coisas interessantes.
No que me diz respeito, nas vezes em que isso me acontece não apenas
fico imensamente feliz, como sinto necessidade de partilhar essa
felicidade com os amigos.
Fiquei feliz ao ler, na última edição do Sol, uma entrevista com João
Monge - poeta, letrista, ligado das mais diversas formas a vários
projectos musicais, designadamente: Trovante, Ala dos Namorados, Rio
Grande, Pássaro Cego, Baile Popular - entrevista da qual passo a
transcrever extractos:
P:«Há uma maneira diferente de estar na arte entre direita e esquerda?»
R: «Há uma maneira diferente de estar na vida. Hoje quando ligamos os
"telejornais" (...) aparece sempre um gajo a dizer: "Isso é a Lei do
Mercado". Depois de ouvir isto tantas vezes, fui consultar os
canhenhos. Pensei que talvez fosse uma lei de Newton ou de Kepler que
me tivesse escapado. Mas não. Ainda andei a ver se estava escrita nos
astros, mas também não estava. A Lei do Mercado (...) é uma construção
humana e, perante essa construção humana, há formas de estar
distintas. Eu não consigo dizer a um gajo que está a passar fome para
ele ter paciência, porque é a Lei do Mercado. Não consigo porque esse
gajo é igual a mim e, como eu não estou no mercado, acho que ele
também não deve estar. É só isto»
(...) Uma diferença fundamental entre direita e esquerda é que a
direita tem mais jeito para fazer leis, seja a Lei do Mercado ou a da
Santa Inquisição. Só lhe posso dizer que o meu coração bate à
esquerda».
(...)Alguns políticos são capazes de me convocar para uma intervenção
cívica. Outros não são, porque me dizem que o "mercado" vai resolver
tudo».
P: «Sócrates é de direita?»
R: «Nos anos 70, quando eu era jovem, acusava-se o PCP de querer
acabar com a inicativa privada em Portugal, mas, nos últimos 10 anos,
os partidos que nos governam deram cabo de mais iniciativa privada do
que dez Vascos Gonçalves todos juntos. Só no ano passado foram 20 mil
falências. Isto aconteceu porque houve uma redistribuição? Não.
Aconteceu porque a política tem sido uma política de concentração. Se
isto não é de direita, então o que é de direita?»
P: «Revê-se na doutrina comunista ou numa sociedade de inspiração marxista?»
R: «Não posso responder directamente, porque não tenho recursos para
ter essa discussão em termos económicos. Mas sei que poderia ser
bonito termos uma sociedade em que cada um contribuísse na razão
directa daquilo que recebe. (...) Ter esse desejo é ser comunista?
Então julgo que qualquer pessoa bem formada é comunista».
E sobre a candidatura de Manuel Alegre às presidenciais:
«Alegre é um homem que já travou muitas batalhas. Em cada três frases
que diz trava duas batalhas. A questão é que essas batalhas, nos
últimos trinta e tal anos, têm-se resumido a entregar declarações de
voto ao Jaime Gama. Espero que o próximo Presidente - seja ele qual
for - zele pela Constituição da República, para que ela não se
transforme numa folha de Excel com tecto máximo para o défice, quando
o que é necessário é um tecto mínimo para a pobreza».
Repetindo-me: de vez em quando - muito, muito de vez em quando -
lemos, nos jornais, coisas interessantes.
Por Fernando Samuel em
--
Regina Equileprote
Magnificent
O Nvda fuma muito!!!
--
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