quinta-feira, 30 de junho de 2011 By: Fred

audio livro Tão Veloz como o Desejo

Olá Amigas,ºs 
 Vamos a  mais um audio livro, com o  titulo Tão Veloz como o  Desejo,
 
 Laura Esquivel
 
Norte sente-se, impõe-se, marca-nos. Por mais que nos afastemos do
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seu centro de gravidade, somos inevitavelmente arrastados para o seu núcleo por uma corrente invisível que nos atrai, como a terra, as gotas de água; como o íman, a agulha; como o sangue, o sangue; como o desejo, o desejo.
 
No Norte está a minha origem, escondida no primeiro olhar de amor dos meus avós, no primeiro contacto das suas mãos. 0 projecto do que eu seria concretizou-se com o nascimento da minha mãe. Tive apenas de esperar que o desejo dela se unisse ao do meu pai para ser inevitavelmente atraída para este mundo.
 
Em que momento o poderoso olhar do Norte se uniu ao do mar? Porque a outra metade da minha origem provém do mar. Da origem da origem. 0 meu pai nasceu ao pé do mar. Aí, diante das ondas verdes, o desejo dos meus avós tornou-se uno para lhe dar entrada neste mundo.
 
Quanto tempo demora o desejo a enviar o sinal correcto e quanto tempo passa antes de chegar a resposta esperada? As variáveis são muitas, o que e inegável é que todo o processo começa com um olhar. Ele abre um caminho, uma vereda sugestiva que mais tarde os amantes percorrerão sem parar.
 
Terei presenciado o primeiro olhar de amor dos meus pais? Onde estava quando isso aconteceu?
 
Não consigo deixar de pensar em tudo isto agora que observo o olhar perdido do meu pai, vagueando inconsciente pelo espaço. Estará à procura de outros universos? De novos desejos? De novos olhares que o arrastem para outro mundo? já não fala. Não consigo saber.
Gostaria de poder saber o que ouve, qual o chamamento que espera. Saber quem o atrairá para o outro mundo e em que momento. Qual será o sinal de partida? Quem o dará? Quem o guiará? Se neste mundo somos nós, as mulheres, a porta da vida, sê-lo-emos também no além? Que parteira o assistirá?
 
Agrada-me pensar que é o incenso que mantenho aceso no quarto que cria uma trança, um laço, uma corda através da qual irá receber a ajuda de que
 
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necessita. 0 fumo perfumado e misterioso não para de fazer volutas no ar, que se elevam até ao céu, girando em espiral, e não posso deixar de pensar que estão a formar o cordão umbilical que vai ligar o meu pai aos estratos celestes para o levar de volta ao lugar de onde veio.
 
0 que ignoro é de onde veio. E quem, ou o quê, o espera no além.
 
A palavra mistério assusta-me. Para contrariá-la aferro-me às lembranças, ao que sei sobre o meu pai. Calculo que ele também esteja atemorizado, pois os seus olhos cegos ainda não conseguem vislumbrar o que o espera.
 
Se tudo começa com um olhar, preocupa-me que o meu pai não distinga outras presenças, que não deseje dar o primeiro passo noutra vereda. Oxalá consiga ver rapidamente! Oxalá o seu sofrimento termine! Oxalá um desejo o atraia!
 
Querido papá, não sabes o que eu daria para poder iluminar o teu caminho. Para te ajudar neste trânsito tal como tu me ajudaste na minha chegada a este mundo, lembras-te? Se soubesse que o teu abraço terno me ampararia, não teria demorado tanto a nascer.
 
Mas como adivinhá-lo? Antes de te ver e à minha mãe, tudo era escuro e confuso. Talvez como o teu futuro se te apresenta agora. Mas não te preocupes, tenho a certeza de que lá para onde vais, alguém te espera, como tu me esperavas a mim. Não tenho dúvidas de que existem uns olhos que morrem por te ver. De modo que parte em paz. Aqui deixas apenas boas lembranças. Que as palavras te acompanhem. Que as vozes de todos aqueles que te conheceram ressoem no espaço. Que te abram caminho. Que sejam elas os arautos, as mediadoras, as que falam por ti. Que sejam elas quem anuncie a chegada do pai amoroso, do telegrafista, do contador de histórias, o da carinha sorridente.
asceu de bom humor e num feriado. Foi recebido por toda a família, que estava ali reunida devido às festividades. Dizem que a sua mãe se N
 
riu tanto com uma das anedotas que se contaram à sobremesa, que as águas se lhe romperam. Primeiro achou que a humidade que sentia entre as pernas era urina que não conseguira conter por causa do riso, mas depressa se apercebeu de que não era isso, de que essa torrente era o sinal de que o seu décimo segundo filho estava prestes a nascer.
 
Entre risos desculpou-se e dirigiu-se ao seu quarto. Depois de ter passado por onze partos anteriores, este último demorou apenas alguns minutos. Deu à luz um menino que, em vez de chegar a este mundo a chorar, chegou a rir.
 
 
 Boas    audições
 jeloy

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