sexta-feira, 29 de abril de 2011 By: Fred

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Livros variados VII



O personagem Bernard Marx sente-se insatisfeito com o mundo onde vive, em parte porque é fisicamente diferente dos integrantes da sua casta. Num reduto onde vivem pessoas dentro dos moldes do passado uma espécie de "reserva histórica" - semelhante às atuais reservas indígenas - onde preservam-se os costumes "selvagens" do passado (que corresponde à época em que o livro foi escrito), Bernard encontra uma mulher oriunda da civilização, Linda, e o filho dela, John. Bernard vê uma possibilidade de conquista de respeito social pela apresentação de John como um exemplar dos selvagens à sociedade civilizada.
Para a sociedade civilizada, ter um filho era um ato obsceno e impensável, ter uma crença religiosa era um ato de ignorância e de desrespeito à sociedade. Linda, quando chegada à civilização foi rejeitada pela sociedade.
O livro desenvolve-se a partir do contraponto entre esta hipotética civilização ultra-estruturada (com o fim de obter a felicidade de todos os seus membros, qualquer que seja a sua posição social) e as impressões humanas e sensíveis do "selvagem" John que, visto como algo aberrante, cria um fascínio estranho entre os habitantes do "Admirável Mundo Novo".
Aldous Huxley escreveu, mais tarde, outro livro, chamado Retorno ao Admirável Mundo Novo, sobre o assunto: um ensaio onde demonstrava que muitas das "profecias" do seu romance estavam a ser realizadas graças ao "progresso" científico, no que diz respeito à manipulação da vontade de seres humanos.
http://www.4shared.com/document/UwnLZVT4/Aldous_Huxley_-_Admirvel_Mundo.html




História fantástica e muito atual. Um bem-sucedido corretor de seguros tem sua vida mudada ao conhecer Tyler Durden - um excêntrico vendedor de sabão, garçom e responsável pela exibição de filmes e um cinema - e sua casa incendiar. Se envolve com uma mulher não menos problemática e louca. Assim acabe indo morar com Tyler e em meio a uma bebedeira surge o clube da luta. O clube tem um funcionamento simples: vocês vai lá para brigar com os outros integrantes. O clube alcança dimensões gigantescas e acaba desencadeando uma série de mudanças pela cidade em que se passa a trama. Livro que inspirou o ótimo filme com o mesmo nome.
http://www.4shared.com/document/-lFvH4je/Chuck_Palahnuik_-_Clube_da_Lut.html




O que me inquieta e fascina nos contos de Caio Fernando Abreu é essa loucura lúcida, essa magia de encantador de serpentes que, despojado e limpo, vai tocando sua flauta e as pessoas vão-se aproximando de todo aquele ritual aparentemente simples, mas terrível porque revelador de um denso mundo de sofrimento. De piedade. De amor. Mundo de uma desesperada busca, onde as palavras se procuram no escuro e no silêncio como mãos que raramente (tão raramente, meu Deus) se encontram e se separam em meio do vazio. Da solidão. "O pensamento verte sangue" diz o poeta. É desse sangue que essas páginas ficam impregnadas — mas tão disfarçadamente, tão ambiguamente: por pudor, talvez, Caio Fernando Abreu disfarça, escamoteia através das personagens (sempre anti-heróis) a "dor que deveras sente". O medo, a perplexidade, a cólera, a ironia, o fervor — o sentimento do homem caça e caçador é redescoberto neste corpo-acorpo de criador e criação. Sim, suas personagens são os anti-heróis, mas com eles Caio não constrói o anticonto tão ao gosto de seus companheiros de geração. Revolucionário sempre. Original sempre, mas sem se preocupar com modismos (importados ou não) que tentam impressionar um público que, de resto, já não se impressiona com nada. Ele não escreve o antitexto, mas O TEXTO que reabilita e renova o gênero. Caio Fernando Abreu assume a emoção. Emoção esta que é vertida para uma linguagem que em alguns momentos atinge a rara plenitude próxima de um estado de graça. Linguagem que o coloca na família dos possessos (que já nos deu um Van ogh, um Dostoievski, um Orson Welles), cultivadores não só da "paixão da linguagem", na xpressão de Octavio Paz, mas também da "linguagem da paixão". Gostaria de destacar aqui os contos que mais amei deste singular livro do moço gaúcho que um dia me escreveu numa carta: "Os crepúsculos têm sido lindos. Passei o melhor verão da minha vida, ganhei um gatinho chamado Saturno (ele é Capricórnio), amei muito, fiz ioga à beira-mar. Enfim, tenho agradecido por estar vivo e ter andado por todos os lugares onde andei e ter vivido tudo o que vivi e ser exatamente como sou" Apontar este ou aquele conto? Mas se vejo cada um dos textos que formam O ovo apunhalado como peças de um jogo, destacáveis e curiosamente inseparáveis na sua alquimia mais profunda, cada qual trazendo sua parcela de realidade e sonho, rotina e poética magia — vida e desvida com seu mistério e sua revelação. Quando nos seminários de literatura os teóricos pedantes acabam por condenar a palavra, minha vontade é simplesmente mostrar-lhes um livro como este. Provar-lhes a atualidade da desacreditada palavra com a própria palavra, quando a serviço de uma técnica rica de recursos. Aliada a uma imaginação cintilante.
http://www.4shared.com/document/MJlexpUX/Caio_Fernando_Abreu_-_O_Ovo_Ap.html




Considerado por muitos o grande livro de Clarice Lispector, A paixão segundo G.H. tem um enredo banal. Depois de despedir a empregada, uma mulher vai fazer uma faxina no quarto de serviço. Mal começa a limpeza, depara com uma barata. Tomada pelo nojo, ela esmaga o inseto contra a porta de um armário. Depois, numa espécie bárbara de ascese, decide provar da barata morta. Ao esmagar a barata, e depois degustar seu interior branco, operou-se em G.H. uma revelação. O inseto a apanhou em meio a sua rotina "civilizada", entre os filhos, afazeres domésticos e contas a pagar, e a lançou para fora do humano, deixando-a na borda do coração selvagem da vida. Esse desejo de encontrar o que resta do homem quando a linguagem se esgota move, desde o início, a literatura de Clarice. Mesmo sem ser um livro de inspiração religiosa, G.H. tem, ainda, um aspecto epifânico. Ao degustar a pasta branca que escorre da barata morta, a protagonista comunga com o real e ali o divino - a força impessoal que nos move - se manifesta. E só depois desse ato, que desarruma toda a visão civilizada, G.H. pode enfim se reconstruir.
O escritor argentino Ricardo Piglia disse certa vez que toda a literatura pode ser reduzida a dois gêneros fundamentais: as narrativas de amor e as narrativas de mistério. Em G.H., essas duas claves básicas da ficção se entrelaçam. Pois é justamente a mistura letal de amor e mistério que chamamos de paixão.
http://www.4shared.com/document/OV-yMkvL/Clarice_Lispector_-_A_Paixo_Se.html




Isabel Allende, um dos maiores destaques da literatura hispano-americana conta nessa obra - "De amor e de sombra" - uma brilhante história em que o amor de dois jovens, Francisco e Irene, é ameaçado pela sombra da ditadura chilena de Augusto Pinochet. O livro começa por apresentar os personagens: Irene, jovem jornalista aristocrata que vive à margem da política, completamente alheia às atrocidades cometidas pela ditadura militar, e Francisco, fotojornalista oriundo de uma família da baixa burguesia de esquerda que sobrevive com dificuldades. Os dois conhecem-se e começam a trabalhar juntos no caso de uma rapariga, Evangelina Ranquileo, que, segundo dize o povo, faz pequenos milagres. O pitoresco transforma-se em macabro quando a menina é assassinada por um comandante das forças armadas e Irene e Francisco prometem não dar tréguas enquanto não for feita justiça à sua morte. Este é o início de uma espiral de paixão e violência que vai unir inexoravelmente os destinos dos dois jovens e pôr a nu os horrores perpetrados durante um período sangrento da História do Chile – os dezassete anos de Pinochet no poder. Em paralelo com a tragédia de Evangelina Ranquileo, cujo cadáver é encontrado numa mina, juntamente com vários outros cadáveres de vítimas da brutalidade dos militares, Allende relata a pobreza espiritual da mãe de Irene, cega apoiante do regime ditatorial, a perigosa utopia do pai anarquista de Francisco, a vida decrépita dos velhos cujos parentes são dados como desaparecidos ou mesmo o lado humano de alguns militares. Pelo meio, há lugar para belíssimos pormenores de realismo mágico e para o humor e a força de situações que só poderiam ter lugar numa paisagem tão selvagem quanto sofrida, como é a da América do Sul. O segundo romance de Isabel Allende, escrito em 1984, mantém-se actual pela intemporalidade da história de amor que Irene e Francisco vivem, assim como pelo panfleto anti-Pinochet que assume ser. Um contributo para que a História nunca se apague.
http://www.4shared.com/document/cRSdW2_N/Isabel_Allende_-_De_Amor_e_de_.html




Num mundo em que as vidas são condicionadas por escolhas irrevogáveis e por acontecimentos fortuitos, quando as coisas só acontecem uma vez a existência parece perder a sua substância, o seu peso. Por isso, diz Milan Kundera, sentimos a intolerável leveza do ser Como em outro grande escritor tcheco, Kafka, a vida para ele é um imenso absurdo, totalmente destituída de qualquer significado: tanto pode ser um sonho como um pesadelo. É nesse clima de imprecisão, que um cenário político opressivo torna por vezes sombrio, que vivem os personagens de Milan Kundera. Dois casais constituem o ponto focal dos acontecimentos: Tomas-Tereza e Sabina-Franz. Entre esses quatro personagens, porém, parece haver uma simbiose constante: os traços de caráter de Tomas vão repetir-se em Sabina, e os de Tereza parecem coincidir em muitos pontos com os de Franz. Tereza destrói, de certa maneira, a vida de Tomas, mas para ele isso não tem qualquer importância, quando Sabina abandona Franz, dá um novo rumo à vida deste, mas também para ele isso não tem importância. As coisas acontecem uma vez só, ou são uma interminável repetição? Qualquer que seja a resposta, ela não é importante. O autor coloca-se neste romance como um observador de suas criaturas, como um comentarista de seus atos. Essa técnica permitelhe fazer digressões sobre problemas do relacionamento humano, principalmente sobre a atração entre os sexos, tema de algumas de suas melhores páginas.
Milan Kundera nasceu em Praga, na Tcheco-Eslováquia, em 1929. Era estudante quando o regime comunista foi estabelecido em seu país. Trabalhou depois como operário, foi músico de jazz e, finalmente, dedicou-se à literatura. A publicação de seu primeiro romance, A brincadeira (1967), foi um dos marcos iniciais do movimento de libertação que culminou na Primavera de Praga. Depois da invasão russa de 1968 seus livros foram proibidos. Em 1975 transferiu-se para a França.
http://www.4shared.com/document/YfriS1Xw/Milan_Kundera_-_A_Insustentvel.html







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Quando os animais são nossos amigos, são para a vida toda!


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