W. Raymond Drake
Deuses e
Astronautas no
Antigo Oriente
Círculo do Livro
ÍNDICE
1 — O universo habitado
2 — Em busca dos seres extraterrestres
3 — Deuses espaciais da Índia antiga
4 — Heróis espaciais da Índia antiga
5 — Histórias espaciais em sânscrito
6 — Astronautas no Tibete
7 — Astronautas na velha China
8 — Astronautas no antigo Japão
9 — Reis espaciais no antigo Egito
10 — Deuses espaciais no antigo Egito
11 — A pirâmide e a esfinge
12 — O êxodo
13 — Reis espaciais da Babilônia
14 — Deuses espaciais da Babilônia
15 — Astronautas na Babilônia bíblica
16 — Deuses ou astronautas?
Capítulo Um
O UNIVERSO HABITADO
Naqueles tempos maravilhosos em que a Terra era jovem e a
natureza resplendia de novidade, seres celestiais desceram
das estrelas para ensinar as artes da civilização ao homem
simples, criando a Idade de Ouro cantada por todos os
poetas da antiguidade. Durante séculos a humanidade gozou
duma cultura brilhante e prosperou sob o governo benigno
dos reis espaciais, que possuíam uma ciência psíquica afinada
com as forças do universo e os poderes existentes dentro da
alma humana. Esses seres adoravam o Sol, o divino
Andrógino, símbolo do Criador; faziam ensinamentos sobre
a vida depois da morte, a reencarnação, a ascensão através
de existências em diferentes dimensões até a união com
Deus. O desenvolvimento da Terra era promovido pelos
planetas solares numa oitava de evolução acima; orlavam a
Federação Galáctica, cujas miríades de mundos floresciam
em deslumbrante esplendor. Em ocasiões especiais desciam
à Terra e compartilhavam seus arcanos secretos e sua
tecnologia com os iniciados eleitos.
O homem evolui pelo sofrimento. Assim como a luz exige a
escuridão para realizar a iluminação, assim a lei divina
decreta que o bem deve ser temperado pelo mal. Deus é
verdade eterna e absoluta, além de todas as vicissitudes dos
homens mortais, mas os místicos suspeitam que Deus,
embora perfeito, precisa duma perfeição mais profunda e
por isso em seu sonho promove a existência de uma
seqüência interminável de universos, cada um deles
condicionado pela natureza de seu predecessor, a fim de ele
poder aprender por delegação com a experiência de todas as
criaturas, humanas, espíritos, em todos os planetas de todos
os planos de sua Criação. O homem precisa de Deus, e —
coisa maravilhosa, a mais maravilhosa de todas! — Deus
precisa do homem; do contrário não o teria criado. A vida
não é ilusão, nem o universo alguma brincadeira cósmica da
Divindade; do inseto mais rudimentar ao arcanjo mais
sublime, de um grão de pó a uma galáxia, tudo tem
significado. A breve vida de cada homem, suas alegrias e
pesares, contribuem com seu propósito para o plano divino.
Esse conceito de existência pode ser discutido, mas parece
tão próximo quanto a falibilidade humana pode se aproximar
da verdade infinita. Poderá o homem, que não se conhece a
si mesmo, conhecer o Criador?
Especulações esotéricas desse gênero não são destituídas de
relevância para o estudo dos astronautas, nossas almas irmãs
através do universo vivente. O homem está no limiar duma
idade nova de afinidade cósmica com as estrelas e agora tem
de esquecer sua filosofia geocêntrica egoísta; tem de
expandir-se até a consciência cósmica e compreender sua
unidade com toda a criação. Para reorientar seus
pensamentos de modo a abranger todos os seres sensíveis
em todas as dimensões do universo, o homem deve
humilhar-se e começar no princípio. No princípio era Deus.
Todas as religiões falam dos anjos da luz combatendo os
poderes das trevas pela posse da alma do homem. Esse
conflito entre o bem e o mal no plano espiritual poderá
simbolizar de fato a guerra no céu descrita por Apolodoro,
Hesíodo e Ovídio, exemplificada pela Torre de Babel no
Genesis e por lendas em todo o mundo.
Em todo o universo poucos homens são santos, muitos são
pecadores, a maioria tem virtudes contrabalançadas por
vícios; em todos os estádios da evolução ninguém é
totalmente bom nem totalmente mau.
Os maléficos invasores de Júpiter, ou de suas luas,
arrancaram os saturninos da Idade de Ouro e impuseram
uma tirania, levando à revolta dos gigantes da Terra. Lendas
existentes em todo o mundo concordam em que houve
guerra na Terra e no céu com fantásticas armas nucleares,
aeronaves e mortíferos raios laser, queimando cidades e
fazendo explodir montanhas com raios de eletricidade, des-
truição visível ainda hoje. Mais tarde, como por castigo
divino, um cometa devastou a Terra, a "civilização maravi-
lhosa foi destruída", o clima ficou frio, deformações nas
tensões espaciais interromperam as comunicações entre os
planetas, a maioria dos homens pereceu e os poucos sobre-
viventes mergulharam na barbárie. Após séculos de isola-
mento, as velhas ciências e tecnologias foram em grande
parte esquecidas, embora fragmentos da antiga sabedoria
fossem preservados através das gerações por iniciados em
todos os países, inclusive por feiticeiros atualmente. Me-
mórias tribais truncadas e o folclore imaginaram os astro-
nautas como deuses com poderes sobre-humanos, exultando
em batalhas aéreas ou descendo à Terra para novas aventuras
amorosas.
A consciência humana adivinhava que o homem não estava
só no universo, que em alguma parte no céu, em cima,
existiam seres de grande benevolência que podiam ajudar a
humanidade. Certas pessoas supra-sensíveis afirmavam
possuir influência junto aos deuses, compuseram uma
teologia e uma comunicação por meio da oração e, a partir
de seu ritual e da sua moral, desenvolveram a religião.
Essa novel interpretação do passado confunde peritos e
leigos igualmente; uns e outros, por motivos diferentes, a
rejeitam como ficção científica que merece muito pouca
consideração. O domínio extraterrestre da nossa Terra há
milênios pressupõe planetas habitados por seres muito mais
adiantados do que nós e senhores de uma ciência que
transcende a nossa ciência atual. Os astrônomos e biólogos
que sugerem a existência de vida em outras partes do
universo têm o cuidado de acentuar que nenhum dos
mundos nossos vizinhos pode ser habitado, que não há
certeza da existência de planetas em volta das estrelas
próximas e que, se existem super-homens em outras
galáxias, a viagem através de milhares de anos-luz parece
improvável. Os arqueólogos sorriem ao desenterrar
esqueletos e não espaçonaves, esquecendo-se de que em
poucas centenas de anos toda a nossa aviação se dissolveria
em poeira. Os historiadores dizem que os clássicos nunca
mencionam astronautas, que Platão e Tito Lívio não deviam
conhecê-los? Talvez eles os conhecessem, se os lermos
adequadamente? Os metodologistas raramente consideram
as lendas verdadeiras. Eles presumem um significado mais
primitivo ou sugerem simbolismos religiosos. Schliemann
acreditou na Ilíada e descobriu Tróia; Sir Arthur Evans,
fascinado pela idéia de Teseu matando Minotauro,
desenterrou Cnosso e a civilização minóica de Creta; mas os
sábios ainda consideram os velhos deuses personificações de
forças naturais, antropomorfismos de disposições humanas,
sem dúvida um vôo de inteligência acima da maioria de nós
atualmente. É possível que o maior obstáculo para aceitar o
advento dos astronautas resida na religião dogmática. Os
teólogos acreditam que a única preocupação de Deus é o
homem na Terra; se existem homens em outras partes,
Cristo deve ser crucificado milhões de vezes em todos os
mundos do universo? Imersos em seus próprios assuntos, a
maioria dos brilhantes especialistas são intolerantes em
relação a quaisquer novos conceitos que contradigam suas
próprias filosofiazinhas.
O homem da rua orgulha-se do seu senso comum, artigo
extremamente incomum; geralmente vive em estado de
transe, embrutecido pelos prazeres e pelas dores da
existência cotidiana, e tem o cérebro lavado pela pressão da
propaganda, da imprensa e da televisão. As pessoas comuns
mantêm-se uma geração atrás das últimas descobertas, tendo
como preocupação principal viver conforme as convenções
sociais de sua comunidade. Acreditam apenas no que vêem
e sabem apenas o que querem saber. A consciência de grupo
evolui lentamente, a educação em massa promete
esclarecimento, mas a história sangrenta do nosso século XX
faz a pessoa mediana desconfiada de novas idéias e
desiludida com a tradição do passado em que a nossa
civilização está baseada; com o cérebro toldado pelos
teólogos pregando doutrinas surradas e os cientistas
ameaçando sua vida com bombas cada vez maiores, ela sente
que seu mundo estaria melhor sem eles. O homem comum
raciocina com uma lógica sólida, não deformada pelas
questões que perturbam a teologia e a ciência; quando olha o
céu esplendoroso, sente a maravilha do universo e sabe que
Deus não criou essas estrelas brilhantes apenas para os
homens as olharem. Como seus antepassados na antiguidade,
ele sente que toda a criação palpita de vida e sente que, seja
o que for que os astrônomos possam dizer, naquelas
profundezas estreladas do espaço vivem seres sábios e
apaixonados, fracos e pecadores, humanos como ele mesmo.
O conceito de astronautas descendo na Terra através da
história, se fosse provado, revolucionaria os nossos pontos
de vista sobre o passado, inspiraria o nosso presente e
prometeria um futuro glorioso; a humanidade acordaria dum
sonho para a realidade cósmica. Finalmente o homem
descobriria seu verdadeiro eu e subiria regenerado até seus
irmãos nas estrelas; a humanidade ascenderia a um plano
mais alto, mais perto de Deus.
Antes que possamos compreender a coexistência de
astronautas, devemos primeiro encontrar-nos a nós mesmos
e avaliar a posição da nossa Terra no universo; devemos
abrir os olhos, destapar os ouvidos, sintonizar nossas almas
com a maravilha cósmica da Criação; devemos expandir-nos
além do espaço e do tempo para abraçar a eternidade.
O universo real é o que Deus pensa, não o que o homem
imagina. A mente finita do homem sintetiza informações
percebidas pelos seus cinco sentidos, ampliadas pela ciência
num padrão que ele denomina cosmos; na medida em que a
sua percepção se intensifica, a sua concepção se expande em
grandeza. Se a visão do homem fosse sensível a freqüências
inferiores da radiação, ele se maravilharia com aquelas
estrelas escuras detectadas pelos radioastrônomos e seria
cego para as maravilhosas constelações que semeiam o céu.
Para uma minhoca o universo deve parecer uma escuridão
unidimensional; alguns maravilhosos seres adiantados de
Sírio talvez percebam uma infinidade de vibrações que lhes
permitam experimentar uma criação transcendente além de
tudo o que podemos imaginar.
Muito do que existe não vemos, muito do que vemos não
existe. Os astrônomos não podem ver o vazio em que se diz
que as galáxias vão declinando, os físicos não podem ver
dentro do átomo; a luz que vemos de inumeráveis estrelas
foi emitida há milhões de anos, e muitas já explodiram
depois disso: agora — e o que é agora? — nossos sentidos
são estimulados por radiações delas, nosso cérebro computa
uma configuração baseada em seu banco de memória e
constrói uma realidade. Esotericamente tudo o que vemos
sempre somos nós mesmos, um segredo profundíssimo.
A ciência esotérica dos cosmólogos confronta fenômenos
observáveis no céu e, desfilando para trás através do tempo,
propõe teorias plausíveis para explicar a origem do universo;
a ciência esotérica dos ocultistas começa com Deus e,
pensando para a frente, adivinha como o universo evoluiu
até o dia presente. A nossa filosofia materialista, ofuscada
pelos benefícios práticos da ciência, que transformou o
mundo, tende a desprezar os ocultistas, que operam nos
reinos do espírito, mas na maravilha infinita da Criação a
ciência e o ocultismo constituem pontos de vista diferentes
da manifestação de Deus, em quem vivemos e nos
movemos, e uma e outro têm igual validade. Pode ser que
superinteligências em outras galáxias percebam o universo e
suas origens em termos além da nossa compreensão; a
concepção deles e a nossa são relativas à realidade; só Deus,
o Criador, sabe a verdade.
O ocultismo é a ciência da revelação divina. O ocultista olha
a divindade como o todo, e nenhuma manifestação pode
existir fora de Deus. Desde seu próprio espírito o Absoluto
principia cada dia cósmico envolvendo a mente através de
miríades de formas até as vibrações mais grosseiras da
matéria; quando a involução está completa, começa a
evolução; através de idades sem conta a matéria evolui para
formas mais puras e mais complexas, que gradualmente se
atenuam até o espírito puro, de volta a Deus, que então
medita sobre a experiência durante uma noite cósmica,
quando nada existe. Alguns hindus acreditam que o dia de
Brama dura quinze milhões de anos e é seguido duma noite
de igual duração, quando o Absoluto retira a sua
manifestação inteiramente para dentro de si mesmo e reside
no infinito. Ao fim desse período, o Absoluto invoca um
novo universo, um refinamento do anterior: dia e noite, em
sucessão interminável, além da compreensão do homem.
O ritmo fundamental — atividade e inatividade —
manifesta-se desde os universos até os átomos, inclusive no
próprio homem, e é a base de todas as doutrinas secretas. Os
ensinamentos hindus mais elevados, entretanto, insistem em
que este princípio não se aplica ao próprio Absoluto, que
está constantemente criando e sustentando em sua mente
milhões de universos em diferentes estádios de evolução;
quando é noite numa série, pode ser meio-dia em outra. A
mudança rítmica, a ascensão e a queda influenciaram
profundamente as filosofias dos antigos; Heráclito ensinou
que o universo se manifestava em ciclos; os estóicos
acreditavam que o mundo se movia num ciclo interminável
através dos mesmos estádios; os seguidores de Pitágoras
afirmavam que cada universo repetia todos os outros
interminavelmente, na eterna repetição pregada por De
Siger na Idade Médica e por Ouspensky atualmente. Os
iogues ensinam a evolução cíclica em progressão infinita.
Escritos orientais, os sublimes Upanixades, acentuam que
todo o nosso universo palpita com a Vida Una, adivinhada
pelos filósofos chineses, o inspirado Meister Eckhard,
místicos de todas as religiões, Espinosa, Kant e os nossos
físicos modernos. Os átomos têm consciência, toda a
matéria é viva; alguns supra-sensíveis afirmam que os
próprios planetas são seres maravilhosos; nós infestamos e
influenciamos a nossa Terra vivente como micróbios. Os
ocultistas crêem que dentro do nosso próprio universo exis-
tem universos co-espaciais de freqüências várias, planos
astrais habitados pelos chamados mortos e almas que es-
peram o renascimento, e também dimensões diferentes
povoadas por devas, espíritos da natureza, fadas, dementais,
raças de seres em uma corrente de evolução diferente da do
próprio homem.
A progressão cíclica inclui o homem também. A alma
humana evolui por metempsicose, reencarnando vida após
vida em ascensão para a perfeição em Deus. Essa doutrina
maravilhosa foi ensinada pelos sacerdotes egípcios, pelos
mistérios de Elêusis da Grécia, por Pitágoras, Platão, Virgílio,
os druidas, os sábios hindus, os iogues tibetanos, os magos
persas, a cabala judaica e os antigos padres cristãos gnósticos.
Muitas grandes almas como Francis Bacon, Paracelso,
Giordano Bruno, Schopenhauer, Goethe, Gandhi e quase
todo o Oriente atualmente acreditaram m reencarnação
governada pelo carma, a lei de causa e efeito. O homem
sofre por seus próprios pecados. A Terra é uma escola de
treinamento à qual a alma volta para aprender suas lições, e
depois renascer num planeta mais altamente desenvolvido,
ascendendo através duma cadeia de mundos, assimilando
experiência.
Os ocultistas, os iogues e os médiuns como Swedenborg
acreditavam em inumeráveis mundos habitados em vários
estádios de evolução; muitos planetas estavam apa-
rentemente ligados em associações, agrupados em federa-
ções galácticas e possivelmente até em organizações maio-
res. Para as nossas mentes sarcásticas esta concepção cheira
a ficção científica, com suas guerras interplanetárias e
rivalidades galácticas, mas atrás da fantasia está a verdade
cósmica. Tradições ocultistas falam de adeptos e mestres
residentes na Terra que em segredo e silêncio dirigem a
evolução do nosso planeta; diz-se que mantêm comunicação
telepática ou astral com avatares em mundos vizinhos, e são
todos subordinados a seres celestiais no Sol, que
provavelmente obedecem a alguma grande inteligência que
controla a galáxia, obedecendo ela mesma a uma entidade
mais alta ainda e subindo através duma hierarquia quase até
o infinito e inefável Absoluto. Há razão para crer que alguns
desses super-seres têm aparecido na Terra por encarnação
ou manifestação astral, ou que aterraram aqui em astronaves;
aqui ensinaram ao homem verdades cósmicas, as artes e
técnicas da civilização, e promoveram a evolução humana
de acordo com o plano divino.
O pensamento convencional condicionado pela concepção
judaico-cristã da intervenção de Deus na história humana
como a suprema revelação do Criador, e pela filosofia
materialista do nosso século XX, ridiculariza o sublime
desígnio cósmico dos ocultistas como maluquice, mas
quando os astrônomos olham o espaço galáctico e os físicos
sondam o interior dos núcleos atômicos surpreendem-se ao
verificar que o seu novo conhecimento se aproxima muito
da velha e transcendente ciência secreta, das filosofias
herméticas dos iniciados ocultistas.
Todas as grandes religiões do mundo expressam o anelo de
homens e mulheres, através dos séculos, de descobrir a
verdade da existência terrestre. Suas almas inquiridoras
pairavam além das circunstâncias materiais e ansiavam por
inspiração, por satisfação, naquele silencioso e doce mistério
que transcende o universo. O homem se maravilhava diante
das miríades de estrelas que povoavam o céu, dos milagres
da natureza em todos os seus aspectos, da procissão de
humanidade desde o passado remoto através dos altos e
baixos da história e avançando para os planaltos velados do
futuro, do cortejo de nobres feitos, do drama da paixão
mortal, do milagre infinito da própria vida. A lógica, a
filosofia, a ciência, os triunfos do intelecto humano
permitem ao homem modelar instrumentos para modificar o
seu ambiente e inventar sistemas persuasivos de padrões de
pensamento que explicam o universo aparente, mas quanto
mais sua percepção se aguça mais a ignorância do homem se
intensifica, até que o verdadeiro sábio não sabe nada.
A sabedoria traz a humildade. Neste torturado século xx, que
começou numa idade de ouro e agora marcha aos tropeções
para o suicídio, os horftens não vêem objetivo em suas vidas
e, como os cínicos pagãos do passado, comem bem e se
divertem, porque amanhã vão morrer. O masoquismo
esquizofrênico, a louca correria para a destruição em massa,
tão manifestos na criminalidade nacional e nos conflitos
internacionais, são prova de uma humanidade consumida
por tensões íntimas e medo do futuro, terrível ignorância do
universo em infinita expansão. A ciência reduziu o homem
terreno de rei da Criação a uma formiga insignificante; Deus,
de Pai benigno que era, recuou para a distância de uma
mente inexprimível e inimaginável, ocupada a conjurar um
universo de mundos incontáveis em dimensões
intermináveis, onde a Terra é menos que poeira.
Em seus corações, nunca na história os homens foram tão
religiosos; as crueldades com os homens e animais, aceitas
pela sociedade mais requintada de um século atrás, hoje são
condenadas como as orgias da Roma de Nero. Os capitalistas
e os comunistas lutam entre si pelo domínio do mundo, mas
atrás do clamoroso materialismo está a ânsia de beneficiar
toda a humanidade; embora os métodos difiram, na análise
cósmica a melhora do homem certamente obterá a bênção
de Deus. Os homens são humanos, a vida é luta contra a
ignorância. As pessoas não podem mais aceitar os poeirentos
dogmas do passado sem discussão; a humanidade tem
seguido tantos falsos messias, e hoje os homens procuram a
verdade e não encontram resposta. Espantam-se de ver que
cinco religiões rivais em dois mil anos culminaram em
esterilidade espiritual, e, ofuscados pelas ilusões do
esclarecimento moderno, destroem as velhas imagens e
descobrem que suas almas mergulharam em um nada do
qual não parece haver saída. A humanidade hoje espera uma
mensagem; os homens olham as estrelas silenciosas e
brilhantes e escutam. A Terra suspira de canseira. A salvação
deve vir do espaço.
É errado criticar a religião, censurar os sacerdotes zelosos,
ter pena dos iludidos por eles e zombar dos dogmas
tortuosos que sufocam as almas dos homens. A religião deve
adequar-se à evolução do homem. O ídolo de pedra do
selvagem primitivo representa para ele alguma força oculta
que ele não pode compreender; com efeito, os feiticeiros
parecem possuir restos duma antiga ciência que transcende a
nossa própria sofisticação. A concepção de um deus ou
salvador personalizado como Osíris, Orfeu, Crisna, Buda ou
Cristo deu o mais profundo conforto espiritual a incontáveis
milhões de pessoas cuja inteligência limitada não podia
conceber o Absoluto infinito e informe; os ensinamentos
dos livros sagrados e as vidas de homens e mulheres santos
inspiraram multidões em sua peregrinação da escuridão para
a luz; os homens estão eir diferentes estádios de evolução; a
orientação de admiráveis mestres através das gerações prova
sem dúvida alguma a presença de poderes superiores e
demonstra a beneficência de Deus.
A existência de super-homens no céu foi aceita pelos povos
da antiguidade em todo o mundo; em reação contra o
paganismo, a Igreja Cristã destronou os velhos deuses e
fechou as mentes dos homens para o universo vivente.
Durante dois milênios os cristãos foram condicionados a
crer que a Terra era o centro da Criação e o homem a única
preocupação de Deus. Embora os astrônomos modernos
ensinem que as velhas concepções são falsas e que a nossa
Terra é um planeta inferior de um sol anão perto da beira da
Via-Láctea, apenas uma de incontáveis galáxias, essa
concepção mal chegou a permear a consciência
contemporânea, pois o conhecimento de astronomia da
maioria das pessoas atualmente parece que é pouco melhor
do que a ignorância dos primitivos Padres da Igreja; alguns
sábios como Santo Agostinho e o venerável Bede, familia-
rizados com os escritos gregos, tinham conhecimento dos
planetas, da esfericidade da Terra e de fenômenos dos céus,
mas os pontos de vista deles sobre questões científicas foram
suprimidos pela Igreja. Durante dois mil anos a ciência
esteve adormecida. Até hoje os cientistas, que deviam estar
mais bem esclarecidos, parecem relutantes em abandonar
sua idéia preconcebida de que só existe vida na Terra,
embora devamos admitir que um número cada vez maior,
compreendendo a irracionalidade dessa crença, ensine agora
que deve existir vida através de todo o universo, mas não
nos outros planetas do nosso sistema solar. Dizem que
informações telemetradas dos nossos satélites artificiais
provam cientificamente que não pode existir vida aqui na
nossa própria Terra; fotografias de foguetes mostram o nosso
mundo deserto como a Lua, com uma atmosfera de
hidrogênio irrespirável. Visto que acreditamos nesses
mesmos instrumentos quando negamos a vida em Marte,
cientificamente nós não devemos existir.
Os cientistas não se levam a sério a si mesmos, nem são
levados a sério pelas pessoas que eles tentam impressionar.
Tão rápida é a avalancha de novos conhecimentos, que todo
o mundo sabe que o que um cientista jura ser verdade hoje
ele próprio desdenhará amanhã. A descrença fundamental
hoje nos astronautas pode ser devida ao padrão de
pensamento geocêntrico imposto pela religião.
Muitos cristãos sinceros rejeitam a vida em outros planetas
argumentando que então Cristo deveria ser crucificado em
cada estrela do céu, embora o Papa Pio XII declarasse que os
homens de outros mundos poderão viver num estado de
graça sem a redenção pelo Filho de Deus, unia sutileza
teológica acima da compreensão da maioria dos leigos. A
Igreja Protestante da Alemanha declarou que Deus teria
criado o homem através do universo para louvar suas
maravilhas, mas a maioria acha essa afirmação difícil de
conciliar com o cristianismo.
A ciência moderna torna o mistério de Cristo mais
profundo. Nós nos perguntamos se Deus, criador de in-
contáveis mundos em muitas dimensões, possivelmente
contrabalançado por um universo de antimatéria, iria se
encarnar num único ser na nossa pequenina Terra com um
objetivo que ainda não está bem esclarecido. O nascimento
da Virgem e a ressurreição não se limitam ao cristianismo,
mas são comuns à maioria das religiões da antiguidade.
Alguns teólogos especulam sobre se a crucificação de Cristo
não poderia representar o assassinato de Tamus, o deus
babilônio da fertilidade, ou o Rei Mortal de muitos cultos
antigos. Os pergaminhos do mar Morto surpreendem-nos,
não mencionando Cristo nem o cristianismo, e suas
doutrinas essênias sugerem que parte da doutrina cristã se
originou um século antes. Nada se encontra sobre Cristo em
fontes contemporâneas, surpreendente numa era de
escritores clássicos. Quase tudo o que sabemos sobre ele
vem dos Evangelhos, redigidos por escritores imaginosos
décadas mais tarde. Alguns eruditos, conquanto aceitem a
realidade do homem Jesus, crêem que foi um piedoso
patriota judeu, líder de um movimento de resistência contra
os romanos, pelo que foi crucificado; outros alegam que
Cristo sobreviveu à cruz, viveu em Roma e morreu na Índia.
Argumentos convincentes sugerem que o Jesus histórico foi
realmente Apolônio de Tiana, o grande mestre espiritual que
há mil e novecentos anos errou pelo mundo então
conhecido, fez milagres, curou doentes e ressuscitou
mortos, a quem os imperadores construíram templos e
adoraram como a um Deus.
Voltaire disse: "Se Deus não existisse, o homem o
inventaria". Talvez o cristianismo seja um mito necessário à
evolução do homem durante esta Idade Píscea perdida!
Negar Cristo não é negar Deus; a nossa concepção de Deus
transcende sua humanização na Terra numa gloriosa
expansão que abrange todos os seres sensíveis em todos os
mundos de todos os reinos de todos os universos. A doce
imagem de Cristo oculta um mistério além da nossa
compreensão, a humanidade no limiar do espaço sobe em
espiral para uma nova oitava de evolução; a alma inquisitiva
do homem ergue-se acima dos credos dogmáticos de ontem
para a religião cósmica de amanhã.
Capítulo Dois
EM BUSCA DOS SERES EXTRATERRESTRES
A ciência, como a religião, refuta os astronautas e, enquanto
muitos cientistas especulam sobre planetas habitados a anos-
luz de distância, a maioria hesita em admitir seres em
qualquer outra parte do nosso sistema solar e ridiculariza a
descida de seres extraterrestres na Terra. Como a Igreja, a
ciência oficial arroga-se presunções que não podem ser
provadas: a crença fundamental do cientista é que a natureza
do universo e sua evolução podem ser descobertas pelo
homem com o mesmo método científico que transformou o
nosso mundo moderno. A ciência supõe um universo
espaço-tempo, composto de massa e energia, e governado
por leis imutáveis. Essa concepção seria contestada pelos
santos, operadores de milagres, que vêem a Criação como
uma manifestação de Deus, ou pelos adeptos da magia, que
consideram o universo uma grande mente. Os nossos
ocultistas evocam fenômenos psíquicos e supõem a
existência de super-homens nas estrelas que manipulam
forças além do nosso conhecimento. A ciência com todos os
seus instrumentos maravilhosos percebe apenas uma estreita
fresta do universo real; só Deus pode conhecer a sua própria
Criação.
Hoje a ciência teórica mergulha em profundezas tão
esotéricas como a religião, expandindo-se em uma área da
ignorância cada vez maior, enquanto a religião se fecha na
verdade interior que transcende a discussão. A antiga
afirmação orgulhosa da ciência de que conhece a realidade
dissolve-se num sonho. O sólido átomo desaparece em
centenas de partículas, vibrações de energia que beiram o
pensamento puro. A ciência não pode conhecer o mundo
real; os físicos não podem ver o eléctron; o astrônomo vê as
estrelas não como elas existem agora, mas como eram há
milhões de anos. A teoria da relatividade de Einstein não
está inteiramente provada, o princípio da incerteza parece
introduzir na física os problemas religiosos de destino versus
livre-arbítrio; há uma crescente reação contra a teoria da
evolução de Darwin; em vez do desenvolvimento gradual
através de idades sem conta, parece que ocorreram
mutações súbitas através de cataclismos e mudanças nos
raios cósmicos. Alguns pensadores sugerem que o homem
não é indígena da nossa Terra, mas que chegou aqui há
muitos milênios, vindo de outro planeta.
O raciocínio científico baseia-se na lógica dedutiva e
intuitiva, segundo a metodologia científica dos gregos.
Recentemente Goedel provou aos matemáticos com clareza
magistral que a lógica dedutiva tem de ser incompleta, uma
vez que é possível fazer legitimamente perguntas sem
respostas aparentes, e a lógica dedutiva procura generalizar
uma teoria partindo de fatos que não podem ser
inteiramente verdadeiros, uma vez que não pode incluir
completamente o futuro nem provas além da sua
experiência. A lógica não é digna de confiança. Muitas
descobertas fundamentais são feitas por inventores práticos
desembaraçados do treino científico. Simon Newcomb
provou conclusivamente que máquinas mais pesadas que o
ar não podiam voar. E, enquanto ele teorizava
brilhantemente, William e Orville Wright construíam seu
aeroplano, o Kitty Hawk, e voavam nele. Muitas grandes
invenções nasceram por acaso, por pura sorte ou súbita
intuição, desafiando a lógica, inspiradas por fontes ocultas ou
pela mente subconsciente do homem. Se o homem não
pode conhecer-se a si mesmo, como pode conhecer o
universo?
Os cientistas consideram que suas experiências têm lugar em
um sistema isolado cuja evolução, dominada pelo princípio
de Carnot, tende ao equilíbrio termodinâmico no estado
final de entropia; Giorgio Piccardi, professor de geofísica em
Florença, provou em uma brilhante série de experiências
que a metodologia da pesquisa baseada nas condições iniciais
é falsa. Ensaios químicos efetuados com estrita precisão, dia
após dia, ano após ano, mostraram que os resultados variam
surpreendentemente de acordo com os fenômenos solares e
os campos de força extraterrenos; a Terra gira em volta do
Sol, que se desloca através do espaço no sentido da
constelação de Sagitário. A Terra, pois, desloca-se em uma
trajetória espiral, atravessando linhas de força criadas pela
Via-Láctea, cujo campo galáctico em movimento é
influenciado por toda a matéria e energia móveis do
universo. Cada ser humano é uma concreção de energia
elétrica. Um homem pode influenciar uma estrela, que
influencia o homem. Isso não é ocultismo, astrologia ou
misticismo; toda a experiência, toda a paixão humana se
efetua contra o fundo de todo o universo. Toda a Criação
está em constante mudança; a nossa Terra e tudo o que nela
existe são influenciados por forças cósmicas, cujas
intensidades totais não podemos medir, mas cujas variações
alteram resultados preconcebidos, tanto no mundo da
matéria como em nossas mentes.
A ciência, como a religião, tem dado muito à humanidade;
seu domínio e manipulação do mundo físico tem
revolucionado as vidas dos homens para o bem ou para o
mal; o método científico é a glória do intelecto humano.
Devemos reconhecer que ao considerarmos os seres extra-
terrestres no presente e no passado estamos lidando com
fenômenos fora da experiência da ciência e da religião
geocêntricas; a apreciação de ambas essas disciplinas poderá
trazer esclarecimentos, mas a revelação só pode vir do
espaço. Embora a ciência ortodoxa, mesmerizada por seus
espectroscópios, negue a existência de seres em outros
planetas solares, os cientistas compreendem que, uma vez
que todas as estrelas parecem compor-se dos mesmos
noventa e dois elementos básicos da nossa própria Terra, é
provável que existam formas de vida através de todo o uni-
verso. Alguns astrônomos crêem que os planetas São pro-
dutos derivados da criação das estrelas, resultado da
concreção de átomos nascidos da energia cósmica. A lenta
velocidade angular do nosso Sol dizem que é devida à sua
família de planetas, porque na nossa própria galáxia deve
haver milhões de sóis como o nosso e mais ou menos da
mesma idade, a maioria deles provavelmente com planetas.
Os biológos declaram que a vida aparece onde quer que as
condições favoreçam o seu desenvolvimento e consideram a
própria vida como um fenômeno eletroquímico e não um
fenômeno espiritual. A atmosfera primeva da Terra consistia
em amônia, nitrogênio e hidrogênio, com um pouco de
oxigênio e bióxido de carbono a altas temperaturas,
carregada de tempestades elétricas que sintetizavam
aminoácidos no mar, os quais evoluíam para substâncias
orgânicas, cujas células se reproduziam, produzindo através
de idades sem conta as miríades de formas de vida atual. Essa
evolução deve ocorrer em todos os planetas semelhantes à
Terra; enquanto os habitantes de alguns devem viver em
uma idade da pedra, os povos de outros mundos podem ter
atingido uma tecnologia muito superior à nossa.
Através de sua história a nossa Terra tem sido bombardeada
por chuvas de pedras do céu, a maioria das quais se inflama e
reduz a pó na atmosfera superior; alguns sideritos,
compostos de ferro e níquel, juncam o fundo do oçèano,
outros aerólitos, não metálicos, estão muitas vezes
misturados com rochas terrestres; em raras ocasiões
gigantescos meteoros têm produzido imensas crateras em
todo o mundo. Em 1836 o químico Berzelius analisou
pedras caídas na França e ficou espantado de verificar que a
substância carbônica continha considerável quantidade de
água, muito surpreendente numa matéria do espaço. Mais
tarde, Berthelot examinou fragmentos do meteorito Orgueil,
de 1864, e encontrou substâncias orgânicas. As sugestões de
que tais descobertas evidenciavam vida extraterrestre foram
ridicularizadas pelos astrônomos, os quais argumentaram
que, visto que a ciência acreditava não poder existir vida no
espaço, por conseguinte não existia vida no espaço. Em
1961, motivados pela pesquisa espacial em curso, o
Professor Nagy e seus colegas reexaminaram fragmentos do
meteorito Orgueil e verificaram que sua microestrutura era
de origem viva, contendo hidrocarbonetos, que mais tarde
analisaram como complicadas cadeias de substâncias graxas,
e até hormônios sexuais, análogos, mas não completamente
idênticos aos do metabolismo terrestre. A análise de
meteoritos em museus de todo o mundo acusou diversos
vestígios minúsculos, mas inconfundíveis, de compostos
orgânicos. Esses meteoritos podem ser fragmentos do
suposto planeta Maldek, entre Marte e Júpiter, que se
acredita ter explodido, desfazendo-se em asteróides; essas
chuvas meteoríticas devem cair em Marte, em Vénus e na
nossa Lua. Em tempos idos as estrelas cadentes tinham
significação fálica, as pessoas acreditavam que elas
inseminavam a Terra recumbida. Isso pode ser que seja
verdade. Pode ser que a vida seja levada nas correntes
espaciais de planeta para planeta. Os nossos cientistas
concordam agora com os antigos em que deve existir vida
em toda parte.
Os nossos maiores telescópios ópticos não são poderosos o
bastante para distinguir se existem quaisquer planetas em
volta de Alfa Centauri, a estrela mais próxima, a quatro anos-
luz de distância, e até recentemente tal detecção parecia
impossível. Os radioastrônomos observaram perturbações
nos sinais do Sol quando os planetas Júpiter e Saturno
ocupavam certas posições, sugerindo que periodicamente
sua gravitação exercia maior influência sobre a radiação do
Sol. Perturbações periódicas nas emanações de outras
estrelas não binárias sugeriram um fenômeno semelhante e
há uma certeza razoável de que a estrela de Barnard, distante
seis anos-luz, tem uma companheira invisível e que a Tau
Ceti, distante onze anos-luz, também tem planetas. Os
astronautas russos acreditam que os lampejos de luz laser da
estrela Cygnus 61, em 1894 e 1908, foram respostas a um
aparente sinal da Terra, na realidade a erupção do Krakatoa,
em 1883. As estrelas giram rapidamente ao tempo de sua
criação; depois, em certo momento, diminuem de
velocidade, exaurida sua energia pelos planetas
acompanhantes. A observação infere que para saber se uma
estrela tem planetas basta apenas medir a velocidade de sua
rotação; a oscilação no movimento de uma estrela pode
agora ser considerada prova de companheiros planetários
não detectados.
Os biologistas provam que a substância fundamental de todas
as formas de vida é o ácido desoxirribonucléico, ADN, cuja
molécula espiralada contém em código toda a informação da
hereditariedade encadeada como um fio de contas. Esse
polímero compõe-se de açúcar, ácido fosfórico e bases
nitrogenosas. A descoberta do ADN em outros planetas seria
geralmente aceita como prova de vida. A Administração
Nacional de Aeronáutica e Espaço da América, mantendo
seu programa para o primeiro desembarque do homem na
Lua e sondas para Marte e Vênus, está realizando pesquisas
intensivas para descobrir vida no espaço. Uma técnica
notável de espectroscopia de absorção poderia detectar a
presença de base nitrogenosa e por conseguinte vida em
amostras de solo; por isso os americanos inventaram o
sistema multivador de detecção de vida, um laboratório
biológico em miniatura, com meio quilo de peso apenas, que
pode efetuar quinze experiências separadas. Ao pousar num
planeta são sopradas amostras de solo através do multivador,
são injetados solventes em câmaras de reação, lâmpadas
fluorescentes acendem-se em seqüência, é medida a
fluorescência e as medidas são telemetradas para a Terra para
decifração. O microscópio Vidicon transmitirá fotografias de
microrganismos da superfície de um planeta; Gulliver, uma
sonda bioquímica de radioisótopo com a forma de um
pequeno cone, desenrola três fios de quinze metros
recobertos por uma susbtância viscosa, depois enrola-os de
volta para dentro de um caldo de cultura. Em quatro horas
os organismos vivos devem começar a crescer, produzindo
aumento do gás radiativo; a radiatividade é então registrada
por um contador Geiger, cuja informação é imediatamente
transmitida de volta à Terra.
Os aminoácidos, componentes das proteínas, quando
aquecidos a vapor, podem ser detectados por meio de
espectrometria. Os exobiologistas da ANAE (NASA) tencio-
nam depositar espectrómetros miniaturizados em massa na
superfície dum planeta, os quais constatarão o espectro de
qualquer molécula biológica e o transmitirão de volta à
Terra. Dizem eles que essa experiência poderá detectar uma
forma de vida não conhecida por nós. Outro dispositivo
engenhoso é uma Armadilha Wolf (do nome de seu
inventor, o Professor Wolf Vishniac). Consiste essa cha-
mada armadilha num tubo destinado a sugar poeira por meio
de vácuo, poeira que será imersa num meio de cultura. Se
crescerem bactérias, elas produzirão uma mudança na
intensidade da luz em uma célula fotoelétrica, cuja variação
de sinais será transmitida para a Terra. Uma nova
possibilidade é o lançamento dum espectrofotômetro
ultravioleta para comparar as cores dos espectros das pro-
teínas e dos peptídios para estabelecer a presença de mo-
léculas orgânicas; espera-se também detectar organismos
vivos no espaço por meio de cromatografia gasosa. Os
cientistas propõem-se usar uma mistura de luciferina e
lucifran, extraídas dos vagalumes, cujo brilho é produzido
por sua reação com ATP (trifosfato de adenosina), que se
encontra em todas as células vivas. Quando a mistura entrar
em contato com qualquer quantidade de ATP, as substâncias
químicas brilharão e o resultado transmitido para a Terra
será interpretado como encontro com células vivas. Essas
técnicas notáveis mostram que a Administração Nacional de
Aeronáutica e Espaço reconhece a possibilidade de vida
extraterrestre e utiliza todos os artifícios da ciência para
provar sua existência.
O astrônomo russo Joseph Shklovsky, após brilhante análise
da nossa galáxia, supõe que, se a distância entre duas
civilizações for de cerca de dez anos-luz, só três estrelas, a
Epsilon Eridani, a Tau Ceti e a Epsilon Indus têm
probabilidade de possuir seres inteligentes capazes de se
comunicarem conosco. Os americanos, escutando na
freqüência de hidrogênio de mil quatrocentos e vinte
megaciclos, afirmam que receberam fortes impulsos dessas
estrelas. O professor americano Robert N. Bracewell apóia
Shklovsky e produziu gráficos mostrando que, na suposição
de que uma civilização tecnológica dure dez mil anos,
dentro dum raio de mil anos-luz deve haver cerca de
cinqüenta mil civilizações. A essa distância os sinais de rádio
seriam demasiado fracos para detecção, e sugere-se que
foguetes com radiossondas a uma velocidade de cento e
sessenta mil quilômetros por segundo poderiam em alguns
séculos aproximar-se de civilizações distantes, emitir sinais,
registrar e reenviar sinais recebidos e talvez televisionar para
outros mundos um mapa dos céus onde a sonda se originou.
No começo de abril de 1964 os russos lançaram sua Sonda 1
com destino desconhecido e em abril de 1965 Gennady
Sholomitsky anunciou que tinham descoberto uma nova
civilização a milhões de quilômetros de distância no espaço.
Emissões de radioondas de uma fonte misteriosa conhecida
por CTA-102 seguem um padrão regular de lampejos a cada
cem dias, sugerindo controle por seres inteligentes. Os
radioastrônomos de Jordrell Bank mostram-se céticos e
atribuem as pulsações a uma quasar, mas o Dr. Nikolai
Kardashev sustenta que as emissões são extremamente
pequenas e devem ser de origem inteligente. Cientistas de
Moscou consideram esta a descoberta mais notável da
radioastronomia. Esses sinais lembram as pulsações do
espaço recebidas por Tesla e Marconi no princípio do
século.
Os milhares, talvez milhões de civilizações da nossa galáxia
certamente anunciarão a sua existência a estrelas do seu
perímetro como o nosso próprio Sol e provavelmente
enviarão radiossondas para explorar o nosso sistema solar.
Há cerca de trinta anos Stormer e Van der Pol detectaram
ecos anormais, repetições de sinais da Terra vários minutos
depois de sua emissão; Bracewell acredita que eram
repetidos por uma sonda automática extraterrestre a milhões
de quilômetros de distância.
Shklovsky acha que é possível que inteligências supremas
modifiquem as próprias estrelas. Declara ele que algumas
estrelas da rara série espectral S revelam vagos vestígios de
tecnécio, que não se encontra naturalmente na Terra, pois é
um pó branco-prateado, produzido num reator nuclear. O
período de vida do tecnécio radiativo é de apenas duzentos
mil anos, e é difícil compreender como possa existir em
estrelas com milhares de milhões de anos de idade.
Shklovsky pergunta se super-homens não terão
manufaturado milhões de toneladas de tecnécio e impreg-
nado com ele a atmosfera de algumas estrelas para mani-
festarem ao universo vigilante a realidade de inteligência no
espaço. Uma empresa tão fantástica é de assombrar, mas
quem sabe que tecnologia os super-homens não possuem?
Os russos perguntam-se se as grandes inteligências cósmicas
não serão, na realidade, engenheiros estelares, capazes de
modificar e controlar o desenvolvimento de estrelas e com
incríveis raios laser fazê-las explodir como supernovas.
A prova de seres inteligentes no nosso próprio sistema solar
pode existir nas luas de Marte: Fobos, a nove mil e trezentos
quilômetros do centro de Marte, e Deimos, a vinte e quatro
mil quilômetros, estão mais perto de seu planeta do que
qualquer dos satélites naturais conhecidos.
Shklovsky nota que os únicos corpos celestes do sistema
solar que se movem em volta dum planeta mais rápido do
que este gira sobre seu eixo são Fobos e os satélites artificiais
da Terra; acentua que Fobos, com um diâmetro de dezesseis
quilômetros, e Deimos, com oito quilômetros, parecem
objetos pequenos demais para um sistema planetário;
nenhum dos dois tem a clássica cor vermelha de Marte; a
aceleração da rotação de Fobos sugere retardamento na
atmosfera marciana e final queda no planeta, como
acontecerá com os nossos próprios satélites artificiais. A
densidade das luas é demasiado pequena para satélites
naturais e sugere cascas ocas de aço, com uma espessura de
oito centímetros apenas, segundo cálculos de André
Avignon. A ausência de peso no espaço tornaria a
construção de tais luas artificiais tecnicamente possível.
Shklovsky sugere que Fobos e Deimos são monumentos de
alguma raça marciana de eras passadas girando em volta dum
planeta morto, como os nossos próprios satélites poderão
ficar girando em volta da Terra depois que perecer o último
homem. Fotografias tiradas pela sonda espacial americana
Mariner IV sugerem que a superfície de Marte é deserta,
sem os famosos canais. Pelo menos uma foto revelou uma
construção quadrangular, que encoraja a crença na
possibilidade de inteligência em Marte.
Embora os cientistas se mostrem céticos, supostas
comunicações de seres espaciais com pessoas supra-sensíveis
na Terra insistem em que gente como nós habita não só os
planetas em volta do nosso próprio Sol, mas também outros
mundos em volta de incontáveis estrelas. O universo inteiro
palpita de vida.
O maior impedimento para a aceitação de seres
extraterrestres é a ignorância da realidade pelo homem. Cada
homem é o centro de seu próprio universo particular
conhecido por seus cinco sentidos, sintetizado numa mente
condicionada pela educação e pela experiência. O universo
dum homem é a quintessência de seus próprios pensa-
mentos; alguns intuitivos tentam humildemente transcender
seu ponto de vista egocêntrico aspirando a ver o universo
pelos olhos do Criador, mas verificam que não podem esca-
par à prisão do eu e reduzem Deus à sua própria imagem.
Como todos os homens têm faculdades sensoriais semelhan-
tes e em qualquer momento dá história são condicionados
por padrões de cultura semelhantes, segue-se que a expe-
riência geral produz concordância comum quanto à aparente
natureza do universo, cuja aparência muda de acordo com o
novo conhecimento. A nossa cosmologia atual difere
enormemente da Terra chata e das esferas celestes con-
cêntricas pressupostas por Ptolomeu, mas daqui a dois mil
anos a nossa própria concepção de um universo finito em
expansão pode parecer ridícula.
É natural para o homem limitar o universo à prova de suas
próprias percepções sensoriais ampliadas por instrumentos
engenhosos e negar a realidade a domínios fora de sua
percepção imediata. A observação restrita pode ser
equiparada à atitude mental rígida; algumas pessoas acham os
fenômenos ocultos inaceitáveis para a ciência, e, entretanto,
durante milhares de anos tem-se acumulado uma vasta
literatura dedicada à descrição de dimensões e estados de
existência fora do conhecimento normal.
A afirmação dos ocultistas de que existem mundos invisíveis
em reinos astrais e planos etéreos habitados por devas, fadas
e os chamados mortos foi por muito tempo, ridicularizada
pelas pessoas comuns, que acreditavam no senso comum, e
pelos cientistas materialistas, mesmeriza- dos por seus
próprios instrumentos. O estudo dos átomos insubstanciais,
a descoberta de dezenas de partículas subatômicas, o novo
estado da matéria conhecido como plasma e a maior
consciência dos campos vibratórios revolucionaram a
concepção científica da matéria, aproximando-a dos
ensinamentos dos antigos filósofos herméticos e dos iogues
do Tibete. Os físicos agora admitem que o que
denominamos universo físico é apenas o espectro de vibra-
ções apreendidas pelos nossos sentidos físicos; é lógico
supor que podem existir freqüências de matéria além da
nossa tangibilidade, exatamente tão reais como essas estrelas
escuras que não podemos ver. Pode existir matéria em
oitavas co-espacialmente umas dentro das outras; dentro da
nossa própria Terra podem interpenetrar-se outros mundos
habitados por seres quentes e apaixonados, que podem
manifestar-se aos nossos sentidos como aparições, ou,
inversamente, seres terrenos podem por acaso desaparecer
em outra dimensão. O fato é que os ocultistas afirmam
existir outro mundo co-espacial da Terra, um mundo cuja
capital é Sambalá, uma gloriosa cidade eterna coexistente
com o nosso deserto de Gobi; alguns adeptos dessa teoria
afirmam que visitam esse reino em seu corpo astral.
Os ensinamentos dos ocultistas outrora escarnecidos são
hoje levados avante por pesquisadores ultramodernos, os
paracientistas que afirmam ter contato com seres da Vénus
etérea que gozam duma civilização maravilhosa muito
superior à nossa. É interessante notar que a Doutrina Secreta
e essa obra profunda que é Oahspe falam de seres etéreos
descendo em naves de fogo de seu plano para o nosso
próprio plano material há muitos e muitos milhares de anos.
A filosofia hermética ensinava que com o tempo a nossa
própria Terra seria espiritualizada por vibrações cada vez
mais sutis, passando da nossa atual oitava grosseira a um
plano etéreo e ficando cada vez mais requintada, até a
absorção por Deus.
Alguns paracientistas de fronteira acreditam que os
aparecimentos e desaparecimentos de UFOS são manifes-
tações de astronaves de mundos invisíveis, cujos coman-
dantes têm o poder de retardar suas freqüências físicas para
se materializarem diante de nós.. Alguns supra-sensíveis
afirmam possuírem a capacidade de viajar em seus corpos
etéreos e falam de aventuras inspiradoras em mundos além
da percepção normal.
A realidade de planetas etéreos assusta as nossas mentes
condicionadas ao plano materialista; entretanto, a sua
aceitação explicaria facilmente muitos fenômenos ocultos,
episódios maravilhosos da Bíblia e da literatura religiosa,
bem como muitas estranhas manifestações na história que
nos intrigam. Talvez alguns dos deuses do passado de fato
"descessem" à Terra, vindos do "céu", essas paragens
interiores dentro do nosso universo físico.
Até há pouco tempo, os físicos acreditavam que Deus,
quando criou o universo, decidiu solenemente construir
seus átomos com um núcleo de prótons carregados posi-
tivamente e nêutrons não carregados, em volta do qual
giravam eléctrons carregados negativamente, criando um
universo positivo habitado por gente positiva — as nossas
positivas pessoas. Por que Deus havia de mostrar tal pre-
dileção pelo positivo, quando toda a Criação, segundo
parece, funciona no equilíbrio dos opostos, a dualidade do
bem e do mal, do certo e do errado, da luz e da escuridão?
Isso incomodava certos filósofos, que raciocinavam que,
pelo princípio fundamental universal da simetria, devia
existir um universo negativo, espelho do nosso próprio
universo. Essa suposição fantástica parecia ser uma das
maluquices mais levianas da ciência, como a levitação e a
quadratura do círculo, e era reprovada pela Igreja. Acusar
Deus de criar um universo canhoto era indubitavelmente
um pecado mortal.
Em 1957, Madame Wu, sem a inibição da nossa teologia
cristã, congelou cobalto radiativo e surpreendeu-se ao
verificar que seus elétrons emitiam anti-simetricamente em
relação à direção prevista; dois sino-americanos, T. D. Lee e
C. N. Yang, mais tarde descobriram que a rotação de certos
eléctrons era assimétrica em relação à matéria convencional,
sugerindo desse modo a existência de matéria negativa em
relação à nossa, como se fosse por assim dizer o seu reflexo
em um espelho. Novas pesquisas dos raios cósmicos e
partículas, acelerados eiíi cíclotrons, revelaram antiprótons,
antinêutrons, eléctrons positivos ou posítrons, sugerindo
antimatéria paralela. No momento da Criação
provavelmente uma partícula de matéria positiva e uma
partícula de antimatéria entraram em coexistência e foram
imediatamente repelidas pela antigravidade, pois estes
opostos ao se tocarem aniquilam-se, mergulhando no vazio
primevo. Para que a totalidade da Criação seja uniforme,
cada átomo de matéria positiva deve ser equilibrado por um
átomo equivalente de antimatéria, do contrário a Criação
seria desequilibrada e tal desequilíbrio levaria à sua
destruição, além de ferir o nosso senso inato de harmonia.
No universo de antimatéria as nossas leis de física seriam às
avessas; a antigravidade faria as maçãs "caírem" para cima,
anticélulas fabricariam anti-homens e fabulosas
antimulheres.
Alguns astrônomos atualmente conjeturam que algumas das
galáxias que enfeitam os céus poderão ser de antimatéria, e
suas colisões com galáxias positivas poderão ser o que causa
aquelas explosões de energia que partem do espaço. Os
físicos estão correndo para isolar a antimatéria, e o vencedor
poderá fazer uma antibomba que acabará com tudo.
Mas em 1966 esse princípio de simetria foi seriamente
contestado. Um grupo de físicos em Brookhaven, Long
Island, sob a direção do Dr. Paolo Franzini, com sua mulher,
Dra. Juliet Lee-Franzini, o Dr. Charles Balty e o Dr.
Lawrence Kirsch, analisaram meio milhão de fotografias de
colisões atômicas dentro dum tanque de hidrogênio pesado
líquido. Quando uma partícula chamada méson eta decai sob
um processo eletromagnético, eles verificaram diferenças
inesperadas nas velocidades das partículas positivas e
negativas. Os fundamentos matemáticos da física moderna
baseada na teoria da relatividade e na mecânica quântica
estão agora abertos à discussão. O nosso universo parece
estranhamente torto.
Em 1964 os americanos descobriram que as observações do
méson K pareciam indicar a direção em que o tempo voa. O
Dr. F. R. Stannard, físico do University College, de Londres,
sugere no número de Nature de agosto de 1966 que é
possível que estejamos rodeados por outro universo,
invisível, onde o tempo corre para trás. O nosso universo
aparentemente enviesado pode ser equilibrado por outro
governado pelas mesmas leis físicas, mas no qual o tempo é
invertido; a totalidade da Criação seria assim simétrica, em
conclusão. Essa teoria pressupõe um universo faustiano
completamente isolado do nosso; um homem faustiano
poderia passar através de nós, podem existir galáxias
faustianas no céu que parecem absorver a luz em vez de
emiti-la. Do nosso ponto de vista, os habitantes faustianos
pareceriam viver de diante para trás, ficando mais jovens em
direção ao seu nascimento; tais seres pareceriam estar
viajando, por assim dizer, do nosso futuro para trás. A
interação desses universos complementares pode ser
sugerida pelo comportamento peculiar dos mésons K; estes
decaem rapidamente em outras partículas, mas a proporção
parece viver muito mais tempo do que deveriam viver.
Teoriza-se que alguns mésons K dão um salto de tempo para
o universo faustiano, onde ficam mais jovens, depois saltam
de novo para trás. Outra partícula esquiva, o quark (partícula
elementar da matéria), hipoteca um novo nível de realidade
com idéias estranhas de espaço e tempo, mesmo de
causalidade. Na Índia fotografias mostraram que um raio
cósmico neutrino atingindo um núcleo atômico na rocha
formava, não um méson, mas dois, sugerindo que tinha sido
produzido não apenas um muon, mas também um boson,
que logo decaía em outro muon; os físicos, agora com seus
formidáveis aceleradores, esperam tremendos
desenvolvimentos que levem ao controle da gravidade. Essas
concepções esotéricas confundem o nosso entendimento.
Entretanto, os extraterrestres, com suas tecnologias
adiantadas, provavelmente possuíram técnicas nucleares
além da nossa imaginação.
Alguns pesquisadores afirmam que os UFOS vêm não de
outros planetas, mas da nossa própria Terra. A ciência
ridiculariza as pretensões de que a nossa Terra é oca, mas há
quem afirme que aberturas existentes no pólo Norte e no
pólo Sul dão acesso à fantástica civilização de Agharta,
muitos quilômetros abaixo da superfície, povoada por
lemurianos e atlantes, cujos continentes pereceram há
milênios. Dizem que esses subterrâneos chegam à nossa
superfície por túneis secretos e para observarem o nosso
mundo também de discos voadores; agora estão mais preo-
cupados do que nunca com as nossas bombas de hidrogênio,
que poderão destruir-nos e destruirão a eles também. Essa
teoria poderá parecer estranha para o padrão de pensamento
a que estamos condicionados, enquanto não recordarmos as
lendas gregas dos ciclopes e suas oficinas subterrâneas, onde
eles fabricavam armas maravilhosas para a guerra entre os
deuses e os gigantes, e também as histórias medievais de
intrusos de uma terra sombria, os ensinamentos rosacruzes
sobre lemurianos que viviam sob o monte Shasta, na
Califórnia, e o mistério de Shaver sobre uma suposta
comunicação de super-homens do interior da Terra. A
descoberta que fez o Almirante Byrd, de uma região sem
gelo, com montanhas, florestas, lagos e rios, onde
aparentemente se entrava por uma abertura no pólo Norte,
parece indicar a existência de um mundo subterrâneo. O
aumento do interesse pela Antártica e pelos UFOS que foram
vistos mergulhar nas profundezas do mar sugere a existência
de outros reinos fascinantes dentro dó nosso mundo
surpreendente.
Alguns matemáticos insinuam seriamente que os UFOS são,
na realidade, máquinas do tempo da nossa própria Terra,
vindos de muitos milhares de anos no futuro. O nosso
conceito minkovskiano do universo aceito, do seu espaço-
tempo governado pelas teorias da relatividade de Einstein, é
contestado pelos modelos complexos de Kurt Goedel, que,
embora compatíveis com a relatividade geral, não obstante
pressupõem a existência do futuro com linhas de tempo
"abertas" e "fechadas", permitindo a volta de seres vivos do
futuro.
Seja qual for a dimensão em que os astronautas se originem,
as lendas de todos os países parecem mostrar que desde há
milhares de anos seres dotados de sabedoria transcendente
têm intervindo nos negócios humanos. O homem pode
aprender muito com as estrelas, mais que com a história. O
que foi será novamente; o futuro está no passado. O segredo
do destino do homem pode ser encontrado no antigo
Oriente.
Capítulo Três
DEUSES ESPACIAIS DA ÍNDIA ANTIGA
Os povos da antiguidade imaginavam que suas civilizações
começaram no Oriente e maravilhavam-se com aquelas
terras encantadas do levante onde imperadores governavam
em áureo esplendor, escravas se tornavam rainhas, santos
homens realizavam milagres, e entre cujas multidões através
das idades se encarnavam aqueles divinos salvadores para
ensinar à humanidade o amor de Deus. Ainda hoje, no
nosso século XX materialista, apesar da nossa decantada
ciência e do nosso ceticismo, sentimos nossas almas
empolgadas pelo fabuloso Oriente e sentimos aquele verniz
de sofisticação que vela o mistério imemorial do próprio
homem.
As mais antigas fontes de sabedoria do mundo devem estar
na Índia, cujos iniciados há muito tempo sondaram os
segredos do céu, a história da Terra, as profundezas da alma
do homem, e formularam aqueles sublimes pensamentos
que iluminaram os magos de Babilônia, inspiraram os
filósofos gregos e exerceram sua sublime influência sobre as
religiões do Ocidente. Quando os árias invadiram a Índia,
vindos de sua terra desconhecida no norte, e por volta de
2.000 a.C. subjugaram os restos duma civilização cuja
origem remontava aos próprios deuses, há milênios sem
conta, herdaram aquelas tradições ocultas da Lemúria e da
Atlântida que falavam de intercâmbio cósmico com mestres
do espaço. Séculos mais tarde, ondas de árias de pele clara
migraram das planícies superpovoadas do Ganges e,
ladeando o Himalaia, espraiaram-se para o norte até a Pérsia,
para o oeste até a Grécia e até a Gália, trazendo sua cultura e
seus deuses, e o sânscrito, a língua da civilização, raiz da
língua que falamos atualmente. Se homens do espaço
desceram na Terra em eras passadas, como sugerem lendas
amplamente difundidas, esses deuses do céu certamente
dominaram a Índia antiga.
Enquanto os cientistas dão à nossa Terra quatro mil e
quinhentos milhões de anos e os paleontologistas desen-
terram crânios humanos de um milhão de anos, os histo-
riadores restringem a civilização a seis milênios, imaginando
que por enormes espaços de tempo os homens viveram no
limbo duma Idade da Pedra, em uma civilização suspensa,
até que o destino subitamente arrancou o Homo sapiens da
escuridão para a luz; os arqueólogos de vez em quando
descobrem artefatos que as técnicas do carbono 14 e do
potássio-argônio datam de incrível antiguidade, mas, na
ausência de registros contemporâneos, essas relíquias são
postas de lado. Os teólogos pregam que Deus criou o
homem para louvar suas maravilhas e vagamente acusam o
Criador de esperar-milhões incontáveis de anos enquanto se
divertia a observar idades geológicas de brontossauros se
banhando à toa nos pântanos antes de colocar seus bonecos
neste palco terreno. Se Deus realmente esperou uma tal
imensidade de tempo antes de criar o homem, seremos tão
importantes aos seus olhos como os insetos que criou
primeiro e que continuarão infestando o nosso planeta
muito depois que o último ser humano se tiver dissolvido
em pó? A falta de documentos escritos da distante
antiguidade impede de fato o estudo científico, que obedece
à sua própria disciplina de fatos, mas a pobreza de provas
diretas sujeitas a exames atentos não refuta inteiramente a
existência de civilizações antiquíssimas. Tróia ficou perdida
durante três milênios, até Schliemann desenterrar a coroa de
Helena, o rosto que lançou ao mar mil navios e queimou as
torres altíssimas de llion. A Babilônia de Nabucodonosor, rei
dos reis, deixou um monte de entulho sob o lodo da
Mesopotâmia, a bela Pompéia perdeu-se para a história até
que foi desenterrada pela pá. Quem sabe que cidades
afundadas, outrora cheias de vida, apodrecem no fundo do
oceano, que populosas metrópoles jazem engolidas pelas
areias do deserto? Daqui a dez mil anos pode ser que
homens das cavernas saiam de seus abrigos subterrâneos
perto do Tâmisa para construir uma nova Londres,
inteiramente ignorantes de sua própria capital reduzida a
poeira por bombas nucleares. Os historiadores futuros
poderão pôr em dúvida a existência da nossa orgulhosa
civilização, e do nosso século xx talvez não reste mais nada
que adulteradas lembranças folclóricas de máquinas voadoras
e guerras aéreas com armas fantásticas que assombrarão os
nossos descendentes através de séculos de escuridão, até que
a cultura humana ascenda novamente. Só os adeptos da
Ciência Secreta preservariam em seus ensinamentos
ocultistas tradições da nossa era perdida.
A evolução do limo do mar até o homem pensante, pregada
por Darwin e todos os seus discípulos, encontra provas
impressionantes na história natural e é aceita pelos cientistas
em geral, mas o fato de não se ter encontrado o "elo
perdido" depois de um século de busca leva-nos hoje a
especular se o homem não teria sido criado à imagem de
Deus, como sugerem as Escrituras, ou seja, se a nossa Terra
não teria sido colonizada por seres de outros planetas, talvez
das estrelas. No fim dos tempos os habitantes da Terra
poderão povoar outros mundos, pois o destino da vida é
povoar todo o universo como o líquen subindo pelas rochas
nuas. Os iogues falam de uma cadeia de mundos com ondas
de vida passando de um planeta para outro, e a biologia
extraterrestre torna isso crível. O tempo no nosso universo é
apenas relativo; parece não haver razão lógica para a nossa
Terra não ter sido habitada pela primeira vez por colonos de
outros mundos há milhões de anos. Se o Império Planetário
se dissolveu e devido a um cataclismo cósmico cessou a
comunicação com o mundo pai, os colonos isolados na Terra
teriam ficado entregues a si mesmos para evoluírem por
conta própria, com apenas uma vaga lembrança folclórica de
sua origem cósmica. Essa especulação não é ficção científica,
mas é digna de pensamento sério. Fotografias tiradas pela
sonda espacial americana Mariner IV sugerem que Marte
talvez não seja habitado, embora existam ainda controvérsias
a respeito dos marcianos. Ao fim deste século grupos de
homens e mulheres poderão desembarcar lá. Se a
profetizada guerra de bombas de hidrogênio devastar a nossa
Terra, os colonos isolados em Marte se acasalarão para
sobreviverem, deixando descendentes que povoarão o
planeta. Teria sido assim a origem do homem na Terra?
Os Livros Sagrados de Dzyan ensinam que os primeiros
homens na Terra eram filhos dos homens celestes ou pitris,
que significa pais, antepassados lunares que desceram à Terra
vindos da Lua, a qual exerce, segundo se acredita, uma sutil
influência psíquica e física sobre o nosso mundo. Dizem que
esses relatos antiqiiíssimos são a fonte dos livros sagrados da
China, da Índia, do Egito e de Israel; dizem tradições que o
texto, escrito na língua sacerdotal secreta, chamada senzar,
foi ditado aos atlantes por seres divinos, provavelmente
astronautas. As estâncias descrevem a evolução do homem
desde a primeira raça até a nossa quinta raça, parando na
morte de Crisna, há cerca de cinco mil anos. Essa doutrina
dos senhores da chama dirigindo os assuntos humanos e dos
filhos da sabedoria enviados da Lua, despida de sua
significação oculta, poderá ser uma lembrança folclórica
truncada dos venusianos que primeiro desembarcaram na
Lua e depois colonizaram a Terra. Os gnani iogues acreditam
que a primeira e a segunda raças-troncos ocuparam países
tropicais que agora estão cobertos de gelo nos pólos Norte e
Sul, embora a doutrina secreta situe a segunda raça nos
Hiperbóreos, a Terra da Primavera cantada pelos gregos, que
se acreditava ficar no noroeste da Europa. A terceira raça, de
lemurianos, que viveu há cerca de dezoito milhões de anos
(cronologia ridicularizada pelos cientistas ignorantes da
ciência oculta), habitava uma vasta área que compreendia
grande parte dos atuais oceanos Indico e Pacífico, inclusive
a Australásia.
O crânio neandertalóide de um homínida, meio macaco,
meio homem, desenterrado em Broken Hill, na África do
Sul, parecia ter um buraco de bala num lado; o lado oposto
do crânio parecia ter sido esfacelado pela saída da bala. Em
1962 paleontólogos russos descobriram na Yukusia, região
do nordeste da Sibéria, um bisonte de tempos pré-históricos,
perfeitamente conservado, o qual tinha na testa um buraco
circular que os cientistas acreditaram ter sido produzido por
um projétil de alguma arma de fogo semelhante às nossas
próprias armas. Na opinião do Professor Konstantin Flerov,
o bisonte não podia ter sido usado como alvo por um
caçador moderno, pois o animal não morrera do ferimento:
o exame mostrou que o ferimento curou. Quem o alvejou?
Os lemurianos durante "milhões" de anos fizeram um vasto
progresso material, e dizem que construíam aeronaves
utilizando forças que nós não descobrimos; parece provável
que houvesse intercâmbio com planetas interiores,
particularmente com Vénus. Muitos lemurianos esclareci-
dos, advertidos do cataclismo que destruiu Mu, migraram
para o continente da Atlântida. O Livro de Dzyan descreve
as dinastias divinas da primitiva Atlântida declarando que os
"reis da luz" ocupavam "tronos celestes", descrição adequada
para um ser extraterrestre em uma nave espacial. Os atlantes
também atingiram uma civilização extremamente brilhante,
pervertida pela magia negra, e por volta de 9.000 a.C.
(alguns ocultistas interpretam a data como 900.000 a.C.) este
continente por sua vez foi engolfado pelo mar, segundo a
narração de Platão no Timeu. Dzyan declara que os "grandes
reis do rosto deslumbrante" enviaram seus veículos (Viwan)
para salvar os escolhidos da Atlântida, sugerindo que esses
iniciados foram transladados para Vênus. Essa tradição foi o
que provavelmente inspirou as profecias do Novo
Testamento de que no Dia do Juízo o céu se abrirá e o Filho
do Homem aparecerá com seus anjos para salvar seus filhos
da Terra condenada; sem dúvida, uma memória racial da
intervenção celeste na queda da Atlântida.
Muitos dos lemurianos fugiram para os cumes das
montanhas que depois da convulsão se tornaram as ilhas do
Pacífico; gerações posteriores migraram para uma nova terra
que tinha surgido do mar ao norte. A epopéia hindu
Ramáiana declara que os primeiros homens da Índia foram
maias que deixaram a Lemúria e posteriormente se fixaram
no Deçã, conquistando por fim todo o subcontinente.
As mais antigas tradições asiáticas falam de um vasto mar
interior há muito tempo, no norte do Himalaia, no centro
do qual havia uma ilha de maravilhas, governada pelos filhos
de Deus, os elvins, possivelmente astronautas que
controlavam os elementos, exerciam domínio sobre a terra,
a água, o ar e o fogo, e possuíam uma ciência psíquica que
revelavam a iniciados escolhidos. O conhecimento desse
arcano pode ter sido um eco da sabedoria cósmica dos
planetas, cujos fragmentos durante milênios sem conta
foram preservados na ciência mutilada dos mágicos que
previam o tempo, dos feiticeiros e dos xamãs de todo o
mundo que persistem em confundir os nossos cientistas
atualmente.
A mitologia indiana acreditava que a Terra era o centro de
uma série de esferas concêntricas, correspondentes à Lua, ao
Sol, a Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno. Os hindus
conheciam um sétimo planeta, que pode ter sido Urano,
redescoberto por Herschel em 1781 da nossa era; suas
intricadas observações dos planetas e estrelas distantes
resultaram na fixação do calendário, na invenção do
zodíaco, no cálculo da precessão dos equinócios e na
predição de eclipses milhares de anos antes dos babilônios,
que herdaram as ciências deles, sugerindo que os antigos
astrônomos da Índia possuíam instrumentos ópticos,
perdidos para os seus descendentes, ou receberam os seus
conhecimentos de astronautas. Além do céu havia as esferas
dos santos, dos filhos de Brama e das divindades, todas
contidas em uma concha cósmica. Em volta desta havia
camadas de água, por sua vez rodeadas de fogo, ar, a mente,
tudo contido em Brama, infinito, além do espaço e do
tempo. Esse sistema de esferas foi transmitido aos gregos,
inspirou os epiciclos de Ptolomeu, formou a cosmogonia de
Dante, da Igreja e dos sábios medievais, e persistiu até as
descobertas revolucionárias de Copérnico e dos nossos
astrônomos modernos.
A mais antiga arte da astrologia, praticada desde uma
antiguidade distante, parece provar que as primeiras
civilizações possuíam uma ciência em muitos respeitos mais
adiantada do que a nossa moderna astronomia, que deve ter-
se desenvolvido através de milênios precedentes, provando
a evolução cultural do homem através de vastos espaços de
tempo, ou então essa sabedoria recôndita deve ter sido
trazida à Terra por astronautas. Os antigos viam o universo
como um pensamento supremo, uma criação de fluido
mental que se cristalizava nos corpos celestes, nos
fenômenos da natureza e no próprio homem; toda a Criação
através de todos os planos visíveis e invisíveis era contida na
mente do Criador, no sonho de Brama. Os astrólogos
acreditavam que cada estrela emitia raios poderosos que
influenciavam a mente do homem — de modo menos
fantasioso nossos radioastrônomos medem a radiação
eletromagnética de estrelas visíveis e invisíveis. Quando um
homem nascia, aquelas constelações determinadas im-
primiam um certo padrão no seu cérebro, como o programa
em um computador, o qual iria dirigir a tendência básica de
sua vida, como o código dos cromossomos e seus genes
molda seu corpo físico ou como as instruções gravadas num
míssil o "prendem" infalivelmente ao seu alvo, seja ele
Marte ou Moscou. Os primeiros povos da Índia, como os
tibetanos, acreditavam que a alma que reencarna realmente
escolhe a hora e o lugar de seu nascimento, quando as
influências estelares prognosticam a futura experiência que o
indivíduo precisa para as suas novas lições na escola de
treinamento da Terra.
A ciência esotérica que inspirou essa crença pressupõe uma
inteligência do mais alto nível, superior à mente mediana da
atualidade, que vê as estrelas como convenientes lâmpadas
no céu e ridiculariza os horóscopos, confundindo as tolices
escritas pelos colunistas dos jornais com a verdadeira ciência
da astrologia. Os anais da velha astrologia hindu mostram
seus horóscopos romantizados com mais fantasia do que
fatos, mas a arte dos astrólogos assim mesmo revela
resquícios de alguma antiga ciência, uma ciência psíquica
universal de grande antiguidade que transcende muito a
nossa. Só agora a física ultramoderna, com sua fissão dos
átomos e sua pesquisa sobre as últimas partículas, está
chegando à conclusão de que a chamada matéria sólida é
apenas manifestação de um pensamento supremo. Os
radioastrônomos estão registrando emissões de estrelas
visíveis e invisíveis que afetam seus receptores e essas ondas
de rádio e suas freqüências mais sutis devem gravar-se
indelevelmente na mente subconsciente do homem. As
extraordinárias pesquisas do Professor Giorgio Piccardi, da
Universidade de Florença, sobre a química cósmica, provam
que os campos de energia do espaço modificam a matéria
física nas experiências químicas e exercem uma poderosa
influência sobre as células vivas do cérebro e do corpo, fato
de que há muito suspeitavam os psiquiatras.
Se nossos próprios cientistas de reconhecido gênio, em
resultado de estudos empíricos, se estão voltando para o
cosmos e se perguntam se as radiações planetárias não
afetarão a matéria e o homem, ambos concreções de ener-
gia, os iniciados de tempos antigos que levaram a astrologia a
tal refinamento matemático e filosófico devem ter
desenvolvido uma superciência que lhes permitiria con-
quistar o espaço, controlar os elementos, desafiar a gravi-
dade, voar mais rápido que a luz, agir como deuses, como
astronautas! A astrologia, mesmo na forma tristemente
aviltada como é praticada atualmente, as provas de origem
milenar de seres de sabedoria transcendente, os homens do
espaço, os heróis das epopéias indianas, a penetração do
nosso novo conhecimento, tudo dá às lendas hindus mara-
vilhosa significação; suas revelações tornam-se verdadeiras.
A literatura mais antiga do mundo é provavelmente o Rig-
Veda, que significa "conhecimento em verso",
compreendendo dez mil invocações aos deuses, escritas em
sânscrito por volta de 1.500 a.C., embora certos dados
astronómicos do texto sugiram 4.000 a.C., e a mitologia
represente personificações de deuses em um naturalismo de
imensa antiguidade, registrando acontecimentos celestes de
muitos milhares de anos antes. Sanscritistas como o Dr. Max
Müller concordam em que os Vedas são muito mais antigos
do que Homero e formam a verdadeira teogonia da raça
ariana; em comparação, a cosmogonia e a teogonia de
Hesíodo e do Genesis parecem imagens toscas da
sublimidade védica. Os primeiros árias eram um povo alegre
e brincalhão como os primeiros gregos, adorando a natureza
e as estrelas, conscientes da maravilha da vida. Só muitos
séculos depois suas almas simples despertaram para os
problemas religiosos da existência humana. Ao que parece,
viviam em inocência natural como Adão e Eva antes de
provarem a maçã do conhecimento e se tornarem
conscientes de si mesmos.
O Rig-Veda canta o culto da natureza com vários deuses,
mas o refinamento de seu pensamento revela uma
penetração mística que transcende muito a cultura não-
sofisticada dos árias e deve emanar de uma civilização muito
mais antiga ou dos deuses, isto é, dos astronautas. Em
linguagem poética os Vedas pregam um monismo total, o
Deus único que paira sobre os muitos. A essência universal,
o Absoluto, sonhando a existência do universo por um
período finito de tempo, de cento e cinqüenta e quatro
milhões de milhões de anos segundo se dizia, era Brama, que
sustentava cada estrela e cada átomo; o Pai dos Deuses, um
ser pessoal, era Dyaus-Pitar (Deva-Deus, Pitar-Pai),
helenizado para Zeus-Pater, em latim Júpiter, o Pai do Céu,
adorado sob vários nomes pelos celtas, os egípcios, os
babilônios, os mexicanos, os chineses e os povos nativos de
todo o mundo. O céu era um reino físico no firmamento,
embora o pensamento esotérico geralmente o supusesse
composto de vibrações etéreas mais sutis do que a matéria
terrestre. O Pai do Céu ("Pai nosso que estais no céu", no
nosso pai-nosso) era provavelmente um rei espacial de
algum planeta adiantado do nosso próprio sistema solar, um
pontinho infinitesimal de todo o universo imaginado por
Deus, o Brama Absoluto. Dyaus-Pitar governou toda a Terra
numa idade de ouro; os hindus, como os japoneses, os
egípcios e os romanos, acreditavam que as primeiras
dinastias da Terra foram divinas.
O Rig-Veda descreve Dyaus como "um touro rubro e
berrando para baixo", evocando os touros alados de
Babilônia e Nínive, que para as mentes dum povo agrário de
natureza simples possivelmente simbolizava poderosas
espaçonaves. Dyaus é também comparado a "um corcel
negro recoberto de pérolas", uma alusão ao céu estrelado,
que lembra Pégaso, o cavalo alado dos gregos em que
Belerofonte fez guerras aéreas, também simbolismo de seres
espaciais. Um poema refere-se a "Dyaus sorrindo através das
nuvens"; em sânscrito clássico a palavra que significa sorriso
é relacionada com "brancura deslumbrante" e "relâmpago".
Esse lirismo poderia simbolizar uma espaçonave brilhante
dardejando através dos céus.
Um deus mais poderoso da mitologia pré-indiana men-
cionado nos Vedas, Varuna, era relacionado com corpos
celestes do firmamento; ele controlava a Lua, as estrelas e o
vôo das aves, e tinha autoridade moral sobre os homens,
mas nos poemas posteriores foi suplantado pelo deus-
guerreiro Indra. Parece existir uma notável semelhança com
as lendas gregas; "Varuna", que significa "o céu abrangido",
era Ouranos (Urano), suplantado por Indra, isto é, Saturno
(Cronos). A comparação é reforçada pelo fato de que mais
tarde Indra foi destronado e exilado, em correntes, e, de
acordo com Ovídio, Saturno foi usurpado por Zeus (Júpiter)
e aprisionado na Grã-Bretanha. Talvez possamos interpretar
isso como simbolizando a dominação da nossa Terra em
idades passadas por sucessivos invasores do espaço, como
sugerem as idades de Ouro, Prata e Ferro dos poetas
clássicos.
Indra tornou-se o deus das batalhas a dardejar pelo céu num
carro aéreo com a velocidade do pensamento, puxado por
corcéis com crinas de ouro e pele brilhante; ele fazia guerra
aos asuras (não-deuses) e destruiu suas cidades com raios
como bombas nucleares, lembrando a guerra entre os deuses
e os gigantes, descrita nas mitologias grega e céltica,
sugerindo conflito entre homens espaciais, talvez contra a
Terra.
Em suas batalhas Indra era ajudado pelos maruts, ou deuses
da tempestade, representados comó jovens guerreiros que
rodavam em carros dourados, empunhavam raios e corriam
como os ventos. Associado a Indra havia Vayu, deus do
vento, que disparava através do céu mais rápido do que a luz
em uma carruagem brilhante puxada por uma parelha de
cavalos rubros com olhos como o Sol. Savitri, o deus do Sol,
era transportado por rápidos corcéis que atravessavam os
céus e irradiavam inspiração para os homens. Visnu
atravessava os três mundos com três passadas e Puxan, "o
melhor piloto do ar", cortava o vazio com ofuscante rapidez
a serviço de outra divindade solar, Surya. No Konarak, Índia,
encontram-se algumas das mais belas esculturas das oito
rodas descritas como um transporte da deusa do Sol, Surya,
para o céu. Os deuses mais freqüentemente invocados eram
os dois asvins, que guiavam um carro fulvo, brilhante como
ouro polido, armado de raios; algumas vezes eles "flutuavam
por sobre o oceano, conservando-se fora da água" em um
veículo estranhamente descrito como "tricolunar, triangular
e tricíclico, bem construído", no qual salvaram Bhujya do
mar num navio que veio do espaço. Os asvins, filhos do céu,
eram eternamente jovens, saltando para o Sol no piscar de
um olho, acompanhados da bela Surya; os dois muitas vezes
desciam à Terra para livrar pessoas de dificuldades e agiam
como médicos divinos. Os efeitos dos dois asvins e sua
popularidade geral tornam-nos idênticos aos dióscoros
gregos, Castor e Pólux, a São Miguel e São Jorge, cavaleiros
celestes que vinham em auxílio dos homens. Esses seres
celestiais invocados pelos Vedas residiam no firmamento,
não como espíritos insubstanciais, mas como espaçonautas
reais dum planeta próximo, que desciam em suas
espaçonaves rutilantes e privavam com os povos da velha
Índia.
Os hinos do Rig-Veda exaltam seres celestiais menores que
ocasionalmente desciam à Terra para amar ou fazer guerra,
exatamente como os deuses e deusas da Grécia. Os
gandarvas, segundo o Visnu Purana, eram seguidores de
Indra, o rei da Tempestade; derrotaram os nagas, os
homens-serpentes da Lemúria, apoderaram-se de suas jóias e
usurparam seu reino no Decão; sua pátria nas regiões
espaciais sobrevive na expressão "cidade dos gandarvas", um
dos sinônimos de "miragem" em sânscrito. As apsaras,
tentadoras esposas dos deuses, eram ninfas sedutoras das
"águas" do espaço. Os poetas indianos pintavam as apsaras
sorrindo para seus bem-amados no mais alto dos céus; belas
e voluptuosas, essas ninfas aéreas eram amantes dos
gandarvas e constituíam as recompensas que o céu da Índia
oferecia aos heróis que caíam em combate, tal como as huris
no paraíso seduziam os muçulmanos fanáticos fiéis de
Maomé. Às vezes uma apsara descia à Terra e enamorava-se
de um homem mortal, como Urvasi, que, de acordo com o
Satapatha Brahmana, desposou seu amante terreno,
Pururavas, deu-lhe um filho e depois voltou ao céu. Esse
romance constituiu o tema de Vikramarvasi ou Urvasi
conquistada pelo valor, brilhante e pungente peça do
dramaturgo clássico do século V, Kalidasa. Ficamos
perplexos ao ler na crônica medieval De nugis curialium, de
Walter de Mapes, a respeito do patriota saxão Edric, o Bravo,
que em 1070 d.C. se enamorou de uma linda donzela do
espaço, com quem se casou e que apresentou na corte de
Guilherme, o Conquistador; o filho deles, Alnodus, tornou-
se famoso por sua sabedoria e piedade. Infelizmente, a
esposa espacial desapareceu no céu, deixando Edric
inconsolável, ao contrário de Urvasi, que posteriormente
voltou para o marido e viveu feliz com ele. Recordamos os
"súcubos", "demônios" femininos da Idade Média, que
seduziam homens mortais, e as arrebatadoras mulheres
espaciais como Aura Rhanes, que encantou Truman
Bethuram na América. Quem sabe se as apsaras não eram
mulheres reais de outros planetas que desposavam heróis da
índia antiga? O Rig-Veda menciona uma raça de sacerdotes
chamados bhrigus, a quem Matarisvan deu o fogo secreto
roubado do céu. Essa versão indiana de Prometeu sugere,
com outras lendas semelhantes da Grécia, um conflito de
âmbito mundial na antiguidade distante entre os povos da
Terra e os homens do espaço.
Olhados com a nossa percepção moderna, os maravilhosos
hinos dos Vedas revelam uma notável afinidade com aquelas
manifestações do céu que nos empolgam atualmente.
Capítulo Quatro
HERÓIS ESPACIAIS DA ÍNDIA ANTIGA
Contando com mágica fantasia as aventuras de Rama em
busca de Sita, sua mulher, raptada, o Ramáiana empolgou o
povo da Índia durante milhares de anos; gerações de
contadores de histórias itinerantes recitavam seus vinte e
quatro mil versos para auditórios maravilhados, cativados
pelo brilhante panorama do passado fantástico, as paixões de
amor heróico, as tragédias da vingança, as batalhas aéreas
entre deuses e demônios, efetuadas com bombas nucleares;
a glória de nobres feitos, a empolgante poesia da vida, a
filosofia do destino e da morte. Essas histórias maravilhosas
foram narradas pelo sábio Narada ao historiador Valmiki,
que encadeou os pitorescos incidentes num fascinante
poema épico salpicado de pérolas de sabedoria, cuja perene
inspiração anima os indianos atualmente. Alguns eruditos
datam o Ramáiana de antes de 500 a.C., outros de antes de
5.000 a.C., embora, como as histórias foram contadas por
menestréis através dos tempos, os acontecimentos devam
ter ocorrido numa antiguidade distante.
Rama, filho de Dasaratha, rei de Ayodha (Oudh), no norte
da Índia, estava casado com a casta Sita, ainda hoje ídolo das
mulheres indianas. O rei dispunha-se a nomear Rama seu
herdeiro, quando a rainha o persuadiu a nomear, em vez
dele, seu outro filho, Bharata, e a banir Rama por catorze
anos. Rama vivia feliz com Sita na floresta de Dandaka;
quando o rei morreu, Bharata nobremente ofereceu o trono
a Rama, que o recusou, consagrando-se a uma cruzada
contra os gigantes e demônios que infestavam a floresta. O
chefe gigante Ravana arrebatou Sita para a ilha de Lanka
(Ceilão), onde foi encontrada por Hanuman, senhor dos
macacos, amigo de Rama. Rama e seus seguidores, ajudados
por Hanuman, com suas hordas de macacos, invadiram
Lanka pelo ar. Rama duelou com Ravana no céu em carros
celestes e destruiu-o com mísseis aniquiladores para
reconquistar Sita. Posta em dúvida a sua fidelidade, Sita
purificou-se pelo ordálio do fogo e voltou com Rama para
Ayodha, onde os dois governaram numa gloriosa idade de
ouro.
Em sua maravilhosa tradução (inglesa) do Ramáiana, Romesh
Dutt descreve o pai de Rama, o Rei Dasaratha, como
"originário de antiga raça solar", descendente de reis do Sol,
seres celestiais, que governaram a Índia, título ainda hoje
conferido ao micado do Japão. Enquanto Rama e Laksman
estavam na floresta caçando um gamo encantado, Ravana
apoderou-se de Sita desamparada.
Sentou-a no seu carro celeste puxado por velozes jumentos
alados
Da cor e brilho do ouro, rápidos como os corcéis celestes de
Indra,
Depois elevou o carro celeste por cima da colina e do vale
do bosque.
Como uma serpente nas garras de uma águia, Sita contorcia-
se, gemendo dolorosamente.
Durante o vôo foram atacados por Jatayu numa "ave" gigante
como um avião de caça.
O gigante Ravana aprisionou Sita em sua fortaleza no Ceilão.
Hanuman voou através do estreito até a ilha e deu a Sita um
testemunho de Rama, que, comandando um grande exército
e ajudado pelos seres celestiais, lançou um assalto aéreo
contra a cidadela.
O bravo Matali dirigia o carro de guerra, como raio solar,
puxado por corcéis,
Para onde o honrado e justo Rama procurava o inimigo em
fatal refrega.
Ele deu ao sublime Rama brilhantes armas celestiais.
Quando o justo luta, os deuses assistem os honrados e
valentes.
"Toma este carro", disse Matali, "que os deuses propícios te
fornecem;
Toma, Rama, estes corcéis celestiais, monta o carro de ouro
de Indra."
Rávana em seu carro de guerra e Rama em seu carro celeste
empenharam-se num duelo épico, uma luta furiosa e
demorada. Os ventos silenciaram em mudo terror e o
próprio Sol empalideceu.
A luta continuou dúbia, até que Rama em sua ira
Brandiu a mortífera arma de Brama, flamejante de fogo
celeste,
Arma que a Santa Angostya tinha dado ao seu herói,
Alada como o dardo de fogo de Indra, fatal como o raio do
céu.
Envolto em fumaça e relâmpagos, partindo do arco cintado,
Ela trespassou o coração de ferro de Ravana e prostrou o
herói sem vida.
Bênçãos do céu brilhante choveram sobre o filho de Raghni.
"Campeão dos honrados e justos! Tua tarefa está concluída!"
Depois da purificação de Sita nas chamas, Rama levou-a para
casa num carro aéreo, um carro enorme de dois andares,
lindamente pintado, munido de janelas e adornado de
bandeiras e flâmulas, e tendo vários compartimentos para os
passageiros e a tripulação. O veículo emitia um som
melodioso ouvido em terra.
"Vê, meu amor!", exclamou Rama quando no carro, Pushpa
voador,
Tirado por cisnes, os exilados, de volta à pátria, deixaram o
campo de batalha.
O feliz casal, reunido, voou do Ceilão através da Índia e por
cima do Ganges, de volta a Ayodha; Rama ia dando uma
descrição pitoresca da histórica paisagem de colinas e rios
que deslizavam rapidamente embaixo.
Voando pelo éter sem nuvens vinha o carro Pushpa de
Rama,
E então milhares de vozes jucundas gritaram o alegre nome
de Rama.
Cisnes prateados por ordem de Rama desceram suavemente
do ar
E o carro pousou em terra... carro de flores divinamente
belo.
(Para os mortais maravilhados as astronaves brilhantes ao sol
deviam parecer cisnes de prata.)
A suspeita de que Sita teria cedido à sedução de Ravana
obcecava Rama. E exilou sua mulher para a floresta, onde ela
encontrou um eremitério e deu à luz dois meninos gêmeos.
Anos mais tarde Rama descobriu-a e aos filhos e, torturado
pelo remorso, implorou-lhe que voltasse a Ayodha e
provasse sua virtude.
Deuses e espíritos e imortais esplêndidos vieram àquela real
Yajna,
Homens de todas as raças e nações, reis e chefes de nobre
fama.
Sita viu os esplendorosos seres celestiais, os monarcas vindos
de longe.
Viu seu real senhor e marido, resplendente como astro do
céu.
A inabalável fidelidade de Sita, em meio à mais negra
suspeita e às mais duras tribulações, fazem dela ainda hoje a
inspiração das mulheres indianas, que durante séculos têm
seguido submissamente o seu abnegado exemplo.
Profundamente desgostosa, Sita não pleiteou sua causa
alegando inocência, mas pediu à Mãe Terra que a aliviasse do
fardo da vida.
Então a Terra se fendeu e abriu, como as folhas se abrem
desvendando a flor,
E de dentro subiu um tronco de ouro, sustentado por nagas
cobertos de jóias.
Rama continuou vivo, mais solitário do que nunca. Teve
uma conferência secreta com um mensageiro celeste
(pensamos nos profetas bíblicos encontrando-se com o
"Senhor"). Seu irmão Laksman inadvertidamente interveio
e, como castigo, perdeu a vida. Anos mais tarde Rama
deixou Ayodha e entrou no céu. Pode ser que tenha sido
trasladado para o céu como Elias.
O Drona Parva, p. 171, regozija-se dizendo que, quando
Rama governou seu reino, os rixis, os deuses e os homens
viviam todos juntos na Terra; o mundo tornou-se
extremamente belo. Rama (e provavelmente seus descen-
dentes) governou em seu reino durante onze mil anos.
Nessa época andavam pela nossa Terra seres celestes de
outros planetas, segundo se menciona em textos egípcios e
gregos.
O nome de Rama é abençoado através da Índia. Gandhi,
assassinado, morreu invocando "Rama!" Todos os outonos a
história de Rama e Sita é representada em festivais de dez
dias através de toda a Índia.
Há uma notável semelhança entre o Ramáiana e a Ilíada,
ambas as epopéias contam a história de um marido em busca
de sua mulher seqüestrada, cujo rapto causa guerras ferozes
e ateia fogo ao mundo. Os heróis são inspirados pelos
deuses, que intervêm nos negócios humanos e dirigem o
destino dos homens. Intriga-nos saber que ambos, o
Ramáiana e a Ilíada, têm uma fascinante afinidade com um
poema épico encontrado em antigos textos ugaríticos em
Ras Shamra, onde, por volta do décimo quarto século antes
de Cristo, um herói semítico, o Rei Kret (que sugere a Creta
minóica), perde a noiva para um inimigo e assalta a cidade
deste para reavê-la. Talvez a civilização há milhares de anos
fosse mundial; essa epopéia encontrada em muitos países
sobre um príncipe e sua noiva seqüestrada, que provocam
uma guerra e a destruição de uma grande cidade, parece ter
uma origem histórica comum.
A maravilhosa epopéia do Ramáiana, inspiração da maior
literatura clássica do mundo, intriga-nos principalmente na
atualidade por suas freqüentes alusões a veículos aéreos e
bombas aniquiladoras, que nós consideramos serem
invenções do nosso próprio século XX, impossíveis no
passado distante. Os estudiosos da literatura sânscrita não
tardam a fazer uma revisão das suas idéias preconcebidas e
descobrem que os heróis dá antiga Índia estavam
aparentemente equipados com aviação e mísseis mais sofis-
ticados do que os nossos atualmente. O capítulo 31 do
Samaranganasutradhara, atribuído ao Rei Bhojadira, do
século XI, contém descrições de aeronaves notáveis, como a
máquina-elefante, a máquina-ave-de-madeira que viajava no
céu, a máquina vimana-de-madeira que voava no ar, a
máquina-porteiro, a máquina-soldado, etc., denotando
diferentes tipos de aeronaves para diferentes fins. O poeta
não havia descrito os métodos para construir as máquinas;
"qualquer pessoa não iniciada na arte de construir máquinas
causará transtornos". Uma maneira bastante eufêmica de
falar!
Ramachandra Dikshitar, em seu fascinante livro War in
Ancient Índia (A guerra na Índia antiga), traduz o Samar
como dizendo que estas máquinas podiam atacar objetivos
visíveis e invisíveis, subindo, cruzando milhares de léguas
em diferentes direções na atmosfera e subindo mesmo até as
regiões solares e estelares. "O carro aéreo é feito de madeira
leve, parecendo uma grande ave, com corpo durável e bem
formado e tendo mercúrio dentro e fogo no fundo. Tem
duas asas resplendentes e é impelido pelo ar. Voa nas regiões
atmosféricas por grandes distâncias e leva várias pessoas com
ele. A construção interior parece o céu criado pelo próprio
Brama. Também são usados na construção dessas máquinas
ferro, cobre, chumbo e outros metais." Apesar de sua
aparente simplicidade, o Samar acentua que essas vimanas
custavam muito caro para fazer e eram privilégio exclusivo
dos aristocratas, que se empenhavam em duelos celestes.
Hoje relacionamos essas aeronaves com os homens do
espaço.
As mais fantásticas histórias de guerra no ar com armas
fabulosas, que transcendem a nossa própria ficção científica
atual, são narradas no Maabárata, um maravilhoso poema de
duzentos mil versos, oito vezes o tamanho da Ilíada e a
Odisséia juntas, um verdadeiro mundo na literatura. Esta
epopéia relativa à Guerra de Bharata, no norte da índia,
ocorrida por volta de 1.400 a.C., pinta em cores
esplendorosas uma grande e nobre civilização, onde reis e
sacerdotes, príncipes e filósofos, guerreiros e lindas
mulheres se misturavam numa brilhante sociedade, talvez o
período mais resplendente de toda a história. Os inúmeros
incidentes, de duelos nos céus a assaltos de cidades,
conselhos de guerra a roubo de gado, torneios a casamentos
malfadados, eram contados oralmente, a princípio, por
menestréis ambulantes, com toda a magia do Oriente, até
que séculos mais tarde foram gravados naqueles estranhos
símbolos sânscritos, vindo a formar um tesouro inesgotável
que inspirou os indianos por milhares de anos e ainda hoje
domina a sua cultura. A brilhante caracterização do nobre
Príncipe Arjuna, a sua incomparável noiva Draupadi, o deus
Crisna, a multidão de seres celestes e cavaleiros guerreiros,
transcende as bucólicas criações de Homero, e o brilhante
cortejo é entremeado de personagens humanas, cujas quedas
da sublimidade no desespero são reveladas com uma
penetração inexcedida pelo gênio em nosso mundo ociden-
tal. A transmudar as aventuras marciais e as paixões intensas
vêm as sublimes doutrinas do Bhagavad Gita, com sua
incalculável influência sobre os filósofos gregos e os grandes
pensadores do Ocidente. Hoje estamos mais intrigados com
as aeronaves e as armas maravilhosas que sugerem alguma
ciência secreta inspirada por seres vindos do espaço.
O Maabárata descreve a guerra de dezoito dias entre
Duryodhana, chefe dos curus, e seu primo, Yudhisthir,
chefe dos vizinhos pandus, tribos do alto Ganges, que se diz
ter ocorrido catorze séculos antes de Cristo. Dentro dessa
narrativa há uma fantástica coleção de lendas, histórias de
deuses e reis, e extensas dissertações sobre religião, filosofia,
costumes sociais, misturadas com empolgantes descrições de
batalhas e ternas histórias de amor, que tornam a obra uma
verdadeira quintessência da cultura indiana. As dissertações
entre o herói Arjuna e o Senhor Crisna, quando o guerreiro
hesita em combater o seu parente, formam o sublime
Bhagavad Gita (A canção do Senhor), onde Crisna revela o
sentido do universo, a sabedoria de Brama e o dever dos
homens, expondo a religião dos hindus.
É difícil acreditar que essa sublime epopéia retrate de fato a
civilização de 1.400 a.C., quando os árias nômades estavam
desembocando pelos desfiladeiros setentrionais para invadir
a planície indiana, uma época talvez contemporânea de
Moisés. Em Os filhos de Mu (The children of Mu),
Churchward afirma que o Maabárata compreende histórias
dos anais dos tempos referentes a épocas de vinte mil anos
antes de Cristo, que talvez coincidam com a Idade de Ouro,
quando Urano, um astronauta, governava o mundo, a era
exaltada por Ovídio e pelos poetas clássicos. A guerra no ar
evoca as lendas gregas e a guerra celeste entre os deuses e os
homens descrita na Teogonia de Hesíodo.
Madame H. P. Blavatsky, na Doutrina secreta, insiste em
que o Maabárata se refere à luta histórica entre os
suryavansas (adoradores do Sol) e os indavansas (adoradores
da Lua), um conflito de grande significação esotérica, que as
pessoas menos inclinadas ao ocultismo poderão talvez
interpretar como uma luta entre duas raças de seres
extraterrestres vindos do espaço.
Em sua excelentíssima tradução do sânscrito, Romesh Dutt
descreve que pretendentes de toda a Índia contenderam
pela mão de Draupadi, princesa de Panchala.
E os deuses em carros transportados em nuvens vieram ver
o belo espetáculo,
Brilhantes adityas em seu esplendor, maruts no carro móvel.
Brilhantes imortais alegremente apinhados viam o
espetáculo de beleza sem par,
Flores celestiais, descendo suavemente, enchiam o ar de
perfume.
Deslumbrantes carros celestes em grande número
atravessavam o céu sem nuvens,
O ar enchia-se com o som de tambores e flautas, harpas e
tamborins.
(Livro I, capítulo 4)
Yudihisthir convocou uma assembléia para proclamar a sua
supremacia sobre todos os reis da Índia antiga.
Brilhantes imortais vestidos de luz solar atravessavam o céu
líquido
E seus carros deslumbrantes correndo em nuvens pousavam
nas altas torres.
Oferendas de ida, adja e homa contentavam os Brilhantes no
Alto,
Bramas satisfeitos com presentes caros enchiam o céu com
suas bênçãos. (Livro III, capítulo 2)
E ele viu neles seres encarnados do céu
E no Crisna de olhos de loto o Altíssimo nas Alturas.
(Livro III, capítulo 3)
Em sua paixão pelo jogo, Yudihisthir empenhou o seu reino,
os irmãos, a si mesmo e depois a bela Draupadi, perdeu tudo
para o seu ciumento inimigo Duryodhana e partiu para o
exílio. Seu usurpador, Duryodhana, desentendeu-se com os
gandharvas, seres celestes, e caiu prisioneiro. Os irmãos
pandavas salvaram-no de seus captores aéreos. Após doze
anos de penitência, Yudihisthir comandou um exército para
reconquistar seu trono, ajudado por Arjuna e Crisna.
Devas em seus carros sobre nuvens e gandharvas no céu
Olhavam do alto com mudo espanto os chefes humanos.
(Livro VIII, capítulo 2)
O famoso general de Duryodhana, Bhisma, rechaçou todos
os ataques.
Em vão também os irmãos pandavas caíam sobre o
incomparável Bhisma,
Nem os deuses no céu nem os guerreiros terrestres podiam
vencer o inigualável Bhisma.
(Livro VIII, capítulo 8)
Por fim, Duryodhana foi morto e Bhisma morreu.
Yudihisthir, coroado rei, realizou o antigo rito hindu do
sacrifício do cavalo para afirmar o seu reinado; assistiram à
festa seres celestiais e príncipes de toda a Índia.
Devas e rixis olhavam os festejos, os meigos gandharvas
cantavam,
Apsarasas como raios de sol deslizavam pelo gramado verde.
Yudihisthir, triunfante, recebeu homenagens de deuses e
homens.
E está no meio de seus irmãos, deslumbrante de alegria, puro
e alto, Como o próprio Indra, cercado pelos habitantes do
céu.
A batalha entre Arjuna e os gigantes rakchasas subiu das
planícies da índia até os céus. O Samsaptakabadha Parva, p.
88, descreve Arjuna e Crisna em um carro.
...extremamente resplendente como um carro celeste. Ó
rei, na batalha entre os deuses e os asuras nos velhos
tempos, ele executava um movimento circular, para a frente,
para trás, e diversas outras espécies de movimento... O filho
de Pandu soprou sua prodigiosa buzina de concha,
Devadotta. E depois disparou a arma chamada Tashtva; isto
é, capaz de matar grandes formações de inimigos de uma só
vez.
O Drona Parva, p. 661, comenta:
Na terrível batalha aqueles dardos, ó rei, como os próprios
raios do Sol, em um momento cobriram todos os quadrantes
em volta, o céu e as tropas. Inúmeras bolas de ferro também,
ó rei, apareceram depois como resplendentes luminárias no
firmamento claro. Shataghnis, alguns equipados com quatro,
outros com duas rodas, e inúmeras clavas e discos com
bordas agudas como navalhas e resplendentes como o Sol
apareceram lá também.
A descrição adapta-se a uma frota de espaçonaves no céu.
Em linguagem poética o Drona Parva, p. 497, descreve uma
aparente espaçonave do seguinte modo:
Vendo aquela montanha como uma massa de antimônio
com inúmeras armas caindo dela, o filho de Drona não se
impressionou de modo algum. Invocou a arma Vajra. O
príncipe das montanhas, atingido por essa arma, foi
rapidamente destruído. Depois este rakchasa,
transformando-se numa massa de nuvens azuis no
firmamento, coberta por um arco-íris, começou a despejar
furiosamente sobre o filho de Drona, nessa batalha, uma
chuva espessa de pedras e rochas. Depois, o mais notável de
todos os homens, conhecedor de armas, isto é,
Ashwatthaman, apontando a arma Vayarya, destruiu aquela
nuvem azul que tinha subido no firmamento.
Esta narrativa um tanto truncada sugere um bombardeio por
espaçonaves, uma das quais foi destruída por um míssil
terra-ar.
Um tronco sem cabeça e uma clava apareceram na face do
Sol.
(Drona Parva, p. 209)
Os estudiosos dos UFOS devem ficar impressionados com
esta semelhança com os prodígios vistos sobre a Roma
antiga, registrados por Tito Lívio e Júlio Obsequens.
A referência a armas fantásticas no Maabárata não mais
evoca ridículo mas assume intenso interesse para as nossas
mentes do século XX, assombradas pelas bombas nucleares.
O Bhisma Parva, p. 44, descrevendo o conflito entre Arjuna
e Bhisma, declara que o inimigo invocou uma arma celeste
semelhante ao fogo em fulgor e energia. Chandra Roy, em
sua magistral tradução, nota: "Esta Brama-danda, que quer
dizer Vara de Brama, é infinitamente mais poderosa até
mesmo do que o raio de Indra. Este último pode ferir
somente uma vez, mas a primeira pode atingir países
inteiros e raças inteiras de geração em geração". Durante
milhares de anos os eruditos achavam tratar-se de uma
ficção do poeta; de repente somos chocados pela sinistra
semelhança com a nossa bomba de hidrogênio, cujas
radiações provocam mutações em gerações ainda por nascer.
Arjuna e seus contemporâneos pareciam possuir um arsenal
de variadas e sofisticadas armas nucleares, iguais e talvez
superiores aos mísseis dos americanos e russos atualmente.
O Badha Parva, p. 97, menciona a arma Vaisnava, que
conferia invisibilidade, capaz de destruir todos os deuses e
todos os mundos. O Drona Parva, p. 383, refere-se a uma
"clara" aniquiladora, ou míssil.
Envolvido por eles (os arqueiros), ó Bharata, Bhisma,
lutando e soltando um rugido leonino, apanhou e
arremessou contra eles com grande força uma terrível maça
destruidora de fileiras hostis. Essa maça de força adamantina,
arremessada como o trovão de Indra pelo próprio Indra,
esmagou, ó rei, os teus soldados na batalha. E pareceu
encher, ó rei, toda a Terra com um ruído alto. E, ardendo
em esplendor, aquela maça feroz incutiu medo em teus
filhos. Vendo aquela maça de impetuosa corrida e dotada de
relâmpagos correr para eles, teus guerreiros fugiram soltando
gritos de terror. E ao ouvirem o som incrível, ó Senhor,
daquela terrível clava, muitos homens tombaram onde
estavam e muitos guerreiros de carros também caíram de
seus carros.
A guerra atômica com os defensores tentando em vão lançar
antimísseis para conter os foguetes nucleares surpreende-
nos por sua estranha semelhança com as guerras futuras,
quando as capitais da nossa Terra poderão ser varridas por
bombas de antimatéria lançadas de satélites espaciais. O
Drona Parva, p. 592, descreve:
Numa ocasião, assaltado por Valadeva, Jarasandha, tomado
de cólera, lançou para destruir-nos uma clava capaz de matar
todas as criaturas. Dotada do esplendor do fogo, aquela clava
correu para nós dividindo o céu (a Criação) como a risca na
cabeça que parte as tranças duma mulher e com a
impetuosidade do trovão, arremessado por Shukra. Vendo
aquela maça correndo assim para nós, o filho de Rohimi
arremessou a arma chamada Sthunakarma para frustrá-la.
Com a força destruída pela energia da arma de Valadeva,
essa clava caiu na Terra, abrindo-a (com seu poder) e
fazendo as próprias montanhas tremerem.
Descrições de "fender a Terra" evocam ensinamentos
ocultistas sobre a destruição do décimo planeta, o Maldek,
entre Marte e Júpiter, por seus habitantes malvados,
transformando-o nos fragmentos que chamamos asteróides.
Uma narrativa fantástica é dada no Drona Parva, p. 690,
relativa à destruição de três "cidades" no céu, possivelmente
imensas naves-bases, que alguns ocultistas acreditam
patrulhar o espaço atualmente.
Antigamente os valentes asuras tinham no céu três cidades.
Cada uma dessas cidades era excelente e grande. Uma era
feita de ferro, outra de prata e uma terceira de ouro. A
cidade de ouro pertencia a Kamaloksha, a cidade de prata a
Tarakaksha e a terceira, feita de ferro, tinha Viyunmalin por
senhor... Quando entretanto as três cidades se encontraram
no firmamento, o Senhor Mahadeva atravessou-as com
aquele terrível dardo seu que consistia em três nós. Os
danavas eram incapazes de olhar para aquele dardo inspirado
pelo fogo Yuga e composto de Visnu e Soma.
Provavelmente eram utilizados mísseis seletivos como a
arma Narayana, chamada "chamuscador de inimigos", contra
as tropas no campo de batalha. A última palavra em armas
era a Agneya, que lembra a Mash-mak da Atlântida e que se
dizia utilizar alguma força sideral, misericordiosamente não
descoberta por nós atualmente. O Drona Parva, p. 677,
mantém-nos fascinados.
O valente Ashwatthaman, então, mantendo-se re-
solutamente no seu carro, tocou a água e invocou a arma
Agneya, a que os próprios deuses não podiam resistir.
Apontando contra todos os seus inimigos visíveis e
invisíveis, o filho do preceptor, aquele matador de heróis
hostis, inspirou com mantras uma lança ardente com o
fulgor de um fogo sem fumaça e despediu-a para todos os
lados, cheio de raiva. Densas nuvens de setas partiram então
dela no céu. Dotadas de chamas ardentes, aquelas setas
envolveram Parthie por todos os lados. Caíram meteoros em
fogo do firmamento. Uma espessa escuridão envolveu
subitamente a hoste (pandava). Todos os quadrantes em
redor também foram envolvidos por essa escuridão.
Rakchasas e vichochas, encolhendo-se uns contra os outros,
soltavam gritos ferozes. Ventos nefastos começaram a
soprar. O próprio Sol não mais dava calor. De todos os lados
crocitavam corvos ferozmente. Rugiam nuvens do céu
chovendo sangue. As aves, as feras, as vacas, manis de altos
votos e outras almas sob completo controle ficaram
extremamente inquietos. Os próprios elementos pareciam
estar perturbados. O Sol parecia girar em seu eixo. O
universo crestado por calores parecia estar com febre. Os
elefantes e as alimárias da terra, chamuscados pela energia
daquela arma, corriam aterrados, arfando ruidosamente e
desejosos de proteção contra a terrível força. Tendo a
própria água sido aquecida também, as criaturas que viviam
nesse elemento, ó Bharata, ficaram extremamente inquietas
e pareciam queimar. De todos os pontos do quadrante,
cardiais e colaterais do firmamento e da própria Terra, caíam
chuvas de setas penetrantes e agudas e desciam com a
impetuosidade de Garuda (espaçonave?) no vento. Feridos e
queimados por aquelas setas de Ashwatthaman, todas
dotadas da impetuosidade do trovão, os guerreiros hostis
tombavam como árvores queimadas por um incêndio
avassalador.
Elefantes enormes queimados por essa arma caíam na Terra
em toda parte, soltando gritos ferozes tão altos como os das
nuvens. Outros enormes elefantes, chamuscados pelo fogo,
corriam para aqui e para lá, berrando aterrados, como no
meio dum incêndio de floresta. Os corcéis, ó rei, e os carros
também queimados pela energia dessa arma pareciam, ó
Senhor, como as copas de árvores queimadas num incêndio
de floresta. Milhares de carros caíam para todos os lados. De
fato, ó Bharata, parecia que o divino Senhor Agni queimava
a hoste (pandava) naquela batalha como o fogo de Somvarta
destruindo tudo no fim da Yuga. (fogo celestial destruindo a
civilização ao fim duma idade do mundo.)
Poderia essa maravilhosa descrição duma explosão
semelhante à explosão nuclear, feita por um indiano simples
há milhares de anos, ser suplantada pelos nossos repórteres
científicos atuais? Essa empolgante narrativa em palavras
simples faz-nos lembrar os testemunhos visuais da gente de
Hiroxima. Essa história tem todo o cunho da verdade; não
pode ser fantasiosa ficção científica; há muito tempo, na
torturada história do nosso mundo, essa terrível catástrofe
deve ter acontecido.
Essa guerra fantástica deve ter deixado perplexo Chandra
Roy, ao traduzir o Drona Parva nos dias pacatos de 1888,
quando as batalhas eram vencidas por cargas de cavalaria e
heróis agitando bandeiras; hoje nós compreendemos
demasiado bem os titânicos horrores da guerra atômica.
Recordando os cinco anos de esforços dos maiores cientistas
da América e da Grã-Bretanha, apoiados por uma imensa
técnica industrial, que foram necessários para manufaturar a
bomba primitiva que devastou Hiroxima, ficamos
naturalmente um pouco céticos ante a sugestão de que os
guerreiros da Índia há milênios pudessem manejar armas
nucleares de força colossal; fora uma ciência adiantada que
eles implicam, o lançamento de tais mísseis exige intricados
sistemas de orientação eletrônica e as mais complexas
defesas, e a perfeição dum míssil antimíssil vem frustrando
os nossos cientistas de gênio atuais. A história convencional
nega qualquer tecnologia desenvolvida aos povos da
antiguidade, que se acredita que viveram numa cultura
estática durante milhares de anos, em comunidades
agrícolas, à espera de que James Watt despertasse um dia e
inventasse a máquina a vapor.
Já novas técnicas estão reduzindo os custos de fabricação; a
atrasada China tem bombas de hidrogênio, a Indonésia e
Israel ameaçam seguir seu exemplo e prometem-nos que em
breve qualquer comunidade empreendedora, munida de um
estojo de "faça com as suas próprias mãos'", estará em
condições de fazer bombas suficientes para mandar seus
vizinhos pelos ares. A existência de bombas nucleares na
antiga Índia pressupõe que esse período sucedeu uma
civilização avançada milhares de anos, possivelmente a
Lemúria e a Atlântida descritas pelos ocultistas.
Suponhamos que a ciência na antiguidade se desenvolvesse
com técnicas diferentes da nossa física atual. A arma Agneya
que desbaratou as hostes dos pandavas na velha índia evoca
a destruição de Sodoma e Gomorra, o aniquilamento do
exército de Senaqueribe que cercava Pelúsio (?) em 670 a.C.
(?) e o fogo do céu que destruiu o Castelo de Vortigern na
Grã-Bretanha no século V. O homem sofreu outras
Hiroximas há muito tempo; a humanidade sempre aprende o
bastante para cometer os mesmos erros lamentáveis.
O Prometeu indiano, Matarisvan, roubou o Agni oculto, o
fogo secreto, do céu. Quem sabe se os indianos não
aprenderam suas técnicas nucleares com os homens do
espaço?
O Ramáiana e o Maabárata, escritos há tantos milênios,
mostram que nossos remotos antepassados não eram
bárbaros, mas viviam e amavam numa alegre e brilhante
cultura, com uma compreensão dos mistérios cósmicos que
transcendia a nossa. Talvez no passado distante possamos
discernir o nosso futuro. Dentro de poucas décadas pode ser
que a nossa Terra seja favorecida novamente por
espaçonautas, os deuses da velha Índia.
Capítulo Cinco
HISTÓRIAS ESPACIAIS EM SÂNSCRITO
Lendas de todos os países do mundo descrevem um
convívio de seres celestes do firmamento com os povos da
Terra na antiguidade. A gente simples da Grécia e de Israel
adorava os espaçonautas como deuses, com temerosa
superstição, mas a mil e quinhentos quilômetros de
distância, na Índia, os sofisticados nobres tratavam os vi-
sitantes como iguais, não se deixando atemorizar por seus
hóspedes celestes. A literatura sânscrita deliciava-se com
fascinantes histórias da rivalidade entre deuses e mortais
pelo amor de alguma donzela sedutora; galantes do mundo
superior desciam à Terra e punham cerco a alguma orgu-
lhosa beldade, envolvendo-se em façanhas amorosas que
transcendiam a grosseira concupiscência de Zeus seduzindo
as mulheres da Grécia. Os heróis subiam aos céus em carros
celestes é empenhavam-se em duelos aéreos, atacando seus
rivais com dardos explosivos ou aniquilando exércitos com
bombas nucleares. Essas encantadoras histórias da velha
Índia, mais fascinantes do que a nossa própria ficção
científica, falavam de uma terra quente e pitoresca de
cultura, com uma sociedade esplendorosa, onde príncipes e
poetas, santos e patifes, místicos e mágicos viviam com um
entusiasmo como não houve igual até que o brilhante
Renascimento despertou para a vida o gênio da Itália.
Naqueles exóticos reinos do Himalaia os espaçonautas
sentiam-se em casa, em uma sofisticação que nunca
poderiam encontrar na rígida austeridade do Peloponeso ou
na orgulhosa intolerância da Palestina. As histórias sânscritas
brilham de humanismo e humor destilados em fascinante
poesia, pintando uma sociedade jovial e culta de milênios de
idade, sem dúvida inspirada por alguma maravilhosa e
resplendente civilização das estrelas.
Os poetas e contadores de histórias pareciam impressionados
com as histórias que contavam; à sua maneira simples eles
comparavam as aeronaves com as aves e animais que
conheciam melhor, chamando a uma aeronave um cavalo
voador, exatamente como muitos séculos mais tarde os
peles-vermelhas viam uma locomotiva como um cavalo de
ferro. Subishmanya montava um pavão, Brama um cisne,
Visnu e Crisna voavam através dos céus na ave gigantesca
chamada Garuda. Os ocultistas ensinam que essa criatura
monstruosa, meio homem meio ave, a fénix indiana, o
homem-leão ou esfinge egípcio, é um simbolismo esotérico
do templo solar e cíclico. Nós insistimos: Garuda não seria
uma espaçonave? O asura (não- deus) chamado Maya tinha
um carro de ouro animado, com quatro fortes rodas e com
uma circunferência de doze mil cúbitos, que possuía o
maravilhoso poder de voar à vontade para qualquer lugar.
Dikshitar declara que esse carro era equipado com várias
armas e ostentava enormes estandartes na batalha entre os
devas e os asuras na qual Maya se distinguiu; consta que
vários guerreiros voavam em aves. O Drona Parva, p. 145,
narra:
Sem arco e sem carro, mas com o olhar atento para o seu
dever como guerreiro, o belo Abhinanya, tomando de uma
espada e de um escudo, pulou para o céu. Denotando grande
força e grande atividade e descrevendo a trajetória chamada
Krucika e outras, o filho de Arjuna corria ferozmente
através do céu como o príncipe das criaturas aladas (Garuda).
O Badha Parva, p. 546, referindo-se à batalha entre Rama e
os rakchasas, declara:
Teu filho, Dasaratha, avançou contra aquele poderoso
guerreiro de carro, Prativindhya, que avançava (contra
Drona) queimando seus inimigos na batalha.
O encontro que teve lugar entre eles, ó rei, parecia tão belo
como o de Mercúrio e Vênus no firmamento sem nuvens.
Essa citação é particularmente fascinante porque revela que
os antigos indianos conheciam Mercúrio e Vênus e algum
possível conflito entre eles, conhecimento que nós
tendemos a relacionar apenas com os gregos.
O Rei Satrugit foi presenteado por um brama, Gogava, com
um cavalo chamado Kirvelaya, que o transportava a qualquer
lugar da Terra, lembrando o herói grego Belerofonte e seu
cavalo alado Pégaso.
O monge budista Gunavarman, no século IV d.C., afirmou
que tinha voado do Ceilão a Java para converter o rei desta
ilha à sabedoria do "modo dos oito caminhos". No dia
anterior à sua chegada a mãe do rei sonhou que um grande
mestre tinha descido do céu numa nave voadora. Quando a
aurora iluminou a Terra, Gunavarman chegou; julgado um
mensageiro dos deuses, foi tratado com imenso respeito.
Todos os espectadores se maravilharam de ver uma nave
brilhante deslizar do alto e pousar sem o menor som. Outra
játaca falava de um rei de Benares que possuía um veículo
recoberto de jóias que voava; o dramaturgo Bhavabhuti
escreveu no quinto século da nossa era a respeito de um
veículo voador usado para trabalho em geral na comunidade
pelos funcionários do conselho local. Em seu livro notável,
War in Ancient Índia (A guerra na Índia antiga),
Ramachandra Dikshitar recorda que, no Vikra-marvastya
(Drona, p. 176), o Rei Puruvravas viajou num carro aéreo
para salvar Urvasi, em perseguição ao danava que a raptara.
Referências curiosas a viagens aéreas aparecem no
Budhasvamin Brihat Katha Shlokasamgraha, um romance
sânscrito, escrito na bela escritura antiga dum tipo bem
conhecido no Nepal do século XII, reprodução dum
manuscrito muito antigo. Este foi traduzido para o francês
por Felix Lacote em 1908.
O tirano Mahasena, rei do povo avanti, no norte da Índia,
governava em Uijayani, uma cidade rodeada de fossos tão
largos como o mar, uma cidade imensa como as montanhas.
O rei foi deposto por seu filho mais velho, Gopala, que um
dia ouviu por acaso...
...um homem queixando-se a sua amante de que ela o
atormenta. A amante sugere que ele mate o marido dela, as
leis são desprezadas, ébrio de apetite de poder o filho matou
o rei, seu pai.
Gopala, que tinha levado uma vida desregrada até então,
decidiu tornar-se um asceta e abdicou em favor de seu irmão
mais jovem, Palche, que depois de um longo reinado deixou
o governo para seu sobrinho Avantwardhava. Um dia
Avantwardhava enamorou-se de uma moça que viu num
balanço em uma árvore, a seguir o elefante dele correu
descontrolado e foi ajoelhar-se aos pés da donzela que tinha
roubado o coração do jovem rei.
Ela era Surasamanjari, filha de Upalastaka, chefe dos
matangos. Avantwardha casou com Surasamanjari. Ela disse
que na realidade seu pai era Siddhamatanjavidya, que a tinha
prometido a um vilão chamado Ipploha. "Um dia, quando
meu pai viajava no ar, com sua coroa de chamas, rodeado
por enxames de abelhas, amarelas de pólen, foi encantado
pelo vento." O rei foi amaldiçoado por Narada, que estava à
margem do Ganges, mas a praga seria levantada quando sua
filha se casasse com o filho de Gopala. Ela disse que o rei dos
vidyaharas e outros seres celestes estabeleciam como regra
que um rei, mesmo errado, não devia ser perturbado quando
está no seu harém. Ipploha, fervendo em raiva, raptou a
moça. Uns eremitas, pondo os olhos no céu, viram vir um
ser divino com espada e escudo, resplendente na luz. O ser
divino desceu pelo caminho dos ventos, e pôs Ipploha a
ferros.
O ser divino disse: "Desde Haravashanadotta, rei dos
vidyaharas, eu sou teu servo dedicado. Sou chamado
Divaskavadeva. Quando atravessava os ares do Himavit, no
monte Malaya, ao passar sobre os avantis vi o sandala que
fugia raptando o rei e sua esposa... Lutei com ele e o venci.
Levei-o ao cakravartim (imperador), que o interrogou e o
envia para a Corte de Justiça de Kashyupe... Ele virá ver-nos
amanhã com suas esposas".
Depois desse discurso de Divaskavadeva, os rixis banharam-
se em lágrimas de alegria e acharam a noite longa. De
manhã, no céu sem nuvens, os ascetas ouviram um ruído
fragoroso que enchia a atmosfera. "Que é isso?",
perguntaram ao ser aéreo. "É o ruído dos tambores dos
viajantes aéreos que estão fechados no seio dos carros e
soam como o trovão. Aqui vem o nosso senhor, o rei dos
reis dos vidyaharas, com a tempestade de tambores rugindo
pelos caminhos do céu. Vejam!" Como uma manada de
nuvens que o arco-íris ilumina, enchendo todos os espaços
do firmamento, um bando de carros esplendorosos de jóias
apareceu aos ascetas à distância, chegando do céu. Os carros
desceram, o de Shakravatan parou à porta do eremitério, os
outros nas gargantas, nas encostas e nos topos das
montanhas. O carro do rei supremo dos vidyaharas tinha a
forma de uma flor de lótus, e era ornamentado com vinte e
seis pétalas feitas de rubi. Ele próprio estava em pé no meio
do pericarpo, formado por uma esmeralda, é nas pétalas
estavam suas esposas maravilhosamente vestidas.
No julgamento na corte, diante dos seres celestiais, Ipploha
alegou que Surasamanjari lhe tinha sido prometida, o Rei
Upalastaka disse que isso era de fato verdade, mas que
Ipploha tinha renunciado a ela dizendo que era filho dum
homem amaldiçoado (por Narada, no Ganges). Ele então a
tinha prometido ao rei dos avantis. Kacyopa, então,
condenou Ipploha a ir até Benares para mergulhar os
cadáveres no Ganges, residindo no cemitério, vestindo os
andrajos dos criminosos e vivendo de esmolas. Ao fim de
um ano seria libertado da praga.
Por fim acorreu gente por todos os meios a Ujyayami. Até
velhos, cegos e recém-chegados, almas simples e crianças,
ansiosos por dar com o filho do rei dos vatsas, e a floresta do
eremitério encheu-se com a multidão alegre.
Essa história encantadora fala dos tempos em que a gente do
espaço convivia com os homens em mútuo prazer. O "ruído
de tambores dos viajantes aéreos" faz-nos lembrar aviões
hoje rompendo a barreira do som; a comparação das
espaçonaves com jóias faz lembrar o profeta Ezequiel, que
descreveu seus visitantes em carros de pedras preciosas; o
julgamento na presença dos seres celestiais evoca os deuses
dos dramaturgos gregos que julgavam os homens.
O Brihat Katha continua com uma história maravilhosa que
nos lembra hoje a ficção científica, embora o escritor
sânscrito a contasse como verdadeira.
O Rei Padmavit e a Rainha Vasavadotta desejavam
enormemente ter um filho, e finalmente ela ficou grávida.
Um dia, quando ela pensava ansiosamente sobre o
acontecimento vindouro, sua sogra contou-lhe que quando
ela mesma estava grávida, um dia encontrava-se no terraço
do palácio olhando o céu, quando uma "ave" desceu e a
levou pelo ar e a colocou numa terra distante. O pássaro ia
devorá- la, mas foi salva por dois jovens rixis. Eram esguios,
um círculo luminoso espalhava-lhes uma luz dourada nos
membros, sua tranças eram de uma beleza deslumbrante.
Disseram-lhe: "Rainha, não tenha medo. Este é o eremitério
de Vasistha, situado num lugar puro ao pé do monte
Oriental". Aí ela deu à luz Odayana. Quando cresceu,
Odayana deixou o eremitério e viajou. Num lago cheio de
lótus e toda a espécie de aves viu jovens que não tinham
forma humana se divertindo. Fechou os olhos e eles o
levaram para a morada do povo-serpente, sem Sol, sem Lua,
sem planetas nem constelações ou estrelas, mas o esplendor
de aventurinas e pedras lunares dissipava a escuridão. Na
cidade não havia velhice, nem doença, nem deformidade
física ou moral, mas palácios deliciosos, e nesse esplendor
havia som de címbalos. Era a Cidade das Serpentes,
Bhavagata, onde moravam seres que viviam numa calpa.
Com relutância Odayana teve de partir e eles o
acompanharam de volta ao cimo do lago.
Os adeptos da teoria da terra oca diriam que Odayana foi
trasladado a essa maravilhosa civilização de Agharta, que
dizem existir centenas de quilômetros abaixo dos nossos pés.
O "povo-serpente" é conhecido esotericamente como uma
raça não humana de seres maravilhosos com imensa
sabedoria cósmica; é interessante verificar que eles eram
conhecidos, ao que parece, dos escritores da velha Índia.
A mitologia grega abunda em histórias de deuses que
desciam à Terra para seduzir alguma mulher apetitosa. O
Brihat, Livro Quinto, p. 179, conta-nos:
Em Mathura, Manorama, esposa do poderoso Rei Ujrasena,
passeava no belo jardim de sua casa para respirar o perfume
das kadambas. "Ela estava no primeiro dia de seu mês." Um
dánava chamado Drumba estava passando no ar, a beleza do
jardim chamou-lhe a atenção, viu Manorama lá e, por espí-
rito de malícia, tomou a forma de Ujrasena (seu marido),
uniu-se a ela, e imediatamente ela sentiu que estava grávida.
O Brihat Katha, p. 190-199, adiante dá uma informação mais
direta sobre aviação:
Então Padmavit explicou que Vasavadotta desejava subir
num carro aéreo e desse modo visitar toda a Terra. "As
esposas dos servos do rei tinham exatamente o mesmo
desejo. Eu disse a mesma coisa a todas elas. Pendurem um
balanço em varas longas, subam nele, depois balancem-se no
ar para frente e para trás. Outros meios de satisfazê-las seus
maridos não conhecem! Se ela tem desejo de viajar no ar,
que se contente da mesma maneira!" Todos riram. "Deixe de
brincadeira!", disse Rumanavat, "e vamos à questão!" "Que
adianta sonhar com isso?", disse Yongan-dharayame. "Trata-
se apenas dum trabalho de artesãos." Rumanavat convocou
os carpinteiros e mandou-lhes que fabricassem sem demora
uma máquina que se movesse no ar. Eles saíram dali e o
corpo de artesãos teve uma conferência demorada, depois
procuraram Rumanavat novamente e balbuciaram aterrados:
"Nós conhecemos quatro espécies de máquinas: máquinas
de água, máquinas de pedra, máquinas de pó e as feitas de
muitas peças. Quanto a máquinas voadoras, os yavanas (os
gregos) conhecem- nas, mas nós nunca tivemos
oportunidade de ver nenhuma".
Então um brama falou dum carpinteiro chamado Pukrasaka,
a quem seu rei havia falado de Vicvita, que tinha montado
um galo mecânico. Os embaixadores estrangeiros disseram:
"Não devemos revelar nunca a ninguém, artesão ou qualquer
outro, o segredo das máquinas aéreas, difíceis de adquirir por
qualquer um que não seja grego". Rumanavat disse que o rei
estava tentando arrancar dele o segredo das máquinas
voadoras, que era seu dever escondê-lo como os usurários
escondiam seus tesouros. Os artesãos podiam ser postos a
ferros, chicoteados, torturados, que não revelariam o
segredo.
De repente apareceu um estranho e pediu a Rumanavat os
materiais necessários e fez um carro voador com a forma de
Garuda, ornado de flores de mandara.
A rainha e o marido viajaram no ar em volta da Terra e
voltaram à cidade dos avantis.
Num maravilhoso dia de primavera, a rainha deu à luz um
filho.
Os povos da Índia antiga consideravam todos os ocidentais
procedentes do Mediterrâneo "iavanas", ou gregos,
exatamente como os árabes, séculos depois, chamavam aos
cruzados "francos", fosse qual fosse o seu país de origem.
Provavelmente usavam a palavra "yavana" para indicar
qualquer pessoa de pele mais clara, mesmo um espaçonauta.
Quem era aquele "estranhe", que apareceu a Rumanavat e
construiu aquele carro aéreo? Seria um homem do espaço?
Mais referências a iavanas e suas máquinas voadoras eram
feitas no Harscha Charita de Bana, um vatsyayenas
bramânico, que viveu em Thanesar no norte da Índia no
começo do século VII d.C. O romance histórico de Bana
tomou o seu próprio rei, Shri Harscha, como herói e baseou-
se num acontecimento real do reinado dele. Um viajante
budista chinês, Hinan Throng, visitou a corte de Shri
Harscha por volta de 630 d.C. e deixou uma vívida narrativa
dessa visita. A fascinante obra do próprio Bana fornece um
maravilhoso quadro da Índia do século VII.
A brilhante tradução de E. B. Cowell e F. W. Thomas
descreve as vicissitudes de Harscha, seus amores, ascetismo,
traições, batalhas, até que se torna rei. Imediatamente jurou
vingança contra o rei de Ganda e ordenou ao seu
comandante de elefantes, Sandagupta, que mobilizasse suas
forças. Sandagupta fez-lhe uma longa descrição de desastres
devidos a erros cometidos pelo descuido, a qual, embora não
tenha importância particular para caso dos astronautas, é,
sem dúvida, de salutar interesse, como a maioria das
histórias da velha Índia.
Sandagupta respondeu: "...Ponha de lado, pois, essa
confiança universal, tão agradável aos hábitos de sua própria
terra e nascida da franqueza inata de espírito.
Freqüentemente chegam aos ouvidos de Vossa Majestade
notícias de desastres devidos a erros por falta de cuidado.
Em Gadmavati houve a queda do herdeiro de Najasena para
a casa dos nagas, cu já política foi publicada por uma ave
sarika. Em Sravasti apagou-se a glória de Sutavarman, cujo
segredo foi ouvido por um papagaio. Em Mittikarati palavras
ditas no sono foram a morte de Suvanaranda.
"A sorte de um rei yavana foi decidida pelo guarda do seu
carro de guerra de ouro, que leu as letras dum documento
refletidas em seu elmo precioso. A golpes de espada o
exército de Viduratha retalhou o avarento Mathura quando
cavava tesouros na calada da noite. Vatsapati quando se
divertia na floresta dos elefantes foi aprisionado pelos
soldados de Pra- hasena que saíram da barriga dum elefante
de mentira (cavalo de Tróia?). Sumitri, filho de Wjnimita,
gostando muito de teatro, foi atacado por Mitradeva no meio
dos atores e com uma cimitarra separado da cabeça como
uma haste de lótus. Sharabha, rei" de Asmaka, gostava muito
de música de instrumentos de corda, e seus inimigos
disfarçados de estudantes de música cortaram-lhe a cabeça
com facas afiadas escondidas no espaço entre a vina e a
cabaça acústica. Um general de baixo nascimento, Prispantri,
assassinou seu tolo senhor maurya, Brihadratha, numa re-
vista de todo o exército, que Prispantri organizou com o
pretexto de manifestar o poder do senhor. Kaakavarma,
curioso de maravilhas, foi arrebatado, ninguém sabe para
onde, em um carro aéreo artificial feito por um yavana
condenado à morte."
Essa história sânscrita de um rei arrebatado num carro aéreo
lembra a história do Cavalo Encantado das Mil e uma noites.
Seria um rapto para outro planeta ou o primeiro acidente
aéreo registrado na história?
Sandagupta continuou a deprimir o Rei Harscha com
descrições de infortúnios; elas poderão ter pouca relação
com os astronautas, mas essas fascinantes histórias talvez
devam ser ressuscitadas do negligenciado sânscrito e apre-
sentadas hoje para esclarecimento dos nossos leitores mo-
dernos. É possível que também aprendamos com estes inci-
dentes da velha Índia.
"O filho de Susumaya foi, por instância de seu ministro
Vasudeva, privado da vida por uma filha da escrava de
Devabhuti, disfarçada como sua rainha. Por meio de uma
mina no monte Dodhama, animado pelo tinido de argolas
das pernas de numerosas mulheres, o rei de Maghadha, que
tinha a mania de grutas de tesouros, foi levado pelos
ministros do rei de Makabo para a terra deles. Kumavasene,
príncipe de Pannytha, irmão mais jovem de Prodyota, tendo
a mania de histórias sobre venda de carne humana, foi
assassinado na festa de Mahakabe pelo vampiro Tabajongha.
Por meio de drogas cujas virtudes tinham sido celebradas
por muitos indivíduos diferentes, alguns pretensos médicos
causaram atrofia em Ganyapati, filho do rei de Vidaha, que
era louco pelo elixir da vida. Confiando em mulheres, o
kalinga Bhorasena encontrou a morte às mãos de seu irmão
Virasena, que secretamente encontrou acesso à parede dos
aposentos da Primeira Rainha. Deiíando-se em um colchão
no leito de sua mãe, um filho de Dodhra, senhor dos
karusas, causou a morte de seu pai, que tencionava ungir
outro filho. Bandrakaba, senhor dos sokones, sendo muito
ligado ao seu camareiro, foi com seu ministro privado da
vida por um emissário de Sudsoka. A vida de Pusnava, rei de
Cammidi, amante da caça, foi sorvida enquanto ele estripava
rinocerontes dos soldados do senhor de Campas, escondidos
num alto canavial. Arrebatado por seu entusiasmo pelos
trovadores, o bobo de Markhari, Ksatravarman, foi abatido
por bardos, emissários de seu inimigo, aos gritos de
"Vitória!" Na cidade de seu inimigo, o rei dos sakos, quando
cortejava a mulher de outro, foi chacinado por Cantragupta,
escondido na roupa de sua amante. Os erros de homens
descuidados causados por mulheres têm chegado
suficientemente aos ouvidos do meu senhor. Assim, para
garantir a sucessão de seu filho, Suprabha com mosquitos
envenenados matou Mahasena, rei de Kachi, amante de
guloseimas. Rotnavati, fingindo um frenesi de amor, matou
o vitorioso Jarutha de Ayodhya com um espelho que tinha
uma borda afiada como navalha. Dhaki, apaixonada por um
irmão mais jovem, empregou contra Devasena lótus cujo
suco fora tocado com pó envenenado. Uma rainha ciumenta
matou Randideva de Vranti, com uma argola de tornozelo
cravejada que emitia uma infecção de pó mágico; Vindumati
matou o Visnu Vidmatha com um punhal escondido nas
tranças do cabelo; Hamasavati, o rei de Sauviva, Virasena,
com um ornamento de cinto que tinha veneno no interior;
Pauravi, o senhor Somaka de Paurava, fazendo-o beber um
gole de vinho envenenado, tendo ela besuntado sua própria
boca com um antídoto invisível."
Assim ele falou, e partiu para executar a ordem de seu
senhor.
Sem se deixar impressionar com o triste relatório, Harscha
levou o seu exército e derrotou o rei de Ganda.
Essas histórias maravilhosas da velha Índia, que tanto fazem
lembrar o Renascimento italiano e a geração dos Bórgia,
poderiam dar enredos para os dramaturgos de hoje e inspirar
nos nossos scripts de televisão um brilho muito necessário.
Os deuses da antiga Grécia folgavam em amorosos prazeres
com qualquer beldade, casada ou solteira, que caísse sob seus
olhos concupiscentes; por vezes parece que essas mesmas
deidades celestes iam divertir-se também sobre a Índia
antiga. O Boital Pachis ou As vinte e cinco histórias de um
duende, traduzido do hindi por J. Platts, fala de Hariswami,
que era "tão belo como Cupido, igualava Brihaspati em seu
conhecimento dos tratados científicos e religiosos e era tão
rico como Kuvera". Casou com uma filha de um brâmane,
chamada Levenyavata, e a levou para casa.
Em suma, numa noite na estação quente estavam ambos
dormindo pesadamente no teto plano duma casa de verão. O
véu da mulher escorregou-lhe do rosto quando um semideus
estava passando em um carro pelo ar. Vendo por acaso a
mulher, o semideus baixou o carro, colocou-a nele assim
mesmo adormecida e fugiu com ela. Depois de algum
tempo, ò brâmane acordou também e eis que sua mulher
não estava (ao seu lado). Ficou alarmado e desceu e
procurou-a através da casa. Não a encontrando lá, saiu e
procurou-a pelas ruas e vielas da cidade, mas não a
encontrou. Então começou a dizer consigo mesmo: "Quem
a terá levado e aonde terá ido?" A dor foi-lhe fatal. Depois de
muito sofrimento, comeu arroz que tinha sido envenenado
por uma serpente e morreu.
A desgraça deste homem, não sei por quê, não nos causa
pena. Sentimos que qualquer homem que durma com sua
mulher em cima dum telhado plano, com astronaves
passando por cima, merece perdê-la. A moral para nós
atualmente, nesta era de UFOS, é dormir dentro de casa.
As vinte e cinco histórias de um vetala, escritas no século
VII d.C., falam de um carpinteiro que construiu um carro
aéreo camuflado como uma enorme ave que permitiu a um
moço salvar sua noiva do harém dum rei poderoso.
As histórias do Panchatantra, escritas no sânscrito da velha
Índia, têm sido contadas por contadores de histórias
itinerantes por gerações através do mundo. Esses romances
mágicos de reinos de maravilha inspiraram o Asno de ouro,
de Apuleio, as fabulosas Mil e uma noites, o cavaleiro Gesta
Romanorum, o picante Decamerão, de Boccaccio, as fábulas
de La Fontaine e aqueles deliciosos contos de Grimm e Hans
Andersen que nos fascinam até hoje. Aquelas histórias de
fadas que encantam a nossa meninice ainda evocam um
mundo de magia que sentimos deve ser a verdadeira
realidade, além da nossa percepção limitada, talvez naquelas
regiões transcendentes onde seres maravilhosos manipulam
as forças secretas do universo; alguns mitologistas acreditam
que os duendes foram antigos deuses; hoje nós os
confundimos com astronautas.
A história de O tecelão como Visnu, maravilhosamente
traduzida por Alfred Williams, conta que no país dos gangas,
em uma cidade chamada Pundravardhaanam, um jovem
tecelão e um carpinteiro, vestindo as suas melhores roupas,
passeavam pelo meio da multidão em meio a uma grande
festa. Sentada em frente duma janela superior do palácio
real, viram a princesa, cuja beleza sem igual trespassou o
coração do tecelão. Tão apaixonado ficou este, que seu
amigo, o carpinteiro, lhe fez uma máquina maravilhosa com
a forma e as cores de uma ave, modelada de acordo com a
divina Garuda, para que ele pudesse chegar à princesa, que
dormia sozinha em sua sacada. O tecelão tomou banho,
vestiu a sua melhor roupa, perfumou o hálito e subiu com
sua máquina. A princesa, sozinha em sua sacada, suspirava
para a lua quando viu o tecelão na forma de Visnu em uma
enorme ave que vinha do céu.
O tecelão disse à donzela, que acreditava que ele era Visnu,
qué ela havia sido sua esposa anterior e que eles podiam
casar-se sob as estrelas. Todas as noites ele visitava a
princesa, e, quando a aurora iluminava os seus amores, dizia-
lhe um adeus carinhoso e subia para o céu. Um dia o rei
descobriu o segredo da princesa e jurou mandar matar o
amante; a princesa então revelou-lhe que estava sendo
cortejada pelo próprio Visnu. O rei e a rainha ficaram
encantados de saber que o deus estava tendo amores com
sua filha, e o rei gabou-se de que com Visnu como genro
conquistaria a Terra. Assim encorajado, desafiou o poderoso
Vikramasena, rei do Sul, e recusou-se a pagar-lhe seu tributo
usual. Vikramasena invadiu o país com um grande exército
de elefantes, e então o rei pediu a sua filha que dissesse ao
bendito Visnu para aniquilar o inimigo. O tecelão prometeu
assim fazer e o rei encantado jurou que quem quer que
matasse Vikramasena ficaria com todos os imensos tesouros
dele.
A princípio, o tecelão ficou alarmado ante a perspectiva de
batalha, mas a vida sem a sua bem-amada princesa era
morte, e decidiu desafiar Vikramasena, que, afinal de contas,
talvez imaginasse que ele era o verdadeiro Visnu.
No céu o deus Visnu, que generosamente havia observado
divertido aquela impostura, subitamente compreendeu que
sua imagem sofreria muito se o tecelão, julgado Visnu, fosse
morto por mortais. Entrou no corpo do tecelão, subiu no
pássaro e arremessou o seu disco contra Vikramasena,
cortando-o em dois. O exército invasor rendeu-se, em
pânico. O inspirado tecelão reclamou todas as possessões do
rei derrotado e na vitória mostrou verdadeira nobreza de
alma. O rei prestou-lhe as mais altas homenagens, todo o
povo se regozijou muito, e o tecelão e a princesa viveram
felizes para sempre.
Se um entusiasta dos UFOS hoje personificasse um
astronauta, será que algum louro venusiano viria em seu
socorro? Talvez devêssemos tentar.
Outra história divertida do Panchatantra conta que o rei
exilado Putraka obteve um par de botas mágicas e voou com
elas alto por cima de cidades, rios e cumes de montanhas
para vencer seus inimigos.
Cientistas de muitos países estudam hoje os velhos textos
sânscritos minuciosamente para redescobrir segredos do vôo
espacial. Maharshi Bharadwja fez uma tradução
extraordinária intitulada Aeronáutica, descrita como Um
manuscrito do passado pré-histórico, que contém dados
fascinantes, quase incríveis, nos seguintes extratos-amostras,
publicados pela Academia Internacional de Pesquisa Sâns-
crita, Misore. Índia.
Em confronto com versos sânscritos, estas são as :uriosas
interpretações que nos assombram.
Neste livro descreve-se em oito fascinantes capítulos a arte
de fabricar vários tipos de aeroplanos para viajar, suave e
confortavelmente, pelo céu, como uma força unificada para
o universo, que contribuirá para o bem-estar da
humanidade. O que pode mover-se por sua própria força
como um pássaro, em terra, na água ou no ar, é chamado
"vimana". O que pode viajar no céu, de lugar para lugar, de
país para país, ou de globo para globo, é chamado "vimana"
pelo cientista de aeronáutica.
O segredo de construir aeroplanos que não quebrem, que
não possam ser cortados, que não peguem fogo e que não
possam ser destruídos. O segredo de fazer aviões imóveis. O
segredo de fazer aviões invisíveis. O segredo de ouvir
conversas e outros sons em aviões inimigos. O segredo de
receber fotogmfias do interior de aviões inimigos. O segredo
de verificar a direção da aproximação de aviões inimigos. O
segredo de fazer pessoas em aviões inimigos perderem a
consciência. O segredo de destruir aviões inimigos.
Assim como o nosso corpo, quando completo em todos os
seus membros, pode realizar todas as coisas, um aeroplano
deve ser completo em todas as suas partes a fim de ser
eficaz. A começar pelo espelho fotográfico embaixo, um
aeroplano deve ter trinta e uma partes. O piloto deve ser
munido de diferentes materiais de roupa, de acordo com as
diferenças de estação, como é prescrito por Agnimitra.
Três variedades de comida devem ser dadas aos pilotos,
variando com as estações do ano, segundo o Kalpa-Sastra.
Vinte e cinco espécies de veneno que aparecem nas
estações são destruídos pelas mudanças de regime alimentar
acima. A comida é de quatro formas: grão cozido, mingau,
massa, pão e essência. Todas elas são sadias e contribuem
para a formação do organismo.
Os metais adequados para aeroplanos, leves e absorventes do
calor, são de dezesseis espécies, de acordo com Sownaka.
Grandes sábios declaram que esses dezesseis metais são bons
para a construção de aviões.
Não se trata aqui de ficção científica ou de segredos do
Comando Aéreo Americano; essas "revelações" são extratos
dos clássicos sânscritos, escritos na bela e fascinante
escritura que se usava há muitos milhares de anos. Tais
revelações não sugerem uma tecnologia, aerodinâmica,
eletrônica, engenharia, metalurgia, comunicações, medicina
espacial, tudo séculos à frente das nossas?
O grande gramático sânscrito Panini, que viveu por volta de
400 d.C., escreveu, segundo dizem, uma fascinante obra
intitulada As viagens de Panini, na qual descreve visitas que
fez a planetas interiores, afirmando que os seres
extraterrestres freqüentemente levavam iniciados em pas-
seios a Mercúrio e Vénus. Não parece Adamski? George lia
sânscrito? É faceto talvez ridicularizar Adamski, porque
fenômenos atualmente vistos por cosmonautas tendem a
consubstanciar as afirmações dele de que viajou numa
astronave; igualmente o sábio Panini pode ter dito a verdade
a uma posteridade incrédula. Algumas décadas antes, em
312 d.C., Constantino e todo o seu exército viram no céu,
quando marchavam para Roma, uma cruz de fogo,
aparentemente uma espaçonave, confirmando que seres
extraterrestres visitavam a nossa Terra naquele século; além
disso, as ruínas dum velho templo em Borobodura, Java, que
datam daquele período, contêm afrescos que mostram o que
parecem ser astronautas e símbolos astronômicos que
sugerem visitantes de Vênus.
Conquanto a nossa civilização ocidental seja baseada nas
culturas grega e judaica, raramente nos damos conta de que
os gregos e os judeus derivaram muitos de seus conceitos
fundamentais da velha Índia, especialmente depois que a
invasão de Alexandre, o Grande, em 327 a.C., promoveu
comércio e cultura entre a Índia e o Oriente Médio. Por esse
tempo, de acordo com Tito Lívio, quando os espaçonautas
visitavam Roma certamente observavam também outras
partes da Terra. Frank Edwards, investigador americano dos
UFOS, escreve que dois discos prateados brilhantes, cuspindo
fogo em redor pelas bordas, mergulharam repetidamente
sobre as colunas gregas que desciam os desfiladeiros para o
Punjab, apontando cavalos e elefantes e voltando de novo
para o céu. Esse incidente não pode ser confirmado pelas
histórias contemporâneas de Arriano, Ptolomeu, Megástenes
ou Estrabão, mas apresenta uma notável semelhança com
aqueles escudos flamejantes dos céus que, em 776 d.C.,
salvaram os cavaleiros de Carlos Magno, em Sigiburg, dos
saxões que os sitiavam, tão vividamente descritos nos
Annales Laurissenses, na Patrologiae de Migne, Saeculum
IX.
Kananda e os gnani iogues especulavam sobre o átomo
quinhentos anos antes de Demócrito; Arybatha, no sexto
século antes de Cristo, ensinava sobre a rotação da Terra; os
princípios da medicina, da botânica e da química foram
estabelecidos já em 1.300 a.C., na Índia, e a astronomia data
de remota antiguidade.
A criação do Genesis parece uma versão primitiva dos
profundos ensinamentos dos Dias e noites de Brama; a
história de Noé, um eco de Vaivasvata, que Visnu avisou
para construir um navio para a enchente próxima; a origem
da cabala judaica e de vários acontecimentos da Bíblia pode
ser encontrada nas escrituras hindus, escritas muitos séculos
antes.
Em mentes condicionadas por milhares de anos de
cristianismo, as vidas e doutrinas de Crisna e Buda lançam
tanta dúvida sobre a historicidade de Jesus, que nos atre-
vemos a perguntar se toda a lenda cristã não será apenas um
plágio do hinduísmo e do budismo. Essa aparente blasfêmia
fere todos os nossos sentimentos: duvidar da realidade de
Jesus parece um pecado mortal, mas, se estudarmos
honestamente os ensinamentos de Crisna, helenizado para
Chrestos e daí Cristo, e compararmos os dogmas
fundamentais do nascimento da Virgem, os milagres, a
morte ritualística numa árvore ou na cruz, a imortalidade,
surpreendemo-nos especulando se Cristo não seria um mito
baseado no Crisna histórico anterior. Alguns intuitivos
afirmam que as doutrinas hindus foram trazidas da Índia por
aquele maravilhoso asceta que foi Apolônio de Tiana, que se
diz ter sido o homem que adoramos como Jesus.
Essa controvérsia deixa-nos confusos atualmente. Talvez
devamos transigir e voltar nossos estudos para o inspirado
Apolônio e seu jovem companheiro Damis, andando pelas
estreitas ruas de Táxila, ansiosos por aprenderem a VERDADE
dos lábios dos sábios indianos, que provavelmente herdaram
sua sabedoria dos astronautas.
Muitos eruditos acreditam que a velha Índia foi a fonte não
só da civilização, das artes e das ciências, mas também de
todas as grandes religiões da antiguidade. Alguns orientalistas
sugerem que os Vedas refletem influência estrangeira da
mais remota antiguidade. Os ocultistas afirmam que a cultura
da Índia se originou no continente submerso da Lemúria; e
isso pode ser verdade, mas o que compreendemos hoje
sobre o universo habitado leva- nos a perguntar se os
mestres da Índia não teriam descido das estrelas.
As lendas mais primitivas falam da primeira dinastia de seres
divinos da Índia, a raça do Sol, que reinou em Ayodha (hoje
Oudh); a segunda, raça da Lua, que reinou em Pruyag
(Allahabad); uma curiosa semelhança com as dinastias
divinas do Egito relacionadas por Maneton e com os deuses
da Idade de Ouro da Grécia, cantados por Hesíodo e Ovídio,
concordando tudo com a antiga dominação da Terra por
super-homens do Espaço.
As provas sobre o passado remoto são de fato escassas e
confusas, mas o físico soviético M. Agrest declarou
recentemente que na famosa gruta de Bohistan há inscrições
que mostram a Terra e Vênus unidos por uma seta. Quem
sabe que revelações não virão a ser encontradas pelos
arqueólogos ao desenterrarem as misteriosas ruínas de
Mohenjo Daro e Harappa? Aparecerá alguma "pedra de
Roseta" para lançar uma luz deslumbrante sobre os
astronautas na Índia antiga?
Examinando esses fascinantes clássicos hindus, com suas
tradições de máquinas voadoras, bombas fantásticas e heróis
maravilhosos, à luz do nosso moderno conhecimento do
espaço, sentimos com crescente emoção que a Índia antiga
foi governada por espaçonautas.
Capítulo Seis
ASTRONAUTAS NO TIBETE
O glorioso Sol enchia a Terra de esplendor, inspirando nos
gigantes a alegria de viver, a emoção de gozar a beleza deste
mundo maravilhoso, vivendo quase para sempre como os
deuses áureos do céu. Os raios de sol dançavam nas
pequeninas ondas que lambiam o litoral tibetano e
acariciavam as multidões que se divertiam na praia; crianças
brincavam e patinhavam no mar e paravam para olhar com
olhos espantados quando um vimana brilhante descia do céu
em direção às torres de Lassa, a cidade celestial, cujos
templos translúcidos e parques floridos lembravam aos
venusianos seu próprio e belo planeta. Jovens namorados
saltavam em alegre abandono ao som de música conjurada
do ar; alguns olhavam mudamente seus companheiros,
perdidos no doce mistério do amor, enquanto seus amigos
pairavam alegremente sobre feriados passados nas florestas
do pólo Sul, escalando aquelas montanhas, cobertas de neve
da Atlântida, ou até dando um pulo.até Prosérpina, o planeta
recém-descoberto além de Plutão, cujas feiticeiras sedutoras
prometiam tentadoras delícias. Mulheres em trajes exóticos,
combinando com sua disposição de ânimo, exibiam a beleza
do corpo e da alma; com feminina satisfação bisbilhotavam
sobre o último escândalo que despertava a curiosidade dos
alegres tibetanos. Talor, o jovem sumo sacerdote, cujo
gênio, fantástico mas rebelde, assombrava até os mais
insignes cientistas daquela ilha asiática, tinha materializado,
trazida dos páramos etéreos, uma donzela loura que
tencionava desposar. As damas protestavam com
indignação: noivas das estrelas poderiam ser bem-vindas
talvez, mas uma demônia do mundo astral constituía uma
competição desleal, especialmente se seu rosto era
realmente mais belo do que o Sol e seus olhos mais mágicos
do que a Lua. Seu encanto vivaz estava seduzindo o viril
sumo sacerdote, perversamente imune a todas as beldades
do Tibete. Algumas damas defendiam-no. Depois de
milênios de paz, os homens estavam entediados; o espaço
não mais os empolgava; o nosso planeta parecia como
qualquer outro; a telepatia com os animais revelou-se
decepcionante; o próprio sexo estava perdendo o seu sabor;
aquela demônia trazia novas idéias; suas estranhas e
empolgantes revelações do mundo etéreo revolucionariam a
vida na Terra; o futuro brilhava de promessa.
Num rochedo próximo alguns gigantes louros escutavam
Yellus, o psicocientista cujas feições de bronze denotavam
uma preocupação incomum nos alegres tibetanos. Ele estava
explicando que os astrônomos de Saturno tinham detectado
um corpo celeste que se aproximava do sistema solar; os
observadores acreditavam que o intruso era um asteróide
errante, mas os supra-sensíveis juravam que era um míssil
de Sírio, cujos senhores dirigiam os destinos da Terra. O
homem tinha chegado ao fim duma idade do mundo; era
chegado o tempo de as almas humanas espiralarem para uma
nova oitava de evolução; a civilização tinha que ser
destruída para que subisse de novo para o esplendor. Os
gigantes mostravam-se incrédulos; o Sol brilhava, a Terra
folgava; Zeus, seu rei divino, salvaria seu povo; todos,
contudo, se lembravam de que os profetas previam a
destruição para esse século.
As premonições logo se confirmaram. Todas as nações da
Terra se mobilizaram para resistir ao choque. Foram
perfurados abrigos nas montanhas e abastecidos de provisões
e equipamento para os poucos que sobrevivessem. Os
iniciados esconderam cápsulas de tempo com a antiga
sabedoria para as gerações ainda não nascidas; frotas
espaciais de Vénus salvaram os escolhidos; alguns cientistas,
em submarinos nucleares, procuraram refúgio no mar, mas
quando o terrível asteróide encheu o céu sua atração
gravitacional ameaçou despedaçar a própria Terra.
Os chefes da defesa do mundo aconselharam Zeus a
comandar uma armada espacial para desintegrar com mísseis
nucleares o monstro que se aproximava a grande velocidade,
mas o terrível asteróide fundiu os aparelhos eletrônicos de
navegação e a maior parte da frota foi destruída.
Tempestades elétricas convulsionaram a atmosfera, cortando
os fornecimentos de energia e as comunicações de rádio e
inutilizando toda a aviação. As florestas incendiavam-se
espontaneamente, ventos titânicos arrasavam cidades
inteiras, os oceanos, fervendo, varriam o mundo de pólo a
pólo, os vulcões vomitavam enchentes de lava, sepultando
aldeias e cidades em fogo. Abismos enormes abriam-se e
fechavam-se, as montanhas tremiam e aluíam nas
profundezas, e o ar carregado de fumaça e pó sufocava os
homens e os animais. O asteróide ardente bateu no
noroeste, deslocando o eixo da Terra e impelindo-a a oscilar
pelo espaço. Mantos densos de fumaça e poeira cobriam o
Sol e gases mefíticos poluíam a atmosfera; a maioria das
criaturas que ainda viviam, morreram asfixiadas.
Meses depois alguns magros sobreviventes saíram len-
tamente de suas cavernas e depararam assombrados com
uma desolação aterradora, e o choque desse espetáculo
encheu suas mentes feridas de fantasia. As terras tinham-se
tornado mares, os mares tinham-se tornado terras; o velho
mundo familiar havia desaparecido. A Terra apresentava-se
selvagem e crua como no dia da Criação. Os solitários
gigantes que ficaram no Tibete estremeceram subitamente
com frio; quando finalmente o Sol vermelho apareceu
através do nevoeiro, sua luz carmesim revelou uma pai-
sagem fantástica: os mares acolhedores tinham-se evapo-
rado; a ilha celestial elevara-se até um altíssimo planalto no
meio das nuvens, cercado por grandes picos de montanhas;
os orgulhosos edifícios de Lassa jaziam por terra, espalhados
no lodo.
Os desolados sobreviventes imploraram aos deuses que
ajudassem a Terra novamente; alguns seres extraterrestres
desceram em suas naves de luz para ensinar civilização ao
homem. As gerações famintas, lutando desesperadamente
pela vida em condições selvagens, lembravam a Idade de
Ouro de seus antepassados como um sonho vago, e só alguns
iniciados solitários preservavam a sabedoria antiga do
passado; o mundo deveria sofrer por muitos milênios antes
que o homem ascendesse a novo esplendor.
Os livros sagrados de Dzyan referem-se aos lhas, que
"circulam, dirigindo seus carros em volta de seu senhor, o
Olho Único", uma curiosa descrição que sugere o Olho de
Horo, o símbolo egípcio de um espaçonauta. Uma estância
ocultista descreve que "as chamas vieram, fogos com
fagulhas, os lhas do alto (dragões de sabedoria) lutaram com
homens-cabras e homens com cabeça de cão e homens com
corpo de peixe", lembrando Oannes, o babilônio, meio
peixe, meio homem, um ser extraterrestre com um traje
espacial. Esse estranho simbolismo pode ser alguma
lembrança fragmentária da conhecida guerra nos céus entre
os deuses e os gigantes. Os lhas, antigos "espíritos" asiáticos,
construíram a cidade celestial chamada Lassa,
provavelmente naquela ilha lendária da Ásia central habitada
pelos filhos de Deus, que faziam magias, dominando a Terra
e o céu com prodígios. Os tibetanos acreditam que, antes de
aparecer o Himalaia, a terra deles era plana e fértil, rodeada
por mar e povoada por sobreviventes do continente
submerso de Mu, império do Sol. O Himalaia provavelmente
não se elevou desde a crosta da Terra, mas foram os mares
que se afastaram, deixando as montanhas com o Tibete lá no
alto, exatamente como na América do Sul o antigo porto de
mar de Tiahuanaco ficou encalhado a milhares de metros de
altura nos recém- aparecidos Andes. As tradições tibetanas
afirmam que o Vazio deu nascimento a um Ovo maravilhoso
que, rompendo-se, produziu o espaço, o fogo, o oceano, as
montanhas e o próprio homem. Essa estranha concepção
pode ser uma lembrança confusa do renascimento do
mundo destruído em conseqüência de alguma catástrofe
cósmica.
A história tibetana é velada por mitos e lendas. O primeiro
rei, Shipuye, foi seguido por sete khris (tronos) celestes de
dois tengs (altos) superiores, análogos às dinastias divinas do
Vietnam, da Índia, da China, do Japão, do Egito e da Grécia.
A esses governantes sucederam seis lags (bons) médios, oito
des (monarcas mundanos) terrenos, quatro tsans (reis
poderosos) inferiores, semelhantes talvez à Idade dos Heróis
que existe na memória da maioria dos países. O primeiro
soberano histórico, Nami Sontson, levou no século VII os
exércitos tibetanos em campanhas vitoriosas da China até a
Pérsia.
A religião original do Tibete, o culto bon, é um animismo
universal no qual as estrelas e as pedras, as árvores e os rios
possuem espíritos guardiães, propiciados por sacrifícios para
que não influenciem os seres humanos. Os deuses, quando
irritados, enviam tempestades de granizo e pragas, mas
podem ser induzidos a abençoar o mundo com sol e
fertilidade. O céu está intimamente ligado à Terra; os
espíritos descem para renascer passando pelas almas dos
mortos, que sobem para o reino astral. Os senhores da luz
fazem guerra eterna aos poderes das trevas como nas
teologias semíticas; esse conflito comum à maioria das
religiões pode ser alguma espiritualização da guerra dos céus
levada a efeito por deuses ou espaçonautas. As vidas dos
tibetanos são regidas por presságios que lançam sombras
maléficas que só podem ser evitadas pelo exorcismo dos
lamas, o girar das rodas de rezar ou o agitar de bandeiras de
oração. A ciência moderna e o cristianismo formal
desprezam as crenças bons, como superstições primitivas,
embora muitas sejam compartilhadas pela Igreja Católica;
mas a sua comparação com cultos nativos em todo o mundo
sugere que todas poderão ser restos adulterados de uma
ciência universal de longínqua antiguidade, provavelmente
trazida à Terra por mestres do espaço. Estudo recente de
partículas subatômicas, revelações de espiritualistas e
pesquisas para cientistas sobre matéria etérea sugerem a
coexistência de reinos invisíveis povoados por seres de
matéria mais sutil do que nós, que podem intrometer-se no
nosso plano da Terra e produzir fenômenos estranhos, há
muito conhecidos pelos bons do Tibete e pelos cultos
antigos de todo o mundo. Embora a religião oficial do Tibete
seja o budismo, com sua sublime mensagem de compaixão
por todas as criaturas sensíveis, os lamas reconhecem muitos
deuses e deusas benéficos e malignos que governam cada
detalhe da vida cotidiana, adorados no intricado ritual
formulado nos textos tântricos. Todos os tibetanos crêem
em reinos transcendentais dos quais avataras, bodhisattvas,
voltam para ensinar a humanidade sobre a peregrinação até a
união com Deus. A grande alma, Chenrezi, encarna como
dalai-lama; o próximo salvador, Senhor Maitreya, espera no
céu Tushita, preparando-se para descer à Terra.
Até a invasão dos comunistas chineses, o Tibete era
geralmente considerado uma terra de magia e mistério,
governada por um deus, onde os lamas desenvolviam po-
deres sobrenaturais praticando uma feitiçaria que confundia
a nossa ciência lógica. Uns poucos europeus têm vivido
entre os mágicos tibetanos e dão impressionados testemu-
nhos de fenômenos espantosos que desafiam as nossas leis
da física. Madame Alexandra David-Neel, uma inspirada
estudiosa do ocultismo, fala da materialização de formas de
pensamento em pessoas ou coisas, homens que correm mais
do que cavalos, eremitas nus que se aquecem entre as neves
da montanha, comunicação telepática através de vastas
distâncias, transmigração de almas, transferência do eu
etéreo, viagem astral, comunicação com os chamados
mortos, cadáveres que dançam, conflitos com demônios e
muitas outras fantasias inacreditáveis, mas confirmadas por
outros observadores dignos de confiança. O famoso erudito
Dr. W. Y. Evans-Wentz devotou sua vida ao estudo do
iogue tibetano e às doutrinas secretas, revelando um vasto
campo de conhecimentos esotéricos completamente
estranhos aos nossos padrões de conhecimento
convencionais; outros pesquisadores comprovam a
levitação, a animação suspensa por iogues enterrados vivos,
profecias exatas e muitos outros prodígios desconhecidos
para o nosso cético mundo ocidental. É salutar verificar que
pesquisadores de vanguarda em parapsicologia, pré-
cognição, telepatia, ocultismo e até físicos nucleares estão
transmudando o nosso mundo materialista em um mundo
de estudos esotéricos, aproximando-se pouco a pouco do
psiquismo há muito praticado pelos lamas tibetanos. A antiga
sabedoria do Tibete deve ter sido herdada de alguma
civilização perdida do passado ou ensinada por espaçonautas
dum planeta adiantado.
A vasta literatura do Tibete quase não é conhecida no
Ocidente; o total dos arquivos das lamaserias deve rivalizar
com a Biblioteca do Vaticano. O Kanjur compreende mil e
oitenta e três obras diferentes, o Tanjur consiste em
duzentos e vinte e cinco volumes in-fólio, pesando cada um
de dois quilos a dois quilos e meio, o Btaam-Hgym é uma
compilação de obras literárias tibetanas em duzentos e vinte
e cinco volumes que tratam de literatura, ciência,
astronomia e cerimônias tântricas. Há mil e quinhentos anos
os monges tibetanos vêm estudando a alma humana, o céu e
os reinos invisíveis em volta de nós; muitos desses eruditos
devem ter sido homens de gênio, com milênios de tradição
e experiência, que devem, sem dúvida, ter descoberto
muitas facetas deste espantoso universo além da nossa
percepção. O Bardö Thödol, muitas vezes comparado ao
Livro dos mortos egípcio, descreve a vida depois da morte,
os julgamentos da alma nos mundos astrais e o processo de
renascimento com uma penetração espiritual que transcende
as nossas filosofias ocidentais. Acredita-se que, como nos
textos sânscritos da velha Índia, estes antigos livros do
Tibete poderão em algum lugar explicar os segredos da
antigravidade, da teleportação, da psicocinesia e de forças
siderais além do nosso conhecimento; devem conter, sem
dúvida, fascinantes informes sobre os espaçonautas não
revelados ao Ocidente. Alguns pesquisadores acham que a
existência destes registros antigos com seus maravilhosos
segredos de tecnologias arcanas foram o que na verdade
induziu a invasão chinesa do Tibete, uma afirmação um
tanto extravagante talvez, mas uma preocupação que não
seria sensato excluir inteiramente. O desenvolvimento
inesperadamente rápido da bomba de hidrogênio pelos
chineses prova seu terrível potencial em ciência nuclear,
que poderia ter sido ampliado por conhecimento colhido no
velho Tibete.
Os contos populares do Tibete comprazem-se no so-
brenatural comum a todos os países do mundo. Uma história
muito conhecida trata dum rapaz com a cabeça deformada,
que se casou com a filha do rei dos duendes, que morava
entre os deuses no céu, mas de vez em quando descia à
Terra sob a forma de um pato branco. A filha viveu com o
jovem por nove anos, e então de repente voltou ao céu.
Cheio de angústia, o desconsolado marido errou por toda
parte à procura da esposa desaparecida; um dia salvou um
grifo sagrado de um dragão, e em recompensa foi levado ao
céu, onde encontrou sua esposa. Os deuses ficaram tão
comovidos com o mútuo amor dos dois, que finalmente
permitiram que a esposa celeste descesse e vivesse feliz com
seu marido mortal na Terra. Uma história idêntica é contada
no Sudhana Avadana, sobre uma moça celeste, Manohara,
capturada com uma corrente mágica pela caçadora Philoka
quando se banhava com suas companheiras num lago; sua
beleza despertou a paixão do Príncipe Sudhana, e Manohara
tornou-se esposa dele. Anos mais tarde ela voltou ao seu
próprio povo entre os "espíritos", seguida de seu devotado
marido, que, depois de severas provas, foi finalmente
reunido à esposa para sempre. Um tema semelhante lembra
os mitos dos "cavaleiros do cisne" na Idade Média, que
provavelmente inspiraram o Lohengrin de Wagner e o
popular Lago dos cisnes de Tchaikovsky. Essas histórias
sugerem que há séculos atrás as pessoas acreditavam nas
relações com outros mundos com a mesma credulidade que
hoje concedemos aos astronautas.
Um pitoresco conto tibetano descreve Sudarsoma, a cidade
dos trinta e três deuses no céu, que media dois mil e
quinhentos yojanas de comprimento e outros tantos de
largura, tinha sete fileiras de muros de ouro de vinte e dois
yojanas de altura, com novecentas e noventa e nove portas,
cada uma guardada por quinhentos yakahas de vestes azuis e
cotas de malha, armados de arcos e flechas. A arquitetura
reluzia de ouro, prata, berilo e cristal; árvores dos desejos
floriam indumentária azul, vermelha, amarela e branca; os
deuses imaginavam qualquer roupa que desejassem e as
árvores obsequiosamente a produziam; uma explicação
fantasiosa talvez da materialização das formas de
pensamento, que alguns clarividentes atualmente alegam ser
o processo de manufatura usado pelos mestres em planetas
adiantados. O Rei Mandhotar, depois de conquistar todo o
mundo, subiu a esta cidade celestial e compartilhou o trono
de Indra, até que a ambição o levou a aspirar ao domínio do
céu e da Terra. Uma tal arrogância os ofendidos deuses não
podiam permitir, e ele foi arrojado para baixo e morreu.
Enquanto Mandhotar estava no céu, a cidade celestial foi
atacada pelos asuras; os carros de guerra dos deuses e dos
asuras chocaram-se em batalha aérea; o rei venceu-os a
todos e repeliu o inimigo de volta à sua própria fortaleza
distante, no espaço. Os tibetanos acreditavam que os deuses
habitavam no cume do monte Meru, onde um dia era igual a
cem anos na Terra; como os deuses viviam milhares de anos
celestiais sua idade equivalia a trinta e seis milhões de anos
dos homens. Uma idade muito, muito longa, mas um
momento apenas no universo infinito. A morte chega
finalmente, mesmo para os deuses!
A Epopéia de Gesar de Ling, um longo poema cavalheiresco
mágico, é a Ilíada da Ásia central, do nível do Ramáiana e da
Eneida de Virgílio. Gesar, algumas vezes identificado como
Kuan-ti, deus da guerra dos imperadores mandchus, viveu,
segundo dizem, no Tibete oriental, entre os séculos VII e
VIII, embora suas fabulosas aventuras provavelmente
mencionem incidentes das lendas populares antigas. O guru
Rimpoche, o precioso mestre espiritual do Tibete,
conhecido por seu nome sânscrito de Padma Sambhava,
persuadiu um deus a encarnar como o herói Gesar de Ling, a
fim de destruir os reis-demônios que estavam pervertendo a
Terra com maldade e atacando o povo bom do Tibete.
Padma Sambhava viajava através das nuvens num cavalo
alado. Depois de uma visita ao jovem Gesar, "fechou-se em
sua tenda maravilhosa e lentamente subiu para o céu; por
alguns momentos a luz que o rodeava traçou um caminho
luminoso entre as nuvens, depois dissolveu-se na distância".
Sem dúvida, uma bela descrição de um UFO! O Mestre
confiou a Gesar um "dorje" mágico, ou vara Vril, para abrir o
palácio subterrâneo que continha tesouros; nas batalhas de
Gesar contra os demônios, Padma Sambhava aparecia no céu
rodeado de numerosos deuses e duendes, que agitavam
bandeiras, portavam sombrinhas e espargiam flores e arroz
sobre o vencedor. Isso lembra os festejos depois da vitória
de Rama sobre Ravana tão brilhantemente descrita no
Ramáiana. Nessa campanha fantástica Gesar empregou armas
mágicas, varas de invisibilidade, conjurou aparições, montou
cavalos alados, usou bonecos encantados, ajudado pelos
celestiais e seus belos dakinis numa epopéia maravilhosa e
divertida que transcendia muito a nossa fria ficção científica
atual. As fabulosas façanhas de Gesar de Ling no Tibete do
século VII assombram-nos por sua sofisticação e
extravagância exótica, transportando-nos além do platô
gelado do Himalaia até um país de maravilhas, de deuses e
demônios, feiticeiros e duendes, lançando seus sortilégios
em espantoso encantamento, onde as leis físicas são
mantidas em maravilhosa suspensão, as dimensões
transcendem o espaço e o tempo, talvez mesmo o universo
real, sugerindo a maravilhosa tecnologia que atribuímos aos
astronautas.
Os misteriosos rastros nas neves do Himalaia, atribuídos aos
iétis, ou abomináveis homens da neve, podem ser na
realidade causados pela radiação de astronaves como a aero-
forma oval brilhante vista no alto, por cima dos cumes, pelo
explorador Nicholas Roerich, em 1921, e o objeto de prata
luzente quilômetros acima do Everest, observado pelo
escalador F. S. Smythe durante sua expedição de 1933.
O discutido lama Lobsang Rampa, filho dum nobre tibetano,
cujas revelações confundem e embaraçam todos os peritos
em Tibete, afirma que o Tibete é visitado por discos
voadores há milhares de anos; ele os viu no céu e no solo e
conta uma história extremamente divertida de uma viagem
de um deles que rivaliza com Adamski. Escrevendo em
1957, antes do primeiro Sputnik, este curioso lama
descreveu o brilhante panorama do espaço incrustado de
estrelas e a aparência da Terra exatamente como os futuros-
cosmonautas. Adamski! Lobsang Rampa! Que dizer?
O Tibete será a pátria dos deuses?
Capítulo Sete
ASTRONAUTAS NA VELHA CHINA
Acredita-se que os chineses herdaram sua civilização
original do antigo império dos uigures, a maior colônia dos
filhos do Sol, da perdida Lemúria. Há tradições que afirmam
que os antigos ideais lemurianos ainda constituíam a base
política e filosófica da cultura chinesa por volta de 2000 a.C.:
a veneração de sua pátria original, submersa milênios antes,
evoluiu para o culto dos antepassados, codificado e adotado
como religião do Estado pelo Imperador Yao no ano de
1550 a.C.
Os registros mais antigos dizem que nos tempos mais
distantes a China foi governada durante dezoito mil anos por
uma raça de reis divinos, de acordo com o manuscrito Tchi,
um fascinante paralelo com revelações semelhantes a
respeito da Índia, do Japão, do Egito e da Grécia, feitas 110
Ramáiana, no Kojiki, na História de Maneton e na Teogonia
de Hesíodo. O clássico Huai-nan-tzu (capítulo 8) descreve
uma idade idílica, quando os homens e os animais viviam
em paz e beleza num jardim do éden, o corpo e a alma
unidos na harmonia cósmica; o clima era benévolo, não
havia calamidades naturais, "os planetas não se desviavam de
suas órbitas", a ofensa e o crime eram desconhecidos, a
Terra e a humanidade prosperavam. Mais tarde os homens
caíram em desgraça e encheram o mundo de discórdia. Os
"espíritos" desciam freqüentemente para o meio dos homens
e ensinavam-lhes sabedoria divina, depois a humanidade
degenerou em concupiscência e perversões. O Shan-hai-
Ching (Livro Sétimo) menciona uma raça humana
turbulenta, dotada de asas, chamada miao, que por volta de
2400 a.C. perdeu o poder de voar e, depois de se desavir
com o "Senhor do Alto", foi exilada.
O Shoo-King (Quarta Parte, capítulo 27, p. 291), referindo-
se à quarta raça matriz (os atlantes), declara:
Quando os mao-tse (aquela raça antediluviana pervertida que
se retirou em tempos antigos para as grutas rochosas e cujos
descendentes se diz que ainda se encontram nas vizinhanças
de Cantão), de acordo com antigos documentos nossos,
devido aos engodos de Tchy-Yeoo, perturbavam toda a
Terra, esta encheu-se de bandidos. — O Senhor Chang-ty
(um rei da dinastia divina) viu que seu povo tinha perdido os
últimos vestígios de virtude. Depois ordenou a Tchang e
Lhy (dois dhyan chohans inferiores) que cortassem toda a
comunicação entre o céu e a Terra. Desde então não houve
mais "subida e descida".
Os miaos, como os nove lis antes deles, fomentavam nova
rebelião, e o imperador pediu aos descendentes de Tchang e
Lhy que sufocassem a desordem. Dizem que "Tchang
levantou o céu e Lhy baixou a Terra", e cessou a
comunicação entre o céu e a Terra.
No Kuo-yiu o Rei Chao, de Chu (500 a.C.), perguntou se
essa comunicação teria sido mesmo cortada, se os mortais
não poderiam ainda subir ao céu. Seus conselheiros,
igualmente confusos, apresentaram a interpretação mais
tarde proposta pelos nossos teólogos no Ocidente e
vagamente sugeriram que os "espíritos", como os "anjos",
eram entidades desencarnadas, embora realmente o con-
texto desses textos chineses, como a Bíblia, sugira que esses
visitantes dos céus eram sem dúvida astronautas.
Os estudiosos de mitologia imediatamente reconheceram a
história familiar, repetida em tradições da maioria dos países
do mundo, de que em tempos muito antigos a Terra foi
governada por seres do espaço em uma maravilhosa Idade
de Ouro; a humanidade rebelou-se, o nosso planeta foi
assolado por catástrofes, e os reis do espaço voltaram às
estrelas, deixando que o homem construísse novamente a
sua civilização. Há milhares de anos havia, ao que parece,
constante comunicação entre a Terra e outros mundos;
agora restam apenas vagas memórias disso, que as nossas
mentes condicionadas não querem aceitar.
Como acontece com a maioria dos povos antigos, a
cronologia chinesa é conjetural e extremamente confusa.
Quase todas as crônicas antigas foram destruídas por ordem
do Imperador Che Hwang-te em 213 a.C., como no
Ocidente, alguns séculos depois, a maioria dos inestimáveis
documentos do passado foram queimados por imperadores
romanos megalomaníacos e cristãos fanáticos, imitados no
século XVII pelos fanáticos sacerdotes espanhóis, no Mé-
xico, que sistematicamente destruíram os arquivos inapre-
ciáveis dos astecas. A perda quase total dos registros da
antiguidade nunca poderá ser substituída pela arqueologia; as
revelações de fontes ocultas são desdenhadas pela mente
científica moderna, que interpreta as descobertas desenter-
radas pela pá de acordo com as suas próprias idéias con-
dicionadas; de modo que é muitíssimo duvidoso que a Idade
de Ouro dos deuses possa algum dia ser. reconstituída, a não
ser pelas lendas e as epopéias antigas. A inesperada
descoberta dos pergaminhos do mar Morto já está
influenciando fundamentalmente a nossa concepção de cris-
tianismo; talvez algum futuro Champollion encontre alguma
pedra de Roseta da perdida Atlântida ou decifre alguma
inscrição no deserto de Gobi e revolucione o nosso
conhecimento do passado.
Alguns sinólogos indagam se os chineses não teriam se
originado na Acádia e tentam mostrar uma possível
afinidade deles com os antigos babilônicos, o que não
surpreende muito, pois há provas de migrações em massa
através da Europa e da Ásia milênios atrás, causadas talvez
por catástrofes que abalaram o mundo. Alguns filósofos
afirmam que o sumeriano era a única língua aglutinante do
antigo Oriente Médio, pertencendo neste aspecto ao mesmo
grupo da chinesa; o silabário chinês ainda hoje é baseado em
signos fundamentalmente semelhantes aos pictogramas
usados pelos sumerianos.
A Bíblia, o Talmude e as lendas babilônicas sugerem o
desembarque de astronautas no Oriente Médio alguns
séculos antes de Cristo; de modo que é provável que eles
tenham visitado a China também. Os próprios chineses
acreditam vagamente que houve uma idade de magia seguida
de uma idade heróica, o que concorda com as tradições
clássicas de uma Idade de Ouro, depois uma era de guerras
de calamidades que degenerou até a barbárie mundial, que
pouco a pouco foi ascendendo para uma civilização muito
inferior à maravilhosa cultura do passado. Os primeiros
testemunhos escritos encontram-se em textos gravados em
osso e concha de tartaruga procedentes de Honan,
atribuídos à Dinastia Shang-Yin, por volta de 1700 a.C.; a
escrita revela Uma tal elegância e habilidade técnica, que é
certamente o resultado de uma evolução de muitos séculos.
Inscrições em requintados vasos de bronze desenterrados
em Anyang, trezentos e poucos quilômetros ao sul de
Peiping, sugerem uma civilização altamente desenvolvida,
possivelmente em 2.000 a.C., talvez até anterior. Os
primeiros textos datados, entretanto, remontam apenas ao
Imperador Wu Ting, no século xiv a.C., de modo que os
registros chineses seguros datam apenas de três milênios
atrás, e por conseguinte não ajudam muito para estudar o
passado remoto.
O chinês antigo acreditava em astrologia, a qual ensinava
que as influências das estrelas afetavam a psique humana e
motivavam acontecimentos terrestres. Recentes descobertas
feitas pelos sputniks e por físicos especializados em raios
cósmicos provam que o nosso universo parece ser um vasto
campo de radiação, e o Professor Piccardi, de Florença,
demonstra convincentemente, em experiências químicas
delicadíssimas, que as variações nas sutis tensões espaciais,
enquanto o nosso sistema solar se desloca através do espaço,
exercem uma influência perceptível aqui na Terra. A muito
ridicularizada astrologia dos antigos parece ser resto de uma
vasta ciência psíquica de âmbito mundial ensinada pelos
astronautas. Na China, como na antiga Roma, os homens
observavam os prodígios no céu com temor. Uma estrela
cadente era temida como um mau agouro. Consta que, por
volta de 2.000 a.C., um imperador chinês mandou matar
dois dos seus principais astrônomos por não terem predito
um eclipse do sol: que rei se importaria hoje?
A astronomia chinesa em tempos antigos era
assombrosamente precisa, em particular no que dizia
respeito à fixação do calendário; existiam calendários desde
as dinastias Hsia, Yin e Chu do segundo milênio a.C.,
provavelmente antes. O Professor Tung-Stso-pin, numa
comunicação às Nações Unidas, em 1951, afirma que a
Dinastia Shang (1.700-1.100 a.C., possivelmente anterior)
usava o calendário misto lunar-solar de Ssu-Fen, cujo mês
consistia em vinte e nove ou trinta dias, com uma extensão
exata de 29,5305106 dias, aproximando-se do nosso cálculo
moderno de 29,530585 dias. O ano consistia em 365,25
dias, concordando quase exatamente com o nosso. Em tem-
pos muito antigos, o dia intercalar era colocado ao fim do
ano, mais tarde foram inseridos sete dias intercalares em
cada período de dezenove anos para conciliar o ano solar de
trezentos e sessenta e cinco dias e um quarto com o ano
"comum" de trezentos e sessenta e cinco dias. Este período
de dezenove anos, quando o Sol e a Lua ocupavam quase o
mesmo lugar no zodíaco, como acontecia no começo do
período, não se conheceu no Ocidente até que foi desco-
berto por Meton, que o descreveu num livro intitulado
Enneades Caterides. Esse Ciclo de Meton foi adotado pelos
atenienses em 432 a.C. e gravado em letras de ouro nas
paredes do Templo de Minerva. Diodoro Sículo disse que
um deus visitava a Grã-Bretanha a cada dezenove anos,
dançava e depois voltava às estrelas. Talvez em sua viagem
periódica esse astronauta parasse na China?
Um osso oracular desenterrado em Anyang tem uma
inscrição que consigna um eclipse da Lua "no décimo quinto
dia do duodécimo mês do vigésimo nono ano do Rei Wu-
Ting", isto é, em 23 de novembro de 1311 a.C. "Na Dinastia
Chou, no ano trigésimo oitavo do Imperador Shang Ti-hsin
(1137 a.C.), o soberano Chou, Chou-wen-wang, ordenou o
oferecimento de um sacrifício porque o eclipse não
aconteceu no dia certo, ocorrendo no dia dezesseis do mês,
de acordo com o calendário, e não no dia quinze." O fato de
os astrônomos chineses, há mais de três mil anos, poderem
prognosticar eclipses com tal precisão sugere sem dúvida um
conhecimento técnico adiantado, desenvolvido através de
muitos milênios ou talvez ensinado por seres extraterrestres.
Uns textos surpreendentes da Dinastia Chou, referentes ao
ano 2346 a.C., consignam o aparecimento de dez sóis no
céu, que lembram ao mesmo tempo os sóis extras sobre a
antiga Roma mencionados por Júlio Obsequens, os prodígios
celestes mencionados na Idade Média por Matthew of Paris
e visões semelhantes comunicadas por estudiosos de UFOS
atualmente. Os manuscritos antigos Chuang-tzu (cap. 2),
Liu-Shi, Ch'un-ch'iu (cap. 22, 5) e Hua-non-tzu (cap. 8),
provavelmente escritos séculos mais tarde, contavam
vividamente que a Terra, no reinado do Imperador Yao, foi
afligida por terríveis calamidades: calor intenso ressecou a
terra, as colheitas morreram, tempestades terríveis açoitaram
as cidades e o campo, os mares agitavam-se em maremotos e
ferviam, inundando os campos, enormes monstros
rondavam pela terra fazendo devastações, a humanidade
temia o Dia do Juízo, o fim de uma idade do mundo.
O Imperador Yao consultou seus sacerdotes e sábios, que,
como de costume, quando mais se precisava deles, não
ajudaram muito, e então, desesperado, chamou o seu
arqueiro divino, Tzu-yu, que era capaz de voar no ar e vivia
apenas de flores, uma curiosa afinidade com esses
astronautas de hoje, que dizem viverem de frutas e sementes
de girassol. Esse herói imediatamente derrubou com suas
flechas os nove sóis falsos, tendo o cuidado de deixar o
verdadeiro brilhando sobre as loucuras da humanidade;
matou também todos os dragões e salvou a Terra em geral
para uma humanidade ingrata.
A empresa cavaleiresca de Tzu-yu não impressionou a
esposa dele, Heng-O. Enquanto o marido matava dragões e,
sem dúvida, salvava donzelas em apuros, ela tomou uma
pílula antigravidade e voou para a Lua, que achou luminosa e
fria como gelo. A única vegetação que havia lá era a
caneleira. Arrostando o desconforto, ficou lá. Ao voltar de
sua cruzada, Tzu-yu, muitas vezes conhecido como Shen I,
o arqueiro divino, demonstrando conhecimento de ciência
espacial, comeu um bolo mágico para neutralizar o calor,
montou numa ave encantada e voou para o céu, onde gozou
de ventura. De repente, lembrando-se de sua mulher, voou
para a Lua num raio de luz. Heng-O mostrou pouco
entusiasmo por ver seu marido errante, construiu pata si
uma casa de caneleiras, que não a alegrou, e Tzu-yu voltou
para o Sol, construiu um palácio maravilhoso e viveu lá em
bem-aventurança. Esta lenda poderá perpetuar as teorias de
que o Sol e a Lua eram habitados; uma crença partilhada
milhares de anos mais tarde pelo astrônomo Sir William
Herschel, que achava que o Sol era frio, teoria esposada
seriamente por alguns revolucionários da atualidade.
É difícil interpretar esta história de Tzu-yu satisfatoriamente.
Muitos mitos têm vários substratos de verdade; por vezes no
decorrer do tempo a memória racial funde alguns incidentes
separados em um só e apresenta uma história fragmentária
difícil de desemaranhar. Os dez sóis podem ser uma
explicação fantasiosa para explicar o calor fantástico que
crestou a Terra, e o herói lendário derrubando nove deles,
uma invenção ingênua para explicar como o cataclismo foi
evitado. Hoje, se algum intruso celeste ameaçasse a Terra, os
nossos próprios "arqueiros" lançariam mísseis nucleares para
abatê-lo. O conceito de mais de um sol no céu era
claramente aceitável para o pensamento chinês antigo, e isso
leva à suposição de que os discos celestes mencionados no
velho Egito e em Roma também visitaram a China. As
lendas polinésias, siberianas e dos peles-vermelhas falam de
vários sóis queimando a Terra, que algum guerreiro ou
animal mais tarde destruiu. Os gregos acusam Faetonte de
guiar mal o carro do Sol e incendiar países inteiros; há
provas geológicas e históricas que sugerem que há quatro ou
cinco mil anos um cataclismo cósmico qualquer realmente
ameaçou o nosso planeta. Essa devastação da China foi
possivelmente a mesma catástrofe que atingiu os
Hiperbóreos, as Terras do Ocidente, mencionada pelos
clássicos gregos.
Divindades do Sol e da Lua eram adoradas como parte da
religião do Estado, suas mudanças de cor e os eclipses eram
temidos como sinais de infortúnio. Como os egípcios, os
chineses rendiam veneração supersticiosa a Tien-Kou, Sírio,
o Cão; talvez a ciência secreta dos sacerdotes ensinasse que
Sírio era habitada por grandes almas, guardiãs do Sistema
Solar, como acreditam alguns supra-sensíveis atualmente. O
famoso texto Hsio-hsiao-chieng, um calendário para
agricultores que mostra as doze lunações no quarto século
a.C., foi mais tarde incorporado ao capítulo 47 do To-tai-Li-
chi. Este compreendia o catálogo estelar mais primitivo
extraído dos Shih-Shen, Kan-Te e Wu-hsien, hoje perdidos.
No século VIII a.C. o astrônomo Ch'u-t'-Hsi-Tu, em sua
obra Kai-yuan-chang-ching, mencionou observações feitas
no século iv a.C. que levaram à construção de um catálogo
estelar contendo mil, quatrocentas e sessenta e quatro
estrelas, divididas em duzentas e oitenta e quatro
constelações. O capítulo sobre astronomia ("T'ien-Kuan'")
no Shih-chi de Ssuma-Chien, por volta de 90 a.C., contém
uma lista de constelações e descreve os movimentos e
conjunções celestes e dá interpretações de fenômenos
incomuns. No século x a.C. o Shan-shu-wei-kao propôs a
teoria de que a Terra se deslocava trinta mil lis para o oeste
depois do solstício de inverno e trinta mil lis para o leste
depois do solstício de verão, ficando parada apenas nos
equinócios. Acreditava-se que todas as estrelas eram
possuídas por "espíritos", uns benéficos, outros malévolos,
que influenciavam o homem para o bem ou para o mal;
estranhamente, os nossos astrônomos modernos hoje
ensinam que há vida em inúmeros planetas, e os nossos
entusiastas dos UFOS estão ansiosamente à espera dos
"espíritos" das estrelas. A crença em influências das estrelas,
partilhada por todos os povos da antiguidade, pode constituir
os restos de alguma ciência cósmica dos astronautas versados
no conhecimento das emanações da radiação e das tensões
elétricas de que está carregado o espaço. Os chineses
conheciam Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, que
tinham cores características. Esses planetas influenciavam os
acontecimentos terrestres e eram pátrias de deuses.
Nas escavações de Anyang foram descobertos notáveis
astrolábios de bronze que mostram como os antigos
chineses cartografavam as estrelas. Por volta de 175 a.C.
Chou-li atribuiu a primeira observação do solstício de verão
ao Duque de Chou já no século XIX a.C.; em 20 a.C. Liu-
Hsiang mencionou em seu Wu-ching-t'ung que as ver-
dadeiras causas dos eclipses do Sol eram conhecidas já no
quarto século a.C.; o mesmo astrônomo, em 7 a.C., publicou
o calendário "Sou-t'ung", baseado num ciclo de cento e
trinta e cinco meses, contendo vinte e três eclipses. A
explosão duma supernova registrada em 134 a.C. foi também
observada na Grécia por Hiparco, inspirando-o a compilar
seu catálogo estelar preservado por Ptolomeu. Os
astrônomos chineses registraram suas observações com me-
ticulosos detalhes, mostrando a posição exata, o tempo, a
duração, o brilho e a cor dos fenômenos, tudo catalogado
com método científico. Reconhece-se em geral que as listas
de estrelas dos chineses são as mais precisas que chegaram
até nós vindas da antiguidade. O Chi-nitzu do século IV a.C.
mostrou que os chineses também faziam meticulosas
observações de meteoros, fenômenos incomuns, inundações
e secas. Parece que os astrônomos da antiga China herdaram
notáveis técnicas matemáticas e de observação de milênios
de desenvolvimento ou as receberam de seres extraterrenos.
A literatura chinesa não se gaba de uma grande epopéia
nacional como o Ramáiana ou a Ilíada para inspirar o
orgulho dos homens, míseros mortais aquecidos ao brilho
do divino imperador, filho do céu, que denota de fato
origem do alto. Os chineses acreditavam que seu imperador
tirava seus poderes do deus do pólo Norte Celeste; por isso o
trono do imperador e os templos do Sol estavam sempre
voltados para o sul, enquanto os súditos os olhavam para o
norte. É interessante notar que essa veneração da Estrela
Polar, também encontrada no Egito antigo, pode ter alguma
relação com a nossa crença moderna de que as astronaves
que nos visitam agora aparentemente vêm do norte pela
abertura polar existente nos cinturões de radiação de Van
Allen. Como os siberianos nativos, os chineses adoravam a
constelação da Ursa Maior, de cuja direção aparentemente
vinham os astronautas.
Os mitos da China não são tão dramáticos como as histórias
clássicas da Índia ou da Grécia; seus personagens carecem
das paixões heróicas de Rama e Apolo, principalmente
porque durante a longa Dinastia Chou (1027-221 a.C.) os
chineses, com seu espírito prático, tenderam a racionalizar
seus deuses, resumindo os seus super-homens na figura
convencional de seu próprio imperador. Os eruditos
treinados nos preceitos humanísticos de Confúcio despiram
as velhas histórias do sobrenatural e apresentaram-nas em
termos sociais do cotidiano, exatamente como qualquer
marxista que reescrevesse a Bíblia hoje omitiria Deus e
apresentaria o "Livro" como as lutas de classe dos judeus. As
lendas populares imortalizaram pessoas de interesse local e
elevaram-nas à categoria de deuses, exatamente como no
Ocidente certos tipos foram canonizados como santos. É
difícil, pois, identificar muitas das inúmeras divindades
chinesas como astronautas do céu.
Os nossos astrônomos atuais, que rejeitam a teoria da criação
contínua para a expansão do universo desde a explosão do
átomo primevo infinitamente denso, poderão encontrar
algum dúbio encorajamento na velha crença chinesa de
Panku, nascido de um ovo e criando o céu e a Terra do caos,
mito que, como sua narrativa do Dilúvio, os chineses
provavelmente tomaram emprestado aos indianos e aos
babilônios. Os filósofos taoístas e budistas especularam mais
e ensinaram que o universo se originou do espírito, o
conhecido do desconhecido, conclusão que a nossa ciência
aceita.
As lendas do Feng-shen-yen-i falam de uma Idade de
Maravilha há quatro mil anos, narrada como fantasias de
ficção científica em termos fora da nossa experiência, mais
parecidas com as batalhas aéreas do Maabárata. Facções
rivais lutavam pelo domínio da China ajudadas por seres
celestiais, que tomavam partido exatamente como os deuses
que apoiaram os gregos ou os troianos durante o cerco de
Tróia. Em termos modernos nós poderíamos imaginar os
marcianos apoiando os americanos e os venusianos
aconselhando os russos em qualquer conflito futuro; essa
perspectiva pode não ser tão inteiramente fantástica como
parece; a consciência do advento das astronaves, atualmente
vindas de pelo menos dois planetas, torna a interferência
extraterrestre em nossas políticas partidárias da Terra uma
fascinante possibilidade. Os nossos escritores de ficção
científica, que com sua brilhante imaginação desenvolvem
as espantosas invenções científicas que estão transformando
o mundo, veriam suas fantasias futuristas eclipsadas pela
encantadora magia das velhas histórias chinesas.
Os deuses brandiam armas maravilhosas, mais sofisticadas do
que os nossos armamentos modernos atualmente. No-Cha
usou o seu bracelete céu-e-terra para derrotar Feng-Lin, que
em vão mergulhou numa cortina de fumaça protetora; mais
tarde o herói, em sua roda-de-vento-de- fogo, venceu
Chang-Kuei-Fong, chamando em seu auxílio hostes de
dragões voadores de prata. Weng-Chung vergastou Chi'ih
com um chicote mágico, mas foi derrotado por um
irresistível espelho yin-yang que irradiava alguma espécie de
força mortífera. As guerras eram feitas com a tecnologia que
nós atribuímos aos astronautas; os combatentes emitiam
raios deslumbrantes de luz, soltavam gases venenosos,
lançavam dragões de fogo e globos de chamas, disparavam
dardos relampejantes e raios; praticavam a guerra biológica
lançando cápsulas de micróbios de umbrelas celestes;
protegiam-se com véus de invisibilidade e aparentemente
possuíam detecção — radar capaz de ver e ouvir objetos a
centenas de léguas de distância —, tecnologia quase idêntica
ao arsenal descrito nos versos sânscritos do Maabárata.
Os antigos chineses anteciparam-se aos nossos químicos
modernos na composição de pílulas que conferiam
imortalidade, tabletes de rejuvenescimento que davam eter-
na juventude; outras drogas produziam um estado de hiber-
nação com o corpo em animação suspensa, que a nossa
medicina espacial espera descobrir para imobilizar os nossos
cosmonautas em viagens de anos para as estrelas. Diz-se que
os antigos alquimistas produziram uma pílula para anular os
efeitos da gravidade, pós que transformavam água de arroz
em vinho e incenso que restaurava magicamente a vista das
pessoas. Tais compostos bioquímicos, com efeitos
maravilhosos, são também mencionados nos clássicos
sânscritos. É difícil crer que uma primitiva comunidade
agrícola pudesse adquirir conhecimento farmacêutico maior
que o dos nossos químicos atuais; essas drogas maravilhosas
não sugerem alguma ciência transcendente, possivelmente
de astronautas?
A China escolheu como seu emblema nacional o Dragão,
um símbolo de profunda significação. Em tempos
antediluvianos, durante a época da Atlântida, o céu à noite
apresentava-se diferente; o pólo do céu era a Alpha-
Draconis da constelação de Draco, não a nossa atual estrela
polar na Ursa Menor; os astronautas, seres celestiais com
sabedoria transcendente, que desciam das estrelas para
ensinar a humanidade, eram conhecidos pelos antigos como
os dragões ou povo-serpente. As serpentes eram adoradas
pelos lemurianos e os atlantes como simbolizando a sabe-
doria divina; milênios depois essa adoração degenerou em
cultos da serpente entre povos nativos de todo o mundo.
Por alguma inversão paradoxal do pensamento, possivel-
mente por uma interpretação teológica errada da serpente
do jardim do éden, a serpente passou a ser associada a
Satanás e tornou-se emblema do mal. Os pórticos de alguns
templos neolíticos eram constituídos de colunatas
serpenteantes; da Babilônia ao Japão encontram-se desenhos
de dragões de fogo em tijolos cozidos e tecidos de seda, e
serpentes de fogo foram mencionadas por profetas na Bíblia
e eram veneradas no México antigo. Tradições galesas
afirmam que nos tempos do culto do Sol, no reinado de
Prydain, filho de Aedd, o Grande, os filhos da deusa
Keridwen foram levados por dragões para a pátria deles nos
céus. Iniciados do Egito e da Índia relacionavam o Rei
Dragão com Saturno, pai dos deuses; ele tinha alguma
conexão mística com o Rei Artur e a religião dos celtas.
Mais do que qualquer outra nação os chineses fizeram do
dragão um símbolo de sua civilização; eles acreditavam que
o Dragão Celestial era o pai de sua primeira dinastia de
imperadores divinos; o emblema pictórico do dragão
influenciou intimamente essa original e fascinante arte
chinesa e na consciência popular o dragão era considerado
inspirador de beneficência divina para com seus filhos nesta
Terra do Sol.
Os zoólogos duvidam que os dragões tenham jamais existido;
o dentado pterodáctilo, de há muitos milhões de anos,
parece aproximar-se do nosso conceito dum dragão voador,
mas nenhuma dessas terríveis aves sobreviveu até os tempos
históricos. Até mesmo a nossa gente culta de hoje acha
difícil imaginar algo que nunca viu; todos nós podemos
descrever um aeroplano a contento geral, mas poderíamos
concordar com uma descrição qualquer se ele não tivesse
sido inventado? Histórias da antiguidade em todo o mundo
concordam entre si misteriosamente na descrição de dragões
com hálito de fogo que percorriam a terra, o mar e o céu.
Nenhum povo dá descrições tão pitorescas, mesmo
desenhos de dragões, como os chineses. Os textos antigos
descrevem monstros fantásticos, com o corpo coberto de
escamas como armadura, olhos lançando relâmpagos, as
fauces vomitando chamas; as grandes feras subiam rugindo
nos ventos para os céus, mergulhavam nas profundezas do
oceano, seu hálito de fogo reduzia cidades a cinzas; algumas
vezes um dragão raptava uma donzela e levava-a para o seu
covil nas nuvens. Não nos faz isto lembrar aquelas terríveis
histórias de UFOS contadas por aterrados camponeses da
América do Sul atualmente?
Os reis dragões tinham poderes sobrenaturais, praticavam
mesmerismo e telepatia, eram invulneráveis a armas mortais,
viviam e amavam em eterna juventude. Dizia-se que
moravam em palácios encantados no fundo do mar, mas
todos deviam obediência ao seu Senhor nas estrelas. Subiam
rugindo para o céu como luzes chamejantes, em meio a
ventos fortes que causavam tempestades que faziam a
própria Terra rugir. Os mares podiam significar as "águas do
espaço", embora devamos lembrar que, segundo consta,
muitas astronaves mergulham para bases nas profundezas do
nosso próprio oceano. Os deuses viajavam em dragões, assim
também imperadores e santos homens. Yu, fundador da
Dinastia dos Heróis, tinha uma carruagem puxada por dois
dragões; o Imperador Yoan dizia-se filho do Dragão
Vermelho. Fantasmas com chapéus azuis apareciam às vezes
em dragões. As almas dos mortos eram transportadas para o
céu pelos deuses alados. Dizem que um dragão compareceu
ao nascimento de Confúcio. Poderiam os chineses
analfabetos da antiguidade imaginar um dragão, poderia seu
conceito permear sua consciência, inspirar sua religião e
arte, marcar sua vida cotidiana, se esse "objeto voador"
nunca tivesse existido?
Para os estudiosos dos UFOS desses tempos antigos as
descrições de dragões de fogo voadores, vistos com os
nossos olhos modernos, parecem estranhamente familiares;
a fantasia dissolve-se e o pitoresco dragão materializa-se,
tornando-se uma nave espacial. Os textos da antiga China
falam com maravilhosa fantasia de UFOS cortando os céus,
mergulhando nos mares, aterrando camponeses, incendian-
do fortificações, crestando campos, raptando gente ou
desembarcando seres divinos para inspirar a humanidade.
Imediatamente nos recordamos do objeto voador luminoso
que em 4 de novembro de 1957 pairou sobre o forte
brasileiro de Itaipu e paralisou soldados e circuitos elé- tricôs
com raios de calor, das numerosas pessoas cujo
desaparecimento misterioso sugere raptos celestes, e de
Orthon, o venusiano que falou com Adamski. Os seres
celestiais, os dragões, filhos do Sol, os espíritos da velha
China eram sem dúvida naves espaciais.
As referências históricas a visões chinesas são escassas. Esse
pesquisador erudito que é Yusuke J. Matsumura declara no
vol. I, n.° 2 de Brothers, o fascinante magazine de Cosmic
Brotherhood Association (Associação da Fraternidade
Cósmica):
Vocês podem encontrar também o registro de uma espécie
na Enciclopédia Wen Hien Tsung Kwao, editada pela
Companhia Editora Ma Tsuanling, onde se diz que uma
substância como de cometa foi vista durante dois meses na
era do primeiro Han, no ano 12 a.C. Há outra roda de
chamas comunicada ao jeito chinês no Picture dictionary of
foreign affairs, compilado em 1932. Diz o registro que as
rodas eram ligadas ao coche no ângulo de graus para o lado
da direção do movimento, de maneira muito diferente das
rodas das carruagens ordinárias. Uma energia sui generis é
sugerida no quadro. Diz-se que uma espécie de veículo
chamado Kiryao, existente na era de Yin, era um aparelho
em forma de animal, sarapintado de branco, com crinas
vermelhas, olhos de ouro e a cabeça parecida com a de um
galo. Dizem que se um homem viajar no seu lombo viverá
mil anos. O livro das montanhas e dos mares, uma das
famosas histórias míticas chinesas, diz que um andrógino
que tinha apenas um braço e três olhos viajou no vento num
veículo voador até países distantes.
Uma xilografia chinesa de Tu Shu tsi Chang representa a
carruagem volante de Kijung.
Acreditava-se que o imperador chinês era descendente do
Deus Sol; nas crises Gengis Khan orava ao Sol pedindo ajuda;
durante séculos o Império Mongol adorou o Sol. Consta que
alguns primitivos cristãos acreditavam que Cristo era um ser
celestial do Sol; uma crença semelhante era alimentada pelos
chineses, que provavelmente no início adoravam seres
maravilhosos procedentes do Sol e não o Sol físico
propriamente. Yusuke J. Matsumura recorda:
Na Índia um sol personificado era chamado um deus de
ouro, enquanto os clássicos chineses Shi-Chi e Han-Shu têm
uma descrição do "homem celeste cor de ouro", do qual se
tinha ouvido falar havia já quinhentos anos, entre a idade de
Han e a de Tang. É muito significativo que eles tenham
usado não a palavra "deus", mas "homem celeste cor de
ouro".
As histórias da velha China estão repletas de magia, as lendas
sugerem seres estranhos maravilhosos com uma ciência
maravilhosa, vivendo e amando e partilhando sua sabedoria
com os filhos do Sol de olhos oblíquos.
Capítulo Oito
ASTRONAUTAS NO ANTIGO JAPÃO
Os sorridentes japoneses comprazem-se na crença de que
seus primeiros antepassados vieram da "habitação dos
deuses" e adoram seu micado como descendente direto de
Amaterasu, a brilhante deusa do Sol, soberana das altas
planícies do céu. Conscientes de sua origem divina, os filhos
dos deuses desenvolveram sua exótica cultura em esplêndido
isolamento. Hoje, sob essa espantosa ocidentalização que
está transformando o Japão, o espírito do Bushido, uma
fidalguia peculiar ao país, continua inspirando-lhes
superioridade sobre os mortais inferiores do mundo. Estes
filhos do Sol poderão não conquistar nunca o domínio
militar, porém, mais do que qualquer outra raça, eles sentem
em suas almas afinidade com os seres celestes, superiores aos
plebeus da Terra, e no segredo de seus corações se imaginam
astronautas.
Tradições antigas ensinam que há muitos milhares de anos as
ilhas do Japão formavam uma colônia distante da Lemúria135,
o Império do Sol. Os primeiros colonos, uma raça de pele
branca, trouxeram consigo da pátria uma civilização
altamente desenvolvida, que preservou a cultura lemuriana
básica até o advento dos europeus há apenas um século. A
bandeira japonesa, o Sol Nascente, ainda simboliza o sagrado
emblema da submersa Lemúria. Como os hindus, os
chineses e os egípcios, os japoneses também se gabam de
doze dinastias de reis divinos que reinaram dezoito mil anos,
sugerindo dominação de astronautas.
Os etnólogos concordam em que os primeiros antepassados
dos japoneses foram os yamatos de pele branca, que
venceram os aborígenes neolíticos, os cabeludos ainos, uma
raça primitiva decadente que hoje está quase extinta.
Milênios de cruzamentos com os mongóis de pele amarela,
malares salientes e olhos oblíquos produziram essa mutação
característica que hoje chamamos japoneses, embora um
surpreendente número deles pareça quase europeu. A
análise lingüística arrisca a sugestão de que a língua japonesa
tem afinidades com a babilônia e que a escrita ideográfica se
parece exatamente com a assíria, levando a especular sobre a
Torre de Babel e as tribos perdidas de Israel. Sobreviventes
de algum grande cataclismo no Oriente Médio há três ou
quatro mil anos atravessaram a Ásia Central e desceram os
longos rios siberianos até aquelas fragrantes ilhas da costa da
China; outros caucasianos e semitas seguiram pela Índia, a
Malásia e o Pacífico. Chegou a alegar-se até que Jesus
sobreviveu à cruz e morreu no norte do Japão, o que foi
sugerido por uma curiosa seita cristã existente séculos antes
de os missionários portugueses aportarem lá. Os túmulos
antigos às vezes contêm relíquias características dos maias
do México, o que não é de surpreender muito, pois deve ter
havido alguma comunicação com o continente americano.
Claro que nesta altura é difícil apresentar fatos concretos,
mas os testemunhos acumulados tendem a apoiar a con-
clusão de que há uns três mil anos, na era de Salomão, de
Tróia, do Maabárata na Índia, do Rei Bladud na Grã-
Bretanha, o Japão formava parte de uma cultura de âmbito
mundial, regida e inspirada por homens do espaço.
Escavações de antigos dólmens e montes tumulares mostram
que durante o terceiro milênio antes de Cristo os yamatos
gozaram de uma cultura requintada, ostentando maestria em
cerâmica delicada, resplendentes armaduras e armas de
bronze e ferro trabalhadas com habilidade técnica, espelhos
artísticos e jóias magníficas que rivalizavam com os tesouros
contemporâneos do Egito da Nona Dinastia. Na Grã-
Bretanha o Sol não iluminava ainda nenhum Stonehenge;
um milhar de anos decorreria antes que a beleza de Helena
lançasse ao mar um milhar de navios para queimar as
altíssiirias torres de Tróia; perto da cidade de Ur, na Caldéia,
Abraão guardava seus rebanhos e falava com "Deus", com
Jeová, que deveria inspirar seu filho Israel e os filhos de
Israel através de quarenta séculos de sofrimento. Enquanto
os "anjos" (astronautas?) salvavam Lot da Sodoma e Gomorra
que destruíram, falavam com Moisés e os profetas, os
yamatos na sua ilha da flor de cerejeira, continuando a
civilização da Lemúria, o perdido Império do Sol, devem ter
acolhido bem esses homens das estrelas.
Nos túmulos pré-históricos encontram-se "haniwa", figuras
de barro de uma curiosa gente pequenina. Essas estatuetas de
terracota, chamadas Jomon Dogus, têm rostos de nobreza
caucasiana, não de mongóis orientais. Os arqueólogos
acreditaram a princípio que eram substitutos rituais de
sacrifício humano, porém, mais tarde, sua semelhança com
os célebres "marcianos" das pinturas rupestres de Tassili, no
Saara, com os duvidosos petróglifos de uma caverna próxima
de Ferghana, no Usbequistão, e com as estatuetas astecas do
antigo México, sugerem que esses homenzinhos usavam
trajes espaciais e capacetes como Oannes, que, de acordo
com Beroso, foi quem ensinou o povo da Babilônia.
Supondo que tais inscrições neolíticas tenham sido
representações do Deus Sol, é possível igualmente que
fossem representações de astronautas. O brilhante
investigador japonês Yusuke J. Matsumura e seus sábios
colegas da Associação da Fraternidade Cósmica de
Yokohama fizeram um estudo profundo das estatuetas
Jomon, comunicado no vol. 2, n.os 1-4, de sua revista
Brothers. Isao Washio, num estudo convincente, nota que
na área de Tohuku as estátuas pareciam usar "óculos dc sol",
as encontradas na Prefeitura de Aomori aparentemente
tinham capacetes e trajes de mergulhador, muito parecidos
com os trajes usados pelos cosmonautas americanos
atualmente. Yusuke J. Matsumura comparou essas estatuetas
com as pinturas rupestres e entalhes encontrados em
Fukuoka, Kyushu, Hokkaido e em muitas outras partes do
Japão. Informes semelhantes foram dados pelo notável
investigador soviético Dr. Alexander Kasantzev, que insistiu
em que "criaturas altamente adiantadas de Marte visitaram a
Terra muitas vezes até hoje".
As provas de visitantes do espaço na antiguidade podem
estar bem diante dos nossos olhos, mas algum curioso
arrevesamento nos nossos padrões de pensamento frustra o
seu reconhecimento; assim também os cientistas, com a
mente condicionada, não podem aceitar as naves espaciais,
tão claramente vistas por seus próprios olhos. Num túmulo
de Chip-San, nos subúrbios da cidade de Yamaga,
Kumamoto, Prefeitura de Kyushu, uma pintura em parede
de cerca de 2.000 a.C. mostra um antigo rei japonês com as
mãos erguidas num gesto de boas-vindas para sete discos
solares, semelhantes aos dos murais pré-históricos
encontrados na Etrúria, na Índia e no Irã. Outra gravura em
Izumizaki, Fukushima, mostra sete pessoas segurando as
mãos umas das outras num grande círculo, olhando para o
céu e evocando o aparecimento de discos voadores. Os
arqueólogos supunham que tais cenas eram simbólicas do
culto solar, mas a nova compreensão atual do
extraterrestrialismo sugere que esses resplendentes orbes
representam naves espaciais, revolucionando assim a nossa
concepção do passado. A própria palavra "Chip-San", na
língua pré-aino, significava, segundo dizem, "o lugar onde o
Sol desceu".
Informe da Divisão de Pesquisa Científica da AFC, em
Brothers, vol. 2, n.os 1-4:
A baía de Yatshshiro-kai em Kyushu, Japão, é chamada mar
de Shiranuhi-kai, ou mar do Fogo Desconhecido, desde
tempos antigos, e um fogo misterioso que nunca foi
compreendido aparece lá num dia determinado, ou perto do
romper do dia 1º de agosto, pelo velho calendário.
A pesquisa moderna sugere que esse "fogo desconhecido"
deve ser um fogo magnético acendido do espaço e que é
completamente controlado pelos discos voadores e que tem
relação com aquelas rodas de fogo que vêm visitando a nossa
Terra através da história.
Num estudo especial dos discos solares, alados e sem asas,
Yusuke J. Matsumura faz uma comparação convincente com
os discos solares do antigo Egito, do Irã e de Israel, provando
aparentemente que os discos representavam não o Sol, mas
os discos voadores. É curioso notar que os discos solares
encontrados nos túmulos antigos tinham uma semelhança
extraordinária com os símbolos circulares das forças aéreas
do mundo atualmente, uma coincidência verdadeiramente
profética. O Dr. Yoshiyuki Tange declara em Brothers, vol.
2, n.os 1-4:
Verificou-se que aquelas marcas do Sol traçadas no interior
dos antigos túmulos de Kyushu são o símbolo dos discos
voadores há milhares de anos. Entrementes, uma lenda do
povo aino em Hokkaido diz que Okikurumi-kamui (antigo
deus aino) desceu dos céus e pousou em Haiopira,
Hokkaido, a bordo de um brilhante shinta (berço aino), no
qual descobrimos a mesma marca do Sol. Ele ensinou a
maneira justa de vida ao povo aino e destruiu o deus do mal;
era um irmão do espaço que veio do espaço exterior a bordo
de um disco voador chamado shinta pelo povo aino
naqueles tempos.
A Associação da Fraternidade Cósmica (AFC), de Yokohama,
dá uma interpretação revolucionária dos círculos de pedra
encontrados em todo o mundo.
Como se pode ver nas ruínas de figuras de círculos duplos e
triplos no chão, encontradas na cidade de Kawagoe,
Prefeitura de Saitama, no Japão, ou em Glatley, Little Cursus,
Dorchester, Inglaterra; e Stonehenge, também na Inglaterra,
ou no círculo de pedra de Oyu, na Prefeitura de Akita, no
Japão, o CÍRCULO e o ESPAÇO estão intimamente
relacionados um com o outro.
A literatura mais primitiva do Japão, o Kojiki, ou Relação de
assuntos antigos, escrita em caracteres japoneses arcaicos,
baseada em histórias multi-seculares preservadas por bardos
e recitadores públicos, foi composta em 712 d.C. por um
imaginoso camareiro da corte, Hiyeda-
No-Are, um homem de memória maravilhosa e inventiva
infinita. Ele ditou uma confusão de mitos e lendas a um
nobre chamado O-No-Yasumaro, que dedicou sua obra-
prima à formidável Imperatriz Gemmyo. Pouco depois, em
720 d.C., as mesmas tradições foram revistas e reescritas em
chinês clássico, a língua dos eruditos, em trinta livros
conhecidos como Nihongi pelo Príncipe Toneri e
Yasumara-Futo-No-Ason, e a obra, convenientemente
dedicada à imperatriz, provava a toda a posteridade sua
descendência divina de Amaterasu, deusa do Sol.
Os japoneses guardam como tesouros preciosos essas velhas
crônicas, mas nós no Ocidente não nos impressionamos
com elas. Imaginem a nossa cultura ocidental sem quaisquer
registros escritos até o século viu, a era de Carlos Magno!
Sem Bíblia, sem Homero, sem Ésquilo, sem Aristóteles, sem
Virgílio, sem Cícero, sem Plínio, sem nenhum daqueles
filósofos clássicos que modelaram as nossas artes, a nossa
ciência, a nossa política, a nossa civilização! A glória da
Grécia, o esplendor de Roma, seriam apenas um sonho, uma
lembrança obcecante, meio esquecida como a Atlântida. Os
antigos túmulos do Japão não revelam hieróglifos, nenhuma
pedra de Roseta como a que desvendou as maravilhas do
Egito, o solo do Japão não encobre tabuinhas de barro como
aquela biblioteca cuneiforme que descreve os feitos dos
assírios; devem ter surgido e caído civilizações de que não
resta memória. Quantos grandes reis, quantos grandes
filósofos e nobres damas de beleza viveram e amaram no
velho Nipon! Que batalhas sangrentas não devem ter
manchado seu solo ensolarado, cujos fantasmas pararam para
uma breve hora de vida e depois desapareceram nos
corredores poeirentos do tempo para nunca mais voltarem?
Aos japoneses atuais a antiguidade não deixa nenhum legado
que se compare à nossa herança da Grécia e de Roma, não
lhes vem nenhuma revelação de Deus que rivalize com o
nosso cristianismo, nenhuma palavra de filósofo para imitar
nossa democracia; os escritos do Japão remontam apenas a
doze séculos, para a mente japonesa o mundo antigo
permanece um reino de mito.
Os japoneses podem responder que a literatura mais antiga
da Inglaterra aparentemente data da mesma época que a
deles, com o Beowulf e as Histórias de Bede; todo o mundo
se esquece de que os druidas da Grã-Bretanha tinham, ao
que consta, guardados manuscritos de séculos de idade e
escritura ogam na grande Biblioteca de Rangor, destruída em
607 d.C., quando o arcebispo e seus monges foram
massacrados pelos saxões, com o encorajamento de Roma,
segundo se pretende. Os geólogos acreditam que a nossa
Terra tem cerca de quatro bilhões e quinhentos milhões de
anos de idade, os paleontólogos atualmente atribuem ao
homem uma existência de vinte milhões de anos: parece
provável que comunidades civilizadas habitassem as ilhas
floridas do Japão há muitos milhares de anos. Os iogues
falam de quatro raças matrizes antes da nossa; tradições de
todas as nações indicam a existência de ciclos repetidos de
humanidade destruídos por cataclismos; depois a
humanidade renascida espirala para cima na cadeia de evo-
lução, periodicamente detida por novas catástrofes, prelú-
dios de renascimento ainda mais alto. Embora basicamente
verdadeira, essa progressão cósmica é retardada por uma
regressão temporária na evolução, pois alguns dos nossos
povos primitivos da África e da América atualmente pare-
cem ser descendentes degenerados de grandes nações cuja
civilização milênios atrás transcendeu a nossa atual: a ciência
fragmentária dos feiticeiros e dos profetas do tempo parece
que são restos de uma ciência psíquica muito à frente do
nosso século XX.
Se a nossa civilização for destruída por alguma guerra
nuclear, todos os livros do mundo poderão desaparecer no
cataclismo, e cinco mil anos depois do nosso arrogante
século nada mais restará que algumas lembranças raciais
truncadas que falarão de antepassados que usaram mal as
forças existentes dentro do átomo e causaram a própria
destruição. Hoje olhamos perplexos as inscrições dos
etruscos, os hieróglifos do México, a escritura "A" linear de
Cnossos, os curiosos símbolos de Mohenjo-Daro; talvez
brevemente os arqueólogos descubram pictogramas do ve-
lho Japão que algum computador poderá interpretar para
alumiar um maravilhoso panorama do passado!
Os mitos japoneses do Kojiki foram indubitavelmente
modificados pela predominante influência chinesa, pois
essas tradições de idades anteriores foram compiladas para
glorificar a dinastia reinante e promover a unidade nacional.
O Nihongi, ou Crônicas do Japão, pouco depois interpolou-
lhe elementos puramente chineses e uma vaga cronologia,
mas a proximidade do Japão e da China continental torna
quase certo que os dois países compartilharam experiências
semelhantes com astronautas. As fontes contribuintes foram
o Kogushui, ou Respingos de histórias antigas, compilado em
807 d.C., suplementado pelo Norito, liturgias muito antigas,
coligidas em 927 d.C., no Engi-Shiki, ou Cerimônias do
período Engi. Material secundário de interesse particular
foram os Fudoki, ou Notícias provinciais, iniciados em 713
d.C.. que comentavam as lendas e o folclore das regiões em
pitoresca profusão; o tempero literário e romântico era
acrescentado pelo Manyoshu, uma coletânea de poesias feita
no século VIII contendo poemas recitados centenas de anos
antes. Todas as fontes se combinam para fornecer a
fascinante mas confusa mitologia do Japão.
O Kojiki diz que no princípio existia o caos na forma de um
ovo que continha todos os germes da Criação; uma
semelhança notável com a nossa própria teoria cosmo-
lógica da expansão do universo desde o superátomo original.
Na Planície do Alto Céu nasceram as divindades Senhor-do-
Augusto-Centro-do-Céu, a Sublime-Augusta-Maravilhosa-
Divindade-Produtora e a Divina-Maravilhosa-Divindade-
Produtora, e depois dessa trindade sagrada apareceram várias
divindades celestes. De um rebento de caniço que nasceu
quando a Terra era jovem e vogava como uma água-viva
nasceram mais divindades. As divindades celestes
ordenaram a Izanagi e Izanami que ficassem juntos na ponte
flutuante do céu (uma astronave?) para mergulharem uma
preciosa lança na salmoura caótica, que eles mexeram até
que o líquido coalhou e engrossou, e gotas de salmoura
recaindo no oceano condensaram-se na ilha de Onogoro.
Izanagi e Izanami desceram na ilha, tornando-a o centro da
Terra e erigiram um augusto-pilar-celestial e um palácio-de-
oito-braças. O casal celestial anelava por unir-se para
produzir gente para a sua ilha, mas, com grande embaraço
para ambos, verificaram que ignoravam a deliciosa arte das
relações sexuais, o que não é de surpreender, porque o
método natural ainda não tinha sido tentado. Um pouco
frustradas, as duas divindades viram uma levandisca
sacudindo a cabeça e a cauda para baixo e para cima, e isso
inspirou Izanagi e Izanami a inventarem os prazeres da
relação sexual, para delícia dos futuros amantes. Os dois
copularam incessantemente, produzindo numerosas
divindades, e também ilhas, mares e montanhas, até fogo. O
nascimento do Deus do Fogo queimou de tal modo as partes
da Augusta Fêmea, que Izanami morreu, deixando a Izanagi
a triste tarefa de criar sozinho. Do olho esquerdo de Izanagi
nasceu a Deusa Sol, Amaterasu, ó Brilho do Céu, do olho
direito o Deus da Lua, Tsuki-Yami, do nariz Susanowo, o
Macho Impetuoso.
Izanagi fez Amaterasu soberana da Planície do Alto Céu e
deu a Susanowo o domínio sobre o mar. O Macho
Impetuoso, desapontado, exigiu conhecer sua mãe, Izanami,
na Distância Inferior, e quando o pai lhe recusou permissão
e o baniu, Susanowo subiu ao céu para dizer um tumultuoso
adeus a sua irmã. Alarmada com sua ruidosa aproximação,
Amaterasu tomou de seu arco com setas de ponta de sol, e a
vista da encantadora amazona despertou emoções
românticas no Macho Impetuoso, que cordialmente sugeriu
que fizessem um juramento de evitar discórdia e gastassem
suas energias unindo-se na agradável tarefa de procriar a
posteridade. A sugestão agradou a Amaterasu, que deu
nascimento a mais divindades. Mas o comportamento do
Macho Impetuoso ficou pior: pisoteou e destruiu a divisão
nítida dos campos de arroz do céu, atulhou os fossos de
irrigação e poluiu o palácio real com excremento. Por fim, o
violento deus esfolou um potro pintado celeste, que caiu
para trás, abrindo um buraco no telhado do palácio sobre as
mulheres que teciam as vestimentas celestiais, fazendo as
lançadeiras feri-las fatalmente nas partes e causando suas
mortes, Susanowo foi censurado pelo alto conselho dos
deuses, multado pesadamente, e foram-lhe arrancadas as
unhas dos pés e das mãos e jogadas embaixo, na Coréia;
depois ele atravessou para Izumo a caminho de mais
desventuras. A deusa do Sol, ofendida, retirou-se para uma
gruta, deixando o mundo entregue à escuridão e ao desastre,
até que, finalmente, as outras divindades, um tanto
alarmadas, a seduziram com um espelho, induzindo-a a sair,
e assim a luz voltou à Planície do Alto Céu e à Terra da Flor
de Cerejeira, embaixo. Essa divertida história é a versão japo-
nesa da guerra do céu entre os deuses e o subseqüente
cataclismo na Terra; uma descrição muito mais agradável do
que o horrendo conflito nos céus pintado pelos chineses.
Nessa idade mitológica dos deuses o Japão era conhecido
como Toyo-ashi-hara-no-chio-aki-no-mizuho-no-kuni,
Terra-de-Férteis-Planícies-de-Caniços, De-Colheitas- Fartas-
e-Espigas-de-Arroz-Plenas. Durante séculos o país foi
chamado Yamato — a província onde o primeiro imperador,
Jimmu, construiu sua capital, em 660 a.C. O ideograma
chinês "Wa", que representava "Yamato", também
significava "anão", e por isso em 670 d.C. os japoneses
pediram aos chineses que se referissem ao seu país como
"Nipon" ou "Nihon", "Origem do Sol" ou "Lugar do Sol
Nascente". Os chineses e os coreanos interpretaram os
signos que representavam "Nihon" como "Jih-pen", mais
tarde ocidentalizado para "Japão", ainda simbolizando a
crença japonesa fundamental de sua origem celestial no Sol,
que nós hoje traduzimos como descendentes de astronautas.
Susanowo, o "deus caído", banido do céu por sua
impetuosidade, salvou uma princesa de um dragão de oito
cabeças e oito caudas, construiu um belo palácio em Suga,
Izuma, casou com ela e teve muitos filhos; outras divindades
desceram à Terra e se uniram com as filhas dos homens,
confirmando tradições semelhantes de união celestial com
mortais mencionadas no Genesis, no sânscrito e nos
clássicos gregos. O filho mais famoso de Susanowo,
chamado Okuninushu, tornou-se soberano da Terra, ofen-
dendo os deuses no céu, desprezando a sua autoridade e
seguindo seus próprios planos de império. Os deuses, ofen-
didos com essa rebelião, enviaram cá embaixo várias divin-
dades para restaurar a sua soberania, mas sem sucesso; esses
emissários foram vencidos pelos insurretos na Terra.
Finalmente, a deusa do Sol em Takama-gaharo, a Planície do
Alto Céu, ordenou a seu neto Ninigi-no-Mikoto que tomasse
posse da Terra-das-Planícies-de-Caniços e restaurasse o
governo celestial. O Príncipe Ninigi e Ame-no-Koyana,
antepassado das famílias cortesãs, levado na ponte flutuante
do céu (uma nave espacial?), desceu no pico de Takachiho,
de Hyuga, em Kyushu, em frente da terra de Kara (Coréia).
Consigo Ninigi trouxe, da parte de Ama-terasu, a deusa do
Sol, a espada, o espelho e a jóia, os três símbolos da
soberania. Rapidamente conquistou as regiões em volta e
estabeleceu no Japão o governo da dinastia divina.
Uma fascinante narração da descida dos seres celestiais em
naves espaciais para conquistar a Terra, abandonada à
iniqüidade e ao pecado, é dada no Nihongi ou Crônicas do
Japão dos tempos mais remotos até 697 d.C. Esta brilhante
tradução de W.G. Aston, Livro Primeiro, p. 110, parece
vagamente semelhante ao Genesis, à Teogonia de Hesíodo e
ao conflito entre os deuses e os mortais no Maabárata.
Em 667 a.C. o Nihongi descreve o Imperador Kami-
Yamato-Ihare-Biko:
Quando chegou à idade de quarenta e cinco anos, ele (o
imperador) falou aos seus filhos mais velhos e aos filhos
deles, dizendo: "Desde tempos antigos as nossas divindades
celestiais, Taka-mi-musuli-no-Mikoto e Oho-hiru-me-no-
Mikoto, apontando para esta Terra-de-Belas-Espigas-de-A
rroz-da-Fértil-Planície-de-Juncos, deu-a ao nosso
antepassado celeste, Hiko-ho-no-ninigi-no-Mikoto. Então
Hiko-ho-no-nini-gi-no-Mikoto, abrindo a barreira do céu e
cortando uma passagem nas nuvens, percorreu rapidamente
a sua rota sobre-humana, até que parou. Nesse tempo o
mundo estava entregue à desolação geral. Nessa tristeza, por
conseguinte, ele promoveu a justiça e desse modo governou
esta costa ocidental (Kyushu). Nossos antepassados imperiais
e nosso pai imperial, como deuses, como sábios,
acumularam felicidade e amealharam glória. Muitos anos se
passaram. Da data em que nosso antepassado celestial desceu
até agora são passados mais de 1.792.470 anos. Mas as
regiões remotas ainda não gozam as bênçãos do governo im-
perial. Permite-se que cada cidade tenha seu senhor e cada
aldeia seu chefe, que cada um por si mesmo faça divisão de
território e pratique a agressão e conflito mútuos,
"Agora eu ouvi o Velho do Mar (Shiho-Tsutsu-no-Ogi) dizer
que no leste há uma bela terra cercada de montanhas por
todos os lados. Além disso, há o Um que desceu lá viajando
num barco de rocha celestial. Eu creio que esta terra será
indubitavelmente adequada para a extensão da tarefa
celestial (isto é, para maior expansão do poder imperial), a
fim de que sua glória encha o universo. É, sem dúvida, o
centro do mundo. A pessoa que baixou lá, creio, foi Nigi-
hoye-lu' (significa 'Sol-Rápido-Suave'). Por que não
havíamos de ir para lá e fazer dela a nossa capital?"
Todos os príncipes imperiais responderam e disseram: "A
verdade disso é manifesta. Esse pensamento está
constantemente presente em nossas mentes também.
Vamos para lá rapidamente". Ocorreu isso no ano Kihoye
Tora (51°) do Grande Ano.
A afirmação de que antepassados celestiais desceram dos
céus num barco de balanço celestial há perto de dois
milhões de anos por certo divertirá os cientistas que acre-
ditam que a civilização foi desenvolvida pelo próprio
homem há uns poucos milhares de anos, mas a descida de
astronautas em remota antiguidade é confirmada por
ensinamentos ocultos, pelos livros sagrados de Dzyan e por
lendas em todo o mundo.
Antes de Ninigi partir para a Terra foi-lhe dito que nas
encruzilhadas do céu havia uma divindade estranha cujo
nariz tinha sete mãos de comprimento e em cuja boca e
traseiro brilhava uma luz. Esta estranha descrição pode
referir-se a um ser celestial em uma astronave de outra
galáxia, pois nenhum dos deuses sabia nada a respeito dele.
A deusa Uzume-hime abordou o estranho, que disse que seu
nome era Saruto-hiko; também ele tencionava pousar na
terra do Japão e ofereceu-se para fazer para a deusa uma
ponte volante ou barco-ave-celeste.
O bisneto do Príncipe Ninigi, o Imperador Immu, invadiu
Naniwa (Osaca) para conquistar Yamato, mas a princípio foi
repelido pelos Tsuchi-gumo, as "aranhas da Terra", os
aborígines originais, os cabeludos ainos, não descendentes
dos deuses. Depois da conquista final, o imperador subiu a
uma montanha e olhando para o belo cenário exclamou:
"Umashi kunizo Akitan-no-toname-suru ni nitari!" ("Belo
país! Parece libélulas copulando!") De modo que para os
homens do espaço olhando para baixo o Japão devia ser
"Akitsushima" — "Terra da Libélula".
Os japoneses acreditam que em 660 a.C. as divindades
celestiais vieram em auxílio do Imperador Jimmu para
vencer seus inimigos, fazendo lembrar aqueles gêmeos ce-
lestiais, Castor e Pólux, que em 498 a.C. ajudaram os
romanos a derrotar os tusculanos junto ao lago Regillus. O
apoio das divindades a Jimmu esteve longe de ser decisivo,
pois a história acrescenta que o imperador convidou oito
"aranhas da Terra"' para um banquete e mandou assassiná-las
antes de poder completar a conquista.
Em 9 a.C., de acordo com Yusuke J. Matsumura146, "os
aborígines japoneses chamados kumaso prosperavam em
Kyushu, excedendo a Dinastia Yamato em influência,
quando, em 10 de fevereiro, apareceram no céu nove sóis
que causaram muito caos na Terra e a Dinastia Yamato foi
lançada em grande confusão. Foi isso no décimo ano do
Imperador Suinin. Esses nove sóis, ou discos solares, como
os antigos os chamavam, eram discos voadores".
Os nove sóis sobre o Japão em 9 a.C. são como os dez sóis
sobre a China em 2346 a.C., quando nove foram abatidos
pelo "divino arqueiro" Tzu-yu. Em ambas as ocasiões a Terra
foi presa de discórdia; o aparecimento dos nove "discos" em
9 a.C. foi considerado pelos aborígines, que adoravam os
discos solares, um sinal de descontentamento celestial
contra a Dinastia Yamato pela escravização mental e física
que impunha aos seus súditos.
O Nihongi, Livro Primeiro, p. 226, declara, por volta de 200
d.C.:
Além disso, havia na aldeia de Notorita um homem
chamado Hshiro-Kuma-Washi (Águia Cervejeira Pena
Branca). Era um indivíduo extremamente forte e tinha asas
no corpo, de modo que podia voar e subir no ar. Por isso
não obedecia às ordens imperiais e geralmente saqueava as
pessoas.
Nem o divino Leonardo da Vinci conseguiu resolver o
problema do vôo humano. Seria aquele homem um
astronauta?
Durante os primeiros séculos, quando os "anjos" andavam
ajudando o Rei Artur e Merlin e, mais tarde, São Patrício e
São Germano em suas lutas com os saxões que invadiam a
Grã-Bretanha, do outro lado do mundo os deuses assistiam
os japoneses. Por volta de 220 d.C. a famosa Imperatriz
Jingo invadiu a Coréia, e as divindades foram antes e depois
da expedição. O rei de Silla (Coréia) foi vencido por esses
invasores divinos e imediatamente se submeteu.
Uma curiosa referência a um parente astronauta em 460 d.C.
aparece no Nihongi, Livro Primeiro, p. 342.
Quarta primavera, segundo mês. O imperador (Oho-
Hatsuse-Waka-Taká) (Nota: "Hatsuse" é um lugar em
Yamato, "Waka-taka" significa "jovem, bravo") foi caçar com
arcos e flechas no monte Katsu-raki. De repente apareceu
um homem alto, que se aproximou e ficou parado no vale
vermelho. No semblante e no porte ele se parecia com o
imperador. O imperador sabia que ele era um deus e, por
conseguinte, passou a interrogá-lo dizendo: "De que lugar
és, Senhor?" O homem alto respondeu e disse: "Sou um deus
de homens visíveis (isto é, um deus que assumiu forma
mortal). Dize-me tu primeiro teu nome principesco e depois
eu por minha vez te informarei do meu". O imperador
respondeu e disse: "Nós somos os Waka-taka-no-Mikoto". O
homem alto, a seguir, deu o seu nome dizendo: "Teu servo é
o deus Hito-Koto-Mushi" (literalmente, "senhor de uma
palavra". A divindade que dissipa com uma palavra o mal e
com uma palavra o bem). Finalmente ele lhe fez companhia
na diversão da caça. Perseguiram um veado e cada um cedeu
ao outro o privilégio de atirar a flecha. Galoparam, lado a
lado, usando um com o outro, linguagem respeitosa como na
companhia de gênios. Então o sol se pôs e a caçada
terminou. O deus escoltou o imperador e acompanhou-o até
a água de Kume. Desta vez o povo dizia: "Um imperador de
grande virtude!"
Não evoca esta história os seres celestiais da antiga Índia, os
deuses e mortais da Grécia, os anjos e reis do Velho
Testamento? Não são ecos vagos desses encontros amáveis
entre astronautas e seus "contatos" de que se fala hoje?
Essa visitação em 460 d.C. foi mencionada novamente cerca
de cem anos mais tarde no Nihongi, em 556 d.C., durante o
reinado do Imperador Ame-Kuni-Oshi- Hiroki-Hiro-Niha.
O ministro Soga disse: "Antigamente, no reino do
Imperador Oho-hatsuse, teu país estava sendo atacado pela
Koryo (Coréia) e encontrava-se numa posição tão crítica
como uma pilha de ovos. Diante disso, o imperador ordenou
reverentemente ao ministro da religião xintoísta que se
aconselhasse com os deuses. E então o sacerdote, por
inspiração divina, respondeu e disse: 'Se, depois de humilde
prece ao Deus Fundador da Terra (Oho-namochi-no-Kami),
tu fores em auxílio do soberano que é ameaçado de
destruição, certamente haverá tranqüilidade para o Estado e
paz para o povo'. Fez-se a prece ao deus, foi prestado o
auxílio, e a paz foi assegurada. Ora, o deus que originalmente
fundou o país é o deus que desceu do céu e estabeleceu este
Estado no período em que o céu e a Terra foram separados,
e quando as árvores e as ervas tinham fala. Recentemente foi
informado de que o teu país deixou de adorá-lo. Mas se te
arrependeres agora de teus erros anteriores, se construíres
um santuário ao deus e fizeres sacrifício em honra de seu
divino espírito, teu país prosperará. Não deves esquecer
isto".
O comentador do Tau-chö aqui cita a seguinte declaração
curiosa da obra chamada Sei-to-ki:
"No reinado do Imperador Kwammu (782-806 d.C.) nós (os
japoneses) e a Coréia tínhamos escritos da mesma espécie. O
imperador, não gostando disso, queimou-os e disse: 'Estes
escritos falam do deus que fundou o país e não mencionam
os deuses nossos antepassados'. Mas possivelmente isto
apenas se refere à lenda de Tan-kun, que o Tongkom dá
como segue: 'Na Região Oriental (Coréia) no princípio não
havia chefe. Então houve um homem divino que desceu
debaixo dum sândalo, e o povo da terra estabeleceu-o como
seu senhor. Era chamado Tan-kun (Senhor do Sândalo) e o
país recebeu o nome de Choson (que quer dizer frescor). Foi
no reinado do imperador chinês Tong-Yao (2357-2258
a.C.), no ano Mon-Shen. A capital no princípio foi Phyong-
yong, que depois se chamou Pek-ok (a colina branca). No
oitavo ano (1317 a.C.) do reinado de Wu-Ting, da Dinastia
Shang, ele entrou no monte Asatai e tornou-se um deus'.
Acreditava-se que esses seres divinos tinham vivido mil
anos na Coréia, e depois, segundo parece, trasladaram-se
para o céu. Isso nos faz lembrar o misterioso Conde de St.
Germain, que dizem ter visitado a Terra durante vários
séculos, voltando periodicamente ao planeta Vênus. Que
dizer...?
O único deus estelar mencionado nos mitos japoneses é
Kagase-Wo, descrito como um rebelde vencido,
possivelmente, referindo-se um tanto vagamente a algum
conflito no espaço. É despojado dos títulos de kami
(divindade) e mikoto (augusto), acrescentados aos nomes de
outros deuses. As únicas mencionadas no Kojiki ou Ni-
hongi são Vénus, Marte, Júpiter, as Plêiades e a estrela Alpha
Lyrae, esta última relacionada com uma lenda chinesa.
O Nihongi, Livro Segundo, p. 122, surpreende-nos com a
história de um extraordinário menino-prodígio, nascido no
décimo dia do quarto mês de 593 d.C., durante o reinado da
Imperatriz Toyo-Mike-Koshiki-yo-Hime.
O príncipe da casa imperial Mumayodo-no-Toyo- Sumi foi
nomeado príncipe imperial. Ele tinha o controle geral do
governo e foram-lhe confiados todos os detalhes da
administração. Era o segundo filho do Imperador Tochi-
bane-no-Toyo-hi. A imperatriz-con-sorte, título da mãe
dele, era a princesa imperai Ana-hohe-Hashito. A
imperatriz-consorte, no dia em que ia dar à luz, deu volta ao
recinto proibido, inspecionando os diversos serviços.
Quando chegou à seção dos cavalos e acabava de chegar à
porta do estábulo, deu-o subitamente à luz e sem esforço.
Ele falou logo que nasceu e tornou-se tão sábio quando
cresceu, que era capaz de acompanhar os processos legais de
dez homens ao mesmo tempo e julgá-los sem erro. Sabia de
antemão o que ia acontecer. Além disso, aprendeu a
doutrina interior (budismo) com um sacerdote coreano
chamado Hye-Cha e estudou os clássicos de fora (clássicos
chineses) com um doutor chamado Hok-ka. Em ambos esses
ramos de estudo ele se tornou perfeitamente proficiente. O
imperador, seu pai, amava-o e fê-lo ocupar o salão superior,
o sul do palácio. Por isso, era intitulado Sênior Príncipe
Kamu-tou-miya-Mumaya-do-Toyo-tomini (Nobre Filho da
Imperatriz Toyo do Palácio Superior e da Porta do Estábulo).
Embora esse nome fosse talvez adequado, o príncipe deve,
sem dúvida, ter precisado de toda a sua serena filosofia para
tolerar semelhante título!
619 d.C.: Um objeto brilhante como uma figura humana foi
visto por cima do rio Gamo, no Japão central.
(Brothers, vol. 3, n° 1)
Como os romanos, os maias e os chineses, os antigos
japoneses tinham um respeito supersticioso pelos prodígios
da Terra e do céu, que os adivinhos prognosticavam como
anunciando acontecimentos fatídicos.
650 d.C.: De acordo com o Nihongi, Livro Segundo, p. 241,
o Imperador Ame-Yorudzu-Toyo-Lu declarou:
Quando um governante sábio aparece no mundo e governa,
o império ê suscetível a ele e manifesta augúrios favoráveis.
Nos tempos antigos, durante o reinado de Changwong, da
Dinastia Chou, um governante da Terra Ocidental (China), e
novamente no tempo de Ming-Ti, da Dinastia Han, foram
vistos faisões brancos. Na nossa terra do Japão, durante o
reinado do Imperador Hamuto, um corvo branco fez o
ninho no palácio. No tempo do Imperador Oho-sazaki
(Ojinn Tenno, 271 d.C.) um cavalo-dragão apareceu no
ocidente.
O cavalo-dragão tinha asas na cabeça; atravessava a água sem
afundar e aparecia quando um soberano ilustre ocupava o
trono. Este pode ter sido um UFO, mas é mais provável que
tenha sido um cometa como "uma estrela longa" vista no sul,
em 634 d.C., durante o reinado do Imperador Okinaga-
Tohashi-hi-Hiro-Nuka, que o povo chamou estrela-vassoura.
Três anos mais tarde, em 634 d.C., o Nihongi, Livro
Segundo, p. 168, informou:
Uma grande estrela flutuou de leste para oeste e houve um
ruído como de um trovão. A gente desse tempo disse que
era o som da estrela cadente. Outros disseram que era trovão
da terra. Então o sacerdote budista, Bin, disse: "Não é a
estrela cadente mas o Cão Celestial, o som de cujo ladrido é
como o trovão".
Uma semana depois houve um eclipse do Sol. O sábio
sacerdote Bin foi, sem dúvida, enganado por Os clássicos das
montanhas e dos mares, um livro chinês muito antigo que
dizia:
Na montanha da Porta do Céu há um cão vermelho
chamado o Cão Celestial. Seu lustro voa através do céu e,
flutuando assim, torna-se uma estrela de muitas varas de
comprimento. É rápida como o vento. Sua voz é como o
trovão e seu fulgor como o relâmpago.
Essa descrição sugere uma astronave em forma de charuto!
O Cão Celestial era Sírio, mas essa referência clássica à uma
estrela que flutuava, se alongava, tinha brilho vermelho,
movia-se rapidamente, soava como trovão e emitia radiação
lembra as grandes naves-bases vistas alto nós nossos céus
atualmente.
Um comentário no Nihongi declara:
O Cão Celestial, ou Tengu da superstição japonesa moderna,
é uma criatura alada de forma humana, com nariz
extremamente longo, que freqüenta os cumes das
montanhas e outros lugares ocultos.
Os estudiosos dos UFOS imediatamente reconhecem a
semelhança desta aparição com os astronautas mencionados
nos clássicos que dizem que andam atualmente assustando
camponeses na França, na América e no Brasil. Nos tempos
bíblicos as naves espaciais pousavam entre as montanhas,
aonde os "anjos" chamavam Moisés e os profetas para
receberem revelações divinas; a maioria dos países tem pelo
menos uma montanha sagrada associada às manifestações
dos deuses.
O "nariz extremamente longo" da "criatura alada com forma
humana" referia-se sem dúvida a algum capacete com
aparelho respiratório, pois para alguns seres extraterrestres a
nossa atmosfera oxigenada pode ser venenosa; lembramo-
nos de Oannes, um ser com corpo de peixe, que, segundo
Beroso, ensinou aos babilônios as artes da civilização; sua
semelhança com um peixe provavelmente indicava que o
estranho usava um traje espacial, talvez um daqueles "trajes
pressurizados" dos Jomon Dogu reproduzidos nas várias
estatuetas encontradas em todo o Japão. Visto que a criatura
alada de nariz comprido deu nascimento a uma superstição,
é de supor que suas manifestações nas montanhas do Japão
não fossem infreqüentes através de vários séculos,
mostrando que observavam regularmente os filhos do Sol.
Em novembro de 1837 d.C. "um intruso, um monstro de
poder sobre-humano, impossível de pegar, assombrava os
caminhos de Middlesex, na Inglaterra. De acordo com J.
Vyner, em seu fascinante artigo na Flying Saucer Review, de
maio-junho de 1961:
O intruso era alto, esguio e possante. Tinha nariz
proeminente e dedos ossudos, com imensa força,
semelhantes a garras. Era incrivelmente ágil. Usava uma
longa capa esvoaçante do tipo usado pelos freqüentadores de
ópera, os militares e os atores ambulantes. Na cabeça usava
um capacete alto aparentemente de metal. Sob a capa tinha
trajes justos de um material luzente como oleado ou malha
de metal. Tinha uma lâmpada adaptada ao peito. Mais
estranho que tudo: a criatura tinha as orelhas cortadas ou
pontudas como as de um animal.
O velho Duque de Wellington, que havia derrotado
Napoleão em Waterloo, armou-se com um par de pistolas e,
no verdadeiro estilo da caça à raposa, partiu para tocaiar
aquele salteador de estrada que saltava por cima de sebes e
casas com a maior facilidade; mas, depois de alguns meses
ameaçando os honestos cavalheiros da região e aterrando as
mulheres com olhos como bolas de fogo vermelhas, a
aparição desvaneceu-se, para reaparecer em 1880, 1948 e
1953, na América.
Talvez a criatura alada dos antigos clássicos japoneses se
tivesse cansado do Japão e viesse procurar os subúrbios mais
fascinantes do Ocidente.
638 d.C.: No dia 26 do primeiro mês da primavera, uma
estrela comprida apareceu no noroeste. O sacerdote Bin
disse que era uma estrela-vassoura. Quando ela apareceu
houve fome.
O astrólogo Bin provavelmente viu um cometa. O Nihongi,
Livro Segundo, p. 169, delicia os futuros estudiosos de UFOS
registrando em:
640 d.C.: No dia 7 do segundo mês da primavera, uma
estrela entrou na Lua.
642 d.C.: No outono, nono dia, sétimo mês, durante o
reinado da Imperatriz Ame-Toyo-Tokaro-Ikashi-hi-Tarashi-
Hime uma estrela hóspede entrou na Lua.
A história chinesa refere que a entrada de Vénus na Lua era
olhada pelos adivinhos como anúncio de mortalidade entre
o povo. É significativo que Vênus fosse a única estrela
adorada pelos astecas no México; adoravam-na com grande
veneração e a ela ofereciam em sacrifício os corações
sangrentos dos cativos. A associação de Vênus com
malevolência para com a Terra pode ter sido alguma
memória racial da guerra com invasores desse belo planeta
mencionada nos clássicos gregos e sânscritos.
Os japoneses acreditavam em demônios semelhantes aos
asuras ou "deuses rebeldes" descritos no Rig Veda; os
gandharvas (guerreiros celestiais), Garudha (o monstruoso
"homem-pássaro"), a nave celeste de Indra, e seres aéreos
semelhantes àqueles "orgulhosos demônios em navio de
vidro" mencionados no Orlando furioso, Canto I, estância 8,
de Ariosto, poeta do Renascimento italiano. O Nihongi,
Livro Segundo, p. 272, menciona:
661 d.C.: No outono, primeiro dia do oitavo mês. O príncipe
imperial, acompanhando os restos mortais da imperatriz,
voltou até o Palácio de Ihase. Nessa tarde, no topo do monte
Asakura estava um demônio (ou "espírito") com um grande
chapéu olhando para baixo para as cerimônias fúnebres.
Todo o mundo soltou exclamações de espanto.
Essa manifestação faz recordar o ano de 1099 d.C., quando
os cruzados estavam sitiando Jerusalém. Matthew of Paris,
em sua Historia Anglorum, escreveu que um resplandecente
cavaleiro, que agitava um escudo brilhante, apareceu
subitamente no monte das Oliveiras e acenou para os
desanimados cruzados para que atacassem novamente. Os
estudiosos de UFOS imediatamente se hão de lembrar do
espantoso incidente ocorrido em 26 de junho de 1959 na
Nova Guiné, quando o Reverendo William Boot Gill,
missionário anglicano, viu um enorme disco com dois pares
de pernas apontando diagonalmente para baixo e quatro
homens na "coberta" acenaram para ele. 661 d.C. no Japão,
1099 d.C. em Jerusalém, 1959 d.C. na Nova Guiné! Estarão
estes amáveis astronautas sempre a nos observar? Três anos
depois desta visão no Japão, em 664 d.C., segundo a História
eclesiástica de Bede, Livro Quarto, capítulo 7, uma luz do
céu brilhou sobre as freiras no cemitério do Mosteiro de
Barking, às margens do Tâmisa; em seguida, passando para o
outro lado, brilhou sobre os monges, e depois retirou-se para
o céu.
11 de agosto de 671 d.C.: Um objeto flamejante foi visto
voando para o norte de muitos países no Japão, um ano
antes da guerra dos Jinshim.
1º de outubro de 679 d.C.: Matéria semelhante a algodão
("cabelo de anjo") de cinco a seis pés de comprimento caiu
sobre Naniwa, nome anterior de Osaca, e foi levada pelo
vento para vários lugares.
(Brothers, vol. 3, n° 1)
O século VII parece que presenciou atividades de UFOS em
todo o mundo. As luzes celestiais mencionadas pelos anglo-
saxões apareceram sobre o Japão. Os compiladores do
Nihongi anteciparam-se ao nosso Charles Frost e citaram
muitos fenômenos fascinantes.
680 d.C.: Décimo primeiro mês, primeiro dia. Houve um
eclipse do Sol. No terceiro dia houve um brilho a leste desde
a hora do Cão até a hora do Rato (das oito da noite até a
meia-noite).
681 d.C.: Nono mês, décimo sexto dia. Apareceu um
cometa, no décimo sétimo dia o planeta Marte entrou na
Lua.
682 d.C.: Sexto mês, terceiro dia. Os hóspedes da Coréia
foram recebidos em Tsukushi. Nesta tarde ao crepúsculo
uma grande estrela passou de leste para oeste.
682 d.C.: Oitavo mês, décimo primeiro dia. Apareceu uma
coisa com a forma como de uma bandeira batismal budista e
de cor de chama. Flutuou através do vazio em direção ao
norte e foi vista por todas as províncias. Alguns dizem que
mergulhou no mar ao largo de Koshi. Neste dia um vapor
branco subiu da montanha Oriental com quatro braças de
tamanho.
No décimo segundo dia houve um grande terremoto.
Um dia depois o vice-rei de Tsukushi deu parte de um pardal
com três pernas. No décimo sétimo dia houve outro
terremoto. Neste dia houve um arco-íris bem no meio do
céu e oposto ao Sol.
É digno de nota que Julio Obsequens, em Prodigiorum
lihellus, menciona luzes brilhantes sobre a antiga Roma
antes da ocorrência de terremotos, e desde 1927 os obser-
vadores têm notado UFOS no céu pouco antes da atividade
vulcânica, confirmando informes de supostos astronautas de
que suas astronaves controlam o campo magnético da Terra
e mostram grande preocupação com zonas aparentemente
fracas na nossa crosta terrestre.
684 d.C.: Outono, sétimo mês, vigésimo terceiro dia. Um
cometa apareceu no noroeste com mais de dez pés de
comprimento.
684 d.C.: Décimo primeiro mês, vigésimo primeiro dia. Ao
escurecer sete estrelas derivaram juntas para o nordeste e
afundaram.
Décimo primeiro mês, vigésimo terceiro dia. Ao pôr do sol
uma estrela do tamanho dum pote caiu no setor do leste. À
hora do Cão (sete-nove da noite), as constelações ficaram
completamente desordenadas e caíam estrelas como chuva.
Décimo primeiro mês. Durante este mês houve uma estrela
que subiu no zênite e continuou acompanhando as Plêiades
até o fim do mês, quando desapareceu.
692 d.C.: Outono. Sétimo mês, vigésimo oitavo dia. Reinado
do Imperador Tokama-No-Hara-Hiro-No-Hime. O carro
imperial voltou ao palácio. Esta noite Marte e Júpiter
aproximaram-se e afastaram-se, um do outro, quatro vezes o
espaço de um passo, brilhando e desaparecendo
alternadamente.
As visões relatadas no Nihongi continuaram atravé. da Idade
Média até os tempos modernos. A Associação da
Fraternidade Cósmica de Yokohama relaciona pelo menos
setenta fenômenos celestes extraordinários de 858 a 1.832
d.C. Nos séculos XIX e XX essas visitações misteriosas
aumentaram, até que hoje os serenos céus do Japão parecem
povoados de astronaves. Pessoas supra-sensíveis afirmam
terem comunicação cordial com seres extraterrestres, como
seus antepassados da antiguidade.
As Notícias históricas do Japão contam que o Imperador
Hwang, desejando fazer descer um dragão e viajar no seu
lombo, primeiro reuniu cobre, metal relacionado com o
planeta Vénus, em uma montanha e fundiu uma trípode.
Imediatamente um dragão voou do alto para ele; depois de o
monarca ter usado o "deus" como aeronave, setenta de seus
súditos voaram nele também.
O xinto, ou kami-no michi, a maneira dos deuses, permeia
praticamente todos os aspectos da vida japonesa, embora o
budismo, particularmente a doutrina zen, influencie
profundamente as artes e as ciências, inspirando todos os
buscadores da verdade. Há muitos milhares de deuses no
xintoísmo, que abrange o culto dos antepassados e o culto
dos espíritos da natureza, tornando a mente japonesa
receptiva para a existência de vida através do universo, de
habitantes de outras dimensões e de astronautas das estrelas.
O sistema xinto tem afinidades notáveis com o druidismo da
Grã-Bretanha antiga. Os japoneses, como os celtas,
acreditavam na santidade dos seres reais ancestrais,
reminiscências da Idade de Ouro dos reis do espaço. Hoje
mesmo a maioria dos japoneses ainda venera seu micado
como descendente de Amaterasu, deusa do Sol.
Atualmente os japoneses veneram o seu glorioso passado e
através de sua Associação da Fraternidade Cósmica estão
planejando o futuro áureo, quando o ensolarado Japão
conduzirá toda a humanidade novamente a uma maravilhosa
amizade com os nossos irmãos do espaço.
Capítulo Nove
REIS ESPACIAIS NO ANTIGO EGITO
Egito! Terra de maravilha, mistério e magia. Durante séculos
sem conta as vastas pirâmides, a inescrutável esfinge, aqueles
imponentes templos ao longo do Nilo têm dominado as
mentes dos homens, evocando com sua grandeza silenciosa
os ecos duma antiguidade grandiosa, a presença de
orgulhosos imortais, aquela Idade de Ouro dos deuses em
que a Terra era jovem. Essas ruínas colossais dum passado
remotíssimo intrometem-se no nosso mundo presente
como símbolos de alguma raça galáctica; sua aura de poder e
força espiritual irradiam uma mensagem que os homens não
podem ler; erguem-se ali solitárias, em alheio isolamento,
dominando os areais além do espaço e do tempo, à espera de
que o homem se erga até a compreensão. Essa
impressionante majestade revela uma raça de seres maior e
mais nobre que transcende o homem mortal — os seres
celestiais que ensinaram a civilização à Terra, os astronautas
das estrelas.
Hoje o nosso mundo sofisticado perdeu o seu senso de
deslumbramento, aquela divina expectativa da alma que
transmuda as frias relíquias do passado em vida quente e
apaixonada. O nosso século xx sem alma, condicionado pela
ciência e pelo socialismo a apreciar a nossa era, com todos os
seus defeitos, como o cume mais alto do esforço humano,
zomba da antiguidade como desolada ignorância,
esquecendo que a verdadeira civilização amadurece dentro
da alma e não por meio de superbombas. Nós, que cercamos
a Lua de foguetes e desafiamos as estrelas, desprezamos os
sábios do passado. Mas suponhamos que os segredos do
antigo Egito contenham alguma maravilhosa revelação que
transforme o futuro do homem. Suponhamos que os
conceitos convencionais estejam errados. O nosso mundo
clama por compaixão. Devemos procurar inspiração nas
estrelas?
Os poucos milênios que imaginamos que marcam a história
do homem sobre a Terra são determinados pelos vários
objetos descobertos pelos arqueólogos, datados pelo
radiocarbono, o potássio-argônio ou outras técnicas e con-
firmados por testemunhos contemporâneos, se alguns exis-
tem; Sobre as vastas eras de evolução humana pregada pelos
paleontologistas nada se sabe. Os cientistas hoje admitem
que as civilizações de outros planetas não são síncronas com
a nossa. Em alguns sistemas estelares as pessoas podem estar
milhares, até milhões de anos mais adiantadas do que nós. É
possível que em idades passadas alguns astronautas que
andassem explorando a nossa beira da galáxia tenham
desembarcado na Terra e, obedientes à lei cósmica, tenham
ensinado ao homem primitivo os rudimentos da cultura;
talvez tenham governado como reis, partindo depois para
semearem as sementes da civilização em outras partes. Essa
hipótese não é absolutamente ficção científica, pois nos
séculos vindouros é intenção dos cosmonautas futuros
espalhar as duvidosas bênçãos da Terra por todas as estrelas
visíveis.
Os egiptólogos têm dedicado suas vidas a estudar as areias do
Nilo; arqueólogos de gênio, submetendo seus achados à
percepção erudita, têm revelado um brilhante panorama do
Egito antigo, o esplendor dos faraós, a sabedoria dos
sacerdotes, a maravilhosa herança legada à Grécia e a Roma,
que está influenciando profundamente a nossa civilização
atualmente. A decifração da pedra de Roseta, por
Champollion, iluminou um mundo perdido. Sir Flinders
Petríe com sua pá desenterrou história; sábios de uma
dezena de países pacientemente ressuscitaram um quadro
vívido de sete mil anos de civilização. Sete mil anos!
Heródoto escreveu que os egípcios se consideravam os mais
antigos da humanidade. Que aconteceu no Egito antes da
história?
Tradições ocultas conservam conhecimento esotérico,
transmitido por incontáveis adeptos desde a mais remota
antiguidade, que ilumina vastas épocas da evolução do
homem muito além do âmbito limitado da arqueologia
fatual. Essas revelações, porém, não servem para a ciência,
que deve seguir sua própria metodologia rígida de fatos,
experiência e prova; mas, a não ser que ponhamos de lado a
maioria dos pensadores verdadeiramente grandes do passado
como vazios sonhadores, só porque adotaram um padrão de
pensamento diferente do nosso, teremos que dar algum
crédito aos ensinamentos dessas tradições ocultas,
especialmente quando é extremamente improvável que ve-
nham a ser encontradas, algum dia, quaisquer provas escritas
dos tempos remotos.
O historiador atualmente acha difícil compreender o nosso
próprio século perturbado; olha com justo ceticismo a
sabedoria dos místicos fora da disciplina racional; deve,
porém, lembrar-se de que em idades vindouras o nosso
mundo moderno poderá ter-se tornado tão pouco conhe-
cido como a perdida Atlântida, e esta é uma possibilidade
aterradoramente real. Se uma guerra nuclear ou cataclismo
cósmico assolasse a nossa Terra hoje, os incêndios, as
inundações e os terremotos poderiam destruir todos os
documentos escritos, reduzir a pó os mais imponentes
edifícios e aturdir as mentes dos homens, obliterando todas
as suas lembranças da catástrofe; os poucos sobreviventes
mergulhariam na barbárie, na luta frenética pela
sobrevivência num mundo destroçado, demasiado chocados
para meditarem sobre os horrores do passado. Quando os
futuros sábios se dedicassem a estudar o nosso século XX,
talvez não restasse mais nada da nossa orgulhosa cultura.
Tróia desapareceu da história; os professores clássicos ju-
ravam que a cidade de Príamo era um sonho de Homero, até
que o ingênuo Schliemann desenterrou o diadema precioso
de Helena; Pompéia e Herculano, sepultadas pelas cinzas do
Vesúvio que sufocaram o erudito Almirante Plínio em 79
d.C., durante dezoito séculos foram apenas lendas. Quem
sabe se em eras futuras as nossas grandes metrópoles não
serão apenas um mito? Daqui a dez mil anos os arqueólogos,
na ausência de artefatos, poderão negar que algum dia
existimos; a única memória da nossa era tempestuosa poderá
encontrar-se na ciência dos adeptos. É errado ridicularizar as
velhas tradições; a ciência devia levá-las em conta.
A ciência secreta ensina que há dez mil anos os lemurianos,
terceira raça tronco da humanidade, migravam de seu
continente submerso através da Índia para formar colônias
no alto Nilo; a cronologia torna-se confusa. Beroso afirma
que um rei governou Babilônia quatrocentos e trinta e dois
mil anos antes do dilúvio; se assim foi, um monarca
contemporâneo deve ter reinado no Egito; afirmação que
podemos aceitar ou rejeitar.
O próximo grande ciclo da humanidade evoluiu na
Atlântida, um continente-ilha existente no oceano Atlântico
há mais de duzentos mil anos. Poucos assuntos têm des-
pertado tanta exaltação como a Atlântida — a não ser talvez
os discos voadores! Cerca de dois mil livros já foram escritos
provando sua existência e quase outros tantos refutando-a;
os crescentes conhecimentos de geologia e climatologia
sugerem que mais cedo ou mais tarde a ciência aceitará a
verdade da Atlântida submersa, como aceitará a dos UFOS
que nos freqüentam atualmente.
Sob a benéfica orientação dos iniciados em ciência solar,
procedentes de Vênus, os atlantes atingiram uma civilização
maravilhosa que teve seu zênite há cerca de noventa mil
anos, baseada numa ciência psíquica que controlava forças
etéreas. Os adeptos adquiriram poderes mentais
supranormais, conjurando a ajuda de elementais de outras
dimensões. Com seus mestres do espaço os atlantes
aprenderam o culto do Sol, a adoração do logos solar, do
qual o Sol visível é apenas um símbolo. Acreditavam na vida
depois da morte, na reencarnação da alma, na carne através
da cadeia de mundos, para atingir a perfeição na harmonia
com Deus, que sonhava o universo vivo. Os cientistas
dominavam um poder chamado vril que causava a levitação;
manejavam uma força sideral titânica que produzia aquelas
explosões aniquiladores tão vividamente descritas milênios
depois pelo Maabárata. Os primeiros soberanos, reis divinos
do espaço, promoveram intercâmbio entre os planetas.
Provavelmente havia comunicação com seres maravilhosos
de Sírio, que tanto fascínio místico exercia sobre os povos
do mundo antigo. A Terra poderia ser um posto avançado da
Federação Galáctica, como sugere o conhecimento
recôndito de alguns iniciados.
Os astrônomos ficam muitas vezes espantados quando suas
descobertas recentes parecem ter sido feitas antes por
antigos povos primitivos que não possuíam os nossos te-
lescópios modernos. Não podendo atribuir tal conhecimento
à observação direta, tendem a desprezar o fato como não
científico, especialmente se não parece haver nenhuma
explicação lógica. Jean Servier, professor de etnologia em
Montpellier, chama a atenção para os dogons dos rochedos
de Bondiagara, no Máli, na África, que há muito sabem que
Sírio tem dois satélites e conhecem a periodicidade de cada
um; dizem eles que o companheiro íntimo da estrela é
composto de um metal chamado sogolu, mais brilhante do
que o ferro, e que um grão dessa substância "pesa tanto
como quinhentas e oitenta cargas de jumento". Essa crença
poderá ser ridicularizada a princípio como superstição, mas
então astrônomos lembram-se de que em 1862 Alvan G.
Clark, usando um refrator de dezoito polegadas, descobriu
uma companheira de Sírio com uma aparente densidade de
cinqüenta vezes o peso da água. Uma caixa de fósforos dessa
matéria pesaria uma tonelada. Os físicos explicam essa como
a sugestão de que os átomos do sogolu seriam destituídos de
eléctrons e seus núcleos comprimidos uns contra os outros
— uma explicação plausível não provada. Os nossos
astrônomos hoje concordam com um segundo satélite de
Sírio, mas, ao contrário dos dogons, não determinaram sua
órbita. Os iniciados do Sudão veneram Sírio como o
progenitor do nosso sistema solar, confirmando a maioria da
ciência oculta antiga. A tribo dos shilluks da África do Sul
sempre chamou a Urano "Três Estrelas", um planeta com
duas lutas; entretanto, até a sua redescoberta por Rerschel,
em 13 de março de 1781, Urano era desconhecido para os
astrônomos modernos. Os tuaregues do deserto do Saara
partilham de uma série de lendas mundiais concernentes a
Orion e às Plêiades. Um conhecimento tão profundo das
estrelas, transmitido por gerações de povos primitivos
através de milhares de anos, só pode ter sido obtido por
astrônomos em alguma civilização há muito desaparecida
como a Atlântida, ou por astronautas.
Os atlantes rebelaram-se contra os soberanos do espaço, que
voltaram às estrelas — possivelmente a guerra titânica entre
os deuses dos gigantes revelada nas lendas gregas e no
Ramáiana. Milhares de anos de atividade vulcânica
desfizeram o continente em ilhas, que afundaram no mar.
Prevendo a destruição final, muitos atlantes emigraram para
o leste até o vale do Nilo ou para oeste até a América,
construindo colônias à feição da sua pátria. As semelhanças
culturais, particularmente na arquitetura, na metalurgia e nas
crenças religiosas entre os egípcios e os astecas, sugerem
origem comum na Atlântida. Mais tarde, em vãs tentativas
para evitarem seu destino, os sacerdotes perverteram a
ciência psíquica transformando-a em magia negra, e os reis
empreenderam a invasão marítima dos países do
Mediterrâneo e do norte da África e foram finalmente
derrotados pela heróica Atenas. Por volta de 11.000 a.C., a
última grande ilha de Poseidon foi destruída por uma
erupção vulcânica; a orgulhosa Atlântida mergulhou no
oceano e, pouco depois, era apenas uma vaga recordação,
alimentada por muitos crentes, mas desprezada pela crença
oficial, que não pôde encontrar provas. Há tradições ocultas
de que astronautas de Vênus desceram à Terra para salvar os
iniciados escolhidos da destruição. Essa salvação parece
perpetuada nos ensinamentos cristãos dos "anjos do Senhor"
que descerão do céu para salvar os justos no Dia do Juízo,
que as escrituras descrevem vividamente como as chamas e
inundações que destruíram a perversa Atlântida.
Poucos testemunhos desse continente perdido ficaram para
a posteridade. A Atlântida foi mencionada no Livro de
Dzyan, escrito originalmente em senzar, mais tarde tra-
duzido para o chinês, o tibetano e o sânscrito. O testemunho
mais valioso da Atlântida, preservado por Platão no Timeu,
declara que seu famoso antepassado, Sólon, visitou o Egito
por volta de 590 a.C. e, conversando sobre a antiguidade
com sacerdotes de Saís, no delta do Nilo, foi-lhe dito por um
sacerdote muito velho que em tempos antigos:
.. .o Atlântico era navegável desde uma ilha situada a oeste
do estreito a que vós chamais as Colunas de Hércules; a ilha
era maior do que a Líbia e a Ásia juntas... Ora, a ilha era
chamada Atlântida e era o centro de um grande e
maravilhoso império que tinha o domínio sobre outras
partes do continente, e além disso, sujeitava partes da Líbia
até o Egito, e da Europa até a Tirrênia.
O sacerdote contou como o vasto poderio dos atlantes
tentou subjugar o Egito e a Grécia, mas os atenienses e seus
aliados derrotaram os invasores e libertaram os povos
conquistados.
Mas depois ocorreram violentos terremotos e inundações e
num só dia e noite de chuva todos os seus homens belicosos
afundaram de uma vez na terra e a ilha da Atlântida da
mesma maneira desapareceu sob o mar.
Sólon escreveu Atlantikos, um poema inacabado,
provavelmente baseado nos escritos egípcios sobre a
Atlântida, mas infelizmente esse poema se perdeu e se
perderam também os escritos egípcios; mas quem sabe que
documentos poderão ser desenterrados das areias do Nilo?
Os iniciados acreditam que os atlantes depositaram cápsulas
de tempo detalhando sua história, e que, quando o mundo
estiver preparado, esses segredos serão desvendados. Essa
idéia parece ficção científica, mas quantas verdades cósmicas
têm sido reveladas ao homem neste século! A prova da
Atlântida poderá ser encontrada no Egito.
A civilização numa antiguidade fantasticamente remota é
desdenhada pelos egiptólogos, que estabelecem a cronologia
fazendo cálculos estimativos baseados em listas dinásticas de
reis encontradas em inscrições, baseando-se em alguma data
fixada na história babilônica contemporânea ou no ciclo
sótico — um período de mil e quatrocentos e sessenta anos,
a coincidência do nascimento de Sírio e do primeiro dia do
calendário civil. O estabelecimento das idades dos objetos
orgânicos como madeira e osso é efetuado medindo-se seu
conteúdo de radiocarbono 14, a idade da cerâmica é
estabelecida pelo método de termoluminescência, que
determina a quantidade de luz emitida pela argila quando
aquecida. Essa luz tem importância em sua idade. Mas até os
grandes peritos diferem. Petrie datou a Primeira Dinastia de
Menés a partir de 4.777 a.C., Breasted a partir de 3.400 a.C.,
algumas autoridades sugerem 2.850 a.C., os egiptóiogos
reconhecem culturas pré-dinásticas da Idade da Pedra,
estabelecidas com base na cerâmica e nos sílexes
encontrados em antigos túmulos, que variam em requinte
do período gerzeano superior ao primitivo período tasiano;
o começo dos tempos neolíticos é vagamente calculado em
cinco ou seis mil anos a.C., que parece ser apenas ontem em
comparação com os vinte milhões de anos a.C. atribuídos
pelo Dr. L. S. B. Leaky aos fragmentos fossilizados da
mandíbula do Kenya Pithecus africanus encontrados em
janeiro de 1967 no Quênia.
É improvável que os egiptóiogos estendam seu conhe-
cimento muito mais para trás, pois o estabelecimento das
datas pelo radiocarbono vai apenas até uns trinta mil anos
a.C.; as areias profundas tornam o estabelecimento das datas
pelos métodos geológicos praticamente impossível.
Conquanto devamos honrar os dedicados egiptóiogos por
suas brilhantes descobertas, devemos reconhecer a limitação
da arqueologia no estabelecimento da antiguidade remota e
considerar os escassos recursos que nos foram deixados na
literatura e nas lendas.
A mais antiga e mais fascinante descrição do antigo Egito foi
preservada por Heródoto, nascido de uma família nobre de
Halicarnasso em 484 a.C. Para escapar ao tirano da cidade,
exilou-se e em 443 a.C. partiu do Pireu em suas épicas
viagens aos citas, no mar Negro, à Síria, à Babilônia, e passou
algum tempo no Egito explorando o Nilo para o sul, até as
primeiras cataratas perto de Elefantina. Seu objetivo
principal era imortalizar o conflito entre a Grécia e a Pérsia,
mas, dotado de verdadeiro instinto de jornalista, discorre de
modo fascinante sobre as nações da antiguidade, dando-nos
uma narrativa cativante, vívida e pitoresca, tão atual hoje
como quando foi escrita há dois mil e quatrocentos anos.
Heródoto, o "pai da história", relatou tais maravilhas, que os
eruditos incrédulos o alcunharam o "pai das mentiras", mas a
arqueologia e a pesquisa modernas cada vez mais estão
provando que ele foi um paciente e honesto repórter. Esse
maravilhoso diário de viagem, repleto de anedotas pessoais,
curiosidades e jóias da intelectualidade dos países que
visitou, foi escrito com tal humor e arte narrativa que,
quando Heródoto leu sua obra para os gregos reunidos em
Olímpia, o jovem Tucídides se comoveu até as lágrimas e se
inspirou para escrever a sua própria e grande História.
A arguta observação de Heródoto e seu estilo gracioso
deliciam-nos ainda hoje. Escrevendo sobre os egípcios,
Livro Segundo, capítulo 35, ele diz:
Os homens carregam suas cargas à cabeça, as mulheres aos
ombros. E as mulheres mijam em pé, mas os homens mijam
sentados. Procuram conforto em suas casas, mas comem
fora, nas ruas, dizendo que as coisas que são necessárias, mas
vergonhosas, devem ser feitas em segredo, mas que as coisas
que não são vergonhosas devem ser feitas em público...
Amassam o pão com os pés e o barro com as mãos. Outras
nações deixam seus órgãos genitais como eram ao nascer,
salvo as que aprenderam com os egípcios, mas os egípcios
circuncidam-se. O homem usa duas peças de roupa, mas a
mulher usa apenas uma.
No Livro Segundo, capítulo 2, Heródoto declara:
Ora, até que Psamético reinou sobre eles, os egípcios
acreditavam que eram os mais antigos de todos os homens.
Adiante, no Livro Segundo, capítulo 43:
Mas Hércules é um deus muito antigo dos egípcios; pois
dizem que decorreram dezessete mil anos até o tempo em
que Amasis começou a reinar, desde que os doze deuses, dos
quais afirmam que Hércules era um, nasceram dos oito.
Heródoto ficou evidentemente impressionado com a
antiguidade dos egípcios, pois continuou a investigar
rigorosamente, escrevendo no Livro Segundo, capítulo 142:
Até aqui falei com base na autoridade dos egípcios e seus
sacerdotes. E eles me mostraram que houve trezentas e
quarenta e uma gerações de homens desde o primeiro rei até
este último, o sacerdote de Héfaistos. Tal, dizem eles, foi o
número de seus reis e seus sumos sacerdotes durante este
intervalo. Ora, três gerações perfazem cem anos. E, nas
quarenta e uma gerações que ainda restam em acréscimo às
trezentas, há mil e trezentos e quarenta anos. Assim, em
onze mil e trezentos e quarenta anos eles disseram que
nenhum deus sob a forma de homem foi rei; nem falaram de
qualquer coisa semelhante antes ou depois entre os que
foram reis do Egito mais tarde. (Ora, em todo este tempo
disseram que o Sol se desviou de seu curso normal quatro
vezes e que nascia onde agora se põe e se punha onde agora
nasce, mas que nada no Egito foi alterado por isso, nem no
tocante ao rio, nem no tocante aos frutos da terra, nem rela-
tivamente a doenças ou mortes.
Nos onze mil anos anteriores a Heródoto o eixo da nossa
Terra deslocou-se consideravelmente quatro vezes, duas
vezes parecendo que o Sol nascia no oeste; tal movimento
na crosta da terra, confirmando antigas tradições hindus,
deve ter causado catástrofes em todo o mundo.
Provavelmente só o orgulho nacional fez os egípcios jura-
rem que seu país não foi afetado; a destruição e o caos
causados pelas catástrofes certamente explicam a falta de
testemunhos de civilizações no passado remoto.
Heródoto refere que alguns anos antes os sacerdotes de
Tebas mostraram a outro grego, o historiador Hecateu,
trezentas e quarenta e cinco estátuas de madeira colossais,
que Heródoto viu com os próprios olhos. Eram todas de
sumos sacerdotes, pais e filhos em sucessão ininterrupta.
Esses piromis eram:
...nobres e bons, porém muito afastados dos deuses, mas eles
disseram que no tempo anterior a esses homens os
soberanos do Egito eram deuses que habitavam no meio da
humanidade. E o último deles que reinou sobre o Egito foi
Horo, filho de Osíris, que os gregos chamam Apolo, e
reinou sobre o Egito depois de derrubar Tijon.
Compreendendo que os imensos períodos de tempo que ele
cita podem ser postos em dúvida, Heródoto cita os
sacerdotes egípcios, acrescentando:
Ora, Osíris é Dionísio na língua grega... O próprio Dionísio,
o mais jovem deles, calculam que tinha quinze mil anos de
idade no tempo do Rei Amasis. Essas coisas os egípcios
dizem saber com certeza porque sempre contaram os anos e
mantiveram registros escritos.
A extrema antiguidade dos deuses-reis do Egito é
confirmada por Maneton, nascido em cerca de 300 a.C. em
Sebenito, na margem ocidental da seção de Damieta do Nilo.
Subiu à dignidade de sumo sacerdote do templo de
Heliópolis. Heródoto, no Livro Segundo, capítulo 3,
escreve: "Pois dizem que os homens de Heliópolis são os
mais sábios dos egípcios". Todo o mundo antigo reconhecia
Heliópolis como uma grande sede de saber e a universidade
do Egito. No famoso templo Maneton deve ter tido à sua
disposição documentos de todas as espécies, papiros,
tabuinhas hieroglíficas, esculturas murais e inúmeras
inscrições, e, sobretudo, talvez o conselho de seus sábios
colegas, instruídos nas tradições de milênios. Maneton, fa-
miliarizado também com as novas filosofias e os ensina-
mentos científicos dos gregos, era pessoa especialmente
indicada para escrever a História, com tão abundante
material e críticos eruditos à sua disposição. Escreveu a
história dele em grego para esclarecimento dos eruditos,
durante o reinado do primeiro Ptolomeu, Filadelfo. Con-
tinha um relato das diferentes dinastias dos reis do Egito,
compilado de documentos genuínos. Apoiado por tal cul-
tura, Maneton deve ter escrito sem dúvida com a maior
precisão. Infelizmente para a posteridade, a obra perdeu-se
com todas as suas fontes, e provavelmente pereceu nas
chamas quando Júlio César incendiou acidentalmente a
grande biblioteca de Alexandria; destruída por imperadores
romanos megalomaníacos ou queimada por cristãos
fanáticos e pelos árabes em 642 d.C., de sua valiosa obra
apenas uns poucos extratos foram conservados nas obras de
Júlio Africano e Eusébio.
Os fragmentos existentes da Aegyptica de Maneton
declaram:
O primeiro homem (ou deus) no Egito é Héfaistos, que é
também famoso entre os egípcios como o descobridor do
fogo. O filho dele, Hélio (o Sol), teve por sucessor Sosis, e
depois seguem-no sucessivamente Cronos, Osíris, Tifon,
irmão de Osíris, e, finalmente, Horo, filho de Osíris e ísis.
Eles foram os primeiros a governar o Egito. Depois o reinado
passou de um para outro em uma sucessão ininterrupta até
Bydis, através de treze mil e novecentos anos. Depois dos
deuses reinaram semideuses durante mil e duzentos e
cinqüenta e cinco anos e novamente outra linhagem de reis
governou por mil e oitocentos e dezessete anos, depois mais
trinta reis de Mênfis, reinando por mil e setecentos e
noventa anos, e a seguir novamente dez reis desta, reinando
por trezentos e cinqüenta anos. Seguiu-se então o governo
dos "espíritos dos mortos" por cinco mil e oitocentos e treze
anos.
Pode ser que os "astronautas" fossem olhados como
"espíritos dos mortos"?
Em Tebas, cidade de Amon, orgulhosa capital do Egito dos
faraós, o Nilo ainda sonha com a antiga glória, suspirando
por aquelas auroras em que os sacerdotes de vestes brancas
cantavam hinos a Rá, o Deus Sol que dourava a terra de luz.
Na margem leste erguem-se as solitárias colunatas de Ramsés
II, símbolos mudos do passado; onze quilômetros a oeste
fica o Vale dos Reis, lugar dos túmulos reais, cujos tesouros
foram saqueados há muito tempo, com a única exceção do
de Tutancâmon, cujo esplendor dourado revelou as
maravilhas do velho Egito. Entre as muitas ruínas ao longo
do rio bordado de palmeiras ergue- se o bem conservado
templo de Hator, a deusa do amor, em Denderá, um
santuário dos mistérios de Osíris ensinados pelos adeptos
desde a mais remota antiguidade; essa ciência secreta
inspirou a maioria dos grandes filósofos e resiste por trás da
nossa civilização materialista atual.
No teto do templo de Denderá estava entalhado um zodíaco,
ou dia celeste, tão notável que o teto original foi removido e
reerguido em Paris e substituído por uma cópia. Os signos
do zodíaco reproduzem uma configuração das estrelas
noventa mil anos antes de Cristo, pois os símbolos
astrológicos de acordo com a precessão dos equinócios
denotam a passagem de três e meio grandes anos, cada um
com vinte e cinco mil e oitocentos anos, isto é, noventa mil
anos decorreram desde que foi fixado este "relógio das
estrelas". O templo original há muito tempo que está
reduzido a cinzas, mas esse zodíaco único foi copiado por
iniciados ansiosos por preservarem esse testemunho do
passado. Tal antiguidade assombra os nossos espíritos
modernos, condicionados a limitar a civilização a uns
poucos milênios, mas zodíacos semelhantes, em templos do
norte da Índia e em tabuinhas de barro encontradas na
Caldéia, confirmam este símbolo dos tempos da Atlântida,
dos filhos do Sol que colonizaram o Egito.
No século VI d.C. Simplício escreveu que tinha ouvido dizer
que os egípcios haviam feito observações astronômicas
ininterruptamente durante seiscentos e trinta mil anos, mas,
mesmo que quisesse dizer meses, ainda assim seriam
cinqüenta e dois mil e quinhentos anos. Diógenes Laércio
datou os cálculos astronômicos dos egípcios de quarenta e
oito mil e oitocentos e sessenta e três anos antes de
Alexandre, o Grande, e Marciano Capella declarou que os
egípcios tinham estudado as estrelas secretamente durante
quarenta mil anos, antes de revelarem seu conhecimento ao
mundo.
Os soberanos pré-dinásticos foram aparentemente
confirmados pelo papiro de Turim e a pedra de Palermo.
Panodoro, monge egípcio, escreveu por volta de 400 a.C.:
Desde a criação de Adão até Enoc e o ano cósmico geral de
1282 o número de dias não era conhecido nem em mês
nem em ano, mas os E-gregori ("guardas", "anjos") desceram
à Terra no ano cósmico geral de 1000, comunicaram-se com
os homens e ensinaram-lhes que as órbitas das duas
luminárias marcadas pelos doze signos do zodíaco se
compunham de trezentas e sessenta partes.
Beroso, por volta de 250 a.C., dá detalhes de seis dinastias ou
seis deuses, confirmados também pela Crônica de Mabolas,
que afirmou ter tido a ajuda dos sábios Sotates e Palaefoto,
no terceiro e quarto séculos antes de Cristo. A mesma fonte
declarou que na Vigésima Quarta Dinastia, durante o reinado
de Bocchoris, 721-715 a.C., um "cordeiro" falando com voz
humana profetizou a conquista e escravização do Egito pela
Assíria e a remoção de seus deuses para Nínive; sessenta
anos depois, aproximadamente, Assurbanípal e suas hordas
saquearam Tebas. Bocchoris foi poupado a esse desastre, pois
Maneton acrescenta: "Sabacan, tendo levado Bocchoris
cativo, queimou-o vivo".
O extraordinário "cordeiro" tinha na cabeça, segundo
diziam, uma serpente "alada" de quatro cúbitos de com-
primento. As "serpentes aladas" dos astecas, acredita-se hoje,
eram astronaves. As tradições dizem que nesse distante
oitavo século a.C. o rei romano Numa Pompílio praticava
artes mágicas e conversava com os deuses. Teria sido o
"cordeiro falante" que advertiu o malfadado Bocchoris o
"deus" que falava com Numa e Elias? Seria um astronauta?
Syncello escreveu:
Entre os egípcios há uma certa tabuinha chamada Crônica,
que contém trinta dinastias e cento e treze descendentes,
abrangendo o longo período de trinta e seis mil e
quinhentos e vinte e cinco anos. A primeira série de
príncipes foi a dos auritae, a segunda foi a dos mestroens, a
terceira a dos egípcios. A Crônica diz o seguinte:
"A Héfaistos não é atribuído nenhum tempo, pois é, ao que
parece, noite e dia. Hélios, filho de Héfaistos, reinou três
miríades de anos. Depois Cronos e as outras doze divindades
reinaram três mil e novecentos e oitenta e quatro anos; a
seguir, em ordem, vêm os semideuses, em número de oito,
que reinaram duzentos e dezessete anos".
Sanchoniathon, um escritor fenício da antiguidade, compôs
uma história em língua fenícia centenas de anos antes de
Cristo. A obra foi traduzida para o grego por Philo Byblos
em cerca de 80 d.C.; a história perdeu-se, restando apenas
fragmentos preservados por Eusébio no primeiro livro de
sua obra Praeparatio evangelica. Sanchoniathon escreveu:
Contemporâneo destes (Taautus-Tor-Tot-Hermes) foi um
Elianu, que corresponde a Hipsisto ("o Altíssimo"), e sua
mulher Beruth, e residiam perto de Byblos, de quem foi
gerado Epigeno ou Autichton, que depois chamaram Urano
(Céu)...
Depois segue uma descrição da guerra entre Urano e seu
filho Cronos. Ajudado pela magia de Hermes, Cronos
venceu Urano e também seu irmão Atlas, uma notável
semelhança com as bem conhecidas lendas gregas.
A referência a Hipsisto ("o Altíssimo") equivale a Eloim e
sugere astronautas.
Heródoto, Maneton, Beroso, Panodoro, Syncello,
Sanchoniathon e quem sabe quantos mais escribas
veneráveis, cujos escritos pereceram nas chamas há muito
tempo, confirmam essas maravilhosas histórias de outras
terras do outro lado do mundo. Lembramos o Ramáiana da
Índia, o Shoo King da China, o Nihongi do Japão; poetas de
todos esses países escreveram quadros esplêndidos de ma-
ravilhosos imortais guerreando e amando na Terra e no céu,
e de suas dinastias divinas governando a humanidade numa
idade de ouro. A milhares de quilômetros de distância as
areias do Nilo expelem suas pedras, papiros e pergaminhos,
falando de dinastias de reis-deuses que governaram o velho
Egito. Porque a pá não desenterra nenhum rei espacial,
atrever-se-á algum arqueólogo a negar sua existência? Os
nossos paleontólogos que lidam com ossos poderão medir a
sabedoria pela metade de um crânio e dois dentes molares?
Os historiadores do Egito, como os cronistas de outros
países, concordam em que seus primeiros reis foram seres
maravilhosos das estrelas.
O faraó era adorado como o filho de Horo, descendente de
Rá, o Deus Sol. A religião egípcia ensinava que o faraó era
Deus; toda a Terra e todo o povo lhe pertenciam porque ele
era o doador da fertilidade, o preservador de tudo.
Uma inscrição da Décima Segunda Dinastia declara:
Adorai o rei! Entronizai-o nos vossos corações!
Ele torna o Egito verde mais do que um grande Nilo.
Ele é vida.
Ele é aquele que cria tudo o que é, o genitor,
Que faz a humanidade existir.
O povo cria que o faraó era um ser divino, nascido num
plano mais elevado e descido à Terra para governar suas
humildes pessoas. Ibn Aharon, com notável compreensão,
revela que o ritual da corte obrigava o faraó, em seus atos
pessoais, a agir como um deus e a alimentar-se e realizar suas
funções naturais em segredo, como se sua gloriosa pessoa
vivesse na perfeição.
Quem eram aqueles reis-deuses do antigo Egito? Não seriam
astronautas?
Capítulo Dez
DEUSES ESPACIAIS NO ANTIGO EGITO
Os antigos egípcios acreditavam no "primeiro tempo", um
tempo em que os deuses realmente viviam na Terra em uma
idade de ouro, de amor e justiça universais. O próprio faraó
era reconhecido como um deus. Por milhares de anos o país
floresceu como uma teocracia, com sua política, artes,
ciência e medicina completamente dominadas pelos
sacerdotes. O egípcio mediano, condicionado pela religião,
sentia toda a sua existência, na vida terrena e depois da
morte, controlada por dezenas de deuses no juízo divino,
cada um governando algum aspecto da peregrinação cósmica
do homem. Esse confuso panteão de divindades parece ter-
se acumulado relativamente tarde na cultura egípcia. A razão
é que muitas vezes deuses locais assumiam preeminência
nacional ou personalidades e lendas assumiam realidade,
como se dá com as personagens das nossas novelas de
televisão atualmente. A mente egípcia, incapaz de
pensamento abstrato, sentia-se obrigada a adorar formas
animais que representavam diferentes qualidades dos deuses,
os quais eram por sua vez manifestações de um deus
supremo, além da compreensão do homem166. Plutarco, em
De Iside et Osiride, revela que os famosos mistérios egípcios
continham a verdade atrás das fábulas e mitos do culto
popular e, de grau em grau, em seus ritos secretos, levavam
os iniciados à luz cósmica.
A primeira religião do Egito parece ter sido a adoração do
Pai-Terra e da Mãe-Céu, uma curiosa inversão de Mãe-Terra
e Pai-Céu, elemento fundamental que contém a sugestão de
reis espaciais comum à maioria, das religiões do mundo
antigo; mais tarde a Mãe Universal deu à luz o Deus Sol, Rá,
que era olhado pelos egípcios como o criador e soberano do
mundo. Este simbolismo de mãe e filho é mantido até o dia
de hoje nas divindades da Virgem Maria e de Jesus Cristo.
Em sua forma esotérica mais pura, o cristianismo perpetua a
religião atlântica e egípcia do Sol.
Há muitos milhares de anos, quando toda a nossa Terra era
governada por reis espaciais, vassalos dum suserano
planetário, possivelmente de Vênus, os extraterrestres
deviam adorar os grandes espíritos que residiam no Sol; os
iluminados compreenderiam que mesmo esses seres
maravilhosos eram subordinados à Alma Transcendente que
dominava a galáxia, que por sua vez era apoucada pelo
inefável esplendor das emanações ainda maiores do
Absoluto. O egípcio comum, como todos os homens co-
muns não versados no mistério cósmico, devia adorar o Sol
físico como a fonte do calor e da luz e venerar os reis
espaciais como divinos. Depois que os extraterrestres par-
tiram da Terra, as gerações posteriores, guardando memórias
raciais confusas do passado, fundiram o Sol e os reis espaciais
em Horo, imortalizado em lendas cuja fantasia sintetiza uma
história meio esquecida. Com brilhante penetração, os
mitólogos reduziram os mitos egípcios a sistemas religiosos,
propostos por teólogos de gênio em doutrinas sutis, que
honram muito o intelecto humano, mas, como todos esses
grandes sábios estavam condicionados a crer que a vida
existia apenas na Terra, sua interpretação da religião antiga
trouxe apenas lampejos de luz. O nosso novo conhecimento
do universo habitado e dos astronautas, que visitaram o
nosso planeta em idades passadas, revitaliza agora as velhas
lendas, comunicando-lhes nova maravilha, e sintetiza as
antigas crenças em brilhante iluminação, ligando o glorioso
passado a um futuro esplendoroso.
O grande egiptólogo Sir Wallis Budge declara em seu
comentário do Livro dos mortos:
Por uma série de passagens extraídas de textos de todos os
períodos, torna-se evidente que a forma sob a qual Deus se
manifestou ao homem na Terra foi o Sol, que os egípcios
chamavam Rá, e que todos os outros deuses e deusas eram
formas dele.
É surpreendente que apenas fragmentos da vida, sofrimento,
morte e ressurreição de Osíris se encontrem em textos
egípcios e que a única história coerente seja dada em De
Iside et Osiride de Plutarco. Plutarco diz que a deusa Nut foi
amada por Geb, e da união dos dois nasceu Osíris. Nut era
identificada pelos gregos como Réia, filha de Urano; Geb era
o Cronos grego (Saturno romano). O simbolismo das lendas
gregas e da Teogonia de Hesíodo sugere que Urano e Cronos
representam dinastias sucessivas de reis espaciais. Urano foi
destronado por Cronos, que mais tarde foi derrotado por
Zeus (Júpiter) e aprisionado na Grã-Bretanha. Osíris, "neto"
de Urano e "filho" de Cronos, foi provavelmente um
astronauta. Dizem que na antiga língua egípcia Os-Iride
significava "boca da íris" ou "a voz da luz", o que
provavelmente podia ser relacionado com um ser
transcendente de uma nave espacial; há aqui uma curiosa
semelhança com o Ormuzde (Ahura-Mazda) dos persas, que
pode ser considerado um deus celeste ou astronauta.
Osíris apareceu como herói tutelar que ensinou a civilização
aos egípcios e depois viajou por muitas outras terras para
civilizar outros povos, sugerindo uma cultura mundial em
tempos muito antigos, com comunicação entre a Terra e
outros planetas. Na ausência dele, sua esposa Ísis (Selene, em
grego), deusa da lua, ou Hera (Juno), esposa de Zeus
(Júpiter), governou o Egito em grande prosperidade. Quando
Osíris voltou, seu ciumento irmão Set (Tifon, em grego)
induziu-o a deitar-se num cofre e o jogou ao Nilo. O cofre
desceu flutuando pelo rio e foi dar em Biblos, na Síria. Ísis,
pranteando seu marido, encontrou o cofre e devolveu-o ao
Egito, partindo depois à procura do filho Horo. Enquanto
isso, Set descobria o corpo e despedaçava o cadáver de Osíris
em catorze pedaços, que encerrou em várias partes do Egito.
Profundamente aflita, Ísis reuniu esses fragmentos e em cada
lugar construiu um templo. Osíris venceu a morte e tornou-
se rei do mundo dos espíritos. Essa ressurreição de Osíris foi
a inspiração da crença egípcia na vida depois da morte,
proclamada em seus ritos e textos fúnebres. O simbolismo
do rei mortal ficou associado à magia do crescimento da
semente e da vida da planta e veio relacionar-se também
com o culto de Tamuz, Adônis e Jesus Cristo.
Horo, identificado com o grego Apolo, originalmente uma
figura totalmente distinta do Horo filho de Osíris, era um
deus solar, cujo emblema desde os tempos mais primitivos
era o falcão. "Hor", na língua egípcia antiga, soava como
uma palavra que significava "céu"; o símbolo hieroglífico de
Deus parecia um falcão no seir poleiro. Esse simbolismo
sugere um visitante espacial cuja astronave para o egípcio
ingênuo pareceria um falcão. Nos textos das pirâmides, Har
Wer, ou Horo, o Antigo, empenhava-se em batalhas
intermináveis com Set; inscrições posteriores referiam-se ao
conflito como sendo entre Horo, filho vingador de Osíris, e
o maligno Set.
Há lendas que afirmam que, quando Ra-Harakhte governava
o Alto Egito, ordenou a seu filho Horo que vencesse os
inimigos que o assaltavam. Horo, com a forma de um disco
alado, voou no céu e derrotou as forças malignas de Set.
Horo-Behutet, o grande deus celestial, era geralmente
representado como um disco solar alado; cenas de batalha
esculpidas no templo de Edfu mostram Horo como um
enorme falcão comandando o exército de Ra-Harakhte em
campanha contra as hordas de Set. Em suas batalhas, Horo
recebia auxílio de Tot, que tinha cabeça de íbis,
possivelmente simbolismo de um astronauta que inventava
armas mágicas. O conflito entre Horo e Set parece
reminiscência da guerra celeste da mitologia hindu, em que
Rama derrota o maligno Ravana com bombas devastadoras.
Em Saís Horo aparecia como um grande disco brilhante,
com asas ou radiante plumagem, acompanhado das deusas
Nekhbet e Uazet sob a forma de serpentes coroadas,
simbolismo sugestivo de naves espaciais.
Alguns buscadores da verdade têm feito um estudo
profundíssimo dos rolos de papiros colocados nos túmulos
egípcios entre os joelhos do morto, e encontraram uma
notável semelhança entre as crenças egípcias e as doutrinas
atribuídas ao cristianismo milhares de anos mais tarde. Huhi,
o Pai do Céu, título de Atum-Ra, parece ser o Ihuh cristão
ou Jeová; Rá, o Espírito Sagrado, é Deus, o Espírito Santo. Iu
ou Horo, a manifestação do Filho de Deus, é Jesus, o Filho
de Deus manifesto. O Messu ou menino egípcio, que vem
sempre, tornou-se o Menino messiânico hebreu. Isis era a
Virgem Mãe de Iu ou Horo, Maria, a Virgem Mãe de Jesus.
Osíris suplicou que o enterrassem rapidamente, Jesus suplica
que sua morte sçja efetuada rapidamente. Anuo, o precursor
de Horo, Anup, o Batizador, tornou-se João, o precursor de
Jesus Cristo, João Batista. Horo era conhecido como o
Menino Gracioso, o Pescador, o Cordeiro, o Lírio, a Palavra
Feita Carne, o Krst, a Palavra Feita Verdade, e veio para
cumprir a Lei, Horo era o Elo. Jesus era o Menino Cheio de
Graça, o Pescador, o Cordeiro, era simbolizado pelo Lírio,
Jesus era a Palavra Feita Carne, Jesus, o Cristo, o Autor da
Palavra, Jesus veio para cumprir a Lei, Jesus era o Traço de
União. Uma comparação assim entre Horo e Jesus exige um
estudo atento e desapaixonado; há tanto no Velho
Testamento, na verdade em toda a Bíblia, que se presta à
discussão! Os pergaminhos do mar Morto lançam dúvida
sobre muito do que nos foi ensinado; talvez as origens do
mistério de Cristo devam ser encontradas no Livro dos
mortos, que provavelmente foi inspirado por antigas
doutrinas hindus originalmente derivadas do culto ao Sol da
Atlântida e da Lemúria.
Esculturas de Carnac e Tebas representam discos solares
cercados de serpentes ou "espíritos"; discos alados de
madeira cobertos de ouro brilhante eram colocados acima
das portas dos templos como símbolos poderosos. Um disco
semelhante, com asas, entre os assírios e no Irã representava
o grande Ahura-Mazda; os querubins que expulsaram Adão
e Eva do jardim do éden eram provavelmente discos
voadores, não anjos. Do outro lado do mundo o emblema do
inca era um grande disco de ouro, símbolo do culto solar
mundial.
Um curioso símbolo das lendas egípcias era o Olho Divino.
Atum, o criador, enviou seu Olho para salvar seu filho Shu,
deus do ar, e Lefnut, sua esposa-irmã; quando a humanidade
conspirava contra Rá, ele arremessava o seu Olho Divino
contra seus inimigos; numa ocasião o Olho extraviou-se e Rá
foi obrigado a enviar o seu mágico Tot para trazê-lo de volta;
outra lenda conta que o Olho fugiu do Egito para a Núbia e
foi trazido de volta por Anhur, que significa "porta-céu". A
deusa Hator, algumas vezes identificada com a estrela Sept,
Sothis ou Sírio, porém mais freqüentemente afim de Vênus-
Afrodite, por ordem de Rá tomou a forma do Olho Divino e
fez guerra à humanidade; matou tantos homens que Rá
temeu que a humanidade inteira perecesse, e derramou sete
mil jarros de cerveja nos campos. Hator parou para admirar
seu belo reflexo na cerveja, depois matou a sede, embriagou-
se e abandonou a chacina. O Olho de Horo causou imensa
devastação entre as forças de Set, que em certo tempo se
apoderou dele, mas foi logo reconquistado por Horo. O
Olho veio a ser identificado com o Uréu, víbora simbólica
da serpente divina, o talismã que os reis usavam sobre a
fronte.
Os egiptólogos ficam confusos quanto ao significado do
Olho Divino; alguns identificam o Olho de Rá como o Sol e
o Olho de Horo como a estrela matutina, Vénus, outros
argumentam que os Olhos se referem à Lua. Os estudiosos
dos ufos imediatamente reconhecem no Olho um disco
voador, uma nave espacial, que para os egípcios simples
devia parecer o olho de um deus no céu. As mitologias
hindu, japonesa, grega e céltica, todas falam de batalhas
celestes de seres divinos em discos ou "olhos", que associam
às lendas egípcias que descrevem a guerra no céu. O "Uréu",
ou "serpente divina", lembra as "serpentes de fogo" de Israel,
as "serpentes de penas" do México e os "dragões com hálito
de fogo" da China, possivelmente simbolismo de naves
espaciais.
O deus mais fascinante do velho Egito é, sem dúvida, Tot,
que, apesar de sua cabeça de ave, para o nosso científico
século XX deve parecer o mais humano. Tot, identificado
com Hermes, mensageiro dos deuses (chamado pelos gregos
Hermes Trimegisto — "três vezes muito grande" — e
identificado com o planeta Mercúrio), dado como filho de
Rá, acreditava-se ser a inteligência divina que criou o
universo pelo simples som da sua voz. Essa concepção
profunda coincide com a tradição hindu de Brama
pronunciando o som sagrado aum e com as doutrinas
judaicas de Deus pronunciando o Verbo. Esse pensamento
antiqüíssimo seria a suma da nossa própria ciência
ultramoderna, que afirma que todo o universo e suas
inúmeras dimensões de matéria são uma manifestação de
infinitas vibrações. Tot era o deus da terra, do mar e do céu,
inventor de todas as artes e ciências, senhor da magia,
padroeiro da literatura, escriba dos deuses, inventor dos
hieróglifos, autor de livros mágicos, fundador da geometria,
da astronomia, da medicina, da música e da matemática,
mestre dos mistérios ocultos, cronista da história, escrivão
dos juízes dos mortos. As tradições ocultas ensinam que Tot
era um atlante que ajudou a construir a grande pirâmide, na
qual guardou tabuinhas de ciência e armas mágicas. Dizia-se
que modelou e manobrava o Olho de Horo; era senhor da
Lua. Seria um extraterrestre que pousou ali? O historiador
fenício Sanchoniathon escreveu:
O deus Taauto (Tot) inventou também para Cronos a
insígnia de seu poder real com quatro olhos nas partes da
frente e nas partes de trás, dois deles se fechando no sono, e
com quatro asas nos ombros, duas no ato de voar e duas
repousando como em descanso. E esse símbolo queria dizer
que Cronos enquanto dormia estava vigilante e repousava
enquanto estava acordado. E da mesma maneira com
respeito às asas, que enquanto repousava estava voando, mas
descansava enquanto voava! Mas os outros deuses tinham
apenas duas asas nos ombros, para indicar que voavam sob o
controle de Cronos, que tinha também duas asas na cabeça;
uma para a parte mais dirigente da mente e outra para o
senso.
Essa confusão parece a impressão embaralhada que um
pastor ignorante teria de uma astronave com astronautas
voando para um lado e para outro na Terra, talvez com
foguetes ou motores antigravitacionais na frente, no alto.
Sanchoniathon, provavelmente repetindo alguma história
mutilada do passado, achou-se escrevendo ficção científica
sem conhecer ciência e conhecendo pouca ficção. Sua
narrativa fantástica compara-se com descrições semelhantes
dadas por Ezequiel e existentes em lendas nativas em todo o
mundo.
Através da história humana Tot tem sido venerado pelos
estudiosos das artes secretas, os mágicos, os alquimistas, os
mações e todos os praticantes de ciência oculta como o
supremo arquiteto do universo que transcende o homem
mortal. Hoje, em nossa era científica, nós dissipamos a aura
de maravilha e vemos Tot com olhos amigos como um
supercientista. Esperamos que daqui a milhares de anos
algum homem sofra uma mutação e se torne uma
inteligência suprema com domínio de imenso conheci-
mento. Enquanto isso somos tentados a acreditar que na
nossa própria galáxia talvez existam agora mesmo seres
maravilhosos de grande sabedoria, evoluídos através de
milênios de civilização em algum planeta adiantado. Um
visitante assim poderá ter descido na Terra com os reis
espaciais e ensinado a humanidade. Em décadas recentes G.
I. Joe tornou-se um termo genérico para designar os
soldados americanos que alegremente esbanjavam as ma-
ravilhas do Ocidente na Europa, no Japão e agora no
Vietnam. Seria Tot, descendo dos céus para trazer sabedoria
à humanidade, um nome coletivo para astronautas? Nós
amamos esse super-homem do antigo Egito; em nossos
sonhos secretos também aspiramos a nos tornar Tot, deus da
sabedoria.
Amon, muitas vezes identificado com Zeus, era uma
divindade tribal local de Tebas, muito depois da Idade de
Ouro dos reis espaciais, pouco importante até cerca de 2.100
a.C., quando aparecem as primeiras menções de um
santuário dedicado a ele. Sob o governo estrangeiro dos
hicsos Amon foi eclipsado, mas, quando os príncipes de
Tebas reuniram o povo egípcio para expulsar os invasores,
sua cidade elevou-se ao domínio político e religioso, que os
sacerdotes procuraram preservar impondo a adoração de seu
deus em todo o país e erigindo magníficos templos em seu
nome ao longo do Nilo. Simbolizado a princípio como um
ganso, Amon humanizou-se usando na cabeça duas plumas;
tornou-se patrono de poderosos faraós, que tomaram seu
nome, depois os sacerdotes identificaram-no com Rá, o
antigo Deus Sol, e gradualmente ele se tornou rei de todos
os deuses. O nome Amon significa "oculto", e foi
identificado com o ar, depois com o deus universal. Como
os judeus, no fundo os egípcios eram monoteístas,
acreditando num só deus, sendo todas as divindades
menores na realidade, como no Japão, aspectos do espírito
supremo. Aquenaton opôs-se à associação de Amon com Rá
e purificou a religião retornando ao ideal de Aton, o disco
solar, o alto conceito espiritual estimado pelos antigos reis
espaciais. Quando essa heresia foi esmagada, o poder de
Amon subiu e baixou com o destino do Egito imperial.
Parece impossível ver Amon, o deus universal, realmente
como um rei espacial, pois seu desenvolvimento não
ocorreu antes dos tempos históricos; mas sua concepção
original como uma ave, milhares de anos antes, talvez
denote alguma relação com o espaço. O poder de Amon era
teológico e político; a religião popular preferia os velhos
deuses.
Os egípcios consideravam as espaçonaves como barcos do
Sol navegando através do céu, simbolismo de significação
universal, pois encontram-se gravuras de barcos solares na
Irlanda, na Bretanha, na Suécia e em outros lugares pré-
históricos. O barco de Rá emergia no leste e viajava
diariamente através dos céus para o oeste. Representações
em paredes de templos mostram navios do Sol contra
constelações de estrelas, sugerindo astronaves de origem
específica; muitas vezes os murais representam uma
tripulação de deuses capitaneados pelo próprio Horo. Os
egiptologistas sempre supuseram que o disco do Sol se
referia ao próprio sol, mas o disco do Sol muitas vezes
aparece acima do navio, que navega embaixo como uma
espaço- nave. Tradições antigas afirmam que os construtores
da grande pirâmide enterraram um barco solar, uma nave
espacial, perto do edifício. Os israelitas acreditavam que os
astronautas eram "anjos", mensageiros de Deus em uma terra
maravilhosa no céu chamada paraíso, os povos da Europa
cristã chamavam-lhes "espíritos" ou "demônios", e o
Imperador Carlos Magno promulgou leis severas contra
cidadãos que tivessem relações com encantadores do céu.
Para os egípcios simples esses gloriosos visitantes deviam
provavelmente parecer imortais vindos de reinos de
maravilha, talvez as almas reencarnadas dos mortos. Quando
o faraó morria esperava-se que navegasse para o outro
mundo, para ressuscitar em meio àquela companhia celestial
na Terra do Sol, e por isso os túmulos contirham pinturas de
barcos solares tripulados pelos deuses transportando o
próprio faraó. Os teólogos e moralistas introduziram o
julgamento dos mortos, quando a alma do defunto era
pesada por Anúbis na presença de Tot, representando cenas
do paraíso e do purgatório; a alma, ou ka, aparecia como um
homem vivo, na verdade como um brilhante espaçonauta.
Essa interpretação pode ser acaloradamente contestada, mas
o nosso conhecimento de astronautas nos tempos antigos
em muitos países torna essa suposição tão válida como a
conclusão dos egiptólogos ignorantes de astronaves.
Os mais antigos textos religiosos do mundo compreendem o
antigo Teu-Nu-Pert-Em-Hru egípcio, conhecido como
Livro dos mortos. Essa antiga coleção de hinos, ladainhas,
encantações e palavras de poder mágico descreve a jornada
do espírito recém-chegado ao mundo subterrâneo através
das regiões infernais de tormento, até a sala de julgamento,
onde seu coração é pesado numa grande balança por Anúbis;
Tot é o escriba e estão presentes quarenta e dois juízes dos
mortos. O Livro dos mortos não era "o livro" no mesmo
sentido da Bíblia e não era olhado pelos egípcios com a
mesma veneração literal com que os judeus olhavam a
Bíblia, segundo eles escrita ou inspirada por Deus.
Nenhum único exemplar do Livro dos mortos continha toda
a obra, de modo que é impossível datar o original. Os
papiros mais antigos consistiam em um ou mais dos
diferentes papiros de Ani, Hunefer, Kerasher, Netchamet e
Nu, da Décima Oitava Dinastia, de cerca de 1.500 a.C.,
embora algumas seções estivessem inscritas em tampas de
ataúdes e em monumentos das primeiras dinastias e alguns
capítulos aparecessem mais tarde. O Livro dos mortos
egípcio apresenta semelhança com o Bardo Thödol, o Livro
dos mortos tibetano, de imensa antiguidade. Ambas as obras
têm muito em comum e revelam crenças transcendentes de
um mundo espiritual estranho à nossa própria era material, e
foram provavelmente inspirados por seres de sublime
sabedoria há muitos milênios.
O distinto tradutor Sir Wallis Budge declarou que a pátria, a
origem e a primeira história dessa coleção de velhos textos
religiosos são desconhecidas para nós; o grande egiptólogo
francês Maspero declarou que a religião e os textos eram
muito mais velhos do que a Primeira Dinastia de Menés, de
cerca de 5.000 a.C.; o erudito alemão Erman dizia
maravilhado que essa antiga literatura era, sem dúvida
alguma, muito mais antiga do que os mais antigos
monumentos e pertencia à mais remota pré-história. Os
cantos e orações foram transmitidos oralmente por muitos
milhares de anos; alguns textos em escrita hierática foram
inscritos em caixões nas primeiras dinastias e mais tarde
vários papiros escritos em belos e fascinantes hieróglifos
foram escondidos entre os panos de linho que envolviam as
múmias como "livros-guias" para os defuntos no mundo
subterrâneo.
Os adeptos ensinam que os hieróglifos têm sentido esotérico
e sentido exotérico, uma significação secreta para os
iniciados e uma combinação convencional para os não
instruídos, como hoje palavras e expressões comuns podem
ter um significado especial para os membros das irmandades
maçônicas. Os egípcios que não eram sacerdotes e os
estrangeiros, mesmo no zênite do império, achavam difícil a
tradução dos hieróglifos, e o fato é que nós mesmos mal
conseguimos compreender o palavreado dos nossos
sacerdotes e cientistas e muito menos ainda talvez o dos
nossos políticos. Dizem que por volta de 400 d.C. se perdeu
completamente a arte de ler os hieróglifos. Durante perto de
quinze séculos esses fascinantes pictogramas constituíram
um mistério tão tantalizante como a escrita dos etruscos. Se
não fosse a invasão do Egito por Napoleão, talvez
continuassem a desafiar-nos até hoje e a história dos faraós
permaneceria um livro fechado. Os soldados franceses
encontraram a pedra de Roseta, com inscrições idênticas em
hieróglifos, em demótico e em grego. Em 1822 Jean
François Champollion decifrou os hieróglifos e pelo antigo
copta os egiptólogos finalmente deduziram a antiga língua
dos egípcios, uma façanha filológica verdadeiramente
maravilhosa. Hoje, que mal conseguimos decifrar o inglês de
Chaucer e somos completamente incapazes de compreender
o anglo-saxão, compreendemos as extraordinárias mutações
sofridas pela língua. Cícero dificilmente teria lido o latim da
Idade Média e sua mente lógica e sóbria ficaria confusa
diante da loquacidade latina usada hoje em nossos
grandiloqüentes concílios vaticanos. As inscrições egípcias
abarcaram cinco milênios. Teria Cleópatra compreendido a
linguagem do polígamo Ramsés, ou de Quéops, suposto
construtor da grande pirâmide? Sabe-se que nos tempos
antigos os egípcios do Delta não compreendiam a língua dos
egípcios de Elefantina. Entre os egiptólogos há homens de
gênio que o mundo honra, mas certamente o seu maior
lingüista, condicionado pelo nosso século XX, dificilmente
poderá afinar com o padrão de pensamento de há vários
milhares de anos. Parece evidente que nem mesmo os
escribas das dinastias do Médio Império que copiavam os
escritos faziam idéia da interpretação precisa de textos já
antigos para eles. Os tradutores modernos apenas podem
aproximar-se do sentido literal de um papiro; ignorantes dos
mistérios egípcios, não podem adivinhar o seu sentido
oculto. Ao estudar o Livro dos mortos, pois, devemos ler nas
entrelinhas, especular sobre o que poderiam significar os
símbolos milenares daquele mundo perdido.
Certos capítulos do Livro dos mortos são atribuídos a Tot, a
quem os gregos chamavam Hermes, e são geralmente
classificados como literatura hermética. O Livro dos mortos
indicava a ressurreição, mais tarde ensinada por Jesus, e era
comum colocar um exemplar no caixão ou preso entre as
pernas da múmia. O papiro de Turim, da Vigésima Sexta
Dinastia, declara que o capítulo mais antigo foi encontrado
por Herutatef, filho de Quéops (Khufu), por volta de 5.000
a.C., durante uma inspeção dos templos. Dizia-se que o
Príncipe Herutatef fora um homem muito sábio, cuja
linguagem era difícil de entender.
Um grande adepto fez maravilhas no Egito há sete mil anos.
De acordo com o papiro Westcar:
Herutatef informou seu pai Khufu da existência de um
homem de cento e dez anos de idade que vivia na cidade de
Tettet-Seneferu; ele era capaz de reunir ao corpo uma
cabeça que tivesse sido decepada, possuía influência sobre o
leão e conhecia os mistérios de Tot. Por ordem de Khufu,
Herutatef levou-lhe o sábio de barco, e à sua chegada o rei
ordenou que cortassem a cabeça de um prisioneiro para que
Tettet tornasse a colocá-la no lugar. Tendo pedido para ser
dispensado de praticar esse ato num homem, foi trazido um
ganso ao qual cortaram a cabeça, que foi colocada de um
lado da sala, tendo sido o corpo posto no outro lado. O sábio
disse certas palavras poderosas, e o ganso levantou-se e
começou a caminhar, e a cabeça também começou a mover-
se na direção do corpo; quando a cabeça se uniu novamente
ao corpo, a ave levantou-se e grasnou. (Ver Die Märchen
des Papyrus Westear, de Erman).
Nem mesmo os sacerdotes em seu duelo de mágica com
Moisés tentaram tal façanha. Se a história é verdadeira, e os
egípcios acreditavam que era, esses maravilhosos poderes
seriam dignos de qualquer astronauta.
Para os egípcios antigos, ignorantes da tecnologia aérea, uma
espaçonave brilhante no céu olhava para baixo como o Olho
de Horo ou de Rá, o Deus Sol. O papiro de Ani, redigido por
um escriba real em Tebas por volta de 1.450 a.C., e que é
parte do Livro dos mortos, foi copiado (ou antes, mal
copiado, pois o texto parece ter muitos erros graves) de
assentamentos antigos, eles próprios provavelmente versões
inexatas de fontes antiquíssimas redigidas em metáforas
arcaicas, cujo verdadeiro sentido se tinha perdido há muito.
Os tradutores do século passado, homens de gênio sem
dúvida, mas desconhecedores de aeronáutica, ficaram
evidentemente confusos diante de certas passagens, e as
traduções que fizeram devem ter sido completamente
diferentes do sentido da história original numa antiguidade
remota, especialmente quando esses sábios teóricos
ignoravam totalmente a possibilidade de visitações de seres
extraterrestres que intervinham no antigo Egito.
Evidentemente, é quase impossível para qualquer pessoa,
hoje, mesmo com a nossa afinidade moderna com os
espaçonautas da pré-história, adivinhar o sentido exato
destes exasperantes hieróglifos, mas uma vez ou outra
podemos ver através do simbolismo e reconhecer fasci-
nantes similaridades com textos sagrados de todo o mundo
que falam da guerra no céu.
O papiro de Ani, traduzido por Sir Wallis Budge, no capítulo
18 descreve "O combate de dois guerreiros", Horo e Set.
Amsu, o deus solar mais antigo, diz:
Foi o Olho Direito de Rá que partiu contra (Set) quando (72)
ele o enviou; Tot levanta a nuvem de pêlo e traz o Olho (73)
vivo e são e salvo e sem defeito para o seu senhor.
Nas linhas de 86 a 99 Ani refere-se a "sete brilhantes" e
"sagrados, que estão atrás de Osíris... são eles que estão atrás
da Coxa no céu setentrional". Brugsch em Astronomische
und Astrologische Inchriften, p. 123, declara que "Coxa era
o nome egípcio da constelação da Ursa Maior". O antigo
escriba egípcio declara assim claramente que os celestiais
desciam de uma fonte específica no céu, a constelação da
Ursa Maior. Hoje os observadores, algumas vezes, dizem
que os ufos se originam muitas vezes do lado da Estrela
Polar, entrando pelas aberturas existentes no cinturão de
Van Allen sobre o pólo Norte. Alguns dos "brilhantes" são
mencionados com os antigos nomes egípcios interpretados
como "Ele não dá sua chama", "Ele entra em sua casa", "O
que tem dois olhos vermelhos", "Rosto resplandescente indo
e vindo", "O que vê de noite e conduz de dia". Esses termos
coincidem com a maioria das descrições de pessoas, antigas
e modernas, que disseram ter visto astronaves atravessando
o céu.
Os reis da luz partiram em cólera. Os pecados dos homens
tornaram-se tão negros que a Terra treme em sua grande
agonia... Os assentos azuis permanecem vazios. Quem dos
marrons, quem dos vermelhos, ou mesmo dentre os negros
(raças) pode ocupar os assentos dos bem-aventurados, os
assentos do conhecimento e da misericórdia?
Essa citação de Tongshatchi Sangye Songye ou Anais dos
trinta e cinco budas de confissão comenta a estância 12 do
Livro secreto de Dzyan, escrito em senzar, a língua
sacerdotal conhecida na antiguidade remota pelos iniciados
de todo o mundo, dedicada aos filhos da luz por seres
divinos há milênios. Madame H. P. Blavatsky, na Doutrina
secreta, declara que "os reis da luz" é o nome dado em todos
os escritos antigos às dinastias divinas. Os "assentos azuis"
são traduzidos como "tronos celestiais" em certos
documentos. Hoje nós podemos considerar "os reis da luz"
seres avançados de outros planetas e os "tronos celestiais"
espaçonaves.
Os atlantes ensinaram aeronáutica, vimana fidya (a arte de
voar em veículos aéreos) e sua mais valiosa ciência das
virtudes ocultas das pedras preciosas e outras, da química, ou
antes, alquimia, da mineralogia, da geologia, da física e da
astronomia aos proto-egípcios do vale do Nilo. Madame
Blavatsky perguntava-se se a história do êxodo dos israelitas
e as hostes do faraó afogadas no mar Vermelho não seria
realmente uma versão das tradições atlânticas mencionadas
no comentário de Dzyan.
... E o "grande rei do rosto deslumbrante", o chefe de todos
os rostos amarelos, ficou triste vendo os pecados dos de
rosto negro. .. Mandou seus veículos aéreos (vimanas) a
todos os chefes-irmãos com homens piedosos dentro,
dizendo: "Preparai-vos! Levantai-vos, ó homens da boa lei, e
atravessai a terra enquanto (ainda) está seca".
Esse notável comentário refere-se aos "senhores dos fogos",
munidos de armas de fogo mágicas, "senhores do Olho
Escuro", versados em conhecimento mágico, elementais,
monstros mecânicos que falavam e avisavam de qualquer
aproximação de perigo, provavelmente robôs equipados com
radar e sonar. Os deuses solares destruíram os mágicos maus
em tremendas inundações, os filhos dos homens dirigidos
pelos filhos da sabedoria escaparam; muitos trouxeram sua
maravilhosa civilização para a terra do Nilo.
A tantalizante referência à guerra no céu e na terra, análoga
talvez a descrições semelhantes nas lendas indianas,
chinesas e gregas, é dada no papiro de Ani, capítulo 17,
seção 112. Ela sugere a intervenção de uma espaçonave
durante uma batalha em Annu, mais tarde conhecida como
On ou Heliópolis, a cerca de oito quilômetros do moderno
Cairo; o grande colégio religioso de On ensinava a adoração
de Horo e Rá, o Deus Sol.
(12) Quanto à luta(?) junto da árvore Pérsea perto de Annu,
refere-se aos filhos da revolta impotente, quando se exerce
justiça neles pelo que fizeram. Quanto a (as palavras) "essa
noite da batalha" refere-se à incursão (dos filhos da revolta
impotente) na parte oriental do céu, em conseqüência da
qual estourou uma batalha no céu e em toda a Terra.
Ó tu, que estás no Ovo (isto é, Rá), que brilhas desde teu
disco e sobes no teu horizonte e brilhas de fato como ouro
acima do céu, como quem não há ninguém entre os deuses,
que navegas por sobre os pilares de Shu (o éter), que emites
rajadas de fogo da boca (que tornas as duas terras brilhantes
com teu fulgor, liberta) os fiéis adoradores do deus cujas
formas são ocultas, cujas sobrancelhas são como os dois
braços da balança na noite do ajuste de contas da destruição.
Os hieróglifos do papiro de Ani representam Rá e Horo
como aves com cabeça humana, o que pode ser interpretado
como significando espaçonautas.
Essa descrição de um ser celestial numa brilhante nave
espacial cortando os céus, bombardeando exércitos com
fogo, lembra aqueles "escudos" flamejantes mencionados
nos Annales Laurissenses que no ano de 776 d.C.
derrotaram os saxões que cercavam os francos em Sigiburg.
O mesmo capítulo 17 continua:
(112)... Eu conheço o ser, Matchet (o opressor) que está
entre eles na casa de Osíris lançando raios de luz do (seu)
Olho, mas ele mesmo é invisível. Ele anda em redor do céu
vestido com as chamas de sua boca, comandando Hapi
(terras do Nilo) mas conservando-se invisível... Eu vôo
como um falcão. Eu grasno como um ganso. Eu mato
sempre, como a própria dessa serpente Nehebka...
(140)... Tu vives de acordo com a tua vontade, tu és Uatchit,
a senhora da chama (141), o mal assalta aqueles que se
voltam contra ti...(145) Uatchit, a senhora das chamas, é o
Olho de Rá...
As antigas estâncias de Dzyan honram os "senhores da
chama", os Vedas sânscritos mencionam "senhores de luz",
o Livro dos mortos egípcio louva a "senhora da chama". Isso
não sugere seres extraterrestres com armas de raios laser
dominando a nossa Terra na distante antiguidade?
No Livro dos mortos são feitas várias referências aos
"brilhantes", possivelmente seres maravilhosos das estrelas; a
Bíblia os chamaria "anjos do Senhor".
Vede, ó seres brilhantes, ó homens de Deus... Osíris. Ani é
vitorioso sobre seus inimigos nos céus em cima e (na Terra)
embaixo, na presença dos divinos soberanos de todos os
deuses e deusas. (Capítulos 134, 15/17.)
Falo com os adeptos dos deuses. Falo com o Disco. Falo com
os seres brilhantes. (Capítulos 124, 17.)
Eu sou um daqueles seres brilhantes que vivem em raios de
luz. (Capítulo 78, 14.)
Os santos soberanos dos pilones têm a forma de seres
brilhantes. (Capítulo 5.)
O Livro dos mortos fala vividamente sobre visitantes
celestiais nos quatro quadrantes do céu, que lembram os
vivos relatos da Associação da Fraternidade Cósmica, des-
crevendo aquelas visões extraordinárias sobre o Japão
atualmente.
Salve, belo poder, belo guia do céu setentrional! Salve, ó tu
que vais pelo céu, tu, o piloto do mundo, tu, belo guia do
céu ocidental! Salve, ó ser brilhante, que vives no templo,
onde estão os deuses em forma visível, belo guia do céu
oriental! Salve, tu, que moras no templo dos seres de rosto
brilhante, belo guia do céu meridional. (Capítulo 148, 1/6.)
Essa descrição lírica daquelas espaçonaves brilhantes mostra
que aparentemente elas visitavam o Egito muitas vezes para
causarem tal impressão na mente do povo. Aquelas almas
simples das margens do Nilo contemplavam com alegria
aquelas naves maravilhosas que brilhavam no céu azul, e
suas alegres saudações mostram que eles acolhiam os
celestiais como amigos; a longa experiência ensinou-lhes
que os estranhos do céu lhes levavam benevolência. Quando
o infortúnio ou a necessidade afligia os egípcios, era natural
que eles implorassem o auxílio do céu e invocassem aqueles
deuses com muitas orações graves e lisonjeiras para que
viessem em seu auxílio, que é exatamente o que fazemos
hoje. Não levantamos os olhos para o alto e suplicamos "pai
nosso que estás no céu" para que nossas preces sejam
atendidas?
Contrastamos esta evocação estática dos egípcios aos
espaçonautas com as leis selvagens promulgadas por Carlos
Magno contra os "demônios" e todos aqueles que se
comunicassem com eles. Entretanto, quem somos nós para
comentar? Se seres extraterrestres em suas naves maravilho-
sas pousassem em nosso louco mundo materialista atual-
mente, nossos políticos, nossos sacerdotes, nossos cientistas
não tentariam roubar os segredos deles e depois matá-los?
Mas o céu em cima do Nilo não foi sempre sereno. Alguns
versículos ardentes do Livro dos mortos lembram a "guerra
nos céus" como é descrita nos clássicos chineses, com discos
solares dardejando raios de luz contra dragões de fogo,
batalhas no ar, em terra e sob o mar.
Estirada no flanco da montanha dorme a grande serpente,
com cento e oitenta pés de comprimento e cinqüenta pés de
largura; sua barriga é adornada com sílexes e pedras
cintilantes. Agora eu sei o nome da serpente da montanha.
Vede, é "a que mora nas chamas". Depois de navegar em
silêncio, Rá lança um olhar à serpente e subitamente sua
navegação pára, como se o que está escondido em seu barco
estivesse de emboscada... Vede-o que mergulha na água e
submerge até quarenta pés de profundidade. Ele ataca Set,
lançando-lhe seu dardo de aço. (Capítulo 108)
Essa descrição simples parece feita por algum camponês
egípcio que viu o duelo entre duas espaçonaves ou entre
uma espaçonave e algum tanque monstruoso, com raios
laser e mísseis teleguiados entre invasores rivais de outros
planetas, talvez o conflito entre Saturno e Júpiter, cantado
pelos poetas clássicos. Recorda-nos as guerras celestes
descritas no Maabárata e na Teogonia de Hesíodo. Em
palavras ingênuas como essas algum cule ignorante pode
descrever os bombardeiros americanos atacando os tanques
comunistas no Vietnam atualmente.
Ao longo dos muitos papiros que perfazem o Livro dos
mortos, estão espalhadas expressões estranhas como: "o
antigo em dias", "espírito da luz", "filhos da escuridão",
"legiões no céu", "deuses ocultos", "divindade no olho
divino", "discos alados", "eu, Horo, sou ontem", "eu sou
amanhã", "corro através do espaço e do tempo".
Parece difícil de acreditar que essas expressões sejam puros
conceitos filosóficos sem qualquer base fatual; mesmo as
nossas mentes atuais, ditas educadas e sofisticadas, cérebro-
lavadas pela televisão e pela publicidade, dificilmente
poderiam visualizar símbolos tão esotéricos se os protótipos
não existissem. Convencer toda a nação de ignorantes
camponeses egípcios de que tais "espíritos" místicos tinham
completo domínio sobre suas vidas, passadas, presentes e
futuras, seria impossível se os celestiais não tivessem
realidade. Os "espíritos da luz", os "filhos da escuridão", os
"discos alados" eram sem dúvida reais e representavam
aqueles seres maravilhosos que desciam à Terra para ensinar
a humanidade e que então estavam guerreando entre si
naquele conflito do céu mencionado nos clássicos de todo o
mundo. Em palavras assim tão comuns um povo simples,
sem requintes, descreveria os visitantes dum planeta
adiantado, possuidor duma tecnologia completamente fora
da experiência da Terra.
Referências a tempo e espaço transcendentes são repletas de
significação para nós atualmente. A teoria da relatividade de
Einstein, com seu paradoxo da dilatação do tempo, torna
possível em teoria, se não na realidade, a viagem estelar
através de muitos anos-luz; os ocultistas e estudiosos da
física multidimensional acreditam, hoje, que
superinteligências poderiam inventar técnicas para viajar
através do tempo tão facilmente como através do espaço.
Os deuses do antigo Egito apresentam questões mais
fascinantes para nós do que para aqueles sacerdotes de vestes
brancas das margens do Nilo. Nós, com a nossa
compreensão moderna, identificamos as divindades daqueles
discos alados como astronautas. Como os egípcios de outrora
olhamos os céus e indagamos.
Capítulo Onze
A PIRÂMIDE E A ESFINGE
A grande pirâmide, símbolo do Egito antigo, ergue-se
exatamente no meio do mapa da Terra, e suas arestas
divergem apenas alguns minutos dos quatro pontos cardeais.
O local deste enorme edifício pode ser mais significativo do
que sua espantosa construção. Para estabelecer essa posição
focal, seus construtores devem ter observado a Terra do
espaço. Fazendo um mapa global, projetado o plano,
traçaram, em seguida, um meridiano através do meio exato
da superfície terrestre do nosso planeta e verificaram que
dividia exatamente o delta do Nilo. Essa cartografia,
completamente fora do conhecimento geográfico dos
homens dos tempos antigos confinados na Terra, evoca
comparação com o extraordinário mapa de Piri-Reis, que
parece datar dos tempos pré-colombianos e mostrava
claramente os contornos das Américas e uma Antártica em
perfeita relação com a Europa e a África, provando a
existência de mapas possivelmente traçados por gente do
espaço. A pirâmide foi provavelmente construída por as-
tronautas ou por iniciados, conhecedores da ciência extra-
terrestre.
Os egiptólogos, que nós honramos com justiça por sua
brilhante ressurreição daquela antiga e excêntrica terra de
Khem, admitem que a grande pirâmide foi construída por
Khufu (Quéops) por volta de 3.000 a.C. Heródoto declarou
que esse tirânico faraó obrigou cem mil homens a mourejar
constantemente durante dez anos para preparar a estrada de
acesso e as câmaras subterrâneas e mais vinte anos para
construir a pirâmide propriamente, que originalmente tinha
cento e quarenta e seis metros de altura, com cada face
triangular oblíqua medindo duzentos e trinta e um metros, e
cobria uma área de cinqüenta e dois mil e setecentos e
noventa e dois metros quadrados. Originalmente um
revestimento de pedras polidas cobria as faces da pirâmide,
que terminava num ápice de cobre cristalino com
significação esotérica relacionada com Vênus. Os raios do
Sol deviam incidir nas pedras brilhantes, transformando-as
num farol a acenar para os astronautas.
Dois milhões e meio de blocos pesando em média duas
toneladas e meia cada um, nenhum deles, segundo
Heródoto, com menos de nove metros de comprimento,
foram arrastados por turmas de escravos das pedreiras da
Arábia e das colinas da Líbia, talhados, polidos, adaptados no
lugar com tal precisão que as juntas eram quase
imperceptíveis. Bunsen acreditava que a pirâmide tinha sido
construída por volta de 20.000 a.C. e calculou sua vasta
massa em seiscentos e cinqüenta e seis mil e oitocentos e
oito metros cúbicos, pesando seis milhões e trezentas e
dezesseis mil toneladas. Poderia mesmo a mão-de-obra mais
dócil com instrumentos primitivos ser organizada de
maneira a moldar uma estrutura tão gigantesca? Alguns
sábios e excêntricos, relacionando a pirâmide com a Bíblia e
o templo de Salomão, têm trabalhado para descobrir alguma
mensagem oculta escondida na pedra para a posteridade. A
maioria dos homens consegue encontrar o que procura, de
modo que não é de surpreender que alguns visionários
descubram nesse monte de pedra um apoio para as suas
ilusões. Entretanto, algumas das medidas encontradas
parecem possuir uma significação que transcende o acaso e a
coincidência. A altura da pirâmide é de mil milionésimos a
distância da Terra ao Sol, e medidas contidas no corpo do
edifício, segundo dizem, revelam o raio e o peso da Terra, a
extensão do ano solar, a precessão dos equinócios, o valor de
pi, isto é, a relação entre a circunferência de um círculo e
seu diâmetro. Piramidologistas, com a Bíblia numa mão e a
fita métrica na outra, profetizaram a segunda vinda de Cristo
e o Dia do Juízo para 1874, 1914, 1920, 1936 e 1953. É
difícil de acreditar que os antigos egípcios, por mais
atenciosos e bons que fossem, se tivessem submetido a tanto
trabalho, sangue, suor e lágrimas amontoando tanta pedra só
para avisar o nosso século cético, cinco mil anos depois, de
que algum dia o mundo ia terminar. Nós mesmos, brandindo
as nossas bombas de hidrogênio, parece que não estamos
nos preocupando muito com isso. Por que haviam os
egípcios de se preocupar conosco? Até agora os arquitetos
têm deduzido errado. Talvez a pirâmide fosse construída por
outra razão?
A crença geral de que os antigos egípcios tinham um
profundo conhecimento de matemática, geometria e
astronomia é fantasticamente errada. Sir Leonard Woolley e
Jacquetta Hawkes, em sua fascinante obra Prehistory and
the beginnings of civilization (A pré-história e os primórdios
da civilização), vol. 2, p. 669, declaram:
Os babilônios possuíam conhecimentos científicos de
álgebra, geometria e aritmética. Os egípcios, ao contrário,
não tinham realmente ciência nessas matérias... À força de
engenho e com paciência infinita, o egípcio conseguia fazer
face a todas as suas necessidades práticas usando meios
infantilmente imperfeitos; as fontes de que dispomos não
sugerem nada que indique uma ciência avançada, e estamos
convencidos de que nesse sentido o egípcio era tão
descuidado quanto ignorante.
O papiro Rhind, da Décima Segunda Dinastia, 2.000 a.C.,
descreve o sistema decimal de numeração egípcio: eles eram
capazes de efetuar simples operações de multiplicação e
divisão e conseguiam manipular frações simples, mas
matemática complexa estava acima de seus conhecimentos;
ao contrário dos babilônios, eram, segundo parece,
incapazes de prognosticar eclipses lunares. Sir Leonard
Woolley acrescenta:
Esse método empírico, entretanto, não pode explicar como
os egípcios conseguiram calcular corretamente o volume do
tronco duma pirâmide de base quadrangular, dadas a altura e
as medidas da base inferior e superior, a fórmula de cuja
operação se encontra no papiro de Moscou; o problema,
único na matemática egípcia como nós a conhecemos, difi-
cilmente poderá ser solucionado com base puramente
aritmética e pode indicar um empréstimo tomado à álgebra
babilônica.
A astronomia egípcia, carente de matemática, baseava-se na
observação e não na predição. Os sacerdotes eram incapazes
de calcular com o menor grau de exatidão as órbitas dos
planetas. Por estranho que pareça, os egípcios acreditavam
que Mercúrio e Vênus giravam em volta do Sol, mas o Sol
arrastava-os consigo em volta da Terra. A observação do
nascimento helíaco da estrela brilhante, Sothis ou Sírio,
imediatamente antes da data prevista para a enchente do
Nilo, levou ao ciclo sótico, isto é, quando o nascimento de
Sírio, coincidia com o primeiro dia do ano do calendário;
esse ciclo sótico compreendia mil e quatrocentos e sessenta
anos, e foi, segundo parece, registrado para 139 d.C. e 1.321
a.C., possivelmente para 2.781 a.C. e 4.241 a.C.
A construção da grande pirâmide evidentemente exigiu
grandes conhecimentos matemáticos e astronômicos. Dada a
sua ciência elementar, teria sido possível para os egípcios do
tempo de Quéops construí-la?
Comentando Quéops, Heródoto não pode deixar de animar
a sua História com o tempero da bisbilhotice. Informa ele
irreverentemente no Livro Segundo, capítulo 126:
E Quéops chegou a tal maldade que, quando lhe faltou
dinheiro, pôs sua filha num bordel e estipulou-lhe quanto
devia cobrar, se bem que quanto foi eles não me disseram.
Ela pedia a soma estipulada pelo pai e resolveu deixar
também um monumento seu. Rogava a cada homem que a
procurava que lhe desse de presente uma pedra. E com essas
pedras, disseram-me, foi feita a pirâmide que se ergue no
meio das três em frente da grande pirâmide, e cada face dela
mede pletro e meio.
De modo pouco convincente Heródoto explica como a
pirâmide foi construída em uma série de escalões:
Como quer que fosse, as partes superiores da pirâmide foram
acabadas primeiro, depois as seguintes e, por fim, as partes
do fundo perto do chão. E está gravado na pirâmide, na
escritura egípcia, quanto foi gasto em rabanete, cebola e alho
para os trabalhadores. E, se bem me lembro do que o
intérprete me disse lendo a escritura, foram gastos mil e
seiscentos talentos de prata.
Para um historiador "que nunca dizia uma mentira",
Heródoto às vezes parece ter-se comportado como um
crédulo turista; o que os guias não sabiam evidentemente
inventavam, exatamente como seus ensebados descendentes
atuais. Heródoto alegremente aceita que tenham começado
na ponta da pirâmide e construído de cima para baixo,
depois na superfície lisa os publicitários da época escreveram
anúncios luminosos de rabanetes e alhos em hieróglifos;
com efeito, isto é como acusar Sir Christopher Wren de
escrever na cúpula da Catedral de São Paulo anúncios das
laranjas de Neil Gwynn! O revestimento exterior esteve
adornado de hieróglifos até fins do século xiv da nossa era,
mas não havia homem vivo que soubesse lê-los. É provável
que tenham contado a Heródoto uma história igualmente
pouco digna de crédito relativamente à operação da
construção; os árabes acreditavam que a grande pirâmide
tinha sido construída por "djins" ou "espíritos"; por estranho
que pareça, é provável que eles tivessem razão. Os
"espíritos" vieram do espaço!
As nossas céticas mentes modernas acham difícil acreditar
que mesmo um faraó megalomaníaco, ditador absoluto,
fosse capaz de dedicar trinta longos anos a mal-gastar a
fortuna de seu país na construção de seu próprio túmulo,
quando o mundo lhe oferecia delícias mais atraentes. Mais
duvidoso ainda é que a poderosa classe sacerdotal apoiasse
tão sinistro projeto quando com uma fração dessa vasta
alvenaria poderiam revestir de templos as duas margens do
Nilo. Mesmo um povo dócil que vivia em cabanas de barro
se revoltaria contra semelhante extravagância. Nos tempos
pré-históricos foram erigidos edifícios imensos de pedra na
Bretanha, na Grécia e no México, em toda parte do mundo,
mas geralmente tinham algum fim religioso, não eram nunca
para satisfazer o capricho de um homem. Nenhum corpo foi
encontrado lá; um selo de Khufu que foi deixado lá por
acaso não prova que ele construiu a pirâmide. Nas paredes
não havia nenhuma inscrição fúnebre; os faraós eram
geralmente enterrados no vale dos Reis. Os ocultistas juram
que várias câmaras e passagens provam que foi um templo
de iniciação, provavelmente datando dos tempos atlânticos.
Alguns astrônomos estabeleceram a data da pirâmide pelo
longo e escuro corredor da entrada, que apontava para Alfa
Draconis, a Estrela Polar, em 2.170 a.C.; os astrólogos
afirmam que, devido à precessão dos equinócios, pode ter
sido um ano sideral antes, vinte e cinco mil e oitocentos e
sessenta e oito anos, cerca de 28.000 a.C.; levando em conta
o zodíaco de Denderá, os ocultistas sugerem três anos
siderais, ou seja, 79.000 a.C., durante a Idade de Ouro da
dinastia divina, os reis espaciais. Um dos livros de Hermes
descreve certas pirâmides que se erguiam no litoral,
banhadas pelas ondas. Conchas marinhas encontradas na sua
base sugerem uma grande inundação, dando plausibilidade à
crença de que a pirâmide foi construída antes da submersão
da Atlântida 190.
Na Doutrina secreta, p. 750, Madame Blavatsky declara, em
comentário sobre a antiguidade dos egípcios:
E contudo há assentamentos que mostram sacerdotes
egípcios — iniciados -— viajando na direção de noroeste,
por terra, pelo que se tornou mais tarde o estreito de
Gibraltar; dobrando para o norte e viajando através das
futuras colônias fenícias do sul da Gália, depois ainda mais
para o norte até chegarem a Carnac (Morbihan), virando em
seguida para oeste novamente e chegando, ainda viajando
por terra, ao promontório noroeste do Novo Continente.
Pena que tivessem de fazer toda essa viagem a pé! É
estranho que não se tenham feito trasladar para o oeste
numa astronave como Enoc!
Em tempos remotos as ilhas Britânicas ainda" estavam unidas
ao continente; os povos da antiguidade veneravam a Grã-
Bretanha como pátria dos deuses, um resto da perdida
Atlântida. Estudiosos da Grã-Bretanha pré-histórica têm
observado surpreendentes ligações entre ela e o antigo
Egito; dizem que o galês antigo tinha afinidades com a
língua dos egípcios; Brinsley le Poer Trench, em seu
fascinante livro Men among manking, acentua a influência
esotérica egípcia sobre a religião e os templos da Grã-Bre-
tanha antiga, associando particularmente Artur, o "rei-
dragão", e o zodíaco de Somerset com o Egito e a Índia.
Comyns Beaumont acreditava que a história egípcia e
judaica primitiva teve lugar realmente na Grã-Bretanha e
não no Oriente Médio, apresentando argumentos mais
plausíveis do que parece possível.
Alguns supra-sensíveis, hoje, afirmam que a grande
pirâmide ainda irradia força magnética e que os imensos
blocos de pedra foram postos no lugar por levitação por
seres extraterrestres que utilizaram antigravidade ou vibra-
ções sônicas, talvez a mesma força que movia as astronaves,
uma das quais se diz que foi enterrada perto. As tradições
sugerem que Tot, o grande mestre do antigo Egito,
possivelmente um astronauta guardou documentos de
sabedoria oculta numa câmara secreta, a fim de que um dia a
sabedoria de outros mundos pudesse vir à luz dentro da
grande pirâmide.
Nas areias ao lado das pirâmides, em Gisé, perto do Cairo,
está agachada a esfinge, majestosa e, contudo, remota, como
um estranho intruso em nosso planeta, símbolo de alguma
super-raça das estrelas. A significação desse grande
monumento ainda nos escapa; nós, que colocamos
espaçonaves na Lua, ainda paramos maravilhados diante
desse monstro de pedra e tentamos imaginar em vão os
motivos da estranha gente que a construiu. Uma vasta
cabeça humana com toucado real ergue-se nove metros
acima do corpo de leão com setenta e dois metros de
comprimento, esculpido em sólida rocha. Suas feições altivas
desprezam as mutilações dos homens e olham com sorriso
enigmático através do Nilo, além do sol nascente,
transcendendo espaço e tempo, para o infinito insondável
do universo. Sua fisionomia serena brilha com um poder
cósmico, irradiando uma aura que acalma as mentes dos
homens, evocando ecos de uma idade protéica, de uma
civilização gloriosa e maravilhosa governada pelos deuses.
Uma tão grande nobreza dominando as paixões transitórias
da humanidade lembra aquelas cabeças colossais da pré-
história esculpidas nos picos dos Andes e nos penhascos do
Novo México; seus lábios mudos contam a mensagem sem
palavras daqueles dias áureos em que a Terra era jovem e
todos os homens gozavam a beneficência dos reis espaciais,
os mestres vindos do céu.
A esfinge viu em solitário silêncio os atlantes trazerem para
a terra de Khem a cultura de seu continente submerso; com
seus olhos cavos que vêem os nossos sputniks, presenciou a
guerra nos céus entre os deuses e os gigantes; depois o
dilúvio engolfou a sua forma enorme no oceano até que
outro cataclismo cósmico retirou as águas e a deixou
encalhada no deserto. Durante séculos esse animal de pedra
viu o homem primitivo começar de novo a civilização,
depois as areias móveis engoliram-na e esconderam-na da
vista e da memória humana. Há seis mil anos, na Quarta
Dinastia, o Rei Khafra desenterrou o monstro e garantiu a
sua imortalidade inscrevendo o seu cartucho real no lado da
esfinge, mas as areias ameaçavam enterrá-la novamente.
Tutmés IV, quando jovem príncipe, um dia, por volta de
1.450 a.C., cansado de caçar, adormeceu entre as grandes
patas, quando o Deus Sol lhe apareceu em sonho e o
concitou a afastar as areias que o cobriam. Em 162 d.C. o
Imperador Marco Aurélio olhou com olhar compreensivo e
desenterrou a esfinge para que os homens pudessem admirá-
la. Mas nos tempos cristãos só o seu rosto esbranquiçado,
batido pelo fogo dos mosquetes turcos, espreitava acima da
areia... até que no século passado os egiptólogos trouxeram a
maior parte dela à luz; mas ainda agora alguma grande
tempestade pode enterrá-la para sempre.
Acredita-se que os atlantes adoravam o Sol puramente como
representação física do logos solar; quando seus adeptos
emigraram para o Nilo, estabeleceram aí a religião do Sol e
construíram a grande pirâmide e a esfinge. Dizem os
iniciados que essa cabeça humana sobre um corpo de leão
simboliza a evolução do homem desde o animal, o triunfo
do espírito humano sobre a besta. Debaixo do monstro devia
haver um templo que se comunicava com a grande
pirâmide, onde há milênios neófitos de vestes brancas
procuravam iniciação nos mistérios da ciência secreta
Milênios mais tarde os sacerdotes egípcios relacionaram a
esfinge com Harmachis, um aspecto de Rá, o Deus Sol.
Os astrólogos poderão argumentar que a esfinge, com sua
cabeça humana sobre um corpo de leão, representa o
homem na Terra durante a Idade de Leão, quando a
precessão dos equinócios impediu a nossa Terra através da
constelação de Leão em cerca de 10.000 a.C., embora possa
ter sido durante o Leão de alguma grande ronda anterior, em
cerca de 85.000 a.C. Embora ridicularizada pelos
egiptólogos, que não possuem quaisquer dados importantes
para crítica, uma tão vasta antiguidade combina com as
tradições ocultas da Lemúria e da Atlântida de um império
áureo do Sol em todo o mundo. Astronautas de outros
planetas provavelmente visitaram a Terra há centenas de
milhares de anos, e a esfinge pode significar a presença deles
por um simbolismo além da nossa compreensão atual.
A velha Índia relacionava a esfinge com Garuda, meio
homem, meio ave, o carro celeste dos deuses; os antigos
persas identificavam a esfinge com Simorgh, uma ave
monstruosa que umas vezes pousava na Terra, outras vezes
andava no oceano, enquanto com a cabeça sustentava o céu.
Os magos da Babilônia ligavam Simorgh à fênix, a fabulosa
ave egípcia que, acendendo uma chama, se consumia a si
mesma, depois renascia das chamas, possivelmente um
símbolo da renovação da raça humana depois da destruição
do mundo. Os povos do Cáucaso acreditavam que o Simorgh
alado ou cavalo de doze pernas de Hushenk, mestre lendário
que diziam ter construído Babilônia e Ispaã, voou para o
norte, através do Ártico, para um continente maravilhoso.
Um sábio caldeu disse a Cosmos Indicapleustes no século VI
d.C.:
As terras em que vivemos são rodeadas pelo oceano, mas
além do oceano há outra terra que toca o muro do céu; e
nessa terra é que o homem foi criado e viveu no paraíso.
Durante o dilúvio, Noé foi levado em sua arca para a terra
que sua posteridade habita agora.
Os adeptos da teoria da Terra Oca concluirão certamente
que essa terra fértil além do gelo é o continente que eles
dizem existir dentro da própria Terra. Os estudiosos dos ufos
notam que as astronaves parecem vir dós lados do pólo
Norte e partir para lá também, provavelmente passando
pelas falhas polares dos cinturões de radiação de Van Allen,
e podem argumentar que esse país fabuloso do norte, para
onde voaram o Simorgh e o cavalo de doze pernas, era
realmente outro planeta.
O Simorgh tornou-se a águia de Júpiter exibida nos
estandartes das legiões romanas através do mundo antigo;
símbolo de poder divino, foi adotada por Bizâncio e tornou-
se a divisa heráldica do Santo Império Romano, quando,
como águia de duas cabeças, foi ostentada pelos Habsburgos
da Áustria; e ainda encontra lugar de honra nos brasões das
poucas monarquias que restam atualmente. Esfinge,
Simorgh, águia. Espaçonave? Seria?
A própria esfinge conjura um mistério mais desnorteante, e,
contudo, talvez mais prenhe de humanidade do que nós
compreendemos. Algumas pinturas egípcias mostram a
esfinge com asas e rosto humano, retrato de reis ou rainhas;
pensamos nos famosos touros alados de Nínive e
perguntamo-nos se não simbolizarão astronautas. Os sa-
cerdotes egípcios de Saís falaram a Sólon da grande guerra
entre os atlantes e Atenas e falaram-lhe da relação entre o
Egito e a Grécia; ficamos mais intrigados ainda ao descobrir
ambos os países ligados pela esfinge.
A mitologia grega representa a esfinge como um monstro-
fêmea, filha de Tifon e da Quimera, ambos monstros com
hálito de fogo que devastaram a Ásia Menor, até que foram
mortos por Zeus e por Belerofonte em batalhas aéreas que
sugerem conflito entre astronaves. A esfinge aterrorizava
Tebas, na Beócia, a cidade mais célebre da idade mítica da
Grécia, considerada a terra natal dos deuses Dionísio e
Hércules. A esfinge grega tinha corpo de leão alado, peito e
rosto de mulher. Disandro disse que a esfinge veio para a
Grécia da Etiópia provavelmente querendo dizer o Egito. A
esfinge tebana importunava os viajantes, propondo-lhes um
enigma para decifrarem, depois devorava todos os que não
podiam responder. Um jovem forasteiro chamado Édipo,
que significa "pés inchados", a quem o oráculo de Delfos
dissera que estava destinado a assassinar o pai e praticar
incesto com a mãe, na estrada de Tebas brigou com o Rei
Laio e matou-o sem saber que era seu pai. Édipo desafiou a
Esfinge, que lhe perguntou: "Que criatura anda de quatro de
manhã, anda com dois pés ao meio-dia e com três à noite?"
"O homem!", respondeu Édipo, prontamente. "Na infância
ele anda sobre as mãos e os pés, na idade adulta anda ereto e
na velhice apóia-se num cajado." Mortificada pela resposta
correta, a esfinge jogou-se dum rochedo e morreu.
Encantados, os tebanos nomearam Édipo seu rei e ele se
casou com Jocasta, viúva do rei falecido, gerando quatro
filhos, Os deuses enviaram uma praga e Édipo soube que
tinha assassinado seu pai e casado com sua mãe. Jocasta
enforcou-se, Édipo cegou-se e vagueou cego pela Grécia,
acompanhado de sua filha Antígona, até que as eumênides,
as deusas da vingança, o levaram da Terra. Ésquilo, Sófocles
e Eurípides escreveram peças clássicas sobre essa tragédia; os
nossos psicanalistas evocam este complexo de Édipo, a
tirania da mãe sobre o homem, que dizem ser a causa de
psicoses atualmente.
É uma estranha história esta, e muito confusa; poderemos
relacioná-la com o antigo Egito e os astronautas?
O profundo erudito Immanuel Velikovsky, com magistral
erudição, identifica Édipo com o faraó herético Aquenaton,
que subiu ao trono em 1375 a.C.
Quem foi Aquenaton, o estranho místico, rei-filósofo, que
há três mil anos estabeleceu na Terra, por um breve
momento, um reino de paz, amor e beleza universais, de
adoração do divino Sol, espírito da criação, a religião cós-
mica do astronauta para a qual a humanidade ainda não está
preparada?
O Egito da Décima Oitava Dinastia, por volta de 1.500 a.C.,
atingiu o zênite do poder imperial, senhor do mundo
civilizado; os tesouros e o tributo da Babilônia, da Assíria, da
Palestina, de Creta e da Etiópia em maravilhosa abundância
enriqueciam o vale do Nilo. Hatshepsut, mencionada na
Bíblia como a rainha de Sabá, fez uma viagem oficial a
Jerusalém para conhecer Salomão em toda a sua glória e
voltou de lá encantada com mais do que a sabedoria do rei
judeu: seu filho Menelik, dizem, é antepassado de Hailé
Selassié, atual imperador da Abissínia . O sobrinho da
rainha, Tutmés III, grande conquistador da antiguidade, fez
brilhantes campanhas na Palestina, na Síria e na Núbia para
estender a benéfica Pax Aegyptica sobre o crescente fértil
do Oriente Médio; e os triunfos continuaram com Tutmés
IV e Amenotep m. O requinte e a prosperidade trouxeram
inevitavelmente a decadência; a religião de Amon, com dois
mil anos de idade, tinha perdido a sua inspiração, submersa
no materialismo. O Egito precisava de uma reforma.
O jovem rei que súbiu ao velho trono dos faraós em 1.375
a.C., com a idade de quinze anos, mostrou o gênio e a
compreensão cósmica de um avatar de Vênus mais do que a
imaturidade da juventude. Vivia numa sublimidade espiritual
que transcendia a moral mundana da Terra, cometendo o
erro de esperar que seus súditos fossem santos em vez de
pecadores. Amenotep (Amon repousa) IV era deformado,
tinha o crânio alongado, feições ascéticas e delicadas, os
olhos de um profeta; tinha o abdômen grande e os membros
inferiores inchados; devia sofrer de epilepsia, devido às
forças psíquicas que carregavam sua alma inquieta. Ele
imediatamente substituiu a velha religião politeísta
degenerada de Amon pelo culto simples e luminoso de
Aton, o deus único, simbolizado pelo disco do Sol. Os
discípulos da nova idade receberam a mudança de braços
abertos, mas uma reforma assim tão iconoclasta
imediatamente provocou os sacerdotes fanáticos e
transformou o populacho, que preferia as panelas de carne
desta vida às fantasias da vida futura. Amenotep mudou seu
nome para Aquenaton (Aton está satisfeito) e niudou a
capital imperial de No-Amon (A Cidade de Amon-Tebas)
para uma nova cidade maravilhosa chamada Akhetaton, que
estava fazendo construir com idealismo e beleza mais abaixo
no Nilo, na moderna Tell-el-Amarna. Aquenaton, com sua
encantadora esposa Nefertiti, cujas feições esculturais a
tornam a mulher mais admirável da antiguidade, e suas sete
filhas, viviam nessa cidade do Sol, renunciando às tradições
mortas da religião, da filosofia e da arte, e inaugurando uma
idade de ouro de fraternidade cósmica, de compaixão,
naturalismo e glorificação da vida universal, o sonho
irrealizado daquele futuro filósofo-imperador Marco Aurélio,
a esperança de visionários de hoje, a civilização maravilhosa
dos astronautas.
As idéias de Aquenaton estavam milênios à frente do seu
tempo; o povo não estava preparado para o reino de Deus na
Terra. Estará algum dia? Todos os reformadores encontram
frustração. Nós hoje somos herdeiros da história. Todos os
profetas inspirados do passado pregaram sua mensagem
maravilhosa, e, vejam, o mundo está ameaçado pela bomba
de hidrogênio! O grandioso Hino ao Sol de Aquenaton
saudava Rá-Harakhte como um espírito idealista universal
que sustentava todos os homens em toda parte, uma
ressurreição da religião solar dos atlantes e dos primitivos
egípcios, suplantada mais tarde pelo culto local e então
nacionalista de Amon como deus do Egito. O jovem
visionário procurou unir toda a humanidade numa religião
de sabedoria cósmica que abrangeria do anjo ao inseto, da
estrela ao átomo, com um modo de vida que expandira a
consciência do homem sobre o glorioso universo vivo. Mas
a natureza humana era então a mesma que é hoje. As
tabuinhas de barro desenterradas em El Amarna em 1887,
escritas em cuneiforme, na linguagem diplomática dos
acades, revelam sinistramente que os hititas e outros povos
súditos desprezavam o pacifismo de Aquenaton como
fraqueza; freneticamente os governadores egípcios
imploravam um auxílio que não chegou, e o des-
moronamento do império promoveu o descontentamento
no Egito. O exército, frustrado, foi encorajado pelos sacer-
dotes de Amon descontentes a depor o rei e instalar nova-
mente a capital em Tebas. Deixado em isolamento, Aque-
naton foi abandonado por Nefertiti, sua esposa, sua cidade
inacabada caiu em ruínas, e ele passava os seus dias entregue
ao misticismo religioso, comungando com Aton. Em pouco
tempo a acumulação de desastres dentro e fora do país
destruiu-lhe a saúde precária. Morreu, possivelmente
envenenado, em 1.338 a.C., no décimo sétimo ano de seu
reinado, apenas com trinta e dois anos de idade, derrotado
na mente e no corpo, mas triunfante na alma. Como algum
mestre de outro planeta, Aquenaton trouxe a religião
cósmica ao homem e encontrou dolorosa rejeição. Hoje,
três milênios depois, nosso mundo conflagrado está
começando a perceber além dos credos antagônicos o
idealismo prático da filosofia do jovem faraó, o parentesco
comum de todos os homens, ò culto do deus único no
universo vivo, a gloriosa fraternidade de todas as criaturas
nas estrelas incontáveis do espaço. Sucedeu a Aquenaton seu
genro Smenkhara, seguido do rei-menino Tutancâmon, cujo
túmulo, com seus deslumbrantes tesouros de ouro, fascinou
o nosso século em 1922. Os vingativos sacerdotes de Amon
apagaram toda e qualquer referência a Aton, mas hoje, em
nossa era espacial, os ensinamentos de Aquenaton brilham
com nova significação.
Que relação pode haver entre este santo faraó Aquenaton,
que tentou reformar o mundo, e o trágico Rei Édipo, marido
de sua própria mãe? Poderiam essas personagens
extraordinárias ser realmente a mesma pessoa em diferentes
épocas e em diferentes países? Existe algum mistério mais
profundo por trás da imagem de Aquenaton?
Velikovsky afirma com impressionantes argumentos que as
esculturas mostram que Aquenaton tinha os membros
inchados: Édipo, em grego, significa "pés inchados"; as
inscrições sugerem que Aquenaton tomou Tiy, sua mãe,
como consorte, e gerou filho nela, exatamente como Édipo,
que, sem o saber, casou com sua mãe, Jocasta, e gerou nela
dois filhos e duas filhas. Por mais repugnante que seja o
incesto para o nosso século XX, no Egito antigo os faraós
consideravam-se uma dinastia divina, de modo que, por
razões de Estado, casavam irmão e irmã para produzir um
sucessor, embora houvesse sem dúvida algumas exceções
nessa prática. Os egípcios abominavam o casamento entre
mãe e filho, embora tolerassem uniões entre pai e filha,
privilégio gozado por Ramsés n. Os mitanianos e os antigos
persas, adoradores de deuses indo-iranianos, acreditavam
que a união entre mãe e filho tinha uma alta significação
sagrada. As estreitas relações políticas entre o Egito e Mitani
provavelmente trouxeram a influência zaratustriana para a
corte egípcia, e isso proporciona uma explicação plausível
para o casamento de Aquenaton e Tiy, ambos indivíduos
dominantes, e sem dúvida explica por que sua esposa legal, a
bela Nefertiti, o deixou. O corpo de Aquenaton nunca foi
encontrado. O túmulo miserável de Tiy sugere seu suicídio,
Jocasta enforcou-se. Provas tortuosas implicam que
Aquenaton depois sofreu cegueira e peregrinou com sua
filha Meritaten, que sofreu morte ignominiosa como a
trágica Antígona, filha de Édipo, enterrada viva. Aquenaton
desapareceu, Édipo foi finalmente removido da Terra pelas
eumênides, deusas da vingança.
Como Shakespeare, que raramente inventava seus enredos
mas transmutava velhas histórias com a magia do gênio,
Ésquilo, por volta de 500 a.C., tomou histórias antigas para
confeccionar suas grandes tragédias. Durante séculos a
história do rei egípcio, cego e incestuoso, deve ter sido
cantada por bardos através de muitas terras; Sófocles deu cor
local ao drama, transferindo a cena com personagens gregos
para Tebas, na Beócia, cidade que por alguma estranha
coincidência tinha o mesmo nome que os gregos davam à
grande capital de No-Amon, no Nilo. Na imaginação popular
o Egito era simbolizado pela esfinge, de modo que Sófocles
certamente aproveitou a oportunidade de fazer "bom teatro"
fazendo a esfinge apresentar o prólogo de sua nobre trilogia
— Édipo rei, Édipo em Colona e Antígona. Uma explicação
espantosa, mas, como todo teatrólogo sabe muito bem,
perfeitamente possível.
Fora a sua dúbia inspiração para os psiquiatras freudianos,
que relação poderá ter esta história de Aquenaton, ou Édipo,
com a nossa presente tese dos astronautas?
Suponhamos que a história oculte um mistério maior do que
se imagina?
Os gregos consideravam a esfinge alada filha de Tifon e da
Quimera. A mitologia grega descrevia Tifon como um
furacão destruidor, um monstro de hálito de fogo, que lutou
contra os deuses e os homens, até que foi subjugado por
Zeus com um raio. Gerou as hárpias, descritas por Hesíodo
como lindas donzelas aladas, que desciam sobre os homens,
embora outros escritores as chamassem aves repugnantes,
com cabeça de mulher, que emporcalhavam tudo embaixo.
A Quimera também era um monstro com hálito de fogo,
parte leão e parte dragão, que devastava a Lídia e a Ásia
Menor, até que foi morta pelo herói Belerofonte em seu
cavalo alado, Pégaso. Essas lendas parecem-nos fantásticas
enquanto não as consideramos memórias raciais
fragmentadas da guerra no céu, quando Tifon e a Quimera
são vistos como astronaves. Os gregos consideravam as
eumênides, também chamadas erínias, com respeitoso
terror; eram temidas pelos romanos como as fúrias ou Dirae,
divindades vingadoras. Os poetas representavam-nas como
terríveis donzelas aladas com serpentes entretecidas nos
cabelos e sangue gotejando da boca; temidas pelos deuses e
pelos homens, puniam a desobediência tanto neste mundo
como depois da morte. Essas descrições fantásticas parecem
imagens poéticas, mas em termos gerais lembram as histórias
de terror de astronautas contadas atualmente por
camponeses da América do Sul. Poderia Édipo ter sido
trasladado para outro mundo numa espaçonave?
Em seu livro notável Ages in chaos (Idades em caos)
Velikovsky reconstrói a história antiga do Êxodo até
Aquenaton; começando com as catástrofes narradas no livro
do Êxodo e no papiro de Ipuwer, sugere a surpreendente
teoria de que os egiptólogos duplicaram cerca de seiscentos
anos, tornando Hatshepsut contemporânea de Salomão em
cerca de 950 a.C. e Aquenaton contemporâneo de Elias em
850 a.C. e não em 1.375 a.C., que é a data convencional de
Aquenaton. A correlação das cronologias antigas parece
extremamente difícil, e tão impressionantes são as pesquisas
de Velikovsky, que seus achados sensacionais são difíceis de
rejeitar.
No princípio do século IX a.C., Elias costumava confundir os
profetas de Baal fazendo descer fogo do céu; conversava
com "anjos" (astronautas) e na presença de Eliseu foi
trasladado para o céu, aparentemente numa luminosa
astronave. De acordo com o Segundo livro dos reis, capítulo
2, versículo 11:
E, continuando o seu caminho, e caminhando a conversar
entre si, eis que um carro de fogo e uns cavalos de fogo os
separaram um do outro; e Elias subiu ao céu no meio dum
remoinho.
Um século depois Rômulo foi também, segundo se dizia,
arrebatado para o céu num remoinho quando julgava no
monte Palatino; o Livro de Enoc declara que séculos antes
Enoc foi levado para o céu por um remoinho.
Se "anjos" ou "astronautas" visitaram Israel, certamente
devem ter aparecido também no Egito. Considerando que a
história convencional do Egito durou quatro mil anos, os
documentos são extremamente escassos, e o que resta são
elogios aos faraós ou louvores aos deuses; a nossa
interpretação moderna dos hieróglifos evidentemente
expressa a nossa própria conotação dos símbolos usados e é
difícil que signifique precisamente o que os escribas queriam
dizer. A história do cisma entre Aquenaton e os sacerdotes
de Amon, análoga ao debate contemporâneo entre Elias e os
sacerdotes de Baal, é deduzida de alguns papiros e murais e
corroborada pelas tabuinhas de El Amarna; restam tantas
perguntas à espera de resposta! Como a nossa própria
Reforma, a reação contra a velha religião estabelecida vinha-
se acumulando havia séculos, mas o que foi que levou este
jovem "Lutero" a derrubar os ídolos de Amon e a restaurar o
culto cósmico do Sol, até mesmo a construir uma cidade
ideal digna de uma Idade de Ouro? De onde esse real gênio
recebeu suas idéias? Sua concepção madura do universo e da
relação do homem com o Criador, suas opiniões
revolucionárias sobre regime alimentar, filosofia social,
harmonia da alma, planejamento urbano, pacifismo
internacional, parecem milênios à frente da nossa própria
cultura atual. Poderia um simples jovem sem auxílio
transformar o padrão de pensamento do Egito, cristalizado
através de séculos? "Deus" guiou Moisés; os "anjos" falavam
com Elias; seria Aquenaton inspirado por astronautas?
Capítulo Doze
O ÊXODO
Sozinho à janela do palácio, o velho rei via as estrelas
cintilantes se apagarem no oriente; os últimos traços dos
relâmpagos cortavam o céu e o trovão morria nas colinas ao
ocidente. Depois duma tempestade como nunca se vira, a
Terra agitava-se num sono inquieto, esperando o
amanhecer. Uma tensão sinistra carregava o ar, as feições
orgulhosas do rei crispavam-se, a emoção distendia-lhe o
rosto, seus olhos brilhantes lampejavam de cólera mal re-
primida. O cenário pacífico de sua terra lá embaixo devia
enchê-lo de calma, mas em vez disso seu coração tremia
ante a nova calamidade que o dia seguinte poderia trazer.
Viria nova praga afligir a Terra? A água transformada em
sangue, rãs, piolhos, bexigas, furúnculos, granizo, gafanhotos
e três dias de escuridão tinham descido sobre o país,
afligindo homens e animais. Que coisa pior poderia acon-
tecer?
O rei franziu a testa, olhando para o acampamento ao norte.
Já os capatazes tangiam os escravos para construírem as
fortificações contra os bárbaros do leste, aliados deles. Seus
supersticiosos súditos culpavam das terríveis calamidades
aqueles estrangeiros arrogantes que em poucos séculos se
tinham multiplicado a ponto de se tornarem uma ameaça
para todo o país: agora a ralé gabava-se de que seu deus
poderoso desceria e os livraria da servidão. A ameaça do
chefe deles ainda soava nos ouvidos do rei: "Deixa meu povo
partir!" O rei suspirou. Poderia ele expulsar os escravos de
que precisava para aumentar os exércitos de seus inimigos?
Insultar seus próprios sacerdotes e render-se a um deus
estrangeiro qualquer? O rei olhou para o rio largo além,
encrespado pela brisa do amanhecer; os anos recuaram da
sua fronte, a memória reviveu aquela juventude dourada
quando ele e seu irmão colaço, um enjeitado encontrado nos
caniços daquele rio, brincavam e riam naquele mesmo
palácio, caçavam leões no deserto e guerreavam contra os
anões negros do sul. Desde aquele dia aziago em que seu
teimoso irmão assassinara um capataz por espancar um
escravo e fugira do país para o deserto, os dois nunca mais se
tinham encontrado até aquele dia fatídico. Enquanto os
deuses o faziam a ele rei do maior país do mundo, seu irmão
tornava-se um excelente general, adepto da magia negra, um
místico santo, e agora os rumores diziam que era favorecido
por um deus maravilhoso do céu, envolto em luz. Deuses! A
terra era povoada por milhares de deuses; ele mesmo, o rei,
era prisioneiro dos sacerdotes. Os deuses ainda visitariam a
Terra? Os anais do templo falavam dos círculos de fogo, dos
barcos solares vistos por seu grande antepassado, sobre
aquele mesmo palácio, duzentos anos antes. Um deus tinha
salvo sua vida? A campanha do Oriente! Sorriu
sinistramente. No assalto àquela cidade o exército havia sido
derrotado e ele, apenas com a sua guarda pessoal, fora
emboscado pelo inimigo. Quando tudo parecia perdido, um
deus apareceu, sua gloriosa presença transformou a derrota
em vitória. Os deuses manifestavam-se aos homens. Seu
irmão tinha confundido os maiores cientistas. E aquelas
pragas? Calamidades? Coincidência? Antes tinha havido
pragas. Seu irmão evocava poderes sobrenaturais; com a
ajuda de seu cioso deus ele era capaz de destruir a Terra
toda. Deviam sofrer os inocentes? Ele podia deixar os
escravos estrangeiros voltarem para a sua terra. Mas eles
tinham terra própria? Franziu a testa. Ele era o rei. Devia
render-se a...?
Uma estrela caiu do céu e pairou em cima; seu brilho
fantasmagórico iluminou a terra. Um raio ofuscante cegou o
rei, varrendo todos os edifícios embaixo. Quando ele abriu
os olhos doídos, o raio brilhante desapareceu da vista. Um
horror inominável regelou-lhe a alma. Alguma coisa tinha
acontecido. O universo respirava tragédia. No palácio uma
mulher gritou.
De todas as casas saíam gritos de angústia, o sol nasceu sobre
uma cena de agonia. O rei tremia, esmagado pela
calamidade. Que novo horror teria?... Gemidos de servos.
Gritos de soldados. Pragas nos estábulos reais embaixo.
Soluços desesperados. Voltou-se e viu sua jovem rainha com
o semblante descomposto, apertando ao peito o príncipe
herdeiro. O medo trespassou-lhe o coração. Seu filho jazia
imóvel. O ar da manhã estava cheio de dor. Todas as famílias
choravam. Os primogênitos estavam mortos.
Uma praga cresceu até se transformar num grito, num
tumulto que chegava ao céu. O deus desconhecido! Que os
estrangeiros partissem antes que todo o povo perecesse.
Diante do corpo mudo do filho, o rei curvou-se à vontade
de seu povo, à voz de Deus. Em meio à dor deu o seu
consentimento real.
O acampamento dos escravos estava em alvoroço; os
estrangeiros regozijavam-se. Ébria de liberdade, a multidão
saqueou a cidade aflita, e depois, cantando hinos selvagens,
homens, mulheres e crianças marcharam atrás de seu chefe
para os lados do oriente.
No palácio o rei deu ouvidos aos seus conselheiros: os
sacerdotes juravam blasfêmia, os soldados vingança.
Dominado por maus presságios, o rei comandou sua cava-
laria em rápida perseguição. Encontrando pela frente o mar
interior, os escravos viram-se impotentes. Como num
sonho, o rei viu o chefe deles, outrora seu irmão bem-
amado, erguer o bastão. As águas abriram-se formando
muralhas que brilhavam branco e azul ao sol. Com gritos de
alegria, a turba atravessou precipitadamente. Os carros
pintados precipitaram-se atrás dela em ruidoso triunfo. De
repente o chefe baixou o braço. Os muros gigantescos
dissolveram-se em ondas e torrentes remoinhantes arras-
taram homens e cavalos para as profundezas. O rei olhava
em mudo horror. Deus tinha salvo uma nova nação e
afogava seu exército.
Uma história assim podia ser ficção científica, uma fábula
para moralizar sobre as loucuras do homem. No nosso bem
conhecido livro do Êxodo, a história é mais bem contada.
O Egito sofreu um desastre nacional, não houve um lar em
todo o país que não chorasse o seu morto, assassinado pelo
próprio Deus. Os sacerdotes infamados, o exército
desonrado, os escravos libertados, as férteis terras do Nilo
poluídas por pragas... deve ter sido a maior calamidade que
qualquer nação já sofreu. Os anais dum povo civilizado
devem deixar um solene réquiem, uma grave narração para
advertir as nações futuras do castigo do passado por sua
blasfêmia contra o Senhor. Os escribas são mudos. Aqueles
hieróglifos pintados louvam os reis, as preces dos sacerdotes,
o solene esplendor dos deuses, mas sobre a catástrofe mais
chocante ocorrida em sete mil anos o Egito guarda silêncio.
Como se o Êxodo nunca tivesse acontecido!
Os filhos de Israel deixaram muitos países; diversas ocasiões
devem ter entrado no Egito e saído em hostilidade; a
narrativa do Êxodo parece não ser história real; pode ser
magia e mito transmitidos em liturgia hebraica para glorificar
Jeová e inspirar o povo judeu. Madame Blavatsky compara o
Êxodo com as lendas da Atlântida; o profundo erudito Cyrus
H. Gordon, em Bejore the Bible (Antes da Bíblia), vê na
epopéia do Êxodo afinidades com a literatura homérica da
Grécia e com a literatura heróica de Ugarit, todas as três
compostas pela mesma época. Os egiptólogos, assiriólogos,
arqueólogos de renome, homens de ciência, que deviam
conhecer os fatos, não encontram prova de qualquer espécie
sobre o Êxodo; no segundo milênio havia muitos séculos
que os semitas entravam e saíam do Egito; nenhum texto
egípcio se refere à milagrosa libertação mencionada na
Bíblia.
A opinião profissional dos egiptólogos é sumariada de modo
convincente pela Dra. Barbara Metz, ela mesma egiptóloga
ilustre, em seu fascinante livro Temples, tombs and
hieroglyphs (Templos, túmulos e hieróglifos), p. 151:
A conexão dos hebreus com o Egito tem sido objeto de
longas e fastidiosas discussões entre historiadores; poucos
documentos egípcios mencionam sequer Israel e nenhum
deles é particularmente informativo a respeito dessa nação
ou do povo que a fundou. Não há referência egípcia a
Moisés nem a José; nenhum texto contém sequer o mais
vago eco do longo cativeiro, que começou com a
escravização dos hebreus por um faraó que não conhecia
José e terminou com o milagre do Êxodo. Não admira que as
teorias sobre os hebreus no Egito variem considera-
velmente. Uma escola de pensamento coloca o Êxodo no
século XV a.C., outra no século XIII a.C., uma terceira
versão afirma que não houve um único êxodo de povos
escravizados, mas uma série de pequenos êxodos, por assim
dizer, que foram fundidos pelas tradições e pelos escritores
judeus em um único acontecimento.
Se aquele gárrulo bisbilhoteiro que foi Heródoto, que sabia
tudo sobre todo o mundo, tivesse ouvido alguma coisa a
respeito da milagrosa libertação dos judeus do Egito,
certamente teria discorrido a respeito com o maior prazer.
Um papiro do profeta egípcio Ipuwer queixava-se duma
catástrofe universal, quando o rio se transformou em sangue;
Nefer-rohu disse que o Sol ficou velado e os homens não
podiam ver; Velikovsky associa esses prodígios a
testemunhos astronômicos, históricos e geológicos, para
sugerir uma colisão entre Marte e Vénus, que produziu um
cataclismo na Terra, permitindo aos israelitas do Egito
aproveitarem a oportunidade para escapar. Alguns cientistas
acreditam que há três mil anos a Terra pode ter sido varrida
por um cometa cuja cauda de gases venenosos podia ser a
causa de muitas das chamadas pragas; a turbulência
atmosférica poderia até ter dividido as águas pouco
profundas para os israelitas atravessarem. Os fiéis, ainda
desprezando a ciência, vêem nisso a "mão de Deus".
Os egiptólogos, como os cientistas, sabem apenas o que
sabem; a maioria destes homens ilustres admite que seu
conhecimento é limitado pelos fatos que têm diante de si; o
desenvolvimento da arqueologia como ciência mostra que
os sábios estão sempre dispostos a trocar velhas idéias por
teorias novas, apenas aparecem outras provas, atitude que
poucos teólogos adotam. A descoberta de El Amarna lançou
luz sobre os tempos de Aquenaton. Quem sabe se algum dia
um camponês cavando seu campo não desenterra uma estela
hieroglífica com o diário particular de Ramsés II queixando-
se de que a sua quadragésima nona lua-de-mel foi estragada
pelos israelitas, ou algum beduíno de perto do monte Sinai
pode encontrar algumas peles sujas borradas com uns
caracteres curiosos que contam a Vida e amores de Moisés
por sua secretária Míriam. Tolice? Quem sabe? A fantástica
descoberta dos pergaminhos do mar Morto não
revolucionou a nossa concepção de cristianismo? Se alguma
prova real vier à luz confirmando o Êxodo, ninguém ficará
mais emocionado do que os egiptólogos; enquanto isso,
embora suas sábias opiniões devam ser respeitadas, elas não
têm que ser aceitas como fatos finais; apenas uma nova
descoberta, e amanhã pode ser tudo mudado. Como, por
surpreendente que pareça, a única narrativa do Êxodo se
encontra na literatura hebraica, não temos outra alternativa
senão estudar a história da Bíblia à luz do conhecimento
antigo e moderno e desapaixonadamente escrutar os fatos
tantalizantes e confusos que há muitos séculos o mundo
vem aceitando como verdade sagrada.
O Êxodo descreve o épico duelo entre Moisés, inspirado por
Deus, e um faraó tirânico pela libertação do Egito dos
israelitas escravizados há três mil anos. Qual foi o cenário do
drama? Quem foram os personagens cuja contenda nos
emociona ainda hoje?
O livro do Êxodo não é um relato fatual e crítico de
acontecimentos, história como a escrevemos hoje; os cro-
nistas judeus não pretendiam absolutamente escrever "his-
tória" exata; eles estavam principalmente preocupados com a
revelação de Deus ao homem através de seu povo escolhido,
os filhos de Israel. A tradição diz que o Pentateuco, o
primeiro dos cinco livros da Bíblia, foi escrito por Moisés,
embora Filo e Josefo admitam que os capítulos de depois da
sua morte foram terminados por Josué. Com todo o respeito
pelo sábio Moisés, essa miscelânea de narrativa religiosa em
estilo tão empolado não faz justiça à sua grande inteligência;
duvidamos que seu mérito literário atraísse qualquer editor
atualmente. Os sábios concordam em geral em que o Êxodo
foi extraído de várias fontes, compreendendo quatro grupos
principais; que o texto bíblico atual foi composto
possivelmente séculos depois dos supostos acontecimentos.
Se pudéssemos projetar-nos duzentos ou trezentos anos à
frente e imaginar um grupo de teólogos compilando a
história (digamos) de Dunquerque a partir de uma
miscelânea de histórias populares e memórias ancestrais,
porque todos os documentos da época foram destruídos,
talvez em uma guerra nuclear, sem dúvida encontraríamos o
aparente "milagre" explicado por um provocante
Montgomery recrutando Deus e flagelando o obstinado
Hitler para que deixasse a nossa Força Expedicionária
Britânica partir. Quando Hitler se arrependeu de ter acedido
e lançou a sua Luftwaffe contra nós, Deus derrubou-a do
céu. Fantasia, blasfêmia? Quem sabe? Se a nossa civilização
for em breve destruída, poderia realmente acontecer no
futuro uma conjetura de Dunquerque assim como no nosso
Êxodo.
Por volta de 1300 a.C. os viris faraós da Décima Nona
Dinastia esforçavam-se por reconquistar grande parte do
Império Egípcio, perdido pelo pacifismo de Aquenaton, mas
seus exércitos viram-se confrontados pela crescente agressão
dos hititas que se expandiam para o sul através da Síria e da
Palestina. Hordas de semitas, prisioneiros de guerra e
refugiados desembocavam no Egito, estabelecendo-se nas
férteis terras do Delta, no lugar chamado Gessém. Esses
estrangeiros, tolerados pelos pacatos egípcios, não tardaram
a despertar ressentimento por sua arrogância dominadora,
até que algum faraó se sentiu obrigado a subjugar a ameaça
estrangeira que estava arruinando o país. Decretou leis
severas, recrutando os asiáticos para a construção de
fortificações; alguns desses asiáticos eram israelitas.
Quem era o Deus que governava Moisés? O Deus que falava
a Moisés da sarça ardente (Êxodo, 4, 6) dizia: "Eu sou o Deus
de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isac, e o Deus de
Jacó". O capítulo 18 do Genesis diz que nas planícies de
Mamra Abraão "estava assentado à entrada da sua tenda, no
maior calor do dia. E, tendo levantado os olhos, apareceram-
lhe três homens que estavam em pé junto dele". Um dos
"homens" Abraão reconheceu como o "Senhor". Ele tinha
encontrado o "Senhor" em várias ocasiões, notadamente
quando o "Senhor" estabelecera uma "aliança eterna" com
Abraão e seus descendentes, prometendo-lhes a terra de
Canaã. À pedido de Isac o "Senhor" tinha remediado a
infertilidade de sua mulher (Genesis, 25) e jurado que sua
semente se multiplicaria "como as estrelas no céu", o que
eles fizeram em Gessém, para terror dos egípcios, que viam
seu Estado ameaçado. As manifestações do "Senhor", só ou
acompanhado de "anjos", em seu "poder e glória", tinham
dominado a vida e a religião dos hebreus; Moisés soube
imediatamente que a aparição era Jeová, o Deus de Israel. O
hebreu El Shaddai (Deus Todo-Poderoso) lembra o deus
sírio Addu (Hadad), mencionado freqüentemente nas
tabuinhas de El Amarna, mas provavelmente tem mais
afinidade com o assírio Shaddu, que significa "montanha",
especialmente quando o "Senhor" geralmente aparecia em
montanhas, aonde chamava seus profetas. Os textos
ugaríticos referem-se a Yawe como um deus mais jovem,
filho de El; os sumerianos identificavam-no com Enlil, os
babilônios com Marduc. A aliança entre Deus e Abraão tem
um equivalente na proteção divina que Atena dispensava a
Ulisses, Afrodite e Anquises, Istar e Hatusili, de modo que a
relação especial pretendida pelos israelitas não era única: a
maioria dos países antigos e também muitas nações mo-
dernas acreditam ser o "povo escolhido" de Deus.
A palavra "deus" evidentemente deve ter pelo menos dois
significados distintos. Hoje nós compreendemos que Deus,
o Absoluto, sonha a existência de incontáveis universos
finitos que se repetem em muitas dimensões paralelas; que
coexistem mundos espacialmente em diferentes freqüências
de matéria, todos refletidos por universos complementares
de antimatéria; e pode haver outras manifestações da Criação
além do nosso conhecimento. Certamente ninguém mais
sustenta que Deus, o Criador, de algum modo entrou em seu
Sonho Cósmico e desceu a um insignificante pontinho de pó
em seu vasto universo para se imiscuir nos negócios de um
povo nômade e ignorante, para assassinar os inimigos desse
povo, que ele criou para um fim que ainda não está bem
esclarecido! Os israelitas, não sabendo nada absolutamente
sobre outros mundos, viam Deus como um ser maravilhoso,
que descia do céu numa nuvem ou roda de fogo (querubim),
exatamente como os indianos, os chineses, os japoneses e os
egípcios antigos viam seus próprios deuses descerem em
carros de fogo. Hoje nós compreendemos que o Deus de
Moisés era um ser extraterrestre que descia na Terra em uma
astronave.
Quem era o "novo rei que não conhecia José"? (Êxodo, 1,8)
Os textos egípcios não fazem referência alguma a José.
Muitos semitas eram vendidos para a escravidão no Egito;
um deles poderá ter subido a uma alta posição,
possivelmente durante o domínio dos hicsos, mas não há
confirmação egípcia do romance bíblico. Deve ter havido
várias incursões de semitas através dos séculos no Egito e
provavelmente outros tantos casos de êxodo. Visto que
nenhuma inscrição egípcia jamais menciona José, Moisés ou
o longo cativeiro, é evidentemente difícil estabelecer a data
precisa do Êxodo. Há murais representando semitas
construindo as cidades-armazéns de Pitom e Ramsés (Êxodo,
1, 11), e por isso conclui-se convencionalmente que o faraó
da opressão foi Ramsés n (1.292 a.C. a 1.225 a.C.). Seu filho
Merneptá pode ter sido o faraó da libertação, embora os
egiptólogos, não tendo nada para apoiar essa tese, discordem
entre si. A verdade verdadeira é que ninguém sabe a data do
Êxodo, quem foi o faraó em questão, ou se os
acontecimentos narrados na Bíblia realmente aconteceram.
O notável paradoxo é que enquanto a História de Geoffrey
de Monmouth, que descreve os primeiros reis da Grã-
Bretanha, é rejeitada como fabulosa, histórias hebréias
semelhantes, relativas ao mesmo período, não só são aceitas
como literalmente verdadeiras até o último ponto final, mas
por três mil anos constituíram o alicerce das religiões judaica
e cristã, tornando-se a base da nossa cultura ocidental.
A invasão dos hicsos e a conquista do Egito por asiáticos
algumas centenas de anos antes, levada a efeito através de
séculos, fez Ramsés se lembrar da crescente "quinta-coluna"
de estrangeiros existente no país, e, ao se preparar para a
guerra com os avassaladores hititas, internou os israelitas e
forçou-os a trabalhar naqueles prodigiosos monumentos que
fizeram dele provavelmente o homem que melhor
propaganda recebeu na história. Prendendo agentes inimigos
em potencial, Ramsés tomou as mesmas precauções de
segurança que todos os países tomam em tempo de guerra, e
naturalmente os israelitas não gostaram dessa tirania e
exigiram que os libertassem. Se todos os alemães e italianos
internados na Inglaterra durante a guerra exigissem ser
libertados e repatriados para irem reunir-se às forças
inimigas, podemos imaginar qual seria a resposta do
governo! Ramsés provavelmente ficou bastante
impressionado com o deus de Moisés, Jeová. Não devia ele
mesmo a sua vida a um deus? Em 1.287 a.C. ele tinha
marchado para o norte até Cades, a grande fortaleza dos
hititas à margem do Orontes, no Líbano. A espionagem
deficiente e a estratégia astuciosa do inimigo levaram à
derrota do exército egípcio, e Ramsés, apenas com a sua
guarda pessoal, viu-se cercado por milhares de hititas e cara
a cara com a aniquilação. Em seu desespero orou a Amon e,
como mais tarde registraram suas inscrições, "ao grito do
meu desespero, o deus veio a mim rapidamente, tomou-me
a mão e deu-me força até que o meu poder se tornou o
poder de cem mil homens". Ramsés contra-atacou, por feliz
coincidência apareceu uma divisão egípcia no momento
crucial, como Bliicher em Waterloo, e Ramsés conquistou
uma gloriosa vitória. Os hititas, em assentamentos existentes
em seus arquivos reais de Boghazkoi, juram que Ramsés
sofreu uma derrota esmagadora — o que prova que os
communiqués de guerra eram tão mentirosos como
atualmente. Era moda entre os povos da antiguidade se
gabarem da intervenção de um deus, o que nos faz
perguntar se isso terá realmente acontecido. Cícero, em Da
natureza dos deuses, Livro Primeiro, capítulo 2, conta que
em 498 a.C. Castor e Pólux intervieram para ajudar os
romanos na Batalha do Lago Regillus; Heródoto, Livro
Quarto, capítulo 118, e Plutarco, em Teseu, afirmam que em
490 a.C., na batalha de Maratona, uma figura sobre-humana
foi vista por grande número dos atenienses lutando do lado
deles contra os persas. Os Annales Laurissenses descrevem
"escudos de fogo alados" do céu derrotando os saxões que
sitiavam Sigiburb em 776 d.C. Teria Ramsés sido salvo por
um astronauta?
Depois da guerra, Ramsés assentou para criar família.
Mesmo na nossa época, em que o índice de nascimentos é
espantoso, maravilhamo-nos com a sua espantosa virilidade.
As vitórias de Ramsés na cama excederam as obtidas no
campo de batalha. Os egiptólogos verificam com espanto e
inveja que Ramsés gerou cerca de cem filhos e cinqüenta e
nove filhas, muitas das quais ele mesmo desposou, gerando
assim os seus próprios netos. Na nossa era de abonos de
família, uma empresa tão estimulante resultaria mais
proveitosa do que a loteria esportiva. Um homem macho
desse calibre não se deixaria atemorizar por Moisés, mesmo
com Deus ao seu lado.
Ramsés, apesar do seu exercício sexual — ou graças a ele,
talvez —, reinou sessenta e sete anos, mais tempo do que a
Rainha Vitória, e foi sucedido por seu filho de meia-idade,
Merneptá ("amado de Ptá"), que logo se viu confrontado
pela invasão líbia do sul. Como seu terrível pai, Merneptá na
hora da aflição procurava o conselho dos deuses. Na noite
anterior à batalha, Merneptá teve uma visão do deus Ptá, que
lhe oferecia uma espada e lhe dizia para espantar o medo.
Com Deus ao seu lado Merneptá obteve a esperada vitória.
Não é certo se sua aparição foi um astronauta, embora mais
ou menos por esse tempo, a algumas centenas de
quilômetros de distância, os gregos estivessem pondo cerco
a Tróia. Homero canta o auxílio que cada lado recebe dos
deuses, que podem ter sido seres extraterrestres. Seria de
surpreender que um astronauta deixasse a bela Helena por
espaço de meia hora e voasse até o Egito para ajudar
Merneptá em apuros? A tradição diz que Helena, depois de
indiretamente queimar as torres altíssimas de ílion, foi
arrebatada de Tróia para as terras do Nilo, embora alguns
gregos jurem que foi outra beldade com o mesmo nome, a
mesma figura e o mesmo rosto, que, por uma estranha
coincidência, também tinha deixado seu real marido para
fugir com um jovem e fascinante príncipe. Que pena que os
gregos não tivessem suplementos dominicais: Ésquilo teria
perdido os seus louros para os cronistas atenienses! Se de
fato Merneptá foi o faraó daquelas negociações finais com
Moisés, ele também devia ter conhecimento direto dos
deuses.
Essa grande figura patriarcal universal é velada em mito e
mistério; fora das tradições hebraicas não se encon- tra
referência a Moisés em documentos contemporâneos,
embora sua vida e palavras tenham muita semelhança com
as de outros heróis tutelares da mitologia grega e ugarítica. O
nascimento e destino futuro de Moisés foram profetizados
ao faraó, que então ordenou a morte de todos os meninos
hebreus. Isso é o que informam o Talmude e o historiador
Joseío (Antiguidades, n-ix), um curioso paralelo com a
chacina das crianças por Herodes (São Mateus, 11-16). Para
salvar a vida de seu filho, a mãe, Yochabed, filha de Levi,
colocou-o numa arca de juncos na beira do rio, onde foi
encontrado por Bathia, filha do faraó; ela o adotou e criou
como Príncipe Ahmose na corte egípcia. Histórias
semelhantes foram contadas a respeito de muitos heróis da
antiguidade, notadamente Ciro (Heródoto, 1-110) e Rômulo
(Tito Lívio, 1-4). Sargão, o primeiro rei semita da Babilônia,
nasceu de uma mulher pobre, que o colocou numa cesta de
caniços a flutuar no Eufrates, até que foi encontrado e
adotado por um jardineiro do palácio real. O nome "Moisés"
pode originar-se de "mosi", que significa "nascido", ou de
"mashah", "tirado" (das águas), mas alguns eruditos afirmam
que é ugarítico. O Dr. George Hunt Williamson, em seu
notável livro Secret places of the lion (Os lugares secretos do
leão), afirma saber que em outras encarnações Moisés foi
príncipe reinante da Lemúria, Hamurábi, legislador da
Babilônia. José, o rei Davi, Daniel, José, pai de Jesus, Merlin,
Montezuma e Joseph Smith, fundador da Igreja Mórmon.
Infelizmente, o Dr. Williamson não divulga as fontes de sua
divertida revelação nem do suposto entendimento secreto
entre Moisés e seu "querido amigo" Ramsés II, cuja grande
alma aparentemente encarnou como Amenotep III (pai de
Aquenaton), Jonatas, Platão, Felipe, o apóstolo, o Rei Artur
da Távola Redonda e Swedenborg. Seria fascinante, embora
infrutífero, especular sobre as personalidades mundiais que
encarnam Moisés e Ramsés atualmente.
Os ocultistas acreditam que Moisés se tornou o mais
inspirado adepto dos mistérios egípcios, iniciado na ciência
secreta herdada da Atlântida e da Lemúria, o que o capacitou
para o seu futuro papel de guia de Israel. O Talmude declara
que, quando tinha apenas três anos de idade, Moisés tirou a
coroa real da cabeça do faraó e a colocou na sua própria
cabeça. Como prova da sua intenção foram colocados diante
dele dois pratos, um contendo fogo e o outro ouro. Um
"anjo" invisível dirigiu a mão dele para o fogo, que ele levou
à boca, e desde então ficou lento de fala. Se tivesse pegado o
ouro, teria sido morto. Moisés cresceu e tornou-se um belo
príncipe, adestrado nas maneiras da corte e na guerra.
Trajava vestes reais e era amado pelo povo. Quando tinha
dezoito anos, foi visitar o pai e a mãe em Gessém e, vendo
um capataz egípcio espancar um hebreu, matou o egípcio e
fugiu, indo reunir- se a Kikano, rei da Etiópia, para quem
obteve grandes e gloriosas vitórias. O Talmude afirma que os
etíopes coroaram Moisés seu rei e lhe deram a viúva de
Kikano como esposa; mas Adonith, muito naturalmente,
opôs-se a ser esposa "só no nome", e procurou levantar
contra Moisés o povo, que o amava muito. Moisés abdicou
voluntariamente, mas, com medo de voltar ao Egito, viajou
para Madian. Descansando junto dum poço, encontrou aí as
sete filhas do pastor Jetro, com quem ele tinha vivido por
alguns anos, desposou Séfora, filha de seu hospedeiro, uma
curiosa analogia entre outro peregrino mais ou menos da
mesma época, Ulisses, que casou com Náusica em circuns-
tâncias mais ou menos semelhantes.
Dois anos mais tarde Moisés levou seu rebanho para o
Roreb, a montanha de Deus.
Apareceu-lhe o anjo de Jeová numa chama de fogo do meio
de uma sarça, e Moisés via que a sarça ardia, sem se
consumir. (Êxodo, 3, 2.)
Da "sarça ardente" a voz de "Deus" advertiu Moisés de que
não devia chegar mais perto, depois informou-o de que o
"Senhor" tinha ouvido o clamor de seu povo em aflição no
Egito, e ordenava a Moisés que fosse ao faraó e exigisse a sua
libertação. "Deus" conduziria os filhos de Israel para uma
terra onde corriam leite e mel. Através dos séculos os
comentadores não têm conseguido dar muito sentido a esse
aparecimento de "Deus" dentro de uma sarça ardente que
não se consumia; qualquer explicação convencional parecia
completamente improvável. Nossa nova experiência com os
fenômenos dos discos voadores imediatamente oferece uma
maravilhosa e empolgante explicação interpretada pelos
pousos de astronaves comunicados atualmente. Um ufo
resplandecente visto através dos ramos de uma árvore seria
descrito por pessoas completamente ignorantes como uma
"sarça ardente"; seria perigoso chegar muito perto do campo
de força da astro- nave. De acordo com o Talmude, Moisés
notou um bordão no jardim madianita e apanhou-o para usá-
lo como cajado; pela mais estranha das coincidências, era o
mesmo bordão que Adão levara para fora do éden e passara
para Abraão, Noé, Isac, José, e agora para Moisés; sugeriu-se
tratar-se na realidade da vara Vril, dotada de maravilhosos
poderes, usada pelos iniciados nos tempos atlânticos; embora
admitindo tratar-se de uma explicação um tanto fantasiosa,
uma vara assim poderia realmente produzir os aparentes
milagres efetuados por Moisés.
Moisés, com sua mulher e filhos, voltou ao Egito. É
espantoso ler no Êxodo, 4, 24, que, quando pararam em uma
estalagem, o "Senhor" encontrou-se com Moisés e tentou
matá-lo! Esse incidente inexplicável demonstra que a
narrativa do Êxodo dada na Bíblia é um tanto irracional e
sem dúvida tende a enfraquecer a plausibilidade de todos os
outros acontecimentos fantásticos. Acompanhado de seu
irmão mais velho, Aarão, Moisés enfrentou o faraó, que se
manteve impassível apesar dos milagres efetuados por
Moisés e das nove pragas enviadas pelo "Senhor". À décima
praga, que causou a morte dos primogênitos, o faraó cedeu,
e os israelitas, carregados com tesouros dos egípcios, fugiram
para o leste. Evitando o caminho mais curto ao longo da
costa, possivelmente para não passarem pelas fortalezas da
fronteira, dobraram para o sul e atravessaram as águas pouco
profundas do mar Vermelho, perto de Suez. Acredita-se
convencionalmente que ventos fortes tenham separado as
águas temporariamente, formando um vau por onde os
israelitas passaram; uma súbita tempestade possivelmente
açoitou as ondas e alagou os carros egípcios que se debatiam
na lama. Uma curiosa lenda diz que o faraó se viu
transportado a Nínive, evocando visões duma astronave;
provavelmente voltou a pé para casa.
O próprio "Senhor", um poderoso astronauta, que por
alguma razão ainda obscura adotou os israelitas, encontrou
evidentemente dificuldades práticas para efetuar a libertação.
Ele não poderia bombardear Gessém com bombas nucleares,
como fizera com Sodoma e Gomorra, matando igualmente
egípcios e israelitas; mas o faraó só cederia a uma força
irresistível. As pragas sugerem que o "Senhor" tentou
alguma forma de guerra química e bacteriológica como a
empregada naquelas guerras celestes sobre a China;
finalmente decidiu-se pela execução seletiva de alguns
egípcios. Os israelitas receberam ordem de pintar os umbrais
de suas portas com sangue e comerem apenas certas
comidas, e então o "anjo do Senhor" "passaria por eles". Que
conexão poderia haver entre "comida" e ser passado por alto
pelo anjo vingador? O Daily Express de domingo, 16 de abril
de 1966, diz que os cientistas da Universidade Cornell, de
Nova York, informam que estava sendo testada uma vacina
anti-radiação, e que podemos estar à beira duma solução
sensacional. A vacina feita da planta dum feijão oriental do
gênero Canavalia já se revelou bem sucedida em
camundongos e poderia proteger populações inteiras contra
a poeira radiativa dum ataque nuclear. Talvez as restrições
do regime alimentar a certas comidas desse aos israelitas
imunização contra alguma radiação letal usada pelo "Senhor"
para matar egípcios; prova das técnicas químico-biológicas
de que os astronautas dispunham. Por mais fantástica que
pareça essa teoria, ela não é impossível. No próximo século
os nossos cosmonautas, ao desembarcarem em outro
planeta, poderão adotar uma tribo amiga e, mais tarde, serem
obrigados a libertá-la do cativeiro com armas como as que o
"Senhor" usou para libertar os israelitas no Egito.
E o Senhor ia adiante deles de dia numa coluna de nuvem,
para lhes mostrar o caminho, e de noite numa coluna de
fogo para lhes servir de guia num e noutro tempo. (Êxodo,
13, 21.)
Muitos observadores hoje, particularmente os sócios da
Fraternidade Cósmica de Yokohama, que durante a última
década afirmam ter visto várias naves-bases nos céus
japoneses, concordam em que as enormes naves
opalescentes parecem nuvens e numerosas testemunhas
confirmam que à noite as astronaves parecem colunas de
fogo. O "Senhor" estava aparentemente fazendo uma longa
visita à Terra, se bem que não tão longa como os quarenta
anos que se diz ter durado a travessia do "deserto" entre o
Egito e a Palestina. Seu quartel-general seria provavelmente
o "navio-base", um grande "porta-aviões" do qual desceria à
Terra em um "disco" ou "nave de esclarecimento". Ele
ordenou aos israelitas para "fazerem um santuário a fim de
que eu possa morar entre eles". Êxodo, 25, o "Senhor"
descreve minuciosamente a forma, a construção, a madeira,
as cortinas e os ornamentos de ouro, prata e bronze desse
tabernáculo onde poderia residir em segredo, escondido do
povo. O tabernáculo continha a arca da aliança, construída
segundo especificações precisas, um cofre oblongo de
madeira seca, recoberto de ouro, que para as nossas mentes
científicas atualmente parece ter sido uma caixa isolada
carregada de energia eletrostática de alta voltagem,
suficientemente poderosa para matar qualquer pessoa que a
tocasse; daí se exortarem os fiéis a guardarem uma distância
respeitosa, porque o lugar onde pisavam era "santo". Em
tempos antigos, os iniciados parece que eram versados em
ciência psicoelétrica, provavelmente herdada dos
astronautas. Na Grã-Bretanha os druidas usavam forças
elétricas como Dis Lanach ("relâmpago dos deuses") e Druis
Lanach ("relâmpago dos druidas"), com as quais secavam os
inimigos. Numa Pompílio, um rei de Roma antiga, manejava
armas mágicas. Na antiga Bagdá foram encontrados "objetos
rituais" que, examinados, revelaram ser pilhas voltaicas. Os
povos primitivos tinham uma veneração supersticiosa pelo
raio; é provável que os sacerdotes de Israel, como feiticeiros
em todo o mundo, usassem eletricidade eletrostática, talvez
de maneiras não usadas hoje.
Os sacerdotes do mundo antigo desenvolveram uma ciência
psicoelétrica diferente da nossa própria ciência e possuíam
conhecimentos que os nossos pesquisadores só agora estão
descobrindo. O "Senhor", Êxodo, 28, deu instruções
detalhadas sobre a feitura das vestes e insígnias usadas por
Aarão e outros sacerdotes, enumerando as várias jóias de
ouro puro que deviam ornamentar o "peitoral do juízo" que
continha o urim e o turrim. Esses dois estranhos dispositivos
aparentemente permitiam aos sacerdotes falarem com o
"Senhor" onde quer que ele pudesse estar no céu. Para os
antigos as jóias tinham profunda significação astrológica, de
que os nossos cientistas zombavam, até que descobriram as
propriedades fantásticas dos semicondutores,
transformadores e lasers que estão transformando a
eletrônica; agora parece que os cristais de jóias possuem
estranhos poderes. Hoje instrumentos microeletrônicos
escutam em embaixadas, telemetram informações de
satélites, rubis focalizam raios laser com incrível potência e
precisão; os urins e turrins eram provavelmente rádios em
miniatura como os pequeninos discos que dizem que os
astronautas usam atualmente. A mitologia e o folclore
abundam em estranhas referências a jóias com influência
fatal sobre seus infelizes possuidores. Essa ciência trans-
cendente foi provavelmente transmitida aos iniciados na
Terra pelo "Senhor" ou outros mestres do espaço.
Ao terceiro dia, depois de raiar o dia, houve trovões e
relâmpagos. Uma nuvem espessa cobriu o monte, e ouviu-se
um sonido de buzina muito forte; estremeceu todo o povo
que estava no arraial.
Moisés levou o povo para fora do arraial ao encontro de
Deus; e pararam ao pé do monte.
O monte Sinai, todo ele, fumegava, porque Jeová tinha
descido a ele em fogo; do monte subiu o fumo, como o
fumo duma fornalha, e o monte tremia grandemente.
(Êxodo, 19, 16-18.)
Deus tinha advertido Moisés previamente, proibindo o povo
de chegar até o monte, pois certamente morreriam. O
fenômeno descrito aparentemente representa o pouso da
nave-base no cume do monte Sinai, observado pelos ate-
morizados israelitas, que nada compreendiam.
A entrega dos dez mandamentos a Moisés pelo "Senhor", no
monte Sinai, é reverenciada pelos judeus e cristãos como
uma revelação divina única na história humana, provando
que os israelitas devem ser o "povo escolhido" de Deus. Os
crentes das Escrituras devem saber que Minos, fundador de
Cnossos, recebeu as leis cretenses de um deus num monte
sagrado, citado por Dionísio de Halicarnasso em
Antiguidades romanas, 2-61; uma estela desenterrada em
Babilônia representa o grande legislador Hamurábi aceitando
as suas famosas leis em tabuinhas de pedra de um Deus,
Sámas, também numa montanha. A maioria dos países
venera alguma montanha sagrada relacionada com seus
deuses. A revelação a Moisés recebendo os dez
mandamentos escritos em lajes de pedra no monte Sinai
podia ser apenas uma representação convencional para
inspirar o patriotismo israelita; se o acontecimento real-
mente ocorreu, aparentemente sugere instrução por um
astronauta.
Depois de conduzir os israelitas através do deserto até a
fronteira de Canaã, Moisés subiu ao monte Nebo, de cujo
alto cume o "Senhor" lhe mostrou a Terra Prometida, onde
ele não poderia entrar; diante dessa visão abençoada, o
patriarca morreu. Moisés tinha cento e vinte anos de idade,
"seus olhos não estavam fracos nem suas forças naturais
diminuídas". O monte Nebo era consagrado a Mercúrio,
identificado com Tot e Hermes; suas encostas eram
freqüentadas por iniciados dum culto antigo, que se dizia
que adoravam o planeta Mercúrio, sugerindo que essa
montanha podia ter sido um campo de pouso de astronautas
desse mundo oculto.
O Midrash afirma que Moisés era "meio Deus, meio
homem", verdadeiro rei de Israel. Se a libertação narrada no
livro do Êxodo realmente aconteceu é ponto a discutir; as
tradições de Moisés, tão firmemente arraigadas na cons-
ciência judaica por mais de trinta séculos, inspiraram não só
os hebreus, mas toda a humanidade. Esse heróico chefe
lutou para desviar os israelitas de seus deuses tribais e
convertê-los ao monoteísmo, a adoração de um deus único.
O próprio Jeová era provavelmente um astronauta, mas a
doutrina esotérica do judaísmo reconhece a essência supre-
ma de Deus, o Criador; e assim Moisés, por sua épica
inspiração, realizou o sonho de Aquenaton.
É um paradoxo fascinante que a realidade de Moisés nos seja
aparentemente provada não pela Bíblia, mas pelos
fenômenos da nossa própria era espacial. Aqueles encontros
de Moisés com Deus evocam os encontros de Adamski com
Orthon, de Vénus; o "poder e a glória" que ofuscavam os
israelitas lembram as astronaves brilhantes que assombram
muitos homens atualmente. Aqueles tempos maravilhosos
do Velho Testamento estão chegando novamente. Em todo
o mundo homens e mulheres dedicados esperam a chegada
de seres extraterrestres das estrelas; talvez já alguns
espaçonautas estejam inspirando algum novo Moisés a
libertar a humánidade da escravidão do nosso trágico século
XX.
O antigo Egito foi realmente visitado por astronautas? Os
acontecimentos sobrenaturais do Êxodo podem ser ex-
plicados como uma intervenção extraterrestre nas terras do
Nilo?
Um papiro muito deteriorado encontrado entre os papéis do
defunto Professor Alberto Tulli, diretor do Museu Egípcio
do Vaticano, traduzido pelo Príncipe Bóris de Rachenwiltz,
foi identificado como parte dos anais de Tutmés m, de
aproximadamente 1500 a.C. (900 a.C., segundo Valikovsky).
... No ano 22, do terceiro mês do inverno, sexta hora do dia,
os escribas da Casa da Vida verificaram que vinha vindo um
círculo de fogo no céu... não tinha cabeça. De sua boca saía
um hálito que fedia. Media uma vara de comprimento e uma
vara de largura, e era silencioso. E os corações dos escribas
encheram-se de terror e confusão. Os escribas arrojaram-se
de bruços no chão... Comunicaram-no ao faraó. Sua
Majestade ordenou... Foi examinado... estava meditando
sobre o que tinha acontecido e que foi registrado em papiros
na Casa da Vida. Ora, depois que alguns dias se tinham
passado, eis que aquelas coisas se tornaram mais numerosas
do que nunca no céu. Brilhavam mais do que o brilho do Sol
e estendiam-se até os limites dos quatro suportes do céu.
Dominando no céu estava a estação desses círculos de fogo.
O exército do faraó observava com ele no seu centro. Era
depois da ceia. E então esses círculos de fogo subiram mais
alto no céu para os lados do sul. Peixes e animais alados ou
aves caíram do céu. Uma maravilha nunca antes vista desde
a fundação deste país! E o faraó mandou trazer incenso e
fazer paz na terra... E o que aconteceu o faraó ordenou que
fosse escrito, nos anais da Casa da Vida... a fim de que fosse
lembrado para sempre.
Tutmés IV, avô de Aquenaton, dormindo sob as estrelas,
entre as patas da esfinge, "sonhou" que um "deus" lhe
ordenava que afastasse a areia e revelasse a esfinge em sua
verdadeira grandeza. Seria um astronauta a "visão" do faraó?
Heródoto, no Livro Segundo, capítulo 91, descreve
vividamente o Templo de Perseu, filho de Danae e Zeus, na
cidade de Chemmis, perto de Tebas, acrescentando:
O povo de Chemmis diz que éste Perseu aparece
freqüentemente aqui e além na sua terra e também dentro
do templo; e uma sandália de dois cúbitos de comprimento
que ele usou foi encontrada e toda a vez que esta aparece o
Egito floresce... E dizem que quando ele veio ao Egito pela
mesma razão que os gregos dizem, isto é, para apanhar a
cabeça da Gorgona da Líbia, ele veio até eles também e
reconheceu todos os seus parentes.
Perseu, o matador da Medusa, cujo rosto transformava todos
os homens em pedra, voava através do ar com sandálias
aladas, evocando lembranças de astronautas.
Pelo ano de 670 a.C. o crescente poder da Assíria ameaçava
o Oriente Médio; em campanhas de feroz crueldade,
Senaqueribe queimou as cidades de Israel e avançou sobre o
Egito. Ezequias uniu-se ao Faraó Tiharkah (Heródoto diz
"Sethos") para se opor ao inimigo comum. Heródoto (Livro
Segundo, capítulo 141) conta que quando Senaqueribe, rei
dos árabes e dos assírios, entrou com seu vasto exército no
Egito, ninguém do exército egípcio quis ir em auxílio do
faraó. Em sua aflição, o monarca entrou no santuário interior
e, diante da imagem do deus, lamentou a sua sorte iminente.
E adormeceu. O deus apareceu e disse-lhe que se
tranqüilizasse, pois ia mandar-lhe quem o ajudaria. O faraó
reuniu um exército de negociantes, artesãos e gente do
mercado e marchou para Pelúsio, na fronteira do Egito.
Então, quando os adversários vieram, bandos de ratos do
campo avançaram sobre eles de noite e roeram seus
carcases, seus arcos e as alças de seus escudos, de modo que,
de manhã, eles fugiram desarmados e muitos foram mortos.
(Heródoto, Livro Segundo, capítulo 141.)
Isso nos faz lembrar uma famosa caricatura de Bruce
Bsirnsfather, da Primeira Guerra Mundial. "Old Bill",
examinando as trincheiras arrasadas e os abrigos destruídos,
observa para outro soldado inglês que o estrago deve ter sido
causado por ratos. Oficiais do serviço secreto alemão,
examinando a caricatura intrigados, protestam com
indignação: "Propaganda inglesa! O ataque foi levado a efeito
por fogo de morteiros. O alto comando não recruta ratos".
Heródoto, surpreendentemente impressionado, concluiu:
E agora este rei ergue-se em pedra no templo de Héfaistos
com um camundongo na mão, e a inscrição diz: "Olha para
mim e sê piedoso".
Essa curiosa referência de Heródoto a multidões de ratos do
campo roendo os carcases e as cordas dos arcos dos assírios
lembra a guerra entre Nemrod, rei da Babilônia, e Abraão,
que invocou uma imensa nuvem de mosquitos que cobriu o
sol e roeu os soldados de Nemrod até os ossos. Lembramo-
nos de Hiroxima e Nagasáqui! Para o ignorante, a morte por
bombas radiativas poderia parecer como o roer de
incontáveis camundongos ou ser comido vivo por
mosquitos.
O livro de Isaías, 37, sugere que essa libertação ocorreu não
em Pelúsio, mas na própria Jerusalém. Ezequias, alarmado
com a invasão assíria, procurou ansiosamente a ajuda do
profeta Isaías, que disse que o Senhor prometeu "mandar
uma praga" contra Senaqueribe. Ao receber pedidos de
assistência do angustiado rei egípcio, Tirhakah, Ezequias
orou ao Senhor pedindo auxílio. O qual lhe deu sua resposta
através de Isaías.
Eu protegerei esta cidade, para a salvar por causa de mim e
por causa de Davi, meu servo.
Saiu, pois, o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios
cento e oitenta e cinco mil homens. E, despertando o
acampamento pela manhã cedo, eis que todos estes eram
corpos mortos. (Isaías, 37, 35-36.)
Essa explosão do céu lembra a destruição de Sodoma e
Gomorra pelos anjos do Senhor. Exame recente dessa área
sugere bombardeio nuclear por astronautas. Nennius, em sua
História da Grã-Bretanha, lembra que São Germano orou ao
Senhor por três dias e três noites e, na terceira noite, à
terceira hora, caiu fogo do céu e queimou totalmente o
Castelo de Vortigern, matando a ele e a todas as suas esposas.
Nennius também menciona: "São Patrício lembrava Moisés
quando o anjo lhe falou em uma sarça ardente, também ele
viveu cento e vinte anos e ninguém conhece o seu
sepulcro". Um interessante suplemento aos acontecimentos
alegados no Êxodo!
A maior personagem que já pisou aquelas históricas areias do
Nilo foi sem dúvida Apolônio, o "fazedor de milagres" de
Tiana, que algumas pessoas acreditam que foi Jesus. Antes do
nascimento de Apolônio, em 4 a.C., uma aparição se
materializou à mãe dele e revelou-lhe que era Proteu, deus
do Egito, e que o filho que ela ia ter seria ele. Apolônio,
acompanhado de seu fiel Damis, visitou a índia e a maioria
das terras do Mediterrâneo; a pitoresca biografia que dele
escreveu Flávio Filóstrato rivaliza com a obra de Heródoto
como o mais fascinante diário de viagem da antiguidade.
Essa maravilhosa e benigna figura passou muito tempo entre
os gimnosofistas, os filósofos nus do alto Nilo; seus
ensinamentos foram provavelmente recebidos de seres
espaciais, pois quando Apolônio desapareceu, com a idade
de cem anos, os cretenses juraram que ele tinha subido ao
céu. Durante séculos depois de sua "morte" Apolônio foi
adorado como um deus.
É difícil encontrar provas tangíveis de astronautas no antigo
Egito, especialmente porque os nossos egiptólogos, hostis à
atividade extraterrestre, não as reconheceriam. Em cinco
mil anos, que vestígios restarão para mostrar que a nossa
própria Real Força Aérea uma vez dominou os céus do
Egito? Na Líbia há trechos de deserto juncados de umas
pedrinhas vítreas chamadas tektites, que contêm os isótopos
radiativos alumínio 26 e berílio 10. O físico armênio M.
Agrest, em seu brilhante artigo publicado na Literaturnaya
Gazeta, de Moscou, explica que devem ter menos de um
milhão de anos; como as tektites não são de origem
vulcânica ou cósmica, provavelmente foram formadas por
intenso calor e radiatividade; ele sugere que foram fundidas
nas areias por espaçonaves ao frearem subitamente ou talvez
pelos seus retrofoguetes. Outros cientistas soviéticos
sugerem uma nave interestelar sondando a superfície da
Terra embaixo com "sondas" especiais e seriam essas sondas
que produziram as tektites. M. Agrest também chama a
atenção para o terraço ciclópico existente em Baalbek, entre
as montanhas do Líbano, que mistificou Mark Twain
quando passou por lá; alguns dos enormes blocos de pedra,
com mais de mil toneladas de peso, exigiriam mais de
quarenta mil homens para movê-los à força de braço.
Lembramo-nos das estruturas gigantescas da América do Sul
e pensamos novamente nas pirâmides. O Líbano não fica
longe do Egito e do deserto da Líbia. Quem talhou esses
blocos? Por quê? Seria Baalbek uma estação de lançamento
de astronaves?
No planalto de arenito de Tassili, no meio do deserto do
Saara, há rochas profusamente cobertas de centenas de
pinturas fascinantemente coloridas, representando girafas,
elefantes, antílopes, caçadores com arcos e flechas caçando
gazelas, cenas em planícies tropicais há milênios. O Dr.
Henri Lhote descobriu o afresco gigantesco de uma figura
humana de cinco metros e meio de altura, a que ele chamou
"o grande marciano", pois, como muitos outros retratos
menores, ele tinha cabeça estranhamente redonda,
sugerindo um capacete espacial. Esses estranhos desenhos
evocam Oannes, a criatura pisciforme que, segundo Beroso,
ensinou os primitivos babilônios. Estatuetas semelhantes de
barro, encontradas no Japão e chamadas "dogu", repre-
sentam, ao que se acredita, astronautas com trajes pres-
surizados. Os afrescos de Tassili poderão representar os
"deuses", mestres do céu, que visitaram a Líbia e o antigo
Egito.
As areias douradas do Nilo ainda cobrem os segredos desta
misteriosa e mágica terra do Egito; suas colunas destroçadas
e inscrições escassas mostram apenas um vislumbre
tantalizante de seu grande e glorioso passado. Se olharmos
esses restos mudos de milênios sem conta e compararmos os
papiros esfarrapados com a Bíblia e as maravilhosas epopéias
de outros povos da antiguidade, concordaremos sem dúvida
em que a sabedoria do velho Egito foi inspirada por seus
deuses, os astronautas.
Capítulo Treze
REIS ESPACIAIS DA BABILÔNIA
Babilônia! Esta palavra mágica evoca uma terra de
maravilhas, velada pelas névoas do tempo na obscura anti-
guidade, um reino de encantamento, onde o próprio Deus
desceu dos céus em memorável e significativa revelação que
rege as vidas dos homens até hoje. Dessa matriz entre o
Tigre e o Eufrates saiu a religião da nossa Bíblia, a civilização
do nosso Ocidente, a própria esperança do nosso mundo. A
alma do homem anela por sua pátria espiritual, onde o mito
se torne realidade; aqui, há muito tempo, acontecimentos
sobrenaturais santificaram a nossa Terra, iluminando as vidas
vazias dos homens com maravilhosa significação. No
horizonte além, como uma miragem, resplendia o jardim do
éden; por sobre o seu terreno inundado flutuou Noé em sua
arca; aqui ruiu a Torre de Babel de onde os homens se
atreveram a desafiar os deuses; aí o "Senhor" esteve com
Abraão à porta de sua tenda; junto dessas águas tristes e
pardacentas choraram os judeus exilados. Das sólidas
muralhas da Babilônia partiram reis poderosos para
conquistar o Oriente Médio; nos famosos jardins suspensos
rainhas sedutoras exibiam sua beleza; naquelas torres
altíssimas sacerdotes austeros estudavam as estrelas. Mas
sombrios séculos de império degeneraram em devassidão e
vício, até que essa vasta metrópole, a "prostituta"
amaldiçoada pelos profetas, encontrou a sua destruição fatal,
assolada por soldados viris, saqueada, corrompida, desertada,
sepultada sob a lama, um monte de tijolos desolado e
esquecido. Durante quase dois mil anos a Babilônia foi
centro de civilização; sua língua, suas leis, sua ciência
iluminavam o mundo; sua religião maravilhosa inspirava as
almas dos homens; em seu solo ressequido pelo sol foi
representado o drama cósmico que ainda hoje domina a
humanidade. A orgulhosa Babilônia desapareceu; suas pedras
mudas são uma advertência para as nossas cidades dissolutas
de hoje.
Dizem que os antepassados dos misteriosos acades foram os
chandras ou indovansas, os reis lunares que governaram a
Índia há milênios e depois trouxeram a religião e a ciência
indianas para a Caldéia. Esses seres celestiais foram
provavelmente astronautas de outros planetas que primeiro
desembarcaram na Lua e depois desceram à Terra, de acordo
com o que sugerem lendas de todo o mundo.
Os babilônios diziam-se imensamente antigos. Beroso,
sacerdote de Bel na Babilônia, por volta de 250 a.C., viveu
algum tempo em Atenas e escreveu em grego Babyloniaca,
que dedicou a Antíoco I, uma história da Babilônia, baseada
nos anais do templo caldeu. Disse ele que esses anais
escritos, preservados com o maior cuidado, abrangiam
quinze miríades de anos, contendo uma história do céu e da
terra e do mar, do nascimento da humanidade e dos maiores
soberanos do passado. Os sacerdotes babilônios eram
famosos por sua sabedoria e parece plausível que guardassem
preciosamente todos os documentos do seu antigo passado.
Beroso era muito fiel à verdade, e é uma tragédia que sua
erudita obra tenha sido destruída; a única coisa que resta
dela são fragmentos citados por Apolodoro, Alexandre
Polyhistor, Syncellus, Josefo e algumas supostas falsificações
de Eusébio. Este erudito sacerdote de Abideno acreditava
que dez reis (dinastias divinas) tinham reinado quatrocentos
e trinta e dois mil anos, e depois o deus Cronôs (astronauta?)
predisse o dilúvio a Sisitro, que construiu uma arca, enviou
três aves e encalhou nas montanhas da Armênia. Cronos
também aconselhou Sisitro a escrever uma história desde o
Começo e a enterrar a narrativa em segurança na Cidade do
Sol em Sippara. Dizem que Nabonasir (730 a.C.) reuniu
todos os mementos dos primeiros reis anteriores a ele e os
destruiu para que a enumeração dos reis caldeus começasse
com ele; destruição repetida por imperadores megaloma-
níacos da China a Roma, causando a ausência quase total de
documentos do passado remoto.
Os sumerianos, como os antigos indianos, japoneses,
egípcios e gregos, acreditavam numa idade de ouro em que a
Terra foi governada pelos deuses, e depois por heróis e reis
sobre-humanos. A lista de reis sumerianos menciona cinco
cidades existentes antes do dilúvio: Eridu, Bad-tibira, Larak,
Sipar e Surupaque.
Quando a realeza foi descida do céu, a realeza estava em
Eridu. Em Eridu, Abulim tornou-se rei e reinou vinte e oito
mil e oitocentos anos. Alalgar reinou trinta e seis mil anos.
Dois reis reinaram sessenta e quatro mil e oitocentos anos...
Eram cinco cidades. Oito reis reinaram duzentos e quarenta
e um mil anos. Então veio o dilúvio.
Esses espantosos reinados provavelmente referem-se a
dinastias; são como as tradições indianas de Rama reinando
dezoito mil anos e as incríveis idades alcançadas por
Matusalém e os patriarcas da Bíblia.
Na lista de reis sumerianos há menção da descida pós-
diluviana de astronautas e subseqüentes relações entre a
Terra e o céu. Em Ancient Near Eastern texts relating to the
Old Testament (Textos antigos do Oriente Próximo relativos
ao Velho Testamento), compilado por J. B. Pritchard
(Princeton University Press), na página 114 são dadas
traduções da lenda popular de Etana, que parece ter tido
convívio com astronautas. A nota introdutória declara:
Depois do dilúvio, a realeza foi novamente descida do céu.
Em Quis (Ur), Etana, um pastor, o que subiu ao céu e
consolidou todos os países, tornou-se rei e governou mil e
quinhentos e sessenta anos. Balik, filho de Etana, reinou
quatrocentos anos. Selos cilíndricos do período acadiano
antigo representam uma figura com o nome de Etana — um
mortal em todos os sentidos, a não ser pelo fato de seu nome
ser escrito com o determinativo de "rei", uso aplicado
também aos reis das dinastias acadianas antigas e algumas das
dinastias sucessivas — e é assunto duma lenda complicada.
O assunto é, pois, evidentemente, muito antigo. Além disso,
sua popularidade é atestada pelo fato de que a lenda chegou
até nós em fragmentos de três versões: babilônio antigo (A),
assírio médio (B) e neo-assírio, da biblioteca de Assurbanípal
(C). Com o auxílio dessas três versões, das quais a última é de
longe a mais bem conservada, pode-se reconstruir a história
em linhas gerais como segue:
"Etana tinha sido designado para trazer à humanidade a
segurança que a realeza proporciona. Mas sua vida seria
malograda enquanto não tivesse filhos. O único remédio
conhecido parecia ser a planta do nascimento, que Etana
devia trazer do céu em pessoa. O difícil problema do vôo ao
céu acabou sendo solucionado quando Etana obteve o
auxílio de uma águia. A águia tinha traído sua amiga, a
serpente, e estava morrendo num poço em conseqüência de
sua perfídia. Etana salvou a águia e como recompensa foi
levado ao céu por ela num vôo espetacular e acidentado".
O texto interrompe-se no momento crítico. Mas o fato de a
lista dos reis mencionar o nome do filho e herdeiro de Etana
e o outro fato de que os mitos representados em selos
normalmente não comemoram desastres permite a
conclusão de que o fim foi feliz.
Era comum associar aos deuses a águia babilônia ou Simorgh;
a significação da serpente não é clara, salvo que costumava
ser um símbolo de sabedoria. Talvez a lenda oculte um
incidente histórico em que um rei foi numa astronave a
outro planeta.
"Deus" curou Sara, esposa de Abraão, de sua esterilidade.
Alberto Fenoglio dá uma surpreendente versão em Clypeus,
anno III, n° 2, provavelmente citando de Ur, Assur und
Babylon (Ur, Assur e Babilônia), deH. Schoekel, traduzido
como segue:
Em escavações efetuadas em Nínive foram descobertos na
biblioteca do Rei Assurbanípal uns cilindros de barro nos
quais se descreve uma viagem ao céu. Aí se narra que o Rei
Etan, que viveu há mais ou menos cinco mil anos, chamado
"o bom rei", foi levado como hóspede de honra numa nave
voadora em forma de escudo, a qual pousou numa praça
atrás do palácio real, rodando circundada por um vórtice de
chamas. Da nave voadora desembarcaram homens altos,
louros, de tez morena, vestidos de branco, belos como
deuses, que convidaram o Rei Etan, um tanto dissuadido por
seus próprios conselheiros, a fazer uma viagem na nave
voadora; no meio dum remoinho de chamas e fumaça, ele
subiu tão alto, que a Terra, com seus mares, ilhas,
continentes, parecia como "um pão numa cesta"; depois
desapareceram da vista.
O Rei Etan, na nave voadora, chegou à Lua, Marte, Vénus e,
após duas semanas de ausência, quando seus súditos já se
preparavam para uma nova sucessão do trono, acreditando
que os deuses tinham levado Etan consigo, a nave voadora
deslizou por cima da cidade e pousou rodeada dum anel de
fogo. O fogo apagou-se e o Rei Etan desceu com alguns dos
homens louros, que ficaram como hóspedes dele por alguns
dias.
Esse texto, que não é conhecido do nosso Museu Britânico,
evoca as experiências de Enoc, Ezequiel e Adamski;
esperamos que seja verdadeiro.
Proclo, no Timeu, Livro Primeiro, cita Iâmblico como
dizendo:
Os assírios não só conservaram as crônicas de vinte e sete
miríades de anos (duzentos e setenta mil anos), como
Hiparco diz que fizeram, mas também as de todas as
apocatásteses e períodos dos sete soberanos do mundo.
Os antigos persas, que subseqüentemente venceram os
babilônios, acreditavam que antes de Adão a Terra foi
governada durante sete mil anos por gigantes atlantes maus e
durante dois mil anos pelos benéficos peris, filhos da
Sabedoria, possivelmente astronautas. Gian, rei dos peris,
tinha um escudo mágico à prova das feitiçarias dos devs, mas
impotente contra Iblis (Satã). Os persas contavam dez reis
antediluvianos, concordando com Beroso; eles também
alegavam possuir uma raça antiqüíssima de reis cujas estátuas
se erguiam numa galeria dentro das montanhas de Kaf; todos
esses setenta e dois reis sábios eram chamados Suliman;
reinavam três, a cada mil anos. O grande Rei Huschenk, que
restaurou a civilização, combateu os gigantes num cavalo
.alado; seu famoso filho Tahmurath, em seu corcel alado,
libertou peris aprisionados pelos gigantes; seu sucessor
Giamschi, cantado por Omar Khayyam, construiu Esikar, ou
a antiga Persépolis.
Os seres extraterrestres podem funcionar numa consciência
de tempo muito diferente da nossa. Alguns planetas
adiantados gozam de civilizações que duram milhões de
anos, onde sua gente atinge poderes físicos, mentais e es-
pirituais que excedem tudo o que podemos imaginar. Os
Vedas, o Livro dos Mortos e as nossas próprias Escrituras
falam de deuses além do espaço e do tempo; para nós
parecem eternos, assim como o homem poderia parecer
eterno para uma transitória borboleta. É possível que
observadores do espaço venham estudando a Terra há mi-
lhões de anos e tenham visto muitas civilizações surgirem e
caírem desde quando nossas terras eram oceanos e nossas
montanhas meros rochedos à beira-mar. Pode ser que os
astronautas venham à Terra a cada mil anos, para nós uma
rara ocasião isolada sem significação, mas para os extra-
terrestres que percorrem a nossa galáxia, e mesmo outras
além, uma visita a cada mil anos pode ser apenas um
controle sistemático. Os visitantes do espaço cujas mentes e
percepção operam em planos além do nosso conhecimento
devem evidentemente achar a comunicação com os
habitantes da Terra um tanto difícil, exatamente como nós
acharíamos difícil comunicarmo-nos com os pigmeus das
matas africanas. Jeová falava a Abraão e Moisés com o ar
superior dos nossos missionários vitorianos que tratavam
com os hotentotes. A comunicação entre civilizações
estranhas sem experiência mútua é extremamente difícil; os
astecas, um grande povo, gente inteligente, receberam os
espanhóis com mais espanto do que nós dispensaríamos a
homens de Marte.
Abraão, Moisés, Beroso e todos os sacerdotes de Israel e
Babilônia ficariam desnorteados, quase loucos, na nossa era
nuclear, e seria necessária uma lavagem cerebral para
condicioná-los aos nossos padrões de pensamento atuais;
analogamente, os nossos próprios arqueólogos de gênio
trasladados para a Babilônia dificilmente compreenderiam o
espírito de três milênios atrás; sua avaliação daquela idade,
aferida por mentes do século XX, revelar-se-ia
completamente inadequada; certamente daqui a três mil
anos se darão tristes palpites sobre os nossos tempos
torturados. Os patriarcas, os filósofos e os historiadores da
antiguidade eram profundos pensadores, com menos dis-
trações do que nós; eram herdeiros de valiosas tradições
dum passado remoto, e eram homens práticos também,
defrontados com todos os problemas da vida diária; sabiam o
que realmente acontecia, seus olhos viam, seus ouvidos
ouviam, registravam suas experiências, acontecimentos tão
extraordinários que, apesar das traduções erradas e das
interpretações erradas, inspiraram os séculos até nossos dias.
Por mais que respeitemos os nossos brilhantes historiadores
e dedicados arqueólogos, não deveríamos suspender as
nossas críticas àqueles cronistas antigos e considerar seu
fundo cultural? Quem eram os babilônios e que pensavam
eles de seu próprio país, que certamente conheciam melhor
do que nós?
A Babilônia e a Assíria cobriam aproximadamente as áreas
sul e norte do moderno Iraque; embora a Palestina não
fizesse parte do Império Babilônio, ela estava claramente
dentro da esfera de influência babilônia, com íntimos laços
religiosos, políticos, literários, culturais unindo os dois
povos; muitas das experiências que nós acreditamos
exclusivamente judaicas foram na realidade compartilhadas
pelos babilônios, que também compartilhavam tradições
semelhantes. O homem vive na Terra há mais de um milhão
de anos, e é, por conseguinte, impossível designar os
habitantes originais de qualquer país. Nos primeiros tempos
históricos os povos da Mesopotâmia eram provavelmente
antigos semitas da Arábia ou do Irã, onde as condições
climáticas deviam ser muito mais benéficas do que hoje. Por
volta de 4.000 a.C. os sumérios, que falavam uma língua
aglutinante arcaica, afim do chinês, semelhante, segundo se
diz, à língua original falada na Lemúria submersa, migraram
da Índia, levando consigo a religião, a ciência e as tradições
dos antigos Vedas; essa migração pode ter ocorrido milênios
antes, especialmente quando se acredita que a cultura
sumeriana reflete o maravilhoso Império do Sol de Mu.
Escavações efetuadas em Ur, suposta terra natal de Abraão,
mostram que por volta de 2.500 a.C. os sumérios tinham
atingido uma brilhante civilização. As descobertas que Sir
Leonard Woolley fez de vasos de ouro magníficos, lindas
jóias, armas e ornamentos maravilhosos no túmulo da
Rainha Subad fascinam-nos hoje e comparam-se em
esplendor com achados semelhantes feitos no Egito
contemporâneo, evidência de artesanato e tecnologia
admiráveis. Os sumérios tinham considerável conhecimento
de matemática; dividiam o círculo em trezentos e sessenta
graus e a hora em sessenta minutos, cada um com sessenta
segundos. Aceitamos esse legado da antiga Suméria sem
apreciar devidamente os profundos conhecimentos
filosóficos, astronômicos e matemáticos necessários para
conceber tal divisão do tempo em horas, minutos e
segundos, conceitos que a nossa própria ciência sofisticada
não pode exceder. Não teriam os sumerianos recebido essa
medição de tempo de seus mestres do espaço?
Partindo de pictogramas, os sumérios desenvolveram um
sistema de escrita cuneiforme inscrita em tabuinhas de barro
cozido ao sol. O sumeriano, uma das grandes línguas da
história, durante o terceiro e quarto milênios foi ampla-
mente usado no comércio, no direito e na administração,
imortalizando a fascinante epopéia de Gilgamés, primeira
literatura do nosso mundo. Por volta de 2.500 a.C. vieram
novos invasores que se estabeleceram no sul e se misturaram
com os sumerianos; os recém-chegados falavam acádico,
uma língua semítica que continha muitas palavras indo-
européias, raízes do futuro grego, do latim, do alemão e do
inglês moderno, sugerindo que os imigrantes se originaram
no Irã, mesmo na Índia. O acádio em escritura sumeriana
constituiu a linguagem diplomática e ritual do Oriente
Médio, o latim do mundo semítico antigo, eclipsando o
egípcio. As cartas de Amarna, enviadas ao malfadado
Aquenaton por seus aflitos governadores de todo o império
assediado, foram escritas em acádico.
Ao avaliarmos os informes sobre a vinda de astronautas na
antiguidade, devemos levar em conta a formação intelectual
dos povos que supostamente eles visitavam; geralmente são
tratados com mais respeito homens educados do que
selvagens supersticiosos, embora algumas vezes ainda hoje
pode ser que não haja muita diferença. A civilização reside
mais em idéias do que em objetos. Pitágoras e Platão não
deixaram relíquias para os nossos museus, mas sua conversa
à mesa fez deles os homens mais civilizados de toda a
Grécia; se escavassem a choupana de Homero, os nossos
arqueólogos poderiam julgá-lo um homem das cavernas. Os
sumérios e os acades devem ter-se desenvolvido através de
muitos e muitos milênios para poderem cunhar as palavras
que simbolizavam os sublimes conceitos e a fantasia poética
da literatura babilônia; linguagens assim expressivas indicam
a imensa antiguidade e os conhecimentos culturais desse
povo fascinante, muito melhor do que objetos encontrados
na lama. Daqui a cinco mil anos os futuros arqueólogos ao
escavarem Londres poderão encontrar apenas a obra de
Woolworth, não tão impressionante como o Museu
Britânico, mas talvez mais típica destes nossos tempos
espaventosos.
Depois dos acades, estabeleceram-se na Babilônia os
amorreus, seguidos de mais semitas, que ocuparam o Tigre
Superior, tornando-se os assírios. Por volta de 800 a.C.,
tribos caldéias assumiram o domínio; mas geralmente os
caldeus são considerados uma seita sabeísta antiqüíssima de
adoradores dos astros, possuidores de ciência e conheci-
mentos ocultos, os famosos astrólogos da antiguidade.
A confusa história apresentada pela arqueologia torna-se
mais complicada com as novas descobertas. A posição
central da Mesopotâmia entre a Europa e a China, a Rússia e
a Índia, foco de toda a massa de terra eurasiática, tornou o
país evidentemente um ímã durante as grandes migrações
de pré-história. Muitas raças turbulentas devem ter ocupado
esta terra fértil. A localização estratégica da Babilônia deve
ter merecido estudo especial dos astronautas, sugestão
apoiada pelas lendas sumerianas e pelo Velho Testamento.
Muitos tijolos desenterrados na Babilônia representam
dragões voadores, o símbolo das astronaves usado pelos
chineses; os babilônios acreditavam que Deus existia no
"mar" do espaço; os judeus oravam a seu "pai no céu"; toda a
antiguidade adorava os super-homens no céu. Os iniciados
da escola dos mistérios babilônios muitas vezes se
intitulavam "filhos do dragão", querendo dizer originalmente
"discípulos dos astronautas". Poemas ugaríticos descobertos
referiam-se a Baal, filho do dragão, como "cavaleiro das
nuvens". Acreditava-se que ele tinha um maravilhoso
palácio numa altíssima montanha do norte, semelhante ao
templo do Rei Salomão. Os astronautas podem ser chamados
"cavaleiros das nuvens"; eles também vêm do norte,
segundo dizem, pelas aberturas existentes nos cinturões de
Van Allen; também eles se originam em reinos de
maravilha, uma terra mágica que Agobard, arcebispo de Lião
em 840 d.C., chamou "Magonia". De acordo com Alexandre
Polyhistor:
Beroso descreve um animal dotado de razão que foi
chamado Oannes; todo o corpo do animal era como o de um
peixe e tinha debaixo da cabeça de peixe outra cabeça e
também pés embaixo semelhantes aos de um homem,
ajustados à cauda de peixe. Sua voz e também a linguagem
eram articuladas e humanas e uma representação dele é
conservada até o dia de hoje. Este ser costumava conversar
com os homens, mas não tomava comida então, e dava-lhes
instruções sobre letras, ciências e toda a espécie de arte.
Ensinou-os a construir casas, a fundar templos, a compilar
leis, e explicou-lhes os princípios do conhecimento
geométrico. E fê-los distingir as sementes da terra e
mostrou-lhes como colher os frutos; em suma, instruiu-os
em tudo o que podia tender a abrandar os costumes e
humanizar a humanidade. Tão universais foram os seus
ensinamentos que desde esse tempo nada mais de material
foi acrescentado que pudesse considerar-se
aperfeiçoamento. Quando o Sol se punha, era costume este
ser mergulhar novamente no mar e ficar toda a noite nas
profundezas, pois era anfíbio. Depois disso apareceram
outros animais como Oannes.
Polyhistor continua:
Beroso escreveu a respeito da geração da humanidade,
quando não havia senão escuridão e um abismo de água.
Apareceram homens com duas asas, alguns com quatro e
dois rostos, órgãos de macho e fêmea.
Fragmentos de Abydenus diziam:
Um semi-demônio chamado Anedoto muito semelhante a
Oannes saiu uma segunda vez do mar... depois Davs, o
pastor, governou pelo espaço de dez sari (um saro tinha três
mil e seiscentos anos); ele era de Pentibiblon, e no seu
tempo vieram do mar para terra quatro personagens de
dupla forma, cujos nomes eram Evadoco, Everigames,
Ennebolo e Anemento.
Em linguagem esotérica o "mar", ou as "profundezas", muitas
vezes significava "regiões do espaço"; uma criatura com
cabeça de peixe e outra embaixo dela e pés humanos parece
ter sido um homem com um traje espacial. A referência a
andróginos com quatro asas e dois rostos parece sugerir
vagamente a famosa visão de Ezequiel junto ao rio Chebar e
provavelmente refere-se a astronave, não a astronautas.
Hoje acredita-se que há astronaves que estão descendo às
profundezas do oceano, de modo que Oannes, como
Netuno, podia realmente emergir do próprio mar. Como
Jeová, que se retirava para o tabernáculo, Oannes todas as
noites voltava às "profundezas", provavelmente para a sua
astronave.
Beroso era um sábio sacerdote; sua história deve ter sido
aceita por seus colegas eruditos, a quem ele provavelmente
consultou. Eles acreditavam que vários seres maravilhosos
tinham civilizado os babilônios. Quem somos nós para
discordar?
A Babilônia, reconstruída por Nemrod, "um poderoso
caçador diante de Jeová", era mais do que uma cidade, era
uma civilização que dominou as mentes dos homens por
milhares de anos. Para os sábios era a fonte da sabedoria, o
centro multimilenar da magia; para o populacho aqueles
templos de prazer prometiam delícias tentadoras.
Orgulhosos ainda do nosso próprio império desaparecido,
nós, os ingleses, mal podemos compreender que o período
que decorreu do grande Sargão, rei dos reis (2.371 a.C.), à
conquista da Babilônia por Alexandre (323 a.C.) é mais
longo do que a história da Grã-Bretanha desde a malograda
invasão de Júlio César, em 55 a.C., à empresa do Sr. Harold
Wilson atualmente. Por mais de vinte séculos os costumes e
a moral da Babilônia impressionaram os povos da Palestina e
seus vizinhos. Sem Babilônia não poderia haver Bíblia; os
hebreus e os babilônios, irmãos semitas, compartilhavam as
mesmas lendas, os mesmos costumes, os mesmos deuses
com diferentes nomes, mas herdados da mesma fonte
comum. O salmista lamenta os judeus exilados chorando
junto às águas da Babilônia, com saudade de Jerusalém. Sem
dúvida, muitos devem ter chorado, mas muitos cativos,
seduzidos pelas luzes brilhantes, confraternizaram com os
alegres babilônios e lá se estabeleceram com prazer. Há
alguns anos os anciãos de Tristão da Cunha, exilados na Grã-
Bretanha, suspiravam por sua ilha esfacelada, mas os filhos
deles, seduzidos pelos nossos prazeres civilizados, decidiram
ficar; muitos dos que voltaram à pátria logo começaram a
sentir falta de Picadilly e não perderam tempo em voltar;
assim a Babilônia deve ter atraído todos os vizinhos,
inclusive os judeus. Em seus dois mil anos essa grande
metrópole, a Babilônia, excedeu em tamanho e cultura a
maioria das nossas capitais atuais.
Heródoto, que tinha visto a maioria das cidades famosas da
antiguidade, maravilhou-se com a grandeza da Babilônia.
Descreve vividamente a cidade como um quadrado
fortificado por muralhas maciças em um perímetro de
oitenta quilômetros, muralhas com vinte e quatro metros de
altura e seis metros de espessura, bastante largas no alto para
permitirem a passagem de uma carruagem de quatro cavalos
(de frente) em toda a volta. Encravadas nessas muralhas,
havia "uma centena de portas, todas de bronze"... "Ora este
muro é o exterior, mas outro muro passa por dentro, não
muito mais fraco do que o outro..." O palácio do rei era uma
cidade em miniatura, um antigo Kremlin, adornado com
aqueles fabulosos jardins suspensos que eram uma das sete
maravilhas do mundo. Acima do grande templo dourado de
Bel erguia-se uma torre altíssima, onde os afamados
astrólogos caldeus prediziam eclipses e traçavam a influência
dos planetas sobre o destino humano; um vasto lago artificial
fornecia água para a enorme população, um túnel passava
por baixo do leito do rio. Essas construções fariam honra aos
nossos melhores arquitetos e construtores atualmente; elas
provam que os babilônios haviam alcançado técnicas
soberbas e em alguns aspectos pelo menos eram altamente
civilizados.
Mas é quando descreve os costumes da Babilônia que
Heródoto nos delicia mais... a nós e a ele mesmo. No Livro
Primeiro, capítulo 197, ele explica:
Levam seus doentes para a praça do mercado (pois não
utilizam médicos) e qualquer pessoa que tenha sofrido
alguma coisa parecida com o que o doente está sofrendo, ou
tenha visto outra pessoa que sofreu da mesma coisa, aborda
o enfermo e aconselha-o no tocante à sua doença. Não é
permitido passar em silêncio sem perguntar que moléstia
tem o doente.
A maior parte das doenças tem origem na mente; os nossos
hospitais estão cheios de pessoas mentalmente doentes. A
confissão é tão boa para o corpo como para a alma; em vez
de arranjarem mais confusão consultando psiquiatras, os
doentes poderão encontrar remédios com outros que
sofreram do mesmo mal e se curaram. A terapia pública,
como se usava na Babilônia, talvez salvasse o nosso Serviço
de Saúde da Inglaterra, mas onde iríamos instalar seus leitos,
em nossas ruas?
Os babilônios eram alérgicos aos médicos. Matusa- lém e
seus amigos viveram tempo suficiente sem eles. Uma das
famosas leis de Hamurábi, de cerca de 1780 a.C., decretava:
Se o cirurgião fez um ferimento grave num cavalheiro com
uma faca de bronze e em conseqüência disso o cavalheiro
morreu... será cortada a mão do cirurgião.
A Babilônia tinha muitos cirurgiões manetas. Hoje talvez
tivéssemos mais se adotássemos essa justiça ideal.
O nosso mundo do século XX vive obcecado pelo sexo; a
frustração sexual, as pílulas anticoncepcionais, o fantástico
índice de natalidade constituem maior ameaça do que a
bomba de hidrogênio. Dois mil anos de experiência humana
ensinaram os babilônios a lidar sadiamente com o sexo. Os
velhos e sábios babilônios tinham uma solução racional
satisfatória para todos os problemas sexuais sem terem de
recorrer à farsa hipócrita do nosso mundo moderno. Aquele
arguto estudioso da natureza humana que foi Heródoto,
conhecedor das virtudes e dos vícios dos homens e das
mulheres, comenta desapaixonadamente:
Todas as mulheres do país têm de uma vez na vida ir sentar-
se no templo de Afrodite e deitar-se com um estranho. E
inclusive muitas que não acham próprio misturarem-se com
a ralé, mas são altivas em razão de sua riqueza, viajam para o
templo em carros cobertos, seguidas dum grande cortejo, e
esperam lá. Mas a maior parte faz o seguinte: ficam sentadas
no templo de Afrodite com uma coroa de corda em volta da
cabeça. E há sempre muitas mulheres lá, pois umas chegam
e outras partem. Cordas estendidas abrem caminho em todas
as direções entre as mulheres, e os estranhos seguem ao
longo delas para fazerem a sua escolha. E quando uma
mulher fica sentada lá, ela não parte enquanto um estranho
não lhe lança dinheiro no regaço e se deita com ela no
interior do templo. E quando o homem lança o dinheiro,
tem que dizer: "Eu te conjuro em nome da deusa Milita".
(Milita é o nome que os assírios dão a Afrodite.) E a quantia
de dinheiro pode ser qualquer uma, a mulher nunca o
rejeitará (pois não é permitido, porque o dinheiro é sagrado),
mas segue aquele que lhe lançar o dinheiro no regaço, sem
desprezar nenhum homem.
Depois que se tiver deitado com um homem, tendo
cumprido assim o seu dever para com a deusa, ela parte para
casa e depois disso nada que lhe possa ser dado, por maior
que seja, será capaz de a seduzir. Ora, todas as que têm
alguma beleza ou presença partem rapidamente, mas as mal
favorecidas esperam muito, incapazes de cumprir a lei.
Várias delas esperam até três ou quatro anos. (Livro
Primeiro, capítulos 199/200.)
As mulheres na Babilônia gozavam de alta posição social e
de liberdade sexual; legalmente um homem só podia ter uma
esposa, mas podia tomar concubinas, costume satisfatório
para as próprias mulheres: compartilhar um marido era
melhor do que ficar solteira. Na Babilônia não havia
solteironas frustradas nem viúvas solitárias; se uma mulher
queria satisfação sexual podia tê-la sem vergonha.
Quando os seres espaciais desejam influenciar o curso da
humanidade, um celestial pode descer à Terra e gerar um
herói em alguma mulher mortal, como fazia o sensual Zeus
na mitologia, mas algumas vezes os extraterrestres podem
deixar um bebê deles para ser adotado na Terra em ambiente
escolhido, a fim de que possa modelar os acontecimentos
históricos, ajudado e inspirado do alto. Muitos "frutos de
Vénus" deixados às nossas portas poderão ser bebês do
planeta Marte. Acontecimentos contemporâneos da Bíblia
sugerem que os astronautas por volta de 800 a.C. andavam
mostrando um interesse especial pelo Oriente Médio,
particularmente pelos negócios da Babilônia.
Em cerca de 800 a.C. reinava na Babilônia a maior rainha de
toda a antiguidade, Samuramat, imortalizada como
Semíramis, e que até hoje nos maravilha. Os egiptólogos
exaltam a Rainha Hatshepsut, possivelmente a rainha de
Sabá, seduzida por Salomão; Homero canta a bela Helena, "o
rosto que lançou ao mar mil navios e queimou as torres
altíssimas de Ílion"; Virgílio romantiza Dido, que, chorando
Enéias, morreu de amor; mas nenhuma dessas damas reais
evoca a magia e o mistério da fabulosa Semíramis, rainha da
dourada Babilônia. Até o indolente Rossini, escrevendo
como de costume na cama, compôs uma brilhante ópera em
sua honra, cumprimento que negou à imprestável Helena.
Acredita-se que Semíramis era filha da deusa-peixe Atariatis
e de Oannes, deus da sabedoria, que Beroso descreve como
tendo levado a civilização à Babilônia. Atariatis, com um
traje espacial como seu marido, poderia parecer um peixe
também. Dizia-se que Semíramis, quando bebê, foi
milagrosamente alimentada por pombas, símbolos talvez de
astronaves, até que Simas, o pastor real, a encontrou. Essa
adoção constitui um notável paralelo com outros enjeitados
famosos, como Sargão, Moisés e Ciro, que se revelaram
homens predestinados, amados dos deuses. Semíramis foi
criada na corte da Babilônia, no meio daquela sociedade
altamente sofisticada, e possivelmente foi instruída na
ciência secreta pelos magos. Em 811 a.C. a Babilônia foi
conquistada por Nino, rei da Assíria, fundador de Nínive,
conhecido na história como Samsi-Adad V, que em
campanhas magistrais devastou grande parte da Ásia e,
depois de subjugar a Média, lançou um grande assalto contra
a Bactriana. Astuciosamente Semíramis casou com Menon,
um dos generais de Nino, e com ele realizou façanhas tão
notáveis durante a guerra bactriana, que atraiu para si a
atenção do rei. Menon, dizem, suicidou-se num momento
suspeitosamente conveniente para sua ambiciosa esposa. A
notória beleza e a fascinante personalidade de Semíramis
cativaram Nino, que imediatamente casou com ela. O
enamorado Nino viveu apenas o suficiente para gerar um
filho, Ninias, e então, convenientemente, morreu, deixando
Semíramis como imperatriz de seus enormes domínios.
Semíramis deu ao marido um funeral fabuloso e enterrou-o
sob um monte enorme que se dizia medir dois quilômetros
de altura e o mesmo dos lados, um monumento típico das
vastas construções que ela fez erigir na Babilônia. Até
Shakespeare, milhares de anos depois, ficou impressionado
com esse fantástico mausoléu. Em Sonho de uma noite de
verão, ele fez Traseiro, o Tecelão e seus compadres
representarem a tragi- comédia de Píramo e Tisbe junto do
"túmulo do velho Nino", uma representação que deve ter
feito o velho monarca se virar na sepultura.
Então a Rainha Semíramis passou a reconstruir a Babilônia
com palácios, templos e diques, drenando as terras alagadas
do Eufrates, façanhas que lhe valeram o louvor de Heródoto.
Algumas tradições associam-na à criação dos famosos jardins
suspensos, embora outras autoridades digam que foi
Nabucodonosor que os construiu para uma favorita saudosa
de sua pátria verdejante. Depois de reorganizar seu próprio
país, Semíramis sentiu necessidade de reorganizar seus
vizinhos. Invadiu o Egito, a Etiópia e a Líbia; quando não
restavam mais mundos para conquistar, como Alexandre
cinco séculos depois, voltou-se para a Índia. Para esse
clássico empreendimento dizem que Semíramis reuniu um
exército, três milhões de homens a pé, quinhentos mil
cavalos e cem mil carros de guerra, com dois mil navios pré-
fabricados para serem transportados por terra e montados
para atravessar os rios, construídos por homens de Chipre e
da Fenícia. Mesmo descontando muito, levado à conta do
exagero, essa foi, sem dúvida, a força expedicionária mais
estupenda de toda a antiguidade. O planejamento, o
aprovisionamento e a logística duma força expedicionária
assim devem ter igualado o assalto aliado à Europa em poder
de Hitler no Dia D. Semíramis derrotou Strabrobates, da
Índia, numa grande batalha naval, destruindo mil dos navios
dele; depois seus engenheiros construíram pontes sobre o
Indo e a marcial rainha levou suas enormes forças até o
coração da Índia. Obviou à escassez de elefantes mandando
fabricar elefantes mecânicos construídos de peles, tão
perfeitos que iludiram até os elefantes de verdade... mas não
por muito tempo. Mesmo naquela época distante os
elefantes nunca esqueciam. Eles podem ser míopes, mas
logo descobrem quando tentam se acasalar com um elefante,
ou elefanta, mecânico. Strabrobates contra-atacou,
Semíramis foi obrigada a se retirar num país hostil e perdeu
a maior parte de seu exército.
De volta à Babilônia, Semíramis fez guerra aos medos e aos
persas e de repente, após um governo de quarenta e um
anos, abdicou em favor de seu filho Ninias e desapareceu. O
povo acreditou que ela se havia transformado numa pomba e
voado para o céu, sugerindo talvez que, como Elias, mais ou
menos no mesmo século, fora trasladada para o céu numa
nave espacial. Seu desaparecimento é semelhante ao da
trasladação de Apolônio de Tiana para o céu em 98 d.C.
Durante séculos esse homem maravilhoso foi adorado como
um deus. Semíramis durante muitos anos foi adorada como
uma deusa, identificada pelos aduladores babilônios como a
encarnação de Istar, deusa do amor, e também com o
planeta Vênus.
O nome "Semíramis" ou "Sama-ramos" dizia-se significar o
"testemunho divino", o "estandarte do altíssimo", os eloins,
senhores celestiais, que eram provavelmente seres espaciais.
Esse emblema, a figura duma pomba, cercada por uma íris,
lembra Osíris do Egito, e é semelhante ao "Olho de Horo"
egípcio, aparentemente uma astronave. Nas línguas
semíticas a palavra "Sama" significa "sol". Semíramis, pois,
parece ter tido alguma relação íntima com o Sol, o que
permite concluir-se que era uma celestial. A rainha era
acompanhada pelo disco solar alado da Assíria, que mais
tarde simbolizou o grande deus persa Ormuzde.
As rainhas notórias são geralmente embelezadas por lendas
extravagantes; é difícil muitas vezes separar a fantasia da
realidade. Semíramis era olhada com profundo respeito
pelos assírios. Guerreiros viris não se distinguem por sua
deferência pelas mulheres. É extraordinário que aqueles
ferozes soldados se submetessem ao comando de sua rainha
amazona. Eles deixaram uma coluna à sua grandeza,
encontrada em 1909, descrevendo-a como "uma mulher dos
quatro quadrantes do mundo". Ctésias, médico de
Artaxerxes II, declarou em 404 a.C. que as gigantescas
esculturas de Dario na rocha em Behistun, um século antes,
representavam Semíramis rodeada por sua guarda pessoal de
cem homens. Heródoto e Deodoro Sículo rendem tributo à
sua grandeza; os armênios chamavam ao seu país, em volta
do lago, Van Samiramgerd, em honra da rainha guerreira.
Numa era de supremacia masculina, em que as mulheres
eram geralmente tratadas como inferiores, especialmente
entre as raças semíticas, a fama de Semíramis sugere, sem
dúvida alguma, que sua personalidade e poder deviam ser
fenomenais, mesmo fantásticos, para unir milhões de
homens numa força de combate que conquistou a maior
parte do Oriente Médio e depois invadiu a Índia. Durante
séculos Semíramis simbolizou a áurea Babilônia. Depois de
seu misterioso desaparecimento, os homens que a
conheceram em vida adoravam-na como a uma deusa, prova
de sua mágica influência, que vibra através de três mil anos e
nos empolga ainda hoje. Nós honramos as grandes e nobres
mulheres do nosso próprio século XX, mas podemos pensar
em alguma mulher — ou homem — cuja fama abarque os
próximos trinta séculos? A maioria das nossas personalidades
públicas são misericordiosamente esquecidas quando ainda
vivas. Se alguma rainha terrena se originou no espaço, essa
foi, sem dúvida, Semíramis!
A vez seguinte em que os celestiais inspiraram uma mulher
a levar exércitos à vitória foi em 1.425 d.C., quando Joana
d'Arc libertou a França.
É uma fascinante coincidência que, se a seqüência de tempo
de Velikovsky está correta, isto é, se seiscentos anos da
história egípcia fossem duplicados, Aquenaton, o rei
herético, deve ter sido contemporâneo de Semíramis, e
ambos foram influenciados por seres espaciais.
A posição estratégica da Assíria, no norte da Mesopotâmia,
fazia dela um Estado-tampão entre o norte e o sul. Durante
séculos seus sinistros guerreiros defenderam a Babilônia e as
terras além contra as hordas dos cimérios que se
aglomeravam atrás do Cáucaso e contra os hititas que
avançavam da Anatólia. Em seu poema épico A destruição
de Senaqueribe, Byron escreveu com alguma justificação:
O assírio veio como um lobo sobre o redil
E suas coortes brilharam de púrpura e ouro.
Os assírios lutavam com terrível ferocidade, aterrorizando
seus vizinhos, mas suas barbaridades empalidecem diante
dos campos de morte nazistas e os horrores da nossa bomba
h, que envergonham o nosso século. Os babilônios urbanos
foram presa fácil dos viris assírios, mas logo civilizaram os
conquistadores, e suas religiões e culturas misturaram-se.
Nínive, capital dos assírios conquistadores e encruzilhada de
importantes rotas comerciais, adquiriu fama e poder; seus
palácios e templos distinguiam-se por colunatas de leões
com cabeça humana e asas, semelhantes a esfinges, e touros
alados com cabeça humana, que devem ter sido símbolos de.
astronautas e astronaves. Para os povos agrários da Assíria,
ignorantes de máquinas, as astronaves deviam parecer
possantes touros com asas. Aqueles touros e leões alados
geralmente têm cinco pernas: seria para diferenciá-los dos
animais reais? Seria muito fantasista supor que as cinco
pernas talvez representassem as rodas do trem de
aterrissagem das astronaves?
O deus Assur lembra Jeová e era especificamente
representado pelo disco solar alado, que nós hoje associamos
aos astronautas e, bastante significativamente, às insígnias
das forças aéreas nacionais. Por volta de 630 a.C.
Assurbanípal reuniu em Nínive milhares de tabuinhas que
registravam todas as facetas da cultura assíria, formando uma
das bibliotecas mais esplêndidas da antiguidade. A sua morte
os babilônios revoltaram-se; ajudados pelos medos do Irã,
esmagaram a Assíria e em 612 a.C. destruíram Nínive. O
novo Império Babilônio iniciado com Nabucodonosor
estendeu seu domínio até Israel; o cativeiro dos judeus, por
mais amargo que fosse para os profetas da Bíblia, foi apenas
um incidente de somenos importância na Babilônia imperial,
que em 539 a.C. caiu em poder de Ciro, da Pérsia. Após dois
séculos de dominação aquemênida, a cidade rendeu-se a
Alexandre, o Grande, em 323 a.C. Alexandre tinha planos
grandiosos para fazer da Babilônia a capital de um império
mundial, mas aqueles que os deuses amam morrem cedo; foi
atacado de uma febre, provavelmente agravada pelo excesso
de vinho em um banquete, e morreu com a idade de trinta e
dois anos, deixando o mundo e a ele mesmo inconquistados.
A orgulhosa Babilônia caiu em ruínas e séculos depois seu
esplendor, sua pompa, o próprio lugar onde fora tinham sido
esquecidos; o palácio de Semíramis ficou enterrado na lama.
A ciência dos babilônios impressionou os povos da
antiguidade como impressiona a nós mesmos ainda hoje.
Heródoto ficou maravilhado com o templo de Marduc, uma
alta estrutura de oito andares, coroada por dois vastos
santuários dourados; era de uma beleza incomparável e
ocupava uma praça de quatrocentos metros de perímetro; a
estátua de Marduc pesava vinte e seis toneladas e era de puro
ouro; dizem que a Torre de Babel foi construída com
cinqüenta e oito milhões de tijolos e era comparável às
pirâmides; os grandes muros da Babilônia, com suas
poderosas portas de bronze e o maravilhoso templo de Bel,
eram maravilhas do mundo antigo, e só os de Nínive e
Persépolis rivalizavam com eles. Colares, amuletos, cerâmica
e adornos encontrados no túmulo da Rainha Subad, de Ur,
os tesouros dos aquemênidas e os discos e pingentes de ouro
encontrados em sepulturas citas, tudo revela uma mestria,
uma elegância e uma maravilhosa arte artesanal que sugere
uma civilização de alta cultura, apesar das guerras
incessantes, que provavelmente não eram tão cruéis como
os conflitos do nosso próprio século. Os metalúrgicos de
cinco mil anos atrás atingiram notável tecnologia na
fundição de minérios a temperaturas até de 1200°C e
produziam, de cobre e estanho, bronze que os artesãos
transformavam em vasos, machados e espadas de
considerável beleza e força; os químicos misturavam ma-
ravilhosas tintas e drogas, que nós hoje copiamos de bom
grado; há razões também para crer que os sacerdotes sabiam
utilizar a eletricidade estática. Embora os médicos não
tivessem aparentemente conhecimento adiantado das
funções do organismo, assim mesmo os cirurgiões efetua-
vam operações delicadas, chegando mesmo a extrair cata-
ratas com grande risco pessoal para eles mesmos: se cegavam
seu paciente, a lei exigia que a mão culpada lhes fosse
cortada. Nossos médicos de hoje seriam capazes de tal
dedicação?
Durante séculos os caldeus foram famosos por sua magia,
que inspirou os gregos e os árabes e depois os alquimistas,
precursores da nossa ciência moderna. Os matemáticos
babilônios utilizavam os sistemas decimal e sexagemal,
conheciam o valor de pi, o chamado teorema de Pitágoras,
as raízes quadrada e cúbica, geometria elementar e álgebra,
resolvendo complicadas equações de segundo grau. Foi
necessária grande competência em matemática e engenharia
para construir os grandes muros, os templos abobadados e os
diques através do Eufrates; os famosos jardins suspensos, na
realidade uma série de sacadas, eram regados por um
engenhoso sistema de irrigação com bombas.
Os caldeus eram olhados universalmente como grandes
astrólogos; durante dois mil anos estudaram os planetas e as
estrelas de seus altos ziggurats, profetizando a influência das
estrelas sobre o destino humano. Se supusermos que apenas
cem sacerdotes mantinham a observação contínua dos céus
do cume das altas torres, concluímos que os céus
babilônicos foram observados por cerca de dois bilhões de
horas-homens, provavelmente mais horas-homens do que
as dedicadas à mesma observação pelos astrônomos
modernos desde Newton! Durante vinte séculos os
babilônios mantiveram vigília incessante dos céus, igual à
nossa vigilância atual a radares. Qual era a razão dessa
observação contínua? Nós, com as nossas cápsulas espaciais
e satélites na nossa era espacial, ainda não podemos
compreender a importância vital das estrelas para os povos
da antiguidade. Nós irracionalmente atribuímos seu interesse
à ignorância ou o pomos de lado como paganismo, sem nos
determos a perguntar por que o céu havia de exercer tal
fascínio sobre mentes supostamente primitivas, embora a
proficiência comercial, técnica, diplomática e militar dos
babilônios, assírios e persas, em muitos respeitos, quase
igualasse a nossa atualmente.
Dizem que os caldeus tinham pouco conhecimento de
astronomia teórica, que sua concepção do universo diferia
muito da nossa; os críticos esquecem que daqui a cinco mil
anos as nossas dúbias teorias poderão ser ridicularizadas.
Alega-se que os caldeus acreditavam que os planetas eram
divindades; talvez interpretemos mal os escassos textos que
temos deles; pode ser que eles quisessem dizer que os
planetas eram habitados por deuses, os astronautas. Se assim
for, o conhecimento que eles tinham dos planetas
provavelmente excedia as incertezas dos nossos próprios
astrônomos, que agora estão tentando se decidir sobre o
universo habitado. Tabuinhas cuneiformes registram os
nasceres e pores helíacos de Vénus, efemérides ou posições
do Sol, da Lua e dos planetas e os eclipses de 747 a.C. em
diante. Os sacerdotes fixaram o calendário e a duração do
ano; tinham conhecimento do ciclo de Meton de dezenove
anos; as tábuas de Nahuriman, citadas por Estrabão, são
incrivelmente precisas. Kidinu, por volta de 375 a.C.,
calculou o ano solar com um erro de apenas quatro minutos
e 32,65 segundos, precisão que confunde os nossos
astrônomos modernos.
Em 45 d.C., Apolônio de Tiana, em sua viagem para a Índia,
parou na Babilônia e conheceu os magos, sobre os quais
disse: "São homens sábios, mas não em todos os sentidos",
um conceito aplicável aos nossos cientistas atuais. Nos tetos
dos templos babilônios viu imagens dos corpos celestes, os
deuses movendo-se através do éter. Do telhado pendiam
quatro gyges de ouro, rodas aladas como os veículos
celestiais descritos por Ezequiel. Os magos da Pérsia
disseram a Alexandre, o Grande, que as asas esculpidas nos
templos representavam a Águia que morava perto do Sol,
cujo espírito, ou simurg, descia para o homem.
O ar frio e claro da noite de Babilônia era ideal para
observações astronômicas. Embora não tenham sido
encontrados telescópios, os caldeus tinham vidro e lentes de
quartzo, e é provável, sem dúvida, que, por acidente, algum
sacerdote tenha olhado casualmente através de duas lentes e
descoberto as propriedades do telescópio, como ocorreu
com Lippe e Galileu; certamente as qualidades ampliadoras
do vidro devem ter sido utilizadas para estudar as estrelas.
Em dois mil anos os sacerdotes provavelmente notaram
muitas coisas estranhas nos céus; provavelmente avistaram
as astronaves de Jeová e seus "anjos" descendo ao encontro
dos profetas de Israel e deles também. A Assíria, a Babilônia
e a Pérsia estavam cheias de estátuas aladas; qualquer
estranho que se detivesse a contemplar a arquitetura e as
altas torres de observação poderia jurar que a Babilônia
simbolizava a era espacial.
É essencial uma apreciação da Babilônia para compreensão
da Bíblia; os patriarcas não eram pastores ignorantes; eram
herdeiros da sabedoria e da cultura duma civilização
histórica; como os sacerdotes da Babilônia, viam astronautas
e falavam com eles.
Capítulo Catorze
DEUSES ESPACIAIS DA BABILÔNIA
Durante dois mil anos a Babilônia desapareceu da história,
lembrada apenas por sábios chorando o passado e pregadores
moralizando sobre aquela cidade depravada, sobre a
advertência que era para nosso mundo pecador. Até o
princípio do século passado a Mesopotâmia foi uma terra de
mistério, um vago símbolo da mutabilidade do homem;
aquele deserto de barro fora outrora o berço da humanidade,
ali florescera o jardim do éden, agora apenas beduínos
vagueavam por aquelas planícies poeirentas como os
patriarcas de outrora, indiferentes aos tesouros e ao petróleo
negro embaixo de seus pés.
Para os solitários europeus que por aí passavam, aquela
paisagem informe respirava uma magia que empolgava suas
almas; em alguma parte naquela extensão desolada o
"Senhor" em todo o seu poder e glória aparecera a Abraão;
aqueles tijolos outrora construíram a Torre de Babel; talvez
aquele outeiro além escondesse o palácio de Baltasar, ém
cuja parede a mão fantástica escreveu na noite em que
Babilônia caiu. Sob sua fina camada de solo jazia enterrada
uma civilização fabulosa, as origens da nossa Bíblia, a fonte
da própria vida.
Naqueles montes de tijolo às vezes eram encontradas
tabuinhas de barro rabiscadas com curiosas marcas em forma
de cunha. Havia quarenta anos que os sábios tentavam em
vão decifrar a escrita cuneiforme; nenhuma pedra de Roseta
havia aparecido que permitisse interpretar aqueles sinais; ao
contrário dos hieróglifos, aqueles estranhos símbolos
resistiam à solução.
No princípio do século XIX um jovem professor alemão,
Grotefend, dedicou-se com notável engenho à decifração de
algumas tabuinhas cuneiformes descobertas em Persépolis e,
graças a uma lógica brilhante, soletrou: "Dario, grande rei,
rei dos reis, filho de Histaspes" e "Xerxes, grande rei dos reis,
filho de Dario". Durante os trinta anos seguintes o francês
Burnouf e o alemão Lassen resolveram mais letras, mas, sem
uma chave lingüística, os esforços dos sábios eram inúteis.
Os textos cuneiformes despertaram o interesse do Major
Henry Rawlinson, a serviço da Companhia das Índias
Orientais e apoiado pelo Ministério da Guerra da Pérsia. Em
1837 ele estudou a famosa inscrição de Dario na face de um
rochedo, nas montanhas de Behistun, onde há vinte e cinco
séculos o grande rei foi esculpido em triunfo sobre os
inimigos prostrados, acompanhado de catorze colunas de
escritura. Com enorme risco, Rawlinson desceu o penhasco
por uma corda, copiou as inscrições, que verificou serem em
três línguas: persa, islamita e babilônia, e, por volta de 1846,
tinha o texto traduzido, embora ficassem muitas
dificuldades. Enquanto isso, Botta havia descoberto Nínive e
Layard realizava escavações em Nimrud, mais e mais
tabuinhas eram encontradas, muitas delas silabários em
sumeriano e semítico; dentro de alguns anos os assiriólogos
estavam lendo a escrita cuneiforme, e em 1876 George
Smith, outro amador, assombrou o mundo traduzindo a
epopéia de Gilgamés, a história do dilúvio.
No decorrer das décadas recentes têm sido descobertos
milhares de tabuinhas, notadamente a grande biblioteca de
Assurbanípal em Nínive, e sua decifração deu aos
arqueólogos um panorama vívido da vida é da cultura
babilônias. Mas permaneciam dificuldades. Os mesmos
problemas que enfrentam os egiptólogos confundem os assi-
riólogos. Os eruditos hebreus põem em dúvida os textos
bíblicos, e, no entanto, a língua hebraica tem sido ciosamen-
te preservada, continuamente, por milhares de anos: é na-
tural que surjam imensos problemas na interpretação do
sentido preciso das antigas línguas egípcia e babilônia, que
ficaram perdidas durante séculos.
"Traduttore — traditore." "Tradutor — traidor."
Os inteligentes italianos sumariam brilhantemente o perigo
fundamental de todas as traduções, a impossibilidade de
transpor cada mudança, cada expressão requintada, cada
sentido preciso de uma língua para outra. As diversas línguas
desenvolvem-se em ambientes diferentes, faladas por raças
com tradições diferentes e diferentes experiências. Os
críticos literários insistem em que as traduções das obras
modernas são reflexos pálidos e deformados das
composições originais; através dos séculos as traduções dos
clássicos latinos e gregos famosos revelam modificações
significativas. É uma queixa perene que a gente mais velha
não compreende a nova geração: como podemos nós
pretender compreender a língua de um povo estrangeiro de
há cinco mil anos, com o qual não partilhamos tradições
comuns? Durante as eleições gerais nós raramente
compreendemos os nossos políticos rivais; não podemos
compreender por que tantas seitas hão de debater as palavras
simples e lúcidas de Cristo; a maioria das pessoas admite
secretamente que consegue entender muito pouco de
Shakespeare, que nós ingleses glorificamos, desde que não
tenhamos de o ler. Coortes de advogados estão assiduamente
empenhados em discutir e debater as palavras solenes e
medidas dos atos do Parlamento. E entretanto aceitamos
convencionalmente as traduções dos nossos assiriólogos
como exatas, embora dois tradutores independentes
raramente concordem entre si. Bernard Shaw brincou,
dizendo que a Grã-Bretanha e a América eram divididas por
uma língua comum. Se não podemos compreender os
nossos primos transatlânticos, como a história recente
mostra claramente, poderemos realmente compreender
aqueles vagos e distantes babilônios?
Que acontecia realmente na Babilônia? Que viam as pessoas?
Que ouviam? Os juízes, os solicitadores, a polícia, todos
admitem o exaspero de tentar equacionar os depoimentos de
testemunhas de vista comuns do mais simples acidente;
famosos generais infligem-nos versões completamente
diferentes da mesma batalha; os jornais usam dos recursos
mais fantásticos para nos apresentarem ângulos controversos
do mesmo acontecimento. A mesma testemunha pode
imaginar muitas versões divergentes do que supostamente
viu e, finalmente, ficar cada vez menos segura de si mesma.
Quando um homem tem absoluta certeza de seus fatos,
muitas vezes carece do vocabulário necessário, da
fraseologia adequada para transmitir sua impressão precisa
aos outros, principalmente se estes outros são pré-
condicionados por um padrão de pensamento diferente. Os
nativos das ilhas Ellis, no Pacífico Sul, têm o culto do
"Cargo" e adoram um "deus" branco chamado John Thrum,
que em 1941 desceu do céu levando-lhes presentes e cinco
anos depois subiu ao céu de onde viera. Os nossos teólogos
riem dizendo que o suposto "deus" era um aviador
americano da guerra contra o Japão e nós concordamos,
naturalmente. Quando lêem algum texto cuneiforme
descrevendo um deus branco descendo dos céus, os mesmos
teólogos juram solenemente que os babilônios viram o
próprio Deus, o Criador do universo infinito! Não poderia
ser um avião ou uma nave espacial? Esquecendo os Vedas
indianos, os professores sorriam dizendo que nessa época
não tinham sido inventadas máquinas voadoras, que não
havia homens nas estrelas. Os peritos da nossa força aérea
podem condescender dizendo que os babilônios
evidentemente viram alguma coisa, mas que deve ter sido o
planeta Vênus, ordinariamente brilhante nos céus da
Mesopotâmia, embora por milhares de anos os nativos
devam ter conhecido Vênus tão bem como a Lua. Os sábios
mitólogos concluem que os babilônios não viram nada, que
imaginaram uma personificação do vento norte; viram
figuras imaginárias como numa carta dos ventos. Os
assiriólogos, cuja decifração da escrita cuneiforme é uma das
mais brilhantes conquistas do intelecto humano,
interpretam esses textos desconcertantes com as únicas
palavras que conhecem, com as frases da nossa Bíblia arcaica
ou com versos literariamente elegantes, indiferentes a
astronautas ou astronaves; eles nos dizem não o que os
babilônios realmente viram, mas o que eles mesmos,
assiriólogos, teriam visto se estivessem lá.
Os deuses viris e as deusas sedutoras da Babilônia vivem
numa mitologia maravilhosa, cuja magia semítica destila
fascinantes histórias da Criação, da dissenção e paixão dos
imortais no céu, das façanhas amorosas de celestiais na
Terra, as aventuras épicas de heróis, a rebelião do homem
orgulhoso contra os senhores do céu, o dilúvio com a
humanidade sem pátria novamente civilizada pelos mestres
do espaço. Enquanto nos emocionamos com os feitos de
Merodaque, o culto do amor de Istar, o assassinato de
Tamuz, as peregrinações de Gilgamés, contadas numa poesia
fascinante e pitoresca que transmuta toscas tabuinhas de
barro na mais primitiva e mais notável poesia do mundo,
subitamente nos damos conta de que já lemos tudo antes, a
mesma história maravilhosa originada na mesma fonte
profunda e misteriosa da antiguidade perdida. Indra,
Amaterasu, Osíris, Ísis, El, Astarté, Jeová, Lilith, Zeus,
Afrodite, Júpiter, Vênus, Tor, Fréia e seus companheiros
celestiais, todos parecem fundir-se em Merodaque, Sámas,
Istar e aquelas brilhantes divindades da Babilônia. A epopéia
de Gilgamés reflete as aventuras de Kret, de Ugarit,
antecipando-se às aventuras de Ulisses, até que nos damos
conta de que devemos estar lendo as mesmas histórias
antigas de amor, guerra e fantasia; as personalidades, as
paixões, os lugares parecem pairar além do tempo e do
espaço nos mesmos reinos transcendentes; só os nomes são
diferentes. A Índia, o Japão, o Egito, a Síria, a Judéia, a
Grécia, Roma, a Escandinávia, até as Américas, concordam
com a Babilônia; milhões de pessoas em todo o mundo, por
milhares de anos, adoraram os mesmos deuses e deusas, sem
dúvida os mesmos celestiais do espaço.
Um estudo detalhado dos deuses da Assíria e Babilônia
parece supérfluo; nós os conhecemos a todos desde o
começo; um simples exercício de teologia comparativa
proporcionará uma avaliação empírica do panteão dos deu-
ses, deixando aquelas tabuinhas de barro para provar que a
nossa teoria está correta. Aqueles mesmos seres maravi-
lhosos dos céus que inspiraram os antigos povos da Índia, da
China, do Japão e do Egito no Oriente, e da Grécia, da
Escandinávia e das Américas no Ocidente, certamente
devem ter descido nas planícies lamacentas da Mesopotâmia
para instruir os homens de lá, como fizeram em toda a
Terra. Os babilônios devem ter visto a mesma guerra no céu,
experimentado as mesmas catástrofes e guardado as mesmas
memórias confusas de seus reis espaciais. Antes de
considerarmos a religião e os mitos da Babilônia, podemos
confiantemente esperar encontrar um deus primevo, que
criou o universo, a Terra e o homem do caos, deuses do Sol,
da Lua e dos planetas, uma deusa da fertilidade que desceria
ao mundo subterrâneo, um deus que seria morto e
ressuscitaria, deuses velhos destronados por jovens deuses
viris, celestiais governando a Terra numa idade de ouro
seguida de guerra entre deuses e homens, levada a efeito
com naves aéreas com a rapidez da luz, com bombas
aniquiladoras, lutas entre dragões do céu, cataclismos
assolando a Terra, mudança de clima, colapso da civilização,
um Götterdämmerung wagneriano, um crepúsculo dos deu-
ses que abandonam o nosso planeta para serem adorados
pelos homens, a cujas preces angustiadas um deus desceria
em segredo para dar ajuda ou instrução cósmica a iniciados.
Já ouvimos tudo isso antes, repetidamente, embora ainda
não saibamos os nomes, que pouco importam. Se a escrita
cuneiforme não tivesse sido decifrada, ainda assim
poderíamos predizer com precisão os deuses e mitos da
Babilônia pela universalidade dos astronautas.
O pai dos deuses sumerianos era Anu, que, segundo a
crença, morava na constelação da Ursa Maior, como os "sete
brilhantes" da mitologia egípcia, significativamente na
direção de onde as astronaves vêm à Terra. Anu foi
destronado por Enlil, que por sua vez foi vencido por
Merodaque (Marduc), equivalentes na mitologia grega à
sucessão de Urano — Cronos (Saturno) — Zeus (Júpiter),
sugerindo três ondas de invasores do espaço, que
governaram a Terra nas idades de Ouro, Prata e Ferro,
cantadas pelos poetas clássicos. O nome En-lil significava
"demônio-chefe". Ele era um deus do céu, "senhor da
tempestade", provavelmente representado por um grande
touro alado, especialmente na cidade de Nipur, onde seu
templo era chamado a "casa da montanha", porque se
acreditava que o deus morava no cume de uma montanha,
embora não houvesse montanhas na Mesopotâmia. Sob seu
título mais popular de "Bel", Enlil destruiu um dragão e era
identificado com a Estrela Polar do equador; reconhecemos
aqui os atributos usuais dos astronautas, correspondentes a
descrições semelhantes dos egípcios e dos gregos.
Merodaque ou Marduc, deus padroeiro da Babilônia, era fre-
qüentemente conhecido como "o touro de luz", o que pode
ter significado uma astronave. A "epopéia da Criação" des-
crevia que "ele colocava na sua frente o relâmpago e seu
corpo se enchia de luz resplandecente"; viajava no carro da
tempestade, irresistível, inspirando terror; combateu e
matou o monstro Tiamat num conflito titânico, significando
a guerra entre os espíritos da luz e os poderes do mal,
correspondentes no Egito à luta entre Horo e Set. Na Assíria
Merodaque era identificado com o deus conquistador Assur,
representado por um disco envolto por duas asas, em cima
das quais estava a figura de um guerreiro com o arco
retesado e uma flecha na corda. Ea (Oannes), deus da
sabedoria, também morava perto do pólo Norte, e era
descrito como tendo uma cabeça humana dentro duma
cabeça de peixe, sugerindo tratar-se de um extraterrestre
com traje espacial, procedente de algum planeta adiantado,
que desceu à Terra para ensinar a humanidade. Na Palestina,
Oannes, sob o nome de Dagon, era muito amado, e foi
ocasionalmente adorado pelos hebreus, e acreditava-se que
tinha gerado a fabulosa Semíramis.
Sin, deus da Lua, adorado em Ur, era simbolizado pelo
crescente da Lua, que mais tarde se tornou o emblema do
Islã, assim como o antigo símbolo solar da cruz foi adotado
pelo cristianismo; os caldeus associavam a Lua com o metal
prata. Nergal, deus da guerra, era identificado com o planeta
Marte, sendo seu metal o ferro. Nebu, como Tot, guiava os
deuses, inventou a escrita e era associado com Mercúrio, um
planeta de mistério oculto; seus sacerdotes eram famosos
como astrólogos; seu metal, a rara platina. Ninil, o deus da
guerra assírio, representava Saturno, e seu metal era o
chumbo. Júpiter era identificado como Merodaque e o metal
era o estanho. Mais fascinante que todos os outros deuses
era Istar ou Inanna, a única grande deidade feminina do
mundo semítico, associada com uma estrela de oito pontas,
o planeta Vênus; o metal era o cobre. Zu, um deus da
tempestade, aparecia como um raio, e muitos séculos mais
tarde, nas Mil e uma noites, foi representado como um "roc"
que baixou sobre um navio e arrebatou Sinbad, exatamente
como se diz que os ufos raptam marinheiros, talvez como a
tripulação misteriosamente desaparecida do malfadado Marie
Celeste. É significativo que o ideograma babilônio de
"estrela" fosse o mesmo de "deus", embora o de "deus" fosse
repetido três vezes, acentuando a relação íntima dos deuses
com as estrelas.
A divindade mais popular da Babilônia era Sámas, o benéfico
deus do Sol, associado com o metal ouro; o grande senhor da
luz, que no cume duma montanha presenteou o Rei
Hamurábi com as tabuinhas das famosas leis da Babilônia,
cerca de quinhentos anos antes de Jeová dar os dez
mandamentos a Moisés no monte Sinai. O livro do Êxodo,
atribuído a Moisés, foi revisto por Esdras durante o cativeiro
na Babilônia; é por conseguinte possível que o profeta
copiasse a primitiva tradição babilônica para inspirar a fé
judaica em Jeová, embora se acredite que outros chefes bem
conhecidos da antiguidade, como Minos de Creta, também
receberam leis ou orientação de deuses em montanhas. Na
Assíria, Sámas era esculpido com um disco alado; na
Babilônia uma inscrição cuneiforme do primeiro milênio
antes de Cristo, provavelmente copiada de um monumento
mais antigo, mostra Sámas como o "iluminador das regiões",
"senhor das criaturas vivas", "juiz do bem e do mal". O deus
morava nas montanhas orientais, abria a porta da manhã e
alumiava o céu e a terra com raios de luz. Essa descrição
adapta-se ao sol nascente, mas poderia ser a impressão
babilônica duma resplendente nave espacial do Oriente, o
"poder e glória do Senhor". É significativo que Hamurábi,
um soberano sábio e benevolente, recebesse instrução de
Sámas mais ou menos ao mesmo tempo que Abraão falava
com Jeová a poucas léguas de distância dali, uma notável
coincidência, que sugere que Sámas e Jeová talvez fossem
um e o mesmo astronauta, um mestre cósmico guiando os
iniciados na Terra.
Tiglat-Pileser I, poderoso guerreiro que por volta de 1.120
a.C. conquistou grande parte da Palestina e da Armênia,
intitulava-se vice-rei de Sámas na Terra; Assurnasirabal III e
Salmanasar II exaltavam o culto solar de Sámas, que tinha
íntima afinidade com o culto egípcio de Rá. Um baixo-
relevo do palácio noroeste de Nimrud mostra Assurnasirabal
acompanhado por uma figura humana alada trajada como o
rei; numerosos relevos representam outros monarcas assírios
acompanhados de conselheiros humanos com asas ou seres
humanos alados com cabeça de ave; estilizado acima dessas
cenas paira um disco solar alado. Apenas uma geração depois
de Salmanasar n a Assíria e a Babilônia eram governadas pela
fabulosa Semíramis, cuja carreira fantástica sugere que se
originou no espaço. Em 714 a.C. Sargão II estendeu seu
domínio para o norte até o mar Cáspio, onde construiu um
santuário a Sámas; seu filho Senaqueribe guerreava contra
Ezequias, de Jerusalém; por volta de 670 as forças de
Senaqueribe invadiram o Egito, foram dizimadas em Pelúsio
pelo que agora parece ter sido um bombardeio nuclear por
astronautas.
Os assírios eram soldados rijos e industriosos camponeses;
seus sacerdotes eram inspirados por iniciados caldeus; os
construtores dos grandes templos de Nínive eram homens
de negócio práticos, não eram vagos sonhadores regidos por
mitos insubstanciais; não iriam esculpir seres humanos
alados ao lado de seus reis todo-poderosos, mais do que nós
não iríamos pintar anjos dourados em retratos públicos da
nossa própria rainha, a não ser que seres humanos alados
realmente estivessem na Terra aconselhando o seu rei. Esses
seres humanos, naturalmente, não eram monstros ou alguma
mutação fantástica com asas; as figuras aladas eram a
concepção assíria de homens capazes de voar, isto é,
astronautas. Se, como muitas pessoas crêem agora,
astronautas descerem na Terra nas décadas finais deste nosso
século, eles certamente serão representados para a
posteridade em companhia da nossa própria rainha. Como os
venusianos, segundo se diz, são semelhantes a nós, é
provável que o artista represente os extraterrestres com asas
para indicar que são astronautas. Os assírios mostram
claramente em suas esculturas que seus reis eram honrados
por seres espaciais; esses murais existem hoje em nossos
próprios museus para todo o mundo ver. A prova está diante
dos nossos olhos. Os nossos olhos vêem os astronautas, não
poderão as nossas mentes vê-los também?
Istar ou Inanna, rainha do céu, a Vénus semítica, era a deusa
do amor sexual e também da guerra, uma dualidade
fascinante, se bem que realista; seu verdadeiro caráter em
Súmer e Babilônia era como a grande mãe Terra, como
Astarté, Astoreth e Afrodite; inspirou o culto da fertilidade
do mundo antigo e provavelmente a concepção cristã da
Virgem Maria. Na Assíria Istar aparecia como uma deusa da
guerra, uma valquíria, comandando exércitos na batalha;
algumas vezes era conhecida como Belit, protetora de certas
irmandades americanas de lésbicas existentes atualmente.
Poemas maravilhosos em sumeriano e acádico falam dos
amores de Istar por Tamuz, o deus da primavera, que, como
Osíris, Adônis e Átis, foi morto para viver novamente. Esse
antigo mito da fertilidade do deus mortal, a ressurreição, o
triunfo da vida sobre a morte, pode ser a verdadeira fonte da
história de Jesus. Istar, como Perséfone, desceu ao mundo
subterrâneo para salvar seu amante das mãos de Erestigal,
deusa da morte. Essa epopéia verdadeiramente maravilhosa
da antiga Súmer inspirou os mitos gregos e precedeu o
significado oculto do cristianismo; o homem, como a
natureza, morre para viver novamente; a tradição secreta do
velho culto solar, que os iniciados acreditam ser a religião
cósmica dos astronautas.
A epopéia de Gilgamés, escrita em acádico, ainda é uma das
maiores obras da literatura universal e provavelmente
inspirou a Odisséia de Homero, o poema heróico de Kret de
Ugarit, até mesmo incidentes no Velho Testamento.
Fragmentos dessa epopéia foram encontrados entre a
biblioteca arruinada dos hititas em Boghazkoi. Gilgamés,
parte divino e parte humano, mencionado na lista de reis
sumerianos como o quinto rei da primeira dinastia de Erec
depois do dilúvio, governou tão tiranicamente, que os
deuses criaram o herói Enkidu para punir o opressor; após
uma prova de força, os dois votam-se amizade eterna e
depois partem para matar Huwawa, o gigante com hálito de
fogo. Depois da vitória, Gilgamés é tentado por Istar, que ele
rejeita, e a deusa ofendida manda um "touro" (astronave) do
céu para devastar Erec; o "touro" (?) é finalmente morto por
Gilgamés. Enkidu morre, e Gilgamés, temendo a morte,
parte em busca da imortalidade; despreza as dissuasões de
Sámas e parte à procura de Ut-napistim, o herói do dilúvio,
que conquistou a imortalidade. No caminho Gilgamés chega
a uma taverna dirigida pela deusa Siduri (na Babilônia as
hospedarias eram dirigidas por mulheres), que num apelo
sedutor o concita a se deter e se divertir com uma esposa, o
verdadeiro objetivo da humanidade; o herói declina e,
depois de aventuras que lembram muito as de Ulisses,
finalmente chega à morada de seu antepassado Ut-napistim,
a quem pede o segredo da imortalidade. Ut-napistim então
narra- lhe toda a história do dilúvio com maravilhosa
fantasia: como os deuses decidiram destruir a humanidade;
Ea (Oannes) então o aconselhou a construir uma arca e
carregá-la com toda espécie de criatura viva; depois de vio-
lentas tempestades, o dilúvio finalmente cessou, o navio
encalhou numa montanha, Ut-napistim enviou para fora três
aves sucessivamente, depois desembarcou e sacrificou-as aos
deuses. Foi evidentemente essa história maravilhosa que
inspirou a história de Noé e sua arca, embora sua fascinante
poesia exceda muito em beleza a narrativa do Genesis. Ut-
napistim lembra a Gilgamés que o homem não pode resistir
ao sono final da morte; como Ulisses, o herói cansado volta
para casa.
A intervenção dos deuses nos negócios humanos, sua
orientação aos heróis, sua destruição da civilização, as
disputas entre as próprias divindades evocam os clássicos da
índia, da China, do Egito e da Grécia, confirmando as
histórias de guerra no céu e cataclismo na Terra.
Estranhamente, a história da Torre de Babel, quando os
homens tentaram "chegar até o céu", não é mencionada na
literatura babilônia, embora a mesma história se encontre no
México, na África, na Austrália e até na Mongólia. As
descrições vívidas e as verdadeiras características dos deuses
da Babilônia sugerem mesmo que não eram representações
míticas de forças naturais ou apenas símbolos de fertilidade,
mas reminiscências confusas, mesmo exageradas, de
astronautas que outrora governaram a Mesopotâmia e cujos
descendentes em tempos históricos de vez em quando
desembarcavam na Terra e inspiravam reis e profetas.
As torres dos templos caldeus, ou ziggurats, compunham-se
de sete andares, cada um de uma cor diferente simbolizando
uma estrela: a primeira branca, a cor de Vênus; a segunda
preta, correspondente a Saturno; a terceira dum vermelho
brilhante, a cor de Marte; a quarta azul, para Mercúrio; a
quinta laranja, para Júpiter; a sexta prata, para a Lua; a
sétima, ouro, a cor da grande estrela, o nosso Sol. Esses
andares tinham uma significação mágica e astrológica; os
sacerdotes cantavam timos às estrelas e em ocasiões solenes
realizavam cerimônias, mais tarde seguidas de festivais com
a presença da nobreza, onde jovens dançarinas do templo
executavam bailados esotéricos cheios de significação para
os iniciados.
Os sábios caldeus não construíram essas altas torres durante
milhares de anos só para fazerem horóscopos, mas para
algum grande fim cujo segredo nos escapa; talvez de seus
cumes no céu os sacerdotes pudessem se comunicar por
telepatia ou outro meio com seus mestres do céu.
Os caldeus eram reverenciados por todos os povos da
antiguidade como poderosos feiticeiros, que praticavam
magia, previam o futuro e invocavam demônios dos reinos
infernais para que fizessem a sua vontade. Como os egípcios,
os caldeus herdaram de seus antigos mestres espaciais uma
ciência psíquica que dominava os elementos e as forças
naturais, operando em sutis planos mentais. Restos dessa
sabedoria antiga persistem entre os feiticeiros e mágicos,
previsores do tempo, que confundem os nossos cientistas
atualmente. Os babilônios, como muitas raças em todo o
mundo, acreditavam em espíritos benignos e espíritos maus,
demônios, fantasmas, ninfas e elementais que habitavam nas
correntes e nas árvores; eram animistas, adorando um
universo vivo onde tudo, desde a pedra à estrela, do inseto
ao arcanjo, possuía alguma vida sutil própria que
influenciava os seres humanos. Os documentos da Assíria e
da Babilônia estão repletos de encantamentos mágicos para
matar ou curar, invocações a divindades protetoras,
propiciações de espíritos malignos, bom e mau ocultismo,
comunicação com os mortos, magia branca e negra,
degenerando em superstições, perigos psíquicos evitados por
rituais, talismãs, usados por pessoas ainda hoje. Muitas das
práticas mágicas continuaram até a Idade Média, algumas
delas evoluíram para alquimia mágica, que a razão
transmudou na nossa ciência moderna.
Muitos dos fenômenos agora atribuídos a ufos nos tempos
medievais eram considerados manifestações de demônios
aéreos. Agobard, em 840 d.C., descreveu feiticeiros do céu,
mortos por apedrejamento em Lião; Ariosto, poeta do
Renascimento, escreveu, em cerca de 1510 d.C., no Orlando
furioso, Canto I, estância 8, sobre "orgulhosos demônios
sulcando os céus em grandes navios de vidro", que nós,
hoje, olhamos como astronaves. A demonologia torturou as
maiores mentes da Igreja Cristã, culminando em séculos de
cruel perseguição a suposta feitiçaria. Paracelso e
Montfaucon de Villar, em Le Comte de Gabalis, no século
XVII escreveram eruditamente sobre silfos, salamandras,
gnomos e ninfas que apareciam diante dos homens,
detendo-se nos encantamentos da Babilônia, apoiados por
muitos teólogos antigos e medievais que citavam fenômenos
paranormais, alguns deles relacionados com astronautas.
Como os nossos antigos bretões, os babilônios acreditavam
que os demônios eram ex-deuses, seres espaciais. Uma
tabuinha sumeriana de Ur de cerca de 2.000 a.C. menciona a
Lilith descrita no Talmude como uma demônia fascinante de
longos cabelos ondulados. Salomão suspeitou que a rainha de
Sabá era Lilith porque tinha as pernas cabeludas, mas isso
não o impediu de seduzi-la. (Adão insistia em que Lilith se
deitasse para a relação sexual, ela se rebelou e enraivecida
pronunciou o nome mágico de Deus, ergueu-se no ar e
desapareceu. Lilith era possivelmente uma venusiana. Três
"anjos" (astronautas?) trouxeram-na de volta a Adão na
Terra. Os filhos dela eram belos, viviam longas idades e
voavam para o céu (Vênus?). Os árabes acreditam em djins,
os chineses em gênios; dizem que os mágicos conjuram
elementais com palavras fortes e os escravizam para
realizarem tarefas ou fazerem aparecer coisas de regiões
invisíveis como essas materializações efetuadas nas sessões
espíritas. Os estudiosos de necromancia pronunciavam
encantamentos para levantar demônios e bispos cristãos,
como os lamas tibetanos realizam ritos especiais para
exorcizar os maus espíritos. Através das idades, em todo o
mundo, tem-se acumulado uma vasta literatura que indica
que a crença em habitantes dos mundos dos espíritos que
assombram a humanidade é, sem dúvida, a religião universal
mais antiga da Terra.
O último século de espiritualismo, as revelações aos
psiquiatras, os estudos paranormais dos psicocientistas
sugerem a realidade de estados transcendentes de existência.
A ciência materialista rejeita o culto como superstição, mas
pesquisas recentes das partículas subatômicas parecem
proporcionar prova surpreendente das crenças antigas. Os
pesquisadores dos raios cósmicos e os físicos nucleares em
seus cíclotrons acham que suas descobertas, exemplificadas
pelo esquivo e potente neutrino, aparentemente confirmam
a existência dum mundo paralelo de matéria vibrando numa
freqüência mais alta do que a nossa, coexistindo dentro do
mesmo espaço, confirmando, assim, os planos astrais dos
ocultistas habitados por anjos, devas, espíritos da natureza,
demônios, duendes vistos às vezes pelos supra-sensíveis e
até fotografados. Esse documento ocultista que é Oahspe
descreve hostes etéreas em naves etéreas povoando a nossa
própria Terra. Os paracientistas afirmam que muitos dos
astronautas que nos visitam hoje são materializações da
Vênus etérea, confirmando antigás tradições de mestres
etéreos, conhecidos certamente pelos iniciados da Babilônia.
É fascinante saber que a nossa ciência oficial atualmente se
está aventurando no ocultismo atômico. Quem sabe se
dentro de um século de progresso os nossos físicos não
poderão atingir a ciência secreta dos caldeus e conjurar
novamente aqueles demônios do espaço interior?
Em 538 a.C. a Babilônia rendeu-se sem combate a Ciro da
Pérsia; vinte anos depois os habitantes revoltaram-se, e o
grande Dario arrasou as famosas fortificações. Uma
associação americana, os "filhos de Jared", afirma que Dario
e seu filho Xerxes eram reis vigias, que, como muitas
personagens notórias que dominaram a história, se acredita
terem sido de origem divina, extraterrestres que encarnaram
na Terra para escravizar a raça humana. Uma teoria
fascinante e não sem razão! Dario começou a grande guerra
contra a Grécia, na qual os persas sofreram uma derrota
memorável em 490 a.C. em Maratona, onde os atenienses
juraram que os deuses desceram e lhes deram a vitória. Em
480 a.C. voaram ufos sobre Salamina quando os gregos
esmagaram a frota invasora de Xerxes, uma das batalhas mais
importantes da história.
Depois das conquistas persas, os velhos deuses da Babilônia
foram eclipsados.por Ahura-Mazda, o deus iraniano de
Zaratustra, ou Zoroastro. Os iniciados acreditam que através
das idades houve muitos avatares que encarnaram como
Zaratustra para ensinar a humanidade; o último profeta,
conhecido dos gregos como Zoroastro, nasceu em 660 a.C.
no Azerbajão, perto do mar Cáspio. Plínio afirmava que
Zoroastro riu no dia de seu nascimento, que foi
acompanhado de prodígios na terra e no céu. Plutarco fala
de suas relações com os deuses, como Licurgo e Numa
Pompílio; Dio Crisóstomo, contemporâneo de Plutarco,
declarou que Zoroastro estava mais familiarizado com os
carros de Zeus do que Homero e Hesíodo, sugerindo que
toda a sua vida foi inspirado por homens do espaço. Em
criança Zoroastro mostrou sabedoria precoce, confundindo
os magos; estudou religião, agricultura e a arte de curar,
trabalhou entre os pobres, depois retirou-se para uma ca-
verna, no monte Sabalan, para adquirir sabedoria. Um dia, ao
pôr do sol, a caverna ficou banhada em fogo; de repente o
jovem eremita ouviu a revelação de Deus. Cheio de
entendimento cósmico, desceu para ensinar aos persas sobre
Ahura-Mazda e sua eterna luta com Angra Manyu, o Bem
contra o Mal. Zoroastro encontrando a iluminação na
montanha é igual a Hamurábi, Minos e Moisés, que também
contemplaram Deus em cumes de montanhas; o fogo no
monte Sabalan evoca o fogo e a fumaça que envolveram o
monte Sinai quando Moisés recebeu os dez mandamentos
de Jeová. Sem dúvida, o fogo era a radiação de uma
astronave; esses profetas foram instruídos por astronautas.
Em sua casa Zoroastro tinha visões celestiais e mantinha
conversas com arcanjos, que deviam ser mestres do espaço.
É significativo que ele escolhesse como emblema divino de
Ahura-Mazda o disco alado de Assur, o deus da Assíria, que
é proeminentemente estilizado nas famosas esculturas
rupestres de Dario em Behistun. As doutrinas de Zoroastro
foram escritas no Zend-Avesta e espalharam-se para os
países vizinhos e até mesmo na Índia. A adoração do fogo é
provavelmente uma forma do antigo culto solar, que se diz
ser a religião da gente espacial. Ahura-Mazda (Ormuzde),
senhor do céu, comandava as sete amshaspends, hostes
celestes, em conflito cósmico contra Angra Manyu (Arimã)
e seus demônios da escuridão. Essa guerra eterna entre os
deuses da luz e os senhores do mal compara-se à luta entre
Horo e Set, e pode ser uma alegoria daquela guerra real no
céu entre astronautas, tão vividamente descrita nos clássicos
hindus, chineses e gregos. Dizem que Zoroastro subiu ao
"céu" para receber as instruções de "Deus". Pensamos em
Enoc, Elias, Rômulo, mesmo em Adamski... Durante uma
guerra santa Zoroastro estava ajoelhado junto do fogo
sagrado, quando um soldado turaniano o apunhalou nas
costas. Trezentos anos mais tarde Alexandre, o Grande,
desejando estabelecer a religião da Grécia, dissolveu a
organização sacerdotal zoroastriana, destruiu os templos e
queimou o Avesta. Séculos depois, os persas e os parses
restauraram as doutrinas de Zoroastro, mas grande parte do
Avesta tinha-se perdido. Uma forma modificada de
zoroastrianismo adorava Mitra, chefe dos sete amshaspends,
identificado com o deus do Sol assírio, Sámas; no Ocidente
ele era visto como Átis, Baco e Apolo. Mitra em persa
significa "sol" e "amigo", simbolizando o deus do amor, o
Cristo pagão. A adoração de Mitra foi difundida pelas legiões
romanas através do mundo mediterrâneo e rivalizou com o
cristianismo, que ameaçou eclipsar.
Assim como Jeová aparecia aos reis de Israel, assim Ahura-
Mazda se materializava diante dos reis aquemênidas da
Pérsia. Referências em Tito Lívio e Plutarco sugerem que
por volta de 500 a.C. astronautas desembarcaram no Oriente
Médio, e o cultivo do trigo sugere comunicação aérea entre
a Babilônia e a América.
Em 610 a.C. um cameleiro de meia-idade das montanhas
próximas de Meca, Maomé, meditava sobre a maldade dos
árabes, quando lhe apareceu o "anjo" Gabriel e lhe mostrou
uma tabuinha de ouro e lhe pediu que a lesse. Essa revelação
do "céu" inspirou o Islã. Mais tarde, Gabriel acompanhou o
profeta em sua viagem aos sete céus, como Enoc — e
(ousaremos dizer Adamski?) Hamurábi, Minos, Moisés,
Zoroastro, Maomé, todos se comunicaram com celestiais em
montanhas! Que dizer?
Capítulo Quinze
ASTRONAUTAS NA BABILÔNIA BÍBLICA
Nosso estudo da Babilônia e da brilhante cultura do Oriente
Médio através de dois mil anos antes de Cristo, revelada
naquelas belas epopéias das tabuinhas cuneiformes da grande
biblioteca de Assurbanípal, em Nínive, e nas maravilhosas
descobertas dos arqueólogos, permite-nos agora ver o Velho
Testamento sob uma perspectiva razoável, sem o ilógico
temor religioso que fazia ver as Escrituras como
divinamente verdadeiras. Até há cem anos tudo o que se
sabia sobre o antigo Egito, Babilônia e Pérsia eram lendas
vagas, relatadas por escritores gregos e romanos, histórias de
viajantes como Heródoto e desconcertantes alusões na
Bíblia. Das histórias de Maneton, Beroso e Sanchoniathon
restavam apenas alguns fragmentos. Por vinte séculos os
hieróglifos e a escrita cuneiforme guardaram seus segredos;
grandes cidades jaziam sepultadas na areia; São Paulo, os
Padres da Igreja e gerações de eruditos souberam pouco
sobre as civilizações da antiguidade; o passado era um vazio
sem nome; o paganismo era desprezado como idolatria
diabólica, a ciência era amaldiçoada como feitiçaria, a Terra
era o centro do universo, a única preocupação de Deus.
A civilização da Babilônia, as revelações dos pergaminhos do
mar Morto e a consciência de visitações de extraterrestres
no passado reclamam uma completa reavaliação dos
acontecimentos narrados nas Escrituras, com uma possível
transformação na interpretação religiosa de toda a história
bíblica, que revolucionaria a nossa concepção fundamental
de judaísmo e cristianismo; mas a nossa geração ainda não
está preparada para esse novo conhecimento e permanece
imersa nas bolorentas doutrinas do passado. Embora se
pudessem fazer muitas perguntas importantes, nossas
referências ao Velho Testamento na presente obra devem
restringir-se inteiramente a incidentes que sugiram
manifestações extraterrestres na Babilônia.
Grande parte do Genesis agora parece ter sido influenciada
pelas epopéias sumerianas; é muito difícil determinar quais
as passagens que são originais, especialmente quando as
tradições semíticas, que se diz terem sido compiladas por
Moisés, para inspiração dos filhos de Israel no deserto, foram
mais tarde revistas por Esdras durante o cativeiro e,
subseqüentemente, pelos rabinos judeus antes de finalmente
chegarem a um acordo. Os eruditos afirmam que há provas
contidas no texto bíblico que indicam pelo menos quatro
fontes distintas. Revelações recentes dos pergaminhos do
mar Morto mostram muitas discrepâncias pequenas, mas
importantes nas Escrituras; outras poderão ser encontradas
em breve.
O jardim do éden tem sido situado por várias autoridades em
muitas partes da Terra, até em Marte; a crença convencional
aceita vagamente algum lugar na velha Babilônia. O
"Senhor" que expulsou Adão e Eva não foi o Criador de todo
o universo onde nos movemos e temos o nosso ser, mas o
deus tribal Jeová, possivelmente comandante duma frota
venusiana especial, pois era acompanhado de querubins, que
são geralmente representados como criaturas com corpo de
leão, rosto humano e grandes asas, símbolos egípcios e
babilônios dos astronautas. Adão e Eva poderão representar
os primitivos atlantes; a expulsão do éden poderá ser uma
reminiscência fragmentária da guerra com os suseranos do
espaço, seguida da catástrofe cósmica que mudou o clima e
tornou a vida árdua.
Enoc "andou com Deus" e foi trasladado para o céu em um
remoinho (astronave?); seu filho Matusalém gerou Lamec,
que, de acordo com o Genesis apócrifo contido nos
"pergaminhos do mar Morto, recentemente descobertos,
suspeitou antes do nascimento de Noé que sua mulher se
tinha consorciado com os anjos que desceram aos céus e
casaram com as filhas dos homens. A negativa enfática da
mulher não o convenceu.
Vede, eu pensei então dentro do meu coração que a
concepção foi (devida) aos vigias e aos sagrados... e aos
gigantes... e meu coração ficou perturbado dentro de mim
por causa dessa criança... Bathenosh, minha mulher, falou-
me dizendo... Juro-te pelo sagrado grande, o rei de (o céu),
que esta semente foi plantada por ti... e por nenhum estra-
nho, ou vigia, ou filho do céu.
Os pergaminhos do mar Morto mencionam claramente
vigias e sagrados descendo do céu, referindo-se certamente a
astronautas do céu!
A história bíblica do dilúvio pode ser uma versão da epopéia
de Gilgamés mais antiga; ambos, Ut-napistim e Noé, foram
avisados por um deus, possivelmente um espaçonauta, que
previu a catástrofe que ameaçava a Terra.
Os primeiros capítulos do Genesis parece que descrevem
acontecimentos ocorridos na Babilônia durante o terceiro e
quarto milênios a.C. Os filhos de Deus (astronautas) uniram-
se às filhas dos homens, que lhes deram filhos, os quais se
acredita serem os gigantes, cujas blasfêmias causaram a sua
destruição no dilúvio. Avisado pelo "Senhor", Noé salvou
sua família e vários animais, que permitiram à humanidade
reconstruir a civilização. Gerações mais tarde, na terra de
Sinar, em volta da Babilônia, no Iraque moderno, os homens
rebelaram-se contra os deuses (astronautas) e construíram
uma Torre de Babel para assaltar o próprio céu: o "Senhor"
desceu, destruiu a torre e espalhou os sobreviventes por toda
a Terra, para tão longe que seus sobreviventes
desenvolveram novas línguas. Essa história confusa é
provavelmente alguma memória racial da guerra entre os
astronautas e os gigantes, mencionada nas lendas da maioria
dos povos antigos através do mundo. Mais tarde a Torre de
Babel tornou-se um nome popular para o maior templo de
Marduc, cujo topo continha um quarto com um leito grande
e elegante e uma mesa de ouro, um santuário onde ninguém
podia entrar a não ser as mulheres babilônias escolhidas pelo
"deus". Seria a noiva reservada para um astronauta?
Abraão nasceu em Ur, em cerca de 2.000 a.C., na Idade de
Bronze média, dois ou três séculos depois da Rainha Subud,
cujo túmulo magnífico desenterrado por Sir Leonard
Woolley revelou jóias soberbas, ornamentos de ouro
delicados e apetrechos duma excelência artística que
sugerem um requinte surpreendente. Ur, porto principal de
Súmer, era uma metrópole do Oriente Médio que negociava
com o Egito e a índia, o mar Mediterrâneo e o mar Negro,
trocando mercadorias variadas e todas as férteis filosofias da
época. A religião sumeriana, com sua pitoresca literatura,
que sugere convívio com celestiais do alto, regia a vida diária
dos homens; os magos já estudavam as estrelas. O Talmude
diz que na noite do nascimento de Abraão os mágicos do
Rei Nemrod viram uma estrela brilhante subir no céu diante
deles, no leste, e com espanto viram a estrela engolir ou
consumir quatro estrelas vindas dos quatro quadrantes do
céu — o que nos sugere uma nave-base recebendo em seu
bojo quatro naves de reconhecimento. Criado numa
sociedade tão cosmopolita, Abraão, sem dúvida, adquiriu
grande cultura e se familiarizou com todo o pensamento e
tradições político-religiosas daqueles tempos fascinantes. A
breve narrativa bíblica da migração de Abraão para o Egito,
depois para a Palestina, acumulando grande prestígio e
riqueza, chegando mesmo a fazer guerra ao rei da Babilônia,
mostra uma estatura mental comparável às nossas
personalidades mundiais da atualidade.
Lançando luz, com fantástica erudição, no
extraterrestrealismo no mundo semítico antigo, o sábio Ibn
Ahron deduz, do Zoar, do Sefer Sefirá e do Sefer Ietsirá, que
Abraão era guiado por um espaçonauta arrogante chamado
I'hova, que exercia poderes ditatoriais e destruidores. I'hova
foi erroneamente interpretado pelo Ocidente como o Deus
único, o rei dos reis, quando de fato os primeiros israelitas
compreenderam que era apenas um dos muitos eloins ou
astronautas. Isso era bem sabido dos caldeus, que
observavam os vôos do "Poder-e-Glória", as astronaves, de
seus altos ziggurats.
O "Senhor" do Genesis que falou a Abraão à porta de sua
tenda, acompanhado por dois anjos, que o guiou à
prosperidade e à vitória, que curou Sara, sua esposa, da
esterilidade e prometeu tomar seus descendentes uma
grande nação, era sem dúvida semelhante, talvez, à mesma
figura alada, ou astronauta, conhecida dos babilônios como
Sámas, que mais ou menos pela mesma época deu as
tabuinhas da lei ao Rei Hamurábi. O Talmude conta que
Abraão foi capturado por Nemrod, que o condenou a morrer
na fogueira; mas a lenha não ardia e os sacerdotes juraram
que um anjo (astronauta?) estava voando em volta, apagando
o fogo. Por vingança, Abraão invocou uma imensa nuvem
de mosquitos, que cobriu o céu e devorou os soldados de
Nemrod até os ossos. As nuvens de Hiroxima! O Maabárata
e o Shoo-King sugerem que seres espaciais andaram ativos
na Índia e na China durante o segundo e terceiro milênios.
Se assim foi, não é provável que esses homens dos céus
desembarcassem no Oriente Médio e influenciassem
grandes personalidades públicas possuidoras de sensibilidade
oculta como Abraão? Seria o "Senhor" de Abraão o mesmo
"homem divino" que, de acordo com o Sei-to-ki japonês,
desceu sob um sândalo, na Coréia, por volta de 2.000 a.C.?
Teria relação com o "Senhor" que foi caçar com o Imperador
Ono-hatsuse-Waka-Taka, na velha Yamato, em 460 d.C., tão
jovialmente descrito no Nihongi?
No século VII a.C., a Palestina, um infeliz Estado-tampão
entre o Egito e a Babilônia, foi dilacerada dum lado e do
outro por essas duas potências em sua rivalidade imperialista.
Depois da derrota do faraó Necao, em Carquemis, em 605
a.C., os egípcios retiraram-se, deixando a Judéia aos
"babilônios. Em 597 a.C., a facção pró-Egito entre os judeus
rebelou-se, e o próprio Nabucodonosor comandou seus
exércitos para o assalto a Jerusalém. Saqueou o palácio e o
templo e deportou Joaquim e um certo número de judeus
importantes para a Babilônia. Esse "exílio" parece ter sido
um tanto exagerado; o número de cativos judeus foi
pequeno, comparável aos trabalhadores estrangeiros que
Hitler levou à força para a Alemanha nazista, embora seu
tratamento fosse muito melhor. O próprio Jeremias admitiu
que a vida sob Nabucodonosor estava longe de ser opressiva.
Os judeus gozavam dum padrão de vida mais alto do que em
Jerusalém; muitos prosperaram e tornaram-se cidadãos da
Babilônia.
Entre os "exilados", numa colônia de Tel Abib perto de
Nipur, junto do Chebar, um canal importante do sistema de
irrigação do Eufrates, vivia um jovem sacerdote chamado
Ezequiel, casado, altamente sensível, cuja mente exaltada e
poética se revoltou com as idolatrias que o cercavam. Com
ardente zelo procurou converter os judeus aos ideais
religiosos dos patriarcas e profetizou a destruição de
Jerusalém a não ser que o povo voltasse para Deus. Uma
personalidade assim intuitiva, estranhamente afim do nosso
George Adamski, certamente chamaria a atenção da gente
espacial que observava os destinos da Terra.
Em 593 a.C. Ezequiel estava sentado junto ao rio Chebar
quando "os céus se abriram" e ele contemplou uma estranha
e maravilhosa manifestação do "Senhor", completamente
fora da sua experiência e compreensão, que descreveu em
linguagem fantasiosa, os únicos termos apropriados que
conhecia, tão inadequados como se Shakespeare tivesse de
explicar um sputnik.
Olhei, e eis que vinha do norte um vento tempestuoso, uma
grande nuvem com um fogo que emitia de contínuo
labaredas, e à roda dela um resplendor, e do meio dele, isto
é, do meio do fogo, saía um como brilho de âmbar. Do meio
dessa nuvem também saía a semelhança de quatro criaturas
viventes. Esta era a aparência delas, e nelas havia a
semelhança de homem... e a sua aparência era como
ardentes brasas de fogo, como a de labaredas. O fogo movia-
se entre as criaturas viventes; o fogo resplandecia, e do fogo
saíam relâmpagos. .. Ora, quando eu estava olhando para as
criaturas viventes, eis uma roda sobre a terra junto a cada
uma das criaturas viventes, aos seus quatro lados... A
aparência das rodas e a obra delas era como o brilho de
berílio, e era uma só semelhança a dos quatro; a sua
aparência e a sua obra era como se estivera uma roda no
meio de outra roda... Quanto às suas pinas, eram altas e
formidáveis; e as pinas das quatro eram cheias de olhos ao
redor... Para onde o espírito havia de ir, iam elas; e as rodas
elevavam-se ao lado delas. Por cima das cabeças das criaturas
viventes havia a semelhança do firmamento, como o brilho
do cristal terrível, estendido por cima, sobre as suas
cabeças... Quando elas iam, eu ouvia o ruído de suas grandes
asas, como o ruído de grandes águas, como a voz do Todo-
Poderoso, o ruído do tumulto como o ruído dum exército;
quando paravam, abaixavam as suas asas... (Ezequiel, 1.)
Ezequiel, como seus tradutores do aramaico, carecia de
conhecimento técnico; contudo, apesar de suas limitações,
deu-nos uma descrição maravilhosa de uma astronave e seus
ocupantes, que os estudiosos de ufos imediatamente
reconhecem e que não foi excedida até o famoso encontro
de Adamski com Orthon no disco voador de Vênus.
Gerações de autoridades em Bíblia têm ficado confusas com
a "visão", olhando-a como fantasia simbólica ou até pondo
em dúvida a sanidade mental de Ezequiel, exatamente como
os nossos cientistas desprezam as descrições detalhadas das
astronaves feitas por Adamski.
Interpretando as palavras de Ezequiel em termos modernos,
parece que o disco veio do norte; como acentuam os
chineses, os egípcios e os observadores atuais, os ufos
aparentemente chegam à Terra passando pelas aberturas
existentes nos cinturões de Van Allen, no setor do pólo
Norte. Os quatro tripulantes usavam trajes espaciais e
capacetes como Oannes, o visitante celeste da Babilônia des-
crito por Beroso.
Um ano depois o "Senhor" apareceu de novo a Ezequiel:
Então olhei, e eis uma figura com a aparência do fogo. Desde
a aparência dos seus lombos e daí para baixo, havia fogo; e
desde os seus lombos e daí para cima, como a aparência do
resplendor, como o brilho de âmbar. Estendeu a forma
duma mão e tomou-me por uma trança da minha cabeça; o
espírito me levantou entre a Terra e o céu, e nas visões de
Deus me levou a Jerusalém, à entrada da porta do átrio
interior que olha para o norte. (Ezequiel, 8, 2-3.)
Em palavras assim poderia um camponês das remotas
florestas do Vietnam descrever uma viagem aérea num
Boeing americano até a civilização em Saigon.
No capítulo 10 Ezequiel amplia sua descrição anterior do
disco e seus tripulantes, que "ele chama querubins, os
mesmos seres humanos alados representados em baixos-
relevos pelos assírios, e descreve sua conversa com o "Se-
nhor" relativamente ao futuro, lembrando a discussão de
Adamski com o comandante venusiano durante sua viagem
numa astronave. Ao que parece, o disco desembarcou
Ezequiel em Jerusalém, onde ele ficou por alguns dias
explorando a depravação da cidade, e depois devolveu-o à
sua casa junto ao Chebar. Com ardente eloqüência Ezequiel
exortou seus compatriotas a adorarem o "Senhor" e
pronunciou vívidas profecias sobre futuras guerras mundiais,
depois do que os judeus redimidos gozariam a glória de
Deus.
Uma narrativa pouco conhecida, mas notável, no capítulo
27, cita a descrição feita pelo "Senhor" dos portos e do
comércio do Mediterrâneo e do Oriente Médio, de Társis à
Arábia, de Tiro à Pérsia, como se o vasto cenário fosse visto
de uma astronave.
Em 538 a.C. outro jovem idealista judeu, Daniel, estava
sentado à margem do Tigre, uns cinqüenta anos apenas antes
de o profeta Ezequiel estar sentado à beira do rio Chebar,
quando também teve uma visão maravilhosa.
No dia vinte e quatro do primeiro mês, estando eu ao lado
do grande rio que é Hiddekel (Tigre), levantei os meus olhos
e olhei, e eis um homem vestido de linho e cingido pelos
lombos com um cinto de ouro de Ufás; também o seu corpo
era como o berílio e seu rosto como a aparência de
relâmpago, e os seus olhos como lâmpadas de fogo e os seus
braços e os seus pés de cor semelhante a cobre polido, e o
som de suas palavras como o som duma multidão. (Daniel,
10, 4-6.)
Quase as mesmas palavras que as de Ezequiel, semelhantes
mesmo à descrição de Orthon de Vênus por Adamski.
O celestial confortou Daniel com uma breve profecia sobre
o turbulento futuro do Oriente Médio durante os quatro
séculos seguintes e concluiu com uma alusão a um
apocalipse e uma ressurreição, que lembra as advertências de
Ezequiel e as premonições de Adamski atuais.
Daniel era justamente o homem talhado para atrair gente
espacial, lembrando muito em temperamento os nossos
próprios filósofos da "nova era" que alegam terem contato
com astronautas. Foi criado no meio do séquito do Rei
Joaquim, exilado, tendo, assim, acesso a toda a sabedoria dos
judeus e dos babilônios; era vegetariano, bebia água em vez
de vinho, entendia de visões e de sonhos. Nabucodonosor,
depois de examiná-lo, declarou-o "melhor que todos os
mágicos e astrólogos que havia em seus reinos", um tributo
surpreendente naquela terra de magos.
Repousa inquieta a cabeça que usa uma coroa!
Nabucodonosor era profundamente perturbado por sonhos,
o que não é muito de surpreender num monarca que estava
destinado a comer erva como um animal nos campos. Os
famosos caldeus ficaram sem saber o que responder, mas a
revelação magistral de Daniel impressionou o rei, que
imediatamente nomeou o jovem judeu governador de toda a
província da Babilônia, uma notável semelhança com a
promoção de José, aquele outro intérprete de sonhos reais, e
imprudentemente talvez nomeou-o governador dos sábios.
Os amigos de Daniel, Sidrac, Mesac e Abdénago, foram
elevados a altos postos no serviço público da Babilônia.
Nabucodonosor, possivelmente inspirado astuciosamente
pelos sobreditos sábios ansiosos por humilhar os judeus que
os suplantavam, fez uma grande imagem de ouro e ordenou
a todos os seus súditos, altos e humildes, que se prostrassem
por terra e a adorassem, ou seriam jogados dentro duma
fornalha ardente. Sidrac, Mesac e Abdênago nobremente se
recusaram a inclinar-se diante do ídolo, e Nabucodonosor
furioso ordenou que os três fossem amarrados e lançados na
fornalha superaquecida sete vezes. Os observadores ficaram
espantados de ver os três mártires andarem ilesos pelo meio
do fogo, acompanhados dum quarto "homem" como o "filho
de Deus"! Lembramo-nos de Abraão salvo de ser queimado
na fogueira por um "anjo" ou "astronauta". Nabucodonosor
ficou tão impressionado com o poder demonstrável do
"Deus" dos judeus, que imediatamente promoveu Sidrac,
Mesac e Abdénago "na província da Babilônia". Daniel
guarda silêncio sobre sua própria atitude para com a imagem
de ouro; mas reteve seu posto como astrólogo-chefe durante
o reinado de Baltasar, regente do Rei Nabonide.
Baltasar deu uma grande festa com extravagância oriental
que degenerou numa orgia de ébrios, e o rei e sua corte
passaram a zombar do Deus dos judeus, bebendo vinho
pelos vasos de ouro sagrados saqueados do templo. De
repente a algazarra silenciou.
Na mesma hora saíram os dedos duma mão de homem e
escreveram defronte do candeeiro na caiadura da parede do
palácio real. O rei via a parte da mão que escrevia. (Daniel,
5, 5.)
Baltasar, aterrado, mandou chamar todos os seus astrólogos e
adivinhos para que interpretassem a misteriosa escritura da
parede. Todos os sábios ficaram confusos, e então a rainha
mandou chamar Daniel. O jovem profeta olhou a orgia em
volta, examinou as palavras fatídicas e leu "mene, mene,
tequel, ufarasim".
MENE: Deus contou o teu reino e o acabou. TEQUEL: pesado
na balança e achado em falta. PERES: está dividido o teu
reino e entregue aos medos e aos persas. Naquela noite foi
morto Baltasar, rei caldaico. Dario, o Medo, recebeu o reino.
(Daniel, 5, 26-28, 30-31.)
Essa dramática história duma mão fantasma escrevendo
palavras flamejantes de aviso na parede do palácio,
anunciando a morte de Baltasar e a queda da poderosa
Babilônia, emocionou sessenta gerações como uma mila-
grosa revelação do poder do "Senhor". Na nossa era da
eletrônica nós televisionamos cenas da Lua para a nossa
lareira. Qualquer nave espacial por cima da Babilônia podia
projetar aquelas palavras fatais na parede do palácio de
Baltasar; os nossos céticos críticos de TV certamente
concordarão em que a produção poderia ser muito me-
lhorada.
A Bíblia erra ao declarar que Dario conquistou a Babilônia.
Historicamente foi Ciro, que Dario seguiu vinte anos mais
tarde. Ciro ocupou a cidade sem derramamento de sangue,
fez-se notar por sua clemência com os povos subjugados e
autorizou os judeus cativos a voltarem a Jerusalém para
reconstruírem o Templo. Um cilindro cuneiforme registra
que ele foi recebido como libertador da tirania de Nabonide
e Baltasar, e sugere a revelação surpreendente, e, entretanto,
plausível, de que Jeová e Marduc (Merodaque) eram um e o
mesmo "deus", possivelmente um ser do espaço que
estabeleceu contato com Ciro, um dos soberanos mais
esclarecidos do mundo antigo, cujo nascimento, como o de
Moisés, foi envolto em mistério.
O livro de Daniel declara que Dario preferiu Daniel aos
presidentes e príncipes, prova do prestígio do jovem judeu.
Naturalmente, os rivais invejosos conspiraram contra ele e
persuadiram o rei a decretar que qualquer homem que
fizesse uma petição a Deus e não ao rei seria lançado numa
cova de leões. Como era de esperar, Daniel desprezou a
ordem e foi lançado na cova dos leões. O rei ficou
profundamente angustiado, mas as leis dos medos e dos
persas não podiam ser modificadas. Na manhã seguinte ele
correu à cova dos leões e com sincera alegria encontrou
Daniel ileso.
Logo disse Daniel ao rei: Ó rei, vive eternamente. O meu
Deus enviou o seu anjo, e fechou as bocas aos leões; eles não
me fizeram mal algum. (Daniel, 6, 21-22.)
Poderia um astronauta ter encantado os leões famintos para
que não devorassem Daniel? Os famosos seres humanos
alados" representados por Assurnasirabal III e Salmanasar II,
os discos solares alados nas esculturas de Dario em Behistun,
tudo sugere que os babilônios aceitavam a intervenção de
homens do céu.
Muitos sábios comentadores ficam intrigados com o livro de
Daniel. Sua conclusão mais unânime é de que essa obra
apocalíptica foi na realidade composta por volta de 166 a.C.
para consolar os judeus em seus terríveis sofrimentos
durante a perseguição de Antíoco Epifanes, no período
imediatamente anterior à revolta dos Macabeus. Sem dúvida,
os primitivos compiladores da Bíblia aceitaram a história de
Daniel como verdadeira.
Em 670 a.C. o exército de Senaqueribe foi destruído em
Pelúsio, possivelmente por uma bomba nuclear; os
japoneses afirmaram que em 660 a.C. os "deuses" assistiram
o Imperador Jimmu na conquista da vitória; os romanos
juravam que em 498 a.C. Castor e Pólux apareceram na
batalha do lago Regillus; os atenienses acreditavam que em
490 a.C. seres imortais se materializaram para ajudá-los em
Maratona; se assim foi, durante o mesmo período
astronautas devem ter desembarcado para inspirar Ezequiel e
Daniel na Babilônia.
O livro de Daniel será "ficção científica" ou antecipação de
Flying saucers have landed, de Adamski?
Os persas, que mais tarde assumiram o manto da Babilônia
imperial, durante séculos contaram histórias maravilhosas de
heróis e lindas donzelas que atravessavam os céus em
tapetes mágicos, os quais bem podiam ser reminiscências
raciais das astronaves.
A fascinante história da Babilônia desde aqueles tempos
antigos de Oannes com seus deuses violentos e reis
dinâmicos, seus magos e profetas, desenrola um vistoso
panorama de uma brilhante e inquieta civilização observada
por espaçonautas.
Capítulo Dezesseis
DEUSES OU ASTRONAUTAS?
A fascinante história do antigo Oriente funde-se com a
nossa compreensão moderna do universo habitado e o nosso
desenvolvimento das viagens espaciais em uma maravilhosa
e surpreendente revelação que dá novo sentido ao destino
do homem. Enquanto nos maravilhamos com ufos que hoje
povoam os nossos céus e contestamos esses "contatos" com
seres de outros mundos, sentimos que tudo isso já aconteceu
antes. Os mitos e a literatura do antigo Oriente explicam os
deuses e seres celestiais das estrelas que aqui pousaram na
antiguidade e ensinaram civilização à Terra como nós
mesmos tencionamos fazer em Marte. O passado, o presente
e o futuro parecem fundir-se em um panorama estimulante
e inspirador que dissipa as aflições do nosso mundo
torturado e dá novo propósito à vida.
Das mitologias e crónicas da Índia, do Tibete, da China, do
Japão, do Egito e da Babilónia, vistas à luz do nosso novo
conhecimento, emerge uma história clara, coerente, que
cobre todo o Oriente antigo. Todas as tradições falam de
super-homens dos céus, dinastias divinas governando a
nossa Terra numa idade de ouro, guerra nos céus levada a
efeito com armas fantásticas, cataclismos mundiais, barbárie,
depois a reconstrução da civilização com a orientação de
astronautas adorados como deuses. O mito torna-se ciência,
as velhas fábulas sujeitam-se à prova empírica; assim como
um químico pode predizer as propriedades dum elemento
que ainda terá de isolar, nós podemos sintetizar as histórias
antigas dos países que ainda temos de estudar e fabricar suas
mitologias pelo método científico, certos de que as lendas
corroborarão o nosso plano.
À medida que a nossa pesquisa mergulha mais fundo nos
poucos documentos de que dispomos, ressuscitamos em
cada país uma multidão rutilante de reis e rainhas, heróis e
sábios, patriarcas e sacerdotes, homens e mulheres,
exatamente tão humanos como nós, desfilando pelos cor-
redores poeirentos do tempo e parando para representarem
o papel que lhes foi destinado neste palco terreno, sob os
olhos dos imortais do espaço. Maravilhamo-nos com a
fabulosa Índia, onde deuses e mortais se misturavam no
amor e na guerra em exótica rivalidade; o Tibete oculto
tantaliza-nos com mistérios e magia; a velha China encanta-
nos com guerras nos céus em fantasias que suplantam, a
ficção científica. Nas ilhas do Japão deusas temperamentais e
imperadores excêntricos confundem-se de algum modo com
o Mikado de Gilbert e Sullivan, e nós confundimos os
astronautas com aquele outro viandante, o menestrel Nanki-
Poo, e nos perguntamos se os monarcas marcianos terão
como seu sublime objetivo tornar o castigo apropriado ao
crime. Como previmos, o padrão familiar de deuses ou
astronautas encontra-se no Egito e na Babilônia; a terra do
Nilo perde um pouco da sua magia e até a grandiosa
Babilônia parece uma imitação da enjoiada Índia; o Velho
Testamento mesmo parece leitura rotineira em comparação
com o brilhante Ramáiana e a sublimidade dos Upanixades.
Estes brilhantes aspectos da antiguidade, quando os deuses
se misturavam com os homéns na Terra, eclipsam os vagos
quadros de visitantes do espaço que se pintam atualmente.
Excluindo deste nosso estudo o antigo Ocidente, cujos
clássicos cantam os deuses do céu na Grécia, na Escandi-
návia, na Grã-Bretanha e nas Américas e apoiam a nossa tese
dos extraterrestres, podemos verificar a seqüência de reis
divinos, guerras e catástrofes em terras que carecem de
literatura do passado. A nossa conclusão de que os celestiais
intervieram no continente da Ásia e devem ter influenciado
raças primitivas em todo o Oriente parece provada sem
sombra de dúvida; podemos predizer suas lendas antes de as
lermos: os nomes podem diferir, mas a substância é a
mesma.
Os aborígines da Austrália falam dum "tempo de sonho",
uma era idílica no passado, suas pinturas rupestres têm
semelhança com os afrescos de Tassilli no Saara e com os
petróglifos dos Andes. Os polinésios de Malekula lembram-
se de "mulheres aladas" que desceram do céu para lhes
darem ajuda, e depois partiram de novo como vieram; é
curioso saber que a palavra polinésia para designar o Sol é
"Rá", evocando toda a maravilha do antigo Egito. As estátuas
gigantescas e a escritura indecifrada da ilha de Páscoa são
mistérios para nós, e as explicações plausíveis dos sábios não
nos convencem. Os nativos das ilhas Carolinas em seus
textos haidas descrevem seres maravilhosos em máquinas
voadoras, com forma de discos, que desceram à Terra e
ensinaram seus antepassados há séculos; em muitas ilhas de
todo o Pacífico contam-se histórias de Kon-Tiki, um herói
tutelar de pele branca identificado com o Sol ou a Lua. Os
havaianos usam a palavra akuwalela para designar "querubins
voadores", alguma memória racial dos barcos solares
mencionados nos anais do Egito antigo. Os bosquímanos
africanos papagueiam ingenuamente sobre deuses do céu;
Livingstonne encontrou a história da Torre de Babel perto
do lago Ngami e uma tradição semelhante existe na
Mongólia. Os esquimós dizem que seus antepassados foram
transportados por grandes aves brancas de terras devastadas
pela inundação e falam de seres com rostos brilhantes
enviados das estrelas; os xamãs da Sibéria ensinam sobre
homens que precederam a nossa raça atual que possuíam
saber ilimitado e ameaçaram rebelar-se contra o Grande
Espírito Chefe, ressonância da Atlântida das estâncias de
Dzyan; as raças circumpolares cultuam o urso, relacionando-
o com a Estrela do Norte, que para os antigos e para os
observadores atuais coincide com o roteiro de vôo das naves
espaciais; o urso representaria a memória primitiva de seres
extraterrestres que usavam trajes espaciais? O folclore do
Vietnam diz que seus primeiros reis vieram do céu; os
adeptos acreditam que as areias do deserto de Góbi
encobrem uma civilização fantástica enterrada há muito
tempo. Abandonadas na floresta do Camboja as poderosas
ruínas de Angkor Vat têm templos e torres de mais de trinta
metros de altura e rivalizam com a grandeza da Babilônia;
como o grande templo budista de Borobodura em Java, as
impressionantes esculturas das paredes incluem deuses com
asas, e há estranhas representações do "homem-peixe"
Oannes, o mestre dos babilônios, um ser vindo do espaço. A
parte mais antiga de Angkor Vat pode datar da mais remota
antiguidade; muitas figuras evocam monumentos egípcios e
tabuinhas assírias; algumas imagens lembram Poseidon e
Vulcano, os cabiros, adorados há muito tempo no
Mediterrâneo. A fundação do templo foi atribuída ao
"Príncipe Roma"; possivelmente "Rama" do Ramáiana, mas a
tradição cambojana diz que o fundador de Angkor Vat veio
de "Roma", na extremidade ocidental do mundo,
apresentando um mistério fascinante. Os khmers,
aparentemente uma raça indo-européia lingiiisticamente
aparentada com a Polinésia, atingiram uma civilização
notável e opulenta; dizia-se que seus sacerdotes haviam
acumulado grandes bibliotecas, cuja literatura devia rivalizar
com as epopéias sânscritas da Índia.
Hoje em dia tendemos a diminuir o passado e gabar-nos da
nossa era como o auge da cultura humana, apesar das nossas
flagrantes e lamentáveis deficiências. Não há dúvida de que
o homem comum do Ocidente vive mais principescamente
do que muitos reis há séculos atrás e goza de maravilhas do
gênio que teriam assombrado os mágicos antigos, mas a
literatura dos povos orientais mostra que os antigos algumas
vezes nos suplantaram justamente nas coisas de que nos
orgulhamos. Os indianos cantam sobre astronaves mais
rápidas do que a luz e mísseis mais violentos do que as
bombas de hidrogênio; seus textos sânscritos descrevem
aviões aparentemente munidos de radar e câmara; o
maravilhoso Maabarata rivaliza com a Ilíada, a Odisséia, a
Eneida, as peças de Shakespeare e a maioria da ficção
moderna todas juntas. Os tibetanos, em sua maneira oculta,
eram capazes de invocar tempestades de granizo contra seus
adversários e de se confundirem até a si mesmos
materializando formas de pensamento; os chineses
discorrem sobre dragões voadores, raios laser, pílulas
antigravitacionais e hibernação humana com um encanto
oriental que confunde os nossos cientistas espaciais. As
religiões e filosofias do Oriente destilavam uma sublimidade
de pensamento raramente àtingida no Ocidente; o
maravilhoso sistema indiano da ioga, a gnani ioga da
sabedoria, a raja ioga da mente, a hatha ioga do corpo, a
bhakti ioga do amor, a karma ioga do trabalho
desenvolveram há milênios uma disciplina que mistura o
misticismo com a vida diária, mostrando a relação do
homem com o universo, o homem encarnando sempre para
cima até a perfeição, até a união com Deus. Esse
ensinamento supremo e benéfico que agora está exercendo
uma influência cada vez maior no nosso mundo ocidental
deve ter resultado de civilizações há muito desaparecidas ou
ter sido ensinado à Terra por astronautas. O fascinante mapa
de Piri-Reis mostra a América pré-colombiana e a linha da
costa antártica, cartografia de vasta antiguidade. Até mesmo
as histórias familiares da nossa Bíblia revelam novas
maravilhas. A visão de Ezequiel agora parece ter sido uma
nave espacial. A estada de Jonas na barriga duma baleia
torna-se uma viagem num submarino, provavelmente uma
nave espacial que mergulhou no mar. O passado está repleto
de maravilhas, mesmo para os nossos olhos modernos
cansados de milagres.
Cientistas de gênio transformaram a nossa Terra,
cumulando-nos de bênçãos nunca antes conhecidas, mas
que aproveitará a um homem ganhar o mundo se perder a
alma? Estes tristes tempos sugerem que a nossa civilização
perdeu aquele dom divino de maravilhar-se, a única coisa
que pode inspirar a humanidade em sua peregrinação
cósmica.
A oposição aos astronautas, tirando o natural egocentrismo
do homem e seu medo do desconhecido, provém dos
astrônomos, homens sinceros, cuja avaliação do céu os
levou a condicionarem as pessoas à idéia de que a Terra é a
única habitação da vida. Ultimamente, persuadidos pelos
progressos da biologia, os astrônomos em sua maioria
voltaram atrás em suas crenças antigas e proclamam,
infelizmente para ouvidos moucos, que deve abundar vida
através do universo, exceto nos outros planetas do nosso
sistema solar. Se os mundos vizinhos permanecem
desabitados, então os astronautas devem se originar em
planetas ao redor das estrelas; como as estrelas estão a anos-
luz de distância, tal viagem levaria décadas e até séculos. Por
conseguinte, os astronautas não poderiam vir até nós, e por
isso as histórias de seres celestiais que visitaram a Terra no
passado ou no presente simplesmente não podem ser
verdadeiras. Essa lógica tão lúcida oculta a piada do século.
Os astrônomos, mesmerizados por seus próprios
instrumentos, juram que o espectroscópio mostra não existir
oxigénio nem água em Marte, embora alguns rebeldes
afirmem que o espectroscópio mostra oxigênio e água quase
tão abundantes como na Terra; muitos observadores,
grudados aos seus telescópios, vêem os famosos canais
marcianos, e igual número, olhando pelos mesmos
telescópios, não os vêem. Não obstante desacordos tão
fundamentais que paralisariam a maioria das profissões, em
qualquer questão relativamente à vida humana, os
astrônomos em geral concordam em que Marte deve ser
deserto. Fotografias telemetradas em 1965 pela sonda de
Marte Mariner IV, de uma distância de dez mil quilômetros,
mostraram que Marte era aparentemente deserto. O mundo
soltou suspiros de alívio: as potências beligerantes não
precisavam mais se preocupar com a possibilidade de serem
apunhaladas pelas costas por uma invasão de Marte,
enquanto se preparavam diligentemente para fazer guerra
umas às outras. O público prestou generosa homenagem à
presciência dos astrônomos. Inexistência de vida em Marte
significava inexistência de discos voadores, inexistência de
astronautas, um triunfo para a ciência oficial.
Exultação fora de propósito! Os meteorologistas revelam
agora casualmente que milhares de fotos da Terra, tiradas
pelo satélite Nimbus I, que gira a apenas seiscentos
quilômetros de distância, mostram que não há o menor sinal
de vida aqui. Os astrônomos que negam a existência de
criaturas vivas em Marte e em planetas mais distantes
deviam agora proclamar ao mundo que seus maravilhosos
instrumentos também provam que não existe vida na Terra.
A supressão de fatos é anticientífica; se nosso planeta é
desabitado, o povo tem o direito de saber. A lógica pode
deduzir ainda outra razão por que a Terra nunca é visitada
por astronautas. A ciência não provou conclusivamente que
nenhum de nós está aqui para recebê-los, se vierem?
Os selenitas podem ter lançado da Lua uma sonda da Terra
para pousar no Saara; fotos telemetradas de volta ao Centro
Espacial da Lua mostram que a superfície suportaria uma
astronave; os dados fornecidos pelos instrumentos
confirmam as afirmações dos astrônomos de que a Terra é
quente demais para permitir a vida.
A prova de que a Terra foi outrora governada por seres de
outros planetas seria a descoberta fundamental do nosso
século XX; os testemunhos da literatura antiga podem ser
confirmados sem dúvida alguma pelos arqueólogos, que tão
brilhantemente têm ressuscitado grande parte da antiguidade
perdida; esperamos que algum dia uma pá desenterre algum
novo pergaminho ou escultura que prove que os deuses
antigos eram astronautas. A nossa cultura ocidental foi
fundada originalmente sobre os ensinamentos da Grécia e de
Israel. Os filósofos gregos e os Padres da Igreja podem ter
sido homens sábios e piedosos, familiarizados com a ciência
de seus próprios tempos, mas não sabiam nada sobre as
grandes civilizações do velho Oriente, e em seus mais
audaciosos vôos de imaginação não poderiam imaginar o
nosso mundo atual.
Muitas das nossas concepções fundamentais são baseadas em
falsas premissas. Devemos varrer o pó e o dogma dos séculos
e estudar os fenômenos como realmente aconteceram. Hoje
nós compreendemos que a nossa Terra não é o centro da
Criação, mas um grão de pó num universo de espaço-tempo,
inclusive universos de várias dimensões coexistentes dentro
do nosso próprio, todos possivelmente com um universo
paralelo de antimatéria.
O homem está no limiar de uma nova e empolgante era
cósmica, desafiando as estrelas; a atual inquietação da Terra
mostra que na sua alma o homem anela pela verdade. Todas
as nossas crenças convencionais devem ser reexaminadas, a
verdade renovada, a falsidade rejeitada. O homem evolui
pelo sofrimento em sua peregrinação da escuridão para a luz.
Nenhum homem é sábio, mas todos os homens podem ser
amantes da sabedoria.
A palavra "deus" tem pelo menos dois significados distintos:
o Absoluto, que imagina o universo em que vivemos e
temos o nosso ser, e os "deuses" locais ou astronautas, que
vêm de algum planeta adiantado e de tempos em tempos se
manifestam entre os homens.
O que foi será novamente! A Terra espera agora os nossos
irmãos das estrelas, os astronautas do antigo Oriente.
O yojana equivale a aproximadamente oito quilômetros.
Hailé Selassié era imperador da Abissínia na época em que foi escrito este livro. Foi deposto em 12
de setembro de 1974 por um golpe militar. (N. do E.)
Lançamento Gênesis do Conhecimento Deuses e Astronautas no Antigo Oriente W. Raymond Drake links ao final da mensagem digitalização, formatação e revisão - Lucia Garcia agradecimentos ao JR. pela doação do ebook para o Memorial do Conhecimento Sinopse: Em muitos lugares do mundo ainda se conserva a tradição de que super-homens vindos das estrelas guiaram e governaram a humanidade num passo distante. Esta tradição fala de guerras travadas nos céus com armas fantásticas, de convulsões cataclísmicas que fizeram civilizações nascentes voltar à barbárie, com subsequente regresso à civilização sob a proteção e orientação de astronautas venerados como deuses. São essas as assombrosas conclusões do autor de Deuses e Astronautas no Antigo Oriente, baseados em pesquisas efetuadas nos locais das antigas civilizações orientais e que o levaram dos jardins suspensos da Babilônia aos mistérios dos templos do Tibet.
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