***De sarix***
Introdução(trecho)
Quando o destino de uma nação está no quarto de uma mulher, o melhor lugar para um historiador é a antecâmara.
- Charles-Augustin Sainte-Beuve -
Se a prostituição é a mais antiga profissão do mundo, então a arte refinada de ser uma amante deve ser a segunda.
Ao imaginarmos a amante mais sofisticada - aquela adequada a um rei -, vemos uma imagem enevoada e difusa de uma mulher cujas mãos acariciaram e moldaram a história. Permanece, em geral, nas sombras de um mundo onde a luz dos holofotes brilha apenas para os homens que delinearam a história. Apenas ocasionalmente, ouvimos o farfalhar de uma saia de seda ou um riso musical ecoando atrás do trono.
A ascensão das amantes reais nas cortes européias foi um acontecimento súbito, surgido ao término das névoas medievais. Durante mil anos depois da queda de Roma, o pecado real escondia-se entre as espessas cortinas das camas de dossel e era lamentado na escuridão abafada de um confessionário. A poderosa Igreja Católica desaprovava o adultério e as mulheres pecadoras da corte eram mantidas rigidamente em segundo plano.
Algumas vezes, o prenome de uma mulher relacionava-se a um monarca feudal, uma certa Maude ou Blanche, mas nada mais se sabia. Inúmeros bastardos reais reconhecidos pelos reis pareciam ter brotado de um ar etéreo, e podia-se apenas presumir que tinham mães. Esse grande desconhecimento sobre as relações amorosas dos reis origina-se não só das exigências de discrição da Igreja. O analfabetismo reinava tanto quanto os próprios monarcas, a maior parte deles incapazes de assinar seus nomes.
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