sábado, 7 de maio de 2016 By: Fred

{clube-do-e-livro} ESCUTANDO SENTIMENTOS - Wanderley S. de Oliveira.txt









ESCUTANDO SENTIMENTOS
A ATITUDE DE AMAR-NOS COMO MERECEMOS




WANDERLEY S. DE OLIVEIRA
Pelo Esp�rito ERMANCE DUFAUX



Editora DUFAUX s�rie HARMONIA INTERIOR

6� Edi��o
outubro / 2007






























Que eu fa�a um mendigo sentar-se � minha mesa, que eu perdoe aquele que me ofende e me esforce por amar, inclusive o meu inimigo, em nome de Cristo, tudo isto, naturalmente,
n�o deixa de ser uma grande virtude. O que eu fa�o ao menor dos meus irm�os � ao pr�prio Cristo que fa�o. Mas o que acontecer�, se descubro, porventura, que o menor,
o mais miser�vel de todos, o mais pobre dos mendigos, o mais insolente dos meus caluniadores, o meu inimigo, reside dentro de mim, sou eu mesmo, e precisa da esmola
da minha bondade, e que eu mesmo sou o inimigo que � necess�rio amar?" - Carl Gustave Jung

The Collected Works of CG Jung - volume XI, par. 520



"Pugnemos por essa linha transformadora. C�rebro instru�do, cora��o sensibilizado, m�os operosas e grupos afetivos. Resumamos assim nossa alocu��o: homens educados
na mensagem de Jesus, institui��es inspiradas na "Casa do Caminho". Contra isso n�o h� ego�smo que persista!!!"


Eur�pedes Barsanufo - Op�sculo Atitude de Amor - Editora Dufaux
































Ora��o pelo Amor


Senhor,

Estamos exaustos pelos descaminhos por que optamos.

Escolhemos o desamor e tombamos na decep��o e na revolta.

Assegura-nos rumos novos.

Ante o convite da ilus�o, fortifica-nos para fugirmos dos atalhos e aderirmos � Verdade.

Falta-nos for�a e coragem para amar como dever�amos. Por isso Te rogamos que supra nossas inibi��es.

Encoraja-nos a zelar com carinho por aqueles que deliberadamente n�o nos querem bem.

Amplia-nos o discernimento no uso do equil�brio com quantos fortalecem com amor Tua participa��o em nossos passos.

Jesus, ensina-nos o amor para que vivamos no cora��o os sublimes sentimentos que h� muito louvamos na palavra e esquecemos ou n�o sabemos como aplicar.

Permita-nos aprender a gostar da vida e amar a n�s mesmos, enaltecendo o mundo com a coopera��o na Obra Excelsa do Pai e celebrando a d�diva da vida em nossos caminhos
de cada dia.

Pela s�plica sincera que brota de nossa alma nesta hora, de n�s receba, hoje e sempre, a gratid�o de quantos Te devem tanto por receber mais que merecemos do Teu
inesgot�vel amor.

Obrigada, Senhor!


Ermance Dufaux
















�NDICE



CAP�TULO 01 - INDIVIDUA��O OU INDIVIDUALISMO? 20
CAP�TULO 02 - RECEITU�RIO OPORTUNO 23
CAP�TULO 03 - EDUCA��O PARA O AUTO-AMOR 28
CAP�TULO 04 - INFORT�NIO OCULTO NOS GRUPOS DOUTRIN�RIOS 32
CAP�TULO 05 - ESTUFAS PS�QUICAS DA DEPRESS�O 34
CAP�TULO 06 - IDENTIDADE C�SMICA 38
CAP�TULO 07 - CARTA DE MISERIC�RDIA 40
CAP�TULO 08 - ESTUDANDO A ARROG�NCIA I 46
CAP�TULO 09 - ESTUDANDO A ARROG�NCIA II 51
CAP�TULO 10 - SOMBRA AMIG�VEL 55
CAP�TULO 11 - UMA LEITURA PARA O CORA��O 59
CAP�TULO 12 - SANTIDADE DOS M�DIUNS 61
CAP�TULO 13 - NOSSA MAIOR DEFESA 65
CAP�TULO 14 - CIS�O DE REINO I 69
CAP�TULO 15 - CIS�O DE REINO II 72
CAP�TULO 16 - MEDITA��O: CUIDANDO DA CRIAN�A INTERIOR 76
CAP�TULO 17 - PEDAGOGIA DA FELICIDADE 80
CAP�TULO 18 - SENTIMENTO E OBSESS�O 84
CAP�TULO 19 - QUE SENTIMOS SOBRE N�S? 88
CAP�TULO 20 - A PALESTRA DE CALDERARO 90
EP�LOGO 97
PROGRAMA DE BEZERRA DE MENEZES PELOS VALORES HUMANOS NO CENTRO ESP�RITA 107

Sum�rio


Pref�cio

Escutando a alma - Ermance Dufaux

Na ac�stica da alma existem mensagens sobre o "Plano do Criador" para nosso destino. Aprender a ouvi-las � exercitar, diariamente, a plena aten��o aos ditames libertadores
dos sentimentos. Interfer�ncias internas e externas subtraem-nos, constantemente, a apreens�o desses "recados do cora��o".


Apresenta��o - Jaider Rodrigues de Paula


Introdu��o

A Rota dos Filhos Pr�digos - Calderaro

Nesta hora grave pela qual passa a Terra, um destrutivo sentimento de indignidade aninha-se na vida psicol�gica dos homens. Rar�ssimos cora��es escapam dos efeitos
de semelhante trag�dia espiritual, causadora de feridas diversas. Uma dolorosa sensa��o de inadequa��o e desvalor pessoal assoma o campo das emo��es com efeitos
lastim�veis.


1.Individua��o ou Individualismo?

Na individua��o o crit�rio certo / errado � substitu�do pelas perguntas: conv�m ou n�o:? Serve ou n�o serve? Quest�es cujas respostas v�m do cora��o. Somente aprendendo
a linguagem dos sentimentos poderemos escutar as mensagens da alma destinadas ao ato de individuar-se.


2. Receitu�rio Oportuno

H� muito esp�rita que faz da atividade doutrin�ria um "dep�sito banc�rio" com intuito de "sacar tudo depois da morte". Em casos como o de Anselmo, chegam aqui e
encontram suas "contas concorrentes" zeradas. Sendo assim � justo que perguntem sobre a raz�o, mas n�o � justo que se queixem de ningu�m, a n�o ser de si mesmos.


3. Educa��o para o Auto-amor

O auto-amor � um aprendizado de longa dura��o. Conectar seu conceito a f�rmulas comportamentais para aquisi��o de felicidade instant�nea, � uma atitude pr�pria de
quantos se exasperam com a procura do imediatismo. Amar � uma li��o para a eternidade.



4. Infort�nio Oculto nos Grupos Doutrin�rios

Quem analisa um orador, um m�dium, um dirigente, um tarefeiro iluminado com as luzes da cultura esp�rita, enquanto em suas movimenta��es doutrin�rias, n�o imagina
a dor �ntima que atinge muitos deles na esfera de suas provas silenciosas no reino do cora��o.


5. Estufas Ps�quicas da Depress�o

Devido aos programas coletivos de saneamento ps�quico da Terra orientados pelo Mais Alto, vivemos um momento hist�rico. Nunca foram alcan�ados �ndices t�o significativos
de resgate e socorro nos atoleiros morais da erraticidade. Conseq�entemente, eleva-se o n�mero de cora��es que regressam ao corpo carnal sob cust�dia do remorso.


6. Identidade C�smica

Quem se ama imuniza-se contra as m�goas, guarda serenidade perante acusa��es, desapega-se da exterioridade como condi��o para o bem-estar, foca as solu��es e valores,
cultiva indulg�ncia com o semelhante, tem prazer de viver e colabora espontaneamente com o bem de todos e de tudo.


7. Carta de Miseric�rdia

Segundo o benfeitor Calderaro, o cap�tulo dez de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Os Que S�o Misericordiosos, deveria ser um dos textos mais estudados entre n�s,
os seguidores da Doutrina Esp�rita.

Os ambientes educativos dos centros esp�ritas que n�o cultivarem a miseric�rdia ter�o enormes obst�culos com o conflito improdutivo - resultado da maledic�ncia e
da hipocrisia, da severidade e da intoler�ncia.


8. Estudando a Arrog�ncia I

Interessante observar que uma das propriedades psicol�gicas doentias mais presentes na estrutura rebelde da arrog�ncia � a incapacidade para perceb�-la. O efeito
mais habitual de sua a��o na mente humana. Basta destacar que dificilmente aceitamos ser adjetivados de arrogantes.


9. Estudando a Arrog�ncia II

O reflexo mais saliente do ato de arrogar � a disputa pela apropria��o da Verdade. Nossa necessidade compulsiva de estarmos sempre com a raz�o expressa a a��o ego�sta
pela posse da Verdade, isto �, daquilo que chancelamos como sendo a Verdade.

10. Sombra Amig�vel

Quando digo "sou minha sombra" n�o significa que tenha que viver conforme sua orienta��o. Apenas admiti-la, entender suas mensagens.

A sombra s� � amea�a quando n�o � reconhecida. S� pode ser prejudicial quando negligenciamos identific�-la com aten��o, respeito e afabilidade.


11. Uma Leitura para o Cora��o

A Doutrina Esp�rita � a medica��o recuperativa das nossas vidas. Sua "subst�ncia ativa" � o Evangelho. Sua "bula" � estritamente individual. Para cada um haver�
uma dosagem e forma de aplica��o.


12. Santidade dos M�diuns

Mediunidade � o instrumento da vida para desenvolvimento da santidade. Santidade � esculpir no cora��o a sensibilidade elevada. Sensibilidade � a medica��o reparadora
para as almas que tombaram na descren�a e na apatia perante o mundo, esquecendo-se de cooperar com o Pai na Obra da Cria��o.


13. Nossa Maior Defesa

A pior defesa da falta de autonomia � medir o valor pessoal pela avalia��o que as pessoas fazem de n�s. Por medo de rejei��o, em muitas situa��es, agimos contra
os sentimentos apenas para agradar e sentir-se inclu�do. Quem se define pelo outro, necessariamente tombar� em conflitos e decep��es.


14. Cis�o de reino I

Estudos Maiores feitos pelos Condutores Planet�rios denominam essa situa��o de "regress�o ou involu��o" como cis�o de reino, o desejo do Esp�rito em n�o assumir
sua condi��o excelsa de homem l�cido e consciente perante o universo.


15. Cis�o de reino II

Por essa raz�o, os trabalhadores do Cristo que conduzem as casas de amor, devem se munir dos recursos do Evangelho no cora��o, para absorverem a prote��o dos Servidores
do Bem a que se fazem dignos. Nem sempre, por�m, temos observado esse cuidado. Os pr�prios aprendizes trazem em si mesmos, tra�os similares de tristeza e inconforma��o,
revolta e rebeldia, decorrentes de ciclos emocionais de disputa arrogante e complexa.


16. Medita��o: Cuidando da Crian�a Interior

As crian�as s�o fant�sticas nas rela��es por n�o nutrirem expectativas na conviv�ncia, desobrigando-se de cobran�as, ofensas, insatisfa��es e aborrecimentos.

Aceitar homens como s�o e respeitar-lhes a caminhada � medida salutar de paz. Aceitar-se como se � e sem condena��es est�reis e cr�ticas impiedosas � a base de uma
vida saud�vel.


17. Pedagogia da Felicidade

Uma pedagogia de felicidade deve assentar-se no auto-amor em busca do self reluzente. Desenvolver as habilidades da "intelig�ncia espiritual" tais como autoconsci�ncia,
resili�ncia, vis�o hol�stica, alteridade, autoconfian�a, curiosidade, criatividade, disciplina no adiamento das gratifica��es, sensibilidade, compaix�o, naturalidade.


18. Sentimento e Obsess�o

O conceito de vigil�ncia vai muito al�m de disciplinar os pensamentos. � no campo do sentimento que nasce esmagadora maioria das obsess�es. A capacidade de "pensar
livre" ou decidir por n�s � "quase nula" no concerto universal. Vivemos em regime de cont�nuo interc�mbio e interdepend�ncia.


19. Que Sentimos Sobre N�s?

O primeiro ato educativo na constru��o do valor pessoal � diluir a ilus�o da inferioridade. Buscar as ra�zes do desamor que usamos conosco. O Criador nos ama como
somos. Temos um nobre significado para Deus.Somente n�s, por enquanto, ainda n�o descobrimos o valor que possu�mos.


20. A Palestra de Calderaro

De onde vim? Para onde vou? Que fa�o na Terra? Que quero da vida? Que os centros esp�ritas tomem como meta neste s�culo dos sentimentos o compromisso de auxiliar
os seres humanos a investigarem suas reais propostas existenciais, ajudando-os a viver em paz. Ainda mesmo, e principalmente, se os seus destinos forem alhures �s
nossas expectativas.


Ep�logo - O Que Buscamos na Vida?

Quanto mais consci�ncia de nossas necessidades e valores, mais clareza possu�mos diante de nossa inten��o b�sica, aquela que norteia a "rota evolutiva do Ser". Compreendamos
que essa consci�ncia de si n�o � uma no��o racional, mas sentida. Muita diferen�a existe entre dizer "sei que preciso" e "sinto que preciso".


Programa de Bezerra de Menezes pelos Valores Humanos no Centro Esp�rita.





Pref�cio
Escutando a Alma


"Ou�a quem tem ouvidos de ouvir."
O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap�tulo XVII - �tem 5


Os apontamentos aqui organizados constituem indicativas �s preces angustiadas de milh�es de almas que anseiam a felicidade sem saber como e o que fazer para alcan��-la.

In�meras dessas rogativas partem de cora��es queridos iluminados com o conhecimento esp�rita. Aflitos uns, desanimados outros, apesar do clar�o do saber doutrin�rio,
sentem-se frustrados ao examinarem sua vida interior. Tarefas e orienta��o, prece e esfor�o, segundo suas s�plicas, n�o t�m sido suficientes. Continuam, dia ap�s
dia, carregando o mart�rio mental sem solu��es ou alternativas de sossego e paz interior.

Adentramos o per�odo da maioridade. O Espiritismo � uma semente vi�osa e promissora cultivada com sacrif�cio e ren�ncia por lavradores her�icos. Contudo, de que
servir� as sementes se n�o forem lan�adas no terreno f�rtil? � sob o Sol escaldante deste momento de transi��o que nos compete lavrar o ch�o e dominar o arado para
o plantio de um novo tempo na pr�pria intimidade.

O per�odo de maioridade das id�ias esp�ritas ser� alcan�ado com a instaura��o das atitudes de amor em nossas rela��es. Para isso, torna-se indispens�vel aprofundar
a sonda da investiga��o mental no reino subjetivo dos sentimentos.

Quando conseguirmos melhor desenvoltura para mapear nossa vida moral com inten��es nobres, renovaremos a conduta manifestando serenidade e autocontrole. O caminho
� universal. � o mesmo para todos: o bem e o amor. A forma de caminhar, por�m, � essencialmente individual, particular.

A mensagem esp�rita, em muitas ocasi�es, � difundida como amea�a e recebida como tormenta por muitos adeptos. Ressalta excessivamente as feridas, estipulam rigidez
de conduta e excessos normativos. Urge dar um '"novo sentido" � mensagem consoladora. A Doutrina Esp�rita � a Boa Nova dos tempos modernos. Sua mais nobre caracter�stica
consoladora somente ser� comprovada quando seus postulados estiverem a servi�o da liberta��o de consci�ncias, atrav�s da responsabilidade e do amor.

Nas preces angustiadas de muitos adeptos, ouvimos as indaga��es: "O que me falta fazer para ser feliz?", "Onde estou falhando?", "Ser� uma obsess�o que me persegue?',
"Por que me encontro assim?", "N�o deveria estar melhor?", "Como harmonizar padr�es doutrin�rios com sentimentos pessoais?." E as quest�es multiplicam ao infinito
traduzindo apelos comoventes e d�vidas sinceras.

A pedido de Doutor Bezerra de Menezes - amor�vel tutor das dores humanas - destinamos ao mundo f�sico este volume singelo. Aqui anotamos alguns ensinos inesquec�veis
que marcaram a visita de uma semana do instrutor Calderaro ao Hospital Esperan�a, cuja miss�o foi a realiza��o de servi�os complexos nas mais profundas plagas de
sofrimento da erraticidade.

Nossos n�cleos de amor crist�o e esp�rita alicer�aram bases seguras para informa��o doutrin�ria no s�culo XX. Compete-nos agora semear o afeto, as propostas renovadoras
do cora��o, o desenvolvimento das habilidades emocionais. O s�culo XXI � o s�culo do sentimento.

Trabalhar pelo desenvolvimento dos potenciais e das virtudes humanas, esse o objetivo sagrado da mensagem imortalista do Espiritismo no s�culo XXI. Educar para ser,
educar para conviver bem consigo, educar para ser feliz, eis os pilares da harmonia interior e da felicidade � luz do Esp�rito imortal nesse s�culo do cora��o.

A informa��o consola e instrui. A transforma��o liberta e moraliza.

A informa��o impulsiona. A transforma��o descobre.

Os informados pensam. Os transformados criam.

A teoria impulsiona a busca de novos valores. A reeduca��o dos sentimentos enseja a paz interior.

As diretrizes doutrin�rias estimulam conven��es que servem de limites disciplinadores. A renova��o da sensibilidade conduz-nos ao encontro da singularidade que permite
a plenitude �ntima.

Intelig�ncia - o instrumento evolutivo para as conquistas de fora.

Sentimento - conquista evolutiva para aquisi��es �ntimas.

Na ac�stica da alma existem mensagens sobre o Plano do Criador para nosso destino. Aprender a ouvi-las e exercitar, diariamente, a plena aten��o aos ditames libertadores
dos sentimentos. Interfer�ncias internas e externas subtraem-nos, constantemente, a apreens�o desses "recados do cora��o".

Escutar os sentimentos n�o significa adot�-los prontamente. Mas aceit�-los em nossa intimidade e criar uma rela��o amig�vel com todos eles. Aceit�-los sem reprimir
ou se envergonhar. Essa atitude � o primeiro passo para um di�logo educativo com nosso mundo �ntimo. Somente assim teremos uma conex�o com nossa real identidade
psicol�gica, possibilitando a rica aventura do autodescobrimento no rumo da singularidade - a identidade c�smica do Esp�rito.

Escutar os sentimentos � cuidar de si, amar a si mesmo. � uma mudan�a de atitude consigo. O ato de existir ocorre nos sentimentos. Quem pensa corretamente sobrevive;
quem sente nobremente existe. O pensamento � a janela para a realidade; o sentimento � o ponto de encontro com a Verdade. � pela nossa forma de sentir a vida que
nos tornamos singulares, �nicos e celebramos a individualidade. Quando entramos em sintonia com nossa exclusividade e manifestamos o que somos, a felicidade acontece
em nossas vidas.

O sentimento � a maior conquista evolutiva do Esp�rito. Aprendendo a escut�-lo, estaremos entendendo melhor a nossa alma. N�o existe um s� sentimento que n�o tenha
import�ncia no processo do crescimento pessoal. Quando digo a mim mesmo "n�o posso sentir isto", simplesmente estou desprezando a oportunidade de auto-investiga��o,
de saber qual � ou quais s�o as mensagens profundas da vida mental.

O exerc�cio do auto-amor est� em aprender a ouvir a "voz do cora��o", pois nele residem os ditames para nossa paz e harmonia.

Os sentimentos s�o guias infal�veis da alma na sua busca de ascen��o e liberdade. O auto-amor consiste na arte de aprender a escut�-los, estudar a linguagem do cora��o.

Pela linguagem dos sentimentos, entendemos o "apoio" do universo a nosso favor. Mas como seguir nossos sentimentos com tantas ilus�es? Eis a ingente tarefa de nossos
gr�mios de amor esp�rita-crist�o: educar para ouvir os nossos sentimentos. Radiografar nosso cora��o. Desenvolver estudos sistematizados de si mesmo.

Temos nos esfor�ados tanto quanto poss�vel para aplicar as orienta��es da doutrina com nosso pr�ximo. Mas... E n�s? Como cuidar de n�s pr�prios? A proposta libertadora
de Jesus estabelece: "amai ao pr�ximo", e acrescenta:"como a ti mesmo".

Os impulsos do self n�o atendidos, com o tempo, transformam-se em tristeza, ang�stia, des�nimo, mau-humor, depress�o, irrita��o, melindre e insatisfa��o cr�nica.

Al�m dos fatores de ordem evolutiva, encontramos gravames sociais para a quest�o da baixa auto-estima.

As gera��es nascidas na segunda metade do s�culo XX atingem o alvorecer do s�culo XXI com "feridas psicol�gicas" profundas resultantes de uma sociedade repressiva,
cujas rela��es de amor, com raras e her�icas exce��es, foram vividas de modo condicional atrav�s de exig�ncias. Para ser amada, a crian�a teve que atender a estere�tipos
de conduta.Um amor compensat�rio. Um rigor que afasta o ser humano de sua individualidade soterrando sua voca��o, seus instintos, suas habilidades e at� mesmo imperfei��es.
O pior efeito dessa repress�o social � a dist�ncia que se criou dos sentimentos.

Essa gera��o p�s-guerra vive na atualidade o conflito decorrente de c�leres mudan�as na educa��o e na ci�ncia, que constrange ao gigantesco desafio de responder
� intrigante quest�o: quem sou eu?

Paci�ncia, aten��o, perd�o, toler�ncia, n�o julgamento, caridade e tantos outros ensinos do Evangelho que procuramos na rela��o com o pr�ximo, devem ser aplicados,
igualmente, a n�s mesmos. Ent�o surge a pergunta: Como?

Distante de n�s a pretens�o de responder. Nossa proposta consiste em oferecer alguns subs�dios para pensarmos juntos sobre essa quest�o. Moveu-nos apenas o sentimento
de ser �til, compartilhar viv�ncias que suscitam o debate, a reflex�o conjunta, a medita��o e o estudo em nossos grupos de amor esp�rita e crist�o. Grupos dispostos
a compreender a linguagem emocional sob a �tica da imortalidade.

Temos no Hospital Esperan�a os grupos de reencontro, que s�o atividades de psicologia da alma com fins terap�uticos e educacionais - verdadeiras oficinas do sentimento.
No plano f�sico, atividades similares poder�o constituir uma aut�ntica pedagogia de contextualiza��o para a mensagem de amor contida no Evangelho e na codifica��o
Kardequiana.

Nestas p�ginas oferecemos alguns enfoques elementares para a composi��o de grupos de estudos � luz da mensagem renovadora do Espiritismo, cujo objetivo seja discutir
o ingente desafio de aprender amar a n�s mesmos tanto quanto merecemos, promovendo o desenvolvimento pessoal � luz da imortalidade. Grupos de reencontro que se estruturem
como encantadoras oficinas do cora��o.

Nossos textos nada possuem de conclusivos. Ao contr�rio, s�o sugest�es singelas com intuito de serem debatidos, pesquisados e contestados, visando amplia��o do entendimento
e uma reformula��o de conceitos sob a arte de sentir e viver. Exaramos algumas id�ias que nos auxiliam a pensar em nosso bem sem sermos ego�stas, conquistarmos a
autonomia sem vaidade, galgarmos os degraus do auto-amor sem arrog�ncia.

Fique claro: auto-amor n�o � treinar o pensamento para beneficiar a si, mas educar o sentimento para "escutar" Deus em n�s. Descobrir nosso valor pessoal na Obra
da Cria��o.

Tecemos nossas considera��es inspiradas em O Evangelho Segundo O Espiritismo. As palavras imorredouras da Boa Nova constituem o c�none mais completo de psicologia
da felicidade para os habitantes do planeta Terra.

Fa�amos o mergulho interior na fala do Mestre:"Ou�a quem tem ouvidos de ouvir"

Em outra ocasi�o (...) voltou-se para a multid�o, e disse: quem tocou nas minhas vestes? (Mateus, 9:29). Escutando e auscultando o cora��o feminino que lhe procurou
rico de sensibilidade e afeto.

Escutemos a alma e suas manifesta��es no cora��o! Celebremos a experi�ncia de amarmo-nos tanto quanto merecemos!

O eminente Doutor Carl Gustav Jung asseverou: "Nenhuma circunst�ncia exterior substitui a experi�ncia interna. E � s� � luz dos acontecimentos internos que entendo
a mim mesmo. S�o eles que constituem a singularidade de minha vida". (C. G. Jung, "Entrevista e Encontros"; editora Cultrix).


SELF*

"� o arqu�tipo da totalidade, isto �, tend�ncia existente no inconsciente de todo ser humano � busca do m�ximo de si mesmo e ao encontro com Deus. � o centro organizador
da psiqu�. � o centro do aparelho ps�quico, englobando o consciente e o inconsciente. Como arqu�tipo, se apresenta nos sonhos, mitos e contos de fadas como uma personalidade
superior, como um rei, um salvador ou um redentor. � uma dimens�o da qual o ego evolui e se constitui. O Self � o arqu�tipo central da ordem, da numerosos os s�mbolos
on�ricos do Self, a maioria deles aparecendo como figura central no sonho".
(trecho extra�do da obra "Mito Pessoal e Destino Humano" do escritor esp�rita e psic�logo Aden�uer Novaes)

* Nota do M�dium: Conceitos Junguianos usados pela autora espiritual na obra..



SOMBRA


"� a parte da personalidade que � por n�s negada ou desconhecida, cujos conte�dos s�o incompat�veis com a conduta consciente".
(trecho extra�do da obra "Psicologia e Espiritualidade" do escritor esp�rita e psic�logo Aden�uer Novaes).



APRESENTA��O


"Cada esp�rito, herdeiro e filho do Pai alt�ssimo, � um mundo em si com as suas leis e caracter�sticas pr�prias". (Andr� Luiz - trecho extra�do da obra "Obreiros
de Vida Eterna", psicografado pelo m�dium Francisco C�ndido Xavier - editora FEB).

Na grande batalha da vida, cascalhos e pepitas costumam rolarem juntos. Ao garimpeiro cabe a primazia de saber diferenci�-la, a fim de dar a cada um o seu destino
pr�prio. Assim tamb�m s�o os nossos sentimentos.

Necessitamos de coragem e "amadurecimento perispiritual" para identific�-los, adquirindo condi��es de retir�-los da penumbra do psiquismo, e utiliz�-los como fator
transformador da nossa exist�ncia.

� muito dif�cil conviver com fantasmas acicatando as nossas dificuldades, e depois nos entregarmos ao tribunal da consci�ncia, onde seremos condenados ao menosprezo.
Quem assim vive, jornadeia nos por�es da exist�ncia, onde apenas pelas frestas da miseric�rdia do criador, v� r�stias de luz.

Como pode o Pai da cria��o esperar daqueles que assim vivem, colabora��o mais efetiva? E estes como sentirem-se herdeiros se vivem na mis�ria de si mesmos?

Se somos criados � imagem e semelhan�a de nosso Pai, como conciliar tanta diferen�a de prop�sitos?

Ermance nessa obra, com a ajuda de outros mensageiros do mundo maior, vem em nosso socorro, com o intuito de nos orientar, concitando-nos a deixar de sermos os sic�rios
de n�s mesmos.

Primeiro, pela did�tica do conhecimento, vamos retirando as escamas dos olhos, que dificultam a enxergar o "grande destino" pelo qual fomos criados. Ap�s pela busca
da express�o do sentir, vamos conscientizando, paulatinamente, deste "grande destino".

A doutrina esp�rita, bem entendida, � para n�s um manancial de informa��es que nos arregimenta condi��es para este desiderato.

Louvado seja Deus Nosso Pai por nos oferecer mais essa grande oportunidade, no alvorecer de uma nova era. Bem-aventurados seremos n�s, se soubermos aproveit�-la.

* Jaider Rodrigues de Paula (M�dico formado pela Faculdade de Ci�ncias M�dicas, Belo Horizonte, MG, com especializa��o em psiquiatria, homeopatia e Administra��o
Hospitalar. S�cio-Fundador e presidente da Associa��o M�dico-Esp�rita de Minas Gerais. M�dico assistente do Hospital Esp�rita Andr� Luiz (BH). Psiquiatra e psicoterapeuta
do Instituto de Assist�ncia Ps�quica Renascimento (BH). Expositor esp�rita, com participa��o em palestras, semin�rios e congressos nacionais e internacionais. Co-autor
dos livros: Porque Adoecemos - volume I e II; Desafios em Sa�de Mental; Hospital Esp�rita Andr� Luiz - um lar de Jesus; e Sa�de e Espiritismo.)


INTRODU��O

A Rota dos Filhos Pr�digos

"Vem um dia em que ao culpado, cansado de sofrer, com o orgulho afinal abatido, Deus abre os bra�os para receber o filho pr�digo que se lhe lan�a aos p�s. As provas
rudes, ouvi-me bem, s�o quase sempre ind�cio de um fim de sofrimento e de um aperfei�oamento do Esp�rito, quando aceitas com o pensamento em Deus". - Santo Agostinho,
(Paris, 1862).
O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo XIV - �tem 9.

Os terapeutas e volunt�rios dispostos a servirem ao pr�ximo na tarefa de amor e recupera��o espiritual n�o podem dispensar uma an�lise cuidadosa da passagem evang�lica
do Filho Pr�digo, constante no Evangelho de Lucas, cap�tulo quinze, vers�culos onze a trinta e dois. Essa mensagem evang�lica � a hist�ria da perigrina��o humana
ao longo dos evos. A hist�ria de nosso caminhar pela conquista da humaniza��o.

Consideremos o ego�smo como a doen�a original do Ser. Ningu�m escapou de experiment�-lo na espiral do crescimento. At� certa etapa, foi impulso para frente. Depois,
quando a racionalidade permitiu a capacidade de escolher, tornou-se a matriz nozol�gica das dores humanas, transformando-se no h�bito doentio de atender aos caprichos
pessoais.

A "centralidade" do homem no ego estruturou a arrog�ncia - sentimento de exagerada import�ncia pessoal. Perdemos o contato com a fonte inexaur�vel da vida - o "self
Divino" - e passamos a peregrinar sob a escravid�o do "eu". O resultado mais infeliz desse caminhar "apartado de Deus" foi uma terr�vel sensa��o de abandono e inferioridade.
O ato de arrogar constituiu, pois, a prote��o instintiva da alma contra a sensa��o de menos valia. Esse foi seu primeiro passo no processo evolutivo em dire��o �
ilus�o, ou seja, a cria��o de uma imagem idealizada - um mecanismo de defesa para n�o desistir -, que fixou a vida mental em no��es delirantes sobre si mesma. Assim
nasceram no tempo as "matrizes ps�quicas" das mais graves patologias mentais.

Essa auto-imagem � o "del�rio-primitivo", um recurso que, paulatinamente, a consci�ncia foi "obrigada" a construir no conjunto das percep��es de si mesma para se
defender da sensa��o de indignidade perante a vida.

Nessa �tica podemos pensar em psicopatologias como uma recusa em ser humano, uma desobedi�ncia por n�o querer assumir o que se � na caminhada do progresso. Tornar-se
humano significa assumir sua pequenez no todo universal, ter consci�ncia da cruel sensa��o de "desconex�o" com o Criador e do que realmente representamos no contexto
do bailado c�smico. Mas tamb�m significa assumir-se como "Filho de Deus", um Filho Pr�digo de heran�as excelsas que precisa descobri-las por si pr�prio e adquirir
o t�tulo de "Herdeiro em Sua Obra". Isso exige trabalho, dinamismo, a��o e responsabilidade.

Portanto, a velha quest�o filos�fica da realidade � mais velha do que se imagina. Fragmenta��o ps�quica n�o se restringe apenas ao resultado de desajustes ou traumas.
Existe um desajuste original, um "gatilho milenar" dos processos ps�quicos do Esp�rito, agravados pelas sistem�ticas recusas em admitir a realidade �ntima no perigrinar
das reencarna��es.

Esse mecanismo defensivo primitivo foi trazido para a Terra por almas desobedientes que o consolidaram em outros orbes. As no��es de abandono e castigo trazidas
com os deportados incitaram os habitantes singelos da Terra a imitarem as atitudes de rebeldia, orgulho, revolta e desvalor. Analisar o adoecimento ps�quico sem
essa anamnese ontol�gico-espiritual � desconsiderar a causa profunda das enfermidades sob a perspectiva sist�mica da evolu��o.

Algumas patologias constitucionais, end�genas, encontram explica��es ricas na compreens�o das hist�rias long�nquas da deporta��o. Isso n�o � uma hip�tese t�o distante
quanto se imagina, porque os efeitos dessa hist�ria milenar s�o ativos e determinantes na atualidade em bilh�es de criaturas atormentadas e enfermas. O "desajuste
prim�rio", a dificuldade em aceitar a realidade terrena, � fator patog�nico de bilh�es de almas reencarnadas e de mais um conjunto de bilh�es de outras fora do corpo,
formando uma "teia vibrat�ria psic�tica" no cintur�o da psicosfera terrena. A energia emanada da sensa��o coletiva de inferioridade � uma for�a epid�mica que puxa
o homem para tr�s e dificulta o avan�o dos que anseiam pela ascens�o.

O "tamponamento mental" na transmigra��o intermundos foi parcial. Os "s�mios ps�quicos", quando fora do corpo pelo sono f�sico, tinham no��es claras do sucedido,
acendendo o destrutivo pavio da inconforma��o ao regressarem � carne, dilatando a sensa��o de pris�o, �dio e rebeldia. O ato de rebelar-se passou a ser uma constante
nas comunidades que se formaram. Estamos falando de um tempo aproximado de trinta a quarenta mil anos passados.

Surgem, nesse contexto emocional e psicol�gico, entre dez a vinte mil anos atr�s, as primeiras manifesta��es de perfeccionismo - o anseio neur�tico de resgate do
perfeito dentro da concep��o dos "anjos deca�dos". Um lit�gio que essas almas deportadas assumiram com Deus para provarem a grandeza que supunham possuir.

Quando foi dinamizado o processo dist�nico? Na Terra? Fora dela? Ou ter�amos tamb�m a hip�tese de uma loucura aprendida? Que casos de patologias se enquadrariam
no perfil ps�quico dos que habitavam a Terra antes da vinda dos deportados? Que componentes nas doen�as severas nos permitem analis�-las como rebeldia imitada ou
rebeldia processual? Que natureza de obsess�o envolve as patologias severas? At� onde e como a viv�ncia do Esp�rito errante influencia nesse contexto?

Lan�ando o olhar para t�o longe nas rotas de crescimento humano, fica mais permiss�vel compreender a estreiteza dos conceitos de muitas correntes das ci�ncias ps�quicas,
que esbo�am uma valorosa cartografia da mente, por�m, rudimentar, incompleta. Sem o estudo dos ascendentes espirituais, jamais teremos uma an�lise judiciosa das
psicopatologias. Mormente dos casos raros e desafiantes que t�m surgido na transi��o do planeta, cujo C�digo Internacional de Doen�as � insuficiente para classificar.

Igualmente, � imperioso considerar a rela��o entre psicopatologia e erraticidade. Existem ignorados lances de dor e "morte psicol�gica" que s�o deflagrados em aglomera��es
subcrostais ou regi�es abissais da Terra onde transita uma semiciviliza��o de almas. Aut�nticos "s�mios ps�quicos".
Em tempo algum, como atualmente, no orbe terreno, tivemos mais que 1/5 (um quinto) de sua popula��o geral em processo de reencarna��o. Reencarnar n�o � t�o f�cil
quanto possa parecer. � oportunidade rara e "disputada". Cada hist�ria individual requer in�meros quesitos para ser disponibilizada. La�os afetivos, urg�ncia das
necessidades sociais, natureza dos compromissos com os seres das regi�es da maldade. Os pontos de an�lise que pesam para a possibilidade de um Esp�rito reencarnar
s�o muito variados. H� cora��es que nesse trajeto de deporta��o, ou seja, nos �ltimos quarenta mil anos, estiveram no corpo menos de vinte vezes. O que significa
afirmar que reencarnam aproximadamente de dois em dois mil anos. Outros n�o reencarnam h� mais de dez mil anos.

Portanto, como analisar doen�as mentais graves sem considerar que estagiamos na "vida dos Esp�ritos", pelo menos, dois ter�os do tempo da evolu��o, incluindo a emancipa��o
pelos desdobramentos noturnos?! Como ignorar a decisiva influ�ncia das experi�ncias da erraticidade? Enquanto os homens, � luz do Espiritismo, analisam a raiz de
suas lutas �ntimas, lan�ando o olhar para as vidas passadas, urge uma reflex�o sobre a influ�ncia das experi�ncias do Esp�rito errante.

In�meras almas j� "renascem adoecidas", isto �, com os componentes ps�quicos enfermi�os em efervesc�ncia. Perdem o prazer de viver ou nunca o experimentam em decorr�ncia
da for�a dos la�os que ainda mant�m com essas "regi�es infernais" da erraticidade.

Assevera O Livro dos Esp�ritos na quest�o 975: "Para o Esp�rito errante, j� n�o h� v�us. Ele se acha como tendo sa�do de um nevoeiro e v� o que o distancia da felicidade.
Mais sofre ent�o, porque compreende quanto foi culpado. N�o mais ilus�es: v� as coisas na sua realidade."

"Na erraticidade, o Esp�rito descortina, de um lado, todas as suas exist�ncias passadas; de outro, o futuro que lhe est� prometido e percebe o que lhe falta para
atingi-lo. � qual viajor que chega ao cume de uma montanha: v� o caminho que percorreu e o que lhe resta percorrer, a fim de chegar ao fim da sua jornada."

Os profissionais da sa�de mental e mesmo quantos sofrem o amargor do adoecimento ps�quico necessitam aprofundar a sonda do conhecimento nessas desafiantes quest�es.
Somente atrav�s de "laborat�rios de amor" nos servi�os de interc�mbios socorristas, realizados distantes de preconceitos e conven��es, poder� o m�dico ou o pesquisador
esp�rita deflagrar um leque imenso de observa��es e informa��es para auxiliar a humanidade cansada e oprimida.

Al�m dos reflexos que conduzem em si mesmos, os doentes mentais cujos quadros exibem componentes dessa natureza ainda sofrem de simbioses intrigantes e desconhecidas
at� mesmo pelos mais experientes doutrinadores.

A hist�ria da evolu��o da alma na humanidade � assunto de valor na erradica��o dos mais variados problemas sociais. J� n�o basta mais uma an�lise perfunct�ria das
lutas humanas. Imperioso que os cora��es mais comprometidos com a arte de amar, estando ou n�o sob a luz da ci�ncia, lancem-se ao mister da "pesquisa fraterna" e
da "investiga��o educativa", em atividades que transponham os limites institucionais do exerc�cio medi�nico ou de terapias experimentais, no intuito de rasgarem
v�us.
Uma indaga��o do codificador na quest�o 973 de O Livro dos Esp�ritos merece an�lise na conclus�o de nossos racioc�nio:

"Quais os sofrimentos maiores a que os Esp�ritos maus se v�em sujeitos?"

"N�o h� descri��o poss�vel das torturas morais que constituem a puni��o de certos crimes. Mesmo o que as sofre teria dificuldade em vos dar delas uma id�ia. Indubitavelmente,
por�m, a mais horr�vel consiste em pensarem que est�o condenados sem remiss�o."

� por conta desse sentimento de condena��o, incrustado no psiquismo desde tempos imemoriais, que a criatura, em tese, n�o consegue ou desconhece o prazer de viver,
a sa�de.

Possivelmente, a esmagadora maioria da popula��o terrena, por essa raz�o, esteja situada psicologicamente na passagem do Filho Pr�digo exatamente no vers�culo dezenove
que diz:

"J� n�o sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros".

A rota evolutiva dos Filhos Pr�digos - que somos todos n�s - � um percurso d esbanjamento ps�quico atrav�s da atitude arrogante. Tal a��o n�o poderia ser correspondida
com outra sensa��o sen�o de vazio interior, cansa�o de si e desvalimento, que s�o os elementos emocionais estruturadores da depress�o - doen�a da alma ou estado
afetivo de pen�ria e insatisfa��o. A terminologia contempor�nea que melhor define esse "caos sentimental" � a baixa auto-estima, quadro psicol�gico que nos enseja
ampliar ostensivamente os limites conceituais dos epis�dios depressivos, sob enfoque do Esp�rito imortal.

Nesta hora grave pela qual passa a Terra, um destrutivo sentimento de indignidade aninha-se na vida psicol�gica dos homens. Rar�ssimos cora��es escapam dos efeitos
de semelhante trag�dia espiritual, causadora de feridas diversas. Uma dolorosa sensa��o de inadequa��o e desvalor pessoal assoma o campo das emo��es com efeitos
lastim�veis. Abandono, car�ncia, solid�o, sensa��o de fracasso e diversos tormentos da mente agrupam-se na constru��o de complexos ps�quicos de desamor e adversidade
consigo pr�prio.

Salienta Santo Agostinho: Vem um dia em que ao culpado, cansado de sofrer, com o orgulho afinal abatido, Deus abre os bra�os para receber o filho pr�digo que se
lhe lan�a aos p�s.

Imprescind�vel atestar que nossa trajet�ria eivada de quedas e erros n�o retirou de nenhum de n�s a excelsa condi��o de Filhos de Deus. A Celeste Bondade do Mais
Alto, mesmo ciente de nossas mazelas, conferiu-nos a b�n��o da reencarna��o com enobrecedores prop�sitos de aquisi��o da Luz. � a Lei do Amor, mola propulsora do
progresso e das conquistas evolutivas.

A Miseric�rdia, todavia, n�o � conivente. Espera-nos no cadinho educativo do servi�o paciente do burilamento �ntimo. Contra os anelos de ascen��o, encontramos em
nossa intimidade os frutos amargos da semeadura inconseq�ente. S�o for�as vivas e renitentes a vencer.

Sem d�vida, a ignor�ncia cultural � causa de mis�rias sociais incont�veis, entretanto, a ignor�ncia moral, aquela que mata ideais e aprisiona o homem em si mesma,
� a maior fonte de padecimentos da humanidade terrena.

O amor assim mesmo ainda � uma li��o a aprender. Uma longa e paciente li��o!

Quantas reencarna��es neste momento t�m por objetivo prec�puo restabelecer o desejo de viver e recuperar a alegria de sentir-se em paz! Como operar semelhante transforma��o
sem a aplica��o da caridade consigo mesmo?

Criados para o amor, nosso destino glorioso e a integra��o com a energia da vida e com a liberdade em seu sentido de plenitude e paz interior. Ningu�m ficar� fora
desse Fatalismo Divino.

Distantes do amor a si, ficaremos � merc� das prova��es sem recursos para sustentar na vida interior os valores latentes que nos conduzir�o � miss�o individual estabelecida
pelo Pai em nosso favor.

O auto-amor � base para uma vida em sintonia com a mensagem do Evangelho do Cristo. Sua proposta, ali�s, � que nos amemos tanto quanto ao nosso pr�ximo.

Descobrir nosso valor pessoal na Obra da Cria��o � assumirmo-nos como somos. Sois Deuses, (Jo�o, 10:34) eis a mensagem de inclus�o e o convite para uma participa��o
mais consciente e respons�vel no destino de cada um de n�s.

Inspirada em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Ermance Dufaux garimpa p�rolas de raro valor com as quais, abnegadamente, oferece-nos esta preciosa j�ia liter�ria
para a alma. Suas reflex�es constituem o ant�doto para a velha doen�a da qual buscamos nos desvencilhar: o ego�smo e suas m�ltiplas manifesta��es doentias.

Felicita-nos avaliz�-la, sob a �gide do Esp�rito Verdade, para que destine aos homens na Terra uma mensagem de paz interior no resgate da nossa condi��o excelsa
de Filhos Pr�digos e Homens de Bem.

Calderaro,Hospital Esperan�a, Mar�o de 2005. *

* Nota do m�dium: O pref�cio de Calderaro foi escrito no Hospital Esperan�a e transcrito pela autora espiritual Ermance Dufaux atrav�s da psicografia.

Calderaro � o iluminado instrutor de Andr� Luiz na obra "No Mundo Maior", psicografia de Francisco C�ndido Xavier - edi��o FEB.

O Hospital Esperan�a � uma obra de amor erguida por Eur�pedes Barsanufo na erraticidade.






CAP�TULO 01 - INDIVIDUA��O OU INDIVIDUALISMO?


"Apenas, Deus, em sua miseric�rdia infinita, vos p�s no fundo do cora��o uma sentinela vigilante, que se chama consci�ncia. Escutai-a, que somente bons conselhos
ela vos dar�."

O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo XIII - �tem 10

O que � certo e errado perante a "crise das certezas" que dominam a humanidade? Quais s�o as b�ssolas para nortear a conduta neste cen�rio de transforma��es c�leres
por que passam as sociedades?

A palavra conceito quer dizer id�ia que temos de algo ou algu�m. Analisamos a vida e os fatos pela �tica individual de nossas conceitua��es. Nosso entendimento n�o
ultrapassa esse limite.

Alguns desses conceitos resultam da viv�ncia. Foram estruturados pelo uso de todos nossos sentidos, adquirindo significados. Chamamo-los experi�ncia. Outros s�o
fruto da capacidade de pensar e adquirir conhecimento. Determinam os pensamentos predominantes na vida mental. Quando criamos fixa��o emocional a esse padr�o do
pensar, nasce o preconceito.

A experi�ncia leva ao discernimento. O discernimento � a porta para a compreens�o. A compreens�o identifica a Verdade.

O preconceito conduz ao julgamento. O julgamento sustenta os r�tulos. Os r�tulos distanciam da realidade.

A atitude construtiva na Obra da Cria��o depende da habilidade de relativizar. At� mesmo a experi�ncia, por mais preciosa, necessita ser continuamente repensada,
evitando a estagna��o em clich�s.

A vida � regida pela Suprema Lei da Imperman�ncia. Certo e errado s�o crit�rios sociais mut�veis sob a perspectiva sist�mica. Apesar disso, s�o refer�ncias �teis
� maioria dos habitantes da Terra. Funcionam como "estacas disciplinadoras". Por�m, em certa etapa do amadurecimento espiritual, constituem amarras psicol�gicas
na descoberta da realidade pessoal, cuja riqueza est� nos significados �nicos constru�dos a partir dos ditames conscienciais.

O Doutor Carl Gustave Jung chamou de individua��o o processo paulatino de expressar nossa singularidade, isto �, a "Marca de Deus" em n�s; o ato de talhar a individualidade,
aquele ser distinto e �nico que est� latente dentro de n�s.

Na individua��o o crit�rio certo /errado � substitu�do por algumas perguntas: conv�m ou n�o? Quero ou n�o quero? Serve ou n�o serve? Necessito ou n�o necessito?
Quest�es cujas respostas v�m do cora��o. Somente aprendendo a linguagem dos sentimentos poderemos escutar as mensagens da alma destinadas ao ato de individuar-se.
E sentimento � valor moral afer�vel exclusivamente por n�s mesmos no �trio sagrado da intimidade consciencial.

Somos aquilo que sentimos. As m�scaras n�o destr�em essa realidade. Quando aprendemos o auto-amor, abandonamos o "cr�tico interno" que existe em n�s e passamos a
exercer a generosidade do autoperd�o, ou seja, a aceita��o incondicional da criatura ainda imperfeita que somos. Nossa integra��o com a Verdade depende do conhecimento
dessa realidade particular: escutar a alma! Ela se manifesta na consci�ncia cujos sentimentos constituem o espelho. Atrav�s das sensa��es, no seu sentido mais amplo,
a alma se manifesta.

Escutando a alma, conectados � sua sabedoria interior, desligamos dos padr�es, normas, ambientes, pessoas e filosofias contr�rias � nossa felicidade e inadequadas
ao caminho particular de aprimoramento.

Saber o que nos conv�m, saber o que � �til, exige dilatado discernimento aliado ao tempo. Quando usamos os r�tulos certo/errado, fomentamos a culpa e a puni��o.
Quando sabemos o que nos conv�m, agimos e escolhemos com responsabilidade na condi��o de autores do nosso destino. Quando amadurecemos, percebemos que certo e errado
se tornam formas de entender, experi�ncias diversificadas.

O caminho de ascens�o para todos n�s, Filhos de Deus, � o mesmo, apenas muda a maneira de caminhar. Cada criatura tem seu passo, seu ritmo, sua hist�ria.

Refletindo sobre conceitos, te�amos algumas ila��es para que n�o nos confundamos: grande dist�ncia separa o processo de individua��o da atitude de individualismo.

Na individua��o encontramos a necessidade, enquanto no individualismo temos a preval�ncia do interesse pessoal.

Na individua��o temos a alma; no individualismo, a personalidade.

Na individua��o temos a consci�ncia; no individualismo, o ego.

Na individua��o existem descoberta e criatividade; no individualismo, a imita��o e a disputa.

Na individua��o temos o preparo e o amadurecimento; no individualismo, a precipita��o.

Na individua��o experimentamos a realiza��o pessoal; no individualismo, a insaciedade.

A individua��o � fruto do amor; o individualismo � a leira do ego�smo.

Na individua��o floresce o crescimento espiritual; o individualismo � a sementeira do ego�smo.

O individualista, queira ou n�o, tamb�m caminha em seu processo de individua��o. Evidentemente, com menos consci�ncia e suas reais necessidades, permitindo larga
soma de interesses particularistas.

Sabendo que todos rumam para o melhor, Jesus, em Sua excelsa sapi�ncia, estabeleceu: "V�s julgais segundo a carne, eu a ningu�m julgo." (Jo�o, 8:15)

Se Ele, que podia, n�o julgou, por que n�s, que dEle seguimos os ensinos, vamos agir como quem pode escutar os alvitres da alma alheia na tentativa de definir o
que � certo ou errado? Qual de n�s estar� em condi��o de nutrir certeza se a atitude do pr�ximo � uma express�o de individua��o ou um cativeiro de personalismo?










































CAP�TULO 02 - RECEITU�RIO OPORTUNO


"Tereis, contudo, raz�o, se afirmardes que a felicidade se acha destinada ao homem nesse mundo, desde que ele a procure, n�o nos gozos materiais, sim no bem."

O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo XI - �tem 13

Desde o seu desenlace do corpo f�sico, Doutor In�cio Ferreira tem como tarefa matutina receber doentes em seu consult�rio no Hospital Esperan�a. Algumas vezes, devido
ao agravamento dos quadros ps�quicos, alguns pacientes s�o acolhidos em alas espec�ficas de recupera��o. Acompanhando-o muitas dessas visita��es de amor, viemos
a conhecer o caso Anselmo, l�der esp�rita experiente e valoroso por mais de quarenta e cinco anos no Tri�ngulo Mineiro.

Ao chegar � ala, foi recebido por Manoel Roberto, o enfermeiro dedicado ao velho companheiro desde os tempos do sanat�rio psiqui�trico uberabense. Informado sobre
o agravamento do quadro, Doutor In�cio abordou o paciente:

- Anselmo! Anselmo! Como passa meu bom amigo?
- P�ssimo!
- Por qu� meu filho?
- O senhor tem conhecimento do que passei durante a vida f�sica?
- Sim. Estudo sua ficha h� v�rios dias.
- Ent�o deve saber que um terr�vel estado de desgosto �ntimo acompanhou toda a minha vida. Fiquei firme na atividade esp�rita na esperan�a de ter um pouco de sossego
neste plano, mas parece que n�o terei, n�o � mesmo?
- Cada qual colhe o que plantou!...
- Pois vou dizer ao senhor: s� n�o suicidei no corpo por saber das dificuldades de tal ato. Vontade n�o me faltou, pois a cada dia que passava, angustiava ver minha
pen�ria. Ora��o, trabalho e estudo n�o me curaram a tormenta. Contudo, minha alternativa foi continuar a trabalhar e esperar para depois da morte o al�vio, a liberta��o.
Agora chego aqui e o que tenho? Mais tormenta, rem�dios e interna��o.
- E como se sente diante disso?
- Eu quero matar a vida, j� que n�o tive coragem de matar o corpo. Doutor, � poss�vel se suicidar por aqui? � poss�vel? Se for, pode me ensinar?!
- Sossegue, homem! Depois de quatro crises ainda pensa nisso? Fa�a um esfor�o maior!
- Esfor�o?! Mais do que fiz na Terra? Para qu�? Meus problemas come�aram ao reencarnar e continuam depois do meu retorno. Para mim chega de lutas!
- Todos temos problemas, meu filho!
- V� me dizer que o senhor, como m�dico nessa casa de luz, tem algum problema! Quem est� deitado e queixando sou eu, e n�o o senhor!
- Tenho mais problemas do que voc� possa imaginar! Em verdade, Anselmo, nossos problemas iniciaram quando "apartamos" de Deus. Isso se deu h� mil�nios sem conta...
- Eu sou deportado de outro mundo, n�o sou?
- Deixemos esse assunto para outra hora - esquivou-se o servidor.
- Nunca tive prazer de viver na vida f�sica. N�o sei e nem se sei bem o que � isso. N�o devemos mesmo ser deste mundo. Contudo, se aspiro ser feliz, devo ter experimentado
isso algum dia. O senhor concorda comigo?
- Certamente!
- Achei que morrendo, depois de tanta dor, fruiria o bem-estar, a paz. Entretanto, creio que devo ter esquecido algo durante a vida corporal... Estranho, Doutor
In�cio! J� morri e continuo com vontade de morrer. O que � isto meu Deus?! Quando vai terminar este inferno na mente? Qual a minha doen�a?
- Depress�o!
- Depress�o?! E como curar isto?
- Aprendendo a viver.
- Eu n�o tenho depress�o. Pessoas com depress�o n�o lutam como eu lutei.
- Posso lhe aplicar um teste., se voc� desejar.
- Aplique.
- Responda com sinceridade: voc� sentia des�nimo, inconforma��o e ang�stia com freq��ncia na vida f�sica?
- Sim. Muito.
- Isso � depress�o.
- Mas nunca nenhum m�dico jamais diagnosticou! No m�ximo falavam em cansa�o.
- Depress�o � cansa�o de viver, meu filho.
- E como n�o sentir isso com a vida que tive?
- A pergunta est� mal formulada, Anselmo. Melhor seria dizer assim: "E como n�o sentir isso deixando de aceitar a vida que tive!" Depress�o � n�o aceitar a vida
como ela �.
- Mas fui resignado.
- O que voc� entende por resigna��o?
- Suportar as provas da vida com paci�ncia.
- N�o � isso!
- N�o?! Ent�o o que � Doutor In�cio?
- Voc� esqueceu uma parte essencial em seu conceito. � suportar as provas da vida com paci�ncia e jamais desistir de buscar-lhes a solu��o.
- Eu fiz isso! - alegou o paciente.
- N�o fez! - retrucou o psiquiatra com sua t�pica franqueza e ironia.
- Fiz!
- N�o fez! Tenho sua ficha e quem o encaminhou para c� me deu detalhes de sua exist�ncia. Digamos que voc� fez isso at� por volta dos quarenta anos de idade, em
seus primeiros quinze anos de Espiritismo, depois s� se queixou. Voc� desistiu sem assumir que desistiu. N�o faliu, por�m, deixou de crescer tanto quanto podia.
Voc� cansou por dentro, e n�o admitiu. Os outros trinta anos passaram na revolta e com esperan�a de morrer logo para fruir. Continuou sua tarefa por fora, esquivando-se
do dever da melhora por dentro. Instalou-se o vazio e a vida passou. Voc� foi tra�do pela famosa frase de muitos crist�os distra�dos que esbanjam tempo e oportunidades.
- Que frase, Doutor:?
- As famosas frases proferidas por todos aqueles que se deixaram abater pelo ego�smo e se cansaram das refregas doutrin�rias: "Agora vou cuidar de mim, dar um tempo
para mim mesmo! Chega dos esp�ritas!"

Nesse �nterim, Anselmo modificou sua fisionomia por completo e come�ou a esbravejar:
- J� ouvi falar na "segunda morte". (Nota do m�dium: Vide o cap�tulo "Ovoidiza��o" na obra medi�nica "�caro Redimido" - Esp�rito Adamastor - editora INEDE.) Ela
existe mesmo Doutor? Se existir, prefiro-a a ter que viver. Quero voltar aos reinos inferiores! As coisas n�o foram como desejei na Terra e, pelo visto, n�o ser�o
a contento por aqui tamb�m.
- A vida o espera rica de oportunidades. S� voc� n�o consegue perceber!
- Nada deu certo na minha vida! N�o quero tentar mais!
- Engano, meu filho! Talvez, nada tenha sa�do como voc� desejou. Isso n�o significa que n�o deu certo. Em verdade, deu certo e voc� n�o entendeu.
- Se tivesse dado certo, eu n�o estaria nestas condi��es.
- Voc� est� nestas condi��es porque n�o aceitou; � bem diferente!
- N�o aceito mais nada da vida. Chega! Inclusive n�o quero o senhor como o meu m�dico!
- Isso � f�cil de resolver. De fato, n�o sou dos melhores! - Existe sempre uma resposta honesta nos l�bios do Doutor In�cio.
- Eu n�o quero viver, Doutor In�cio! O senhor entende? - falou aos prantos. Para mim, chega de existir; eu n�o quero ser nada. Ali�s - disse com �dio nos olhos -
eu quero ser um verme rastejante que n�o precisa pensar e se cuidar! Ajude-me, Doutor In�cio! Mate-me, pelo amor de Deus!

Um choro convulsivo tomou conta de Anselmo. Na medida em que aumentava o extravasamento da dor, ele se contorcia pelo leito. Doutor In�cio, percebendo a gravidade,
fez um sinal com a cabe�a e alguns enfermeiros atentos e delicados lhe sedaram com elevada dose de son�feros. Algumas t�cnicas de dispers�o e aspers�o de fluidos
foram ministradas quando o paciente adormeceu. Parecia agora uma crian�a em profundo descanso.
- Vamos retir�-lo desta ala, Doutor? - Indagou Manoel Roberto.
- Vamos lev�-lo para as incubadoras.
- Para as incubadoras? Mas...
- Eu j� sei o que vai dizer, Manoel! O caso, por�m, exige aten��o.
- Pensava que as incubadoras fossem apenas para os que se encontram na "segunda morte".
- A priori sim. Casos como o de nosso amigo com crises t�o sucessivas podem atingir esse patamar instantaneamente, se n�o conseguir redirecionar seu pensamento.
Esta � a sua quinta crise.
- Se ele estivesse nas m�os de alguma "organiza��o do mal"!
- Se estivesse l�, j� n�o seria gente. Com este estado mental, j� o teriam transformado no que desejassem, inclusive em "mentor de centro esp�rita" considerando
a vasta experi�ncia doutrin�ria que tem.
- Vamos transport�-lo aos sagu�es restritos - solicitou Manoel Roberto a alguns padioleiros.
- Amanh� retornarei ao caso, Manoel. Estudaremos uma junta m�dica o seu hist�rico e levantaremos uma anamnese profunda.

No dia seguinte, reuniram-se em pequena sala nos pavilh�es inferiores do nosoc�mio o Doutor In�cio, Dona Modesta, Manoel Roberto, dois psiquiatras da alma e alguns
experientes tarefeiros dos abismos. A reuni�o para estudar o caso Anselmo iniciou-se com a ora��o dirigida a Jesus. Dona Modesta, na condi��o de m�dium, percebeu
irradia��es da mente de elevada entidade protetora dos vales da sombra e da dor. Tratava-se de Isabel de Portugal, a Rainha e Santa M�e dos pobres. Uma pequena mensagem
fluiu pela psicofonia da m�dium, que n�o tinha conhecimento detalhado do caso em estudo:
- "Anselmo � uma esperan�a dos c�us. Sua alma ergueu-se dos lama�ais da pen�ria e do mal, atingindo as margens seguras do desejo de ser melhor. Saindo das cavernas
do exclusivismo e da solid�o, formou fam�lia e projetou-se ao educand�rio da conviv�ncia. Premido pelas decep��es e desgostos, ainda fr�gil e inseguro, resvalou
novamente para o �cio, criando uma redoma no cora��o temeroso e assustado. Lutou quanto p�de pela conduta reta, considerando a fragilidade de suas for�as. O Espiritismo
fez luz em sua mente, prevenindo-o de quedas bruscas. Seu cora��o, no entanto, encontra-se encharcado pela tristeza face os desatinos de outros tempos, pelos quais
ainda n�o realizou o suficiente. Conceda-lhe, em nome de Jesus Cristo, o repouso tempor�rio. Internem-no por alguns meses na "incubadora da inconsci�ncia" sob meu
aval. Paz em Cristo, Isabel.
- Agradecemos a ti, oh Rainha do Amor! Os teus alvitres amor�veis nos calam fundo na alma - expressou Doutor In�cio com gratid�o.

A reuni�o prosseguiu sob a inspira��o da mensagem alentadora. Dona Modesta expressou-se:
- Meu Deus! Como t�m aumentado os casos de esp�ritas neste quadro!
- N�o poderia ser diferente - asseverou Doutor In�cio.
- Como classificar semelhante estado da alma? Ser� mesmo depress�o? - indagou Manoel Roberto.
- Sim. Em conceito mais vasto, evidentemente. N�o falo da depress�o � qual os homens se referem nos respeit�veis c�digos de doen�as da medicina.
- Fa�a uma s�ntese do quadro, In�cio - solicitou Dona Modesta.
- Ao renascer, o Esp�rito imprime no corpo os reflexos de sua vida emotiva determinando os caracteres biol�gicos que melhor atendam a suas necessidades de aperfei�oamento.
Muitas criaturas, neste tempo de transi��o planet�ria, passaram longo per�odo em "incuba��o ps�quica" no vales sombrios nos quais adquiriram os tra�os do derrotismo
e da "n�o vida". Sob o jugo de mentes perversas, esses irm�os, foram conduzidos aos charcos da "morte interior". S�o hipnotizados pela id�ia de n�o merecerem existir
ap�s quedas lament�veis exploradas por essas hordas do mal. Assim, regressam ao corpo sem desejo de viver. Uma "depress�o induzida". Uma terr�vel atra��o para a
paralisia, a culpa e a insatisfa��o. Desapontados e contrariados em anseios pessoais, s� lhes resta desistir e parar. Essa � a ordem mental doentia que colheram
em tais regi�es.
- E quando encarnados? - atalhou Manoel Roberto.
- Quando encarnados, sentem-se desajustados com o ato de viver e lutar pela sobreviv�ncia. "Negam" psicologicamente a vida f�sica, a ordem social e o pr�prio corpo.
Quando conseguem algo que os motive, logo perdem o encanto. S�o desajustados com a vida.
- Quando s�o esp�ritas, a situa��o parece ser bem pior! - asseverou Dona Modesta.
- � verdade, Modesta! Como s�o almas que se sentem inferiores, quando aderem ao Espiritismo e come�am uma caminhada valorosa, saltam para o outro extremo, isto �,
sentem-se os mais valorosos do planeta. Passam a se julgar muito capazes e com muitas respostas. Fato que n�o deixa de ter sua parcela de verdade. Todavia, valorizam-se
em excesso e criam o jogo das apar�ncias, os estere�tipos com os quais tentam crer-se mais fortes que realmente sentem-se. � a t�tica do orgulho que procura abafar
a inferioridade e carcome o mundo �ntimo. Para se protegerem de seus complexos de fragilidade, desenvolvem cren�as de grandeza com as quais se sugestionam ante a
vida para dar conta do pr�prio ato de existir.
- N�o compreendi! - externou com humildade o enfermeiro.
- Muitos deles n�o t�m coragem de admitir, mas detestam viver e ser quem s�o. Por isso adoram as cantilenas de grandeza e as melodias da ilus�o. Se n�o conhecessem
a doutrina, possivelmente, muitos deles, exterminariam a vida. � lament�vel! Conhecem abundantemente sobre o mundo dos Esp�ritos e sabem uma mis�ria sobre si pr�prios...
- In�cio, ter� sido essa a raz�o pela qual Isabel ressaltou o progresso de Anselmo?
- Sim, Modesta! Pelo menos no caso de Anselmo, encontramos crescimento.
- Nos demais... - insinuou Dona Modesta.
- Anselmo chegou aqui adoecido. A maioria nem chega... - concluiu o m�dico.
- Por essa raz�o, n�o podemos estipular �ndices de comportamento para ningu�m. Sem conhecer sua hist�ria evolutiva, acabamos nos julgamentos est�reis e antifraternos
- acrescentou Dona Modesta.

Alguns dos trabalhadores presentes externaram suas participa��es com sabedoria. Um psiquiatra da alma, cooperador nas responsabilidades do Doutor In�cio no Hospital,
habituado ao epis�dio, destacou:
- Imperioso levar aos amigos esp�ritas no mundo um receitu�rio oportuno. Nossos irm�os precisam ingerir com freq��ncia tr�s medica��es indispens�veis.
- Quais? - mostrou-se curioso Manoel Roberto.
- A primeira � acreditar que merecem a felicidade, assim como todos os seres humanos. E a segunda � parar de encontrar motivos externos para suas dores, descobrindo-lhes
as causas �ntimas.
- E a terceira?! - indagou curioso um dos presentes ao debate.

Pedindo licen�a, foi o pr�prio Doutor In�cio quem respondeu:
- A terceira � parar de pensar em felicidade para depois da morte e tentar viver a vida do modo ou mais feliz poss�vel. H� muito esp�rita que faz da atividade doutrin�ria
um "dep�sito banc�rio" com intuito de "sacar tudo depois da morte". Em casos como o de Anselmo, chegam aqui e encontram suas "contas correntes" zeradas. Sendo assim
� justo que perguntem sobre a raz�o, mas n�o � justo que se queixem de ningu�m, a n�o ser de si mesmos. O Livro dos Esp�ritos na quest�o 920 fala sobre o assunto
afirmando: "dele, por�m, depende a suaviza��o de seus males e o ser t�o feliz quanto poss�vel na Terra." - e arrematou o m�dico uberabense: - tudo depende do bem
que semearmos e da aten��o que damos �s nossas reais inten��es d crescimento.

















CAP�TULO 03 - EDUCA��O PARA O AUTO-AMOR


"O amor � de ess�ncia divina e todos v�s, do primeiro ao �ltimo, tendes, no fundo do cora��o, a centelha do fogo sagrado". - F�nelon. (Bord�us, 1861). O Evangelho
Segundo o Espiritismo - cap�tulo XI - �tem 9.


O mais ing�nuo ato de amor a si consiste na laboriosa tarefa de fazer brilhar a luz que h� em n�s. Permitir o fulgor da criatura c�smica que se encontra nos bastidores
das m�scaras e ilus�es. Somente assim, escutando a voz de nosso guia interior, nos esquivaremos das fal�cias do ego que nos inclina para as atitudes insanas da arrog�ncia.

Quando n�o nos amamos, queremos agradar mais aos outros que a n�s, mendigamos o amor alheio, j� que nos julgamos insuficientes ou incapazes de nos querer bem.

Neste momento de perspectivas alvissareiras com a chegada do s�culo XXI, a esperan�a acena com horizontes iluminados para a caminhada de ascen��o espiritual da humanidade.

O resgate de si mesmo h� de se tornar meta priorit�ria das sociedades sintonizadas com o progresso. O bem-estar do homem, no seu mais amplo sentido, se tornar� o
centro das cogita��es da ci�ncia, da religi�o e de todas as organiza��es humanas.

Perante esse desafio social, sejamos honestos acerca do quanto ainda temos por laborar para erguer a comunidade esp�rita ao patamar de "escola capacitadora de virtudes"
em favor das conquistas interiores.

Quantos se encontrem investidos da responsabilidade de dirigir e cooperar com os grupamentos do Espiritismo, priorizem como compromisso essencial de suas vinhas
o ato corajoso de trabalhar pela forma��o de ambientes educativos, motivadores da confian�a espont�nea e do comprometimento pelo cora��o.

Trabalhar pela felicidade do homem deve ser o objetivo maior das agremia��es doutrin�rias orientadas pela mensagem de amor do Evangelho. Os modelos e conceitos inspirados
nos princ�pios esp�ritas que n�o se adequarem � condi��o de instrumentos facilitadores para a alegria e a liberdade haver�o de ser repensados.

N�o podemos ignorar fatores de ordem educacional e social que estimulam viv�ncias �ntimas da criatura em sua caminhada de aprendizado. As �ltimas duas gera��es que
sofreram de modo mais acentuado os processos hist�ricos e coletivos da repress�o atingem a meia idade na atualidade. Renasceram ao longo das d�cadas de cinq�enta
e sessenta e se encontram em plena fase de vida produtiva, sofridas pelas seq�elas psicol�gicas marcantes de autodesamor.

Outro fator, mais grave ainda, s�o as cren�as alicer�adas em sucessivas vidas reencarnat�rias que constituem s�lida argamassa psicol�gica e emocional, agindo e reagindo,
continuamente, contra os anseios de crescimento �ntimo. O complexo de inferioridade � a condi��o c�rmica criada pelo homem em seu pr�prio desfavor.

Nada, por�m, � capaz de bloquear ou diminuir o fluxo de sentimentos naturais e divinos que emanam da alma como apelos de bondade, serenidade e eleva��o. Nem a forma��o
educacional r�gida ou os velhos condicionamentos s�o suficientes para tolher a escolha do homem por novos aprendizados. O self emite, incessantemente, energias sublimadas,
a despeito dos fatores sociais e reencarnat�rios que agrilhoam a mente aos cadinhos regenerativos do conflito e da dor.

Paulo, o ap�stolo de Tarso, asseverou: "Porque n�o fa�o o bem que quero, mas o mal que n�o quero esse fa�o". (Romanos, 7:19).

Contra os objetivos da vida profunda, temos for�as viva em n�s mesmos como efeitos de nossos desatinos nas experi�ncias pret�ritas.

Considerando essa manifesta��o celeste do "ser profundo", compete-nos talhar condi��es favor�veis para o aprendizado das mensagens da alma. Aprender a ouvir nossos
sentimentos verdadeiros, os reclames do Esp�rito que somos n�s mesmos.

A palavra educa��o vem do latim educare ou educere. Prov�rbio: e. Verbo: ducare, ducere. Seu significado � trazer � luz uma id�ia, levar para fora, fazer sair,
extrair. Essa a tarefa dos centros esp�ritas: oferecer condi��es para que o homem extraia de si mesmo seu valor divino na Obra da Cria��o.

Em nossos projetos de religiosidade no centro esp�rita, o auto-amor deve constituir li��o primordial. Espiritualidade significa grandeza de sentimentos para viver.
Essa � a vis�o do centro esp�rita em sintonia com a alma do Espiritismo, uma verdadeira no��o de imortalidade sentida e aplicada.

O auto-amor � um aprendizado de longa dura��o. Conectar seu conceito a f�rmulas comportamentais para aquisi��o de felicidade instant�nea � uma atitude pr�pria de
quantos se exasperam com a procura do imediatismo. Amar � uma li��o para a eternidade.

Que habilidades emocionais temos que desenvolver para o auto-amor? Que cuidados adotar para aprendermos uma rela��o de amorosidade conosco? Como alcan�ar a condi��o
de n�cleos avan�ados para desenvolvimento dos valores da alma? Que iniciativas tomar para que as casas esp�ritas sejam redutos de aprimoramento de nossos sentimentos
e escolas eficientes de criatividade para supera��o de nossas dores? Que t�cnicas e m�todos nos ser�o �teis para incentivar a alegria e a espontaneidade afetiva?
Como implementar escolas do sentimento em nossos grupos doutrin�rios de estudo sistematizados? Que temas enfocar na melhor compreens�o das manifesta��es profundas
da alma?

Fala-se, em nossos ambientes de educa��o espiritual, que n�o somos bons ouvintes. De fato, uma das habilidades que carecemos aperfei�oar nas rela��es interpessoais
� a arte de ouvir. Mas, da mesma forma que guardamos limita��es para ouvir o outro, tamb�m n�o sabemos ouvir a n�s mesmos. Que t�cnicas adotar para estimular nossa
habilidade de ser um bom ouvinte:?




Ouvir a alma � aprender a discernir entre sentimentos e o conjunto variado de manifesta��es �ntimas do ser, sedimentadas na longa trajet�ria evolutiva, tais como
instintos, tend�ncias, h�bitos, complexos, traumas, cren�as, desejos, interesses e emo��es.

Escutar a alma � aprender a discernir o que queremos da vida, nossa inten��o-b�sica. A inten��o do Esp�rito � a for�a que impulsiona o progresso atrav�s do leque
dos sentimentos. A inten��o genu�na da alma reflete na experi�ncia da afetividade humana, construindo a vastid�o das viv�ncias do cora��o - a metamorfose da sensibilidade.
A conquista de si mesmo consiste em saber interpretar com fidelidade o que buscamos no ato de existir, a inten��o magn�nima que brota das profundezas da alma em
profus�o de sentimentos.

Os disc�pulos sinceros do Espiritismo reflitam na import�ncia do auto-amor como condi��o indispens�vel ao bom aproveitamento da reencarna��o. Estar em paz consigo
� recurso elementar na boa aplica��o dos Talentos Divinos a n�s confiados.

Amar-se n�o significa laborar por privil�gios e vantagens pessoais, mas o modo como convivemos conosco. Resume-se, basicamente, como tratamos a n�s pr�prios. A rela��o
que estabelecemos como nosso mundo �ntimo. Sobretudo, o respeito que exercemos �quilo que sentimos. A auto-estima surge quando temos atitude crist� com nossos sentimentos.
�h�


O amor a si n�o se confunde com o ego�smo, porque quem tem atitude amorosa consigo est� centrado no self. Deslocou o foco de seus sentimentos para a fonte de sabedoria
e eleva��o, criando resson�ncia com o ritmo de Deus.Amar-se � ir ao encontro do Si Mesmo como denominava Jung.

Alinhavemos alguns t�picos sugestivos que poder�o constar no programa de debates para reeduca��o da vida emocional e psicol�gica � luz dos fundamentos do Espiritismo.
Tomemos por base a an�lise educacional de Allan Kardec que diz na quest�o n�mero 917 de O Livro dos Esp�ritos:

"A educa��o convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as
intelig�ncias, conseguir-se-� corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essa arte, por�m, exige muito tato, muita experi�ncia e profunda observa��o.
� grave erro pensar-se que, para exerc�-la com proveito,baste o conhecimento da Ci�ncia".

Responsabilidade - Somos os �nicos respons�veis pelos nossos sentimentos.
Consci�ncia - O sentimento � o espelho da vida profunda do ser e expressa os recados da consci�ncia.Nossos sentimentos s�o a porta que se abre para esse mundo
glorioso que se encontra "oculto", desconhecido.
- �tica para conosco - Somos tratados como nos tratamos. Como sermos merecedores de amor do outro, se n�o recebemos nem o nosso pr�prio?
- Ju�zo de valor - N�o existem sentimentos certos ou errados.
- Automatismos e complexos - O sentimento pode ser sustentado por mecanismos alheios � vontade e � inten��o.
- Auto-amor � um aprendizado - Construir um novo olhar sobre si, desenvolver sentimentos elevados em rela��o a n�s, constitui um longo caminho de experi�ncias nas
fieiras da educa��o.
Dom�nio de si - Educar sentimentos � tomar posse de n�s pr�prios.
- Aceita��o - S� existe amor a si atrav�s de uma rela��o pac�fica com a sombra.
- Renova��o do sistema de cren�as - Superar os preconceitos. Julgamentos formulados a partir do sistema de cren�as desenvolvidas com base na opini�o alheia desde
a inf�ncia.
- A��o no bem - Integra��o em projetos solid�rios. A aquisi��o de valor pessoal e conviv�ncia com a dor alheia trazem gratid�o, estima pelas viv�ncias pessoais.
Cuidando bem de n�s pr�prios, somos, simultaneamente, levados a estender ao pr�ximo o tratamento que aplicamos a n�s, independente de sermos amados, passamos a experimentar
mais alegria em amar. A �tica de amor a si deve estar afinada com o amor ao pr�ximo.
-Assertividade - Di�logo interno. Uma negocia��o �ntima para zelar pelos limites do interesse pessoal.
-Florescer a singularidade - O maior sinal de maturidade. Estamos muito afastados do que verdadeiramente somos.
Ter as r�deas de si mesmo - Para muitos o personalismo surge nesse ato de gerir a vida pessoal com independ�ncia. Pelo simples fato de n�o saberem como manifestar
seus desejos e suas inten��es, abdicam do controle �ntimo e submetem-se ao controle externo de pessoas e normas.
-Constru��o da autonomia - Autonomia � capacidade de sustentar sentimentos nobres acerca de n�s pr�prios.
- Identifica��o das inten��es - aprender a reconhecer o que queremos, qual nossa busca na vida. Quase sempre somos treinados a saber o que n�o queremos.

Sentir-se bem consigo � sin�nimo de felicidade, acesso � liberdade. � permitir que a centelha sagrada de Deus se acenda em n�s. Conhecer a arte de manejar caracteres.

Portanto, a feliz coloca��o de F�nelon merece a nossa mais ardorosa aten��o: O amor � ess�ncia divina e todos v�s, do primeiro ao �ltima, tendes, no fundo do cora��o,
a centelha desse fogo sagrado.

N�o esque�amos a recomenda��o de L�zaro: " O Esp�rito precisa ser cultivado, como um campo. Toda a riqueza futura depende do labor atual, que vos granjear� muito
mais do que bens terrenos:a eleva��o gloriosa." ( O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo XI - item 8)











CAP�TULO 04 - INFORT�NIO OCULTO NOS GRUPOS DOUTRIN�RIOS

" Mas, a par desses desastres gerais, h� milhares de desastres particulares, que passam despercebidos: os dos que jazem sobre um grabato sem se queixarem.Esses infort�nios
discretos e ocultos s�o os que a verdadeira generosidade sabe descobrir, sem esperar que pe�am assist�ncia." O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo XIII -
item 4


Com muita freq��ncia, constatam-se medidas e alertas de vigil�ncia contra o orgulho nos aben�oados ambientes doutrin�rios. Verdadeira campanha espont�nea tomou conta
da seara em torno dos cuidados que se deve ter acerca dos efeitos nocivos do personalismo. Ningu�m h� de contestar o valor de tais iniciativas. Entretanto, enquanto
empenhamo-nos contra esse costume, percept�vel pela ostenta��o com a qual se manifesta, extensa gama de disc�pulos padece com outro tra�o moral enfermi�o, nem sempre
t�o evidente na conduta humana: a baixa auto-estima. Um infort�nio oculto que solicita nossa aten��o.

A sensibilidade humana tem sido insuficiente para detectar o caos interior em que vivem in�meras criaturas, escondendo-se por tr�s das m�scaras sociais, temendo
tornarem conhecidos seus dramas inenarr�veis que configuram um aut�ntico quadro de "loucura controlada".

A mesma raiz que vitaliza a vaidade � respons�vel pela car�ncia de estima pessoal. O orgulho que procura brilhar no palco do prest�gio, assim como a atitude de desamor
a si mesmo, s�o manifesta��es do sentimento de menos valia ou complexo de inferioridade, que toma conta de multid�es sem conta no orbe terreno.

Podemos facilmente confundir atitudes de baixa auto-estima com comportamentos personalistas. Criaturas com escassez de auto-amor lutam para preservar suas reais
inten��es demonstrando, para tal, pouca ou nenhuma habilidade atrav�s de atitudes desconectadas de seus verdadeiros sentimentos; adotam condutas defensivas que
podem ser interpretadas como individualismo e ingratid�o. No fundo se debatem com a incapacidade de estabelecerem limites de prote��o ao mundo dos seus sentimentos
pessoais. Est�o em conflito e reagem de modo nem sempre adequado ante a quilo que lhes constitui amea�a, deixando clara a complexidade da alma humana que, para ser
entendida em suas a��es e rea��es, solicita-nos ampliada complac�ncia e largo discernimento.

Quem analisa um orador, um m�dium, um dirigente, um tarefeiro iluminado com as luzes da cultura esp�rita se , enquanto em suas movimenta��es doutrin�rias, n�o imagina
a dor �ntima que atinge muitos deles na esfera de suas provas silenciosas no reino do cora��o. Solid�o, abandono, conflitos, medo, frustra��es, impot�ncia e outros
tantos sentimentos estruturam um dilacerante estado de instabilidade e vulnerabilidade, que retratam velhas feridas evolutivas da alma.

Neste momento de tormentas atrozes e de frustra��es sem fim, conclamemos o valoroso movimento em torno das id�ias esp�ritas ao servi�o inadi�vel de incentivar o
fortalecimento da estima e do valor pessoal. A casa esp�rita, como avan�ado n�cleo de enfermagem moral, necessita ser o local da educa��o para que o homem se livre
de suas ilus�es e promova-se, definitivamente, a legat�rio de sua Heran�a C�smica. Imperioso que os dirigentes tenham lucidez, porque essa miss�o somente ser� cumprida
com acolhimento fraternal, est�mulo � autonomia, toler�ncia com os limites alheios e tempo.

Decerto, a idolatria e a purpurina da lisonja s�o indispens�veis. O privil�gio e a exalta��o s�o incoerentes com o esp�rito da espontaneidade. O Espiritismo, convenhamos,
combate a atitude ego�sta proposital, exclusivista, mas n�o prop�e a morte dos valores individuais que podem e devem fazer parte da comunidade como fator gerador
de b�n��os, alegrias e exemplo estimulador. O receio do estrelato e das manifesta��es individualistas tem culminado em aut�nticas "fobias �ticas", que n�o educam
nossas tend�ncias. A luz foi feita para iluminar, brilhar.

E ningu�m, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou a p�e debaixo da cama; mas p�e-na no velador, para que os que entram vejam a luz. (Lucas 8:16).

V�s sois a luz do mundo; n�o se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; (Mateus 5:14).

Que os tarefeiros da causa estejam atentos � fala inspirada do codificador: Esses infort�nios discretos e ocultos s�o os que a verdadeira generosidade sabe descobrir,
sem esperar que pe�am assist�ncia.

Olhemos uns pelos outros com olhos de ver. Muita vez onde supomos existir um doente pertinaz em busca de realce, encontra-se um cora��o ferido e cansado, confuso
e amedrontado mendigando amizade aut�ntica e compreens�o. Possivelmente quando sentir a for�a do amor que lhes votamos ser� tocado. Sentindo-se amado, pouco a pouco,
ter� motivos para abandonar as express�es de inferioridade que lhe tortura. Por fim, descobrir� o quanto somos amados, incondicionalmente, pelo Criador que, em Sua
Generosidade Excelsa, nos aguarda no esp�rito glorioso de Filhos de Sua Obra.

Oremos juntos por esse instante de luz:
Senhor,
Tem piedade das nossas necessidades!
Auxilia-nos a sustentar o perd�o com as imperfei��es que ainda carregamos na intimidade.
Ensina-nos a nos amar, Senhor! A aceitar-nos como somos e a buscar a melhora gradativa. Fortalece nossa capacidade de amar a fim de estendermos a luz da compaix�o
em rela��o �s falhas que cometemos.
Estende-nos Tuas m�os compassivas! Unge-nos com miseric�rdia as dores da ang�stia de viver trazendo por dentro as sombras do passado!
Ampara-nos, Divino Pastor; para jamais esquecermos as vit�rias j� alcan�adas. Que elas nos sirvam de est�mulo!
Ante as lutas e conflitos da alma, aben�oe-nos sempre, Senhor, para que nunca desistamos de combater-nos.
Obrigada, Jesus, por nos incluir em Teu amor infinito, sem a qual n�o ter�amos for�as para nos suportar.
Obrigada, Senhor! Hoje e sempre, obrigada!




CAP�TULO 05 - ESTUFAS PS�QUICAS DA DEPRESS�O


"Apenas Deus, em sua miseric�rdia infinita, vos p�s no fundo do cora��o uma sentinela vigilante, que se chama consci�ncia. Escutai-a, que somente bons conselhos
ela vos dar�. As vezes, conseguis entorpec�-la, opondo-lhe o esp�rito do mal. Ela, ent�o, se cala." Um Esp�rito protetor, (Li�o, 1860).

O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo XIII - �tem 1.


Depress�o � uma intima��o das Leis da Vida convocando a alma a mudan�as inadi�veis. � a "doen�a-pris�o" que ca�a a liberdade da criatura, rebelde, viciada em ter
seus caprichos atendidos. V�cio sedimentado em mil�nios de orgulho e rebeldia por n�o aceitar as frustra��es do ato de viver. Em tese, depress�o � a rea��o da alma
que n�o aceitou sua realidade pessoal como ela �, estabelecendo um desajuste interior que a incapacita para viver plenamente.

Desde as crises ocasionais da depress�o reativa at� os quadros mais severos que avan�am aos sombrios labirintos da psicose, encontramos no cerne da enfermidade o
Esp�rito, recusando os alvitres da vida. Atrav�s das rea��es demonstra sua insatisfa��o em concordar com a Vontade Divina, acerca de Seus Des�gnios, em flagrante
desajuste. Rebela-se ante a morte e a perda, a mudan�a e o desgosto, a decep��o e os desafios do caminho, criando um lit�gio com Deus, lan�ando a si mesmo nos leitos
amargos da inconforma��o e da revolta, do �dio e da insanidade, da apatia e do sofrimento moral.

Neste momento de transi��o em que os avan�os cient�ficos a classificam dentro de limites e c�digos, � necess�rio ampliar a lente das investiga��es para analis�-la
como estado interior de inadequa��o com a vida, que limita o Esp�rito para plenificar-se, existir, ser em plenitude. Seu tra�o ps�quico predominante � a diminui��o
ou aus�ncia de prazer em quaisquer n�veis que se manifeste. Portanto, dilatando as classifica��es dos respeit�veis c�digos humanos, vamos conceitu�-la como sendo
o sofrimento moral capaz de reduzir ou retirar a alegria de viver.

Sob enfoque espiritual, estar deprimido � um estado de insatisfa��o cr�nica, n�o necessariamente incapacitante. As mais graves psicoses nasceram atrav�s de "filetes
de loucura controlada" que roubam do ser humano a alegria de continuar sua marcha, de cultivar sonhos e lutas pelos ideais de sobreviv�ncia b�sica. Nessa �tica,
tomemos alguns exemplos para ilustrar nosso enfoque de depress�o � luz do Esp�rito imortal em condutas rotineiras:
O des�nimo no cumprimento do dever.
A inseguran�a obsessiva.
A ansiedade inexplic�vel.
A solid�o em grupo.
A impot�ncia perante o convite das escolhas.
A ang�stia da melhora.
A aterrorizante sensa��o de abandono.
Sentir-se in�til.
Baixa toler�ncia �s frustra��es.
O desencanto com os amigos.
Medo da vulnerabilidade.
A descren�a no ato de viver.
O h�bito sistem�tico da queixa improdutiva.
A revolta com normas coletivas para o bem de todos.
A indisposi��o de conviver com os diferentes.
A rela��o de insatisfa��o com o corpo.
O apego aos fatos passados.
O sentimento de menos-valia perante o mundo.
O descaso com os conflitos, a nega��o dos sentimentos.
A inveja do sucesso alheio.
A desist�ncia de ser feliz.
A decis�o de n�o perdoar.
A inconforma��o perante as perdas.
Fixa��o obstinada nos pontos de vista.
O desamor aos que nos prejudicam.
O cultivo do personalismo - a exacerbada import�ncia pessoal.
O gerenciamento ineficaz da culpa.
As afli��es-fantasma com o futuro.
A tormenta de ser rejeitado.
As agruras perante as cr�ticas.
Rigidez nas atitudes e nos objetivos.
Conduta perfeccionista.
Sinergia com o pessimismo.
Impulso para desistir dos compromissos.
Puls�o para controlar a vida.
Irritabilidade sem causas conhecidas.

Todas essas a��es ou sentimentos s�o sinais de depress�o na alma, porque criam ou refletem um desajuste da criatura com a exist�ncia, levando-a, paulatinamente,
a roubar de si mesma a energia da vida. S�o rejei��es � S�bia e Justa Vontade Divina - Excelsa express�o do bem em nosso favor nas ocorr�ncias de cada dia.

Bilh�es e bilh�es de homens, na vida f�sica e extraf�sica, est�o deprimidos ou constr�em "estufas ps�quicas" para futuras depress�es reconhecidas pela �tica cl�nica.
Arrastam-se entre a animalidade e o mundo racional. Lutam para se livrar da pesada cris�lida magn�tica dos instintos e assumir sua gloriosa condi��o de filhos de
Deus e cocriadores na Obra Paternal. Vivem, mas n�o sabem existir. Perambulam, quase sempre, na alegria de possuir e raramente alcan�am o prazer de ser. Ora escravos
das lembran�as do passado, ora atormentados pelo medo do futuro. Jornadeiam sob os grilh�es do ego recusando os apelos do self.

Esse conceito male�vel da doen�a explica o lament�vel estado de inquietude interior que assola a humanidade. � a "algazarra do ego" criando mecanismos para continuar
seu reinado de ilus�es, obstruindo os clar�es de serenidade e sa�de imanentes do self - a vontade l�cida do Esp�rito em busca da liberdade.

Devido aos programas coletivos de saneamento ps�quico da Terra orientados pelo Mais Alto, vivendo o momento hist�rico. Nunca foram alcan�ados �ndices t�o significativos
de resgate e socorro nos atoleiros morais da erraticidade. Conseq�entemente, eleva-se o n�mero de cora��es que regressam ao corpo carnal sob cust�dia do remorso.
Esse estado ps�quico responde pelo crescimento dos epis�dios depressivos. Seria tr�gico esse fen�meno social se deix�ssemos de consider�-lo como ind�cio de mudan�a
nos refolhos da alma. Conquanto n�o signifiquem liberta��o e paz, coloca a criatura a caminho dos primeiros lampejos de consci�ncia l�cida.

O planeta em todas as latitudes experimentar� uma longa noite de dores psicol�gicas, em cujo bojo despontar� um homem novo e melhorado em busca dos Tesouros Sublimes,
ainda desconhecidos em sua intimidade.

Ao formularmos esse foco para a depress�o, nossa inten��o � estimular a medicina preventiva centrada no Esp�rito imortal e na educa��o. � assustador o �ndice de
deprimidos segundo a sintomatologia oficial, no entanto, infinitamente maior � o n�mero daqueles que cultivam, em regime de cultura mental, os embri�es de futuros
epis�dios psiqui�tricos depressivos.

A solu��o vem da pr�pria mente. A terap�utica est� no imo da criatura. Aprender a ouvir os ditames da consci�ncia: eis o que pouco fazem quando se encontram sob
sans�o da depress�o. Esse � o estado denominado "consci�ncia tranq�ila", ou seja, quando o self supera as tormentas da culpa e do medo, da ansiedade e do instinto
de posse. Aprendendo a arte de ouvir esse guia infal�vel, a criatura caminha para o sossego �ntimo, a serenidade, a plenitude, a alegria.

A sa�de decorre de uma rela��o sin�rgica com o self. Dele partem as for�as capazes de estabelecer o clima da alegria de ser. Do self procede a energia da vida, o
t�nus que permite a criatura ampliar seu raio de intera��o com a natureza - outra fonte de vida -, express�o celeste de Deus no universo. A depress�o � aus�ncia
dessa energia de base, dessa for�a de vitalidade e sa�de, ensejando a defasagem, o esgotamento. A aus�ncia de contato com o amor - Lei universal de vida e sa�de
integral - responde pelos reflexos da "morte interior".

Nos apelos da consci�ncia encontraremos o receitu�rio para a liberdade e a paz, o equil�brio e o progresso.

A ingest�o dessa medica��o amarga ser� a batalha sem tr�guas, porque aderir aos ditames conscienciais significa, antes de tudo, deixar de desejar o que se quer para
fazer o que se deve. Nessa escola de novas aprendizagens, a alma far� cursos intensivos de novos costumes emo��es atrav�s do aprendizado de olhar para si.

A aus�ncia de uma percep��o muito n�tida das nossas reais necessidades interiores leva-nos � busca do prazer estereotipado, aquele que a maioria procura para preencher
o "vazio", e n�o viver criativamente em paz. Depois vem a culpa e outras manifesta��es de dor. O prazer real � somente aquele que nos equilibra e preenche sem sofrimentos
posteriores.

Somente estando identificados com os "recados do self", construiremos uma vida criativa, adequada ao caminho individual. Jung chamou esse processo de individua��o.
Descobrir nossa singularidade, saber viv�-la sem afronta ao meio e coloc�-la a servi�o do bem, essas as etapas do crescimento sist�mico, integrado com o pr�ximo,
a vida e a natureza. Individua��o s� ser� poss�vel acolhendo a sombra do inconsciente atrav�s dos "bra�os do ego", entregando-a � "intelig�ncia espiritual" do self,
para transform�-la em luz e erguimento conforme as aspira��es do Esp�rito.

Depress�o - condi��o mental da alma que come�a a resgatar o encontro com a verdade sobre si mesma depois de mil�nios nos labirintos da ilus�o.

"A felicidade terrestre � relativa � posi��o de cada um. O que basta para a felicidade de um, constitui a desgra�a de outro. Haver�, contudo, alguma soma de felicidade
comum a todos os homens?"

"Com rela��o � vida material, � a posse do necess�rio. Com rela��o � vida moral, a consci�ncia tranq�ila e a f� no futuro.".

Consci�ncia tranq�ila e prazer de viver, a maior conquista das pessoas livres e felizes.




































CAP�TULO 06 - IDENTIDADE C�SMICA


"E aqui est� o segundo que � semelhante ao primeiro: amar�s o teu pr�ximo, como a ti mesmo."

O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo XV - �tem 4


Chamamos de atitude amorosa o tratamento benevolente com nosso �ntimo atrav�s da cria��o de um relacionamento pac�fico com as imperfei��es. Desenvolver habilidades
benevolentes para consigo � a base da vida saud�vel e o ponto de partida para o crescimento em harmonia.

Amar a si mesmo � o cerne da proposta educativa do Ser na fieira das reencarna��es. O aprendizado do auto-amor tem como requisito essencial a descoberta de nossa
"identidade c�smica", ou seja, a realidade do que somos na Obra Incomensur�vel do Pai, nossa singularidade. A singularidade � a "Marca de Deus" que define nossa
hist�ria real no trajeto da evolu��o. � como o Pai nos "conclama" ser na Sua Cria��o.

Importante frisar que a singularidade � o conjunto de caracteres morais e espirituais peculiares � criatura �nica que somos. Nela se incluem tamb�m as mazelas cujos
princ�pios foram colocados no homem para o bem, conforme acentuam os S�bios e Orientadores da codifica��o. (O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo X - �tem
10)

Quando rejeitamos alguns aspectos dessa "identidade exclusiva", nasce o conflito, que � a tormenta interior da alma convocada a transformar para melhor sua condi��o
individual. O Doutor Carl Gustav Jung definiu esse movimento da vida mental como sendo individua��o, isto �, viver em busca da individualidade, do Si Mesmo. N�o
se trata de viver o individualismo, o personalismo, mas aprender a ser, permitindo a express�o de suas caracter�sticas divinas latentes e de sua sombra sem as m�scaras
sociais. Individua��o vem do latim individuos cujo sentido � "indiviso", "inteiro".

O progresso pessoal de cada um de n�s � a arte de saber integrar os "fragmentos" da vida �ntima, harmonizando-os para que reflitam as leis naturais de coopera��o,
trabalho e liberdade.

Somente vibrando na freq��ncia do amor, esse movimento educativo da alma plenifica-se sem a ang�stia e o mart�rio - patrocinadores de longas e dolorosas crises nesse
caminhar evolutivo. A conviv�ncia compassiva com nossa sombra s� ser� poss�vel com aceita��o de nossa "identidade c�smica". Aceitar os nossos sentimentos, desejos,
a��es, impulsos e pensamentos. Aceitar � entrar em contato sem reprimir. Criar uma conex�o sem julgamento e condena��o. A aceita��o n�o significa acomoda��o ou ades�o
passiva, mas entender, investigar e redirecionar esse patrim�nio sem rigidez e desamor. � cuidar bem de si mesmo com ternura e respeito ao patrim�nio adquirido,
incluindo os maus pendores. Aceita��o � a maneira carinhosa de tratar nossa intimidade, sem rivalidade.

Aceitar-se � confundido com passividade, irresponsabilidade. O conceito � exatamente o inverso, pois quando eu aceito as coisas como s�o, resgato minha for�a e poder
transformador.

Se n�s n�o nos aceitamos, magoamos a n�s mesmos, por isso o auto-amor � tamb�m autoperd�o. Perdoar � ter uma atitude de compaix�o que nos distancie dos julgamentos
e cr�ticas severas e inflex�veis.

O rem�dio ser� aprender a amar a vida que temos, o que somos, o que detemos e viver um dia ap�s o outro, cultivando na intimidade a certeza de que o percurso que
fizemos deve ser visto como o melhor e mais proveitoso �s necessidades que carregamos. � a nossa "marca personalizada" na Obra da Cria��o pela qual devemos responder
com siso moral.

Certamente as Leis Divinas, a todo instante, conspiram para que afinemos essa singularidade com a "Freq��ncia de Deus", sempre elevando-nos e progredindo. A proposta
do auto-amor, impele-nos, sobretudo, a conhecer nosso ritmo evolutivo, nossa capacidade pessoal de ajustarmo-nos a essa melodia universal.

Ningu�m consegue ultrapassar seus limites pessoais de uma para outra hora. A palavra limite quer dizer o "ponto m�ximo". Em termos espirituais, s� daremos conta
daquilo que podemos. Nem mais nem menos. O mart�rio representa algu�m querendo dar al�m do que consegue, idealizando caminhos, cobrando d si o imposs�vel. Uma postura
de inaceita��o de sua condi��o �ntima, gerando insatisfa��es e desequil�brios.

Quando n�o amamos a n�s mesmos, vivemos � merc� da influ�ncia dos palpites e repremendas. A aprova��o alheia � mais importante que a aprova��o interior. Nessa situa��o
escasseiam estima e confian�a a si pr�prio, que impossibilitam a express�o da condi��o particular. Assim sentimo-nos prisioneiros adotando m�scaras com as quais
procuramos evitar a rejei��o social, fazendo-nos infelizes e revoltados.

Ningu�m pode definir para n�s "o quanto ou o como dever�amos". Podemos ouvir opini�es e conselhos, corretivos e advert�ncias, por�m, o exerc�cio do auto-amor nos
ensinar� a tirar de cada situa��o aquilo que, de fato, nos ser� �til ao crescimento. Cada pessoa ou situa��o de nossas vidas � como o cinzel que auxiliar� a esculpir
a obra incompar�vel da ascen��o particular. Mas recordemos: apenas um cinzel! Apenas instrumentos! Pois a tarefa intransfer�vel de talhar � com cada um de n�s, escultores
da individua��o.

Quem se ama, imuniza-se contra as m�goas, guarda serenidade perante acusa��es, desapega-se da exterioridade como condi��o para o bem-estar, foca as solu��es e valores,
cultiva indulg�ncias com o semelhante,, tem prazer de viver e colabora espontaneamente com o bem de todos e de tudo.

Por longo tempo ainda exercitaremos esse amor a n�s mesmos, alfabetizando nossas habilidades emocionais para um relacionamento intrapessoal fraterno, equilibrado.
A primeira condi��o para nos enganjarmos na Lei do Amor � essa caridade conosco, o encontro do self divino, sem o qual ficaremos desnorteados no labirinto das experi�ncias
di�rias, � merc� de pessoas e fatos, adiando o Instante Celeste de sintonizar nossos passos com a paz interior que todos, afanosamente, estamos perseguindo.






CAP�TULO 07 - CARTA DE MISERIC�RDIA


"Como � que vedes um argueiro no olho do vosso irm�o, quando n�o vedes uma trave no vosso olho? - Ou, como � que dizeis ao vosso irm�o: Deixa-me tirar um argueiro
ao teu olho, v�s que tendes no vosso uma trave? - Hip�critas, tirai primeiro a trave ao vosso olho e depois, ent�o, vede como podereis tirar o argueiro do olho do
vosso irm�o. (S. Mateus, cap. VII, vv. 3 a 5). O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo X - �tem 14.


Um dos efeitos mais inconfess�veis da arrog�ncia em nossos relacionamentos � a nossa falta de habilidade para conviver com honestidade emocional perante o brilho
dos �xitos alheios.

Com rara facilidade, sob a��o fascinadora da arrog�ncia, julgamo-nos os melhores naquilo que fazemos. Esse � um efeito dos mais percept�veis do estado orgulhoso
de ser, isto �, a propriedade mental de luz toldar a vis�o para enxergar o quanto nos iludimos com as fantasias do ego.

O senhor Allan Kardec teve ensejo de destacar: "Com efeito, como poder� um homem, bastante presun�oso para acreditar na import�ncia da sua personalidade e na supremacia
das suas qualidades, possuir ao mesmo tempo abnega��o bastante para fazer ressaltar em outrem o bem que o eclipsaria, em vez do mal que o exal�aria?" (O Evangelho
Segundo o Espiritismo - Cap�tulo X - �tem 10).

Na maioria das vezes, o m�rito alheio ainda � recebido no nosso cora��o como uma amea�a ou at� mesmo uma afronta. Raramente, admitimos tal verdade. O h�bito milenar
de racionalizar nossos sentimentos constitui uma coura�a psicol�gica enrijecida pelo orgulho.

"O orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois; a n�o suportardes uma compara��o que vos possa rebaixar; a vos considerardes, ao contr�rio, t�o acima dos vossos
irm�os, quer em esp�rito, quer em posi��o social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece." Um esp�rito protetor. (Bord�us,
1863.) (O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap�tulo IX - �tem 9).

A educa��o dos sentimentos depende de abundante honestidade emocional para conduzir-nos � verdade sobre n�s mesmos. Sem consci�ncia de suas raizes, jamais admitiremos
a presen�a do ci�me e da inveja - monstros roedores da paz interior.

Combalidos por antigas frustra��es, desgostosos conosco mesmo, sentimo-nos desvalorizados, tomados por uma sensa��o de inutilidade e abandono que tentamos mascarar
com alegrias fict�cias e conquistas perec�veis. Nesse clima psicol�gico, como cultivar empatia e entusiasmo com as virtudes alheias?

Os relacionamentos a todo instante sofre os efeitos indesej�veis da carga vibrat�ria dessas desconhecidas sombras �ntimas, criando estados de desconforto que estipulam
a antipatia ou mesmo a avers�o, sem que haja, de nossa parte, qualquer inten��o nesse sentido. S�o reflexos autom�ticos que trazemos na vida mental, com enorme poder
de a��o sobre as atitudes, sem que disso tenhamos consci�ncia.

E o que � mais grave: por desconhecer a natureza dessas emo��es, vemos o argueiro no olho alheio, sendo que temos uma trave em nossa vis�o espiritual, conforme a
assertiva evang�lica. Sentimos que as rela��es n�o v�o bem, mas por incapacidade ou falta de habilidade em analisar a n�s pr�prios, instintivamente fazemos uma proje��o
na tentativa de descobrir do lado de fora, aquilo que, em verdade, est� dentro de n�s.

Que nenhum disc�pulo de Jesus, perante os fracassos e perdas na vida interpessoal, julgue-se derrotado ou mal-intencionado. Nos servi�os da Obra Crist� nos quais
somos colaboradores iniciantes, jamais devemos nos permitir desacreditar nas inten��es sinceras que sustentam nossos ideais de ascens�o. Quase sempre, elas constituem
nossa �nica garantia leg�tima em dire��o aos projetos de ilumina��o espiritual que abra�amos.

Se assim nos pronunciamos � porque, mesmo entre os disc�pulos da Boa Nova, a nobreza de inten��es n�o � suficiente para impedir os efeitos lament�veis da altivez
que carregamos em nossos cora��es. Por muito tempo ainda, lutaremos tenazmente na colheita infeliz dos reflexos de prepot�ncia e competi��o, que assinalam nossos
impulsos uns perante os outros.

� um processo natural da evolu��o. Nada h� de errado em sentir o que sentimos. O problema surge quando rebelamos em aceitar e investigar a exist�ncia de semelhantes
atitudes de cada hora.

N�o agimos assim por mal deliberadamente. S�o as compuls�es morais que geramos nas experi�ncias sucessivas da ambi��o e da loucura nas vit�rias perec�veis.

Perdoar e nos perdoar sempre ser� a solu��o. Olhemos para n�s com lealdade, mas, igualmente, com carinho e miseric�rdia. Somos alma rec�m egressas das fileiras do
mal. Estamos, a exemplo do Filho Pr�digo da passagem evang�lica, retomando nossos caminhos ap�s as atitudes enfermi�as do esbanjamento psicol�gico e emocional, que
nos aprisionaram nas refregas do vazio existencial.

Segundo o benfeitor Calderaro, o cap�tulo X de o Evangelho Segundo o Espiritismo, "Os Que S�o Misericordiosos", deveria ser um dos textos mais estudados entre n�s,
os seguidores da Doutrina Esp�rita.

Os ambientes educativos dos centros esp�ritas que n�o cultivarem a miseric�rdia ter�o enormes obst�culos com o conflito improdutivo - resultado da maledic�ncia e
da hipocrisia, da severidade e da intoler�ncia.

Toler�ncia, indulg�ncia, perd�o, compaix�o e benevol�ncia s�o algumas das express�es morais imprescind�veis no trato de uns para com os outros. Sem essas atitudes
de amor, como nos suportaremos?

A comunidade doutrin�ria esp�rita avizinha o momento de seu desabrochar para a maior idade. A consci�ncia da extens�o de nossas enfermidades nos levar� a concluirmos
que nosso movimento libertador � um hospital de vastas propor��es e especificidade. Como doentes em busca da cura, reconheceremos as necessidades do amor, sem o
qual adiaremos nossa alta m�dica. E que manifesta��o de amor aplicado mais palp�vel pode existir que a miseric�rdia?

Nada d�i tanto aos seguidores sinceros de Jesus quanto a ofensa n�o intencional, as rusgas n�o desejadas, as perdas afetivas, as rea��es inesperadas de ingratid�o,
o v�cio em colecionar certezas irremov�veis que traduzem prepot�ncia, a indiferen�a e o menosprezo. S�o os frutos da aus�ncia de miseric�rdia no cora��o humano.

Enquanto procurarmos as causas das decep��es de nossas rela��es no estudo das imperfei��es, n�o encontraremos respostas satisfat�rias �s nossas indaga��es e nem
consolo para nossa alma. Somente compreendendo sinceramente quais li��es evang�licas deixamos de aplicar em cada passo do caminho, obteremos alento, orienta��o e
est�mulo. Miseric�rdia para com as imperfei��es alheias, piedade para com nossas faltas!

Portanto, as casas esp�ritas orientadas pelas atitudes de amor adotem sem demora o projeto da miseric�rdia fraternal. Grupos que se reunam em viv�ncias de honestidade
emocional. Que tenham bondade para tratar de seus sentimentos e discuti-los em equipe. Sinceros, por�m, acolhedores. Grupos que possam olhar de frente para a arrog�ncia
que ainda nos domina, e que tenham coragem de confront�-la em p�blico. ?Grupos que saibam pedir perd�o. Conjuntos doutrin�rios dispostos a estimular o brilho das
qualidades uns dos outros e dispostos � compaix�o com os defeitos emotivados pela aboli��o da regidez m�rbida.

No Hospital Esperan�a, Dona Modesta desenvolve uma atividade de fidelidade aos sentimentos. Chama-se Tribuna da Humildade. � um recurso terap�utico em pacientes
depois de certo tempo de tratamento emocional. Depoimentos, cartas, pedidos de perd�o, hist�rias de vida, fracassos e vit�rias s�o apresentados como forma de cuidar
dos sentimentos secretos, n�o admitidos durante a vida f�sica.

Gostar�amos de passar aos amigos de ideal na carne a s�ntese de uma carta que foi lida por destacado l�der esp�rita ao ocupar, oportunamente, a Tribuna. N�o importa
o que se passou ou o que vir�, nosso intuito � pensarmos, a todo instante, que a aplica��o da miseric�rdia � a virtude que abranda nossos cora��es e o testemunho
da leveza em nossas almas.

Senhores e senhoras, irm�os de doutrina, paz na alma.

Vir aqui falar de meus sentimentos � uma honra. S� lamento que tenha descoberto t�o tarde o bem que me faz falar do que sinto.

A vida f�sica brindou-me com a b�n��o de ser esp�rita. Tr�s d�cadas e meia em ininterrupta e afanosa atividade doutrin�ria.

Sou uma v�tima de mim mesmo. � incr�vel como ouvi tantas e tantas vezes, assim como acredito que tenha ocorrido igualmente com muitos aqui presentes, sobre a import�ncia
de perdoar e, no entanto, tal esclarecimento ficou apenas no c�rebro. Imperme�vel ao cora��o.

Tenho aprendido sobre cust�dia de Dona Modesta que, quando a lembran�a de algu�m vem em nossa mente e desperta maus sentimentos, estamos magoados. Segundo ela, a
m�goa que permanece por mais de uma hora em nossa cabe�a, desce para o cora��o. E s� Deus sabe quando sair� da�...

� o meu caso! Deixei a m�goa por mais de uma hora na cabe�a!

Talvez algu�m possa perguntar: por que apenas sessenta minutos de m�goa na cabe�a?

Segundo Dona Modesta, os sessenta minutos s�o suficientes para perguntar a n�s mesmos por que nos magoamos, e descobrir em n�s pr�prios os rem�dios para curar-nos.
Livrar-nos das algemas da ofensa.

A princ�pio, pode parecer uma atitude ing�nua e desproposital, mas somente quem j� sofreu o bastante com as m�goas sabe da import�ncia de exoner�-las o quanto antes
da intimidade. Ao adquirir coincid�ncia dos males que ela nos traz, temos mais motivos ainda para extirp�-las.

Eu trouxe durante d�cadas a lembran�a desagrad�vel de pessoas e situa��es que permiti morarem em meu pensamento por mais de uma hora na condi��o de opositores.

Olhei demais para fora e a doen�a desceu da cabe�a para o cora��o.

Pois bem! Isso me custou um c�ncer, o desencarne prematuro, perdas afetivas muito caras, l�grimas sem conta, ang�stia intermin�vel e isolamento.

Aqui estou eu diante de mim mesmo. E os meus supostos inimigos, aqueles que me feriram, onde e como est�o?

Certamente seguem seus caminhos e n�o levam m�s lembran�as, especialmente de minha pessoa.

Meus amigos, o drama � um s�! Tivesse lucidez suficiente e bastariam sessenta minutos para descobri-lo!

Faltou-me honestidade emocional para admitir que fosse invejoso, ciumento, competitivo, avesso a cr�ticas e melindroso. Meu orgulho impediu-me de admitir que outras
pessoas fossem t�o boas quanto eu naquilo que eu fazia. Fracassei em um dos testes mais dif�ceis da jornada humana: exaltar a import�ncia do outro com leg�tima alegria
no cora��o e "diminuir para que o Cristo crescesse". (Jo�o, 3:30).

Em meu favor, apenas tenho as minhas inten��es. Em nenhum momento, conscientemente, calculei conflitos ou interesses pessoais. Sou v�tima de mim mesmo, do meu passado
de semeadura na arrog�ncia.

Tudo passou no tempo, mas ainda trago a mente presa ao passado. Isso � a m�goa no cora��o.

Permiti-me adoecer. Magoar � admitir ser ferido, machucado.

A cicatriza��o pode demorar. A minha est� se processando somente depois da morte.

Como? Como cicatrizar essas �lceras que eu mesmo provoquei? Como esquecer? Foram as perguntas que fiz desesperadamente ao tomar maior consci�ncia do quanto me faziam
sofrer.

Dona Modesta, aqui presente, � testemunha da minha dor.

Como religiosos, raramente escapamos de uma velha armadilha: a presun��o. Eu n�o escapei.

Por presun��o tornei-me um ex�mio juiz dos atos alheios, recheado de certezas sobre a conduta dos outros, um psic�logo implac�vel do comportamento do pr�ximo. Tinha
nos l�bios as explica��es perfeitas para a atitude de todos que me ofenderam. Quanto a mim, sempre me desculpava.

Como pude ser t�o descuidado!

Olhei demais para o argueiro do pr�ximo e n�o vi minha pr�pria trave.

� preciso muita coragem para nos confrontar! Admitir a presen�a da inveja. Reconhecer que todos os nossos dissabores come�am em n�s mesmos. Conscientizar que somos
os �nicos respons�veis pelo que sentimos. Que podemos a qualquer momento retomar nossa alegria, nossas metas, nosso processo de crescimento, conforme a orienta��o
evang�lica que j� possu�mos.

Foi ent�o que surgiu uma palavra fundamental na minha recupera��o. Miseric�rdia. Compaix�o.

Permitam-me a leitura de um par�grafo que se tornou a fonte de inspira��o para minha recupera��o:

'"Esp�ritas, jamais vos esque�ais de que, tanto por palavras, como por atos, o perd�o das inj�rias n�o deve ser um termo v�o. Pois que vos dizeis esp�ritas, sede-o.
Olvidai o mal que vos hajam feitam e n�o penseis sen�o numa coisa: no bem que podeis fazer. Aquele que enveredou por esse caminho n�o tem que se afastar da�, ainda
que por pensamento, uma vez que sois respons�veis pelos vossos pensamentos, os quais todos Deus conhece. Cuidai, portanto, de os expungir de todo sentimento de rancor:
Deus sabe o que demora no fundo do cora��o de cada um de seus filhos. Feliz, pois, daquele que pode todas as noites adormecer, dizendo: Nada tenho contra o meu pr�ximo.
Sime�o (Bord�us, 1862). (O Evangelho Segundo o Espiritismo -cap�tulo X - �tem 14).

Miseric�rdia! Ao inv�s de estudar as raz�es das ofensas, passei a pensar e aplicar a atitude de miseric�rdia. Mentalizei meus supostos advers�rios que me traziam
m�s recorda��es e os envolvia em luzes de cores calmantes. Orei com sinceridade pedindo a Deus por eles.

Lamentavelmente n�o pude fazer o que faria hoje se estivesse no corpo: os procuraria para um abra�o sincero.

Miseric�rdia, inclusive para mim, foi o que pratiquei, pois perdi, al�m de tudo, a minha paz. Autoperd�o, admitir a minha participa��o em tudo aquilo que tinha motivo
para queixar. Como � doloroso tomar contato com as nossas ilus�es.

Incr�vel! Hoje tenho conhecido dramas terr�veis de pessoas que foram efetivamente feridas e dilaceradas na vida f�sica, e que se encontram aqui nessa casa de amor
em estados melhores que o meu.

Como n�s esp�ritas nos ferimos sem motivos reais para tanto!

Somente quando conseguirmos rir das atitudes que nos feriram, estaremos nos curando.

Quanta arrog�ncia totalmente necess�ria em uma obra que nem nos pertence!

Que vergonha a minha! Como eu gostaria que tudo tivesse sido diferente! Sem dissens�es, inimizades, perdas.

S� tenho uma virtude em toda a minha hist�ria. N�o desisti de refazer meus caminhos. Talvez por isso sofra tanto. Por isso estou aplicando a miseric�rdia comigo
tamb�m.

N�o existe para mim conceito mais claro de miseric�rdia que acolher com afeto e carinho, est�mulo e alegria o valor alheio, ceder da minha import�ncia pessoal em
favor da motiva��o de outrem para a sua caminhada.

Hoje, creio sinceramente que se concedermos apenas uma hora para analisarmos as imperfei��es e usarmos o restante do tempo para nos amar, a vida nos presentear�
com mais motivos para ser feliz.

Penso muito em Jesus. Sabendo de todas as nossas mazelas, mesmo hoje como esp�ritas, continua contando conosco.

Essa tem sido a minha for�a.

Saber que o Mestre ainda conta comigo tem sido meu descanso, minha motiva��o.

Obrigado a todos por me ouvirem.





















CAP�TULO 08 - ESTUDANDO A ARROG�NCIA I


"Assim n�o deve ser entre v�s, ao contr�rio, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; - e, aquele que quiser ser o primeiro entre v�s seja vosso escravo."
(S. Mateus, cap�tulo XX, vv. 20 a 28.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo VII - �tem 4


Arrog�ncia, eis um tema de extrema import�ncia para ser meditado em nossos n�cleos de amor crist�o.

Tenho arrog�ncia? Como descobri-la? O que � arrog�ncia? Um sentimento ou uma atitude? Qual a sua origem? Como se manifesta? Como se manifesta? Como perceber a atitude
arrogante? Que fazer para superar essa doen�a moral? Como esp�ritas somos arrogantes? Como? Por que existe ainda a arrog�ncia em nossa conduta, apesar do conhecimento
doutrin�rio?

Os S�bios Guias da Verdade oportunamente responderam ao senhor Allan Kardec: "De todas as imperfei��es humanas, o ego�smo � a mais dif�cil de desenraizar-se porque
deriva da influ�ncia da mat�ria, influ�ncia de que o homem, ainda muito pr�ximo de sua origem, n�o p�de libertar-se e para cujo entretenimento tudo concorre: suas
leis, sua organiza��o social, sua educa��o".

O estudo do sentimento de ego�smo constitui elemento fundamental no entendimento de nossas necessidades espirituais. Significa estudar nossa pr�pria hist�ria evolutiva.
A sutil diferen�a entre pensar excessivamente em si e pensar em si com benevol�ncia pode determinar a natureza de todos os sentimentos humanos. O excesso de interesse
por si mesmo � um ciclo de ilus�es que se repete sustentando o auto-desamor em mil�nios de perturba��o. A benevol�ncia � a bondade efetiva que caminha de bra�os
dados com a edifica��o da paz interior.

O codificador ponderou: "N�o; a paix�o est� no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princ�pio que lhe d� origem foi posto no homem para o bem, tanto
que as paix�es podem lev�-lo � realiza��o de grandes coisas. O abuso que delas se faz � que causa o mal." (O Livro dos Esp�ritos - quest�o 907- coment�rio de Allan
Kardec).

Na fieira do tempo o ego�smo sofreu muta��es infinitas que comp�em a versatilidade de toda a estrutura sentimental do Ser. O abuso desses "germens de luz" tem constitu�do
entrave ao longo dos tempos. A paix�o - aus�ncia de dom�nio sob ger�ncia da vontade - ensejou reflexos perniciosos, cujas ra�zes encontram-se no egocentrismo - o
estado mental de fechamento das nossas pr�prias cria��es.

Nessas linhas de evolu��o, o instinto de conserva��o desenvolveu a posse como sin�nimo de prote��o, vindo a constituir o n�cleo da tormenta humana como asseveram
acima os S�bios Orientadores da Verdade: "(...) o ego�smo � a mais dif�cil de desenraizar-se porque deriva da influ�ncia da mat�ria (...)."

Alicer�ados na necessidade apaixonada de prote��o material, enlouquecemos atrav�s da posse e a conduta arrogante ensejou-nos a concretiza��o dessa atitude de ego�smo.

O princ�pio que gera a arrog�ncai foi colocado no homem para o bem. � a �nsia de crescer e realizar-se. O impulso para progredir. O instinto de conserva��o que prev�
a prote��o, a defesa. Tais princ�pios s�o os fatores de motiva��o para a coragem, a ousadia, o encanto com os desafios. Gra�as a eles surgem os l�deres, o idealismo
e as grandes realiza��es inspiradas em vis�es ampliadas do futuro. O excesso de tudo isso, no entanto, criou a paix�o. A paix�o gerou o v�cio. O v�cio patrocinou
o desequil�brio.

Comparemos o ego�smo como sendo o v�rus e a arrog�ncia a doen�a, seus efeitos nocivos e destruidores.

Arrog�ncia, "qualidade ou car�ter de quem, por suposta superioridade moral, social, intelectual ou de comportamento, assume atitude prepotente ou de desprezo com
rela��o aos outros; orgulho ostensivo, altivez". Esse o conceito dos dicion�rios humanos. (Dicion�rio Houaiss).

No sentido espiritual podemos inferir v�rios conceitos para o sentimento de arrogar. Vejamos alguns: exacerbada estima a si mesmo. Supervaloriza��o de si. Autoconceito
super dimensionado. Desejo compulsivo de se impor aos demais.

O ego�smo � o sentimento b�sico. Arrog�ncia � a atitude �ntima derivada desse alicerce de sensa��es nascidas no cora��o ocupado, exclusivamente, com seu ego. Uma
compulsiva necessidade de ser o primeiro, o melhor, manifestada atrav�s de um cortejo de pensamentos, emo��es, sensa��es e condutas que determinam o raio espiritual
no qual a criatura transita.

Asseveram os S�bios Guias: "(...) a paix�o est� no excesso de que se acresceu a vontade,, visto que o princ�pio que lhe d� origem foi posto no homem para o bem,
tanto que as paix�es podem lev�-lo � realiza��o de grandes coisas. O abuso que delas se faz � que causa o mal".

Fa�amos um pequeno gr�fico *. Escreva a palavra arrog�ncia e a circule. Agora fa�a quatro tra�os nos pontos cardeais e escreva: rigidez, competi��o, imprud�ncia,
prepot�ncia.Novamente fa�a um c�rculo em torno desses pontos e escreva: estado orgulhoso de ser. Feche um novo c�rculo.

Essas s�o as quatro a��es mais percept�veis em decorr�ncia do ato de arrogar que estruturam expressiva maioria dos estados psicol�gicos e emocionais do Ser. A partir
desse estado orgulhoso de ser, podemos perceber um quadro mental de r�gida auto-sufici�ncia, do qual nascem as ilus�es e os equ�vocos da caminhada humana, arrojando-nos
aos despenhadeiros da insanidade aceit�vel e da rivalidade envernizada.

O tra�o predominante na personalidade arrogante � a n�o conformidade. Usada com equil�brio, � fonte de crescimento e progresso. Todavia, sob a��o dos reflexos da
posse e do interesse pessoal, que marcaram, acentuadamente, nossas reencarna��es, esse tra�o atingiu o patamar de rebeldia e obstina��o enfermi�a.

A rebeldia tornou-se um condicionamento psicol�gico que dilata as a��es da arrog�ncia. Uma lente de aumento que decuplica e acelera as muta��es da auto-sufici�ncia.

Estudemos, portanto, as atitudes pilares da arrog�ncia sob as lentes da rebeldia.

A rigidez � a raiz das condutas autorit�rias e da teimosia que, freq�entemente, des�guam nos comportamentos de intoler�ncia. Sob a��o da rebeldia, patrocina o desrespeito
ao Livre-arb�trio alheio e alimentam constantemente o melindre por a vida n�o ser como ele gostaria que fosse.

A competi��o n�o existe sem a compara��o e o impulso de disputa. Quando tomado pela paix�o, a for�a motriz de semelhante a��o � o sentimento de inveja. Na mira da
rebeldia, causa o menosprezo e a indiferen�a que tenta empanar o brilho de outrem., A competi��o � o alimento do sentimento de superioridade.

A imprud�ncia � marcada pela ousadia transgressora que n�o teme e nem respeita os limites. Quase sempre, essa inquietude da alma alcan�a o perfeccionismo e a ansiedade
que, freq�entemente, des�guam na necessidade de controle e dom�nio. Consubstanciam modos rebeldes de ser. Desejo de hegemonia. Sentimento de poder.

A prepot�ncia � um efeito natural da perspic�cia que pode insuflar a megalomania, a presun��o. Juntos formam o piso da vaidade. A rebeldia, nesse passo, conduz a
uma desmedida necessidade de fixar-se em certezas que adornam posturas de infalibilidade.

Conforme o temperamento e a hist�ria espiritual particular, a arrog�ncia manifesta-se com maior ou menor �nfase em uma das quatro a��es descritas, criando efeitos
variados no comportamento. Apesar disso, a cadeia de reflexos �ntimos � muito similar.

Ego�smo que na sua muta��o transforma-se em arrog�ncia; essa, por sua vez, deriva um cortejo de outros sentimentos sob a��o do orgulho e da rebeldia.

A arrog�ncia retira-nos o "senso de realidade". Acreditamos mais naquilo que pensamos sobre o mundo e as pessoas do que naquilo que s�o realmente. Por essa raz�o,
esse processo da vida mental consolida-se como piso de inumer�veis psicopatologias da classifica��o humana. A altera��o da percep��o do pensamento � o fator gerador
dos mais severos transtornos psiqui�tricos. S�o as manifesta��es enfermi�as do eu na dire��o do narcisismo. Na rigidez, eu controlo. Na competi��o, eu sou maior.
Na imprud�ncia, eu quero. Na prepot�ncia, eu posso. A arrog�ncia pensa a vida e ao pens�-la, afasta-nos dos nossos sentimentos.

Essa desconex�o com a realidade estabelece a presen�a cont�nua das fantasias no funcionamento mental, isto �, a "interpreta��o ou imagem desvirtuada" que a pessoa
alimenta acerca de fatos, pessoas e coisas. Nesse passo existem dois tipos psicol�gicos mais comuns. A arrog�ncia voltada para o passado, quando h� uma fixa��o em
m�goas decorrentes da inaceita��o de ocorr�ncias que na sua excessiva auto-valoriza��o, o arrogante acredita n�o merec�-las. O outro tipo � a arrog�ncia dirigida
ao futuro, quando a criatura vive de ideais, no mundo das id�ias, acreditando-se mais capaz e valorosa que realmente o �. Pass�vel de realizar grandes e importantes
miss�es, tais "deslocamentos da mente" s�o formas de evadir de algo dif�cil de aceitar no presente. De alguma maneira, constituem mecanismos protetores, todavia,
quando se prolongam demasiadamente, podem gerar enfermidades ps�quicas. A depress�o � resultado da arrog�ncia voltada ao passado. E a psicose em rela��o ao futuro.

Interessante observar que uma das propriedades psicol�gicas doentias mais presentes na estrutura rebelde da arrog�ncia � a incapacidade para perceb�-la. O efeito
mais habitual de sua a��o na mente humana. Basta destacar que dificilmente aceitamos ser adjetivados de arrogantes. Entretanto, um estudo minucioso nos levar� a
concluir que, rar�ssimas vezes na Terra, encontraremos condutas livres dessa velha patologia moral.

Relacionemos outros efeitos dessa doen�a:
01. Perda do autodom�nio.
02. Apego a convic��es pessoais.
03. Gosto por julgar e rotular a conduta alheia.
04. Necessidade de exerc�cio do poder.
05. Rejei��o a cr�ticas ou questionamentos.
06. Nega��o de sentimentos.
07. Ter resposta para tudo.
08. Desprezo aos esfor�os alheios.
09. Impon�ncia nas express�es corporais.
10. Personalismo.
11. Auto-sufici�ncia nas decis�es.
12. Bloqueio na habilidade na empatia.
13. Incapacita para a alteridade.
14. Turva o afeto.
15. Acredita que pode mais do que realmente � capaz.
16. Buscar mais do que necessita.
17. Querer ir al�m de seus limites.
18. Exigir mais do que consegue.
19. Sentir que somos especiais pelo bem que fazemos.
20. Supor que temos a capacidade de dizer o que � certo e errado para os outros.
21. Sentir-se com direitos e qualidades em fun��o do tempo de doutrina e da folha de servi�os.
22. Acreditar que temos a melhor percep��o sobre as responsabilidades que nos s�o entregues em nome do Cristo.
23. Julgar-se apto a conhecer o que se passa no �ntimo de nosso pr�ximo.
24. Desprezar o valor alheio.

A aus�ncia de consci�ncia sobre esse sentimento e suas manifesta��es de rebeldia tem sido respons�vel por in�meros acidentes da vida interpessoal. Mesmo entre os
seguidores das orienta��es do Evangelho, solapam as mais caras afei��es, levando muita vez a tomar os amigos como aut�nticos advers�rios como destaca a quest�o 917
de O Livro dos Esp�ritos:

"Quando compreender bem que no ego�smo reside uma dessas causas, a que gera o orgulho, a ambi��o, a cupidez, a inveja, o �dio, o ci�me, que a cada momento o magoam,
a que perturba todas as rela��es sociais, provoca as dissens�es, aniquila a confian�a, a que obriga a se manter constantemente na defensiva contra o seu vizinho,
enfim a que do amigo faz inimigo, ele compreender� tamb�m que esse v�cio � incompat�vel com a sua felicidade e, podemos mesmo acrescentar, com a sua pr�pria seguran�a".

Ter autoconsci�ncia � uma das habilidades da intelig�ncia emocional. Saber dar nome aos nossos sentimentos � fundamental no processo de crescimento e reforma interior.
A arrog�ncia que costumamos rejeitar como caracter�stica de nossa personalidade � respons�vel por uma din�mica metamorfose dos sentimentos.

A ignor�ncia de seus efeitos em nossa vida � explorada pelos g�nios astutos da perversidade no planeta.

Necess�rio registrar que os apontamentos sobre a arrog�ncia aqui transcritos foram embasados no livro "Porta Larga, o Caminho da Perdi��o Humana". Um exemplar utilizado
nas escolas da maldade em n�cleos organizados da erraticidade, arquivado na biblioteca do Hospital Esperan�a quando seu pr�prio autor foi resgatado e socorrido por
Eur�pedes Barsanulfo h� algumas d�cadas. Hoje reencarnado no seio do Espiritismo, esse escritor das penas v�s busca sua reden��o na luta contra sua pr�pria arrog�ncia.
O gr�fico que sugerimos, o Hospital Esperan�a tamb�m da autoria de nosso irm�o, � usado em in�meras plataformas de estudos com finalidades hegem�nicas em cl�s a
perversidade.

O livro, que ainda permanece arquivado em nosso centro de estudos, � um exemplar de intelig�ncia psicol�gica cujo prop�sito � combater a mensagem evang�lica do Cristo
embasada na humildade. Segundo o autor, a arrog�ncia � a porta larga para implanta��o do caos no orbe terreno.

"Assim n�o deve ser entre v�s; ao contr�rio, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; - e, aquele que quiser ser o primeiro entre v�s seja vosso escravo".

Por que essa compuls�o por ser o maior em uma obra que n�o nos pertence? Se a obra � do Cristo, por que a ante-fraternidade?

Considerando tais reflex�es acerca dessa doen�a dos costumes, te�amos algumas pondera��es que nos motivem a algumas auto-aferi��es � luz da claridade esp�rita.

Arrog�ncia - Intoler�ncia, inveja, poder, vaidade.

Intoler�ncia - autoritarismo e teimosia.

Inveja - impulso de disputa e compara��o.

Poder - perfeccionismo e ansiedade.

Vaidade - Megalomania e presun��o.
(Nota do m�dium: gr�fico proposto pela autora espiritual).






CAP�TULO 09 - ESTUDANDO A ARROG�NCIA II


"N�o procureis, pois, na Terra, os primeiros lugares, nem vos colocar acima dos outros, se n�o quiserdes ser obrigados a descer. Buscai, ao contr�rio, o lugar mais
humilde e mais modesto, porquanto Deus saber� dar-vos um mais elevado no C�u, se o merecerdes."

O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo VII - �tem 6

"E chegou a Cafarnaum e, entrando em casa, perguntou-lhes: Que est�veis v�s discutindo pelo caminho? Mas eles calaram-se; porque pelo caminho tinham disputado entre
si qual era o maior." (Marcos 9:33 e 34)

Esse cen�rio da �poca do Cristo ainda se repete entre n�s at� hoje. De forma velada, sutil, sob indu��o do reflexo da arrog�ncia e suas conseq�entes m�scaras, ainda
disputamos a maior idade em rela��o a quem partilha conosco o trabalho do bem.

O reflexo mais saliente do ato de arrogar � a disputa pela apropria��o da Verdade. Nossa necessidade compulsiva d estarmos sempre com a raz�o demonstra a a��o ego�sta
pela posse da Verdade, isto �, daquilo que chancelamos como sendo a Verdade.

De posse dessa sensa��o orgulhosa de possuir o "certo" em nosso ponto de �vista, h� mil�nios adotamos condutas que nos causam a agrad�vel ilus�o de possuirmos autoridade
suficiente para julgar com precis�o a vida alheia.

� com base nesse estado orgulhoso de ser que sustentamos o velho processo ps�quico de autofascina��o com o qual nutrimos exacerbada convic��o nas opini�es pessoais,
especialmente em se tratando das inten��es e atitudes do pr�ximo.

Na raiz desse mecanismo psicol�gico encontra-se a neur�tica necessidade de sentirmos superiores uns em rela��o aos outros, a disputa.

O orgulho � o sentimento de superioridade pessoal e a arrog�ncia � a express�o doentia desse tra�o moral.

Iluminados pela Doutrina Esp�rita, n�o desejamos mais o mal de outrem. Enobrecidos pelas boas inten��es, j� nos qualificamos para operar algo de �til em favor do
bem alheio, contudo, os reflexos mentais do orgulho ainda n�o nos permitem vencer o sentimento de import�ncia pessoal. Reconhecer pelo cora��o o valor alheio na
Obra do Cristo ainda constitui um enorme desafio educativo para nossas almas.

A mais destruidora atitude na conviv�ncia humana � nossa arrog�ncia de acreditar convictamente no julgamento que fazemos acerca de nosso pr�ximo. Mesmo imbu�dos
de inten��es solid�rias, somos n�scios em mat�ria de limites nas rela��es humanas. Quase sempre somos assaltados por velhos �mpetos arquivados na bagagem da vida
afetiva que nos inclinam a atitudes de invas�o e desrespeito para com o semelhante.

"Assim n�o deve ser entre v�s; ao contr�rio, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo;"

O que faz uma pessoa importante � a sua capacidade de servir, realizar. O impulso para ser �til, edificar, superar limites, alcan�ar novos patamares de conquistas.
� o mesmo princ�pio origin�rio da arrog�ncia. Entretanto, invertendo a ordem, desenvolvemos a destrutiva acomoda��o em ser servido.

"Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os p�s, v�s deveis tamb�m lavar os p�s uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, fa�ais v�s
tamb�m." (Jo�o, 13:14 e 15).

Jesus � o grande exemplo de servidor. Para Ele, lavar os p�s dos disc�pulos n�o era diminuir, mas avan�ar. Ele naquele epis�dio, demonstra possuir consci�ncia l�cida
de Sua real condi��o �ntima, portanto, n�o Se sentiu menor com o ato de servir.

Nossa grande dificuldade reside em desconhecer nosso real "tamanho evolutivo". N�o sabemos quem somos e partimos para adotar refer�ncias para fora de n�s. Por isso
n�o discutamos quem � o maior conosco e sim o pr�ximo. E para que essa disputa seja '"leg�tima", criamos o h�bito de julgar atrav�s da apropria��o da verdade. Diminuindo
o outro, sentimo-nos maiores.

Humildade � saber quem se �. Nem mais, nem menos. � o estado da mente que se despe das compara��es para fora e passa a comparar-se consigo pr�pria, mensurando a
realidade de si mesma.

Quem se compara com o outro cria a tormenta e n�o descobriu sua singularidade, seu valor pessoal. N�o se ama e, por isso mesmo, necessita compulsivamente estabelecer
disputas, incendiando-se de inveja e colecionando r�tulos inspirados em irretorqu�veis certezas pessoais.

Quando nos abrimos para legitimar a humildade em nossas vidas, adotamo-nos como somos, aceitamos nossas imperfei��es. Aprendendo a gostar de n�s, eliminamos a ansiedade
de competir para denegrir ou excluir.

Quando nos amamos, a �nsia de progredir transforma-se em fornalha crepitante de entusiasmo, distanciando-nos da atitude patol�gica de prest�gio ou reconhecimento.
Somente no clima do auto-amor elencamos condi��es essenciais para analisar as tarefas doutrin�rias como campo de oportunidade e aprendizado, crescimento e liberta��o.
Sem auto-amor e respeito aos semelhantes, vamos repetir a velha cena do Evangelho para saber quem � o maior.

"N�o procureis, pois, na Terra, os primeiros lugares, nem vos colocar acima dos outros, se n�o quiserdes ser obrigados a descer. Buscai, ao contr�rio, o lugar mais
humilde e mais modesto, porquando Deus saber� dar-vos um mais elevado no C�u, se o merecerdes."

Porque essa compuls�o por ser o primeiro em uma obra que n�o nos pertence?

Na Obra de nosso Mestre h� tarefas e lugares para todos. "(...) Deus saber� dar-vos um mais elevado no C�u, se o merecerdes."

Tarefas maiores, � luz da mensagem do Cristo, n�o significam prerrogativas para ado��o de privil�gios ou garantia de autoridade. A expressividade da responsabilidade
na Obra do Cristo obedece a dois fatores: necessidade de remiss�o perante a consci�ncia e merecimento adquirido pela prepara��o. Em ambas as situa��es predomina
uma s� receita para o aproveitamento da oportunidade: o esfor�o, sacrif�cio, ren�ncia e humildade.

Sobre os ombros daqueles que real�am e brilham no movimento doutrin�rio pesam severos compromissos interiores perante suas consci�ncias.Compromissos que, certamente,
n�o dar�amos conta por agora. Portanto, repensemos nosso foco sobre quantos estejam assoberbados com tarefas de realce, analisando seus caminhos como espinhosa senda
corretiva, repleta de desafios e inquietantes ang�stias da alma.

Quem se impressiona com o brilho de suas a��es se surpreenderia ao conhecer a intensidade dos inc�modos e cobran�as �ntimas que lhos absorvem a consci�ncia ante
a grandeza de suas realiza��es. Ningu�m imagina a natureza das tormentas que experimentam os cora��es sinceros para aprenderem a lidar com o ass�dio das multid�es,
atribuindo-lhes virtudes ou qualidades que eles sabem ainda n�o possu�rem. Quanta ang�stia verte entre o aplauso de fora e as lutas a vencer na sua intimidade.

N�o existem pessoas mais ou menos valiosas no servi�o de implanta��o do bem na Terra. Existem resultados mais abrangentes e expressivos que outros, no entanto, n�o
conferem privil�gios ou s�o sin�nimos de sossego interior aos seus autores. Existem in�meros trabalhadores da Doutrina que exercem excelente atua��o com invej�vel
rendimento e sentem-se de alma oprimida. Realizam a pre�o de sacrif�cios herc�leos. Outros tantos, com menor expressividade na sua produtividade espiritual, alcan�am
n�veis incomuns de alegria e bem-estar com a vida. Ainda existem aqueles que muito realizam e experimentam uma sensa��o de grandeza e import�ncia pessoal.

A obra � importante. Nossa participa��o, por mais significativa, � como destaca Constantino, Esp�rito Protetor: "Bons esp�ritas, meus bem-amados,sois todos obreiros
da �ltima hora." (O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo XX - �tem 2.)

Uma das mais graves ang�stias dos esp�ritas internados no Hospital Esperan�a � revolta que nutrem contra si mesmos quando conscientizam n�o serem t�o essenciais
e importantes quanto supunham no plano f�sico. V�rios se entorpeceram com os efeitos sutis e envernizados da arrog�ncia, acreditando-se indispens�veis, mission�rios
e credores de vantagens em raz�o das realiza��es espirituais. Acalentaram expectativas fantasiosas com o desencarne e tombaram na enfermidade do personalismo. Quase
sempre, constituem pesado �nus na rotina do Hospital, pois, mesmo aqui, ainda continuam suas disputas ingl�rias e exig�ncias descabidas com base em suas supostas
credenciais de eleva��o moral, obrigando-nos, algumas vezes, a tomar medidas austeras para tratar-lhes a insol�ncia viciada...

Por mais nobre que seja a tarefa a n�s entregue na ceara, recordemos: os m�ritos devem ser transferidos para a causa do nosso Mestre. Lutamos todos pela causa do
amor, a humanidade redimida.

Deveremos periodicamente nos perguntar: que tenho feito dos bens celestes a mim confiados? Cargos, mediunidade, recursos financeiros, influ�ncia pelo verbo, a arte
de escrever, o talento de administrar, a for�a f�sica, a sa�de, a intelig�ncia, enfim todos os bens com os quais podemos enriquecer nossa caminhada de espiritualiza��o.
Estarei os utilizando para o crescimento pessoal e de outros? Consigo perceber minha melhora no uso desses recursos?

A dilui��o dos efeitos da arrog�ncia em n�s depende dessa atitude honesta em lidar com os sentimentos que orbitam na esfera desse reflexo cristalizado no campo mental.

Essa honestidade emocional inicia-se com as perguntas: Por que estou sentindo o que estou sentindo? Qual o nome desse sentimento? Qual a mensagem meu cora��o est�
me indicando? Estarei disputando com algu�m nas atividades? O que penso sobre meu semelhante ser� realmente a verdade? Por qual raz�o algu�m me causa o sentimento
de inveja? Por que me sinto diminu�do perante uma determinada criatura?

A outra faceta da arrog�ncia � a baixa auto-estima. O desgaste das for�as �ntimas ao longo desse trajeto de ilus�es na supervaloriza��o de si trouxe como efeito
o vazio existencial. Ap�s o esbanjamento da Heran�a Sagrada, o Filho Pr�digo da passagem evang�lica assevera: "Pai, pequei contra o c�u e perante ti; j� n�o sou
digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros." (Lucas 15:19)

O sentimento de indignidade � o reverso da arrog�ncia. O complexo de inferioridade � a resultante dos desvios clamorosos nesta longa caminhada evolutiva.

Por essa raz�o aprender o auto-amor � fundamental.

"A educa��o, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os carecteres, como se conhece a de manejar as
intelig�ncias, conseguir-se-� corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essa arte, por�m, exige muito tato, muita experi�ncia e profunda observa��o."
(Livro dos Esp�ritos - quest�o 917.)

Que nossos apontamentos sobre a arrog�ncia sejam apenas o est�mulo inicial para a continuidade dos estudos em torno do tema. A complexidade desse sentimento em nossas
vidas merece uma investiga��o mais detalhada que fugiria � nossa tarefa desta hora.

Como mensagem inspiradora para o nosso futuro ante a batalha ingente a ser travada contra nosso ego�smo destruidor, recolhamos nossas medita��es na fala do Esp�rito
Verdade:

"Os homens, quando se houverem despojado do ego�smo que os domina, viver�o como irm�os, sem se fazerem mal algum, auxiliando-se reciprocamente, impelidos pelo sentimento
m�tuo da solidariedade. Ent�o, o forte ser� o amparo e n�o o opressor do fraco e n�o mais ser�o vistos homens a quem falte o indispens�vel, porque todos praticar�o
a lei da justi�a. Esse o reinado do bem, que os Esp�ritos est�o incumbidos de preparar." (O Livro dos Esp�ritos - quest�o 916).









CAP�TULO 10 - SOMBRA AMIG�VEL


"Pois nada h� secreto que n�o haja de ser descoberto, nem nada oculto que n�o haja de ser conhecido e de aparecer publicamente. (S. Lucas, cap. VIII, vv. 16 e 17.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo XXIV - �tem 2.

A sombra designa "o outro lado" do ser humano, aquele em que vige a escurid�o.

Comumente destacamos a sombra negativa nos ambientes educativos da doutrina. Conv�m, por�m, uma aten��o � sombra positiva, que s�o nossos potenciais e talentos ainda
n�o expressados ou descobertos. Em meio a essa escurid�o da vida inconsciente existe muita sabedoria e riqueza ainda n�o exploradas.

Escutando nossos sentimentos e o que eles t�m a nos ensinar sobre n�s mesmos, estaremos entrando em contato com esse "material" reprimido no inconsciente, com todas
as habilidades instintivas que nos asseguram a Heran�a inalien�vel de Filhos do Alt�ssimo em Sua Obra magn�nima.

Escutar sentimentos � aceit�-los. Aceita��o quer dizer pensar sobre eles. Habitualmente exaramos e coloca��o: "N�o quero nem pensar nisso!", referindo-nos a quest�es
desagrad�veis do mundo �ntimo. Os sentimentos s�o os principais canais de conex�o emitindo constantes mensagens do inconsciente.

Quando usamos a express�o sentimentos mal resolvidos, estamos tratando de sentimentos n�o aceitos ou negados pela consci�ncia e reprimidos para o inconsciente por
alguma raz�o particular. A sombra originou-se basicamente em fun��o dessa rela��o insatisfat�ria com nosso poder de sentir e os arquivou em forma de culpas, desejos
estagnados, bloqueios, traumas, medos, criando todo um complexo ps�quico que, em muitos lances, s�o fatores geradores das psicopatologias, desde as mais toler�veis
at� �s mais severas.

Ao longo dos �ltimos mil�nios (aproximadamente quarenta mil anos, dependendo da hist�ria individual), o que mais fizemos foi negar e temer nossos sentimentos - um
fato natural na trajet�ria evolutiva da animalidade para a hominilidade. O medo de sentir e do que sentimos acompanha-nos desde o momento em que come�amos a tomar
consci�ncia desse mecanismo bio-ps�quico-emocional-espiritual. Ainda hoje, esconder o que se sente, � uma conduta social comum e at� necess�ria para a maioria das
pessoas.

O mundo, no entanto, prepara-se para o s�culo do amor vivido e sentido. A pergunta mais formulada em todas as latitudes neste momento �: como est� voc�? E o interesse
por uma resposta que fale de sentimentos � eminente; tende a tornar-se um h�bito. Estamos com enorme necessidade de falar do que sentimos e saber com mais clareza
sobre o mundo das emo��es, embora ainda temerosos de suas conseq��ncias.

Quando digo "sou minha sombra" n�o significa que tenha que viver conforme sua orienta��o. Apenas admiti-la, entender suas mensagens.

A sombra s� � amea�a quando n�o � reconhecida. S� pode ser prejudicial quando negligenciamos identific�-la com aten��o, respeito e afabilidade.

"� importante para a meta da individua��o, isto �, da realiza��o do si mesmo, que o indiv�duo aprenda a distinguir entre o que parece ser para si mesmo e o que �
para os outros. � igualmente necess�rio que conscientize seu invis�vel sistema de rela��es com o inconsciente, ou seja, com anima, a fim de poder diferenciar-se
dela. No entanto, � imposs�vel que algu�m se diferencie de algo que n�o conhe�a." (The collected works of GG Jung (CW) - 17 vol. VII par. 28).

Essa coloca��o do Doutor Jung � clara. Escutar sentimentos � a primeira li��o na nossa educa��o espiritual para o auto-amor. Amaremos a n�s mesmos somente quando
deixarmos de culpar os outros pelas nossas dores e desacertos e tivermos a coragem de perscrutar o �ntimo, interrompendo o fluxo das proje��es e fugar ainda ignoradas
nas nossas atitudes.

Recebemos cont�nuos "chamados" do inconsciente atrav�s do que sentimos. Uma an�lise atenta de nossos impulsos emotivos e da nossa "rea��o afetiva" a tudo que nos
cerca levar-nos-� a entender com exatid�o as "reclama��es" do psiquismo profundo. Nessa investiga��o da alma encontraremos indicativas seguras no entendimento das
mais ocultas ra�zes de nossos conflitos. Percorreremos caminhos mentais at� ent�o incognosc�veis. Igualmente, descobriremos valores adormecidos que solicitam nossa
criatividade para desenvolv�-los a contento.

Entretanto, somente daremos import�ncia �s mensagens da sombra quando nos relacionarmos amigavelmente com ela. O processo de ouvir a voz do inconsciente atrav�s
dos sentimentos passa por algumas etapas na alfabetiza��o do sentir:

* Imprescind�vel o auto-respeito.O que sentimos � indiscut�vel, individual, � a nossa forma de viver a vida. Com isso n�o devemos admitir que os apelos do cora��o
devam ser seguidos como brotam. Muito menos sup�-los a express�o da Verdade. Apenas tenhamos respeito por n�s sem reprimendas e condena��es, procurando compreender
os recados do cora��o.
* Havendo respeito, instaura-se o clima da serenidade, da aus�ncia de conflitos e batalhas interiores. Somente serenos vamos conseguir uma comunica��o sem interfer�ncias.
� o sil�ncio interior. O fio que nos leva ao interc�mbio produtivo.
* Aprender a linguagem dos sentimentos exige medita��o, aten��o. Separar a "imagem programada" pela educa��o social da "imagem idealizada" � um trabalho lento. Diferenciar
o que pensam que sou daquilo que penso que sou � o caminho para se chegar ao que sou verdadeiramente.
* Utilizar indaga��es. A sombra adora dar respostas. Nossa tarefa ser� discernir no tempo a natureza dessas respostas. No in�cio elas ser�o confusas, enganosas,
talvez decepcionantes.

Na medida que se dilata esse exerc�cio, a intui��o vai aclarando a capacidade de perceber e sentir o que nos conv�m. Teremos a sensa��o do melhor caminho, das melhoras
escolhas, do que queremos. � o in�cio da identifica��o com o projeto singular do Criador a nosso respeito.

O Doutor Jung estipulou: "As pessoas, quando educadas para enxergarem claramente o lado sombrio de sua pr�pria natureza, aprendem ao mesmo tempo a compreender e
amar seus semelhantes." (The Collected Works of CG Jung (CW) - 16 vol. VII par. 310)

Ao conquistarmos a sombra de maneira amig�vel, criaremos uma rela��o de paz com a vida �ntima e, nesse ponto, as proje��es n�o ser�o mecanismos defensivos contra
nossas imperfei��es, mas reflexos da bondade e harmonia que habitar�o a vida mental. Nessa postura mental amaremos a vida com mais ardor. Ser� muito mais interessante
olhar o nosso pr�ximo, senti-lo e perceber a grandeza da vida que nos cerca.

A Lei Divina contida na fala de Jesus � determinante: Pois nada h� secreto que n�o haja de ser descoberto.

O crescimento pessoal e a felicidade incluem a miss�o de explorar as riquezas do inconsciente.

Escutar sentimentos � a arte de mergulhar na vida profunda e descobrir o manancial de for�a e beleza que possu�mos.

Amigo querido das lides espiritistas,

Nos instantes de tormenta ocasionados pelos efeitos de tuas imperfei��es, busca Deus na ora��o e escuta tua alma.

Ouve os ditames suaves que ela te envia. N�o os julgue agora e enquanto meditas.

Indaga-te: que fazer ante os impulsos menos felizes? Como agir para mudar?

Ouve! Ouve a resposta em ti mesmo! Escuta teus sentimentos!

Ora novamente, aquieta os racioc�nios e escuta os "sons" dos sentimentos nobres que te arrimam.

Est�s agora em estado alterado de consci�ncia. Tua sombra avizinha. Teu self permanece em vig�lia. Tonifica-te com as energias revigorantes.

Agora agradece o dom da vida... O corpo... A beleza de pertencer a ti mesmo.

A presente exist�ncia � a tua oportunidade. � a tua ocasi�o de libertar. Recome�a quantas vezes se fizerem necess�rias. Perdoa-te pelos insucessos.

Recorda as muitas vit�rias e preenche-te com o labor.

Algumas respostas para serem compreendidas solicitam o concurso do tempo.

Prossegue sem ilus�es de conforto. Deseja o sossego interior e acredita merec�-lo, mas n�o o confunda com facilidades transit�rias.

Teus sentimentos: a realidade de tua posi��o espiritual. Por eles sabes de teu valor e de tuas necessidades.

N�o te agrida quando sentires o que n�o gostarias.

Ama-te ainda mais nesses momentos. Aceita-te.

Diz: eu aceito minha imperfei��o. Sent�-la n�o quer dizer que eu seja menor. Eu aceito minhas particularidades. Eu me amo como sou e n�o me abandonarei porque somente
eu posso me resgatar.

Agora vai cumprir teu dever - esse sublime "analg�sico mental".

Em outros instantes, fora da tormenta mental, medita sobre aquilo que te incomodou.

Medita sempre sobre tuas imperfei��es e Teu Pai, secretamente, na ac�stica do ser, providenciar-te-� os recursos abundantes para tua cura.

Deus jamais te esquece. Acredite nisso e sente o amparo em teu favor. O universo est� a teu favor. Acredita.






























CAP�TULO 11 - UMA LEITURA PARA O CORA��O


"Sou o grande m�dico das almas e venho trazer-vos o rem�dio que vos h� de curar. Os fracos, os sofredores e os enfermos s�o os meus filhos prediletos". O Esp�rito
de Verdade. (Bord�us, 1861.)
O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo VI - �tem 7.


Afastemos um pouco das reflex�es mais densas e fa�amos uma pausa para medita��o.

Dilata tua sensibilidade e l� com o sentimento as anota��es a seguir. Depois escuta os recados do teu cora��o.

***


A Doutrina Esp�rita � a medica��o recuperativa das nossas vidas. Sua "subst�ncia ativa" � o Evangelho. Sua "bula" � estritamente individual. Para cada um haver�
uma dosagem e forma de aplica��o.

O movimento esp�rita � a nossa enfermaria aben�oada onde encontramo-nos internados na busca de nossa alta m�dica.

Tarefa e estudo, provas e oportunidades s�o terap�uticas necess�rias na solu��o de nossas enfermidades.

Perante esse quadro de experi�ncias da nossa trajet�ria de aprendizado, listemos algumas prescri��es indispens�veis para a cura:

* Onde se reunem doentes, torna-se dispens�vel real�ar imperfei��es e deslizes. Todos sabemos de nossa condi��o. Falemos de s�de e aproveitamento.
* Esque�amos as viv�ncias dolorosas e examinemos as conquistas. Indaguemos: em que melhorei? O que aprendi?
* Somos doentes graves, mas temos o melhor m�dico, Jesus.
* Perdoemos incondicionalmente o companheiro de enfermaria. Ele tamb�m � algu�m em busca de si mesmo.
* Trazemos na intimidade todos os ant�dotos para nossas imperfei��es. Resta-nos descobri-los.
* De fato, alguns doentes esquecem suas necessidades. O melhor a fazer para auxili�-los � a ora��o.
* Alguns enfermos carecem de tratamentos espec�ficos. Por n�o entendermos tais medidas, evitemos julg�-los.
* Uma �nica certeza: todos n�s teremos alta m�dica e alcan�aremos a sa�de.
* As raras criaturas sadias foram chamadas a Postos Maiores. Cuidam de n�s.
* Uma pergunta di�ria: que farei pela minha recupera��o?
* Uma atitude di�ria: doses elevadas de preces e trabalho.
* O caminho seguro para fortalecimento e alegria: a amizade sincera, leal e fraterna.
* O que nunca devemos esquecer: antes repudi�vamos a id�ia de interna��o. Hoje desejamos tratar.
* Esque�amos a no��o de tempo e sejamos gratos pela oportunidade de uma vaga nessa benfazeja enfermaria.
* Nos momentos de crise, evitemos projetar decep��es e revolta nos outros ou reclamar do ambiente que nos acolheu para refazimento e orienta��o. Crises s�o ind�cios
oportunos para exames e diagn�sticos mais apurados sobre nossas dores.
* Saber que estamos enfermos n�o basta. � preciso sentir. Nossa cura vir� do cora��o.

Recordemos a frase confortadora do Esp�rito Verdade: Os fracos, os sofredores e os enfermos s�o os meus filhos prediletos.

Agora v� e escuta os recados do teu cora��o e Deus te aben�oe com paz �ntima.




































CAP�TULO 12 - SANTIDADE DOS M�DIUNS



"Aquele que, m�dium, compreende a gravidade do mandato de que se acha investido, religiosamente o desempenha."
O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo XXVIII - �tem 9


As atividades no Sanat�rio Esperan�a prosseguiam intensas. M�diuns e doutrinadores, escritores e l�deres da doutrina abarrotavam os leitos do pavilh�o destinado
aos misteres da recupera��o mental. Dona Maria Modesto e Eur�pedes Barsanufo chegavam a passar dias sem um repasto moment�neo. A dor e as mais diversas express�es
de insanidade procuravam-lhes rogando amor e miseric�rdia. O tempo era escasso para tantas necessidades. Chegando a noite, desprendidos pelo sono f�sico, engrossavam
ainda mais as express�es de socorro e al�vio. Diversos lidadores do Espiritismo suplicavam respostas e orienta��o. Muita vez faltava energia suficiente ao labor,
entretanto, t�nhamos o cora��o rico em plenitude ante tanto a fazer.

Acompanhando Dona Modesta �s enfermarias dos pavilh�es inferiores, reservadas aos tratamentos mais demorados e graves, deparamos com Laura, valorosa tarefeira da
mediunidade, rec�m-chegada ao Sanat�rio.

- Laura, minha amiga, Deus seja louvado com esperan�a!
- Assim seja! Com quem tenho a honra de falar?
- Nada de honra, Laura. Sou servidora desta casa. Meu nome � Maria Modesto Cravo. Pode chamar-me por Dona Modesta.
- A senhor a � a amiga de que Doutor In�cio havia me falado?
- Sou eu mesma.
- Ent�o � de Uberaba?
- Fui? N�o sou mais - e demos uma sonora gargalhada.
- � que �s vezes me esque�o que j� estou no "al�m". Ainda falo como se estivesse na Terra.
- N�o pode ser diferente. A adapta��o requer tempo. Fale-me de voc�, Laura.
- Ah, Dona Modesta! N�o sei se estou bem! Ali�s, acho mesmo que nunca estive bem! Se Deus permitir nunca mais quero voltar como m�dium. � muito doloroso!
- Sei bem como �, minha filha! Tamb�m fui m�dium.
- � mesmo?! Ent�o a senhora me entender�. S� n�o sei se devo falar o que sinto e penso.
- � o que mais quero ouvir, amiga querida. Estou aqui para isso.
- Minhas lutas no lar foram muito �rduas. Se n�o fui melhor m�dium � porque n�o contei com o apoio dos familiares. Eles n�o queriam nada com reforma, sabe como �?
- Sei.
- Meu marido... - Quando se preparava para falar, foi interrompida por Dona Modesta.
- Laura, esque�a a fam�lia por um instante. Vamos falar de voc�.
- Falar o que de mim, quando nada sei sobre mim?!
- Ent�o j� come�ou a dizer algo. Continue. Coloque o que sente para fora. Vou lhe ajudar - foram ministrados passes na regi�o do lobo frontal e na parte mediana
lateral esquerda da cabe�a.
- Gostaria de saber por que cheguei aqui assim depois de tudo porque passei; o que saiu errado? Algo saiu errado, n�o saiu Dona Modesta?
- O que sente, minha filha?
- Ang�stia. Muita ang�stia.
- Isso, fale, coloque para fora!
- Revolta.
- Com o qu�?
- N�o sei, Dona Modesta! N�o sei! - e caiu em choro convulsivo- me ajude, por favor, a saber, o que se passa comigo. � como pela vida inteira carregasse um fardo
do qual nunca me livrei. N�o sei o que � ser feliz. Trabalhei, trabalhei e... E agora? Que vai ser de mim? Parece que de nada adiantou ser esp�rita.
- Engano seu, Laura. Adiantou muito.
- Mas veja como me encontro. O que tenho? Esclare�a-me, pelo amor de Deus!
- Seu drama � o mesmo de milhares de companheiros do ideal. Cabe�a congestionada de informa��o, cora��o vazio de ideal.
- A senhora deve estar divertindo comigo!
- Parece que estou, Laura? Olhe profundamente em meus olhos e veja o que sente - Dona Modesta fixou-lhe o olhar, agu�ando a sensibilidade da paciente.
- N�o, acho que n�o est� de brincadeira, mas n�o consigo aceitar o que a senhora diz.
- Pois aceite, porque essa � a sua verdade.
- N�o chega estar neste leito? Nem sei com exatid�o que hospital � este, e ainda vou ter que aceitar o que a senhora me diz? Acreditei com sinceridade que o trabalho
esp�rita me daria luz. Foi s� o que fiz.
- O trabalho esp�rita � luz em qualquer tempo, contudo, Laura, resta saber se a luz do trabalho iluminou igualmente o trabalhador.
- Estive por mais de quarenta anos ativamente na mediunidade.
- Laura, olhe os pacientes ao seu redor - havia uma longa fileira de leitos totalmente tomados. - Veja! S�o todos servidores da doutrina em recupera��o e reajuste
depois da morte.
- Que nos faltou, Dona Modesta?
- Uma palavra detestada por muitos que n�o compreendem seu sentido: sacrif�cio.
- Mais sacrif�cio que fiz eu?
- Sua ficha n�o aponta nessa dire��o os seus esfor�os, minha esfor�os.
- Ent�o n�o sei de que sacrif�cio a senhora est� falando.
- O sacrif�cio do amor al�m do dever. Muitos servidores bondosos, para n�o dizer a maioria, servem atrelados a condi��es. Respiram dentro dos limites a que se habituaram
na comunidade doutrin�ria. Estipulam tempo e quantidade de conformidade com o padr�o. Escudados na virtude da disciplina e acobertados com justificativas acerca
do dever familiar e profissional, s�o incapazes de transpor barreiras imagin�rias e servirem al�m da obriga��o.
- Fui muito dedicada, Dona Modesta.
- Reconhe�o.
- Isso n�o � sacrif�cio?
- N�o. Sacrif�cio � usar conscientemente todo o tempo que temos em favor do erguimento do bem em n�s. Sacrificiar � dar do que nos pertence, esquecendo de n�s. Somente
quem vibra nas faixas do sacrif�cio espont�neo qualifica com amor aquilo que faz, porque sabe quanto lhe � exigido em favor das realiza��es nobres. E voc�, Laura,
se enquadra nessa defini��o?
- Creio que n�o!
- Por qu�?
- Porque sinto que podia fazer mais, isso me revolta, Dona Modesta, isso me revolta! Como me enganei assim meu Deus! Agora tudo � claro, t�o claro! - e novamente
afogou-se nas l�grimas em lament�vel crise de tristeza.
- Calma, minha filha! Se acalme! O choro vai lhe fazer bem.
- Est� fazendo mesmo... Pois... Eu n�o sei h� quanto tempo n�o choro. Ah! Meu Deus! Eu sou um verme, porque n�o olhei para mim como agora!... As lutas me insensibilizaram...
E... Acho que passei a vida em constante reclama��o n�o externada... Corroendo-me por dentro... E... Parece que quero me punir continuamente por algo que n�o me
lembro, mas sei que fiz...
- E n�o teve com quem falar, n�o �?
- �, isso mesmo! N�o sei nem se falaria com algu�m. Logo eu, a m�dium do centro. Que pensariam de mim?
- Eis o problema! Muita id�ia no c�rebro, muita fantasia na imagina��o. Pouca luz no sentimento. Tarefa como a mediunidade, minha filha, requisita o calor da humildade
no cora��o para derreter o gelo da auto-imagem superdimensionada na cabe�a. Afora isso, � muita "loucura no pensamento" e um "carnaval de m�scaras" sobre si mesmo
regado pelo licor embriagante da ilus�o.
- Que ser� de mim, Dona Modesta? Em nada me valeram os anos de servi�o?
- Valeram muito, Laura. Para voc� ter no��o sobre isso, ter� que estudar com carinho a sua trajet�ria desde o retorno ao corpo at� agora. Voc� concluir� que houve
um enorme avan�o.
- Avan�o?! Sinto-me � falida. N�o mere�o nada. Nem sei por que estou sendo amparada. Apesar de falar por brincadeira, sempre achei mesmo que iria para regi�es bem
complicadas depois da morte.
- N�o existe fal�ncia. Existem resultados. Em verdade, voc� n�o vai para regi�es inferiores, veio de l�. Eis o avan�o.
- Vim mesmo?
- Veio. Quando tiver acesso aos seus dados, ver� que enorme progresso voc� fez nestas quatro d�cadas como m�dium.
- Mas deveria estar melhor, n�o � mesmo?
- Laura, rar�ssimos tem chegado aqui como "completistas",ou seja, aqueles que transpuseram a atra��o das folgas e das facilidades para servirem mais e mais. Aqueles
que conscientizaram pelo cora��o do quanto necessitavam respirar o clima do amor aplicado. Aqueles que doaram e se doaram na leira em benef�cio da ilumina��o do
mundo e de si mesmos. Aqueles, minha filha, que realizaram muito por fora, mas que n�o se esqueceram de aprimoram-se nos impulsos e nas tend�ncias.
- Qual a minha posi��o espiritual, Dona Modesta? Seja franca!
- Sua ficha diz que destes quarenta anos de servi�o virtuoso na mediunidade, os primeiros dez foram repletos de entusiasmo, idealismo e cuidados �ntimos. Os outros
trinta...
- O que t�m os outros trinta?
- Quer mesmo ouvir?
- Claro que quero,estou farta das minhas mentiras!
- Os outros trinta, passou por eles sem deixar que eles passassem por voc�. Viveu-os por obriga��o c�rmica. N�o os viveu para voc� como alma em aprendizado e crescimento,
e sim como tarefa programada em resgate de faltas pret�ritas. Com essa no��o, elegeu a b�n��o da mediunidade como pesado �nus do qual queria se livrar o quanto antes.
Queixava por dentro, em muda lamenta��o, as ren�ncias que era obrigada a fazer. N�o as fazia por amor e sim em raz�o do esclarecimento que amealhou. Congestionou
a cabe�a e n�o preencheu o vazio do cora��o. Obteve muita informa��o que n�o gerou a transforma��o. Luz na cabe�a sem educa��o do sentimento. Agiu na caridade fazendo
luz para os outros e n�o edificou em si mesma a conquista da luz pr�pria. No fundo, como acontece a muitos de n�s, bafejados pela confortadora doutrina, agiu por
interesse pessoal. Serviu esperando vantagens de amparo e isen��o de problemas.
- Acreditava estar fazendo tudo por amor.
- Raros de n�s ocupam essa condi��o, minha filha. No entanto, melhor que j� estejamos agindo no bem.
- Que drama o meu! Meu Deus! Revolto-me ainda mais. Isso � a pura verdade!...
- Se continuar revoltada, estar� estendendo seu sofrimento. � hora de mudar, Laura.
- Como n�~ao revoltar, Dona Modestsa?!
- A revolta produz a autopuni��o a que voc� se referiu. � um mecanismo inconsciente da mente que cobra de si o que j� sabe que pode fazer. S� h� um caminho.
- Qual?
- trabalhar mais, minha filha, e instaurar no cora��o o amor incondicional e sem limites.
- Terei instru��es sobre como fazer isso?
- Se h� algo que voc�, como muitos esp�ritas por aqui, n�o precisam mais � de instru��o.
- Como vou aprender?
- Amando. Somente amando. Voc� ser� m�dium aqui na vida espiritual. Eur�pedes autorizou-me a prepar�-la para servi�os socorristas futuros.
- N�o acredito! Continuar m�dium!
- Gostaria?
- N�o sei o que responder. S� sei que se aplacar meu sentimento de remorso e minha sede de ter um pouco de paz, farei o que me mandarem fazer.
- Isso n�o bastar�, Laura. Voc� ter� que aprender a amar o que faz para n�o cair novamente nas garras da orienta��o religiosa sem religiosidade.
- Conseguirei?
- Claro que sim. � s� querer.
- Vou confiar na senhora.
- Confie no Cristo, minha filha, e na Sua Infinita Miseric�rdia que nunca nos faltar�.

***

Aquele que, m�dium, compreende a gravidade do mandato de que se acha investido, religiosamente o desempenha.

Em outro trecho assevera a codifica��o Kardequiana: "A mediunidade � coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente". (O Evangelho Segundo o Espiritismo
- cap�tulo XXVI- �tem 10).

Mediunidade � o instrumento da vida para desenvolvimento da santidade. Santidade � esculpir no cora��o a sensibilidade elevada. Sensibilidade � a medica��o reparadora
para as almas que tombaram na descren�a e na apatia perante o mundo, esquecendo-se de cooperar com o Pai na Obra da Cria��o.

Receber esse "molde afetivo" sem absorver-lhe as li��es no campo dos sentimentos � recusar mais uma vez as medidas salvadoras de Mais Alto em favor da paz interior
- esse tesouro a que todos n�s, Os Filhos da Cria��o, estamos � procura.

Os m�diuns s�o "alunos-problema" na escola da vida matriculados em curso avan�ado e intensivo para recuperarem a aprendizagem relegada nos cursos anteriores. Sendo
assim, devem guardar a no��o do quanto lhes foi confiado pela Divina Provid�ncia, evitando as miragens da import�ncia pessoal. Para seu pr�prio bem, devem pensar
em si mesmos, como alunos tardios, aceitos na universidade da mediunidade na condi��o excepcional do �ltimo pedido de amor, antes de serem entregues � clava impiedosa
da justi�a expiat�ria.


CAP�TULO 13 - NOSSA MAIOR DEFESA


"Quem dizem que eu sou? - Eles lhe responderam: Dizem uns que �s Jo�o Batista; outros, que Elias; outros, que Jeremias, ou algum dos profetas."
O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo IV - �tem 1.


Eminentes cientistas consideram, sob a �tica materialista, que o fortalecimento do ego (ego estruturado) � a fonte da livre manifesta��o do homem na busca de seus
reais objetivos. De fato, a criatura aut�noma na perspectiva psicol�gica � dona de si mesma e re�ne elementos para o alinhamento mental, que lhe permite fluir em
suas metas.

Um ego estruturado, por�m, pode levar-nos a estagiar nas experi�ncias da arrog�ncia, do personalismo, da auto-sufici�ncia e da ostenta��o - tra�os de egocentrismo.
Muitos ao contr�rio quem se conecta com o self divino, capacita-se para gerenciar suas pot�ncias internas e adota a humildade como conduta, pois n�o sente necessidade
de passar uma imagem, mas apenas ser. Tem consci�ncia de sua real import�ncia perante a vida. Nem mais, nem menos valor. Apenas o que realmente �; nada al�m, nem
aqu�m.

Autonomia, porquanto, � luz do esp�rito imortal, � a habilidade dirigir bons sentimentos em rela��o a n�s mesmos sustentando cren�as, atitudes e escolhas que correspondam
ao leg�timo valor pessoal. � a express�o do auto-amor e o alicerce psicol�gico-emocional da maturidade. � a capacidade de dilatar essa conex�o com o self - fonte
emissora das energias do amor.

A autonomia vem da capacidade de libertar-se dos padr�es idealizados, assumindo sua realidade em busca do melhor poss�vel. Libertar-se da correnteza de baixa auto-estima
proveniente do subconsciente.

A grande batalha pela autonomia n�o est� em se libertar de press�es externas e sim das velhas programa��es mentais e "gatilhos emocionais" que nos escravizam aos
processos de desamor e crueldade conosco. � uma mudan�a na forma de relacionar-se consigo pr�prio atrav�s do foco mental positivo.

Contra nossos nobres prop�sitos de ilumina��o, temos variados inimigos �ntimos gestores de mensagens corrosivas da auto-estima e da seguran�a. Somente aprendendo
a nos amar, conseguiremos transformar esses clich�s pessimistas em respeito, reflex�o, auto-avalia��o e perd�o.

A sa�de mental surge quando nos livramos dessas estruturas internas opressoras que s�o impulsos, condicionamentos, complexos, tend�ncias, clich�s emocionais, clich�s
intelectuais,que constituem subpersonalidades ativas na nossa vida subconsciente.

}Quando n�o reconhecemos nosso valor, vivemos � merc� dos "est�mulos-evolutivos",ou seja, pessoas, lugares, guias espirituais, cargos, institui��es e filosofias
que nos dizem quem somos e o que devemos fazer.

Somos todos interdependentes,precisamos uns dos outros, mas n�o a ponto de depositar em algo ou algu�m a responsabilidade de nos fazer felizes ou determinar nossas
escolhas. Ouviremos a todos e refletiremos sobretudo que aconte�a, tomando por divisa o compromisso da melhoria e do crescimento gradativo. Acima de tudo, por�m,
devemos guardar por guia infind�vel os sentimentos positivos, a consci�ncia individual.

Os bons sentimentos s�o portadores de orienta��es do inconsciente para nosso destino particular. Quando os escutamos, tornamo-nos mais �teis a Deus, ao pr�ximo e
a n�s pr�prios.

A atitude de autonomia pode ser sintetizada na frase: entrego-me a mim mesmo e respondo por mim. Seu princ�pio b�sico �: somente eu posso dizer o que quero e interpretar
atrav�s dos meus sentimentos o que realmente preciso para crescer.

Allan Kardec, dotado de excelente senso psicol�gico, indagou aos Luminares Guias da Verdade:

"A obriga��o de respeitar os direitos alheios tira ao homem o de pertencer-se a si mesmo?"

"De modo algum, porquanto este � um direito que lhe vem da Natureza". (O Livro dos Esp�ritos - quest�o 827).

Pertencer-se a si mesmo � adquirir ger�ncia sobre o reposit�rio da vida interior. Ter dom�nio de si pr�prio. Responder por si perante o Criador.
A conviv�ncia humana na Terra � caracterizada por processos emocionais e psicol�gicos que, freq�entemente, nos afastam da Le de Liberdade. Rar�ssimas criaturas escapam
da submiss�o e da depend�ncia em mat�ria de relacionamentos. Sentimentos estruturados no processo evolutivo do ego�smo ainda nos atam aos enfermi�os cont�gios da
ilus�o de galgar o progresso atrav�s do outro, delegando o direito natural de pertencer a si mesmo. Com essa atitude, atolamos no apego a pessoas e bens passageiros
como �nicas refer�ncias de bem-estar e equil�brio, navegando no mar da exist�ncia como descuidados viajantes ao sabor dos fatos externos, sem posse do tim�o dos
fen�menos internos da alma.

Fomos treinados para ter medo de pensar bem sobre n�s ou sobre a capacidade de gerenciar nossos caminhos evolutivos. Fomos treinados para atender a expectativas.
At� mesmo em nossos grupos de amor crist�o, com ass�dua freq��ncia, � enaltecida a depend�ncia e, algumas vezes, at� a submiss�o.

A pior conseq��ncia da falta de autonomia � medir o valor pessoal pela avalia��o que as pessoas fazem de n�s. Por medo de rejei��o, em muitas situa��es, agimos contra
os sentimentos apenas para agradar e sentir-se inclu�do, aceito. Quem se define pelo outro, necessariamente tombar� em conflitos e decep��es, m�goas e agastamentos.

Autonomia � a maior defesa da alma porque estabelece limites, produz a serenidade, dilata a autoconfian�a e coloca-nos em contato com nossas aspira��es superiores.

Em algumas ocasi�es, a conquista da autoger�ncia requer a solid�o e o recome�o. �s vezes precisamos de muita coragem para abandonar estruturas que constru�mos durante
a vida e seguir os sinais que nos indicam novos caminhos. Nessa fase, seremos convocados a responder a algumas indaga��es originadas do medo. Conseguirei responder
pelo meu futuro? Estarei dando passos seguros para meu melhoramento? Estarei fazendo escolhas por necessidade ou teimosia? Estarei fugindo de meu "projeto reecarnat�rio"?

Esse medo surge porque gostar�amos de contar apenas com o �xito em nossas escolhas . Adoramos respostas e solu��es imediatas, prontas para usarmos. Uma leitura.
Uma opini�o. Uma mensagem medi�nica. N�o ter riscos. N�o ter que ser criticados pelos caminhos que optamos. Esse medo ainda reflete a depend�ncia. Nessa hora, teremos
que escutar nossos sentimentos e seguir. Ouv�-los n�o quer dizer escolher o certo, mas optar pelo caminho particular em busca da experi�ncia sentida e conquistada
dentro de sua realidade.

Esse � o "pre�o" que pagamos para descobrirmos quem somos verdadeiramente. Libertar-se do ego � um parto psicol�gico. A sensa��o de inseguran�a � eminente. Todavia,
quando a alma � chamada a semelhante experi�ncia no "rel�gio da evolu��o", a vida mental compensa essa sensa��o com emo��es enobrecedoras que descortinam percep��es
ampliadas acerca das inten��es mais subjetivas do Ser. � com base na inten��o que o Esp�rito assegura seu equil�brio e suas escolhas no vasto aprendizado da eternidade.

Essa liberdade ps�quica e emocional da alma � o resultado inevit�vel de algumas viv�ncias da criatura em seu percurso evolutivo. Para alguns � a maior conquista
de uma reencarna��o inteira. Para outros, que j� a desenvolveram com maior amplitude em outras exist�ncias, ser� a base para o cumprimento de exigentes miss�es coletivas.
Podemos enumerar em quatro as principais viv�ncias que conduzem � autonomia:

1. Auto-estima - � o aprendizado do valor pessoal. Quem se ama sabe sua real import�ncia.

2. Resist�ncia emocional - � a capacidade de suportar os pr�prios sentimentos, que muitas vezes levam-nos �s crises e opress�es em raz�o da bagagem da alma. Atravessar
dores amadurece.

3. Saber o que se quer - somente fazendo escolhas, descobrimos nossas aspira��es. Algumas dessas escolhas inclui a corajosa decis�o de romper com velhas "muletas
mentais".

4. Escutar os sentimentos - nos sentimentos est� o "mapa" de nosso "Plano Divino". Aprender a ouv�-los sem os ru�dos da ilus�o ser� nossa sintonia com o "Deus Interno".

Quem adquire autonomia fica bem consigo, torna-se �tima companhia para si e passa a buscar, automaticamente, com mais intensidade, o pr�ximo, o trabalho.

"As pessoas, quando educadas para enxergar claramente o lado sombrio de sua pr�pria natureza, aprendem ao mesmo tempo a compreender e amar seus semelhantes." (The
Collected Works of CG Jung (CW) - 17 vol. VII par. 28)

A aus�ncia da autonomia pode levar-nos � condi��o de mendigos de amor ou v�timas do destino. Considerando-a como gestora da almejada condi��o de "sentir-se bem"
perante a exist�ncia, na sua falta o ser humano debate-se em flagelos morais lament�veis que o escravizam a condutas autodestrutivas, tais como conflitos cr�nicos,
m�goas permanentes, baixa toler�ncia a frustra��es, proje��es psicol�gicas no outros, vergonha de si.

O eminente Doutor Frederick Perls, criador da terapia Gestalt nos diz: "Eu fa�o as minhas vontades e voc� faz as suas. Eu n�o estou neste mundo para viver de acordo
com as suas expectativas, e voc� n�o est� neste mundo para viver de acordo com as minhas. Eu sou eu e voc� � voc�. Se um dia nos encontrarmos, vai ser lindo! Se
n�o, nada h� de se fazer." (Gestalt - Terapia Explicada - Frederick Perls - 1969)

Jesus, a t�tulo de aferir a vis�o alheia, indagou: Quem dizem que eu sou?

Imperioso saber quem somos, pois, do contr�rio, seremos quem querem que sejamos.

Em outra ocasi�o, o Divino Tutor de nossos destinos asseverou: "Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dar� o homem em
recompensa da sua alma?" (Mateus 16:26)

A coloca��o de Jesus � rica de clareza acerca da autonomia como sendo nossa maior defesa na rota de ascens�o.

***

Amiga (o) de caminhada,

N�o confundas autonomia com recursos oferecidos a ti pela Divina Provid�ncia.

Autonomia � est�gio de um processo deflagrado por ti mesmo (a). Em verdade, um efeito de tua perseveran�a na longa e exaustiva viagem da interioriza��o.

Pede a Deus para dilatar teu discernimento a fim de us�-la afinada com os prop�sitos do bem, entretanto, felicita a ti mesmo (a) logr�-la, porque a conquista individual,
inalien�vel e intransfer�vel.

De nossas parte, se algo fizemos para chegares at� este ponto evolutivo, foi, t�o somente, lembrar-te sempre que todos merecemos ser felizes.










CAP�TULO 14 - CIS�O DE REINO I


(Para melhor compreens�o desse texto, sugerimos a leitura do ep�logo "Em que Ponto da Evolu��o nos Encontramos?", na obra "Reforma �ntima sem Mart�rios", por serem,
ambos, estudos complementares.)


"Os Esp�ritos em expia��o, se nos podemos exprimir dessa forma, s�o ex�ticos, na Terra; j� tiveram noutros mundos, donde foram exclu�dos em conseq��ncia da sua
obstina��o no mal e por se haverem constitu�do, em tais mundos, causa de perturba��o para os bons."

O Evangelho Segundo o Espiritismo -cap�tulo III - �tem 14


A presen�a do instrutor Calderaro infundia-nos raro sentimento de responsabilidade e aproveitamento. O trabalho ingente daquela hora n�o comportava muitas digress�es
filos�ficas, ainda assim ouvir�amos a palavra l�cida do mensageiro do amor por alguns instantes.

Passavam das duas horas em plena madrugada na Terra. Os �ltimos preparativos estavam sendo tomados para a incurs�o em regi�es de pavor e gl�dio na erraticidade.
O portal de sa�da do Hospital Esperan�a, onde nos reun�amos para o mister, encontrava-se como ativo dispens�rio de b�n��os atrav�s de variados trabalhos.

Chegava o momento de demandarmos o exterior do Hospital. Dez cora��es que serviram � causa esp�rita integravam a equipe na condi��o de disc�pulos dos servi�os socorristas.
Dilatavam seus horizontes sobre os p�tios de dor com os quais se corresponderam durante a vida f�sica, na condi��o de dirigentes de sess�es medi�nicas.

Calderaro levar-nos-ia aos p�ntanos da sofreguid�o no intuito de resgatar "l�rios do Evangelho" perdidos na noite escura da amargura. Almas que tombaram sobre o
peso das responsabilidades com a mensagem do Cristo no transcorrer dos evos.

Ap�s comovente prece, manifestou o instrutor:

- O Esp�rito em sua peregrina��o evolutiva, desenvolveu mecanismos de muta��o para o ego�smo. O instinto de posse � um dos alicerces de incont�veis manifesta��es
da nossa doen�a de egocentrismo. Da necessidade instintiva de se conservar, derivou um complexo sistema de cautela, que promoveu o medo como defesa natural �s iniciativas
de acumular e possuir. Com o medo as engrenagens da vida mental dinamizaram "grades ps�quicas de seguran�a" com as quais o homem procurava defender-se do receio
da rejei��o, do abandono e da perda. Consumando tais "celas psicol�gicas", a criatura se desumanizou atrav�s da atitude de crueldade, dizimando quantos supusesse
serem amea�as � sua "tranq�ilidade". Apesar de toda essa movimenta��o, ningu�m em tempo algum conseguiu burlar as Leis da Natureza. Submissos a ela, mas sem consci�ncia
dos seus defeitos, o ser humano, em tempo algum, logrou anular em seu cora��o os dilacerantes e constrangedores sentimentos de vulnerabilidade,falibilidade e abandono.
Sistemas de defesa do ego aglutinaram-se em potente reuni�o de for�as para a "nega��o" e nessa luta interior em mil�nios de fuga, surgiu a "exaust�o da alma", muito
bem assinalada na rota evolutiva do Filho Pr�digo, quando diz: E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e come�ou a aparecer necessidades.
(Lucas 15:14)

Instado a olhar para suas necessidades, o Filho Pr�digo, que representa a hist�ria evolutiva de todos n�s guindados aos campos de aprendizados da Terra, sentiu os
efeitos delet�rios do esbanjamento da Heran�a Paternal. Trazia em si pr�prio, assim como cada um de n�s, o enraizado complexo de inferioridade - express�o de um
sistema afetivo aos frangalhos. A passagem assinala: Pai, pequei contra o c�u e perante ti; J� n�o sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um de teus jornaleiros.
(Lucas 15:19)

O quadro de insatisfa��o �ntima � o cansa�o dessa longa trajet�ria de desditas. Cansa�o de viver! Uma seq�ela inevit�vel dessa longa noite de ilus�es! A rejei��o,
o abandono e a perda t�o temida em rela��o aos supostos opositores da caminhada passaram a ser consumidos pela mente como um procedimento natural para conosco mesmo
- as feridas evolutivas do Ser. Rejeitando nossa condi��o �ntima, abandonando nossos aut�nticos sentimentos e perdendo o contato com a vida abundante. Consolidaram-se
o desamor e a autocrueldade; expressada atrav�s da puni��o inconsciente, do sentimento de culpa e do vazio existencial. Tais "pisos psicol�gicos" configuram a "loucura
contida" em n�veis diversificados de depress�o e ru�na mental.

Reencarna��es repetitivas e pouco frut�feras marcaram a sinuosa senda das vias terrestres. No entanto, no interregno entre as sucessivas viv�ncias corporais, a criatura
experimenta infinitas li��es que, inevitavelmente, influenciam seu psiquismo no regresso � mat�ria. O homem terreno jamais compreender� os transtornos e tormentas
da vida mental sem debru�ar-se sobre a natureza dessas ocorr�ncias.

Visitaremos hoje as adjac�ncias de um dos mais antigos vales da maldade hierarquizada na Terra, o Vale do Poder. A exemplo das cidades no orbe, esse p�tio de dor
e perversidade tem seu n�cleo central com imponente estrutura urban�stica. Em sua periferia, entretanto, encontram-se os "lix�es", termo empregado pelos mandantes
da regi�o. S�o antros de dor que se organizam no aproveitamento das "esc�rias" - como s�o conhecidos os "ex-assalariados" da organiza��o que n�o apresentam as "qualidades"
desej�veis aos intentos tenebrosos. Ali se estruturam os "gavet�es", "calabou�os", "lagos de enxofre", "c�maras de viciados" e outros variados locais que demonstram
a dificuldade do Esp�rito em consumar sua humaniza��o.

Estudos Maiores feitos pelos Condutores Planet�rios denominam essa situa��o de "regress�o ou involu��o" como cis�o de reino, o desejo do Esp�rito em n�o assumir
sua condi��o excelsa de homem l�cido e consciente perante o universo. Condi��o essa bem delineada na passagem evang�lica em estudo quando assevera: E desejava encher
o seu est�mago com as bolotas que os porcos comiam, e ningu�m lhe dava nada. (Lucas 15:16)

Fazendo uma breve pausa como se investigasse a alma dos trabalhadores que nos acompanhariam em servi�o, Caldareraro declinou:

- Os meus irm�os que ainda n�o conhecem tais locais de expia��o poder�o sentir, com intensidade energ�tica, a natureza das emo��es que pairam nessas psicosferas,
raz�o pela qual o sentimento de un��o deve nos guiar os passos. A predomin�ncia vibrat�ria da indignidade � determinante onde visitaremos, tomando matizes variados
conforme os dramas conscienciais. Vamos aos "gavet�es", um aut�ntico "dep�sitos de almas" tombadas no remorso e na culpa. S�o chamados "vibri�es".

Esse lugar � uma refer�ncia ineg�vel que ilustra a quest�o 973 em O Livro dos Esp�ritos, formulada por Allan Kardec aos S�bios da Imortalidade:

"Quais os sofrimentos maiores a que os Esp�ritos maus se v�em sujeitos?"

"N�o h� descri��o poss�vel das torturas morais que constituem a puni��o de certos crimes. Mesmos o que as sofre teria dificuldade em vos dar delas uma id�ia. Indubitavelmente,
por�m, a mais horr�vel consiste em pensarem que est�o condenados sem remiss�o."

Condenados sem remiss�o � a condi��o espiritual que conduziu tais cora��es ao lama�al da derrocada interior. A terem que assumir a sensa��o dolorosa de vulnerabilidade,
optam pela fuga, pela "regress�o" a patamares de imagin�ria prote��o e seguran�a nos quais "hibernam psiquicamente", uma cis�o de reinos.

Vamos buscar um desses "vibri�es". Um filiado � "maldade organizada" h� mais de um mil�nio. Agora foi deportado aos "lix�es", exaurindo ap�s o "esbanjamento ps�quico",
em consumada "segunda-morte". Sua condi��o � descrita em Lucas: E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai t�m abund�ncia de p�o, e eu aqui pere�o
de fome! (Lucas 15:17)


























CAP�TULO 15 - CIS�O DE REINO II


"Os Esp�ritos sofredores reclamam prece e estas lhe s�o proveitosas, porque, verificando que h� quem neles pense, menos abandonados se sentem, menos infelizes. Entretanto,
a prece tem sobre eles a��o mais direta: reanima-os, incute-lhes o desejo de se elevarem pelo arrependimento e pela repara��o e, possivelmente, desvia-lhes do m�o
o pensamento."

O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap�tulo XXVII -�tem 18


Ap�s a pr�dica do instrutor Calderaro, atravessamos os portais do Hospital Esperan�a em dire��o a zonas abssais da Terra. Em certa etapa do caminho, abstemos da
volita��o por ser imposs�vel exerc�-la na psicosfera densa. Transpomos n�veis muito "abaixo" dos umbrais terrenos. Muita escurid�o e frio. Era uma regi�o pantanosa
com lagos que se formavam em v�rios pontos do trajeto. Vislumbramos uma luminosidade artificial a dist�ncia. Era a "cidade do poder".

Calderaro solicitou um instante e, utilizando seus poderes mentais, sondou o ambiente, enquanto todos os que o acompanh�vamos permanecemos no apoio vibrat�rio e
na vigil�ncia. Os odores e sensa��es era desconfort�veis pela natureza das energias reinantes. Ap�s um instante, manifestou o benfeitor:

- Ajoelhemo-nos meus irm�os, e deixemos que os inc�modos das sensa��es sejam recebidos na nossa alma com amor. Na casa de meu pai h� muitas moradas! Aqui tamb�m
� a Casa de Deus, que permite, aos Seus Filhos, a liberdade de se acomodarem conforme suas escolhas. Nutramo-nos de respeito e piedade para orarmos em conjunto.

Ap�s a luz da ora��o feita por um dos integrantes, Calderaro solicitou-nos a armadura da coragem. O bando defensivo de irm�o Ferreira, o "cangaceiro do Cristo",
que estava aguardando-nos a chegada, vem em nossa dire��o orientando-nos sobre as condi��es locais.

Absteremos da narrativa sobre a opera��o socorrista por n�o harmonizar com o objetivo e o conjunto dessa obra.

No retorno ao Hospital Esperan�a, ap�s bem sucedido resgate, Calderaro reservou alguns minutos para as indaga��es dos dirigentes aprendizes sobre o que presenciaram.

- Esse estado perispiritual dos "vibri�es" pode ser considerado uma "segunda- morte"?

- Eles se encontram a caminho da ovoidiza��o.A "segunda- morte" � o resultado de longas incurs�es da alma em atitudes mentais de rebeldia e incontin�ncia nos sentimentos.
Nosso irm�o assistido semeou a arrog�ncia durante s�culos nos solos sagrados de sua mente. Agora, colhe os frutos da inclem�ncia e da loucura de seu procedimento.
Teceu no tempo as condi��es ps�quicas para a cis�o do reino. Desorganizou suas matrizes do "molde mental", onde se encontram os alicerces do equil�brio humano.

- Poder� renascer em corpo saud�vel?

- Rar�ssimos casos de "vibr�es", apresentam condi��es para reencarna��o imediata. A organiza��o som�tica pode obedecer a fatores de ordem gen�tica, caso haja vantagens
motivacionais para o Esp�rito no seu aprendizado. Nenhuma Lei Natural, por�m, permite intercess�o junto ao dinamismo da vida mental, que retrata o conjunto de necessidades
e conquistas da alma. At� mesmo a Miseric�rdia Celeste, que disp�e de recursos benditos para usar o c�rebro como uma "comporta" reguladora das dosagens de mat�ria
enfermi�a para o corpo, em determinado "instante evolutivo" n�o pode impedir os desajustes nas subst�ncias neurotransmissoras. Surgem pscicopatologias variadas.
A doen�a mental � o regime expiat�rio de �ltima inst�ncia para almas que se rebelaram contra os Chamados Divinos no transcorrer de longo tempo. Dessa forma, encontraremos
in�meros "vibri�es" reencarnados em corpos saud�veis. Entretanto, n�o escapam das celas educativas da tormenta mental.
- Que tipos de doen�as mentais?
- Desde o desconforto neur�tico at� as mais severas psicoses. Incluindo aquelas n�o classificadas oficialmente no C�digo Internacional das Doen�as na sociedade terrestre.
H� de se considerar que a base de tais provas da mente � o remorso. A no��o clara que a alma adquire no intervalo das encarna��es sobre a gravidade de sua situa��o
espiritual.
- Ent�o j� reencarnam com remorso?
- Uma soma grandiosa de Esp�ritos reencarnados na Terra encontra-se sob a san��o do remorso adquirido antes do renascimento. Experimentam "dores psicol�gicas" de
variada natureza. Os "vibri�es", quase sempre, carregam para a vida corporal tr�mites dolorosos nas viv�ncias da depress�o, depois de exaustivas tentativas frustradas
de reencarna��o. Uma vez que partiriam para a desist�ncia de querer viver at� mesmo fora da mat�ria, alguns deles inclusive com dramas de auto-exterm�nio f�sico,
agora regressam em busca da recupera��o desse Valor Natural - o dom de existir como criatura humana, de lutar e querer viver.
- Por essa raz�o est�o im�veis, como se n�o tivessem vida?
- No fundo, "optaram", evidentemente, sem consci�ncia disso, pela "regress�o" ao est�gio do "n�o pensar", do "n�o ter que ser respons�vel". N�o querem humanizar-se.
Vivem, verdadeiramente, uma condi��o de "saudade inconsciente da animalidade". "Querem regredir". Tentam negar o que sentem, defendem-se do impulso doloroso da culpa
e do instinto para o progresso. A isso denominamos cis�o do reino. Para se alcan�ar esse patamar de enfermidade s�o necess�rios s�culos de repeti��o e fuga.
- Mas n�o assevera a Codifica��o que o Esp�rito n�o retrograda na evolu��o? (O Livro dos Esp�ritos - quest�o 118).
- Esse lance da evolu��o n�o significa retrocesso, mas uma tentativa de retrocesso. Jamais a alma deixar� seu caminho natural de humaniza��o depois de adquiridas
as habilidades da raz�o. Na vida subjetiva do Ser, encontra-se depositada toda a sua trajet�ria na condi��o humana. Ningu�m burla o Fatalismo Paternal.
- Ent�o a quest�o dos sentimentos est� na base dessa deforma��o perispiritual?
- Esse cora��o socorrido plasmou em s�culos a sua desdita de agora. Depois de alguns "fracassos" no seu posto hier�rquico naquele vale de perdi��o, iniciou uma derrocada
ps�quica acelerada que j� se encontrava potencializada de longas eras. Preso em calabou�os e castigado severamente, penetrou em faixas de �dio e revolta que deterioraram
sua estrutura mental. O vulc�o da tormenta �ntima expeliu de uma s� vez a mat�ria contida pelos mecanismos defensivos ao longo do trajeto na maldade empedernida.
Verificando sua condi��o que "animalizava", foi enxotado para esse lugar.
- Com que prop�sito?
- Alguns grupos diretivos do Vale do Poder desenvolveram t�cnicas de agress�o ao bem, utilizando a psicosfera pestilencial de tais almas. Estudaram o estado vibrat�rio
desses Esp�ritos, e perceberam qu�o nocivas s�o suas auras, portadoras de uma irradia��o espont�nea em n�vel de ondas longas, de teor energ�tico, acentuadamente,
contagiante. Passaram ent�o a utiliz�-los para infestar psicosferas de certos ambientes terrenos, prop�cias � depress�o e a todo o contingente de sentimentos na
�rbita da tristeza. Como a condi��o dos "vibri�es" exige aus�ncia de luz e baixa temperatura, as entidades da perversidade costumam "implant�-los", no plano f�sico,
envolvidos por aparelhagem adequada que os mant�m nas condi��es de adapta��o.
- Com quais finalidades s�o utilizadas tais t�cnicas de implanta��o?
- As mais diversas. Obsess�es familiares, explora��o do sentimento de indignidade, adoecimento em organiza��es. Alguns cora��es que desejam perturbar a vida de encarnados
com cobran�as pret�ritas graves tornam-se assalariados do mal e em troca tem a seu dispor, por algum tempo, esse recurso de infelicita��o. Certos servi�os de magia
contam com os "vibri�es". Onde quer que predominem a disputa, a arrog�ncia expl�cita ou camuflada, o jogo do poder, caminhos percorridos por essas almas escravizadas,
tornam-se ponto de sintonia para esse tipo de explora��o. N�cleos pol�ticos, empresariais, militares e religiosos t�m sido alvo dessa t�tica nefanda de entorpecimento
e cont�gio. E muitas organiza��es do bem, inclusive casas esp�ritas, s�o atingidas por semelhante iniciativa, que lhes custam, muita vez, a sobrevida.
- Centros esp�ritas? Mas como pode? N�o s�o protegidos?
- Qualquer organiza��o humana, mesmo servindo ao bem espont�neo, est� tamb�m sujeita �s Leis Naturais. Os n�cleos doutrin�rios do Espiritismo s�o ambientes de pessoas
adoecidas em busca de amparo e orienta��o, tanto quanto n�s mesmos. Portanto, lidam com situa��es grav�ssimas e, ao prestarem sua assist�ncia, em nome do amor, se
sujeitam a desafiantes experi�ncias no que tange aos interesses de grupos espirituais. Por essa raz�o, os trabalhadores do Cristo que conduzem as casas de amor devem
se unir aos recursos do Evangelho no cora��o a fim de absorverem a prote��o dos Servidores do Bem a que se fazem dignos. Nem sempre, por�m, temos observado esse
cuidado. Os pr�prios aprendizes trazem em si mesmos tra�os similares de tristeza em inconforma��o, revolta e rebeldia, decorrentes de ciclos emocionais de disputa
arrogante e complexa. Tra�os pertinentes a todos n�s na caminhada de ascens�o e dos quais somente nos livraremos com educa��o.N�o se surpreendam, pois, que muitos
esp�ritas trilharam a viv�ncia como "vibri�es" e, hoje, buscam, a duras penas, a recomposi��o de si pr�prios perante a consci�ncia.
- Por qual raz�o ocorrem os ataques com os "vibri�es" se existe a prote��o espiritual e as imperfei��es s�o obst�culos naturais da caminhada?
- Por descuidarem dos sentimentos. Se analisarmos com mais cautela, o fen�meno da cis�o de reinos tem propor��es infinitas. De alguma forma, expressiva parcela da
humanidade, se pudesse, faria uma tentativa de retrocesso. Todos temos, at� certo est�gio de crescimento, uma atra��o natural para o passado. Voltar ao que �ramos.
O homem do s�culo XXI est� sendo asfixiado psiquicamente pelo sentimento de baixa auto-estima, agravada pelos padr�es da m�dia social. A aus�ncia de auto-amor tornou-se
calamidade s�cio-moral em quaisquer continentes e classes. Vivemos o instante de separa��o do joio e do trigo. � um momento de defini��o na Terra. Este � o s�culo
da sensibilidade, no qual o patrim�nio dos sentimentos ser� o centro das cogita��es da ci�ncia e da religi�o, e base de sustenta��o de um mundo novo. Uma infinidade
de almas, em ambas as esferas de vida, no corpo ou fora dele, padecem de crises existenciais que n�o conseguem resolver. A depress�o � eminente nessas viv�ncias,
encurralando a alma nos despenhadeiros da apatia, da indiferen�a e da solid�o. Esses sentimentos, quando prolongados em demasia, causam o desejo de parar, deixar
de existir. Desistir e "encerrar o processo evolutivo". Uma n�tida sensa��o de fracasso, impot�ncia e confus�o assenhoreiam-se da mente em crises dolorosas.
- Mas h� esp�ritas nessa condi��o?
- Os esp�ritas, assim como n�s, n�o s�o seres especiais. S�o almas que procuram Jesus Cristo dentro daquela condi��o exarada pelo Mestre: os s�os n�o precisa de
m�dicos, mas sim os doentes. Muitos esp�ritas que receberam a medica��o excelsa da Doutrina s�o "ex-vibri�es" que, sob regimes de inigual�vel miseric�rdia, conseguiram
regressar ao corpo f�sico no intuito de reerguerem-se perante as "penas conscientes". Exaram o servi�o e ao bem como �nicas sendas de repara��o. S�o Esp�ritos de
grande valor que tombaram nos despenhadeiros do dom�nio e na sede de poder.Almas que padecem de enorme afli��o de melhora, todavia, sentem-se com grilh�es na vida
mental. Isso lhes dificulta, sobremaneira, a flu�ncia do entendimento sobre suas amarguras interiores. Purgam, paulatinamente, em "depress�es controladas" a mat�ria
mental proveniente de suas constru��es enfermi�as de outros tempos. Carregam sofridas feridas evolutivas no cora��o, quais sejam: abandono, solid�o, falibilidade
e inferioridade. Sentimentos que lhes fazem sentir inadequados perante a vida. Indignos do amor alheio e de Deus. Colhem em si mesmas, o fruto amargo de suas escolhas
pret�ritas. Entretanto, s�o cora��es que resgataram a esperan�a. Experimentam na atividade do bem a sensa��o de "Retorno a Deus". Sentem que podem recome�ar, mesmo
sorvendo o c�lice da indignidade. Estando no corpo, resguardam-se das persegui��es mais severas e caminham, sob a tutela de avalistas amor�veis, quais Eur�pedes
Barsanulfo, que lhes estendem assist�ncia incondicional.
- Que fazer para auxiliar esses companheiros na carne como esp�ritas?
- Transformar os n�cleos doutrin�rios em escolas de amor a Deus, de auto-amor e amor ao pr�ximo. Trabalhar os sentimentos nobres e promover os grupos esp�ritas a
centros de estudos sobre si mesmos, colaborando com a melhor compreens�o de nossas necessidades e sobre como desenvolver nossas aptid�es ou educar nossas habilidades.
- E o que fazer pelos locais onde ainda jazem tantos irm�os nossos naquelas "gavetas" frias em p�tios de escravid�o?
- Orar at� que Deus nos permita algo mais. "Os esp�ritos sofredores reclamam preces e estas lhes s�o preciosas, porque, verificando que h� quem neles pensem, menos
abandonados se sentem, menos infelizes. Entretanto, a prece tem sobre eles a��o mais direta: reanima-os, incute-lhes o desejo de se elevarem pelo arrependimento
e pela repara��o e, possivelmente, desvia-lhes do mal o pensamento". Existem grupos de ora��es que v�o todos os dias at� aquele local onde oramos para fazerem,
preces coletivas pelos p�ntanos da maldade. Raios lumin�feros de compaix�o e piedade chegam at� os "lix�es", renovando esperan�as e cooperando decisivamente na recomposi��o
de nossos companheiros atormentados. O homem encarnado, igualmente, pode-se somar a esses esfor�os de humanismo com suas rogativas sinceras e promotoras de paz.
Estejamos convictos quanto ao futuro. O Fatalismo Divino � a perfei��o. Ainda que tramitando em p�ntanos de animalidade, o progresso faz luz sobre a escurid�o e
o homem avan�a, incontinenti. Se existe a cis�o de reinos para a retaguarda, esse � o momento decisivo para efetivarmos nossa cis�o com o mal, com o materialismo
e caminhar em dire��o � humaniza��o.




CAP�TULO 16 - MEDITA��O: CUIDANDO DA CRIAN�A INTERIOR


"Jesus, me chamando a si um menino, o colocou no meio deles e respondeu: Digo-vos, em verdade, que, se n�o vos converterdes e tornardes quais crian�as, n�o entrareis
no reino dos c�us."

O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo VII - �tem 3


Na forma��o do homem novo, temos de fazer renascer a crian�a que deixamos no tempo... Escutar seus sentimentos.

Todos temos uma "crian�a interior", um estado natural de pureza que as viv�ncias milenares no ego�smo soterraram sob os escombros dos desatinos morais.

O S�bio Judeu ensina-nos que o reino de paz pretendido por todos n�s depende de recuperarmos essa condi��o psicol�gica, que ainda sobrevive em nossa intimidade amorda�ada
e ferida. Se n�o vos converterdes e tornardes quais crian�as, n�o entrareis no reino dos c�us.

Por que teria Jesus colocado um menino em meio aos aprendizes para significar a maior idade? Que valores possuem as crian�as que serviram de base para esse ensinamento
do Mestre?

A did�tica aplicada de Jesus � sublime advert�ncia para n�s todos que nos matriculamos nas li��es do Consolador.

As crian�as s�o fant�sticas nas rela��es por n�o nutrirem expectativas na conviv�ncia, desobrigando-se de cobran�as, ofensas, insatisfa��es e aborrecimentos.

Aceitar homens como s�o e respeitar-lhes a caminhada � medida salutar de paz. Aceitar-se como se � sem condena��es est�reis e cr�ticas impiedosas � a base de uma
vida saud�vel.

A parcela ps�quica de pureza adormecida que trazemos na alma solicita tratamento para manifestar-se em sensa��es de bem-estar, desprendimento e amor.

Imperioso resgatar essa luz das emo��es nobres. S�o instintos e sabedoria que dormitam na sombra interior. Vamos conhec�-los?

Inspirados no renomado poeta portugu�s, Fernando Pessoa, tomaremos emprestada a estrofe de um de seus mais belos poemas intitulado A Crian�a que Fui chora na estrada.
Diz o poeta:

A crian�a que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou � nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.

Acomode-se da melhor forma. Observe as orienta��es b�sicas para meditar: local, sil�ncio, hor�rio...

Pega uma foto de tua inf�ncia. A predileta. Aquela que te lembra dos momentos de alegria. N�o possuindo a foto, recorda tua inf�ncia. Deixa as lembran�as despontarem.

Vamos iniciar nossa viagem.

Est�s dentro de um grande teatro. Est�s sozinho e assentado. Olhas para a cortina fechada no palco aguardando o espet�culo.

Olha o palco e sinta-te em paz contigo. O espet�culo come�a e as imagens da tua inf�ncia surgem ininterruptas. Tua primeira escola, as festas de anivers�rio, os
brinquedos prediletos, as hist�rias contadas pelo av�s, as professoras aben�oadas, o carinho dos amigos, as divers�es.

Pouca luz no ambiente, mas suficiente para te dirigires at� o v�u que te separa do bastidor. V� at� l�, pois vamos nos preparar para abrir esse v�u. Atr�s dele encontra-se
tua sombra, teu mundo desconhecido.

Prepara-te; ao contar at� tr�s, tu vais abrir o v�u com coragem. Um, dois... Tr�s! V�!. Abre a cortina serenamente.

Sombra. Luz nenhuma, nenhuma luz. Escurid�o. Onde estou meu Deus?!

Para. Acalma-te. Tu est�s em ti mesmo, n�o h� porque temer. Tua sombra � cria��o de tua hist�ria evolutiva. Tem calma. Respira fundo e sente-te seguro. Repete por
tr�s vezes: eu estou seguro! Eu estou bem!

Agora v�! Tudo escuro, Mas tu sabes que podes enxergar. Enxergar com os olhos da alma. Escuta as vozes de ti mesmo! Escuta. Ouve por um instante as vozes interiores.

Repentinamente, em meio aos muitos sons, um choro te chama aten��o. � um choro de crian�a. Um choro de medo, baixinho, gostoso de ouvir e ao mesmo tempo preocupante,
inspirador de piedade.

Quem ser�? N�o posso ver! Acalma-te! Recomp�e-te interiormente e caminha na tua sombra. Tu vais encontrar quem chora.

Segue a intui��o, teus instintos!

L� est�! � uma crian�a. Mentaliza tua crian�a interior.

Agora chega bem pertinho, mas vai devagar para n�o assust�-la. Coloca-te intimamente com desejo de acolhimento e bondade.

Olha a crian�a. Tu mesmo em tempos idos. Pequeno. Grandioso. Entretanto, com medo. V� como a crian�a tem medo de ti mesmo. Olhos esbugalhados. Cabelos despenteados.
Faltam alguns cuidado � crian�a. Observa por instante. Sente-a. Evita toc�-la.

Agora, ao contar tr�s, oferece tua m�o com o melhor sentimento de teu cora��o. Prepara-te. Um, dois... Tr�s. Estende a m�o. M�ozinha macia, dedinhos curtos. Medo
de tocar.

Com muito receio, o pequerrucho aceita.

Agora lhe diz: Vamos caminhar? Venha! Quero-o bem. Muito bem!

A crian�a que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou � nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.


Ol�, minha crian�a! Vim buscar quem fui, onde ficou. Que bom te reencontrar, pois sei que um dia deixei-te na estrada para ser quem sou. Voltei agora para te buscar.
Perdoe-me por te abandonar. Enquanto choravas, eu dormia o sono das conquistas passageiras. Agora estou desperto, vim te buscar.

N�o te assustes comigo. Eu n�o te deixei porque desejava. N�o soube como fazer. Agora retorno a te buscar. Te aceito como �s, incondicionalmente. Tu n�o �s m� porque
tem imperfei��es. Tu apenas tens imperfei��es. Depois de tanto tempo, descobri que n�o sou capaz de viver sem teu poder.

Quero brincar, pular e ser feliz. Vem ajuda com tua bondade. Ajuda-me com tua criatividae e espontaneidade.

Ah! Minha crian�a de luz, como te amo! Como quero te amar! Que vontade de sentir a tua espontaneidade, tua riqueza.

Agora pergunta: Queres passear comigo por este mundo de sombras? Ele balan�a a cabe�a como uma crian�a ridente ao se lhe ofertar uma guloseima.

Faz teu passeio. Conversa com o menino. "Deixar vir a mim as criancinhas, deles � o reino dos c�us"... Ouve teus sentimentos.

Agora, cuida de tua crian�a, arruma-a, porque tu vais lev�-la ao palco. Diz a ela que lhe apresentar� seu mundo real.

Arruma-a.

Vamos nos preparar para concluir a viagem interior. Ao contar tr�s, tu vais passar de volta pela cortina e levar tua crian�a ao palco. Quando l� chegar, todas as
pessoas da tua vida estar�o assentadas nas cadeiras, aguardando para conhec�-la. Tu vais (sem sair do palco) apontar cada pessoa e falar quem � para tua crian�a.
Vamos l�. Um, dois... Tr�s.

Apresenta tua crian�a ao teu mundo exterior!

Agora vamos saudar tua crian�a. Todos se levantam naquele palco e batem palmas. Muitas palmas de amor para tua crian�a.

O menino corre para ti e te abra�a emocionado, feliz. Ele reconhece teu amor.

Eu sou pureza! Eu sou luz! H� pureza em meu cora��o! A vida � presente em mim!

Uma voz altissonante desce do alto: Digo-vos, em verdade, que se n�o vos converterdes e tornardes quais crian�as, n�o entrareis no reino dos c�us.

Mas hoje, vendo que o que sou � nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.

Eu sou confian�a! Eu sou pura energia, vitalidade! Meu corpo � aben�oado com a energia das c�lulas infantis. Minha mente relaxa, meu ser expande-se em gl�ria e sabedoria.

Louvemos na ora��o a b�n��o desse momento de reencontro.

































CAP�TULO 17 - PEDAGOGIA DA FELICIDADE


"O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas, conforme o modo por que encare a vida terrena."

O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo V - �tem 13


Nunca a humanidade mendigou tanta aten��o e afeto. Uma crise de autodesvalor, sem precedentes, assola multid�es. O sentimento de indignidade � o piso emocional das
feridas seculares que causam a sensa��o de inferioridade, abandono e fal�ncia. N�o se sentindo amadas, almas sem conta n�o conseguem superar os dramas da rejei��o
e os tormentos da solid�o. Optam pela fal�ncia n�o assumida. Uma exist�ncia sem sentido, vazia de significados, sem metas; a caminho da derrocada moral e espiritual.

Somente o tratamento lento e perseverante de tecer o manto protetor da seguran�a �ntima, utilizando o fio do auto-amor, poder� renovar essa condi��o interior do
ser humano.

Agrilhoado pela ilus�o do menor esfor�o, o homem busca a ilus�o como sin�nimo de paz. Anseia-se pela felicidade como se tal estado de alma pudesse ser fruto da aquisi��o
de facilidades e privil�gios.

Contudo, a felicidade � uma conquista que se faz atrav�s da educa��o de si mesmo. Busc�-la no exterior � dar prosseguimento a uma procura recheada de decep��es e
dor.

Educar para ser feliz � dar sentido � exist�ncia. O homem contempor�neo padece a doen�a do sentido. O vazio existencial � o corrosivo de seu mundo �ntimo.

Reflitamos! Como a doutrina pode nos ajudar a construir sentido para a exist�ncia? Que passos dar para estabelecer significado educativo ao nosso sofrimento?

O Doutor Viktor E. Frank foi um homem extraordin�rio. Viveu a dor dos campos de concentra��o nazistas e sobreviveu, gra�as � sua habilidade em gestar um sentimento
para sua dor em plena prova��o. Criador da logoterapia, Viktor Frankl auxiliou multid�es a ter uma vida mais digna e promissora. Em sua obra prima ele afirmou:

"Quando um homem descobre que seu destino lhe reservou um sofrimento, tem que ver neste sofrimento tamb�m uma tarefa sua, �nica e original. Mesmo diante do sofrimento,
a pessoa precisa conquistar a consci�ncia de que ela � �nica e exclusiva em todo o cosmo dentro desse destino sofrido. Ningu�m pode dela o destino, e ningu�m pode
substituir a pessoa no sofrimento. Mas na maneira como ela pr�pria suporta este sofrimento est� tamb�m a possibilidade de uma realiza��o �nica e singular." (Em
Busca de Sentido - p�gina 76 - Perguntar pelo Sentido da Vida - editora Vozes)

A primeira condi��o para se estabelecer um sentido � vida � o exerc�cio da singularidade. Descobrir seus pr�prios caminhos, lutar por seus sonhos, celebrar sua diversidade
aceitando suas particularidades, participar da vida como se �, sentir o gosto de se desligar de uma vida centrada no ideal e realizar-se no real.

A vida em si mesma n�o tem sentido, algo que se possa definir atrav�s de padr�es ou princ�pios filos�ficos. Esse sentido � constru�do pelas percep��es individuais
sob as lentes da singularidade humana que, a partir de diretrizes gerais, capacita-se a seguir sua "rota intuitiva" na dire��o da perfei��o.

"O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas, conforme o modo por que encare a vida terrena." O modo de encarar ou perceber a vida terrena � a leitura
pessoal de ser no mundo.

A felicidade resulta da habilidade de consolidar esse sentido a partir do "olhar de imperman�ncia". O enfoque de transitoriedade e do desprendimento.

Quase sempre sentimo-nos mais seguros adotando o parecer da maioria, um sentimento natural at� certa etapa da jornada de crescimento. Chegar�, por�m, o instante
em que a vida convidar-nos-� ao processo inevit�vel das descobertas singulares. Isto n�o significa estar alheio � conviv�ncia, ao processo de intera��o grupal. �
apenas ter mais consci�ncia do que conv�m ou n�o ao desenvolvimento individual na intera��o social.

Nas nossas frentes de servi�os doutrin�rios somos convocados a urgente auto-avalia��o nesse tema para erguimento da felicidade pessoal. Com um movimento acentuadamente
dirigido para a "coletiviza��o",a uniformidade de conceitos e pr�ticas escasseia o est�mulo ou a aceita��o para a diversidade. Nesse contexto, freq�entemente, id�ias
criativas e condutas diferentes s�o acolhidas com desd�m, esfriam rela��es e ensejam a indiferen�a. S�o tachadas de personalismo e vaidade. Mais uma raz�o para tecer
o auto-amor e investigar a forma pessoal de caminhar.

Personalismo ou singularidade? Individualismo ou individua��o? Em quais experi�ncias nos enquadramos?

Sem medo do individualismo, que � muito diferente da individua��o,� imperioso aprendermos a investigar o cora��o em busca do "mapa singular" do Pai � nossa jornada
de aprimoramento. Quem se ama vive a maravilhosa experi�ncia de sentir brotar em sua alma, espontaneamente,uma cumplicidade poderosa com a vida, o pr�ximo e a Obra
Divina. Quanto mais amor a quem somos, mais amamos a vida. O sentimento da exist�ncia est� no ato d e percebermos o que significamos na Obra Paternal.

O segundo ponto essencial na constru��o do sentido � desenvolver a habilidade de superar o sofrimento. O prazer de viver surge quando, efetivamente entendemos as
raz�es de nossas dores e como super�-las. Sofrer e n�o saber o que fazer para sair dessa "roda de dores": nisso consiste o carma, a "roda da vida". Possuir valores
e n�o saber como utiliz�-los para o bem: nisso reside o carma sutil da nobreza das inten��es em conflito com a conduta que adotamos.

Quando desenvolvemos a arte de abrir o cadeado de nossas mazelas, soltamo-nos para novas viv�ncias. Desprendemos das velhas amarras mentais, os complexos afetivos,
dos condicionamentos. Quando aprendemos a lidar com nossos valores, a vida se plenifica.

A dor existe para incitar a intelig�ncia na descoberta de solu��es em n�s mesmos. A grande li��o nesse passo � descobrir as causas das afli��es. O sentido da exist�ncia
n�o est� fora, mas dentro de n�s. Podemos compartilh�-lo com o outro, entretanto, ele n�o depende do outro.

Como temos dificuldade em assumir a nossa fragilidade! Quanta dificuldade demonstramos para admitir nossa falibilidade! Sentimo-nos pequenos, incompetentes ao nos
deparar com as batalhas n�o vencidas ou com as imperfei��es n�o superadas, agravando ainda mais as prova��es. "O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas
provas, (...)"

F�nelon Assinala: "Que de tormentos, ao contr�rio, se poupa aquele que sabe contentar-se com o que tem, que nota sem inveja o que n�o possui, que n�o procura parecer
mais do que �." (O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo V - �tem 23)

Ser feliz � contentar-se com o que se � sem que isso signifique estacionar. � o amor a si. A frase de F�nelon � uma aut�ntica proposta de paz interior. Contente,
sem inveja e feliz com o que se �. Quem pode querer mais?

Portanto, nisto resume-se a consolida��o do sentido da vida:

1) Saber quem somos, o que a vida espera de n�s, a miss�o particular, �nica e intransfer�vel. � o exerc�cio da singularidade.
2) 2) Zelar pela manuten��o desse processo de individua��o atrav�s da supera��o das mensagens incoscientes de desvalor e incapacidade, diante de nossos sofrimentos,
integrando-as ao self transl�cido, que se encontra o nosso inteiro dispor.

Uma pedagogia de felicidade deve assentar-se no auto-amor em busca do self reluzente. Desenvolver as habilidades da "intelig�ncia espiritual", tais como autoconsci�ncia,
resili�ncia, vis�o hol�stica, alteridade, autoconfian�a, curiosidade, criatividade, disciplina no adiamento das gratifica��es, sensibilidade, compaix�o, naturalidade.

Eis alguns caminhos da pedagogia para a sanidade humana que poder�o ser experimentados pelas nossas agremia��es de amor em seus programas de consolo e esclarecimento:

Exercer din�micas de autoconhecimento.
Compreender os mecanismos punitivos da culpa e como super�-los.
Desenvolver t�cnicas de sensibilidade do afeto.
Fazer o uso dos recursos psicoterap�uticos bem orientados pelos mentores espirituais.
Meditar.
Orar.
Implanta��o de pequenos c�rculos de di�logo sobre valores humanos.
Participar de atividades de coopera��o social, criando espa�o para estudar os sentimentos decorrentes dessa pr�tica.
Cultivar a cren�a de que todos somos dignos da Bondade Celeste em quaisquer circunst�ncias.
Desenvolver a autonomia.

Quem ama a si mesmo sente-se rico. � excelente companhia para si mesmo. Descobriu seu valor pessoal na Obra da Cria��o e tem consci�ncia plena da Bondade do Pai
em favor de sua caminhada individual. Todas essas sensa��es, � bom destacar, operam-se no reinado do cora��o, s�o sentimentos e n�o formas de pensar. Nisso reside
o sentimento de merecimento ou, como costumamos nomear, a maior conquista espiritual para ser feliz. N�o foi fruto de instru��o, mas servi�o de renova��o efetiva
nas matrizes da vida mental profunda, nas "c�lulas afetivas".

Quem se ama dispensa a impon�ncia das m�scaras. � feliz por ser quem �. Aprendeu que "Dele, por�m, depende a suaviza��o de seus males e o ser t�o feliz quanto poss�vel
na Terra." (O Livro dos Esp�ritos - Quest�o 920)






































CAP�TULO 18 - SENTIMENTO E OBSESS�O


"Quem quer que escuta a palavra do reino e n�o lhe d� aten��o, vem o esp�rito maligno e tira o que lhe fora semeado no cora��o." (S. Mateus, cap. XIII. Vv. 18 a
23.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo XVII - �tem 5


Costuma-se relacionar obsess�o com condutas viciosas como alcoolismo, tabagismo, sexolatria e outros v�cios corporais. Entretanto, existe uma infinidade de con�bios
obsessivos ainda n�o investigados que se operam em decorr�ncia dos estados psicol�gicos e emocionais do ser humano.

Obsess�o � uma intera��o de mentes que evolui no tempo atrav�s da sustenta��o de v�nculos pela Lei de Sintonia, mantendo duas ou mais criaturas ligadas pelos seus
interesses. Alterando ou deixando d existir tais interesses, a vincula��o passa a ser circunstancial. Chamamo-la de press�o ps�quica.

Que processo interiores experimenta a alma para que estabele�a um circuito de for�as mentais dominadoras? Que estados psicol�gicos e emotivos servem de base na constri��o
mente a mente?

Analisemos, didaticamente, nesse terreno sutil, a seq��ncia de intera��o mental mais freq�ente a partir da inten��o obsessiva, nutrida por um Esp�rito desencarnado
sobre as "brechas" oferecidas pelo encarnado.

Etapa um

* Existe a inten��o do agente (obsessor).

* S�o acionados elementos de sintonia no receptor (obsidiado).

Etapa dois

* O agente invade os limites psicol�gicos e emocionais do receptor.

* Permiss�o do receptor.

Etapa tr�s

* Produ��o de clich�s induzidos.

* Assimila��o de id�ias intrusas e surgimento do conflito mental.

Etapa quatro

* Sugest�es hipn�ticas de manuten��o.

* Enfraquecimento da vontade.

Etapa cinco

* Implanta��o de tecnologias.

* Ades�o intencional ao plano do agente indutor atrav�s do sentimento.

Etapa seis

* Evolu��o e sofistica��o do dom�nio sobre o receptor.

* Depend�ncia atrav�s de simbiose afetiva compartilhada.

Adotando a progressividade did�tica utilizada pelo senhor Allan Kardec no cap�tulo XXVIII de O Livro dos M�diuns, assim se enquadram as etapas acima referidas:

1) Obsess�o simples - estabelecimento da sintonia - etapas 1 a 3.

2) Fascina��o - Invas�o dos limites alheios - etapas 4 e 5.

3) Subjuga��o - simbiose - etapa 6.

Na educa��o interior, certos comportamentos sujeitam-se � obsess�o. Ao longo do tempo, os embates interiores causam em alguns disc�pulos esp�ritas a sensa��o de
"fadiga na alma". Os esfor�os e vit�rias parecem insignificantes e infrut�feros. Um nocivo sentimento de inutilidade toma conta da vida mental. Desponta a d�vida
e com ela multiplicam-se as perguntas sobre a validade de perseverar. N�o estar� faltando algo? Melhorei de fato? Estarei sendo hip�crita?!

Nessa "hora psicol�gica" nascem muitas obsess�es. Disc�pulos sinceros que sacrificaram longamente na conquista de si pr�prios estacionam em lamenta��o e descren�a,
desprezando as vit�rias e fixando-se no derrotismo e na acomoda��o.

Um dos pontos educacionais da auto-aceita��o consiste em valorizar os nossos esfor�os de reeduca��o espiritual - ponto crucial na conquista de condi��es psicol�gicas
adequadas ao crescimento interior. Quando n�o valorizamos o que j� podemos realizar, abrimos a freq��ncia da vida interior para a descren�a, o des�nimo e a desmotiva��o,
convidando os famanazes da maldade para que dilapidem os tesouros de nossa vida �ntima.

Fa�amos agora, portanto, uma radiografia da explora��o obsessiva sob o sentimento de "menos valia" ou baixa auto-estima, valendo-nos das etapas supra enumeradas.

Etapa um

* O agente encontra campo vibrat�rio para sua inten��o constritora.

* A sensa��o de incapacidade � aceita pelo receptor, atrav�s de suas pr�prias cren�as derrotistas programadas no inconsciente.

Etapa dois

* O agente penetra a vida ps�quica do receptor e estimula o sentimento de indignidade j� presente na "v�tima".

* Ades�o espont�nea no clima da revolta em fun��o das frustra��es da vida.

Etapa tr�s

* O agente trabalha com informa��es sobre as mazelas de seu alvo.
*
* S�o criadas as justificativas autodefensivas para a conduta invigilante.

Etapa quatro

* Sugest�es hipn�ticas de autodesvaloriza��o atrav�s de id�ias imagin�rias do desprezo do outrem.

* Estado �ntimo de insatisfa��o consigo pr�prio, levanto � culpa e apatia entre os ideais superiores.

Etapa cinco

* Tecnologias avan�adas para instalar a descren�a - o sentimento b�sico para consumar uma queda moral.

* Estado �ntimo de fal�ncia cujo nome � des�nimo - a doen�a de quem desistiu.

Etapa seis

* Explora��o do receptor nos programas de ataque e interfer�ncia na sociedade carnal. "Assalariado carnal".

* Total depend�ncia em quadros de adoecimento ps�quico.

O conceito de vigil�ncia vai muito al�m de disciplinar os pensamentos. � no campo do sentimento que nasce esmagadora maioria das obsess�es. A capacidade de "pensar
livre" ou decidir por n�s � "quase nula" no concerto universal. Vivemos em regime de cont�nuo interc�mbio e interdepend�ncia.

Nesse contexto fenomenol�gico da vida mental n�o ser� incoerente afirmar que todos respiramos, em maior ou menor grau, nas faixas da obsess�o. A quest�o � saber
se somos por ela dominados ou se a temos sob nosso controle. Sob essa �tica as obsess�es s�o convites educativos contidos nas Leis Naturais para nosso aprimoramento.

Somente a ora��o ungida pelos sentimentos elevados, a inten��o nobre e perseverante, seguidas da conduta reta, podem estabelecer um clima de autonomia ps�quica desej�vel,
que nos defenda da domina��o dos interesses inferiores � nossa volta.

Essa autonomia interrompe o processo na "etapa dois", quando elabora no terreno dos sentimentos o auto-amor - reconhecimento de nossa pequenez, seguido da alegria
de poder contar sempre com a manifesta��o da Divina Provid�ncia em favor de nossas vastas necessidades espirituais.

"Quem quer que escuta a palavra do reino e n�o lhe d� aten��o, vem o esp�rito maligno e tira o que lhe fora semeado no cora��o."

Com sua habitual lucidez Jesus estabeleceu em Mateus, cap�tulo quinze, vers�culo dezenove: Porque do cora��o procedem os maus pensamentos, mortes, adult�rios, prostitui��o,
furtos, falsos testemunhos e blasf�mias.

S� carregamos por fora o resultado do que temos por dentro.




































CAP�TULO 19 - QUE SENTIMOS SOBRE N�S?



"Quando sa�am de Bet�nia, ele teve fome; e, vendo ao longe uma figueira, para ela encaminhou-se, a ver se acharia alguma coisa; tendo-se, por�m, aproximado, s� achou
folhas, visto n�o ser tempo de figos."

O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo XIX - �tem 8

Os sentimentos que mais necessitamos compreender para a nossa harmonia s�o aqueles que dizem respeito a n�s pr�prios.

Que sentimos sobre n�s? Qual a rela��o afetiva que temos conosco? Como temos tratado a n�s mesmos? A partir de uma viagem nesse desconhecido �ntimo, faremos descobertas
fascinantes e primordiais para uma integra��o harmoniosa com a Lei Divina e o pr�ximo. A partir da harmonia que podemos criar com nossa "vida profunda", essa busca
de si mesmo ter� como pr�mio o encontro com o "eu verdadeiro", aquilo que realmente somos - a singularidade.

Como come�ar essa viagem de auto-encontro em favor da consolida��o de uma rela��o pac�fica e amorosa conosco? Como trabalhar a aplica��o do auto-amor? Fa�amos, inicialmente,
algumas indaga��es.

Que fatores �ntimos determinam a nossa depend�ncia de situa��es e pessoas? Que causas emocionais ou psicol�gicas podem afastar-nos do desejo de sermos criativos
e espont�neos? O que nos impede de avan�ar em dire��o aos nossos �ntimos de realiza��o e felicidade? Por que ainda n�o temos conseguido progresso na constru��o de
valores pessoais em sintonia com os prop�sitos iluminados da Doutrina Esp�rita? O que realmente queremos da vida?

O primeiro ato educativo na constru��o do valor pessoal � diluir a ilus�o da inferioridade. Buscar as ra�zes do desamor que usamos conosco. O Criador nos ama como
estamos. Temos um nobre significado para Deus. Somente n�s, por enquanto, ainda n�o descobrimos o valor que possu�mos. Inegavelmente, poucos de n�s apresentamos
bom aproveitamento nas oportunidades corporais pret�ritas, no entanto, o destaque acentuado aos deslises e quedas nas vidas sucessivas somente agrava o estado �ntimo
de amargura da alma. Renascemos com novo corpo para esquecer e olhar para frente. As indaga��es que devemos assinalar nesta etapa s�o: Por que n�o me sinto digno?
Quais s�o minhas reais inten��es? Que li��es tenho a aprender quando me sinto inferior? Por que determinada atitude ou acontecimento me faz sentir inferior?

Outro aspecto na valoriza��o pessoal a considerar s�o os julgamentos que aplicam a n�s. O que importa � o que faremos diante deles. Como reagiremos? Podemos nos
culpar ou adotar o cuidado de refletir sobre o valor que tenham para n�s. Quando n�o cultuamos o auto-amor, os julgamentos alheios constituem espessas algemas das
mais nobres aspira��es. Em quaisquer situa��es o amor � nossa coura�a pessoal. Quem se ama sabe se defender sem fugas e ter respostas emocionais inteligentes e serenas
aos est�mulos do meio. N�o crescemos sem conviver; isso n�o significa que devamos permitir a outrem ultrapassar os limites em rela��o � nossa intimidade. Somente
n�s pr�prios podemos penetrar com sabedoria e naturalidade a subjetividade de nosso ser.

Portanto, temos um processo interior - o sentimento de inferioridade - e uma for�a externa - os julgamentos, a aprova��o social. Ambos consorciam-se, freq�entemente,
contra nossos anseios de crescimento. Somente com a aquisi��o da autonomia saberemos lidar com tais fatores educativos.

N�o fomos educados para desenvolver o outro a si mesmo na busca de seus caminhos. Fomos educados para manter o outro pensando como n�s, escolhendo por nossas escolhas,
opinando conforme os padr�es de pensamento que adotamos e agindo de conformidade com nossa avalia��o de certo e errado. � o regime de possessividade e submiss�o
nas rela��es. � mais confort�vel ser orientado, ter respostas prontas para nossas d�vidas e ang�stias ou pedir algu�m que nos indique a escolha mais acertada. Em
in�meras ocasi�es � mais c�modo se ajustar a muitos julgamentos que acreditar nos ideais pessoais e nos nossos sentimentos. Consideremos, dessa forma, quanto necessitamos
investir na erradica��o da acomoda��o em busca da solidifica��o da autonomia psicol�gica em favor da liberdade que ansiamos.

O impedimento freq�ente na constru��o da autonomia � o medo de rejei��o - umas das mais graves conseq��ncia da baixa auto-estima. Como seremos interpretados? Qual
ser� o conceito que far�o de n�s a partir do instante em que decidirmos por um caminho afinado com o que sentimos e pensamos?

A necessidade da aprova��o alheia � extremamente enraizada na vida emocional. Todas as pessoas e suas respectivas id�ias a nosso respeito merecem carinho e considera��o,
respeito e fraternidade. Por�m, conceder a outrem o direito de aprovar ou reprovar...

A palavra aprova��o, entre outros sin�nimos, quer dizer: ter a nossa atitude reconhecida como moralmente boa. Analisando com cuidado, a aprova��o se torna um julgamento,
uma forma de interpretar e definir o que deve ou n�o ser feito e da forma como deve ser feito.

Sigamos a intui��o, aprendendo a ler as mensagens sutis da vida interior despachadas pelo sentimento, evitando desprezo ao que sentimos. Mesmo as sensa��es desconfort�veis
� consci�ncia nos ensinam algo. A garantia de que vamos aprender depende do trato que daremos ao nosso mundo �ntimo. O respeito incondicional que devemos usar conosco.
Amar-nos como merecemos ser amados.

Uma vez alfabetizados pelo cora��o, passaremos a fruir uma vida mais plena, felizes com nossa condi��o, permitindo-nos evoluir com naturalidade, sem condena��es
e severidade.

O Espiritismo � rem�dio para nossas dores e roteiro para liberta��o de nossas consci�ncias. Estud�-lo, sim, entretanto, a maior idade espiritual nas atitudes somente
florescer� ao renovarmos o modo de sentir a n�s, ao pr�ximo e � vida.

Informa��o e transforma��o. Do contr�rio, ficaremos na superf�cie da proposta do amor, assim como a figueira na qual Jesus procurou frutos, adornados pelas folhas
da cultura e vazios dos frutos do crescimento real.



CAP�TULO 20 - A PALESTRA DE CALDERARO


"Acumulai tesouros no c�u, onde nem a ferrugem, nem os vermes os come; - porquanto, onde est� o vosso tesouro a� est� tamb�m o vosso cora��o."

O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo XXV - �tem 6

A tarde dava suas �ltimas manifesta��es a caminho do crep�sculo. Chegava o instante das reuni�es terap�uticas em grupo. Sob supervis�o de psic�logos da alma, pequenas
equipes de vinte integrantes em est�gios avan�ados de preparo eram orientadas visando avaliar sua rec�m-finda reencarna��o e projetar responsabilidades maiores para
o futuro. Dona Maria Modesto Cravo responde por um dos muitos "grupos de reencontro" - como s�o conhecidos entre n�s - na condi��o de supervisora. Naquela tarde,
o benfeitor Calderaro visitava o Hospital Esperan�a e fora convidado para versar sobre um tema essencial ao preparo de todos, j� que dispunha de vinte preciosos
minutos.

Pontualmente �s dezessete horas, a supervisora dava in�cio ao tentame. Ap�s a ora��o, ela assim apresentou o explanador:

- Amigos, esse � Calderaro, que nos aben�oar� com sua palavra sobre o tema de nossas reflex�es atuais: "O Poder das Inten��es no Crescimento Espiritual". Nosso companheiro
� devotado aos servi�os socorristas nas zonas abissais da erraticidade. Ou�amos sua s�bia palavra, que ser� breve face a outros compromissos que o aguardam. Calderaro
- falou Dona Modesta dirigindo-se ao benfeitor - os nossos companheiros aqui presentes foram todos esp�ritas quando encarnados. Portanto, sinta-se em casa.

Com simplicidade, colocou-se de p� ante o c�rculo dos presentes e os saudou:

- Companheiros, paz conosco. Serei objetivo em face da exig�idade de meu tempo. Como me solicitou Dona Modesta, abordarei o tema considerando que voc�s se preparam
para intensos labores de assist�ncia aos gr�mios esp�ritas na Terra.

Nos grupos doutrin�rios, com raras exce��es, s�o expedidas orienta��es que versam sobre o que n�o se devem fazer, o que se deve evitar. S�o focadas com certo exagero
as doen�as e fala-se pouco na cura, sem explica��es satisfat�rias sobre como conquist�-la.

Decerto, os preceitos e orienta��es espirituais b�sicos s�o necess�rios; constituem o cerne das finalidades de uma agremia��o esp�rita-crist�. Entretanto, a alma
humana, legat�ria de particularidades, pede mais e quer saber o que fazer para ser feliz. Necessita de respostas diferenciadas.

Os preceitos morais nem sempre motivam cumplicidade e comprometimento, porque s�o enfatizados em clima de autodesvaloriza��o. Quase sempre s�o expostos como "regras
gerais" e sob uma �tica coletiva. Indicativas de aperfei�oamento - sem d�vida, necess�rias - ganham conota��o repressora, tais como: "Cuidado com a vaidade!", "Somos
todos personalistas!", "j� falimos muito nos v�cios!", "o orgulho � a nossa doen�a!", "os esp�ritas s�o todos melindrosos!", "sozinhos n�o temos for�a contra as
ilus�es!", "precisamos de muita tarefa para buscar a paz!", "somente no Espiritismo temos todas as respostas!", entre v�rias outras. Por conta desse enfoque, recomenda��es
que deveriam ser prezadas como �teis e valorosas ao crescimento terminam constituindo uma plataforma religiosa exterior calcada na velha did�tica: "o esp�rita pode
isso e n�o pode aquilo", "o esp�rita � isso e n�o o que pensa que �".

Larga soma dos projetos de orienta��o espiritual da atualidade carece de um �tem imprescind�vel: prestigiar a singularidade. Permitir a manifesta��o do imagin�rio
humano e de sua diversidade. Somente a partir de ent�o, estabelecer la�os entre a experi�ncia particular e as bases gerais da doutrina. Que caminho melhor para isso
haver� que interrogar?


Fazer perguntas e n�o ocupar-se em respostas exatas ou certezas imediatistas. Contudo, mesmo quando atingirmos o patamar de aplicarmos uma did�tica rica de alteridade,
alguns questionamentos, essencialmente pessoais, permanecer�o na ac�stica da alma como "pistas" para o processo da individua��o - a celebra��o da individualidade
divina arquivada no inconsciente.

Chega um instante na caminhada do amadurecimento espiritual em que somos convocados ao "chamado particular de ascens�o". Depois de um tempo de esfor�os e disciplina,
nasce o fruto interior do acrisolamento da personalidade excelsa que estamos talhando. Seremos levados a indagar: que queremos da nossa reencarna��o? Estarei manifestando
minha singularidade ou seguindo conven��es e julgamentos? Estou ouvindo meus sentimentos ou adotando preceitos que me foram passados? Qual o meu prop�sito na Obra
da Cria��o? Que miss�o devo desempenhar perante a vida? Quais s�o minhas reais inten��es perante a exist�ncia? O quero realizar para meu processo de eleva��o espiritual?

Quem n�o sabe o que quer n�o toma decis�es afinadas com seu �ntimo.

Conhecer nossas inten��es, ter consci�ncia de sua natureza, � fundamental para nossa paz interior.

Quanto mais consci�ncia de suas reais inten��es, mais a criatura:

* Visualiza seu futuro.
* Sustenta seus ideais.
* Melhora a rela��o consigo.
* Alcan�a o clima da serenidade e dilata sua responsabilidade.
* Sintoniza-se com seu planejamento reencarnat�rio.

� nesse aspecto subjetivo da vida �ntima que reside o "mapa" para o destino. O que desejo realizar? Que aspira��es motivam minha vida? Onde quero chegar? O que espero
alcan�ar em mim?

Confiar em si sem auto-sufici�ncia; amar sua exist�ncia como se �, buscando aprimoramento gradativo; dar-se o direito de escolher e fazer op��es sobre seus planos
de crescimento espiritual; livrar a mente dos chav�es doutrin�rios que n�o correspondem com nossos leg�timos sentimentos; avaliar se os desejos alheios se afinam
com os nossos projetos de aperfei�oamento. Essas s�o algumas indicativas para conhecermos e manifestarmos nossas inten��es, livrando-nos do medo de planejar ideais
particulares que nos fa�am pessoas mais felizes e conscientes de nossas responsabilidades ante as necessidades de nossa ra�a.

Na condi��o de "orientadores" da Doutrina Esp�rita, encarnados e desencarnados, haveremos de nutrir respeito incondicional pela individualidade humana. O bom l�der
� luz da mensagem crist� ser� aquele que melhor promover condi��es, tanto quanto poss�veis, para que o ser humano consiga encontrar sua singularidade e ser feliz.
Em nossa comunidade doutrin�ria, observamos rotineiramente a surpresa de uns e a rejei��o de outros quando algu�m faz escolhas que n�o s�o as que achamos que deveriam
ser feitas, ou ainda quando algu�m tem atitudes que julgamos n�o serem adequadas ao "seu n�vel".

Qual de n�s conhece as inten��es da a��o alheia? Qual de n�s perguntou a quem quer que seja a prefer�ncia de determinada criatura? A ningu�m � vedado o direito de
ter opini�es sobre o outro, entretanto julgar... Julgamos quando encaixamos as pessoas em nossos modelos de perfei��o.

Aqui mesmo, no Hospital Esperan�a, acolhemos muitos cora��es iluminados pelos Espiritismo que ruminam o pensamento em torno da seguinte frase: "fiz o que n�o queria
e deixei de fazer o que precisava". Desconheciam ou deixaram de acreditar em suas inten��es. Muitos desses companheiros se seguissem a "voz interior", poderiam ter
feito melhor proveito de suas reencarna��es. Desencarnam com sentimento de frustra��o sem se darem conta de sua origem.

Prega-se insistentemente o amor ao pr�ximo em nossos meios. Louvado seja! Todavia, a proposta educativa do Cristo inclui o amor a si, o auto-amor. Generaliza-se
uma confus�o entre celebrar a individualidade e o individualismo. O primeiro � o processo da individua��o, a educa��o das potencialidades do self. O segundo � a
conduta egoc�ntrica de destaque e prest�gio. Que os nossos grupos se lancem sem temores ao exerc�cio da atitude de amor a si mesmo. Estamos no tempo dos sentimentos,
das descobertas da alma.

De onde vim? Para onde vou? Que fa�o na Terra? Que quero da vida? Que os centros esp�ritas tomem como meta neste s�culo dos sentimentos o compromisso de auxiliar
os seres humanos a investigarem suas reais propostas existenciais ajudando-os a viver em paz. Ainda mesmo, e principalmente, se os seus destinos forem alhures �s
nossas expectativas.

Para conhecer bem esse reinado das inten��es, fa�amos um mergulho interior e meditemos sem receios ou julgamentos nas quest�es que formulamos acima.

Quando Jesus pronunciou o "n�o julgueis" � porque nenhum de n�s pode, em s�o ju�zo, medir a inten��o alheia. Muitas vezes os atos e sentimentos que manifestamos
n�o se encontram em sintonia com as inten��es. Nasce ent�o o conflito, a frustra��o �ntima em rela��o ao que estamos realizando e como nos expressamos para o mundo.

As inten��es nobres sustentam os mais leg�timos sentimentos de progresso e eleva��o, embora, permitamos, freq�entemente, que os vil�es emocionais da culpa e do medo
nos afastem de seguir as "inspira��es instintivas" a ecoar no imo de nosso ser, chamando-nos para o destino glorioso e singular.

Nossas coloca��es, certamente, podem lhes causar inseguran�a. � natural! Fomos treinados para temer ou negar o que sentimos, no entanto, n�o haver� paz na alma que
n�o se lan�ar a essa tarefa educativa de percorrer a "solid�o necess�ria" e responder a si: Quem sou? O que quero?

� razo�vel, perante nossas abordagens, pensar no torpor causado pelas ilus�es quando se assevera ser necess�rio seguir as inten��es. Durante longo tempo, estamos
equivocados nesse setor... O Guia Espiritual L�zaro diz: "o aguilh�o da consci�ncia, guardi�o da probidade interior, o adverte e sustenta; mas, muitas vezes, mostra-se
impotente diante dos sofismas da paix�o." (O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo XVII - �tem 7)

Se as ilus�es s�o apelos vivos na vida mental da esmagadora maioria da humanidade, por outro lado, muitos de n�s j� estamos convidados a trilhar os caminhos novos
da autonomia, mas por receio de seguir sentimentos que falam de um outro caminho, o caminho singular, negamos os apelos da alma e paramos a ouvir os cr�ticos externos
e internos ou os preceitos liter�rios de natureza religiosa.

A tarefa dos aut�nticos educadores espirituais reside em devolver ao homem sua pr�pria consci�ncia. Somente abdicando do que acreditamos ser o melhor para o outro
atrav�s das vias da empatia, poderemos cumprir com essa miss�o. A grande meta de todos os servidores do bem deve ser libertar consci�ncias do jugo das ilus�es. A
dificuldade consiste em saber o que � ou n�o ilus�o para o outro, sendo que nem mesmos n�s, em certas situa��es, sabemos aquilatar com precisa seguran�a a diferen�a
entre realidade pessoal e distor��o da auto-imagem.

Os integrantes do c�rculo terap�utico estavam extasiados em ouvir a palavra inspirada de Calderaro. Via-se um sorriso de contentamento apaixonante nos l�bios de
Dona Modesta. Parecendo fazer uma leitura da alma dos presentes, indagou o servidor:

- Naturalmente, ante essa abordagem, surge a quest�o: como reencontrar nossa consci�ncia:?

A resposta vem breve: aprendendo a linguagem do cora��o. Escutando os sentimentos perceberemos a natureza de nossa inten��o perante a vida, pois � no espelho do
cora��o que a consci�ncia projeta a luz de nossas mais rec�nditas aspira��es evolutivas.

Acumulai tesouros no c�u, onde nem a ferrugem, nem os vermes os comem; - porquanto, onde est� o vosso tesouro a� est� tamb�m o vosso cora��o. (O Evangelho Segundo
o Espiritismo - cap�tulo XXV - �tem 6)

O tesouro da alma � a inten��o. Onde ela se situa a� est� o cora��o, ou seja, nossos sentimentos.

� um tesouro porque a freq��ncia das inten��es constituem a mais leg�tima identidade do Esp�rito qualificando sua real condi��o perante a ordem universal.

Qual ser� a condi��o de quem toma contato com nossas reflex�es? Ilus�o ou convite para a autonomia? Eis mais uma �tima reflex�o a ser feita na busca das leg�timas
inten��es em favor da integra��o com nosso destino particular e sagrado planejado por Deus na Sua Bendita Casa.

Jesus, o ser que sintoniza com a Inten��o do Pai, o mais puro exemplo de amor que j� passou pela Terra, teve seu julgamento com base nos seus atos e n�o em suas
inten��es.

A pedido de Dona Maria Cravo fizemos essa introdu��o para pensarmos juntos sobre o tema de minha especialidade e interesse, a obsess�o. J� que se preparam para incurs�es
futuras nesse terreno da experi�ncia humana entre os esp�ritas, guardem esse ensino precioso do Mestre.

SE tendes amor, tereis colocado o vosso tesouro l� onde os vermes e a ferrugem n�o o podem atacar e vereis apagar-se da vossa alma tudo o que seja capaz de lhe conspurcar
a pureza; (O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap�tulo VIII - �tem 19)

As Leis Naturais se cumprem na vida de cada um de n�s conforme a natureza das inten��es que acalentamos. A inten��o � o term�metro de nosso ato evolutivo determinando
a "freq��ncia b�sica" de nossa atividade mental, pela qual seremos identificados na teia c�smica da vida.

Inten��es nobres convergem todas as "partes" da mente para uma inteireza, facilitando a a��o do self, pacificando o cora��o. Devido � sua freq��ncia, a criatura
cria uma coura�a defensiva contra a maldade ou atrai para si os reflexos dos prop�sitos infelizes. A freq��ncia � o fio de aglutina��o dos fragmentos da mente, integrando-os
para a harmonia ou a derrocada, conforme nossa busca na Obra da Cria��o.

Portanto, a freq��ncia de nossos objetivos rec�nditos � o canal de sintonia que nos liga com a vida.

No cap�tulo das obsess�es e dos relacionamentos interdimensionais ser� imperioso considerar a influ�ncia determinante das inten��es na solu��o ou agravamento das
constri��es mentais dominadoras.

Ningu�m se atola nos p�ntanos da coa��o e do transtorno mental sem que a porta de seus prop�sitos �ntimos esteja aberta em lament�vel indisciplina. Igualmente, ningu�m
recolhe o pensamento de S�bios Guias sem qualidades interiores que retratem suas inten��es elevadas.

Entre os seres pensantes h� liga��o que ainda n�o conheceis. O magnetismo � o piloto desta ci�ncia, que mais tarde compreendereis melhor. (O Livro dos Esp�ritos
- quest�o 388)

Bilh�es de cora��es na Terra, aqui incluindo n�s todos que peregrinamos sob a �gide do Espiritismo, se avaliados � luz dos princ�pios da mensagem do Cristo somente
pelos seus atos e palavras - aspectos mais salientes de identifica��o da personalidade humana , certamente receber�o um ju�zo arrolado com base nos padr�es convencionais
do que � certo e errado na vida de rela��es. Esse ju�zo, como n�o poderia ser diferente, ser� exarado com base naquilo que se conhece da pessoa. Quase sempre, algo
distante do que ela � por dentro.

In�meros homens e mulheres em suas reencarna��es est�o enquadrados em grupos ou experi�ncias cumprindo tarefas particulares, conforme suas necessidades pessoais,
e nutrindo as mais puras inten��es de melhora e reeduca��o. Muitos deles encontram-se desajustados e infelizes, mas persistentes em suas aspira��es de supera��o
e enriquecimento moral. Para os ju�zes da Vida Maior, cumprem miss�es particulares e cooperam com a obra paciente de progresso da humanidade, cada qual a seu modo.

Uma das habilidades da alfabetiza��o emocional em que todos necessitamos nos matricular � a empatia. Ela nos ensina a compreender pessoas e n�o somente suas atitudes.

A partir dessa reflex�o, � imperioso entender que as obsess�es n�o se estabelecem com base em r�tulos exteriores que consignam determinado comportamento como sin�nimo
de desequil�brio. Listemos alguns exemplos que s�o sempre destacados: as op��es sexuais, o apego material, os v�cios de variada ordem, a atividade dos pol�ticos,
os h�bitos sociais, o exotismo de certas condutas.

Nos nossos celeiros de amor da doutrina encontramos severas reprimendas a semelhantes posturas. A diversidade � ainda recriminada em nossos ambientes. Pautamo-nos
ainda por crit�rios do mundo estabelecendo o que � certo e errado, caindo em exames arrogantes, recheados de certezas e inflexibilidade, insuflando a intoler�ncia
e a rigidez que destroem as mais caras amizades e planos de trabalho sob os bafores da intransig�ncia velada.

A tarja de obsidiado tem sido utilizada para quantos decidem por caminhos diferentes. Sentenciamos sem conhecer-lhes as inten��es. Estamos sempre �ptos em nossa
an�lise a dizer o que o outro precisa e deve fazer, esquecendo-nos do princ�pio b�sico do respeito � individualidade.

� incr�vel! Falo aqui de mim pr�prio; como apegamo-nos com facilidade aos conceitos que acreditamos serem a mais pura manifesta��o da verdade sobre o que o outro
�! Por mais ajuizado seja o nosso parecer sobre o pr�ximo, esse apego escandaloso � a mais vil express�o de nossa arrog�ncia. Perdoem-me a clareza de minha fala,
mas a dirijo principalmente a mim mesmo - expressou o instrutor na mais espont�nea simplicidade.

Necess�rio dizer que muitos companheiros de ideal - n�o todos evidentemente -, que receberam o veredicto de serem almas em queda e obsidiados contumazes s�o desbravadores
obstinados de novas formas de caminhar, corajosos desafiantes que honram em si mesmos a diversidade. Diversidade essa que ainda n�o aprendemos a respeitar. Peregrinam
por outras sendas de aprendizado nas quais, possivelmente, a maioria n�o teria siso para trilhar. Garantem-se com suas inten��es. Sobre alguns deles, inclusive,
assentam-se os mais elevados interesses do Plano Maior.

N�o existe ningu�m nos c�rculos de aprendizado da Terra, em ambas as esferas de vida, que esteja livre das associa��es mentais constritoras ou como diz o senhor
Allan Kardec: "(...) o dom�nio de alguns Esp�ritos logram adquirir sobre certas pessoas". (O Livro dos M�diuns - cap�tulo XXIII - �tem 237) Observemos a fala "logram
adquirir", mas gra�as � qualidade superior das aspira��es nem sempre adquirem. Imposs�vel para n�s livrarmo-nos completamente das interfer�ncias, contudo, mant�-las
e consolid�-las vai depender das inten��es. S� existe dom�nio quando cedemos ou desistimos de continuar lutando pelas nossas aspira��es mais profundas. Eis o conceito
pr�tico de obsess�o.

Por isso dissemos que a inten��o sustenta nossos mais nobres ideais. N�o existe obsessor ou t�cnica capaz de destruir as inten��es, a n�o ser nossa escolha pessoal.
Elas s�o como uma armadura da alma. Somente atrav�s dela nos protegemos da ades�o permanente a situa��es, condutas e rela��es. A Lei de Sintonia � o alicerce desse
processo que interrompe ou consolida nossos elos. Se tendes amor, tereis colocado o vosso tesouro l� onde os vermes e a ferrugem n�o o podem atacar e vereis apagar-se
da vossa alma tudo o que seja capaz de lhe conspurcar a pureza. (O Evangelho Segundo o espiritismo - cap�tulo VIII - �tem 19)

Por conta desse "sentimento oculto" - a inten��o - t�o cedo n�o entenderemos a contento a Justi�a Divina, que se guia por express�es ignoradas como se observa nas
seguintes frases:

� sempre do mesmo grau a culpabilidade em todos os casos de assass�nio? J� o temos dito: Deus � justo, julga mais pela inten��o do que pelo fato. (O Livro dos Esp�ritos
- quest�o 747)

A inten��o lhe atenua a falta; entretanto, nem por isso deixa de haver falta.( O Livro dos Esp�ritos - quest�o 949)

N�o h� culpabilidade, em n�o havendo inten��o, ou consci�ncia perfeita da pr�tica do mal. (O Livro dos Esp�ritos - quest�o 954)

A inten��o � o plugue mental de liga��o com o manancial infinito da Miseric�rdia Paternal. Por ela atra�mos para n�s todos os recursos defensivos e multiplicadores
da nossa for�a interior. Talvez por essa raz�o o S�bio Nazareno tenha afirmado:

Bem-aventurados os limpos de cora��o, porque eles ver�o a Deus. (Mateus, 5:8)

A pureza � a freq��ncia mental da liberdade e a identifica��o dos homens felizes, que jamais est�o sozinhos, mas guardam a sublime capacidade de escolherem, essencialmente,
conforme suas prefer�ncias, os caminhos da exist�ncia.

Judas com inten��es amorosas sucumbiu sobre os a�oites do poder e traiu. Pedro com fi�is inten��es descuidou da vig�lia e negou. A mulher ad�ltera que recebera o
apodo da multid�o foi amparada por Jesus, que sabia da nobreza de suas inten��es perante a vida. Saulo, o perseguidor implac�vel, trazia na alma inten��es louv�veis
com o bem e Jesus descerrou-lhe os olhos das escamas da ilus�o. Nicodemos possu�a aspira��es de valor mesmo constrangido pelo preconceito. Tiago, por amor � Casa
do Caminho, consorciou-se ao Juda�smo, permitindo concess�es doutrin�rias.

Perdoem-me ser t�o breve em minha fala. Dona Modesta j� explicou os motivos. Estarei em tarefa socorrista daqui a alguns minutos. Sem delongas, desejo �xito no futuro
de voc�s. Que este "grupo de reencontro" alcance sua leg�tima aspira��o no encalso de suas mais nobres inten��es.

Paz aos seus cora��es.











EP�LOGO


O QUE BUSCAMOS NA VIDA?


"Pedi e se vos dar�; buscai e achareis; batei � porta e se vos abrir�; porquanto, quem pede recebe e quem procura acha e, �quele que bate � porta, abrir-se-�." (S.
Mateus, cap VII, v. 7)

O Evangelho segundo o Espiritismo - cap�tulo XXV - item 1


Encerrada sua fala, Calderaro despediu de todos com fraternal abra�o. Em seguida, dona Modesta franqueou a palavra com a seguinte indaga��o: quais foram seus sentimentos
ante a fala de Calderaro?

Havia um sil�ncio generalizado. A palestra conduzira a um mundo de profundas reflex�es. Vinte minutos explanados, deixara reflex�es para d�cadas. Dona Modesta, percebendo
o estado mental dos participantes, aguardou paciente at� quando An�sia se pronunciou:

- Como conceituar a inten��o?

Assumindo a condu��o das id�ias, a supervisora passou a ler em uma lauda, rascunhada � m�o pelo pr�prio Calderaro, que fornecera extenso material did�tico ao grupo.

- O conceito aqui exarado por Calderaro � bastante amplo. Diz ele: � a for�a da atra��o que emana da alma capaz de aglutinar, ordenar e equilibrar todos os seus
potenciais e experi�ncias. Essa for�a cria o campo de gravidade que organiza e sustenta o mundo mental. Podemos cham�-la de "eixo de alinhamento da vida mental",
porque ela se estende da alma at� o inconsciente, passando pela sombra, pelo ego e pela consci�ncia, sendo o "potencial ordenador da sa�de �ntima". Imaginemos a
mente como v�rios c�rculos conc�ntricos e a inten��o como sendo um tra�o perpassando todos os c�rculos. A inten��o � a manifesta��o inconsciente da alma na busca
de seus compromissos e necessidades de crescimento. Todos trazemos essa "energia instintiva de melhora". Ela � a divina reguladora da paz consciencial. O bem � a
Inten��o do Criador na Obra da Cria��o. Todas as criaturas trazem em lat�ncia os germes dessa Inten��o Absoluta e Irrevog�vel. O amor � a manifesta��o afetiva que
repousa sobre as inten��es mais puras. Inten��o � algo entre a criatura e o Criador.

- Dona Modesta - remendou An�sia - diante desse conceito, temos uma inten��o ou v�rias inten��es?

- Temos a inten��o referida no conceito de Calderaro que � a organizadora da vida mental do Esp�rito. Essa "inten��o-base" � tecida nos suscessivos roteiros reencarnat�rios
da alma na medida que consegue expressar em suas realiza��es e atitudes os apelos profundos do "ser perfeito", que se encontra latente em cada um de n�s. Dessa "inten��o
-matriz" s�o gerados os desejos, depois os interesses e por fim as inclina��es. A essas vari�veis da vida moral costumamos chamar inten��es perif�ricas. Inten��o
� diferente de desejo. A inten��o b�sica � aquela que norteia as aspira��es e escolhas do homem em dire��o a Deus. Os desejos s�o metamorfoses dessa inten��o-matriz
que se fermentam sob a��o dos reflexos no automatismo da vida mental. A inten��o tem a vontade como alavanca de suas express�es, enquanto o desejo � o palco onde
se apresentam as emo��es e a motiva��o - elementos componentes da tessitura do sentimento. Vontade � a manifesta��o inteligente da inten��o. Desejo � o reflexo instintivo
da inten��o.

- Tecida em v�rias reencarna��es?! Achava que inten��o era fruto de uma escolha ou algo mais corriqueiro.

- N�o An�sia. A inten��o � uma conquista sublime do Esp�rito depois da aquisi��o da raz�o. Podemos falar em mais de quarenta mil anos - em nosso caso - para sua
forma��o. N�o podemos confundi-la com interesse. A inten��o � o que buscamos na vida. O interesse � o que desejamos. A primeira vem da alma, o segundo do ego. Um
� divino, um processo afinado com o self. O outro � transit�rio, conforme a natureza das viv�ncias.

O grupo absorvia contrito o di�logo. Quando surgiu ocasi�o, indagou um dirigente paulista:

- Dona Modesta, como saber qual a nossa inten��o ou ainda as nossas inten��es?

- Quando soubermos responder a essas perguntas: O que quero da vida? Que buscamos ante a oportunidade concedida de renascer no corpo? Qual o "plano de Deus" para
meu caminho? Qual minha miss�o na colm�ia c�smica? Que desejo de minha exist�ncia? Quanto mais consci�ncia de nossas necessidades e valores, mais clareza possu�mos
diante de nossa inten��o b�sica, aquela que norteia a "rota evolutiva do Ser". Compreendamos que essa consci�ncia de si n�o � uma no��o racional, mas sentida. Muita
diferen�a existe entre dizer "sei que preciso" e "sinto que preciso". Quando sentimos o que precisamos no de carreiro do crescimento espiritual, estamos criando
uma sintonia com as aspira��es subjetivas da alma. Em verdade, a maioria de n�s passa a encarna��o sem conhecer sua real inten��o estrutural. Quase sempre, se gasta
a metade da vida corporal para come�ar a investig�-la e a outra metade para entend�-la. Raz�o pela qual, muitos s� a sentir�o, de fato, depois da morte. Pouqu�ssimos
s�o os que conseguem identific�-la ao longo do trajeto na carne.

De s�bito, ouviu-se um choro discreto seguido de solu�os angustiantes. Todos olharam para a mesma dire��o. A mesma An�sia, que formulara as perguntas anteriores,
trazia as m�os tampando o rosto em pranto sofrido. Dona Modesta, preparada para essa eventualidade, levantou-se com len�os � m�o, assentou-se ao lado de An�sia,
e ofereceu-lhe a destra pedindo a todos um instante para sua recomposi��o. Todos permaneceram em sil�ncio procurando sentir o ensejo. An�sia despejava extensa energia
de ang�stia reprimida. Um pouco refeita, a supervisora estimulou-a a desabafar.

- Perdoem-me pelo descontrole, amigos queridos! A fala de Calderaro conduziu-me a muitas lembran�as da rec�m-finda encarna��o. Sabe, Dona Modesta, fui uma mulher
obediente... Talvez servil - falava engasgando as palavras e de olhar cabisbaixo. Lar e profiss�o, vizinhan�a e amigos de doutrina, sempre segui ordens, ouvi opini�es,
e... - quase desistindo de falar foi incentivada pela benfeitora a continuar - creio que nunca expressei o que queria realmente!

- Continue, An�sia. Tenha for�a para falar, aproveite a ocasi�o apropriada.

- Sinto-me agora como se tivesse passado a vida... Passado a vida... Sem vontade pr�pria! Adorei tudo que fiz. N�o se trata de arrependimento. Filhos, marido, companheiros
e tarefas foram b�n��os na minha vida - come�ou a pronunciar-se com mais tranq�ilidade. Tenho por�m, a sensa��o que a vida passou por mim e n�o eu por ela! Esse
� o meu mais puro sentimento diante dessas coloca��es que acabei de ouvir. � como se n�o tivesse sido eu mesma, entenderam? Dirigiu-se a todo o grupo. Uma vazio...
Ser� que passei a exist�ncia sem seguir minhas reais inten��es? Ser� que deveria ter me imposto mais ante os compromissos e aceitado menos as opini�es e id�ias?
N�o me culpo por nada do que fiz, entretanto, essa palestra trouxe para minha vida consciente a sensa��o de que deixei de fazer quanto desejava... Por�m, o tempo
se foi e ficou a sensa��o... Podemos ter nossas inten��es prejudicadas pelas opini�es alheias? O que est� acontecendo comigo, Dona Modesta?

- An�sia, fa�o o registro de um sentimento pulsante em sua alma neste instante. Manifeste-o sem pensar.

An�sia parou por um instante, suspirou e falou sem pensar:

- Ah! Sabem o que eu queria mesmo neste instante? Estar no corpo de novo. Um corpo belo, saud�vel e recome�ar tudo.

- Fale mais; por exemplo: com quais pessoas regressaria? O que faria no recome�o?

- Posso ser sincera?

- Fale r�pido antes que perca o "fio"...

- Eu queria mesmo � voltar sozinha e fazer muitas, muitas coisas maravilhosas para mim e para outras pessoas. Acreditar mais em mim, nos meus valores. Viver uma
experi�ncia em que pudesse cuidar e ter responsabilidades graves somente comigo mesma. �s vezes tinha muita raiva dos amigos esp�ritas que s� enxergam defeitos,
defeitos e defeitos. Se algu�m possu�a algo bom n�o podia manifestar.
Era vaidade! Personalismo! Quer saber de uma coisa?

- Fale An�sia! N�o me�a palavras.

- Devia ter dado menos aten��o a muitas opini�es dos esp�ritas e seguido mais o meu cora��o. Creio que tinha muito mais bondade no cora��o que nas palavras de muitos
companheiros de ideal. Desculpe a franqueza. N�o desejo ofender ningu�m, apenas acreditar no que sinto. Longe de mim a id�ia de fazer imagem de algu�m superior.

- N�o pe�a desculpas, An�sia. Tire essa palavra da boca e fale mais. Sou sua testemunha sobre sua sinceridade. � assim que se operam as finalidades desta tarefa.
Prossiga!


- A sensa��o que tenho mesmo pensando nesta explos�o de id�ias � que era mais esp�rita que eu mesmo imaginava, mas n�o prezei, n�o valorizei e deixei que os outros
dessem o valor de seus julgamentos as minhas atitudes e decis�es. Tenho uma enorme raiva disso, Dona Modesta. Que raiva que me vai � alma quando lembro de coisas!...

- Ponha para fora agora, minha filha. � uma ordem! Falava com firmeza a supervisora no intuito de encorajar.

- Por entre solu�os agonizantes e palavras engasgadas, An�sia colocava um peso para fora. Era um tratamento necess�rio, inadi�vel e Dona Modesta sabia disso.

- Tive medo de acreditar em mim. Por isso, sim, me arrependo amargamente. Deixei que o julgamento alheio me invadisse a convic��o e obstru�sse a capacidade de formar
meu autoconceito. Como detesto a id�ia da obsess�o! A vida inteira ouvia dizer sobre obsessores, obsessores... Morri e onde est�o eles? N�o os tinha? Ou venci a
obsess�o? No fundo quer saber? Acho que nunca tive obsess�o, eu fui a obsessora!

- Isso! �timo, An�sia! - entusiasmava-se Dona Modesta como se algo especial acabasse de ocorrer na tarefa em curso.

- Ou quem sabe os irm�os com essas id�ias ca�ticas � que foram meus verdadeiros obsessores?... Gostava das tarefas. Confesso, por�m, n�o era feliz. Ser� que podia
ser feliz? Ser� que merecia? Onde as respostas? - Recomposta das l�grimas, An�sia agora dava sinal de extrema lucidez. S� sei que no fundo algo me diz: voc� ainda
pode ser feliz. Voc� merece ser feliz. N�o sei o que vou ouvir da senhora quando acabar essa crise passageira de loucura, contudo, n�o vou deixar ningu�m me tirar
essa convic��o. � como se aguardasse h� muito tempo dentro de mim, esperando que eu tomasse posse do meu querer. Tenho extrema �nsia de ouvir o que sinto. E o que
sinto � nobre, verdadeiro, particular. Quero conhecer lugares, ajudar pessoas, cuidar de mim, ouvir opini�es, mas n�o segui-las se assim me convier. Construir minha
autonomia sem arrog�ncia. Ter paz na alma. Quero viver o Espiritismo conforme minhas necessidades e virtudes particulares. Quero ter liberdade para usar em favor
do bem. Quero ter autonomia para gozar do direito de escolher, sem querer ser a melhor ou me escravizar a padr�es que n�o atendem mais minhas necessidades de crescimento.
Eu sei que mere�o. Quero tomar conta do meu querer. Ser gerente de minhas inten��es e nelas acreditar. Minha inten��o � o meu tesouro que desprezei... dona Modesta
- indagou An�sia com um lindo sorriso nos l�bios e de semblante mais leve aproveitando, que parece que enlouqueci de vez, queria saber: tem f�rias no mundo espiritual?

- Sim, elas existem! Existem para as pessoas que aprendem a se amar e ao seu pr�ximo. Existem f�rias de si mesmo e das loucuras que os outros acham que devemos ser.
Uma experi�ncia maravilhosa.

- Ent�o eu quero uma, e bem longa de prefer�ncia! - Todos deram espont�neas gargalhadas.

- Voc� ter� uma, s� que definitiva. As f�rias da conquista de si mesma. Um pr�mio para almas que aprenderam a ser obedientes e pacientes aos des�gnios da vida e
alcan�aram no �trio sagrado da alma a capacidade de escolher seus caminhos novos em busca de outras li��es, mantendo-se moralmente eretas, embora ningu�m acredite
que possam. Mantendo-se firmes, conquanto com outros obst�culos a transpor na caminhada, que n�o aqueles que as pessoas acreditam ser os seus.

- Desculpem-me todos pelas besteiras que acabei de falar! Perdoem-me por ser t�o ego�sta.

- Isso n�o � ego�smo, An�sia. Vindo de almas que se deram tanto ao bem como voc�, esse sentimento chama-se desejo de se amar, auto-amor, valor pessoal. Deus est�
devolvendo a voc� o direito de senti-lO em si ou atrav�s de si mesma. Essa � a Lei. Quando sentimos Deus apenas no outro, esse outro se vai e ficamos n�s conosco
mesmo. Deus muita vez "Se Aparta", porque n�o o trazemos em nossos sentimentos. Amando-se, estamos em conex�o cont�nua com o Pai, tanto quanto Ele sempre est� conosco.
A obra de amor que oferecemos ao pr�ximo tem que pertencer igualmente a n�s.

- Auto-amor?!

- Sim, minha filha! Conhecer nossa inten��o-b�sica, travar contanto com as aspira��es dela emanadas e saber construir nossa autonomia em atitudes sadias e altru�stas
constituem o maior ato de amor a si pr�prio que a alma pode expressar.

- S� que sinto que deixei de amar tanto quanto devia.

- Tanto quanto devia n�o. Tanto quanto merecia!

- Por isso essa sensa��o de vazio?

- Exatamente.

- Segui demais as opini�es alheias?

- Digamos, minha filha, usando uma express�o bem humana, que voc� "pegou carona" nos conceitos alheios e abdicou-se de gestar suas pr�prias convic��es, abriu m�o
de construir seus pr�prios significados. Viveu o Espiritismo pelas vias informativas e preteriu - sem o querer - os sentidos oriundos da individualidade excelsa
atrav�s das vias inspirativas. Voc�, como muitos esp�ritas, teve medo de formular conceitos pessoais adequados �s suas necessidades espec�ficas.

- Dona Modesta! Conceitos pessoais?! Isso n�o ser� o famoso "achismo"?

- Sem d�vida! � isso mesmo. Com uma fundamental diferen�a.

- Qual?

- Esse "achismo" dos esp�ritas generalizou-se como sendo sin�nimo de atitude contraproducente. Em quaisquer situa��es, a a��o de emitir parecer ou teorizar � luz
do Espiritismo. Entretanto, a beleza dos conceitos esp�ritas ganha luz e encanto a partir da matura��o de seus princ�pios em cada um de n�s. Quando a experi�ncia
fundamentada nos conceitos de imortalidade e ascens�o transforma-se em caminhos criativos na intimidade, nascem os rumos da diversidade humana, os caminhos inexplorados.
Todavia, por faltar a ousadia de investigar, a coragem da convic��o acrisolada no tempo - postura adotada com excel�ncia pelo codificador -, perdemos a oportunidade
de aprender e de nos expressar.

- Dona Modesta! Se fosse a senhora, falaria bem baixinho para que os confrades reencarnados nunca ou�am essas "heresias" - expressou An�sia gracejando de sua pr�pria
coloca��o.

- An�sia! An�sia! Esteja certa de que t�o logo me seja poss�vel, escreverei a nossos irm�os falando �s claras sobre esse assunto.

- Jesus! J� n�o chegam os personalismos do movimento!... Se incentivarmos as opini�es pessoais...

- Minha filha, n�o esquecerei de dizer tamb�m que, antecedendo convic��es �ntimas e os caminhos criativos, devemos ter o endosso da maturidade, do equil�brio, do
esfor�o de realiza��o no bem, isto �, opini�es pessoais centradas em viv�ncia. O que n�o podemos � furtar a capacidade realizadora de n�s mesmos e a ocasi�o de ampliar
o bem atrav�s de nossas pr�prias iniciativas. Farei isso para que in�meros disc�pulos prontos para decidir sobre seus destinos n�o carreguem para c� a frustra��o
que toma conta do seu cora��o neste instante, compreende An�sia?

- Sim,Dona Modesta! A senhora tem raz�o! No meu caso, se avisada a tempo sobre tais id�ias, certamente encontraria mais coragem para enfrentar a minha acomoda��o
e desenvolver minha " estrada pessoal" de ascens�o.

- Ouvir mais a consci�ncia, o cora��o, os instintos. Ser seletiva em rela��o �s cr�ticas alheias.

- Eis uma d�vida! E quanto aos julgamentos alheios das pessoas com as quais convivi; prejudicaram-me?

- As pessoas de seu caminho foram excelentes condutores de sua vida. Acontece que poucos de n�s estamos maduros o bastante para respeitar o livre caminhar uns dos
outros. Via de regra, queremos tornar o outro em "o mesmo", ou seja, anular a diferen�a para que seja igual a n�s. Assim como, tamb�m, nem sempre sabemos zelar pelas
nossas escolhas e n�o nos permitir ser desrespeitados e ter nossos limites invadidos. A conviv�ncia � a escola bendita de almas da qual nenhum de n�s pode se afastar
totalmente. Todavia, existem alguns pontos na vida de rela��es que se tornam essenciais para torn�-la educativa espiritualmente: a preserva��o dos limites, o est�mulo
� autonomia e a celebra��o da diversidade. Somente o di�logo, enquanto instrumento de manifesta��o das inten��es, pode ajustar os relacionamentos para o cumprimento
dessas caracter�sticas. Especialmente o di�logo no qual manifestamos o que sentimos sem receio de rejei��o.

- Ah, Dona Modesta! Se existe algo que n�o fiz durante a minha reencarna��o foi isso. Resguardar meus sentimentos, falar deles sem medo do que ouviria. Acovardei
diante do que pretendia, pois teria que fazer escolhas dif�ceis.

- Voc� n�o imagina quantos s�o os que passam a vida adiando escolhas por medo.
- Tinha medo de estar sendo ego�sta.

- Suas inten��es eram m�s?

- Creio que n�o. Como posso saber? Tinha receio de estar iludida, obsedada... Os tais chav�es dos esp�ritas... Sabe como �?! Acho que nunca fui preparada para ser
eu mesma, externar meus pontos de vista sem desejar que fossem verdades para todos... Desafiar os padr�es... E, apesar disso, continuar convivendo pacificamente
com todos os companheiros e todas as id�ias.

- N�o existem escolhas sem riscos. Principalmente aquelas que dizem respeito � nossa paz.

- Como gostaria de ter algu�m para dizer o que fazer!

- E perder seus m�ritos?!

- Pelo menos n�o teria esse vazio por dentro.

- Mas poderia ter falhado em outras �reas...

- Para quem se ama, a falha � nota aferidora para um recome�o melhor. Deixar de tentar � falha maior que buscar a experi�ncia.

- E para quem n�o tenta...

- N�o h� nota! O maior fracasso da vida n�o � escolher errado. � passar a vida sem existir. Quem se ama tem a si mesmo. Percebeu-se como Filho e Co-criador universal.
Por essa raz�o, sente-se em plenitude.

- Ante tudo isso, invadia-me um medo de que poderia gostar demais de mim e esquecer o mundo. Mais a mais, houve vezes em que desejei dar um "basta", largar tudo
e parar. No entanto, n�o sabia para qu�. Ent�o terminava desistindo e tudo ficava do mesmo modo.

- Essa a diferen�a entre quem sabe o que busca da vida, qual � sua real inten��o, ou seja, a pessoa sabe o que quer e como fazer para alcan�ar.

- Tinha medo do que aconteceria se decidisse pelo que queria. N�o sei se sustentaria minha escolha.

- Diz o Doutor Carl Gustav Jung: "As pessoas, quando educadas para enxergarem claramente o lado sombrio de sua pr�pria natureza, aprendem ao mesmo tempo a compreender
e amar seus semelhantes." (The Collected Works of CG Jung - Volume VII, par. 28).

- Por que temos essa sensa��o de ego�smo na atitude de amar-se?

- Porque j� pensamos excessivamente em n�s de maneira inconveniente. "Auto-amar-se" � pensar em n�s da forma que conv�m ao bem.

- Que frustra��o a minha!

- � muito interessante! - Exclamou a benfeitora como se vagueasse a mente por insond�veis recorda��es.

- ?! - An�sia e os demais participantes ficaram sem entender a fala de Dona Modesta.

- Tamb�m tive minhas frustra��es! - Completou Dona Modesta como quem traria um ensino profundo a todos os presentes. Frustra��es opostas �s suas, minha filha.

- Opostas?! - Indagou An�sia.

- Voc� se diz frustrada por omitir sentimentos. De minha parte, frustrei por acreditar em demasia no que sentia.

- Ser� poss�vel?!

- Por conta disso fui corajosa, determinada, convicta, mas acabei, em diversas ocasi�es, nos bra�os da arrog�ncia. H�
H� quem deteste meu nome at� hoje em Uberaba, qui�� em outras plagas...

- N�o acredito, Dona Modesta!

- Pode acreditar! Tenho meus tra�os de imperfei��o e n�o s�o poucos... Certos sonhos e desafios custaram-me perdas afetivas lament�veis que at� hoje ainda n�o conclu�
se valeram a pena. Fui rica de afetos e milion�ria de desafetos nas duas esferas de vida por conta desses excessos.

- Mas ser cordata e medrosa como fui tamb�m n�o � o ideal. Possivelmente se manifestasse o que desejava, perderia a maioria dos la�os que me paparicavam - expressou
An�sia.

- Voc� tem valores que ainda n�o possuo, minha filha. Foi vitoriosa porque optou pelas concess�es. � a ren�ncia total. Algo que ainda n�o aprendi suficientemente.

- No entanto, do que me valeu, Dona Modesta? Veja o que acabei de expor aqui no grupo. Quer saber? Sinto-me em frangalhos por n�o ter sido quem sou e n�o ter defendido
minhas reais inten��es!

- A vida � feita de escolhas. Nem a omiss�o, nem as muitas certezas s�o bons caminhos para a paz nas rela��es e consigo pr�prio. Quando imaturos na doutrina, costumamos
colocar projetos acima da bondade uns com os outros. Para preservar programas de trabalho e convic��es conceituais, passamos por cima das rela��es de amor. Se pudesse,
eu voltaria no tempo e refaria muitas decis�es...

- Por minha vez, se pudesse, voltaria no tempo e pensaria mais em mim.

- A conviv�ncia tem um ponto delicado. Aqueles que mais convivem conosco cometem, quase sempre, um grave equ�voco. Sup�em conhecer com exatid�o a natureza de nossas
inten��es. Para nosso est�gio evolutivo � quase imposs�vel conviver sem julgar, e julgar significa interpretar inten��es atrav�s das atitudes. Nesse terreno falhamos
consideravelmente, para n�o dizer completamente. O nome dessas atitude � �bvia no dicion�rio moral, conquanto tenhamos imensa resist�ncia em aceit�-la no cora��o.

- Que atitude � essa?

- Arrog�ncia, a supervaloriza��o de si mesmo.

- A senhora tem raz�o! Nunca senti esse tema como agora. Temos que ser muito arrogantes para querer saber mais do outro que de n�s mesmos!

- Em rela��o ao mundo �ntimo alheio, podemos especular e analisar, sempre no intuito da compaix�o e da solidariedade. Tudo, por�m, s� tem valor real quando � vi�vel
o di�logo honesto e desapaixonado de interesses pessoais para que o conhecimento m�tuo flua na rela��o, consolidando elos de verdadeira confian�a e consist�ncia
afetiva. Al�m disso, penetrar no terreno sagrado do cora��o alheio exige a extrema habilidade da ternura. A conviv�ncia crist� deve ser honesta, por�m, n�o cruel.
Quem queira destruir ilus�es de outrem a golpes de sinceridade m�rbida, certamente semear� a disc�rdia. Quando o amor ilumina nosso verbo, a escurid�o da arrog�ncia
dilui-se ante os raios da bondade e da humildade. Quanto mais autoridade consciencial guarda o Espirito, mais am�vel e cordato, despretencioso e cooperativo � a
sua express�o, ainda que, em ocasi�es de necessidade, tenha que usar da energia e da determina��o.

- Fico a pensar como deveria ter falado mais de mim! O que sentia, o que desejava! Permiti que interpretassem minhas inten��es e, incr�vel... Eu mesma acreditei
no que interpretaram!

- Quando definimos a inten��o de algu�m, julgamos. Quando apegamos aos nossos julgamentos, abrimos a porta da arrog�ncia para a entrada dos monstros da inimizade,
da incompreens�o e da antifraternidade. Enquanto criticamos uns aos outros, repletos de certezas em nossos julgamentos, estamos mais separados, mais fr�geis, menos
produtivos. A arrog�ncia de um lado e a omiss�o de outro s�o extremos de uma mesma quest�o: nossa necessidade espiritual de Evangelho nos sentimentos e de paci�ncia
para com as imperfei��es uns dos outros.

- Fui uma muda com l�ngua!

- N�o � s� voc�, minha filha, que passa por isso. A grande maioria da humanidade experimenta na atualidade essa "mudez emocional".

- Como tratar essa mudez?

- N�o � a mudez que precisa ser tratada, mas a surdez.

- Surdez? Somos surdos tamb�m no campo emocional?

- N�o sabemos falar dos sentimentos, porque n�o aprendemos a ouvi-los, escut�-los. N�o sabemos a sua linguagem, portanto, n�o h� como cuidar do cora��o. Quando nos
amamos, queremos saber o que nos vai � alma, quais nossos desejos, que ansiamos para n�s. Quando nos envolvemos na psicosfera do auto-amor, encantamos pelo que somos,
at� mesmo pelas defici�ncias. De posse disso, mensuramos a vida que nos cerca e, mesmo que n�o possamos fazer nada para mud�-la por fora, saberemos preservar-nos
intimamente nas aspira��es de crescer e ser feliz.

- A quest�o, portanto, n�o s�o os amigos, familiares, os grupos... A quest�o � nosso mundo interior, certo?

- Se n�o temos for�a para zelar pelo que sentimos, considerando que � no sentimento que nos individuamos para Deus, quem cuidar� de n�s? O que sentimos � �nico,
�mpar, exclusivo e verdadeiro. Que �tica adotaremos a partir do que sentimos � outra quest�o. Diz o Evangelho: (...) Quem procura acha (...), e o ato de procurar
� a �nsia da alma em busca do Si-mesmo, sua realidade profunda, seu self divino. A habilidade de se amar reside na capacidade de devassar as sombras interiores �
procura do inestim�vel tesouro das nobres inten��es da alma. De posse desse tesouro, a criatura encontra o referencial indispens�vel para se conduzir em busca de
sua miss�o particular perante a vida. A inten��o � o mais seguro "endosso de autoridade" perante a consci�ncia. Quando a conhecemos nos roteiros da espiritualiza��o,
ainda que n�o tenhamos conquistado a coer�ncia desej�vel na conduta, ela nos garante o est�mulo para persistir na busca das metas que acalentamos e das aspira��es
que ecoam da alma para o mundo dos sentidos.

Nossa inten��o vai ser conhecida na medida que aprendemos a linguagem dos sentimentos. Ela se expressa e entrela�a com tudo aquilo que sentimos. Consideremo-la como
sendo o reflexo do Plano do Criador a nosso respeito; para entend�-la teremos que criar uma rela��o muito honesta e atenta com o que vem do cora��o. Escutar sentimentos.

A inten��o � a zeladora de nossos destinos. Por ela se cumprem nossa miss�o enquanto seres em crescimento na Obra Paternal. A freq��ncia individual da inten��o �
capaz de nos dirigir, impulsionar e proteger para a Grande Meta das nossas exist�ncias. A quest�o � saber desfiar a nossa das inten��es alheias. Existe, portanto,
uma "Teia da intencionalidade" na qual nos encontramos inseridos. A inten��o-matriz nasce no corpo mental e sustenta a freq��ncia vibrat�ria da criatura no patamar
de sua evolu��o real.

***

Assim s�o os "grupos de reencontro".

Nesta tarde o tema estacionou nas viv�ncias de An�sia. Entretanto, apesar de calados, o cora��o de todos pulsava em profunda intera��o.

Aquelas cenas de riqueza moral e liberdade ensejavam-nos uma pergunta: quando ser�, Meu Deus, que nossos centros de amor crist�o e esp�rita na Terra tornar-se-�o
r�plicas dos "grupos de reencontro" para auxiliarem os homens a entender o que buscamos na vida?

A tarefa estava a ponto de ser encerrada, quando chegou o Doutor In�cio Ferreira. Ap�s os cumprimentos, Dona Modesta pediu que ele contasse algum caso que ilustrasse
o tema daquela tarde.

De olhos voltados para o Mais Alto, buscando inspira��o, o m�dico uberabense, contagiado por vibra��es superiores, narrou o caso "Receitu�rio Oportuno", referente
ao atendimento realizado h� alguns dias no Hospital Esperan�a narrado no in�cio desta obra.


















PROGRAMA DE BEZERRA DE MENEZES PELOS VALORES HUMANOS NO CENTRO ESP�RITA



"A melhor campanha para a instaura��o de um novo tempo na Seara passa pela necessidade de melhoria das condi��es do centro esp�rita, que � a c�lula operadora do
objetivo do Espiritismo. L� sim se concretizam n�o s� o conhecimento e o trabalho, mas a absor��o das verdades no campo individual consentidas em col�quios �ntimos
e permanentes, que reproduzem os momentos de Jesus com seu col�gio apost�lico.

Por isso, temos que promover as Casas, de posto de socorro e al�vio a n�cleo de renova��o social e humana, atrav�s do incentivo ao desenvolvimento de valores �ticos
e nobres capazes de gerar a transforma��o.

Para isso s� h� um caminho: a educa��o.

O n�cleo espiritista deve sair do patamar de templo de cren�as e assumir sua fei��o de escola capacitadora de virtudes e forma��o do homem de bem, independentemente
de fazer ou n�o com que seus transeuntes se tornem esp�ritas e assumam designa��o religiosa formal.

Elaboremos um programa educacional centrado em valores humanos para dirigentes, trabalhadores, m�diuns, pais, m�es, jovens, velhos, e o apliquemos consentaneamente
com as bases da Doutrina.

Saber viver e conviver ser�o as metas primaciais desse programa no desenvolvimento de habilidades e compet�ncias do esp�rito.

O que faremos para aprender a arte de amar? Como aprender a aprender? Como desenvolver afeto em grupo? Como "devolver vis�o a cegos, curar coxos e estropiados, limpar
leprosos, expulsar dem�nios"?

Muitos adeptos conhecem a profundidade dos mecanismos desencarnat�rios � luz dos princ�pios esp�ritas, entretanto, temos constatado quantos chegam por aqui em deplor�veis
condi��es por n�o se imunizarem contra os padr�es morais infelizes e degeneradores.

A melhoria das possibilidades do centro esp�rita indiscutivelmente facilitar� novos tempos para o pensamento esp�rita, Haja vista que estaremos ali preparando o
novo contingente de servidores da causa dentro de uma vis�o harmonizada com as implica��es da hora presente. Dessa forma, estaremos retirando a Casa da fei��o de
uma "ilha paradis�aca de espiritualidade", projetando-a ao meio social e adestrando seus part�cipes a superarem sua condi��o sem estabelecer uma realidade fict�cia
e onerosa, insufladora de conflitos e de medidas impositivas, longe das reais possibilidades de transforma��o que a criatura pode e precisa efetivar em si mesma".

 



Abraços fraternos!

 Bezerra

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'TUDO QUE É BOM E ENGRADECE O HOMEM DEVE SER DIVULGADO!

PENSE NISSO! ASSIM CONSTRUIREMOS UM MUNDO MELHOR."

JOSÉ IDEAL

' A MAIOR CARIDADE QUE SE PODE FAZER É A DIVULGAÇÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA" EMMANUEL

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