o, seguindo rumo � felicidade eterna.
O que � que existe de errado com a reencarna��o? O que impede
Deus de t�-la adotado? Em que ela fere os princ�pios morais do
Evangelho de Jesus? Onde ela contraria a Lei de Amor a Deus e ao
pr�ximo? Qual o erro de o Esp�rito progredir, na sucessividade das
exist�ncias terrenas, at� atingir a perfei��o?
O que � mais coerente com a Justi�a e o Amor de Deus: o
castigo eterno no lago de fogo, ou a repara��o dos erros e a conquista
da felicidade eterna?
Se n�s homens somos capazes de imaginar sa�da t�o digna e
honrosa para a alma, por que Deus n�o o seria? Ser� que nossa
intelig�ncia, bondade e justi�a s�o maiores de que as de Deus? Ser�
que nosso amor, por nossos filhos, amigos e irm�os pecadores, � maior
de que o amor de Deus?
Em defesa da teoria da ressurrei��o alega-se o fato de: Jesus ter
aparecido ressuscitado a tr�s pessoas; L�zaro, o filho da vi�va de Naim;
e a filha de Jairo. E Pedro haver ressuscitado Tabita, mulher conhecida
pela caridade que praticava.
Diante de L�zaro e da filha de Jairo, Jesus disse claramente que
ambos n�o estavam mortos, apenas dormiam Jo�o 11:11 e Lucas
8:52).
Os outros dois casos, conquanto a narrativa n�o cite que
tamb�m dormiam, � evidente que isto acontecia. Ressurrei��o leg�tima
seria se os corpos j� tivessem sido decompostos e a terra os restitu�sse.
Isso n�o se deu. Todos eram rec�m-adormecidos, num estado de
catalepsia. O mais demorado foi L�zaro (quatro dias na sepultura).
Preste aten��o a este ponto, que ele � muito importante. Na
concep��o protestante, a ressurrei��o se dar� em um dia fatal, chamado
"dia de ju�zo". A terra e o mar devolver�o os corpos de todos os que
aqui viveram. Os Esp�ritos retornar�o a seus antigos corpos e se
apresentar�o para o julgamento final.
Foi isto o que aconteceu com aqueles quatro casos? N�o. Todos
os "ressuscitados" por Jesus, e tamb�m Tabita, "ressuscitada" por Pedro,
ainda n�o tinham seus corpos decompostos pela natureza. Os corpos
estavam ali, intactos. As pessoas "dormiam", conforme afirma��o de
Jesus. N�o tinha ocorrido a morte, nem o desfazimento do corpo pela
a��o dos micr�bios.
� a� que est� a diferen�a. Devolver a vida a um corpo que est�
ali na frente, que apenas "dorme" � muito diferente de a terra e o mar
restituir um corpo j� destru�do. Conclu�mos, assim, que diante
daqueles quatro casos n�o existiu o tipo de ressurrei��o que � anunciada
para os demais mortais.
Agora, se L�zaro, o filho da vi�va de Naim, a filha de Jairo e
Tabita estivessem morrido h�, digamos, 40 anos e a sepultura se abrisse
e os corpos deles fossem reconstitu�dos, a� sim, eles teriam realmente
ressuscitado. O que existiu foi o despertar deles em corpos que estavam
apenas adormecidos.
A decomposi��o se inicia imediatamente � morte f�sica. Isso
acontece porque o Esp�rito reencarnado se desliga do corpo, deixando
de agir sobre ele. Nos quatro casos de que estamos tratando, n�o existiu
a morte (eles dormiam). Logo, sequer tinha se iniciado o processo de
decomposi��o.
Tratemos agora, do caso particular de Jesus. Os pastores
protestantes advogam o fato de que o Mestre ressuscitou ap�s o terceiro
dia. A primeira quest�o que lan�amos � esta: em tr�s dias, teria o
corpo de Jesus sido destru�do, decomposto? � evidente que n�o.
Retornamos, ent�o ao mesmo ponto. A ressurrei��o do corpo de Jesus
n�o seria a mesma anunciada para n�s.
Estou insistindo muito neste ponto para que os irm�os reflitam
acerca dessa particularidade. A ressurrei��o, que os pregadores
evang�licos anunciam para n�s, pressup�e a devolu��o de um corpo
inexistente, j� decomposto. Imagine os casos de crema��o. Os corpos
foram queimados, reduzidos a cinza, e o p� espalhado pelo mar ou
pela terra. Segundo eles, esses corpos ser�o reconstitu�dos pela terra
ou pelo mar e o Esp�rito retornar� a nele habitar.
O corpo de Jesus ainda estava intacto ao terceiro dia. Seria
diferente se Jesus tivesse ressuscitado, digamos, dez anos depois de
morto. J� pensaram, dez anos depois a sepultura se abrir e o corpo de
Jesus ser reconstitu�do e Ele retomar a vida no mesmo corpo. Logo, o
fen�meno que se sucedeu ao terceiro dia, e que foi chamado como a
"ressurrei��o de Jesus", n�o se aplica para os que j� morreram e cujos
corpos n�o mais existem.
Se quiserem chamar de ressurrei��o o retorno � vida de L�zaro,
Tabita, e os outros dois casos, tudo bem. � uma quest�o de palavras.
Agora, n�o podem � tomar aqueles exemplos para dizer que o mesmo
acontecer� conosco, porque s�o situa��es absolutamente diferentes.
Naqueles casos os corpos estavam intactos. O mesmo n�o acontece
com quem j� morreu h� muitos anos, mil�nios at�, cujos corpos foram
decompostos pelas leis naturais criadas por Deus, das quais corpo
nenhum escapa.
L�zaro, Tabita e os outros dois casos retomaram a vida e
passaram a conviver com seus familiares normalmente. Eram doentes,
que foram curados de suas enfermidades. Viveram, com certeza, longo
tempo, depois morreram. Se ressuscitassem, de novo, no tal "dia de
ju�zo", seriam entre os viventes os exemplares �nicos de dupla
ressurrei��o.
Outra coisa: depois que se ressuscita, o Esp�rito n�o experimenta
mais a morte. O tal corpo ressurrecto, estaria livre de enfermidades e
de envelhecimento e serviria eternamente ao Esp�rito. Algu�m sabe
me dizer onde est�o L�zaro, Tabita e os outros dois ressuscitados? Ser�
que, por haverem ressuscitado, j� ganharam o c�u ou o inferno, antes
de n�s?
Tamb�m n�o posso admitir aquela �ltima possibilidade. Seria
um tratamento parcial de Deus. Por que somente eles quatro j� teriam
sido julgados?
Jesus reapareceu, em alguns momentos, depois se despediu e
retornou ao Mundo Espiritual, n�o sendo mais visto. H� alguma coisa
diferente na ressurrei��o de Jesus e na daqueles quatro casos
comentados. Aqueles permaneceram neste mundo, Jesus n�o. Basta
isso para come�armos a entender que o corpo em que Jesus se mostrou
ap�s a crucifica��o era diferente do corpo que ele usara nesta vida.
Era um corpo espiritual, que se mostrou tang�vel, como
acontece com os casos de materializa��o de Esp�ritos. Ou suas apari��es
foram resultantes do fen�meno de vid�ncia (faculdade de se ver os
Esp�ritos).
A grande quest�o que se levanta � acerca do desaparecimento
do corpo de Jesus. Para onde ele teria ido? Ningu�m sabe. Ali�s, h�
uma pessoa que sabe. Chama-se Jos� de Arimat�ia, que recebeu
autoriza��o de Pilatos para retir�-lo da cruz e sepult�-lo. O que fez
Jos� de Arimat�ia? Algu�m sabe? H� quem cite Nicodemos como outro
que teria agido junto com Jos� de Arimat�ia. Teriam realmente
depositado o corpo de Jesus na sepultura determinada? Teriam
sepultado em outro local, mais protegido, temendo alguma a��o
perversa dos ferrenhos advers�rios do Cristo? Teriam retirado o corpo
da sepultura original antes do terceiro dia? Eu n�o sei.
A guarda de soldados ao redor do t�mulo somente aconteceu
no segundo dia ap�s a morte de Jesus, quando algu�m soprou para
Pilatos que Jesus, antes de morrer, havia prometido retornar ao terceiro
dia. E temendo que os crist�os utilizassem esse argumento
posteriormente, � que se determinou a prote��o de soldados ao redor
do t�mulo onde deveria estar o corpo do Mestre. Temeram os assessores
de Pilatos que o corpo de Jesus fosse roubado pelos crist�os, para assim
mostrarem o t�mulo vazio e pregar a sua ressurrei��o. � mais um
assunto para reflex�o!
Um dia saberemos o que foi feito do corpo do Mestre. Mas esse
assunto n�o �, por ora, relevante. Como diz o Esp�rito Emmanuel o
corpo mais importante, � o Corpo da Doutrina de Jesus. � esse que
precisamos assimilar e praticar.
Uma considera��o b�blica a respeito da ressurrei��o est� na
primeira ep�stola de Paulo aos Cor�ntios, que j� comentamos no
cap�tulo V � A PESSOA DE CRISTO. Apenas para recordar, vamos
citar rapidamente (1 Cor�ntios 15, vers. 35, 36, 40, 44 e 50):
"Mas algu�m dir�: Como ressuscitar�o os mortos? E com que
corpo vir�o?
"Insensato! O que tu semeias n�o � vivificado, se primeiro n�o
morrer.
"E h� corpos celestes e corpos terrestres, mas uma � a gl�ria dos
celestes, e outra, a dos terrestres"
"Semeia-se corpo animal, ressuscitar� corpo espiritual. Se h�
corpo animal, h� tamb�m corpo espiritual."
"E, agora, digo isto, irm�os: que carne e sangue n�o podem
herdar o Reino de Deus, nem a corrup��o herda a incorrup��o."
Temos a� afirmativas como "h� corpos celestes e corpos
terrestres", "ressuscitar� corpo espiritual" e "carne e sangue n�o podem
herdar o Reino de Deus". O pensamento de Paulo acerca da
ressurrei��o n�o tem nada a ver com a id�ia pregada pelos pastores
evang�licos de que a terra e o mar devolver�o os corpos dos que aqui
viveram.
Ao dizer que carne e sangue n�o podem herdar o Reino de
Deus, o ap�stolo est� abertamente contrariando a teoria de que a
alma do homem entrar� na vida eterna de posse do mesmo corpo
material que possuiu na exist�ncia terrena.
Os pregadores evang�licos recomendam aos outros a leitura da
B�blia, mas parece que n�o tomam para si essa recomenda��o. Nunca
leram, com certeza, essa parte. � inadmiss�vel querer ocultar o que
est� ali exposto, numa linguagem acess�vel a todos. Ao falar de carne
e sangue, est� evidente que o ap�stolo fez alus�o ao corpo material.
Ressuscitar� corpo espiritual: "semeia-se corpo animal, ressuscitar�
corpo espiritual".
Assim como Paulo, os Esp�ritos nos falam acerca da exist�ncia
do corpo espiritual. � chamado de perisp�rito. � o corpo com o qual
nos apresentaremos no Mundo Espiritual, ap�s a morte. Este
perisp�rito conserva, em princ�pio, a apar�ncia da �ltima encarna��o.
No primeiro momento, voc� se apresenta no Mundo Maior
com os mesmos tra�os f�sicos que possu�a no instante de sua morte.
O perisp�rito � suscet�vel de mudan�a, de conformidade com a vontade
do Esp�rito e seu merecimento. Pode, inclusive, retomar a apar�ncia
de outras exist�ncias.
Outra curiosidade b�blica acerca da ressurrei��o nos � contada
por Mateus. Foi um fato ocorrido no momento da crucifica��o de
Jesus, mais propriamente no instante em que o Senhor entregou o
Esp�rito (morreu). Vejamos o relato:
"E eis que o v�u do templo se rasgou em dois, de alto a baixo;
e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras.
"E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que
dormiam foram ressuscitados";
"E, saindo dos sepulcros, depois da ressurrei��o dele, entraram
na Cidade Santa e apareceram a muitos" (Mateus cap. 27, vers. 51 a 53).
Preste aten��o no fato de que "muitos foram ressuscitados".
Mais aten��o ainda � palavra "muitos". N�o foi um ou dois que
ressuscitaram, foram muitos. Para mim, muitos teriam sido assim,
uns quinhentos, pelo menos. Que tipo de ressurrei��o teria sido esta?
Os ressurrectos daquele instante sa�ram dos sepulcros, ou seja, sa�ram
de suas covas no cemit�rio, e entraram em Jesural�m (a cidade santa)
e apareceram a muitos.
Um fato extraordin�rio, n�o acha? Fant�stico! impressionante!
Agora, onde est�o esses ressuscitados? Ningu�m d� not�cias deles.
Experimentaram uma segunda morte f�sica? Segundo a cren�a
protestante o corpo ressurrecto n�o est� sujeito a morte. Se fosse
procedente essa cren�a, aqueles ressuscitados n�o poderiam experimentar
novamente a morte. Tem alguma coisa a� mal contada ou mal
interpretada. No c�u eles n�o podem estar, pelas seguintes raz�es:
� se eles j� tivessem ressuscitado e subido para o c�u, Deus
estaria agindo com parcialidade. Por que s� eles? E a grande multid�o
de mortos, que ainda permanecem dormindo? Por que aqueles tiveram
a primazia de ressuscitar antes do Dia do Ju�zo? Se at� entre os pais
humanos encontramos os que agem com absoluta imparcialidade com
rela��o aos filhos, o que esperar de Deus?
� Jesus, em suas bem-aventuran�as falou o seguinte: "Bem-
aventurados os mansos, porque herdar�o a terra" (Mateus 5:5). Se
aquele grupo de ressurrectos era de "santos", como diz a tradu��o
b�blica, o lugar deles era aqui, na terra. Santos, mansos, misericordiosos,
pacificadores, limpos de cora��o, � a mesma coisa.
E ent�o, o que de fato aconteceu naquele instante? � simples
de explicar: no momento do suspiro final do Senhor, na cruz, e como
ponto final da miss�o divinamente cumprida por Ele, o mundo foi
envolto por um fen�meno espiritual de elevada magnitude, a tal ponto
que, na descri��o de Mateus "o v�u do templo se rasgou em dois, de
alto a baixo, etremeu a terra efenderam-se as pedras". Assim, aconteceu
que:
� as pessoas ali presentes foram tomadas de um sentimento
muito forte de ang�stia e temor;
� em meio a esse sentimento e atemorizadas diante do que
ali ocorria, houve forte alarido, gritos de arrependimento e de p�nico,
testemunhos de lamenta��o, de tal modo que, naquela mistura de
vozes, um dos ladr�es crucificado ao lado de Jesus bradou "meu Deus,
meu Deus, por que me abandonaste?". Declara��o, por sinal, atribu�da
erroneamente a Jesus;
� todos tiveram a percep��o n�tida e clara de haverem
crucificado o Messias anunciado nas escrituras antigas, a ponto de os
pr�prios soldados romanos afirmarem, diante dos fen�menos que ali
presenciavam, que "verdadeiramente, este era o Filho de Deus" (Mateus
27:54);
� o fen�meno espiritual daquele instante envolveu os
Esp�ritos desencarnados, e estes puderam mostrar-se vis�veis aos
homens. Um fen�meno de vid�ncia coletiva. Muitos puderam ver os
mortos. Esta a raz�o de Mateus afirmar que "...entraram na cidade
santa e apareceram a muitos".
O fen�meno, portanto, foi de vid�ncia. Os Esp�ritos n�o
ressuscitaram. Eles t�o somente foram vistos pelas pessoas. Como as
pessoas n�o compreenderam o fen�meno, nem tinham conhecimento
para isso, difundiram a id�ia de que os mortos haviam "ressuscitado".
E para encerrar esse trato acerca da ressurrei��o, nada melhor
de que lembrarmos as li��es de Jesus:
"O Esp�rito � o que vivifica, a carne para nada aproveita, as
palavras que eu vos disse s�o esp�rito e vida" (Jo�o 6:63).
"Deus � Esp�rito, e importa que os que o adoram o adorem em
esp�rito e em verdade" (Jo�o 4:24).
A carne para nada aproveita. Foi Jesus quem disse isto. A palavra
do Mestre n�o vale? A vida eterna n�s a teremos em Esp�rito. Na
condi��o de Esp�ritos puros. A ressurrei��o, como divulgam os pastores
b�blicos, � pura quest�o de f�. V�o continuar acreditando nisso, at� se
cansar. Ou melhor, progredir.
O nosso opositor confessa acreditar que: "A nossa salva��o
depende, n�o das nossas obras religiosas nem da nossa caridade, mas
sim da nossa sincera f� em Cristo, como o nosso �nico Salvador".
N�o sei que obras religiosas s�o essas. Ele n�o comentou a respeito.
Os esp�ritas divulgam o Evangelho sem fazerem disto uma profiss�o.
Seria essa uma obra religiosa?
A caridade eu sei o que �. Essa Jesus ensinou e exemplificou e
os Esp�ritos nos exortam a pratic�-la. E adianto ao irm�o: � dif�cil
fazer caridade. Ela somente se patenteia quando h� ren�ncia. Caridade
leg�tima vem precedida da priva��o de alguma coisa em favor do
pr�ximo. Nem todo bem � uma caridade. Agora, toda caridade � um
bem.
Observe, tamb�m, como ele despreza a caridade. Para a salva��o
basta a sincera f� em Cristo. A caridade, na sua concep��o, �
desnecess�ria. H�, naquela afirma��o, um grande distanciamento
daquilo que Jesus recomendou com tanto empenho e �nfase.
Vamos pensar noutro detalhe: de um lado ele lembra a cita��o
b�blica de que "pelas obras ningu�m ser� justificado". Depois arremata
dizendo que a salva��o n�o depende das obras. O nosso racioc�nio � o
seguinte: se as obras (meus atos) n�o t�m valor para a salva��o, os
pecados (que tamb�m s�o meus atos), para nada servem.
Se o bem que pratico n�o serve para minha salva��o, o mal
(pecado) que cometo n�o pode servir para minha condena��o. � uma
quest�o de coer�ncia.
Sendo assim, se meus pecados n�o podem servir para minha
condena��o, por que o Cristo veio pag�-los? Certamente porque sem
a remi��o deles eu seria condenado.
Voltamos � mesma conclus�o: Se meus pecados servem para
minha condena��o, ent�o meus acertos devem for�osamente servir
para minha salva��o. Logo "pelas obras somos justificados".
Ele incorre na clamorosa falha de n�o se aperceber disso. � essa
a raz�o pela qual ele num momento diz que "pelas obras ningu�m
ser� justificado" e, depois, admite que a morte de Jesus "... foi o
sacrif�cio perfeito e completo que pagou o pre�o do nosso pecado...".
� bom n�o esquecer que pecados s�o infra��es � Lei de Amor
ao Pr�ximo. Existem os que s�o considerados leves, mas tamb�m
existem aqueles cometidos com todos os requintes de malignidade,
crueldade, pervers�o e �dio. Bastaria nossa f� em Cristo para nos remir
pecados cru�is, sanguin�rios, dos cometidos com deprava��o?
Da forma como ele coloca, as boas obras, ou a sua falta, n�o
t�m import�ncia para a salva��o da alma. Seriam coisa banal,
secund�ria. T�o sem valor que, relativamente ao pecado, Jesus foi l� e
de uma s� vez pagou por todo mundo; e at� pagou antecipado.
Afinal, para que serve o bem? Por que Jesus nos conclamou
tanto a pratic�-lo? Existe diferen�a entre o bem praticado pelo que
tem f� e o praticado pelo que n�o a tem? Quem recebe uma caridade
deixa de se beneficiar porque o doador n�o cr� em Jesus como seu
Salvador?
A tese da salva��o unicamente pela f� � perigosa e nociva:
analisada friamente, ela libera o homem de praticar o bem e o isenta
da responsabilidade dos pecados. Se todos acreditassem nisso, o mundo
seria bem pior do que � atualmente.
Ainda a prop�sito do coment�rio de que "a nossa salva��o
depende... da nossa sincera f� em Cristo, como o nosso �nico
Salvador", relembro o coment�rio que j� fiz acerca dos irm�os de outros
continentes, que sequer t�m conhecimento da vida e obra de Jesus. J�
pensou, Deus os desprezou! Todos condenados ao Inferno, se depender
da vis�o dos pastores protestantes.
No mais, o articulista faz sua prega��o j� nossa conhecida acerca
da morte de Jesus na cruz, taxando-a de "sacrif�cio perfeito e completo
e que pagou o pre�o do nosso pecado...", e mais adiante conclui que
"� este o verdadeiro novo nascimento de que Jesus Cristo fala, e sem
oqual ningu�m pode salvar-se". Um mont�o de palavras meramente
apelativas. Exorta��o � f� "n�o raciocinada".
Diz ainda o articulista: "...e agora, nestes dias Deus perdoa e
salva eternamente cada pecador que, crendo que Cristo � o Filho de
Deus que se manifestou em carne, O recebe como o seu �nico
Salvador e Senhor."
O que � mais importante: a pessoa do Cristo, ou os princ�pios
morais que Ele ensinou? � isso que os crentes n�o conseguem
distinguir. Eles se apegam � pessoa de Jesus. Tem que acreditar � na
pessoa. O �nico salvador �a pessoa de Jesus. Se Jesus tivesse ensinado
a praticar todo tipo de desgra�a, isso pouco importaria. O que vale �
a pessoa de Jesus.
� por isto que eu questiono a respeito dos povos que sequer
t�m como crer na pessoa de Jesus. Vamos pensar grande. Afaste sua
vis�o do limitado pa�s onde vivemos. Aqui n�s falamos em Jesus,
conhecemos a B�blia. Em outras partes n�o existe isso.
Os mu�ulmanos, seguidores do Islamismo, t�m como Livro
Sagrado o Alcor�o. Voc� conhece o Alcor�o? Eu ainda n�o o conhe�o.
Agora, v� l� e diga que Maom� n�o � profeta, ou que Jesus � maior que
Maom�. Eles v�o dizer que isso � abomina��o. Podem at� mat�-lo.
E, no entanto, Deus � Pai do mundo todo. L�, noutros
continentes, existem seres humanos iguais a n�s, que pensam, que
agem, que amam, que esperam, que acreditam em Deus. Seguem
outros profetas, mas � tudo de Deus.
O Espiritismo n�o faz discrimina��o de ningu�m. Deus tamb�m
n�o. O protestantismo ainda faz.
O Espiritismo nos aponta a salva��o de todos, por meio do
aperfei�oamento dos Esp�ritos, obtido atrav�s das vidas sucessivas; o
Protestantismo nos aponta um c�u limitado, onde a felicidade
consistir� em vivermos maravilhados com os anjos, por�m indiferentes
para com nossos amados pais, irm�os e amigos que porventura sejam
condenados a sofrer nas torturas do Inferno. Seguir uma ou outra
cren�a � quest�o de livre-arb�trio. A escolha � sua. Pense nisso!
A pessoa do Cristo, de Maom�, de Buda, de Conf�cio, de quem
quer que seja, pouco importa. Os princ�pios morais ensinados � o que
vale. Jesus � grande pelos ensinos que trouxe. O que salva n�o � a
pessoa de Jesus. S�o os seus ensinamentos. N�o pode ser de outra
forma.
Eu sei de tudo isto; agrade�o a Deus pela oportunidade de j�
poder suportar as revela��es esp�ritas; reconhe�o minha imperfei��o;
empenho-me no sentido de seguir a Jesus, dando de mim tudo que
posso para auxiliar o pr�ximo por meio da caridade e, sinceramente,
tenho pena daqueles que tendo olhos para ver n�o v�em; tendo ouvidos
para ouvir n�o ouvem e, por inoc�ncia ou maldade, ainda est�o
apelando para a ira de Deus.
Pontos a Recordar:
1. Nos vers�culos apontados pelo articulista, fica evidenciada a
id�ia de que a f� � bastante � salva��o. Esse era um dos entendimentos
de Paulo, mas n�o era o de Jesus;
2. Cristo apontou "a caridade" como caminho da salva��o: no
encontro com o Mo�o Rico (S� te falta uma coisa: vai, vende tudo
que tens e d� aos pobres....) e na par�bola do Bom Samaritano (vai e
faze da mesma maneira);
3. Crer em Jesus � seguir os seus preceitos morais;
4. Para alcan�ar a salva��o Jesus n�o fez acep��o de povos, ra�as,
nem religi�o. Disse: "Bem-aventurados os limpos de cora��o, porque
eles ver�o a Deus" (Mateus 5:8). Limpos de cora��es n�s os temos
em todos os povos, e em todos os tempos, indiferentemente de religi�o.
5. Paulo pregava a salva��o ora pela f�, ora pela caridade. Tiago,
se opunha a ele, neste particular, e ensinava a salva��o apenas pelas
obras;
6. Se a f�, conforme dizia Paulo "n�o vem de n�s, � um dom de
Deus", s� os que possuem esse dom a ter�o. Estar�amos diante de
privil�gios. Qual o crit�rio de Deus para dar a uns esse dom e a outros
n�o?;
7. Eu vejo que a B�blia n�o ensina a "ressurrei��o", mas sim a
reencarna��o, para possibilitar � alma a conquista do Para�so, ou da
felicidade eterna, depois que o homem reparar seus erros e se mostrar
perfeito diante de Deus;
8. A ressurrei��o, na forma pretendida pelos protestantes
apresenta v�rias impropriedades, de ordem cient�fica, social e moral;
9. Os exemplos b�blicos da "ressurrei��o" de L�zaro, de Tabita,
da filha de Jairo e do filho da vi�va de Naim, n�o se aplicam a n�s,
porque, naqueles casos, eles n�o estavam mortos, apenas "dormiam",
e seus corpos n�o haviam sido decompostos;
10. Ressuscitar �: ressurgir na carne, reviver, vivificar. Esse
retorno na carne, nada mais � do que a Reencarna��o, inteiramente
coerente com a sabedoria e a bondade de Deus;
11.Se n�s homens somos capazes de imaginar a Reencarna��o
� sa�da digna e honrosa para a alma por permitir que ela alcance,
passo a passo, a perfei��o � por que Deus n�o o seria?
12. Se meus pecados servem para minha condena��o, ent�o
meus acertos devem for�osamente servir para minha salva��o. � uma
quest�o de coer�ncia. Logo "pelas obras somos justificados";
13. A tese da salva��o unicamente pela f� � perigosa e nociva.
Se todos acreditassem nisso, o mundo seria bem pior do que �
atualmente.
X. O INFERNO
Disse ainda o articulista crente (protestante):
"N�o temais os que matam o corpo, e depois n�o tem mais que
fazer; mas eu vos mostrarei a quem deveis temer: temei a Deus �
aquele que depois de matar TEM PODER PARA LAN�AR NO
INFERNO; sim a Esse temei" (Lucas, cap. 12).
A prega��o acerca do inferno se constitui no ponto de maior
relev�ncia da Doutrina Protestante. Ali�s, eles falam mais no inferno
e no Satan�s do que em Deus. Eles t�m um objetivo ao fazerem isso:
conquistar pelo medo. Encher a cabe�a das humildes pessoas acerca
do que chamam de "artimanhas do Satan�s" e, mediante o assombro,
mant�-las distante de tudo aquilo que se oponha ao que eles ensinam.
V� como no vers�culo acima ele fez quest�o de colocar em caixa
alta a express�o TEM PODER PARA LAN�AR NO INFERNO? �
assim que os pastores evang�licos fazem. A� est� a melhor muni��o de
que disp�em para impedir voc� de raciocinar. Meter medo! Assombrar!
Amea�ar! E � por n�o raciocinarem que muitos, vinculados a
determinadas fac��es evang�licas, est�o se desfazendo de suas
economias, ofertado-as �s igrejas, em atendimento a dram�ticos e
provocativos apelos, sem pedirem conta do uso do dinheiro ofertado.
Se o quisesse, Deus teria o poder de matar e lan�ar no inferno,
admito. N�o o quer, no entanto, porque n�o possui o mesquinho
sentimento de desamor, pr�prio dos homens ego�stas.
A senten�a acima, usada pelo irm�o articulista, consta do livro
de Lucas. Nada obstante, vamos enfocar o assunto sob a �tica de
Mateus, que fez um relato mais completo daquele momento, para
que possamos entender qual o objetivo do Cristo ao fazer aquele
enunciado.
Jesus reuniu os Doze disc�pulos e deu-lhes algumas instru��es
acerca de como deviam agir diante das dificuldades que eles
encontrariam pela frente. S�o v�rias as recomenda��es do Cristo, sendo
aqui as mais significativas para o exame as seguintes:
"Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto,
sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas.
Acautelai-vos, por�m, dos homens, porque eles vos entregar�o
aos sin�drios e vos a�oitar�o nas suas sinagogas;
E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele
que perseverar at� o fim ser� salvo.
Quando, pois, vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra;
porque em verdade vos digo que n�o acabareis de percorrer as cidades
de Israel sem que venha o Filho do Homem.
E n�o temais os que matam o corpo e n�o podem matar a
alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno a alma
e o corpo.
N�o se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles
cair� em terra sem a vontade de vosso Pai.
N�o temais, pois; mais valeis v�s do que muitos passarinhos".
(Os trechos acima constam de Mateus 10, vers�culos 16, 17,
22, 23, 28, 29 e 31.)
A leitura dos vers�culos acima � suficiente para voc� perceber
que Jesus estava falando, reservadamente, para seus Doze disc�pulos,
preparando-os para que, quando aquelas dificuldades surgissem, eles
estivessem prontos para enfrent�-las.
Logo, ao dizer "N�o temais os que matam o corpo e n�o podem
matar a alma", estava se referindo aos homens que seriam perseguidores
dos ap�stolos. Quando muito, esses homens poderiam tirar-lhes o
corpo, mas n�o matariam a alma. N�o h� muita novidade nisso. O
foco da prega��o era n�o temer os homens, n�o se intimidar diante
das persegui��es.
Cada povo, cada �poca, t�m sua pr�pria hist�ria e
peculiaridades. � preciso n�o esquecer que esse discurso foi feito h�
2.000 anos e Jesus preparava os disc�pulos para se dirigir a um povo
que, � �poca, possu�a �ndole rebelde, perversa e indisciplinada. N�o
era �-toa que para exort�-los e sensibiliz�-los Jo�o Batista os chamava
de "ra�a de v�boras", o mesmo tendo sido feito pelo Cristo, que
tamb�m chegou a trat�-los do mesmo modo, ou mais freq�entemente
de "hip�critas".
De antem�o, Jesus previa que seus disc�pulos seriam perseguidos
e maltratados, sendo essa a raz�o daquela advert�ncia inicial.
Na seq��ncia, Jesus faz a exorta��o do temor a Deus. Avers�o
de Lucas foi a utilizada pelo articulista e diz: "temei a Deus � aquele
que depois de matar tem poder para lan�ar no inferno". O trecho foi
trazido para corroborar a prega��o do Protestantismo acerca da
exist�ncia do inferno.
Em nosso entendimento, Jesus estava enaltecendo, t�o somente,
o poder soberano de Deus. O Criador estabeleceu Leis que fazem
com que o pecador experimente o fen�meno da morte f�sica, e se
sinta atormentado pelo inferno de sua pr�pria consci�ncia culpada.
O inferno n�o � um lugar circunscrito do espa�o. J� dissemos
parodiando Jesus que: "assim como o c�u, o inferno est� dentro de
nos .
Vejamos as argumenta��es do articulista: "Negando o que Deus
tem revelado na B�blia, os esp�ritas tornam Deus mentiroso, pois a
B�blia fala do INFERNO e fala duma maneira certa". "Se n�o houvesse
o inferno ent�o at� Cristo seria enganador, mas n�o o �, pois inferno
existe e foipreparado para o Diabo e seus anjos". A palavra inferno ele
usou em letras mai�sculas, para chamar bem aten��o. Eles adoram o
inferno!
Ora, a B�blia tamb�m fala da circuncis�o; dos holocaustos; dos
apedrejamentos; e fala tudo isso duma maneira certa. Por que os
protestantes n�o obedecem? Negando tais coisas, ou n�o as adotando,
tornam Deus mentiroso ou desobedecido.
Ao se referir ao lugar preparado para o Diabo e os seus anjos, o
articulista est� se valendo de outra cita��o b�blica, que ele ocultou,
mas que se encontra no livro de Mateus:
"Ent�o, dir� tamb�m aos que estiverem � sua esquerda: Apartai-
vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e
os seus Anjos. Porque tive fome, e n�o me destes de comer; tive sede,
e n�o me destes de beber; sendo estrangeiro, n�o me recolhestes;
estando nu, n�o me vestistes; e estando enfermo e na pris�o, n�o me
visitastes" (Mateus 25:41 a 43).
� de se notar que no texto acima Jesus faz nova prega��o acerca
da caridade. Mais uma vez Ele nem sequer toca na quest�o da f�, mas
sim nas obras. Os que n�o praticam a caridade � que ser�o apartados
dEle.
Outro detalhe importante: ao dizer "preparado para o Diabo e
os seus anjos" esse "para" quer dizer muita coisa. Se o "inferno" foi
preparado "para" o diabo, significa que algu�m o preparou. Diferente
era dizer que o inferno "foi preparado pelo diabo para si e os seus
anjos". Ser� que Deus preparou o inferno? O Deus que Jesus nos
revelou n�o foi. Ele � um Deus de amor.
Que deus seria esse, capaz de preparar o inferno? Ah, lembrei
agora, deve ser aquele deus de Samuel. Lembra dele? O que mandou
um "Esp�rito mau" assombrar Saul (veja o cap�tulo IV deste trabalho).
Sendo esse deus a�, n�o h� motivos para preocupa��o.
Jesus fez prega��es p�blicas, utilizando o termo inferno e fogo
eterno. A raz�o desse discurso forte, era por ser esta a �nica linguagem
capaz de ser ouvida pela maioria do povo da �poca. Falasse-lhes Jesus,
o tempo todo, com palavras meigas e carinhosas, n�o alcan�aria t�o
imediatamente seu objetivo. Para que a mensagem atingisse seu
objetivo, foi necess�rio empregar, figuradamente, em alguns instantes,
termos compat�veis com a id�ia que eles tinham de Deus � Senhor
dos Ex�rcitos, que matava e condenava.
A ess�ncia da Doutrina Crist� � o Amor de Deus. Deus n�o
deve ser temido, mas sim amado. Como j� dissemos, o Evangelho
somente pode ser entendido se voc� examin�-lo numa vis�o global.
Temos que ter em mente o conjunto de princ�pios que Jesus ensinou.
Nesse conjunto de princ�pios despontam o amor de Deus, a caridade,
a humildade, o perd�o, a f�, a paz, a reabilita��o dos pecadores, o
amor ao pr�ximo etc.
Quem quer que observe aqueles princ�pios, seja religioso ou
n�o, seja deste continente ou de outros, est� crendo e seguindo Jesus.
� com esta vis�o de conjunto que voc� percebe ser inaceit�vel
que exista um inferno, onde se sofra eternamente. O inferno seria
contr�rio a tudo quanto Jesus pregou a respeito do amor de Deus.
Deus que nos manda perdoar, n�o sete vezes, mas setenta vezes sete
n�o sendo capaz de perdoar uma vez sequer! Cabe na cabe�a de algu�m?
S� na de quem n�o pensa.
Quando o articulista diz que iremos para o inferno "...n�o
porque Deus assim o queira, mas porque eles t�m rejeitado, COM O
OS ESP�RITAS EST�O FAZENDO, o �NICO SALVADOR e a
�NICA SALVA��O e meio de escapar do INFERNO, �nico meio
que lhes � oferecido por Deus, por meio da morte e sacrif�cio expiat�rio
do Senhor Jesus Cristo" � ele est� subestimando nossa intelig�ncia.
Pelas seguintes raz�es:
* Ao dizer "...n�o porque Deus assim o queira....", ele est�
admitindo que a vontade de Deus � outra. Deus quer que todos se
salvem. E que Deus � esse cuja vontade n�o � soberana? A vontade de
Deus se cumpre sempre, voc� n�o acha? J� pensou Deus contrariado?
Sua vontade n�o se concretizando? Ele quer uma coisa e acontece
outra. Que Deus � esse? Onde fica a onipot�ncia?
* Ao dizer que o �nico Salvador � Jesus, tamb�m se contradiz.
Eles que fazem apologia dos antigos profetas � Mois�s, Isa�as,
Malaquias, Jeremias e outros mais -, querendo passar essa id�ia de
�nico. J� que Jesus � o �nico Salvador, por que n�o observam
unicamente os ensinos dEle? Por que n�o praticam a caridade? Por
que na hora de condenar o Espiritismo pela comunica��o com os
mortos, se valem de Mois�s? Por que n�o usam Jesus, nesta hora?
Claro, por falta de argumentos. Afinal, o �nico Salvador se comunicou
com os mortos no Monte Tabor.
Do mesmo modo, ao alegar que os pecadores e os �mpios ficar�o
no inferno eternamente, assim como os esp�ritas, porque rejeitam a
�nica salva��o, ele detona esta p�rola de sabedoria e amor ao pr�ximo:
"Por assim terem feito, ser�justo que Deus os mande para esse lugar".
Caramba!!
Lembremos o segundo grande Mandamento ensinado por Jesus:
"Amar ao pr�ximo como a ti mesmo". Se amo meu pr�ximo como a
mim mesmo, ser� que vou ficar feliz vendo-o ir para o inferno? Voc�
gostaria de ir para o inferno (dos crentes)? Se voc� n�o quer isso para
si, n�o queira para os outros.
Ao dizer que aquela atitude de Deus, condenando ao inferno �
justa, o articulista e os seus seguidores, que pensam do mesmo modo,
est�o dando uma patente demonstra��o de falta de amor ao pr�ximo
e revelando o quanto desejariam que seus sentimentos �ntimos, ainda
imperfeitos, fossem tamb�m os do Pai Criador.
S�o absolutamente fr�geis as argumenta��es usadas no op�sculo,
porque n�o resistem ao exame racional, da l�gica e do bom-senso. A
Doutrina Esp�rita iniciou a era da f� raciocinada. � a mesma f� que
todos buscamos, capaz de remover montanhas, s� que apoiada na
raz�o.
Vamos tomar um exemplo: a vontade de Deus. Uns dizem assim
"Deus n�o quer que a gente sofra". Ora, se Ele n�o quer que a gente
sofra, � porque Ele quer que a gente viva sem sofrimentos. A� uma
quest�o se coloca: o sofrimento existe, est� a�, todo mundo v�, todos
sentem. E a�, como � que fica? Deus quer ou n�o que a gente sofra?
Nada acontece sem a permiss�o divina. N�o cai uma folha de
uma �rvore sem que Deus o queira. Logo, se o homem sofre, Deus
quer, dir�o uns. Admitir que Deus quer o sofrimento � inaceit�vel,
dir�o outros. Deus � amor. Se Ele n�o quer, como explicar que o
sofrimento exista? A vontade dEle n�o � soberana?
Tamb�m existem os que pensam que Deus � neutro, nem quer,
nem deixa de querer que o homem sofra. A escolha � do fregu�s: sofrer
ou deixar de sofrer. Admitir que Deus n�o tenha vontade � um contra-
senso terr�vel. Afinal, o Pai criou o mundo por ato de sua vontade.
E a enrolada vai por a�. Deus quer, Deus n�o quer, Deus �
indiferente. E por esse caminho n�o se chega a lugar algum. � uma
discuss�o in�cua. Mas h� uma quest�o bem mais transcendental que
revela o que realmente Deus quer.
Deus tem vontade sim, e sua vontade � soberana. Eu convido
voc� a pensar comigo acerca daquilo que realmente Deus quer. Onde
est� a vontade de Deus? Qual ser� esta vontade? Como mostrar que
mesmo havendo sofrimento entre os homens, a� est� expressa a vontade
de Deus, sem que isto fira os seus atributos de amor?
Olha, o foco da vontade de Deus, o cerne da coisa est� nas leis.
Deus criou Leis. Pense nisto. Qual o centro da vontade do Pai? Qual
a sua vontade? � claro, sua vontade � que Suas leis sejam cumpridas.
Olha como a coisa, raciocinada, toma outro rumo. Deus criou
Leis, s�bias e justas. F�sicas e Morais. Sua vontade � que estas leis
sejam cumpridas. E eu pergunto: existe alguma lei de Deus que n�o
seja cumprida, que n�o se concretize? Sua vontade soberana faz com
que todas as leis, que s�o imut�veis, sejam cumpridas sem exce��o,
ontem, hoje e sempre. � nisto que est� o equil�brio de sua gigantesca
obra.
Voc� dir�: como fica o problema do sofrimento? Vamos pensar
nas leis. Uma das leis de Deus � a Lei do Merecimento. Aquela que
Jesus ensinou ao revelar que "a cada um ser� dado segundo as suas
obras" (Mateus 16:27). Outra � a Lei de Causa e Efeito, tamb�m
ensinada por Jesus quando disse: "aquele que comete pecado � escravo
do pecado" (Jo�o 8:34); todos os que lan�arem m�o da espada, � espada
perecer�o" (Mateus 26:52).
No caso do sofrimento, a vontade de Deus � que Suas leis sejam
cumpridas. Se a cada um � dado segundo as suas obras (Lei do
Merecimento), o sofrimento � uma decorr�ncia daquilo que o Esp�rito
fez. Se agiu conforme a Lei de Amor, tem um padr�o de retorno, se
agiu diferentemente, tem outro (Lei de Causa e Efeito).
O que nos falta? Conhecer as leis de Deus. Conhecemos todas?
Claro que n�o! � propor��o que vamos evoluindo, vamos
descortinando novas leis e reconhecendo a magnitude da sabedoria divina.
Deus n�o desce a essa pequenez de querer ou deixar de querer
que o homem sofra. Querer que o homem v� ou deixe de ir para o
inferno. Est� muito, muito, muito al�m disso a�. Ele criou Leis. Sua
vontade est� centrada na cumprimento dessas leis, repito.
Os pastores "b�blicos" (os pastores protestantes) se perdem,
porque que se apegam a "trechos isolados", e "frases soltas" da Biblia.
Agravam ainda mais seus enganos porque, al�m dessa limita��o a
trechos isolados, analisam tudo ao p� da letra. N�o raciocinam. N�o
sabem, n�o querem, ou n�o t�m interesse em apreciar o conjunto de
princ�pios que resulta dos ensinos de Jesus.
Essa quest�o do inferno � bem simples. Jesus empregou o termo
para se referir aos sofrimentos, �s expia��es das falhas cometidas. S�
isso. Ir para o inferno, significa colher o mal que se plantou. Sofrer,
resgatar. At� mesmo nas alus�es que fez ao fogo eterno, o Mestre n�o
disse que o pecador devesse permanecer ali eternamente. O fogo �
que era eterno. O sofrimento n�o. Percebeu a diferen�a?
Jesus falava figuradamente: o fogo significa "a dor" da repara��o.
Para quem est� sofrendo, o momento do sofrimento parece-lhe uma
eternidade.
Outro aspecto: a Doutrina Protestante apresenta em sua teoria
da Salva��o dois extremos: c�u ou inferno. Sequer tem meio termo. E
no inferno todos v�o queimar do mesmo jeito.
Se voc� pensar, vai concluir que at� a justi�a dos homem �
melhor. Porque na Lei Penal existem v�rias formas de o infrator reparar
um delito, indo desde as penas mais brandas at� aquelas de maior
gravidade. E o prazo tamb�m. Na Lei dos homens, as repara��es t�m
prazo para cessar. Na Lei de Deus, segundo os pregadores protestantes,
a condena��o seria a mesma para todos e de durabilidade eterna.
Considerando a teoria protestante de c�u e inferno, como ficam
os pecados de pequen�ssima gravidade; os de gravidade um pouquinho
maior; os de gravidade m�dia; os graves, os grav�ssimos? Qual o ponto
de corte? Qual o crit�rio para definir at� que ponto o pecado � de
condena��o? Todo pecador ser� condenado ao inferno, diz o
articulista. Mesmo os que pecarem bem pouquinho, um pecadinho
bem de leve! Uma coisinha de nada. Pronto: inferno. N�o � dureza?
Se fosse desse jeito, a Justi�a do homem seria melhor que a de Deus.
Para eles, s� sai da condi��o de pecador quem demonstra possuir
f� sincera em Jesus Cristo, ou seja, quem se converte � Doutrina que
eles professam.
Para algu�m ser esp�rita, vemos que uma qualidade � necess�ria:
ter senso moral desenvolvido. Quem n�o tem essa qualidade, n�o
tem como ser esp�rita. � por isto que muitos ouvem, v�em, at� l�em,
mas n�o assimilam o Espiritismo. Mas vale a pena tentar conhec�-lo e
question�-lo. Isso j� contribui para a evolu��o.
Ao dizer que o inferno protestante n�o existe, n�s n�o estamos
tratando Deus por mentiroso. Por uma raz�o simples: Deus jamais
falou com o homem. O pr�prio Mois�s, que alegou isso, recebia
instru��es de um Esp�rito chamado Jeov�. Estou amparado na B�blia
e nas palavras de Jesus para afirmar isso:
� "Deus nunca foi visto por algu�m (Jo�o 1:18);
� "Tudo por meu Pai me foi entregue; e ningu�m conhece
quem � o Filho, sen�o o Pai, nem quem � o Pai, sen�o o Filho e aquele
a quem o Filho o quiser revelar" (Lucas 10:22).
Mesmo que neg�ssemos o que Deus tem revelado na B�blia,
n�o estar�amos mentindo. Estar�amos mal informados. Mentira � uma
apela��o. Como aquela que o irm�o articulista fez ao se referir ao Rei
Saul.
A inexist�ncia do inferno s� torna Jesus enganador na vis�o do
articulista. Ele � que vive enganado com a id�ia de que exista este
lugar. � uma quest�o de interpreta��o. Repito que Jesus empregou o
termo inferno para se referir aos sofrimentos, �s expia��es. S� isso.
Igualmente o termo dem�nio ele usava para designar Esp�rito atrasado.
Ao dizer "temei a Deus", n�o pretendeu Jesus implantar a
Doutrina do Medo, como se Deus fosse um ser perigoso, do qual
dev�ssemos fugir, recear. Nada disso! Sabe o que � temer? � tributar
grande rever�ncia ou respeito. Foi neste sentido que Jesus disse: temei
a Deus.
Por �ltimo, mais alguma coisa a respeito do poder de Deus de
lan�ar no inferno. O homem possui o livre-arb�trio. A liberdade de
agir de conformidade com sua pr�pria vontade. Nada nos � proibido.
Tudo que pensamos ou fazemos, no entanto, tem conseq��ncias. � a
liberdade com responsabilidade. Voc� � respons�vel pela desgra�a ou
pela ventura em que vive.
A vida no corpo � concess�o divina destinada ao
aperfei�oamento do Esp�rito. O est�gio na mat�ria pode ser comparado
com o aprendizado escolar, que se desenrola ano a ano, no qual o
aluno vai obtendo promo��o de conformidade com seus pr�prios
m�ritos.
Aos que atuam no sentido de atingir aquele objetivo
(melhoramento moral e intelectual da alma) s�o tributados os louros
do seu esfor�o, aqui e no Al�m, trazendo como consequ�ncia:
� Para cada nova exist�ncia, oportunidades melhores de
aprender e crescer;
� para cada reingresso no Mundo Espiritual, maior alegria
ao lado dos que o amam e vibram com a sua ascens�o espiritual.
� Aos que atuam no sentido contr�rio, tornando suas vidas
aqui in�cuas, ego�stas, improdutivas, e enlameadas pelos erros e
maldades, s�o tributadas as conseq��ncias infelizes de seu proceder, e
que resultam:
� no reingresso no Mundo Espiritual com a consci�ncia
culpada e sofredora, cuja lembran�a constante dos males praticados
se constitui em castigo moral que leva a alma ao remorso e ao
arrependimento;
� no retorno � carne, como oportunidade de reajuste,
atrav�s do trabalho �rduo ou da dor. L� ou aqui, o sofrimento moral
e o f�sico, representam o inferno a que Jesus se referia.
Ao submeter a alma a este ciclo reparat�rio, Deus demonstra
seu amor aos pecadores, n�o os condenando eternamente. Da� porque
Jesus, mesmo tendo mencionado aquela forte senten�a, amenizou o
drama da situa��o, ao dizer que: "...N�o temais, pois mais valeis v�s
do que muitos passarinhos" (Mateus 10:31).
Se voc� juntar agora as duas senten�as ter�: de um lado "...temei
a Deus que tem o poder de matar e lan�ar no inferno" e do outro "n�o
temais, pois mais valeis...". Afinal, � para temer ou n�o? Fica a� para
sua reflex�o.
Entendo que ambas as coloca��es s�o procedentes. Na primeira,
temer no sentido de tributar grande rever�ncia ou respeito, e na
segunda, n�o temer, no sentido de acreditar na bondade, na justi�a e
no amor de Deus.
O articulista valeu-se do enunciado "N�o temais os que matam
o corpo " para condenar o Espiritismo. � bom que se diga que
entre os que matam o corpo, n�o est�o os esp�ritas. Muito pelo
contr�rio, � por ainda n�o serem esp�ritas que muitos matam o corpo,
desconhecendo que t�m uma alma e que a vida neste mundo encerra
um objetivo de ordem espiritual.
Entendo tamb�m que matam o corpo aqueles que, mesmo
tendo contato com o Evangelho de Jesus, cuja ess�ncia est� no "fazer
aos outros aquilo que queremos seja feito a n�s", deixam passar a
oportunidade que a vida oferece de praticar a caridade, limitando-se a
demonstra��es exteriores de f� e louvor.
"Porque o Reino de Deus n�o consiste em palavras, mas em
virtudes" (1 Cor�ntios 4:20).
Por fim, diz o articulista que "os esp�ritas n�o querem que o
povo leia a B�blia, mas p�em nas m�os da gente um outro livro � O
Evangelho Segundo o Espiritismo � livro que cont�m alguns trechos
copiados da B�blia, �s vezes erradamente, mas n�o inclui os
mandamentos e ensinos da B�blia que CONDENAM A PR�TICA
E AS DOUTRINAS DO ESPIRITISMO".
O que ele disse acima � mais uma inverdade. O Espiritismo,
como Doutrina de livre exame, que respeita o livre-arb�trio das pessoas,
n�o pro�be coisa alguma. N�o s� lemos a B�blia, como a estudamos.
A diferen�a � que raciocinamos e, por conta disso, entendemos que o
Antigo Testamento traz pouca contribui��o para as necessidades de
hoje. Optamos por concentrar nossos estudos no Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo (Novo Testamento).
"O Evangelho Segundo o Espiritismo" � um livro de autoria de
Allan Kardec, que trata dos ensinos morais do Cristianismo,
possibilitando-nos uma vis�o conjunta e sensata da ess�ncia do
Evangelho de Jesus. N�o � verdade que contenha trechos copiados
erradamente da B�blia. Errados e distorcidos s�o os trechos que o
articulista utilizou no seu op�sculo, aqui examinado.
O op�sculo � encerrado com a seguinte conclus�o: "A verdade
� esta: aquele que quer seguir a B�blia n�o pode seguir o Espiritismo;
� e por isso eu n�o sou esp�rita."
Como fizemos ver, na B�blia n�o existe condena��o ao
Espiritismo. No Antigo Testamento existe uma recomenda��o de
Mois�s, proibindo a consulta aos mortos, por raz�es plenamente
justific�veis, n�o correlatas com o fim buscado na Doutrina Esp�rita
(Espiritismo n�o � simplesmente consultar os mortos).
Como Jesus afrontou v�rios dos ensinos daqueles profetas
antigos, inclusive CONSULTANDO OS MORTOS NO MONTE
TABOR, manifestamos nossa op��o de continuar seguindo os ensinos
dEle, Jesus, raz�o pela qual, neste particular, dispensamos os antigos
profetas.
Assim, posso encerrar esse meu trabalho, afirmando que: "A
verdade � esta: aquele que quer seguir Jesus n�o pode seguir, sem
reflex�o, tudo o que diziam os antigos profetas � e por isso eu n�o
sou protestante".
Pontos a Recordar:
1. A prega��o acerca do inferno se constitui no ponto de maior
relev�ncia da Doutrina Protestante. Ali�s, eles falam mais no inferno
e no Satan�s do que em Deus;
2. Se o quisesse, Deus teria o poder de matar e lan�ar no inferno.
N�o o quer, no entanto, porque n�o possui o mesquinho sentimento
de desamor, pr�prio dos homens ego�stas;
3. Ao dizer "N�o temais os que matam o corpo e n�o podem
matar a alma", Jesus estava preparando seus disc�pulos para n�o se
intimidarem diante das persegui��es que os homens lhes moveriam;
4. A B�blia que fala do Inferno, tamb�m fala da circuncis�o;
dos holocaustos; do apedrejamento; e tudo isso tamb�m de uma
maneira certa. Negando tais coisas, ou n�o as adotando, os protestantes
tornam Deus mentiroso ou desobedecido;
5. O Evangelho somente pode ser entendido se voc� examin�-
lo numa vis�o global. Temos que ter em mente o conjunto de
princ�pios que Jesus ensinou;
6. Jesus empregou o termo inferno para se referir aos
sofrimentos, �s expia��es. S� isso. O termo dem�nio ele usava para
designar Esp�rito atrasado;
7. O Espiritismo, como Doutrina de livre exame, que respeita
olivre-arb�trio das pessoas, n�o pro�be coisa alguma. Por que iria proibir
a leitura da B�blia?
8. N�o � verdade que "O Evangelho Segundo o Espiritismo"
contenha trechos copiados erradamente da B�blia. Errados e distorcidos
foram os trechos que o articulista utilizou no seu op�sculo, aqui
examinado.
XI . EP�LOGO
Est� a�, minha amiga, a abordagem que nos foi poss�vel fazer a
respeito do op�sculo que lhe foi entregue. � at� poss�vel que em alguns
instantes tenhamos sido bastante en�rgicos. Se foi assim, a falha �
nossa, n�o � da Doutrina Esp�rita. N�o era este o nosso prop�sito.
Afinal, n�s temos recebido instru��es dos Esp�ritos que nos aconselham
a tolerar todos esses assaques lan�ados contra o Espiritismo.
Dizem os irm�os espirituais que com Jesus n�o foi diferente.
Foi at� pior. A mensagem do Mestre somente se instalou no mundo
gra�as � a��o incans�vel de valorosos mission�rios que souberam,
mesmo com o sacrif�cio da pr�pria vida, dar testemunhos fortes de f�,
determina��o, ilumina��o e coragem.
Registramos, neste instante, que fomos contundentes ao tratar
de ensinos tirados do Antigo Testamento, podendo ter passado a
impress�o de desprezo pelos livros que o comp�em. Que fique claro,
no entanto, que assim agimos unicamente para dar total for�a �
Revela��o transmitida por Jesus, que em muitos pontos alterou o
entendimento dos antigos profetas.
Temos todo o respeito pelos livros do Antigo Testamento e
reconhecemos que ali est�o tamb�m verdades e revela��es divinas
recebidas por inspira��o, por profetas sinceros e devotados. Temos
especial apre�o pelo livro Eclesiastes e pelos Salmos, onde muitas vezes
vamos buscar inspira��o e consolo para nossos problemas e ansiedades.
A Doutrina Esp�rita, como restauradora do Evangelho, est�
exposta �s trevas, advindas da desinforma��o e da inferioridade moral
dos homens. Tanto aqui, como no lado espiritual da vida, est�o aqueles
que, entorpecidos pelo veneno da ira, do �dio, do rancor, da maldade,
da inveja, e alguns at� da ignor�ncia e da ingenuidade, tudo fazem
para que a mensagem do Divino Mestre seja confundida e mal
interpretada.
Apraz a muitos que est�o na faixa do erro, da maldade e do
interesse pessoal, que continuemos como eles, distantes da verdadeira luz.
O Espiritismo assombra, tamb�m, os que tiram da religi�o seus
sal�rios, seus meios de sobreviv�ncia. Eles sentem-se amea�ados, na
medida em que damos demonstra��es de que � poss�vel servir a Jesus
desinteressadamente, sem qualquer recompensa de ordem material,
como fizeram os pescadores Ap�stolos.
Decididamente devemos adotar cautelas e examinar com bem
cuidado todos os convites que nos fazem para que participemos de
cultos, movimentos, congrega��es, associa��es, ou o que for, de
natureza religiosa ou n�o, quando os seus l�deres e propagadores se
beneficiam de nossa contribui��o financeira.
Se alguma coisa tivesse que ser chamada de abomin�vel, talvez
esta fosse uma. N�o a Deus, que em sua infinita miseric�rdia tem
para conosco o mais puro sentimento de piedade, compreens�o e
paci�ncia; mas abomin�vel ao bom-senso, � �tica, � vida de ren�ncia,
de solidariedade, de devo��o desinteressada a Deus, que o Cristo espera
de n�s.
N�o estamos ofendendo, se lembrarmos que os pastores
protestantes s�o assalariados pelas igrejas que servem. Atuam por
profiss�o, com registro em carteira. A maioria recebe sal�rios modestos,
mas � sempre pagamento por servi�o prestado � igreja. Alguns ganham
bons sal�rios diretos e indiretos e s�o ardorosos defensores da cren�a.
Fariam o mesmo, se n�o fossem seus sal�rios pagos ao final do m�s?
No Espiritismo n�o existe esse tipo de profissional. Somos todos
obreiros do Senhor, agindo por amor � causa do Evangelho. Para nos
mantermos, temos nossos trabalhos, como o comum dos homens.
Lamentavelmente, ainda � o dinheiro a mola dos interesses dos
homens. N�o temos a capacidade de penetrar o cora��o de ningu�m,
para saber quais os reais sentimentos e desejos daqueles que nos
seduzem com palavras bonitas. A prud�ncia nos recomenda, por�m,
que observemos com melhor aten��o aqueles que, no campo religioso,
nos cativam com palavras, mas que, no tocante aos exemplos, se
apresentam com as m�os vazias e os cora��es enegrecidos.
A Doutrina de Jesus, representada nos Evangelhos, �
extraordinariamente bela e sedutora. Nela est� a Verdade que todos
n�s buscamos. A Historia nos mostra, entretanto, que apesar de todo
esse seu valor, ao longo dos s�culos, os homens, movidos por interesses
pessoais e ego�stas, lograram desvirtu�-la, patrocinando crimes como
homic�dios, extors�es, persegui��es, guerras, difama��es. Tudo em
nome do Amor de Jesus.
Os que patrocinaram tais loucuras se diziam guardi�es da f�.
Encontramo-nos vinte s�culos adiante. A humanidade, como
um todo, melhorou, � verdade. Mas os avan�os foram poucos. A luz
do Mestre foi abafada pela aus�ncia de moralidade dos homens. E
entre n�s ainda permeiam os que, se auto-proclamando donos da
Verdade, lan�am sobre n�s a confus�o, para nos manterem cativos de
seus prop�sitos.
A Doutrina Esp�rita abre uma Nova Era para a humanidade. A
f� cega, imposta sob o clima do medo, da amea�a, das prega��es
inconsistentes do inferno e do Satan�s, encontra uma forte combatente,
na f� raciocinada, que os Esp�ritos nos ensinam.
Crer em Jesus, sim. T�-lo como nosso Salvador, � verdade.
Reconhec�-lo como nosso Mestre e Senhor, isto mesmo. Mas, acima
de tudo buscar a Verdade, porque somente ela nos libertar�. E n�o se
busca a verdade sob o regime da amea�a, do medo, do temor, da
mentira. A Verdade se expressa na l�gica, na raz�o, no sentido das
coisas, na pureza. A faculdade de pensar, de usar a intelig�ncia, nos
foi concedida pelo Pai, para ser usada.
N�o pode existir verdade onde se quer tornar Deus um ser
pequeno, fustigado por um tal Satan�s, que Ele pr�prio teria criado,
apesar de sua Onisci�ncia e do Seu Amor.
N�o pode existir verdade onde se deseja, desapiedadamente,
que bilh�es de irm�os sejam arremessados � tortura eterna, em nome
da ira de Deus.
203
N�o pode existir verdade onde n�o se permite o livre exame
das coisas.
Libertemo-nos desses grilh�es de f� que, ao longo dos vinte
s�culos, somente contribu�ram para espalhar a confus�o e disseminar
a disc�rdia.
Pense grande. Pense, n�o s� nos seus amigos e familiares. Estenda
sua capacidade de pensar para mais longe. O mundo n�o � apenas o
bairro onde voc� mora, a cidade ou o Pa�s onde voc� nasceu. Veja a
humanidade inteira do planeta Terra. Lembre que bilh�es de outras
almas, igualmente filhas de Deus, jamais ouviram falar em Jesus.
Seguem outras religi�es e desconhecem o Cristianismo. S�o seres
humanos que t�m pai, m�e, filhos, irm�os, trabalham, sonham, amam
a vida, como voc�. Estariam mesmo condenadas ao inferno, porque
n�o aceitam Jesus como o �nico Salvador? Que culpa t�m do
Evangelho de Jesus n�o ter chegado l�?
Jesus n�o quer adora��o � sua pessoa. Quem gosta de adora��o
pessoal s�o os homens ego�stas, que buscam os primeiros lugares. Jesus
quer que "amemos uns aos outros, como eles nos amou".
Qual a sorte daquelas bilh�es de almas, se n�o t�m como aceitar
Jesus como seu Salvador? Estariam mesmo predestinadas ao inferno?
Lembre: gera��es e mais gera��es j� se passaram, o que, se somadas,
nos dariam uma extens�o grandiosa do n�mero de almas perdidas.
Estaria mesmo a salva��o condicionada � aceita��o, formal, de Jesus"
como o Salvador? E onde ficariam suas palavras de que "Bem-
aventurados os limpos de cora��o, porque ver�o a Deus"? (Mateus 518).
Homens de cora��es limpos, temos em toda parte. Estariam
estes condenados, unicamente porque adoram Buda ou Maom� ou
algum outro mission�rio do Alto?
Pense, pense grande. Veja o caso das crian�as, dos adolescentes
e dos jovens que, por motivos diversos, partem desta vida sem formar
no��o completa das coisas. Qual a sorte futura destes? N�o fizeram
profiss�o de f�! Ir�o para o inferno?
Lembre os idiotas, loucos, atormentados, psiquicamente
desequilibrados. Tamb�m n�o t�m como fazer profiss�o de f�. Muitos
j� nasceram assim. Qual o destino deles? Porventura Deus tamb�m
n�o os v� como filhos?
E os silv�colas? J� pensou neles? Os nossos irm�os �ndios e �ndias,
que ainda nos tempos de hoje vivem em contato com a natureza, na
maior simplicidade, adorando os fen�menos naturais, e pecando por
serem imperfeitos. Fico pensando... coitados... n�o t�m como aceitar
Jesus como o Salvador... n�o sabem nem o que � religi�o Protestante...
e o que os aguarda? Seria mesmo o inferno?
E o articulista ainda diz: "Por assim terem feito, ser� justo que
Deus os mande para esse lugar".
Uma Teoria para ser boa tem que apresentar solu��o boa para
todos os problemas. A teoria extremista do c�u e inferno n�o resolve o
problema. S� a Lei de Evolu��o dos Esp�ritos (lei esta que � a mais
substancial revela��o transmitida pelos Esp�ritos aos homens) � capaz
de trazer ao homem uma no��o perfeita da justi�a de Deus. Com ela,
Deus abre para o homem a oportunidade de crescer e amar.
Reencarnando, o silv�cola de hoje ser� o homem civilizado de amanh�,
e o homem civilizado de hoje ser� o anjo do futuro. Tudo e todos
caminhando para a perfei��o e para Deus.
Sim, nenhum outro ensino religioso havia cogitado da Evolu��o
dos Esp�ritos. A reencarna��o at� que n�o foi muita novidade: j� fazia
parte de ensinos de fil�sofos e pensadores antigos. Mas, sem o
conhecimento da Lei de Progresso, o fim objetivado com as
reencarna��es, suas causas e conseq��ncias, n�o eram conhecidos. Foi
necess�ria a Revela��o Esp�rita para elucidar este ponto, alargando
nossa compreens�o acerca da soberana Bondade e Justi�a de Deus.
A Lei de Evolu��o est� acess�vel a todos atrav�s das reencarna��es
sucessivas e possibilita: a "ressurrei��o na carne", o resgate de erros, o
progresso e a ascens�o de todos para Deus! Isto � mau?
205
A Doutrina Esp�rita � universal. Ela estende nossa irmandade
terrena a todos os povos, em todas as �pocas. Somos todos Esp�ritos
caminhando para Deus. N�o mais o medo, n�o mais o inferno, n�o
mais o Satan�s, n�o mais a condena��o eterna. A repara��o dos erros,
sim, por uma quest�o de Justi�a. Mas, acima de tudo, temos uma lei,
a reger nossos destinos: a Lei do Progresso.
Pense e reflita. Voc� tem direito ao livre exame das coisas.
Melc�ades,
Julho de 1997.
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caminhos a semente cujos frutos gostar�amos de colher.
De: Reginaldo Mendes
Olá, pessoal:
Este é mais um livro de nossa campanha de doação de livros espíritas e não espíritas para atender aos deficientes visuais.
Agradecemos ao irmão Bezerra pela doação e ao irmão Fernando pela digitalização.
Pedimos não divulgar em canais públicos ou Facebook. Esta nossa distribuição é para atender aos deficientes visuais em canais específicos
"A MAIOR CARIDADE QUE SE PODE FAZER É A DIVULGAÇÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA. EMMANUEL"
O Espiritismo à Luz da Bíblia Sagrada -Melcíades José de Brito
Mais uma vez pedimos não divulgar esta obra em canais públicos ou Facebook. Esta distribuição exclusiva para canais específicos de deficientes visuais. https://groups.google.com/forum/?hl=pt-br#!forum/grupo-espirita-allan-kardec Nosso grupo parceiro: https://groups.google.com/forum/?hl=pt-BR#!forum/grupo-de-livros-mente-aberta |
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