sábado, 29 de maio de 2021 By: Fred

{clube-do-e-livro} LANÇAMENTO: SEXO TROPICAL - JOSÉ EDSON GOMES - FORMATOS : EPUB,PDF,TXT E MOBI

COLE����O KARINA S��RIE AZUL

Pr��ximo lan��amento:
SEXO MADRUGADOR
Jos�� Edson Gomes

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21.180 ��� RIO DE JANEIRO ��� RJ

SEXO
TROPICAL

Jos�� Edson Gomes


Copyright �� MCMLXXX

Cedibra ��� Editora Bracileira Ltda
Direitos exclusivos.
Rua Filomena Nunes, 162

21.021 ��� RIO DE JANEIRO ��� RJ
Distribu��do por:
FERNANDO CHINAGLIA DISTRIBUIDORA S.A.
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Composto e impresso pela:
SOC. GRAFICA VIDA DOM��STICA LTDA.
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O texto deste livro n��o pode ser, no todo ou em parte, nem
registrado, nem reproduzido, nem retransmltido, por qualquer
meio mec��nico, sem a expressa autoriza����o do detentor
D0 copyright.


cap��tulo 1

programa

��� Lembra-se daquele garot��o que conhecemos
em Ubatuba? ��� perguntou Helena.
��� O louro? Claro!
��� Telefonei para ele, hoje.
��� Com tantos encontros na nossa agenda ���
reclamou Carmo ��� voc�� ainda achou de telefonar
para outro homem?

��� Achei legal. Ele �� bonito, e al��m do mais
agiu t��o bem com a gente...
��� Est�� perdoada. E da��?
��� Da�� �� que combinamos um encontro para
amanh��. Ele...' eu, voc��e um amigo que ele
trar��.
��� Desconhecido? Ah, meu Deus! Vou partir
agora para encontrar desconhecidos, Helena?
���5


��� Por que n��o? Acho que n��o preciso lembrar
�� senhorita que a metade dos homens que
n��s conhecemos eram desconhecidos.
��� Mas apresentados por gente de confian��a.
Assim �� diferente!
��� Diferente, por qu��? N��o percebeu que
aquele rapaz �� fino, educado?
��� Vai confiando!
Helena ficou calada, como se tivesse desistido
do assunto. Depois do banho, entretanto,
enquanto fazia a maquilagem, voltou ao tema:

��� Vai me deixar ir ao encontro sozinha?
��� Mas o encontro ser�� hoje?!
��� ��s oito. Para jantar.
Carmo ficou calada, olhando pela janela do
apartamento, como se de repente o espet��culo
da S��o Paulo noturna a interessasse demais.

��� Responda, Carmo! Vai me deixar ir sozinha?
��� Desista. H�� tantos programas por a�� ���
disse Carmo, sem desviar os olhos da cidade
iluminada. ��� Por que motivo precisamos encontrar
desconhecidos?

��� O cara �� legal, menina. Muito legal.
��� A primeira impress��o foi boa, concordo...
mas �� preciso ter medo.
��� Que mudan��a, meu Deus! N��o estou nem
conhecendo voc��, Carmo. Alguma paixonite?
���Aguda!

6���


Helena riu. Mordeu os l��bios, talvez para fixar
melhor o baton, e depois se aproximou da
amiga. Tocou-a no bra��o:

��� Estava brincando, Carmo. O encontro n��o
ser�� hoje... mas s��bado.
��� S��bado? Praia de novo?
��� N��o. Piquenique. Quando liguei, ele se
mostrou surpreso, entusiasmado, e disse assim
mesmo: que ��tima voc�� aparecer, garota! Estava
mesmo precisando de uma companhia como
a sua para um piquenique. Topa?
��� Piquenique! ��� zombou Carmo. ��� Que
programa mais de ��ndio! Falou pelo menos onde
era?
Para qu��? Piquenique ��� �� piquenique, n��o
importa onde. Tudo �� igual.

��� Est�� bem, mas n��o ficou sabendo o local?
Praia, campo, fazenda..
��� Fazenda, eu acho. N��o tem o m��nimo perigo,
maninha, pode crer ��� tocou novamente
no bra��o da amiga e insistiu: ��� Vai pelo meu
instinto!
��� N��o vou. N��o quero.
��� Est�� bem, n��o discuto. Voc�� fica e eu
vou sozinha ao piquenique. Prometi e vou.
Sil��ncio. Neuza chegou, reclamando do dia
cheio na reparti����o, e o assunto morreu. *'
No dia seguinte, Carmo resolveu acompa^
nhar Helena, apesar dos pesares, e convidaram
Neuza, que n��o quis sequer ouvir falar no assun


���7


to, alegando que visitaria os pais em Bauru, e
que j�� tinha tudo planejado.

��� Vai de ��nibus?
��� De carro. Um amigo vai me levar.
��� Eurico?
Ela n��o respondeu, mas ambas sabiam n��o
se tratar de Eurico, que n��o faria um programa
daqueles sem convid��-las, por muito que estives-,
se gamado por Neuza.

J�� na estrada, ao lado dos dois rapazes que
a levavam ao piquenique, Carmo contou a "verdade":


��� Quem -deve ter ido com ela a Bauru �� o
nosso patr��o. Eles dois s��o amigos at�� demais.
Aquele era um assunto j�� conhecido por Helena,
que n��o deu import��ncia.
As duas viajavam no banco de tr��s, os rapazes
na frente, e Carmo n��o deixava de se sentir
satisfeita com a companhia que Helena lhe
arranjara. Os rapazes eram irm��os (diziam-se
irm��os, pelo menos). N��o tinham qualquer semelhan��a
f��sica, mas eram bonitos, sadios e jovens,
com aquele aspecto bem desenhado dos ga


-rot��es de boa fam��lia.
O companheiro de Helena, que Carmo j�� conhecia,
deveria ter vinte e cinco anos, e era
louro, com uma barba tamb��m lour��ssima. Chamava-
se S��rgio (ou pelo menos dera esse nome)
. O outro, quase imberbe, tinha cabelos
negros azulados e dera o nome de Ricardo. E

8���


n��o deveria ter mais do que vinte anos, no m��ximo
vinte e um.

O piquenique, verdadeiramente um piquenique,
decorreu animado; e n��o s�� era numa fazenda,
mas num ambiente inteiramente familiar,
dom��stico. T��o familiar e t��o dom��stico que
Carmo, pelo menos, chegou a se sentir decepcionada
com sua verdadeira fome er��tica prometendo
ficar insatisfeita, pelo menos ali.

Ficara satisfeita ao ver Ricardo e tamb��m
satisfeita pelas perspectivas de ir para a cama
com ele, o que achava inevit��vel. Apesar disso
Ricardo n��o foi seu amante, pelo menos naquele
dia, e nada mais houve entre-eles do que
beijos (e beijos que poderiam muito bem passar
por divers��o de estudantes, de tanto que eram
superficiais) .

Nenhum contato mais ��ntimo, nenhum toque
nos seios. E s�� na hora da despedida o namorado
de Helena se mostrou um pouco mais avan��ado.
Beij ando-a de maneira mais demorada
do que Ricardo fizera a Carmo, perguntou:

��� Amanh�� de novo, pode ser?
��� Piquenique? ��� perguntou Helena em tom
de brincadeira.
��� N��o... ��� come��ara el�� a responder ingenuamente,
mas ela o socorreu:
��� Estou brincando.
��� Um encontro, ent��o...?
Helena voltou-se para Carmo que, evidentemente,
n��o concordaria com aquela hip��tese.

���9


O dia fora divertido, mas n��o estava certa de
querer passar o domingo na companhia de um
garoto t��o bem comportado. Apesar disso deu
de ombros e Helena aceitou aquilo como concord��ncia.
Tocou na m��o do amigo e disse:

��� Amanh��, ent��o.
Marcaram uma hora bem cedo, sem que ela
se lembrasse de perguntar para onde iria e, J��
no apartamento, ela disse triunfante, abra��ando
a amiga:

��� Viu que coisa mais legal?
��� Legal?
��� Quero dizer: viu como a minha Intui����o
n��o falhou, como sei avaliar as pessoas?
��� Vi ��� respondeu Carmo em tom galhofeiro.
��� Mas tamb��m, com garotos de col��gio...
��� Garotos de col��gio! Voc�� �� incr��vel, hem,
amiga? Se tivesse acontecido alguma coisa, eu
estaria sendo condenada at�� a raiz dos cabelos!
��� Calma, queridinha, calma! Estou t��o satisfeita,
que at�� concordei em sair com eles de
novo amanh��, e dedicar �� pureza meu maravilhoso
dia de domingo. Est�� satisfeita agora?
Afinal, a volta de uma ovelha negra ao redil
deve sempre dar satisfa����o ��s pessoas!
Helena ficou calada.

��� Para falar a verdade ela tamb��m estava
Chateada de ter marcado aquele encontro para
namorinho, mas n��o tivera condi����es e nem coragem
de dizer n��o a rapazes t��o simp��ticos.

10���


Os homens s��dicos

Ao sair de casa naquela manh�� de domingo,
para o encontro com os "rapazes de fam��lia",
Carmo sentia-se tensa, quase ao ponto de vibrar.


A seus ouvidos chegavam n��o somente os ru��dos
da Grande S��o Paulo, todos os ru��dos juntos
e enervantes, como a pr��pria movimenta����o do
elevador, o atrltar dos cabos conduzindo a enorme
caixa que se movimentava entre os andares,
parecendo que a cada momento iria despencar;

Nunca perdera, ali��s, esta sensa����o ao entrar"
num elevador: a de que ele Iria cair. Nesta manh��,
entretanto, tudo parecia acontecer de modo
mais n��tido, mais imediato e mais fatalista.

���11


Nada aconteceu, entretanto, pelo menos com

o elevador, que chegou ao t��rreo sem problemas
.
Desembarcando da "caixa perigosa", como denominava
o elevador, caminhara para a rua, na
companhia de Helena, onde os rapazes j�� esperavam
.

��� Sejam bem-vindas, garotas! ��� exclamou
S��rgio, de modo que, pelo menos para Carmo,
pareceu irritante. ��� Pontual��ssimas!
O mais jovem, seu par, parecia t��o silencioso
quanto na v��spera, e o carro j�� tinha pegado
a pista que os conduziria para fora da cidade,
quando ele disse dois versos de uma can����o, n��o
s�� muito conhecida de Carmo, mas qae a emocionava
bastante todas as vezes que a ouvia:

Just a.bove my htad
I heur music in the air...

O outro rapaz, S��rgio, depois de uma gargalhada,
comentou quase gritando:

��� Sabem o que ele disse?
As duas garotas ficaram caladas, mas sem esperar
uma resposta, ele "traduziu":

��� Ele disse que agora n��s estamos indo para
um belo e agrad��vel programa.
Carmo n��o disse nada, ainda uma vez. Mesmo
se n��o conhecesse a can����o, seu ingl��s de gl


12���


n��sio daria para traduzir perfeitamente 0s versos.
Traduziu mentalmente, j�� com uma ponta
de desconfian��a dos jovens: "Bem acima de minha
cabe��a, ou��o musica no ar..."

��� Fala mais um pouco de ingl��s, Ricardo ���
pediu S��rgio, e voltando-se para as duas garotas,
novamente no banco de tr��s, como na v��spera,
disse de modo galhofeiro: ��� Ricardo ��
bamba no ingl��s.
Ricardo continuou quieto, olhando para a estrada
que se desdobrava �� sua frente, at�� resolver
falar de novo e ainda uma vez em ingl��s,
mas s�� que agora, de maneira desentoada, tentava
cantar:

Just above rr��y head,
I hear music m the *ir,
And I really do b��lieve
There is a God sowbere.

Antes que S��rgio (que j�� come��ava a se voltar
para elas) "vertesse" a letra para o portugu��s
na sua maneira inventada, Carmo, com
voz surpreendentemente melodiosa at�� para Helena,
que a conhecia, cantou a vers��o:

"Bem acima de minha cabe��a,
Ou��o musica no ar,
E acredito sinceramente,
Existe Deus em algum lugar,"

���13


Ricardo, saindo de seu mutismo, bateu palmas
com muito entusiasmo:

��� Onde aprendeu isto? ��� perguntou inocentemente,
voltando-se para Carmo.
��� No mesmo lugar que voc��, claro! ��� disse
ela sem ocultar a irrita����o. E continuou ��spera:
��� Na pr��pria can����o. Conhece estes versos?
��� agora cantando em ingl��s, com uma pron��ncia
que desejou que fosse pelo menos razo��vel
para n��o causar vexame, come��ou:
Trouble in mind, I'm blut
But I wont be blue alwais...

Parou de cantar e ficou em sil��ncio, encolhida
no seu cantinho.

Depois daquele incidente passara a se sentir
mais sozinha naquele carro, um pouco distante
de tudo, da pr��pria Helena, e cada vez mais
certa de n��o gostar de aventuras daquele tipo,
programinhas dom��sticos, principalmente com
desconhecidos ing��nuos e pretensiosos. Desculpava-
se, por��m, levando em conta o comportamento
dos jovens na v��spera, que fora perfeito
n��o chegando tamb��m a ser tedioso. .

Tentou dominar a irrita����o, certa de que era
precipitado avaliar os rapazes por causa de uma
brincadeira. Quem sabe se S��rgio n��o dissera
qualquer coisa, sem mesmo saber ingl��s, somente
para diverti-la?


Ela tamb��m n��o sabia ingl��s, a n��o ser o
aprendido nas aulas de col��gio, pouco mais. A
letra de Porgy and Bess era demasiado conhecida
para que muitos jovens n��o a soubessem...
e tinha tamb��m uma grava����o em casa.

O sil��ncio continuava no carro.

Tentou conversar com Helena e conseguiu. Depois
de alguns quil��metros concluiu que seu verdadeiro
mal-estar vinha do fato de aqueles jovens
serem demasiadamente silenciosos, quase
n��o falando mesmo entre si.

Tamb��m amanhecera num dia azedo, o que
era raro na sua vida, sem humores negativos.

Os outros jovens que conhecera em S��o Paulo
eram sempre falantes, chistosos, sempre dispostos
a inventar brincadeiras cruas, a contar casos.
Eis a raz��o porque estranhava tudo.

Ficou mais certa disso quando, chegando ��
fazenda (n��o era a mesma da v��spera) encontrou
pessoas com quem p��de conversar, chegando
mesmo a divertir-se.

Tinham chegado bastante cedo e, ainda durante
a manh��, tomaram banho num a��ude,
dan��aram bastante, e todas as pessoas da casa,
reunidas, chegaram a cantar v��rias can����es,
principalmente ing��nuas, at�� entrarem pelo
samba, o que tornou o ambiente verdadeira/hente
festivo.

De repente algu��m avisou:

���15


��� B��ia na mesa!
Carmo tinha bebido bastante Cerveja, batida

e at�� mesmo u��sque, e se sentia euf��rica, quase

feliz, pelo menos sem resqu��cios do antigo mau

humor.

Helena e S��rgio, mais ��ntimos do que na v��spera,
procuravam as menores oportunidades para
se beijarem, e a cada momento pareciam mais
apaixonados.

Ricardo, seu acompanhante, parecia indiferente,
sequer tentando beij��-la, embora, em determinado
momento, depois de olh��-la profundamente
nos olhos, tivesse dito com voz sussurrante,
talvez mesmo sensual:

��� Voc�� �� muito... muito linda!
Ela arriara o corpo para ele, esperando ser
beijada, mas ele se levantara de chofre, pretextando
um chamado.

��� Volto logo ��� dissera.
Fora justamente nesta ocasi��o que um novo
personagem entrara em cena, na forma de um
homem maduro, mais ou menos quarent��o, por��m
bastante apessoado.

Chegara num flamante carro azul esporte, e
logo depois das apresenta����es chegara-se para
ela, perguntando com voz tensa, marcada:

��� Quem �� seu namorado?
��� Est�� comigo, Tom�� ��� dissera Ricardo precipitadamente,
levantando-se e saindo do c��modo,
demonstrando evidente medo do homem.
16


Acompanhou Ricardo com os olhos, vendo-o
afastar-se, e n��o conseguiu evitar um rompante
de ��dio, de certo modo acompanhado de um s��bito
terror, que tamb��m n��o conseguiu sufocar.

��� Cara estranho ��� conseguiu dizer mesmo
assim.
O rec��m-chegado, que fora chamado de Tom��.
curvou-se para ela, murmurando:

��� Deixe-o em paz. N��o gosta de mulher.
��� N��o?! ��� perguntou Carmo, entre surpresa
e compreensiva. ��� Verdade... ?
O homem rira, contemplando-a de modo debochado,
mais ofensivo do que c��nico:

��� N��o percebeu nada?
Ela, de fato, n��o tinha percebido nada, mas
preferiu silenciar. De qualquer modo s�� identificava
o homossexualismo atrav��s de fatos e
tra��os evidentes e, mesmo assim, sua cren��a tinha
sido abalada com Eurico, cujas maneiras ligeiramente
efeminadas ocultavam um macho superoptente,
dominador e sensual.

Agora tentava associar-se esse homossexualismo
�� figura de Ricardo, somente silencioso, mas
naturalmente m��sculo. E, segundo parecia, voltara
a enganar-se. A n��o ser que o homem chamado
Tom�� estivesse brincando.

��� Ele n��o gosta de mulher? ��� repetiu ela,
tentando certificar-se.
���17


��� Ora, n��o gosta, estou dizendo! ��� respondeu
o homem. -- Ele teve alguma coisa com
voc��?
��� N��o, claro que n��o! ��� respondeu ela, tentando
aplicar �� voz um tom perfeitamente indignado.
Ele, sem d��vida preocupado com a atitude
dela, uma donzela que defende sua honra, corrigiu:


��� Quando pergunto se teve alguma coisa,
n��o quis falar de sexo...
��� Falava de qu��, ent��o?
Ele n��o soube o que responder e talvez por
este motivo tivesse resolvido terminar seu drinque
em sil��ncio. Mas tamb��m n��o a olhou mais.
Depois de muito tempo, quando ela j�� come��ava
a se sentir embriagada, um pouco mais embriagada
do que euf��rica, ele voltou a olh��-la, dizendo:


��� Voc�� �� muito bonita.
Ficou nisso.

Continuaram conversando, almo��aram numa
segunda rodada, pois havia gente demais na
casa para que a refei����o fosse servida numa ��nica
vez. Depois do almo��o ela e o homem, que
n��o a largara mais, sa��ram para o p��tio.

Ricardo passou por eles distra��do ou fingindo
um perfeito ar de distra����o, enquanto conversa


18���


va com um homem de aspecto rude, que falava
como se o estivesse repreendendo, gesticulando

muito.

��� Venha comigo ��� disse Tom�� da�� a instantes
e, quase puxando-a, conduziu-a na dire����o
de um matagal, onde Ricardo e seu acompanhante
tinham penetrado. ��� Venha comigo que vou
lhe mostrar um espet��culo. Venha comigo.
Avan��aram cautelosos pelo bosque, sempre o
homem segurando seu bra��o como se conduzisse
um moleque recalcitrante, enquanto ela sentia
a nuca queimar, pois todas as pessoas que a
tivessem visto entrar ali no. bosque iriam julgar
que os dois se recolhiam para fazer amor.
Ela tamb��m pensava nisso, naturalmente temerosa,
embora o homem n��o tivesse tomado at��
ali nenhuma iniciativa er��tica.

��� Agora fique quieta. Veja! ��� o homem se
abaixara um pouco, aproximando muito o rosto
do seu, enquanto continuava falando: ��� Veja,
menina. Est�� vendo ali em frente, junto ��quele
tronco?
Ela seguiu o indicador e teve um verdadeiro
choque ao perceber que Ricardo estava aninhado
nos bra��os do homem rude, exatamente como o
faria uma garotinha apaixonada nos bra��os do
amante.

��� Compreendeu agora?
Tom�� continuava falando, mas ela sentia o
espirito em tumulto; e o tumulto ampliou-se at��

���19


se tornar intoler��vel quando, em determinado
momento, os dois come��aram a se beijar. Um
beijo longo, demorado e ativo, onde se pressentia
o movimento das l��nguas e o prazer.

��� Ah, meu Deus...! ��� murmurou.
O homem a seu lado mantinha-se calado, o
rosto ainda muito junto do seu, o bra��o em torno
de sua cintura. E, de repente, vendo que os
dois homens continuavam se beijando, ela se viu
dominada por um desejo profundo, diferente e
avassalador, que lhe dominava as entranhas e se
estendia ao sexo, ao corpo inteiro.
Foi um desejo t��o forte que ela aproximou
ainda mais o rosto do de Tom��, como que o provocando
para um beijo, que ele, compreendendo,
n��o negou.
Quando terminaram de se beijar, ela percebeu
que os dois homens continuavam enla��ados;
o outro, o de gestos rudes, mordiscando agora o
pesco��o bem feito de Ricardo, enquanto lhe alisava
as n��degas por cima das cal��as justas, car��cias
que ele parecia receber com verdadeiro deleite
.

��� Vamos ��� disse Tom��. ��� Vamos sair daqui,
porque sen��o vou terminar violentando voc��!
Antes que ele pudesse se afastar, Carmo pegou-
lhe o rosto entre as m��os e, puxando-o contra
si, beijou-o com for��a, ao mesmo tempo em
que jogava seu ventre para diante, for��ando-o
contra o sexo duro do homem.

20���


Tom�� desceu a m��o devagar para a blusa que
ela usava e tateou-lhe os seios por cima do vestido.
Mas como se tivesse se arrependido de repente,
disse com voz surda, plena de desejo:

��� Vamos sair daqui, garota, vamos sair daqui!
Ela hesitou, sentindo que a nuca lhe do��a
como se tivesse sido machucada, mas o soltou.

Ele a contemplou com a respira����o presa, os
olhos em fogo, mas conseguiu controlar-se:

��� Por favor. Vamos ��� depois, como se precisasse
de uma explica����o, disse: ��� N��o aqui.
N��o.
Tom�� fez com que sa��ssem, de modo a que as
pessoas pudesse julgar que os dois apenas tinham
atravessado o bosque. Para isso tiveram que passar
junto dos dois homens que, entretanto, j��
agora entregues a car��cias maiores (algo que
Carmo via com olhos surpreendidos, como se fosse
um espet��culo novo), n��o se aperceberam.

��� Incr��vel, n��o? ��� disse ela, quando, j�� de
volta �� casa, tomavam novos drinques.
Como ��nica resposta ele perguntou:

��� Voc�� est�� com quem?
Ela indicou Helena que, num extremo da varanda,
trocava car��cias com S��rgio, agora de maneira
completamente alheada, como se tivessem
atingido o entendimento.

��� Ah, S��rgio ��� disse o homem. ��� S��rgio..
onde o conheceu?
���21


��� N��o estou com S��rgio, claro ��� disse a garota.
��� Ele �� namorado da Helena.
��� Ah! Helena. Bonita mulher.
Depois do coment��rio ele se afastou na dire����o
do jovem casal, e ao retornar, com seu passo
de campon��s, pesado e bambo, disse:

��� Vamos.
Carmo levantou os olhos, naturalmente surpresa
com o convite. E como notou que Helena
e S��rgio caminhavam na sua dire����o, n��o fez
coment��rios quando Tom�� praticamente a puxou
na dire����o do autom��vel azul esporte, no qual
tinha chegado algum tempo antes.

Os outros dois jovens sentaram no banco de
tr��s, onde continuaram com as car��cias interrompidas.


Antes de ligar o motor, Tom�� voltou-se para
ela, dizendo num tom de voz muito alto:

��� J�� conheceu homem alguma vez, frangulnha?
Ela n��o respondeu. Ligando o motor ele partiu
como se fosse para o fim do mundo. J�� na
estrada, a velocidade atenuada devido ao ch��o
batido, observou, voltando o rosto por cima do
ombro:

��� Estou louco por esta franguinha, S��rgio!
��� virou um pouco mais o rosto antes de continuar:
��� Onde voc�� foi arranjar duas mulheres
t��o bonitas, S��rgio?
22���


��� Em S��o Paulo. Capital.
��� Ah, s�� em S��o Paulo. S�� naquele maldito
lugar de todos os diabos pode existir uma perdi����o
assim!
Carmo notou que Tom�� come��ava a ficar b��bado
e teve medo, embora, tamb��m sentindo-se
embriagada, sentisse por ele uma estranha fascina����o.
Era um homem diverso, absolutamente
diverso de tudo o que conhecera.

Houve um sil��ncio prolongado, findo o qual
Tom�� perguntou entre risos:

��� Sabe quem eu vi beijando o Alfredo, S��rgio?
Um bruto sarro?
��� N��o.
��� N��o? Ora, imagina quem estava agarradinho
com ele no bosque, os dois se beijando na
boca?
��� Agarradinho, agarradinho? ��� perguntou
S��rgio, e sem aguardar resposta: ��� Ricardo?
��� Exato. Ricardo.
Helena que, naturalmente, n��o sabia de nada,
olhava com express��o espantada para todas as
pessoas, at�� que Carmo explicou com voz tensa:

��� Era Ricardo, Helena, o meu... meu namoradinho.
Notei que ele n��o estava satisfeito
comigo. Depois, quando Tom�� apareceu, ele praticamente
saiu correndo, deixando que Tom�� me
itaesse companhia. Vimos em seguida quando ele
entrou no bosque junto com outro homem e... ai
���23


Tom�� me levou para ver. Incr��vel, Lena, n��o d��
nem para contar.
Os dois homens riam, Tom�� de modo barulhento,
escancarado, riso de b��bado.
Helena, muito s��ria, perguntou de repente:

��� Se voc�� sabia que ele era assim, S��rgio,
por que o trouxe conosco? N��o existiria outro
homem que servisse para Carmo?
S��rgio ficou calado, enquanto Tom�� assobiava
uma can��oneta em voga.

��� Ricardo �� muito meu amigo ��� disse S��rgio.
��� Quer se livrar do problema. Ontem n��o
se comportou direito?
��� Ontem foi legal... ��� disse Carmo. ��� Estranhei
que quase nem me beijava. S�� isso.
Ao dizer estas palavras, ela notou que Tom��
a Olhava de relance. Mas voltou a assobiar sua
can��oneta, dirigindo com cautela pela estrada
ruim.

S��rgio voltou a falar:

��� Hoje teve uma reca��da ��� soltou um riso
amarelo: ��� Tamb��m, como �� que eu ia adivinhar
que o Alfredo estava por aqui?
��� N��o podia adivinhar ��� disse Tom�� em
tom gozador. ��� N��o podia adivinhar mesmo,
pois o Alfredo �� s�� capataz dessa fazenda.
��� N��o �� mais ��� protestou S��rgio. ��� E o motivo
de ter sido mandado embora foi exatamente
este.
24���


��� Foi readmitido. Ricardo tentou se suicidar,
e o tio, compreensivo como ��, readmitiu
Alfredo.
��� Mas isso �� um crime! ��� esbravejou S��rgio,
com o ar de estar sendo sincero.
��� Ah, �� crime? ��� cacarejou Tom��. ��� Ent��o
voc�� preferia que seu amigo se suicidasse?
��� Bem... eu... bem... n��o �� assim...
Estacionando o carro diante de uma casa
grande, Tom�� interrompeu as retic��ncias de S��rgio.


��� Chegamos ��� disse.
Carmo n��o se sentia apreensiva com a aventura,
talvez pelo fato de se achar meio b��bada,
mas Helena olhava para tudo como desconfian��a
e, aproveitando a aus��ncia de Tom��, que partira
para o interior da casa �� procura de copos
e de bebida, perguntou:

��� Que �� que viemos fazer aqui, S��rgio?
Ele n��o respondeu.
Retornando com as bebidas e os copos, Tom��
serviu uma dose de u��sque com bastante gelo e
estendeu para Carmo. Serviu outra para si e,
afastando-se para um canto, avisou para S��rgio:


��� A casa �� de voc��s.
S��rgio serviu-se de u��sque e depois preparou
uma segunda dose para Helena, que a aceitou

���25


com relut��ncia. Ela estava p��lida e evidentemente
assustada.

Ficaram conversando sobre nada durante uma
boa meia hora at�� que, notando que as sombras
da tarde come��avam a descer sobre os campos,
Carmo avisou:

��� Precisamos ir embora.
��� �� cedo ��� disse Tom��. ��� Muito cedo.
O outro casal trocava car��cias ousadas num
dos cantos da sala, entre goles de u��sque, e assim
Carmo n��o estranhou quando Tom�� se aproximou,
tocando-a.

��� Posso beijar voc��? ��� perguntou.
Maduro, situado numa idade imprecisa entre
os trinta e quarenta anos, um pouco mais para
quarenta, Tom�� n��o era um homem bonito, al��m
de ser um pouco rude, ou rude demais para seu
gosto. Entretanto, devido �� bebida ou por uma
exig��ncia natural de seu corpo jovem, saud��vel,
habituado ao jogo do sexo, sentia-se excitada.

��� Posso beijar voc��? ��� repetiu ele.
Ela se limitou a levantar a cabe��a e ele a beijou,
enquanto levantava a m��o por baixo da blusa
fina, tateando-lhe os seios, cujos mamilos
cresceram.

"�� agora", pensou ela. E na verdade Tom�� a
pegou nos bra��os e a levou para o quarto, um
quarto grande, com duas camas, onde a deixou,
dizendo:

26���


��� Espere.
Saiu.
Da�� a instantes chegavam S��rgio e Helena que,
escolhendo uma das camas, deitaram-se ainda
vestidos, come��ando a se entreter em car��cias
profundas.
De onde estava, Carmo viu surgir um dos seios
bem torneados de Helena, assim como viu a boca
de S��rgio tentando engoli-lo. Tamb��m viu como
S��rgio desabotoava a braguilha e, com um movimento
s��bito, aproximava o membro rijo da
boca de Helena, que o rejeitou.

��� N��o, assim n��o.., n��o!
Viu quando ele, mudando subitamente de
comportamento, a esbofeteou uma e duas vezes
com extrema viol��ncia. Tomada de s��bito desespero
provocado pela vis��o, tentou fugir do
quarto no exato momento em que Tom�� retornava.
Ele abriu os bra��os em cruz bloqueando
a porta:

��� Para onde vai, gatinha?
��� Deixe eu sair!
��� Sair? ��� riu, cacarejando praticamente. _
Agora que vai come��ar a fun����o, voc�� quer sair?
Carmo n��o teve mais palavras e nem conseguiu
ver se Helena atendera ��s exig��ncias de
S��rgio, pois fechando a porta do quarto, Tom��
apagou a luz

Helena deixara de chorar e tamb��m n��o havia
mais o barulho de pancadas, mas s�� uma se


���27


quencia de ru��dos e de gemidos, que poderiam
ser de gozo.

��� Deite-se! ��� disse Tom��. ��� Tire a roupa!
Presa de um p��nico surdo, Carmo come��ou a
tirar a roupa, enquanto notava, apesar da penumbra,
que Tom�� se despia ao p�� da cama, com
movimentos r��pidos.

��� Deite-se! ��� gritou ele.
Deitou-se com as pernas juntas e estendidas,
mas n��o reagiu quando ele, jogando o corpo pesado
contra o seu, fez com que ela abrisse as
pernas at�� limites insuport��veis.
Sentiu-se penetrada sem quaisquer pre��mbulos,
e foi como se um peda��o de madeira entrasse
dentro de seu corpo, indo at�� ao fundo.

��� Assim, gatona, fique d��cil... n��o, assim
n��o! Movimente o corpo, fa��a amor! N��o sabe
fazer amor? N��o sabe trepar, sua franguinha?
Tentou movimentar o corpo, presa de um terror
incontrol��vel, enquanto percebia que na cama
ao lado surgia nova discuss��o, seguida de um
estalar de bofetadas.

Helena gritava?
Gritando ou n��o, o certo �� que, passados poucos
instantes, s�� havia o som de gemidos e um
leve estalar de beijos. Depois, s�� palavras sussurradas
.

Enquanto isto ela continuava parada, im��vel,
sentindo Tom�� dentro de si, cravado. Em

28���


seguida ele come��ou a se agitar e, levantando-se
de s��bito, disse:

��� N��o adianta. Assim n��o vai... n��o sei trepar
sem viol��ncia.
Foi ent��o sua vez de apanhar. N��o sentiu,
por��m, o estalar de chicotadas ou a batida de
murros, mas a dor cortante de chicotadas que se
abatiam sobre seu dorso e n��degas com total viol��ncia.


��� Vamos, grite, grite!
Carmo n��o gritava.
Recebia as chicotadas num misto de terror e
de ��dio, mas sem soltar sequer um gemido, at��
que, na penumbra, viu o corpo de Helena correndo
na sua dire����o e gritando como uma louca:

��� N��o fa��a isso com ela, n��o fa��a!
Carmo sentiu que as chicotadas j�� n��o se abalam
sobre ela agora, mas sobre a pele branca de
Helena, que continuava gritando:

��� N��o bata nela, n��o bata!
Em seguida os dois rolaram da cama, espojando-
se no ch��o, debatendo-se furiosamente como
peixes fora d'��gua, numa luta er��tica inacredit��vel
.
Ainda tentava compreender tudo, quando recebeu
em cima do seu corpo o corpo de S��rgio.
Abriu as pernas devagar, temerosa de que as cenas
de viol��ncia fossem se repetir, mas S��rgio
se mostrou somente carinhoso, terno como ela

���29


imaginava que deveriam ser todos os amantes,
todos os amigos.

Seu corpo estava magoado e os movimentos
de S��rgio faziam as feridas se abrirem, mas
aquilo s�� servia para aumentar o gozo que se tornava
cada vez mais 'profundo, mais profundo,
fantasticamente profundo, at�� que percebeu que

o amante tinha sido substitu��do: agora, no eh��o,
estavam novamente S��rgio e Helena numa luta
sensual que parecia n��o ter fim. E sobre seu
corpo estava de novo Tom��, j�� n��o mais o homem
��spero e violento, o pirco que refocilava,
babando, mas um amante que procurava tirar
do corpo jovem que dominava todos os prazeres.
��� Assim... assim... mexe minha gatinha,
mexa... goze... goze...
Esgotada, definitivamente esgotada e dolorida,
terminou por adormecer, ainda com o corpo
do macho sobre o seu.

30���


cap��tulo 3

A cidade insaci��vel

Ao tomar banho na segunda-feira de manh��,
antes de sair para o trabalho; �� que Carmo p��de
notar perfeitamente as marcas que o chicote
deixara no seu corpo. Mas s�� ficou mesmo preocupada
quando viu, minutos depois, o efeito deixado
no corpo de Helena que, entretanto, "apanhara"
menos ou durante menos tempo.

��� Que aventura besta! ��� disse para a amiga.
Olhando-se no espelho, por��m, Helena limitou-
se a dar de ombros. Depois de algum tempo
olhando para o espelho com ar distra��do,
perguntou:

��� Ser�� que v��o procurar-nos oultra vez?
���31


��� Deus me livre! N��o quero nunca mais! Nem
pintados de ouro!
Helena continuou se olhando no espelho, enquanto
passava uma das m��os pelas marcas escuras
.

��� Sorte que os sinais ficam debaixo do vestido
��� disse lentamente. ��� J�� imaginou s�� tivesse
marcado nosso rosto?
��� N��o quero nem pensar!
Ficaram caladas durante algum tempo. E j��
estavam no elevador, quando Helena observou,
falando com os olhos fechados, como se fosse
para si mesma:

��� Se a gente n��o tomar cuidado... vai terminar
indo acabar no belel��u, est�� sabendo?
��� Como assim?
��� Ora, �� f��cil descobrir. Primeiro foram
aqueles b��bados na praia, que nos aborreceram
tanto. Depois foi esta hist��ria de ontem... tudo
o que aconteceu ontem.
��� E quando penso que voc�� me fez tantos
alogios desse tal de S��rgio!
��� S��rgio n��o �� ruim ��� defendeu-o Helena.
��� Foi o outro homem quem come��ou tudo.
��� Mentira! Mentira deslavada. N��o vi quando
ele come��ou a bater em voc��?
Helena n��o disse nada, e j�� na rua cada uma
.seguiu para sua reparti����o.

32���


Carmo ccutou a aventura para Neuza durante
o dia de trabalho, mas ela se limitou a
observar:

��� S��o Paulo tem muitos caminhos.
��� Que �� que voc�� quer dizer?
��� Nada.
Depois de muita insist��ncia ela aceitara completar
o pensamento:

��� S��o Paulo tem muitos caminhos e a gente
e quem escolhe por qual deseja seguir.
Apesar da frase judiciosa, Maria do Carmo,
usualmente Carmo, nascida em Ribeir��o Preto,
mterior do estado, sabia que sua sede de viver
despertada muito tarde, pelo menos em rela����o
�� Helena, ansiava por novas e continuadas
aventuras.. E, sabia, n��o era um par de homens
s��dicos que a faria mudar de caminho.

Era certo que estava com medo, pelo menos
naquele dia, um medo muito profundo, mas tamb��m
era certo que n��o suportaria mais viver
entre a casa e o trabalho.

Sentira o gosto da carne de um macho, sentira
o sexo despertado e desde ent��o seu ��nico
caminho, percorrido com ansiedade, era aquele,
e precisava saciar ou pelo menos tentar saciar
sua fome.

Muito breve Maria do Carmo descobriria que
seu primeiro erro, assim como de Helena, fora
deixar que os rapazes tivessem vindo peg��-las em

���33


casa nos dois encontros anteriores, o que os possibilitou
ficarem sabendo onde moravam.

Naquela segunda-feira mesmo, ao voltar do
trabalho, viu o carro de S��rgio encostado no
meio-fio, em frente ao pr��dio. Conseguira livrar-
se dele depois de apenas alguns beijos, mesmo
na presen��a de Ricardo que, segundo parecia,
viera somente fazer companhia ao amigo.

Na ter��a-feira, entretanto, foi pior. Tom��
tamb��m aparecera, insistindo para lev��-la a um
motel qualquer, nas proximidades, chegando mesmo
a amea����-la se n��o o fizesse.

Terminou por aceitar, um pouco esperan��osa
de que num hotel do Centro de S��o Paulo ele
n��o se atrevesse a esbofete��-la e, na verdade,
estava certa.

Fizeram amor. Reconheceu que quando n��o
era violento, ele bem que se tornava um amante
pass��vel, n��o s�� pela pot��ncia, como devido a
certa habilidade em ir fundo nos jogos er��ticos.

��� Voltarei amanh��? ��� perguntou ele ao se
despedir, e antes de um ��ltimo beijo.
��� Por que n��o na sexta? ��� pediu. ��� Prefiro
na sexta, pois n��o trabalho no s��bado...
Chegando em casa contou a Helena o acontecimento.
Ela afirmou ter sido assediada por S��rgio.


��� Como faremos para sair dessa? ��� perguntaram-
se mutuamente, sem chegar a uma conclus��o.
34���


��� N��o sei ��� responderam tamb��m mutuamente
e cheias de pessimismo.
Para Carmo aquilo tudo era al��m de angustiante
assustador: e ela sabia que alguma coisa
deveria ser feita, mesmo que tivesse de ser
socorrida por algu��m, algum de seus in��meros
amigos influentes.

No dia seguinte por��m, levando o problema
para Neuza, ela apresentou a solu����o, pelo menos
uma solu����o que vinha de encontro ao que
elas tinham imaginado.

��� Por que n��o contam a hist��ria a Eurico?
��� Que �� que ele pode fazer?
��� �� rico, tem bons relacionamentos... tem
costas bastante largas.
��� Pelo que percebi ��� disse Carmo ��� tanto
S��rgio como Tom�� s��o bastante ricos.
��� Que tal a policia?
��� A pol��cia? Imposs��vel!
Carmo compreendia perfeitamente essa dificuldade.
Ir �� policia significaria esc��ndalo, investiga����es
e, afinal, n��o diriam que elas, afinal
duas mo��as morando sozinhas, n��o passavam de
provocadoras de homens?

No intimo elas pr��prias se julgavam assim,
sabendo tamb��m que tinham corrido �� procura
de barulho, confiando t��o rapidamente em desconhecidos
.

Parte de seus esp��ritos, por��m, rejeitava esse
fato, sob a alega����o de que sendo jovens, soltei


���35


ras e livres, n��o tinham outra obriga����o do que
aceitar a corte de homens que lhes parecessem
simp��ticos.

Que deveriam fazer, afinal?
A sugest��o de Neuza talvez fosse boa se n��o
houvesse um certo pudor de incomodar Eurico,
principalmente porque teriam que contar tudo o
que acontecera.

Seria passar carta de prostituta, quando n��o

o era e nem mesmo se sentia a caminho disso.
Repetiu para si mesma; falando em voz alta:
n��o sou... n��o sou prostituta...
Ficou uma pequena d��vida no fundo de seu
entendimento, mas reconsiderou:

��� N��o sou prostituta. Sou Jovem, bonita, livre
e trabalho. Sou independente.
Envergonhou-se da autodefesa. "Se n��o sou
prostituta, n��o tenho porque discutir isso com
ningu��m e nem comigo mesma, defendendo- me.
Se o problema n��o existe, n��o h�� necessidade de
defesa..."

Neuza, entretanto, cortou o fio de suas preocupa����es,
insistindo:

��� Procure a policia, Carmo. Ou procure Eurico.
Ningu��m tem o direito de incomodar duas
garotas desse modo.
N��o procurou a pol��cia e nem Eurico. Naquela
mesma noite teve uma id��ia que talvez fosse
a salvadora: arranjar um namorado, necessa


36���


riamente um homem forte, valente, e contar o
problema.

Era poss��vel que durante uma discuss��o desse
namorado com Tom�� ou S��rgio surgisse a informa����o
de que ela tinha ido para a cama com os
dois, e que este amor tinha sido feito praticamente
na mesma cama. Mas e da��?

Al��m de poder alegar ter sido for��ada, poderia
dar a esse novo namorado o pagamento exigido:
seu corpo.

Depois de tomar esta decis��o, sentiu-se bastante
aliviada, como se todo peso do problema
tivesse se anulado com a simples id��ia de arranjar
um namorado.

Procurou o telefone de Helena (estava na reparti����o),
que n��o conseguia guardar de cor, e
riscou o n��mero. Sempre que ligava para Helena,
era a voz da telefonista quem a atendia primeiro,
pois o telefone n��o era direto. Desta vez,
ao contr��rio, foi voz de homem.

��� Preciso falar com Helena ��� disse.
��� Ah, Helena?
��� Sim, por favor.
��� Escute, Helena... ��� a voz do homem era
grossa, firme, bem empostada, apesar de relutante
. ��� Bem, Helena... Helena n��o trahalha mais
aqui.
��� Tem certeza?
��� Claro. Eu sou... era o patr��o dela.
���37


��� Ah, meu Deus! Desde quando Helena n��o
trabalha mais ai, meu senhor?
��� Desde sexta-feira.
��� Ah, desculpe... o senhor disse sexta-feira?
Mas ela n��o me falou nada!
��� Lamento.
��� Eu poderia falar com Rosa? Rosa �� amiga
intima dela e poderia ter alguma informa����o.
Do outro lado do fio houve uma pequena hesita����o
e a voz do homem retornou:

��� Est�� desfeito o mist��rio. Por favor... para
que n��mero voc�� ligou?
Carmo repetiu o n��mero pretendido e a voz
do homem retornou:

��� Nosso telefone tem a diferen��a de um n��mero
��� o homem disse o n��mero do pr��prio telefone,
e da mesma maneira educada, cordial,
alongou o assunto: ��� Escute, olhe... eu nem
sei quem est�� do outro lado da linha, n��o sei
como voc�� ��, mas sou um homem supersticioso.
Explico: nunca atendo o telefone. Hoje houve a
coincid��ncia, pois estou sozinho e espero um telefonema
importante. Sou supersticioso, como
disse. Voc�� procurava Helena, aqui havia uma
Helena. O acaso nos empurrou... desculpe... o
acaso nos aproximou, entende?
��� Sim ��� respondeu Carmo relutante, embora
n��o pudesse negar uma certa atra����o pela
conversa do homem, pelo timbre de sua voz e maneira
de lalar. Disse: ��� Sim, senhor. Estou ouvindo.
38���


��� �� um minuto somente. Eu queria dizer que
o acaso nos aproximou. Por que ent��o n��o firmarmos
uma amizade, mesmo que seja telef��nica?
��� Eu...
��� N��o precisa explicar nada. N��o importa
que seja casada, desquitada, feia, bonita, branca
ou preta. Importa que seja a pessoa que est��
do outro lado da linha, entende? Como j�� disse,
sou supersticioso...
��� E religioso?
��� N��o, talvez n��o... talvez o supersticioso
seja necessariamente um homem religioso mas
eu... bem, acho que n��o sou religioso.
��� Perguntei por perguntar.
��� Voc�� ��?
��� Tamb��m n��o.
O homem continuou conversando.
Subitamente, certa de ter ocupado o telefone
da reparti����o por um tempo mais longo do que
seria conveniente em hora de trabalho resolveu,
para se livrar do homem, dizer rapidamente:

��� Deixe que eu lhe telefone. Pode ficar certo
de que telefono para continuarmos...
Ele a interrompeu:

��� Aguardarei hoje at�� ��s seis da tarde.
Quando ela rep��s o telefone no gancho, com
as orelhas ardendo de preocupa����o, sentiu o al��vio
de perceber que estava sozinha na sala.

���39


As preocupa����es cessaram totalmente quando
Neuza, retornando, perguntou:

��� Conseguiu falar com Helena?
��� Caiu em n��mero errado.
��� Ligue de novo.
��� Acho melhor n��o. Saio ��s cinco e meia e
ela ��s seis. Vou falar com ela pessoalmente.
N��o falara com Neuza sobre a nova resolu����o
tomada, mas vendo-a ligar para Helena, ela
talvez soubesse que se ligava ao assunto: isto ��,
alguma maneira de se livrar de Tom��. Sendo assim,
resolveu p��-la a par do que planejara, pedindo-
lhe a opini��o.

��� O ��nico perigo ��� disse ela. ��� �� que ser��o
dois novos homens na vida de voc��s. Se
n��o forem gente fina, o que �� imprevis��vel, quem
os livrar�� deles?
��� Acha?
Como ��nica resposta Neuza observou:
��� Com o tempo voc�� ir�� descobrindo como
esta cidade �� insaci��vel, Maria.
Cidade insaci��vel ��� disse Carmo para si mesma.
��� Era isto. J�� tivera oportunidade de saber
disso, e perfeitamente.

Bastava uma mulher sair �� rua para ser abordada
por homens... ou por mulheres. N��o podia
estar sozinha em qualquer lugar. N��o podia
telefonar... lembrou-se de que n��o conseguira

o nome de seu conquistador telef��nico, embora
fpsse certo que n��o ligaria.
40-



Para qu�� o nome ent��o?
Ao sair da reparti����o, por��m, passando diante
de um telefone p��blico, n��o resistiu �� tenta����o
.

��� Al��?
��� Al��?
Foi uma voz de mulher que atendeu. Seria
novo engano? Insistiu:

��� Precisava falar com o senhor... senhor...
��� Peter? Peter Frank?
��� Sim. Por favor.
��� Escuta ��� disse ela quando a voz conhecida
atendeu: ��� Eu n��o sabia seu nome...
��� Tamb��m n��o sabia o seu. Mas liguei para
Helena. Ela me disse.
��� Ligou para Helena? ��� a voz de Carmo, de
t��o surpresa, chegara a revelar p��nico. ��� Mas
voc�� conhece Helena? Quem �� voc��?
Ele explicou o que, ela estando menos nervosa,
teria sido evidente: ela dissera o n��mero
certo do telefone de Helena, durante a primeira
conversa����o, e n��o fora de nenhum modo dif��cil
para ele guardar esse n��mero, devido �� semelhan��a
com o seu.

A voz do homem voltou segura:

��� �� seis horas em ponto eu e um amigo estaremos
juntos no escrit��rio de Helena, aguardando
voc��s duas para um drinque. At�� l��.
Ela tentou reagir, mas foi in��til. Al��m de n��o
querer recusas ou explica����es, ele desligou com

���41


outro breve "at�� l��" e a deixou com o fone na
m��o.

Sentiu uma irrita����o profunda, quase ��dio, por
Helena. Como poderia marcar encontro assim
com desconhecidos, depois da ��ltima experi��ncia
tr��gica?

Al��m de uma leviandade indesculp��vel, era
uma completa aus��ncia de irresponsabilidade
diante dos perigos que a cidade oferecia.

Foi ainda com ��dio no cora����o que chegou ��
reparti����o. Helena, toda sorrisos, foi falando:

��� Teu Frank me ligou.
��� Meu Frank?
��� U��?! N��o �� teu namorado?
��� Meu namorado? Juro que n��o estou entendendo
nada ��� exagerou Carmo.
��� N��o se fa��a de boba! Peter Frank, industrial,
rico, solteiro. Bem... solteiro n��o garanto.
��� Tamb��m te disse que era rico, industrial, o
n��mero do telefone?
Helena desconheceu o sarcasmo, insistindo:

��� Conte, garota. �� bonito? Como e quando
voc�� o conheceu, que nem teve a considera����o
de me falar?
��� Mas...
���E Carlos, como �� que �� Carlos?
��� Sei l�� quem �� Carlos, Helena!
��� Carlos Marouf, o amigo de Frank. Marouf...
�� isso mesmo?
42���


��� N��o sei de nada do que voc�� est�� falando.
Helena ��� disse Carmo, fingindo completa inoc��ncia.
��� N��o sei de Frank e nem de Maruf.
Voc�� arranja suas trapalhadas e quer me envolver?
Que golpe �� esse?
��� N��o brinque, Carmo...
Helena, j�� desconfiando de algum mist��rio
efetivo, ficou olhando a amiga, as m��os na cintura,
as sobrancelhas franzidas. Apesar disso,
serenados os ��nimos, resolveu p��r a hist��ria em
pratos limpos, e Carmo terminou contando sua
parte no epis��dio, o telefonema casual para Peter
Frank, seus planos (dela) de arranjar namorados
que pudessem enfrentar S��rgio e Tom��, tudo
o mais, e Helena completou com sua parte,
agora divertindo-se com a hist��ria.

��� Este tal de Frank ligou, dizendo que era seu
amigo (deu a entender que era namorado) e que
voc�� tinha dado meu n��mero, para que ele ligasse,
marcando encontro. Como �� que eu ia adivinhar?
��� Mas voc�� deveria ter compreendido a armadilha!
Afinal, deveria ter compreendido logo
de cara que n��o poderia ser nem meu amigo,
pois nem sabia meu nome!
��� N��o sabia?
��� Juro que n��o.
Helena ficou meditando durante alguns segundos
e depois observou indecisa:

��� Agora estou lembrada de que n��o falou
seu nome... mas tudo foi t��o convincente...
���43


��� Convincente? Ah, j�� sei! Ele foi ligando
e dizendo ser amigo de uma garota de S��o Paulo.
Imediatamente voc�� concluiu com muita l��gica,
ali��s ��� disse a garota com sarcasmo ��� tratar-se
de mim!
Helena, sem dar import��ncia ao tom empregado
pela amiga, procurou recordar o tom exato
das palavras de Peter Prank, o que foi conseguindo
rapidamente:

��� Ele ligou e eu atendi. Identifiquei-me, naturalmente.
Ele foi logo dizendo, com aquela vozinha
gostosa: "Sou o Peter... Peter Frank, namorado
de sua amiga..." Que amiga? ��� perguntei.
E ele: "Ora, a mais ��ntima e a mais linda
de suas amigas!" Carmo? ��� perguntei. E ele:
"Sim, Carmo... conheci hoje, no intervalo do almo��o.
Almo��amos juntos." A partir da��, voc��
entende, aceitei tudo. Al��m do nome, Peter
Frank, da voz maravilhosa, do tom educado, havia
o fato de que era teu amigo, teu namorado,
entende?
��� Que homem esperto, hem?
��� Eu, da minha parte, pensei logo que dois
namorados seriam uma boa, pois a gente precisava
se livrar daquelas sarnas. A sua id��ia tamb��m
n��o era essa?
��� Quando o telefone caiu no Peter Frank, eu
estava ligando justamente para falar em algo
a<5sim, arranjar dois le��es-de-ch��cara.
44���


Depois de mais alguns minutos de di��logo, resolveram
sair para enfrentar os namorados desconhecidos.


��� N��o vamos falar nos problemas da gente ���
disse Carmo ��� enquanto n��o soubermos com

quem estamos lidando!
��� Combinado. Mas escute, ele te falou a
marca do carro?
��� N��o sei nada dele. Nada.
��� Cor, idade, apar��ncia...?
��� Nada!
J�� desanimavam da nova aventura (ambas

reconheciam intimamente), quando algu��m da
portaria do edif��cio se aproximou de Helena.

��� Telefone para a senhora, Dona Helena.
��� Do escrit��rio?
��� N��o. Da rua. Diz que �� seu irm��o.
Helena, subitamente apreensiva, correu para o
telefone, falando ansiosa:

��� Al��?!
��� Marouf, Helena. Liguei para a reparti����o,
disseram que voc�� estava descendo. Deram-me
o n��mero da portaria. Acontece que...
��� Sim... ? ��� disse a garota, sob os olhares de
Carmo, que intuia a verdade.
��� Acontece ��� continuou a voz ��� que o Prank
n��o lhe deu nenhum sinal, nada sobre n��s. Agora
j�� n��o �� preciso... Estamos estacionados aqui
���45


colados �� banca de jornais, pr��ximo da Ipiranga,
quase diante do seu edif��cio. �� f��cil "encontrar
a gente. Nosso carro �� um Alfa-Fiat 250-D,
gelo... novo e com...

��� Est�� certo.
��� Agora, um detalhe de voc��s, um ��nico detalhe.
��� Loura e morena.
��� Jovens?
��� A�� j�� s��o dois detalhes... Dezoito e vinte e
um anos. Tchau! ��� desligou.
Ao repor o fone no gancho sentiu-se aliviada
ao verificar que ningu��m, al��m de Carmo, prestara
aten����o �� sua conversa.

��� Vamos .��� disse �� amiga.
��� E se for nova confus��o?
��� Para o diabo com a d��vida ��� disse Helena.
��� Quem vive em S��o Paulo e gosta de se
divertir... deve correr estes riscos.
Antes de atingirem a porta, Carmo segurou
a amiga pelo bra��o, numa esp��cie de ansiedade
incontrol��vel, e perguntou ingenuamente:

��� �� verdade mesmo que S��o Paulo �� uma
cidade insaci��vel?
Helena riu e, batendo com a palma da m��o sobre
a fronte da amiga, acalmou-a:

��� Olhe, querida, dizem que o Rio de Janeiro
�� bem pior. Acredite.
46���


capitulo 4

Novos caminhos

��� Helena?
Helena parou de repente, assustada, apesar
de esperar a abordagem.
�� sua frente estavam dois homens, ambos maduros,
entre quarenta e cinq��enta anos, bem
apessoados, nenhum deles feio e nenhum deles
bonito, ficando naquele meio termo que, ela sabia,
significava uma boa neutralidade.

��� Sim?
��� Bem. Se voc�� �� Helena, a outra �� Carmo.
��� Helena e Maria do Carmo ��� sorriu a garota.
��� Eu sou Prank ��� disse o homem que falara
primeiro. ��� O meu amigo �� Carlos. Carlos
Marouf.
���47


A partir dai tudo correu bem.

Helena, mais experiente, compreendeu desde

o princ��pio tratar-se de dois conquistadores, homens
ricos e casados, que n��o estavam sen��o a
fim de uma aventura passageira, finda a qual
seriam jogadas fora como trapos usados. Um programa
simples como uma sess��o de cinema.
Apesar dessa impress��o de Helena, eles desde
o princ��pio se comportaram com admir��vel
cortesia, dando inclusive a impress��o de terem
ficado decepcionados e, com pena de mago��-las,
limitaram-se a um comportamento formal, pr��prio
de homens ricos e educados.

Frank, conforme ficou dito, era industrial,
brasileiro, de ascend��ncia americana, e Carlos
Marouf, comerciante, brasileiro e (em suas palavras)
de remota ascend��ncia arm��nia.

��� Nem chego a saber se Marouf �� nome ��rabe,
russo ou chin��s. N��o estou me importando
com isso... ��s vezes tenho at�� a impress��o que
o velho, f�� das Mil e Uma Noites, inventou este
sobrenome para a fam��lia.
Ele, na verdade, tinha tanta apar��ncia turca
ou ��rabe quanto as outras tr��s pessoas ali, sendo
que Frank guardava um certo tipo "americano",
pelo menos dos americanos vistos em filmes.

Ao fim do jantar, Frank, que quase sempre
tomava a iniciativa, falou:

��� E agora?
48���


��� Lembro apenas que devo trabalhar amanh��
��� disse Helena.
��� Mas �� cedo! ��� disse ele. ��� S��o apenas
oito e meia! Que tal dormir as onze?
Carmo deu de ombros e Helena n��o disse nada.
Os quatro entraram no autom��vel, o autom��vel
mais flamante que Carmo jamais vira, com
televis��o a cores, geladeira, bar e outros acess��rios
.

��� Qual �� o programa? ��� perguntou Frank.
Carmo deu outra vez de ombros. Helena,
olhando pela janela, disse devagar:

��� N��o quero beber.
��� Nem dan��ar?
��� Hoje n��o.
Frank ligou o autom��vel e saiu rodando devagar,
depois de ligar o r��dio, fazendo com que um
som de discoteca, "ru��do jovem", entrasse no
carro.
Depois de circular cerca de um quil��metro,
sempre no centro da cidade, ele estacionou o carro
junto da guia da cal��ada de uma rua relativamente
deserta e voltou-se para as garotas, que
estavam no banco de tr��s.

��� Estamos juntos h�� v��rios minutos ��� disse
ele ��� e ainda parecemos estranhos. Nada sabemos
de voc��s, a n��o ser os nomes, que trabalham
e moram na Liberdade.
��� Que �� preciso mais?
���49


��� Qual das duas tem dezoito anos?
��� Carmo ��� respondeu Helena.
Novo sil��ncio. Dai a instantes Frank voltou
a falar no seu tom cort��s:

��� N��o sou o que se pode chamar de um homem
t��mido, al��m de ter tido minhas namoradinhas
por a��... bem, n��o muitas. Mas confesso...
confesso que estou encabulado diante de voc��s.
Encabulado mesmo.
��� Ora, por qu��? ��� perguntou Helena, sabendo
que ele falava a verdade.
��� Talvez pelo fato de ter conhecido duas
garotas por telefone e resultar em duas mulheres
lind��ssimas, o que n��o �� comum. Mas tamb��m
pode ter sido pelo fato de ter oferecido dan��a,
bebida e voc��s n��o aceitarem. Que �� que
posso oferecer mais?
Elas ficaram caladas, rindo vagamente. Marouf,
que at�� a�� se mantivera praticamente calado,
sugeriu:

��� Continue falando. Continue fazendo propostas,
at�� que acertemos numa.
Os outros riram.
Talvez entusiasmado pelo sucesso, ele continuou,
agora rindo tamb��m:

��� Vou fazer tr��s propostas, j�� que o Frank
estancou... talvez eu seja um pouco duro nas
minhas propostas, mas a coisa tem que ser resolvida.
Confesso f.ue tamb��m eu estou encabu50���



lado. Ser�� que voc��s t��m esse dom de encabular
a gente ou viramos t��midos de repente?

��� Nada! ��� disse Helena. E curvando o corpo
um pouco para a frente, explicou: ��� Vou
resolver o problema, livrando voc��s das propostas.
��� Ora, ��timo! ��� disse Marouf entusiasmado.
��� Pois bem, aqui v��o alguns esclarecimentos:
voc��s, dede o come��o, pensam em levar a gente
para a cama.
Sil��ncio geral. Um pouco assustado, Carmo
beliscou a amiga, mas n��o disse nada. Helena
continuou:

��� Pensam em levar a gente para a cama,
mas como n��o est��o habituados a-lidar com garotas
assim como a gente, num meio termo entre
a humildade e a respeitabilidade, n��o sabem
como agir. T��m certeza, claro, que n��o somos
virgens, mas n��o sabem at�� que ponto somos
de programa. Acertei ou faltou algo?
��� Ora... ��� come��ou Marouf, tentando interromper
o qu��! j�� tinha sido terminado.
Helena, por��m, tinha algo mais a dizer e o
disse np mesmo tom frio, correto:

��� N��o diga nada. N��o �� preciso. Na verdade
��� continuou ela, olhando para um e outro
homem alternadamente ��� eu sou casada e separada
do marido recentemente. Carmo teve dois
ou tr��s namorados e... bem, pelo menos um deles
foi seu amante, mas ela n��o deixou de ser
virgem h�� mais de um m��s. Ainda est��...
���51


Carmo a interrompeu ressentida:

��� Est�� ficando louca, menina?
Helena n��o deu import��ncia �� interrup����o e
falou, continuou falando, agora revelando na voz
um princ��pio de irrita����o:

��� Sabemos tudo uma sobre a outra, pois somos
unha e carne desde os doze anos. Agora,
para terminar, tem s�� mais um aviso: juro por
Deus que, apesar de tudo, n��o somos garotas de
programa. Disse tudo.
Respirou fundo. Compreendeu que o sil��ncio
geral significava que falara bem e recostou-se
no banco do autom��vel, um pouco feliz com o desabafo,
embora tivesse certeza de que somente
quisera fazer g��nero.

Frank foi o primeiro a falar:

��� As coisas s��o um pouco como eu previa.
��� Sim? ��� perguntou Helena.
Sem responder, pelo menos diretamente, ele
se voltou para o amigo, que olhava para a frente
em sil��ncio:

��� Agora fa��a as tr��s propostas, Carlos, se ��
que ainda valem.
��� Valem, claro. Hoje fui tachado como um
garotinho de col��gio, mas isto talvez seja um
bom sinal. E tamb��m h�� uma coisa muito interessante
...
��� Explique... ��� disse Frank.
��� Gostei das duas garotas igualmente.
52���


��� Ora, eu tamb��m ��� disse Frank. ��� Sendo
necess��rio, n��o sei qual das duas escolheria.
��� Exato. S��o t��o diversas como tipo ����sico e
t��o igualmente bonitas, simp��ticas... bem, vou
fazer a primeira proposta: Vamos ficar com as
duas garotas, at�� que o acaso decida quem �� de
quem.
��� Da minha parte, ��timo ��� disse Frank. ���
Mas vamos ouvir a opini��o das mo��as.

Ambas ficaram caladas e Marouf continuou:

��� Segunda proposta: vamos todos para casa.
��� Protesto ��� disse Frank. ��� �� muito cedo.
As garotas continuaram em sil��ncio e o outro
continuou, agora falando rapidamente:

��� Voc�� entendeu mal, amigo. Eu n��o quis
dizer nossas casas. Eu quis dizer: os quatro juntos
para uma mesma casa.
Helena esbo��ou um movimento de protesto,
mas ele n��o a deixou falar:

��� Naturalmente, jogaremos cartas, conversaremos...
enfim, nos tornaremos mais ��ntimos
e ningu��m far�� ao outro nada de constrangedor.
Frank bateu palmas:

��� Como fala bonito este turco!
��� Bem... ��� come��ou Helena.
��� Terceira proposta ��� disse Marouf, sem fazer
caso do que ela pretendia dizer. ��� Terceira
proposta: vamos todos para um motel fazer amor,
o que �� mai�� conveniente.
-53


��� Quarta proposta ��� disse Helena, afinal:
��� Quarta e ��ltima. Vamos todos para casa,
para nossas casas, pois preciso tomar f��lego.
Juro que nunca desejaria perder a amizade de
voc��s. Quero mesmo ir para a cama com...
algum de voc��s, mas... preciso tomar f��lego.
Estou achatada com o conhecimento de voc��s
e... ora... apaixonada.
��� Por quem? ��� gritou Frank.
��� Pelos dois ��� voltou-se para a amiga: ��� E
voc��, Carmo?
��� Tamb��m pelos dois.
��� Vit��ria! ��� gritou Marouf. ��� Vit��ria!
��� E ent��o? ��� perguntou Frank.
Helena. ��� Amanh�� ser�� outro dia.
��� Proposta aceita por mim ��� disse Marouf.
��� Proposta aceita por mim ��� disse Frank.
��� Acho que vou me chamar de idiota depois
disso... mas proposta aceita. Antes, por��m, que
tal tomar uns drinques l�� em casa para comemorar
este encontro?
��� N��o h�� o que comemorar ��� disse Helena
��� N��s �� que estamos felizes.
��� Para mim h�� ��� disse Frank. ��� Foi o melhor
dos meus quarenta anos de vida. O melhor!
��� O melhor dos meus trinta e sete ��� disse
Marouf esfregando as m��os como um colegial
alegre.
54



capitulo 5

Sexo com cautela

��� E agora?��� perguntou Carmo na primeira
oportunidade em que, j�� num apartamento com
os dois homens, viram-se sozinhas. ��� Vamos terminar.
..
��� Indo para a cama? Claro. Mas o que ��
que. tem isto? N��o est�� a fim?
��� N��o �� isto, maninha. �� que voc�� fez tanto
esfor��o em parecer puritana...
��� Por hoje fica a minha proposta ��� disse
��� Novos caminhos, minha filha. Novos caminhos.
��� Como assim?
��� Ora, como! Desde que estou em S��o Paulo
�� a primeira vez que encontro homens de alto
padr��o que fazem jogo limpo, tratam a gente
���55


com dec��ncia. Fazem o jogo de que n��o consideram
o sexo primordial, como a maioria dos
homens, para os quais somos simples objetos.

��� Pura fita!
��� Claro que ��. Mas n��o �� legal ser tratada
como gente e n��o como simples objetos? Minha
conviv��ncia com S��o Paulo me indica perfeitamente
que voc�� deve ficar alerta contra qualquer
tipo de pessoa, como dev��amos ter ficado
alerta com S��rgio e Tom��. Mas a coisa aqui parece
mais decente... mais confort��vel. Sei por��m
que podem n��o passar de refinados canalhas.
��� Estes dois s��o diferentes, Helena. V��-se
logo. N��o h�� engano.
��� N��o sei. Prefiro ficar com um p�� atr��s.
Prefiro acreditar que, mais dia, menos dia, podem
se revelar maconheiros, traficantes de t��xicos,
ou, quem sabe, de escravas brancasi.
��� Mas, Helena?!
��� Exatamente, Carmo. A alta prostitui����o
em S��o Paulo "d�� muita grana, muita mesmo.
��� Acha que...
��� N��o acho nada. Acredito apenas na hip��tese
de que, com aquele jeitinho de songa-monga,
n��o passem de dois f. da p., sabe?
O longo tempo que tiveram para tratar de
seus temores foi interrompido pelo regresso dos
dois homens.

Depois de poucos minutos ambos os casais estavam
dan��ando, enquanto saboreavam levemen


56���


te goles de u��sque gelad��ssimo e trocavam palavras
ternas.

Mas a noite ficou nisto, ou quase nisto, pois
as garotas trocaram r��pidos beijos com seus pares
(ambas dan��aram com os dois homens e,
confessaram depois, tinha havido beijos generalizados.
Mas s�� isto, al��m dos apertos naturais,
das insinua����es er��ticas).

Naquela noite foram deixadas na porta do
apartamento pelos dois homens, j�� bastante
tarde. Apesar disso Neuza n��o tinha, chegado.
E j�� estavam quase adormecidas quando ela entrou,
trazendo uma novidade: ^

��� Eurico embarca s��bado para os Estados
Unidos e quer a gente no apartamento para a
festa de despedida.
��� Quando?
��� Amanh��.
��� Amanh�� n��o �� poss��vel ��� protestou Carmo.
��� Amanh�� temos um encontro...
Helena a interrompeu:

��� Encontro a que podemos faltar, querida.
Eurico �� nosso amigo, nosso amante, e a gente
n��o pode fazer isso com ele. A gente telefona
para os outros e d�� uma desculpa: tititi-tititi,
tudo bem.
A desculpa n��o foi aceita, e ao sa��rem do apartamento,
prontas para a festa de Eurico,
deram com o Alfa-Fiat estacionado junto �� guia,
os dois homens fora.

���57


��� Jogo sujo, hem? ��� falou Marouf.
��� Jogo sujo, n��o. Eu bem que avisei que
iamos a uma despedida!
��� Est�� bem, jogo limpo. Mas que tal irmos
tamb��m?
As garotas se entreolharam e Carmo foi quem
fez a melhor sugest��o:

��� Por que n��o telefonamos, dizendo que vamos
com amigos?
Aceita a sugest��o, Neuza, que tinha sido apresentada
aos rapazes, encarregou-se de fazer a liga����o
de um telefone p��blico, enquanto os ou


tros esperavam.

��� Eurico... ��� come��ou ela a falar, t��o logo
Eurico atendeu. ��� Carmo e Helena est��o com
problemas...
��� Qual?
��� Est��o com os namorados e...
��� O namorado delas sou eu.
��� Sei ��� riu Neuza. ��� Mas est��o com outros
namorados, e como o convite para a festa foi feito
de modo precipitado... sei, sei. Falei com
elas ontem, mas n��o foi poss��vel avisar aos rapazes
��� sil��ncio, durante o qual s�� havia o zumbido
da voz de Eurico. Depois Neuza: ��� Est��
bem, digo a elas. Tudo bem. At�� logo.
��� Podem levar os namorados ��� disse Neuza
repondo o telefone no gancho. ��� Mas est�� p.!
Helena se voltou para os amigos:

��� Voc��s v��o?
58���


��� Mas l��gico! Quem iria perder uma festa
desse tipo? ��� fez uma parada e observou: ���
Quem �� esse Eurico que se despede?
��� Um amigo nosso. Vai para os Estados Unidos...
Eurico Booreuf.
��� Eurico Booreuf? Que mundo pequeno, meu
Deus! Amigo nosso, principalmente o pai, pertencente
ao mesmo ramo de neg��cio da gente...
s�� que mais rico. Comerciante, industrial, banqueiro.
S��o pupilas deles?
��� Amigas!. ��� protestou Carmo. ��� Nada
mais!
��� Eu n��o teria dito nada mais ��� brincou
Helena. ��� Dizer assim seria excluir ��timos momentos.
Quando voltavam para o carro, ambos viram
S��rgio e Tom�� que, recostados no capo do carro
azul, pareciam aguard��-las. Num gesto instintivo
Helena deu a m��o a Frank, que estava mais
pr��ximo, enquanto Carmo, seguindo o exemplo,
dava a m��o a Marouf, que preferiu envolv��-la
pela cintura, puxando-a contra si, sem adivinhar

o papel que cumpria.
Os outros dois homens ficaram contemplando
a cena sem sair do lugar, mas Helena seria
capaz de reconhecer que seu sexo se tornara
um pouco ��mido, havendo ainda uma suave
crispa����o nos seios.


���59


��� N��s tr��s somos amantes de homens muito
ricos ��� disse Carmo quando, na madrugada
de s��bado, regressavam ao apartamento. E repetiu
olhando Neuza: ��� Nos tr��s.
Neuza n��o disse nada, mas talvez tivesse
agradecido que os namorados das amigas tivessem
deixado Eurico s�� para ela, quando estava
previsto que ele se desdobraria entre todas at��

o esgotamento. Talvez tenha se esgotado s�� com
ela, que estava com profundas olheiras.
Logo depois da chegada �� "festa", onde Eurico
ficou satisfeito ao verificar que os advers��rios
eram amigos t��o antigos e cordiais, o ambiente
se aliviou, tornando-se logo agrad��vel,
sem problemas.

Jantar �� luz de velas, servido por gar��ons, bebidas
finas, dan��as suaves e aconchegantes e,
finalmente, cama com os parceiros escolhidos
por acaso gra��as �� presen��a de S��rgio e Tom��,
que as levara a proteger-se segurando a m��o do
homem que estivesse mais pr��ximo: no caso, Helena/
Frank, Carmo/Marouf.

Entretanto, conforme confessaram depois,
continuavam indecisos, como se um homem fosse
completamente do outro, e sentiam que eles
tamb��m estavam indecisos.

Apesar disso nenhum dos quatro se sentiu insatisfeito
com o sexo partilhado, como se, na
verdade, tivessem sido reunidos os casais certos.


60���


Durante o jantar Eurico mostrou-se t��o embevecido
com Neuza (ou fingiu) que os casais
puderam constituir-se naturalmente e .naturalmente,
rumar para quartos anteriormente preparados,
como se Eurico pretendesse possuir cada
uma delas num quarto diferente, no lugar das
bacanais costumeiras, quando era parceiro alucinado
para as tr��s.

Carmo, meio embriagada, naquele estado ideal
para loucuras, mas quando ainda se tem controle
sobre os pr��prios movimentos e se consegue
ficar dentro dos limites da coisa desejada,
viu quando Carlos a cobriu maciamente
para beij��-la e sentiu a tens��o do seu sexo sobre
suas pernas, procurando se alojar entre as
coxas, apesar do impedimento natural proporcionado
pelo vestido fino.

��� Querida... como estou feliz por ter sido
voc��... como estou feliz...
��� Ontem voc�� disse que n��o sabia ainda
de quem gostava mais. Esqueceu?
��� Voc�� tamb��m disse.
Como resposta ela aceitou a boca que afundou
na sua, a lingua inquieta procurando-lhe a garganta,
os dentes ora ausentes na boca, ora cortando
levemente, como uma faca pequenina ca


paz de avan��ar e retrair-se.
��� Apertc-me Carlos... mais...
querido, com for��a...
��� Posso quebr��-la?
com for��a,
���61


Ela n��o disse nada e apenas gemeu sentindo
os bra��os fortes do amante comprimindo-a ainda
mais como se quisesse transform��-la em duas.

��� Est�� magoando... magoando, querido...
magoando muito, muito, mas eu quero assim,
quero sentir seu peso sobre o meu corpo... assim,
leve-me para o ch��o... devagar... assim,
assim,.. quero sentir a press��o de seu corpo sobre
o meu e quero sentir o solo sob minhas costas...
quero uma coisa dura e forte nas minhas
costas e quero seu peso maravilhoso sobre o meu
seio... morda... morda mais... assim... fa��a-
me sangrar... sim... fa��a-me sangrar, querido,
querido... eu quero... n��o tenha medo... n��o
tenha... assim, com for��a... ponha seus dentes
na minha boca... aperte... aperte... quero
sentir o gosto do sangue!
Ela lembrou-se de Tom��, o gesto brutal do
homem que erguia a m��o segurando uma e outra
vez at�� que a dor se tornasse insuport��vel, a dor
que logo depois era anulada (ou ampliada) pelo
corpo rude, desajeitado ou violento, do homem
impiedoso e que depois de faz��-la gozar voltava
a erguer o chicote, o chicote doloroso, como se
pretendesse anul��-la, venc��-la, transformando-a
numa pasta de sangue e ossos... para gozar sobe
tudo.

��� Carlos... estou feliz... Carlos... estdu...
estou... estou gozando... gozando!
Ele n��o a penetrara, limitando-se a apert��-la
e mord��-la, deixando que o sexo tenso se movi


62���


mentasse sem pressa sobre o tecido da calcinha,
que se tornava a cada segundo mais ��mida, mais
cheia da seiva que seu corpo expelia, uma suave
e perfumada seiva.

��� Nunca... nunca vou... nunca vou deixar
voc��... nunca e nunca, querida... Maria...
Carmo... Maria do Carmo... minha querida...
minha...
��� Aperte... muito... at�� me quebrar... me
romper... me fazer sangrar ��� Carmo empurrou-
o de repente para longe de seu corpo e,
olhando-o dentro dos olhos num s��bito desespero,
perguntou alucinada: ��� Tem um chicote?
Voc�� tem um chicote, meu amor?
Antes que ele pudesse responder, ela o apertou
com for��a, com toda a for��a que era poss��vel,
e gritou ainda num tom alto, mais alto e
com toda a for��a do desespero e do medo, do
pavor:

��� N��o, n��o me bata... n��o!
Carlos tapou-lhe a boca com for��a, temendo
que seus gritos fossem ouvidos em outros c��modos,
que pessoas viessem ver o que havia, e perguntou
:

��� Est�� sonhando, querida? �� um pesadelo?
Que �� que est�� acontecendo?
��� Nada... nada ��� disse ela, fraca, e logo
depois procurando-lhe a boca com nova, ansiedade.
Murmurou: ��� Nada... nada... nada,
querido.
���63


��� Voc�� est�� bem? Responda, querida, voc��
agora est�� bem?
��� Estou, querido... quero que fa��a amor comigo,
quero que seja maravilhoso... voc�� pode
ser maravilhoso comigo... pode fazer amor comigo
com muito carinho... sem me quebrar e
sem me romper,
��� Claro, querida, claro... poderei fazer amor
da maneira que voc�� quiser, da maneira que for
mais agrad��vel. Voc�� quer que amanh�� eu compre
um chicote? Um chicote longo, flex��vel?
��� N��o...!
��� Um chicote com l��minas nas pontas, quer?
Um longo... longo chicote?
��� N��o!
��� Como voc�� quer que eu fa��a amor com voc��?
Diga, querida, diga.
��� Com cautela, querido... com cuita cautela...
com muito amor... como se eu fosse de
vidro... de seda... compreende, querido... compreende?
Eu n��o quero que voc�� me machuque,
mas quero sentir��o gosto de sua saliva em toda
a minha pele... quero que fa��a como se eu fosse
sua gatinha... uma gatinha... tenra, macia,
uma gatinha muito amada e que voc�� quisesse
lamber, lavar com sua saliva.
Com os olhos presos nos dele, ela pr��pria come��ou
a tirar a calcinha, deliciando-se com a
vis��o dos olhos dele que abandonavam os seus e

64���


desciam devagar, devagar, como assustados, at��
se fixarem, no sexo, cujos p��los negros e encaracolados
brilhavam ��midos �� luz da sala.

��� Agora... querido... des��a a sua cabecinha
e chupe... fa��a de conta que voc�� �� um gatinho
e a�� est�� contido o teite... uma doce e pequena
ta��a do meu leite... e gire o corpo sobre
o meu. querido, ponha suas pernas na dire����o
da minha cabe��a... querido, querido... eu quero
beber o seu leite, tamb��m quero sugar voc��,
sugar tudo o que voc�� tem... sentir seu membro
na minha garganta, afogar-me na sua... na
sua... carne... no seu leitinho morno... delicioso
... maravilhoso... querido... assim!
Sentiu-se enpolgada, ao mesmo tempo que
sentia a boca do amante pousando seu sexo, a
principio cautelosa e depois impetuosa, decidida,
voraz, a l��ngua completamente afundando
como se ele quisesse lhe atingir o ��tero, atravess��-
la, retirar sua alma das profundezas da carne

Sentiu-se deliciada, feliz, deixando que as
imagens de todos os homens que conhecera passasem
por sua mente, chegando a se lembrar de
detalhes, do gosto da saliva, do cheiro do suor,
mas compreendeu que assim vestida, assim vestidos,
nunca um casal de amantes tinha ido mais
fundo no gozo, tinham tirado maior prazer de
suas carnes.

���65


cap��tulo 6

Sexo tropical

Durante aquele fim de semana e toda a semana
seguinte, os encontros foram di��rios e o
sexo foi praticado at�� a exaust��o, como se, apesar
de maduros, eles n��o fossem nada mais e
nada menos do que faunos, verdadeiros faunos
da lenda, bichos insaci��veis, fantasticamente devoradores
de sexo, capazes de gozo infinito.

E na sexta-feira seguinte foi Frank quem teve
a id��ia aparentemente imprevista:

��� Que tal visitarmos amanh�� a terra de
voc��s?
A pergunta, feita de chofre, causou m�� impress��o
em Carmo, que se imaginou chegando
a Ribeir��o Preto como uma prostituta de luxo.

��� Seria terr��vel! ��� disse.
66���


��� Terr��vel por qu��?
��� J�� pensou, n��s duas, que fomos criadas
ali, chegando de repente pela m��o de dois homens
ricos, bonitos e maduros? Ia ser um coment��rio
geral!
Marouf voltou-se para Helena:
Voc�� concorda?

��� Um pouco... ��� depois de meditar durante
alguns segundos ela levantou a cabe��a aparentemente
assustada: ��� Seria terr��vel, sim. Claro!
Os dois homens ficaram em sil��ncio, contemplando
as garotas, at�� que Marouf observou:

��� A verdade �� que nossa inten����o n��o era s��
levar voc��s para uma visita. N��s precisamos estar
em Ribeir��o Preto, coisas de neg��cios, e n��o
gostar��amos de ficar longe de voc��s assim t��o
r��pido.
��� �� isto a�� ��� disse Frank. ��� Algu��m tem
uma sugest��o melhor?
Depois de alguns segundos, Carmo sugeriu:

��� Que tal irmos os quatro juntos e l�� ficarmos
separados?
��� Separados? ��� Marouf avaliou Carmo com
olhar ardente e ao mesmo tempo com suave ternura.
��� Vai ser duro ficar um dia inteiro longe
de voc��.
��� Que �� isso, turco? ��� exclamou Frank. ���
N��s n��o ficamos longe das garotas durante os
dias de trabalho?

���67


��� Ficamos. Mas n��o �� a mesma coisa nos
fins de semana. J�� ando at�� pensando em convidar
Carmo para minha secret��ria, est�� sabendo?
��� Por que n��o esposa? ��� disse Helena.
Com um cinismo que a deixou chocada, apesar
de n��o ouvir nada surpreendente, ele esclareceu:


��� Esposa n��o d��... infelizmente. J�� existe
outra.
Carmo levantou os olhos para ele, estarrecida,
apesar de saber desde o principio que era
somente uma amante. N��o esperava, entretanto,
que a confiss��o surgisse daquele modo ou, mesmo,
que jamais fosse feita.

Apesar disso, sentiu uma onda de ternura pelo
amante que sabia ser t��o carinhoso em todos
os momentos, t��o entregue a perfeito. Encostando-
se nele, como uma gatinha ronronante,
disse:

��� Vou a Ribeir��o Preto com voc��s.
* * *

A cidade, pelo menos para Carmo, revelou-se
nova, provinciana, diminuta e pouco convidativa,
como se houvesse anos que sa��ra dali.

Na verdade, por��m, nunca "vivera" naquela
cidade, limitando-se a atravessar seus dias entre
a escola, a resid��ncia e poucas casas mais, de
parentes ou amigas, sem namorados e sem pas


68_


seios agrad��veis, sem mesmo ter amigos intimo.
.. com a poss��vel exce����o de Celso, o primeiro,
verdadeiramente primeiro e ��nico namorado
.

Mas Celso, perguntava-se, teria sido na verdade
um namorado?

Agora duvidava.

A dist��ncia entre aqueles beijos fortuitos e o
que sabia agora era t��o grande que pareciam
nem ter existido, quanto mais que tivessem acontecido
somente h�� quatro... cinco meses incompletos
.

Mesmo assim... n��o p��de evitar que o cora����o
pulsasse com certo fervor e, sem d��vida,
sentia-se curiosa por v��-lo. Estaria ainda...
apaixonada?

N��o. Sabia disso. Era uma lembran��a infantil,
algo que a ligava ao passado de forma
n��tida: e na verdade a ��nica liga����o efetiva e
afetiva que havia, excluindo seus pais enterrados
no cemit��rio da cidade.

Precisava v��-lo. Sim, precisava.
Sabia-o casado com Fanny e que ela estava
gr��vida e, tamb��m, que os dois formavam um
casal apaixonado, voltados para a vida dom��stica.
Precisava percorrer, recuando, o tempo cronol��gico,
e n��o o tempo que correra na sua exist��ncia,
e saber se sua aventura com Celso n��o

���69


acontecera t��o recentemente, mas num tempo
distante e perdido.

Fechou os olhos e recordou nitidamente o ��ltimo
encontro quando esperara tudo, um rein��cio
ou uma decis��o verdadeira, mas quando viera
s�� o aviso:

��� Amo demais minha noiva para tra��-la.
Naquele tempo ainda t��o pr��ximo mas na verdade
t��o distante no seu esp��rito, ela ainda acreditava
na palavra trai����o, assim como acreditava
em amor, paix��o, fidelidade, numa s��rie de
coisas v��s e in��teis...

Estaria virando prostituta?

N��o deixou de sentir uma pontada no cora����o
ao recordar ��rico, seu primeiro amante, e
sentiu outra pontada quando as palavras de Helena
ressurgiram n��tidas:

��� Teu querido ��rico tamb��m n��o �� diferente
. Quis somente te comer, deliciar-se no teu corpo
e... tchau. Nunca mais o ver��s!
N��o o vira certamente nestes ��ltimos tempos
... o tempo em que estava em S��o Paulo,
pois fizera1 amor com ele uma vez somente e durante
sua primeira semana em S��o Paulo, quando
a cidade era um todo assustador, uma cloaca
gigantesca e pronta para absorv��-la.

Mas ent��o tudo mudara: S��o Paulo era a s��a
cidade, o seu novo, mas ��nico mundo. Definitivo,
permanente, certo e completo. Amado.

* * *

70���


Junto com Helena percorreu a cidade. Visitaram
a casa de amigas, constru��ram uma verdade
scbre a vida em S��o Paulo e, diante da sugest��o
de Carmo de que iriam a S��o Sim��o, Helena
recuou com uma rapidez previs��vel:

��� N��o, nunca. Seria o fim encontrar meu
ex-maridc. Dele n��o quero ver nem a sombra!
Na verdade Carmo nem recordava o fato de
Helena ter tido um marido, t��o pouco se falava
nele... t��o pouco ou nada. Na vida das duas
agora n��o havia a menor recorr��ncia ao passado,
como se somente o tempo atual valesse. E talvez
fosse por este motivo que ela (pelo menos ela,
Carmo) via Ribeir��o Preto com olhos vagos, neutros,
estranhos, como se a cidade fizesse parte
de um sonho.

�� tarde foram ao cinema, um pouco para fugir
de encontros na rua, de terem que dar explica����es
e Informa����es sobre suas vidas, sua
(aparente e fant��stica) modifica����o, outras mulheres
que eram.

Por uma coincid��ncia terr��vel, no Astor passava
"Desafio Er��tico", um filme onde ��rico fazia
o papel principal, "comendo todas as meninazinhas
do filme."

Helena mostrara-se irredut��vel no desejo de
v��-lo e, esquecida das raz��es que a tinham levado
a refugiar-se num cinema, Carmo perguntou:


��� A gente vem a Ribeir��o ver filme, querida?
���71


��� E a gente v�� cinema em S��o Paulo? Al��m
de querer fugir do diabo das pessoas que me
incomodam tanto, quero ver esse teu... teu
amante!
��rico, artista de cinema, bonito e maravilhosamente
saud��vel, primeiro homem encontrado
por Carmo em S��o Paulo, primeiro namorado e
a quem entregara a virgindade e que sentir, orgulho
disso, orgulho de ter sido ele o primeiro,
ter-se reservado inconscientemente para ele, apareceu
na tela em close logo depois do filme come��ado
e, depois, aproximando-se de uma cama
dourada, dissera aos ouvidos de uma mulher parcialmente
reclinada sobre travesseiros:

-- Voc�� �� ��nica... voc�� �� divina... voc�� ��
minha vida, meu amor... tudo!

O cora����o de Carmo apertou-se, record��ndose
de que na vida real, sem obedecer a um escrito,
ele lhe tinha dito aquilo... aquelas palavras
.

Com mais fervor?
As palavras eram as mesmas. Ele repetira o
que j�� tinha sido dito na tela, como se n��o houvesse
mais palavras a pronunciar, como se n��o
pudesse dizer nada por sua pr��pria boca, nada
que tivesse nascido da sua alma.
Come��ou a chorar, apesar da tens��o er��tica
que a imagem dele gerara, da umidade que aquele
macho maravilhoso e distante trouxera para
seu .sexo.

72���


Apesar de tudo ficou no cinema at�� ao fim,
engolindo a figura do homem com olhos, mente
e corpo.

�� sa��da do filme, como se n��o tivesse percebido
nada, Helena comentou:

��� Bem, fora de qualquer d��vida ele �� um
homem magn��fico. A coisa mais linda que j��
vi.
��� Voc�� fala nele como se fosse um cavalo,
maninha?
Helena riu:

��� At�� rjue n��o. Impress��o tua. Se fosse assim
eu teria dito que teu homem era um macho
magn��fico, um garanh��o, uma coisa!
��� Na verdade ele �� tudo!
��� Bobagem. Voc�� est�� influenciada pelo filme...
j�� sabia que ele era artista e tudo isto
te influenciou. Esta �� a verdade. Quem sabe se
o encontrando hoje, depois de tudo pelo que passou,
ele fosse at�� uma decep����o.
��� N��o acredito.
��� Ora, Carmo, voc�� era ing��nua, pura, inexperiente,
virgem. Uma garota ing��nua confunde
carinho com pot��ncia, beijo bem dado com
resist��ncia er��tica, l��ngua percorrendo o corpo
como o maior dos carinhos ��� Helena se interrompeu,
franziu as sobrancelhas e observou: ���
Sabe... sabe que talvez seja at�� melhor?
��� O que �� que �� melhor? ��� perguntou Carmo,
tentando recordar a noite que tivera com
���73


��rico e comparando-a com as posteriores, mesmo
as mais perfeitas, nenhuma delas merecendo
compara����o. ��� ��rico... acho que ��rico foi o
melhor, Helena. Sempre o melhor.

��� Talvez seja como eu disse, Carmo. Numa
determinada fase de nossas vidas, as car��cias s��o
melhor do que o ato completo, o sexo em si. ��
t��o dif��cil encontrar um homem que nos d�� verdadeiro
prazer...
Carmo franziu as sobrancelhas, surpreendida,
como se tivesse ouvido uma heresia.

��� Eu diria diferente ��� observou por fim.
��� Acho dif��cil o homem que n��o me d�� veradeiro
prazer.
��� Ah, que me dera poder dizer isto!
��� Nem Eurico?
��� Eurico? N��o sei. Para mim falta... faltava
alguma coisa em Eurico... como tamb��m
falta em Frank, por mais maravilhoso que seja.
��� E em Tom��?
Helena voltou-se para a amiga, como se tivesse
sido chicoteada em pleno rosto, mas ao
contr��rio do que Carmo esperava, foi com verdadeira
calma que ela falou devagar, de modo
quase sonhador:

��� Ah, terr��vel, terr��vel... sabe que chego a
ter pesadelos com o Tom�� me possuindo?
Carmo n��o disse nada, mas reconhecia que
as lembran��as daquela tarde/noite vinham-lhe ��

74���


mem��ria com um misto de terror e excita����o er��tica.


N��o queria repetir nada. Talvez n��o quisesse,
na verdade, mas n��o conseguia fugir da lembran��a
daqueles fatos e, pior (ou melhor), eles
a excitavam tremendamente, davam-lhe mesmo
calafrios de excita����o.

��� Gostaria de ter outro encontro com Tom��?
��� perguntou Helena, quando Carmo j�� esperava
que ela tivesse esquecido o assunto. ��� Teria coragem?
��� N��o sei ��� depois de meditar mais um pouco,
concluiu: ��� N��o. Tenho certeza que n��o.
No ��ntimo, por��m, ela sabia que, apesar do
medo, havia uma grande tenta����o pelo encontro,
desde que ele fosse realizado nas mesmas
circunst��ncias que o primeiro, quando a hip��tese
da morte se fazia pr��xima, iminente.

* * *

No caminho de volta para S��o Paulo, os dois
homens falaram num para��so tropical em pleno
interior de S��o Paulo, onde a natureza exuberante
tornava o amor mais convidativo, o sexo mais
tentador, como se fosse um para��so, um para��so
fant��stico, convidativo. Demonstravam interesse
em mostrar o lugar ��s garotas, prometendo
que n��o se reteriam para mais nada do que um
jantar e alguns drinques.

��� Voc��s precisam chegar em S��o Paulo hoje?
���75


��� Por que precisar��amos? Amanh�� �� domingo
��� disse Helena com voz doce, olhando para
Frank.
��� Eu gostaria de ��azer amor num motel em
Campinas ��� disse Frank ��� um lugarzinho delicioso,
onde a gente poderia dan��ar, comer bem
e depois fazer um amorzinho da melhor qualidade
num clima de montanha.
��� E ent��o, que agora prefiro este para��so
tropical de que falamos. �� algo fant��stico!
��� Ao para��so, ent��o ��� brincou Carlos.
Carmo compreendia que sua aventura com
Marouf teria um desdobramento com Frank, de
tal modo eles pareciam unidos, sendo at�� poss��vel
que as esposas deles (se realmente tivessem
esposas) fossem assim algo como mulheres comuns,
uma pertencendo a outro indiferentemente.
Carmo ria diante desta ��ltima e estapaf��rdia
id��ia, dizendo para si mesma: "divide-se amantes,
nunca esposas!", mas recordava a ��ltima
moda em S��o Paulo, Rio e principalmente nas
cidades m��dias do interior: a troca de casais.
De qualquer modo, considerava l��gica a possibilidade
de, qualquer dia Frank (ou Marouf) dizer
com firmeza, encarando a namorada ou mulher
do amigo:

��� �� minha vez!
Isto significava, portanto, que ela previa com
certa naturalidade o amor a tr��s (ou a quatro)
sendo bem poss��vel que tudo viesse a acontecer

76���


no para��so tropical de que falavam com tanto
ardor.

Helena, por��m, sentia-se feliz com o novo
amante e era um tipo de felicidade que Carmo
julgara imprevis��vel, fora de qualquer cogita����o.
Um amor verdadeiro, uma depend��nclia total e
obsessiva:

��� Sabe, queridinha, que depois de Frank eu
nem sei mais o que vou fazer? Depois dele, se
houver esse depois, s�� admitirei um convento!
��� N��o entendo... acha prov��vel que tudo
termine entre n��s, Helena?
Helena deu de ombros. At�� ��quela confiss��o
de Helena, Carmo n��o tivera preocupa����o em
analisar seus sentimentos em rela����o a Carlos,
mas agora compreendia estar se afei��oando a seu
homem, embora houvesse ainda entre os dois
a obsedante figura de ��rico.

��� Tamb��m gosto de Carlos, Helena, mas ��rico...
preciso ver ��rico. Preciso v��-lo por uma
vez sequer, para ter certeza de que tudo n��o
passa de ilus��o.
��� Por que n��o o encontra?
��� Ora, se fosse poss��vel!
��� Como n��o �� poss��vel? Basta ir ao Rio. Afinal,
sendo artista de cinema, de teatro, de televis��o,
�� f��cil seguir-lhe o rastro.
��� Acha que valeria a pena ir ao Rio?!
��� Voc�� �� quem sabe se vale a pena ou n��o.
Claro. Eu n��o estou dentro de voc��.
���77

���d


Aquela sugest��o lhe parecia nova e ao mesmo
tempo antiga, pois em muitas oportunidades lhe
passara pela cabe��a a id��ia de procurar ��rico.

Naquela noite, depois de chegarem ao "para��so
tropical" numa hora em que n��o deu para
perceber nada mais do que sombras compactas
de ��rvores, som de ��gua correndo entre pedras,
ela disse a Carlos, logo depois de terem feito
amor uma primeira vez:

��� Preciso ir ao Rio, Carlos.
��� Rio de Janeiro ou Rio Piracicaba?
��� Rio de Janeiro.
��� Fazer o qu�� por l��?
Ela hesitou entre falar a verdade e mentir,
mas escolheu uma terceira hip��tese.

��� Preciso conhecer o Rio.
Ele riu:
��� Ah, ��timo! Preciso tamb��m conhecer a
Gr��cia, Estambul, Bagd��, Barcelona...
��� N��o estou brincando, querido. O Rio de
Janeiro �� t��o perto...
��� Sei. �� at�� perto demais. Talvez seja mais
perto de S��o Paulo do que Ribeir��o Preto.
Picaram calados. Depois de novos carinhos
ele voltou ao assunto, como-se o tivesse considerado
durante todo esse tempo:

��� Vamos ao Rio, sim. Vou combinar com
Frank e num fim de semana livre, talvez o pr��ximo,
a gente vai ao Rio. Fique tranq��ila.
78���


��� Promete?
��� Prometo ��� uniu os dedos em cruz sobre
os l��bios, de forma c��mica. Fez um curto sil��ncio
e em seguida perguntou: ��� Esta tua hist��ria
de ir ao Rio de Janeiro n��o tem nada a ver
com homem ,tem?
Ela o beijou ternamente e respondeu com uma
mentira que n��o deixava de ter algo de verdade:

��� Meu ��nico homem �� voc��.
��� Gostaria de casar comigo?
��� N��o. Est�� bom assim ��� depois, como se
precisasse dizer algo que tornasse mais convincente
sua recusa, acrescentou: Eu n��o sou gostosa
do tipo que uma esposa deve ser, querido.
Ele, naturalmente sabendo que ela mentia,
a beijou.

���79


Capitulo 7

Calor do tr��pico

Carmo se aninhou nos bra��os fortes de Carlos
Marouf, sentindo que ele, com o sexo duro,
fazia press��o sobre suas coxas, o que a deixou
mais excitada. Correu a m��o levemente e enrolou
os dedos nos fartos p��los que aureolavam
aquele sexo tenso, palpitante, e puxou com for��a,
como se quisesse castig��-lo por alguma coisa.

Ele deu um grito fino e ela o mordeu nos l��bios,
depois afundou a l��ngua na boca que se
abria para novo grito, apertando-o com for��a:

��� Eu te amo..
��� Diga isto de outra maneira... diga...!
Ela afastou a cabe��a e o contemplou nos olhos
onde havia ternura e desejo:

80���


��� Escolha a maneira?
��� Claro!
Ela curvou a cabe��a na dire����o daquela coisa
dura e pulsante que lhe magoara a coxa e a
prendeu entre os l��bios, sentindo que o macho
vibrava ��quele contato, estirando-se na cama
com um gemido:

��� Meu Deus, Carmo... meu Deus, querida...
como voc�� �� divina...
Ela abriu um pouco mais os l��bios e afundou
a boca ainda um pouco, enquanto fazia com que
a l��ngua ��gil tieilasse inquieta.

��� Querida... pelo amor de Deus, querida,
querida... tenha pena de mim... ��� num impulso
incontrol��vel, ele ergueu o ventre, sentindo
que seu sexo r��gido, enorme e pulsante afundava
na boca da amante como se fosse sua inten����o
engasg��-la: ��� Vou morrer, Carmo, voc�� vai
me matar... vai... vai me matar... n��o posso...
aaahhh!
Carmo fingiu que ia afastar a cabe��a e abriu
ligeiramente a boca, diminuindo a press��o que
fazia com o l��bios, o que o levou praticamente
ao desespero, erguendo o ventre com rapidez, enquanto
levava as m��es aos cabelos fartos da
mo��a e pressionava a cabe��a contra seu corpo,
fazendo-a de novo engolir o sexo t��rgido:

��� Assim, querida, quero voc�� assim... agora...
agora trabalhe de vagar... pacientemen���
81


te... passe a ponta da l��ngua devagar... n��o
morda... ��� estirou o corpo com um gesto pregui��oso
e pediu, estertorando: ��� Use a l��ngua..
a l��ngua e os l��bios, seja carinhosa e divina...
seja maravilhosa... perfeita... perfeita. Eu te
amo... te amo, Carmo, quero casar com voc��
quero que seja minha... quero voc�� na cama
todos os dias, todas as noites, quero que n��o saia
de perto de mim... nunca.

Ela continuou trabalhando com toda a per��cia
que adquirira e usando tamb��m o instinto,

o gosto de sentir a carne do macho dominada,
sugada, sentindo que alguma coisa come��ava
a, vir de dentro dele, que seu membro inchava.
que dentro de poucos instantes aquela coisa que
fazia o membro tornar-se ainda mais tenso,
mais ardente, encheria a sua boca, procuraria
sua garganta... e aconteceu. Aconteceu de moio
t��o surpreendente, apesar de esperar. Soltou
jm grito, recuando depressa, com rapidez fulminante
.
De sua boca saiu todo ou parte daquele l��quido
quente e forte, a parte que ela n��o conseguiu
engolir: e logo, arrependida, precipitada, ela
come��ou a lamber-lhe o membro, procurando
cada gota perdida, cada m��nima part��cula, como
se procurasse alimento insubstitu��vel, uma fonte
vital cuja perda fosse grave, imperdo��vel.

Carlos Marouf, entre deleitado e esgotado pela
suc����o profunda e deliciosa, via os movimen


82���


tos de sua amante com um pouco de vaidade,
por saber que ela o absorvia sem nojo e com
um pouco de susto: "ent��o ela...", come��ou a
pensar, mas compreendeu que a vaidade vencia,
que seu sangue afundava no corpo dela, dilu��a-
se.

��� Agora eu estou em voc�� ��� disse ele. ��� N��o
�� a mesma coisa que deixar meu s��men no seu
sexo, n��o �� a mesma coisa que deposit��-lo no
��tero. Agora ele �� um alimento que a unir�� a
mim, a meu corpo. Sou seu alimento e seu amante
... eu...
Ela, sem deix��-lo continuar, voltou ao trabalho
anterior, fazendo com que o membro por
uns instantes fl��cido retomasse a firmeza, talvez
maior, mas quente e brilhante.

Passou a l��ngua devagar, deleitando-se, descobrindo-
se feliz com o prazer daqueles toques,

o gosto minucioso e intenso daquela carne dura
e ao mesmo tempo macia, t��rgida, e a�� mesmo
tempo branda, quente, e ao mesmo tempo deliciosa
dentro da boca, em contato com a l��ngua,
com os l��bios... com a garganta, com a
saliva.
Carlos gemia, revolvia-se na cama preso de
um prazer intenso, o verdadeiro e fant��stico gozo
que Maria do Carmo, com sua boca macia e l��ngua
��gil, conseguia transmitir-lhe.

Depois, esgotado mas feliz, murmurou:

���83


��� Ainda pensa em casar comigo?
��� N��o brinque, Carlos ��� respondeu ela, com
os olhos brilhando. ��� De onde tirou esta id��ia
de que... de que penso em casar com voc��?*
��� N��o sei... talvez de nada.
��� De nada?
��� Bem... talvez... talvez o fato de se entregar
a mim com tanta intensidade, de procurar
sempre dar o m��ximo de si, fazer-me o mais
deliciado dos homens... talvez seja isto que me
leva a pensar assim.
��� N��o entendo ��� disse a garota, franzindo
as sobrancelhas. ��� N��o d�� para entender!
Carlos Marouf ficou calado durante alguns
minutos, antes de recome��ar a falar. E quando

o fez foi lentamente, olhando para o teto como
se ele estivesse a uma altura praticamente infinita,
e seus olhos fossem al��m.
��� Posso explicar ��� disse. ��� Estou t��o habituado
a lidar com pessoas pr��ticas... pessoas
que pretendem tirar vantagem de tudo, que n��o
consigo ver com tranq��ilidade a hip��tese de que
exista algu��m diferente.
��� Jura que viu em mim ��� Carmo estava quase
chorando ��� Jura que viu em mim uma...
uma interesseira?
��� N��o... eu... bem,,voc�� precisa compreender,
Maria... compreender o meu ponto de vista.
84���


A garota levantou-se da cama praticamente
de um salto. Levou a m��o a um dos len����is e, envolvendo-
se com ele, saiu do quarto sem olhar
para tr��s, sem dizer mais uma palavra sequer.


Saiu para a noite e contemplou o c��u esplendidamente
estrelado, a pouca nesga de c��u que
aparecia depois de ��rvores frondosas, pois, agora
lembrava, estavam no "para��so tropical" de que
lhe falara o amante.

Por que levantou-se da cama com aquele ��mpeto,
como se fosse fugir para longe?

N��o conseguiu responder. E, no ��ntimo, talvez
temesse a resposta: entregara-se a Carlos
com todo aquele af�� planejando alguma coisa.
Casar?

Talvez n��o fosse isto. Talvez. �� poss��vel que
tivesse planejado (n��o planejara!) somente ser
a primeira de suas amantes, ter alguma coisa de
maravilhoso daquele mundo que ele parecia pertencer
...

N��o pensaria em casamento de fato?

N��o. Havia ��rico, seu verdadeiro amor, ainda
verdadeiro amor. Mas...

Sentia-se confusa.

Carlos esteva ali no quarto, o corpo maduro
estendido na cama e, agora ela sabia, dedicara-
se a dar prazer a ele com mais fervor do que o

-85


fizera com qualquer homem, quando, sem d��vida,
dava prazer na medida em que pretendia
receber. Com Carlos agia como se... como se
cumprisse uma tarefa, estivesse ambicionando
chegar a um ponto...

Caminhou um pouco pela noite, envolta no
len��ol branco, sem se importar com o vento frio,
com o c��u iluminado por claras estrelas, com a
copa das ��rvores alt��ssimas, com o ru��do intenso
do vento nas folhagens. Preocupava-se consigo
mesma, com seu papel naquela hist��ria.

Qual seria este papel?

N��o havia resposta e continuou caminhando,
at�� encontrar um banco de pedra, um enorme
banco frio onde se deitou, deixando que os cabelos
ca��ssem para o ch��o, que o len��ol deslizasse,
indiferente a algu��m que pudesse aparecer,
a olhos estranhos que pudessem v��-la.

Picou assim um tempo longo, at�� que o corpo
come��ou a sentir falta do outro corpo, seus sentidos
come��aram a despertar, seu sexo palpitando
como se estivesse havendo um toque macio
de m��os.

Gostava de Carlos?

Gostava de ��rico?

N��o havia resposta positiva. A n��o ser que
considerasse como resposta positiva o fato de
estar precisando daquele corpo que estava ali

86���


t��o perto do seu, do corpo que palpitava no quarto
e ao qual dera tanto prazer.

E ��rico?

Sentiu uma alegria vaga em record��-lo, uma
suave e deliciosa vontade de v��-lo outra vez,
uma lembran��a daquela noite no motel, sob luz
r��sea e perfume divino, quando perdera a virgindade,
quando perdera a tenra membrana que
possibilitara o uso integral do sexo.

Seria amor?

Comparou com o que sentia por Carlos, o
corpo m��sculo e poderoso que fremia a poucos
passos do seu, o corpo cujo cheiro ��cido conservava
no nariz, e n��o p��de ter uma resposta definitiva
.

Amar... amar... talvez a verdade fosse esta:
ainda n��o amara. Ainda n��o mergulhara naquele
sentimento profundo e longamente sonhado
chamado amor, pelo menos naquele amor com

o qual sonhara no seu tempo de adolescente;
amor com quatro letras e milh��es de significados,
amor que significava cheiro de rosas e de
violentas, brilho de estrelas num c��u profundo,
oscilar do vento em copas de ��rvores, palpita����o,
desassossego, esperan��a e alegria...
Estava sendo ing��nua, sabia.
Fechou os olhos. Apertou-os com sofreguid��o
e procurou recordar uma imagem, querendo
que fosse a imagem de ��rico a que viesse, seu

���87


afego, seu lento debru��ar-se sobre seu corpo, sua
maneira cautelosa de possu��-la como da primeira
vez, sua press��o cautelosa sobre seu sexo e, depois,
a primeira posse completada, sua press��o
total, apertando-a feliz e movimentando o corpo
como um louco, gemendo, ganindo, revelando o
prazer total que sentia, prazer animal, avassalador
e que terminara por transmitir a ela.

Lembrava-se da descoberta do gozo, descoberta
assustada, quase em p��nico e que, depois
daquele primeiro gozo intenso, a necessidade de
se apalpar, de saber se estava viva, se regressara
da morte ou do para��so.

Riu, sorriu. Lembrou-se do corpo de Tom��
sobre o seu, agindo como um animal alucinado,
babando e gemendo, seu membro ardente e
gigantesco atingindo-lhe o ��tero, a press��o do
peito forte e cabeludo sobre seus seios pequeninos
e tensos, as m��os como garra ferindo suas
costas...

Lembrou-se de Eurico, o lindo, perfeito, efeminado
Eurico possuindo-a dentro da piscina,
sugando seu sexo com exatid��o, empurrando-lhe

o membro rijo nos v��rios buracos do corpo feitos
para a penetra����o...
Lembrou-se de Carlos possuindo-a meticulosamente,
assistindo a revela����o de seu corpo naquela
primeira noite em que fizera amor, como
se nunca tivesse visto outro corpo nu de mulher,
como se fosse a maior de todas as revela����es
poss��veis que tivesse diante dos olhos...

88���


��� Carlos... Carlos... ��� murmurou. E sentiu
a garganta apertada, sentiu que suas t��mporas
gotejavam e, mais, que seu sexo palpitava,
que seu corpo fremia e que desejava ardentemente
ser possu��da: ��� Carlos... Carlos... meu
querido, meu amante... meu...
Levantou-se com o mesmo ��mpeto com que se
afastara dele voltou para o quarto, certa de encontr��-
lo dormindo, mas n��o se surpreendeu ao
ver que ele a mirava com olhos grandes, entre
divertidos e sonhadores.

��� Carlos! ��� disse ela com sofreguid��o, como
se pedisse a vida. ��� Carlos!
��� Venha, querida. Por que fugiu?
��� N��o fugi.
��� Venha.
���Voc�� gosta de mim?
��� Muito.
��� Voc�� me deseja?
��� Muito.
��� Eu deixei voc�� feliz?
��� Muito. Demais. Voc��... voc�� �� a mulher
que eu amo, que eu quero, que desejo.
��� N��o vai pensar nunca mais que fico com
voc�� e que lhe dou prazer por interesse?
��� N��o.
���89


��� Nem vai falar mais em casamento?
Ele sorriu de novo, estendendo os bra��os para
ela, puxando-a contra seu corpo:

��� Mas eu quero casar com voc��, Carmo. Falei
a verdade quando...
��� N��o diga! ��� falou ela, colocando dedos
finos e mornos sobre a boca sensual. ��� N��o
fale.
Ele deixou os l��bios ali, puxou-a ainda mais
contra seu corpo, levou a pr��pria m��o ao sexo
palpitante e penetrou-a devagar, mil��metro a
mil��metro, e olhando-a dentro dos olhos, esperando
provavelmente ver surgir naquelas retinas

o nascimento do prazer.
��� Meu ��nico homem �� voc�� ��� disse ela depois,
resfolegando cansada, ardente de febre. ���
Meu ��nico, definitivo, eterno amante.
��� Amante... amante.!. ��� ele a beijou nos
olhos, engoliu algumas gotas do suor que continuava
brotando daquelas t��mporas febris: ���
Gostaria de casar comigo?... Vamos... diga!
��� N��o, n��o. Est�� bem assim. J�� disse.
��� N��o quero esta resposta. Ou, pelo menos,
quero uma explica����o.
Ela sorriu brandamente, antes de responder,
desviando os olhos:

��� Eu n��o saberia me comportar como a mulher
de um marido rico.
90���


��� N��o mesmo?
��� Juro que n��o.
Ele sorriu divertido. Depois, soltando uma
esp��cie de cacarejo disse:

��� Isto se aprende. Talvez seja a pior maneira
poss��vel de se comportar, mas se aprende!
Ela n��o compreendeu o inteiro significado da
frase, mas n��o fez perguntas, limitando-se a beij��-
lo e, como gostava de fazer com aquele corpo
peludo, foi descendo o boca lentamente, at��
atingir os p��los p��bicos, onde se deteve mordiscando-
os, at�� encontrar novo prazer em titilar
a l��ngua na glande t��rgida, vermelha.

��� Voc�� me mata, Maria. Maria! Eu n��o vou
sair vivo daqui, Maria. Eu...
Ela girou o corpo devagar e impediu que ele
falasse, colando o pr��prio sexo ressumante na
boca que come��ara de novo a se abrir, mas que
agora se fechava sequiosa e depois se reabria
para deixar passar uma l��ngua ��gil, flex��vel e
mortal como a de uma serpente.

Gozaram ainda uma vez, mais uma vez, as
bocas se devorando, iterrando todo o suco poss��vel
dos corpos parcialmente esgotados, mas
sempre capaz de se renovarem, como se renascessem
das cinzas, como se cada novo prazer
gerasse um alento maior e uma maior fome de
gozo.

���91


��� Pronto ��� disse ele depois, respirando com
dificuldade. ��� Agora morro.
Ela deitou-se ao lado dele e murmurou como
se respondesse �� uma pergunta:

��� Tenho a metade de sua idade.
Ele afagou-lhe os cabelos preciosos:
��� Ainda ag��ento voc��.
��� Sei disso.
��� E ent��o?
��� Quero esgot��-lo. Quero que sinta a diferen��a
de idade, que p��o pode brincar comigo.
Ele sorriu, com aquele riso de que ela gostava
tanto e murmurou:

��� Onde aprendeu isto, crian��a?
��� Isto o qu��? ��� perguntou ela inocentemente,
enquanto deixava-se abra��ar, ambos parecendo
apaziguados na noite mansa. ��� Que quer dizer?
��� Onde aprendeu a fazer amor com tanta
f��ria? Onde aprendeu a ser t��o... f��mea. Eu
quero dizer: onde aprendeu a ser t��o deliciosa.
��� Verdade?
��� Juro!
��� Aprendi agora.
Ele ficou calado, contemplando o teto, enquanto
fumava dois cigarros seguidos. S�� ent��o
perguntou, como se precisasse pesar a palavra:

92���


��� Agora?
��� Sim, agora... n��o, Carlos, n��o agora. Com
voc��, desde o primeiro dia.
��� N��o acredito.
��� N��o precisa acreditar. N��o precisa... se
fizer diferen��a.
Ele ficou calado. Ela o beijou nos l��bios, afastando
com a boca o terceiro cigarro que ele acendera,
e disse, como se tentasse se redimir:

��� Vi em revistas, li em livros... algumas
amigas me contaram. Usei tamb��m minha imagina����o
... mas nunca tinha tido coragem... ou
vontade... antes ��� olhou dentro dos olhos dele
e acrescentou: ��� Sei que n��o acredita.
Ela na verdade n��o mentia, embora n��o falasse
inteiramente a verdade. Sua boca n��o era
virgem do sexo masculino.assim como sua boca
n��o era virgem de beijos .Seu sexo tamb��m n��o
era virgem de outras bocas, mas nada antes
acontecera de modo completo e espont��neo como
naquela noite, e talvez tivesse sido motivada
pela lembran��a do que vira Helena ser for��ada
a fazer em S��rgio ou...

Era verdade. Sim, era verdade. A partir daquele
dia sua vontade se tornara crescente, at��
que resolvera tentar naquele ambiente tropical,
onde havia uma intimidade total e onde pretendera
compensar o amante por tudo, pela alegria
que lhe estava dando desde o primeiro encontro.

���93


Ele n��o fumou o tercsiro cigarro. Puxan,do-a
contra seu peito forte, disse:

��� Isto que voc�� fez foi uma experi��ncia rara
para mim, gatinha.
��� Ningu��m tinha feito? ��� perguntou Carmo
ingenuamente e sem coragem de fit��-lo.
��� Ah, sim, claro. Mas voc��... ��� ele ergueu
um pouco o busto e a encarou fixamente: ��� Sabe
que n��o consigo imaginar voc�� como uma mu-
lhe esperta, viva, s��bia, uma mulher com um
passado er��tico?
��� N��o tenho mesmo.
Carmo contou para o amante sua viv��ncia
rematada e t��mida em Ribeir��o Preto onde, por
motivos v��rios, quase nem tivera namorados e,
em seguida, suas experi��ncias na cidade grande,
mais ativas do que intensas. Mas, quanto a esta
parte, n��o entrou em detalhes e nem citou a
experi��ncia com S��rgio e Tom��, n��o falou das
aberra����es.

��� Acredito em voc�� ��� disse Marouf. ��� Mas
pode estar certa de que acredito mais por desejar
acreditar. �� sempre assim. Quando gostamos
de uma mulher ela se torna pura, afastamos
dela todos os erros, todos os pecados. N��o
�� por acaso que as m��es s��o os filhos modelos
de virtude. S��o puras primeiro porque as queremos
assim.
��� Sei ��� disse Carmo de modo mais apreensivo
do que sonhador. ��� N��o sou um modelo de
94���


virtude, mas tamb��m n��o... quero dizer, n��o me
corrompi. Ainda, ainda n��o.

Carmo sentia-se envergonhada diante daquelas
informa����es, como se estivesse consciente de
mentir. No ��ntimo reconhecia estar querendo
subir aos olhos do amante, desejando crescer, um
pouco esperan��osa de se tornar ��nica na vida
dele ou, mais certamente, a ��nica amante.

N��o falaram mais durante muito tempo, at��
se envolverem em nova luta amorosa, finda a
qual Carmo reconheceu de repente que n��o desejava
mais que Carlos fosse substitu��do por
Frank e, mais grave, sentia ci��mes diante da
simples suposi����o inevit��vel de que nada tivesse
mudado para Helena, que ela continuasse esperando
a chance de mudar de cama e de parceiro.

Apesar disso, continuava se perguntando: e
��rico?

N��o amava Carlos, portanto, desde que mesmo
naquele momento continuava se perguntando
por ��rico... ou amaria os dois?

Sentia-se confusa, embora reconhecesse, no
Cinderela em rela����o �� Marouf, o pr��ncipe milion��rio.
E tudo se tornara maior quando ele
dissera que, ao se gostar de uma pessoa, ela
se torna pura, todos os pecados s��o perdoados.

Para que uma confiss��o mais clara de que a
estava amando?

Durante todo o ��ltimo trecho da viagem de
volta para S��o Paulo, ela procurou se enver


���95


gonhar dos novos sonhos de Cinderela, mas n��o
conseguiu ao mesmo tempo que (seria impress��o?)
sentia que a imagem de ��rico come��ava a
diminuir no seu esp��rito, a ter os contornos reduzidos,
substitu��da pela figura cada vez mais
forte de Carlos Marouf. -Recostou-se mais um
pouco nele, que dirigia com seguran��a e pediu,
terna:

��� Fale alguma coisa, querido.
��� Eu te amo ��� disse ele sem sorrir. E repetiu,
tocando-a de leve: ��� Amo muito.

COLE����O KARINA S��RIE AMARELA

Pr��ximo lan��amento

AMANTE A DOMIC��LIO
Ricardo Veronese

Pedidos pelo Reembolso Postal:
Caixa Postal 20.095

21.180 ��� RIO DE JANEIRO ��� RJ


De: Bons Amigos lançamentos <




O Grupo Bons Amigos em parceria  com o grupo  Solivros com sinopses  tem a satisfação de lançar hoje mais um livro digital para atender aos deficientes visuais.   

Sexo Tropical - José Edson Gomes

Livro doado por Sérgio Galdino e digitalizado por Fernando Santos
Trecho do livro:

As duas viajavam no banco de trás, os rapazesna frente, e Carmo não deixava de se sentir satisfeita com a companhia que Helena lhe arranjara. Os rapazes eram irmãos (diziam-se irmãos, pelo menos). Não tinham qualquer semelhançafísica, mas eram bonitos, sadios e jovens, com aquele aspecto bem desenhado dos ga-rotões de boa família.


Lançamento  :

a)SÓ LIVROS COM SINOPSE

https://groups.google.com/forum/?hl=pt-BR#!forum/solivroscomsinopses


BONS AMIGOS

b)http://groups.google.com.br/group/bons_amigos?hl=pt-br

Este e-book representa uma contribuição do grupo Bons Amigos  e Solivros com sinopse para aqueles que necessitam de obras digitais como é o caso dos deficientes visuais e como forma de acesso e divulgação para todos. 

É vedado o uso deste arquivo para auferir direta ou indiretamente benefícios financeiros. 
 Lembre-se de valorizar e reconhecer o trabalho do autor adquirindo suas obras .

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