terça-feira, 10 de agosto de 2010 By: Fred

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Enid Blyton

OS

SETE

e o Telescópio


Título original: Good Old Secret Seven

Título português: Os Sete e o Telescópio

Text copyright (c) Enid Blyton Ltd.

A assinatura de Enid Blyton é marca registada

de Enid Blyton Ltd.

Publicado originalmente na Grã-Bretanha

em 1960 por Hodder and Stoughton

Editora: Bárbara Palia e Carmo

Tradução: Inês Neiva Correia

Revisão: Cristina Borges

Capa e ilustrações: André Kano

Paginação: Nuno Alexandre Almeida

Produção gráfica: Pedro Guilhermino

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida, qualquer que seja o processo. Propriedade literária reservada. Os transgressores são passíveis de procedimento judicial.

Direitos para Portugal reservados por: Edimpresa Editora, Lda.

Impressão e acabamento: Mateu Cromo-Artes Gráficas

Ctra. de Fuenlabrada, S/N - Pinto - 28320 Madrid

Data de impressão: Fevereiro 2004

Tiragem: 25 000 exemplares

ISBN: 972-611-917-0

Depósito legal: M-50 282-2003

Impresso em Espanha

Edimpresa Editora, Lda.

Rua Calvet de Magalhães, n.° 242, Laveiras

2770-022 Paço de Arcos

Portugal

Os SETE

e o Telescópio

EDIMPRESA
Títulos publicados

1.0 Clube dos Sete

2. A Primeira Aventura dos Sete

3. Os Sete e a Marca Vermelha

4. Os Sete e os Cães Roubados

5. Os Sete e os Seus Rivais

6. Bravo, Valentes Sete!

7. Os Sete Levam a Melhor

8. Três Vivas aos Sete

9. O Mistério dos Sete

10. Os Sete e o Violino Roubado

11. Os Sete e o Fogo de Vista

12. Os Sete e o Telescópio

Próximo título:

13. Roubaram o Toy aos Sete

ÍNDICE

1 Uma nova reunião 7

2 A horrível Susana! 13

3 O presente do Jaime 19

4 O telescópio maravilhoso 25

5 Pelo telescópio 29

6 Uma cara na janela 35

7 A Susana é muito maçadora 39

8 No castelo 45

9 Uma manhã diferente 51

10 Outra reunião 57

11 A história da Susana 63

12 A Susana tem muitas coisas para contar! 69

13 De novo o telescópio 77

14 Um grande choque 81

15 Planos divertidos 85

16 Depois do jantar 91

17 Lá em cima, no castelo 97

18 Uma descoberta fantástica 103

19 Um amigo em apuros 109

20 De volta a casa em segurança! 115
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Uma nova reunião

Numa manhã, depois da escola, o Pedro foi à procura da sua irmã Joaninha.

- Eh, Joaninha! - chamou. - Vou marcar uma reunião dos Sete para amanhã de manhã. O tio do Jaime ofereceu-lhe um megapresente e ele quer mostrá-lo aos Sete.

- O que é? - perguntou a Joaninha. - É algum jogo?

- Não. Vais ter de esperar para ver - disse o Pedro.
- É uma surpresa do Jaime e não minha. Podes escrever umas mensagens para dizer aos outros que estejam às dez horas em ponto no barracão. Ainda bem que amanhã é sábado.

- Ão - fez o Toy, o cão de raça spaniel. Também
adorava os sábados. Sabia que ficava com o Pedro e a Joaninha durante todo o dia.

- Claro que também vens à reunião - disse a Joaninha, fazendo-lhe uma festa. - Mas sabes a senha, Toy?

-Ão! Ão!- fez o Toy imediatamente, e os jovens riram-se.

- Certíssimo. A senha é Ao! Ao! - disse o Pedro.
- Tens boa memória, Toy!

O Toy abanou a cauda e fez Ao! Ao! de novo.

- É melhor não dizeres isso muitas vezes, Toy disse a Joaninha. - Aquela horrível Susana pode ouvir-te.

A Susana era a irmã de Jaime e não era membro do Clube dos Sete, embora quisesse fazer parte do Clube. Adorava descobrir a senha dos Sete e, de facto, era bastante difícil evitar que isso acontecesse.

A Joaninha escreveu quatro mensagens: uma para o Carlos, outra para o Jorge, uma para Paulina e uma para Bárbara.

- Pronto! - disse ela. - Vou fazer a distribuição de bicicleta. Não preciso de entregar nenhuma ao Jaime porque foi ele que pediu para marcar a reunião. Amanhã ele traz o presente dele, não traz?

- Sim - disse o Pedro. - É melhor limparmos o barracão. Vou perguntar à mãe o que pode dispensar-nos. Acho que hoje está a cozinhar qualquer coisa. Talvez seja algo especial!

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T

A Joaninha escreveu quatro mensagens.
Na manhã seguinte, a Joaninha e o Pedro foram para o barracão às dez e um quarto. Levavam um monte de coisas.

- Vamos arrumar isto - disse o Pedro. - O jardineiro vem cá trazer dois caixotes grandes para nos sentarmos.

Na porta do barracão viam-se duas letras grandes, pintadas a verde: CS, as iniciais do Clube dos Sete. A Joaninha e o Pedro olharam para elas com orgulho.

- O Clube dos Sete! - exclamou a Joaninha. - O melhor clube do mundo! Adoro as nossas reuniões! Há semanas que não fazemos nenhuma. Temos andado tão ocupados com os trabalhos da escola!

Entraram e fecharam a porta. Mais ninguém poderia entrar a não ser que soubesse a senha. O Pedro pousou as coisas e olhou em volta com orgulho.

- Não está bem limpo? - perguntou. - Até lavei as janelas. Está acolhedor e agradável, não achas?

O barracão estava encostado à estufa e, por isso, recebia dali algum calor. Estava bastante aquecido naquele dia frio de Novembro. A Joaninha pôs algumas canecas em cima da mesa.

- A mãe achou que era melhor bebermos chocolate quente porque está muito frio - disse ela. - Quando chegarem, vou buscá-lo. Aposto como o Jaime vai ser o primeiro a aquecer com o seu presente maravilhoso! Onde está o Toy?

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- Não veio connosco para baixo. Espero que apareça - disse o Pedro. - Provavelmente, anda a perseguir a sua velha inimiga, a gata.

- Olha só o que a mãe nos ofereceu - disse a Joaninha, mostrando ao Pedro uma lata cheia de arrufadas com passas. - Arrufadas com passas quentinhas, saídas do forno, e um bolo de amêndoas caseiro.

- A mãe é uma santa! - disse o Pedro, cheirando as arrufadas. - Um dia destes, vou comprar-lhe uma medalha. Despacha-te, Joaninha. Os outros devem estar quase a chegar. Espero que se lembrem da senha! Olha, lá vem o primeiro. Aposto que é o Jaime.

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A horrível Susana!

Ouviu-se uma pancada na porta, e o Pedro gritou imediatamente: - A senha, por favor.

- Ao! Ao! - disse uma voz.

- Entra - disse o Pedro. - E, por favor, lembra-te de não dizer a senha para que toda a gente possa ouvi-la a um quilómetro de distância!

- Desculpa! - disse o Jorge, com um grande sorriso na cara. - Imitei bem o Toy? Pelo menos, tentei.

- Não, não imitaste - disse a Joaninha. - Parecias mesmo tu. Senta-te, Jorge. Pensávamos que era o Jaime. Ele disse que estaria cá cedo, porque tem uma coisa para nos mostrar.

Truz, truz!

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- Senha! - gritou o Pedro, e ouviu-se imediatamente a resposta.

- Ao! Ao!

A Paulina e a Bárbara entraram, com um sorriso

na cara.

- Olá! Não somos as últimas? Ainda bem! Truz, truz!

- Deve ser o Jaime - disse a Joaninha, ao mesmo tempo que o Pedro gritava: - A senha, por favor!

Mas afinal não era o Jaime. Era o Carlos. Entrou e fechou a porta rapidamente.

- Olá a todos! Aqui dentro está óptimo! A que propósito é que marcaram esta reunião? Alguma coisa em especial?

- Sim - disse o Pedro. - O Jaime tem uma coisa muito interessante para nos mostrar. Não percebo porque é que ainda não chegou. Já passa das dez, e ele disse que ia chegar cedo.

- Aposto como é aquela terrível irmã que não o deixa vir - disse a Paulina.

- Mas como é que ela podia adivinhar que íamos ter uma reunião? - perguntou o Pedro. - O Jaime não lhe ia dizer, tenho a certeza.

- Aí vem o Jaime - disse a Bárbara quando se ouviram passos. Alguém bateu à porta com tanta força que todos se assustaram. Antes que o Pedro pudesse pedir a senha, ouviu-se uma voz a gritar:

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L

- Ao! Ao!

- Entre! - gritou o Pedro, reconhecendo a voz do Jaime.

A porta abriu-se imediatamente. Era a Susana, irmã de Jaime.

- Obrigada por me convidarem para a vossa reunião - disse, sorrindo, e fechou a porta atrás dela. Sentou-se num caixote antes que alguém conseguisse impedi-la.

- Susana! Como é que te atreves?... - gritaram o Pedro e a Joaninha ao mesmo tempo.

O Pedro abriu a porta de par em par.

- Pira-te! Sabes que não podes estar aqui. Não pertences ao Clube.

- Então é melhor que me deixem fazer parte disse a Susana. - Porque a minha mãe disse que o presente que o Jaime recebeu do tio é para nós os dois! E como ele vai trazê-lo para vos mostrar, eu também quis estar presente.

Alguém desceu pelo caminho, transportando um objecto longo e estreito. Ouviu-se uma pancada forte na porta e a senha foi pronunciada com clareza.

- Ao! Ao! - ouviu-se a voz de Jaime. Era muito parecida com a da Susana, por isso não era de admirar que o Pedro a tivesse confundido.

- Entra! - gritou o Pedro.

O Jaime entrou, carregando o seu embrulho com

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muito cuidado. Fitou a Susana com um olhar feroz e zangado.

- Como é que ela sabia a nossa senha? - perguntou o Pedro, com dureza. - Disseste-lhe?

- Não, ele não me disse. Escondi-me lá fora num arbusto e ouvi - disse a Susana. - Não precisas de olhar para mim dessa maneira, Jaime. A mãe disse que eu também podia brincar com esse presente, sabes muito bem.

- Não podemos pô-la daqui para fora? - perguntou a Paulina, que não gostava nada da Susana. - Ela está sempre a tentar estragar tudo!

- Tentem só expulsar-me! - disse a Susana, furiosa. - Não quero assistir às vossas reuniões ridículas, mas digo-vos uma coisa: vou divertir-me tanto com o presente do Jaime como vocês.

O Pedro olhou para ela, desesperado. Que se podia fazer com uma miúda assim? Se tentassem expulsá-la, ela começaria aos berros e chamaria a atenção da mãe, que acabaria por aparecer e provavelmente concordaria que a Susana devia partilhar o presente do Jaime.

- Amanhã, a minha amiga Binkie vai dormir lá a casa - disse a Susana. - Disse-lhe que ela também podia brincar com o presente - a metade a que tenho direito, quero dizer.

- A Binkie, aquela miúda horrível com cara de

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coelho? - perguntou o Jorge, horrorizado. - Aquela que está sempre às risadinhas...

Todos se lamentaram. A Susana já era insuportável sozinha, mas quando estava com a Binkie as duas raparigas ficavam impossíveis.

- Bom, o que é que vão fazer? - perguntou a Susana. - Vão empurrar-me e expulsar-me daqui para fora? Ou vão deixar-me assistir à reunião?

O Pedro depressa tomou uma decisão. Por razão

Alguém desceu pelo caminho, transportando um objecto longo e estreito.

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nenhuma deste mundo, a Susana poderia assistir a uma das reuniões dos Sete. Por outro lado, não podiam expulsá-la dali para fora. O estardalhaço que ela faria! Restava-lhe declarar a reunião por terminada e anunciar que falariam apenas do presente do Jaime.

- Declaro terminada a reunião dos Sete. Vamos para minha casa ver o presente de Jaime no quarto dos brinquedos. Não posso permitir a presença de estranhos nas nossas reuniões secretas.

Levantou-se e todos os outros o imitaram, excepto a Susana.

- Está bem, está bem, ganharam - disse. - A vossa mãe não vai gostar que eu vá convosco para vossa casa, eu sei. Vai pensar que estive a meter o nariz onde não era chamada. Então, ouçam o que vou propor!

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O presente do Jaime

Mas antes de a Susana continuar, ouviram pequenos passos em direcção ao barracão, e alguém raspou na porta.

- A senha! - gritou o Pedro. - Ão! Ão! Ão!

- Entra, Toy - disse Pedro. - Mas disseste um Ão! a mais! Que cão tão esperto! Até se lembrou da senha!

Isso fez com que todos se rissem, até mesmo a Susana. O Toy deu lambidelas de satisfação a todos. Depois, deitou-se aos pés do dono.

- Estás atrasado, Toy - disse o Pedro. - Mas não faz mal, porque dei por terminada esta reunião. Susana, se tens mais alguma coisa a dizer, diz e de-

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pois vai-te embora.

- Está bem - disse a Susana. - O que o Jaime trouxe é um presente do nosso tio Bob, que em tempos foi oficial da Marinha. É um telescópio! Um telescópio fantástico!

- Um telescópio! - exclamaram todos, muito admirados.

O Jaime começou a desembrulhá-lo enquanto a Susana falava.

- O Jaime teve a ideia de o trazer e oferecê-lo ao Clube - disse a Susana. - Mas a minha mãe disse que

O Toy deu lambidelas de satisfação a todos.

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a ideia do tio Bob era que EU também usasse o telescópio, e não vejo porque é que vocês deviam ficar com o telescópio só para vocês. Já sabia que nunca mais o veria, se ele ficasse aqui instalado. Por isso, discuti com o Jaime...

- Atirou a casa abaixo de tanto gritar! - queixou-se o pobre Jaime.

- E a mãe ouviu e disse ao Jaime que devia partilhar o telescópio comigo, embora ficasse contente que os Sete também pudessem usá-lo. O Jaime disse que não se importava com o que a mãe dizia, que não me deixava usá-lo nem um bocadinho... Por isso, saí de casa disparada e resolvi contar-vos tudo.

- E deixou-me sozinho em casa com uma mãe furiosa - disse o Jaime. - Peco-vos desculpa. A minha intenção era deixar aqui o telescópio, para que todos pudéssemos usá-lo e observar coisas à distância. Seria tão divertido!

- Sim, divertido para vocês, mas não para mim! disse a Susana. - E a Binkie? Queres partilhar o telescópio com o Pedro, a Joaninha e os outros, não queres? Pois eu quero partilhá-lo com a Binkie.

- Acho que a Binkie nem sabe o que é um telescópio! - troçou o Jaime. - A cabeça dela está cheia de lã, não de miolos!

- Agora, ouçam - disse o Pedro, tomando rapidamente uma decisão. - Jaime, vais ter de partilhar o

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telescópio com a Susana, se a tua mãe mandou. Mas porque é que não o guardamos aqui no barracão para que todos nós o possamos usar sempre que quisermos?

- Teríamos de ter o barracão sempre fechado à chave - lembrou o Jaime. - O meu tio disse que este telescópio é muito valioso. E isso significa que a Susana vai saber onde fica a chave, para poder entrar?

- Desde que não tente vir a nenhuma reunião para a estragar como estragou a de hoje, não vejo razão para que não saiba onde guardamos a chave - disse o Pedro. - Temos de ser justos, Jaime. Aposto que se alguém me desse um telescópio como este, a minha mãe diria que eu tinha de o partilhar com a Joaninha. Temos de ser justos.

- Está bem - concordou o Jaime, melancolicamente. - Sejamos justos. Mas depois não se queixem se a Susana e a Binkie nos andarem a espiar.

- Vamos tomar qualquer coisa - propôs a Joaninha. - Vamo-nos sentir melhor. É melhor vires também, Susana. As discussões abrem o apetite.

- Não tenho fome - disse a Susana, levantando-se. - Mas agradeço na mesma, Joaninha. Sei quando não sou bem-vinda. Só cá vim dizer que também vou usar o telescópio.

- Espera - disse o Carlos quando viu que a Susana estava quase a chorar. - Antes de te ires embora, é

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melhor combinarmos em que sítio deixaremos a chave. Assim, já sabes onde poderás procurá-la.

- Combinem com o Jaime que ele depois diz-me

- disse a Susana, aproximando-se da porta. - Adeus, seus presumidos. Esperem só até eu contar à Binkie o que se passou!

Fechou a porta com tanta força que o Toy deu um salto e começou a ladrar. O Jaime olhou para os outros, sentindo-se envergonhado pela irmã.

-A Susana tem tão mau feitio! - disse a Joaninha.

- Não se foi embora por não querer lanchar connosco; foi-se embora porque teve medo de começar a chorar à nossa frente. Imagino como ficaria envergonhada!

Ninguém voltou a falar da Susana. Atiraram-se às arrufadas de passas, ao bolo de amêndoas e ao chocolate quente. O Toy recebeu a sua parte e ficou deliciado. Foi farejar o grande embrulho que o Jaime trouxera.

- Ninguém parece estar interessado no meu telescópio, a não ser o Toy - disse o Jaime, tristemente. E eu que estava tão entusiasmado!

O Pedro deu-lhe uma palmada no ombro.

- Nós também estamos! Vamos então ver esse presente maravilhoso!

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O telescópio maravilhoso

O Jaime desembrulhou o telescópio e, em breve, os Sete juntaram-se à sua volta, vendo-o montar o grande telescópio.

- Não fazem ideia do alcance deste telescópio disse ele. - Hoje de manhã, antes de vir para cá, consegui vislumbrar um espantalho num campo a um quilómetro e meio da nossa casa. E mais! Ainda vi um pardal ou outro pássaro parecido pousado no chapéu do espantalho!

- Vamos lá ver - disse a Joaninha, entusiasmada.
- Podemos levá-lo para o jardim e apontá-lo para qualquer coisa distante.

Assim, levaram o telescópio para o jardim e montaram-no sobre o seu pequeno suporte no muro, que

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era bastante largo. O Jaime tinha imenso jeito para regular as lentes, de modo a ficarem bem focadas e permitirem uma visão nítida.

- Agora, está bem - disse o Jaime, espreitando pelo telescópio. - Apontei-o para aquela casa na encosta. Antes de olharem pelo telescópio, digam-me o que conseguem ver à vista desarmada.

- A casa, é óbvio - disse a Paulina. - E qualquer coisa no jardim. Não percebo bem o que é.

- E alguém no caminho que dá para a casa - disse a Bárbara.

- Certo. Agora, olhem pelo telescópio! - disse o Jaime. - Tu primeiro, Pedro. És o nosso chefe.

O Pedro olhou pelo longo telescópio e soltou um grito.

- Jaime! É uma maravilha! Consigo ver a senhora Haddon como se ela estivesse aqui ao lado, e ainda consigo ver o jarro que ela leva na mão. E está ali um carrinho de bebé no jardim, com um ursinho de peluche lá dentro! E...

- Agora é a minha vez - disse a Joaninha, desejosa por usar o telescópio. - Consigo ver uma coisa que está a sair pela chaminé! Deve ser a escova do limpa-chaminés. Sim, é mesmo! E estou a ver um gato sentado à janela! Oh, Jaime, é como se tivesse olhos mágicos que conseguem ver a quilómetros de distância! Tens imensa sorte por ter um telescópio como

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este! Como nos vamos divertir!

O Jaime ficou muito satisfeito com o entusiasmo dos seus amigos.

- Podemos divertir-nos imenso com ele - disse, muito orgulhoso. - Podemos observar os pássaros, os aviões...

- Meninos! O que estão a fazer aí fora há tanto tempo com este frio? - disse alguém, de repente. Ainda se constipam! O que têm aí?

- É um telescópio, mãe - gritou a Joaninha. - É do Jaime. Ele deixou-nos usá-lo.

- Que maravilha! Mas sabem que já é muito tarde? - perguntou a mãe.

- Vamos guardar o telescópio - disse o Jaime. Tenho de ir almoçar a casa. Vamos lá, ajuda-me aqui, Carlos.

Em breve, o telescópio estava no barracão, cuidadosamente embrulhado.

- É muita fixe da tua parte partilhares o telescópio connosco - disse o Pedro - e deixares que o usemos quando nos apetecer. Mas é melhor que me previnam, a mim ou à Joaninha, sempre que alguém quiser usá-lo. Ficamos responsáveis por ele, estão a ver? De acordo?

- Oh, claro que sim! Avisamos-te sempre que algum de nós quiser utilizá-lo - disse o Jorge, e todos concordaram. - Mas imagina que não estás em casa? É me-

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- Quase consegui ver o que os passageiros estavam a almoçar - disse à Joaninha, que ficou bastante surpreendida. Mas ela não estava interessada em aviões: adorava balançar o telescópio à volta do apoio e observar as pessoas a passearem, ou a andarem de bicicleta, nas estradas ao longe.

- É como se estivessem num jardim - disse ela. Pedro, vi a velha senhora King na sua pequena mota e contei as cebolas que ela levava no cesto das compras! E vi aquele horroroso Henrique Jones a passar de bicicleta pela carroça da mulher da fruta e a roubar uma laranja!

- Olha que se não tens cuidado, ainda acabas por te tornar uma grande cusca - disse o Pedro. -Aposto que o Henrique ficaria horrorizado se soubesse que estavas a observá-lo a esta distância...

O telescópio também era usado durante a noite, e os Sete ficavam maravilhados por verem a Lua tão perto deles. Mas, a mãe do Pedro achava que estava frio demais para ficar lá fora e, por isso, os Sete tiveram de levar o telescópio para dentro de casa.

A Susana também apareceu para usar o telescópio, acompanhada da sua amiga Binkie, que continuava parvinha como de costume. Procuravam a chave e entravam no barracão. Levavam o telescópio para o jardim e pousavam-no em cima do muro. Um dia, o Pedro viu-as lá fora e foi ter com elas.

- Oh! Foge, Susana! Vem aí o Pedro! - riu-se a Binkie, fingindo-se assustada. - Oh, Pedro, não nos comas! Ohhh, estou cheia de medo!

- Só vim certificar-me de que sabem usar o telescópio - disse o Pedro, friamente. - Pensei que a Susana pudesse precisar de ajuda.

A Susana estava ocupada a observar pelo telescópio. Tinha-o apontado para uma casa distante. Depois, orientou-o para outra casa.

- Estou a ver o senhor Roneo a pintar a estufa -

Quase consegui ver o que os passageiros estavam a almoçar.

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disse ela. - O escadote dele está a abanar imenso. E até consigo ver a senhora Fellows a limpar os vidros da janela. Agora estou a olhar para o telhado daquela casa velha: consigo vê-lo por entre as árvores. A clarabóia no telhado está a abrir-se e... Oh! Um homem saiu por ali! Oh! Oh! Oh!

Os seus gritos estridentes fizeram com que o Pedro desse um salto, assustado.

- Que foi? Que se passa? - perguntou. - Deixa-

-me ver.

Mas a Susana desviou o Pedro e manteve o olho colado ao telescópio.

- Está mais alguém a subir ao telhado! - gritou ela. - E está a perseguir o primeiro homem. Oh, caiu do telhado! Pedro, que fazemos? É melhor dizermos à tua mãe e irmos buscar ajuda.

- A minha mãe saiu - disse o Pedro, preocupado.
- Vou até lá para ver o que posso fazer. Em frente daquela casa vive um médico. Posso ir chamá-lo. Que sorte estares a espreitar pelo telescópio!

O Pedro atravessou rapidamente o jardim, mas quando chegou ao portão ouviu um ruído que o fez parar. Era o som de umas risadinhas!

O Pedro voltou para trás, muito zangado.

- De que estás a rir-te, Binkie? Susana, viste mesmo um homem a cair do telhado ou não?

- Bem, talvez não tenha caído - disse a Susana. -

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Vou ver melhor. - Espreitou de novo pelo telescópio.

- Ainda estou a vê-lo! Agora, está com um pé preso numa goteira. Pobre homem, está pendurado por um pé, de cabeça para baixo. Agora, aproxima-se o outro homem...

- És muito parva! - exclamou o Pedro, zangado.

- Foi tudo inventado, é claro! E eu que estive quase a ir buscar o médico... Achas que tiveste graça?

- Oh, achamos, achamos! - disse a Susana, com lágrimas a cair pela cara de tanto rir. - És o máximo, Pedro. Devias ter visto a tua cara assustada. Este telescópio é fixe. Agora é a tua vez, Binkie, e vê lá se também consegues ver alguma coisa interessante.

- Vão-se as duas embora - disse o Pedro, segurando no telescópio com firmeza. - Se é para isto que querem utilizar o telescópio, vou ter de o fechar à chave. Ponham-se a andar!

Estava tão furioso e o Toy ladrava tão alto que a Susana e a Binkie obedeceram-lhe imediatamente e fugiram dali a correr!

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Uma cara na janela

Q

Quando a Joaninha resolveu virar o telescópio para a grande montanha onde ficava um velho castelo, aconteceu uma coisa extraordinária. O castelo estava em ruínas, e as gralhas faziam os ninhos na velha torre. A Joaninha gostava das gralhas. Por vezes, voavam até à quinta e debicavam os cereais juntamente com as galinhas.

O Jaime e a Paulina estavam com a Joaninha da última vez que ela fora ver as gralhas nos campos.

- Parece mesmo que estão a chamar por mini disse o Jaime - Só me lembram o professor de Educação Física!

- Tchac, tchac! - fez naquele instante uma grande gralha, olhando para o Jaime. - Tchac, tchac!

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- Vêem! Ela ouviu o que eu disse - disse o Jaime, e todos se riram.

As gralhas faziam os seus ninhos na velha torre em ruínas, mas agora, como se estava em Novembro, as suas crias já tinham crescido e voavam como as outras. O bando devia ter pelo menos cem gralhas. A Joaninha conseguia vê-las da janela do seu quarto, e muitas vezes desejou que a velha torre fosse mais perto da quinta, para poder observar os pássaros.

"E agora já posso!", pensou ela. "Temos aquele maravilhoso telescópio que nos deixa ver as coisas tão próximas! Porque é que não me lembrei de observar as gralhas antes!"

Foi buscar o telescópio, depois de prevenir o Pedro.

- Está muito frio para te sentares lá fora com o telescópio - disse ele, quando ela foi buscar a chave.
- É melhor levares o telescópio para dentro de casa, Joaninha. Eu ajudo-te. Podíamos pô-lo lá em cima no quarto de arrumações. Aí não incomodas ninguém.

Em breve, a Joaninha estava sentada no quarto de arrumações, rodeada por todo o género de tralhas, com os olhos colados ao óculo do telescópio. Focava o cume de um monte distante, onde as gralhas andavam em círculos à volta da torre, parecendo uma centena de pontos negros à distância.

Mas, quando observadas através do telescópio, transformavam-se em pássaros com as asas abertas, fazendo

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círculos, voando para cima e para baixo naquele dia enevoado de Novembro. Brincavam umas com as outras, faziam perseguições, fingiam que caíam e depois voavam para longe, gritando tchac, tchac, tchac, como se estivessem a rir. A Joaninha também se riu.

De repente, ficou hirta na cadeira. Estava a olhar para uma das janelas da torre, através da qual tinham voado algumas gralhas, mas agora as gralhas tinham rugido, assustadas, quando alguém surgiu à janela, espreitando cautelosamente lá para fora.

"Que será aquilo?", pensou a Joaninha. "Não é um pássaro. Não pode ser um gato. Meu Deus! É uma cabeça de homem com um chapéu, não, um boné. Que estará a fazer?"

O homem permaneceu à janela durante alguns minutos e depois desapareceu. A Joaninha sabia que, num dos lados da torre, ainda havia uns degraus e calculou que o homem estivesse a descer por aí. Apontou o telescópio para baixo - e viu um vulto passar por uma das janelas do andar de baixo. O homem estava quase a chegar à rua!

- Olhem só para aquilo! - disse ela em voz alta, surpreendida. -Alguém está escondido na torre! Mas para quê? Está em ruínas e é perigosa, porque está a desfazer-se aos poucos! Tenho de ir dizer ao Pedro!

Chamou o irmão, que subiu ao quarto de arrumações. A Joaninha contou-lhe o que vira e ele olhou

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pelo telescópio para o velho castelo. Mas não conseguiu distinguir nada de especial, a não ser as gralhas, que tinham pousado na torre.

- A pessoa que eu vi foi esconder-se lá em baixo
- disse a Joaninha, muito entusiasmada. - Por isso, as gralhas já não estão assustadas. Quem poderá ser, Pedro?

- Não faço ideia! - disse o irmão, intrigado. Ninguém vai lá no Inverno, até porque é perigoso. Nesta Primavera, caíram algumas pedras lá de cima! Tens a certeza de que viste uma cara na janela? Em que janela foi?

A Joaninha disse-lhe e o Pedro olhou fixamente através do telescópio, movendo-o para baixo, para outras aberturas do castelo. De repente, soltou um grito.

- Sim, está ali alguém! Vi uma pessoa passar rapidamente pela porta, do lado de dentro! Não me admira que as gralhas passem o tempo a voar, assustadas!

- Temos de avisar os Sete - disse a Joaninha. Nunca se sabe, Pedro, isto pode ser um mistério...

- Provavelmente é só um vagabundo que anda à procura de abrigo! Mesmo assim, vamos contar aos outros! - disse o Pedro, sorrindo.

A Susana é muito maçadora

No dia seguinte, quando ia para casa acompanhado pelo Jaime e pelo Jorge, o Pedro contou-lhes o que ele e a Joaninha tinham visto pelo telescópio.

- A Joaninha viu a cabeça de um homem com boné. E eu vi um vulto passar pela porta do castelo. Acho que está lá alguém escondido.

- Se está lá escondido, de certeza que não ia mostrar-se à janela nem andava a passear! - discordou o Jaime. - Se calhar, era um visitante ocasional.

- Olha, Jaime, qualquer pessoa que se quisesse esconder ali nunca imaginaria que alguém o pudesse ver de longe! - disse o Pedro. - Só o vimos porque temos aquele maravilhoso telescópio! De outro

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modo, ninguém o veria!

- Sim, tens razão - disse o Jorge. - Não tinha pensado nisso. O castelo está tão só e abandonado no cimo daquele monte que qualquer pessoa acharia seguro esconder-se ali durante o Inverno. Mas deve ser gelado! Onde acham que ele dorme?

- Lá em baixo, nas masmorras? - sugeriu o Pedro, com um arrepio. - Já lá estiveste? Descem-se cem degraus, ou mais, e chega-se a uma cave fria, escura e cheia de ecos. Há centenas de anos estiveram ali encarcerados muitos prisioneiros.

- As pessoas dessa época deviam ser horríveis! disse o Jorge. - Eu era incapaz de fechar um cão ou um gato numa cave!

- E se fôssemos dar uma vista de olhos ao castelo? Nunca lá fui.

- O meu pai diz que agora é bastante perigoso disse o Jorge. - Mas os sítios mais perigosos estão assinalados por tabuletas, por isso acho que não vai haver problema. Afinal de contas, somos bastante sensatos, ou o Pedro não nos deixaria fazer parte do Clube dos Sete!

Todos se riram.

- Muito bem! - disse o Pedro. - Os espalha-brasas não são admitidos no Clube dos Sete! Então, vamos ao castelo? Podemos ir a pé ou de bicicleta, como quiserem.

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A Susana atacou-o logo que ele desligou.

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- De bicicleta - propôs o Jaime. - É verdade que temos de subir a pé uma grande parte da montanha, por ser tão íngreme, mas vai ser divertido descer pela encosta.

- OK. Então, vamos no sábado de manhã - disse o Pedro. - Perguntamos ao Carlos se também quer vir, mas as raparigas não. A subida é muito violenta para elas.

Mas as três raparigas não pensavam da mesma maneira.

- Claro que é muito íngreme! E depois? - refilou a Joaninha, quando o Pedro lhe contou o que combinara com os outros. - Aposto como consigo subir de bicicleta ao cimo da montanha e chegar lá antes de ti! Vamos todas: a Paulina, a Bárbara e eu. Isto é um assunto para os Sete e, por isso, vamos todos. De qualquer modo, quem descobriu alguém escondido no castelo fui eu e não tu!

- Está bem, está bem - disse o Pedro. - Não mordas mais. Vou telefonar ao Jaime para o avisar que vai haver um passeio dos Sete. Temos de levar os emblemas.

Por isso, telefonou ao Jaime e disse-lhe que a Joaninha insistira para que as três raparigas também fossem.

- Que disparate! - opôs-se o Jaime. - O castelo fica muito longe e, se elas forem, vamos ter de pedalar

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mais devagar para elas não ficarem para trás.

- O que é que estás para aí a dizer ao telefone? perguntou a Susana, aparecendo de repente à porta da sala. - Vão fazer uma festa ou quê? Também gostava de ir. A Binkie, então, adorava.

- Sim, mas não foste convidada! - disse o Jaime.
- É um assunto dos Sete. E vê se te calas durante um minuto. Não vês que estou ao telefone? - Voltou a falar com o Pedro. - Desculpa, Pedro. A Susana estava aqui a meter o nariz agora mesmo. Disse que queria ir connosco!

- Que ideia terrível! - disse o Pedro. - Claro que não vai. Não a deixo ir.

- Voltaste a ver o homem que se esconde no castelo? - perguntou o Jaime, pensando que a Susana já tinha saído da sala.

- Não fales nisso ao telefone - disse Pedro, zangado. -Alguém pode ouvir! É um segredo nosso!

- Desculpa - disse o Jaime, envergonhado. - Está bem, então encontramo-nos às dez e um quarto, no sábado, em frente de tua casa. O Toy também vai?

- Não. É muito longe para ele - disse o Pedro. Adeus!

A Susana atacou-o logo que ele desligou. Escondera-se atrás da porta e ouvira tudo! O Jaime olhou para ela, furioso.

- Estiveste a ouvir tudo! Há-de servir-te de muito!

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- E saiu do quarto, de cabeça erguida.

- Quem está escondido no castelo? E porquê? perguntou a Susana, indo atrás do Jaime. - Vá, diz-me. Como é que sabem que está lá alguém? É longe demais para se conseguir ver daqui.

- Esqueces-te de que temos um telescópio, minha espertinha! - disse o Jaime, friamente, e subiu as escadas. A Susana fez-lhe uma careta.

- Nós também vamos, a Binkie e eu - disse ela. Vamos formar o Clube dos Nove em vez do Clube dos Sete! Vais ver!

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No castelo

O Jaime sabia perfeitamente que a Susana iria cumprir a sua palavra, e que ela e a Binkie seguiriam os Sete até ao velho castelo. Lamentava não se ter certificado de que a chata da irmã se afastara antes do seu telefonema. Prometeu a si mesmo ser mais cuidadoso de futuro.

Foi ter com o Pedro, não se atrevendo a telefonar-Ihe outra vez, não fosse a Susana andar por ali. Contou-lhe o que a irmã fizera.

- É incrível que tenhas falado dos nossos planos na presença da Susana! - disse o Pedro, com desprezo. - És mesmo parvo! Mas, agora, não importa. Vamos meia hora mais tarde, mas vê lá se despistas a tua irmã!

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Assim, às dez e um quarto de sábado, os Sete encontraram-se à porta de casa do Pedro. Todos levaram bicicletas e nos cestos viam-se garrafas de limonada e pacotes de bolachas. Fora ideia da Joaninha e todos a aprovaram.

O Jaime foi o último a chegar, pedalando a toda a pressa.

- Desculpem o atraso - disse ele. - Tive de me certificar de que a Susana e a Binkie não estavam à espreita para me seguirem!

- Onde é que elas estavam? - perguntou o Pedro.

- Não sei. Mas as bicicletas ainda estavam no barracão, por isso estamos safos - disse o Jaime, esperançado. - Perguntei à mãe onde é que elas estavam e ela disse que as tinha ouvido falar em ir às compras, por isso está tudo bem!

- De qualquer maneira, vamos estar atentos no caminho - disse o Pedro. - Não vou deixar que aquelas duas estraguem os nossos planos.

Não viram sinais da Susana nem da Binkie, por isso esqueceram-se delas.

Quando chegaram à estrada íngreme que serpenteava a montanha do castelo, começaram a perder fôlego e tiveram de desmontar e seguir a pé. A estrada não ia até ao castelo, mas passava a pouca distância. Tomando um carreiro, os Sete chegaram ao castelo e empilharam as bicicletas. Levaram as bolachas e a limonada,

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Passaram pela entrada onde, outrora, tinham existido grandes portões.

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fazendo planos de comer junto do castelo.

Ainda faltava um pouco para chegar ao cimo do monte. Prestaram muita atenção às janelas do castelo, na esperança de ver alguém, mas nada aconteceu. As gralhas voavam em círculos, perturbadas pela presença de tantas crianças.

- Tchac, tchac! Tchac, tchac!

O Jaime respondeu imediatamente.

- Ainda bem que me reconheceram! Como estão?

- Idiota! - disse Pedro, rindo. - Uau! Que quantidade de gralhas! Que vamos fazer primeiro? Damos l uma volta pelo castelo? Vamos lá abaixo, às masmor-lf rãs, bisbilhotar? Ou petiscamos primeiro? n

- Vamos entrar e comemos lá dentro - sugeriu ai

Bárbara. - Está muito vento cá fora e estou com frio!

Também tenho fome. Podemos bisbilhotar depois, l

Assim, subiram os degraus e passaram pela entrai

da onde, outrora, tinham existido grandes portões!

Pararam, surpreendidos. A um canto, viram um grani

de monte de ramos!

- Quem terá posto aquilo ali? - disse o Jaime, sur!

preendido. - Oh, é claro! Foram as gralhas! Fazem o!

ninhos na chaminé da torre e estes ramos devem td

caído dos ninhos ao longo de anos! e

Olharam pelo buraco da chaminé. Conseguiam

ver o céu azul através da abertura quadrada por onde

o fumo da lareira passara, em tempos. Esta estava

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quase toda tapada pelos ramos caídos, que se tinham espalhado também pelo chão da entrada. Os ramos estalaram sob os pés dos jovens.
Uma placa de madeira, com a palavra PERIGO, estava colocada à entrada da porta. Os Sete espreitaram e viram uma grande sala, com uma das paredes em ruínas. Parecia que ia cair a qualquer momento.

- Não podemos entrar aí - disse o Pedro, imediatamente. - Acho que ninguém se esconderia nessa ala. É muito perigoso!

- Pchiu! - fez a Joaninha, em voz baixa. - Não

. fales em esconderijos. Se estiver aqui alguém
escondido pode ouvir-te.

- Tens razão - disse o Pedro. -Ali à frente, vamos encontrar mais divisões em ruínas. Estejam atentos a qualquer sinal de pessoas escondidas! - acrescentou, um sussurro. - Sigam-me!

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Uma manhã diferente

Só quando chegaram a uma divisão que parecia ter sido uma cozinha, com um grande lava-loiças em pedra a um canto, é que fizeram uma descoberta sensacional. O Jaime parou de repente e apontou para qualquer coisa.

Os outros olharam e viram o que parecia uma fogueira, feita de paus, meio queimados. A Paulina soltou um grito quando se inclinou sobre ela.

- Os paus ainda estão quentes! A fogueira é recente!

- Pchiu! - fizeram todos, pensando que podia estar alguém por perto.

O Pedro apalpou os paus. Sim, ainda estavam quentes e parecia que alguém estivera a apagar o fogo à pressa.

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- Falem em voz alta sobre coisas banais - disse o Pedro, em voz baixa. - E mantenham os olhos bem abertos.

Seguiram o Pedro por uns degraus até a um banco de pedra numa reentrância da parede. Alguém deixara ali um jornal. Os jovens precipitaram-se sobre ele.

- De quando é? Pode indicar-nos se esteve aqui alguém há pouco tempo - disse o Carlos. Sacudiu o jornal para o abrir.

- Não, nada feito - disse ele. - Vejam, tem data de 16 de Setembro de há imensos anos.

- Foi cá deixado por algum visitante, talvez um turista de visita ao castelo - disse o Pedro. - Vamos dar outra volta.

Para desilusão geral, não conseguiram encontrar nada de interesse. Umas pontas de cigarro, um ou dois fósforos usados, um saco de papel que em tempos contivera rebuçados.

- Não vejo nada interessante - disse o Pedro.

- Sou de opinião que nos sentemos para comermos - disse o Jorge, cansado de andar de um lado para o outro. - Estou imundo, olhem só para as minhas mãos!

- Acham que estes degraus vão dar às masmorras? - perguntou a Bárbara.

Todos se voltaram para ver onde ela estava. En contrava-se debaixo de uma tabuleta pintada à mão *

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que indicava: MASMORRAS. PERIGO. É PROIBIDO DESCER.

- Claro. Olha para a tabuleta, pateta - disse o Pedro. - Não vamos descer por esses degraus, isso é certinho! Não tenho grande vontade que uma parede me caia em cima!

- Vamos comer neste banco de pedra - disse o Jaime. -Acho que dá para todos nos sentarmos.

Sentaram-se no banco de pedra, de assento irregular, frio e duro.

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Que castelo! As coisas que devem ter acontecido aqui dentro!

Sentaram-se no banco de pedra, de assento irregular, frio e duro. Em breve, comiam bolachas e bebiam limonada.

- Acham mesmo que está aqui alguém além de nós? - perguntou a Paulina, num sussurro.

- E provável - respondeu o Pedro. - Provavelmente, lá em baixo, nas masmorras! Ninguém no seu perfeito juízo lá irá, com aquele aviso de perigo ali pendurado!

- Não me agrada pensar que alguém está escondido naquela horrível masmorra escura - disse a Bárbara, imaginando um sítio terrível, húmido, malcheiroso e escuro. - Espero não ouvir nenhum ruído vindo do subterrâneo.

- Não sejas tonta - disse o Jorge. - Não está ninguém lá em baixo. Porque é que havia de...

Parou de repente, quando um estranho ruído chegou aos seus ouvidos. Todos ouviram e ficaram gelados de medo.

Parecia um gemido triste e muito distante.

- Ooooooh! Ooo-oo-OOOOOOOh!

A Paulina apertou o braço da Bárbara, o que a sobressaltou.

- O que é isto? Ouviram?

- Calem-se - disse o Pedro, bruscamente. - Ou-

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çam. Está alguém lá em baixo nas masmorras.

- Ooooh-ah-oooh-eeeee! - gemeu a voz.

A Paulina deu um grito tão grande que todos se puseram em pé. Desatou a correr, aos gritos, pela passagem de pedra que levava à entrada.

O Jaime foi atrás dela enquanto os outros guardavam os sacos. Um estalido, vindo das masmorras, fê-los dar um salto.

- Bang! Bang, bang! Bang!

- Depressa, corram! - gritou o Pedro, agarrando a Joaninha e empurrando-a à sua frente. - Vamos buscar as bicicletas!

- É alguém aos tiros? - perguntou a Bárbara, cheia de medo.

- Sei lá! - respondeu o Pedro. - Olhem como as gralhas estão assustadas. Que algazarra estão a fazer! O que estará a passar-se naquele castelo?

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±

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Outra reunião

Conseguiram chegar às bicicletas sãos e salvos. Puseram os sacos e as garrafas nos cestos. O Pedro estava a sentir-se envergonhado pela sua fuga repentina.

- Acham que nós, os rapazes, devíamos voltar lá abaixo, para descobrir que gemidos eram aqueles? perguntou. - E os estalidos não me pareceram tiros de espingarda.

- Vai tu, se quiseres. Eu não me vou expor a perigo nenhum - disse o Carlos. - Passa-se ali qualquer coisa de anormal. Se quiseres, conta à Polícia e deixa-os lidar com o assunto. A fogueira meio apagada e os gemidos são suficientes para assustar os adultos, quanto mais jovens como nós!

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- Vamos marcar uma reunião para decidir o que fazer! - propôs o Jorge. - Sabemos que está alguém no castelo. Mas porque se esconde? E que gemidos são aqueles? Serão para nos assustar?

- Vamos reunir-nos no barracão logo que chegarmos - disse a Joaninha.

- Não posso. Tenho uma aula de música ao meio-dia e um quarto - disse a Paulina. - Por favor, não façam uma reunião sem mim.

- Às três, está bem? - contrapôs o Pedro. - Lembrem-se da senha e levem os emblemas.

- Não posso ir - disse o Jaime - e o Jorge também não. Temos treino de futebol. Porque não reunimos amanhã à tarde?

- OK, então amanhã à tarde, às seis horas. Sejam pontuais - recomendou o Pedro. - Esta tarde, se tiver tempo, vou observar novamente o castelo pelo telescópio. Ali passa-se mesmo qualquer coisa!

Foram para casa de bicicleta bastante desanimados. Os rapazes estavam arrependidos de não terem voltado às masmorras.

- Nem tínhamos lanternas - justificou-se o Pedro. - E sem elas, não víamos nada. Aqueles gemidos pareciam de um animal, mas os estalidos é que são um mistério.

O Jaime foi de bicicleta para casa, esperando que a Susana e a Binkie ainda não tivessem chegado e

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não lhe fizessem perguntas sobre a manhã. Espreitou para o barracão e viu que as bicicletas das raparigas ainda estavam ali. Óptimo! Ainda não deviam ter regressado das compras.

Mal chegou a casa, o Pedro foi buscar o telescópio ao barracão, enquanto o Toy dançava à sua volta. O cão não ficara satisfeito por o terem deixado em casa e deitara-se em frente da lareira, amuado. Mas agora estava tão contente por ver o Pedro e a Joaninha de novo que mal conseguia ficar quieto!

O Pedro levou o telescópio para o quarto de arrumações e montou-o. O Toy farejou o telescópio, muito interessado.

- Tens de o usar com os olhos e não com o nariz

- disse o Pedro. Colocou o olho direito no telescópio e apontou-o para o castelo. Pareceu-lhe ver um vulto em frente do enorme portão.

Nisto, o Toy deu um salto - e lá se foi o telescópio!

- Idiota! - disse o Pedro, muito zangado, e levantou rapidamente o telescópio. Parecia estar tudo em ordem. Apontou-o de novo ao castelo.

O vulto desaparecera. O Pedro sentiu-se muito frustrado.

- Não podias ter esperado um bocado antes saltar?

- perguntou ele ao Toy. - Oh, meu Deus, agora é a minha mãe que me está a chamar! Quando regressar,

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será tarde demais para ver seja o que for.

A mãe manteve-o ocupado durante o resto da manhã. Da parte da tarde, o Pedro teve de fazer os trabalhos de casa. Estava desejoso por espreitar pelo telescópio e o mesmo acontecia com a Joaninha.

Quando, finalmente, conseguiram espreitar pelo telescópio, não viram nada de interessante. Desapontados, levaram-no outra vez para o barracão e fecharam a porta à chave, como era habitual.

- Anima-te, Pedro - disse a Joaninha. - Amanhã à tarde, vamos ter uma reunião e levo uma caixa de chocolates! Vai ser divertido falar sobre a manhã no castelo.

No domingo à tarde, todos foram pontuais e a senha foi rapidamente mencionada cinco vezes.

- Telescópio!

Como o Jorge disse, era mais fácil recordar aquela senha do que esquecê-la!

Os Sete instalaram-se no barracão. O Pedro olhou em volta para ver se todos traziam os emblemas. Sim, todos tinham as letras CS nos casacos. A Joaninha passou a caixa de chocolates e, depois, começaram a falar sobre a manhã da véspera.

- Está alguém escondido no castelo - começou o Pedro. - E esse alguém não quer que ninguém saiba que ele está ali. Pregou-nos um susto de morte para nos afastar. Agora, sinto-me um idiota. Tenho a certeza de que o homem que lá está escondido sabia que somos apenas crianças e que fugiríamos se fizesse uns ruídos assustadores!

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- Sim. Também tenho estado a pensar nisso disse o Jaime.

- Oh, mas eram ruídos tão horríveis - disse a Paulina, e teve um arrepio. - Não voltava a pôr lá os pés nem que me dessem mil euros.

- Também, ninguém te oferece nada - disse o Pedro. - Por isso, pára de tremer e não digas disparates. Agora, penso que fomos um bocado lamechas.

- Mas aqueles gemidos! - disse a Bárbara. - Eram tão assustadores. E aqueles tiros!

- Vamos ser sensatos - disse o Pedro. - Acho que não...

Parou a meio da frase, porque ouviram-se três uivos aterradores, exactamente iguais àqueles que os Sete tinham ouvido na véspera!

- Oooo-ooo-OOOOh! Oooo-ooo-OOOOh! Todos apanharam um grande susto e oToy ladrou

e foi a correr até à porta, raspando-a, muito zangado. Os gemidos pararam de repente. Depois começaram os estalidos!

- Pop! Pop-pop! Pop!

- Tenho medo - disse a Paulina, baixinho, e agarrou-se à Bárbara, o que fez com que esta se assustasse também.

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-Ooo-ooo! Pop-bang-pop!

Então, ouviu-se um som familiar: um risinho abafado. O Jaime e o Pedro desataram aos gritos, furiosos, e correram para a porta.

-SUSANA! BINKIE! Grandes parvas!

A porta abriu-se tão repentinamente que as duas raparigas foram apanhadas de surpresa. O Jaime saltou lá para fora e apanhou a Susana. A Binkie fugiu mas voltou para trás para libertar a Susana e também foi apanhada. Foram ambas arrastadas para o barracão.

- E agora expliquem-nos o que significa isto! disse o Pedro, tão zangado que mal conseguia falar.

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A história da Susana

Não digo nem uma palavra se gritarem comigo - disse a Susana. - E eu e a Binkie começamos aos berros se nos tratarem mal.

- Tratar mal! Tratar mal! Não merecem outra coisa! - indignou-se a Joaninha. - A meterem-se connosco! Eram vocês que estavam nas masmorras a gemer, não eram? E que ruídos eram aqueles que pareciam tiros?

- Não eram tiros, eram grandes estoiros - disse a Susana, dando uma gargalhada. - Os mesmos que fizemos lá em baixo nas masmorras. Querem ver, eu mostro-vos!

E para grande desilusão dos Sete, a Susana tirou um balão de borracha do bolso e começou a soprar

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com força. O balão inchou e ficou enorme! Então, a Susana afastou-o do corpo e a Binkie rebentou-o com um alfinete. POP!

- Foi isto que vos assustou, balões a rebentar, e uivos! - disse a Binkie, fazendo um sorriso maldoso , e espetando o alfinete na lapela do casaco. - Os nos- j sós pios e uivos pareciam horríveis vindos do fundo daquelas velhas escadas de pedra?

- Não tinham nada que ir às masmorras - disse o Pedro, duramente. - Não viram aquele aviso? Não me digam que foram vocês que puseram lá aquela tabuleta!

- Não, não fomos. Mas não estava lá quando fui ver o castelo com uns amigos no Verão - disse a Binkie -, por isso pensei que não devia ser muito perigoso descer às masmorras! Estava lá um aviso, escrito à mão. Não tão bem feito como os outros avisos.

- Tens razão - disse o Jaime, recordando-se. Acham que foi a pessoa que ali se esconde que escreveu aquele aviso para evitar que alguém vá aos subterrâneos?

- E evitar que descubram alguma coisa que lá esteja escondida! - exclamou o Jorge. - É mesmo da Susana desobedecer àqueles avisos!

- Viram alguma coisa escondida lá em baixo? perguntou o Pedro.

- Sim, vimos - disse a Susana. - Mas se não me pedires delicadamente, não te conto nada.

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O Pedro olhou para ela, furioso. Que rapariga tão irritante!

Ela sorriu abertamente para ele.

- Diz " Por favor, Susana" - disse ela.

O Pedro teve de lhe fazer a vontade! Queria mesmo saber o que estava nas masmorras.

- Por favor, Susana - disse, furioso.

- Assim, não. Com bons modos - disse a Susana.

- SUSANA! Vou desfazer-te em pedaços se continuas com essa brincadeira! - disse o Jaime. - Tenho vergonha de ti, a falares com Pedro dessa maneira. Olha que eu...

- Está bem, está bem. Eu conto o que vimos disse a Susana, apressadamente, sabendo que o irmão lhe daria uma boa sacudidela se continuasse a brincar. - Ouçam.

Todos ouviram com muita atenção o que a Susana lhes contou. A Binkie sentou-se ao seu lado, abanando a cabeça de vez em quando enquanto a Susana relatava a sua história.

- Bem - começou Susana -, é claro que sabíamos que vocês iam lá acima e que pensavam que estava alguém escondido no castelo, porque ouvimos o que o Jaime disse ao telefone. Por isso, pensámos chegar lá acima antes de vocês, para lhes pregarmos umas partidas.

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- Sim, mas como é que lá chegaram? As vossas bicicletas estavam no barracão. Eu vi-as - disse o Jaime.

- Esquecem-se de que existem autocarros? - perguntou a Susana. - Apanhámos o autocarro que pára mesmo lá em cima. Saímos nessa paragem e atravessámos os campos até ao castelo.

- Autocarros! Porque é que não nos lembrámos disso? - lamentou-se o Jaime. - E chegaram muito antes de nós?

- Oh, sim! E quando chegámos silenciosamente às traseiras do castelo, vimos uma mulher a pintar o castelo.

- A pintar um quadro que representava o castelo, queres tu dizer - acrescentou a Binkie, vendo que alguns dos Sete pareciam bastante admirados. - Meu t)eus, ela apanhou um grande susto quando nos viu chegar!

- Falaram com ela? - perguntou o Pedro. Pensávamos que era um homem, não uma mulher. A pessoa que vi pelo telescópio parecia ter um boné na cabeça.

- Oh, esta mulher não tinha boné, mas usava o Cabelo apanhado no cimo da cabeça. Acho que devia parecer um boné, à distância.

De repente, o Toy rosnou e correu para a porta.

- Vem aí alguém! - disse o Pedro. - Quem é?

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Ouviu-se uma pancada na porta e, depois, a voz alegre da mãe.

- Descansem que não vou entrar. Sei que estão a falar de coisas secretas... Mas vou deixar aqui uma travessa com bolos de passas. Sete chegam?

- Não, é melhor nove, dez, a contar com o Toy! gritou a Susana, rindo, antes que alguém respondesse. - Hoje é uma reunião do Clube dos Nove!

- Vimos uma mulher a pintar o castelo.

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- Bom, então um de vocês terá de vir buscar mais dois - disse a mãe do Pedro, e foi para casa. ,

- O Clube dos Nove! Querias! - disse a Joaninha, ; muito zangada. - Podes ter a certeza de que não vão ; comer nada!

- OK. Então, vamos para casa - disse a Susana. Vamos embora, Binkie! - E as duas levantaram-se e i dirigiram-se para a porta.

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t

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A Susana tem muitas coisas para contar!

O Pedro sabia reconhecer uma derrota.
- Está bem, ganhaste! - disse. - Volta para aqui e senta-te. Carlos, vai buscar mais três bolos; o Toy tem direito a um.

O Carlos saiu, com o Toy atrás. Os outros membros do Clube olharam para a Susana com desprezo. Que rapariga aquela! Ela sorriu abertamente para todos. Estava nos seus dias! Acabara de dar uma lição àqueles convencidos!

O Carlos chegou logo de seguida com os bolos.

- Quanto à pintora - disse a Susana, com a boca cheia. - Ela disse que era melhor nós não entrarmos Do castelo porque é perigoso, por isso agradecemos-lhe

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o aviso, mas, como é evidente, era nossa intenção ir lá sem que nos visse!

- Como é evidente! - repetiu o Jaime.

- Ficámos ali a conversar um bocadinho, só para ver se ela tinha alguma coisa interessante para contar
- disse a Susana. - Mas, na realidade, não tinha. Disse-nos apenas que adorava aquele velho castelo e que estava a pintá-lo, esperando vender o quadro. Parece que guarda as tintas lá dentro porque ninguémÉ ali vai no Inverno.

- Isto faz com que as nossas suspeitas pareçarnl uma grande estupidez - disse o Pedro. |

- Ela também se mostrou interessada em nós -| continuou a Susana. - Não é verdade, Binkie?

- Oh, sim! Fez-nos uma data de perguntas e riu-se quando a Susana lhe disse que o Jaime e os outros vinham ao castelo à procura de um homem que lá estava escondido.

- Tu disseste-lhe isso? - indignou-se o Pedro, muito zangado. - Como te atreves? Não tens o direito de falar nos nossos planos a ninguém.

- Bom, eram uns planos tão ridículos que nem tinham muita importância - retorquiu a Susana. - Ela perguntou-me como era possível ver uma pessoa no castelo a esta distância. Contámos-lhe que vivias na quinta, Pedro, e ela ficou muito interessada na história do telescópio.

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- SUSANA! Com certeza que não lhe contaste isso também! Como foste capaz? Agora, ela já sabe que estamos a observar o castelo - lamentou o Pedro.

- És muito estúpida por dares assim à língua com uma estranha.

- E tu deves ser um imbecil por pensares que se está a passar alguma coisa de estranho naquele castelo - disse a Susana. - Afinal, é só uma artista que está a pintar um quadro! Não há ninguém ali escondido. Ela disse que ia dormir na aldeia, do outro lado do castelo, todas as noites, e excepto nós, não esteve ninguém no castelo desde que ela chegou. Ah! Ah! Afinal, onde está o mistério?

Os Sete sentiram-se muito insignificantes e muito zangados. Tudo parecia tão divertido e, agora, a Susana intrometera-se e já nada restava daquela história!

- Viram alguma coisa de interessante nas masmorras? - perguntou o Pedro, depois de uma pausa.

- Só vimos as coisas da pintora - disse a Susana.

- Deixa-me pensar. O que é que lá estava, Binkie?

- Telas - disse a Binkie. - Telas sem moldura. Bastante escuras e feias. Suponho que foram pintadas por ela. Estavam cobertas, como é evidente. Só estivemos a espreitar. Também vimos um monte de cobertores e algumas latas.

- A pintora disse que ainda devia demorar um dia ou dois a acabar o quadro, e quando choveu foi abrigar-se

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- Telas - disse a Binkie. - Telas sem moldura

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no castelo - disse a Susana. - Foi por isso que vocês a viram a espreitar por aquela janela. Também toma as refeições no castelo, excepto o pequeno-almoço e o jantar. Ela só come refeições enlatadas.

- Que vida tão estranha! - disse o Jorge. - Afinal, se tivéssemos entrado pelas traseiras do castelo, também teríamos encontrado a mulher. Mas entrámos pela entrada principal. Vocês estavam escondidas à nossa espera, no subterrâneo, para estourarem os vossos estúpidos balões, não foi?

- Quase morremos a rir quando vos ouvimos gritar, cheios de medo, e vos vimos fugir - disse a Binkie, e teve um dos seus ataques de riso.

- Oh, por favor, cala-te - disse o Jaime, farto de as aturar. - Vão para casa. Saiam da nossa frente.

- Estávamos a pensar usar o telescópio, se não se importam - disse a Susana. - A Lua está muito convidativa.

- Não. Esta reunião está a acabar - disse o Pedro, com firmeza. - Desapareçam. Acho que o vosso comportamento foi detestável.

- Pareces a miss Cummings, a nossa professora disse a Susana, divertida. - Diz lá isso outra vez!

- Oh, desapareçam! - repetiu o Pedro, impaciente. - E não tentem fazer nada de engraçado com o nosso telescópio hoje à noite. Proíbo-vos!

- Mas o telescópio não vos pertence - disse a Susana, irritada. - Metade é meu. Só vos deixo usar a metade...

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- Estavam cobertas, como é evidente.


- Susana! Cala-te e vem comigo para casa - disse o Jaime, agarrando o braço da irmã com
firmeza. - Tenho vergonha que sejas minha irmã!

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Arrastou-a para fora do barracão, e a Binkie foi atrás deles. O Pedro suspirou de alívio.

- Graças a Deus, livrámo-nos delas! Que par! Espero que seja a última vez que ouvimos falar delas, pelo menos durante algum tempo!

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De novo o telescópio

A Susana e a Binkie estavam muito zangadas por o Jaime as ter levado dali para fora.

- Queríamos olhar outra vez pelo telescópio queixou-se a Susana.

- Não, não querias, só querias chatear - disse o Jaime, furioso.

- Larga-me o braço - disse a Susana. - Quero ir sozinha.

- Então, porta-te bem - disse o Jaime, aliviado por se ver livre daquela rapariga tão irrequieta. As duas amigas partiram imediatamente, e o Jaime viu-as correr em direcção a casa. Suspirou de alívio. Era difícil aguentar uma irmã como a Susana!

Mas a Susana e a Binkie não foram para casa.

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Não, a Susana estava decidida a fazer a sua vontade: olhar pelo telescópio naquela noite. Não que lhe apetecesse muito, era mais por teimosia. Pedira o telescópio, que lhe fora recusado, e isso fez com que decidisse fazer as coisas à sua maneira. Era mesmo o género da Susana! j

Assim, em vez de ir para casa, as duas raparigas i esconderam-se e esperaram que o Jaime passasse e, depois, correram para casa do Pedro. Estavam tão cansadas que nem tinham forças para dar as suas gargalhadas habituais. Mas estavam contentes por terem conseguido enganar o Jaime, que, àquela hora, já devia estar em casa.

Num abrir e fechar de olhos, chegaram ao barracão. Estava às escuras e fechado à chave. As raparigas encontraram a chave debaixo da pedra e abriram a porta de madeira.

Cada uma tinha a sua lanterna e não foi difícil montar o telescópio no muro do jardim, como de costume.

- Vamos só observar a Lua rapidamente, para podermos dizer que a vimos pelo telescópio - disse a Susana. - E depois vamos guardá-lo. Não achas que os Sete vão ficar furiosos só de pensarem que conseguimos?

Em breve estavam a observar pelo longo canudo do telescópio. Não havia grandes condições para

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observar a Lua, porque estava coberta com nuvens.

- Roda um pouco o telescópio e observa o castelo - sugeriu a Binkie. - Assim, também podemos dizer que o vimos.

A Susana apontou o telescópio para o castelo. Era uma grande sombra negra na escuridão, apenas visível por causa da luz da Lua, meio escondida.

- Pronto - disse a Susana -, agora já podemos... ohhh! Repara, Binkie, há uma luz no castelo!

- Uma luz? O que queres dizer com isso? Deixa-me ver! - disse a Binkie. - Sim! Estou a ver uma luz algures, no rés-do-chão.

- Deve ser uma das janelas do andar de baixo disse a Susana, empurrando a Binkie para o lado. Sim, está bastante visível! O que é que isto significa? Aquela mulher disse que nunca dormia no castelo! Julgo que a luz é um sinal para alguém. Sim, deve ser isso.

- Vamos contar ao Pedro - disse a Binkie, muito nervosa. - Ou guardamos este segredo só para nós?

- Não, vamos contar ao Pedro - disse a Susana. Vai ficar furioso só de pensar que fizemos novas descobertas. Anda!

Lá foram ao encontro do Pedro e da Joaninha, que estavam no quarto de brinquedos, a fazer puzzles. Os dois irmãos ficaram muito surpreendidos por ver a Susana e a Binkie novamente!

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- Olhem aqui! - começou o Pedro, zangado, mas a Susana não o deixou continuar.

- Temos notícias! - disse ela. - Está alguém lá em cima no castelo, a fazer sinais de luzes! Vimos pelo telescópio. Venham ver.

Mas o Pedro riu-se e continuou fazer o puzzle.

- Outra das tuas brincadeiras parvas - disse ele. Ainda não estás farta delas? Se pensas que vamos acreditar outra vez nas tuas histórias, estás enganada. Agora, se não desaparecem, vou chamar a mãe. Estamos com vocês pelos cabelos.

- Mas, Pedro, nós olhámos pelo... - começou a Binkie, e foi imediatamente empurrada para fora do quarto pelo Pedro e pela Joaninha, e a Susana seguiu o mesmo caminho. A porta do quarto fechou-se com força e as duas raparigas ouviram a chave girar na fechadura.

- Está bem! Vão arrepender-se! - gritou a Susana.
- Amanhã, vão ficar muito arrependidos por não nos terem dado ouvidos!

E lá foram pela escada abaixo, quase a chorar de raiva. Estava alguém a fazer sinais no castelo, estava mesmo!

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Um grande choque

Na manhã seguinte, a Joaninha e o Pedro foram ao barracão depois do pequeno-almoço, para arrumar as coisas que ali tinham deixado na véspera.

- Temos vinte minutos antes de irmos para a escola - disse o Pedro, procurando a chave por debaixo da pedra. - Olá! A chave não está cá! Onde estará? Tenho a certeza de que a pus lá ontem à noite.

- A Susana deve tê-la tirado! - disse a Joaninha, com o sobrolho franzido. - Só para nos irritar. Aquela peste!

Foram à porta do barracão para ver se a Susana tinha arrancado as letras verdes CS que estavam sempre ali. Boa! Ainda lá estavam, mas quando se afastaram

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do barracão, a Joaninha soltou um grito de surpresa.

- Pedro! A chave está na fechadura! A Susana esqueceu-se de a esconder, a idiota! Qualquer pessoa pode entrar no barracão se a porta não estiver fechada à chave.

Estavam muito zangados. Tudo parecia em ordem... até que a Joaninha carregou o sobrolho, l Faltava ali qualquer coisa...

- O telescópio! - gritou ela, de repente. - Pedro, onde está o telescópio? Desapareceu!

- Foi a Su- susana que o ti- tirou! - disse o Pedro, tão zangado que até gaguejou. - Só porque lhe disse que não podia usá-lo e porque não acreditámos na • sua história ridícula de ontem! Vou telefonar ao Jaime.

O Jaime ficou petrificado quando ouviu a notícia. Foi imediatamente ter com a Susana.

- Vais já pegar no telefone e dizer ao Pedro onde escondeste o telescópio! - disse ele. - Não está no barracão.

- Mas nós voltámos a guardá-lo! - disse a Susana, parecendo tão admirada que o Jaime pensou que ela estava a dizer a verdade. - A sério!

- Fecharam a porta? - perguntou o Jaime. A Susana olhou para a Binkie e ficou muito corada.

- Oh, Jaime, não, acho que não fechei. Estava tão

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zangada porque o Pedro não acreditou em mim, que me limitei a pôr o telescópio no barracão, bati com a porta e saí dali a correr com a Binkie. Não me lembro de ter fechado a porta à chave nem de ter escondido a chave.

- Esquecemo-nos - disse a Binkie, numa voz sumida. - Sim, esquecemo-nos. Oh, o nosso lindo telescópio, Jaime! Foi roubado?

- Tudo leva a crer que sim - disse o Jaime, voltando para o telefone. - Um destes dias, Susana, vais meter-te em grandes sarilhos. Ainda tens sorte porque é o teu telescópio e não de outra pessoa.

O Jaime disse ao Pedro que a Susana e a Binkie tinham guardado o telescópio no barracão, mas tinham-se esquecido de fechar a porta à chave. O Pedro ficou muito zangado.

- Assim qualquer ladrão que andasse a espreitar o barracão durante a noite podia ter entrado - disse ele. - E claro que iria tirar o telescópio, era a coisa mais valiosa que lá estava! Vou ter de contar isto ao pai, Jaime.

- Oh, não lhe digas já! - implorou o Jaime. - A Susana ia meter-se em sarilhos. Sei que ela é terrível, mas é minha irmã e... sabes como me sinto.

- OK, Jaime. Vamos esperar até logo à noite para ver se ele aparece - disse o Pedro. - É melhor fazermos uma reunião. Às cinco e meia. Mas não digas

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nada à Susana.

- Está descansado. Mas ela está tão preocupada que nem lhe passaria pela cabeça tentar pregar mais alguma partida! - disse o pobre Jaime. - Também estou muito preocupado. Parece que a Susana e a Binkie tiraram o telescópio por urna questão de despeito, mas a Susana nunca mente...

- Eu sei - disse o Pedro. - Hoje, às cinco e meia. Eu aviso os outros.

Assim, às cinco e meia, os Sete reuniram-se mais uma vez no velho barracão. O Toy não conseguia adivinhar o que se passava e corria à volta deles, abanando a cauda e tentando animá-los.

Era uma reunião muito séria. Já todos sabiam o que tinha acontecido ao telescópio, porque a Joaninha contara às raparigas durante o recreio, e o Jaime e o Pedro tinham dito ao Jorge e ao Carlos. Que haviam de fazer?

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Planos divertidos

-J

Jaime, é melhor dizeres algumas palavras a todos sobre a Susana - disse o Pedro. O Jaime explicou como a Susana se esquecera de fechar a porta do barracão à chave e pediu aos membros do Clube que desculpassem a Susana e a Binkie.

- Ela diz que fará tudo para nos ajudar a recuperá-lo - disse o Jaime. - Também tenho imensa pena e ainda bem que era meu e da Susana. Era terrível se pertencesse a outra pessoa qualquer.

- Nós também lamentamos, Jaime - disse o Pedro. - E acreditamos em ti quando dizes que a Susana não tirou o telescópio.

-Acho que também devemos acreditar na história dela sobre a luz que viram no castelo, quando usaram

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o telescópio - disse o Jaime. - Sei que a Susana é muito chata mas, sinceramente, nunca, mas nunca, ouvi a Susana dizer uma mentira. Ela prega partidas incríveis, mas nunca mente. Se diz que viu uma luz no castelo é porque viu.

- Também acho - disse o Pedro. - E vocês, que me dizem? Acreditam nesta história ou não?

- Eu acredito - disse a Paulina. - A Susana é uma idiota, mas nunca a ouvi contar uma mentira na escola para se livrar de sarilhos. É demasiado orgulhosa para fazer uma coisa dessas. Preferia apanhar um castigo merecido.

- A Susana é muito corajosa - disse a Bárbara - e não se rala com nada. Não grita quando se magoa, defende os amigos e corre todos os riscos por eles. De certa forma, admiro-a, mas às vezes é bastante maçadora.

Este discurso tão sincero feito por uma Bárbara sempre tão calada surpreendeu todos.

- Percebo o que queres dizer, Barbie - disse a Joaninha. - Vamos desculpar a Susana e deixá-la ajudar, se quiser.

Mas foram os rapazes que tomaram a decisão final. Não, eles não queriam a ajuda de Susana. Por um lado, achavam-na esperta demais em relação a eles!

- Acreditamos no que a Susana disse sobre a luz no castelo. Isso significa que aquela pintora não esta-

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vá a dizer a verdade quando afirmou que não dormia lá. E parece significar também que a luz deve ter sido um sinal! A quem estaria ela a fazer sinais e porquê?

- Acho que nós, os rapazes, devíamos ir dar uma vista de olhos ao castelo - disse o Carlos. - Agora, sinto-me envergonhado por termos fugido daquela maneira! Sentia-me melhor se tivéssemos tentado descobrir o que estava a acontecer.

Os outros rapazes concordaram. Também sentiam

o mesmo.

- Mas sem raparigas - disse o Pedro com firmeza, vendo que a Joaninha ia começar a falar. - SEM RAPAPJGAS.

- Há ainda uma coisa que não tentámos resolver disse o Jorge. - Quem terá roubado o telescópio? Um vulgar ladrão não estaria interessado numa coisa difícil de vender e sem qualquer utilidade para ele! Eu achava que ele devia ter roubado o tapete do chão ou o candeeiro, alguma coisa assim.

- Sim, tens razão - disse o Pedro.

- Ouçam! Aposto que sei quem roubou o nosso telescópio! - exclamou o Jaime. - Foi a pessoa que está escondida no castelo! A Susana falou do telescópio à pintora e disse-lhe que vimos uma pessoa no castelo, à janela. Se ali se passa qualquer coisa estranha, ela sabe que nós podemos ver graças ao telescópio.

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- Por isso, alguém veio aqui, na noite passada, viu a porta do barracão destrancada, entrou e roubou o telescópio para que não pudéssemos observá-los! terminou o Pedro. - É canja! A culpa foi da Susana! Se tivesse fechado a porta à chave, ninguém teria entrado.

- Que estará a passar-se no castelo? - perguntou a Joaninha.

- É um bom esconderijo para qualquer coisa roubada - sugeriu a Paulina. - Aquelas masmorras são ideais para isso.

- Mas a Susana disse que não havia lá nada a não ser umas telas - disse o Carlos. - Devem ser da pintora, que as guarda ali até as emoldurar.

- Não sejas idiota - disse o Jaime. - Se as telas são muitas, demorariam meses a pintar! Acho que podem ser pinturas antigas e valiosas!

- Mas então deviam ter molduras - disse a Bárbara.

- Não, se tivessem sido roubadas - disse o Jaime.
- Não há nada mais fácil do que tirar as molduras dos quadros, enrolar as telas e fazê-las desaparecer!

- Acho isso tudo demasiado rebuscado - discordou a Joaninha.

- Está bem - disse o Jaime. - Tanto quanto me parece, só há uma coisa a fazer. É ir ao castelo à noite. A Susana diz que a mulher deve ter feito sinais

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de luzes. Provavelmente, estava a fazer sinais para alguém, informando que a mercadoria estava pronta, que podiam ir buscá-la, ou qualquer coisa do género. Sendo assim...

- Alguém deve ir lá buscar tudo esta noite! - disseram o Jaime e o Jorge ao mesmo tempo.

Fez-se silêncio por instantes. Então, o Pedro falou com firmeza.

- Eis o nosso plano: nós quatro vamos de bicicleta ao castelo. Damos uma vista de olhos por ali e vemos o que conseguimos descobrir. Aposto que o telescópio está escondido lá em cima! Se acharmos que precisamos de ajuda, ou que o meu pai deve tomar conhecimento e entrar em acção, fazemos sinais com os faróis das bicicletas.

- Oh, isto é uma aventura! - disse a Paulina. Quantas vezes vão acenar?

- Duas, se estiver tudo OK e não encontrarmos nada de suspeito. Quatro, se quisermos que o pai vá lá acima. Mais de quatro, se for realmente urgente. Perceberam?

- Claro - disseram todos, com os olhos brilhando

de entusiasmo.

- Paulina e Bárbara, venham cá a casa depois do jantar, para ficarmos as três alerta - disse a Joaninha.
- Mas espera aí, Pedro. Como conseguimos ver os vossos sinais? Já não temos o telescópio e, sem ele,

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não podemos ver nada. O castelo é longe demais.

- Já pensei nisso - disse o Pedro. - Tens de pedir ao pai que te empreste os binóculos. Penso que, meia hora depois de termos partido, deves avisar o pai, para que esteja preparado para nos ajudar, se for preciso.

- Isto é mesmo uma aventura! - disse a Paulina.

- Binóculos! És tão esperto, Pedro.

- A reunião acabou - disse o Pedro, e o Toy levantou-se com um suspiro e começou a espreguiçar-se. Que reunião tão chata! Não houve bolos, nem bolachas, só conversa, conversa, conversa, mal se ouviu uma uma gargalhada e ninguém lhe fez uma festa! Não, o Toy não gostava de reuniões como aquelas!

- Dois sinais se estiver tudo bem, quatro se quiserem que o pai do Pedro vá ajudar, e seis se for urgente! - disse a Bárbara à Paulina, quando iam a caminho de casa. - Paulina, não achas que os Sete estão metidos noutra aventura?

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Depois do jantar

Nessa noite, depois do jantar, o Pedro foi buscar a bicicleta e seguiu ao encontro dos outros.

- Agora, lembra-te, Joaninha - recomendou ele -, pede os binóculos emprestados, mas não precisa de ser já. Dá-nos tempo para nos afastar, senão o pai pode vir atrás de nós e, se não acontecer nada lá em cima, era muito chato estar a incomodá-lo; mas prestem atenção a qualquer sinal nosso.

- Oh, claro, Pedro - disse a Joaninha- Gostava tanto de ir convosco. Vão levar o Toy?
- Não. É demasiado longe para ele - disse o Pedro. - Desculpa, Toy, meu velho. Ficas em casa!

O Toy ficou muito triste, de cauda caída. O Pedro

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já não gostava dele? Era a segunda vez que saía sem o levar.

O Toy foi atrás do Pedro até meio do caminho, tentando perceber onde é que ele ia. Observou o Pedro a mexer na bicicleta. Depois, viu os outros rapazes chegarem, e a sua cauda ficou ainda mais murcha.

Queria segui-los! Eles iam depressa demais para ele, mas ele poderia farejar o caminho e segui-los.

- Ao! Ao! - fez o Toy. - O Pedro nem vai saber. Mas sinto que devo guardá-lo esta noite!

E assim, uma figura solitária seguiu as bicicletas, mantendo o nariz no ar, farejando, no encalço dos quatro rapazes.

Entretanto, a Joaninha olhava para o relógio. Ficou contente quando as amigas chegaram. O tempo estava a passar muito devagar.

Esperou meia hora e, então, decidiu pedir os binóculos ao pai e contar-lhe o que se estava a passar. Iria zangar-se?

- Pai, pode emprestar-me os binóculos, se faz favor?

- Para quê? - perguntou o pai, surpreendido. - E ainda por cima a esta hora da noite!

A Joaninha contou-lhe a história toda, primeiro por episódios, de modo que os pais não perceberam nada. Mas, aos poucos, foram compreendendo o que

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se passava e a razão pela qual a Joaninha queria os binóculos!

- Valha-nos Deus! - disse o pai. - O que é que estas crianças vão arranjar mais? É uma asneira irem à noite ao castelo! A ideia de Pedro sobre os quadros roubados é um disparate!

- Só um bocadinho, querido - disse a mãe da Joaninha. - Li uma notícia no jornal sobre uns quadros antigos que foram roubados de casa de Lorde Lunwood. Arrancaram-lhes as molduras, enrolaram as telas e meteram-nas numa mala de viagem, acho que era o que dizia o jornal...

- Oh, mãe, as telas que a Susana e a Binkie viram também estavam enroladas, não emolduradas!

Os pais estavam agora muito atentos. Fizeram mais algumas perguntas à Joaninha e ficaram muito admirados com tudo o que ela lhes contou.

- Por isso, os quatro rapazes foram ao castelo sozinhos! - exclamou o pai. - Esta história é realmente extraordinária, Joaninha. Estou bastante preocupado.

- Não vale a pena, pai - disse a Joaninha. - Os rapazes sabem tomar conta deles! Podemos esperar pelo sinal para ver se precisam de ajuda.

- Não vou esperar por sinal nenhum! - disse o pai, com firmeza. - Vou lá agora e vou levo o Matias, o Pastor, comigo e o jardineiro também!

- Oh, meu Deus! - disse a Joaninha. - O Pedro

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disse para esperarmos por um sinal. Vai ficar zangado!

- Isso não me importa nada! - disse o pai, e foi buscar o Matias e o jardineiro.

A Joaninha pegou nos binóculos. De repente, lembrou-se de que já que não via o Toy há algum tempo.

"Onde estará?", pensou. "Pobre Toy! Suponho que deve estar amuado a um canto, porque os rapazes foram-se embora sem o levar. Tenho de o encontrar para o consolar!"

A Joaninha foi ter com a Paulina e a Bárbara, que estavam no quarto de brinquedos, e contou-lhes rapidamente o que o pai ia fazer. Elas aprovaram do fundo do coração.

- Os adultos sabem sempre o que se há-de fazer disse a Paulina, com sinceridade. -Aonde vais agora, Joaninha?

- Procurar o velho Toy. Venham comigo.

Mas, como era de esperar, não conseguiram encontrar o Toy. O cão não estava em lado nenhum, e a Joaninha, de repente, teve a certeza de que ele seguira os rapazes. Ficou muito contente.

- O Toy é sempre uma ajuda - disse ela às outras.
- É melhor irmos para o quarto de arrumações e observar os sinais com os binóculos. Oh, que aventura! l

Mas embora olhassem bastantes vezes pelos binóculos, não viram nenhum sinal! |

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- Isto é horrível - disse a Joaninha, uma hora depois. - Não vejo nenhum sinal. Nem "Está Tudo Bem", nem "Problemas", nem " Urgente"! Nada de nada!

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Lá em cima, no castelo

Entretanto, passara-se muita coisa! Os rapazes tinham partido nas bicicletas, muito entusiasmados. Não sabiam que o Toy os seguia, farejando todos os aromas da noite enquanto percorria o caminho. Farejou um ouriço que não lhe ligou nenhuma. Depois, farejou coelhos e desejou persegui-los. Mas continuou a sua caminhada! Estava determinado em seguir o Pedro e descobrir o que ele estava a fazer. Não fora justo da parte do Pedro tê-lo deixado para trás!

O Pedro e os amigos estavam quase a chegar ao castelo. Iam ofegantes mas entusiasmados. Ficaram muito contentes ao verem o Pedro saltar da bicicleta quando chegou ao local onde, da outra vez, haviam

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deixado as bicicletas.

- Apaguem os faróis - recomendou o Pedro. - É mais seguro deixar aqui as bicicletas. Só o autocarro e muito poucos carros passam por aqui a esta hora.

Em breve subiam o monte relvado em direcção ao castelo, que se elevava no topo como uma gigantesca sombra. Todos levavam lanterna, mas não as tinham acesas, por terem receio de serem vistos por alguém do castelo. De repente, o Pedro parou não muito longe das velhas ruínas.

- Agora temos de ter cuidado - disse ele. - Vamos em fila indiana e, lembrem-se, se houver sarilhos, um \ de nós tem de fazer sinais com a lanterna. Estejam < atentos. ;

Chegaram silenciosamente ao castelo. Não se ouvia o mínimo ruído. Estava tudo na mais completa escuridão. Quando entraram no castelo, sem fazer barulho pois levavam sapatos de sola de borracha, começaram a ouvir um ruído acima da cabeça e pararam, receosos.

- São as gralhas a esvoaçar! - sussurrou o Pedro, l

- Devem ter ouvido os nossos passos! Esperem até j que pousem de novo. |

Em breve reinava novamente o silêncio. Os rapazes avançaram para a grande entrada, e o Pedro viu uma coisa que o deixou alvoraçado.

- Olhem! Há luz na cozinha - sussurrou. - Fi-

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quem aqui. Vou lá ver o que é.

Foi em bicos dos pés até à entrada da grande divisão e parou surpreendido com aquilo que viu. Estava ali uma mulher. Acendera uma fogueira para se manter aquecida. Estava deitada de lado e de olhos fechados.

"Então foi ela que apagou a fogueira que encontrámos no outro dia, com os ramos ainda quentes!", pensou o Pedro. "Deve ter-nos visto chegar e apagou-a à pressa. Espero que esteja mesmo a dormir!"

Assim parecia. Estava deitada num colchão, toda enrolada em cobertores e não se mexia. Ao seu lado, o Pedro viu o brilho dos ponteiros luminosos de um relógio e reconheceu o seu ligeiro tiquetaque.

Foi ao encontro dos outros e contou-lhes o que acabara de ver.

- Está adormecida junto de uma pequena fogueira. Acho que deve estar de vigia a qualquer pessoa que apareça durante o dia e impedir que descubram os segredos da masmorra. Realmente, foi boa ideia fingir que estava a pintar o castelo. Assim, podia sentar-se aqui durante o dia, de guarda!

- Mas não nos viu no outro dia! - disse o Jaime.
- Se está a dormir, é porque não vai acontecer nada esta noite, não acham? Quero dizer, acham que estaria a dormir se viesse cá alguém esta noite?

- Claro que não - disse o Pedro. - Pelo menos,

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podemos descer às masmorras para ver se as telas estão lá! Se estiverem, pegamos nelas e levamo-las para casa. Os ladrões haviam de apanhar um susto enorme quando cá chegassem e não as vissem!

- Boa ideia! - disse o Jorge, todo contente. Vamos lá abaixo agora, mas não podemos acordar a mulher! Tenham cuidado!

Então, cuidadosamente, os rapazes desceram as velhas escadas de pedra das masmorras. Estavam

Estava deitada de lado e de olhos fechados.

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bastante usadas e irregulares, e os rapazes acenderam as lanternas para verem o caminho.

-Aqui estamos nós! - disse o Pedro quando chegaram ao fundo das escadas. - Pfiff! Que sítio horrível!

Era de facto horrível! Tinha umas paredes de pedra enormes, enegrecidas pelo tempo. O chão, muito irregular, também era de pedra. O Pedro viu grandes argolas de ferro na parede.

- Aposto como os prisioneiros eram amarrados a estas argolas durante meses, talvez anos - disse ele, e todos estremeceram só de pensar nisso.

- Afinal, aqui não é húmido - disse o Jaime. Pensava que todas as masmorras eram húmidas e cheiravam mal.

- Como estamos no alto de um monte, a água pode escoar - disse o Pedro. - É por isso que o castelo é um bom esconderijo para quadros valiosos. É completamente seco! A humidade teria dado cabo deles.

- Onde estão as telas enroladas de que a Susana nos falou? - perguntou o Jaime. - Olhem! Um monte de palha! Talvez os ladrões ali dormissem. E, acolá, uns jornais velhos, mas não consigo ver muito mais!

O Jaime tinha razão. Não se viam telas enroladas em parte nenhuma, embora os quatro amigos tivessem feito uma busca completa nas velhas masmorras.

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-i)

- Suponho que os homens já as terão levado disse o Jorge, desapontado.

- Ou então a Susana inventou tudo! - disse o Carlos. - Mais uma partida!

- Não - disse o Jaime. - Tenho a certeza de que não inventou. A Binkie também viu as telas. Mas, se os ladrões as vieram buscar, porque é que a mulher ainda está ali? Isto significa que as escondeu noutro lado, talvez por recear que as raparigas as tivessem visto e fossem contar a alguém.

- Sim. Parece-me mais provável - disse o Pedro.
- Mas onde estarão escondidas? Devem estar nalgum sítio de fácil acesso. Os ladrões não iam perder tempo a tirá-las de um esconderijo difícil!

- Não há nada como investigarmos mais um pouco! - disse o Carlos. - Vamos! Espero encontrar também o telescópio!

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Uma descoberta fantástica

Silenciosamente, nem se atrevendo a tossir, os rapazes começaram à procura de um esconderijo provável. Viram em toda a parte, excepto na divisão onde a mulher dormia e, finalmente, chegaram à conclusão de que as telas deviam estar aí, pois era o único sítio onde não tinham procurado.

- Provavelmente, escondeu-os debaixo do colchão - disse o Pedro, com um pequeno suspiro. Vamos pensar. Se fossemos nós, em que sítio as esconderíamos? E lembrem-se de que as telas podem já não estar enroladas.

Silêncio. Todos pensavam. Então, o Carlos sussurrou:

- Eu sei onde é que as esconderia! Debaixo daquela

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confusão de ramos que as gralhas deixaram cair durante anos, no fundo da chaminé!

- Boa ideia! - respondeu o Pedro num sussurro. Esconderijo perfeito! Vamos procurar. Agora não façam barulho! - avisou.

Seguiram em bicos dos pés até ao montinho de ramos e acenderam as lanternas para iluminar a chaminé. 1

- Parece que o monte de pauzinhos foi ligeiramente remexido - sussurrou o Jorge, apontando a lanterna. - Segura-me na lanterna. Vou procurar aqui à volta.

Pisou os ramos, que estalaram ruidosamente. Parou logo e esperou um momento, com medo que o ruído acordasse a mulher. Depois, inclinou-se e começou a afastar os ramos. Sentiu qualquer coisa e deu um pequeno grito.

- Acho que encontrei qualquer coisa! - murmurou, e puxou aquilo que parecia um rolo de papel espesso.

- Sim! É uma das telas que a Susana deve ter visto lá em baixo, nas masmorras! - disse o Pedro, entusiasmado. - Vê lá se estão aí mais.

Sim, estavam lá muitas mais, todas muito bem enroladas. O Jorge entregou-as ao Pedro e ao Jaime. Foi um momento memorável!

E depois ouviram uma coisa que os sobressaltou!

Uma campainha! Uma campainha que tocava muito alto, tocava, tocava, interrompendo o silêncio tão repentinamente que os rapazes ficaram pregados ao chão.

De repente, a campainha parou.

- O que era aquilo? Uma campainha de telefone?
- sussurrou o Carlos.

- Parecia mais um despertador - sussurrou o Jorge, surpreendido por ver que estava a tremer.

- Claro! Era o relógio que vimos perto da mulher!

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- Sim! É uma das telas que a Susana deve ter visto lá em baixo, nas masmorras!

l

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- disse o Pedro. - Ela marcou-o para uma determinada hora! Talvez os ladrões estejam aí a aparecer, para vir buscar as telas, e ela queria ter a certeza de que estava acordada. É melhor escondermo-nos!

Dirigiram-se para uma pequena reentrância na enorme parede, com o coração a bater fortemente. O Pedro e o Jaime transportavam as telas. Esperaram ali, em silêncio.

Minutos depois, ouviram ruídos e notaram uma luz que vinha da divisão onde a mulher estivera a dormir. A luz aproximou-se e os rapazes viram a mulher passar pela reentrância, alumiando o caminho com uma lanterna. Os rapazes mal se atreviam a respirar!

A mulher passou por eles, foi até à entrada principal e parou ali.

- Está a fazer sinais! - disse o Pedro, baixinho. Aposto que é para dizer "Está tudo bem, podem vir buscar a mercadoria!"

- Oh, meu Deus! As raparigas lá em casa vêem os sinais e vão pensar que são nossos! - lamentou-se o Jaime. - Gostava de saber quantos sinais ela vai fazer.

- Vamo-nos embora - disse o Carlos. - Não quero ser descoberto. Vamos embora enquanto é tempo.

- Temos muito tempo se os ladrões vierem de longe - disse o Pedro. - Mas talvez estejam escondi-

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dos algures aqui perto, por isso temos de ter cuidado! Vamos passar pela mulher numa grande corrida e assustá-la de morte! Depois, fazemos sinais quando formos a descer a encosta.

Saíram da pequena reentrância escura e correram até à entrada, onde estava a mulher, ainda com a lanterna na mão. Deu um grito quando eles passaram a correr por ela e ainda tentou agarrar o Carlos.

- Parem! Quem são vocês? Parem, já disse!

Mas os rapazes não pararam, fugindo na escuridão. Então, o Pedro apanhou um susto enorme: tropeçou em qualquer coisa, desequilibrou-se e caiu. Os outros caíram em cima dele! Antes de se conseguirem levantar, umas mãos fortes agarraram-nos e puxaram-nos violentamente. O foco de uma lanterna atingiu-os na cara.

- Crianças! - disse um homem. - Quatro rapazes!
- Só gostava de saber o que fazem aqui!

Estavam ali três homens, meio encobertos pela escuridão, apenas iluminados por uma lanterna que apontavam para os rapazes. Tinha sido fácil apanhá-los, passando-lhes uma rasteira quando iam todos a correr.

- Solte-me! - gritou o Pedro, dando pontapés. O homem que o segurava agarrou-o com mais força.

- Ferves em pouca água - disse ele com um ar de poucos amigos, e sacudiu-o com força.

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Então, a mulher apareceu, surpreendida.

- Não os tinha visto. Deviam estar escondidos no castelo.

- A mercadoria está em segurança? - perguntou o homem mais alto, com um ar sério.

- Vou ver - disse ela, e desapareceu.

Os rapazes esperaram com o coração aos pulos. Sabiam que as telas não estavam no seu esconderijo. Naquele momento, iam a rolar pela encosta abaixo, depois de o Pedro e o Jaime lhes terem dado um pontapé, quando os homens lhes prenderam os braços. Como desejavam que ninguém tivesse visto as telas enroladas rolando pela encosta na escuridão!

A mulher voltou, a correr.

- Desapareceram! - disse ela. - Não encontrei nada. Estes rapazes devem tê-las tirado e escondido nalgum lado! Não sei a que propósito!

- Em breve descobriremos - disse o homem alto.

- Fecha os rapazes nas masmorras até nos contarem o que estão a fazer aqui a esta hora da noite e onde é que puseram as telas!

Os quatro rapazes foram levados para as masmorras! Que coisa terrível havia de lhes acontecer no momento em que iam regressar a casa, triunfantes!

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Um amigo em apuros

-O

O h, não! Isto é terrível! - disse o Pedro, esfregando a perna magoada. - Que azar termos dado de caras com aqueles homens!

- Pedro! O que aconteceu às telas? - perguntou o Jorge, em voz baixa.

- Conseguimos atirá-las pela encosta abaixo respondeu o Pedro. - Espero que tenham chegado lá abaixo em bom estado!

- Que vamos fazer? - perguntou o Carlos, que se sentia verdadeiramente assustado.

- Agora, não podemos fazer nada - disse o Pedro.
- Que pena não termos conseguido fazer sinal às raparigas! Assim saberíamos se o meu pai vem a caminho.

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- Que achas que os homens estão a fazer? - perguntou o Jorge. - À procura das telas?

- Acho que sim - disse o Pedro. - Em breve estarão de regresso.

Os quatro rapazes estavam muito preocupados. O Pedro começou a pensar numa hipótese de sair do castelo para fazer sinais para casa. Mas era impossível. Um dos homens devia estar de vigia às escadas das masmorras.

E então aconteceu uma coisa extraordinária! Não estava nenhum homem no topo das escadas, apenas a mulher, a quem tinha recomendado que gritasse se os rapazes tentassem fugir. De repente, os rapazes ouviram-na gritar:

- Oh, o que é isto? O que é isto?

Então, um corpo rolou pelas escadas abaixo a toda a velocidade e caiu em cima do Pedro.

- Toy! - gritou o Pedro, muito admirado. - Que estás aqui a fazer? Como nos encontraste? Oh, que cão tão esperto! Como estou contente por te ver!

O Toy ladrou e lambeu os rapazes. Que grande caminho percorrera atrás deles... Chegara, finalmente, e mesmo no momento certo! Saltou para cima do Pedro, louco de alegria.

Com a chegada inesperada do Toy, os rapazes sentiram um novo alento. O Toy seria uma grande ajuda! Os gritos da mulher fizeram com que os homens

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aparecessem imediatamente ao cimo das escadas.

- Que se passa? Que foi?

- Passou uma coisa por mim, a toda a velocidade, e caiu lá em baixo, nas masmorras! - disse ela. Parecia um cão!

O Toy começou imediatamente a ladrar, furioso. Até o Pedro, que estava habituado aos latidos do Toy, ficou assustado.

- Urrrrrrr. URRRRRR. URRRRR!

- Tenham cuidado com o cão! - gritou o Pedro. Ele ataca-vos se não nos deixarem ir embora.

- Vocês dizem-nos onde puseram as telas e nós libertamo-vos - respondeu uma voz zangada. - De contrário, ficam prisioneiros durante uma semana!

- Que disparate! - gritou o Pedro. - Os nossos amigos devem estar a chegar! Não nos importamos de ficar aqui. Não nos faz grande diferença!

Mas a verdade é que os rapazes não gostavam da ideia de ficarem ali por muito mais tempo. Estavam às escuras e começavam a ter frio! Um dos homens decidiu pregar-lhes um susto e desceu as escadas aos berros. Os rapazes assustaram-se, e o Toy ficou louco de raiva! O cão saltou para cima dele e mordeu-lhe uma perna. O homem desatou a gritar e voou pelas escadas acima!

- Grande cão, Toy - disse o Pedro, todo contente.
- Caramba, fico contente por nos teres seguido até

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aqui! Que grande caminhada fizeste, meu amigo! Realmente, és um grande amigo!

Durante cerca de uma hora não aconteceu nada. Que estariam os homens a fazer? À procura das telas? Ninguém conseguia adivinhar. Todos se sentiam muito reconfortados por terem o Toy para os

proteger.

- Não teríamos sorte nenhuma se o Toy não estivesse aqui! - disse o Pedro. Depois, ficou imóvel ao ouvir um ruído à distância. - Passa-se qualquer coisa! Ouçam aqueles gritos todos!

De repente, o Toy soltou um gemido de alegria e trepou os degraus de pedra a toda a velocidade.

- Volta aqui! - gritou o Pedro, mas o Toy não lhe

ligou nenhuma.

- Vamos ver o que se está a passar - disse o Pedro, e começou a subir os degraus. - Já não deve estar ninguém de guarda, se o Toy subiu as escadas.

Subiram as escadas e, como o Pedro dissera, não estava ninguém de guarda. Mas o mesmo não acontecia no exterior. Gritos e correrias, uma grande confusão! O Toy andava lá no meio, a ladrar e a morder sempre que tinha uma oportunidade!

- Rápido, Pedro, onde está a tua lanterna?

O cão saltou para cima dele e mordeu-lhe uma perna.

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De volta a casa em segurança!

O Pedro apontou a lanterna para a multidão que gritava e quase a deixou cair tal não foi a sua surpresa.

- Pai! Como chegou até aqui? E o Matias! Eh! Olhem! O pai, o Matias e o jardineiro chegaram e apanharam os três homens!

As lanternas iluminaram os seis homens e o cão. Não havia sinal da mulher; conseguira fugir!

-Acompanhem-nos calmamente - disse o Matias, com a sua voz profunda. O enorme pastor divertia-se com a situação! Conseguia lidar com o gado e não tinha qualquer dificuldade em lidar com uns homens assustados, especialmente quando tinha o pai do Pedro a ajudá-lo.

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- Pai! Oh, pai! Como é que sabia que precisávamos de ajuda? Não conseguimos fazer o sinal! - gritou o Pedro, enquanto o pai amarrava cuidadosamente um dos homens.

- Olá, Pedro! Vejo que estão bem! - disse o pai. Vamos fechar estes homens na carrinha deles e o Matias vai conduzi-los à esquadra. Tenho a certeza de que a Polícia lhes dará cama para esta noite! Encontrámos a carrinha deles estacionada aqui perto, pronta para os levar de volta - e aos quadros também! As vossas bicicletas também estão algures lá em baixo!

- Oh, pai! Não consigo acreditar que esteja aqui!
- disse o Pedro, muito agradecido. - Suponho que a Joaninha lhe disse onde estávamos. Podemos ajudar a amarrar esses homens?

- Não, mas podem procurar os quadros - disse o pai. - São demasiado valiosos para ficarem aqui. Os homens não confessaram o seu esconderijo.

- Talvez a mulher os tenha levado - sugeriu o Matt. - Ela pôs-se a fugir como um coelho.

- Não, não foi ela que os levou - disse o Pedro. Eu sei onde estão! Vou buscá-los!

Os quatro rapazes correram pelo monte abaixo. Onde teriam ido parar as telas? A mulher tê-las-ia encontrado? Não! Ali estavam elas, imobilizadas e em segurança!

- Boa! - disse o Pedro, e precipitou-se sobre elas.

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\.

Muito zangados, os homens olharam para os rolos de telas que os rapazes transportavam.

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Em breve juntaram todas as telas e foram ao encontro do pai do Pedro. Muito zangados, os homens olharam para os rolos de telas que os rapazes transportavam.

O Matias conduziu a carrinha, levando os três homens zangados e assustados. O pai do Pedro e o jardineiro dirigiram-se para o automóvel.

- Vão levar as bicicletas, não vão? - gritou o pai do Pedro. - E o Toy, com quem vai?

- Oh, pai, leve-o de carro, se não se importa pediu o Pedro. - Ele veio a pé, o meu velho amigo, e deve estar cansado!

O Toy ficou bastante agradecido por regressar de carro.

Quando os rapazes chegaram a casa, as raparigas e a mãe do Pedro deram-lhes umas calorosas boas-vindas. Mal podiam esperar que contassem as novidades!

- Oh, que bela aventura! - disse a Joaninha, com os olhos a brilhar. - Gostava tanto de ter ido convosco! O que é que a Susana e a Binkie irão dizer quando ouvirem esta história? A propósito, encontraram o telescópio no castelo? Os homens esconderam-no lá?

- Não, não encontrámos o telescópio! - disse o Jaime. - Caramba! Devíamos ter perguntado aos homens onde meteram o maravilhoso telescópio que proporcionou esta aventura!

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- Olhem, o pai vem aí - disse o Pedro ao ouvir a porta da rua e o Toy a ladrar.

O Pedro abriu a porta do quarto dos brinquedos e o Toy saltou-lhe para cima de alegria.

- Pai! Estamos todos cá em cima e a mãe também!

- chamou o Pedro. - Oh, pai, obrigado por nos ter ido salvar! Não conseguimos fazer o sinal para pedir ajuda! Ainda estaríamos lá nas masmorras, se não nos tivesse ido salvar. Oh, pai, não foi emocionante?

- Desculpem-me - interrompeu o Jaime, ansioso.

- Os homens disseram alguma coisa sobre o meu telescópio? Temos a certeza de que o roubaram porque sabiam que estávamos a usá-lo para observar o castelo.

- Sim, admitiram que o tinham roubado - disse o pai do Pedro. - Mas lamento dizer-vos que não o levaram para o castelo; limitaram-se a atirá-lo ao rio.

- Oh, meu Deus! - disse o Jaime, parecendo muito desanimado. - Que grande desgraça! Era um telescópio tão bom! Nunca terei outro igual.

- Vais ter, sim, meu amigo! - disse o pai do Pedro.

- Há uma recompensa bastante grande por esses quadros. Vai ser entregue aos Sete, como é evidente, e tenho a certeza de que na próxima reunião vão combinar oferecer-te um magnífico telescópio, Jaime. E ainda ficam com muito dinheiro para o Natal. Bem o merecem!

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- Tu, Toy, vais receber o maior osso do mundo! disse a Joaninha, dando palmadinhas na cabeça do cão. - Oh, estou desejosa pela próxima reunião dos Sete. Temos tantos planos para fazer!

E vão fazê-los, Joaninha!- Como gostaríamos de ouvir as vossas conversas entusiasmadas e saber como vão aplicar a vossa recompensa: num telescópio novo para a Susana e para o Jaime, num grande osso para o Toy... Um bom Natal para todos!

E já sabemos qual vai ser a vossa próxima senha: QUADROS! Acertámos, Pedro?

Fim

E mais...

OS
SETE

para a tua colecção... uma apresentação do próximo título

Roubaram o Toy aos Sete

120
1

Todos à reunião!

Quando é que o Clube dos Sete volta a reunir-se? - quis saber a mãe do Pedro.

- Não sei. Porquê, mãe? - perguntou o Pedro, levantando os olhos do livro.

- É que vocês não deviam reunir-se no barracão respondeu a mãe. - O tempo está muito frio e era melhor reunirem-se cá em casa.

- Oh, não, mãe - ripostou a Joaninha, juntando-se à conversa. - Assim, deixava de ser uma reunião secreta. Temos de nos reunir no barracão.

- Então temos de o aquecer um pouco - disse a mãe. - Não quero que se constipem agora nesta altura do Natal. Não podem reunir-se depois do Natal?

- Não me parece - contrapôs a Joaninha. - Tínhamos

123
pensado que era boa ideia levar para o barracão os presentes de Natal que temos estado a arranjar... Todos nós, os Sete... e fazer uma espécie de reunião de arranjo de prendas. E vamos todos encasacados.

- Vocês vão congelar... - comentou a mãe. - Acho que é melhor emprestar-vos o aquecedor a óleo. Mesmo que o deitem ao chão, não há problemas nem fico com medo que peguem fogo ao barracão.

- Obrigadíssimo, mãe - responderam em coro as duas crianças, e o Toy, o spaniel ruço ladrou alto, como se concordasse.

A Joaninha sorriu.

- Ele está a dizer que também aprova a ideia do aquecedor - disse ela. - 'Tos mesmo feito uma gata borralheira, sempre junto da lareira, não é, Toy ?

- Devias levá-lo a passear - sugeriu a mãe. - Ele ia gostar. Vocês os dois estão a ficar gordos e preguiçosos.

Saiu da sala, e a Joaninha e o Pedro olharam um para o outro.

- Por causa dos testes e de mil e uma outras coisas não temos tido tempo para nos ocupar do Clube dos Sete - comentou o Pedro. - Era giro reunirmo-nos no barracão; podíamos levar todas as prendas de Natal que estamos a preparar e embrulhá-las lá. Assim, não tínhamos de nos preocupar a desocupar a mesa à hora das refeições.

124

- Amanhã falamos com os outros - disse a Joaninha, satisfeita. - Mas temos de arranjar uma nova senha... Há muito tempo que não nos reunimos! Qual vai ser?

- Leite- creme - sugeriu o Pedro, rindo.

- Que senha tão parva - exclamou a Joaninha. E porque não há-de ser Ovos com presunto? Ou Cachorro-quente...

- Cachorro-quente... essa é muita boa! - disse o Pedro. - Os outros vão fartar-se de rir. Muito bem, minha velha.

- Não me chames "minha velha" - retorquiu a Joaninha. - Estou farta de te dizer. Pareces mesmo o tio António. Está sempre a chamar "minha velha" à tia.

- Tá bem, minha jovem - disse o Pedro. Cachorro-quente... ah, ah, ninguém se vai esquecer. Vejamos... isso é um pão com uma salsicha dentro, não é?

- Claro que é - respondeu a Joaninha. - Nem sei como é que te esqueceste quando ainda na semana passada comeste quatro. Eu cá, então, fiquei enjoada.

- Também eu - acrescentou o Pedro. - Toy, a senha é Cachorro-quente. Não te esqueças.

- Ao, ao - fez o Toy, abanando a cauda.

No dia seguinte na escola, o Pedro chamou o Carlos, o Jaime e o Jorge para um canto.

125

- O Clube dos Sete reúne-se no sábado às dez da manhã no barracão - disse ele. -A senha é Cachorro-quente. Sabem... pão com salsicha.

- Que senha! - exclamou o Jaime. - Vou lá lembrar-me de uma coisa tão parva! Tenho de a escrever.

- Não, não faças isso. A irritante da tua irmã, a Susana, pode encontrar a tua agenda e fica a saber a senha - alertou o Pedro.

- Tens razão. Vou procurar fixá-la. Até vou arranjar um verso para ela... Ajuda-me - disse o Jaime.

- Percebeste a que horas é a reunião? - insistiu o Pedro. - Hoje parece que estás com a cabeça no ar.

- Também não admira - respondeu o Jaime. Ando preocupado com os exames e com o Bony, que está para chegar... vai ficar lá em casa e...

- Bony... que é isso? Um esqueleto ou quê? - perguntou o Pedro, cheio de interesse.

- Não sejas parvo! Ele é francês... é o rapaz em casa de quem fiquei no ano passado em França explicou o Jaime. - Chama-se Jean Bonaparte... não tem qualquer relação com o grande general. Ele é muito sério e francamente não me apetece nada que ele venha. Só espero que a Susana simpatize com ele e se entretenha com ele. Ela gosta muito de falar com estrangeiros.

- Não digas à Susana que temos reunião no sábado - lembrou o Pedro. - Empandeira-lhe esse Bony.

126

- Achas que não posso levá-lo à reunião? - perguntou o Jaime, sem grande esperança. - Já sei que a minha mãe vai dizer que não posso deixá-lo sozinho no sábado - ele chega na sexta-feira, 'tos a ver, e era um bocado indelicado da minha parte correr com ele logo no dia seguinte.

- Acho é que não estás com muita vontade de assistir à reunião do Clube dos Sete - contrapôs o Pedro.

- Não sejas parvo! Claro que quero ir... mas a minha mãe não é como a tua. Ela acha que o Clube dos Sete não tem importância nenhuma. Mas se eu puder não falto - respondeu o pobre do Jaime, mais desanimado que nunca.

- Está bem, mas que a Susana não saiba... e não lhe digas a ela a senha - disse o Pedro, muito firme e decidido. - Espero que não te tenhas esquecido daquela vez em que ela e a sua amiguinha, a Binkie, chegaram ao barracão antes de nós e trancaram a porta por dentro para não podermos entrar... e depois pediram-nos a senha!

O Jaime fez uma careta.

- É verdade. Foi muito chato, aquilo... mas também teve o seu lado engraçado. Mas está bem... Não vou faltar à reunião. Prometo! Nem que tenha de deixar o Bony numa gelataria e comprar-lhe meia dúzia de gelados só para o manter entretido. A propósito,

127
diz-me outra vez a senha, Pedro.

Mas o Pedro virou-lhe as costas. Que aborrecido... qual era a senha? Salsichas? Jantar? Pão? O Jaime franziu a testa. Realmente, a vida estava a ser muito, muito difícil, com os exames, o Natal à porta e ainda por cima ter de aturar a irmã e o estúpido do Bony.

128
• Quem se esconderá na velha torre l em ruínas do castelo da montanha? •Quem andará a perturbar as gralhas |ue ali se abrigavam? Mais um mistério 'a os Sete resolverem...

Podes ler todas as aventuras

1 O Clube dos Sete

2 A Primeira Aventura dos Sete

3 Os Sete e a Marca Vermelha

4 Os Sete e os Cães Roubados

5 Os Sete e os Seus Rivais

6 Bravo, Valentes Sete!

7 Os Sete Levam a Melhor "

dos SETE de Enid Blyton:

10 Os Sete e o Violino Roubado

11 Os Sete e o Fogo de Vista

12 Os Sete e o Telescópio

13 Roubaram o Toyaos Sete

14 Os Sete e as Medalhas do General

15 Os Sete Salvam o Cavalo

16 Contos dos Sete

ISBN 172bini7-0

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