sábado, 22 de dezembro de 2012 By: Fred

{clube-do-e-livro} 4 livros espíritas de Jacob Melo em anexo

Jacob M e l o




Reavaliando
verdades
distorcidas
0 que diz Allan Kardec
sobre o Magnetismo
Copyrigth© 2008 Jacob Melo



Idealização e Realização: Vida & Saber
Projeto Gráfico: Vida & Saber
Revisão: Luísa Vaz
Capa e Diagramação: Clemilton Barreto




Editora Vida & Saber
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Nova Descoberta. Natal/RN. 59056-700
Tel-Fax: (84) 3231.4410.
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Impressão e Acabamento




M528 Melo, Jacob
Reavaliando verdades distorcidas /
a
Jacob Melo. Fortaleza: Premius, 2008. 2 Ed.
200 p.

ISBN: 978-85-7564-416-4

1. Espiritismo e Magnetismo. 2. Kardec e
Magnetismo. I. Título.

C D U 133.9
Agradecimento



Kardec, pelo pouco que já enfrentei -- por estar
buscando apenas aprimorar o que nos deixaste -- e pelo
muito que ainda falta para que seja dada uma contribuição
mais efetiva em favor da humanidade, imagino, com muita
segurança, o que deves ter passado para nos entregar a
Doutrina Espírita em sua feição tão lúcida e definitiva
como é. Agradeço a ti pela oportunidade de trilhar parte
do caminho que percorreste, pois embora esteja longe de
possuir tua visão e perspicácia, andar pela mesma senda
que rumaste, orientado pela bússola que deixaste, torna-
me confiante quanto ao destino final dessa jornada, que
será coroada pelo mais sagrado prêmio, que é ter feito o
que deveria ser feito. Se falhei, procurarei me corrigir, mas
neste momento só me resta dizer: obrigado, meu mestre!
Palavra dos editores



Um dos aspectos mais importantes na vida do ser
humano é a nossa capacidade de comunicação. A possibilidade
de haver a transmissão de idéias entre nós é um dos fatores
primordiais para o fato de termos atingido tal nível de
desenvolvimento e de percebermos que ainda podemos
evoluir quase indefinidamente, quase infinitamente.
Quando o ser humano aprende a se comunicar e percebe
que é capaz de compreender e ser compreendido, estabelece-
se, nesse exato e preciso momento, um fato que jamais será
esquecido pela criatura que o vivência. Essa lembrança, como
muitas outras, não fica necessariamente registrada no consciente,
mas é no momento que essa comunicação se dá que nos damos
conta de que temos um poder extraordinário: o de influenciar e
o de ser influenciado pelas pessoas.
Dentre todas as partes da comunicação, a que sempre
me chama mais a atenção é a palavra. Entretanto, quando falo
da palavra não estou falando apenas da escrita ou da falada,
mas da idéia palavra, do que está por trás dela.
Palavra que atemoriza... Lúcifer. Palavra que
ilumina... Lúcifer.
Lúcifer, que vem do latim lux - luz e ferre - trazer,
carregar, significa, literalmente, o carregador de luz, ou, em
palavras mais adequadas, portador de luz. Entretanto, devido
a uma imensa utilização de forma negativa, com um sentido
pejorativo, utilizar essa palavra perto de determinadas pessoas
é o mesmo que estar "conjurando o demônio", literalmente.
Mas, pensando-se bem, a partir da primeira explicação acima,
não seria Lúcifer um bom nome para se dar a um animal de
estimação ou mesmo a um filho? Alguém se habilita? Creio
ser pouco provável. Por quê? Por causa do sentido que a
palavra tomou com base no seu uso e no seu emprego, ou
seja, na idéia que a palavra Lúcifer encerra.

"Uma coisa pode ser verdadeira ou falsa, conforme
o sentido que empresteis às palavras. As maiores
verdades estão sujeitas aparecer absurdos, uma vez
que se atenda apenas à forma, ou que se considere
como realidade a alegoria. Compreendei bem isto
e não o esqueçais nunca, pois que se presta a uma
aplicação geral." Allan Kardec

Este é um conselho mais que precioso deixado para
nós pelos Espíritos Superiores que responderam a Allan Kardec
na obra inicial da codificação espírita, "O Livro dos Espíritos".
Neste livro destemido e encorajador, Jacob Melo
mais uma vez consegue entregar ao leitor uma obra de
inestimável valor no campo em que ele se tornou mais
conhecido: Magnetismo e Passes. Esse valor não está
vinculado apenas ao preço que se pagou pela aquisição da
obra, mas principalmente pela impressionante coleção de
palavras unidas, jungidas e entretecidas de tal modo que o
sentido colocado a elas nos faz descortinar o que não mais
deveria ser um novo m u n d o para os Espíritas de longa data.
Utilizando-se de seu raciocínio sempre lúcido, de
uma análise primorosa e com um distanciamento da paixão que
o Espiritismo e o Magnetismo lhe despertam, Jacob nos traz
uma pesquisa profunda e detalhada em todos os livros, artigos
e periódicos que Allan Kardec escreveu e/ou fez parte integral
de suas edições sobre esse assunto. Essa busca investigativa é
comprometida apenas com o descortinamento da vinculação
que o codificador e os Espíritos Superiores da Codificação
fizeram entre essas duas ciências: Espiritismo e Magnetismo.
Nesse exame das obras, muitas portas e janelas
se nos vão abrindo, muita luz nos vem sendo dada como
quando, por exemplo, da "descoberta" que apesar de muitos
espíritas passistas e magnetizadores acreditarem nisso
piamente, os Espíritos nem sempre estão presentes e quando
estão não necessariamente são apenas bons espíritos que os
acompanham; também, por exemplo, quando ele nos mostra
o quanto a Fé está vinculada com a Vontade e o quão distante
está esta última da boa vontade tão falada nestes dias; ou ainda
quando ele nos mostra a ligação íntima e inseparável entre o
Magnetismo e o Espiritismo, como ciências.
Entretanto, o mais importante de tudo isso é que
ficamos sabendo de algo muito mais grandioso para nós que
temos vontade de nos modificar através do conhecimento da
Doutrina Espírita. Quer dizer, não é que ficamos sabendo, já
que disso já sabemos, mas Jacob nos faz ver isso de forma ainda
mais profunda e clara: nós ainda temos muito que aprender
e descobrir acerca da Doutrina Espírita. Percebemos, aqueles
que têm "ouvido para ouvir", o quanto ainda é necessário
estudar e praticar o que estudamos para bem cumprirmos o
nosso papel no mundo.
Q u e essa jornada através da comunicação entre Jacob
e vocês seja tão prazerosa quanto o foi para nós que já nos
deliciamos com as suas palavras e todas as reflexões geradas
por elas. Pois, de que realmente servem as palavras se não para
comunicar as boas idéias capazes de nos conscientizar e de nos
fazer mudar para poder, em seguida e concomitantemente,
mudar o mundo ao nosso redor?
Por enquanto, chega de nossas palavras e demos boas
vindas às abençoadas e iluminadas palavras de Jacob Melo que,
para os bons entendedores, nada mais é que um Lúcifer.

Q u e venha a luz!
Prefácio



Jacob Melo, autor desta importante obra, evidencia
que Allan Kardec defendia que o Espiritismo e o Magnetismo
"são duas partes de um mesmo todo, dois ramos de uma mesma
Ciência que se completam e se explicam um pelo outro".
Evidencia, também, que a união entre a Fé e a
Vontade é uma verdadeira força atrativa; aquele que não a
possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou, pelo
menos, uma força de inércia, que paralisa a ação. Defende que
a vontade atua como uma força decisiva por meio da força de
vontade que potencializa o poder magnético e sua transfusão.
Aliada à força de vontade, a prece torna a vontade mais forte
e atua como ação magnética provocando a desagregação mais
rápida do fluido perispiritual, funcionando como o veículo
de fluidos espirituais mais poderosos que são como um
bálsamo salutar para as feridas da alma e do corpo.
Em "Obras Póstumas", Allan Kardec, no capítulo
sobre a Introdução ao Estudo da Fotografia e da Telegrafia
do Pensamento, diz que o fluido cósmico, conquanto
emane de uma fonte universal, individualiza-se, por assim
dizer, em cada ser e adquire propriedades características que
permitem distingui-lo de todos os outros. Cada pessoa tem
o seu fluido próprio, que o envolve e acompanha em todos
os movimentos, como a atmosfera acompanha cada planeta.
É muito variável a extensão da irradiação dessas atmosferas
individuais. Achando-se o Espírito em estado de absoluto
repouso, pode essa irradiação ficar circunscrita nos limites
de algumas pessoas, mas, atuando a vontade, pode alcançar
distâncias infinitas. A vontade dilata o fluido magnético,
do mesmo modo que o calor dilata os gases. Cada pessoa
é o centro de uma onda fluídica, cuja extensão se acha em
relação com a força de vontade, do mesmo modo que cada
ponto vibrante é o centro de uma onda sonora, cuja extensão
está na razão propulsora do fluido, como o choque é a causa
de vibração do ar e propulsora das ondas sonoras.
No decorrer da obra, o autor apresenta o estudo feito
por Kardec constante das obras da Codificação Espírita e da
Revista Espírita, demonstrando, assim, a ligação existente
entre o ensino dos Espíritos e o Magnetismo.
A Ciência do Magnestimo foi criada pelo alemão
Franz Anton Mesmer, nascido em Iznang, no dia 23/5/1734
e desencarnado em 5/3/1815, na cidade de Meesburg. Na
dissertação de doutorado "Dissertado Phisico-medica de
planetarum influsu", Mesmer, sob a influência de Newton e
talvez de Paracelso, ao tratar da influência dos planetas sobre
o corpo humano, usa pela primeira vez o conceito de fluido
universal, mais tarde utilizado pelos Espíritos que atuaram
no advento da Codificação do Espiritismo e por Allan
Kardec, dando o significado de matéria ou energia elementar
primitiva que dá origem a tudo que existe no Universo.
Mesmer utilizou a terapia do Magnetismo animal
ou fluido vital, em 1773, pela primeira vez numa paciente,
parenta de sua esposa e amiga da família Mozart, Srta.
Franziska Esterlina, de 29 anos, que se encontrava muito
debilitada fisicamente. Teve a sua tese da existência do
magnetismo animal rejeitada pela Academia de Ciências de
Paris, em 1784, pela Sociedade Real de Medicina. Para divulgar
a sua descoberta, Mesmer chegou a Paris, em fevereiro de
1778 e apresentou as suas descobertas para os sábios e os
médicos, sem sucesso. Apresentou, também, junto a todas as
Universidades que o rejeitaram, então publicou, em Paris, um
relato analítico da nova Ciência com o título "Memória sobre a
descoberta do Magnetismo Animal". Em 1781, publicou outro
estudo: Resumo histórico dos fatos relativos ao Magnetismo
Animal, que trata de uma descrição histórica da Ciência do
Magnetismo Animal. Em 1799, Mesmer publicou Memória
de F.A. Mesmer, doutor em medicina, sobre suas descobertas,
contendo o modelo teórico da terapia do magnetismo animal,
sonambulismo provocado e lucidez sonambúlica.
A partir de 1821, seis anos após sua desencarnação,
Mesmer foi reabilitado, com a realização de notórias
experiências de magnetismo animal por meio dos
magnetizadores Du Potet e Robouan, sob a direção dos
doutores Bertrand, Husson e Récmier, com a participação
de três dezenas de médicos. A mesma Academia de Medicina
de Paris que o rejeitou, reabriu o debate e expediu um
parecer favorável após cinco anos de pesquisas e numerosas
experimentações devidamente repetidas, como exige uma
experimentação científica.
Declarava Mesmer que "só a experiência vai dissipar
as nuvens e lançar luz sobre esta importante verdade: que a
Natureza oferece meios universais de cura e preservação do
homem".
Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, professou
a Ciência do Magnetismo por 35 anos. O Espiritismo surgiu
a partir da publicação, em Paris - França, de "O Livro dos
Espíritos", no dia 18 de abril de 1857.
Jacob Melo, autor deste importante livro de
abordagens sobre o Magnetismo e o Espiritismo, é um
pesquisador e estudioso do Espiritismo, autor de mais de uma
dezena de livros publicados, entre eles o conhecidíssimo "O
Passe - seu estudo, suas técnicas e sua prática", "Cure-se e
Cure pelos Passes", "A cura da Depressão pelo Magnetismo"
e "Manual do Passista". O livro "O Passe", editado pela
Federação Espírita Brasileira, desde 1992 é um verdadeiro
best-seller, hoje mundialmente conhecido. Além de livros
de pesquisa e de estudo, Jacob publicou livros de contos,
crônicas, autoconhecimento e três C D s de músicas,
intitulados "A Maior História de Amor", "Vitórias esperam
por você" e "Deus em Tudo".
O autor dispensa qualquer apresentação de nossa
parte, pois ele é por si mesmo, pelo seu excelente trabalho
literário reconhecido escritor espírita, de longa data. Temos a
certeza de que este livro, como os demais, trará ótimos frutos
e contribuirá muito para a cultura espírita.
Felizes são os que semeiam livros a mancheias, dizia
Monteiro Lobato. É o caso do nosso estimado confrade e
amigo Jacob. Q u e Deus o abençoe!

Julia Nezu
São Paulo (SP), primavera de 2007
Sumário


Introdução 17

Abordagem 1
O Espiritismo e o Magnetismo,
como ciências, são praticamente uma só 21


Abordagem 2
Fé e vontade: elementos do mesmo ramo 41


Abordagem 3
Vontade difere de boa vontade 47


Abordagem 4
Preces e orações são formas de magnetismo 67


Abordagem 5
O fluido vital é vida 75


Abordagem 6
N e m sempre os Espíritos estão presentes 97


Abordagem 7
O espírito atuante é o do magnetizador 107
Abordagem 8
É cruel, mas nem sempre o Magnetismo funciona 115


Abordagem 9
Para ser lido, relido, revisto, repensado e recolocado 133

Imposição de mãos 133

Os bons Espíritos precisam 142

Magnetismo e relacionamento 145
Tratamentos diferenciados 148

O tratamento magnético 151

Kardec e o Magnetismo 153

N ã o instantaneidade do Magnetismo 155

Sonambulismo, Magnetismo, mediunidade

e Espiritismo; tudo j u n t o 155

O sonambulismo - este desconhecido 160

A dupla vista - esta desconhecida 171

Rápida vista sobre a obsessão 174

A subjugação pede entendimento 176

Correntes magnéticas 182

Pagamento ao magnetizador 183

Água magnetizada - seu poder 185

Conclusão 187
Introdução



Olá, tudo bem?
Que tal fazermos uma interessante leitura de algumas
partes de um conjunto de obras extremamente significativas?
Este convite se deve ao fato de muito se falar e se ouvir acerca
da necessidade de se ler, estudar e conhecer a obra de Allan
Kardec. Se isto é válido até para os detratores do Espiritismo,
a fim de que tenham base e não se limitem aos "ouvi dizer",
"acho que", "a bíblia disse ou deixou de dizer" ou ainda
"desde criança que eu aprendi isso", para todo e qualquer
espírita se torna providencial e, até certo ponto, obrigatório.
Bem sei que nem todo mundo tem tempo para ler tudo
o que gosta, quer ou precisa, mas para quem atua nalguma área
específica, seja do que for, é imperioso que conheça pelo menos
a base teórica dessa área, senão passará por situação desagradáveis,
sendo muitas delas incontornáveis, além de ter que experimentar,
nalgum momento futuro, uma dor de arrependimento muito
incomodativa e, quiçá, por demais embaraçosa.
Sendo o Espiritismo apresentado como uma
Doutrina que se fundamenta e oferece um claro tríplice
aspecto em sua estrutura -- a saber: científico, filosófico e
religioso ou moral --, quem queira penetrar-lhe a essência
não pode se limitar a apenas um desses ramos, pois mesmo se

17
sentindo bem acompanhado, caminhará de forma arrastada,
manquejante.
O conhecimento espírita, entretanto, por abranger
tão largos quão profundos ramos do conhecimento humano
-- abstração feita à essência do ser espiritual que está e estará
por ser desvendado --, seguramente não será absorvido
inteiramente no lapso de uma existência apenas. Se, por um
lado, isso pode parecer frustrante, por outro se apresenta
tremendamente instigante e convidativo, pois nos oferece
um horizonte ilimitado, numa ampla direção progressiva,
muito rica e promissora.
Não tendo, portanto, quem possua toda essa visão,
tão larga quanto alcança o Espiritismo em si, sempre fica em
aberto o espaço para as possibilidades de equívocos, enganos,
erros ou dúbia interpretação de alguns pontos. Correndo por
fora, surgem as deduções equivocadas, baseadas no achismo
ou assentadas no que disseram "certos guias", assim como
interesses subalternos -- desconfortavelmente, estes ainda
existem, mesmo nos meios religiosos --, com os quais se
pretende ocultar informações ou impor opiniões pessoais.
No que diz respeito ao Magnetismo, teoricamente
não era para haver tanto desencontro de opinião no meio
espírita. Isto porque Allan Kardec foi exemplarmente claro
nas suas colocações e proposições acerca do assunto. E, se
não bastasse, os Espíritos da Codificação reafirmaram e
ratificaram quase todas as suas opiniões, corrigindo muito
pouco do que ele disse e escreveu e jamais deixaram que
enganos de sua parte dessem brechas para interpretações
discrepantes ou que viessem a toldar o oceano de bênçãos
que o Espiritismo trouxe.




Viajando muito, como tenho viajado nestes últimos
vinte anos, conhecendo e convivendo com um sem-número

18
de pessoas e Casas espíritas, no Brasil e no exterior, talvez
já devesse ter-me acostumado com tantas palavras ditas, em
nome do Espiritismo, contra o magnetismo. Ao contrário
disso, cada vez mais me compenetro de que é preciso seja
feito um veemente resgate da opinião de Allan Kardec e dos
Espíritos da Codificação acerca desse assunto.
Sem qualquer sentido de superioridade de minha
parte, mas posicionando-me como alguém que, por fidelidade
a Allan Kardec, não se satisfaz com várias das opiniões
apresentadas -- muitas vezes em Congressos e livros, revistas
e artigos na internet, jornais e mensagens avulsas, palestras
e orientações -- desvinculadas dessa base primorosa que é
a Codificação e suas extensões -- como a Revista Espírita,
Obras Póstumas e O Que é o Espiritismo --, venho tratar,
neste livro, do que não pode mais ficar calado.
Embora tenha me sentido forçado a fazer algumas
transcrições relativamente longas neste livro -- isto porque
tenho em vista preservar o contexto e não apenas apresentar
trechos pelos quais o leitor não tivesse como deduzir, só por
este livro, em que bases foram escritos -- procurarei tratar
tudo de forma clara, direta, sintética, porém não restringente,
pois se tenho em mente que o seu tempo é precioso e que
o preço de livro está muito elevado, também sei que é
fundamental que contemos com uma boa base, lógica,
racional e bem fundamentada.




Comentando acerca da ligação das duas grandes
ciências, após a resposta dos Espíritos à questão de O Livro
dos Espíritos de número 555, Allan Kardec afirmou que
o Espiritismo e o magnetismo são uma única e só ciência.
Posso garantir que isto tem alto significado para todos os
que estudamos a abordagem científica do Espiritismo ou
operamos nela ou, ainda, mesmo para aqueles que não

19
pretendam entrar nessa área um tanto quanto particular desse
estudo, por qualquer que seja o motivo, mas que, a despeito
disso, movimentam-se no terreno, por suas práticas. É o que
vou destacar ao longo do livro.

Jacob Melo
Setembro de 2007

(*) Chamarei os capítulos deste livro de "abordagens",
pois é no que, de fato, eles se constituirão.




20
Abordagem 1
O Espiritismo e o Magnetismo, c o m o ciencias,
são p r a t i c a m e n t e u m a só




Tendo surgido primeiro, o magnetismo forneceu
vigorosa base para a fundamentação do Espiritismo,
especialmente em sua vertente científica. C o m o lidava
com o então chamado sonambulismo magnético, por ser
magneticamente induzido -- tratarei desse tema na abordagem
9 desta obra --, tão logo surgiram as primeiras manifestações
espíritas e, com elas, um novo tipo de manifestação
sonambúlica, totalmente natural, essa variante passou a
ser melhor analisada. Logo foi percebido se tratar de um
sonambulismo mediúnico, muitas vezes oriundo de indução
espiritual. Criteriosos estudos, então, averiguaram suas causas
e aplicabilidades, quando se percebeu que as semelhanças
entre esses fenômenos sonambúlicos traziam convergências
fundamentais para o entendimento enriquecido de um sem-
número de fenômenos mediúnicos e magnéticos até então
mal compreendidos. Entretanto, para quem, mesmo nos
dias atuais, tenha se detido na superficialidade da ciência
magnética, tal como se dá com todo aquele que, de forma


21
imperfeita, vê de longe e quer julgar como se estivesse perto,
crendo formar perfeito juízo, muito dificilmente perceberá
a extensão, a profundidade e a força da ligação entre o
magnetismo e o Espiritismo.
Contando com sua larga experiência de 35 anos de
aprofundados estudos teóricos, práticos e comparados da ação
e dos efeitos do magnetismo, Allan Kardec, o codificador do
Espiritismo, soube reconhecer a importância dessa unidade.
Antes de apresentar como ele expressou seu
entendimento acerca dessa ligação entre tão singulares
ciências, destaco o momento em que o senhor Allan Kardec
afirmou sua vinculação pessoal com o magnetismo:


"Em nossa opinião, a ciência magnética, ciência que nós
mesmos professamos há 35 anos, deveria ser inseparável
da compostura...". - In: Revista Espírita, edição junho-
1858, item "Variedades", no artigo-anotação, de próprio
punho, "Os banquetes magnéticos".



Aproveitando o parêntese, quem já tenha lido
quaisquer das biografias existentes sobre Allan Kardec,
sabe da seriedade com que ele sempre se portou na vida,
bem como do seu vínculo, respeitável e reconhecido,
com a moral, a ética e o saber. Nunca se colocou como
um estudante qualquer, senão como o mais interessado e
responsável dentre seus pares, sendo sempre além de um
mero espectador ou anotador de matérias, vivendo como
o próprio protagonista das graves experiências em tudo o
que aprendia, assim seguindo pela vida inteira. Não seria,
pois, com o magnetismo, em 35 anos de proficiência, que
ele claudicaria ou faria estudos precipitados e infelizes. Sua
palavra, portanto, especialmente quando se referindo ao
Magnetismo, sempre há de ser considerada como um "peso
pesado", da maior e da melhor qualidade, pois se algo havia,

22
desde o nascedouro do Espiritismo, sobre o qual ele detinha
grande sabedoria, era exatamente o magnetismo.
Pegando carona na mesma citação, adite-se uma
outra observação por ele apontada: a ciência magnética não deve
se afastar da compostura. Isto só reforça sua visão moral acerca
da aplicação dessa ciência.
Retornando ao ponto em que paramos, a questão 555
de O Livro do Espíritos merece uma análise bem detalhada, até
mesmo por conter vários aspectos que pedem destaque a fim
de obtermos um melhor aprofundamento do que pretendemos
assimilar das ligações entre as ciências magnética e espírita.


Que sentido se deve dar ao qualificativo de feiticeiro?
'Aqueles a quem chamais feiticeiros são pessoas que,
quando de boa-fé, gozam de certas faculdades, como
sejam a força magnética ou a dupla vista. Então, como
fazem coisas geralmente incompreensíveis, são tidas por
dotadas de um poder sobrenatural. Os vossos sábios não têm
passado muitas vezes por feiticeiros aos olhos dos ignorantes?"
O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave
de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a
ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que
os fatos se apresentam exagerados pela imaginação. O
conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem
dizer, formam uma única, mostrando a realidade das
coisas e suas verdadeiras causas, constitui o melhor
preservativo contra as idéias supersticiosas, porque
revela o que é possível e o que é impossível, o que
está nas leis da Natureza e o que não passa de
ridícula crendice, (grifei).



Da resposta dada pelos Espíritos até os comentários
adicionais do senhor Kardec, algumas reflexões são bastante
pertinentes.


23
1- Allan Kardec e os Espíritos aceitam o termo
feiticeiros e atribuem a eles um certo poder, o qual, quando
exercido de boa-fé, possibilita faculdades além das
consideradas normais. Isto indica que devemos ter em
mente que ao refutarmos a idéia da existência de criaturas
com poderes diferenciados estaremos, formalmente,
contrariando esta concordância da Codificação com sua
existência. Por mais irrelevante que isso possa parecer, uma
atenção ao caso evitará que se diga, como é comum se dizer,
quase sempre de forma um tanto quanto debochada, que
ações vinculadas a magias negras ou similares, por exemplo,
não existem ou que seus efeitos não passam de sugestões
absorvidas por mentes frágeis.
2- Ainda na mesma afirmativa, por trás de um
"feiticeiro" fica destacado que existe uma força magnética
ou uma dupla vista. Este assunto também será comentado
na última abordagem deste livro. O u seja, para os Espíritos
codificadores o magnetismo é uma força real e presente,
mesmo quando considera apenas uma situação tão genérica
como a proposta pela pergunta de Kardec.
3- Eles, os feiticeiros, fazem coisas incompreensíveis;
é o que afirmam os Espíritos da Codificação. Não dizem eles,
com isso, que façam coisas impossíveis. E, para que não haja
dúvidas a respeito do que pretendem dizer, aditam, como
vimos, um exemplo prático envolvendo a atitude dos sábios
em relação aos ignorantes.
4- Tomemos agora os comentários do senhor Allan
Kardec. Além do exemplo dado na resposta dos Espíritos, ele
considerou uma outra vertente da questão: o miraculoso e o
exagerado que surgem das muitas deduções que o ignorante
faz. Implica dizer que o desconhecimento de algumas leis
precipita deduções; isto tanto vale para quem está iniciando
seus estudos como para quem, embora tendo estudado muito,
não perceba como aplicar seus conhecimentos. Portanto,
o termo ignorante tomado acima não se limita a quem não

24
tem estudo algum, mas se estende a quem não tem estudo
específico sobre o que está sob sua análise, assim como sobre
quem não sabe como aplicar o que sabe, ou julga conhecer.
5- O consórcio entre Espiritismo e Magnetismo,
por ele apresentado -- e também sendo ponto chave da
abordagem deste livro --, foi revestido de uma forma muito
enfática. Senão vejamos: "O conhecimento lúcido dessas duas
ciências que, a bem dizer, formam uma única...". Na verdade,
esta é uma afirmação muito vigorosa! Por ela, somos
arremetidos à lucidez, que nada mais é do que "clareza
de idéias e de expressão; acuidade para o que é relevante;
perspicácia, precisão", tudo conforme nos ensina o Houaiss.
E essa lucidez Kardec recomenda para termos em relação
não apenas ao Espiritismo, mas às duas ciências: Espiritismo
e magnetismo. Além de afirmar, categoricamente, que as
duas, "a bem dizer", são uma só ciência, afiança a necessidade
de termos lucidez sobre elas, o que, neste caso, significa
ter conhecimento e ciência de suas bases e estruturas, sua
essência e alcances. Como esta incisiva afirmação se encontra
na primeira obra espírita, O Livro dos Espíritos, surge em
mim uma inquietante pergunta: será que nós, os espíritas,
temos desenvolvido tamanha lucidez em cima dessas duas
ciências, Espiritismo e magnetismo, para podermos tratar do
mundo dos fluidos e da interação mundo espiritual-mundo
físico, tal como recomendado naquela obra basilar? E se não
o fazemos ainda, o que estamos esperando?
6- C o m sua colocação, Kardec deixou claro que só
mesmo o conhecimento lúcido dessas duas ciências dará
suporte para se enfrentar as idéias supersticiosas, o ridículo
das crendices e permitirá se conheça e distinga o que é possível
e o que não o é em a Natureza. Daí ficar em maus lençóis
quem queira destacar o Magnetismo do bojo do Espiritismo,
seja o Magnetismo ciência, seja ele em suas manifestações.
7- Nas reflexões naturais que surgiram seria de
se perguntar, especialmente a quem não acredita que o

25
magnetismo esteja no cerne do Espiritismo, o porquê de
Allan Kardec ter afirmado que essas duas ciências são uma
só. Para que não pairem dúvidas sobre se ele quis dizer isso
mesmo ou se apenas expressou mal seu ponto de vista, vou
fazer uma série relativamente longa de transcrições nas quais
ele reafirma seu ponto de vista e sua convicção sobre essa
verdade incontestável.
Antes de prosseguir, quero informar que os
destaques (grifos) em negrito que surgirão nas transcrições
são meus.

(15) ... Do mesmo modo que o magnetismo,
ele (o Espiritismo) nos revela uma lei, se não
desconhecida, pelo menos mal compreendida; ou,
mais acertadamente, de uma lei que se desconhecia,
embora se lhe conhecessem os efeitos, visto que estes sempre
se produziram em todos os tempos, tendo a ignorância
da lei gerado a superstição. Conhecida ela, desaparece
o maravilhoso e osfenômenos entram na ordem das coisas
naturais. Eis por que, fazendo que uma mesa se mova,
ou que os mortos escrevam, os espíritas não operam maior
milagre do que opera o médico que restitui à vida um
moribundo, ou o físico que faz cair o raio. Aquele que
pretendesse, por meio desta ciência, realizar milagres,
seria ou ignorante do assunto, ou embusteiro.
(16) Os fenômenos espíritas, assim como os
fenômenos magnéticos, antes que se lhes conhecesse
a causa, tiveram que passar por prodígios. Ora,
como os cépticos, os espíritos fortes, isto é, os que gozam
do privilégio exclusivo da razão e do bom-senso, não
admitem que uma coisa seja possível, desde que
não a compreendam, de todos os fatos considerados
prodigiosos fazem objeto de suas zombarias... - In:
O Livro dos Médiuns - Cap. II- "Do maravilhoso
e do sobrenatural", itens 15 e 16.




26
Muito embora nos itens acima não esteja tão
explícita a ligação íntima entre as ciências em questão, o
fato de Kardec sempre se referir a uma para esclarecer ou
confirmar a outra deixa evidente que ele não economizou no
uso dessa intercessão. Na verdade, não poderia ser de outra
forma, posto que esta é sua sugestão básica, que uma se apoie
na outra para, juntas, seguirem mais fortalecidas ainda.
Outrossim, Allan Kardec deu tanta importância
à primeira parte -- item 15 -- desta transcrição que ele a
repetiu, quase integralmente, em A Gênese, no seu Cap. XIII
- Caracteres dos milagres, item 13; em O Céu e o Inferno,
a
na sua 1 parte, Cap. X, item 10; e em sua Revista Espírita,
nas edições de outubro-1859, no artigo "Os milagres"
e na de setembro-1860, no artigo "O Maravilhoso e o
Sobrenatural".


Ora, que eram esses milagres, senão efeitos naturais,
cujas causas os homens de então desconheciam, mas
que, hoje, em grande parte se explicam e que pelo
estudo do Espiritismo e do Magnetismo se tornarão
completamente compreensíveis? -- In: O Evangelho
Segundo o Espiritismo - Cap. XIX - "A fé transporta
montanhas", mensagem A fé humana e a divina", item 12.



Seguramente, no Evangelho, quando Kardec faz as
referências à fé, fica muito evidente o poder do magnetismo
em ação. Praticamente em todos os momentos que ele fala da
fé recorre ao magnetismo para explicar os efeitos ou para dar
base ao bom entendimento dos fatos. Nessa passagem parece
só ter faltado mesmo a palavra lucidez, mas a imperiosidade
do verbo estudar, em relação às duas ciências em foco, se faz
porta-estandarte de quem queira entender todo o conjunto
que se segue na esteira da fé.


27
A par da medicação ordinária, elaborada pela Ciência,
o magnetismo nos dá a conhecer o poder da ação
fluídica e o Espiritismo nos revela outra força
poderosa na mediunidade curadora e a influência
da prece. -- In: O Evangelho Segundo o Espiritismo
- Cap. XXVIII- "Preces Espiritas", item 77.



No mesmo Evangelho, Kardec relaciona, de forma
não tão direta, mas igualmente sob vínculos muito fortes, a
presença do Magnetismo e do Espiritismo como luzes que
não permitem desconhecimento ou sobressaltos em relação
a um mundo de ocorrências, antes tidas como milagrosas ou
sobrenaturais.


Nada apresentam de surpreendentes estes fatos, desde
que se conheça o poder da dupla vista e a causa, muito
natural, dessa faculdade. Jesus a possuía em grau elevado
e pode dizer-se que ela constituía o seu estado normal,
conforme o atesta grande número de atos da sua vida, os
quais, hoje, têm a explicá-los os fenômenos magnéticos
e o Espiritismo. - In: A Gênese - Cap. XV - "Os
milagres do Evangelho", item 9.



Nesta anotação de Kardec, algo maior do que a
simples ligação entre Magnetismo e Espiritismo foi feito:
estas ciências, segundo ele, podem explicar o poderoso
magnetismo que envolvia toda ação de Jesus, quando ele,
com um singelo convite, convenceu Pedro, André, Tiago,
João e Mateus a segui-Lo. Destaquemos que referindo-
se a esse poder de Jesus, Kardec o coloca no campo da
dupla vista.


28
(...) Em diferentes outros centros do Sul, ouvi discutir
esta opinião, emitida por alguns magnetizadores, de que
muitos dos fenômenos, ditos espíritas, são simplesmente
efeitos de sonambulismo, e que o Espiritismo não faz
senão substituir o magnetismo, ou antes, vestir-se com
o seu nome. É, como vedes, um novo ataque dirigido contra
a mediunidade. Assim, segundo essas pessoas, tudo o que
os médiuns escrevem éo resultado das faculdades da a l m a
encarnada; é ela que, libertándo-se momentaneamente
pode ler no pensamento das pessoas presentes; é ela que
vê à distância e prevê os acontecimentos; é ela que, por
um fluido magnético-espiritual, agita, levanta, tomba
as mesas, percebe os sons, etc., tudo, em uma palavra
repousaria sobre a essência anímica sem a intervenção de
seres puramente espirituais.
Isso não é uma novidade que vos ensino, dir-me-eis
Com efeito, eu mesmo ouvi, há alguns anos, certo
magnetizadores sustentarem essa tese; mas hoje procura-
se implantar essas idéias que, a meu ver, são contrária,
à verdade. É sempre um erro cair nos extremos, e há
tanto exagero em tudo reportar ao sonambulismo
como haveria, da parte dos espíritas, em negar
as leis do magnetismo. Não se poderia roubar á
matéria as leis magnéticas, do mesmo modo que, ao
Espírito, as leis puramente espirituais. - In: Obra.
Póstumas, item 61 - "Dos homens duplos".


A necessidade da longa transcrição se deveu ao valor
dado a que o leitor saiba em que tom o mestre lionês levava
a consideração da distinção intrínseca entre magnetismo e
Espiritismo, sem, contudo, deixar evidente que as duas ciências
se complementam. O mais valioso a ser apontado, entretanto,
é o que ele consideraria fora de qualquer propósito, ou seja,
que haveria exagero "da parte dos espíritas, em negar as leis do
magnetismo". Estaremos concordantes com ele? Eu estou!



29
A possibilidade da maioria dos fatos que o
Evangelho cita como tendo sido realizados por
Jesus, está hoje completamente demonstrada pelo
Magnetismo e pelo Espiritismo, enquanto fenômenos
naturais. Uma vez que se produzem sob os nossos olhos,
seja espontaneamente, seja por provocação, não há nada
de anormal em que Jesus possuísse faculdades idênticas
às de nossos magnetizadores, curadores, sonâmbulos,
videntes, médiuns etc. - In: Obras Póstumas, item II
- A divindade do Cristo está provada pelos milagres?"


Eis outro eloqüente conjunto de afirmações do
codificador, tanto relacionando essas duas abençoadas ciências
como apontando Jesus como um magnetizador, um grande
magnetizador, além de outras faculdades por Ele possuídas e
comuns aos nossos irmãos encarnados. Ressalte-se que Jesus
possuía essas qualidades em potência e qualidades maiores,
as quais, reconheçamos, ainda estamos longe de conseguir.


Quando apareceram os primeiros fenômenos espíritas,
algumas pessoas pensaram que esta descoberta, se assim
a podemos chamar, iria desferir um golpe de morte no
magnetismo e que aconteceria como nas invenções: a
mais aperfeiçoada faz esquecer sua predecessora. Tal
erro não tardou a se dissipar e prontamente se reconheceu
o parentesco próximo das duas Ciências.
Com efeito, baseando-se ambas na existência e na
manifestação da alma, longe de se combaterem, podem
e devem se prestar mútuo apoio: elas se completam e
se explicam mutuamente. Entretanto, seus respectivos
adeptos discordam nalguns pontos: certos magnetistas ainda
não admitem a existência ou, pelo menos, a manifestação dos
Espíritos; pensam que podem tudo explicar só pela ação do
fluido magnético, opinião que nos limitamos a constatar,
reservando-nos para a discutir mais tarde.


30
Nós mesmos a partilhávamos (referindo-se à idéia do
parágrafo anterior) a princípio, mas, como tantos outros,
tivemos que nos renderá evidência dos fatos. Ao contrário,
os adeptos do Espiritismo são todos concordes com o
magnetismo, todos admitem sua ação e reconhecem
nos fenômenos sonambúlicos uma manifestação da
alma. Esta oposição, aliás, se enfraquece dia a dia, e é fácil
prever que não está longe o dia em que cessará qualquer
distinção. Tal divergência nada tem de surpreendente.
- In: Revista Espírita, edição março-1858, artigo
"Magnetismo e Espiritismo".



O artigo do qual esta citação foi extraída é ímpar.
Se observarmos bem a data de sua edição, março de 1858,
perceberemos que àquela altura ainda não fazia um ano
do lançamento de O Livro dos Espíritos, todavia Kardec
mantinha sua opinião bem formada a respeito deste assunto.
E olhe que no início ele pensava diferente, pois imaginava que
o Espiritismo iria destronar o Magnetismo. Rigorosamente,
toda esta citação, todo esse artigo deveriam ser esmiuçados,
trecho a trecho, palavra a palavra, pois apresentam reflexões
e conclusões enfáticas e irretorquíveis.
O parentesco próximo entre as duas ciências,
conforme ele disse, não tardou a ser percebido, motivo
pelo qual nem o magnetismo destruiu o Espiritismo nem
este engendrou complexidades para aquele. Apenas alguns
seguidores de um, o magnetismo, demoraram um pouco
mais para aproveitarem todo o reforço e embasamento
que o outro, o Espiritismo, lhes daria, tal como, mais tarde
-- entenda-se, nos dias atuais --, alguns espíritas tentariam
afastar o magnetismo da base doutrinária espírita.
Destaco, ainda, a expectativa que ele tinha acerca da
relação dos espíritas com o Magnetismo, lamentavelmente
ainda não alcançada. Sua ênfase: "os adeptos do Espiritismo
são todos concordes com o magnetismo, todos admitem sua ação

31
e reconhecem nos fenômenos sonambúlicos uma manifestação
da alma. Esta oposição, aliás, se enfraquece dia a dia, e éfácil prever
que não está longe o dia em que cessará qualquer distinção" deveria
pelo menos ecoar mais vivamente em todos nós, ainda que
fosse apenas por dever de gratidão a quem tanto fez em prol
dessas duas magnânimas ciências.

O magnetismo preparou o caminho do Espiritismo,
e os rápidos progressos desta última doutrina são
incontestavelmente devidos à vulgarização das idéias
sobre a primeira. Dos fenômenos magnéticos,
do sonambulismo e do êxtase às manifestações
espíritas há apenas um passo; sua conexão ê tal
que, por assim dizer, é impossível falar de um sem
falar do outro. Se tivermos que ficar fora da Ciência
do magnetismo, nosso quadro ficará incompleto
e poderemos ser comparados a um professor de
Física que se abstivesse de falar da luz. Contudo,
como o magnetismo já possui entre nós órgãos especiais
justamente acreditados, seria supérfluo insistirmos sobre
um assunto tratado com superioridade de talento e de
experiência. A ele (o magnetismo) não nos referiremos,
pois, senão acessoriamente, mas de maneira suficiente
para mostraras relações íntimas das duas Ciências que,
na verdade, não passam de uma. -- In: Revista Espírita,
edição março-1858, artigo "Magnetismo e Espiritismo".


Ainda naquele mesmo precioso artigo, Allan Kardec
apresenta a ligação do Espiritismo com o Magnetismo de
forma tão exuberante que uma dessas ciências estará sempre
incompleta sem a presença da outra. Afinal, "o magnetismo
preparou o caminho do Espiritismo, e os rápidos progressos desta
última doutrina são incontestavelmente devidos à vulgarização das
idéias sobre a primeira". De tal sorte que, por suas relações
íntimas, essas duas Ciências não passam de uma.


32
Fico, aqui, me perguntando: será que as pessoas
que não se fundamentam no magnetismo para suas práticas
magnéticas terão conhecimento deste artigo? Terão ao
menos como compor um raciocínio acerca do quanto estão
perdendo ou comprometendo suas ações fluídicas? Será que
poderão seguir dizendo que o magnetismo é "intromissão
indevida" no Espiritismo? Eu, particularmente, reveria
meus conceitos se soubesse que o codificador tinha escrito
isso, reforçado pelo fato de que, ao longo de sua existência
nesta encarnação, nunca negou ou diminuiu o valor dessas
afirmações assim como os Espíritos da Codificação não o
negaram ou o retificaram a respeito.
Quero destacar ainda o fato de ele enfatizar que
apenas trataria do magnetismo de forma tão-só acessória,
pois aquela ciência já tinha toda sua codificação e todos os
órgãos devidos para dela cuidar. Dá para imaginar o que não
teia escrito ele se tivesse realizado seu desejo de escrever uma
obra unindo as abordagens dessas duas ciências!


O Espiritismo liga-se ao Magnetismo por laços
íntimos (essas duas ciências são solidárias uma
com a outra); e todavia, quem o teria acreditado?
Ele encontra adversários obstinados mesmo entre certos
magnetizadores que eles não os contam entre os
espiritistas. Os Espíritas sempre preconizaram o
magnetismo, seja como meio curativo, seja como
causa primeira de uma multidão de coisas; eles
defendem sua causa e vêm prestar-lhe apoio contra
seus inimigos. Os fenômenos espíritas abriram os
olhos a muitas pessoas, que ao mesmo tempo se
juntaram ao Magnetismo. - In: Revista Espírita,
edição outubro-1858, artigo "Emprego oficial do
magnetismo animal-A doença do rei da Suécia".




33
Para quem achou que a citação anterior foi muito
forte ou que eu me excedi no meu comentário, esta deve ter
calado mais fundo ainda. Por ela, Allan Kardec novamente
realça os laços íntimos que ligam as duas ciências e vai um
pouco mais longe. Ele afirma que os Espíritos, com "E"
maiúsculo, sempre preconizaram o magnetismo e que o
Espiritismo levou muita gente ao magnetismo. Nada mais
eloqüente do que isso.

Se o magnetismo fosse uma utopia, há muito tempo
não estaria mais em evidência, ao passo que, como o
seu irmão, o Espiritismo, ele lança raízes por todos
os lados; lutai, pois, contra as idéias que invadem
o mundo inteiro: o alto e a base da escala social!
-In: Revista Espírita, edição outubro-1859, artigo "O
magnetismo reconhecido pelo poder judiciário".



Não vou ser repetitivo: Magnetismo e Espiritismo são
irmãos. Palavras de Kardec. No mais, a citação, por si só, basta!

Hoje, que as academias admitem, enfim, o
magnetismo e o sonambulismo, primos-irmãos do
Espiritismo, é necessário que seus partidários se animem
a assinar com todas as letras. -- In: Revista Espírita,
edição janeiro-1860, artigo "Carta do Sr. Jobard sobre
as qualidades do Espírito depois da morte".


Aqui, um grande amigo de Kardec, o Sr. Jobard,
preferiu dizer que as duas ciências são primos-irmãos, o
que em nada diminui o caráter de fortes vínculos a uni-las.
Todavia, para quem pergunte quem é o Sr. Jobard, ao final
da transcrição de sua carta na Revista Espírita acima citada,
Allan Kardec ratifica todos esses termos escritos por ele, o
que corresponde a um aval precioso.


34
Esses casos de possessão, igualmente, vão abrir ao
magnetismo horizontes totalmente novos e levá-lo
a dar grande passo adiante pelo estudo, até o presente
tão imperfeito, dos fluidos; com a ajuda desses novos
conhecimentos, e pela sua aliança íntima com o
Espiritismo, obterá as maiores coisas; infelizmente,
no magnetismo, como na medicina, haverá por
muito tempo ainda homens que crerão não terem
mais nada a aprender. - In: Revista Espírita, edição
janeiro-1864, artigo "Um caso de possessão. Senhorita
o
Julie", 2 artigo - Mensagem do Espírito Hahnemann,
psicografada pelo senhor Albert.


Creio que você, leitor, sabe quem foi Hahnemann;
exatamente, ele é o pai da homeopatia, ramo da Medicina que
tem um dos mais estreitos laços de união com o Magnetismo
e as terapias fluídicas. Allan Kardec também endossou todas
as palavras que ele escreveu nessa mensagem.
Mais uma coisa: será que sobre sua própria previsão,
acerca dos que crêem não terem mais o que aprender, Hahnemann
teria idéia de que a humanidade, um século e meio após, ainda
estaria desse mesmo jeito, desacreditando o Magnetismo,
mormente quando esteja deu provas e mais provas de ser uma
das grandes bênçãos da Divindade ao homem? Saberia ele que
uma enormidade de "autoridades" continua acreditando não
mais precisar estudar, pois já sabe tudo? É incrível como, nesse
terreno, temos progredido tão pouco!

Fazendo conhecer a magnetização espiritual,
que não se conhecia, abre um novo caminho ao
magnetismo, e lhe traz um novo e poderoso elemento
de cura. - In: Revista Espírita, edição agosto-1865,
artigo "O que o Espiritismo ensina".


a
Esta é só uma pequena parte, na 10 anotação de
Kardec nesse artigo-síntese, a qual expõe os propósitos do

35
Espiritismo em relação com o Magnetismo. Fica, também aí,
bastante visível o nível de relação entre as duas ciências.

O conhecimento da mediunidade curadora é uma
das conquistas que devemos ao Espiritismo; mas o
Espiritismo, que começa, não pode ainda haver dito
tudo; não pode, de um só golpe, nos mostrar todos os
fatos que ele abarca; cada dia deles desenvolve novos, de
onde decorrem novos princípios que vêm corroborar ou
completar aqueles que já se conheciam, mas é preciso o
tempo material para tudo; qualquer parte integrante
do Espiritismo é, por si mesma, toda uma ciência,
porque se liga ao magnetismo, e abarca não só as
doenças propriamente ditas, mas todas as variedades,
tão numerosas e tão complicadas de obsessões que,
elas mesmas, influem sobre o organismo. - In:
Revista Espírita, edição setembro-1865, artigo "Da
mediunidade curadora".


Desta vez, Allan Kardec cria um liame bastante
genérico, porém muito consistente, quando diz que o
Espiritismo, como ciência, se liga ao Magnetismo. Isto, só
para chamar bem sua atenção, foi escrito em setembro de
1865, portanto, mais de sete anos após o lançamento da
primeira obra espírita, o que mostra que sua visão acerca da
ligação entre as duas ciências em questão não só não mudou,
como foi se refinando.

"Nossos bons Espíritos, que se devotaram à
propagação do Espiritismo, tomaram também a
tarefa de vulgarizar o magnetismo. Em quase todas
as consultas, para os diversos casos de doenças, eles pedem
o concurso dos parentes: um pai, uma mãe, um irmão
ou uma irmã, um vizinho, um amigo, são requeridos
para fazer passes..." - In: Revista Espírita, edição
junho-1861, artigo "Grupo curador de Marmande
- Intervenção dos parentes nas curas".



36
Estas palavras não foram escritas por Kardec, mas
extraídas de uma carta, publicada na Revista Espírita, de
autoria do Sr. Dombre, sobre quem ele teceu excelentes
comentários, além de não ter refutado nem corrigido
quaisquer de suas palavras. Nelas, fica evidente que em
um grupo espírita muito sério, no qual muitos fenômenos
ocorriam com alta qualidade, os Espíritos guias trabalhavam
pela difusão do Espiritismo e do Magnetismo, sem qualquer
distinção entre essas ciências.

"Em definitivo, o que é o Espiritismo, ou antes, o
que é a mediunidade, esta faculdade incompreendida
até aqui, e cuja extensão considerável estabeleceu sobre
bases incontestáveis os princípios fundamentais da
nova revelação? É puramente e simplesmente uma
variedade da ação magnética exercida por um ou
por vários magnetizadores desencarnados, sobre um
sujeito humano agindo no estado de vigília ou no estado
extático, conscientemente ou inconscientemente".
"O que é, de outra parte, o magnetismo? uma variedade
do Espiritismo na qual os Espíritos encarnados agem
sobre outros Espíritos encarnados".
"Existe, enfim, uma terceira variedade do magnetismo
ou do Espiritismo, segundo se o tome por ponto de
partida da ação de encarnados sobre desencarnados, ou a de
Espíritos relativamente livres sobre Espíritos aprisionados
num corpo; essa terceira variedade, que tem por princípio
a ação dos encarnados sobre os Espíritos, se revela no
tratamento e na moralização dos Espíritos obsessores".
"O Espiritismo não é, pois, senão do magnetismo
espiritual, e o magnetismo não é outra coisa senão do
Espiritismo humano". - In: Revista Espírita, edição
junho-1867, artigo "O Magnetismo e o Espiritismo
comparados" - Ditado pelo espírito magnetizador E.
Quinemant epsicografado pelo médium sr. Desliens.




37
Essa transcrição foi um pouco mais longa, mas,
convenhamos, não haveria como reduzi-la. Trata-se de um
trecho de uma mensagem psicografada, de autoria de um
grande magnetizador contemporâneo de Kardec, sobre cuja
mensagem o codificador abre seus comentários com a seguinte
frase: "A justeza das apreciações e as profundezas do novo ponto de vista
que esta comunicação encerra, não escaparão a ninguém...". Acredito
ser desnecessário aditar comentários, entretanto sugiro sua
releitura a fim de ser bem absorvido o quanto estão implicados
o Espiritismo e o Magnetismo entre si.

Nos fatos concernentes ao Sr. Jacob, por assim dizer,
ele não fez menção do Espiritismo, ao passo que
toda atenção se concentrou sobre o magnetismo; isto
tinha sua razão de ser e sua utilidade. Se bem que o
concurso de Espíritos desencarnados nessas espécies de
fenômenos seja uma fato constatado, sua ação não é
aqui evidente, é porque disso fazemos abstração. Pouco
importa que os fatos sejam explicados com ou sem a
intervenção de Espíritos estranhos; o magnetismo e
o Espiritismo se dão as mãos; são duas partes
de um mesmo todo, dois ramos de uma mesma
ciência que se completam e se explicam um
pelo outro. Acreditar o magnetismo é abrir o
caminho ao Espiritismo, e reciprocamente. -
In: Revista Espírita, edição novembro-1867, artigo
"O zuavo Jacob" - 2° artigo.


Creio que, a essas alturas, você já deve estar se
perguntando se haveria mesmo necessidade de tanta:
transcrições. De certa forma posso até concordar que não
precisaria. Mas elas são tão fortes e concordantes entre si, que
preferi pecar mais pelo excesso do que pela omissão. Afinal
busco deixar bem evidenciado que Allan Kardec sabia que c
Espiritismo e o Magnetismo são duas partes de um m e s m o
u




38
todo, dois ramos de uma mesma ciência que se completam e
se explicam um pelo outro". A despeito disso, pode ser que
alguém, apesar de tão claros posicionamentos, ainda queira
contestar, pelo que prefiro dispor do máximo de citações
concordantes. Nos argumentos seguintes do livro procurarei
ser mais econômico nas transcrições, embora lembrando que
a linha base em que me firmo seja a de evitar espaços para
más interpretações ou se dizer que Allan Kardec não disse o
que disse ou quis dizer algo diferente.


O magnetismo e o Espiritismo são, com efeito, duas
ciências gêmeas, que se completam e se explicam uma
pela outra, e das quais aquela das duas que não quer se
imobilizar, não pode chegar a seu complemento sem se
apoiar sobre a sua congênere; isoladas uma da outra, elas se
detêm num impasse; elas são reciprocamente como a física e
a química, a anatomia e afisiologia. - In: Revista Espírita,
edição janeiro-1869, artigo "Estatística do Espiritismo".



O leitor bem observador terá notado que as
transcrições dispostas ao longo deste argumento seguiram
uma ordem cronológica, a começar pelas obras básicas
-- "O Livro dos Espíritos"; "O Livro dos Médiuns"; "O
Evangelho Segundo o Espiritismo"; "O Céu e O Inferno";
e "A Gênese"; --, seguindo-se de "Obras Póstumas" e
depois da "Revista Espírita". Fiz assim não por acaso.
Queria deixar bem evidenciado que a opinião de Allan
Kardec acerca da primeira abordagem foi coerente, persistente e
segura, até seus últimos dias nesta encarnação. O estudioso
espírita que, apesar de tanta evidência não se aperceber
dessa verdade, ficará embaraçado um dia, pois abrir mão
do Magnetismo, como um indispensável auxiliar da ciência
espírita, é diminuir esta, usurpando-lhe um dos braços, um
dos parentes mais próximos, seu próprio coração.

39
Abordagem 2
Fé e v o n t a d e : e l e m e n t o s
do mesmo ramo




A fé, abstração feita ao sentido de crença, tal como a
compreendemos sob a ótica espírita, relaciona-se com a vontade
de uma forma tão íntima e intrínseca que podemos dizer, sem
qualquer exagero ou desvio: uma não existe sem a outra. Fé e
vontade são, com total segurança, elementos primordiais de
uma mesma direção e sentido, de uma mesma virtude.
No Livro dos Médiuns -- capítulo 25, item 282,
a
12 questão --, quando trata das evocações, Allan Kardec
pergunta sobre as disposições especiais para as evocações, ao
que recebe por resposta que "com fé e com o desejo do bem
tem-se mais força" para realizar as evocações dos Espíritos
superiores. Fé e desejo; um formando par com o outro
para se obter bons resultados. Mas o que é o desejo senão a
própria vontade? No prosseguimento desse diálogo com os
a
Espíritos, a questão seguinte -- 13 -- é bastante objetiva:

Para as evocações, é preciso fé?
"A fé em Deus, sim; para o mais, a fé virá, se desejardes
o bem e tiverdes o propósito de instruir-vos."


41
Bastante enfática a resposta. O desejo trará a fé,
desde que exista o propósito da instrução -- ressalto que este
diálogo visava às questões pertinentes às evocações.
Mas é nos capítulos 11, 13 e 19 de "O Evangelho
Segundo o Espiritismo" que a palavra de Kardec e dos
Espíritos acerca da relação entre a fé e a vontade fica muito
mais eloqüente ainda. C o m o não pretendo fazer muitas
transcrições nesta abordagem, dos dois primeiros capítulos
indicados recomendo a leitura de pelo menos duas
mensagens: do capítulo 11a mensagem 13, e do capítulo 13
a de número 12.
Isto anotado, vamos nos deter em parte do que está
registrado no capítulo 19. Ali ele trata do poder da fé, tendo
como partida a seguinte passagem evangélica:

... Por que não pudemos nós outros expulsar esse
demônio? - Respondeu-lhes Jesus: Por causa da vossa
incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis
a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis
a esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se
transportaria, e nada vos seria impossível. -- In: Mateus,
XVII, 19 e 20.


Antes de trazer o comentário de Kardec sobre esta
passagem, que tal uma rápida reflexão? Você já procurou
saber qual o tamanho de um grão de mostarda? Em Mateus
13:31 (numa Bíblia católica) tem-se que o grão de mostarda
"... é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois
de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de
sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos".
N u m a Bíblia protestante pode-se ler: "A mostarda é a menor
das sementes, no entanto, quando plantada, cresce e torna-
se na maior das plantas dum jardim com ramos tão grandes
que os pássaros podem empoleirar-se neles ou abrigar-se na
sua sombra".

42
Ao contrário dessas afirmativas, o grão da mostarda
não é a menor das sementes nem a mostardeira a maior das
hortaliças nem, muito menos, atinge o tamanho de uma
árvore, nem mesmo nos tempos bíblicos. Apesar disso,
essa semente é muito pequena e, proporcionalmente, sua
árvore é enorme. Portanto, fazendo uso de uma imagem
forte pelo seu contraste, Jesus imprimiu grande enfoque
à força da fé. A exemplo da semente que, por vontade da
Natureza e aproveitando o inverno, rompe o solo e cresce
para ser árvore e produzir sementes em elevada quantidade,
aquele que, por vontade inabalável, deixa frutificar sua fé,
removerá todas as montanhas que se interpuserem entre
si e seus objetivos. Portanto, Jesus, proporcionando a fé a
um reduzido tamanho e gerando, por resposta, uma ação
eloqüente e exuberante, embute a força da vontade, com a
ajuda da qual tudo é possível.
Mas vejamos o que o senhor Allan Kardec escreveu
a propósito dessa passagem. No item 2 desse capítulo 19, ele
iniciou seus comentários assim:

No sentido próprio, é certo que a confiança nas suas
próprias forças torna o homem capaz de executar
coisas materiais, que não consegue fazer quem duvida
de si. Aqui, porém, unicamente no sentido moral se
devem entender essas palavras. (...) A fé robusta dá a
perseverança, a energia e os recursos que fazem com
que se vençam os obstáculos, assim nas pequenas coisas
como nas grandes. Da fé vacilante resultam a incerteza
e a hesitação de que se aproveitam os adversários que se
têm de combater; essa fé não procura os meios de vencer,
porque não acredita que possa vencer.


Parece estar bem evidenciado que a fé fornece elementos
fundamentais para qualquer ação que se pretenda desenvolver,
desde que ela seja robusta, pois a vacilante funciona em sentido
contrário, diminuindo a força e apontando para as derrotas.

43
Seguindo com o mesmo capítulo, no item seguinte
Allan Kardec faz novas e preciosas considerações.

Noutra acepção, entende-se como fé a confiança
que se tem na realização de uma coisa, a certeza de
atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez
que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer
alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a
possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança.
Tanto num como noutro caso, pode ela dar lugar a que se
executem grandes coisas.
A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a
paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de
apoio na inteligência e na compreensão das coisas,
tem a certeza de chegar ao objetivo visado. A fé vacilante
sente a sua própria fraqueza; quando a estimula o interesse,
torna-se furibunda e julga suprir, com a violência, a força
que lhe falece. A calma na luta é sempre um sinal de força
e de confiança; a violência, ao contrário, denota fraqueza
e dúvida de si mesmo.


A fé, tornando lúcido seu vivenciador, permite que
ele veja adiante, longe, profundo, enchendo-o de segurança
e certeza. Tudo isso porque a fé sincera e verdadeira encontra
apoio na inteligência e na compreensão das coisas.
Mas, onde terá sido que Allan Kardec tirou
tamanha certeza? Em que ramo ele se firmou para deduzir
tão lucidamente essa questão?
Ainda no mesmo capítulo, agora no item 5, ele nos
responde:

O poder da fé se demonstra, de modo direto e especial,
na ação magnética; por seu intermédio, o homem
atua sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe
as qualidades e lhe dá uma impulsão por assim dizer
irresistível. Daí decorre que aquele que a um grande


44
poder fluídico normal junta ardente fé, pode, só pela
força da sua vontade dirigida para o bem, operar esses
singulares fenômenos de cura e outros, tidos antigamente
por prodígios, mas que não passam de efeito de uma lei
natural. Tal o motivo por que Jesus disse a seus apóstolos:
Se não o curastes, foi porque não tínheis fé.


Eis aí a união entre a fé e a vontade. Toda a segurança
de Kardec em tirar deduções tão firmes e lúcidas vem do fato de
que o poder da fé, esse poder divino que repousa no ser humano,
melhor se demonstra através do magnetismo. Ou seja, Kardec se
valeu, mais uma vez, dessa ciência para tratar e demonstrar algo
que sempre foi tocado de forma misteriosa, mística, distante...
Como a receber um aval da Espiritualidade, ainda
no mesmo capítulo 19, item 12, a mensagem "A fé humana
e a divina", de " U m Espírito protetor", não apenas reforçou
o aspecto da vontade na fé como ainda trouxe a união do
Espiritismo com o Magnetismo, questão tratada na primeira
abordagem deste livro.



No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos
futuros; é a consciência que ele tem das faculdades imensas
depositadas em gérmen no seu íntimo, a princípio em
estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem
e cresçam pela ação da sua vontade.
(...) o Cristo, que operou milagres materiais, mostrou,
por esses milagres mesmos, o que pode o homem, quando
tem fé, isto é, a vontade de querer e a certeza de
que essa vontade pode obter satisfação. Também
os apóstolos não operaram milagres, seguindo-lhe o
exemplo? Ora, que eram esses milagres, senão efeitos
naturais, cujas causas os homens de então desconheciam,
mas que, hoje, em grande parte se explicam e que pelo
estudo do Espiritismo e do Magnetismo se tornarão
completamente compreensíveis?



45
No primeiro parágrafo, o convite reflexivo acerca de
uma fé prenhe de vontade, indene, que propicia a consciência
de seus poderes íntimos a serem desabrochados e, com ela,
uma mobilização ativa e produtiva, tudo se resumindo na
questão colocada ao final do segundo parágrafo, onde as
duas grandes ciências esclarecerão a todos o que seriam,
em essência, os milagres, os verdadeiros milagres! Mas, me
pergunto, de que valeria esse saber, essa consciência, essa fé, se
não movermos nossa vontade em direção a esses objetivos?
No meu modo de ver, o assunto ficou tão evidente
que só me resta ir à Gênese para mais uma referência, com a
qual encerrarei as transcrições desta abordagem.

Razão, pois, tinha Jesus para dizer: "Tua fé te salvou."
Compreende-se que a fé a que ele se referia não é uma
virtude mística, qual a entendem, muitas pessoas, mas
uma verdadeira força atrativa, de sorte que aquele que
não a possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva,
ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a ação.
Assim sendo, também se compreende que, apresentando-
se ao curador dois doentes da mesma enfermidade,
possa um ser curado e outro não. É este um dos mais
importantes princípios da mediunidade curadora e
que explica certas anomalias aparentes, apontando-lhes
uma causa muito natural. --In: A Gênese - Cap. XV
item "Curas - Perda de sangue", título 11.



Não poderia ser outra a conclusão de Kardec. A
fé é o precioso elemento que possibilita as movimentações
fluídicas das curas. Não há, pois, como imaginar uma fé
sem vontade, tanto quando se movimenta para auxiliar,
interceder, aliviar e curar, como quando se dispõe a receber
ajuda e também se curar.



46
Abordagem 3
V o n t a d e difere de boa v o n t a d e




N e m sempre pensamos com o devido cuidado sobre
as palavras e expressões que pronunciamos ou escrevemos.
Muitas vezes temos delas um entendimento íntimo e,
baseado nele, as usamos na crença de que os que nos ouvem
entenderão nosso sentido. Quantos equívocos e situações
engraçadas ou embaraçosas surgem em cima disso!
Esta questão fica mais complicada ainda quando
nos deparamos com as traduções ou a necessidade de uma
convivência repentina numa outra cultura. Tanto tememos
como trememos nas bases, pois as gafes, os desconfortos e os
inconvenientes surgem de forma quase inevitável.
Particularmente, tenho pouca versatilidade no inglês,
mas, devido a repetidas viagens aos Estados Unidos, de vez
em quando preciso falar e me expressar naquele idioma e o
ridículo, vez por outra, causa espanto. Dou um exemplo. Fui
a um restaurante com um amigo e ele me indicou um prato
que eu não conhecia. Perguntou-me se eu gostava daquela
iguaria e eu, na maior convicção, disse que iria provar. Para

47
tanto, usei o verbo "to prove", o qual significa provar, só
que no sentido de demonstrar, evidenciar. O espanto dele
gerou o meu pavor: "o que eu disse de errado? -- pensei".
Na realidade, eu deveria ter usado o verbo "to taste", que é
aquele que indica experimentar. Depois de refeitos sorrimos
um pouco e pude degustar o saboroso petisco --· e não mais
esquecendo o aprendizado.
Até aí é compreensível, apesar das gafes. Agora,
quando usamos palavras ou expressões na certeza de
estarmos definindo, com segurança, o que temos na mente e
na emoção e, ao contrário disso, dizemos algo bem distante
ou mesmo que, em essência, não traduz o que de fato se
pretende, é uma lástima terrível.
Em nosso meio falamos muito de "boa vontade".
Achamos que esta expressão define uma "vontade boa"
quando, de fato, apenas exprime uma índole amena, acessível,
um gesto humilde, uma boa intenção.
Segundo o Houaiss, vontade pode ser:


1-faculdade que tem o ser humano de querer, de escolher,
de livremente praticar ou deixar de praticar certos atos
2- força interior que impulsiona o indivíduo a realizar
aquilo a que se propôs, a atingir seus fins ou desejos;
ânimo, determinação, firmeza
2.1- grande disposição em realizar algo por outrem;
empenho, interesse, zelo
3- capacidade de escolher, de decidir entre alternativas
possíveis; volição
4- sentimento de desejo ou aspiração motivado por um
apelo físico, fisiológico, psicológico ou moral; querer...



A boa vontade pode até inspirar algumas dessas
variantes da vontade, mas dificilmente, sozinha, conseguirá
ir muito longe.


48
Costumo dizer algo do tipo: num auditório não
lotado, nas cadeiras ocupadas estão sentadas as pessoas que
tiveram vontade de ir assistir ao evento; as vazias são as dos
que só ficaram na boa vontade.
Enquanto a vontade nos leva a decisões firmes,
superações, a ter aumentada a resistência, a perseverança,
a determinação e o tirocínio para bem estudar o que deve
ser feito e fazer, a boa vontade usualmente nos leva a uma
atitude acomodada, do tipo: se eu tiver tempo; se eu puder;
se não chover; se meu companheiro não me impedir; se eu
não adoecer; se tudo der certo...
A vontade diz sim ou não; a boa vontade fica no
talvez...
A vontade pergunta: quando? Onde?... e vai; a boa
vontade limita-se ao se...
A vontade afirma: conte comigo; a boa vontade é
não sei...
A vontade diz vou, não vou; a boa vontade sempre
tem um depende...
A vontade alegra-se por fazer; a boa vontade pede
muitas desculpas...
A vontade age e reage; a boa vontade raramente
interage...
A vontade movimenta o veículo; a boa vontade é só
motor de arranco...
A relação entre essas duas pode crescer indefini-
damente. Na verdade, não se trata de a boa vontade ser uma
coisa ruim; não, não é; apenas ela é pouco produtiva e gera
desistências nos primeiros entraves de qualquer luta ou busca.
Allan Kardec dedicou uma especial atenção à
vontade, a ela se referindo inumeráveis vezes. Tão grande foi
sua atenção, bem como o destaque que deu a essa verdadeira
alavanca, e tão raramente se referiu à boa vontade que não
deixa de haver, no mínimo, uma séria desatenção no uso da
segunda em substituição à primeira.

49
Q u e m de nós não ouviu, diversas vezes e por
diversas pessoas, frases enfatizadas do tipo: "basta ter boa
vontade e tudo será possível"? Em termos de passes e
magnetismo, então, isso chega a ser axiomático ou, quando
não, um corolário deduzido do que os "antigos" sempre
professaram e ensinaram.
Vejamos algumas colocações de Kardec acerca da
vontade. Lógico que, dentro da linha objetiva deste livro,
destacarei as relacionadas com o magnetismo.

A mesma materia elementar é suscetível de experimentar
todas as modificações e de adquirir todas as propriedades?
"Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que
tudo está em tudo!" (1)
(...) (1) Este princípio explica o fenômeno conhecido
de todos os magnetizadores e que consiste em dar-se,
pela ação da vontade, a uma substancia qualquer, à
água, por exemplo, propriedades muito diversas: um
gosto determinado e até as qualidades ativas de outras
substâncias. Desde que não há mais de um elemento
primitivo e que as propriedades dos diferentes corpos
são apenas modificações desse elemento, o que se segue ê
que a mais inofensiva substância tem o mesmo princípio
que a mais deletéria. Assim, a água, que se compõe
de uma parte de oxigênio e de duas de hidrogênio, se
torna corrosiva, duplicándo-se a proporção do oxigênio.
Transformação análoga se pode produzir por meio
de ação magnética dirigida pela vontade. -- In: O
Livro dos Espíritos, questão 33.


A partir desta questão podemos fazer uma abertura
de leque para aproveitarmos ao máximo o que, a meu ver,
está bem visível, mas nem sempre tão perceptível para quem
lê os livros básicos de forma rápida.
Além de Kardec ter aposto um comentário adicional
à resposta dada pelos Espíritos e, em seguida, acrescido uma

50
subpergunta que atendia à proposta da questão anterior, ele pôs,
em nota de rodapé, a referência acima, para debulhar o princípio
"tudo está em tudo". De início, então, já aponta que a mudança
das propriedades de uma substância qualquer, como a água, por
exemplo, é fenômeno conhecido de todos os magnetizadores.
O que se destaca com vivacidade é que tal se dá "pela ação da
vontade". Tamanha é a ênfase com a qual ele pretendeu destacar
a ação da vontade que a colocou entre vírgulas. No seguimento,
fez uma comparação com um exemplo da química para que
não haja dúvidas quanto ao entendimento das mudanças das
propriedades das substâncias.
Nesse ponto, seria lícito se pensar assim: mas o que
ele falou se referia à ação magnética sobre uma substância
qualquer e não sobre os corpos orgânicos, os seres humanos.
Seguramente retornaremos a esse aspecto mais adiante.
Por hora pontuemos claramente o que ele nos
ofertou com sua conclusão: "Transformação análoga se pode
produzir por m e i o de ação magnética dirigida pela
vontade". Não há, aí, qualquer espaço para se inserir a boa
vontade no lugar da vontade ou se deduzir que o magnetismo
não seja a força atuante do processo de mudança dessas
propriedades a que ele aludiu. Ademais, uma ação dirigida
é uma ação que está sob comando, sob controle, e isso só se
dá com qualidade, se quem dirige sabe o que faz; para tanto,
por mais redundante que seja dizê-lo, é preciso que quem
dirija conheça os mecanismos dessa direção e se submeta a
seus princípios. Certamente todos sabemos que para dirigir
uma vontade em sentido magnético é preciso que se conheça
o magnetismo, assim como para se dirigir qualquer coisa é
preciso que se conheça seus mecanismos. Prossigamos.

Esta teoria nos fornece a solução de um fato bem
conhecido em magnetismo, mas inexplicado até hoje: o
da mudança das propriedades da água, por obra da
vontade. O Espírito atuante é o do magnetizador,

51
quase sempre assistido por outro Espírito. Ele opera
uma transmutação por meio do fluido magnético que,
como atrás dissemos, é a substância que mais se aproxima
da matéria cósmica, ou elemento universal. Ora, desde
que ele pode operar uma modificação nas propriedades da
água, pode também produzir um fenômeno análogo
com os fluidos do organismo, donde o efeito curativo
da ação magnética, convenientemente dirigida.
Sabe-se que papel capital desempenha a vontade em
todos os fenômenos do magnetismo. Porém, como se há
de explicar a ação material de tão sutil agente? A vontade
não é um ser, uma substância qualquer; não é, sequer,
uma propriedade da matéria mais etérea que exista. A
vontade é atributo essencial do Espírito, isto é, do ser
pensante. Com o auxílio dessa alavanca, ele atua
sobre a matéria elementar e, por uma ação consecutiva,
reage sobre seus compostos, cujas propriedades íntimas
vêm assim a ficar transformadas.
Tanto quanto do Espírito errante, a vontade é
igualmente atributo do Espírito encarnado; daí o poder
do magnetizador, poder que se sabe estar na razão
direta da força de vontade. Podendo o Espírito
encarnado atuar sobre a matéria elementar, pode do
mesmo modo mudar-lhe as propriedades, dentro de certos
limites. Assim se explica a faculdade de cura pelo
contacto e pela imposição das mãos, faculdade que
algumas pessoas possuem em grau mais ou menos
elevado. - In: O Livro dos Médiuns - Cap. VIII -
"Do laboratório do mundo invisível" -- Item 131.



Aí está o senhor Allan Kardec apresentando o
complemento da citação anterior e também expandindo-a, dando
à vontade todo o destaque que ela mereceu de suas observações.
Sobre as leis que vigoram no mundo espiritual, com
base nos fatos analisados ao longo do capítulo 8 de "O Livro dos
Médiuns", Kardec inicia ratificando que é a ação da vontade,
atuando através do magnetismo, que provoca as mudanças das

52
propriedades da água. E conclui o primeiro parágrafo com essa
pérola: "Ora, desde que ele pode operar uma modificação nas
propriedades da água, pode também produzir um fenômeno
análogo com os fluidos do organismo, donde o efeito curativo
da ação magnética, convenientemente dirigida". Ou seja:
ele já tinha explicado, desde "O Livro dos Espíritos", como
se processam as mudanças elementares na matéria inerte, de
onde ele tomou a água por referência básica. Agora extrapola
e confirma que o mesmo princípio, por analogia, também
produz modificações no fluido orgânico, assim surgindo
o efeito curativo da ação magnética. Só que não se trata de
uma ação magnética qualquer, senão uma ação magnética
convenientemente dirigida. Teria ele acrescido essas
palavras finais só para compor uma frase de melhor efeito? Se
sim, ele teria exagerado na dose; se não, qual a razão então? O
que ele, realmente, quis dizer com elas? Parece estar claro que
era exatamente isso que ele queria dizer: que o magnetismo
que atua, que repercute, que funciona mesmo, sempre pede
vontade e direção conveniente. A vontade é o desejo sincero,
firme e profundo de fazer; a direção é o foco, o objetivo, o cerne
do tratamento; o conveniente é o uso correto, equilibrado,
apropriado, o mais perfeito possível, dos conhecimentos da
ciência envolvida, portanto do magnetismo.
Dentro dessa análise é necessário se perceba
que, de início, Kardec não está falando de virtudes ou
simplicidade no agir; fala de fluido magnético, vontade e
direção conveniente. E quando, nos parágrafos seguintes,
disseca a vontade, faz reflexões muito graves, conectando-a
a "todos os fenômenos do magnetismo" e apresentando-a
como uma poderosa alavanca.
A propósito, lembra o leitor qual o papel da alavanca
tanto na física como na vida comum? Segundo a enciclopédia
Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki) "na física, a alavanca
é um objeto rígido que é usado com um ponto fixo apropriado
(fulcro) para multiplicar a força mecânica que pode ser

53
aplicada a um outro objeto (resistência)". De uma maneira
mais simples, a alavanca tem a função básica de exigir menor
esforço para se vencer a resistência ou a inércia de algo muito
pesado. Sua importância é tamanha que Arquimedes, antigo
cientista grego, é muito lembrado por sua frase: "Dê-me
um lugar para me firmar e um ponto de apoio para minha
alavanca que eu deslocarei a Terra". Pois bem, foi exatamente
à função de uma alavanca que Allan Kardec comparou a
vontade e concluiu que o poder do magnetizador está na
razão direta da força de vontade.
Ele, entretanto, não se limitou a essa referência.

... Algumas vezes basta mesmo que o médium
magnetize, com essa intenção, a mão e o braço
daquele que quer escrever. Não raro até limitando-
se o magnetizador a colocar a mão no ombro daquele,
temo-lo visto escrever prontamente sob essa influência.
Idêntico efeito pode também produzir-se sem
nenhum contacto, apenas por ato da vontade de
auxiliar. Concebe-se facilmente que a confiança
do magnetizador no seu poder, para produzir tal
resultado, há de aí desempenhar papel importante e que
um magnetizador incrédulo, fraca ação ou nenhuma
exercerá. - In: O Livro dos Médiuns - Cap. XVII
- "Da formação dos médiuns" - Item 206


Até mesmo para contribuir no desenvolvimento
de faculdades mediúnicas -- aqui ele trata das experiências
no campo da psicografia -- Allan Kardec sugere o apoio ou
a interferência de um magnetizador, seja pelo toque direto
sobre o membro em ação ou pela simples vontade de ajudar,
sem qualquer contacto. Entretanto, ele adiciona o aspecto
da autoconfiança do magnetizador, a qual exerce importante
papel no fenômeno. Significa dizer que uma vontade
vacilante, como acontece com a limitada "boa vontade",


54
pouco produzirá ou mesmo nenhuma ação exercerá. Isso
nos entristece muito, pois é tão comum vermos e sabermos
passistas que aplicam passes como uma mera obrigação, sem
qualquer ânimo ou confiança interior, abstração feita àqueles
que não têm a mínima noção do que, de como ou quando
fazer ou usar tal ou qual técnica.

São extremamente variados os efeitos da ação fluídica
sobre os doentes, de acordo com as circunstâncias. Algumas
vezes é lenta e reclama tratamento prolongado, como
no magnetismo ordinário; d'outras vezes é rápida, como
uma corrente elétrica. Há pessoas dotadas de tal poder,
que operam curas instantâneas nalguns doentes,
por meio apenas da imposição das mãos, ou, até,
exclusivamente por ato da vontade. Entre os dois pólos
extremos dessa faculdade, há infinitos matizes. Todas as
curas desse gênero são variedades do magnetismo
e só diferem pela intensidade e pela rapidez da ação. O
princípio é sempre o mesmo: o fluido, a desempenhar o
papel de agente terapêutico e cujo efeito se acha subordinado
à sua qualidade e a circunstâncias especiais. -- In: A Gênese
- Cap. XIV- "CURAS" - item 32.


A força da vontade é tamanha que até mesmo
sem uma ação fluídica propriamente dita, e em casos não
comuns, porém realizáveis, só sua existência pode chega-r
a provocar uma cura instantânea. Perdoe o trocadilho, mas
é imperioso que observemos a vontade com vontade e não
apenas com boa vontade.


O poder da fé se demonstra, de modo direto e especial,
na ação magnética; por seu intermédio, o homem atua
sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as
qualidades e lhe dá uma impulsão por assim dizer
irresistível. Daí decorre que aquele que a um grande
poder fluídico normal junta ardente fé, pode, só pela

55
força da sua vontade dirigida para o bem, operar
esses singulares fenômenos de cura e outros, tidos
antigamente por prodígios, mas que não passam de
efeito de uma lei natural. Tal o motivo por que fesus
disse a seus apóstolos: se não o curastes, foi porque não
tínheis fé. -- In: O Evangelho segundo o Espiritismo
- Cap. XIX - "A fé transporta montanhas", item 5.



Valendo-se agora da fé como potente coadjuvante do
magnetismo, Allan Kardec dá, por assim dizer, uma reforçada
em tudo o que já vimos, afirmando, enfático: "aquele que a um
grande poder fluídico normal junta ardente fé, pode, só pela
força da sua vontade dirigida para o bem, operar esses
singulares fenômenos de cura e outros, tidos antigamente por
prodígios..." e, praticamente criando embaraços para os que
preferem tratar as ocorrências menos comuns da vida como
sobrenaturais, acrescentou, não com menos ênfase, que tais
eventos "não passam de efeito de uma lei natural".


... O Cristo, que operou milagres materiais,
mostrou, por esses milagres mesmos, o que pode
o homem, quando tem fé, isto é, a vontade de
querer e a certeza de que essa vontade pode obter
satisfação... -- In: O Evangelho segundo o Espiritismo
- Cap. XIX- "A fé transporta montanhas" - Item 12,
"A fé humana e a divina".



Esta citação foi repetida só para lembrar que a fé, em si
mesma, é a vontade de querer... Não é interessante essa ligação
feita por um Espírito Protetor, referendada por Kardec? Fé e
vontade sempre consorciadas entre si. E a certeza da vontade
pode obter satisfação... Muito expressivo isso.
Mais interessante ainda foi a conclusão dessa
mensagem:

56
Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos
da força que em si trazem, e se quisessem pôr a
vontade a serviço dessa força, seriam capazes de
realizar o que, até hoje, eles chamaram prodígios e
que, no entanto, não passa de um desenvolvimento
das faculdades humanas.


É isso: o que precisamos mesmo é colocar nossa
vontade a serviço da força, do poder que todos temos, pois
toda uma sorte de milagres e feitos fantásticos não passam de
um desenvolvimento das nossas faculdades -- será que você já
tinha pensado nisso? Já teria passado por sua cabeça que esses
poderes "maravilhosos", os quais costumam causar espanto
na maioria das pessoas, não passam do desenvolvimento de
nossas capacidades e que essa mesma maioria, se quisesse,
também poderia desenvolvê-los e produzir maravilhas de
bênçãos? Já pensou?

O Espiritismo torna compreensível a ação da prece,
explicando o modo de transmissão do pensamento,
quer no caso em que o ser a quem oramos acuda ao
nosso apelo, quer no em que apenas lhe chegue o nosso
pensamento. Para apreendermos o que ocorre em tal
circunstância, precisamos conceber mergulhados no
fluido universal, que ocupa o espaço, todos os seres,
encarnados e desencarnados, tal qual nos achamos,
neste mundo, dentro da atmosfera. Esse fluido
recebe da vontade uma impulsão; ele é o veículo do
pensamento, como o ar o é do som, com a diferença de
que as vibrações do ar são circunscritas, ao passo que as
do fluido universal se estendem ao infinito. Dirigido,
pois, o pensamento para um ser qualquer, na Terra ou no
espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa,
uma corrente fluídica se estabelece entre um e outro,
transmitindo de um ao outro o pensamento, como o ar
transmite o som.


57
A energia da corrente guarda proporção com a do
pensamento e da vontade... - In: O Evangelho segundo
o Espiritismo - Cap. XXVII - "Pedi e obtereis" - Item
10, "Transmissão do Pensamento".



Eis aí mais uma ligação do magnetismo com a
vontade, elemento que dá toda impulsão ao fluido universal
(ou cósmico), inclusive explicando, de forma muita clara,
como ocorre a ação da prece -- dentro de padrões fluídicos,
físicos, portanto. A corrente fluídica, ou magnética, existe
na proporção do pensamento e da vontade. Isto é muito
relevante, pois reforça, mesmo numa oração, o valor de uma
pessoa que quer, sabe, procura e usa sua força interior. Não
é por menos que pessoas de fracos desejos, inconsistentes
anseios, que só fazem o bem no limite da obrigação ou
simplesmente repetem gestos, sem exercerem uma vontade
firme e consciente, muito raramente obtêm maiores ou
melhores sucessos em seus trabalhos magnéticos, quiçá em
suas vidas comuns.

A ação magnética pela qual se dá a uma substância, a
água, por exemplo, propriedades especiais, tem relação
com a do Espírito que cria uma substância? - R.. O
magnetizador não desdobra absolutamente senão a
vontade; é um Espírito que o ajuda, que se encarrega
de preparar e de concentrar o remédio. - In: Revista
Espírita, edição agosto-1859, artigo "Oguia da senhora
Mally", questão 25, feita a São Luiz.


Embora trate de questão bastante específica, a
magnetização da água, São Luiz reforça o quanto a vontade
atua na ação magnética. Só para lembrar, São Luiz foi um dos
principais Espíritos da Codificação.


58
O fluido perispiritual do encarnado, portanto, é posto
em ação pelo Espírito; se, pela sua vontade, o Espírito
irradia, por assim dizer, seus raios sobre um outro
indivíduo, esses raios o penetram; daí a ação magnética
mais ou menos possante segundo a vontade, mais
ou menos benfazeja segundo esses raios sejam de
uma natureza mais ou menos boa, mais ou menos
vivificante; porque, pela sua ação, podem penetrar os
órgãos, e, em certos casos, restabelecer o estado normal.
Sabe-se qual é a influência das qualidades morais no
magnetizador. - In: Revista Espírita, edição dezembro-
1862, artigo "Estudo sobre os possessos de Morzine-As
causas da obsessão e os meios de combatê-la", escrito pelo
próprio Allan Kardec.



Na forma como estou tratando do assunto, nesta
citação surgiu um novo elemento para análise. A vontade, já
o sabemos, é fator determinante no processo magnético; ela
define a potência da ação magnética. O elemento novo aqui
é a qualidade da emissão. Esta interfere no maior ou menor
benefício alcançado pelo magnetismo. Como essa qualidade
relaciona-se muito diretamente com a moral, a harmonia e o
equilíbrio das emoções do magnetizador, esta é motivo mais do
que suficiente para se buscar, nos anseios das curas, por um bom
magnetizador, o qual não se limita a deter poderes excepcionais
nem a uma vontade vigorosa; é preciso que ele também seja
detentor de elevada moral, ética, retidão, equilíbrio.
A essas alturas, julgo que duas mensagens têm um
espaço indispensável neste conjunto de citações, tanto pelo
teor em si como pelos Espíritos que as transmitiram.

"A vontade, existindo no homem em diferentes graus
de desenvolvimento, serviu, em todas as épocas, seja
para curar, seja para aliviar. É lamentável ser obrigado
a constatar aue ela foi também a fonte de muitos males, mas

59
é uma das conseqüências do abuso que, freqüentemente,
o ser faz de seu livre arbítrio. A vontade desenvolve o
fluido, seja animal, seja espiritual, porque, o sabeis
todos agora, há vários gêneros de magnetismo, entre os
quais estão o magnetismo animal e o magnetismo
espiritual que pode, segundo a ocorrência, pedir
apoio ao primeiro. Um outro gênero de magnetismo,
muito mais poderoso ainda, é a prece que uma alma pura
e desinteressada dirige a Deus.
"A vontade foi, freqüentemente, mal compreendida;
em geral aquele que magnetiza não pensa senão em
desdobrar sua força fluídica, senão em derramar seu próprio
fluido sobre o paciente submetido a seus cuidados, sem se
ocupar-se há ou não uma Providência que nisso se interessa
tanto e mais do que ele; agindo só, não pode obter senão
o que sua única força pode produzir; ao passo que nossos
médiuns curadores começam por elevar sua alma a Deus,
e para reconhecer que, por eles mesmos, não podem nada;
fazem, por isso mesmo, um ato de humildade, deabnegação;
então, confessando-se muito fracos por si mesmos, Deus, em
sua solicitude, lhes envia poderosos recursos que não pode
obter o primeiro, uma vez que se julga suficiente para a
obra empreendida. Deus recompensa sempre a humildade
sincera elevando-a, ao passo que rebaixa o orgulho. Esse
recurso que envia, são os bons Espíritos que vêm penetrar
o médium de seu fluido benfazejo, que este transmite ao
enfermo. Também é por isso que o magnetismo empregado
pelos médiuns curadores é tão poderoso e produz essas curas
qualificadas de miraculosas e que são devidas simplesmente
à natureza do fluido derramado sobre o médium; ao passo
que o magnetizador comum se esgota, freqüentemente,
em vão, em fazer passes, o médium curador infiltra um
fluido regenerador pela única imposição das mãos, graças
ao concurso dos bons Espíritos; mas esse concurso não é
concedido senão à fé sincera e à pureza de intenção." - In:
Revista Espírita, edição janeiro-1864, artigo "Médiuns
Curadores", mensagem ditada por Mesmer, através do
médium Sr. Albert.



60
Se você observou esta citação com cuidado, até
o fim, deve ter-se espantado com o nome de seu autor. É
de causar espanto mesmo: foi Mesmer quem ditou estas
palavras. U m a síntese formidável, não é mesmo? C o m sua
autoridade, lastreada não apenas na sua própria grandeza,
como o mais respeitado de todos os magnetizadores modernos
e contemporâneos, como, agora, na condição de Espírito
errante, ele afirma ser a vontade que desenvolve o fluido
não só animal como também o espiritual e ainda aponta que
o magnetismo espiritual pode pedir ajuda ao magnetismo
animal. Notável, não? Melhor ainda: Allan Kardec não
levantou qualquer suspeita que indicasse discordar do teor
ou da identidade do autor.
A outra mensagem não é menos relevante:

"Uma palavra sobre os médiuns curadores, dos quais
vindes de falar; estão todos nas disposições mais louváveis;
têm a fé que ergue as montanhas, o desinteresse que
purifica os atos da vida, a humildade que os santifica. Que
perseverem na obra de beneficência que empreenderam;
que se recordem bem que aquele que pratica as leis sagradas
que o Espiritismo ensina, se aproxima constantemente
do Criador. Que, quando empregam sua faculdade,
a prece, que é a vontade mais forte, seja sempre seu
guia, seu ponto de apoio. O Cristo vos deu, em toda a
sua existência, a prova mais irrecusável da vontade mais
firme, mas era a vontade do bem e não a do orgulho.
Quando dizia às vezes: Eu quero, essa palavra estava
cheia de unção; seus apóstolos, que o cercavam, sentiam
seus corações se abrirem a essa santa palavra. A doçura
constante do Cristo, sua submissão à vontade de seu
Pai, sua perfeita abnegação, são os mais belos modelos
de vontade que se possa propor para exemplo." - In:
Revista Espírita, edição janeiro-1864, artigo "Médiuns
Curadores", mensagem ditada por Paulo, o apóstolo,
através do médium Sr. Albert.



61
Singular convite à purificação não apenas de nossos
dons, mas de nossa vontade, de nossa ação humana, feito
por ninguém menos que o grande Paulo de Tarso. Convite
a ser bem medido e pesado em nossa consciência, em nossa
vida. Q u e tal se fazer sempre uma prece ao iniciar um passe?
No mínimo, melhorará as condições gerais da ação. Graças a
Deus, a maioria já faz. Q u e façamos com alma e coração.
Como, aó longo do estudo do Magnetismo
segundo a ótica Espírita, é muito comum o entrelaçamento
entre a ação magnética e a mediunidade curadora, pode ser
que alguns conceitos sejam embaralhados e, certamente,
poderá gerar deduções equivocadas. Por isso mesmo, após
tantas considerações acerca da vontade, de sua força e de
seu poder, convém ponderar sobre dois destacados pontos
frisados por Kardec:


Os Espíritos vão para onde querem; nenhuma vontade
pode constrangê-los; eles se rendem à prece se é fervorosa,
sincera, mas jamais à injunção. Disso resulta que a
vontade não pode dar a mediunidade curadora,
e que ninguém pode ser médium curador de desejo
premeditado. Reconhece-se o médium curador pelos
resultados que obtém, e não pela sua pretensão de
sê-lo. -- In: Revista Espírita, edição setembro-1865,
artigo "Mediunidade Curadora", item 9.



Muito relevante isso: a vontade, como elemento
propulsor de ações fluídicas, está associada ao magnetismo e
não à mediunidade. Ela, só por si, no sentido humano, exerce
influência anímica e não espiritual.
Nesse sentido ele retomou o assunto no item 14 do
mesmo artigo:


62
A mediunidade curadora é uma aptidão, como todos
os gêneros de mediunidade, inerente ao indivíduo, mas
o resultado efetivo dessa aptidão é independente de
sua vontade. Ela se desenvolve, incontestavelmente,
pelo exercício, e sobretudo pela prática do bem e da
caridade; mas como ela não poderia ter a constância,
nem a pontualidade de um talento adquirido pelo
estudo, e do qual se é sempre senhor, não poderia tornar-
se uma profissão. Seria, pois, abusivamente que
uma pessoa se ostentasse diante do público como
médium curador. Estas reflexões não se aplicam
aos magnetizadores, porque a força está neles, e são
livres para dela dispor.



A distinção que o mestre lionês estabeleceu aí
entre mediunidade curadora e Magnetismo é muito valiosa,
notadamente na convergência do ponto comum: vontade.
As duas últimas frases são uma advertência deveras
importante a fim, de que não façamos confusão entre as
vertentes da cura. Não se abusar em se dizer ou se apresentar
como médium curador, o mesmo não se referindo ao
magnetizador. Para muitos, isso é, no mínimo, inquietante.
Prossigamos com Kardec:

Mas se a vontade é ineficaz quanto ao concurso dos
Espíritos, ela é onipotente para imprimir ao fluido,
espiritual ou humano, uma boa direção e uma
energia maior. No homem débil e distraído, a corrente
é débil, a emissão fraca; o fluido espiritual se detém nele,
mas sem proveito para ele; no homem de uma vontade
enérgica, a corrente produz o efeito de uma ducha.
Não é preciso confundir a vontade enérgica com a
teimosia, porque a teimosia é sempre uma conseqüência
do orgulho e do egoísmo, ao passo que o mais humilde
pode ter a vontade do devotamento.


63
A vontade é ainda onipotente para dar aos fluidos
as qualidades especiais apropriadas à natureza do
mal. Este ponto, que é capital, se prende a um princípio
ainda pouco conhecido, mas que está em estudo, o das
criações fluídicas e das modificações que o pensamento
pode fazer a matéria suportar. O pensamento, que provoca
uma emissão fluídica, pode operar certas transformações
moleculares e atômicas, como se vê isto se produzir sob a
influência da eletricidade, da luz ou do calor. - In: Revista
Espírita, edição setembro-1865, artigo "Mediunidade
Curadora", item 10.


Vontade onipotente; bela expressão!
Verdadeiramente ricas estas observações de Allan
Kardec. Com elas, não apenas ficam desmistificadas muitas
ocorrências tidas à conta de supernaturais bem como se destaca
a valência da vontade em todos os fenômenos magnéticos,
mesmo aqueles que têm suporte ou direção espiritual.
Em outubro de 1866, na sua Revista Espírita, ele
comentou alguns artigos que leu e transcreveu, especialmente
sobre o zuavo curador do Campo de Châlons:

... O conhecimento da lei da eletricidade reduziu esse
pretenso prodígio às proporções dos efeitos naturais. Assim
com uma multidão de outros fenômenos. Mas conhecem-
se todas as leis da Natureza? a propriedade de todos os
fluidos? Não se pode crer que um fluido desconhecido,
como o foi por muito tempo a eletricidade, seja a causa
de efeitos inexplicados produzisse sobre a economia
resultados impossíveis para a ciência, com a ajuda dos
meios limitados dos quais dispõe? Pois bem! ali está todo
o segredo das curas medíanímicas; ou melhor, não há
segredo, porque o Espiritismo não tem mistérios senão
para aqueles que não se dão ao trabalho de estudá-lo.
Essas curas têm muito simplesmente por princípio uma
ação fluídica dirigida pelo pensamento e a vontade,
em lugar de ser por um fio metálico. O todo é conhecer


64
as propriedades desse fluido, as condições nas quais
ele pode agir, e saber dirigi-lo. É preciso, além disso,
um instrumento humano suficientemente provido
desse fluido, e apto a lhe dar a energia suficiente.
Essa faculdade não é um privilégio de um
indivíduo; por isto mesmo que ela está na Natureza,
muitos a possuem, mas em graus muito diferentes, como
todo o mundo há de ver, mas mais ou menos longe. No
número daqueles que dela estão dotados, alguns agem
com conhecimento de causa, como do zuavo Jacob; outros
com seu desconhecimento, e sem se darem conta daquilo
que se passa neles; sabem que curam, eis tudo; perguntai-
lhes como, disto não sabem nada. Se são supersticiosos,
atribuirão seu poder a uma causa oculta, à virtude de
algum talismã ou amuleto que, em realidade, não
servem para nada. Ocorre assim com todos os médiuns
inconscientes e o número deles é grande. Muitas pessoas
têm em si mesmas a causa primeira de efeitos que os
espantam e que não se explicam. Entre os negadores mais
obstinados, mais de um é médium sem o saber.



De passagem: "o Espiritismo não tem mistérios
senão para aqueles que não se dão ao trabalho de estudá-lo".
Desta frase surge uma bela reflexão: por que será que para
tanta gente o Espiritismo aparenta ser tão misterioso?
Se, por um lado, a vontade não gera mediunidade,
seguramente ela favorece à ação fluídica. Fica restando o
campo do conhecimento dos fluidos e suas leis àquele que, de
fato, queira ser um curador, na melhor expressão da palavra.
Definitivamente, não devemos nos restringir a uma boa
vontade imobilizante, mas desenvolver uma vontade firme,
sem mesclas, robustecida pelo direcionamento ao bem, pois
só assim ela será frutífera e gerará curas mais próximas da
cura real.




65
Abordagem 4
P r e c e s e orações são f o r m a s
de magnetismo




Soa sempre muito estranho quando alguém diz
algo do tipo: "No meu Centro não existe magnetismo, pois
isso é coisa de pseudo-cientista". Quando Allan Kardec
destaca a prece, a oração, como uma atitude magnética,
seguramente expõe opiniões que trazem uma crítica muito
severa. Afinal, não é de bom alvitre se generalizar em cima
de comportamentos, muito menos quando não se tem bom
conhecimento sobre aquilo que se está generalizando.


a
8 Podem-se obter curas unicamente por meio da prece?
"Sim, desde que Deus o permita; pode dar-se, no
entanto, que o bem do doente esteja em sofrer por mais
tempo e então julgais que a vossa prece não foi ouvida".
a
9 Haverá para isso algumas fórmulas de prece mais
eficazes do que outras?
"Somente a superstição pode emprestar virtudes
quaisquer a certas palavras e somente Espíritos ignorantes
ou mentirosos podem alimentar semelhantes idéias,


67
prescrevendo fórmulas. Pode, entretanto, acontecer que,
em se tratando de pessoas pouco esclarecidas e incapazes
de compreender as coisas puramente espirituais, o uso
de determinada fórmula contribua para lhes infundir
confiança. Neste caso, porém, não é na fórmula que
está a eficácia, mas na fé, que aumenta por efeito da
idéia ligada ao uso da fórmula". - In: O Livro dos
Médiuns, Cap. XIV - "Dos Médiuns", item 176.



Nessas questões se destaca a forte ligação existente
entre a prece e a cura. O vínculo é direto, não consorciado a
fórmulas, senão à fé.
A propósito da primeira resposta, pode intrigar o
fato de ser colocado que a cura depende da "permissão de
Deus". O que deve passar despercebido para alguns é que a
permissão de Deus não se dá por um ato passional, direto,
desconectado de um contexto; essa permissão é o perfeito
enquadramento das Leis Naturais, vigentes tanto para o
mundo físico como para o espiritual. Portanto, além de não
derrogar as leis da matéria, todos os ditames e repercussões
da vida e da ação espiritual são considerados. É assim que se
dá a permissão Divina para tudo.

Com certeza não é só o Espiritismo que nos assegura
tão auspicioso resultado, nem ele tem a pretensão de ser
o meio exclusivo, a garantia única de salvação para as
almas. Força é confessar, porém, que pelos conhecimentos
que fornece, pelos sentimentos que inspira, como
pelas disposições em que coloca o Espírito, fazendo-
Ihe compreender a necessidade de melhorar-se, facilita
enormemente a salvação. Ele dá a mais, e a cada um,
os meios de auxiliar o desprendimento d'outros Espíritos
ao deixarem o invólucro material, abreviando-lhes a
Pela prece
perturbação pela evocação e pela prece.
sincera, que é uma magnetização espiritual,


68
provoca-se a desagregação mais rápida do
pela evocação conduzida com
fluido perispiritual;
sabedoria e prudência, com palavras de benevolência
e conforto, combate-se o entorpecimento do Espírito,
ajudando-o a reconhecer-se mais cedo e, se é sofredor,
incute-se-lhe o arrependimento - único meio de
abreviar seus sofrimentos. - In: O Céu e o Inferno,
a
2 parte - Cap. I, item 15.

Ressaltando que a ação fluídica apresentada nessa
colocação refere-se à ajuda no tratamento de problemas
perispirituais, no mundo espiritual, após um processo
desencarnatório, nela encontramos uma forte confirmação
da ação magnética provocada pela prece sincera, que, no dizer
do codificador, é uma magnetização espiritual. Mas ele ainda
acrescenta que uma evocação conduzida com sabedoria e
prudência pode ajudar ao sofredor espiritual, abreviando-lhe
os sofrimentos. Evocação, reparemos bem.

Por exercer a prece uma como ação magnética,
poder-se-ia supor que o seu efeito depende da força
fluídica. Assim, entretanto, não é. Exercendo sobre os
homens essa ação, os Espíritos, em sendo preciso, suprem
a insuficiência daquele que ora, ou agindo diretamente
em seu nome, ou dando-lhe momentaneamente uma
força excepcional, quando o julgam digno dessa graça,
ou que ela lhe pode ser proveitosa. - In: O Evangelho
Segundo o Espiritismo - Cap. XXVII- "Pedi e Obtereis"
-Item 14.


Nesta outra passagem, entretanto, observamos
que Kardec sinaliza o poder dos Espíritos em interferirem,
inclusive, no campo magnético humano, reforçando-o,
suprindo-o, ampliando-o. Não seria cem por cento correto,
portanto, dizer-se que uma prece apenas atua no campo do
magnetismo espiritual, no sentido fluídico da expressão. Sua

69
ação, como se deduz, vai muito além, é muito mais potente e
eficiente do que imaginamos.

... para curar pela ação fluídica, os fluidos mais
depurados são os mais saudáveis; uma vez que
esses fluidos benfazejos são o próprio dos Espíritos
superiores, é, pois, o concurso destes últimos que é
necessário obter; é por isso que a prece e a invocação
são necessárias. Mas para orar, e sobretudo orar com
fervor, é preciso a fé; para que a prece seja escutada, é
preciso que seja feita com humildade e ditada por um
sentimento real de benevolência e de caridade; ora,
não há de verdadeira caridade sem devotamento, e
não há de devotamento sem desinteresse; sem essas
condições, o magnetizador, privado da assistência dos
bons Espíritos, nisso está reduzido às suas próprias
forças, freqüentemente insuficientes, ao passo que
com seu concurso podem ser centuplicados em poder e
em eficácia... - In: Revista Espírita, edição janeiro-
janeiro 1864, artigo "Médiuns Curadores".

Com esta colocação, o mestre lionês explicita
uma outra configuração dos fluidos espirituais, destacando
sua pureza e, portanto, sua penetrabilidade. Mas, há de
se repetir, não se trata de uma prece de boca ou palavras
soltas e sim de sentimentos puros, apoiados numa vivência
harmoniosamente equilibrada, cheia de fé e com evocação de
Bons Espíritos.

... Todos os magnetizadores são mais ou menos
aptos a curar, desde que saibam conduzir-se
convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores
a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais
terem ouvido falar de magnetismo. A intervenção de
uma potência oculta, que é o que constitui a mediunidade,


70
se faz manifesta, em certas circunstâncias, sobretudo se
considerarmos que a maioria das pessoas que podem,
com razão, ser qualificadas de médiuns curadores recorre
à prece, que é uma verdadeira evocação. - In: O
Livro dos Médiuns - Cap. XIV - "Dos Médiuns" -
Item 175, "Mediunidade curadora".


A prece, como se vê, desempenha papel fundamental
nas terapias fluídicas, notadamente naquelas qualificadas
como mediunidade curadora. Além de subsidiar as
potencializações fluídicas decorrentes da ação de harmonia
que ela gera ou na qual é gerada, o caráter evocativo de
Espíritos superiores atrai a participação de entidades que
também contribuem, decisivamente, para o sucesso do
empreendimento magnético.
Permita-me destacar mais um ponto nessa citação:
os magnetizadores são mais ou menos aptos a curarem
dependendo de saberem se conduzir convenientemente.
Sei que estou repisando um mesmo assunto, mas é bom
que fiquemos muito firmes na convicção de que não há
como se operar eficientemente sem que haja uma condução
conveniente e esta, como já disse anteriormente, só se obtém
pela estudo, pelo exercício e pela prática perseverante.
Retomando para a linha dessa abordagem, a citação
seguinte confirma a parte material da questão, digamos assim.


Por que é que não vos sinto? - R. Porque os fluidos que
compõem o perispírito são muito etéreos, não bastante
material para vós; mas pela prece, pela vontade, pela
fé, em uma palavra, os fluidos podem se tornar mais
ponderáveis, mais materiais, e afetar mesmo o toque,
o que ocorre nas manifestações físicas e que é a conclusão
desse mistério. - In: Revista Espírita, edição maio-1861,
artigo "O doutor Glas", questão 18.



71
E há quem diga que o magnetismo está ausente do
Espiritismo! A oração sincera, evocando bons Espíritos, é prova
inconteste dessa ciência e seus elementos em nosso meio, ainda
mais quando da atuação da Espiritualidade no próprio mundo
fluídico, enriquecendo-o, depurando-o, enobrecendo-o, não
permite que se duvide dessa realidade. Senão, veja-se o que
vem a seguir, na palavra do próprio Kardec.

A prece não tem, pois, só o efeito de chamar, sobre
o paciente, um socorro estranho, mas o de exercer
uma ação magnética. O que não se poderia,
pois, pelo magnetismo secundado pela prece!
Infelizmente, certos magnetizadores fazem muito,
a exemplo de muitos médicos, abstração do elemento
espiritual; eles não vêem senão a ação mecânica e se
privam assim de um poderoso auxiliar. Esperamos
que os verdadeiros Espíritas verão mais tarde,
nesse fato, uma prova a mais do bem que poderão
fazer em semelhante circunstância. - In: Revista
Espírita, edição janeiro-1863, artigo "Estudo sobre
os possessos de Morzine -As causas da obsessão e os
meios de combatê-la" - Segundo artigo.

Aí está mais uma confirmação do poder transformador
-- magnético e fluídico -- da prece. À época, Kardec lamentava
o descrédito dos magnetizadores à prece; hoje, certamente,
ele estaria entristecido por perceber os espíritas, em grande
número, refratários aos conhecimentos proporcionados pelo
Magnetismo e até mesmo pelo pouco uso da oração sincera.
Lamentavelmente, hoje se ora muito sem maior profundidade
e de magnetismo pouco se estuda, menos se conhece e quase
nada se aplica. Quão decepcionante deve ser isso para ele!
Digo isso com tristeza, pois sinto em mim mesmo uma dor
imensa por perceber tão pouco caso a tão relevante ciência e
suas benéficas repercussões em nosso meio!

72
Seria de se perguntar sobre as razões da ligação da
prece com o magnetismo. Vejamos.

A prece é o veículo dos fluidos espirituais mais
poderosos, e que são como um bálsamo salutar para as
feridas da alma e do corpo. Ela atrai todos os seres
para Deus, e faz, de alguma sorte, a alma sair da espécie
de letargia em que ela é mergulhada quando esquece seus
deveres para com o Criador. Dita com fé, ela provoca
naqueles que a ouvem o desejo de imitar aqueles que
oram, porque o exemplo e a palavra levam também
fluidos magnéticos de uma força muito grande. -
In: Revista Espírita, edição fevereiro-1866, artigo "O
Naufrágio do Borysthène".


É isso mesmo: a prece é o veículo por excelência da
parte espiritual dos fluidos, ou seja, da parte mais sutil destes,
atingindo, positivamente, tanto as mazelas do corpo como
da alma. A prece é o magnetismo animal que se espiritualiza
ou, como também pode ser dito, é a espiritualidade se
materializando através do magnetismo. E tudo isso se dá
com vigor, força, poder, não há como duvidar.
As observações nesse sentido, ainda bem, não se
limitaram à referência acima. Eis outra.




73
Abordagem 5
0 fluido v i t a l é v i d a




De que natureza é o agente que se chama fluido
magnético?
"Fluido vital, eletricidade animalizada, que são
modificações do fluido universal." - In: O Livro dos
Espíritos, questão 427


Esse elemento, fluido magnético, é o tal que tem
como fonte a mesma de todas as matérias, diferenciado apenas
pela freqüência em que vibra e sendo referido pela sutileza
e por sua contextura diáfana, geralmente pouco perceptível
aos sentidos comuns do ser humano encarnado.
Ao que parece, entretanto, ele, por si só, é incapaz
de gerar a vida, embora, em si mesmo, seja vida, já que esta
não se manifesta sem sua participação.
Embora pareça redundante dizer que o fluido vital
é vida, ainda encontro companheiros com dificuldade de
aceitarem a idéia de forma tranqüila e imediata.
É verdade que a vida, em sua expressão mais
profunda e essencial, é a manifestação do princípio espiritual,
75
mas quando esta se dirige à matéria, ao princípio vital está
credenciado papel de relevo, sem o qual o espetáculo vital
não mantém a cena em plano aberto e real.
Como sempre, o escopo de Allan Kardec, dirigido
ao desvendar de muita matéria, inclusive a espiritual, levou-
o a tratar, de forma bastante lúcida, mais este assunto. De
início, antes mesmo da questão que abriu esta abordagem, eis
o que ele perguntou e recebeu como resposta dos Espíritos:


62. Qual a causa da anitnalização da matéria?
"Sua união com o princípio vital."
65. O princípio vital reside em alguns dos corpos que
conhecemos?
"Ele tem por fonte o fluido universal. É o que chamais
fluido magnético, ou fluido elétrico animalizado. É o
intermediário, o elo existente entre o Espírito e a
matéria." - In: O Livro dos Espíritos.



Vitalidade! Princípio vital e vida! Fluido vital! Por
outro caminho, volta a ficar evidenciada a relação entre
os fluidos, o magnetismo e a vida em si. Inarredável! Esta
é a palavra que define bem a ligação entre o magnetismo e
nossas vidas, entre ele e o Espiritismo igualmente. Não é nem
mesmo uma questão de ver quem sabe ou quem conhece,
mas de ver quem quer ver.
Abrindo um parêntese, a quem tiver dificuldade
para entender as nuances entre fluido vital e princípio vital
sugiro a leitura desse assunto em meu livro "O Passe", seu
estudo, suas técnicas, sua prática. Parêntese fechado.
Na questão 65, o elo entre o fluido vital e a vida em
si surge de forma bastante definitiva, o que nos impulsiona
para a confirmação de que viver é se ser magnético.



76
Os órgãos se impregnam, por assim dizer,
desse fluido vital e esse fluido dá a todas as
partes do organismo uma atividade que as põe
em comunicação entre si, nos casos de certas
lesões, e normaliza as funções momentaneamente
perturbadas. Mas, quando os elementos essenciais
ao funcionamento dos órgãos estão destruídos,
ou muito profundamente alterados, o fluido
vital se torna impotente para lhes transmitir
o movimento da vida, e o ser morre. - In: O
Livro dos Espíritos - parte do comentário de
Kardec à questão 70.



Nesta questão, Allan Kardec deixa mais evidente
ainda como para vivermos e estarmos encarnados é
imprescindível que o fluido vital esteja não só presente no
corpo, mas igualmente potente e em quantidade compatível
para a "movimentação" dos órgãos.


Por meio de cuidados dispensados a tempo, podem reatar-
se laços prestes a se desfazerem e restituirse à vida um ser
que definitivamente morreria se não fosse socorrido?
"Sem dúvida e todos os dias tendes a prova disso.
O magnetismo, em tais casos, constitui, muitas
vezes, poderoso meio de ação, porque restitui
ao corpo o fluido vital que lhe falta para manter
o funcionamento dos órgãos". - In: O Livro dos
Espíritos, questão 424.




77
De início ressalto que Allan Kardec sempre foi
muito zeloso com o uso da palavra, de forma que não
podemos esperar dele incrementos desnecessários, adjetivos
inapropriados ou supressões decorrentes de descuidos.
Ademais, os Espíritos da Codificação o advertiram quanto
ao uso das expressões, deixando enfático que é imperioso
convir o que é a forma e o que é o fundo. Senão, vejamos a
questão seguinte:


Que se deve pensar da expulsão dos demônios,
mencionada no Evangellio?
"Depende da interpretação que se llie dê. Se chamais
demônio ao mau Espírito que subjugue um indivíduo,
desde que se lhe destrua a influência, ele terá sido
verdadeiramente expulso. Se ao demônio atribuirdes a
causa de uma enfermidade, quando a houverdes curado
direis com acerto que expulsastes o demônio. Uma coisa
pode ser verdadeira ou falsa, conforme o sentido que
empresteis às palavras. As maiores verdades estão
sujeitas a parecer absurdos, uma vez que se atenda
apenas à forma, ou que se considere como realidade
a alegoria. Compreendei bem isto e não o esqueçais
nunca, pois que se presta a uma aplicação geral."
- In: O Livro dos Espíritos, questão 480.


Feita esta anotação, retornemos ao que comentava.
Quando, na interrogativa anterior, Kardec usou
o advérbio definitivamente, ele quis dar destaque, com total
ênfase, à situação proposta, ou seja, ele queria saber se a pessoa
desencarnaria mesmo se não fossem tomadas providências
nesse sentido. A resposta dos Espíritos traz de volta a questão
do magnetismo, o qual, nesse tipo de situação proposta,
costuma ser poderoso meio de ação, já que é dele que o
corpo moribundo recebe o tônus fluídico indispensável para
a manutenção e o funcionamento dos órgãos.


78
Se os Espíritos sugerem, também nessa resposta,
que o magnetismo é a "vara de toque" para se trabalhar casos
desse tipo é justo perguntar: será que eles, na formulação
de suas respostas, quando falavam em ação magnética
estavam considerando os magnetizadores da época, os quais
se preparavam, através de estudos e treinamentos sérios e
constantes, inclusive com responsabilidades bem definidas
perante os órgãos da sociedade, ou imaginavam que espíritas
do empós, assim como alguns práticos das fluidoterapias
ligados a outros métodos de cura, sempre apressados
em resolverem milagres, seriam os destinatários dessas
observações?
Não creio que os Espíritos da Codificação sugerissem
o uso do magnetismo -- nitidamente humano -- em casos tão
sérios e delicados aplicado por magnetizadores inexperientes
ou desconhecedores dos princípios que norteiam essa ciência.
Parece-me muito óbvio que a recomendação era destinada ao
bom magnetizador. Este, também é claro, pode -- e até deve
-- ser espírita, ser o nosso conhecido passista. Só que, para
tanto, precisa estar bem preparado para a tarefa, conhecendo,
lucidamente, as duas ciências e agindo com uma vontade
voltada ao bem, convenientemente dirigida.
No comentário que fez à questão de número 70 de "O
Livro dos Espíritos", Allan Kardec, ao final, anotou o seguinte:


Os corpos orgânicos são, assim, uma espécie de pilhas
ou aparelhos elétricos, nos quais a atividade do fluido
determina o fenômeno da vida. A cessação dessa
atividade causa a morte.
A quantidade de fluido vital não é absoluta em
todos os seres orgânicos. Varia segundo as espécies
e não é constante, quer em cada indivíduo, quer nos
indivíduos de uma espécie. Alguns há, que se acham, por
assim dizer saturados desse fluido, enquanto os outros
o possuem em quantidade apenas suficiente. Daí, para.

79
alguns, vida mais ativa, mais tenaz e, de certo modo,
superabundante.
A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-
se insuficiente para a conservação da vida, se
não for renovada pela absorção e assimilação das
substâncias que o contêm.
O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro.
Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que
o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida
prestes a extinguir-se.



Confirma-se aqui que a vida se dá pela "atividade"
do fluido vital e não apenas por ele. Tal como há a necessidade
do fluido vital para que, em existindo, seja movimentado,
qual também é imperioso que algo ou alguém propicie esse
movimento, essa atividade. Nessa sutileza e considerando
o caso em análise, seguramente, surge a importância do
magnetizador. Além de ele ser necessário, sabendo como agir
deve também possuir fluido em saturação para fazer uso e
conseguir favorecer a fim de se dar o prolongamento da vida
em suas mãos.
Embora não tenha ficado explícito na transcrição,
parece estar mais do que evidente que o trabalho com fluidos
pede mais do que simplesmente possuí-los. Até porque o seu
uso implicará não apenas no receptor, mas poderá levar seu
doador à exaustão.
Aproveitando o ensejo, lembro que, como seria de
se imaginar, os fluidos de exteriorização e doação não são
constantes, em termos quantitativos -- e, pela prática, os
passistas magnéticos sabem que qualitativamente também --
nos magnetizadores. Isso convida à reflexão acerca do risco do
esgotamento fluídico -- tema esse que trato em meus livros
sobre passes e magnetismo sob o título de "fadiga fluídica".
Por fim, a possibilidade de transmissão desses
fluidos é real, desde que quem precise encontre quem o
disponha, queira e saiba transmiti-lo.

80
Completando este assunto sobre fadiga, vejamos
uma rápida referência com Kardec:

O fluido humano sendo menos ativo, exige uma
magnetização prolongada e um verdadeiro
tratamento, às vezes, muito longo; o magnetizador,
dispensando seu próprio fluido, se esgota e se fatiga,
porque é de seu próprio elemento vital que ele dá;
é porque deve, de tempos em tempos recuperar
suas forças. O fluido espiritual, mais poderoso em
razão de sua pureza, produz efeitos mais rápidos e,
freqüentemente, quase instantâneos. Esse fluido não
sendo o do magnetizador, disto resulta que a fadiga é
quase nula. - In: Revista Espírita, edição setembro-
1865, artigo "Da mediunidade curadora", item 5.


Aí está Kardec fazendo referência às perdas fluídicas
pelo magnetizador em ação, o que pede cuidado no uso e
repouso para a recuperação vital. Inclusive, só para destacar,
ele não descartou a possibilidade de fadiga fluídica em quem
só aplica magnetismo espiritual; é quase nula essa fadiga, mas
não é nula.


Estas palavras: conhecendo em si mesmo a virtude que
dele saíra, são significativas. Exprimem o movimento
fluídico que se operara de Jesus para a doente; ambos
experimentaram a ação que acabara de produzir-se. É de
notar-se que o efeito não foi provocado por nenhum ato
da vontade de Jesus; não houve magnetização, nem
imposição das mãos. Bastou a irradiação fluídica
normal para realizar a cura.
Mas, por que essa irradiação se dirigiu para aquela mulher
e não para outras pessoas, uma vez que Jesus não pensava
nela e tinha a cercá-lo a multidão?
É bem simples a razão. Considerado como matéria
terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria

81
orgânica, afim de repará-la; pode então ser dirigido
sobre o mal pela vontade do curador ou atraído
pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra:
pela fé do doente. Com relação à corrente fluídica, o
primeiro age como uma bomba colcante e o segundo como
uma bomba aspirante. Algumas vezes, é necessária a
simultaneidade das duas ações; doutras, basta uma
só. O segundo caso foi o que ocorreu na circunstância de
que tratamos.
Razão, pois, tinha Jesus para dizer: «Tua fé te salvou.»
Compreende-se que a fé a que ele se referia não é uma
virtude mística, qual a entendem muitas pessoas, mas
uma verdadeira força atrativa, de sorte que aquele que
não a possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva,
ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a ação.
Assim sendo, também se compreende que, apresentando-
se ao curador dois doentes da mesma enfermidade,
possa um ser curado e outro não. É este um dos mais
importantes princípios da mediunidade curadora e
que explica certas anomalias aparentes, apontando-
Ihes uma causa muito natural. - In: A Gênese - Cap.
XV -- "Os milagres do Evangelho" -- item II.



Contrariando um pouco do que venho dizendo
em termos de necessidade de conhecimento do magnetismo
prático, temos aqui um vigoroso exemplo, no qual o
magnetizador sequer exprimiu sua vontade na direção do
movimento fluídico. O magnetizador foi Jesus e a paciente, a
mulher hemorroíssa. Eis o relato, conforme consta no Novo
Testamento:

- Ora, certa mulher, que havia doze anos padecia de
uma hemorragia e que tinha sofrido bastante às mãos de
muitos médicos, e despendido tudo quanto possuía sem
nada aproveitar, antes indo a pior, tendo ouvido falar
a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e

82
tocou-lhe o manto; porque dizia: Se tão-somente tocar-
lhe as vestes, ficaria curada. E imediatamente cessou a
sua hemorragia; e sentiu no corpo estar já curada do seu
mal. E logo Jesus, percebendo em si mesmo que saíra dele
uma virtude, virou-se no meio da multidão e perguntou:
Quem me tocou as vestes? Responderam-lhe os seus
discípulos: Vês que a multidão te aperta e perguntas:
Quem me tocou? Mas ele olhava em redor para ver a
que isto fizera. Então a mulher, atemorizada e trêmula,
cônscia do que nela se havia operado, veio e prostrou-se
diante dele e declarou-lhe toda a verdade. Disse-lhe ele:
Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre desse
teu mal. - In: Marcos, V, 25 a 34.



Naturalmente sabemos do grande poder fluídico
de Jesus e do padrão em que suas energias vibravam; parece
ser óbvio que sempre estiveram acima dos níveis que
conhecemos. Ainda assim, na mesma circunstância temporal
em que aquela mulher o tocou, uma multidão o fazia
igualmente, nem por isso conseguia absorver tal "virtude".
Fácil deduzir que um exerceu seu poder atrativo, no caso, a
mulher, conseguindo realizar a auto-magnetização, extraindo
para si a carga fluídica que necessitava para fazer romper
aquele circuito de perdas sangüíneas contínuas; os outros
careciam desse poder.
Destaco, além disso, outros pontos relevantes.
Kardec anotou: não houve magnetização, nem
imposição das mãos. Será que ele quis dizer isso mesmo? Se
sim, parece que há distinção entre os dois. Mais adiante, em
abordagem própria, tratarei desse assunto.
Adiante, ele volta a reunir a questão da vontade e da
fé nos processos de terapia magnética, afirmando que os fluidos,
necessitando atingir pontos orgânicos para a ocorrência da
cura, podem ser dirigidos sobre o mal pela vontade do curador,


83
ou atraídos pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra:
pela fé do doente. Ao que me permito questionar: e o que
seria um desejo ardente senão a própria vontade? Se bem que
esta, agora, é a vontade do paciente, não vejo como se dar o
magnetismo sem sua presença, como não imagino uma fé
sem esse querer e essa confiança arrebatadores.
Outra pontuação interessante é a que coloca o possível
e o realizável num campo lógico e ajustado. Para que o fluido
vital desempenhe sua função de cura, de vida, portanto, ele pede
a presença da fé inabalável. Quando existente nos envolvidos,
o potencial dos efeitos curativos se amplia, mas ficou evidente
que se o potencial de um for suficientemente forte e seguro,
o fenômeno ocorre de igual maneira. Todavia, querer que ele
se dê sem qualquer atratividade é uma extrapolação que só os
acomodados podem esperar. Se a Natureza não dá saltos e se
nada se obtém sem que seja desenvolvido esforço, não seria no
Magnetismo que essa regra estaria rompida. Portanto, quando se
recomenda aos pacientes que tenham fé não se estájogando com
conceitos meramente religiosos ou místicos, mas postulando-se
comportamento coerente com a própria ciência.
Dessa reflexão anterior surge uma outra paralela. Se
Jesus, enquanto magnetizador, podia curar mesmo sem ter, na
circunstância, a vontade a isso voltada, além do poder aspirante
da paciente em foco, também existia a potência fluídica
nele bem como a qualidade intrínseca para que o objetivo
fosse atingido. Bom, Jesus podia isso. E nós, poderíamos
também? Mesmo com a resposta sendo positiva, para que
isto ocorra pelo menos duas premissas precisam existir: que o
magnetizador possua o fluido magnético para exteriorização e
que este seja harmônico para o processo terapêutico. E como
se consegue isso? Aprimorando-o, desde a prática regular,
equilibrada, metódica e séria do magnetismo, assim como
na melhoria do padrão de freqüência em que se vive, ou
seja, no estado de elevação moral e justeza ética, de forma a
possuir uma consciência tranqüila, sem desequilíbrios. Esse

84
é o componente que melhor refina nossos fluidos e nos dota
de potenciais mais intensos de alcance curativos.
Por fim, Allan Kardec, sempre relacionando a
aplicação do magnetismo com a mediunidade curadora,
conclui que na base das explicações para que algumas curas
ocorram com certos pacientes enquanto que em outros não
se verifiquem na mesma intensidade, estão a fé e os potenciais
fluídicos. E quero chamar sua atenção para mais este detalhe:
embora incômodo, o argumento do merecimento, ou da
falta dele, não foi considerado nessa questão.

XIX. Por que é que nem toda gente pode produzir o
mesmo efeito e não têm todos os médiuns o mesmo poder?
"Isto depende da organização e da maior ou menor
facilidade com que se pode operar a combinação dos
fluidos. Influi também a maior ou menor simpatia
do médium para com os Espíritos que encontram
nele a força fluídica necessária. Dá-se com esta força
o que se verifica com a dos magnetizadores, que não é
igual em todos. A esse respeito, há mesmo pessoas que são
de todo refratárias; outras com as quais a combinação só
se opera por um esforço de vontade da parte delas; outras,
finalmente, com quem a combinação dos fluidos se efetua
tão natural e facilmente, que elas nem dão por isso e servem
de instrumento a seu mau grado, como atrás dissemos."
NOTA Estes fenômenos têm sem dúvida por
princípio o magnetismo, porém, não como geralmente
o entendem. A prova está na existência de poderosos
magnetizadores que não conseguiram fazer que uma
pequenina mesa se movesse e na de pessoas que não logram
magnetizar a ninguém, nem mesmo a uma criança, às
quais, no entanto, basta que ponham os dedos sobre uma
mesa pesada, para que esta se agite. Assim, desde que a força
mediúnica não guarda proporção com a força magnética,
é que outra causa existe. - In: O Livro dos Médiuns -
Cap. IV-- "Da teoria das manifestações físicas".



85
Mais uma vez, Kardec faz referência à organização
-- organismo, fisiologismo, corpo humano mesmo -- e às
possibilidades de combinações fluídicas, além da relação
entre os médiuns e os Espíritos, deixando de fora o item tão
referido por nós, os espíritas: o merecimento. Esta palavrinha
mágica, por sinal, é muito usada para preencher todos os
espaços que deveriam ser ocupados pelo conhecimento das
leis magnéticas. Pena que ela sirva tão bem para acobertar
justificativas injustificáveis.
Em seguida, ele relaciona a mediunidade com o
Magnetismo, muito embora ressalte, com total ênfase, que o
potencial magnético de um não o dota de poderes mediúnicos
e que nem todo médium possui igualmente grande poder
magnético. Apesar disso, o magnetismo é o princípio de
todos esses eventos.
Deduzo que qualquer leitor atento certamente
ficaria em dúvida com esse emaranhado -- quem ou o
quê vem de onde e sobre o que ou quem atinge e afeta --,
como, inclusive, nos primeiros passos do conhecimento
dessas ciências eu fiquei. O caso é: o que fazer para dele
sair? Simples; estudar e praticar. Posso até não ser o melhor
exemplo, mas é isso o que eu venho fazendo.


Qual a causa da insensibilidade física que se observa
em alguns convulsionarios, assim como em outros
indivíduos submetidos às mais atrozes torturas? "Em
alguns é, exclusivamente, efeito do magnetismo que
atua sobre o sistema nervoso, do mesmo modo que
certas substâncias. Em outros, a exaltação do pensamento
embota a sensibilidade. Dir-se-ia que nestes a vida se
retirou do corpo, para se concentrar toda no Espírito. Não
sabeis que, quando o Espírito está vivamente preocupado
com uma coisa, o corpo nada sente, nada vê e nada ouve?"
- In: O Livro dos Espíritos, questão 483.



86
Neste ponto temos uma colocação que eu considero
chave: "o magnetismo atua sobre o sistema nervoso".
Se, por um lado, esta informação nos presenteia com um
manancial de hipóteses e justificativas para um sem-número
de ocorrências tidas, outrora, como sobrenaturais, noutra
direção nos aponta para uma questão dolorosa, que surge
apenas no aprofundamento dessa constatação.
Primeiro devemos observar que as causas de
arrepios, tremores, abalos, choques e similares, enquanto
se está sob os efeitos de uma ação magnética -- seja como
doador ou receptor --, tem seu entendimento de forma
muito rápida quando se sabe da repercussão tão direta do
magnetismo sobre o sistema nervoso. Depois, sendo esse
sistema o meio no qual os fluidos se entretecem e estabilizam
por ocasião da absorção fluídica, os estados de alta tensão são
sempre desaconselháveis a quem pretenda ser atendido ou
a atender pelos mecanismos magnéticos. Também há de ser
considerado que com o magnetismo medrando no sistema
nervoso, não convém a alguém que o tenha em desalinho
ou desarmônico se propor à tarefa de magnetizar, pois lhe
faltará um padrão de equilíbrio para uma usinagem eficiente.
Por fim, com os fluidos magnéticos atingindo o sistema
nervoso de forma tão objetiva, sempre será de boa medida
termos muito cuidado no uso desse mecanismo de ajuda,
pois, embora cheios de boa intenção, podemos provocar
distúrbios no organismo do paciente, se não soubermos agir
de forma conveniente e segura.
A outra vertente do problema, a que incomoda
muito, é: com tantas doenças associadas ao sistema nervoso,
como Alzheimer, Parkinson, epilepsia, escleroses e AVCs,
por exemplo, seria de se esperar que elas recebessem do
Magnetismo uma terapia profunda e eficiente, de sorte
que a própria Medicina se apoiasse nesse meio terapêutico.
Todavia, tal não se dá. É, pois, de se questionar: estaria
correta a explicação dos Espíritos? Seria ela tão geral quanto
a entendo? Se sim, então teremos outras questões a resolver:

87
por que não conseguimos, ainda, obter, de forma constante
e repetida, resultados mais efetivos nas terapias dos males
do sistema nervoso? Por que não há um investimento nessa
direção? Por que até mesmo em mensagens espirituais
temos tão poucas referências a essa abordagem? Se a própria
humanidade já viveu, num passado recente, a década do
cérebro, qual a razão para nós, os espíritas e magnetizadores,
sermos tão tímidos nesse terreno tão carente de soluções
eficientes? Dentre as respostas prováveis e razoáveis, temos,
de partida, que os pacientes acometidos desses males não
procuram tanto essa terapia como se observa em outros tipos
de patologias; depois, os magnetizadores espíritas, lidando
com essa problemática, costumam fazer referências a questões
obsessivas, reencarnatórias ou de falta de merecimento
-- eis a palavrinha mágica aí -- em vez de estudarem e
aprofundarem seus conhecimentos e experiências; existe
também um certo receio de um imaginário conflito entre
a Medicina e o Magnetismo, como se essas fossem ciências
antagônicas inconciliáveis; a Espiritualidade talvez esteja
um tanto quanto silenciosa em torno do assunto esperando
o despertamento do homem para a realidade sutil de sua
própria natureza; e o pior: parece que não acreditamos em nós
mesmos, em nossos potenciais, do contrário nosso empenho,
nossa dedicação e nossos objetivos seriam mais ambiciosos,
pois caminhar nessa direção é buscar desenvolver um bem
tão grandioso para a humanidade que não dá mais para se
permanecer de braços cruzados.
Nas duas questões que antecedem a transcrita,
Allan Kardec tratou, mais detalhadamente, as convulsões e
os convulsionarios. Vejamo-las.


Desempenham os Espíritos algum papel nos
fenômenos que se dão com os indivíduos chamados
convulsionarios?


88
"Sim e muito importante, bem como o magnetismo,
que é a causa originária de tais fenômenos. O
charlatanismo, porém, os tem amiúde explorado e
exagerado, de sorte a lançá-los ao ridículo".
Como é que sucede estender-se subitamente a toda uma
população o estado anormal dos convulsionarios e dos
que sofrem de crises nervosas?
"Efeito de simpatia. As disposições morais se comunicam
mui facilmente, em certos casos. Não és tão alheio aos
efeitos magnéticos que não compreendas isto e a
parte que alguns Espíritos naturalmente tomam no fato,
por simpatia com os que os provocam."
Entre as singulares faculdades que se notam nos
convulsionarios, algumas facilmente se reconhecem, de
que numerosos exemplos oferecem o sonambulismo e o
magnetismo, tais como, além de outras, a insensibilidade
física, a leitura do pensamento, a transmissão das dores,
por simpatia, etc. Não há, pois, duvidar de que aqueles
em quem tais crises se manifestam estejam numa espécie
de sonambulismo despeño, provocado pela influência que
exercem uns sobre os outros. Eles são ao mesmo tempo
magnetizadores e magnetizados, inconscientemente.
- In: O Livro dos Espíritos, questões 481 e 482.


Na resposta à primeira pergunta, os Espíritos
ratificam que o magnetismo é a causa matriz do fenômeno
das convulsões e na segunda falam da "simpatia" como
deflagrador. Pergunto: a que tipo de simpatia eles se
referiam? Os Espíritos informam ser aquelas referentes às
semelhanças morais, as quais tendem a reunir os que se
encontram sob idênticos padrões. Portanto, não se tratava de
simpatia pessoal porque, a exemplo do sucedido no famoso
caso dos convulsionarios de Saint-Médard (ver O Livro
dos Médiuns, cap. II, item 11, e Revista Espírita, edições
de novembro e dezembro-1859; e maio, julho e setembro-
1860), os que entravam em crises convulsivas muitas vezes
sequer se tinham visto antes.

89
U m a outra dedução pode ser extraída da
"reprimenda" dada pelos Espíritos ao codificador, já que
ele era conhecedor do magnetismo; ele deveria saber que
a simpatia existente ou ausente se dava em relação aos
campos fluídicos interagindo uns com os outros. Ou seja,
os fluidos vitais de cada convulsionario se reconheciam e
se permutavam, transformando, literalmente, suas vidas,
ainda que momentaneamente, donde serem tidos como
magnetizadores e magnetizados a um só tempo.
Para não deixar inconclusa a questão da simpatia,
vejamos esta colocação de Kardec.


A força fluídica aplicada à ação recíproca dos
homens uns sobre os outros, quer dizer, no
magnetismo, pode depender: 1° da soma de fluido
que cada um possui; 2° da natureza intrínseca do
fluido de cada um, abstração feita da quantidade;
o
3 do grau de energia da força impulsora, talvez
mesmo dessas três causas reunidas. Na primeira
hipótese, aquele que tem mais fluido dá-lo-ia àquele que
o tem menos, mais do que dele receberia; haveria, nesse
caso, analogia perfeita com a permuta de calor que fazem
entre eles, dois corpos que se colocam em equilíbrio de
temperatura. Qualquer que seja a causa dessa diferença,
podemos nos dar conta do efeito que ela produz, supondo
três pessoas das quais nós representaremos a força por três
números: 10, 5 e 1. O 10 agirá sobre o 5 e sobre o 1,
mas, mais energicamente sobre o 1 do que sobre o 5; o 5
agirá sobre o 1, mas será impotente sobre o 10; enfim, o
1 não agirá nem sobre um, nem sobre o outro. Tal seria a
razão pela qual certas pessoas são sensíveis à ação de tal
magnetizador e insensíveis à ação de tal outro. Pode-
se ainda, até um ceño ponto, explicar esse fenômeno,
reportando-nos às considerações precedentes. Dissemos,
com efeito, que os fluidos individuais são simpáticos
ou antipáticos, uns em relação aos outros. Ora, não


90
poderia se dar que a ação recíproca de dois indivíduos
estivesse em razão da simpatia dos fluidos, quer dizer,
de sua tendência a se confundir, por uma espécie de
harmonia, como as ondas sonoras produzidas pelos
corpos vibrantes? É indubitável que essa harmonia
ou simpatia dos fluidos é uma condição, ainda
que não absolutamente indispensável, ao menos
muito preponderante, e que, quando há desacordo
ou simpatia, a ação não pode ser senão fraca, ou
mesmo nula. Esse sistema nos explica bem as condições
prévias da ação; mas não nos diz de que lado está a
força, e tudo admitindo, somos forçados a recorrer à nossa
primeira suposição.
De resto, que o fenômeno haja ocorrido por uma ou por
outra dessas causas, isso não tem nenhuma conseqüência;
o fato existe, é o essencial: os da luz se explicam,
igualmente, pela teoria da emissão e das ondulações; os
da eletricidade, pelos fluidos positivo e negativo, vítreo e
resinoso. - In: Obras Póstumas, "Introdução ao estudo
da fotografia e da telegrafia do pensamento".



Aqui, Allan Kardec apresenta raciocínio bastante
simples para explicar a interação magnética entre duas ou mais
pessoas, considerando o potencial fluídico delas. Em seguida
comenta acerca da simpatia, a qual é considerada como uma
condição preponderante nas envolvências fluídicas. Pelos
detalhamentos fica bem claro de que tipo de simpatia ele
tratava e, por dedução, confirma o que os Espíritos também
queriam dizer na transcrição anterior.


24. O fluido magnético emana do sistema nervoso
ou está espalhado na massa atmosférica? - R. Do sistema
nervoso; mas o sistema nervoso o aure na atmosfera,
foco principal. A atmosfera não o possui por si mesma,
ele vem de seres que povoam o Universo: não é o nada


91
que o produz, ao contrário, é a acumulação da vida e da
eletricidade que essa multidão de existências libera.
25. O fluido nervoso é um fluido próprio ou seria o
resultado de uma combinação de todos os outros fluidos
imponderáveis que penetram no corpo, tais como o calor,
a luz, a eletricidade? - R. Sim e não: não conheceis
bastante esses fenômenos para deles falar assim; vossas
palavras não exprimem o que quereis dizer.
26. De onde vem o adormecimento produzido pela ação
magnética? - R. A agitação produzida pela sobrecarga
de fluido que obstrui o magnetizado.
21. A força magnética, no magnetizador, depende
de sua constituição física? - R. Sim, mas sempre de seu
caráter: em uma palavra, dele mesmo.
28. Quais são as qualidades morais que, num sonâmbulo,
podem ajudar o desenvolvimento de suas faculdades? - R.
As boas: perguntastes o que pode ajudar.
29. Quais são os defeitos que mais o prejudicam? - R.
A má fé.
30. Quais são as qualidades mais essenciais no
magnetizador? - R. O coração; as boas intenções
sempre firmes; o desinteresse.
31. Quais são os defeitos que mais o prejudicam?
- R. Os maus pendores, ou antes, o desejo de
prejudicar. - In: Revista Espírita, edição março -1959,
artigo "Senhora Reynaud, sonâmbula".



Ao dispor as questões acima, Allan Kardec antes
destaca a seriedade do Espírito comunicante, tanto que
ele mesmo fez questão de dirigir algumas das perguntas
ao mesmo no intuito de complementar as informações
anteriormente obtidas por outro grupo. De tão concordante
com tudo, ele não aditou nenhum outro comentário que
servisse de retificação ou ajuste.
Como podemos observar, na primeira questão ele
trata da ligação entre o sistema nervoso e o magnetismo, mas

92
na seguinte evidencia que não se trata de uma percepção tão
linear como costumeiramente deduzimos. Levando para
a atmosfera, o campo no qual o sistema nervoso aure sua
energética fluídica, destaca que não se trata dos componentes
do ar em si e sim das emanações fluídicas vitais aí espalhadas
ou concentradas.
Da pergunta 26 podemos fazer uma outra importante
dedução. Está claro que os grandes concentrados fluídicos ou
magnéticos, atualmente mais conhecidos como congestões
fluídicas, são os responsáveis pelo adormecimento nas
ações magnéticas. Não seriam esses mesmos concentrados,
estacionados em locais e de forma imprópria, os responsáveis por
uma série sem fim de mal-estares, doenças ou anomalias com
as quais nos deparamos cotidianamente? E quando, operando
pelo magnetismo, provocamos esse mesmo tipo de concentrado
energético num paciente, não estaremos correndo o risco
de patrocinar estados mórbidos ou descompensados em seu
psiquismo, em sua estrutura orgânica, em sua vida? Com isso se
sobressai a necessidade de se conhecer as técnicas magnéticas.
Nas perguntas que se seguiram tivemos todo um
conjunto de respostas indicando a necessidade de uma boa
moral por parte do magnetizador que pretenda ser bom e
eficiente no seu labor, inclusive indicando as principais falhas
de caráter que comprometem sua ação magnética.

O princípio dos fenômenos psíquicos repousa, como
já vimos, nas propriedades do fluido perispiritual,
que constitui o agente magnético; nas manifestações
da vida espiritual durante a vida corpórea e depois
da morte; e, finalmente, no estado constitutivo dos
Espíritos e no papel que eles desempenham como
força ativa da Natureza. Conhecidos estes elementos e
comprovados os seus efeitos, tem-se, como conseqüência, de
admitir a possibilidade de certos fatos que eram rejeitados
enquanto se lhes atribuía uma origem sobrenatural. -- In: A
Gênese -- Cap. XV- Os milagres do Evangelho, item 1.


93
Eis aí uma generalização portentosa: os fenômenos
psíquicos repousam no campo fluídico chamado perispírito, o
qual é a expressão viva do magnetismo e da melhor realização
do fluido vital. Além disso, estende-se todo esse poder até o
reino do Espírito, tudo dentro dos limites da Natureza, tudo
de forma majestosa e eloqüente. -- Na última abordagem deste
livro voltarei a comentar sobre a ligação e a influência do
magnetismo, através do sonambulismo, no psicologia humana,
tudo dentro do que preconizou nosso mestre Allan Kardec.


O fluido é, pois, a própria vida; é o movimento, a
energia, a coragem, o progresso; é o bem e o mal.
É essa força que parece animar, por sua vez, pelo sopro
de sua vontade, seja a charrua benfazeja que fertiliza a
terra e faz de nós os alimentadores do gênero humano,
seja o fuzil maldito que a despovoa e nos transforma em
assassinos de nossos irmãos.


O fluido facilita entre o Espírito do inspirador e
do inspirado, as relações que, sem ele, seriam
impossíveis. - In: Revista Espírita, edição julho-
o
1869, 2 artigo "Extrato dos manuscritos de
um jovem médium bretão", "Os Alucinados, os
Inspirados, os fluídicos e os Sonâmbulos", item III,
"Fluídicos".


E aqui chegamos à conclusão dessa abordagem. A
opinião desse jovem médium bretão, devidamente anotada
por Allan Kardec em sua Revista Espírita, reforça o que foi
dito acima. Muito embora tenha aproveitado os diversos
ensejos de comentar pontos e notas que não estariam
inteiramente ligadas ao tema da abordagem desse item,
creio que ficou bem evidenciado que a vida e o fluido vital
estão em perfeita ressonância, de tal forma que é lícito se


94
dizer que um é o outro, que o movimento do fluido vital
corresponderá sempre ao movimento da vida. E por ele
facilitar as relações entre os 'mundos', de maneira que sem
ele fica inibida a comunicação, extrapolo e digo que o círculo
vital, literalmente, segue atuando vida afora.




95
Abordagem 6
N e m sempre os Espíritos
estão presentes




É verdadeiramente intrigante e instigante o
estudo do Magnetismo a partir das obras do senhor Allan
Kardec. Á medida que avançamos em sua leitura e vamos
nos infütrando, de forma percuciente e grave, percebemos
que muito se fala em seu nome e de sua Doutrina, mas nem
sempre se conhece, de verdade, o que ele disse, o que ele
perguntou, o que ele pesquisou, o que ele concluiu.
Acredito que, da mesma forma como aconteceu
comigo, quase todos os espíritas ouviram, repetidas vezes,
que "tudo depende dos Espíritos", especialmente quando se
faz referência aos passes. "São os Espíritos, e só Eles, que
sabem, fazem, manipulam e tudo determinam e realizam".
É o resumo das mais comuns informações ditas e repetidas
aos quatro cantos, a mancheias. E aos passistas e médiuns,
por conseqüência, de forma equivocada, bem se vê, sobra
apenas o exercício da "boa vontade", o que, como já vimos
na abordagem 3, também distorce o que ele falou e escreveu
acerca da virtude ativa por excelência, a vontade.

97
Para desespero de muitos que ainda acreditam e
divulgam essas informações, na ação magnética nem sempre
se conta com a presença espiritual.


Esta teoria nos fornece a solução de um fato bem
conhecido em magnetismo, mas inexplicado até hoje: o
da mudança das propriedades da água, por obra da
vontade. O Espírito atuante é o do magnetizador,
quase sempre assistido por outro Espírito. Ele opera
uma transmutação por meio do fluido magnético que,
como atrás dissemos, é a substância que mais se aproxima
da matéria cósmica, ou elemento universal. Ora, desde
que ele pode operar uma modificação nas propriedades
da água, pode também produzir um fenômeno análogo
com os fluidos do organismo, donde o efeito curativo da
ação magnética, convenientemente dirigida. - In:
O Livro dos Médiuns, cap. VIII - "Do laboratório do
mundo invisível" - item 131.



Que tal dissecarmos esta citação? Vamos lá!
Ao tempo do início da Codificação Espírita, a
questão da mudança das propriedades da água pela ação
magnética, embora o fenômeno fosse conhecido por todos
os magnetizadores, não tinha recebido uma explicação que
estabelecesse, claramente, o que de fato ocorria. O fator
determinante da mudança era e é um sutil e impalpável agente
chamado vontade. Para tanto, interpõe-se a necessidade de
um detentor dessa vontade, o qual não é nenhum Espírito
estranho ou distante, senão o próprio magnetizador. Na
ampla visão de Kardec, contudo, na realização do fenômeno
pode haver a necessidade de mais um elemento no processo,
por ele identificado como "um outro Espírito". Só que esse
elemento "quase sempre" assiste, ou seja, "quase sempre"


98
ampara, protege, reforça o "Espírito atuante", que é o próprio
magnetizador. Por que será que o codificador usou a expressão
"quase sempre" no lugar de sempre? Será que ele tinha dúvida
ou certeza de que nem todo fenômeno magnético conta,
verdadeiramente, com um acompanhamento espiritual
direto? -- Quero chamar sua atenção para o fato desta citação
constar de O Livro dos Médiuns e não de alguma obra
complementar. Não que as obras complementares percam
valor por isso, mas apenas para referendar que o dito está,
literalmente, na Codificação.
Continuando, Kardec explica que o magnetizador
opera uma transmutação nas propriedades da água fazendo
uso do fluido magnético, por força de sua vontade dirigida.
Até este ponto alguém poderia advogar que ele
apenas se referiu à ação fluídica sobre a água e não sobre os
seres humanos, mas ele não se fez esperar e logo aditou que,
analogamente, tal procedimento fluídico também se verifica
no organismo. Primeiramente a ação atinge a estrutura
fluídica deste para depois produzir a cura. Entretanto,
precisam ser bem enfocadas as palavras finais da transcrição:
"o efeito curativo da ação magnética, convenientemente
dirigida". Aí está um outro ponto crucial: o da ação pedir
uma direção conveniente. Como se conseguir isso? Como se
ter a segurança de que a ação é convenientemente dirigida?
Apenas acreditando na ação dos Espíritos protetores? Claro
que não. Afinal, o fluido magnético pertence mesmo ao
magnetizador, que é quem promove a transmutação referida.
Portanto, cabe a este o cuidado, o saber e a consciência do que
fazer e do como fazer. O magnetizador precisa, como já foi
dito e repetido, ter conhecimento lúcido das duas ciências:
magnetismo e espiritismo. Do contrário, fica difícil saber
como realizar o indicado por Kardec.


99
Têm algumas pessoas, verdadeiramente, o poder de
curar pelo simples contacto?
"A força magnética pode chegar até aí, quando
secundada pela pureza dos sentimentos e por um
ardente desejo de fazer o bem, porque então os bons
Espíritos lhe vêm em auxílio. Cumpre, porém,
desconfiar da maneira pela qual contam as coisas pessoas
muito crédulas e muito entusiastas, sempre dispostas a
considerar maravilhoso o que há de mais simples e mais
natural. Importa desconfiar também das narrativas
interesseiras, que costumam fazer os que exploram, em
seu proveito, a credulidade alheia." -- In: O Livro dos
Espíritos, questão 556.


Se no comentário anterior descobrimos que nem
sempre os Espíritos estão consorciados nas tarefas magnéticas,
na questão acima foi apresentada, pelos Espíritos Superiores,
as condições básicas para que os bons Espíritos venham em
auxílio aos trabalhos magnéticos:
- a pureza dos sentimentos e
- um ardente desejo de fazer o bem.
Ufa! Ainda bem que existem condições que nos
assegurem essas presenças. Mas... será que estamos tão bem
preparados? Será que estamos dispostos a essa preparação?
A pureza de sentimentos é algo amplo a tal ponto que não
exclui nenhuma virtude e um ardente desejo de fazer o bem
é a melhor expressão da vontade. Já atingimos tais virtudes?
Estaremos, ao menos, nos esforçando para vivenciá-las?
Antes de prosseguirmos, quero pontuar que logo
no início da mesma citação existem duas considerações
adicionais:
1- Kardec considerava o toque como uma prática
natural -- esta constatação deve estarrecer muita gente que
sempre proibiu tal técnica; e


100
2- A cura, em seu sentido bem apropriado, quando se dá
por um simples toque, não estabelece uma regra simples ou geral;
este fato retrata um ponto limite, que será visto mais adiante.

Que se deve pensar da crença no poder, que certas
pessoas teriam, de enfeitiçar?
'Algumas pessoas dispõem de grande força magnética,
de que podem fazer mau uso, se maus forem seus
próprios Espíritos, caso em que possível se torna serem
secundados por outros Espíritos maus. Não creias,
porém, num pretenso poder mágico, que só existe na
imaginação de criaturas supersticiosas, ignorantes das
verdadeiras leis da Natureza. Os fatos que citam, como
prova da existência desse poder, são fatos naturais, mal
observados e sobretudo mal compreendidos." - In: O
Livro dos Espíritos, questão 552.


Antes de entrar no foco desta abordagem, permita-
me fazer-lhe um convite: releia, atentamente, a pergunta
formulada por Kardec. Ei-la:

Que se deve pensar da crença no poder, que certas
pessoas teriam, de enfeitiçar?


Há quem diga que os Espíritos responderam a
Allan Kardec dentro do espírito do que ele cria e defendia.
Pergunto: você acha que ele acreditava ou duvidava do poder
de enfeitiçar? O entre vírgulas deixa claro de que ele, no
mínimo, duvidava desse poder. Interessante, não acha?
Mas vamos ao ponto que estamos tratando.
Nas primeiras referências desta abordagem,
consideramos a presença ou não dos bons Espíritos nas
manifestações magnéticas. Vimos que não nos é permitido,
em sã consciência, dizer que Eles sempre estão presentes.
Nesta referência agora é considerada a possibilidade
ou não da presença de Espíritos inferiores. E, mais uma vez,

101
os Espíritos da Codificação optaram pela forma condicional:
"possível se torna" a influência de Espíritos maus, ou
seja, é possível, o que não significa "acontece". Portanto,
contrariamente ao que é usualmente colocado, nem para o
bem, nem para o mal podemos afirmar, intempestivamente,
que sempre haverá a participação dos Espíritos nas ações
magnéticas. Daí a responsabilidade do magnetizador
aumentar consideravelmente, pois a ocorrência depende e
dependerá, de forma inarredável, dele, de seus atributos, de
seus conhecimentos, de sua condução e de sua moral.

a
I Podem considerar-se as pessoas dotadas de força
magnética como formando uma variedade de médiuns?
"Não há que duvidar".
a
2 Entretanto, o médium é um intermediário entre os
Espíritos e o homem; ora, o magnetizador, haurindo em
si mesmo a força de que se utiliza, não parece que seja
intermediário de nenhuma potência estranha.
"É um erro; a força magnética reside, sem dúvida, no
homem, mas é aumentada pela ação dos Espíritos
que ele chama em seu auxílio. Se magnetizas com o
propósito de curar, por exemplo, e invocas um bom
Espírito que se interessa por ti e pelo teu doente, ele
aumenta a tua força e a tua vontade, dirige o teu
fluido e lhe dá as qualidades necessárias".
a
3 Há, entretanto, bons magnetizadores que não crêem
nos Espíritos?
"Pensas então que os Espíritos só atuam nos que crêem
neles? Os que magnetizam para o bem são auxiliados
por bons Espíritos. Todo homem que nutre o desejo
do bem os chama, sem dar por isso, do mesmo modo
que, pelo desejo do mal e pelas más intenções, chama
os maus".
a
4 Agiria com maior eficácia aquele que, tendo a força
magnética, acreditasse na intervenção dos Espíritos?
"Faria coisas que consideraríeis milagre".


102
a
5 Há pessoas que verdadeiramente possuem o dom de
curar pelo simples contacto, sem o emprego dos passes
magnéticos?
"Certamente; não tens disso múltiplos exemplos?"
a
6 Nesse caso, há também ação magnética, ou apenas
influência dos Espíritos?
"Uma e outra coisa. Essas pessoas são verdadeiros
médiuns, pois que atuam sob a influência dos Espíritos;
isso, porém, não quer dizer que sejam quais médiuns
curadores, conforme o entendes".
a
I Pode transmitir-se esse poder?
"O poder, não; mas o conhecimento de que necessita,
para exercê-lo, quem o possua. Não falta quem não
suspeite sequer de que tem esse poder, se não acreditar que lhe
foi transmitido". - In: O Livro dos Médiuns - Cap. XIV
- "Dos Médiuns" - Item 116.



Esta série de perguntas feitas por Allan Kardec
aos Espíritos vai mais longe, mas estas aí são mais do que
suficientes para a abordagem que estamos fazendo. Irei analisar
as respostas de uma em uma.
Na primeira os Espíritos consideram que as pessoas
dotadas de uma força magnética são uma variedade de
médiuns, o que reforça o que já vimos analisando.
A segunda resposta novamente contrapõe as
suposições iniciais e pessoais do senhor Allan Kardec
mostrando a independência dos Espíritos nas abordagens.
Mas o que nos interessa mais diretamente é que os Espíritos
ratificam o essencial, dizendo, categoricamente, que "a força
magnética reside, sem dúvida, no homem, mas é aumentada pela
ação dos Espíritos que ele chama em seu auxílio". Nesse ponto
surge mais uma condicionante para a presença dos Espíritos:
o "chamado" em auxílio. E se o Espírito evocado é um bom
Espírito, que se interessa pelo magnetizador e pelo paciente,
sua presença é multiplicadora de poderes, compensando,


103
dentro de certos limites, até mesmo eventuais falhas na
direção conveniente das ações magnéticas.
Consecutivamente, Kardec quis saber dos
magnetizadores que não acreditam nos Espíritos. A resposta
dada é grandiosa: quando agimos bem intencionados e
nutrindo o bem verdadeiro somos auxiliados pelos bons
Espíritos, mesmo sem nos darmos conta disso. Idêntica
ocorrência se dá com os que magnetizam para o mal, atraindo
Espíritos afins.
Parece não restar dúvidas de que ter a força magnética
e crer na atuação espiritual é fator potencializador. Apenas uma
dúvida resta aí: o que seria esse crer na atuação dos Espíritos?
Seria apenas dizer-se espírita ou afirmar que acredita pelo
simples fato de temê-los? Certamente que não. Crer no
Mundo Espiritual é agir de forma consentânea com essa
crença, contribuindo para que a boa parceria se estabeleça.
Na questão seguinte, a quinta, volta o toque e
seu poder de cura. Notemos que Kardec faz uma distinção
entre o simples contacto e os passes magnéticos, com isso
ressaltando que ele considerava, na pergunta, o caráter
restritivo, limitado a uma única ação.
Da sexta pergunta Eles ressaltam que, embora
os magnetizadores, quando usam o toque curador, sejam
considerados atuando sob a influência dos Espíritos, não são
médiuns curadores conforme usualmente entendido. Isto
porque há claros sinais indicadores de onde vai a ação de um
e onde age a outra. Veremos isso mais adiante.
Por fim, o poder magnético, humano, portanto,
não pode ser transmitido, embora seja educável, passível de
ser ensinado. -- Mas... Onde anda quem queira aprender?

Médiuns curadores: os que têm o poder de curar
ou de aliviar o doente, pela só imposição das mãos,
ou pela prece.


104
"Esta faculdade não é essencialmente mediúnica;
possuem-na todos os verdadeiros crentes, sejam
médiuns ou não. As mais das vezes é apenas
uma exaltação do poder magnético, fortalecido,
se necessário, pelo concurso de bons Espíritos".
- In: O Livro dos Médiuns - Cap. XVI - "Dos
médiuns especiais" - Item 189.


Muito interessante notar a definição dada por
Kardec para os médiuns curadores; o poder deles pode ser
apresentado pela simples imposição das mãos ou até mesmo
pela prece, sem maiores manipulações magnéticas por si
mesmo. Contudo, a colocação pelos Espíritos amplia o tema
de forma surpreendente: os verdadeiros crentes, ou seja,
os que têm fé, vontade e poder magnético podem operar
essas mesmas maravilhas, médiuns ou não, quer dizer, sob a
influência dos Espíritos ou sem ela. Isso fica reforçado pela
condicional novamente interposta pelos Espíritos, qual seja,
"se necessário". Seguramente, casos existem em que não se
faz necessária a interferência deles.

Médiuns excitadores: pessoas que têm o poder de, por sua
influência, desenvolver nas outras a faculdade de escrever.
"Aí há antes um efeito magnético do que um caso
de mediunidade propriamente dita, porquanto nada
prova a intervenção de um Espírito. Como quer que
seja, pertence à categoria dos efeitos físicos". - In:
O Livro dos Médiuns -- Cap. XVI - "Dos médiuns
especiais" - Item 189.


Tratando dos excitadores, os Espíritos destacam que
em suas atuações ocorrem, sobremodo, efeitos magnéticos.
Interessante que nessa colocação Eles fazem a ligação entre
efeitos magnéticos e efeitos físicos. Apesar desse destaque,

105
alguns estudiosos teimam em dizer que o magnetismo não se
englobaria na categoria dos chamados fenômenos de efeitos
físicos. Necessário que repensem.

A ação magnética pode produzir-se de muitas maneiras:
1° pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo
propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ação
se acha adstrita à força e, sobretudo, à qualidade do fluido;
2° pelo fluido dos Espíritos, atuando diretamente e
sem intermediário sobre um encarnado, seja para o
curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o
sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o
indivíduo uma influência física ou moral qualquer. É o
magnetismo espiritual, cuja qualidade está na razão
direta das qualidades do Espírito;
o
3 pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre
o magnetizador, que serve de veículo para esse
derramamento. É o magnetismo misto, semi-espiritual,
ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o
fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades
de que ele carece. Em tais circunstâncias, o concurso dos
Espíritos é amiúde espontâneo, porém, as mais das vezes,
provocado por um apelo do magnetizador. - In: A
Gênese - Cap. XIV- "Curas" - item 33.


Na abertura dessas três frentes de ação do
magnetismo, mesmo considerando que, em termos absolutos,
se trata de uma classificação didática, se se pode considerar o
magnetismo humano como sendo isento de uma influência
espiritual direta, esta classificação reforça o que definimos
nesta abordagem: nem sempre os Espíritos estão presentes na
ação magnética.




106
Abordagem 7
O espírito a t u a n t e é o
do magnetizador




De certa forma, esta abordagem é conseqüência ou
continuação da anterior. Considerando-se, como visto, que
haveria casos em que o magnetismo -- dito humano ou
animal -- não contaria com a participação espiritual, deduz-
se, diretamente, que o atuante seria o próprio magnetizador.
Ora, se para um caso como este, a lógica e a prática direcionam
todas as conclusões para tal, não seria demais fazer-se a
extrapolação de que o espírito atuante e possuidor dos fluidos
seja, de verdade, o operador. Apesar deste raciocínio e de tudo
o que já foi apontado e comentado na abordagem 6, vejamos
outras implicações que ratificam o tema desta.
Iniciarei repetindo, já pela terceira vez, uma mesma
citação:

O poder da fé se demonstra, de modo direto e especial,
na ação magnética; por seu intermédio, o homem atua
sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as
qualidades e lhe dá uma impulsão por assim dizer
irresistível. Daí decorre que aquele que a um grande

107
poder fluídico normal junta ardente fé, pode, só pela
força da sua vontade dirigida para o bem, operar
esses singulares fenômenos de cura e outros, tidos
antigamente por prodígios, mas que não passam de
efeito de uma lei natural. Tal o motivo por que Jesus
disse a seus apóstolos: se não o curastes, foi porque não
tínheis fé. - In: O Evangelho segundo o Espiritismo
- Cap. XLX- 'A fé transporta montanhas", item 5.



Aqui encontramos Allan Kardec definindo,
claramente, quem atua, onde atua e que resultados obtém de
sua ação, movida pela fé e pela vontade. Não há dúvidas: é o
homem. Mas tem mais.


A cura é obtida sem o emprego de nenhum medicamento,
portanto, ela é devida a uma influência oculta; e
tendo em vista que se trata de um resultado efetivo,
material, e que nada pode produzir alguma coisa,
é preciso que essa influência seja alguma coisa
de material; isso não pode, pois, ser senão um fluido
material, embora impalpável e invisível. O Sr. Jacob
não tocando o doente, não fazendo mesmo nenhum
passe magnético, o fluido não pode ter por motor e
propulsor senão a vontade; ora, a vontade não sendo
um atributo da matéria, não pode emanar senão do
espírito; é, pois, o fluido que age sem o impulso do
espírito. A maioria das doenças curadas por esse meio,
sendo daquelas contra as quais a ciência é impotente, há,
pois, agentes curativos mais poderosos do que aqueles da
medicina comum; esses fenômenos são, conseqüentemente,
a revelação de leis desconhecidas da ciência; em presença
de fatos patentes é mais prudente duvidar do que
negar. Tais são as conclusões às quais chega forçosamente
todo observador imparcial.
Qual é a natureza desse fluido? É da eletricidade
ou do magnetismo?

108
Provavelmente, há de um e de outro, e talvez alguma
coisa a mais; em todos os casos, deles é uma modificação,
uma vez que os efeitos são diferentes. A ação magnética é
evidente embora mais poderosa do que a do magnetismo
comum, do qual esses fatos são a confirmação, e ao
mesmo tempo a prova, de que não disse a sua última
palavra. - In: Revista Espírita, edição novembro-1867,
o
artigo "O zuavo Jacob" - 2 artigo.


1
Na análise do caso do Zuavo Jacob -- totalmente
descrito nas edições da Revista Espírita de outubro-1866,
julho-1867 e novembro-1867 --, Allan Kardec começa
ponderando em cima de raciocínio simples e direto: há ou
não há a cura? Houve ou não a movimentação ostensiva dos
fluidos? Se há a influência então existe um co-partícipe no
fenômeno e, pelo caso, há de ser algo material. De onde viria
isso? Não poderia ser de um Espírito, por ele não dispor
daquele elemento material, portanto...
Ademais, no mesmo artigo, Kardec traz à baila
uma bem urdida cadeia de elementos afins, entrelaçando-
os coerentemente, desde o magnetizador, seguindo pelo
m é d i u m de cura, da ação da vontade, da existência do
M u n d o Espiritual, das diferenças de potencial entre os
magnetizadores, dos fluidos curativos e sua natureza,
da ação magnética e arrematando com notável reflexão
acerca da prudência que se deve ter quando se envolverem
deduções e conclusões. Sem dúvida, um trecho que pede
uma boa leitura.




1 Zuavo, segundo o Houaiss: 1 - soldado argelino, originário de uma
tribo cabilda, pertencente a um corpo de infantaria ligeira da armada fran-
cesa, criado na Argélia em 1831 e caracterizado por um uniforme vistoso
e colorido; 2- soldado armado e uniformizado à semelhança dos zuavos.

109
... Algumas explicações farão facilmente compreender o
que se passa nesta circunstância. Sabe-se que o fluido
magnético comum pode dar, a certas substâncias,
propriedades particulares ativas; neste caso, age de
alguma sorte como agente químico, modificando o estado
molecular dos corpos; nada há, pois, de espantoso em que
possa mesmo modificar o estado de certos órgãos; mas
compreende-se, igualmente, que sua ação, mais ou
menos salutar, deve depender de sua qualidade; daí
as expressões de "bom ou mau fluido; fluido agradável ou
penoso." Na ação magnética propriamente dita é o
fluido pessoal do magnetizador que é transmitido e
esse fluido, que não é outro senão o perispírito, sabe-se que
participa sempre, mais ou menos, das qualidades
materiais do corpo, ao mesmo tempo que sofre a
influência moral do Espírito. É, pois, impossível que
o fluido próprio de um encarnado seja de uma pureza
absoluta, e é por isso que sua ação curativa é lenta, algumas
vezes nula, algumas vezes mesmo nociva, porque
pode transmitir ao enfermo princípios mórbidos.
De que um fluido seja bastante abundante e enérgico
para produzir efeitos instantâneos de sono, de catalepsia,
de atração ou de repulsão, não se segue, de nenhum modo,
que tenha qualidades necessárias para curar; é a força
que abate e não o bálsamo que abranda e repara;
assim ocorre com os Espíritos desencarnados de
uma ordem inferior, cujo fluido pode mesmo ser
malfazejo, o que os Espíritas têm, a cada instante, a
ocasião de constatar. Só nos Espíritos superiores o fluido
perispiritual está despojado de todas as impurezas da
matéria; de alguma sorte, ele é quintessenciado; sua
ação, por conseqüência, deve ser mais salutar e mais
pronta; é o fluido benfazejo por excelência. Uma vez
que não se pode encontrá-lo entre os encarnados, nem
entre os desencarnados vulgares, é preciso, pois, pedi-lo
aos Espíritos elevados, como se vai procurar nas regiões
longínquas os remédios que não se encontram na sua. O

110
médium curador emite pouco de seu próprio fluido;
ele sente a corrente do fluido estranho que o penetra
e ao qual serve de condutor; é com esse fluido que
magnetiza, e aí está o que caracteriza o magnetismo
espiritual e o distingue do magnetismo animal: um
vem do homem, o outro dos Espíritos. Como se vê, não
há aí nada de maravilhoso, mas um fenômeno resultante
de uma lei da Natureza que não se conhecia. (...) Entre
o magnetizador e o médium curador há, pois, esta
diferença capital, que o primeiro magnetiza com seu
próprio fluido e o segundo com o fluido depurado
dos Espíritos; de onde se segue que estes últimos dão
seu concurso àqueles que querem e quando querem; que
podem recusá-lo, e, por conseqüência, tirar a faculdade
àquele que dela abusasse ou a desviasse de seu objetivo
humanitário e caridoso para dela fazer um tráfico. -
Revista Espírita, edição janeiro-1864, artigo "Médiuns
curadores".



Primoroso! N e n h u m adjetivo define melhor
esse trecho escrito por Kardec. Quanta lucidez! Quanta
perspicácia! Quanta segurança!
Fico receoso até de comentá-lo a fim de não maculá-
lo. Mas precisarei, por dever de atender ao argumento que me
propus realizar, fazer ao menos rápidos destaques -- se é que
os inúmeros negritos feitos já não o são igualmente... Sendo
assim, vamos a eles.
Nesta parte: "Na ação magnética propriamente dita,
é o fluido pessoal do magnetizador que é transmitido, e esse
fluido que não é outro senão o perispírito, sabe-se que participa
sempre, mais ou menos, das qualidades materiais do corpo, ao
mesmo tempo que sofre a influência moral do Espírito" fica
ressaltado, com total nitidez, de que o atuante é mesmo o
magnetizador, com seus fluidos, potenciais e, inclusive, suas
características orgânicas e morais.


111
Mais adiante, ele constata uma realidade que, por
diversas razões -- direi algumas delas a seguir --, é muito
pouco considerada. Como o magnetismo depende "mesmo"
dos fluidos do magnetizador, "sua ação curativa é lenta, algumas
vezes nula, algumas vezes mesmo nociva, porque pode transmitir
ao enfermo princípios mórbidos". -- A propósito disso, é
comum se dizer que os passes não fazem mal. Ao contrário
desta afirmativa, podem fazer mal sim e isto se confirma
na constatação acima. O que leva alguns a afirmarem essa
temeridade é imprudência, desconhecimento das leis do
magnetismo, acomodação, falta de bom senso, não causar
espanto aos pacientes, não estudar as duas ciências com a
lucidez sugerida por Kardec, achar que sabem muito, que
sabem tudo, que os guias tudo resolvem... Espero que um
dia todo esse quadro se transforme, para melhor, aí então o
Magnetismo desempenhará, em plenitude, o papel que lhe
está reservado no grande cenário dos alívios e das curas das
dores, dos sofrimentos e das doenças dos seres.
No fim, destaque para a captação e transmissão dos
fluidos espirituais, com total definição e diferenciação entre
magnetizador e médium de cura.


O médium curador recebe o influxo fluídico do Espírito, ao
passo que o magnetizador haure tudo em si mesmo. Mas
os médiuns curadores, na estrita acepção da palavra, quer
dizer, aqueles cuja personalidade se apaga completamente
diante da ação espiritual, são extremamente raros...
- Revista Espírita, edição setembro-1865, do artigo "Da
mediunidade curadora", item 7.



Ao que me parece, atendendo ao que a presente
abordagem se propõe, esta afirmação é irretorquível,
inquestionável, precisa; por um lado afirma que o
magnetizador haure em si mesmo sua força fluídica e, no

112
outro lado, fala da condição pouco comum, rara mesmo, de
se contar com efetivos médiuns curadores.


... A força magnética é puramente orgânica; pode
ser, como a força muscular, dada a todo o mundo, mesmo
a homens perversos; mas só o homem de bem dela se
serve exclusivamente para o bem, sem dissimulação
de interesse pessoal, nem satisfação do orgulho ou da
vaidade; seu fluido depurado possui propriedades
benfazejas e reparadoras que não pode ter aquele do
homem vicioso ou interessado.
Todo efeito mediúnico, como foi dito, é o resultado da
combinação dos fluidos emitidos por um Espírito e
pelo médium: por essa união, esses fluidos adquirem
propriedades novas que não teriam separadamente, ou
pelo menos não teriam no mesmo grau. A prece, que
é uma verdadeira evocação, atrai os bons Espíritos
solícitos em virem secundar os esforços do homem bem
intencionado; seu fluido benfazejo se une facilmente ao
dele, ao passo que o fluido do homem vicioso se alia
com o dos maus Espíritos que o cercam.
O homem de bem que não tivesse a força fluídica não
poderia, pois, senão pouca coisa por si mesmo; ele não
pode senão chamar a assistência dos bons Espíritos, mas
a sua ação pessoal é quase nula; uma grande força
fluídica, aliada à maior soma possível de qualidades
morais, pode operar verdadeiros prodígios de curas.
- In: Obras Póstumas, item 52.



Conclusão desta abordagem: o magnetismo, como
energia, é força orgânica, humana, anímica, portanto
pedindo bom comportamento, orgânico e moral, para que
se realize em nível de alta potência e obtendo resultados de
qualidade. A oração, vigoroso coadjuvante, evocação atrativa
de Bons Espíritos, tudo potencializa e refina. C o m a alavanca


113
da vontade, juntando-se essa 'mistura' e pondo-a em ação
convenientemente dirigida, prodígios e milagres -- como
vulgarmente são tratados -- dominarão o universo das curas.




114
Abordagem 8
É cruel, m a s n e m sempre o
Magnetismo funciona




Como passista e estudante do Magnetismo
comecei relativamente cedo. Aos 15 anos de idade já aplicava
passes, ainda que de forma não regular, ou seja, só o fazia
quando alguma situação extraordinária pedia ou quando
alguém precisava e não tinha quem socorresse. Isto porque
na Instituição que freqüentava não era permitido jovens
adolescentes aplicarem passes -- o que tem sua razão de
ser, mas, à época, não havia quem explicasse ou discutisse
o assunto. E também comecei a ler, perguntar e pesquisar
o tema nesse mesmo período, pelo prosaico motivo de não
encontrar quem se dispusesse a me responder acerca de
minhas dúvidas -- inúmeras -- nem sequer usar ilustrações,
comparações ou alegorias que pelo menos dessem um sentido
lógico para algumas das regras vigentes.
O preço pago para percorrer esse caminho de
dúvidas sem respostas satisfatórias foi muito caro. Paguei
com muita insistência e leituras intermináveis e ainda tive


115
que comprar muitos livros, pois nas Casas que freqüentava
não havia biblioteca à altura -- ah! Como teria sido bom se
naquele tempo eu contasse com uma internet como a que
dispomos atualmente!
U m a segunda parte foi paga pela constante mania
de ouvir me pedirem para eu largar da obsessão de tudo
querer saber um porquê. Inclusive, sempre que me diziam
algo parecido eu sorria e, de forma hilária, pedia para que
orassem por mim, com fervor, pois assim eu ficaria livre dos
obsessores, aí incluídos os encarnados também.
Por fim, uma outra parte do preço foi paga por
alguns dos pacientes que, sem saberem, eram peças chaves
de meus experimentos.
Naquele tempo eu acreditava que a boa intenção
resolvia uma grande parte da prática e a boa vontade
complementava o serviço. Ao lado disso, sempre ouvi dizer
que os Espíritos são os que faziam tudo enquanto o passista
só precisava orar, impor as mãos e transmitir os fluidos
dos Amigos Espirituais -- posto que raramente alguém
mencionava que havia doação de fluidos humanos, sempre
tidos como impuros e impróprios. Tocar nas pessoas era um
sacrilégio e evocar um Espírito para ajudar nos passes era
considerado falta gravíssima.
Comecei a ficar preocupado ao notar que alguns
pacientes não ficavam bem após o passe, notadamente
quando alguns deles haviam recebido por meu intermédio
-- hoje eu entendo que esse tipo de problema era mais forte
e comum sob minhas mãos, pelo fato de eu possuir um
vigoroso potencial magnético. Certa vez, depois de observar
e analisar dois casos ocorridos no mesmo dia, sendo um
positivamente forte e o outro quase nulo, apesar de minha
intencionalidade por ocasião dessas aplicações ter sido a de
fazer o máximo e o melhor, resolvi que buscaria explicações


116
as quais me levassem a entender, o mais profundo possível, o
que tinha ocorrido de verdade, pois ali já não se sustentavam
mais os velhos e genéricos argumentos.
Li muito, estudei bastante, experimentei suficien-
temente e aprendi coisas lógicas e reais, mas, por incrível
que pareça, desconhecidas da maioria, muito embora quase
tudo estivesse, como sempre esteve, repousando tranqüilo
na obra kardequiana, bem como em quase todos os livros
clássicos sobre o magnetismo -- estranhamente, sem maiores
dissertações ou comentários em outras obras espíritas que
se proponham a tratar do tema, abstração feita ao livro
Magnetismo Espiritual, de Michaellus.
Muitos anos após sofri uma depressão profunda --
relato tudo, de forma pormenorizada, no meu livro "A cura da
depressão pelo Magnetismo". Quando dela me libertei tive que
rever uma enormidade de conceitos que eu aprendera, aceitava
e divulgava, pois a primeira e mais dolorosa dor que sofri
durante o tenebroso evento depressivo foi a constatação de que
os passes a mim doados pelos amigos, dedicados e estudiosos
companheiros de lutas e tarefas no campo do Magnetismo, só
me faziam me sentir pior e pior... Graças àquela odisséia foi
que descobri, a duras penas, que o Magnetismo não pode ser
aplicado, em casos como o da depressão, sem se ter uma boa
base de como funcionam muitas variáveis na equação dessa
doença terrível e de como o campo vital e o corpo do paciente
absorvem, ou não, os fluidos doados.
Por incrível que pareça, mesmo com todo esse
percurso transcorrido e contando o tempo em mais de oito
lustros, quando abordo essa realidade há quem ainda duvide
de que o Magnetismo, inconvenientemente aplicado, pode
ser danoso, perigoso e até fazer mal.
Em cima disso, analisemos com Kardec alguns
tópicos.


117
Interessam-se os Espíritos pelas nossas desgraças e pela
nossa prosperidade? Afligem-se os que nos querem bem
com os males que padecemos durante a vida?
"Os bons Espíritos fazem todo o bem que lhes é possível
e se sentem ditosos com as vossas alegrias. Afligem-se
com os vossos males, quando os não suportais com
resignação, porque nenhum benefício então tirais
deles, assemelhando-vos, em tais casos, ao doente que
rejeita a beberagem amarga que o há de curar." -- In: O
Livro dos Espíritos, questão 486.



O destaque para essa primeira citação é, digamos,
oblíquo: os Espíritos superiores, é de se notar, se afligem
com nossa não-resignação e não necessariamente com o
que sofremos. Resignação, tenhamos isso bem claro, guarda
relação com "extrair benefícios" e não com acomodação
pura e simples. Convenhamos: quem de nós não aprende,
de forma muito mais eloqüente e segura, com as dores da
vida? Indago isso porque há quem pense e até defenda a
idéia de que Deus jamais permitiria que uma pessoa bem
intencionada fosse "castigada" com alguma conseqüência
negativa enquanto estivesse produzindo para o bem.
Prossigamos...


Podem a bênção e a maldição atrair o bem e o mal para
aquele sobre quem são lançados?
"Deus não escuta a maldição injusta e culpado perante
Ele se torna o que a profere. Como temos os dois gênios
opostos, o bem e o mal, pode a maldição exercer
momentaneamente influência, mesmo sobre a
matéria. Tal influência, porém, só se verifica por vontade
de Deus como aumento de prova para aquele que é dela
objeto. Demais, o que é comum é serem amaldiçoados os
maus e abençoados os bons. Jamais a bênção e a maldição


118
podem desviar da senda da justiça a Providência, que
nunca fere o maldito, senão quando mau, e cuja proteção
não acoberta senão aquele que a merece". -- In: O Livro
dos Espíritos, questão 557.



Neste ponto, embora exista quem duvide, a assertiva
dos Espíritos dá conta de que a contaminação fluídica negativa
existe e chega, inclusive, a afetar a matéria. C o m o as chamadas
maldições são, magneticamente falando, emissões fluídicas,
daí deduzimos, sem qualquer sinuosidade, existirem-nas
prejudiciais.
A propósito, a célebre passagem em que Jesus teria
"amaldiçoado" a figueira estéril é exemplar:


Quando saíam de Betânia, ele teve fome; e, vendo ao longe
uma figueira, para ela encaminhou-se, a ver se acharia
alguma coisa; tendo-se, porém, aproximado, só achou
folhas, visto não ser tempo de figos. Então, disse Jesus à
figueira: Que ninguém coma de ti fruto algum, o que
seus discípulos ouviram. -- No dia seguinte, ao passarem
pela figueira, viram que secara até á raiz. - Pedro,
lembrando-se do que dissera Jesus, disse: Mestre, olha
como secou a figueira que tu amaldiçoaste, - Jesus,
tomando a palavra, lhes disse: Tende fé em Deus. - Digo-
vos, em verdade, que aquele que disser a esta montanha:
Tira-te daí e lança-te ao mar, mas sem hesitar no seu
coração, crente, ao contrário, firmemente, de que tudo o que
houver dito acontecerá, verá que, com efeito, acontece. (S.
MARCOS, cap. XI, vv. 12 a 14 e 20 a 23.)



Para explicar o fenômeno aos discípulos, Jesus
recorreu à fé, à certeza de se obter o que se pretenda.
Alguém, então, poderia perguntar: teria ele querido mesmo
fulminar aquela planta? Se sim ou se não, o que importa
é que o exemplo é forte o suficiente para demonstrar que

119
uma emissão fluídica dirigida de forma não conveniente pode
gerar algo desastroso, mesmo que essa carga energética tenha
partido do próprio Jesus, o nosso Mestre e Senhor.

Como se há visto, o fluido universal é o elemento
primitivo do corpo carnal e do perispírito,- os quais são
simples transformações dele. Pela identidade da sua
natureza, esse fluido, condensado no perispírito, pode
fornecer princípios reparadores ao corpo; o Espírito,
encarnado ou desencarnado, é o agente propulsor que
infiltra num corpo deteriorado uma parte da substância
do seu envoltório fluídico. A cura se opera mediante a
substituição de uma molécula malsã por uma molécula
sã. O poder curativo estará, pois, na razão direta
da pureza da substância inoculada; mas, depende
também da energia da vontade que, quanto maior
for, tanto mais abundante emissão fluídica
provocará e tanto maior força de penetração dará
ao fluido. Depende ainda das intenções daquele
que deseje realizar a cura, seja homem ou Espírito.
Os fluidos que emanam de uma fonte impura são
quais substâncias medicamentosas alteradas. - In:
A Gênese - Cap. XIV- Curas, item 31.


Se as curas dependem, de forma direta, da pureza do
fluido do magnetizador e se sua ação é proporcional à força de
vontade empregada, temos aí dois fatores que, em não sendo
considerados, podem, por si sós, isolada ou conjuntamente,
provocar resultados bem diferentes dos que naturalmente são
de se esperar numa ação magnética feliz. Conjugando-se a essa
hipótese a intencionalidade do doador, bem se percebe que
pode ocorrer de tudo. Longe de mim criar suposições de que os
pacientes estejam sujeitos a riscos elevados, até porque a grande
maioria dos passistas é formada por pessoas de boa índole,
sensíveis e que se propõem, de verdade, a fazer o bem. Todavia,
consideremos o final da transcrição: "Os fluidos que emanam

120
de uma fonte impura são quais substâncias medicamentosas
alteradas". Para não me alongar muito, pergunto: o que ocorre
ou o que pode ocorrer quando ingerimos medicamentos ou
mesmo alimentos alterados? Pois...


...O pensamento do encarnado atua sobre os fluidos
espirituais como o dos desencarnados, e se transmite
de Espírito a Espírito pelas mesmas vias e, conforme
seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos
ambientes. Desde que estes se modificam pela projeção
dos pensamentos do Espírito, seu invólucro perispirítico,
que é parte constituinte do seu ser e que recebe de modo
direto e permanente a impressão de seus pensamentos, há
de, ainda mais, guardar a de suas qualidades boas
ou más. Os fluidos viciados pelos eflúvios dos maus
Espíritos podem depurar-se pelo afastamento destes, cujos
perispíritos, porém, serão sempre os mesmos, enquanto o
Espírito não se modificar por si próprio.
Sendo o perispírito dos encarnados de natureza
idêntica à dos fluidos espirituais, ele os assimila com
facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido.
Esses fluidos exercem sobre o perispírito uma ação
tanto mais direta, quanto, por sua expansão e
sua irradiação, o perispírito com eles se confunde.
Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno,
reage sobre o organismo material com que se acha em
contacto molecular. Se os eflúvios são de boa natureza,
o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus,
a impressão é penosa. Se são permanentes e enérgicos,
os eflúvios maus podem ocasionar desordens
físicas; não é outra a causa de certas enfermidades. Os
meios onde superabundam os maus Espíritos são, pois,
impregnados de maus fluidos que o encarnado absorve
pelos poros perispiríticos, como absorve pelos poros do
corpo os miasmas pestilenciais. - In: A Gênese - Gap.
XIV- "Qualidade dos fluidos", item 18.



121
Nesta passagem, Allan Kardec relaciona leis e
modos como os fluidos são transmitidos e recebidos além
da forma como atuam. Ora, se os fluidos projetados levam
em si as características, boas ou más, dos doadores, no caso,
dos magnetizadores, significa dizer que as reações são e
serão diferenciadas. Por dedução direta, os fluidos maus ou
descompensados gerarão desordens, inclusive de grande
monta. Isto destrona uma outra hipótese muito aventada
como teoria, a de que "todos os passes são iguais" ou, em outra
versão, de que "não existem diferenças entre os passistas".
Mas é claro que essa hipótese não deveria existir sequer no
campo da idéia, muito menos alguém pensar que ela possa
vir a ser real. E observemos que Allan Kardec, nesta citação,
sequer considerou a posição de receptividade, refratariedade
ou indiferença do paciente.

...O magnetismo curará o rei Oscar? É uma
outra questão. Sem dúvida, ele tem operado curas
prodigiosas e inesperadas, mas tem os seus limites,
como tudo o que está na Natureza; e, aliás, é preciso ter
em conta esta circunstância que a ele não se recorre, em
geral, senão in extremis e em desespero de causa, quando,
freqüentemente, o mal fez progressos irremediáveis, ou
foi agravado por uma medicação contrária. Para que
ele triunfe de tais obstáculos, é preciso que seja bem
poderoso'. - In: Revista Espírita, edição outubro-1858,
artigo "Emprego oficial do magnetismo animal - A
doença do rei da Suécia".


Tratando de uma proposta de atendimento muito
séria, Kardec destaca que o Magnetismo tem seus limites,
como tudo na vida o tem igualmente. Não seria também por
isso e, em muitos casos, os limites do próprio magnetismo em
ação, seja pela condição do magnetizador, seja pelo paciente,
que ele se tornaria ineficiente ou até mesmo danoso?


122
Um jovem que não conhecia o magnetismo
senão de nome, e jamais o praticara, ignorando,
conseqüentemente, as medidas de prudência que a
experiência ensina, propôs, um dia, magnetizar o
sobrinho do dono do hotel no qual jantava; depois de
alguns passes o menino caiu em sonambulismo,
mas o magnetizador improvisado não soube como
fazer para tirá-lo desse estado, que se seguiu de crises
nervosas persistentes. Daí uma queixa na justiça feita
pelo tio contra o magnetizador. - In: Revista Espírita,
edição outubro-1859, artigo "O magnetismo reconhecido
pelo poder judiciário".


Exemplo eloqüente do quanto a inexperiência em
magnetismo pode produzir de nefasto ou danoso. No fato
parcialmente narrado, vimos uma ação magnética não só
levando o paciente a uma situação inesperada e difícil como,
pela não experiência do magnetizador, aquele ficou pior, já que
o jovem experimentador não soube como fazer para reverter
o processo. E pensar que uma quantidade muito grande de
passistas não busca nem realiza uma formação adequada!

"Uma noite em que assistia a uma dessas cenas, havia já
cinco horas que o filho R... estava numa grande agitação;
tentei acalmá-lo com alguns passes magnéticos, mas
logo se tornou furioso e transtornou o seu leito". (...)
Um Espírito relativamente superior pode exercer,
sobre um outro Espírito, uma ação magnética
e paralisar as suas faculdades? - R. Um bom
Espírito não pode alguma coisa sobre um outro senão
moralmente, mas não fisicamente. Para paralisar pelo
fluido magnético, é necessário agir sobre a matéria,
e o Espírito não é matéria semelhante a um corpo
humano. - In: Revista Espírita, edição janeiro-1862,
artigo "O Espírito batedor do Aube", questão 2.


123
Ao contrário do caso anterior, aqui o magnetizador
tinha experiência, todavia o resultado, conforme o próprio
relatou a Kardec, não foi feliz. São os cuidados especializados
que são requeridos, bem se deduz, nos casos das obsessões e
como, de ordinário, devem existir para uma infinidade dc outros
casos, dentre os quais destaco as doenças graves, a depressão, os
pacientes excessivamente debilitados, as crianças etc.
A explicação dada ao final, entretanto, repõe uma
outra questão bastante delicada. Digo assim porque, como já
disse alhures, novo parâmetro da verdade de alguns teóricos se
quebra: o de que os Espíritos podem tudo. Não é exatamente
isso o que se pode deduzir da frase: "Para paralisar pelo fluido
magnético, é necessário agir sobre a matéria, e o Espírito não é
matéria semelhante a um corpo humano".


Para a senhorita Julie, como em todos os casos análogos, o
magnetismo simples, embora enérgico que fosse, era,
pois, insuficiente; seria preciso agir simultaneamente
sobre o Espírito obsessor para domá-lo, e sobre o moral
do enfermo enfraquecido por todos esses abalos; o mal
físico não era senão consecutivo; era um efeito e não
a causa; seria preciso, pois, tratara causa antes do efeito;
destruído o mal moral, o mal físico deveria desaparecer
por si mesmo. Mas para isso era preciso se identificar
com a causa; estudar com o maior cuidado e em
todas suas nuanças o curso das idéias, para lhe
imprimir tal ou tal direção mais favorável, porque
os sintomas variam segundo o grau de inteligência
do sujeito, o caráter do Espírito e os motivos da
obsessão, motivos cuja origem remonta, quase sempre,
às existências anteriores.
O insucesso do magnetismo sobre a senhorita Julie
fez com que várias pessoas tentassem; no número
delas achava-se um jovem dotado de uma grande força
fluídica, mas a quem, infelizmente, faltava totalmente a
experiência, e, sobretudo, conhecimentos necessários em

124
semelhante caso. Atribuía-se um poder absoluto sobre os
Espíritos inferiores que, segundo ele, não podiam resistir
à sua vontade; essa pretensão, levada ao excesso e fundada
sobre sua força pessoal, e não sobre a assistência dos bons
Espíritos, devia lhe atrair mais de uma decepção. Só isso
teria devido bastar para mostrar, aos amigos da jovem,
que lhe faltava a primeira das qualidades requeridas para
lhe ser um socorro eficaz. Mas o que, acima de tudo, teria
devido esclarecê-los, é que ele professava, sobre os Espíritos
em geral, uma opinião completamente falsa. Segundo
ele, os Espíritos superiores são de uma natureza fluídica
muito etérea para poderem vir sobre a Terra comunicar-
se com os homens e assisti-los; isso não é possível senão
aos Espíritos inferiores em razão de sua natureza mais
grosseira. Essa opinião, que não é outra senão a da
doutrina da comunicação exclusiva dos demônios, tinha
um erro muito grave de sustentá-la diante do enfermo,
mesmo nos momentos de crise. Com esta maneira de
ver, devia não contar senão consigo mesmo, e não
podia invocar a única assistência que teria podido
secundá-lo, assistência da qual, é verdade, acreditava
não necessitar; a conseqüência mais lastimável
era para o enfermo que desencorajava, tirando-
Ihe a esperança da assistência dos bons Espíritos.
No estado de enfraquecimento em que estava seu
cérebro, uma tal crença, que dava toda presa ao
Espírito obsessor, podia se tornar fatal para a sua
razão, podia mesmo matá-la. Também repetia-lhe,
sem cessar, nos momentos de crise: "Louca... louca... ele
me tornará louca... inteiramente louca... não o sou ainda,
mas tornar-me-ei." Falando de seu magnetizador, ela
pintava perfeitamente sua ação dizendo: "Ele me dá a
força do corpo, mas não me dá a força do espírito."
Esta palavra era profundamente significativa, e, no
entanto, ninguém lhe atribuía importância. - In: Revista
Espírita, edição dezembro-1863, artigo "Um caso de
possessão. Senhorita Julie".



125
Este caso da senhorita Julie é um daqueles de se tirar
o chapéu, o capote, o fraque e tudo o mais. Primeiro porque
começa trazendo uma retratação do mestre Allan Kardec
acerca do que ele já tinha pronunciado, como opinião bem
definida, sobre não concordar com a expressão possessão,
mas tão-somente subjugação, tal como está em "O Livro dos
Médiuns", cap. XXIII, item 241 -- não transcrevi o início do
artigo referido porque ficaria muito extenso, mas recomendo
sua leitura integral na Revista Espírita. Ou seja: até nisso o
mestre lionês foi exemplar: revê seu posicionamento com
humildade e assume seus equívocos, propondo reforma sem
sofismas, sem qualquer receio.
Outro fato por demais relevante é que neste
caso não foi apenas um magnetizador ou um inexperiente
nessa ciência que, embora tendo tentado de tudo, não
conseguiu chegar ao objetivo da cura; ao contrário, foram
vários, inclusive um jovem, possuidor de grande potencial
magnético, mas que nem por isso obteve proveito. É bem
verdade que o mal não era apenas físico e sim um severo
problema espiritual, sendo este a causa, com a doença do
corpo formando uma conseqüência. A recomendação no
primeiro momento foi acerca da necessidade de estudar
o caso, aprofundar o conhecimento dos mecanismos
envolvidos, percebendo as nuanças a fim de dar o
conveniente tratamento.
Depois, uma anotação muito grave do codificador:
a inexperiência do magnetizador, doando fluidos impróprios,
poderia pôr em risco a própria vida da paciente. Muito grave
isso, não acha? -- Fica no ar, inclusive, esta questão: será que
só naquele caso houve isso ou não estaremos, nós mesmos,
incorrendo, cotidianamente, em idênticos erros e perigos?
Embora essa transcrição já tenha sido muito extensa,
o texto é tão rico que vou fazer-lhe mais uma extração.


126
Com o conhecimento da natureza dos fluidos, pode-
se facilmente se dar conta desse fenômeno. É evidente,
primeiro, que absorvendo o fluido para se dar a força em
detrimento da enferma, o Espírito queria convencer
o magnetizador da impossibilidade com respeito à
sua pretensão; se havia malícia de sua parte, era contra
o magnetizador, uma vez que se servia da própria arma
com a qual este último pretendia derrubá-lo; pode-se
dizer que lhe tirava o bastão das mãos. Era não menos
evidente que sua facilidade em se apropriar do fluido
do magnetizador denotava uma afinidade entre esse
fluido e o seu próprio, ao passo que os fluidos de uma
natureza contrária teriam se repelido, como a água e
o azeite. Só esse fato bastaria para demonstrar que havia
outras condições a preencher. É, pois, um erro dos mais
graves, e podemos dizer dos mais funestos, o de não
ver na ação magnética senão uma simples emissão
fluídica, sem ter em conta da qualidade íntima dos
fluidos. Na maioria dos casos, o sucesso repousa
inteiramente sobre essas qualidades, como na
terapêutica depende da qualidade do medicamento.
Não saberíamos muito chamar a atenção sobre este ponto
capital, demonstrado, ao mesmo tempo, pela lógica e pela
experiência. - In: Revista Espírita, edição dezembro-
1863, artigo "Um caso de possessão. Senhorita Julie".



Mais um rigoroso convite ao conhecimento dos
fluidos é o início desse trecho. E a partir dele me questiono:
será que se fôssemos alguns de nós, os passistas atuais, naquela
situação, teríamos sido mais felizes na terapia? Dessa colocação
decorre outra: teríamos conhecimento suficiente para não nos
levarmos pelo Espírito obsessor e perceberíamos que estávamos
fazendo doação imprópria de fluidos à paciente e que nesses
fluidos o obsessor se fortalecia? Complexo isso, não?



127
C o m o se não bastassem essas dúvidas, o que foi
anotado no prosseguimento é muito forte: "É, pois, um erro
dos mais graves, e podemos dizer dos mais funestos, o de não
ver na ação magnética senão uma simples emissão fluídica,
sem ter em conta da qualidade íntima dos fluidos". Nossa!!!
Fico espantado como ainda tem gente teimando em dizer
que basta ter boa vontade e o resto os Espíritos fazem, pois,
como afirmam, o passe nunca dá errado nem faz mal!
Urge buscarmos essa qualidade íntima dos fluidos
se quisermos mesmo ser bons e eficientes magnetizadores.


Um jovem cego há doze anos tinha sido recolhido por
um Espírita devotado, que havia empreendido curá-
lo pelo magnetismo, tendo os Espíritos dito que
a coisa era possível. Mas esse jovem, em lugar de se
mostrar reconhecido pelas bondades das quais era objeto,
e sem as quais teria se encontrado sem asilo e sem pão,
não teve senão a ingratidão e maus procedimentos, e deu
prova do pior mau caráter.
O Espírito de São Luís, consultado a seu respeito, respondeu:
"Esse jovem, como muitos outros, é punido por
onde pecou, e traz a pena de sua má conduta. Sua
enfermidade não é incurável e uma magnetização
espiritual praticada com zelo, devotamento e
perseverança, dela triunfaria certamente, com
ajuda de um tratamento médico destinado a corrigir
seu sangue viciado. Já haveria uma melhora sensível em
sua visão, que não está ainda inteiramente extinta, se
os maus fluidos, dos quais está cercado e saturado,
não opusessem um obstáculo à penetração dos bons
fluidos que são, de alguma forma, repelidos. No estado
em que se encontra, a ação magnética será impotente
enquanto não estiver, por sua vontade e sua melhoria,
desembaraçado desses fluidos perniciosos.
"É, pois, uma cura moral que é preciso obter,
antes de perseguir a cura física. Só um retorno sério


128
sobre si mesmo pode tornar eficazes os cuidados de seu
magnetizador, que os Espíritos se apressarão em
secundar; no caso contrário, ele deve esperar perder o
pouco de luz que lhe resta, e a novas e bem mais terríveis
provas que lhe será preciso suportar.
"Agi, pois, para com ele como o fazeis com respeito aos
maus Espíritos desencarnados que quereis conduzir
ao bem. Ele não está sob o golpe de uma obsessão, é
sua natureza que é má e que, além disto, se perverteu no
meio em que viveu; os maus Espíritos que o assediam não
são atraídos senão pela sua semelhança com o seu próprio;
à medida que se melhorar, eles se afastarão. Só então a
ação magnética terá toda a sua força. Dai-lhe conselhos;
explicai-lhe sua posição; que várias pessoas sinceras se unam
em pensamento para orarem a fim de atraírem sobre ele
influências salutares. Se disso se aproveita, não tardará a
experimentar os bons efeitos, porque nisso será recompensado
por uma melhora sensível em sua posição."
Esta instrução nos revela um fato importante, o do
obstáculo que o estado moral opõe, em certos casos,
à cura dos males físicos. In: Revista Espírita, edição
julho-1865, artigo "Cura moral dos encarnados".


O jovem cego em questão era mau; aí estava o
problema. Mas não só por ser mau, sobretudo porque seus
fluidos, seu campo fluídico, tornavam-no inacessível; por
fazê-lo impermeável aos fluidos salutares e refazentes, não
obtinha a cura desejada.
Temos a observar que antes do início dessa
magnetização, que visava à cura do jovem, ela foi referendada
pelos Espíritos, ainda assim, não deu resultado positivo. Em
seguida, o Espírito São Luiz afirmou que, no estado fluídico
em que o jovem se apresentava, era impossível uma ação
magnética efetiva, pois ele precisava, antes, obter uma cura
moral, precisaria ser levado a mudar seu comportamento
perante a vida e o próximo. Em outras palavras, precisaria


129
ser "doutrinado". A moral, ou a ausência dela, obstaculava
seriamente à obtenção de uma cura física.
Outro destaque: para a cura física o Espírito sugeriu
magnetismo e tratamento magnético, daí se ressaltando que
as ciências são parceiras e não rivais.


O fluido espiritual é tanto mais depurado e benfazejo
quanto o Espírito que o fornece é, ele mesmo, mais
puro e mais desligado da matéria. Concebe-se que o dos
Espíritos inferiores deve se aproximar do homem e pode
ter propriedades malfazejas, se o Espírito for impuro e
animado de más intenções.
Pela mesma razão, as qualidades do fluido humano
apresenta nuanças infinitas segundo as qualidades
físicas e morais do indivíduo é evidente que o fluido
saindo de um corpo mal são pode inocular princípios
mórbidos no magnetizado. As qualidades morais do
magnetizador, quer dizer, a pureza de intenção e de
sentimento, o desejo ardente e desinteressado de aliviar
seu semelhante, unido à saúde do corpo, dão ao fluido
um poder reparador que pode, em certos indivíduos, se
aproximar das qualidades do fluido espiritual.
Seria, pois, um erro considerar o magnetizador como
uma simples máquina na transmissão fluídica.
Nisto como em todas as coisas, o produto está em
razão do instrumento e do agente produtor. Por estes
motivos, haveria imprudência em se submeter à ação
magnética do primeiro desconhecido; abstração feita
dos conhecimentos práticos indispensáveis, o fluido
do magnetizador é como o leite de uma nutriz: salutar
ou insalubre. -- In: Revista Espírita, edição setembro-
1865, artigo "Da mediunidade curadora", item 4.


Temos aqui mais uma pérola dentro desse artigo
importantíssimo da Revista Espírita - Da mediunidade
curadora.

130
Além de tudo o que já observamos nesta abordagem
e ao longo do livro, referente à qualidade dos fluidos e de sua
origem, Kardec confirma que um fluido mal-são, provindo de
um magnetizador, pode macular o paciente. Isto se dá porque
o magnetismo aplicado, como já sabemos, é um efeito físico.
Logo, um passista, por exemplo, fumante, viciado ou ainda
contaminado por drogas, certas doenças ou comportamentos
orgânicos e corporais desarmônicos, seguramente será fonte
de graves riscos para os seus pacientes.
O magnetizador não é apenas uma máquina de
exteriorizar fluidos; ele precisa possuir potencial fluídico
compatível, saber como agir e acoplar a isso uma boa postura
moral, para qualificar melhor seus potenciais e suas ações.
Por tudo isso, Kardec fecha a transcrição de
forma primorosa -- e eu deixo com ele a palavra: "haveria
imprudência em se submeter à ação magnética do primeiro
desconhecido; abstração feita dos conhecimentos práticos
indispensáveis, o fluido do magnetizador é como o leite de uma
1
nutriz: salutar ou insalubre ".
Embora outros casos e citações pudessem ser
arrolados nessa abordagem, acredito que o principal já está
bem destacado. Cabe, agora, cada um refletir melhor sobre
os riscos que corre ou impõe a com quem se relaciona
magneticamente. Afinal, se nosso propósito é o de fazer ou
receber o bem, que ele seja bem feito e bem recebido, sempre.
Se assim não for, algo precisa ser urgentemente reparado.




131
Abordagem 9
P a r a s e r lido, r e l i d o , r e v i s t o ,
repensado e recolocado




Vários assuntos poderiam receber abordagens
específicas, mas optei por tratar a maioria nesta última,
deixando ao leitor mais interessando em aprofundar os temas,
o prazer de recorrer às obras de Kardec a fim de extrair-lhe
todo um universo, rico e esplendoroso, de considerações
as mais variadas, diretas e indiretas, referentes às abordagens
tratadas nesta obra, e tantas outras não menos importantes.

Imposição de mãos

Vou começar por um assunto que de há muito
deveria receber, de todo estudioso do passe ou do magnetismo
assim como de quem se sente autorizado a comentar sobre o
tema, melhor análise e não ser tão vulgar e equivocadamente
disseminado. É o caso das imposições de mãos.
Um dos discursos mais freqüentes, repetidos e
reproduzidos no meio espírita é o de que "o passe só pede
imposição de mãos"; "o passe espírita é o da imposição de

133
mãos"; ou "o passe é o que Jesus fazia: a imposição de mãos".
A insistência num desses refrãos é tamanha que existem
verdadeiros movimentos no sentido de se fazer dessa prática
o supra-sumo do Magnetismo no movimento espírita. O
argumento usado para tal é que essa técnica é a mais simples,
dispensando outros recursos -- como se o ser simples
fosse, necessariamente, ser fácil e eficiente a um só tempo.
Paradoxalmente, os mesmos que defendem essa argumentação
são enfáticos em dizer que os passistas espíritas precisam estudar
os fluidos, a mediunidade, as obras espíritas, o magnetismo,
fazer cursos preparatórios, educar a mediunidade, participar
de ESDE -- Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita --,
conhecer pelo menos o básico de anatomia e fisiologia, e por aí
vai. Pergunto: para que tanto estudo se na hora do passe o que
valerá mesmo será a "simples" imposição de mão(s)?
Vamos às considerações sobre alguns destaques que
extraí da obra de Kardec acerca disso.


Médiuns curadores: os que têm o poder de curar ou
de aliviar o doente, pela só imposição das mãos, ou
pela prece. - In: O Livro dos Médiuns - Cap. XVI
- "Dos médiuns especiais" - Item 189.


Anteriormente, já fiz referência a este item, mas
quero destacá-lo outra vez para abrir as abordagens deste item.
E quero abri-lo com uma pergunta: você crê mesmo que as
imposições de mãos que já viu, recebeu ou doou tiveram o
poder de curar ou aliviar conforme colocado nessa síntese de
Kardec? Se sim, seguramente você é um raro felizardo que
conhece um ou alguns médiuns curadores verdadeiros; se
não, surge outra indagação: então Kardec teria se equivocado?
Atentemos, antes de prosseguirmos, que aí o codificador está
tratando da mediunidade curadora em si e não do magnetismo
propriamente dito. Prossigamos com outras referências...

134
Estas palavras: conhecendo em si mesmo a virtude que
dele saíra, são significativas. Exprimem o movimento
fluídico que se operara de Jesus para a doente; ambos
experimentaram a ação que acabara de produzir-se. É de
notar-se que o efeito não foi provocado por nenhum ato
da vontade de Jesus; não houve magnetização, nem
imposição das mãos. Bastou a irradiação fluídica
normal para realizar a cura. - In: A Gênese - Cap.
XV- "Os milagres do Evangelho" - item 11.



Antes já chamei sua atenção para esta passagem, na
qual Allan Kardec fez uma distinção entre magnetização e
imposição de mãos. Por tudo o que já tratamos, a mim me
parece que seu destaque se deve ao fato de as imposições
estarem mais diretamente associadas à mediunidade curadora.
Por que afirmo isso? Porque sua associação à instantaneidade
das curas sempre foi direcionada à ação da mediunidade
curadora e não do magnetismo ordinário.
Aproveito para destacar que também fica claro, na
citação, que ele considerava a existência de um magnetismo
natural, espontâneo, que escapa dos indivíduos portadores
dele -- no caso em tela, Jesus. E sua ação também pode ser
muito rica e poderosa.

São extremamente variados os efeitos da ação fluídica
sobre os doentes, de acordo com as circunstâncias.
Algumas vezes é lenta e reclama tratamento
prolongado, como no magnetismo ordinário; d'outras
vezes é rápida, como uma corrente elétrica. Há pessoas
dotadas de tal poder, que operam curas instantâneas
nalguns doentes, por meio apenas da imposição das
mãos, ou, até, exclusivamente por ato da vontade.
Entre os dois pólos extremos dessa faculdade, há infinitos
matizes. Todas as curas desse gênero são variedades
do magnetismo e só diferem pela intensidade e pela

135
rapidez da ação. O princípio é sempre o mesmo: o
fluido, a desempenhar o papel de agente terapêutico
e cujo efeito se acha subordinado à sua qualidade e a
circunstâncias especiais. - In: A Gênese - Cap. XIV
- "Curas" - item 32.



Esta citação já foi apresentada na abordagem 3, mas
ela interessa ao escopo deste item igualmente...
C o m o mediunidade curadora, as imposições de
mãos se caracterizam pela rapidez e instantaneidade com que
transmitem os fluidos -- espirituais -- e como se verifica a
cura ou o alívio imediato do mal que esteja sendo tratado. Só
por essa premissa já se percebe que o passe dito "comum"
que é aplicado na Casa Espírita, com uso tão-somente da
imposição de mãos, está bem distante dessa mediunidade
curadora como também de uma prática do magnetismo
sabido e consciente.
A imposição de mãos é uma, apenas uma das técnicas
do magnetismo e não a única à disposição. Tampouco, em
momento algum da obra do senhor Allan Kardec encontramos
qualquer indicação que possa dar aval a essa injustificada
restrição -- a de que só as imposições de mãos são suficientes
--, sob a qual o Magnetismo ficaria literalmente manietado,
sem movimento, quase sem ação. Como bem sinalizado, a
imposição é uma das técnicas empregadas, mas o seu uso, de
forma muito eficiente e instantânea, é uma exceção da regra.
Infelizmente, tal não é o padrão comum dos magnetizadores
ou passistas.

É muito comum a faculdade de curar pela influência
fluídica e pode desenvolver-se por meio do exercício;
mas, a de curar instantaneamente, pela imposição
das mãos, essa é mais rara e o seu grau máximo se
deve considerar excepcional. No entanto, em épocas
diversas e no seio de quase todos os povos, surgiram


136
indivíduos que a possuíam em grau eminente. Nestes
últimos tempos, apareceram muitos exemplos notáveis,
cuja autenticidade não sofre contestação. Uma vez que
as curas desse gênero assentam num princípio natural e
que o poder de operá-las não constitui privilégio, o que
se segue é que elas não se operam fora da Natureza e que
só são miraculosas na aparência. - In: A Gênese - Gap.
XIV- "Curas"-item34.


Ratificando o que acabo de escrever no comentário
anterior, essa outra transcrição confirma que o verdadeiro
exercício da imposição de mãos, como mediunidade
curadora, deve ser muito rápido e eficiente, portanto,
não se dá de forma comum ou trivial, já que é rara sua
realização. Quanto maior for o grau de efetivação do efeito
das imposições, mais excepcional ainda será essa prática.
Isto distancia o pretendente ao aval do mestre Kardec para
a pretensa confirmação do uso exclusivo das imposições de
mãos como técnica única e sempre eficiente.


Este gênero de mediunidade (mediunidade curadora)
consiste na faculdade, que certas pessoas possuem, de
curar pelo simples toque, pela imposição das mãos,
o olhar, um gesto mesmo, sem a ajuda de nenhum
medicamento. Esta faculdade, incontestavelmente, tem
o seu princípio na força magnética; dela difere,
todavia, pela energia e pela instantaneidade da
ação, ao passo que as curas magnéticas exigem um
tratamento metódico mais ou menos longo. Todos
os magnetizadores estão quase aptos para curar se
sabem a isso se ligar convenientemente; eles têm a
ciência adquirida; nos médiuns curadores a faculdade é
espontânea e alguns a possuem sem jamais terem ouvido
falar do magnetismo.
A faculdade de curar pela imposição das mãos
tem, evidentemente, o seu princípio numa força


137
excepcional de expansão, mas é aumentada por
diversas causas, entre as quais é necessário colocar
em primeira linha: a pureza dos sentimentos, o
desinteresse, a benevolência, o ardente desejo de
aliviar, a prece fervorosa e a confiança em Deus,
em uma palavra, todas as qualidades morais. - In:
Obras Póstumas, item 52 - "Médiuns curadores".


Sei que vai parecer repetitivo, mas é melhor repetir
e despertar consciências do que calar e seguir cometendo
equívocos. O que difere a imposição de mãos, enquanto
mecanismo usado na mediunidade curadora, dos demais
métodos magnéticos é exatamente a instataneidade do
fenômeno. Por isso mesmo ela é tão rara. Mas, há de se
perguntar, qual a razão dessa raridade? Exatamente as
qualidades requeridas aos médiuns que querem exercê-la.
Estas estão sobejamente detalhadas acima.


... Deus recompensa sempre a humildade sincera elevando-
a, ao passo que rebaixa o orgulho. Esse recurso que
envia, são os bons Espíritos que vêm penetrar o médium
de seu fluido benfazejo, que este transmite ao enfermo.
Também é por isso que o magnetismo empregado
pelos médiuns curadores é tão poderoso e produz
essas curas qualificadas de miraculosas e que são devidas
simplesmente à natureza do fluido derramado sobre
o médium; ao passo que o magnetizador comum se
esgota, freqüentemente, em vão, em fazer passes, o
médium curador infiltra um fluido regenerador pela
única imposição das mãos, graças ao concurso dos
bons Espíritos; mas esse concurso não é concedido
senão à fé sincera e à pureza de intenção. - In:
Revista Espírita, edição Janeiro-1864, artigo "Médiuns
curadores" - Mensagem do Espírito Mesmer, pela
psicografia do médium Sr. Albert.



138
Mais uma confirmação do que venho repetindo:
o caráter especial do médium curador é que possibilita o
efetivo resultado numa imposição de mãos. O simples nisso
é o óbvio: desenvolvem-se as qualidades morais e a fé e não a
questão menor, que seria a do não-movimento.


7. O médium curador recebe o influxo fluídico do Espírito,
ao passo que o magnetizador haure tudo em si mesmo.
Mas os médiuns curadores, na estrita acepção da
palavra, quer dizer, aqueles cuja personalidade se
apaga completamente diante da ação espiritual,
são extremamente raros, porque esta faculdade,
elevada ao seu mais alto grau, requer um conjunto de
qualidades morais que raramente se encontra sobre
a Terra; somente eles podem obter, pela imposição
das mãos, essas curas instantâneas que nos parecem
prodigiosas; muito poucas pessoas podem pretender este
favor. O orgulho e o egoísmo sendo as principais fontes
das imperfeições humanas, disso resulta que aqueles que
se gabam de possuir esse dom, que vão por toda a parte
enaltecendo as curas maravilhosas que fizeram, ou que
dizem ter feito, que procuram a glória, a reputação ou o
proveito, estão nas piores condições para obtê-la, porque
esta faculdade é o privilégio exclusivo da modéstia, da
humildade, do devotamento e do desinteresse. Jesus dizia
àqueles que tinha curado: Ide dar graças a Deus e não o
digais a ninguém.
8. A mediunidade curadora pura sendo, pois, uma
exceção neste mundo, disso resulta que há quase sempre
ação simultânea do fluido espiritual e do fluido humano;
quer dizer, que os médiuns curadores são todos mais
ou menos magnetizadores, é por isso que agem
segundo os procedimentos magnéticos; a diferença está
na predominância de um ou de outro fluido e na maior
ou na menor rapidez da cura. Todo magnetizador pode
se tornar médium curador, se sabe se fazer assistir
pelos bons Espíritos; neste caso os Espíritos lhe vêm em

139
ajuda, derramando sobre ele seu próprio fluido que pode
decuplicar ou centuplicar a ação do fluido puramente
humano. - Revista Espírita, edição setembro-1865, do
artigo "Da mediunidade curadora", itens 7 e 8.


No item 7 está tudo magistralmente colocado; basta
ter olhos para ver e ali descobrir, de forma tão óbvia como
real, o que não dá para ser encoberto: o caráter excepcional da
instantaneidade das curas pela simples imposição, a raridade
desse tipo de médium curador e as qualidades morais
indispensáveis para que ele atue eficientemente.
No item 8, reafirmado que "A mediunidade curadora
pura sendo, pois, uma exceção neste mundo", chegamos à
realidade patente de que os médiuns curadores comuns,
convencionais, os nossos médiuns passistas, também fazem uso
de fluidos próprios, "por isso que agem segundo os procedimentos
magnéticos". Veja bem: procedimentos magnéticos, no plural,
e não no singular do "só imposição de mãos". Não vejo como
escapar à realidade de que para se ser passista não se deva fazer
uso do magnetismo e de seus procedimentos.
Ao final, o reforço de que a atuação dos Espíritos,
evocada e consentida, ampliará enormemente os potenciais
fluídicos do magnetizador é alentador e estimulante para que nos
esforcemos, sempre mais, por adquirir melhores condições de
atraí-los e tê-los em perfeita parceria e não ficarmos imaginando
que eles têm a obrigação de estar onde estivermos e, de quebra,
fazerem tudo, inclusive o que nos compete.


Se a mediunidade curadora pura é o privilégio
das almas de elite, a possibilidade de abrandar certos
sofrimentos, de curar mesmo, embora de maneira não
instantânea, certas doenças, é dada a todo o mundo,
sem que seja necessário ser magnetizador. O
conhecimento dos procedimentos magnéticos é útil
em casos complicados, mas não é indispensável.

140
Como é dado a todo o mundo chamar os bons Espíritos,
orar e querer o bem, freqüentemente, basta impor as
mãos sobre uma dor para acalmá-la; é o que pode fazer
todo indivíduo se nisso põe a fé, o fervor, a vontade e a
confiança em Deus. Há a se anotar que a maioria dos
médiuns curadores inconscientes, aqueles que não se
dão nenhuma conta de sua faculdade, e que se encontram,
às vezes, nas condições mais humildes, e entre pessoas
privadas de toda instrução, recomendam a prece, e ajudam
a si mesmos orando. Somente sua ignorância faz crer na
influência de tal ou tal fórmula; algumas vezes mesmo ali
misturam práticas evidentemente supersticiosas, das quais
é preciso dar o caso que elas merecem. - Revista Espírita,
edição setembro-1865, do artigo "Da mediunidade
curadora", item 12.


Muito interessante tudo isso. C o m o a mediunidade
curadora pura quase não é encontrada, a possibilidade de
aliviar ou mesmo fazer pequenas curas é por demais comum,
não precisando sequer que a pessoa seja magnetizadora. Isto
está muito claro e, creio, não há como discordar. Sendo
assim, "o conhecimento dos procedimentos magnéticos é
útil em casos complicados, mas não é indispensável", disse
Kardec. Tenho encontrado muito esta frase sendo repetida
e tomada como um atestado de dispensa de uso das técnicas
do magnetismo. Mas analisemos tudo com clareza: o texto
se refere à mediunidade curadora e não ao magnetismo
prático; depois aparece a ênfase de que nem sempre os casos
pedem um magnetizador, o que o dispensa; em seguida, o
complemento é crucial: os bons Espíritos vêm para resolver o
problema, constituindo-se, portanto, numa ação mediúnica e
não magnética, motivo pelo qual o conhecimento das técnicas
pode até vir a ser dispensado; nisso tudo, as imposições de
mãos não entram como técnica magnética e sim como prática
mediúnica ou como complemento de um passe espiritual. O
que não me parece lógico é que dessa citação se deduza que

141
só as imposições de mãos resolvem e substituem tudo o que
o Magnetismo ensina. E para que não sobrem dúvidas, ele se
refere aos médiuns curadores inconscientes, associando-os
à prece, mas se não lhes pede conhecimento nos processos
magnéticos, elucida que a fé, o fervor, a vontade e a confiança
em Deus são basilares nesses mecanismos de cura.
Espero que as referências indicadas sejam suficientes
para que se reveja postura acerca de tão evidente assunto.

Os bons Espíritos precisam


Para poder se fazer ouvir, é preciso que os Espíritos
ajam sobre instrumentos que estejam ao nível de sua
ressonância fuídica. Que pode fazer um bom músico
com um instrumento detestável? Nada. Ah! muitos,
senão a maioria dos médiuns são para nós instrumentos
bem imperfeitos. Compreendei que em tudo é preciso
semelhança, tanto nos fluidos espirituais quanto
nos fluidos materiais. Para que os Espíritos avançados
possam se vos manifestar, lhes são necessários médiuns
capazes de vibrarem uníssono com eles; do mesmo modo,
para as manifestações físicas, é preciso encarnados
possuidores dos fluidos materiais da mesma
natureza daqueles dos Espíritos errantes, tendo
ainda ação sobre a matéria.
(...) Os Espíritos instrutores que vos revelam
os segredos da Natureza, segredos pouco conhecidos,
ou ainda ignorados, têm necessidade de médiuns
compreendendo já certos efeitos magnéticos e tendo
bem estudado a mediunidade.
Compreendei isto... (...) Regra geral: quando quiserdes
um calculador, não vos dirijais a um dançarino. - In:
Revista Espírita, edição fevereiro-1865, mensagem do
dia 20 de janeiro de 1865, pela médium, senhorita M.
C. de Um Espírito Protetor.



142
Relevante estarmos cientes de que, mesmo para
os Espíritos, inclusive os superiores, são requeridos, além
de tudo o que já foi postulado em termos morais, uma
compatibilidade fluídica entre os seus fluidos e os do médium
ou magnetizador a fim de que a manifestação física ocorra.
Portanto, convém termos isso em conta quando quisermos
generalizar afirmativas que dão conta da presença e da atuação
do Mundo Espiritual, de forma tão contundente, em "todos"
os eventos magnéticos.
Afora essa pontuação feita no que foi ditado pelo
Espírito protetor na mensagem acima, a recomendação "têm
necessidade de médiuns compreendendo já certos efeitos magnéticos
e tendo bem estudado a mediunidade" é um excelente reforço a
tudo o que já sabemos quanto ao nosso dever de estudar e aplicar
o magnetismo com sapiência. Afinal, como a recomendação é
dirigida mais diretamente aos médiuns, a quem se costuma ceder
certa condescendência no campo do não-estudo, considerando-
se o chamado "dom natural"que muitos trazem, imagine-se
o que não se reportar aos magnetizadores, a quem nunca se
regateia a imperiosidade do estudo!

Magnetismo e relacionamento

Muito mais do que imaginamos, o magnetismo está
presente em quase tudo ao nosso derredor, inclusive no que
tange ao mundo emocional e mental.


Os encontros, que costumam dar-se, de algumas pessoas e
que comumente se atribuem ao acaso, não serão efeito de
uma certa relação de simpatia?
"Entre os seres pensantes há ligação que ainda não
conheceis. O magnetismo é o piloto desta ciência,
que mais tarde compreendereis melhor". - In: O
Livro dos Espíritos, questão 388.



143
Lendo esta questão, logo aparece uma dúvida: será
que o "mais tarde" a que os Espíritos se referiram é muito
mais tarde ainda? Minha dúvida é porque não me parece que
estejamos tão preocupados como deveríamos em estudar essa
ciência que, seguramente, está na base de todo relacionamento
humano. É! Temos muito material a desvendar ainda!

Suponhamos agora duas pessoas, perto uma da outra,
envolvida cada uma de sua atmosfera perispirítual - que
se nos permita ainda esse neologismo. Esses dois fluidos
vão se pôr em contato, penetrar um no outro; se
são de natureza antipática, se repelirão, e os dois
indivíduos sentirão uma espécie de mal-estar com
a aproximação um do outro, sem disso se darem
conta; sendo ao contrário movidos por um sentimento
bom e benevolente, levarão consigo um pensamento
benevolente que atrai. Tal é a causa pela qual duas
pessoas se compreendem e se adivinham sem se falarem.
Um certo não sei o quê diz freqüentemente que a pessoa
que se tem diante de si deve estar animada de tal ou tal
sentimento; ora, esse não sei quê é a expansão do
fluido perispirítual da pessoa em contato com o
nosso, espécie de fio elétrico condutor do pensamento...
- In: Revista Espírita, edição dezembro-1862, artigo
'As causas da obsessão e os meios de combatê-la".


Temos aí um detalhamento da recíproca influência
entre os campos energéticos dos humanos, o que serve de
adendo precioso à citação anterior. Sabendo-se, de antemão,
que o piloto disso tudo é o magnetismo, fácil concluir que o
magnetismo que cada ser exala leva consigo o clima mental,
moral, orgânico e do humor de seu possuidor, motivo pelo
qual nem sempre o ser humano consegue esconder suas
reais intenções, seu real proceder emocional e racional. Não
é sem razão que é tão corriqueira a expressão: "eu bem que
desconfiava...".

144
Tratamentos diferenciados

Q u e m use reflexões de bom senso deduz, com
facilidade, que as ações magnéticas, bem como as atinentes
à mediunidade curadora, não são iguais em si mesmas,
muito menos quando comparadas. Portanto, aquilo de se
dizer que os passes são iguais ou, o que é mais sério ainda,
que tanto faz passe magnético ou espiritual, não deveria ter
sido considerado por ninguém, a não ser como hipótese de
pesquisa. A despeito disso, de tanto se ouvir essas afirmações,
até parece que esta é a regra.


A ação é completamente diferente na obsessão e
a faculdade de curar não implica a de libertar os
obsedados. O fluido curador age, de certo modo,
materialmente sobre os órgãos afetados, ao passo que
na obsessão deve agir moralmente sobre o Espírito
obsessor; é preciso ter autoridade sobre ele, para o fazer largar
a presa. São, pois duas aptidões distintas, que nem
sempre se encontram na mesma pessoa. O concurso
do fluido curador torna-se necessário quando, o que é
bastante freqüente, a obsessão se complica com afecções
orgânicas. Pode, pois, haver médiuns curadores
impotentes para a obsessão, e reciprocamente.
(...) Há, pois, para o médium curador a necessidade
absoluta de se conciliar o concurso dos Espíritos
superiores, se quiser conservar e desenvolver
sua faculdade, senão, em vez de crescer ela declina e
desaparece pelo afastamento dos bons Espíritos. A
primeira condição para isto é trabalhar em sua
própria depuração, a fim de não alterar os fluidos
salutares que está encarregado de transmitir. Esta
condição não poderia ser executada sem o mais completo
desinteresse material e moral. O primeiro é o mais fácil; o
segundo é o mais raro, porque o orgulho e o egoísmo são os
sentimentos mais difíceis de extirpar e porque várias causas


145
contribuem para os superexcitar nos médiuns. Desde
que um deles se revela com faculdades transcendentes -
falamos aqui dos médiuns em geral, escreventes, videntes
e outros - é procurado, adulado e mais de um sucumbe a
essa tentação da vaidade. Em breve, esquecendo que sem
os Espíritos nada seria, considera-se como indispensável
e único intérprete da verdade; deprime os outros médiuns
e se julga acima de conselhos. O médium que assim se
acha está perdido, porque os Espíritos se encarregam
de lhe provar que podem ser dispensados, fazendo surgir
outros médiuns melhor assistidos. - In: Revista Espírita,
edição novembro-1866, artigo "Considerações sobre a
mediunidade curadora".



Quando Allan Kardec enfatiza que o tratamento
magnético dado ao paciente com problemas orgânicos é
diferente, em realização, ao prestado ao obsidiado, deixa claro
que há mais de um tipo de magnetismo, mais de um tipo
de ação, portanto, além de diferentes aptidões mediúnicas
e magnéticas, além das formas diferentes como os pacientes
absorvem ou se deixam penetrar pelos fluidos das terapias
magnéticas, existem características e sutilezas que pedem
análise cuidadosa e aplicação criteriosa. Difícil acreditar que
tenha quem acredite mesmo que não haja diferença!
No prosseguimento da transcrição surgem seguras
recomendações a todos os que queremos ser realizadores de
efetivas curas reais.


Faremos observar que a mediunidade curadora não
está ainda apresentada, ao nosso conhecimento,
com caracteres de generalidade e de universalidade,
mas, ao contrário, restrita como aplicação, quer
dizer, que o médium tem uma ação mais poderosa sobre
certos indivíduos do que sobre outros, e não cura todas
as doenças. Compreende-se que isso deva ser assim,


146
quando se conhece o papel capital que desempenham
as afinidades fluídicas em todos os fenômenos de
mediunidade. Algumas pessoas mesmo dela não gozam
senão acidentalmente e para um caso determinado.
Seria, pois, um erro crer que, porque se obteve uma
cura, mesmo difícil, podem-se obtê-las todas, pela razão
de que o fluido próprio de certos doentes ê refratário ao
fluido do médium; a cura é tanto mais fácil quanto
a assimilação dos fluidos se opera naturalmente.
Também se está surpreso de ver, algumas fezes, pessoas
frágeis e delicadas exercerem uma ação poderosa sobre
indivíduos fortes e robustos. É que, então, essas pessoas
são boas condutoras do fluido espiritual, ao passo que
os homens vigorosos podem ser muito maus condutores.
Eles não têm senão seu fluido pessoal, fluido humano,
que jamais tem a pureza e o poder reparador do fluido
depurado dos bons Espíritos.
(...) Lembraremos aqui que a mediunidade está
exclusivamente na ação fluídica mais ou menos
instantânea; que não é preciso confundi-la nem com
o magnetismo humano, nem com a faculdade que
certos médiuns têm de receber dos Espíritos a indicação
de remédios; estes últimos são simplesmente médiuns
médicos, como outros são médiuns poetas ou desenhistas.
- In: Revista Espírita, edição abril-1865, artigo "Poder
curativo do magnetismo espiritual", ditado pelo Espírito
do doutor Demeure.


Relembrando que o doutor Demeure foi grande
magnetizador e que, enquanto encarnado, permutou larga
correspondência com Kardec, aqui ele traz seu testemunho
acerca da mediunidade curadora, destacando a própria
inconsistência na ação do médium curador. Claramente
afirma o não universalismo do magnetismo, no terreno da
conquista de seus resultados nas curas assim como de um
mesmo médium ante certas doenças. Ora, se nem mesmo
em relação a idêntico problema um mesmo médium não tem

147
assegurado o poder de realizar idênticos resultados, como se
pode afirmar que todos os passes são iguais?

O tratamento magnético

Um outro ponto de destaque é o quesito: tratamento
propriamente dito. Isto porque nem sempre há um bom
esclarecimento às pessoas que buscam o apoio do passe --
magnetismo -- para a cura de suas mazelas físicas, psíquicas
e espirituais. Na maioria dos casos existe recomendação de
número de vezes e uma velada proibição ou restrição quanto
a se receber passes numa outra Casa, tudo sem maiores
explicações ou detalhes. Nalguns casos, até parece bula de
remédio indicando posologias e dosagens pré-estabelecidas,
mas, que critérios são usados nessas indicações? Estas
respostas devem ser dadas pelos dirigentes espíritas, pois
quem define regras é quem melhor habilitado está para
explicá-las. Contudo, da palavra de Allan Kardec dá para se
obter boa conclusão a respeito, pelo menos no que toca ao
entendimento do que é o tratamento em si, se é magnético
ou mediúnico.


Diremos apenas que este gênero de mediunidade
(curadora) consiste, principalmente, no dom que
possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo
olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer
medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é
do que magnetismo. Evidentemente, o fluido magnético
desempenha aí importante papel; porém, quem examina
cuidadosamente o fenômeno sem dificuldade reconhece
que há mais alguma coisa. A magnetização ordinária
é um verdadeiro tratamento seguido, regular e
metódico... - In: O Livro dos Médiuns - Cap. XIV-
"Dos Médiuns" - Item 175, "Mediunidade curadora".



148
Enquanto na mediunidade curadora o processo
terapêutico costuma ser rápido e seus efeitos percebidos na
quase instantaneidade, os procedimentos magnéticos pedem
tempo e acompanhamento, pelo que a ação magnética se
configura como um verdadeiro tratamento: seguido, regular e
metódico. Sendo assim, não deve ser uma boa opção sair por
aí recebendo passe de qualquer maneira, em qualquer lugar e
sob condições variadas e inconsistentes entre si. Não por tal
ou qual Casa ser melhor, mais forte ou ter maiores poderes
sobre as causas do mal afugente, mas porque o tratamento
magnético pede padrão e regularidade, além de todos os outros
requisitos já tão explorados ao longo deste livro. Inclusive, este
é o mesmo motivo que leva às indicações para que o paciente
não falte ou se ausente do tratamento, sob pena de ver seus
efeitos desaparecerem como por encanto. Não se trata de
punição, castigo ou ameaça, mas constatação do fato fluídico.
Um outro ponto a ser observado é que no início
da citação acima o codificador faz referência a variantes de
procedimentos magnéticos, tais como o toque, o gesto -- e
aqui se incluem tanto a imposição de mãos como os passes com
movimento delas -- e o olhar. Convenhamos; caso houvesse
mesmo uma restrição, fosse de origem magnética, fosse de
orientação espiritual, no sentido de só se fazer imposição de
mãos, aí estaria mais uma primorosa oportunidade para que
Allan Kardec se manifestasse nesse sentido.


Estas palavras: conhecendo em si mesmo a virtude
que dele saíra, são significativas. Exprimem o
movimento fluídico que se operara de Jesus para a
doente; ambos experimentaram a ação que acabara de
produzir-se. É de notar-se que o efeito não foi provocado
por nenhum ato da vontade de Jesus; não houve
magnetização, nem imposição das mãos. Bastou a
irradiação fluídica normal para realizar a cura.


149
Mas, por que essa irradiação se dirigiu para aquela
mulher e não para outras pessoas, uma vez que Jesus não
pensava nela e tinha a cercá-lo a multidão?
É bem simples a razão. Considerado como matéria
terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria
orgânica, a fim de repará-la; pode então ser dirigido
sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo
desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do
doente. Com relação à corrente fluídica, o primeiro age
como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba
aspirante. Algumas vezes, é necessária a simultaneidade
das duas ações; doutras, basta uma só. O segundo caso
foi o que ocorreu na circunstância de que tratamos. - In:
A Gênese - Cap. XV, item 11.


Este singular caso de Jesus curando ou favorecendo,
fluidicamente, para que a cura da mulher hemorroíssa se
desse, fornece, na palavra de Kardec, campos para raciocinios
bastante fecundos. Ali se destacam fatos como: os fluidos
podem ser pedidos, buscados, sugados, absorvidos, rejeitados,
nulos, eficientes... O magnetizador pode perceber a vazão ou o
fluir de suas próprias energias assim como o paciente registrar
toda pujança da captação fluídica, comprovada pela eficiente
cura... Ainda fica bem vivo o sentido da fé e seu poder...
Mas... apenas para aproveitar a citação, sobre as
imposições Allan Kardec faz um surpreendente destaque: "não
houve magnetização, nem imposição das mãos". Significa dizer
que magnetização e imposição de mãos também poderiam
ser vistos como eventos diferentes, distintos, ou, então, ele
estava deixando mais evidente a distinção entre o magnetismo
humano e o constante da mediunidade curadora.
N o tangente ao tratamento em si, "Considerado
como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria
orgânica, a fim Vou me permitir fazer uma
de repará-la".
reflexão sobre os casos de depressão grave tratados pelo
magnetismo. Ora, como o fluido que irá promover o

150
benefício ao paciente precisa atingir a matéria orgânica,
torna-se imperioso que esse fluido atravesse ou perpasse o(s)
centro(s) de força que estiver(em) afetado(s). Ora, se esse(s)
está(ão) congestionado(s) a ponto de não permitir qualquer
acesso do fluido ao sistema orgânico, como poderia "um
passe qualquer" resolver essa problemática? E, por outro
lado, como não iria gerar agravamentos no paciente se as
deposições fluídicas fossem concentradoras e densas? São
questões que não podem passar despercebidas nem serem
desconsideradas ou mal consideradas. Apesar de Kardec não
ter-se detido, objetiva e diretamente, sobre essa doença, por
tudo o que estamos analisando fica mais do que evidente que
é preciso cuidado para tratar de situações delicadas como as
que se associam à depressão e outras problemáticas das quais
ainda temos poucas conclusões.

Kardec e o Magnetismo

No início deste livro comentei acerca do longo
tempo de experiência que o senhor Allan Kardec tinha de
conhecimento e prática magnética -- 35 anos. Para uns, isto
poderia ter sido coincidência; para outros, seu interesse em
ligar o Espiritismo ao Magnetismo deveria ser visto como uma
forma de, mesmo numa ciência iniciante, deter certo poder
intelectual, considerando seus conhecimento específicos
nessa área; alguns outros ainda interpretariam como sendo
obra dos Espíritos, os quais sabiam que, mais à frente, ele
precisaria desses conhecimentos... Ouçamo-lo.


Eu seguia, há algum tempo, as sessões que tinham lugar
na casa do Sr. Roustan, e ali começara a verificação de
meu trabalho que deveria, mais tarde, formar O
Livro dos Espíritos.
Numa sessão íntima, à qual não assistiam senão sete
ou oito pessoas, conversava-se sobre diferentes coisas,

151
relativas aos acontecimentos que poderiam provocar uma
transformação social, quando o médium, agarrando a
cesta, escreveu espontaneamente o que se segue:
"Quando o grande sino soar, vós o deixareis; somente
aliviareis o vosso semelhante; individualmente, o
magnetizareis, a fim de curá-lo. Depois, cada um
preparado no seu posto, porque será necessário de tudo,
uma vez que tudo será destruído, sobretudo por um
instante. Não haverá mais religião e dela será necessária
uma, mais verdadeira, grande, bela e digna do Criador...
Os seus primeiros fundamentos já estão colocados... Tu,
Rivail, a tua missão aí está. (Livre, a cesta retornou para
o meu lado, como o faria uma pessoa que quisesse me
designar com o dedo.) A ti, Sr... a espada que não fere,
mas que mata; contra tudo o que é serás tu que virás
primeiro. Ele, Rivail, virá em segundo: é o obreiro que
reconstrói o que foi demolido."
Nota. Esta foi a primeira revelação positiva sobre a
minha missão, e confesso que, quando vi a cesta se dirigir
bruscamente para mim, e me designar nominalmente,
não pude me defender de uma certa emoção. - In: Obras
Póstumas - "Primeira revelação de minha missão".



O primeiro destaque desta citação aponta para a
humildade dele em anotar tudo isso com toda simplicidade,
humildade e franqueza.
Em seguida, a revelação em si: "somente aliviareis o
vosso semelhante; individualmente, o magnetizareis, a fim de
curá-lo". Incrível! Ele, individualmente, ou seja, em pessoa,
iria magnetizar aquele que espera isso dele. Pode ser indivíduo
-- esta a ilação primeira e a mais direta --, mas igualmente
pode ser referência à família, ao povoado, à cidade, à região,
ao Estado, ao País, ao planeta...
Continuando, todos devem estar preparados, em seus
postos, pois haverá necessidade de tudo -- tanto individual
e material, quanto coletivo e psíquico, mental, espiritual

152
enfim. Todos devem estar preparados em tudo, para tudo;
todos serão convidados, pois haverá destruição, momentânea,
mas haverá. Uma destruição de coisas, de valores, de ritmos,
de acomodações, de movimentos non-gratos ao meio em
progressão... E, desde então, beleza, radiancia, luminosidade,
serenos movimentos de vida, progressos, regeneração!
E a quem foi confiado isso, direta e inequivocamente?
Ao senhor Allan Kardec.
A cesta se curvou, reverente, a ele; movendo-
a, só Deus pode discernir quantos grandes Espíritos se
acotovelavam para seus preciosos avais.
E, enquanto o tempo vai passando, não conseguimos,
AINDA, ser tão respeitosos, tão reverentes e tão aplicados
com ele e com sua codificação, como seria de se esperar!!!
Incrível! Allan Kardec era o magnetizador, o
pesquisador, o compilador, o organizador de uma doutrina
universal, mas a ele caberia magnetizar, individualmente, o
que precisava de cura. Mesmo com tal anotação, a ele lhe
negam hoje o inquebrantável vínculo, por ele evidenciado,
testemunhado e provado, de ligação entre o magnetismo e o
Espiritismo. Como é duro de se crer nisso! Como deve ser
pesado esse fardo!

N ã o instantaneidade do magnetismo

Muito comum a busca pelas curas. Todos a
querem. Só que o comodismo costuma ser a base de
sustentação dessa busca, seu alcance fica severamente
comprometido. Além do magnetizador necessitar de pré-
requisitos indispensáveis para sua consecução, os pacientes
também precisam deter campos de atração e de fixação dos
benefícios para que tudo ocorra -- a fé real é o maior agente
centrípeto desses campos.


153
Tendo chegado a Betsaida, trouxeram-lhe um cego e
lhe pediam que o tocasse. Tomando o cego pela mão,
ele o levou para fora do burgo, passou-lhe saliva
nos olhos e, havendo-lhe imposto as mãos, lhe
perguntou se via alguma coisa. - O homem, olhando,
disse: Vejo a andar homens que me parecem árvores. -
Jesus lhe colocou de novo as mãos sobre os olhos e
ele começou a ver melhor. Afinal, ficou tão perfeitamente
curado que via distintamente todas as coisas. - Ele o
mandou para casa, dizendo-lhe: Vai para tua casa; se
entrares no burgo, a ninguém digas o que se deu contigo.
(Marcos, VIII, vv. 22 a 26)
Aqui, é evidente o efeito magnético; a cura não foi
instantânea, porém gradual e conseqüente a uma ação
prolongada e reiterada, se bem que mais rápida do que
na magnetização ordinária. A primeira sensação que o
homem teve foi exatamente a que experimentam os cegos
ao recobrarem a vista. Por um efeito de ótica, os objetos
lhes parecem de tamanho exagerado. - In: A Gênese
- Cap. XV- Os milagres do Evangelho, itens 12 e 13.


Todo magnetizador ou passista sabe, por experiência
própria, que as curas só muito raramente se dão de forma
instantânea, mas, em tese, isso não seria de se esperar de
uma ação realizada por Jesus. Todavia, na narrativa feita pelo
evangelista Marcos --João, em 9, 6 faz o mesmo registro -- e
os comentários de Kardec em "A Gênese" são suficientemente
explícitos quanto ao fato.
Um detalhe interessante é que pedem para Jesus o
tocar; Ele o pega pela mão e o leva para fora do povoado e
só quando lhe passa saliva nos olhos é que ele reage à cura.
Quer dizer então que pegar na mão não seria um toque?
Ou o toque, em si, pede algo mais intencional, com mais
vontade, ou por outra, mais que um simples toque?
A despeito de outra imensidade de curas instantâneas
capitalizadas pelo poder magnético fabuloso que Jesus

154
detinha, quiçá mesmo para que ficasse exemplo de que a
ação magnética obedece a leis nem sempre bem percebidas
pelo ser humano foi que ele, no caso acima, permitiu que a
cura daquele cego fosse gradual e não instantânea. Isto nos
permite deduzir que, também para as curas, há um tempo
e um meio correto ou mais efetivo do que outro. Como
já afirmei alhures, são muitas, quase infinitas, as variáveis
convidadas a se equilibrarem em ações curadoras, tanto da
parte do agente quanto do atendido. Portanto, nada de nos
espantarmos nem com o imediatismo que envolve algumas
curas como a lentidão característica verificada na maioria.

Sonambulismo, Magnetismo, mediunidade e
Espiritismo; tudo j u n t o

Quanto mais estudo Kardec, quanto mais conheço
o Espiritismo, mais e melhor percebo a vida. Que bom que
ele, preparado, me antecedeu! Q u e bom!!!


A rapidez com a qual se propagaram, em todas as partes
do mundo, os fenômenos estranhos das manifestações
espíritas, é uma prova do interesse que causam. Simples
objeto de curiosidade, a princípio, não tardaram em
despertar a atenção dos homens sérios que entreviram,
desde o início, a influência inevitável que devem ter sobre
o estado moral da sociedade. As idéias novas que deles
surgem, se popularizam cada dia mais, e nada poderia
deter-lhes o progresso, pela razão muito simples de que
esses fenômenos estão ao alcance de todo mundo, ou quase
todo, e que nenhuma força humana pode impedi-los
de se produzirem. Se os abafam em algum ponto, eles
reaparecem em cem outros. Aqueles, pois, que poderiam,
nele, ver um inconveniente qualquer, serão constrangidos,
pela força das coisas, a sofrer-lhes as conseqüências, como
ocorreu com as indústrias novas que, na sua origem,


155
feriram interesses privados, e com as quais todo o mundo
acabou por se ajeitar, porque não se poderia fazer de outro
modo. O que não se fez e disse contra o magnetismo!
E, todavia, todos os raios que se lançaram contra ele, todas
as armas com as quais o atingiram, mesmo o ridículo,
se enfraqueceram diante da realidade e não serviram
senão para colocá-lo mais e mais em evidência. É que
o magnetismo é uma força natural, e que, diante das
forças da Natureza, o homem é um pigmeu semelhante
a esses cãezinhos que ladram, inutilmente, contra o que
os assusta. Há manifestações espíritas como a do
sonambulismo; se elas não se produzem à luz do dia,
publicamente, ninguém pode se opor á que tenham lugar
na intimidade, uma vez que cada família pode achar
um médium entre seus membros, desde a criança até o
velho, como pode achar um sonâmbulo. Quem, pois,
poderia impedir, a qualquer pessoa, de ser médium ou
sonâmbula? Aqueles que combatem a coisa, sem dúvida,
não refletiram nela. Ainda uma vez, quando uma
força é da Natureza, pode-se detê-la um instante:
aniquilá-la, jamais! Não se faz mais do que desviar-
lhe o curso. Ora, a força que se revela no fenômeno das
manifestações, qualquer que seja a sua causa, está na
Natureza, como a do magnetismo; não será aniquilada,
pois, como não se pode aniquilar a força elétrica. O que é
preciso fazer é observá-la, estudar-lhe todas as fases
para, delas, deduzir as leis que a regem. Se for um
erro, uma ilusão, o tempo lhefará justiça; se for a verdade,
a verdade é como o vapor: quanto mais se comprime,
maior é a sua força de expansão. - In: Revista Espírita,
edição janeiro-1858 - "Introdução".


Realmente, a transcrição foi longa. Poderia ter
recortado mais, aposto reticências, enfim, se quisesse teria
focado apenas no que pretendia, mas não resisti; não poderia
roubar de você o prazer que tive ao selecionar este trecho. --
Aproveito para confessar; foi muito difícil selecionar trechos,

156
reduzi-los, eleger o mais interessante em detrimento de
outros... Talvez esta tenha sido a parte mais dura que tive na
composição deste livro. É que os textos são tão bons e ricos
que dá pena não poder alongá-los mais do que o muito já
feito. Por isso mesmo, aceite minha sugestão: se ainda não
tiver lido a Revista Espírita, toda, todos os 12 volumes, não
perca mais tempo: leia-a! Será uma das mais ricas viagens
que você fará em toda sua vida!
Mas... Vamos ao trecho acima.
Kardec começa falando do Espiritismo e suas
dificuldades iniciais, apesar da rápida e eloqüente ampliação
de suas informações ao redor do mundo. Respalda-se, como
exemplo, no que aconteceu e com o que fizeram com o
Magnetismo no passado recente. Mas ele sabia que o Espiritismo,
como o Magnetismo, era e é uma força da Natureza, contra a
qual nada se sustentará. Presunção? Não! Convicção!
No passo seguinte, ele traz o sonambulismo como uma
extensão do Espiritismo, como o é igualmente a mediunidade.
Interessante notar que essa faculdade, o sonambulismo,
ele a dispõe de forma destacada da mediunidade. Por que
será? Exatamente porque o sonambulismo propriamente
dito é uma atitude ou efeito anímico e não mediúnico, já
que o sonâmbulo participa dos fenômenos com sua própria
essência, dispondo de uma visão mais ampla e clara, pois que
se encontra "desdobrado" de si mesmo e, nessa posição, tanto
percebe o físico aparente, o físico profundo como o fluídico e
várias porções do perispírito.
Por fim, a sábia sugestão: se há dúvidas ou
desconhecimento sobre uma força, o ideal a se fazer é
observá-la, estudá-la e aplicar-lhe os benefícios possíveis,
pois se está disposto na Natureza está disposto ao homem.
E que não se comprima tanto as verdades que estão
abertas para o ser humano, bastando apenas que ele se decida
por recebê-las, beneficiando-se perene e moralmente.


157
O chamado sonambulismo magnético tem alguma
relação com o sonambulismo natural?
"É a mesma coisa, com a só diferença de ser provocado."
- In: O Livro dos Espíritos, questão 426.



Vimos que Kardec, no item anterior, diferenciou
sonambulismo de mediunidade. Aqui ele buscou outra
diferença, a qual, na verdade, não existe além do fato de ser
uma natural e provocada a outra. Nota-se que quem provoca
o sonambulismo induzido é o magnetismo. Muito relevante
isso, apesar de óbvio.


Entre as singulares faculdades que se notam nos
convulsionarios, algumas facilmente se reconhecem, de
que numerosos exemplos oferecem o sonambulismo e o
magnetismo, tais como, além de outras, a insensibilidade
física, a leitura do pensamento, a transmissão das dores,
por simpatia, etc. Não há, pois, duvidar de que aqueles em
quem tais crises se manifestam estejam numa espécie de
sonambulismo desperto, provocado pela influência que
exercem uns sobre os outros. Eles são ao mesmo tempo
magnetizadores e magnetizados, inconscientemente.
- In: O Livro dos Espíritos, questão 482 - Obs. Idêntico
trecho se encontra na Revista Espírita, edição novembro-
1859, artigo "Os Convulsionarios de Saint-Médard".


Nesta oportunidade, novamente Kardec relaciona
sonambulismo e magnetismo, informando, inclusive, que
ambos provocam estados e sensações semelhantes. Tanto
que, no fenômeno dos convulsionarios, os submetidos ao
sonambulismo são magnetizadores e magnetizados ao mesmo
tempo. É que o magnetismo, atuando de forma ampla,
centrípeta e centrífugamente, envolve circunstantes como
envolve o próprio emitente dos fluidos, predispondo quem

158
por ele é envolvido a uma espécie de sonambulismo em
estado desperto, patenteando a existência de uma crise, onde o
evento deixa características bem visíveis, ora com semelhança
a sonambulismo natural, ora provocado, ora como se fosse um
transe mediúnico. Sem dúvida, exuberante fenômeno. É de se
perguntar: poderia haver uma situação tão consorciada entre
os vários elementos em análise quanto esta?


(...) Sim, é a alma que dá ao sonâmbulo as faculdades
maravilhosas das quais goza; a alma que, em
circunstâncias dadas, se manifesta se isolando em parte e
momentaneamente de seu envoltório corporal. Para quem
observou atentamente os fenômenos do sonambulismo
em toda a sua pureza, a existência da alma é um fato
patente e a idéia de que tudo se acaba em nós com a vida
animal é, para ele, uma insensatez demonstrada até à
evidência; também se pode dizer, com alguma razão, que
o magnetismo e o materialismo são incompatíveis; se
há alguns magnetizadores que parecem se afastar dessa
regra, e que professam doutrinas materialistas é que não
fizeram, sem dúvida, senão um estudo muito superficial
dos fenômenos físicos do magnetismo, e que não
procuraram seriamente a solução do problema da
visão a distância. Qualquer que ele seja, jamais vimos
um único sonâmbulo que não estivesse penetrado de um
profundo sentimento religioso, quaisquer que possam ser as
suas opiniões no estado de vigília. -- In: Obras Póstumas
-- "Causas e natureza da lucidez sonambúlica".


O intercâmbio entre todos esses fenômenos -
sonambulismo, magnetismo, mediunidade e Espiritismo - é
tal que sempre se pode colocá-los em um mesmo recipiente
sem que nada de danoso ou adulterado surgirá.
Pensando aqui com meus botões, paralelamente,
percebo hoje uma forte enfatização de uma prática chamada
apometria, como se isso fosse uma grande novidade ou se
159
constituísse num novo marco dentro do conhecimento e da
prática espírita. Sonambulismo! Eis a palavra mágica, eis a
definição do insigne codificador para o assunto. Só que não
lhe demos a atenção devida, concorrendo, assim, para que tal
prática fosse tão relegada às favas a ponto de surgirem novos
vanguardeiros de uma verdade que já é e já estava estabelecida
até mesmo bem antes do Espiritismo. E Allan Kardec tanto
falou no sonambulismo, tanto lhe descreveu a prática, a
exuberância, a realidade e os potenciais que se estendiam sob
seus mantos e nós apenas o deixamos passar, de mansinho,
discretamente, como se esse fenômeno fosse tão pequeno e
insignificante que não fizesse falta ao bojo doutrinário! Que
lástima! Q u e lástima!
Em sua reverência e, de certa forma, homenageando-
o, tratarei do sonambulismo de forma destacada, pois é mais
do que necessário que tal seja feito.

O sonambulismo - este desconhecido

Também foi para servir de reflexão acerca desse
desprezado assunto que decidi tratar dele, ainda que muito
sumariamente, só para ver se acordamos também nesse terreno.


172. Pode considerar-se o sonambulismo uma
variedade da faculdade mediúnica, ou, melhor, são
duas ordens de fenômenos que freqüentemente se
acham reunidos. O sonâmbulo age sob a influência
do seu próprio Espírito; é sua alma que, nos momentos
de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos
sentidos. O que ele externa tira-o de si mesmo; suas idéias
são, em geral, mais justas do que no estado normal, seus
conhecimentos mais dilatados, porque tem livre a alma.
Numa palavra, ele vive antecipadamente a vida dos
Espíritos. O médium, ao contrário, é instrumento
de uma inteligência estranha; é passivo e o que diz


160
não vem de si. Em resumo, o sonâmbulo exprime o
seu próprio pensamento, enquanto que o médium
exprime o de outrem. Mas, o Espírito que se comunica
com um médium comum também o pode fazer com um
sonâmbulo; dá-se mesmo que, muitas vezes, o estado
de emancipação da alma facilita essa comunicação.
Muitos sonâmbulos vêem perfeitamente os Espíritos
e os descrevem com tanta precisão, como os médiuns
videntes. Podem confabular com eles e transmitir-nos
seus pensamentos. O que dizem, fora do âmbito de seus
conhecimentos pessoais, lhes é com freqüência sugerido
por outros Espíritos. Aqui está um exemplo notável, em
que a dupla ação do Espírito do sonâmbulo e de outro
Espírito se revela e de modo inequívoco.
173. Um de nossos amigos tinha como sonâmbulo um
rapaz de 14 a 15 anos, de inteligência muito vulgar
e instrução extremamente escassa. Entretanto, no
estado de sonambulismo, deu provas de lucidez
extraordinária e de grande perspicácia. Excedia,
sobretudo, no tratamento das enfermidades e operou
grande número de curas consideradas impossíveis. Certo
dia, dando consulta a um doente, descreveu a enfermidade
com absoluta exatidão. Não basta, disseram-lhe, agora é
preciso que indiques o remédio. Não posso, respondeu,
meu anjo doutor não está aqui. Quem é esse anjo doutor
de quem falas? - O que dita os remédios. - Não és tu,
então, que vês os remédios? - Oh! não; estou a dizer que
é o meu anjo doutor quem mos dita.
Assim, nesse sonâmbulo, a ação de ver o mal era do
seu próprio Espírito que, para isso, não precisava de
assistência alguma; a indicação, porém, dos remédios
lhe era dada por outro. Não estando presente esse outro,
ele nada podia dizer.
Quando só, era apenas sonâmbulo; assistido por aquele a
quem chamava seu anjo doutor, era sonâmbulo-médium.
- In: O Livro dos Médiuns, cap. 6, item "Médiuns
sonambúlicos".



161
Volto a me perguntar: quem sabe a explicação
para o menosprezo ao sonambulismo não tenha surgido da
evidência de que tal faculdade é, acima de tudo, anímica? Isso
mesmo, pois o animismo, no meio espírita brasileiro, sofreu
uma grave distorção no entendimento geral em virtude de se
usar esse termo tanto para referir faculdades anímicas -- as
quais se optava por classificá-la, embora que corretamente,
apenas como de efeitos físicos, certamente para resguardá-la
do pejo associado ao animismo -- como, especialmente, para
se encobrir mistificações, ludíbrios ou até mesmo insegurança
de médiuns menos preparados. C o m uma faculdade tão
ligada ao próprio ser, perdia-se um pouco do místico que
traz o fenômeno mediúnico em si. Será mesmo que foi esse
o detonador do sonambulismo em nosso meio?
De passagem, recordo-me da pressão que foi feita no
meio espírita quando surgiu o estudo sobre a "saída do corpo",
batizada de projeciologia, por Waldo Vieira. Se tivesse sido
dado tal poder a quem se sentiu ofendido com tal pesquisa,
esse estudo teria sido banido da face da Terra. Mesmo não
me sentindo autorizado a tratar do tema projeciologia, por
nunca tê-lo estudado com a atenção devida, louvo que não
se tenha deixado perder essa valiosa vertente de pesquisa,
análise, estudo e conhecimento das faculdades humanas.
Retomando, de certa forma acredito que o mesmo
ou algo muito semelhante se deu com o magnetismo em nosso
seio, pois ele também se expressa como potência anímica
e isto parece incomodar sobremaneira aos que optam por
sempre desconfiar excessivamente do semelhante, embora
credite positividade a tudo o que vem do ambiente espiritual,
não importando se a origem é digna de crédito ou não.
Bem se percebe que acabo de fazer uma generalização
muito forte, mas assim o fiz na esperança de que repensemos
melhor o que temos feito com tanta coisa boa, vigorosa e
indispensável que está no alicerce kardequiano. Afinal, o
codificador tratou do sonambulismo com segurança e fartura,
ressaltando tanto seus aspectos anímico como mediúnicos.

162
Continuando com a mesma transcrição, vejamos
mais um pouco do assunto.


A lucidez sonambúlica é uma faculdade que se
radica no organismo e que independe, em absoluto,
da elevação, do adiantamento e mesmo do estado
moral do indivíduo. Pode, pois, um sonâmbulo ser
muito lúcido e ao mesmo tempo incapaz de resolver certas
questões, desde que seu Espírito seja pouco adiantado. O
que fala por si próprio pode, portanto, dizer coisas boas
ou más, exatas ou falsas, demonstrar mais ou menos
delicadeza e escrúpulo nos processos de que use, conforme
o grau de elevação, ou de inferioridade do seu próprio
Espírito. A assistência então de outro Espírito pode
suprir-lhe as deficiências. Mas, um sonâmbulo, tanto
como os médiuns, pode ser assistido por um Espírito
mentiroso, leviano, ou mesmo mau. Aí, sobretudo, é
que as qualidades morais exercem grande influência, para
atraírem os bons Espíritos. - In: O Livro dos Médiuns,
cap. 6, item 174, "Médiuns sonambúlicos".


O primeiro negrito que destaquei aponta para o
que, acredito, muitos temem: reconhecer que nem sempre os
fenômenos anímicos e/ou mediúnicos estão intrinsecamente
associados à moral, É verdade que dessa associação depende
a condução positiva e feliz dos fenômenos, mas esconder ou
desconhecer essa realidade não os transforma, assim como
não os diviniza nem os sataniza. Maturidade é necessária para
que tenhamos a tranqüilidade de tudo examinar com isenção
e objetividade, do contrário iremos surrupiando, de coisinha
em coisinha, quase tudo o que Kardec legou e estabeleceremos
um outro espiritismo, com "e" bem minúsculo, sem que se
guarde muita parecença com o verdadeiro Espiritismo.
Não devemos, a partir do medo de sermos enganados,
simplesmente rechaçarmos um fenômeno tão útil e eloqüente
quanto o sonambulismo. Nosso dever é o de estudá-lo.

163
"P. Quais são os efeitos do magnetismo?
"R. O magnetismo produz ordinariamente, diz-se,
dois efeitos principais: 1° um estado de sonambulismo
no qual o magnetizado, inteiramente privado do uso
dos seus sentidos, vê, ouve, fala e responde a todas as
perguntas que lhe são dirigidas; 2° uma inteligência e
um saber que não tem senão na crise; ele conhece seu
estado, os remédios convenientes às suas enfermidades, o
que fazem certas pessoas mesmo distantes.
(...) ... Qualquer que ela seja, isso não se encontra em
um livro sábio, dogmático, para uso único dos teólogos,
mas em um livro elementar, para uso de catecismo,
por conseqüência destinado à instrução religiosa das
massas; conseqüentemente não ê uma opinião pessoal,
é uma verdade consagrada e reconhecida de que o
magnetismo existe, e produz o sonambulismo, que o
sonâmbulo goza de faculdades especiais, que no número
dessas faculdades está a de ver sem o socorro dos olhos,
mesmo à distância, de ouvir sem o socorro dos ouvidos, de
possuir conhecimentos que não tem no estado normal, de
indicar os remédios que lhe são salutares... - In: Revista
Espírita, edição outubro-1858, artigo "O magnetismo e
o sonambulismo ensinados pela Igreja".


Ligados, interligados, consorciados... Magnetismo
e sonambulismo estão firmes em suas batalhas. Por que,
então, não utilizar este último nas experiências magnéticas?
O magnetismo gera o sonambulismo e, por este, abre canais
de percepção fenomenais. Repete-se, então, a pergunta:
por que, então, não usar o sonambulismo magnético
nas atividades magnéticas? Você saberia responder? -- É
complexo, dirão muitos. É verdade; é complexo, até
porque essa faculdade, de forma segura e harmônica, não
se encontra em qualquer pessoa. Portanto, pede procura,
estudo e educação. E desde quando deixar para lá algo que
seja complexo resolve alguma coisa?

164
Se o magnetismo e o Espiritismo são uma única e
só ciência, e se o sonambulismo está frutuosamente inserido
nesse contexto, fica no ar a sensação de que estamos devendo
mais essa ao codificador, ao Espiritismo... Inclusive, eu me
insiro nesse débito, pois também demorei muito a perceber
essa falha lamentável que temos cometido.


(...) Dissestes, em seguida, que a faculdade dos médiuns
difere pouco da dos sujeitos na mão do magnetizador,
dito de outro modo, do sonâmbulo; mas, admitamos
mesmo uma perfeita identidade; qual pode ser a causa
dessa admirável clarividência sonambúlica, clarividência
que não encontra obstáculo nem na matéria, nem na
distância; que se exerce sem o concu rso dos órgãos da visão ?
Não é a demonstração mais patente da existência e
da individualidade da alma, pivô da religião? Se
eu fora padre, e quisesse, num sermão, provar que há
em nós outra coisa além do corpo, demonstrá-lo-ia, de
modo irrecusável, pelos fenômenos do sonambulismo
natural ou artificial. Se a mediunidade não é senão
uma variedade do sonambulismo, seus efeitos não
são menos dignos de observação. Nela encontraria
uma prova a mais em favor de minha tese, e dela faria
uma nova arma contra o ateísmo e o materialismo. Todas
as nossas faculdades são obras de Deus; quanto maiores e
maravilhosas, mais atestam seu poder e sua bondade.
Para mim que, durante trinta e cinco anos, fiz
do sonambulismo um estudo especial, que nele fiz
um não menos aprofundado de todas as variedades de
médiuns, digo, como todos aqueles que não julgam pela
visão de uma única face, que o médium é dotado de uma
faculdade particular, que não permite confundi-lo
com o sonâmbulo... -In: Revista Espírita, ediçãomaio-
1859, artigo "Refutação de um artigo de O Universo".




165
Empolgante! Isso é empolgante! O Espiritismo já
completou, neste ano de 2007, 150 anos de existência, mas
ainda o temos novinho, inteiro, riquíssimo, bastando apenas
buscar a obra de Kardec para ver quanta virgindade segue
incólume por não termos sabido desfrutar-lhe as virtudes!
Kardec associa, de forma bivalente, o sonambulismo
à mediunidade, deixando claro que um se relaciona com a
outra, embora cada um siga rumo próprio, sendo ambos,
contudo, grandiosas bênçãos divinas.
E de tão perfeita que a ligação se dá entre esses
elementos -- sonambulismo, magnetismo e mediunidade
-- que Kardec registra o mesmo tempo de conhecimento
que tem de um como dos outros.


Por que, pois, encontrase, no mundo inteligente, tanta
resistência para admitir a intervenção dos Espíritos sobre
a matéria? Porque se encontram pessoas que crêem na
existência e na individualidade do Espírito e que lhes
recusam a possibilidade de se manifestarem, é porque
não se dão conta das faculdades físicas do Espírito que
se afigura imaterial de maneira absoluta. A experiência
demonstra, ao contrário, que, por sua natureza própria,
ele age diretamente sobre os fiuidos imponderáveis,
e, conseqüentemente, sobre os fluidos ponderáveis e
mesmo sobre os corpos tangíveis. Como procede um
magnetizador comum? Suponhamos que queira agir
sobre um braço, por exemplo: concentra sua ação sobre
esse membro e por um simples movimento de seus dedos,
executado à distância e em todos os sentidos, agindo
absolutamente como se o contato da mão fosse real, ele
dirige uma corrente fluídica sobre o ponto desejado. O
Espírito não age de outro modo; sua ação fluídica se
transmite de perispírito a perispírito, e deste para o
corpo material. O estado de sonambulismo facilita
consideravelmente essa ação, em conseqüência do
desligamento do perispírito, que se identifica melhor com


166
a natureza fluídica do Espírito, e sofre então a influência
espiritual elevada à sua maior força... -- In: Revista
Espírita, edição setembro-1865, artigo "Cura peta
magnetização espiritual".


Na proposição de Kardec, para explicar como um
Espírito pode atuar sobre a matéria, ele busca no exemplo da
ação magnética o apoio para sua explanação e complementa
justificando as razões pelas quais a atuação via sonambulismo
é mais eficiente e precisa.
Para que o leitor não pense que apenas estou gerando
reflexões para terceiros, também me surpreendo estudando
Kardec e, vez por outra, exclamo: "Nossa! Como não tinha
visto isso ainda!" Nesse campo da união do sonambulismo
com o magnetismo, de forma mais direta no terreno das
curas, só muito recentemente vim me dar conta do quanto
podemos avançar nas pesquisas e melhorar mais largamente
nos resultados e benefícios para os pacientes fazendo uso
dessa conjugação bendita. Portanto, cada vez mais descubro
que preciso seguir lendo e estudando, refletindo e aplicando,
aprendendo e progredindo, pois já faz tempo que Kardec se foi
para o Mundo Espiritual e ainda estou capengando por aqui.


O sonambulismo, que pode ser dividido em três categorias

1°- O sonâmbulo natural será muito raramente um
bom magnetizador. Ele não é acessível nem à inspiração
e nem ao fluido forçado e concentrado num só ponto pela
sua vontade. De outras vezes, seu estado apresenta uma
predisposição favorável a receber uma impulsão.
(...)
O sonâmbulo age sob a simples inspiração que dele
emana; ele está concentrado sobre um único objeto, é
porque, em todos os atos que realiza então, parece muito
superior a si mesmo. Sendo despertado, ele se perturba,
grita como no meio de um pesadelo e essa brusca transição
não ê sem perigo para ele.

167
Esse estado estranho não ataca nem cansa os órgãos. Esses
seres se portam muito bem, porque, enquanto agem, o ser físico
dorme, repousa enquanto que só a imaginação trabalha.
2° - No inspirado, pode-se dizer que há sempre uma
grande soma de repouso físico. Marcado de uma outra
individualidade, seu corpo não participa da ação que
realiza, e seu próprio Espírito de um certo modo dormita,
uma vez que se vem forçá-lo a assimilar os pensamentos
de um outro do qual perde, em seguida, até o mais leve
traço, à medida que desperta para a vida comum.
Nas naturezas dóceis (e todos os sonâmbulos não o
são), esse trabalho de concentração, de posse do ser,
se faz sem luta, é porque seus pensamentos lhes são
mais particularmente dados, precisamente porque não
interrompem o repouso naqueles a quem são trazidos.
As vezes, confundem-se os sonâmbulos com os inspirados,
porque há semelhança nos resultados.
( )
(···/

O magnetismo desperta no sonâmbulo, superexcita
e desenvolve um instinto que a Natureza deu a todos os
seres para sua cura, e que a civilização incompleta no meio
da qual nos debatemos, abafou-o em nós para substituí-lo
por falsos lampejos da ciência. Os inspirados não tem
de nenhum modo necessidade do socorro do fluido
magnético. Eles vivem pacificamente, não pensam em
nada. De repente uma palavra, obscura e indistinta
de início, é murmurada a seu ouvido; essa palavra os
penetra; tomam sentido, cresce, se amplia, torna-se um
pensamento; outras se agrupam ao seu redor, depois a
elaboração íntima tendo chegado à maturidade, uma
força irresistível os domestica, e, seja pela palavra, seja
pela escrita, é preciso que ponham para fora a verdade
que os obsidia.
(...)
Por si mesmo, o magnetismo não dá a inspiração:
quando muito a provoca, a torna mais fácil. O
fluido é como um ímã que atrai os mortos bem-amados
para aqueles que ficam. Liberta-se abundantemente
dos inspirados e vai despertar a atenção dos seres que


168
partiram primeiro e que lhe são similares. Estes, de
seu lado, depurados e esclarecidos por uma vida mais
completa e melhor, julgam melhor e conliecem melhor
aqueles que podem lhes servir de intermediários na ordem
de fatos que crêem úteis nos revelar. É assim que estes
seres mais avançados descobrem, freqüentemente, naquele
que adotam por seu eleito, disposições que ele mesmo
não conhecia. Eles o desenvolvem nesse sentido, apesar
dos obstáculos que lhes opõem os preconceitos do meio
social, ou as prevenções da família, sabendo bem que a
Natureza preparou o terreno para receber a semente que
querem espalhar.
(...)
O magnetismo, no que respeita à inspiração, nada
pode para esta criatura fatalmente desencaminhada.
Somente, como há desacordo entre as tendências que lhe
imprimem seus fluidos e as funções que os circunstantes o
condenaram a exercer, ele está descontente, infeliz; sofre,
e, deste ponto de vista, o magnetismo pode vir a acalmar,
por um momento, os pesares que sente em presença de
seu futuro frustrado. É, pois, muito errado que se o creia
geralmente no mundo que, por ser inspirado, é preciso
ser magnetizado. Ainda uma vez, o magnetismo não
dá a inspiração; ele faz circular o fluido e nos coloca em
equilíbrio, eis tudo. Além disto, é incontestável que ele
desenvolve o poder de concentração.
Os sonâmbulos do mais alto título, aqueles que derramam
ao seu redor luzes novas, são ao mesmo tempo inspirados;
somente não se deve crer que eles o são igualmente em
todas as horas.
3° - Os sonâmbulos são mais geralmente fluídicos
do que inspirados; então, concebe-se a oportunidade na
ação magnética. O toque, seja do magnetizador, seja
de uma coisa que lhe pertenceu, pode lhe dar esse poder
de concentração provocada e preliminarmente aumentada
pelos passes magnéticos. Unido à predisposição
sonambúlica, o magnetismo desenvolve a segunda
vista e produz resultados extraordinários, sobretudo
do ponto de vista das consultas médicas. O sonâmbulo é


169
de tal modo concentrado pelo desejo de curar a pessoa cujo
fluido está em relação com o seu, que lê no seu ser interior.
Acrescentando-se a esta disposição a de ser inspirado,
coisa extremamente rara, então é que se torna completo.
Ele vê o mal; e indicam-lhe o remédio!
(...)
Sendo o fluido o princípio de vida, a animação, nossa
alma tendo, graças a fluidos diferentes, atrações e,
conseqüentemente, destinos múltiplos e diversos, se,
pela ação magnética, desvia-se de sua espontaneidade
o poder de concentração sobre o pensamento que nos
deve ser transmitido, o Espírito não pode mais exercer
sua ação, conservar sobre nós sua mesma força, sua
vontade intacta para nos fazer escrever, ou ler em alta
voz, ao mundo de que tem necessidade, o que ele veio nos
trazer. Também os médicos que dirigem os sonâmbulos
devem evitar, tanto quanto possível, de magnetizá-los,
sob pena de substituir a verdadeira inspiração por uma
simples transmissão de seu próprio pensamento.
/ )
(···/

Para os sonâmbulos fluídicos, o emprego do magnetismo
é útil em exercendo sobre eles sua influência de
concentração. Somente há, nesse estado, mais ainda do
que em outro, uma força de atração ou de repulsão,
contra a qual jamais se deve lutar. Os mais ricamente
dotados são acessíveis a antipatias muito extremas para
que possam abafá-los. Eles a sentem como as inspiram.
Suas prescrições são então raramente boas. Mas dotados,
comumente, de uma grande força moral, ao mesmo tempo
que de uma excessiva benevolência, eles adquirem um
grande poder de moderação sobre sua pessoa, e se não lhes
é sempre permitido fazer o bem, pelo menos jamais farão
o mal. EUGÈNE BONNEMÈRE. - In: Revista,
edição fevereiro-1868, artigo "Extrato dos manuscritos de
um jovem médium bretão", subtítulo "os Sonâmbulos"


A transcrição foi tão longa e ela retrata tão bem o que
seja o sonambulismo, como existe e como se relaciona com
o magnetismo e a mediunidade em si que me dispensarei

170
comentar, deixando a você o prazer de exalar todo o perfume
dessas flores fluídicas de um consistente saber. Todavia,
quero destacar a muito interessante distinção feita entre o
sonâmbulo intuitivo do sonâmbulo fluídico. Ideal seria
quando, num mesmo sonâmbulo, fossem localizadas as
duas disposições: inspiração e magnetismo, posto que este
não gera aquela. Mas os fluídicos são aqueles que podem
ser qualificados, também, de magnetizadores, pois não se
limitam a ver e traduzir, mas igualmente a agir e manipular
campos energéticos, à feição dos magnetizadores ordinários.


A dupla vista - esta desconhecida

Nas abordagens que venho fazendo, não poderia
deixar de fora a dupla vista. Logo na primeira questão a seguir
já dá para saber o porquê.


O fenômeno a que se dá a designação de dupla vista tem
alguma relação com o sonho e o sonambulismo?
"Tudo isso é uma só coisa. O que se chama dupla vista
é ainda resultado da libertação do Espírito, sem que o
corpo seja adormecido. A dupla vista ou segunda vista
é a vista da alma." - In: O Livro dos Espíritos, questão
447 (grifos originais).



Sendo a dupla vista uma espécie de sinônimo ou
parente íntimo do sonambulismo, implica dizer que essa
faculdade muito tem a ver com o que vimos tratando. O
que me causa espanto, mais uma vez, é o fato dela, como
faculdade assim chamada, muito pouco freqüentar o
vocabulário e a prática espírita atual. Talvez a razão disso
esteja na colocação seguinte:


171
A dupla vista é suscetível de desenvolver-se pelo exercício?
"Sim, do trabalho sempre resulta o progresso e a dissipação
do véu que encobre as coisas."
a) - Esta faculdade tem qualquer ligação com a orga-
nização física?
"Incontestavelmente, o organismo influi para a sua
existência. Há organismos que lhe são refratários." -- In:
O Livro dos Espíritos, questões 450 e 450-a.



Anímica; eis a característica forte dessa potência
humana. Talvez seja por isso que, em vez de a abraçarmos
e a desenvolvermos pra valer, com ela nos assustemos e a
deixemos numa longa e interminável quarentena. Se for
isso mesmo o que acontece, meu Deus!, quanta ignorância
nossa, quanta perda injustificável, quanto prejuízo. -- Para
quem ache que eu esteja exagerando, pergunto: tem você
ouvido falar nessa faculdade no meio espírita? Tem sido
apresentado a espíritas que façam uso regular e conhecido
dessa faculdade? Sabe me dizer a razão disso? Allan Kardec
tem uma sugestão sábia para que resolvêssemos problemas
desse jaez, mas parece que nem sempre o ouvimos:

Os charlatães o exploram (o sonambulismo), dizem.
Razão de mais para que não lhes seja deixado nas
mãos. Quando a Ciência se houver apropriado
dele, muito menos crédito terão os charlatães junto
às massas populares. Enquanto isso não se verifica, como
o sonambulismo natural ou artificial é um fato, e como
contra fatos não há raciocínio possível, vai ele ganhando
terreno, apesar da má-vontade de alguns, no seio da
própria Ciência, onde penetra por uma imensidade
de portinhas, em vez de entrar pela porta larga.
Quando lá estiver totalmente, terão que lhe conceder direito
de cidade. - In: O Livro dos Espíritos, 455, "Resumo
teórico do sonambulismo, do êxtase e da dupla vista".


172
Brilhante sugestão: que estudemos a faculdade
para deter seu domínio e não a deixemos nas mãos dos
prestidigitadores, de seres que agem de má-fé. E que seja
bem anotado que tudo isso está na primeira e principal obra
espírita, "O Livro dos Espíritos". Portanto, é de se lamentar
que a ciência espírita siga deixando escapar tudo isso, fazendo
muito pouco uso de tão potentes instrumentos da alma.
Sei que corro o risco de ser apontado como um
escritor que não sabe se conter e resumir os trechos que
transcreve, mas é praticamente impossível não retornar à
citação desse resumo teórico escrito por Kardec.


Para o Espiritismo, o sonambulismo é mais do
que um fenômeno psicológico, é uma luz projetada
sobre a psicologia. É aí que se pode estudar a alma,
porque é onde esta se mostra a descoberto. Ora, um
dos fenômenos que a caracterizam é o da clarividência
independente dos órgãos ordinários da vista. Fundam-se
os que contestam este fato em que o sonâmbulo nem sempre
vê, e à vontade do experimentador, como com os olhos. Será
de admirar que difiram os efeitos, quando diferentes são
os meios? Será racional que se pretenda obter os mesmos
efeitos, quando há e quando não há o instrumento? A alma
tem suas propriedades, como os olhos têm as suas. Cumpre
julgá-las em si mesmas e não por analogia.
( \
(···/

Essa separação parcial da alma e do corpo constitui um
estado anormal, suscetível de duração mais ou menos
longa, porém não indefinida. Daí a fadiga que o corpo
experimenta após certo tempo, mormente quando aquela
se entrega a um trabalho ativo.
(...)
A emancipação da alma se verifica às vezes no estado de
vigília e produz o fenômeno conhecido pelo nome
de segunda vista ou dupla vista, que é a faculdade
graças à qual quem a possui vê, ouve e sente além


173
dos limites dos sentidos humanos. Percebe o que exista até
onde estende a alma a sua ação. Vê, por assim dizer, através
da vista ordinária, e como por uma espécie de miragem.
(...)
O sonambulismo natural e artificial, o êxtase e a
dupla vista são efeitos vários, ou de modalidades
diversas, de uma mesma causa. Esses fenômenos, como
os sonhos, estão na ordem da Natureza. - In: O Livro
dos Espíritos, 455, "Resumo teórico do sonambulismo,
do êxtase e da dupla vista".



Isto que o codificador define como importância
do sonambulismo para o Espiritismo é um chamado de
responsabilidade imenso, o qual deve ser bem refletido e
pensado. Esses fenômenos, sonambulismo e dupla vista, são
luzes projetadas sobre a psicologia, só que as lâmpadas precisam
estar acesas, ligadas, para fazerem incidir seus raios luminosos
e clarearem a realidade que se posiciona sob seus reflexos. E
quem pode acendê-los somos nós mesmos; basta querermos.


Rápida vista sobre a obsessão

São muitos e variados os artigos, referências, notas e
indicações de Kardec acerca das obsessões. Como não tenho
em mente tratar deste assunto, de forma pormenorizada, neste
livro, vou me limitar a uma única transcrição, embora no item
seguinte retome o tema em uma feição bastante específica.


A cura das obsessões graves requer muita paciência,
perseverança e devotamento. Exige também tato e
habilidade, a fim de encaminhar para o bem Espíritos
muitas vezes perversos, endurecidos e astuciosos, porquanto
há-os rebeldes ao extremo. Na maioria dos casos, temos


174
de nos guiar pelas circunstâncias. Qualquer que seja,
porém, o caráter do Espírito, nada se obtém, é isto um
fato incontestável pelo constrangimento ou pela ameaça.
Toda influência reside no ascendente moral. Outra
verdade igualmente comprovada pela experiência tanto
quanto pela lógica, é a completa ineficácia dos exorcismos,
fórmulas, palavras sacramentais, amuletos, talismãs,
práticas exteriores, ou quaisquer sinais materiais.
A obsessão muito prolongada pode ocasionar
desordens patológicas e reclama, por vezes,
tratamento simultâneo ou consecutivo, quer
magnético, quer médico, para restabelecer a saúde
do organismo. Destruída a causa, resta combater os
efeitos. -- In: O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap.
XXVIII, Preces Espíritas, observação do item 84.



Tratar de obsessão requer tato e habilidade, portanto,
conhecimento e moral. Ademais, as circunstâncias sempre
determinam procedimentos diversos, pelo que nem sempre
se consegue estabelecer padrões para os casos em tratamento.
Mas é no segundo parágrafo da transcrição que
quero sublinhar algo que parece vir escapando aos estudiosos
da desobsessão: a demora e a intensidade com que a obsessão
fica instalada numa pessoa pode gerar patologias que, como
tão rigidamente afirma Kardec, "por vezes reclama tratamento
simultâneo ou consecutivo, quer magnético, quer médico".
Aí está, explicitamente, mais um caso em que a necessidade
de magnetizadores espíritas, no bom sentido do termo, é
imperiosa, motivo pelo qual cabe aos dirigentes, médiuns,
doutrinadores e demais trabalhadores da área da mediunidade
promoverem atividades que despertem o surgimento
dessas pessoas. E que não dispensemos a necessidade dos
acompanhamentos médicos.



175
A subjugação pede entendimento .

"Panos para as mangas"! Eis um item no qual se
aplica a expressão popular! Este tem panos para mangas,
pernas, cós, viés, golas, babados...
Qual a Casa Espírita que não trata ou não aborda a
questão da desobsessão? Muito embora nem todas realizem
reuniões específicas para tratar da questão é quase impossível
que um Centro Espírita não saiba ou não comente a respeito.
Apesar de tão estreita ligação, será que somos, de
fato, fiéis à proposta de Kardec conforme grafada em "O
Livro dos Médiuns"?

A subjugação corporal tira muitas vezes ao obsediado
a energia necessária para dominar o mau Espírito.
Daí o tornar-se precisa a intervenção de um terceiro, que
atue, ou pelo magnetismo, ou pelo império da sua
vontade. Em falta do concurso do obsediado, essa terceira
pessoa deve tomar ascendente sobre o Espírito; porém, como
este ascendente só pode ser moral, só a um ser moralmente
superior ao Espírito é dado assumi-lo e seu poder será
tanto maior, quanto maior for a sua superioridade moral,
porque, então, se impõe àquele, que se vê forçado a inclinar-
se diante dele. Por isso é que Jesus tinha tão grande poder
para expulsar o a que naquela época se chamava demónio,
isto é, os maus Espíritos obsessores.
Aqui, não podemos oferecer mais do que conselhos
gerais, porquanto nenhum processo material existe,
como, sobretudo, nenhuma fórmula, nenhuma palavra
sacramental, com o poder de expelir os Espíritos obsessores.
Às vezes, o que falta ao obsediado é força fluídica
suficiente; nesse caso, a ação magnética de um
bom magnetizador lhe pode ser de grande proveito.
Contudo, é sempre conveniente procurar, por um
médium de confiança, os conselhos de um Espírito
superior, ou do anjo guardião. - In: O Livro dos
Médiuns - Cap. XXIII - Da obsessão - Item 251.


176
No tratamento de tão grave problema, a subjugação,
Allan Kardec praticamente resumiu tudo no texto acima.
Analisemos com calma o que ele escreveu.
Na primeira frase, ele prestigia o que acha ser o mais
poderoso agente presente na subjugação: a falta de uma 'energia'
no subjugado que lhe permitiria sair do jugo do obsessor. Claro
que pelo termo 'energia' podemos interpor que ele fazia alusão
à energia moral. Mas a frase seguinte define claramente ao que
ele se referia, pois a intervenção de um magnetizador ou de um
terceiro no evento, com sua força de vontade, é imperiosa. Por
incrível que pareça, esta conclusão parece ser incômoda, pois
a grande maioria, ou melhor, a quase totalidade das pessoas
que abordam o tema subjugação quer que a situação moral do
obsidiado seja colocada em primeiro lugar em vez da questão
fluídica. É claro que a moral, ou seja, a falta dela, gera graves
campos de desarmonia no ser, mas nem sempre seu alcance
e sua conseqüência são tão imediatos como vulgarmente
imaginamos. Analisemos o seguinte raciocínio: um indivíduo,
extremamente mau, assassino frio e confesso, que diz sentir
prazer em fazer o mal, muito raramente será encontrado sob
subjugação. Por quê?
Antes de concluir lembremos o que os Espíritos
disseram a Kardec na resposta da questão 552 de "O Livro
dos Espíritos":


'Algumas pessoas dispõem de grande força magnética,
de que podem fazer mau uso, se maus forem seus
próprios Espíritos, caso em que possível se torna
serem secundados por outros Espíritos maus..."



Ou seja, existem pessoas muito más, agindo
vigorosamente nas entranhas do mal, perpetrando tudo
de ruim em seu derredor e, ao contrário do esperado, não
sentem um friozinho de arrependimento na espinha, uma

177
tontura sequer devido a influências espirituais negativas.
Não que estas não ocorram, mas, de tão similares as
vibrações com seus próprios padrões energéticos não geram
sensações ruins ou de possessão. Seria de se perguntar qual a
razão de tamanha insensibilidade, já que o mal atrai fluidos
ruins? Além da similitude de padrões vibratórios, esses
seres encarnados, ainda maus e insensíveis, detêm vigorosos
campos vitais a encouraçá-los, formando uma espécie de
proteção contra certos envolvimentos psíquicos. Todavia,
quando o enfraquecimento de seus órgãos vitais se apodera de
suas vidas começa a surgir visões apavorantes, assombrações,
sensações de medo insofreáveis, alucinações... Estará, então,
estabelecido o padrão fluídico compatível com o domínio
exercido pelo(s) obsessor(es).
Disso fica fácil se perceber que Kardec, novamente,
está coberto de razão quando inicia sua análise dirigindo seu
foco para o problema fluídico e não para a questão moral,
muito embora esta surja de forma bastante segura em sua
argumentação. Temos que concordar que não é apenas o
pensamento ruim ou a maldade praticada que nos leva a uma
obsessão tão severa, mas sim uma conjugação de fatores, dentre
estes se destacando a energia vital em baixo nível da parte do
obsidiado. Daí Kardec ter indicado, de saída, a imperiosidade
da presença e da ação de um magnetizador ou de alguém
detentor de uma vontade firme para atuar fluidicamente sobre
o subjugado. Na seqüência, ele sugere que essa terceira pessoa
aja moralmente sobre o Espírito obsessor a fim de impor-se
sobre ele e afastá-lo do paciente, através de uma renovação de
padrão moral e não pelo simples expulsar.
Se bem que nem todos os casos sejam iguais, existem
outros padrões de terapia, mas o que o codificador deixou
muito claro foi o papel do magnetismo na ação terapêutica
das subjugações: "Às vezes, o que falta ao obsediado é força
fluídica suficiente; nesse caso, a ação magnética de um bom
magnetizador lhe pode ser de grande proveito". Um bom

178
magnetizador. O que estaria querendo Allan Kardec dizer
com isso? Por mais óbvio que seja, vale a pena expressar:
por bom magnetizador ele queria dizer bom magnetizador
mesmo! Um magnetizador com potencial fluídico, com
equilíbrio emocional e moral e conhecimento de técnicas de
magnetismo, para dar ao obsidiado o que ele necessita, esse
é um bom magnetizador. Só que, ao tempo de Kardec, esse
era um profissional e, como tal, cobrava para prestar seus
serviços. -- A propósito de pagamentos, no próximo item
desta abordagem tratarei do assunto.
Concluindo meus comentários acerca dessa
transcrição, atentemos para sua conclusão: "é sempre
conveniente procurar, por um médium de confiança, os
conselhos de um Espirito superior, ou do anjo guardião". Pois é
isso mesmo o que está escrito na obra: é sempre conveniente
contarmos com médiuns de confiança para, através de
suas faculdades, evocarmos Espíritos superiores ou o anjo
guardião do obsidiado a fim de contarmos com um apoio
seguro nessa terapia.
Mesmo sabendo que livros são, basicamente, fontes
de respostas, neste quero deixar, como venho fazendo, mais
uma pergunta: será que as reuniões que cuidam desse tipo
de terapia têm seguido pelo menos essa última instrução do
mestre Kardec?
Em outra obra Allan Kardec adita importantes
considerações sobre a terapia da subjugação que merece
ser vista aqui. Vou dividir a transcrição em duas partes para
facilitar a percepção de certos detalhes.

Mas ocorre, algumas vezes, que a subjugação aumenta
ao ponto de paralisar a vontade do obsidiado, e que não
se pode dele esperar nenhum concurso sério. É então,
sobretudo, que a intervenção de terceiros torna-se
necessária, seja pela prece, seja pela ação magnética;
mas a força dessa intervenção depende também do


179
ascendente moral que os intervenientes podem tomar
sobre os Espíritos; porque se não valem mais, a sua
ação é estéril. A ação magnética, nesse caso, tem o
efeito de penetrar o fluido do obsidiado de um fluido
melhor e de livrá-lo do Espírito mau; ao operar, o
magnetizador deve ter o duplo objetivo de opor uma
força moral a uma força moral e de produzir sobre
o sujeito uma espécie de reação química, para nos
servirmos de uma comparação material, expulsando
um fluido por um outro fluido. Por aí, não somente
ele opera um desligamento salutar, mas dá força aos
órgãos enfraquecidos por uma longa e, freqüentemente,
vigorosa opressão. Compreende-se, de resto, que a força
da ação fluídica está em razão, não só da energia
da vontade, mas sobretudo da qualidade do fluido
introduzido e, segundo o que dissemos, que essa
qualidade depende da instrução e das qualidades
morais do magnetizador; de onde se segue que um
magnetizador comum, que agiria maquinalmente
para magnetizar pura e simplesmente, produziria
pouco ou nenhum efeito; é preciso, de toda a
necessidade, um magnetizador espírita agindo com
conhecimento de causa, com a intenção de produzir,
não o sonambulismo ou uma cura orgânica, mas
os efeitos que acabamos de descrever. Além disso, é
evidente que uma ação magnética, dirigida nesse
sentido, não pode ser senão muito útil no caso de
obsessão comum, porque então, se o magnetizador
é secundado pela vontade do obsediado, o Espírito
é combatido por dois adversários ao invés de um.
- In: Obras póstumas, item 58.



Na primeira parte do trecho, Kardec repõe o que já
analisamos acima, ou seja, a intervenção magnética e moral
sobre o Espírito obsessor. Só que aqui ele explica como se dá
o processo: dá-se a substituição de campos fluídicos, o que
reforça o que venho destacando ser privilegiado o aspecto
fluídico quando se pretende obter uma feliz desobsessão.
180
Prosseguindo, renova ele a necessidade de potencial
fluídico bem como da qualidade do fluido para se atingir uma
eficiente desobsessão, sendo que esta "qualidade depende da
instrução e das qualidades morais do magnetizador". Seja isso
bem observado: depende da instrução -- que significa dizer:
estudo, conhecimento, prática, domínio sobre as técnicas --
do magnetizador tanto quanto de suas qualidades morais.
Nesse momento, surge um personagem impor-
tantíssimo para tudo o que estou tentando gerar em termos
de assunção de responsabilidades: "é preciso, de toda a
necessidade, um magnetizador espírita agindo com conhecimento
de causa, com a intenção de produzir, não o sonambulismo
ou uma cura orgânica, mas os efeitos que acabamos de
descrever". Mais enfático, impossível! Magnetizador espírita
com conhecimento de causa; é isso o que estamos todos
buscando. Um magnetizador com conhecimento de causa
e que também considere o sonambulismo, mas que destine
seus poderes e saber para resolver tanto curas orgânicas como
obsessões, subjugações e muito mais até.
Prosseguindo...


(...) A prece, geralmente, é um meio poderoso para ajudar
na libertação dos obsidiados, mas não é uma prece de
palavras, dita com indiferença e como uma fórmula banal,
que pode ser eficaz em semelhante caso; é necessária uma
prece ardente que seja, ao mesmo tempo, uma espécie
de magnetização mental; pelo pensamento pode-se
levar, sobre o paciente, uma corrente fluídica salutar, cuja
força está em razão da intenção. A prece não tem, pois,
somente por efeito invocar um socorro estranho, mas
de exercer uma ação fluídica. O que uma pessoa não
pode fazer só, várias pessoas unidas pela intenção, numa
prece coletiva e reiterada, freqüentemente o podem, sendo
a potência da ação aumentada pelo número. -- In: Obras
póstumas, item 58.


181
Reforçando a prece como uma espécie de magnetização
mental e reavivando como ela deve ser interiorizada e externada,
indica que seu poder pode ser crescido pela união de pensamento
de várias pessoas, o que é uma forma de corrente magnética, o
que tratarei no item a seguir.

Correntes magnéticas

Acima, Kardec colocou a força do pensamento
coletivo, unido numa mesma intenção, através da prece,
concluindo que o aumento da força se dá pelo número de
participantes. Vejamos a questão numa outra abordagem dele.


Outro meio, que também pode contribuir fortemente
para desenvolver a faculdade, consiste em reunir-se
certo número de pessoas, todas animadas do mesmo
desejo e comungando na mesma intenção. Feito isso,
todas simultaneamente, guardando absoluto silêncio e
num recolhimento religioso, tentem escrever, apelando
cada um para o seu anjo de guarda, ou para qualquer
Espírito simpático. Ou, então, uma delas poderá dirigir,
sem designação especial e por todos os presentes, um
apelo aos bons Espíritos em geral, dizendo por exemplo:
Em nome de Deus Todo-Poderoso, pedimos aos bons
Espíritos que se dignem de comunicarse por intermédio
das pessoas aqui presentes. É raro que entre estas não
haja algumas que dêem prontos sinais de mediunidade
ou que até escrevam correntemente em pouco tempo.
Compreende-se o que em tal caso ocorre. Os que se reúnem
com um intento comum formam um todo coletivo, cuja
força e sensibilidade se encontram acrescidas por uma espécie
de influência magnética, que auxilia o desenvolvimento da
faculdade. Entre os Espíritos atraídos por esse concurso de
vontades estarão, provavelmente, alguns que descobrirão
nos assistentes o instrumento que lhes convenha. Se não
for este, será outro e eles se aproveitarão desse.


182
Este meio deve sobretudo ser empregado nos grupos
espíritas a que faltam médiuns ou que não os possuam
em número suficiente. - In: O Livro dos Médiuns, cap,
XVII, item 207, "Da formação dos médiuns".



Ainda que a corrente aqui referida seja para facilitar
o desenvolvimento das aptidões mediúnicas, essa "influência
magnética" também se faz presente nos outros casos em que
ela é requerida. O que deve ser bem frisado, entretanto, é o
aspecto dos comunicantes descobrirem "o instrumento que
lhes convenha". Se o caso fosse puramente magnético, poder-
se-ia dizer que os vários padrões magnéticos dos circunstantes
unidos pela corrente propiciarão maiores possibilidades de
combinações fluídicas mais apropriadas a cada caso, motivo
pelo qual muitas vezes a união de vários magnetizadores
unidos em torno de um atendimento magnético pode
proporcionar um mais eficiente e rápido tratamento. Não se
trata de apenas se juntar pessoas.

Pagamento ao magnetizador

No item "A subjugação pede entendimento" veio
à baila a questão do pagamento por ação magnética. Muita
gente encara isso como se fosse um sacrilégio, um absurdo,
algo apavorante. Antes de apresentar a opinião de Allan
Kardec, entretanto, quero dizer que, particularmente, não
coloco o passe espírita no mesmo nível de uma ação magnética
propriamente dita, no seu sentido profissional, pois sendo esta
realizada dentro da Casa Espírita ou em nome do Espiritismo,
não é coerente cobrar por sua aplicação. Isto se explica em cima
de práticas outras que vemos e sabemos serem realizadas nessas
Casas, tais como serviços médicos, dentários, psicológicos e
outros, e não se costuma fazer-se pagar igualmente, pois o
movimento espírita se caracteriza, dentre muitas faces, por


183
esta de prestar serviço assistencial, promocional e voluntário
gratuito aos necessitados que as buscam.
Isto posto, analisemos o que disse Kardec.


A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada
santamente, religiosamente. Se há um gênero de
mediunidade que requeira essa condição de modo ainda
mais absoluto é a mediunidade curadora. O médico
dá o fruto de seus estudos, feitos, muita vez, à custa de
sacrifícios penosos. O magnetizador dá o seu próprio
fluido, por vezes até a sua saúde. Podem pôr-lhes
preço. O médium curador transmite o fluido salutar
dos bons Espíritos; não tem o direito de vendê-lo.
Jesus e os apóstolos, ainda que pobres, nada cobravam
pelas curas que operavam.
Procure, pois, aquele que carece do que viver, recursos
em qualquer parte, menos na mediunidade; não lhe
consagre, se assim for preciso, senão o tempo de que
materialmente possa dispor. Os Espíritos lhe levarão
em conta o devotamento e os sacrifícios, ao passo que
se afastam dos que esperam fazer deles uma escada por
onde subam. -- In: O Evangelho Segundo o Espiritismo
- Cap. XXVI - "Daigratuitamente" - item 10


Em primeiríssimo plano está o sentido de pureza
que precisa estar associado à mediunidade curadora; esta deve
ser santa, religiosa mesmo. Por extensão e pelos vínculos que
essa mediunidade tem com o magnetismo, não devemos
pensar diferente quando agirmos magneticamente.
Logo em seguida, o codificador expressa seu
entendimento acerca do magnetismo ser pago, justificando o
preço pelo fato de o magnetizador doar fluidos de si mesmo e não
de outros níveis, como é o caso da mediunidade curadora.
Com os pés no chão e a razão em harmonia com o
coração temos que convir que o codificador novamente está
corretíssimo, se bem que, como ressalvei na abertura deste

184
item, não seria o caso de se generalizar e, no contexto, se
colocar o passe espírita.
Finalizando, o cuidado com os limites e o bom
senso para se definir o quanto se pode e se deve dispor para
se pôr a serviço das atividades de cura é mais uma prova da
sensatez kardequiana que jamais deveria ser perdida de vista
e de prática. Q u e cada um dê dentro de seus próprios limites,
prestando-se ao bem responsavelmente.

Prece. (Para ser dita pelo médium curador.) -Meu Deus,
se te dignas servir-te de mim, indigno como sou, poderei
curar esta enfermidade, se assim o quiseres, porque em ti
deposito fé. Mas, sem ti, nada posso. Permite que os bons
Espíritos me cumulem de seus fluidos benéficos, a fim
de que eu os transmita a esse doente, e livra-me de toda
idéia de orgulho e de egoísmo que lhes pudesse alterar
a pureza. -- In: O Evangelho Segundo o Espiritismo
- Cap. XXVIII, item V, Preces pelos doentes e pelos
obsidiados, n° 80.


Esta prece, no mesmo Evangelho, sendo proferida
com o espírito que caracteriza o desinteresse egoístico, bem
coloca o médium de cura num ponto em que a cobrança
pelos feitos fica totalmente descartada, já que qualquer idéia
de orgulho e egoísmo alterariam a pureza requerida para os
feitos dessa mediunidade.

Água magnetizada - seu poder

Quase todas as vezes que Allan Kardec quis falar sobre
fatos comuns do magnetismo ele se referia à magnetização
da água. Ao longo das muitas transcrições deste livro o leitor
atento terá observado como isso foi comum. Portanto, não
repetirei essas transcrições, apenas acrescentarei dois breves
comentários a uma única transcrição.

185
Quanto ao meio empregado para a sua cura,
evidentemente aquela espécie de lama feita de saliva
e terra nenhuma virtude podia encerrar, a não ser
pela ação do fluido curativo de que fora impregnada.
É assim que as mais insignificantes substâncias, como a
água, por exemplo, podem adquirir qualidades poderosas
e efetivas, sob a ação do fluido espiritual ou magnético,
ao qual elas servem de veículo, ou, se quiserem, de
reservatório. - In: A Gênese - Gap. XV-- Os milagres
do Evangelho, item 25.


Explicando a ação curativa produzida por Jesus
utilizando a lama com saliva, a água é apresentada como
elemento simples que pode ser veículo do magnetismo ou
mesmo seu reservatório. Com isso, embora ele deixe em aberto
a possibilidade de uso de outras substâncias para desempenhar
o mesmo papel, é sempre à água que ele e os magnetizadores
clássicos fazem indicação como sendo o melhor de todos
os elementos para a magnetização. E se considerarmos a
colocação de a água ser um reservatório energético ou fluídico,
aí se confirma que tal prática, magnética por excelência, é
também espírita.
Finalizando este item, sugiro que seja lido o artigo
"A mediunidade no copo d'água", das edições de j u n h o e
agosto de 1868 da Revista Espírita de Allan Kardec. Não os
transcrevi porque foge ao propósito deste item e deste livro,
mas é muito interessante observar como o codificador era
totalmente aberto aos fenômenos, pois ele analisa e aprova
relatos de médiuns que vêem fatos e narra-os a partir de um
copo com água.




186
Conclusão


Agora, que chego ao fim da proposta deste livro,
fico pensando: 'Nossa! C o m o tem coisa, como tem matéria,
como tem assunto para se investigar na obra de Allan
Kardec! Será que não valeria alongá-lo?' Concluo que não,
pois muita gente boa já fez isso e muitas outras investigarão
com propriedade e garra tão grandes ou maiores do que as
empregadas por mim. Pelo menos, torço muito por isso.
Será que, chegando ao final deste resgate de alguns pontos
da obra kardequiana, você não terá ensejo para outras e novas
pesquisas e abordagens, trazendo para todos nós reflexões e
análises tão necessárias como ricas, inquietantes, instigadoras,
engrandecedoras? Espero que sim também.


... Os médiuns curadores são um dos mil meios
providenciais para alcançar esse objetivo de acelerar o
triunfo do Espiritismo. Compreende-se facilmente
que essa qualificação não pode ser dada aos médiuns
escreventes, que obtêm prescrições médicas de certos


187
Espíritos. Não encaramos a mediunidade curadora
senão do ponto de vista fenoménico, e como meio
de propagação, mas não como recurso habitual...
- Revista Espírita, edição janeiro-1864, conclusão do
artigo "Médiuns curadores".


A ponderação de Kardec na conclusão do artigo
acima é singular, pois ele põe a mediunidade curadora em uma
espécie de reclusão ou cuidado rigoroso, por motivo de ela não
ser recurso habitual. Paralelamente, ele deixou o magnetismo
prático fora dessa circunstância de eventualidade. Creio ser
viável interpor que ele espera do Magnetismo, notadamente
o misto, um crescimento e uma ocupação de lugar mais
privilegiado do que o reservado a esse tipo de mediunidade.
Seguramente, não lhe faltaram motivos para tanto, dentre os
quais se destacam: a impossibilidade de se contar sempre com
os Espíritos, a tempo e a hora; a dificuldade de se estabelecer
métodos e padrões, já que a mediunidade guarda algo de
muito pessoal; e que sendo a mediunidade um dom para o
qual o estudo nem sempre é primordial, fica difícil se passar
seus conhecimentos e seu domínio intrínseco.


(...) Pela natureza de seus efeitos, a mediunidade
curadora exige imperiosamente o concurso de Espíritos
depurados, que não poderiam ser substituídos por
Espíritos inferiores, ao passo que há efeitos mediúnicos
para cuja produção a elevação dos Espíritos não é uma
condição necessária e que, por esta razão, são obtidos mais
ou menos em qualquer circunstância. Certos Espíritos até
menos escrupulosos que outros quanto a estas condições
preferem os médiuns em quem encontram simpatia. Mas
pela obra se conhece o operário. - In: Revista Espírita,
edição de novembro-1866, artigo "Considerações sobre a
mediunidade curadora".

188
Eis aí mais um ponderado e eloqüente motivo para
que a mediunidade curadora não seja, em si mesma, uma
prática habitual e que, no dia-a-dia das atividades fluídicas e
assistenciais, não possa substituir o magnetismo -- ao menos
enquanto formos criaturas de curto progresso e baixa estatura
moral. Pela necessidade da presença e da atuação de Espíritos
depurados, ou seja, elevados, superiores, de escol, na atividade
da mediunidade curadora, não temos como assegurar a
existência, em grande número, de médiuns com requisitos
morais quais os imprescindíveis para uma perfeita prática.


Para evitar esses retornos, é preciso que o remédio espiritual
ataque o mal em sua base, como o fluido material o destrói
em seus defeitos; é preciso, em uma palavra, tratar ao
mesmo tempo o corpo e a alma. Para ser bom médium
curador é preciso que não só o corpo esteja apto a servir
de canal aos fluidos materiais reparadores, mas é preciso
ainda que o Espírito possua uma força moral que ele não
pode adquirir senão pela sua própria melhoria. Para ser
médium curador é preciso, pois, para isto se preparar,
não só pela prece, mas pela depuração de sua alma,
afim de tratar fisicamente o corpo por meios físicos,
e de influenciar a alma pela força moral.
Uma última reflexão. Aconselha-se-vos procurar de
preferência os pobres que não têm outros recursos do que a
caridade do hospital; eu não sou inteiramente desta opinião.
Jesus dizia que o médico tem por missão cuidar dos doentes
e não daqueles que estão saudáveis; lembrai-vos que em
caso de saúde moral, há doentes por toda a parte, e que o
dever do médico é de ir por toda a parte onde seu socorro
é necessário. Abade Príncipe de Holienlohe -- In: Revista
Espírita, edição outubro-1867, artigo "Conselhos sobre a
mediunidade curadora", mensagem 1 -Paris, 12 de março
de 1867, grupo Oesliens; Médium Sr. Desliens.




189
A par dessas instruções de como se ser bom médium
curador, posso dizer que praticamente aí encontramos toda
uma síntese do que foi coligido acerca dessa mediunidade e
de como aproveitar-lhe os méritos.


No começo de uma Ciência ainda tão nova é muito fácil
que cada um, olhando as coisas de seu ponto de vista, dela
forme uma idéia diferente. As Ciências mais positivas
tiveram sempre, e têm ainda, suas seitas, que sustentam
ardorosamente teorias contrárias. Os sábios criaram escola
contra escola, bandeira contra bandeira e, muitas vezes,
para sua dignidade, as polêmicas se tornaram irritantes e
agressivas para o amor próprio ofendido e ultrapassaram
os limites de uma sábia discussão. Esperemos que os
sectários do magnetismo e do Espiritismo, melhor
inspirados, não dêem ao mundo o escândalo de
discussões muito pouco edificantes e sempre fatais
à propagação da verdade, seja qual for o lado em que
ela esteja. Podemos ter nossa opinião, sustentá-la
e discuti-la: mas o meio de nos esclarecermos não
é nos estraçalhando, processo pouco digno de homens
sérios e que se torna ignóbil desde que entre em jugo o
interesse pessoal. - In: Revista Espírita, edição março-
1858, artigo "Magnetismo e Espiritismo".



Estaria Allan Kardec prevendo algo que aconteceria
entre seus próprios pares após sua partida para o mundo dos
Espíritos? Talvez estivesse ele vivendo um belo momento de
dupla vista, pois pedia que não nos estraçalhássemos, pois só
nos enriqueceríamos buscando a sabedoria, unindo o amor
com o conhecimento, a teoria com a prática, o Magnetismo
com o Espiritismo.
E ainda faço uma última questão: se Allan Kardec
achasse, de verdade, que no meio ou na Casa espírita não
há nem haveria espaço para o magnetismo e a ação dos

190
magnetizadores, teria ele gasto tanto esforço e tantos escritos
nessa direção?


De tudo isto, concluo que o magnetismo,
desenvolvido pelo Espiritismo, é a chave de abóbada
da saúde moral e material da humanidade futura.
- In: Revista Espírita, edição junho-1867, artigo "O
Magnetismo e o Espiritismo comparados" - Ditado
pelo magnetizador E. Quinemant e psicografado pelo
médium sr. Desliens.



Faço minhas estas palavras. Tenho dito!




191 O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA




O PASSE ESPÍRITA: A SUBLIME DOAÇÃO
"E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho
isto te dou. Em nome de Jesus-Cristo, o Nazareno, levanta-te e an-
da". (Atos, 3:6)

À porta do templo, chamada Formosa, o apóstolo Pedro e o deficiente físico.
Entre ambos um momento de expectativa.
Da alma cansada e sofrida - que espera.
Da alma plena de fé e estuante de amor - que doa.
Não há indagações nem hesitações.
Apenas a sublime doação.
Eis aí o significado profundamente belo e sublimado do passe: a doação de alma para alma.

Nosso amigo, Jacob Luiz de Melo, apresenta, nestas páginas que se vai ler, todo o processo
dessa doação (em cuja passagem acima citada alcança a culminância) que denominamos, em nosso
meio espírita - passes.
As técnicas, a cura, os fluidos, o doador, o paciente, as diversas escolas, os efeitos, tudo, en-
fim, que é necessário para aprimoramento desse trabalho de verdadeira caridade, em nossas Casas
Espíritas.
Para tanto, Jacob Melo se empenhou em pesquisar, estudar e meditar o passe. E mais ainda:
apresenta a sua própria vivência, numa interação entre o conhecimento e a prática, especialmente
porque tem ele, desde cedo, uma constante familiaridade com o ambiente espírita.
Há muito, as nossas letras se ressentiam de uma obra deste porte, que abordasse o tema em su-
as angulações e peculiaridades; que atendesse à necessidade de cunho científico e àquelas da pratici-
dade; que avaliasse, numa análise sensata e clara o que está sendo feito nesse campo de atendimento
aos que chegam às instituições em busca de alívio e consolo. Para isso faz o autor uma leitura bas-
tante atualizada e lúcida do nosso Movimento Espírita no tocante a essa área de atividade, tirando i-
lações e apresentando sugestões que possibilitem uma reciclagem e mudanças para que os objetivos
superiores que norteiam essa tarefa sejam alcançados plenamente.
Vale ressaltar, de forma preponderante, que Jacob de Melo consegue transmitir tudo isto com
distinção e arte, encontrando sempre a palavra adequada, o conceito bem colocado, a crítica sóbria e
elevada que nos permitem entrever a sua própria nobreza íntima e o acendrado amor com que reves-
tiu todo este trabalho, desde a sua ideação até o ponto final.

"O que tenho isto te dou" - diz Pedro.
Jacob Luiz de Melo, guardadas as devidas proporções, também faz a sua doação.

Suely Caldas Schubert
Juiz de Fora (MG), outubro de 1991




JACOB MELO 2
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA




À GUISA DE EXPLICAÇÃO
"Aquele, porém, que a pratique (uma religião) por interesse e por ambição se
torna desprezível aos olhos de Deus e dos homens. A Deus não podem agradar os que
fingem humilhar-se diante dele tão somente para granjear o aplauso dos homens". Es-
1
pírito da Verdade

A despeito de quanto se tenha dito ou falado da validade ou não do passe na Casa Espírita, fa-
to insofismável é que sua importância ali tem sido, e será sempre, muito grande. É difícil imaginar-
mos uma Instituição Espírita sem possuir trabalhos de assistência espiritual através desse dispositivo
terapêutico. Seu uso é tão comum e suas técnicas, em geral, são tão simples que nos perguntamos
por que tanta confusão, por que tanto impasse quando se quer entender o passe ou abordar-lhe os
princípios?!
Nos ensina a lógica que, quando um assunto afeta a tantos e comporta exames, análises, com-
parações, comprovações e experiências, imediatamente surgem os pesquisadores e divulgadores sé-
rios - apesar dos "mistificadores" de todos os tempos --, fazendo brotar boas obras e importantes
referências, em número proporcional ao uso e ao interesse. Entretanto, estranha e contrariamente a
isso, o passe, mesmo com seu milenar conhecimento e sua eficácia ecumenicamente propalada, tem
sido muito pouco pesquisado, notadamente por quem mais lhe difunde o valor em nossas "bandas o-
cidentais": os espíritas.
Se recorrermos à bibliografia Espírita, que em inúmeras áreas é de uma fartura impresionante,
nos espantaremos com o reduzido número de obras que tratam do assunto, mormente se de forma
especializada. E se formos exigentes quanto à qualidade, como, inclusive, deveremos ser, tal número
não caberá na contagem dos dedos de uma única mão. É, deveras, de espantar tão estranho
comportamento pois, bem o sabemos, não apenas este assunto interessa muito (e a muitos), como
ainda não temos sobre ele uma abordagem mais consentânea com a universalidade dos ensinos
pertinentes - tal como se faz requerida e como bem sugeriu Allan Kardec, através de seu exemplo,
pelo comportamento pessoal dado ao trato da Codificação.
Mesmo sem precipitar julgamentos, o que se nos afigura como justificativa para esse compor-
tamento é uma certa e generalizada acomodação. Ao que vimos sentindo, todos queremos aprender,
fazer certo, entender, mas, situações como: "fulano disse que é assim que se aplica passe" ou "não
preciso estudar técnicas e teorias porque Jesus apenas impunha as mãos e curava", têm servido de
desculpas para um genérico "cruzar os braços", em vez de "pormos mãos à obra".
De outra maneira, como é comum se querer aprender a aplicar passe "rapidinho", quase sem-
pre se busca, apenas, "breves estudos", simplórios "manuais"... Nessa "pressa", costumamos assimi-
lar certas orientações equivocadas e, muitas vezes, nelas nos cristalizamos, adotando técnicas e pos-
turas nem sempre coerentes. Em conseqüência, com o passar do tempo, tentamos justificar nosso
procedimento com frases tipo: "já aplico passes há "tantos" anos e tenho obtido excelentes resulta-
dos", ou usamos da cômoda transferência de deveres: "deixo aos Espíritos a responsabilidade pois a
técnica é deles mesmos e eles podem usar meus fluidos como quiserem que não atrapalho".
Antes de prosseguirmos, analisemos as situações apresentadas já que, por serem muito co-
muns, justificam aproveitemos o ensejo.
1. "Foi fulano que me ensinou assim"; esta é a típica desculpa da pessoa que se sente (ou se
diz) sempre "indisposta" e que, portanto, "não tem tempo para estudar". Perguntamos: será que só
falta tempo mesmo para o estudo? E nosso propósito de servir ao próximo não merece de nós mes-
mos um pouco mais de esforço e dedicação? Será que nós gostaríamos de sermos atendidos, por e-

1
KARDEC, Allan. Da lei de adoração. In "O Livro dos Espíritos", Parte 3ª, cap.2, item Adoração exterior, questão
655.
JACOB MELO 3
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



xemplo, por um médico que nunca tem tempo para estudar? E será que a pessoa (ou a obra, Institui-
ção, curso, etc.) que nos ensinou, ensinou "tudo" mesmo e, se ensinou, o fez correto? Como saber
reconhecer sem estudar? Bem se vê que só o estudo pode fornecer a segurança devida e nos coloca
racionalmente ante nossos compromissos para com os irmãos que buscam nossa ajuda.
2. "Jesus só impunha as mãos e curava, portanto (...)"; aqui já não se trata de simples falta
de estudo, mas, de desconhecimento até d'O Novo Testamento. Ao longo do livro, teremos oportu-
nidade de apresentar várias situações envolvendo a ação fluídico-magnética do Cristo e veremos que
não era só por imposição de mãos que Ele agia. Fica, desde já, a recomendação de que façamos uma
leitura daquele livro, para conhecermos mais proximamente a figura de Jesus e seus exemplos morais
e práticos de como atuar nas curas.
3. "Já faz tanto tempo que aplico assim e dá bons resultados"; de fato, nada nos impede de
procedermos sempre de uma única maneira em nossas atividades e, ainda assim, nos sairmos bem;
contudo, isto jamais quererá dizer devamos limitar nosso aprendizado - no que quer que seja - a ape-
nas um método, a uma só ação, pois, nada há no mundo que seja ou deva ser tão restritamente espe-
cializado, Além do estudo e da pesquisa, nos compete, igualmente, um pouco de empenho e criativi-
dade (no bom sentido) a fim de favorecermos nosso progresso. Afinal, o que "hoje" é considerado
como resultado positivo não descarta a grande possibilidade de, em se melhorando o método ou as
técnicas, obtê-lo mais excelente ainda "amanhã".
4. "Como a técnica é dos Espíritos, deixo que me utilizem e não atrapalho"; com toda fran-
queza, os que assim agem tomam uma postura, no mínimo, ridícula. Se nós evoluímos tanto nos Pla-
nos Espirituais quanto na Terra, por que não começarmos nosso aprendizado aqui, para aprimorá-lo
quando lá estivermos? Por que não pensarmos, a despeito dos Espíritos serem os grandes detentores
das técnicas, que nossos conhecimentos e estudos contribuirão eficazmente nos processos de aten-
dimentos fluidoterápicos, pois, permitirão que o trabalho se realize de forma mais participativa? E a-
final, queremos ser médiuns passistas de fato ou simples marionetes nas mãos dos Espíritos? E os
Espíritos Superiores, por sua vez, estarão solicitando nossa participação como meros brinquedos li-
beradores de fluidos ou como companheiros efetivos nas atividades fraternas em favor das criaturas
necessitadas? Meditemos; meditemos bem, pois, assim como não nos cabe "atrapalhar" os trabalhos
dos Espíritos amigos, compete-nos o dever de darmos e fazermos o melhor de nós mesmos, sempre!
Retomando nossa idéia inicial, quando nos propusemos escrever esta obra, com surpresa des-
cobrimos que a bibliografia não Espírita sobre o assunto é muitas vezes mais volumosa e variada que
a nossa, o que, de certo modo, nos deixou levemente desapontados. Após "correr" as obras Espíritas
sobre o passe e as "clássicas do Magnetismo" que conseguimos consultar, partimos para aquelas ou-
tras, nas quais encontramos: fartas pesquisas, sérios aprofundamentos, hipóteses intrigantes e insti-
gantes, e muitas novidades. Infelizmente, porém, tudo de bom que lá se encontra quase sempre está
misturado com muitas bobagens, montes de coisas sem qualquer fundamento, algumas (poucas, gra-
ças a Deus) afrontas à moral, a Medicina e aos princípios éticos do bom senso, e tantos absurdos
destituídos de qualquer lógica ou respaldo.
Como resultado disso tudo, tivemos que nos "vestir" de "garimpeiros do passe" para conse-
guirmos extrair dali as "pérolas dos bons ensinamentos", procurando não confundi-las com as "argi-
las endurecidas e cristalizadas dos equívocos e despropósitos" tão virulentamente a elas agregadas.
Nessa "garimpagem", concluímos pelo que excedia em evidência: grandes descobertas, graves
estudos, profundas pesquisas e excelentes práticas podem e devem ser encetados nesta área pelos
espíritas, pois, sem dúvida alguma, somos "garimpeiros" privilegiados. Dispomos de uma "mina a
céu aberto" (a Doutrina Espirita), o que nos livra de qualquer escuridão; contamos com cinco "ma-
pas" (o Pentateuco Kardequiano) magnanimamente codificados; acompanham-nos "guias" (a Espiri-
tualidade Superior) com profundos conhecimentos do terreno e das tarefas; dispomos de "detalhes
técnicos" (as obras subsidiárias de Espíritos como André Luiz, Emmanuel e Manoel Philomeno de
Miranda) de riquíssima precisão; temos à mão informações "geológicas do solo" com perfis (as obras

JACOB MELO 4
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



clássicas e modernas do Magnetismo) já devidamente testados; não nos faltam "elementos" ("nossos"
pacientes) para trabalharmos em nossa mineração; possuímos "ferramentas" de primeira qualidade
(nossa boa vontade e a disposição de servir); e, como se não bastasse, o nosso senhor é o maior e o
melhor de todos os amos (Nosso Senhor Jesus-Cristo, em nome de Deus).
Foi refletindo assim que decidimos aprofundar um pouco mais o estudo sobre o passe, mesmo
porque, aquilo que apresentamos como crítica generalizada logo no início desta "explicação", antes
que em qualquer pessoa ou Instituição, ela foi aplicada sobre nós mesmos, com toda veemência e
honestidade possível. E por pensarmos que não seria justo fazermos todo um trabalho de pesquisa,
análise e estudo, no qual encontramos verdadeiras "jóias raras", e não dividirmos as benesses daí ad-
vindas (tal como exemplificou Allan Kardec quando acabou de compor aquele que seria a primeira
edição de "O Livro dos Espíritos"), aqui trazemos nossa modesta "garimpagem", no intuito de assim
contribuirmos para um enriquecimento, um conhecimento e um estudo mais acurado sobre o passe,
da parte de todos nós.
É preciso confessar, entretanto, que não garimpamos sozinhos; contamos com muitas ajudas,
de todos os níveis e de todos os "planos". Todas, sem exceção, foram valiosíssimas; mesmo aquelas
que, de momento, não conseguimos entender, fossem por estarem além de nossa capacidade de tiro-
cínio ou por extrapolarem os largos limites de nossa imperfeição.
Por isso mesmo, todos os méritos deste trabalho são dos Espíritos (encarnados e desencarna-
dos) que - na pessoa dos vários autores consultados, dos amigos que sempre vibraram por nós ou-
tros, dos familiares e companheiros que aturaram nossa "teimosia por escrever um livro", dos críticos
que escolhemos (e aqui queremos fazer uma ressalva especial para citar a estimada confreira Sarah
Jane, pois, devemos a ela uma gratidão enorme, pelo seu empenho e destemor, inteligência e serie-
dade, estudo e atenção, sem o que esta obra estaria incompleta e com limitações) e dos que se esco-
lheram, dos irmãos que apreciaram os rascunhos e os originais, orientando-nos, todos, com suas ju-
diciosas ponderações, daqueles que tenham tentado nos deter ou atrapalhar nossa manifesta intenção
de concluir tal trabalho, e dos que nos ajudaram direta e indiretamente, de forma reconhecida ou a-
nonimamente - só contribuíram para a ocorrência de tudo de bom que aqui se encontre.
Entretanto, queremos registrar, explicitamente, que é do autor, e só dele, de maneira indivisível
e absoluta, todo e qualquer ônus que pese por quaisquer equívocos, indelicadezas, desvios ou colo-
cações menos felizes que, porventura, sejam ou venham a ser localizadas nesta obra, pois, temos cer-
teza plena de que se tal se der terá sido por exclusiva pequenez deste menor dos menores irmãos de
Jesus, deste que se reconhece como um dos mais modestos dos discípulos de Kardec.
Jacob Luiz de Melo
Natal (RN), outubro de 1991.




JACOB MELO 5
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA




CAPÍTULO I - O PASSE - DEFINIÇÕES
"A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente. Se há um gênero
de mediunidade que requeira essa condição de modo ainda mais absoluto é a mediunidade curadora" - (Al-
2
lan Kardec)

É fora de dúvida que nenhuma Ciência pode ser bem entendida quando não se busca, antes, o
conhecimento de sua base, de seus fundamentos. Sendo o Espiritismo, de fato e por definição, uma
Ciência e como tal estabelecida por seu insigne Codificador, compete-nos buscar-lhe os princípios
para não vagarmos em raciocínios periféricos quando nosso propósito é o do conhecimento coeren-
te.
Os conhecidos "fatos espíritas", hoje denominados "fenômenos mediúnicos", ao lado da apli-
cação analisada e estudada do Magnetismo, foram os propiciadores da parte cientifica da Doutrina
Espírita. Allan Kardec, entretanto, não se limitou a observá-los e estudá-los com profundidade; a
partir daí, ele compôs todo o arcabouço teórico e prático do Espiritismo. Desde então tornou-se in-
concebível estudar-se a mediunidade sem sedimentar alicerces nos registros kardequianos. Tal tenta-
tiva equivaleria a se querer edificar uma construção de grande porte sem antes certificar-se das con-
dições do solo nem cuidar da robustez de suas fundações. Afinal, sem base sólida e robusta não há
construção segura.
Decorrentemente, o presente estudo sobre o passe, o qual é uma das mais usuais derivações
práticas da mediunidade e do magnetismo na Casa Espírita, para ser coerente e consentâneo com a
Doutrina dos Espíritos, estará revestido de grande cuidado quanto a sua fundamentação doutrinária.
Não queremos fugir da figura evangélica que lembra ser prudente o homem que constrói sua casa
sobre a rocha para assim suportar a chuva que cair, os rios que transbordarem e os ventos que sobre
3
ela se abaterem . Daí iniciarmos por Allan Kardec e seu Pentateuco, símbolos maiores da sólida ro-
cha doutrinária do Espiritismo, e com ele seguirmos até o fim da obra.
Na síntese em epígrafe, é inequívoca a seriedade com que Kardec se postou ante a "mediuni-
dade curadora". Tanto assim que a ela se refere como uma "coisa santa", claramente ressaltando a
nobreza de caráter da qual deve se revestir todo aquele que se disponha a esse verdadeiro labor divi-
no, a fim de agir, em todos os momentos, "santamente, religiosamente". Mas, caráter nobre é forma-
tura adquirida nos modos e hábitos diários e não apenas em certos momentos, quase sempre vivenci-
ados na esporadicidade de fundo imediatista, interesseiro ou comodista.
Conscientes dessa posição, podemos analisar inicialmente alguns aspectos que dizem respeito
as definições e menções que adiante iremos apreciar. Isso porque não foi normalmente sob o nome
passe, mas, via de regra, como "dom de curar", "mediunidade curadora", "imposição de mãos", que
o Codificador se referiu ao assunto em estudo. Além disso, em diversas ocasiões tratou deste tema
nominando-o, genericamente, "magnetismo", ainda que nessas oportunidades não deixasse dúvidas
4
sobre que tipo de magnetismo se referia.
Na definição de mediunidade curadora dada por Kardec (é gênero de mediunidade que
"consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo
5
olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação" ), já se percebe a abrangência
com que ele tratou a matéria.
Uma outra verificação bastante comum é que, se formos analisar enciclopédias e dicionários,
notaremos que nem todas as referências existentes são em relação ao passe (no singular), que é a
2
KARDEC, Allan. Daí gratuitamente o que gratuitamente recebestes. In: "O Evangelho Segundo o Espiritismo",
cap. 26, item 10.
3
Mateus, VII, vv. 24 e 25.
4
Trataremos do assunto com mais detalhes no capítulo VIII - As Técnicas.
5
KARDEC, Allan. Médiuns curadores. In "O Livro dos Médiuns", cap. 14, item 175.
JACOB MELO 6
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



maneira usualmente empregada tanto no meio Espírita como na literatura espiritualista em geral,
mas, preferencialmente, aos passes (no plural).
Importa ainda considerar que o termo "passe" tem significados distintos. Inicialmente era o
passe apenas o nome dado ao gesto (ou ao conjunto destes) com fins de se movimentar "eflúvios".
Depois, entendido como atividade de cura, generalizou-se como a própria política da cura. No en-
tendimento Espírita, ora é evocado como um, ora como outro sentido. Apesar disso, na maneira co-
mo venha a se empregar o termo, passe tanto pode ser entendido como uma terapia espírita, como
uma parte do magnetismo, como uma técnica de cura ou ainda como o sentido genérico da "fluidote-
rapia".
Isto posto, vamos às definições, menções e equívocos que envolvem nosso assunto, advertindo
antecipadamente que limitaremos tais abordagens pois ao longo da obra surgirão muitas outras opor-
tunidades para novas citações, das mais variadas fontes.


1. DEFINIÇÕES E MENÇÕES ESPÍRITAS
1.1 - De Allan Kardec
"É muito comum a faculdade de curar pela influência fluídica e pode desenvolver-se por meio
do exercício; mas, a de curar instantaneamente, pela imposição das mãos, essa é mais rara e o seu
6
grau máximo se deve considerar excepcional" .
"A mediunidade curadora (...) é, por si só, toda uma ciência, porque se liga ao magnetismo, e
7
não só abarca as doenças propriamente ditas, mas todas as variedades (...) de obsessões" . E ainda
acrescenta: "(...) Aí nada queremos introduzir de pessoal e de hipotético, procedemos por via de ex-
periência e de observação".
"Pela prece sincera, que é uma magnetização espiritual, provoca-se a desagregação mais rápida
8
do fluido perispiritual" .
9
Diz ainda Kardec: "O médium curador transmite o fluido salutar dos bons Espíritos (...)" .
Quando, estudando os possíveis problemas que poderiam surgir entre a "mediunidade curado-
ra" e a lei, Kardec abriu indagações que, por si sós, ratificam o que dissemos acerca de ele usar os
termos do magnetismo para se referir ao passe: "As pessoas não diplomadas que tratam os doentes
pelo magnetismo; pela água magnetizada, que não é senão uma dissolução do fluido magnético; pela
imposição das mãos, que é uma magnetização instantânea e poderosa; pela prece, que é uma magne-
tização mental; com o concurso dos Espíritos, o que é ainda uma variedade de magnetização, são
10
passíveis da lei contra o exercício ilegal da medicina?" .
Mesmo fazendo uso dos termos mais comuns a época, fica evidente que o passe foi considera-
do e estudado por Kardec com as mesmas seriedade e gravidade que se tornaram sua marca regis-
trada na condução do árduo trabalho da Codificação Espírita.
Quando fazemos a ligação entre as terminologias empregadas hoje com as do "ontem recente",
pretendemos convir, sempre e mais uma vez, com Kardec quando, nos primórdios do Espiritismo, já
nos orientava sobre o proveito advindo com a Doutrina Espírita, a qual nos lança, de súbito, numa
ordem de coisas tão nova quão grande, que só pode ser obtido "Com utilidade por homens sérios,

6
KARDEC, Allan. Curas, In "A Gênese", cap.14, item 34.
7
Da Mediunidade curadora. "Revista Espírita", set. 1865.
8
KARDEC, Allan. O passamento. In "O Céu e o Inferno", 2ª Parte, cap. 1, item 15.
9
KARDEC, Allan. Daí gratuitamente o que gratuitamente recebestes. In "O Evangelho Segundo o Espiritismo", cap.
26, item 10.
10
A Lei e os médiuns. "Revista Espírita", jul. 1867, p. 203.
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perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resulta-
11
do" . Daí a necessidade de sermos sérios e graves ante os assuntos do Espiritismo, em especial
quando tratamos de temas pontilhados de personalismos, controvérsias e pouco estudo, como é o
caso do passe.

1.2 - Clássicas (Contemporâneos de Allan Kardec)
"(...) O magnetismo vem a ser a medicina dos humildes e dos crentes, (...) de quantos sabem
12
verdadeiramente amar" . Léon Denis.
Angel Aguarod assim se pronunciou: "Deixemos as drogas e os tóxicos para os hipnotizadores
e reservemos para os magnetizadores a medicina do espírito, pois na alma se concentra toda a sua
13
força e todo o seu poder" .
Albeít De Rochas já fazia menção ao termo "passes", assim como à imposição de mãos". Ob-
serve-se, por exemplo, como o erudito escritor e engenheiro português, Dr. Antonio Lobo Vilela, fa-
la sobre ele no seu livro "O Destino Humano": "O processo experimental de De Rochas (utilizado
para indução à regressão de memória) consiste no emprego de passes magnéticos longitudinais,
combinados, por vezes, com a imposição da mão direita sobre a cabeça do passivo". (Grifos origi-
14
nais) . Mas falar de De Rochas seria praticamente dispensável já que todos os estudiosos do magne-
tismo, sonambulismo e exteriorização da personalidade (desdobramento) não regateiam elogios e ci-
tações ao mesmo. Apesar disso, lembraríamos que após estudar a "transplantação" das doenças - que
se dava fazendo-se passar as doenças de uma pessoa para outra ou então para um animal - sugerida
por um certo abade Vallemonte, no livro, "Physique Occulte", escrito em 1693, e que ressurgiu em
fins do século passado, rebatizada por "traspasses" em plena Paris e implantada em alguns hospitais
dali, concluiu ele pela ineficácia de ambos os métodos e, então, preferiu se utilizar dos passes nas su-
15
as sessões de estudo sobre os "eflúvios" e a "exteriorização da sensibilidade" .
Para concluir este item, façamos um resumo histórico com Gabriel Delanne: "A ciência magné-
tica compreende certo número de divisões, conforme as diferentes categorias de fenômenos.
"(...) Os anais dos povos da antiguidade formigam em narrativas circunstanciadas, que mos-
tram o profundo conhecimento que do magnetismo tinham os antigos sacerdotes.
"Os magos da Caldéia, os brâmanes da Índia curavam pelo olhar (...). Ainda hoje, na Ásia, (...)
os faquires cultivam com êxito as práticas magnéticas (...).
"Os egípcios (...) empregavam, no alívio dos sofrimentos, os passes e a aposição de mãos, co-
mo os executamos ainda em nossos dias.
"(...) Amóbio, Celso e Jâmblico ensinam em seus escritos que existia entre os egípcios, em to-
das as épocas, pessoas dotadas da faculdade de curar por meio da aposição das mãos e de insufla-
ções (...)
"(...) Os romanos também tiveram templos onde se reconstituía a saúde por operações magné-
ticas. Conta Celso que Asclepíades de Pruse adormecia, magneticamente, as pessoas atacadas de fre-
nesi.
"(...) Quem obteve, porém, maior fama nessa matéria, foi Simão, "o mágico", que, soprando
nos epilépticos, destruía o mal de que estavam atacados.


11
KARDEC, Allan. Introdução. In "O Livro dos Espíritos", item 8.
12
DENIS, Léon. A força psíquica. Os fluidos. O magnetismo. In "No Invisível", 2ª Parte, cap. XV, p. 182.
13
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 7, p. 56.
14
FREIRE, Antonio J. Experiências do coronel A. Rochas D'Aiglum. In "Da Alma Humana", cap.5, p. 104.
15
ROCHAS, Albert de. Cura magnética das feridas e traspasse das doenças. In "Exteriorização da sensibilidade",
cap. 5, itens 1 e 2, pp. 115 a 121.
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"(...) Na Gália, os druidas e as druidesas possuíam em alto grau a faculdade de curar, como o
atestam muitos historiadores; sua medicina magnética tornou-se tão célebre que os vinham consultar
de todas as partes do mundo. (...) Na Idade Média, o magnetismo foi praticado, principalmente, pe-
los sábios.
"(...) Avincena, doutor famoso, que viveu de 980 a 1036, escreveu que a alma age não só so-
bre o corpo, senão ainda sobre corpos estranhos que pode influenciar, a distância.
"Arnaud de Villeneuve foi buscar nos autores árabes o conhecimento dos efeitos magnéticos
(...).
"(...) Van Helmont dizia: (...) O magnetismo só tem de novo o nome (...)
"(...) Em 1682, assinalaremos Greatrakes, na Inglaterra, que fez milagres, simplesmente com as
16
mãos (...)" , etc.

1.3 - Dos Espíritos
"O passe, como gênero de auxílio, invariavelmente aplicável sem qualquer contra-indicação, é
17
sempre valioso no tratamento devido aos enfermos de toda classe (...)" . André Luiz.
18
"(...) O passe é uma transfusão de energias psíquicas (...)" . Emmanuel.
"(...) Ensinos espíritas que recomendam a terapia fluídica, através da transmissão das energias
de que todos somos dotados, seja pela utilização do recurso do passe, seja pela magnetização da á-
gua, usando-se o contributo mental por processo de fixação telepática e transmissão de recursos o-
timistas, de energias salutares que refazem o metabolismo, contribuindo eficazmente para o restabe-
19
lecimento da saúde mental, e, por extensão, da psicofísica (...)" . Aristides Spinola.
"Penetrando nos fatores causais - o Espírito, seu pretérito, seu futuro - a fuidoterapia e o es-
20
clarecimento Espírita conscientizam, elucidam, emulam e seguram o homem da queda abissal (...)"
Carneiro de Campos.
21
"O passe é uma transfusão de energias, alterando o campo celular" . Andé Luiz.
E, para encerrar, uma citação do Espírito Bezerra de Menezes que, de passagem, nos "atuali-
za" o termo: "Visitando enfermos, socorrendo necessitados, aplicando passes, ou bioenergia, como
se modernizou o labor, enfim, a caridade é um esporte da alma, pouco utilizado pelos candidatos à
22
musculação moral e inteireza espiritual" . (Grifo original)

1.4 - Dos Espíritas
Para contribuir como elo de ligação entre as citações de Kardec com as atuais, vejamos, de iní-
cio, o que nos diz Antônio Luiz Sayão quando comenta sobre as curas feitas por Jesus:
"Para imaginarmos o poder dos fluidos magnéticos de que dispunha Jesus, o mais puro de to-
dos os Espíritos, e bem assim o poder que a sua vontade exercia sobre esses fluidos, regeneradores e
fortificantes, cuja natureza, bem como combinações, efeitos e propriedades Ele conhecia de modo


16
IMBASSAHY, Carlos. Histórico. In "O Espiritismo perante a Ciência", 2ª Parte, cap. 1, pp. 75 a 78.
17
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Passe e Oração. In "Mecanismos da Mediunidade", cap. 12, p.
148.
18
XAVIER, Francisco Cândido. In "O Consolador", cap. 5, p. 67.
19
FRANCO, Divaldo Pereira. Forças mentais. In "Terapêutica de Emergência", cap. 10, pp. 45 e 46.
20
FRANCO, Divaldo Pereira. Doenças e terapêutica. In "Sementes de Vida Eterna", cap. 8, p. 43.
21
XAVIER, Francisco Cândido. Serviço de passes. In "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 17, p. 169.
22
FRANCO, Divaldo Pereira. Expiação e reparação. In "Loucura e Obsessão", cap. 23, p. 297.
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absoluto, basta atentemos nos efeitos que produz o magnetismo humano e nos que conseguem os
23
médiuns curadores (...)" .
Do eminente Carlos Imbassahy tomaremos alguns parágrafos, cuja obra, a seguir referenciada,
merece ser lida por quem queira se aprofundar nos detalhes que envolvem "a mediunidade e a lei":
"Não seria para desprezar as curas do imperador Vespasiano, o qual dava passes e punha bons
os nervosos; as de Adriano, que curava os doentes com os dedos; as do rei Olavo, as de Eduardo, o
confessor, as de Felipe I, as do imperador Justiniano (...)
"O dom coube em partilha a todos, assim aos grandes como aos pequenos; vinha do palácio de
imperadores e reis até a choupana dos pobres. Levret, um jardineiro, celebrizou-se com esses predi-
cados.
"(...) Um dos maiores curadores espiritualistas da França, Charles Parlange, cujas espetaculares
curas, oficialmente registradas, eram conseguidas tão-somente pela prece, estivesse o doente junto
24
ou longe dele (...)" .
25
"O passe é, antes de tudo, uma transfusão de amor . Divaldo Pereira Franco.
26
"O passe é um ato de amor na sua expressão mais sublimada" . Suely Caldas Schubert.
Por fim, Herculano Pires nos sintetiza o seguinte: "O passe tornou-se popular por sua eficácia.
27
Mas é tão simples um passe que não se pode fazer mais do que dá-lo" .


2 - DEFINIÇÕES E MENÇÕES NÃO ESPÍRITAS
2.1 - Dos Dicionários e Enciclopédias
"PASSES. Movimentos com as mãos, feitos pelos médiuns passistas, nos indivíduos com de-
sequilíbrios psicossomáticos ou apenas desejosos de uma ação fluídica benéfica. (...) Os passes espí-
ritas são uma imitação dos passes hipnomagnéticos, com a única diferença de contarem com a assis-
28
tência, invocada e sabida, dos protetores espirituais" .
"PASSES (Pl. de passe) S. m. pl. Ato de passar as mãos repetidamente ante os olhos de uma
pessoa para magnetizá-la, ou sobre uma parte doente de uma pessoa para curá-la". Aurélio Buarque
29
Holanda Ferreira .
"PASSE, (...) ato de passar as mãos repetidas vezes por diante dos olhos de quem se quer
magnetizar ou sobre a parte doente da pessoa que se pretende curar pela força mediúnica". (Grifa-
30
mos) Francisco da S. Bueno . (Esta definição, por sinal, é a mesma encontrada no dicionário da A-
cademia Brasileira de Letras.)
"PASSE: ato de passar as mãos repetidas vezes por diante ou por cima de pessoa que se pre-
31
tende curar pela força mediúnica" . (Grifos nossos)


23
SAYÃO, Antônio Luiz. In "Elucidações Evangélicas", p. 129.
24
IMBASSAHY, Carlos. Curas mediúnicas. In "A Mediunidade e a Lei", pp. 46 e 61.
25
FRANCO. Divaldo Pereira. O passe - propriedades e efeitos. In "Diálogo com dirigentes e trabalhadores espíri-
tas", p. 61.
26
SCHUBERT, Suely Caldas. A importância da fluidoterapia In "Obsessão/Desobsessão", 2ª Parte, cap. 10, p. 116.
27
PIRES, J. Herculano. Mediunidade prática In "Mediunidade - Vida e Comunicação", cap. 14, p. 127.
28
PAULA. João Teixeira de. In "Dicionário Enciclopédico Espiritismo Metapsiquica Parapsicologia", Ilustrado, p.
192, Editora Bels S.A.
29
"Novo Dicionário da Lígua Portuguesa". Ed. Nova Fronteira.
30
"Dicionário Escolar da Língua Portuguesa". MEC - Fename.
31
"Enciclopédia Mirador Internacional". vol. II. "Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa", p. 1289.
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2.2 - Dos Magnetizadores Clássicos
Louis Alphonse Cahagnet, considerado por muitos como um dos precursores da Doutrina Es-
pírita, haja vista sua notável obra, os "Arcanos", além de inúmeras outras - 30 ao todo - sobre o
32
magnetismo , nos concede uma clara definição desta Ciência: "É uma propriedade da alma; o corpo
33
é a máquina por intermédio do qual ele se filtra" .
Deleuze faz ressaltar o ângulo mais religioso do magnetismo, quando nos assevera que "(...)
Sendo a faculdade de magnetizar, ou de fazer o bem aos seus semelhantes por influência de sua von-
tade, a mais bela e a mais preciosa que Deus deu ao homem, deve-se encarar o exercício do magne-
34
tismo como um ato religioso, que exige o maior recolhimento e a intenção mais pura (...)" .
Chardel, um dos pioneiros do magnetismo, em 1818 apresentou uma curiosa obra a considera-
ção da Academia de Berlim, na qual afirmava: "O magnetismo é uma transfusão de vida espirituali-
35
zada do organismo do operador para o do paciente" . (Grifamos)
Outras definições e menções, de Mesmer, de Du Potet, de Lafontaine, de Puységur e de tantos
outros magnetizadores não menos famosos, serão vistas ao longo da obra, pelo que nos permitimos
parar por aqui.

2.3 - Dos Magnetizadores Contemporâneos
"Aquele (magnetizador) que se propõe a exercer o tratamento deve ter equilíbrio, tranqüilidade
36
espiritual e total consciência da importância das manipulações levadas a efeito" . V. L. Saiunav - A
personalidade que assina esta expressão é um russo que desenvolveu suas experiências de cura de
uma forma autodidata, mas, apesar do pouco acesso as literaturas estrangeiras, podem verificar, a
posteriori, que suas conclusões são muito similares e, por vezes, melhores que as experiências do
mundo ocidental. Ele, inclusive, em seu livro, nos faz registros de autores cujas obras veio a conhe-
cer depois, e que merecem destaquemos: "Quem duvidar, hoje, da atuação do magnetismo, deve ser
chamado de ignorante e não de cético". (Schoppenhauer) - "O magnetismo animal é, portanto, a
mais poderosa de todas as forças físicas e químicas. (...) A cura magnética processa-se por meio de
37
passes magnéticos, pela aposição de mãos (...)" (Du Prell) .
Ainda na Rússia temos um dos seus mais famosos curadores: o Coronel Krivorotov, o qual foi
submetido a uma larga bateria de testes. Seu método de cura é o uso de passes a curta distância dos
38
pacientes. E ele afirma crer que "A energia vem de alguma fonte externa" . Isso sem falar na famosa
Djuna que, entre outros, diz ter curado com "suas mãos" o ex-homem-forte da União Soviética, Le-
onid Brejniev e resolvido até casos de aids, apesar de sua reconhecida excentricidade; além de Bar-
39
bara Ivanova que tem curado pessoas à distância, pelos mais variados meios, e que é reconhecida
como uma das maiores autoridades soviéticas sobre reencarnação.
Para encerrar a lista, vejamos o que nos reserva o renomado e respeitado George W. Meek: "O
curador não cura as doenças. Agindo de modo extraordinário, ele proporciona um ambiente no qual
40
a cura pode realizar-se" .

32
WANTUIL, Zeus e THIESEN, Francisco. In "Allan Kardec", cap. 9, pp. 92 a 100, v. 2.
33
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 3, p. 23.
34
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 7, p. 54.
35
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 1, p. 10.
36
SAIUNAV, V. L. In "O fio de Ariadne". cap. 2, p. 71.
37
SAIUNAV. V. L. In "O Fio de Ariadne", pp. 50 e 51.
38
OSTRANDER, Sheila e SCHROEDER, Lynn. In "Experiências Psíquicas AIém da Cortina de Ferro", cap. 18, p.
242.
39
Durante o ano de 1990 ela passou vários meses aqui no Brasil proferindo palestras, seminários e cursos e, na o-
portunidade, publicou a versão do seu livro "O Cálice Dourado", onde ersina suas técnicas de cura.
40
MEEK, George W. (Org.). In "As curas paranormais", 1ª Parte, cap. 2, p. 19.
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2.4 - De Outras Escolas Religiosas
De um pastor presbítero (Dudley Blades):
"A cura espiritual é a cura do Espírito pelo Espírito. (...) Normalmente começo a cura repou-
41
sando minhas mãos suavemente sobre a cabeça das pessoas (· · .)" .
De um padre católico (Frei Hugolino Back):
"Analisando, detidamente, os textos, dá-nos a impressão de que essas ordens proferidas por
Jesus vêm acompanhadas de gestos. E gestos de movimentos rápidos e enérgicos. Seriam formas de
passes?
"- Que são passes?
"- São gestos rápidos e enérgicos que são feitos pela pessoa-que-cura ao lado e ao longo do
42
corpo de pessoa-que-está-sendo-curada" . (Grifo original)
Uma prece católica de cura, apresentada pelo reverendo Robert DeGrandis, S. S. J.: "Jesus,
quando oramos pelos outros em Teu nome, nós te pedimos que uses nossas mãos para vires até nós
e tocares aqueles pelos quais oramos, como se nossas mãos fossem tuas. Deixa que Teu Espírito o-
pere, hoje, através de nós, especialmente quando oramos pelos membros de nossa família ou de nos-
sa comunidade. Obrigado, Jesus, pelo Teu amor curador que está fluindo neste momento através de
43
mim" .
Do budismo tibetano:
"Quando se compreendem os processos tântricos, torna-se claro que eles não são nenhum
"passe de mágica" religioso com o qual nos iludimos, a nós e aos outros. São a manipulação destra
de energias psicofísicas por seres que, mediante a prática do Dharma, em particular a meditação, a-
44
primoram suas capacidades mentais (...)" .


3 - CITAÇÕES BÍBLICAS
3.1 - No Antigo Testamento
"Então Eliseu lhe mandou um mensageiro, dizendo: Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua
carne será restaurada, e ficarás limpo.
"Naamã, porém, muito se indignou, e se foi, dizendo: Pensava eu que ele sairia a ter comigo,
por-se-ia de pé, invocaria o nome do SENHOR seu Deus, moveria a mão sobre o lugar da lepra, e
45
restauraria o leproso" . (Grifamos)
"E, estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou ao SENHOR, e disse: Ó SENHOR meu
Deus, rogo-te que faças a alma deste menino tornar a entrar nele.
46
"O SENHOR atendeu à voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu" .



41
BLADES, Dudley. O que é a cura? In "A Energia Espiritual e seu Poder de Cura", cap. 6, p. 52.
42
BACK, Hugolino e GRISA, Pedro A. As técnicas de Jesus. In "A Cura pela Imposição das Mãos", p. 74.
43
DeGRANDIS, Robert. Os dez mandamentos da cura. In "Ministério de Cura para Leigos", cap. 2, p. 36.
44
CLIFFORD, Terry. A medicina tântrica. In "A Arte de Curer no Budismo Tibetano", cap. 5, p. 97.
45
II Reis, V, vv. 10 e 11.
46
I Reis, XVII, vv. 21 e 22.
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"Josué, filho de Num, estava cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés havia posto so-
bre ele as suas mãos: assim os filhos de Israel lhe delam ouvidos, e fizeram como o SENHOR orde-
nara a Moisés.
"(...) E no tocante a todas as obras de sua poderosa mão, e aos grandes e terríveis feitos que
47
operou Moisés à vista de todo o Israel" .
Nestes três exemplos, que colocamos em ordem reversa à cronológica dos fatos, vimos como
o magnetismo era utilizado desde a mais antiga história, sob os métodos mais diversos, inclusive pela
imposição das mãos.

3.2 - No Novo Testamento
"E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou
48
limpo de sua lepra" .
"Então Ananias foi e, entrando na casa, impôs sobre ele as mãos dizendo: Saulo, irmão, o SE-
NHOR me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que
49
recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo" .
"A manifestação do Espírito é concedida a cada um, visando um fim proveitoso.
"Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo
Espírito, a palavra do conhecimento.
50
"A outro, no mesmo Espírito, fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar (...)" .
Encontramos igualmente, nestes exemplos, o passe já como prática habitual de cura ao tempo
de Jesus e de seus seguidores da primeira hora, quando as mãos aparecem como um dos mais co-
muns veículos de técnica de cura fluídica, além da origem do termo "dom de curar" pelo apóstolo
Paulo.


4. DEFINIÇÕES EQUIVOCADAS
Antes de iniciarmos nossa análise sobre alguns dos mais comuns equívocos que se cometem
quando se pretende comparar passes a outros métodos, gostaríamos de apresentar uma observação
de Kardec: "Magnetizador é o que pratica o magnetismo; magnetista é aquele que lhe adota os prin-
cípios. Pode-se, pois, ser magnetista sem ser magnetizador; mas não se pode ser magnetizador sem
51
ser magnetista" . Por extensão, infere-se que o passista tanto pode ser um magnetizador quanto um
simples magnetista; será ele magnetizador quando usar seus fluidos na magnetização e magnetista
quando adotar os princípios, as técnicas e os métodos do magnetismo. Mas só será passista espírita
quando suas técnicas forem consentâneas com a Doutrina Espírita e seu proceder moral se coadunar
com os princípios desta.
52
No mesmo artigo , Kardec nos afirma ainda que "O Magnetismo preparou o caminho do
Espiritismo (...)". E prossegue mais adiante: "Se tivermos que ficar fora da ciência do magnetismo,
nosso quadro (espiritismo) ficará incompleto (...). A ele nos referimos, pois, senão acessoriamente,
mas suficientemente para mostrar as relações intimas das duas ciências que, na verdade, não passam
de uma".
47
Deuteronômio, XXXIV, vv. 9 e 12.
48
Mateus, VIII, v. 3.
49
Atos, IX, v. 17.
50
I Coríntios, XII, vv. 7 a 9.
51
Magnetismo e Espiritismo. "Revista Espírita", mar. 1858, p. 94, nota de rodapé nr. (1).
52
Magnetismo e Espiritismo. "Revista Espírita", mar. 1858, p. 94, nota de rodapé nr. (1).
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O leitor há de convir conosco que esta citação é por demais importante. Entre outras, dela po-
demos tirar uma conclusão óbvia: pela maneira como foi considerado o magnetismo, a Ciência Espí-
rita não pode ficar sem o contributo daquela outra, sob o risco de termos o Espiritismo de forma in-
completa. Entretanto, ressalta das palavras de Kardec que se trata de uma mesma ciência pelo fato
de uma estar inserida na outra e não que sejam simetricamente iguais.
Analisemos agora os equívocos. Para ficar mais didático, tratá-los-emos em subitens, na forma
de perguntas e respostas, destacando os equívocos que pretendemos demonstrar.
1. Magnetismo e Espiritismo são a mesma coisa?
R - Já possuímos matéria suficiente para sustentarmos estar em equívoco aquele que afirmar
sejam o magnetismo e o Espiritismo a mesma coisa, pois, da última colocação kardequiana se depre-
ende que o primeiro, como ciência, participa da Ciência Espírita e não que esta esteja contida nos es-
treitos limites daquela outra. Não são a mesma coisa, afirmamos; nem por definição, nem por meios,
nem por objetivos; apenas o magnetismo, com suas técnicas e experiências, viabilizou, no meio cien-
tífico da época, o reconhecimento da existência de outras forças, energias, fluidos, que desaguaram,
via sonambulismo, nas provas da existência do Espírito.
Mas, para que não haja dúvidas, eis a primeira definição de Allan Kardec sobre o Espiritismo:
A doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíri-
tos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os
53
espiritistas" (grifos originais). Vemos que dessa definição não há como igualar tal Ciência - que é
54
também Filosofia e Religião - ao magnetismo, cujos seguidores são chamados de magnetizadores .
Há, entretanto, estreitas ligações entre as duas ciências. E quem faz uma notável ligação entre
o Espiritismo e o Magnetismo é o Espírito E. Quinemant que, quando encarnado, segundo suas pró-
prias palavras, ocupou-se com a prática do magnetismo material. Assim se expressa ele: "O Espiri-
tismo não é, pois, senão o magnetismo espiritual, e o magnetismo não é outra coisa senão o Espiri-
55
tismo humano. (...) O magnetismo é, pois, um grau inferior do Espiritismo (...)" .
2. E em relação ao passe propriamente dito, seriam ele e o magnetismo a mesma coisa?
R - A resposta continua negativa, pois, se para o magnetismo o passe é uma técnica de movi-
mentação de mãos, para o passe (espírita) o magnetismo é uma fonte de técnicas de transferências
fluídicas. Atentemos, todavia, para o que nos diz Allan Kardec: "O conhecimento dos processos
56
magnéticos é útil em casos complicados, mas não indispensável" ; isto nos sinaliza, inclusive, que
nem sempre o passe se recorre do magnetismo como técnica.
Em síntese, todo passista (espírita) é, no fundo, um magnetizador mas nem todo magnetizador
é um passista (espírita).
3. E a magnetização e o hipnotismo são iguais, são uma mesma ciência?
R - Trata-se de outro equívoco pensar-se assim. Embora não estejamos estudando o hipnotis-
mo, é da própria história dessa ciência que ela surgiu em decorrência das práticas magnéticas, como
uma experimentação, poderíamos dizer, especializada, de partes daquela. O hipnotismo, usando uma
linguagem bem coloquial, é "filho" direto do magnetismo como o é o "sonambulismo provocado" "O
próprio Braíd (chamado o pai do hipnotismo) reconheceu em sua Neurhypnologie que os procedi-
mentos hipnóticos não determinavam absolutamente todos os fenômenos produzidos pelos magneti-
57
zadores" , evidenciando, assim, o caráter de menor eficiência destes, em termos gerais, que daquele

53
KARDEC, Allan. Introdução. In "O Livro dos Espíritos", item 1.
54
Recomendamos sejam relidos os pontos principais do Espiritismo na Introdução de "O Livro dos Espíritos", todos
registrados no seu item 6, onde se patenteiam as diferenças entre as duas ciências.
55
O Magnetismo e o Espiritismo comparados. "Revista Espírita", jun. 1867, médium Sr. Desliens, pp. 190 a 192.
56
Da Mediunidade curadora "Revista Espírita". set. 1865. p. 254.
57
JAGOT, Paul-Clement. Atualmente. In "Iniciação a Arte de Curar pelo Magnetismo Humano", cap. 5, item 7, p.
53.
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O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



outro. Por ser derivação, confundi-los é o mesmo que se cambiar a obra pelo obreiro, o efeito pela
causa.
4. Já que o magnetismo é usado no passe, isso implicará que devamos usar também o hipno-
tismo nos nossos passes?
R - De forma alguma. O Espírito Emmanuel, introduzindo André Luiz no livro "Mecanismos
da Mediunidade", enfatiza que mesmo tendo aquele estudado o hipnotismo "Para fazer mais ampla-
mente compreendidos os múltiplos fenômenos da conjugação de ondas mentais, além de com isso
demonstrar que a força magnética é simples agente, sem ser a causa das ocorrências medianímicas,
nascidas, invariavelmente, de espírito para Espírito", não recomenda. "De modo algum, a prática do
58
hipnotismo em nossos templos Espíritas" .
Completemos nossa resposta com Michaelus: "Deixemos as drogas e os tóxicos para os hipno-
tizadores e reservemos para os magnetizadores a medicina do Espírito, pois na alma se concentra to-
59
da a sua força e todo o seu poder" .
5. Mas, algumas pessoas advogam que durante ou após o passe, certos pacientes se sentem
"diferentes", como no hipnotismo.
R - Sem entrar nos aspectos espiríticos da questão, vejamos o que nos diz o renomado Dr.
Jorge Andréa: "Não pretendemos negar que a hipnose determina, realmente, inibição de centros ner-
vosos, zonas e mesmo regiões" mas, esclarece ele, "isso é uma conseqüência natural do desenvolvi-
60
mento de mecanismo hipnótico" . Não é correto, portanto, que apressadamente se infira dos fatos
do hipnotismo, sua equivalência, por suas reações (diversas, por sinal), com os passes. Mero desco-
nhecimento de causa que não justifica o equívoco. Hermínio Correia de Miranda, quando liga o
magnetismo ao hipnotismo, nos esclarece com sua síntese peculiar: "Magnetismo, a nosso ver, é a
técnica do desdobramento provocado por meio de passes e/ou toques, enquanto a hipnose ficaria
61
adstrita aos métodos de sugestão (...)" .
6. É o passe uma invenção do Espiritismo?
R - Garantimos que, em princípio, o Espiritismo nunca "inventou" nada nem tampouco "criou"
coisas usualmente a ele atribuídas. Pelas definições e menções apresentadas neste capitulo, fica evi-
dente que o passe, suas técnicas e seu conhecimento remontam à mais longínqua antiguidade. A
Doutrina Espírita apenas estudou o magnetismo e suas aplicações, estuda e continuará estudando su-
as causas e efeitos, tendo chegado a grandes conclusões, notadamente no que diz respeito ao seu uso
para o bem dos Espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados, dando-lhes emprego sério e útil, e
incentivando sua prática dentro dos princípios cristãos e nos limites da pureza doutrinaria espírita,
62
lembrando aos seus praticantes, como o fez o Cristo: "(...) De graça recebestes, de graça dai" .
7. É o passe magia? Por quê?
R - Não. Porque o passe não se utiliza de fetichismos, não é dogmático, não compactua com
Espíritos inferiores para obtenção de favores, quer materiais, quer espirituais, nem se compromete
com ritualismos. Não incita adoração a santos ou mitos nem requer pagamentos ou oferendas. Se
nos permitimos uma definição própria, o passe é um dos veículos de que se utilizam os Bons Espíri-
tos para atender aos necessitados, de acordo com a vontade de Deus, e não para atender aos ho-
mens, segundo nossos, quase sempre, pueris caprichos e mesquinhas imposições.



58
XAVIER, Francisco Cândido, VIEIRA. Waldo. Mediunidade. In "Mecanismos da Mediunidade", pp. 15 e 16.
59
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 7, p. 56.
60
58. ANDRÉA, Jorge. Fenômenos parapsicológicos. In "Nos Alicerces do Inconsciente". cap. 4. item 2 - Hipnose,
p. 116.
61
MIRANDA. Hermínio C. In "A Memória e o Tempo". cap. 4, p. 78, v. 1.
62
Mateus, X, v. 8.
JACOB MELO 15
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



8. Como o passe, muitas vezes, usa das técnicas do magnetismo e das colocações kardequia-
nas, entendemos que tanto há fluidificação espiritual como animal (do homem) e mista, isso quer
dizer que no passe tanto há mediunismo quanto animismo?
R - Estabeleçamos primeiro que animismo não é, necessariamente, sinônimo de mistificação;
animismo é a projeção ou a manifestação do Espírito do próprio médium por seu próprio corpo ou,
ainda, o uso das energias fluídicas de si por si mesmo. Por outro lado, mediunidade existe quando há
relação entre homem encarnado e Espírito desencarnado. Por isso podemos dizer, teoricamente, que
o passe só é anímico quando o mesmo é aplicado por um magnetizador, com uso exclusivo de suas
energias vitais, sem a interferência dos Espíritos (como se isso fosse possível). Mas, pelo que nos as-
severam os Espíritos, quando respondendo a Kardec, nos asseguram que eles influem em nossos atos
e pensamentos "Muito mais do que imaginais (...) a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos di-
63
rigem" , forçoso é concluirmos que não há magnetismo puro (quer dizer, sem intervenção espiritu-
al), assim como também não há o animismo puro. A própria definição de passe vista anteriormente
no item "2.1 - Dos Dicionários e Enciclopédias", sob a referência número 27, já nos sugere isso. E,
se não bastasse, sigamos Allan Kardec mais uma vez, quando ele pergunta aos Espíritos:
"Há, entretanto. bons magnetizadores que não crêem nos Espíritos?
"Pensas então que os Espíritos só atuam nos que crêem neles? Os que magnetizam para o bem
são auxiliados por bons Espíritos. Todo homem que nutre o desejo do bem os chama, sem dar por
64
isso, do mesmo modo que, pelo desejo do mal e pelas más intenções chama os maus" .
9. Passistas e médiuns curadores são a mesma coisa?
R - Se bem possam, em determinadas situações, se confundirem, não são necessariamente a
mesma coisa pois o passista nem sempre é um médium curador no sentido maior do termo, enquanto
que todo curador, posto que sempre usa alguma técnica de passe, é passista, ressalvando-se, contu-
do, que aqui importa distinguir passista de passista Espírita.
Quando Allan Kardec definiu médiuns curadores, disse que esses são "Os que têm o poder de
curar ou de aliviar o doente, pela só imposição das mãos, ou pela prece.
"Essa faculdade não é essencialmente mediúnica: possuem-na todos os verdadeiros crentes, se-
jam médiuns ou não. As mais das vezes, é apenas uma exaltação do poder magnético, fortalecido, se
65
necessário, pelo concurso de bons Espíritos" .
Percebemos assim que, no primeiro parágrafo, ele parece se referir ao passista espírita, en-
quanto que no segundo se referencia ao magnetizador, ao médium curador. De uma forma ou de ou-
tra, não faz grande diferença essa conceituação pois o que mais importa é a ação do passe, e Espíri-
ta, de preferência.
10. Magnetismo e magnetoterapia são a mesma ciência?
R - Não, não o são. Enquanto que o magnetismo lida com os fluidos animais (humanos), a
magnetoterapia se utiliza dos ímãs ou materiais inorgânicos portadores de magnetismo. Enquanto a
primeira se baseia no homem como fonte, a segunda tem sua base nos metais; a primeira requer,
mesmo no magnetismo puro, um bom posicionamento de moral e equilíbrio do aplicador, enquanto a
segunda, nem sempre.
11. É o magnetismo humano (animal), o mesmo dos ímãs ou do resultante das correntes elé-
tricas?
R - Não. No magnetismo humano se percebe e se constata a existência de um componente a-
nímico que não participa das outras modalidades de magnetismo. Outrossim, no magnetismo dos í-
mãs e dos oriundos dos campos energizados por eletricidade, obtêm-se padrões e quantidades invari-
63
KARDEC, Allan. In "O Livro dos Espíritos", cap. 9, questão 459.
64
KARDEC, Allan. Dos médiuns. In "O Livro dos Médiuns", cap. 14, item 176, 3ª questão.
65
KARDEC, Allan. Dos médiuns especiais. In "O Livro dos Médiuns", cap. 16, item 189.
JACOB MELO 16
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



ável e fisicamente mensuráveis, abstração feita as variações previstas e determinadas; no magnetismo
humano os valores são extremamente flexíveis e variáveis não apenas por condições físico-químicas
e orgânicas mas igualmente por influências psíquicas e espirituais.
12. Existe diferença entre passes e imposição de mãos?
R - Em termos espíritas, passes tanto pode ser entendido como o conjunto de recursos de
transferências fluídicas levadas a efeito com fins fluidoterápicos, como uma das maneiras pela qual se
faz tais transferências. No primeiro caso, a imposição de mãos seria um dos recursos; no segundo,
uma das maneiras.
Assim sendo, de forma literal, passe e imposição de mãos não são a mesma coisa; em termos
66
de uso, contudo, tem-se a imposição de mãos como uma técnica de passe . Tanto que é comum se
falar de um querendo-se dar a entender o outro.
De outra forma, observemos a ponderação de nossa contemporânea Dalva Silva Souza, em ex-
celente artigo publicado em "Reformador": "A palavra (passe) é um deverbal de passar, verbo que,
67
sem dúvida, transmite a idéia de MOVIMENTO" . Por outro lado, "imposição de mãos" já deixa
bem induzido que se trata de atitude estática, sem movimento, posto que, derivado do verbo impor,
imposição, nesse sentido, quer dizer: ato de fixar, estabelecer.

Outras dúvidas e equívocos, por certo, existirão. Mas, se não temos a pretensão de esgotar o
assunto, nos resta a certeza de que ao longo desta obra, muitas questões serão resolvidas e vários
problemas ganharão solução. Por outro lado, se novas dúvidas surgirem, como resultado da reflexão,
do estudo, da análise e do raciocínio, é sinal de que teremos alcançado um bom "primeiro porto", do
qual, após o reabastecimento em novas pesquisas, partiremos buscando, juntos, novos e promissores
horizontes, tudo em nome do Evangelho.



CAPÍTULO II - OS OBJETIVOS
DO PASSE
"E insistentemente lhe suplica: Minha filhinha está à morte;
vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá. Jesus
68
foi com ele" .

Mesmo sendo o passe uma das circunstâncias mediúnicas mais comuns nas Instituições Espíri-
tas, precisamos reconhecer, tanto pelo estudo quanto pela vivência, quais seus verdadeiros objetivos
para, a pretexto de desconhecimento de causa, não virmos amanhã a desvirtuar-lhe os fins utilizan-
do-nos de meios antidoutrinários ou então, ainda que através dos meios mais corretos, desvalorize-
mos os fins, por impertinentes. Afinal, se fazer é uma obrigação, saber fazer é um dever; e fazê-lo
correto, no tempo, momento e lugar certo, é buscar a perfeição. Não sendo outro o motivo de nosso
estágio aqui na Terra senão o de buscarmos, pelos meios ao nosso alcance, o final feliz, que é a per-
feição, reconhecemo-nos numa posição que, pelo nível, ainda nos solicitará muito esforço, trabalho,
vidas, renúncias, estudos e sacrifícios, até atingirmos o grande desiderato.
Sendo o magnetismo um dos "meios" que utilizaremos seguidamente, tomá-lo-emos tendo em
vista a manutenção do estudo do passe dentro dos limites atinentes às causas e aos efeitos fluídicos
de cura e de alívio orgânico e psíquico, além de auxiliar nos tratamentos espirituais e desobsessivos.
66
Teceremos considerações no capítulo VI adiante.
67
SOUZA, Dalva Silva de. Considerações em torno do passe. In "Reformador", jan, 1986, p. 16.
68
Marcos, V, vv. 23 e 24.
JACOB MELO 17
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



Evitaremos o aprofundamento que nos levaria ao estudo da exteriorização da sensibilidade e da mo-
69 70
tricidade , bem como aos efeitos hipnóticos, aos métodos de regressão de memória e às caracte-
rísticas atinentes ao sonambulismo. Afinal, o que vamos estudar mesmo é o passe e não necessaria-
mente o magnetismo, apesar de com isso não querermos dizer que desprezaremos suas bases e técni-
cas, experiências e conclusões; muito pelo contrário, não só as utilizaremos como servirão de fun-
damental importância na sedimentação do entendimento, na efetivação de sua prática e para a expla-
nação lógica de vários pontos comuns.
71
Comecemos, então, buscando a lucidez e a objetividade do Espírito André Luiz , o qual nos
72
faz meditar com grande proveito: "O passe não é unicamente transfusão de energias anímicas . É o
equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos (...). Se usamos o antibiótico por
substância destinada a frustrar o desenvolvimento de microorganismos no campo físico, por que não
adotar o passe por agente capaz de impedir as alucinações depressivas, no campo da alma? (...) Se
atendemos à assepsia, no que se refere ao corpo, por que descurar dessa mesma assepsia no que tan-
ge ao espírito?".
Aí encontramos André Luiz estendendo definições, com isso favorecendo-nos uma abertura
para nosso estudo: o passe "é o equilibrante ideal da mente", funcionando como coadjuvante em to-
dos os tratamentos, não só físicos, mas igualmente da alma. Por isso mesmo, os objetivos do passe
ficam bem categorizados como elementos a serem alcançados em dois campos: materiais e espiritu-
73
ais, a se refletirem no paciente , no passista e na Casa Espírita.
Corroborando com isso, encontramos Martins Peralva quando, estudando a mediunidade neste
campo especifico, nos lembra: "O socorro, através de passes, aos que sofrem do corpo e da alma, é
74
instituição de alcance fraternal que remonta aos mais recuados tempos" .
Tendo este raciocínio como ponto de partida, componhamos uma análise um tanto quanto di-
dática, distinguindo os objetivos do passe em três grupos:
1 - Em relação ao paciente;
2 - Em relação ao médium; e
3 - Em relação à Casa Espírita.

1. EM RELAÇÃO AO PACIENTE
75
O passe Espírita objetiva o reequilíbrio orgânico (físico), psíquico , perispiritual e espiritual do
paciente. Chega-se fácil a esta conclusão pela observação de que:
- quando um paciente procura o passe, ele busca, com certeza, melhora para seu comporta-
mento orgânico, psíquico e/ou espiritual, o que já representa uma afirmativa desse objetivo;
- quando os médiuns sentem-se "doando energias" e, por vezes, se fatigam após as sessões de
passes, deixam claros indícios de que houve "transferências fluídicas" em benefício do paciente;
- na comprovação das melhoras ou curas dos pacientes, novamente se confirma a tese;


69
Assuntos bem estudados por Albert De Rochas em seus livros (clássicos) "Extériorisation de la Sensibilité" e
"L'Extériorisation de la Motricité". Apenas o primeiro tem versão brasileira.
70
Assunto igualmente estudado por De Rochas ("Les Viés Successives", também não versionado).
71
XAVIER. Francisco Cândido, VIEIRA, Waldo. O passe. In "Opinião espírita", cap. 55, pp. 180 e 181.
72
Compare-se com nosso comentário acerca do equivoco existente entre animismo e mediunismo no passe, destacado
no item 4 das "Definições equivocadas", questão 8, do capítulo anterior.
73
Convencionamos chamar de "paciente" a pessoa ou o Espírito que se submete(rá) ao tratamento fluídico.
74
PERALVA, Martins. Passes. In "Estudando a Mediunidade", cap. 26, p. 142.
75
Preferimos destacar a condição psíquica para deixar claro estarmos tratando de condições mentais diferentemente
de condições espirituais.
JACOB MELO 18
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



- no estudo dos mais variados tratados e obras sobre o assunto, não há quem discorde desse
objetivo;
- e tantas outras evidências existem que não sobra margem para tergiversações.
Não se deve, porém, confundir o objetivo do passe com o seu alcance. Erroneamente é co-
mum se deduzir do fato de alguém não ter sido curado num determinado tratamento fluidoterápico,
este deixa de ter sua objetividade definida. Tal raciocínio equivaleria a se condenar a Medicina to-
mando como base os casos que não tiveram solução possível, ou se acusar um médico pelo fato de
um paciente não responder a certos medicamentos. O passe, como os medicamentos, tem seus obje-
tivos bem definidos, ainda que, por circunstâncias a serem vistas mais adiante, nem sempre sejam al-
cançados satisfatoriamente. Isso, entretanto, não os descaracterizam.
76
Angel Aguarod nos lembra que "O magnetismo, em certos estados de origem psíquica ou es-
piritual, basta e, para certos indivíduos, é o melhor agente curativo. Tanto o magnetismo humano
como o espiritual" (grifamos). É bem verdade que esta citação não contemplou os problemas orgâ-
nicos em suas palavras mas isso não toma menos digna a nota. Entrementes, quando o autor se refe-
re ao "magnetismo humano e espiritual" deixa liminarmente claro que seu entendimento reconhece a
ação do magnetizador comum e daquele que atua com o auxílio dos Espíritos, sem igualmente deixar
de lado a ação fluídica apenas por parte dos Espíritos.
Não se trata de opinião isolada; o Espírito Emmanuel assim se pronuncia: "Se necessitas de
semelhante intervenção (do passe), recolhe-te à boa vontade, centraliza a tua expectativa nas fontes
celestes do suprimento divino, humilha-te, conservando a receptividade edificante, inflama o teu co-
ração na confiança positiva e, recordando que alguém vai arcar com o peso de tuas aflições, retifica
o teu caminho, considerando igualmente o sacrifício incessante de Jesus por nós todos, porque, de
conformidade com as letras sagradas, Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas
77
doenças" (grifos originais). Aqui encontramos toda uma definição de objetividade; um verdadeiro
manual de orientação a quem vai se beneficiar das benesses de um passe. É a parte moral e espiritual
do passe em destaque, convidando o paciente a humildade com boa vontade, a fé com a responsabi-
lidade de saber que alguém está agindo em seu favor, pelo que o respeito e a contrição são necessá-
rios.
Para reforçar que os objetivos alcançam a área das influências Espirituais, eis a palavra de Kar-
dec: "Às vezes, o que falta ao obsidiado é força fluídica suficiente; nesse caso, a ação magnética de
78
um bom magnetizador lhe pode ser de grande proveito" .
Fica definido, desta forma, que o primeiro objetivo do passe é, para a pessoa ou para o Espíri-
to que carece e procura esse notável "agente de cura", o socorro que lhe proporciona o reequilíbrio
orgânico, psíquico, perispiritual e espiritual.

2. EM RELAÇÃO AO MÉDIUM
Numa importante mensagem do Abade Príncipe de Hohenlohe (Espírito), intitulada "Conse-
lhos Sobre a Mediunidade Curadora", encontramos farto material para a definição dos objetivos ora
epigrafados: "Em geral os que buscam a faculdade curadora têm como único desejo o restabeleci-
mento da saúde material, de obter a sua liberdade de ação de tal órgão, impedido nas suas funções
por uma causa material qualquer. Mas, sabei-o bem, é o menor dos serviços que esta faculdade está
chamada a prestar, e só a conheceis em suas primícias e de maneira inteiramente rudimentar, se lhe
conferis este único papel (...) Não: a faculdade curadora tem missão mais nobre e mais extensa! (...)
Se pode dar aos corpos o vigor da saúde, também deve dar as almas toda a pureza de que são sus-
ceptíveis, e é somente neste caso que poderá ser chamada curativa, no sentido absoluto da palavra.
76
AGUAROD, Angel. O problema da saúde. In "Grandes e Pequenos Problemas", cap. 9, item III, pp. 208 e 209.
77
XAVIER, Francisco Cândido. O passe. In "Segue-me", p. 100.
78
KARDEC, Allan. Da obsessão. In "O Livro dos Médiuns", cap. 23, item 251.
JACOB MELO 19
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



"(...) O aparente efeito material, o sofrimento, tem quase constantemente uma causa mórbida
imaterial, residindo no estado moral do Espírito. Se, pois, o médium curador se ataca ao corpo, só se
ataca ao efeito, e a causa primeira do mal continuando, o efeito pode reproduzir-se, quer sob a forma
primordial, quer sob qualquer outra aparência.
"(...) É necessário que o remédio espiritual ataque o mal em sua base, como o fluido material o
79
destrói em seus efeitos; numa palavra, é preciso tratar, ao mesmo tempo, o corpo e a alma" . (Gri-
fos originais.)
Mediante tal ponderação que mais nos parece um verdadeiro corolário, percebemos que os ob-
jetivos do passe em relação ao médium têm estreita afinidade com os definidos aos pacientes. Porém,
podemos (e devemos) entender o serviço do passe como uma tarefa muito mais ampla que a limitada
a uma simples cura material. Se os pacientes, inadvertidamente, buscam tão-só as curas de suas ma-
zelas orgânicas ou a solução de seus mal-estares, compreendamos e auxilie-mo-los. Afinal, muitos
deles, e por que não dizer a maioria, quase sempre chegam ao tratamento fluidoterápico buscando
"essas coisas" já em última instância, visto que, alegam, "fulano foi quem me recomendou" (e dizem
isso fazendo feições de desdém). Entretanto nós, os médiuns Espíritas, jamais deveremos entender
nossa ação como sendo uma mera aventura no campo da matéria e dos fluidos, buscando soluções
fantásticas e miraculosas pois, parafraseando Allan Kardec, é preciso aplicar e usar o passe como
quem lida com uma "coisa santa", tratando-o e recebendo-o de "maneira religiosa, sagrada", a fim de
seus reais objetivos, de cura material e, sobretudo, psico-espiritual, serem atingidos em sua plenitu-
de, holisticamente.
Por outro lado, aqueles que não têm a visão Espírita e restringem os objetivos dos passes as
curas materiais podem, ainda assim, favorecerem um caminho válido para comprovações presentes e
futuras de seus benefícios, notadamente quando homens ditos de ciência se pronunciam a respeito
pois, a partir do conhecimento e da verificação dos alcances das terapias chamadas "alternativas", i-
nevitavelmente um dia se chegará à conclusão da origem e da profundidade de muitas delas, resul-
tando, por extensão, num entendimento e numa aceitação mais universal do passe espírita.
Para reforço, num documentário sobre os curadores gregorianos, uma médica de Moscou, Ga-
lina Shatalova, que pratica a imposição das mãos em muitos de seus pacientes, disse que "suas tenta-
tivas de transferir "energia biológica" freqüentemente pareciam ajudar mais o paciente que o trata-
mento ortodoxo envolvendo medicina e drogas". E completou: "A Organização Mundial da Saúde
(OMS) tem-se empenhado num objetivo ambicioso - universalizar o tratamento de saúde até perto
do final do século. Para atingir esse objetivo, a OMS tinha decidido utilizar os serviços de curadores
não ortodoxos". Então, "Halfdren Mahler (1977), como diretor geral da OMS, declarou que "o trei-
namento de auxiliares de saúde, parteiras tradicionais e curadores pode parecer desagradável a al-
guns fazedores de política, mas se a solução é correta no sentido de ajudar pessoas, nós deveríamos
80
ter a coragem de insistir que esta e a melhor política" .
É deveras alvissareira essa abertura pois, mesmo pelo caminho estreito da matéria, com certeza
aportaremos nas potencialidades do Espírito e, na conjugação das forças magnéticas orgânicas com
as espirituais, o homem sairá do círculo estreito em que se encontra e o objetivo do tratamento fluí-
dico (em nosso caso particular, do passe) alcançará uma dimensão mais consentânea consigo mesmo.
Continuando, lembramos Kardec quando nos informa que "A faculdade de curar pela imposi-
ção das mãos deriva evidentemente de uma força excepcional de expansão, mas diversas causas con-
correm para aumentá-la. entre as quais são de colocar-se, na primeira linha: a pureza dos sentimen-
tos, o desinteresse, a benevolência, o desejo ardente de proporcionar alívio, a prece fervorosa e a
81
confiança em Deus; numa palavra: todas as qualidades morais" . Ou seja: além de proporcionar a


79
KARDEC. Allan. In "Revista Espírita", out. 1867, I Parte.
80
KRIPPNER. Stanley. In "Possibilidades Humanas", cap. 9, p. 239.
81
KARDEC, Allan. Médiuns curadores. In "Obras Póstumas", 1ª Parte, cap. 6, item 52.
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O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



cura ou a melhora do paciente, deve o médium se esforçar por melhorar-se moralmente, no fito de
cumprir sua tarefa dignamente e de melhor favorecer aos objetivos do passe.
Como médiuns, devemos ser conscientes de que temos no passe uma oportunidade sagrada de
praticar a caridade sem mesclas, desde que imbuídos do verdadeiro Espírito cristão, sem falar na
bênção de podermos estar em companhia de bons Espíritos que, com carinho, diligência, amor, com-
preensão e humildade se utilizam de nossas ainda limitadas potencialidades energéticas em benefício
do próximo e de nós mesmos. Ademais, não olvidemos que somos, em maioria, iniciantes na jornada
da evolução, pelo que vale a advertência de Emmanuel nos recordando que "Seria audácia por parte
dos discípulos novos a expectativa de resultados tão sublimes quanto os obtidos por Jesus junto aos
paralíticos, perturbados e agonizantes. O Mestre sabe, enquanto nós outros estamos aprendendo a
conhecer. É necessário, contudo, não desprezar-lhe a lição, continuando, por nossa vez, a obra de
82
amor, através das mãos fraternas" .
Pelo fato de ser simples, não se deve doar o passe a esmo, nem, tampouco, a fim de "dar
aparências graves" aos mesmos, alimentar idéias errôneas que induzam ao misticismo ou que venham
a criar mistérios a seu respeito. Por isso mesmo nos convida André Luiz: "Espíritas e médiuns Espíri-
tas, cultivemos o passe, no veículo da oração, com o respeito que se deve a um dos mais legítimos
83
complementos da terapêutica usual" , induzindo-nos, assim, a responsabilidade que devemos ter
como médiuns passistas Espíritas.

3. EM RELAÇÃO À CASA ESPÍRITA
O "Movimento Espírita" brasileiro é, seguramente, o mais bem estruturado e o mais atuante de
todos os movimentos espíritas graças, não obstante parcas e isoladas opiniões em contrário, ao tra-
balho da Federação Espírita Brasileira (FEB) e, em especial, do Conselho Federativo Nacional
(CFN), órgão que congrega todas as unidades federativas espíritas do país além daquela. E dessas
duas células têm surgido os mais elaborados e profícuos trabalhos de orientação em todos os campos
onde atuam ou podem atuar as Instituições Espíritas, de uma forma permanente e atualizada, sem,
todavia, jamais descurar dos princípios básicos da Doutrina Espírita nem de sua pureza doutrinária.
Permita-nos o leitor fazer um breve parêntese: infelizmente existem Espíritas que se rotulam de
"modernos" e, da mesma maneira como encontraram este adjetivo para eles próprios, buscaram os
de "conservadores e retrógrados" como sinônimos para aqueles que cuidam da doutrina com zelo e
pureza doutrinária. Pelo fato de Kardec ter vivido no século passado, esses "modernos" chamam seu
Pentateuco de "clássico", ensejando se tratar de "artigo de prateleira de museu". Embora tenhamos
aprendido a respeitar as opiniões alheias, não podemos concordar nem aceitá-las todas. E essa é uma
das que discordamos; entendemos como pureza doutrinária a fidelidade que devemos ter ao Penta-
teuco Kardequiano e o respeito a sua linha isenta de rituais, cismas e dogmas, buscando a atualidade
das coisas mas não nos entusiasmando excessivamente pelas levas sucessivas de modismos que de
tempos a tempos assola nosso meio, quase sempre destituídas de qualquer fundamentação lógica ou
doutrinária. Afinal, atualizar-se não quer dizer desprezar ou menosprezar as bases; ao contrário, sig-
nifica justapor-lhe, à essência, os avanços comprovadamente coerentes e cabíveis. Nisso tudo esta-
mos integralmente com Ary Lex, quando diz: "No movimento Espírita costuma haver uma certa
condescendência para com as pequenas deturpações, condescendência essa rotulada como tolerância
cristã. Estão errados. Tolerância deve haver para as falhas das pessoas, que devem ser esclarecidas e
apoiadas, ajudando-as a saírem do ciclo erro-sofrimento. Tolerância com as pessoas, sim, mas coni-
vência com as deturpações, jamais". E conclui acertadamente mais adiante: "É urgente e fundamental
que todos aqueles que tiveram a ventura de entender o Espiritismo lutem, dia a dia, pela manutenção
da pureza doutrinária. Que não se omitam. (...) O que não se pode permitir é que, em nome do Espi-

82
XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In "Caminho, Verdade e Vida", cap. 153, p. 322.
83
XAVIER, Francisco Cândido, VIEIRA, Waldo. O passe. In "Opinião Espírita", cap. 55, p. 131.
JACOB MELO 21
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



84
ritismo, se pratiquem atos totalmente condenados pela Doutrina" . (Grifos originais.) Fecha parên-
teses.
Hoje possuímos um documento de rara oportunidade, resultante de uma série de reuniões,
plenárias, encontros, estudos e análises sobre o "Movimento Espírita" brasileiro, promovidos pela
85
FEB e com a participação de todas as unidades federativas espíritas do Brasil , cuja conclusão
culminou em meados do ano de 1980 - o que evidencia a atualidade do documento. É ele impresso e
distribuído pela própria FEB e tem o nome de "Orientação ao Centro Espírita - 1980", ao qual, em
mais recentes edições, foram incorporados outros mais recentes trabalhos da lavra do mesmo CFN.
Nele buscaremos algumas palavras a fim de nortear os objetivos aqui previstos.
Na apresentação do documento, item 5, observamos: "Fraternidade, respeito ao semelhante,
desinteresse utilitarista, trabalho idealista na vivência do 'amai-vos uns aos outros', tolerância e sim-
plicidade de coração, humildade de Espírito, numa palavra, a prática das virtudes evangélicas, eis o
que distingue o trabalho Espírita e caracteriza a instituição fundada e sustentada sob a inspiração do
86
Espiritismo" . Pois bem, será dentro desses padrões que consideraremos a Casa Espírita para efeito
deste livro, mesmo porque, se ela assim não se caracterizar, por si só perderá sua qualificação pri-
mordial, ainda que ostente o nome "Espírita" em sua fachada.
87
No mesmo documento temos: "A liberdade, característica da Doutrina, reflete-se na atuação
do adepto. Mas é preciso não confundir livre iniciativa individual lastreada no conhecimento adquiri-
do, com licença para fazer o que bem se entenda. O conhecimento da verdade revelada e o entendi-
mento do Evangelho, em espírito, asseguram essa liberdade e lhe traçam os limites". Mesmo consi-
derando esta assertiva em seu caráter genérico, não podemos deixar de ver suas conseqüências em
referência aos trabalhos do passe. Esse, inclusive, é mais um dos motivos por que estamos substanci-
ando este livro no conhecimento já universalizado pelos Espíritos, tão bem balizado por Allan Kar-
dec e condignamente ratificado pelos Espíritos André Luiz, Emmanuel, Bezerra de Menezes, Manoel
Philomeno de Miranda e Alexandre, entre outros.
88
No capitulo V , o Centro Espírita tem necessidade de promover reunião(ões) de assistência
espiritual onde, entre outras providências, haja a "(...) aplicação de passe e fluidificação de água, ob-
jetivando a mobilização de recursos terapêuticos do plano espiritual as pessoas carentes deste auxí-
lio". Ou seja, tem a Casa Espírita, no cumprimento de suas finalidades, a necessidade de manter um
serviço de atendimento fluidoterápico, até mesmo para dar oportunidade aos médiuns a ela vincula-
dos de servirem ao Senhor através do próximo, ao tempo em que propicia alento, orientação, reequi-
líbrio e esperança aos que lhe buscam os benefícios.
Não queremos, todavia, inferir que o serviço do passe seja a atividade mais importante da Casa
Espírita. Não, não o é. Mas sua simplicidade aliada ao seu reconfortante alcance, principalmente
quando utilizado de forma concomitante a doutrinação e a elucidação evangélico-doutrinária, é de
tamanha envergadura que não se deveria deixar jamais de praticá-lo nas Instituições Espíritas. Afinal,
no Mundo Espiritual os Mentores que orientam essas mesmas instituições formam equipes especiali-
zadas para atendimento aos encamados. Senão ouçamos André Luiz: "Em todas as reuniões do gru-
po (...) vários são os serviços que se desdobram sob a responsabilidade dos companheiros desencar-
nados. (...) Um desses serviços era o de passes magnéticos, ministrados aos freqüentadores da casa.
(...) Todas as pessoas, vindas ao recinto, recebiam-lhes o toque salutar e, depois de atenderem aos
89
encarnados, ministravam socorro eficiente as entidades infelizes do nosso plano (...)" .


84
LEX, Ary. Dos fatos a filosofia. In "Pureza Doutrinária", cap. 7, pp. 96 e 98.
85
Particularmente tivemos a honra de participar, como assessor da FERN, das duas últimas plenárias que elabora-
ram o referido documento, na sede do CFN da FEB em Brasília-DF.
86
Conselho Federativo Nacional. In "Orientação ao Centro Espírita", 1980, p. 11.
87
Idem, p. 12.
88
Ibidem, p.23.
89
XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In "Missionários da Luz", cap. 19, p. 320.
JACOB MELO 22
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



No mesmo tom, anotemos o registro que Manoel Philomeno fez das palavras do Dr. Lustoza
(Espírito): "- Como existem Prontos-Socorros para os males físicos e assistência imediata para os a-
lienados mentais em crise, já é tempo que a caridade cristã, nas Instituições Espíritas, crie serviços de
urgência fluidoterápica e de consolação para quantos se debatem nos sofrimentos do mundo, e não
têm forças para esperar datas distantes ou dias exclusivos para o atendimento. Espíritas esclarecidos,
imbuídos do sentimento de caridade, poderiam unir-se neste mister, reservando algum tempo dispo-
nível e revezando-se num serviço de atendimento caridosamente programado, a fim de mais ampla-
90
mente auxiliar-se o próximo, diminuindo a margem de aflições no mundo". . Meditemos sobre isso!
Chamamos a atenção para o fato de que a Espiritualidade, antes mesmo do inicio das ativida-
des "materiais" da Casa, já está presente e atuante, pelo que nosso respeito e reto comportamento
devem ser uma constante, notadamente nos recintos da Instituição.
Cabe ao Centro Espírita não apenas utilizar-se de seus médiuns para os serviços do passe mas
igualmente renovar os conhecimentos dos mesmos através de estudos, simpósios e treinamentos,
buscando formar equipes conscientes e responsáveis e se eximindo da limitação tão perniciosa de se
ter apenas um médium dito "especial", ou, o que não é menos grave, contar com pessoas portadoras
apenas de boa vontade ao serviço mas sem nenhum interesse em estudar, aprender ou reciclar conhe-
cimentos, limitadas, quase sempre, às práticas do "já faz tanto tempo que ajo assim" ou "meu guia é
quem me guia e ele não falha nunca". Afinal, já sabemos que tempo de prática, considerado isolada-
mente, não confere respeitabilidade ao passe, assim como a tarefa, no campo da individualidade, é do
médium e não de guias que o isente de participação e responsabilidade. Conscientizemos nossos pas-
sistas de suas imensas e intransferíveis responsabilidades pois se em todas atividades de nossas vidas
somos nós, direta e insubstituivelmente, responsáveis por nossos atos, que se há de pensar daquela
vinculada a tão nobilitante tarefa!


CAPÍTULO IV - ASSUNTOS COMPLE-
MENTARES
"Todo fenômeno edifica, se recebido para enriquecer o campo da essência.
"Quanto a nós, porém, estejamos fiéis à instrução, desmaterializando o espírito, quanto possível, para que o
91
Espírito disponha a brilhar". (Emmanuel)
"O poder criador nunca se contradiz e, como todas as coisas, o Universo nasceu criança".(Galileu - Espíri-
92
to)

A fim de assimilarmos com mais segurança certas técnicas e procedimentos, bem como para
melhor compormos raciocínios um tanto quanto mais elaborados, um conhecimento básico de alguns
temas se faz imperioso. Ditos temas, por isso mesmo, servirão como verdadeiras ferramentas, de in-
dispensável "manuseio", para se obter explicações de várias questões tidas, muitas vezes, como axi-
omáticas quando, na realidade, são racionalmente demonstráveis.
Estes assuntos, por suas complexidades e extensões, não serão aprofundados senão nos limites
das necessidades pertinentes ao bom entendimento dos capítulos seguintes, pelo que nos dispensa-
93
remos de fazermos conjecturas e demonstrações eminentemente técnicas .



90
FRANCO, Divaldo Pereira. Socorros espirituais relevantes. In "Painéis da Obsessão", cap. 26, p. 215.
91
XAVIER, Francisco Cândido. Dever espírita. In "Seara dos Médiuns", p. 123.
92
KARDEC, Allan, A criação primária. In "A Gênese", cap. 6, item 15.
93
Estes três assuntos serão aproximamente merecedores de um estudo mais aprofundando em obra que estamos tra-
balhando, com o título provisório "Fluidos, Perispírito, Centros de Força e Kundalini; uma abordagem racio-
nal".
JACOB MELO 23
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



Desse modo, elegemos três "assuntos complementares" para nossa análise: Fluidos, Perispírito
e Centros de Força, cuja seqüência está calcada na grande interdependência existente entre os mes-
mos.

1 - FLUIDOS
Fluido (lê-se fluido e não fluído) é um termo genérico empregado pata traduzir a característica
"das substâncias líquidas ou gasosas", ou de substância "que corre ou se expande à maneira de um
94
líquido ou gás; fluente ". Por isso, popularmente falando, designamo-lo como sendo a fase não sóli-
95
da da matéria, a qual pode se apresentar em quatro subfases : pastosa, líquida, gasosa e radiante,
tendo sido esta última apresentada à Ciência por um dos seus mais eminentes sábios, o inglês Sir
William Crookes.
O entendimento espírita atribuído ao termo fluido, tal como criteriosamente assimilado por Al-
lan Kardec, pelos Espíritos e por todos os espíritas, não se limita a tão restrita definição. Para nós,
fluido é tudo quanto importa à matéria, da mais grosseira a mais diáfana, variando em multiplicidade
infinita a fim de atender a todas as necessidades físicas, químicas e inclusive vitais daquela, bem co-
mo de sua intermediação entre os remos material e espiritual. É o fluido não apenas algo que se mo-
ve a exemplo dos líquidos ou gases, mas a essência mesma desses líquidos, gases e de todas as maté-
rias, inclusive aqueles ainda inapreensíveis por nossos instrumentos físicos ou mesmo psíquicos.
Léon Denis, assimilando as teorias dos Espíritos, explicitou que "A matéria, tornada invisível,
imponderável, se encontra sob formas cada vez mais sutis, que denominamos fluidos. À medida que
se rarefaz, adquire novas propriedades e uma capacidade de irradiação sempre crescente; toma-se
96
uma das formas de energia ". Com este conceito, remontando das conseqüências às causas, consor-
ciava ele seu entendimento às teorias einstenianas por surgirem, chamando fluido de "uma das for-
mas de energia", assim sinalizando o avanço profundo e além-moderno dos conceitos espíritas sobre
o fluido.
Na visão do Espírito André Luiz, temos o fluido definido segundo alguns critérios mais exten-
sivos: assim, o fluido, dessa ou daquela procedência, vem a ser "(...) Um corpo cujas moléculas ce-
dem invariavelmente à mínima pressão, movendo-se entre si, quando retidas por um agente de con-
97
tenção, ou separando-se, quando entregues a si mesmas ". "Mas no plano espiritual - continua ele
--, o homem desencarnado vai lidar, mais diretamente, com um fluido vivo e multiforme, estuante e
inestancável, (...) absorvido pela mente humana, em processo vitalista semelhante à respiração, pelo
qual a criatura assimila a força emanente do Criador, esparsa em todo o Cosmo, transubstanciando-
a, sob a própria responsabilidade, para influenciar na Criação, a partir de si mesma. - Esse fluido é
98
seu próprio pensamento contínuo, gerando potenciais energéticos (...) ".
Partindo-se dessas colocações, fica fácil perceber que o fluido merece uma análise não só pro-
funda como, inclusive, que leve em consideração o plano de observação. Por extensão, convimos
que nossos conhecimentos atuais são ainda muito limitados para penetrarmos na essência desta maté-
ria. A necessidade do entendimento da ''mecânica do pensamento'' (tema atualmente estudado por
Espíritos desencarnados possuidores de conhecimentos bem avançados e evoluídos) e da própria ab-
sorção do fluido vital pela matéria são indispensáveis para o bom conhecimento de como se processa
o domínio gerador do pensamento na criação de "potenciais energéticos" no "campo fluídico" espar-
so por todo o cosmo.

94
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. "Novo Dicionário da Língua Portuguesa", p. 791.
95
Atualmente a Ciência já considera até sete subfases para a matéria.
96
DENIS, Leon. A força psíquica. Os fluidos. O magnetismo. In "No Invisível", cap. 15, pp. 175 e 176.
97
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Alma e fluidos. In "Evolução em Dois Mundos", item Fluidos em
geral, cap. 13, p. 95.
98
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Alma e fluidos. In "Evolução em Dois Mundos", item Fluido vivo,
pp. 95 e 96.
JACOB MELO 24
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



Disso decorre que muita coisa ainda ficaremos por entender, mas, se por um lado coisas exis-
tem completamente ininteligíveis para nós, outro numero satisfatoriamente razoável se nos oferece
como elemento elucidativo por suas evidências e comprovações.
No que tange ao nosso entendimento dos conceitos eminentemente espíritas em face dos con-
ceitos acadêmicos observamos que parte de nossas atuais dificuldades se devem às atribuições dadas
aos fluidos, tal como foi expandido e apreendido pela Codificação, sem considerar, por desconhecer,
as teorias da física moderna, a qual criou termos novos para definir teorias e hipóteses novas, sem fa-
lar no próprio advento da Parapsicologia, da Psicotrônica e da Psicobiofísica que, por seus parapsi-
99
cólogos e pesquisadores, abriram campo no seio acadêmico às pesquisas mais aprofundadas sobre
tal elemento. Afinal, quando Albert Einstein trouxe ao mundo suas revolucionárias teorias da relati-
vidade e dos campos unificados das forças, e Plank nos trazia à consideração as teorias quânticas, a
Codificação já estava para completar seu primeiro cinqüentenário. Apesar disso, a não ser no que diz
respeito a terminologias e nomenclaturas, tudo quanto ali está expresso condiz - e vai mais além -
com os mais avançados postulados e conceitos das Ciências Modernas.
Por isso, concordamos que o termo fluido, em sua acepção normal, já não traduz exatamente o
que ele representa no texto da Codificação. Do que assimilamos das modernas teorias físicas, os
conceitos de "campos energéticos" e "campos de força" são aqueles que melhor enquadram o senti-
do que os Espíritos e Kardec quiseram emprestar ao termo fluido (pelo menos no que se refere à sua
abrangência), pois por "campo" não se entenderia uma força unilateral, mas, uma dinâmica multidi-
recional. Exemplificando, seria como quando acendemos uma vela numa sala escura; a chama, que
tem seu foco restrito e localizado, ilumina uma zona que lhe é o "campo" peculiar, não se restringin-
do esse "campo" à labareda, mas à sua ação iluminativa ou, ainda, ao alcance calórico de suas irradi-
ações térmicas.
100
Nosso confrade Mauro Quintella escreveu interessante artigo onde expressa idêntico pensa-
mento: "Modernamente, com base nas teorias quânticas e relativistas (que, como dissemos acima,
eram desconhecidas ao tempo de Kardec), a idéia de uma substância a permear o espaço, está vol-
tando a ser reconsiderada. Se for apressado dizermos que essas novas idéias correspondem inteira-
mente ao conceito espírita, pelo menos temos certeza de que alguma relação guardam entre si, dada
a semelhança entre elas e o postulado kardequiano" (parêntese nosso).
O conceito de "campo", todavia, também não será perfeito se não buscarmos fazer uma distin-
ção entre causa e efeito; como, no exemplo da vela, entre a labareda (fonte; causa) e a luminosidade
ou o calor (campo; efeito); sem isso, conforme nos sugere André Luiz, "A proposição de Einstein
(...) não resolve o problema, porque a indagação quanto à matéria de base para o campo continua
desafiando o raciocínio, motivo pelo qual, escrevendo da esfera extrafísica (...), definiremos o meio
sutil em que o Universo se equilibra como sendo o Fluido Cósmico ou Hálito Divino, a força para
101
nós inabordável que sustenta a Criação " (grifos originais). É uma colocação muito pertinente, pois
ela pinça uma situação característica de "fonte" onde temos uma marcante conceituação de "campo",
ou vice-versa.
Pelo exposto, percebemos que para tratar da causa, do fluido universal (a elementaridade, a
"fonte" da qual a matéria se origina), o conceito de "campo" se torna insuficiente e ineficiente, mas,
para atendermos aos fluidos de uma forma geral, conseqüência portanto, onde se incluem os fluidos
cósmico e vital, "campo" é a teoria mais apropriada.


99
Entendemos por "parapsicólogos" os cientistas que estudam com seriedade os fenômenos paranormais, segundo
métodos científicos, e não pessoas que se advogam como tais mas não estudam com profundidade e seriedade o
assunto, apenas interpondo, empiricamente, suas observações eminentemente pessoais, destituídas de comprova-
ções.
100
Considerações sobre o fluido cósmico universal. Correio Fraterno do ABC, edição sem data.
101
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Fotônios e fluido cósmico. In "Mecanismos da Mediunidade", i-
tem "Campo" de Einstein, cap. 3. p. 39.
JACOB MELO 25
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA




1.1 - O Fluido universal
Kardec perguntou se há dois elementos gerais no Universo: matéria e Espírito, ao que os Espí-
ritos responderam: "Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e
matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material
se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a
matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o Espírito possa exercer ação sobre ela.
Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo como elemento material, ele se distingue
deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não have-
ria para que também o Espírito não o fosse. Está colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, co-
mo a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do
Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse
fluido Universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é princípio
sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a
gravidade lhe dá".
E perguntou mais: "Esse fluido será o que designamos pelo nome de eletricidade?".
"Dissemos que ele é suscetível de inúmeras combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido
magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria
102
mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente " (grifamos).
Encontramos aí o fluido universal projetado como se os conceitos de "campo" lhe fossem sufi-
cientes. A perspicácia de Kardec, entretanto, vislumbrou se tratar de algo maior, de uma "fonte" i-
103
nestancável, verdadeiro "vórtice gerador matriz", pelo que ele "entrevistou" o Espírito São Luiz ,
obtendo deste informações de que o fluido universal é o elemento universal, "o princípio elementar
de todas as coisas e que, para o encontrarmos na sua simplicidade absoluta, precisamos ascender aos
Espíritos puros". Fica assim registrado que, além de elemento, ele é o princípio, a causa, a "fonte", o
que difere conceitual e estruturalmente das conseqüências, o "campo".
Dessa forma confirmamos que o fluido universal não pode ser conhecido totalmente por Espí-
ritos de nosso nível, pois para apreendê-lo em sua intimidade precisaríamos ascender a Espíritos pu-
ros; nem poderemos atribuir-lhe, com segurança, os conceitos de "campo" tal como frisamos, sob
pena de restringi-lo em sua verdadeira e maior função; mas podemos assimilá-lo com suficiente segu-
rança, pela exploração e pesquisa do fluido cósmico, até o ponto que as Ciências, espírita e oficial,
forem abrindo horizontes para um melhor registro e um mais perfeito entendimento.
Apresentamos, entretanto, uma definição de fluido universal que acreditamos abarca suas mais
evidentes características: O FLUIDO UNIVERSAL, como elemento cosmogônico básico, verdadeira
prima-fonte, assomando a característica de matriz funcional do grande campo criador do universo
material, com seus universos macros e micros, visíveis e invisíveis, densos e tênues, criados e por
criarem-se, irrompe conceitualmente como a unidade criacionista das forças, a síntese das energias,
o plano e o antiplano da matéria.

1.2 - O Fluido Cósmico (ou a Grande Derivação do Fluido U-
niversal)
A primeira grande derivação do fluido universal é o fluido cósmico, o fluido que enche todos
os vazios, "o meio sutil em que o Universo se equilibra" e faz com que a matéria adquira "as quali-
dades que a gravidade lhe dá", um verdadeiro "campo energético" pleno de elementos transformá-
veis, adaptáveis, expansíveis, contráteis, manipuláveis enfim.

102
KARDEC, Allan. Espírito e matéria. In "O Livro dos Espíritos", Parte 1ª, cap. 2.
103
KARDEC, Allan. "Da teoria das manifestações físicas. In "O Livro dos Médiuns", cap. 4.
JACOB MELO 26
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



Anotemos as palavras do Espírito André Luiz a respeito: trata-se do "Plasma divino, hausto do
Criador ou força nervosa do Todo-Sábio. Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e
104
sóis, mundos e seres, como peixes no oceano ". "Nessa substância original, ao influxo do próprio
Senhor Supremo, operam as Inteligências Divinas a Ele agregadas, em processo de comunhão in-
descritível, (...) extraindo desse hálito espiritual os celeiros da energia com que constroem os siste-
105
mas da Imensidade... ". "Em análogo alicerce, as Inteligências humanas (...) utilizam o mesmo
fluido cósmico, em permanente circulação no Universo (...) assimilando os corpúsculos da matéria
com a energia espiritual que lhes é própria, formando assim o veículo fisiopsicossomático em que se
exprimem ou cunhando as civilizações que abrangem no mundo a Humanidade Encarnada e a Hu-
manidade Desencarnada. Dentro das mesmas bases, plasmam também os lugares entenebrecidos pela
purgação infernal, (...) e que valem por aglutinações de duração breve (...) Na essência, toda a maté-
ria é energia tornada visível e toda a energia, originariamente, é força divina de que nos apropria-
106
mos para interpor os nossos propósitos aos propósitos da Criação..". . (Grifamos.)
Rapidamente percebemos que André Luiz se refere, sublinearmente, aos conceitos de "cam-
po", chamando o fluido cósmico ora de "substância original", ora de "força divina". Deduz-se, por
interpolação, que os conceitos de "fonte" não foram ali considerados.
Em "A Gênese" encontramos: "A matéria cósmica primitiva continha os elementos materiais,
fluídicos e vitais de todos os universos que estadeiam suas magnificências diante da eternidade. Ela é
a mãe fecunda de todas as coisas, a primeira avó e, sobretudo, a eterna geratriz. Absolutamente
não desapareceu essa substância donde provêm as esferas siderais; não morreu essa potência, pois
que ainda, incessantemente, dá à luz novas criações e incessantemente recebe, reconstituídos, os
107
princípios dos mundos que se apagam do livro eterno . (Grifamos.)
Percebamos como inicialmente foi inserido o termo "matéria cósmica primitiva" num sentido
de "campo" e não de "fonte"; considerado foi que ela "continha os elementos materiais, fluídicos e
vitais", e não que os gerou (atente-se que gerar é diferente de criar). No momento seguinte, quando
titulada de "mãe" e "avó" a um só tempo, ficou transparente o reconhecimento de se estar lidando
com dois conceitos distintos; enquanto que a "mãe fecunda" é data imagem de "campo energético",
com suas cargas disseminadas e disponíveis à "manipulação", a "primeira avó", a "eterna geratriz"
robustece a característica de "fonte primacial", literalmente "a mãe da mãe".
Observemos que eles retratam o quadro da "geração" do "campo cósmico" na imagem da "a-
vó", e o painel auto-renovável daquela matéria cósmica quando lembra que ela "recebe, reconstituí-
dos, os princípios dos mundos que se apagam do livro eterno", alusão direta ao "tudo se transfor-
ma", ao princípio da conservação de energia.
Disso tudo que temos analisado, acreditamos estar visível que fluido - mesmo o universal - não
é Espírito nem princípio espiritual pois, em sua natureza, o Espírito é "O princípio inteligente do U-
108
niverso" ; e inteligência é atributo que o fluido não possui, além do que "A inteligência e a matéria
são independentes, porquanto um corpo pode viver sem a inteligência. Mas a inteligência só por
meio dos órgãos materiais pode manifestar-se. Necessário é que o Espírito se una à matéria animali-
109
zada para intelectualizá-la" . Assim nos dizem os Espíritos da Codificação.
Raciocinando com Kardec, o estado de eterização do fluido é considerado como o estado pri-
mitivo, normal, enquanto que o de materialização resulta das transformações daquele, ao ponto de se
apresentar como matéria tangível nos seus múltiplos aspectos. O ponto intermediário é o da trans-
104
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Fluido cósmico. In 'Evolução em Dois Mundos", cap. I, p. 19.
105
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Co-criação em plano maior. In "Evolução em Dois Mundos",
cap. I, p. 19.
106
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Co-criacão em plano maior. In "Evolução em Dois Mundos",
cap. I, p. 23.
107
KARDEC, Allan. Uranografia geral. In "A Gênese", cap. 6, item 17.
108
KARDEC, Allan. Espírito e Matéria. In "O Livro dos Espíritos", Parte 1ª, cap. 2, questão 23.
109
KARDEC, Allan. Inteligência e instinto. In "O Livro dos Espíritos", Parte 1ª, cap. 4, questão 71.
JACOB MELO 27
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



formação do fluido em matéria tangível, sem que se verifique, todavia, transição brusca. A cada, um
tipo de fenômeno especial; ao segundo, os fenômenos do mundo visível; ao primeiro, do invisível.
Na eterização o fluido não é uniforme; suas modificações propiciam o surgimento de fluidos distintos
que, se para os homens são invisíveis, para os Espíritos é como se materiais fossem, possibilitando,
inclusive, a "manipulação" dos mesmos por Espíritos esclarecidos. Mas, aí remata ele: "Ainda não
conhecemos senão as fronteiras do mundo invisível; o porvir, sem dúvida, nos reserva o conhecimen-
110
to de novas leis, que nos permitirão compreender o que se nos conserva em mistério" . Sem dúvida
alguma as teorias quânticas e relativistas se encontram entre ditas leis.
Uma observação, contudo, merece registro: Kardec faz referencia ao que usualmente chama-
mos de fluido espiritual. Nos adverte ele, com justa razão, que não se trata de uma qualificação exa-
ta pois os fluidos são sempre materiais, entretanto, tal nomenclatura exprime e transmite a idéia de
estarmos nos referindo aos "fluidos utilizados pelos Espíritos", pelo que se torna pertinente o uso.
Não percamos tal observação para não cairmos em desentendimentos.

1.2.1 - O Princípio e o Fluido Vital
111
É o próprio São Luiz , respondendo a Kardec, quem nos orienta:
"22. Se bem compreendemos o que dissestes, o princípio vital reside no fluido universal; dele o
Espírito extrai o envoltório semimaterial que constitui o seu perispírito e é por meio desse fluido que
atua sobre a matéria inerte.
É isso mesmo?
"Sim; isto é, ele anima a matéria por uma espécie de vida fictícia; a matéria se anima pela vida
animal (...)".
Pelas colocações do sábio São Luiz, temos confirmado que a vida vem por ação do princípio
vital, o qual, por dedução direta, é um "campo". Sendo "princípio" definido como "qualquer das
causas naturais que concorrem pata que os corpos se movam, operem e vivam"112, vemos que o
princípio vital é o "toque mágico" propiciador da vida, o "interruptor" vital que faz a interligação de
um "campo" específico chamado "fluido vital" com elemento(s) proveniente(s) de outro "campo"
(Principio Espiritual). Isto é interessante seja notado pois podemos ter, como temos, fluidos vitais
dispersos, latentes, acumulados mesmo, nos grandes campos do fluido cósmico, sem que ali se dê a
vida propriamente dita; é que aí ainda estaria faltando a "combinação" ou "interação" desses dois
campos entre si a qual só se dá ante a propiciatura ativa do "princípio vital".
Eis Allan Kardec em "A Gênese"113 a respeito: "(...) Há na matéria orgânica um princípio espe-
cial, inapreensível e que ainda não pode ser definido: o princípio vital. Ativo no ser vivente, esse
princípio se acha extinto no ser morto (...)" (grifos originais). E mais adiante ele afirma: tal princípio
é "(...) Um estado especial, uma das modificações do fluido cósmico, pela qual este se torne princí-
pio de vida (...)".
A vida, portanto, como "efeito" decorrente de um agente (princípio vital) sobre a matéria (flui-
do cósmico), tem, por sustentação, a matéria e o princípio vital em estado de interação ativa, de
forma continua. Decorrente da mesma fonte original - pois "reside" no "fluido magnético animal",
que, por sua vez, não é outro senão o fluido vital - tem, contudo, a condição peculiar de veicular o
contato com o princípio espiritual.
Assim estabelecidos, tomemos o Espírito Emmanuel quando nos diz que a força denominada
princípio vital é a "(...) essência fundamental que regula a existência das células vivas, e no qual elas

110
KARDEC, Allan. Os fluidos. In "A Gênese", cap. 14, item 6.
111
TEORIA DAS Manifestações Físicas - II. "Revista Espírita", jun. 1858, p. 155.
112
AULETE, Caldas. "Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa", vol. 4, p. 4.078.
113
KARDEC, Allan. Gênese orgânica In "A Gênese", cap. 10, itens 16 e 17.
JACOB MELO 28
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



se banham constantemente, encontrando assim a sua necessária nutrição, força que se encontra es-
parsa por todos os escaninhos do universo orgânico, combinada às substâncias minerais, azotadas e
ternárias, operando os atos nutritivos de todas as moléculas. O principio vital é o agente entre o
corpo espiritual, fonte da energia e da vontade, e a matéria passiva, inerente às faculdades superi-
ores do Espírito, que o adapta segundo as forças cósmicas que constituem as leis físicas de cada
114
plano de existência, proporcionando essa adaptação às suas necessidades intrínsecas" (grifamos).
Acompanhemos agora a resposta dos Espíritos dada à seguinte questão:
"Que é feito da matéria e do princípio vital dos seres orgânicos, quando estes morrem?"
"A matéria inerte se decompõe e vai formar novos organismos. O princípio vital volta à massa
donde saiu"115. Interessante resposta; enquanto a matéria bruta se recomporá através de outros orga-
nismos, o princípio vital (matéria sutil) retornará à sua "massa" original (fluido cósmico). O fluido vi-
tal, quando o organismo vive, está ativado pelo princípio vital que dá àquele e a todas as suas partes
"uma atividade que as põe em comunicação entre si, nos casos de certas lesões, e normaliza as fun-
ções momentaneamente perturbadas. Mas, quando os elementos essenciais ao funcionamento dos
órgãos estão destruídos, ou muito profundamente alterados, o fluido vital se torna impotente pata
lhes transmitir o movimento da vida, e o ser morre.
"(...)A quantidade de fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos. (...) Alguns há,
que se acham, por assim dizer, saturados desse fluido, enquanto outros o possuem em quantidade
apenas suficiente.
"A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se insuficiente para a conservação da vida,
se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o contêm.
116
"O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro" .
Por força do que vimos dizendo, falar de princípio vital requer abordemos um outro princípio:
o espiritual, a fim de que não façamos confusão entre as duas coisas. Para elucidar com segurança,
busquemos a Codificação:
"5 - São a mesma coisa o principio espiritual e o principio vital?
"(...) Ora, desde que a matéria tem uma vitalidade independente do Espírito e que o Espírito
tem uma vitalidade independente da matéria, (.,.) essa dupla vitalidade repousa em dois princípios di-
ferentes.
"6 - Terá o princípio espiritual sua fonte de origem no elemento cósmico universal? (...)
"Se fosse assim, o principio espiritual sofreria as vicissitudes da matéria; extinguir-se-ia pela
desagregação, como o princípio vital; (...)
"7 - Admitindo-se o ser espiritual e não podendo ele proceder da matéria, qual a sua origem?
(...)
"Aqui, falecem absolutamente os meios de investigação, como para tudo o que diz respeito à
117
origem das coisas (...)" (grifamos).
Com essas seguras respostas, os Espíritos nos informam que ainda não chegamos ao nec plus
ultra, ao nada mais além. No-los afirmam que muito haverá a ser desvendado, investigado, descober-
to, trabalhado. Norteiam nosso entendimento sob vários aspectos, inclusive dando-nos uma pista que

114
XAVIÊR, Francisco Cândido. O corpo espiritual. In "Emmanuel", cap. 24, item "Através dos escaninhos do uni-
verso orgânico", p. 132.
115
KARDEC, Allan. A vida e a morte. XAVIER, Francisco Cândido. In "O Livro dos Espíritos", Parte 1ª, cap. 4,
questão 70.
116
KARDEC, Allan. A vida e a morte. XAVIER, Francisco Cândido. In "O Livro dos Espíritos", Parte 1ª, cap. 4,
questão 70.
117
KARDEC, Allan. Gênese espiritual. In "A Gênese", cap. 11, item Princípio espiritual.
JACOB MELO 29
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



nos favorece entendamos por que os materialistas se sentem com razão quando atribuem ávida uma
função meramente maquinal, material; mas não remontam à gênese.
Partindo daquelas explicações, onde o princípio vital tem um significado ímpar perante a vida,
mesmo sendo fruto do fluido cósmico e não do princípio espiritual, fica fácil entendermos "a vida".
Não poderíamos esperar que o Espírito agisse independente da matéria, quando ele nela se encontra
encarnado. Sendo a matéria (corpo) o meio de expressão do Espírito, terá aquela, forçosamente, que
fornecer as condições requeridas para que este se manifeste, qualquer que seja o nível em que isto se
dê. Daí, inclusive, vermos tão profundas e estreitas ligações das potencialidades orgânicas com as
manifestações do Espírito. Mas, apesar disso, não fica nenhuma dúvida quanto à dualidade do prin-
cípio criativo pois à essência espiritual a matéria não pode negar existência (...) nem explicar jamais!
E isso aprendemos, de forma veemente, desde o tempo do Cristo: "O que é nascido da carne, é car-
ne; e o que é nascido do Espírito, é espírito"118.
Disso tudo, portanto, fica destacado que a Inteligência, o Espírito propriamente dito, se origina
de outro princípio que não é o fluido universal mas sim o Princípio Espiritual (ou Princípio Inteligen-
te Universal).
Neste ponto, podemos fazer uma síntese: (FIGURA 1)
DEUS: Pai e criador; "inteligência suprema, causa primária de todas as coisas". Dentre essas
"todas as coisas" Ele criou:
O FLUIDO UNIVERSAL: "fonte" e princípio básico de todos os fluidos, o qual derivou (e
continua a gerar) um grande campo:

DEUS
Lei: 1 g-II: 1/8
g-II:24/25
criação
Lê: 38/80/81 g-VI:15
Le: 27 Le: 79/536.b Le: 27

Princípio Inteligente Universal (PIU) Princípio Material ou Fluido Universal
ou Princípio Espiritual (PE) (FU)
Le: 23 g-Xi: 1/2/6/7 Le: 22.a/27.a g-XIV:5

Princípio Inteligente (PI) Le: 86 Fluido Cósmico (FC)
Le: 606 (589/597/597.a) Le: 25 Le: 33/94 g-V:17 e XIV:2/3
Le: 71 Le: 64
Le:540
Le: 604.a Princípio Vital (PV) Fluido Vital (FV) Matéria e Ener-
(ativado) ........ gia (passivas)
Le: 607
Le: 64.a/65 g-XI:5 Le; 45/146.a Le: 29 a 33
Le: 607.a g-VI: 18 e X: 17
Le: 78
Le: 60
ESPÍRITO Le: 86 Materia/Energia passivas
Le: 25 + FV + PVs "inativos"
Le: 76/77/82/592 Le: 71 Le: 67.a/44/46 g-X: 18
Le: 135.a
Le: 136.a Materia/Energia passivas
Le: 196.a Le: 67 + FV + PVs "ativados"
g-XI: 13 VIDA
Le: 49/61/62/63/67/140
Figura 1
118
João, III, v. 6.
JACOB MELO 30
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



Seqüência evolutiva resultante dos "elementos gerais do universo", conforme verificado em "O Livro dos Espíritos"
(LE) e "A Gênese" (G) de Allan Kardec.
No quadro Fluido Vital (FV), as "partículas" ali disseminadas são, simbolicamente, os PVs "inativos" ("interruptores"
vitais).
Para destacarmos a união dos dois princípios, fizemos ressaltar uma "partícula" de PV "inativo" a fim de melhor visu-
alizarmos a interação que resulta na vida (orgânica) em todos os reinos.
O FLUIDO CÓSMICO: primeira (e talvez única) e maior decorrência do fluido universal, o
qual, além de gerar todos os universos, macros e micros, tem dentro de si mesmo um outro campo:
O FLUIDO VITAL: que é o responsável, quando "combinado" com o fluido cósmico, ou com
outras de suas derivações, através do agente chamado PRINCÍPIO VITAL segundo padrões muito
especiais, pela vida.
Voltando a DEUS, na outra grande vertente da Criação, surge:
PRINCÍPIO INTELIGENTE (UNIVERSAL): "fonte" do "elemento espiritual" que virá a ser o
Espírito Imortal; o "acionador" do P. V.

1.3 - Conhecendo o Fluido
O fluido cósmico sofre, primordialmente no estado de eterização, inúmeras modificações, po-
dendo ou não deixar de ser etéreo, vindo a formar fluidos diferentes. Não obstante a mesma origem,
tais fluidos adquirem propriedades especiais. Assim como, num processo chamado alotrópico, a
combinação de dois átomos de oxigênio é o que chamamos de oxigênio simples, enquanto a combi-
nação de três desses átomos faz com que se obtenha o ozônio, assimilamos a possibilidade da auto-
combinação poder produzir um outro elemento de padrão diferente do original sem, contudo, destru-
ir-lhe ou negar-lhe a origem. O mesmo se dá, em formas e condições bem diversas e mais ricas, com
o fluido cósmico, que não apenas se combina de maneira alotrópica mas por uma infinidade de mei-
os, físicos, psíquicos e químicos, que nem sequer vislumbramos a quantidade nem, muito menos, o
modus operandi.
"Sabemos que o fluido universal, ou fluido cósmico etéreo, representa o estado mais simples
da matéria; sua sutileza é tal que escapa a toda análise. E, entretanto, desse fluido procedem,
mediante condensações graduais, todos os corpos sólidos e pesados que constituem a base da
matéria terrestre"119. "O mundo dos fluidos, mais que qualquer outro, está submetido às leis de a-
tração. Pela vontade, atraímos forças boas ou más, em harmonia com os nossos pensamentos e
sentimentos"120 . Conhecendo essas informações, podemos assegurar que "A vontade de aliviar, de
curar, comunica ao fluido magnético propriedades curativas. O remédio para nossos males está em
nós"121. "O magnetismo, considerado em seu aspecto geral, é a utilização, sob o nome de fluido, da
122
força psíquica por aqueles que abundantemente a possuem" . (Citações de Léon Denis.)
Disso ressalta a precisão com que o fluido interfere em nossas vidas. Sua condição de afinida-
de, seu atendimento pela vontade, sua harmonização com os pensamentos e sentimentos, fornecem
elementos básicos à nossa tarefa de cura, tanto quanto ao alcance como à necessidade de nos posi-
cionarmos moralmente equilibrados para melhor podermos usufruir de suas virtudes.

1.4 - Percepção - Assimilação
"Os elementos fluídicos do mundo espiritual escapam aos nossos instrumentos de análise e à
percepção dos nossos sentidos, feitos para perceberem a matéria tangível e não a matéria etérea. Al-

119
DENIS, Léon. In "No Invisível", cap. 20, p. 280.
120
DENIS, Léon. In "No Invisível", cap. 15, p. 184.
121
DENIS, Léon. In "No Invisível", cap. 15, p. 181.
122
DENIS, Léon. In "No Invisível", cap. 15, p. 180.
JACOB MELO 31
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



guns há, pertencentes a um meio diverso a tal ponto do nosso, que deles só podemos fazer idéia me-
diante comparações tão imperfeitas como aquelas mediante as quais um cego de nascença procura
fazer idéia da teoria das cores.
"Mas, entre tais fluidos, há os tão íntimamente ligados à vida corporal, que, de certa forma,
pertencem ao meio terreno. Em falta de comparação direta, seus efeitos podem observar-se, como se
observam os fluidos do ímã (..,)"123. (Kardec.)
Dessas palavras deduzimos que muito acerca de fluidos só poderemos alcançar através da per-
cepção sub-reptícia, quer tátil, quer intuitiva, ou então por dedução lógica e filosófica; entretanto, fa-
to é que eles existem e que sua teorização não se estriba apenas em matéria impalpável tal qual eles,
em sua maioria, o são. Seus efeitos são sentidos, percebidos, medidos alguns e evidenciados sempre,
seja pela pujança do fato, seja pela dedução do mesmo, pelo que nos compete o estudo sério e apro-
fundado.
124
O pensar metaboliza o fluido cósmico, plasmando as imagens geradas pela mente, sendo,
por isso mesmo, uma força criadora. O fluido vital não é mero produto mental, pois, se assim o fos-
se, as plantas e os animais não o possuiriam, posto que, não pensam.
Mas, isso não diz que esse fluido não seja afetado pelo impulso mental; é, e não é pouco! Pela
maleabilidade e impressionabilidade dos fluidos, nosso vetor moralidade exerce forte ponderação nos
destinos que lhes são decorrentes. Isto podemos confirmar numa colocação do Espírito Aulus quan-
do explanava sobre o sistema de defesa espiritual de um médium moralmente equilibrado: "Quanto
aos fluidos de natureza deletéria, não precisamos temê-los. Recuam instintivamente ante a luz espiri-
tual que os fustiga ou desintegra. (...). Os raios luminosos da mente orientada para o bem incidem
125
sobre as construções do mal, à feição de descargas elétricas" . Esta colocação, inclusive, responde
às duvidas muito comuns sobre o destino dos fluidos que são dispersados por ocasião dos passes.
Notemos que a moralidade elevada exerce verdadeira desintegração sobre os fluidos nocivos, não al-
cançando estes, portanto, aquele que se exercita nas práticas morais do Evangelho de Jesus, inclusive
através do passe.
Concluímos, portanto, que podemos perceber os fluidos através de nosso próprio referencial;
nosso ambiente mental definirá a camada fluídica que nos rodeia e que de nós emana, em favor ou
contra o próximo. Como o fluido se comporta segundo a lei de afinidade, fácil percebermos tanto o
ambiente fluídico que nos envolve como nos é favorecida sua assimilação, segundo idênticos crité-
rios.

1.5 - Propriedades Físicas
Retomando a "A Gênese", de Allan Kardec, ficamos sabendo que os Espíritos atuam sobre os
fluidos espirituais, que são os fluidos etéreos, não manipulando-os como os homens manipulam os
gases, mas empregando, sobremaneira, o pensamento e a vontade. Por estes, e aqui relembramos a
plasticidade dos fluidos etéreos, imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, aglomerando-os,
combinando-os, dispersando-os, organizando com eles conjuntos que constituem uma aparência,
uma forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes as propriedades, como um químico muda a
dos gases e de outros corpos e substâncias, fazendo-os agirem e interagirem segundo certas leis.
Os fluidos não possuem qualidades "sui-generis"; as adquirem no meio onde se elaboram; mo-
dificam-se pelos eflúvios desse meio. Portanto, dizendo-se que tal fluido é bom ou mal, nos referi-
mos ao "produto final" e não a sua generalidade. O fluido cósmico é puro e suas derivações são pro-
duto das "manipulações", em níveis e padrões variados ao infinito. Os fluidos derivados são mais ou

123
KARDEC, Allan. Os fluidos. In "A Gênese", cap. 14, item 4.
124
Pensar (atributo do Espírito), como verbo, traduz ação. Pensamento, substantivo, produto do pensar. Neste senti-
do é que estamos usando os termos.
125
XAVIER, Francisco Cândido. Psicofonia sonambúlica. In "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 8, p. 49.
JACOB MELO 32
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



menos úteis, para tais ou quais casos, sendo excelentes para certos usos e sofríveis para outros. O
uso e a assimilação que se tenha dos fluidos é que também podem repercutir. Podemos ter um fluido
"fino", bastante rarefeito, proveniente de uma fonte "elevada", mas que, para determinado tratamen-
to, seria preferível um fluido mais material, mais denso, pelo que aquele se tornaria menos eficiente
que este. De outra forma, seríamos levados a crer que os fluidos teriam personalidades próprias; não
as tem, são fluidos, são matéria. Suas qualidades são produtos das "manipulações" mentais, psíqui-
cas, espirituais, ainda que com profundas repercussões físicas.
Do ponto de vista moral, os fluidos trarão impressos em si mesmos, pelas vibrações especiais
que se lhes agregam, o cunho dos sentimentos de ódio, inveja, ciúme, orgulho, egoísmo, violência,
hipocrisia, bondade, benevolência, amor, caridade, humildade, doçura, afeto e carinho, com que ve-
nham a ser laborados.
No caso do fluido magnético, conforme nos assevera Michaelus, sabemos que ele, "Por si só,
não apresenta nenhuma propriedade terapêutica, mas age principalmente como elemento de equilí-
brio. De sorte que o desequilíbrio (...) dos fluidos magnéticos que envolvem todos os órgãos do cor-
po humano acarreta a desordem nas funções desses órgãos e, daí, a caracterização do que chamamos
doença. Todas as vezes, portanto, que se rompe o equilíbrio, quer por excessiva condensação ou
concentração, quer por excessiva dispersão de fluidos, cumpre restabelecê-lo e, daí, a cura"126.
Com esta colocação Michaelus desmistifica o fluído, mesmo o magnético. Sua propriedade bá-
sica no fenômeno das curas é o do restabelecimento do equilíbrio fluídico, através da mudança fluídi-
ca que está a gerar o fator doença.

1.6 - Os Fluidos no Magnetismo
Vamos, sucintamente, registrar as observações feitas por Michaelus, a partir de diversos mag-
netizadores (Deleuze, Aubin Gauthier, Du Potet e Ed. Bertholet, entre outros), e que importam ao
magnetismo. Para não nos estendermos demasiadamente, aditaremos alguns breves comentários, co-
locando-os entre parênteses.
"1.- O fluido magnético, que se nos escapa continuamente, forma em torno do nosso corpo
uma atmosfera. Não sendo impulsionado pela nossa vontade, não age sensivelmente sobre os indiví-
duos que nos cercam (...) (Observemos como a vontade tem um valor preponderante nas chamadas
fluidificações ou influências fluídicas. Por outro lado, como toda regra tem exceção - diz a regra --,
casos há em que pela excessiva sensibilidade alguém pode sentir e registrar as emanações fluídicas de
uma outra pessoa, sem que seja necessariamente acionado o dispositivo da vontade do emissor; são
os sensitivos em ação.)
"2.- O fluido penetra todos os corpos animados e inanimados.
"3.- O fluido possui um odor, que varia segundo o estado de saúde física do indivíduo, dos
seus dotes morais e espirituais, e do seu grau de evolução e pureza. (...) O odor e a coloração do
fluido estão na razão direta do estado de evolução da alma ou do Espírito (...) (Portanto, nada de se
pensar que apenas as condições físicas interessam à economia fluídica do indivíduo.)
"4.- O fluido é visto pelos sonâmbulos como um vapor luminoso, mais ou menos brilhante (...)
(Regra geral mas não única.)
"Os meios onde superabundam os maus Espíritos são, pois, impregnados de maus fluidos (...)
"5.- O fluido magnético não é o fluido elétrico (...)
"6.- O fluido se propaga a grandes distâncias, o que depende, entretanto, da qualidade e da
força do magnetizador, e igualmente da maior ou menor sensibilidade magnética do paciente. (Por
"força do magnetizador" entenda-se "força fluídica" e não física.)
126
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 10, p. 80.
JACOB MELO 33
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



"7.- O fluido está também sujeito às leis de atração, repulsão e afinidade (...) (Isto explica mui-
tos problemas verificados nas aplicações de passes e nas fluidoterapias em geral.)
"8.- Precisamente porque o fluido varia de indivíduo a indivíduo, é de notar-se que certos
magnetizadores têm mais facilidade em curar determinadas moléstias do que outras. (...) Convém
não esquecer que, além do fluido propriamente humano, outros fluidos, dotados de diferentes pro-
priedades, que ainda não conhecemos, poderão intervir na ação magnética (...) (Parece que os mag-
netizadores queriam falar na ação dos Espíritos. Constatamos que certos médiuns não têm grande
força ou impulsão magnética de per si, mas, passam a produzir com fartura quando submetidos à as-
sistência Espiritual evocada e consentida, confirmando como a ação da parte dos Espíritos não só é
de grande proveito, mas, diríamos, indispensável.)
"9.- O estado atmosférico pode de certo modo aumentar ou diminuir a intensidade do fluido e,
portanto, a eficácia da magnetização (...) (Esta observação não faz muito sentido por dois motivos:
quando lidamos com fluidos espirituais, estes não se comportam exatamente como os magnéticos,
nem quando aplicados em sua forma mista; por outro lado, magnetizadores contemporâneos com-
provaram que tais estados atmosféricos não influem no magnetismo animal, como o evidencia a ação
da fluidoterapia a distância.)
"10.- A quantidade de fluido não é igual em todos os seres orgânicos, variando segundo as es-
pécies, e não é constante, quer em cada indivíduo, quer nos indivíduos de uma espécie (...)
"11.- São extremamente variados os efeitos da ação fluídica sobre os doentes, de acordo com
as circunstâncias. Algumas vezes é lenta e reclama tratamento prolongado; doutras vezes é rápida,
como uma corrente elétrica. (...) Os fluidos que emanam de uma fonte impura são quais substâncias
medicamentosas alteradas.
"12.- A ligação entre o fluido magnético e os corpos que o recebem é tão íntima que nenhuma
força física ou química pode destruí-lo. Os reativos químicos e o fogo nenhum efeito têm sobre ele
(...) (Mas o efeito da moralidade ou da falta dela são incontestáveis.)
"Donde se conclui que há muito pouca analogia entre os fluidos imponderáveis que os físicos
conhecem e o fluido magnético.
"13.- Por último, não é demais repetir que o magnetismo ensaia os seus primeiros passos e que
muito pouco sabemos sobre o seu principal veículo do fluido, e que só o estudo e a experimentação
poderão um dia descortinar o vasto e ilimitado caminho a percorrer"127. (Esta é a parte mais óbvia
disso tudo, mas, infelizmente, poucos têm dado a atenção que é devida a tão fascinante estudo.)
Ao final, queremos ressalvar que nem tudo o que é bom e certo para o Magnetismo, como Ci-
ência, o é igualmente para os passes, como prática espírita, pelo que vale termos em mente o cuidado
para não tomarmos a especificidade daquele pelo geral das Leis deste, ou a generalidade do Magne-
tismo pelas particularidades do passe Espírita.

2. PERISPÍRITO
"Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que,
por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito"
128
(Allan Kardec) .


2.1 - Definição


127
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 6, pp. 46 a 50.
128
KARDEC, Allan. Perispírito. In "O Livro dos Espíritos", Parte 2ª, cap. 1, questão 93.
JACOB MELO 34
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Por ter sido o termo criado pelo Espiritismo, ninguém melhor que Kardec para o definir: peris-
pírito "(...) É o traço de união entre a vida corpórea e a vida espiritual. É por seu intercâmbio que o
Espírito encarnado se acha em relação contínua com os desencarnados; é, em suma, por seu inter-
médio, que se operam no homem fenômenos especiais, cuja causa fundamental não se encontra na
matéria tangível e que, por essa razão, parecem sobrenaturais.
(...) O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espiri-
tuais que escapam aos sentidos corpóreos. (...) O Espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo
129
o que se encontra na esferaa de irradiação do seu fluido perispirítico" (grifos originais).
Deslindando as palavras de Kardec, Leon Denis nos diz que "O perispírito é, pois, um orga-
nismo fluídico; é a forma preexistente e sobrevivente do ser homano, sobre a qual se modela o envol-
130
tório carnal, como uma veste dupla, invisivel, constituída de matéria quintessenciada (...)"
Modernamente já existe uma busca de adaptação de termos para aplicar os conceitos espíritas
de perispirito aos conhecimentos da Ciência (ou vice-versa) mas, como ocorreu quando estudávamos
fluidos, ainda que a necessidade se faça sentida e mesmo reconhecendo que precisamos conhecer os
porquês atuais que envolvem a questão, não carece modifiquemos nossa nomenclatura pois ela defi-
ne para nós, com largueza, tudo aquilo que a Academia Parapsicológica chama de "corpo bioplásmi-
co" (Escola russa) ou "modelo organizador biológico" (Escola brasileira), mesmo porque o corpo
espiritual, como convencionou chamalo André Luiz131, é um corpo maior que esses dois, os quais es-
tão, diríamos, contidos nele. Este, inclusive, é o racioclnio que inferimos das palavras do eminente
Dr. Hernani Guimarães Andrade: "O corpo bioplásmico dos soviéticos é o constituinte fronteiriço,
material, fisiológico, capaz de sofrer a ação dos campos eletrodinâmicos do corpo espiritual. (...) Pe-
rispírito e corpo bioplásmico são, portanto, duas entidades distintas, embora conjugadas no processo
132
biológico enquanto dura a vida orgânica" . Afinal, sem querermos aqui debater tais pesquisas e re-
conhecendo a seriedade com que elas se revestem e os frutos já razoavelmente amadurecidos que
nos têm dado, a terminologia kardequiana nos soa mais agradável, mais familiar e mais abrangente.

2.2 - O Que É
"135. Há no homem alguma outra coisa além da alma e do corpo?
"Há o laço que liga a alma ao corpo.
"a) De que natureza é esse laço?
"Semimaterial, isto é, de natureza intermédia entre o Espírito e o corpo. É preciso que seja as-
sim para que os dois se possam comunicar um com o outro. Por meio desse laço é que o Espírito a-
tua sobre a matéria e reciprocamente"133.
Esse "laço" a que os Espíritos se reportam é o perispírito. Ele, também chamado por Kardec
de "corpo fluídico dos Espíritos", "é um dos mais importantes produtos do fluido cósmico; é uma
condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma". E continua: "Já vimos que
também o corpo carnal tem seu principio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado
em matéria tangível. No perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, porquanto o
134
fluido conserva a sua imponderabilidade e suas características etéreas" .



129
KARDEC, Allan. Os fluidos. In "A Gênese", cap. 14, item 22.
130
DENIS, Léon. O perispírito ou corpo espiritual. In "Depois da Morte", cap. 21, pp. 174 e 175.
131
Vide introdução do livro "Evolução em Dois Mundos".
132
ANDRADE, Hernani Guimarães. Corpo Bioplásmico e Perispírito. In "Espírito, Perispírito e Alma", cap. 1, item
Corpo espiritual, p. 10.
133
KARDEC, Allan. A Alma. In "O Livro dos Espíritos", Parte 2ª.
134
KARDEC, Allan. Os fluidos. In "A Gênese", cap. 14, item 7.
JACOB MELO 35
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



135
No dizer de Jorge Andréa, ele é "um corpo sutil, extremamente poroso e plástico" mas, na
síntese de Léon Denis, descobrimos mais informações: "não é imutável; depura-se e enobrece-se com
a alma; segue-a através das suas inumeráveis encarnações; com ela sobe os degraus da escada hierár-
quica, torna-se cada vez mais diáfano e brilhante para, em algum dia, resplandecer com essa luz radi-
136
ante de que falam as Bíblias (antigas) e os testemunhos da História (...)" .
Tendo bebido parte de seus conhecimentos na mesma fonte, Gabriel Delanne assim se expres-
sa: "Alma e perispírito formam um todo indivisível, constituindo, no conjunto, as partes ativa e pas-
siva, as duas faces do princípio pensante. O invólucro é a parte material, a que tem por função reter
todos os estados de consciência, de sensibilidade ou de vontade; é o reservatório de todos os conhe-
cimentos, e, como nada se perde na natureza, sendo o invólucro indestrutível, a alma tem memória
integral quando se encontra no espaço.
"O perispírito é a idéia diretora, o plano imponderável da estrutura orgânica. É ele que arma-
zena, registra, conserva todas as percepções, todas as volições e idéias da alma. E não somente in-
crusta na substância todos os estados anímicos determinados pelo mundo exterior, como se constitui
a testemunha imutável, o detentor indefectivel dos mais fugidios pensamentos, dos sonhos apenas
entrenstos e formulados.
"É, enfim, o guardião fiel, o acervo imperecivel do nosso passado. Em sua substância in-
cormptível, fixaram-se as leis do nosso desenvolvimento. Tomando-o, por excelência. o conservador
137
de nossa personalidade, por isso que nele é que reside a memória" . Bem se percebe que esta visão
nada tem de periférica; vai ao âmago da questão e amplia os campos de entendimento sobre tão fas-
cinante "veículo"
Uma ressalva, contudo, merece ser considerada: existe uma linha de raciocínio que trata o pe-
rispírito como um "campo" restrito, uma unidade sem qualquer outra atribuição que não a de apenas
e tão-só ligar, literalmente, o Espírito ao corpo. Quem aprofunde seus estudos em Kardec, todavia,
verá que sua síntese perfeita não se contrapõe a uma visão mais ampla do perispírito. Buscando uma
analogia,é vulgar se afirmar que no cérebro estão arquivadas as informações conscientes e inconsci-
entes do homem. Com isso expressamos uma "meia verdade" que, a nível de estudos e pesquisas ci-
entíficas, é satisfatoriamente comprovada. Daí, entretanto, a se querer dizer que é o cérebro que pen-
sa, vai uma larga distância. Bem se vê que quem assim se reporta está tratando do órgão em sua fun-
ção intrínseca, pelo que se abstrai a evidência maior do ser pensante, o Espírito. De outra forma, o
perispírito, como o corpo, pertencem ao Espírito, e não este àqueles. Por isso, mesmo sendo o mais
certo se afirmar categoricamente que o Espírito é o único detentor de todas as potencialidades e ar-
quivos de sua individualidade espiritual, não estamos necessariamente errados quanda atribuímos ao
perispírito - e ao corpo - capacidades e funções que, em essência, são da Matriz, do "gérmen", do
Espírito, pois que são viabilizadas pelas funções destes. É nesse sentido que entendemos e concor-
damos com as atribuições essencialmente espirituais designadas ao corpo espiritual.
Exemplificando, tomemos algumas palavras do Espírito Emmanuel em seu livro "Dissertações
Mediúnicas", as quais atribuem certas funções ao perispírito,e que podem ser bem assimiladas den-
tro, da característica que frisamos:
"O ORGANISMO FLUÍDICO, caracterizado por seus elementos imutáveis, é o assimilador
das forças protoplásmicas, o mantenedor da aglutinação molecular que organiza as configurações tí-
picas de cada espécie, incorporando-se, átomo a átomo, à matéria do germe e dirigindo-a, segundo a
sua natureza particular".
"O CORPO ESPIRTUAL não retém somente a prerrogativa de constituir a fonte da misteriosa
força plástica da vida, a qual opera a oxidação orgânica; é também ele a sede das faculdades, dos

135
ANDRÉA, Jorge. Perispírito ou Psicossoma. In "Correlação Espírito Matéria", pp. 19 a 23.
136
DENIS, Leon. O perispírito ou corpo espiritual. In "Depois da Morte", cap. 21, p. 175.
137
DELANNE, Gabriel. A vida, resumo. In "Evolução Anímica", cap. 1, p. 55.
JACOB MELO 36
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sentimentos, da inteligência e, sobretudo, o santuário da memória, em que o ser encontra os elemen-
tos comprobatórios da sua identidade, através de todas as mutações e transformações da matéria".
"É ainda, pois, ao CORPO ESPIRITUAL que se deve a maravilha da memória, misteriosa
chapa fotográfica, onde tudo se grava, sem que os menores coloridos das imagens se confundam en-
tre si".
"É, pois, o CORPO ESPIRITUAL a alma fisiológica, assimilando a matéria ao seu molde, à
sua estrutura, afim de materializar-se no mundo palpável"138.
Fazendo rápidos comentários, vimos que:
1. O perispírito é mutável, posto que evolucionário e adaptável a cada orbe; portanto, quando
Emmanuel fala de "seus elementos imutáveis", refere-se ele aos caracteres adquiridos pelo Espírito
ao longo de sua evolução, e estabilizados na "forma fluídica" para efeito de plasmagem do corpo
psicofísico.
2. O perispírito provém do fluido cósmico, pelo que é material; por ser material, não pode pro-
duzir o pensamento, atributo do Espírito. Pode, todavia, arquivá-lo, assim como uma fita magnética
grava vozes, sons, imagens, dados, etc. Quando, portanto, Emmanuel lhe atribui capacidades de ar-
quivos e sede, com certeza se refere às características do Espírito se refletindo no perispírito, já que
este é o veiculador das atividades e potencialidades daquele outro; seria o perispírito uma espécie de
"videogravador" do Espírito.
3. Não há discordância entre o que Emmanuel e muitos outros dizem do perispírito, com o que
registrou Kardec na Codificação; quando Emmanuel se reporta ao corpo espiritual como "a alma fi-
siológica" do Espírito, deixa claro, seu entendimento funcional do perispírito.
As palavras do assistente Calderaro, na importante obra "No Mundo Maior", só fazem sentido
se observarmos as particularidades do perispírito segundo uma ótica mais rica e pormenorizada: "Es-
se organismo, constituído, embora, de elementos mais plásticos e sutis, ainda é ediflcio material de
retenção da consciência"139.

2.2.1 - Como Tem Sido Conhecido e Chamado
O Espírito Joanna de Ângelis nos apresenta um resumo histórico deste tema, de quem tomare-
mos nossas informações:
"Conhecido pelos estudiosos, desde a mais remota antiguidade, há sido identificado numa ga-
ma de rica nomenclatura, conforme as funções que lhe foram atribuídas. nos diversos períodos que
duravam as investigações.
"Desde as apreciáveis lições do Vedanta quando apareceu como Manu, maya e Kosha, era co-
nhecido no Budismo esotérico por Kama-rupa, enquanto no Hermetismo egípcio surgiu na qualida-
de de Kha, para avançar, na Cabala hebraica, como manifestação de Rouach. Chineses, gregos e la-
tinos tinham conhecimento da sua realidade, identificando-o seguramente. Pitágoras, mais afeiçoado
aos estudos metafísicos, nominava-o carne sutil da alma, e Aristóteles, na sua exegese do complexo
humano, considerava-o corpo sutil e etéreo. Os neoplatônicos, de Alexandria, dentre os quais Oríge-
nes, o pai da doutrina dos Princípios, identificava-o como aura; Tertuliano, o gigante inspirado da
Apologética. nele vai o corpo vital da alma, enquanto Proclo o caracterizava como veículo da alma,
definindo cada expressão os atributos de que o consideravam investido.
"Na cultura modema, Paracelso, no século XVI, detectou-o sob a designação de corpo astral,
refletindo as pesquisas realizadas no campo da Química e no estudo paralelo da Medicina com a Fi-
losofia, em que se notabilizou Leibniz, logo depois, substituindo os conceitos panteístas de Spinoza

138
JORGE, José. In "Antologia do Perispírito", p. 160.
139
XAVIER, Francisco Cândido. Mediunidade. In "No Mundo Maior", cap. 9, p. 128.
JACOB MELO 37
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pela teoria dos "átomos espirituais ou mônadas", surpreendeu-o, dando-lhe a denominação de corpo
fluídico.
"(...) Perfeitamente consentâneo aos últimos descobrimentos, nas experiências de detecção por
efluvioscopia e efluviografia, denominado corpo bioplásmico, o Apóstolo Paulo já o chamava corpo
espiritual, conforme escreveu aos coríntios (I epístola, 15:44), corpo corruptível. logo depois, na
mesma Epístola, v. 53, ou alma, na exortação aos companheiros da Tessalônica (I Epístola. 5:23),
sobrevivente à morte"140 (grifos originais).

2.2.2 - Sua Formação
"8. - Do meio onde se encontra é que o Espírito extrai o seu perispirita, isto é, esse envoltório
ele o forma dos fluidos ambientes. (...)
"9.- A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento
moral do Espírito. Os Espíritos inferiores não podem mudar de envoltório a seu bel-prazer, pelo que
não podem passar, à vontade, de um mundo para outro (...).
"10.- A camada de fluidos espirituais que cerca a Terra se pode comparar às camadas inferio-
res da atmosfera, mais pesadas, mais compactas, menos puras, do que as camadas superiores. (...) Os
efeitos que esses fluidos produzem estarão na razão da soma das partes puras que eles encerram. (...)
"Os Espíritos chamados a viver naquele meio tiram deles seus perispiritos; porém, conforme
seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se formará das partes mais puras ou das
mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele encarna. O Espírito produz aí, sempre por
comparação e não por assimilação, o efeito de um reativo qufmico que atrai a si as meléculas que a
sua natureza pode assimilar.
"Resulta disso este fato capital: a constituição íntima do perispirito não é idêntica em todos os
Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda. O mesmo
já não se dá com o corpo carnal(...)
"Também resulta que: o envotório perispiritico de um Espírito se modifica com o progresso
moral que este realiza em cada encarnação, embora ele encarne no mesmo meio; que os Espíritos
Superiores, encarnados excepcionalmente. ern missão, num mundo inferior, têm perispírito menos
141
grosseiro do que o dos indígenas desse mundo" (grifos originais).
Estas conclusões de Kardec demonstram a profundidade com que se reveste o assunto. Vale
refletirmos nas extensões daí decorrentes.

2.3 - Três Particularidades
Dentro de um universo de particularidades que envolvem o perispírito, três merecem detenha-
mos um pouco nossa atenção.

2.3. 1 - O Cordão Fluídico
Toda literatura religiosa de todos os povos tem registros de um "cordão de prata" que liga o
Espírito ao corpo, normalmente só visivel em ocasião de desprendimentos ou desligamentos. O que
seria então esse cordão, seria uma outra coisa que não o perispírito?
A lógica e as evidências nos têm demonstrado que se trata de uma particularidade do perispíri-
to. O cordão fluídico funciona, para nos servirmos de uma comparação, como o cordão umbilical pa-
ra o feto. É um "laço" prendendo o corpo espiritual ao corpo físico, só que extremamente flexível e
140
FRANCO, Divaldo Pereira. Perispírito. In "Estudos Espíritas", cap. 4, pp. 40 e 41.
141
KARDEC, Allan. Os fluidos. In "A Gênese", cap. 14, item 7.
JACOB MELO 38
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expansível, o qual serve para manter o Espírito jungido ao corpo. Tanto que, dito cordão serve para
nos identificar no plano espiritual como encarnados quando para ali vamos em "desprendimento".
Esta, inclusive, é uma observação do próprio Kardec, que acrescenta: "Por meio dessa comunicação
entre o Espírito e o corpo, é que aquele recebe aviso, qualquer que seja a distância a que se ache do
segundo, da necessidade que este possa experimentar da sua presença, caso em que volta ao seu in-
vólucro com a rapidez do relâmpago. Daí resulta que o corpo não pode morrer durante a ausência
do Espírito e que não pode acontecer que este, ao regressar, encontre fechada a porta, conforme hão
dito alguns romancistas (...)"142
Kardec faz dois registros bem interessantes: "Meu Espírito se destaca um pouco de meu corpo,
mas é como um balão cativo, preso pelas cordas. Quando o balão recebe solavancos, produzidos pe-
lo vento, o poste onde está amarrado sente a comoção dos abalos, transmitidos pelas amarras. Meu
corpo representa o poste para o meu Espírito, com a diferença que experimenta sensações desconhe-
cidas do poste e que tais sensações fatigam bastante o cérebro". (Resposta dada por um Espírito en-
carnado evocado, sobre a questão do sofrimento do corpo. )
Depois ele relata que havia na Inglaterra "(...) um médium vidente, dotado de grande força
que, toda vez que se apresentava o Espírito de um vivo, notava um fio luminoso, partindo do peito,
através do espaço, não interrompido por qualquer obstáculo material, e que ia terminar no corpo; era
uma espécie de cordão umbilical, que unia as duas partes momentaneamente separadas do ser vivo.
Nunca o observou quando não havia vida corpórea. Era assim que reconhecia se o Espírito era de
um morto ou de um vivo"143.
No Antigo Testamento também temos evidências: "Lembra-te do teu Criador nos dias da tua
mocidade, antes que venham os maus dias (...)
"(...) Antes que se rompa o fio de prata. e se despedace o copo de ouro, e se quebre o cântaro,
junto à fonte, e se desfaça a toda junto ao poço,
"e o pó volte a terra, como o era (...)"144 (grifamos). Parece muito clara a referência ao cordão
fluídico.

2.3.2 - O Duplo Etérico
Quando o Dr. Jorge Andréa estuda o perispírito no seu "Forças Sexuais da Alma", considera
que "Não poderíamos deixar de aventar as possibilidades da existência de um campo energético a-
propriado. entre o perispírito e o corpo físico, o duplo etérico. Seria uma zona vibratória ocupando
posição de destaque em face dos fenômenos conhecidos de materialização. Acreditamos que o cam-
po energético dessa zona, em suas expansões com a do perispírito, se entreIalace nas irradiações do
campo físico e forneça excelente material na formulação dos fenômenos psicocinéticos e outros tan-
tos dessa esfera parapsicológica. Com isso, poderíamos explicar muitas das curas que os chamados
passes magnéticos podem propiciar, em autênticas transfusões de energias - expansões da aura hu-
145
mana" . Concordamos com sua hipótese, aditando que podemos considerar o duplo etérico como
uma extensão do perispírito e não necessariamente um agente destacado e independente daquele; se-
ria como que uma das "capas" do perispírito que, por suas funções de interligação do perispírito
propriamente dito com o corpo físico, retém uma maior quantidade fluídica de consistência ogano-
molecular (fisiológica) que psíquica. Entretanto, não queiramos inferir daí que ele seja mais corpo
que perispírito ou vice-versa; ele é um campo mais denso que o perispiritual por onde as energias es-
pirituais se "condensam" em direção ao corpo, e, de forma reversa, recebe os impulsos físicos, pro-
cessando uma reconversão para os sentidos psiquicos e direcionando-os aos arquivos perispiriticos,
mentais, inconscientes e espirituais.
142
KARDEC, Allan. Da bicorporeidade e da transfiguração. In "O Livro dos Médiuns", 2ª Parte, cap. 7, item 118.
143
LIGAÇÃO ENTRE espírito e corpo. "Revista Espírita", maio 1859, pp. 139 e 140.
144
Eclesiastes, 12, vv. 1, 6 e 7.
145
ANDREA, Jorge. Perispírito ou psicossoma. In "Forças Sexuais da Alma", cap. 1, pp. 36 e 37.
JACOB MELO 39
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Pela origem esotérica do termo e do fato de Kardec não ter tratado diretamente deste "cam-
po", surgem algumas opiniões refratánas à hipótese, mas, que ela é bem plausível e sinaliza com
grandes possibilidades de perquirição e demonstração, isto é inegável. Tanto que poderíamos inferir
que os Espíritos da Codificação a ele se referiam quando afirmaram: "Acompanha os que da Terra
partem, sobretudo os que alimentaram paixões bem acentuadas, uma espécie de atmosfera que os
envolve. consevando-lhes o que têm de mau, por não se achar o Espírito inteiramente desprendido
146 147
da matéria" (grifamos), e completam adiante : "Pelo simples fato de haver deixado o corpo, o
Espírito não se acha completamente desprendido da maténa e continua a pertencer ao mundo onde
acabou de viver (...)". Como se vê, não há aí uma referência direta ao perispírito, senão através de
uma de suas particularidades, com uma conotação muito própria. No nosso entender, o duplo etéri-
co.
A Teosofia atribui ao duplo eténco duas funções principais148: a de absorver o Prâna (fluido vi-
tal), enviando-o a todas as regiões do corpo físico, e a de servir de intermediário entre o corpo físico
e o corpo astral (perispírito?). Seria ainda nele, segundo essa Escola, que se encontraram localizados
os "centros de força"
Há quem considere o duplo etérico apenas como uma das expressões da aura. O Dr. Kilner nos
leva a crer que ele seja uma das partes desta, a mais interna, posto que ele subdivide a aura em três
149
partes: duplo etbéico, aura interna e aura externas , afirmando que o duplo etérico constitui-se de
uma camada escura, transparente e uniforme, rodeando o corpo físico, com espessura aproximada de
0,5 1,0 cm. Já a aura interna é a camada mais densa, com espessura de 10 a 15 cm, enquanto a aura
externa começa logo após a interna e estende-se até cerca de 20 a 25 cm a contar da superfície do
corpo. Estas medidas são padrões médios, podendo haver variações, sendo que as duas últimas ca-
madas podem ser fundidas e comporem um único "clarão".
Alguns também assinalam uma quarta camada áurica, a qual é igualmente externa e muito tê-
150
nue e difusa, conhecida como a Ultra Exterior .
Apesar dessas colocações, não iremos considerar o duplo etérico como uma simples emanação
áurica ou mero estado profundo daquele campo, mas um verdadeiro campo energético, ao qual a Li-
teratura Espírita tão bem conceituou, na palavra de Andé Luiz, na figura do "corpo vital"
Presentemente, não investigaremos as particularidades desse campo pois fugiriamos do propó-
sito do presente registro, porém, reconhecemos a necessidade de se aprofundar os conhecimentos
sobre tal assunto pois por seu intermédio não apenas elucidaríamos muitas das dúvidas que nos ab-
sorvem os questionamentos advindos da própria fluidoterapia, como do fenômeno vital e de certas
qUestões da "morte", tais como: como se dá, tecnicamente, o sofrimento dos suicidas, dos que mor-
rem pela eutanásia; por que pessoas acidentadas não padecem os mesmos sintomas dos suicidas; o
que e como Espíritos inferiores vampirizam nossas energias; o que se passa com os perispíritos dos
abortados; etc.

2.3.3 - A Aura
Comecemos com André Luiz: "(...) É claramente compreensível que todas as agregações celu-
lares emitam radiações e que essas radiações se articulem, através de sinergias funcionais, a se cons-
tituírem de recursos que podemos nomear por "tecidos de força", em torno dos corpos que as exte-
riorizam.


146
KARDEC, Allan. In "O Livro dos Espíritos", 2ª Parte, cap. 6, questão 229.
147
KARDEC, Allan. In "O Livro dos Espíritos", 2ª Parte, cap. 6, qu estão 232.
148
POWELL, Arthur E. Descrição geral. In "O Duplo Etérico", cap. 1, pp. 13 e 35.
149
POWELL, Arthur E. Descrição geral. A obra do Dr. Walter J. Kilner. In "O Duplo Etérico", cap. 21, p. 124.
150
Veja-se 'Espírito, Perispírito e Alma', cap. 3, "Perispírito e Alma da Individualidade", p. 66.
JACOB MELO 40
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"Todos os seres vivos, por isso, dos mais rudimentares aos mais complexos, se revestem de um
"halo energético" que Ihes corresponde a natureza.
"No homem, contudo, semelhante projeção surge profundamente enriquecida e modificada pe-
los fatores do pensamento contínuo que, em se ajustando às emanações do campo celular, lhe mode-
lam, em derredor da personalidade, o conhecido corpo vital ou duplo etéreo de algumas escolas espi-
ritualistas, duplicata mais ou menos radiante da criatura.
"(...) Aí temos, nessa conjugação de forças físico-químicas e mentais, a aura humana, peculiar
a cada indivíduo, interpenetrando-o, ao mesmo tempo que parece emergir dele, à maneira de campo
ovóide, não obstante a feição irregular em que se configura, valendo por espelho sensível em que to-
dos os estados da alma se estampam com sinais característicos e em que todas as idéias se evidenci-
am, plasmando telas vivas (...)
"Fotosfera psiquica, entretecida em elementos dinâmicos, atende a cromática variada, segundo
a onda mental que emitimos, retratando-nos todos os pensamentos em cores e imagens que nos res-
pondem aos objetivos e escolhas, enobrecedores ou deprimentes".
"(...) A aura é, portanto, a nossa plataforma onipresente em toda comunicação com as rotas
alheias, antecâmara do Espírito, em todas as nossas atividades de intercâmbio com a vida que nos
rodeia, através da qual somos vistos e examinados pelas Inteligências Superiores, sentidos e reco-
nhecidos pelos nossos afins, e temidos e hostilizados ou amados e auxiliados pelos irmãos que cami-
nham em posição inferior a nossa.
"Isso porque exteriorizamos (...) o reflexo de nós mesmos, nos contactos do pensamento a
pensamento, sem necessidade das palavras para as simpatias ou repulsões fundamentais"151. (Grifa-
mos)
Notemos alguns pontos:
1. André Luiz não classifica as emanações dos seres não humanos como "auras", mas, de "halo
energético", constituído por "tecidos de força", assim sinalizando-nos sensível diferença entre as ir-
radiações humanas das dos demais reinos terrenos.
2. No homem, portanto, além das irradiações celulares, vigem as decorrentes do pensamento,
da atividade mental contínua do ser, impondo variações tonais e estruturais as mesmas.
3. Por ser nossa irradiação emitida diretamente ao meio externo, por nossa aura comunicamos
ao mundo, material e espiritual, nossa faixa de vibração; não é ela, contudo, Espírito ou perispírito;
apenas emanação deste último, como ressonância do duplo etérico ou "corpo vital", com impregna-
ções morais do primeiro, e orgânicas do corpo.
4. Quando ela é detectada, mostramo-nos exatamente como e o que somos - física, psiquica e
moralmente --, e não o que queremos ser.
Em face da comunhão entre as projeções físicas e psíquicas registradas na aura, só poderíamos
esperar que sua variedade, em todos os sentidos, fosse demasiadamente grande. Para se ter uma idei-
a, nos registra Keith Sherwood que "O Conselho Britânico de Cores catalogou as cores da aura e
descobriu 1.400 tons de azul; 1.000 matizes de vermelho; mais de 1.400 tons de marrom; mais de 80
tons de verde; 55 laranja; 36 matizes de violeta; e mais 12 tons de branco", mostrando-nos, assim, a
que fascinante variedade de cores está submetida a aura. Continua Sherwood no mesmo texto: "É
aceito entre os pesquisadores que têm estudado a aura que ela tem uma forma mais ou menos oval e
segue o perfil do corpo humano, ainda que haja variações. Pessoas com maior vitalidade terão uma
aura mais forte e conseqüentemente ela se estenderá para o corpo físico. Assim, a composição da au-
ra varia de pessoa para pessoa. A textura, bem como a cor e o tamanho, parece indicar a disposição


151
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Mediunidade e corpo espiritual. In "Evolução em Dois Mundos",
cap. 17, itens Aura humana e Mediunidade inicial, pp. 129 e 130.
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de uma pessoa. A textura geralmente revela o caráter da pessoa, enquanto a forma e a cor demons-
tram sua saúde e condições emocionais"152 (Grifamos).
Mas, ao contrário do que possa parecer, a aura não é uma parafernália desorganizada; seu es-
tudo requer seriedade e profundidade pois, a partir dele, chegaremos a grandes conclusões, como as
que foram expressadas acima, ou outras, como as compiladas pelo Dr. Jorge Andréa: "Os tecidos
doentes mostram sempre uma aura turva, como no caso dos tumores degenerativos; o tecido sadio
está sempre Iímpido. Tem-se observado que nas pequenas modificações, manchas ou turvações, em
auras de indivíduos considerados sadios, com o tempo a doença se instala na zona física. Isto fez que
se pensasse que a maioria das doenças flsicas teria origem nas desestruturações dos campos perispiri-
tuais e, o que é mais importante, poderiam ser anotadas antes de sua instalação nas células da zona
material". O mesmo Jorge Andréa, do alto de suas conclusões, vaticina: "Dia haverá em que as bióp-
sias serão coisas do passado (...)153.
Concluindo, além de pesquisas puramente flsicas e laboratoriais, outros métodos de estudo da
aura são conhecidos, entre os quais destacamos o "tato-magnético" e a vidência mediúnica. Quanto
ao primeiro. veja-se detalhes adiante no capítulo VIII; no tocante à vidência, mesmo reconhecendo
sua importância nas pesquisas mediúnicas, fazemos uma ressalva, usando as palavras do Prof. Hercu-
lano Pires: "A leitura da aura é uma técnica de avaliação das condições espirituais das pessoas atra-
vés da vidência. Mas é ponto pacífico no Espiritismo que a vidência não oferece nenhuma condição
de segurança para servir de instrumento de pesquisa. (...) Não há, até o momento, nenhum meio ci-
entífico de se verificar objetivamente os graus de percepção mediúnica ou o grau de espiritualidade
de uma pessoa. Além disso, o vidente que examina a aura de alguém sofre as mesmas variações pro-
venientes da instabilidade psi-orgânica e emocionais"154 (grifos originais). Acrescentamos que, além
das observações com fins mediúnicos como foram abordadas, insere-se igual raciocínio sobre as re-
percussões da saúde orgânica e psíquica do vidente, no fenômeno.

2.4 - Propriedades do Perispírito
O perispírito, por sua tessitura, organização, flexibilidade e expansibilidade, fornece inúmeras
condições de ação ao Espírito, mesmo quando encarnado, condições essas que podemos chamar de
propriedades do perispírito, sem, com isso, desconhecermos que o propulsor de toda e qualquer a-
ção é o Espírito.
Para que essas propriedades se tornem evidentes, necessário se atenda às leis dos fluidos, no
que tange as suas condições de afinidade, quantidade necessária e qualidade dos fluidos, além de, em
alguns casos, o conhecimento e a elevação moral da parte do Espírito que "manuseia" tais fluidos.
Sinteticamente, teríamos:

2.4.1 - Aparições
Nos diz Allan Kardec: "Por sua natureza e em seu estado normal, o perispírito é invisível (...).
Pode ele sofrer modificações que o tornem perceptível à vista, quer por meio de uma espécie de
condensação, quer por meio de uma mudança na disposição de suas moléculas. Aparece-nos então
sob uma forma vaporosa.
"A condensação (...) pode ser tal que o perispírito adquira as propriedades de um corpo sólido
e tangível, conservando, porém, a possibilidade de retomar instantaneamente seu estado etéreo e in-
visivel (...)

152
SHERWOOD, Keith. A diagnose da cura e a aura. In "A arte da cura Espiritual", cap. 10, item As características
da aura, p. 114.
153
ANDRÉA, Jorge. Reflexões sobre o campo organizador da forma. In "Enfoques Científicos na Doutrina Espírita",
p.33.
154
PIRES, Herculano. Grau de mediunidade. In "Mediunidade (vida e comunicação)", cap. 13, p. 111.
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O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



"(...) Não basta que o Espírito queira mostrar-se; não basta tampouco que uma pessoa queira
vê-lo; é necessário que os dois fluidos possam combinar-se, que entre eles haja uma espécie de afini-
dade e também, porventura, que a emissão do fluido da pessoa seja suficientemente abundante para
operar a transformação do perispírito e, provavelmente, que se verifiquem ainda outras condições
que desconhecemos"155.

2.4.2 - Tangibilidade
Assevera Kardec: "Conforme o grau de condensação do fluido perispirítico (...) pode, mesmo,
chegar, até, à tangibilidade real, ao ponto de o observador se enganar com relação à natureza do ser
que tem diante de si"156.

2.4.3 - Transfiguração
"O perispírito das pessoas vivas goza das mesmas propriedades que o dos Espíritos. (...) O da-
quelas não se acha confinado no corpo: irradia e forma em torno deste uma espécie de atmosfera fuí-
dica. Ora, pode suceder que, em certos casos e dadas as mesmas circunstâncias, ele sofra uma trans-
formação (...): a forma real e material do corpo se desvanece sob aquela camada fluidica, se assim
nos podemos exprimir, e toma por momentos uma aparência inteiramente diversa, mesmo a de outra
pessoa ou a do Espírito que combina seus fluidos com os do indivíduo (...)
"O fenômeno da transfiguração pode operar-se com intensidades muito diferentes, conforme o
grau de depuração do perispírito, grau que sempre corresponde ao da elevação moral do Espírito.
Cinge-se às vezes a uma simples mudança no aspecto geral da fisionomia, enquanto que doutras ve-
zes dá ao perispírito uma aparência luminosa e esplêndida".157 (Allan Kardec)

2.4.4 - Bicorporeidade
Foi considerada por Kardec como uma variedade das manifestações visuais, pois que se assen-
ta sobre as mesmas propriedades do perispírito já que, "(...) Quer o homem esteja vivo, quer morto,
traz sempre o envoltório semimaterial que (...) pode tornar-se visível (...)"158.
"Isolado do corpo, o Espírito de um vivo pode, como o de um morto, mostrar-se com todas as
aparências da realidade. Demais (...), pode adquirir momentânea tangibilidade. Este fenômeno, co-
nhecido pelo nome de bicorporeidade, foi que deu azo às histórias de homens duplos (...)"159 (grifo
original).
Esta propriedade, asseveram os Espíritos da Codificação, requer elevação moral da parte do
Espírito que vai produzir tais modificações em seu perispírito.
Uma ressalva, porém, merece ser feita: não devemos confundir a bicorporeidade com a biloca-
ção pois enquanto a primeira precisa que a segunda se de, a recíproca não é verdadeira. Para ocorrer
a bicorporeidade, carece que o Espírito se desloque, se afaste de seu corpo físico e, onde se manifes-
te, necessário produza transformações em sua constituição molecular perispiritual a fim de se fazer
visto; já para ele se deslocar (bilocação), necessário se dê apenas a primeira parte do fenômeno pois
o Espírito pode se desprender sem, contudo, ser visto ou apreendido pelos sentidos comuns.




155
KARDEC. Allan. Das manifestações visuais. In "O Livro dos Médiuns". 2ª Parte. cap. 6, item 105.
156
KARDEC, Allan. Os fluidos. In "A Gênese", cap. 14, item 35, Aparições, - Transfigurações.
157
KARDEC. Allan. Manifestações dos Espíritos. In "Obras Póstumas", item 22.
158
KARDEC, Allan. Da bicorporeidade e da transfiguração. In "O Livro dos Médiuns", cap. 7.
159
KARDEC, Allan. Da bicorporeidade e da transfiguração. In "O Livro dos Médins", cap. 7, item 119.
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O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



Outro cuidado é o de não se confundir bicorporeidade e bilocação com o dom da ubiqüidade,
o qual o Espírito não possui, visto que ele é uma unidade indivisível, apesar de poder irradiar em
160
múltiplas direções .

2.4.5 - Penetrabilidade
Corolário! Esta é a melhor definição para a condição de penetrabilidade atribuída ao perispíri-
to. Por isso mesmo, afirma Kardec: "Outra propriedade do perispírito inerente à sua natureza etérea
é a penetrabilidade. Matéria nenhuma lhe opõe obstáculo: ele as atravessa todas, como a luz atraves-
sa os corpos transparentes. Daí vem não haver tapagem capaz de obstar à entrada dos Espíritos
(...)"161.

2.4.6 - Emancipação
Afirmam os Espíritos que "Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e,
não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta
com os outros Espíritos"162 (grifos originais). Mais enfaticamente, afirmam igualmente que "o sono
liberta a alma parcialmente do corpo. Quando dorme, o homem se acha por algum tempo no estado
em que fica permanentemente depois que morre"163 .

2.5 - Funções do Perispírito
André Luiz nos apresenta importantes informações acerca das funções do perispírito, iniciando
por dizer que este não e um reflexo do corpo físico, porque, na realidade, é o corpo físico que o re-
flete, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si o corpo mental que lhe preside a for-
mação.
"Do ponto de vista da constituição e função em que se caracteriza na esfera imediata ao traba-
lho do homem, após a morte, é o corpo espiritual o veículo físico por excelência, com sua estrutura
eletromagnética, algo modificado no que tange aos fenômenos genésicos e nutritivos, de acordo, po-
rém, com as aquisições da mente que o maneja". E conclui mais adiante:
"Claro está, portanto, que é ele santuário vivo em que a consciência imortal prossegue em ma-
nifestação incessante, além do supulcro, formação sutil, urdida em recursos dinâmicos, extremamen-
te porosa e plástica, em cuja tessitura as células, noutra faixa vibratória, em face do sistema de per-
muta visceralmente renovado, se distribuem mais ou menos à feição das partículas colóides, com a
respectiva carga elétrica, comportando-se no espaço segundo a sua condição específica, e apresen-
tando estados morfológicos conforme o campo mental a que se ajusta"164.
Enquanto com André Luiz nos voltamos ao perispírito sob um ângulo de visão espiritual, Allan
Kardec nos leva a uma preciosa análise, onde podemos perceber os melindres da ação do Espírito no
corpo versus perispírito, num verbo genérico, mas, profundamente singelo: "Tendo a matéria que ser
objeto do trabalho do Espírito para desenvolvimento de suas faculdades, era necessáirio que ele pu-
desse atuar sobre ela, pelo que veio habitá-la, como o lenhador habita a floresta. Tendo a matéria
que ser, ao mesmo tempo, objeto e instrumento do trabalho, Deus, em vez de unir o Espírito a pedra

160
Veja-se: Forma e ubiqüidade dos Espíritos. In "O Livro dos Espíritos", Parte 2ª , cap. 1, questão 92, p. 84 e cap.
2, questão 137, p. 105.
161
KARDEC, Allan. Forma e ubiqüidade dos Espíritos. In "O Livro dos Espíritos". Parte 2ª , item 106.
162
KARDEC, Allan. Da emancipação da alma. In "O Livro dos Espíritos", cap. 8, item O sono e os sonhos, questão
401.
163
KARDEC, Allan. Da emancipação da alma. In "O Livro dos Espíritos", cap. 8, item O sono e os sonhos, questão
402.
164
XAVIER. Francisco Cândido e VIEIRA. Waldo. Corpo espiritual In "Evolução em Dois Mundos", cap. 2, item R e-
trato do corpo espiritual, pp. 25 e 26.
JACOB MELO 44
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rígida, criou, para seu uso, corpos organizados, flexíveis, capazes de receber todas as impulsões da
sua vontade e de se prestarem a todos os seus movimentos". E prossegue:
"(...) Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio Espírito que modela o seu envoltório
e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-lhe e lhe desenvolve e completa o organismo, à
medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de a-
cordo com a sua inteligência.
"(...) Desde que um Espírito nasce para a vida espiritual, têm, por adiantar-se, que fazer uso de
suas faculdades, rudimentares a princípio. Por isso é que reveste um envoltório adequado ao seu es-
tado de infância intelectual (...)"165. Dito isso, numa conclusão definitiva ele ratifica:
"Pela sua essência espiritual, o Espírito é um ser indefinido, abstrato, que não pode ter ação di-
reta sobre a matéria, sendo-lhe indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico, o qual, de
certo modo, faz parte integrante dele"166.
Concluindo, voltando a palavra de André Luiz, anotamos que é o corpo espiritual que "Preside
no campo físico a todas as atividades nervosas, resultantes da entrosagem de sinergias funcionais di-
versas"167 pois, do enunciado por Kardec, o Espírito administra a formação do perispírito, "apropri-
ando-o às suas novas necessidades", entre as quais inserimos: de arquivos das memórias; de modela-
dor da organização fisiobiológica; de forma reflexa dos arquivos pretéritos; etc.

2.5.1 - Registro das Formas
Por ser o perispírito um corpo fluídico, ao tempo em que é o mediador entre o Espírito e o
corpo, pode sofrer marcas, mutações, lesões mesmo, que só um trabalho igualmente fluídico pode
reparar, seja pela ação fluídico-magnética, seja pela mentalização equilibrada. Comprova-o o fato de
vermos, ouvirmos e sabermos de tantos Espíritos desencarnados que trazem profundas marcas, for-
tes deformações em seus perispíritos, como decorrência de desvios pretéritos, regeneráveis pela as-
similação moral de uma doutrinação cristã, conjugada à terapia do passe, e todo um processo de ar-
rependimento e reforma íntima que, no seguimento, se estabiliza via etapas reencarnatórias correti-
vas.
Quando se é Espírito Superior, já se tem poder de adaptar a forma perispiritual à vontade; caso
contrário, nossas forças mentais negativas, inferiores, intermitentes, nos impõem formas discrepan-
tes, mossas aparentemente inextinguíveis, que só o tempo, alimentado pela renovação interior e pela
reparação dos antigos débitos, poderá: patrocinar os reparos devidos quando, então, a força da flui-
doterapia se faz por demais vigorosa.
Se nosso corpo físico recebe impressões perispirituais para sua feição, abastecendo-se para es-
se mister, igualmente, nas fontes genéticas da hereditariedade, quando desabrocha no plano espiritual
"A forma individual em si obedece ao reflexo mental dominante (...)
"(...) Releva observar que, se o progresso mental não é positivamente acentuado, mantém a
personalidade desencarnada, nos planos inferiores, por tempo indefinível, a plástica que lhe era pró-
pria entre os homens. E, nos planos relativamente superiores, sofre processos de metamorfose, mais
lentos ou mais rápidos, conforme suas disposições íntimas (...)
"(...) O aspecto que as entidades desencarnadas assumem perante os médiuns humanos (...)
pode variar infinitamente.




165
KARDEC, Allan. Gênese Espiritual. In "A Gênese", cap. 11, itens 10 e 12.
166
KARDEC, Allan. Gênese Espiritual. In "A Gênese", item 17.
167
XAVIER. Francisco Cândido e VIEIRA. Mecanismos da mente. In "Evolução em Dois Mundos", cap. 16, item Im-
portância da encefalização, p. 124.
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"(...) É importante considerar, todavia, que os Espíritos desencarnados, mesmo os de classe in-
ferior, guardam a faculdade de exteriorizar os fluidos plasticizantes que Ihes são peculiares, espécie
168
de aglutininas mentais com que envolvem a mente mediúnica encarnada (...)" (André Luiz) .
Não há, portanto, como enganar, no mundo espiritual, sobre nosso verdadeiro mundo interior
pois, a exemplo da parábola do festim das bodas (Mateus, XXII, vv. 1 a 14), quando Iá chegarmos,
teremos que estar vestidos com a "túnica nupcial", sob pena de nos sujeitarmos à Lei de Justiça em
seu aspecto reparativo. Só que esta túnica, numa imagem mais diretamente relacionada ao perispíri-
to, sofre mutações oriundas das aglutinações mentais de nossa realidade intrinseca; se somos equili-
brados, nada há que comprometa sua "alvura"; entretanto, se nosso padrão é o da instabilidade mo-
ral, seu colorido será destoante.

2.5.2 - Na Reencarnação
Assim se expressa Allan Kardec: "Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em
vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao
gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gér-
men se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do principio vito-material do gérmen, o pe-
rispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em for-
mação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa
maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvol-
169
vimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior" . (Grifos originais)
A palavra do Dr. Jorge Andréa também é bem objetiva: "O perispírito, representando a capa
externa do Espírito, serviria de filtro e tela de suas manifestações. Apesar de apresentar intenso di-
namismo psíquico, superior ao da zona consciente ou zona física, dirige os campos celulares físicos
por influência do próprio Espírito donde é dependente".
"O perispírito é zona que sofre modificações intensas nos processos reencarnatórios, passando
por condições de miniaturização e mesmo perda de algumas energias, pois, ao se acercar do ovo pa-
ra impulsionar a sua morfogênese, estará elaborando uma nova estruturação que responderá por um
novo corpo físico. Se, no perispírito, estivessem sediados todos os arquivos do ser, é claro, que as
intensas transformações do mecanismo reencarnatório afetariam a estruturação de imortalidade. Des-
sa forma, as aptidões que são absorvidas nas experienciações que o ser passa diante das diversas eta-
pas reencarnatórias estariam nas zonas definitivas do Espírito e refletidas no perispírito, zona dimen-
sionalmente mais densa que a primeira e, por isso, mais apropriada às correlações com a matéria.
Destarte, a matéria recebe o que necessita do impulso espiritual pelas telas perispirituais; estas, em-
bora apresentando um campo avançado de trabalho, não são a sede das energias criativas da vida"170.
Com estas palavras de Jorge Andréa, o assunto abordado no item 2.2 acima é recolocado, dei-
xando claro o entendimento que se pode e se deve dar a certas atribuições do perispírito. Ressalta-
mos apenas que o Dr. Jorge Andréa, em sua hipótese de trabalho, faz considerações colocando o pe-
rispírito de forma destacada face outros componentes (capas) do perispírito propriamente dito, pelo
que recomendamos seja buscada a obra referenciada para um melhor entendimento de sua postura.

2.5.3 - Na Desencarnação
Sigamos com Kardec, prolongando a citação (79) acima: "Por um efeito contrário, a união do
perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa,

168
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Mecanismos da mente. IN "Evolução em Dois Mundos", 2ª Parte,
caps. 4 e 5, pp. 176 a 179.
169
KARDEC, Allan. Gênese espiritual. In "A Gênese", cap. 11, itens 18 e 20.
170
ANDRÉA, Jorge. Reflexões sobre o campo organizador da forma. In "Enfoques Científicos na Doutrina Espírita,
pp. 32 e 33.
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desde que esse princípio deixa de atuar, em consequêncla da desorganização do corpo. Mantida que
era por uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar.
Então, o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se uníra, e ao Espírito é res-
tituída à liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que de-
termina a partida do Espírito ". (grifos originais)

2.5.4 - Na Evolução
Assim comentou o assistente Calderan, com André Luiz sobre o perispírito: "Estamos diante
do órgão perispiritual do ser humano, adeso à duplicata física, da mesma forma que algumas partes
do corpo camal têm estreito contacto com o indumento. Todo o campo nervoso da criatura constitui
a representação das potências perispiríticas, vagarosamente conquistadas pelo ser, através de milê-
nios e milênios. Em renascendo entre as formas perecíveis, nosso corpo sutil, que se caracteriza, em
nossa esfera menos densa, por extrema leveza e extraordinária plasticidade, submete-se, no plano da
Crosta, às leis de recapitulação, hereditariedade e desenvolvimento fisiológico, em conformidade
com o mérito ou demérito que trazemos e com a missão ou o aprendizado necessános"171.
Um pouco mais adiante, fazendo ligação entre o perispírito e o corpo, o mesmo Calderaro nos
informa: "Comparando (...) nossa situação com o estado menos Iúcido de nossos irmãos encarnados,
importa não nos esqueça que os nervos, o córtex motor e os lobos frontais (...) constituem apenas
regulares pontos de contacto entre a organização perispiritual e o aparelho físico, indispensáveis,
uma e outro, ao trabalho de enriquecimento e de crescimento do ser eterno. Em linguagem mais sim-
ples, são respiradouros dos impulsos, experiências e noções elevadas da personalidade real que não
se entingue no túmulo, e que não suportariam a carga de uma dupla vida. Em razão disto, e atenden-
do aos deveres impostos à consciência de vigília para os serviços de cada dia, desempenham função
amortecedora (...)"172.
Nisso tudo vemos a perfeita conjugação dos componentes trinos que somos. O perispírito,
como veiculo do Espírito, projetando-se sobre a matéria, propicia-Ihe vida, espiritualiza-a mesmo,
posto que, lhe imprime não apenas vitalidade, mas, lhe induz a um contacto direto com a "mente";
por sua vez, subtrai a essência da experiência, assim respostando ao mesmo agente que lhe solicita
estímulos por evoluir.
Allan Kardec nos lembra que "Sendo um dos elementos constitutivos do homem, o perispírito
desempenha importante papel em todos os fenômenos psicológicos e, até certo ponto, nos fenôme-
173
nos fisiológicos e patológicos" (grifamos).
Tanto é verdade que André Luiz reforça dizendo: "(...) em qualquer estudo acerca do corpo
espiritual, não podemos esquecer a função preponderante do automatismo e da herança na formação
da individualidade responsável, para compreendermos a inexequibilidade de qualquer separação entre
a Fisiologia e a Psicologia, porquanto ao longo da atração no mineral, da sensação no vegetal e do
instinto no animal, vemos a crisálida de consciência constituindo as suas faculdades de organização,
sensibilidade e inteligência, transformando, gradativamente, toda a atividade nervosa em vida psíqui-
174
ca" (Grifamos). Para assimilarmos melhor, continuemos com André Luiz: "De modo geral, porém,
a etiologia das moléstias perduráveis, que afligem o corpo físico e o dilaceram, guardam no corpo
espiritual as suas causas profundas (...)
"É assim que o remorso provoca distonias diversas em nossas forças recônditas, desarticulando
as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade

171
XAVIER, Francisco Cândido. Estudando o cérebro. In "No Mundo Maior", cap. 4, pp. 54 e 55.
172
XAVIER, Francisco Cândido. Estudando o cérebro. In "No Mundo Maior", cap. 4, pp. 60 e 61.
173
KARDEC, Allan. Manifestações dos Espíritos. In "Obras Póstumas", item 12.
174
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Automatismo e corpo espiritual. In "Evolução em Dois Mundos",
cap. 4, item Automatismo e herança, p. 39.
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(...) Todavia, (...) detemos conosco os resíduos mentais da culpa, qual depósito de lodo no fundo de
calma piscina, e que, um dia, virão a tona de nossa existência, para a necessária expunção, à medida
175 176
que se nos acentue o devotamento à higiene mental" . E simplifica numa outra obra : "A doença,
como resultante de desequilibrio moral, sobrevive no perispírito, alimentada pelos pensamentos que a
geraram, quando esses pensamentos persistem depois da morte do corpo físico".
Sigamos um pouco mais com o Iúcido Espírito que é André Luiz: "Enquanto não se aprimore,
é certo que o Espírito padecerá, em seu instrumento de manifestação, a resultante dos próprios er-
ros. Esses desajustes, como é natural, não se limitam a comunidade das células físicas, quando em
disfunções múltiplas por força dos agentes mentais viciados e enfermiços; estendem-se, muito espe-
cialmente, à constituição do corpo espiritual, a refletir-se no cérebro ou gabinete complexo da alma,
aí ocasionando os diversos sintomas de perturbação do campo encefálico, acompanhados dos fenô-
menos psico-sensonais que produzem alucinações e doenças da mente. (...)
"Torturada por suas próprias ondas desorientadas, a reagirem, incessantes, sobre os centros e
mecanismos do corpo espiritual, cai a mente nas desarmonias e fixações conseqüentes e, porque o
veículo de células extrafísicas que a serve, depois da morte, é extremamente influenciável, ambienta
nas próprias forças os desequilíbrios que a senhoreiam, consolidando-se-lhe, desse modo, as inibi-
ções que, em futura existência, dominar-lhe-ão temporariamente a personalidade, sob a forma de fa-
tores mórbidos, condicionando as disfunções de certos recursos do cérebro físico, por tempo inde-
terminado"177 .
Atuando de forma direta ou indireta, impressionando ou sendo impressionado, agindo ou rea-
gindo, o perispírito, como ponte, ligação, intermediário, canal emissor/captador, aparelho transmis-
sor/receptor, e tantas coisas mais, transmuta-se no retrato não só da imagem de um corpo físico, mas
no do arquivo vivo do Espírito, no exato degrau de evolução em que este estagia, como encarnado
ou desencarnado, bruto ou angelizado, inconsciente ou Iúcido, aqui ou além. Por isso já nos asseve-
rava Léon Denis: "O invólucro fluídico do ser depura-se, ilumina-se ou obscurece-se, segundo a na-
tureza elevada ou grosseira dos pensamentos em si refletidos. Qualquer ato, qualquer pensamento
repercute e grava-se no perispírito. Daí as conseqüências inevitáveis para a situação da própria alma,
embora esta seja sempre senhora de modificar o seu estado pela ação continua que exerce sobre seu
178
invólucro" .
Reveste-se, portanto, de significativa importância o perispírito nos campos energéticos da evo-
lução por este se urdir não só de fluidos eminentemente físicos, densos, mas por igualmente se entre-
tecer com as emanações psicomentais do Espírito, seu detentor.

2.5.5 - No Passe
Podendo o Espírito, "(...) Pela ação de sua vontade, operar na matéria elementar uma trans-
formação íntima, que lhe confira determinadas propriedades", já que "Esta faculdade é inerente a na-
tureza do Espírito que muitas vezes a exerce de modo instintivo, quando necessário, e sem disso se
179
aperceber" e sabendo-se - conforme veremos no capitulo VIII - que "(...) Papel capital desempe-
nha a vontade em todos os fenômenos do magnetismo", "Assim se explica a faculdade de cura pelo
180
contacto e pela imposição das mãos" (Kardec), podemos inserir que, como o perispírito é o meio
de veiculação da vontade do Espírito, cabe a ele o papel transformador e reativo nos e dos fluidos,
especialmente quando movimentados nos trabalhos do passe. Daí a necessidade de o passista ser
175
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Predisposições mórbidas. In "Evolução em Dois Mundos", cap.
19, pp. 211 e 212.
176
XAVIER, Francisco Cândido. Ante o serviço. In "Nos Domínios da Mediunidde", cap. 4, p. 40.
177
XAVIER, Francisco Cândido. Obsessão. In "Mecanismos da Mediunidade", cap. 24, itens Pensamento e obsessão
e Perturbações morais, pp. 156 a 158.
178
DENIS, Léon. A vontade e os fluidos. In "Depois da Morte", cap. 32, p. 208.
179
KARDEC, Allan. Do laboratório do mundo invisível. In "O Livro dos Médiuns", cap. 8, item 129.
180
KARDEC, Allan. Do laboratório do mundo invisível. In "O Livro dos Médiuns", cap. 8, item 131.
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uma pessoa equilibrada, pois, sua vontade, por carecer de uma base firme, não pode, para fornecer
saúde e harmonia, calcar-se numa estrutura movediça de moral vacilante e tonicidade intermitente.
Ademais, "Se as paixões baixas e materiais perturbam, obscurecem o organismo fluídico, os pensa-
mentos generosos, em um sentido oposto, as ações nobres apuram e dilatam as moléculas perispiríti-
cas. Sabemos que as propriedades da matéria aumentam com seu grau de pureza"181, é o que nos
lembra Léon Denis.
O Espírito Anacleto, pelo registro de André Luiz, nos ensina que "Assim como o corpo físico
pode ingerir alimentos venenosos que intoxicam os tecidos, também o organismo perispiritual pode
absorver elementos de degradação que Ihe corroem os centros de força, com reflexos sobre as célu-
las materiais182, tudo isso provindo das atividades mentais negativas ou excessivamente presas aos
limites da matéria. Por esse motivo é que podemos fazer refrão com o Espírito Áulus quando nos diz
que estampamos "(...) no próprio corpo espiritual os sofrimentos de que (somos) portadores"183.
A ser verdade tudo isso - e de fato o é --, torna-se final e decisivo que o perispírito tem parti-
cipação impar nos fenômenos e nas manifestações mediúnicas e anímicas, sendo ele, portanto, o in-
termediário vital e indispensável da transmisão fluídica por ocasião do passe, da prece em favor dos
outros e de nós mesmos, do próprio magnetismo pessoal e do intercâmbio com o chamado "reino
dos mortos".
Concluindo nosso estudo, busquemos André Luiz mais uma vez para observarmos como se dá
o desprendimento do perispírito de um médium em serviço, através da ajuda do passe aplicado pelo
plano espiritual: "Aproximou-se dele o irmão Clementino e, a maneira do magnetizador comum, im-
pos-lhe as mãos aplicando-lhe passes de longo circuito.
"Castro como que adormeceu devagarinho, inteiriçando-se-lhe os membros.
"Do tórax emanava com abundância um vapor embranquiçado que, em se acumulando à feição
de uma nuvem, depressa se transformou, à esquerda do corpo denso, numa duplicata do médium, em
tamanho ligeiramente maior.
"Nosso amigo como que se revelava mais desenvolvido, apresentando todas as particulandades
de sua forma física, apreciavelmente dilatadas.
"(...) Enquanto o equipamento fisiológico descansava, imóvel, Castro, tateante e assombrado,
surgia, junto de nós, numa cópia estranha de si mesmo, porquanto, além de maior em sua configura-
ção exterior, apresentava-se azulada a direita e alaranjada a esquerda.
"Tentou movimentar-se, contudo, parecia sentir-se pesado e inquieto (...)
"Clementino renovou as operações magnéticas e Castro, desdobrado, recuou, como que se jus-
tapondo novamente ao corpo físico.
"Venfiquei, então, que desse contacto resultou singular diferença. O corpo carnal engolira, ins-
tintivamente, certas faixas de força que imprimiam manifesta irregularidade ao perispírito, absorven-
do-as de maneira incompreensível para mim.
"Desde esse instante, o companheiro, fora do vaso de matéria densa, guardou o porte que lhe
184
era característico" .
Das últimas palavras, ficam algumas questões que o leitor poderia, como sugestão, meditar a
respeito:
1. Que seriam "passes de longo circuito" que o irmão Clementino aplicou em Castro?

181
DENIS, Léon. A vontade e os fluidos. In "Depois da Morte", cap. 32, p. 210.
182
XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In "Missionários da Luz", cap. 19, p. 325.
183
XAVIER, Francisco Cândido. Ante o serviço. In "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 4, pp. 41 e 42.
184
XAVIER, Francisco Cândido. Desdobramento em serviço. In "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 11, pp. 97 e
98.
JACOB MELO 49
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2. Que vapor seria esse que saiu do corpo de Castro?
3. Por que Castro, se revelara maior, em perispírito, que seu corpo? Como e por que isso se
dá?
4. Que cordão vaporoso era aquele que ligava Castro ao corpo?
5. Por que teria havido necessidade de uma segunda aplicação de passe?
6. Que se pensar das cores azul e laranja; cada uma num lado distinto do corpo espiritual de
Castro?
7. Afinal, o que teria sido "engolido", do perispírito de Castro, por seu próprio corpo?
São questões que, se não puderem ser bem respondidas por enquanto, depois que tivermos
concluído o livro o leitor terá, com certeza grandes soluções. Portanto, vamos em frente!

2.6 - Uma Rápida Conclusão
O perispírito, este nosso companheiro de estrada ou, melhor dizendo, este nosso melhor indu-
mento, necessita ser bem conhecido; afinal, não se trata de uma mera vestimenta física ou de uma in-
sígnia para fazer registrar o "status" de seu possuidor. Muito mais que isso, é uma "máquina" multi-
uso, de poderes tão variados e para atendimento de finalidades tão diversas que desconhecê-lo é, no
minimo, desperdicio injustificável, mormente por quem quer extrair-lhe os melhores produtos. Assim
como um computador, que quase nada vale se não sabemos usá-lo, o perispírito perde muito de suas
potencialidades se lhe atribuímos apenas a importante, mas limitada, função de gerenciar as ativida-
des diretas e exclusivas de ligar o Espírito ao corpo. Assim como o computador não é, em si mesmo,
inteligente, o perispírito igualmente não o é por não ser Espírito; enquanto o computador guarda
funções e executa tarefas tão avançadas e de maneira tão eficiente, por resoluções que evidenciam a
inteligência do homem que o concebeu e o opera, o perispírito, por um automatismo divino, interpre-
ta o Espírito que lhe preside a existência. Assim como do computador não precisamos, necessaria-
mente, entender a sua estrutura mecânica, física, elétrica e eletrônica para podermos operá-lo com
proveito, mas, carecemos aprender a manuseá-lo, segundo sua concepção "filosófica" e fazer uso
dos dispositivos para tal destinados, semelhantemente podemos deduzir que o Espírito em essência,
nos é ainda inabordável, mas, é quase imperiosa a necessidade de conhecermos este indumento, suas
funções e sob que leis se rege para, dessa maneira, extrairmos de sua essência, todas as suas potenci-
alidades funcionais.
Quando inserimos o perispírito de forma destacada neste capítulo, foi porque ele é o melhor (e
talvez o único, por enquanto) meio de entendermos e alcançarmos o Espírito, já que, suas evidências
e seus registros deixados ao longo do tempo nos facilitam o entendimento. Por ele podemos avaliar
funcionamento, limites e regência de leis na elaboração do relacionamento que temos, cada um de
nós, com a matéria; e por ser fluidico, temos (e já o fizemos) como comprovar que sua estrutura
funcional obedece às leis dos fluidos e, portanto, dirigido pela ação psíquica do seu senhor, o Espíri-
to.
Fechemos esta parte deste capítulo com a palavra do Espírito Lamennais:
"O que uns chamam de perispírito não é senão o que outros chamam de envoltório material
fluídico. Direi (...) que esse fluido é a perfectibilidade dos sentidos, a extensão da vista e das idéias.
Falo aqui dos Espíritos elevados. Quanto aos Espíritos inferiores, os fuidos terrestres ainda Ihe são
de todo inerentes; logo, como vedes, matéria. Daí os sofrimentos da fome, do frio, etc., sofrimentos
que os Espíritos Superiores não podem experimentar, visto que os fuidos terrestres se acham depu-
rados em torno do pensamento, isto é, da alma. (...) O perispírito, para nós outros Espíritos errantes,
é o agente por meio do qual nos comunicamos convosco, quer indiretamente, pelo vosso corpo ou
pelo vosso perispírito, quer diretamente, pela vossa alma; donde, infinitas modalidades de médiuns e
de comunicações.
JACOB MELO 50
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



"Agora o ponto de vista científico, ou seja: a essência mesma do perispírito. Isto é outra ques-
tão. Compreendei primeiro, moralmente. Resta apenas uma discussão sobre a natureza dos fluidos,
coisa por ora inexplicável. A ciência ainda não sabe o bastante, porém Iá chegará, se quiser caminhar
com o Espiritismo. O perispírito pode variar e mudar ao infinito. A alma é o pensamento: não muda
de natureza. Não vades mais longe, por este lado; trata-se de um ponto que não pode ser explicado.
Supondes que, como vós, também eu não perquiro? Vós pesquisais o perispírito; nós outros, agora,
pesquisamos a alma. Esperai, pois"185 (grifo original).

3 - CENTROS DE FORÇA
Procuraremos fazer uma ligação entre os três "assuntos complementares", recorrendo às pala-
vras do Codificador: "Pela sua união íntima com o corpo, o perispírito desempenha preponderante
papel no organismo. Pela sua expansão, põe o Espírito encarnado em relação mais direta com os Es-
píritos livres e também com os Espíritos encarnados".
"O pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais, como o dos desencarnados, e se
transmite de Espírito a Espírito pelas mesmas vias e, conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os
fluidos ambientes".
"(...) Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica a dos fluidos espirituais, ele os
assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um Iíquido. Esses fuidos exercem sobre o
perispírito uma ação tanto, mais direta quanto, por sua expansão e sua irradiação, o perispírito com
eles se confunde".
"Atuando esses fuidos sobre o perispírito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material
com que se acha em contacto molecular. Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma
impressão salutar; se forem maus, a impessão é penosa. Se são permanentes e enérgicos, os eflúvios
maus podem ocasionar desordens físicas; não é outra a causa de certas enfermidades.
"Os meios onde superabundam os maus Espíritos são, pois, impregnados de maus fluidos que
o encarnado absorve pelos poros perispiriticos, como absorve pelos poros do corpo os miasmas pes-
tilenciais"186 (grifamos).
Antes que detalhemos o assunto, indagamos: que seriam esses "poros perispirituais" a que se
referiu Kardec? E quando ele questionou os Espíritos se a alma seria exterior ou interior ao corpo,
que teriam quando os Espíritos realmente expressar com "A alma é o centro de todos os envoltórios,
como o gérmen em um núcleo (...)"187?

3.1 - Definições
Praticamente em toda e qualquer literatura que trate do assunto, nos depararemos com a liga-
ção entre as terminologias: Centros de Força (também chamados de Centros Vitais por André Luiz)
e chakras, sendo frisado que a palavra Chakra significa roda, em sânscrito.
Outra concordância comum é quanto a sua condição energética:
188
"(...) Podem ser encarados como vórtices de força" - Peter Rendel ;
"Os chakras, ou centros de força, são pontos de conexão ou enlace pelos quais flui a energia
de um a outro veículo ou corpo do homem" - Leadbeater189;

185
KARDEC, Allan. Dos sistemas. In "O Livro dos Médiuns", 1ª Parte, cap. 4.
186
KARDEC. Allan. Os fluidos. In "A Gênese", cap. 14, item 18.
187
KARDEC, Allan. Da encarnação dos Espíritos. In "O Liv ro dos Espíritos", Parte 2ª , cap. 2, item A alma, questão
141.
188
RENDEL, Peter. Introdução. In "Os Chakras", p. 11.
189
LEADBEATER, C. W. Centros de força. In "Os Chakras", cap. 1, item Os centros, p. 19.
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"Estes chakras funcionam como terminais, através dos quais a energia (prana) é transferida de
planos superiores para o corpo físico" - Keith Sherwood190;
"Centros de Força ou Rodas são acumuladores e distribuidores de força espiritual, situados no
191
corpo etéreo peIos quais transitam os fluidos energéticos (...)" - Edgard Armond ;
"Chakra é considerado como um intermediário de transferência de energia entre duas dimen-
sões vizinhas do ser, tanto como um centro proporciona a conversão de energia entre um corpo e
sua mente correspondente" - Hiroshi Motoyama192 ;
"CHAKRAS SÃO CENTROS PSIQUICOS que estão sempre ativos no corpo, não importa se
temos ou não consciência deles. A energia se move através dos chakras para produzir diferentes es-
tados psíquicos" - Harish Johari193 (Maiúsculas originais); e tantas e tantas outras.

3.1.1 - A Visão Espírita
Capturando as questões que propusemos há pouco, apesar de não podermos afirmar que por
"poros perispiriticos" tenha Kardec explicitado os centros de força, nem que por "envoltórios" tam-
pouco tenha se referido diretamente aos "corpos ou capas do espírito" tal como ensinados pelo eso-
terismo, não podemos esquecer que, pelo genérico com que muitos assuntos foram abordados, fica
aberta a possibilidade de tirarmos algumas ilações de suas palavras mesmo que elas não tragam o cu-
nho do explicito. Isto, contudo, não pode ser argumento para se importar ou se impor qualquer teo-
ria ou hipótese ao corpo doutrinário: vale para que busquemos raciocínos, informações e, inclusive,
crivemos coisas universalmente conhecidas e estudadas por doutrinas espiritualistas, pela ótica sem-
pre avançada e firme do Espiritismo.
Tendo partido de constatação como esta, foi que, alguns Espíritos da maior credibilidade e au-
tores com insuspeita isenção de ânimos e apurados sentidos críticos e analíticos, houveram por bem
trazer à Doutrina Espírita tão ricos e profícuos estudos. Por eles, constatamos que os Centros de
Força não constituem parte intrínseca da estrutura do Espírito, pois, são instrumentos desenvolvidos
no corpo espiritual com o fim de realizar as adequações devidas entre os aspectos exteriores e interi-
ores da realidade espiritual do ser imortal. Nosso confrade Jorge Andréa esclarece bem o assunto:
"Vários estudos têm mostrado a existência, no perispírito, de discos energéticos (chakras), como
verdadeiros controladores das correntes de energias, centrífugas (do Espírito para a matéria) ou cen-
trípetas (da matéria para o Espírito), que aí se instalam como manifestações da própria vida. Esses
discos energéticos comandariam, com as suas "superfunções", as diversas zonas nervosas e de modo
particular o sistema neurovegetativo, convidando, através dos genes e código genético, ao trabalho
ajustado e bem ordenado da arquitetura neuroendócrina"194.
"Como não desconhecem - diz o Espírito Clarêncio --, o nosso corpo de matéria rarefeita está
íntimamente regido por sete centros de força, que se conjugam nas ramificações dos plexos que, vi-
brando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente, estabelecem, para nos-
so uso, um veículo de células elétricas, que podemos defìnir como sendo um campo eletromagnético,
195
no qual o pensamento vibra em circuito fechado" . E completa: "Nossa posição mental determina o
peso específico do nosso envoltório espiritual e, consequentemente, o "habitat" que Ihe compete.
Mero problema de padrão vibratório", acrescentando mais adiante: "TaI seja a viciação do pensa-
mento, tal será a desarmonia no centro de força, que reage em nosso corpo a essa ou àquela classe
196
de influxos mentais" (grifamos).

190
SHERWOOD, Keith. Os chakras. In "A Arte da Cura Espiritual", cap. 6, p. 65.
191
ARMOND, Edgard. Centros de força. In "Passes e Radiações, cap. 2, p. 46.
192
MOTOYAMA, Hiroshi. Introdução. In "Teoria dos Chakraas", item Os chakras e os nadis, p. 21.
193
JOHARI, Harish. Prefácio. In "Chakras", p. 9.
194
ANDRÉA, Jorge. Perispírito ou psicossoma, In "Forças Sexuais da Alma", cap. 1, p. 36.
195
XAVIER, Francisco Cândido. Conflitos da Alma. In "Entre a Terra e o Céu", cap. 20, p. 126.
196
XAVIER, Francisco Cândido. Conflitos da Alma. In "Entre a Terra e o Céu". cap. 20, p. 127.
JACOB MELO 52
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Para estabelecer, em definitivo, o assunto, segundo a ótica espírita, deixamos com Clarêncio e
André Luiz a palavra, na qual poderemos constatar o caráter sempre voltado para a moralidade com
que ela, a Doutrina, se posiciona: "- Cada "centro de força" - ponderou André Luiz - exigirá absolu-
ta harmonia, perante as Leis Divinas que nos regem, a fim de que possamos ascender no rumo do
Perfeito Equilíbrio (...)
"- Sim - confirmou Clarêncio --, nossos deslizes de ordem moral estabelecem a condensação
de fluidos inferiores de natureza gravitante, no campo eletromagnético de nossa organização, com-
pelindo-nos a natural cativeiro em derredor das vidas começantes às quais nos imantamos"197 (grifa-
mos).

3.1.2 - A Visão Esoterista

Mesmo reconhecendo que as energias espirituais e mentais são preponderantes na ação desses
centros de força, algumas escolas preferem se ater mais aos aspectos físicos ou, diríamos, mais mate-
riais da questão, criando, inclusive, imagens para expressá-los como centros anímicos, igrejas, Iótus,
estrelas, divindades, ou endereçando-os a prováveis correspondentes físicos, como os plexos, ou a
elementos como o azoto, o éter, o ar, o fogo, a água e a Terra.
De uma forma genérica, no esoterismo não encontramos uma uniformidade sobre quase nada
que diz respeito a tal assunto ou coligados, a começar pela definição do número de centros de força,
como é o caso do budismo tibetano:
"Os chakras ou plexos psíquicos (em tibetano: khor-lo, literalmente "roda") são os centros cir-
culares formados sobre a veia central pela inteterseção de muitas veias sutis e pela coleção de várias
essências.
"(...) No sistema tântrico tibetano há um máximo de seis chakras principais, em confronto com
os sete do sistema hindu. Só se usam, de hábito, cinco chakras na visualização interior tibetana e,
198
não raro, só se menciona três" . Por este exemplo se vê que a questão do número é bem imprecisa.
Portanto, não iremos nos fixar no caráter absoluto que alguns autores querem dar a suas hipóteses
mas apenas aventaremos alguns pontos para conformar com nossas necessidades de entendimento e
comparação.
O estudo dos chakras, assim como do perispírito, remonta a uma antiguidade muito distante.
Por ter sido transmitido quase sempre de forma iniciática e muito privada, esteve restrito durante mi-
lênios e limitados ao oriente. Entrementes, ao contrário do que imaginava quem acreditava estivesse
tal assunto, por assim tratado, isento de desvios e universalidade, ocorreu exatamente o contrário; o
assunto ganhou as ruas, muitos adaptaram entendimentos, alguns impuseram ilações próprias e hqje
é comum se encontrar, em quaIquer livraria, literatura sobre o assunto. Contudo, é desnorteante o
fato de não haver uma concordância entre os diversos autores sobre coisas, inclusive, consideradas
básicas. Assim nos pronunciamos, no intuito de alertar quem queira conhecer o assunto com maior
aprofundamento, quanto ao cuidado que deve ter quando estudar e interpretar as obras concernen-
tes. Particularmente, tivemos dúvidas e entendimentos muito contraditórios quando tentamos estudar
tal tema em sua vez primeira; e o fator causador foi exatamente essa falta de concordância. E como o
assunto, além de envolver algumas abordagens, por subjetivas demais, complexas, invariavelmente é
tratado de uma maneira muito mística e misteriosa, fica difícil um discernimento mais seguro enquan-
to não se tiver vasculhado um bom número de obras.
A visão esoterista dos chakras, portanto, não poderia, nem conviria, ser resumida neste espaço
pois se assim fizéssemos criaríamos um emaranhado de conjugações de termos e valores que só tra-

197
XAVIER, Francisco, Cândido. Conversação edificante. In "Entre a Terra e o Céu", cap. 21, pp. 131 a 133.
198
CLIFFORD, Terry. A medicina tântrica. In "A Arte de Curar no Budismo Tibetano", cap. 5, item Os chakras e a
esplendida visão interior, p. 104.

JACOB MELO 53
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ria mais problemas que soluções. Por isso, para quem queira proceder um aprofundamento na área,
recomendamos sejam buscadas muitas obras, lidas todas mas tendo-se em mente, sempre, a reco-
mendação paulina de que "leiamos tudo, retendo apenas o que for bom". Neste campo, mais que em
outros, todo cuidado é pouco!

3.2 - Sua Classificação
Busquemos a palavra do Esplrito Clarencio a respeito: "Analisando a fisiologia do perispírito,
classifiquemos os seus centros de força, aproveitando a lembrança das regiões mais importantes do
corpo terrestre. Temos, assim, por expressão máxima do veículo que nos serve presentemente, o
"centro coronário" que, na Terra, é considerado pela filosofia hindu como sendo o lótus de mil péta-
las, por ser o mais significativo em razão do seu alto potencial de radiações, de vez que nele assenta
a ligação com a mente, fulgurante sede da consciência. (...) Logo após, anotamos o "centro cere-
bral", contíguo ao "centro coronário" (...). Em seguida, temos o "centro laríngeo" (...). Logo após,
identificamos o "centro cardíaco" (...). Prosseguindo em nossas observações, assinalamos o "centro
esplênico" (...). Continuando, identificamos o "centro gástrico" (...) e, por fim temos o "centro gené-
sico".
"(...) Tudo é trabalho da mente no espaço e no tempo, a valer-se de milhares de formas, a fim
de purificar-se e santificar-se para a Glória Divina"199 (grifamos).

3.3 - Sua Localização
Uma coisa podemos ter como certa: os centros de força têm seus correspondentes (não con-
fundir com "suas ídentidades") no corpo orgânico; partindo daí podemos fazer uma localização geo-
gráfica, correspondendo-os aos plexos com que se relacionam, desde que, atentemos para o fato de
que os centros de força em si não se acham encerrados no corpo físico, mas no perispírito. pelo que
eles podem se encontrar, como são registrados pelos estudos da aura,externos ao corpo orgânico,
ainda que se afunilem em direção àquele. E quando dizemos "se afunilem", o dizemos de forma lite-
ral, pois, as informações existentes, sobre a forma dos centros de força, são concordes em todas as
Escolas, ou seja: são como funis que giram num determinado sentido, formando minifuracões, mini-
redemoinhos, com a "boca" desses funis direcionada ao espaço etérico (vide FIGURAS 2.A e 2.B).
Dessa forma teríamos:
Centro de Força Plexo Correspondente Localização
Coronário Coronário Alto da cabeça
Frontal Frontal (Carótico) Fronte (Lobo frontal)
Laríngeo Laríngeo (Faríngeo) Na garganta
Cardíaco Cardíaco Sobre o coração
Gástrico (Solar) Gástrico (Solar) Sobre o estômago
Esplênico Esplênico (Mesentérico) Sobre o baço
Genésio (Básico) Coccígeo (Hipogástrico) Baixo ventre

Como já vimos acima, o confrade Jorge Andéa preferiu chamar os chakras de "discos energéti-
cos", relacionando-os ao perispírito (psicossoma). Assim se expressa ele: "A zona mais externa do
psicossoma, onde se expressam os discos energéticos, é a mais rica de vibrações e colorido, variando
de um para outro disco, na dependência da importância fisiológica de que estão investidos". São
muitos; mas os príncipais e dignos de citação são em número de sete, e, pela localização, podemos
classificá-los em:

199
XAVIER, Francisco Cândido. Conflitos da Alma. In "Entre a Terra e o Céu", cap. 20, p.128.
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"a) epifisiário - no centro do crânio;
"b) frontal - ao nível do lobo frontal;
"c) laríngeo - na região cervical (pescoço);
"d) cardíaco - na região pericordial (coração);
"e) solar - na região epigástrica (correspondendo ao fígado);
"f) esplênico - na região esplênica (correspondendo ao baço); e
"g) hipogástrico ou genésico - na região hipogástrica (correspondendo á bexiga)200.

3.4 - Suas Funções
Um fator que nos faz ponderar acerca de uma necessidade, tão-só meridiana, de conhecermos
o assunto é a parcimônia com que os Espíritos sérios têm tocado no tema; enquanto alguns a eles se
referem in passant, mencionando-os por terem sido
acionados e não adiantando nada mais além, apenas
com André Luiz registramos uma infomação mais
direta, mais aberta, mais explícita.
Isto posto, iremos ver as funções desses sete
centros de força, com moderada reflexão, a fim de
que a precipitação não nos projete a emaranhados de
dúvidas, nem nos fixemos no comodismo de
desconhecer esses verdadeiros canais de assimilação
e projeção do perispírito. Afinal, concordemos ou
não, para que tenhamos um aprofundamento dos
conhecimentos que envolvem a fluidoterapia, faz-se
FIGURAS 2A e 2B indispensável consideremos, ainda que por hipótese
apenas, os centros de força.

3.4.1 - Do Centro Coronário
Assim se refere o Espírito Clarêncio: "(...) Nele assenta a ligação com a mente, fulgurante sede
da consciência. Esse centro recebe em primeiro lugar os estímulos do Espírito, comandando os de-
mais, vibrando todavia com eles em justo regime de interdependência. Considerando (...) os fenôme-
nos do corpo físico, e satisfazendo aos impositivos da simplicidade (...), dele emanam as energias de
sustentação do sistema nervoso e suas subdivisões, sendo o responsável pela alimentação das células
do pensamento e o provedor de todos os recursos eletromagnéticos indispensáveis à estabilidade or-
gânica. É, por isso, o grande assimilador das energias solares e dos raios da Espiritualidade Superior,
201
capazes de favorecer a sublimação da alma" .
202
André Luiz, que registrou as informações acima, diz mais em outra obra , quando relaciona
ditos centros de força com o perispírito, neste identificando "O centro coronário, instalado na região
central do cérebro, sede da mente, centro, que assimila os estímulos do Plano Supenor e orienta a
forma, o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma encarnada
ou desencamada, nas cintas de aprendizado que Ihe corresponde no abrigo planetario. O centro co-
ronário supervisiona, ainda, os outros centros vitais que Ihe obedecem ao impulso, procedente do
Espírito, assim como as peças secundárias de uma usina respondem ao comando da peça-motor de
que se serve o tirocínio do homem para concatená-las e dirigi-las". E acrescentou: "Temos particu-


200
ANDRÉA, Jorge. Psicossoma. In "Nos Alicerces do Inconsciente", cap. 2, p.69.
201
XAVIER, Francisco Cândido. Conflitos da Alma, In "Entre a Terra e o Céu", cap. 20, p.127.
202
XAVIER, Francisco Cândido. Corpo espiritual. In "Evolução em Dois Mundos", cap. 2, item Centros vitais, p.26.
JACOB MELO 55
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larmente no centro, coronário o ponto de interação entre as forças determinantes do Espírito e as
forças fisiopsicossomáticas organizadas.
"Dele parte, desse modo, a corrente de estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria
mental que o envolve, transmitindo aos demais centros da alma os reflexos vivos de nossos sentimen-
tos, idéias e ações, tanto quanto esses mesmos centros, interdependentes entre si, imprimem seme-
lhantes reflexos nos órgãos e demais implementos de nossa constituição particular, plasmando em
nós próprios os efeitos agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e Conduta"203.

3.4.2 - Do Centro Cerebral
Continuemos com a palavra de Clarêncio204: "(...) Anotamos o "centro cerebral", contíguo ao
"centro coronário", que ordena as percepções de variada espécie, percepções essas que, na vestimen-
ta carnal, constituem a visão, a audição, o tato e a vasta rede de processos da inteligência que dizem
respeito à Palavra, à Cultura, à Arte, ao Saber. É no "centro cerebral" que possuímos o comando do
núcleo endócrino, referente aos poderes psíquicos".
205
André Luiz novamente acrescenta mais algum detalhe : "Desses centros secundários, entrela-
çados no psicossoma, e, consequentemente, no corpo físico, por redes plexiformes, destacamos o
centro cerebral contíguo ao coronário, com influência decisiva sobre os demais, governando o córti-
ce encefálico na sustentação dos sentidos, marcando a atividade das glândulas endócrinas e adminis-
trando o sistema nervoso, em toda a sua organização, coordenação, atividade e mecanismo, desde os
neurônios sensitivos até as células efetoras (...)".
Pela exposição das funções desses dois primeiros centros de força, onde a espiritualidade já
consigna ao primeiro o título de centro principal e, ao segundo, o de mais importante dos secundá-
rios, podemos, clara e linearmente, perceber a importância maior dos que estão acima sobre os que
lhe são subsequentes, na disposição "geográfica" do corpo humano. Isto é valioso ser registrado,
pois, estes dois centros de força têm excepcional importância não apenas na vida física, como na psí-
quica e na espiritual propriamente dita; registre-se, portanto, o valor que é dado à seqüência "alto
para baixo", "partes superiores a partes inferiores", "cabeça aos pés", etc. Esta sequência, a nivel de
grau de importância, não é privativa dos Espíritos nem dos espíritas; ela é comum a todas as filosofi-
as e escolas que estudam os chakras, apesar de várias delas, na hora da prática, esquecerem este
"pequeno detalhe". Precisaremos dessa observação mais adiante.

3.4.3 - Do Centro Laríngeo
206
Voltamos a pa]avra a Clarêncio : "Em seguida, temos o "centro laríngeo", que preside aos
fenômenos vocais, inclusive às atividades do timo, da tireóide e das paratireóides", "(...) controlando
notadamente a respiração e a fonação"207. André Luiz.

3.4.4 - Do Centro Cardíaco
Continuemos, respectivamente, com Clarêncio208 e André Luiz209: "Logo após, identificamos o
"centro cardíaco", que sustenta os serviços da emoção e do equilíbrio geral (...)", "(...) dirigindo a
emotividade e a circulação das forças de base".

203
XAVIER, Francisco Cândido. Corpo espiritual. In "Evolução em Dois Mundos", item Centro coronário, p. 27.
204
XAVIER, Francisco Cândido. Conflitos da Alma, In "Entre a Terra e o Céu", cap. 20, p.127.
205
XAVIER, Francisco Cândido. Corpo espiritual. In "Evolução em Dois Mundos", cap. 2, item Centros vitais, p.26.
206
XAVIER, Francisco Cândido. Conflitos da Alma, In "Entre a Terra e o Céu", cap. 20, p.127.
207
XAVIER, Francisco Cândido. Corpo espiritual. In "Evolução em Dois Mundos", cap. 2, item Centros vitais, p.26.
208
XAVIER, Francisco Cândido. Conflitos da Alma, In "Entre a Terra e o Céu", cap. 20, p.127.
209
XAVIER, Francisco Cândido. Corpo espiritual. In "Evolução em Dois Mundos", cap. 2, item Centros vitais, p.26.
JACOB MELO 56
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Jorge Andréa, se referindo ao "disco cardíaco", lembra ainda que ele "responderia pelas ener-
gias em todo o aparelho circulatório, dando orientação aos fenômenos da zona de "vitalização"210 .

3.4.5 - Do Centro Esplênico
Permita-nos o leitor continuemos com Clarêncio e André Luiz, na mesma seqüência e obras
como vimos fazendo: "(...) Assinalamos o "centro esplênico", que, no corpo denso, está sediado no
baço, regulando a distribuição e a circulação adequada dos recursos vitais em todos os escaninhos do
veículo de que nos Servimos", "(...) determinando todas as atividades em que se exprime o sistema
hemático, dentro das variações de meio e volume sanguíneo".

3.4.6 - Do Centro Gástrico
E vamos prosseguindo com a mesma dupla acima, na mesma ordem: "(...) Identificamos o
"centro gástrico", que se responsabiliza pela penetração de alimentos e fluidos em nossa organiza-
ção", e "pela digestão e absorção dos alimentos densos ou menos densos que, de qualquer modo, re-
presentam concentrados fluidicos penetrando-nos a organização".

3.4.7 - Do Centro Genésico
Concluamos com os mesmos Espíritos que nos orientaram nos seis centros anteriores, na
mesma sequência: "(...) Por fim, temos o "centro genésico", em que se localiza o santuário do sexo,
como templo modelador de formas e estímulos", por isso mesmo "(...) Guiando a modelagem de no-
vas formas entre os homens ou o estabelecimento de estímulos criadores, com vistas ao trabalho, à
associação e à realização entre as almas".

3.4.8 - Gerais
Já tivemos oportunidade de registrar que o Espírito André Luiz também titulou os centros de
força como "centros vitais"; eis, então, sua visao mais generalizada dos mesmos: "São os centros vi-
tais fulcros energéticos que, sob a direção automática da alma, imprimem às células a especialização
extrema, pela qual o homem possui no corpo denso, e detemos, no corpo espiritual em recursos e-
quivalentes, as células que produzem fosfato e carbonato de cálcio para a construção dos ossos, as
que se distendem para a recobertura do intestino, as que desempenham complexas funções químicas
no figado, as que se transformam em filtros do sangue na intimidade dos rins e outras tantas que se
ocupam do fabrico de substâncias indispensáveis à conservação e defesa da vida nas glândulas, nos
tecidos e nos órgãos que nos constituem o cosmo vivo de manifestação"211. Mas ele não parou por
aí: "(...) Os centros vitais (...) são também exteriorizáveis, quando a criatura se encontre no campo
da encarnação, fenômeno esse a que atendem habitualmente os médicos e enfermeiros desencarna-
dos, durante o sono vulgar, no auxílio a doentes físicos de todas as latitudes na Terra, plasmando re-
novações e transformações no comportamento celular, mediante intervenções no corpo espiritual,
segundo a lei do merecimento, recursos esses que se popularizarão na medicina terrestre do grande
futuro"212.
No prosseguimento, André Luiz nos fala desses centros no indivíduo que desencarna, os quais,
como resultante no perispírito, sofrem variações, "segundo o equilíbrio emotivo e o avanço cultural
daqueles que o governam (...), apresentando transformações fundamentais (...) principalmente no
centro gástrico, pela diferenciação dos alimentos de que se provê, e no centro genésico, quando há
210
ANDRÉA, Jorge. Psicossoma. In "Nos Alicerces do Inconsciente", cap. 2, p. 69.
211
XAVIER, Francisco Cândido. Corpo espiritual. In "Evolução em Dois Mundos", cap. 2, item Centros vitais e cé-
lulas, p. 28.
212
XAVIER, Francisco Cândido. Corpo espiritual. In "Evolução em Dois Mundos", item Exteriorização dos centros
vitais, p. 29.
JACOB MELO 57
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sublimação do amor, na comunhão das almas que se reúnem no matrimônio divino das próprias for-
ças, gerando novas fórmulas de aperfeiçoamento e progresso para o reino do Espírito"213.
Assim encontramos André Luiz, com sua visão espiritual, fazendo verdadeira precognição
quanto ao futuro da Ciência Médica, quando do encontro desta com as realidades do perispírito e
dos centros de força, não por extensão de um materialismo que se torna, a cada dia, mais filosófico e
metafísico, mas pela evidência irrefutável do impalpável - com sói acontece às ondas de uma emisso-
ra de rádio - que se tornará captável, não apenas pelos sentidos psíquicos e mediúnicos, porém pela
parafernália eletrônica que se avizinha do nosso cotidiano comum, de forma irreversível, avassalado-
ra. Neste campo específico, a obra "Teoria dos Chakras" de Hiroshi Motoyama já apresenta, ao final,
toda uma maquinaria eletrônica por ele utilizada para medir campos e pontos energéticos do corpo
humano e, segundo ele, astral também. Dito autor, hoje, é ovacionado por muitos cientistas de várias
partes do mundo pelo cunho muito sério que vem dando às suas pesquisas.

3.4.9 - Exemplos de Passes nos Centros de Força
Até mesmo para não tornar a leitura cansativa, faremos apenas dois registros de exemplos, on-
de fica bem evidenciada a ação dos passes por interveniência dos centros de força; ambos exemplos
serão extraídos de uma mesma obra espírita, posto que as palavras de André Luiz e Clarêncio, já
mencionadas, deixam claro que este assunto não é, necessariamente, doutrina estranha.
"O obsessor dominava-o, quase completamente, acoplando-se aos centros de forças com toda
a pujança do desejo irrefreável.
"(...) A única medida apaziguadora e oportuna será um ligeiro sono.
"Acercou-se do leito (...) e aplicou-lhe energias relaxadoras, que, adicionadas ao desgaste e-
mocional dos momentos vividos, passaram a um efeito quase imediato.
214
"Dirigidas aos centros cerebral e solar, acalmaram-lhe a mente e as emoções inferiores (...)"
(Manoel Philomeno de Miranda) (grifos originais).
"(...) Conseguiu, também, através da aplicação correta de bioenergia nos centros coronário e
215
cerebral, diluir as ideoplastias (...)" .
Uma outra fonte riquíssima de informações, mormente sobre os centros coronário e genésico,
se encontra na obra "No Mundo Maior" de André Luiz, onde o aprofundamento das questões do cé-
rebro e da mente são de uma riqueza indescritível. Deixamos ao leitor a sugestão dessa infatigável e
enriquecedora leitura.

3.5 - Desarmonia dos Centros de Força
Desde que podemos assimilar a ação dos centros de força até mesmo por força das ações or-
gânicas do corpo humano, de igual sorte podemos entender que sua desarmonia, sua disfunção, re-
percutirá diretamente nos veículos somático e perispiritual, pelo que importa tenhamo-los harmoni-
zados, equilibrados, em perfeito funcionamento.
Já observamos que nossa condução mental influi, direta e decisivamente, em nosso hálito fluí-
dico, e este, por sua vez, impressiona nosso ''corpo e espiritual "; se equilibrado e hârmonico, tran-
substância defeitos em "virtudes", mazelas físicas em saúde pela substituição osmótica ou indireta
das moIéculas desarmonizadas ou doentes por moléculas sãs; se em desequilibrio, transmite deficiên-

213
FRANCO, Divaldo Pereira. Nefasta planificação desarticuladora. In "Loucura e Obsessão", cap. 14, pp. 174 e
175.
214
FRANCO, Divaldo Pereira. Nefasta planificação desarticuladora. In "Loucura e Obsessão", cap. 14, pp. 174 e
175.
215
FRANCO, Divaldo Pereira. As consultas. In "Loucura e Obsessão", cap. 3, p. 35.
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cias, marcas e doenças, a maior ou menor prazo, com mais forte ou mais brando efeito, sob ação
temporal ou com reflexos crônicos.
De maneira direta, nosso agir e nosso pensar desequílibrados fazem surgir desarmonias nos
centros de força que, para se restabelecerem, carecem do restabelecimento do seu portador. E isso
não se dá pelo simples acionar de uma chave chamada "ativação dos centros de força" e sim pelo re-
equilíbrio do "campo" que gerou o "defeito". E, disso todos temos plena convicção, não será um
simples passe que resolverá, nem mesmo uma oração balbuciada pelo reflexo condicionado apenas
de se juntar palavras; são os passes e a prece veículos intercessórios, medicamentos reparativos
complementares, que, embora dos mais úteis e, diríamos, indispensáveis, não são a base real do ree-
quilíbrio e da rearmonização dos centros de força, a qual se estriba na reforma moral, pelo "carregar
a própria cruz", sem blasfêmias, sem alvoroços, sem temeridade.
Rearmonizar os centros de força, portanto, é reformar-se moralmente, agindo de maneira cristã
em todos os momentos da vida. Mas, como isso não é comum às nossas ampliadas comodidades, a
nós, falíveis espíritos devedores, nos cabe exercitar por possuí-las pelo perdão, pela fraternidade e
pela compreensão, ajudando, socorrendo e, sobretudo, orando por nosso próximo. Dessa forma vi-
braremos em ondas de mais elevado teor moral, fazendo valer nosso centro coronário como captador
das boas energias espirituais para distribuir o equilíbrio devido aos demais centros, assim espirituali-
zando nossa matéria, como nos propôs Emmanuel na nota que abriu nosso capítulo.

3.6 - A Kundalini
Apenas para não deixar de mencionar, registramos este item, posto que vários autores fazem
referência a tal tema, alguns chegando mesmo a sugerir o "despertar da kundalini" nas práticas Espí-
ritas. O nivel de desinformação e desencontro que envolve o assunto, entretanto, é tão grave que não
recomendamos esse "despertar".
Para se ter uma idéia, enquanto alguns afirmam que a kundalini provém do "centro da Terra",
outros dizem que ela se assenta e se origina "no centro básico" do homem, enquanto outros garan-
tem que ela é uma das energias vindas do sol. Por outro lado, em existindo essa força, essa energia é
excessivamente material, venha de onde vier, parta de onde partir, pois, pela maioria que a estuda e a
propaga, é ela classificada como violenta, materializante, bruta, ígnea e profundamente ligada à parte
mais triste da sexualidade. Isso, cremos, já bastaria para convirmos que não é de boa medida sua
busca, seu desenvolvimento, muito menos utilizá-la para "acionar, rodar ou ativar os centros de for-
ça"; pelo menos como alguns vêm ensinando.
Antes de tudo, temos uma visão Espírita, baseada no Evangelho de Jesus, que nos recomenda
valorizemos nossa elevação pela reforma moral, pelo esforço em corrigir os próprios defeitos, pela
prática do bem sem segundas intenções, além de buscarmos forças nos Planos Espirituais através da
prece sentida e sincera, pois, nosso progresso se dá pela ação efetiva do amor, trabalho e renúncia e
não por meros exercícios de concentração, meditação e reclusão. Por isso, não julgamos seja uma a-
titude de bom senso o querer fazer com que essa força seja a substituta das energias espirituais mais
elevadas no papel de rearmonização dos centros de força, nem mesmo das energias solares. Eis por
que não aceitamos como de boa medida o chamado "despertar da kundalini", que vem a se confun-
dir, em claro português, com um trânsito de energias densas e restringentes por nosso corpo, via
maior adensamento do duplo etérico, ativando, de baixo para cima, nossos centros de força.
Queremos ativar chakras? Busquemos o Evangelho. Queremos renovar energias? Cumpramos
o Evangelho. Queremos sublimar energias? Vivamos o Evangelho. Tudo o mais nos virá por acrés-
cimo da bondade de Deus!




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CAPÍTULO V - QUEM É QUEM
NO PASSE
"Nem todos os homens são sensíveis à ação magnética, e, entre os que o são, pode haver maior
ou menor receptividade, o que depende de diversas condições, umas que dizem respeito ao magneti-
zador e outras ao próprio magnetizado, além de circunstâncias ocasionais oriundas de diversos fato-
216
res". (Michaelus) .

Antes que iniciemos o estudo do "quem é quem" propriamente dito, analisemos três fatores de
alta relevância para o entendimento e a consecução do passe.

1. FÉ, MERECIMENTO E VONTADE
1.1- A Fé
"O poder da fé se demonstra, de modo direto e especial. na ação magnética; por seu intermé-
dio, o homem atua sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá uma impulsão
por assim dizer irresistível. Daí decorre que aquele que, a um grande poder fluídico normal, junta ar-
dente fé, pode, só pela força da sua vontade dirigida para o bem, operar esses singulares fenômenos
de cura e outros, tidos antigamente por prodígios, mas que não passam de efeito de uma lei natural.
Tal o motivo por que Jesus disse a seus apóstolos: "Se não o curastes, foi porque não tendes fé" (Al-
217
lan Kardec) . (Grifos nossos.)
Na verdade não há muito o que interpretar dessas palavras de Kardec; apenas ressaltamos a
ponte existente entre a fé e a ação fluídica por obra da "força da sua vontade". Desnecessário, por-
tanto, dizer que a ausência da fé, por parte do passista, é a anulação prática de seu "poder" e, no
paciente, é a falta do catalisador fundamental da cura. É, como disse Anna, rainha da Romênia,
218
quando prefaciou George Chapman: "Serão salvos os que tiverem fé" .
Na pena de Léon Denis, observamos uma notável síntese deste assunto: "a fé vivaz, a vontade,
a prece e a evocação dos poderes superiores amparam o operador e o sensitivo. Quando ambos se
219
acham unidos pelo pensamento e pelo coração, a ação curativa é mais intensa" (grifamos). Dis-
pensável qualquer outro comentário.
Colocando-nos na posição daquele que não crê, ou não o quer, diríamos: "até parece que ter fé
é uma coisa simples, fácil, que se pode conseguir sem maiores esforços"; mas, na realidade, não o é.
Considerando determinados padrões de relatividade, não podemos dizer que ter fé seja fácil ou difí-
cil, mas, sem dúvida, é adquirível. Afinal, conforme Kardec, "Entende-se como fé a confiança que se
tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela é uma espécie de lucidez
(...)". Entretanto, "Cumpre não confundir a fé com a presunção. A verdadeira fé se conjuga à humil-
220
dade" , ao que reforça as palavras de Chico Xavier. ensinando-nos como consegui-la: "A conquista
da fé, a nosso ver, se faz menos penosa, quando resolvemos ser fiéis, por nós mesmos, às disciplinas
221
decorrentes dos compromissos que assumimos" .
Fé, portanto, é ação. É a confiança operando. Ao contrário do que muitos imaginam, a fé não
é a passividade acomodada nem a expectação contemplativa; ela nos solicita raciocínio, razão, paci-
216
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 7, p. 58.
217
KARDEC, Allan. A fé transporta montanhas. In "O Evangelho segundo o Espiritismo", cap. 19, item 5.
218
CHAPMAN, George. Prefacio. In "Encontros Extraordinários", p. 1.
219
DENIS. Léon. A força psíquica. Os fluidos. O magnetismo. In "No Invisível", 2ª Parte, cap. 15, p. 181.
220
KARDEC, Allan. A fé transporta montanhas. In "O Evangelho segundo o Espiritismo", cap. 19, itens 3 e 4.
221
XAVIER, Francisco Cândido e ARANTES. Hércio Marcos C. Questões da atualidade. In "Encontro no Tempo",
cap. 3, pergunta 28, p. 30.
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ência, trabalho e humildade. Daí nos preocuparmos com os esclarecimentos que devem ser dados aos
pacientes e aos Espíritas em geral, a fim de, compreendendo a maneira como se dão as curas, possa-
mos usar a razão, que nos fará rejeitar os absurdos, com a paciência humilde do "Pai Nosso, (...) seja
feita a vossa vontade" - e não necessariamente "a nossa" -, confiantes de que nossas dores de hoje,
se bem suportadas, transformar-se-ão nas glórias de amanhã.
A fé, contudo, não é artigo apenas dos religiosos. Saiunav, como outros magnetizadores de
todos os tempos, lhe faz referência. Eis um exemplo: "Se o agente sabe como extrair de si o "bio-
campo", o "biochoque" (...), duvidar da capacidade de projetar do seu interior esse algo, ele nada
conseguirá.
"(...) É imprescindível a confiança inabalável em si próprio, nas próprias forças, na própria
vontade, na própria capacidade. De fato, só a fé é capaz de mover montanhas!"222 (Grifos originais.)
Enaltecendo a fé através do pensamento e da vontade firme na execução de uma ação, Michae-
lus reforça que "A vontade por si só não terá a virtude de tornar eficiente a ação magnética, se não
for acompanhada de um outro elemento - a confiança", lembrando, ainda, que "O elemento confian-
223
ça há de surgir necessária e logicamente da nossa fé e do auxílio que sempre recebemos do Alto" .
Até mesmo como um alento a quem esteja desesperado, por qualquer que seja o motivo, lem-
bramos as palavras de José, Espírito Protetor, quando, discorrendo sobre "A Fé: mãe da Esperança e
da Caridade", nos convida, esclarecendo: "Crede e esperai sem desfalecimento: os milagres são o-
bras da fé"224.
Portanto, para quem recebe e para quem doa o passe, a fé há de ser o luzeiro que descortinará
o horizonte promissor da cura: material, moral e espiritual.

1.2 - O Merecimento
Para se entender o merecimento em maior profundidade faz-se necessário recorrer-se à teoria
reencarnacionista. Como esse tema, por si só, comporta muitos volumes e não é nosso objetivo pre-
cípuo aqui pormenorizá-lo, limitar-nos-emos a um raciocínio de Kardec, simples e por demais objeti-
vo, o qual se não leva os descrentes a aceitar a reencarnação, pelo menos os induz a pensar e reco-
nhecer, logicamente, que sua possibilidade é mais racional e justa que sua negação pura e simples:
"(...) por virtude do axioma segundo o qual todo efeito tem uma causa, tais misérias (doenças incu-
ráveis ou de nascença, mortes prematuras, reveses da fortuna, pobreza extrema, etc.) são efeitos que
hão de ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa. Ora,
ao efeito precedendo sempre a causa, se esta não se encontra na vida atual, há de ser anterior a essa
vida, isto é, há de estar numa existência precedente. (...) não podendo Deus punir alguém pelo mal
que não fez, se somos punidos, é que fizemos o mal; se esse mal não o fizemos na presente vida, tê-
lo-emos feito noutra. É uma alternativa a que ninguém pode fugir e em que a lógica decide de que
parte se acha a justiça de Deus"225. (Grifos originais; parênteses, síntese, do autor.)
Isto colocado, afiançamos que a questão do merecimento está diretamente vinculada aos débi-
tos do passado, tanto desta quanto de outras vidas, como aos esforços que vimos empreendendo pa-
ra nos melhorarmos física, psíquica, moral e espiritualmente.
Se na vida anterior sujeitamos nosso corpo a pesados e indevidos desgastes, não só o teremos
comprometido como igualmente nosso perispírito terá assimilado as conseqüências de tais mazelas.
Em decorrência, nosso órgão perispiritual transferirá ao novo corpo as deficiências localizadas, as
quais, dependendo da extensão e gravidade dos delitos, se demorarão para normalizar, ensejando-
nos o aprendizado da valorização das reais finalidades orgânicas.
222
SAIUNAV, V. L. In "O Fio de Ariadne", p. 29.
223
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 4, p. 34.
224
KARDEC, Allan. A fé transporta montanhas. In "O Evangelho segundo o Espiritismo", cap 19, iten 11.
225
KARDEC, Allan. In "Bem-aventurados os aflitos. In "O Evangelho segundo o Espiritismo", cap.5, item 6.
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Por outro lado, se temos problemas pulmonares devido ao fumo e queremos nos tratar, mas
não abandonamos o cigarro, por mais ingentes sejam os esforços fluídicos empregados para a cura,
tudo redundará em falhas ou ineficiência (recorde-se o caso anteriormente apresentado - item 1.2.3
deste - da assistência espiritual por apenas dez vezes). Num outro exemplo, se queremos tratar al-
gum problema, sobretudo se psíquico ou perispiritual (cármico), e não nos esforçamos por melhorar
nosso mundo mental, nosso padrão vibratório, nosso campo psíquico, dificilmente conseguiremos a-
tingir nosso desiderato. Situações tais, vulgarmente chamadas de "ausência de merecimento", são fa-
tores a se considerar no tratamento fluidoterápico.
Como a situação da falta de merecimento está vinculada diretamente à nossa inferioridade,
poucos são os que aceitam tal explicação com tranqüilidade, pois, mesmo sendo quem somos, acre-
ditamo-nos melhores do que na realidade o somos e, por isso mesmo, queremos "driblar" a
Espiritualidade fazendo rápidas e curtas boas ações, com isso imaginando adquirir a "senha" do
merecimento. Mas, se é verdade que Deus não está "lá em cima com um caderninho" anotando tudo
o que fazemos (os registros de nossos atos se dão em nossa própria consciência), é igualmente
verdadeiro que vibramos e emitimos ondas psíquicas em nosso derredor de acordo com nossa
realidade íntima e não com as aparências que procuramos apresentar. Afinal, o merecimento está
estabelecido em leis de justiça e amor, vinculado tanto ao presente quanto ao passado espiritual de
cada um. Como reforço, observemos algumas citações extraídas das obras de André Luiz onde
vemos a importância do merecimento nos tratamentos:
"Em todo lugar onde haja merecimento nos que sofrem e boa vontade nos que auxiliam, po-
demos ministrar o beneficio espiritual com relativa eficiência"226 (Alexandre).
"Ao toque da energia emanente do passe, com a supervisão dos benfeitores desencarnados, o
próprio enfermo, na pauta da confiança e do merecimento de que dá testemunho, emite ondas men-
tais características, assimilando os recursos vitais que recebe (...)"227 (André Luiz).
"No terreno das vantagens espirituais, é imprescindível que o candidato apresente uma certa
"tensão favorável". Essa tensão decorre da fé. Certo não nos reportamos ao fanatismo religioso ou à
cegueira da ignorância, mas sim à atitude de segurança íntima, com reverência e submissão, diante
228
das Leis Divinas (...)" (Áulus).
A propósito dessa "tensão", o grande apóstolo do magnetismo, H. Durville, ao seu "Tratado
Experimental de Magnetismo", nos coloca: "No indivíduo são e bem equilibrado, pode-se admitir
que a tensão magnética é normal. Em todos os casos, se essa tensão é aumentada, produz-se um
aumento da atividade orgânica; se, ao contrário, é diminuída, a atividade orgânica diminui e, em am-
bos os casos, o equilíbrio funcional se rompe. Não é sempre assim nos enfermos, porque é fácil com-
preender que, aumentando a tensão onde ela está diminuída e a diminuindo onde ela está muito con-
siderável, levam-na pouco a pouco ao seu estado normal, e o conjunto das funções orgânicas retoma
o equilíbrio que constitui a saúde, com a condição, todavia, de que os órgãos essenciais à vida não
sejam muito profundamente alterados.
"Tal princípio constitui a base de toda a terapêutica do magnetismo"229 (grifos originais).
Como bem podemos notar, nos dois casos a "tensão magnética" é considerada como fator de
doação e receptividade fluídica; assim sendo, reconhecendo-se que a fé exerce um poder determinan-
te em relação a tal tensão, não há que duvidar de sua necessidade nos tratamentos fluidoterápicos.
Num outro aspecto do merecimento, o médium Chico Xavier lembra, quando consultado sobre
a possibilidade de alguém receber uma cura mesmo sem fé, que "(...) os Espíritos aconselham um
226
XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In "Missionários da Luz", cap. 19, p. 168.
227
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Mecanismo do passe. In "Mecanismos da Mediunidade", cap. 22,
p. 147.
228
XAVIER, Francisco Cândido. Serviço de passes. In "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 17, p. 168.
229
LHOMME, José. A gradação das faculdades curadoras. In "O Livro do Médium Curador", cap. 4, item Princípio
de base, p. 46.
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Espírito de aceitação. Primeiramente, em qualquer caso da doença que possa ocorrer em nós, em
nosso mundo orgânico, o espírito de aceitação torna mais fácil para o médico deste mundo ou para
os benfeitores espirituais do outro atuarem em nosso favor. Agora, a nossa aflição ou a nossa inquie-
tação apenas perturbam os médicos neste mundo ou no outro, dificultando a cura. (...) Muitas vezes
temos conosco determinados tipos de moléstias, que nós mesmos pedimos, antes da nossa reencar-
nação, para que nossos impulsos negativos ou destrutivos sejam treinados. Muitas frustrações que
sofremos neste mundo são pedidas por nós mesmos, para que não venhamos a cair em falhas mais
graves do que aquelas em que já caímos em outras vidas"230 (grifamos).
Finalizando, lembramos que não existe tratamento impossível, mesmo porque esta palavra,
bem como milagre, não consta do dicionário Divino. Basta lembrar a máxima do Cristo de que "A fé
231
transporta montanhas" , o que nos dá a dimensão da fé e, conseqüentemente, do poder da Divinda-
de. Se alguns tratamentos não produzem os frutos que seriam almejados, é porque a lei de causa e
efeito é uma lei de justiça; ademais, com nossa cegueira espiritual, muitas vezes não queremos ver a
ação além dos limites estreitos do imediatismo material, não nos acorrendo que, mesmo sem a re-
composição orgânica, é comum, pela evangelização, alcançarmos verdadeiros prodígios no campo da
paciência, da renúncia, da compreensão, da prudência, da harmonia interior e da renovação de âni-
232
mos que, por si sós, nos projetam a condição dos que, parafraseando Jesus , "vêem pois que têm
olhos para ver".

1.3 - A Vontade
Apesar da fé e do merecimento serem importantes fatores (ditos subjetivos) em qualquer análi-
se séria sobre as chamadas "curas espirituais" nem todos escritores e pesquisadores não Espíritas le-
vam-nos em consideração. Já no tocante à vontade, encontramos unanimidade sobre seus efeito e
necessidade, em toda e qualquer Escola, ainda que algumas utilizem nomes diferentes para designar
tão importante agente.
Iniciemos seu estudo com Kardec: "Sabe-se que papel capital desempenha a vontade em todos
os fenômenos do magnetismo. Porém, como se há de explicar a ação material de tão sutil agente?
(...) A vontade é atributo essencial do Espírito (...). Com o auxílio dessa alavanca, ele atua sobre a
matéria elementar e, por uma ação consecutiva, reage sobre seus compostos, cujas propriedades ín-
timas vêm assim a ficar transformadas". E continua: "Tanto quanto do Espírito errante, a vontade é
igualmente atributo do Espírito encarnado; daí o poder do magnetizador, poder que se sabe estar na
razão direta da força de vontade. Podendo o Espírito encarnado atuar sobre a matéria elementar,
pode do mesmo modo mudar-lhe as propriedades, dentro de certos limites"233 (grifamos). E, na pa-
lavra dos Espíritos que lhe responderam, já vimos que "Se magnetizas com o propósito de curar (...)
e invocas um bom Espírito (...), ele aumenta a tua força e a tua vontade, dirige o teu fluido e lhe dá
234
as qualidades necessárias" (grifamos).
A clareza e a objetividade destas palavras são irreprocháveis. Tratam desde a origem, a sede da
vontade, até seu alcance, sua desenvoltura, ligando-lhe a intensidade aos sucessos magnéticos da cu-
ra. A vontade, não podendo ser confundida como uma técnica em si, é a propulsora da ação fluidote-
rápica por excelência, tanto a nível de emissão fluídica como de recepção.
Complementariamente, os Espíritos ainda nos garantem que ela pode ser aumentada por suas
235
influências e ajudas, indiretamente confirmando-nos que, de fato, somos por eles dirigidos .
Prosseguindo, busquemos uma informação originária de uma obra antiga:
230
SILVEIRA, Adelino da. Merecimento e aceitação. In "Chico, de Francisco", 2ª Parte, pp. 86 e 87.
231
Mateus, XVII, v. 20.
232
Mateus, XIII, v.9.
233
KARDEC, Allan. Do laboratório do mundo invisível. In "O Livro dos Médiuns", cap. 8, item 131.
234
KARDEC, Allan. Dos médiuns. In "O Livro dos Médiuns", cap. 14, item 176, questão 2ª.
235
Veja-se "O Livro dos Espíritos", questão 459, a ser comentada no capítulo VII.
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"Uma vontade decidida é o princípio indispensável de todas as operações magnéticas (...)"
(Autor anônimo hebreu)236.
Vejamos outras citações para exemplificar:
"(...) A força posta em atividade não irradia em todos os sentidos, mas se transmite na direção
que lhe assina a vontade" (Albert de Rochas)237.
"Emilie Coue, a maior metafísica da França, escreveu: "(...) Nossas ações vêm de nossa vonta-
de, e não de nossa imaginação"238 .
"A vontade ativa representa a decidida determinação de alcançar um objetivo definido. Esta
vontade e o magnetismo são inseparáveis" (V. Turnbull)239.
"(...) E mostraremos que não só a vontade existe realmente, como faculdade da alma, mas
também que exerce seu poder, durante a vida, fora do corpo terrestre e, a fortiori, além do perispíri-
to no espaço (...) Nós (...) sustentamos que a vontade é uma faculdade do Espírito; que ela existe
positivamente como potência; que sua ação se revela claramente na esfera do corpo e que pode
mesmo projetar a distância sua energia (...) Esse poder da alma sobre o corpo pode chegar até a ven-
cer a enfermidade. Muitas vezes, uma vontade enérgica consegue restabelecer a saúde (...)" (Gabriel
Delanne)240.
Voltemos a Kardec: "O Sr. Jacob, não tocando no doente, não fazendo mesmo nenhum passe
241
magnético, o fluido não pode ter por motor e propulsor senão a vontade" .
"Mas se a vontade for ineficaz quanto ao concurso dos Espíritos, é onipotente para imprimir
ao fluido, espiritual ou humano, uma boa direção e uma energia maior. No homem mole, distraído, a
corrente é mole, a emissão é fraca; o fluido espiritual pára nele, mas sem que o aproveite; no homem
de vontade enérgica, a corrente produz o efeito de uma ducha. Não se deve confundir vontade enér-
gica com teimosia, porque esta é sempre resultado do orgulho ou do egoísmo, ao passo que o mais
humilde pode ter a vontade do devotamento"242 (grifos originais).
Noutro momento, Kardec transcreve uma mensagem de Mesmer, Espírito:
"Existindo no homem a vontade em diferentes graus de desenvolvimento, em todas as épocas
tanto serviu para curar, quanto para aliviar. (...) A vontade tanto desenvolve o fluido animal quanto
o espiritual, porque, todos sabeis agora, há vários gêneros de magnetismo. e o magnetismo espiritual
243
que, conforme a ocorrência, pode pedir apoio ao primeiro" .
Observemos o que diz Paulo, apóstolo, em mensagem psicografada: "Uma palavra sobre os
médiuns curadores... Que, ao empregarem sua faculdade, a prece, que é a vontade mais forte, seja
sempre o seu guia, seu ponto de apoio. Em toda a sua existência, o Cristo vos deu a mais irrecusável
prova da vontade mais firme; mas era a vontade do bem e não a do orgulho. Quando, por vezes, di-
zia eu quero, a palavra estava cheia de unção (...)"244 (grifos originais). É de se admirar e reconhecer
toda pujança presente numa vontade pura; sedimentada no amor vivido e exemplificado, torna-se
uma vontade verdadeiramente divina. Eis o que o Cristo nos ensinou; eis o que Paulo nos lembra!
Léon Denis, com sua síntese, nos concede outra jóia de raciocínio:


236
MALIK, Malcom. El arte de magnetizar. In "El Art de Magnetizar al Alcance de Todos", pp. 85 e 86.
237
ROCHAS, Albert De. In "Exteriorização da Sensibilidade", Nota "L", p. 206.
238
SHERWOOD, Keith. A enfermidade mental. In "A Arte da Cura Espiritual", cap. 4, p.41.
239
TURNBULL, V. Lição 18. In "Curso de Magnetismo Pessoal", p. 85.
240
DELANNE, Gabriel. In "A Alma é Imortal", Quarta Parte, pp. 289 a 293.
241
O ZUAVO, Jacob. "Revista Espírita", nov. 1867, p. 346.
242
Da mediunidade curadora. "Revista Espírita", set. 1865, p. 253.
243
Médiuns curadores. "Revista Espírita", jan. 1864, p. 7.
244
Médiuns curadores, Ibidem. p. 8.
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245
"A vontade de aliviar, de curar, comunica ao fluido magnético propriedades curativas" . Ao
que André Luiz acrescenta: "Pelo passe magnético (...), notadamente naquele que se baseie no ma-
nancial da prece, a vontade fortalecida no bem pode soerguer a vontade enfraquecida de outrem para
que essa vontade novamente ajustada à confiança magnetize naturalmente os milhões de agentes mi-
croscópicos a seu serviço, a fim de que o Estado Orgânico, nessa ou naquela contingência, se re-
componha para o equilíbrio indispensável"246. E, sendo mais explícito ainda, ratifica dizendo: "Te-
mos, assim, as variadas províncias celulares sofrendo o impacto constante das radiações mentais, a
lhes absorverem os princípios de ação e reação desse ou daquele teor, pelos quais os processos da
saúde e da enfermidade, da harmonia e da desarmonia são associados e desassociados, conforme a
direção que lhes imprima a vontade"247, complementando que "O processo de socorro pelo passe é
tanto mais eficiente quanto mais intensa se faça a adesão daquele que lhe recolhe os benefícios, de
vez que a vontade do paciente, erguida ao limite máximo de aceitação, determina sobre si mesmo
mais elevados potenciais de cura.
"Nesse estado de ambientação, ao influxo dos passes recebidos, as oscilações mentais do en-
fermo se condensam, mecanicamente, na direção do trabalho restaurativo, passando a sugeri-lo às
entidades celulares do veículo em que se expressam, e os milhões de corpúsculos do organismo fisi-
opsicossomático tendem a obedecer, instintivamente, às ordens recebidas, sintonizando-se com os
propósitos do comando espiritual que os agrega"248.
Em outra oportunidade, este Espírito correlaciona a mente, o corpo, o perispírito e a vontade,
numa panorâmica de inexcedível profundidade: "Tomando (...) o sistema cerebral por gabinete admi-
nistrativo da mente, reconheceremos sempre que a conduta do corpo espiritual está submetida ao
249
governo da nossa vontade" . E não apenas isso; a "corrente de partículas mentais exterioriza-se de
cada Espírito com qualidade de indução mental, tanto maior quanto mais amplos se lhe evidenciem
as faculdades de concentração e o teor de persistência no rumo dos objetivos que demande.
"(...) No reino dos poderes mentais (...), a corrente mental é suscetível de reproduzir as suas
próprias peculiaridades em outra corrente mental que se lhe sintonize. (...) O fenômeno obedece à
conjugação de ondas, enquanto perdure a sustentação do fluxo energético.
"Compreendemos (...) que a matéria mental é o instrumento sutil da vontade, atuando nas for-
mações da matéria física, gerando as motivações de prazer ou desgosto, alegria ou dor, otimismo ou
desespero, que não se reduzem efetivamente a abstrações, por representarem turbilhões de força em
que a alma cria os seus próprios estados de mentação indutiva, atraindo para si mesma os agentes
(por enquanto, imponderáveis na Terra) de luz ou sombra, vitória ou derrota, infortúnio ou felicida-
de"250.
Quanto à ausência da vontade, partindo da premissa de que quem não confia no que faz não
tem boa vontade sobre o que quer: "A falta de confiança, diz Aubin Gauthier, faz o timorato; teme-
se o efeito magnético, em vez de o desejar; ele se apresenta, é recebido com inquietação; os efeitos
imprevistos enchem de pasmo o incrédulo, ou impelem a imprudências e exageros, que não se danam
251
em havendo diretrizes a reflexão, o critério e a experiência" .


245
DENIS, Léon. A força psíquica. Os fluidos. O magnetismo. In "No Invisível", 2ª parte, cap. 15, p. 181.
246
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Passe magnético. In "Evolução em Dois Mu ndos", 2ª Parte, cap.
15, p. 203.
247
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Mediunidade curativa. In "Mecanismos da Mediunidade", cap.
22, item Mente e psicossoma, p. 144.
248
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Mediunidade curativa. In "Mecanismos da Mediunidade", item
Vontade do paciente, p. 148.
249
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Mecanismos da mente. In "Evolução em Dois Mundos", cap. 16,
item Secção da medula, pp. 121 e 122.
250
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Matéria mental. In "Mecanismos da Mediunidade", cap. 4, item
Indução mental, pp. 43 e 44.
251
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 10, p. 85.
JACOB MELO 65
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



Concluímos generalizando, por extensão de tudo o que vimos, que só seremos bons passistas
se, além dos caracteres anteriormente já analisados, possuirmos
uma vontade firme e ativa, a qual é construída com ação e vivência consciente, e não só com
palavras.

2. QUEM RECEBE
Basicamente, dois são os personagens que se interligam no mecanismo do passe: o receptor e
o doador. Por isso, o sucesso ou o insucesso de um tratamento fluidoterápico depende, diretamente,
do comportamento deles. Este é, sem dúvida, um raciocínio genérico, haja vista sabermos que vários
fatores influem no processo, os quais nem ao menos se limitam à esfera material. Esses outros fato-
res serão objeto de estudo em momento próprio. No momento, veremos quem recebe.
Sabemos que não apenas nós, os encarnados, recebemos os benefícios do passe. Quem tenha
participado de reunião de desobsessão ou mesmo procedido leitura criteriosa das obras da Codifica-
ção e suas subsidiárias, há de ter comprovado que os Espíritos desencarnados igualmente se benefi-
ciam desse balsamo divino, tanto diretamente dos Espíritos quanto com a ajuda dos encarnados.
Contudo, como nos dirigimos precipuamente aos encarnados, não consideraremos esta outra evidên-
cia neste item, pois a questão que ora nos diz respeito é mais atinente ao nosso plano físico e suas
conseqüências neste.
Como faremos nossas colocações de forma didática, ressaltamos que alguns tópicos serão ana-
lisados sem levar em consideração outras evidências; contudo, sempre as mencionaremos pois, de fa-
to, não serão desprezadas, senão destacadas para um melhor entendimento.
Ressalvas à parte, consideremos o paciente, que é nosso primeiro "quem", um desconhecido.
Não sabemos de onde veio, por que veio, que religião professa, se acredita ou não nos Espíritos,
nem que tipo de problemas tem. Mas, sabemos o essencial: ele é o nosso próximo! E, se ali está, é
porque, querendo ou não, acreditando ou sem acreditar, se dispôs a receber "algo" que, sem dúvida,
é para nós, os médiuns, os dirigentes e as Casas Espíritas, um bom caminho para a prática do amor
fraternal, desinteressado e cristão. Portanto. mãos à obra!
Primeiro, nos conscientizemos de que devemos dar ao paciente, além do passe, tudo o mais
que é da maior importância: evangelho, orientação, desmistificação do tratamento e desmistificação
dos ídolos, concitando-o à reforma interior e a compreensão dos fatos para, pelo conhecimento, não
ser levado a vícios e equívocos que, embora costumeiros, são injustificáveis.
Depois, não olvidemos que cabe a nós, os passistas, antes que ao paciente, o dever de saber o
que fazemos, como fazemos e por que fazemos o passe já que nem sempre aquele outro irá tomá-lo
sabendo exatamente o que fazer ou como fazê-lo. Não podemos cair na desculpa de atribuir respon-
sabilidades aos outros, relegando a nossa a escanteio. Afinal, assim como certos pacientes criam há-
bitos e vícios perniciosos por falta de orientação correta, o médium passista, pela falta de estudo,
bom senso, ponderação e assiduidade, pode não apenas adquirir manias ridículas e antidoutrinárias
como transmiti-las, inadvertida e perniciosamente, aos pacientes e companheiros desavisados.
Como homens, sabemos que a administração do patrimônio orgânico é tarefa pessoal e intrans-
ferível, estando não apenas sua manutenção sob nossa responsabilidade, mas, igualmente sua conser-
vação dentro dos padrões de equilíbrio que a própria Natureza nos indica. "Quando, porém, o ho-
mem espiritual dominar o homem físico, os elementos medicamentosos da Terra estarão transforma-
dos na excelência dos recursos psíquicos e essa grande oficina achar-se-á elevada a santuário de for-
252
ças e possibilidades espirituais junto das almas". Emmanuel .
Desde então, que evoluamos em moralidade e conhecimentos, pórticos de alcandoradas possi-
bilidades abrir-se-nos-ão, descortinando horizontes de harmonia e equilíbrio, num oceano de boas
252
XAVIER, Francisco Cândido. In "O Consolador", 1ª Parte, cap. 5, questão 97, p. 67.
JACOB MELO 66
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



energias, onde tão acessível nos será receber benesses espirituais quanto transferirmos tais bênçãos
aos mais carentes.
Retomando nossa linha de raciocínio inicial para seqüenciar o estudo, podemos destacar, entre
os que "recebem":
pacientes com problemas físicos;
pacientes com problemas espirituais; e
pacientes com ambos problemas.

2.1- Pacientes Com Problemas Físicos
Aqui iremos nos referir apenas a problemas orgânicos, desprezando qualquer fator que não se-
ja puramente físico. Portanto, estaremos afastando, momentaneamente, as decorrências de fatores
espirituais e morais. Subdividiremos este grupo de pacientes em três:

2.1.1 - Portadores de Doenças Contagiosas
Recomendação de André Luiz: "Interditar, sempre que necessário. a presença de enfermos
portadores de moléstias contagiosas nas sessões de assistência em grupo, situando-os em regime de
253
separação para o socorro previsto" pois "A fé não exclui a previdência" .
É evidente que a medida sugerida tem caráter puramente preventivo e jamais discriminatório
como há quem possa querer julgar. É lógico não devamos expor alguém que venha em busca de um
auxílio, ao contágio de um outro, mal, tal como não será cristão dispor o contagiante, que igualmen-
te busca ajuda, ao ridículo da execração de outrem. O bom senso nos indica que cuidados são neces-
sários e devidos. A prudência nos sugere discernimento e tato. A razão nos solicita não só agir, mas
reflexionar. Sejamos, pois, cristãos. Afinal, o portador de doença contagiosa já sofre uma espécie de
isolamento que, mesmo sendo natural e involuntário, não deixa de ser constrangedor. E se sua doen-
ça for de longo curso, seu estado de ânimo, face essa "solidão", pode estar bastante abatido. Não se-
jamos nós portanto, por imprudência, os agravantes desse estado. Ajamos com a razão, mas, sem es-
quecer que ela é má conselheira se desassociada do sentimento.
Até mesmo em nome da prudência e do bom senso, o passe recomendado a esta categoria de
doentes deve ser aplicado em caráter individual e reservado, com os cuidados cabíveis e recomendá-
veis para situações que tais.
Uma observação importante merece ser destacada: o passista não deve simplesmente negar a-
tendimento a pacientes dessa categoria por medo de contagio. Ao lado de certos cuidados que po-
dem e devem ser tomados, uma ponderação do Espírito Manoel Philomeno de Miranda vem a calhar:
"Médicos e enfermeiros, assistentes sociais e voluntários, religiosos dedicados que se entregam às ta-
refas mais sacrificiais em Sanatórios dos males de Hadsen, de Koch e de outras baciloses violentas
sem que o contato demorado com os pacientes lhes cause qualquer contágio, adquirem resistências
imunológicas, enquanto outros, que não convivem com portadores de inumeráveis moléstias, de um
para outro momento fazem-se vítimas das vigorosas doenças que lhes exterminam o corpo, em razão
de se encontrarem no mapa cármico de cada um as condições propiciatórias para que se lhes mani-
festem os males que merecem e de que necessitam em razão dos delitos praticados e que são atenua-
dos pela misericórdia do Senhor, já que o amor é mais poderoso do que a justiça, que por aquele se
faz comandada"254 (Grifamos a última frase.)

2.1.2 - Portadores de Doenças não Contagiosas

253
VIEIRA, Waldo. Perante o passe. In "Conduta Espírita", cap. 28, pp. 103 e 104.
254
FRANCO, Divaldo Pereira. Resgate necessário e urgente. In "Painéis da Obsessão", cap. 4, p. 36.
JACOB MELO 67
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



Como o paciente aqui enquadrado não expõe outros a riscos de contágios, seu atendimento
poderá ser feito tanto de forma individualizada quanto em grupo, dependendo do tratamento e das
técnicas a serem usadas.
Por ser comum o paciente que busca o tratamento magnético estar passando por acompanha-
mento médico ou sob medicação indicada por facultativo, convém, nesses casos, manter ficha de a-
companhamento contendo informações sobre tipos de tratamento e medicações que esteja fazendo
uso 255.
A propósito, eis o que nos diz Suely Caldas Schubert: "Se o doente está fazendo uso de medi-
cação receitada por médico da Terra, esta não deverá ser suspensa. nem sob o pretexto de atrapalhar
o tratamento espiritual. Uma atitude dessas traz graves implicações, cujos resultados poderão com-
prometer seriamente aquele que a recomendou. Afinal, sabemos à saciedade que existem casos de
caráter misto, em que se conjugam o mal espiritual e o físico, exigindo por isso uma terapêutica i-
gualmente mista"256. (Grifos originais.)
Não desconhecemos que a clássica Escola de Mesmer recomendava fossem evitadas certas
substâncias no corpo orgânico para um melhor alcance do tratamento magnético. Mas, como disse-
mos no capitulo I, não nos propomos a tratar do magnetismo em exclusividade, mas, sim do passe,
fazendo mão das técnicas, experiências e conclusões daquele, porém, adaptando-as a nossa realida-
de. Ademais, posteriores estudos acerca do magnetismo não deram muita ênfase aquele aspecto res-
tringente, apesar de se comprovar, numa enormidade de casos, que a homeopatia age, quando con-
jugada ao magnetismo, mais proficuamente que a alopatia, mormente em casos de origem cármica.
Todavia, como o passe espírita atua, primordialmente, a nível de perispírito, não encontramos muita
argumentação a favor de que o medicamento humano interfira no paciente a ponto de inutilizar ou
anular o efeito magnético. Modemamente, inclusive, já há consenso quanto à necessidade de trata-
mentos concomitantes, haja vista o que nos t trazido das avançadas pesquisas verificadas no Leste
Europeu.
Contrariamente, temos inúmeras comprovações de que as atitudes mentais perniciosas e as vi-
brações e mentalizações negativas por parte do paciente são violentos veículos degeneradores do re-
equilíbrio fluídico adquirido através da fluidoterapia, onde, portanto, nossa redobrada atenção e cui-
dado são requeridos no intuito de instruir os pacientes a respeito.

2.1.3 - Portadores de Doenças Desconhecidas
Para pacientes com esta característica e que venham a tomar passes com acompanhamento
(controle por meio de fichas), devemos buscar informações via receituário da Casa Espírita bem co-
mo junto ao próprio paciente ou acompanhantes, seguindo-se com o tratamento que for recomenda-
do, ou, ainda, por outros meios confiáveis que são a intuição espiritual e o "tato-magnético"257.
Dispensado dizer que as observações apresentadas no item anterior são igualmente extensivas
a este grupo, assim como, informados da possibilidade de contágio, se interpolarão os cuidados re-
comendados na matéria do primeiro item (1.1.1) deste capítulo.

2.2 - Pacientes com Problemas Espirituais
Nesta oportunidade nos deteremos nos problemas eminentemente espirituais, abstraindo-nos,
portanto, das injunções orgânicas.


255
Vide apêndices I, II e III onde apresentamos modelos de ficha de acompanhamento usado no Grupo Espírita Allan
Kardec - GEAK, de Natal-RN.
256
SCHUBERT, Suely Caldas. Os recursos espíritas. In "Obsessão / Desobsessão", 2ª Parte. cap. 8, p. 112.
257
Vide detalhamento no cap. VIII - "As Técnicas".
JACOB MELO 68
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



É comum observarmos que parte dos pacientes englobados neste grupo sente uma certa "apro-
ximação ou influência" quando recebe o passe. O Espírito André Luiz, entrementes, nos recomenda
que devemos "Interromper as manifestações mediúnicas no horário de transmissões do passe curati-
vo"258 . Além de ser uma recomendação prudente, é de uma aplicação, diríamos, intransigentemente
necessária. Sem tal cuidado, muito dos melhores esforços fica seriamente comprometido, em especial
quando se trata de passes em cabines coletivas ou quando não está a dirigir os trabalhos pessoa de
elevada moral e conhecimento doutrinário seguro. Posteriormente trataremos desse assunto.
Neste grupo faremos igualmente três subdivisões:

2.2. 1 - De Origem Perispirítica (ou Cármica)
Como somos hoje o resultado da autoconstrução promovida nas experiências pretéritas, tra-
zemos para esta vida mazelas que encontram suas origens nos desequilíbrios que patrocinamos alhu-
res. Sendo nosso perispírito o agente arquivador dos reflexos desses desequilíbrios, é por seu inter-
médio que se verifica a transposição das chamadas injunções cármicas, fazendo refletir no corpo or-
gânico de hoje as conseqüências dos desvios perpetrados "ontem". É a lei de "causa e efeito". E-
xemplificamos: uma criatura que apresente problemas pulmonares "de nascença" pode ter sido uma
alma viciada em fumo em precedente existência; pessoas com sérios distúrbios intestinais, sem come-
terem excessos que favoreçam tal quadro hoje, por certo, encontrarão nas glutonarias do passado
justificativas bem lógicas para suas atuais patologias; indivíduos com dores de cabeça violentas e
permanentes, sem qualquer explicação clínica, encontram nas vidas anteriores as causas matrizes;
cânceres, aleijões, demências, lepras, asmas, epilepsias, deformidades congênitas e tantas outras situ-
ações que, diversas vezes, não encontram qualquer justificativa em causas presentes, indubitável se-
rão racionalmente explicadas como de origem cármica.
Pela natureza pretérita da doença, fácil se concluir nem sempre ser possível grandes conquis-
tas, inclusive com a fluidoterapia. Como a origem do mal está, neste caso, diretamente ligada a fato-
res morais do passado, é imprescindível uma reestruturação moral e vibratória do paciente. Sem isso,
pouco se pode esperar, salvo os casos em que o paciente já esteja em término de quitação do débito.
Nestes casos, como em especial todos os de origem espiritual, a responsabilidade dos médiuns
passistas aumenta, assim como devem aumentar a fé e o interesse do próprio paciente em se curar.
Mas nós, os médiuns. devemos "Criar em torno dos doentes uma atmosfera de positiva confiança, a-
través de preces, vibrações e palavras de carinho, fortaleza e bom ânimo"259 (André Luiz) para, dessa
forma, contribuirmos mais eficazmente no processo de reparação/recuperação do paciente.
Ademais, conforme nos lembra Manoel Philomeno: "Na terapia do passe (...) a disposição do
paciente exerce papel relevante para os resultados. A má vontade habitual (...) gera energia de alto
teor destrutivo que se irradia do interior da pessoa para o seu exterior, produzindo a anulação da
força (...)"260.
Como vimos, a efetiva participação do paciente é fundamental, não apenas nessas, como em
outras situações. Por outro lado, se noutros casos a participação do passista é muito importante, nes-
te é de inegável valor. Afinal, o perispírito do paciente carece de fluidos tanto do plano espiritual
quanto do material, sendo que estes últimos apenas são fornecidos pelos médiuns. Por serem os flui-
dos dos médiuns, em termos de vibração, de equivalência igual ao do paciente mas tecnicamente
harmoniosos, a renovação fluídica que se verificará pelo passe favorecerá o estabelecimento das
condições de cura ou, quando pouco, de manutenção da carga fluídica, então renovada.



258
VIEIRA. Waldo. Perante o passe. In "Conduta Espírita", cap. 28. p. 103.
259
VIEIRA. Waldo. Perante os doentes. In "Conduta Espírita", cap. 22. p. 84.
260
FRANCO. Divaldo Pereira. Reencontro feliz. In "Nas Fronteiras da Loucura", cap. 30, pp. 235 e 236.
JACOB MELO 69
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



Daí, em tais casos, o comum à ver-se a ação fluídica superar a ação oriunda da farmacopéia e
dos tratamentos médico-hospitalares pois, via de regra, bom número desses casos só obtêm da medi-
cina tradicional resultados apenas satisfatórios e de forma intermitente.
Uma regra geral, todavia, se sobressai: este tipo de paciente quase sempre requer tratamento
de longo prazo; o que não quer dizer não haja curas quase instantâneas em pacientes tais. Isto por-
que nos encontramos em nível de provas e expiações e, muitas vezes, passamos por sofrimentos que
são a resposta do preceito evangélico: "Se a vossa mão ou o vosso pé vos é objeto de escândalo,
cortai-os e lançai-os longe de vós; melhor será para vós que entreis na vida tendo um só pé ou uma
só mão, do que terdes dois e serdes lançados no fogo eterno"261. Lembramos, todavia, que estes pa-
cientes têm de trabalhar seriamente em prol de suas reformas morais, sempre.
Quanto aos passes aqui aplicados, tanto podem ser individuais quanto coletivas, mas existem
casos mais graves em que o bom senso recomenda se opte pelos aplicados individualmente.

2.2.2 - De origem Obsessiva
Uma grande parte dos espíritas, quando encontra alguém com problemas obsessivos, recomen-
da-lhe participar de reunião de desobsessão (com frases tipo: "você precisa ir para a "mesa" desen-
volver"; "ou você dá "passividade" ou vai se dar mal"; ou ainda "lá no Centro tem um médium que
"tira" esse Espírito bem "ligeirinho" "). Antes que tudo, reunião de desobsessão não é reunião públi-
ca nem à sua parte prática devem comparecer os obsidiados, conforme recomendam os Espíritos e a
experiência o comprova; reunião de desobsessão é reunião privada, onde médiuns (que devem ser
equilibrados) se reúnem no intuito de auxiliarem os Espíritos sofredores, encarnados e desencarna-
dos, orando e vibrando em favor dos mesmos. O que pode e deve haver é uma parte doutrinária, pú-
blica, para levar o Evangelho aos pacientes obsidiados, lhes obsequiando o passe ao final.
"Desenvolver" a mediunidade, por sua vez, é educá-la, dirigi-la com sabedoria e consciência e
não colocar-se uma pessoa "numa mesa" para "incorporar" o obsessor. Ora, se alguém está pertur-
bado por obsessão, claro se encontra sob o jugo de Espíritos imperfeitos, dos quais não tem sabido
se desvencilhar. Como, então, propor a essa criatura a desenvoltura de suas possibilidades medianí-
micas se elas também estão sob domínio inferior? Correto será primeiro sanar o clima espiritual para
só depois fazer encaminhamento a educação mediúnica, sob pena de facilitar mais ainda o obsidiado
ao domínio daquele(s) de quem se está a querer fugir.
Lamentavelmente temos observado que nem sempre se dá a importância devida ao passe na te-
rapia desobsessiva; de ordinário verificamos que o passe só tem se revestido de seus reais valores
quando se trata de atendimento para cura ou alivio de dores e mal-estares físicos. De outra forma, o
que é mais lastimável, tem sido considerado como um mero complemento de reunião doutrinária ou
como, pasme-se, criação ritualística do Espiritismo (Doutrina que não tem nem se coaduna com ritu-
ais de quaisquer tipos ou natureza) para substituir o sentido atribuído à hóstia católica.
O passe, no tratamento desobsessivo, é de capital importância. Não apenas o passe coletivo, de
cabine, espiritual, como usualmente é chamado, mas, para vários casos, o passe onde o magnetismo
do médium, unido aos fluidos dos Espíritos, é aplicado de uma forma bem própria e racional; em
suma, o passe misto-magnético ou o misto-misto 262.
A doutrinação evangélica, conforme já dito anteriormente, é tão ou mais importante que o pas-
se, pois tem o papel indispensável de renovar as disposições íntimas do obsidiado e do obsessor, fa-
vorecendo, assim, o rompimento das ligações "mento-magnéticas" estabelecidas entre eles, por meio
da elevação do padrão vibratório de ambos. O passe, em tais casos, fornece fluidos para a renovação


261
Mateus, Cap. V, v. 29. In "O Evangelho segundo o Espiritismo", cap. 8, item 11, p. 159.
262
No capítulo VI ­ "Como - O Impasse do Passe", apresentamos nossas justificativas para as nomenclaturas que
temos utilizado na titulação dos tipos dos passes.
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do "clima" fluídico do obsidiado, predispondo-o a manutenção das bênçãos em si mesmo. É óbvio
que, a depender do caso, o tipo ou a técnica do passe poderá variar263.
Pacientes submetidos a processos de subjugação normalmente terão tratamento mais trabalho-
so e prolongado. Os passes para eles serão bem diversos, com predominância dos fluidos magnéti-
cos. Porém, como medida complementar, os nomes desses pacientes deverão estar inscritos nos li-
vros de preces das Instituições que fazem reuniões de desobsessão ou de atendimento espiritual a
distância, lembrando que, em todo caso, o verdadeiro livro de preces deve ser o coração do médium,
pleno de amor e de boas vibrações em favor não só do obsidiado como do obsessor.
Fator relevante é que os passes nos pacientes com problemas obsessivos atingem igualmente os
obsessores. E como eles são também saturados de bons fluidos, se renovam, se houver predisposição
para tal, ou se controlam, como se dominados por uma força estranha, ou, ainda, nalgumas situa-
ções, fogem espavoridos, largando "a presa" por momentos, os quais serão valiosíssimos se bem a-
proveitados pelos doutrinadores, passistas e pacientes264.
Corroborando, nos diz Antonio J. Freire: "O magnetismo, quando aplicado com proficiência e
bondade, pode prestar relevantes serviços a estes Espíritos sofredores; por vezes, ficam curados nu-
ma só sessão. As preces (...) são de magnífico efeito auxiliar, conjuntamente com as aplicações mag-
néticas a fim de expurgar o perispírito da parte etérica que ainda lhe esteja agregada, o que se conse-
gue com os passes magnéticos dispersantes"265.
Para facilitar o entendimento, voltamos a buscar a palavra do Espírito Manoel Philomeno, o
qual nos apresenta um precioso estudo sobre o tema: "Nos comportamentos obsessivos, as técnicas
de atendimento ao paciente, além de exigirem o conhecimento da enfermidade espiritual, impõem ao
atendente outros valores preciosos que noutras áreas da saúde mental não são vitais (...). São eles: a
conduta moral superior do terapeuta - o doutrinador encarregado da desobsessão -, bem como do
paciente, quando este não se encontre inconsciente do problema; a habilidade afetuosa de que se de-
ve revestir, jamais esquecendo do agente desencadeador do distúrbio, que é, igualmente, enfermo,
vítima desditosa, que procura tomar a justiça nas mãos; o contributo das suas forças mentais, dirigi-
das a ambos litigantes da pugna infeliz; a aplicação correta das energias e vibrações defluentes da o-
ração ungida de fé e amor; o preparo emocional para entender e amar tanto o hóspede estranho e in-
visível quanto o hospedeiro impertinente e desgastante no vaivém das recidivas e desmandos (...)
"A cura das obsessões, conforme ocorre no caso da loucura, é de difícil curso e nem sempre
rápida, estando a depender de múltiplos fatores, especialmente, da renovação, para melhor, do paci-
ente, que deve envidar esforços máximos para granjear a simpatia daquele que o persegue (...)"266.
A tarefa desobsessiva, portanto, não é eminentemente do passe, mas este entra como reforço
de primeira linha. Observemos a seguinte colocação de Bezerra de Menezes quando comentava so-
bre um processo desobsessivo com a atuação do plano espiritual: "Foi muito sábia a Mentora amiga,
propondo, em primeiro ato, a desobsessão, para depois serem aplicadas outras fluidoterapias ao lado
da medicamentosa e da psicoterapia que a Doutrina Espírita pode propiciar com excelentes resulta-
dos, a depender de fatores vários como do próprio paciente, quando possa optar pela ocupacional,
dedicando-se ao serviço de benemerência e de abnegação, em favor do próximo, através do qual
granjeará méritos que influirão na regularização de suas dívidas, pela diminuição dos seus débitos.
Não devemos, como é sabido, agasalhar idéias otimistas exageradas, quanto à recuperação da saúde
mental do nosso doente (...)"267.



263
Nos capitulo VI e VIII adiante, veremos os tipos e as técnicas do passe.
264
Veja-se, no capítulo VIII adiante, o tem "Choque Anímico".
265
FREIRE, Antônio J. Do corpo vital ou duplo etérico. In "Da Alma Humana", cap. 3, p. 50.
266
FRANCO, Divaldo Pereira. Introdução. In "Loucura e Obsessão", p. 14.
267
FRANCO. Divaldo Pereira. O drama de Carlos. In "Loucura e Obsessão". cap. 4, p. 52.
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O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA




2.2.3 - Decorrente de Desvios Morais
Como a ação fluídica tem na vontade seu motor e no pensamento seu veiculo, fica evidente
que pacientes com tais problemas tornam-se, via de regra, extremamente refratários a fluidoterapia
porquanto tal decorrência tem matriz nas desarmonias que são geradas na instabilidade moral do pa-
ciente, o que, por sua vez, não lhe favorece uma mentalização equilibrada e constante no bem.
Não queremos com isso dizer que estes pacientes sejam considerados incuráveis ou que não se
lhes deva prestar todo o auxílio possível; ao contrário, lembremo-nos de que "Somos devedores de
amor e respeito uns para com os outros e, quanto mais desventurados, de tanto mais auxílio necessi-
tamos. É indispensável receber nossos irmãos comprometidos com o mal, como enfermos que nos
reclamam carinho"268 (André Luiz).
Na espiritualidade, entretanto, existem limites. Observemos um caso exemplar tratado pelo Es-
pírito Anacleto e narrado por André Luiz: "Há pessoas que procuram o sofrimento, a perturbação, o
desequilíbrio, e à razoável que sejam punidas pelas conseqüências de seus próprios atos. Quando en-
contramos enfermos dessa condição, salvamo-los dos fluidos deletérios em que se envolvem por de-
liberação própria, por dez vezes consecutivas, a título de benemerência espiritual. Todavia, se as dez
oportunidades voam sem proveito para os interessados, temos instruções superiores para entregá-los
a sua própria obra, a fim de que aprendam consigo mesmos. Poderemos aliviá-los, mas nunca libertá-
269
los" (grifamos).
Pode parecer estranho que a Espiritualidade seja tão rígida para com aqueles que persistem no
erro, mas perguntamos: será que nós temos tanta paciência com aqueles que convivem conosco? Se-
rá que reprisaríamos a oportunidade por dez vezes consecutivas para quem insistisse em continuar
cometendo o mesmo erro? Veja-se bem; não se trata aqui do perdão, que deve ser dado "Não só sete
270
vezes mas setenta vezes sete vezes" , porém do atendimento repetido ao renitente, ao incorrigível,
que persiste em cometer as mesmas faltas, os mesmos delitos, de forma consciente.
Para este grupo de pacientes a recomendação do estudo metódico e sistemático da Doutrina,
aliada ao hábito de boas leituras, freqüência às reuniões evangélico-doutrinárias e a prática do bem,
com exercício da paciência, do perdão, da humildade e da resignação, é imperativo. Mas, bem o sa-
bemos, devido seu estado mental, dificilmente conseguirá ele iniciar-se por aí, sem auxílio. Para tan-
to, nossas preces e o passe são contributos valiosíssimos.
Como disseram os Espíritos a Allan Kardec: "Não basta que um doente diga ao seu médico:
dê-me saúde, quero passar bem. O médico nada pode, se o doente não faz o que é preciso"271. Assim
nosso paciente; ele deve ser alertado sobre suas responsabilidades no processo de cura, pois, a flui-
doterapia não pode ser vista como transferência ou omissão delas, mas, sim, benesses complementa-
res que são adquiridas e estabilizadas pela sua vivência.

2.3 - Paciente Com Ambos os Problemas
Agora, não isolaremos decorrências, pois, este item trata de casos mistos: físicos (orgânicos) e
psíquicos (espirituais).
Do ponto de vista material, a ação do passista é quase sempre muito restrita. Afinal, por mais
se tenha estudado e pesquisado, falecem-nos os meios por dominar a "manipulação fluídica", dom
por enquanto apenas acessível a Espiritualidade. Na realidade, quase sempre nos limitamos a forne-
cer os fluidos que nos são peculiares, dando-lhes a impulsão benéfica de acordo com nossa vontade
firme de fazer o bem. Ter consciência disso é importante, pois, além de nos fazer refletir sobre como
268
XAVIER. Francisco Cândido. Mandato Mediúnico. In "Nos Bastidores da Mediunidade", cap. 16, p. 150.
269
XAVIER. Francisco Cândido. Os passes. In "Missionários da Luz", cap. 19, p. 334.
270
Mateus, XVIII, v. 22.
271
KARDEC, Allan. Da obsessão. In "O Livro dos Médiuns", cap. 23, item 254, questão terceira.
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agir cotidianamente no bem, para podermos fornecer bons fluidos, impõe-nos a necessidade do estu-
do continuado a fim de melhor contribuirmos no processo fluidoterápico.
Através do estudo, sempre conjugado à intuição espiritual, podemos avaliar a maior valência
do problema do paciente para bem direcionar o tratamento. Caso prevaleça o aspecto físico, reco-
mendam-se os cuidados descritos para pacientes com estes problemas (item 2.1); do contrário, deve-
se observar os descritos no item seguinte (2.2). Contudo, o bom senso nos recomenda não fazermos
distinção tão marcante, notadamente porque os Espíritos serão os verdadeiros "operadores" e, quase
sempre, serão eles quem encaminharão todo o processo, abstração feita à responsabilidade dos mé-
diuns.
Neste grupo de pacientes teremos tratamentos conjugados, os quais só a análise caso a caso
poderá determinar o caminho a seguir. É sempre bom lembrar, todavia, que nada nem nenhum trata-
mento fluidoterápico pode ser tão técnico que descuide dos princípios básicos do amor cristão e da
fé em Deus.

3. QUEM DOA
"Na cura, nós somos o aparelho e, falando de forma simples, temos de estar sempre nos esfor-
çando para nos tornarmos melhores receptores. (...) O poder que traz a cura começa como um Espí-
rito puro, como uma energia pura, que tem de ser reconduzida, enfraquecida, transformada, tornada
mais grosseira, num certo sentido, antes que possa ser transmitida para "fulana", que veio para ser
272
curada (...)" (Dudley Blades). - Ao contrário do que se poderia imaginar, esta citação é de um
pastor presbítero inglês e não de algum autor Espírita. Inclusive, na obra ("A Energia Espiritual e
Seu Poder de Cura") ele comenta sobre reencarnação (é favorável), mundo espiritual, Espíritos, e
tem uma visão muito feliz sobre as bênçãos de Deus em relação a nós.
De suas palavras apreendemos a importância de nos melhorarmos como doadores, pois apesar
de mostrarmos repetidas vezes que o papel do médium no tratamento do passe é, dentro de certos
ângulos, mais de canal que necessariamente de gerência, "Apregoarmos que o resultado do passe in-
depende do médium que o aplica, além de ser um ponto de vista sem base doutrinária, será motivo
para que o médium se acomode, não encontrando ele por que se esforçar por melhorar-se. Ao con-
trário, que a Doutrina ensina é que ele deve adotar hábitos salutares, eliminando os vícios, vigiando
as emoções e sentimentos, aplicando-se ao estudo, à meditação e a prece, cultivando intenções no-
bres, enfim, trabalhando pelo seu aperfeiçoamento moral para que possa ser instrumento útil dos
companheiros espirituais no amparo as necessidades humanas"273 (Dalva Silva Souza). Por isso
mesmo. deve o magnetizador "(...) Contar com boa saúde, sua vontade deve ser firme; a fé na ciên-
cia que professa, absolutamente inquebrantável; sua conduta deve ser inobjetável, seus costumes
moderados e, ademais, ser um ser humano disposto sempre a sacrificar-se por seus semelhantes"274
(Malcolm Malik).
Dentro dessa seqüência, Paul-Clément Jagot nos afirma que "O essencial, para magnetizar de
uma maneira benéfica, é um equilíbrio moral, intelectual e físico satisfatório. Se o moral é ao mesmo
tempo firme e sensível, se o intelecto é lúcido e culto, se os mecanismos fisiológicos são robustos,
profusamente radioativos, os resultados serão máximos. Mas, repito, a retidão da intenção, seu ardor
275
e um estado de saúde normal bastam" , prosseguindo mais adiante: "A insônia, a intoxicação ali-
mentar, a insuficiência respiratória enfraquecem consideravelmente a tensão de exteriorização. A agi-
tação nervosa, as emoções vivas, as paixões obsessivas perturbam a emissividade, que então se torna


272
BLADES. Dudley. In "A Energia Espiritual e Seu Poder de Cura", cap. 2, p. 31.
273
OS EFEITOS do passe. "Reformador", ago, 1986, p. 254.
274
MALIK. Malcolm. Hipnotismo. In "El Arte de Magnetizar al Alcance de Todos", p. 23.
275
JAGOT, Paul-Clément. Introdução. In "Iniciação a Arte de Curar pelo Magnetismo Humano", cap 1, item 5, To-
da pessoa equilibrada pode magnetizar, p. 14.
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276
instável, espasmódica e perde suas propriedades equilibrantes" . Como vimos, no final ressurge a
tensão que, da parte do passista, implica a qualidade de sua participação no processo fluidoterápico.
Sem dúvida, o passista é peça-chave nos tratamentos fluídicos. E mesmo sendo aquele que a-
plica o passe um médium, todos o podem praticar já que as condições para se ser passista não requer
se tenha mediunidade ostensiva em qualquer de suas nuanças. Tal nos afirma Léon Denis: "Como o
Cristo e os apóstolos, como os santos, os profetas e os magos, todos nós podemos impor as mãos e
curar, se temos amor aos nossos semelhantes e o desejo ardente de os aliviar"277. Daí, contudo, não
se crer seja o passe um brinquedo que a todos é dado direito manusear de maneira irresponsável.
Como diz Roque Jacintho, "Ninguém recebe uma graça ou um acréscimo especial da Misericórdia
Divina para ser, aqui na Terra, um passista comum. E no mesmo sentido, ninguém, para essa ativida-
de normal, traz missão especialíssima"278. Conscientização das responsabilidades, portanto, à tarefa
inadiável.
O Espírito André Luiz em diálogo com o mentor Alexandre, examinando a participação dos
Espíritos nos processos da fluidoterapia, pergunta: "Esses trabalhadores apresentam requisitos espe-
ciais?" Ao que Alexandre responde:
"- Sim (...), na execução da tarefa que lhes está subordinada, não basta a boa vontade, como
acontece em outros setores de nossa atuação. Precisam revelar determinadas qualidades de ordem
superior e certos conhecimentos especializados. O Servidor do bem, mesmo desencarnado, não po-
de satisfazer em semelhante serviço, se ainda não conseguiu manter um padrão superior de elevação
mental contínua, condição indispensável à exteriorização das faculdades radiantes". Isto coloca com
liminar clareza a posição de conhecimentos e esforços dos Espíritos nesta tarefa que, na nossa ótica
puramente material, se nos parece tão simples, tão mecânica.
Para nos posicionar no outro ponto da questão (o do médium passista), André Luiz indaga:
"Os amigos encarnados, de modo geral, poderiam colaborar em semelhantes atividades de auxílio
magnético?" A resposta é primorosa:
"- Todos, com maior ou menor intensidade, poderão prestar concurso fraterno, nesse sentido,
porquanto, revelada a disposição fiel de cooperador a serviço do próximo, (...) as autoridades de
nosso meio designam entidades sábias e benevolentes que orientam, indiretamente, o neófito, utili-
zando-lhe a boa vontade e enriquecendo-lhe o próprio valor. São muito raros, porém, os compa-
nheiros que demonstram a vocação de servir espontaneamente. Muitos, não obstante bondosos e
sinceros nas suas convicções, aguardam a mediunidade curadora, como se ela fosse um acontecimen-
to miraculoso em suas vidas e não um serviço do bem, que pede do candidato o esforço laborioso
279
do começo" (grifamos).
Se, por um lado, temos de reconhecer a seriedade do trabalho dos passes, que nos requer estu-
dos, tanto da Doutrina quanto especializados, e esforço laborioso para o grande desiderato, podemos
estar tranqüilos quanto a nos vincularmos nas tarefas do passe, pois "Os orientadores da Espirituali-
dade procuram companheiros, não escravos. O médium digno da missão do auxílio não é um animal
subjugado à canga, mas sim um Irmão da Humanidade e um aspirante à Sabedoria. Deve trabalhar e
280
estudar por amor (...)" (Áulus). Portanto, "Todas as pessoas dignas e fervorosas, com o auxílio da
prece, podem conquistar a simpatia de veneráveis magnetizadores do Plano Espiritual, que passam,
assim, a mobilizá-las na extensão do bem. (...) É importante não esquecer essa verdade para deixar-



276
JAGOT Paul-Clément. Noções elementares. In "Iniciação a Arte de Curar pelo Magnetismo Humano", cap. 2, i-
tem 4. O magnetizador, p. 17.
277
DENIS, Léon. In "No Invisível", Parte 2, cap. 15, p. 182.
278
JACINTHO, Roque. Passistas. In "Passe e Passista", cap. 3, p. 19.
279
XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In "Missionários da Luz", cap. 19, pp. 321 e 322.
280
XAVIER, Francisco Cândido. Mandato mediúnico. In "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 16, p. 156.
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281
mos bem claro que, onde surjam a humildade e o amor, o amparo divino é seguro e imediato"
(Áulus).
Analisando o papel do doador nas atividades do passe,iremos estudar separadamente os mé-
diuns e os Espíritos.

3. 1 - Os Médiuns
Com serenidade concluímos que no campo do passe há espaço para todos. Lembremo-nos, to-
davia, que "Ser médium é ser ajudante do Mundo Espiritual. E ser ajudante em determinado trabalho
é ser alguém que auxilia espontaneamente, descansando a cabeça dos responsáveis"282 (Emmanuel).
Aos médiuns, portanto, "O estudo da constituição humana lhes é naturalmente aconselhável,
tanto quanto ao aluno de enfermagem, embora não seja médico, se recomenda a aquisição de conhe-
cimentos do corpo em si. E do mesmo modo que esse aprendiz de rudimentos da Medicina precisa
atentar para a assepsia do seu quadro de trabalho, o médium passista necessitará vigilância no seu
campo de ação, porquanto de sua higiene espiritual resultará o reflexo benfazejo naqueles que se
proponha socorrer. Eis por que se lhe pede a sustentação de hábitos nobres e atividades limpas, com
a simplicidade e a humildade por alicerces (...)"283 (André Luiz).
Por outro lado, o receio de se ser visto pelos não espíritas como meros gesticuladores ou ma-
gos curandeiros não deverá encontrar respaldo em nossos sentidos, pois o que deveras conta é nossa
participação efetiva no socorro aos necessitados. Ademais, existe a visão espiritual da questão: "Os
passistas afiguravam-se-nos como duas pilhas humanas deitando raios de espécie múltipla, a lhes fluí-
rem das mãos, depois de lhes percorrerem a cabeça (...)"284 (André Luiz). E, a partir desta visão, não
podemos nos deter em raciocínios menores, sem, contudo, açularmos vaidades piegas ou fomentar-
mos a imaginação com a irrealidade de se possuir poderes miraculosos, daqueles que derrogariam as
leis Naturais. Somos passistas; somos trabalhadores da seara do Cristo. Isto é muito. Isto é tudo!

3.1.1 - Condições Físicas
À primeira vista, poderia parecer que apenas aqueles que têm bom condicionamento físico são
passíveis de aplicar passes. É fora de dúvida que uma saúde perfeita, um corpo sem doenças, favore-
cerá enormemente na função de uma boa doação fluídica. Mas, por tudo o que já vimos até aqui, é
fácil deduzir que isso não é tudo; afinal, são inumeráveis os casos de pessoas que são socorridas por
outras mais débeis e frágeis fisicamente, mas, nem por isso, os alcances são menos expressivos. Con-
tudo, não estamos com isso querendo menosprezar o valor do equilíbrio orgânico do médium passis-
ta, notadamente daquele que doa suas próprias energias: o passista magnético, o magnetizador pro-
priamente dito. O cuidado com sua saúde não só é importante como imprescindível.
Vejamos como pensa Michaelus: "Um corpo sem saúde não pode transmitir aquilo que não
possui; a sua irradiação seria fraca, ineficaz e mais nociva do que útil, para si e para o paciente.
"Deve-se, entretanto, distinguir entre uma pessoa incessantemente doente (...) da que é apenas
atingida de uma doença local, um mal de estomago, dos rins, etc., embora de caráter crônico"285.
(Este é, inclusive, o pensamento de Aubin Gauthier expresso em seu "Magnétisme et Somnambulis-
me".) O mesmo Michaelus, continuando o assunto, traduz a assertiva de Alfonse Bué (do seu "Mag-


281
XAVIER, Francisco Cândido. Serviço de passes. In "Missionários da Luz", cap. 17, p. 167.
282
XAVIER, Francisco Cândido. Ser Médium. In "Seara dos Médiuns", p. 138.
283
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Mediunidade curativa. In "Mecanismos da Mediunidade", cap.
22, item Médium passista, p. 146.
284
XAVIER, Francisco Cândido. Serviço de passes. In "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 17, p. 165.
285
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 7, pp. 51 e 52.
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nétisme Curatif') que deve ser bem ponderada: "Não se creia, entretanto, que o poder magnético ca-
minhe de par com a força muscular".
Apesar de parecer contraditório, a saúde é importante ser velada, mas, de igual modo, não é
tudo. Afinal, como o fluxo magnético provém não só do corpo senão essencialmente da alma, é des-
ta que devemos cuidar em primeiro lugar. Só que é indissociável o cuidar de uma sem o zelar da ou-
tra. Outrossim, o estado físico, por si só, não diz tudo o que precisa ser observado; já dissemos, a-
lhures, que a mentalização negativa destrói, desintegra, perturba nossas camadas fluídicas equilibra-
das e equilibrantes, donde fácil concluir que o físico não é sobrevalente ao estado mental.
Muitas vezes, não conseguimos evitar o acometimento de certas doenças em nós mesmos, vis-
to podermos ingerir algo deteriorado sem o percebermos e isso nos complicar a saúde, por exemplo.
Ou então, aquelas epidemias que de tempos a tempos aparecem e nos pegam "desprevenidos". Até aí
está relativamente justificado o problema verificado em nossa saúde, sem, com isso, termos com-
prometido nossa moral. Mas, existem outras situações que não nos exime das responsabilidades de-
correntes: "A fiscalização dos elementos destinados aos armazéns celulares é indispensável, por parte
do próprio interessado em atender as tarefas do bem. O excesso de alimentação produz odores féti-
dos, através dos poros, bem como das saídas dos pulmões e do estomago, prejudicando as faculda-
des radiantes, porquanto provoca dejeções anormais e desarmonias de vulto no aparelho gastrintesti-
nal, interessando a intimidade das células. O álcool e outras substâncias tóxicas operam distúrbios
nos centros nervosos, modificando certas funções psíquicas e anulando os melhores esforços na
286
transmissão de elementos regeneradores e salutares". (Grifos nossos.) Esta colocação do Espírito
Alexandre nos adverte para algumas das coisas que devemos ter cuidado, a fim de não comprome-
termos nosso corpo somático nem o trabalho de assistência via passes. Afinal, se no exemplo anteri-
or poderíamos ser catalogados, de certa forma, como vítimas das circunstâncias, agora somos os a-
gentes dos distúrbios, por não vigiarmos ou por agirmos em desacordo com os cuidados requeridos.
Corroborando com tudo o que foi visto, ampliaremos, aqui, os compromissos que temos com
nossa saúde. Um técnico em planejamento reencarnatório, no plano espiritual, assim se refere a um
grupo que prejudicou seus corpos: "Abusaram eles da magnífica saúde que possuíam. Saúde! Bem
inapreciável de que o homem desdenha, fingindo ignorar que se trata de um auxílio divino que a soli-
citude do Altíssimo concede as criaturas (...). Sem a mínima demonstração de respeito à autoridade
do Criador, aqueles nossos inditosos irmãos envenenaram os fardos preciosos com excessos de toda
a natureza!287 ". Desnecessário dizer que, se para a vida como um todo a falta de cuidados com a sa-
úde tem repercussões que tais, imaginemos o que ocorre a nível das disposições fluídicas em face da
urgência de determinados trabalhos fluídicos.
Por tudo isso, existe um coro uníssono e universal a respeito. Fred Wachsmann nos sintetiza
que, "De um modo geral, deve-se evitar tudo quanto importa no desgaste ou perda de energia: ex-
cessos sexuais, trabalhos demasiados, alimentação imprópria, hiperácida, hipercarnívora, energética,
bem como o álcool, a nicotina e os entorpecentes de toda espécie; deve-se, enfim, viver mais natu-
ralmente e adquirir melhores qualidades"288.
Carlos Imbassahy, por sua vez, nos adverte: "O Espiritismo (...) aconselha que preservemos o
nosso corpo dos elementos ou fatores que lhe diminuam a capacidade de resistência, e assim teremos
que nos alimentar, sóbria, mas suficientemente; não podemos perder a noite em prazeres inúteis ou
os dias em maus contubérnios e em vícios; não devemos entregar-nos à ociosidade; não usaremos
vestes impróprias ao clima; não procuraremos exagerar o recato até o ridículo; não sacrificaremos as
benesses da Natureza em nome de convenções ou de uma moral movediça, intermitente, errática, o-



286
XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In "Missionários da Luz", cap. 19, p. 323.
287
PEREIRA. Yvonne A. In "Memórias de um Suicida", 2ª Parte, cap. 6, pp. 361 e 362.
288
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 7, p. 54.
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riunda de mitos, das superstições ou da ignorância. É, enfim, nosso dever, promover a robustez, en-
treter a saúde, alimentar a existência por meio do exercício físico (...)"289.
Consideraremos, separadamente, as condições para as crianças e para os idosos290. A questão
do deficiente mental, abordaremos no item 3.1.3 adiante.

3.1.2 - Condições Morais
Eis o que o Codificador nos indica a respeito: "Se o médium,do ponto de vista da execução,
não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral. (...) A
alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da seme-
lhança existente entre eles. (...) As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são: a
bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coi-
sas materiais. Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cu-
pidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem a matéria"291. Além disso, a porta
que os espíritos imperfeitos "Exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura
menos confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculda-
292
des (...)" .


Na "Revista Espírita" de outubro de 1867 Kardec publicou uma mensagem do Abade Príncipe
de Hohenlohe muito interessante: "(...) Conforme o estado de vossa alma e as aptidões do vosso or-
ganismo, podeis, se Deus vo-lo permitir, tanto curar as dores físicas quanto os sofrimentos morais,
ou ambos. Duvidais de ser capaz de fazer uma ou outra coisa, porque conheceis as vossas imperfei-
ções. Mas Deus não pede a perfeição, a pureza absoluta dos homens da terra. A esse título, ninguém
entre vós seria digno de ser médium curador. Deus pede que vos melhoreis, que façais esforços
constantes para vos purificar e vos leva em conta a vossa boa vontade. (...) Melhorai-vos pela prece,
pelo amor do Senhor, de vossos irmãos e não duvideis que o Todo-Poderoso não vos dê as ocasiões
freqüentes de exercer vossa faculdade mediúnica. (...) Até lá orai, progredi pela caridade moral, pela
influência do exemplo (...)"293.
Noutra oportunidade o Codificador indagou ao Espírito Annonay, sonâmbula de uma "lucidez
notável", a qual ele conhecera quando encarnada:
"27 - O poder magnético do magnetizador depende de sua constituição física?
"- Sim; mas muito de seu caráter. Numa palavra: depende de si próprio.
"30. - Quais as qualidades mais essenciais para o magnetizador?
"- O coração; as boas intenções sempre firmes; o desinteresse.
"31. - Quais os defeitos que mais o prejudicam?
"- As más inclinações, ou melhor, o desejo de prejudicar"294 .
É Kardec quem comenta: "O fluido espiritual será tanto mais depurado e benfazejo quanto
mais o Espírito que o fornece for puro e desprendido da matéria. Compreende-se que o dos Espíritos
inferiores deva aproximar-se do homem e possa ter propriedades maléficas, se o Espírito for impuro
e animado de más intenções.


289
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 7, p. 55.
290
Vide capítulo X.
291
KARDEC, Allan. In "O Livro dos Médiuns", cap. 20, item 227.
292
KARDEC, Allan. In "O Livro dos Médiuns", cap. 20, item 228.
293
"Dissertações Espíritas", III, pp. 320 e 321.
294
SRA. REYNAUD. "Revista Espírita", mar, 1859, p. 80.
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"Pela mesma razão, as qualidades do fluido humano apresentam nuanças infinitas, conforme as
qualidades físicas e morais do individuo. É evidente que o fluido emanado de um corpo malsão pode
inocular princípios mórbidos ao magnetizado. As qualidades morais do magnetizador, isto é, a pure-
za de intenção e de sentimento, o desejo ardente e desinteressado de aliviar o seu semelhante, aliados
a saúde do corpo, dão ao fluido um poder reparador que pode, em certos indivíduos, aproximar-se
das qualidades do fluido espiritual"295. (Grifos originais.)
Reveste-se de fundamental importância o registro acima pelas conclusões que albergam. Entre
outros, Kardec nos confirma o valor da moral ante a qualidade dos fluidos, a qual pode transubstan-
ciar nossos fluidos animais em "quase" espirituais .
A essas alturas, lembramos uma citação que vimos alhures: "Há mediunidades extraordinárias,
mas poucos médiuns extraordinários"296. Sem dúvida,ela se presta a várias interpretações, mas, uma
delas vem a calhar ao nosso caso. Existem, deveras, mediunidades extraordinárias; quanto ao senti-
do, quanto ao alcance e quanto ao espetáculo. Mas, médiuns extraordinários, anônimos servidores
do Cristo, que fazem e cumprem seus deveres sem estardalhaços, sem personalismos, sem vaidades
ou outros sentimentos menos nobres, esses são poucos. Entretanto, não sejamos tão pessimistas; eles
existem. E nós, eu e você, poderemos ser um deles. Sabe de quem depende isso? De nós apenas. "-
Mas como?", pode ser perguntado. "- Com nosso esforço, pela melhora moral nossa". "- E os
Espíritos Superiores, esses nos ajudarão?" "- Sim, pois que já nos ajudam, mesmo sem nos
melhorarmos. Apenas não os percebemos porque nos sintonizamos em freqüências diferentes, por
opção própria". Eles estão sempre prontos. Infelizmente, nós é que quase nunca estamos a
disposição deles. Como dois só conseguem quando os dois querem, é necessário que queiramos, pois
os Espíritos Superiores o querem, com certeza (pelo que fica faltando só a nossa parte). Vale ser
lembrado, contudo, que querer é ter disposição, boa vontade e ação e não apenas dizer "quero", e
braços.
cruzarObservemos, agora, o que nos diz o Espírito Alexandre: "O servidor do bem, mesmo desen-
carnado, não pode satisfazer em semelhante serviço (do passe) se ainda não conseguiu manter um
padrão superior de elevação mental contínua, condição indispensável à exteriorização das faculdades
radiantes. O missionário do auxilio magnético, na Crosta ou aqui em nossa esfera, necessita ter
grande domínio sobre si mesmo, espontâneo equilíbrio de sentimentos, acendrado amor aos seme-
lhantes, alta compreensão da vida, fé vigorosa e profunda confiança no Poder Divino. (...) Na esfe-
ra carnal, a boa vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela deficiência, o que se
justifica, em virtude da assistência prestada pelos benfeitores de nossos círculos de ação ao servidor
humano, ainda incompleto no terreno das qualidades desejáveis"297 (grifamos).
Todavia, não pensemos que isso só se aplica aos médiuns e aos Espíritas. A moral é chave fun-
damental para todos. Observe-se, por exemplo, o que nos diz George W. Meek298: "Os curandeiros
são quase invariavelmente generosos, amáveis, preocupando-se muito com seus pacientes". Ou seja,
mesmo aqueles que não são necessariamente vistos com os bons olhos da coletividade humana, in-
clusive uma grande parte Espírita, são portadores de virtudes enobrecedoras e, sem dúvida, isso é
fundamental para seus sucessos.
Feita esta constatação, sentimos como o posicionamento moral do médium é muito importante
para o sucesso de sua tarefa. Não esperamos, pois, que os pacientes sejam sempre "bonzinhos" e que
os Espíritos estejam sempre "na agulha" para agirem ao nosso "estalar de dedos", sem que sejamos
nós os primeiros a estar prontos, física e, sobretudo, moralmente para o trabalho. Não seria de se
imaginar diferente. A moral há de ter importância preponderante nos trabalhos fluídicos, já que o
meio onde os fluidos são processados é basicamente mental (para não dizer espiritual). A mente de-
termina a vibração fluídica a partir da vontade e esta libera os fluidos, tonificando-os pelos padrões
psíquicos do(s) emissor(es); estes fluidos serão tão melhormente consistentes e harmonizados quanto
295
Da mediunidade curadora. Revista Espírita", set. 1865, item 4, p. 252.
296
TOLEDO, Wenefledo de. In "Passes e Curas Espirituais", 2ª Parte, lição 6ª, p. 93.
297
XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In "Missionários da Luz", cap. 19, p. 321.
298
MEEK. George W. Observações. In "As Curas Paranormais", cap. 5, p. 61.
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maior equilíbrio tiver a moral do(s) doador(es). Assim, deixando de lado as condições do receptor
final (paciente), a emissão fluídica assume o cunho de pureza determinada pela moral em que vi-
bra(m) o(s) emissor(es).

3.1.3 - Condições Mentais (Psíquicas)
Não devemos forçar a prática mediúnica em pessoas débeis, pois a perda de fluidos pode lhes
ser danosa. Diríamos até que não se deve forçar, no sentido literal da palavra, qualquer prática me-
diúnica em qualquer criatura. Mas, seguindo com Kardec, desse exercício "Cumpre afastar, por to-
dos os meios possíveis, as que apresentem sintomas, ainda que mínimos, de excentricidade nas idéi-
as, ou de enfraquecimento das faculdades mentais, porquanto, nessas pessoas, há predisposição evi-
dente para a loucura, que se pode manifestar por efeito de qualquer sobreexcitação. (...) O que de
melhor se tem a fazer com todo indivíduo que mostre tendência a idéia fixa e dar outra diretriz as su-
as preocupações, a fim de lhe proporcionar repouso aos órgãos enfraquecidos"299.
De início, portanto, já concluímos com Allan Kardec que aquelas criaturas com limitações
mentais não são indicadas as tarefas mediúnicas. Entretanto, as implicações não se restringem a esse
aspecto. Voltando à última citação do Espírito Alexandre300, encontramo-lo, um pouco mais adiante,
agora sob outro ângulo: "Falaremos tão-só das conquistas mais simples e imediatas que deve fazer (o
médium), dentro de si mesmo. Antes de tudo, é necessário equilibrar o campo das emoções. Não é
possível fornecer energias construtivas a alguém (...) se fazemos sistemático desperdício das irradia-
ções vitais. Um sistema nervoso esgotado, oprimido, é um canal que não responde pelas interrupções
havidas. A mágoa excessiva, a paixão desvairada, a inquietude obsidente, constituem barreiras que
impedem a passagem das energias auxiliadoras"301.
Uma outra observação de impedimento as práticas da mediunidade nos é colocada pelo Espíri-
to André Luiz quando nos sugere "Interdizer a participação de portadores de mediunidade em dese-
quilíbrio nas tarefas sistematizadas de assistência mediúnica, ajudando-os discretamente no reajuste"
302
posto que "Um doente-médium não pode ser um médium-sadio" . Mais claro e objetivo é impossí-
vel.
Prossigamos com a literatura de André Luiz, agora na palavra do Espírito Albério: "(...) A
mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos. (...) Nossa mente é, dessarte, um nú-
cleo de forças inteligentes, gerando plasma sutil que, a exteriorizar-se incessantemente de nós, ofere-
ce recursos de objetividade às figuras de nossa imaginação, sob o comando de nossos próprios de-
sígnios. (...) Em qualquer posição mediúnica, a inteligência receptiva está sujeita às possibilidades e a
coloração dos pensamentos em que vive, e a inteligência emissora jaz submetida aos limites e às in-
terpretações dos pensamentos que é capaz de produzir. (...) Em mediunidade, portanto, não pode-
mos olvidar o problema da sintonia"303. Eis aí, claramente estabelecido, por que a mente equilibrada
e, em conseqüência, nossa posição psíquica, é de vital importância para conseguirmos o fruto dese-
jado nas lides fluidoterápicas.
O cultivo de mente pura à nosso dever, já que ela é o filtro por onde passam as benesses que
favorecerão nosso próximo e, por conseguinte, a nós mesmos. Afinal, "A energia transmitida pelos
amigos espirituais circula primeiramente na cabeça dos médiuns"304. (Só para recordar, lembra o lei-
tor onde fica o Centro Coronário e qual a sua importância?)


299
KARDEC, Allan. Inconvenientes e perigos da mediunidade. In "O Livro dos Médiuns", cap. 18, item 222.
300
XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In "Missionários da Luz", cap. 19, p. 321.
301
XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In "Missionários da Luz", cap. 19, p. 323.
302
VIEIRA, Waldo. Do dirigente de reuniões doutrinárias. In "Conduta Espírita", cap. 3, p. 24.
303
XAVIER, Francisco Cândido. Estudando a mediunidade. In "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 1, pp. 15, 17 e
18.
304
XAVIER, Francisco Cândido. Serviço de passes. In "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 17, p. 165.
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Poderíamos ainda pensar nas condições psicológicas do médium ante o serviço do passe. Mui-
tas publicações têm surgido ultimamente enfatizando o poder da mente, com colocações, diríamos,
nem sempre bem ponderadas. Isto porque, na maioria delas, enfatiza-se o "querer é poder", mas, a-
tribuindo ao querer a simples repetitividade, até meio irracional, de palavras ou frases "chaves". Por
exemplo: "Diga para você, 'tantas' vezes por 'tanto' tempo, que você vai conseguir isso, ou que você
terá aquilo ou que você alcançará aquilo outro". E depois de você se convencer disso, garante que
terá alcançado ou estará por alcançar seu desejo. É, sem querer menosprezar as obras sérias que tra-
tam do assunto, um simplismo fabricado para atender à comodidade da "lei do menor esforço". Que-
rer estabelecer poderes através do simples condicionamento de palavras é, no mínimo, reduzir as ma-
ravilhosas potencialidades do ser humano a puro automatismo irracional.
Os médiuns hão de desenvolver condições íntimas de fé e confiança, que se adquirem com
muito labor. "O Evangelho segundo o Espiritismo" muito nos tem ensinado nesse sentido. E são es-
sas condições, adquiridas e vividas de forma inabalável, que nos favorecerão as condições psicológi-
cas do "eu quero, eu posso", posto que estabelecidas em vivência, em prática, em Espírito e verdade
e não por refração de palavras.
Nossa posição psicológica para a aplicação do passe deve ser tal qual a assertiva do Mestre Je-
sus: "Seja o vosso falar (e agir), sim, sim; não, não305. Sem espaço para vacilações, sem espaço para
descrença, sem espaço para o medo. A mente tem que estar repleta de pensamentos positivos e o co-
ração emitindo vibrações de um harmônico amor. Nosso desejo não será o de curar de qualquer ma-
neira mas o de favorecer o paciente, o irmão necessitado, com a "ajuda máxima que possamos dar",
mas, sob os alcances determinados pelo "seja feita a vontade de Deus", e não necessariamente a nos-
sa.
Podemos concluir com uma síntese de Keith Sherwood: "O curador busca duas direções: pri-
meiro Deus, concretizando a afinidade com o Todo, a fonte da cura e depois com seu paciente, tor-
306
nando-se o canal através do qual a energia fluirá" . Isto representa uma imagem ideal para o passis-
ta, posto que, buscar a Deus, Jesus já bem ensinou, através do "Amarás o teu próximo como a ti
307
mesmo" ; e se buscando-O amamos o semelhante, e vice-versa, alcançamos o ideal da Lei já que ali
se encontram "toda a lei e os profetas"308, inclusive a lei das curas.

3.2 - Os Espíritos
Será que já nos demos conta de que, para a realidade da existência do passista, se torna neces-
sária a presença de trabalhadores no plano espiritual nessa mesma área, para secundar (o mais certo
seria primar) os trabalhos?
Independentemente do atendimento dos Espíritos aos trabalhos específicos do passe, sabemos,
com o Espírito Alexandre, que "Há verdadeiras legiões de trabalhadores de nossa especialidade am-
parando as criaturas, que através de elevadas aspirações, procuram o caminho certo nas instituições
religiosas de todos os matizes"309. Inclusive, com esta afirmação, fica evidente que o trabalho da Es-
piritualidade Superior, no atendimento de nossas necessidades, não se vincula a qualquer ordem ou
orientação religiosa dessa ou daquela estirpe; simplesmente atende aos necessitados, na proporção
direta de sua fé, de seu merecimento e de sua vinculação com os planos elevados. Isto ratifica a pos-
tulação de Kardec no capítulo XV de "O Evangelho segundo o Espiritismo", quando, registrando
passagens do Cristo e de Paulo neste especial, corporifica o "Fora da caridade não há salvação".
Os Espíritos, temos certeza, são indispensáveis em nossas atividades fluidoterápicas e sua ação
é tão palpável que negá-los se nos apresenta como ignorância ou puro orgulho; ignorância da parte
305
Mateus, V, v. 37.
306
SHERWOOD. Keith. O perigo do medo. In "A Arte da Cura Espiritual", cap. 2, item Confiança e união, p. 36.
307
Mateus, XXII, v. 39.
308
Mateus, XXII, v. 40.
309
XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In "Missionários da Luz", cap. 19, p. 327.
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daquele que não sabe, não conhece, não experimentou; orgulho, naquele que sabe, conhece ou expe-
rimentou, mas se acredita insubstituível e fonte natural de todos os recursos que fluem por seu in-
termédio; pobre coitado carente de oração e cuidados para não se obsidiar em grau mais elevado.

3.2. 1 - Nos Passes
"- Mãos à obra! Distribuamos alguns passes de reconforto!
"(...) Recordei Narcisa (...) Pareceu-me, ainda, ouvir-lhe a voz fraterna e carinhosa - 'André,
meu amigo, nunca te negues, quanto possível, a auxiliar os que sofrem. Ao pé dos enfermos, não ol-
vides que o melhor remédio é a renovação da esperança; se encontrares os falidos e os derrotados da
sorte, fala-lhes do divino ensejo do futuro; se fores procurado, algum dia, pelos Espíritos desviados e
criminosos, não profiras palavras de maldição. Anima, eleva, educa, desperta, sem ferir os que ainda
dormem. Deus opera maravilhas por intermédio do trabalho de boa vontade!' (...)
"Aniceto designou-me um grupo de seis enfermos espirituais, acentuando:
"- Aplique seus recursos, André. (...)
"Aproximei-me duma senhora profundamente abatida (...), entendendo que não deveria socor-
rer utilizando apenas a firmeza e a energia, mas também a ternura e a compreensão. (...)
"Lembrando a influência divina de Jesus, iniciei o passe de alívio sobre os olhos da pobre mu-
310
lher, reparando que enorme placa de sombra lhe pesava na fronte" .
Pela exposição, não temos motivos para descrer da ação dos Espíritos, já que a larga maioria
dos experimentadores de todas as Escolas, de forma direta ou velada, também se reporta a essa ação,
quer por menção à intuição, quer por referência as sensações de "acompanhamentos".
Chico Xavier perguntou a André Luiz: "Quais os principais métodos usados na Espiritualidade
para o tratamento das lesões do corpo espiritual?" Eis a resposta: "- Na Espiritualidade, os servido-
res da Medicina penetram, com mais segurança, na história do enfermo para estudar, com o êxito
possível, os mecanismos da doença que lhe são particulares.
"Aí, os exames nos tecidos psicossomáticos com aparelhos de precisão (...) podem ser enri-
quecidos com a ficha cármica do paciente a qual determina quanto a reversibilidade ou irreversibili-
dade da moléstia, antes de nova reencarnação, motivo por que numerosos doentes são tratáveis, mas
somente curáveis mediante longas ou curtas internações no campo físico, a fim de que as causas
profundas do mal sejam extirpadas da mente pelo contacto direto com as lutas em que se configu-
raram.
"Crucial, portanto, é que o médico espiritual se utilize ainda, de certa maneira. da medicação
que vos é conhecida, no socorro aos desencarnados em sofrimento (...)
"Contudo é imperioso reconhecer que na Espiritualidade Superior o médico (...) se ergue com
(...) as qualidades morais que lhe confiram valor e ponderação, humildade e devotamento, visto que
a psicoterapia e o magnetismo, largamente usados no plano estrafísico, exigem dele grandeza de
caráter e pureza de coração"311 (grifamos).
A transcrição dispensa comentários.
Na espiritualidade, é de se notar, também se faz uso da "psicoterapia e do magnetismo", fican-
do, assim, definido que não se trata de Ciências eminentemente humanas, mas, sobretudo, Naturais.
Isso é bom ficar bem entendido pois Psicologia é o estudo da alma e Magnetismo à a Ciência do bem
em ação; e por assim serem entendidas, não podem, pura e simplesmente, ser afastadas das Casas
Espíritas. Devemos, isto sim, usar-lhe os benefícios, orientados pela lucidez kardequiana da Codifi-
310
XAVIER, Francisco Cândido. Assistência. In "Os Mensageiros", cap. 44, pp. 228 a 231.
311
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Predisposições mórbidas. In "Evolução em Dois Mundos", 2ª
Parte, cap. 19, pp. 215 e 216.
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cação Espírita, sem com isso estarmos apregoando devam as Instituições Espíritas ter ou vir a ser
clínicas de psicologia ou departamentos de magnetismo aplicado.

3.2.2 - Sua Ação de Maneira Direta no Paciente
Vejamos um caso registrado por Allan Kardec que fala por si:
"Tínhamos ocultado a morte do Sr. Demeure à Sra. G..., médium vidente e sonâmbula muito
lúcida, para poupar sua extrema sensibilidade. E o bom doutor (Demeure), percebendo nosso ponto
de vista, sem dúvida tinha evitado manifestar-se a ela. A 10 de fevereiro último, estávamos reunidos
a convite de nossos guias que, diziam eles, queriam aliviar a Sra. G... de uma entorse de que sofria
cruelmente desde a véspera. Não sabíamos mais que isto (...). Apenas caída em sonambulismo, a da-
ma soltou gritos lancinantes, mostrando o pé. Eis o que se passava:
"A Sra. G... via um Espírito curvado sobre sua perna, mas as suas feições ficavam ocultas; o-
perava fricções e massagens, fazendo de vez em quando uma fricção longitudinal sobre a parte do-
ente, absolutamente como teria feito um médico. A operação era tão dolorosa que a paciente por ve-
zes vociferava e fazia movimentos desordenados. Mas a crise não teve longa duração; ao cabo de
dez minutos todo o traço de entorse havia desaparecido; não mais inflamação, o pé tinha tomado sua
aparência normal; a Sra. G... estava curada.
"(· · · ) A cura referida acima é um exemplo da ação do magnetismo espiritual puro, sem
qualquer mistura do magnetismo humano"312 (grifamos).
Eis outro exemplo, agora como testemunho pessoal; há alguns anos sofríamos de um violento
processo alérgico nas fossas nasais, ao ponto de só dormirmos com aplicação local de remédios va-
soconstritores. Como sofremos de hipertensão, a situação ficou muito delicada. Certa noite, a hora
de dormir, pedimos aos Amigos Espirituais que, se possível, "procurassem um jeitinho" para resolver
o problema, pois já não conseguíamos dormir direito, em virtude da dificuldade de respiração. Dias
depois, enquanto trabalhávamos ao computador, repentinamente veio um mal-estar na narina mais
fortemente afetada e, num espirro, saiu uma carnosidade bastante volumosa dali, envolta de sangue
enegrecido. Ficamos espantados mas, por precaução, guardamos aquela "carne" num vidro com ál-
cool. Fato é que não nos lembrávamos mais da prece daquela noite e, após uns quatro ou cinco dias
deste último fato, percebemos que o nariz não mais ficava obstruído, pelo que voltamos a dormir di-
reito (...) Só então percebemos que tal se deu depois do desprendimento daquela "coisa". Procura-
mos, então, um médico amigo, contamos-lhe o fato, ele examinou o material e disse se tratar de um
"cartucho" (esse é o nome que conhecemos) que tinha sido "cirurgiado". Para nós, foram os Espíri-
tos que fizeram a cirurgia, se bem não saibamos como se deu o fenômeno na sua intimidade.
Não há dúvidas: isto é exemplo de intervenção espiritual!

4. POTENCIAL FLUÍDICO
Como quem doa tem que ter o que doar ou saber o que, e onde conseguir para doá-lo, faremos
alguns registros neste sentido.
Allan Kardec nos informa que "São extremamente variados os efeitos da ação fluídica sobre os
doentes, de acordo com as circunstâncias. Algumas vezes é lenta e reclama tratamento prolongado,
como no magnetismo ordinário; doutras vezes é rápida, como uma corrente elétrica. Há pessoas do-
tadas de tal poder, que operam curas instantâneas nalguns doentes, por meio apenas da imposição
das mãos, ou, até, exclusivamente por ato da vontade. Entre os dois pólos extremos dessa faculdade,
há infinitos matizes. Todas as curas desse gênero são variedades do magnetismo e só diferem pela in-


312
Poder curativo do magnetismo espiritual. In "Revista Espírita", abr. 1865, pp. 109 a 111.
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tensidade e pela rapidez da ação. O princípio é sempre o mesmo: o fluido, a desempenhar o papel de
agente terapêutico, e cujo efeito se acha subordinado à sua qualidade e a circunstâncias especiais"313 .
Observemos como o Codificador deixou bem diferenciado o magnetismo ordinário do
magnetismo que é levado a efeito pelo Espiritismo e, por conseguinte, nos passes. Como se infere,
tanto da teoria quanto da prática, o magnetismo ordinário é de aplicação bem mais demorada que o
espírita, mesmo em se tratando de um idêntico objetivo, um mesmo alcance. Todavia, para quem não
aceita ou não conhece o Espiritismo fica difícil entender o motivo disso tudo. Para nós, que
estudamos a Doutrina dos Espíritos, é fácil esse entendimento; nossa ação conta com a participação
consciente e aceita dos Espíritos e de seu instrumental,que chamaríamos de cósmico, fluido-
espirítico ou ainda fluídico-espiritual.
Allan Kardec nos concede outras observações: "(...) o médium (curador) tem uma ação mais
poderosa sobre certos indivíduos do que sobre outros, e não cura todas as doenças. Compreende-se
que assim deva ser, quando se conhece o papel capital que representam as afinidades fluídicas em
todos os fenômenos de mediunidade. Algumas pessoas mesmo só gozam acidentalmente e para um
determinado caso. Seria, pois, um erro crer que, por isso que se obteve uma cura, mesmo difícil, po-
dem ser obtidas todas, pela razão que o fluido próprio de certas doenças é refratário ao fluido do
médium; a cura é tanto mais difícil quanto a assimilação dos fluidos se opera naturalmente. Assim, é
surpreendente que algumas pessoas frágeis e delicadas exerçam uma ação poderosa sobre indivíduos
fortes e robustos. Então é que essas pessoas podem ser bons condutores do fluido espiritual, ao pas-
so que homens vigorosos podem ser maus condutores. Têm seu fluido pessoal, fluido humano, que
314
jamais tem a pureza e o poder reparador do fluido depurado dos bons Espíritos" (grifamos).
Acreditamos ser óbvio que um corpo são tem melhores recursos fluídicos, via de regra, que um
315
corpo débil, doente. Numa obra já mencionada , há registro das observações do comportamento
orgânico em médiuns, onde, pelas perdas de peso, alteração de pulso e pressão e consideráveis modi-
ficações nos níveis sanguíneos, fica evidente que é necessário um bom estado orgânico para que se
tenha um grande potencial fluídico. Mas a recíproca não é necessariamente verdadeira. O animismo
(perispiritual) pode fornecer tônus vital próprio que exceda os potenciais orgânicos, assim como as
condições nunca desprezíveis, advindas da atuação fluídica decorrente de uma vontade forte e da a-
ção dos Espíritos reforçam esses potenciais.

4.1- Afinidade x Potencial Fluídico
Na "Revista Espírita" de 1858, Kardec nos diz: "A emissão do fluido pode ser mais ou menos
abundante: daí os médiuns mais ou menos potentes.
E como não é permanente, explica a intermitência daquele poder. Enfim, se levarmos em conta
o grau de afinidade que pode existir entre o fluido do médium e o de tal ou qual Espírito, compreen-
316
der-se-á que sua ação se possa exercitar sobre uns e não sobre outros" .
Concluído que a potência fluídica está diretamente relacionada com a quantidade e a qualidade
da emissão fluídica por parte do médium, localizamos, com Kardec, outra dependência: a da afinida-
de. Tanto que ele diz: "A cura é devida às afinidades fluídicas, que se manifestam instantaneamente,
como um choque elétrico, e que não podem ser prejulgadas"317.
Isso tudo nos induz ao entendimento das muitas vezes em que um determinado tipo de trata-
mento funciona com um paciente e não com outro; ou com um, segundo uma extensão temporal
mais ou menos longa, que em outros. Por isso achamos precipitado acusarmos ineficiência em certos

313
KARDEC, Allan. Os fluidos. In "A Gênese", cap. 14, item 32.
314
Poder curativo do magnetismo espiritual. In "Revista Espírita", abr. 1865, pp. 111 e 112.
315
KRIPPNER, Stanley (ph.D). Psicocinesia em Leningrado. In "Possibilidades Humanas", cap. 2.
316
Teoria das manifestações físicas - 2. In "Revista Espírita", jun. 1858, p. 156.
317
O ZUAVO Jacob - 2. In "Revista Espírita", nov. 1867, p. 345.
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médiuns ou deficiência nalguns pacientes; muitas vezes o médium com maior potencial não consegue
grandes coisas com determinado paciente, o qual vem a se curar com outro médium tido como "fra-
co", fluidicamente falando. É que além do potencial fluídico a afinidade é fundamental.
Para se entender como funciona essa afinidade, façamos uma analogia: uma emissora de rádio,
por mais forte que seja seu "sinal", não será receptada por um rádio que esteja sintonizado noutra
freqüência, ainda que de "sinal" mais fraco. É que, como nos passes, além da potência do "sinal", é
indispensável a sintonia (afinidade) na mesma freqüência. Por outro lado a afinidade a que nos refe-
rimos não deve ser confundida com a simpatia que temos pelas pessoas. A "afinidade fluídica" de-
pende da vibração do campo fluídico em uma mesma freqüência ou onde se instale uma freqüência
que comporte a outra. Isto quer dizer que até freqüências diferentes podem se combinar, desde que
dentro, de determinados padrões e limites.
Reconhecendo o empirismo em que este assunto ainda se encontra, fica a sugestão para que
busquemos investigar, pesquisar e aprofundar nossos conhecimentos na área para, de futuro, poder-
mos equacionar melhor nossos padrões de afinidade versus potenciais fluídicos.

4.2 - Moral x Potencial Fluídico
Quanto aos valores morais em função do potencial fluídico, já concluímos que seu engrande-
cimento é marcantemente necessário. Para não nos alongarmos desnecessariamente, vejamos a ana-
logia feita pelo Espírito Emmanuel: "(...) Em essência, os olhos de um analfabeto. de um preguiçoso,
de um malfeitor e de um missionário do bem não exibem qualquer diferença de histologia da retina
(...)
"Imaginemos fosse concedida, aos quatro, determinada máquina com vistas à produção de cer-
tos benefícios, acompanhada da respectiva carta de instruções para o necessário aproveitamento.
"O analfabeto teria, debalde, o aparelho, por desconhecer como deletrear o processo de utili-
zação.
"O preguiçoso conheceria o engenho, mas deixá-lo-ia na poeira da inércia.
"O malfeitor aproveitá-lo-ia para explorar os semelhantes ou perpetrar algum crime.
"O missionário do bem, contudo, guardá-lo-ia sob a sua responsabilidade, orientando-lhe o
funcionamento na utilidade geral.
"Força medianímica, desse modo, quanto acontece a capacidade visual, é dom que a vida ou-
torga a todos.
"O que difere, em cada pessoa, é o problema de rumo"318 .
Dispensando outros comentários, podemos concluir com Michaelus: "(...) Tanto maior será a
força do magnetizador quanto mais puro for o seu coração. Quanto mais o homem se elevar espiri-
tualmente, tanto maior será o poder de sua irradiação"319. Ou seja: façamos nossa parte; façamos o
melhor possível pois a Espiritualidade faz sua parte, sempre. E se "A cada um é dado segundo suas
obras", também prevalece o "Faze por ti que o Céu te ajudará" (Jesus).




318
XAVIER, Francisco Cândido. Força mediúnica ~n'Seara dos Médiuns", pp. 55 e 56.
319
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 4, p. 36.
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CAPÍTULO VI - COMO Æ O IMPASSE DO
PASSE
"E quem tiver feito seus estudos e experiências reconhecerá que a diversidade dos processos re-
sulta principalmente da própria natureza e das propriedades do fluido de cada magnetizador. Uma ob-
servação acurada nos levará à convicção de que o essencial é agir de acordo com os princípios, sem fi-
car preso aos métodos prescritos, mas adotando aquele que for, em cada caso, o mais consentâneo e e-
320
ficiente". (Michaelus)

Desde criança ouvimos que a Doutrina Espírita não tem mistérios, que tudo (ou quase tudo)
tem explicação, que o bom senso sempre prevalece e que nada é imposto, principalmente, se vem de
Espíritos Superiores. Mas na hora de se explicar o passe, "é um Deus nos acuda!". Tanto que é co-
mum pessoas e Instituições Espíritas recriminarem abertamente o "passe magnético" sem, entretanto,
darem para tal fato explicações convincentes.
Perquirindo e raciocinando a respeito, fomos percebendo que o grande problema a ser vencido
estava a nível de definição, pois as discussões que havia, via de regra, giravam em torno de palavras
e não dos fatos em si.
Procurando resolver esta situação, embora ousando um pouco e correndo o risco de sermos
mal interpretados, propomos uma forma de solucionar o que chamamos de "impasse do passe".

1. NECESSIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DO
PASSE
É sabido que o passe não atende a uma única finalidade nem sua origem fluídica promana de
uma única fonte. Sabemos igualmente que muitas escolas orientais e esotéricas têm estudado as téc-
nicas do magnetismo sob as mais diversas denominações e com os mais variados objetivos. Percebe-
mos, por fim, que o passe na Casa Espírita está muito miscigenado, por vezes de uma forma um tan-
to quanto indevida; não que tal fato seja, em si, condenável pois, atendendo ao convite feito pelo "a-
321
póstolo dos gentios" , devemos analisar tudo, retendo o que é bom; apenas não devemos incorpo-
rar conceitos, práticas e rituais que sejam contraditórios entre si, que afrontem os princípios doutri-
nários do Espiritismo ou que não melhorem, não aprimorem ou apenas piorem aquilo que já está es-
tabelecido e reconhecido como correto e frutuoso.
A par disso, o personalismo. as práticas eminentemente individuais ou de grupos isolados da
realidade universal, além de certas informações não crivadas na razão e no bom senso, dadas por de-
terminados "guias" - os quais se melindram ao serem questionados, relegando o interesse na promo-
ção da universalidade de seus ensinos, como que a temê-lo -, muito têm contribuído para os desvios
e impasses com que nos deparamos na maioria das Casas Espíritas.
Decorrentemente, começaram a surgir nomes, técnicas e métodos os mais variados e exóticos
possíveis, sem falar nas concepções equivocadas atribuídas a nomenclaturas já bem definidas. Desse
embaralhamento restou a constatação límpida de que nós, os espíritas, já não nos entendemos quan-
do nos referimos ao passe, como se os termos que o envolvem formassem um verdadeiro dialeto e, o
que é pior, um dialeto muito pobre e conflitante.
O que fazer então para sair do "impasse do passe"? Sem dúvida que a resposta é estudar. Só
que estudar não é apenas ler um livro, ouvir uma palestra ou participar de um curso; é isso e muito
mais. É pesquisar, experimentar com equilíbrio e sob boa orientação, é buscar o sentido das coisas,
tudo ponderando com critério e bom senso. É bitolar-se pela Lei Natural.
320
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 9, p. 66.
321
I Tessalonicenses, V, v. 21.
JACOB MELO 85
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



Vamos estudar, então. E comecemos por Kardec:
"A ação magnética pode produzir-se de muitas maneiras:
"1º) pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo
humano, cuja ação se acha adstrita a força e, sobretudo, à qualidade do fluido;
"2º) pelo fluido dos Espíritos, atuando diretamente e sem intermediário sobre um encarnado,
seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja
para exercer sobre o individuo uma influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual,
cuja qualidade está na razão direta das qualidades do Espírito;
"3º) pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo para
esse derramamento. É o magnetismo misto, semi-espiritual, ou, se o preferirem, humano-espiritual.
Combinando com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades que ele carece (...)"
322
(grifos do original) .
Percebe-se claramente que Kardec tomou por referencial apenas um aspecto da questão fluido-
terápica: a ação magnética em função da "fonte dos fluidos", ou seja, de sua origem. Isto quer dizer
que, traduzindo suas palavras para a terminologia do passe, ele falou, respectivamente, do passe
magnético, do passe espiritual e do passe misto; tudo, perdoem-nos a enfatização, apenas no que se
refere à fonte dos fluidos.
Racionalizando nossa realidade, sabemos que o passe também pode (e deve, e é) ser analisado
segundo, pelo menos, outros dois aspectos: em relação ao "alcance do fluido" e as "técnicas" usa-
das.
Retornemos ao raciocínio inicial: tornou-se por demais comum ouvir-se dizer que na Casa Es-
pírita não deve ser aplicado o passe magnético mas apenas o espiritual ou o mediúnico (...) Nesse
ponto perguntamos: e o que é o passe mediúnico? Será aquele que se aplica "incorporado"? Não
concordamos que seja dessa forma323, assim como discordamos se aplique passes com riqueza de
técnicas do magnetismo de forma pública e coletiva. Como se vê, dependendo da situação proposta
poderemos concordar ou discordar de determinadas práticas. Uma coisa, contudo, ressalta: precisa-
mos saber exatamente o que se quer dizer quando se fala de passe magnético, espiritual e/ou misto.
Eis por que precisamos urgentemente de uma caracterização do passe na Casa Espírita324.

2. TIPOS DE PASSE
"O conhecimento da mediunidade curadora é uma das conquistas que devemos ao Espiritismo;
mas o Espiritismo, que começa, ainda não pode ter dito tudo; não pode, de um só golpe, mostrar-
nos todos os fatos que abarca; diariamente os mostra novos, dos quais vêm corroborar ou completar
325
os já conhecidos, mas é necessário tempo material para tudo" . Com este pensamento, Kardec nos
adverte para a progressividade do tema. Ele, é fácil verificarmos, não se prendeu a análise isolada
dos outros fatores que envolvem a prática do magnetismo tal como didaticamente o faremos nesta
oportunidade; mas que ele sabia dessas considerações é inegável, pois em várias oportunidades estu-
dou e comentou, em sua "Revista Espírita", os aspectos do "alcance" do fluido e das "técnicas" do
passe, conforme teremos ocasião de observar ao longo das citações que faremos.
Busquemos então, sem mais delongas, o entendimento para o passe segundo as três situações
propostas.

322
KARDEC, Allan. Os fluidos. In "A Gênese", cap. 14, item Curas, tópico 33.
323
No capítulo X, item 9 - "Incorporação Durante o Passe". trataremos detalhadamente deste aspecto.
324
No Congresso Internacional de Espiritismo de 1989, realizado em outubro daquele ano em Brasília-DF, tivemos a
honra de apresentar este assunto sob o título "Caracterização dos Passes Ministrados na Casa Espírita", cujo traba-
lho serviu de base para este capítulo.
325
Da Mediunidade Curadora. In "Revista Espírita", set. 1865, p. 250.
JACOB MELO 86
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA




2.1- O Passe Segundo a Fonte do Fluido
Conforme já observamos e deduzimos anteriormente, aqui teremos três tipos de passes, cuja
seqüência obedecerá àquela seguida por Kardec326: magnético, espiritual e misto.
a) O passe magnético aqui caracterizado é aquele cujo fluido utilizado emana basicamente327
do próprio passista (ou do médium, magnetizador, curador, curandeiro, etc.). Seria, isoladamente
considerado, o animismo de cura.
b) O passe espiritual é o que se verifica pela doação fluídica direta dos Espíritos ao paciente,
sem interferência de médiuns. Na prática dos encarnados, contudo, a presença do médium, nesse ca-
so, serve apenas como "canal" dos fluidos espirituais328.
A Literatura Espírita nos mostra exemplos registrando a ação do Plano Espiritual sobre o Físi-
co. Eis dois registros de André Luiz: "Aproximou-se dele o irmão Clementino e, a maneira do mag-
netizador comum, impôs-lhe as mãos aplicando-lhe passes de longo circuito"329; o Espírito Áulus,
numa tarefa de atendimento desobsessivo, "Aplicou passes de desobstrução a garganta da enferma
(encarnada) e, em breves instantes, o verdugo (obsessor desencarnado) começou a falar (...)"330.
Antes de passarmos ao próximo tipo, notemos que os Espíritos trabalham no Plano Espiritual,
"à maneira do magnetizador comum", isto é, "aplicando-lhe passes de longo circuito". O que será is-
so? Um outro fator a se considerar ainda é que este passe se dá igualmente de Espírito para Espírito.
c) O passe misto, que é predominante em nosso meio. conta com a participação fluídica tanto
dos Espíritos quanto dos médiuns. Este passe também recebe o nome de mediúnico por alguns Espí-
ritas, em virtude da presença espiritual manifesta no fenômeno por seu derramar fluídico, a qual por
vezes se dá de forma muito ostensiva, e indevida, através da psicofonia331 .

2.2 - O Passe Segundo o Alcance do Fluido
Até aqui este capítulo foi elaborado levando em consideração apenas o passe que tem por base
a fonte de onde "primordialmente" se origina o fluido. Apesar desse aspecto ser de importância basi-
lar, a característica que ora iremos analisar também se destaca por sua relevância. É pelo alcance do
fluido que buscaremos, posteriormente, as técnicas, para atender aos três tipos de pacientes que ca-
racterizamos no capítulo V, item 1 - "Quem recebe".
Uma dificuldade parece se interpor: como definir novos nomes para os passes, agora segundo
o alcance dos fluidos, sem com isso criarmos mais terminologias numa área onde o excesso de ter-
mos só tem gerado confusão e desencontro de idéias? Ou então, como aceitar uma mesma termino-
logia sem cair neste já complicado impasse? Bem se vê que urge uma solução. Iremos propô-la e a-
creditamos que será bem aceita e entendida com facilidade.
Mas, antes de fazermos nossa propositura, pedimos permissão para usarmos a mesma termino-
logia utilizada no item anterior para definir o passe, só que agora levaremos em conta apenas sua
ocorrência em relação ao "alcance do fluido". Assim sendo, teremos:


326
KARDEC, Allan. Os fluidos. In "A Gênese", cap. 14, item Curas, tópico 33.
327
Dizemos "basicamente" porque sabemos sempre haver participação dos fluidos espirituais, mesmo naquilo que se
convencionou chamar de "magnetismo puro".
328
Atente-se para o que referimos no capítulo IV, item 1.2, último parágrafo.
329
XAVIER, Francisco Cândido. Desdobramento em serviço. In "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 11, p. 97.
330
XAVIER, Francisco Cândido. Fascinação. In "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 23, p. 220.
331
Mais conhecido popularmente por "incorporação". Embora esta expressão não seja bem aceita por todos, ela é
usualmente empregada e assimilada no meio Espírita.

JACOB MELO 87
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



a) O passe magnético, neste enfoque, é aquele cujo alcance objetiva o atendimento de proble-
mas orgânicos, físicos e/ou perispirituais, aí se incluindo aqueles passes praticados pelos Espíritos di-
retamente em desencarnados com o fim de recuperar deficiências ou limitações "físicas" naqueles.
b) O passe espiritual aqui assume a feição daquele destinado ao atendimento de problemas de
ordem espiritual, principalmente dos cujas matrizes são os processos obsessivos ou decorrentes de
desvios morais. Para exemplificar, este passe é aplicado pelos médiuns nas reuniões de desobsessão,
assim como pelos Espíritos.
c) O passe misto, a exemplo do seu homônimo anterior, já nos sugere ser aquele onde o trata-
mento visa não uma mas todas as partes do ser, ou seja: corpo, perispírito e espírito. Obviamente os
fluidos aqui "manipulados" atuarão não apenas a nível perispiritual, mas atingirão as próprias células
do corpo e alcançarão igualmente a intimidade do Espírito, ainda que por via perispiritual.
Acreditamos que o leitor já terá percebido onde queremos chegar. Por esta nova caracteriza-
ção ficou patente que muitos de nossos desentendimentos se dão mais por questão de falta de defini-
ção do que propriamente por má vontade ou menor entendimento da parte de algum.
Mas ainda existe, como dissemos no início, uma outra "variável" para o nosso equacionamen-
to; é a questão da técnica.

2.3 - O Passe Segundo a Técnica
Pelos mesmos motivos explanados no item anterior, mais uma vez deixaremos de criar novos
termos e faremos uso dos três já utilizados nos itens acima. Não creia o leitor que isto é simples co-
modidade ou mera inovação; é que muitas pessoas, por exemplo, quando falam "passe magnético",
estão se referindo aos passes que usam as técnicas do magnetismo, sem se reportarem necessaria-
mente às características que já apresentamos. Tanto é que comumente ouvimos as pessoas dizerem
que preferem tomar passe com "fulano" porque ele dá um "passe magnético" (com movimentação de
mãos) enquanto "sicrano" só dá "passe espiritual", pois "nem sequer se mexe".
Vejamos, então, como fica nosso entendimento em face desta nova situação, atentando que
não iremos levantar as técnicas em si mesmas.
a) O passe magnético agora é entendido como o que é aplicado segundo as técnicas do magne-
tismo, não importando nem de onde venham os fluidos, nem para que fins se destinam, nem ainda
quem o aplique.
b) O passe espiritual, conforme seu entendimento nesta situação sugere, é aquele onde o pas-
sista utiliza, como técnica, apenas a prece, a irradiação (a distância) ou, no máximo, a imposição de
mãos, sem movimentos e sobre a cabeça ou fronte do paciente. Este seria aquele caso em que o mé-
dium passista não necessitaria ter tantos conhecimentos de técnicas pois sua ação seria essencialmen-
te mental.
c) O passe misto aqui é entendido como o que faz a utilização conjugada da prece com impo-
sição de mãos, seguido do uso de outras técnicas, ou então a aplicação de um passe com técnicas va-
riadas após uma radiação (que é um passe espiritual, segundo a técnica). Para reforço do entendi-
mento. diríamos que tal passe é aquele onde se utiliza a dispersão fluídica antes e/ou após a imposi-
ção de mãos, intercalada por técnicas outras.
Agora que definimos nossas três características típicas, vamos à proposição que visa solucio-
nar o problema do entendimento. Entrementes, caso não tenham sido percebidas as diferenças esta-
belecidas nos itens acima pormenorizados, sugerimos sua releitura antes de entrarmos no próximo
tópico.




JACOB MELO 88
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA




3. O FIM DO IMPASSE
Na matemática encontramos um cálculo chamado "combinação" que nos permite encontrar o
resultado da soma de vezes em que um número de coisas se combinam com outras, dentro dos pa-
drões estabelecidos pela propositura do problema. Como, nas situações apresentadas, temos três ca-
racterísticas de passes (em relação a origem do fluido, em relação a seu alcance e em relação a técni-
ca aplicada) onde cada um nos apresenta três tipos (magnético, espiritual e misto), se fizermos a
combinação desses três elementos três a três, teremos, por resultado, o número vinte e sete. Isto
quer dizer que, se para cada tipo de combinação rotulássemos um nome, teríamos que criar vinte e
sete nomes diferentes para atendê-las todas. Convenhamos, seria um embaraço sem fim, fazendo
com que nosso simplório passe se revestisse de uma falsa prosopopéia, além do agravante de atrapa-
lhar o raciocínio de pessoas humildes, no meio das quais, por sinal, se encontra o maior número dos
médiuns mais produtivos, prestativos, honestos e pontuais.
Como nos recorremos da matemática para chegarmos ao número acima, faremos mão de suas
teorias outra vez a fim de explicar nosso raciocínio. Aprendemos que, quando temos uma única e-
quação com tais variáveis, se torna indispensável fixemos valores a duas dessas variáveis para desco-
brirmos a outra incógnita.
Com isso queremos dizer que iremos fixar nomes para podermos simplificar nossa solução.
Paralelamente, buscaremos na gramática um recurso muito usado para, por meio de duas ou
mais palavras, se exprimir uma terceira significação; trata-se da "união gramatical", aquele tracinho
(-) que quando une guarda com chuva, por exemplo, faz com que desapareça o sentido de vigilante e
de aguaceiro para surgir o de protetor contra a chuva. Essa união gramatical, quando necessário, aos
permite usar um artifício bem interessante que é o de sincopar as palavras, ou seja, reduzi-las, supri-
mir-lhe certas letras sem, contudo, alterar-lhe o sentido. De posse dessas "ferramentas", vamos ao
que interessa.
Primeiro, vamos lidar com uniões gramaticais para definir nossa caracterização onde, portanto,
a união gramatical será nossa linha de equação. Para isso, fixemos nossa primeira variável ou seja:
todos os primeiros nomes das nossas uniões gramaticais. Que nomes serão esses? Serão exatamente
os nomes dados à nossa primeira característica de passe, isto é: os nomes dos passes segundo a fonte
do fluido; magnético, espiritual e misto. Antes de passarmos aos segundos nomes das uniões, a fim
de facilitar a composição que faremos a seguir, tomemo-los em suas formas sincopadas, quer dizer:
passe magneto (de magnético), passe espírito (de espiritual) e passe misto (este não convém cinco-
par).
Em seguida, fixemos, da mesma maneira, nossa segunda variável que são os nomes dos passes
caracterizados segundo o alcance do fluido. Aqui iremos empregá-los em suas formas naturais e não
mais de maneira sincopada. Para facilitar nosso entendimento, deixemos nossa terceira variável (pas-
ses segundo a técnica), provisoriamente, de lado.
Componhamos agora nossa união gramatical com as variáveis que já fixamos, combinando es-
sas variáveis duas a duas:
2º a origem 2º o alcance
passe magneto - magnético
passe magneto - espiritual
passe magneto - misto
passe Espírito - magnético
passe Espírito - espiritual
passe Espírito - misto
passe misto - magnético

JACOB MELO 89
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA




passe misto - espiritual
passe misto - misto
Antes de seguirmos, poderíamos fazer um certo "aperfeiçoamento" naquelas uniões gramati-
cais, mesmo não sendo isso tão importante. Se observarmos com atenção veremos que ali alguns
termos se repetem, soando como uma repetição meio esquisita. Por este motivo, e para quem ache
que assim ficará mais conveniente, poderemos substituir o segundo termo das uniões que se repetem
pelo algarismo "II" (em romanos). Com isso, três daquelas uniões seriam modificadas:
a) de "passe magneto-magnético" para "passe magneto-II" (ou "passe magnético");
b) de "passe Espírito-espiritual" para "passe Espírito-II" (ou "passe espiritual-II"); e
c) de "passe misto-misto" para "passe misto-II.
Que queremos dizer com isso? Exatamente o que o leitor já deve ter imaginado. Estamos u-
sando os mesmos nomes para dizer as mesmas coisas só que agora com tudo bem definido, pois em
nossa união gramatical o primeiro termo estará sempre se referindo à origem, a fonte básica do flui-
do, enquanto que o segundo estará definitivamente fazendo alusão ao destino, ao alcance do fluido.
Vejamos como ficaria nosso entendimento:
- quando falarmos em "passe magneto-espiritual", estaremos nos referindo, de forma clara, di-
reta e irretorquível, do passe magnético, segundo a origem do fluido (os quais são predominante-
mente do médium), com o fim de tratar problemas de fundo espiritual, que é o passe segundo o al-
cance do fluido;
- quando se disser: "passe misto-magnético" estar-se-á referindo ao passe misto segundo a ori-
gem do fluido (com fluidos tanto do passista quanto da espiritualidade), para tratamento de proble-
mas orgânicos e espirituais (pois este é o alcance pretendido do fluido);
- no caso do "passe misto-misto" (ou "misto-II"), isto exprimirá que o passe está sendo aplica-
do com fluidos oriundos dos dois Planos da vida, com o objetivo de atender a problemas materiais e
espirituais. E assim por diante...
Neste ponto fazemos uma sugestão: que tal você mesmo tentar denominar as outras seis varia-
ções que não esmiuçamos? Com isso você poderá checar seu entendimento acerca dessas caracteri-
zações.
Não! Não esquecemos a variável do passe segundo a técnica; apenas reservamos uma surpresa
a respeito: por incrível possa parecer não iremos incorporá-la de forma definitiva em nossa união
gramatical. Ocorre que as divergências maiores comumente envolvem as duas primeiras característi-
cas. Com isso evitaremos as uniões gramaticais triplas.
Mas, com justa razão, alguns leitores não aceitação este argumento, pois na abertura deste as-
sunto não só atiçamos a curiosidade como prometemos uma solução para os impasses. Ei-la, então.
Quando houver necessidade de se explicitar o tipo de passe segundo uma técnica, conjuntamente
com as outras características, apresentaremos as uniões gramaticais acima já definidas e acrescenta-
remos, explicitamente, o tipo de técnica que se vai usar. Com isso poderemos, inclusive, descer a
nominações específicas das técnicas, posto que estas têm vários nomes já bem estabelecidos e reco-
nhecidos universalmente. Assim, quando se quiser recomendar um passe "misto-magnético" com
uma técnica magnética, diremos, simplesmente: "passe misto-magnético" com técnica(s) tal(is), ex-
pondo a técnica a ser empregada (por exemplo: um "passe misto-magnético-longitudinal"). Tal pro-
cedimento será de grande valia para instruir iniciantes, para exposições acerca das técnicas ou quan-
do, nos trabalhos do passe, um instrutor funcionar sugerindo os procedimentos aos demais médiuns,
ou ainda para facilitar o encaminhamento nas orientações dos receituários da Casa Espírita.
De forma alguma estamos desconsiderando a técnica nesse modo de caracterizar o passe; co-
mo na maioria das vezes não é necessário ou não são conhecidas as técnicas, tal supressão é mais

JACOB MELO 90
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



benéfica que desrespeitosa. Ademais, estamos deixando em aberto, para quem queira, a liberdade de
explicitar mais ainda as técnicas ou, o que à outra opção, poder até fazer-se a união gramatical com
três elementos, seguindo os mesmos princípios já estabelecidos para os dois primeiros tipos. Dessa
maneira, agindo assim participamos da idéia do Codificador do Espiritismo quando, se posicionando
quanto às técnicas, disse: "Se a mediunidade curadora pura é privilégio das almas de escol, a possibi-
lidade de suavizar certos sofrimentos, mesmo de os curar, ainda que não instantaneamente, umas
tantas moléstias, a todos é dada, sem que haja necessidade de ser magnetizador. O conhecimento dos
332
processos magnéticos é útil em casos complicados, mas não indispensável" (grifamos).
Tomando as palavras de Kardec, faremos um parêntese aqui: se ele reconheceu que "o conhe-
cimento dos processos magnéticos é útil", como querer não se deva usar os recursos do magnetismo
nas Casas Espíritas? Ou será que nas Casas Espíritas ou nos serviços de atendimento pelos Espíritas
não surjam "casos complicados"? Ou será ainda que do fato de não ser "indispensável" se queira tor-
nar aquele conhecimento inútil, menosprezando-o?
Tomemos Kardec mais uma vez:
"1ª - "Podem considerar-se as pessoas dotadas de força magnética como formando uma varie-
dade de médiuns?
- "Não há que duvidar.
"2ª - Entretanto, o médium é um intermediário entre os Espíritos e o homem; ora, o magneti-
zador, haurindo em si mesmo a força de que se utiliza, não parece que seja intermediário de nenhuma
potência estranha.
"É um erro; a força magnética reside, sem dúvida, no homem, mas é aumentada pela ação dos
Espíritos que ele chama em seu auxílio. Se magnetizas com o propósito de curar, por exemplo,· e
invocas um bom Espírito que se interessa por ti e pelo teu doente, ele aumenta a tua força e a tua
vontade, dirige o teu fluido e lhe dá as qualidades necessárias.
"3ª Há, entretanto, bons magnetizadores que não crêem nos Espíritos?
"Pensas então que os Espíritos só atuam nos que crêem neles? Os que magnetizam para o bem
são auxiliados por bons Espíritos. Todo homem que nutre o desejo do bem os chama, sem dar por
isso (...)
"4ª Agiria com maior eficácia aquele que, tendo a força magnética, acreditasse na intervenção
dos Espíritos?
"Faria coisas que considerareis milagres"333.
Nos afirmando os Espíritos que os magnetizadores são médiuns, sentimos não há como criar
precisas demarcações limítrofes entre os domínios da mediunidade e do animismo, pois que os flui-
dos utilizados nos passes e, por extensão, nas manifestações anímicas, não são só dos Espíritos en-
carnados. Depois verificamos que, mesmo sem crer-se nos Espíritos, os magnetizadores (animistas,
portanto) são ajudados por eles, os quais agem por seu intermédio, ainda que a inconsciência ou não
perceptibilidade do fato se verifique. Isso nos faz recordar uma outra questão proposta por Kardec:
"Influem os Espíritos em nossos pensamentos?
"Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos diri-
gem"334 .
E quando Kardec nos acrescenta: "Todo magnetizador pode tornar-se médium curador, se
souber fazer-se assistir por bons Espíritos. Neste caso os Espíritos lhe vêm em ajuda, derramando

332
Da Mediunidade Curadora In "Revista Espírita", set. 1865, p. 254.
333
KARDEC, Allan. Dos médiuns. In "O Livro dos Médiuns", cap. 14, item 176.
334
KARDEC, Allan. Influência oculta dos Espíritos em nossos pensamentos e atos. In "O Livro dos Espíritos", Parte
2ª, cap. 9, questão 459.
JACOB MELO 91
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



sobre ele seu próprio fluido, que pode decuplicar ou centuplicar a ação do fluido puramente huma-
no"335 , ficamos extasiados ante o universo que se descortina em face de nossas possibilidades, hoje
raquíticas, mas com justas esperanças por um centuplicar misericordioso.
Com tudo isso para fechar este longo parêntese, não dá para entender não se deva aplicar o
passe magnético (em qualquer de suas três versões apresentadas) na Casa Espírita; é elementar uma
conclusão favorável pois se os Espíritos multiplicam nosso poder "humano", dentro dos limites da
Lei de amor e justiça, certamente que será para uma finalidade superior. O que não aconselhamos, e
isso queremos deixar bem frisado, é querer transformar-se o magnetismo em algo maior que a parti-
cipação da Espiritualidade em nossos trabalhos de passe, ou que se fique a imaginar que "nossas e-
nergias" sejam melhores ou mais efetivas que quaisquer outras beneficiadas pelos Mentores Espiritu-
ais. Afinal, são eles, com suas "energias e técnicas". que invariavelmente atuam, "manipulando" os
fluidos e nos favorecendo com suas "intuições" e benesses a fim de suprir nossas deficiências e limi-
tações.
Por tudo isso era necessário uma caracterização do passe a fim de possibilitar não caminhás-
semos indefinidamente nos trilhos do desentendimento por falta de simples definições.
Encerrando este assunto, nos daríamos por felizes se o leitor comparasse seus conceitos sobre
tipos de passes com esses que, mesmo não sendo exclusivamente nossos, vimos propor. Na verdade,
eles fazem luzir reflexões, as quais poderão propiciar a germinação de bons e proveitosos frutos nos
níveis de entendimento em meio àqueles Espíritos desprendidos que buscam meios de ajudar e pro-
gredir, servindo e amando.


CAPÍTULO VII - QUANDO E ONDE
336
"Fazei aos homens tudo o que quereis que eles vos façam, porque esta é a Lei e os profetas." (Jesus)

Falar das imensas necessidades, privações e provações que a humanidade terrena está constan-
temente a viver é redundante. Luz na Doutrina Espírita todo um manancial de informações, observa-
ções, teorias e comprovações, quer filosóficas, científicas ou inspiradas, a confirmar a destinação
presente de nosso orbe: "mundo de provas e expiações". Em conseqüência, nada mais natural que
tanta dor, tanto sofrimento, tantos desatinos, tantos erros... Por outro lado, atendendo as Leis de
Amor e Justiça, percebemos tantas bênçãos anônimas, tantas almas generosas, tantas oportunidades
de reparação e tantos e eloqüentes convites ao Evangelho...
Infelizmente, por conjugações visivelmente equivocadas, muito se tem usado o argumento de
que, sendo aqui mundo de provas e expiações, cada um tem que pagar seu quinhão sozinho, com is-
so se esquivando do exercício do amor fraternal... Que pena! Quão dignos de compaixão e esclare-
cimentos são os que assim pensam, agem ou ensinam! Bernardino, Espírito protetor, em Bordéus,
1863, já nos recomendava: "Não digais, pois, quando virdes atingido um dos vossos irmãos: "É a
justiça de Deus, importa que siga seu curso." Dizei antes: "Vejamos que meios o Pai misericordioso
me pôs ao alcance para suavizar o sofrimento do meu irmão. (...) Vejamos mesmo se Deus não me
pôs nas mãos os meios de fazer cesse esse sofrimento; se não me deu a mim, também como prova,
como expiação talvez, deter o mal e substituí-lo pela paz."(...) Resumindo: todos estais na Terra para
expiar; mas, todos, sem exceção, deveis esforçar-vos por abrandar a expiação dos vossos semelhan-
tes, de acordo com a lei de amor e caridade"337.
Exaramos daí que nos compete agirmos em favor do próximo, pois, se para ele suas dificulda-
des são "testes", para nós, os conscientes das Verdades Eternas ensinadas pelo Cristo, são oportuni-

335
Da Mediunidade Curadora In "Revista Espírita", set. 1865, p. 253.
336
Mateus, VII, v. 12.
337
KARDEC, Allan. Bem aventurados os aflitos. In "O Evangelho segundo o Espiritismo,"cap. 5. item 27.
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O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



dades de "quitação" pois, já nos asseverou Pedro: "Tende amor imenso uns para com os outros,
porque o amor cobre a multidão de pecados"338. Agindo assim estaremos contribuindo para o bem
não só da humanidade senão de nós mesmos; estaremos aprendendo a amar, pois amor não é título
que se compre ou se regateie, mas sim uma vivência profunda de largo conjunto de práticas, tais co-
mo a afabilidade, a doçura, a renúncia, a resignação, o perdão, o esquecimento das ofensas, a com-
preensão, a humildade, a benevolência, a caridade, a paciência...

1. QUANDO
Se devemos socorrer nossos irmãos, sejam eles quem forem, isso nos leva a meditar sobre a
oportunidade de fazê-lo. Deveremos, em qualquer caso, atender, socorrer um irmão necessitado?
Óbvio que sim. Mas, no caso do passe, devemos igualmente prestar este atendimento a qualquer ho-
ra e sob quaisquer condições? Meditemos um pouco antes de emitirmos alguma resposta. Na primei-
ra situação tínhamos uma questão extremamente genérica requisitando uma solução em igualdade de
condições, ou seja: genérica. Na segunda proposição encontramos um questionamento genérico re-
querendo uma ação fundamentalmente específica. Busquemos uma comparação para materializar o
entendimento: uma pessoa está acidentada na via pública; devemos socorrê-la? E, no mesmo caso,
deveremos, ali mesmo, cirurgiá-la, ainda que sejamos médico cirurgião? Parece estar claro que à
primeira pergunta a resposta será afirmativa enquanto que à segunda talvez não o seja. Por quê? Pelo
simples fato de situações especiais requererem atendimentos especiais. Assim, salvo situações quase
sempre incomuns, o passe pode ter aguardada sua aplicação por parte do paciente, o qual deverá ser
enquadrado ou se enquadrar às normas de atendimento desse serviço, tal como o acidentado do e-
xemplo que será ou deverá ser preparado para o atendimento devido, no momento e lugar próprios.
Para que não nos percamos num emaranhado de hipóteses e proposições, tornaremos o mais
didático possível nossa classificação sobre "quando" aplicar o passe.

1.1 - Em Relação ao Paciente
O orientador espiritual Anacleto, comentando sobre o passe em sua visão desde o Plano Espi-
ritual, nos lega uma advertência muito séria: "Nossa missão é de amparar os que erraram e não de
339
fortalecer os erros" . Comentemos: nessa oportunidade tinha sido socorrido um Espírito encarna-
do, através dos benefícios do passe, pela décima vez seguida, sem que ele se corrigisse de suas cons-
cientes e corrigíveis falhas. Que lição podemos tirar dai? Além da seriedade com que os Espíritos
tratam das atividades a eles atinentes, ressalta o fato de que situações existem em que a caridade não
C necessariamente prestar um atendimento ao necessitado, socorrendo-o com novos e novos supri-
mentos de energias pa~a um reerguimento físico ou psíquico imediato, mas ajudá-lo com esses re-
cursos, fazendo-o compreender a necessidade de sua participação efetiva, sem, contudo, se acumpli-
ciar com seus equívocos; aliviá-lo, porém não eximindo-o de suas responsabilidades, as quais são
pessoais e intransferíveis.
De forma bem genérica, podemos concluir, por força do bom senso e do amor cristão, que:

1.1.1 - Podemos Aplicar o Passe Quando
a) O paciente procura ou solicita tal serviço, se esforçando por consegui-lo. Nesse caso, deve-
rá ele se condicionar às normas de atendimento do passe da casa por ele buscada, dando, assim, de-
monstração de seu real interesse. Esta atitude, aparentemente anacrônica, irá auxiliá-lo profunda-



338
I Pedro, IV, v. 8.
339
XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In "Missionários da Luz", cap. 19, p. 374.
JACOB MELO 93
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



340
mente, pois Jesus já nos ensinou que "Buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á" , ensejando-nos as-
sim que a participação de cada um é devida e requerida.
A exceção, no que diz respeito à participação consciente do paciente, fica para os casos de
emergência como crises epilépticas, obsessivas, febres violentas ou situações similares;
b) O paciente se encontra hipnotizado ou em estado sonambúlico, quer por força material, a-
nímica, quer por força espiritual, quer de forma natural, quer provocada, e é necessário tirá-lo desse
estado;
c) Como recurso terapêutico total, complementar, reparatório ou preparatório.
Total: quando forem casos plenamente tratáveis por essa terapia;
Complementar: se o tratamento for conjugado, com a medicina dos homens ou com a medici-
na espiritual;
Reparatório: quando visa corrigir equívocos e/ou excessos decorrentes de terapias mal aplica-
das; e
Preparatório: como auxiliar de primeiro momento para tratamentos médicos, fluidoterápicos e
de ligamentos ou desligamentos nos processos reencarnatórios e/ou desencarnatórios;
d) O paciente se encontra sob influência obsessiva, pelo que, além da "evangelhoterapia", o
passe é altamente significativo; e
e) O paciente atende indicação tanto de consulta espiritual, através do receituário da casa Espí-
rita, quanto de recomendação que lhe tenha sido feita nesse sentido.
Omitimos a condição requerida para efeitos de pesquisas científicas por nosso trabalho não vi-
sar tal alcance, mas, com a ressalva, alertamos também para este "quando".
Entretanto, por ser recomendável poupemos esforços na aplicação de passes em determinadas
situações, cabe-nos o cuidado de examinarmos algumas situações criadas pelos pacientes que, mes-
mo sem querer nem dever fazer-se disso uma preocupação tamanha a ponto de inibir as boas ações,
nos indicam:

1.1.2 - Não e Conveniente Aplicar o Passe Quando
a) O paciente é refratário por decisão própria, provocando com isso apenas desgaste fluídico
para os médiuns. Tal paciente é, via de regra, mordaz, cínico, irrefletido, buscando antes um motivo
para chacotas a uma solução para seu(s) problema(s). Antes recomendemos-lhe muito Evangelho,
estudo metódico de obras sérias e boas orientações através do "diálogo fraterno", sem falar na inclu-
são de seu nome para as irradiações e desobsessões;
b) O paciente simplesmente não quer tomar o passe;
c) A procura do passe é simples curiosidade, comodidade ou teste para tentar se convencer
daquilo que, no fundo, não quer se convencer; e
d) O paciente se nega a seguir as orientações que lhe são dadas no sentido de, por exemplo,
assistir reuniões doutrinárias, evitar bebidas alcoólicas antes e depois do passe ou não ficar faltando
sistematicamente ao tratamento, etc.
Como se vê, tudo tem sua lógica, tudo se ajusta, pois do fato de o amor fraternal mandar nos
socorramos uns aos outros, de igual maneira orienta não abusemos dos valores alheios nem jogue-
mos "pérolas aos porcos". Bem servir é servir com utilidade e não necessariamente prestar serviço



340
Mateus. VII, v. 7.
JACOB MELO 94
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



inopinadamente. Afinal, como judiciosamente pondera André Luiz, "A caridade não dispensa a pru-
dência"341.

1.2 - Em Relação ao Médium
Se o paciente deve assumir certas obrigações, notadamente de ordem moral, para poder fazer-
se merecedor da assistência dos Bons Espíritos, o médium do passe, no cômputo de suas responsabi-
lidades, deverá estar submetido a um condicionamento de muito equilíbrio e retidão. O Espírito Ale-
xandre nos informa que "O missionário do auxilio magnético, na Crosta ou aqui em nossa esfera, ne-
cessita ter grande domínio de si mesmo, espontâneo equilíbrio de sentimentos, acendrado amor aos
semelhantes, alta compreensão da vida, fé vigorosa e profunda confiança no Poder Divino". E acres-
centa: "Na esfera da carne a boa vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela defi-
ciência, o que se justifica, em virtude da assistência prestada pelos benfeitores de nossos círculos de
342
ação ao servidor humano, ainda incompleto no terreno das qualidades desejáveis" .
Se por um lado vemos reconhecida a importância da boa vontade para o bom desempenho des-
se ministério, não podemos inferir seja ela condição única. Precisamos adquirir todas as virtudes ali
descritas, pois são elas necessárias não apenas aos Espíritos mas igualmente aos médiuns passistas.
Para compormos os demais subtítulos deste item será necessário relembremos as três caracteri-
zações que acabamos de ver no capítulo anterior, ou seja: temos o passe conforme a origem do flui-
do; em relação ao alcance deste; e de acordo com as técnicas utilizadas. Neste capítulo levaremos em
consideração apenas a primeira característica, isto é: a origem do fluido (que seria o primeiro termo
de nossa união gramatical). Assim, podemos concluir:

1.2.1 -O Médium Pode Aplicar
1.2.1.1 - O Passe Espiritual

(Só para reforçar, este, por definição, é aquele cujos fluidos provêm fundamentalmente dos
Espíritos.)
a) Quando estiver moralmente equilibrado e se sentir em condições físicas para tal. A partir da-
í, vêm as outras condições;
b) Quando for solicitado, em casos sérios ou urgentes;
c) Quando estiver ou for indicado para tal tarefa; e
d) Quando em condições ambientais e fluídicas propícias.
Apesar de poucas, não se prenda ninguém a essas limitações. Afinal, se seguirmos as coloca-
ções feitas por Alexandre, não só estaremos sempre em condições de aplicar o passe como teremos
moral suficiente para equilibrar os ambientes onde iremos operar.

1.2.1.2 - Os Passes Magnético e Misto

(É evidente que aqui o significado destes passes é o daqueles cujos fluidos são preferencial-
mente dos próprios médiuns (magnéticos) ou de ambas as fontes (mistos).)
a) Quando preencher todos os requisitos do item 1.2.1.1 acima;
b) Quando dispuser de fluidos magnéticos próprios e suficientes para o trabalho;


341
VIEIRA, Waldo. Do dirigente de reuniões doutrinárias. In "Conduta Espírita", cap. 3, p. 25.
342
XAVIER, Francisco Cândido. Passes. In "Missionários da Luz", cap. 19, p. 321.
JACOB MELO 95
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



c) Quando conhecer, ao menos, a dispersão fluídica, a concentração de fluidos e a imposição
de mãos; tiver vontade firme e desinteressada e boa intuição e/ou "tato magnético"343; e
d) Não portar doenças infecto-contagiosas nem deficiências orgânicas que sejam transmissíveis
344
via fluido magnético .

1.2.2 - O Médium Não Deve Aplicar
a) Quando não se sentir confiante pois, "Imerso em vontade duvidosa, fica impossibilitado de
obter qualquer efeito curativo ou mesmo o mais insignificante alívio ao seu pobre paciente"345.
b) Quando estiver nutrindo sentimentos negativos e não conseguir superá-los;
c) Quando tiver vícios como o uso regular de alcoólicos, fumo, tóxicos, alimentar-se desregra-
damente ou usar de práticas que promovam desgastes físicos exaustivos e desnecessários, pois "Não
é possível fornecer forças construtivas a alguém (...) se fazemos sistemático desperdício das irradia-
ções vitais"346.
d) Quando estiver com o estomago muito cheio ou após ter se alimentado de maneira "pesa-
da";
e) Quando submetido a tratamento que prescreva medicamentos controlados (especialmente
aqueles que agem no sistema nervoso central);
f) Quando em idade avançada e com visível esgotamento fluídico ou portando deficiências or-
347
gânicas impeditivas ;
g) Quando se é criança ou muito jovem ainda (adolescente), notadamente se o passe for mag-
nético (dentro da conceituação aqui considerada)348;
h) Quando se encontrar estafado física e/ou mentalmente349: e
i) Observemos esta situação que foi proposta a Chico Xavier: "Como agir com as pessoas que
nos procuram nas horas impróprias? Devemos atender a todos a qualquer hora?
R - "(...) Todo trabalho para expressar-se em eficiência e segurança reclama disciplina.
Aprendamos a controlar os horários de ação espiritual, a fim de que a perturbação não venha
aparecer, em nossas tarefas, sob o nome de caridade. Peçamos a Jesus nos inspire e abençoe para
isso. A ordem preside o progresso e, por isto mesmo, não podemos perder a ordem de vista, sob
350
pena de desequilibrar, embora sem querer, o nosso próprio trabalho" .
A isto, acrescenta Divaldo Franco: "As conseqüências de um médium andar daqui para ali apli-
cando passes são muitos graves, porque ele não pode pretender estar armado de defesas para se a-
cautelar das influências que o aguardam em lugares onde a palavra superior não é ventilada, onde as
regras de moral não são preservadas, e onde o bom comportamento não é mantido"351.
Por fim, conforme nos observa Hermínio Miranda, "A primeira norma que poderíamos lembrar
é a de que (o passe) não deve ser aplicado a qualquer momento, indiscriminadamente, e por qualquer
motivo"352. Por isso, ao tempo em que não queremos apor limites aos passistas, procuramos fazer

343
No capítulo VIII - "As Técnicas", trataremos com detalhes de todas essas técnicas.
344
Vide capitulo X, item 7.5 - "O passista doente".
345
TOLEDO, Wenefledo. Introdução. In "Passes e Curas Espirituais", p. 37.
346
TOLEDO, Wenefledo. Médiuns passistas. In "Passes e Curas Espirituais", p. 32.
347
Vide adiante no capítulo X, o item 2, "O idoso".
348
Vide adiante no capitulo X, o item 1. "A Criança".
349
Vide diante no capitulo IX, o item 4.3, "A Fadiga".
350
SILVEIRA, Adelino da. Passes - Desobsessão - Disciplina. In "Chico, de Francisco", questão 8, p. 119.
351
FRANCO, Divaldo Pereira e TEIXEIRA, Raul J. Passes. In "Diretrizes de Segurança", cap. 7, questão 81, p. 70.
352
MIRANDA, Hermínio Correia de. O Passe. In "Diálogo com as Sombras", cap. 4, p. 249.
JACOB MELO 96
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



convergir à reflexão aqueles que têm por hábito a aplicação do passe a qualquer hora, em qualquer
lugar, sob qualquer pretexto, estando ou não em condições de fazê-lo.

1.3 - Em Relação à casa Espírita
Hermínio Miranda, em obra de valor irreprochável, a qual estuda a temática da desobsessão,
nos lembra que "O Espírito desencarnado, incorporado ao médium, torna-se facilmente acessível ao
353
passe magnético e, portanto, aberto aos benefícios que o passe proporciona" . Isto quer dizer que o
passe está intimamente associado aos trabalhos desobsessivos, por força mesmo de sua eficácia neste
terreno. Atentos, todavia, aos limites propostos para este capítulo, assimilamos que a incorporação
referida, para estar submetida a uma boa norma, devem se dar em reuniões para este fim destinadas.
Por isso mesmo, é importante que a casa Espírita esteja preparada para atender às tarefas da assis-
tência espiritual também neste setor. Afinal, ainda que a prática da desobsessão - no seu sentido ge-
nérico - não seja uma prática exclusivamente espírita, é, entretanto, a casa Espírita quem melhor exe-
cução e uso pode dar a tão valoroso socorro, a tão ímpar profilaxia espiritual . E como nesse mister
o passe irrompe com o instrumento de subido valor, não podemos nem devemos negligenciar-lhe a
atenção e prática devidas. Partindo-se daí, fica evidente que a casa Espírita deve promover reuniões
de assistência espiritual, com o passe a elas associado.
Há outras situações igualmente em que o passe também se reveste de uma importância muito
grande para a casa Espírita, pelo que:

1.3. 1 - Deve Ser Aplicado
a) Quando do atendimento aos necessitados nas reuniões de assistência social e espiritual da
casa Espírita;
b) Após as reuniões doutrinárias, àquelas pessoas que precisem ou queiram receber tal bênção;
c) Quando surja alguém muito necessitado dessa providência, em caráter de urgência, mesmo
que naquele momento não tenha reunião própria para tal serviço, mas que exista ao menos um pas-
sista de boa vontade ali presente;
d) Nas reuniões mediúnicas, não apenas para atender aos Espíritos comunicantes, mas como
auxílio aos médiuns. Dizemos "auxílio aos médiuns" para que não se ritualizem nem se imponha, por
norma, os passes nas reuniões mediúnicas da casa Espírita354; e
e) Em horários previamente estabelecidos para tal serviço.
Contrariamente, tal como se verificou nos itens anteriores, mesmo para a casa Espírita existem
casos em que necessitamos analisar a conveniência ou não de sua aplicação. Por isso mesmo, veja-
mos:

1.3.2 - Devemos Evitar
a) Quando antes não tiver sido feito nem uma prece ou pequena reflexão sobre página evangé-
lica (para que o passe se dê com equilíbrio e maior proveito é conveniente se harmonizem o ambien-
te, os passistas e os pacientes):
b) Concomitante às reuniões ou explanações evangélico-doutrinárias , evitando-se, com isso,
subtrair o paciente da evangelização que, conforme já percebemos, é igualmente fundamental. Exce-
ções ocorrem quando a casa dispõe de evangelização conjugada com o atendimento fluídico-
magnético para os pacientes:

353
MIRANDA, Hermínio Correia de. O passe. In "Diálogo com as Sombras", cap. 4, p. 247.
354
No capítulo X, item 11 ­ "Passes Antes e Depois", analisaremos este aspecto com mais detalhes.
JACOB MELO 97
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c) Em horários não determinados (de forma habitual), salvo em casos de emergência; atente-
mos, porém, para não fazermos da exceção a regra;
d) Quando for apenas para atender a pedidos fantasiosos ou comodismos que são, via de regra,
infundados e descaridosos; e
e) Quando não existir passista preparado para a tarefa. Vale lembrar, por oportuno, que a Ins-
tituição Espírita deve estar sempre atenta à formação moral, teórica e prática de seus médiuns, pre-
parando-os para as tarefas e alertando-os sobre os graves inconvenientes ocasionados por suas faltas
e ausências repentinas.

1.4 - Quando Não Convém
Além dos vários inconvenientes já alinhavados nos itens anteriores, deveríamos meditar sobre
mais alguns a fim de não faltarmos com a prudência e o bom senso tão recomendados por Kardec.
a) Em casos de obsessões violentas e subjugações, só aplicar o passe contando com o apoio
espiritual e material indispensável e suficiente ao bom desempenho dessa tarefa, notadamente quando
estivermos, por alguma circunstância, fora da casa Espírita;
b) Nos lares. Quando a prática do passe no nosso lar assumir característica de rotina ou quan-
do formos ali para atender comodismos ou "vergonhas" do paciente em ir ao Centro Espírita, verda-
deiramente não convém a prática:
c) Em hospitais, detenções, manicômios ou outros ambientes públicos, salvo em condições de
muita necessidade e atendendo aos seguintes requisitos:
1 - Possuir autorização tanto da casa em nome da qual se faça o atendimento (se for o caso)
quanto da Instituição visitada;
2 - Concordância e aceitação desse tratamento por parte do paciente e/ou de seu(s) responsá-
vel (eis), se for o caso;
3 - Estar-se em equipe de, pelo menos, dois membros;
4 - Poder antes fazer a leitura de uma mensagem, seguida de uma prece e voltando a fazer ou-
tra prece de agradecimento ao final. Vale lembrar que nestes casos, mais que em qualquer outro, é
necessário vigilância redobrada e equilíbrio inabalável não apenas no sentido de se manter em perfei-
ta sintonia com a Espiritualidade Superior mas de coibir gestos, bocejos, incorporações e toques que,
se em condições normais são injustificáveis, agora são literalmente impróprios; e
d) Quando o bom senso não recomendar e a prudência não o determinar.

2. ONDE
Se por um lado Jesus preconizou que "Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali
estarei no meio deles"355. Allan Kardec nos afirmou que "Uma reunião é um ser coletivo, cujas qua-
356
lidades e propriedades são a resultante das de seus membros" . Conjugando-se tais posições, ve-
mos que elas se completam, fazendo-nos concluir que o ambiente de uma reunião será bom se obser-
varmos que "As condições do meio serão tanto melhores, quanto mais homogeneidade houver para
o bem, mais sentimentos puros e elevados (...)" Kardec357.
É por todos - e em todos os tempos - conhecido que as vibrações emitidas pelas pessoas, quer
com palavras, atos e/ou pensamentos, impregnam os ambientes de um certo "clima psíquico", cor-

355
Mateus, XVIII, v. 20.
356
KARDEC, Allan. Das reuniões e das Sociedades Espíritas. In "O Livro dos Médiuns", cap. 29, item 331.
357
KARDEC, Allan. Da influência do meio. In "O Livro dos Médiuns", cap. 21, item 233.
JACOB MELO 98
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



respondente ao nível dessas emissões. Assim, em lugares onde se verifiquem reuniões serias e com
fins nobres, ter-se-á, sempre· um "clima" favorável aos trabalhos de passes. Tendo-se por base tal
raciocínio, analisemos:

2.1 - Lugares Mais Apropriados
"No templo espírita, os instrutores desencarnados conseguem localizar recursos avançados do
358
plano espiritual para o socorro a obsidiados e obsessores (...)" . Generalizando a partir desta afir-
mação do Espírito André Luiz e na certeza de que os fluidos nesses ambientes favorecem excelentes
condições para combinações fluídicas altamente ricas e profícuas em face das elevadas vibrações aí
reinantes, podemos afirmar categoricamente que a Instituição verdadeiramente Espírita é o lugar ide-
al para a aplicação do passe, em qualquer de suas modalidades, abstração feita às aplicações ocorri-
das em Regiões Espirituais Superiores.
Outrossim, na casa Espírita existem equipes espirituais atentas a tal mister, como se pode per-
ceber nesse registro de André Luiz onde Hilário pergunta a Conrado (no plano espiritual):
"- O amigo permanece freqüentemente aqui?
"- Sim, tomamos sob nossa responsabilidade os serviços assistenciais da instituição, em favor
dos doentes, duas noites por semana.
"- Dos enfermos tão-somente encarnados?
"- Não é bem assim. Atendemos aos necessitados de qualquer procedência.
"- Conta com muitos cooperadores?
"- Integramos um quadro de auxiliares, de acordo com a organização estabelecida pelos men-
tores da Esfera Superior.
"- Quer dizer que, numa casa como esta, há colaboradores espirituais devidamente fichados
(...)?
"- Perfeitamente. (...) O êxito do trabalho reclama experiência, horário, segurança e responsa-
bilidade do servidor fiel aos compromissos assumidos. A Lei não pode menosprezar as linhas da ló-
359
gica" (grifamos).
Somos levados a meditar na evidência da casa Espírita como o mais apropriado lugar para se
fazer a aplicação do passe e, de preferência, lá, em sua sala (cabine) própria (se houver).
Fora do Templo Espírita, entretanto, pode-se igualmente fazer aplicação do passe, mas, para
tanto, as condições precisam ser consideradas. Por extensão do que exemplificamos no início do ca-
pítulo, assim como os médicos eventualmente dispõem de "mini-hospitais ambulantes" para presta-
rem socorro aos pacientes fora dos hospitais ou consultórios, por atendimento de condições de ur-
gência ou de impossibilidade de transferência daqueles a ambientes mais apropriados, a casa Espírita
também poderá prover "equipes de atendimento de emergência" através de "plantões" de atendimen-
to com o objetivo de prestar, com equilíbrio, denodo e responsabilidade, este tipo de serviço.
Nesses lugares, ou seja, fora das Instituições Espíritas porém, "O magnetizador deverá, antes
de tudo, certificar-se do ambiente em que vai operar, de maneira que possa agir com calma, atenção,
recolhimento, sem receio de que possa ser perturbado. (...) Não deve permitir aglomeração de pes-
soas no recinto e aconselhar o maior silêncio. Todavia, é útil a presença de uma, duas ou três pesso-
as, preferentemente das que mais desejam a cura do paciente" (Michaelus)360 . Tais recintos devem


358
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Templo Espírita, In "Desobsessão", cap. 9, p. 47.
359
XAVIER, Francisco Cândido. Serviços de passes. In "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 17, p. 163.
360
MICHAELUS. In "Magnetismo Espiritual", cap. 9, p. 67.
JACOB MELO 99
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



ser reservados, tranqüilos, bem arejados ou calafetados (conforme o caso) e, durante a aplicação dos
passes, evitar-se trânsito, conversas ou poluições físicas e mentais.
Para aplicação do passe na casa do paciente, além das condições já mencionadas, não descurar
de alertar os envolvidos de que tal tarefa, naquele ambiente, é de cunho temporal e extraordinário,
devendo o(s) paciente(s) ser(em) encaminhado(s) à casa Espírita não só para buscar(em) o refrigério
do passe mas para se alimentar(em) com o "pão do Evangelho".

2.2 - Lugares Não Recomendados
Quase fazendo coro à última citação de Michaelus, André Luiz nos adverte para se "Proibir ru-
ídos quaisquer, baforadas de fumo, vapores alcoólicos, tanto quanto ajuntamento de gente ou a pre-
sença de pessoas irreverentes e sarcásticas nos recintos para assistência e tratamento espiritual", pois
361
"De ambiente poluído, nada de bom se pode esperar" .
Por esta situação proposta, podemos dizer que, para a aplicação do passe:

2.2. 1 - Não São Lugares Recomendados
a) Ambientes poluídos mental e fluidicamente, ou onde se verifique grande trânsito de pessoas
ou muitos ruídos;
b) Lugares públicos em geral, salvo se observadas as recomendações já anotadas;
c) O lar não é recomendado para se fazer tratamento fluídico, notadamente quando se trata de
problemas obsessivos. Nos lembra Suely Caldas Schubert, entrementes, que "Se houver imperiosa
necessidade de se socorrer o paciente em seu lar, por exemplo, através do passe, é imprescindível
que compareçam, no mínimo, dois integrantes da equipe. O médium passista nunca devera ir só, para
quaisquer atividades do seu setor, mormente em casos dessa natureza"362.
Anotamos ainda que, assim como existem lugares melhores e outros não recomendáveis, existe
uma outra situação a ser considerada.


2.3 - Quando o Lugar Não Importa
Voltamos a André Luiz para registrar nossa observação de "Dar atenção e carinho aos cora-
ções angustiados e sofredores, sem falar ou agir de modo a humilhá-los em suas posições e convic-
ções, buscando atender-lhes às necessidades físicas e morais dentro dos recursos ao nosso alcance",
pois "A melhoria eficaz das almas deita raízes na solidariedade perfeita"363 .
O Espírito Manoel Philomeno de Miranda, por sua vez, registrou uma nota de grande valor, di-
ta por Genézio Duarte:
"- O médico não teme o contágio do enfermo, porque sabe defender-se; o sábio não receia o
ignorante, porque pode esclarece-lo (...) Ora, o espírita, realmente consciente, que se não apóia em
mecanismos desculpistas, enfrenta vibrações de teor baixo, armado do escudo da caridade e protegi-
do pela superior inspiração que haure na prece, partindo para o serviço no lugar em que se faz ne-
cessário, onde dele precisam"364.
Estas duas citações nos resumem as situações que sintetizam este tópico: dentro do espírito de
"solidariedade perfeita", tenhamos em mente que as verdadeiras urgências muitas vezes superam
361
VIEIRA, Waldo. Perante o passe. In "Conduta Espírita", cap. 28, p. 103.
362
SCHUBERT, Suely Caldas. Os recursos espíritas. In "Obsessão / Desobsessão", cap. 8, p. 111.
363
VIEIRA, Waldo. Perante os doentes. In "Conduta Espírita", cap. 22, p. 85.
364
FRANCO, Divaldo Pereira. Apontamentos necessários. In "Nas Fronteiras da Loucura", cap. 17, p. 126.
JACOB MELO 100
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



quaisquer outras recomendações, tal como nos enseja o vigoroso exemplo da parábola do bom sama-
ritano365.

2.4 - Ambiente das cabines
Há quem diga que o passe não exige ambiente próprio. Não concordamos integralmente com
tal afirmação, pois do fato de ele poder ser aplicado em quase todos os lugares, não se pode concluir
não mereça um local para este fim destinado. Por analogia, do fato de podermos, dependendo das
circunstâncias, dormir em qualquer lugar, inclusive ao relento, isto não implica devamos ficar des-
providos de quartos e leitos.
366
Roque Jacintho sugere que "Nos Templos do Espiritismo-cristão , contudo, é bastante opor-
tuno destacar ou erigir um pequeno cômodo, isolado da visitação e da permanência alongada do pú-
367
blico" . Concordamos com esta afirmativa, desde que não se entenda por "cabine de passes" um
lugar onde as pessoas simplesmente entram, se aquietam e de lá saem, como se fosse uma espécie de
oratório. Acreditamos, inclusive, que foi este o enfoque dado pelo Roque Jacintho, mas, conforme
podemos observar, ele é sumamente feliz quando diz que "Por útil a câmara de passes, o passista não
deve, porém, a ela escravizar-se", assim como "Não deve, também, tomar-se de inconcebível puris-
mo, policiando ou proibindo a entrada de pacientes à câmara de passes, chegando a torná-la apenas o
seu oratório e reflexório particular (...)".
Concordes que estamos de que a casa Espírita precisa (e merece) de um lugar reservado para a
aplicação dos passes, não devemos limitar tal necessidade aos aspectos da construção física do ambi-
ente pois "Há uma tarefa especial, particularmente destinada aos espíritas, à margem das obrigações
que lhe são peculiares: a formação de ambiente adequado ao trabalho edificante dos Bons Espíritos.
(...) É forçoso recordar, sobretudo, que os alicerces de qualquer ambiente espiritual começam nas
368
forças do pensamento" (Emmanuel) . Portanto, além do espaço físico, cuidemos primordialmente
do "espaço mental".
Por isso afirmamos: deve sim! O Centro Espírita deve ter uma cabine de passes, mesmo que
seja apenas uma divisão por biombo, cortina, plástico ou o que seja; ainda que num espaço onde só
caiba um passista e um paciente, mesmo que em pé. É importante que tenha uma cabine. Fisicamente
ela deve ser clara, sem com isso querer se entenda atingida diretamente pelos raios solares ou subme-
tida a fortes refletores; seu ambiente deve ser calmo e arejado (em nosso clima quente) ou aquecido
(para climas frios), "podendo" (e não "devendo") ter uma luz vermelha que será acionada precipua-
mente para os trabalhos de passes com fluidos de origem magnéticos (já que, em tese, os passes espi-
rituais dispensam tal cuidado). E quando dizemos "luz vermelha" fazemos nossa sugestão apoiada
em confirmações experimentais - as quais existem desde os primeiros magnetizadores -, que indicam
seja tal espectro o que menos afeta certas características dos "fluidos das curas", ou seja: o fluido
magnético, o ectoplasma369.
Alguns magnetizadores antigos fazem reservas à umidade, a horários preferenciais, a condições
climáticas e outros fatores físico-químicos de menor importância. Tais enfoques, para o passe espíri-
ta, além de não resistirem a uma análise mais profunda, são destituídos de respaldo doutrinário. O-
corre que, ao tempo dos pioneiros do magnetismo, chegou-se a algumas conclusões levando-se em
consideração fatores que tais, mas ditas conclusões não só não se universalizaram como, por bom
número de vezes, tiveram suas eficiências negadas. Vale lembrar que referidos magnetizadores inclu-


365
Vide Lucas, cap. X, vv. 25 a 37.
366
Imaginamos que o autor quis fazer uso de uma enfatização, pois, coerentemente com Kardec, não conhecemos
Espiritismo sem ser cristão.
367
JACINTO, Roque. Passe e câmara. In "Passe e Passista", cap. X, p. 30.
368
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Ambiente espiritual. In "Estude e Viva", p. 200.
369
Maiores detalhes serão considerados no capítulo X, itens 14 e 15.
JACOB MELO 101
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



370
sive - e isso não é o nosso caso - não dispunham da companhia invocada e sabida dos Espíritos, o
que, sem dúvida. não eliminava suas presenças mas limitava muito suas participações, pois os Espíri-
tos Superiores não interferem nas disposições íntimas de ninguém, de modo a sobreporem-se ao li-
vre-arbítrio das pessoas. Em conseqüência, essa menor ação dos Espíritos serviu (e serve) para evi-
denciar que suas ausências ou não interferências mais diretas toldavam-lhes ou embaraçavam-lhes os
resultados, tomando as sessões de passes, por isso mesmo, longas, fastidiosas e, por vezes, inopina-
damente infrutuosas. Isso, a prática da fluidoterapia, de hoje, demonstra com fartura.
Na visão espiritual, entretanto, a cabine (ou sala de passes), quando mantida sob o influxo da
prece e das boas ações, tem outra dinâmica: "Atravessamos (diz André Luiz) a porta e fomos de-
frontados por ambiente balsâmico e luminoso.
"(...) Como compreender a atmosfera radiante em que nos banhamos? aventurou Hilário, curi-
oso.
"- Nesta sala - explicou Áulus, amigavelmente - se reúnem sublimadas emanações mentais da
maioria de quantos se valem do socorro magnético, tomados de amor e confiança. Aqui possuímos
uma espécie de altar interior, formado pelos pensamentos, preces e aspirações de quantos nos procu-
ram trazendo o melhor de si mesmos"371. Para que nossas cabines de passes tenham tais bálsamos e
luminosidades, basta seguirmos os esclarecimentos ora prestados pelo Espírito Áulus.

3. RECOMENDAÇÕES
Muito já foi dito mas não queremos nos furtar de relembrar alguns pontos, ao tempo em que
acrescentamos novos apontamentos.
I. Para o bom julgamento do "quando e onde" se aplicar ou não o passe, é imprescindível que
se use o bom senso e a razão. Entre o certo e o errado, existe a condição de "conveniência". É co-
mum o certo, por inconveniente, se tomar errado, como ocorre com o errado que, tomado conveni-
entemente, pode vir a ser considerado certo.
2. "Não penetreis, pois, nesse domínio sem a pureza de coração e a caridade. Nunca ponhais
em ação as forças magnéticas, sem lhes acrescentar o impulso da prece e um pensamento de amor
sincero por vossos semelhantes. Assim procedendo, estabelecereis a harmonia de vossos fluidos com
372
o dinamismo divino e tomareis sua ação mais profunda e eficaz" (Léon Denis) .
3. "Tendo Jesus partido dali, entrou na sinagoga deles.
"Achava-se ali um homem que tinha uma das mãos ressequida; e eles então, com o intuito de
acusá-lo, perguntaram a Jesus: É lícito curar no sábado?
"Ao que lhes respondeu: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado
esta cair numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali?
"Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito fazer bem, aos sábados"373.
O raciocínio é direto: podemos e devemos fazer o bem, a qualquer tempo, em qualquer tempo e em
qualquer dia. Afinal, o dia foi feito para o homem e não o homem para o dia. Faça-o quem tiver cari-
dade para fazê-lo. Mas jamais isso quererá dizer ou deverá ser interpretado como "faça-se o que se
quiser, quando, onde e como se quiser".
4. A despeito de podermos favorecer ajudas de grande valor aos pacientes, não nos é dado o
direito de fazer brotar neles comodismos, falsas esperanças ou disassociação da necessidade de re-


370
Vide primeira definição do item 2.1 - dos dicionários e enciclopédias, no capítulo I.
371
XAVIER, Francisco Cândido. Serviços de passes. In "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 17, pp. 160 e 161.
372
DENIS, Léon. A força psíquica. Os fluidos. O magnetismo. In "No Invisível", 2ª parte, cap. 15, p. 184.
373
Mateus, XII, vv. 9 a 12.
JACOB MELO 102
O PASSE: SEU ESTUDO, SUAS TÉCNICAS, SUA PRÁTICA



forma íntima e do esforço próprio para sua própria recuperação. Nossa ação, para ser completa, de-
ve atender ao corpo e ao Espírito, sempre!
5. Ainda que o lugar não seja o mais recomendado; ainda que o paciente não seja dos mais co-
erentes; ainda que não nos sintamos em condições excepcionais, lembremo-nos de Jesus, confiemos
em seu amor misericordioso e procuremos fazer de nossa ação uma extensão de seu psiquismo divi-
no sobre o atendido, esforçando-nos para favorecer uma melhor harmonia no ambiente, uma melhor
compreensão e assimilação por parte do paciente e uma determinante decisão de corrigir os próprios
deslizes, orando, vigiando, vibrando equilibradamente e agindo bem.
6. Isentemo-nos do orgulho pois "Onde há verdadeira fraternidade, o orgulho é uma anomalia"
374
(Kardec) .




OBS. O LIVRO NÃO ESTÁ COMPLETO.
ESTÃO FALTANDO OS DOIS ÚLTIMOS CAPÍTULOS, QUE DÃO EXEM-
PLOS A RESPEITO DAS TÉCNICAS DO PASSE.
MAS COMO EXISTEM VÁRIOS LIVROS QUE ABORDAM O ASSUNTO,
POR IMPOSSIBILIDADE DE SE ENTENDER OS CAPÍTULOS 8 E 9, POR ES-
TAREM MUITO MAL ESCANEADOS, NOS LIMITAMOS À PARTE FOCALI-
ZADA NOS 7 PRIMEIROS CAPÍTULOS DO LIVRO.
MESMO SEM AS TÉCNICAS DOS PASSES, VALE A PENA LER PARA
ENTENDER OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES DO PASSE ESPIRITA.




374
KARDEC, Allan. In "O Livro dos Espíritos", item 3.
JACOB MELO 103 JACOB MELO




CURE-SE E CURE PELOS
asses
Conhecendo e utilizando proveitosamente
nossos potenciais curativos
© JACOB MELO - 2007
I S B N : 85-7564-323-1


IDEALIZAÇÃO E REALIZAÇÃO
Jacob Melo
PROJETO GRÁFICO
José Duarte Teixeira de Castro, Jacob Melo &
Mackenzie Melo
REVISÃO
Leonor Pizzolla
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Editora Vida & Saber
ILUSTRAÇÕES
Capa: Cláudio Gianfardoni
Miolo: Carlos E. Gonçalves Fernandes

REIMPRESSÃO E ACABAMENTO




Editora Vida & Saber
Caixa Postal, 813. Natal/RN - Brasü CEP. 59031-970
vidaesaber@interjato.com.br /'jlmelo@interjato.com.br
Fone/Fax: (84) 3231.4410
Agradecimentos 7
Prefácio - Aécio Pereira Chagas 9
Introdução 13
Cap. 1 - Dom de Curar 21
Cap. 2 - Magnetismo 33
Cap. 3 - Considerações sobre os fluidos 41
Cap. 4 - Qualidade dos fluidos 53
Cap. 5-0perispírito 65
Cap. 6 - Os centros vitais 73
Cap. 7 - Ação dos e nos centros vitais 93
Cap. 8 - Rearmonização dos centros vitais 101
Cap. 9 - 0 p a s s e 107
Cap. 10 - O passista 125
Cap. 11-0 paciente 129
Cap. 1 2 - As defesas do paciente 131
Cap. 13 - Dúvidas do paciente 137
Cap. 14 - As sensações do passe 149
Cap. 15 - Recomendações simplificadas para o paciente 155
Cap. 16 - Recomendações gerais para a Casa Espírita
passar ao paciente 163
Cap. 17 - Dúvidas do passista durante o passe 171
Cap. 18 - Necessidades do passista 191
Cap. 1 9 - 0 p a s s i s t a e a mediunidade 195
Cap. 20 - Restrições na aplicação 201
Cap. 2 1 - 0 ambiente do passe 213
Cap. 22 - Antipatia, simpatia e empatia fluídica 223
Cap. 23 - As correntes magnéticas 227
Cap. 24 - Usinagem fluídica 233
Cap. 25 - Congestão fluídica 237
Cap. 26 - Fadiga fluídica 241
Cap. 27 - Psi-sensibilidade 255
Cap. 2 8 - 0 tato-magnético 259
Cap. 29 - Os passes na Casa Espírita 267
Cap. 30 - Cola-psíquica 279
Cap. 31 - As regras do magnetismo 285
Cap. 32 - As técnicas mais usadas 299
Cap. 33 - Alguns exemplos práticos dos passes 323
Cap. 34 - Ação dos passes em regiões ou situações localizadas . . 3 3 1
Cap. 35 - Ação negativa dos fluidos 337
Cap. 36 - A duração do passe 345
Cap. 37 - Quantos passes aplicar 351
Cap. 38 - Diferenças de entendimento '. 355
Cap. 39 - Passe a distância -- irradiação 359
Cap. 40 - O passe em pessoas inconscientes 367
Cap. 4 1 - 0 passe e as problemáticas do sexo 371
Cap. 4 2 - 0 p a s s e e os vícios 383
Cap. 43 - O passe na desencarnação 391
Cap. 4 4 - 0 autopasse 397
Cap. 45 - A água fluidificada 401
Cap. 46 - Perguntas diversas 413
Cap. 47 - Formação do passista 423
Cap. 48 - Nossos cursos sobre passes 429
Cap. 49 - A simplicidade do passe 437
Cap. 50 - Tornando o passe mais abrangente 443
Cap. 51 - As cores 447
Cap. 52 - Terapias alternativas 451
Cap. 53 - Uma mensagem final 457
Agradecimentos




A Deus, a Jesus, a Kardec e a todos os mestres do
Magnetismo, inclusive aqueles anônimos, que têm
deixado no mundo rastros de luzes cintilantes por suas
conquistas e exemplos;
Aos amigos, encarnados e desencarnados, que sempre
me incentivam a continuar estudando e pesquisando este
tão rico quão fascinante tema;
Aos meus pais, onde minha mãe é a maior de todas
as incentivadoras dessas pesquisas e o meu velho papai,
já desencarnado, por me ter possibilitado não apenas
esta encarnação, mas por me ter favorecido com a ines-
quecível e impagável oportunidade de exercitar o passe,
dentre outras situações, em doenças terminais e no au-
xílio em processos desencarnatórios;
Aos muitos jornalistas, leitores, freqüentadores de
cursos e treinamentos, correspondentes, escritores, pales-
trantes, colegas e amigos que, com suas perguntas e co-
locações, têm permitido que este tema continue crescen-
do e crescendo, arrancando-me de qualquer idéia que
pudesse me induzir à acomodação ou ao sofrimento.
Destaco, entre eles, o Aécio, que não apenas apontou
falhas como sugeriu acréscimos e correções, sem as quais
o livro estaria capenga.
A todos, que meu "muito obrigado" seja recebido
repleto de eflúvios carinhosos. Tenham certeza, meu
abraço estará sempre cheio dos melhores fluidos que
possa doar ou transmitir. Sei que vocês merecem mais, e
se mais não dou é porque me falecem meios, mas o que
dou e dôo o faço com o melhor esforço de m i n h a
alma, com todo amor de meu coração.
Deus os abençoe hoje e sempre!
Prefácio
Aécio Pereira Chagas




prefácio de um livro é geralmente escrito por alguém
conhecido apresentando um desconhecido. Aqui é
o contrário: um desconhecido apresentando alguém bas-
tante conhecido. Por isso, não posso perder a oportuni-
dade de tecer alguns comentários sobre este livro de meu
amigo Jacob.
Não podemos nos esquecer que o objetivo do Espi-
ritismo é a melhoria moral do ser humano. Conseqüen-
temente, dos aspectos científico, filosófico e religioso da
Doutrina, o último é o mais importante. Entretanto,
não podemos nos esquecer também que o primeiro é
fundamental, é a base dos outros. Se ele não estiver bem
assentado, os outros balançam.
A Ciência é uma atividade que reflete a cultura de
seu tempo e de seu local e não é preciso salientar que em
nosso país a Ciência não tem ocupado um lugar de des-
taque. Assim também no Movimento Espírita, ou seja,
na expressão social e cultural do Espiritismo, muitas
características da cultura brasileira aí se refletem, como
por exemplo a pouca importância que se dá ao aspecto
científico da Doutrina. Apesar de tudo, há muitos e im-
portantes trabalhos de Ciência Espírita realizados no
Brasil, inclusive aqueles que não são assim rotulados pelas
mais diversas razões. Uma delas é que a maneira de es-
crever estes relatos não se parece com o estilo usual uti-
lizado nas ciências acadêmicas. Esquece-se que este estilo
é relativamente recente, tendo sua elaboração se iniciado
na segunda metade do século XIX, como uma reação à
Filosofia Natural, na época bastante influenciada pelo
romantismo. Será que antes disto não se fazia Ciência?
É claro que se fazia, daí a reação. Neste período, junta-
mente com este estilo "objetivo", começaram a proliferar
também as revistas científicas. A Revue Spirite -- Jour-
nal D'Etudes Psychologiques {Revista Espírita -- Jornal de
Estudos Psicológicos), fundada por Allan Kardec em 1858,
segue este modelo, porém nela não encontramos este
estilo "objetivo", desenvolvido para tratar da matéria fí-
sica. Na Revista Espírita tratava-se de seres humanos, uns
"vivos", outros "mortos". Não havia razão para se usar o
estilo das revistas científicas.
Alguns espíritas são também de opinião que o lado
científico do Espiritismo já está pronto, acabado. "É
necessário agora cuidar dos outros." Entretanto, é preciso
frisar que a Ciência tem uma característica progressiva,
ou seja, não pode parar de crescer, sob pena de fenecer.
Daí a necessidade constante de se estar sempre atuando
nesta área e, felizmente, há estes confrades que aí tra-
balham, não deixando "a peteca cair".
O trabalho de Jacob Melo, expresso em seus dois livros
anteriores (O Passe -- seu estudo, suas técnicas, sua prática,
edição FEB ( 1 9 9 7 ) e Manual do Passista, Editora
M n ê m i o Túlio (1998)) e neste aqui, estão entre estes
importantes trabalhos de Ciência Espírita realizados em
nosso país, que citamos acima.
Kardec, tendo como teoria o conceito de que os "vi-
vos" são constituídos pelo espírito, perispírito e corpo e
que os "mortos" não têm este último, a existência dos
fluidos e mais algumas regras metodológicas (causa e
efeito, critérios de aceitação das comunicações e t c ) ,
estudou os fenômenos mediúnicos, cujos resultados estão
em O Livro dos Médiuns, estabelecendo o que alguns
filósofos da ciência chamam de paradigma.
O que Jacob Melo fez (e faz) é seguir as pegadas de
Kardec, utilizando-se da mesma teoria -- agora mais
bem estabelecida e ampliada --, aplicando-a no estudo
do magnetismo humano, que se manifesta, enquanto
fenômeno, nos passes. Este Cure-se e cure pelos passes con-
tém o essencial de seus livros anteriores e muitas outras
observações, resultados, interpretações, correlações etc.
Além do mais, sua forma em perguntas e respostas (como
em O Livro dos Espíritos) é bastante didática e empática,
acrescida do fato que Jacob escreve com o cérebro e com
o coração.
O subtítulo do livro já diz muito sobre as intenções
do autor: Conhecendo e utilizando proveitosamente nossos
potenciais curativos, ou seja, conhecer as potencialidades
dos fluidos que temos e utilizar estes fluidos adequada-
mente para aliviar os sofrimentos do próximo. É possível
ajudar nosso semelhante, contando apenas com boa von-
tade? É claro que sim. Todavia, se além da boa vontade
tivermos conhecimento, nossa ajuda será muito mais
eficaz, proveitosa e maior. É a prática do que disse O
Espírito de Verdade: "Espíritas! Amai-vos, este o primeiro
mandamento; instruí-vos, este o segundo" {O Evangelho
Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. VI, § 5, Ed.
FEB).
As perguntas existentes no livro, segundo o autor,
foram feitas pelas pessoas com as quais ele teve contacto
pessoal ou através de correspondência, telefone etc. Al-
gumas dessas questões são aquelas dúvidas que temos
acanhamento em externar, outras são coisas óbvias, que
nunca havíamos pensado e que se nos perguntassem não
teríamos condição de responder. Isto contribui para que
leitor e autor se tornem mais familiares, mais íntimos,
fazendo com que a leitura do livro seja bastante agradável,
apesar das dificuldades inerentes ao próprio tema.
Algumas editoras, ao solicitarem a seus assessores a
opinião sobre u m a determinada obra para avaliarem as
possibilidades de sua publicação, costumam perguntar:
"Você compraria este livro?". Neste caso, sem qualquer
sombra de dúvida, eu responderia: "Sim".
Deixo aqui ao Jacob meu profundo agradecimento
pelo convite e oportunidade de "apresentá-lo" e pelo que
pude aprender em seus livros, principalmente neste.

Campinas, junho de 2 0 0 1 .
Introdução




êm de longínquas e recuadas épocas o uso e a
aplicação das chamadas "energias curativas" que, de
uma forma ou outra, todos trazemos em nos mesmos.
Mais apropriadamente conhecidas como magnetismo
espiritual -- posto que todos somos espíritos --, essas
"energias" ou esses "fluidos" estão à disposição da hu-
manidade para a autocura tanto quanto para o alívio, a
superação de problemas e situações, a mudança de estado,
enfim, a cura do próximo.
Fazendo um parêntese já no início, o termo "energia"
não é o melhor colocado para definir esses campos que,
na verdade, tanto estão ou "acontecem" na densidade da
matéria bruta quanto na sutileza dos campos psíquicos,
tanto são peculiares a locais e acontecimentos físicos
quanto são, em si mesmos, não-locais, não-temporais e
não-matéria. Sobre o termo fluido falarei mais detalha-
damente mais adiante. Antes de fechar o parêntese, para
um melhor entendimento de palavras como fluido, ener-
gia e magnetismo, chamo a atenção do leitor para buscar
o artigo "Polissemias no Espiritismo", de Aécio P. Chagas,
publicado na Revista Internacional de Espiritismo, de
setembro de 1996, em suas páginas 2 4 7 a 2 4 9 . Fecho o
parêntese.
O que intriga nessa realidade é que, apesar de sua
ancestralidade, nos demoramos sobremaneira, injustifi-
cadamente, para percebermos e aproveitarmos esse ine-
gável e portentoso potencial natural. Em nossa pueril
ignorância, chegamos mesmo a acreditar que apenas
alguns "escolhidos" sejam portadores dessa "energia", sem
nos darmos conta de que assim pensando estamos abrin-
do mão de um dos maiores bens, para usufruto pessoal e
coletivo, que a Misericórdia Divina nos legou. Se bem
que nem todos disponham de grandes ou variados poten-
ciais energéticos, comumente chamados fluídicos ou de
bioenergia, todos somos detentores de poderes muito
mais amplos do que sequer imaginamos, os quais, com
um pouco de conhecimento e prática, podem nos levar
à realização de verdadeiros "milagres".
Por outro lado, espíritos que somos -- até porque a
matéria não consegue, por si só, explicar nem justificar
a matéria --, não faz sentido nossa demora em perceber-
mos e aceitarmos a espiritualidade que existe em nós e
em nosso derredor. Por mais que nossos sentidos sejam
agredidos pelas conjunturas mais palpáveis do reino ma-
terial, são as coisas do espírito que definitivamente nos
movem e comovem. Senão, o que é uma saudade, uma
ânsia pelo desconhecido que "sabemos" estar para acon-
tecer -- e que comumente se confirma, a despeito da
descrença --, uma dor emocional profunda por um gesto
desagradável, um arrependimento, uma alegria injusti-
ficável, uma sensação de "presença" quando sabemos que
"não há ninguém por perto", um não-sei-o-quê de certeza
ante um estatístico universo de improbabilidades?...
De outra forma, o estarmos mergulhados na carne
deveria nos impulsionar a entendermos as atribuições
não apenas grosseiras desta, mas nos envolvermos tão
firmemente em suas sutilezas, em seus atributos e em
suas conseqüências sobre nossas próprias vidas -- todavia
parece nem sempre funcionar neste sentido. Afinal, há
repercussões constantes devido à ação dessas sutilezas
que não nos permitem seguir ignorando-as ou delas des-
denhando. Portanto, não é sem motivo que precisamos
descobrir o que provoca um arrepio estranho quando
nos acercamos de certas pessoas, o que seria um "que-
branto", o que viria a ser a expressão de um desejo im-
pulsionando forças positivas em favor de determinados
objetivos, o que de fato transmitimos ou percebemos
através de um olhar, da voz, dos gestos, do sopro, de
uma prece, do toque daquela ou naquela pessoa...
Tudo isso deve nos levar a refletirmos um pouco mais
demoradamente sobre os valores que temos dado aos
valores da vida. E não é fora de tempo. Como dissemos
no início, vem das mais remotas eras o registro dessas
sensações e evidências, mas, enquanto h u m a n i d a d e ,
muito pouco temos aproveitado disso tudo. Tanto que
vira e mexe somos surpreendidos com o surgimento de
grandes curadores, como se isso devesse ser a exceção da
regra e não o fato de sermos curadores vir a ser a regra.
O estudo do organismo e os conhecimentos que já
possuímos são mais do que indicadores de que trazemos
em nossa própria estrutura a realização de milhões e mi-
lhões de "milagres" a cada instante, provando que somos
muito mais poderosos e surpreendentes do que jamais
sonhamos ser. Veja-se, por exemplo, o milagre que é
dormirmos! Para onde vamos quando dormimos? O que
são os sonhos? E como é que retornamos desse estado?
Não é um milagre magistral o ato de acordarmos? E os
milagres que são: respirar, fazer bater o coração, circular
o sangue, o metabolismo geral, tudo isso sem sequer nos
darmos conta? E as muitas doenças que vencemos sem
ao menos termos percebido que elas nos espreitavam ou
atingiram? Quando somos considerados infectados, é
porque o número dos "invasores" do nosso organismo,
por regra, já superou a casas dos milhares, dos milhões,
pois do contrário nossas "defesas automáticas" (sistema
imunológico) dariam conta sozinhas de vencê-los sem
sequer percebermos o que houve -- e isso acontece dia-
riamente, inúmeras vezes, com todos os seres vivos, espe-
cialmente com os humanos. Na verdade, somos, cada
um de nós, mesmo e apesar de nossas limitações, provas
gritantes do grandiloqüente milagre da vida. E esse mi-
lagre é fundamental no sentido de provar que somos fon-
tes, verdadeiras usinas de curas, só que ainda mal apro-
veitadas.
Sem dúvida, já é hora de revertermos essa tolice que
é não aproveitarmos os magistrais milagres da vida em
favor da própria vida!
Somos livres para usarmos o termo que melhor nos
convier para definir o assunto, mas que todos temos o
"poder da cura" é inequívoco. Sendo isso verdade, fica a
dúvida: por que será que tão poucos conseguem efetiva-
mente contribuir, de forma direta e objetiva, para a cura
dos próprios males ou dos males alheios? Será que existem
regras ou caminhos para atingirmos esse objetivo ou tudo
não passa de misticismo e, portanto, os que não atribuem
valor ao místico ficam desprovidos desse poder? As
evidências já respondem que tanto existem trilhas quanto
todos, mesmo os descrentes, podem, alcançam e realizam
grandes e graves poderes curadores. Necessário apenas
que estejamos atentos à Natureza, a sábia mãe, sob cujas
"leis naturais" alcançamos cumes de sabedoria antes ini-
magináveis de serem escalados... e apliquemos, bem, o
que aprendermos.

* * *


Apesar de nem sempre ser tão simples para alguns,
será no espelho da Natureza que, neste trabalho, refle-
tiremos as sugestões e respostas que tratarão do assunto
em pauta. Por m í n i m a vivência que cada um tenha, é
fácil reconhecer que toda experiência é válida e que todo
exercício no bem sempre contribui para a melhoria dos
seres, mas aqueles que realmente querem se destacar em
q u a l i d a d e de realização, adiantando-se no tempo e
evitando os percalços tão comuns às práticas de toda
ordem, devem encontrar no conhecimento prévio da
teoria o início ideal para seus passos. Essa teoria não se
encontra toda neste livro -- até porque seria impossível
alguém conseguir apor em u m a única obra teoria tão
vasta quão pouco pesquisada a i n d a --, mas estarei
usando-a sob forma de respingos, de sorte que à medida
em que formos caminhando por essa estrada benfazeja,
que é o fascinante mundo dos fluidos, nos refrescaremos
do calor agitado do aprendizado experimental sob os
ventos da esperança renovada na certeza das grandes
vitórias que a prática demonstrará.

* * *
Mesmo já tendo editado dois livros sobre o assunto
passes -- nos quais abordo com relativa profundidade o
Magnetismo e os passes (o chamado dom-de-curar com
as mãos) --, tem sido extremamente comum as pessoas
me escreverem, telefonarem, passarem e-mails ou mesmo
me entrevistarem para colher mais e mais informações
acerca das várias situações que o passe envolve. A m i m
nunca me faltou disposição e prazer para atender a todos
com o máximo de boa vontade, mas por mais que nos
esforcemos sempre ficará alguém esperando uma resposta
mais direta para determinados questionamentos.
C o m este novo livro tento atender a grande parte
desses meus professores, que são os questionadores sin-
ceros -- até porque são suas dúvidas e seus questiona-
mentos que me têm levado ao descobrimento de novas
e surpreendentes explicações para este mundo transcen-
dental. Embora sabendo que a empreitada de escrevê-lo
seja grande, predisponho-me a realizá-la. Evitarei ao má-
ximo o excesso de erudição ou mesmo complicar aquilo
que possa ser definido de maneira mais simples -- mas,
reconhecendo minhas limitações e analisando, sob minha
ótica, o que considero indispensável, não abrirei mão
daquilo que acredito deva constar nestas anotações.
Acredito também que com este livro esteja contri-
buindo, de alguma forma, para o estudo do tema. Sendo
assim, convido todos leitores a refletirem sobre as palavras
de Allan Kardec quando, no artigo Magnetismo e Espi-
ritismo {Revista Espírita, março-1858, p. 9 5 ) , ponderou:
"Esperemos que os sectários do magnetismo e do Espi-
ritismo, melhor inspirados, não dêem ao mundo o escân-
dalo de discussões muito pouco edificantes e sempre fa-
tais à propagação da verdade, seja qual for o lado em
que ela esteja. Podemos ter nossa opinião, sustentá-la e
discuti-la; mas o meio de nos esclarecermos não é nos es-
traçalhando, processo pouco digno de homens sérios e
que se torna ignóbil desde que entre em jogo o interesse
pessoal".
Isto anotado, quero realizar este trabalho de uma ma-
neira encadeada e prática, favorecendo a que a assimilação
seja a mais direta possível. Nesse intento, estou usando
entrevistas que dei, cartas que recebi e respondi, novas
leituras e pesquisas, assuntos aventados esporadicamente
em seminários e treinamentos e sobretudo as principais
perguntas que são a m i m dirigidas, nas mais diversas
formas e oportunidades. Para amenizar o contexto, farei
uso de desenhos (cartoons), a fim de melhor exemplificar
algumas questões e dar maior fluência à matéria. Espero
firmemente que este caminho seja produtivo e venha a
ser trilhado sem maiores sobressaltos por todos que se
predispuserem a atravessá-lo comigo.
E caminhando pelas trilhas dos fluidos, do magne-
tismo, do espiritual, do amor e da boa vontade iremos
fazer ressurgir em nossas telas as paisagens inefáveis de
grande parte daquilo que nossos valorosos ancestrais
pintaram com suas experiências e conhecimentos... e que,
sob a forma de bênçãos, nos legaram à apreciação para
evidente proveito. Sendo assim, vamos lá?!

Jacob Melo, junho de 2 0 0 1 .
Dom de curar




erá que todos detemos mesmo o dom, o poder de curar?
Sim, mas é preciso que vejamos a questão com maior
amplitude. Na realidade, a correta utilização dos poten-
ciais que todos trazemos dentro de nossos organismos
-- físico, psíquico e espiritual -- e na relação de pro-
funda ressonância com o Todo, nos caracterizam como
grandes geradores de "milagres". Só que vários desses
"milagres", por cotidianos, passam despercebidos, até que
uma deficiência mais acentuada se faz presente, "rou-
bando-nos" a saúde, a tranqüilidade ou mesmo a razão.
A partir de então, ficamos "ligados" no problema e perce-
bemos que algo de errado está acontecendo -- apesar de
muito nos demorarmos no estágio da pura "negação",
evitando assumir os compromissos que aí estão inseridos.
Talvez por isso, raramente nos damos conta de que o
errado é gerado por u m a disposição ou disfunção inte-
rior, pessoal, e não por culpa externa, salvo as exceções
da regra. Para resolver a questão buscamos ajuda externa,
seja material, psíquica ou espiritual, o que é natural.
Ocorre que atualmente, com u m a maior abertura para a
visão holística, integral, do ser, somos convidados a re-
fletir acerca de nossos atos, pensamentos e ações e reações
ante a vida, ante aos acontecimentos nos quais interagi-
mos. Dessa forma, quando somos atendidos por pes-
soas ou profissionais responsáveis, recebemos convites
para revermos atitudes, reformularmos procedimentos,
reeducarmos hábitos e tendências, redirecionarmos nos-
sas emoções e anseios. Tudo isso por dois motivos: um
porque está bastante evidenciado que nem sempre a ajuda
externa isoladamente é tão eficiente como a que conta
com u m a contrapartida interior; e o outro porque se a
ajuda de fato resolver o problema, mas não houver um
trabalho real nas estruturas profundas do ser, o risco de
recidiva ou do problema irromper noutro lugar ou de
outra forma é muito grande, quase inevitável. Por aí já
dá para deduzir que os verdadeiros potenciais de cura
estão sempre em estado latente, muitos dentro de nós
mesmos e muitos na realidade que nos cerca, precisando
apenas que nos disponhamos a vencer a inércia para
dispô-los em nosso favor.
Para que sejamos pessoas sadias, "curadas", é neces-
sário que saibamos da existência desses potenciais e
acreditemos neles, direcionando mente e coração, emo-
ção e razão, força e astúcia no sentido do bem-estar que,
no exato sentido do termo, significa o bem geral -- que,
vale ressaltar, não combina com ficar bem à custa do
mal causado aos outros.
Todos detemos o dom de curar, ainda que por vezes
limitado a nos autocurarmos, o que, convenhamos, já é
um poder fabuloso, se plenamente realizado.

E o poder de cura em favor do outro?
Sem querer fugir da questão, o primeiro bem que
fazemos ao próximo é estarmos bem conosco mesmos,
pois assim não o sobrecarregaremos com nossas mazelas
e ainda o ajudaremos, tanto pela força do exemplo como
pela transferência de "energias" e fluidos positivos e pelas
vibrações de saúde que estaremos exalando.
Mas, indo ao cerne da colocação, se, conforme vimos
na questão anterior, detemos o poder de nos curarmos
em nós mesmos e em nosso derredor, se nos aprimorar-
mos no uso e na manipulação desses potenciais teremos
condições de exteriorizá-lo em benefício de outras cria-
turas. Os caminhos são os mais diversos: desde estudar-
mos e nos tornarmos facultativos (médicos, enfermeiros,
farmacêuticos, massagistas, agentes de saúde, etc.) até
virmos a ser curadores (no sentido de curar com magne-
tismo ou com o auxílio da espiritualidade), passistas. Em
tudo, a vontade e a disposição de servir com amor são
fundamentais.

Todas as pessoas podem realizar curas independente do
meio, do problema que deve resolver e do estado em que se
encontram?
Vejamos o assunto sob dois aspectos. As chamadas
curas espirituais, até por depender, fluidicamente falan-
do, muito pouco do curador -- já que os fluidos provêm
p r e d o m i n a n t e m e n t e do m u n d o espiritual e são os
Espíritos os verdadeiros detentores e manipuladores dos
mesmos --, oferece menos obstáculos materiais para a
sua realização, se bem que requeira u m a postura moral e
mental do aplicador muito mais harmônica e sintonizada
com a "fonte doadora" -- quanto mais equilíbrio moral
e maior vivência de autodoação maior possibilidade de
servir com qualidade. Já no campo das curas por passes
magnéticos -- aqueles em que os fluidos em manuseio
são predominantemente humanos --, são solicitados
alguns pré-requisitos para u m a boa e eficiente aplicação
de passes. Dessa forma, o meio, o problema e o estado
em que se encontra o passista poderá influenciar decisiva-
mente no resultado do passe, sem falar nos enormes
prejuízos que podem provocar o despreparo mental,
moral e de conhecimentos específicos.

Várias vezes ouvimos dizer que o passe magnético não
cura, pois para que a cura real se estabeleça é preciso que
vários fatores aconteçam, inclusive a fé do passista e o mere-
cimento do paciente. Apesar disso, pessoas sem aparente fé
e/ou merecimento alcançam curas fantásticas. E então, o
passe magnético cura ou não?
Primeiro precisaríamos definir o que é cura. Para uns,
cura é o restabelecimento ou a superação de um determi-
nado problema ou doença; para outros, é todo um con-
junto de ações e reações positivas, totalmente transfor-
madoras da vida. Para uns a cura é a força para suportar
o imutável; para outros nada vale se não for possível
mudar o que estabelecido está. Para uns é o literal: "pre-
ciso remover a montanha"; para outros, o racional, o
dedutivo: "preciso vencer a montanha" -- o primeiro
tenta transportá-la, lata a lata, até morrer cansado; o
outro, descobre-lhe os desvios, aprende a escalá-la, até
viver a satisfação da vitória.
Antes de prosseguirmos, sugiro aprendermos a definir
saúde e cura como situações naturais ou metas de vida e
não ficarmos a relacioná-las tão diretamente a doenças e
males. Não definamos a rosa por seus espinhos, o tigre
por sua mordida, o dia pela noite, o sono pelo pesadelo,
etc. Ainda que consideremos esses aspectos, melhor de-
finir as coisas por suas qualidades e virtudes; é mais coe-
rente e racional.
Feita a ressalva, respeitando aqueles que ainda assim
pretendem definir cura como a superação de determi-
nados problemas ou mesmo a mudança do estado de
doente para a posição de saudável, o passe magnético
pode cumprir perfeitamente essa proposta. São infinitos
os exemplos na área. Por outro lado, sabemos que toda e
qualquer cura (no caso, superação), da mais simples
doença ao mais profundo estado de abatimento, só po-
derá ser catalogada como cura real se houver um com-
promisso do curado com as transformações interiores,
que precisarão ser assumidas no sentido de aproveitar as
lições ensejadas pelas doenças, traumas, dores e sofrimen-
tos, bem como para inibir possíveis recidivas. Exemplifi-
cando: uma pessoa comete excessos e entra em ressaca.
Apavorada, busca o médico que lhe receita alguns remé-
dios e faz algumas recomendações, além de provê-la dos
elementos químicos necessários para seu refazimento
mais imediato. Se a lição tiver sido assimilada, não voltará
a cair no mesmo equívoco outras vezes; do contrário,
terá novas e repetidas ressacas, até chegar ao ponto do
comprometimento mais profundo de órgãos impor-
tantes, eliminando assim, de forma irresponsável e por
vezes muito dolorosa, parte de sua vida. Ou seja, o mé-
dico pode ajudá-lo a curar a ressaca, mas só ele pode
curar-se a si mesmo. No magnetismo, como em quais-
quer outros métodos curativos, para que a cura real seja
alcançada é imperiosa u m a mudança nos valores e cri-
térios íntimos do "curado", sempre voltada à melhoria
do sentido moral, equilibrado e harmonioso da vida.
Isso em relação a doenças físicas, mas em relação a pro-
blemas emocionais, psíquicos e obsessivos, como se dá a cura?
As observações são igualmente pertinentes, posso
dizer que são as mesmas: é necessário que o "doente"
tenha consciência de que nada se dá sem esforço. O me-
recimento não é um cartão de crédito de ficção que se
usa e não se paga; merecimento no campo das curas é o
resultado de fatores de disposição e ação, resguardo e
observância do que é devido, busca e esforço. Cabe ao
doente dar-se o valor que diz querer possuir, e isso só se
concretiza com o emprego do "faço isso por mim, porque
preciso, porque faço por merecer". Sem essa disposição,
por mais milagrosos que sejam os resultados imediatos,
eles terminarão por redundar funestos, pois que não terão
redimido o doente.
Se bem que aos debilitados psíquicos ou obsidiados
pareça-lhes faltar a força interior para as grandes decisões
e manutenção das mesmas, não será furtando-lhes os con-
vites à superação e ao esforço das vitórias que os torna-
remos mais resistentes e melhor curáveis. Quando não
há condições interiores conscientes para que o paciente
se ajude, a ajuda externa é mais do que solicitada; deve
ser mesmo a mais criteriosa, responsável e harmoniosa
possível. Só não podemos perder de vista que, ainda
quando a consciência parece dormir, a inconsciência --
ou a infraconsciência -- está desperta, absorvendo o que
lhe é passado. Nisso, realça nosso dever de chamar à
responsabilidade aquele que aparentemente não tem
forças para reagir.
N u m aparte, mesmo sem querer entrar no discurso e
no debate que envolve a questão consciente versus in-
consciente, é evidente que temos menosprezado sobre-
maneira esta segunda zona, sem nos darmos conta de
que vivemos muito mais sujeitos à sua ação do que ne-
cessariamente à decorrente da consciente. Logo, reconhe-
cendo este fato e considerando que, como espíritas,
somos sabedores do ser profundo, o Espírito, não temos
como minimizar os potenciais que, embora existam,
parecem estar guardados n u m lugar por m i m chamado
de "campo da inibição fortuita do ser". Muitos somos
os que tentamos, em vários momentos da vida e por
vários motivos, fugir da zona consciente, como que que-
rendo nos eximir das responsabilidades devidas. Para
tanto, saímos acusando ou culpando os equívocos e erros
que aconteceriam responsabilizados pelo inconsciente
-- assim tomado como sinônimo de acobertador das
irresponsabilidades. Bem se vê que por aí podem se
imiscuir obsessões e auto-obsessões. Daí porque a solução
de determinados problemas precisam contar com auxílios
externos, tanto como, de igual maneira, dos mais pro-
fundos também, ou seja, daqueles que convidam o pa-
ciente a mergulhar em seu mundo inconsciente, dali ex-
traindo elementos geradores da esperança e da força, da
fé e da coragem necessárias para a superação.

Numa outra vertente, há quem alegue que o magne-
tismo não passa de uma sugestão ou indução mental. O
que dizer nesse caso?
Não podemos duvidar nem menosprezar os efeitos
decorrentes das sugestões. Experiências com placebos não
nos permitiriam tal irresponsabilidade. Mas, a propósito,
o que é a moda senão uma ampla e repetida sugestão, for-
temente indutiva, quase sempre assimilada por uma maio-
ria?! O magnetismo não é fenômeno verificado por sim-
ples ato de se incutir na mente dos pacientes u m a idéia
ou u m a proposta de cura ou autocura, a qual geraria
alterações comportamentais ou orgânicas. O magnetismo
é u m a força em ação, com sua eficiência já amplamente
demonstrada na prática através dos milênios.
Paradoxalmente, nada é tão simples, nada é tão com-
plexo. Muitas são as pessoas que não se influenciam e
são "curadas", assim como outro tanto vai influenciada
e não se "cura", o que força sejam buscadas outras expli-
cações. Por outro lado, experiências em laboratórios de-
monstram a ação do magnetismo sobre plantas, sementes
e animais, os quais não têm como "conscientemente"
serem influenciados. Apesar das fortes implicações das
sugestões, aí incluídas as auto-sugestões, o volume de
experiências e comprovações dos efeitos do magnetismo,
em todos lugares e tempos, é tamanho que negar-lhes
valor seria como se querer dizer que criaturas não vivem
nem se movem sob a terra.
Pela pujança com que os fluidos magnéticos atuam,
não há como negar sua ação e sua evidência. Todavia,
ampliando o raciocínio geral, ainda que o magnetismo
fosse apenas sugestão e indução e se, como tal, conse-
guisse realizar os benefícios que realiza, já teríamos aí
motivos de sobra para estudar-lhe a essência e aproveitar-
lhe a eficiência e o seu poder. Não haveria nada de equi-
vocado em se aproveitar esse poder se o magnetismo
apenas dele se valesse.

O que é placebo?
Quando médicos, laboratórios e pesquisadores que-
rem testar a eficiência de determinados medicamentos e
tratamentos, utilizam, paralelamente ao que está sendo
testado, substâncias inócuas, sem efeito, mas com forma-
to e aparência semelhante ao medicamento ou método
verdadeiro, de forma que o paciente ou cobaia absorve
acreditando (ou não) tratar-se de substância eficiente e
que os efeitos corresponderão às expectativas (ou não).
Essas substâncias são chamadas de placebo. Fazendo-se
uso do placebo podemos, em princípio, analisar se o me-
dicamento faz efeito real ou se se trata de auto-sugestão
induzida. A esse tipo de experiência se convencionou
chamar de efeito placebo. A propósito, a homeopatia
também faz uso dos placebos, tendo sido a experiência
c o m p l a c e b o s c o n c e b i d a e i n v e n t a d a por S a m u e l
Hahnemann, o fundador da Medicina Homeopática.


Medicamento Placebo




Há experiências com placebos nos passes espíritas?
Na prática atual não tenho registro de experiências
que tais, mas para se alcançar a segurança científica que
queremos ver acontecer nas atividades espíritas, seria
conveniente sua ocorrência. Vale salientar que não é fácil,
para quem não tenha um pensamento e uma atitude de
pesquisa científica, decidir quem será a amostra falsa e a
amostra verdadeira, mas seria extremamente salutar ter-
se pesquisas na área com respaldo e cunho sério e cien-
tífico. U m a das possíveis idéias a ser posta em prática,
conforme sugeriu-me um amigo, seria o "experimento
no homem são", da Homeopatia.

Qual a opinião de Allan Kardec a respeito do dom de curar?
Permita-me u m a transcrição um tanto quanto longa,
mas ela se autojustifica.
"O poder de curar independe da vontade do médium:
é um fato adquirido pela experiência. O que depende
dele são as qualidades que podem tornar esse poder fru-
tuoso e durável. Essas qualidades são sobretudo o devo-
tamento, a abnegação e a humildade; o egoísmo, o orgu-
lho e a cupidez são pontos de parada, contra os quais se
quebra a mais bela faculdade.
"O verdadeiro m é d i u m curador, o que compreende
a santidade de sua missão, é movido pelo único desejo
do bem. Não vê no dom que possui senão um meio de
tornar-se útil aos seus semelhantes, e não um degrau
para elevar-se acima dos outros e pôr-se em evidência. É
humilde de coração, isto é, nele a humildade e a modéstia
são sinceras, reais, sem segunda intenção, e não em
palavras que desmentem, muitas vezes, os próprios atos.
A humildade por vezes é um manto, sob o qual se abriga
o orgulho, mas que não iludiria a ninguém. Nem procura
o brilho, nem o renome, nem o ruído de seu nome, nem
a satisfação de sua vaidade. Não há, em suas maneiras,
nem jactância, nem bazófia; não exibe as curas que rea-
liza, ao passo que o orgulhoso as enumera com compla-
cência, muitas vezes as amplia, e acaba por se persuadir
que fez tudo o que diz.
"Feliz pelo bem que faz, não o é menos pelo que
outros podem fazer; não se julgando o primeiro nem o
único capaz, não inveja nem deprime nenhum médium.
Os que possuem a mesma faculdade são para ele irmãos
que concorrem para o mesmo objetivo: ele diz que
quanto mais os houver, maior será o bem.
"Sua confiança em suas próprias forças não vai até a
presunção de se julgar infalível e, ainda menos, univer-
sal. Sabe que outros podem tanto ou mais que ele. Sua
fé é mais em Deus do que em si mesmo, pois sabe que
tudo pode por Ele, e nada sem Ele. Eis porque nada
promete senão sob a reserva da permissão de Deus.
"A influência material junta a influência moral, au-
xiliar poderosa, que dobra a sua força. Por sua palavra
benevolente, encoraja, levanta o moral, faz nascer a es-
perança e a confiança em Deus. Já é uma parte da cura,
porque é u m a consolação que dispõe a receber o eflúvio
benéfico ou, melhor dito, o pensamento benevolente já
é um eflúvio salutar. Sem a influência moral, o m é d i u m
tem por si apenas a ação fluídica, material e, de certo
modo, brutal, insuficiente em muitos casos.
"Enfim, para aquele que possui as qualidades de co-
ração, o doente é atraído por uma simpatia que predispõe
à assimilação dos fluidos, ao passo que o orgulho, a falta
de benevolência chocam e fazem experimentar um
sentimento de repulsa, que paralisa essa assimilação.
"Tal é o médium curador amado pelos bons Espíritos.
Tal é, também, a medida que pode servir para julgar o
valor intrínseco dos que se revelarem e a extensão dos
serviços que poderão prestar à causa do Espiritismo.
Desnecessário que só é entrado nestas condições e que
aquele que não reunisse todas as qualidades não possa
momentaneamente prestar serviços parciais que seria erro
repelir. O mal é para ele, porque quanto mais se afasta
do tipo, menos pode esperar ver sua faculdade desenvol-
ver-se e mais se aproxima do declínio. Os bons Espíritos
só se ligam aos que se mostram dignos de sua proteção,
e a queda do orgulhoso, mais cedo ou mais tarde, é a sua
punição. O desinteresse é incompleto sem o desinteresse
moral." (em: Considerações sobre a mediunidade curadora,
Allan Kardec -- Revista Espírita, novembro, 1866, p. 3 4 7 ) .

Em que o Espírito poderá influir em sua doença ou pró-
pria cura?
M a i s do que nunca, hoje se sabe que a maneira de
pensar e de reagir às circunstâncias da vida leva a criatura
a situações mais ou menos difíceis, mais ou menos felizes,
mais ou menos palatáveis. Quando nos aborrecemos, alte-
ramos completamente nossas funções orgânicas, assim co-
mo quando nos alegramos propiciamos circuitos dife-
renciados em todos nossos sistemas endócrinos. Não é à
toa que costumamos dizer que "a raiva ferveu meu san-
gue", "a ira tirou minha fome", "a alegria desopilou meu
fígado", "o prazer aliviou meu coração"... Verdades pro-
fundas. Nossa atitude mental determinando ações e rea-
ções orgânicas as mais diversas e repercussivas possível.
Ora, se a mente -- que outra não é senão o próprio Espí-
rito se expressando -- atua de forma tão vigorosa nos
sistemas autômatos e "autônomos" de nossa essência física,
o que se dizer de sua influência sobre nosso estado de
saúde?
Allan Kardec teve oportunidade de tecer rápida pon-
deração a respeito, quando, em sua Revista Espírita, de
março de 1869, p. 63, estudando o tema "A carne é fraca ,
sugere: "... dai coragem ao poltrão, e vereis cessarem os
efeitos fisiológicos do medo; dá-se o mesmo em outras
disposições".
Magnetismo




uando surgiu o. Magnetismo?
Paracelso (Philip Theophrastus Aureolus Bombastus
von Hohenheim -- 1 4 9 3 - 1 5 4 1 ) , notável alquimista e
médico suíço que se projetou na Idade M é d i a , foi um
dos grandes desbravadores do terreno do magnetismo,
tendo, por suas idéias renovadoras e "revolucionárias",
chegado a ser afastado do cargo de professor que ocupava
com destaque. Ele é apontado, inclusive, como o criador
da palavra magnetismo, quando comparou as forças
"viventes" ao ímã (magnete). Mas, modernamente, em
nossa cultura ocidental, Mesmer (Franz Anton, 1734-
1815), um médico alemão, é apresentado como o res-
ponsável pela codificação e demonstração prática do
magnetismo, por ele trazido como "Teoria do M a g n e -
tismo Animal". Todavia, desde os mais antigos registros
feitos pela Antropologia e Sociologia são acusados com-
portamentos humanos indicativos da utilização do mag-
netismo como método de cura e busca espiritual, como
fortalecimento dos potenciais orgânicos e fisiológicos e
também como técnica de conservação e embalsama-
mento de corpos. Registros bíblicos são fartos nesse sen-
tido, tanto quanto a maioria dos livros basilares de antigas
religiões orientais; assim o são também pesquisas antro-
pológicas que estudam comportamentos mortuários de
antigas civilizações. Portanto, não há u m a data ou um
período preciso que confirme a "implantação" do magne-
tismo no seio da humanidade, sendo, por isso mesmo e
por todas reflexões sérias a respeito, permitido se diga
que há magnetismo no mundo desde que o mundo é
mundo.

Há relações entre o Magnetismo e o Espiritismo?
Há, e não são poucas, especialmente no campo prático
dessas ciências. A propósito, Allan Kardec {Magnetismo
e Espiritismo, em Revista Espírita, março de 1858, p. 95)
teceu ponderações a respeito que valem a pena ser aqui
reproduzidas:
"O magnetismo preparou o caminho do Espiritismo,
e os rápidos progressos desta última doutrina são incon-
testavelmente devidos à vulgarização das idéias sobre a
primeira. Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo
e do êxtase às manifestações espíritas há apenas um passo;
sua conexão é tal que, por assim dizer, é impossível falar
de um sem falar do outro. Se tivermos que ficar fora da
Ciência do magnetismo, nosso quadro ficará incompleto
e poderemos ser comparados a um professor de Física
que se abstivesse de falar da luz.
" ( . . . ) A ele (o magnetismo) não nos referiremos, pois,
senão acessoriamente, mas de maneira suficiente para
mostrar as relações íntimas das duas Ciências que, na
verdade, não passam de uma." (grifei)
Bem se vê serem muito estreitas as relações entre essas
duas ciências.
A despeito disso tudo, quero aditar um comentário
paralelo. É digno ressaltarmos que na obra de Allan
Kardec vamos encontrar inúmeras vezes o termo magne-
tizador no sentido do que hodiernamente chamamos de
passista ou médium passista. Por outro lado, os Espíritos,
sempre que se referem ao fluido magnético, estão fazendo
referência aos fluidos vitais e espirituais e não aos cam-
pos magnéticos como a Física determina e denomina.

Poder-se-ia dizer, então, que todo magnetizador é tam-
bém espírita?
Não. Apenas a convergência dos princípios fluídicos
(energéticos) daquelas Ciências indica as estreitas ligações
verificadas em suas práticas. Muitos magnetizadores
sequer acreditam nos Espíritos e nem por isso deixam
de ser por eles observados e ajudados. Agora, ser magne-
tizador e crer, de forma ativa e positiva, nos Espíritos,
potencializa sobremaneira as práticas magnéticas, che-
gando à realização de verdadeiros milagres, tal como su-
geriram os Espíritos a Kardec (vide O Livro dos Médiuns,
cap. 14, item 176, questão 4ª).

Os magnetizadores clássicos eram pessoas moralmente
equilibradas?
Sim, abstração feita às exceções de toda regra. A des-
peito de muito se acusar Mesmer de exibicionismo e
comportamentos exóticos, os que com ele conviveram
sempre ressaltaram seu espírito de "homem caridoso e
bom".
Deleuze, considerado como o ressurgidor do magne-
tismo com sua obra História Crítica do Magnetismo, de
1813, assim enunciava como indispensáveis algumas das
condições morais do magnetizador: "Vontade ativa pelo
bem; crença firme em seu poder; e confiança inteira em
seu emprego".

Muito se alegou que não era o Magnetismo que curava
e sim a ilusão do paciente ou a indução sugestiva do magne-
tizador. O que dizer disso?
Pelo quanto, ao longo do tempo, o magnetismo foi
testado, contestado, ridicularizado e exposto a toda espé-
cie de julgamento, dos mais criteriosos aos mais vis, sobra-
ram lucros e louros para ele. De tão combatido e de nunca
verdadeiramente vencido, saiu-se o magnetismo como
o grande vitorioso. A cada dia que passa, mais e mais se
comprova a eficiência do magnetismo como força cura-
dora. Agora, se o magnetismo fosse apenas um provoca-
dor de ilusões ou simples indutor de sugestão ou auto-
sugestões, muito provavelmente não teria resistido às
inclemências de seus perseguidores e do próprio tempo.
Pela excelência de seus resultados, seu valor está mais do
que aprovado e sua aprovação mais do que aplaudida e me-
recida. Portanto, saudemos o magnetismo com o respeito
que ele tão bem fez e continua fazendo por merecer.

Do fato da relativa imponderabilidade dos fluidos
magnéticos fica difícil aceitarmos sua penetrabilidade e sua
ação em outros corpos, em seres como os humanos. O que
você poderia dizer a respeito?
Estamos cercados de imponderabilidade, literalmente
a nos reger, a nos direcionar, a nos influenciar profunda-
mente. Que se dizer de sentimentos, de campos energé-
ticos concebidos apenas pela teoria -- e por ela demons-
trados como existentes e inevitáveis? Que se dizer da
hoje irrefutável ação da prece e da fé? E tudo isso é de
uma imponderabilidade inquestionável. Foi-se o tempo
em que o que se via e o que se tocava eram determinantes
para se definir pela existência ou inexistência de alguma
coisa.
O magnetismo já provou a mancheias sua ação e a
penetrabilidade dos fluidos, a despeito dos contraditores
de todas as épocas.
Para simplificar, vamos a u m a colocação de Allan
Kardec {Revista Espírita, m a r ç o - 1 8 6 6 ) , mesmo quando,
à época, ele ainda não contava com os modernos con-
ceitos da teoria da relatividade:
"A maioria dos corpos simples são chamados pon-
deráveis, porque é possível achar o seu peso, e este está
na razão da soma de moléculas contidas n u m dado vo-
lume. Outros são ditos imponderáveis, porque para nós
não têm peso e, seja qual for a quantidade em que se
acumulem n u m outro corpo, não a u m e n t a m o peso
deste. Tais são: o calórico, a luz, a eletricidade, o fluido
magnético ou do ímã. (...) Posto que imponderáveis,
nem por isto esses fluidos deixam de ter um grande poder.
O calórico divide os corpos mais duros, os reduz a va-
por, dá aos líquidos evaporados u m a irresistível força de
expansão. O choque elétrico quebra árvores e pedras,
curva barras de ferro, funde os metais, atira longe enor-
mes massas. O magnetismo dá ao ferro um poder de
atração capaz de sustentar pesos consideráveis. A luz não
possui esse gênero de força, mas exerce uma ação química
sobre a maioria dos corpos, e sob sua influência operam-
se incessantemente composições e decomposições. Sem
a luz, os vegetais e os animais estiolam-se, os frutos não
têm sabor nem colorido.
"Todos os corpos da natureza (...) são formados dos
mesmos elementos, combinados de maneira a produzir
a infinita variedade dos diferentes corpos. Hoje, a Ciencia
vai mais longe. Suas investigações pouco a pouco a
conduzem à grande lei da unidade. Agora é geralmente
admitido que os corpos reputados simples não passam
de modificações, de transformações de um elemento
único, princípio universal designado sob os nomes de
éter, fluido cósmico ou fluido universal. De tal sorte que,
segundo o modo de agregação das moléculas desse fluido,
e sob a influência de circunstâncias particulares, adquire
propriedades especiais, que constituem os corpos simples.
Estes, combinados entre si em diversas proporções, for-
m a m , como dissemos, a inumerável variedade de corpos
compostos. Segundo esta opinião, o calórico, a luz, a ele-
tricidade e o magnetismo não passariam de modificações
do fluido primitivo universal. Assim, esse fluido que,
segundo toda probabilidade, é imponderável seria ao mesmo
tempo o princípio dos fluidos imponderáveis e dos corpos
ponderáveis, (grifei)
"A química nos faz penetrar na constituição íntima
dos corpos, mas, experimentalmente, não vai além dos
corpos considerados simples. Seus meios de análise são
impotentes para isolar o elemento primitivo e determinar
a sua essência. Ora, entre esse elemento em sua pureza
absoluta e o ponto onde pára as investigações da Ciência,
o intervalo é imenso. Raciocinando por analogia, chega-
se a esta conclusão que, entre esse dois pontos extremos,
esse fluido deve sofrer modificações que escapam aos
nossos instrumentos e aos nossos sentidos materiais. É
nesse campo novo, até aqui fechado à exploração, que
vamos tentar penetrar..."
Conforme se observa, Kardec estava bem atualizado
na Ciência de seu tempo. Quem diz que todas as formas
de matéria são modificações do fluido cósmico univer-
sal são os Espíritos. Um amigo me lembra que muitos
físicos estão empenhados em uma utopia que é a cha-
mada "unidade das forças", porém até agora não chega-
ram lá (apesar das afirmações falaciosas de alguns) e, ao
ver desse amigo, não chegarão lá, devido aos métodos
empregados (os métodos da Física Teórica).
Posteriormente a Kardec, verificou-se que os fluidos
tinham peso (Crookes) e é possível verificar isto sem
balança. Parece que tudo tem massa, até os neutrinos, o
problema é como medir.
Em suma, a questão da ponderabilidade é hoje sem
sentido.

Os magnetizadores precisam contar com os Espíritos?
Vou buscar Allan Kardec {Revista Espírita, j a n - 1 8 6 4 )
mais uma vez, em uma interessante reflexão que responde
à questão:
"... Para curar pela ação fluídica, os fluidos mais de-
purados são os mais saudáveis; desde que esses fluidos
benéficos são dos Espíritos superiores, então é o concur-
so deles que é preciso obter. Por isto, a prece e a invocação
são necessárias. Mas para orar e, sobretudo, orar com
fervor, é preciso fé. Para que a prece seja escutada, é pre-
ciso que seja feita com humildade e dilatada por um real
sentimento de benevolência e de caridade. Ora, não há
verdadeira caridade sem devotamente, nem devotamento
sem desinteresse. Sem estas condições o magnetizador,
privado da assistência dos bons Espíritos, fica reduzido
às suas próprias forças, por vezes insuficientes, ao passo
que com o concurso deles, elas podem ser centuplicadas
em poder e em eficácia." (grifos originais).
Considerações
s o b r e os fluidos




ual seria o primeiro passo para entendermos o magne-
tismo (humano)?
Estudá-lo, analisá-lo, experimentá-lo e praticá-lo. Para
tanto, em termos de teoria, o estudo dos fluidos é básico.

O que devemos entender por fluido?
A palavra fluido é u m a polissemia, ou seja, tem vários
significados. Diferente do conceito convencional dado
ao termo -- u m a das características das substâncias lí-
quidas ou gasosas ou u m a substância que corre ou se
expande à maneira de um líquido ou gás; fluente --,
para os estudiosos dos temas magnetismo, passes, curas,
mediunidade, animismo e terapias alternativas, fluido
"é tudo quanto importa à matéria, da mais grosseira à
mais diáfana, variando em multiplicidade infinita a fim
de atender a todas as necessidades físicas, químicas e in-
clusive vitais daquela, bem como de sua intermediação
entre os reinos material e espiritual. É o fluido não apenas
algo que se move a exemplo dos líquidos ou gases, mas a
essência mesma desses líquidos, gases e de todas as ma-
térias, inclusive aquelas ainda inapreensíveis por nossos
instrumentos físicos ou mesmo psíquicos", conforme
resumi em meu livro O Passe: seu estudo, suas técnicas,
sua prática.
Leon Denis, no seu No Invisível, cap. 15, sintetiza
dizendo que o fluido, à medida que se rarefaz, torna-se
u m a das formas de energia, adquirindo u m a capacidade
de irradiação sempre crescente. Por outro lado, o Espírito
André Luiz, conforme registrado em Evolução em dois
mundos, cap. Alma e fluidos, afirma que "... no plano
espiritual, o homem desencarnado vai lidar, mais direta-
mente, com um fluido vivo e multiforme, estuante e
inestancável, (...) absorvido pela mente humana, em
processo vitalista semelhante à respiração, pelo qual a
criatura assimila a força emanente do Criador, esparsa
em todo o Cosmo, transubstanciando-a, sob a própria
responsabilidade, para influenciar na Criação, a partir
de si mesma. Esse fluido é seu próprio pensamento con-
tínuo, gerando potenciais energéticos..."
Isto posto, me permito uma sugestão: aqueles que se
sentirem incomodados com o emprego do termo fluido
tal qual classicamente vimos fazendo, preferindo uma
adjetivação na qual fiquem melhor retratados os con-
ceitos de "campos" e/ou " q u a n t a energéticos" ou outros
porventura mais modernos, que disponham para todos
nós suas idéias, conceitos e explicações através de publi-
cações ou debates. Honestamente, todos agradecemos
antecipadamente e louvaremos as iniciativas neste senti-
do, pois não temos nada contra tal postura; pelo contrá-
rio, somos sempre favoráveis ao estudo e às pesquisas.
Todavia, reconheçamos: verdade maior do que a da ne-
cessidade de novas conceituações está o fato de que ainda
hoje nos entendemos perfeitamente bem quando falamos
dessa "energética" usando o termo fluido. Lamentavel-
mente, seja pelo rebuscado das teorias e terminologias
científicas a respeito do assunto, seja pelo pouco estudo
da maioria dos seguidores das escolas magnéticas, não
podemos dizer o mesmo quando interpomos outros de-
rivados para a expressão fluido, ainda que mais ricos, atua-
lizados e consentâneos. Daí, mesmo entendendo e acei-
tando a necessidade de u m a revisão de conceitos, man-
terei neste livro o termo fluido para designar esse campo
1
de energias que é movimentado nos e pelos passes.

Os fluidos são sempre sutis, rarefeitos?
Não. Também existem fluidos muito densos, de for-
ma que podemos afirmar, sem receio de errar, que toda
matéria existente é, de certa forma, fluido condensado.




1
C o m o acontece com o termo fluido, na Física o termo "magnetismo"
é usado num sentido muito diferente do usualmente encontrado nos textos
espíritas. Em Física, o magnetismo é o fenômeno de atração ou repulsão
de certas substâncias. A razão é que a matéria é composta de átomos, os
quais, por sua vez, são formados por partículas ainda menores na forma
de núcleos e elétrons. Os elétrons têm u m a estrutura interna característica
conhecida como "spin". Isso faz com que eles se comportem como micro-
magnetos, isto é, quando expostos à presença de "campos magnéticos"
eles se alinham na direção desses campos. Em alguns elementos (como o
ferro, por exemplo), os átomos estão arranjados de forma extremamente
organizada, assim como os spins dos seus elétrons. O efeito desses spins
alinhados é sentido na escala macroscópica como se todo o elemento tivesse
um "spin total" ou "macro spin" e a substância sofre atração ou repulsão
quando sob influência de campos magnéticos gerados por outras
substâncias. (Compilado de um artigo de Ademir Xavier no boletim do GEAE).
O m a c r o m a g n e t i s m o é decorrente t a m b é m de outros movimentos
eletrônicos ("órbitas") e do acoplamento spin-órbita.
Como são movimentados esses fluidos sutis?
Por ações físicas (magnetismo), por interações entre
dois ou mais campos fluídicos (reações fluídicas entre
pessoas ou dessas em relação ao meio), pela vontade di-
recionada e pela ação dos Espíritos.

São da mesma natureza os fluidos humanos e os espi-
rituais?
Deixarei a resposta com Allan Kardec (em Revista
Espírita, j a n - 1 8 6 4 ) :
"Na ação magnética, propriamente dita, é o fluido
pessoal do magnetizador que é transmitido, e esse fluido,
que não é senão o perispírito, sabe-se que participa sem-
pre, mais ou menos, das qualidades materiais do corpo,
ao mesmo tempo que sofre a influência moral do Es-
pírito. É, pois, impossível que o fluido próprio de um
encarnado seja de uma pureza absoluta, razão por que
sua ação curativa é lenta, por vezes nula, outras vezes
nociva, porque transmite ao doente princípios mórbidos.
Desde que um fluido seja bastante abundante e enérgico
para produzir efeitos instantâneos de sono, de catalepsia,
de atração ou de repulsão, absolutamente não se segue
que tenha as necessárias qualidades para curar; é a força
que derruba, mas não o bálsamo que suaviza e restaura.
Assim, há Espíritos desencarnados de ordem inferior,
cujo fluido pode ser mesmo muito maléfico, o que os
espíritas a cada passo têm ocasião de constatar. Só nos
Espíritos superiores o fluido perispiritual está despojado
de todas as impurezas da matéria. Está, de certo modo,
quintessenciado. Sua ação, por conseguinte, deve ser mais
salutar e mais pronta; é o fluido benfazejo por excelência.
E desde que não pode ser encontrado entre os encarna-
dos, nem entre os desencarnados vulgares, então é preciso
pedi-lo aos Espíritos elevados, como se vai procurar em
terra distantes os remédios que se não encontram na pró-
pria. O médium curador emite pouco de seu fluido; sente
a corrente do fluido estranho que o penetra e ao qual
serve de condutor; é com esse fluido que magnetiza, e aí
está o que caracteriza o magnetismo espiritual e o distin-
gue do magnetismo animal: um vem do homem, o outro,
dos Espíritos." (grifo original).

Allan Kardecfala muito acerca do fluido universal (FU).
O que seria esse fluido?
Em O Livro dos Espíritos, questão 2 7 , Allan Kardec
conversa com os Espíritos acerca da criação universal e
deles recebe a informação seguinte: "Deus, espírito e ma-
téria constituem o princípio de tudo o que existe, a trin-
dade universal. Mas ao elemento material se tem que jun-
tar o fluido universal, que desempenha o papel de interme-
diário entre o Espírito e a matéria propriamente dita
(...)· Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar,
sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio
sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de di-
visão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe
dá." (grifei). Dá para perceber a dupla função aí atribuída
ao fluido universal; primeiro como elemento intermediário
-- um campo, portanto --, depois como elemento
primitivo, elementar -- uma geratriz. Fazendo-se um
estudo comparado com o que está escrito em O Livro dos
Espíritos e em A Gênese, ambos de Allan Kardec, tal como
sugiro em O Passe, seu estudo, suas técnicas, sua prática,
percebemos que a matriz do conceito fluido universal é
de que este é, em primeira instância, a grande geratriz de
todos os campos nos quais serão estruturadas as mais
diversas matérias. No prosseguimento do estudo, teremos
por fluido universal outras acepções, já diretamente
relacionadas ao conceito de campo energético, o que de-
nota a dificuldade que teve a codificação de se expressar
ante a ausência dos atuais conceitos da Física moderna.


E o fluido cósmico?
Seguindo com o estudo sugerido em O Passe, encon-
traremos no fluido cósmico (FC) o campo dos fluidos
do cosmo, também em dois sentidos: do cosmo como
um todo e do cosmo como campo propiciador das com-
binações e interações geradoras das variedades da ma-
téria. Resumindo, o fluido universal é a geratriz e o fluido
cósmico o grande campo gerado -- o qual, por sua vez,
propiciará o surgimento das diversas variedades de
fluidos.
De onde provém, então, o espírito?
Exatamente da outra geratriz, chamada princípio in-
teligente universal (PIU). Ali "gera-se" o espírito, ele-
mento espiritual básico, o qual vai-se elaborando, ao
longo dos evos, por consórcio com a matéria, até atingir
a individualidade e a personalidade, a inteligência e a
angelitude.

São sempre vitais os fluidos, ou seja, existe vida orgânica
em todos os fluidos?
A resposta também é negativa. O que podemos dizer
é que em todos existe um estado latente de vitalidade,
passível de ser acionado. Nalguns essa latência é, por
assim dizer, abundante, enquanto noutros por demais
escassa, quase inexistindo.

Como é acionada a vitalidade dos fluidos?
Primeiro divi-
damos os fluidos
em três grupos: os
i n o r g â n i c o s , os
magnéticos --
aqui considerados
os vitais -- e os
espirituais.
Nos inorgâni-
cos, a presença de
vitalidade é quase
nula, pelo que fica-
mos praticamente
impedidos de mo-
vimentá-los, a não
ser por incorpora-
ção ou interposi-
ção de cargas vita-
listas oriundas de
outros campos.
Nos m a g n é -
ticos ou vitais en-
contramos uma
estrutura apro-
priada, na qual
podemos divisar
pelo menos duas
zonas distintas: o
fluido vital pro-
priamente dito e
o princípio vital.
É exatamente pe-
lo princípio vital
que conseguimos
acionar (movi-
mentar) os flui-
dos vitais (passivos), dotando-lhes de vitalidade (orgânica
inclusive). O mecanismo que faz a matéria ter vida é
exatamente o decorrente da ligação de um outro prin-
cípio, o inteligente ou espiritual (espírito), com o fluido
vital, pela "porta" do princípio vital.
Os fluidos espirituais são aqueles muito sutis, per-
tencentes ao meio etéreo e manipuláveis pelos Espíritos.
Apesar dessa denominação, na realidade não existe um
fluido literalmente espiritual, posto que todos os fluidos,
mesmo os mais sutis e rarefeitos, são matéria, pelo que
não p o d e r i a m ser espirituais de forma absoluta. A
expressão "fluidos espirituais" apenas designa o conjunto
de fluidos que são peculiares ao meio espiritual e para
"manipulação" pelos Espíritos desencarnados.
O que viria a ser o princípio vital?
Fazendo uma comparação, o princípio vital está para
o fluido vital tal qual está o interruptor para a energia
em um circuito elétrico. Embora haja o circuito e demais
aparatos para o uso da corrente elétrica, a mesma só estará
em circulação quando o interruptor for acionado fe-
chando o circuito. De semelhante forma, mesmo ha-
vendo fluido vital e princípio vital no grande campo
vital, a vida só acontece quando o "interruptor vital",
que é o princípio vital, é conectado ao elemento que
promove a circulação da vida. Na realidade, o princípio
vital é a zona ou o campo de mais alta freqüência do
fluido vital, assim disposto exatamente para permitir o
acesso e a ligação com o outro princípio (o espiritual),
que vibra numa freqüência muito elevada, e que é o real
responsável pela eclosão do fenômeno. Não é sem motivo
que para se entender o assunto com mais propriedade o
ideal é que se estude, ainda que superficialmente, as teo-
rias da evolução conforme orienta o Espiritismo.

Podemos dizer, então, que todas as criaturas são porta-
doras de fluido vital?
Exato, tanto de fluido vital quando de princípio vi-
tal, além de se encontrarem sobre a influência direta do
princípio inteligente (espírito). Mas no caso do ser hu-
mano é bom ressaltar que uns só dispõem de quantidades
de fluidos vitais suficientes para a própria manutenção,
outros conseguem usinar e exteriorizar (ejetar) fluidos
em benefício de terceiros e outros, por fim, estão carentes
de complementações fluídicas para um equilíbrio vital
mais consistente. É esse potencial e essa capacidade de
exteriorização que diferencia doadores de pacientes.


Essas explicações se aplicam às ligações nos outros reinos?
Exatamente. O princípio é sempre o mesmo.

Onde mais poderia ser vista essa ligação do princípio
vital?
Nos chamados fenômenos de efeitos físicos, como o
de transporte e o de materialização, por exemplo, existem
gritantes evidências desse mecanismo. Senão vejamos.
Para que um objeto seja deslocado sem estar submetido
à ação mecânica de algo material ou alguém, é necessário
que um m é d i u m de efeitos físicos libere fluidos vitais
para saturar o objeto e, combinando os fluidos e a vibra-
ção do Espírito comunicante com o fluido vital do
m é d i u m ali projetado, este será deslocado, podendo a
ação durar enquanto o m é d i u m continuar liberando
fluido vital saturado de princípio vital (que é por onde
o Espírito comunicante faz a "ligação" com o fluido
disponível). No momento em que o médium fornecedor
do fluido vital suspender essa doação ou quando o
princípio vital ali se esgotar, imediatamente cessa a ação
do Espírito sobre o objeto.
Qualidade dos
fluidos




qualidade dos fluidos depende da natureza orgânica
do passista?
Observemos este registro de Allan Kardec {Revista
Espírita, novembro 1864, p. 3 4 7 ) :
"Atuando o fluido como agente terapêutico, sua ação
varia conforme as propriedades que recebe das qualidades
do fluido pessoal do médium. Ora, devido ao tempera-
mento e à constituição deste último, o fluido está im-
pregnado de elementos diversos, que lhe dão proprie-
dades especiais. Pode ser, para nos servirmos de compa-
rações materiais, mais ou menos carregado de eletricidade
animal, de princípios ácidos ou alcalinos, ferruginosos,
sulfurosos, dissolventes, adstringentes, cáusticos, etc. Daí
resulta u m a ação diferente, conforme a natureza da de-
sordem orgânica. Esta ação pode ser, pois, enérgica,
muito poderosa em certos casos e nula em outros. É assim
que os médiuns curadores podem ter especialidades: este
curará as dores ou endireitará um membro, mas não dará
a vista a um cego, e reciprocamente. Só a experiência
pode dar a conhecer a especialidade e a extensão da aptidão.
Mas, em princípio, pode-se dizer que não há médiuns
curadores universais, por isso que não há homens perfeitos
na Terra, e cujo poder seja ilimitado." (Grifei)
Claro está, portanto, que não apenas as condições
orgânicas importam na qualidade dos fluidos, como
também os sentidos emocionais e espirituais.

Os fluidos sempre foram conhecidos como fluidos?
Não. Muitos foram os nomes a ele -- ou a seus de-
rivados -- atribuídos. Eis alguns:
Prana -- nome dado pelos hindus;
Lung -- pelos tibetanos;
Ka -- pelos egípcios;
Baraka -- pelos sufis;
M i n g o -- pelos africanos;
M a n a -- pelos polinésios;
Qi -- pelos chineses;
Ki -- pelos japoneses;
Pneuma -- pelos gregos clássicos;
Lil -- pelos maias; e ainda:
Força Ódica (ou Odile) -- expressão criada pelo
Barão Karl von Reichenbach ( 1 7 8 8 - 1 8 6 9 ) ;
Força Psíquica -- criada por Camille Flammarion
( 1 8 4 2 - 1 9 2 5 ) , e m b o r a por m u i t o s seja a t r i b u í d a a
W i l l i a m Crookes ( 1 8 3 2 - 1 9 0 3 ) ;
Força Ectêmica -- expressão do Dr. M a r e T h u r y
(1822-1905);
Energia Orgônica -- assim batizada pelo Dr. Wilhelm
Reich ( 1 8 9 7 - 1 9 5 7 ) ;
Eflúvios (Ódicos ou Magnéticos) -- nomes dados
por Albert D'Aiglun De Rochas ( 1 8 3 7 - 1 9 1 4 ) . . .
Como refinar os fluidos?
Continuemos com Kardec, no mesmo artigo acima:
"... Há, pois, para o médium curador a necessidade
absoluta de se conciliar o concurso dos Espíritos supe-
riores, se quiser conservar e desenvolver sua faculdade,
senão, em vez de crescer ela declina e desaparece pelo
afastamento dos bons Espíritos. A primeira condição para
isto é trabalhar em sua própria depuração, a fim de não
alterar os fluidos salutares que está encarregado de
transmitir. Esta condição não poderia ser executada sem
o mais completo desinteresse material e moral. O pri-
meiro é o mais fácil; o segundo é o mais raro, porque o
orgulho e o egoísmo são os sentimentos mais difíceis de
extirpar e porque várias causas contribuem para os su-
perexcitar nos médiuns. Desde que um deles se revela
com faculdades transcendentes -- falamos aqui dos
médiuns em geral, escreventes, videntes e outros -- é
procurado, adulado e mais de um sucumbe a essa ten-
tação da vaidade. Em breve, esquecendo que sem os Es-
píritos nada seria, considera-se como indispensável e
único interprete da verdade; deprime os outros médiuns
e se julga acima de conselhos. O m é d i u m que assim se
acha está perdido, porque os Espíritos se encarregam de
lhe provar que podem ser dispensados, fazendo surgir
outros médiuns melhor assistidos."
A melhoria de todo comportamento moral do passista
é o que de mais essencial existe para que ele possa refinar
e melhor qualificar seus fluidos.

Se existe um fluido ou uma energia benéfica, poderá
haver também aquela que prejudica?
Sem dúvida. Todas as vezes que vibramos negativa-
mente ou desejamos o mal para alguém, estamos pro-
duzindo um m a u fluido, um fluido desarmônico, um
campo desestruturador. Por isso mesmo, este pode ser
qualificado como um fluido prejudicial. Ressalvo que,
ao contrário do que pensa quem o pratica, vibrar nega-
tivamente por alguém não atinge apenas a quem se pre-
tende, pois o magnetismo é mecanismo de dupla via e
crua empatia; se faço e/ou desejo o mal, idêntico padrão
volta-se contra m i m mesmo. Se para quem direciono o
m a u fluido pode estar armada a defesa baseada no não
merecimento do mal, para o arremessador não há des-
culpa: inevitavelmente estará contaminado por suas
próprias vibrações, pelo que o mal não deveria fazer parte
de nossos ideais e realizações.
Depois, há também a constatação da existência de
fluidos e campos fluídicos não simpáticos, não afins,
pouco interativos. Não é que sejam maus ou negativos
em si mesmos, mas a percepção deles é incômoda e,
nalguns casos, pode vir a ser prejudicial. Os chamados
"mau-olhados" ou "quebrantos" se enquadram nesses ca-
sos. Complementando a resposta, meditemos um pouco
sobre o que registrou Lucas (cap. VI, v. 4 5 ) : "O homem
bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o
homem mau, do seu m a u tesouro tira o mal".

O que seria um "mau-olhado", um "quebranto"?
Da parte de quem o sofre, trata-se da absorção de
uma carga fluídica imprópria, a qual contamina ou mes-
mo congestiona um ou mais centros vitais importantes,
gerando a falência do(s) mesmo (s), terminando por
transferir a mazela para o(s) órgão (ãos) físicos correspon-
dente(s). Da parte de quem o realiza é a emissão de u m a
carga fluídica muito densa, dirigida, de forma intencional
ou não, a pessoas, plantas e/ou animais.

Por que as crianças estão mais sujeitas aos maus-olhados
do que os adultos?
Porque nas crianças os centros vitais são "menores" e
mais sensíveis. Nelas eles estão estruturados para proces-
sarem fluidos mais refinados e sutis do que os elaborados
para os adultos, além de, por suas dimensões, "trabalha-
rem" menores quantidades de fluidos. Quando recebem
cargas fluídicas densas e/ou em grandes quantidades,
esses centros entram rapidamente em congestão fluídica,
daí advindo a falência dos mesmos. Os adultos, por pos-
suírem centros vitais mais amplos e adaptados para
processarem fluidos mais densos, ficam menos sujeitos
a esse tipo de "contaminação", se bem que não cem por
cento livres do risco. É como o que ocorre com o corpo
físico: é mais fácil maltratar u m a criança que um adulto.
Os centros vitais são o que chamo de "respiradouros
do perispírito", significa dizer que de suas harmonias e
de seus funcionamentos dependem a qualidade da per-
cepção dos fluidos absorvidos. E, dependendo de como
sejam absorvidos, circularão nos campos vitais de forma
mais ou menos equilibrada e harmônica. Se eles são
congestionados, perde-se a capacidade de "respirar" os
fluidos sutis indispensáveis à vitalidade, quando então
ocorre o popular "quebranto".

Qual o motivo das rezadeiras serem mais felizes na
solução dos problemas de mau-olhados do que os espíritas?
As rezadeiras são magnetizadoras naturais que, em-
bora raramente tragam estudo teórico específico, contam
com longa tradição de observação e respeito à Natureza.
Normalmente as rezadeiras fazem uso de ramos de
folhas (alecrim, arruda, etc.) para eliminarem as "influen-
ciações" negativas que atingem as crianças (o quebranto).
M a s observemos que, ao contrário do que fazem os
passistas espíritas, elas usam movimentar os galhos com
vigor e velocidade. Ou seja, elas usam dispersivos e mais
dispersivos sobre a criança que está literalmente conges-
tionada fluidicamente. E fazem isso porque é exatamente
isso o que a Natureza manda que se faça: dispersar os
fluidos que estão congestionando os centros vitais da
criança. Ao contrário delas, o passista espírita tende a
ser lento e, portanto, concentrador. Ora, um concentrado
fluídico sobre um corpo congestionado fluidicamente
fatalmente resultará em agravamento da situação. Daí a
pouca eficiência do passe espírita nesses casos. Portanto,
quando o passista souber o que fazer, com o uso correto
das técnicas e a mente e o coração em harmonia de amor,
os "milagres" multiplicar-se-ão.

E para que serve o galho que a rezadeira usa?
É uma especie de catalisador, um sinalizador. Estando
a criança sob congestão fluídica, o passar da mão da re-
zadeira fará a movimentação dos fluidos ali estacionados.
Já que entre a mão da rezadeira e o corpo da criança existe
uma planta, os fluidos passarão por esta. C o m o o meio
vegetal é incompatível com as cargas fluídicas em trânsito,
ele vai fulminado e, a depender do quanta fluídico cau-
sador da congestão, a fulminância será maior ou menor.
O passista que tenha estudado o fenômeno magnético
em profundidade saberá distinguir o nível de comprome-
timento e de solução do problema por tato-magnético.




Um pessoa fez a seguinte pergunta, a qual foi respondida
na entrevista dada ao GEAE. "Meu filho, quando era
pequeno (de bebê até mais ou menos 2 anos de idade), gri-
tava muito quando entrava na sala de passe. Agora ele está
com 12 anos e adora receber passes, inclusive não gosta de
perder o passe semanal. Na verdade, ele quase dorme quando
toma o passe. Por que essa diferença?"
Alguns fatores podem ser considerados. Quando se é
criança, nossa vidência normalmente está bastante acen-
tuada, nos permitindo enxergar coisas que os adultos em
geral não observam. Outra coisa é que os centros vitais
da criança, como vimos anteriormente, são muito redu-
zidos e, portanto, muito sensíveis, podendo congestio-
nar-se fluidicamente com facilidade. Conjugando-se esses
dois fatores, podemos entender que muitas crianças têm
medo dos passes porque vêm os fluidos sob formas e
cores que as impressionam e assustam. Por outro lado,
como elas vêem esses fluidos e podem associar a visão a
u m a congestão fluídica havida anteriormente, irrompe
o pavor ao passe, à recepção de fluidos. Quando crescem,
a vidência (na maioria desses casos) passa, os centros
vitais ampliam-se, deixando de congestionarem-se tão
facilmente, e o jovem, agora espírita, compreendendo
os benefícios do passe, busca-o como complemento de
rico valor para sua vida fluídica.
Um amigo narrou-me o seguinte: "Meu filho, quando
era garoto, queixava-se que, ao sair da sala de passe, tinha
dor de cabeça. Perguntei a um Espírito o porque disto e
ele disse que a criança já tem fluido bastante e Vocês
jogam mais'. Não precisa doar, é só retirar o excesso e
harmonizar".

E o que ocorre com algumas plantas? Como explicar a
força que têm algumas pessoas de, pelo simples olhar, dizi-
mar plantas antes exuberantes e cheias de vida?
Incompatibilidade de fluidos. São pessoas que pos-
suem o dom de facilmente exteriorizar e direcionar seus
campos fluídicos, atingindo de forma impactante os cam-
pos para onde,dirigem suas atenções. O fluido magnético
humano, direcionado em seus padrões naturais, vibra
n u m a freqüência incompatível com os fluidos magné-
ticos e vitais dos vegetais (o mesmo podendo acontecer
em relação a animais e seres com campos vitais diminutos
ou de freqüência e vitalidade ineficiente). Essa incompa-
tibilidade gera u m a total desestruturação no circuito vi-
tal das plantas, levando-as à morte se não forem socor-
ridas a tempo.
Apesar de praticamente inexistir estudos científicos
sobre o assunto, podemos afirmar que apenas o amor
tem força suficiente para "adaptar" esses fluidos, tornan-
do-os compatíveis e dotando-os de capacidade vitalista
e curativa. Basta observarmos como as pessoas que cui-
dam de plantas e jardins, especialmente daqueles onde a
vida e a beleza exuberam, são criaturas que a m a m as
plantas, com elas conversam, sentem as alegrias e as dores
das plantas e que, em última análise, são tidas como suas
verdadeiras amigas e confidentes. Essa "ligação amorosa"
adapta os fluidos de u m a tal maneira que dissipa, por
assim dizer, os componentes que seriam antagônicos ao
reino vegetal.

Será por isso que algumas pessoas conseguem "salvar"
suas plantas enquanto outras, mesmo cheias de boa intenção,
ajudam a eliminá-las?
Certamente. Na permuta fluídica entre os reinos só
a boa intenção não é garantia de sucesso. As sutis vibra-
ções patrocinadas pelo amor são as únicas e mais efi-
cientes armas que contamos para suplantar os "adversá-
rios" desconhecidos que ainda permanecem arquivados
nos segredos do mundo dos fluidos. Aquelas criaturas
que "salvam" plantas são as que já aprenderam a devotar
amor por elas e não apenas a exteriorizar fluidos anímicos.

Seria a mesma regra para os animais?
Em termos. Magnetizadores clássicos tanto obtiveram
resultados felizes quanto óbitos de animais que foram
magnetizados. O próprio Allan Kardec teve experiências
negativas nessa área. M a i s u m a vez é preciso se levar em
conta que os campos vitais dos animais não têm identi-
dade com os humanos e, portanto, os fluidos destes últi-
mos podem gerar conflitos graves e sérios naqueles.
Contudo, quando fica registrado que a transferência
magnética teve suporte no amor, e não apenas limitado
à exteriorização fluídica, o sucesso é quase sempre garan-
tido. Bem se vê que este terreno ainda tem muito a ser
pesquisado e estudado.

Voltando às plantas, seria então possível ou não magne-
tizá-las?
Mesmer (Franz Anton, 1 7 3 4 - 1 8 1 5 ) , o pai do moder-
no Magnetismo, usou, ensinou e difundiu a possibilidade
de se magnetizar árvores. Ele magnetizava-as e, em segui-
da, amarrava tiras de tecidos de algodão em seus galhos,
terminando por recomendar que pessoas necessitadas de
tratamentos magnéticos simplesmente pegassem nessas
tiras durante determinado tempo, e naturalmente absor-
veriam os fluidos ali concentrados, seguindo-se a cura
(ou as árvores "absorveriam" as "energias negativas" de
que fossem portadoras). E tal se dava de fato. Outros
(poucos) magnetizadores conseguiram repetir a experiên-
cia de forma positiva, entretanto outros ou não lograram
êxito (o magnetismo não fluía pelas tiras) ou pratica-
mente fulminavam as árvores onde haviam tentado a
magnetização. Até hoje não foi descoberto que mecanis-
mos sutis são esses que uns detêm e outros não conse-
guem realizar com sucesso.
O perispírito




m que parte está disposta a carga fluídica no ser hu-
mano?
Tanto na intimidade do ser, de suas células e molé-
culas, músculos e nervos, quanto na estrutura e tessitura
do perispírito, notadamente nos centros vitais.

O que é o perispírito?
Trata-se, conforme propõe Allan Kardec em O Livro
dos Espíritos, questão 104, de elemento "semimaterial,
isto é, de natureza intermédia entre o Espírito e o corpo.
É preciso que seja assim para que os dois se possam
comunicar um com o outro. Por meio desse laço é que o
Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente". E em A
Gênese, cap. 14, item 2 3 , acrescenta: "O perispírito é o
órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe
coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos.
(...) O Espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo
o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido
perispirítico" (grifos originais).
No Novo Testamento encontramos Paulo (I Coríntios,
15; 4 4 ) a ele se referindo chamando-o de "corpo espi-
ritual" enquanto doutrinas milenares têm nomes apro-
priados para defini-lo -- o que faz ressaltar não só a
ancestralidade como a importância do conceito.
A necessidade da existência do perispírito é inegável,
já que para interligar, intercambiar e unir entidades com
padrões tão díspares em suas freqüências -- no caso, o
princípio inteligente (Espírito) e o corpo material --
haveria a imperiosidade de um meio termo, no qual se
encontrassem os extremos possíveis dessas freqüências
limites. Para cumprir tal papel, dá para se imaginar a
grandiosidade e a potência que estão guardadas nesse
campo maravilhoso que é o perispírito.
Destaco pelo menos três importantes atuações do pe-
rispírito no ser humano.
A primeira diz respeito à ligação propriamente dita
do Espírito à matéria.
A segunda fala da capacidade de modelar as estruturas
de aparência, tanto do Espírito quanto do corpo; quer
dizer, quando dizemos que vemos um Espírito, na reali-
dade estamos observando a feição apresentada por seu
perispírito, e, por outro lado, quando se dá o fenômeno
da morfogênese fisiológica, o perispírito do reencarnan-
te, bem como o de sua genitora, influencia diretamente
sobre os caracteres genéticos e hereditários do reencar-
nante, gerando as marcas e detalhes físicos que exterio-
rizará em vida.
A terceira atuação do perispírito toca ao intercâmbio
de informações, sensações e registros entre Espírito e
corpo e vice-versa.
Poderíamos ainda aditar a capacidade de arquivo que
usualmente dizemos estar presa ao perispírito. E óbvio
que toda a persona, todo o ser está resumido na essência,
que é o Espírito, mas o perispírito, por ser sua caixa de
ressonância, é o arquivo vivo onde ele localiza suas in-
formações atuais e pretéritas. C o m o analogia, temos a
figura do cérebro humano como a caixa de registro do
Espírito enquanto encarnado, tanto que alterações cere-
brais irão afetar diretamente as potencialidades do ser
em seu campo de manifestação. Quando desencarna,
todas as informações ou já estão ou são transferidas para
a caixa de ressonância do Espírito, que é o perispírito.

Seria lícito dizer que temos, então, vários corpos?
Não creio. Na realidade, somos Espíritos. Enquanto
vamos atravessando nossa escala evolutiva, precisamos
de um campo sutil -- o perispírito --, através do qual
podemos acessar a matéria e nos comunicar com outros
seres nos mundos espirituais, e, quando encarnados, além
daquele nos vestimos de um corpo físico. Assim, se é
para incorrermos nos erros que os limites da expressão
precipita, temos dois corpos: um denso, bastante mate-
rial, que é o físico; o outro é mais sutil e expansivo, que
é o perispírito.

O perispírito é um campo único e uniforme ou pode-se
supô-lo multiforme?
Individualmente, cada criatura possui seu próprio
perispírito, portanto, nesse ângulo, ele será sempre único,
embora mutável -- conforme O Livro dos Médiuns, cap.
a
4 da parte I , "o perispírito pode variar e mudar ao
infinito". Daí, obrigatoriamente ele deve ser multiforme
é multifuncional. O Espírito André Luiz destaca pelo
menos duas partes m u i t o importantes desse campo
chamado perispírito.
Para ele, a zona de mais
alta freqüência do pe-
rispírito é o que chamo
de "campo m e n t a l " ,
onde estariam as raízes
profundas da ligação
Espírito-perispírito. A
de mais baixa freqüên-
cia é o "campo vital",
por meio da qual o Es-
pírito une-se à maté-
ria. Entre um, o cam-
po mental, e o outro, o campo vital, existe um outro
imenso campo que ele se permitiu chamar de psicossoma
ou perispírito (o que deve chamar a atenção dos que
estudam o assunto, já que o termo perispírito é o mesmo,
mas o conceito difere um pouco do que Kardec colocou,
pois na Codificação Espírita o ser humano foi dividido
em apenas três partes: espírito, perispírito e corpo;
entretanto, ressalte-se que o próprio Kardec sugeriu que
estudássemos o perispírito, ampliássemos seu estudo e
corrigíssemos o que porventura viesse solicitar tal pro-
vidência). Inclusive, todas as doutrinas e filosofias que
estudam ou analisam os campos mais sutis que estão
ligados ou impermeados nas estruturas dos seres con-
cluem pela existência de campos semelhantes, com maio-
res variedades e atribuições.

Há ligação entre o que está sendo chamado de "campo
vital" e o magnetismo?
Estreita ligação. É exatamente nesse campo onde se
processam, usinam e transferem as "energias" magnéticas,
tanto de exteriorização quanto de captação. Na verdade,
nos campos vitais encontramos uma série de figuras das
quais muito corriqueiramente ouvimos falar. São elas: a
aura (ou "atmosfera fluídica"), o duplo etérico, o cordão
prateado, os centros vitais e os fluidos magnéticos --
dentre os quais se destaca o ectoplasma.

Sendo assim, o que é a aura (ou "atmosfera fluídica")?
R e s p e i t a n d o teorias
existentes sobre o assun-
to, resumo dizendo que
aura (ou "atmosfera fluí-
dica") é um princípio su-
til ou semimaterial que
tanto interfere nos fenô-
menos vitais como é des-
tes reflexo; é u m a espécie
de halo luminoso que
circunda e interpenetra o
ser, podendo ser visível
por aqueles que têm a
capacidade da vidência
ou clarividência. Este halo tanto é afetado por estados
orgânicos como por ações e reflexões psíquicas e morais.
Sua multiplicidade de cores e suas formas e alterações,
quando analisados e estudados, indicam os estados de
saúde e emocionais das criaturas.

E duplo etérico?
Embora para alguns seja o "retrato" fluídico do ser,
para outros se trata de um corpo onde se entretecem as
energias orgânicas e
vitalistas do ser; en-
quanto outros o ca-
talogam como cam-
pos que absorvem os
fluidos e os retrans-
mitem, para outros
é apenas mais u m a
camada da aura. Sou
dos que acreditam
que aí se encontram
os pontos mais densos do campo vital de que vimos tra-
tando, trazendo em si o retrato muito mais acentuado
das energias e dos fluidos orgânicos que essencialmente
dos espirituais. Nesse duplo etérico são percebidas as ca-
madas mais densas das estruturas dos centros vitais (cen-
tros de força, chakras).

Qual a diferença entre aura e campo magnético?
Na prática e no falar comum das criaturas, não há
uma diferença muito significativa no que se objetiva com
os termos, mas podemos dizer que aura é o conjunto de
radiações periféricas, introjetando-se e exteriorizándo-
se na e das criaturas, normalmente observadas pelos
videntes como reflexos das funções vitais e psíquicas do
ser além dos limites do corpo físico. C a m p o magnético
(no sentido que o passe estuda) é toda a estrutura fluídica
da pessoa, interna e externa ao corpo físico, demandando
tanto a i n t i m i d a d e das células como as sutilezas do
perispírito. Enquanto a aura seria uma espécie de reflexo
de um campo, o campo magnético seria a estrutura mes-
ma desse campo.
O cordão de prata ou prateado seria o quê?
Também conhecido como cordão fluídico, trata-se de
um "laço", uma "terminação" que, em última instância,
nada mais é do que um feixe energético reunindo todas
as estruturas de li-
gação e intercâm-
bio que prende o
corpo espiritual
( p e r i s p í r i t o ) ao
corpo físico, com
a característica de
ser extremamente
flexível e expansí-
vel, por isso mes-
mo servindo para manter o Espírito jungido ao corpo,
ainda quando aquele se afasta deste nos desdobramentos
ou desprendimentos temporários (nos casos de sonam-
bulismo mediúnico e/ou hipnótico, bem como nas "via-
gens astrais" e nos sonhos). Tanto é verdade que dito
cordão serve para nos "identificar" no mundo espiritual
como encarnados quando ali aportamos em "viagens e
trabalhos espirituais".

É possível alguém ver o fluido
magnético do passe?
Sem dúvida, pela vidência.
Inclusive, dependendo da den-
sidade do fluido e de sua quali-
dade radiante, este pode chegar
a ser visto até por quem não
tem vidência.
O que é o ectoplasma?
Trata-se de u m a variante do fluido vital que foi defi-
nido com esse nome por Charles R. Richet ( 1 8 5 0 - 1 9 3 5 ) ,
o fundador da Metapsíquica, enquanto o Barão Karl von
Reichenbach ( 1 7 8 8 - 1 8 6 9 ) chamava-o de força ódica ou
od. Por meio desse fluido verificaram-se os fenômenos
de ectoplasmia, mais popularmente conhecidos como
"materializações".
Sabemos que o ectoplasma é um fluido muito denso
e material, originário de elementos orgânicos do ser
humano, mas também pertencente, com as peculiari-
dades devidas, aos reinos animais, vegetais e mesmo mi-
nerais. Sobre o ectoplasma humano podemos dizer que
ele é, literalmente, vida.
Na transmissão do passe magnético há evidências de
que o ectoplasma também participa do todo fluídico, só
que, via de regra, em percentual pequeno.
Os centros
vitais



omo são e o que são os centros vitais?
Normalmente esses verdadeiros vórtices energéticos
são visualizados -- pelos videntes e clarividentes -- como
campos em forma de redemoinhos. Apesar dessa aparente
limitação, suas estruturas de captação de fluidos indicam
que não se limitam a essas feições. Podem ser conside-
rados como terminais ou poros perispiríticos, através dos
quais o corpo respira os fluidos do mundo espiritual e por
eles leva àqueles campos sutis as energias e informações
do campo vital. Podemos ainda definir os centros vitais
como verdadeiros campos mento-eletromagnéticos, co-
mandados pela mente, mas também repercussivos das
emanações orgânicas advindas dos plexos e zonas aos quais
estão ligados ou associados. No terreno do magnetismo,
são os centros vitais dos magnetizadores os responsáveis
pela usinagem de elementos orgânicos, transubstancian-
do-os em energias sutis e, nos pacientes, os captadores e
transformadores dessas energias fluídicas em energias
orgânicas.

Então os centros vitais tanto podem ser captadores como
expelidores de fluidos?
Não só podem como são assim.




Poderia dar um exemplo de como isso funciona?
Se tomarmos o exemplo de um movimento circular
uniforme e fizermos u m a decomposição de forças, tere-
mos que a força tangencial, que provoca o movimento
circular de um objeto em relação a um ponto central fixo,
decompõe-se em
duas outras, de
direção igual e
sentido oposto.
U m a tenderá a
carrear o objeto
em movimento
para o centro
do círculo (for-
ça centrípeta) e
a outra para fora do círculo (força centrífuga). Fazendo-
se desse exemplo u m a analogia com os vórtices dos cen-
tros vitais teremos que, como pacientes, fazemos valer
nossas componentes centrípetas, que são as captadoras,
enquanto os passistas estarão fazendo valer suas compo-
nentes centrífugas, que são as expelidoras.

Quantos são os centros vitais?
Se quisermos saber de todos, basta dizer que cada
célula em si é um centro vital, mas, para efeito de estudo
e de trabalho magnético, usualmente restringimos esse
número ao limite dos principais, que varia de sete a oito.

Quais seriam, então, os centros principais':
Vamos aos sete mais consensuais:

CENTRO VITAL PLEXO OU ZONA CORRESPONDENTE LOCALIZAÇÃO
Coronário Coronário No alto da cabeça
Frontal (ou cerebral) Frontal (ou cerebral) Na fronte (Lobo frontal)
Laríngeo Laríngeo Sobre a garganta
Cirdiaco Cardíaco Sobre o coração
Gástrico Gástrico Sobre o alto estômago
Esplénico Esplénico Sobre o baço
Genésio (ou básico) Genésio (ou básico) No baixo ventre
De certa forma, eles estão assim agrupados: os supe-
riores (coronário, frontal e laríngeo), que estão mais dire-
tamente associados às atividades psicológicas, mentais e
espirituais do ser; o intermediário (cardíaco), verdadeiro
filtro das sensações e emoções; e os inferiores (gástrico,
esplénico e genésico), mais relacionados com os processos
físicos e químicos do organismo.




Por que quando você dividiu os centros vitais não fez re-
ferências só aos plexos e sim preferiu dizer "plexos" ou "zonas"?
U m a amiga, leitora e estudante atenta acerca da ma-
téria, enviou-me considerações muito interessantes a res-
peito dos plexos. Resumirei o assunto para todos nós.
O valoroso trabalhador, médico e estudioso espírita
Ari Lex, em seu livro Do sistema nervoso à mediunidade
(às páginas 18 e 19), com muita propriedade, adverte:
"Plexos são entrelaçamentos de nervos, formando uma
verdadeira rede."
E acresce:
"O sistema nervoso autônomo (...) forma dois longos
cordões, um à direita e outro à esquerda da coluna ver-
tebral. (...) Seus ramos dirigem-se às vísceras, vasos
sangüíneos e glândulas. Os ramos do simpático se entre-
laçam no abdome, atrás do estômago e do fígado, for-
mando o plexo solar, ao qual os Espíritos se referem com
freqüência. O plexo solar envia nervos à maior parte das
vísceras do abdome, formando doze plexos secundários.
Além do plexo solar, fazem parte do sistema nervoso
autônomo os seguintes plexos: cardíaco, carotídeo, lum-
bo-aórtico e hipogástrico. É esquisito que encontremos,
em certas obras espíritas, referências a plexos nervosos
que não existem, como o plexo cerebral e o genésico..."
Em cima dessas ponderações e consultando obras per-
tinentes à área da Medicina Tradicional, bem como obras
espíritas, nossa amiga fez as seguintes ponderações, com
as quais concordo e divido com você que agora me lê:
"O Espírito André Luiz, recebendo orientação do
Espírito Clarêncio, nos relata o seguinte: ... 'Como não
desconhecem, o nosso corpo de matéria rarefeita está
intimamente regido por sete Centros de Força, que se
conjugam nas ramificações dos Plexos que, vibrando em
sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz
da mente, estabelecem, para nosso uso, um veículo de
células elétricas, que podemos definir como sendo um
campo eletromagnético, no qual o pensamento vibra em
circuito fechado'.
"Creio que aqui já podemos começar a entender o
que ocorre."
A partir daqui ela transcreve interessante e ilustrativo
trecho do livro "Grandes Temas da Medicina / O Sitema
Nervoso -- parte II":
"Distribuição dos nervos:
"O conhecimento do esquema das inervações do corpo
facilita muito o diagnóstico de várias alterações físicas.
"O Sistema Nervoso Periférico compreende doze
pares de nervos cranianos, trinta e três pares de nervos
espinhais e, ainda, os nervos simpáticos.
"Os nervos espinhais, que nascem na medula, iner-
vam o pescoço, o tronco e os membros. No tórax, sua
distribuição é bastante simples: os nervos se dirigem para
o interior dos tecidos, sensibilizando toda a área da caixa
torácica. Já no pescoço e nas regiões dorsal, sacral e
coccígea, grupos de nervos se juntam, formando plexos.
Destes partem grandes nervos, que abrangem extensas
áreas da pele e os músculos dos membros superiores e
inferiores.
"O Plexo Cervical é formado, sobretudo, pelos ramos
anteriores dos quatro primeiros nervos cervicais. Dele
provêm nervos destinados principalmente à pele e aos
músculos do pescoço, e o nervo frêmico, que se destina
à inervação do diafragma.
"O Plexo Braquial é constituído essencialmente pelos
ramos anteriores dos últimos nervos cervicais e do pri-
meiro torácico. Dele provêm os nervos que se destinam
ao ombro e parte da parede torácica.
"Os nervos torácicos não formam plexos; seus ramos
anteriores constituem os nervos intercostais e os nervos
responsáveis por parte da inervação das paredes do abdome.
"O Plexo Lombar é formado pelos ramos anteriores
dos quatro primeiros nervos lombares. Os ramos ante-
riores do último nervo lombar, dos nervos sacrais e dos
nervos coccígeos formam o Plexo Sacrococcígeo."
Em seguida, ela conclui:
"Sendo assim, as ligações entre os Centros de Força e
os Plexos se realizam em algum ponto, mas não se fixam
nestes últimos, pois se ramificam para cima e para baixo
em nosso corpo somático.
"Vibram em sintonia uns com os outros, ao influxo
do poder diretriz da mente..."
Se não for pedir muito aos espíritas e pesquisadores,
gostaria muito de receber adendos acerca do assunto.
Podem me escrever para:
Jacob Melo
Fone/Fax: (84) 3 2 3 1 . 4 4 1 0
Ou para os e - m a i l s :
jlmelo@interjato.com.br
vidaesaber@interjato.com.br

Antecipadamente agradeço de coração.

Não seria o básico um centro vital diferente do genésico?
Situado sobre o cóccix, um pouco acima do ânus, o
básico recebe de muitas escolas o "título" de oitavo centro
(ou primeiro na contagem inversa), mas, na prática, po-
demos entendê-lo e estudá-lo como imiscuído e perti-
nente às funções gerais atribuídas e peculiares ao genésico.
Tal sugestão se interpõe pelo fato de através do genésico
conseguirmos alcançar e realizar praticamente todas as
funções a ele consignadas, sem qualquer prejuízo na con-
secução e com algumas vantagens de ordem prática
(como, por exemplo, não precisar virar o paciente de
costas ou o passista mudar de posição em relação a ele,
já que o "acesso" ao centro dar-se-ia pela frente).

Qual a função de cada um desses centros?
Darei, resumidamente, o detalhamento tal como
usado em meus dois livros anteriores: O Passe: seu estudo,
suas técnicas, sua prática e Manual do Passista:
C O R O N Á R I O : "nele assenta a ligação com a mente,
fulgurante sede da consciência. Esse centro recebe em
primeiro lugar os estímulos do espírito, comandando os
demais, vibrando todavia com eles em justo regime de
interdependência. Considerando (...) os fenômenos do
corpo físico, e satisfazendo aos impositivos da simplici-
dade (...), dele emanam as energias de sustentação do
sistema nervoso e suas subdivisões, sendo o responsável
pela alimentação das células do pensamento e o provedor
de todas os recursos eletromagnéticos indispensáveis à
estabilidade orgânica. É, por isso, o grande assimilador
das energias solares e dos raios da Espiritualidade Supe-
rior, capazes de favorecer a sublimação da alma". Além
disso, "supervisiona os outros centros vitais que lhe obe-
decem ao impulso, procedente do Espírito; temos aí o
ponto de interação entre as forças determinantes do es-
pírito e as forças fisiopsicossomáticas organizadas".
Trata-se do centro de mais alta freqüência. É o centro
da sabedoria; tem responsabilidade direta sobre as
funções psicológicas, cerebrais e espirituais; cabe a ele a
gerência do processo de interação e intercâmbio entre
os demais centros; seu correspondente, em termos de
glândulas, é a pineal (a quem está intimamente ligado,
além de relacionar-se de forma muito estreita com as ativi-
dades do córtex cerebral e o funcionamento geral do sistema
nervoso); no campo mediúnico é o centro que propicia a
sintonia, a aproximação e o contato com os Espíritos
(especialmente os superiores); no magnetismo, ele percebe
e capta os fluidos espirituais ao tempo em que sutiliza os
fluidos mais densos (anímicos) quando emitidos para o
mundo espiritual; (quando em ação costuma ser percebido
através de uma suave e sutil refrigeração no alto da cabeça
ou um rocio muito sutil);
FRONTAL: "ordena as percepções de variada espécie,
percepções essas que, na vestimenta carnal, constituem
a visão, a audição, o tato e a vasta rede de processos da
inteligência que dizem respeito à Palavra, à Cultura, à
Arte, ao Saber. É nesse centro que possuímos o comando
do núcleo endócrino, referente aos poderes psíquicos".
Ele está "governando o córtice encefálico na sustentação
dos sentidos, marcando a atividade das glândulas endó-
crinas e administrando o sistema nervoso, em toda a sua
organização, coordenação, atividade e mecanismo, desde
os neurônios sensitivos até as células efetoras..."
Também de alta freqüência, apesar de muito abaixo
da freqüência do coronário, é o centro da intuição; res-
ponde pelas funções da visão, da audição, do olfato e
ainda administra o sistema nervoso central; guarda rela-
ção com a glândula pituitária (e estreita relação com a
pineal e a hipófise); no campo mediúnico é o centro ativa-
do nos fenômenos de vidência, audiência e intuição, além
de exercer função de exteriorização de fluidos ectoplás-
micos para as materializações e para os efeitos físicos;
t a m b é m responde pelo controle ou descontrole das
gesticulações na incorporação; no magnetismo, tem forte
presença nos processos hipnóticos e nos processos de
regressão de memória; por ele, tanto se estabelece a
relação de domínio como se quebra o vínculo exercido
por outrem; (quando em ação costuma ser percebido, por
sua "pulsação", como se fosse um coração);
LARÍNGEO: "preside aos fenômenos vocais, inclu-
sive às atividades do timo, da tireóide e das paratireóides
(...) controlando notadamente a respiração e a fonação".
Ainda considerado como de alta freqüência, exerce
significativo papel de filtragem dos fluidos anímicos
quando em direção aos fluidos e campos espirituais; é o
centro da criatividade (e também conhecido como o centro
da vontade); regula a fonia, o sistema respiratório, o pro-
cesso digestivo inicial, a pressão arterial e corresponde-
se com as glândulas tireóide e paratireóide; (por sua ação
sobre a tireóide, administra o sistema esquelético e os processos
de calcificação); no campo mediúnico tem presença mar-
cante nos fenômenos de psicofonia e de indução, sem falar
na pujança de sua atividade exteriorizadora de ectoplas-
ma; no magnético, responde diretamente pelas insufla-
ções (sopros magnéticos) e interfere nos campos da indução
magnética; (quando em ação é percebido como uma 'coceira"
ou uma leve irritação na garganta ou nas cordas vocais);
C A R D Í A C O : "sustenta os serviços da emoção e do
equilíbrio geral (...) dirigindo a emotividade e a circulação
das forças de base". Segundo Jorge Andréa, ele "res-
ponderia pelas energias em todo o aparelho circulatório,
dando orientação aos fenômenos da zona de 'vitalizaçâo' ".
De freqüência mediana, é de fundamental impor-
tância na administração dos campos emocionais; é o
centro do sentimento; relaciona-se com o sistema circula-
tório e com o sistema nervoso parassimpático (nervo
vago) e corresponde-se com o timo (sobre cuja interfe-
rência a medicina convencional já começa a desenvolver
estudos significativos na direção de entender e resolver um
sem-número de problemas de saúde anteriormente sem razão
ou justificativa de ser e que, tudo indica, estão diretamente
relacionados com as ligações timo-cardíaco); no campo
mediúnico atua na assimilação dos campos emocionais
dos comunicantes; no magnético, usina fluidos sutis e
dota os fluidos espirituais de "cola psíquica" (trataremos
depois desse assunto); de forma reversa, represa, quando
necessário, os fluidos que vêm no circuito "centros vitais
inferiores para os superiores" de forma muito densa e vo-
lumosa; nos processos de cura, atua como atenuador das
vibrações dos fluidos mais densos (materiais) e como
condensador em relação aos fluidos espirituais; (tomando-
se uma referência muito comum nos ensinos esotéricos, ao
centro cardíaco está associado o elemento "ar", o que é muito
a propósito, já que o ar é o elemento que medeia os níveis
superiores dos inferiores, além de sua vitalidade intrínseca
no seio do mundo); outra constatação é que a capacidade
de alguém fornecer fluidos vitais de qualidade está dire-
tamente relacionada com a qualidade desenvolvida pela
"porção amorosa" desse centro, afinal, a doação de fluidos
feliz há de sempre estar fundamentada no amor; (quando
em ação é comum ser percebida uma brusca mudança no
o cardíaco -- ressalte-se que na maioria das vezes essa
mudança se dá apenas no nível dos centros vitais, ou seja,
do perispírito, pois se o pulso orgânico for medido na hora
será constatado que ele estará batendo em cadencia diferente
da percebida no centro vital propriamente dito);
G Á S T R I C O : "responsabiliza-se pela penetração de
alimentos e fluidos em nossa organização (...) e pela
digestão e absorção dos alimentos densos ou menos
densos que, de qualquer modo, representam concentra-
dos fluídicos penetrando-nos a organização".
De freqüência baixa, normalmente é a mais ativa usina
de fluidos vitais para exteriorização; é o centro vital por
excelência; também conhecido como solar ou centro de
cura, é responsável pelos processos digestivos e grande
parte do metabolismo, atuando vigorosamente sobre o
estomago e órgãos envolvidos nos processos digestivos e regu-
lando o sistema nervoso simpático; encontra correspon-
dência direta com as adrenais e o pâncreas; no mediúnico,
fornece energias de atração a Espíritos sofredores e de
densa vibração; no magnético, usina a maior quantidade
de fluido vital que o organismo normalmente produz
para a auto-manutenção, doação e exteriorização; (to-
mando-se a referência dos ensinos esotéricos, a este centro
está associado o elemento "fogo", o que corrobora, pela quan-
tidade de energia que aí éprocessada, assimilada e/ou expe-
lida); (quando em ação é muito característica a sensação de
giro no alto do estômago, ou algo tipo: uma pressão forte,
uma sucção firme, uma pontada fina e penetrante, algo
como se estivesse estufando o estômago ou contraindo-o até
as costelas, tudo isso nas imediações do aparelho digestivo,
especialmente no alto do estômago);
ESPLÉNICO: "regula a distribuição e a circulação
adequada dos recursos vitais em todos os escaninhos do
veículo de que nos servimos (...) determinando todas as
atividades em que se exprime o sistema hemático, dentro
das variações de meio e volume sangüíneo".
Também de baixa freqüência, é igualmente grande
usinador de fluidos vitais; é o centro do equilíbrio; sua
interferência se faz mais direta sobre as funções biliares,
renais e de excreção; refere-se muito diretamente ao baço;
no terreno mediúnico, responde pelas atividades de doa-
ção fluídica a Espíritos muito fragilizados ou com graves
descontinuidades perispirituais; no magnético, usina
muitos fluidos vitais para recomposição orgânica, espe-
cialmente quando referente à reconstituição de órgãos,
ossos, e t c ; (na referência esotérica, ao centro esplénico está
associado o elemento "água"); (quando em ação costuma
ser percebido por pontadas no baço ou no fígado; por vezes
a pontada é tão forte que o magnetizador chega a envergar
o corpo em direção à fonte da dor, como quem quer encontrar
uma posição acomodada);
GENÉSICO: "em que se localiza o santuário do sexo,
como templo modelador de formas e estímulos (...) por
isso mesmo guiando a modelagem de novas formas en-
tre os homens ou o estabelecimento de estímulos cria-
dores, com vistas ao trabalho, à associação e à realização
entre as almas".
De baixíssima freqüência, elabora densos campos
fluídicos que, quando bem canalizados, podem propiciar
vigorosos potenciais energéticos no campo do amor e
da criatividade; é o centro procriador; exerce singular
administração nos processos genéticos e de vida animal;
corresponde-se com as gônodas; no campo mediúnico
também libera fluidos de vigorosa atração magnética;
n o . m a g n é t i c o , é grande usinador de fluidos densos
( e s o t é r i c a m e n t e , a ele está associado o elemento "terra");
(quando em ação costuma acusar sensações de movimentação
no genésico, acontecendo mesmo de alguns passistas terem a
sensação de excitação sexual; outra forma são pontadas no
genésico, essas geralmente deixando o desconforto de dores).

Na manutenção e no uso desses centros vitais existem
alguns cuidados?
Conforme escrevi no Manual do Passista, importa
considerar o que se segue:
N O C O R O N Á R I O -- são prejudiciais: os excessos de
preocupação, a estafa mental, sono insuficiente ou exces-
sivo, a mente devotada a guardar ódios, mágoas e ranco-
res, a autocompaixão, o desejo e a vibração do mal, o
egoísmo, as idéias de vingança, a falta de mentalizações
positivas, o negativismo...; são providenciais: o equilíbrio
das emoções, o repouso e o refazimento naturais, praticar
e desejar o bem, a compaixão, o altruísmo, o sentimento
de piedade, a oração freqüente, o otimismo...
N O FRONTAL - são negativos: ter "olhos maus",
importar-se e disseminar fofocas e mexericos, alimentar
inveja e orgulho, descontroles físicos e emocionais, ser
pessimista e/ou hipocondríaco, arquitetar planos malicio-
sos ou maldosos, leituras nocivas...; são positivos: ver
sempre positivamente, falar bem das coisas e/ou pessoas,
abolir preconceitos, equilibrar as atividades físicas, acre-
ditar-se bem e bom sem com isso envaidecer-se ou orgu-
lhar-se, fazer boas leituras, divertir-se sadiamente evitan-
do excessos...
N O LARÍNGEO - negativos: falar mal, dar maus
conselhos, alimentar monoidéias, fechar-se sobre os
próprios sentimentos, desdenhar, ridicularizar o próxi-
mo, vícios...; positivos: falar bem, dar bons conselhos,
alimentar-se de bons estudos e boas conversas, abrir-se a
diálogos construtivos, extrair sempre o lado positivo das
pessoas, ausência de vícios...
N O C A R D Í A C O -- são perniciosos: emoções fortes,
viciações que mexam com os sentimentos, preguiça, co-
modismo, rancor, mágoa, ódio, sentimento de vingança,
violência, impaciência, irritabilidade...; são saudáveis: a
busca pelo autoconhecimento, domínio de si mesmo,
ausência de vícios, atividades físicas e intelectuais com-
patíveis, amizade, compreensão, h u m i l d a d e , perdão,
esquecimento do mal, tranqüilidade, vibração de amor
pelas criaturas, altruísmo...
NO G Á S T R I C O -- são ruins: a gula, o aguçamento
do apetite por interesses subalternos, alimentos de difícil
digestão, o jejum continuado, vícios, disfunção digestiva,
descontrolar-se emocionalmente, hipocondria, elevados
níveis de açúcares...; são bons: educação alimentar, ali-
mentação regular, natural e equilibrada, digestão nor-
mal, ausência de vícios...
NO ESPLÉNICO - são infelizes: pouca ingestão de
líquidos, alimentação muito condimentada, exercícios
físicos excessivos, mágoas não resolvidas, irritabilidade...;
são felizes: a ingestão de muita água, alimentação natu-
ral com um mínimo de condimentos, exercícios físicos
regulares e dentro dos limites individuais, superação de
mágoas, paciência, bondade...
N O GENÉSICO - são lamentáveis: abusos sexuais,
uso de afrodisíacos, excitantes e estimulantes sexuais de
toda ordem, fixação sexual, aborto, idéias criminosas,
rumo, álcool, tóxicos...; são requeridos: controle e edu-
cação da sexualidade e suas funções e uso, idéias criativas,
ausência de vícios...
E o oitavo centro de que qual seria?
você falou,
Em meu en-
tendimento pes-
soal, apesar de
não haver muito
consenso teórico
a seu respeito, o
oitavo centro
principal -- ou
o p r i m e i r o na
linha dos secun-
dários -- é o
umeral. Fica si-
tuado sobre a par-
te alta da espi-
n h a dorsal, n a
região compreendida entre a nuca e as omoplatas. Exerce
e/ou recebe preponderante força magnética sobre a ação
espiritual, especialmente aquelas em que os comunican-
tes são Espíritos inferiores ou sofredores. Em reuniões
mediúnicas ou no tratamento de influências psíquicas
ele não só é muito percebido quanto naturalmente uti-
lizado. Usando-se as técnicas convenientes, a aplicação
de magnetismo sobre o umeral tem facilitado sobrema-
neira o trabalho de aproximação ou de afastamento de
entidades espirituais.


Existem evidências desse centro umeral?
Primeiramente, destaco que há quem queira afirmar
que o umeral nada mais é do que um reflexo ou o reverso
do centro laríngeo. Pode ser que seja, mas particularmente
não creio muito nessa hipótese. Isso porque se atuarmos,
por qualquer técnica, sobre o laríngeo, e utilizarmos a
mesma técnica sobre o umeral, os resultados serão ou
diferentes ou apresentarão potenciais de repercussão
diferenciados. Se apenas houvesse u m a repercussão di-
ferenciada, poderíamos atribuir isso ao local ou ao sentido
como o laríngeo responderia, mas na hora em que perce-
bemos resultados diferentes dos observados se realizados
diretamente sobre o laríngeo, torna-se forte indicativo
de se tratar de outro centro, com outras atribuições.
Acima dessas considerações e respondendo objetiva-
mente à pergunta, existem evidências, sim. Aquelas pes-
soas que trabalham como passistas em reuniões mediú-
nicas costumam registrar um súbito "direcionamento"
de suas mãos para a região do umeral, percebendo que
aí se tornam mais eficazes suas ações. Isto é muito signi-
ficativo e pode ser considerado como evidência de sua
existência. U m a outra observação é que quando encon-
tramos pessoas envolvidas em violentos processos obses-
sivos, normalmente elas fazem referência a um peso sobre
a nuca, chegando a curvarem-se sobre si mesmas. Nal-
guns credos de origem africana costuma-se falar da pos-
tura de "cavalo", que alguns médiuns ou obsidiados
assumem, com os Espíritos comunicantes acionando exa-
tamente essa região para exercerem seus domínios ou
relacionamentos fluídicos. Afora isso, em termos fisioló-
gicos sabemos que o aquecimento ou resfriamento dessa
região sempre provoca reações muito efetivas no orga-
nismo de quem a eles se submete. Por exemplo, quando
estamos muito cansados, costumamos tomar duchas às
costas ou colocar bolsas de gelo ou de água fria sobre a
nuca, com uma reação de refazimento quase instantânea.
Sem dúvida, o umeral está por trás disso.
Allan Kardec fala alguma coisa sobre ele?
Diretamente não, mas convido você a raciocinar sobre
este exemplo que ele colocou em O Livro dos Médiuns,
item 2 4 0 : "Vai, às vezes, mais longe a subjugação corpo-
ral; pode levar aos mais ridículos atos. Conhecemos um
homem, que não era jovem, nem belo e que, sob o im-
pério de u m a obsessão dessa natureza, se via constran-
gido, por uma força irresistível, a pôr-se de joelhos diante
de u m a moça a cujo respeito nenhuma pretensão nu-
tria, e pedia-lhe em casamento. Outras vezes, sentia nas
costas e nos jarretes (região posterior do joelho) uma
pressão enérgica, que o forçava, não obstante a resistência
que lhe opunha, a se ajoelhar e beijar o chão nos lugares
públicos e em presença da multidão. Esse homem passava
por louco entre as pessoas de suas relações; estamos,
porém, convencidos de que absolutamente não o era..."
(grifei). Agora pergunto: por que a pressão enérgica "nas
costas", levando-o a "se ajoelhar e beijar o chão"? Não
corresponderia essa 'situação ridícula a uma ação bastante
acentuada sobre o umeral? Creio que sim.


Você estaria sugerindo um estudo acerca desse centro
umeral?
Sem dúvida. Por escassear literatura a respeito, o prin-
cípio seria o da observação atenta do fenômeno daí ex-
traindo as lições pertinentes. Outro caminho -- não
excludente e sim complementar -- seria o de se buscar
informações junto aos Espíritos acerca de sua visão --
ângulo espiritual. Se eles se calaram até agora deve ter
um motivo muito sério, mas não há crime algum em se
perguntar, pesquisar e avaliar o que pode estar por ser
desvendado.
Fale-nos de alguns centros vitais secundários.
Vejamos dois muito significativos: os que estão lo-
calizados nas mãos (tanto nas palmas quanto nas pontas
dos dedos) e os que estão nos pés.
Os primeiros são excelentes doadores e exterioriza-
dores fluídicos, que tanto podem ser usados como expe-
lidores ou direcionadores dos jatos fluídicos usinados
pelo passista quanto, no paciente, costumam permitir a
"liberação" de concentrados fluídicos. Quando são apli-
cados dispersivos no paciente, é comum ser observado
que grande movimentação fluídica "passa" pelas mãos dele.
Os outros estão localizados nos pés. Normalmente
são pouco usados pelos passistas, mas no paciente toma
feições semelhantes às indicadas para as mãos do mesmo,
principalmente quando são tratados congestionados
fluídicos nos chamados centros inferiores.

E o que viria a ser a "kundalini"?
Trata-se de u m a energia considerada ígnea, extrema-
mente forte e densa, capaz de produzir elevados poten-
ciais fluídicos. Mas sobre ela repousam dúvidas de variada
ordem, discussões sobre sua origem e localização e, prin-
cipalmente, muitas restrições no que atende à relação
"custo/benefício". Afora todas as dúvidas e polêmicas, o
que há de mais concensual a respeito da "kundalini" é
que, para ser bem administrada e produzir equilibrada e
objetivamente, quem queira desenvolver seus potenciais
deve dispor de muito tempo de prática (anos e mais anos
de exercícios) e recolhimento (com profundas práticas
de meditação e isolamento, por longos e repetidos perío-
dos), além de aliar u m a notável conduta moral ao pro-
cesso. Isso porque são incontáveis as informações que dão
conta dos riscos de seu uso, levando muitos de seus de-
senvolvedores a crises de loucura, obsessão e mesmo sui-
cídio. Por se tratar de energia muito densa e inquietante,
há que se contar com muito domínio e equilíbrio para
poder dominá-la, assim extraindo-lhe os frutos esperados.
Os orientais e esotéricos daquelas bandas, especial-
mente os apontados como grandes iniciados, demons-
tram, por suas experiências com o chamado "despertar
da kundalini", ser necessário despender grande parte de
suas vidas, em recolhimento profundo e meditação, para
alcançarem resultados mais alvissareiros. Face tudo isso,
fica evidente que não será um curso de curta duração ou
a leitura de alguns livros que nos predisporão ao domínio
dessa energética, assim como não são simplórias técnicas
de "pôr a mão aqui e acolá, seguindo-se do fazer tal ou
qual movimento nessa e naquela região" que nos levarão
à perfeita administração da "kundalini".
Ação dos e nos
centros v i t a i s



s centros vitais funcionam deforma independente ou
interdependente?
Totalmente interdependente. Assim como os órgãos
do corpo físico, eles compõem um conjunto harmonioso,
onde um está sempre relacionado e inter-relacionado
com os demais, apesar de suas funções básicas serem inde-
pendentes.

Além dos centros vitais, fala-se muito dos "nádis". O
que vem a ser isso?
Como vimos estudando, apesar dos centros possuírem
atribuições próprias e relações diretas com determinados
órgãos, plexos, campos, zonas e glândulas, para que fun-
cionem em harmonia eles precisam estar em constante e
íntima interação. Os canais por onde circulam os cam-
pos energéticos gerados, recebidos, absorvidos, conden-
sados ou expandidos pelos centros vitais são os chamados
"nádis". Muitas vezes os nádis entre determinados centros
itais estão congestionados ou obstruídos, resultando em
dificuldades para a administração da harmonia do ser
como um todo, o ser holístico. Além das atividades fluí-
dicas decorrentes de um bom comportamento orgânico
(boa alimentação, bom relaxamento, boa carga de exer-
cícios e bom metabolismo), os nádis dependem enor-
memente de ações psíquicas, como oração, meditação,
boas vibrações e idéias felizes, tudo isso para não serem
obstruídos ou congestionados.
Como se pode facilmente deduzir, comportamento
moral equilibrado não é tarefa para conquista de um
céu distante nem tão só espiritual; é a busca e a perma-
nência n u m céu real, aqui mesmo na Terra, aqui e agora.

Quando um centro vital recebe ou capta um campo ener-
gético ou fluídico, especialmente no caso dos passes, ele retém
em si mesmo esse campo ou é transferido para o corpo físico?
Dependendo do fim a que esse campo fluídico se
destine ou da afinidade magnética aí estabelecida, tanto
pode ficar na estrutura do perispírito, como pode ser
somatizado integral ou parcialmente.

Se ficar no perispírito, não corre o risco de haver um
acúmulo excessivo e localizado de fluidos?
Sempre há essa possibilidade, principalmente quando
lidamos com fluidos animalizados, humanos. E quando
tal ocorre, pode suceder-se u m a congestão fluídica ou
uma total desarmonia no funcionamento do(s) centro (s)
vital (is). Verificada essa hipótese, o paciente passará a
sentir desconfortos e, a depender do tempo em que tal
situação perdure, pode chegar a adoecer fisicamente.

A mente teria algum papel nisso tudo?
C o m certeza. U m a postura mental equilibrada é
sempre importante ferramenta para se evitar transtornos
fluídicos. Além disso, essa postura apresenta o poder de
funcionar como dispersivo ou atenuador desses campos
fluídicos, assim contribuindo para a sua dissipação, dis-
tribuição ou mesmo transubstanciação. U m a mente
desorganizada ou extremamente materializada dificulta-
rá a sutilização dos fluidos e conseqüentemente deixará
o paciente mais sujeito às congestões fluídicas.

Voltando à captação em si, supondo que todos os fluidos
absorvidos sejam necessários para o corpo orgânico do
captador, a captação e a transferência de um meio (fluídico)
para o outro (orgânico) se dá instantaneamente ou é preciso
algum tempo de maturação?
Apesar de, ao longo do tempo, ter sido disseminado
que essa transferência é instantânea, a simples observação
atenta do fenômeno indica não ser essa a regra predo-
minante. Se os fluidos em operação forem extremamente
sutis (como os fluidos espirituais), aí teremos um caso
de transferência normalmente muito rápido, nalguns
casos chegando à instantaneidade, todavia a maioria dos
fluidos humanos são densos e, por isso mesmo, precisam
de um certo tempo para a somatização integral (completa
absorção pelo organismo do paciente). Mesmo sem um
aferimento físico preciso, podemos deduzir, a partir da
observação e da experiência, que em média a velocidade
de captação (pelo centro vital) é de cinco a dez vezes
maior do que a de transferência entre ele e o corpo or-
gânico (somatização), ou seja: o centro vital capta numa
velocidade (rápida), mas a real absorção orgânica se dá
noutro padrão (bem mais lento). Isto, inclusive, é uma
das explicações para o fato de tantos pacientes sentirem-
se desconfortáveis logo após o passe e, demandado um
intervalo que geralmente vai de meia hora a duas horas,
eles naturalmente adquirirem ou retomarem suas sen-
sações de bem estar.
Um médico homeopata de Campinas/SP afirma que
a ação do medicamento homeopático é instantânea (à
velocidade da luz), o que demora é a reação do organis-
mo. Sua afirmação baseia-se em observações em pacien-
tes em situações de emergência. Há casos que a melho-
ria do paciente se faz a "olhos vistos" (a pulsação car-
díaca muda assim que o remédio entra em contacto com
a mucosa). Em outros, a reação pode demorar. Isto dá
margens a novas pesquisas e indagações, as quais deixo
ao leitor o prazer de resolvê-las.


Já que há essa tão grande diferença entre a captação e a
somatização dos fluidos, não fica aí exposto o paciente a
eventuais complicações, como a congestão fluídica?
Sem dúvida. E tão mais sério será o problema quanto
mais direta e densamente atuarmos sobre os centros
vitais. Daí mais um grave motivo para se estudar com
mais atenção e seriedade o magnetismo. Por ele aprende-
mos que os passes dispersivos, conforme veremos mais
adiante com detalhes, têm, entre suas várias funções, a
peculiaridade de acelerar esse processo de transferência
fluídica, potencializando os benefícios do passe e reti-
rando do paciente grande parte dos riscos decorrentes
desses acúmulos.

Significa dizer que passes muito demorados, com gran-
des exposições de concentrados fluídicos, são, em tese, pe-
rigosos?
Não diria isso. Prefiro dizer que as longas e, princi-
palmente, as densas concentrações fluídicas, de origem
humana, requisitarão prudência e competência em suas
aplicações. Os riscos maiores são facilmente resolvidos
com a intercalação dos concentradores com os dispersi-
vos, os quais terminarão por reduzir as aparentes neces-
sidades de grandes concentrações fluídicas.
Disso tudo, passa a idéia de que é muito importante
o estudo dos centros vitais.
Não apenas o estudo como sua relação direta com os
passes e as ações anímicas do ser. O passista consciente
de suas responsabilidades deve pelo menos entender o
funcionamento básico dos centros vitais, inclusive para
auxiliar aos Espíritos quando estes quiserem indicar certas
regiões e tipos localizados de tratamento. Depois, conhe-
cendo como eles funcionam e se relacionam deixamos de
tratar desse assunto como se fosse algo misterioso e im-
preciso; ao contrário, dotamos nosso magnetismo de um
maior e mais eficiente poder de solucionar problemas.
Por que os olhos de certos passistas transmitem segurança
e conforto enquanto outros passam medo e dúvidas?
Primeiro, olhos são olhos. Independentemente do que
fazem, tem pessoas com olhares extremamente agradáveis
tanto como existe o contrário. Mas é comum os pas-
sistas deixarem transitar pelo olhar o tipo (textura) de
fluido que possuem e se houver um certo antagonismo
entre esse fluido e o campo fluídico do paciente, o pa-
ciente acusará um certo incômodo ante seu olhar. Isso
se dará com maior ênfase ainda quando o magnetizador
ou médium tiver seu centro frontal como um grande
usinador fluídico.
Aproveitando o ensejo, quero deixar aqui u m a pro-
posta de reflexão sobre um registro feito por Mateus (cap.
4, vv. 22 e 23).' "A candeia do corpo são os olhos; de
sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo
terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo
será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas,
quão grandes são tais trevas!" Bem se percebe que aqui o
evangelista quer falar dos olhos no sentido dos senti-
mentos profundos, mas não deixa de passar a mensagem
de que nossos olhos (e principalmente nosso olhar) são
bons refletores de nosso m u n d o íntimo.


O que é 'usinar fluido"?
Tomamos a analogia para apresentar esse termo. A
exemplo de uma usina de açúcar, que extrai da cana todos
os subprodutos que lhe são peculiares, o corpo humano
é tal qual, extraindo de suas entranhas elementos densos
e sutis de e para sua manutenção e/ou exteriorização. Usi-
nar fluido, portanto, é transformar elementos orgânicos
em compostos fluídicos. No caso do magnetizador e do
médium passista, trata-se da capacidade de transformar
seus potenciais vitais em bioenergia, fluidos, magnetis-
mo, "energias de cura"... Não é por menos que o passista
e o médium não devem estar em jejum em suas tarefas
nem com o estômago pesado (este assunto veremos
adiante com mais detalhes) e u m a alimentação diver-
sificada tende a fornecer melhores elementos para uma
boa usinagem.


Todo centro vital é uma "usina"?
Sim, e a depender do operador, cada centro terá es-
pecificidade e potencialidade própria.
Rearmonização
dos c e n t r o s v i t a i s




uando alguém tem seus centros vitais desarmonizados
(desalinhados, desestruturados, desorganizados, etc),
há como rearmonizá-los?
Claro, mas não se trata de u m a coisa mágica ou de
ação isolada sobre um determinado centro. Alguns pen-
sam que para resolver questões dessa ordem basta o bal-
buciar de uma prece; outros acreditam que a simples
ação do magnetismo (passe) resolve; alguns ainda crêem
que um exercício de respiração ou uma meditação mais
recolhida seria suficiente. E por aí vai. A experiência indi-
ca que, embora tudo isso seja válido e muito precioso,
dificilmente será suficiente se não houver a disposição
para a realização de mudanças interiores, conforme já
mencionado anteriormente. Por outro lado, em termos
de magnetismo posso afirmar que existem técnicas que
desempenham eficazmente a função de realinhamento,
descongestionamento e rearmonização dos centros vitais.
Pelo menos no campo fluídico propriamente dito. Só
não quero dar a entender que o magnetismo, embora
resolvendo a questão do "realinhamento dos centros vi-
tais", dispense a participação ativa do paciente. E essa
participação diz respeito diretamente com as necessidades
de mudanças interiores do paciente em direção à saúde
real.


Que tipo de técnica é essa que rearmoniza os centros
vitais?
Ainda não chegamos nas técnicas -- serão vistas mais
adiante --, mas posso adiantar que uma das mais efetivas
é a conjugação de imposições com dispersivos. Faz-se
imposição com u m a mão no coronário e com a outra
faz-se dispersivo geral (envolvendo os demais centros vi-
tais). Em seguida, dispersa-se sobre o coronário e depois,
com as duas mãos, dispersa-se todos os centros. Uma ou-
tra técnica é o uso dos perpendiculares tanto nas estru-
turas dos ativantes como dos calmantes. Veremos com
mais detalhes no momento apropriado.

Depois de rearmonizado, o paciente pode ainda se sentir
incomodado?
Pode sim. Acontece que, além da rearmonização
magnética, propriamente dita, é necessário fazer o pa-
ciente "sentir-se" rearmonizado. E necessário trabalhar
a psi-sensibilidade (veja o capítulo 2 7 , na página 2 5 5 )
do paciente também. Caso o paciente não se sinta bem
ou confortável após a rearmonização, psicologicamente
ele tenderá a buscar a sensação que registrava anterior-
mente, assim prejudicando sensivelmente os efeitos da
ação magnética desenvolvida em seu favor.

Quando uma mulher aborta, desarranja seus centros
vitais?
Sem dúvida. O mesmo se dá com todo aquele que
comete atos moralmente comprometedores.

Objetivamente, uma pessoa que já cometeu aborto(s)
tem condições de aplicar passes? A pergunta decorre do fato
de André Luiz, no livro Evolução em dois mundos, colocar:
"O aborto provocado... revela-se seguido por choques trau-
máticos no corpo espiritual, tantas vezes quantas se repetir
o delito de lesa-maternidade, mergulhando as mulheres em
angústias indefiníveis...". Inclusive, o irmão orientador da
Equipe Espiritual afirma que o centro genésico fica total-
mente desordenado.
É verdade. Os centros vitais de uma mãe que abortou,
propositada e inconseqüentemente, estarão severamente
comprometidos, gerando desarmonias de longo alcance.
Não significa dizer, entretanto, que elas estejam defini-
tivamente afastadas da possibilidade de ajudarem aos
outros e até virem a diminuir as repercussões negativas
do seu gesto através do derramar de bênçãos por seu in-
termédio. Afinal, Deus não quer a condenação do pe-
cador, mas a sua remissão.


Insisto na pergunta: isso não acarretaria danos quanto
à emissão de fluidos no momento do passe? A usinagem dos
fluidos no centro genésico prejudicaria o paciente quando
da emissão? Sabemos que os Espíritos encarregados do Au-
xílio tudo provêm, porém aprendemos que não deveremos
depositar todo trabalho, pelo menos a parte que nos com-
pete, nas mãos dos Espíritos.
Como disse anteriormente, o aborto imoral é um ato
desestruturador de muita repercussão, refletindo-se na
profundidade do ser, em todas as suas estruturas: físicas,
perispirituais e espirituais (importa dizer que, obvia-
mente, os aspectos psíquico e emocional aí se encontram
igualmente atingidos). Sendo assim, u m a pessoa que
pratica ou praticou aborto tem comprometimentos a
serem compensados, sob pena de padecer terríveis de-
sarmonias, ainda mesmo quando não as registre em seus
sentidos mais aflorados. Na questão do passe, não
podemos nem devemos generalizar de forma negativa.
Esse risco é danoso e, por isso mesmo, pode vir a preju-
dicar mais ainda u m a pessoa que já traz, por seus delitos,
traumas difíceis de serem trabalhados e suportados.
Entretanto, a medida do bom senso recomenda que essas
criaturas primeiramente passem por tratamentos fluí-
dico-magnéticos para recompensarem seus "campos
fluídicos" e assim virem a conquistar melhores recursos
para a prática do bem e do amor reparadores. Se bem
que haja algum "risco" do passista que abortou vir a emitir
fluidos não muito harmônicos, se ele se propõe a resgatar
seus próprios débitos através da prática do bem, já aí
estará preludiando reparos para as desarmonias que
provocou em si mesmo e no ente "expulso". Mais do
que nunca, a necessidade de uma postura moral equili-
brada e decidida será requerida para que a produção dos
fluidos não venha a ser onerada pelas vibrações desar-
mônicas ali (centro genésico principalmente) estabele-
cidas.
Para ilustrar a questão, narro o que me foi contado:
" U m senhor foi visitar Chico Xavier e lá tomou um
2
passe com um homem hemiplégico . Ato contínuo, foi
reclamar ao Chico:
"-- Chico, como você permite? Veio um hemiplégico
me dar um passe!
"O Chico lhe respondeu:
"-- C o m o você quer que ele sare?"




2
Hemiplegia é a paralisia de um dos lados do corpo.
O passe




efina o que seja passe.
De um modo geral, o passe é uma transfusão obje-
tiva de fluidos de um ser para outro ou ainda a interfe-
rência intencional do campo fluídico de alguém sobre
idêntico campo de outro alguém, tanto em termos físicos
como espirituais. M a s vamos esmiuçar um pouco mais
esta definição.
Ao tempo de Jesus, as práticas envolvendo o magne-
tismo eram vulgarmente conhecidas por "imposições".
Não que Ele apenas fizesse o que hoje chamamos de
"imposição de mãos"; na verdade, como vulgarmente
dizemos, Ele "fazia e acontecia", esbanjando sabedoria
(entendo por sabedoria a perfeita conjugação do saber
com a força do amor) e talento. Tanto é verdade que
quem já tenha feito u m a leitura, ainda que rápida, do
Novo Testamento, deve ter observado quantos métodos
de cura Ele utilizou na realização daquilo que ficou
conhecido como "os milagres de Jesus". Só para ilustrar,
eis algumas rápidas citações:
· Em Marcos, cap. 5, vv 25 a 34, encontramos a
instantânea recuperação da mulher há doze anos hemor-
roíssa que foi curada apenas tocando as vestes de Jesus.
· Novamente em Marcos, cap. 8, vv. 22 a 2 6 , vamos
encontrá-Lo curando um cego tanto pelo toque, como
pela colocação de saliva com terra da rua sobre seus olhos.
· Em Mateus, cap. 9, vv. 1 a 8, Ele cura um paralítico
apenas com a força da palavra.
· Já em Lucas, cap. 17, vv. 11 a 19, Ele cura dez
leprosos de uma vez simplesmente passando por receita
que eles fossem se apresentar ao sacerdote.
E muitas outras curas e "milagres" realizou, fazendo
uso das mais variadas técnicas de transmissão fluídica,
ou seja, transmitindo aos necessitados os fluidos ou as
"energias" reparadoras que careciam para seus restabele-
cimentos.
De uma forma ou de outra, assim como Jesus, todos
os que curam pelo magnetismo, em qualquer época da
humanidade, sempre se utilizam ou utilizaram de meca-
nismos de transmissão, ejeção e/ou manipulação fluídica
-- só para ratificar, aqui entendemos por fluidos as
emanações sutis do organismo humano (também cha-
mados de fluidos anímicos, magnetismo animal, magne-
tismo humano; isso tudo realizado pelas estruturas do e
no perispírito), do mundo espiritual ou da união dos
dois mundos (físico e espiritual).
Agora, portanto, podemos ampliar a definição dizen-
do que o passe nada mais é do que a transmissão ou a
manipulação de um fluido, de uma energética curadora,
de quem a possui para quem a necessita. E esse fluido
tanto pode ser h u m a n o -- magnetismo animal --,
quanto espiritual -- magnetismo espiritual -- ou mesmo
misto -- que é uma mescla dos dois tipos anteriores (na
verdade, o mais comum em nosso meio humano).
Como atua o passe?
De diversas maneiras e em diversas frentes. Em tese,
podemos dizer que o passe atua diretamente sobre o cor-
po espiritual, através dos campos vitais, diretamente sobre
o corpo orgânico, propiciando interações intermolecula-
res de refazimento e recomposição, e diretamente sobre
a mente, ensejando refrigerios psíquicos e/ou atenuando
envolvimentos espirituais negativos. De uma forma ou
de outra, ele atua como revitalizador, compondo ou
repondo os campos fluídicos perdidos e ou descompen-
sados; dispersando (refinando, distribuindo, eliminando
ou sintetizando, pelo menos) fluidos negativos con-
traídos, assimilados e/ou cultivados; e auxiliando na cura
das enfermidade? de toda ordem, a partir do reequilíbrio
geral.


Voltando à questão das imposições, quer dizer que o
"fazer imposição porque Jesus fazia" não é tão simplório
como se ouve dizer?
Jesus realizava verdadeiros prodígios, e não só por
imposição de mãos, por vários motivos, dentre os quais
destaco:
1 - Ele possuía fluidos extremamente penetrantes e
vitalizantes;
2 - Ele detinha uma monumental força magnética e
um potencial fluídico transcendente;
3 - Ele era o verbo daquilo que chamamos "vontade
ativa", pois estava fundamentada na vivência da auto-
doação; e
4 -- Ele SABIA como contar com a interveniência
dos Céus, SABIA como, quando e onde interferir e
SABIA, antecipadamente, os resultados que obteria, pois
conhecia as Leis Naturais como ninguém -- enquanto
nós a i n d a estamos tateando na busca de todo esse
aprendizado.
Assim, q u a n d o queremos "fazer só porque Jesus
fazia", sem nos esforçarmos por nos igualarmos a Ele a
partir da interioridade, estamos nos propondo à imi-
tação e não à realização -- já que esta requer mudanças,
renovação, esforço, perseverança, humildade, amor e
estudo.

Teria Allan Kardec instituído o passe na Casa Espírita?
Allan Kardec não instituiu o passe nas Casas Espíritas.
Ao tempo dele, passe não definia uma técnica ou um
conjunto delas; nada mais era do que referência ao "mo-
vimento de mãos" para se atingir o sonambulismo ou a
aplicação do magnetismo (veja-se esta questão em O
a
Livro dos Médiuns, item 176, 5 : Há pessoas que ver-
dadeiramente possuem o dom de curar pelo simples con-
tato, sem o emprego dos passes magnéticos? -- e a
resposta -- " C e r t a m e n t e ; não tens disso m ú l t i p l o s
exemplos?"). Na Codificação, ele fez referência ao passe
sim, como o fez a outros pontos que, vira-e-mexe, in-
comodam alguns dos que se sentem "defensores" da
pureza doutrinária (observe-se que o termo defensores
está aspeado). Só para citar um exemplo, ele fala do duplo
a
etérico (O Livro dos Médiuns, item 128, pergunta 4 ) e,
nas colocações, deixa entrever o que entende acerca desse
campo.
Fazendo um comentário ao largo, será justo conside-
remos, dentro do rigorismo proposto -- que pede a ex-
plícita colocação de Kardec para que algo possa vir a ser
considerado doutrinariamente correto --, algumas con-
clusões que, acredito, ficariam no m í n i m o esquisitas se
tomadas literalmente. Por exemplo: Kardec não instituiu
a Evangelização do jovem e da criança, não implantou o
Evangelho no lar, não estabeleceu reuniões de deso-
bsessão, não criou as reuniões evangélico-doutrinárias
públicas nem muitas outras práticas não só saudáveis,
como indispensáveis dentro da estrutura da ação espírita
tal qual a vivenciamos hoje. Seria isso motivo suficiente
para eliminarmos essas práticas ou simplesmente con-
dená-las? M i n h a resposta é não.
M a s , continuemos. Creio que todos os que racioci-
namos com coerência somos partidários de que nada é
estático, tudo se move. Em termos de literatura, os livros,
de todas as ordens, apesar dos limites impostos pelas
palavras impressas, também movimentam-se. No caso
particular das filosofias e religiões, sempre haverá a ne-
cessidade de contextualização para que assimilemos com
mais propriedade o que está escrito, mormente quando
o assunto já tem mais de uma centena de anos de ano-
tado. Tal não poderia deixar de ocorrer com a obra kar-
dequina. Assim, precisamos saber que o termo "passes",
tal como empregamos hoje, não tinha a mesma atri-
buição àquela época nem muito menos era o mesmo na
Europa do século passado. Kardec lidou o tempo todo
com o Magnetismo mesmérico, tendo-o recomendado
explicitamente no atendimento a pessoas sob subjugação
(veja-se em O Livro dos Médiuns, item 2 5 1 ) . Ora, não
tendo o passe (com a conceituação que temos hoje) a
mesma atribuição de valores (do tempo de Kardec),
lógico que ele não poderia dar a mesma referência, muito
menos com a forma que aplicamos nos dias atuais.
A despeito de tudo, concluirei esta questão com as pa-
lavras de Allan Kardec (Revista Espírita, j a n - 1 8 6 4 , p. 5 ) :
"Os médiuns curadores tendem a multiplicar-se,
como anunciaram os Espíritos, isto em vista de propagar
o Espiritismo, pela impressão que esta nova ordem de
fenômenos não deixará de produzir nas massas, porque
não há quem não ligue para a sua saúde, mesmo os
incrédulos. Assim, então, quando virem obter por meio
do Espiritismo o que a ciência não pode dar, hão de
convir que há u m a força fora do nosso mundo. Assim a
ciência será conduzida a sair da via exclusivamente ma-
terial, em que ficou até hoje; quando os magnetizadores
antiespiritualistas ou antiespíritas virem que existe um
magnetismo mais poderoso que o seu, serão forçados a
remontar à verdadeira causa."

E o que Allan Kardec fala acerca das imposições?
A capacidade de curar pelas imposições não era pri-
vilégio só de Jesus, que o digam os estudos dos magne-
tizadores clássicos e das afirmativas do Codificador do
Espiritismo, Allan Kardec (em O Livro dos Médiuns, item
189, médiuns curadores; em A Gênese, cap. 14, itens 32
e 34; e cap. 15, item 11). Este, bem o sabemos, foi
magnetizador prático por mais de 35 anos, tendo por
mestres grandes nomes do "magnetismo animal" da
época. Ele, com essa autoridade, ressalta: "É muito co-
m u m a faculdade de curar pela influência fluídica e pode
desenvolver-se por meio do exercício; mas, a de curar
instantaneamente, pela imposição das mãos, essa é mais
rara e o seu grau máximo se deve considerar excepcional"
(em A Gênese, cap. 14, item Curas, 3 4 ) . Daí se querer
inferir que fazer apenas imposição de mãos seja a prática
ideal é, no mínimo, temerário, pois o assunto, como per-
cebemos, comporta muita reflexão, experiência, obser-
vação e análise.

Uma oração em favor de alguém pode ser considerada
como um passe?
Dentro da largueza que o termo "passe" comporta,
uma oração dirigida a alguém tem o mesmo efeito de
um passe, já que pela oração fazemos u m a emissão de
campos fluídicos próprios, os quais se unem aos fluidos
espirituais para atender e socorrer àqueles por q u e m
oramos. É óbvio que quão mais profunda e sentida seja
a oração e quão maior seja o poder canalizador, usinador
e exteriorizador de fluidos de quem está orando muito
mais eficaz será o resultado do benefício, sem falar no
que pode o amor, a empatia pelo paciente, a ação dos
Espíritos, o desejo de curar e ser curado, e a fé depositada
na oração.
Mesmer, como espírito, passou significativa mensa-
gem que Allan Kardec aproveitou em sua Revista Espírita
de janeiro de 1864, p. 5: "A vontade tanto desenvolve o
fluido animal como o espiritual, porque, todos sabeis
agora, há vários gêneros de magnetismo, em cujo número
estão o magnetismo animal, e o magnetismo espiritual
que, conforme a ocorrência, pode pedir apoio ao pri-
meiro. Um outro gênero de magnetismo, muito mais
poderoso ainda, é a prece que u m a alma pura e desin-
teressada dirige a Deus." (grifei)

O passe é uma prática religiosa?
Apesar de não ser u m a prática eminentemente re-
3
ligiosa , sua utilização, assim como de todos mecanismos
de cura à disposição da humanidade, quando usados de
forma correta e equilibrada, deve ser feita de forma re-
ligiosa, harmônica, em fina sintonia com o que há de
mais elevado no campo da ética e da moral. Isso se jus-
tifica: como os fluidos são sutilizações de "cargas ener-
géticas" orgânicas ou mesmo somatizações de fluidos
espirituais, o campo energético em que esses fluidos se
movimentam é ou transforma-se em campo de refinada
sutileza, pelo que a sintonia com padrões elevados de
mentalização, nobreza de propósitos, orações, reflexões
e concentrações no bem favorecem a que haja u m a



3
Religião é outra palavra com sentidos nem sempre convergentes.
Para muitos, religião é sacerdócio com a realização de rituais, paramentos
e, até certo ponto, a imposição de uma fé cega. Dentro dessa ótica, o
Espiritismo não é religião. Para os espíritas, religião é a essência da vivência
moral, tendo por modelo e guia Jesus, conforme consta de O Livro dos
Espíritos, em sua questão de número 625.
qualificação mais apropriada por uma melhor elaboração
das "energias" em uso.

Só os religiosos podem desenvolvê-la?
Claro que não. Apenas o comportamento do passista,
como já disse, deve ser o mais equilibrado possível para
que ele venha a fazer uso de "energias" o mais sutis e
penetrantes possíveis. Daí se solicitar que sua prática seja
"realizada religiosamente, santamente". E nada há de
mais santo, religioso e natural no mundo do que o amor,
o verdadeiro amor. Em conseqüência, a rigor, a primeira
e principal regra para que alguém seja um bom passista
é que se exercite, o mais plena e constantemente possível,
nos campos férteis do amor: do amor doação, do amor
entrega, do amor desinteresseiro.

Seria o passe uma prática espírita?
É notório que os espíritas, nos meios religiosos, são
os maiores divulgadores do passe em nosso continente,
mas de forma alguma são os detentores de direitos es-
peciais -- ressalvado o fato de que, em tese, são eles os
que mais estudam e que mais se dedicam ao uso dessa
prática como terapia h u m a n a e espiritual. Outrossim,
os passes podem ser estudados, desenvolvidos e aplicados
por quaisquer pessoas, desde que tenham real interesse
em seu uso e se disponham a seguir as recomendações
naturais, conforme já comentamos na introdução e tal
como ainda teremos oportunidade de pormenorizar em
outras questões adiante.

Você não acha que o passe seja um ritual?
Não, não é um ritual.
É engraçado como temos facilidade para rotular as
coisas. E nós, os espíritas, parecemos gostar muito de
rotular de ritual muitas coisas. Veja um trecho de um e-
mail que recebi: "O ritual de mãos circulando em volta
do corpo do assistido é totalmente desnecessário, mas a
imposição se justifica, quando o médium ou o passista
tem recursos magnéticos mais acentuados, podendo
colaborar de forma mais direta com a espiritualidade,
pela descarga de forças radiantes pelas extremidades do
corpo, o que é confirmado pela ciência (acúmulo de
eletricidade nas pontas de condutores, e t c ) . C o m relação
ao passe a distância, verifica-se sua aplicação com êxito
pelas vias da radiação e da prece, principalmente quando
por meio de grupo de pessoas, coesas em seus propósitos
de assistência espiritual aos enfermos e perturbados. Re-
sumindo: um conceito novo que não esteja na Codi-
ficação, pode perfeitamente se enquadrar dentro dos
princípios espiritistas, desde que não C O N T R A R I E o
que ali se encontra. De um modo geral, esta é a posição
da maioria dos estudiosos do Espiritismo".
Iniciemos recolocando uma afirmação acima contida:
a ciência acadêmica confirma acúmulo de eletricidade
nas extremidades de condutores. Mas os "fluidos ani-
mais" são eletricidade? A ciência acadêmica trata "destas
coisas"? Desde quando?
Analisemos agora a proposta ali contida. Passar as
mãos ao largo é, no caso, considerado ritual; fazer impo-
sições de mãos, não. Já soa irônico. Agora, se as "des-
cargas" (termo pouco apropriado, creio) se dão pelas ex-
tremidades, fico pensando nos manetas, nos que não
têm braços. Depois, se para o atendimento a distância as
pessoas coesas em seus propósitos de assistência espiritual
são felizes, será que o simples movimentar de mãos anu-
laria o valor desses propósitos? Convenhamos, movimen-
tação de mãos nos passes passa longe de ser ritual, a não
ser para aqueles que as movimentam sem saber como,
por que e para que o fazem. Estudando as razões dos
movimentos, analisando as lógicas em que se baseiam e
sobretudo observando as conseqüências das manipula-
ções, perceberemos que tudo está íntima e intrinseca-
mente fixado nas Leis Naturais e, anotando e entendendo
tudo isso, riscaremos a palavra ritual e em seu lugar
colocaremos: "uso correto e coerente de técnicas" (que é
o que, lamentavelmente, falta na maioria dos casos e
lugares).

Para que é necessário o passe?
Para várias coisas: restabelecimento da saúde física,
psíquica, perispiritual e espiritual; para renovação de
nosso campo fluídico; para reforço fluídico (energético);
para fazermos o bem através dele e para melhor permu-
tarmos vibrações.

Que benefícios o passe pode fornecer a quem o busca?
Vários. Desde o simples bem-estar até a cura de graves
problemas físicos, psíquicos e espirituais. Tanto depende
da qualidade do passe, da fé e do merecimento. Por isso é
que os passistas devem ser pessoas bem preparadas
(teórica, física e moralmente) para poderem favorecer o
melhor dos seus potenciais e aos pacientes cabe no
mínimo vibrar em sintonia com aquilo que buscam. Para
tal, a oração, uma leitura altruísta, a reflexão, a meditação
ou a participação em atividades que enobreçam as idéias
e os ideais são de inestimável valor.
E que qualidade do passe é essa?
É que existem passes destinados a tratamentos físicos,
espirituais e mistos. Depois, os tipos de fluidos utilizados
também determinam os alcances e as repercussões dos
mesmos. Assim, o bom passista deve possuir conheci-
mentos suficientes para distinguir que tipo de passe está
veiculando para poder aplicar as técnicas recomendadas
para cada caso.

7
Pode-se melhorar essa qualidade:
A
Claro. Allan Kardec, em Obras Póstumas, 1 parte,
cap. 6, item 5 2 , sugere alguns cuidados que fazem
aumentar o poder de expansão magnético dos passistas.
São eles: "a pureza dos sentimentos, o desinteresse, a
benevolência, o desejo ardente de proporcionar alívio, a
prece fervorosa e a confiança em Deus", e acrescenta:
"numa palavra: todas as qualidades morais".
Em alentado artigo na Revista Espírita (janeiro de
1864, p. 5 ) , o espírito Mesmer faz oportunas conside-
rações: "A vontade muitas vezes foi mal compreendida.
Em geral o que magnetiza não pensa senão em desdobrar
sua força fluídica, derramar seu próprio fluido sobre o
paciente submetido aos seus cuidados, sem se ocupar se
há ou não u m a Providência interessada no caso tanto ou
mais que ele. Agindo só não pode obter senão o que a
sua força, sozinha, pode produzir; ao passo que os
médiuns curadores começam por elevar sua alma a Deus,
e a reconhecer que, por si mesmos, nada podem. Fazem,
por isto mesmo, um ato de humildade, de abnegação.
Então, confessando-se fracos por si mesmos, em sua so-
licitude, Deus lhes envia poderosos socorros, que o
primeiro não pode obter, por se julgar suficiente para o
empreendimento. Deus sempre recompensa o humilde
sincero, elevando-o, ao passo que rebaixa o orgulhoso.
Esse socorro quem envia são os bons Espíritos que vêm
penetrar o médium de seu fluido benéfico, que é trans-
mitido ao doente. Também é por isto que o magnetismo
empregado pelos médiuns curadores é tão potente e
produz essas curas qualificadas de miraculosas, e que são
devidas simplesmente à natureza do fluido derramado
sobre o médium. Ao passo que o magnetizador ordinário
se esgota, por vezes, em vão, a fazer passes, o m é d i u m
curador infiltra um fluido regenerador pela simples im-
posição das mãos, graças ao concurso dos bons Espíritos.
Mas esse concurso só é concedido à fé sincera e à pureza
de intenção". Parece estar claro que por "médium cura-
dor" Mesmer está se referindo tanto ao m é d i u m curador
propriamente dito como ao passista.
Seguindo na mesma revista (janeiro 1864, p. 11), há
"Um caso de possessão. Senhorita Júlia", em que há uma
aplicação errada de fluidos magnéticos, exemplificando
o artigo anterior de médiuns curadores.

E quanto àfé e ao merecimento, como isso se dá?
É muito bom refletirmos sobre isso. Se somos filhos
de Deus, estamos todos sob a mesma Solicitude Divina;
portanto, todos temos merecimentos. Mas nem todos
alcançamos idênticos resultados, constatamos. É verdade
que cada criatura, cada corpo, cada ser tem seus atributos
próprios, agindo, reagindo e interagindo de forma pe-
culiar, mas nem por isso cada tratamento é literalmente
individualizado. São visíveis os padrões. Contudo, algo
parece quebrar as regras e as expectativas. Deduzimos
que além das diferenças pessoais existentes nas criaturas,
existe um outro componente tem um peso especial: o
merecimento. Não sendo este u m a "graça" ou u m a be-
nesse despropositada ou aleatória, certamente conjuga-
se a atitudes e posicionamentos anteriores, onde o mere-
cedor é o patrocinador de si mesmo. Como dizemos vul-
garmente, "merece quem faz por onde merecer".
Por outro lado, todos nos dizemos portadores de fé.
Resultaria dizer que o passe deveria agir indistintamente
sobre todos nós... mas parece não agir. Ocorre que fé é
sentimento em ação, é favorecimento a que o buscado
seja alcançado. Exemplificando: o aluno que tem fé é o
que estuda e, portanto, nele se estabelece a condição de
merecimento para uma boa graduação. Enquanto isso,
aquele que apenas espera uma "mãozinha do céu" para
passar de ano vai ter que se contentar com a repetência.

O que seria ter fé, então?
Começa por crer em si mesmo, nos próprios poten-
ciais, e pô-los em ação. O exemplo dado por Jesus é por
demais significativo: "Jesus, porém, respondeu-lhes: Em
verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes,
não só fareis o que foi feito à figueira, mas até, se a este
monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, isso será
feito; e tudo o que pedirdes na oração, crendo, recebereis.
{Mateus, cap. 2 1 , vv. 21 e 2 2 ; Marcos, cap. 1 1 , vv. 23 e
2 4 ) " . Dissequemos: 'se tiverdes fé e não duvidardes' in-
dica que não basta possuí-la, é preciso perceber e acreditar
que a possui e dar-lhe uso. Depois, deduzimos das pala-
vras de Jesus que fé verdadeira é aquela que trazemos
dentro de nós mesmos e não aquela coisa abstrata e
irracional, desconectada de nossas estruturas íntimas.
Temos aí o aval do Senhor para dizer que a fé é senti-
mento pessoal que pode e deve ser ampliado pelo exer-
cício, como o aprendizado vem a partir de nossa decisão
e disposição ao estudo. A fé disposta na oração tem que
ter vida própria, para então manifestar-se como realiza-
ção, que seria o chamado merecimento. Concluindo, to-
memos outra citação de Jesus (em Marcos, cap. 4, v. 4 0 ) :
"Então lhes perguntou: Por que sois assim tímidos? Ainda
não tendes fé?" Ou seja, a fé acaba nossa timidez ante os
momentos e movimentos da vida, pois ela é ação, é a
própria vida em movimento.

Mas a fé só cabe ao paciente?
De forma alguma. Ao passista é indispensável para
que ele movimento (manipule) com eficiência os cam-
pos e potenciais fluídicos e ao paciente para que este
contribua na movimentação dos "montes" que o atrapa-
lham em sua vida. Um magnetizador ou um passista
que não tenha fé não consegue movimentar positiva-
mente seus potenciais magnéticos nem dotá-los da força
curativa, peculiar aos seres determinados em realizar suas
propostas no campo do bem.

Bastaria, então, ter fé e merecimento para que tudo
aconteça?
Não é bem isso. Analogicamente, a fé e o mereci-
mento são como os interruptores que fazem circular a
energia pelo circuito elétrico, mas para que o efeito elé-
trico se torne presente é necessário que toda u m a rede
esteja disposta corretamente além, é claro, da própria
energia. Nessa perspectiva, os fios, motores, lâmpadas e
demais aparatos elétricos são os fluidos e suas variantes
que, a exemplo do circuito elétrico, precisam contar com
a sabedoria de quem os dispôs e os interligou, no caso o
passista e os espíritos magnetizadores. A energia é a
bênção do amor em ação.

E o que dizer da boa vontade?
Não existe fé sem boa vontade; não existe amor sem
disposição íntima da entrega; não existe merecimento
onde a boa vontade cedeu lugar ao comodismo. A boa
vontade é imperiosa para o sucesso do passe. C o m ela
consubstanciamos a vontade propriamente dita, fortale-
cendo-a. E a força de vontade é definitiva no magnetis-
mo. Vejamos o que Allan Kardec disse a respeito {O Livro
dos Médiuns, 2ª parte, cap. 8, item 131): "Tanto quanto
do Espírito errante, a vontade é igualmente atributo do
Espírito encarnado; daí o poder do magnetizador, poder
que se sabe estar na razão direta da força de vontade.
Podendo o Espírito encarnado atuar sobre a matéria ele-
mentar, pode do mesmo modo mudar-lhe as proprie-
dades, dentro de certos limites", (grifei). Só não devemos
confundir isso tudo com a ilusão de que apenas a boa
vontade tenha o poder de tudo realizar, dispensando,
para isso, dos demais atributos. Não, a boa vontade é
um importantíssimo passo, um indispensável fator para
demover a inércia e auxiliar na movimentação dos flui-
dos, desde a usinagem até seu direcionamento e refina-
mento, mas muito pouco fará se não contar com a força
do amor e a destreza do conhecimento.


Têm pessoas que contam apenas com a boa vontade e
nenhum conhecimento adquirido pelo estudo, entretanto
realizam verdadeiras maravilhas. Como se explica isso?
Pela premissa da pergunta confirmamos a relevância
que tem a boa vontade -- mesmo porque ela gera a fé
ativa e predispõe ao amor doação. Depois, não haver
adquirido conhecimento pelos estudos não significa não
tê-lo adquirido. A Natureza, conforme dito anteriormen-
te, é a sábia mãe que a todos ensina sem regateios. Os
tidos como ignorantes muitas vezes são grandes sábios,
pois a partir da observação das leis naturais erigem edi-
fícios de sabedoria, ainda que a ingentes esforços e n u m
clima de produtiva simplicidade. Ressalve-se, entretanto,
que o não estudo, na maioria dos casos, atrasa e diminui
os alcances esperados dos benefícios, pelo que inferimos
fazer falta o estudo e o conhecimento para muitas dessas
pessoas. C o m o potencial fluídico, a boa vontade, a fé e
o amor que possuem, se a eles juntassem o conhecimento,
com certeza os "milagres" seriam mais abundantes e
abrangentes.
O passista




que e ser passista?
É ser uma pessoa que aplica passes, u m a variante
do magnetismo.

E o bom passista, o que precisa dispor?
Fé, boa vontade, um coração generoso, desejo sincero
de ajudar, doando-se com amor -- no mais profundo
sentido do termo --, disposição e capacidade magnética,
estudar os fluidos e seus alcances e ter conhecimentos
técnicos para evitar os transtornos peculiares à ausência
destes. Em relação ao paciente, ter-lhe simpatia, empatia,
compaixão e amor.

Há quem diga que quando o passista conhece o me-
canismo do fenômeno do passe ou do magnetismo, a adoção
de técnicas torna-se dispensável. O que você diz disso?
Permita-me u m a analogia. Q u a n d o vamos a um
teatro, ao cinema ou mesmo estamos assistindo televisão
e presenciamos uma boa interpretação, a sensação oriun-
da da boa aplicação técnica por parte dos protagonistas
plenifica nossos sentimentos em relação ao que assistimos
e, por outro lado, transpira uma sensação de que aquilo
é muito fácil de ser realizado e interpretado e que, por
isso mesmo, os atores parecem nem precisar de técnicas
para tão bem fazerem o que fazem. É isso. Quando
alguém faz aquilo que sabe e o faz bem feito, as pessoas
podem até nem perceber as técnicas por aqueles em-
pregadas, mas não só elas existem como devem ter con-
sumido muito treino, exercícios, estudos e raciocínios
para serem assimiladas e aplicadas com perfeição.
Muitos são os que consideram a movimentação de
mãos como sendo técnica dispensável, mas, do ponto
de vista da realização, u m a imposição de mãos também
é u m a técnica; u m a irradiação, u m a concentração, u m a
reflexão, u m a vibração por alguém, u m a mentalização,
ainda que não gostemos do termo, tudo isso envolve
técnicas. Agora, dizer que além das técnicas existem
outros valores muito importantes é dizer da forma certa.
O amor, a ligação espiritual, o respeito pelo paciente, a
união com tudo o que há de bem e de bom, os cuidados
com o corpo e a mente, tudo isso é muito importante,
importantíssimo mesmo. Só que daí não dá para concluir
que as técnicas sejam inválidas ou dispensadas. É equi-
vocada tal conclusão. E se há técnica, mesmo para u m a
imposição, quem queira atuar responsavelmente deve
pelo menos conhecer os fundamentos da mesma. Posso
dar um exemplo. Sabemos hoje que um médico aten-
cioso, amigo e que devota amor à profissão e aos pacientes
obtém sucesso, nos tratamentos realizados, com muito
mais eficiência e felicidade do que seus pares não porta-
dores dessas mesmas qualidades; ainda assim, aquele pre-
cisará saber Medicina e empregá-la com eficiência e técni-
ca, pois só os dons do sentimento e do coração via de
regra serão insuficientes para resolver os problemas com
que se deparar. O mesmo se dá com muitos casos tratados
pelo magnetismo, pelos passes.

Ocorre que muitos dos que condenam as técnicas têm
longos anos de Casa!
Todo servidor antigo merece respeito e atenção. Nem
por isso o que dele venha estará sempre e integralmente
isento de reparos ou melhores juízos. Assim, opiniões
que impliquem numa acomodação ou no menosprezo
ao estudo e à pesquisa estarão sempre passíveis de questio-
namentos, pois o mundo, intelectual e moral, não evolui
sentando-se em cima de uma pedra estática, já que toda
a Natureza clama em altos brados os cânticos da mobi-
lidade, do movimento, da ação. Na Natureza não há
pedra estática...
Lamentavelmente, ainda contamos com companhei-
ros que preferem a acomodação do que já assimilou "há
tanto tempo" do que partir para a imperiosidade de rever
e adaptar o antigo ao novo, o fácil ao verdadeiro, o
cômodo ao necessário. Não é de se estranhar que, em
sua defesa, aleguem até que não há como se conhecer as
técnicas, posto que não somos espíritos desencarnados.
Questiono: como pode alguém conhecer o mecanismo
do fenômeno se lhe são cerceados acesso aos livros -- os
quais ainda tratam sobre o assunto de forma superficial?
Como podemos crescer em conhecimentos se nos cerram
as portas às pesquisas em nossas Casas? C o m o aprender
se ainda parece imperar uma espécie de sutil policiamento
para que não se leia isso nem aquilo outro, inclusive se
proibindo que livros que detalham e investigam essas
técnicas sejam referência (ainda que para estudo) em
certas Casas? Por outro lado, vemos sérios depoimentos
de Espíritos dizendo que, do "outro lado", aplica-se
magnetismo "à feição dos magnetizadores da Terra";
encontramos igualmente depoimentos confiáveis dizen-
do que em treinamentos, seminários e cursos sobre passes
é quase sempre muito maior o número de Espíritos pre-
sentes, desenvolvendo o aprendizado, do que os pró-
prios encarnados.
B e m se vê que a lógica aponta mesmo para a ne-
cessidade de estudo e aprendizado, constante e sempre,
inclusive de técnicas.

O passista é infalível em suas tarefas?
Não, lamentavelmente não. Como toda criatura, este
também atravessa seus períodos de dificuldades e precisa
de tenacidade e firmeza nos bons propósitos para vencer,
a cada dia, os ditames e as dificuldades peculiares às
tarefas, tanto de forma direta como nas correlações exis-
tentes e decorrentes de todos os atos de sua vida.
O paciente




uem deve ser paciente?
Todo aquele que precise de ajuda fluídico-magné-
tica, independente de idade, cor, sexo, religião, nacio-
nalidade, o que seja.

Pessoas não espíritas podem tomar passes?
Podem. Não é o rótulo quem dá as qualidades ao
produto. Sendo o passe u m a transfusão de "energias"
em benefício do necessitado, não encontramos aí nada
que indique restrições a princípios religiosos. Ressalto
apenas que a fé do paciente sempre favorecerá para que
o atendimento seja mais eficiente. E a fé verdadeira não
tem credo ou cor religiosa específica.

Pessoas impossibilitadas de irem a Centros Espíritas po-
dem tomar passes assim mesmo?
Perfeitamente. Tanto passes por equipes a este mister
destinadas (sejam pessoas ou espíritos) como a distância,
pelas chamadas irradiações. Convém apenas alertar a esses
pacientes que não se "sintam" impossibilitados de compa-
4
recer às cabines de passes apenas por atendimento ao
próprio comodismo. -- Veremos esta questão mais
detalhadamente em item apropriado, mais adiante.

O passista também pode ser paciente de passes?
Sim. E isso é comum. Seja por esgotamento ou con-
gestão fluídica, seja por descompensação oriunda de
equívocos na prática magnética, seja ainda por problemas
de ordem fisiológica, orgânica, mediúnica, emocional,
moral, espiritual ou outros, está o passista igualmente
sujeito a perturbações ou alterações em seus estados
harmônicos, levando-o à carência fluídica. Nesses casos,
ele será paciente. Depois, lembremos que os médicos
também adoecem.




4
Apesar de a expressão "cabine" ser francesa e possuir sua equivalente
em português em "cabina", manterei neste livro a primeira, por ser a mais
difundida no meio espírita nacional.
As d e f e s a s dos
pacientes



s Espíritos protegem o paciente e o passista?
C o m certeza, mas proteção não quer dizer supressão
das responsabilidades dos envolvidos, notadamente do
passista. Os fluidos muito densos oriundos do magnetis-
mo humano nem sempre são passíveis de serem tratados
diretamente pelo M u n d o Espiritual, até porque os cam-
pos de doação do passista e de captação do paciente es-
tarão interagindo diretamente, n u m processo de vigoro-
sas permutas magnéticas. Sendo esses fluidos muito ma-
teriais, os Espíritos ficam limitados em seus campos de
ação, pelo que a responsabilidade do passista é sempre
muito grande.
Por outro lado, lembremos que os Espíritos da Co-
dificação afirmam que a união dos fluidos manipulados
pelos Espíritos, em auxílio aos magnetizadores, os poten-
cializa devido à sua sutileza e quintessência. Logo, o bom
passista deve, além de possuir e "zelar por" seu próprio
fluido de exteriorização, manter íntimo contato com o
M u n d o Espiritual Superior para captar fluidos mais pe-
netrantes e sutis, tendo assim reforçado e melhorado seu
potencial e sua qualidade fluídica.

E não existe uma espécie de campânula fluídica isolando
magneticamente os passistas desatentos com suas respon-
sabilidades?
Existe sim. Nas cabines espíritas é muito comum obser-
varmos os Espíritos literalmente isolando alguns médiuns
e passistas, tudo em função de defender os pacientes de
eventuais desarmonias provocadas por fluidos mal ela-
borados ou por impropriedades técnicas ou morais da-
queles. Só que determinados fluidos, por serem muito
densos, quase chegando à animalidade física, e por serem
projetados sobre o paciente sob vigorosa ação magnética
(e dessa mesma forma captados), praticamente inviabi-
lizam uma maior ação defensiva dessas campânulas. Não
significa dizer que os pacientes estejam de todo a des-
coberto, embora implique em que muitos passistas de-
veriam estar muito melhor preparados para não apenas
cumprirem com desvelo suas obrigações, como sobretudo
aliviarem a carga de trabalho adicional onerada aos Es-
píritos, assim liberando-os para as ações mais espirituais
propriamente ditas.




Não disporiam os próprios pacientes de defesas pessoais?
Estariam eles inteiramente sujeitos às fluidificações de quais-
quer magnetizadores?
Quando o paciente entra em oração profunda e for-
talece-se na fé, além de já contar com os "filtros" pe-
culiares às campânulas já citadas, esse comportamento
igualmente o isola de muitas dessas cargas fluídicas,
filtrando-as, barrando-as ou selecionando-as em seu fa-
vor. Existe um ditado popular que diz: "Deus protege os
inocentes". Isto é verdadeiro -- até porque Ele protege
a todos --, mas o espírito do ditado é o de passar a
proteção prestada pela Divindade a todos os que agem
de bom coração. No caso, um paciente íntegro, bem
intencionado e apoiado na oração e na fé, não deveria
ser "castigado" pela irresponsabilidade de um m a u pas-
sista. E não o será, já que o acaso não existe. M a s ficar
descuidadamente à mercê de alguém que projeta fluidos
densos e desarmônicos em nossa direção é expormo-nos
a riscos. Daí a obrigação das Casas Espíritas terem bons
métodos de preparação e acompanhamento de seus pas-
sistas, assim como o de bem informar aos pacientes sobre
como se conduzirem antes, durante e após o passe.

Que recomendações ou cuidados deveriam ser apre-
sentadas ou tomados para reduzir esses riscos e conseqüentes
inconvenientes?
"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o es-
pírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca", con-
forme disse Jesus {Marcos, cap. 14, v. 38). Na verdade, vigiar
é estar atento e estar atento, neste caso, significa estar de
acordo com a Natureza, moral e fisicamente. Quanto me-
lhor estivermos e quanto mais esforços empreendermos
nesse sentido, melhores defesas granjearemos. Por outro
lado, a oração é o veículo que nos transporta aos níveis
mais elevados da mente, da emoção, do ser. Quando
neles estamos mergulhados, as energias densas não nos
atingem ou, pelo menos, não com a violência que or-
dinariamente atingiria. A realização da reforma interior
é impositivo intransferível para quem deseje estar, se não
imune, pelo menos mais fortalecido ante aos embates
da "tentação".


Mas, em termos de prática, na cabine ou ao sair dela, o
que o paciente deve fazer?
Primeiro, não se ausentar da Instituição enquanto
não estiver se sentindo verdadeiramente bem. Informar
ao responsável pelos passes acerca de suas sensações e
solicitar providências. Não aceitar desculpas como "daqui
para amanhã você estará bem", "não se preocupe, é só
impressão", "apenas respire fundo e tudo se normalizará".
O paciente pode (e até deve) aguardar um pouco fora
da cabine (em torno de cinco a dez minutos) para ver se
o próprio organismo reage e como reage. M a s não deve
ficar indefinidamente passando mal. Ao contrário, deve
pedir para retornar à cabine e solicitar passes dispersivos,
só dispersivos. Apesar do eventual (e natural) receio, o
ideal é que o mesmo passista que tenha feito o passe faça
o dispersivo, a não ser quando ele estiver visivelmente
desarmonizado ou não souber como agir tecnicamente.
Nesse caso, outro passista melhor habilitado deverá
aplicar os dispersivos.


E se no Centro ninguém conseguir resolver o problema?
A resposta que vou dar não é u m a resposta que possa
ser considerada como "doutrinária", mas que busca
atender às necessidades de quem chegar a passar por uma
situação dessas. Primeiro, se der tempo ou condições,
procure outro Centro ou um passista sério e de sua con-
fiança, rogando-lhe ajuda -- isso sem falar no clima de
fé e confiança na ajuda Divina que deve estar sempre
associado aos sentimentos de quem verdadeiramente
busca uma vitória. Não sendo isso viável, quando chegar
em casa tome um banho frio, deixando que u m a ducha
fria atinja sua nuca (centro umeral). Enquanto toma
banho, jogue as mãos de lado, com vivacidade, várias
vezes, rogando a Deus que, com essa atitude, estejam
sendo dispersadas cargas fluídicas desarmoniosas. Para-
lelamente, inspire diafragmaticamente, expirando em
seguida com vigor (cuidado para não repetir essa respi-
ração muitas vezes seguidas para evitar u m a supercon-
centração de gases no cérebro) e, por fim, relaxe, orando
com fé. Muito provavelmente isso será suficiente para
eliminar o mal-estar. Se, por acaso, no dia seguinte acor-
dar com ressaca ou indisposição, deve repetir as reco-
mendações acima, antes porém fazendo uma caminhada
(como quem passeia por um campo e não como quem
realiza aeróbica), respirando suave e profundamente.
Nesse dia, de preferência alimente-se com frutas, verduras
e sucos naturais, evitando café, chocolate ou bebidas
artificiais, carnes e frituras. Dê preferência a iogurte em
vez de leite, mas lembre-se: a oração é peça chave na
harmonização. Portanto, orar com fé e confiança é provi-
dência ímpar. C o m certeza, depois disso tudo os mal-
estares terão desaparecido.
D ú v i d a s do
paciente




uando preciso de um conselho, devo pedi-lo ao passista?
Usualmente, as Casas Espíritas dispõem do chama-
do "receituário mediúnico" ou do "diálogo fraterno".
Através do primeiro, obtemos do M u n d o Espiritual res-
postas às nossas indagações, bem como indicações de tra-
tamentos. No segundo, podemos ser ouvidos individual
e reservadamente, desabafando, colhendo informações
gerais e tirando as dúvidas porventura existentes.
Não significa dizer que o passista não possa ser ou-
vido, mas não é de bom-tom ficar consultando-o acerca
de nossos problemas. C o m o comentei anteriormente,
as Casas Espíritas devem possuir mecanismos adminis-
trativos para fazer chegar ao público as muitas e valiosas
informações que são colhidas através de seus médiuns e
passistas, especialmente quando há indicações diretas e
sugestivas de tratamentos.
Por fim, se a Casa que você freqüenta não dispõe de
receituário mediúnico, diálogo fraterno ou outro meca-
nismo de informação, pergunte mesmo. Pergunte ao pre-
sidente, ao dirigente, ao palestrante, ao m é d i u m , ao
passista, saia perguntando até obter a(s) resposta(s) que
procura; só não se permita ficar na dúvida ou sofrendo
um problema sem que lhe apresentem ou indiquem
solução compatível com o que o Espiritismo prega.

Na hora do passe, devo indicar, por gestos ou palavras, o
que sinto?
De preferência, não. Este momento é "sagrado", onde
devemos alimentar nossa fé com a mais contrita oração
e confiança, conversando mentalmente com os Seres
Maiores da Vida e predispondo-nos aos resultados bus-
cados. Conforme recomenda o "Pai Nosso", peçamos a
Deus, com fé e convicção íntima, que "seja feita a vossa
vontade" e que saibamos entendê-la, aceitá-la e aproveitá-
la ao máximo.
A hora apropriada para indicar suas sensações e es-
peranças é a do diálogo fraterno com os responsáveis
por esta tarefa ou quando do receituário. Não havendo
essas figuras na instituição que freqüenta, converse com
um dirigente de sua confiança e pondere sobre suas
recomendações.

É aconselhável fazer-se tratamento por passes, simul-
taneamente, em mais de uma instituição espírita?
Pode ser que sim, pode ser que não. Se o tratamento
que está sendo feito numa Casa atende às necessidades
previstas pelo próprio tratamento, não há porque usar-
se dois tratamentos ao mesmo tempo. Depois, se o trata-
mento é acompanhado e complementado pela correta
ingestão de água fluidificada, teoricamente o intervalo
entre os passes (que, nos casos mais comuns, costumam
ser de u m a semana) não reduz nem prejudica seu efeito.
Agora, se o tratamento solicita maior número de vezes
de aplicação em intervalos menores e, para atender a
esses intervalos, a Casa não dispõe de mecanismos ou
horários satisfatórios, pode e deve ser indicado trata-
mento complementar, o qual poderá acontecer noutras
Casas. Outros motivos que podem sugerir a simultanei-
dade questionada são: numa Casa o tratamento é apenas
para atender à parte espiritual e na outra à parte física
ou perispiritual; o paciente "consome" muito rapida-
mente os fluidos recebidos n u m passe e a água fluidi-
ficada é insuficiente para a "complementação" fluídica
requerida; dificuldades em administrar horários (apesar
de ser u m a das justificativas, precisa ser bem ponderada
para não gerar acomodações descabidas); quando em
viagens.
Destaco que não deve servir de desculpa o querer
tomar o maior número de passes possível no menor in-
tervalo apenas para apressar a recuperação, a cura. O
magnetismo também solicita condições de tempo, pa-
ciência e perseverança para surtir seus melhores efeitos.
Lembremos que sendo os passistas estruturas fluídicas
particulares e especiais, pode ser que o acúmulo de fluidos
de fontes diferentes venha a tumultuar a assimilação mais
apropriada dos fluidos e assim, em vez de acelerar o
processo, retardá-lo.

Fisicamente, como ficar na cabine?
As mãos podem ficar repousando sobre as pernas,
sem contração muscular, voltadas para baixo ou para
cima -- pois quem capta os fluidos são os centros vitais
principais e não os secundários, como os localizados nas
mãos (alguns médiuns pedem para que os pacientes fi-
quem com as mãos voltadas para cima, mas, a não ser
por um eventual condicionamento psicológico, essa
atitude em nada aumentará ou diminuirá a captação fluí-
dica).
Tirar sapatos, jóias ou roupas, em termos fluídicos, é
totalmente desnecessário, pois em nada interferem, atra-
palham ou facilitam a ação fluidoterápica (há passistas
que não permitem que os pacientes usem chapéus, lenços
ou bonés na cabeça durante o passe, alegando que eles
atrapalham ou impedem a captação dos fluidos, o que
não procede; no m á x i m o poder-se-ia advogar u m a
questão de etiqueta ou educação e não u m a argumen-
tação de captação fluídica, pois, a ser verdadeira, os pa-
cientes teriam que receber passes despidos, sob pena de
os fluidos não atingirem todo o organismo). A despeito
disso, o uso de chapéus pode atrapalhar a movimentação
das mãos do passista,
que, n u m ato de técni-
ca, pode vir a derrubá-
lo e provocar espanto
ou reação no paciente,
tirando-o da concen-
tração devida.
Sentar, d e i t a r ou
ficar em pé depende da
disponibilidade da ca-
bine e da melhor ma-
neira como o paciente
venha a se sentir. Para
tratamentos mais deta-
lhados e que requeiram
mais tempo e técnicas
na aplicação, o ideal é o uso da maca, pois assim o paciente
fica melhor acomodado e o passista dispõe de mais
liberdade e comodidade para fazer a magnetização.
Olhos abertos ou fechados vai depender das expli-
cações que o paciente receber; se ele for orientado, com
lógica e bom-senso, a permanecer de olhos fechados --
pois usualmente facilita a oração e a concentração --,
ele facilmente superará qualquer indício de curiosidade
e fechará seus olhos; em todo caso, cabe ao passista
superar os incômodos provocados por pacientes que in-
sistem em se fixar em seus olhos enquanto lhes aplica os
passes. Outra questão é que alguns pacientes tendem a
entrar em transe quando fecham os olhos nas cabines de
passes. A esses recomenda-se que fiquem com os olhos
semicerrados ou mesmo abertos.
Pernas e braços cruzados, assim como contrações
musculares e tensões em geral, são desaconselháveis por
"travar" os sistemas muscular e nervoso, dificultando a
corrente sangüínea no paciente. C o m o os fluidos, quan-
do somatizados, circulam no corpo do paciente pela cor-
rente sangüínea e pelo sistema nervoso, havendo con-
trações e tensões os alcances dos fluidos vão diminuídos,
o que não é vantagem para ninguém.

E quanto aos trajes, como devo me vestir para receber o
passe?
Higiene, decência, educação e bom-senso nunca são
demasiados. Se não devemos pensar em trajes pomposos
ou sofisticados, tampouco acreditemos que a cabine de
passes seja um lugar qualquer aonde podemos adentrar
trajados de qualquer maneira. Se temos certeza de que
ali estaremos em frente a Espíritos Superiores e nosso
intuito é o de buscarmos u m a ajuda direta do M u n d o
Maior, deve ser no sentido dessa certeza e desse intuito
que deveremos nos vestir. A cor, o tecido ou as camadas
de roupas em nada influenciarão os trabalhos fluídicos.

Quanto ao comportamento mental, como devo ficar na
cabine?
Mantendo um vigilante estado de oração, fé e es-
perança. A concentração mental obtida a partir dessa
postura desempenha relevante papel na eficácia do passe.
Faça isso de forma mental, em silêncio vocal.
Procure criar idéias e pensamentos de saúde, felici-
dade, superação e vitórias, deixando-se envolver pela
sinfonia de uma prece cantada com todo o sentimento
d'alma. Abomine idéias negativas e amplie seus horizon-
tes com reflexões evangélicas e espirituais. Se não tiver
facilidade para se concentrar com idéias ou imagens sutis,
lembre-se de u m a melodia suave e envolvente ou medite
sobre uma paisagem repousante e refazente, deixando-se
mergulhar nas vibrações renovadoras da arte, daí aufe-
rindo os louros do bem-estar.
Aproveite a oportunidade para envolver parentes,
amigos, desafetos e ambientes com as melhores vibrações
possíveis. E repito: rogue a Deus para que "seja feita a
vontade d'Ele" e que saibamos entendê-la, acatá-la, acei-
tá-la e vivê-la com dignidade.

Se eu não quiser receber passes através de determinado
passista, o que devo fazer?
Primeiro, examine se essa birra tem fundamento. Afi-
nal, precisamos vencer nossos limites e se n u m a Casa de
Oração não conseguimos superar nossas dificuldades de
relacionamento, significa dizer que ou estamos desen-
volvendo muito poucos esforços para a nossa melhoria
ou ainda não estamos assimilando como deveríamos o
teor das mensagens ouvidas, lidas e estudadas.
Depois, verifique se a dificuldade não ocorre porque
o relacionamento fluídico entre você e o passista não
está acontecendo a contento. Se for esse o caso, deve o
passista tentar técnicas de afinidade magnética para favo-
recê-los na tarefa. -- Apesar disso ser difícil de ser
definido tecnicamente pelo paciente, você pode observar
se o mal-estar só acontece em relação ao mesmo passista
e sempre que vocês dois estejam em relação de proxi-
midade física
Caso a dificuldade se deva porque u m a vez o passe
por ele aplicado não lhe fez bem, examine se quando
você passou mal você retornou para um novo atendi-
mento e se o benefício buscado realmente não foi alcan-
çado. Só para fazer uma analogia, lembre-se que certos
tratamentos são desagradáveis e dolorosos, e nem por
isso são menos felizes. Senão, veja as injeções preparadas
com substâncias mais viscosas, os chás e preparados
amargos, as cápsulas que deixam sabor e odor desagra-
dáveis... Nalguns casos, certos tratamentos fluídicos tam-
bém podem gerar sensações ruins, e nem por isso serão
menos eficientes.
Por fim, se você perceber que com esse ou aquele
passista você não se sentirá confortável, ao ponto de
prejudicar o próprio benefício do passe, então procure
alguém responsável e solicite a mudança. Mas evite, a
todo custo, deixar no ar qualquer mal-estar, pois o
passista também é humano e ali está desenvolvendo seus
potenciais de melhoria e superação, pelo que não será
caridoso deixá-lo perturbado por nossa opção.

Quantos passes posso tomar?
Se você está tomando passes por indicação do re-
ceituário mediúnico ou do diálogo fraterno, deve ter sido
recomendado um número de vezes. Esse número é um
valor referencial e não exato, até porque o tratamento
vai depender muito de como você agir, reagir e interagir
com o mesmo. Acompanhe a evolução do tratamento e
procure fortalecer-se na fé e na determinação da supera-
ção. Em todo caso, terminado o número de passes in-
dicado e não sendo determinado a alta ou o prossegui-
mento do tratamento, retorne ao receituário ou ao diá-
logo fraterno para nova avaliação.
Se o passe fizer parte de um tratamento, não deve ser
tomado por acaso nem indefinidamente. Sentindo que
o problema foi resolvido ou sendo indicado a alta do
tratamento, os passes devem ser suspensos.
Caso esteja tomando passes espirituais, apenas bus-
cando harmonia ou para "recarregar as baterias" para as
lutas do dia-a-dia, não haverá limites, se bem que de-
vemos ter em mente que não cabe abusarmos de nada,
nem de passes, pois mesmo os espirituais, não fazendo
mal, para serem recebidos estarão provocando o dis-
pêndio de "energias" que poderiam ser utilizadas ou en-
caminhadas para outros pacientes mais necessitados.

Pode acontecer de me sentir pior após o passe?
Infelizmente sim. Vários são os motivos que podem
concorrer para tanto. Vejamos os principais:
Antipatia fluídica: seu tônus fluídico é discrepante
com o do passista e ele não conseguiu estabelecer uma
boa relação fluídica consigo. Dessa forma, a fluidificação
havida pode gerar desconfortos.
Mudanças bruscas: algumas vezes, estamos "desali-
nhados" fluidicamente, mas já nos adaptamos ao desa-
linho. Quando um passista nos favorece com um passe
muito breve e consistente, sem os competentes disper-
sivos finais, pode provocar u m a mudança muito brusca
em nosso alinhamento (alinhando-nos), sem contudo
mover corretamente a psi-sensibilidade (veja este assunto
em item próprio). Assim, embora realinhados, não nos
sentimos bem após o passe.
Congestões fluídicas: por excesso de concentração de
fluidos em certos centros vitais, eles podem ficar conges-
tionados e, por conseqüência, promoverão mal-estares
significativos, alguns demorando-se por maior tempo.
Insatisfação dos obsessores: quando os desafetos es-
pirituais percebem que o tratamento fluídico vai redun-
dar n u m a maior e melhor defesa de "sua presa", eles
tentam associar desconfortos e mal-estares ao passe, com
o intuito de fazer o paciente desistir do mesmo.
Reação positiva: veja-se uma analogia. Quando um
fumante passa um largo período n u m dia sem fumar,
começa a se sentir perturbado pela falta da nicotina.
Apesar do mal-estar, aquilo é positivo, pois sinaliza que
o corpo está reagindo favoravelmente à ausência daquele
veneno. Nalguns casos, a ação dos fluidos recebidos leva
o paciente a se sentir incomodado, embora na realidade
esteja acontecendo um efeito positivo dos mesmos sobre
os órgãos ou componentes desarmonizados.
Cuidados especiais: na dúvida, converse, pergunte,
procure solução e não saia da Casa Espírita enquanto
não tiver certeza do que está acontecendo de fato.

E quando sinto que preciso receber um passe e não tenho
para quem nem para onde recorrer, o que devo fazer?
O ideal seria que em todas cidades houvesse um
critério que indique (ou indicasse) os "Centros Espíritas
em Plantão" (de preferência, 24 horas por dia). Afinal, é
c o m u m haver crises e necessidades em horários e dias
diferentes dos usuais das Casas Espíritas e, quase gene-
ricamente, o paciente não tem nem para quem nem para
onde se dirigir em busca de socorro. -- Fica a sugestão
para que o movimento espírita amadureça e pense em
mecanismos para atender a essa população que necessita
de apoio fora dos "horários convencionais".
M a s , respondendo à questão, numa crise, a oração é
fundamental. Por vezes, a depender da crise, fica difícil
estabelecermos condições emocionais controladas sufi-
cientes para a efetivação de u m a prece. Nesses casos,
sugiro a leitura de mensagens, do Evangelho, de livros
de elevada postura moral e que meditemos acerca do
que for lido, para assim nivelar por cima nosso padrão
mental. Se for o caso, peça a alguém querido para orar
por você ou telefone para algum passista conhecido e
peça-lhe sua vibração, mesmo que a distância.

É comum eu sentir sono incontrolável durante reuniões
e palestras. Por mais que me esforce, não consigo ficar acor-
dado. Seria isso obsessão, excesso ou falta de fluidos?
Consoante o que Allan Kardec propõe, a fim de evi-
tarmos pressuposições ou j u l g a m e n t o s equivocados,
tenhamos a prudência de sempre analisarmos primeira-
mente todas as chamadas "causas naturais", para só então,
exauridas as possibilidades de suas ocorrências, avaliar-
mos aquelas mais sutis, subjetivas, mediúnicas ou espi-
rituais. Seguindo esta sugestão, primeiro examine se não
está indo às reuniões muito cansado, com o estômago
muito cheio ou pesado, tendo dormido pouco ultima-
mente, fazendo uso de medicamentos ou chás tranqüi-
lizantes e/ou relaxantes e se essa mesma característica de
sono não se repete em outras atividades onde o corpo
fica parado e a mente concentrada, como, por exemplo,
assistindo a um filme romântico, u m a peça teatral, um
show, à televisão, etc. Caso o fenômeno aconteça devido
a algum desses fatores ou nessas outras condições, fica
evidente tratar-se de reação fisiológica natural. Nesses
casos, busque-se a solução ideal que o caso solicite. Não
sendo nada disso, então pode estar acontecendo u m a
dessas variantes: a monotonia com que a atividade está
sendo desenvolvida leva à lassidão (pelo que precisariam
ser revistas as técnicas didáticas empregadas); Espíritos
induzindo-o ao sono a fim de abstraí-lo dos comentários;
ambientes saturados de fluidos tranqüilizantes (o que é
muito comum em ambientes onde acontecem atividades
doutrinárias); ou excesso de concentrados fluídicos nos
centros vitais, congestionando-os. Para resolver, primeiro
a técnica mais natural: evite acomodar-se muito relaxa-
damente na cadeira; não resolvendo, fique em pé en-
costado n u m a janela ou parede; não resolvendo, afaste-
se da janela ou parede e muito dificilmente dormirá.
Outro recurso -- complementar --, mova-se, lave o ros-
to, tome um pouco de água, caminhe. Depois de algumas
vezes sem dormir, volte a sentar-se e vá, aos poucos, ven-
cendo as dificuldades apontadas. Para o caso de congestão
fluídica, tratamento com passes dispersivos (bastante) e
água fluidificada.
As sensações
do p a s s e



omo o paciente sente o efeito dos passes?
De maneiras muito diversas. De início, destaquemos
que as personalidades envolvidas no processo têm atri-
buições muito próprias: oriundas do passista dependem
as condições de pureza dos fluidos usinados e de seu
potencial magnético, as técnicas empregadas e a tríade
fé, vontade e amor com que realiza seu trabalho; no pa-
ciente sobressaem-se a sensibilidade fluídica, a extensão
da permuta fluídica e o nível (físico, perispiritual ou es-
piritual) em que o tratamento atuará. Mas algumas ca-
racterísticas são notadas e anotadas desde longas datas.
O Barão Du Potet, em discurso proferido para os acadê-
micos do Instituto de Cultura de Paris, em agosto de
1835, já sintetizava que "os efeitos (do magnetismo no
paciente) não têm lugar instantaneamente; é preciso, pelo
contrário, determinado espaço de tempo para que eles
se produzam, os quais se manifestam por sacudidas, que
nunca se renovam senão a intervalos mais ou menos com-
pridos e com certa regularidade entre si. Estes movimen-
tos são sempre automáticos...". Antes dele, em 1 8 3 1 ,
uma respeitável comissão de médicos, presidida pelo
famoso Dr. Foissac, após cinco anos de sérias e profundas
investigações acerca do magnetismo e sua ação, revelou
à Faculdade de Medicina da França, entre outras incisivas
conclusões, que "os efeitos reais, produzidos pelo Magne-
tismo são muito variados: a uns agita-os, a outros acalma-
os; ordinariamente, causa aceleração temporária da respi-
ração e da circulação, momentos convulsivos passageiros,
estados febriformes que não se mantêm e algumas sensa-
ções esquisitas, semelhantes a descargas elétricas; entor-
pecimento geral dos músculos, sonolência e, em contados
casos, o que os magnetizadores classificam de Sonam-
bulismo".
A parte os registros dos magnetizadores clássicos,
observamos no cotidiano das cabines de passes espíritas
tanto passistas como pacientes acusando sensações típicas
de mudanças fluídicas em seus cosmos perispirituais.
Nalguns (maioria) sobrevêm sensações agradáveis, suaves
e de refazimento, como palpitações de harmonia, cir-
culação de tranqüilidade, frescor primaveril ou lufadas
de calor revigorante. Noutros, são registrados alguns des-
confortos, como vontade de chorar, tremores, enrigeci-
mento muscular, pontadas localizadas, fortes palpitações,
sudorese, respiração ofegante, sensações de desequilíbrio,
peso, inchaço, ânsias de vômito, enxaquecas e outras.
Quando bem analisadas pelos passistas mais atentos,
todas essas sensações são imediatamente tratadas e rara-
mente deixam seqüelas, podendo demorem-se nos pa-
cientes não mais do que alguns minutos.
Por fim, quando os passes são eminentemente espi-
rituais, é raro acontecer qualquer tipo de desconforto,
salvo nos casos de envolvimento espiritual por entidade
espiritual muito inferior.
Em um de nossos estudos sobre o passe, surgiu a seguinte
questão: sabemos que o passe pode provocar uma cura ou o
sono magnético ou, ainda, a regressão de memória. Mas,
de que depende ele para provocar tão diferentes resulta-
dos? Será alguma técnica ou depende do paciente ou do
passista?
Em tese, essas reações dependem diretamente das
técnicas e do direcionamento que é feito pelo magne-
tizador, se bem que alguns pacientes são extremamente
sensíveis e suscetíveis de serem hipnotizados ou levados
a regressões. Também existem alguns (poucos) passistas
que possuem um fluido extremamente calmante, os
quais, fácil e inconscientemente, induzem seus pacientes
ao sono magnético. M a i s u m a vez fica evidenciado que
o desconhecimento dos detalhes do magnetismo e de
suas técnicas podem gerar mais inconvenientes do que
seria de se imaginar, especialmente quando a premissa
básica é a de que o passe não precisa de mais nada além
de boa vontade e oração. Se apenas isso fosse suficiente,
qualquer pessoa, inclusive crianças em tenra idade, po-
deria ser aplicadora de passes sem qualquer restrição, o
que não condiz com a realidade. Boa vontade e oração
são como motores de arranques para auxiliar na tarefa
da autodoação, mas, assim como carros não andam só
com os arranques, não são essas "virtudes" suficientes
para cobrir todo o espectro das necessidades do passe.

Sentir-se perfeitamente bem e recuperado logo no pri-
meiro passe é razoável?
Razoável sim, mas nem sempre de todo confiável.
Como a Natureza não dá saltos, é bom não suspender
tratamentos fluídicos às primeiras reações positivas, pois
corre-se o risco de interromper um tratamento frutífero
em troca de retomá-lo depois, provavelmente com mais
dificuldades na solução dos problemas.

Sinto-me muito bem na cabine de passes e até após alguns
minutos, mas depois começo a sentir coisas estranhas e desa-
gradáveis. Por que isso acontece?
Podem ocorrer algumas variáveis. Analisemos, rapida-
mente, as mais prováveis:
Mudança brusca e violenta do campo fluídico próprio,
sem a competente mudança na psi-sensibilidade: ocorre
quando o passista "movimenta" com intensidade os flui-
dos do paciente sem acrescentar os dispersivos solicitados
ao final dessas "movimentações";
Envolvimento espiritual negativo: quando o paciente
está sob envolvimento espiritual não muito feliz e esse(s)
acompanhante(s) espiritual (is) não fica(m) satisfeito(s)
com o atendimento recebido (que poderá afastar o pa-
ciente de suas presas) e então passa(m) a acendrar o pro-
cesso de influência, de forma a que o paciente imagine
que o mal é oriundo do tratamento e não de sua(s) in-
fluenciais);
Congestão fluídica: se o passista fizer grandes con-
centrados fluídicos sobre um (ns) centro (s) vital (is) e não
dispersar proporcionalmente, pode ocorrer a congestão
fluídica, com todos seus inconvenientes;
Antipatia fluídica: para se evitar tal ocorrência, quanto
mais elevado mentalmente estiver o paciente e melhor
domínio tiver o passista, menos isso redundará em mal-
estares. Para tanto, ore com fé e equilíbrio enquanto es-
tiver recebendo o passe;
Característica dos fluidos recebidos: alguns passistas
possuem fluidos muito característicos e, a depender da
sensibilidade do paciente, pode haver u m a aparente rea-
ção desagradável, normalmente resolvidos com simples
dispersivos;
Tipos de técnicas usadas: usar as técnicas impróprias
pode dificultar a boa assimilação dos fluidos, daí advindo
as reações desagradáveis.
Em todos os casos, é de se notar que o grau de sensi-
bilidade fluídica do paciente é determinante no registro
mais ou menos preciso e imediato dessas sensações.

E por que algumas pessoas só se sentem mal muito tempo
(horas) depois?
Exatamente por conta da (menor) sensibilidade fluí-
dica delas. E aí é que reside alguma possibilidade de
problemas com o passe. Quando o paciente é muito sen-
sível, costuma acusar, quase de imediato, qualquer mu-
dança, reação ou sensação estranha ocorrida pelo câmbio
fluídica, todavia, se ele for pouco sensível, os problemas
só serão registrados quando o quantum fluídico, ou parte
dele, já tiver sido somatizado. Para se prevenir desse
problema, duas providências são imprescindíveis: muita
fé e oração por parte do paciente e estudo, prática e
conhecimento por parte do passista.
Recomendações
simplificadas para
o paciente



omo são muito comuns as dúvidas e perguntas acerca
do comportamento do paciente em relação ao passe,
vamos enumerá-las na feição de "dicas", aditando alguns
comentários (inseridos após o travessão). A base das dicas
que serão apresentadas foram publicadas pelo boletim Geak
Press, de Natal/RN, nas seguintes edições: Ano I, nº 1, set-
a
out/94; eAno II, n 09, jan-fev/96.
1. Avalie suas reais necessidades; não "pense" se precisa
ou não; analise-se, conheça-se e decida-se consciente-
mente. -- É comum as Casas Espíritas dizerem que "só
deve tomar ou receber passes quem está necessitado",
mas raramente explicitam que necessidades são essas. Se
você tiver problemas físicos, emocionais, perturbações
fluídicas e/ou espirituais é conveniente receber passes
ou então fazer u m a consulta espiritual para saber que
comportamento tomar. Se para tudo você acha que tem
necessidade de tomar passes é porque já está se incluindo
na condição de "dependente de passes" ou, como se diz
vulgarmente, virando um "papa-passes". E isso não é bom
nem produtivo. O passe é sempre um reforço e não o
esforço em si mesmo.
2. Pense bem no bem; u m a boa mentalização ajuda
muito na recepção e na permanência dos bons fluidos
recebidos. -- O bem precisa fazer parte de nossas co-
gitações permanentes. Se somos o que pensamos, quanto
mais pensamos e agimos no bem mais nos tornamos
melhores e, por conseqüência, mais saudáveis, em todos
os sentidos. Ademais, a mentalização é um "esforço
curador" de primeira linha. Quem mentaliza com equilí-
brio e firmeza, lastreado nos propósitos e ideais do bem,
constrói edificações de saúde para a eternidade.
3. Vícios devem ser abolidos ou controlados: da ali-
mentação, do fumo, dos alcoólicos, dos tóxicos, da auto-
medicação; em corpo vicioso o benefício tem maior difi-
culdade de fazer efeito. -- No dia do passe, alimente-se
mais natural e frugalmente. Beba bastante líquido (água
ou sucos naturais) e evite comidas pesadas (carnes, choco-
lates, gorduras e componentes artificias). Se está difícil
superar um vício, pelo menos controle-o, reduza seu
consumo e vá dominando-o paulatinamente. Só quem
se determina a se superar chega a vencedor.
4. Antes do passe, participe de uma evangelização
(palestra evangélico-doutrinária) ou leia e reflita sobre
u m a mensagem instrutiva. -- Não creia que a reflexão
evangélica ou acerca de uma mensagem de vida e reforma
í n t i m a seja apenas meios de catequização ou meros
adornos para a cura; essa atitude de meditação e reflexão
é fundamental para a verdadeira superação das mazelas
para as quais buscamos a cura, pois nessas horas, elevamos
nosso "astral" e sintonizamos freqüências mais harmô-
nicas de saúde e paz, além de descobrirmos potenciais
de superação que não imaginávamos possuir. Deus es-
creve certo por linhas certas, nós somos os que, por
opção, andamos nas linhas equivocadas.
5. Evite conversas ou distrações mentais nos mo-
mentos que antecedem ao passe; concentrar-se no bem
que irá receber é começar a recebê-lo antecipadamente.
-- O respeito que recebemos dos outros é o respeito
que desenvolvemos por nós mesmos. Se estamos prestes
a receber um benefício, nada melhor do que nos dis-
pormos a esse recebimento respeitosamente, aguardando-
o com confiança e serenidade. Vejamos um exemplo pa-
ralelo: quando nos arrumamos para ir ao encontro de
uma pessoa muito querida, desde o momento em que
decidimos nos preparar para o encontro já começamos
a sentir e a viver as blandícias do encontro que ainda irá
se dar. Semelhante acontece quando vamos em busca de
algo superior; se vamos ao seu encontro com firmeza e
respeito, desde então já começamos a sentir os bene-
fícios diretos do encontro.
6. Na cabine, fique orando; converse mentalmente
com Jesus ou algum Amigo Espiritual: peça, mas agra-
deça também. -- Se bem que a curiosidade tenha seus
motivos, a razão de nossa presença na cabine de passes é
a busca de u m a ajuda, de u m a cura, de um benefício,
portanto, o espaço para a curiosidade ou o desvio de
atenção deve ser severamente reduzido, sob pena de per-
dermos o essencial. E como ali estamos buscando um
contato direto com Jesus e seus Emissários, nada melhor
do que nos sintonizarmos com Eles desde os primeiros
momentos. Contemos com Eles, mas também narremos
a Eles nossos problemas e o que temos feito e o que
estamos dispostos a fazer para superá-los. Peçamos sua
ajuda, contemos com ela e agradeçamos, pois até por
educação o agradecimento seria indispensável.
7. A postura física importa na boa circulação fluídica:
evite pernas e braços cruzados e contrações musculares.
-- Quando cruzamos as pernas, os braços ou contraímos
os músculos, a compressão prejudica o fluxo sangüíneo
e dificulta o tráfego de impulsos nervosos. Tanto é ver-
dade que, após um interrompimento de fluxo sangüíneo,
quando o restabelecemos, acontece uma espécie de "curto
circuito" nos impulsos elétricos dos nervos, daí a sensação
de formigamento. Ora, como os fluidos, quando soma-
tizados, atingem nossa intimidade orgânica através do
sistema nervoso e da corrente sangüínea, essas contrações
tendem a dificultar o alcance dos benefícios do passe.
Portanto, a postura ideal é sentar-se, deitar-se ou mesmo
ficar de pé, de maneira cômoda e relaxada, sem contra-
ções ou tensões.
8. Após o passe, mantenha o benefício assimilado; a
harmonia interior deve ser refletida por nossos atos e
pensamentos. -- Além do que o passista realizou e do
que os Espíritos fizeram, como pacientes temos nossa
parte no processo, inclusive no prosseguimento após os
passes. O clima de fé, gratidão e louvor a Deus deve
estar expresso em nossos pensamentos e atitudes. Evite
aborrecimentos ou tensões após os passes para que o
benefício tenha tempo e oportunidade de estabelecer-se
mais profundamente.
9. Sentindo algum mal-estar após o passe, solicite
ajuda ao pessoal de apoio; enquanto a ajuda é providen-
ciada, fique em oração, mantenha a respiração normal,
tenha os olhos abertos e evite concentrar-se. -- Se tiver
vontade de chorar, chore, mas evite o choro convulsivo.
Outras sensações como dar gargalhadas, gritar, jogar-se
ao chão, dizer palavras impróprias devem ser controladas
para que não se dê vazão à intervenção de Espíritos In-
feriores.
10. Se tiver sido recomendado, tome os passes como
e quando indicados; o tratamento fluídico requer as-
siduidade e perseverança. -- Sabedores que somos de
que a fluidificação de um passe normalmente não dura
mais do que u m a semana, faltar ao tratamento significa
dizer interrompê-lo, assumindo, então, suas conseqüên-
cias indesejáveis. Assim, programe-se direito para cum-
prir toda a programação do tratamento, sob pena de
perder a maioria dos benefícios que poderia ser auferida.
Se o tratamento por passes envolver a ação sabida-
mente espiritual, também importa considerar:
1. Inicie seu tratamento espiritual consciente da res-
ponsabilidade do esforço próprio; é sempre melhor
ajudado aquele que se auto-ajuda. -- Por mais que a
Casa Espírita, os passistas e a Espiritualidade intercedam
em nosso favor, nossa participação consciente é positiva-
mente importante.
2. Tratamento espiritual para surtir efeito prolongado
requer perseverança, assiduidade e pontualidade nos
atendimentos e observação às recomendações indicadas.
-- Para o tratamento ser mais efetivo, efetivemo-lo se-
guindo-lhe as orientações. Afinal, quem busca o trata-
mento está querendo ser beneficiado; portanto, nada
melhor a fazer do que seguir-lhe as regras.
3. O tratamento espiritual não conflita nem exime o
paciente dos medicamentos passados por profissionais
da saúde. -- Se alguém lhe recomendar que suspenda
esse ou aquele medicamento, antes consulte q u e m o
receitou e explique o que se está passando. Não aceite
indicações de qualquer pessoa nem se deixe levar pela apa-
rente "economia", que poderá custar mais caro adiante.
4. Tratamentos espirituais que promovem curas ins-
tantâneas merecem atenção redobrada; a Natureza não
dá saltos nem se contraria a si mesma. -- Quando fica-
mos bons rapidamente temos u m a tendência natural a
diminuirmos o valor da cura. Assim, torna-se comum
"esquecermos" o resguardo, os cuidados e as recomen-
dações, tudo contribuindo para u m a recidiva ou mesmo
o surgimento de mal-estares súbitos e aparentemente
inexplicáveis. Daí, quando recuperar-se muito rapida-
mente, lembre-se de que maior cuidado é devido, assim
como mais gratidão a Deus.
5. O tratamento espiritual não dispensa os cuidados
de repouso, dieta e comportamento físico e mental equi-
librado. -- A i n d a quando os atendimentos são sutis, suas
repercussões são profundas, pelo que não podemos nos
descuidar após os atendimentos. Policiar a mente é tão
importante como atinar para os cuidados com o corpo
no sentido de preservar os benefícios alcançados.
6. Ter fé no tratamento é elemento de relevante des-
taque; embora alguns se curem sem fé, ela sempre pos-
sibilita resultados mais consistentes e prolongados. --
Fica muito difícil conseguirmos movimentar fluidos em
nosso favor se não acreditarmos em sua ação. Já está mais
do que provado que a intencionalidade é força motriz
que gera amplitudes e abrangências maiores nos cam-
pos fluídicos. E nada é tão intencional como a fé em
ação.
7. Tratamento espiritual espírita não solicita ritual
nem posturas ou vestimentas ritualísticas; o bom-senso
recomenda, entretanto, cuidados com as higienes física
e psíquica. -- V i s t a - s e com equilíbrio e bom-senso, dis-
pensando exageros ou demonstrações de superficialida-
de. De preferência, compareça para os atendimentos
asseado e compenetrado de que o mundo é um espelho,
refletindo exatamente aquilo que projetamos. Se que-
remos ser bem atendidos, demonstremos equilíbrio e
simpatia, em vez de ficarmos apenas cobrando essas ati-
tudes nos outros. A paciência, a oração e a perseverança
são os melhores "rituais" que podemos desenvolver nos
tratamentos espirituais.
8. Buscar tratamento espiritual sem real necessidade
é ocupar o lugar de outrem mais necessitado; quem gasta
oportunidades desnecessariamente compromete-se mo-
ralmente. -- Não tome passes por outros. Se alguém
precisa ser atendido e não pode comparecer, enquanto
se beneficia com o passe ore por ela e envolva-a com
suas melhores vibrações de amor e paz e ela será bene-
ficiada.
9. O tratamento espiritual não resolve problemas de
ordem e de responsabilidade pessoal; lembre-se que
transferir responsabilidades não significa ter os problemas
resolvidos. -- Há quem queira, por exemplo, deixar de
fumar e quer que os passes resolvam esse problema, sem
contudo dedicar o mínimo esforço que seja para a vitória
sobre o vício. Há aqueles que querem ver seus filhos
educados e bem comportados, e no lugar de dar-lhes a
educação devida, tentam transferir aos passes essa res-
ponsabilidade. Há propostas em todos sentidos, tal como
querer passar no vestibular, arranjar um emprego, en-
contrar a "alma gêmea", ganhar na loteria e assim por
diante. Mas isso sem fazerem esforços para realizar as
expectativas. Desnecessário dizer que os passes não re-
solverão questões desse jaez. Para tudo é solicitada a arte
da determinação e do esforço de realização.
10. Tratamento espiritual não é remédio fabricado;
para fazer efeito, deve ser bem ministrado (por quem
sabe), bem recebido e bem seguido. Recebe melhor quem
pensa no bem e se esforça por praticá-lo. -- Embora os
médiuns, passistas e magnetizadores sejam, via de regra,
pessoas abnegadas, que agem movidas por sentimentos
nobres e envolvidas nos melhores propósitos, não são
elas detentoras de poderes milagrosos. Apenas veiculam,
ejetam e dispõem fluidos mais ou menos sutis que, de
acordo com o merecimento e a maneira como serão
absorvidos e estabilizados pelos pacientes, propiciarão
curas mais ou menos profundas.
Recomendações
gerais para a
Casa Espírita
passar ao paciente




ara se imprimir um folheto bastante detalhado, ex-
plicando ao paciente o funcionamento do atendi-
mento que é prestado nos passes, tendo-se por base um
atendimento magnético, sugiro, dentro da realidade de
cada Casa Espírita, u m a adaptação âo documento que
usamos no GEAK (Grupo Espírita Allan Kardec) de Na-
tal/RN, intitulado Cuidados que o paciente deve tomar.
"Sem recolhimento e respeito na receptividade, não
conseguimos fixar os recursos imponderáveis que funcio-
nam em nosso favor, porque o escárnio e a dureza de
coração podem ser comparados a espessas camadas de
gelo sobre o templo da alma" (Aulus: Espírito, por Chico
Xavier. Serviço de passes. In: Nos domínios da mediuni-
dade. cap. 17, FEB)
1 . No dia m a r c a d o p a r a o
a t e n d i m e n t o

1. Alimente-se moderadamente, evitando alimentação
ção pesada e/ou tóxica, principalmente nas duas últi-
mas refeições antes do passe.
2. Se você tiver vícios, reduza-os ao máximo ou suspen-
da-os, pelo menos durante todo o tratamento.
3. Modere reações de irritabilidade e rancor, evitando
aborrecimentos e descontroles emocionais.
4. Substitua conversas fúteis por papos edificantes, boas
leituras, pensamentos positivos, orações e meditação.
5. Evite grandes dispêndios de energias físicas e mentais.
6. Estando muito debilitado (a), faça-se acompanhar de
pessoa que possa trazê-lo(a) e levá-lo (a) de volta.



2. C h e g a n d o p a r a o
a t e n d i m e n t o

1. Chegue pelo menos 30 minutos antes do horário de
início do atendimento. Além da ordem de chegada,
existe limite máximo para atendimento. Após o iní-
cio dos atendimentos não haverá mais inscrição para
passe magnético; apenas espiritual.
2. Informe-se na recepção onde e como inscrever-se pa-
ra o atendimento e siga suas orientações.
3. Acompanhe atentamente os comentários evangélico
doutrinários, evitando conversas paralelas. Quando
convidado (a), vá à sala das entrevistas. Fora desses
momentos, mantenha-se sempre em prece e refle-
tindo sobre o Evangelho.
4. Entregue sua água para fluidificar à recepção, na che-
gada. Identifique seu(s) vasilhame(s). Não precisa(m)
estar aberto (s) nem a temperatura da água importará
na sua fluidificação. A água deve ser potável e limpa,
tanto quanto o vasilhame. Não havendo recomen-
dação específica, essa água deverá ser bebida ao longo
da semana, de preferência pela manhã, em jejum,
logo após a oração matinal, um pouco por dia. Guar-
de-a em geladeira ou local fresco, de preferência tam-
pada, a fim de evitar poeira e insetos.
5. Na inscrição, receba um "ticket" numerado ou algum
outro mecanismo de controle. Tendo o ticket, entre-
gue-o à entrada da cabine de passe e/ou entrevista.
6. Caso nalgum momento você não passe bem, procu-
re o entrevistador ou a recepção. Exponha sua situa-
ção. Enquanto aguarda as providências, respire nor-
malmente, fique de olhos abertos e evite concentrar-
se.
7. Em nenhum momento ou local fique conversando
ou transitando desnecessariamente.



3 . N a c a b i n e d e passes

1. De preferência, os passes são aplicados com o (a) pa-
ciente deitado (a) na maca. Caso você não possa ou
não queira ficar deitado(a), fique sentado(a) ou em
pé. Outros inconvenientes, informe à entrada da ca-
bina.
2. Nunca tire as roupas. É desnecessário tirar sapatos.
Não precisa trajar roupas especiais, mas a higiene da
alma (reforma moral e oração), do corpo (um bom
banho) e das vestimentas (roupas limpas) são medi-
das de alto valor.
3. Acomode-se à maca (ou cadeira), relaxe, mantenha-
se orando e, para facilitar a concentração, feche os
olhos, respirando pausada e tranqüilamente.
4. Não cruze pernas nem braços e evite tensões e contra-
ções musculares para facilitar a circulação sangüínea
e o melhor benefício dos fluidos.
5. Se acompanhado (a), o acompanhante pode entrar na
cabine, ali permanecendo em atitude de recolhi-
mento e oração, ajudando mentalmente ao acom-
panhado. Se for criança de colo, o acompanhante
poderá retê-la ao colo.
6. Ao final do passe, tome um copo com água fluidifi-
ficada, bebendo-a com fé e tranqüilidade.



4 . A o sair d a cabine

1. Sentindo alguma tontura ou mal-estar, sente-se um
pouco, relaxe, respire com tranqüilidade e ore a Jesus.
Se após alguns minutos não melhorar, peça orienta-
ção na recepção e siga as orientações dadas.
2. Retorne à entrevista para dizer como se sentiu na ca-
bine durante o passe. Informe todos os detalhes pos-
síveis, mesmo aqueles costumeiramente classificados
de insignificantes ou como "frutos da imaginação".
3. Se tiver trazido água para fluidificar, retire ou solicite
seu(s) vasilhame(s).
4. Após a segunda entrevista, você poderá continuar
assistindo à reunião doutrinária; os comentários acer-
ca do Evangelho são sempre muito proveitosos.
5. Ao chegar em casa, evite qualquer tipo de excesso,
procurando dormir com tranqüilidade e relaxada-
mente. Abstenha-se dos vícios e excessos após os pas-
ses, inclusive os mentais.



5. Dos registros e observações
(se h o u v e r esse c o n t r o l e )

1. Quando do registro (primeira entrevista) e dos retor-
nos, preste todas as informações possíveis.
2. As sensações percebidas após o início ou durante o
tratamento (tais como cheiro de remédios, éter, flo-
res, terra molhada e outros ou como a sensação de
alguém apalpando a região doente, u m a massagem,
um forte calor ou frio, sensações de afastamento,
acompanhamento e outras) deverão ser informadas
a cada entrevista.
3. Tendo registrado essas sensações, observar se no dia
seguinte se ainda as está sentindo, principalmente
aquelas como se tivesse sido cirurgiado, massageado,
etc. Isso evidencia que o tratamento magnético está
fazendo efeito.
4. Todas as recomendações devem ser mantidas por to-
dos os dias até, pelo menos, a próxima semana. Assim,
evite alimentos "carregados", hiperácidos, ricos em
carnes, gorduras e frituras; alimente-se de produtos
o mais naturais possível.
5. Estando em tratamento médico, se possível, forneça
cópia(s) ou dados do(s) exame(s) que seu(s) médi-
co(s) tenha(m) requerido, tanto de antes do trata-
mento, bem como posteriores.
6. O b s e r v a ç õ e s gerais

1. Aparecendo sensação de tontura ou enjôo, após o
atendimento, isso em si não é sinal negativo. Tome
as providências recomendadas (provavelmente você
será indicado para retornar à cabine), ore a Jesus,
agradeça as bênçãos que Ele sempre nos concede e
repouse até o dia seguinte. Quando despertar, estará
harmonizado (a).
2. U m a melhora súbita nem sempre significa término
do tratamento. Se o organismo reagiu positivamente
à primeira ação, não quer dizer que esteja dispensa-
do (a) de reforços para a manutenção do estado sau-
dável repentinamente adquirido.
3. Se, durante o tratamento, não registrar nenhuma sen-
sação, isso não significa que não esteja havendo te-
rapia. Portanto, após o passe não tente repor a ali-
mentação leve que foi feita durante o dia com u m a
sobrecarga desnecessária e prejudicial; o ideal é,
sentindo necessidade, fazer apenas u m a rápida ceia,
do tipo: u m a sopa leve ou um chá com poucas tor-
radas, um suco natural ou um copo de leite (de pre-
ferência desnatado ou então um iogurte).
4. O tratamento não tem número de passes definido
previamente, mesmo quando o receituário o sugira.
Enquanto não for informado (a) da alta, o tratamento
dever ser continuado.
5. Nenhuma cura é total se não nos curamos mental e
moralmente. Para isso, reuniões de estudo e comen-
tário do Evangelho são inestimáveis. Recomendamos
aos pacientes participarem de reuniões de estudo sis-
tematizado da Doutrina Espírita e de explanação do
Evangelho. Na nossa instituição, essas reuniões ocor-
rem nos seguintes dias e horários (especificá-los). É
muito importante também o estudo do Evangelho
no Lar junto aos familiares.
6. Todo tratamento fluídico, inclusive aqueles a distân-
cia, requer sintonia equilibrada do paciente com os
trabalhos levados a efeito. Conduza-se com fé e aja
consoante aos princípios de responsabilidade que lhes
tocam, pois na Natureza não existe espaço para "mi-
lagres"; as bênçãos que recebemos nos são concedidas
por nossa fé e merecimento.
7. Estando fazendo uso de medicamentos controlados,
informe, quando do registro, os nomes, o período
que faz uso e suas reações.
8. Não aceite sugestões não-médicas quanto à suspensão
de quaisquer medicamentos por eles passados. A
fluidoterapia não compromete nem se compromete
com o uso de medicamentos, podendo até favorecer
a sua melhor absorção. Contudo, é sempre bom lem-
brar a recomendação de "abster-se do uso exagerado
de medicamentos capazes de intoxicar a vida orgâ-
nica", pois "para o serviço da cura, todo medicamen-
to exige dosagem". (André Luiz: Espírito, por Chico
Xavier no livro Conduta Espírita).
9. A título de reforço, é imprescindível seja observado
um certo regime e cuidados especiais com o organis-
mo, pelo menos 24 horas antes e 24 horas após o
passe.
10. Lembremos que Jesus nos recomendou a vigilância
e a oração, deixando claro que nossa atitude não deve
ser passiva, a fim de não cairmos em tentação.
11. O tratamento magnético não dispensa a necessidade
de melhoras em nossa conduta pessoal nem as res-
ponsabilidades perante nosso corpo e nossa mente,
assim como ele não é dispositivo único para trata-
mentos desobsessivos (influências espirituais nega-
tivas).
12. Caso ainda não conheça a Doutrina Espírita e dese-
ja fazê-lo, tenha O Evangelho Segundo o Espiritismo
como sua obra de cabeceira e outras de mensagens
ou romances espíritas. O estudo de O Livro dos Es-
píritos e das demais obras que compõem o Pentateuco
Kardequiano (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Mé-
diuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, A Gênese
e O Céu e o Inferno), entretanto, é insubstituível.
13. Se você viajar ou for internado em hospital durante
o tratamento, providencie a transferência de seu no-
me para o atendimento "a distância". Informe e se
informe com os responsáveis sobre como proceder.
14. A interrupção do tratamento por três vezes seguidas,
sem que tenha sido acionado o tratamento a distân-
cia, cancela o atendimento, assim como a repetida
ausência sem justificativas.
Dúvidas
do p a s s i s t a
durante o passe



omo saber se o passe a ser aplicado no paciente deve ser
magnético ou espiritual? ,
Normalmente, o passista atento a si mesmo e co-
nhecedor de suas potencialidades magnéticas sabe re-
conhecer quando suas usinas entram em processamento
e quando os "canais" são utilizados pela Espiritualidade
para fazer passar seus fluidos em direção ao paciente.
Para estes, é simples, pois o próprio magnetismo o "avisa".
Daí chamarmos tanto a atenção dos passistas para o es-
tudo e a acuidade no sentido de se reconhecerem.
Além das possibilidades decorrentes desse autoco-
nhecimento, podemos concluir sobre que passes aplicar
mantendo-nos em profunda oração e atitude de muita
fé e confiança em Deus, nos nossos próprios esforços e
potenciais e plenos de amor pelo paciente. Dessa forma,
a ação magnética, seja humana, seja espiritual, mani-
festar-se-á com muita evidência, bastando que estejamos
atentos ao que nos ocorre. Se sentirmos nossas usinas se
movimentando, gerando fluidos, é sinal de que parte
significativa de magnetismo humano estará sendo vei-
culada; se, ao contrário, apenas sentimos suaves e agra-
dáveis sensações no alto da cabeça ou na nuca e depois
essas mesmas sensações saírem percorrendo nossos braços
e mãos em direção ao paciente, enquanto em nosso mun-
do íntimo fica a sensação de estarmos sendo atravessados
por uma energia sutil, refinada e extremamente agradável,
é muito provável que aí estejamos sendo os canais dos
Espíritos, veiculando fluidos espirituais.
Por fim, aconselho que se exercite e se assimile as técni-
cas de tato-magnético, as quais são preciosas para indicar
que tipo de passe devemos ou estaremos aplicando.

Como aplicar um passe em uma criança no colo de um
adulto e depois no adulto?
Primeiro, aplica-se o passe na criança, envolvendo-a
com fluidos bastante sutis e evitando qualquer concen-
tração fluídica mais intensa. No início e ao final, fazer
muitos dispersivos sobre ela, mesmo se os passes forem
espirituais -- com isso evitamos as possibilidades de con-
gestionamento tão comuns em crianças.
Quando formos aplicar os passes no adulto, tomar
cuidado para evitar de aplicar as mãos sobre a criança, já
que, em havendo aí fluidos magnéticos, estes serão muito
densos para aquela. Se for o caso de se fazer um trata-
mento magnético no adulto, o ideal será pedir-lhe que
entregue a criança a uma outra pessoa e que ele tome
seu passe sozinho.




E no caso de o adulto ser uma gestante?
Os cuidados são os mesmos e, exceto no caso de tra-
tamento envolvendo
diretamente o ser reen-
carnante no ventre ma-
terno, ou a i n d a se a
mãe estiver sendo tra-
tada nos centros gástri-
co, esplénico e/ou ge-
nésico, deve ser evita-
do concentrados fluí-
dicos naquela região.
Havendo necessidade
de tratamento localiza-
do, executar dispersi-
vos com bastante eficiência, tanto calmantes como ativantes.

Poderia o passista, aproveitando o momento do passe,
dar receita ao paciente?
Considerando-se a prática regular na Casa Espírita,
não convém. Para tanto, a Casa Espírita deve ter um
setor próprio para o "receituário mediúnico", local e
oportunidade em que serão transmitidas as orientações
advindas do M u n d o Espiritual. Outra indicação é o
"diálogo fraterno", muito comum na maioria das Casas
Espíritas. Em princípio, apesar de soar redundante, hora
do passe é hora do passe e não de receituário, diálogo ou
manifestação mediúnica.
Ampliando a abordagem, consideremos o caso de pas-
ses em lugares que não sejam o recinto espírita ou reali-
zados em caráter excepcional. É muito comum que, após
os passes, sejam oferecidas recomendações ao paciente,
a fim de que o tratamento tenha melhor proveito e que
o atendido possa se integrar não apenas fluidicamente,
mas sobretudo no tocante às reformas íntimas que o auxi-
liarão definitivamente. Nesses casos, que dentre as reco-
mendações passadas sejam evitadas derivações como ma-
nifestações ou indicações incompatíveis com a prática
espírita.


No caso da Casa Espírita, como orientar o paciente?
De preferência, coletivamente, nas reuniões públicas.
Ali devem ser prestados, constantemente, avisos sobre
como melhor receber o passe para que todos os pacientes
saibam como se conduzir na cabine de passes.
Outra solução prática é a Casa preparar folhetos ex-
plicativos e distribuí-los junto aos seus freqüentadores,
principalmente àqueles que estão em tratamento fluídico
ou vindo à Casa pela vez primeira. (Veja modelo sugerido
no capítulo "Recomendações gerais para a Casa Espírita
passar ao paciente").

Deve o passista, em suas orações na hora do passe, ficar
balbuciando preces ou emitindo palavras para harmonizar
o paciente?
A oração na hora do passe deve ser proferida preferen-
cialmente em silêncio, de forma mental. O direciona-
mento para que o paciente se harmonize deve ser feito
antes dos passes propriamente ditos. Várias Casas costu-
m a m contar com um dirigente de cabine de passes, o
qual profere uma prece em voz alta.

O que fazer quando o paciente não sabe como ficar com
as mãos, ou se tira os sapatos, os óculos, ou se senta, fica em
pé, olhos abertos ou fechados, pernas ou braços cruzadas, etc. ?
Esses são alguns dos casos para os quais a Casa Espírita
deve prover lúcido esclarecimento ao público em geral
e, inclusive, aos próprios passistas. Em não havendo esse
esclarecimento, o passista pode, com discrição e de forma
direta, indicar aos pacientes a melhor maneira de se
conduzirem na cabine. (Veja as principais questões a
respeito no capítulo "Dúvidas do paciente").

Têm pacientes que sentem dificuldade de se "concen-
trar" na hora do passe. Nesses casos, não é de boa pedida
que o passista aplique o passe induzindo o paciente à ora-
ção, falando e sugerindo idéias para reflexão?
Analisando a questão como um todo, quando damos
ao passista, na hora do passe, mais esta função, de certa
forma estamos "acomodando" o paciente ante a necessi-
dade de ele desenvolver um melhor comportamento na
hora da recepção do benefício e, por outro lado, oneran-
do o passista com mais preocupações. Se bem que uma
oração verbalizada ou mesmo uma indicação de proce-
dimentos e comportamentos possa estar perfeitamente
adaptada ao proceder natural do passista, acredito seja
preferível evitar essa prática.

O passista deve ficar de olhos abertos ou fechados?
A postura ideal é de olhos semicerrados. Na verdade,
a maioria dos passistas, quando aplicando passes, fica
5
n u m a espécie de semitranse , dentro do qual costuma




5
Defino como semitranse aquele estado em que a pessoa não se encontra
em transe profundo, e sim um pouco aquém daquilo que está convencio-
nado como transe superficial.
perder um pouco dos sentidos espaciais e temporais. Daí
vermos tantos passistas pendulando ou girando em torno
de si mesmos e, quando terminam os passes, não sabem
o que aconteceu, pois se encontram n u m a posição física
estranha em relação ao paciente -- ora inclinados, ora
afastados em demasia, ora perto demais. Vemos também
passistas abismados com o tempo gasto no passe: quase
sempre o tempo real é diferente do tempo percebido.
Em geral, com os olhos semicerrados ou abrindo-os de
quando em vez, eliminamos ou atenuamos muito desses
"inconvenientes". Por outro lado, ficar com os olhos to-
talmente abertos pode gerar incômodos no paciente,
além de, para um bom número dos passistas, dificultar
a concentração.
Um outro fator pode ser levado em conta. Sabemos
hoje que a glândula pineal interfere, por meio das subs-
tâncias químicas que produz, em vários setores do com-
portamento humano, especialmente aqueles afetados
pela melatonina -- substância que se faz repercutir na
reprodução dos mamíferos, na caracterização dos órgãos
sexuais externos e na pigmentação da pele, além de guar-
dar relação direta com doenças neurológicas que provo-
cam epilepsia, insónia, depressão e distúrbios de movi-
mento. Ora, está praticamente demonstrado que a luz,
atingindo a retina, interfere na função da pineal e, de
certa forma, parece inibir o funcionamento harmônico
das energias vitais nas funções mediúnicas e anímicas
do ser. Como o alcance da pineal se dá pela retina, signi-
fica dizer que o simples fechar olhos já atenuaria grande-
mente o inconveniente da luz ambiente. Talvez aí esteja
mais uma razão para que os olhos não fiquem plenamente
abertos.
Quando o paciente incorpora na hora do passe, o que
devemos fazer?
Sendo a cabine de passes um local destinado ao aten-
dimento pelos passes e não pela desobsessão, devemos
evitar essas manifestações. Entretanto, existem casos e
casos. Quando o paciente começar a exibir sinais de en-
volvimentos espirituais que possam redundar em mani-
festações mais exuberantes ou descontroladas, passemos
a aplicar passes dispersivos, com bastante vigor, especial-
mente sobre os centros coronário (alto da cabeça), fron-
tal (na altura dos olhos) e umeral (na nuca). Ao mesmo
tempo, chame o paciente para não ceder ao envolvimen-
to, pedindo-lhe que mantenha os olhos abertos e a respi-
ração o mais natural possível.
Se, apesar dos cuidados, ainda assim acontecer a
incorporação, então atenda-se ao paciente e ao manifes-
tante, de forma clara, objetiva e breve. Magneticamente,
deveremos estar em atitude de dispersão fluídica o tempo
todo e, quando terminar a incorporação, fazer bastante
dispersivos no paciente, a fim de que ele não guarde se-
qüelas nem sensações desconfortáveis do fenômeno.
Se o fenômeno acontecer n u m a cabine coletiva, um
passista fica atendendo ao paciente incorporado, apli-
cando-lhe dispersivos, enquanto os demais atendem aos
outros pacientes. Tão logo esses pacientes são atendidos,
indica-se-lhes a saída da sala e fica-se apenas com o pa-
ciente em incorporação, prestando-se-lhe, então, o aten-
dimento, conforme dito acima.

É necessário roupa ou fardamento especial para a apli-
cação do passe?
Embora algumas Casas costumem impor ou reco-
mendar que seus passistas usem determinados trajes ou
paramentos, o passe em si dispensa esse tipo de recurso.
Primeiro para evitar que caiamos no terreno dos rituais
ou na falsa imagem do "guru curador". Depois, porque
não é o tipo ou a cor da roupa que influenciará na gera-
ção, emissão ou captação dos fluidos. O ideal é que o
passista vista-se respeitosa e confortavelmente, dentro
dos critérios de higiene, conveniência e bom senso. Use
roupas limpas e evite exageros, pois a cabine de passes
não é lugar de desfiles de moda nem ambiente para
exposição de sensualidade.
Paralelamente, costuma-se apontar a necessidade de
cobrir o busto ou as pernas de alguns pacientes mais ex-
travagantes, com o fito de não "atiçar" ou "excitar" os
passistas. Cá para nós, esse não deve ser o argumento
real. Passista que se excita ante um decote mais amplo
ou umas pernas mais à mostra está dizendo que precisa,
ele sim, fazer um tratamento, seja psicológico, desobses-
sivo ou ambos, pois quem está com a mente voltada à
doação de amor, à oração e ao bem real não cede espaço
físico nem mental para desvios de ordem sexual. No caso,
como já disse alhures, os pacientes precisam ser convida-
dos a refletir sobre suas posturas e comportamentos, a
fim de evitarem os constrangimentos peculiares aos que
se conduzem à feição de peixes fora d'água.

Há quem prefira aplicar passes descalços. Tem funda-
mento?
Já houve quem assegurasse que os pés diretamente
no chão ajudavam a descarregar os fluidos "pesados" ou
deletérios; outros afiançavam que, fazendo "terra" com
os pés, isso atrairia as energias do centro da Terra, au-
mentando os potenciais fluídicos; por fim, ainda apare-
ceu quem garantisse que os pés descalços simplesmente
melhoravam a circulação dos fluidos no passista, o qual,
assim mais harmonizado, produziria com mais eficiência.
A prática demonstrou que, fluidicamente, estavam equi-
vocados. Sendo o magnetismo gerado nas entranhas or-
gânicas por influência e gerência imediata dos centros
vitais, não será o tocar o chão com os pés descalços que
implicará modificações na qualidade ou quantidade dos
fluidos.
Por outro lado, ficar nas cabines com pés descalços
também foi recomendado por alguns com o intuito de
prevenir ruídos, o que também não faz sentido, pois os
ruídos, de certa forma, não interferem nos fluidos, a não
ser na pouca paciência, ou no sentido muito irritadiço,
de alguns passistas.
Por fim, tirar os sapatos para aplicar passes é mais
uma intromissão que redundaria em ritual dentro de
pouco tempo, pelo que deve ser, no mínimo, bem ava-
liada a recomendação. Tudo isso, é claro, ressalvado o
caso em que pessoas estão descalças por falta mesmo de
calçados ou ainda considerando o efeito psicológico que
essa prática pode gerar no seu seguidor.
Deixo claro, entretanto, que ficar com os pés descalços
ou calçados em nada interferirá nos passes.

E a recomendação de o paciente tirar os sapatos?
Tão insustentável quanto a anterior. Permitindo-me
um pouco de ironia, tira-se sapatos quando, em ambien-
te íntimo, se quer relaxar, se vai deitar, descansar, quando
se vai ao banho ou quando os pés estão com os calos
apertados. Neste último caso, o ideal é trocar os sapatos
por outros mais folgados ou usar mecanismos próprios
para dilatá-los.
A rigor, deveríamos usar de todo empenho no sentido
de não constranger o paciente a qualquer procedimento
que não diga respeito direto com o tratamento. Não for-
çá-lo a ficar descalço, tanto quanto não impor-lhe pa-
drões de mera formalidade.

Pode o passista tocar ou não o paciente?
O Magnetismo diz que sim; Jesus diz que sim; Kardec
diz que sim. Apesar disso, a regra mais comum é o não.
Por que? Por vários motivos.
Magneticamente, já está mais do que evidenciado que
quase tudo o que se consegue com o toque se obtém
com igual ou melhor eficiência sem o toque direto no
corpo do paciente, apesar das exceções -- que são aquelas
em que a relação magnética dos campos fluídicos do
passista e do paciente se dá praticamente na epiderme
ou ainda naqueles casos que concentrados ativantes são
requeridos em maior intensidade.
Jesus usou o toque, mas a grande maioria dos seus
grandes feitos fluídicos foi por imposição de sua vontade
associada à fé do paciente, sem qualquer outro recurso
(por isso mesmo, abunda o número de curas de Jesus a
distância).
Kardec, quando estuda os M é d i u n s Curadores (O
Livro dos Médiuns, item 175), fala sobre o toque, deixan-
do entrever que a cura por seu simples intermédio não é
dos casos mais comuns.
Na realidade, apesar da grande valia do toque, nor-
malmente ele gera inconvenientes e pode ensejar que
não se trata de solução pelo passe em si, mas de sugestão
pelo toque. Além disso, quando paciente e passista estão
muito bem sintonizados para a permuta fluídica, o toque
físico chega a irritar, já que a zona onde o trânsito fluídico
se dá com mais eficiência e sem registros desagradáveis é
exatamente nos pontos áuricos, onde ambos entram em
relação magnética (zonas onde as auras fluídicas do
passista e do paciente melhor se combinam).
Um outro fator é que o toque físico solicita uma certa
intimidade, nem sempre possível e permissível na cabine
de passes. Fica mais complicado ainda quando a cabine de
passes é muito escura e os passista e paciente são de sexos
opostos ou o paciente está muito tenso na cabine, lite-
ralmente com medo. Nesses casos, o toque pode ensejar
sustos, receios ou anseios, pelo que convém evitá-lo, embora
não seja o toque, em si mesmo, um erro ou um pecado.

Não se deve tocar nunca, então?
Não gosto muito de "nunca", "tudo", "sempre"... Po-
de-se tocar o paciente sim, mas é preciso buscar e manter
todas as conveniências, a fim de evitar que o benefício
se perca por descuido ou precipitação de nossa parte.
Outrossim, quando terminamos de aplicar o passe e o
paciente está muito concentrado, podemos tocar-lhe no
ombro com educação e suavidade, informando-o do tér-
mino do passe (até porque alguns pacientes ficam em
semitranse, o que lhes dificulta a audição; tanto que é
comum chamarmos várias vezes o paciente e ele não
atender ao chamado, até que se lhe toque o ombro, a
mão, a cabeça...). O mais comum, todavia, em u m a
cabine de passes coletivos, é, ao término das aplicações,
o responsável dizer, em alta voz, algo como "Graças a
Deus!", "Os passes estão concluídos; sigamos com Jesus",
"Podem sair agora"...

Para despertar o paciente, podemos soprar-lhe os ouvidos?
Não só não aprovo nem concordo com a prática como
a condeno veementemente. E sou mais abrangente ainda:
os passistas e/ou magnetizadores que usam apertar ca-
beças, nucas, ombros, bater na testa ou em outras partes
do corpo do paciente, ou usar outros métodos que pos-
sam ser levados à conta de violentos e agressivos, preci-
sam urgentemente repensar suas práticas. Essas verda-
deiras agressões podem, inclusive, vir a serem apreciadas
pelo Código Penal, imputando aos seus praticantes pu-
nições rigorosas pela lei, tais como detenção e elevadas
idenizações por danos físicos e morais. O magnetismo,
e muito particularmente o passe espírita, literalmente
dispensam e repudiam essas "técnicas".
Se o paciente não quiser tomar passes com determinado
passista, devemos forçá-lo a aceitar?
O ato de forçar u m a aceitação, especialmente em se
tratando de permutas sutis, é, de certa forma, bloqueador
por ser constrangedor. O paciente deve ser orientado
previamente sobre como se conduzir e se comportar na
cabine de passes, não devendo ele se sentir como que
enjaulado, manobrado e/ou dominado, inteiramente
passível do juízo e da determinação alheia, como se nada
pudesse decidir de per si.
U m a Casa bem orientada e segura acerca da matéria
exporá aos seus freqüentadores os incômodos oriundos
das chamadas "antipatias fluídicas". Afinal, trabalhar com
pacientes esclarecidos será sempre mais produtivo do que
com pessoas cheias de dúvidas, receios e suspeições.
Se o que ocorre entre o paciente e o passista é uma
notória ou acusada problemática de mau relacionamento
entre ambos, que ambos sejam incentivados ao estudo
prático do Evangelho, mas não será boa medida a i m -
posição de um "dever" atuar e o outro "ter que" aceitar
os fluidos daquele. O bom-senso recomenda prudência
e equilíbrio nas decisões que envolvem questões e difi-
culdades pessoais. Não alimentemos malquerencia, tanto
quanto não forcemos situações que gerem ou possam
ensejar constrangimentos maiores.

No caso contrário: o passista não simpatiza com o pa-
ciente. Deve ele aplicar o passe, assim mesmo?
Embora pareça com o problema tratado na questão
anterior, aqui temos um outro enfoque a considerar. O
passista deve aprender, em sua formação, que a vivência
evangélica há de ser um esforço constante e que, na hora
da tarefa do passe, precisa estar completamente envolvido
com os propósitos a que se consagrou, procurando
superar as questões peculiares à própria inferioridade.
Conforme ensinou Jesus {Mateus, cap. 5, v. 23 e 2 4 ) ,
"Se quando fordes depor vossa oferenda no altar, vos
lembrardes de que o vosso irmão tem qualquer coisa
contra vós, deixai a vossa dádiva junto ao altar e ide,
antes, reconciliar-vos com o vosso irmão; depois, então,
voltai a oferecê-la". Sabemos nem sempre ser fácil resol-
ver nossas más-querenças de chofre, mas o magnetismo
nos permite usar alguns recursos técnicos para, mesmo
entre pessoas que se antipatizam, obtermos excelentes
resultados fluídicos. A propósito, leia com atenção as
questões da antipatia, simpatia e empatia fluídica.

Quando sinto que o paciente está "carregado", o problema
é dele ou meu?
Ninguém está "carregado" (êta expressão infeliz!). Al-
guns pacientes encontram-se desarmonizados, desestru-
turados ou descompensados, isso é verdade, mas o fato
de nos sentirmos mal perante certos pacientes não é
garantia de que eles estejam nessas condições. Pode acon-
tecer de u m a antipatia fluídica estar estabelecida e, a
partir daí, registrarmos as nuances desagradáveis. U m a
prece sentida e todo aquele conjunto de boas ações men-
tais direcionadas ao paciente, aliadas ao exercício do
"entrar em relação magnética" com o paciente, normal-
mente resolvem muito rapidamente o conflito. Doutras
vezes, pode sim estar havendo u m a congestão fluídica,
mas é bom que se conheça essa realidade em vez de fi-
carmos "condenando" o paciente com nosso "achismo"
e, com ele, criarmos dificuldades para um bom relaciona-
mento magnético. Por fim, se há problema a ser resolvi-
do, este é, em tese, do passista, que é quem está sendo
buscado como ajuda, como apoio, como "remédio".

Com base na sua experiência, o passista pode garantir a
cura do paciente?
Quem, em sã consciência, pode garantir algo que não
está integralmente em seu poder? A cura, como sabemos,
depende de muitos fatores, dos quais apenas uma parcela,
relativamente restrita, está afeita ao passista. Garantir a
cura de alguém é atitude irresponsável, que pode gerar
vários problemas e distúrbios, inclusive para o próprio
passista. O passista verdadeiramente experiente não se
compromete com aquilo que sabe não deter. Veja-se que
até Jesus, em suas curas, apresentava importante condi-
cionante: "a tua fé te curou".

Quando um passista quer deixar de sê-lo, como proceder?
Se o passista está bem caracterizado como passista
espiritual, ele não sofrerá seqüelas decorrente da parada
de usinagens fluídicas, todavia "perderá" grande parte
dos benefícios decorrentes do constante perpassar de
fluidos sutis e refazentes do M u n d o Espiritual que dele
se utilizava. E, diga-se de passagem, isso em si é um
prejuízo muito grande, pois não é fácil se abrir mão do
convívio refazente de tão grande bênção.
Agora, se o passista é magnetizador, onde suas usinas
estão cadenciadas (pela regularidade e periodicidade com
que aplica o magnetismo) na elaboração de fluidos para
exteriorização, surge o risco de congestão fluídica de sérias
proporções se não se tomar alguma providência no sen-
tido de aproveitar os fluidos usinados na espontaneidade
do organismo ou de quebrar aquele condicionamento.
C o m o fazer, então? Simples. Se o passista, por algum
motivo, quer deixar de sê-lo, deve ir, sessão a sessão, di-
minuindo a quantidade de passes aplicados e a quanti-
dade de fluidos doados. Por exemplo: se ele aplica 10
passes por sessão, nas próximas irá diminuindo um ou
dois por vez, até, n u m prazo de 30 a 60 dias, zerar as
aplicações. Isso faz quebrar o condicionamento das usina-
gens. Outra forma seria: deixar de ser passista e passar a
receber passes dispersivos, no mínimo na mesma regula-
ridade com que aplicava e, de preferência, nos mesmos
dias e horários. Isso porque as usinas trabalham dentro
de certa cronicidade e se elas tiverem "extraído" os flui-
dos que naturalmente foram usinados, estarão se livrando
das possibilidades de congestão.


Um passista com pouca ou baixa sensibilidade fluídica
dificulta na transmissão do passe? Será que ele pode doar
fluidos magnéticos, assim mesmo?
A baixa sensibilidade do passista pode dificultar sua
percepção no tato-magnético, mas não invalidará nem
inibirá sua doação. C o m o o magnetismo atende direta-
mente pela lei de afinidade fluídica, onde o campo, a
molécula, o setor, a área, enfim, o que for estiver carente,
atrairá os fluidos ou as providências para a própria re-
cuperação, mesmo os menos sensíveis perceberão uma
espécie de "direcionamento" fluídico a intuir-lhes ou
atrair-lhes os pólos emissores. Destaco com ênfase, entre-
tanto, que os passistas menos sensíveis devem ser mais
atentos ainda às necessidades do uso de dispersivos, es-
pecialmente nos finais dos passes, a fim de evitar os males
decorrentes das fluidificações mais intensas.
Você poderia dar umas dicas gerais para os passistas?
Vamos lá. Eis aqui 10 (dez) bem diretas:

1. Boa vontade é o primeiro passo; os outros estão na
oração, na fé, na determinação naquilo que faz, na
confiança nos Bons Espíritos, no equilíbrio interior,
no estudo dos temas relacionados, no exercício cons-
tante no bem, na observação criteriosa, no amor e
na ausência e realização de maus desejos. Lembre,
entretanto, ser indispensável você saber o porquê e
o para quê quer ser passista.
2. Procure vibrar pelo paciente todo o bem que você
gostaria de receber. Sem amor não há cura real.
3. Se você doa fluidos magnéticos humanos tem obri-
gação de conhecer as técnicas do magnetismo. Ope-
rar sem conhecimento de causa é expor-se, e expor
o paciente, a sérios riscos.
4. O passe dispersivo, como equilibrante e reordenador
dos fluidos e centros vitais, é fundamental para u m a
boa absorção fluídica pelo paciente e a manutenção
da harmonia fluídica do passista.
5. Na aplicação de passes espirituais o mais importante
são seus estados mental e espiritual equilibrados. Dis-
pense técnicas e vibre muito amor, fé e oração.
6. Os Espíritos são fundamentais nos passes, mas você
não deve ser u m a simples marionete em suas mãos.
Aprimore-se através do amor e da instrução.
7. Para os Espíritos transmitirem e manipularem seus
fluidos não precisa haver "incorporações". Basta você
incorporar a boa-vontade, o amor e conhecimento.
8. Fungados, sussurros e gesticulações exóticas e violen-
tas normalmente demonstram ignorância sobre me-
d i u n i d a d e e magnetismo. Educação m e d i ú n i c a ,
dentre outras coisas, exige educação.
9. Portanto doença contagiosa, fadiga fluídica, insufi-
ciência cardíaca, tomando medicamentos contro-
lados (tarja preta) e/ou vivendo problemas mentais
e espirituais, evite aplicar passes. Para ajudar nessas
condições, ore pelos pacientes e cuide-se, inclusive
como paciente de passes.
10. Tanto quanto o abuso alimentar, o estômago vazio
também é prejudicial a u m a boa emissão fluídica.
Tanto quanto os vícios (álcool, fumo, drogas, e t c ) ,
o abuso do sexo é incompatível com uma boa e efi-
ciente doação fluídica.

O que você tem a dizer sobre exercícios físicos e ginásticas
para os passistas?
Se a pergunta é se há exercícios específicos para pas-
sistas melhorarem seus potenciais magnéticos, a resposta
é: não conheço. M a s se o que se pretende saber é se
exercícios físicos e ginásticas ajudam ou atrapalham ao
passista, a resposta é: ajudam muito mais do que imagi-
namos. Falo de ginásticas e exercícios aeróbicos -- de
baixo impacto, onde se destacam a caminhada, a natação
e a hidroginástica --, de musculação -- de leve a mo-
derada -- e de alongamentos. Todos sabemos que um
corpo saudável e bem cuidado sempre guarda melhores
condições de usinagens mais primorosas e melhor quali-
ficadas.
Necessidades
do p a s s i s t a




m passista precisa receber passes?
C o m certeza. Quando ele estiver desarmonizado,
doente, sofrendo influências das quais não tem podido
ausentar-se por si só ou quando algum fator o determinar,
deverá recorrer ao passe, assim como um médico, ao
adoecer, procura outro facultativo.

É necessário receber passes todas as vezes que for aplicar
passes?
Não. O passe não deve ser simples obrigatoriedade,
um ritual, nem usado para atendimento à nossa acomo-
dação. Se o passista, n u m determinado dia ou momento,
não está se sentindo no melhor de suas condições, deve,
antes de iniciar suas tarefas, fazer u m a meditação, u m a
oração, u m a boa leitura ou participar de uma evange-
lização. Não surtindo o efeito esperado, pode pedir a
ajuda de um outro companheiro passista. O ideal, entre-
tanto, é que o passista esteja sempre vigilante para não
sair de u m a sintonia elevada nem perder a harmonia e o
equilíbrio requeridos.
E para os membros de uma reunião mediúnica, há a
necessidade de passes para todos antes e depois da mesma?
C o m o regra geral, não. Apesar de muitos justificarem
tal procedimento alegando u m a maior harmonia entre
os participantes da reunião ou mesmo a eliminação de
eventuais cargas fluídicas desarmônicas, a responsabi-
lidade maior deve ser de cada membro. Agora, se há um
incômodo muito forte ou u m a situação insustentável,
melhor recorrer ao passe antes do início dos trabalhos.
Quanto aos passes no final da reunião, também de-
veriam ser prestados apenas àqueles que estejam descom-
pensados em virtude dos trabalhos realizados. É comum
alguns Espíritos deixarem sensações desagradáveis nos
médiuns pelos quais se fizeram presentes ou envolveram.
Em tais casos, recomenda-se muitos passes dispersivos e
um pouco de água fluidificada.

Devemos tomar passes todas as vezes que vamos ao Centro
Espírita?
De forma alguma. C o m o já disse, o passe não é ritual
nem obrigação; é um recurso do qual se faz uso quando
se verifica sua necessidade, e essa necessidade se faz sentir
quando se está em desarmonia -- física, psíquica e/ou
espiritual.

E como conscientizar os freqüentadores que se trans-
formam em verdadeiros papa-passes?
U m a das maneiras de tratar o assunto é abordá-lo
diretamente, de forma pública e aberta. Explicar nas
reuniões espíritas o que é o passe, para que serve, como
deve ser recebido e os inconvenientes da repetitividade
por tomá-lo de forma desnecessária. Que seja explicada
a imperiosa necessidade de o paciente ser parte ativa no
processo de cura, diminuindo a idéia de que o passe,
por si só, tudo resolverá e que ao paciente só cabe recebê-
lo e pronto. Outra coisa é que o paciente saiba que não
será a repetitividade dos passes, pura e simples, que o
fortalecerá ou o isentará dos males a que estará natural-
mente exposto. Nada de tratar desse assunto de forma
simplista ou escusa, com medo de desagradar alguns.
Um outro aspecto geral e muito importante é o seguinte:
o público espírita precisa ser conscientizado de muitas
coisas. Como o exemplo fala mais alto do que muitos
discursos, precisariam os dirigentes, expositores, oradores
e trabalhadores em geral da Casa Espírita demonstrarem
o eficiente uso do passe, inclusive estudando mais e
"achando" menos, fazendo mais e falando menos. E por
aí...


Seria necessário o passista lavar as mãos antes ou após o
passe?
Por motivo do passe em si, não. Mas lavar as mãos
antes dos passes é uma providencial medida de higiene,
mormente quando chegamos para as atividades fluídicas
vindos de locais ou situações que solicitaram o concurso
das mãos, como dirigir, segurar em apoios ou corrimões,
etc. Isso, entretanto, não significa dizer que devamos
dispor de pias ou aparatos para essas lavagens em nossas
cabines de passes, o que poderia sugerir ritualização ou
sabe-se lá o quê.
Quanto ao lavar as mãos após os passes, algumas pes-
soas e Casas adotam tal princípio porque sentem uma
espécie de impregnância magnética nas mãos quando
terminam as atividades dos passes. Na verdade, se a ne-
cessidade de lavar as mãos após o passe for por conta
disso, o que de fato estará sendo necessário será o cuidado
de aplicar dispersivos mais prolongados ou mais efetivos
sobre os pacientes atendidos, pois essa sensação de
impregnância magnética é característica de que houve
trânsito e/ou manipulação de fluidos magnéticos e as
técnicas não foram empregadas devidamente. -- Fa-
laremos sobre os dispersivos com mais detalhes, oportu-
namente.

Precisa o passista orar antes e ao terminar as aplicações
dos passes?
Se bem que não deva ser entendido como uma regra
pura e simples, não há porque não fazê-lo. É muito
apropriado o uso da oração, de alma e coração, antes de
iniciarmos as atividades -- convidando os Espíritos para
nos auxiliarem -- e ao término das mesmas -- quando
agradecemos as bênçãos recebidas e distribuídas. Se os
passes forem realizados em equipe, que todos partici-
pantes estejam presentes também nesses momentos de
prece.
O passista e a
mediunidade




xiste algum critério que possa nos auxiliar no propósito
de identificar a natureza de certos problemas, distin-
guindo aqueles que decorrem de um chamamento às ativi-
dades dos que resultam de nossa negligência?
Segundo os Bons Espíritos, a consciência é o melhor
juiz, em todas as horas e situações. As questões limítrofes
sempre se apresentam de difícil distinção, pelo que o
bom-senso deve servir como baliza, como farol. Na ver-
dade, quando temos disposição e aptidão para uma tarefa,
devemos a ela nos entregar, para que a atrofia não venha
a permitir que incômodos se estabeleçam e prejudiquem
o plantio no terreno anteriormente demarcado para as
grandes lavouras do bem.

Como o passista deve estar para a aplicação do passe?
O doador deve estar consciente de suas responsabi-
lidades. Para tanto, precisa conhecer para fazer bem feito.
Antecedendo a isso, a motivação fundamenta-se na boa
vontade, na disposição interior não só de dar passes, mas
de "doar-se dando o passe". Depois, a mente deve estar
o mais harmonizada possível e, no geral, deve manter um
clima de paz, oração e atenção a tudo o que estiver fazen-
do. Deve ainda ligar-se, mental e emocionalmente, aos bons
Espíritos. Afinal, ali estará agindo em nome do Bem.

Para ser passista exige-se mediunidade?
Não necessariamente. Até porque o magnetismo
humano é u m a disposição anímica, isto é, da própria
alma e, portanto, peculiar ao ser humano. No melhor
sentido da palavra, pode-se ser magnetizador sem que
para tal se disponha de qualquer mediunidade -- o que
não significa dizer que o Mundo Espiritual esteja ausente.
Na realidade, o que não se dispensa ao passista é o respeito
a si mesmo, o respeito para com o paciente e -- para o
espírita em particular -- o respeito para com a Espiri-
tualidade. Só assim poderá dar-se conta de que tudo
esteja em ordem.

E havendo mediunidade no passista, isso melhora ou
atrapalha?
A mediunidade é qualificada sobretudo pelo uso que
se lhe dá. Boa mediunidade é a bem aplicada, a que pro-
duz nobres e harmônicos resultados; mediunidade ruim
é a utilizada de forma indevida ou equivocada. Partindo
deste princípio, o uso devido e correto da mediunidade
só tem a melhorar a prática do passe.

Significa dizer que o passista, atuando sob a regência
direta de um Espírito, está mais apto a obter melhores re-
sultados?
Não convém generalizar. Primeiro porque os passes
propriamente ditos podem dispensar a "regência direta"
dos Espíritos; depois, há de se avaliar que Espírito e que
propósitos traz em sua ação. Por fim, mesmo sob a in-
fluência direta e determinante de um Espírito, não pode-
mos esquecer que a responsabilidade pelo fenômeno é
do médium, a quem cabe o conhecimento e a consciência
do que vai produzido por seu intermédio. Afinal, não
somos meros robôs ou marionetes dos Espíritos. Por
outro lado, como já foi mencionado (citando Kardec
em sua Revista Espírita de janeiro de 1864, p. 5 ) , a pre-
sença dos bons Espíritos amplifica e refina as potencia-
lidades do passista. Além do mais, em toda Casa Espírita
digna deste nome, a Espiritualidade está aí trabalhando
com o passista.


É recomendável um médium psicofônico dar passe?
Não é bem esta a questão. Um m é d i u m psicofônico
(que "incorpora" um Espírito) pode ser passista, pode
ser um muito bom passista e pode ser um passista ine-
ficiente. Uma coisa não guarda muita relação com a outra.
A questão mesmo é se devemos ou não operar psicofo-
nicamente (incorporados) durante a aplicação do passe.
Pelo que vimos analisando, não é conveniente que o pas-
sista incorpore na hora do passe, a não ser em casos es-
peciais, como, por exemplo, em algumas reuniões me-
diúnicas bem embasadas e com fins sérios. Os incon-
venientes oriundos da prática do passe com incorporação
dizem m u i t o respeito às possibilidades do passista
"incorporar" um Espírito obsessor ou brincalhão, quando
então o atendimento ficaria severamente comprometido.


Então, existem os passistas e os médiuns passistas?
Exato. Os passistas em geral seriam aqueles que não
dispõem de uma mediunidade ostensiva, mas que servem
de "canal" para a Espiritualidade no trânsito dos fluidos
espirituais para o meio terreno ou ainda seriam os magne-
tizadores propriamente ditos, os quais encontram em si
mesmos as usinas geradoras dos fluidos. Os médiuns
passistas seriam aqueles que, possuidores de mediuni-
dade, percebem, registram e atuam conjunta e sabida-
mente com os Espíritos.

Teria diferença então entre médiuns passistas e médiuns
de cura?
Sem dúvida. Os passistas, médiuns ou não, trabalham
com fluidos fazendo-os circular a partir dos seus centros
vitais (de força). Os médiuns de cura -- tal como hoje
os entendemos -- permitem que os Espíritos operadores
atuem diretamente tanto sobre seus perispíritos como
sobre seus organismos. São métodos diferentes. Os pas-
ses, por estarem diretamente ligados ao magnetismo, têm
regras bem claras e definidas para nós, enquanto a atuação
espiritual foge aos nossos padrões de controle e observa-
ção mais acurada, pelo que "ainda" não podemos per-
ceber com total claridade os caminhos e mecanismos
por eles usados para chegarem aos objetivos almejados.
Sem correr o risco de professar u m a estranheza, posso
afirmar que passista é u m a coisa e médium de cura é
outra; guardam relação, mas são diferentes.
Ao tempo de Kardec, médiuns de cura tanto eram
aqueles hoje classificados como tal como os chamados
passistas espirituais. Convém, portanto, observar essa
diferença quando recorrermos aos textos do codificador.
É o que, por exemplo, fica claro em suas colocações:
"Entre o magnetizador e o médium curador há, pois.
esta diferença capital, que o primeiro magnetiza com o
seu próprio fluido, e o segundo com o fluido depurado
dos Espíritos. De onde se segue que estes últimos dão o
seu concurso a quem querem e quando querem; que
podem recusá-lo e, conseqüentemente, tirar a faculdade
daquele que dela abusasse ou a desviasse de seu fim hu-
manitário e caridoso, para dela fazer comércio. Quando
Jesus disse aos apóstolos: 'Ide! Expulsai os demônios,
curai os doentes', acrescentou: 'Dai de graça o que de
graça recebestes'." {Revista Espírita, j a n - 1 8 6 4 , p. 5)
Restrições na
aplicação




xistem restrições quanto ao se aplicar o passe? Por
exemplo, quem está doente pode ou não aplicar passes?
Dependendo da doença, é conveniente o passista evi-
tar sua prática. Especialmente em se tratando de doenças
infectocontagiosas, daquelas que deixam o passista ex-
tremamente combalido ou fragilizado, e das doenças ou
desvios da psique. Q u e m esteja acometido de alguma
doença que o impossibilite de realizar tarefas que exijam
esforço, também deve estar muito atento. Insuficiências
cardíacas, pulmonares e degenerativas do sistema nervo-
so, bem como estados depressivos, usualmente são desa-
bonadores da aplicação.

Essas restrições só acontecem em relação a doenças ou
desequilíbrios psíquicos?
Não. Crianças e adolescentes devem evitar fazer o
uso de suas energias vitais para exteriorização, principal-
mente se de forma regular e constante. Pessoas muito
idosas, notadamente se em esgotamento fluídico ou se
estiverem querendo iniciar suas práticas já depois de
idosos, não são indicadas para a prática, em especial do
magnetismo humano. O motivo, tanto para crianças
como adolescentes e idosos, é porque a doação desses
fluidos lhes farão falta; para os primeiros, na própria or-
ganogênese, para os últimos, na manutenção do tônus
vital.
T a m b é m fica s e g u r a m e n t e desaconselhável para
criaturas sob violentos envolvimentos espirituais (as obsi-
diadas), pessoas viciosas (quem fuma e bebe regularmente
deve procurar superar os vícios ou abster-se de aplicá-
los), pessoas maledicentes, indivíduos fazendo uso de
medicamentos controlados (especialmente os de tarja preta
e/ou que atuem no sistema nervoso central) ou com
conduta alimentar imprópria (muito carnívora, muito
gordurosa e/ou condimentada, em quantidades excessivas
ou que provoquem dificuldades digestivas), pessoas em
fadiga fluídica, quem esteja sob tratamento químio e/
ou radioterápico, e também para quem se encontra em
jejum.
Ainda existe restrição para mulheres grávidas, espe-
cialmente no caso dos passes magnéticos, e alguns cui-
dados em relação à menstruação, conforme veremos
adiante (no capítulo "Perguntas diversas").

Quer dizer que um adolescente nunca deve aplicar passes?
E se for um caso de muita urgência? E quanto a estudar o
tema?
C o m o já disse, regularmente o dispêndio de fluido
vital pelo adolescente não é conveniente, posto que po-
derá lhe fazer falta na própria economia psico-orgânica.
Embora esta seja u m a regra geral, é claro que pode haver
exceções. Outrossim, o problema é problema mesmo
quando se faz uso da exteriorização fluídica de forma
regular e constante, o que exclui os casos de urgência.
Por outro lado, se o jovem tem segurança de que os flui-
dos que estão sendo empregados no passe por seu inter-
médio são essencialmente do m u n d o espiritual, com
certeza não há maiores inconvenientes nesse exercício.
Convém lembrar, entretanto, que o conhecimento, os
cuidados e as responsabilidades deverão sempre ser pre-
servadas. Quanto ao estudo da matéria, não só o jovem
como o adulto, não apenas o passista, mas igualmente o
paciente, devemos todos fazê-lo. A instrução que os
Espíritos nos recomendou inclui o estudo, especialmente
no que diz respeito às leis dos fluidos, do perispírito e da
mediunidade em geral.


Uma pessoa com dor de cabeça ou de ouvido, por exem-
plo, pode ministrar o passe?
Depende da intensidade e da causa da dor. Afinal,
quando estamos sob violentas dores ficamos, por isso
mesmo, incapacitados para realizar u m a infinidade de
coisas. Em todo caso, o ideal é tomar um passe antes e
verificar se as condições melhoram. Havendo u m a me-
lhora significativa, pode-se aplicar sim. Afinal, muitas
dores são "sugestões" ou influências de Espíritos pouco
amigos, que nos querem afastados das tarefas do bem.
Outras vezes são acúmulos fluídicos, facilmente disper-
sáveis por passes.

Fale mais acerca da impossibilidade de o passista acome-
tido de fadiga fluídica não poder aplicar passes.
Quando estamos em fadiga fluídica (veja este assunto
no tópico Fadiga Fluídica) trazemos nossas usinas sob
graves desarmonias, o que produzirá uma geração fluídica
desarmônica, de baixíssima irradiação, além de ampliar
a extensão da fadiga no seu portador. Um passista em
fadiga fluídica está, teoricamente, impossibilitado de
fazer a conversão do fluidos físicos em fluidos magné-
ticos. Insistir nesse esforço redundará numa maior des-
compensação do centro vital usinador que, por sua vez,
retransmitirá aos demais centros a sua desarmonia, po-
dendo vir a provocar "falência" naqueles. O custo disso
é muito elevado.
A propósito da fadiga, vejamos o que Allan Kardec
conversou com os Espíritos em O Livro dos Médiuns,
a
item 2 2 1 , questão 3 : "Pode o exercício da mediunidade
ter, de si mesmo, inconveniente, do ponto de vista
higiênico, abstração, feita do abuso?" -- Resposta: "Há
casos em que é prudente, necessária mesmo, a abstenção,
ou, pelo menos, o exercício moderado, tudo dependendo
do estado físico e moral do médium. Aliás, em geral, o
m é d i u m o sente e, desde que experimente fadiga, deve
abster-se", (grifei) Daí a recomendação de o fatigado
fluidicamente afastar-se da prática da doação fluídica e,
paralelamente, receber um tratamento por passes disper-
sivos e água fluidificada.


O passe espírita pressupõe a obrigatoriedade da alimen-
tação vegetariana?
Não. Deve-se reconhecer, entretanto, que a alimen-
tação animal é quase sempre muito densa e tóxica, ge-
rando eventuais desarmonias ou dificuldades nos cam-
pos fluídicos e que, por isso mesmo, solicita reflexão e
cuidado. A alimentação animal reduz a qualidade ra-
diante dos fluidos.
Qual a influência da alimentação no dia de se aplicar o
passe? Nesse dia o passista pode comer carne, por exemplo?
Existe u m a diferença básica entre dever e poder.
Tratando genericamente a segunda questão formulada,
a resposta é: pode, embora não deva! Ocorre que a
digestão se utiliza e/ou repercute também do centro vi-
tal gástrico q u a n d o está processando os a l i m e n t o s
ingeridos (vale lembrar que os centros vitais estão situados
no perispírito, embora convirjam e interajam para e com
o corpo orgânico). Se a digestão vai dificultada por exces-
sos alimentares, tanto quantitativos como qualitativos,
elementos fluídicos densos serão transferidos para o cen-
tro vital gástrico, que é um dos maiores responsáveis pela
"usinagem" de fluidos vitais de exteriorização (doação)
magnética. Assim "contaminado", o passe fica menos
eficiente -- por perder qualidades radiantes --, podendo
chegar a fazer mal ao paciente. C o m segurança podemos
dizer que os fluidos de um passista que tenha se alimen-
tado muito ou inconvenientemente, são densos e turvos,
com pouca irradiação. Lembro, a propósito, que a qua-
lidade radiante determina a qualidade do fluido; quanto
mais intensa for melhor caracterizará os fluidos veicula-
dos pelo passe.
Alongando um pouco mais a resposta, lembro Allan
Kardec, em O Livro dos Espíritos, questões 7 2 2 a 7 2 4 ,
recebendo interessantes ponderações dos Espíritos Su-
periores. "Permitido é ao homem alimentar-se de tudo
o que lhe não prejudique a saúde." "Dada a vossa cons-
tituição física, a carne alimenta a carne (...). Ele, pois,
tem que se alimentar conforme o reclame a sua organi-
zação." "... Se praticar essa privação (a de abster-se o
homem da alimentação animal, ou de outra qualquer,
por expiação) em benefício dos outros" será meritório
seu ato, pois, completam os Espíritos, "qualificamos de
hipócritas os que apenas aparentemente se privam de
alguma coisa.""Esta última colocação traduz um outro
enfoque por demais valioso: para aquele passista que se
educa e, portanto, priva-se voluntariamente de alimenta-
ções inadequadas ante trabalhos fluídicos, em benefício
do próximo, está sendo credor de maiores méritos, tradu-
zidos na própria qualificação de seus fluidos.


E quanto ao passe em jejum?
Aplicar passes com o estômago vazio, também não é
prática das mais recomendáveis. Ocorre o seguinte: quan-
do é iniciada a aplicação do passe, na maioria dos passistas
magnéticos o centro vital gástrico entra em usinagem
fluídica. Por conseqüência, o aparelho digestivo, não sa-
bendo "interpretar ou decodificar" o que ocorre naquele
centro, "deduz" que tenha havido u m a ingestão de ali-
mentos. Assim, o corpo inicia um processo orgânico de
digestão, sem que nada de sólido tenha sido ingerido
para ser digerido. O aparelho digestivo passa, então, a
produzir o suco gástrico -- compostos químicos extre-
mamente ácidos --, o qual, não encontrando nenhum
alimento para "dissolver", pode favorecer a que se dêem
desarmonias na qualidade dos fluidos usinados, sem falar
nas implicações orgânicas diretas em conseqüência dos
acúmulos ácidos no aparelho digestivo que, ao longo do
tempo, podem vir a gerar gastrites, úlceras e outros com-
prometimentos localizados. Nisso tudo, conclui-se que
as conseqüências da alimentação são bastante sensíveis
nos passistas que doam fluidos magnéticos próprios --
com extensão sobre os médiuns em atividade, especial-
mente os que doam fluidos. Outra questão é que há o
inconveniente psicofisiológico decorrente do "roncar"
do estômago, que impede um bom trabalho. Eis porque
a alimentação é uma questão importante de ser analisada.


Como deve ser, então, a alimentação do passista?
Moderada, equilibrada e educada. Deve o passista
consciente de suas responsabilidades e dos objetivos
buscados, evitar alimentos "pesados", de difícil digestão,
hiperácidos, muito gordurosos, muito condimentados e
em quantidades exageradas.
Em termos práticos, o ideal é que pelo menos as duas
últimas refeições antes dos trabalhos do passe sejam leves
e reduzidas. A última, então, deveria ser a mais criteriosa
de todas, e poderia ser feita da seguinte maneira: elimine
o quanto possa os alimentos densos (como carnes ver-
melhas, chocolates, molhos pardos, e t c ) , substituindo-
os por frutas, verduras e legumes e muito líquido. Em
todo caso, ingira, em termos de volume, o que represente
a metade do que usualmente ingere nessa refeição. De-
pois, realize suas tarefas dos passes e, quando retornar,
ingira a outra metade, de forma que não se sentirá "vazio"
n e m estará sobrecarregado ao ponto de dificultar a
emissão de fluidos com boa irradiação e penetrabilidade.
Por outro lado, não estando o estômago sem alimentos,
os inconvenientes provenientes do jejum também ine-
xistirão.

É solicitada uma certa higiene por parte do passista?
Raciocinemos: uma pessoa descuidada com seu asseio,
com sua higiene física, será u m a pessoa cuidadosa com
seu asseio moral? Pode ser que sim, mas a resposta mais
comum indica que alguém desleixado tem grande proba-
bilidade de se descuidar desse outro aspecto também.
Afinal, até certo ponto nosso zelo pelo asseio corporal
espelha muito de nosso mundo interior. Depois, a falta
de higiene pode intrometer-se nefastamente na usinagem
fluídica, pelo fato da forte presença de miasmas e bacté-
rias nocivas. Por outro lado, a ausência da higiene tende
a gerar odores desagradáveis, os quais perturbarão tanto
quem doa como quem recebe o passe, por dificultar a
concentração ou mesmo induzir a inquietações e re-
pulsas.


Há quem recomende a retirada de objetos metálicos tanto
dos passistas como dos pacientes, alegando que a presença
destes objetos podem interferir no magnetismo do passe. E
certo isso?
De há muito está evidenciado que não tem funda-
mento tal proposta. Os magnetismos (campos fluídicos
propriamente ditos) h u m a n o , misto e espiritual não
sofrem influências ou repercussões consideráveis devido
ao magnetismo mineral de objetos, campos ou magne-
tos. O magnetismo mineral, o decorrente de campos
magnéticos criados por magnetos ou ainda os originados
por ação das correntes elétricas, influenciam as estruturas
eletrônicas, enquanto o magnetismo (dos fluidos) de que
tratamos atua no que chamamos, por falta de um termo
próprio, de campos psi, tanto dos elementos como das
criaturas. As repercussões desse magnetismo (o dos pas-
ses) nesses campos psi, em u m a grande percentagem de
vezes, se faz sentir através de alterações nas estruturas
atômicas dos átomos em análise, o que pode gerar inter-
pretação com direcionamento correto, mas de sentido
inverso, ou seja: as evidências constatam a ação do mag-
netismo, por observação das conseqüências, e não de
onde e para onde se dirigiram as ações dos fluidos.
Apesar de parecer complexo, podemos entender o que
se passa de forma muito simples. Existem remédios que,
em vez de atacarem o mal, fortalecem o paciente para,
por moto-próprio, resolver suas doenças ou desarmonias.
Quando alguém pergunta o que ele tomou para ficar
bom, naturalmente aponta o remédio. Só que este não
foi o responsável direto pela cura, senão o veículo que,
possibilitou o "disparo" da ação restabelecedora. C o m
regular freqüência, é assim que ocorre com o magnetismo
em relação às curas a que dá azo bem como às alterações
moleculares e/ou celulares que são percebidas, medidas
e registradas nos pacientes. Ele atua nos campos psi que,
por sua vez, repercutem nas células e/ou moléculas, alte-
rando-lhes a "apresentação". Só que tal mudança se deu
por conseqüência da ação no campo psi e não da forma
direta como usualmente se quer deduzir.
Em vista disso, deduzimos que os objetos não inter-
ferem no magnetismo. Vale ponderar, entretanto, que o
uso excessivo ou exibicionista de jóias e aparatos similares
podem sugerir desvios de idéias ou quebra de concen-
tração, seja por parte do paciente como do passista, pelo
que devem ser usados com moderação e bom-senso.
Outra relação direta com o uso de objetos deve-se ao
barulho que alguns deles fazem quando as mãos são
movimentadas para a aplicação dos passes, desviando a
atenção dos pacientes. Há ainda o fato de alguns passistas
provocarem compressões nos braços, apertando as pul-
seiras contra a parte mais "gorda" do braço, a fim de evitar
o seu sacudir; com isso, dificultam a circulação sangüínea
nas extremidades emissoras (centros vitais secundários
localizados nas palmas e nas pontas dos dedos), preju-
dicando sensivelmente a capacidade de irradiação fluídica
direcionada.

Em muitas Casas Espíritas, há um verdadeiro policia-
mento quanto ao uso de certas roupas. O que dizer disso?
Já comentei sobre o assunto, mas vale a pena retomá-
lo. O policiamento, como o próprio termo sugere, não
deve ser preocupação da Casa Espírita. A postura correta
é a do esclarecimento. Deve a Casa informar, clara e pu-
blicamente, aos freqüentadores em geral (e não apenas
em casos e situações particulares ou de forma indevida-
mente dirigida), o porquê de certas roupas serem mais
ou menos convenientes. Quando o paciente sabe que o
primeiro respeito que ele deve ter é para consigo mesmo,
e que, buscando o passe, na realidade ele está indo ao
encontro de Entidades (Espíritos) Superiores, já que ali
na cabine de passes estão reunidos seres em nome de
Jesus, ele saberá que deve vestir-se condigna e respeitosa-
mente. Alegar dificuldades sexuais, provocadas ou atiça-
das por conta de roupas justas ou decotadas, é dizer que
os passistas não têm preparo moral suficiente no desem-
penho de suas tarefas. O que de fato deve-se deixar claro
é o que é e o que não é conveniente. Um biquíni, um
short ou u m a roupa leve e transparente são apropriados
para praias, passeios e locais de lazer, e não para templos,
onde nossa busca é outra. Em vez de policiamento, favo-
reçamos ao público com o desenvolvimento da consciên-
cia, do respeito e da responsabilidade.


E o uso de roupas brancas ou padronizadas, é correto?
Se o branco ou o fardamento fizesse o homem, não
precisaríamos empreender tantos esforços para realizar-
mos nosso avanço nem nossa qualificação. Contra a
roupa branca, ou de qualquer outra cor, não há nada. O
problema é a mística que envolve o seu uso. Muitos a
usam por "recomendação espiritual" ou para "purificar
os fluidos". Conforme aprendemos com Kardec {O Livro
dos Médiuns, item 2 6 7 , itens 1Oº e 18º), não são Espíritos
Superiores os que recomendam tais práticas: "Os bons
Espíritos nunca ordenam; não se impõem, aconselham
(...). Os maus são imperiosos; dão ordens, querem ser
obedecidos (...). Todo Espírito que impõe trai a sua in-
ferioridade. São exclusivistas e absolutos em suas opi-
niões; pretendem ter o privilégio da verdade. Exigem
crença cega e jamais apelam para a razão, por saberem
que a razão os desmascararia". "Jamais os bons Espíritos
aconselham senão o que seja perfeitamente racional.
Qualquer recomendação que se afaste da linha reta do
bom-senso, ou das leis imutáveis da Natureza, denuncia
um Espírito atrasado e, portanto, pouco merecedor de
confiança." (grifos originais). Por outro lado, como os
fluidos são usinados nos centros vitais, não será a cor
das roupas que interferirá na sua pureza ou irradiação.
Portanto...
Ambiente
do p a s s e




que é cabine ou câmara de passes?
Geralmente é entendido como o local utilizado pela
Casa Espírita para a tarefa do passe, mas existem Casas
que dão esses nomes a determinadas salas ou ambientes
(quase sempre privados e isolados) onde a pessoa entra,
se recolhe, fica em oração e/ou meditação. Ali, os Espí-
ritos atuam sem a interferência de médiuns ou passistas,
doando fluidos espirituais aos pacientes. Nalgumas, há
camas ou macas para o paciente se deitar e relaxar por
um período de tempo relativamente longo (costuma ser
em torno de meia hora ou mais).
A fim de deixar claro o entendimento que farei uso,
tratarei por "cabine" de passes o recinto destinado às
aplicações dos mesmos.

Mas, é isso uma prática doutrinariamente correta?
Não se trata de recomendação doutrinária, mas pode
apresentar muitos benefícios, já que a Espiritualidade
utiliza tais ambientes para saturá-los de bons fluidos e
também erigirem verdadeiras estruturas de atendimento,
com máquinas e equipamentos espirituais voltados ao
benefício dos necessitados que o buscam. Sem dúvida
que há o risco da ritualização ou do uso apenas para aten-
der ao comodismo, mas não podemos negar que, intrin-
secamente, essas "câmaras" podem representar excelentes
oportunidades para o exercício da prece, da meditação,
do recolhimento.

Existem cabines coletivas?
Tanto como individuais. Nas coletivas, normalmente
são aplicados passes espirituais e um ou vários passistas
atendem a vários pacientes de u m a vez. Nas cabines indi-
viduais, há o favorecimento da possibilidade de um aten-
dimento mais especializado, demorado e condizente com
as necessidades de cada paciente.

Qual o melhor ambiente para se ministrar o passe?
Sem sombra de dúvidas, o melhor ambiente para se
ministrar o passe é a cabine de passes da Casa Espírita,
nos dias e horários previstos para os trabalhos do passe.
Isto porque ali o M u n d o Espiritual monta toda uma
estrutura "espiritual", verdadeiros laboratórios e clínicas
espirituais, naturalmente invisíveis, porém muito "palpá-
veis", assim facilitando e melhorando os níveis e a qua-
lidade dos atendimentos.

Quer dizer que fora das cabines de passes não se deve
aplicar o passe?
Não é isso. Apenas destaco que ali as condições são
mais favoráveis. Posso extrapolar dizendo que, para certos
atendimentos, a cabine é quase indispensável. Como um
atendimento médico: pode-se prestar socorro a qualquer
pessoa em qualquer lugar, mas uma cirurgia haverá de
requerer um ambiente e um instrumental próprio, a fim
de que seja realizada com mais segurança e eficiência.

Os Espíritos auxiliam apenas nas cabines?
De forma alguma. M a i s u m a vez insisto: ali existe
um conjunto de condições que favorece para o sucesso
do atendimento, mas o M u n d o Espiritual está sempre
nos ajudando e socorrendo, a despeito de nossa invigi-
lância e de nosso despreparo.

Por que as salas de passes são escuras?
Nem todas salas de passes são escuras. Várias Casas
usam diminuir a luminosidade ou mesmo reduzi-la dras-
ticamente. Acontece que, quando os fenômenos de mate-
rialização (ectoplasmia) eram mais comuns, evidenciou-
se que determinadas partículas do ectoplasma (fluido
vital viscoso que se presta para os fenômenos de aparições
tangíveis) eram sensíveis às radiações luminosas intensas,
especialmente as provenientes da chamada luz branca. Pela
reação fotossintética entre a luz e esses componentes fluí-
dicos do ectoplasma, ocorria a "queima" daquelas par-
tículas, em muito dificultando a realização do fenômeno.
A partir dessas evidências muito generalizou-se o assunto,
a meu ver, de forma exagerada e equivocada. C o m o pro-
va, as próprias materializações realizadas sob a supervisão
do Sir. William Crookes provaram ser possíveis suas ocor-
rências à luz do dia -- se bem que em condições de afini-
dade muito especiais entre o médium e o Espírito. Isto
posto, e levando-se em conta que os fluidos vitais dos pas-
ses são singularmente diferentes dos ectoplásmicos desti-
nados às materializações, podemos concluir que as cabi-
nes de passes não precisam ser escuras. Recomenda o bom-
senso e a razão que, no máximo, diminua-se a intensidade
luminosa, até para favorecer um maior e melhor relaxa-
mento por parte dos pacientes e passistas. O escuro muito
acentuado favorece a que o aumento de tensão em alguns
pacientes seja inconvenientemente atiçado. C o m o é sa-
bido, é comum algumas pessoas entrarem nessas cabines
envoltas em climas de tensão ou medo, por puro desco-
nhecimento de causa, por reações fluídicas ou ainda por
simples medo de escuridão. Portanto, a escuridão nas ca-
bines tende a favorecer à expansão dessas reações desagra-
dáveis, prejudicando a concentração mental e assim
ensejando bloqueios na absorção dos fluidos do passe.
Outra consideração a ser feita é a mesma que já fiz
no item "O passista deve ficar de olhos abertos ou fe-
chados?", a qual recomendo seja relida.
Concluindo, assim me posiciono: o ideal é que as
cabines sejam razoavelmente claras, ao invés de razoavel-
mente escuras.
Como aplicar passes fora da Casa Espírita?
Quando Jesus despachou seus discípulos em Seu no-
me para saírem pelo m u n d o realizando tarefas, como
espalhar a Boa-Nova, curar doentes e afastar espíritos
{Marcos, cap. 6, vv. 7 a 9; Lucas, cap. 10, vv. 1 a 4 ) ,
recomendou que eles fossem "dois em dois" -- e não
individualmente, como seria de se esperar, já que Ele
contava apenas com 12 (doze) emissários diretos para
tarefas de tão largos alcances. C o m certeza, era intenção
de Jesus que um ajudasse ao outro e dividissem as ta-
refas.
Nos trabalhos de assistência fluídica fora da Casa
Espírita, o bom-senso recomenda que nos façamos acom-
panhar de pelo menos mais u m a pessoa, pois enquanto
uma aplica o passe, a outra vibra, emite fluidos, reza,
controla o acesso ao ambiente, e assim por diante.
Muitas Casas Espíritas possuem equipes de passistas
para atendimento aos lares dos pacientes e/ou hospitais,
o que é o ideal. Essas equipes devem trabalhar com muita
disciplina e seriedade, buscando assegurar as melhores
condições na realização das tarefas -- horários preesta-
belecidos, orações prévias com todos os participantes dos
grupos, definição e distribuição de tarefas e muita per-
severança, dentre outras.
Isolado, o passista fica sujeito a muitos contratempos,
podendo perder excelentes oportunidades de ajudar mais
efetivamente.
Em todo caso, veja-se sempre a questão da conve-
niência. T ê m pacientes acomodados, têm pacientes des-
crentes, têm instituições, têm casas e pessoas que não
aceitam a presença e a participação dos passistas espíritas,
têm os eventuais despreparos dos passistas pegos de sur-
presa, e por aí segue. Não percamos nosso serviço na
área do bem por falta de conveniência.

Pode-se atender às necessidades de passes, por parte dos
pacientes, em hospitais?
Desde que observadas as condições de conveniência
e de propriedade, pode sim. Entretanto, antes de nos
arvorarmos nos propósitos de atender a qualquer convite
ou hospitalizado, convenhamos se:
· O hospital permite?
· O paciente realmente deseja e concorda?
· Os parentes presentes, com decisão sobre o paciente,
estão de acordo?
· Há passista(s) suficiente(s) e bem preparado(s) para
a tarefa?
· Quando da aplicação, teremos condições mínimas
para um bom atendimento?
Se tudo for positivo, ajamos tomando as providências
naturais -- fazendo uma leitura de uma mensagem ou
texto de elevada moral, podendo seguir-se de breve
comentário; depois faz-se uma prece pedindo proteção
e apoio aos Maiores da Espiritualidade, para então se
fazer a aplicação dos passes e a fluidificação da água (se
for o caso). Terminado o passe, renovamos os agradeci-
mentos a Deus através de uma prece. Por prudência,
evitemos comentários pessoais, bem como as manifesta-
ções mediúnicas. E se ficar marcado um retorno, tome-
mos as anotações e os cuidados devidos para não faltar-
mos com o compromisso.


Pode-se aplicar passes no "Evangelho no Lar"?
Perfeitamente. Só não deveríamos fazer de nosso
"Evangelho" u m a extensão de uma cabine de passes nem
um altar ao comodismo. Quando for verificada a real
necessidade do passe em familiares ou amigos presentes
ao fraterno e elucidativo hábito do estudo do Evangelho
no Lar, que seja o mesmo consignado, com o respeito e
os cuidados que lhe são devidos.

Qualquer lugar, portanto, pode ser válido para a apli-
cação do passe?
Pode sim, mas devemos ter muito cuidado com essa
generalização. Do fato de se poder aplicar passes em
qualquer lugar não quer dizer que qualquer lugar seja
necessariamente apropriado ou o indicado em detri-
mento a outro. Será sempre melhor aplicar um passe
n u m a cabine de passes do que no meio da rua. M a s
pode acontecer de só termos condições de aplicar o
passe naquela hora e naquele lugar... Aí, não há do que
duvidar... mãos à obra.
Permita-me dar um exemplo vivido há muitos anos.
Certa madrugada, já perto do amanhecer, recebo um
telefonema de um amigo. Aflito, ele me pedia para acom-
panhá-lo. Perguntei-lhe onde estava e ele me disse que
em poucos minutos chegaria a minha casa. Pediu-me
para vestir u m a roupa apropriada, pois logo chegaria.
De fato, minutos depois ele parava em frente de casa,
com um olhar avermelhado de quem não tinha dormido
ainda e um odor de quem tinha fumado bastante e be-
bido alguns drinks a mais. Entrei no carro e perguntei
para onde iríamos. Ele preferiu desconversar. Qual não
foi minha surpresa quando ele buzinou em frente ao
grande portão de um famoso cabaré e o porteiro o abriu
pressuroso. Ele só fez entrar, desligar o carro, pegar-me
pela mão e dizer: "Venha logo! Entremos! Depois lhe
explico tudo!"
O ambiente era denso, fedido a muito cigarro, alcoóli-
cos e frituras e as poucas pessoas acordadas estavam lite-
ralmente dopadas. Ainda assim, todos se apressaram em
nos acompanhar até um quarto no primeiro andar. Ali
chegando, todos ficaram à porta e só eu e o meu amigo
adentramos. N u m a cama mal-arrumada estava deitada
uma jovem, quase despida, com u m a venda nos olhos.
Eu, por minha vez, continuava sem entender nada da-
quilo. Afinal, o que estávamos fazendo ali? Antes de diva-
gar querendo adivinhar qualquer coisa, a jovem deitada,
entre soluços e tremores na voz, dizia: " M e u amor, é
você? Ele veio com você? Será que vai dar certo?" E ele
rapidamente respondeu: "Veio sim! É Jacob! Pegue aqui
na mão dele!" Estendi minha mão e apertei com cortesia
aquela mão trêmula e gelada, dizendo-lhe que ali estava
para o que precisasse. Ela então perguntou se já podería-
mos sair ou se o tratamento iria ser ali mesmo. Eu, com
meus botões, pensei: "Ir para onde? Que tratamento? O
que de fato está acontecendo?" Antes de responder ou
mesmo obter qualquer resposta, meu amigo disse: "Ele
vai fazer um passe agora em você e depois ele ligará para
o médico, não é Jacob?" Confesso que fiquei meio sem
fala. M a s o bem não espera títulos acadêmicos nem reló-
gios de ouro para se fazer presente. Assim, balbuciei um
sim, a princípio vacilante, mas logo em seguida, cheio
de confiança. E fui dizendo: "Teremos aqui uma Bíblia
ou algum livro de mensagens positivas para prepararmos
nossos corações e mentes?" Rapidamente apareceu uma
Bíblia bastante surrada (o que me deixou feliz, pois dava
mostras de muito uso). Lemos alguns versículos de um
dos evangelistas e depois fiz u m a prece, pedindo ao meu
amigo e à jovem que ficassem em prece o tempo todo.
No momento em que iniciava o passe, senti um envol-
vimento espiritual muito feliz e minhas usinas fluídicas
logo entraram em processo de exteriorização fluídica.
Passes aplicados sobre o esplénico (para atender a des-
compensações no fígado) e sobre o frontal (para resolver
necessidades nos olhos) foram realizados por demorados
cinco minutos. Ao final, nova prece de agradecimento.
Como o ambiente agora parecia estar mais tranqüilo,
perguntei, com voz suave mas de forma incisiva, o que
tinha acontecido. A jovem então explicou que ela e o
meu amigo tinham passado a noite comemorando o
amor e que, voltando de u m a boate, sofreram um aci-
dente de carro, no qual os estilhaços do parabrisas tinham
atingido seus olhos. Disse que até a hora do passe a dor
era muito intensa, mas após o passe só sentia uma espécie
de arranhão nos olhos e a dor na barriga tinha passado
também. M e u amigo pediu para ela se vestir, que iríamos
a um médico de olhos. Saímos, eu e ele, do quarto e, do
lado de fora, após explicar o que acontecera às pessoas
que tinham ficado à porta, ele me contou em detalhes
todo o ocorrido e pediu-me para conseguir que ela fosse
atendida por um médico amigo meu, pois ele não tinha
dinheiro para pagar a consulta e tinha vergonha de chegar
numa clínica do governo com u m a prostituta do seu
lado. Graças a Deus ela foi atendida e ficou totalmente
recuperada em u m a semana.
No exemplo, vemos que um passe pode ser aplicado
em qualquer lugar, mas há de sempre depender de u m a
conjunção de fatores que leve o bom-senso, as necessida-
des e a conveniência em consideração.
Antipatia,
simpatia e
e m p a t i a fluí dica



xiste antipatia fluídica?
Quando os campos fluídicos de duas pessoas vibram
em freqüências diferentes e discrepantes entre si, surge o
que chamamos de "antipatia fluídica". Essa antipatia não
guarda relação com os sentimentos de bem ou malquerer
que se tenha em relação à pessoa com a qual a registramos.
No passe, é comum nos depararmos com pacientes
com os quais, ao buscarmos entrar em relação ou estabe-
lecer a sintonia magnética, nos sentimos muito mal, per-
cebendo u m a sensação de desconforto muito grande.
Essa mesma sensação de desconforto também é freqüen-
temente registrada pelo paciente, especialmente se ele
tiver u m a boa sensibilidade magnética. Muitos desses
casos se deve exatamente à antipatia fluídica entre am-
bos, a qual pode ser resolvida, dentre outros meios, por
técnicas de magnetismo (veremos adiante como usá-las).
Por elas conseguimos superar ou atenuar a antipatia fluí-
dica; contudo, para gerar condições favoráveis no sentido
de se superar essa antipatia, a oração e o espírito de devo-
ção do passista, aliados à fé e à oração do paciente, são
de muita felicidade.

Quer dizer que também existe simpatia fluídica?
Existe. Por razão semelhante, quando estamos vibran-
do -- passista e paciente -- em freqüências iguais ou
dentro de padrões que se consorciam, surge a "simpatia
fluídica", a qual também independe do grau de relacio-
namento e afinidade entre ambos. Por sinal, é comum
observarmos, no cotidiano, pessoas que se amam, se res-
peitam e se querem muito bem, mas que trazem em seus
campos fluídicos fortes desencontros freqüenciais (discre-
pâncias fluídicas), assim como registramos o contrário,
em que pessoas que se antipatizam, mas que são tão
afinados fluidicamente que, quando momentaneamente
distantes, chegam a sentir uma intensa falta um do outro.
Para o passista que tenha diante de si um paciente
simpático fluidicamente, aí está u m a oportunidade das
mais agradáveis de realizar, com grande proveito, os be-
nefícios da fluidoterapia.

Significa dizer que essa facilidade ou dificuldade de
consórcio fluídico pode levar os pacientes a terem preferência
por determinados passistas, em detrimento de outros?
Não é por outro motivo que muitos pacientes têm
ojeriza a determinados passistas, enquanto outros têm
verdadeira afinidade por aqueles mesmos. Creio estar
óbvio que aqui estou excluindo as questões decorrentes
dos usos incorretos do magnetismo, os quais, por deixa-
rem sensações desagradáveis no paciente, tendem a difi-
cultar o relacionamento fluídico entre ambos.

E o que vem a ser empatia fluídica?
Como indicam os dicionaristas, empatia é a "tendên-
cia para sentir o que sentiria outra pessoa caso se estivesse
na situação experimentada por ela". Em termos magné-
ticos, corresponde à transmissão das sensações entre os
parceiros (passista e paciente), que tanto pode ser usada
como referência para a busca da transformação das sen-
sações desagradáveis em sensações harmoniosas como
pode desembocar no que chamamos de tato-magnético
natural (veja este assunto mais adiante).
Tratar o paciente empaticamente significa cultivar e
manter um padrão interior de muito equilíbrio e har-
monia, impregnando o paciente com esse padrão. A cha-
ve para tal sucesso é o amor doação, a oração sincera e o
envolvimento pacificador entre ambos.
Há casos de simpatia ou antipatia fluídica por força de
problemas reencarnatórios ou mesmo pelo nível moral dos
seres envolvidos?
Perfeitamente. Criaturas com problemas ou grandes
ligações pretéritas fatalmente encontrar-se-ão em faixas
vibratórias consoantes a tais estados. É mais do que justo
dizermos que somos, de uma forma ou de outra, seres
magnéticos. Daí estarmos sujeitos às atrações e repulsões
peculiares aos fluidos em que cada um vibra. Mas como
as camadas fluídicas das criaturas não dependem apenas
do emocional nem só do físico, além das relações inter-
pessoais outros valores são ponderados.
Allan Kardec {O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.
12, item 3 ) , estudando o amor aos inimigos, coloca que:
"A diversidade na maneira de sentir, nessas duas circuns-
tâncias diferentes, resulta mesmo de u m a lei física: a da
assimilação e da repulsão dos fluidos. O pensamento malé-
volo determina u m a corrente fluídica que impressiona
penosamente. O pensamento benévolo nos envolve num
agradável eflúvio. Daí a diferença das sensações que se
experimenta à aproximação de um amigo ou de um ini-
migo".
Ressalto que nem tudo se deve apenas às duas varian-
tes propostas na pergunta, pois, conforme já disse acima,
sabemos de muitos e corriqueiros exemplos de pessoas
aparentemente antagônicas entre si que são perfeitamente
complementares em termos fluídicos, assim como o
contrário, o que torna a simpatia e a antipatia fluídica
fenômeno a ser observado e avaliado de forma mais rela-
tiva do que absoluta.
As correntes
magnéticas


uito se fala sobre correntes magnéticas. O que seria isso?
Há quem restrinja o entendimento de correntes
magnéticas ao fato de médiuns e/ou passistas darem-se
as mãos, formando u m a "cadeia", no fito de obterem
um incremento no potencial mediúnico e/ou magnético.
Contudo, mais coerente é crermos que o conceito de
"correntes magnéticas" seja o referente ao conjunto de
fluidos e/ou "energias" de várias mentes e/ou usinas fluí-
dicas, direcionadas a um mesmo objetivo.
Acontece que muitos afirmam que, quando damos as
mãos em uma corrente magnética, "fechamos o circuito" e
isso é muito poderoso. O que você diz?
De início, vemos na figura do "fechar circuito" um re-
trato de que se está usando de uma comparação como
sendo uma identidade, o que desnatura a comparação. Na
verdade, os potenciais magnéticos humanos não se so-
m a m algébrica nem mecanicamente como se pretende,
pois pessoas não são meros "fios condutores" nem acumu-
ladores energéticos. Não se aplica, portanto, a propalada
lei da condutibilidade. Atuando sob os efeitos da mente
de u m a coletividade, os campos fluídicos daí emanados,
quando firmemente direcionados a um objetivo único,
são potencializados, independente das mãos estarem
dadas ou soltas. Se há circuito a ser fechado é o da vontade
firme de ajudar, unido na oração ungida de fé e amor --
que fica mais fortalecido ainda quando o receptor, o
paciente, igualmente se sintoniza nesse esforço.
Ê válido o uso de correntes magnéticas?
Dentro do conceito de ampliar a "oferta" de tônus
fluídico, bem como de seu quantitativo, é válido sim;
mas, repito, não será o dar as mãos, intercalar os doadores
dessa ou daquela maneira ou coisa que o valha que poten-
cializará mais os benefícios buscados.

Mas não existe o fator psicológico por trás disso tudo,
influenciando os resultados obtidos?
Além de o fator psicológico -- que induz alguns parti-
cipantes a agirem com mais segurança e desprendimento,
assim como leva o paciente a se crer melhor assistido e
protegido --, há também o fato de que havendo maior
variedade de fluidos -- já que cada doador tem seu tônus
fluídico próprio -- o paciente terá melhores condições
de proceder u m a assimilação fluídica mais consentânea
com suas reais necessidades. Isto porque, bem o sabemos,
para determinados tratamentos há combinações fluídicas
mais felizes do que outras.

O que Allan Kardec diz a respeito?
Vejamos suas palavras em três obras.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. 28, itens
4e5):
"Onde quer que se encontrem duas ou três pessoas
reunidas em meu nome, eu com elas estarei. (S. Mateus,
cap. XVIII, v. 20.)
"Estarem reunidas, em nome de Jesus, duas, três ou
mais pessoas, não quer dizer que basta se achem mate-
rialmente juntas. E preciso que o estejam espiritualmente,
em comunhão de intentos e de idéias, para o bem. Jesus,
então, ou os Espíritos puros, que o representam, se en-
contrarão na assembléia. (...) Dizendo as palavras acima
transcritas, quis Jesus revelar o efeito da união e da fra-
ternidade. O que o atrai não é o maior ou menor número
de pessoas que se reúnam, pois, em vez de duas ou três,
houvera ele podido dizer dez ou vinte, mas o sentimento
de caridade que reciprocamente as anime. Ora, para isso,
basta que elas sejam duas. Contudo, se essas duas pessoas
oram cada u m a por seu lado, embora dirigindo-se ambas
a Jesus, não há entre elas comunhão de pensamentos,
sobretudo se ali não estão sob o influxo de um sentimento
de m ú t u a benevolência. Se se olham com prevenção,
com ódio, inveja ou ciúme, as correntes fluídicas de seus
pensamentos, longe de se conjugarem por um comum
impulso de simpatia, repelem-se. Nesse caso, não estarão
reunidas em nome de Jesus, que, então, não passa de pre-
texto para a reunião, não o tendo esta por verdadeiro
motivo." (grifos originais)
Em O Livro dos Médiuns (cap. 2, item 6 2 ) :
" ( . . . ) Quando, n u m a reunião, se quer experimentar,
devem todos, muito simplesmente, sentar-se ao derredor
da mesa e colocar-lhe em cima, espalmadas, as mãos,
sem pressão, nem esforço muscular. A princípio, como
se ignorassem as causas do fenômeno, recomendavam
muitas precauções, que depois se verificou serem absolu-
tamente inúteis. Tal, por exemplo, a alternação dos sexos;
tal, também, o contacto entre os dedos mínimos das
diferentes pessoas, de modo a formar u m a cadeia inin-
terrupta. Esta última precaução parecia necessária, quan-
do se acreditava na ação de u m a espécie de corrente
elétrica. Depois, a experiência lhe demonstrou a inutili-
dade. A única prescrição de rigor obrigatório é o reco-
lhimento, absoluto silêncio e, sobretudo, a paciência,
caso o efeito se faça esperar. Pode acontecer que ele se
produza em alguns minutos, como pode tardar meia hora
ou uma hora. Isso depende da força mediúnica dos co-
participantes."
Em A Gênese (cap. 15, item 11):
"Estas palavras: conhecendo em si mesmo a virtude
que dele saíra, são significativas. Exprimem o movimento
fluídico que se operara de Jesus para a doente; ambos
experimentaram a ação que acabara de produzir-se. É
de notar-se que o efeito não foi provocado por nenhum
ato da vontade de Jesus; não houve magnetização, nem
imposição das mãos. Bastou a irradiação fluídica nor-
mal para realizar a cura.
"Mas, por que essa irradiação se dirigiu para aquela
mulher e não para outras pessoas, u m a vez que Jesus
não pensava nela e tinha a cercá-lo a multidão?
"É bem simples a razão. Considerado como matéria
terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica,
a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal
pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo ardente,
pela confiança, n u m a palavra: pela fé do doente. C o m
relação à corrente fluídica, o primeiro age como uma
bomba calcante e o segundo como uma bomba aspirante.
Algumas vezes, é necessária a simultaneidade das duas
ações; doutras, basta u m a só. O segundo caso foi o que
ocorreu na circunstância de que tratamos.
"Razão, pois, tinha Jesus para dizer: 'Tua fé te salvou'.
Compreende-se que a fé a que ele se referia não é u m a
virtude mística, qual a entendem, muitas pessoas, mas
u m a verdadeira força atrativa, de sorte que aquele que
não a possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva,
ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a ação.
Assim sendo, também, se compreende que, apresentan-
do-se ao curador dois doentes da mesma enfermidade,
possa um ser curado e outro não. É este um dos mais
importantes princípios da mediunidade curadora e que
explica certas anomalias aparentes, apontando-lhes u m a
causa muito natural."

Alguns alegam que as correntes são aplicadas por causa
de o paciente estar sob violenta obsessão. É verdade?
Pode ser essa a justificativa para algumas práticas, mas
não será necessariamente o número de pessoas numa
corrente que resolverá o problema obsessivo, bem o sa-
bemos. Insisto em que pode haver virtude no uso de
várias pessoas vibrando positivamente em favor de um
mesmo paciente, mas não será o fato de se juntar passistas
em torno dele que o "salvará" ou o "perderá", nem tam-
pouco isso será uma garantia de aumento potencial da
carga fluídica. O normal será, por haver u m a maior
disponibilidade de variedade fluídica, ser mais fácil en-
contrar o fluido que melhor se combina com as neces-
sidades e adaptabilidade do paciente.

Nesse caso, como funciona a corrente?
O passista, estando em relação magnética com o pa-
ciente e sentindo as necessidades do mesmo e, por outro
lado, sintonizado com os demais companheiros presentes
e participantes da atuação fluídica, estará habilitado não
só a usinar seus potenciais como a captar, dos compa-
nheiros, os fluidos que melhor se combinarão com as
necessidades do paciente. Assim, ele será, a um só tempo,
usinador e "atravessador" fluídico.
Usinagem
fluídica



que devemos entender por "usinagem"fluídica?
Os centros vitais têm várias funções em nossas vidas,
dentre as quais duas se destacam sobremaneira: a de
captar fluidos exteriores -- do sol, do ar, do cosmos,
dos outros seres e dos Espíritos --, internalizando-os
em nossos campos fluídicos (perispiríticos) e orgânicos;
a outra seria o inverso dessa: a transformação de ele-
mentos e fluidos orgânicos em fluidos sutis, predispondo-
os à exteriorização. É exatamente esse processo de trans-
formação fluídica para exteriorização que chamamos de
"usinagem fluídica".

É sensível essa usinagem fluídica?
Na grande maioria dos casos, sim. Mas como depende
da sensibilidade do "usinador", pode ser que aconteça a
usinagem e, mesmo assim, o usinador não a sinta; seja
por ela acontecer de forma branda, seja por ele não lhe
dar a devida atenção.

E que sensação é essa?
Depende do centro vital que esteja usinando. Vamos
especificar as principais sensações em cada um dos cen-
tros:
No coronário: u m certo calor (muito brando) ou
redemoinho no alto da cabeça...
No frontal: u m a coceira circulando no entreolhos,
u m a sensação de lacrimação, leves pontadas na testa,
dores de cabeça localizadas na fronte ou nos tempo-
rais...
No laríngeo: coceira na garganta, sensação de pigarro,
como se algo fosse se desprender ou penetrar na garganta,
vontade de tossir...
No cardíaco: palpitações, alterações no ritmo cardíaco,
sensação de inchaço ou murchidão no coração, sudo-
rese...
No gástrico: sensação forte de giro no alto do estô-
mago, como se o mesmo fosse estufar ou encolher de
vez, sensação de uma fina e pontiaguda adaga entrando
no alto do estômago, vontade forte de arrotar, tremores
internos como se uma turbina estivesse sendo acionada
(normalmente, em especial nos três centros inferiores
-- gástrico, esplénico e genésico --, essa sensação de
turbinamento é percebida muito forte, ao ponto de ser
comum o registro de seu zumbido pelo ouvido interno),
sensação de fome e/ou intensa saciedade...
No esplénico: pontadas sobre o baço ou sobre o fígado
(apesar de este órgão estar no lado oposto ao baço, ele é
administrado pelo esplénico, daí sua resposta quando
este inicia sua usinagem), dor localizada sobre esses
órgãos, dores incômodas sobre os rins, raras vezes foi
relatado sensação de gosto de sangue na boca...
No genésico: redemoinho sobre a genitália, pontadas
nos testículos (homens) ou nos ovários (mulheres),
excitação genésica...

Quer dizer que quando o passista sentir essas sensações,
ao aplicar passes, significa que ele estará usinando fluidos?
Não necessariamente, mas é um bom sinalizador.
Depois, essas sensações normalmente não acontecem de
forma isolada, havendo uma tendência a que se observe
u m a conjugação ou u m a variante das mesmas.

Como se ter certeza de se tratar de uma usinagem fluí-
dica?
U m a das maneiras de se testar se a sensação corres-
ponde a u m a usinagem fluídica, ou não, é entrar em
relação magnética com o paciente (veremos adiante como
se estabelecer essa relação); se, estabelecida a relação,
acontece a sensação e, ao suspender a relação, a sensação
pára de imediato, fica caracterizado que se trata de usi-
nagem fluídica.
Pode o paciente, na hora de receber o passe, também usi-
nar fluidos?
Pode, sim. T ê m muitos pacientes que se sentem mal
exatamente porque usinam fluidos e não os exteriorizam,
assim contraindo o que seria catalogado como autocon-
gestionamento fluídico. É comum esse tipo de paciente
funcionar como u m a espécie de gerador externo a for-
talecer o tônus fluídico do passista. Esses pacientes, aten-
tos aos seus potenciais fluídicos e estudando e se dedican-
do ao mister, poderiam vir a ser excelentes magnetiza-
dores.
Congestão
fluídica




que é congestão fluídica?
A concentração indevida de fluidos n u m centro vi-
tal é o que chamamos de congestão fluídica.
Como sabemos, quando nossos centros vitais estão
em m a u funcionamento, eles nos transmitem sensíveis
desconfortos. Esse mau funcionamento depende, entre
outras coisas, de seu padrão de giro, ou seja, de estar ou
não em harmonia com a natureza -- cujo grau ideal
deve ser de espiritualização e de desapego. Além de as
complicações geradas pelo próprio paciente, como men-
talizações negativas, odientas, vingativas, rancorosas e
semelhantes ou ainda pelo descuido com o próprio cor-
po, através de alimentação inadequada, ausência ou
excesso de exercícios, repouso ineficiente, uso de drogas
e outros hábitos nocivos à saúde, o paciente ainda pode
absorver fluidos incompatíveis ou nocivos ao seu cosmo
fluídico ou vir a gerá-los para exteriorização, mas, em não
os exteriorizando, tê-los acumulados em suas estruturas
vitais. Como conseqüência disso tudo, esses fluidos den-
sos podem se acumular de tal forma que "vedarão" ou
"isolarão" o(s) centro(s) vital(is), roubando-lhe(s) a
capacidade de administrar(em) o circuito orgânico e vi-
tal a que esteja(m) afetado(s).

Como resolver uma congestão fluídica?
O ideal é contar com o auxílio de um passista que
saiba trabalhar técnicas dispersivas. Normalmente, a dis-
persão desses fluidos congestionados gera alívio imediato
no paciente e o passista, de certa forma, absorve para seu
cosmo fluídico eventuais excessos que sejam compatíveis
com suas características fluídicas. O restante (se houver),
retorna à fonte de onde proveio (o fluido cósmico).

Há relação entre congestão fluídica e acúmulo de ecto-
plasma?
Relação direta. Afinal, o ectoplasma é uma das va-
riantes dos fluidos vitais, apesar de sua especificidade.
Existem pessoas que liberam ectoplasma de forma, por
assim dizer, quase contínua, e boa parte desses fluidos
fica impregnada em regiões do corpo (orgânico e/ou
perispiritual), gerando desconfortos e até mesmo doen-
ças, o que poderia ser classificado como congestão fluí-
dica por ectoplasma. A retirada dessas energias ectoplás-
micas acumuladas também se dá por técnicas dispersivas.
O autor espírita Matthieu Tubino, de Campinas/SP,
escreveu o livro Um 'Fluido Vital' Chamado Ectoplasma,
pela Publicações Lachâtre, 1997, onde expõe o assunto
com muita propriedade, inclusive descrevendo suas
experiências práticas na área.
Fadiga fluídica




verdade que o passe "desgasta"fisicamente a pessoa?
Depende. Se o passista funciona apenas como "ca-
nal", favorecendo ao trânsito ou à simples transferência
de fluidos espirituais, praticamente não sofre qualquer
desgaste. Entretanto, se faz doação de fluidos vitais pró-
prios (magnetismo humano, bioenergia), usinando e
exteriorizando esses fluidos, convém ter muito cuidado,
pois há inúmeros e consistentes registros de pessoas que
vêm a sofrer violentos constrangimentos físicos em de-
corrência da fadiga fluídica -- antigamente também
conhecida como "anervrosia" ou u m a variante desta. Em
meus livros O Passe: seu estudo, suas técnicas, sua prática e
Manual do Passista tive oportunidade de tratar detalha-
damente do assunto. Recomendo, naqueles livros, a lei-
tura do item e do capítulo referentes à Fadiga Fluídica.

Rapidamente, o que seria essa "fadiga fluídica"?
Quando exteriorizamos muitos fluidos vitais, quando
"operamos" fluidos vitais de forma equivocada ou inefi-
ciente, ou quando, desavisada e inocentemente, absor-
vemos fluidos ou campos fluídicos desarmônicos de
outras pessoas e/ou entidades espirituais, sempre há a
possibilidade de acontecer profundos desarranjos fluídi-
cos em nosso campo vital, podendo, a partir destes, ocor-
rer repercussões de profundidade, deixando nossos cen-
tros vitais sem condições de se auto-regularem, daí advin-
do a falência parcial ou total dos mesmos. Essas ocor-
rências determinam, portanto, a fadiga dos centros vitais,
a congestão fluídica dos mesmos ou ainda as duas coisas.
No caso específico das fadigas fluídicas, como conse-
qüências palpáveis, temos: ressacas profundas (mesmo
quando nenhum desatino alimentar ou de desgaste físico
foi perpetrado); dores nas articulações; dores nos plexos;
inchaços nas juntas; alterações fortes no sono e na di-
gestão. A prosseguir no aumento da fadiga fluídica, tudo
isso culminará por nos incapacitar para atividades físicas,
seja pela paralisação ou perda da força muscular, seja
por causa das dores, ora localizadas, ora generalizadas,
que nos atacam -- bem se vê que essa última situação é
o grau máximo que temos decorrentes de uma fadiga
fluídica. O mais grave das fadigas fluídicas é que elas,
quando ocorrem e se somatizam, dão aspectos ou fazem-
se anunciar como doenças ou problemas organo-fisio-
lógicos, com sintomatologias muito indicativas, mas,
quando pesquisados por exames clínicos, laboratoriais e
médicos, nada de "anormal" é encontrado.
Está mais ou menos evidenciado que a usinagem pelo
gástrico e pelo esplénico são as mais desgastantes, tanto
que quando o centro gástrico está congestionado, ou
seja, em relativa falência, é comum ocorrerem doenças
que provocam a degeneração das glândulas supra-renais
e, conseqüentemente, a fadiga e a fraqueza do passista.
Quando ele está por demais sobrecarregado de exterio-
rização fluídica, essa fadiga e essa fraqueza, de início pu-
ramente físicas, somatizam-se nas estruturas perispiri-
tuais, vindo a ocorrer uma mais profunda fadiga fluídica.

Que sintomas seriam esses?
Além dos inchaços e das imobilizações (parciais ou
totais), é comum dores no peito semelhantes à angina,
enxaquecas violentas e constantes, indisposição alimen-
tar, insónia constante ou sono incontrolável sem refazi-
mento, e até frigidez e impotência.

E qual seria a solução para a fadiga fluídica?
O primeiro cuidado é o preventivo. Evitemos, a todo
custo, chegar a este estado. Mas, havendo chegado lá, o
tratamento com passes é o seguinte (lógico que variando
a periodicidade e a quantidade, caso a caso, devendo os
mais graves serem tratados diariamente e, nalguns mais
extremados, em até duas vezes por dia): muitos passes
dispersivos, envolvendo tanto o(s) centro(s) em desar-
monia(s) -- com dispersivos localizados -- como todos
os principais centros vitais -- com um único jato fluí-
dico. Inicia-se pelos dispersivos gerais, depois parte-se
para os dispersivos localizados e, por fim, retorna-se aos
dispersivos gerais. Repete-se tal prática profusa e repetida-
mente, evitando-se a doação (concentração) de fluidos,
sejam eles calmantes ou ativantes -- isto porque os
centros vitais dos portadores de fadiga fluídica normal-
mente encontram-se em violenta descompensação ou
congestão fluídica e a aplicação de fluidos concentrados
sobre eles pode vir a retardar o tratamento ou, o que é
mais provável, agravar a situação e as sensações do pa-
ciente. Além disso, o passista ou magnetizador deve flui-
dificar a água que o paciente deverá tomar, pelo menos
quatro vezes por dia, sendo: u m a pela manhã em jejum,
ao levantar; outra durante o almoço; outra ao jantar e
u m a outra antes de dormir (de preferência, sempre em
oração). Independente de quantos passes sejam tomados,
a água deve ser ingerida todos os dias, até que o trata-
mento esteja concluído. Normalmente, mesmo em casos
mais graves de fadiga fluídica, n u m período que vai de
um a três meses, o paciente estará completamente resta-
belecido.
Só mais u m a ressalva: independente do horário que
receba o tratamento, o paciente com fadiga fluídica deve
ingerir água fluidificada tão logo termine a sessão --
pois este é o mecanismo ideal para que os centros vitais
e órgãos afetados pela fadiga fluídica se fortaleçam flui-
dicamente sem comprometerem-se com congestões, pos-
to que a assimilação fluídica por ingestão de água fluidi-
ficada se dá por afinização, quer dizer, os campos em
desarmonia absorvem os campos reequilibrantes de for-
ma direta, sem passar pelos centros vitais. Nessa absorção
direta, o próprio campo carente (atrativo) do paciente
deixa inócuos os elementos eventualmente incompatíveis
(repulsivos) contidos na água, pelo que muito dificil-
mente a água fluidificada criará algum obstáculo à rear-
monização dos centros vitais.


Para o tratamento da fadiga fluídica, qual seria a
quantidade da água fluidificada a ser ingerida?
Normalmente é recomendado que seja no mínimo o
equivalente a uma xícara de cafezinho (um copinho) por
vez, n u m mínimo de quatro vezes por dia. Querendo
ingerir porções maiores de água, essa quantidade (um
copinho) pode ser diluída, acrescentando-se mais água
não fluidificada à quantidade estabelecida como "dose
fluídica". (Adiante falaremos mais sobre água fluidi-
ficada) .

Quer dizer que a fadiga fluídica só tem tratamento com
passes? Não há nenhum outro complemento para melhorar
o estado geral do acometido por essa fadiga?
Na verdade, as fadigas fluídicas quase sempre so-
licitarão a interferência de um terceiro, de um magne-
tizador, para providenciar a aplicação dos dispersivos e a
magnetização da água, mas alguns cuidados comple-
mentares são de vital significação, como: caminhar de
manhã cedo (não é fazer cooper ou marcha atlética),
fazendo exercícios de respiração profunda -- respiração
diafragmática, com liberação ora rápida, ora lenta do ar
--; alimentação leve e o mais natural possível -- em
todas as refeições --, evitando tudo que venha a compro-
meter o funcionamento tranqüilo do aparelho digestivo;
dormir relaxadamente -- ideal fazer leituras de elevado
teor moral antes de deitar e orar com muita fé --; e
evitar tensões, amarguras, aborrecimentos e vibrações
negativas. Para os não diabéticos, a ingestão de água de
coco é um bom reconstituinte. Apesar da cafeína, se
tomado pela manhã um café forte também ajuda no
refazimento, abstração aos alérgicos à cafeína.
Um amigo contou-me o caso de alguém que subita-
mente sofreu u m a perda muito grande de fluidos n u m a
determinada atividade, chegando a desmaiar e, quando
retornou, estava com um mal-estar generalizado. Foi
levado ao hospital e lá tomou soro, ficando recuperado
6
em poucas horas .

Como se daria a prevenção da fadiga fluídica?
Vamos por partes.



P a r a o passista

Primeiro: observe quantos passes vem aplicando e
procure prestar bastante atenção em quantos e em quais
pacientes se sente mal ou "descarregado fluidicamente",
após a aplicação do passe. De uma próxima vez, evite
repetir a quantidade de doação feita, pois o muito doar
fluidos vitais (principalmente se de forma ininterrupta,
sem intercalações de dispersivos) é u m a das principais
causas da "fadiga fluídica". A necessidade de identificação
do paciente visa estar atento para não repetir os equívocos
com o mesmo outras vezes, até porque excessos de fluidos
no paciente podem congestioná-lo e causar-lhe descon-
fortos. Temos que reconhecer que existem pacientes que
são tipo sangue-sugas de fluidos e, se não intercalarmos
muitos dispersivos nos passes neles aplicados, fatalmente
eles acabarão "consumindo" muito mais fluidos vitais
do que de fato necessitariam, podendo, em conseqüência,
levar o passista à exaustão fluídica e, daí, à fadiga.




6
C o m o só recebi esta informação quando este livro já estava prati-
camente pronto, não tive oportunidade de testar com outros passistas em
"fadiga fluídica" se tal procedimento é universal, mas fica anotado para
observação e acompanhamento dos interessados na pesquisa dos passes.
Segundo: outro fator extremamente significativo é,
quando doando passes com magnetismo humano, evitar
fazer prolongadas concentrações fluídicas. O ideal é
intercalar as concentrações fluídicas com dispersivos
localizados, pois dessa maneira aceleramos no paciente
o processo de transferência e absorção dos fluidos doados,
o que obrigatoriamente reduzirá a solicitação de usina-
gens mais intensas no passista e favorecerá a u m a mais
rápida recuperação do paciente. De quebra, tal procedi-
mento fará com que o passista se sinta bem ao término
da doação, dificilmente entrando em fadiga fluídica.

Terceiro: creio ser desnecessário lembrar que todo
passista, seguro de seus potenciais magnéticos e do co-
nhecimento sobre como manipulá-los, terminará cada
seção de passes magnéticos com aplicações gerais de dis-
persivos, assim protegendo-se e também protegendo e
equilibrando o paciente.

Quarto: u m a outra variante que leva à fadiga fluídica
deve ser observada pelo passista: a decorrente do uso
indevido das técnicas. A despeito de que os Espíritos
nos auxiliam e de que Deus cuida de todos nós, todos
temos responsabilidades por tudo o que fizemos ou
fizermos. E como a doação magnética atende às leis físicas
e vitais, o excesso ou a doação equivocados têm seu preço
-- que, registre-se, é bem elevado. Assim, até mesmo
para evitar os problemas da fadiga fluídica, o melhor
caminho é estudar com atenção para fazer a aplicação
do passe magnético com conhecimento de causa. Tudo
isso porque o passe é um mecanismo de dupla via, ou
seja, quando fazemos o bem de forma bem feita, o re-
sultado é positivo para ambas as partes; o contrário, com
resultado negativo, também faz parte da regra.



P a r a o m é d i u m em geral

Ao contrário do que alguns imaginam, a fadiga fluí-
dica não alcança apenas os passistas. Na realidade, todo
doador de fluidos está sujeito a tal ocorrência. Os doa-
dores fluídicos das reuniões mediúnicas ou de ectoplas-
mia, popularmente conhecidos como "sustentadores das
correntes fluídicas", estão expostos aos riscos das fadigas
fluídicas. Os cuidados são parecidos com os recomen-
dados aos passistas. Só que, em vez de intercalar disper-
sivos, já que não estão necessariamente aplicando passes
e sim apenas doando fluidos, deverão, em pequenos
intervalos, interromper esses fluxos fluídicos constantes
e prolongados. Normalmente, se obtém tal controle in-
tercalando-se as usinagens com inspirações profundas
(diafragmáticas) e expirações ora vigorosas, ora lentas e
prolongadas. Apesar desse cuidado, se ao final da reunião
que tenha participado não estiver se sentindo bem --
fluidicamente falando --, solicite passes dispersivos em
profusão e, havendo, tome um pouco de água fluidifi-
cada. Só mais um adendo: médiuns em trabalho de
desdobramento -- mediunidade sonambúlica -- tam-
bém estão passíveis de fadiga fluídica. Para esses, reco-
mendo estudar o assunto com bastante atenção, a fim
de quando se desdobrarem não permitirem que suas
"energias" sejam gastas de forma abundante e inconse-
qüente, até porque o bem deve ser igualmente previdente.
Uma das formas de se reconhecer estes últimos se caracte-
riza pelo constante repetir do acordar ressacado e nunca
o sono ser suficiente para restabelecer suas energias e
vitalidade, por mais prolongado e regular que seja este
sono.



Para o u t r o s casos

Profissionais da área da Psicologia em geral, massagis-
tas, recepcionistas, professores e outras profissões que
lidam com muitas e diversas pessoas e que tenham facili-
dade de absorver fluidos ou se envolver emocionalmente
com os dramas alheios, padecem do risco de cair em
fadiga fluídica. Nem sempre por doação excessiva, mas
sobretudo por se desarmonizarem ante tão variado leque
de campos fluídicos com que interagem, assim como
por despercebidas mas consistentes perdas fluídicas. Estas
acontecem porque existem pessoas que são verdadeiros
"sugadores fluídicos" e que, ao aproximarem-se dos doa-
dores (conscientes ou inconscientes), em face de suas
necessidades e profundas desarmonias, como que lhes
"roubam" importantes energias vitais. Normalmente,
essas perdas fluídicas ou essas "contaminações" são per-
cebidas com relativa facilidade, bastando apenas atenção
às mudanças em suas próprias sensações. A sugestão é
que, em sentindo-as, respire profundamente e solte o ar
com força, repetidas vezes. Se não for conveniente fazê-
lo na frente de quem provoca tal estado, que se faça tão
logo seja permitido, pois essa atitude, por ser dispersiva,
alivia em muito os desconfortos e reduz os riscos da
fadiga. Outra saída seria jogar os braços com vigor para
os lados, até sentir que o "torpor" já esteja vencido. Por
fim, tão logo quanto possível, tome um longo e relaxante
banho, de preferência com uma ducha (um pouco mais
fria do que o normal do banho) aplicada sobre o umeral.
Use esfregar-se bastante e relaxar o máximo possível no
banho. E sem querer disso fazer uma piada, essa é uma
hora ideal para a prática do "canto no chuveiro". Cante
forte, cante alto, cante alegremente e descontraia-se ao
máximo, assim dispersando as tensões e os eventuais
concentrados fluídicos.

Então a fadiga fluídica é uma questão muito séria?
Muito mais séria do que imaginamos. As pessoas que
costumam não dar importância ao tema pertencem a
um desses grupos: ou nunca passaram por u m a fadiga
fluídica ou preferem acreditar que ela não existe. Como
acontece a alguns descuidados, estes são os que só lem-
bram de fechar ou verificar os ferrolhos das portas após
receberem a visita indesejável dos gatunos. Apesar da
seriedade do assunto, a solução, como vimos, é relati-
vamente simples, pelo que não se justifica haver tanta
gente se comprometendo e padecendo de suas conse-
qüências.

Você está querendo dizer que nem todo mundo entra
em fadiga fluídica?
Isso também. Os doadores de fluidos espirituais não
têm como se fatigar, pois os fluidos não são seus. Os
magnetizadores previdentes e experientes evitam as doa-
ções prolongadas sem intercalações de dispersivos, além
de saberem quando devem parar ou como corrigir even-
tuais excessos (na maioria dos casos corrigidos com vigo-
rosas aplicações de dispersivos). Ademais, vale ressaltar
que alguns magnetizados têm potenciais magnéticos
fabulosos, com elevado índice de recuperação. São para
quem, independente da quantidade doada, normalmente
uma noite de sono é suficiente. Esta, entretanto, não é a
regra geral.

Consideremos que um passista aplicou excessiva carga
fluídica num paciente e, sem perceber, ficou "descompen-
sado ". Depois desse passe, ainda vai atender a outros pa-
cientes. Será que os próximos pacientes sofrerão alguma
seqüela por conta disso?
Provavelmente, não; pelo menos não ao ponto de pre-
judicar o tratamento em si.
Vejamos u m a analogia. Estou conversando com uma
pessoa e com ela me aborreci. Logo em seguida, con-
verso com outra, com a qual devo ser simpático. Consigo
isso. E depois converso normalmente com outras pessoas.
Ou seja, apesar da rusga anterior, continuo educado e
atencioso com essas outras pessoas. No íntimo, me per-
gunto o porque daquela primeira dificuldade e posso
até ficar menos espontâneo com os demais por força da
ocorrência desagradável, mas manterei o estilo até o fim,
sem prejuízos para os outros, pois m e u débito está
relacionado com aquele primeiro. Em m a g n e t i s m o
acontece algo semelhante: se me descompenso com um
paciente, é com ele que, de preferência, devo me recom-
pensar. Apesar de, após a descompensação, ficar me
sentindo "embaraçado", não comprometerei o atendi-
mento aos seguintes, já que, magneticamente, eles nada
têm a ver com o ocorrido (é onde percebemos como a
questão da simpatia, antipatia e empatia fluídica interfe-
rem mesmo nos passes). Devemos convir, entretanto,
que há limites. Se a descompensação chegou ao ponto
de nos tirar da condição de usinagem tranqüila, o ideal
é tentar reparar a descompensação o mais rápido possível,
de preferência ajudando ao paciente também. Não po-
dendo, por algum motivo, ter o paciente de volta "para
com ele se rearmonizar, procure receber passes dispersivos
e ingira água fluidificada pelo menos por mais dois dias.

Numa entrevista sua para o jornal eletrônico do GEAE,
havia a seguinte pergunta e respectiva resposta. Você poderia
acrescentar mais alguma coisa?
P: "Um mentor espiritual de uma médium educada
disse-lhe que o tipo de mediunidade que ela possuía não a
predispunha a dar passes em grande número de pessoas.
Realmente, numa oportunidade de treinamento numa
câmara de passes de uma reunião pública ela não passou
bem. Por outro lado, trabalha com desinibição como psico-
fônica, psicógrafa e vidente (normalmente, desdobrando-
se). Qual a sua opinião? Pode haver o caso em que as energias
psíquicas do médium sejam tão sensíveis a ponto de limitá-
la no campo dos passes?
R: "Tanto épossível que o fato narrado o confirma. Só
não se trata de um caso de "fluidos sensíveis", mas pro-
vavelmente de uma especificidade fluídica. Por vezes,
"usinamos"fluidos bons para determinados usos e ineficientes
ou de alto consumo para outros. Essa limitação não é
punitiva nem discriminatória: apenas uma questão de
aptidão fluídica."
Seguindo nessa mesma variante de raciocínio, têm
médiuns que, quando usinam fluidos para exteriorização,
fazem-no de forma muito intensa e de uma maneira tal
que suas estruturas vitais não estão preparadas para su-
portar a "perda fluídica", daí advindo a fadiga fluídica.
Esses, mais do que quaisquer outros, precisam estudar e
conhecer bem o assunto para aproveitar melhor seus
potenciais e evitar o desgaste infrutífero.
U m a realidade que parece incomodar quem não quer
estudar o tema é que existem magnetizadores e passistas
que são mais felizes em determinadas práticas do que
noutras. Por exemplo: tem ótimos passistas no tratamen-
to de dores, mas que são frágeis em infecções; e vice-ver-
sa. Passistas há supereficientes em calmantes, enquanto
outros são excepcionais apenas com ativantes. Existem
passistas vigorosos na fluidificação de água, mas inseguros
com pessoas. E por aí segue. Com isso, não estou sugerin-
do que se busque a especialização dos médiuns, magne-
tizadores e passistas, mas chamando a atenção para um
fato inegável. C o m certeza o conhecimento e o reco-
nhecimento de passistas com essas especialidades bem
definidas serão de grande valor nas tarefas de atendi-
mento aos necessitados, que aportam nos Centros em
busca de alívio e cura.
Psi-sensibilidade




que é psi-sensibilidade?
É u m a espécie de sensibilidade anímica, psíquica,
muito sutil, que está além da sensibilidade física. Para o
paciente, é uma zona sutil de registro sensório devido às
mudanças fluídicas ocorridas em seu cosmo fluídico. Em-
bora essas mudanças, quando incômodas, sejam locali-
zadas, costumam ser de difícil definição.
Traduzindo informações peculiares ao padrão fluídico
em que o paciente vibra ou como foi induzido a vibrar,
normalmente o paciente acusa-a referindo-se a tonturas,
dores na cabeça, turvamento da visão, enjôos e ânsias,
um certo ouriçar da epiderme, além de outros mal-estares
indefinidos.

De que decorre essa psi-sensibilidade?
Como todos possuímos dispositivos sensórios naturais
a nos predispor ao conforto ou nos sinalizar alertas, quan-
do passamos por transformações muito rápidas -- como
pode acontecer em muitas magnetizações --, nem sem-
pre a adaptação à mudança acompanha a velocidade real
da mudança, precisando o campo vital como um todo,
via de regra, de um certo tempo para o "reconhecimento"
da transformação, assim como para assumir a nova "po-
sição". A psi-sensibilidade é o mecanismo de "infor-
mação" a dar conta dessas sensações.
Para compormos um raciocínio, imaginemos u m a
pessoa com uma inflamação n u m músculo. Normalmen-
te, o médico receita um antiinflamatório ou um antibió-
tico, que é o que vai resolver o processo inflamatório ou
infeccioso. Paralelamente, adiciona à receita um analgési-
co. Por quê? Porque se receitar apenas o elemento que
vai resolver a inflamação, apesar de o organismo começar
a registrar os efeitos diretos do remédio, o paciente não
reagirá com tranqüilidade imediata por causa da dor que
não passa tão imediatamente. Daí a necessidade do anal-
gésico. Sem este, se alguém lhe perguntar se está melhor,
ele dirá que não, visto que sua sensação de dor ainda
estará exacerbada. Por analogia, quando tratamos certos
pacientes, "corrigindo" as desarmonias localizadas por
meio dos passes, devemos realinhar o ou os seus centros
vitais, mas se não movimentarmos sua psi-sensibilidade
em direção ao novo alinhamento, ele poderá ficar regis-
trando um certo desconforto, podendo, a partir daí, fazer
com que o processo de magnetização seja parcialmente
anulado, por força psicológica, retrocedendo à posição
de desalinho.


E como se movimenta essa psi-sensibilidade?
Através de técnicas dispersivas. Um passista experiente
sabe que após sentir que os passes objetivos (aqueles des-
tinados a atender às necessidades diretas de determinado
centro ou foco) estão concluídos, será conveniente fazer
um pouco mais de dispersivos gerais, pois esses não só
forçarão ou provocarão o alinhamento de todos os cen-
tros, como trarão junto a psi-sensibilidade. Tanto é ver-
dade que a maioria dos casos de retorno às cabines de
passes, por conta dos mal-estares acusados pelos pacien-
tes, se resolve exatamente pela simples aplicação de dis-
persivos, o que sinaliza duas possibilidades: ou estava
faltando o alinhamento dos centros vitais ou faltava sin-
tonizar a psi-sensibilidade do paciente à sua nova rea-
lidade fluídica.

O passista percebe quando a psi-sensibilidade do paciente
está dissociada dos resultados obtidos com a magnetização?
Nem sempre. Os passistas com mais experiência e
que tenham aprendido a guardar com atenção a capaci-
dade de observar com bastante acuidade os campos vitais
dos pacientes perceberão de chofre que alguma coisa está
faltando -- e essa coisa quase sempre será a movimen-
tação da psi-sensibilidade. Aqueles mais apressados ou
que acreditam que basta "corrigir" o foco ou o centro
em desalinho para tudo resolver, tendem a deixar nos
pacientes sensações desagradáveis e muitas vezes ficam
sem entender porque vários pacientes retornam alegando
estar passando mal. O interessante é que, nesses casos, a
natureza magnética tende a falar mais alto: mesmo
aqueles passistas que usualmente adotam como prática
o restrito uso das imposições, sentem fortes impulsos
dispersivos, e, entre um atendimento e outro, movimen-
tam as mãos com vigor, nitidamente atendendo à neces-
sidade de movimentação da psi-sensibilidade e/ou da
própria ajuda dos Espíritos, "empurrando" esses passistas.
O incrível nisso é que muitos ainda relutam ante tão
gritante realidade.
O tato-magnético




possível o passista sentir alguns dos sintomas da(s) en-
fermidade(s) que o paciente traz consigo?
Não só é possível como é muito comum isso acon-
tecer. Aliás, existem pessoas que não são passistas nem
sequer jamais pensaram ou tomaram conhecimento do
assunto, e assim mesmo sentem ou registram essas sen-
sações de modo semelhante. Na verdade, todos possuí-
mos, além de nosso corpo físico, um campo de emana-
ções fluídicas muito próprio, através do qual percebemos
e somos percebidos pelas outras criaturas, sendo que para
os sensitivos fluídicos isso é muito mais "palpável". Os
passistas que têm esse tipo de registro, chamado de tato-
magnético natural, dispõem de um instrumental muito
precioso para atender com exatidão a seus pacientes.
Dentre os inconvenientes que regularmente são aponta-
dos, registra-se o desconforto das sensações de dores ou
incômodos que os pacientes são portadores e o fato de
alguns sensitivos reagirem como que absorvendo essas
sensações, de u m a forma muito intensa, com esses re-
gistros demorando-se em seus campos fluídicos. Também
para esses casos é mais do que conveniente o conheci-
mento do magnetismo e suas técnicas, pois através de
seu uso correto o passista saberá como atuar de forma a
aliviar ou resolver os problemas do paciente e, por con-
seqüência, deixar de sentir as dores ou os desconfortos
deste. Em todo caso, fica a ressalva de que os dispersivos
gerais ao final do atendimento normalmente eliminam
eventuais absorções improprias.

E no caso de o passista sentir os problemas bem antes do
paciente entrar para o atendimento, tendo inclusive a certeza
dos locais eprocedimentos que tomará, e isso sem saber exa-
tamente qual será o paciente que virá para ser atendido?
A questão é a mesma: tato-magnético natural. Acon-
tece que pela afinidade e responsabilidade ante os traba-
lhos em realização, os campos fluídicos do passista vão
se tornando cada vez mais abrangentes, assim alcançando
outros campos fluídicos com os quais irão interagir. A
certeza do que irá fazer faz parte do nível de prática e
experiência do passista (sem falar nas influências e nos
encaminhamentos espirituais). Isto, inclusive, indica
muito bem que quanto mais e melhor agirmos no terreno
do magnetismo, mais e mais habilitados estaremos para
identificar os problemas dos pacientes e ter segurança
de como, quando e onde realizar as fluidificações. Este,
inclusive, é um dos motivos pelos quais os passistas estão
sempre sendo convidados ao estudo e ao aprimoramento
das técnicas através do bem.


Especificamente sobre o tato-magnético natural, poderá o
mesmo ser passível de controle, já que muitas vezes as pess-
oas que têm esse dom não o dominam, pois sentem ou regis-
tram as sensações das pessoas onde quer que se encontrem?
Vejamos o que sugere Kardec, conforme registrado
em O Livro dos Médiuns, item 162. "Como se sabe, o
sonambulismo natural cessa, geralmente, quando subs-
tituído pelo sonambulismo magnético. Não se suprime
a faculdade, que tem a alma, de emancipar-se; dá-se-lhe
outra diretriz. O mesmo acontece com a faculdade me-
diúnica." Ora, sabemos que o tato-magnético não é uma
faculdade mediúnica, mas a prática tem demonstrado
que, neste caso, o que se aplica ao sonambulismo natu-
ral e à faculdade mediúnica é similar ao que acontece
com o tato-magnético. Portanto, a melhor maneira de
vencer os incômodos provenientes de um tato-magnético
natural é transformá-lo em facultativo. Dando-lhe essa
"nova diretriz", ou seja, esse uso controlado, a espontanei-
dade vai substituída pelo controle, por sua educação,
por seu domínio.


Até agora, você só falou do tato-magnético natural. Existe
outro?
Acabei de falar no outro, que pode ser "desenvolvido",
despertado, educado. É o tato-magnético facultativo. Por
se tratar de faculdade anímica (não mediúnica), tem a
vantagem de podermos ter um maior domínio sobre a
mesma. Consiste em, por meio da observação acurada,
sentirmos nas mãos e pelas mãos as variações fluídicas
do paciente (digo nas mãos por ser o mais usual, mas há
variantes também nesse setor). Normalmente, passamos
as mãos pela frente do paciente, buscando sentir todas
as variações existentes entre os centros vitais e outras
regiões do corpo do paciente (sem toque físico).
Quais tipos de variações e sensações são registrados?
Vão desde um suave e quase imperceptível frescor
até violentos tremores ou choques. O mais comum é o
registro de variações de temperaturas, umidade e poro-
sidade da "superfície áurica". Importante destacar, entre-
tanto, é a sensação de ser agradável ou desagradável tal
registro. Isto porque num paciente uma determinada sen-
sação pode ser considerada agradável e noutro a mesma
sensação pode ser desagradável. Esta percepção é funda-
mental para que do tato-magnético extraiamos a diag-
nose precisa.




E como se desenvolve esse tato-magnético?
Em tese, é muito simples. Afastamos uma ou as duas
mãos de um centro vital do paciente (de preferência o
coronário ou o frontal, a cerca de um metro de distância)
e vamos deixando que ela(s) se aproxime(m) lentamente.
Perceberemos que a partir de uma determinada distância
(que em média varia de 35 a 15 cm de distância do corpo
do paciente) uma certa "barreira" parece querer interditar
nosso acesso às zonas mais próximas do corpo do paciente
-- notemos que nesse ponto é onde melhor nos sentire-
mos com o paciente ou, no caso de antipatia fluídica,
maior repulsão será constatada. Esse ponto é o ideal onde
nossos campos fluídicos melhor interagem e, portanto,
melhores condições de registro e percepção teremos.
Muitas vezes, não conseguimos localizar esse ponto
nas primeiras tentativas, mas normalmente a grande
maioria dos passistas logo o identificam.
Creio ser desnecessário dizer que entre cada par pas-
sista-paciente haverá u m a relação própria, pelo que não
será comum passistas diferentes encontrarem pontos em
distâncias idênticas ou os mesmos tipos de sensações.




Somente isso?
Bom, sentido e localizado esse primeiro ponto, fica
mais fácil detectarmos os demais, especialmente sobre
os demais centros vitais.
Sempre no sentido da cabeça para os pés, passamos
as mãos em frente a todos os centros vitais e vamos re-
gistrando as diferenças entre os centros e as sensações
agradáveis ou desagradáveis sobre cada um deles. Nor-
malmente, as reações desagradáveis são ricos sinalizadores
de focos a serem tratados.

Então, todo o registro ocorre nas mãos do passista?
Sim e não. Para u m a grande maioria, sim, mas outros
sentem reflexos em seus próprios organismos. Depois,
há de se destacar um detalhe muito importante: nas mãos,
temos pelo menos dois tipos de registros: um diz "o que
o paciente está emitindo" e o outro informa "o que nós
estamos sentindo". Por exemplo: quando passo a mão
sobre o gástrico de um paciente, sinto um incremento
de calor seco vindo do paciente (percebido em minhas
mãos) e no meu corpo registro um desconforto tipo uma
ânsia repentina, ou um frêmito, ou u m a pontada no
fígado...

Quer dizer que o campo que sentimos desagradável será
onde iremos agir magneticamente?
Na maioria das vezes, sim. E o que quer que façamos
naquele campo, poderemos em seguida verificar se deu
certo ou errado. Como? Passando a mão sobre os centros
vitais novamente e percebendo se as sensações equivoca-
das e de desconforto ali registradas passaram. Se aliviaram
ou melhoraram, significa dizer que as técnicas empre-
gadas estão de acordo com as necessidades do tratamento;
se o desconforto aumentou, significa dizer que devería-
mos ter agido de forma inversa ou de outra forma. Por
exemplo, se aplicamos um ativante concentrado, de-
veríamos ter feito um dispersivo ativante ou ter traba-
lhado os calmantes. Basta refazermos, com todo cuidado,
é claro, o que fizemos anteriormente e logo restabele-
ceremos o ideal magnético.

Todo mundo tem tato-magnético?
Nem todos possuem um bom tato-magnético, mas
todos podemos desenvolvê-lo, de forma a tê-lo n u m bom
nível de precisão.

Não anularia a intuição ou outras manifestações de di-
agnose?
De forma alguma. O tato-magnético é mais u m a fer-
ramenta a favor do magnetizador e do paciente. Sabendo-
se onde e como atuar e podendo-se conferir o resultado,
antes mesmo de o paciente acusá-lo, a segurança das atua-
ções magnéticas só têm a lucrar. Assim, as manifestações
oriundas de faculdades mediúnicas terão no tato-magné-
tico reforço de primeira linha. Ademais, se um Espírito
quiser chamar nossa atenção para um problema localiza-
do, ele pode "passar a idéia" do lugar onde há o dese-
quilíbrio ou simplesmente dirigir nossa mão ao ponto,
o que não nos impede de conferir a intuição com o tato-
magnético ou simplesmente atender à intuição.

Então, a intuição é peça importante no trato do magne-
tismo, também?
Não foi por esquecimento nem descaso que deixei
de fora a intuição como fator determinante. Ocorre que
é muito comum usarmos a desculpa da intuição para
darmos vazão às nossas pretensões e, via de regra, de-
bitarmos ao "mais além" o resultado de nossa invigilância
e imprudência. Assim, para quem tenha boa intuição na
hora do passe, ainda assim assegure-se de possuir um
m í n i m o de domínio das técnicas e de segurança própria
para depois não cair nas dificuldades propiciadas pelos
equívocos. A intuição é muito importante e valioso ins-
trumento de ação no magnetismo, mas não deveríamos
transferir a ela a responsabilidade que cada um deve
exercer, consorciada ao estudo, à prática e à experiência.

Às vezes, quando estou aplicando passes, vejo luzes nas
pontas de meus dedos e elas se direcionam a algumas partes
do corpo do paciente e, ali chegando, aquelas regiões reagem
apresentando cores mais fortes ou outras cores. O que é isso?
U m a variante do tato-magnético. Apesar do termo
tato-magnético sugerir um registro tátil, este registro
pode se manifestar de diversas formas. U m a delas é essa,
de cores e luzes.
Os passes na
Casa Espírita




erá que as diversas modalidades (técnicas) de aplicação
de passes que vêm do Magnetismo são aconselhadas
para serem empregadas nas Casas Espíritas?
Primeiro precisamos estudar as várias técnicas para
entender seu funcionamento, melhor uso e praticidade,
afinal, nem todas as técnicas do Magnetismo são boas
ou exeqüíveis no ambiente da Casa Espírita. Depois, ava-
liemos quais as propostas da Casa, o que ela pretende
realizar com os tratamentos que oferece ao seu público.
Por fim, quantos e quais trabalhadores ela conta para
realizar os trabalhos, pois estes, para agirem magnetica-
mente, precisam estudar e conhecer o assunto com se-
gurança e relativa profundidade.
Ilustrando, tomemos o seguinte exemplo: apesar de
a ortopedia ser coisa necessária para um hospital, nem
todos os hospitais se habilitam a tal tarefa. O mesmo se
dá com as Casas Espíritas: dependendo do que pretenda
obter com os passes, as várias técnicas podem ou não ser
usadas. Por isso é que é necessário que seja avaliado cor-
reta e criteriosamente os propósitos das instituições e
que todos os envolvidos estudem para fazer tudo da
melhor maneira possível, tanto em conhecimentos como
em amor.

Acontece de em determinadas reuniões evangélico-
doutrinárias o orador cativar a platéia de tal forma que os
espíritos aproveitam o ambiente criado e, ao decorrer da
oratória, executam os trabalhos do passe. Isso é correto?
É correto. A Espiritualidade, sempre atenta às neces-
sidades dos freqüentadores e às condições gerais do am-
biente, aproveita as melhores condições para fazer a apli-
cação de fluidos espirituais no público presente, o qual
os absorve de conformidade com suas necessidades e ní-
veis de captação. Em muitos casos, é comum a Espiri-
tualidade aproveitar a disposição magnética de alguns
passistas presentes para saturar os fluidos espirituais com
a chamada cola-psíquica.

Qual o método correto de se aplicar o passe?
Como já vimos, há muitas técnicas e pelo menos três
origens. As técnicas são conhecidas pelo estudo e testadas
na prática, enquanto as origens dos fluidos determinam
se estes são espirituais (vêm dos Espíritos), humanos (se
provêem dos magnetizadores) ou mistos (de ambos). O
mais correto é saber-se as técnicas para empregá-las com
proficiência, mas jamais esqueçamos o amor, a prece, o
recolhimento, a confiança no M u n d o Espiritual e o
equilíbrio mental e físico, para que doemos o melhor,
com muito carinho fraternal, sempre.

Ao se aplicar o passe pode-se separá-lo em três etapas: 1.
Passe dispersivo; 2. Passe magnético nos principais centros
de força; e 3. Passe magnético direcionado para os órgãos do
corpo físicolperispiritual. Está correto isso?
Antes disso, vêm as obrigações que dizem respeito ao
emocional, e aos princípios do magnetismo. Por emocio-
nal, estou me referindo à necessidade de uma prévia pre-
paração, pela vibração de sentimentos amorosos, através
da prece, por uma boa mentalização e/ou concentração
no bem e toda u m a sintonia com as Forças Estrutura-
doras do Bem. E dos princípios do magnetismo, a im-
periosa necessidade de entrar em relação magnética com
o paciente. Seguindo-se, poder-se-ia interpolar o tato-
magnético para o estabelecimento da diagnose fluídica
do paciente. Depois disso, pode-se considerar correto o
procedimento sugerido, mas que tenhamos bem regis-
trado que nenhuma prescrição desse tipo deve ser tomada
como regra geral. Tanto que à separação sugerida eu
acrescentaria: 1. os passes dispersivos do início deveriam
ser realizados tanto nas estruturas dos ativantes como
dos calmantes; 2. os passes nos centros vitais só seriam
aplicados nos que estivessem carentes de fluidos ou de
descongestionamentos; de preferência, intercalaria as
concentrações fluídicas com dispersivos localizados; 3.
os passes na estrutura orgânica ou perispiritual só seriam
aplicados se constatada a real necessidade dos mesmos
(através do tato-magnético ou por alguma disposição
mediúnica). Além disso, é sempre muito conveniente a
aplicação de mais dispersivos gerais ao final dos passes,
já que com essas dispersões eliminaremos vários incon-
venientes decorrentes da mudança fluídica provocada
pela aplicação do magnetismo e trabalharíamos a psi-
sensibilidade do paciente.
Qual o melhor tipo de passe para se aplicar na Casa
Espírita?
Não existe um tipo melhor ou pior, existe, sim, o
mais ou o menos conveniente. Depende do que se almeja,
das condições disponíveis e dos trabalhadores à dispo-
sição. Para muitos casos, os passes coletivos são os ideais,
por atender a um maior número de pessoas n u m menor
espaço de tempo; mas existem casos especiais que re-
querem verdadeiros tratamentos, de curto, médio e longo
prazo, os quais requisitam espaço, tempo e pessoal pre-
parado.
Em todo caso, os passes espirituais (cujos fluidos são
predominantemente dos Espíritos) são os mais comuns
e, talvez por isso, inconscientemente estejamos, ao longo
do tempo, minimizando seu valor.

Quem seria melhor passista: o homem ou a mulher?

A atuação do magnetismo independe do sexo do
magnetizador. O melhor passista será aquele que tiver
mais responsabilidade e amor, em todos os sentidos, ante
a tarefa abraçada.

Como seria a aplicação do passe espiritual de forma in-
dividual?
Na verdade, os passes espirituais requerem um melhor
preparo moral do passista, pois ele será o intermediário,
o canal por onde os fluidos sutis dos Espíritos passarão.
E nesse caso, mais do que em qualquer outro, a postura
de seriedade (não seja entendida como ausência de hu-
mor e bom humor) ante a vida é deveras importante,
posto que quanto mais elevados formos mais sutis vibra-
remos e, assim, melhor nos prestaremos para canalizar
aqueles fluidos benéficos. Por isso, mente equilibrada,
coração pleno de amor, vibração positiva, prece fervorosa,
fé, boa vontade, desejo sincero de ajudar e servir, respeito
a tudo e a todos e muita confiança em si, nos Espíritos e
em Deus. Junte-se a isso um ambiente -- físico e espiri-
tual -- apropriado e equilibrado e a certeza da coopera-
ção do M u n d o Espiritual e teremos uma bem-estrutu-
rada consideração para que se faça u m a excelente aplica-
ção de passes espirituais.
Como técnica, os passes espirituais dispensam maiores
preocupações com seus requintes. Usualmente, u m a im-
posição de mãos é suficiente; mas, por medida de precau-
ção, é bom ter em mente o que já sugeri em meu livro
Manual do Passista:

1. Antes de iniciar a imposição da(s) mão(s), ore com
fé e esperança, por você e por seu paciente, procuran-
do captar a sensação de "entrar no clima" fluídico
daquele que ali está para ser atendido. Vibre o mais
puro e nobre sentimento de amor e compaixão que
possa dedicar a quem de boa-fé ali se encontra para
ser socorrido, ajudado ou aliviado.
2. Sentido o "clima fluídico" do paciente, imponha a(s)
mão(s) sobre a cabeça do paciente ou de frente para
o frontal -- nem muito próximo, nem muito dis-
tante, cerca de 25 a 50 cm -- e aí, sempre em oração,
deixe os fluidos dos Bons Espíritos fluírem (esse fluir
se caracteriza por um leve rocio no alto da cabeça do
passista, que, a seguir, "percorre" suavemente pelos
braços e esvai-se pelas mãos, deixando no passista
uma sensação agradável, reconfortante e suave).
3. Quando cessar esse fluir, podem ser executados al-
guns dispersivos sobre a cabeça [ou sobre o(s) local (is)
onde foi(ram) feita(s) a(s) imposição(ões)] do pa-
ciente para evitar o efeito da concentração de even-
tuais transferências de fluidos magnéticos (mesmo
nos passes espirituais, é comum o passista deixar "va-
zar" fluidos magnéticos humanos, na maioria das
vezes sem o perceber, o que pode gerar algum tipo
de congestão fluídica localizada no paciente). C o m
a dispersão fluídica, evitamos um sem-número de
mal-estares comumente verificados após longas im-
posições, mormente sobre o coronário ou o frontal.
4. Ao final, sempre em prece, sinaliza-se ao paciente
que o passe foi concluído.

Depois que você disse que era simples, acrescentou uma
série de situações. Por quê?
Via de regra, não se usa movimentação de mãos nos
passes espirituais. Todavia, como nem sempre se tem
segurança plena sobre que tipo de fluidos foram doados
ao paciente, convém manter atenção quanto à possibi-
lidade do uso de dispersivos, posto que algum fluido
magnético humano pode vir a ser veiculado durante os
passes espirituais e, como já vimos, seu acúmulo pode
ser prejudicial.
Outro fato é que, mesmo na situação do passe es-
piritual, é grande o número de pacientes que está pre-
cisando mais de um dispersivo, no sentido de rearmo-
nizar suas estruturas vitais, do que de uma captação
fluídica. Por isso, incluirmos o passe dispersivo no início
dos passes espirituais é de grande valia, pois por seu
intermédio poderemos eliminar a necessidade de maiores
doações fluídicas. Esta observação é igualmente coerente
e conseqüente nos passes magnéticos e mistos.

Nos passes espirituais, pode ser dispensado o uso das mãos
do passista?
Passistas com muita prática nesses passes podem dis-
pensar o uso das mãos, fazendo todo o processo de fluidi-
ficação de forma mental. Um inconveniente comum a
isso é que os atavismos e condicionamentos do paciente
podem levá-lo a crer que não recebeu o passe e, por outro
lado, o passista nem sempre consegue o domínio men-
tal pleno, que seria uma condição imprescindível para
uma boa realização fluidoterápica com a mente. Veja-
se, a exemplo do que se diz do italiano nato, como eles
ficam "mudos" quando têm as mãos amarradas. Em todo
caso, lembro que as imposições podem ser feitas com
uma ou com as duas mãos, dependendo da área ou região
que se queira fluidificar.

No caso do passe coletivo, como seria a aplicação do passe
espiritual?
Imaginando se tratar daqueles passes em que o públi-
co esteja sentado em seus lugares na assembléia e passistas
virem à frente (e/ou nas laterais do salão) para envolver
a todos com seus fluidos, digo não haver necessidade
do(s) passista(s) elevar(em) as mãos para a distribuição
fluídica. O caso do atavismo que falamos acima também
se aplica aqui, pelo que ainda é difícil superar esta ne-
cessidade de erguer as mãos em direção ao público.
Embora não seja de todo equivocada tal postura, nessa
situação o mais recomendado é uma prece bem fervorosa,
uma concentração mental no bem bastante consistente
e u m a vibração interior de muita doação. U m a menta-
lização com vibrações no amor e no bem também é
prática de muito feliz resultado.




Existe contra-indicação ao passe espiritual?
Os passes espirituais não oferecem contra-indicação,
abstração feita à necessidade de respeito a quem nos faz
a doação (os Espíritos) e do reconhecimento de uma
necessidade real de recebê-los, a fim de não gastarmos
indevidamente um bem que não é nosso.

O passe espiritual pode ser dado com o médium incor-
porado?
O passe é espiritual pela qualificação do fluido e não
pela característica de envolvimento espiritual. E dizer:
uma incorporação (psicofonia) não implica no passe ser
espiritual. A propósito, o passe, de uma maneira geral,
dispensa a incorporação; no caso do espiritual, mais ainda.
Os fluidos do mundo
espiritual, quando
não são "depositados"
diretamente sobre o
paciente, acessam o
passista via centro co-
ronário, o qual os re-
passa ao paciente via
centros secundários
de exteriorização (es-
pecialmente as mãos).
D a í ser t o t a l m e n t e
desnecessária a incor-
poração. Registre-se,
entretanto, que fluidi-
c a m e n t e a incorpo-
ração em si também
não distorce ou prejudica o passe.

Quais providências a Casa Espírita deveria tomar quan-
do não puder fazer uso das múltiplas ofertas de ação que o
magnetismo oferece?
Tudo começa pela parte administrativa. Cada Casa
Espírita deve saber suas reais condições de serviço e, assim
definida, decidir onde, como e com quem realizar o quê.
Para aquelas que não têm recursos, sejam físicos, de
pessoal ou de tempo, fica a sugestão do bom-senso:
quando não podemos atender a quem necessita, devemos
endereçar o necessitado a uma outra Instituição que possa
atendê-lo. Isto é respeito ao paciente e caridade verda-
deira. Já aquelas outras que dispõem de condições para
realizar trabalhos mais específicos, e ainda não os realiza,
a primeira preocupação deve ser a da formação da equipe;
desde a seleção dos interessados até a quantificação,
funcionalidade e qualificação dos mesmos. Em seguida,
definir o local, os dias, horários e objetivos que pretende
alcançar com o atendimento. De posse desse planeja-
mento mínimo, nomeado(s) o(s) responsável (eis), faz-
se o que seja preciso: cursos, treinamentos, estudos, reci-
clagens, preparação do(s) local (is), definindo-se critérios
de encaminhamento, tratamento, avaliação e alta.
Embora tudo isso pareça burocrático, fato verdadeiro
é que muito se tem pecado por falta de planejamento e
dimensionamento prévio do que se irá precisar para um
bom e pleno funcionamento de um "grupo de curas",
como chamam alguns. É preciso que reconheçamos que
estaremos lidando com seres e situações muito delicadas
e que, em todos os casos, contam muito com nossa parti-
cipação e efetiva consciência ante o que realizamos. São
os Espíritos orientadores e trabalhadores da Casa, são os
dirigentes da Casa, são os pacientes, são os companheiros
de tarefas e, essencialmente, somos nós mesmos. Por
outro lado, são pessoas adoentadas, do corpo e da alma,
são pessoas descrentes, desesperançadas ante resultados
funestos já experimentados anteriormente, são problemas
morais, físicos, emocionais, perispirituais e de toda monta
que estarão esperando nossa efetiva colaboração para a
realização das almejadas vitórias. Ante tão amplo espectro
de variáveis e expectativas, não podemos ser irrespon-
sáveis na montagem de u m a equipe de trabalhos com
magnetismo. E só mesmo de uma equipe bem formada,
coesa e consciente da matéria e do que lhe importa para
bem realizá-la, será de se esperar a capacidade de atender
positivamente aos anseios de todos.
Por fim, àqueles que já mantêm trabalhos de magne-
tismo e que ainda estão limitados a resultados pífios ou
encontram muitas dificuldades em ampliá-los e/ou orga-
nizá-los, no sentido de uma melhor produtividade, su-
gestão semelhante: analise-se a equipe, a partir do nível
de eficiência do dirigente até o dos trabalhadores; im-
plemente-se cursos, treinamentos, estudos, reciclagens;
veja-se se o(s) local(is), dia e horário são os ideais; e, por
fim, avalie-se os critérios de encaminhamento, tratamen-
to, avaliação dos trabalhos e alta dos pacientes.

No caso de uma Casa ter muitos freqüentadores e pa-
cientes e contar com poucos trabalhadores, que providência
tomar?
Convocar os interessados e prepará-los; distribuir
tarefas com equilíbrio e responsabilidade; e conscientizar
a todos das necessidades do todo e de cada um. C o m o
asseverou Jesus, "a quem muito foi dado mais lhe será
pedido".

E quando a diretoria da Casa não permite que atuemos
com base nos conhecimentos mais aprofundados e exige que
fiquemos limitados aos padrões por ela impostos ou crista-
lizados em nome de um conservadorismo pernicioso, o que
fazer?
Como somos humanos e dispomos tanto da capaci-
dade de pensar e agir como da de ouvir e falar, partamos
para o diálogo. Nada de brigas ou discussões estéreis, e
sim debates esclarecedores, argumentos sérios e perti-
nentes, encontros ricos em aprendizado. Mostremos os
resultados obtidos com a prática até então exigida e rea-
lizada e peçamos permissão para pormos em teste as
propostas que, no caso, estão consideradas como novas
ou "revolucionárias". Exerçamos a democracia da evolu-
ção, a qual solicita amor, estudo e paciência; humildade,
consciência e perseverança; fraternidade, habilidade e
determinação. Tudo isso sendo empregado equilibrada-
mente demoverá qualquer barreira. Se nada disso adian-
tar, ou seja, se a diretoria continuar m u d a e impassível,
adaptemo-nos o quanto seja possível aos ditames admi-
nistrativos, tendo em mente que o bem não guerreia
tanto quanto não se acomoda. Se a incompatibilidade
for tamanha que desnature o exercício ou produza equí-
vocos lamentáveis, abstenhamo-nos de dele participar
para não sermos coniventes ou busquemos outra ins-
tituição, onde possamos ao menos exercer um mínimo
daquilo de proveitoso que saibamos.
Cola-psíquica




m varias oportunidades voce falou de cola-psíquica.
O que é isso?
Vou resumir o que já disse em o Manual do Passista.
Os fluidos vitais dispõem de muitas funções, capaci-
dades e características particulares, mas, por força das
evidências, fica fácil concluir que existem pelo menos
duas que são de grande significação: uma nos diz que
alguns elementos fluídicos desempenham o papel de
catalisadores dos fluidos como um todo, aprimorando e
fazendo aprimorar seus "circuitos" de vitalidade; a outra
nos dá contas de que certos componentes ou atribuições
dos centros vitais se fazem repercutir nos fluidos vitais
como verdadeiros campos de "imantação", os quais se
responsabilizam pelo "aprisionamento" de determinadas
cargas fluídicas que, sem esses campos, facilmente se
desestabilizariam e se disseminariam aleatoriamente no
cosmo organo-perispiritual para onde foi dirigido ou
transferido, onde, por não encontrar campos próprios e
equivalentes para atender às leis das afinidades fluídicas,
perderiam-se.
Face isto, deve existir no passista um estímulo de auto-
produção, reprodução ou ativação desses campos de
"imantação", assim como no paciente esses mesmos cam-
pos teriam u m a função diferenciada, p e r m i t i n d o a
assimilação, distribuição, localização e/ou fixação dos
fluidos recebidos nas zonas ou periferias onde sejam re-
quisitados, a exemplo da ação do sistema imunológico
do corpo humano.
De antemão, fique bem destacado que, por se tratar
de função fluídica, a ação da "imantação" é anímica e
não espiritual, apesar de sensivelmente sujeita às influên-
cias desta.
7
Tendo-se o passe espiritual por referência, os centros
vitais do passista, por estarem esgarçados, fazem surgir
esses campos de "imantação", que, por sua vez, trans-



7
Por "passe espiritual" aqui está sendo entendido aquele passe cujos
fluidos são predominantemente do M u n d o Espiritual.
mitem seu magnetismo para os fluidos que lhes "atra-
vessam" o campo de "imantação". Seguindo o percurso
desses fluidos espirituais, agora impregnados da "iman-
tação", até o corpo do paciente, ali os encontraremos
em qualificada estabilidade, com todas suas potências
fluídicas bem assimiladas. A imantação, propiciando uma
melhor aderência psíquica, impõe um alto poder de
afinidade com idênticos campos do e no paciente.
Isto se dá porque o paciente, embora igualmente
possuindo campos de "imantação", nem sempre possui
o esgarçamento vital requerido e, dessa forma, torna-se
frágil para reter, por si só, o novo campo fluídico a que
estaria sendo submetido (o dos fluidos espirituais, muito
sutis), se não houvesse a presença do passista. O que se
verifica é que o passista, por sua disposição de doador e
pela ação da doação e transferência magnética, esgarça
seus campos de "imantação", de onde vem o poder de
aderência magnética; o paciente, por sua posição passiva
de recebedor, normalmente está carecente desse poder,
pelo que o trânsito das energias espirituais pelo passista
dá ao fluido espiritual um incremento no seu campo de
afinidade fluídica, assim favorecendo à estabilidade e à
manutenção dos fluidos espirituais que lhe são doados.
A esse incremento dado aos fluidos espirituais é que cha-
mamos de cola-psíquica.
É esta u m a conclusão perfeita? Não o sabemos, mas
já testamos, pela observação, reflexão e análise do com-
portamento dos passistas e dos pacientes, e não encon-
tramos ainda nenhuma outra explicação mais satisfatória.
Mesmo porque, a partir de tudo o quanto aqui analisa-
mos, várias ilações têm lugar e explicações consentâneas.
Dentre outras, destaco:
· O passista espiritual não se cansa porque não doa
fluidos vitais necessariamente; ele apenas possibilita uma
aderência magnética ao fluido espiritual do qual é canal
(e, muitas vezes, a aplicação do passe deveria ser estafante,
fisicamente falando, e nem assim esse cansaço ocorre);
· Nem todos os passes espirituais necessitam dessa
cola-psíquica; se o paciente está com seus campos de
"imantação" ativados, os Espíritos fazem o passe espiri-
tual propriamente dito, ou seja: diretamente, sem inter-
mediários, e seus fluidos se estabilizarão direta e afinada-
mente nos campos do paciente (daí passistas espirituais,
com sensibilidade mais acurada, terem registros de que
em certos pacientes não sentem nenhum tipo de trânsito
fluídico espiritual por si mesmos);
· Quando se ora de forma contrita e elevada, ativa-se
esses campos de "imantação", pelo que podemos afirmar
que a prece é um autopasse por excelência (toda técnica
de autopasse sempre se refere à necessidade de um equi-
líbrio mental, chegando a maioria de seus postulantes a
recomendar uma prece, que é a mesma recomendação
devida ao passista; ou seja: a oração é um dos dispositivos
para acionar esses campos de "imantação");
· A transmissão dessa aderência magnética, por ter
necessidade de harmonia para funcionar plenamente, em
vez de desgastar fluidicamente o passista, põe-no em
situação de mais equilíbrio fluídico, pelo que desneces-
sário se torna tomar passes após a aplicação nos pacientes
(isso significa que, à medida que vai liberando cola-
psíquica, o passista amplia sua capacidade de retenção
de parcelas harmoniosas das energias que transitam por
seu cosmo fisiopsíquico); e
· É possível que essa cola-psíquica ou similar seja
encontrada, embora em níveis diferentes, em outros
meios que não o humano.
Completando a resposta, apesar de não se tratar dire-
tamente da questão, Kardec {Da mediunidade curadora,
item 3, in Revista Espírita, setembro/1865) registra que
o fluido dos bons Espíritos, "passando através do encar-
nado, pode alterar-se como um pouco de água límpida
passando por um vaso impuro..." Parece estar fora de
dúvidas que isso acontece, podendo até essa cola-psíquica,
de uma certa forma, ser um elemento de "impureza".
No caso em análise, essa "impureza" é necessária, posto
que ela dá a condição de afinidade requerida pela lei dos
fluidos. De outra maneira, como um alerta de primeira
ordem, o codificador, seguindo o texto, acrescentou:
"Daí, para todo verdadeiro médium curador, a neces-
sidade absoluta de trabalhar a sua depuração, isto é, o
seu melhoramento moral, segundo o princípio vulgar:
limpai o vaso antes de dele vos servirdes, se quiserdes ter
algo de bom" (grifo original).


Todo passista, então, é portador dessa cola-psíquica?
Sim, exatamente por força do esgarçamento de seus
centros vitais no sentido da exteriorização de fluidos.
Permito-me u m a analogia. A medida que uma pessoa
doadora de sangue faz sua doação regular e periodica-
mente, seu organismo vai renovando e refinando seu
sangue, além de a própria lei protegê-lo com o critério
de prioridade para o caso de um dia vir a precisar de
sangue em uma transfusão. O passista, à medida que
doa o passe, seja magnético ou espiritual, vai sutilizando
suas estruturas vitais e fluídicas, de forma que se torna
mais sensível às possíveis captações fluídicas quando tiver
necessidade das mesmas, além de se beneficiar pelo
refinamento de suas "energias", que ocorrem pelos
esgarçamentos dos centros vitais e pelos trânsitos sutis
havidos em si mesmo.
As r e g r a s do
magnetismo




abemos que o magnetismo criou ou convencionou uma
vasta série de regras e técnicas. Têm algumas mais efi-
cientes do que outras?
De início, peço permissão para deixar o assunto técni-
cas para outra abordagem. Tratemos agora das regras ou
teorias básicas que o Magnetismo deixou, as quais têm
sido um verdadeiro legado para os passistas e magne-
tizadores de todos os tempos.
Dentre aquelas, duas se destacam como de suma
importância: a que fala da necessidade de o passista entrar
em relação ou contato magnético com o paciente e a
que define o sentido correto das aplicações dos passes.
Dentre as regras, não há nenhuma melhor do que a outra,
já que elas são imprescindíveis e complementares.

O que viria a ser o "entrar em relação magnética"?
Sabemos que cada criatura, a cada momento, tem um
padrão próprio de vibração ou freqüência fluídica (tam-
bém chamada de áurica). Apesar de haver uma larga faixa
intermediando os vários padrões existentes -- tanto que
a maioria das pes-
soas tem facilida-
de em se combinar
fluídica e magne-
ticamente --, não
é raro encontrar-
mos pessoas v i -
brando em padrões
muito discrepan-
tes entre si. Entre
esses, principalmente quando se busca manter um inter-
câmbio fluídico, forças muito repulsivas ou fortemente
atrativas irrompem, geralmente dificultando o bom trân-
sito dos fluidos entre ambos. Assim, para que esse trânsito
ocorra sem sobressaltos e com mais eficiência, é conve-
niente, necessário mesmo, que entre eles, passista e pa-
ciente, haja uma harmonização prévia entre suas vibra-
ções. C o m o usualmente o paciente fica entregue às pró-
prias orações e um tanto quanto desligado dessa "relação
magnética", caberá ao passista encontrar ou viabilizar
meios de se afinizar com as vibrações do paciente. Para
tanto, existem técnicas -- sempre aliadas à boa-vontade,
ao amor pelo paciente e ao desejo sincero de ajudá-lo.


Exemplifique, com técnicas, como entrar em relação
magnética com o paciente.
Partindo do princípio de que todo um preparo emo-
cional e espiritual já tenha sido realizado pelo passista e
que o paciente já esteja orientado para relaxar, orar e
vibrar positivamente, o passista, tendo suas mãos afas-
tadas (em torno de um metro) do corpo do paciente, vai
aproximando-as lentamente em direção ao paciente --
sem necessidade de tocá-lo. Nesse movimento, deve pres-
tar bastante atenção para as mudanças e nuanças que ocor-
rerão em suas mãos e mesmo em seu mundo íntimo (vi-
bracional, sobretudo). Agindo com muita atenção, facil-
mente o passista perceberá e registrará significativas mu-
danças fluídicas entre ambos. Quando a relação magné-
tica está próxima de ocorrer (passista e paciente em afini-
dade fluídica ou próximos disso), essas sensações registra-
das não causam desconforto nem incômodos; o contrário
se verifica quando a discrepância magnética entre eles é
grande. Sentindo essa dificuldade, afasta-se as mãos do
corpo do paciente e volta-se a aproximá-las, sempre emi-
tindo, para o paciente, vibrações mentais de amor, harmo-
nia, paz, desejo de transmitir o melhor, e assim por diante.
C o m as mãos, vamos envolvendo o paciente como quem
quer afagá-lo, como quem vai realizar um toque carinho-
so, amigo, muito fraterno -- mas sem necessidade de
tocá-lo fisicamente. C o m as mãos sendo afastadas e apro-
ximadas repetidamente, tantas vezes quantas necessárias,
e as emissões de afinidade, amor e desejo de ajudar e
vencer as "barreiras fluídicas", feitas com viva sincerida-
de, todo resquício de mal-estar ou incômodo desapare-
ce. S i g n i f i c a dizer
que se entrou em re-
lação magnética. Nes-
sa ocasião, é c o m u m
acontecer uma súbi-
ta afinidade entre os
dois, como se um ímã
atraísse o outro com
firmeza e agradável
vigor.
Quantas vezes são requeridas para se afastar e aproximar
as mãos para se conseguir estabelecer o contato magnético?
Não existe um padrão. Depende da experiência do
passista e do nível de discrepância magnética entre ele e
o paciente. Mas o normal gira, na média, em torno de
cinco vezes para os casos mais simples e dez para os mais
complexos. Lembro, todavia, que isso é número médio,
havendo casos de número de tentativas muito elevado,
bem como de resultados felizes na primeira aproximação.

E se, depois de várias tentativas, não se obtiver uma boa
relação magnética?
Ainda temos outros recursos. Vejamos alguns:
· Sentindo dificuldade técnica, inicie fazendo uma
série de dispersivos ativantes e calmantes e depois tente
entrar em relação magnética mais algumas vezes. Na
maioria dos casos essa prática resolverá sobremaneira,
(veremos essas técnicas adiante).
· Não sendo o passista portador de habilidade para
identificar essas nuanças decorrentes da relação magné-
tica (passista com pouca ou baixa sensibilidade fluídica),
apure ao máximo sua intuição ou deixe que seu magne-
tismo natural direcione seus movimentos. Nesses casos,
é preciso muita afinidade com os dons naturais, evitando-
se contrariá-los, pois a natureza magnética é sábia e boa
condutora; os equívocos normalmente surgem porque
não a seguimos conforme deveríamos.
· Em vez de fazermos aplicação de passes com técni-
cas, fiquemos orando, com muita fé, em favor do pacien-
te, pedindo aos Bons Espíritos que o atendam segundo
suas necessidades e merecimento.
Então, se não houver uma boa relação magnética pode
haver problemas?
Pode ser que sim. Como já disse anteriormente, a
ausência de uma boa relação magnética entre doador e
receptor dificultará o trânsito fluídico entre eles, podendo
gerar desconfortos ou ineficiências no paciente, além de
geralmente induzir o passista a um desgaste fluídico
maior do que o que seria necessário.

Como ter certeza de que está estabelecida uma boa re-
lação magnética?
É u m a certeza sutil, para muitos tida como intuitiva.
Na verdade, a melhor informação que posso passar para
quem tenha essa dúvida é, no momento do entrar em
relação magnética, manter-se o mais relaxado possível e
em regime de muita acuidade, para distinguir o momento
em que aquelas pequenas nuanças de desconforto são
superadas e quando então passa a vigorar uma súbita e
agradável simpatia e empatia pelo paciente. Nesse mo-
mento a relação magnética está estabelecida.

Como o paciente pode ajudar nesse mecanismo de relação
magnética?
Primeiro, sendo instruído acerca da confiança e da fé
que deve trazer em si mesmo; depois, mantendo-se oran-
do, relaxado e aberto aos benefícios que lhe serão trans-
mitidos durante o tratamento fluídico. É muito impor-
tante que não se passe ao paciente a idéia de que basta
tomar passes para ficar bom. É necessário que ele se torne,
de fato, parte ativa no processo. Se ele for orientado para
vibrar amor pelo passista e entregar-se com viva vontade
de vencer os problemas que o levaram à cabine de passes,
tudo será muito melhor realizado, em benefício e da parte
de todos.

E se não se conseguir estabelecer essa relação magnética,
significa dizer que não haverá passe ou, se houver, não serão
obtidos sucessos com ele?
O passe acontecerá, mas normalmente seus alcances
serão diminuídos. Entretanto, vale ressaltar u m a outra
questão. Muitas vezes, pessoas desprovidas de qualquer
sentido de fé e com posturas fluídicas visivelmente re-
fratárias, ainda assim recebem benefícios ditos "mila-
grosos", como se a Natureza quisesse provar-lhes que
algo de mais refinado e sublime impera nos domínios
do, para eles, inacreditável. Isto evidencia que o magne-
tismo possui caminhos e trilhas, rotas e vicinais, nem
sempre percebidas por nossa estreita abrangência do
assunto. Contudo, essas mesmas pessoas, em quem ditos
"milagres" acontecem, depois de "tocadas" em suas fibras
mais íntimas, ou modificam suas posturas mentais em
direção a uma nova fé ou quase sempre os sucessos iniciais
obtidos com os tratamentos fluídicos não conseguem
ser repetidos.


Tem gente que nunca pensou em "relação magnética" e,
apesar disso, aplica passe muito bem. Como fica a questão?
Não é preciso você pensar na relação magnética para
que ela aconteça, e sim realizá-la. Observemos com
atenção todo passista ou magnetizador feliz em suas
práticas e notaremos, com bastante segurança, como ele,
invariavelmente, estabelece a relação magnética entre ele
e seu paciente. Seja pelo olhar, pela vibração amorável
ao aproximar-se, por um simples "estacionar" as mãos
antes de iniciar o passe propriamente dito... Além disso,
muitos infundem viva confiança em seus pacientes por
meio de simples e sinceras palavras, como: "Tenha con-
fiança em Deus, meu filho...", "Pense em Jesus...", "Você
vai ser abençoado...", e assim por diante. Essa confiança
estabelecida entre passista e paciente tende a favorecer a
que o relacionamento magnético aconteça com mais
rapidez.

Qual é o sentido (direção)
do movimento das mãos no
passe?
O sentido é da cabeça
para os pés ou, se circular,
no sentido horário. O sen-
tido inverso interfere ne-
gativamente na maneira
c o m o os centros v i t a i s
absorvem os fluidos e, por
isso mesmo, tende a congestioná-los. Podemos dizer que
fazer aplicação de passes no sentido "da cabeça para os
pés" ou "horário" é induzir, no paciente, que a captação
seja centrípeta, onde os centros vitais, em absorvendo
os fluidos do passe, in-
trojecta-os de forma na-
tural e eficiente, guar-
dadas as disposições,
funções e os equilíbrios
de cada um. No caso
das aplicações nos "sen-
tidos inversos", a indu-
ção é centrífuga, com
os centros vitais sendo "forçados" a locarem os fluidos
em suas próprias periferias, não permitindo nem viabi-
lizando o trânsito dos mesmos aos demais centros, donde
surgem inevitáveis congestões fluídicas.

Como os magnetizadores convencionaram isso?
Não se trata de simples convenção, e sim de frutos
da observação. C o m o os magnetizadores clássicos eram
muito cobrados pelos acadêmicos e pela sociedade da
época o tempo todo, tinham por obrigação fazer com
que suas práticas fossem o mais felizes possível e isentas
de quaisquer transtornos, pois o simples acusar de um
mal-estar por parte de um paciente era motivo para
chacotas, intrigas e artigos ferinos acusando o magnetis-
mo de charlatanismo ou coisas que o valha. Por força
dessa realidade, eles testavam exaustivamente as muitas
variáveis de suas práticas e, de uma forma bastante uni-
versal, era muito freqüente a acusação de complicações
nos e pelos pacientes, quando se usava aplicar passes no
sentido inverso ao definido como correto. Assim, depois
de repetidas e variadas experiências, concluiu-se pela evi-
dência dessas convenções.


Em que se baseia esse sentido dos passes? Há uma lógica
para tal?
Os magnetizadores do passado, ao que me parece,
não se preocuparam muito em saber o porquê de o passe
no sentido inverso gerar problemas, mas a razão disso
está exatamente na disposição dos centros vitais (centros
de força). C o m o vimos alhures, as componentes centrí-
petas dos campos vitais funcionam "fechando circuito"
a partir dos centros de mais alta freqüência para os de
mais baixa freqüên-
cia (que é exata-
mente o sentido da
cabeça para os pés).
Quando aplicamos
passes no sentido
inverso (dos pés pa-
ra a cabeça ou no
sentido anti-horá-
rio), induzimos esses
campos vitais a fazer valer suas componentes centrífugas,
assim contrariando suas disposições naturais de captação.
O que ocorre, então? Os centros se congestionam e, a
depender da quantidade de fluidos aí congestionada, o
centro pode "falecer", com graves conseqüências para o
paciente.
O cuidado dos magnetizadores nesse terreno era ta-
manho que, percebe-se a partir da simples leitura dos
livros clássicos, chegou às raias da obsessão. Daí, a todo
momento, eles recomendarem: "Voltando com as mãos
fechadas..."; "Re-
tornando com as
mãos o mais afas-
tadas possível do
corpo do pacien-
te..."; "Sempre fe-
char as mãos no
retorno..."; "Evitar
passar as mãos de
baixo para cima..."

Após fazer um "curso de passes" com você, observei que
minhas mãos retornam fechadas, mas não muito afastadas
do corpo do paciente. O que você me diz?
Os magnetizadores indicavam voltarmos com as mãos
afastadas e fechadas para que fosse evitado o "retorno no
sentido inverso" sobre o paciente. Mas, com o tempo,
eles perceberam que não era de todo imperioso o afasta-
mento "muito largo", e sim o "evitar o retorno", para o
que eles usavam as mãos fechadas. Assim, fica a questão:
então as mãos fechadas impedem os fluidos de saírem?
Resposta coerente: "nem sempre". Ocorre que a reação
fisiológica de fechar as mãos, em atendendo ao comando
psicológico (e da própria prática de "frear" a doação) de
não-doação, praticamente bloqueia o retorno.
Isto tudo sinaliza que, à medida que vamos domi-
nando as técnicas, muito daquilo que na iniciação era
um tanto quanto rigoroso, vai sendo substituído pela
"naturalidade" do passe, a qual guarda estreita relação
com a Natureza magnética e a prática bem vivenciada e
bem fundamentada do magnetismo.

Tem importância a distância da aplicação?
M u i t a importância. Os fluidos do passe feito por
quem tem magnetismo humano obedecem às leis físicas.
Se estamos com as mãos muito próximas do paciente,
obviamente os centros vitais deste captarão os fluidos
com uma intensidade muito energizante, daí os passes
aplicados próximos serem considerados ativantes. Quan-
do estamos com as mãos afastadas, a captação dos fluidos
dar-se-á de forma mais "diluída", como se as partículas
dos fluidos captados tivessem que percorrer, em circuitos
circulares, "caminhos" mais largos, daí advindo a caracte-
rização dos seus efeitos como calmantes.
Quais seriam as distân-
cias consideradas perto e lon-
ge?
Apesar de variar muito
de passista para passista e de
paciente para paciente, te-
mos, em média, que desde
a pele do paciente até uma
distância de 25 a 30 centí-
metros dos pólos emissores
do passista é considerado
perto (nalguns casos 30 centímetros já é distante). Dentro
da referência apresentada,
acima de 30 centímetros
passa a ser distante. Vale
ressaltar que, a depender da
experiência do passista, ele
consegue detectar, com re-
lativa precisão, pontos in-
termediários bastante satis-
fatórios para, a uma só vez,
atuar tanto ativante como
calmantemente.


E quanto à velocidade?
A velocidade da aplicação do magnetismo humano
também interfere nos efeitos do magnetismo. Passarmos
as mãos lentamente ou mesmo pará-las em determinados
pontos e/ou centros vitais do corpo do paciente induz a
que a assimilação dos fluidos seja feita de forma intensa
e continuada, resultando que essa magnetização será
concentradora. Já o passar das mãos com rapidez leva os
centros vitais a absor-
verem os fluidos de
forma diferenciada e
muito variada, mas
raramente concen-
trada, significando
que eles tomarão a
caraterística de dis-
persão fluídica.



Por que isso acontece?
Exatamente pelas ca-
racterísticas funcionais
dos centros vitais. É des-
sa forma que os centros
vitais captam, introje-
tam e ejetam os fluidos
que lhes são projetados.
Tudo por conta daque-
las componentes centrí- ·
fugas e centrípetas de captação fluídica dos centros vitais.
Como saber se a velocidade é rápida ou lenta?
Em média, lento será todo passe onde o passista gaste
mais de três segundos para passar as mãos da cabeça até
os pés de um paciente adulto. O passe será rápido se o
passista gastar menos de três segundos no mesmo per-
curso. Por essa referência dá para se avaliar a velocidade
das mãos sobre qualquer região. Fica fácil concluir que
as imposições são lentas (já que gastam bem mais de 3
segundos para se moverem), enquanto as técnicas que
usam movimentos ágeis são naturalmente dispersivas.

Sendo os passes rápidos dispersivos, todo dispersivo é igual?
Não. Cada um atende melhor a alguns propósitos.
Alguns passistas já chegaram a algumas conclusões, den-
tre as quais podemos destacar o seguinte:
· As dispersões com técnicas transversais são muito
utilizadas para o despertamento e o desligamento de es-
píritos obsessores; também são úteis para desligar do pe-
rispírito dos pacientes, placas, manchas e concentrados
fluídicos, tanto físicos como os "deixados" pelos obsessores.
· As dispersões longitudinais são mais eficientes na
tranqüilização, na harmonização geral, no adormecer do
paciente e para curar tecidos e órgãos, controlando ten-
sões psíquicas e emocionais.
· As dispersões por sopros frios são as mais felizes no des-
pertamento magnético, sonambúlico ou mediúnico ou no
tratamento de crises epilépticas, convulsões ou febres altas.

Têm passistas que aplicam passes pelas pontas dos dedos,
enquanto outros dizem aplicar os fluidos pelas palmas das
mãos. Quais dos dois está correto?
Os dois estão corretos. Quem tem disposição de exte-
Como saber se a velocidade é rápida ou lenta?
Em média, lento será todo passe onde o passista gaste
mais de três segundos para passar as mãos da cabeça até
os pés de um paciente adulto. O passe será rápido se o
passista gastar menos de três segundos no mesmo per-
curso. Por essa referência dá para se avaliar a velocidade
das mãos sobre qualquer região. Fica fácil concluir que
as imposições são lentas (já que gastam bem mais de 3
segundos para se moverem), enquanto as técnicas que
usam movimentos ágeis são naturalmente dispersivas.

Sendo os passes rápidos dispersivos, todo dispersivo é igual?
Não. Cada um atende melhor a alguns propósitos.
Alguns passistas já chegaram a algumas conclusões, den-
tre as quais podemos destacar o seguinte:
· As dispersões com técnicas transversais são muito
utilizadas para o despertamento e o desligamento de es-
píritos obsessores; também são úteis para desligar do pe-
rispírito dos pacientes, placas, manchas e concentrados
fluídicos, tanto físicos como os "deixados" pelos obsessores.
· As dispersões longitudinais são mais eficientes na
tranqüilização, na harmonização geral, no adormecer do
paciente e para curar tecidos e órgãos, controlando ten-
sões psíquicas e emocionais.
· As dispersões por sopros frios são as mais felizes no des-
pertamento magnético, sonambúlico ou mediúnico ou no
tratamento de crises epilépticas, convulsões ou febres altas.

Têm passistas que aplicam passes pelas pontas dos dedos,
enquanto outros dizem aplicar os fluidos pelas palmas das
mãos. Quais dos dois está correto?
Os dois estão corretos. Quem tem disposição de exte-
riorização pelas
pontas dos de-
dos são chama-
dos de "passistas
d i g i t a i s " , e os
que aplicam pe-
las palmas das
mãos são os "pas-
sistas palmares".
Trata-se de dis-
posição natural que não deve ser forçada à mudança.
Assim, quando lermos ou ouvirmos algum magnetizador
ensinando que voltemos as palmas das mãos ou as pontas
dos dedos para determinada região a ser tratada, interpre-
temos tal sugestão como sendo o modo natural como ele
faz sua aplicação, que pode ou não ser igual à nossa. Se
formos palmares, onde for indicado voltarmos as pontas
dos dedos voltaremos as palmas das mãos, e vice-versa.
As técnicas
mais usadas




uais são as principais técnicas do passe?
Lembrando que o amor, a boa vontade e os bons
sentimentos (aí incluídos a fé, a oração, a confiança nas
Forças Superiores) são fundamentalmente básicos para
toda e qualquer boa realização magnética, temos, como
técnicas: as imposições, os longitudinais, os transversais,
os circulares, os sopros, os perpendiculares e as conjuga-
ções entre eles. Estas técnicas, a meu ver, são as principais
e mais comuns, não significando não haver outras, em
número e variedade muito grande.

Poderíamos ver as técnicas uma a uma, definindo como
usar, como funcionam, para que servem e quais as maisf elizes.
C o m certeza. Vamos lá.



A s i m p o s i ç õ e s

· Como usar: pode-se realizá-las com uma ou duas mãos.
Como sugere o nome, a(s) mão(s) fica(m) parada(s) so-
bre determinado
centro ou região
pelo tempo que
for indicado/so-
licitado ou con-
veniente.
· Como fun-
cionam: por se-
rem estáticas
(em termos de
"velocidade", elas estão o mais lento possível, já que seu
movimento de deslocamento é igual a zero), a caracte-
rística fundamental das imposições é de concentração
de fluidos. Se aplicadas perto do corpo, serão concen-
tradoras ativantes; se aplicadas distante, serão concen-
tradoras calmantes.
· Para que servem: para suprirem carências fluídicas
do paciente. São muito concentradoras e, a depender
dos potenciais magnéticos do passista, deve-se observar
com cuidado a excessiva doação por imposições, já que
elas podem provocar congestões fluídicas com relativa
facilidade, especialmente quando atuando sobre os cen-
tros vitais superiores e intermediário (coronário, fron-
tal, laríngeo e cardíaco). Recomendo aos passistas que
possuam potenciais magnéticos mais consistentes e exu-
berantes a optarem por curtos longitudinais no lugar de
imposições se quiserem diminuir o risco de congestões
fluídicas nos pacientes. Outra saída é, no lugar de longas
e demoradas imposições, intercalar breves imposições com
dispersivos do mesmo sentido, ou seja: se as imposições
são ativantes, os dispersivos também deverão ser ati-
vantes; se calmantes, o mesmo se dará com os dispersivos.
· Em que são mais felizes: em termos espirituais, fa-
vorecem ou facilitam o estabelecimento das ligações en-
tre o Espírito comunicante e o médium; também supri-
mem os envolvidos em suas carências fluídicas; em termos
orgânicos, são ótimas na solução de tumorações e infla-
mações (os ativantes) e para tonificar a força de vontade
e as disposições de equilíbrio e do sono (os calmantes).



Os longitudinais

· Como usar: como sugere o nome, são aplicados ao
longo do corpo ou de uma região do corpo do paciente.
Tanto podem ser aplicados na frente como nas costas do
paciente, com uma ou com as duas mãos (desde que
não de forma concomitante, pois passaria a ser outra
técnica, que veremos adiante). Pode-se aplicá-lo da cabeça
aos pés, do coronário ao genésico ou de qualquer parte a
qualquer outra parte, desde que obedecendo o sentido
correto, ou seja, da cabeça para os pés. Deve-se ter cui-
dado quando as mãos forem retornar ao ponto inicial
para novos longitudinais; elas deverão estar fechadas e,
de preferência,
retornando "por
fora" do corpo
do paciente, seja
lateralmente,
seja trazendo-
as junto do pró-
prio corpo. Tu-
do isso visa evi-
tar deposições
fluídicas no sentido inverso ao correto. Os longitudinais
ainda permitem que, imaginariamente, dividamos o
corpo do paciente em partes, o que facilita quando pre-
cisamos fazer longitudinais de longo percurso (da cabe-
ça aos pés); com ele subdividido, fazemos aplicações de
partes a partes, sem maiores prejuízos para o benefício
geral esperado com a técnica. Na prática, isso corresponde
ao efeito obtido com uma passada de mãos por todo o
corpo de u m a só vez.
· Como funcionam: quando aplicados lentamente,
' funcionam como concentradores; quando aplicados
rapidamente, passam a dispersivos. Se aplicados perto,
serão ativantes e se distante, calmantes. C o m o normal-
mente atuam sobre mais de um local ou mais de um
centro vital, sua repercussão é mais abrangente do que
as obtidas com as imposições, porém menos eficientes.
Por outro lado, quando o passista já tem bastante expe-
riência na prática magnética, pode ele identificar dis-
tâncias e velocidades intermediárias na aplicação dos
longitudinais, de forma a obter, de um só jato fluídico,
condições perfeitamente equilibradas entre concentra-
ções e dispersões, entre ativações e calmantes. Talvez
resida aí a maior força dos longitudinais.
· Para que servem: especialmente para o equilíbrio
geral dos pacientes e para todas as funções que normal-
mente se espera dos passes gerais, especialmente os dis-
persivos de menor intensidade. Atuam com muita feli-
cidade tanto nas estruturas dos ativantes como dos cal-
mantes.
· Em que são mais felizes: nas aplicações em que o
paciente esteja muito desarmonizado ou com carências
generalizadas.
Os transversais

· Como usar: voltando-se as mãos, juntas e com os
braços distendidos, para o ponto onde se deseja atuar
magneticamente (os passistas digitais direcionarão seus
dedos enquanto os palmares voltarão as palmas das
mãos), posicionamo-las na distância pretendida (perto
ou distante do corpo do paciente conforme se pretenda
trabalhar os ativantes ou os calmantes) e, com vigor e
rapidez, abrem-se os braços lateralmente, cada um no
sentido oposto ao outro. O ideal é que se possa fazer a
abertura dos braços em toda sua angulação -- de forma
a que os braços fiquem totalmente abertos, formando
um ângulo de 180° entre si. Quando retornar as mãos
para u m a nova ação transversal, trazê-las fechadas e,
mentalmente, assumir a postura de não doação nesse
momento, a fim de não
perturbar ou conges-
tionar o centro que se
está trabalhando. Os
transversais são apli-
cados de preferência
em regiões específicas
do p a c i e n t e ou em
centros vitais, um a
um, se for o caso.
U m a importante variação dos transversais é o trans-
versal cruzado. Neste, a diferença básica na aplicação é
que as mãos se cruzam à frente do ponto que será tratado
e depois todo o processo se repete. Nas experiências prá-
ticas fica muito evidenciado que os transversais cruzados
são muito mais efetivos do que os transversais simples.
Como nem sempre as ca-
bines de passes permitem
que se opere os transver-
sais simples em toda sua
extensão lateral, seja por
falta de espaço físico, seja
por i n c ô m o d o s decor-
rentes da prática (já que a
abertura dos braços late-
ralmente, com vigor e ra-
pidez, requer que se tenha uma boa estrutura muscular
para suportar o esforço físico), os transversais cruzados,
realizados numa extensão lateral menor, como que "com-
pensam" a redução da abertura geral dos braços.
· Como funcionam: são essencialmente dispersivos.
Por abrangerem toda a extensão dos centros vitais e por
serem aplicados com rapidez, a característica de dispersão
a ele associada é muito vigorosa. Lamentavelmente, a
redução da extensão das aberturas laterais feita pelos
braços diminui sensivelmente essa que é a sua principal
qualidade: a de vigoroso dispersivo. Quando realizados
próximos do paciente são dispersivos ativantes; quando
distantes, passam a dispersivos calmantes.
· Para que servem: para atender necessidades de
dispersões localizadas mais vigorosas. Quando, no aten-
dimento ao paciente, houver necessidade de intercalar
concentrados fluídicos muito intensos com dispersivos,
os transversais cumprem esse papel com muita eficiência.
Por eles conseguimos acelerar o processo de assimilação
e somatização dos fluidos pelo organismo do paciente e
também reduzimos a níveis muito baixos os riscos de
congestões fluídicas.
· Em quais são mais felizes: nas dispersões localizadas
ativantes eles são melhor aproveitados. No caso de pessoas
com enxaquecas, dores localizadas, peso na cabeça,
respiração difícil e irritabilidade em geral, os dispersivos
pelos transversais resultam em formidáveis e quase ime-
diatos alívios.



Os circulares

· Como usar: temos aqui pelo menos duas variações.
U m a diz respeito aos "pequenos circulares" ou "rotató-
rios" e a outra se refere aos circulares propriamente ditos
ou, como vulgarmente são conhecidos, as "aflorações
psíquicas".
Os "pequenos circulares" são realizados com movi-
mentação da(s) mão(s) sobre um determinado local, re-
gião ou centro vital. Os passistas digitais direcionarão
seus dedos para o local que pretendem magnetizar, e os
palmares as palmas. Para compormos uma imagem da
movimentação a ser realizada, imagine-se que o ponto a
ser magnetizado seja uma espécie de parafuso que será
apertado (no sentido horário).
Assim será a ação: gira-se a(s)
mão(s) num giro de pelo menos
180°, findo o qual fecha-se a(s)
mão(s), retornando-a(s) ao pon-
to inicial, repetindo essa ação
tantas vezes quantas necessárias.
Observe-se que nos "pequenos
circulares" o braço não se movi-
menta.
Os circulares propriamente ditos (ou "grandes circula-
res") sao realizados com a(s) mao(s) parada(s), mas o(s)
braço(s) girando em torno do ponto que se deseja magne-
tizar. Imagine-se que iremos alisar ou massagear a região
que vai ser tratada, sempre no sentido horário e obser-
vando-se a característica do passista, palmar ou digital.
Faz-se o giro completo em torno do ponto em magne-
tização. Querendo fazer uma parada após cada giro (isso
é totalmente opcional), retorne a(s) mão(s) fazendo-a(s)
girar, afastada(s) do ponto da aplicação e com ela(s)
fechada(s). Na realidade, esses circulares receberam o
nome de aflorações exatamente por essa característica
de massagem que ela transmite.
· Como funcionam: os "pequenos circulares", por
serem mais apropriados para atendimento magnético em
regiões menores, n o r m a l m e n t e são aplicados muito
próximos do local, adquirindo, por isso mesmo, a ca-
racterística de concentrador ativante. São concentradores
porque estarão "dentro do próprio circuito de captação"
do centro vital ou da região em tratamento, o que resulta
na característica concentradora de fluidos.
As "aflorações psíquicas", abrangendo regiões maiores
(mas, na medida do possível, atendendo e relacionándo-
se a um único centro vital por vez), também funcionam
como concentradoras de fluidos, só que tanto podem
ser aplicadas na estrutura dos ativantes como dos cal-
mantes; todavia, os resultados ativantes são sempre me-
lhor pronunciados.
Saliento que as duas técnicas, "rotatórios" e "aflora-
ções", levam u m a vantagem sobre certas imposições,
como concentradoras: a prática tem demonstrado que
quando realizamos concentrações fluídicas através de
circulares, a incidência de "retorno" fluídico, que seria
absorvido pelos pólos emissores (as mãos) do passista, é
muito reduzida, o que resulta em maior conforto na sua
realização e melhor absorção fluídica pelo paciente.
Um sugestão de ordem prática. Como é comum, ao
girarmos duas mãos de u m a vez, cada uma girar n u m
sentido contrário à da outra, quando o passista for realizar
a afloração e pretender usar duas mãos, inicie usando
apenas uma mão; gire-a observando o sentido horário e,
em seguida, adicione a outra mão no mesmo sentido.
· Para que servem: para tratamentos que requeiram
vivas concentrações fluídicas. Pela forma como os fluidos
são "despejados", literalmente dentro do sistema vorti-
coso dos centros vitais, a absorção destes é muito efetiva
e seus resultados, por isso mesmo, são muito positivos.
Casos que estejam relacionados com os centros laríngeo,
cardíaco, gástrico, esplénico e genésico são muito bem
tratados com essas técnicas, bem como tumorações,
cânceres, inflamações, problemas de pele e ossos.
· Em que são mais felizes: os "pequenos circulares" são
muito felizes em pequenas feridas ou pequenas infecções,
enquanto as aflorações são muito eficientes em questões
gástricas de u m a forma geral ou regiões maiores sob
inflamações e/ou infecções.



Os sopros (ou insuflações)

Divididos em dois grupos, vamos analisá-los separa-
damente. U m a ponderação geral, entretanto, precisa ser
feita logo no início: não são todos os magnetizadores
que possuem o chamado "sopro curador". T ê m pessoas
que aparentemente são frágeis em suas resistências respi-
ratórias e, apesar disso, possuem um vigoroso sopro
magnético, enquanto outras, a exemplo da estória do
lobo e os três porquinhos, são detentoras de capacidades
fenomenais nos seus sopros fisiológicos, mas que, fluidi-
camente, são extremamente fracos. Ressalto ainda que
pessoas com comprometimentos pulmonares ou compli-
cações respiratórias severas não são indicadas para tra-
balhos que envolvam sopros magnéticos.

Isto posto, vamos agora aos sopros frios

· Como usar:
enchem-se os pul-
mões completa e
diafragmaticamen-
te e solta-se o ar em
direção ao ponto
q u e se p r e t e n d e
magnetizar (como
se ali estivesse uma
vela acesa e quisés-
semos apagá-la com o sopro), até esgotar toda provisão
de ar dos pulmões. Finda a provisão, fecha-se a boca e
respira-se com naturalidade umas duas ou três vezes e
depois repete-se o processo. A depender do que se
pretende realizar com a insuflação fria (sopro frio), pode-
se aplicá-la próximo ou distante do paciente, com maior
ou menor vigor.
· Como funcionam: seu uso mais freqüente é no sen-
tido dispersivo calmante. Para tal, o sopro é feito a uma
relativa distância (em média, acima de 50 cm do pa-
ciente) e expelido o ar com vigor em direção ao ponto
ou centro que se deseja dispersar. Mas pode-se concentrar
calmantes fazendo esse mesmo tipo aplicação, só que de
forma bastante lenta. Também é possível concentrar
ativantes com o sopro frio, mas, para o caso de uma po-
tente ativação concentrada localizada, a recomendação
básica é que se substitua o sopro frio pelo sopro quente,
por ser este mais feliz e eficiente nesse terreno. De outra
forma, os sopros frios podem funcionar como ativantes,
tanto na dispersão como na concentração, quando rea-
lizados de forma longitudinal; significa dizer que devem
ser aplicados "ao longo" de uma região, como se o sopro
estivesse fazendo o papel das mãos.
· Para que servem: sobretudo para acalmar agitações
e crises nervosas, debelar febres, tirar pacientes de transes
hipnóticos, sonambúlicos, magnéticos e/ou mediúnicos
e ordenar centros vitais em descompensação em relação
a outros centros.
·Em que são mais felizes: no trato de epilepsias, febres,
convulsões e dissipação de acúmulos fluídicos densos
em centros vitais.

Agora, vamos aos sopros quentes

-- Como usar: como ele será aplicado muito próximo
do ponto que será magnetizado, inclusive, em muitos
casos, haverá necessidade do toque com os lábios, de
início recomenda-se que se isole o local a ser tratado
com um pano, flanela, fralda ou coisa semelhante, tanto
para evitar o contato direto com a pele do paciente como
para reter eventuais bacilos ou germes peculiares aos
mecanismos do sistema respiratório/fonador (aí con-
siderado nariz,
boca, a gargan-
ta como um to-
do e o esôfago).
Isto feito, com a
boca distante do
paciente, en-
che-se os pul-
mões completa e
diafragmatica-
mente e solta-se o ar sobre o ponto determinado, len-
tamente (como se quiséssemos embaçar uma superfície
metálica, por exemplo), até esgotar toda provisão de ar
nos pulmões. Finda a provisão, fecha-se a boca, afastan-
do-a do paciente e respira-se com naturalidade umas
cinco ou seis vezes (ou o quanto for necessário para que
a respiração do passista fique completamente norma-
lizada), para só então se repetir o processo. U m a ressalva
muito importante é que esta técnica é excessivamente
desgastante, em termos fluídicos, para o passista, pelo
que ele deve se abster de repeti-la muitas vezes, sob pena
de rapidamente cair em fadiga fluídica.
· Como funcionam: como concentradores ativantes
de grande poder.
· Para que servem: para resolver severos problemas de
inflamações e/ou infecções ou necessidades magnéticas
e/ou m e d i ú n i c a s de grandes concentrados fluídicos
ativantes. Pelo seu grande poder concentrador de ativan-
tes, não é técnica recomendada para se usar sobre os
centros vitais superiores e intermediário (coronário, fron-
tal, laríngeo e cardíaco), salvo se o magnetizador tiver
muita experiência e perfeito domínio de sua doação e
direcionamento dos fluidos aí concentrados.
· Em quais são mais felizes: no tratamento de infla-
mações, furúnculos, infecções localizadas e tumores em
geral e ainda, como resume Michaelus (em Magnetismo
Espiritual, FEB), a partir dos magnetizadores clássicos:
"nos ingurgitamentos, nas obstruções, asfixias, dores de
estômago, cólicas hepáticas ou nefríticas, enxaquecas,
afecções glandulares, dores de ouvido, surdez, etc., tendo
grande efeito sobre as articulações, sobre o alto da cabeça,
o cerebelo, as têmporas, os olhos, as orelhas, o epigastro,
o baço, o fígado, os rins, a coluna vertebral e o coração".

Os perpendiculares

· Como usar: técnicas mais voltadas para uso de longo
curso (da cabeça aos pés ou, no mínimo, que envolva os
sete centros vitais principais do paciente), os perpendi-
culares solicitam que o paciente e o passista estejam de
pé, um formando um ângulo de 90° em relação ao outro,
pois o passista irá passar as mãos, simultânea e concomi-
tantemente, uma pela frente e outra por trás do paciente.
A passagem das mãos normalmente se dará de forma
rápida e a u m a distância pe-
quena. Quando as mãos ti-
verem percorrido todo o per-
curso previsto, o passista fe-
chará as mesmas, afastando-
as do corpo do paciente e só
reabrindo-as quando tiver
retornado ao ponto onde irá
reiniciar nova passagem.
· Como funcionam: pela
descrição acima, os perpendiculares serão dispersivos
ativantes gerais. Seu poder de dispersão geral (de grande
curso) é muito grande e, por isso mesmo, os magneti-
zadores clássicos os usavam com freqüência, especial-
mente quando o paciente tinha dificuldade para se equi-
librar ou retornar ao domínio de si mesmo após as longas
seções de magnetismo a que era submetido. Entretanto,
os perpendiculares poderão ser usados como concen-
tradores ativantes (passando-se as mãos de forma lenta e
próxima) e, nalguns casos, como concentradores ou dis-
persivos calmantes, gerais (de grande curso), só que nem
sempre esse método é totalmente feliz com os calmantes
por causa da necessidade de distância que as mãos deverão
assumir em relação ao corpo do paciente. U m a nota
interessante é que os perpendiculares indicam haver uma
importante referência nas costas dos pacientes. Notemos
que se passarmos as mãos só pela frente ou só por trás,
na forma de "grande curso", os resultados serão pratica-
mente idênticos, mas quando passamos uma mão pela
frente e outra por trás, como os perpendiculares indicam,
a potencialização dos dispersivos ativantes crescem sobre-
maneira. Quem sabe se a presença do umeral não seja a
responsável por essa mudança.
· Para que servem: para ordenar os centros vitais, todos
em relação a todos; para tratar a psi-sensibilidade; para
auxiliar em problemas motores e psíquicos; para aliviar
depressões.
· Em quais são mais felizes: no alinhamento dos centros
vitais e no equilíbrio geral do sistema nervoso e da corren-
te sangüínea.
C o n j u g a ç ã o de técnicas
(uso m ú l t i p l o de técnicas)

A maioria das técnicas
a c i m a vistas poderá ser
combinada entre si. O fa-
tor determinante desse uso
dependerá diretamente da
habilidade e da experiên-
cia do magnetizador. Por
princípio, recomendo que
n e n h u m neófito ou ini-
ciante na "arte da cura pe-
las mãos" faça associação ou conjugação de técnicas, até
que tenha experiência suficiente que indique um certo
domínio entre as várias técnicas em particular. Sem esse
domínio mínimo, o passista estará pondo o tratamento
em dúvida e os pacientes em riscos, e terá dificuldade de
avaliar qual técnica está mais apropriada ou menos feliz
nos tratamentos levados a efeito.
Neste item -- e acredito que nem mesmo em todo
um livro só a isto dedicado -- não poderei detalhar os
usos, um a um, das várias possibilidades de combinação
das técnicas, pois não teria como realizar tal tarefa. Assim,
abordarei genericamente alguns exemplos mais comuns,
os quais poderão servir de base para outras experiências
e conclusões.
· Como usar: com conhecimento do que cada técnica
realiza, quando empregada isoladamente, e não desprezar
as variações observadas quando aplicadas em conjugação.
É muito importante isso: por vezes, a conjugação de
técnicas altera significativamente as atribuições de técni-
cas aplicadas isoladamente, variando, inclusive, de pas-
sista para passista. Daí toda necessidade de segurança
previa, experiência e o sentido de observação e acuidade
muito abertos.
· Como funcionam: darei dois exemplos. O primeiro
envolve imposição e longitudinais. Quando alguém es-
tiver muito desarmonizado em seus centros vitais -- por
exemplo, desarmonia provocada por demoradas des-
compensações localizadas ou por mudanças do clima
fluídico muito rápidas e intensas --, podemos "forçar"
o alinhamento fazendo uma imposição com uma mão
próxima do coronário e com a outra realizando disper-
sivos ativantes (próximo) longitudinais gerais sobre os
demais centros vitais. C o m isso, pela imposição estare-
mos "introjectando" fluidos ativantes no paciente e os
longitudinais estarão "forçando" a passagem desses flui-
dos para todos os demais centros, como se estivesse fa-
zendo uma retifica ou um balanceamento geral no alinha-
mento dos centros. Em todo caso, sempre há a possibi-
lidade de sobrar algum concentrado no coronário, pelo
que fica recomendado que assim que se parar de aplicar
esta conjugação, faça-se dispersivos localizados sobre o
coronário -- usa-se, nesses casos, dispersar com transver-
sais. Os resultados são muito bons. Pode-se fazer o
mesmo com os calmantes, apesar da dificuldade surgida
pelo distanciamento das mãos.
O segundo exemplo envolve os longitudinais com o
sopro frio. Há casos que requerem uma ação magnética
geral mais efetiva em um menor tempo e nem sempre é
recomendado o uso das imposições isoladamente ou os
longitudinais muito lentos, pois pode haver desarmonias
e conseqüências desagradáveis no paciente (por exemplo:
uma pessoa, além de trazer carências orgânicas e peris-
pirituais, ainda se encontra envolvida numa aproximação
espiritual sofredora; se se aplicar passes ativantes muito
demorados, pode ocorrer o acendramento da aproxi-
mação e, a partir daí, fica mais fácil ocorrer a psicofonia
ou a vampirização fluídica). Nesses casos, podemos con-
jugar longitudinais com sopros frios; com os primeiros,
realizamos a parte dos ativantes (mãos próximas do pa-
ciente) e, com os sopros, a parte dos calmantes (boca dis-
tante do paciente), a um só tempo. E, logo após fazermos
um máximo de duas passagens gerais concentradoras
(lentos, da cabeça aos pés ou envolvendo os sete centros
principais), intercalamos dispersivos gerais (dois ou mais),
usando as mesmas técnicas em questão: longitudinais e
sopros frios (aplicados rápidos). Não significa dizer que
todos os casos como o exemplificado sejam bem tratados
dessa maneira, mas os que se prestam a este tipo de aten-
dimento denotam a grande eficácia da conjugação.
· Para que servem: para ampliar o alcance das técnicas
quando aplicadas isoladamente, assim como para se obter
resultados mais expressivos em determinados atendi-
mentos. Também são muito requeridas para reduzir os
tempos de tratamento geral.
· Em quais são mais felizes: em todas oportunidades
que forem usadas com sabedoria e segurança.

Certa vez, na televisão, apareceu uma série de curan-
deiros que usam uma técnica que você não mencionou em
nenhum de seus livros. É o seguinte: eles afastam a mão,
param-na distante do ponto que vão atuar, como quem faz
uma imposição, e repentinamente, com ela aberta, como se
fosse dar uma tapa ou um soco naquela região do corpo do
paciente, projeta-a violentamente, parando-a normalmen-
te muito perto do corpo, sem tocá-lo. E dizem que os re-
sultados são muito efetivos. O que é isso?
Eis aí uma variação das técnicas apresentadas (das
imposições). Pode-se dizer que se trata de uma "impo-
sição com movimento" (apesar de soar incoerente esta
expressão). Por esse mecanismo, magnetizadores expe-
rientes forçam as "camadas" fluídicas calmantes a pene-
trarem os organismos do paciente de forma mais intensa
e praticamente anexadas às "camadas" ativantes. Esse
impacto fluídico é muitas vezes sentido com certo des-
conforto pelo paciente, o qual pode registrar sensações
tipo: "soco na barriga", "violento empurrão", "tapa nos
ouvidos", "petardo nos olhos", etc. (essas sensações desa-
parecem rapidamente e não deixam registro de medo
ou repulsa). Entretanto, o magnetizador que consegue
desenvolver essa técnica, torna-se possuidor de grande
ferramenta, pois, apesar de concentradora, não costuma
deixar no paciente as seqüelas comuns às concentrações,
ou seja, após essas aplicações, a necessidade de dispersivos
diminui sobremaneira.

E quem não conhece as técnicas, como fica?
Sofre as conseqüências daí decorrentes. O desconhe-
cimento, em qualquer área do conhecimento humano,
é pernicioso, pois exige do "prático" muito mais empenho
e esforço do que seria necessário se houvesse o conheci-
mento da teoria.
Só que têm pessoas que não sabem nada de técnicas
e realizam milagres muito maiores do que os que têm
conhecimentos...
T ê m pessoas que nascem com o dom da música.
Tornam-se autodidatas em seus instrumentos. Realizam
proezas. Mas é comum encontrá-las, depois de certo tem-
po, aflitas, querendo ler uma partitura, correndo em bus-
ca de novas técnicas e teorias, pois a habilidade natural
surge limitada na hora de alavancar resultados coerentes
com requisitos que a própria música impõe. C o m as curas
também nos deparamos com questões semelhantes... e
de uma maneira mais comum do que imaginamos -- só
que, nesses casos, muitas vezes sob agravantes, que são
decorrentes de mal-estares ou ineficiências não corrigidas.
De forma alguma estou dizendo que não seja possível
realizarmos "milagres" sem termos conhecimento de co-
mo eles acontecem, tanto é que todos os que militamos
na área das curas (e aqui o raciocínio envolve desde os
curandeiros silvícolas até os mais respeitados homens da
ciência médica do mundo) conhecemos ou já ouvimos
falar de muitas e muitas criaturas que realizam coisas
surpreendentes, classificadas como "impossíveis" ou de
difícil probabilidade de ocorrência. Entretanto, o racio-
cínio correto, complementar à colocação proposta, é o
seguinte: o que não conseguiriam realizar essas criaturas
maravilhosas se, além de suas habilidades naturais e dis-
posições íntimas, fossem possuidoras de conhecimentos
mais apropriados e profundos em sua arte?
Portanto, mesmo quem tenha o "dom" da cura em si
mesmo só tem a ganhar com o estudo e a depuração de
suas técnicas, de sua "arte".

Por suas explicações, ressalta um grande valor no emprego
dos dispersivos. Por quê?
Exatamente por conta de seus largos benefícios. São
os dispersivos os passes que mais auxiliam ao passista,
especialmente quando dúvidas e/ou inseguranças o inva-
dem ou quando concentrados, congestões ou poucas (ou
lentas) somatizações acontecem no paciente e torna-se
necessário u m a ação mais eficiente e menos traumática.
Como já vimos, os dispersivos não apenas "retiram" flui-
dos do paciente, mas igualmente os distribuem, relocam,
filtram, refinam, condensam, compactam e um sem-nú-
mero de ações e operações, que chego a acreditar ainda não
termos percebido sequer os pórticos de seus potenciais.
Já registrou Michaelus {Magnetismo Espiritual, FEB): "A
ação de dispersar, portanto, é a ação de equilíbrio e não,
como insinua Lawrence, ação de desmagnetização".
8
Tanto que é comum a figura do paciente "carregado" ,


8
Particularmente, não gosto dos termos "carregado" e "descarrego",
mas os estou utilizando para dar uma idéia mais direta ao leitor. Na verdade,
por "carregado" devemos entender a pessoa que está sob efeito de fluidos
densos, perturbadores, sofrendo congestão fluídica ou mesmo violenta
perseguição fluídico-espiritual.
que apenas busca, pelos passes -- dispersivos --, o
"descarrego" de seu fardo. Assim, os dispersivos devem
ser muito melhor estudados, usados, treinados e empre-
gados, em benefício tanto do paciente como do próprio
passista, pois se o magnetismo opera em dupla via, à
medida que fazemos o bem de forma bem-feita, ele será
bom para os envolvidos na operação: passista e paciente.

Que tipo de evidência você poderia dar quanto à efi-
ciência dos dispersivos?
São muitas. Começa exatamente pelo fato de os dis-
persivos "trabalharem" muito mais as próprias "cargas
fluídicas" do paciente (em primeiro lugar) do que as con-
centradas, doadas pelo passista. C o m isso, o "esforço
magnético" estará muito mais diretamente relacionado
com os benefícios mais diretos e imediatos proporcio-
nados pelos fluidos (com real aproveitamento dos po-
tenciais fluídicos do próprio paciente) do que aqueles
outros em que ainda serão necessários grandes transfe-
rências e concentrações fluídicas, representando isso, di-
retamente, grandes usinagens fluídicas. Ou seja, os dis-
persivos, em tese, "consomem" menos "energias" para
resultar em benefícios mais profundos e imediatos. Con-
tudo, ressalto que os dispersivos não podem ser utilizados
como técnicas únicas, até porque muitos pacientes não
possuem reservas fluídicas "em estoque" que permitam
sejam utilizadas e trabalhadas pelos dispersivos.
Para exemplificar, observemos as pessoas que saem
das cabines de passes sem se sentir bem; normalmente,
retornam à cabine e, no retorno, quase sempre apenas
recebem dispersivos e rapidamente se recompõem. Ou
então, quando, na qualidade de passistas, estamos sen-
tindo nossas forças se esgotando enquanto aplicamos os
passes em determinados pacientes, se intercalarmos o
que estamos fazendo com os dispersivos quase que ins-
tantaneamente o esgotamento diminui ou estanca e uma
revigoradora sensação passa a tomar conta de nós.
Mas há uma outra observação prática bastante perti-
nente. Se analisarmos a aplicação de um longitudinal
lento (concentrador), fácil concluirmos que, enquanto
esforço físico, essa técnica seria menos "cansativa" do
que um longitudinal rápido (dispersivo), até porque o
dispersivo, pela rapidez, solicitará um maior dispêndio
de "energia muscular" do que o concentrador. Contudo,
quando usamos as duas técnicas e comparamos o "can-
saço" ao final, perceberemos que o lento foi muito mais
exaustivo do que o rápido, o que contraria frontalmente
o aspecto mecanicista da operação. E esta observação tan-
to vale para as sensações musculares propriamente ditas
como especialmente para os casos que envolvem as
fadigas fluídicas.


Os Espíritos usam as técnicas do magnetismo?
Para não nos estendermos muito, basta uma lida na
valorosa série Nosso Lar, do Espírito André Luiz, pela
psicografia de Francisco Cândido Xavier. Em diversas
oportunidades, os Espíritos nos dão conta de que os
magnetizadores do mundo espiritual são criaturas que
estudaram e estudam continuadamente o mundo dos
fluidos e que, "à feição dos magnetizadores encarnados",
operam com técnicas no mundo espiritual. (Para os lei-
tores mais interessados em conhecer a opinião dos Espí-
ritos a respeito, leia a Revista Espírita de Kardec, espe-
cialmente dos anos de 1864 e 1865, quando ele publicou
três mensagens atribuídas a Mesmer, além de outras abor-
dagens feitas por ele na mesma revista em 1 8 5 8 / 5 9 e
1860; leia ainda as obras de M a n u e l Philomeno de
Miranda, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco).

O amor vale mais do que as técnicas?
Não tenho dúvidas que sim. E se não conseguimos
realizar mais e melhor com o amor é porque nossa maior
dificuldade é exatamente a realização desse amor. Por-
tanto, se depender do meu aval, recomendo a qualquer
paciente que, se tiver de optar por um passista rico em
técnicas e outro farto em amor, escolha o segundo. Igual
sugestão vale para os passistas: entre conhecer tudo de
técnicas e amar, prefira amar (no melhor e mais vigoroso
sentido do termo), salientando apenas que o amor que
sabe e o conhecimento que ama é que é sabedoria -- o
ponto máximo a ser atingido por todo aquele que se
propõe aos serviços do bem.
C o m o disse Sócrates: "É o amor que orna a Natureza
de seus ricos tapetes; ele se enfeita e fixa morada onde se
lhes deparem flores e perfumes. É ainda o amor que dá
paz aos homens, calma ao mar, silêncio aos ventos e sono
à dor!..." Acrescentando, Emmanuel, o nobre mentor
de Francisco C. Xavier, diz: "Quando falta o amor, desce
a noite sobre o dia da alma". A ausência do amor é a
grande geratriz do desânimo que muitas vezes toma conta
até mesmo dos corações valorosos. Portanto, corrobo-
rando com Pedro, o apóstolo, "o amor cobre a multidão
dos pecados".
Alguns exemplos
práticos
dos p a s s e s


uando usar técnicas na Casa Espírita?
Quando o passista conhecê-las e a Casa permitir
seu uso.
Vamos implantar em nossa Casa o atendimento de
fluidoterapia, o qual será direcionado a pessoas portado-
ras de doenças físicas e/ou processos obsessivos, seleciona-
das através do atendimento fraterno. Porém, temos difi-
culdade de saber em que casos recomendar o uso de
ativantes e dos concentradores. Podes nos ajudar com
exemplos práticos?
A questão do uso de ativantes ou calmantes, se con-
centradores ou dispersivos, vai depender caso a caso. Não
podemos, sem correr o risco de cometermos erros, dizer
que tal opção é mais útil, embora a vivência nos leve a
algumas observações que parecem ser mais universais do
que outras.
Por exemplo, vejamos algumas aplicações no terreno
das influências espirituais: quando um Espírito está
influenciando muito vigorosamente a u m a pessoa, cos-
tuma-se fazer aplicação de técnicas dispersivas, com
ênfase aos dispersivos calmantes (passes rápidos dis-
tantes). Isso atenua a ação do Espírito sobre o paciente,
levando-o ao afastamento -- tanto que uma das técni-
cas mais usadas para este fim é o sopro frio. U m a outra
experiência nos diz que o aproximarmos a(s) mão(s),
com certa rapidez, partindo-se de uma distância em torno
de um metro, em direção a certos centros vitais, o efeito
magnético daí resultante é surpreendente; o Espírito
obsessor sente u m a descarga muito forte, semelhante a
um choque fluídico, e o paciente fica um pouco tonto.
Tanto que depois de tal técnica costuma-se usar disper-
sivos gerais para o restabelecimento geral do paciente. Já
os concentrados ativantes (lentos e perto) são ricamente
utilizados para se favorecer ao estabelecimento de me-
lhores condições de ligação magnética entre o Espírito e
o paciente.
Observemos agora algumas situações no campo das
curas físicas e/ou perispirituais: os concentrados ativantes
são muito felizes em tumores, inflamações, infecções
e anemias. Os concentrados calmantes revigoram o
sistema nervoso e a consistência muscular. Os disper-
sivos ativantes harmonizam as "energias" gerais do pa-
ciente e os dispersivos calmantes levam-no ao relaxa-
mento. Para despertamento magnético, mediúnico ou
sonambúlico, usamos a insuflação fria (a distância de cerca
de um metro), empregada com relativo vigor. Para cri-
ses de epilepsia, faz-se uso de calmantes gerais, através
de l o n g i t u d i n a i s com as mãos, concomitantemente
com insuflações frias gerais. Para pessoas em tratamentos
quimioterápicos, muitos dispersivos gerais tanto ati-
vantes como calmantes, com prevalência nos ativantes.
Apesar de essas disposições serem bastante comuns, não
é sempre que assim acontece. O ideal é que cada passista
treine, com a máxima atenção, o tato-magnético para,
por seu intermédio, ir adquirindo a confiança indispen-
sável para a realização de bons trabalhos nessa área.

No caso de criança com mau-olhado ou quebranto, como
agir?
Dispersivos nela; tanto calmantes como ativantes!
Evite-se ao máximo qualquer tipo de concentração fluí-
dica, pois a criança com quebranto já está congestionada
fluidicamente. O passista, tratando de crianças, deve ter
em mente que não deverá se permitir, nessa ocasião,
usinar fluidos muito densos, pois o organismo perispi-
ritual e vitalista da criança não reage positivamente na
absorção de cargas fluídicas muito densas, ainda mesmo
quando delas está carente. Outra coisa é que, bem se
sabe, conjuntamente com as técnicas dispersivas, a oração
e o chamamento dos Bons Espíritos são indispensáveis.
Certa vez, fui aplicar passes num senhor e, quando ini-
ciei o tato-magnético, senti que o mesmo estava com muita
dor de cabeça, mais precisamente na região do frontal. Então,
fiz uma prece por ele e, quando iria começar o passe com
uma série de dispersivos, tive a nítida impressão de ouvir
certa pessoa, encarnada, que naquele momento estava numa
outra cidade muito distante, mas que conhece bem o magne-
tismo, dizer assim: "Olhe, faça uma imposição localizada
no coronário e um dispersivo geral com a outra mão".
Aproveitei a orientação e fiz conforme sugerido. Resultado:
deu tudo certo. É possível ter acontecido assim mesmo?
Tanto é possível que aconteceu e deu certo. Se bem que
não haja garantia de que tenha sido mesmo a pessoa que
estava distante que tenha vindo dizer o que fazer -- como
também nada impede de que possa ter ocorrido exata-
mente isso --, a intuição foi preciosa e coerente. Sabemos
que a conjugação de uma imposição no coronário e uma
série de dispersivos, simultaneamente, com a outra mão
por todos os outros centros vitais, provoca u m a série de
importantes reações no paciente, dentre as quais se des-
tacam: realinhamento dos centros vitais, harmoniza-
ção entre esses n u m prazo quase instantâneo, movi-
mentação da psi-sensibilidade, regularização da corren-
te sangüínea, do sistema nervoso central, relaxamento
muscular, alívio de tensões, o atenuar das emoções mais
violentas, regularização do sistema respiratório e o alí-
vio de crises de asmas e epilepsias. Não é, portanto, de
se admirar que o uso de tal técnica seja extremamente
valioso. Lembro apenas a conveniência de se fazer al-
guns dispersivos sobre o coronário ao final, podendo
ainda serem seguidos por uma série de dispersivos ge-
rais, agora sem qualquer imposição.
Uma pessoa está mentalizando outra para um trata-
mento de desobsessão. De repente, começa a desgastar-se
energeticamente -- a região do plexo solar (centro gástrico)
começa a tremer. Passes são aplicados insistentemente. Só se
resolveu quando uma pessoa colocou, diretamente, uma mão
no plexo solar e outra no bulbo (centro umeral), imaginando
que a mão fosse um potente feixe de luz. Todo o processo
desenrolou-se intuitivamente. Como explicar tecnicamente
tal situação?
Analisemos por partes. O fato de se mentalizar alguém,
especialmente n u m a reunião de a t e n d i m e n t o deso-
bsessivo, pode provocar excessiva perda de fluidos vitais,
daí ocorrendo uma certa fadiga fluídica (o que corrobora
as respostas que já demos acerca das fadigas). U m a das
características de doação de fluidos magnéticos é a "usi-
nagem" de fluidos pelo centro vital gástrico (alto do
estômago, imediações do solar). C o m uma doação exces-
siva, descontrolada ou sem a devida reposição fluídica,
inicia-se o processo de descompensação fluídica, cau-
sando sensações ruins no passista (ou médium). A se conti-
nuar a prática dessa forma, as sensações vão-se somati-
zando, podendo chegar a graves comprometimentos
orgânicos, de várias ordens. Por outro lado, o tremor no
gástrico sinaliza que o passista (ou médium) está elabo-
rando ou usinando fluidos para exteriorização. Quando
não se tem o domínio da geração fluídica, nem o controle
dessa doação, os centros vitais desarmonizam-se entre si
e torna-se, então, necessária uma ajuda externa. Normal-
mente, os passes dispersivos, ao longo de várias sessões,
são suficientes para a rearmonização, mas há vezes em
que é imperioso o "realinhamento" dos centro vitais. Este
realinhamento pode ser feito pelo menos de duas formas:
com passes dispersivos localizados (no gástrico) e totais
(ao longo de todo o corpo); ou fixando-se uma mão sobre
o coronário (alto da cabeça) ou sobre o umeral (bulbo)
e, com a outra, descer com dispersivos sobre os demais
centros vitais. Acontece que, pela questão proposta,
parece ter havido uma imposição sobre o umeral e outra
sobre o local (gástrico). O que isso significa? Significa
que foi iniciado um realinhamento, só que com uma
concentração de fluidos no local sensivelmente des-
compensado. Mesmo tendo resultado positivo, é prová-
vel que o realinhamento final com os dispersivos dêem
uma correção mais definitiva. Dizemos isso porque,
além das sensações (que são boas sinalizadoras), têm
ocorrências fluídicas que não deixam sinais tão evidentes.
Portanto, pode o mal-estar ter cessado, mas u m a certa
desarmonia persistir, mesmo quando não sentida. Por
fim, a questão da imaginação de um feixe de luz. Na
verdade, o que devemos imaginar é uma projeção de
fluidos reconfortantes e revigoradores. Alguns Espíritos
se utilizam da i m a g e m de um feixe de luz e alguns
videntes a ela se referem por ser mais fácil de se imaginar
e por ser este feixe a parte visível do fenômeno, mas o
que de fato se dá é que fluidos são projetados e estes têm
suas cores características. Quiçá quando estivermos todos
bem sintonizados, os Espíritos intuirão de u m a forma
mais objetiva e/ou captaremos melhor suas intuições.


Algumas vezes, percebemos que o paciente não traz pro-
blemasfísicos ou orgânicos, mas problemas espirituais, por vezes
com fortes desequilíbrios daí decorrentes. É possível o passista
tratar só o campo espiritual ou perispiritual do paciente?
Perfeitamente. De ordinário, a grande maioria dos
casos de tratamentos por passes se dá na estrutura do
perispírito, o qual somatizará os benefícios no corpo.
Agora, as questões de envolvimento espiritual também
precisam ser analisadas à parte. Trata-se da chamada
obsessão, que pode ser branda, recente, violenta ou muito
antiga. Há indicação do uso do magnetismo todas as
vezes em que as influências espirituais são tamanhas
que comecem a tirar ou suprimir do obsidiado a força
vital ou de vontade suficiente para vencer o problema.
A propósito, é recomendação do próprio Allan Kardec
de que, em casos de subjugação -- obsessão muito vio-
lenta, em que o obsidiado fica com a aparência do que
vulgarmente chamamos de possuído --, o obsidiado,
além de precisar do concurso de u m a pessoa de elevada
moral para poder dialogar e doutrinar o Espírito obses-
sor, precisa igualmente de um magnetizador -- e aqui
entenda-se por magnetizador aquela pessoa que tem
capacidade de usinar, exteriorizar e manipular os flui-
dos magnéticos humanos --, para poder dar-lhe a força
fluídica de que carece.
A ç ã o dos p a s s e s
em regiões ou
situações
localizadas

possível durante o passe o passista trabalhar apenas a
corrente sangüínea do paciente?
Pelo que já comentei, quando falei do uso conco-
mitante da imposição sobre o coronário e os dispersivos
sobre os demais centros vitais, fica evidente que sim. Essa,
inclusive, é a técnica ideal para tal desiderato.

Pessoas que vão ser submetidas a cirurgias médicas,
deveriam fazer algum tipo de preparação magnética prévia?
C o m certeza. Atuando o magnetismo não apenas nas
estruturas fisiológicas do indivíduo, mas penetrando-o
e interagindo desde o perispírito, através dos centros
vitais, e repercutindo de forma muito direta e consistente
na intimidade do ser, do espírito, u m a espécie de trata-
mento prévio por passes será sempre de grande valia. As
evidências dão conta de que as hemorragias ficam mais
contidas, as rejeições são diminuídas, as cicatrizações
acontecem mais rapidamente, a quantidade de medica-
mentos e o tempo de restabelecimento são reduzidos e,
muitas e muitas vezes, o mal "diminui de tamanho",
muitas vezes contrariando as previsões médicas e até
mesmo de instrumentos de medição e aferimento. O
passe (não apenas um, mas um verdadeiro tratamento)
antes de cirurgias é uma bênção de que não deveríamos
abrir mão.

Podemos acreditar que o mesmo seja válido para o pós-
cirúrgico?
Exato.

No caso específico de pessoas que estejam fazendo tra-
tamentos com rádio e quimioterapia, há alguma indicação
de passes?
Sabemos o quanto a rádio e a quimioterapia são de-
vastadoras para uma verdadeira multidão de células sadias
e, por conseguinte, para os campos vitais do paciente.
Isso sem contar o estado emocional no qual via de regra
o paciente se encontra, pois é do conhecimento geral
que o uso dessas terapias está diretamente associado à
presença de cânceres no seu organismo.
Embora no Brasil poucas Casas Espíritas se dediquem
a esse tipo de trabalho, seria ideal que logo após uma
rádio ou quimioterapia o paciente fosse submetido a um
atendimento magnético, pois através deste os campos
vitais do paciente seriam restabilizados e os efeitos
danosos daquelas terapias seriam drasticamente redu-
zidos. Isso porque é sabida e reconhecida a capacidade
do magnetismo em revitalizar células, reestruturar os
centros vitais e favorecer aos mecanismos endócrinos de
defesa orgânica, além do inestimável valor sobre o aspecto
psicológico que envolverá o paciente.
Nos Estados Unidos, conforme relata a respeitada
Dra. Barbara Ann Brennan, já existem unidades de on-
cologia que usam, a pedido dos pacientes, tratamentos
conjugados entre a medicina convencional e a chamada
alternativa, onde as "imposições" são elementos de pri-
meira grandeza no auxílio direto em favor dos resultados
gerais. Em conseqüência, já são inúmeras as compro-
vações que dão conta da substancial diferença entre os
pacientes tratados por aquelas terapias adicionadas com
as "imposições" e os que apenas fazem as primeiras. Os
resultados sobejamente indicam que os pacientes tratados
por aquelas terapias conjugadas com as "imposições"
recuperam-se mais rapidamente, ficam com menos se-
qüelas e sentem menos desconfortos do que os outros
que apenas usam os métodos convencionais.*-- Há de
se notar que estou colocando "imposições" entre aspas,
pois, na realidade, não se tratam de simples imposições,
e sim de verdadeiras terapias, com movimentações e
passes muito variados. Na atualidade norte-americana,
esses tratamentos são chamados de "healing", palavra
que quer dizer "cura", mas que tem por raiz a palavra
"whole", que significa "completo", o que pode sugerir
que por healing se pretenda referir a um tratamento
completo, holístico.


A pessoa que fizer um tratamento por passes, pode dis-
pensar os cuidados médicos e os remédios?
Não! Os tratamentos fluídicos não dispensam os
cuidados médicos, clínicos nem os medicamentos, salvo
casos excepcionais, os quais, ainda aí, dependeriam do
acompanhamento ou alguma intervenção de profissio-
nais da área. Ao contrário do que a pergunta pode ensejar,
modernamente temos visto u m a espécie de benéfica
aproximação entre as terapias alternativas -- a maioria
associada a alguma escola religiosa ou mística -- e as
ciências acadêmicas convencionais. Dessa forma, o cará-
ter de exclusividade começa a ruir de ambos os lados: os
médicos começam a indicar tratamentos complementares
com terapias alternativas (dentre as quais o passe, a oração
e a meditação têm relevantes destaques) e os terapeutas
alternativos orientam e permutam experiências e co-
nhecimentos com aqueles outros.

Como aplicar passes numa mulher gestante?
C o m cuidado e muito amor. Se o passe for espiritual,
deixe que o M u n d o Espiritual realize todo o processo,
seja o passista captando intuitivamente os procedimen-
tos, seja apenas impondo as mãos no coronário e orando
com muita fé. Por prudente, mesmo nos passes espiri-
tuais, recomendo que ao final sejam feitos dispersivos
gerais. No caso dos passes magnéticos, evite-se toda e
qualquer concentração magnética sobre o ventre, a fim
de não afetar o bebê de maneira prejudicial. Os disper-
sivos deverão ser realizados com muita competência e
qualidade e, à medida das condições do passista, que
seus fluidos sejam o mais refinados possíveis. Havendo
necessidade de atender ao feto, opte-se pelo método de
fluidificação por transferência, ou seja, realize-se o tra-
tamento na genitora e esta transferirá ao feto as neces-
sidades daquele.

Os passes em crianças podem ser concentradores?
Podem, mas devem ser muito refinados, sutilizados
ao máximo, pois os centros vitais delas são muito peque-
nos e pouco capacitados para grandes absorções fluídicas.
Veja-se que a maioria das pessoas que aplicam passes em
crianças sentem-se muito confortáveis após as aplicações.
Isso se dá exatamente pela "tonalidade" dos fluidos que
são usinados para as crianças; por serem muito sutis,
finos e rarefeitos, deixam no usinador a agradável sensa-
ção de paz e harmonia. Em todo caso, insisto sempre:
mais do que em qualquer outro passe, os realizados em
crianças solicitam dispersivos ao final.

E como atender a uma pessoa idosa extremamente de-
bilitada, mas carente de muitos fluidos?
Primeiro, atentemos para que, via de regra, o idoso
não tem condições do "processar" os fluidos como os
mais jovens. Depois, além da postura de muito amor, fé
e boa vontade, o passista deve possuir boa reserva de
fluidos magnéticos, pois essa necessidade de muitos flui-
dos por parte do paciente pode levar o passista à exau-
stão fluídica. Assim, como m e d i d a preventiva, use
poucos concentrados fluídicos seguidos e sempre inter-
cale muitos dispersivos, a fim de evitar demoradas con-
centrações. Assim, pode-se facilmente doar todo o ne-
cessário sem chegar à fadiga.

E quanto aos passes em roupas e vestimentas em geral?
Se bem que, magneticamente, exista uma lógica para
que tal se dê, bem se vê não se tratar de uma prática
doutrinariamente correta. A lógica está no fato de que o
magnetismo pode ser aplicado em tudo, mas daí a se
imaginar que uma roupa magnetizada irá substituir os
esforços que u m a pessoa tenha que desenvolver para sa-
grar-se recuperada ou "abençoada", vai uma larga dis-
tância. É verdade que nossa roupa "guarda" uma imagem
psicométrica (traduziria isso como "uma história fluídica
de nossos padrões psiquicofisiológicos") de nossas vibra-
ções, tanto quanto, à semelhança de odores, que se im-
pregnam em nossas pele e vestimenta, cargas fluídicas
agregam-se a elas. Mas muito mais poderoso e recons-
tituinte do que u m a roupa magnetizada é um pensa-
mento positivo, u m a oração sentida, u m a fé ativa. Se,
em última instância, o paciente quer mesmo magnetizar
alguma coisa, que traga a água.
Ação n e g a t i v a
dos f l u i d o s




m homem apareceu com uma inflamação muito forte
numa perna e foi apontado erisipela. O médico que o
atendeu, após medicá-lo, recomendou que ele procurasse uma
rezadeira, pois achava que havia alguma coisa a mais do
que aquela doença. Seguindo sua orientação, ouviu uma
senhora, médium natural, que afirmou ter sido aquele pro-
blema contraído quando, inadvertidamente, ele pisou num
'despacho". Depois de alguns passes, ele ficou completamente
restabelecido. É isso possível?
Costumamos ouvir dizer que "despacho não pega
em quem não deve". Vale a pergunta: "E quem, neste
mundo de meu Deus, não deve alguma coisa, princi-
palmente no campo moral?" Não foi por menos que
Jesus, em João, cap. VIII, v. 7, ponderou: "Atire a primeira
pedra aquele que estiver sem pecado".
É certo que todos contamos com inúmeros meios e
mecanismos de proteção, tanto orgânicos como psíqui-
cos e espirituais, além de as vibrações dos amigos, fa-
miliares e protetores espirituais, mas é igualmente certo
que trazemos nossas fragilidades e descuidos muito à flor
da pele. Por nossa estrutura perispiritual, estamos muito
sujeitos às influencias fluídicas dos seres e ambientes que
nos circundam. O fator que propicia a atração dessas
influências é, em princípio, nossa posição mental, emo-
cional e até mesmo orgânica. A depender de nossa fra-
gilidade moral e emocional, atrairemos verdadeiros pe-
tardos ou concentrados fluídicos, os quais poderão nos
desnortear, abalando-nos sobremaneira. Apesar de quase
nunca nos considerarmos "merecedores" do ataque desses
males, nossa constante invigilância nos expõe aos mes-
mos, sem que percebamos ou avaliemos sua origem.
De fato, os despachos são concentrados fluídicos de
muito densa e nefasta vibração, cujas emanações não
apenas são sentidas, como chegam a ser vistas e assimi-
ladas. Comparando, se pisarmos numa mina explosiva
sem a vermos, ainda que não queiramos nos envolver
naquele mal, sofreremos todas as dores e conseqüências
da explosão. Um despacho fluídico é, bem o sabemos,
tão ou mais potencialmente explosivo que certas minas,
daí podermos, em determinadas circunstâncias, absorver-
lhes as cargas tóxicas e degradantes, contaminando-nos
com seus efluvios. Embora nem todos estejamos sujeitos
às mesmas assimilações fluídicas -- há os mais e os menos
propensos a isso --, as evidências não nos deixam negar
a possibilidade.
O caso apresentado na proposta da questão é perfeita-
mente viável. E os passes, conforme verificado, são extre-
mamente eficazes nessas situações, desde que o passista
saiba como trabalhar os fluidos e o paciente, por sua
vez, deve repensar seu comportamento moral, pois só
ele dota o homem de u m a verdadeira couraça de defesa
fluídica. C o m o sugeriu Jesus, em Mateus, cap. 5, v. 4 4 ,
"Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perse-
guem e caluniam", e em Mateus, cap. 26, v. 4 1 , "Vigiai e
orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na
verdade, está pronto, mas a carne é fraca".

Ainda nesta questão, têm pessoas que pegam os despachos
e não só os menosprezam como ainda fazem uso dos ali-
mentos e objetos ali coletados, sem que nada de mal lhes
aconteça. O que dizer, então?
Primeiro, o não registrar qualquer anomalia num pri-
meiro momento não significa que ela não possa acontecer
ou ter acontecido. Depois, nem todo mundo absorve
cargas fluídicas de maneira idêntica ou imediata. Além
disso, no mundo atual costumamos destacar nossas van-
tagens, omitindo as desvantagens ou os equívocos em
que nos enredamos. Assim, nada garante que quem faça
uso dos pertences dos despachos não esteja se contami-
nando, de forma funesta, de sorte que nalgum momento
não venha a se queixar de problemas ou doenças que
mais não sejam do que as somatizações dessas cargas
negativas concentradas. Nessa hora, seja por não vincular
o malsucedido à absorção daqueles fluidos, seja para não
desfazer a máscara de ridícula superioridade, costuma
esquivar-se de qualquer ligação com uma realidade nem
sempre fácil de se lidar.
Temos sabido de casos em que Espíritos obsessores
aproveitam cargas fluídicas nocivas para inocularem-na
no psiquismo dos seus desafetos, assim colimando seus
objetivos mais rapidamente.
U m a outra hipótese a ser considerada é que, nalguns
"despachos", certos alimentos são "desfluidificados", ou
seja, já foram fluidicamente "absorvidos" pelas entidades
espirituais peculiares ao meio, numa espécie de vampiri-
zação do alimento. Em todo caso, o risco é sempre muito
grande, pois Espíritos inferiores podem se sentir "rou-
bados" em suas reservas e partirem para a perseguição.

E nos passes, pode um passe fazer mal?
Lamentavelmente, pode. Vejamos alguns casos.
· Por incompatibilidade fluídica entre passista e pa-
ciente -- o passista tem obrigação de saber resolver essa
antipatia fluídica para evitar os transtornos daí decor-
rentes;
· Por contaminação fluídica -- passistas que fazem
uso de tóxicos em geral, inclusive tabaco, alimentam-se
equivocadamente, tomam determinados medicamentos
controlados ou ordinariamente vibram muito negati-
vamente;
· Por desconhecimento de técnicas apropriadas --
especialmente em passistas que possuem elevados po-
tenciais magnéticos;
· Por longas exposições concentradoras de fluidos --
também relacionadas com magnetizadores que inoculam,
inadvertidamente, muitos fluidos concentrados sem a
devida providência restabelecedora;
· Pelo uso de deposição magnética em sentido inverso
do correto -- passes aplicados dos pés para a cabeça ou
no sentido anti-horário;
· Por densidade fluídica -- notadamente quando o
passista possui fluidos muito densos e o paciente é muito
sensível ou tem seus centros vitais muito reduzidos, como
é o caso de crianças e pré-adolescentes;
· Por falta de confiança no que faz -- principalmente
quando o passista põe em dúvida a validade do passe
que aplica e termina vibrando negativamente contra o
paciente, quando neste sente algum tipo de repulsão
fluídica.
Além de todos esses aspectos, um outro há de ser
considerado: pela assimilação de fluidos muito densos e
impróprios, o passista também pode vir a se contaminar
com os fluidos do paciente. Mais uma vez se interpõe a
necessidade de conhecimento do mecanismo dos fluidos
e de como trabalhá-los proveitosamente.

Existem pesquisas nessa área, ou seja, acerca de a possibi-
lidade de um passe vir afazer mal?
Existe sim. Tanto que os americanos têm nomes para
indicar a ação dos magnetizadores (healeres) em função
do que foi e é observado em pesquisas feitas usando-se a
kirliangrafia. Como no início as pesquisas envolviam ape-
nas a ação em plantas, eles passaram a chamar de green
thumb (polegar verde) aquelas pessoas que são bem-
sucedidas ao lidarem com plantas; o oposto seria o brown
thumb (polegar m a r r o m ) . Tal diferenciação se deveu
exatamente pela evidência de que uns conseguem trans-
mitir fluidos "refazentes e/ou energizantes", enquanto
os outros são "destrutivos". No artigo "O efeito fantasma
Kirlian e os passes", por K. W. Goldstein (pseudônimo
do eminente Dr. Hernâni Guimarães Andrade), o assunto é
muito bem colocado: "Será que existem pessoas capazes
de piorar o doente, em lugar de curá-lo? Este fato foi
observado, também, no caso de um doente tratado por
meio de passes, e relatado por Thelma Moss. Um healer
que se prestava aos estudos do seu grupo estava sendo
testado juntamente com um paciente. Como de costume,
foram tiradas kirliangrafias dos dedos de ambos, antes e
depois da aplicação dos passes. Antes do tratamento, o
dedo do paciente apresentava u m a aura medianamente
brilhante. Após os passes, a referida aura dissipou-se,
e n q u a n t o a do healer sofreu um a u m e n t o após o
tratamento. Aconteceu que o doente piorou tanto que,
dois dias depois, teve de ir para o hospital. Thelma Moss
não afirma, em seu relato, que houvesse a certeza de uma
correlação entre os passes e a piora, mas, pelos resultados:
-- Acredito que as kirliangrafias mostraram que a energia
pode transferir-se não só do passista para o paciente,
como também do paciente para o passista" (Moss, T. ,
The Probability ofThe Impossible, New York, New Ameri-
can Library, 1974, pp. 5 2 / 3 ) .
Levadas essas experiências aos campos dos passes en-
tre pessoas, percebeu-se que também acontece transfe-
rência fluídica do paciente para o passista. Nalguns
casos, essa transferência denuncia que no paciente havia
acúmulos indébitos, ou seja, não condizentes com sua
condição de harmonia, pelo que o passista as absorve e
como que as sintetiza em padrões de "recarregamento".
Noutros casos, ficava evidente que teria havido u m a es-
pécie de "sucção fluídica", tendo o passista chegado a
absorver cargas fluídicas do paciente, deixando aquele
"empobrecido" fluidicamente.

Quando certas pessoas passam perto da gente e nos pro-
vocam arrepios ou sensações desagradáveis, quer dizer que
elas estão "carregadas"?
A expressão "carregada" está impregnada de estigma
ruim, pelo que seria conveniente evitá-la, ainda mesmo
quando dela fazendo uso nos façamos entender.
Na maioria das vezes, o fato de nos sentirmos estra-
nhos ante a presença -- ou mesmo a lembrança -- de
alguém, é muito indicativo de que com ela temos esta-
belecido uma antipatia fluídica, que nada mais é do que
estarmos vibrando em padrões fluídicos diferentes e
discrepantes entre si. Veja mais detalhes no capítulo que
trata das simpatias, antipatias e empatias fluídicas.
A duração
do p a s s e




uanto tempo deve durar a aplicação de um passe?
Não é de bom alvitre se determinar um tempo exato
para um passe. Estando este ligado a fatores variados e
situações quase sempre diferenciadas caso a caso, um
passe para cumprir sua real proposição deve contar com
uma maior liberdade de ação, resguardado o dever de
observação, pelo passista, às regras administrativas a que
o mesmo esteja submetido.

Que fatores variados e situações seriam esses?
Vejamos alguns casos. A simpatia ou antipatia fluídica
existente entre passista e paciente; a capacidade de iden-
tidade (pelo passista) da mazela a ser tratada; a refrata-
reidade ou a fé do paciente; o melhor ou pior estado
mental, psíquico e/ou fluídico do passista; a cronicidade
do mal no paciente; o melhor ou menor efetivo tato-
magnético do passista; a boa vontade; etc.

Deveria ser dado a cada passista o tempo que ele quisesse
para a realização do passe?
Não necessariamente. Quando citei os casos adminis-
trativos é porque devemos reconhecer a realidade das
Instituições que aplicam passes, bem como os casos de
necessidade de atendimento a um número muito gran-
de de pacientes. Na verdade, cada Casa deveria prover
meios ou mecanismos para também realizar os aten-
dimentos mais específicos e demorados, deixando aque-
les atendimentos mais rápidos -- normalmente rea-
lizados pelo magnetismo espiritual -- para os trata-
mentos coletivos. O ruim é quando se busca uma padro-
nização de forma a tratar os casos como iguais ou seme-
lhantes, quando sabemos que os tratamentos magnéticos
não são tão uniformes como querem alguns.

O tempo do passe espiritual é igual ao do magnético?
Usualmente, o passe espiritual é de pouca duração,
acontecendo em torno de um minuto, raramente exce-
dendo a um minuto e meio. O magnético, ao contrário,
varia muito, podendo dar-se em 1 (um) minuto (o que
não é o normal), quanto até em muitos minutos. A média
dos passes magnéticos aplicados pelos espíritas está em
torno de 5 (cinco) minutos cada.

E se num tratamento coletivo é localizada a necessidade
de um atendimento mais especializado e demorado num
determinado paciente, o que fazer?
O mais conveniente seria a Casa dispor de mecanis-
mos de encaminhamento, a fim de não atrasar nem tu-
multuar o tratamento coletivo que está sendo realizado
e, sobretudo, não deixar o paciente sem o atendimento
devido. Afinal, se nossa proposta é a de fazer o bem em
nome do Amor, não será nada caridoso deixar o paciente
sair sem o atendimento competente, pelo simples fato de
ser determinado que o tempo de atendimento é de ape-
nas "x" segundos por pessoa.

Algumas pessoas afirmam que Chico Xavier disse que o
tempo de um passe é o tempo de um Pai-Nosso. Tem fun-
damento tal proposta?
Vamos com calma. Primeiro lembremos que muita
coisa é dita por muita gente que, na busca de um aval
para suas afirmativas ou conclusões, colocam-na na boca
de pessoas de prestígio; no caso, Chico Xavier. É do co-
nhecimento geral que seu nome aparece em muitas
estórias, as quais nem sempre guardam qualquer lógica
ou bom-senso, n u m total desrespeito a quem tantos e
tão maravilhosos exemplos de nobreza, equilíbrio e digni-
dade tem dado ao mundo inteiro. Feita a ressalva, é até
provável que o nosso Chico tenha dito isso, mas não no
sentido vulgar e restrito que a colocação tomou. De posse
dessa afirmativa, algumas pessoas saem desenfreada e
aceleradamente repetindo o Pai-Nosso, num verdadeiro
campeonato de velocidade, apenas para com isso ter-
minarem o mais rápido possível o passe. Outras, sentem-
no com profundidade, por isso mesmo demorando-se
longos minutos na realização do mister. Na verdade,
acredito que Chico -- se é que ele disse mesmo isso
que estamos respondendo -- tenha usado a imagem
com no m í n i m o dois intentos: o primeiro é de que o
passista, no seu labor, tenha consciência do dever de estar
em estado de oração; o segundo diz respeito a evitar que
passistas se demorem demasiadamente fazendo passes,
assim protegendo-o de eventuais fadigas, bem como
evitando que o paciente sofra as conseqüências de longas
exposições ante os fluidos de pessoas que não conheçam
as técnicas e os mecanismos mais eficazes de aplicação
dos passes. Ademais, o estado de oração ensejado tende
a sutilizar os fluidos magnéticos em movimentação,
se é que não favorece a que os fluidos espirituais sejam
os primordiais nesses casos. E para que não restasse
dúvidas nem ninguém ficasse aplicando passes de olho
no relógio ou no cronometro, com sua sabedoria ímpar
teria Chico, então, indicado "a duração de um Pai-
Nosso" -- o qual não seria um "pai nosso" qualquer e
sim um "PAI-NOSSO" de verdade.

Na outra vertente da questão, por quanto tempo perdura,
no paciente, os efeitos da ação magnética?
A depender do padrão de absorção dos fluidos e de
como eles sejam assimilados, pode demorar-se por vários
dias ou apenas por poucos minutos. Normalmente, uma
fluidificação bem realizada e bem absorvida pode de-
morar-se por até uma semana. Para tanto, cabe ao passista
saber doar os fluidos com competência, induzindo uma
espécie de "compactação fluídica", de sorte que esses
compactados sejam descompactados à medida que o
paciente vá requisitando sua absorção profunda. No
paciente surgirá um fenômeno que chamo de ruminação
fluídica, onde o paciente, por seu mecanismo magnético
natural, aciona a descompactação dos fluidos "arqui-
vados" em seus centros vitais e, ao longo dos dias, vai se
"alimentando" desses fluidos. Eles são compactados para
que, mesmo recebendo grandes quantidades de fluidos
nos centros vitais, não venham a ocorrer congestões
fluídicas.
N u m outro lado da análise, os efeitos dos passes são
pouco duradouros quando o paciente não os absorve
com fé, quando a doação não é feita devidamente ou
quando a carência é muito grande em relação à quanti-
dade doada. Por isso é que, normalmente, em casos de
tratamentos por passes, está associada a ingestão diária
de água fluidificada. Por ela se faz a complementação
fluídica evitando que o paciente sofra descontinuidade
no tratamento.

Como compactar esses fluidos?
C o m concentração de fluidos (técnicas concentra-
doras) intercaladas por dispersivos localizados (repetidas
vezes). A depender da carência do paciente, maior ou
menor quantidade de fluidos deve ser concentrada e
dispersada repetidamente.

Nos passes em cabines coletivas, onde um passista atende
a um certo (reduzido) número de pacientes, enquanto outros
passistas atendem a outros pacientes, no intuito de assim
prestar-se atendimento ao maior número possível de pessoas,
qual seria o normal para a duração de cada passe?
Partindo-se do pressuposto de que ali aconteceria
basicamente passe espiritual e que os casos detectados
como passíveis de tratamentos mais especializados seriam
encaminhados para outros atendimentos, o usual é que
cada passe dure em média 1 (um) minuto. Isso, todavia,
não deve ser tomado como regra fechada nem por padrão
universal.
Quantos
passes aplicar




uantos passes um passista pode aplicar com segurança?
Varia muito. Se o passista apenas aplica passes espiri-
tuais (com fluidos do Mundo Espiritual), o limite será o
limite de seu cansaço físico. Significa dizer que, normalmente,
pode-se chegar à casa das centenas de passes numa só
sessão, sem maiores prejuízos para o passista. Se o passe
for magnético (com fluidos do próprio passista), até os
limites superiores são relativamente restritos, sob pena
de se chegar às fadigas fluídicas. Para pessoas sem expe-
riência com passes magnéticos, recomenda-se nunca se
iniciar na prática extrapolando o número de 5 (cinco)
por sessão, com um máximo de duas sessões por semana,
em dias não consecutivos. Para a média dos magneti-
zadores espíritas, normalmente tem-se como confortável a
média de 15 (quinze) por sessão, (num máximo de três
sessões por semana). É certo que existem os chamados
grandes magnetizadores, que detêm potenciais magnéticos
fabulosos e um competente sistema de retroalimentação
fluídico, mas estes não compõem a regra. Para eles, os
limites são muito amplos e quase sempre contam com a
possibilidade de magnetizarem diariamente sem maiores
prejuízos fluídicos e/ou orgânicos.

O que você chama de sessão?
No caso, estou me referindo à prática n u m mesmo
dia, normalmente n u m horário determinado. Os nú-
meros sugeridos são assim considerados: para os passes
espirituais, pode-se aplicá-los até diariamente, se possível
e conveniente for (só que há de se estar atento para o
caso de eventuais doações magnéticas por ocasião dos
espirituais, o que poderia indicar redução e limitação às
quantidades aplicadas); para os magnéticos, são conside-
rados básicos para magnetizadores que aplicam passes
numa média máxima de até 3 (três) sessões por semana
(lembrando que muitos não conseguem operar em mais
de duas seções por semana, sob pena de se fatigarem
fluidicamente).

E no caso dos médiuns que participam de reuniões me-
diúnicas, eles podem doar passes dentro desses mesmos nú-
meros?
Depende. Se o médium, no desempenho de suas ativi-
dades mediúnicas, desprende muitos fluidos próprios,
então precisará considerar uma reunião mediúnica como
uma sessão de doação, a fim de evitar os riscos das fadi-
gas fluídicas. O autoconhecimento fluídico é muito
importante, pois ele indicará se há disponibilidade para
ampliar os horizontes de doação sem prejuízos outros.
Adquire-se esse conhecimento através do exercício atento,
baseado no estudo teórico do magnetismo.
Pode-se aplicar passes em dias e horários aleatórios?
Pode, mas não é tão produtivo quanto os resultados
obtidos quando se tem estabelecido dia, horário e local
apropriado. Além das razões de ordem espiritual e de
preparação mais adequada do próprio passista, sabemos
que nossas usinas magnéticas (centros vitais), com o tem-
po e a regularidade da prática, entram em sistema de croni-
cidade, tornando-se, por isso mesmo, mais aptas a gera-
rem mais e melhores fluidos em dias e horários habituais.
Diferenças de
entendimento




ual a diferença entre o passe dispersivo e o passe de câ-
mara?
Apesar de alguns entenderem que o passe dispersivo
seja aquele que serve para dispersar, afastar, jogar de lado
os fluidos, na realidade sua função é muito mais ampla.
Os dispersivos servem para reordenar, rearmonizar, rea-
linhar, reativar, distribuir, modular, compactar, acelerar
a somatização, transferir fluidos de um para outro centro,
promover a reabsorção dos fluidos em excesso no paciente
pelo passista, e muitas outras coisas, tudo em relação
aos fluidos e ao funcionamento dos centros vitais.
São pelos dispersivos que resolvemos as congestões
fluídicas, defendemos o paciente de possíveis erros ou
excessos fluídicos e ainda ficam os passistas melhor
protegidos quanto à possibilidade de retenção em seus
perispíritos de eventuais "retornos fluídicos" desarmô-
nicos. Quanto à câmara de passe, entendo que seja o
local onde se faz a aplicação dos passes.
E o que seria passe de limpeza?
O termo "limpeza" não é feliz. Ele faz pressupor uma
"sujeira fluídica" a ser removida, o que não é consoante
com a realidade fluídica. De fato, o mais comum é se
verificar, nos pacientes, congestões fluídicas, acúmulos
de ectoplasma ou desarmonias no(s) centro(s) vital(is).
Esses casos se resolvem, via de regra, com passes disper-
sivos. Logo, deduz-se que passes de limpeza, em regra,
nada mais são do que passes dispersivos.

Passe de cabine e de câmara são a mesma coisa?
Essa questão de terminologia é larga e por vezes com-
plexa. N u m a Casa, uma coisa significa uma postura, e
noutra, significa outra completamente diferente. Noutros
casos, nomes diferentes significam a mesma coisa. Assim,
o mais importante é, em cada Casa e caso, saber o que
se quer definir com as expressões em uso. Tão generica-
mente como proposto na questão, não convém descer
a detalhes, pois poderia dizer uma coisa válida para de-
terminadas Casas e contraditória para outras.

Fluidoterapia, passe de cura e passe magnético são todos
a mesma coisa?
Aqui aditarei algumas colocações mais gerais envol-
vendo as expressões apresentadas.
Fluidoterapia seria a terapia que se utiliza dos fluidos,
modernamente por alguns também chamada de bioe-
9
nergética . Dentro dela estaria o passe, o magnetismo,


9
Esta expressão, bioenergética, é bom lembrar, tem uso próprio na
Ciência acadêmica. Trata-se de ramo da Bioquímica que estuda as trocas
energéticas no metabolismo celular, histológico ou do organismo.
propriamente dito, as imposições, as irradiações e outras
técnicas orientais e modernas de manipulação dos fluidos.
O passe de cura normalmente é referido àquele passe
no qual se conta com a presença de Espíritos Médicos,
os quais operam o magnetismo através dos médiuns pas-
sistas. Outra variante é entender por passe de cura aquele
que se destina a tratar de problemas orgânicos.
O passe magnético é aquele em que o magnetismo hu-
mano esteja bem qualificado.
Essas colocações são genéricas, pelo que reforço a
ponderação feita na questão anterior.

Os passes aplicados por outras religiões, seitas e terapias
alternativas são idênticos aos passes espíritas?
Em tese, todos fundamentam-se, de forma direta ou
indireta, no magnetismo, mas as considerações envol-
vidas e as técnicas empregadas variam enormemente,
algumas chegando a contrariar muitas das regras daquela
ciência, não sem causar danos ou expor a riscos seus
praticantes e pacientes.
Passe a d i s t â n c i a
irradiação




odemos aplicar passes em pessoas que se encontrem
distantes, sem essas pessoas tomarem conhecimento?
Qual o efeito? Será tão eficaz quanto o dado diretamente à
pessoa? Ou a força da nossa mente tudo pode?
O passe a distância (mais apropriadamente chamado
de irradiação) é u m a realidade e o seu efeito é muito
positivo. Se não bastassem as evidências e comprovações
que temos aos montes em nossas casas e atividades de
curas, são muitos os registros que pesquisadores ao redor
do mundo têm comprovando a eficácia dessas irradia-
ções. Mas essas mesmas pesquisas sinalizam que, quando
há um envolvimento direto entre o doador e o recep-
tor, a potencialização dos benefícios é substancialmente
aumentada. Pode ocorrer de a pessoa a quem dirigimos
nossos fluidos não saber e nem chegar a perceber nossas
emissões, mas é comum o paciente, mesmo nesses casos,
ter algum tipo de registro. Entretanto, o ideal é quando
o paciente tem consciência da irradiação e se prepara
para recebê-la.
Quanto a ser mais ou menos eficaz que o aplicado
diretamente, varia de caso a caso. Na maioria dos casos,
pelo menos no terreno do magnetismo propriamente
dito, o ideal é o passe aplicado diretamente no paciente.
Complementando a resposta, prefiro dizer que "po-
demos tudo", seja pela força da mente, seja pela força do
espírito que somos. Numa palavra: pela força de vontade.
Só que poder, para se transformar em realização, precisa
da conjugação de outro verbo: "fazer" que, por sua vez,
depende muito do verbo "conhecer". É preciso que faça-
mos para que o querer aconteça. Nesse caso, o fazer é
um conjunto de ações que passa pela vontade firme e
determinada de realizar a emissão do benefício, uma con-
centração mental específica nesse sentido, u m a emissão
amorosa e equilibrada e, no caso espírita, fé na oração e
na ajuda do M u n d o Espiritual.
Sobre a força de vontade, Allan Kardec também se
pronunciou (O Livro dos Médiuns, item 131): "Tanto
quanto do Espírito errante, a vontade é igualmente atri-
buto do Espírito encarnado; daí o poder do magnetiza-
dor, poder que se sabe estar na razão direta da força de
vontade. Podendo o Espírito encarnado atuar sobre a
matéria elementar, pode do mesmo modo mudar-lhe as
propriedades, dentro de certos limites. Assim se explica
a faculdade de cura pelo contato e pela imposição das
mãos, faculdade que algumas pessoas possuem em grau
mais ou menos elevado".

Sendo o passe uma troca de energias, uma doação, a
pessoa que está recebendo o passe a distância não deve estar
ciente da doação?
Já respondemos na questão anterior que será sempre
mais proveitoso o processo de cura quando o paciente
tiver consciência e colaborar para a realização do fenô-
meno. Afinal, uma ajuda, para ser efetiva, pressupõe o
interesse do ajudado. Para isso, é preciso que os curadores
e as Casas que se empenham nesse mister instruam o
público de forma clara e sem mistérios. O bom é que o
paciente também esteja procurando manter um bom
estado de harmonia interior e de muita confiança, para
assim ser favorecido com um melhor aproveitamento
dos benefícios da fluidificação pelo passe.
C o m o este assunto comporta outras abordagens,
deixarei com Allan Kardec a palavra, onde perceberemos
a junção da prece e dos alcances das vibrações a distância
{O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. Evangelho, cap.
2 7 , item 10): "O Espiritismo torna compreensível a ação
da prece, explicando o modo de transmissão do pensa-
mento, quer no caso em que o ser a quem oramos acuda
ao nosso apelo, quer no em que apenas lhe chegue o
nosso pensamento. Para apreendermos o que ocorre
em tal circunstância, precisamos conceber mergulhados
no fluido universal, que ocupa o espaço, todos os seres,
encarnados e desencarnados, tal qual nos achamos, neste
m u n d o , dentro da atmosfera. Esse fluido recebe da
vontade uma impulsão; ele é o veículo do pensamento,
como o ar o é do som, com a diferença de que as vibrações
do ar são circunscritas, ao passo que as do fluido univer-
sal se estendem ao infinito. Dirigido, pois, o pensamento
para um ser qualquer, na Terra ou no espaço, de encar-
nado para desencarnado, ou vice-versa, u m a corrente
fluídica se estabelece entre um e outro, transmitindo de
um ao outro o pensamento, como o ar transmite o som.
"A energia da corrente guarda proporção com a do
pensamento e da vontade. É assim que os Espíritos
ouvem a prece que lhes é dirigida, qualquer que seja o
lugar onde se encontrem; é assim que os Espíritos se
comunicam entre si, que nos transmitem suas inspira-
ções, que relações se estabelecem a distância entre en-
carnados.
"Essa explicação vai, sobretudo, com vistas aos que
não compreendem a utilidade da prece puramente mís-
tica. Não tem por fim materializar a prece, mas tornar-
lhe inteligíveis os efeitos, mostrando que pode exercer
ação direta e efetiva. Nem por isso deixa essa ação de
estar subordinada à vontade de Deus, juiz supremo em
todas as coisas, único apto a torná-la eficaz."

Segundo encontramos em uma obra do Espírito André
Luiz, toda a manifestação energética processa-se em nível
mental, através de uma manipulação de energias (entenda-
se por energia qualquer emanação freqüencial na natureza,
em qualquer plano). Então, pergunto: em relação ao passe
a distância, sendo este uma emanação dessa energia a dis-
tância, essa não tende a dissipar-se devido a distância per-
corrida?
Analisemos a questão sob dois enfoques.
Primeiro: n u m a l i n g u a g e m bastante simplificada,
podemos raciocinar assim; os fluidos emanados a dis-
tância com certeza possuem elementos sutis diferenciados
ou ainda u m a textura apropriada para "atravessar o
percurso", diferente daqueles projetados diretamente, a
curta distância. Por outro lado, a ação espiritual, na ma-
nipulação desses fluidos a distância, também deve ser
diferenciada, com os Espíritos providenciando um "acon-
dicionamento fluídico" compatível para o transporte.
Depois, a absorção desse fluido pelo paciente provavel-
mente será introjetada a partir do centro coronário e
depois distribuído e somatizado, e não captado direta-
mente pelos demais centros vitais. Sendo assim, a distân-
cia não funciona como dissipador, o que, por sinal, é
registrado na prática.
Segundo: pelo que apreendemos da última citação de
Allan Kardec, na questão anterior, o "meio" que "leva
e traz" os fluidos, de um ponto a outro, é um "campo"
por ele chamado de "fluido universal". C o m o constata-
mos na prática que nessas emissões fluídicas não há dis-
sipação energética pelo inverso do quadrado da distância,
podemos deduzir que essa "energia", em tese, não é
radiação eletromagnética. Na verdade, os fluidos sutis
das emissões a distância não estão limitados aos padrões
mecanicistas do eixo espaço-tempo. Sendo eles, no dizer
de André Luiz, Espírito, corpusculares, não estão direta-
mente afetados pelas condições físico-químicas de nosso
meio; a distância de nada ou quase nada importará no
fenômeno. Dentro do que permite este raciocínio, pode-
mos supor que esses fluidos transitariam por um outro
sistema ou meio não tridimensional, assim superando
os obstáculos apresentados, ou ainda seriam "transpor-
tados" a velocidades elevadíssimas, próximas ou além da
velocidade da luz.

As Casas Espíritas podem ter atendimentos fluidote-
rápicos somente baseados no passe a distância?
Perfeitamente, se bem que dificilmente haverá moti-
vos para não realizá-los no "tete-a-tete" também. Par-
ticularmente, conheço alguns trabalhos de atendimento
a distância que têm demonstrado um nível de resposta
positiva bastante elevado. Só lamento que, via de regra,
as instituições espíritas não costumem fazer bancos de
dados dessas realizações, o que dificulta muito as ten-
tativas de aprimoramento científico de nossas (de todos
nós) pesquisas e levantamentos que, com certeza, se-
riam muito promissores se dispuséssemos de um uni-
verso mais abrangente de informações.

Por que as Casas Espíritas são refratárias a esses registros?
Alega-se muito que não devemos burocratizar as ati-
vidades, deixando que elas aconteçam dentro da maior
simplicidade possível. Só que manter registros confiá-
veis e atualizados não é burocratização, nem tampouco
acaba com a simplicidade e naturalidade dos trabalhos.
Na verdade, o meio espírita brasileiro fala muito que,
dentre seus aspectos fundamentais, um "serviu" para
referendar o que os Espíritos disseram a Kardec; trata-se
do científico. Mas parece que o todo científico espírita
deve estar limitado àquela fase, àquele período, pois o
que mais se tem observado é que, quando alguém pre-
tende realizar pesquisas em qualquer área espírita, logo
é rechaçado. Parece vigorar, de u m a maneira muito
intensa, o aspecto moral e religioso da Doutrina, em total
detrimento do outro aspecto. Na prática, ainda prevalece
aquele maniqueísmo que determina a manutenção da
briga sem-fim entre religião e ciência. Assim, nem mesmo
para aproveitar os resultados que c o t i d i a n a e
naturalmente dispomos na grande maioria das Casas
Espíritas, fica difícil assentarmos bases com base na
experiência universal espírita. Um outro motivo que nunca
se aponta, mas que por certo a l i m e n t a m u i t o essa
dificuldade, é o excesso de comodismo. Comodismo de
médiuns, doutrinadores, dirigentes, passistas, auxiliares,
enfim. Sei que estou sendo duro nas colocações, mas ou
acordamos para esta realidade e tratamos de melhorá-la
ou viveremos à espera de os materialistas realizarem aquilo
que competiria aos espiritualistas comprovarem de forma
irrepreensível -- que é o que tem sido a tônica desde
que Kardec se foi para o mundo espiritual.
O p a s s e em p e s s o a s
inconscientes




no caso de pessoas adormecidas, em coma ou sob efeito
de drogas, o magnetismo do passe funcionará do mesmo
modo?
Nem sempre. Pessoas em coma são tidas como in-
conscientes, mas as narrativas que muitas trazem quando
retornam desse estado comprovam que suas "consciên-
cias" estavam vivas e ativas o tempo todo. Isso não é de
espantar, posto que a consciência está no espírito e não
no corpo fisiológico -- apesar deste aprisioná-la de certa
forma. Ora, se essas criaturas estão "ligadas", mesmo que
inconscientes, elas podem ser convidadas a participar
do tratamento e, estando mesmo interessadas em suas
recuperações, elas acudirão ao convite. O mesmo se dá
com pessoas simplesmente adormecidas ou portadoras
de deficiências cerebrais ou mentais. Já a questão dos
submetidos aos efeitos de drogas, das mais leves às mais
demolidoras, a questão fica um pouco mais complicada,
pois os componentes dos tóxicos contaminam tanto o
organismo físico como o campo fluídico do paciente.
Além disso, os elementos químicos dos tóxicos normal-
mente se demoram perniciosamente no campo orgânico
e nas estruturas psi, notadamente na circulação sangüí-
nea, no metabolismo e nas células como um todo. C o m
isso, o efeito do magnetismo fica sensivelmente preju-
dicado, embora não anulado de todo.
Se bem que seja relativamente raro, têm pessoas
portadoras de magnetismo de grande efeito sobre sis-
temas nervosos e circulatórios; essas, atuando com equi-
líbrio e sabedoria, quase sempre obtêm excelentes re-
sultados mesmo em pacientes "dopados". Acrescente-se
ainda o magnetismo (inclusive espiritual) que alguns
possuem ou canalizam que fortalecem a vontade do pa-
ciente no sentido de superar os vícios.

Poderia ser dada alguma sugestão de ordem prática?
Em termos práticos, podemos considerar o seguinte:
os melhores efeitos em pessoas "dopadas" são conseguidos
quando fazemos uma série muito repetida de dispersivos
e um pouco de fluidificação ativante nos órgãos inicial-
mente mais afetados, via centros de força, ou seja: gás-
trico, esplénico e cardíaco. A parte do coronário e do fron-
tal deixamos para u m a última etapa, até para não au-
mentar a sensação de mal-estar no paciente. Os passes
normalmente são feitos assim: dispersivos, gerais, depois
localizados nesses três centros vitais, depois mais disper-
sivos gerais. Por fim, detecta-se a necessidade do quan-
tum de concentração fluídica nesses centros e, sempre
intercalando com dispersivos locais, vai-se fazendo pe-
quenas dosagens de concentração (pode ser por circula-
res, imposição ou pequenos longitudinais). Por fim,
volta-se a fazer bastante dispersivos gerais. Só depois é
que se poderia, ou melhor, dever-se-ia fazer uma análise
no coronário. Tudo isso indica um caminho a ser percor-
rido, e não necessariamente o único caminho. Esse, na
prática que tenho acompanhado, tem sido o mais comum
e o que tem apresentado os melhores resultados. Quanto
às pessoas debilitadas, o procedimento é semelhante, só
que os órgãos a serem examinados com mais atenção
devem ter relação mais direta com a fraqueza localizada.
Um m é d i u m que possua bom tato-magnético terá bas-
tante condições de identificar esse(s) ponto(s).

E uma pessoa que não queira receber os benefícios de
um passe, ainda assim pode ser ajudada através do magne-
tismo?
Essa pessoa pode ser ajudada pelo magnetismo, mas
uma atitude repulsiva tende a gerar um campo fluídico
de repulsão, dificultando sobremaneira a captação dos
fluidos que lhe sejam dirigidos. Se não podemos dizer
que haverá um impedimento absoluto, todavia é certo
que obstáculos e barreiras dificultarão o processo, im-
possibilitando que os benefícios sejam mais patentes e
imediatos.

Qual a razão disso se dar?
Basta refletirmos que os fluidos magnéticos humanos
têm relacionamento direto e intrínseco com os pensa-
mentos e padrões de vibrações mentais dos seus "gerado-
res". Logo, uma pessoa que nutre ojeriza ou atitudes
mentais de vigorosa oposição aos fluidos magnéticos,
erige verdadeiras barreiras fluídicas à sua penetração e
assimilação. C o m o os fluidos atendem a leis naturais, se
as barreiras são muito "resistentes" apenas u m a determi-
nação fluídica mais forte pode romper suas resistências.
Isso tanto se aplica ao sentido "material" da questão como
ao moral.

Qual a sugestão para o passe em crianças adormecidas
em casa?
Crianças adormecidas, com os pais ou responsáveis
orando em voz alta e como que conversando com a crian-
ça, dão resultados espetaculares, principalmente quando
há muitas dificuldades da criança em sua adaptação à
encarnação. Na ocasião da oração, o passe, quase sempre
de origem espiritual, surte um efeito muito vigoroso.
Temos várias comprovações de crianças que odiavam os
pais e passaram a amá-los com muita intensidade após
esse tipo de tratamento. Crianças que tinham dificuldade
em alimentar-se, em dormir, em querer viver, superaram
esses aspectos em pouco mais de uma semana. Pela amos-
tragem que acompanhei de casos resolvidos, os efeitos
são notáveis e quase sempre "infalíveis". A propósito,
recomendo a leitura do livro Nossos filhos são Espíritos,
de Hermínio C. Miranda.
O p a s s e e as
problemáticas
do sexo


omo fica a questão da masturbação em relação ao
passista?
Apesar de hoje em dia vigorar u m a permissividade
exagerada na área da sexualidade, havemos de ter a pru-
dência e o bom-senso para analisar as questões que envol-
vem a problemática de forma sensata e coerente, não
apenas com a angulação que a "moda" e a mídia projetam,
mas tomando por base a realidade intrínseca do ser.
Somos seres de u m a essência que não é formada
apenas de carne e osso. Assim como somos carnais, somos
igualmente seres psíquicos, seres sociais, seres políticos e
seres espirituais. Para não fugirmos dos propósitos deste
livro, vamos nos ater tão-somente a u m a parte dos as-
pectos psíquicos e espirituais da questão. No campo do
psiquismo, tomemos u m a zona que se une, em parte,
aos componentes orgânicos, que é a parte dos campos
fluídicos. Quando agimos sexualmente, além dos as-
pectos fisiológicos são envolvidos os aspectos psicoló-
gicos. Afinal, a excitação sexual quase sempre se utiliza
de ações psíquicas para acontecer e permanecer ativada.
Significa dizer que a mente está na base do fenômeno, o
que nos leva a refletir que o centro coronário encontra-
se em plena ativação por ocasião do envolvimento sexual.
Logo, não há, na excitação provocada do genésico, um
comportamento isolado e localizado; a interação com
os demais centros é instantânea, posto que a "provocação"
tem início no coronário -- o qual vai, por conseqüência,
ligando-se aos demais naturalmente, até desaguar no
genésico. Só que a energética sexual existe no ser humano
não como u m a válvula de escape, mas sim como u m a
zona de criatividade e equilíbrio, a qual só funciona ple-
namente nesses objetivos se ocorrer uma das duas ações:
a complementação responsável com a permuta energética
de cargas contrárias ou com a sublimação dos potenciais
energéticos ali localizados.
Observemos que as pessoas que usam da masturbação
como meio de satisfação sexual ficam, n u m rápido in-
tervalo de tempo, mais insatisfeitas do que o que seria
de se esperar. Há uma satisfação momentânea, porém
nunca verdadeiramente saciável, pois na masturbação
há u m a satisfação carnal, porém não fluídica. Por isso,
normalmente os masturbadores estão sempre querendo
mais e mais masturbações; é que lhes está faltando o
complemento energético de cargas contrárias às suas.
Por outro lado, aqueles que imaginam sublimar a
sexualidade apenas evitando a relação sexual ou o orgas-
mo, tornando-se sexualmente castos, mas não elevando
a castidade a um nível de harmonia psíquica, tornam-se
presas de tensões, pesadelos, fobias e outras variantes nada
agradáveis nem de fácil suporte. Tudo isso ocorre para
que a Natureza possa dizer que o espírito, que é nossa
essência, precisa da energética de todos os campos onde
estamos estruturados quando encarnados, embora o
acendramento ou a ativação equivocada desses campos,
de uma forma geral, e do genésico, em particular, com
certeza propiciará muito mais desconfortos e traumas
do que podemos, em sã consciência, aquilatar.
Sexo é e deverá ser sempre encarado como algo muito
sério, como muito séria é a questão da alimentação, do
repouso, da meditação, da oração, de tudo, enfim. Só
que o sexo movimenta energias muito densas e, por isso
mesmo, mexe sobremaneira com toda nossa estrutura
fluídica, daí a solicitação de responsabilidade, respeito e
bom e adequado uso que ele solicita. Sublimar a genésica,
portanto, não é simplesmente nos tornarmos castos no
físico; preciso é que nos tornemos castos no psíquico
também, coisa que só se realiza com o comprometimento
de transformação de nosso todo energético em sutilização
de amor por todos. -- Por estranho que possa parecer a
alguém, é perfeitamente possível e viável a castidade psí-
quica sem que haja a castidade física; a mente reta, equi-
librada e isenta de culpas é determinante nessa conse-
cução.
Por fim, resumindo a questão, a masturbação não é
boa companheira de quem queira ser bom passista. Cria-
turas com dificuldades na área da sexualidade devem
buscar junto aos psicólogos orientação sensata e segura,
firmando-se na oração e na vigilância, pedindo aos Céus
forças para se manter em equilíbrio. Se casados, con-
versem com os parceiros abertamente, expondo suas difi-
culdades e com eles resolvendo-as; se solteiros, aguardem
o tempo e a maneira certa de atuarem, que deverá ser
sempre responsável e digna. O equilíbrio para tudo está
na proposta de Jesus: "Não faças aos outros o que não
gostarias que te fizessem".

E quando é o paciente o masturbador?
Considerando tudo que já foi visto na resposta ante-
rior, fácil concluir que ele terá descompensações no ge-
nésico, o qual deverá ser regulado, atenuado ou alterado
pelas movimentações magnéticas do passe. Se bem que
os passes possam acomodar as forças energéticas ali
concentradas, não se transfira ao passe as tarefas de auto-
controle e educação sexual que todos devemos possuir e
desenvolver.

Sou uma pessoa que sempre me considerei casta, mas
muitas vezes me acordo sob forte excitação sexual e sofro
muito com isso. Será que o passe resolve?
Primeiramente, permita-me uma opinião particular.
Quando nosso organismo, de maneira autônoma e coe-
rente com suas funções naturais, reage, ele está indicando
que algo está descompensado ou solicitando algum tipo
de providência. Por exemplo: quando estamos sem nos
alimentar após horas a fio, u m a dorzinha na barriga e
um certo mal-estar começa a se apoderar de nossos mun-
dos físico e psíquico, o que são formas de a Natureza pedir
alimento. Quando começamos a ter êxtases, orgasmos e
ejaculações sexuais sem causas aparentes -- descartadas
aqui as "viagens" a antros menos felizes que por vezes
fazemos em desdobramento nas horas destinadas ao
repouso físico --, isto pode estar querendo dizer que a
quantidade de energia acumulada no genésico está des-
proporcional ou desarmonizada em relação ao que de-
veria estar. Nessas ocasiões, é mais do que comum encon-
trarmos pessoas e espíritos (com "e" minúsculo) sugerin-
do toda espécie de desvario sexual como solução para o
estado. E se a pessoa aceita a sugestão, logo sentirá um
alívio fisiológico enorme, mas se tal "descarga" não for
compatível com o nível de equilíbrio que o sexo requer,
rapidamente voltarão as inquietações, com os agravantes
do desassossego mental e emocional. Assim como para
matar a fome não basta encher a barriga, para aliviar as
tensões da sexualidade em desarmonia não basta a
masturbação ou o sexo pelo sexo.
Existe ainda u m a outra variante. C o m o o centro ge-
nésico é um centro criador, quando seu possuidor entra
em êxtase espiritual -- por meditação ou elevação de
seu estado mental e psíquico --, é comum a genitália
responder com estímulos e reações semelhantes às or-
gásticas. Isto se dá não pelo acendramento das energias
ali circulantes, mas exatamente pela sublimação das mes-
mas. Não tendo a genitália como responder de outra
forma, responde pelo êxtase sexual, o que, convenhamos,
faz todo sentido, já que o entrar em êxtase profundo
corresponde a levar todo o ser ao mesmo êxtase, com
cada órgão, campo e setor do indivíduo a registrar o
estado extático dentro de seus níveis de respostas. E o
campo genésico, quando retratando sua realidade de
êxtase, não tem, no módulo físico, outro modo de se
apresentar que não sejam pelas vias genéticas do corpo.
Para resolver a questão colocada na pergunta, sugiro
que sejam avaliadas as causas que estão provocando as
excitações, a fim de educá-las e adaptá-las às suas reais
necessidades. Um bom psicólogo, de preferência com
uma visão transpessoal, poderá sugerir métodos de con-
trole bastante eficientes. Em termos espíritas, sugiro que,
após avaliação criteriosa, pondere acerca de seus limites
e anseios, comporte-se educadamente em suas soluções
e encaminhamentos, arrime-se na prece e na fé e não se
atormente por conta dessa energética, que foi dada aos
seres com o intuito nobre de sentirem prazer, mormente
nos atos e momentos de criatividade. Haja com equilí-
brio, serenidade e sem culpas. Valorizar-se é sempre mui-
to mais rentável e promissor do que se prostituir. E se
você quiser ser paciente magnético, receba passes que,
decerto, aliviarão os excessos de tensões ali localizadas,
já que o magnetizador, de certa forma, se apropriará dos
excessos fluídicos ali reunidos, para aplicá-los em bene-
fício de outrem. Querendo ser passista, eis aí u m a forma
muito positiva de sublimar essa energética, já que, pela
sutilização das energias usinadas, você terá como con-
verter os acúmulos em ricos potenciais de exteriorização.
Apenas lembro que deve haver harmonia nessa transfor-
mação, para que os equívocos mentais ou as taras oclusas
não se manifestem no enodoar dos fluidos que serão
destinados aos necessitados.

E a pessoa homossexual, pode aplicar passes? Quais as
implicações diretas ou indiretas de tal prática?
Poder pode. Vários deles, inclusive, são portadores
de enormes potenciais fluídicos. A questão que importa
ser analisada com mais cuidado diz respeito a dois as-
pectos: o da qualidade de vida que levam e as implicações
nas usinagens fluídicas.
Os homossexuais que têm suas vidas equilibradas,
sendo fiéis e altruístas, portadores de moralidade e com-
portamento harmônicos, são pessoas capazes de usinar
bons fluidos em benefício dos outros. Os desregrados,
depravados e irresponsáveis, por sua vez, são tão nocivos
nessa prática quanto os heterossexuais com idênticos de-
feitos. Não é do fato de se ser heterossexual que podemos
inferir seja essa a condição de ser passista, mas ocorre
que contra o homossexual pesa u m a outra forte impli-
cação: as condições de usinagem fluídica. Como vimos
na questão acerca da masturbação, a sexualidade busca,
na complementação energética, a realização de seu sen-
tido primordial: criatividade e equilíbrio. Se na mastur-
bação fica faltando a complementaridade pela ausência
da figura do parceiro que forneça essa energética, no ho-
mossexualismo ocorre o somatório de energias de cargas
idênticas, provocando um acentuado desarranjo no cen-
tro genésico. Se bem que seja teoricamente possível isolar
as influências do genésico na usinagem de fluidos para
exteriorização, na prática não é tão fácil se conseguir tal
desiderato. Mais do que nunca, uma moral elevada é
solicitada para que, por sua influência direta, sejam re-
finados, o máximo possível, os fluidos em elaboração,
circulação, exteriorização e manipulação.
Daí, mesmo podendo ser aplicadores de passes, os
homossexuais, fluidicamente falando, estão em des-
vantagem por força de suas usinas fluídicas, principal-
mente as genésicas, estarem saturadas de concentrados
desarmônicos. Há ali, no centro genésico, um congestio-
namento fluídico que, de forma mais ou menos intensa,
afeta a radiação dos centros usinadores.
U m a última ressalva: como os fluidos espirituais são
mais sutis e pouco se utilizam das usinagens fluídicas
humanas, na aplicação dos passes espirituais as impli-
cações fluídicas anotadas acima não são tão repercussivas
quanto nos passes magnéticos.

O heterossexual que banaliza seus potenciais energéticos,
dando uso depravado às suas funções genésicas, seria melhor
passista do que um homossexual equilibrado e responsável?
Respondendo em tese, já que cada caso há de ser
avaliado por critérios refinados que envolvem personali-
dade, moralidade, comportamento e ética, a um depra-
vado sexual não deveria ser indicada a responsabilidade
religiosa da cura, assim como ao homossexual as restrições
naturais das descompensações magnéticas indicam muita
p r u d ê n c i a em seu e n c a m i n h a m e n t o para idênticas
tarefas. O ideal será que busquemos sempre nos man-
termos equilibrados e consoantes os ditames da Natureza
(e que aqui não se interpole frases como "mas essa é a
minha natureza!", pois, conforme dizem os Espíritos,
não é a carne que é fraca, e sim o Espírito que a habita é
que é fraco).
Há quem defenda que pessoas "carregadas" são ideais
para atender a outros "carregados", o que não condiz com o
bom-senso, pelo menos em tese. Senão, tarados tratariam
tarados, ladrões seus comparsas, assassinos atenderiam apenas
a criminosos, e assim por diante. É também de Jesus a re-
flexão de que "se só amar a quem me ama, que farei mais
do que fazem os pagãos?"
Neste, como em muitos outros terrenos, canja-de-
galinha e prudência não ofendem a ninguém.

Para alguém que tenha relações sexuais normalmente,
sem traumas ou taras degradantes, há prejuízo na aplicação
de passes logo após um interludio sexual?
Iniciemos raciocinando sobre a alimentação. Apesar
de nosso aparelho digestivo ser preparado para "trabalhar"
o bolo alimentar sempre que ingerido e a necessidade de
saciar a fome ser um princípio básico do instinto ani-
mal, sabemos a mancheias que logo após a ingestão de
alimentos o processo digestivo faz desaguar densas ema-
nações fluídicas no centro vital gástrico, tão mais densas
quão mais pesada e volumosa seja a ingestão alimentar.
Por outro lado, enquanto o organismo processa a refei-
ção, o corpo, como um todo, solicita um certo repouso,
a fim de a energética orgânica ficar como que voltada
para aquela importante e pesada tarefa, daí serem desa-
conselhados vários tipos de atividades logo após as re-
feições, dentre as quais a aplicação do magnetismo.
Tomando agora o centro genésico, apesar de o mesmo
ser estruturado para operar as densas "energias" ali ela-
boradas, seu esgarçamento provoca um acúmulo fluídico
localizado de baixíssima freqüência, desalinhando-o mo-
mentaneamente em relação aos demais centros. Por conta
de sua natural densidade energética, quando o mesmo
vai acionado por força de um ato sexual, aquele centro
fica momentaneamente voltado para o próprio restabele-
cimento. Assim, conforme acabamos de analisar no gás-
trico, logo após a relação sexual todo o corpo pede refa-
zimento, ainda que esteja sorvendo uma suave e agradável
sensação de relaxamento e prazer. O centro genésico,
por semelhantes razões às do gástrico, também carece
de condições temporais para seu natural realinhamento.
C o m o os centros vitais são interdependentes, é conve-
niente deixar que o genésico se restabeleça, a fim de não
perturbar as usinagens para ejeção fluídica. Dessa forma,
é de bom alvitre evitar-se a relação sexual próxima à
aplicação dos passes.

Mas tem de ser de vinte e quatro horas o intervalo?
Não temos como precisar um tempo, mas estima-se
que o intervalo apontado é bastante razoável. Entretanto,
muito mais do que o intervalo de tempo, as condições
morais e psicológicas envolvidas no ato sexual implicam
cuidados mais atentos. Relações desregradas, cheias de
taras e "fantasias" ou repletas de meios e/ou métodos
artificiais de excitação são fortemente desestruturadoras
dos centros genésicos, pelo que o intervalo de 24 horas
talvez sequer dê para refrescar a densidade ali ocorrida.
Relações que levam as pessoas a ficarem horas e horas
"revivendo e revendo" as cenas mentalmente, excitándo-
se até com o passar do vento, também são descompen-
sadoras. M a s o sexo realizado dentro da naturalidade
fisiológica, moral, psicológica e de equilíbrio, normal-
mente densifica muito pouco o centro genésico, pelo
que sua recuperação se dá de forma muito mais rápida e
eficaz e, mesmo quando ainda desarranjado, pouco in-
terfere na usinagem dos demais centros.
Em tudo, o bom-senso jamais poderá ficar de fora.

E no caso do paciente, também é válida a recomendação?
Ora, estando o centro genésico do paciente acumu-
lado de fluidos densos, o passista tenderá a localizá-lo
como centro em desalinho ou congestionado, o que pode
falsear o tato-magnético. Assim, podemos concluir que
a observação também faz muito sentido para o paciente,
tanto no que tange ao genésico como ao gástrico.
Acontece que o mundo hoje em dia é muito mais
sensual do que ponderado e isso induz as criaturas ao
uso mais freqüente e irresponsável do sexo, dificultando
as tentativas de educação e controle. Passa-se muito fa-
cilmente a idéia de que quem não usa o sexo com certa
vulgaridade não está vivendo. Se ontem a idéia era de
que o sexo só deveria ser usado no sentido procriador,
hoje o que vale é o sexo pelo sexo, pela simples exuberação
do prazer -- se bem que no ontem havia muito "escon-
dimento" no lugar do "escancaramento" dos dias atuais.
Bem se vê, dois extremos de u m a mesma questão. Como
ponderam os antigos, a virtude está no meio. Nada de
castidades irrefletidas, como nada de sexo desenfreado.
Assim, o ideal é que o paciente seja equilibrado sexual-
mente. Isso será bom para ele fluídica, física, mental,
espiritual e moralmente.
O passe e
os vícios



omecemos pelo fumo. Pode um passista ser fumante?
Poder pode, só que não deveria. O fumo, atuando
de maneira extremamente virulenta nos pulmões e, por
conseqüência direta, fazendo-se repercutir severamente
nos sistemas nervoso e sangüíneo, enfraquece sobrema-
neira o doador de fluidos, tanto quantitativa como qua-
litativamente. Na verdade, o fumo "queima" muito dos
potenciais radiantes dos fluidos, tanto que, quando da
usinagem fluídica, os centros vitais do passista "ali-
mentam-se" do tabaco tragado e/ou ingerido, impreg-
nando os campos a serem ejetados com as "nódoas" do
fumo (odor, tosse, paladar pesado, certas substâncias,
e t c ) . Comprovando isso, muitos pacientes fazem vivas
referências ao fumo e aos incômodos percebidos e regis-
trados quando recebem passes por passistas fumantes.

Como avaliar se um passe é melhor quando aplicado
por um passista fumante e um não-fumante?
Imaginemos uma similitude, em termos de potenciais
fluídicos e de boa relação magnética, nos passistas. Isto
posto, perguntemos a qualquer paciente, mesmo ao
paciente fumante, se ele prefere receber um passe aplicado
por um passista fumante ou por um não-fumante. Sua
resposta indicará claramente o quanto o fumante é re-
jeitado nessa tarefa.

Quer dizer que o passista não deve fumar nunca?
É o ideal. Tem quem recomende a diminuição pau-
latina e a abstenção nos dias em que aplicará passes. Tem
ainda quem sugira a abstenção por pelo menos 3 ou 4
horas antes do serviço do passe. Embora não querendo
ser radical, sugiro ao candidato a bom passista aproveitar
o ensejo e não fumar nunca mais, pois isso só lhe trará
lucros, em todos os sentidos. O fumo, não há como não
reconhecer, é incompatível com a qualidade de bom
passista.
E o paciente fumante, também se prejudica?
Não bastasse o prejuízo causado pelo fumo, os cam-
pos fluídicos recebidos e assimilados por ocasião do passe
são severamente descompensados, diminuindo os bene-
fícios que o magnetismo poderia proporcionar se ele não
fumasse. Depois, têm fumantes que quase "fulminam"
os passistas com seus odores fisiológicos e fluídicos marca-
dos pelo excesso de nicotina.
Por outro lado, sabemos que o magnetismo, em muitas
situações, favorecem ao paciente a ter menor ânsia de
fumar, servindo de excelente coadjuvante nos exercícios
de superação do vício.

Em termos de bebidas alcóolicas, quais as restrições?
Nos treinamentos que realizo, é comum alguns par-
ticipantes lembrarem passagens evangélicas onde se afir-
ma que Jesus não só comia muito e tomava vinho {Ma-
teus, cap. 11, v. 19), como até transformou água em vinho
para alegrar festividades (João, cap. 2, v. 1 a 11). São os
que buscam aval para a manutenção dos vícios, meta-
foricamente batizados de "drinques sociais". A questão
é: os alcoólicos fazem mal ou não às fluidificações? Res-
posta: fazem, sim.
Antes de prosseguirmos, retornemos a Jesus. No dia
em que Ele realizou a transformação da água em vinho,
participava de u m a festa de casamento em C a n ã da
Galileia e, depois da festa, foi a Cafarnaum, onde ficou
vários dias, só depois subindo para Jerusalém, quando
então começou sua tarefa missionária no campo das
curas. Não seria isso muito significativo também? Afinal,
depois daquela festa, onde houve a transformação da
água no vinho, não se tem mais qualquer registro de
Jesus voltando a tomar vinho, salvo na "grande ceia",
quando se despedia dos seus discípulos diretos -- o que,
convenhamos, não deve ter sido u m a bebida em busca
do prazer ou da alegria. Depois, se Jesus, após ingerir o
vinho nas bodas de Cana, retirou-se por vários dias, para
só então começar os trabalhos de cura, com certeza estava
Ele, entre outras coisas, depurando seu organismo para
o fluir perfeito da sua excepcional bioenergia em favor
dos que O buscariam a seguir.
De uma forma genérica, a ingestão de álcool é impró-
pria para o organismo humano, apesar das recentes pes-
quisas que tentam resgatar a imagem do vinho como
uma salvaguarda das coronárias (a propósito, já está com-
provado que comer uvas, especialmente as de cascas es-
curas, faz muito mais bem ao sistema coronariano do
que a ingestão do vinho, exatamente por conta do álcool).
A assimilação do álcool pelo campo vital é muito danosa,
por queimar importantes componentes do fluido de ex-
teriorização, além de propiciar campos desarmônicos nas
usinagens. Por afetar diretamente o sistema nervoso cen-
tral e periférico, além de aniquilar células e neurônios, o
passista deve ter muita prudência e bom-senso quando
pretender ingerir bebidas alcoólicas. Se para uns um
simples aperitivo pode aparentar inocente, para a maioria
é apenas o princípio de um vício aviltante ou o começo de
u m a série nefasta. Ademais, o que parece ser nem sempre
é: aparentar inofensividade não significa ser inofensivo.
O preço que se paga por atender aos convites consumistas
da moda são elevados, especialmente por quem se propõe
a trabalhar nos campos do bem ao próximo.
Se nisso tudo não há uma condenação irracional, tam-
pouco tome-se como aval ao comodismo dos que não
abrem mão dos "inofensivos" tragos esporádicos. C o m o
analisamos na questão do fumo, pergunto: você gostaria
de receber passes aplicados por uma pessoa que você sabe
que faz uso costumeiro de bebidas alcoólicas ou preferiria
alguém que não beba nem seja dado a vícios? Sua resposta
é valiosa nessa análise.


Significa dizer que o passista nunca poderá tomar
"umazinha " sequer?
Poderá, mas quase nunca deverá. Em todo caso, que
o bom-senso seja o norteador; que o benefício a que nos
propomos realizar seja o objetivo; que as vitórias sobre
nossas más inclinações e tendências sejam nossa marca.

No que se refere às drogas pesadas, fica então pior a situação?
Muito pior. Se no caso do fumo temos u m a publici-
dade condescendente -- apesar dos estratégicos "O
Ministério da Saúde adverte" -- e para o álcool, como
vimos, há quem busque até Jesus como exemplo, para
as drogas não há desculpa, posto que há condenações
contra elas vindas de toda parte, inclusive de quem as
consome. Além disso, as chamadas drogas pesadas afe-
tam de forma profundamente danosa o centro coronário,
além de -- isso é incontestável -- toda a estrutura do
ser: orgânica, psíquica, moral e espiritual. Logo, um
drogado dificilmente terá condições de usinar e veicular
fluidos saudáveis.

Você fala dos problemas devidos a vícios, como fumo,
álcool, drogas pesadas, etc. E que dizer das pessoas maliciosas,
maledicentes, fofoqueiras?
São pessoas tão viciadas como aquelas outras. Os
vícios morais ou os desvios de personalidade nesse terreno
não podem ser catalogados como equívocos menores do
que aqueles gerados pelos vícios ditos aparentes. De fato,
pessoas com esses problemas deveriam passar a pacientes,
antes de se tornarem passistas. O primeiro e maior bem
que poderiam fazer à sociedade como um todo seria o
de cuidarem de si mesmos para evitar os muitos trans-
tornos que por certo favorecem, em conseqüência de
seus comportamentos.
C o m o sugestão a eles, que leiam... e reflitam; que
ouçam... e reflitam; que sintam... e reflitam; que pen-
sem... e reflitam. E depois de muito refletir, apliquem
todo empenho possível no domínio dessas "pequenas"
rusgas da personalidade.

Mas como esses comportamentos, esses vícios morais
afetam os fluidos?
Tomando os centros vitais como responsáveis de
primeira linha na qualificação dos fluidos magnéticos,
vamos facilmente encontrar que esses comportamentos
comprometem, de maneira violenta, o funcionamento
e a harmonia entre eles. U m a cabeça que vive a pensar
coisas fúteis e funestas, elaborando críticas azedas e
fofocas descaridosas, desarmoniza, de saída, o principal
de todos os centros vitais: o coronário. C o m o eles vivem
em permanente interação e interdependência, um desar-
ranjo no coronário repercutirá vigorosamente sobre os
demais, assim comprometendo tudo o que venha a ser
"produzido" nesses campos.
Vendo o outro extremo, que é o da sexolatria, aqui
encontramos um comprometimento mais grave ainda,
já que não apenas o coronário é desarranjado, mas um
outro importante centro, aquele que é visivelmente o
mais denso de todos, vai desorganizado, fazendo-se re-
fletir com extremo vigor sobre os que lhe estão nas cer-
canias, especialmente os esplénico e gástrico. Estes, como
já vimos anteriormente, normalmente são os grandes
usinadores para exteriorização que possuímos; portanto,
o que aí é gerado fica naturalmente comprometido, com
sensíveis perdas de qualidade radiante. Nessa perspectiva,
desarranjos no centro genésico ocasionam lamentáveis
perdas de fluidos, que poderiam ser melhor qualificados,
c o m p r o m e t e n d o não a p e n a s a q u e m os doa, m a s
sobretudo a quem os recebe.


E uma pessoa preguiçosa, indolente, irresponsável, pode
ser passista?
Pode, mas provavelmente será um passista de quali-
dade duvidosa. Q u e m não consegue se impor um míni-
mo de deveres e obrigações, dificilmente terá como mover
fluidos sutis em favor dos outros.
O p a s s e na
desencarnação




xistem técnicas de passes para ajudar em processos de-
sencarnatórios, tornando-os mais suaves para o desen-
carnante?
Não diríamos que existam técnicas específicas para
ajudar no processo de desencarnação, até porque cada
desencarnação é sempre um caso especial e único, mas
há disposições magnéticas que podem ser utilizadas em
benefício do afrouxamento dos laços vitais de um mo-
ribundo.
Partindo-se de observações que os Espíritos nos en-
sejam, do fato de os primeiros focos de desligamento
nas desencarnações serem os membros inferiores e depois
serem desligados, paulatina e seqüencialmente, os demais
"pontos", no sentido dos pés para a cabeça, é lícito acre-
ditemos que procedimento semelhante deva ser tomado
por quem pretenda atenuar os efeitos do processo desen-
carnatório de u m a pessoa. Para tanto, as técnicas usadas
que diminuirão as atrações vitais entre o perispírito e o
corpo são as dispersivas localizadas. Assim, a recomen-
dação é de que sejam feitas aplicações de dispersivos
localizados desde as plantas dos pés, seguindo-se pelos
calcanhares, pernas, joelhos, e assim sucessivamente, até
chegar ao alto da cabeça, onde se localiza o centro coro-
nário. A depender dos vínculos vitais e dos problemas
que estão levando aquele corpo a óbito, certas regiões
ou centros vitais solicitarão uma maior atenção e cuidado,
até porque devemos ter em mente que nosso propósito
é o de gerar alívio e favorecer a u m a entrada mais harmo-
niosa e menos penosa do desencarnante no mundo espi-
ritual. Em todo caso, ao final dos dispersivos localizados,
convém fazer dispersivos gerais, ou seja, envolvendo todo
o paciente, do coronário aos pés, exatamente neste sen-
tido: da cabeça aos pés, pois com isso evitaremos deixar
no paciente sensações de desconforto ou inquietação.
Outro detalhe é que os dispersivos localizados serão exe-
cutados, na maioria dos casos, na estrutura dos ativan-
tes, ou seja, próximos ao corpo do paciente, enquanto
os gerais deverão ser inicialmente nos ativantes (perto
do corpo) e depois calmantes (distante do corpo).
Fique bem ressalvado que não estamos aqui ensinando
a apressar processos desencarnatórios nem induzindo à
realização ou à aprovação da eutanásia, mas apenas re-
fletindo sobre como ajudar pacientes em situação cata-
logada como terminal. Em todo caso, existem situações
desencarnatórias que são tratadas magneticamente de
forma bastante diferente da apresentada. Daí, a boa
intuição, a ampla acuidade pelo tato-magnético e a maior
ejeção de amor e bondade são excelentes veículos para
uma determinação mais precisa do que e de como realizar
esse tipo de processo magnético.

Tendo ocorrido morte violenta, por acidente, assassinato
ou suicídio, ainda assim poderíamos auxiliar o desencar-
nante através de passes?
Embora para alguns possa parecer exótico, para os
espíritas isso deveria ser visto com muita naturalidade.
Afinal, sabemos que o processo de desencarnação não se
dá de maneira brusca nem os liames que unem o Espírito
ao corpo são rompidos repentinamente, e sim "desatados"
gradativamente. Significa dizer que o Espírito desencar-
nante quase nunca se ausenta de maneira imediata e
instantânea do corpo que lhe serviu de moradia. Ora, se
o Espírito ainda se encontra ligado ao corpo ou mesmo
permanece como que estacionado às cercanias deste, é
extremamente provável que absorva as emanações vitais
etéricas do corpo. Nesse caso, se atuarmos magnetica-
mente sobre esse corpo, poderá haver transmissão para
o Espírito das conseqüências da manipulação fluídica
realizada em sua estrutura vital.
Raciocinemos por outro caminho. Por que será que
tanto pedimos orações em favor de quem desencarnou,
especialmente quando nos encontramos nas chamadas
câmaras mortuárias ou nos velórios? E por que é solici-
tado que evitemos comentários desairosos ou excessos
de inconformação com a "partida" daquele ser? No pri-
meiro caso, quando oramos e elevamos nossos pensamen-
tos em favor do ser que partiu, assim o fazemos para
favorecê-lo com fluidos balsamizantes, que muito prova-
velmente irão aliviar suas tensões frente ao novo estado,
ao tempo em que atenuarão os efeitos das cargas vitais
absorvidas, quase sempre muito densas para um Espírito
agora destituído de um corpo físico denso. A segunda
questão (de controlarmos nossos comentários e senti-
mentos de "perda") indica exatamente que não fortale-
çamos esses laços fluídicos, os quais só trariam para o ser
desencarnante mais dores e sofrimentos, mais prisão e
"castigo". Então, pelo espírito mesmo dessas questões,
se é possível contribuirmos, por vibrações, para o melhor
ou mais penoso desvencilhar dos senões desencarna-
tórios, por que não seria possível agirmos mais efetiva-
mente ainda, manipulando essas cargas fluídicas, disper-
sando-as e aliviando o recém-desencarnado de grande
parcela decorrente dos acúmulos vitais, justo de quem
ainda terá que enfrentar as dificuldades inerentes à de-
sencarnação violenta?
U m a outra abordagem seria a que considera a ação
de Espíritos vampirizadores que, como sabemos, se apro-
veitam dos momentos que se seguem à desencarnação e,
naqueles indivíduos que partiram com grandes cargas
vitais e que não contam com a influência de entidades
amigas que lhes dispersem essas "energias", saem em
verdadeiras hordas para sugar o tônus vital do corpo em
decomposição e cadaverização. Ora, se os fluidos exis-
tem e se Espíritos podem dispersá-los -- e para tal se
utilizam de passes magnéticos --, fica evidente que
também poderíamos atuar nessa área, proporcionando
alívio seguro aos desencarnantes.
Conclusão: além de orações e boas vibrações, aplicar
passes, tipo os sugeridos na questão anterior, no corpo
de pessoas que desencarnaram por morte violenta, é
medida de pura caridade e efetiva contribuição para o
despertar na nova morada. Ainda que nalguns casos
possam não resolver, tais aplicações não criarão embara-
ços. Ressalto apenas que tal prática deverá se dar, prefe-
rencialmente, a pedido de amigos e pessoas que confiam
nesta ação, a fim de não se criar "passes mortuários" nem
constranger quem não entende o que se faz. No geral,
devemos mesmo é contar com as preces e as boas vibra-
ções, pedindo ajuda direta ao M u n d o Espiritual.

Não haveria meios de o ser se libertar desses liames, dessas
ligações, ainda em vida?
Há sim. Na questão de número 2 5 7 de O Livro dos
Espíritos, A l l a n Kardec indica: "Dome suas paixões
animais; não alimente ódio, nem inveja, nem ciúme,
nem orgulho; não se deixe dominar pelo egoísmo; puri-
fique-se, nutrindo bons sentimentos; pratique o bem;
não ligue às coisas deste mundo importância que não
merecem; e, então, embora revestido do invólucro cor-
poral, já estará depurado, já estará liberto do jugo da
matéria e, quando deixar esse invólucro, não mais lhe
sofrerá a influência. N e n h u m a recordação dolorosa lhe
advirá dos sofrimentos físicos que haja padecido; ne-
n h u m a impressão desagradável eles deixarão, porque
apenas terão atingido o corpo e não a alma". Portanto, o
desapego à matéria é fundamental para o Espírito isentar-
se dos fluxos e refluxos das cargas vitais do corpo por
ocasião da desencarnação.

No caso dos suicidas, os fluidos vitais que envolvem seus
órgãos são dispersados ou absorvidos pelo perispírito?
Questão grave esta. É óbvio que o perispírito do
desencarnante absorverá muito tônus vital do corpo, com
isso aumentando terrivelmente seu peso espiritual, o que
só lhe trará dificuldades e restrições na "nova morada".
Por outro lado, a violenta emanação oriunda das idéias
e pensamentos suicidas impregnará os centros vitais e
órgãos do suicida de cargas extremamente densas e dese-
quilibrantes. Tanto é verdade que órgãos de suicidas di-
ficilmente se prestam para transplantes de órgãos, devido
seus altos índices de rejeição. Dá para se concluir com
facilidade que o ato suicida, sob quaisquer ângulos de
observação, está sempre carregado de sofrimento, dores,
padecimentos atrozes e muita infelicidade, pelo que deve
ser evitado a qualquer custo.
O autopasse



xiste o autopasse? É válido?
O autopasse existe, sim, e é válido, mas precisamos
refletir um pouco mais sobre o assunto. Do ponto de
vista espírita, o autopasse seriam as orações, as boas me-
ditações e as ligações mentais e psíquicas com o Mais
Alto. Em termos de magnetismo acadêmico, há um
conjunto de técnicas para tal e que para alguns é chamado
de ritualística. As técnicas do magnetismo são pouco sus-
tentáveis se consideradas apenas em termos de gesticula-
ções e autopermutas fluídicas (notadamente quando
buscam a harmonização psíquica e/ou espiritual). A prova
disso é que os magnetizadores ensinavam toda uma
preparação ético-moral (uma verdadeira oração) para que
o autopasse funcionasse. Suas técnicas só se tornavam
eficientes se fosse atingido um certo "estado elevado da
mente", o que, convenhamos, nem sempre é fácil de ser
obtido quando estamos abatidos ou acometidos de de-
terminados males (como melancolia, depressão, estresse,
mente perturbada, etc.). Ademais, um fluido desarmô-
nico, em tese, não se rearmoniza sozinho pelo simples
posicionamento das mãos do próprio paciente em certos
locais. Assim, o melhor autopasse é a oração fervorosa, a
meditação serena e profunda, o recolhimento com dis-
tanciamento do que é negativo.

Quer dizer que o autopasse nunca funciona?
Funciona, sim, mas dentro de parâmetros que são mais
largos do que se pensa.

Há quem interponha como analogia o fato de se poder
doar sangue para si mesmo, ou seja, doa-se sangue para
congelamento e utilização pelo próprio doador, quando este
vier a necessitá-lo. Isso não justifica o autopasse?
Se tomarmos a analogia por base, veremos que a
autodoação requer condições próprias: seja de armaze-
namento, seja de capacidade de doação. Assim, pelo
menos dentro do que hoje temos como certo e funcional
no que viria a se chamar de "armazenamento fluídico",
não há como preservar u m a reserva fluídica fora dos
centros vitais por longo tempo, a não ser o que temos
registrado nas águas fluidificadas. Assim, vejo como
possibilidade física de autodoação para reserva e futura
absorção apenas o que se dispõe na fluidificação da água.

No caso de um passista estar com uma inflamação numa
perna, por exemplo, e ele saber que possui as condições fluí-
dicas próprias para a solução daquele problema, nem nesse
caso ocorreria o autopasse?
Sem dúvida que
sim. As restrições
maiores ao autopas-
se são direcionadas
àqueles que buscam
tal recurso c o m o
quem pretende pos-
suir u m a v a r i n h a
mágica ou quem crê
que simples gestos
superficiais irão re-
solver seus proble-
mas de profundida-
de. Um passista po-
de se auto-magne-
tizar em muitas circunstâncias, mas a ressalva da mente
equilibrada, da oração e da busca de elevação de seu
estado mental, emocional e espiritual é fundamental.

E na oração, que tipo de energias recebemos?
Na oração recebemos as sutis "energias" psi, os fluidos
espirituais, as boas vibrações -- peculiares aos fluidos
harmônicos. Na oração recebemos verdadeiro banho de
luz e harmonia. Enquanto isso, por intermédio da me-
ditação captamos "energias" reequilibrantes e é no re-
colhimento que distribuímos a paz captada por todo o
ser. Tudo isso será sempre mais e mais positivo à medida
que estivermos vibrando em padrões mais espiritua-
lizados e elevados, sintonizando freqüências sutis do
melhor nível.
A água
fluidificada




que é uma água fluidificada (ou água fluida ou água
magnetizada)?
Em tese, trata-se de u m a água potável que recebeu
eflúvios sutis (tanto espirituais como magnéticos huma-
nos, a depender do tipo de fluidificação), estando, por
isso mesmo, preparada para atender às necessidades fluí-
dicas de quem a beber.

Água fluidificada e água magnetizada são a mesma coisa?
O sentido comum do meio espírita sinaliza que sim,
mas precisamos refletir que para isto devemos entender
magnetizada como "tratada com fluidos vitais", e não
que ela seja magnetizada como se fosse um ímã. Sabemos
que a água exibe u m a propriedade magnética, inerente
a todas as substâncias, que se chama diamagnetismo. É,
inclusive, por meio desse fenômeno que se consegue fazer
levitar água, sapos e outras coisas, tudo dentro de um
campo magnético muito intenso (na ordem de 2 0 0 . 0 0 0
vezes o campo da Terra). Portanto, as expressões "fluidi-
ficada" e "magnetizada" podem ser empregadas como
sinônimas, no caso de o último termo se referir ao "magne-
tismo humano", mas é importante atentar para as dife-
renças de sentido que podem ter estes termos.

Como fluidificar a água?
Em princípio, havemos de considerar pelo menos dois
tipos básicos de fluidificação: a espiritual e a magnética
(humana).
Na espiritual, a rigor só precisaríamos entrar em res-
peitosa postura de oração e fé, pedindo aos Bons Espíritos
que fluidifiquem nossa água, saturando-a com os elemen-
tos fluídicos necessários para o atendimento de nossas
necessidades.
Na magnética, normalmente contamos com a parti-
cipação de um magnetizador, o qual impõe a(s) mão(s)
sobre o(s) vasilhame(s) a ser(em) fluidificado(s) e sobre
ele(s) projeta seus fluidos, suspendendo a tarefa quando
sente que suas usinas fluídicas não mais exteriorizam
fluidos.
Casos acontecem, toda-
via, em que é desnecessário a
imposição de mãos ou de ou-
tras técnicas de magnetismo
que não seja a do direciona-
mento mental. A este respei-
a
to, o Eng Hernâni Guima-
rães Andrade, presidente do
Instituto Brasileiro de Pes-
quisas Psicobiofísicas (IBPP),
cientista, escritor, conferen-
cista, 8 monografias e 12 li-
vros publicados, relata o se-
2
guinte, no artigo "Água Fluida" {Folha Espírita, n 2 3 3 ,
agosto de 1993, São Paulo, SP):
"O Dr. Edward G. Brame, doutor em espectroscopia,
da 'Dupont Corporation', em W i l m i n g t o n , Delaware,
USA, fez extensas pesquisas espectroscópicas com amos-
tras de água destilada submetida a "médiuns curadores",
durante dois anos. ( . . . ) " , acrescentado: depois, "O Dr.
Brame... colocou frascos com água pura, no meio de
um grupo de pessoas que se dispuseram a fazer u m a
concentração, visando magnetizar a água neles contida.
Não foi feita imposição das mãos; nem os frascos e nem
a água foram tocados pelas mãos das pessoas compo-
nentes do grupo. Houve apenas a concentração, nada
mais. Os resultados mostraram-se os mesmos: houve
alterações moleculares na água assim tratada."

Quanto tempo se gasta para fluidificar uma água?
Não existe um padrão definido, mas normalmente as
fluidificações espirituais, com uso de médiuns e/ou pas-
sistas, são muito rápidas, ou seja, se o passista está pre-
parado mental e espiritualmente para a tarefa, despen-
derá poucos segundos para a magnetização de um vasi-
lhame. Já para as fluidificações magnéticas, propriamente
ditas, o tempo se alarga um pouco mais, já que, de certa
forma, por um fenômeno semelhante ao da psicometria,
o magnetizador identificará, em cada vasilhame, as neces-
sidades do paciente, e ali ele usinará os fluidos peculiares ao
atendimento, depositando o quantum fluídico necessário.

E quanto tempo dura o efeito de uma fluidificação na
água?
Poderíamos dizer, em tese, que a duração do magnetis-
mo na água é indefinida. Entretanto, pesquisas levadas
a efeito sobre determinadas estruturas das moléculas da
água, alteradas sob a influência do magnetismo de magne-
tizadores, demonstram que, após certo tempo, há perda
de certos referenciais.
Voltando às considerações do Dr. Hernani Andrade,
apontadas em questão anterior, naquele mesmo artigo
ele consignou o seguinte:
"Com a máxima cautela científica, o Dr. Brame con-
cluiu que a água destilada, submetida à influência do
magnetizador humano, apresenta mudanças moleculares.
A duração dessas mudanças moleculares observadas após
a influência do médium curador é surpreendentemente
longa: cerca de 120 dias, ou seja, 4 meses!"
Destaco que as pesquisas aqui apresentadas levaram
em consideração apenas a água destilada e não a água
simplesmente potável, que é a normalmente utilizada
pelos pacientes.
N u m a outra vertente, apenas para efeito de compa-
ração, medicamentos homeopáticos (especialmente em
glóbulos) parecem durar indefinidamente. Testes com
medicamentos preparados por Hahnemann cerca de 100
anos depois mostraram que os mesmos funcionavam.
Em farmácias homeopáticas frascos utilizados para pre-
parar medicamentos "guardam" os fluidos dos mesmos
após lavagem com água e álcool. Coloca-se então na
estufa (110°C) e eles se tornam inertes. Parece que acima
de 6 0 ° C começa a haver a "perda fluídica". Idênticas
reações quanto a temperaturas não têm sido verificadas
com o fluido magnético, seja na água, seja na transmissão
direta ao paciente.
Que mitos envolvem os vasilhames das águas fluidifi-
cadas?
Não apenas os vasilhames, mas muitos "achismos"
grassam no tema água fluidificada, infelizmente. Mas,
no geral, os mais gritantes dizem respeito à cor do vasi-
lhame, ao material de que é fabricado, ao tamanho, ao
estar tampado ou aberto, ao cuidado para não agitá-lo
após a fluidificação, à temperatura da água e à sua dilui-
ção.

Como desmistificá-los?
Raciocinando, usando o bom-senso. Senão vejamos:
A cor do vasilhame: Há uma injustificada tendência
em se querer impingir às cores poderes e/ou responsa-
bilidades, o que se choca contra um raciocínio elementar.
Querer que a cor de um vasilhame interfira na qualidade
da fluidificação é dar à embalagem mais valor do que o
dado ao conteúdo. Não, a cor não interfere na qualidade
da fluidificação, até porque para o M u n d o Espiritual e
para a Criação todas as cores são naturais e, portanto,
não causam impedimento ao trânsito fluídico. Afinal,
fluido não é luz em si mesmo e sim elemento sutil, campo
energético infenso a barreiras físicas.
O material de que é fabricado: A propósito, recebi a
seguinte indagação: "era advertido aos participantes que
evitassem colocar água em garrafas plásticas para "fluidi-
ficação", pois o material plástico dificultava muito o tra-
balho dos irmãos espirituais encarregados de "fluidificar"
a água. Isto tem algum fundamento científico? Os po-
límeros, sendo macromoléculas, teriam esta propriedade
de dificultar o transporte dos fluidos vitais e espirituais?".
Pela própria formulação da pergunta já encontramos
suporte para a resposta. As, chamemos assim, "micro-
moléculas" dos fluidos não se detêm ante os "poros" dos
plásticos, do barro, do vidro, e assim por diante. Tanto é
verdade que existem os atendimentos a distância, com
tantos e inequívocos resultados positivos.
O tamanho do vasilhame: Definitivamente não im-
porta. Apenas um vasilhame maior comportará mais água
que um menor e, provavelmente, a depender do tipo da
fluidificação e do "quantum energético" ali carecente,
talvez haja necessidade de uma maior exposição à magne-
tização para se obter os potenciais desejados.
Estar aberto ou fechado: Veja-se o paradoxo: uns ale-
gam que deve estar fechado para que os obsessores não
desmagnetizem a água; outros defendem que esteja aber-
to para que os fluidos "tenham por onde passar". Chega-
se ao cúmulo de estipular o seguinte: fechado até o mo-
mento da fluidificação; nessa hora, abre-se o vasilhame
rapidamente, faz-se a fluidificação e em seguida tampa-
se com idêntica rapidez, tudo para evitar o acesso aos
obsessores. Para rebater esses raciocínios, costumo brincar
dizendo que se eu fosse obsessor, em vez de tentar destruir
a fluidificação em um vasilhame de água, preferiria ir
mal-fluidificar a caixa-d'água da casa da minha vítima,
pois assim a atingiria no todo, desde o banho até as
roupas e em tudo o que usasse aquela água. Bem se vê
que não pode ser tão frágil assim nosso sistema de defesa
espiritual nem os obsessores têm tanta facilidade na ma-
nipulação dos fluidos, do contrário estaríamos irremedia-
velmente perdidos em suas presas. O ideal é que deixemos
o vasilhame fechado para evitar contaminações por poei-
ra, insetos, bactérias aéreas, etc. Os fluidos atravessam,
sim, as rolhas e tampas de nossos vasilhames, não se
constituindo isso em impedimento para os fluidos, quer
espirituais, quer magnéticos humanos.
Não agitar para não estragar a fluidificação: A única
agitação que pode comprometer nossa água fluidificada
é a agitação promovida pela emissão ou sintonia de sen-
timentos negativos. Nada de depreciar a água ou dela
desdenhar, pois se assim agirmos estaremos projetando
sobre ela cargas fluídicas densas e negativas, o que poderá
"contaminá-la".
A temperatura da agua: A água fluidificada pode sê-la
estando fria, gelada, morna, quente... E depois de
fluidificada pode ser gelada, aquecida, fervida... É fácil
entendermos porquê. Imaginemos um povo que more
numa região muito fria e outro que more n u m a região
onde a água seja normalmente muito quente. E aí, será
que esse pessoal estará desprovido da possibilidade de
obter os benefícios da fluidificação? Claro que não. Esses
efeitos físicos (frio, calor, etc.) não interferem na flui-
dificação. Agora, o que devemos evitar é dar uso indevido
à água. Por exemplo: vamos fazer um chá com água flui-
dificada; nesse caso, devemos cuidar para que a fervura
não chegue ao ponto de provocar grande evaporação,
pois aí poderá haver perda de parte dos fluidos agregados
às moléculas sob forma de vapor. Também não vamos
fazer gelo com água fluidificada, pensando usar essas
pedras em aperitivos alcóolicos. Seria um contra-senso
tanto como o é o alimentar-se, vomitar, alimentar-se
novamente e vomitar outra vez, tudo de propósito.
A diluição ou a mistura da água: É perfeitamente
realizável, sem qualquer prejuízo para a água ou para
quem a vai ingerir. Apenas devemos guardar as propor-
ções estabelecidas para o tratamento que estejamos fa-
zendo. Exemplo: se foi recomendado tomar u m a colher
de sopa após as refeições, podemos diluir essa quantidade
n u m copo d'água, desde que tomemos todo o copo
d'água... U m a outra ponderação nos arremete aos claros
sinais de que, em certa medida, a água fluidificada pode
ser dinamizada, como acontece com a manipulação e
preparação dos homeopáticos.

A propósito desta última abordagem, alguém colocou o
seguinte: quando um paciente toma água fluidificada e, an-
tes que a mesma se esgote, completa-a com água comum, que
ocorre? Há perda do potencial fluídico? A "nova" água diminui
o potencial fluídico do restante da água já fluidificada, ou
nada se altera, permanecendo a nova quantidade com o
mesmo potencial da água fluidificada originariamente?
Genericamente, a água fluidificada, quando diluída
em mais água, tem o "quantum" fluídico nela estabelecido
inalterado, mas, conforme propõe a questão, como o vo-
lume de água aumentou sem um competente incremento
de fluidos, significa dizer que o potencial, pelo novo volu-
me de água, ficou reduzido. Não é confirmado que a
potencialização "multiplique-se" na proporção do incre-
mento d'água, embora muitos pacientes narrem casos --
não comprovados -- do prolongar indefinido dessa
potencialização na diluição tal como proposto na questão.

Como ingerir a água fluidificada?
Naturalmente, de preferência em atitude de fé e oração.

E como se dá a absorção dos fluidos da água fluidifi-
cada?
Contrariamente à absorção dos fluidos pelos passes,
que são inicialmente absorvidos pelos centros vitais e
depois somatizados pelo organismo, a fluidificação da
água é absorvida diretamente pelo organismo, com as
chamadas "moléculas malsãs" do corpo (inclusive pe-
rispiritual) assimilando as moléculas "sãs" da água.

Agua fluidificada faz mal?
Em tese não, mas convém observar que existem flui-
dificações genéricas e específicas. As genéricas são, na
maioria das vezes, de natureza espiritual e atendem às
necessidades mais sutis. As específicas são destinadas para
uso exclusivo de determinados pacientes, pois contêm
maiores concentrados fluídicos. A água fluidificada ge-
nérica normalmente não faz qualquer mal a quem ingeri-
la, posto que seu composto fluídico é pouco concentrado
e os fluidos ali dispostos são de refinada sutileza. Dessa
forma, sobra pouco espaço para que se dê uma congestão
fluídica ou alguma reação adversa no organismo do pa-
ciente. Quanto à água específica, os cuidados devem ser
maiores, pois ali usualmente são dispostas cargas fluídicas
mais concentradas e densas, algumas com alto poder de
potencialização, significando dizer que a ingestão por
quem não tenha necessidade daqueles elementos fluídicos
poder vir a se contaminar com os excessos energéticos.


Em que condições deve ser evitada a ingestão de água
fluidificada?
Primeiro: evite ingerir a água que não foi destinada a
você e que o foi especificamente para outrem; depois: se
a água estiver contaminada; se você não acreditar em
seu potencial de benefícios; se assumir odor de podridão;
e se tiver recebido alta acerca de sua ingestão.
Enquanto faço tratamento com passes, preciso tomar a
água fluidificada?
Muito provavelmente sim, pois a ingestão dos fluidos
da água servirá de complementação das necessidades
fluídicas naturalmente havidas entre um passe e outro,
já que no intervalo entre os passes de um tratamento há
um óbvio consumo dos fluidos recebidos, por vezes
ocasionando descompensações. Nesses casos -- que são
extremamente comuns --, a água fluidificada comple-
mentará essas carências com muita competência.

E o que dizer de se ingerir água fluidificada assim que
se sai da cabine de passes? É certo? Tem respaldo?
Apesar do risco de se tornar um ritual, principalmente
por não se orientar os pacientes do porquê da prática, é
medida que só tem a favorecer aos mesmos, pois, como
vimos anteriormente, a assimilação dos fluidos da água
é diferente da dos fluidos dos passes e, o que é melhor,
não há choques entre eles, visto que são processos com-
plementares. Portanto, se não devemos tomar isso como
regra geral, cabe atentarmos para que há u m a lógica
orientando nesse sentido.

Você poderia apresentar um conjunto de sugestões em
relação á água fluidificada, de forma que as Casas Espíritas
que tiverem interesse pudessem se espelhar para confeccionar
folhetos ilustrativos destinados ao público?
C o m certeza. Procurarei reunir, n u m mesmo "paco-
te", informações sobre o que é, como ingerir, os benefícios
e quando, como e onde utilizá-la. Dentro dos itens a
seguir, cada Casa poderá eleger os mais interessantes e
adaptá-los ao seu método de divulgação e prática.
1. A água fluidificada é remédio sutil, que deve ser to-
mado em estado de oração.
2. Em jejum, ela sempre favorece a que se tenha um
mais perfeito funcionamento das funções digestivas.
3. A fé na água fluidificada potencializa seus benefícios.
4. No tratamento magnético, ela é a mantenedora do
estado fluídico entre um passe e outro.
5. A água fluidificada, como complemento de tratamen-
to fluídico, deve ser tomada diariamente ou confor-
me prescrito.
6. Na falta de outra orientação, tome-a assim, em pe-
nas doses: pela manhã, ao levantar, em jejum; no
almoço; no jantar; e, u m a vez mais, antes de dormir,
sempre em estado de oração.
7. Para usufruir de todos seus benefícios, evite abusar
da água fluidificada, ingerindo-a apenas conforme
recomendado. Não é pela quantidade a mais ingerida
que se acelerará o processo de cura.
8. Tendo sido fluidificada especificamente para você,
convém só você tomá-la; noutra pessoa seu efeito
poderá ser inócuo ou mesmo ofensivo.
9. Evite contaminar a água fluidificada. Para isso, man-
tenha-a em vasilhame limpo e tampado, evitando
que poeira, insetos ou elementos estranhos a conta-
minem. Pode ser guardada em geladeira, sobre ar-
mários, à cabeceira, etc.
10. No "Evangelho no Lar", ponha sobre a mesa o vasi-
lhame com água para fluidificação, mas lembre-se,
durante a prece, de pedir aos Amigos Espirituais
para fluidificá-la; Jesus já recomendava: "Pedi e
obtereis".
1 1 . Convém colocar u m a identificação no vasilhame, a
fim de não confundi-lo com o de outra pessoa ou
com outra substância.
12. Não será o calor, o frio ou u m a agitação que pertur-
bará a fluidificação, e sim pensamentos e vibrações
negativas.
13. Não é o tipo de vasilhame que importa, mas que a
água seja potável e límpida e que nossa atitude seja
positiva no sentido de favorecer à assimilação dos
bons fluidos que ali foram depositados.
14. A água fluidificada poderá mudar de gosto, cor, odor
e viscosidade; não se tratando de contaminação por
elementos estranhos depositados na água, não haverá
motivo para apreensão; tratar-se-á tão somente de
reações fluídicas medicamentosas. Em caso de dúvi-
das, consulte a Instituição onde se realizou a fluidi-
ficação ou o magnetizador que a fluidificou.
Perguntas
diversas




ode uma gestante aplicar passes?
Pode, embora não deva. Havemos de considerar
uma gestante como u m a pessoa que está magnética e
fluidicamente alimentando um outro ser, vinte e quatro
horas ao dia, ininterruptamente -- o futuro bebê. E esses
fluidos doados são fluidos vitais. Assim, a gestante deverá
afastar-se da aplicação dos passes, salvo se tiver certeza
de que não exterioriza fluidos magnéticos ou que domina
essa doação de forma a não descompensar as necessidades
do reencarnante alojado em seu ventre. Significa dizer
que uma passista espiritual gestante não teria prejuízos
em aplicar passes, a não ser se se tratasse de passes ali-
mentados por fluidos espirituais de baixo padrão vibra-
tório, o que, em tese, não acontece na Casa Espírita.


Qual a repercussão da menstruação no passe?
Até onde tenho acompanhado, quase nula. Por se
tratar de função normal e natural na organização femi-
nina, a menstruação não haverá de provocar graves des-
compensações fluídicas, se bem que algumas passistas
façam referência a u m a maior incidência de fadiga
fluídica quando estão em período menstrual. O problema
maior tem sido o decorrente das dores e mal-estares pro-
vocados pelas chamadas tensões comuns ao período. Nes-
ses casos, a mulher se absterá de doar o passe, não por
problemas fluídicos, mas por conta dos desconfortos e
dores reinantes.

Seria prudente a mulher menstruada diminuir o ritmo
ou a intensidade de doação fluídica nesse período?
Depende da constituição de cada mulher. Todavia,
como parece haver uma certa debilidade fluídica nesse
período, toda passista que se sentir em processo de exaus-
tão fluídica ou tendência à fadiga fluídica nesses períodos
poderá se prevenir e reduzir suas usinagens; seja pela
redução do número de pessoas atendidas, seja pela inter-
calação de mais dispersivos entre as concentrações fluí-
dicas que venha a fazer. Em todo caso, será boa medida
aumentar o número de dispersivos em vez de conservar
ou aumentar o número de concentradores.

Uma pessoa sem braços po-
de aplicar passes?
Pode, da mesma maneira
que u m a pessoa cega pode
andar e um mudo pode se co-
municar. Apenas algumas
adaptações precisarão acon-
tecer, especialmente no que
tange ao "poder da mente" de
direcionar e "manipular" os
fluidos. Dia virá em que toda
a humanidade já terá superado o atavismo que temos
no uso das mãos e, aí sim, tudo se dará de uma forma
mental, direta, plenamente envolvente.

Quem não acredita nos Espíritos pode aplicar passes?
Claro que pode, mas sofrerá um prejuízo enorme. É
como um médico que dispensa a ajuda de um assistente;
ele pode realizar suas intervenções sozinho, mas correrá
"como louco" para dar conta de tudo e ainda haverá
momentos e situações que não permitirão a ausência do
auxiliar. No caso do mundo espiritual, onde, a rigor, o
processo é o inverso -- ou seja, os Espíritos são os que
de fato operam os fluidos --, não contar com eles é abrir
mão do essencial.
Há quem aplique passes sem acreditar nos Espíritos
por pura falta de fé, assim como a "ausência" dos Espíritos
pode se dar pela falta de fé e de merecimento do paciente.
No primeiro caso, confia-se muito nos potenciais fluídi-
cos que se possui e, no segundo, atende-se ao princípio
de que quem quer ajuda precisa se ajudar também. Bem
se percebe que em ambos há prejuízos.

No Oriente, se fala muito em prana, que, ao que parece,
deve ser o mesmo que fluidos para nós. Pois num curso de
passes que participei o expositor se referiu ao prana e disse
que esta energia só está disponível no horário de 18 às 23hs
e sua assimilação, por nós encarnados, só acontece se estiver-
mos dormindo. Questionado a respeito, o nobre companheiro
não soube explicar satisfatoriamente a questão. Como
podemos interpretar esta afirmativa?
Na verdade, o prana tem estreita relação com o que
estudamos sob o nome de fluidos, apesar da abrangência
dada a fluidos por Kardec superar em muito as atribui-
ções indicadas ao prana, mas vale a referência. Honesta-
mente, desconheço essa hipótese do prana só estar
disponível em tais horários, a não ser que este elemento
seja um subproduto dele mesmo. Por tudo o que o
magnetismo evidencia, não tenho como concordar com
tal afirmação. As bênçãos dos fluidos não se restringem
aos limites que muitos querem impor. Creio até que
existam melhores momentos e condições para que o
magnetismo aconteça, mas não acredito que as limitações
cheguem a tanto... Depois, se os fluidos só fossem absor-
vidos enquanto estivéssemos dormindo e limitada a
absorção ao horário apresentado, muita gente passaria a
encarnação quase totalmente sem qualquer assimilação
do prana, pelo que fatalmente desencarnariam. Por fim,
que horário é esse: o do Brasil, o do Japão, o de inverno,
o de verão? Q u e m controlaria tal relógio?


Uma companheira questionou sobre a validade de se
aplicar passes pela casa (salas, cômodos, etc.) durante uma
visita (por exemplo: visita de implantação do culto no lar).
Você concorda?
Sou obrigado a discordar, por dois motivos: primeiro,
porque tal prática não tem respaldo doutrinário; depois,
porque em magnetismo aprendemos que os corpos e/ou
meios inorgânicos, apesar de serem afetados pelo magne-
tismo animal e ambiental, não estabilizam os fluidos co-
mo queremos ou imaginamos. Muito melhor do que
"dar passes" em paredes e cômodos é vibrar o bem e sem-
pre positivamente, criando campos de harmonia men-
tal nos que ali habitam. As paredes, os rebocos e pintu-
ras que estejam melhor cuidados, em limpeza, higiene e
conservação... (É bem verdade que a psicometria apre-
senta facetas importantes, mas não ao ponto de solicitar
ou recomendar passes em paredes, pisos, etc.)

Se a pessoa não é espírita e quer saber que Centro Espírita
procurar para fazer um tratamento por passes, há alguma
recomendação?
A primeira indagação é saber se o Centro indicado
ou recomendado tem serviço de atendimento ou trata-
mento através dos passes. Depois, verificar a idoneidade
da Casa. A seguir, darei, resumidamente, dez dicas para
se reconhecer um bom Centro Espírita:

1. Examine a programação doutrinária do Centro com
atenção; o Evangelho e os livros de Allan Kardec são
básicos e indispensáveis para uma boa estrutura dou-
trinária.
2. Observe se as recomendações e os comentários do
Centro condizem com a prática cristã; quem faz o
bem não recomenda nem comete o mal.
3. Por mais simples ou sofisticado que seja, o bom Cen-
tro sempre guarda respeito às normas da boa edu-
cação.
4. Manifestações mediúnicas públicas devem ser evita-
das; sua prática ou ocorrência freqüente denota falta
de conhecimentos básicos sobre a mediunidade ou
descaso de seus dirigentes.
5. Toda a força da Casa Espírita está em sua moral; as
aparências exteriores são de menor importância, em-
bora devamos prestar todo cuidado à limpeza e à
higiene dos ambientes.
6. Paramentos, rituais, despachos, promessas, altares,
sacrifícios, exorcismos, sacramentos, amuletos, talis-
mãs, incensos, fumos, bebidas e práticas ou compor-
tamentos exóticos não são usos nem práticas espíritas,
assim como não convém fazer-se uso de jogos, bin-
gos e rifas em suas reuniões doutrinárias.
7. O bom Centro não é o que desenvolve muitas e múl-
tiplas atividades, mas aquele que desempenha bem
as que se compromete realizar.
8. O bom Centro não é necessariamente o que conta
com grandes salas e auditórios nem o que tem sempre
lotadas suas dependências, mas aquele que divulga e
vivência corretamente e bem os postulados espíritas.
9. O bom Centro não é medido pela idade de fundação
nem pelo tempo de espírita de seus dirigentes, mas
pela segurança evangélica demonstrada em suas ações
e pelos serviços cristãos bem realizados.
10. O bom Centro não é avaliado apenas pelo sorriso
nos lábios ou pela voz mansa de seus dirigentes e
expositores, mas pela alegria real que esparge e con-
tagia, bem como pela paz que transmite.

Se um profissional da saúde, por exemplo, um massagista,
é magnetizador e não sabe, poderá emitir fluidos magnéticos
benéficos enquanto massageia um cliente? Haverá pro-
blemas?
O maior problema da humanidade continua sendo a
falta de amor, e não a sua doação. Assim, em tese não há
prejuízos para quem, de forma natural, responsável e
amorável, deixa sair ou libera seus fluidos refazentes para
alguém necessitado. Só não devemos fazer disso um apên-
dice de nossas práticas nem um desvirtuar do magne-
tismo.
Um cuidado, todavia, se interpõe. C o m o os fluidos
magnéticos são anímicos, vitais, sua doação excessiva
pode levar o doador a uma fadiga fluídica. Sugiro a leitura
atenta do capítulo que trata do assunto.

Têm Casas Espíritas em que se aplica passes com os pa-
cientes sentados, mas alguns pacientes são encaminhados
para serem atendidos em camas ou macas. Será que o passe
será diferente só por motivo da forma como a pessoa o recebe?
Não é esta a questão. Na maioria das vezes, as pessoas
que são encaminhadas para receberem passes deitadas
estão em tratamento por passes magnéticos, os quais são
mais demorados e requerem que tanto o paciente como
o passista estejam melhor acomodados. Na maca, o pa-
ciente pode ficar mais relaxado e o passista não precisará
estar se abaixando ou se agachando para fazer as apli-
cações localizadas e gerais que quase sempre os passes
magnéticos solicitam. Contudo, não é obrigatório o uso
de macas nem de camas, podendo, a rigor, os passes,
mesmo os magnéticos, serem aplicados com o paciente
sentado, em pé, deitado ou de costas. Ideal é que o pa-
ciente esteja psicologicamente preparado para o passe e
que o passista tenha consciência de suas responsabili-
dades. Em todo caso, o bom-senso há de ser o árbitro da
questão.

Os Espíritos que atuam nos passes são especializados nessa
tarefa?
Conforme encontramos em André Luiz {Missionários
da Luz, cap. 19, psicografia de Francisco C â n d i d o
Xavier), o diálogo dele com o mentor Alexandre, exa-
minando a participação dos Espíritos nos processos da
fluidoterapia, é muito esclarecedor:
"-- Aqueles nossos amigos (Espíritos) são técnicos
em auxílio magnético que comparecem aqui para a
dispensação de passes de socorro. Trata-se dum departa-
mento delicado de nossas tarefas, que exige muito critério
e responsabilidade."
"-- Esses trabalhadores apresentam requisitos es-
peciais?"
"-- Sim (...), na execução da tarefa que lhes está
subordinada, não basta a boa vontade, como acontece
em outros setores de nossa atuação. Precisam revelar
determinadas qualidades de ordem superior e certos co-
nhecimentos especializados. O servidor do bem, mesmo
desencarnado, não pode satisfazer em semelhante serviço,
se ainda não conseguiu manter um padrão superior de
elevação mental contínua, condição indispensável à ex-
teriorização das faculdades radiantes. O missionário do
auxílio magnético, na Crosta ou aqui em nossa esfera,
necessita ter grande domínio sobre si mesmo, espontâneo
equilíbrio de sentimentos, acendrado amor aos seme-
lhantes, alta compreensão da vida, fé vigorosa e profunda
confiança no Poder Divino. Cumpre-me acentuar, to-
davia, que semelhantes requisitos, em nosso plano, cons-
tituem exigências a que não se pode fugir..."

Como surgiu a idéia de escrever o livro O Passe -- seu
estudo, suas técnicas, sua prática, publicado pela FEB?
À medida que amadurecia em idade, empenhava-me
em aplicar e participar de cursos sobre passes na Fede-
ração Espírita do RN, onde exerci vários cargos e fun-
ções ao longo de mais de 15 anos. Quando precisava de
material sobre o passe, as dificuldades eram sempre de
grande monta, já que tudo estava esparso e normalmente
colocado com pouca sustentação teórica. Assim, para
atender às próprias necessidades, fui preparando várias
apostilas, até que chegamos a uma que contava com mais
de 100 p á g i n a s . C o n v e n h a m o s , para apostila, 100
páginas eram demais. Apesar disso, sempre faltava um
"algo mais". Decidi então "arredondar" a apostila, acres-
centando o que sentia falta. A partir daí, ampliei as pes-
quisas -- teóricas e práticas -- e, após três anos de muito
estudo, trabalho e revisões, conclui o trabalho, o qual a
FEB aceitou de pronto e o publicou, em setembro de
1997.
F o r m a ç ã o do
passista.




uanto tempo de estudo precisaria uma pessoa para ser
um bom passista?
Embora o estudo seja de muita relevância, como já
vimos alhures, sozinho ele não determina que se venha
a ser um bom passista. As qualidades da alma e a maior
ou menor facilidade que se tenha na usinagem, exterio-
rização e direcionamento dos fluidos são fatores de igual
ou superior importância. O estudo apenas fundamenta
e transmite a segurança necessária para um desempenho
mais profícuo e feliz nessa área. Ademais, ressalte-se que
por estudo não estamos visando apenas a parte teórica,
mas é de vital importância a parte prática, quando se
poderá testar os conhecimentos, medir os potenciais fluídi-
cos e estabelecer padrões de reconhecimento da faculdade
de cura -- pois esses padrões nem sempre são universais,
até porque cada passista combina-se fluidicamente com
os pacientes dentro de referenciais muito pessoais e sutis.
Em todo caso, o estudo do tema, para ser amplo o
suficiente, deve abarcar u m a análise um tanto quanto
profunda das questões do perispírito, dos fluidos, dos
centros vitais, do magnetismo, da fé, do merecimento e
do amor, além de conhecimentos nem sempre superfi-
ciais de anatomia, fisiologia e psicologia. A partir desse
patamar, o universo do saber é o limite.

Significa dizer que um seminário de fim-de-semana não
é suficiente?
Exatamente. O tema comporta muitas pesquisas,
estudos, comparações, análises, treinamentos, observa-
ções e reflexões. Indispensável é a formação de grupos
de estudos e experiências para os exercícios e aprofunda-
mentos. Por outro lado, não quero desestimular os que
não têm o hábito do estudo; a boa vontade, a oração e a
fé são grandes alavancas para o sucesso do passista, onde
o amor é o ponto de apoio, com os quais conseguimos
mover montanhas e mundos inteiros. Nessa analogia, o
estudo e o conhecimento das matérias referidas anterior-
mente são os mecanismos e os modos com que nos utili-
zaremos para o alavancamento da saúde integral.

Qual seria, então, a primeira questão a ser vista por
quem queira ser passista?
Como questão, a primeira é responder, de si para con-
sigo, o seguinte: "Por que e para que eu quero ser pas-
sista?" É fundamental que tenhamos para esta pergunta
u m a resposta bem afiada perante nossa consciência e,
mais do que isso, que ela seja suficientemente forte para
nos manter comprometidos e felizes com os trabalhos e
compromissos que surgirão.
Que tipo de resposta seria válida?
Todas do tipo: "... para servir ao próximo com amor",
"... para sentir prazer em servir", "... para doar o melhor
de meu mundo íntimo a quem necessita", "... por este
caminho estarei servindo com consciência".
Normalmente, as pessoas têm por respostas algo como:
"porque o Centro precisa de mais passistas", "porque o
dirigente disse que tenho tudo para ser passista", "porque
acho legal", "porque queria fazer alguma coisa"... Se bem
que sejam respostas indutoras a que se seja passista,
normalmente elas não dão sustentação à perseverança
requerida aos verdadeiros passistas. Portanto, é muito
importante mesmo que saibamos o porquê e o para quê
queremos ser passistas, para que sejamos os melhores e
os satisfeitos com as realizações. Depois, só com um
"bom porquê" e um "bom para quê" teremos ganas para
atingir as melhores condições do "como realizar".

Após respondida as questões que você colocou (por quê e
para quê), o que viria de mais importante?
O amor. O amor é o mais importante de tudo e em
tudo. Não poderia ser diferente no passe. Afinal, o passe,
na melhor acepção do termo, é u m a transferência de
amor. É imperioso que amemos. Amemos de verdade.
Não o amor de periferia, de sensualidade apenas, mas o
amor de doação, de interação, de envolvimento, de sin-
tonia e harmonia. Quando estamos cheios de amor, nosso
passe se diviniza, nossos fluidos adquirem maior penetra-
bilidade, estabilidade e mais alcance. Nosso potencial
magnético se amplia tanto em termos materiais como
espirituais, pois com o amor vibrando forte e harmônico
em nosso mundo íntimo até o acesso dos Espíritos supe-
riores fica facilitado e melhora sobremaneira nosso in-
tercâmbio feliz.
Se amarmos o paciente à nossa frente de verdade, nos-
so amor qualificará extraordinariamente nossos passes.
Não tenhamos dúvidas, com o amor em ação operaremos
os mais eloqüentes "milagres".

Não seria melhor iniciar os candidatos a passistas pelo
passe espiritual e, depois de vencidas as primeiras barreiras,
levá-los à prática do passe magnético?
Não sei se seria melhor ou pior. Só sei que o ideal é
que, em qualquer caso, o candidato saiba o porquê de
sua opção e como realizá-la. Apesar do passe espiritual
dispensar maiores aprofundamentos técnicos, não signi-
fica dizer que não se deva estudar o magnetismo. Depois,
temos visto, na prática, que pessoas que se iniciaram no
espiritual não perceberam que, ao longo de suas práticas,
veiculavam fluidos magnéticos sem se darem conta, daí
advindo os incômodos e inconvenientes tão conhecidos
de todos. Outro fator a se considerar é que, depois de
algum tempo de prática, se não tivermos a "cabeça aberta"
para assimilarmos novos estudos e análises ou, quem sabe,
até m e s m o m u d a n ç a d e técnicas, teremos a l g u m a
dificuldade em fazer as mudanças, sendo vitoriosa, no
final, a acomodação.
Sugira u m a bibliografia básica para q u e m queira
conhecer mais detalhes acerca dos fluidos e do passe.
De início, as obras básicas de Kardec, aí incluídas as
várias edições de sua Revista Espírita.
Sem ser muito específico, sugiro que sejam buscadas
as obras clássicas de Mesmer, Alfonse Bue, Deleuze, La
Fontaine, Barão Du Potet, Heitor Durville ou, então, a
sintética e lúcida obra de Michaelus: Magnetismo Es-
piritual, publicada pela FEB.
Além dessas, devem ser vistas (aqui dispostas por
ordem alfabética dos autores):

O dom de curar, de A. Ambrose e Olga N. Warral,
pela Pensamento;
A série Nosso Lar, de André Luiz, pela psicografia de
Francisco Cândido Xavier, pela FEB;
Do sistema nervoso à mediunidade, de Ary Lex, pela
FEESP;
Espiritismo e Magnetismo -- De Paracelso à Psico-
trônica, de Carlos Bernardo Loureiro, pela M n ê m i o
Túlio;
A alma é imortal & A evolução anímica, de Gabriel
Delanne, pela FEB;
Espírito, perispírito e alma, de Hernâni Guimarães
Andrade, pela Pensamento;
Teoria dos chakras, de Hiroshi Motoyama, pela Pensa-
mento;
O Passe -- seu estudo, suas técnicas, sua prática, de Jacob
Melo, pela FEB;
Manual do passista, de Jacob Melo, pela M n ê m i o
Túlio;
Correlações espírito-matéria, de Jorge Andréa, pela Ed.
Samus;
Um Fluido Vital Chamado Ectoplasma, de Matthieu
Tubino, pela Publicações Lachâtre;
O Fio de Ariadne, de V. L. Saiunav, pela Pensamento.

É bem verdade que o universo bibliográfico nesta área
é vastíssimo, de tal forma que ao primeiro contato com
seu estudo o leitor logo descobrirá muitas opções para
pesquisas e aprofundamentos. Como sugestão, nunca
se furte de ler mais, estudar mais, pesquisar mais e apro-
fundar-se mais, mas, sobretudo, de exercitar mais seus
potenciais de doação de amor.
Nossos c u r s o s
sobre passes



fácil aplicar passes?
Para q u e m quer e faz tudo é possível, tudo é
realizável e, depois de alcançado, tudo fica fácil.
Quando eu era pequeno, por volta dos 8 a 9 anos de
idade, meu pai colocou-me ao colo enquanto dirigia uma
kombi. N u m local previamente por ele escolhido, onde
não havia muito movimento (nem policiais de trânsito),
ele deixou que eu segurasse o volante por uns bons cinco
minutos. Recordo-me até hoje a alegria que aquilo gerou
em minh'alma. A partir daquele dia, para todos que co-
nhecesse e tivesse oportunidade de conversar, fazia ques-
tão de dizer, em alto e bom-som: "Já sei dirigir! M e u pai
me deixou dirigir a nossa kombi". Alguns anos depois,
quando tinha de 12 para 13 anos de idade, comecei a
aprender a dirigir, agora n u m a não pavimentada e es-
buracada estrada, que ligava o interior do Ceará ao inte-
rior do Piauí. Foi quando me dei conta de que até então
nunca tinha verdadeiramente aprendido a dirigir. Só
agora ensaiava, de fato, a arte de governar um veículo,
acelerando, freiando, mudando marchas, estacionando
e usando embreagem, retrovisor, buzina, corte de luz,
limpador de parabrisas, setas e tudo que tinha direito e
dever.
Semelhante aconteceu quando comecei a ver as pri-
meiras pessoas aplicando passes. Achei engraçado e fácil.
Tanto que, certo dia, chegando em casa, vindo da aula
de "moral cristã" (que era como antigamente se chama-
vam as aulas de evangelização infantil), chamei mamãe,
que estava com dor de cabeça, e disse que iria aplicar-
lhe um passe. Primeiro, ela disse que passe não é brinca-
deira; depois, permitiu que eu "aplicasse"; por fim, sorriu
de m i n h a ingenuidade e tentou me explicar porque
aquilo não era passe, apesar da aparência. Ficando adulto
e estudando o assunto com mais riqueza e profundidade
foi que entendi o que mamãe quis dizer naquele dia.
Na verdade, muita gente aplica passes sem conhecer
nenhuma técnica... e aplica muito bem; muita gente
aplica passes conhecendo técnicas... e aplica muito bem;
mas muita gente aplica passes muito mal, com ou sem
técnicas.
Aplicar passes é fácil, mas é preciso saber se estamos
aplicando mesmo ou apenas segurando no volante, ou
seja, se estamos apenas repetindo gestos...

Quer dizer que não se aprende a aplicar passes apenas
vendo uma pessoa que sabe fazê-lo?
Pedindo desculpa pela dureza da resposta, pergunto:
será que alguém aprende a escrever apenas olhando um
outro escrever? Será que alguém se torna médium psicó-
grafo apenas olhando alguém psicografar?
Acontece que o passe é algo muito além do simples
gesticular ou balbuciar frases. Os gestos têm sentido e
função tanto quanto as palavras em uma oração têm
sentimento e direção. Depois, quando se aplica passes,
sente-se um mundo sutil e inusitado na intimidade da
alma e nas estruturas do ser, sentimento esse que não é
possível de ser aprendido ou apreendido pela simples
observação. Para vir a ser passista é necessário que se
inicie em sua "arte" através do estudo e da prática equili-
brada e perseverante.

Qual o primeiro esforço que um interessado em aplicar
passes deve realizar, quando se dispõe ao estudo do magne-
tismo?
Primeiro de tudo, "abrir a cabeça" é essencial. Não
adianta ficarmos presos a tabus, à letra que mata, à res-
trição que de tempos a tempos surge contra a liberdade
de se pesquisar fora dos meios espíritas, ao "faz muito
tempo que é assim", ao "os dirigentes não querem nem
permitem", ao "os guias daqui disseram..." O Espiritis-
mo é grandioso porque é livre, sem peias e sem meias
medidas. Só mes-
mo quem não lhe
conhece a intimi-
dade ou que prefe-
riu aprisioná-lo em
suas pessoais e pe-
quenas medidas ou-
sa p r e t e n d e r i m -
por-lhe limites ta-
canhos. E preciso
abrir a cabeça, até
para enxergarmos
o que já está expos-
to há mais de 2 0 0
anos, só aqui em nosso Ocidente. É preciso abrir a cabeça
para vislumbrarmos a proposta de Kardec, tão bem
demonstrada e vivenciada em seus questionamentos e
debates com os Espíritos em O Livro dos Espíritos.
Entre o esforço de manter a cabeça aberta e o estudo
propriamente dito, há de o candidato se questionar ho-
nestamente: "por que eu quero ser passista? Para que eu
quero ser passista?" A qualidade da resposta alcançada
definirá a qualidade do passista que está por vir.
Depois do estudo, de muito estudo, a prática, muita
prática. Mas não começando por expor os pacientes às
nossas inseguranças e incertezas, e sim iniciada na experi-
mentação acompanhada, estudada, analisada e bem
avaliada. Honestamente, não vejo como se chegar a ser
bom magnetizador sem u m a boa base de estudos, a
despeito dos muitos magnetizadores naturais de todos
os tempos e lugares. Até porque vale a questão: se eles,
sem estudarem e sem saberem a teoria, conseguem tanto,
o que não conseguiriam se tivessem estudado e aprimo-
rado na experimentação suas potencialidades?
Um ressalva: por favor, só não queira entender com
"abrir a cabeça" com o sentido de se aceitar tudo, de qual-
quer maneira, sem sopesar-lhe as conseqüências; isto seria
funesto e improdutivo.

Quais são as maiores dificuldades apresentadas pelos
passistas que fazem cursos elaborados por você?
São de várias ordens; desde problemas decorrentes
de questões administrativas das Casas a que estejam
ligados até os atavismos ou mesmos rituais já impregna-
dos nas práticas locais. Fato é que a grande maioria dos
passistas de hoje se iniciou nessa tarefa de uma forma
incipiente e pouco consistente. É muito comum as nar-
rativas de pessoas que dizem assim: "um dia, um dirigente
olhou para m i m e falou que eu já tinha condições de
aplicar passes. Disse que bastava olhar como os outros
faziam, ter fé e orar a Jesus que tudo daria certo". Bem
se vê que não pode ser desse jeito. Nesse tipo de "escola",
onde as pessoas "aprendem" a dar passes olhando como
os outros fazem, o aproveitamento é muito frágil, pois
normalmente os que "já sabem" aplicar passes e estão
servindo de espelho para os iniciados, por sua vez tam-
bém aprenderam da mesma maneira, e assim por diante.
Não é de se estranhar, pois, haver tanto teatro, tanta
invenção, tanta coisa estranha numa prática que tem uma
lógica e um sério respaldo científico.
Outro inconveniente de q u e m se inicia de forma
equivocada é que, depois de alguns anos de prática, fica
difícil esse passista aceitar rever suas práticas, mesmo
sabendo que é para a melhoria de seus trabalhos. La-
mentavelmente, falamos muito em humildade e neces-
sidade de estudo, mas são essas duas coisas que mais
esquecemos de praticar.

Quais os resultados obtidos nos seminários que você faz
por esse Brasil afora?
Sem qualquer dúvida, são muito positivos. Pelas cartas
e e-mails que recebo, pedindo novas explicações, através
dos depoimentos e testemunhos que me chegam, dando
notícias da melhoria dos resultados das práticas renovadas
pelos novos raciocínios, e pelos incessantes convites a que
retornemos aos lugares onde já estivemos, para fazermos
aprofundamentos nas questões técnicas e práticas, assim
como o sempre crescente número de convites para via-
jarmos, feitos por u m a infinidade de confrades das mais
diversas cidades do Brasil e até do Exterior, para darmos
novos cursos, treinamentos e seminários sobre o passe,
tudo isso deixa muito claro que tem muita gente refle-
tindo melhor, aplicando passes mais eficazes e se dedi-
cando ao mister das relações fluídicas de uma forma mais
feliz.
Aqui em Natal/RN, onde podemos acompanhar mais
de perto a evolução de alguns companheiros que conosco
trocam experiências regularmente, temos a confirmação
dos benefícios grandiosos que o estudo sério e objetivo
faz aos passistas.

Há um método ou uma escola de passes que possa ser
chamado de Jacob Melo?
De forma alguma. Na verdade, essa é uma das poucas
afirmativas que ouço a respeito dos treinamentos que faço
e livros que escrevo que me incomodam realmente. In-
comodam porque em nenhum momento tenho deixado
transparecer que sou o criador de qualquer coisa. Apenas
estudo o assunto há muito tempo, tanto em sua parte
teórica como especialmente no terreno prático e, por
isso, me acredito em condições de apresentar meu enten-
dimento sobre tão fascinante tema. Entretanto, uma das
primeiras observações que faço em meus seminários é
chamar a atenção dos participantes para a necessidade
de abrirem suas mentes, seus ouvidos e seus corações,
pois não defino nada que não possa ser pesado e medido
pela alma de cada pessoa. Procuro passar o máximo de
informações que disponho e respondo com o melhor de
meus conhecimentos a todas as perguntas e dúvidas sur-
gidas. Em momento algum, entretanto, defino qualquer
técnica ou método como meus nem afirmo que tomem
os conceitos por m i m apresentados como definitivos;
ao contrário, solicito que formem grupos de estudos e
experimentação para testarem, avaliarem e aprimorarem
tudo aquilo que tem estado à nossa disposição desde
longas datas. A escola Jacob Melo é aquela que sugere,
como Kardec o fez, que estudemos e apliquemos o apren-
dizado em função do bem que possamos realizar em
nome do Bem Maior. Fora disso resta apenas o atavismo
que ainda trazemos de eleger ídolos e criar totens para
dar vazão aos nossos impulsos de admiração ou inveja,
simpatia ou antipatia, estímulo ou acomodação.
Depois de dois livros seus sobre passes, não haverá
matéria mais do que suficiente para o estudo do tema?
Teremos muito ainda o que investigar?
C o m certeza absoluta! O tema passes, desde seus
aspectos históricos e antropológicos até os avanços da
ciência e das pesquisas que existem e que brotarão no
futuro, sinalizam seguramente de que muito ainda está
por vir. Em minha opinião, tudo o que ora temos es-
tudado e abordado não avançou além dos portais do
tema. O assunto "fluidos" ainda é detentor de um maior
número de incógnitas do que de certezas; ele ainda se
impõe como uma vigorosa e inestancável fonte de per-
quirições e dúvidas. O perispírito sequer foi mapeado
por nossas pesquisas, pois, pelo que vimos observando,
o estudo humano desse maravilhoso campo sequer ultra-
passou os limites de suas camadas mais densas (que são
os centros vitais e o duplo etérico). Inclusive, corrobo-
rando com essa idéia, temos a opinião aberta de Allan
Kardec, antevendo os amplos campos de pesquisa a sur-
girem, como ensejado na mensagem Introdução ao estudo
dos fluidos espirituais (na Revista Espírita, março de 1866):
"Assim também com a questão que nos ocupa (fluidos
espirituais), cujas diversas partes foram tratadas separa-
damente, depois coligidas n u m corpo metódico, quando
puderam ser reunidos materiais suficientes. Esta parte
da ciência espírita mostra, desde já, que não é uma con-
cepção individual sistemática, de um homem ou de um
Espírito, mas o produto de observações múltiplas, que
tiram sua autoridade da concordância entre elas existente.
"Pelo motivo que acabamos de exprimir, não podería-
mos pretender que esta seja a última palavra. Como te-
mos dito, os Espíritos graduam os seus ensinos e os pro-
porcionam à soma e à maturidade das idéias adquiridas.
Não se poderia, pois, duvidar que, mais tarde, elas pu-
sessem novas observações sobre a via. Mas desde agora
há elementos suficientes para formar um corpo que,
ulteriormente e gradualmente, será completado.
"O encadeamento dos fatos nos obriga a tomar nosso
ponto de partida de mais alto, a fim de proceder do co-
nhecido para o desconhecido."
Disso tudo podemos deduzir que o universo a ser
pesquisado e desvendado é enorme e promissor, depen-
dendo sua descoberta e o aproveitamento de seus recursos
apenas da disposição e do empenho que todos venhamos
a desenvolver nesse sentido.
A simplicidade
do p a s s e




o dizer do professor Herculano Pires: "O passe é algo
tão simples que basta apenas desejar para aplicá-lo".
Se assim for de fato, o passe nos Centros Espiritas não se
tornaria desnecessário?
A assertiva de Herculano Pires é muito feliz, mas in-
completa. Na medida em que a vontade é fator deter-
minante para a boa realização do magnetismo, também
podemos asseverar que só a vontade é insuficiente para
suplantar as outras variáveis que tal recurso solicita. O
que ele afirmou é muito válido se considerarmos apenas
o passe com fluidos espirituais, onde o M u n d o Espiritual
é quem de fato opera e manipula os fluidos. O mesmo
não se dá naqueles onde os fluidos são predominante-
mente dos magnetizadores, dos passistas. E não adianta
dizer que na Casa Espírita apenas passes espirituais são
aplicados, pois o próprio Codificador deixou bem defi-
nida esta questão, tanto em O Livro dos Médiuns como
em A Gênese.
Alguns alegam que Jesus fazia assim e daquele jeito,
achando que aí reside a simplicidade, esquecendo-se que
J E S U S SABIA, enquanto nós estamos apenas iniciando
a travessia dos portais dos estudos do mundo fluídico.
Portanto, o passe na Casa Espírita deve ser prática regu-
lar e necessária, como pronto-socorro de ajuda aos neces-
sitados. Mas aos passistas compete uma melhor forma-
ção, devendo estar preparados, pelo estudo prévio da
teoria e por u m a prática bem sedimentada na experi-
mentação atenta e responsável, a fim de que sejam evita-
dos, por força de u m a simplificação irresponsável, os
percalços e transtornos freqüentes no exercício empírico
de atividades que solicitam posição de conhecimento e
ciência.

Algumas Casas Espíritas indicam um número exato de
passes para determinados problemas, como, por exemplo,
seis passes para isso, nove para aquilo, cinco para outra coisa,
e assim por diante. Como você vê isso?
Podemos observar a questão pelo menos de duas ma-
neiras.
A primeira é quanto ao absolutismo do número. A
propósito, há quem afirme que todo número absoluto é
burro. Tomando nosso corpo físico como exemplo, sendo
ele formado de matéria densa, verificamos que em
infindável número de casos ele não se submete ao rigoris-
mo dos números das posologias e dos vigorosos efeitos
químicos dos fármacos; por analogia, o que dizer de nossa
estrutura perispiritual, a qual apresenta incontáveis va-
riáveis na forma de absorver e distribuir os sutis elementos
fluídicos dos passes, além das inequívocas e marcantes
influências de origem espiritual e psicológica?! E quem
garante que os fluidos veiculados e/ou distribuídos por
passistas diferentes sejam iguais em seus contextos de
cura? Por aí já dá para perceber que a determinação do
número de vezes, e até mesmo do tipo de técnicas a serem
empregadas nos passes, como critério absoluto falece em
si mesma.
De outro modo, podemos aceitar a indicação nu-
mérica mencionada, desde que ela seja considerada tão
somente como um referencial. Para tanto, o paciente
deve ficar sob observação, além de ser orientado sobre
tudo o que deverá fazer antes, durante e após o trata-
mento -- assim como os médicos responsáveis que, além
de passarem os medicamentos, definem as posologias e
os regimes a serem feitos para que tudo funcione. Apesar
disso, no chamado "retorno" das consultas, os clínicos
ainda fazem as adaptações necessárias. Por se tratar da
busca de melhorias, nos passes os procedimentos não
podem ser muito diferentes e, se forem, que sejam a fa-
vor de um melhor acompanhamento.


Por que o tratamento, seja por medicamentos ou mesmo
pela fluidoterapia, às vezes se mostra inócuo para deter-
minada pessoa?
São vários os problemas. Os primeiros são devidos a
questões fluídico-orgânicas; pessoas não reagem da mes-
ma forma a idênticos tratamentos, seja por características
específicas de metabolismos, por posições psicológicas,
por falta ou excesso de resguardo, por seguir melhor ou
pior as orientações ou ainda por interpretar as reações
do processo de cura como algo estranho, ruim ou bom
demais, assim se dispensando da continuidade. Outros
problemas se ligam aos próprios curadores. Esses têm
capacidades e potenciais fluídicos diferentes; uns são efi-
cientes em dores, outros em infecções, outros em ossos,
outros ainda em vias respiratórias, etc. Também têm os
mais responsáveis, os relapsos, os conscientes, os sem
conhecimento de nada, os que se exercitam para realizar
a tarefa, os que se acham o máximo (quando não passam
do m í n i m o ) , e assim por diante. Um outro grupo a ser
considerado diz respeito à fé e ao merecimento. Pessoas
sem fé se curam, mas as que têm fé são as que contam
com maiores probabilidades de obter os "verdadeiros
milagres". E aí percebemos mais u m a vez o fator fé deter-
minando muito do sucesso ou insucesso da fluidoterapia.
São relevantes ainda as implicações cármicas, as quais
determinam a profundidade dos males, que são diferentes
de pessoa a pessoa.

Costumeiramente, ouvimos entre os companheiros espí-
ritas que determinadas pessoas precisam de passes especiais.
Isso tem fundamento doutrinário?
Não sei se doutrinariamente seja correto, mas garanto
que há muitos e muitos casos que requerem um trata-
mento, diríamos, diferenciado (no sentido de individua-
lizado, pela valorização do indivíduo). Vejamos bem:
Kardec, quando recomenda a necessidade de um magne-
tizador profissional para ajudar na recuperação de obsi-
diados (especialmente os subjugados), de certa forma
indica a necessidade de tratamentos diferenciados para
eles. O mesmo se dá para pessoas portadoras de doenças
severas, necessidades de cirurgias, desarmonias de vária
ordem, e assim por diante. É atitude de bom senso e
critério encaminhar pessoas necessitadas para os atendi-
mentos compatíveis. Se a Casa Espírita não dispõe do
recurso especial para atender devidamente, deve fazer o
encaminhamento para outra instituição que o faça, assim
como quando reconhecer que o(s) paciente(s) precisa(m)
de acompanhamento médico, recomendá-lo.
Agora, deixemos bem destacado o seguinte: tem mui-
ta gente sugerindo tratamentos "especiais" sem um
critério seguro para tal; outros indicam apenas pelo fato
de ser amigo do paciente. Nessas circunstâncias, o que
se observa é um sem-número de invencionice e indica-
ções rigorosamente antidoutrinárias. Para quem gosta
de um certo misticismo ou de uma "coisinha" diferente,
isso é um prato cheio. Em todo caso, o bom-senso é a
base da segurança.
Tornando o passe
mais abrangente




que devemos fazer para que a terapia do passe chegue
à Medicina clássica no Brasil, visto que na Inglaterra
esse processo já é utilizado?
De início, salientamos que a Inglaterra está mais
aberta às possibilidades das chamadas terapias alternativas
-- dentre as quais o passe e o magnetismo estão classifi-
cados --, sobretudo pela coragem que alguns pesquisa-
dores e médicos daquele país têm de assumir a força das
evidências. Nem sempre, todavia, a mentalidade de ou-
tras nações e, principalmente, de seus meios e elementos
científicos está disposta a revolver seus conceitos atávi-
camente estabelecidos. É, convenhamos, u m a postura
cômoda, apesar dos prejuízos daí decorrentes.
De outro ângulo, nós, os que operamos com o passe
e o magnetismo, não temos agido tão cientificamente
com esses métodos de alívio e cura quanto poderíamos.
Basta observarmos as reações de esquiva ou reproche no
meio espírita, quase generalizadas, a tudo quanto signi-
fique necessidade de aprofundamento, de pesquisa, de
análise mais detida e comparativa... Dessa forma, nor-
malmente não damos ensejo a que as curas espíritas sejam
melhor conhecidas e difundidas. Temos feito ciência
espírita, sim, só que ela acontece fora dos padrões acadê-
micos e terminamos rotulando-a de tudo, menos de
ciência, o que nos afasta cada vez mais do entendimento
e da aceitação pelos acadêmicos -- que naturalmente
são refratários aos estudos do espírito.
Juntando-se essas situações, fica fácil perceber que
nossa responsabilidade na área tem sido muito facilmente
descartada. Creio, honestamente, ser preciso que pri-
meiro façamos o passe valer mais para nós mesmos,
dando a ele mais atenção, respeito e estudo. Se fizermos
isso, naturalmente atenderemos ao preceitos dos Espíritos
a Kardec, quando asseveraram que se formos magneti-
zadores e "acreditarmos nos Espíritos", operaremos ver-
dadeiros milagres. O nó da questão parece ser que não
temos acreditado nem em nós mesmos, que dirá nos
Espíritos...
Sabendo que, por enquanto, a Medicina (oficial) e o
Espiritismo não se combinam, não nos preocupemos
em tomar-lhe a atenção pela atenção, mas demonstre-
mos, na prática, que não lhe somos força contrária nem
opositora, senão complementar de primeira linha. Como
já recomendou Hahnemann no seu Organon da Arte de
Curar, em sua parte final, deve ser feito uso dos passes
magnéticos como terapêutica, como recurso para o res-
tabelecimento da força vital... e que terapêutica!

Que importância tem para o médium passista o trei-
namento de técnicas do passe?
É muito grande essa importância, apesar do aparente
descaso reinante. Kardec afirma, com a segurança e o
raciocínio de quem sabia o que dizia, que todo aquele
que queira evitar os percalços decorrentes da prática deve
se iniciar pelo estudo prévio da teoria. Ora, sendo o passe
uma prática efetiva e, mais que isso, causando repercus-
sões sensíveis nos pacientes que são e serão atendidos,
importa termos melhor conhecimento dos fundamentos
e das técnicas, no intuito de fornecermos os melhores
elementos para que uma terapia, que visa sanar males,
não venha a se transformar numa promotora de desar-
monias fluídicas -- algumas das quais com graves trans-
tornos organo-fisiológicos.
O meio espírita costuma alegar que não devemos
"agir" com muitas técnicas, porque iremos criar rituais
nas Casas Espíritas ou então estaremos tomando o lugar
dos Espíritos. Afirmo que nem u m a coisa nem outra é
correta. Os rituais só surgem por culpa da ignorância e
do desconhecimento das causas. Se estudarmos tudo com
proficiência e segurança, seremos os primeiros a rejeitar
quaisquer idéias ritualísticas, pois saberemos, por conhe-
cimentos próprios, de seus inconvenientes e de sua não
sustentação. Quanto ao tomar o lugar dos Espíritos, isso
é um outro raciocínio que denota desconhecimento de
causa. Os Espíritos atuam muito em nossos passes --
graças a Deus --, despendendo ingentes esforços para
suprir nossas deficiências. Na hora em que operarmos
com mais segurança e mais eficiência, simplesmente
daremos ao M u n d o Espiritual condições de produzirem
muito mais e de forma muito mais profunda, pois que,
assim, Eles já não estarão preocupados em cobrir ou
corrigir nossas falhas.
As cores




esde os magnetizadores clássicos até as pesquisas feitas
com os sonâmbulos e as experiências de desdobramento,
tem-se observado, a partir das cores normalmente visuali-
zadas, uma espécie de polaridade nos seres humanos. Seria
isso polaridade ou cromoterapia?
De fato, tanto o Dr. L. E. Herman como o Barão de
Reichenbach e o notável Ernesto Bozzano, entre outros,
registraram, com muita propriedade, que do lado direito
do ser humano projeta-se um halo alaranjado e, do lado
esquerdo, um azulado. Foi então atribuído um sentido
de polaridade, onde o alaranjado (direito) passou a po-
sitivo, e o azulado (esquerdo), a negativo. A partir dessa
constatação, muitas experiências foram realizadas to-
mando-se por base u m a similitude com o magnetismo
dos ímãs, mas nem tudo foi confirmado, deixando claro
que o fluido animal possui propriedades muito além das
observadas e medidas nos campos magnéticos dos ímãs.
Confirmou-se, por exemplo, a força da vontade gerando
novos potenciais nos fluidos, chegando mesmo a inter-
ferir diretamente nas cores então observadas. Constatou-
se também que a sutileza do fluido magnético rompe as
barreiras das eventuais perdas que seriam ocasionadas
pelas distâncias -- ou por outras influências físicas e
químicas --, as quais, no caso do magnetismo mineral,
são ponderáveis e diretamente proporcionais, interferin-
do, portanto, consideravelmente nos campos criados ou
induzidos.
Disso tudo se conclui que o polarismo tem u m a base
racional para existir, mas não se sustenta em si mesmo
quando as ilações são diretas com a imagem dos ímãs.
O fenômeno em questão é, pois, considerado fenômeno
de polaridade, e não de cromoterapia.

Numa reunião de cromoterapia, onde no lugar de lâm-
padas é usada apenas a mentalização das cores, essas cores
exercem algum papel no tratamento ou seria apenas um
artifício para que os médiuns se concentrem de maneira
mais eficiente? Há real necessidade das cores ou está sendo
aplicado apenas um passe mental?
Quando os Espíritos falam em cores dos fluidos, não
querem acentuar o seu valor, e sim a forma como os flui-
dos são vistos; o mesmo se dá em relação às cores regis-
tradas pela vidência dos médiuns. Na realidade, o fe-
nômeno do trânsito fluídico é percebido pela exuberância
de suas cores, mas o que ocorre mesmo é o intercâmbio
de fluidos, seja em camadas, ondas, quanta, raios, etc.
Particularmente, não acredito que seja muito feliz se fazer
u m a projeção mental de cores, pois a realidade do fenô-
meno não se limita a ser um jogo de cores, e sim numa
forma mais poética de dizer, um emitir de sutis vibrações
de amor. Por conta disso, a atenção do passista, para ser
mais produtiva e efetiva, deverá estar voltada ao meca-
nismo que produz o fluido, o qual terá suas cores pró-
prias. Para tanto, sabemos que os melhores e mais efi-
cientes mecanismos de emissão de fluidos (que são per-
cebidos em cores salutares e reconstituintes) são as vibra-
ções do amor, da harmonia, da boa vontade e do desejar
ardentemente o bem do paciente. Dessa forma, concluo
pela opção de se emitir bons fluidos pela boa vibração,
baseada na oração, no amor, na fé e no conhecimento
do que se faz. Esse é o melhor caminho, em vez de sim-
plesmente se mentalizar projeção de cores.


Haveria algum outro tipo de atuação que poderia substi-
tuir esse tipo de projeção de cores?
O passe em si, o passe a distância, os exercícios de
mentalização visando o bem geral ou as irradiações, tudo
isso com base nas propostas na questão anterior.

Mas a cromoterapia, com projeção de cores físicas, fun-
ciona?
C o m certeza que sim, especialmente aquelas que já
foram mais do que comprovadas pela ciência oficial,
como os raios-lazer, X, ultravioleta, etc. As cores, por
outro lado, até mesmo por um fenômeno ótico, também
interferem em nossos níveis de satisfação, alegria, tensão,
irritabilidade... Só não acredito que as cores, projetadas
a partir de lâmpadas, tenham o poder, por si sós, de
alterar nosso mundo íntimo ou mesmo a realidade de
certas infecções e gravidades orgânicas.

Poder-se-ía usar a cromoterapia nas Casas Espíritas?
Poder, pode, assim como é possível realizar e imple-
mentar m u i t a s outras práticas e atividades. Apenas
precisamos atinar para o fato de que aquela prática, como
muitas outras hoje em voga, não é u m a prática neces-
sariamente doutrinária e, por isso mesmo, sofre muitas
restrições. Sugiro que quem queira implementá-las o faça
com muito critério e sentido crítico para, constatado a
pouca eficiência ou mesmo distorções ante outras re-
flexões e práticas mais apropriadas, saber decidir a hora
e a conveniência de aprofundar pesquisas, discorrer técni-
ca e cientificamente sobre elas ou simplesmente parar,
se for o caso.
Terapias
alternativas




bserva-se atualmente, no movimento espírita, a intro-
dução de algumas novidades, como as terapias de vidas
passadas, a cromoterapia, pirâmides, cristais, a magneto-
terapia, a projeciologia, a incensoterapia, radiônica, entre
outras. Tais práticas coadunam-se com os preceitos karde-
quianos?
A despeito dos senões e contras que muitos apresen-
tam, são valiosas e inegáveis as contribuições que as
chamadas "terapias alternativas" têm prestado a toda a
humanidade. Não podemos desconhecer que têm seus
méritos e que devem continuar agindo e contribuindo
para o bem da Humanidade. Só não podemos confundir
com o fato de que, por serem boas, devam ser enxertadas
no Espiritismo ou mesmo em outras filosofias ou religiões
que não as carregue em seus princípios básicos. Não que
o Espiritismo seja fechado ou não deva contar com o
contributo alheio, mas pelo fato de a Doutrina Espírita
possuir sua própria filosofia e estrutura, onde ainda muito
temos a aprender, estudar e ampliar, esse princípio deve
ser observado. Se o Espiritismo tivesse que aceitar tudo
o que fosse bom, no Espiritismo já haveria psicologia
espírita, engenharia espírita, contabilidade espírita,
advocacia espírita, etc. Bem se vê que não é por aí.
A l é m disso, algumas dessas terapias precisam ser
melhor analisadas, pois, apesar de m u i t a s das suas
inegáveis virtudes, trazem ainda muito de
i n v e n c i o n i s m o , a c h i s m o e m o d i s m o , tudo m u i t o
diáfanamente infiltrado e fraseológicamente explicado,
apesar da pouca sustentação de grande parte de certas
afirmações dos abonadores.
Não se deve trazer as coisas para o Espiritismo,
mas levar o Espiritismo a elas. Todavia, assim como o
Espiritismo e s t u d o u a m e d i u n i d a d e , pode e deve
estudar todas estas práticas antigas e atuais.

Estariam aí também incluídos a fitoterapia, os florais, a
homeopatia e a acupuntura?
Essas práticas, como sabemos, têm reconhecimento
tanto científico como são plenamente constatados seus
positivos envolvimentos nos campos fluídicos dos pa-
cientes. Muitas são as experiências realizadas com essas
terapias e seus resultados sempre nortearam para a
a p r o v a ç ã o das m e s m a s , d e n t r o das p o s o l o g i a s e
indicações recomendadas pelos especialistas da área. Se
10
bem que não sejam terapias espíritas , são perfeitamente
usadas pelos espíritas (e indicadas por muitos Espíritos),
nada havendo, em tese, que as desabone.


10
Consideramos "terapia espírita" neste contexto toda aquela que usa
dos fluidos e da/com a participação dos Espíritos, conforme estabelecido
na Codificação e em suas obras subsidiárias, visando a saúde integral do
ser: corpo, espírito e perispírito.
Todas essas práticas citadas nas questões anteriores têm
algum valor?
Claro que têm. Apenas sugiro que sejam melhor ana-
lisadas, inclusive em seus próprios redutos.

Seria positivo o uso de incensos e defumadores nas cabines
Espíritas?
Não tem por quê. Alguns alegam que os incensos
não causam nenhum mal e por isso dele se utilizam. Po-
dem não provocar mal a todos, mas têm muitos alérgicos
a fumaça que passariam muito mal em ambientes incen-
sados ou defumados. Mas se não chega a provocar ne-
nhum mal aos fluidos, igualmente não atende a nenhum
requisito de melhoria, portanto...

Música ambiente pode?
Pode, mas devemos ter critério na seleção musical e
na própria fonte sonora. Por vezes, encontramos apare-
lhos sonoros tão ruins, emitindo apenas sons médios de
baixa qualidade, que mais irritam do que acalmam, ainda
que toquem músicas da mais alta qualidade.
A música deve ser suave e agradável de ser ouvida, de
preferência sem relação m u i t o direta com músicas
profanas, para não desviar a atenção dos envolvidos.

E o que dizer de práticas como o heiki, jorey, toque
terapêutico... ?
São práticas que possuem pontos altamente positivos,
até porque o princípio que as norteiam é também do
magnetismo. A maior diferença entre elas e o passe es-
pírita decorre do fato de o Espiritismo estudar o peris-
pírito, o mundo dos fluidos, o magnetismo e ainda con-
tar com a interferência sabida e evocada dos Espíritos.
É ainda de se registrar que o Espiritismo tem estudado
e desenvolvido os conhecimentos auridos no M a g n e -
tismo clássico; entretanto, a eles não se limitando.
U m a ressalva que faço à maioria dessas outras "escolas"
que usam o magnetismo como base é que se percebe em
suas práticas um excesso de "imposições", concentrados
fluídicos, motivo pelo qual temos sabido de incontáveis
casos de pessoas que passam muito mal após esses tra-
tamentos. E se o mal não é maior ou mais alastrado creio
se dever ao fato de, na realidade, contarmos com poucos
magnetizadores de fato... a l é m da sempre benéfica
influência e gerência do m u n d o espiritual -- ainda
quando não convidado.

Existe alguma máquina capaz de detectar o fluido
magnético do passe?
Um cientista japonês, Hiroshi Motoyama, já cons-
truiu e testou diversas máquinas para trabalhar centros
de forças, fluidos e hemisférios de acupuntura, chegando
a resultados espetaculares. Infelizmente, quase nada disso,
a não ser esparsa literatura, chegou ao Brasil até hoje.
Também existem os estudos realizados a partir das fotos
kirlian, os quais ficaram padecendo de um certo descré-
dito por força do desinteresse dos pesquisadores e do
uso excessivamente comercial das máquinas mais simples.
Antes das máquinas kirlian tivemos o registro de algumas
clássicas experiências do chamado "papa da aura", Walter
Kilner. N u m outro livro, temos informações de muitas
máquinas e pesquisas na área; trata-se do Medicina Vibra-
cional, de Richard Gerber (Pensamento). Maiores infor-
mações podem ser obtidas naquele e nos seguintes livros
(publicados no Brasil pela Pensamento): Teoria dos chakras
eA aura humana, e o Espiritismo e Magnetismo, de Carlos
Bernardo Loureiro, publicado pela M n ê m i o T ú l i o .
Há pouco tempo foi noticiado e mostrado que através
de tomografia por ressonância nuclear magnética loca-
liza-se alterações no cérebro através de aplicações de agu-
lhas (acupuntura). Quem sabe em breve não estaremos
experimentando essas tomografias para experiências com
passes!

Afirmam ser notório que a cultura Hindu e/ou Orien-
tal caminha a passos largos adiante do mundo Ocidental,
em relação ao passe. Pelo menos sabem que este não é dom
de poucos e qualquer homem de boa vontade pode fazê-lo.
Se a afirmativa estiver correta, a que se deve?
Não me atreveria a dizer que "caminha a passos lar-
gos", apesar de ali estarem culturas milenares e, como
tal, guardarem conhecimentos e experiências ancestrais.
O que ocorre, no meu modo de ver, é que o Ocidente
tem demorado muito para se dispor a testar o que vem
sendo -- sabe-se lá porque motivo -- qualificado de
"místico" ou "sobrenatural", assim perdendo oportuni-
dades valiosas para realizar avanços mais profundos e
seguros. Só para dar um exemplo, o Brasil, por todos
apontado como o "Maior País Espírita do Mundo", não
realiza, com a sistemática que seria de se esperar, grandes,
constantes ou valiosas pesquisas e estudos a respeito do
muito que, nessa área, temos por estudar, desvendar,
elucidar e conhecer. Objetivamente, a resposta à questão
é: não se trata de o m u n d o Oriental movimentar-se ra-
pidamente, mas de nós, os ocidentais, sermos muito len-
tos em atingir nossos objetivos. Para completar, infeliz-
mente não temos sabido aproveitar o que já é sabido há
tanto tempo, nem temos tido disposição para fazer no-
vas pesquisas. Não reinventamos a roda... nem estamos
dispostos a usar a inventada para nos mover mais agil-
mente. E uma pena!!!
Uma
m e n s a g e m Final




eixe sua mensagem para os pacientes do passe.
Amigos, tenhamos confiança e perseverança em
nossas buscas. Jesus já nos garantiu que encontrará aquele
que buscar como a porta será aberta àquele que nela
bater. Só que precisamos ter muito bem resolvidos nossos
propósitos verdadeiros, que é a maneira de buscar cor-
retamente, bater acertadamente...
Muita gente diz que quer ficar curada, mas entrega-
se a devaneios, desvios e impropriedades de toda ordem;
há quem queira ficar bom da tosse, mas não deixa de
fumar; tem quem busque emagrecer, desde que não abra
mão de guloseimas, massas, frituras e gorduras; vários
buscam sair da depressão e do pessimismo, mas guardam
toda espécie de lixo emocional como se fossem diamantes
preciosos; e uma multidão enorme quer ficar curada ou
mesmo sentir-se melhorada apenas com o fito de retor-
narem, pressurosos, aos desregramentos que -- embora
não querendo perceber -- engendraram toda sorte de
constrangimentos e dores, sofrimentos e decepções,
doenças e prejuízos. Na verdade, em nossa cabeça costu-
mamos encontrar muita inteligência, mas pouco juízo.
E é urgente a necessidade de mudanças íntimas em dire-
ção a aproveitarmos melhor essa potência ativa que buliça
inquieta em nosso mundo í n t i m o , e que insistimos em
colocar sob torpor improdutivo.
Não acreditemos que os passes farão tudo e que a
nós só nos caberá tomá-los. Não. A tarefa é maior e soli-
cita nossa participação afetiva e efetiva. Afetiva na hora
em que comungamos com os elevados propósitos de vida
apresentados e exemplificados por Jesus, e efetiva quando
participamos com consciência do processo de cura, de
autocura.
Confiar não é apenas entregar-se, mas ser útil, parti-
cipativo, interativo junto a quem confiamos. E se con-
fiamos em Jesus e nos bons Espíritos, será junto a eles
que deveremos provar nossa confiança, com coragem,
força, ação e esperança ativa.
Ajamos assim e venceremos... SEMPRE!

E, para encerrar, deixe uma mensagem para o passista
espírita.
É necessário que todos nós, os Espíritas, estejamos
muito conscientes de nossas responsabilidades, tanto
individuais como coletivas. O mundo, mais do que nun-
ca e embora de uma forma ainda um tanto quanto des-
norteada, anda buscando o sentido espiritual da vida e
das coisas -- apesar dos caminhos por vezes duvidosos.
Cabe ao Espírita, pois, ser parte visível desse sentido
espiritual, estando atento para proceder sempre como
verdadeiro exemplo vivo daquilo em que acredita.
As Casa Espíritas, muito justamente, estão procuran-
do ampliar a divulgação Espírita, mas somos nós, os que
nelas vivemos e convivemos, que devemos ser os multipli-
cadores das grandiosas verdades e luminosas fontes que
o Espiritismo tão bem esparge e projeta. Este comporta-
mento, na verdade, será a melhor e mais eficiente maneira
de dizermos que S O M O S ESPÍRITAS.
E como o passista espírita está lidando diretamente
com os seres humanos, que nele buscam ajuda fraterna
e efetiva, deve, no lídimo desejo de ajudá-los a realizar
suas conquistas físicas, psíquicas e espirituais, estar bas-
tante afinado com o M u n d o Espiritual Superior, refi-
nando-se pelo exercício do amor, do autocontrole e da
educação dos próprios sentimentos e emoções.
Estudemos, mas apliquemos as lições com amor.
Amemos, mas realizemos o amor com sabedoria,
estudando.
Sejamos mais do que passistas; sejamos o elo perfeito
entre o Criador e a criatura.
Veículos de cura, infundemos e espalhemos amor e
vida em derredor, a partir do amor e da vida que todos
possuímos em abundância, conforme nos prometeu Jesus
(João, 10, 10): "Vim para que tenhais vida, e vida em
abundância".
Convidados que fomos ao banquete Divino, que em
nossas curas estejamos isentos de sentimentos ou vibra-
ções menores, vestindo apenas a alva e radiante túnica
do amor.
C o m amor, um dulcificado, carinhoso e fraterno
abraço, repleto de bons fluidos,

Jacob Melo COPYRYGTH© 2 0 0 7 JACOB MELO

IDEALIZAÇÁO E REALIZAÇÃO: Vida & Saber
PROJETO GRÁFICO: Mackenzie Melo
REVISÃO: Luísa Vaz
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Edifora Vida & Saber
ILUSTRAÇÕES

Capa: Marcos Carvalho
Miolo: Mackenzie Melo

REIMPRESSÃO E ACABAMENTO




Editora Vida & Saber
Av. Xavier da Silveira, 1 1 7 4 (Próx. Colégio Castro Alves) Nova
Descoberta. Natal/RN. 5 9 0 5 6 - 7 0 0
Tel.-Fax: ( 8 4 ) 3 2 3 1 . 4 4 1 0 .
vidaesaber@interjato.com.br

Este livro foi composto e reimpresso no ano de 2 0 0 7 .

M528e Melo, Jacob
A cura da depressão pelo
magnetismo: depressão tem cura
sim / Jacob Melo. -- Fortaleza: Premius,
2007.

224 p.
ISBN: 85-7564-325-8

1. Depressão psicologia I. Título

C D U 616.89-008.454
SUMÁRIO




Agradecimentos 7
Prefácio (A estrada - por Mackenzie Melo) 9
Introdução (Importa Ler...) 13
Fuga e mergulho no escuro 17
O início de minha história 23
O intraduzível sofrimento 29
Para onde o caos me levou 35
O fim de "minha" depressão 41
O genérico da depressão 49
Perispírito e Campo fluídico 57
Mecanismos de ação dos fluidos nas terapias 69
O que diz o tato-magnético 77
Filtros: a queda das fichas 89
A obsessão na depressão 99
Roteiro utilizado nos Tratamentos de Depressão por
Magnetismo -- TDM. Técnicas e padrões 103
Quando dar alta 143
Correlação com a Acupuntura 149
Abordando a Esperança 155
Insignificância: não aceite 161
Esperança: a grande Esperança 167
Alguns mitos 173
E o suicídio? 179
Reflexões positivas 185
Alguns Depoimentos 199
Conclusão 205
Bibliografia 213
AGRADECIMENTOS




qui está mais um filho meu!
Como todo filho, também não o tive sozinho. Nem posso
ficar com ele só para mim. Portanto, entrego-o a você, para que
cuide dele tão bem como você gostaria de receber, do mundo, de
todo mundo, a melhor compreensão.
Por ele rendo graças a Deus; foi sua grandiosidade que me
permitiu chegar aonde eu queria, ainda que por caminhos
inesperados.
Agradeço também a Jesus, por seus exemplos de
perseverança, seu poder de curar e de elevar homens e almas, me
ajudando sempre a crescer e progredir.
Aos Maiores da Espiritualidade, pelas inspirações, e a Allan
Kardec, pela sabedoria de seus escritos.
Mesmer, Swedenborg, Puysegur, Deleuze e tantos outros
corajosos magnetizadores do passado, meus cumprimentos e
minha gratidão.
Criaturas maravilhosas, que me permitiram investigar a cura
da depressão através de suas dores e resignação, muito obrigado.
Minha mãe, exemplo grande para uma coletividade sem fim,
obrigado por sua força, seu apoio, seu sorriso e pela vida.
Lu, anjo de minha vida, inspiração e suporte inoxidável de
todos os climas, tempos, temperos e grandes navegações, porto
onde ancoro minhas fortalezas e fraquezas, onde deito meu cansaço
e recobro minha energia, onde tenho alento e não fico ao relento,
agradeço-te por tudo, sempre renovando meu amor por ti.


7
Filhos amados, que me suportam, me conhecem e mesmo
assim me amam, obrigadão.
Ana Cristina, Karla e Yonara, este trabalho não estaria
completo sem a força de vocês.
Time, equipe, família LEAN, nunca trabalhei com pessoas
tão maravilhosas, dedicadas, amigas e especiais como vocês. Vale
muito a pena trabalhar com uma turma como essa!
Revisoras Inês e Beth, da aquarela vocês foram os tons;
muito agradecido.
Amigos do exterior, do interior, de casa e da rua, não
imaginam como vocês são importantes.
Não tem jeito, não sei mesmo dizer nada mais do que
MUITO OBRIGADO. E isso eu digo de todo coração e com
muito amor.
Que nosso amor à Vida seja retribuído fazendo sempre o
melhor, o algo mais, o diferenciado, o excelente, o grandioso, o Bem.

Jacob Melo, junho de 2006.
PREFÁCIO




A ESTRADA
Mackenzie Melo




erto dia ouvi que a felicidade não estava nem era um
lugar específico. Para o autor, felicidade era o trilhar, era o caminhar,
era o mover-se em direção a esse "lugar". Então fica a pergunta:
"que lugar é esse que todos nós estamos em busca - nessa busca
incessante?"
Não é o meu objetivo, neste prefácio, desvendar esse
mistério que, de uma forma ou de outra, está no consciente --
ou subconsciente -- de todos nós. Será então que o livro que
você tem agora nas mãos dará essa resposta? Também não!
Esse "lugar", igual ao horizonte, por mais que tentemos dele
nos aproximar, sempre se mantém à mesma distância de nós. E,
por mais estranho que isso possa parecer, essa é sua grande
virtude, pois nos fazer caminhar, na tentativa de lá chegar, ou
de chegar mais perto. Daí a frase do Rabi da Galileia, quando
nos afirmou que "a felicidade não é desse mundo". Como
podemos compreender totalmente algo que não é desse mundo?
Caminhando rumo a ele.
Só que para chegar ao fim da jornada poderemos seguir
diversos caminhos. Alguns podem ser em linha reta -- que na
geometria é a menor distância entre dois pontos --, ou em zigue-
zague, em curvas, com paradas, muito acelerado, bem
lentamente... E então, o que determina o caminho que vamos
percorrer? Será que ele é fruto do acaso?


9
Colhemos aquilo que plantamos. Analisada profundamente,
essa oração nos faz perceber que -- apesar de muitas vezes
acharmos que o caminho que temos que trilhar foi-nos imposto
pelos outros ou por uma força superior, que dita o que eu vou ter
ou não que fazer -- nós somos os principais, para não dizer os
únicos responsáveis pela estrada que "plantamos", construímos, e
que agora temos que "colher", ou melhor, percorrer. Entretanto,
apesar de termos sido nós que a construímos, isso significa que
temos que carregar o fardo desse percurso sozinho ao trilhá-la?
Não! O próprio Jesus, em se aproximando do momento supremo,
aceitou ajuda do Cireneu, que carregando um pouco Sua cruz deu
oportunidade a Ele de se recuperar e retomá-la um pouco mais
fortalecido para concluir sua missão.
"A Cura da Depressão pelo Magnetismo", décimo
primeiro livro da safra de Jacob Melo, é não apenas um
"Cireneu" em nossas vidas; é muito mais. Ele nos traz luz cm
pontos de nossa jornada, onde as trevas apareceram por termos
escolhido, nalguns momentos, caminhar por baixo da terra. Ele
remove, aplaina e reduz montanhas de desconhecimentos, nos
ajudando a não mais precisarmos subir ladeiras íngremes c
intermináveis. E, com esse material removido das montanhas,
ele tapa vários dos buracos mais perigosos de nosso caminho.
Jacob nos ajuda a recomeçar e a ter forças suficientes para fechar
as depressões que encontramos em nossas estradas.
Ele vai ainda mais longe. Muito mais que simples
sugestões ou "apenas" discussões filosóficas acerca do assunto
-- que são muito úteis e você encontrará várias aqui no livro
-- sua obra nos mostra o que fazer, na prática, para conseguir
uma cura completa da depressão, sem misticismo, sem meias
palavras e. que se diga em letras garrafais, sem desprezar as
contribuições da Medicina, da meditação, da respiração e de
todas as técnicas que possam ser bem empregadas para ajudar
a curar esse mal imenso, a depressão.




1 O
Um livro não apenas para quem tem ou já teve depressão,
mas também e principalmente para aqueles que querem ajudar
aos irmãos do caminho que passam pelo problema que afeta
milhões de pessoas no mundo inteiro. Este livro deve ser lido
com muita atenção e, se possível, combinado com os prévios
livros sobre Passes e Magnetismo, também escritos por ele,
para que a compreensão do tema seja bem absorvida e os efeitos
dos tratamentos sejam os melhores e o mais duradouros
possíveis.
Sigamos em mais essa jornada com Jacob Melo. Com ele,
com sua experiência e o seu conhecimento, o caminho fica mais
tranqüilo, mais cheio de esperança e nos faz ter vontade, mesmo
os que, como eu, não têm prática nenhuma com passes e/ou
magnetismo, de começar a estudar mais e poder, quem sabe, ajudar
aqueles que precisam de mais amparo do que nós. Vamos com ele
pavimentando as depressões da nossa estrada para, quem sabe,
dentro em breve, nos encontrarmos no que achamos ser o fim da
jornada, apenas para percebermos que, quando lá chegarmos, o
caminho foi tão prazeroso que não quereremos parar e
continuaremos caminhando sempre, em direção ao Amor Supremo.
Se não chegarmos à felicidade completa por esse caminho,
certamente viveremos tantos bons e intensos momentos de
felicidade que nossa colheita apresentará positivos saldos de alegria,
saúde, paz e harmonia!

New York, 21 de junho de 2006.
INTRODUÇÃO




IMPORTA LER...

" S e os médicos são malsucedidos, tratando da
maior parte das moléstias, é que tratam do
corpo, sem tratarem da alma. Ora, não se
achando o todo em bom estado, impossível é que
uma parte dele passe bem".
Allan Kardec, na introdução de O Evangelho Segundo o
Espiritismo, em seu item XIX.


ste livro é, entre outras coisas, o resultado de uma
longa pesquisa, da qual o saldo positivo alcançado é o maior
estimulante para que ele fosse escrito.
Tive um pouco de dificuldade para definir como o
escreveria, pois embora muitos dados técnicos peçam,
imperiosamente, para serem descritos, não gostaria que o
resultado do trabalho deixasse de ser lido por quem é leigo,
mas que, nem por isso, tenha menor interesse em contribuir
para a solução de tão grave e enlouquecedora doença.
Apesar de os números oficiais ainda serem bastante
imprecisos, calcula-se que cerca de 20% da população mundial
enfrentará o problema da depressão em um dado momento da
vida, eles são fortes. Isso se torna mais grave quando sabemos
que a doença atinge crianças, adolescentes, adultos e idosos,
ricos e pobres, orientais e ocidentais, sendo verificada uma
incidência duas vezes maior em mulheres na faixa dos 20 aos
40 anos. Segundo Andrew Solomon {Demônio do meio-dia,
2002). "A depressão ceifa mais anos do que a guerra, o câncer e a
AIDS juntos. Outras doenças, do alcoolismo aos males do coração,
mascaram a depressão quando esta é a causa; se levarmos isso em
consideração, a depressão pode ser a maior assassina sobre a
Terra". Apesar disso, Solomon nos lembra, na mesma obra, que
"A depressão é um estado quase inimaginável para alguém que não
a conhece".
Assim, decidi por começar o livro numa espécie de thriller,
onde uma imagem bastante comum na vida dos depressivos graves
é pouco percebida por quem nunca viveu um episódio desses. Na
seqüência relato o que comigo se passou quando sofri a violência
desse mal. Depois de descrever os principais e piores episódios
que amarguei, adentro no mundo histórico da depressão. Ato
contínuo convido o leitor para juntos analisarmos os componentes
sutis que envolvem e favorecem o entendimento de toda a pesquisa,
bem como da percepção de novos horizontes de como lidar com a
depressão. Aspectos mais específicos, como a obsessão, os mitos
e os cuidados são abordados de maneira direta e bastante
conclusiva, sem falar na descrição, item por item, de toda a seqüência
do tratamento, sendo cada item longa e fartamente explicado e
justificado, de forma a não deixar dúvidas sobre os procedimentos
indicados e suas razões. Antes da conclusão, ainda apresento
algumas reflexões e partes de depoimentos enriquecendo tudo o
que foi apresentado ao longo da obra, com especial destaque para
a valorização de um grande sentimento, o qual tem sido seguidamente
negligenciado por religiosos de todos os credos e seitas: a
esperança.
Com muita propriedade se diz que a missão tradicional
do médico é aliviar o sofrimento humano; se puder curar, cura;
se não puder curar, alivia; se não puder aliviar, consola.
Lamentavelmente, nem tudo, no terreno das curas, os médicos,
com suas formações acadêmicas, podem resolver. E por mais
relutantes que sejam, terapias ditas alternativas têm sido muito
eficientes em muitas situações e casos. O Magnetismo é uma delas.
Portanto, creio que entre o alívio e o consolo interpõe-se a
necessidade de se considerar o que vem funcionando positivamente,
mesmo que esteja fora dos chamados padrões acadêmicos ou
convencionais. E isto não é discurso de entusiasta; trata-se da força
das evidências, quando se percebe o surgimento de novos ramos
da Ciência, como, por exemplo, a Psiconeuroimunologia, através
da qual se busca a compreensão da inter-relação entre os aspectos
psíquicos, neurológicos e imunológicos, onde, quando e como um
interfere no outro bem como quais mecanismos sutis se desenrolam
por trás de tudo -- coisas que o Magnetismo já realiza há séculos.
A Psicologia nos informa que a anedonia é a incapacidade
de ter prazer ou divertir-se ou ainda uma forma especial de
rigidez afetiva em conseqüência de experiências traumáticas de
vida (por exemplo, a passagem do indivíduo por um campo de
concentração ou a vivência de um seqüestro). Com este livro
pretendo ajudar muita gente a readquirir suas capacidades de
sorrir, agir, interagir, ter prazer na vida e com a vida, superando
suas dificuldades e limitações emocionais, a vencer seus traumas,
encontrar a "escada" e ter forças para escalá-la, subindo e saindo
do poço escuro da depressão rumo à luminosidade do Amor e
da Vida. Mas quero também ajudar outras pessoas a ajudarem
a "salvar" muitas mais, levando-as a desenvolverem seus
potenciais magnéticos, mostrando-lhes que é sempre possível
fazer o bem, literalmente ao alcance das próprias mãos. Enfim,
na alegria de quem já venceu essa grande tormenta, apresento
idéias felizes para que nunca mais tenhamos motivos para nos
precipitarmos nesse estado triste nem em nada de ruim e
degradante que dele decorre: a depressão.
FUGA E MERGULHO NO ESCURO

"Escrever sobre depressão é doloroso, triste,
solitário e estressante".
Andrew Solomon, in O Demônio do Meio-dia


Como ato de produção literária, ele (Andrew
Solomon) tem razão, mas como profilaxia anti-
depressiva esta escrita é profícua, iluminada e
abençoada.
Jacob M e l o , após um doloroso, triste, solitário e
estressante dia na produção deste livro.


vida daquela criatura, neurótica com a escuridão, era
o retrato daquilo que ela tanto dizia temer. De tão apavorada com
o escuro, temia o dia por ele prenunciar a noite.
Por conta de seus sombrios pensamentos, costumava se
imaginar metida numa sala escura, ou mesmo numa caixa, num
caixão, num buraco, numa caverna, tudo sempre escuro, muito
escuro. Naquele ebâneo ambiente mental, o pavor era seu
companheiro mais constante.
A conjugação de coisas como medo, escuridão, neurose,
fobia e uma boa dose de irracionalidade, sempre geram monstros
e demônios ferozes, agressivos, impiedosos e, o que é pior,
sentidos à espreita, ao derredor.
O medo apavorante de sua alma alimentava toda espécie
de monstros que pululavam ao seu derredor. Como
conseqüência, "seus" monstros a levavam a viver num incontrolável
estado de ânsia, uma tormentosa expectativa de repentinamente se
defrontar, cara a cara, com eles e simplesmente não saber o que
Primeiro porque não os conhece de fato e, a partir daí, não
sabe se os reconhecerá; depois porque os imagina sempre grandes,
poderosos, aniquiladores, travestidos de pessoas conhecidas e
sorrateiros.
Pressupõe que eles a atacarão na surdina, disfarçadamente,
a qualquer hora, especialmente aproveitando-se da escuridão.
De tanto imaginar, primeiro suas confusões mentais a
levaram a pressenti-los nas pessoas desconhecidas da rua; depois
passou a imaginá-los nos amigos, nos familiares, no trabalho,
no estudo... Enfim, eles estavam em todas as pessoas, em todos
os lugares, inclusive em ninguém e em lugar algum.
Tudo isso toma um rumo crescente em sua vida, de forma
impiedosa, embotando qualquer tipo de visão lógica.
Certo dia, quando anoitece, com o medo crescido e o
pavor ensoberbecido sobre a razão, vem a tentativa de fuga; é a
busca por um lugar recluso, escondido, profundo, próprio.
Cone para casa e tranca-se no quarto escuro, verdadeira
masmorra, um tipo de presídio, quase indevassável.
Sua lógica é quase ilógica: se não se pode dali sair,
tampouco não há como ali entrarem. Por segundos, sente-se segura,
distante do alcance dos monstros, da escuridão, de tudo, de todos...
Mas é tudo muito rápido.
O escuro de fora, que era apavorante, naquele quarto
denso e estranho não permite que a coragem se demore. Os
temores e tremores não diminuíram; ao contrário disso,
cresceram sobremaneira.
Pelas frestas da porta, onde colou o rosto tremendo dos
pés à cabeça, do fígado ao coração, ela vê fantasmas! Identifica-
os, mesmo não sabendo quem são nem como são. Fica mais
apavorada ainda, pois embora os vendo, não os reconhece, não
lhes distingue as formas.
Numa tentativa suprema de interagir com o exterior de outro
modo, cola os ouvidos, igualmente trêmulos, à entrada, à parede, à
porta e ouve passos desprovidos de cadência, passos cujos pisares
não definem peso nem tamanho. Coisas de monstros mesmo --
pensa.
Recua de imediato. Não quer enfrentar os monstros.
Tampouco quer morrer ou ser morta por eles.
Pensou que havia corrido, todavia mal conseguira mover-
se além de dois pequenos passos para trás.
De tanto pavor, considera a hipótese de abrir a janela.
Poderia pensar em abrir a porta e ver se eles chegaram
de fato, se estavam por ali, pois já imagina estar apenas
plasmando aquilo tudo. Gostaria, quase que como último desejo,
de saber se estão ali mesmo, mas não consegue raciocinar nem
mover mais nada.
Volta a pensar na janela. Deduz que só mesmo através
dela poderá alcançar sua salvação, resolver sua vida.
Consegue, a muito custo, aproximar-se da janela.
De lá, pelo menos não vêm sombras nem ruídos
estranhos, apenas o silencioso convite de uma noite indefinida,
que parece não abrigar luz nem sons.
Abre uma pequena fresta para ver o exterior e não vê
nada: tudo está breu, escuro, o mesmo cenário dark do qual diz
temer e que, de tanto terror, nele mergulha, cada vez mais, numa
louca tentativa de escapar de suas profundezas.
Quer fugir para aquele lugar, não para o escuro ou o
silêncio de lá, mas simplesmente para o outro lado, ainda que
ele seja igualmente escuro, frio e silencioso. Quem sabe aquela
escuridão seja menos escura do que a escuridão que lhe persegue
os dias e noites sem luz! -- é tudo o que consegue raciocinar.
Quando pensa que não, quase foge. Mas a reincidente
idéia de que os monstros também podem residir por ali lhe faz
estancar os movimentos.
Nossa! Que conflitos tormentosos! Quão tenebroso é
um mundo assim!
Enquanto escrevo isso, recordo-me de uma referência do
Novo Testamento:
Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará
também o teu coração. A candeia do coipo são os
olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons,
todo teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos
forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se,
portanto, a luz que em ti há são trevas, quão
grandes são tais trevas! (Mateus, 6, 21 a 23)

No meio disso tudo, uma luz! Dormir!
Sim, dormir! Provavelmente dormindo ela fugirá para
lugares menos atormentados. É uma boa idéia.
Mas o quê! Mal fechou os olhos, os monstros cresceram,
ampliaram-se; seus gritos ficaram mais fortes e agudos, suas unhas
cresceram em direção ao seu coração, seus bafos quentes e úmidos
fizeram com que ela transpirasse a cântaros, chegando mesmo a
derramar-se em urina.
Nesse instante ouve alguém batendo à porta. Sua impressão
é de que os monstros agora vão se materializar de vez e derrubarão
a porta. Grita, a plenos pulmões, pedindo para que eles vão embora,
mas de sua boca não sai qualquer ruído, nenhum soluço.
Encolhida num canto minúsculo da cama ela vê que a porta
-
vai se abrindo lentamente. Arriscando abril um olho descobre que
o monstro vestiu-se de sua própria mãe.
Que pânico! Que pavor! Mas ela não se engana, pois uma
mãe jamais agride o filho amado e aquele monstro vestido de mãe
a agride pedindo silêncio, pedindo que tenha fé. mostrando-lhe um
crucifixo como quem quer exorcizar o mal que, para o monstro,
está dentro dela. mas que para ela não passa de artifício para enganar
a todos que saibam daquela história.
Oh! Quanta confusão!
Desconsolada, a mãe. após beijar-lhe a fronte -- beijo
assimilado como se fosse a inoculação de um veneno que a
adormeceria para, enfim, os monstros a possuírem --, saiu de
mansinho, com os olhos marejados.
E ela, que tanto queria o alvorecer, para que este
espantasse de vez aquela escuridão inconciliável com o equilíbrio
que se busca manter na vida, cerra os olhos com força para não
ver os primeiros raios que ousam atravessar as pequenas frestas
da janela. Em sua cabeça, qualquer luz apenas destacará, de
forma mais eloqüente ainda, o lugar onde tanto busca se
esconder dos monstros. E, naquela nova claridade, eles, por
fim, a possuirão.
A claridade, que seria uma bênção, faz revelar os
monstros que se disfarçam nos que a cercam, o que a leva a
ansiar novamente pela noite, onde se refugiará, à espera de
alcançar algum tipo de sucesso.
E passa o dia ruminando a idéia de fugir pela janela,
pois não pode ser o escuro desconhecido pior do que o
desconhecido escuro em que vive e se atormenta, sempre mais,
sempre mais...

Todo esse enredo pode parecer filme de ficção, história
de perturbado mental ou ainda uma loucura de um escritor que
não sabia sobre como descrever, de forma muito próxima da
realidade, um dos tipos muito comuns de crises existenciais em
que vive um enorme batalhão de depressivos.
A claridade das relações os apavora, pois os deixa
desnudos, emocional e psiquicamente.
A escuridão que vai chegando ao final da tarde é o conjunto
dos conflitos dos próprios sentimentos, onde amor vira desconfiança,
carinho se transforma em interesse subalterno, abraços são beijos
de Judas, adeuses se revertem em atitudes ameaçadoras e fé não
passa de artigo jamais existente em qualquer prateleira da alma.
Como viver num mundo desses é se entregar para servir de alimento
para os inimigos, procuram sustentar-se apenas do próprio eu,
acreditando que pelo menos aí ainda resta alguma coisa de saudável
e proveitosa. Entretanto, não há como se extrair água de um poço
que não foi cavado.
Esforços hercúleos são requeridos para se fazer da
própria alma o próprio complemento, a base da própria
estrutura. Mas como ter uma base fixa e poderosa se a estrutura
precisa mover-se? Que articulações magistrais serão essas que
faltam nessa construção para que ela dê certo?
Contudo, embora envolvidos na necessidade de
progresso, não despendem muito tempo para que concluam
acerca da impossibilidade de tal feito, pelo menos até que se
tenha firmado posição na certeza do que se busca. Sem isso,
vão-se as esperanças. Nessa hora, quem sabe do outro lado
haja alguma coisa além de monstros e ofensores! É quando o
desespero recomenda a tentativa de buscar mais trevas para se
fugir das próprias obscuridades.
E por aí seguem as reflexões acerca dos dramas íntimos
de muitos depressivos graves. É um jogo escuro, dantesco,
thriller horrendo de uma tragédia sempre ímpar.
Não é sobre histórias como essa que quero abordar neste
livro, mas, sobretudo, como ajudar, eficientemente, pessoas a saírem
desse cubo de escuridão e trevas, desse mundo que não o conhece
quem nunca nele esteve -- mas, por favor, quem não o conhece
faça todo o possível para dele não chegar sequer aos umbrais.
O INÍCIO DE MINHA HISTÓRIA

"Nunca diga: dessa água não bebo,
desse pão não como".
Ditado popular


á faz um certo tempo. Alguns anos se passaram...
Era um domingo, final de tarde, quando comecei a me sentir
estranho. O clima estava ameno, mas uma súbita sensação de calor,
acompanhada de uma sudorese estranhamente fria, foi me
envolvendo, levando-me à correta suspeição de que algo mais grave
ocorria em meu organismo. Como sempre, a cabeça parecia estar
boa, mas o coração, este despencava...
Naquele dia havia almoçado muito pouco. A comida
estava "difícil de descer", mesmo com as pessoas afirmando,
insistentemente, que estava saborosa. Na verdade, aquela
indisposição alimentar já fazia parte do conjunto de sensações
de pequenos desconfortos pelos quais vinha passando. Aquela
era tão somente a penúltima gota d'água, como a sinalizar que
uma culminância chegaria em breve.
Sem nada comentar, fui ao meu quarto, peguei o
tensiômetro que sempre tenho à mão e verifiquei minha pressão.
Estava elevada, muito elevada, apesar dos medicamentos, todos
tomados corretamente como, aliás, sempre tive o cuidado de
fazer. Era isso: por conta da hipertensão, o coração reclamava
mandando mensagens para todo o corpo.
Ressabiado por experiências anteriores, fui imediatamente
para o hospital, fazendo um caminho que meu carro parecia
conhecer, tantas foram as vezes para lá transitado. Ali chegando
perguntei quem era o médico de plantão. Aquela pergunta
parecia irrelevante, mas eu sempre achei que a primeira virtude
do médico está na qualidade da relação que ele consegue
estabelecer com seu paciente. Ouvindo o nome do plantonista
indaguei qual seria a hora da troca de plantão e quem seria o
próximo médico.
Meia hora depois chegava ao hospital uma outra médica,
a que entraria de serviço.
Vendo-me sentado num canto e um tanto quanto pálido
perguntou o que eu estava fazendo naquela hora, num domingo,
à porta de um hospital.
-- Doutora -- respondi --, minha pressão está naquelas
alturas...
-- Já sei -- respondeu-me sorrindo e apertando minha
mão.- Dá para perceber por sua cara...
Disse isso com um sorriso e foi entrando, pegando-mc
pelo braço.
Em seguida, ainda de costas enquanto caminhava,
comentou:
-- Quer dizer, então, que você veio tomar mais um
pouquinho de veneno, não é?!
Embora eu tenha ficado espantado com aquela história
de "tomar veneno" sorri e nada comentei.
Chegamos na enfermaria.
-- 190 x 120. Está altíssima, Jacob. O que você andou
fazendo?
-- Confesso que não cometi qualquer excesso nem deixei
de tomar os medicamentos nas horas certas.
-- E as emoções, Jacob, a quanto andam?
-- A senhora sabe que quem vive de comércio não tem
como evitá-las...
--Tá bom... -- disse ela abanando negativamente a cabeça.
Vamos aqui!
Levou-me para a sala de emergência e tomou todas as
providências.
Depois de medicado e ter-me demorado naquele pronto
socorro por quase quatro horas, retornei para casa, com a
pressão normalizada e uma nova lista de "venenos" para tomar.
Uma semana depois estava eu, novamente, conversando
com um médico. Agora era um endocrinologista. Havia
reconhecido que não haveria como fugir daqueles "venenos"
se não perdesse peso urgentemente.
Associei caminhadas a um regime bem balanceado,
acompanhando tudo com exames periódicos, de tal forma que
em tomo de seis meses eu havia chegado a um peso muito
satisfatório e tinha adquirido uma resistência física muito boa.
Bem adaptado às mudanças de hábitos, minhas dosagens
de "veneno" foram drasticamente reduzidas. Paralelamente, a
pressão arterial mantinha-se em patamares saudáveis e
confortavelmente equilibrada.
Nisso apareceu um "bichinho de nada", quase
insignificante, listradinho como uma zebra, dono de um nome
muito sofisticado, aedes aegypti, transmissor de um vírus
igualmente renomado, flaviviridae. Sem que eu percebesse, ele
resolveu me picar, prostrando-me dengoso, cheio de dengo,
cheio de dengue.
Que coisa chata! Como são desagradáveis os sintomas
da dengue! Lembro-me que à época imaginei que não poderia
haver nada mais desagradável do que aquela virose prostrante.
aniquilante, desconfortável ao extremo.
Passei quase duas semanas me alimentando muito mal e
o resultado foi que 15 dias depois eu havia perdido mais cinco
quilos. Fiquei muito magro mesmo.
Lembro-me que até comemorei esse emagrecimento extra,
pois no peso em que eu estava se quisesse perder mais cinco quilos
isso corresponderia a um "sacrifício" de mais de três meses de
quase fome.
De tão magro, as pessoas mais próximas olhavam para
mim espantadas:
-- Nossa, Jacob! Como você está doente! O que houve?!
-- era voz geral.
Teve até quem dissesse que eu estava com cara de
aidético.
Hoje, revendo fotos da época, concordo que realmente
fiquei com feições cadavéricas, já que sempre tive uma
compleição mais para cheinho do que para magricela.
Cerca de dois meses depois de recuperado da dengue,
fui convidado para fazer uma palestra sobre depressão. Preparei-
me da melhor forma, lendo, pesquisando e estudando bastante.
Consultei vários livros e revistas, inclusive da área médica e
psicológica, ampliando minhas anotações que, de há muito,
compilava. Afinal, desde muito jovem sempre estive muito
voltado ao estudo do suicídio e da morte e, conseqüentemente,
tinha que ler e estudar sobre a depressão.
Na noite da palestra, algo indefinível me inquietava.
Apesar de bem preparado para a exposição do tema sentia-me
vazio, tremendo mais do que o normal, com uma terrível
sensação de insegurança.
Comecei a palestra de forma vacilante, mas no desenrolar
do tema fui-me acalmando e ao final já estava me sentindo
completamente confortável.
Após o fim da conferência, várias pessoas vieram
conversar comigo e então voltei a me sentir vacilante. Se por
um lado estava feliz por ter atingido os objetivos que o tema
pedia, por outro sentia haver faltado algo muito impórtame,
porém eu não identificava nem o que era nem do que se tratava.
Chegando em casa orei a Deus pedindo que Ele me
ajudasse a descobrir o que havia faltado naquela palestra e o
que estava me deixando tão inseguro. Queria saber o que havia
de tão importante e que, por mais que eu tentasse, não conseguia
identificar. Recordo-me hoje que quase chorei de inquietação,
mas acomodei-me ao leito na certeza de que Deus ouviria minha
rogativa.
E não é que Ele ouviu? Não apenas ouviu como me mandou,
de forma inexorável, o "texto" vivencial para que eu jamais me
esquecesse do que se tratava. Fato é que, dois dias depois dessa
noite, após ter vivido um dia supemormal dentro de minhas
atividades rotineiras, acordei, pela manhã, em completo estado de
depressão. E depressão grave, profunda, tenebrosa.
A partir daí foram quarenta e dois dias. Dias terríveis, os
mais sombrios, estranhos, povoados de nadas e cheios de "nãos",
dantescos, purgatoriais e umbralinos que eu vivi.
Dias de nulidade, apatia, de não-vida.
E eu só sei hoje que foram quarenta e dois dias porque
minha mulher registrou isso em sua agenda, pois a minha forma
interior de registrar o tempo não me permite, ainda hoje, ter
certeza plena se foram tantos ou quantos dias.
Como expressou Andrew Solomon, no seu O Demônio
do meio-dia (2002): "O tempo devorado pela depressão está
perdido para sempre".
Frase forte, instigante, geradora de reflexões.
Só não concordo plenamente com o enunciado dela
porque, no final das contas -- pelo menos no meu caso --.
sobraram lições impagáveis, aprendizado inesquecível, soberbo
enriquecimento no saber acerca do sofrer da alma humana o
qual, de outra forma, nenhum livro ou qualquer descrição jamais
me daria.
E é sobre esse sofrimento que quero falar agora.
O INTRADUZÍVEL SOFRIMENTO

O homem está sempre disposto a negar tudo aquilo
que não compreende.
Pascal


e início, não sei precisar quando cada passo do que
relatarei de fato aconteceu, não sei a exata ordem cronológica,
nem posso dar certeza se tudo foi tal qual expressarei, pois a
depressão parece obnubilar, de forma portentosa, nossa memória,
misturando sensações e emoções com uma quase total ausência de
razão. E, envolvidos ou sob o efeito da depressão, quando a razão
quer se manifestar parece enredar-se em fluxos e teias de pesadelos
com confusas viagens oníricas alucinadas. Mas várias dessas coisas
foram confirmadas depois por parentes e amigos mais próximos,
pelo que atribuo uma relativa exatidão dos fatos.
Já no primeiro dia desse mergulho na depressão rejeitei
todo e qualquer tipo de alimento, inclusive água. Sentia que
embora não fosse uma rejeição peremptória, não permitia que
me impusessem qualquer coisa diferente daquilo que eu decidira.
Sem me alimentar fiquei o dia quase todo deitado, olhar vago,
perdido, direcionado ao nada e. embora alguns aparelhos fossem
ligados e desligados de vez em quando, não ouvia, ou melhor,
não registrava o sentido de seus sons nem de suas imagens.
Lembro-me, não sei se foi no segundo dia, mas acredito que
sim. que tentei ler um livro. Num lampejo.de lucidez pensei que
poderia reagir mal à leitura, então, para evitar que tal se desse,
busquei um interessante livro que estava lendo e do qual gostava
muito. Surpreendi-me com as náuseas que, de imediato, ele me
causou. A vista ficou turva e o esôfago parecia transportar letras
amarrotadas de cima para baixo e vice-versa, sem permitir que a
"digestão" das poucas palavras lidas se completasse. Era uma
digressão sem zénite, sem razão em si mesma. D'outras vezes, ficava
nítida a sensação de que o aparelho digestivo havia se deslocado
para o cérebro, pois era ali que a digestão queria fazer-se, ou melhor,
não se processava, quer dizer, era acolá que a digestão deveria ser
feita, mas não acontecia nada lá, nem mesmo ingestão ou congestão
de palavras, idéias, sentimentos, luzes, o que quer que fosse... Mas...
Não era congestão, indigestão, má digestão ou ingurgitamento; era
isso tudo junto e não era nada parecido com quaisquer dessas
desarmonias.
A essas alturas, alguns leitores pensarão que estou doido
ou muito perturbado escrevendo um texto tão confuso e circular,
caótico e vazio como este. Na verdade, apenas tento reproduzir
o confuso mundo íntimo de quem viveu uma violenta crise de
depressão. E estou me esforçando para descrever, ainda que de
forma superficial, algumas das sensações daqueles primeiros
dias...
Simplificando tudo, a cada noite eu acreditava que enfim
chegava ao fim, chegaria o fim. Queria dormir, pois pensava
que assim tudo se acabaria e certamente o final dos tempos
haveria de chegar galopante nos corcéis noturnos das noites
sombrias de coturnos enlameados -- lembro que para o
depressivo não há noite enluarada nem estrelas cintilantes; não
há vida que não seja sepulcral ou pantanosa nem risos que não
tragam a marca do macabro; tudo é funesto, pesado, infrutuoso...
Sendo assim, não criava qualquer expectativa positiva quanto à
possibilidade de surgir um novo dia. Era a ânsia pela noite, pelo
escuro, pelo estorvo vital, pelo fim. Porque aqui também há
outra encruzilhada: o depressivo não sente nem quer nada novo,
nenhuma novidade, nada que o leve a pensar ou descobrir o que
quer que seja, passado, presente ou futuro. Não quer saber de si
tanto como não se interessa por ninguém. Não quer luz... Embora
odeie a treva em que vive.
Definitivamente, em seu derredor está estabelecido o
caos. E o caos é desestruturador. Era assim comigo.
Quer-se ver televisão, mas não se suporta vê-la ligada.
Busca-se música, todavia o som incomoda, inquieta, perturba.
De repente lembra-se de um paladar especial. Pensa-se em
comunicar isso, mas a opção não decidida leva-o a calar-se. E
se alguém, por algum meio paranormal, adivinha-lhe os
pensamentos e lhe traz aquele prato, o sabor fica acre, azedo,
passado, tudo se perde, como se o condão funcionasse ao
contrário, desvirtuando tudo o que toca. E assim o apetite se
vai, se esvai, não morre, pois sequer nasceu.
As refeições só existem por obrigação imposta, daí não
resultando qualquer prazer, quando não impera um asco
igualmente inconcebível, pois ele é não-humano, é inexprimível.
Desejo de fazer sexo? Nem pensar, Não há nojo tanto
quanto não há querência. Libido inexiste. Se não tem prazer, se
não existe emoção, se não há sequer perspectiva de êxtase, como
imaginar excitação?
Para completar a complicação, uma pessoa como eu, que
sempre esteve às turras contra a idéia de suicídio, repentinamente
me surpreendo pensando em morrer, em sair daquela vida, em
escapar desse labirinto inexpugnável. Mas que fique muito claro
um fato: não havia em mim o desejo de me matar; era o desejo do
não-viver. É certo que para algumas pessoas isso não passa de
eufemismo, tentati va de esconder ou simbolizar diferente o que os
registros humanos apontam para uma só direção: querer se matar.
Fica difícil, muito difícil mesmo, para quem nunca passou por isso,
entender quão complexos ficam tais reflexões no íntimo de quem
se debate nos braços da Dama do inexistir, simplesmente não
tem como imaginar.
Quando essa idéia começou a crescer dentro de mim, num
relance sublime de repentino raciocínio, morbidamente pedi para
ser levado a um médico. "Um médico!" Nunca esta expressão
verbalizou tão bem a tentativa da fuga da morte. Era, nada mais,
nada menos, do que a busca não pronunciada pela salvação, pela
vida.
--Prozac--disse, secamente, o médico. Dois comprimidos
por dia. Procure alimentar-se melhor, pois você está muito magro,
muito abatido e isso pode afetar suas defesas, criando complicações
maiores depois. Se possível, tome bastante água de coco...
Dessas recomendações me lembro perfeitamente bem.
Como me lembro de, na ocasião, não ter entendido a razão de
tomar água de coco. Ali, inclusive, até achei muito boa a idéia,
pois sempre adorei esse líquido dos deuses. Mas chegando em
casa, só de ouvir o facão abrindo os cocos já me deu náuseas,
acompanhadas da mudez que só gritava para dentro e que, apesar
disso, não conseguia externar quase nada, num silêncio
indecifrável. Era como num pesadelo em que, estando
perseguidos por ferozes bandidos ou animais, queremos gritar
e reagir, mas percebemos, aterrorizados, que da garganta não
sai qualquer som, qualquer palavra, nenhum grito, nenhum ruído;
das pernas, nenhum movimento, apenas tremores. E nos
apavoramos mais ainda na vivência dessas cenas, que parecem
jamais pararem de se repetir, de se intensificar.
Apesar do prozac, a cada dia meus sentimentos eram
mais obtusos, distantes e confusos.
Queria muito que os amigos fossem me visitar, mas ao saber
que chegara alguém em casa, sinalizava para que trancassem a porta.
Era sempre um grande sacrifício dizer: "Não quero ver ninguém".
E ao mesmo tempo em que me aborrecia por muitos não insistirem
para me ver. me incomodava terrivelmente quando outros
conseguiam entrar para me visitar. Isso é o que eu chamo de
paradoxo dos paradoxos, aberração da luta entre emoção louca e
razão curta.
Durante o dia era comum o desejo de chorar, de jogar-me
contra a parede, de arrancar os cabelos ou fazer loucuras parecidas,
mas nada disso acontecia. Era como se o corpo fosse de um ser e
a alma de outro possuidor distinto. Funcionava como uma
mediunidade maluca: no ser, o corpo estava dopado, quase inerte,
futilmente, sem respostas; na alma, o coração não conseguia
estabelecer um ritmo cadenciado, não era possível sentir prazer
com presenças nem se confortar com ausências.
Sempre difícil, muito difícil mesmo lidar, no dia-a-dia,
com as dificuldades e impossibilidades que a depressão gera.
Ficamos lerdos, por dentro e por fora. Fome e apetite
desaparecem como por encanto, o mesmo se dando com a sede.
A libido até parece nunca ter existido. Nenhum interesse sexual,
nenhum atrativo, nenhuma sensualidade interessa, se aplica ou
sequer é ponderada. Abstração total.
Não me lembro bem, mas parece que até o ritmo cardíaco
fica insano, como se estivesse sob o efeito de fortes calmantes,
parecendo bater num ritmo insuficiente ou ineficiente para as
necessidades gerais do organismo.
Funções básicas, como micção, defecação, sudorese,
salivação, lacrimação e mesmo o desejo de asseios e banhos
parecem sumir. Os odores perdem sentido e o tato fica semi-
sensível apenas. É um transtorno de profundidade imenso.
Embora sem definição clara, eu vivi a mais tenebrosa
solidão, ironicamente estando ao lado de parentes e amigos,
dentro do próprio lar.
Experimentei a mais desconfortável fome, ainda quando
não faltava nada à mesa. Contudo, insistia em nada querer comer.
Lar?! E o que era isso? Uma casa? Companhias
conhecidas?
Paredes nem pessoas faziam sentido, nada tinha
significado em minha percepção. Nenhum ser, nenhuma coisa
fazia ressoar vida dentro do que sobrava desta em mim.
Vivia dias -- manhãs e tardes -- tão noturnos quanto as
noites mais trevosas. Não havia sol nem clarões, apesar do verão
sem nuvens. Não vivia o verão, pois era como se em plena época
de tórridos ventos do Nordeste brasileiro, conhecido, me sentisse
saudoso do inverno norueguês, imaginado, no qual se busca o sol,
nem que seja o da meia-noite, para derreter as glaciais e gélidas
montanhas de enrijecidas neves. Tratava-se de viver o verão dentro
do frio que não esfria nem aquece, nem para mais nem para menos,
aquela alma pétrea, insalubre, feito pão ázimo, sem miolo, prestes
a se entregar ao bolor.
Eu me sentia a essência do caos.
Eu era o caos!
Mas... a Bíblia sugere que do nada o Pai criou o
Universo... E criou o homem também.
A Ciência, na sua visão mais pragmática, testifica que
esse mesmo Universo surgiu do caos.
Bendito caos!
Se do caos surgiu o Universo, tão equilibrado, tão
perfeito, certamente minha estrutura caótica estaria servindo
de base para futuros e organizados universos.
Este pensamento surgiu como um raio observado por
meteorologista ou um cometa na mira do telescópio de hábil cientista:
iluminando e ensinando mais do que assustando e fazendo temer.
Ele projetou-se no meio do escuro das soturnas trevas daquela
noite interminável, na qual minh'alma mergulhara sem avaliar a
profundidade. Um mergulho realizado sem vontade, embora
determinado a ir sempre mais ao fundo, sem considerar que
precisaria de muito tempo e esforço para emergir depois... E para
isso seria necessário fôlego... Onde buscá-lo?
Num átimo, aquele raio transformou-se num relâmpago
prolongado e logo mudou sua aparência para ser um cometa
no céu de minha embotada razão.
PARA ONDE O CAOS ME LEVOU

Todo mundo é capaz de dominar uma dor,
exceto quem a sente.
William Shakespeare


muito provável que os leitores saibam que eu tenho
formação espírita. Sendo assim, logicamente me caberia fazer uso
da profilaxia e da terapia do passe -- também conhecido como
"imposição de mãos", "magnetismo animal ou espiritual",
"transferência fluídica", "doação e captação de energia sutil" etc.
Afinal -- muitos dizem isso --, a depressão é problema de ordem
obsessiva, ou seja, existe uma influência espiritual negativa envolvendo
a pessoa em depressão e essa influência, dentre outras coisas, ataca
o sistema nervoso e, conseqüentemente, leva o obsediado a um
desequilíbrio mental e emocional.
Particularmente vejo a influência obsessiva, notadamente
nos casos de depressão, de uma forma um pouco diferente da
maioria, mas comentarei isso com mais detalhes em capítulo
apropriado mais adiante.
Por ter nascido num lar espírita, desde cedo tive minha
atenção voltada para certos fenômenos, especialmente os ligados
a curas e milagres -- termo que eu usava com freqüência até
minha adolescência. Desde os quinze anos de idade me descobri
magnetizador. Os passes que eu costumava aplicar eram tidos
como muito "fortes" e muitas pessoas que os recebiam se sentiam
vivamente revigoradas e renovadas com um único desses passes.
Devo confessar que. pela pouca idade e menor experiência à época,
aquilo me deixava um pouco vaidoso, mas também me convidava
a tentar entender melhor tudo o que ocorria, pois sabia que se eu
conseguia realizar coisas meio sem saber o porquê do que fazia,
imagina o que eu conseguiria se conhecesse bem e dominasse as
técnicas daquele Magnetismo!?
Esse instinto de querer saber o porquê das coisas me levou
a, desde muito cedo, ocupar cargos de coordenação de estudos e,
posteriormente, de direção da Federação Espírita do Rio Grande
do Norte, em Natal (RN). Essa "coisa" de indagar e investigar os
efeitos dos passes bem como sobre questões ligadas à morte e à
mediunidade -- relembro minha forte atração que os temas morte
e suicídio sempre exerceram em meus interesses de compreensão
-- posicionava-me, paradoxalmente, mais próximo da condição
de orientador, expositor e palestrante do que da de aluno ou ouvinte.
Talvez porque os meus pares e orientadores da época não se dessem
muito bem com aprofundamentos ou questionamentos intrigantes.
Por conta disso, a cada dia tinha que estudar mais, ler mais,
experimentar e pesquisar mais e mais. E como não contava com
quem tivesse disposição de estudar comigo, de testar e experimentar
aquilo que eu lia e deduzia, tive que viver, com intensidade, a
experiência de ser autodidata. Para tanto, desobedeci algumas
regras, do tipo: "Não se pode conversar com os pacientes",
"devemos deixar a Deus a solução", "não somos nada, pois os
Espíritos são os únicos que fazem tudo", "não criem 'modismos'
nem considerem 'coisas novas' em suas práticas", "não leiam
livros esotéricos" etc. Nessas "desobediências" pude estabelecer
condições de pesquisas, comparações, avaliações e confirmar
ou negar deduções, minhas e de outras pessoas e autores.
De posse de muitos testes e experiências, agora
enriquecidos pela prática sempre aprimorada no esforço diário,
alguns companheiros começaram a acreditai' que o Magnetismo
era mais amplo e poderoso do que se supunha. A conseqüência
natural desse estado de coisas me levou a estar sempre preparando
cursos, treinamentos e reciclagens na área do Magnetismo,
elaborando muitas apostilas e resumos, o que gerava valiosas
oportunidades de testar o que aprendia e permutar experiências e
pontos de vista.
Assim foi que criei os primeiros grupos de estudos de
aplicação de passes, adaptando as principais regras de
magnetismo ao passe espírita -- que não tem outra base senão
o próprio Magnetismo. Aessa altura, eu já tinha bem sabido que as
imposições de mãos, como técnicas ditas simples, puras e que
deveriam ser únicas numa Casa equilibrada, por si sós não eram
tão boas e inofensivas como sempre se apregoou. Na outra vertente,
os dispersivos já faziam parte de meu vocabulário com uma
naturalidade que incomodava muita gente. Um terceiro fato que
não fazia muito sentido era o uso de "correntes magnéticas", fato já
rechaçado por Allan Kardec (1985) logo no início de O Livro dos
Médiuns (item 62).
De tantos cursos, treinamentos e seminários realizados, um
dia todo material que eu usava estava resumido numa apostila com
aproximadamente 110 páginas -- o que, convenhamos, é muita
coisa para ser chamada de apostila --, apostila essa que depois
transformei em meu primeiro livro sobre o tema: O passe: seu
estudo, suas técnicas, sua prática editado pela Federação Espírita
Brasileira.
Quando alguns companheiros se deram conta da
seriedade dos estudos e pesquisas que eu vinha desenvolvendo,
antes mesmo da publicação do livro O Passe, tive "permissão"
para estabelecer, de forma oficial, uma pesquisa dentro da
própria FERN. Assim, durante mais de três anos foram aplicados
passes magnéticos naquela Casa pela equipe que eu dirigia. Tudo
era feito com acompanhamento de fichas, apuradas através de
entrevistas junto aos pacientes e passistas, com avaliação
semanal. Por pouca felicidade, um dia alguém achou por bem
destruir todo aquele acervo, deixando apenas o que tínhamos, eu e a
equipe, gravado no livro das experiências pessoais de cada um.
Quando saí da FERN, por ocasião de mudança de diretoria,
transferi para o GEAK (Grupo Espírita Allan Kardec -- de Natal/
RN) o trabalho, ali permanecendo até o ano de 2001, oportunidade
em que novamente transferi as pesquisas, dessa vez para o LEAN
(Lar Espírita Alvorada Nova--Pamamirim/RN), onde continuamos
até hoje. No LEAN havia -- como há -- um grande campo para
pesquisas, pois a Instituição lida com idosos carentes e também recebe
a visita de muitos interessados nos benefícios do magnetismo, além
de contarmos com o apoio irrestrito da diretoria. Nos dias atuais --
primeiro semestre de 2006 -- temos uma equipe de
aproximadamente 25 companheiros e semanalmente prestamos
atendimento a uma média de 80 pessoas, entre idosos do LEAN e
pacientes externos.
Fiz toda esta digressão para ilustrar que, pela época da crise
depressiva que vivi, eu não só conhecia o assunto do magnetismo
com bastante experiência teórica e prática como também contava
com a amizade de vários companheiros, os quais sabiam, com boa
base, como aplicar e extrair bons proveitos dos passes. Muitos desses
amigos sempre estiveram em atividade conjuntamente comigo.
Portanto, além de se tratar de pessoas próximas e queridas, ainda
pesava a favor o fato de eles conhecerem suficientemente bem a
teoria e a prática do magnetismo.
E foi aí que se deu o nó.
Contando com tantos amigos experientes, seria mais do
que óbvio que, estando eu em depressão, eles viriam me visitar
e me facultar os benefícios dos passes -- como, de fato,
aconteceu praticamente todos os dias em que estive acometido
desse mal. Quer eu pedisse, quer eu não expressasse nada, eles
sempre vieram. Demonstração viva e pulsante da verdadeira
amizade, do esforço para ajudar o amigo em prostração. Hoje
sei. reconheço e agradeço muito por isso, mas, à época, eu não
tinha o menor registro da valia daquele esforço, não percebia
neles qualquer sinal de amizade senão o de uma piedade que mais
me amarguravae abatia do que me estimulava.
Eles vinham diariamente, mesmo quando, com cara de
poucos amigos, eu deixava entrever que não estava gostando
de nada daquilo: nem da visita, muito menos dos passes. Não
lembro se cheguei a agradecer alguma vez a presença deles --
que tanto vinham um a um como em grupo -- ou se expressei
verbalmente meu desagrado. Só sei que eles não desistiram.
O bom era que todos eles tinham perfeita convicção de
que os passes seriam fundamentais para o meu restabelecimento
e a superação daquela incômoda e injustificada crise. Mas, a
despeito dessa expectativa, apesar de haver amizade, fé e
trabalho perseverante, algo me torturava mais ainda. Quando
eles se iam do quarto, mesmo com tudo sendo iniciado com
leituras de profundo valor moral e orações que criavam um
clima de harmonia e paz e, após os passes, eram feitas preces
extremamente envolventes, não era mais uma sensação e sim
uma das poucas certezas que eu conseguia registrar com nitidez:
nada daquilo havia adiantado para coisa alguma, ou, o que é
pior, geralmente as sensações de piora eram inegáveis e
dolorosas. Só não chegava a chorar -- e nem sei se chorei
algumas vezes -- porque as emoções do depressivo não se
expressam tão relacionadas e imediatamente, não se extravasam,
quase nunca chegam a se materializar.
Para mim era uma dureza insuportável constatar que o
magnetismo não apenas não resolvia como ainda piorava meu
estado.
Lembro-me, hoje, que um conflito enorme parecia reger
meu mundo íntimo, todavia não conseguia identificar a razão.
Depois de passada a crise depressiva, rapidamente me dei conta
do que me perturbava tanto. Não era o fato dos passes não me
ajudarem, pois, como ocorre à grande maioria dos depressivos,
eu já me havia condenado a não mais sair daquilo. A grande
perturbação estava fundada na falta de eficiência dos passes
para ajudar pessoas em depressão. Como era que eu iria dizer,
depois, que o passe ajuda a resolver a depressão se em mim não
funcionava e até piorava meu estado? E o que eu diria aos
companheiros que, tendo estudado e aprendido comigo, seus
passes não serviam para pessoas metidas numa depressão da
dimensão da que eu me encontrava? Seria possível eu dizer que
o que eles tinham aprendido sobre passes não se aplicava no
auxílio à depressão e, em contrapartida, não tinha qualquer
sugestão de como funcionava ou mesmo se haveria algum meio
que viesse a favorecer à superação daquele tipo de problema?
Será que aplicar passes seria não se saber aplicá-los? De que
jeito eu iria dizer que a fé é fundamental se ali a fé não
funcionava, ou por outra, a fé não conseguia adentrar na mente
nem no coração de quem está deprimido? Haveria solução para
aquilo ou aquilo não serviria nunca como solução para problema
de tal envergadura? Por fim, trazendo toda a responsabilidade
para os meus ombros, seria eu o mais empedernido exemplar
dos portadores de depressão, devidamente "castigado" pela "ira
do Senhor" e que, por isso mesmo, não tinha como ser ajudado
nem vir a ajudar mais ninguém?
Depois que saí da depressão não me restavam muitas
opções a respeito dessas inquietações. Só vislumbrei três. Uma:
não falaria nada e deixaria tudo no silêncio, desconversando se
alguém viesse tratar do assunto; outra: assumiria, baseado no
que vivera, que o magnetismo não está indicado para casos de
depressão: e a outra: partiria para descobrir as razões dos passes
não terem funcionado comigo e, entendendo melhor todos os aspectos
configurados na depressão, detectar qual ou quais caminhos e
técnicas seriam corretas para serem aplicadas nesses casos.
Do fato de você estar lendo este livro fica fácil deduzir
que minha decisão foi exatamente essa terceira. Foi para ela
que o caos da depressão me levou. Mas depois voltarei a este
assunto, pois ainda tenho coisas para relatar acontecidas até
que eu tivesse chegado a esse ponto.
O FIM DE "MINHA" DEPRESSÃO

Crede-me, resisti com energia a essas impressões que vos
enfraquecem a vontade.
François de Genève, no Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V




omeço chamando-a de "minha", devidamente aspeado,
porque embora ela tenha se demorado em mim por um período
intensamente complicado, mas suficiente para poder considerá-la
como íntima, ela não tem nada meu, não tenho nada dela nem ela
tem nada comigo, salvo pelo que aprendi com sua (dificílima)
convivência. Mas...
Constatado que muitas vezes os passes me faziam sentir
muito pior, tentei evitar recebê-los, todavia era impossível, pois os
amigos agiam na certeza de que, no âmago de toda boa vontade
que os movia, aquilo era o melhor remédio com o qual poderiam
me beneficiar e com a ajuda do qual eu poderia superar, vencer,
sobreviver. E assim os passes se repetiam, diariamente, inclusive,
em várias ocasiões, mais de uma vez por dia. Além disso, ainda
tinha a fluidificação da água, tomada religiosamente cinco vezes
por dia. Entretanto, quando a ingeria, devo confessar, várias vezes
tive ânsias de vómito.
Outra coisa muito desconfortável de ser enfrentada, creiam-
me. era inimaginável: os olhares daqueles amigos me pareciam
terríveis, percucientes demais, sádicamente perfurantes em direção
ao fundo de minha alma -- a qual. mais do que nunca, eu a queria
indevassável. Vinham sempre transbordando piedade e anseios
positivos, desarticiilando-me ainda mais, pois não era assim que eu
os sentia. O fato de eles terem pena de mim levava a me acreditar
mais e mais depauperado e incapaz, e a ânsia, do tipo "não é possível
que Jacob tenha se deixado abater tanto e não faça nada para
reagir", torturava-me sobremaneira, já que, no fundo, tudo o que
eu mais queria era ter forças para reagir, para lutar, para vencer,
mas minha luta tinha por cenário um terreno de areia movediça, um
pântano faminto de cadáveres, pois quanto mais esforço eu
desenvolvia para sair daquele monstro que, dentro de mim,
devorava minhas entranhas e minha vontade, mais eu me afundava
naquele monturo, mais a ele eu me entregava, mais eu me perdia.
Inenarrável. Não há sinônimos que eu conheça que possam
descrever, com mais detalhes e precisão, tanta crueza.
Os amigos eram por mim olhados, a princípio, como
tais, mas o instável e indefinível mundo íntimo fazia-me percebê-
los e recebê-los como se fossem inimigos cruéis, sádicos,
desalmados. Essa era mais uma das terríveis.faces da depressão
que eu vivia.
Um dia, após receber os passes, tomei uma decisão: vou
me internar, não fico mais em casa!
-- Quero ir para o hospital! -- repeti isso várias vezes
para mim mesmo a fim de ganhar forças e poder verbalizar tal
decisão com clareza.
Acho que pensei nisso por um ou dois dias até que consegui
gritar... E gritei... E pedi... E implorei...
No dia anterior havia acabado o "estoque" de Prozac.
Assim, convenci-me a procurar o médico e, junto a ele, eu pediria
para ser internado.
Meu estado físico e emocional guardavam a aparência
de um prisioneiro de guerra. Vencido, alquebrado, sem ânimo
ou forças, sem lucidez sequer para entender o que se passava.
Enquanto seguia para o consultório, esforçava-me para
não esquecer do motivo que para lá me levava. Não podia
esquecer de dizer que a única coisa que eu queria era ficar
hospitalizado, senão, eu pensava, terminaria vencido, terminaria
morrendo, pois a vida já não encontrava albergue em minha alma.
Não lembro do olhar do médico nem de quem me
acompanhava, mas repetem-se até hoje em minha mente estas
palavras: "Nada de se internar! Compre mais uma caixa de
Prozac e continue. Uma hora dessas ele fará efeito".
Aquilo era para mim como uma sentença de morte.
Devo ter ficado patético, pois chorei e tentei convencer
o médico de que era imprescindível eu ficar internado, mas creio
que, naquelas condições, eu jamais conseguiria fazer com que
qualquer pessoa pusesse crédito em minhas palavras. Aliás, aí
reside outro grande problema do depressivo: o de não conseguir
verbalizar muitas idéias nem muito menos convencer a quem
quer que seja, do que quer que seja; e, se conseguir, será sempre
sob o guante de inauditos esforços e numa espécie de troca de
pedido de um miserável por uma resposta como mera
compaixão. Esses esforços são tão desgastantes que as palavras
e expressões terminam perdendo sentido, ênfase e eco. Quando
em depressão profunda, não conseguimos falar o que precisamos
nem dizer baixinho o que pretendemos gritar. Nossa revolta
não passa de um sussurro e nossos desejos não se traduzem
além de um quase imperceptível movimento da cabeça ou dos
olhos. É o inexprimível querendo dizer o intraduzível, como
quem com um gesto no ar quer definir as cores para um cego. É
o absurdo.
Não voltei para casa: trouxeram-me! Não, não é redundante
isso. Eu simplesmente parecia estar no cano. meu coipo desceu
em casa, novamente me via naquele quarto, não havia o eixo espaço-
tempo em que eu me encontrasse. Não sabia, mas vivi, naqueles
momentos que intermediaram as palavras "condenatórias" do
médico até o instante em que eu abri a caixa de Prozac e da carteia
extraí uma pílula, a alucinante experiência de vagar pelo indefinido,
rumo ao desconhecido, destino não-passado. não-presente, não-
futuro. rumo não ao nada c sim ao lugar chamado não-existir. Mais
do que nunca me senti entregue e, ao mesmo tempo, sendo entregue
aos braços da Dama do Inexistir-- melhor denominação que
consegui compor para essa doença, a depressão.
Todas as vezes que a noite parece não mais acabar, um
sorrateiro raio de luz num horizonte longínquo se faz presente,
prenunciando uma alvorada profética dizendo que um novo dia
está raiando.
Ocorreu, então, esse raio de luz, um verdadeiro instante
"mágico", quando então senti uma força nova, uma coragem
superlativa da qual eu não conseguia adivinhar-lhe o nome.
Relâmpago! Cometa! Caos! Flashes! Raios! Luz! Luzes!
Ação!
Pensei tratar-se de fé, mas. pensando bem, esta eu nunca
deixei de tê-la. Pode até ser que nos dias em que estive mais
distante da vida eu não tenha conseguido articular
produtivamente a minha fé, mas não creio que a tenha
abandonado ou mesmo duvidado de sua existência em mim.
Sei que houve momentos em que descri de minha capacidade
de suportar ou de resolver o problema cm que estava metido.
Noutros cheguei a pensar que o nada era o manobrador dos
destinos ou então nada do que eu aprendera estaria correto.
Mas sabia que aquilo que tanto me embaralhava não era nem
podia ser tão forte a ponto de me roubar esse sentido. Sobretudo,
a fé prevalecera.
O que seria então aquilo que eu sentia? Seria a chamada
"mão de Deus"? Talvez fosse, mas esse nome não soava bem.
já que a mim ele me passa a idéia de que se tem horas que existe
essa mão, horas outras ela desaparece, como se ficássemos, de
tempos em tempos, no pior sentido da expressão, "ao deus dará".
Fato é que até hoje não me acostumo com essa forma que muitos
querem dar a Deus. que é a de um Deus tinhoso, cheio de "hora
disso, hora daquilo, hora daquilo outro". Sei sim do Deus que é
perfeiçãoe que. nessa perfeição, criou tudo, inclusive códigos
e lei naturais, através das quais Ele se manifesta.
Lembrando da canção de Gonzaguinha, fiquei com a frase
na cabeça: "E a pergunta roda"... E rodava mesmo, pois eu queria
saber que sensação de certeza era aquela que eu tinha absorvido
de forma tão intensa e integral naquele momento.
Por fim, descobri: era a esperança.
E eu, que já tinha falado algumas vezes sobre ela em minhas
palestras, só agora descobria, verdadeiramente, o que é esperança.
Inclusive, por se tratar de assunto extremamente relevante na
estrutura da busca de saídas para a depressão, deixarei para escrever
adiante um capítulo exclusivo sobre ela, onde procurarei transmitir
a força que tive ao albergá-la, bem como algumas coisas
significativas sobre esse tema tão pouco comentado.
Retomando a narrativa do ponto em que eu me debatia
contra a insistência do médico por tão somente me medicar,
posso garantir que quando se vai a esse ponto, ou acorda-se ou
enlouquece-se. Graças a Deus a loucura foi derrotada; acordei!
Acordei e já fui começando a tomar decisões e a falar.
O caos iria criar novamente o Universo... Ou um universo
novo brotaria do caos, do caótico que habitava em minhas
entranhas, do inimaginável. Do fundo do poço se extrairia a
vida, a água da vida. Afinal, de tanta luta, dor e sofrimento eu
conseguira cavar o poço.
Já tinha em mãos o comprimido de Prozac, pronto para
ingeri-lo. Em vez de engoli-lo, fiquei olhando fixamente para
ele, como quem queria descobrir-lhe os ouvidos, e lhe falei,
alto e bom som:
-- Você não vai resolver meu problema, portanto, não
preciso de você!
Não. Não pensem que foi insanidade, pois nunca tinha
estado tão são, tão lúcido, tão decidido. Conversei mesmo com
o remédio. E falei com total convicção. Ele era o primeiro que
eu venceria, pois, acordado, decidira, com aquela força, chamada
esperança, da qual eu jamais me imaginei possuidor, que sairia
daquela crise sem fim, que havia chegado a hora de seu fim.
Faço uma ressalva importante: embora tenha funcionado
comigo, não aconselho a quem esteja fazendo uso de medicamentos
contra a depressão a simplesmente ignorá-los ou "falarem" com
eles na espera de que tudo se resolva. Perceba que o remédio que
eu tomava não vinha fazendo qualquer efeito em mim nem aliviando
a crise em nada e que, na ocasião em que o ingeria, eu também não
tinha disposição para enfrentar o que viria, o que se configurava
totalmente diferente quando tomei essa decisão.
Então, joguei o comprimido no lixo e bebi a água. Procurei,
conscientemente, descobrir o sabor da água e ali mergulhei em
reflexões as quais, não sei como, levaram-me à mais cristalina
certeza, uma invulgar esperança, lúcida visão da vitória, da luz.
Não sei se com raiva ou por puro mecanismo amassei a
caixa de Prozac e arremessei-a para longe. Nem pensei que
estava jogando fora algo que certamente seria útil para uma
infinidade de pessoas. Só sei que naquela hora aquele
medicamento simbolizava prisão, no máximo meia-liberdade,
dependência visceral, desânimo perene. E era disso que eu fugia
e fugiria para sempre. Era isso o que eu estava jogando para
longe, para onde seria impossível regressar.
Chorando lágrimas de dentro da alma, orando do fundo
do espírito, tremendo com todo o mecanismo que um sistema
nervoso saturado pode tremer, chamei por Deus, clamei por
Ele e comecei louvando-O:
-- Oh Senhor! Quanta glória há em Ti! E eu, como um
cego enlouquecido, tateava pelos infernos dos desesperados,
esquecendo-me de que Tu és a Luz que me deu vida! Como Te
saúdo. Senhor, pois contigo retornarei à Vida.
E orei, orei, orei... E chorei, sorri, dormi, acordei... E
orei, orei, orei...
Tive fome e comi.
Não foi fácil, porém. No início regurgitava, queria
vomitar, tinha azias violentas, mas não deixava sair. Sempre
engolia um pouco mais e mais um pouco, até readaptar o organismo
a ingerir alimentos.
E bebi água.
Também houve dificuldades para isso, mas não desisti.
Insisti, repeti, bebi aos poucos, mas bebi.
-- Água! Que bênção!
Fui para a sala e ali sentei-me. No início senti-me
incomodado, mas não poderia deixar que aquilo, agora, fosse
mais poderoso do que eu mesmo. Assim fiquei, assisti um pouco
de televisão, fechei os olhos por algumas vezes, mas sempre
voltava a abri-los, encarando o mundo da tela de forma decidida,
como quem veste as armaduras para ir ao combate final, pois
muito em breve eu teria que encarar o mundo real. Assistir
televisão, portanto, era um desafio muito grande, era uma
verdadeira preparação para as lutas certamente vitoriosas que
se avizinhavam.
Depois fui me deitar. Disse para mim mesmo que só me
levantaria da cama depois que conseguisse dormir de verdade,
sem medicamentos, sem qualquer tipo de mimo, simplesmente
dormiria, pois precisava dominar-me e dominar meu corpo.
Alguém veio me chamar antes mesmo que eu tivesse dormido
o tanto que me satisfizesse e eu, agora com firmeza, pedi que
voltasse depois, pois eu estava tentando dormir. Essa foi uma
vitória espetacular: falei, recusei, argumentei, deitei, dormi e
acordei quando achei que tinha feito o que me prometera.
Naquele dia, os passes dos amigos não me fizeram mal
nem a água fluidificada provocou enjôos. E, o melhor, os amigos
me abraçaram, felizes pelo que viam e eu me felicitava com o
brilho de seus olhares.
Desajeitadamente brinquei com os meus filhos menores,
mas, devido ao longo período acamado, logo cansei e fui me
deitar -- dessa vez apenas para recobrar energias, pois me sentia
muito fraco fisicamente. Gostaria de ter conversado mais,
brincado mais, assistido mais tv, mas temi pelas conseqüências
dos excessos. Preferi tentar relaxar e, quem sabe, até dormir mais
um pouco, afinal, aquele era mais um problema a ser conquistado
plenamente: ter prazer em deitare dormir.
Claro! Mas é claro que fiz mais uma prece, mais uma
louvação, convereei mais uma vez com o Pai Celestial, agora também
agradecendo e pedindo. Agradeci pela vida, pela força, pelas lições,
embora nem tão bem aprendidas, e pedi para que aquela força
continuasse em mim, pois aproveitaria melhor a vida. Mesmo sem
perceber profundamente, já reconhecia que vivera a maior de todas
as lições de minha vida.
Dormi como uma criança bem acomodada, devidamente
amamentada, sem sentir frio ou calor.
Acordei ainda deprimido, mas não desanimei: aquela era
a minha batalha final, aquele era o momento da vitória.
Vivi mais um dia de difíceis conquistas, pequenas,
milimétricas, porém todas eram saborosas, todas infundiam em
minha alma um prazer diferente, real, eloqüente.
Ao anoitecer, já me via subindo ao podium.
E finalmente, no dia seguinte, acordei não depressivo, não
doente, ressurgi para a vida são e salvo, sem qualquer resquício
danoso de todo o tormentoso período do qual acabara de sair
ileso.
O GENÉRICO DA DEPRESSÃO

...é imperioso arredar de nós o hábito da tristeza destrutiva,
como quem guerreia o culto do entorpecente.
Emmanuel, por Chico Xavier, n ' 0 Livro da Esperança



ara uns, a depressão é o mal do século, para outros já
e apontada como o mal do milênio -- particularmente, sou da idéia
de que se não forem tomadas providências sérias, mais amplas e
também mais a c e s s í v e i s , esta segunda hipótese será,
lamentavelmente, a mais correta. Entretanto, a depressão, como
doença, não é nova. Há quem sustente que Adão foi o primeiro
depressivo da história; mesmo considerando a semiótica na qual
ele está inserido, é de se concordar que o pedido de uma
companheira ao Senhor já traduzia uma busca de saída para aquela
vida de angústia, de infrutífera solidão, além de outros fatores, que
determinaram sua melancolia e inevitável depressão: a perda daquele
paraíso, com todos os seus manás e suas posses sem fim, de onde
foi expulso e condenado a trabalhar (depois dessa perda, deixou
de ver as belezas do Éden e que, apesar disso, nunca deixaram de
estar ao seu redor) e a luta fratricida entre Caim e Abel, que não só
lhe arrebatou um filho ainda jovem como transformou o outro no
primeiro assassino da história (dores insuportáveis para quaisquer
pais de qualquer tempo).
Não é de estranhar, pois, que a descendência desse "exemplar
primitivo" tenha surgido "contaminada", ainda que geneticamente,
desses fatores predisponentes a melancolias, angústias, depressões.
No Ocidente. Hipócrates (460 a.C. - 377 a.C), o "pai da
Medicina", já apontava a depressão, à época chamada de melancolia,
como uma doença do cérebro -- afetado pela ação da bile negra,
supostamente produzida no baço --, para a qual, além de sangrias e
vômitos provocados, remédios orais deveriam ser receitados. Na
Idade Média (do século V ao XV d.C), a depressão passou a ser
vista como uma punição divina, uma espécie de excomunhão do
Reino Celestial, o que atribuiu à doença um estigma tão pesado que
até os dias atuais ainda se reflete, no imaginário de muita gente, como
punição nefasta, verdadeira ação demoníaca. Durante o
Renascimento (do século XV ao XVI) ocorreu o romantismo da
depressão, baseado na observação da apatia denotada por grande
número dos altistas bem como pelo transparecer de um certo gênio
melancólico em suas expressões e artes. A partir do século seguinte
(XVII) a Ciência começou a investigar as funções do cérebro e a
elaborar estratégias biológicas e sociais para controlar ou melhor
administrar as mentes que saíam do controle. Entrementes, as sangrias
seguiam ceifando vidas e as terapias não-oficiais eram as que
melhores resultados apresentavam. Porém foi na era Moderna, a
partir do século XX, que o estudo da psique, profundamente
modificado pelas idéias psicanalíticas de SigmundFreud, deu novo
impulso à análise do que estaria por trás da depressão.
Nesse breve retrospecto deixei de fora o que o Magnetismo
e o vitalismo em geral trouxeram como valiosa contribuição para a
compreensão e visão mais consentânea dessa problemática da saúde
do corpo e da mente, a qual poderia ter sido utilizada como
propulsora das graves mudanças pelas quais um dia a Medicina e a
humanidade ainda passarão. Igualmente ficou de fora o ainda pouco
conhecido e muito desvirtuado Espiritismo de Allan Kardec, cujos
benefícios um dia serão incorporados no rol das maiores bênçãos
que Deus já concedeu ao homem. Certamente, ao longo deste livro
por várias vezes trataremos desses assuntos aparteados, porém
nunca menosprezados ou despercebidos.
A palavra depressão só surgiu, em termos ingleses, em 1660.
Ainda assim, foi em meados do século XIX que entrou
definitivamente para o uso comum, tão comum que hoje
qualquer tristeza, cansaço ou fadiga faz com que pessoas logo
se apressem em se autodiagnosticarem como "em depressão".
Certamente quem assim procede não tem a menor idéia do que
está falando. E, como querem os supersticiosos, "se falar no
danado o capeta aparece", o melhor é saber mesmo o que é
depressão e evitar ficar atraindo-a como quem brinca com fogo.
Mas... Será tão fácil saber quem está ou não em estado de depressão?
Como dizem Bullone GJ, Ortolani IV, Pereira Neto, E,
seria muito simples e cômodo se a depressão fosse caracterizada,
exclusivamente, por um rebaixamento do humor com
manifestação de tristeza, choro, abatimento moral, desinteresse,
e tudo aquilo que todos sabemos que uma pessoa deprimida
apresenta. Na verdade, trata-se de um problema de amplitude e
magnitude complexas, com variáveis muito intricadas e de
relacionamento nem sempre tão visíveis. Por exemplo, eu vivi
uma depressão profunda, grave e passível de ser classificada
sob diversas formas, mas de catalogação real imprecisa. Tanto
é verdade que, ouvindo muita gente, médicos inclusive, e lendo
várias obras sobre o assunto, não foi possível, com precisão,
dizer sequer o que de fato, tecnicamente falando, disparou a
depressão em mim. Alegam uns que foi a perda de peso; outros
asseguram que a dengue exerceu um papel muito forte; há quem
garanta que problemas emocionais certamente me afligiam;
amigos espíritas querem assegurar a hipótese da obsessão; do
fato de meu pai ter desencarnado um ano e pouco antes aferem
que essa perda foi fundamental... Eu, por minha vez, acredito
que tudo isso pode ter contribuído, mas minha maior certeza
pende para o lado de que, de certa forma, o que me aconteceu
foi uma resposta de Papai do Céu à minha oração. E não pensem
que eu seja uma pessoa crédula ao extremo e que não analise a
vida com critérios próximos ao ceticismo. Essa maneira de ver esta
questão tem muito a ver com a consciência que opera em minha
mente apontando a necessidade de ter vivido tal experiência para
me sentir melhor credenciado a estudar e discutir o tema. Todavia...
Este item -- depressão por atendimento a pedido em oração --
não está na relação dos indutores ou desencadeadores clássicos
da depressão. Como usá-lo, pois, na diagnose desse caso?!
Comparando com o que eu vivi, outras pessoas, para
chegarem tão ao fundo do poço como eu fui, precisam passar
por situações emocionais ou fisiológicas muito sérias e graves,
enquanto outras, sofrendo muito menos, vão muito além de
onde eu fui e ainda se demoram por lá uma vida inteira. Pessoas
perdem membros e parentes num acidente e se transformam
em exemplos de superação, força e coragem para uma sociedade,
enquanto isso, outras, por terem seu carro arranhado por uma
pessoa maldosa, prostram-se de tal jeito que terminam
entregando suas vidas aos braços da Duma do Inexistir. Existem
depressivos expressando, no dia-a-dia, alegria e demonstrando
estarem de bem com a vida, surpreendendo a todos quando
vêm a saber de seus diagnósticos ou de uma atitude desesperada
por eles perpetradas; tem os que ensimesmam-se de tal forma
que parecem retrocederem às formas fetais, regredindo na vida
de tal modo que nada parece fazê-los despertar sequer para
suas funções básicas; outros surtam de tempos em tempos,
passando longos períodos praticamente "normais", para, logo
a seguir, caírem em estados completamente insuportáveis; não
faltam os que se enquadram em vários tipos de depressão de
uma só vez; e contam-se aos montes os que se dizem e se sentem
depressivos quando não passam de pessoas momentaneamente
estressadas ou circunstancialmente tostes, saudosas ou melancólicas.
O que a ciência médica afirma, de forma quase unânime, é
que a explicação mais provável para a causa básica da depressão
é o desequilíbrio bioquímico dos neurônios, os quais são
responsáveis pelo controle do estado de humor do ser humano. A
seu favor ela alega que a ação dos medicamentos destinados a
essa área do cérebro -- os antidepressivos -- é muito eficaz. Mas...
--e esse "mas..." é longo demais para ser desprezado -- a mesma
ciência médica afirma que não estão dispensadas as conversações
estimulantes, os tratamentos através da palavra -- psicologia -- e
até mesmo as orações, além das tentativas de fazer despertar, no
depressivo, o desejo de superar as dificuldades porque passa --
esperança, porque essas práticas "não convencionais" também
corroboram, e muito, para a recuperação do deprimido. Isso tudo
hoje é muito afirmado por eles, ainda que termine por abalar um
pouco o materialismo mecanicista e reducionista de seus pares.
Portanto, digamos assim, esses "padrões menos objetivos" de ação
não se somam com a teoria da plena ação dos antidepressivos.
Verdadeiramente, há muito mais coisas por trás desses "neurônios
amalucados" do que um simples embotamento bioquímico ocorrido
por pura insanidade dos neurônios. E aqui vale uma pequena
discussão. Se diálogos e orações podem e exercem grande influência
na terapia geral dos depressivos e estes conseguem modificar o
comportamento neural que, inadequadamente, está alterando o
humor do paciente, fica evidente que há outros "canais" de ação
sobre os neurônios, o que nos permite visualizarmos a possibilidade
de que a "causa primordial" pode ser uma outra, onde a estrutura
dos neurônios ou das reações bioquímicas ali constatadas em
alteração nada mais estariam fazendo do que responderem à ação dessa
outra causa.
Por outro lado, qualquer pessoa que analise uma depressão
ou leia um livro ou artigo sério sobre o assunto, logo perceberá que
as causas desencadeantes não são as mesmas para todas as
pessoas. Como já disse acima, perdas tanto podem ser classificadas
como fatores estressores, que desencadearão depressão em alguns
pacientes como. em outros, apesar do luto, da dor e dos embaraços
circunstanciais, a fase dolorosa rapidamente passará e elas
continuarão a vida sem crises ou quedas mais graves por causa
dessas perdas. De igual forma, algumas doenças deprimem uns,
mas também fazem descobrir potenciais de renovação de vida em
muitos. Na verdade, de sofrimentos todos têm suas cotas. Só não dá
para comparar o que representa determinado sofrimento para uma
pessoa e outra. Cada criatura reage de forma muito pessoal, inclusive
na questão da depressão. Pessoas religiosas entram em depressão
assim como ateus, descrentes e zombadores. Criaturas que vivem
malhando se deprimem tal como acontece com gente que nunca faz
qualquer esforço físico. Portanto, se quisermos buscar uma causa
básica, nossa amostragem deverá ser muito ampla e certamente
passará por fatores nem sempre considerados pelos estatísticos de
plantão.
Já se fala hoje que a causa da depressão é de origem
bio-psico-social. Bem se vê que estamos chegando perto,
contudo ainda faltam aí dois fatores essenciais: um de estrutura
energético-vital, que chamo de fluídico ou mesmo magnético,
e o mais essencial de todos, o espiritual. E será buscando integrá-
los nesse contexto que iremos investigá-los, tentar decifrá-los,
entendê-los e procurar desvendar se neles estão os mais
determinantes caminhos que levam à depressão.
Num rápido exame, contemporaneamente classifica-se
a depressão, segundo sua origem, em pelo menos três grandes
grupos de causas: as causas biológicas, as psicocomportamentais
e as religiosas.
Nas causas biológicas são apresentadas as depressões
decorrentes de ações genéticas, onde a hereditariedade teria
um valor muito bem pronunciado em muitos casos. Aqui também
são apontados os fatores bioquímicos, desde as influências
hormonais do próprio organismo -- portanto não provocadas
--, à ação de glândulas como a pituitária e a tireóide, o
metabolismo do sódio e do potássio no cérebro, a síntese da
catecolamina no cérebro (dopamina, norepinefrina, epmefrina etc),
indolamina (serotonina, melatoninaetc.) ou mesmo problemas com
a diminuição de aminas biogênicas, até as conseqüências de
distúrbios provocados por uso de drogas, má alimentação,
intoxicações, algumas infecções virais ou bacteriológicas, dores ou
inflamações grandiosas, choques e traumatismos, intervenções
cirúrgicas, e outras variantes.
Dentro das causas psicocomportamentais, no âmbito das
três grandes matérias do psiquismo humano, a Psicologia, a
Psiquiatria e a Psicanálise, temos que as neuroses são verdadeiras
catalisadoras para futuras depressões. Aliados ou paralelamente
a isso, temos ainda: a dificuldade em lidar com as perdas --
amorosas, familiares, de empregos, cargos, funções ou mesmo
de oportunidades --, a "guarda" muito baixa no campo da auto-
estima, a forma negativa como absorve a realidade da vida --
muitas vezes dentro de fenômenos comuns, repetitivos e
tremendamente naturais para a grande maioria da população
--, a autopunição, o excesso de perfeccionismo, o viver
intensamente o papel de vítima, manter o pensamento e as idéias
sempre desfocadas de uma postura positiva e eficaz... Tudo
isso pode levar uma pessoa a severas crises de depressão.
Alguns estudos têm apontado em torno de 66% o número
de pacientes com infarto do miocárdio que sofrem algum transtorno
emocional, principalmente de depressão ou ansiedade (U.S.
Department of Health ande Humam Services, 1998). Adepressão
maior esteve presente em aproximadamente 20% dos pacientes
que tiveram infarto do miocárdio e a forma menor foi um pouco
mais presente (27%). Em contraste, na população geral, a incidência
de depressão maior e menor, tem sido de 3% e 5%,
respectivamente. Mais alarmante ainda é a ocorrência de depressão
pós-ponte coronária (ou outra cirurgia de revascularização),
chegando a cifras assustadoras de 68% dos pacientes (Petersom,
1996). Adepressão nesse grupo de pacientes reduz as possibilidades
de uma retomada das atividades ocupacionais ou sociais, e mais
grave ainda, aumenta o risco de futuros eventos cardíacos com
maior mortalidade, tais como o re-infarto e a morte súbita. O pior
prognóstico da doença coronariana tem sido associado tanto à
fonna "clínica" como à "sub clínica" da depressão.
Segundo Jackson-Triche, Kenneth B. Wells e Katherine
Minnium (2003), a Depressão Clínica pode afetar: sono. apetite.
pensamento, capacidade de trabalhar, esperança, divertimento,
sexo. relacionamento com familiares e amigos, nível de energia
e desejo de viver. Mas como saber quem está com depressão
clínica? Simples: se tiver vários desses campos afetados, mas se
sentir melhor quando as coisas melhoram, pode ser não clínica,
mas se as coisas melhorarem e a pessoa continuar indiferente, então
é clínica.
Analisando as doenças e suas relações com a depressão,
chamou-me à atenção o que esse trio anotou: "O risco também
aumenta nos pacientes com câncer. Em alguns casos, como no
câncer de pâncreas, a depressão clínica acontece antes de outros
sinais da doença" (grifei). Em seguida, relacionaram as doenças
clínicas que podem aumentar o risco da depressão, além do câncer:
Mal de Parkinson, Esclerose múltipla, Demência, Ferimentos na
cabeça, Doenças da tireóide, Diabete, Doenças do fígado,
Tuberculose, Sífilis, AIDS e Hipertensão.
Uma outra colocação interessante que eles fizeram foi
que "um dos sintomas mais problemáticos e assustadores é a
desesperança".
No terceiro grupo, as causas religiosas são assim
classificadas quando se consideram as influências sutis externas
ao indivíduo. A grande maioria está dividida em: punição Divina
(seja Deus, Alá, Jeová...), influência demoníaca (ação de Satanás
e seus embaixadores) e, no caso espírita, por efeito das obsessões
(sobre este item irei conversar mais ao final do livro). Mas ainda
existem outras variantes: desarmonias energéticas, desequilíbrio
ou desorientação da kundalini, obstrução dos canais de vida,
campos fluídicos sem filtragens etc. Sobre alguns destes últimos,
ainda farei algumas abordagens ao longo do livro.
PERISPÍRITO E CAMPO FLUÍDICO

O perispírito representa importantíssimo papel no organismo
e numa multidão de afecções, que se ligam a fisiologia,
assim como à psicologia.
Allan Kardec, in A Gênese


ndependente de religião ou crença, qualquer pessoa que
raciocine com um mínimo de abertura mental rapidamente concluirá
que entre a volatilidade do Espírito e a inércia do coipo há de haver
um campo sinérgico que intermedeie e permeie esses dois mundos
de freqüências e densidades tão díspares. Em termos de Espiritismo,
esse campo já tem nome e atribuições próprias; chama-se perispírito.
Ele é o elemento que traz, em uma de suas vertentes, a sutileza em
seu mais alto grau, por isso mesmo convergindo para o Espírito, e,
na outra extremidade, ergue-se num consistente padrão de
adensamento, o qual é necessário à confluência com o corpo físico.
Multipotencializado, esse campo fluídico exerce influência
marcantemente positi va tanto sobre a essência espiritual como sobre
o organismo. Isto se dá mesmo antes do nascimento físico, posto
que, de certa forma, preside-o e prolonga-se vida afora, rumo ao
perene progresso. A positividade da influência se deve à ação
sempre inegável de sua estrutura de forças, agindo e interagindo
com os sistemas ascendentes e descendentes das zonas ou campos
a que se interliga.
Já houve tempo em que. considerando-se a pouca
percepção física dessa estrutura monumental que é o perispírito, se
dizia que algo tão sutil e de registro quase sempre impreciso -- e
isso se dá, obviamente, pela nossa pouca evolução na direção da
detecção desses campos energéticos vitalistas e ainda considerados
muito sutis -- não teria, em si mesmo, condições de interferir e
marcar os campos sob sua influência, notadamente o campo físico.
Mas as demonstrações da Psicologia, da Psicossomática e mesmo
de reflexões elementares sobre coisas que não vemos e que nos
marcam de fornia indelével deixaram patente que o argumento do
"não ser visível" ou mesmo "não ser mensurável" é insustentável
para negar esse arrazoado de lógica e equilíbrio que a própria ciência
evidencia mais e mais a cada dia.
Dissecando um pouco esse campo denominado perispírito,
fácil será concluirmos que ele é composto de elementos tão sutis
quanto nossa imaginação sequer concebe, bem como de outros
tão densos que chegariam a se confundir com a própria matéria
orgânica. Todo esse campo difuso de "energia" recebe, de uma
forma bastante reduzida, o conceito de fluido. E esse fluido não é
outro senão o elemento primordial de toda a estrutura material,
desde sua sutileza mais diáfana e etérea até sua densidade mais
condensada e bruta.
Como se não bastassem nossos raciocínios lógicos e até
mesmo as observações superficiais que qualquer um pode fazer
acerca da possibilidade das interferências entre reinos sutis e
densos, os Maiores da Codificação já nos ensinaram que a
"matéria" do perispírito é a mesma dos fluidos magnéticos --
magnetismo, portanto.
Unindo essas rápidas reflexões acerca da excelência do
perispírito em nossas vidas, rapidamente chegaremos às
conclusões que nos levarão ao entendimento acerca de como
podem as ações magnéticas, assim como as mentais,
repercutirem positivamente nos nossos corpo e espírito.
Para dar uma idéia geral da ação do perispírito na estrutura
do coipo orgânico, basta que observemos o fenômeno da gestação
de uma criança. Com os avanços atuais, já existem vídeos reais
que mostram, com total riqueza de detalhes, o desenvolvimento do
embrião, do feto, do bebê. E o que mais impressionaé a sabedoria
aparentemente caótica com que tudo se desenvolve. Pela
cissiparidade, o ovo fecundado pelo espermatozóide reparte-se
em dois, proporcionalmente iguais em tamanho e potência, para
depois esses dois, numa escala geométrica, se repartirem igualmente,
e assim sucessivamente, irem se multiplicando. Então é observado
que, a princípio, nada faz sentido, nenhum direcionamento parece
existir, até que, a partir de determinado momento, é como se todos
os elementos celulares começassem a receber "ordens" e comandos
específicos para se dirigirem para tais ou quais partes do embrião,
numa seqüência de ordem e precisão de difícil elaboração
puramente humana. Bem se vê que há, por trás disso tudo, um
grande campo energético dirigindo, direcionando, administrando
todo o processo, um verdadeiro "field of life" (campo de vida).
Quando hoje se estuda aspectos da clonagem bem como
das células tronco, percebe-se que já está bastante "visível" a
presença, em tudo que é vida, de uma "idéia diretora" a qual,
por assim dizer, administra a intimidade do processo
reprodutivo. Por excessos de uma ciência ainda demasiadamente
materialista, aplica-se, com regular convicção, o conceito de
que é a própria matéria quem administra a matéria e, portanto,
as hélices do DNA seriam as responsáveis por todo o processo
de reprodução e gerenciamento da vida orgânica. Só que tal
argumentação arremete-nos, mais uma vez, à questão básica:
como se justifica que o DNA de uma pessoa "morta" não tenha
mais nenhum poder em si mesmo? Por que o DNA de um
"morto" só volta a exercer ação se for inserido num ser "vivo"?
Fato é que a vida não pertence à matéria em si e sim à "sutileza"
que os materialistas se demoram por referendar. Dá até para
desconfiar acerca dos reais motivos qüe têm certos cientistas para
insistirem negando sobre a realidade do Espírito, da alma e da
Criação!
Aproveitando esse parêntese devo dizer que fico
impressionado querendo saber de onde vem tanta teimosia de
um ser que, tendo estudado e aprendido tanta coisa, como um
cientista ou um filósofo aplicados, ainda resista em afirmar a
possibilidade da existência do espírito, quando ele mesmo sabe
que as ações e reações psicológicas que vive e sente não podem
proceder de simples e mecânicos arranjos e desarranjos celulares,
neurais ou o que seja de meramente físico. Com as modernas
argumentações da física, onde a matéria cada vez mais
"desaparece", dando lugar ao quase invisível, impalpável e
inimaginável, e sendo esses "estados" e essas "não-matórias"
os responsáveis pelo que vemos, sentimos e percebemos de
material, como podem essas mesmas criaturas não perceberem
que é a sutileza da alma, do Espírito, a responsável pela
excelência de seres que somos?! Deveras, fico abismado como
podemos, enquanto seres humanos, não "querermos ver" a
realidade espiritual! Seria o vocábulo espírito o que os assusta
e, envergonhados de reconhecerem essa "bizarrice", tímidos de
se descobrirem imortais, acham-se mais nobres e vivos quando
simplesmente se determinam como mortais, sem origem e sem
finalidade útil para o tempo que se segue ao findar do
funcionamento celular? Julgariam eles uma pessoa, doando-lhe
cátedra de genialidade, como sendo uma criatura perfeita cm
seus anseios e realizações se elas, como gratidão aos mestres
que lhes ensinaram os segredos da vida e da morte, compilassem
tudo o que aprenderam, exercitaram, descobriram e criaram e,
apondo tudo numa obra de perfeição muitas vezes superior aos
mais complexos engenhos já criados, por fim a tudo enterrassem,
sem deixar rastros ou sombras para o uso daposteiidade, incluindo
a si mesma? Seria justo criar-se uma vida genial como a humana
para depois não mais que sepultá-la, destiná-la a mero alimento de
vermes? Então, para que a Natureza teria evoluído tanto'? Um dia
ainda muito nos riremos do tempo em que o ser humano era tão
presunçoso que acreditava tudo conhecer e, pelo seu saber,
destronara o Criador e destinara tudo ao Fim do escuro sepulcral
ou do fogo crematório! Oh. Deus! Quanta ingenuidade!
Recordo-me de uma historieta lida alhures, digna de ser
reproduzida aqui.
Um homem estava colocando flores no
túmulo de um parente, quando vê um chinês
deixando um prato de arroz na lápide ao lado.
Ele se vira para o chinês e pergunta:
-- Desculpe, mas o senhor acha mesmo
que o defunto virá comer o arroz?
Sereno, o chinês responde:
-- Sim, virá quando o seu vier cheirar as
flores...
Muitas vezes acreditamos em nossas crenças, sem sequer
pensarmos no porquê acreditamos nelas e, em cima dessas crenças,
desacreditamos e descredenciamos todos os que pensam diferente,
mesmo quando a força da lógica parece prevalecer.

O perispírito é um molde pan-funcional, o qual impressiona
e é impressionado tanto nas atinencias do corpo quanto do Espírito.
Se o corpo sofre agressões ou ferimentos físicos, transferirá suas
marcas, desde cicatrizes até os registros dolorosos e emocionais
das circunstâncias, para ele e, conseqüentemente, este aíremete
suas impressões para o Espírito. Mas se é no Ser Espiritual que
acontece a agressão, normalmente traduzida sob a forma de
obsessões, culpas, medos, sentimentos negativos e idéias
desequilibrantes, esta se projeta sobre o perispírito, abalando-o
em suas estruturas de equilíbrio e harmonia, culminando no desagüe
de uma energética desestruturadora nas cercanias do campo
orgânico, podendo levá-lo à sua somatização sob a feição de
doenças, sejam físicas ou psicológicas.
Neste raciocínio fica evidente que da qualidade desse
elemento intermediário dependerá, em muito, não apenas a
morfogênese do coipo em sua fase inicial da vida como é de extrema
relevância sua potencialidade nacorreção de rumos em tudo o que
possa afetar o corpo ou a alma, seja durante sua vida de encarnado,
seja quando retornado ao mundo espiritual.
Por outro lado, se ele recebe impressões do corpo e do
Espírito, igualmente está sujeito a impressões de fora. Todavia,
esse agente "de fora" há de ser capaz de com ele interagir a fim
de haver consistência na ação. Como já foi indicado
anteriormente, o perispírito é fluídico, assim como o chamado
"produto mental" é igualmente fluídico ou, no mínimo, como
aprendemos e já testamos repetidas vezes, podemos afirmar
que os fluidos mais sutis são acionados pela ação da vontade,
pela chamada força de vontade. Portanto, uma vontade firme e
bem direcionada, atuando sobre os fluidos, cria condições de
interferência direta sobre o perispírito e, a partir daí, podem
ocorrer modificações de diversos padrões, intensidades e
direcionamentos nele e, por extensão, no corpo e no Espírito.
A realidade do sistema nervoso é inquestionável, mas o
acionamento neuro e ou psicológico dele, de origem comumente
qualificada de emocional, pede um outro agente mais refinado
e igualmente inteligente para poder estabelecer as distinções
que a estrutura nervosa, de si e por si, não tem condições de
definir nem explicar. Por exemplo: quando a mão de uma pessoa
querida pousa sobre nossa pele, as reações internas e externas
são pronunciadamente de prazer e podem nos levar até ao
arrebatamento enquanto uma outra mão, identicamente
parecida, mas ausente desse toque de bem querer, embora nos
tocando com igual pressão e afago, as reações geradas serão
inegavelmente diferentes e com alta probabilidade de gerarem
desconfortos. Quem gerencia essa diferenciação? Lógico tratar-se
da espiritualidade real do sere não apenas de filigranas do sistema
nervoso, o qual é, em tese, destituído de razão e lógica. É, deveras,
1
o Espírito quem gerencia e administra tudo isso, todavia ele precisa
contar com um elemento intermediário a fim de fazer repercutir
tudo isso na caixa física. Esse elemento é o perispírito.
Pode parecer que estou dando círculos e me repetindo
neste assunto, mas o meu intuito é que você. leitor ou leitora.
perceba, o mais claro possível, como é interessante a realidade
desse agente em nossas vidas e como nossa influência, direta
ou indireta, sobre ele pode mudar coisas antes inimagináveis
em todos os nossos padrões: orgânico, funcional, mental e
espiritual.
Em meus livros sobre magnetismo (O Passe: seu estudo,
suas técnicas, sua prática, editado pela FEB/RJ; Manual do
Passista e Cure-se e cure pelos passes, editados pela Vida &
Saber/RN) apresento e discuto com muitos detalhes a figura do
perispírito. Neles lembro da necessidade de pontos de
convergência desse campo multifuncional com o coipo orgânico
para que suas ações e interações sejam bem canalizadas e
realizadas. De fato, o perispírito, em seu vórtice direcionado
ao corpo físico, pede um adensamento bem definido, já que os
padrões da matéria densa existem dentro de uma escala de
freqüência bastante restrita e aceitando muito poucas flutuações.
Sendo o perispírito, por força de sua multiplicidade de funções,
um campo de freqüências extremamente variadas e funções com
valências muito ricas e diversas, precisa ele contar com zonas
bem delimitadas para fazer a interligação e o intercâmbio de
forma perfeita e precisa com o corpo orgânico.
Das milenares escolas da humanidade trazemos o
conhecimento e, das pesquisas modernas, a comprovação da
existência dos sistemas energéticos sutis presentes nos seres
humanos, onde os mais conhecidos e estudados são os centros
vitais ou centros de força, também chamados de chakras. Trata-
se de estruturas vorticosas, com aparição na vidência sob feições
turbilhonantes cónicas concêntricas, tipo redemoinhos, em cujos
vértices agudos ocorrem os liames da intercessão e do imiscuir-
se entre a matéria propriamente dita e o fluido do qual os centros
vitais são feitos.
Responsáveis pela administração de ações e
comportamentos organo-fisiológicos, além de repercutiré receber
influências diretas do campo mental-espiritual, os centros vitais
(chakras). quando bem equilibrados e calibrados de acordo com
as necessidades de cada ser, fornecem e propiciam as condições e
os elementos imprescindíveis para a manutenção da saúde humana.
Daí se conclui que uma ação bem realizada em suas zonas de ação
certamente ocasionará modificações favoráveis ao restabelecimento
do que eventualmente esteja descompensado ou desequilibrado.
De igual sorte, uma desarmonia nessas estruturas acarretará, de
forma quase inevitável, descompensação e desarmonia no
fisiologismo e no psiquismo que lhes estejam diretamente
relacionados, podendo gerar, se não vier a ser rearmonizada a
tempo, complicações nos centros vitais adjacentes chegando a
comprometer toda a estrutura vitalista do ser, quando então se dana
o chamado colapso fluídico ou vital. Portanto, com segurança
podemos dizer que, de forma ampla, por intermédio do perispírito
ou, de maneira mais específica, pelos campos dos centros vitais,
temos amplas e quase irrestritas condições de agir sobre toda a
estrutura organo-fisiológica do ser humano, podendo, assim, tanto
"gerar" saúde como doenças, corrigir desarmonias ou descompensar
balanceamentos físicos.
É mais do que visível que nossa intenção estará plena e
vigorosamente voltada à estrutura da manutenção ou da recuperação
da saúde e nunca direcionada a qualquer coisa que redunde em
mal para as criaturas. Mas seria ingenuidade de nossa parte não
lembrar que, quando mal utilizadas, as "energias" fluídicas podem
causar severos danos ao ser humano. Haja vista o que as chamadas
magias negras têm produzido ao longo dos milênios.
Como grandes transformadores energéticos, costumo
chamar os centros vitais de usinas, pois muito similares são seus
processamentos nas atividades fluídicas humanas. E isto se dá de
fornia mais clara e perceptível quando sabemos que essas usinas,
esses elementos vorticosos, conseguem transformar substâncias
orgânicas, celulares e fisiológicas em elementos puramente lluídicos.
os quais, ainda bastante densos para padrões espirituais, são
·vivamente sutis, a ponto de só pessoas dotadas de vidência terem
condições de percebê-los em sua forma ordinária.
A grande diferença de usinagem de um centro vital e de uma
usina propriamente dita é que as usinas vitais tanto processam do
denso para o sutil como o fazem no modo inverso, ou seja, densificam
fluidos sutis transformando-os em matéria orgânica.
Para alguns, este raciocínio não seria possível por
comparação com as idéias da alquimia antiga, quando se buscava
agentes ou reagentes que transformassem metais pobres em metais
nobres, como feiro em ouro. Na analogia, querem deduzir que se
tal for verdade então seria possível alguém vi ver sem ingerir qualquer
tipo de alimento, bastando alimentar-se de fluidos convertidos pelas
próprias usinas.
Creio que em algum tempo, tal poderá se dar. Hoje,
entretanto, não acredito seja isso possível, por uma série de
inconsistências. Por exemplo: como encarnados que somos, nossas
usinas são adaptadas primordialmente para a transformação de
elementos densos em sutis e não o contrário. Outra questão seria
que, por essa ineficiência de constituição das usinas, por mais que
elas produzissem essa reconversão, dificilmente seria capaz de gerar
tanto "alimento" físico quanto seria necessário para a manutenção
vital orgânica; provavelmente uma tentativa dessa ordem as levaria
à exaustão, seguindo-se da falência do circuito vital.
Apesar de esse raciocínio estar correto, ele não refuta o
anterior, pois num caso pede-se uma reconversão total, contínua e
geral, ou seja, de energias "espirituais" e físicas do mundo externo;
no outro caso também são buscadas energéticas sutis, só que de
uma fornia não tão constante nem ininterrupta e, o que não pode
deixar de ser bem ponderado, essas reconversões (usinagens ao
contrário) energéticas pedem o auxílio direto de um outro ser, o
doador, sem o qual dificilmente a operação fluídica acontecerá.
Vendo toda essa questão por um outro ângulo, como o
homem é um ser ternário, a origem de suas doenças pode ter. no
mínimo, três causas: espiritual, fluídica e física. A rigor, o tratamento
de cada uma delas, em tese, deve ser compatível e diretamente
relacionado com a causa, ou seja: trata-se do espírito por ação
espiritual (via intelecto ou pelo emocional), do perispírito através
de mecanismos como os dispostos pelo Magnetismo e do corpo
pelos meios oferecidos pela Medicina. Sendo assim, pode ser
perguntado por que razão estou dando tanta relevância ao
tratamento fluídico. Partindo do princípio de que o perispírito é o
elemento de ligação, campo do intercâmbio energético entre os
três níveis vibracionais do ser e da moifogênese cinética entre espírito
e matéria, estando, portanto, em contato direto e intrínseco com
esse dois "campos" - material e espiritual -, por seu intermédio
temos como "acessar" e fazer repercutir sobre eles mecanismos de
reparação, renovação e de verdadeiras mutações corretivas.
Significa dizer que o perispírito é o elo vigoroso de acesso e
operação nas mais variadas ordens de problemas do ser humano.
Todavia, à parte do fato de que a moral pode ser atingida pelas
conseqüências de uma eficiente terapia fluídica, gerando, por
extensão, mudanças de posturas morais nos indivíduos por ela
"curados", na maioria das vezes a essência moral solicita uma
ação direta nesse sentido, ou seja, uma ação moral, a qual, bem
se entende, só tem capacidade de exercê-la quem tenha moral
suficiente para gerar as mudanças necessárias. E no que diz
respeito aos problemas orgânicos, vários são os casos em que a
intervenção médica e de medicamentos são indispensáveis. Ainda
aí, o Magnetismo se transforma não apenas num auxiliar da terapia,
mas destaca-se como o elemento sem o qual a estabilidade da
terapia física demandaria mais tempo, gerando inauditos
desconfortos e sofrimentos e, em alguns casos, até não chegando à
sua eficiência.
A propósito relembro que pesquisas, as mais diversas e
sérias em quase todo o mundo, dão conta da influência positiva de
preces, vibrações, mentalizações bem como das emissões de
"energia" para doentes resultando sempre em menos sofrimento,
mais rápidas cicatrizações, melhor suporte às intervenções,
menor tempo de internamento. Tão sérias são estas evidências que
hoje, em muitos hospitais e planos de saúde dos Estados Unidos.
se o paciente confirmar sua ligação a terapias meditativas ou vínculo
com métodos que utilizam a mente ou a oração são incluídas em
faixas mais baixas de custos, resultando em menores valores em
suas taxas mensais. Corroborando com isso, uma larga maioria de
hospitais naquele país hoje se utiliza dos serviços do toque
terapêutico, prática implantada pelas enfermeiras Dolores Krieger
e Dora Kuhn--e essa prática não passa de pura e simples aplicação
de magnetismo com as mãos.
Prossigamos.
Quantos não são os casos de pacientes redimidos de
cânceres, com extirpação natural ou simples desaparecer de
tumores, de fenômenos como a solidificação óssea antes
impossível, de reestruturação de sistemas nervosos, de controle
de loucuras, de ressurgimento da visão com a intervenção do
Magnetismo, bastantes vezes aplicado em situações limítrofes, nas
quais a irreversibilidade era considerada como certa? E aqueles
outros casos em que as obsessões não cediam aos argumentos
das ciências psicológicas, onde traumas, neuroses e psicoses
não deixavam seus desequilibrados possuidores em paz?
Quantos não foram completamente sanados ante a aplicação
coerente e regular do Magnetismo? E onde atua esse
Magnetismo senão no perispírito, em primeira instância, depois se
espraiando pelas margens da personalidade e do cosmo orgânico
dos doentes de toda espécie?
Em síntese: o Espírito acessa o coipo através do perispírito
e suas terminações, assim como o Espírito, quando encarnado,
processa suas vias de evolução pelo refluxo das informações
oriundas da experiência carnal, retomadas pelo mesmo elemento.
Significa dizer que se o elemento de intermediação estiver
desarticulado, ineficiente, conturbado ou sem perfeita conexão com
o organismo, muito provável será a dificuldade de gerência do ser
maior sobre o ser menor. Assim como para se permitir uma boa
apresentação musical ao exímio pianista é necessário que lhe
disponhamos um excelente e afinado piano, para que o ser espiritual
manifeste todo seu poder, sua força e vontade é imprescindível que
seu veículo de comunicação esteja bem coordenado com o corpo.
Curar só o corpo, portanto, nem sempre resolve a problemática
de certas doenças, pois suas etiologias precisam ser pesquisadas
em "campos" mais avançados.
MECANISMOS DE A Ç Ã O DOS FLUIDOS
NAS TERAPIAS

Do fato de não estar a inteligência no mecanismo do
pêndulo e do de que ninguém a vê, seria racional deduzir-se
que ela não existe ? Apreciamo-la pelos seus efeitos.
Allan Kardec, in A Gênese


pós essa rápida circunvizinhança pelos escaninhos do
perispírito e dos centros vitais, pode-se perguntar se todo esse
mecanismo de cura se dá de forma instantânea e amplamente
abrangente ou se funciona apenas de forma lenta e restrita. A
resposta, com as evidências que temos hoje, aponta para uma
abrangência ainda estreita e uma ação que pede regularidade,
seqüência e método, mas tudo indica que essa restringência guarde
maior relação com nossa pouca habilidade e imaturidade em lidar
com esse tipo de operação do que pelas potencialidades reais que
tais ações -- e nós mesmos -- aparentamos possuir.
Antecipando um pouco o que veremos adiante, hoje conto,
dentre vários e significativos casos, com uma reversão de problema
de saúde que demandou meses de terapia, enquanto a dita ciência
acadêmica ditou ser este um caso irreversível. Num outro, sério e
profundo problema de depressão, após anos de tratamento com
terapeutas variados e medicamentos de forte repercussão
neurológica, com pouco mais de três meses de terapia por
Magnetismo vemos o paciente sem precisar sequer de chás ou
massagens, totalmente refeito para a vida. E, o que é mais
importante, sem sofrer recaída.
Por esses dois exemplos, bem se vê que não dá para se
catalogar a instantaneidade das curas como padrão, mas
considerando-se alguns diagnósticos de gravidade ou mesmo
certos prognósticos bastante desfavoráveis, ou ainda levando-
se em conta o longo e crônico período que certas doenças
acometeram, vilipendiando muitas e variadas pessoas, o prazo
de recuperação, em uma grande maioria de situações, é
extremamente breve e alvissareiro. A despeito de tudo, a grande
e saborosa verdade é que podemos esperar muito da ação
positiva dos fluidos sobre os males humanos. O Magnetismo
ainda será resgatado, não por interesses subalternos, mas por
tratar da camada profunda do ser, levando ao Espírito as
possibilidades de superação e vitórias, sem tantos desesperos e
equívocos vitais.
Também é valioso salientar que, embora não sendo
panaceia, pois que não se pode dizer que qualquer magnetizador
esteja habilitado para tratar qualquer tipo de problema, o
Magnetismo, de certa forma, se presta a tratar de praticamente
todos os problemas físicos, psíquicos e perispirituais, lógico
que a depender de uma série de circunstâncias e circunstantes.
Apresso-me em dizer que ainda é muito restrito o
domínio que se tem sobre determinadas doenças com terapia
bem definida pelo Magnetismo. Apesar do caráter de longa
antiguidade dessa ciência, ela sempre foi perseguida e
violentamente ridicularizada por seus poderosos opositores e,
para complicar mais ainda, também foi ineficiente c
continuadamente mal estudada e mal pesquisada por seus
simpatizantes e praticantes. Tudo isso favoreceu a que sc
mantivesse, como persiste até os dias atuais, num quadro por
demais desfavorável para que, como ciência, ela se impusesse.
Por vezes, o Magnetismo era maldosamente associado às
bruxarias e rituais de magia negra; outras vezes, indicado como
arma demoníaca; ainda é visto como um mero indutor psicológico,
sem efeito prático real e, por muito tempo, foi considerado pratica
ilegal de Medicina, o que sempre foi um absurdo, pois se o
Magnetismo cura, era para a Medicina estudar-lhe os princípios e
não simplesmente enxotá-lo. E quase não adiantou o próprio Jesus
ter sido o mais notável magnetizador que este planeta já viu, pois
até mesmo as religiões duvidam de Suas palavras, posto que Ele
disse que seríamos capazes de fazer tudo o que Ele fazia e até
mais, desde que o quiséssemos; mas quando nos colocamos a fazer
o que Ele nos sugeriu e ensinou, a gritaria dessa mesma religiosidade
é ensurdecedora.
A despeito de tudo, o Magnetismo vem caminhando,
lenta, mas progressivamente.
Funcionando como a luz que passa pelo obturador de
uma câmara fotográfica, a qual, a depender do tempo de
exposição e da qualidade do filme a ser impressionado, gerará
uma imagem correspondente ao que esteja adiante da lente, os
fluidos, dirigidos e direcionados pela força da vontade (do
magnetizador), passando pelos obturadores (centros vitais) do
paciente e potencializados pelo filme (perispírito) deste último,
a depender do tempo e das técnicas de doação (Magnetismo)
possibilitará às estruturas vitais do paciente o registro de novas
"imagens" de harmonia e saúde, as quais impressionarão as
estruturas físicas e psíquicas dele rumo às mudanças em seus
circuitos de funcionalidade e saúde.
Os centros vitais, recebendo novos tônicos energéticos
c sendo estes promanados de uma fonte harmoniosa e
consistente -- em tese, os magnetizadores doam fluidos
harmônicos e consistentes -- deverão reagir nesse mesmo
sentido, portanto, buscando manter ou recuperar a harmonia.
Sobre esta lógica fundamental observemos que outras
variáveis têm valor bastante ponderável no conjunto da
recuperação. As principais são: a postura do paciente (deve
estar fundamentada no trinômio fé, esperança e merecimento).
a vontade do magnetizador (e não apenas a boa vontade), o
conhecimento das técnicas que determinarão onde, como e
quanto é necessário, a complementação que servirá de
manutenção do estado de alteração fluídica entre uma aplicação
e outra (água fluidificada ou magnetizada) e a ação sempre
indispensável do Mundo Invisível (Espíritos amigos, protetores,
anjos guardiões etc.).
Quando ainda se vivia a medicina de Galeno e nada do
microcosmo era conhecido, falar em membrana celular,
parasitas, sistema endocrino ou coisas parecidas levaria seus
expositores, no mínimo, ao ostracismo, não sem que antes
fossem execrados, excomungados, ridicularizados e afastados
da prática curativa vigente e aceita. Nos dias atuais isso parece
irônico; os médicos da atualidade podem até pensar que nada
disso existiu, pois o que hoje é trivial, como a circulação
sangüínea ou a função da estrutura medular, àquela época não
era sequer imaginável. De outro lado, enquanto o Oriente, há
milênios, lida, confirma e evidencia, de forma muito segura e
real, a existência do corpo sutil, de suas estruturas, dos circuitos
vitalistas e, de uma forma conseqüente e inarredável, sempre
considera a parte essencial da criatura humana como sendo o
espírito, ainda hoje o Ocidente teima em dizer que tudo não vai
além da matéria e que a alma não passa de uma necessidade
psicológica das criaturas frágeis, que ainda necessitam de uma
Idéia Criacionista e paternalista para se justificarem, para
existirem, enfim, para se sentirem seguras. Por conta disso e,
claro, envolvendo interesses de todos os tipos, tempos, estilos
e arbítrios, prevaleceu e ainda permanece a desfigurada e
infrutífera luta entre Religião e Ciência, sem que os fomentadores
dessa intriga despropositada percebam que em nada se inimizam
essas doutrinas, em virtude de serem complementares. É justo
se considere, entretanto, que o radicalismo religioso de remotas
eras. muito dele infaustamente preservado até os dias correntes,
foi o grande responsável pelo atraso lamentável em que a
Humanidade se viu arremetida e do qual ainda engatinha por dele
sair. Contudo, pior do que o que foi feito de ruim ou o que não foi
providenciado de bom no passado é a estagnação na qual insistimos
em permanecer, achando que para se ser cientista não se pode
pensar em Espírito ou sutilezas de campos energéticos ainda de
difícil detecção pelos mecanismos e maquinarias em nosso uso
corrente.
Esta digressão tem sustentação. É que ainda há uma
tendência muito forte de se desmerecer aquilo sobre o que não
se consegue dominar, especialmente se "a coisa" é invisível e,
relativamente, impalpável.
Quando tudo parece apenas responder à química
soberana do organismo, a "mente" segue "correndo por fora",
não sem deixar suas marcas vigorosas nas trilhas dos que querem
ver, entender e pesquisar.
A força de uma emissão fluídica, o efeito de uma vontade
determinada, consciente, confiante ou ainda a fé que atrai ou
repulsa, a depender do que se busca com ela, são ocorrências
reais, não há como negar. Entretanto, o comodismo do "não
me convence" ou do "não acredito nisso" ou ainda do "isso não
é científico" não apenas tolhe ações e pesquisas como cega a
humanidade que sonha com o dia em que o Espírito será o
verdadeiro referencial do ser.
Só para fazer um paralelo, se o notável físico Richard
Feynman, Prêmio Nobel de Física de 1965. não tivesse ousado
pensar diferente e apresentado sua teoria ao próprio presidente
da república dos Estados Unidos da América, talvez ainda hoje
capengássemos ante muitas hipóteses sofisticadas ou
apocalípticas para justificar a explosão do ônibus espacial
Challenger. ocorrida em 26 de janeiro de 1986. quando realizaria
a
sua 25 viagem e em cujo acidente morreram, de forma
instantânea e brutal, os sete astronautas que partiam naquela
aeronave. Em vez de fie ar rebuscando hipóteses mais "nobres",
concentrou-se no que determinaria a soltura de uma placa de
borracha e seu subseqüente dano mortal. Depois de descoberta a
causa, ele informou ao Presidente Reagan que o acidente havia
sido causado por defeitos em anéis de borracha, mas o Presidente
não acreditou e retrucou: "Surely you are joking, Mr. Feynman!"
(Certamente o senhor está brincando, Senhor Feynman). Quando
seus pares souberam, vociferaram por conta da justificativa
apresentada. Mas uma demonstração rápida a todos convenceu e
isso mudou os planos e a cabeça de muitos pesquisadores. Sua
teoria era de que o frio daquele dia -- a temperatura estava abaixo
de zero -- congelara e fragilizara os anéis, tornando-os
quebradiços... E, para desespero geral, foi isso que provocou aquele
desastre horrível. Para provar sua hipótese, ele encharcou uma peça
de borracha numa água muito gelada e depois, batendo-a sobre a
mesa, esta se quebrou.
Não foi o inusitado da percepção dele nem mesmo a
circunstância dele contrariar uma lógica meio ilógica da filosofia da
ciência, optando pelo mais simples, e sim sua contraposição segura
àquilo que, num bom português, chama-se radicalismo da certeza
maior do mais antigo. Ele guiou-se apenas pela lógica da Natureza
e não na do que estabelecem princípios humanos. Ele teve a coragem
de assumir uma postura, mesmo contrariando todo o status-quo
tão fechado e ortodoxo em que vivia. Demonstrava ele, mais uma
vez, que é preciso ousar, desde que se tenha segurança, perseverança
e objetividade.
Será que você está com a mente, a cabeça e o coração
abertos para pensar diferente, refletir sobre coisas que de há muito
deixou de ser apenas artigo de fé e depois testar tudo para ver se
suas certezas não estarão precisando de melhores experimentos a
fim de se engrandecerem? Ora, se você tem certeza do que sabe.
qual a relutância em ler. conhecer, pensar e avaliar aquilo que
acredita não existir, não ser real?
Abrir-se para o mundo é se abrir para si mesmo. Mas de
que adianta se estar aberto e simplesmente repulsar tudo sem sequer
avaliar o que condena?
Pense nisso e vamos adiante, tá?
Se você já está familiarizado com os conceitos de centros
e campos vitais achará o que vem muito simples, mas se ainda
não viu ou oferece rejeições, em nome do bem maior, abra sua
mente e coração e reflita um pouco sobre essas estruturas. No
final você poderá, de alguma forma, testar se isto funciona
mesmo. E, funcionando, sua aventura terá valido a pena. Se
não funcionar -- o que eu acho muito pouco provável --, ainda
assim não terá perdido nada, pois todo conhecimento é
somatório para o nosso progresso. Sendo assim, farei abaixo
um breve esquema dos centros vitais, para que saibamos
exatamente sobre o que estamos falando. Contudo sugiro que
você busque infonnações mais detalhadas em algum dos meus livros
já anteriormente citados -- Manual do Passista, Cure-se e cure
pelos passes ou O Passe: Seu Estudo, Suas Técnicas, Sua
Prática -- nos quais detalho e explico melhor todo o conjunto
desses centros, inclusive com muitas gravuras ilustrativas.




Centros de força ou centros vitais
O QUE DIZ O TATO-MAGNÉTICO

O pior é quando sinto que as pessoas estão pensando que
estou criando situações ilusórias, problemas inexistentes.
Que eles não existem, que não passam de doença de quem
não tem o que fazer, que é o diabo fazendo moradia em uma
mente desocupada. Enfim, é fricote puro.
Pirinéus de Sousa, in Quando a Depressão Ataca


ualquer magnetizador mais afeito ao estudo do
Magnetismo não apenas já ouviu falar do tato-magnético como o
pratica em seus estudos e atendimentos através da aplicação dos
passes. Trata-se da possibilidade de se fazer uma espécie de
diagnóstico psico-tátil do paciente pela "sensibilidade psíquica" das
mãos -- o método mais comum -- ou mesmo da empatia fluídica
-- onde o magnetizador sente em seu corpo as mesmas sensações
e doenças que acometem o paciente. Em ambos os casos, a
depender da experiência e da sensibilidade do magnetizador, as
informações obtidas são de uma precisão impressionante.
Vamos falar mais sobre essa "ferramenta" do Magnetismo,
mas antes quero retomar um pouco de minha história.
Quando saí da violenta crise depressiva em que mergulhei,
tive que buscar as razões que levaram os passes, por mim
recebidos, a não resolverem o problema da "minha depressão"
como, conforme relatei pormenorizadamente, em muitas
ocasiões, complicarem mais ainda o quadro de sensações
desagradáveis então vividas.
Magro como estava, abatido como nunca estivera em toda
minha vida, eu encarnava o protótipo do anticurador. Por vezes
esse fato dificultou o início das pesquisas, pois algumas pessoas
deduziam que receber passes de alguém tão fragilizado e que, com
todo conhecimento, terminara caindo em depressão, talvez não fosse
o "terapeuta" ideal para resolver suas necessidades. O lado positivo
disso foi que me deu tempo para ler mais, refletir melhor, rever
conceitos, recuperar mais um pouco da combalida saúde física e
estabelecer regras para trabalhar naquilo que seria a pesquisa dos
meus sonhos.
Por que pesquisa dos sonhos? -- alguém pode perguntar.
A resposta é simples.
Sempre quis estudar o suicídio. Nunca li ou ouvi qualquer
nota de um suicídio sem que isso não me criasse um desgosto,
uma amargura, pois sempre acreditei que se eu escrevesse muito
e muito, de forma a prevenir seres contra tão nefasta idéia, havia
a possibilidade de que um desses suicidas pudesse ter lido alguma
dessas obras e, assim, evitado tamanho "salto no escuro". Isso me
incomodava muito.
A dedicação ao estudo do Magnetismo, primeiro por
necessidade das funções que desempenhava, depois por convites
e mais convites para palestras, seminários, congressos, cursos,
work-shops no Brasil e fora dele, de certa forma me afastava
do estudo daquele outro tema. Por mais que eu tentasse retomar
meus estudos e minhas pesquisas sobre o suicídio, o Magnetismo
sempre me arrastava para a sua seara.
De tanto me ligar ao suicídio, terminei conseguindo escrever
uma primeira obra acerca do assunto: Viver ainda é a melhor
saída, um li vro qualificado pela critica como de auto-ajuda, mas
que eu digo se tratar apenas de um bate-papo intimista e de ricas
trocas de idéias com pessoas que tenham idéias de se matar. Por
sinal, apesar das pequenas tiragens, esse livro tem três características
que muito me agradam e até me emocionam: uma é literária e as
outras duas não necessariamente. A literária é que ele foi escrito de
forma impessoal, ou seja, não existe uma indicação de masculinidade
ou feminilidade no tratar do texto, para que o leitor, de qualquer
sexo que seja, sinta-se confortável em sua leitura, como participando
de um verdadeiro encontro, um caminhar dialogado, com alguém
em quem possa confiar. Uma outra característica é que, de todos
os meus livros, do total de dez já publicados afora este, ele foi e é
o que gera mais correspondências a mim dirigidas, sendo a maioria
delas repleta de relatos pormenorizados, ricos, honestos, mas
também quase sempre dolorosos, cruéis, sofridos, amargos.
Todavia, no final desses relatos sempre surge um eloqüente
agradecimento, comumente seguido de uma frase do tipo "este livro
salvou a minha vida!". A terceira característica é que, em cima
desses depoimentos, fica evidente que esse livro troca muito de
mãos, pois é muito comum escreverem assim: "Um amigo viu um
exemplar na casa de outro amigo, o leu, lembrou-se de mim e me
emprestou para lê-lo também...". Isto quer dizer que este livro tem
pernas, ou melhor, tem asas, pois ele é muito mais lido do que
vendido e,- a cada pessoa que o lê, injeta-lhe vida nova, poder mais
intenso de reavivar esperança, de tonificar vidas. Não são poucas
as pessoas que pedem de 3, 5 10 exemplares de uma vez para
saírem presenteando-os a muitas pessoas. Inclusive, leitores de
várias religiões não só o leram e o indicaram como ainda me
escrevem para trocarmos idéias sobre pontos que chocam por
mexerem, de forma natural e sem qualquer agressão ou ranço, em
princípios que estavam acomodados na mente e no coração de
muitos leitores. Isso tudo é muito gratificante, reconheço.
Voltando ao nosso assunto, como eu não conseguia
desvencilhar-me do Magnetismo, não sabia se algum dia iria ter
condições de retomar qualquer trabalho em favor do evitar
suicídios. Doía-me ver tantos dados coletados em Institutos
Técnicos e Científicos de Polícia, onde me deitei sobre
prontuários, dias e dias. durante meses, procurando a lógica
dos suicidas em cima de seus registros finais, de suas opções de
gestos finais, sem uma utilidade mais objetiva, mais direta, mais
eficaz na prevenção dessa hecatombe moral. Tantos livros
adquiridos, a duros sacrifícios, para conhecer o máximo possível
daquelas personalidades e vejo isso tudo meio que empoeirados
nas estantes, sem maior serventia (se bem que, sempre que
posso, ainda os leio, pesquiso, analiso, estudo, enfim, não os
deixo inteiramente sossegados). Obras dantescas, monstruosas
mesmo, adquiri no exterior para saber em que se baseavam
criaturas demoníacas que escrevem incentivando outros seres
ao auto-aniquilamento. Tudo isso parecia perdido, infrutuoso,
descartado. Doía-me muito isso tudo. Eu não sabia que estava
caminhando rumo a eles, só que sem buscá-los diretamente.
Hoje, quando vejo números apresentados pela Organização
Mundial de Saúde -- OMS dando-nos conta de que a depressão
já é, desde seu relatório de 2001. a quarta causa de incapacitação
no mundo e que, a se confirmarem as projeções, em 2020 será a
segunda -- atrás apenas do grupo de doenças cardíacas --,
percebo mais claramente que estou chegando ao estudo do suicídio
e de suas tentativas pelo caminho de uma outra volta, uma curva
inusitada, facultando-me uma espécie de releitura; chego ao suicídio,
de forma positiva e efetivamente objetiva, tratando da depressão
pelo Magnetismo. Afinal, a OMS calcula que 10% a 15% dos
deprimidos tentam suicídio, enquanto a média alta, em um país como
a Finlândia, que tem um dos mais elevados, senão o maior índice
de suicídios da Europa, no auge de uma onda suicida chegou a
0,0215% (21,5 por 100.000 habitantes). Portantoé determinante
se buscar a cura da depressão a fim de se evitar tamanho número
de suicídios, número esse que só tenderá a crescer se não se barrar
o avanço de tão sórdida doença.
Para se ter uma outra idéia em números, no ano 2000 já
era estimado que 121 milhões de pessoas ao redor do mundo
estivessem deprimidas. E ante a constatação do perigo de morte
que corre quem se deprime, podemos dizer, com total clareza,
que a depressão, mais do que mal-estar, causa também mortes --
e que mortes! Que tipo de mortes cruéis!
Foi por esses caminhos que Deus me levava ou me trazia
de volta à convergência do tema que tanto aprecio. Descubro,
-
deslumbrado e feliz, que se conseguir levai avante a possibilidade
da cura da depressão com o auxílio efetivo do Magnetismo
terei chegado ao meu sonho.
Com tantas conclusões na mente, não podia me demorar
mais. Para cumprir a grande proposta de salvação de seres
humanos, busquei pacientes em depressão a fim de aferir, com
o máximo de atenção, onde se localizavam os distúrbios
fluídicos, que pontos apareciam como focos mais eloqüentes,
quais campos causavam toda aquela desordem.
Tendo viva a informação de que a ciência sempre
direcionou à cabeça a raiz do problema, voltei minha
preocupação básica para tentar distinguir em que parte do
cérebro residia o gerente do caos.
É óbvio que o centro cerebral -- e também o frontal --
estava desordenado, confuso, convulso, mas aquele quadro se
repetia praticamente em todos os outros centros vitais, não
sendo, portanto, um "privilégio" dos centros superiores a
desarmonia.
Seguindo com a análise no campo fluídico, uma outra
constatação, a qual dispensava que o pesquisador tivesse
qualquer estudo ou conhecimento específico a não ser uma
simples lógica de raciocínio em cima dos evidentes e visíveis
sinais vitais de um paciente em depressão profunda, foi que o
paciente estava carente de tônus vital, precisando de muita
"energia", portanto.
Havia, então, um par de lógica para dar a partida ao
tratamento.
Não demorou e surgiu meu primeiro paciente. Era dos
casos crônicos, profundos: depressão maior grave.
Costumo dizer que pacientes desse porte têm por
horizonte as pontas dos próprios pés, já que raramente levantam
os olhos para olhar qualquer outra coisa ou pessoa. Quando em pé
são curvados; quando deitados, ficam em posição quase fetal.
Mesmo inconformado com a quase obrigação de iniciar a
terapia pelo alto da cabeça, dirigi para ali toda a minha atenção.
Atribuí ao excesso de medicamentos, ao longo tempo de
exposição do paciente a todo tipo de terapia, por tantos anos, a
dificuldade em sentir precisão no meu tato-magnético referido
ao cerebral e ao frontal. Fiz, ali, pequenas aplicações
concentradas e dispersei logo em seguida. Depois fui a região
gástrica e esplénica e, então, fiz uma vigorosa doação de fluidos
no sabido intuito de fortalecer suas estruturas vitais. Ao final
do primeiro passe, estava eu um pouco fatigado c, de certa
forma, feliz, pois me sentia recompensado. Afinal, eu tinha
ajudado, positivamente, a uma pessoa que vivia uma das piores
coisas da vida.
Qual não foi minha surpresa quando, uma semana depois,
a pessoa que trouxe aquele paciente para o tratamento -- já
que pacientes com depressão no nível em que ele se encontrava
raramente conseguem andar sozinhos -- disse que teve enorme
dificuldade em trazê-lo de volta, pois, segundo ele relatara,
nunca tinha se sentido tão mal em toda sua existência. Reclamara
que o passe fora a pior experiência que vivera desde que entrara
na depressão.
O susto, a dor, o quase pânico em que me vi são
indescritíveis e indemonstráveis.
Pedi para eles aguardarem um tempo e fui refletir melhor.
Recordei-me de todo sofrimento que vivi todas as vezes
que iam me aplicar passes. Eu, que sofrera tanto, tinha cometido
o mesmo erro, a mesma falha com aquela criatura.
E agora? O que fazer? Não posso "perder" esse paciente
nem posso deixar que ele saia daqui com a impressão de que
aqui ele só encontrará pioras.
Recordei-me, então, de um precioso assunto que tintara
no livro O Passe: a fadiga fluídica -- e que ampliei nos dois
outros livros: Manual do passista e Cure-se e cure pelos passes.
Quem caía na fadiga fluídica, isso era mais do que evidente, estava
carente de fluidos vitais. O detalhe é que estes não podiam ser
aplicados de forma direta, alimentando o fatigado a partir de seus
centros vitais, pois a conseqüência disso era -- e é -- um
agravamento das sensações e do estado de fatigado. A razão
disso está no fato de que os centros vitais de um fatigado fluídico
se encontram altamente descompensados e, portanto, sem
condições de absorver e introjetar os fluidos captados num passe
magnético. Assim, a terapia dessas pessoas deve ser sempre
através de técnicas dispersivas nos centros vitais, a fim de, por
estes, ordenar todos esses centros, preparando-os para, num
futuro breve, retornarem às suas funções básicas sob padrão de
equilíbrio. Sobrava uma questão: e os fluidos que o paciente
precisava, já que sua fadiga se dava por falta deles? Essa energética
vital requerida deve ser toda aplicada através da magnetização
da água, a qual é ingerida dentro de padrões definidos de acordo
com a gravidade do caso. E por que ela não congestiona? Porque
a assimilação dos fluidos da água magnetizada, pelo organismo,
se dá de molécula a molécula, dentro do regime da lei de afinidade,
isto é, a molécula insana atrai a molécula sã e, nutrindo-se desta
última, a primeira se restabelece. Não passando essa energética
diretamente pelos centros vitais, a possibilidade de
congestionamento fica descartada.
Decidi, então, que não faria mais qualquer doação fluídica
ao paciente e sim ampliaria o leque das possibilidades dispersivas,
até mesmo para poder localizar que ponto estava mais
descompensado. Faria uma vigorosa fluidificação em sua água e
recomendaria que a ingerisse pelo menos cinco vezes ao dia, sendo
que a primeira do dia, logo cedo em jejum, e a última, antes de se
recolher para dormir; ademais, que procurasse ingerir a água
sempre mantendo um clima de oração.
Creio que aqui surgem quatro perguntas, que vou
respondê-las logo.
Qual a razão da primeira água ser preferencialmente em
jejum?
Porque o organismo está literalmente sequioso e isso faz
com que a absorção dos fluidos seja mais intensa e melhor
distribuída.
Se assim é, como fica a justificativa de se ingerir três vezes
durante a refeição?
Fica muito bem, pois a natureza orgânica, durante as
refeições, está num de seus ápices no que tange ao extrair a
vitalidade das coisas ingeridas. Nada melhor para que a sutileza
das estruturas vitais absorvam com facilidade a energética ali ao
seu dispor.
E a quinta, à hora de dormir?
Além de facultar ao organismo uma estabilidade fluídica
durante o sono, sabemos que, nesse estado de desprendimento, o
Ser disporá, com mais energia a equilibrá-lo, de liberdade para
"voar" mais alto.
Por fim, e onde está a lógica da recomendação de que seja
sorvida a água em estado de oração?
Exatamente porque esse orar fará com que o padrão
vibracional do paciente se eleve além do padrão convencional em
que ele tem respirado durante suas crises, melhorando os contatos
com os níveis mais elevados da alma, do eu profundo, e dos
companheiros espirituais nobres. Estes, certamente, dispondo de
um melhor acesso ao seu tutelado, poderá levá-lo a perceber melhor
as inspirações e intuições mais nobres da vida.
Retornando ao caso que tratava, fiz tudo como deduzira.
Só que o resultado do último tato-magnético deixou-me em
suspenso: não eram os centros superiores -- coronário, frontal ou
laríngeo -- que estavam provocando todo aquele estrago; era outro
bem distintojbastante denso. Contudo, naquele dia não quis me
aventurar com novas e mais minuciosas investigações naquele caso,
pois não poderia correr o risco de deixar o paciente com má
impressão do tratamento.
Passei a semana ansioso querendo saber como reagira
aquela criatura.
Na próxima sessão, quando vejo aquele paciente chegando
ao ambiente dos passes, já começo a vibrar de alegria: ele já não
olhava apenas para os pés; mirava um pouco para a frente também,
muito embora ainda curvasse o corpo em demasia.
O resultado de sua entrevista foi espetacular: havia passado
a melhor de todas as semanas desde que tinha adoecido, há mais
de 10 anos.
Nossa! Que coisa maravilhosa! Estava começando a
descobrir o caminho das pedras!
Nas semanas seguintes repeti os cuidados com os usos
dos dispersivos e, à medida que o paciente melhorava, ficava
mais e mais nítido que a zona de principal descompensação não
era cerebral nem frontal.
Por essa ocasião chegou, para tratamento, um segundo
paciente, não tão grave, mas igualmente muito abatido.
De posse da experiência com o primeiro, comecei com
este num outro nível de segurança. Os resultados obtidos ali, já
na primeira sessão, garantiram-me estar definitivamente no
caminho certo.
Com aproximadamente dois meses de tratamento, o
primeiro paciente retornou, por conta própria, ao médico que
o acompanhava, pedindo-lhe que analisasse melhor sua
posologia, pois os medicamentos estavam provocando reações
compatíveis com superdosagens. De imediato, o clínico reduziu os
mais pesados para a metade e dois, dos mais amenos, foram
imediatamente suprimidos. Além disso, com um sorriso de
satisfação afirmava que se ele, o paciente, continuasse
melhorando naquela marcha, era provável que no próximo mês
já estivesse, enfim, de alta médica.
É claro que isso me deu mais segurança ainda e também
encorajou o paciente. Assim mesmo, ele preferiu não comentar
nada com o médico acerca da terapia que realizava com o
Magnetismo.
Fato é que ainda não havia completado quatro meses do
tratamento quando esse paciente já era visto e recebido como uma
pessoa "normal". Tanto que era idéia sua encerrar" o tratamento,
pois precisava voltar ao trabalho.
Argumentei que o período de crise por ele vivido foi muito
grande e demorado, além do que os centros vitais ainda não
respondiam plenamente a tudo o que se projetava para ele, o que
corresponderia a riscos de recidivas, e isso não seria nada agradável
se ocorresse. Ele aceitou a argumentação e continuou, regular e
pontualmente, com o tratamento.
Hoje, essa pessoa é voluntária numa instituição de
atendimento a necessitados e, como poucas pessoas, sabe elevar
o ânimo daqueles que lhe buscam o auxílio. Nunca mais voltou a
cair em depressão, ainda quando situações extremamente
estressoras e aflitivas tenham ocorrido após a conclusão do
tratamento. Ressalte-se, ainda, que ele não faz mais uso de qualquer
medicamento ansiolítico, calmante ou anti depressivo, embora não
deixe de, regularmente, fazer reavaliação com seu médico e renovar
suas energias através do Magnetismo.
O segundo paciente? Vai muito bem, obrigado! Como vão
bem todos os que levaram o tratamento até o final.
Um esforço de observação cuidadosa e a troca da
preocupação com o tempo de duração de uma sessão pelo
refinamento das percepções das informações sutis que a sensibilidade
permitia registrar foram fundamentais na amplitude do tato-magnético.
Aliado a isso, boas leituras sobre anatomia e fisiologia ajudaram muito
na definição de certas nuances dos circuitos vitais.
A cada dia, o tato-magnético se refinava mais, especialmente
no campo dos circuitos energéticos desses centros vitais mais
diretamente envolvidos com a depressão. De certa forma isso era
muito gratificante, pois ampliava a segurança do trabalho e enriquecia
os números de resultados positivos, mas, de outra maneira, era
preocupante, já que a cada confirmação, pelo tato-magnético, dos
principais pontos em desequilíbrio, mais e mais se ratificava que o
foco principal não era na região superior do corpo e sim bem mais
abaixo. No fundo era um convite para uma luta que se avizinhava:
tirar da cabeça o foco da depressão. Como fazê-lo? E depois:
estaria eu certo mesmo ou houvera apenas uma coincidência?
Como eu não parava de dar cursos, nem mesmo de fazer
reciclagens com o grupo que trabalha comigo, selecionei alguns
companheiros e disse-lhes o que estava fazendo e pedi que
atendessem a alguns pacientes depressivos, dentro de algumas
normas já bem repetidas e confirmadas com os outros pacientes.
Deixei claro que aquilo era uma experiência e que eu precisaria do
maior número de informações de retomo, especialmente dos
pacientes junto aos entrevistadores.
Agora, eu não me surpreendia mais, pois eu tinha certeza
de que estava no caminho certo. Os resultados, com os outros
magnetizadores foram muito bons, melhores do que eu esperava.
De posse disso, tive coragem de falar sobre o assunto em
alguns lugares para algumas pessoas.
O primeiro lugar a frutificar foi numa cidade, na Florida,
Estados Unidos, onde, no Centro Espírita de lá, já existia um setor
chamado SOS Depressão. Ali eles praticamente só trabalhavam
os pacientes numa espécie de auto-ajuda coletiva. Após um
treinamento de passes ali realizado, a turma decidiu experimentar
os passes no SOS Depressão. O resultado foi excelente. Esse grupo
funciona até hoje, inclusive com conquistas muito grandes, algumas
das quais já nos apresentaram outros nortes, levando-nos a
experiências que só vêm enriquecendo nossos resultados.
Pouco tempo depois foi a vez de um outro grupo, agora no
sul do Brasil, repetir as experiências, também após a realização de
um seminário teórico-prático de passes naquela Casa. Mais uma
vez o sucesso foi enorme e continua até hoje.
Até que um dia, fazendo um novo treinamento numa
importante cidade do sudoeste do Brasil, depois de ter falado das
experiências que vinha realizando e dos resultados que vínhamos
obtendo, uma das participantes veio me fazer umas perguntas em
cima do que eu havia falado e isso me deu um novo rumo de
certezas e seguranças.
FILTROS: A QUEDA DAS FICHAS

O pesar e o prazer andam tão emparelhados que tanto se
desnorteia o triste que desespera quanto o alegre que confia.
Cervantes


'ostuma-se dizer que curiosidade pode não matar, mas
maltrata muito.
Certamente você deve ter pensado que o capítulo
anterior terminou sem ter acabado. E você tem razão; a
conclusão daquela história da pessoa que me interpelou vamos
ver daqui a pouco.
Depois desse tempo todo, já não era na cabeça que eu
me concentrava para aplicar magnetismo quando tinha um
paciente em depressão. Algo que envolvia o gástrico e o
esplénico dos pacientes me chamavam a atenção. Era nítido
que "por ali"graves desarranjos se pronunciavam. Não demorou
muito para eu ter certeza de que era no esplénico que o foco se
encontrava. Se bem que o gástrico e o genésico aparentavam
desarmonias em níveis equivalentes entre si, nesses dois centros
as reações às técnicas de alinhamento eram, relativamente, muito
rápidas, enquanto que no esplénico era como se quase nada
reagisse. Depois, aprofundando um pouco mais o tato-
magnético, percebi que o fígado, o baço, o pâncreas e os rins
aparentavam comprometimentos muito fortes nas suas
estruturas fluídicas e alguns já somatizavam esses
comprometimentos nos órgãos físicos mesmo.
A confirmação disso tudo vinha quando eu operacionalizava
os passes magnéticos na região do esplénico, deixando, de
propósito, os demais centros de fora do atendimento. A resposta
era visível, sensível e inequívoca. Se fizesse concentrados sobre o
esplénico, o paciente reagia sentindo-se mal; se apenas dispersasse
ali, os traços de satisfação não eram regateados.
No início, portanto, já me dava por satisfeito pelo fato de
ter "descoberto" que através do esplénico estava conseguindo
grandes resultados.
Pouco depois entendi que a causa das grandes
descompensações dos outros dois centros adjacentes (gástrico e
genésico) era decorrente da "sucção" do esplénico sobre eles, que
tentava, a todo custo e através disso, restabelecer-se, recuperar-
se, voltar ao seu normal. Sendo esses três centros vitais de baixa
freqüência, o padrão que os definia em suas desarmonias os deixava
muito próximos, daí a imprecisão inicial junto à dificuldade de
distinguir o que de fato ocorria e onde ocorria o quê.
Até então eu achava que o foco era localizado apenas e
tão-somente no esplénico. Ainda não tinha percebido a
desarmonia forte à qual o cardíaco estava submetido. Pensava,
quando localizava um caso de grande descompensação nesse
outro centro vital, se tratar de caso individual apenas e que o
centro não demoraria, por si só, a se normalizar. Mais uma vez
estava enganado. É mais do que comum os depressivos sofrerem
descompensações graves no cardíaco. A razão básica também já
expliquei, mas vou repeti-la. Como o esplénico não consegue se
recompor com a energética "sugada" por ele no gástrico e no
genésico, ato contínuo, ele pede socorro ao cardíaco. Só que
esse centro vital é de mediana freqüência. Isto significa dizer
que. em relação ao esplénico, fica estabelecida uma grande
diferença no padrão de densidade entre eles. Devido a isso, por
um necessitar de muitos fluidos densos e o outro só liberar fluidos
não tão densos, o esplénico pede muito mais fluidos, com muito
maior sucção, o que tennina por exaurir violentamente o cardíaco,
chegando, em muitos e muitos casos, além de desordená-lo
profundamente, a obstruir os "canais de interligação" entre eles, os
chamados nadis -- essas obstruções "nádicas", ao mesmo tempo
em que resguarda um pouco a manutenção fluídica mínima que o
cardíaco precisa para sua própria "existência", por outro lado o priva
de uma importante parte do circuito vitalista, deixando-o, assim, mais
desequilibrado e carente ainda. Nesse ponto, a desordem é geral,
profusa e complexa.
Como isso tudo já sabido, testado e confirmado através
de várias repetições em vários pacientes, falei dos detalhes dessas
descobertas no treinamento a que me referi no final do capítulo
anterior, quando, durante um intervalo de um dos módulos,
uma das participantes, psicóloga atuante, veio me pedir para
repetir quais órgãos eu tinha encontrado como mais atingidos
nos casos de depressão. Falei então do baço, do pâncreas, dos
rins e do fígado. Foi quando travamos um diálogo mais ou menos
assim:
-- Jacob, o que são esses órgãos para você?
-- Olha -- respondi -- n ã o sou da área de saúde,
portanto não tenho muito domínio em anatomia e fisiologia
para te responder à altura.
-- Mas eu não quero explicações desse tipo -- disse
ela, de forma reticente.
-- O que queres saber, então? -- perguntei.
-- Quero saber para que eles servem...
-- Veja... Não estou entendendo o que...
-- Jacob, esqueça do fisiologismo e da anatomia; diga-
me o que você acha que eles, no conjunto, são!
Pensei um pouco e não conseguia entender aonde ela
queria chegar.
Ela sorriu, vendo o meu embaraço e expressando dó
pela minha ignorância. Por minha vez. eu também sorria dessa
mesma ignorância minha.
Após esse rápido momento de descontração, ela disse
as 'palavras mágicas":
-- Jacob, esses órgãos são os "fiItros" do corpo. Percebe?
Gaguejei. Fiquei abobalhado, mais do que aparento ser. E
repeti, meio perplexo:
-- Filtro?!
-- Sim, Jacob, filtro, filtro. Esses órgãos são filtros!
Eureka!!! Mil vezes eureka!!! Era isso!!! Era isso o que
me faltava!!! Eu não estava precisando de nenhuma explicação
técnica, rica em terminologia confusa nem cheia de dados
complicados. O que eu precisava era daquele leve toque, através
do qual todos as demais "peças do dominó" cairiam em
seqüência, de forma insofreáve!, definitiva, elegante e racional.
Ali estava, naquela singela e comum frase, a resposta que eu
andava procurando e não conseguia enxergar: filtro.
Simplesmente, o organismo de um depressivo está com
seus filtros comprometidos. E o que acontece quando algo não
filtra o que deve filtrar? Ou degenera o que passa ou obstrui os
orifícios por onde passariam os elementos a serem filtrados. Veja
só que explicação mais boba, porém nunca foi tão grandiosa.
Com o centro esplénico sem filtrar o tônus vital do
indivíduo, fatalmente haverá uma falência nos órgãos a ele
associados. O resultado, portanto, implicará na desestruturação
do fígado e do pâncreas em primeiro plano, e do baço e dos rins
logo em seguida. A partir daí, o sistema de defesas se
desequilibra, levando desarranjos para outros órgãos e setores
do corpo. A corrente sanguínea, intoxicada pela má filtragem
ou por excessos de fluidos não elaborados nos órgãos do
metabolismo, passa a carrear um tônus comprometido para todas
as demais partes do corpo e o sistema linfático, sem um
escoamento normal, complica de vez o campo imunológico.
Tudo isso, a essas alturas, já terá causado repercussões negativas
na estrutura nervosa, a qual leva para o cérebro uma infinidade
de informações e "solicitações", muitas delas totalmente
antagônicas e não interativas, o que gera um caos tremendo
naquelas ricas funções.
Eis aí uma visão superficial e rápida da quedas das peças
do dominó em conseqüência da falha no filtro esplénico.
André Luiz (Evolução em dois mundos, 1987) nos aponta
que as células são "servidoras e guardiãs fixas ou migratórias do
tráfego e distribuição, reserva e defesa no centro esplénico", ou
seja, como há atribuição do sutil para o físico o inverso também
ocorre. Nesse sentido, as desarmonias nos órgãos associados ao
esplénico também podem gerar igual sintomatologia e, por
decorrência, levar a pessoa à depressão também. Por exemplo:
alguém desestrutura seu fígado, seja por excessos alimentares, uso
de tóxicos, impropriedades medicamentosas ou mesmo por má
posição mental perante os atos da vida. Esse órgão irá, naturalmente,
pedir ajuda ao centro vital esplénico, o qual fará o possível para
repará-lo, realinhá-lo, enfim, colocá-lo em harmonia com o cosmo
orgânico. Mas, verificando-se a cronicidade do mal, o esplénico
também se descompensará, quando então surge a possibilidade de
ele se tomar pouco eficiente na administração dos outros órgãos
ou elementos que dependem de sua gerência. Caso, por exemplo,
se em meio a isso tudo a vesícula biliar entrarem falência ou também
não cumprir eficientemente seu papel e pesar sobre o pâncreas os
efeitos desse desarranjo adicional, o esplénico dificilmente
conseguirá filtrar os fluidos que o organismo precisará -- sejam
fluidos do próprio paciente ou absorvidos do ambiente externo.
Nesse ponto, entrando o esplénico em descompensação, ele
replicará negativamente sobre esses elementos e passará a vigorar,
no lugar de um sistema de auto-regulação positivo, um sistema de
retro-alimentação do desarranjo, ou seja: os órgãos afetados
exigirão mais do esplénico e este, desequilibrado, mandará mais
desarmonia para os órgãos dependentes, tudo isso num processo
de moto contínuo e crescente. O resultado final já se sabe: campo
altamente propício para a instalação de uma depressão.
Fisiologicamente, então, a questão dos filtros é
fartamente bem pontuada na análise da depressão, especialmente
quando visto pelo prisma da junção do fisiologismo com o campo
fluídico.
Mas a questão dos filtros não se limita ao campo
orgânico. Senão vejamos.
Na psicologia, se não há filtros "limpos", não há processos
reparadores. Por exemplo: as neuroses só se fortalecem nas pessoas
porque o acesso ao reprimido e ao recalcado está bloqueado, ou
seja, não há, de via de regra e de forma natural, filtragem e, portanto,
não ocorre o escoamento dos elementos geradores das deficiências
e desarmonias; sem isso, os arquivos mal trabalhados contidos,
sob pressão, nos porões da alma desencadeiam toda uma série de
infortúnios e dificuldades pela vida afora. As depressões de origens
psicológicas se verificam por força de bloqueios nos campos
emocionais, pela falta de congruência, ou seja, não se sabe se o
que se está transmitindo é mesmo o que se deseja transmitir
bem como não se percebe que o que se recebe não guarda,
necessariamente, relação com o que está sendo comunicado. A
incongruência, pois, é também mais um reflexo da não filtragem
ou, quando não, da filtragem imperfeita. Outro ponto importante
na área psicológica é o do feed-back; sem filtros eficientes no
paciente ele não dá o retorno que a vida dele espera nem
tampouco obtém o que ele mesmo espera da vida. Resumindo,
não é precipitado se concluir que as depressões originadas em
causas psicológicas montem-se na problemática dos filtros
psicológicos ineficientes, ineficazes ou inoperantes.
As depressões de ordem obsessiva também passam pelo
mesmo critério, ou seja, desculpem o trocadilho, não passam
pelo filtro. Afinal, em tese, o que é uma obsessão? Nada mais
do que o vínculo estabelecido entre duas mentes, sob a forma
de um monoideísmo, uma idéia única. Nesse sistema, óbvio
fica que uma mente está sob o jugo da outra, de tal forma que
nesse circuito fechado fica pouco provável o acesso de outras
formas de idéias, significando dizer que não há outras filtragens
possíveis, pois a mente fica impermeável. Em suma. as obsessões,
em última análise, também ocorrem por problemas de falhas nos
fiItros -- fluídicos e espirituais.
Se eu disser que a causa das depressões, de uma fornia ou
de outra, não é outra senão de falta de ou de má filtragem, não
estarei equivocado. Ao contrário, a cada dia tenho mais convicção
de que este é um elemento-chave nesse complexo problema, um
valor bem definido na busca da solução dessa equação diferencial,
exponencial, integral...
Quero tratar, ainda, da questão dos filtros sob um
enfoque mais fisiológico.
A medula óssea, os nódulos linfáticos, o timo e o baço
são os órgãos diretamente associados ao sistema imunológico.
São eles produtores de células brancas do sangue, também
chamadas de linfócitos, as quais mediam a resposta imunológica
do organismo. Primeiramente os linfócitos são produzidos na
medula óssea, enquanto outro grupo deles são desenvolvidos
inicialmente no timo, ali amadurecendo e desenvolvendo a
capacidade de distinguir células do mesmo tipo de outras.
Estacionados nos nódulos linfáticos e no baço, os quais possuem
compartimentos especializados para diferentes tipos de células
do sistema imunológico, pequenos exércitos desses linfócitos
ficam em alerta.
Segundo Daniel Goleman (1998), já "está demonstrado que
todos esses órgãos imunológicos contêm redes de células nervosas,
que servem como um caminho até o cérebro e o sistema nervoso
central, influenciando a imunidade". Portanto, o sistema nervoso
central está ligado à medula óssea quanto ao timo, onde são
produzidas e desenvolvidas as células do sistema imunológico,
quanto ao baço e aos nódulos linfáticos, onde são armazenadas
essas células.
Estas informações, confrontadas com a questão dos
filtros, nos permite perceber, nitidamente, que o mau
funcionamento do baço, no que tange às defesas do corpo, em
primeira instância, o deixará meio que indefeso, para. no momento
seguinte, (acho muito provável isso) fazer-se repercutir severamente
sobre o timo -- particularmente, vejo que a ligação em pares entre
esses órgãos do sistema imunológico se dá primordialmente no
modelo baço-timo, medula óssea-nódulos linfáticos.
Alongando esta análise-reflexão --- embora fazendo questão
de deixai" bem claro que sou um "quase" leigo nos assuntos fisiologia
e imunologia --, fiz algumas deduções, as quais espero sejam bem
lidas e experimentadas por quem tenha interesse em avançar sobre
o tema. É o seguinte: se o baço, por uma eventual ineficiência em
suas funções, enfraquece o organismo humano e sua desregulação
perturba o timo, a energética oriunda dos dois estará muito
comprometida. Inevitavelmente, os centros vitais correspondentes
estarão se descompensando também de uma forma dura. E que
centros são esses? Exatamente: o esplénico e o cardíaco -- antes
de prosseguir, lembro que o esplénico é apontado como o centro
do equilíbrio enquanto que o centro cardíaco é o do sentimento.
Fica bem clara a percepção da conexão que isto faz com o que
venho apontando como sendo os dois principais e mais graves
pontos de desarmonia dos depressivos. Quanto ao outro par,
medula óssea-nódulos linfáticos, em termos de centros vitais
temos que quem administra diretamente a medula óssea é o
centro umeral, apontado como o centro de atração magnética,
que também recebe forte influência do laríngeo, conhecido como
o centro da vontade; este, por sua vez, é quem administra o
sistema linfático, o qual recebe influência direta da qualidade
da respiração -- onde entra a respiração diafragmática como
um elemento de rica intercorrência em sua "limpeza".
Juntando tudo, logo concluiremos que estamos trilhando
por um caminho bastante consistente. Por exemplo: quando
falamos nas depressões por motivo de influências negativas, o
umeral será o centro de atração e fixação das desarmonias,
descarregando sua energética sobre o laríngeo, enfraquecendo-
o. Com a "vontade" fraca, as defesas sofrem desarranjos, passando
a haver uma espécie de descarrego sobre o outro par em
observação, baço-timo, provocando toda sorte de
descompensações e desequilíbrios nos centros esplénico e
cardíaco.
Tudo isso é uma dedução lógica, porém, como se
percebe, observando apenas uma linha de ação, ou seja,
influência direta sobre órgãos. Influenciados, eles "repatriam" os
hospedeiros para os centros vitais correspondentes e estes,
desordenados, tumultuados, congestionados ou desequilibrados,
provocam a desarmonia geral, o caos, a depressão em quem é
portador do(s) problema(s).
Outro ponto que não pode passar despercebido é que
tanto o centro cardíaco como o centro laríngeo se
correspondem, em termos de glândulas, com o timo. Muito
interessante isso, pois Vontade e Sentimento abalados
desequilibram e são igualmente fundamentais para uma ação
eficiente de socorro e cura (novamente faço questão de lembrar:
o esplénico é o centro do equilíbrio).
Antes de concluir quero lembrar que num outro momento
falei de uma certa bile negra, elemento de real inexistência,
mas que povoa os conhecimentos e a prática das antigas terapias
desde, pelo menos, o início do século V a.C. A Teoria Humoral
de Hipócrates combina duas outras do início daquele século;
uma elaborada por Alcméon de Crotona -- provavelmente a
primeira doutrina médica ocidental -- e a outra, elaborada em
meados do mesmo século, a teoria cosmológica das quatro
raízes, de Empédocles. Ambas teorias tratam da influência da
bile negra e das funções do fígado na saúde do ser, especialmente
associados aos aspectos da melancolia e da depressão. Nesse
cenário, Platão também aderiu à teoria da influência da bile
negra, excretada pelo fígado e responsável, em nossa linguagem,
por toda sorte de coisa ruim que acontece com o humor. O
mesmo Platão, no Timen, também voltou sua atenção para as
influências da respiração e da nutrição no ciclo da saúde e na
iteração mente-coipo. Disso dá para se deduzir que a ligação entre
o esplénico e as doenças com fundo depressivo é, de fato, muito
mais antiga do que se imaginava, mas que nem por isso mereceu
melhor cuidado na observação de todos os que tratamos do assunto.
Numa outra referência. Edvaldo Kulcheski (Saúde
Integral - Os chacras e a bioenergia) faz uma série de indicações,
as quais falam por si.
Materialmente (o esplénico) tem relação
com o plexo mesentérico e o baço. Principal entrada
da energia vital (prânica). Regula a distribuição e a
circulação dos recursos vitais e a formação e
reposição das defesas orgânicas através do sangue.
É o principal centro energético de vitalização de todo
o corpo físico. Abastece o baço (...). Quando nos
desvitalizamos, sentindo-nos fracos, é porque este
chacra está com mal funcionamento.
Recebe diretamente as energias do chacra
básico/genésico. É um dos três chacras principais
(básico/genésico, esplénico e coronário).
(...) Ele é muito importante para os
médiuns que dão passe magnético, porque,
durante o passe, parte dos fluidos vem da nossa
vitalidade e outra parte vem do plano espiritual.
(...) A pessoa que tem este chacra muito
desenvolvido pode trabalhar com cura, ou seja,
é um médium curador...

Por tudo, continuo vendo a função esplénica como a mais
forte dentro deste processo de Tratamento da Depressão, pois se
ele é o centro do equilíbrio, seu desequilíbrio é fatal para o ser
humano.
A OBSESSÃO NA DEPRESSÃO

Por que serei que, quando falamos com Deus, dizem que
estamos rezando, e quando Deus fala conosco dizem que
somos esquizofrênicos?
Anônimo


uando no capítulo "Para onde o caos me levou" falei
sobre a influência obsessiva na depressão, disse que via o assunto
de uma forma um pouco diferente da maioria, prontifiquei-me a
tratar do assunto em capítulo à parte. Chegou a hora de dizer o
que penso.
A informação mais comum e corriqueira que se ouve no
meio espírita é a de que a depressão é uma doença causada pela
obsessão. Supondo que assim fosse, bastaria doutrinar,
evangelizar ou dar nova orientação ao obsessor -- um espírito
inferior -- e o problema facilmente estaria resolvido. Por outro
lado, a obsessão só se estabelece pelo fato de o obsediado dar
"campo mental" para que o espírito influenciador se acerque e
se "apodere" de algumas faculdades daquele. Nessa outra
vertente, o trabalho se constituiria igualmente de proporcionar
ao obsediado uma reforma mental.
Convenhamos, essas duas tarefas não são tão simples de
serem resolvidas. A mudança de padrão mental, seja de encarnados
ou desencarnados, não se dá por toques de mágicas ou por palavras
cabalísticas, muito menos quando um dos pares está sob a forte
influência do outro e também aquele esteja dominado por um forte
desejo de vingança ou violento apego.
Pode ser que sim, mas, para isso, seria preciso que
experimentássemos, de fato e de verdade, o que propõe Alian Kardec
(1985) em O Livro dos Médiuns, no seu capítulo 23, item 251.
Quero, por sinal, fazer pequenos destaques no item sugerido
-- o qual, apesar de sua grave importância, não chega a ocupar
uma página inteira do livro.
Kardec inicia assim:

"A subjugação corporal tira muitas vezes ao
obsediado a energia necessária para dominar o mau
Espírito. Daí o tornar-se precisa a intervenção de
um terceiro, que atue, ou pelo magnetismo, ou pelo
império da sua vontade".

O primeiro enfoque que o senhor Allan Kardec dá ao
problema da subjugação -- que é o mais grave processo
obsessivo por ele catalogado -- é quanto à perda energética
por parte do obsediado, o que pede a intervenção de um
magnetizador, portanto, de uma ação fluídica na estrutura
vitalista do obsediado.

No segundo e último parágrafo do item referido, Kardec
considera:

"... nenhum processo material existe, como. sobretudo,
nenhuma fórmula, nenhuma palavra sacramentai, com o
poder de expelir os Espíritos obsessores. As vezes, o que
falta ao obsediado é força fluídica suficiente; nesse caso, a
ação magnética de um bom magnetizador lhe pode ser de
grande proveito".

Mais uma vez o destaque é a força fluídica. o campo vital,
pois. E. para que não fiquem dúvidas, ele reforça a necessidade de
um magnetizador, ou melhor, de um "bom magnetizador".
Tendo sido ele magnetizador por mais de 35 anos-- iniciou-
se ele no Magnetismo no ano de 1823, conforme Wantuil & Thiesen
(1982) --, certamente adjetivar o profissional sugerido com a
expressão "bom" significava indicar, para proceder a terapia, um
magnetizador que não apenas possuísse magnetismo, mas que
sobretudo soubesse atuar magneticamente, "dirigindo
convenientemente" seu poder e sua força, conforme costumava ele
se expressar.
Se a influência obsessiva não tivesse relação tão direta
com os campos e as estruturais vitais, fluídicas, perispirituais,
certamente Kardec teria se expressado mais diretamente sobre
outros pontos e ângulos, todavia, o aspecto fluídico foi o que
dele mereceu melhor atenção.
De certa forma, esta constatação já apresenta outra
mirada para nossas vistas quando quisermos consorciar a
depressão com a obsessão. De partida, acredito que as
depressões são muito mais propícias para a ascendência das
influências obsessivas do que o contrário.
Examinemos o seguinte exemplo. Uma pessoa má, com
idéias sempre cheias de rancor, ódio, desejos de vingança e pura
expressão dos sentimentos vis, muitas vezes vive uma
encarnação inteira sem ter qualquer comportamento depressivo.
Mas se um dia ela começa a sofrer prejuízos severos em suas
estruturas vitalistas, com o mau funcionamento dos centros
responsáveis pelo equilíbrio (esplénico) e pela emoção
(cardíaco), é quase que inevitável sua queda no ostracismo
psicológico, correspondendo a mergulhos em profundos estados
depressivos.
É de se perguntar: uma pessoa com aquela índole não estaria
cercada de Espíritos inferiores, muitos, inclusive, ferrenhamente
enfurecidos contra ela? Então, onde estaria a lógica que não aponta
para um endurecimento obsessivo sobre essa criatura?
Simplesmente ela está filtrando bem as circunstâncias vitais de uma
maneira que não permite descompensações geradoras de grandes
concentrados magnéticos de força atrativa para que se estabeleçam
as condições de interação entre os dois níveis. Complexo este
raciocínio? Não. Apenas pouco considerado. As sintonias, mesmo
as mentais, pedem campos fluídicos próprios. Só não entendo o
porquê disso ser tão pouco considerado.
Já foi dito que a obsessão é conseqüência e não causa.
Isso se aplica tanto no caso da influência propriamente dita
como na repercussão fisio-perispiritual sobre o obsidiado. Sendo
assim, não é de boa medida ter-se como ponto de partida que a
depressão é devida a um processo obsessivo, quando o mais
provável é que a queda na melancolia e suas derivações mais
graves seja o grande imã de atração dos Espíritos menos felizes.
Bom, mesmo com essa pequena digressão e tendo por base
os casos de depressão com envolvimentos espirituais com os quais
tive contato, a evidência mais consistente sempre apontou para o
fato de a depressão, da queda da auto-estima ou mesmo do sentido
de arrependimento tardio e cheio de remorsos infelizes serem muito
mais geradores de campos de atração obsessiva do que o contrário.
Ao que tudo indica, portanto, parece não sobrar dúvidas de que a
depressão é mais causa obsessiva do que. conseqüência de
processos obsessivos.
ROTEIRO UTILIZADO NOS
TRATAMENTOS DE DEPRESSÃO POR
MAGNETISMO -- TDM
Técnicas e padrões

É melhor estar preparado para uma oportunidade e não ter
nenhuma, do que ter uma oportunidade e não estar
preparado.
Whitney Young Jr.


tratamento do paciente em depressão pelos
mecanismos do Magnetismo ainda está em seu início. Sendo este
um campo de pesquisas muito vasto, requerendo abordagens
amplas, diferentes e sob padrões nada estreitos, por mais
avançados e por melhores que venham sendo os resultados
obtidos, ainda estamos apenas descortinando um grande palco.
Todavia, no atual estágio de pesquisas em que nos encontramos
e também baseados na excelência dos resultados alcançados até
então, estamos fazendo uso de um roteiro razoavelmente acessível,
padronizado e eficiente, o qual se explica por si só. É óbvio que,
para o roteiro a seguir, estamos considerando que tudo o que já
vimos ao longo deste livro, bem como o básico que se encontra
cm qualquer um dos meus três livros (mencionados várias vezes),
está bem assimilado como uma boa base teórica para a prática
desse TDM.
Atualmente, dividimos os Tratamentos de Depressão por
Magnetismo -- TDM -- em três níveis.
O primeiro deles, chamado de NÍVEL 1, destina-se não
apenas aos pacientes depressivos em estado crônico, profundo,
maior ou grave, mas a todos aqueles que iniciam uma terapia anti-
depressiva via Magnetismo, não importando a gravidade ou o tempo
em que esteja sob os efeitos desse mal.
Se alguém pergunta como fica, então, a diferença da
aplicação do Magnetismo em casos de pacientes com graus
extremamente diferentes em sua intensidade depressiva ou nos
motivos que geraram a depressão, tenho a responder que a própria
reação do paciente, desde as primeiras aplicações, determinará o
tempo de mudança ou de avanço do tratamento assim como
possíveis adaptações. Por conta disso, pelo menos num primeiro
momento não é de grande importância, para o resultado final, que
o início do tratamento seja aparentemente semelhante entre os vários
tipos de casos.
Ademais, embora o roteiro ou padrão de aplicação técnica
seja aparentemente o mesmo, a intensidade, o tempo e a usinagem
envolvidos no processo de Tratamento de Depressão por
Magnetismo -- TDM -- variam de paciente para paciente, o que
já responderia, em parte, às questões.
O TDM em NÍVEL 2 está indicado para pacientes que
concluíram o tratamento no NÍVEL 1.
Uma observação se impõe. Como ainda não tivemos casos
de recaídas ou recidivas dentre os pacientes que vimos tratando com
TDM, não sabemos se haverá necessidade de, quando algum paciente
retomar ao Tratamento da Depressão por Magnetismo (TDM), ele
reiniciar sua terapia no nível 1. Caso não seja necessário -- e isso só
a experiência nos dirá --. ele reiniciará o tratamento no NÍVEL 2.
Em todo caso, havendo retomo e, nessa ocasião, se o paciente estiver
em crise profunda, independente de qualquer experiência, a
recomendação é de que ele retome para o NÍVEL 1.
No NÍVEL 3 os pacientes indicados são os que tenham
concluído o NÍVEL 2 ou, ainda, pessoas que estão sentindo
sintomas de melancolia ou tristezas extemporâneas e queiram se
prevenir para não caírem em depressão.
De antemão chamo a atenção para o fato de que muitas
pessoas que concluíram o NÍVEL 2 já se sentem tão bem que
não querem seguir com a terapia no NÍVEL 3. Acho isso
temerário, pois as recidivas podem vir de forma bipolar
(característica grave de depressão, em que o paciente tem picos
de euforia seguidos de quedas abissais na tristeza, no isolamento
e nos pensamentos mórbidos) ou com agravantes imprevisíveis.
No intuito de facilitar para quem queira seguir o roteiro
básico que hoje mantemos, irei transcrevê-lo integralmente a
seguir e, no prosseguimento, o retomarei, parte por parte, para
os comentários e explicações que se fazem necessários.

NÍVEL 1 DO TDM (Início do tratamento)
1- Dispersão geral por longitudinais ativantes (perto) e
depois calmantes (distantes). -- Lembro que todo passe
deve ser sempre precedido de uma preparação espiritual
e, em termos práticos, o estabelecimento de uma relação
magnética com o paciente.
2- Realizar o tato-magnético geral evitando usinagens.
3- Caso localize o centro esplénico em forte desarmonia,
realizar dispersão localizada só na estrutura ati vante
desse centro (as técnicas transversais são muito eficientes
nesses casos). Mesmo encontrando desarmonias
acentuadas em outros centros, nos primeiros passes estes
não deverão ser atendidos, pelo menos até que o
esplénico comece a dar inequívocos sinais de
recuperação. Depois de atender ao esplénico, retornar à
dispersão geral apenas ati vante. Repetir mais dispersivos
localizados no esplénico, seguidos de dispersivos gerais
ati vantes por mais duas ou três vezes.
4- Repetir o item 1.
5 - Alinhar todos os centros (sem usar técnicas conjugadas de
imposição com dispersão) e tratar bem a psi-sensibilidade
(com mais dispersivos gerais), evitando todo e qualquer
tipo de concentrado fluídico em qualquer centro vital.
6- Terminado o passe, com o paciente ainda no ambiente em
que foi atendido, o passista deverá magnetizar (fluidificar)
a água do paciente.
7- Ao sair da cabine é conveniente o paciente tomar uma
dose de água fluidificada.

NÍVEL 2 DO TDM (paciente começou a reagir
positivamente após algumas sessões)
1- Dispersão geral por longitudinais ativantes (perto) e
depois calmantes (distantes).
2- Pelo tato-magnético, localizar, além do centro esplénico,
qual está mais desorganizado.
3- Dispersões localizadas no esplénico intercaladas com
dispersivos gerais; depois de feito isso umas três ou
quatro vezes solicitar ao paciente que faça exercícios de
respiração diafragmática pelo menos 5 (cinco) vezes
durante a sessão.
4- Dispersão localizada ativante num outro centro que esteja
em grande desarmonia. (Escolher apenas um além do
esplénico).
5- No final da série, fazer pequenas concentrações, por
imposição, no esplénico, intercalando-as com dispersões
localizadas do mesmo teor, em todo caso evitando
grandes concentrações fluídicas nesse ou em qualquer
outro centro vital.
6- Alinhar todos os centros, podendo ser usadas técnicas
conjugadas de imposição com dispersão (imposição no
coronário e dispersão nos demais centros -- lembrando
para. em seguida, dispersar bastante o coronário) e tratar
bem a psi-sensibilidade (com mais dispersivos gerais). A
partir desse ponto, na sessão, evitar todo e qualquer tipo
de concentrado.
7- Terminado o passe, com o paciente ainda no ambiente em
que foi atendido, o passista deverá magnetizar (fluidificar)
a água do paciente.
8- Ao sair da cabine é conveniente o paciente tomar uma
dose de água fluidificada.

NÍVEL 3 DO TDM (paciente em franca recuperação)
1 - Inicie-se pelo tato-magnético.
2- Dispersão geral por longitudinais ativantes (perto) e
depois calmantes (distantes).
3- Pelo tato-magnético, localizar, além do esplénico, quem
está mais desorganizado.
4- Dispersões localizadas no esplénico intercaladas com
dispersivos gerais; depois de feito isso umas três ou
quatro vezes solicitar ao paciente que faça exercícios de
respiração diafragmática pelo menos 5 (cinco) vezes
durante a sessão enquanto são realizados mais
dispersivos localizados no esplénico.
5- Fazer concentrados ativantes e calmantes no esplénico
(de acordo com a necessidade de cada caso), intercalados
pelos dispersivos correspondentes (após uma série de
cada 5 concentrados, o magnetizador deverá fazer
respiração diafragmática para evitar maiores desgastes
ou concentrados muito fortes).
6- Quando o paciente já estiver muito bem no tratamento,
tentar imposição por impacto ou circulares no esplénico
e noutros centros que não sejam o coronário nem o
cardíaco.
7- Alinhar todos os centros, podendo ser usadas técnicas
conjugadas de imposição com dispersão (imposição no
coronário e dispersão nos demais centros -- lembrando
para. em seguida, dispersar bastante o coronário) e tratar
bem a psi-sensibilidade (com mais dispersivos gerais). A
partir desse ponto, na sessão, evitar todo e qualquer tipo
de concentrado.
8- Disperse-se bastante ao final, nos níveis calmantes e
ativantes. Nesse caso, é conveniente usar a técnica
perpendicular (de preferência, com o paciente em pé).
9- Terminado o passe, com o paciente ainda no ambiente
em que foi atendido, o passista deverá magnetizar
(fluidificar) a água do paciente.
10- Ao sair da cabine é conveniente o paciente tomar uma
dose de água fluidificada.

Analisemos agora, passo a passo, o atendimento no
N Í V E L 1 do TDM.
Aqui começa uma jornada difícil, mais semelhante ao
enfrentamento de um rali Paris-Dakar, feito em moto, do que a
venturosa e arejada aventura de um passeio de buggy pelas dunas
de Jenipabu-RN.
Temos em mãos uma pessoa que não age nem reage,
mas que, embora negando, desesperadamente conta com nossa
ajuda. No início, teremos nossos conhecimentos, nossa vontade,
nossa fé, a certeza do acompanhamento espiritual e muita
coragem e perseverança para vencermos esse desafio que se
não chega a ser de vida e de morte pelo menos é de qualidade vital.

1- Dispersão geral por longitudinais ativantes (perto) e
depois calmantes (distantes). -- Lembro que todo passe
deve ser sempre precedido de uma preparação espiritual
e, em termos práticos, o estabelecimento de uma relação
magnética com o paciente.

Embora um relevante e importante destaque tenha sido
colocado, na regra acima, após o travessão, independente de
religião ou crença, um bom serviço magnético pede equilíbrio
moral e espiritual. O moral se realiza pela maneira como se
vive a vida, empregando-se princípios éticos e legais a tudo o que
fazemos na vida. O espiritual é, de certa forma, conseqüência do
moral, mas pode ser melhorado significativamente através de preces,
meditações, boas leituras, audiências de temas felizes, músicas
suaves e relaxantes...
De posse desse estado de harmonia interior -- que é o
que se obtém com tais práticas e vivências --, teoricamente se
está em condições de iniciar, como magnetizador, uma terapia
magnética. O próximo passo é o que recomenda se estabeleça
uma relação magnética com o paciente, ou seja: entrar num
clima fluídico comum ou, no mínimo, conveniente ao par
(recomendo, para quem não sabe como funciona, ler a respeito
em algum dos meus livros sobre magnetismo). Estabelecida a
relação, a qual, em tratamentos com depressivos, nem sempre
é tão fácil e rápida de ser obtida, entra-se no processo do passe
propriamente dito.
A situação inicial do paciente em depressão é, em tese,
um verdadeiro fosso sem fundo, com vistas para a indefinível
escuridão. Deve ser investigada prospectiva e, sobretudo,
fluidicamente. A complicação inicial mais visível é que, como
instrumento de sonda e pesquisa, dispomos do tato-magnético,
da i ntuição e muito da experiência pessoal do magnetizador --
afora outros dons, inclusive mediúnicos, que aqui não
considerarei. Assim, quanto mais experiência tivermos e melhor
tato-magnético possuirmos para tomar mais "transparente e
visível" o corpo fluídico do paciente, ou seja, as terminações
mais densas do seu veículo perispiritual, melhores resultados
obteremos, com uma maior precisão diagnostica e também com
um sentido mais aprimorado para ir aferindo a ação fluídica e a
reação dos fluidos na estrutura do paciente.
Portanto, a primeira tarefa do magnetizador no TDM
em nível 1 é fazer uso dos dispersivos gerais ativantes e
calmantes a fim de ordenar, ainda que momentaneamente, da
melhor maneira possível, as estruturas vitais do paciente, pois
só será possível detectar, com relativa segurança, quais órgãos,
centros ou setores estão mais comprometidos bem como começar
a avaliar a profundidade das descompensações a serem tratadas.
Quando sugiro que os dispersivos iniciais sejam procedidos
nos dois níveis, ou seja, nos ativantes e nos calmantes, é porque
pretendo favorecer a que se obtenha uma melhor clareza nesse
diagnóstico que, por assim dizer, abre o tratamento a cada vez que
ele é realizado.
Embora já tenha dito algo anteriormente, quero relembrar
que, mesmo fluidicamente, as causas das depressões são
variadas. Por isso mesmo, algumas vezes encontraremos centros
esplénicos passando a sensação de verdadeiros sugadores.
outros reagirão como repelentes ou repulsores, outros ainda
como geradores caóticos -- tal qual um gerador de descargas
elétricas de intensidades não constantes -- e outros com
características do tipo vazio pleno, frieza polar, não existência
ou depleção.
Todavia, como o passista pretende, com essas dispersões
iniciais, apenas sentir e perceber melhor a estrutura sutil vital
do paciente, não é conveniente fazer excessivosdispersi vos nessa
fase a fim de não alterar de forma muito profunda a ordenação
dessas camadas superficiais do tônus vital, pois, por
conseqüência, pode obter resultados mascarados ou pouco
precisos.

2- Realizar o tato-magnético geral, evitando usinagens.
Depois de feito o alinhamento e ter alcançado a condição
de "visualização e sensibilidade" buscada com os dispersivos
iniciais, é chegada a hora da diagnose propriamente dita. É o que
chamamos de tato-magnético. Para aqueles que já têm
experiência com as técnicas do magnetismo é relativamente fácil
fazer-se um tato-magnético geral, ou seja. um tato-magnético
da cabeça aos pés, sem deixar "vazar" fluidos para o paciente
nessas ocasiões. O mesmo já não é tão simples para o iniciante,
motivo pelo qual um bom tempo de estudo e experimentação, alem
de todo cuidado, é devido.
Certamente algum novato no Magnetismo irá perguntar: "E
como vou saber se estou doando algum fluido ou não nessa hora?"
Aqui temos duas angulações da questão.
A primeira é: o passista reconhece-se quando está
usinando. Nesse caso, ele perceberá que suas usinas (centros
vitais) entram em usinagem na hora em que o tato-magnético
se inicia. Percebendo isso deve afastar-se momentaneamente
do paciente e sair do "circuito fluídico ou da relação magnética"
estabelecida com ele ou, o que também tem sido muito efetivo,
pode fazer breves exercícios de respiração diafragmática e tudo
tenderá a se resolver. Se, apesar dessas providências, continuar
sentindo a usinagem e sua respectiva doação -- involuntária,
bem se vê --, faça dispersivos localizados e realinhe o paciente.
O outro ângulo é quando o passista que não se sente nem
se reconhece usinando e, ainda assim, usina e doa nessas horas --
constatado pelas reações do paciente no empós, o que,
naturalmente, pede um cuidado bem maior. E embora teoricamente
seja fácil deduzir isso, na prática a observação é mais complexa,
pois o paciente depressivo, notadamente os mergulhados em
estados mais graves, não costumam dar sinais muito claros do que
se passa em seu mundo. Vê-se, portanto, como é importante o
desenvolvimento e a educação aprimorada do tato-magnético,
especialmente para quem deseja tratar de casos de depressão via
magnetismo.
No caso específico dos pacientes em TDM, vale salientar
que o "vazamento" de fluidos -- da parte do magnetizador --
por ocasião do tato-magnético pode gerar, nesses pacientes,
perturbações mais acentuadas do que em portadores de outros
males, o que é justificado pela pouca ou má filtragem que os
mesmos estão vivenciando.

3- Caso localize o centro esplénico em forte desarmonia,
realizar dispersão localizada só na estrutura atirante
desse centro (as técnicas transversais são muito
eficientes nesses casos). Mesmo encontrando
desarmonias acentuadas em outros centros, nos
primeiros passes estes não deverão ser atendidos, pelo
menos até que o esplénico comece a dar inequívocos
sinais de recuperação. Depois de atender ao esplénico
retomar à dispersão geral apenas ativante. Repetir mais
dispersivos localizados no esplénico, seguidos de
dispersivos gerais ativantes por mais duas ou três vezes.

Dentro da experiência que tenho, o centro esplénico é o
que sempre pedirá maior atenção, pelo menos nas primeiras
"intervenções". Sendo ele o "grande filtro" das emanações fluídicas
convergentes para o campo físico em geral, por ele passarão fluidos
de diversos padrões, cabendo-lhe, pois, grave responsabilidade
na qualidade do que chega ou não ao fulcro da descompensação
-- existente ou em formação. Se a filtragem não é bem realizada é
quase certo que sobrarão desarmonias nos órgãos com os quais
ele se relaciona mais diretamente. Um tato-magnético bem feito
provavelmente sempre destacará o centro esplénico de um paciente
em depressão, seja por atração ou repulsão fortes, vazio, depleção,
temperaturas muito discrepantes com os demais centros, choques,
arrepios ou mesmo por uma espécie de "inexistência", tudo de forma
localizada.
O cuidado primeiro a se ter com esse centro vital no
depressivo é que, via de regra, ele está muito carente de fluidos
e, por isso mesmo, comumente exerce uma função de sucção,
uma ação sugadora de fluidos do magnetizador de maneira muito
intensa. Só que, como filtro, esse centro muito provavelmente
estará severamente comprometido em sua função de filtragem,
por se encontrar congestionado, vedado, selado, praticamente
inoperante. A sucção vem como resposta das necessidades do
organismo do paciente, mas. nesses casos, ainda quando receba
fluidos muito sutis, o mais comum é que esses fiquem estacionados
sobre o centro vital, sem conseguirem ser absorvidos ou transferidos
pelo centro para a parte somática. Assemelha-se a uma peneira
totalmente vedada pelos muitos materiais nela depositados.
Tomando-se essa
analogia da peneira, quando
queremos fazer com que
determinado material seja
peneirado, simplesmente
agitamos a peneira ou
removemos um pouco do que
esteja em excesso sobre ela a
fim de possibilitar a peneiração. De modo semelhante, num centro
vital congestionado, desprovido ou mal provido em sua função de
"filtragem", a primeira coisa a ser feita é a "agitação" do centro
bem como a eliminação de excessos a fim de que o mesmo volte a
realizar sua função. Daí ser recomendado que se inicie todo e
qualquer TDM com dispersivos localizados no centro esplénico,
especialmente no nível ativante (próximo), pois aí é onde
normalmente se encontram depositados os elementos mais densos
dos fluidos congestionantes, os elementos positivamente congestivos.
Ainda que outros centros solicitem interferência--e é muito
provável que haja esse tipo de solicitação -- pela ação do
Magnetismo que esteja em aplicação, não é conveniente "ceder" a
tais impulsos, notadamente se forem requisitantes de fluidos densos,
pois uma desarmonia forte no esplénico inviabiliza a perfeita
circulação energética pelos outros centros, podendo até mesmo
chegar a comprometer o funcionamento geral do circuito vital.
Quando recomendo que o TDM nesse nível praticamente
se limite a dispersivos no esplénico e alinhamento geral pretendo
favorecer ao paciente as melhores condições para que ele
"respire" o clima fluídico e vital que lhe tem feito falta. Os dispersivos
aplicados sobre o esplénico, nos níveis ativantes, quando feitos
com competência, provocam, no paciente em depressão, uma
sensação de renovação energética muito intensa, semelhante a que
sente uma pessoa quando, após longo período com o nariz
congestionado, consegue o alívio de respirar normalmente após o
uso apropriado de um descongestionante nasal. Mas não é só isso.
O efeito dos dispersivos no esplénico é muito mais profundo porque,
atuando diretamente na movimentação do centro vital e removendo
ou redirecionando as cargas fluídicas que sobre ele estavam
estacionadas, permite, embora sem doação fluídica explícita, que
haja um substancial aproveitamento dos fluidos que ali se
encontravam de forma congestiva, mas que, por força das
obstruções no "filtro", não havia como serem absorvidos, quer fosse
pela estrutura perispirítica, quer pelo próprio organismo.
Uma observação para os magnetizadores e passistas é que,
mesmo não havendo explícita doação de fluidos enquanto se
processa o tratamento apenas por dispersivos localizados, é comum
a sensação, ao final do passe, de um certo cansaço, uma
desconcertante fadiga fluídica. Na verdade, a grande maioria dos
magnetizadores e passistas que realiza TDM sente, ao final, o quanto
estão desgastados, devendo, por isso mesmo, estarem atentos à
fadiga fluídica (este tema, fadiga fluídica, já está muito bem tratado
em meus outros livros). A razão desse cansaço e dessa fadiga --
que não é física, repito, é fluídica -- está no fato de, embora os
dispersivos não sejam "doadores fluídicos", enquanto eles
desempenham o relevante papel da reelaboração fluídica dos fluidos
do paciente, através da circulação dos fluidos daquele por seus
(dos magnetizadores) meios fluídicos, eles, os magnetizadores,
sofrem sensíveis perdas energéticas. Acredito que nessas
reelaborações o que se dá é o seguinte: o fluido descompensado
do paciente, seja por alta densidade, por contaminação devido ao
longo tempo ali estacionado ou por outro motivo que o enfraqueça
ou desvirtue, é absorvido pelo campo tluídico do magnetizador ou
passista e. nesse ambiente do operador, há trocas de refinamentos,
ordenações ou mesmo de elementos sutis, os quais, no imediato da
operação, fazem falta ao operador. Creio mesmo que assim seja
porque a observação demonstra que quanto mais depressivo está
o paciente tanto maior é o desgaste do operador. Acontece algo
mais ou menos assim: quando eu. agindo como magnetizador num
paciente qualquer, dôo meus fluidos, tenho, de certa forma, o
domínio e a percepção do quanto está sendo doado, mas quando
essa doação ocorre do jeito que se dá quando aplico dispersivos
em pacientes depressivos, há uma perda do registro sensório dessa
doação. Talvez seja esse o motivo pelo qual, quando advém o
cansaço ao final da operação magnética, fique no magnetizador
uma singela inquietação interior e o desconforto de uma fadiga
aparentemente sem motivo. Caso o magnetizador continue sem se
sentir bem após os passes, peça a um companheiro que o examine
e receba passes, especialmente dispersivos. Não havendo quem o
socorra, faça alguns exercícios de respiração diafragmática e tenha
atitudes de autodispersão.

4- Repetir o item 1.
Observe-se que só depois de bem trabalhado o centro
esplénico é que devemos partir para o alinhamento geral nos
dois níveis, ou seja, tanto ativantes como calmantes. A razão é
a seguinte: quando agimos dessa maneira no item 1 estávamos
apenas buscando uma ordenação mais periférica, no intuito de
"clarear" a visualização e a sensibilidade mais seguras pelo tato-
magnético que viria a seguir. Neste momento a situação é
diferente: o que se busca é fazer com que todos os centros
vitais do paciente reconheçam que há uma nova ordem de
filtragem e que uma certa "respiração fluídica" já foi encetada
no conjunto orgânico-perispiritual.
Apesar desse alinhamento representar um alívio quase
imediato ao paciente depressivo,, pode ocorrer que em alguns
surjam agitações, tremores, ânsias ou medos. Apesar disso ser
aparentemente estranho, posso assegurar que tais reações fazem
parte do esperado, pois em muitos pacientes em terapia de
depressão por magnetismo o surgimento de uma crise,
especialmente na hora dos alinhamentos, só confirmam que os
campos vitais e magnéticos estão reagindo e interagindo. É como
alguém que ficou submerso até o limite de suas forças e, quando
volta à tona. procura, sôfrega e desesperadamente, por ar, muito
ar. Todavia, não convém deixar o paciente ir-se do ambiente do
tratamento sem que essas crises sejam vencidas, a fim de que o
medo não venha a se converter num possível pânico. Como ele, o
paciente, dificilmente conhecerá as razões desse "jogo" de
sensações, continuar sentindo mal após o passe pode levá-lo a
afastar-se de novas e indispensáveis aplicações magnéticas.
Essas crises, quando bem aferidas pelo tato-magnético,
deixará evidências de se tratar de reações que estarão ocorrendo
entre a nova realidade fluídica e física ante o que, minutos antes,
existia. Elas são diferentes dos desarranjos provocados pela
psi-sensibilidade (esta será considerada no próximo item), os quais
geralmente limitam-se a provocar leves tonturas, algum tipo de enjôo
ou mesmo rápidos turvamentos na vista. A seguir oriento sobre
como evitar isso.

5- Alinhar todos os centros (sem usar técnicas conjugadas
de imposição com dispersão) e tratar bem a psi-
sensibilidade (com mais dispersivos gerais), evitando
todo e qualquer tipo de concentrado fluídico em
qualquer centro vital.
Para quem já estudou mais apuradamente as
repercussões do Magnetismo no ambiente psíquico e orgânico
do paciente sabe que existe uma realidade que deve ser sempre
lembrada por ocasião do passe. Trata-se da psi-sensibilidade,
ou seja, da sensibilidade sutil que o paciente possui, que pode
se parecer com a sensibilidade física, mas que difere quanto a
sua origem. Ocorre que, quando um paciente recebe passes,
fluidos ou tratamentos magnéticos, seus organismos físico c
perispiritual passam por mudanças consideráveis. Ainda que
sejam mudanças positivas, elas gerarão reações na estrutura da
sensibilidade. Assim, mesmo que o paciente tenha recebido de
forma correta e eficiente os fluidos ou o tratamento que precisa\ a.
a estrutura vitalista dos centros vitais não responde imediatamente
na conjuntura da sensibilidade orgânica, posto que é mais do que
comum que demande um certo tempo para que um nível (sutil) se
pronuncie com efetividade sobre o outro (físico). Ora. o paciente
mais sensível perceberá que. após aquela sessão, algo mudou dentro
dele, exatamente porque houve a transformação nos seus filtros
bem como em sua estrutura vitalista, mas não ocorreu ainda o pleno
trânsito ou a plena efetivação da mudança nos dois eixos, ou seja,
no corpo e no perispírito. Normalmente, a primeira mudança se dá
no perispírito para depois atingir o corpo, mas, como já disse, isso
demanda um certo tempo, a depender de vários fatores: a
sensibilidade do paciente, a intensidade da mudança, os tipos
de fluidos que foram manipulados, a afinidade fluídica entre os
pares em operação, a cronicidade da doença ou da
descompensação, os tipos e as quantidades de dispersivos
empregados e até a região na qual foi realizada a ação magnética.
Em face disso é preciso que o magnetizador ou passista tenha
muito cuidado com a conclusão do trabalho, pois aí já não mais
será devida qualquer aplicação objetiva de fluido e sim apenas
trabalhar os "alinhamentos", via dispersivos gerais. Só que
quando se "acha" ou se sente que já não há necessidade de
dispersivos, esse primeiro registro diz respeito ao alinhamento
na estrutura do perispírito, ou melhor, do circuito vitalista dos
centros vitais, mas não fica garantido que tal sensação de
harmonia tenha atingido o centro da sensibilidade orgânica (do
sistema nervoso) do paciente. Daí ser extremamente relevante
que, a partir desse momento, aplique-se mais alguns dispersivos,
pois estes, agora, terão a função precípua de trabalhar a psi-
sensibilidade, permitindo que o paciente não só esteja bem, mas
se sinta bem. Estes últimos dispersivos, por não terem mais
função de ordenação dos centros em si, aprofundam-se e refinam
seus alcances e, dessa forma, aceleram o processo de absorção
plena dos fluidos e aclara a "sensibilidade" do paciente para o
novo status fluídico.


6- Terminado o passe, com o paciente ainda no ambiente
em que foi atendido, o passista deverá magnetizar
(fluidificar) a água do paciente.
Um organismo magnetizado é semelhante a um veículo
abastecido: como este, que enquanto anda queima combustível.
aquele, à medida que pensa, age e até mesmo descansa, consome
fluidos, metabolizando-os, transformando-os em novas formas de
energia.
É sabido que o organismo humano, em suas funções naturais
metabólicas, executa reações de síntese, chamadas de anabolismo,
e reações de desassimilação, conhecidas como catabolismo.
Enquanto no anabolismo as substâncias são recompostas e
incorporadas nas células, assim realizando um processo de
a s s i m i l a ç ã o , no catabolismo temos, pela quebra das
macromoléculas nutritivas, liberação de energia.
Fazendo um parâmetro entre a captação e a absorção dos
fluidos, pelo paciente, e essas funções do metabolismo orgânico,
teremos uma boa visão do que ocorre para que os fluidos cumpram
seus papéis no organismo do paciente, notadamente no depressivo.
Quando os fluidos são recebidos precisam chegar aos pontos-
chaves ou focos que estão gerando as descompensações nos
centros vitais do paciente. Na região ativante, os fluidos mais densos
são "quebrados", por meio dos dispersivos, a fim de serem
anabolizados, ou seja, assimilados e introjetados na estrutura tanto
vitalista quanto fisiológica. Chegados a esse ponto, esses fluidos
deixam de ser elementos de assimilação e passam a realizar a função
energética propriamente dita, operam a catabolização. Todavia,
apesar dos fluidos recebidos e captados não serem metabolizados
integralmente de uma só vez, essa metabolização se dá de forma
continuada, até que a "provisão de fluidos" tenha se esgotado. Nisso
tudo, conclui-se que há condicionantes temporais para a
anabolização como também existe a capacidade metabólica do
centro vital em si e esta depende, diretamente, da necessidade
energética do centro vital ou foco em tratamento. Por outro lado.
enquanto o todo fluídico não é inteiramente metabolizado, ocorrem
perdas fluídicas, as quais não são auto-renováveis.
Nesse complexo sistema ainda existe uma outra variante
de considerável peso; como os focos estão sendo atendidos pelos
centros vitais e estes retratam e repercutem o estado do foco --
que pode ser orgânico, psíquico ou mesmo obsessivo --, é comum
os centos vitais afetados não serem tão bons elementos de filtragem,
ou melhor, de metabolização.
Por fim, salvo exceções, normalmente os grupos que
atendem TDM não estão disponíveis todos os dias da semana
nem oferecem muitas opções de horários para os pacientes. De
outra forma, os pacientes geralmente nem sempre estão muito
dispostos a seguirem uma terapia várias vezes por semana. Ante
nossa realidade, o mais comum ainda tem sido uma sessão de
tratamento por semana, quando o ideal seria, pelo menos, três
semanais. É aí aonde entra a função da água magnetizada ou
fluidificada de uma forma ímpar. E dois são os principais motivos.
O primeiro é decorrente da constatação de que os centros
vitais dos pacientes em congestão fluídica não são bons
captadores e transmissores dos fluidos que possivelmente lhes
fossem doados, por conta de suas estruturas estarem vedadas,
por força dos estados congestivos -- lembra do exemplo das
peneiras? Mas os pacientes estão precisando, e muito, de fluidos
"novos", para se revitalizarem, se alimentarem. Como, então,
resolver esse impasse? Lógico que pela água magnetizada
(fluidificada), pois a assimilação das moléculas fluidificadas se
dará diretamente pelos órgãos ou centros afetados, sem
necessidade de haver a filtragem nos centros vitais. Todavia,
como essa absorção é menor do que a que seria captada se a
doação fosse feita diretamente nos centros vitais -- caso eles
estivessem em pleno funcionamento --, o paciente deverá ingerir a
água em pequenas doses, várias vezes ao dia -- uma média de
cinco doses por dia.
Aqui faço uma ressalva: há quem queira tomar uma dose
única, grande, para evitar ficar ingerindo a água várias vezes.
Lamentavelmente, não é a mesma coisa nem faz o mesmo efeito,
pois na ingestão de fluidos através da água magnetizada
(fluidificada) o organismo costuma "descartar" o que excede
às necessidades momentâneas, tornando inócuas as moléculas
excedentes ou, o que é pior, algumas vezes ele se satura e, por
conta disso, leva alguns pacientes a passarem mal.
O segundo motivo é exatamente o período que
intermedeia uma sessão da outra. Em termos médios, uma
sessão de Magnetismo, mesmo de TDM, possibilita uma
alteração fluídica geral no paciente por um período que varia,
em média, de 48 a 60 horas, desconsiderando-se, aqui,
eventuais descuidos ou excessos da parte do paciente. Apesar
disso, o "consumo" dos fluidos capturados na sessão é contínuo,
0 que nos leva facilmente a concluir que, sem qualquer
providência complementar, após as primeiras 48 horas já restará
muito pouco da energética necessária para a manutenção do
estado geral atingido na magnetização. Nessa circunstância, a
água magnetizada (fluidificada) realiza esse papel complementar,
primeiro não permitindo que o consumo inicial se dê apenas em
cima do que foi recebido diretamente por ocasião da
magnetização, depois porque ela equilibra a distribuição
e n e r g é t i c a e ainda favorece a que não se dê uma
descompensação na harmonia do estado pós sessão de
magnetismo.
A recomendação de que seja o próprio magnetizador
que fez a aplicação do passe quem fluidifique a água se baseia
no fator "relação magnética entre os pares", ou seja, quando o
magnetizador vai iniciar um passe, conforme indicado no item
1 deste Nível 1, sua primeira ação é a de estabelecer uma relação
magnética com o paciente. A prática nos mostra que mesmo
quando, de partida, essa relação não chegue a ficar 100% bem
realizada, com o prosseguimento do passe ela tende a isso.
Assim, é quase certo que, ao final do passe, a relação magnética
entre o par, magnetizador e passista, esteja no seu melhor nível.
Vindo a ser. então, magnetizada a água por esse mesmo
magnetizador nesse momento, a "compatibilidade" dos fluidos
ali dispostos receberão, da parte do paciente, uma excelente
assimilação, o que só favorece à manutenção do equilíbrio
fluídico entre as sessões de passes.
7- Ao sair da cabine é conveniente o paciente tomar uma
dose de água fluidificada.
Como já foi dito, a TDM, em sua fase inicial, trabalha
essencialmente os dispersivos e os alinhamentos locais e gerais,
não havendo doação direta nem intensa de fluidos. A realidade do
paciente em TDM, todavia, pede muitos fluidos, conforme
apreendemos da explicação dada no item anterior. Assim, como
primeiro e imprescindível reforço, o paciente em TDM deve ingerir
sua primeira dose de água magnetizada logo após terminar as
sessões -- no caso, quando sair da cabine. Assim, evitaremos
desgastes imediatos na estrutura que acabou de ser trabalhada,
pois os suprimentos energéticos mais diretos serão extraídos da
água, não provocando fortes sucções nos centros que acabaram
de ser "aliviados".

Uma observação importantíssima: no caso de haver
entrevista de avaliação, através da qual o paciente prestará, antes
do passe, informações acerca de como passou o período desde o
último passe até aquele momento, o entrevistador deve lembrá-lo
de se esforçar para manter a mente o mais equilibrada possível,
mantendo-se em oração ou fazendo uma boa leitura, relaxando,
meditando, enfim, ficando numa posição de preparo mental e
psicológico para receber o benefício. E, após o passe, quando ele
retomar para dar detalhes do que sentiu durante o passe e de como
está se sentindo agora, que ele seja bem orientado e lembrado de
manter um comportamento coerente com os resultados por ele
mesmo esperados, ou seja, que mantenha a mente em equilíbrio e
vi brando em favor de si mesmo. A depender do grau de depressão
e de como ele esteja reagindo ao TDM, oriente-se para que ele
não abandone os medicamentos por conta própria, mas que busque
o médico com quem se trata para que este faça as adaptações
medicamentosas cabíeis. Paralelamente, esclareça-se sempre a
primordial função da água magnetizada (fluidificada) a fim de que
ele siga a orientação da maneira mais precisa possível.
Vamos à análise do NÍVEL 2 do TDM, passo a passo.

Quando o paciente saiu do nível 1 e chegou neste ponto
do tratamento, significa dizer que ele já deu um belo salto em
suas dificuldades com a depressão e, mercê de verdadeiras
bênçãos, já recomeçou a viver e a sentir uma nova qualidade de
vida. Agora ele já pode participar mais ativamente do tratamento,
todavia não devemos sobrecarregá-lo de obrigações nem passar
a falsa idéia de que tudo será muito simples e fácil. Ele precisa
ter bastante consciência de que o "momento inercial" da
depressão foi vencido, mas o caminho que iremos trilhar ainda
pedirá muito cuidado e esforço mútuo. Por outro lado, ele deve
sentir-se vitorioso e ser "convidado" a comemorar as vitórias,
agradecendo a Deus a oportunidade de estar vencendo tamanha
monstruosidade. Essa será uma comemoração pautada na
harmonia e no equilíbrio e não nos desvios e devaneios do puro
materialismo. Uma comemoração de louvação, de gratidão, de
vida integral.

1- Dispersão geral por longitudinais ativantes (perto) e
depois calmantes (distantes).
O paciente que iniciou seu tratamento motivado por uma
depressão demorada e profunda e agora chegou ao TDM no
nível 2 já superou a terrível fase em que não reagia, não interagia,
quase não falava, praticamente não soma nem conseguia expressar
desejo de fazer qualquer tratamento, mesmo quando seu mundo
íntimo gritava que era isso o que ele mais queria e precisava na
vida. Se ele venceu a primeira fase do tratamento, agora ele já
cumprimenta as pessoas, escuta e responde, começa a expressar
opiniões próprias e a relatar algumas de suas maiores dificuldades.
Aos magnetizadores já sinaliza o que sente, tem iniciativa de buscar
o tratamento, lembra do dia e do horário das sessões e, sabedor
melhor do que ninguém dos piores momentos já vividos, procura
seguir com bastante segurança as recomendações, inclusive quanto
ao uso da água fluidificada. Quando ele age assim, a vitória final é
uma questão de pouco tempo para ser obtida, pois essa motivação
interior sustém e mantém os padrões de equilíbrio que ora são
proporcionados pelo magnetismo e por um padrão de vitalismo
em plena recuperação.
Porém, existe um outro fator a ser muito bem considerado:
é que existem aqueles pacientes que não iniciaram seus tratamentos
tendo por origem depressões profundas. Estes, ao contrário dos
primeiros, nem sempre se dão conta da necessidade de manter o
tratamento com muito zelo e cuidado. É comum esses pacientes
menosprezarem os efeitos da água fluidificada e, por motivos
aparentemente irrelevantes, ausentarem-se do tratamento de quando
em vez. Inclusive, para os casos de pacientes que habitualmente se
ausentam e não tomam nenhuma providência para "repor" o
tratamento perdido, muitas vezes seus retornos recomendam que
eles sejam remetidos para o nível 1. Não se trata de castigo,
exigência burocrática ou cobrança, mas devemos ter sempre em
mente que estamos lidando com questões e matérias por demais
sutis e repercussivas, as quais, se não forem bem observadas,
trabalhadas e convenientemente vividas, facilmente podem ser
desfeitas, desestruturadas, perdidas, enfim, projetando seus
desequilíbrios rumo a complicações mais adiante, quiçá gerando
recidivas.
Apesar de todo otimismo inicial, o início dos passes nesse
nível 2 segue um padrão semelhante ao do nível 1, pois um pouco
mais de euforia ou mesmo de resistência inconscientes da parte do
paciente costumam mascarar suas "superfícies áuricas", ou seja,
seus aspectos fluídicos superficiais, portanto é mais do que
conveniente fazermos essas rápidas harmonizações ou alinhamentos
para que o tato-magnético continue com bastante "vidência e
sensibilidade".
Em todo caso, recomendo que neste nível 2 a quantidade
inicial de dispersivos gerais, ativantes e calmantes, seja mais
abundante do que no nível 1. Isto porque o paciente já tem
melhor estabilidade nas tensões superficiais e relaxará melhor
ainda com esses dispersivos iniciais.
2- Pelo tato-magnético, localizar, além do centro
esplénico, qual está mais desorganizado.
Enquanto estávamos no nível 1 do TDM tínhamos a
precaução de "cercar" o esplénico de tal modo que pudéssemos
tratá-lo de forma totalmente independente, afinal ele, em
princípio, como importantíssimo filtro vital que é, é o grande
responsável pelo circuito geral dos fluidos que precisam circular
nos organismos do paciente -- físico e perispiritual. Estando
ele, o esplénico, em funcionamento, a partir de então podemos
"enxergar" mais acuradamente onde estará havendo maiores
concentrados, mais sérias desarmonias, eventuais
ingurgitamentos fluídicos ou mesmo quais centros estão mais
descompensados para, em seguida, partirmos em busca de suas
reorganizações, vitalizações, enfim, de seus plenos
funcionamentos.
É importante, pois, tentar localizar com bastante precisão
qual será o próximo centro vital a ser atendido pelo Magnetismo,
pois o que será doado ao esplénico não deverá ficar represado
num segundo ponto crítico. Não é por menos que insisto tanto
no aprimoramento do tato-magnético.
Embora não se deva tomar como regra geral, é muito comum
o segundo centro vital mais descompensado ser o cardíaco, apesar
das fortes e sensíveis intercorrências do esplénico sobre o gástrico
e o genésico. Todavia, como as causas das depressões variam não
apenas a partir de suas ações de disparo, mas também das
intensidades como são "recebidas" e dos órgãos diretamente
envolvidos, pode ocorrer que o segundo centro vital mais significativo
a ser tratado seja qualquer um outro que não o cardíaco. Todavia,
existe uma lógica para a "falência" ser constatada no cardíaco.
Quando o esplénico entra em desarmonia profunda, daquela que
lastreia a queda no abismo da depressão, ele tenta se reenergizar.
recuperar seu padrão energético, manter em equilíbrio e harmonia.
Para tanto, socorre-se dos dois centros adjacentes, ambos de baixa
freqüência, portanto, igualmente bastante densos. Esses centros
vitais são: acima, o gástrico; abaixo, o genésico. O centro esplénico
passa a sugar toda energética desses centros de uma forma tão
intensa e constante que não deixa espaço para que eles "respirem",
provocando-lhes uma aparente falência. Como resultante, as funções
a eles associadas sofrem alterações viscerais. Não é por outro
motivo que um dos primeiros sintomas fisiológicos do paciente em
depressão grave se verifica nos campos do apetite: o alimentar,
numa larga maioria de pacientes, praticamente desaparece o desejo
de comer ou beber o que quer que seja, embora em alguns ocorra
exatamente o oposto; e o sexual, com a libido caindo praticamente
a zero. Por conta da sucção permanente e insuficiente que o
esplénico promove nesses dois centros, ele continua querendo mais
e mais energia. Naturalmente, então, utiliza-se de canais de refluxo,
conhecidos como nadis, e parte em busca de ajuda no centro
cardíaco. É quando ocorre um agravamento mais sério. Sendo o
centro vital cardíaco de padrão de freqüência média, a solicitação
direta e constante de "energia" por parte de um centro de baixa
freqüência o descompensa de forma profunda, levando-o a uma
situação crítica. Daí a alta probabilidade de ele ser o segundo grande
centro de desarmonia, pois os outros dois, em sendo de freqüência
baixa, se descompensam, mas não chegam a ser afetados em suas
estruturas mais sutis, devido suas resistências mais elevadas. Mais
desprotegido por sua fragilidade ante tão vigorosa e permanente
solicitação, o cardíaco se descompensa e, numa visão mais profunda
do fenômeno, provoca estreitamente dos "circuitos nádicos" que
os interliga, obstruindo-os danosamente.

3- Dispersões localizadas no esplénico intercaladas com
dispersivos gerais; depois de feito isso umas três ou
quatro vezes solicitar ao paciente que faça exercícios
de respiração diafragmática pelo menos 5 (cinco) vezes
durante a sessão.
Sabendo-se da delicadeza que é a questão do
funcionamento de um centro vital e de sua inter-relação com os
demais fica mais do que natural se esperar bom afinamento entre
eles. Como um violão ou uma guitarra desafinados, quando se
afina uma das cordas que esteja bastante desafinada, uma ou
outras cordas também precisarão leves reajustes, pois a nova
tensão naquela corda desafinada de certo modo interferirá na
tensão das demais, daí a necessidade do reajuste, quase sempre, geral.
A essas alturas, apesar do esplénico já estar exercendo
boa parte de suas funções, ele não pode ser totalmente ajustado
sem que os demais centros vitais "reconheçam" e se "adaptem"
aos estados decorrentes desses ajustes. Isto impõe que os
dispersivos sejam feitos tanto nele como nos demais, a fim de
que, pelo alinhamento deles, haja perfeito entrosamento e um
funcionamento de profícua compensação.
Ainda neste nível 2 do TDM, o centro esplénico
conserva, independente de seu estado de normalidade ou não,
uma forte tendência à sucção, pois é muito provável que o
paciente ainda esteja muito carente de fluidos vitais nos órgãos
ou sistemas associados, direta ou indiretamente, ao esplénico.
Portanto, o magnetizador não pode se descuidar quanto ao "volume"
de sua doação, pelo que a atenção ao uso dos dispersivos é sempre
bem lembrada.
Observe-se, entretanto, que nesse momento do passe
surgiu um novo ingrediente, diferente de tudo o que vimos
recomendando até então. O paciente será convidado a participar
do conjunto de ações do passe de uma forma mais efetiva, mais
ativa, mais determinante. Ele agora terá que fazer uma respiração
especial enquanto o passe, de fornia ininterrupta, está acontecendo.
Antes de detalhar isso, há uma observação muito importante.
Como normalmente pedimos ao paciente que fique em oração ou
emitindo pensamentos de tranqüilidade e harmonia durante toda a
sessão, toma-se necessário explicar esta parte a ele antes de iniciada
a aplicação dos passes, a fim de não assustá-lo no momento do
aviso.
A respiração que se irá pedir que ele faça é a diafragmática.
Existem várias orientações a respeito da prática, mas costumo
recomendar a seguinte: mentalmente, marque uma contagem
cadenciada (1... 2... 3... 4... etc), considerando cada tempo como
sendo a duração média de 1 (um) segundo. "Automatizado" esse
intervalo, use 2 tempos para inspiração (para ser diafragmática, o
ar deve penetrar os pulmões até o diafragma e não encher apenas
a parte superior dos pulmões; em termos práticos e visuais, a encher
a barriga de ar, sem elevar os ombros enquanto o ar penetra até o
diafragma). Com os pulmões cheios de ar prenda a respiração
durante 8 tempos. Em seguida esvazie os pulmões, completamente,
em 4 tempos.
Caso o paciente ache muito longo o padrão 2-8-4 este
pode ser reduzido para 1-4-2. Nesse caso, a inspiração do
paciente deverá ser mais forte e rápida e eleja deve ter bastante
domínio no envio do ar para o diafragma. Já pacientes que
praticam ioga, meditação ou similares, estes costumam usar
padrões mais largos, do tipo 3-12-6 ou 4-16-8. Em todo caso,
não importando o padrão melhor adaptado ao paciente,
recomendo que ele faça essa seqüência de respiração em tomo de
cinco vezes -- que é uma média bem fácil de se fazer sem que os
desconfortos decorrentes de uma maior circulação sangüínea no
cérebro costumam provocar nos menos experientes.
No início, essa prática pode cansar um pouco, mas
geralmente as pessoas a suportam bem. Em todo caso, como
nessa respiração ocorre uma "ventilação" forte, afetando o
sistema linfático (o que melhora a estrutura das defesas
imunológicas) e também favorecendo a uma boa aeração
cerebral, pode ser que algumas pessoas sintam uma espécie de
vertigem, leves tonturas ou pequenas ânsias, mas nada grave e que
não passe relativamente rápido.
Quanto ao aspecto "diafragmático" significa dizer que o ar
inspirado deve ser projetado para o diafragma de tal forma que a
pessoa sinta como se o ar estivesse enchendo uma bexiga na base
de sua barriga, inclusive expandindo os músculos intercostais (às
costas). Evite-se, nesse tipo de respiração, qualquer movimento
no sentido de elevar os ombros ou inchar o peito, pois isso muito
provavelmente impediria que o ar chegasse, de forma plena, no
diafragma, ficando concentrado apenas na parte superior do pulmão,
o que praticamente invalida o efeito esperado com a respiração
diafragmática.
A razão dessa respiração nesse momento é porque esse
tipo de respiração propicia uma série de variantes, todas muito
importantes para o circuito fluídico. tanto do paciente, como é
o caso, como do magnetizador ou passista, quando também faz
o exercício.
Organicamente, a respiração diafragmática promove uma
verdadeira oxigenação no sistema linfático, limpando-o, por
assim dizer, de muitas impurezas aí estabelecidas ou
estacionadas. Conseqüentemente, a corrente sanguínea fica mais
"purificada" e o sistema imunológico enriquece-se sobremaneira.
Em relação aos centros vitais do paciente, quando ele realiza a
respiração diafragmática ele dota o centro vital em operação
de um melhor refinamento fluídico, transformando-o num filtro
psíquico de melhores padrão e qualidade. Outro aspecto é que
esta respiração tem um "dom" interessante: aciona centros em
descompasso e desacelera centros em usinagem. Tanto que, no
dia-a-dia das criaturas, quando algo está muito exaustivo ou
sugador em nosso derredor, uma boa seqüência de respiração
diafragmática estanca as perdas e reordena o clima interior que
é sentido pela pessoa.
Voltando ao que comentava, alguém poderia perguntar: e
por que fazer essa respiração cinco vezes e não só duas ou então
umas dez? Minha resposta baseia-se na observação prática.
Normalmente as duas primeiras respirações não atingem o ponto
que favorece a que ocorra boa absorção dos fluidos doados
nem tampouco uma melhor filtragem. A partir da terceira é que,
geralmente, começamos a perceber a boa resposta do centro
vital. E como nem sempre conhecemos os limites de cada
paciente, até o número de cinco vezes já temos verificado que a
quase totalidade dos pacientes faz o exercício sem reclamar de
qualquer coisa, enquanto que um número maior de respirações
diafragmáticas geralmente leva um bom número de pacientes a
acusarem tonturas ou mal-estar, os quais estão diretamente
relacionados com os efeitos de grande oxigenação cerebral que
são esperados dessas respirações. Ademais, o tempo empregado
nessas respirações costuma ser suficiente para uma boa
operação, pelo magnetizador ou passista, no centro vital. Se é
pedido que se respire muito mais vezes, é provável que o
operador não suporte ficar tanto tempo em atividade dedicada
a um único ponto.

4- Dispersão localizada ativante num outro centro que
esteja em grande desarmonia. (Escolher apenas um além
do esplénico).
Como dito acima, quando o paciente sai do nível 1 do
TDM, em tese seus centros vitais já conseguem absorver
pequenas quantidades de fluidos de forma direta e concentrada.
Nessa circunstância, um segundo centro vital -- que deve ser
aquele mais afetado após o esplénico -- já pode ser
operacionalizado magneticamente sem que isso interfira
negativamente no processo de filtragem realizado no e pelo
esplénico. De início, pois, devemos fazer com esse "novo" centro
vital o mesmo que já fizemos com o esplénico, quando iniciamos
o TDM em sua fase 1, ou seja, devemos dispersá-lo bastante a
fim de realinhá-lo, equilibrá-lo, reajustá-lo, deixá-lo preparado
para voltar a realizar plenamente suas funções vitais. Contudo,
tanto as doações concentradas no esplénico como alguma ação
mais específica num outro centro vital precisam ser feitas com
bastante moderação e, o que é mais importante, havendo qualquer
sensação que indique a propensão para que haja uma doação ou
uma concentração mais consistente, deve-se impedir que tal se dê,
intercalando, imediatamente, dispersivos localizados (na região onde
houve tal solicitação) a fim de evitar qualquer possibilidade de
congestões ou outros senões complicadores. Para que não fiquem
dúvidas sobre o que agora digo, vou detalhar o procedimento
prático que é o mais recomendado nesses casos.
Quando uma aplicação concentrada -- seja ativante ou
calmante -- for realizada no esplénico e/ou noutro centro, opte-se
sempre pelo seguinte método: faça ali apenas um pouco de
concentrado e, logo em seguida, realize uma série de dispersivos
localizados, no mesmo padrão com que foi feita a doação, quer
dizer, se houve concentrado nos ativantes, a dispersão localizada
será ativante, se foi calmante, a dispersão localizada será
calmante. E tal procedimento se repetirá tantas vezes quantas
forem necessárias, pois assim o paciente assimilará melhor e
com mais profundidade os fluidos doados e a possibilidade de
haver desconfortos ou seqüelas fica bastante reduzida. Além
disso, o magnetizador sofrerá menores perdas fluídicas e, nos
tatos-magnéticos que realizar na verificação de como o paciente
está reagindo, terá muito melhor sensibilidade para aferir com
mais precisão toda a ocorrência.
Todavia, se mesmo com todos esses cuidados o
magnetizador ou passista perceber que ainda está havendo doações
de grande porte e os dispersivos localizados não estão fazendo os
efeitos esperados, após alguns concentrados e dispersivos
localizados interponha-se uma série de dispersivos gerais, nos dois
níveis, ou seja, ativantes e calmantes, a fim de "forçar" o alinhamento
dos centos vitais. Isso facilitará a operacionalização localizada.
Um dado observado é que, mesmo não tendo o
magnetizador, até esse ponto do TDM como um todo, tratado
diretamente os centros genésico e gástrico, por essas alturas o
paciente já voltou a ter prazer em se alimentar e suas funções de
libido já retomam ao normal. Isso comprova a hipótese de que o
desarranjo localizado nesses centros são, na sua grande maioria,
reflexos de desarranjos do esplénico, do contrário não haveriam
tão fortes motivos para esses centros "recuperarem", de forma
efetiva, suas atividades quase que plenamente normais.
5- No final da série, fazer pequenas concentrações, por
imposição, no esplénico, intercalando-as com
dispersões localizadas do mesmo teor, em todo caso
evitando grandes concentrações fluídicas nesse ou em
qualquer outro centro vital.
As observações atinentes a este item estão, de certa
forma, bem detalhadas nos itens anteriores. Portanto, quero
apenas destacar que a necessidade de se retomar a atender o
esplénico após o procedimento num outro centro é porque, em
sua função de filtro, ele precisa ser bem assistido, pelo menos
por dois motivos. Primeiro porque outros centros poderão
"pedir" fluidos a ele ou mesmo projetar fluidos para que ele
filtre de forma mais eficaz e isso pede um esforço que, devido
ao período de estagnação em que esteve, talvez não tenha
condições de realizar se não receber um "reforço fluídico". E
segundo porque será através dessa doação nesse centro nessa
ocasião que se terá as melhores condições de se perceber a
quantas ele anda se desenvolvendo. Por conta disso é que
recomendo, com muita insistência, que sejam evitadas as grandes
doações e/ou concentrações fluídicas. Não podemos recuperar um
paciente por um caminho e encharcá-lo de concentrados por outro.

6- Alinhar todos os centros, podendo ser usadas técnicas
conjugadas de imposição com dispersão (imposição no
coronário e dispersão nos demais centros -- lembrando
para, em seguida, dispersar bastante o coronário) e
tratar bem a psi-sensibilidade (com mais dispersivos
gerais). A partir desse ponto, na sessão, evitar todo e
qualquer tipo de concentrado.
Como, no nível 1 do TDM. tínhamos um quadro onde
praticamente todos os centros vitais estavam descompensados,
com vários deles congestionados, não era recomendável que se
fizesse qualquer tipo de concentração fluídica em quaisquer
centros, até mesmo o uso de variantes de técnicas deveria ser
muito bem pesado e medido.
Todo magnetizador atento sabe que, após uma ação fluídica
num paciente, é necessário um alinhamento entre os vários centros
vitais, tanto para que todo o cosmos orgânico e perispiritual
funcionem equilibrada e harmonicamente como para deixar o
paciente sentindo-se bem e gratificado com a renovação de seu
estado como um todo. Embora sabendo que existem técnicas
apropriadas para esses casos, como as longitudinais completas --
também conhecidas como de grande corrente -- ou as
perpendiculares, a conjugação de algumas delas pode resultar
melhor, tanto em eficiência quanto em rapidez nos efeitos. Este é o
caso da técnica que envolve, a um só tempo, imposição e dispersão.
A imposição é realizada com uma mão sobre o coronário -- alto
da cabeça -- enquanto a outra percorrerá, com agilidade e rapidez,
todos os demais centros vitais. Como sabemos, tal procedimento
provoca uma espécie de arrastamento dos fluidos que estão sendo
concentrados no coronário, fazendo-os passar vigorosamente por
todos os outros centros, numa espécie de vazão sob pressão, o
que leva os centros a se reconhecerem, de fato, como
interdependentes. Entrementes, vale salientar que o procedimento
dispersivo, por ser feito por técnica longitudinal enquanto a
imposição é fortemente concentradora, aquele quase nunca
consegue "arrastar" todos os fluidos concentrados no coronário.
Daí surgir a necessidade de se fazer dispersivos localizados no
coronário quando cessada a técnica conjunta ou mesmo em
intervalos desta. E, para que se tenha mais segurança ainda, depois
da dispersão localizada no coronário, vale fazer mais alguns
alinhamentos gerais, pois com isso coloca-se o coronário no mesmo
padrão dos demais e ainda se trabalha a psi-sensibilidade do
paciente.
Creio ser desnecessário dar outras explicações para
justificar a inconveniência de se fazer novos concentrados após
toda essa operação.
7- Terminado o passe, com o paciente ainda no ambiente
em que foi atendido, o passista deverá magnetizar
(fluidificar) a água do paciente.
No item 6 do nível 1 do TDM apresentei as explicações
que justificam tal recomendação, mas resumirei tudo aqui para
facilitar a memorização.
Primeiro, a água magnetizada (fluidificada) para o
paciente destina-se à manutenção de seu padrão de recuperação
e estabilidade fluídicas, o qual foi induzido pelos passes, ao
longo dos dias que intermediarão as sessões.
Segundo, sendo o próprio magnetizador ou passista que
fez o passe quem fluidifique a água, a relação magnética já
estabelecida entre o par, magnetizador e passista, favorecerá à
"compatibilidade" dos fluidos ali dispostos em relação às
necessidades do paciente.
Alguém pergunta se tem problema no caso de outro
magnetizador ser quem fluidifique a água. Problema,
propriamente falando, não tem, mas perde-se em poder de
combinação, já que, como dissemos, uma afinidade magnética já
ficou estabelecida entre o doador e o receptor, afinidade essa que
predispõe as psi-moléculas da água a serem melhor assimiladas
pelo paciente.

8- Ao sair da cabine é conveniente o paciente tomar uma
dose de água fluidificada.
Mesmo com o paciente já recebendo fluidos de forma
direta nos centros vitais, lembremos que, em tese, apenas dois
centros vitais estão sendo trabalhados mais objetivamente nesse
nível. Isto indica que outros podem estar precisando receber
fluidos renovados, mas, como já vimos anteriormente, não convém
expor o paciente nesse estado a uma movimentação muito profunda
em vários centros de uma só vez. Portanto, além da água
magnetizada, ao final dos passes, servir como o complemento ideal
para tudo o que foi feito, ela ainda servirá para "abastecer" os
outros centros vitais que não foram atendidos diretamente.
Vejamos agora o detalhamento do NÍVEL 3 do TDM.

Saliento, de início, que o paciente neste nível já se
encontra em franca recuperação e, por isso mesmo, um dos
grandes cuidados que devemos ter nesse momento é motivá-lo
a seguir com o tratamento. Ocorre que, chegando até aqui, o
paciente estará se sentindo tão bem como há muito tempo não
se sentia e isso pode levá-lo à pressuposição de que já está
plenamente curado. A despeito dessa bendita sensação, ele ainda
precisa seguir mais um pouco com o tratamento a fim de
estabilizar de forma bastante segura seu estado geral --
orgânico, perispiritual. emocional e espiritual -- e evitar ao
máximo as possibilidades de recaídas, as quais, acredito, serão
sempre muito danosas, posto que, dentre outros fatores,
despertarão ou aumentarão nele a descrença na "cura". Não é
por menos que muitos depressivos já se "conformaram" com a
idéia de "eterna dependência", pois os chamados tratamentos
convencionais via de regra informam que "os medicamentos deverão
ser tomados para o resto da vida" e que sempre há grande
probabilidade de recidivas. No TDM, quando perfeitamente
atendidos os "circuitos vitais" e, paralelamente, o paciente se
conscientiza da necessidade de mudança de idéias e atitudes, tudo
indica que a superação da depressão será definitiva. E mesmo que
algum paciente venha a sofrer inícios de recaídas, com a imediata
retomada do tratamento facilmente superará as crises e se superará
idem. Apesar de todo esse otimismo, não podemos negligenciar
quanto ao cuidado de não induzir o paciente a crer que tudo será
resolvido como se fosse fazendo uso de varinhas mágicas e que ele
não deva educar-se para viver uma vida mais harmoniosa.


1- Inicie-se pelo tato-magnético.
Ao contrário do que vimos fazendo com nossos pacientes
nos primeiros momentos dos níveis anteriores, agora chegou a
hora de sentirmos e conhecermos tal qual eles verdadeiramente
estão. Por isso. logo após estabelecermos a relação magnética
passamos diretamente para o tato-magnético. Só que a atenção ao
que for sentido deve estar bem centrada a fim de fazermos uma
muito criteriosa avaliação e conseqüente comparação. Desta forma
obteremos um "retrato" mais exato acerca do que de fato se passa
nos campos vitais dos pacientes e, pelo menos nas duas primeiras
sessões deste nível, poderemos avaliai- se eles estão, incontestavelmente,
na condição ideal para seguir o TDM no nível 3.

Uma observação valiosa: caso, pelo tato-magnético,
identifiquemos que o paciente deve continuar no segundo nível
do TDM, procedamos imediatamente como recomenda o nível
2 e indiquemos isso na ficha do paciente para que a avaliação
posterior cheque melhor qual nível ou orientação seguir.

2- Dispersão geral por longitudinais ativantes (perto) e
depois calmantes (distantes).
Depois de todas as observações feitas no tato-magnético,
vamos às dispersões gerais, nos dois níveis, ou seja, ativante e
calmante, para começarmos favorecendo à estabilização
superficial das tensões fluídicas do paciente. Devo salientar que
o magnetizador ou passista não deve ter pressa nesses
dispersivos, podendo fazê-los repetidas vezes, até sentir que o
paciente esteja bastante harmonizado consigo mesmo -- falo
aqui, sobretudo, no sentido fluídico.

3- Pelo tato-magnético, localizar, além do esplénico, quem
está mais desorganizado.
Neste novo tato-magnético, o sentido de comparação,
referido no momento 1 acima, deve ser bastante caracterizado e
vivido, pois as informações obtidas no primeiro tato-magnético
deverão agora ser confrontadas com o resultado deste novo
tato, realizado após as dispersões. Muito provavelmente serão
registradas diferenças bastante consideráveis e é quase certo
que outros centros vitais deixarão suas "marcas" de carência,
ineficiência ou mesmo de superação bem perceptíveis. Mesmo
sendo quase certo que mais de um centro vital será localizado como
em descompensação, fiquemos atentos para determinar, segundo
nossa percepção, qual o mais "necessitado".

4- Dispersões localizadas no esplénico intercaladas com
dispersivos gerais; depois de feito isso umas três ou
quatro vezes solicitar ao paciente que faça exercícios
de respiração diafragniática pelo menos 5 (cinco) vezes
durante a sessão enquanto são realizados mais
dispersivos localizados no esplénico.

Apesar de no nível 3 doTDM o paciente já "aceitar" fluidos
e manipulações fluídicas em praticamente todos os seus centros
vitais, não podemos deixar de perceber a importância do tratamento
no esplénico. Por isso mesmo, nossa primeira ação efetiva será
sobre esse centro, descongestionando-o, por dispersivos localizados
e, logo de imediato, realinhando-o, através de dispersivos gerais
do mesmo sentido (ativantes ou calmantes, conforme o caso). Mas,
tal como comentamos largamente no nível 2, a participação do
paciente nessa hora é fundamental. Daí a inteiposição da respiração
diafragmática por ele ser muito valiosa no instante imediato, quando
então o magnetizador estará realizando vigorosos dispersivos
localizados sobre o centro esplénico.

5- Fazer concentrados ativantes e calmantes no esplénico
(de acordo com a necessidade de cada caso), intercalados
pelos dispersivos correspondentes (após uma série de
cada 5 concentrados, o magnetizador deverá fazer
respiração diafragmática para evitar maiores desgastes
ou concentrados muito fortes).

A ação dos concentrados neste momento é a realização do
"sonho" dos centros vitais, pois eles estão prontos para exercerem
suas funções da forma mais perfeita possível. É como alguém que
passou longo tempo hospitalizado e, depois de ter retomado para
casa e já ter realizado todas as recomendações médicas e
adaptações necessárias, sente que chegou a hora de retomar a
vida. Uma nova disposição e uma nova visão de tudo parecem
dotar os centros vitais de uma ansiedade de realização, predispondo-
os às tarefas que os aguardam.
Todavia, a teoria e a prática da ação nos centros vitais nos
demonstram que não é boa providência encharcá-los de fluidos de
uma só vez, sob pena de congestioná-los. Assim, a cada
concentrado fluídico intercale-se uma série de dispersivos
localizados, de mesmo sentido, sempre evitando fazer concentrados
muito demorados.
A ressalva para o magnetizador ou passista aqui é que esse
momento é um dos mais desgastantes, fluidicamente falando. Por
isso mesmo, é requerido um cuidado especial quanto a isso a fim
de que não se onere muito a economia fluídica. Para tanto,
recomendo que após uma série de 5 (cinco) concentrados,
intercalados por dispersivos, o magnetizador faça respiração
diafragmática -- no mínimo umas três vezes. Não é necessário que
o magnetizador pare a magnetização para realizar a respiração, a
não ser que ele tenha dificuldade de agir enquanto faz esse tipo de
exercício.
Como já foi comentado anteriormente, a respiração
diafragmática ajuda bastante ao magnetizador, tanto fazendo com
que haja uma diminuição da usinagem -- que, em se tratando de
TDM, normalmente é muito forte e intensa -- como equilibrando
seus próprios centros vitais, evitando ou. no mínimo, diminuindo a
possibilidade de uma fadiga fluídica.

6- Quando o paciente já estiver muito bem no tratamento,
tentar imposição por impacto ou circulares no esplénico
e noutros centros que não sejam o coronário nem o
cardíaco.

É sabido que a imposição por impacto é uma técnica muito
concentradora e, por agir desde os calmantes até os ati vantes de
uma forma muito brusca e intensa, tanto manipula os fluidos de
uma forma bastante eficiente e concentrada como pode fazer com
que pacientes com maior sensibilidade magnética registrem o
impacto dessa aplicação. Por outro lado, a eficiência du técnica e
muito evidente, mas só funciona sem maiores "traumas" se o centro
receptor estiver muito bem equilibrado. Havendo dúvidas quanto a
essa situação de equilíbrio por parte do centro esplénico do
paciente, o magnetizador pode optar pelos circulares, que são
igualmente muito concentradores -- de certa forma são até mais
concentradores do que as imposições por impacto --, mas não
geram tanto desconforto. A vantagem maior das imposições por
impacto é que a absorção dos fluidos doados se dá de uma forma
mais harmônica em todos os níveis, de uma só vez, ou seja, a
concentração de fluidos começa desde os níveis calmantes até as
regiões mais ativantes e isso gera uma situação de equilíbrio geral e
mais harmônico no centro vital. Dessa forma, o paciente terá um
reequilíbrio mais homogéneo e, apesar do desconforto
momentâneo, também será mais agradável a sensação deixada no
empós.
Caso tenha sido optado pelos circulares, pode-se usar,
conjugadamente, o sopro frio, de forma localizada, no mesmo
esplénico, com o qual se trabalha a região calmante.
Relembrando que estas duas técnicas são fortemente
concentradoras e que nosso paciente de TDM não pode ser
eh i d
sobrecarregado de fluidos até q u e s u a a l t a tn a s o
seguramente confirmada, devemos evitar aplicar essas técnicas
sobre o coronário e o cardíaco a fim de não tumultuá-los ou
sobrecarregá-los.

7- Alinhar rodos os centros, pudendo ser usadas técnicas
conjugadas de imposição com dispersão (Imposição no
coronário e dispersão nos demais centros -- lembrando
para, em seguida, dispersar bastante o coronário) e
tratar bem a psi-sensibilidade (com mais dispersivos
gerais). A partir desse ponto, na sessão, evitar todo e
qualquer tipo de concentrado.
A imposição no coronário pode deixar algum tipo de
congestionamento naquele centro vital, motivo pelo qual nunca é
demais lembrar que, em casos de imposição com dispersivos
conforme sugerido, este centro seja segura e convenientemente
dispersado. Outrossim, o uso concomitante de uma imposição com
uma mão e com a outra fazendo dispersão nem sempre é bem
conseguido por quem não tenha suficiente habilidade para fazer
esse tipo de movimento. Ante essa impossibilidade, trabalhe-se
como for mais conveniente, o que, na maioria dos casos, será a
opção dos longitudinais gerais.
Por fim, um lembrete: como variações de muitas ordens,
quando percebidas por pacientes que sofreram depressões, podem
gerai" ânsias ou expectativas funestas, o cuidado com a harmonização
da psi-sensibilidade é de fundamental importância.

8- Disperse-se bastante ao final, nos níveis calmantes e
ativantes. Nesse caso, é conveniente usar a técnica
perpendicular (de preferência, com o paciente em pé).

Até mesmo reforçando o que acabei de dizer no item
anterior, o uso correto dos perpendiculares nesse momento gera
benefícios de grande monta para o paciente, inclusive facilita a que
se dê Urna melhor estabilização da psi-sensibilidade.
Mesmo com tudo o que já escrevi a respeito quero reforçar
3 lembrança de que. no uso da técnica perpendicular, o ideal é que
o passista a inicie envolvendo o coronário como se fosse fazer
transversais cruzados e quando for realizando a descida das mãos
e n v o l v a os demais centros. Tenha-se em mente, contudo, que
durante a descida das mãos é muito conveniente que nalgumas
p a s s a g e n s pelo menos uma das mãos venha descendo exatamente
sobre a região do esplénico, que é o centro vital com o qual vimos
tratando com mais cuidado ao longo de todo TDM. Digo isto
porque é comum não se ter essa atenção e. se tal se der, esse
alinhamento não muito perfeito do esplénico pode deixar pequenos
desconfortos no paciente ou ainda retardar uma melhora que
poderia ser mais rápida.
9- Terminado o passe, com o paciente ainda no ambiente
em que foi atendido, o passista deverá magnetizar
(fluidificar) a água do paciente.
Continuo insistindo que a água magnetizada (fluidificada)
é fundamental para o tratamento de depressão por Magnetismo.
E, conforme já expliquei -- e reforcei em idênticos itens nos
dois níveis anteriores --, o ideal é que o próprio magnetizador
que fez o passe também magnetize a água por conta da relação
magnética já estabelecida por ocasião do passe.

10- Ao sair da cabine é conveniente o paciente tomar uma
dose de água fluidificada.
Complemento indispensável do tratamento da depressão
por ação magnética, lembrar sempre ao paciente para
permanecer em estado de oração enquanto toma essa dose de
água magnetizada logo após o recebimento do passe. Adite-se,
nas informações ao paciente, que ele mantenha o clima de oração
e confiança pelo maior prazo de tempo possível, já que isso
também é muito conveniente para a estabilidade das mudanças
fluídicas havidas em seu favor.

Ressalto um detalhe valioso: sempre que possível, o ideal
é que na cabine de passes exista pelo menos uma pessoa no
apoio. Usualmente essa pessoa também doa fluidos, só que de
forma indireta, mas é uma doação muito efetiva, chegando ao
ponto desse apoiador sentir suas "usinas" doando ou mesmo
fazer registros de sensações e intuições do que esteve ocorrendo.
Em todo caso, a fluidificação da água deve ser feita pelo
magnetizado]".
Quero concluir este capítulo com uma nota bem
pitoresca, mas que certamente contribuirá para a compreensão
do que foi tratado, especialmente neste último nível.
Por mais que eu me policie, por mais ilógico que seja,
para mim mesmo, gostar de um esporte v i o l e n t o , não consigo
resistir. Se passo por uma televisão que esteja transmitindo uma
luta de box, paro de imediato e fico meio magnetizado por aquela
"coisa". Bem, dizem que isso ou é loucura ou é coisa de encarnação
passada; não sei, só sei que esse tipo de luta exerce um forte fascínio
sobre minha atenção.
Pois bem: das incontáveis lutas de boxes a que já assisti,
duas coisas sempre me chamam muito a atenção. Uma é que os
lutadores jogam muitos jabs e up-cuts, um contra o outro,
visando atingir especialmente o fígado ou o baço. Com isso
eles tentam minar a resistência física do rival -- e muitas vezes
esses golpes, somados, são fatais para quem não os "absorve"
bem. A outra coisa é que quando ocorrem os intervalos entre
os rounds, eles se dirigem aos respectivos corners, onde
imediatamente surge um auxiliar com uma bolsa de gelo ou
água gelada para refrescar a região do alto da coluna do pugilista,
pois aquilo proporciona mais ânimo e energia aos lutadores.
Por que será que esses fatos atraem minha reflexão?
Exatamente porque a região vital que "supervisiona" o fígado e
o baço é o esplénico, enquanto que a "supervisora" do alto da
coluna é o umeral.
Correlacionando tudo isso, atingir os órgãos ligados ao
esplénico desequilibra e enfraquece até mesmo um atleta, o qual,
em sua preparação para as lutas, tem um cuidado todo especial
em fortificar essa região. Seguidos socos e pancadas no baço e
no fígado podem levar qualquer um a nocaute. Já o alto da
coluna, quando refrigerado convenientemente, transmite ao
atleta uma sensação de alívio e de estar recobrando parte da
energia perdida ou do equilíbrio comprometido.
No TDM, em seu terceiro nível, encontramos que além
das seguidas aplicações re-energizantes no esplénico e em seus
órgãos associados, é expressa a recomendação do uso dos
perpendiculares, que são técnicas que envolvem o umeral de
uma maneira muito consistente e equilibrante, de forma que o
todo orgânico e vital entra numa harmonia muito bem assimilada
e cujos efeitos são bastante animadores, haja visto que os
pacientes fazem excelente referência a eles.
QUANDO DAR ALTA

Há verdades que amargam como fel,
há mentiras doces como mel.
Malba Tahan


is um problema delicado. Muito delicado, por sinal.
Primeiro porque não é apenas o Magnetismo que irá resolver
toda a problemática da depressão de um paciente. Isso deixa o
magnetizador numa situação delicada para dizer que tal ou qual
paciente esteja em alta. Depois porque é preciso ver se o paciente
apresenta seqüelas decorrentes da(s) crise(s) depressiya(s) e se
estas merecem ou podem ser tratadas igualmente com o auxílio
direto do magnetismo. Tem também a questão de como está se
comportando o paciente, especialmente durante o período do
tratamento no nível 3, pois, a depender de suas reações, sobretudo
emocionais, pode ser que ele entenda a alta como a liberação ou
um aval para se descuidar totalmente de si mesmo e isso propicie o
surgimento de recaídas ou outros riscos e perigos.
Apesar desses senões, dentro da proposta deste livro não
tenho como não me ater, para definir as condições de dar alta,
apenas e tão-somente à questão da ação magnética no tratamento.
Sendo assim, juntos podemos definir, com relativa segurança, o
momento em que o TDM termina.
Pesquisas da OMS, datadas de 5 anos. revelam que os
indivíduos que vivem um.episódio depressivo têm 50% de
probabilidade de ter o segundo. Para os que passam por um
segundo episódio, a probabilidade de ter um terceiro aumenta para
75%, e quem chegou ao terceiro, corre o risco 90% maior de
sofrer uma quarta crise depressiva.
Como nossa proposta é para que as pessoas não só superem
suas crises, mas que também não sofram recaídas, todo cuidado
com o dar alta é extremamente valioso. Assim, não é prudente
acreditar que o simples fato de o paciente vir relatando estar bem,
que já não sente nada e que não sabe nem por que ainda continua
fazendo tratamento, ou seja, não entende por que deve seguir
recebendo os passes, seja isto um sinal definitivo de que ele já
esteja em condições de receber alta do TDM. É mais do que
conhecido, por todos os ramos que cuidam da saúde, sejam
tradicionais ou alternativos, que nem sempre as sensações do
paciente traduzem a realidade funcional do indivíduo. Primeiro
porque há circunstâncias em que dores ou sensações desagradáveis
inexistem como sinalizadores de problemas. Há também a situação
em que a alegria ou a tristeza pode ser motivada por alterações
neurais localizadas, não condizentes, necessariamente, com o mal
que se imagina. Leve-se em conta também o fato de o paciente,
por vezes, ter passado longo tempo mergulhado nos porões da
depressão e agora não vê a hora de se considerar livre daquelas
"masmorras da alma", para tanto se apressando na análise do registro
mais preciso do que realmente está sentindo -- até porque alguém
que passou muito tempo mal e sem referências perfeitas dificilmente
saberá avaliar com justeza até onde está bem recuperado. Assim,
para que se dê uma alta com um mínimo de segurança não devemos
privilegiar em excesso esse tipo de informação vinda do paciente.
Ela é uma boa sinalizadora sim, deve ser levada em consideração
também, mas muito mais importante do que o que o paciente
diz é a percepção de como ele, de fato, está se portando. Nesse
caso, quando o paciente já tem total domínio de si mesmo, suas
reações emocionais, sociais e psíquicas já são plenamente
qualificadas como normais e suas respostas fluídicas ao
tratamento estão bastante condizentes com os níveis de transmissão.
circulação, recepção e introjeção dos fluidos -- toda essa parte
final é bem determinada pela experiência de um magnetizador com
razoável domínio do tato-magnético --, então a alta já pode ser
dada sem maiores receios.
Surge agora a questão: como o magnetizador identifica
que o paciente já tem condições fluídicas de receber alta? Como
saber se ele está dentro do que ficou proposto acima?
Certamente que o tato-magnético, para tal, é de cabal
importância, pois será através desse sinalizador que ele detectará
eventuais falhas ou então perceberá em que nível de harmonia
se encontra o funcionamento dos centros vitais associados à
depressão.
O magnetizador, desde o momento em que iniciou o
tratamento de um paciente no nível 3, deve estar muito atento
para as alterações ou permanência de equilíbrio e assimilação
dos centros vitais do paciente. Isto porque as experiências para
a verificação do estado dos centros vitais se darão desde o
momento do "entrar em relação magnética" com o paciente --
que antecede o primeiro movimento do TDM no nível 3 --
seguindo até o instante final dos atendimentos. Significa dizer
que o grau de facilidade ou dificuldade que o magnetizador
tenha em estabelecer a relação magnética de certa forma já indica
se o tratamento está ou não chegando ao final.
Havendo boa facilidade no estabelecimento dessa
relação, o ponto seguinte é perceber, já no primeiro tato-
magnético, se há uma boa homogeneidade entre todos os centros
vitais, caracterizando um bom fluir entre eles, e tentar observar
a inexistência de obstruções nos nadis.
Antes de prosseguir, uma ressalva: mesmo sendo difícil fazer-se
uma nítida distinção entre alterações nos circuitos vitais decorrentes
de desarmonias da depressão e outras por força de
comportamentos equivocados -- devidos à alimentação
inadequada, sentimentos desarmônicos, viroses e outros --, um
bom diálogo com o paciente poderá indicar, com relativa segurança,
a razão do que deu origem à detecção de algumas desarmonias ou
pequenas heterogeneidades entre os centros vitais. Determinada a
causa e não sendo esta relativa à depressão, considere-se a
possibilidade de harmonizar o circuito vital reparando esses eventuais
focos e siga-se com a análise do paciente enquanto o tratamento
prossegue.
Considerando-se o todo em harmonia, mesmo quando
o esplénico ainda esteja carente de fluidos ou de atenções
bastante específicas e localizadas, observe-se, com acurada
atenção, quão bem está o esplénico no sentido de captação,
introjeção e absorção dos fluidos sem que sobrem sinais de
congestionamentos ou de rejeição. "Aprovado" o
funcionamento do esplénico, o mesmo seja feito em relação
aos outros centros vitais, especialmente aqueles que, ao longo
do tratamento, foram sendo considerados como os mais
relevantes para a recuperação total do paciente. Se, ao final de
examinados todos eles, com as execuções dos dispersivos gerais
os centros vitais seguirem mantendo o mesmo padrão de
harmonia e equilíbrio, tudo levará à conclusão da proximidade
do final do tratamento.
Fazendo uma outra ressalva devo confessar que por não
possuir, ainda, uma plena segurança de que nesse ponto a alta
esteja estabelecida, tenho sugerido que a partir dessa constatação
final acima referida sejam feitas mais três sessões de magnetização,
por pura segurança. E se por acaso em alguma dessas três últimas
sessões, desarmonias, desequilíbrios violentos ou perda de recepção
de fluidos por parte do paciente sejam constatados, despreze-se o
aviso de alta e revise-se tudo a fim de evitar ao máximo qualquer
probabilidade de alta precipitada. Até porque não sabemos ainda
se se darão e com que intensidade ocorrerão as chamadas recidivas.
Dentro das variantes da alta devemos sempre lembrar que
existem situações que confundirão muito o magnetizador,
principalmente por estarem associadas a realidades que guardam
relativa relação com a depressão. Por exemplo: 'um paciente em
depressão que sofra de outros graves problemas psicológicos ou
psiquiátricos, normalmente "confundirá" tanto no que venha a dizer
nas entrevistas como repercutirá de forma inesperada no
funcionamento dos campos vitais. Pode também o paciente sofrer
de disfunção cerebral crônica e esta, por se radicar no centro
coronário, influenciar vigorosamente no inter-relacionamento entre
os centros vitais. Existem também os casos associados ao uso de
tóxicos (tabaco, álcool, drogas pesadas, remédios controlados etc.)
os quais também "destroem" muito o que se consegue realizar com
o Magnetismo. Tudo isso sem falar na situação que envolve o
descaso do paciente, notadamente no que tange ao seu (mau)
comportamento emocional e ao não uso da água fluidificada
conforme recomendado. Todos esses fatores podem interferir
pesadamente na questão da alta.
Um outro ponto a ser destacado é que não se deve estar
preso a números indicativos de vezes a serem tomados os passes.
Isso precisa ser analisado com bastante frieza, pois em muitos
lugares há o costume de encaminhar pacientes em depressão
para tratamento magnético com expresso número de vezes pre-
estabelecido. Ora, se medicamentos alopáticos e até mesmo
cirurgias, dos quais se pode esperar resultados bem
determinados, sempre sobram grandes margens de segurança e
usualmente se faz checagem de tudo ao longo do tratamento
ou mesmo da recuperação do paciente, que se dirá de uma
terapia extremamente sutil, como sói acontecer com o
Magnetismo? Devemos ter muito cuidado em não aceitar esse
tipo de determinismo, pois sabemos, a mancheias, que as reações
ao Magnetismo são muito pessoais e únicas, por isso mesmo é
sempre mais seguro contar-se, para a alta, com a conjugação da
observação e análise do paciente pela experiência do magnetizador
e de seu tato-magnético. Além disso, em momento algum deixar de
recomendar, expressamente, ao paciente, que continue com o
tratamento paralelo que venha fazendo, com psiquiatra, psicólogo,
psicanalista, médico ou outro terapeuta.
Para o caso da Casa Espírita que queira tratar dessa
questão, bem se vê que ao longo desta exposição surgiram alguns
fatores que certamente gerarão problemas no aspecto
administrativo do processo. Por exemplo: há a necessidade de
pessoas hábeis nas entrevistas, de magnetizadores bem treinados
e, de preferência, possuidores de conhecimentos de anatomia e
fisiologia humanas, além de todo um conjunto de conhecimentos
espíritas do mundo dos fluidos, do perispírito e da interação
entre esses campos. Todavia, isso jamais deverá ser usado como
desculpa para não se levar um trabalho desse tipo avante, com
toda a qualidade e seriedade que ele requer. Quem quer faz! O
ideal é que se estude em grupos, sob a orientação de uma Casa
que deseje servir, mas, não havendo esta condição, um
magnetizador interessado pode estudar o assunto com afinco e
certamente descobrirá meios de ir colocando em prática tudo
isso que estamos tratando. Lembro que meus outros livros dão
enorme sustentação como base para essa prática.
CORRELAÇÃO COM A ACUPUNTURA

Na adversidade é muitas vezes conveniente tomar uma
caminho atrevido.
Séneca


alei, num outro capítulo, que uma pequena informação
da Acupuntura me tez chorar de alegria, bla me ajudou na queda
das fichas" da confirmação de minhas hipóteses de trabalho e,
posteriormente, encontrei num site (in http://www.acupuntura.pro.br/
ARQUIVO/depress.htm
) um material muito interessante para a
reflexão de todos os que queremos aprofundar nossas pesquisas e
experiências acerca do assunto.
Tratando da solução da depressão com base na acupuntura
e numa convergência com a Medicina Tradicional Chinesa, MTC,
foi feita uma análise levando-se em consideração a teoria dos cinco
elementos. Eis o resumo.
A depressão tipo água (Zhi) é reflexo de
uma desarmonia no elemento Zhi, que mora nos
rins. O paciente desse tipo apresenta as seguintes
características:
- tem muito medo e fobias
- apatia
- falta de iniciativa
- falta de confiança em si mesmo para
qualquer situação
- sensação de impotência, inclusive sexual
- pode sofrer de problemas gênito-urinários.
A depressão tipo terra (Yi) corresponde
à desarmonia no intelecto, que depende da energia
do baço-pâncreas. Sendo esta insuficiente, o
intelecto se descontrola. O paciente desse tipo:
- sente-se oprimido e pensa demais
- sente muita confusão e preocupação
excessiva
- tende a se desconectar da matriz
emocional, podendo se tornar antipático,
preocupado demais com os problemas alheios e
com grande dificuldade de refletir sobre os
próprios problemas e necessidades
- mostra-se independente, mas no fundo
é extremamente carente de bons fluidos
- apresenta dificuldade de concentração
matemática e alguma relação forte, podendo ser
de afinidade ou não.
A depressão tipo fogo (Shen) envolve
problemas afetivos e o juiz supremo é o coração.
Esse paciente tem essas características:
- falta de alegria de viver
- pouco entusiasmo, pouco interesse e sem
inspiração
- sem capacidade de julgamento
equilibrado
- era pessoa "quente e sensível" e se toma
"fria e apática'" ou excessivamente "agitada e
hipersensível"
- distancia-se de novos relacionamentos
- tem casos em que gera comportamentos
maníaco-depressivos, maníaco-sexuais e pode
levá-lo à loucura.
A depressão tipo metal (P'o) relaciona-se
com perdas materiais e os pulmões e a pele são
seus elementos chaves. Seu paciente apresenta as
seguintes características:
- sente-se desprotegido
- quase tudo ele relaciona com aspectos
físicos e materiais
- as perdas levam-no à maléfica tristeza,
geradora de melancolia e acomodação
- podem se tornar excessivamente
resignados, pessimistas, portadores de muitos
remorsos.
A depressão tipo madeira (Houn) é
causada pela estagnação do fígado, por conta
de muita tensão e pressão. Estresses e fracassos
são terríveis para esses casos. O paciente desse
tipo apresenta as seguintes características:
- geralmente trabalha duro, é ambicioso,
mas subitamente perde a motivação e a direção
por causa de um fracasso
- perde o sentido de viver muito facilmente
- sente muita frustração, sensação de
opressão, desgosto, irritabilidade...
- apresenta quadros de colapso e
prostração, desinteresse pela vida, falta de visão
perspectiva de futuro.
De tudo isso, não posso dar testemunho, pois não me
aprofundei o suficiente para tanto, mas devo reconhecer que as
ligações disso tudo com o que venho estudando acerca das ações
sutis nos centros vitais tem estreita relação. Especialmente
quando há referências tão claras aos rins, ao baço, ao fígado,
ao pâncreas e ao coração, além da pele e dos pulmões.
Num outro artigo (http://wvvvv.linzu.com.br/pergLmtas.htm)
fica c h a m a d a a atenção p a r a o fato de. m i l e n a r m e n t e , q u a n d o a
acupuntura aponta doenças do fígado não está necessariamente
falando do fígado, órgão, apenas e sim no meridiano baço, ou seja,
no atinente ao esplénico. Isto, inclusive, reforça as razões do porquê
da usinagem no esplénico ser muito refletida, de forma sensível, no
fígado (lado direito do corpo) e nem sempre no baço (lado
esquerdo).
Mas tem uma advertência que os adeptos da depressão
pelos cinco elementos colocaram que pede mais análises e
experiências para vermos até onde isso pode corresponder com
o que temos visto nos centros vitais pelo Magnetismo.
Eis o caso.
Um paciente está envolvido em dois dos
elementos básicos. Ele encontra-se debilitado em
duas importantes matrizes emocionais: O P'o
(metal = pulmões e pele) e o Zhi (água = rins).
Conseqüentemente, ele se apresenta sem vontade
de viver, triste e vulnerável, o que geralmente
leva a quadro de anorexia grave.
O paciente pode ter medo de se alimentar,
de sair de casa, de conversar e até de dormir.
O mais importante de se ressaltar nesse tipo
de depressão é a forma de tratamento.
Deve ser conduzido com extrema cautela
e deve visar, numa primeira etapa, reforçar o P'o.
Deve evitar IMPERIOSAMENTE
fortalecer o Zhi, pois estaremos trazendo força
de vontade e decisão a um paciente triste e
desprotegido, o que normalmente leva a
tendências suicidas.
Nessa primeira etapa, durante as
entrevistas com o paciente, devemos evitar frases
do tipo "Você precisa fazer alguma coisa para
sair dessa", "Você tem que reagir e se
movimentar", pois essas também são frases
motivadoras da vontade e que podem levar a
pensamento suicida.
Devemos nos ater aos pontos do Pulmão e
usar frases do tipo "Você deve se proteger", "Você
precisa voltar a se alimentar corretamente...", que
são frases que estimulam o sentido de proteção.
Pela lógica dos 5 elementos, ao
fortalecermos o elemento Metal ( P ' o ) ,
naturalmente a energia irá escoar para o elemento
Agua (Zhi) e surgirá no paciente a vontade
(saudável) de reagir. Quando isso ocorrer podemos
utilizar pontos do Rim, para ajudar o paciente nessa
etapa final.
Fica aqui a sugestão para novos testes, os quais também
irei fazer oportunamente.

Por fim, Zhang Hong, 42, médica chinesa com
especialização em acupuntura (in Jornal Nippo-Brasil/
IPCJAPAN), explica que a depressão provoca um desequilíbrio
entre a energia e a circulação sangüínea. "Os problemas de
ordem emocional incidem primeiro sobre o fígado e o coração
e, por conseqüência, sobre o baço", afirma. Isto reafirma o que
venho dizendo. Diz ainda a dra. Hong que tanto a acupuntura
quanto a massagem shiatsu promovem resultados terapêuticos
semelhantes, acrescentando que "A agulha é só um instrumento
de estímulo. O importante é pressionar o ponto certo. Cinco
mil anos atrás eram utilizadas pedras pontiagudas", ilustra. E
aqui fica estabelecida uma diferença entre a acupuntura e o
Magnetismo; enquanto aquela estimula alguns pontos básicos
e chaves, no Magnetismo os campos vitais envolvidos na
complexa questão da depressão são reequilibrados e
reenergizados.
ABORDANDO A ESPERANÇA

Em tempo algum, não digas que não podes ser útil.
Faze de cada dia um poema de fé.
Podes ser a esperança dos que jazem na angústia.
Emmanuel, por Chico Xavier


ma das mais antigas e conhecidas anedotas da qual eu
me lembro é aquela em que um certo Jacob vivia orando a Jeová
pedindo para ganhar na loteria. Como Jacob era muito insistente e
repetia sua oração várias vezes todos os dias, um dia Jeová resolveu
enviar um mensageiro até ele.
Estava Jacob em meio à sua súplica habitual quando viu
aquele emissário, sob a forma de um anjo alado, materializándo-
se à sua frente.
Rapidamente, Jacob foi logo perguntando se ele viera
pára atender ao seu pedido.
Paciente, o anjo explicou:
-- Jeová mandou te dizer que está querendo te ajudar a
ganhar um grande prêmio na loteria...
-- Oba!!! -- gritou eufórico o Jacob...
-- Mas tem um detalhe, Jacob -- acrescentou o anjo.
-- Qual detalhe, anjo de Jeová?
-- Tens que pelo menos comprar um bilhete da loteria!

Desde pequeno, até mesmo por ter crescido no seio de
uma família espírita, sempre participei de estudos do Evangelho.
Atento, admirava sobremaneira a sabedoria de Jesus, a qual. na
minha percepção, foi-se ampliando à medida em que eu lia mais
obras que a Ele se referiam, estudava e refletia melhor sobre a
força de sua moral e meditava acerca de seu poder
transformador, poder esse que se mostrou por demais vigoroso
na portentosa conversão de Saulo, o implacável perseguidor de
cristãos, na estrada de Damasco.
Lendo a obra "Paulo e Estevão", ditada pelo Espírito
Emmanuel a Francisco Cândido Xavier, cresceu em mim a
admiração por esse inigualável trabalhador das primeiras horas.
E foi na primeira epístola aos Coríntios (13-13) que ele
escreveu: "Agora estas três virtudes: a fé, a esperança e a
caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais excelente é a
caridade". Nessa síntese, Paulo posicionou a caridade --
traduzida por muitos simplesmente como amor -- colocando-
a, com justiça, no trono mais alto. Todavia, ela era e é apenas a
virtude mais excelente, o que não desvirtua nem dispensa as
outras duas, ao contrário, com elas ele estabelece um tripé de
harmônico equilíbrio.
Em nossa vida diária, entretanto, ouvimos pessoas,
inclusive orientadores espirituais de várias religiões, falarem da
fé como sendo crença, da caridade na feição simplista de doação
de esmolas e colocando a esperança como algo que não passa
do estreito sentido dado à conformação. Para piorar, dessas
três virtudes a esperança quase nunca é mencionada e muito
menos estudada e desenvolvida. Creio que é urgente
considerarmos, ainda que de forma não tão profunda como nem
tão superficial, a questão do que vem a ser a esperança, pois
vejo que ela é a grande esperança -- perdoem a aparente
redundância--para quem sofre determinadas crises existenciais,
especialmente as associadas à depressão.
Retomando a anedota que abriu este capítulo, qualquer
pessoa facilmente deduz que as esperanças do Jacob eram e
continuariam infrutíferas. Por mais que ele orasse e tivesse fé,
se não se dispusesse a tomar a providência prática que daria a
condição inicial de atendimento ao grande pedido de sua oração,
nem mesmo Jeová o ajudaria. O pressuposto de se ganhar um
prêmio numa loteria é de que se seja possuidor de um bilhete e
que este, por ocasião do sorteio, venha a ser contemplado.
Por mais óbvia que seja esta conclusão, nós, as criaturas
humanas, costumamos alimentar uma falsa esperança de ganhar,
merecer ou receber algo para o qual não demos nada de nós
mesmos nem prestamos qualquer esforço nesse sentido.
Vivemos esperando que Deus nos conceda isso e aquilo, mas
não investimos no "bilhete" para que ao menos concorramos,
de fato e de direito, à possibilidade de sermos "sorteados" com
o que esperamos.
Dizendo tudo isso de uma outra forma, Jesus já afirmara
que "A cada um será dado segundo sua obra" ou ainda "Ajuda-
te que o Céu te ajudará", ou seja, a resposta sempre vem após
a pergunta, a fruta surge depois da plantação e do cultivo, a
porta só se abre para quem pede passagem. E o que seria a
esperança senão a resposta do que fizemos?
Partindo de uma reflexão tão imediata como essa
podemos deduzir, com segurança, que a esperança deve ter uma
base para que ela se sustente e essa base há de ser precedente
ao que se quer alcançar, senão seria como se querer colocar a
cobertura de uma casa sem que as paredes tivessem sido
erguidas. Portanto, importa saber o que devemos realizar
previamente a fim de termos justas esperanças no porvir--e aqui
estou falando do porvir em seu sentido genérico e não apenas
naquele associado a uma outra vida, à continuidade desta no além.
Se a fé deve ser percebida, entendida e sentida como uma
certeza, a esperança há de ser uma expectativa concreta, real,
mesmo impossível -- desde que dentro do possível que a Natureza
permite. Embora a fé tenha sua origem no campo sutil do
inconsciente, ela se fortalece com a vivência, pois que esta determina
o quanto aquela vibra. A esperança, todavia, funda-se na expectativa
de uma concretude, portanto também tem algo de sutil em sua base
assim como deve possuir algo de objetivo. Ambas virtudes, porém,
para se afirmarem como tais, pedem que antecedentes estejam
sedimentando as certezas e as expectativas que as envolvem.
No capítulo sexto de O Evangelho Segundo o Espiritismo,
de Allan Kardec, o item quatro é assim concluído: "Assim, o
Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido:
conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem,
para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros
princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança".
Interessante notar que há um destaque para o cumprimento,
consciente, das leis de Deus, por aquele que passa a conhecer a
origem e o destino de tudo, além de distinguir a ação consoladora
da fé e da esperança.
Por que será que a fé e a esperança estão em destaque?
Exatamente porque não são as mesmas coisas, ainda que muitas
vezes sejam confundidas ou mal interpretadas.
A fé verdadeira pede ação, realização e compreensão,
portanto, pede sabedoria. Mas não se trata de uma variante da
sabedoria, do conhecimento, muito menos o limitado pelo
sentido literário ou reflexivo, mas a sabedoria mais abrangente,
a qual também é intuitiva, vem e vibra no fundo da alma, pode
surgir das inspirações, até mesmo dos instintos naturais. Como
diz Hammed (Renovando Atitudes. 1998), "... fé não é
equivalente a uma "muleta vantajosa"que nos ajuda somente
em nossas etapas difíceis, nem "providências de última hora"
para alcançarmos nossos caprichos imediatistas. Ter fé é
auscultar e perceber as "verdadeiras intenções" da ação divina
em nós e, acima de tudo, é o discernimento de que tudo está
absolutamente certo".
Sei que este conceito pode conflitar com aquele outro
que nos induz à fé imóvel, improdutiva, passiva, acomodada,
mas não há outro meio de percebermos o resultado da fé que não
passe por uma circunstância de vivência mais profunda do que um
mero senso de expectativa e merecimento.
A esperança, por sua vez, precisa ser despertada do sono
inerte ao qual a lançamos durante tanto tempo, milênios a fio.
O "quem espera sempre alcança" implica em milhares
de situações-respostas, as quais, inapelavelmente, na prática
levam à falência esse dito popular. Porque esperança não é tão-
somente esperar; é fazer por onde realizar; é agir na direção de
uma consecução; é temperar o insosso da acomodação com o
sal das providências.
Vejamos outro exemplo corriqueiro. Imaginemos a situação
de estudantes. De certa forma, todos esperam passar de ano; uns
têm certeza absoluta de que com facilidade conseguirão alcançar
esse desejo; outros acham que chegarão lá, outros afirmam que
tentarão e outros dizem, de forma vacilante, que têm fé na vitória,
"pois Deus é pai", costumam acrescentar. Mesmo sem definir quem
é quem, é fácil deduzir que passarão de ano aqueles que estudarem,
prestarem atenção e não faltarem às aulas, fazendo suas tarefas
pontualmente e respondendo às provas com o que aprenderam de
verdade. Esses têm fé e certeza. Os que estudarem menos,
desviarem muito a atenção e não cumprirem com as obrigações
escolares acreditam na sorte e torcerão para passarem; mas os
que forem descuidados em tudo, dirão que se não passarem agora,
passarão depois.
Temos, aí, três casos distintos de esperança. O primeiro
tem na certeza do resultado positivo o retrato do tamanho de
sua esperança. O segundo, consciente de suas falhas, reduz sua
esperança ao limite da sorte, da torcida e do acaso. O terceiro
usa sua esperança como um processo de transferência,
esquecendo-se que compromisso adiado é compromisso
agravado; diz a lei, diz a vida.
Quando acreditamos em justiça, em Deus, e
compreendemos como tudo se encadeia na vida, fica difícil
imaginarmos que as coisas acontecem ou deixam de acontecer por
simples capricho da vida, da sorte, da Natureza, do acaso. E para
que tudo tenha uma lógica e um sentido, nada do presente pode
estar desligado de algo que lhe tenha antecedido. Nessa linha de
raciocínio, já começamos a perceber que não é muito sensato se
esperar que algo aconteça simplesmente porque "o Universo está
com dó de mim". A coerência e o equilíbrio das Leis Naturais me
dizem que eu preciso ter feito algo antes para que esse mesmo
Universo trabalhe a meu favor.
Assim, tal como não é possível que amanhã o sol, num
toque de mágica, desapareça do nosso sistema, igualmente não
tem como ele surgir, aqui no Brasil, no meio da noite. E não
adianta se dizer que temos esperanças de assistir a esse tipo de
espetáculo um dia. Tampouco é pouco provável que nossa
esperança em cima do absurdo se concretize quando não
contribuímos para sua realização ou nem ao menos lhes
estudamos os fatores causais e consequenciais.
INSIGNIFICÂNCIA: NÃO ACEITE

Nos perguntamos: 'Quem sou eu para ser brilhante, atraente,
talentoso e incrível?'. Na verdade, quem é você para não ser
tudo isso? Bancar o pequeno não ajuda o mundo.
Nelson Mandela


uitas vezes as decepções da vida nos levam a
tomarmos posturas psicológicas deprimentes. Sentirmo-nos
insignificantes é uma delas.
A insignificância em que nos metemos, seja qual for o
motivo, é visguenta, pegajosa e possessiva. É preciso ter muita
determinação e lucidez para não se deixar colar nesse adesivo
destruidor da auto-estima. Com ela ocupando espaço dentro
de nossa vida perdemos oportunidades, ou pior ainda: deixamos
passar trens azuis para ficarmos com os cinzentos, defendemos
o ostracismo, a melancolia, a tristeza e o baixo astral,
lambuzando-nos com a infelicidade, mergulhando nas águas
turvas do desespero.
Sentir-se insignificante é deixar de operar ou, quando
consegue fazer algo, criar expectativas de que sempre aparecerá
um erro ao final, uma falha fatal. O insignificante só espera a
derrota, o fracasso.
Ser insignificante, todavia, talvez não seja tão ruim
quanto sentir-se ou fazer-se insignificante.
Aparentemente, existe algo mais insignificante.do que
minhocas? Todavia, graças a elas o solo se fertiliza. Algo mais
desprezível do que baratas? Pois o chão que pisamos não explode,
literalmente, por causa delas.
Já li uma reflexão que me arrancou risadas e, ao mesmo
tempo, me fez refletir sobre o que, de fato, queremos da vida.
Foi algo assim: você quer viver para comer, deitar, lambuzar-
se, ficar sem fazer nada, ter quem lhe dê comida farta e ainda
venha banhá-lo? Então, que tal pedir para ser um porco?
Pois é: coisas e situações insignificantes ou mesmo que
muito valorizamos precisam passar por certos crivos para terem
seus padrões melhor avaliados. No fundo, não é o ser que difere,
mas como somos, como nos sentimos e como vivemos com "a
pessoa" que vive dentro de nós.
Pensemos: quem se acha insignificante consegue nutrir
algum tipo de esperança positiva? Muito provavelmente não.
Logo, ela é péssima companhia para quem queira vencer, pois
a cabeça dos vencedores não é feita de impossibilidades e sim
de determinação e persistência, aceitando que, em muitas coisas
e muitas vezes, é preciso passar pelas trilhas do erro até que se
chegue ao acerto.
Sentir-se insignificante é contrariar a própria vida, que
pulsa dentro de cada um.
A insignificância tem muito a ver com o que os outros dizem,
mas, sobretudo com o que absorvemos do que é dito. Importamo-
nos muito com o que acham, o que pensam de nós, o que falam.
Depois, nos machucamos mais com as risadas que dão de nossas
quedas do que com nossos próprios tropeços. Entristecemo-nos
por não conseguirmos o que buscamos e, mergulhados na tristeza,
deixamos de desenvolver esforços para as futuras tentativas e,
certamente, vindouras vitórias. A insignificância é o princípio de
todas as derrotas pessoais. Afinal, quanta gente muito menos
preparada do que você chegou muito mais longe? Qual a razão
disso? E quantas pessoas feias são chamadas de lindas? Grosseiras
e são levadas à conta de carismáticas? Que não tinham nada e hoje
têm tudo? Por que não você? Ops, mas aqui tem uma questão
interessante: quando nascemos, todos vimos ao mundo sem nada,
não temos nada além do corpo, portanto, todos chegamos de uma
maneira idêntica -- lembre-se: provavelmente você, assim como
eu, nasceu sem dentes, com pouco cabelo, precisando de um banho
urgente, sofrendo um pouquinho para já aprender a primeira lição:
chorar e ainda não sabia falar nada, mal abria os olhos, sequer
sabia sorrir... Depois, tem outro fator de grande ponderação: toda
a gente, absolutamente todo mundo, em qualquer lugar desta Terra
abençoada, tem o mesmo tempo, exata e comprovadamente, o
mesmo tempo. O rico, o pobre, o novo, o velho, o doente, o são,
ou seja, todos dispomos, a cada dia, de 24 horas, nem um segundo
a mais ou a menos. Outra verdade é que também é comum o uso
gratuito do ar, da luz solar, do clima... Portanto, não apenas temos
pontos de partida comuns como a maior parte das condições
básicas para a vida são idênticas para todos, o que nos aponta
para não reclamarmos tanto do destino, do Pai, da Vida.
É certo que a psicologia individual é única, nunca se repete
e nem sempre é possível fazer, dentro de si mesmo, um matrimônio
perfeito entre a razão e a emoção, mas pelo menos cabem as
tentativas nesse sentido, pois do equilíbrio desses dois eixos da
vida aprenderemos a nunca nos considerarmos super-heróis, nem
tampouco descermos às raias de nos acharmos desvalorizados.
Reconhecer os próprios limites é sabedoria, porém sabe
mais e melhor quem faz desse conhecimento bom uso: ora
acomodando o que é para ficar quieto, ora determinando-se
para superá-los e superar-se. Quanta gente diz que não é santa
e, por conta disso, transforma-se em capeta?! Quantos nos dizemos
imperfeitos e, por esse motivo, erramos mais ainda?! E quantas
vezes não já teremos perdido excelentes oportunidades na vida
simplesmente porque, antes mesmo de testar o que nos esperava,
simplesmente dissemos: "não posso, não sei, não tem jeito"?
Reconhecer os próprios limites é bom, mas ampliar as possibilidades
ou testar novos mecanismos de superação e vitória é algo que todo
mundo pode fazer, menos quem se sente e se posiciona como um
insignificante.
Um mecanismo bastante simples de enfrentamento às idéias
de insignificância é o sorrir. Isso mesmo: sorrir. Começai" sorrindo
de si mesmo e depois das coisas da vida. Tem gente que não sorri
para não ficar triste no dia seguinte. E passa a ficar triste desde
então. Onde está a vantagem, então? São pessoas que tanto se
preocupam com a tristeza que terminam não abrindo mão dela. O
pior é que não se dão conta desse desvio lamentável.
Sorrir é uma forma positiva de interagir com a vida. Não
precisa acontecer cena tragicômica ou se ouvir piada escrachada
para se expressar sorriso de alegria; quem está de bem com a vida
consegue descobrir o lado positivo em todas as circunstâncias e,
dessa forma, fortalece-se até mesmo naquilo em que muitos caem
fragorosamente.
O sorriso "negativo", entretanto, existe: é aquele que denota
o deboche sobre alguém. Este deve ser evitado não só pelo mal
que faz aos outros, mas, sobretudo às más vibrações que recebe
em troca quem o emite. E tudo que é mal ou negativo, convenhamos,
deve ser evitado, mesmo por quem seja sempre alto astral, feliz,
alegre, animado e não se vincule a coisas ruins.
O riso de satisfação, de alegria e de integração com a
Vida é tão legal que, além do enorme benefício direto e imediato
que gera, ainda pode ser exercitado a qualquer momento, pois
sendo a vida uma bênção, apesar de todos seus atropelos e
dificuldades, só o fato de se estar vivo já é suficiente para os
mais largos sorrisos. Quem sorri com a vida som da vida, sorri
de tudo, sorri de gratidão, que é o maior e mais abrangente de
todos os sorrisos. E quem sorri assim, sempre, não se considera
insignificante nunca. Só tem um pequeno fato a ser considerado:
sorriso de verdade, da alma, do íntimo, é desse que estou falando.
O conhecimento da \ ida, da impossibilidade de seu fim,
bem como da grande lei de Amor e Justiça, fortalece em nós um
sentido apurado para vermos diferente coisas até parecidas, iguais
mesmo. Por exemplo: uma dor é uma dor, mas uma dor bem
aproveitada, da qual se extrai lições, deixa de ser apenas uma dor
para ser uma mestra, uma orientadora Je vida. Nesse campo, a
hipótese espírita, apresentando-nos a justiça Divina estabelecida
na reencarnação, na lei de Amor que sempre concede novas
oportunidades de recomeço, de aprendizagem e, portanto, de
ajustes e vitórias, é um grande portal de luz e esclarecimentos, onde
a esperança robustece-se por se manter iluminada. Desempenha
um papel muito relevante esse conhecimento, especialmente quando,
preventivamente, nos afasta da possibilidade de cairmos nas teias
da Dama do Inexistir. Em si, o Espiritismo é um grande antídoto à
depressão. Não significa dizer que quem seja espírita esteja isento
de escorregar para esse poço escuro, mas pelo menos tem onde
se segurar e, na hora de maior pavor e desespero, tem como se
soerguer, sair da lama, ascender além das paredes do fosso.
A propósito, quando faço conferências e conto sobre como
entrei e saí da depressão, muitas pessoas me perguntam onde está
a lógica de se sair dessa doença sem que tenham sido tomadas
providências específicas para tal.
Costumo argumentar algumas coisas bastante simples.
Primeiro, que a queda na depressão se caracteriza muito por
uma violenta perda de vontade e de esperança. Depois, temos
visto que a psicologia, por trabalhar a esperança e o alto astral
das pessoas, tem sido muito eficiente no deixar as pessoas de
fora da depressão, especialmente quando estas assumem as
novas posturas mentais e emocionais indicadas. A determinação
com que se dispõe uma pessoa a se vencer é um dos mais
poderosos "desobstruidores" de filtros congestionados que há.
Por fim, aqueles valores que já se conquistou e que, por força
da crise depressiva, parecem ter sumido ressurgem em pleno vigor,
desde que a força de vontade comece a imperar.
Uma grande dificuldade do depressivo, entretanto, é voltar
a crer em algo ou em alguém. Mas se ele reconhecer que em si está
a força que sempre esteve, a vitória estará a um passo.
Quando digo que usei de "raiva", teimosia e pus a razão
para sobrepujar a fraqueza emocional em que me encontrava.
paulatinamente fui deixando que fluíssem os concentrados
energéticos que tinham se estacionado nos meus centros vitais.
Para isto, fiz força para realizar o óbvio e o natural, pois até
para dormir foi preciso usar do poder do autoconvencimento. Eu
não tinha raiva de nada nem de ninguém, mas essa era a forma de
eu dizer, para mim mesmo e para o meu próprio corpo, que não
mais aceitava aquilo e que se o problema era de merecimento, eu o
tinha; se era de fé, eu ali estava e como era para vencer, eu venceria.
Essa foi a maior força da esperança que eu jamais pensei que um
dia viveria, e a vivi de uma forma tão intensa que superei o
inimaginável.
Lógico que, em meio a isso tudo, como já disse noutro
capítulo, conversei "seriamente" com Deus. Expus minhas dores,
falei que compreendia, agora, o recado, bem como o que faltava
eu encontrar as respostas que buscara por tanto tempo. Mas disse
também que, como aluno que aprendeu a lição, queria agora
receber a graduação, ou seja: queria sair da escola.
Ainda bem que Ele "me ouviu" e me dispensou de alguma
extensão ou pós-graduação nesse curso... hahaha...
Hoje sinto que os braços da Dama do Inexistir não são
poderosos em si, mas são visguentos, pegajosos, traiçoeiros,
nojentos e profundamente flexíveis, a ponto de nos envolver de
uma forma quase inexorável.
Sei que é duro dizer isso, mas a "raiva" foi a expressão
mais forte que usei para dizer: esperança, tu existes e eu me
vou para ti.
Fui!
ESPERANÇA: A GRANDE ESPERANÇA

A esperança é o melhor remédio que eu conheço.
Alexandre Dumas


etomando a questão da esperança, na Pequena
Enciclopedia de Moral e Civismo encontramos que, do ponto de
vista teológico, a Esperança é uma virtude sobrenatural, que leva o
homem a desejar Deus, como bem supremo. Mas na Enciclopédia
Verbo da Sociedade e do Estado temos que, genericamente, a
esperança é toda a tendência para um bem futuro e possível, mas
incerto. Psicologicamente, tensão própria de quem se sente privado
de um bem ardentemente desejado (imperfeições), mas que julga
poder alcançar por si mesmo ou por outrem. A esperança diz
respeito aos bens árduos e difíceis, porque não dependem apenas
da vontade de quem os espera, mas também de circunstâncias ou
vontades alheias, e que, por isso, a tornam de algum modo, incerta
e falível. Justaposta às esperanças do dia-a-dia, há a grande
esperança, ou seja, um vínculo permanente entre a espécie e o seu
criador.
São conceitos interessantes, porém incompletos.
Começa pelo fato de se considerar a esperança como
uma virtude teologal, portanto infusa, proveniente de Deus e
não educável, desenvolvível, progressiva.
É certo que parte da esperança é inata, verdadeira chama
de luz e calor que a Divindade nos doou, assim como fez com
os instintos, a fim de sabermos enxergar e sentir o caminho
para Ele. Entretanto, assim como o instinto, em parte, é substituído
pelo uso da razão e da inteligência, a esperança deve se desenvolver
pela ação objetiva, consciente e determinada do ser.
Tomando esse ponto vimos que a esperança depende
muito do que se faz, mesmo quando a "resposta" dependa de
outrem. Assim, colocar a esperança centrada apenas na feição
teológica ou privilegiá-la a ponto de diminuir muito sua força
na vida e na ação de cada pessoa é abrir mão de grande parte
dessa virtude. Não se pode estranhar, pois, que a visão teológica
ou de dependência excessiva dos outros dentro daquilo que se
anseia para o porvir tenha praticamente abolido este tema das
explanações religiosas em geral.
O mundo reconhece que o ser humano é o responsável
por suas buscas, conquistas e lutas, mas esse mesmo mundo
não lhe permite o poder de prever suas vitórias, dificuldades ou
derrotas. Se vence foi porque Deus quis; se fala de suas
dificuldades é apontado como indivíduo sem fé; e se perde a
batalha, muitas vezes bastando chegar em segundo lugar, é
apontado como punido pelos Anjos do Senhor. Ou seja,
apresenta-se a necessidade dos seres se relacionarem com o
Mais Alto, mas isso de uma forma tão comprometida que tira
todas as virtudes do indivíduo, carregando-o apenas dos
desfavores.
Incutir esse tipo de "deus" na mente humana mata Deus em
seu coração. E alguém que não crê num Criador não pode ter
esperanças no futuro incerto do além-vida.
Segundo Santo Tomás de Aquino, a presunção está
ligada à vaidade. E a presunção enche uns de falsa vida e esvazia
essa mesma vida de quem lhe cai nas tramas. Portanto, a
presunção, vivida ou absorvida, é elemento que desgasta a
esperança. O presunçoso vive mais de sua aparência ou de suas
vis conquistas do passado do que do trabalho, da ação. A
esperança do presunçoso quase sempre se funda no desejo
nocivo contra alguém, mais do que a favor de si mesmo. Quando
falo, pois, sobre se construir uma esperança e nela criar as
expectativas do e no porvir, não convido ninguém à presunção,
mas sim ao estado de segurança de quem faz, de quem sabe o
que faz e de quem tem responsabilidade por tudo o que faz.
O mesmo Tomás de Aquino também diz que a esperança
não é uma atitude passiva, mas cheia de vitalidade e de amor.
Contribuindo com isso, todo aquele que emprega sua vitalidade,
com amor verdadeiro, o que será que pode esperar? E não se
trata de espera apenas do amanhã distante e sim do imediato,
do efeito do amor, que sempre está gerando coisas boas em
quem ama, a partir do momento que ama.
A parte mais eloqüente e positiva da esperança, dentro do
conceito teologal, é que ela tendo origem em elementos psíquicos
e ou mentais que estão tão distantes no tempo e no espaço, a ponto
de não dar para perceber sua face original real, prova que estamos
mergulhados num grande universo mental, espiritual, divino mesmo,
comungando de energéticas inapreensíveis por nossa mente no
estágio atual. Ainda assim, e aqui está o bom da questão,
alimentamo-nos nesse universo mental, o que nos diz que estamos
a ele conectados, daí podendo extrair elementos de apoio,
segurança, reforço vital e moral, mesmo quando nossa mente, nossa
razão, nossos sentidos estejam embotados. Esse é o grande ponto:
mesmo quando estejamos totalmente fora de nós, em depressão
grave, por exemplo, se nos enchermos de esperança -- ainda que
seja a teologal -- teremos condições de nos apoiarmos ou de nos
sentirmos apoiados para fazermos o grande esforço de subida do
profundo poço em que estivermos metidos, pois essa base, a
esperança em si, é sólida e consistente o suficiente para nos sustentar
e nos encorajar a sairmos da escuridão, do pavor, do desespero,
dos braços da Dama do Inexistir.
Instigado a escrever sobre a esperança, a fé e a caridade,
um dos meus filhos, o Mackenzie, escreveu um interessante
texto, do qual destaco o suficiente para que o leitor também reflita
a respeito.
"Espiritismo, segundo Kardec "é, ao mesmo
tempo, uma ciência de observação e uma filosofia
de conseqüências morais". Isso já estamos cansados
de ouvir. Ciência - Filosofia - Religião. Esperança -
Fé - Caridade.
A esperança, ao meu ver é a mão na massa,
é o trabalho e a vontade de fazer e conhecer, ou
seja, na minha concepção é a Ciência, que deseja
conhecer, que quer avançar, não é apenas o
pensamento ou a idéia, mas o agir para conhecer.
O móvel por trás da esperança é a fé, que
acredita, que é o pensamento, que muitas vezes não
sabe o porquê, mas confia que o caminho está
correto por intuição, por uma conexão especial com
a Divindade, com o Universo, com a Natureza. Ou
seja, é a fé, a chama interior, que nos diz para
continuarmos seguindo, pois se alimenta do
combustível do Amor.
A caridade, por conseqüência, é a ação,
agora não mais apenas de conhecer e observar, mas
de conhecer-se através da distribuição desse
combustível que alimenta a chama da fé ou seja, da
distribuição do Amor, da partilha, da doação
máxima.
Dá para perceber, portanto, que uma sem a
outra não funciona em perfeita harmonia, pois irá
sempre faltar algo.
Qualquer uma que falte no trinômio, tanto
no caso do Espiritismo como no caso das virtudes,
é chama que se acende no palito de fósforo. Queima
rápido e de repente consome tudo.
Esses trinômios podem ser comparados a
uma vela. A ciência seria a cera ao redor do pavio,
que nos mantém firmes, conscientes do mundo real
que habitamos e suas relações com a chama e com
o pavio; é por isso mesmo a esperança que nos
sustenta nas ações e reveste a fé, como as veias
revestem o sangue e o permitem circular em nosso
corpo. O pavio é a fé, é a filosofia, que mantém o
pensamento, a idéia, mas que sem a ciência para
apoiar e a esperança para sustentar e agir, é vazio e
se consome rápido ou não produz nada quando
aceso. A caridade é a conseqüência da utilização
das duas para o propósito de iluminação, é a
conseqüência religiosa da utilização das duas.
O Amor de Deus é que acende a vela. É Ele
que põe fogo na nossa fé, queima-a e derrete a
nossa esperança no desejo ardente de que sua luz,
de que seu Amor seja espalhado por todos os
cantos. E, quando conseguirmos fazer isso, a luz é
o que somos, nada mais material, apenas luz, como
Aquela que nos acendeu, que nos criou. "Ponhais a
candeia sobre o alqueire". "Que brilhe a vossa luz".
"Vós sois deuses".
Fé, Esperança e Caridade. Ciência,
Filosofia e Religião.
É assim que vejo o trinômio."

Estas colocações nos arremetem para uma visão bastante
diferente da teologal que foi anteriormente comentada.
Mas, retornando àquela, se além da teologal tivermos a
esperança fundada em nós mesmos, criada no dia-a-dia, na
convicção do que se faz e do que se quer, podemos dizer, como
eu mesmo disse um dia: "Vou sair disso. Não fico mais com
você, sua Dama do Inexistir. Deus não pode querer isso de mim,
isso para mim. Vou sair disso. Vou voltai" a viver!!!"
Surge, então, uma força descomunal, uma vontade férrea,
um desejo ardente de vitória, daqueles que tudo pode querer
atrapalhar, mas nada consegue deter. E a vitória vem. Viva!!!
ALGUNS MITOS

As coisas importantes são invisíveis para os olhos; só se vê
bem com o coração.
Antoine de Saint-Exupéry


té eu ter vivido a crise depressiva que vivi, sempre
soube que passe curava depressão. Eu, inclusive, afirmava isso
com freqüência, baseado apenas na lógica como eu percebia o
Magnetismo e na certeza de que Deus sempre provê meios e
mecanismos para suas criaturas se superarem. Como já relatei, a
duras penas descobri que a verdade não era bem daquele jeito e
que as razões do insucesso estavam nas técnicas usadas: passes
concentrados (imposições) e convites a que o paciente apenas
tivesse fé. Quando comecei a falar, de forma pública e em grandes
auditórios, sobre minhas experiências e pesquisas, apontando os
resultados positivos já anotados, deparei-me com relatos e mais
relatos de pessoas em depressão, presentes às palestras e
conferências. A maioria afirmava se sentir quase sempre pior após
os passes ou então informavam, para surpresa dos dirigentes e
passistas presentes, que deixaram de ir receber passes porque não
suportavam as sensações que lhes dominavam após usarem essa
via terapêutica. Portanto, apesar de ser verdadeiro que o
Magnetismo cura ou alivia a depressão, é necessário saber que
tipo de magnetismo é conveniente, do contrário pode se chegar ao
oposto do que se busca.
Além dos passes convencionais, especialmente os aplicados
apenas com as chamadas imposições e nos quais seja veiculado
magnetismo, ainda que de forma não intencional nem consciente,
que têm falhado seguida e historicamente na tentativa de vencer
esse mal, outras "fórmulas" consagradas foram descategorizadas
ao longo do tempo. Descreverei as mais apontadas como solução
para o mal, mas que, sozinhas, ou foram totalmente ineficientes ou
levaram muitos à acomodação e outros ao desespero maior, daí o
cuidado quando alguém quiser "receitar" fórmulas para curar
depressão.
Sangrias: desde Galeno, essas mataram muita gente;
mataram muito mais do que apresentaram soluções. A rigor,
nunca apresentaram qualquer solução nesse terreno. Na
suposição de se extrair a nunca visualizada bile negra do
organismo, vários métodos de sangrias eram impostos aos
deprimidos, os quais terminavam roubando-lhes a vida em vez
de restituírem o humor sadio. Apesar disso seguiram seu
deplorável caminho por séculos e séculos. Era tão grave a
questão das sangrias que, por esse motivo, pelo menos os pobres
tinham do que agradecer por não serem ricos; como eles não
podiam pagar médicos para aplicar-lhes essa terapêutica,
tampouco morriam por ela. Os ricos, ao contrário, tinham que
se submeter ao seu aguilhão, morrendo quase sempre. Triste,
não é? E pensar que isso vigorou até muito pouco tempo!
Choques elétricos: esses quando não matavam deixavam
os pacientes mais melancólicos ainda. Quem nunca ouviu falar
de pessoas que morreram praticamente eletrocutadas enquanto
se alegava que, pelo eletro-choque, dar-se-lhes-iam serenidade,
calma, tranqüilidade e sono reparador?
Chorar: até hoje se diz que quem chora não guarda rancor
ou mágoa. Pode até ser que tal se dê, mas só se for em tamanho
pequeno, porque para funcionar como antidepressivo ele deveria
desaguar mais do que água salgada ou lágrimas dos olhos; precisaria
drenar sentimentos, monos-idéia, loucuras. Isso, lamentavelmente,
não é padrão para todos nem é possível se viver bem numa
sociedade tendo o choro como válvula de escape o tempo todo.
Remédios: os atuais fármacos, frutos de sérias, constantes
e caras pesquisas, promovem alívios e até agem de forma a dar
oportunidade para o paciente sentir-se bem, todavia quase sempre
a supressão medicamentosa leva o paciente a nova crise; a fim de
se evitar as quedas, novas dosagens e novos componentes são
receitados, fazendo surgir um outro fator complicador: a
dependência medicamentosa que, além de seu alto custo financeiro,
ainda gera um sem-número de seqüelas. Para piorar a questão, há
quase um consenso dizendo que esses medicamentos são
importantíssimos e de valor inestimável, mas ninguém pode dizer
que curou uma depressão só com eles. Tanto é verdade que os
médicos mais céticos, mais ortodoxos ou menos crentes do valor
do psiquismo costumam dizer, sem meias palavras, aos seus
pacientes que eles se acostumem a tomar medicamentos até o resto
de suas vidas.
Orar: apesar de ser eficiente como elemento de reversão
de sintonias psíquicas, levando o orador a pensar melhor sobre
os próprios valores, a grande dificuldade é: como orar quando
não se consegue sequer pensar direito? Os que recomendam a
oração não orientam como orar, como encontrar forças para
pensar positivamente em Deus nem como sentir a presença dos
Amigos Espirituais. Até parece que quem está em depressão,
por saber o que é uma oração, tem a obrigação e as condições
de dizer para seus sentimentos, pura e simplesmente, que "agora
é hora de orar e, por favor, saiam as perturbações porque quero
orar em paz". Orar é bom, é ótimo, mas, sozinha, a oração é
pouco eficiente. Não foi sem motivo que Jesus recomendou
que vigiássemos e orássemos, formando um binômio
valiosíssimo, para não cairmos em tentações.
Amar: só para instigar um pouco, veja o que pensa
Aristóteles de Estagira, 384 a.C. - 322 a.C, filósofo grego, um
los maiores pensadores de todos os tempos: "O amor é o
sentimento dos seres imperfeitos, posto que a função de amar é
levar o ser humano à perfeição". Uma reflexão como esta já
nos põe a pensar sobre se sabemos mesmo o que é o amor, o
que é o amar. No nosso caso, muita gente dá pieguismo, palavras
suaves, porém sem vida, apresentam a luta pelo ter como a
essência do bem-querer pelo ser e tudo isso leva ao disfarce
dos sentimentos e não ao amor. Na verdade, o amor verdadeiro
a tudo cura, mas o amor que costumamos dar e até mesmo
querer não passa da frágil circunstância das conveniências. E
esse amor não cura quase nada. Uma outra séria questão é que
o depressivo não sabe amar. E quando não se sabe amar fora da
crise, metido nela ficam todos os sentimentos, e não só o amor,
dissolvidos e misturados numa profusa amálgama de superficiais
sensações, jamais atingindo o âmago do ser. Dessa forma, falar
de amor para um depressivo é como gritar num lugar que não
tem eco nem reverbera; é quase como gritar no vácuo absoluto.
Contudo, Andrew Solomon, no seu Demônio do Meio-Dia
(2002), primeiro lembra que "a depressão é a imperfeição no
amor", mas acrescenta: "Embora não seja nenhum profilático
contra a depressão, o amor é o que acolchoa a mente e a protege
de si mesma".
Trabalhar: quantas pessoas entram em depressão
exatamente por trabalharem demais? O trabalho, como
antidepressivo, funciona para algumas pessoas, especialmente
aquelas que ainda conseguem se concentrar em algo produtivo.
Para essas a recomendação de boas leituras, bons filmes, bons
passeios e coisas semelhantes são possíveis, mas a maioria dos
depressivos graves e crônicos não atende a esse tipo de sugestão.
Diversão: como pode se divertir uma pessoa que está
triste até consigo mesma? Como pode um ser que não encontra
motivação para quase nada se sentir bem colocada no meio de
um passeio, uma festa, uma algazarra, mesmo uma viagem ao
exterior? Não dá. Pessoas muito deprimidas não conseguem
sair de seus mundos escuros, não têm forças para fugirem dos
braços da Dama do Inexistir.
O tempo cura: não é verdade que, sozinho, o tempo cure
depressão, pois tem gente que nasceu depressivo, desencarnou
como tal e ainda continua em depressão do "outro lado da vida".
O tempo "pede" a ajuda de quem quer seus benefícios. Ajudar ao
tempo é aproveitá-lo positivamente, colaborando para que os
sucessos buscados sejam alcançados, sem comprometimentos
emocionais desequilibrantes.
Pensamentos positivos: estes, definitivamente, ajudam
na restauração da saúde do depressivo, mas apenas se ele
procurar vivenciá-los, internalizá-los, integralizá-los à própria
vida e não, como ensinam alguns mais apressados, apenas ficar
repetindo-os indefinidamente. Não só o que se fala, mas o que
se exterioriza é o que marca o homem. Fale do que pensa e sente
de verdade e isso se transformará numa verdade, se materializará.
Sociedade: por sermos seres gregários, nossa natureza nos
pede que vivamos em sociedade. Mas viver em sociedade não é,
por isso apenas, condição para não cairmos em depressão. Amigos,
família, ambiente profissional e religioso têm muito a nos oferecer
como sustentação psicológica e espiritual, mas há momentos em
que um pouco de solidão é necessário, só um pouco. Como disse
Augusto Cury, no seu O Futuro da Humanidade - A Saga de Marco
Pólo, "... uma dose de solidão estimula a reflexão, mas a solidão
radical estimula a depressão". O autoconhecimento, como sempre,
é necessário para reconhecermos quando precisamos ficar um
pouco sozinhos, quietos, reclusos e quando isso está se tomando
uma necessidade patológica, indomável, esquisita. Num outro
aspecto, Cury nos dá uma pista interessante para compreendermos
a força que exerce a solidão em determinadas situações: "... quando
o mundo nos abandona, a solidão é tolerável, mas quando nós
mesmos nos abandonamos, ela é insuportável".
Depressão no sentido técnico: (mesmo este não sendo
um item "mítico", preferi comentá-lo aqui) há quem diga que quem
sofre de tristezas, amarguras, melancolias, soledade e desprazeres
ocasionados por dias sem sol, invernos inclementes, domingos e
feriados prolongados, períodos de final de ano, outonos sombrios
e semelhantes não sofre, tecnicamente falando, de depressão. Isto
é um sofisma, nada além de uma argumentação capciosa e nefasta,
pois quem passa por isso, mesmo que devido a essas circunstâncias,
se não receber tratamento adequado ou a atenção devida, muitas
vezes surpreende os circunstantes com atitudes suicidas. Isso
também é depressão sim, uma forma cíclica de depressão, que
pode muito bem ser tratada, psicológica e fluidicamente, de forma
a evitar recaídas e sofreres desnecessários. Quem vive nos países
tropicais não sabe o que é a dureza de um inverno com densas
camadas de neve, daquelas que nos prendem dentro de casa,
afastando-nos do convívio social e, por vezes, até do trabalho e
do estudo; não imagina o que é morar numa região nórdica,
onde mal o alvorecer se prenuncia e logo a noite toma conta do
dia, como a nos roubar não só o calor do sol, mas sua cor, sua
beleza, seu espetáculo também; não sabe o que é o desumano
calor africano aquele que não passou por lá sequer uma semana
tendo que viver fora de tendas, buscando o sustento para a
quase insustentável carcaça humana em que muitos teimam
continuar vivendo. Portanto, falar em termos técnicos soa, no
mínimo, ridículo, quando a dor é mais real do que qualquer
filosofia ou formulação teórica de encher papéis de informações.
E O SUICÍDIO?

Sentia-me, pois, ainda c e g o ; e, para cúmulo do meu estado
de desorientação, encontrava-me ferido. Tão somente ferido
e não morto! Porque a vida continuava em mim como antes
do suicídio!
Camilo Castelo Branco, por Yvonne Pereira


esde o início deste livro deixei claro que sempre tive
muita ligação com o tema suicídio. Afirmei que me sentia agradecido
a Deus por ter chegado a ajudar muitas pessoas tirando-as da
depressão e, assim, diminuindo nelas, radicalmente, a pressão que
tem levado um número absurdo de pessoas à morte, via autocídio.
E sei que quando a TDM abordada neste livro estiver melhor
plantada e implementada nas casas religiosas, nos lares onde exista
quem aplique o Magnetismo com eficiência e mesmo nas clínicas e
nos hospitais de todos os lugares, por quem tenha a coragem de
testar e comprovar o que aqui trato, meu coração estará
comemorando as vitórias dos que superaram suas depressões e se
superaram a partir do que estive realizando e pesquisando durante
todo esse tempo. Estarei feliz, sim! Só que até lá precisamos, eu,
você, a pessoa de quem você se lembrou quando leu este livro e
mesmo aquelas que sempre imaginam que o sutil não afeta o denso,
dar o melhor no emprego do que ensina o Magnetismo a fim de
que o bem seja o vencedor sempre.
Seria isso um sonho, uma utopia, uma alucinação? Tenho
certeza que não, pois só mesmo quem viveu a dor de uma
depressão profunda ou quem já lidou com alguém que passou por
uma e a viu saindo desse inferno sabe o quanto é valioso lutar por
essa consecução. Ademais, veja o que, dentre outros dados e
interessantes artigos, está registrado na internet (http://
www.mentalhelp.com/suicidio.htm):
- 70% dos suicídios ocorrem em
decorrência de uma fase depressiva.
- Quanto mais planejado (e mais
comentado e detalhado o desejo), mais perigoso
no sentido de haver novas tentativas, caso essa
não dê certo.
- Quem fez uma tentativa tem 30% a mais de
chances de repetir do que quem nunca tentou.
- Qualquer distúrbio (Depressão,
Ansiedade, Psicose, neuropsiquiátrico etc.) mais os
seguintes fatores aumentam o risco de suicídio: uso
de álcool, drogas, isolamento social, falta de amigos,
não ser casado, não morar com uma outra pessoa,
não ter filhos, não ser religioso.
- O provérbio "cão que ladra não morde"'
não existe em suicídio. Pelo contrário, 90% de
quem tenta, avisou antes.
- Nos casos de Psicoses agudas com
pensamentos suicidas, ou Depressões Delirantes
com idéias de suicídio, caso não seja possível
hospitalizar o paciente, se o médico disser que o
Acompanhante tem que vigiar todo o tempo, isso
quer dizer até mesmo quando estiver no banheiro.
Quer dizer janelas trancadas, quer dizer todas as
armas, venenos, comprimidos, facas, garfos, fios etc,
fora do alcance. Quer dizer que o Acompanhante
tem que ser fisicamente mais forte que o paciente e
quer dizer que se o Acompanhante tiver que ir ele
mesmo ao banheiro, primeiro tem que chamar um
substituto igualmente ágil e forte. Muitos jovens já
perderam a vida numa distração de segundos do
Acompanhante. A grande maioria desses jovens
poderia estar viva, pois o tratamento desses
quadros agudos traz resultados logo nos
primeiros dias.

Por esses números e pelas sugestões indicadas fica mais
do que patente a correlação depressão x suicídio. Por isso
mesmo resolver a depressão é uma enorme garantia de se estar
reduzindo, drasticamente, o índice de suicídios.
Mas temos lições a extrair desses dados. Por exemplo:
não se pode descuidar de quem ameaça se suicidar. Todas as
escolas psicológicas dizem que esse tipo de ameaça deve ser
sempre bem considerada e, conseqüentemente, todas as
providências cabíveis, que vão desde um "ouvido amigo e
compreensivo", passando pelo encaminhamento a um psiquiatra
e chegando até a um internamento apropriado, com o
acompanhamento devido, devem ser tomadas.
Outras "interferências", nem sempre pontuadas, também
precisam ser analisadas e implementadas. Por exemplo: oração
pelo "candidato" ao suicídio, conversas que o estimulem à vida,
indicação de boas leituras (a propósito, uma jovem escreveu
para um psiquiatra o seguinte: "quem queira se suicidar, se ler
o livro Memórias de um suicida, de Yvonne Pereira, jamais se
suicidará"), não só assustá-lo com a imagem do umbral ou do
inferno como mecanismo de evitação da loucura, mas
apresentar-lhe o lado positivo e valioso da vida, pois inferno já
é o que ele vive, portanto, raramente vai lhe servir de parâmetro
ou de freio.
Uma outra verdade está bem expressa no que alguém já
disse: "Depressão passa, desde que a pessoa não se suicide
antes". Por isso mesmo, todo cuidado com o depressivo com
idéias suicidas é sempre pouco. Não se pode subestimar as idéias
suicidas, pois o índice que aponta como elas sendo verdadeiras é
muito elevado.
Percebido que a depressão pode levar os deprimidos ao
suicídio, preventivamente devemos examinar coisas que possam
levar pessoas a caírem em quadros depressivos. O básico disso
já vimos; outras situações, todavia, podem ainda ser
acrescentadas:
O hipotireoidismo é um dos grandes causadores ou
"pioradores" de depressão. Anticoncepcionais também podem
causar depressão. Inibidores de apetite, alterações endócrinas
(hormonais), dores físicas crônicas e insuportáveis, infarto do
miocárdio, operações de pontes de safena, traumatismos
cranianos, insuficiência respiratória crônica, hipocondria,
excessos de toda natureza, muito calor tanto quanto muito frio
prolongados, longos períodos de luto, separações, a cultura
hedonista e individualista, o materialismo e a perda de valores
espirituais e morais, idéia de estado terminal, e até fadiga fluídica
(conforme ensina o Magnetismo) são potenciais indutores à
depressão.
Outro fator é que alguns sinais nem sempre são fáceis
de serem definidos, mas costumam ser fortes indicadores de
perigo. Antes mesmo de ver alguns deles, vale lembrar que a
depressão é sorrateira, na maioria das vezes chegando sem se
fazer sentir ou pressentir. Eis alguns desses sinais de alerta:
"A sensação da falta de sensações" é um dos maiores e
mais graves. Não aceitar limites nem querer entendê-los; o nunca
encontrar razão para estar em constante "estado alterado de
humor", especialmente quando isso leva a pessoa para imitações
desproporcionais e inadequadas (se bem que irritação quase
nunca pode ser vista como adequada): a perda de "juízo" sem
razões aparentes, deixando rastros de remorsos e inquietações;
uma vontade sempre renovada de desaparecer e nunca mais se
achar; ter a impressão de que um fosso, um abismo ou um
"pântano guloso" está sempre a um passo, um vacilo, um descuido:
idéia de que, a qualquer momento, alguém vai traí-lo, atacar, fugir
de seu domínio; pensamentos obsessivos freqüentes, do tipo idéias
fixas... Tudo isso é mais sério e repercussivo do que já se imaginou
até bem pouco tempo.
Mas tem mais...
"Como a morfologia das crianças é diferente,
diagnosticar a depressão infantil é difícil. A criança depressiva
costuma ser agitada e hiperativa", assevera o psiquiatra e
professor da UFMG, Gustavo Fernando Julião de Souza (http:/
/gold.br.inter.net/mineiro). A propósito disso comentei sobre
os poucos, mas excelentes, resultados obtidos com a aplicação
dos passes magnéticos em crianças portadores do distúrbio da
hiperatividade. Apesar de ainda contarmos com poucos casos
em que foram aplicados os modelos do TDM, tudo leva a crer
que a viabilidade da aplicação é extremamente rica, pelo que
deve ser aplicada, lógico que com o cuidado que toda criança
pede, por aqueles que, utilizando o Magnetismo, contam com a
participação de pacientes infantis portadores desse mal.
Por fim, para que não se pense que a depressão não
ataca pessoas jovens, a Agência Reuters (em 18 de julho de
2001 - l l h 5 4 ) informou, desde Canberra, capital da Austrália,
que estava sendo implantado um serviço via internet para dar
suporte a jovens daquele país no intuito de conter um alarmante
índice de suicídios. "Nós esperamos que a oferta gratuita de
terapia via internet possa prevenir a depressão e até mesmo
salvar vidas", disse Helen Christensen, do Mental Health
Research Centre (Centro de Pesquisa da Saúde Mental). Dados
do governo mostravam que os suicídios entre os jovens
australianos quase dobraram desde 1975 até aquela data, com
um em cada cinco adolescentes no país lutando contra a
depressão e uma em quatro mortes entre os homens jovens sendo
causada por suicídio.
Nossos jovens não diferem dos australianos nem dos de
outros países civilizados. Sabemos que a qualidade da relação
familiar é muito importante e que o "abandono afortunado" no qual
muitos deles vivem hoje em dia são precipitadores não apenas para
as drogas, mas também para a depressão, a perda da auto-estima
e o desespero.
REFLEXÕES POSITIVAS

Procure pensar. Não seja autômato!
Você faz parte da Humanidade; é uma peça importante da
Humanidade e, por menor que seja sua cultura, você tem o
dom de raciocinar.
Pense com sua própria cabeça, procure saber donde vem e
para onde vai.
Não viva às cegas! Seja você mesmo!
Só você pode descobrir o caminho que lhe convém.
Autor: C. Torres Pastorino


hegando ao final de nosso encontro, ainda quero deixar
alguns tópicos, meio que fora de ordem, mas que certamente
interessarão a você que chegou até aqui.
Se você está lendo este livro como pesquisador ou
trabalhador da área da cura, muitas coisas aqui deverão ser
experimentadas ou pensadas para dar valor à sua voz quando
as repassar para alguém; mas se você buscou este livro
procurando sair de uma crise, leia com bastante calma, atenção
e procurando encontrar o que de melhor poderá repercutir
dentro de sua alma, pois certamente muitas coisas boas lhe
completarão o bom ânimo para a tão desejada e possível
superação dessa depressão horrível.

Olhar para o céu!
Será que o Céu está sobre nossa cabeça?
Por muito que se discuta se o céu esteja ou não acima de
nós é meio compulsivo olhar para o alto quando queremos nos
dirigir ou buscar algo do Mundo Espiritual.
Acredito que as pessoas que olham para o céu pedindo
ajuda, independente da crença que tenham ou deixem de ter, o
fazem num misto de agradecimento, pedido de socorro, fé e
esperança. Isto é valioso. Mas a ansiedade, o desespero e a
intranqüilidade que venham a ser veiculados é que nem sempre
permitem uma conexão bem feita e não o lugar geográfico de
onde se encontra ou deixe de estar. Contudo, importaria mesmo
a Deus saber se estamos no ápice da mentalização para que Ele
nos atenda ou não haveria mais coerência Ele, sabendo de nossas
necessidades e limitações, nos atender dentro do razoável?
Para nosso conforto, Ele nos atende; nós somos os que
nem sempre percebemos, pelo menos de imediato. Quiçá também
não seja pelo modo como nos empregamos a Lhe pedir, mas
porque o meio ou o caminho que Ele empregue para nos atender
não seja necessariamente aquele que estávamos esperando.
Portanto, o valor não está na forma ou na fórmula como
pedimos, mas o que pedimos e o quanto estamos dispostos a
perceber como foi que Ele nos respondeu.
Sempre lembro que um pai amorável e sábio não permite
que seu filho deixe de se alimentar corretamente apenas porque
prefere passar o dia consumindo balas e gomas de mascar.
Logicamente, Deus não agiria diferente conosco. Ele sabe,
melhor do que nós, o que precisamos e o que nos convém,
portanto é dentro dessa necessidade real que Ele nos atende e
não se limitando aos nossos estreitos horizontes e pueris desejos.
Quando olharmos para o Céu, seja para pedir para nós
mesmos ou para os outros, seja para agradecer ou louvar, que
peçamos dentro do '"seja feita a Vossa vontade", pois é
submetendo-nos integralmente a ela que estaremos louvando e
agradecendo, fé verdade, por tudo.
Esperança e auto-estima
Apesar de já ter escrito dois capítulos sobre a esperança,
não poderia deixar de destacar esse casamento perfeito existente
entre essas duas criaturas: a esperança e a auto-estima. Quem
tem uma tem a outra e vice-versa.
Se queremos vencer, obter vitórias, felicidade plena, não
há qualquer razão para deixarmos baixar a guarda e deixar
escapar a auto-estima.
Auto-estima é, na maior profundidade socrática,
conhecer-se a si mesmo e, nesse autoconhecimento, gostar, se
dar bem e viver bem com essa criatura que reside em seu corpo.
Lógico que auto-estima é muito diferente de arrogância
e prepotência, orgulho e superioridade. Auto-estima é gostar
de si mesmo, sem menosprezar ninguém, sem desvalorizar os
outros, sem pisar em quem quer que seja, sem procurar revides
ou vinganças, por maiores que sejam as ofensas, perseguições,
injustiças ou agressões sofridas.
Tudo isso significará dizer: não reagir? Não se admire
de minha resposta, mas é isso mesmo. E isto que dizer: agir!
O cão reage, o cavalo reage, até a planta sensitiva reage.
Reagir, todos reagem. Só age aquele que usa o poder da mente,
da razão, do autodomínio. Os que se amam conseguem isso
sem dificuldades. Os que ainda se brutalizam sofrem bastante
para se controlarem, mas, com exercícios, chega-se lá. E o
melhor é que cada vitória traz recompensas imediatas e
prolongadas, pois sempre deixa a alma leve e o coração pulsando
suave e agradavelmente.
E como agir ante os insolentes, os frívolos, os maus, os
caluniadores?
"Orai pelos que vos perseguem e caluniam; perdoai os
que vos ofendem, amai os vossos inimigos". Não, isso não é
pieguismo nem religiosismo barato: essa é a mais profunda e
eficaz fórmula contra o mal, a mais eficiente ação que se perpetra
a favor do bem de todos e, em especial do próprio bem.
Quem age assim sempre terá uma esperança muito certa e
firme das vitórias, pois, como disse Jesus, apesar de tudo por que
passou, "Eu venci o mundo!".
Portanto, busque o autoconhecimento, reconheça seus
defeitos, para trabalhá-los e valorize suas virtudes, aprenda com
tudo o que já viveu e sentiu, cuide de sua saúde: mental, física
e espiritual, tenha amor e carinho por si mesmo, ouça seu
coração, a Natureza e seu anjo guardião, mergulhe em si para
descobrir as lindas paisagens interiores que estão ainda virgens
em seu mundo íntimo, ame e se permita dar e receber amor e
procure, quantas vezes puder e sempre mais e mais, fazer coisas
boas, alegres, felizes, produtivas e que lhe dêem a sensação de
estar realizando aquilo que Deus lhe pediu.
Uma observação complementar indispensável: é na fase
infantil que mais fortemente se estabelece a baixa ou a quebra
da auto-estima. Portanto, papais, mamães, titios, vovós e todos
os que lidam com crianças, cuidado com o que falam, observem
como estimulá-las e torná-las autoconfiantes. .

Perdão
É impressionante o que o perdão pode fazer de bem e
de bom a quem perdoa! Faz tanto bem, mas tanto bem mesmo,
que chega a ser irracional não se perdoar. E falo do perdão no
seu triplo sentido: pedir perdão, dar perdão e perdoar-se. Creio
mesmo que não há melhor desbloqueador de filtros para a
interiorização de toda sorte de saúde e vigor para quem está
deprimido por conta de mágoas, rancores e ódios, do que o
solvente do perdão. Cury (O Futuro da Humanidade - A Saga
de Marco Pólo) sugere uma receita muito interessante: "... você
pode brigar com o mundo e sobreviver, mas, se brigar com sua
cama, vai perder. Ah! E não leve seus inimigos para a cama.
Perdoe-os, fica mais barato". Experimente; tenho plena
convicção que dará resultados muito melhores do que você
imagina!
Ciúme
Se ameaças constantes, medo de sofrer perdas e
ansiedade sempre presente podem favorecer à depressão, então
o ciúme se apresenta como um detonador de grande efeito no
disparo desse infeliz projétil.
Muita gente, muita gente mesmo, já caiu nos braços da
Dama do Inexistir arremetida por nada menos que o ciúme. Eis
aí, portanto, mais um grande estrago causado por esse agente
tenebroso. O ciúme pode levar a crimes, sofrimentos atrozes,
decisões extremamente equivocadas e, se nada disso ocorrer,
certamente levará a pessoa por ele atacada ao desespero e à
depressão. Mais uma razão, pois, para ir trabalhando o mundo
íntimo, os sentimentos de posse, o medo de sofrer perdas para
superar esse bichinho ranzinza que faz tanto mal ao corpo e à
alma.

O que se ganha
Se a insatisfação com o que se tem e se ganha geram
insegurança e podem armar o gatilho da depressão significa
dizer que é chegada a hora de se evitar esbanjamentos, compras
compulsivas e gastos irresponsáveis ou desnecessários; a rigor,
ganhar pouco pede parcimônia no comprar, no comprometer-
se e no gastar. Isso pode contribuir não só para o equilíbrio da
situação financeira geral como também para o equilíbrio
emocional decorrente do equilíbrio socioeconómico...
Quem gasta o que não tem terminará ficando sem crédito,
sem palavra e contrairá, além de dívidas, dores de cabeça que
farão doer toda a alma. Portanto, vale a pena repensar os gastos
e as preferências.
Do outro lado, só ganhar e juntar gera outra dificuldade
imensa: tanto ter dá medo de perder e se perde tanta vida para não
se perder o que se juntou. Não é pequeno o índice de deprimidos
graves por terem contas abarrotadas. Como em tudo, o bom senso
e o equilíbrio são fundamentais na luta contra a depressão.
Por sinal, nas estatísticas espirituais certamente é dos mais
elevados o índice de Espíritos dementados por não terem podido
levar o que juntou sem proveito. É a depressão atravessando os
limites do túmulo.

Pessimistas
Uma das maiores unanimidades do mundo diz respeito
ao que ocorre e pode ocorrer aos pessimistas. Doenças físicas,
psíquicas e espirituais estão sempre no rol do dia-a-dia dos
pessimistas, sempre de forma muito mais forte, constante e
impiedosa do que nas pessoas normais ou otimistas.
O pessimismo contumaz acaba com qualquer auto-
estima, afasta qualquer amizade, anula qualquer esforço de
vitória. E se, além de pessimista, ainda for agressivo terá o
mundo inteiro contra si. Desse jeito, convenhamos, não haverá
filtro que funcione. Nos primeiros lances de insatisfação,
arrependimento ou sensação de queda facilmente a depressão
se instalará.
Parece estar óbvio que combater o pessimismo é algo
inadiável para quem não pretenda cair em depressão.

Perfeccionistas
O fio da navalha é o chão dos perfeccionistas. Como
querem tudo bem feito, bem elaborado e super bem realizado,
a proximidade com uma constante insatisfação está sempre à
porta, bloqueando qualquer análise em prol do que foi feito. As
eventuais falhas são assimiladas como crimes monstruosos.
Trata-se de criaturas que pensam se amarem, mas, no fundo,
amam a criatura que gostariam de ser e não as que de fato são.
Por conta disso, uma crônica falta de piedade para consigo
mesmas as desnaturam, torturam e aniquilam.
É bom fazer bem feito e sentir prazer no que se faz. A tortura
por não se chegar ao ápice, todavia, não deve ser o castigo nem a
recompensa pelo irrealizado. Só o fato de não se atingir o clímax
de uma realização já é por demais penoso para se criar mais
autopunição ainda. O máximo a que se deve chegar, pelas vias do
perfeccionismo, é corrigir o que for possível, aprender novos
caminhos quando os tentados não deram certo e seguir tentando
acertar e fazer melhor. Afinal, o progresso é feito disso.
Recebi, num e-mail, uma mensagem interessante -- da qual
desconheço a autoria --, a qual quero compartilhar com você.
"Com depressão ou sem depressão, o universo obedece a uma lei
de ação e reação. Quando você age, modifica o universo e ele
responde modificado, então não existe fracasso existe apenas
resultado. Quando você faz a coisa certa o resultado é o desejado,
quando faz errado tem-se o indesejado, então muitos dos nossos
problemas podem ser resolvidos na mudança de atitudes e
sentimentos, assim como muitos de nossos problemas decorrem
do que consideramos ser problemas".
Como quem anda sobre o fio da navalha praticamente só
lhe restarão, ao final, golpes dolorosos e prejuízos consideráveis,
que tal os perfeccionistas mudarem de chão?

Bom humor
Mais do que qualquer outra, esta questão tem muito a
ver com a depressão, inclusive com um dos pontos fisiológicos
que afirmo estar na base da causalidade desse problema.
Há no Brasil uma expressão muito comum que diz ser
necessário o riso para que se desopile o fígado. Pois bem,
consultando o dicionário Houaiss eletrônico, encontramos para
o verbo "desopilar" as seguintes explicações:
transitivo direto
1 Rubrica: história da medicina,
desobstruir (esp. o fígado, para deixar fluir
o excesso de bile negra, que supostamente causava
mau humor e doenças como a melancolia)
transitivo direto, intransitivo e pronominal
2 Derivação: por extensão de sentido.
fazer esquecer ou esquecer as
preocupações ou as tristezas; aliviar (alguém ou
a si mesmo) das tensões; alegrar(-se)
Ex.: <d. o fígado> <iremos ao cinema para
d. um pouco> <em vão, fez de tudo para d.-se>
Ora, nada mais indutor ao riso do que o bom humor.
Unindo-se isso ao que temos no Houaiss, logo se percebe a
relação direta existente entre o riso e o funcionamento do
metabolismo do fígado.
Li num artigo no site http://www.psiqweb.med.br que
um estudo recente sobre a atividade das células tipo "natural
Killer", importantes na imunidade contra tumores, mostrou os
efeitos de programas que estimulam o riso e o bom humor no
aumento da atividade desses componentes imunológicos, ao
mesmo tempo em que os estados depressivos enfraqueciam esse
aspecto da defesa orgânica (Takahashi, 2001).
Nesse sentido, Berk e colaboradores (2001) também
puderam estudar a modulação neuroimunológica durante e
depois de pacientes terem sido submetidos a programas
associados ao bom humor e ao riso. Concluíram que o riso e o
bom humor podem ter efeitos benéficos na saúde, recomendando
esse tipo alternativo de terapia para melhora do bem-estar e como
coadjuvante ao tratamento médico formal.
Os efeitos do bom humor sobre a saúde física são tão
evidentes que uma boa e sincera risada pode ter a importância
de uma sessão de ginástica.
O referido artigo, com muita propriedade, adverte que
quando se fala em risos e risadas não se está falando da pessoa
que conta anedotas, que ri a toa. As vezes um comportamento
assim pode ser uma exigência profissional ou uma conveniência
social. O bom humor, na realidade, diz respeito a rir-se das
coisas em geral, das incongruências do cotidiano, da comédia
da vida diária, das brigas, dos pequenos problemas do dia-a-dia e,
até mesmo, dos tempos difíceis que passamos.
Fazer "piadinhas" de tudo é muito mais eficiente que assistir
um show de humorismo sofisticado, para o qual tenhamos que
disputar a vaga do estacionamento aos berros. Trata-se de levar a
vida de uma forma mais leve, mesmo diante de um trabalho mais
sério, trata-se de rir mais e com maior freqüência do que de costume.
Assino abaixo. Precisamos ter Eutímia, que é uma palavra grega
que significa equilíbrio do humor (eu=normal; timo=humor).

Espontaneidade
A espontaneidade é uma característica essencial da
personalidade para a saúde psíquica, mas essa característica está
quase totalmente banida pela sociedade contemporânea.
Desde crianças cobram que sejamos honestos e não
mentirosos, mas o comportamento dos adultos e da mídia
ensinam exatamente o contrário.
Acomodamo-nos a isso? Não. Não precisamos de
falsidade para vivermos bem. Tenho certeza que você concorda
com isso. O que fazer então? Sairmos dessa linha sinuosa e
volvermos para a reta da simplicidade, sem espalhafatos tanto
como sem castrações.
Ser espontâneo é algo que cobra um elevado preço das
criaturas, simplesmente porque está fora de moda. "Pagar mico"
é a expressão da vez para quem quer ser espontâneo. Paguemos,
então. Melhor do que, por se perder esse dom natural, levarmos,
como um cavalo de tróia, um verdadeiro exército inimigo para
dentro de nossa alma, dispondo-o contra os flancos de nossa
saúde.

Se quer, peça
Tenho uma amiga, colega de trabalhos no campo do
Magnetismo, que há alguns anos passou por uma severa crise
de depressão, tendo se afastado temporariamente das atividades.
O pior é que ninguém se deu conta do que acontecera. A princípio
se julgava que ela tinha viajado; depois se pensou que ela estava
cuidando de uma filha que lhe havia dado o primeiro neto. Fato é
que ninguém do grupo, incluindo eu, se deu conta de que deveria
ao menos lhe telefonar para saber o que se passava e prestar a
ajuda ou o apoio que certamente estaria precisando.
Um dia ela voltou aos trabalhos, dizendo que tinha passado
um período doente, mas que já se encontrava disposta a retomar
as atividades. Passados mais de três meses de seu retorno ela me
contou, na frente de outros amigos, que tinha entrado em depressão
e que esperara, inutilmente, que alguém do grupo ao menos lhe
desse um telefonema, procurando saber como estava... Senti-me
péssimo nessa hora, pois eu já tinha vivido um triste período de
depressão e sabia o quanto era importante o apoio dos amigos,
mesmo quando, envoltos nos braços daquela "dama", costumamos
dizer que não queremos saber de ninguém.
Sem qualquer idéia de revanche ou desculpa esfarrapada
perguntei a ela por que ela não telefonou para nós e disse o que
estava se passando? Por que não pediu ajuda?
Sei o quanto é difícil para uma pessoa em depressão
pedir ajuda, mas é preciso pedir sim. Como nos ensinou Jesus,
"batei e abrir-se-vos-á, pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis",
ou seja, é preciso a ação para que ocorra a reação, é imperioso
que peçamos para que os outros saibam que estamos contando
com a ajuda, o apoio, uma mão amiga.

Fale sobre você
Coisa irônica: é pedido a quem esteja em depressão que
procure conversar sobre o que sente, como se sente e o que precisa.
Muitos depressivos não aceitam essa sugestão porque
já tentaram falar com parentes e amigos a respeito e parece que
ou não querem ouvir ou não se interessam por entender o que se
diz.
Se um não escuta, se outro não entende, se um outro não
quer nem saber, siga procurando quem lhe dê ouvidos e fale. abra
seu coração, conte suas dificuldades, esforce-se para ser o mais
claro e racional, pois é importante você verbalizar seus problemas,
dilemas, dúvidas, medos, receios, ânsias, dores e sofrimentos. Não
se preocupe se conseguirá expressai" tudo ou se será bem entendido.
Fale. A contrapartida é que você também se escute. Isso lhe fará
muito bem. Afinal, é reconhecido que quem gosta de falar do próprio
estado depressivo dificilmente está em depressão.

Não diga isso...
Uma das maiores violências que um depressivo sofre
são frases que ele escuta, do tipo: "Logo você, uma pessoa tão
forte!"; "Se você tiver fé sairá rapidinho desse estado"; "Isso é
frescura; depressão é doença de rico"; "Tire umas férias; é
stress"; "Vá trabalhar que logo passa essa crise"...
O que uma pessoa em depressão mais precisa é de um
ombro amigo e fiel, um ouvido sensato e bom, um sorriso ou
mesmo uma lágrima, e palavras de estímulo e não de julgamento
e condenação.
Se você não tem o que dizer a quem está em depressão,
fique calado. Mas se quiser dizer alguma coisa, que seja
verdadeiro e útil. Lembre-se que suas palavras não podem gerar
mais pensamentos tristes, negativos ou ruins em quem já se
encontra no estado em que está. Uma regra, entretanto, deve
ser sempre lembrada: sobretudo reze, ore, vibre positivamente
por essa pessoa.

Traiçoeiro descuido
Em quase tudo o que expus neste capítulo fica ressaltado
o estímulo à superação, às conquistas, à melhoria de vida. Muito
embora tenha deixado claro que, para serem boas, as coisas devem
ser bem interpretadas e melhor ainda vi venciadas, sob pena de se
cair em equívocos tão ou mais lamentáveis do que aqueles que se
quer vencer, vale ainda destacar alguns problemas.
Alexitimia é uma marcante dificuldade para usar a
comunicação verbal apropriada para expressar e descrever
sentimentos, bem como das sensações corporais. Mesmo que essa
dificuldade não seja vencida continue falando de si, até que supere
o auge da crise, mas depois procure saber, através de um
profissional, o que está provocando essa desconexão.
Vigorexia é um transtorno psíquico no qual as pessoas
realizam práticas esportivas de forma contínua, fanática ou a
tal ponto de exigir constantemente que seu corpo dê além de
sua capacidade. Amar-se, pois, não é extenuar nem o corpo
nem o espírito.
Hipertímica é a personalidade com característica muito
dinâmica, confiante, ativa, às vezes irritável, com total aparência
de normalidade e que consegue equilibrar diversos projetos de
uma só vez. Mas suas "saídas do sério" são graves e geram
violentas desarmonias, seja no ambiente, seja no seu mundo íntimo.
É preciso cuidado para não se confundir os hipertímicos com os
produtivos
Personalidade Tipo A é um novo conceito que a psiquiatria
trabalha para definir o tipo de personalidade que caracteriza as
pessoas que procuram fazer mais e mais em menos e menos tempo
e que são ambiciosas, competitivas, impacientes, necessitam
aparentar serem forte, etc. Como as hipertímicas, podem, através
dos excessos, estarem se fechando para outros aspectos da vida,
o que as põem em riscos de caírem em depressão.

Roteiro: trata-se de um trecho da mensagem "O Santuário
Sublime", do livro Roteiro, de Emmanuel, por Chico Xavier (1978),
o qual se me pareceu ideal para este ponto do livro.
"No corpo humano, temos na Terra o mais sublime dos
santuários e uma das supermaravilhas da Obra Divina.
Da cabeça aos pés, sentimos a glória do Supremo
Idealizado que, pouco a pouco, no curso incessante dos milênios,
organizou para o espírito em crescimento o domicílio de carne em
que a alma se manifesta. Maravilhosa cidade estruturada com vidas
microscópicas quase imensuráveis, por meio dela a mente se
desenvolve e purifica, ensaiando-se nas lutas naturais e nos serviços
regulares do mundo, para altos encargos nos círculos superiores.
A bênção de um corpo, ainda que mutilado ou disforme, na
Terra, é como preciosa oportunidade de aperfeiçoamento espiritual,
o maior de todos os dons que o nosso Planeta pode oferecer.
Até agora, de modo geral, o homem não tem sabido
colaborar na preservação e na sublimação do castelo físico.
Enquanto jovem, estraga-lhe as possibilidades, de fora para
dentro, desperdiçando-as impensadamente, e, tão logo se vê
prejudicado por si mesmo ou prematuramente envelhecido,
confia-se à rebelião, destruindo-o de dentro para fora, a golpes
mentais de revolta injustificável e desespero inútil.
Dia surge, porém, no qual o homem reconhece a
grandeza do templo vivo em que se demora no mundo e suplica
o retomo a ele, como trabalhador faminto de renovação, que
necessita de adequado instrumento à conquista do abençoado
salário do progresso moral para a suspirada ascensão às Esferas
Divinas".
ALGUNS DEPOIMENTOS

As coisas sobre as quais menos falamos são aquelas em que
mais pensamos.
Charles A. Lindbergh


erão poucos e curtos depoimentos que aqui
apresentarei. Nada de teoria e sim realidade, nua e crua. Dará
para perceber como a depressão é solerte, vil, grotesca. Mas há
também confirmação da positividade do TDM de que venho falando
ao longo do livro.
Os dois primeiros depoimentos--devidamente sintetizados
-- foram prestados, espontaneamente, por uma amiga, a quem
vou chamar de JK. Antes quero aqui lhe agradecer por sua
honestidade narrativa, seu destemor em que conheçam suas
experiências dolorosas, sua busca pela solução das grandiosas
dificuldades, sobretudo sua luta pela vida, mesmo quando, num
alucinado momento, se percebeu precipitando-se para a morte,
sempre faminta por desesperados.
JK, você não foi compreendida ainda e talvez demore a
sê-lo um dia, mas sua história me tomou mais compreensível
desse grande monstro devorador de vitalidade, alegria, saúde,
equilíbrio e brilho dos olhos. Tanta sensibilidade sutil --
constante, percuciente, afinada -- a levou ao amargo que há no
doce, à luz que se esconde na escuridão, à dor que rugita na
risada de uma alegria triste, ao escárnio do deus que ocupa o
cerne de sua alma, ao ouvir mal a realidade que dominava seu
âmago... Adoeceu você. Do corpo, da alma e da vida. Mas você
se saiu vitoriosa; não por ter vencido a doença, mas por ter-lhe
usurpado a força, a tenebrosa sabedoria do enfraquecer seus
vassalos; você aprendeu e saiu fortalecida; eis aí a sua vitória, a
sua grande e inquestionável vitória.
E eu desejo, de corpo, de alma e de vida, que você seja
assim, para sempre, e que para sempre assim seja!

Primeiro depoimento de JK:
Bem, hoje estava pensando no que eu passei há alguns
anos e, fazendo um balanço geral, tenho a te dizer:
1- Sair da depressão não é um processo simples. O que
me ajudou foi tentar alguns caminhos para sair: admitir que
estava doente e distinguir qual o processo e quais são as etapas
da depressão;
2 - Depois de admitidas e tomadas todas as providências
de psicoterapia transpessoal procurei saber, ler, identificar quais
as causas, e aí detectei quanto ela estava grave, quanto eu tinha
me deixado envolver, quais os motivos, quantas vezes ela tinha
dado sinais e quando ela estava presente, e o tempo da minha
vida em que estive ou estava me deixando levar;
3 - De quanto em quanto tempo ela era ou é recorrente;
4- Como estava reagindo a tudo aquilo?
Depois de ter passando por tratamento químico anti-
depressivo e ter me aceitado como Espírita e começar a ler e
Estudar sobre o Passe entendi algumas coisas (ainda estou
buscando outras respostas).
Os primeiros sinais apareciam quando começava com
uma contrariedade, frustração ou decepção e aí os meu centros
de força frontal e esplénico reagiam e logo eram bombardeados.
Sentia uma pressão muito forte, como se tivesse uma tonelada
em cima deles (antes eu não conseguia entender isso). Em
associação, meus fígado e rins ao longo da semana começavam
a funcionai" mal. provocando-me vômitos constantes. Com o
passar das semanas começava a ter problemas no aparelho
reprodutor (genésico), com fortes dores e cólicas, vinda do nada,
culminando com ida a hospital. Nisso, tudo se desalinhava e eu
me descontrolava, tendo que tomar medicação pesada.
Detectei algumas fases ou etapas que nós, os deprimidos,
vamos sentindo:
- Ficamos tristes por alguma coisa.
- Depois chega a raiva e a amargura e descontamos em
alguém ou nalguma coisa.
- Depois no fechamos na nossa casa.
- Depois nos fechamos no nosso mundo.
- Depois nos fechamos no nosso quarto e aí estamos
totalmente tomados pela depressão.
Choros convulsivos, dores, principalmente pontadas no
cardíaco, uma sensação de que algo está queimando ou ardendo,
lamentações, fobias, respiração ofegante e síndrome do pânico.
A frustração de você tentar mandar uma mensagem para
a mente e o coipo não obedecer é muito grande.
A ajuda da família é imprescindível, e os Amigos
verdadeiros também. O trabalho do Passe foi valiosíssimo.
Lembro que quando eu tomava o passe (com qualquer passista)
o trabalho começava no cardíaco, passava para o esplénico e
acabava no frontal. Nesse tempo do tratamento espiritual
associado ao físico, eu tinha sudorese, dores de cabeça, dores
de estômago, pés e mãos frias, durante o passe e até o outro dia
após o Passe.
Hoje, meu caro Amigo, quando leio seus livros e aprendo
com você e com outro passista vejo por quantos processos passei
e ainda estou passando. Detecto quanto é bom estar sintonizada
com as energias positivas na sala de passes e sair de lá muito
bem. E o melhor de tudo é saber que cada pessoa que está na
minha frente era eu ontem, quando estava fora das crises... E
que hoje eu posso ajudar um pouco, tentando sempre aprender
mais para não estar cometendo erros básicos.
Segundo depoimento de JK:
Oi! Voltei para te falar o seguinte: tudo que te relatei no
outro e-mail é ainda muito superficial. Estou tentando entender
os processos que tentei passar para você, pois parece fácil, mas
não é. Depois, nem tudo são flores; há dias de angústias e
dissabores durante e depois de finalizada cada etapa.
Agora estou tentando fazer a minha Reforma Intima,
que acho que ainda nem comecei, pois ainda me acho pequena,
egoísta, materialista (em algumas coisas), e principalmente me
prejudico muito, pois não sei dizer não nas horas certas...
Quero deixar claro que só estou pensando que já que
você está escrevendo um livro e vai poder ajudar muitas pessoas,
então posso dar uma contribuição do que eu passei na pele e
ficar feliz por ajudar.
Além do que posso começar a colocar em palavras todo
o meu trabalho de terapia, pois ainda tenho muito a me conhecer
e me abrir (o eu consciente).

Aqui temos um depoimento vindo de um grupo de
TDM que atua nos Estados Unidos:
Este depoimento é de uma paciente que participa do
atendimento em uma Casa que, além do uso das técnicas aqui
ensinadas, desenvolve, paralelamente, uma abordagem do tipo
semelhante à usada pelos Alcoólicos Anônimos, só que voltada
especificamente para pessoas com depressão. Eis parte do que
ela escreveu.
Tenho 43 anos. Em 1999 fui diagnosticada com uma doença
chamada Colite Ulcerativa. Tive várias crises e fui internada muitas
vezes. Perdi meu emprego e fiquei um ano sem poder trabalhar. Há
mais ou menos três anos comecei um tratamento no Centro que
freqüento e fui convidada a participar da reunião do S.O.S.
Depressão. Durante as primeiras reuniões não me identifiquei com
as pessoas, pois nunca soube que eu tivesse depressão. Porém, os
passes específicos para pessoas com depressão c a água fluidificada
estavam me fazendo muito bem. Após algum tempo comecei a me
identificar com os temas das reuniões (culpa, mágoa, raiva, melindre
etc...). Levou muito tempo até que eu reconhecesse que meu caso
era de uma depressão mascarada. Sempre fui uma pessoa alegre e
muito animada; gosto de dançar, viajar, conversar. Por isso achei
pouco provável que tivesse depressão, porém ficava muito doente
todo ano. Sabia que teria que mudar o meu modo de ser e de viver,
mas não sabia como. Com o tratamento e as reuniões pude
reconhecer e assumir meus defeitos (alguns). Pude me conhecer
melhor e saber que minha saúde só depende de mim, dos meus
pensamentos, sentimentos e atos. As reuniões do S.O.S.
Depressão me ajudam a entender a necessidade de nos
conhecermos melhor e mudarmos. Hoje eu me sinto muito mais
feliz e segura, aprendi a perdoar e a não guardar ressentimentos.
Não pretendo deixar de freqüentar as reuniões, acho que é um
aprendizado constante. Há três anos não tenho nenhuma crise
e estou me sentindo muito bem.

Por fim, mais um depoimento daquele mesmo
Centro:
Tenho 32 anos e freqüento o S O S Depressão há pouco
mais de um ano.
Comecei a freqüentar o Centro Espírita, porque sempre li
muito sobre essa Doutrina, afinal, minha mãe sempre foi Espírita,
herdando essa base do meu avô materno. Meus irmãos seguiram o
mesmo caminho e eu vim a seguir mais persistentemente aqui na
América.
Sempre fui uma pessoa muito alegre, cheia de entusiasmo,
muito alto astral, mesmo com todos os problemas que eu tinha.
Mas, a partir de um certo período, percebi que estava depressiva,
sentindo uma angústia horrível, que apertava meu peito, chegava a
ser uma dor física, muito ruim. Chorava demais, não tinha vontade
de fazer nada, mas com tudo isso a minha força de vontade persistia.
Foi aí que entrei para o S O S Depressão. Comecei a
freqüentar as reuniões, a tomar o Passe Especial no dia das
reuniões públicas, tomar a água fluidificada todos os dias e estar
sempre em prece, fora algumas dicas de um médico naturalista,
meu amigo, sobre como utilizar a respiração nesse processo, a
meditação, os exercícios físicos. Tudo foi muito importante na
minha recuperação, mas particularmente, acho que os estudos
sobre NOS MESMOS nessas reuniões foram essenciais. Lá, eu
aprendi a me conhecer melhor, a relembrar fatos da minha
infância, que às vezes não julgava tão importantes, a reconhecer
sentimentos dentro de mim e principalmente a começar a
perceber que a felicidade está dentro de cada um e não nas
coisas externas.
Hoje estou muito melhor, não sinto mais angústia e
continuo freqüentando as reuniões para minha auto-ajuda e para
ajudar aos que chegam.
CONCLUSÃO

Complicar aquilo que é simples é lugar-comum; tornar
simples o que é complicado é criatividade.
Charles Mingus


esus asseverou: "No mundo passais por aflições, mas
tende bom animo, eu venci o mundo" (João, 16, 33). Não me
canso de repetir essa frase. Ela me fortalece, me enche de coragem,
me estimula a superar as dificuldades.
Com isso Jesus nos advertia para os riscos de, estando
numa estrada progressiva, cairmos e até errarmos, ora entrando
em desvios, atalhos, vias secundárias ou então sofrêssemos
ataques, traições, intempéries e vicissitudes as mais diversas.
Mas não limitou-se Ele a esse aspecto; reforçou em nossos
sentidos o alerta para não cairmos em abatimento, tristeza, dores
e sofrimentos; pedia-nos para que guardássemos o bom ânimo,
ou seja, que permanecêssemos com os filtros abertos, com as
antenas psíquicas bem direcionadas para não deixarmos que
ingurgitamentos, congestões ou excessivas aerações
adulterassem nosso funcionamento equilibrado e perfeito.
É por este caminho que seguiremos.
No livro "O que você deve saber sobre depressão" (Martin
Claret, 2002) há, dentre outras, essa advertência: "Se você pode
fazer com que sua mente o leve à depressão, com certeza pode
fazer com que ela o faça sentir-se melhore mais confiante". E um
dos caminhos é mantê-la aberta, sobretudo ao novo, ao instigante,
agindo como sugeriu Paulo, vendo tudo e retendo o que for bom.
Preciso, por dever de consciência e por pura necessidade
de ver as coisas seguirem a passos mais largos, fazer umas
confissões e um sério pedido.
Confesso que não descobri praticamente nada ainda
desse método de cura para tão denigrente mal. Do cenário real
apenas começou a se abrir uma pequena fresta nas grandes
cortinas do porvir. Só que essas cortinas, por tudo o que já
vivemos até essa etapa da evolução da humanidade, deveriam
estar totalmente escancaradas, isto é, o que ainda se oculta sob
o véu do mistério já deveria ter sido desvendado há muito tempo,
bastando para isso que os seres humanos tivessem sido mais
inteligentes e perseverantes com o uso dos mecanismos naturais
à sua disposição desde todo o sempre.
Confesso que muitas dúvidas existem, muitas
experiências precisam ser feitas, muitos laboratórios e testes
pedem medições mais profundas e complexas, outros grupos
de pesquisadores precisam surgir para serem ampliadas as
verificações do que hoje já funciona bem onde está sendo posto
em prática.
Confesso que os magnetizadores atuais são muito
empíricos, poucos estudam, raros se submetem a testes e, por
falta de um controle mais categorizado, muitas informações
paralelas, complementares ou mesmo discrepantes não são
consignadas nem consideradas nas avaliações.
Confesso ainda, sem qualquer falsa humildade ou modéstia,
que talvez não fosse eu a pessoa mais indicada para ter iniciado
esta pesquisa, pois acredito que alguém mais afeito à área médica
tivesse melhor estrutura de conhecimentos para discutir e debater
certos pontos, dos quais me fogem vocabulários específicos,
conhecimentos técnicos mais precisos e uma vivência mais estreita
e constante tal qual esta pesquisa solicita. Entretanto, a mim não
me falta nem me faltou coragem, determinação, dedicação,
seriedade e empenho para enfrentar uma verdadeira luta contra
titãs, pois tenho plena consciência de que a abordagem que dei e
dou à terapia da depressão pelo Magnetismo está na contramão
do que a História, a Medicina e o pensamento da Sociedade vem
acalentando. Pior: sei que vários dos meus pares espíritas estarão
discordantes com esta visão, especialmente aqueles que se
acomodam no "eu acho" e não saem em busca de comprovações
ou negações em cima da experiência que pode provar, comprovar
ou tudo negar.
Por fim, confesso que estou tranqüilo quanto à execução
do dever que me competia, assim como sigo firme e tranqüilo
em busca de novas evidências, novas experiências, da formação
de novos grupos, de ajudar a humanidade a vencer esse mal
terrível, a tirar mais e mais gente das garras da Dama do Inexistir.
E estarei de braços abertos para quem queira juntar-se nesse
fértil campo, onde plantaremos saúde e felicidade.
Estas eram as minhas confissões. O meu pedido, embora
traga um longo preâmbulo, é o seguinte:
Vejam quantas doenças ainda existem e persistem
obtendo da Medicina Clássica muito poucos resultados
definitivos. Alzheimer, Parkinson, Escleroses, Diabetes, vários
tipos de Cánceres, Aids, distúrbios nervosos, paralisias,
descamações, descontroles hormonais atípicos, epilepsias e
tantas e tantas outras doenças igualmente sérias, dolorosas,
constrangedoras e mutilantes seguem ceifando vidas, anulando
potencialidades, restringindo atividades de milhares de seres,
"inutilizando" criaturas que, se encontrassem solução para suas
deficiências, certamente produziriam muito e com qualidade.
Vejamos agora uma teoria apresentada por Allan Kardec,
no capítulo 8 de O Livro dos Médiuns (1985), a qual tem tudo
a ver com o que quero expressar em meu pedido.
130. Aexistência de uma matéria elementar
única está hoje quase geralmente admitida pela
Ciência, e os Espíritos (...) a confirmam. Todos os
corpos da Natureza nascem dessa matéria que, pelas
transformações porque passa, também produz as
diversas propriedades desses mesmos corpos. Daí
vem que uma substância salutar pode, por efeito de
simples modificação, tornar-se venenosa, fato de
que a Química nos oferece numerosos exemplos.
(...) Sem mudança nenhuma das proporções, às
vezes, a simples alteração no modo de agregação
molecular basta para mudar as propriedades. Assim
é que um corpo opaco pode tornar-se transparente
e vice-versa. Pois que ao Espírito é possível tão
grande ação sobre a matéria elementar, concebe-
se que lhe seja dado não só formar substâncias,
mas também modificar-lhes as propriedades,
fazendo para isto a sua vontade o efeito de reativo.
131. Esta teoria nos fornece a solução de
um fato bem conhecido em magnetismo, mas
inexplicado até hoje: o da mudança das
propriedades da água, por obra da vontade. O
Espírito atuante é o do magnetizador, quase
sempre assistido por outro Espírito. Ele opera
uma transmutação por meio do fluido magnético
que (...) é a substância que mais se aproxima da
matéria cósmica, ou elemento universal. Ora,
desde que ele pode operar uma modificação nas
propriedades da água, pode também produzir um
fenômeno análogo com os fluidos do organismo,
donde o efeito curativo da ação magnética,
convenientemente dirigida.::
A vontade é atributo essencial do Espírito,
isto é, do ser pensante. Com o auxílio dessa
alavanca, ele atua sobre a matéria elementar e,
por uma ação consecutiva, reage sobre seus
compostos, cujas propriedades íntimas vêm assim
a ficar transformadas. \
Tanto quanto do Espírito errante, a vontade
é igualmente atributo do Espírito encarnado; daí o
poder do magnetizador, poder que se sabe estar na
razão direta da força de vontade. Podendo o Espírito
encarnado atuar sobre a matéria elementar, pode
do mesmo modo mudar-lhe as propriedades, dentro
de certos limites. Assim se explica a faculdade de
cura pelo contacto e pela imposição das mãos,
faculdade que algumas pessoas possuem em grau
mais ou menos elevado.
Apesar da clareza do texto quero expressar rápido
comentário.
Sendo possível ao ser humano atuar na base constituinte
elementar da matéria por força de sua vontade, as combinações
desta são, portanto, outras possibilidades mais do que reais.
Ora, o que são as doenças senão desarranjos nas
estruturas elementares da matéria?
Quando lemos sobre as recentes investigações e
descobertas acerca das enfermidades agora há pouco
relacionadas, logo nos damos conta de que elas tanto guardam
origens psicossomáticas como também são frutos de
degenerações dos "filtros" -- dos quais tanto falamos --
humanos. Estes, por sua vez, sendo fluídicos, são formados da
mesma "matéria original e peculiar" dos fluidos magnéticos, o
que, pelo menos teoricamente, indica sua íntima possibilidade
interativa, faltando ao ser humano, apenas, o uso
convenientemente dirigido de sua vontade para chegar às
descobertas espetaculares que estão ansiosamente aguardando
a abertura mais efetiva das cortinas já referidas.
Meu pedido, portanto, é que você se junte a essa "onda de
esperança", onde a pesquisa, o trabalho objetivo, o interesse por
novas luzes para o bem da humanidade nortearão nossos passos.
Disponhamo-nos ao trabalho, com afinco, destemidos,
audaciosamente, perseverante e consistentemente, com o
espírito aberto e atento, o coração cheio de bons sentimentos e
a razão prenhe de sabedoria.
Precisamos de laboratórios que nos apoiem, hospitais
que nos permitam fazer experimentos com acompanhamentos
médicos, governos que analisem quão proveitoso será, um dia,
superarmos tão séria dificuldade de vida com tão pouco gasto.
Precisamos de apoio para podermos enfrentar uma tão poderosa
indústria química, a quem não interessa esse tipo de solução.
Afinal, nosso intuito não é o de destruí-la ou competir
comercialmente com ela, mas dar dignidade e qualidade de vida
a quem, inclusive, faz uso de seus medicamentos.
Muitas, milhares, milhões de criaturas esperam nosso
empenho e nossa dedicação rumo às novas descobertas.
Esperamos muito da Medicina, dos Magos, dos Curandeiros,
dos outros, enfim. É chegada a hora de esperarmos mais e melhor
de nós mesmos também. Descubramos nossos potenciais
adormecidos, arregacemos as mangas num glorioso vanguardismo,
onde a saúde, a alegria, a superação de incontáveis moléstias
será alcançada, graças a você, graças a mim, graças aos que se
dispuserem a investigar, graças a Deus!
Por fim quero relembrar uma revelação e instigar você
com outra.
Quando comecei a narrar minha história, de como caí
na depressão, contei que tinha pedido a Deus para que Ele me
mostrasse o que estava faltando a fim de que eu falasse com
mais segurança sobre tão apavorante tema. Como você já sabe,
Ele me atendeu de uma forma por demais eloqüente e
irretorquível. Ao mesmo tempo, me ensinou que eu preciso ter
mais cuidado quando Lhe pedir alguma coisa, pois pode ser que
Ele me atenda, tal como fez com a depressão. Eu aprendi a lição. E
você? Espero que minha história lhe baste e que você nunca vá
precisar pedir para "sentir" o que é uma depressão para acreditar
no que eu contei. E não vá cair nos engodos dessa Dama do
Inexistir, viu?
O que certamente vai instigar sua acuidade é o fato desse
tipo de ação de cura da depressão pelo Magnetismo estar
alcançando e resolvendo pelo menos dois outros tipos de
problemas. O primeiro deles é sua grande eficiência nos
transtornos ou síndromes de pânico. Isso, de certa forma, seria de
se esperar, pois esse transtorno tem estreita relação com a
depressão. Mas a outra circunstância é, no mínimo, mais
intrigante. Apesar de ser muito recente a experiência, os poucos
casos testados foram altamente positivos e, portanto, enchem
nossa alma de alvíssaras e grandes esperanças: essa técnica tem
resolvido problemas de hiperatividade infantil. Isso mesmo:
hiperatividade infantil! É ou não é instigante tudo isso? Temos
ou não temos um abençoado remédio nas mãos para ajudar a
Humanidade a ser mais alegre, solidária, sadia e feliz? (Inclusive,
se você descobrir mais coisas, novas variantes, contar com
experiências que corroborem ou mesmo neguem tudo o que
aqui expus e quiser dividir comigo suas descobertas e conquistas,
escreva-me, tá? No final do livro você encontra meu e-mail).
Muito obrigado por ter vindo comigo até aqui. Agora,
que tal experimentar, proveitosamente, tudo isso que vimos neste
livro?
Bom proveito e boas curas!

---------- Forwarded message ----------
From: edsonmusicas

 

 

 

 

Muita paz !

 Bezerra

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