Contos Legendários II - Margaret L. Carter - A Queda do Demônio (Rev. PRT)
Preso entre o Céu e o Inferno! Quando o anjo caído Kammael toma forma humana, sob as ordens de seduzir Erin Collier para longe de seu destino, ele torna-se estranhamente atraído por esta mera mortal. Ele não pode suportar vê-la prejudicada e, quando o inferno ataca Erin com seus poderes, ele pode ter que fazer o sacrifício final para o seu amor recém-descoberto.
Revisão Inicial: Dani Saccomani
Revisão Final: Priscila Rocha
Visto Final: Kátia
Formatação: Dyllan
Projeto Revisoras Traduções
Capítulo Um
A maldade espreita a mente deste homem magro. Sentindo essa maldade de onde estava, junto à porta aberta do estacionamento do abrigo para indigentes, Karl Engel o visualizou como uma serpente. Precisava só de uma leve picada para injetar o veneno no anfitrião e lançá-lo à ação. O trabalho de Karl não era aplicar esse veneno. Outras forças cumpriam essa função. Seu trabalho era ir ao resgate das vítimas que o anfitrião teria em mente no momento estratégico.
Na sala de recepção desgastada da Casa do Pão segurou a porta para Erin Collier entrar, a potencial donzela em perigo. Os outros voluntários que trabalharam das quatro da tarde até a meia noite já tinham ido embora para suas casas e deixaram que Karl acompanhasse Erin a seu carro; ela era um dos dois membros do pessoal pago para esse turno. Às doze horas de uma noite de verão, o estacionamento estava vazio, ainda que uma brisa úmida trouxesse a música e os risos de um bar localizando em outra quadra. Erin tirou da testa um cacho de seu cabelo loiro mel curto e sorriu para Karl. Seu perfume de jasmim lhe estimulava o olfato.
Ele gostava da fragrância, misturado com o úmido aroma feminino, uma das compensações por ocupar um corpo humano. Pelos poderes das Trevas, havia muitos aspectos negativos para compensar os poucos pontos positivos! Esta estrutura de carne precisava de nutrição, água e descanso, e realizava funções desagradáveis, tais como a digestão. Não que não desfrutasse de alguns alimentos, como os caranguejos azuis ao vapor, que Erin lhe tinha ensinado a dar uma pancada para comer sua carne, ou o doce de leite e o creme, que muitas vezes levava de sobremesa ao abrigo. Se pelo menos o seu corpo não tivesse que digerir estes convites de uma forma tão crua. Mas por outro lado, respondia com uma agradável agitação do sangue para a forma curvilínea e exuberante de Erin. Ele aproximou-se dela, deixando seu perfume e brilho de sua aura substituísse um dos aspectos negativos, o cheiro do lixeiro que estava ao lado do edifício. Ele não tinha certeza se poderia suportar um corpo humano e os sentidos, se ele não tinha poder para escapar deles e tornar-se etéreo de vez em quando.
Seus olhos adaptados à noite captaram outra figura que caminhava pesadamente pela calçada em direção a eles: uma mulher. Não, parecia mais uma garota de quase vinte anos. Ele olhou com algum desconforto, reclamando porque ela tinha arruinado o momento do confronto planejado. Exceto pelo abdômen arredondado, era magra, usava calça jeans, sandálias, um moletom muito grande para ela e uma mochila. Estava com os cabelos castanhos despenteados que batiam nos ombros.
Ela parou na frente de Karl e Erin.
? Você trabalha aqui? Eu preciso de um lugar para ficar.
Erin deu uma tapinha no ombro da garota.
? Desculpe, já faz algum tempo que o abrigo foi fechado. Volte amanhã, querida... Qual é o seu nome? ? A forte voz de contralto ecoou nos ossos de Karl como um órgão musical. Um dos poucos prazeres de trabalhar como voluntário no abrigo de marginais era ouvir a voz dela quando dava ordens aos pacientes, quando os chamava, todas as noites após o jantar.
? Lisa, ? murmurou a menina. ? Vou ter um bebê.
Erin sorriu. ? Sim, eu vejo. ? Ela remexeu em sua bolsa que estava pendurada em seu ombro esquerdo e tirou notas de vinte dólares.
? Isso deve chegar para um quarto na Pousada Econômica. É a meia milha daqui e a rua é bem iluminada. Com a mão, ela indicou a direção norte, passando por restaurantes fechados, shopping centers e concessionárias de veículos.
? Volte amanhã as quatro, quando o meu turno começa, e verei como você conseguirá alguma ajuda. ? Deu-lhe um cartão de visita.
? Ah, sim, obrigada. ? Um pouco surpresa, a moça colocou o cartão e o dinheiro no bolso e virou-se para empreender o caminho.
Lisa mal chegou à próxima esquina quando Erin sussurrou: ? Talvez eu devesse ter me oferecido para levá-la. Mas se supõe que não devemos nos envolver pessoalmente com os pacientes.
Escorregando o braço em volta de sua cintura, Karl disse, ? E dar dinheiro não parece que é envolver-se? Você realmente espera vê-la novamente? ? O toque de seu quadril contra o dela fez com que suas entranhas se contraíssem, uma distração agradável, mas desnecessária para o momento.
Desafiante, ela levantou o queixo e olhou a diferença entre as suas estaturas.
? Sim. Não partilho o seu mau conceito da humanidade.
Apreciando o seu perfume outra vez, começou a dizer:
? Como eu já disse muitas vezes...
Outro cheiro se interpôs: a cerveja e o suor de vários dias. O homem, delgado barbudo que estava escondido em volta do estacionamento aproximou-se de Karl e Erin, que já estavam indo ao seu carro. Karl congratulou-se por calcular com precisão o tempo que saiu. Se o ataque ocorresse dentro do abrigo não iria funcionar porque no turno da meia noite alguém poderia ter interferido com o seu heroísmo.
Erin parou para ver o homem magro, que havia pedido uma cama pelo menos quatro noites por semana e teve de ser rejeitada a metade deste tempo. A pele envelhecida e o cabelo que parecia um ninho de urubus com estrias de cinza deu-lhe um aspecto da pessoa com mais de cinquenta anos, o que provavelmente tinha.
? Sr. Weiss, você conhece as regras.
Karl leu um suspiro exasperado reprimido na mente de Erin. Ela cruzou os braços e continuou com um tom suave, mas firme.
? Você sabe que o abrigo fecha as nove da noite e que, de qualquer maneira, não pode entrar se tiver bebido.
? Oh, por favor, Srta. Collier, não poderia me dar um tempo por uma vez?
? Primeiro você tem que dar a si mesmo. Volte amanhã à tarde e podemos falar de seu retorno à reabilitação. ? Ela continuou andando.
Não era a primeira vez que Karl se perguntou como ela poderia manter semelhante bom humor. E nem sequer era uma farsa. Sob este aspecto da impaciência e cansaço, ela sentiu uma compaixão sincera pelo espécime desprezível. Se tivesse permissão, Karl teria parado o coração daquele homem, sem pensar duas vezes. Mas matar seres humanos foi algo abertamente não autorizado a fazer, uma restrição que o frustrava. Não morriam milhões deles a cada ano por doenças e desastres naturais? Quem sentiria falta de mais alguns?
Weiss andava arrastando os pés para chegar na frente deles e bloquear a sua entrada no carro. ? Então me dê o dinheiro para um motel, como fez com a menina grávida. ? Seu tom de voz alterado era de uma lamentação carrancuda.
? Desculpe, não posso fazer isso. É uma noite quente. Não vai congelar. Falaremos amanhã à tarde.
Karl ficou impressionado com a falta de medo em sua voz. Não se surpreendia que ainda não havia cumprido a missão de convencê-la a parar de trabalhar no abrigo. Ela estava louca, como o resto dos bípedes sem pelos. Pelo menos ele teve bom senso suficiente para perceber que Weiss, ao contrário da menina, desperdiçaria o dinheiro dado em uma garrafa de vinho em vez de alugar um quarto.
Quando Erin deu um passo de lado para evitá-lo, o bêbado agarrou seu braço. ? Não me ignore, senhora.
Karl arremeteu contra Weiss e lhe baixou o antebraço com um movimento violento. Com um rosnado, Weiss retrocedeu aos tropeções. Karl cheirou o miasma de fúria endemoninhada que nublava qualquer pensamento racional que pudesse ter o homem. Não era uma posse verdadeira, mas era uma influência fora do normal, como Karl tinha esperado. Weiss sacou uma navalha e desdobrou-a com dedos trêmulos. Erin teve um momento de medo, mas o superou rapidamente. Quando Weiss brandiu a lâmina no ar e tratou de obter sua carteira, não recuou. Karl viu a oportunidade e deu um pulo entre Erin e seu atacante. Para surpresa dele, em lugar de deixar-se proteger, ela o tirou de seu caminho.
? Não, não vai me machucar. Senhor Weiss, me dê essa navalha. ? Estendeu-lhe a mão.
A estratégia poderia ter funcionado se a mente do homem não tivesse estado obstruída com algo mais do que álcool. Passada a surpresa, voltou a lançar-se contra ela. Esta vez Karl não lhe deu a oportunidade de interferir. Com um golpe lhe tirou a navalha que caiu no chão, atirou-o com a cara no chão e lhe apoiou o joelho no meio das costas.
? Erin, chama a polícia.
? Não, Karl. ? Agora lhe tremia a voz e ele percebeu medo em sua pele.
? Outra detenção em seus antecedentes não lhe fará nenhum bem. Toma a navalha e deixa que se vá.
? Está louca? Voltará a incomodá-la. Karl aumentou a pressão sobre Weiss, que tremia embaixo dele e alternadamente gemia e amaldiçoava.
? Não o fará quando estiver sóbrio. Por favor, tenho mais experiência do que você neste tipo de coisas.
? Por isso saltou na frente da arma? Seu título de psicóloga te torna invulnerável? ? Ainda que o encontro tenha terminado tal como Karl o tinha planejado, não pôde evitar sentir-se indignado pelo modo em que Erin se lançou ao perigo e, mesmo assim, seguia mostrando compaixão por esse imbecil que poderia ter cortado em pedaços aos dois. Desconcertado, sacudiu a cabeça, pôs-se de pé e deixou que Weiss se levantasse com dificuldade.
? Já escutou a senhorita Collier. Vá embora.
A influência demoníaca saiu do cérebro de Weiss e o deixou confundido e assustado. Olhou a cada um deles alternadamente e se perdeu na escuridão arrastando os pés. Karl levantou sua arma e dobrou a lâmina. Quase não podia crer que Erin tivesse tratado de protegê-lo como se tivesse sido ele quem estava em perigo.
No entanto, quando ela se aproximou, Karl notou que lhe tremiam as pernas como consequência do encontro. Deixou cair a navalha num bolso lateral, aproximou-se dela num par de passos e a abraçou. Ela apoiou a cabeça no peito dele, pressionando a bochecha contra a frente de sua camisa. O momento estratégico tinha chegado. Estava seguro que desta vez ela escutaria seus argumentos para renunciar ao trabalho no abrigo, mas tinha que seduzi-la para fazer-lhe entender seu ponto de vista. Isso era algo que ele esperava com prazer e curiosidade.
* * * * *
Tremendo, Erin se abraçou à cintura de Karl. Seu corpo firme e musculoso era um bom apoio. Agora que tinha passado a crise, um frio tardio se tinha apoderado dela. O senhor Weiss jamais tinha dado o menor sinal de ser remotamente perigoso. Mal podia crer que a tivesse ameaçado. Os batimentos regulares do coração de Karl sob sua orelha acalmaram sua própria respiração e seu pulso. Ele lhe acariciava o cabelo com uma mão e com a outra lhe desenhava círculos no meio das costas. Ela sentiu o toque de seus lábios na parte superior da cabeça.
? Está bem? ? A voz suave de Karl trovejou em seu peito e gerou vibrações que ressoaram através de seus ossos.
Ela assentiu com a cabeça. Ele moveu lentamente os dedos embaixo do cabelo para massagear-lhe a nuca. Inclinando a cabeça para trás, ela procurou seus olhos à luz da iluminação pública. Os olhos dele, cor azul celeste durante o dia, mas profundamente sombreados agora, exploravam-na com preocupação e possivelmente algo mais. Ele lhe deu um beijo suave na testa e a ela prendeu a respiração. Karl deslizou os dedos em seu pescoço para alcançar o queixo.
Quando baixou a cabeça para beijá-la, ela já estava pronta. Durante mais de um mês tinha se apresentado no abrigo para trabalhar como voluntário todas as noites em que ela estava de serviço. Poucas das pessoas que doavam generosas somas de dinheiro, como contribuía Karl, também se incomodavam em doar tantas horas de serviço pessoal. Erin se tinha perguntado se o fato de que lhe andasse dando voltas significava algo mais do que o simples interesse de um homem novo na cidade querendo companhia. Essa boca que explorava a dela respondia a essa pergunta. Erin abriu os lábios para deixar-lhe passar a língua. Cada ponto de contato irradiava um calor que se espalhava em todo o corpo dela como uma camada de seda. Um arrepio delicioso dançava de seus lábios a seus mamilos e à boca do estômago. Sentiu um calor entre as pernas e se surpreendeu mudando de posição para moldar-se ao corpo de Karl.
A ereção crescente pressionava contra seu corpo. Com a respiração entrecortada, ela abriu mais a boca para ele bem como a língua. Quando ele fez o mesmo, um rosnado baixo soou em sua garganta. Ela lhe agarrou a parte de trás da camisa e esfregou os seios contra seu peito. Uma mão subiu para explorar o cabelo preto grosso do modo que tinha secretamente desejado por semanas. Era como a pele de inverno de um predador peludo. Ela deixou escapar gemidos macios. Imaginava o momento em que ele colocasse o seu pênis na bainha da maneira como ele foi metendo e tirando a língua para fora da boca.
Ele deslizou a mão atrás para agarrar o traseiro dela. Quando correu um dedo abaixo na dobra das nádegas, acariciando-a através da calcinha, uma explosão de luz, de repente a acordou do transe sensual. Meu Deus, que eu estou fazendo? Arrancou sua boca da dele, soltou-lhe os ombros e afastou-se para deixar um espaço entre seus corpos.
? Erin, por favor… ? A necessidade tornou sua voz áspera. Com as mãos lhe percorria as costas de cima e abaixo como se ele não estivesse cansado de tocá-la.
Fazia tanto que um homem não a desejava, tanto que estava quase sucumbindo. Mas conhecia Karl há apenas seis semanas. Quando a tomou pelo torso com ambas as mãos e os polegares começaram a vagar pelas curvas dos seus seios, ela agarrou seu pulso para detê-lo. Mas as pontas de seus mamilos já tinham se levantado.
? Desculpe-me. Eu não deveria ter permitido que isso acontecesse. ? Ela mal podia controlar a respiração suficiente para dizer as palavras. Embora seus olhos ainda estivessem queimando, moveu-se afastando, recuando.
? Não, eu deveria pedir desculpas por tirar proveito da situação. Deixe-me levá-la para casa. Seu carro estará seguro aqui por uma noite. Eu não acho que você deva ficar sozinha.
? Realmente, eu estou bem. ? Erin tirou uma mecha de cabelo de sua testa úmida. Sua mão ainda tremia. Ela observou com aborrecimento.
? Por favor. Caso contrário eu não conseguirei dormir, se ficar preocupado. ? Ele acrescentou com um sorriso irônico: ? Eu prometo que não vou atacar você.
Ela desejou que ele não pudesse ver o rubor que lhe queimou o rosto. ? Ok, eu aceito a proposta. Teve que admitir que não gostou da ideia de conduzir sozinha para a sua casa. Não só isso. Não iria deixá-lo de forma tão abrupta.
Segurando-a suavemente pelo braço, levou-a para o seu carro. Ele tinha um Mercedes dois lugares, mas considerando o pouco que sabia, isso não foi surpresa. Ela se sentou no banco do passageiro, respirou o cheiro de couro e suspirou de prazer quando o ar condicionado frio começou a disparar sobre os braços suados.
O que ela sabia era que Karl tinha vindo de algum lugar da Europa central, havia se mudado para a América e fez uma fortuna com algum tipo de empresa on-line, e agora vivia uma vida acomodada de ócio e às vezes trabalhava como consultor para manter-se ocupado. Toda vez que ela tentava entrar em detalhes, ele mudava de assunto. Não tinha muita informação de seus antecedentes para iniciar uma relação. Por tudo que sabia, poderia ter feito dinheiro com o crime organizado e não com softwares. Ela riu de si mesma pela ideia. Contrariamente à imagem de um chefe mafioso com coração nobre, digna de Hollywood, ela duvidava que um típico homem dessa subcultura oferecesse doações de cinco cifras a abrigos para indigentes. Enquanto o carro saía à rua quase deserta, lhe deu as indicações para ir a sua casa.
? Que demônios te possuiu para ficar em frente a uma navalha? ? Sua frustração óbvia adicionou aspereza à pergunta.
? Não queria que te machucasse.
? Bom, temos algo em comum. Eu tampouco queria que te machucasse. ? Ele maneou a cabeça em aparente desespero por sua imprudência.
? Não acredito que nos tivesse machucado. Provavelmente, eu poderia havê-lo tranquilizado. Mas não te conhece. Poderia ter tentado cortar a sua garganta. ? Erin tragou saliva com um medo inesperado. ? Não posso acreditar que esteja dizendo isto. Ele não é assim. Pergunto-me o que lhe aconteceu.
Karl encolheu os ombros. ? Droga, talvez?
? Até onde sei, sua droga preferivelmente foi sempre o álcool, nada ilegal.
? Independentemente da causa, agora compreende por que te acompanho ao carro cada vez que posso. Detesto ver como põe em perigo sua segurança. Preocupo-me com você.
Erin olhou-o rapidamente e, em seguida, virou-se para a escura janela lateral. Constrangida, debatia-se entre a inibição e uma pitada de prazer nostálgico. Mas isso não podia ser muito significativo, não com uma relação de tão pouco tempo.
? Exagera com a questão da segurança. Eu tenho feito isto durante cinco anos.
? Por que?
A veemência da breve pergunta a surpreendeu. ? O que quer dizer?
? Perguntei-me isso desde que nos conhecemos. ? O carro saiu da zona comercial e entrou em um bairro escurecido pelas árvores, onde ela vivia. ? Tem um doutorado em psicologia. Deixou a prática profissional privada para trabalhar em um local de caridade e sofreu um enorme corte em seus ganhos.
? Não é um local de caridade, é um centro público para indigentes. ? Ela esboçou um sorriso. Tinha-lhe corrigido muitas vezes como a "sopa dos pobres". ? Também deixei a confusão de conduzir uma hora até Washington todos os dias, sem mencionar o estresse de atender aos pacientes individualmente. E ganhei a satisfação de fazer algo realmente bom para a sociedade.
Karl deteve o carro junto ao meio fio na frente da casa dela: uma casa de dois andares em mal estado localizada em um bairro velho que estava a dez minutos do abrigo. Depois de quatro anos, ainda passava parte de seu fim de semana ocupada nos projetos de reparação que havia feito com um pequeno empréstimo.
? Suspeito que não vivia aqui quando trabalhava no consultório em Washington.
? Não, e me agrada este lugar que está bem comparado com o condomínio muito caro que vendi quando tive o corte no salário. ? Ela abriu o cinto de segurança e segurou o trinco da porta.
? Deixe comigo. ? Desceu do carro, deu a volta e lhe abriu a porta.
"Oh, não recordo a última vez que isso me aconteceu". Agradeceu-lhe e saiu do carro. Quando tomou a mão para acompanhá-la até a calçada, um calafrio lhe percorreu o braço.
? Sério, ? disse-lhe, ? por que tomou a tarefa de salvar a um paria do mundo? E por que não mandou o Weiss para cadeia? Não pode ser só idealismo abstrato.
Esperou até chegar ao alpendre para responder.
? Tem razão, não é isso somente. Meu irmão mais novo morreu faz cinco anos e meio. Matou-se em um acidente de carro enquanto estava bêbado. ? Fechou os olhos para apagar a lembrança momentânea da noite em que tinha recebido a chamada para lhe informar do acidente. ? Quando nossos pais morreram, eu tentei cuidar dele. E falhei.
Karl a abraçou e a beijou na testa com uma delicadeza incrível.
? Sinto muito. Mas estou certo de que não falhou com ele.
Piscou para livrar-se das lágrimas. ? Tem razão, é obvio. Isso é o que diria a um paciente que se sentisse da mesma maneira. Que desperdício! Era um artista brilhante. Apresentava mostras em galerias, vendia obras, tinha algumas críticas boas. Também era alcoólatra, e cada vez que começava a reconstruir sua vida, voltava a beber e arruinava tudo. Outras pessoas só viam as vezes que o tinham multado por conduzir sob a influência do álcool e o tachavam de perdedor. Mas se equivocavam. ? Erin se surpreendeu com sua própria veemência. Modulou a voz para obter um tom mais calmo. ? Por isso sou um pouquinho mais tolerante que você com gente como o senhor Weiss.
? Vejo sua motivação, mas suponho que nunca a compreenderei, não em nível emocional. ? A tinha abraçado de lado e se aproximou mais, mas não ficaram bem de frente. ? Claro que depois de cinco anos já fez o suficiente. Pensa no bom trabalho que poderia fazer se voltasse para o consultório particular. E não teria que se preocupar por ataques com objetos afiados na rua a meia noite.
Com uma risada forçada, Erin disse: ? Não tem experiência de primeira mão com a vida de um terapeuta, não? Os pacientes perigosos aparecem com ternos de risca de giz e vivem em grandes condomínios, não só nas ruas.
? Mas, sem dúvidas, trabalharia em um edifício com segurança permanente. ? Segurou-lhe pelo queixo para que o olhasse no rosto. Ela sentia o calor dos dedos na garganta e isso lhe produziu um calafrio. ? Não pensará em renunciar? Doarei o suficiente para pagar o salário de um ano de dois postos em lugar do teu somente.
Ela arregalou os olhos pela surpresa. Não podia ser que lhe dissesse isso. ?Por que diabos ofereceria isso?
Karl estirou o dedo polegar para lhe roçar o contorno da boca. Ela lutou contra o impulso de tirar a língua e lhe chupar o dedo que avançava sem autorização.
?Já lhe disse isso, Erin, preocupa-me o que te acontece. Quero que esteja segura e feliz. Não sentirei falta do dinheiro. Tenho tanto que não sei o que fazer com ele.
? Eu sou feliz. ? Consciente pela metade do que fazia, virou-se para ele. Com os seios lhe tocou o peito e a fricção dos mamilos através das camadas de roupa os excitou e lhes fez sentir um comichão.
? Tem certeza? Completamente? ? Sua voz baixa lhe fazia tremer os nervos.
Ela assentiu com a cabeça. Mas a pergunta ecoou em sua cabeça. Ela estava feliz com seu trabalho, apesar do pouco que lhe pagavam, as horas que lhe levava e a constante arrecadação de recursos e fornecimentos. Dava-lhe mais satisfação do que lhe tinha dado sua carreira de terapeuta. Entretanto, talvez sua felicidade necessitasse de algo mais para ser completa. Talvez precisasse compartilhar a vida com alguém mais além dos amigos, os colegas de trabalho e os pacientes. E não perderia nada experimentando, não? Deu a volta entre os braços dele para olhá-lo diretamente e pressionou seu corpo contra o do Karl. Parada nas pontas dos pés, deu-lhe um beijo no lado do pescoço. Cheirava a especiarias, canela e noz moscada com um leve toque ardente como nunca tinha sentido em nenhuma colônia nem loção pós-barba.
Ele respondeu inspirando com surpresa. Inclinou-se para ela, com as mãos apoiadas nas costas para sustentá-la perto, e capturou a boca aberta. Com um suspiro, ela se fundiu com ele. A língua de Karl entrava e saía, estimulando as comissuras e lhe roçando os lábios e ela respondia da mesma maneira. Desejava lhe esfregar todo o corpo como um gatinho, envolvê-lo e mantê-lo dentro dela. Havia tanto tempo que não tinha um desejo desse tipo que se sentiu tonta pelo prazer. Seu prometido tinha terminado com ela na época perturbadora e angustiada posterior à morte de seu irmão. Também olhava com maus olhos sua "obsessão" de ajudar aos "perdedores". Após, não se tinha arriscado a ter outra coisa mais que uma amizade com os homens que lhe cruzavam no caminho. "Afinal, estou viva!"
Isso não significava que tivesse a intenção de pular na cama com o Karl depois do primeiro beijo, sem importar o quão atraente era seu aroma e seu sabor. No fundo de sua mente sabia que a adrenalina alimentava esse calor intenso na boca do estômago. As pessoas muitas vezes reagiam com excitação às consequências do perigo. O comichão nos mamilos e no clitóris e o líquido ardente que tinha entre as pernas não justificavam lançar-se a uma aventura fugaz. Nem sequer se o membro rígido que sentia contra o ventre lhe assegurava que ele se meteria com ela entre os lençóis sem duvidar um segundo.
Com um suspiro, deixou de beijá-lo, afastou-lhe o rosto e se soltou do abraço. ? É hora do adeus.
Ele fechou os punhos ao lado do corpo e tomou ar várias vezes de uma forma profunda e estremecedora. ? Sim. Eu sei. Me escute, Erin, pensará no que te disse? Em renunciar ao abrigo? De fato, preferiria que não voltasse amanhã à tarde. Quem sabe o que Weiss pode chegar a fazer? Você mesma disse que estava atuando de maneira estranha. Suponha que se torne instável…
Ela balançou a cabeça e procurou na bolsa a chave da casa.
? De maneira nenhuma, Karl. ? A verdade é que me emociona e até me adula que esteja tão preocupado por mim. Mas este é meu trabalho. Agora é minha vida. Não se preocupe em me convencer do contrário. Terminaremos brigando inutilmente. ? Erin lhe apertou a mão e lhe deu um beijo suave no queixo, com muita rapidez para que ele tirasse vantagem da oportunidade ou para que ela sucumbisse à tentação de começar tudo de novo. Apressou-se a entrar e fechou a porta, com a cabeça ainda turvada pela excitação e a estranheza da última meia hora.
Foi diretamente ao seu quarto e tirou a roupa. A fricção da roupa lhe produziu ardência na pele e os mamilos e clitóris mostraram seu desejo ardente. Cinco anos de celibato podiam explicar as formigas invisíveis que transitavam por seus nervos, mas a frustração física não podia justificar a tentação de convidar ao Karl a ficar em sua casa e talvez na sua cama.
De novo recordou o pouco que o conhecia. Era comum ver homens ricos em busca de instituições de caridade para obter descontos nos impostos, mas não era nada comum que esses homens ricos ficassem atrás de um balcão para servir o jantar para pessoas de rua. Estava aborrecido? Sentia culpa por alguma transgressão do passado? Enquanto abria a ducha e esperava a que a água esquentasse, ria em voz alta de sua ocorrência. Karl parecia o menos culpado dos homens que ela tinha conhecido. A palavra "arrogante" se ajustava muito mais à sua descrição; sem mencionar que era um pouco estranho. Apesar de seu excelente domínio do idioma, tratava a coisas comuns da cultura como misteriosas novidades. Uma vez que o tinha convidado para jantar cedo em uma mariscaria informal, por exemplo, agiu como se nunca tivesse visto um caranguejo em sua vida. Bom, terei que reconhecer que muitas pessoas que logo chegavam a Maryland tinham problemas para desmembrar um caranguejo. Mas ela o tinha visto enfrentar um típico sanduíche italiano e um café com quase o mesmo grau de perplexidade e prazer.
Terá dedicado todo seu tempo ao abrigo de indigentes para estar perto dela? Essa oferta louca de pagar dois postos em lugar do dela, sem dúvida, tinha a ver com um interesse pessoal. Vindo de outro homem teria dito que era uma brincadeira, mas Karl aparentemente tinha menos senso de humor que ninguém que ela tivesse conhecido.
Erin entrou na ducha com uma sensação de formigamento na pele que não se devia somente à água quente da ducha. Que mulher não se sentiria emocionada com a ideia de que um homem tivesse feito tanto esforço e gasto para conhecê-la? Ela colocou sabonete líquido na mão e o passou pelos seios e o ventre, imaginando as mãos dele fazendo o mesmo percurso. "Teria que estar louca para fantasiar tanto depois de um par de beijos. Que patética!" Massageou a entreperna e a parte interna das coxas enquanto o clitóris tremia de impaciência. Decidiu que a luxúria lhe estava nublando o julgamento. Duas pessoas amadurecidas não encontravam a sua alma gêmea tão rapidamente. Bom, podia solucionar a luxúria.
Acomodou a ducha para que a água lhe caísse no peito e enxaguou um seio por vez. Os mamilos lhe endureceram com as finas pontadas da água quente. O clitóris pulsava com as carícias frenéticas de seus dedos ensaboados. Inclinou-se contra a parede de cerâmica, jogou a cabeça para trás, ofegando, enquanto a vagina tremia com as contrações do clímax. Uma vez que lhe acalmaram os batimentos do coração e recuperou o fôlego, enxaguou-se e saiu da ducha para secar-se. Os olhos dela quase fechavam pelo cansaço. Ali, a luxúria foi embora… por ora. Ela tentou não escutar a voz que lhe sussurrava outra palavra: solidão.
Capítulo Dois
Karl caminhou ofendido até o carro, atirou-se no assento do condutor e apertou o volante. Maldição! Deixe que ela vá para o diabo! Por que ela não lhe dava atenção?
Ele respirou profundamente um par de vezes para acalmar-se antes de ligar o motor e lançar-se à rua. Não queria insultá-la assim, é obvio. Não queria machucar a Erin de maneira nenhuma. De fato, o que lhe aconselhava era para seu próprio bem. Ele queria que ela fosse feliz. Na realidade, desejava mais que isso.
"Poderes das Trevas! Eu quero ela para mim!" O seu pulso batia forte em sua têmpora. Seu próprio desejo o espantava. Tinha planejado usar a paixão e a necessidade física para debilitar a resistência dela frente a seus argumentos, não para nublar sua própria mente. Ainda assim, os músculos lhe doíam de tensão e o pênis, cheio de sangue, não lhe permitia concentrar-se em outra coisa que não fosse cravar-se dentro do corpo úmido e suave de Erin até aliviar a tensão.
Malditos e inoportunos impulsos carnais. Ele não era um incubus. Esse papel correspondia a espíritos mais baixos, apenas sensíveis, não a um "tentador" de um intelecto refinado como o dele. Então por que repentinamente sentia essa urgente necessidade de alívio sexual? Desde que tinha adotado forma humana não tinha tido relações sexuais, embora tivesse previsto tê-las com o Erin se sua missão necessitasse. A única vez que tinha ejaculado tinha sido dormindo, com a descarga humilhante e involuntária de excesso de fluidos que seus órgãos reprodutores às vezes requeriam. Como seria compartilhar essa experiência, plenamente consciente, com Erin?
Não deveria estar pensando nessa situação. Deveria estar planejando a próxima fase desta estratégia e pensando como persuadi-la a deixar o abrigo antes que chegasse a hora crítica. Embora não sabia exatamente quando se produziria essa crise, sabia que ocorreria logo.
Entretanto, com toda honestidade, tinha poucas esperanças de mudar a decisão de Erin. Tinha lido sua mente enquanto discutiam e ela não tinha nenhuma intenção de deixar seu posto atual. Era incrível, mas ela apreciava de verdade do trabalho e gostava da maioria dessa gente maltrapilha que entrevistava, a quem conseguia cama e lhes dava de comer.
Não só isso, mas tinha arriscado sua vida em uma tentativa impulsiva de protegê-lo de Weiss. Ele riu em voz alta pelo absurdo que isso representava. Essa humana frágil tinha tratado de protegê-lo, quando em realidade a navalha de Weiss não poderia lhe haver feito nenhum dano permanente, nem sequer se lhe tivesse cortado a jugular. Karl só teria tido que se tornar etéreo durante um minuto, e ao voltar para a forma sólida teria estado completamente curado.
Ficou sério instantaneamente quando recordou o alarme que tinha lido na mente dela, a preocupação por ele. Preocupava-se tanto por ele que era capaz de esquecer sua própria segurança.
Ele balançou a cabeça, tratando de que esses pensamentos debilitantes se desvanecessem. Não se preocupava também com os meninos da rua que dormiam no abrigo? Essa ação não significava nada demais, ela se preocupava com ele do mesmo modo em que o fazia pelos indigentes a quem servia a sopa e o pão. Mas seus beijos apaixonados sugeriam outra coisa. Não era habitual dela jogar-se nos braços dos homens. Isso também o tinha lido em sua mente.
Uma esfera de luz violeta desceu sobre o carro. Com um insulto afogado e um chiado de pneus freou e se meteu no estacionamento de um edifício de escritórios fechado. Por que o mensageiro não se tomou o trabalho de compreender as limitações da carne e a matéria?
? Kammael. ? Seu verdadeiro nome ecoou por todo o interior do carro e ressoou em seus ossos. Ele baixou a cabeça em sinal de reconhecimento.
? Desempenhou seu papel e tratou de salvar à mulher.
Karl/Kammael assentiu com a cabeça. Os Poderes infernais é obvio, vigiavam-no constantemente. Não necessitavam que lhe contasse o resultado aparente do ataque de Weiss. O que queriam saber era a percepção que Karl teve da reação de Erin.
? O que ocorreu com a mulher? ? perguntou a voz. Não tinha que pensar muito na pergunta. ? Li a sua mente cuidadosamente enquanto tratava de persuadi-la de que deixasse seu posto atual. Seu rechaço foi inequívoco e sincero. Concluo que não há possibilidades razoáveis de tentá-la a seguir essa linha de ação.
Nas palavras que seguiram subjazia um ruído surdo de ira. ? O ataque não a assustou o suficiente?
? Sua devoção se sobrepõe a qualquer medo que possa sentir.
Nuvens de fumaça de cor ébano ondulavam dentro da esfera luminosa que o envolvia. ? Então devemos tomar medidas mais diretas. Tudo indica que o encontro crítico que temos que evitar se aproxima dentro de umas horas. Ela deve ser incapacitada enquanto dure a crise. Logo será atacada e a ferirão. Não a proteja esta vez.
Novamente baixou a cabeça, enquanto mantinha controle sobre seus pensamentos. Os Poderes não deviam suspeitar até que ponto detestava esta última sentença. ? Compreendo. ? Manteve o olhar para baixo até que a luz violeta se contraiu, converteu-se em um ponto e se desvaneceu, deixando-o cego.
Só então deu rédea solta a seus pensamentos. Essa conversa fez que a força da verdade entrasse nele. Ele não se limitou a "simular" que resgatava a Erin. Não podia suportar a ideia de que ela saísse machucada e muito menos aleijada ou mutilada. Os Poderes não podiam matá-la, mas a podiam deixar perto da morte e isso era como uma adaga no coração de Karl. Independentemente do castigo que pudesse receber, não podia permitir que isso ocorresse. Esfregou os olhos como se quisesse eliminar os pensamentos de rebeldia. Não se desvaneceriam.
Deliberadamente, falharia em sua primeira missão.
Como espírito jovem, da geração mais recentemente criada, não tinha vivido durante muito tempo no reino celestial antes que um mensageiro dos senhores do inferno o buscasse para conversar com ele. Se é que, "muito" significasse algo em uma dimensão em que o tempo transcorre de uma forma tão diferente às horas e os dias dos ciclos terrestres. Tinha sido advertido sobre essas tentações, é obvio. Os Poderes Escuros sempre estavam tratando de recrutar novos sujeitos. Naquele tempo, a sua mensagem fazia sentido para ele. Por que a raça humana — constituída por mamíferos bípedes sem cabelo, com vidas curtas e violentas, e pretensões ridículas de inteligência — tinha a oportunidade de ganhar o Paraíso? Simplesmente, parecia razoável unir-se ao lado que rechaçava esse projeto absurdo.
É obvio que Karl às vezes sentia saudades do reino da luz. Mas as dimensões do inferno tinham sua própria beleza sombria. E a liberdade compensava o fato de estar exilado, não?
Pensar na beleza carnal, mas totalmente real de Erin, e em sua inteligência e imprudente coragem, sacudia sua segurança. Quase desde seu primeiro encontro com ela, tinha tido dúvidas com respeito ao dogma do completamente desprezível que era a humanidade. Ela tinha arremetido contra um elemento afiado por ele e lhe havia devolvido o beijo com tanto entusiasmo que lhe secava a boca ao recordá-lo, ansiava voltar a acariciá-la e o pênis lhe esticava contra o ventre.
Suficiente! Deveria estar pensando na segurança de Erin, não nos inoportunos apetites de seu corpo. O ataque dos Poderes Ocultos podia ocorrer em qualquer momento. E se a próxima ameaça a encontrasse em sua casa, desprotegida?
Girou com o carro e voltou pelo mesmo caminho. Um pânico irracional lhe acelerou o coração. A essa hora não havia muito trânsito que lhe dificultasse o caminho, por isso não tinha problemas em voltar para a casa de Erin duas vezes mais rápido do que o limite de velocidade legal permitia. Um sorriso sarcástico lhe torceu os lábios quando um policial de trânsito tentou multá-lo. Deixaria inconsciente a qualquer policial que se atrevesse a detê-lo.
Ele descobriu que a casa dela estava tranquila e escura, salvo pela luz do alpendre. Não havia sinais de perigo. Ou já tinha sofrido alguma ferida e necessitava uma ambulância para transportá-la a um hospital? Correu até a porta principal e mentalmente percorreu a casa por dentro. Passou o corrimão do alpendre e com alívio percebeu a mente adormecida de Erin. Não tinha chegado muito tarde.
Depois de fazer soar a campainha três vezes, escutou os passos dela que se aproximava. Do outro lado da porta, disse com voz de sono: — Quem é?
Contente de que tivesse a precaução suficiente de não abrir a porta em meio da noite, disse-lhe: — Sou eu, Karl. Está bem?
— O que você está falando? Sem contar que fui tirada da cama por nada, estou bem.
— Está em perigo. Por favor, me deixe entrar. — Limitar-se a vigiar a frente de sua casa não satisfaria sua necessidade de protegê-la. Sentiria-se seguro se pudesse tê-la à vista constantemente, ou ao menos o suficientemente perto para ouvi-la.
Dentro, o ferrolho correu e a porta se abriu. Erin o enfrentou com as mãos apoiadas nos quadris. — Karl, que demônios te ocorre? De que perigo fala?
A ele lhe cortou a respiração. Ela usava uma camisola brilhante, cor azul clara que lhe ressaltava a cor dos olhos. Embora a cobrisse do pescoço aos tornozelos, ocultava muito pouco. Na luz tênue da entrada, cada curva do corpo se via através do tecido translúcido. Podia-lhe ver as pontas escuras dos mamilos e os círculos das auréolas, e seu olhar involuntariamente vagou para o triângulo escuro do sob ventre. Seu aroma feminino se aguçou e Karl escutou que lhe acelerava o pulso. Erin cruzou os braços.
— Bem? Que tipo de perigo é e como sabe?
Deu-se conta de que em seu pânico se esqueceu de preparar uma resposta plausível a essa pergunta. — O senhor Weiss — disse-lhe. — Quando fui ele estava rondando pela rua e não tomei consciência de que o tinha visto até faz uns minutos. Ele roçou o ombro dela com os dedos e lhe provocou um calafrio visível. — Me deixe entrar.
— Não sei… oh! - Quando Karl se aproximou, ela pôs no peito a mão aberta para detê-lo. Mas os olhos lhe abriram mais e se suavizaram, e a boca ficou aberta. Inclinou-se para ela o suficiente para sentir seu hálito de hortelã.
Deve ter sido a reclamação de sua excitação reprimida o que o distraiu do homem que corria pela calçada para o alpendre. No momento em que deu a volta para enfrentar ao intruso, Weiss ia diretamente contra eles. Karl empurrou Erin para trás, deu um passo para a soleira e deu a volta para fechar a porta com força. Weiss empurrou para dentro, o fez perder o equilíbrio e abriu a porta.
Desta vez era mais que a raiva natural nublava a mente do indigente, e muito mais que a sutil influência que tinha alimentado sua fúria no primeiro ataque. Agora seus pensamentos humanos estavam inundados em uma autêntica posse. Havia-o possuído um demônio de um baixo nível que seu ressentimento para com Erin havia incitado inconscientemente. Frente à visão sobrenatural de Karl, o homem parecia envolto em uma fumaça gordurenta. Tinha uma arma.
— Cadela, — grunhiu. — Não me pode ignorar dessa maneira. — O tom gutural tornava as palavras quase ininteligíveis.
Karl empurrou a Erin para trás. — Sai daqui! — Escutou que ela retrocedia uns passos com estupidez, mas não se foi mais longe. Murmurando um insulto, ele arremeteu contra Weiss. A arma disparou.
A explosão atravessou os ouvidos de Karl. Um instante depois sentiu um impacto no ventre, seguido de uma terrível dor. Feriu-me! O instinto se apoderou dele que se desvaneceu até converter-se em uma forma etérea que ficou flutuando sem corpo entre o Weiss e Erin. Mas dessa forma não podia deter o atacante para salvá-la. Em poucos segundos, Karl forçou o seu corpo humano a retomar sua forma sólida. A bala que o tinha ferido caiu ao piso e a dor se desvaneceu. Um grito de alarme de Erin lhe perfurou os ouvidos. Nesse momento não podia deter-se para acalmá-la.
Ele apontou a arma, que instantaneamente ficou vermelho vivo. Weiss a soltou com um grito de agonia. Logo, Karl apontou para o peito do homem e com um minúsculo raio lhe atravessou o coração. Weiss desmoronou.
O indisciplinado coração humano de Karl se acelerou. Poderes Demoníacos matei-o? Não tinha ideia do que acontecia com um aprendiz de tentador que rompia a lei tão gravemente. Claro, suponho que já não sou um tentador. Só sabotei deliberadamente minha própria missão. Não me importa. Erin é mais importante que qualquer dessas coisas.
Ajoelhou-se, tocou o pescoço do homem inconsciente e tratou de escutar sons de vida. Sentiu o pulso, os batimentos do coração do coração e a respiração.
Em algum momento desses poucos minutos, Erin tinha saído da sala e havia retornado. Agora estava parada ao lado dele, olhando ao Weiss. — Acabo de chamar o 911. Está morto?
— Não.
— O que você fez? — Parecia que forçava a voz, como se logo que pudesse evitar gritar.
— Golpeei-o um pouco, isso é tudo. Deve ter sofrido um ataque cardíaco. Suspeitava que o exame médico iria diagnosticar só isso.
— Tenho certeza de que vi algo… como uma labareda.
— Talvez foi outro disparo da arma.
— Só disparou uma vez. — Sua teimosia rapidamente superava seu medo.
Karl suspirou para si mesmo. — As coisas ocorreram com muita rapidez. Poderia ter se equivocado.
— Talvez. — Ela esfregou seus olhos. — Também me pareceu que te vi desvanecer.
Com a esperança de que ela não se desse conta de que estava fingindo, Karl riu baixo e lhe disse: — Os olhos muitas vezes nos enganam nos momentos de estresse. — Não desejava ter que se meter em sua mente para lhe apagar essa impressão.
Erin o olhou com dureza. — Sim, suponho que foi isso. Depois de tudo, o que outra coisa poderia ser?
Pondo uma mão brandamente sobre seu ombro, ele disse: — Você precisa se sentar. Vamos para a sala e esperemos à polícia.
Ela se olhou e ficou ruborizada. — Depois de colocar algo decente.
* * * * *
Depois que os paramédicos levaram Weiss em uma ambulância e a polícia terminou de tomar notas e também se foi, Erin desabou no sofá ao lado de Karl. Antes que os policiais chegassem, só tinha tido tempo de colocar as calcinhas debaixo da camisola e de vestir um robe. Até com toda a agitação, não pôde evitar ruborizar-se de novo pensando no que a polícia devia ter imaginado. A explicação do que Karl estava fazendo ali as três da manhã tinha sido bastante ruim.
— Está bem? — Karl tomou a mão e quando seus dedos se tocaram, o coração dela acelerou outra vez.
Erin assentiu com a cabeça. — E você? Poderia ter jurado que te tinha dado um tiro no peito direito. — A lembrança desses momentos de agitação ainda era confusa. Sabia que não podia ter visto o que ela acreditava.
Karl disse com um sorriso irônico: — Vê um pouco de sangue? — Tomou a mão dela e a passou pelo frente de sua camisa, acima do cinturão.
As bochechas de Erin queimavam. Ao ver que lhe olhava o decote da bata, sentiu que o calor se estendia para baixo pelo pescoço e os seios como um incêndio florestal fora de controle. Repentinamente tomou consciência do perto que tinha estado da morte e não pôde reprimir o insensato impulso que lhe seguiu.
—Karl, não vá ainda. Não quero ficar sozinha. — Passou apenas as pontas dos dedos entre os botões da parte de baixo de sua camisa. Debaixo, tocou a pele nua que ardia e estava até mais quente que a dela.
O sorriso dele se converteu em um sorriso cheio de dentes e selvagem. — Seus desejos são ordens.
— Nunca antes escutei isso de um homem. — Brincou com os botões enquanto avançava para cima pelo peito. Ele assobiou entre os dentes quando lhe tocou a pele com os dedos.
— A que classe de homem escuta, então? — Karl lhe desatou o laço do robe, tirou-lhe uma manga e logo a outra, em movimentos lentos, lhe roçando os ombros e os braços. Em comparação com o frio do ar condicionado que tocou de repente sua pele nua, as mãos dele queimavam. — Deveriam rogar para te satisfazer os desejos.
— Não é que o tenha notado ultimamente. — Com um dedo ele foi riscando o contorno do decote de sua camisola. A pele da garganta e o peito lhe arrepiavam com calafrios, ainda quando emanava calor no mesmo instante. — Meus desejos… — antes de dar tempo ao seu cérebro para ganhar terreno e reprimir a ansiedade de seu corpo, inclinou-se e pressionou seus lábios contra os dele.
Karl abriu a boca para alimentar-se dela. As mordidas de seus dentes e suas lambidas acendiam faíscas de eletricidade que lhe percorriam os nervos. Subiu pelos braços até os ombros dela e com os polegares lhe acariciou o contorno da clavícula a ambos os lados da garganta.
As cordas vocais dela vibravam com um murmúrio involuntário. Desejava que ele baixasse mais pelo pescoço. E ele acariciando-a com o nariz baixou e lhe passou a língua pelo ponto sensível do oco da garganta. Com as mãos trementes, abriu-lhe a camisa para lhe cravar as unhas sobre o peito. Quando beliscou-lhe os mamilos, ele deu um grito e a mordeu no pescoço.
Embora não fosse o suficientemente forte para machucá-la, a pressão dos dentes a fez gritar; então lhe rodeou as costas com os braços e lhe cravou as unhas nos ombros. Seus mamilos se endureceram até alcançar uma tensão dolorosa e o abraçou para pressioná-los contra o peito dele. Toque-os, por favor. Antes de poder tomar ar para lhe dizer seu desejo em voz alta, ele moveu as mãos para tomar os seios entre as palmas e com os polegares lhe acariciou em círculos os mamilos. Com a boca foi da garganta aos lábios para apanhar o gemido que ela deixava escapar quando lhe tocava brandamente os mamilos e voltava instantaneamente para percorrer o contorno das auréolas.
Ela não acreditava poder suportar esse comichão sem trégua um minuto mais. Esfrega as pontas, agora! Instantaneamente lhe tocou as pontas. Como sabia? Não lhe importava. Estava muito tonta com o prazer provocado por carícias que lhe faziam vibrar os nervos. Mais rápido! E ele a acariciou mais rápido. Ela passou uma perna sobre as coxas e se sentou escarranchado em seu regaço. Karl seguiu beijando-a e lhe tocando os seios. Dispa-me…
Antecipando-se todo o tempo ao que lhe queria dizer, tirou-lhe a camisola e se desfez de sua camisa. O pêlo fino do peito lhe estimulava os mamilos. Chupa-os! Tomou os seios de novo e se inclinou para lhe lamber um, enquanto brincava com o outro com os dedos. A cabeça lhe dava voltas como se flutuasse em um redemoinho de vapor, ancorada somente pela boca e as mãos dele e a crescente ansiedade entre as pernas.
Ela esfregava a vagina em seu regaço. Através das calças, ela sentiu a protuberância do membro duro. Um jato úmido molhou suas calcinhas e começou a mover-se e a esquentar-se cada vez mais com cada deslizamento da seda úmida sobre o clitóris inchado. A pressão se acumulava, mas ela não podia encontrar o ângulo correto para liberá-la. Erin gemeu e cravou mais as unhas nos ombros de Karl que trocou a posição das mãos e a boca para lhe lamber o outro mamilo e lhe acariciar com os dedos o que agora estava úmido. Enquanto isso com os quadris se balançava ao ritmo dela.
— Necessito… — Ela se inclinou para trás levemente para que a sua fenda pressionasse contra o membro, mas seu clitóris ficou exposto. Estava preparada, a ponto de estalar. Incapaz de dizê-lo em voz alta agarrou-lhe o pulso. Acaricie-me o clitóris rápido!
E lhe acariciou o botão tenso. O comichão era tão intenso que apenas podia ficar quieta para deixá-lo seguir. Ali, sim, justo ali, mais rápido, não se detenha!
De alguma forma, Karl seguia lhe estimulando um seio com a boca enquanto com uma mão lhe acariciava o outro. Através de suas roupas, o membro pressionava para o oco do talho, enquanto o clitóris vibrava com deliciosas ondas orgásticas, e a boca e os dedos dele seguiam movendo-se em perfeita harmonia. Enquanto ela se seguia convulsionando, ele começou a fazer as carícias mais lentas até chegar a um ritmo suave, e deixou o seio para beijá-la até que sua respiração se tranquilizasse o suficiente para poder falar.
Mas o melhor que ela pôde dizer foi um aturdido. —Uau.
Karl levou sua cabeça para o seu ombro e lhe acariciou o cabelo. — Qual é a sua próxima ordem?
Erin riu e lhe mordiscou o lado do pescoço. — Quais são os seus desejos? — Ela roçou a pélvis contra a ereção.
— Você sabe o que desejo. — A necessidade lhe tornou a voz áspera. — Mas só se você o desejar.
— Oh, sim, — disse em um suspiro. — Isto só começou. E ainda não estou pronta para ficar sozinha.
Em um só movimento repentino, ele a levantou de seu colo, abraçou-a e ficou de pé. Descobrindo-se abruptamente suspensa a vários pés do piso, ela ficou boquiaberta e o abraçou. Karl a levou ao quarto sem lhe perguntar onde ficava.
Quando a pôs no meio de sua cama revolta, Erin o puxou acima dela antes de que outros pensamentos se entremetessem.
— Está preparado? — Desabotoou-lhe o cinturão, desprendeu-lhe o botão da calça e lhe baixou a braguilha. Karl assobiou quando lhe acariciou o vulto duro que ainda cobria a cueca.
— Oh sim, estou preparado. — Ele a acariciou subindo pelo lado interno de sua coxa, tocou-lhe os lábios externos da sua 147vulva e desceu pela parte interna da outra perna.
Erin sentiu um vazio que morria por encher. Com as duas mãos lhe baixou as calças até os quadris. Despiu-lhe o membro e o agarrou firmemente enquanto o seguia despindo com rapidez.
Um grunhido trovejou na garganta dele. Investiu contra a mão fechada dela, enquanto a beijava, devorando seus gemidos. Ela abriu bem as pernas e os quadris lhe flexionaram involuntariamente. O que está esperando? Entra!
Erin o guiou a seu centro. A cabeça do membro lentamente lhe separava a vagina. Sentia-se tão úmida tão quente… esqueceu-se de quão maravilhoso era ter um pênis dentro. Erin lhe massageava as nádegas enquanto ele se deslizava para dentro dela, polegada a polegada, e a levava ao frenesi com sua excitante lentidão.
Ela arqueou as costas para levá-lo mais dentro. Mais dentro, mais rápido! Ele se meteu a fundo na vagina ansiosa e apertada. Ele colocava ainda a língua na boca em sincronia com o ritmo do membro, investindo dentro com crescente urgência, respondendo a suas demandas silenciosas com toda a força e a velocidade que ela desejava. O pêlo da base do membro lhe esfregava o clitóris e os mamilos roçavam seu peito em cada movimento. As vibrações se irradiavam a todos os nervos de seu corpo.
Seu clitóris começou a pulsar novamente e segundos mais tarde sua vagina se contraía com ondas que lhe cortavam a respiração. Vamos, agora! Erin lhe rodeou os quadris com as pernas. Ele empurrou em suas profundezas, jogou a cabeça para trás e soltou um grito mudo. Quando acabou, todo o corpo se estremeceu e uma segunda onda de êxtase percorreu o corpo de Erin.
Finalmente as ondas desapareceram e ele relaxou em cima dela com a cara enterrada em seu pescoço.
— Nunca senti algo assim, — murmurou ele. — Jamais. Obrigado. — Sua voz soava rouca, quase como se estivesse reprimindo as lágrimas. Erin lhe acariciou o cabelo em silêncio até que os dois voltaram a respirar normalmente.
Ele levantou a cabeça para olhá-la aos olhos. — Tenho que voltar a te perguntar. Deixará esse trabalho perigoso antes que outro idiota homicida te ataque?
A indignação amargurou os restos de prazer que persistiam. Pôs-lhe uma mão no meio do peito e o empurrou. Ele rodou e ficou de lado. Como podia fazer o mesmo pedido depois do que tinham compartilhado? Não a compreendia absolutamente?
— Então, disso se tratavam os últimos minutos? Abrandar-me para que te deixe controlar minha vida?
— Não, nada disso. Estou preocupado por sua segurança e nada mais. Não pode escutar um conselho razoável sem tomá-lo como uma manipulação?
— Deixar meu trabalho? E por que não você? Já conhece minha resposta.
— Maldição! Porque me importa. Não pode ver isso?
Contra sua vontade, o arrebatamento acalmou sua ira. — É doce de sua parte que se preocupe por mim, mas é a minha vida e eu adoro tomar minhas próprias decisões.
Ele balançou a cabeça como se a teimosia de Erin o desconcertasse. — Ao menos me deixará que te proteja?
Passou os dedos por seu cabelo escuro e grosso que não podia resistir a acariciar. — Claro, se é que pode fazê-lo sem me deixar louca. Para começar, permitir-te-ei que me leve de carro para trabalhar de amanhã até sexta porque deixou meu carro parado lá. Mas agora, deveria ir para a sua casa, assim eu posso dormir.
— Tão logo?
Ela riu. — Estou esgotada e tenho a sensação de que não vou dormir muito se você ficar aqui. Além disso, não dormi com ninguém desde… bom, não faz diferença que saiba. Necessito de tempo para me acostumar a ideia, para pensar. — Ele podia ter alagado os seus sentidos de prazer como nenhum outro homem, mas a porta que ela tinha fechado em seu foro íntimo depois do rechaço de seu prometido continuava fechada. Devia pensar mais antes de poder considerar a possibilidade de destravá-la.
A desilusão nos olhos de Karl quase a fizeram mudar de ideia. De todos os modos, ele não quis pressioná-la.
—Muito bem. Até amanhã. — Tomou a sua mão, levou aos lábios e lhe deu um beijo comprido na palma.
Outra vez, pensou enquanto se aconchegava entre as mantas depois que ele saiu. Nunca antes lhe tinham beijado a mão. Quem teria imaginado que um contato tão simples pudesse acender faíscas em seu corpo cansado?
Capítulo Três
O céu estava cinza pálido ao amanhecer, quando Karl saiu da casa. Doce? Não sabia se ria ou grunhia. De todos os adjetivos que se poderia ter aplicado a si mesmo, esse era o menos provável.
Com as chaves do carro na mão, fez uma pausa para olhar o feixe de céu rosado visível entre as árvores para o leste. Sorriu com a imagem de Erin dormindo saciada, satisfeita com suas mãos até ficar exausta. Estava ansioso para repetir a experiência. Seu calor acolhedor lhe tinha infundido uma alegria tão incandescente como suas lembranças dos campos celestiais.
Um trovão estalou em seus ouvidos. A onda expansiva que lhe seguiu o atirou ao chão. Imediatamente reconheceu o golpe como um efeito sobrenatural. O globo de luz violeta horrível que o envolveu um segundo mais tarde confirmou essa impressão.
— Kammael! - A voz o atravessou como uma lança de gelo.
Atirou-se sobre mãos e joelhos. — Sim. Desobedeci. — Forçou a resposta em um murmúrio estrangulado.
— Traiu a seus senhores por uma fêmea efêmera.
— E o voltaria a fazer. Vocês já não são meus senhores. — Pela primeira vez deu-se conta claramente de que defender a Erin implicava exatamente essa decisão. — Vão em frente, me destruam.
A voz tinha um ar depreciativo. — Deveria saber que não podemos destruir a um espírito imortal. Mas lhe esperam piores castigos. Jogou sua sorte com a raça humana. Compartilha-a completamente.
A agonia se apoderou de seu sangue. Dobrado ao meio pelas cãimbras, com bandas de aço que lhe apertavam as costelas, nem sequer podia respirar para gritar. Caiu na calçada dobrado, convulsionando-se, cego pela dor. Sua mente se apagou.
Quando voltou a ter consciência, a dor se atenuou para converter-se em uma sensação de cansaço geral. A luz sobrenatural se desvaneceu. O céu cinza e a rua quase vazia indicavam que alguns minutos se passaram. Karl se levantou com esforço e olhou ao lugar onde seu carro tinha ficado estacionado. Tinha desaparecido.
Caminhou cambaleando-se até a luz da rua mais próxima e se apoiou-se nela. A sentença do mensageiro do inferno significava o que parecia? Karl fechou os olhos e imaginou sua carne derretendo-se, vaporizando-se, curando as feridas e a fadiga enquanto flutuava em uma felicidade imaterial.
Não ocorreu nada. Sou humano. Permanentemente humano. Baixou a cabeça dolorida que tinha apoiada no poste da luz.
Está bem. Bilhões de pessoas vivem vidas humanas com uma satisfação razoável. Com um corpo saudável, estava melhor que muitos deles. Mas o desaparecimento do carro provavelmente significava que também lhe tinham tirado o condomínio e as contas bancárias. Teria que se converter em um dos casos de caridade de Erin.
Erin. Poderia voltar a enfrentá-la? Voltar-se completamente humano o deixava livre para amá-la como um homem comum, mas só se ele pudesse tolerar estar a seu lado durante o resto de suas vidas. Amor? De onde veio isso? E até se podia experimentar o amor humano, que tipo de vida podia lhe oferecer? Tinha perdido todos os símbolos de sua simulada identidade. Ou quase todos, deu-se conta quando procurou nos bolsos. Ainda tinha a carteira com a carteira de motorista e dinheiro, mas sem cartões de crédito. Ele riu amargamente. Talvez tinha suficiente dinheiro para alugar um quarto na Pousada Econômica enquanto planejava seu futuro, se é que queria ter um futuro.
Uma rajada de vento tirou a auto piedade de sua mente. Então, uma luz dourada alagou sua visão. Uma voz diferente soou em seus ouvidos como uma campainha de cristal.
— Bom, Kammael. Passou muito tempo, primo.
Para sua surpresa, reconhecia essa voz. Os Poderes Celestiais lhe tinham mandado um amigo para lhe comunicar sua sentença. — Israfel? O que quer dizer com 'muito tempo'? No reino da Luz, todos os tempos são um.
— Entretanto, perdi sua companhia desde que te uniu à resistência.
— É amável que o diga. Adiante, me mate de uma vez e termina com isto. Ao menos sei que o fará com rapidez.
O feixe de luz tremeu divertido. — Não fui enviado para te destruir. Trago um convite. Tem uma oportunidade de ganhar o caminho de volta à Luz.
— Me deixariam voltar? Depois do que fiz? — A lembrança dos campos celestiais lhe produziu nostalgia. Voltar para Casa!
— Se der mostra de seu arrependimento, resgatando a Erin Collier.
— Quer dizer que ainda não está a salvo? — O medo lhe oprimiu o coração. Se outro maníaco com uma navalha ou um revólver voltasse a atacá-la, como poderia defendê-la Karl, agora que tinha sido reduzido às débeis habilidades humanas?
— Ela deve encontrar-se com aquela jovem no abrigo hoje, ou será muito tarde. Essa era a reunião que os Poderes infernais tentaram evitar.
— A garota grávida? Por que?
— Leva em seu ventre a um menino que está destinado a ser um grande guerreiro da Luz. Sem a ajuda de Erin Collier, não receberá a atenção adequada e tanto ela como o menino morrerão no parto.
A ira de Karl ferveu no peito. — Tudo isto, de tratar de aterrorizar Erin ou possivelmente mutilá-la, era só para mantê-la afastada do abrigo hoje?
Uma badalada de afirmação emanou da luz. — Os Poderes infernais se desesperaram. Estão preparados para romper as regras e lançar forças sobrenaturais contra ela.
— Farei de tudo para mantê-la a salvo. Mas como posso…? - Estendeu os dedos e olhou por volta de suas mãos agora mortais, de carne e osso.
— Isso você deve descobrir sozinho — disse-lhe Israfel. — Por minha parte, tenho permissão para fazer uma exceção às regras e transportá-lo para o lado dela. O momento é agora.
O resplendor dourado se expandiu até converter-se em uma esfera de uma brancura cega. Quando se tornou clara a visão de Karl, já não estava parado na calçada. Rodeavam-no as paredes do quarto de Erin.
Levantou-se completamente da posição de cócoras e deu a volta para olhá-la. Ela se sentou sobre a cama, deixando que o lençol se deslizasse para revelar seus seios nus, e esfregou os olhos. Na escuridão prévia ao amanhecer, ele pôde ver que Erin franzia o cenho, desconcertada.
— Karl? O que está fazendo outra vez aqui? E como entrou?
— Há outro perigo. Tenho que te proteger.
— De novo? Está-se tornando um hábito, não? — disse-lhe com um sorriso preguiçoso. Abruptamente, sua cara se transformou e com os olhos bem grandes assinalou para frente abrindo a boca em um atônito. —Oh!
Karl deu a volta. Entre ele e a porta, materializou-se uma nuvem de fumaça gordurenta que se transformou em um contorno do tamanho de um homem e tomou a forma de um lobo corcunda, com mandíbulas como as de um crocodilo, e olhos como carvões em brasa. Karl viu como adotava três dimensões e se tornava sólido segundo a segundo. Ele não podia golpeá-lo até que se voltasse corpóreo, e a aparição não podia tampouco infringir nenhum dano até então. Ele se aproximou mais, decidido a evitar que chegasse a Erin, embora esperasse que o fizesse em pedaços no processo.
Atrás dele, ela conseguiu falar. — O que é isso? — disse em voz baixa, como se pensasse que estava sonhando.
Ele examinou a cabeça cheia de presas e as garras de seis polegadas das patas. — É um maldito cão do inferno — disse ele com perfeita precisão. O coração lhe pulsava com força e a respiração lhe faltava como se tivesse corrido uma milha.
A coisa deu um bote e Karl se atirou em cima. Prendeu-o no chão, agarrou as orelhas bicudas do cão do inferno e lutou para manter as mandíbulas afastadas de sua Cara. O peso da besta lhe tirou o ar dos pulmões. O golpe na cabeça ao cair, embora amortecido pelo tapete que cobria a dura madeira do piso, fez-lhe sentir um assobio nos ouvidos e fez cinza a sua visão. A criatura o arranhou com uma de suas garras. As garras rasgaram sua camisa e fizeram um corte profundo nas costelas. Karl soltou um grito involuntário de dor e sentiu que o sangue fluía pelo flanco.
—Erin! — gritou. — Corre! Sai por um lado… ou pela janela, se for necessário. — O esforço de sustentar a corpulência do cão do inferno fazia tremer seus braços. Sua única vantagem era que estas criaturas normalmente não podiam manter a forma física durante muito tempo, mas poderia imobilizá-lo até esse limite?
Tentou acalmar-se um segundo, enquanto tratava de escutar Erin. Escutou o barulho das mantas quando ela se levantava, mas não se moveu mais. Por que não escapava enquanto tinha uma remota possibilidade? Atirando seu peso para um lado, fez rodar ao cão do inferno e o sustentou debaixo de seu corpo. A criatura se retorceu e uivou, e o gemido lamentoso feriu os ouvidos de Karl. Apesar de todo seu esforço, o animal se retorceu sobre o lombo e lhe voltou a cravar as garras, esta vez no centro do peito. Jorrou sangue fresco. O ardor da laceração, entretanto, era mal registrado em relação ao torno que parecia espremer seus pulmões. E pouco a pouco as forças para sustentar a cabeça dessa coisa o abandonavam. Os braços e os dedos tiveram cãimbras.
Jogou uma olhada a Erin que dava voltas como tratando de unir-se à luta. — O que está fazendo? Vá! — O assobio de sua própria voz o alarmou.
Ainda nua, ela estirou a mão para abrir a gaveta do criado mudo. Tirou uma jóia, um colar de prata brilhante. Karl o viu balançando-se em sua mão direita. Uma cruz.
Era inútil contra um espírito inteligente como tinha sido ele, eles não eram vampiros em um filme de terror, mas esta besta era outra coisa. Entretanto ela não se animava a aproximá-lo suficiente como para brandir o símbolo.
Não sabia como fazê-lo. Pela extremidade do olho, ele a viu inclinar ficando ao alcance das garras do cão do inferno. — Não, Erin, sai daqui!
Uma das patas traseiras arremeteu para lhe arranhar o tornozelo. Erin deu um grito e se derrubou sobre seus joelhos. Enquanto Karl tentava agarrar as orelhas da coisa com mais força, girou a cabeça em direção a Erin, que estava justo atrás dele. Nesse instante a besta lhe cravou as presas na garganta. Ele voltou a gritar. Durante um instante a dor apagou todo o resto, mas lutou para manter-se consciente. Logo viu que Erin cravava a cruz em um dos olhos da besta. Escutou-se um uivo de agonia, e o olho do cão do inferno ardeu em chamas. Karl cravou os dedos no cabelo grosso em ambos os lados da cabeça da criatura, reuniu toda a força que ficava e lhe torceu o pescoço. As extremidades da besta se contraíram espasmodicamente e perderam sua força. Mas sem confiar nesse signo de impotência, Karl lhe deslocou a cabeça girando-lhe até atrás. Então, deixou de mover-se por completo.
— Me dê isso, — disse ele ofegante. Quando lhe estendeu a mão, Erin lhe deu a cruz. Empurrou o colar entre as mandíbulas abertas da criatura e o desceu pela garganta. Um cheiro de cabelo e carne queimados alagou o ar.
Karl se afastou do corpo do cão do inferno que lentamente se carbonizava. Erin se ajoelhou a seu lado, com a perna sangrando. Parecia que não notava a ferida. Entre soluços, pôs a cabeça dele sobre seus joelhos.
O quarto se iluminou com o mesmo resplendor dourado que tinha visto fora só uns minutos antes. A voz do Israfel reverberou como a música de um órgão. —Bravo primo! Cumpriu com sua penitência.
Karl sentiu um calor curador que lhe invadia o peito. — Não, primeiro atende a ela.
Escutou a expressão de surpresa de Erin quando a marca da garra lhe desapareceu da perna. Novamente o resplendor o envolveu. A dor se evaporou e as feridas de Karl se fecharam. Um feixe de iluminação tocou ao cão do inferno, que desapareceu em um brilho vermelho.
Surpreendida, Erin o olhou fixamente nos olhos. — Não estou sonhando. Essa coisa era real e você não é humano.
— Agora sou. — Se sentou e se olharam, sem se tocar, dentro da esfera de luz dourada.
Israfel disse: — Já não o é, Kammael. Os Poderes infernais ultrapassaram seus limites, eles não serão autorizados a interferir mais. Esta mulher terminará sua tarefa, graças a você. Você ganhou a acolhida no reino celestial. Despeça-se.
Invocou a imagem mental dos campos da luz eterna, uma lembrança cada vez mais fraca quanto mais carnal se tornava. Acreditava que era justo que os seres humanos também pudessem finalmente entrar nesse reino. Enquanto isso, a vida terrestre, apesar de todos seus defeitos, oferecia alegrias.
— Quero ficar assim — disse-lhe. — Humano.
A esfera dourada se contraiu, pensativa. — Sabe que sofrerá dor e enfermidades. Envelhecerá e atravessará a morte. E ela pode te rechaçar. Poderia viver sua vida humana sozinho.
O olhar embelezado de Erin não lhe dava pistas de seu pensamento e já não podia ler sua mente. — Me arriscarei.
— Muito bem. Te concedo o desejo. — Acreditou perceber diversão e afeto no tom do Israfel. — Apago-lhe as lembranças de tudo isto?
— Não, se é permitido, deixa que o recorde. Por favor.
— Que assim seja. — A luz se extinguiu.
Erin o olhou com rosto inexpressivo durante outro minuto. Logo se inclinou para que ele a abraçasse. Envolveu-a em seus braços, e se ajoelharam, lhe roçava os lábios sobre sua cabeça e a respiração lhe dava calor no peito. Karl sentiu que as lágrimas de Erin lhe caíam pela pele.
— O que é? Quero dizer, o que foi? — perguntou-lhe. — Um demônio?
— Preferíamos chamar a resistência.
— Então tudo o que ocorreu foi um plano. Você estava tentando me seduzir, me afastando do meu trabalho. Meu destino, imagino.
— Só a primeira vez. — seu peito doía. Gostaria de poder ler o sentimento que havia por trás dessas palavras. — Depois disso, quis te proteger. Recusei-me a terminar com minha tarefa.
— E quando fizemos o amor? Isso era parte da tentação?
— Não, isso foi real. Não te culpo se não acredita em mim, mas tudo o que te disse sobre te proteger foi real. É só que ao princípio eu não sabia.
— Acredito em você. Vamos, me abrace. — Erin ficou de pé, agarrou-o pela mão e o levou a cama.
* * * * *
A cabeça de Erin dava voltas enquanto se deslocavam do chão à cama, com a mão do Karl tão apertada que lhe intumescia os dedos. Tinha sonhado os últimos minutos? Não, a dor das presas da besta que havia sentido era muito real e o mesmo tinha ocorrido com a luz curadora que a tinha banhado. Então a origem não humana de Karl também devia ser certo, junto com sua decisão de tornar-se humano. A apreensão de seus olhos confirmava a sinceridade dessa decisão.
Ajudou-lhe a tirar a camisa rasgada. Sentaram-se um ao lado do outro; ela ajoelhada e com a cabeça sobre o ombro dele. — Não poderá voltar mais, não é? - sussurrou Erin.
— Não quero voltar. Tenho que estar perto de você, até se for só para te proteger à distância. — Seu fôlego chegou a ela.
Com um calafrio, se aconchegou mais perto dele, a seu lado. — Não será à distância, não se posso evitá-lo. — Erin desejava montar-se sobre ele, envolvê-lo em seus braços e fazê-lo entrar. Era estranho que se sentisse excitada depois de tanto terror e assombro, mas sentiu que a carne dele emanava calor para a dela e que esse calor formava redemoinhos por suas veias e seus músculos como uma criatura vivente. A porta fechada de seu interior se abriu. Recostou-se sobre o travesseiro e o arrastou com ela.
— Fique — sussurrou-lhe com os lábios sobre sua garganta.
Ele escondeu o rosto contra seus seios. — Já não tenho dinheiro. Minha origem era falsa e os Poderes escuros o eliminaram.
— Mas não apagaram sua mente, não? Se ainda tem o conhecimento que puseram em sua cabeça quando adotou a forma humana, poderá arrumar isso. Eu te ajudarei.
Karl levantou o olhar em direção a ela com olhos sombrios. — Não me permitirei ser uma carga para você…
Ela o interrompeu. — Não pense assim. Resolveremos juntos mais tarde. - Erin baixou a mão até a cintura dele.
— Não espero nada de você, — começou a dizer ele, inclinando o corpo sobre um cotovelo para olhá-la aos olhos.
O fez calar pondo- lhe uma mão sobre a boca. — Te desejo. A menos que não esteja preparado para isso. — Ela olhou para sua virilha e viu um vulto.
Karl lhe lambeu a palma da mão. — Estou definitivamente preparado, — disse em um tom de surpresa leve. — Mas Erin, não sei se poderei te satisfazer como antes.
— O que quer dizer?
— Antes, via suas emoções e suas sensações porque lia seus pensamentos.
— Você o que? — Ela começou a erguer-se, mas Karl a reteve com a mão no ombro. — Sabia exatamente que tipo de carícia necessitava. Agora não poderei sentir seus desejos.
Ela estalou em gargalhadas, mas se controlou antes que se convertesse em um ataque de risada. — Como pensa que os homens e as mulheres comuns descobrem? — Com ajuda dele, desabotoou-lhe a calça. Quando ele terminou de se despir, ela tirou a camisola. Um minuto mais tarde, estavam um ao lado do outro, nus.
Erin lhe passou o dedo pela garganta e pela barba áspera de sua cara.
— Essa coisa quase te mata. Quase perdemos nossa oportunidade no amor.
Ele respirou com dificuldade. — Amor?
— Assim geralmente se chama quando duas pessoas arriscam suas vidas uma pela outra.
Um estremecimento visível percorreu o corpo dele. — Realmente te amo e te desejo. — Ele olhou a ereção e lhe disse: — Meu corpo te deseja.
Uma contração agitou completamente sua vagina. A ânsia nos olhos dele e a tensão que lhe viu nos músculos dos braços e das pernas lhe fizeram desejar aliviá-lo. — Isso é mútuo. — Erin lhe apertou o ombro e desceu pelo lado dele até o osso do quadril.
Passando um braço por cima dela, ele se aproximou mais. — Sinto-me tão estranho ao estar preso na carne, mas também é maravilhoso.
Com a mão ele riscou uma espiral nas costas dela, terminando justo debaixo da cintura. Impaciente, ela agarrou o traseiro para amoldar a parte quente de seu corpo à dele. O pênis e os testículos lhe estimulavam o púbis e ela flexionou os quadris para roçar de cima abaixo a dureza de Karl. Aos dois lhes escapou um gemido.
— O que devo fazer agora? - murmurou ele com voz rouca.
— Toca meus mamilos como antes.
Com uma mão, acariciou um mamilo por vez até que ficaram rijos. Com a outra, agarrava-a por traseiro para sustentá-la contra ele. Erin se sentiu tonta de necessidade e tão úmida que não podia deixar de retorcer-se.
— Está preparada? — perguntou-lhe enquanto ainda lhe acariciava os mamilos um por vez a uma velocidade se desesperada.
— Oh, sim!
— Bom, — resmungou ele. — Não posso esperar muito mais. Meu membro precisa entrar na sua vagina.
— Faça isso! — Rodou até ficar de costas, ainda agarrada dele.
— A última vez, — disse com voz rouca, — desejava que te acariciasse o clitóris.
— Agora não! Simplesmente entra!
Erin abriu as pernas e ele se mergulhou em seu interior.
— Quero te agradar… — Quase saiu e voltou a entrar pouco a pouco.
— Está fazendo. — Fechou as pernas ao redor dele e fez força para que entrasse mais. Juntos encontraram o ritmo e com cada carícia lhe esquentava mais o clitóris e a vagina estava mais perto do ponto culminante. Ela sentiu que o membro ficava mais duro, mais largo e que a enchia e pulsava porque estava a ponto de gozar. Erin gritou quando as convulsões se apoderaram dela, e o clímax de Karl a seguiu instantaneamente.
Um bom momento depois, ele reagiu e lhe deu um beijo suave na bochecha.
— Veja — murmurou ela — ser um humano comum não é tão mau.
— Posso viver com isso, — disse ele levando a cabeça a seu peito para que escutasse os batimentos de seu coração, — se tiver você para que me indique o caminho.
— Para sempre.
Fim
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